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Medicina legal aplicada à investigação criminal

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MEDICINA LEGAL APLICADA 
À INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Profa. Me. Larissa Comparini da Silva Nascimento
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
N244m
 Nascimento, Larissa Comparini da Silva
 Medicina legal aplicada à investigação criminal. / Larissa Com-
parini da Silva Nascimento. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 108 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-296-5
1. Medicina legal – Brasil. 2. Criminalística – Brasil. 3. Investigação 
criminal – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 345.8105
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................05
CAPÍTULO 1
Introduçâo Á Medicina Legal .....................................................07
CAPÍTULO 2
Ciências Forenses – Parte I .......................................................41
CAPÍTULO 3
Ciências Forenses – Parte II ......................................................77
APRESENTAÇÃO
O livro da disciplina de Medicina Legal Aplicada à Investigação Criminal para 
auxiliar na compreensão e entendimento do acadêmico no assunto.
A Medicina Legal é a base primordial na perícia técnico-científica e nas 
ações demandadas pelos juizados nas diferentes esferas judiciais, sendo utilizada 
como parâmetro, principalmente para elucidar casos como estupro, homicídios, 
suicídios, lesões corporais nos mais diversos graus, entre outros.
As diferentes causas de morte em cadáveres encontrados hoje em dia 
possivelmente só podem ser elucidadas através do seu estudo e compreensão. 
Ao longo do livro, você, acadêmico, poderá conhecer e assimilar melhor os 
conhecimentos já obtidos durante sua graduação, seja na área do Direito Penal, 
Direito Civil, Direito Trabalhista ou Direito Familiar.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Saber: conceitos básicos pertinentes a perícia, elaboração de laudos e 
pareceres técnicos, distinção das diferenças na Medicina Legal.
 Fazer: elaborar laudos e pareceres técnicos; distinguir as diferenças entre os 
cargos dentro da área pericial; analisar e compreender os objetos de estudo 
que envolvam as perícias.
A proposta do nosso módulo é: familiarizar você, acadêmico, com a 
terminologia utilizada na Medicina Legal e em ciências forenses correlatas; 
enfatizar a importância e a interligação das ciências médico-forenses com o 
Direito; auxiliar no entendimento das leis e materiais processuais relacionados à 
Medicina Legal; auxiliar o acadêmico a ler, entender e interpretar as funções dos 
peritos e assistentes técnicos, assim como de outros auxiliares de Justiça.
8
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
9
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A Medicina Legal é uma área da Medicina aplicada ao estudo do Direito, 
como forma de prova pericial, laudo necroscópico ou cadavérico, elucidação de 
crimes sexuais, agressões e maus-tratos. Seu objeto de estudo normalmente é o 
ser vivo, ou cadáver, que sofreu algum tipo de crime.
Durante seu estudo, será possível analisar conceitos básicos, tais como: 
pericias, laudos, diferenças entre peritos, assistentes técnicos e auxiliares, 
tipos de morte e de lesões (perfurocortantes, por esganadura, enforcamento, 
asfi xia, afogamento, por arma de fogo, por agressão). Ao fi nal do módulo, você, 
acadêmico, terá facilidade na interpretação e redação de laudos e processos 
dentro de sua área de atuação.
Para França (2017), a Medicina Legal é vista como “a contribuição médica 
e da tecnologia e ciências afi ns às questões do Direito, na elaboração das leis, 
na administração judiciária e na consolidação da doutrina”; ou como “o conjunto 
de conhecimentos médicos e paramédicos destinados a servir ao Direito e 
cooperando na elaboração do laudo pericial, auxiliando na interpretação e 
colaborando na execução dos dispositivos legais no seu campo de ação aplicado 
à medicina”.
Neste capítulo, vamos abordar temas distintos, como: diferenças entre 
peritos, perícias e assistentes técnicos; diferenças periciais e conceitos utilizados 
na Medicina Legal.
2 DIFERENÇAS ENTRE PERITOS, 
PERÍCIAS E ASSISTENTES TÉCNICOS
Nesse contexto, vamos abordar as diferenças primordiais entre cada função 
na área da perícia, visando esclarecer possíveis dúvidas:
10
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
2.1 Peritos
A denominação de perito é dada ao auxiliar da Justiça, sendo 
esse uma pessoa hábil que tenha conhecimento em determinada 
área técnica ou científi ca, nomeada por autoridades competentes e 
que devem esclarecer um fato de natureza duradoura ou permanente. 
O perito presta serviços à Justiça e é isento de sigilo profi ssional, 
pois tem o dever de informar ao juiz sobre o fato do ponto de vista 
técnico (ORNESTI, 2012).
O Código de Processo Civil cita dezenas de vezes o termo perito, sendo por 
ele classifi cado como o cidadão que irá produzir um relatório para constar como 
prova no processo. O perito representa a Justiça na prova/ perícia judicial. 
A nomeação é realizada por autoridade policial ou judiciária. Hoje, admitem-
se em processos penais os peritos particulares ou assistentes técnicos, conforme 
mostra o artigo 421 da Lei no 8.455 (BRASIL, 1992).
Art. 421 – o juiz nomeará o perito, fi xando de imediato o prazo 
para entrega do laudo (Redação dada pela Lei n° 8.455, de 
24.08.1992)
S1° Incumbe as partes, dentro em 05 (cinco) dias, contados da 
intimação do despacho de nomeação do perito:
I - Indicar o assistente técnico;
II - Apresentar os quesitos; 
O perito é qualquer pessoa capaz para alvos da vida civil com conhecimento 
técnico-formal, idônea e hábil, podendo ser substituída durante o processo se for 
verifi cado que não possui conhecimento técnico-científi co para o caso ou deixar 
de prestar o compromisso.
Existem impedimentos para determinados casos, sendo assim, não podem 
exercer a função de perito: o incapaz, pois não é apto para o exercício de seus 
direitos civis, além de não possuir conhecimento técnico-científi co; pessoas 
impedidas (CPC, art. 144 – sendo testemunhas, cônjuges, ou qualquer outro 
parente, em linha reta ou colateral até o 3° grau), e nos casos de suspeição (CPC, 
art. 145 – o amigo íntimo ou inimigo capital de uma das partes).
Os peritos podem ser ofi ciais ou não ofi ciais (respectivamente, funcionários 
públicos ou particulares). O exame de corpo de delito e as perícias em geral 
11
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
são realizados pelo perito, apreciador técnico, assessor do juiz com a função de 
fornecer dados instrutórios de ordem técnica e proceder a verifi cação e formação 
do corpo de delito. A perícia deve ser realizada por perito ofi cial, o que constitui a 
regra.
Não havendo o perito ofi cial, o exame deve ser realizado por duas pessoas 
idôneas que, obrigatoriamente, devem ser portadoras de nível superior. Devem 
ainda ser escolhidas, de preferência, entre aquelas que tiverem habilitação 
técnica relacionada à natureza do exame, por exemplo: médicos para exames 
necroscópicos e de lesão corporal, engenheiros para avaliação de imóveis, entre 
outros.
“o perito não defende nemacusa. Sua função é verifi car o fato e indicar a 
causa que o motivou...” (visum et repertum) (ORNESTI, 2012).
2.1.1 PreVisÃo Legal dos Peritos 
OFiciais (Direito Penal) CÓdigo de 
Processo Penal
O artigo a seguir prevê no Código de Processo Penal as condições sobre 
realização do exame de corpo de delito, que primeiramente deve ser realizado 
por Perito Médico-Legal e no caso de não haver o mesmo, deve ser realizado por 
duas pessoas idôneas, capacitadas e especializadas para tal fi m.
Art. 159. O exame de corpo de delito de outras pericias 
serão realizados por perito ofi cial, portador de diploma 
de curso superior.
S 1°. Na falta de perito ofi cial, o exame será realizado 
por 02 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma 
de curso superior preferencialmente na área especifi ca, 
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada 
com a natureza do exame.
S 2° os peritos não ofi ciais prestarão o compromisso de 
bem e fi elmente desempenhar o encargo.
S 3° serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente 
de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado 
a formulação dos quesitos e indicação de assistente 
técnico.
12
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
2.1.2 PreVisÃo Legal dos Peritos 
OFiciais (Direito CiVil) CÓdigo de 
Processo CiVil
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento 
técnico ou cientifi co, o juiz será assistido por perito, segundo o 
disposto no Art. 421.
S 1° os peritos serão escolhidos entre profi ssionais de nível 
universitário, devidamente inscritos no órgão de classe 
competente, respeitando o disposto no Livro I, Título VIII, 
Seção VII, deste Código.
S 2° os peritos comprovarão sua especialidade na matéria 
sobre a qual deverão opinar, mediante certidão do órgão 
profi ssional em que estiverem inscritos.
S 3° nas localidades onde não houver profi ssionais qualifi cados 
que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a 
indicação dos peritos será de livre escolha do juiz.
2.1.3 PreVisÃo Legal dos Peritos 
OFiciais (Direito TraBalHista) CÓdigo 
de Leis TraBalHistas
Art. 195. A caracterização e a classifi cação da insalubridade 
e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do 
Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo do Médico do 
Trabalho ou Engenheiro do Trabalho registrados no Ministério 
do Trabalho.
