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Esquema Resumo Sobre Penas Restritivas de Direitos

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PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
 Penas restritivas de direitos são penas substitutivas. Ocorre quando houver uma pena privativa de liberdade atribuída no caso concreto e, cumpridas determinadas condições/requisitos, o juiz a substituirá por uma ou algumas penas restritivas de direitos.
 Exceção: o art. 28 da Lei n. 11.343/06 — porte de drogas para uso — estabelece penas restritivas de direitos, não impõe prisão.
· São autônomas: uma vez usadas para substituir uma PPL, elas não serão somadas, ou seja, somente elas são aplicadas; 
· Independem de expressa cominação na parte especial: Não há uma expressa cominação, não tem que vir prevista no preceito secundário do tipo penal. Quem traz os requisitos dessa possibilidade de substituição de PPL por PRD é a parte geral do CP;
· Momento da substituição: Durante a sentença condenatória, logo após o juiz estabelecer a pena adequada ao caso concreto.CP, art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:  
 I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
 II – o réu não for reincidente em crime doloso;  
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
CP, art. 43. As penas restritivas de direitos são: 
I – prestação pecuniária; 
II – perda de bens e valores; 
III – limitação de fim de semana. 
IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; 
V – interdição temporária de direitos; 
VI – limitação de fim de semana.
· Requisitos para a substituição:
1. Crimes dolosos com condenação não superior a 4 anos.
OBS: Se for crime culposo não há limite de pena;
OBS: Em qualquer condenação por crime culposo pode haver essa substituição, até mesmo em casos cuja pena é máxima é maior do que 04 anos. Já em crimes dolosos, não pode ser substituída a pena de mais de 04 anos.
2. Crimes dolosos sem violência ou grave ameaça à pessoa;
3. Não ser o agente reincidente em crime doloso.
OBS: De acordo com esse requisito, para que se substitua uma PPL por uma PRD, o agente não pode ser reincidente em crime doloso, mas na prática pode.
OBS: o que importa não é a previsão em abstrato da sanção penal para aquele crime, e sim a pena em concreto, ou seja, o valor da pena aplicada na sentença.
OBS: A violência citada no inciso I ser própria ou imprópria (violência própria é aquela que realmente gera lesão corporal) e (violência imprópria, chamada de meio sub-reptício, é quando se reduz a capacidade de defesa da vítima). Ex: uma pessoa coloca um sonífero na bebida de outra pessoa em um bar para então subtrair seus pertences.
· Lesão corporal leve e crimes de menor potencial ofensivo que envolvam violência ou grave ameaça podem ter sua pena privativa de liberdade substituída por pena restritiva de direito? 
Trata-se de tema polêmico, mas prevalece, então, o entendimento pela possibilidade da substituição.
OBS: Independente da infração penal, se esta envolver a Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006), não cabe a substituição por pena restritiva de direito.Súmula 588, STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
OBS: vale lembrar que violência doméstica familiar contra a mulher não é somente a violência física, mas também violência moral, sexual, psicológica e patrimonial.
· Cabe a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direito ao reincidente?Art. 44. § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 
Art. 60. § 2º A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.
CP, art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: 
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
(...)
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
REGRA 1: É cabível ao reincidente por crime culposo; 
REGRA 2: Não é cabível ao reincidente por crime doloso. 
EXCEÇÃO: A substituição será cabível ao reincidente por crime doloso se a medida for socialmente recomendável e o condenado não seja reincidente específico.
· É cabível a aplicação de penas restritivas de direitos a agentes condenados por crimes hediondos ou equiparados?
No CP não há qualquer delimitação. Então, em regra, não é possível, até porque a pena aplicada a estes crimes, bem como a sua forma de execução (violência ou grave ameaça), impedem a substituição.
Contudo, é pacificado hoje na doutrina que é possível a substituição da pena privativa de liberdade, em crimes hediondos ou equiparados, por penas restritivas de direito quando presentes os requisitos legais. 
Tabela:
	CONDENAÇÃO
	SUBSTITUIÇÃO
	ATÉ 06 MESES
	Somente multa (possibilidade)
	ATÉ 01 ANO
	Multa ou 01 (uma) pena restritiva de direitos
	
