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De�n���og�� Médi�� A deontologia médica é um conjunto de deveres e obrigações que tem por princípio conduzir o médico dentro de uma orientação moral e jurídica, nas suas relações com os doentes e seus familiares, com os colegas e com a sociedade, e ao mesmo tempo tentar explicar uma forma de comportamento, tomando, como objeto de sua reflexão, a ética e a lei. O código de ética médica dos conselhos de medicina do Brasil, tem força legal e foi elaborado pelo Conselho Federal de Medicina, assim, compete aos conselhos de Medicina o direito de disciplinar, fiscalizar e julgar os médicos. É compreensível a importância dessa codificação para os conselhos, a fim de combater, reprimir e prevenir certas infrações dos médicos, por necessidade da defesa social e da proteção aos que exercem a profissão de maneira ética e legal. Portanto, o conjunto de regras que balizam o comportamento do profissional da Medicina constitui o Código de Ética Médica. O consentimento do médico Com o avanço cada dia mais eloquente dos direitos humanos, o ato médico só alcança a sua verdadeira dimensão com a obtenção do consentimento dos pacientes ou de seus responsáveis legais. Em tese → todo o procedimento profissional médico necessita de uma autorização prévia, atendendo ao princípio da autonomia ou da liberdade → todo o indivíduo tem por consagrado o direito de ser autor do seu próprio destino e de optar pelo rumo da sua vida. Desse modo, a ausência desse requisito pode caracterizar infrações aos ditames da ética médica, a não ser em delicadas situações confirmadas por iminente perigo de vida. Exige-se não só o consentimento puro e simples, mas o consentimento livre e esclarecido → consentimento obtido de uma indivíduo capaz civilmente e apto para entender e considerar razoavelmente uma proposta ou uma conduta, isenta de coação, influência ou indução. → Precisa utilizar uma linguagem simples e acessível. É correto dizer ao doente não só os resultados normais, mas todos os riscos que tal intervenção pode trazer. É certo que o prognóstico mais grave pode ser perfeitamente analisada e omitido em cada caso, embora não seja correto privar à família desse conhecimento. Consentimento substituto: se o paciente não puder falar por si só ou é incapaz de entender o ato que se vai executar, estará o médico obrigado a conseguir o consentimento de seus responsáveis legais. Obs: o consentimento primário não exclui a necessidade de consentimentos secundários ou continuados. Exemplo: o paciente que permite a sua internação em um hospital não está autorizando o uso de qualquer meio de tratamento ou de qualquer conduta. Sempre que houver mudanças significativas nos procedimentos terapêuticos, deve-se obter o consentimento continuado (princípio da temporalidade) - por tais razões, certos termos de responsabilidade exigidos no momento da internação por alguns hospitais, não tem nenhum valor ético ou legal e, se tal documento foi exigido como condição imposta para a internação, até que se prove o contrário isto é uma forma indisfarçável de coação. Princípio da revogabilidade: o consentimento não é um ato irretratável e permanente. Em qualquer momento, o paciente tem o direito de não mais consentir uma determinada prática ou conduta previamente consentida por escrito. Princípio da Beneficência: Há situações em que, mesmo existindo a permissão tácita ou expressa e consciente, não se justifica o ato permitido, pois a norma ética ou jurídica pode impor-se a essa vontade, e a autorização, mesmo escrita, não outorgaria esse consentimento. Nesses casos, quem legitima o ato médico é a sua indiscutível necessidade e não a simples permissão. O mesmo se diga quando o paciente nega autorização de uma imperiosa e inadiável necessidade do ato médico salvador, frente a um iminente perigo de vida. Nesse caso estaria justificado o tratamento arbitrário, em que não se argui a antijuridicidade do constrangimento ilegal nem se pode exigir um consentimento. Diz o bom senso que, em situações dessa ordem, nas quais o tratamento é indispensável e inadiável, estando o próprio interesse do doente em jogo, deve o médico realizar, com meios moderados, aquilo que aconselha sua consciência e o que é melhor para o paciente. Importante entender que mesmo o médico, tendo um termo escrito de consentimento do paciente, isto, por si só, não o exime de responsabilidade se provada a culpa e o dano em determinado ato profissional. Entender ainda que o consentimento livre e esclarecido, operacionalizado no princípio