2.1.4 DeVeres do Perito
Aceitar o encargo de executar a perícia, exercer a função, respeitar os 
prazos, comparecer às audiências desde que intimado com antecedência de 
cinco dias, sob pena de condução coercitiva, fornecer informações verídicas 
(dever com lealdade);
13
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
Segundo Tourinho (1994), prova é o elemento demonstrativo da 
autenticidade ou da veracidade de um fato. Seu objetivo é “formar 
a convicção do juiz sobre os elementos necessários para a decisão 
da causa”. O objeto de sua apreciação são todos os fatos, principais 
ou secundários, que demandam uma elucidação e uma avaliação 
judicial. Tão grande é a importância da prova, que se pode afi rmar 
que todo processo consiste nela. É o norte que aponta o rumo da 
lide. A prova é a voz do fato. Chama-se prova proibida aquela que é 
obtida por meios contrários à norma. Diz-se que ela é ilícita quando 
agride uma regra de direito material e de ilegítima quando afronta 
princípios da lei processual.
A avaliação da prova pode ser feita por três sistemas conhecidos:
1. Sistema legal ou tarifado: em que o juiz se limita a comprovar o resultado 
das provas e cada prova tem um valor certo e preestabelecido; 
2. Sistema da livre convicção: em que o magistrado é soberano, julga 
segundo sua consciência e não está obrigado a explicar as razões de sua decisão; 
3. Sistema da persuasão racional: quando o juiz forma seu próprio 
convencimento baseado em razões justifi cadas. 
Este último é o sistema adotado entre os peritos. Nele, mesmo que o juiz não 
esteja adstrito às provas existentes nos autos, terá que fundamentar sua rejeição. 
A sentença terá que discutir as provas ou indicar onde se encontram os fatos 
do convencimento do juiz. O artigo 157 do Código de Processo Penal diz que o 
juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova. Não se deve confundir 
convicção íntima com livre convencimento do juiz na apreciação das provas. 
Dessa forma, o livre convencimento do julgador não é um critério de valoração 
alternativo secundum conscientizam, mas um princípio racional e metodológico 
que o leva a aceitar ou rejeitar um resultado pericial capaz de fundamentar sua 
decisão. A avaliação da prova deve ter o mesmo sentido que tem a decisão judicial: 
sem motivação ideológica ou emocional, mas tão só baseada na racionalidade 
e na lei. Assim, ao julgador não se pede uma certeza absoluta, senão que ele 
encontre a solução mais racional e a juridicamente mais correta para a lide. Não 
pode ele operar com meras probabilidades ou conjecturas.
Considerando-se o princípio constitucional expresso no artigo 5o – II que diz: 
“ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de Lei” e, ainda, o que assegura o STF dizendo “ninguém pode ser coagido ao 
14
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
exame ou inspeção corporal, para a prova cível” (RJTJSP 99/35, 111/350, 112/368 
e RT 633/70), está evidente que ninguém é obrigado a ser submetido a qualquer 
tipo de exame pericial sem sua permissão. Mesmo que se trate de matéria de 
ordem pública, em que o interesse comum prepondera ao do particular, ainda 
assim a averiguação da verdade não pode nem deve se sobrepor aos direitos e 
ao respeito que se impõem ao examinado, que venha a se omitir ou a se deixar 
examinar. Não cabe dizer que “os fi ns justifi cam os meios”.
2.1.5 Cadastro Do Perito –
AuXiliar De Justiça
Para questões civis, pode haver um cadastro de peritos, conforme estabelece 
o Código de Processo Civil, quando assim se expressa:
Art. 156 – O juiz será assistido por perito quando a prova do 
fato depender de conhecimento técnico ou científi co. 
§ 1º – Os peritos serão nomeados entre os profi ssionais 
legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científi cos 
devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao 
qual o juiz está vinculado.
 § 2º – Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar 
consulta pública, por meio de divulgação na rede mundial 
de computadores ou em jornais de grande circulação, além 
de consulta direta a universidades, a conselhos de classe, 
ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos 
Advogados do Brasil, para a indicação de profi ssionais ou de 
órgãos técnicos interessados.
 § 3º – Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações 
periódicas para manutenção do cadastro, considerando a 
formação profi ssional, a atualização do conhecimento e a 
experiência dos peritos interessados.
 § 4º – Para verifi cação de eventual impedimento ou motivo de 
suspeição, nos termos dos artes. 148 e 467, o órgão técnico 
ou científi co nomeado para realização da perícia informará ao 
juiz os nomes e os dados de qualifi cação dos profi ssionais que 
participarão da atividade. 
§ 5º – Na localidade onde não houver inscrito no cadastro 
disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é de 
livre escolha do juiz e deverá recair sobre profi ssional ou 
órgão técnico ou científi co comprovadamente detentor do 
conhecimento necessário à realização da perícia. 
O caput deste artigo se refere ao termo “perito” de forma generalizada, 
pois a perícia será defi nida a partir do objeto da perícia. Quando se diz que o 
juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia, ou seja, na área de 
especialidade, nos parece que não se trata de especialidades médicas e sim de 
15
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
pessoas que atuem na área de conhecimentos técnicos pertinentes ao tipo de 
perícia desejada, portanto não há impedimento legal ou ético para que o médico, 
quando devidamente registrado no ConselhoRegional de Medicina da sua 
jurisdição e que se sinta capacitado a realizar perícia médica, seja nomeado como 
perito do juiz. Desta forma, entendemos que o cadastro de peritos especialistas 
dos Tribunais poderá ser feito a partir da lista de médicos inscritos no CRM 
independentemente de ter ou não o Registro de Qualifi cação de Especialidade 
em Medicina Legal ou Perícia Médica (ver o Parecer CFM nº 45/2016).
2.1.6 Direitos do Perito
Escusar-se do encargo, pedir prorrogação de prazos, receber informações, 
ouvir testemunhas, verifi car documentos de qualquer lugar, ser indenizado das 
despesas relativas do serviço prestado e receber honorários condizentes com o 
trabalho.
2.1.7 Falsa Pericia
O perito será penalizado judicialmente, conforme previsto no art. 342 do 
Código de Processo Civil, nos casos onde ocorrer comunicação de falsa pericia, 
alcançando peritos ofi ciais e não-ofi ciais, negando a verdade ou fazendo falsa 
afi rmação sobre o caso, ou até mesmo silenciando sobre pontos importantes para 
a elucidação do caso.
2.2 Assistente TÈcnico
Segundo o Código de Processo Civil, o assistente técnico é o profi ssional 
que representará a parte na perícia, sendo, portanto, alguém de sua confi ança. 
O pagamento dos honorários do assistente técnico será efetuado diretamente 
pela parte contratante. Este profi ssional tem como função acompanhar o trabalho 
pericial, fi scalizando-o em nome da parte que o constituiu. 
Segundo o Código de Processo Civil, Art. 429 – para o desempenho de sua 
função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios 
necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos 
que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o 
laudo com plantas, desenhos, fotografi as e outras quaisquer peças. 
16
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
O assistente técnico atua através de parecer técnico, ou elaboração de 
quesitos ao Perito Judicial ou Ofi cial. Esses quesitos são elaborados após o 
despacho de nomeação do perito, a intimação do despacho, em que em cinco dias 
as partes devem indicar o assistente técnico, e formular os quesitos ao perito. Os 
mesmos também podem ser elaborados como suplemento após o laudo do perito.
“Art. 425 do Código de Processo Civil – poderão as partes apresentar, 
durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos 
dará o escrivão ciência à parte contrária” (BRASIL, 2002)
Não há referência no Código de Processo Civil ao termo Perito Assistente, 
porém, ouve-se a expressão em diversas regiões do País. Alguns dizem perito 
assistente para designar o assistente técnico. O ideal é não utilizar a nomenclatura 
supracitada, para não haver dúvidas.
2.3 PerÍcia
O termo Perícia é designado como o meio de prova feita pela atuação de 
técnicos ou doutos promovida pela autoridade policial ou judiciaria com a fi nalidade 
de esclarecer a justiça sobre o fato de natureza duradoura ou permanente. 
Segundo França (2017), a perícia, segundo seu modo de realizar-se, pode 
ser sobre o fato a analisar (perícia percipiendi) ou sobre uma perícia já realizada 
(perícia deducendi), o que para alguns constitui-se em um parecer. Assim, a 
perícia percipiendi é aquela procedida sobre fatos cuja avaliação é feita baseada 
em alterações ou perturbações produzidas por doença ou, mais comumente, 
pelas diversas energias causadoras do dano. Ou seja, perícia percipiendi é aquela 
em que o perito é chamado para conferir técnica e cientifi camente um fato sob 
uma óptica quantitativa e qualitativa. E por perícia deducendi, a análise feita sobre 
fatos pretéritos com relação aos quais possa existir contestação ou discordância 
das partes ou do julgador. Aqui o perito é chamado para avaliar ou considerar 
uma apreciação sobre uma perícia já realizada.
Todavia, tanto na perícia percipiendi como na deducendi existe o que se 
chama de parte objetiva e parte subjetiva. A parte objetiva é aquela representada 
pelas alterações ou perturbações encontradas nos danos avaliados. Estas, é claro, 
como estão baseadas em elementos palpáveis ou mensuráveis, vistas por todos, 
não podem mudar. Essa parte é realçada na descrição. No entanto, a avaliação 
dos elementos da parte objetiva pode levar, no seu conjunto, a raciocínios 
divergentes e contraditórios, por exemplo, em se determinar a causa jurídica de 
morte (homicídio, suicídio ou acidente), e onde possam surgir conceitos e teorias 
discordantes. Essa parte subjetiva é sempre valorizada na discussão.
17
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
A perícia tem como fi nalidade levar o conhecimento técnico ao juiz, 
produzindo provas para auxiliá-lo em seu livre convencimento e levar ao processo 
a documentação técnica dos fatos, o qual é feito através de documentos legais.