SUPERIOR A 01 ANO
	Multa + 01(uma) pena restritiva de direitos
ou
02 (duas) restritivas de direitos
· Duração:Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4o do art. 46.
OBS: o § 4º do art. 46 trata da prestação de serviços.
· Reconversão obrigatória em face de descumprimento injustificado:Art. 44. (...) § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão.
OBS: respeitar o saldo mínimo significa dizer que é preciso cumprir trinta dias a mais em face do descumprimento injustificado.
· Reconversão facultativa:Art. 44. (...) § 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior.
· Pode o condenado requerer a reconversão da sua pena para privativa de liberdade? 
Não! A conversão de pena privativa de liberdade em restritiva de direitos não é ato bilateral (STJ, REsp 1.524.484/PE, 14/05/2016, Informativo 584).
· Prestação pecuniária:Art. 45. (...) § 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários.
· Prestação pecuniária:Art. 45. (...) § 3º A perda de bens e valores pertencentes aos condenados dar-se-á, ressalvada a legislação especial, em favor do Fundo Penitenciário Nacional, e seu valor terá como teto – o que for maior – o montante do prejuízo causado ou do provento obtido pelo agente ou por terceiro, em consequência da prática do crime.
Art. 45. (...) § 1º A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em ação de reparação civil, se coincidentes os beneficiários. 
§ 2º No caso do parágrafo anterior, se houver aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza.
OBS: A vítima é aquela que, preferencialmente, receberá a prestação pecuniária. Morrendo a vítima, assume o recebimento, em linha sucessiva, seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social.
	PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
	MULTA
	Pena – restritiva de direitos 
	Pena – pecuniária propriamente dita
	O valor é destinado à vítima 
(ou descendentes, ou entidades) 
	O valor é destinado ao Fundo Penitenciário
	
1 a 360 salários mínimos 
	10 a 360 dias-multa (cada dia multa 
corresponde de 1/30 do salário mínimo 
a até 5 salários mínimos) 
	O valor é deduzido diante de eventual 
condenação civil 
	O valor não é deduzido diante de eventual condenação civil 
OBS: incide sobre bens lícitos do agente.
· Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas:Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas é aplicável às condenações superiores a seis meses de privação da liberdade.
§ 1º A prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao condenado. 
§ 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. 
§ 3º As tarefas a que se refere o § 1º serão atribuídas conforme as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho. 
§ 4º Se a pena substituída for superior a um ano, é facultado ao condenado cumprir a pena substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.
OBS: havendo uma condenação de pena de cinco meses, não é possível haver uma pena restritiva de direitos de prestação de serviço à comunidade.
Art. 56. As penas de interdição, previstas nos incisos I e II do art. 47 deste Código, aplicam-se para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres que lhes são inerentes. 
Art. 57. A pena de interdição, prevista no inciso III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes culposos de trânsito.
Art. 55. As penas restritivas de direitos referidas nos incisos III, IV, V e VI do art. 43 terão a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída, ressalvado o disposto no § 4º do art. 46.
· Interdição temporária de direitos: Art. 47. As penas de interdição temporária de direitos são: 
I – proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;
II – proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público;
III – suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo;
IV – proibição de frequentar determinados lugares;
V – proibição de inscrever-se em concurso, avaliação ou exame públicos.
OBS: essa interdição é possível não apenas em face de crimes funcionais (arts. 312 a 326 do CP), e sim em qualquer crime que tenha violação do dever.
OBS: os incisos I e II são, para a doutrina, inconstitucionais (além de serem específicos).
OBS: em regra, essa intervenção será aplicada no art. 311-A do Código Penal.
· Limitação de fim de semana:Art. 48. A limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. 
Parágrafo único. Durante a permanência poderão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas.

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