De acordo com estudos realizados por França (2017), as perícias de 
natureza criminal estão reguladas pela Lei no 12.030, de 17 de setembro de 2009, 
estabelecendo como normas gerais que “no exercício da atividade de perícia 
ofi cial de natureza criminal, é assegurada autonomia técnica, científi ca e funcional, 
exigido concurso público, com formação acadêmica específi ca, para o provimento 
do cargo de perito ofi cial” (BRASIL, 2009). Mais: “Em razão do exercício das 
atividades de perícia ofi cial de natureza criminal, os peritos de natureza criminal 
estão sujeitos a regime especial de trabalho, observada a legislação específi ca de 
cada ente a que se encontrem vinculados”. E fi nalmente que
observado o disposto na legislação específi ca de cada 
ente a que o perito se encontra vinculado, são peritos 
de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-
legistas e peritos odontologistas com formação superior 
específi ca detalhada em regulamento, de acordo com 
a necessidade de cada órgão e por área de atuação 
profi ssional (BRASIL, 2009).
Nas ações penais, o laudo médico-legal não é documento sigiloso. É 
uma peça pública, como o boletim de ocorrência e o inquérito policial ao qual 
ele é anexado. Quando a autoridade policial acredita que sua divulgação pode 
prejudicar o andamento da investigação, solicita a um juiz que decrete segredo 
de Justiça sobre o caso. Nas ações penais privadas, apenas o juiz nomeará o 
perito, e tal fato não o coloca vinculado à perícia e, por isso, não fi cará ele adstrito 
ao laudo, podendo aceitar ou rejeitá-lo no todo ou em parte (sistema do livre 
convencimento). Com as modifi cações do artigo 159 do Código de Processo Penal 
(Lei no 11.690, de 9 de junho 2008), o exame de corpo de delito e outras perícias 
poderão ser realizados por perito ofi cial, portador de diploma de curso superior, e 
na sua falta pode-se contar com duas pessoas idôneas, “portadoras de diploma 
de curso superior preferencialmente na área específi ca, dentre as que tiverem 
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame”. Como inovação o fato 
de ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante 
e ao acusado o direito da formulação de quesitos e a indicação de assistente 
técnico; essa indicação do assistente técnico dar-se-á a partir de sua admissão 
pelo juiz e após a conclusão dos exames, elaboração do laudo pelos peritos 
ofi ciais e conhecimento das partes. Quando se tratar de perícia complexa poder-
se-á designar mais de um perito ofi cial e a parte indicar mais de um assistente 
técnico. Entende-se por perícia complexa aquela que abranja mais de uma área de 
conhecimento especializado. Nas perícias de natureza civil, o juiz pode nomear o 
perito tendo as partes cinco dias, depois da intimação de despacho de nomeação 
18
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
de perito, a faculdade de indicar assistentes e apresentarem quesitos. O perito 
apresentará laudo em cartório, no prazo fi xado pelo juiz, até vinte dias antes da 
audiência de instrução de julgamento. Os assistentes técnicos entregarão seus 
pareceres dez dias após a apresentaçãodo laudo do perito, sem necessidade de 
intimação.
As pericias devem ser realizadas o mais rápido possível, respeitando 
algumas situações:
• Exame necroscópico: mínimo seis horas;
• Exame de lesão corporal: mínimo de 30 dias
• Nomeação do Juiz: até 10 dias, com exceção em casos de: cessação 
de periculosidade (um mês ou 15 dias); incidente ou insanidade (até 
45 dias); dilação solicitada pelos peritos; de acordo com o Código de 
Processo Penal.
• Prazos determinados pelo Juiz, respeitando, algumas exceções: dilação 
solicitada pelo perito do juízo; 10 dias a mais para os assistentes 
técnicos; de acordo com o Código de Processo Civil.
O perito deve ser neutro em todas as situações as quais é exposto, de acordo 
com o previsto:
• Suspeição: o perito não pode ter vínculo com nenhuma das partes 
envolvidas no processo;
• Impedimento: o perito não pode ter relação de interesse com o objeto do 
processo;
• Incompatibilidade: o perito por outras razões de conveniência previstas 
nas leis de organização judiciária;
Situações previstas em lei, nos artigos: arts. 252, 253 e 254 do Código de 
Processo Penal e nos arts. 134 e 135 do Código de Processo Civil.
2.3.1 DiFerenciaçÃo das PerÍcias
A seguir vamos descrever as diferenças entre os tipos de pericias existentes.
2.3.1.1 PerÍcia MÉdica
Ocorre quando a perícia em questão versa sobre questões médicas, 
tendo a necessidade de um perito médico. São requisitadas pelas autoridades 
19
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
competentes (normalmente Juiz), salvo se a mesma se faz necessária na fase 
de inquérito, quando será solicitada pela autoridade policial. Pode ser requisitada 
em qualquer fase do processo, isto e, na instrução, no julgamento ou até mesmo 
na execução. São pericias médicas: as pericias psiquiátricas, psicológicas, 
psicanalíticas, necroscópicas, traumatológicas, entre outras.
2.3.1.2 PerÍcia NÃo MÉdica
Ocorrem normalmente na avaliação de imóveis, documentos contábeis, 
processos e produtos químicos, ambientes administrativos, entre outros. Sendo 
realizadas por profi ssionais qualifi cados dentro da esfera requerida. É utilizada 
em foros civis, criminais e trabalhistas:
• Criminais: atua quando se trata de identifi cação de pessoas, identifi cação 
de espécie animal, determinação de morte, prova de virgindade ou 
conjunção carnal, diagnóstico de lesões corporais e dos instrumentos ou 
meios que causaram, apreciação do estado mental do criminoso ou da 
vítima.
• Civis: visa documentar situações para favorecer a aplicação do Código 
Civil, declarar a insanidade de pessoas para fi ns de interdição de 
direitos, prova de impotência cuendi, visando anulação de casamento, 
investigação de paternidade, entre outras causas.
• Trabalhistas: estuda os acidentes de trabalho, as lesões que 
ocorreram no trabalho, avalia o grau de incapacidade resultante do 
acidente, estabelece o nexo da causa e efeito, analisa a insalubridade, 
periculosidade de determinado local, entre outros.
Todo e qualquer exame elaborado por médicos, destinados ao uso judicial são 
denominados Perícias Médico-Legais; já os exames elaborados por profi ssionais 
de outras áreas, desde que destinados à prova em juízo, são denominadas 
pericias.
As perícias podem ser diretas (onde os exames são realizados diretamente 
nas vítimas), ou indiretas (exames realizados através de documentos, fi chas 
hospitalares, autos processuais).
Existem três tipos de perícias a serem estudados: 
• Percipiendi: ou perícia de retratação, é feita através de narração 
minuciosa do fato observado pelo perito “visum et repertum”.
• Deduciendi: ou perícia interpretativa, é realizada através da interpretação 
dos fatos e das circunstancias que levarão a uma conclusão técnica.
20
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
• Opinativa: é a perícia composta por um parecer do assistente especialista 
no assunto.
As perícias podem ser retrospectivas, onde analisam e relatam fatos ocorridos 
no passado, visando perpetuar as provas, fornecendo provas ao processo. Ou, 
prospectivas, onde analisam situações presentes que levarão a efeitos futuros, 
principalmente na esfera de benefícios INSS, periculosidade e insalubridade, 
entre outros.
2.3.2 EXame de CorPo de Delito e 
CorPo de Delito
O corpo de delito é a soma dos elementos e vestígios encontrados no local 
dos fatos, nos instrumentos utilizados, nas peças encontradas, nos objetos vivos 
ou mortos.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de 
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confi ssão do acusado 
(Código de Processo Civil).
Em delitos que deixam vestígios, então, necessariamente deverá existir 
exame pericial, sob a pena de nulidade processual.
O exame de corpo de delito é todo exame relacionado a um fato criminoso, 
inclusive aqueles feitos nos laboratórios da Policia Cientifi ca.
• Vivos: a perícia é realizada nos casos como violência sexual, conjunção 
carnal, atos libidinosos, gravidez, parto, lesão corporal, estimativa de 
idade, dosagem alcoólica, exames toxicológicos, infortúnios do trabalho.
• Cadáveres: a perícia indicará a realidade da morte, causa da 
morte, necropsia em mortes violentas e suspeitas, cronologia da 
morte, identifi cação, exames toxicológicos das vísceras e outros 
complementares.
• Esqueleto: a perícia é realizada para identifi cação antropológica, sexo, 
estatura, idade, achados da violência.
• Locais e Objetos: a perícia é realizada em impressões digitais, armas de 
fogo, manchas em vestes e em instrumentos.
21
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
3 MEDICINA LEGAL
 Segundo França (2017), a Medicina Legal é uma ciência de largas proporções 
e de extraordinária importância no conjunto dos interesses da coletividade, porque 
ela existe e se exercita cada vez mais em razão das necessidades da ordem 
pública e do exercício social.
É uma especialidade concomitantemente médica e judiciária que utiliza 
conhecimentos técnico-científi cos da medicina para o esclarecimento de fatos 
de interesse da Justiça. O especialista medico praticante é denominado médico 
legista.
Variam as defi nições, conforme os autores. Algumas delas:
"É a contribuição da medicina e da tecnologia e ciências afi ns às questões do 
Direito, na elaboração das leis, na administração judiciária e na consolidação da 
doutrina" (FRANÇA, 2017).
"Arte de pôr os conceitos médicos a serviço da administração da Justiça" 
(Lacassagne).
"A aplicação dos conhecimentos médico-biológicos na elaboração e 
execução das leis que deles carecem" (Flamínio Fávero).
"É o conjunto de conhecimentos médicos e paramédicos, destinados a servir 
ao Direito e cooperando na elaboração, auxiliando na interpretação e colaborando 
na execução dos dispositivos legais no seu campo de ação de medicina aplicada" 
(Hélio Gomes). 
Hélio Gomes (1958) acervava que:
não basta um médico ser simplesmente um médico para que se 
julgue apto a realizar perícias, como não basta um médico ser 
simplesmente médico para que faça intervenções cirúrgicas. 
São necessários estudos mais acurados, treino adequado, 
aquisição paulatina da técnica e da disciplina. Nenhum 
médico, embora iminente, está apto a ser perito pelo simples 
fato de ser médico. É-lhe indispensável educação médico-
legal, conhecimento da legislação que rege a matéria, noção 
clara da maneira como deverá responder aos quesitos, prática 
na redação dos laudos periciais. Sem esses conhecimentos 
puramente médico-legais, toda a sua sabedoria será improfícua 
e perigosa.
A Medicina Legal não se preocupa apenas com o indivíduo enquanto vivo, 
mas alcança-o ainda quando ovo e pode vasculha-lo muitos anos depois, na 
22
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
escuridão da sepultura. É muito mais uma ciência social do que propriamente 
um capítulo da medicina, devido à sua preocupação no estudo das mais diversas 
formas de convivência humana e do bem comum. Comopodemos observar na 
Figura 1, nos primórdios, as autópsias ou necropsias eram realizadas de forma 
precária, sem os devidos equipamentos de proteção individual e em qualquer 
lugar.
Desde os primórdios da humanidade, existe a curiosidade sobre o corpo 
humano suas formas e funções, assim como se faz necessário o entendimento da 
causa mortis do indivíduo, seja por causa natural ou não.
Figura 1 – Autópsia, 1890 (Enrique Simonet)
Fonte:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_legal#/media/File:Enrique_
Simonet_-_La_autopsia_1890.jpg. >. Acesso em: 7 nov. 2018.
3.1 ClassiFicaçÃo
A Medicina Legal pode ser classifi cada e subdividida da seguinte forma:
3.1.1 Medicina Legal Geral
• Medicina Legal Legislativa – contribui para a elaboração de leis, regendo 
o Direito Constituendo;
• Medicina Legal Pericial – é a realização das perícias médicas em todos 
os campos do Direito, regendo o Direito Constituído;
23
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
• Deontologia e Diceologia Médicas regem a Jurisprudência Médica;
• Medicina Legal Especial – é a realização de perícias para atender ao 
Código Penal.
3.1.2 Medicina Legal EsPecial
 A Antropologia médico-legal: estuda a identidade e a identifi cação médico-
legal e judiciária.
A Traumatologia médico-legal: estuda as lesões corporais sob o ponto de 
vista jurídico.
A Sexologia médico-legal: estuda sexualidade do ponto de vista normal, 
anormal e criminoso.
A Tanatologia médico-legal: estuda a esfera que cuida da morte e dos 
fenômenos as ela relacionados.
A Toxicologia médico-legal: estuda os cáusticos e venenos.
A Asfi xiologia médico-legal: estuda e detalha aspectos da asfi xia.
A Psicologia médico-legal: estuda e analisa o psiquismo normal e as causas 
que podem deformar a capacidade de entendimento da testemunha, da confi ssão, 
do delinquente e da vítima.
A Psiquiatria médico-legal: estuda transtornos mentais e problemas da 
capacidade civil, do ponto de vista médico-forense.
A Criminalística: estuda e investiga tecnicamente os indícios materiais do 
crime.
A Criminologia: estuda e preocupa-se com aspectos da crimino gênese, do 
criminoso da vítima e do ambiente.
A Infortunística: estuda os acidentes e doenças de trabalho.
A Genética médico-legal: estuda e especifi ca questões voltadas ao vínculo 
genético e à identifi cação médico-legal.
A Vitimologia: estuda e trata da vítima como elemento inseparável na 
justifi cativa dos delitos.
Para entendermos melhor sobre a Medicina Legal e suas aplicações, 
precisamos conhecer um pouco mais sobre a História da Medicina Legal, abaixo 
citaremos alguns pontos importantes, desde os primórdios da medicina legal, até 
os dias atuais, com sua utilização e aplicação principalmente na área pericial.
24
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
3.1.3 HistÓria Da Medicina Legal no 
Mundo
Segundo Ornesti (2012):
Os primórdios da Medicina Legal ocorreram inicialmente na Babilônia antiga, 
Babilônia em XVIII a.C., onde criou-se o Código de Hamurabique previa a punição 
por erro médico. Já no Antigo Egito, as grávidas não podiam ser torturadas e nem 
ter seus corpos violados. Na China – 1240 a.C. – Hsi yuan lu instruía sobre o 
exame post-mortem para possível verifi cação do óbito e de sua causa. Na Pérsia 
antiga, houve a Classifi cação das lesões corporais por ordem de gravidade e por 
causa. Numa Pompilio (715-672 a.C.) auxiliou e estabeleceu a Abertura do útero 
das mulheres que morriam grávidas;
Justiniano (483 a 565 d.C.) estabeleceu que médicos deveriam e poderiam 
ser testemunhas especiais em juízo;
Carlos Magno (742 a 814 d.C.) – “Capitularias”: juízes instruídos a ouvir os 
médicos em casos de lesão corporal, infanticídio, suicídio, estupro, impotência 
etc.;
Papa Gregório IX (1234) – decretou que a opinião médica, nos casos 
de exame médico de virgindade servia para ser utilizada nas anulações de 
casamentos;
Em 1374 a Faculdade de Montpellier recebeu a primeira permissão do Papa 
para realizar necropsias.
Século XVI:
Em 1521 o Papa Leão X foi o primeiro Papa a ser necropsiado;
Em 1532 – "Constitutio Criminalis Carolina" – Carlos V, na Alemanha, foi 
responsável por um grande marco da história da Medicina Legal no século XVI, 
quando vários temas médico-legais; necropsias em casos de morte violenta foram 
discutidos. Foi considerado embrião da Medicina Legal como uma disciplina 
distinta e individualizada para utilização em elucidações de crimes ou exclusão de 
indivíduos.
Século XVI:
Ambroise Paré, 1575, na França, foi responsável por editar o primeiro livro 
ocidental de Medicina Legal. Sendo considerado o “Pai da Medicina Legal”;
Séculos XVII e XVIII:
Paulus Zacchias – Roma: “Questiones medico-legales”, foi um conjunto de 
10 livros publicados entre 1621 e 1658, que serviu de grande Infl uência até o 
século XIX;
Séculos XVII e XVIII:
1650 – Universidade de Leipzig teve o primeiro curso especializado em 
Medicina Legal;
25
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
1682 – Caso de Bratislávia – Schreyer - Docimasia de Galeno
1782 – Berlim – primeiro periódico 
Século XIX: O século dourado da Medicina Legal
Medicina Pública
1821 – Orfi lla – iniciou os estudos sobre a Toxicologia Forense
1829 – “Anales d’Hygiene Publique et Medicine Legale”
1834 – Devergie foi o primeiro curso prático de Medicina Legal na França
Século XIX:
1850 e 1856 – Casper – escreveu sobre “Dissecção Forense” e “Manual 
Prático de Medicina Forense”, Brouardel, Tardieu, Lacassagne, Legrand du 
Saulle, Matin, Thoinot, Vibert e Bauthazard, na França;
3.1.4 HISTÓRIA DA MEDICINA LEGAL NO 
BRASIL
Segundo Ornesti (2012), a Medicina Legal francesa teve grande infl uência 
nos estudos e na aplicação da Medicina Legal no Brasil:
1808 – Criadas as Faculdades de Medicina;
1830 – Primeiro código penal brasileiro;
1832 – Criada a perícia profi ssional;
1854 – Conselheiro Jobim – uniformização da prática dos exames médico-
legais;
1856 – Criada a assessoria médica junto à Secretaria de Polícia da Corte;
1900 – Assessoria médica da polícia transformada em Gabinete Médico-
Legal;
1903 – Decreto 4.864 – (Afrânio Peixoto) normas detalhadas para a 
conclusão das perícias médicas;
1907 – Decreto 6.440 – Transforma o Gabinete em Serviço Médico-Legal;
1924 – Serviço Médico-Legal passa para o Instituto Médico-Legal, Souza 
Lima, Nina Rodrigues, Afrânio Peixoto, Oscar Freire, Hélio Gomes;
As lições de anatomia, em seus primórdios, vieram colaborando com os 
estudos em Medicina e consequentemente Medicina Legal, onde era fundamental 
o conhecimento sobre o corpo humano e seu funcionamento para realização dos 
procedimentos cirúrgicos pouco conhecidos na época.
A seguir, na Figura 2, a ilustração que marca um ponto inicial nos estudos 
em cadáveres e na utilização dos mesmos para elucidação de crimes e de causa 
morte.
26
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
Figura 2 – Rembrandt – A Lição De Anatomia Do Dr. Jan Deyman (1956)
Fonte: <http://amsterdammuseum.nl/en/gallery-golden-age-0>. Acesso em: 7 nov. 2018.
A Medicina Legal veio ao encontro da necessidade de se conhecer mais o 
corpo humano e de elucidar as causas de mortes, identifi cando os cadáveres, 
elucidando homicídios e suicídios através de sua prática, como exemplifi cado na 
Figura 3.
Figura 3 – Medicina Forense, Qual Sua Função
Fonte: <https://www.saludymedicinas.com.mx/centros-de-salud/salud-masculina/
articulos-relacionados/medicina-forense-funciones.htm>. Acesso em: 7 nov. 2018.
27
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
3.1.5 CaracterÍsticas CadaVÉricas 
Existem algumas características dos cadáveres ou em vivos que devem ser 
levadas em consideração durante o processo de elucidação de crimes. Vamos 
citar algumas, exemplifi cando com ilustrações:
• Contusões e Equimoses: são termos utilizados para defi nir lesões 
idênticas, porém, existe diferença entre eles.
As contusões são resultantes de ações mecânicas, contundentes, 
traumatismosobre partes moles ou duras do organismo, resultando em 
extravasamento de sangue nos tecidos, podendo existir no vivo ou no 
cadáver;
As equimoses ocorrem por difusão de sangue nos tecidos, em 
consequência da ruptura de vasos capilares, existindo somente no vivo, 
Figura 4.
Figura 4 – Equimose Palpebral
Fonte: <https://renato07.jusbrasil.com.br/artigos/242632854/estudo-
das-contusoes-em-geral>. Acesso em: 8 nov. 2018.
• Escoriações e Lesões de Defesa: as escoriações ocorrem em 
consequência deperdas da epiderme em uma superfície corporal, sendo 
produzida por atrito violento ou arranhões.
As Lesões de Defesa são produzidas nas partes em que a vítima oferece de 
anteparo à ação do instrumento ou dos instrumentos ofensores, localizando-se 
normalmente nos membros e raramente nas regiões da cabeça, Figura 5.
28
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
Figura 5 – Escoriações
Fonte: Dicionário da Saúde (2016)
Salienta-se nesse aspecto de verifi cação de lesões e causa da morte, a 
posição anatômica: indivíduo em posição ortostática ou bípede, olhar voltado ao 
horizonte, membros estendidos ao lado do troco, palmas das mãos voltadas para 
cima, calcanhares juntos e pontas dos pés ligeiramente afastadas uma da outra. 
A posição anatômica é tida como referência de estudo em diversas regiões 
do mundo (Figura 6 e 7).
Após o óbito é necessário esperar ao menos seis horas para manuseio e 
necropsia, devido, ao volume sanguíneo e refl exos neuronais que possam estar 
presentes.
Figura 6 – Decúbito Dorsal, Ventral E Lateral
Fonte: Personall Plus, 2015
29
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
Figura 7 – Posição Anatômica
Fonte: Personall Plus (2015)
• Cogumelo de Espuma: normalmente ocorre através da mistura de 
gases e de líquido nos alvéolos pulmonares, em casos de afogamento, 
soterramento e edema pulmonar agudo (Figura 8).
Figura 8 – Cogumelo De Espuma
Fonte: <http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.
asp?id=821>. Acesso em: 21 jan. 2019.
30
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
• Colheita de Impressões Digitais em Cadáveres: em casos de pessoas 
ainda não identifi cadas, realiza-se a colheita das impressões digitais, 
quando possível, para reconhecimento e identifi cação. O cadáver, 
quando em estado de rigidez, permite a colheita de impressões nítidas, 
limpas, sem borrões; o que pode não acontecer nos casos de pessoas 
vivas, uma vez que podem mexer os dedos durante o processo de 
colheita.
Nos cadáveres em estado de putrefação também é possível realizar a 
colheita das impressões digitais, com facilidade. No estado de decomposição 
na fase gasosa (quando os gases se acumulam e se infi ltram nos tecidos), há 
desprendimento das peles das mãos e dos dedos como se fosse uma luva. Para 
realizar a colheita, basta colocar uma luva cirúrgica em sua mão e posteriormente 
vestir a luva cadavérica, assim fi ca fácil pressionar sobre o papel e fazer a análise 
de digitais (Figura 9).
Figura 9 – Impressão Digital Com Luva Cadavérica
Fonte: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAAg5ZQAA/perito-
papiloscopista?part=3>. Acesso em: 21 jan. 2019.
4 ATESTADOS, NOTIFICAÇÕES, LAUDO, 
AUTOS E PARECERES TÉCNICOS
Iremos demonstrar e exemplifi car, alguns tipos de documentos judiciais.
4.1 Atestados
É um documento escrito de afi rmação simples e exata de um fato e suas 
consequências. Tem por fi nalidade informar a capacidade ou incapacidade do 
indivíduo para realização de determinado ato. 
31
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
Deve ter cabeçalho ou preâmbulo, a qualifi cação do examinado, o nome de 
quem solicitou, descrição do caso e, se absolutamente necessário, diagnóstico 
através do CID (Código Internacional de Doenças). Podemos realizar a consulta 
ao CID.10, através de sites de busca, como o Google, ou similares, sendo as 
formas mais rápidas para utilização de pesquisa).
Os atestados podem ser de natureza clínica (onde é realizada simples 
declaração para certifi car condições de sanidade ou enfermidade); para fi ns 
previdenciários (para comprovação de estado patológico – INSS); de óbito (em 
casos já estabelecidos de morte). Este, por sua vez, identifi cará a morte como 
sendo: natural (atribuído por um médico, que tenha acompanhado o paciente); 
natural mas por doenças mal defi nidas ou suspeitas (de causas inesperadas, sem 
motivo evidente, é solicitada a verifi cação do óbito junto ao SVO – Sistema de 
Verifi cação de Óbito); ou violenta (ocorre em casos de acidentes, e homicídios, o 
cadáver é encaminhado ao IML – Instituto Médico Legal).
4.2 NotiFicaçÃo
É um documento de comunicação compulsória às autoridades competentes 
de um fato médico por necessidade social ou sanitária sobre acidentes de trabalho 
ou doenças infectocontagiosas (Código Penal, Art. 269). São alguns exemplos 
de doenças de notifi cação compulsória: sarampo, tuberculose, sífi lis. Também 
podemos utilizar como exemplos de notifi cações compulsórias as notifi cações 
oriundas de processos de despejo, ou demais processos nas esferas judicias. 
A notifi cação é o ato pelo qual alguém é cientifi cado de um fato pertinente 
ao interesse das partes envolvidas. Existem situações de controvérsia em que 
uma das partes pode estar disposta a buscar uma solução amigável antes de 
recorrer aos meios legais. Neste caso, ela poderá se valer de uma notifi cação 
para solicitar a presença da outra em uma tentativa de alcançar amigavelmente 
uma resolução para o problema (Figura 10).
32
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
Figura 10 – Modelo Simples De Notifi cação
Fonte: <https://www.modelosimples.com.br/modelo-de-notifi cacao-para-
tratar-de-assunto-de-interesse.html>. Acesso em: 8 nov. 2018.
4.3 Autos
É denominado o relatório da perícia médica, ditado diretamente ao escrivão.
Trata-se do conjunto de peças reunidas para formar um processo judicial ou 
administrativo. É a representação física do processo.
Sendo fundamentado nos artigos referidos a seguir:
Arts. 53, § 2º e 93, II, "e" da CF
Arts. 216, 842, 1.756 e 2.015 do CC
Arts. 39, parágrafo único, 40, 59, 83, I, 122, parágrafo único, 141, IV, 155, 
159, 161, 167, 190, 196, 267, § 1º, 434, 510, 674, entre outros do CPC
Art. 356 do CP
Arts. 6º, VIII, 10, § 1º, 11, 17, 21, 58, entre outros do CPP.
4.4 Laudo
É o documento escrito feito pelo perito. São suas partes: preâmbulo (que 
deve conter dados e nome do perito designado ao caso), seus títulos, nome da 
autoridade que o nomeou, motivo da perícia, nome e qualifi cação do indivíduo 
a ser examinado; histórico “anamnese do caso”, colheita de informações do 
fato, local, envolvidos; descrição (a qual é a parte mais importante e deve ser 
minuciosamente relatada envolvendo as lesões e sinais do indivíduo, e se envolver 
cadáver deve constar os sinais da morte, identidade, exame interno e externo); 
discussão ou diagnóstico (onde o perito externará suas opiniões, relatando os 
33
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
critérios utilizados); conclusão ou resumo do laudo do ponto de vista do perito, 
baseando-se nos elementos objetivos e comprovadores de forma segura; e por 
fi m, respostas aos quesitos levantadas pelas partes e pelo Juiz.
Modelo de Laudo Pericial:
SUMÁRIO
I – OBJETIVO p.3
II – RESPOSTAS AOS QUESITOS
 DO EXECUTADO p.4
 DA EXEQUENTE p.6
III – CONCLUSÃO p.7
IV – ENCERRAMENTO p.7
LAUDO PERICIAL
NOME DO PERITO_________________________
N° do conselho:______________
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO _______________
__ª VARA ________________________
PROCESSO: ______________________
AÇÃO: _____________________
Requerente: NOME DO RequerenteRequerido: NOME DO Requerido
DATA DE ENTREGA DO LAUDO: ___ de ___________ de 20__
Após a confecção e verifi cação da veracidade do laudo, o perito deve 
peticionar o mesmo eletronicamente ou fi sicamente, no Fórum ou Juizado 
competente, protocolando o laudo; e solicitando a expedição de alvará ou guia de 
recolhimento dos honoráriospericiais.
4.5 Parecer TÉcnico 
É um documento solicitado sempre que o relatório médico deixar dúvidas, 
por qualquer pessoa a um especialista (perito ofi cial ou qualquer médico, desde 
que não estejam envolvidos na perícia, isto é, o assistente técnico). Procura 
34
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
documentar o processo com os resultados dos exames e considerações médicas 
referentes a determinadas situações de interesse jurídico. Ou seja, consultam, 
escrita ou verbalmente, um ou vários especialistas sobre o valor científi co do laudo 
em questão. O parecer é tido como a resposta aos conclusos. São suas partes: 
preâmbulo, exposição dos fatos, discussão do assunto, inclusão as perguntas e 
respostas.
4.6 PetiçÕes
As petições são documentos de cunho legal que visam requerer algo ou 
informar sobre algo, por exemplo, requerer honorários ou informar laudo pericial.
Ao aceitar a designação, o perito deve protocolar a petição inicial de aceite e 
de pedido de honorários, conforme modelo a seguir:
A petição inicial, como o nome já diz, é o primeiro ato para a formação do 
processo judicial. Trata-se de um pedido por escrito, onde a pessoa apresenta 
sua causa perante a Justiça, levando ao juiz as informações necessárias para 
análise do direito. Por meio dela, o indivíduo acessa o Poder Judiciário e o 
provoca a atuar no caso concreto, gerando uma decisão que substitui a vontade 
das partes. No mundo jurídico são utilizadas várias expressões como sinônimos 
de petição inicial: peça vestibular, peça autoral, peça prefacial, peça preambular, 
peça exordial, peça isagógica, peça introdutória, petitório inaugural, peça pórtica, 
peça de ingresso.
Excelentíssimo Sr(a). Dr(a). Juiz(a) de Direito da ___° Vara ____________ do 
Fórum da Comarca de ___________________.
Processo n° ____________________________
NOME DO PERITO____________________________________, 
FORMAÇÂO____________________, perito judicial designado na 
área ____________ (especifi car a área de atuação e da perícia), RG 
n°__________________, inscrito no CPF sob n°___________________ e 
no Conselho Regional de _________________ n°_______, perito nomeado 
no processo em epigrafe (fl s. N°___, número da página de nomeação no 
processo), vem respeitosamente, perante Vossa Excelência apresentar Aceite 
dos trabalhos periciais e valores de honorários periciais, conforme planilha 
abaixo:
35
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
Planejamento n°___ horas
Pesquisa documental n° ___ horas
Resposta dos Quesitos n° ___ horas
Elaboração do Laudo n° ___ horas
Total n° ___ horas
Considerando-se que o trabalho terá a duração de n° ___ horas, o valor total 
dos honorários será de R$ ___________ (________ reais), sendo certo que o 
valor de cada hora é de R$ _____________ (_____________ reais).
Os honorários deverão ser depositados 50% antes do início do trabalho 
pericial e levantados mediante alvará judicial para este fi m, que deverá ser 
expedido no momento da entrega do laudo em cartório.
Início dos trabalhos: ___ de _____ de 20__
Local: __________________________
Termos em que pede deferimento,
Cidade, __ de ______ de 20__.
Assinatura do perito
Perito Judicial n°___________
Cada solicitação que o perito ou assistente técnico venha a fazer deve ser 
através de peticionamento eletrônico ou físico.
As petições são subdivididas em: Petição Inicial, Petição Diversa, Petição 
intermediária, sendo comumente mais utilizada em processos a petição diversa.
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao longo do capítulo, pudemos analisar e verifi car juridicamente as funções 
e deveres do Perito, Assistente Técnico, onde também foi possível verifi car os 
critérios e parâmetros para elaboração de documentos judiciais como laudos, 
pareceres técnicos e entender a importância de cada documento dentro da esfera 
judicial.
36
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
Ao estudarmos Medicina Legal, aprendemos como enxergar o objeto 
(cadáver ou vivo) com sensibilidade e percepção sensorial, uma vez que ali está a 
maior prova a ser examinada e que poderá incriminar ou inocentar alguém.
Dentro do campo de estudo da Medicina Legal, podemos discorrer sobre 
todos os tipos de mortes ou lesões, o que serão tratados mais adiante ao longo 
do livro. Salienta-se que o Perito Médico Legal é o profi ssional médico qualifi cado 
para o cargo após passar em concurso.
Os peritos auxiliares de Justiça, ou peritos judiciais, atuam na análise 
documental e de provas levantadas ao longo dos processos, podendo ser físicas 
ou documentais, o que possibilita atuar em um campo maior de trabalho.
Espera-se que você, acadêmico, ao chegar ao fi nal desse capítulo, tenha 
assimilado os conceitos e artigos, para que assim possa futuramente efetuar seu 
cadastro e prestar serviço à Justiça.
1 O exame de corpo de delito direto é feito a partir da análise:
a) ( ) dos depoimentos prestados pelas testemunhas em juízo.
b) ( ) dos elementos físicos ou materiais do crime.
c) ( ) de documentos que possibilitem um conhecimento técnico por 
dedução.
d) ( ) de fi chas clínicas do hospital que atendeu a vítima.
e) ( ) dos depoimentos prestados pela vítima.
2 O exame de corpo de delito consiste na perícia realizada sobre 
vestígios materiais deixados por um delito. Acerca de perito, 
perícias e documentos médico-legais, assinale a opção 
CORRETA.
a) ( ) Ao se confeccionar o laudo pericial, a resposta aos quesitos 
é parte fundamental, sendo nulo o laudo que não contenha esse 
item.
b) ( ) As perícias a céu aberto devem ser realizadas somente à luz 
do dia, pois a luz artifi cial pode adulterar os resultados.
c) ( ) O exame de marcas de digitais é considerado exame de corpo 
de delito por via indireta.
d) ( ) O perito equivale à testemunha, devendo ser intimado a 
comparecer ao juízo, caso seja necessária a obtenção de prova.
37
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
e) ( ) O exame de corpo de delito indireto é realizado em material 
que não seja a própria vítima ou em instrumento que não esteja 
diretamente relacionado à cena do crime.
3 Assinale a opção CORRETA no que se refere a procedimentos da 
perícia médico-legal e seus documentos.
a) ( ) A necessidade de realização de exame balístico pode 
ser suprimida caso o médico legista descreva no laudo as 
características detalhadas do projétil de arma de fogo retirado do 
cadáver.
b) ( ) A fi m de se evitar deterioração do sangue que foi colhido de 
cadáver para realização de alcoolemia, costuma-se adicionar 
formol ao frasco de armazenamento.
c) ( ) Antes de se iniciar o exame cadavérico pelo médico legista, o 
cadáver a ser submetido a necropsia deve estar despido e lavado 
para melhor visualização das lesões.
d) ( ) Para conservação de fragmentos de vísceras retirados de 
cadáveres, com vistas à realização de exame histopatológico, a 
adição de formol ao frasco é a medida mais adequada.
e) ( ) O laudo pericial deve ser ditado ao auxiliar de necropsia, 
passando, então, a denominar-se auto.
REFERÊNCIAS
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38
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
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39
INTRODUÇÂO Á MEDICINA LEGAL Capítulo 1 
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40
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
CAPÍTULO 2
CIÊNCIAS FORENSES – PARTE I
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Saber: ao fi nal do presente capítulo, você, acadêmico, deverá saber as formas 
de estudo da Medicina Legal, formas de verifi cação de óbito e tipos de óbito 
existentes, local da perícia e objetos envolvidos.
 Fazer: ao fi nal do presente capítulo, você, acadêmico, deverá fazer a distinção 
dos tipos de estudos através dos caracteres físicos, étnicos e genéticos dos 
indivíduos, assim como identifi car formas de óbitos por asfi xia, tais como 
esganadura, enforcamento.
42
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
43
CIÊNCIAS FORENSES – PARTE I Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
No presente capítulo, iremos abordar os temas introdutórios no estudo da 
Medicina Legal e da elucidação de crimes, sendo de fundamental importância 
sua compreensão e entendimento. Ao discorrermos sobre o assunto, iremos 
exemplifi car as situações tornando melhor seu entendimento.
Você aprenderá sobre os estágios de putrefação, estágios esses os quais os 
cadáveres apresentam características diferentes, podendo dizer muito sobre sua 
morte, as possíveis causas e principalmente seu agressor.
As mortes em decorrência de asfi xias, podem ser por diversas causas, desde 
asfi xia mecânica ou acidental. Abordaremos as características de cada tipo de 
asfi xia, que auxiliarão na elucidação do óbito.
O estudo da morte, suas causas e meios deve ser aprofundado com estudos 
adicionais, estudos de casos e atualização constante.
Bom estudo!
2 ANTROPOLOGIA FORENSE
A Antropologia forense é a aplicação prática ao Direito de um conjunto de 
conhecimentos da Antropologia Geral visando principalmente as questões 
relativas à identidade médico-legal e à identidade judiciária ou policial. É o estudo 
responsável pelos métodos de investigação e identifi cação de indivíduos.
2.1 IDENTIDADE X IDENTIFICAÇÃO
Segundo França (2017), a Identidade é o conjunto de caracteres que 
individualiza uma pessoa ou uma coisa, fazendo-a distinta das demais. É um 
elenco de atributos que torna alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio.
Arbenz (1983) ensinava que “identidade é o conjunto de atributos que 
caracterizam alguma coisa ou alguma pessoa”. E fazia diferença entre 
semelhança, igualdade e identidade. Semelhança como relação de qualidade; 
igualdade como relação de quantidade; e identidade como a essência de uma 
coisa ser ela mesma. 
44
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
Segundo Croce (2012), quando se trata do ser humano, é a identidade o 
conjunto de características pessoais e peculiares que diferencia o indivíduo dos 
outros e lhe confere uma situação tempo espacial específi ca e status social único. 
A identidade, por SER passível de simulação e de dissimulação, reveste-se de 
importância tanto no foro civil como no criminal, pois a responsabilidade somente 
pode ser atribuída após prévia identifi cação. Desse modo, depreende-se haver 
um dever e um direito de identidade, protegendo a identifi cação, os interesses 
individuais e coletivos. Ao Direito interessa, particularmente, a investigação da 
identidade do homem, que se faz pela identifi cação.
Cada dia que passa, maiores são as exigências no que diz respeito à 
identidade individual nos interesses da vida civil ou de comércio, sem se falar na 
necessidade de se estabelecer a falsa identidade ou caracterizar o reincidente 
criminal. Tudo isso em relação ao vivo. Acrescentem-se mais os imperativos de 
identifi car cadáveres decompostos, restos cadavéricos, esqueletos e até mesmo 
peças ósseas isoladas. Aqui, pois, trataremos da identidade objetiva e não 
subjetiva. A identidade objetiva é aquela que nos permite afi rmar tecnicamente 
que determinada pessoa é ela mesma por apresentar um elenco de elementos 
positivos e mais ou menos perenes que a faz distinta das demais. A identidade 
subjetiva é tida como a sensação que cada indivíduo tem de que foi, é e será ele 
mesmo, ou seja, a consciência da sua própria identidade, ou do seu “eu”. 
 Segundo França (2017)), a Identifi cação é o processo pelo qual se 
determina a identidade de uma pessoa ou de uma coisa, ou um conjunto de 
diligências cuja fi nalidade é levantar uma identidade. Portanto, identifi car uma 
pessoa é determinar uma individualidade e estabelecer caracteres ou conjunto de 
qualidades que a fazem diferente de todas as outras e igual apenas a si mesma. 
Não se discute hoje o valor da identifi cação. As relações sociais ou as exigências 
civis, administrativas, comerciais e penais exigem e reclamam essa forma de 
comprovação. Mesmo na vida social, há instantes em que o indivíduo tenta provar 
que é ele mesmo e não consegue, a menos que obtenha prova de sua identidade.
Tais processos podem efetivar-se no vivo (desaparecidos, pacientes mentais 
desmemoriados, menores de idade, recusa de identidade); no morto (desastres de 
massa, cadáveres sem identifi cação, mutilados, estados avançados de putrefação 
e restos cadavéricos); e no esqueleto (decomposição em fase de esqueletização, 
esqueletos e ossos isolados). Em qualquer perícia dessa natureza, suatécnica 
é realizada em três fases: (a) um primeiro registro, em que se dispõe de certos 
caracteres imutáveis do indivíduo e que possa distingui-lo dos outros; (b) um 
segundo registro dos mesmos caracteres, feito posteriormente, na medida em 
que se deseja uma comparação; (c) a identifi cação propriamente dita, em que 
se comparam os dois primeiros registros, negando ou afi rmando a identidade 
procurada.
45
CIÊNCIAS FORENSES – PARTE I Capítulo 2 
 Os fundamentos biológicos ou técnicos que qualifi cam e preenchem as 
condições para um método de identifi cação ser considerado aceitável são:
Unicidade. Também chamado de individualidade, ou seja, que determinados 
elementos sejam específi cos daquele indivíduo e diferentes dos demais.
Imutabilidade. São as características que não mudam e não se alteram ao 
longo do tempo.
Perenidade. Consiste na capacidade de certos elementos resistirem à 
ação do tempo e que permanecem durante toda a vida, e até após a morte, por 
exemplo, o esqueleto. Praticabilidade. Um processo que não seja complexo, 
tanto na obtenção como no registro dos caracteres. 
Classifi cabilidade. Este requisito é muito importante, pois é necessária 
certa metodologia no arquivamento, assim como rapidez e facilidade na busca 
dos registros.
Segundo França (2017), a identifi cação do vivo ou do cadáver é mais fácil. 
Já a identifi cação do esqueleto fundamenta-se em uma criteriosa investigação 
da espécie, da raça, da idade, do sexo, da estatura e, principalmente, das 
características individuais. Dessas características individuais, as mais importantes 
são os dentes, mas para tanto é necessário existir previamente uma fi cha 
dentária bem assinalada, não só com o número de dentes, como também com as 
alterações, anomalias e restaurações. Ou, por exemplo, pela identifi cação de uma 
prótese, de uma anomalia mais rara ou de uma alteração de caráter ortopédico, 
de uma radiografi a com sequelas traumatológicas, de uma simples radiografi a 
óssea ou dentária, ou de um exame da Impressão Digital Genética do DNA, para 
serem confrontados com os padrões analisados. 
Finalmente, é necessário que se diferencie o reconhecimento da identifi cação. 
O primeiro signifi ca apenas o ato de certifi car-se, conhecer de novo, admitir 
como certo ou afi rmar conhecer. É, pois, uma afi rmação laica, de um parente 
ou conhecido, sobre alguém que se diz conhecer ou de sua convivência. Pode 
essa pessoa que reconhece, inclusive, assinar um “termo de reconhecimento”, 
cujos formulários habitualmente existem nas repartições médico-legais. Já 
a identifi cação é um conjunto de meios científi cos ou técnicas específi cas 
empregado para que se obtenha uma identidade. É um procedimento médico-
legal cuja fi nalidade é afi rmar efetivamente por meio de elementos antropológicos 
ou antropométricos que aquele indivíduo é ele mesmo e não outro, conforme 
afi rmam diversos autores. A identifi cação divide-se em médico-legal e judiciária 
ou policial.
46
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
2.2 IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL
A identifi cação médico-legal utiliza-se do estudo de várias espécies para 
responder determinadas perguntas referentes ao indivíduo objeto do estudo.
Poderá ser feita no vivo, no cadáver inteiro ou espostejado, ou ainda reduzido 
a fragmentos ou a simples ossos. O exame é realizado em relação a raça, sexo, 
estatura, idade, identifi cação pelos dentes, peso e conformação, malformações, 
sinais profi ssionais, sinais individuais, como as cicatrizes, aos tipos sanguíneos, 
tatuagens, dinâmica funcional e aos caracteres psíquicos.
Esse estudo mais detalhado pode ser realizado em:
2.2.1 Raça ou GruPo Étnico
O estudo através da Raça ou Grupo Étnico, ao qual o indivíduo pertence, é 
realizado através de identifi cação, da seguinte forma (Figura 1):
• CAUCASIANO – Pele branca ou trigueira. Cabelos crespos ou lisos, 
louros ou castanhos. Íris azul ou castanha. Contorno craniofacial ovoide ou ovoide 
poligonal. Perfi l facial ortognata e ligeiramente prognata.
• MONGÓLICO – Pele amarela. Cabelos lisos. Face achatada de diante 
para trás. Fronte larga e baixa. Arcadas superciliares pouco salientes. Espaço 
interorbital largo. Fenda palpebral pouco ampla, em amêndoa. Nariz curto, largo. 
Maxilares pequenos e mento saliente.
• NEGROIDE – Pele negra. Cabelos crespos, em tufos. Crânio geralmente 
dolicocéfalo. Perfi l facial prognata; fronte alta, saliente, arqueada. Íris castanha. 
Nariz pequeno, de perfi l côncavo e narinas curtas e afastadas. Zigomas salientes. 
Prognatismo acentuado. Mento pequeno.
• INDIANO – Pele amarela trigueira, tendendo para o avermelhado. Estatura 
alta. Cabelos lisos como crina de cavalo, pretos. Íris castanha. Crânio mesocéfalo. 
Supercílios espessos. Ausência de barba e bigode. Orelhas pequenas. Nariz 
saliente, longo e estreito. Fronte vertical. Zigomas salientes e largos. Mandíbula 
desenvolvida. 
• AUSTRALOIDE – Estatura alta. Pele trigueira. Cabelos pretos, 
ondulados e longos. Fronte estreita. Zigomas proeminentes. Nariz curto com 
narinas afastadas. Prognatismo, maxilar e alveolar. Dentes fortes. Maxilares 
desenvolvidos. Cintura escapular larga; bacia estreita.
47
CIÊNCIAS FORENSES – PARTE I Capítulo 2 
Figura 1 – A Variabilidade Fisionômica Na Espécie Humana
Fonte: <https://alunosonline.uol.com.br/biologia/raca-na-
especie-humana.html>. Acesso em: 21 jan. 2019.
2.2.2 Formas de Crânio
É a verifi cação através do estudo dos contornos verticais, anteriores, 
posteriores e laterais do crânio, onde se realiza a associação com fi guras 
geométricas, para verifi cação da espécie ou grupo étnico ao qual cada crânio 
pertence.
2.2.3 Índice CeFálico
É a relação entre a largura e o comprimento do crânio, onde é feita a 
verifi cação utilizando-se a forma de Retzius:
• Dolicocéfalos: presente nos grupos étnicos caucásicos nórdicos 
(escandinavos, ingleses), nos negroides africanos e nos australoides. O índice 
cefálico nesses grupos é igual ou inferior a 75.
• Mesaticéfalos: presentes no grupo étnico dos Mongólicos. O índice 
cefálico deve ser entre 75 e 80.
• Braquicéfalos: presente no grupo étnico dos caucásicos (europeus 
centrais). O índice cefálico deve ser superior a 80.
48
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
2.2.4 CaPacidade do Crânio
É dada pela capacidade de chumbo miúdo necessário para encher o crânio 
após prévia obturação de seus orifícios, sendo esse chumbo posteriormente 
colocado em vaso graduado em centímetros cúbicos, determinando-se dessa 
forma o seu volume em capacidade:
• Homem raça branca é aproximadamente 1.558 cm3
• Homem raça amarela é aproximadamente 1.518 cm3
• Homem raça vermelha é aproximadamente 1.437 cm3
• Homem raça negra é aproximadamente 1.430 cm3
2.2.5 Índice Facial
É a relação entre o diâmetro nasoalveolar, situado na raiz do nariz na região 
da sutura nasofrontal, e o ponto médio da sutura nasofrontal. O ponto alveolar 
situa-se entre os dois incisivos superiores. 
2.2.6 Ângulo Facial
Segundo França (2017), serve para determinar o prognatismo, ou seja, a 
proeminência, especialmente dos maxilares, das raças. Quanto mais agudo for 
o ângulo facial, tanto mais pronunciado será a prognatismo. Suas medidas se 
fazem com os goniômetros, como o de Broca, e obedecem a vários critérios. 
Esse processo consiste em se traçar um triângulo facial por intermédio das 
linhas facial e aurículo-espinal como foram descritas no método de Jacquart, e 
uma outra linha tangente ao mento e aos incisivos mediais inferiores. Conhecidos 
os comprimentos dos três lados do triângulo obtido, calcula-se facilmente os seus 
ângulos por meio de tábuas logarítmicas. 
Daí termos os seguintes tipos:
 — ortognatas: mais de 73º;
 — mesognatas: de 72,99º a 70º; 
 — prognatas: menos de 70º. 
As partes moles (principalmente os lábios) impedem a determinação do 
prognatismo no vivo e no cadáver recente. Outrossim, qualquer que seja o método 
goniométricoempregado pelos diferentes autores na determinação do ângulo 
49
CIÊNCIAS FORENSES – PARTE I Capítulo 2 
facial, não se deve conceder ao prognatismo a importância de outrora e, sim, a de 
caráter morfológico designativo simplesmente da proeminência do maciço ósseo 
da face, ou seus diversos segmentos, adiante da caixa craniana. Importa saber 
que o ângulo facial é máximo na raça branca e menor na raça negra.
2.2.7 Estatura 
A determinação da estatura do indivíduo é feita medindo-se o indivíduo em 
posição ereta, sem os calçados, ou deitados em plano horizontal, e medindo-se a 
distância entre os dois planos verticais que tocam as plantas dos pés e a cabeça, 
chamados planos de delimitação do corpo humano.
Quando se trata de partes de cadáver, ou de ossos, ainda é possível calcular 
a estrutura do indivíduo, usando-se algumas tabelas que nos dão a relação entre 
a medida de cada parte do corpo com a estatura. Essas proporções podem ser 
alteradas por doenças e malformações congênitas ou adquiridas, tais como 
acondroplasia, acromegalia, fraturas ou traumatismos.
2.2.8 DeterminaçÃo do SeXo
Existem diferentes tipos de sexo, que são levados em consideração durante 
os processos de identifi cação do indivíduo ou identifi cação cadavérica.
Sexo morfológico: É representado pela confi guração fenotípica do indivíduo. 
Ou seja, é a manifestação visível de um genótipo.
Sexo cromossomial: É defi nido pela avaliação dos cromossomos sexuais por 
uma marcação fl uorescente que irá depender da técnica empregada fl uorescente. 
É masculino aquele que apresentar 46 XY e tiver corpos fl uorescentes, e feminino 
quando apresentar uma constituição cromossômica de 46 XX e não contiver 
corpos fl uorescentes. Esse conjunto de cromossomos chama-se cariótipo. 
Sexo gonadal: Caracteriza o masculino como portador de testículos e o 
feminino como portador de ovários. 
Sexo cromatínico: Determinado pelos corpúsculos de Barr, pequenos 
corpos de cromatina que se encontram no nucléolo das células dos organismos 
femininos, daí a classifi cação em cromatínicos positivos (femininos) e cromatínicos 
negativos (masculinos). Cada cromossomo encerra informações codifi cadas em 
genes através de moléculas de DNA.
50
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
Sexo da genitália interna: Caracteriza o masculino quando houve o 
desenvolvimento dos ductos de Wolff, e o feminino quando desenvolvidos os 
ductos de Müller.
Sexo da genitália externa: Defi ne o masculino com a presença de pênis e 
escroto, e o feminino com a presença de vulva, vagina e mamas.
Sexo jurídico: É o designado no registro civil, ou quando a autoridade legal 
manda que se registre uma pessoa em um ou outro sexo, após suas convicções 
médico-legais, morais ou doutrinárias. Está regulamentado pela Lei dos Registros 
Públicos (Lei no 6.015/73). 
Sexo de identifi cação ou psíquico ou comportamental: É aquele cuja 
identifi cação o indivíduo faz de si próprio e que se refl ete no comportamento. 
Também é chamado por alguns de sexo moral. 
Sexo médico-legal: É constatado por meio de uma perícia médica nos 
portadores de genitália dúbia ou sexo aparentemente duvidoso, por exemplo, um 
portador de uma grande hipospadia, facilmente confundível com uma cavidade 
vaginal.
Segundo França (2017), em um ente normal, vivo ou morto recentemente, 
a determinação do sexo não é uma atribuição complexa. Há, na verdade, 
situações complicadas, como em um cadáver em avançado estado de putrefação, 
com destruição da genitália externa, ou no esqueleto, ou, ainda, em situações 
como nos estados intersexuais e no pseudo-hermafroditismo, nas quais são 
empregadas técnicas mais sofi sticadas, entre elas a pesquisa da cromatina 
sexual ou do corpúsculo de Barr, que é encontrado no sexo feminino.
2.2.9 DeterminaçÃo da Idade
A idade pode ser determinada de diversas maneiras, subdividindo-se em 
vida intrauterina e vida extrauterina.
A vida intrauterina leva em consideração os aspectos morfológicos desde o 
momento da concepção até o nascimento, pelo comprimento dos ossos, estatura 
através de exames de ultrassonografi a e raios x.
Considera-se embrião, o período entre a fecundação (ovo ou zigoto) até o 
3° (terceiro) mês de vida intrauterina. Após esse período, considera-se como feto 
até o parto. Em crianças nascidas a termo (ou seja, no tempo correto gestacional, 
51
CIÊNCIAS FORENSES – PARTE I Capítulo 2 
que pode ser até a 43° semana de gestação em alguns casos), observa-se 
em aproximadamente 98% (noventa e oito por cento) dos casos o ponto de 
ossifi cação de Blecard, normalmente de tonalidade arroxeada sobre a cartilagem 
com diâmetro entre 0,4 a 0,5 mm, localizado na extremidade distal do fêmur. 
Após o nascimento, o termo correto a ser utilizado é infante-nascido. Esse 
termo é utilizado para aqueles que ainda não receberam os cuidados necessários 
de higiene e saúde após o nascimento. 
É considerado recém-nascido, aquele que já recebeu os cuidados médicos e 
de higiene hospitalar até o primeiro mês de vida.
A primeira infância é considerada até os 7 (sete) anos de vida; a segunda 
infância é dos 8 aos 11 anos de vida; a adolescência dura dos 12 aos 18 anos de 
vida normalmente. A maioridade é dos 18 aos 21 anos; adulto dos 22 aos 60 anos 
de idade; velhice dos 61 aos 80 anos de idade; e a senilidade após os 80 anos de 
idade.
Para verifi cação da idade do indivíduo, são utilizados diversos pontos 
importantes para serem avaliados:
A aparência do indivíduo é levada em consideração quando fazemos a 
distinção de um velho, para um adulto ou uma criança. 
A pele é um objeto de extrema importância na determinação da idade. 
Consiste na formação de rugas, que surgem inicialmente entre os 25 aos 30 anos 
perto das pálpebras. Posteriormente, elas aparecem nas regiões nasolabiais, 
pescoço e na fronte.
Os pelos também são utilizados para determinação de idade em homens e 
mulheres, onde, no sexo feminino aparecem por volta dos 12 anos de idade com 
o início da puberdade e da primeira menarca. E nos meninos por volta dos 13 aos 
15 anos, também em decorrência das mudanças hormonais características da 
faixa etária.
O arco senil também é verifi cado. Caracterizado por formação de faixa 
periférica e acinzentada ao redor da córnea, composto por colesterol, triglicérides 
e fosfolípides, sendo aparente mais no sexo masculino e correlacionado com 
determinadas doenças, como diabetes, carências nutricionais e hipertensão 
arterial. 
Comumente, leva-se em consideração a contagem e o formato dos dentes. 
Considera-se fase de dentição de leite aquela que se inicia por volta dos 5 meses 
52
 Medicina Legal APlicada À InVestigaçÃo Criminal
de vida até os 6 anos de idade, e dentição permanente aquela que se inicia por 
volta dos 7 anos de idade.
Quando falamos sobre ossos, podemos fazer a análise levando-se em 
consideração o tamanho dos ossos longos e o canal epifi sário (ex. fêmur, tíbia, 
fíbula, úmero, ulna, radio, metacarpos e metatarsos, assim como esterno); e os 
ossos do crânio, onde são analisadas as suturas (regiões de articulações fi brosas 
entre os ossos do crânio). Essas suturas, no recém-nascido, apresentam-se 
móveis para acomodar o encéfalo no momento do parto e também acompanhar o 
desenvolvimento da criança. Por volta de um ano de idade começa o processo de 
fi brose e junção dessas suturas para proteção do encéfalo e do líquor.
Podemos realizar a identifi cação cadavérica ou do indivíduo por sinais 
característicos individuais, como: tatuagens (levando-se em conta localização, 
desenho e coloração), sinais individuais (manchas na pele, verrugas, nevos 
congênitos são utilizados para exclusão em casos de identifi cação), malformações 
(como por exemplo, lábios leporinos, pé torto, consolidação de fratura e desvios 
de coluna), cicatrizes (auxiliam na identifi cação pessoal, podendo ser traumáticas, 
patológicas ou cirúrgicas).
A identifi cação ou exclusão através das linhas

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