da autonomia, não deve constituir-se um fato de interesse do médico, mas antes de tudo em uma questão de respeito e garantir aos direitos de liberdade de cada homem e de cada mulher - Todos têm o direito de saber sua verdade e participar ativamente das decisões que dizem respeito à sua vida e, portanto, as decisões médicas e sanitárias que afetam sua vida e sua saúde. Os novos direitos do paciente A associação de hospitais americanos (AHA) divulgou um pequeno manual intitulado À Carta de Direitos dos Paciente, que estabelece, entre outros fatos: ● Informação detalhada sobre o problema do paciente; ● Direito de recusar tratamento dentro do limite da lei → detalhes completos para facilitar certas tomadas de posição; ● Descrição absoluta sobre seu tratamento; ● Aceitação de continuidade terapêutica nos casos considerados incuráveis e de penoso sofrimento; ● Informações completas à família, nos casos mais dramáticos, em termos que possibilitem à compreensão, etc. Exercício Legal da Medicina São títulos idôneos os fornecidos por escolas autorizadas ou reconhecidas. Os médicos formados no estrangeiro terão seus títulos revalidados ao se habilitarem perante as faculdades brasileiras, independentemente de nacionalização e prestação de serviço militar. Interdição cautelar Os médicos que cometerem faltas graves previstas neste Código e cuja continuidade do exercício profissional constitua risco de danos irreparáveis ao paciente ou a sociedade poderão ter o exercício profissional suspenso mediante procedimento administrativo específico. Os limites do ato médico ● Ato médico genérico - todo projeto orientado e tecnicamente reconhecido em favor da qualidade da vida e da saúde do ser humano e da coletividade. ● Ato médico específico - como sendo a utilização de estratégias e recursos para prevenir a doença, recuperar e manter a saúde do ser humano ou da coletividade, inseridos nas normas técnicas dos conhecimentos nos cursos regulares de medicina aceitos pelos órgãos competentes, setando quem o executa, supervisiona ou solicita profissional e legalmente habilitado. Este é o ato médico stricto sensu e somente o médico pode realizá-lo. Exercício ilegal da Medicina Os não formados em Medicina não podem exercer a profissão médica; Entretanto, em casos que o estudante de Medicina em um caso urgente e grave, assistir o paciente, impondo uma conduta ou uma terapêutica exigida, não estaria exercendo ilegalmente a Medicina. Responsabilidade criminal do médico: O médico, qualquer que seja sua especialidade, está sujeito a normas de direito público tendo em conta que a vida e a saúde são bens jurídicos de ordem coletiva, cabendo ao Estado a guarda dessa tutela. Mesmo que os médicos, como melhor exemplo os cirurgiões, atuem de forma coletiva em equipes, a responsabilidade criminal é estritamente individual. Não se pune o mal resultado em si, mas a atuação descuidada, imprudente, negligente, quando do exercício legal da medicina. Considera-se como delito por infração médica a ação ou omissão no exercício da medicina, proibida por lei, sujeita a uma pena determinada e cuja prática é lesiva a um bem jurídico relevante. Exercício ilegal da profissão: ● Charlatanismo: o charlatão pode ser médico ou não, desde que de fraude a boa fé dos doentes, prometendo a cura por métodos secretos e infalíveis. ● Curandeirismo: na sua maioria são pessoas desprovidas de conhecimentos médicos que praticam a conduta ilícita, mas também pode ser o próprio médico o autor deste delito.Normalmente, os curandeiros são indivíduos rudes, ignorantes, desonestos ou místicos (feiticeiros, magos, cartomantes, adivinhos, pais de santo, entre outros, incluindo os atos de exorcismo praticados por ministros das variadas igrejas). ● Crime de falsidade de atestado médico: comete crime contra a fé pública o médico que fornece atestado falso no exercício de sua profissão, o crime está na falsidade da declaração. ● Omissão de notificação de doença: é crime contra a saúde pública. Embora outros profissionais da área da saúde tenham o dever de comunicar a ocorrência de moléstias contagiosas, a lei somente responsabiliza diretamente o médico, ficando os demais sujeitos apenas à sanções específicas. ● Violação do segredo profissional: visão, não só, estabelecer a confiança do paciente, cujas informações são fundamentais para assegurar um diagnóstico correto e uma terapêutica eficiente, mas também por um imperativo de ordem pública e equilíbrio social; ● Prescrição desnecessária de entorpecentes: constitui crime de acordo com a Lei da prevenção e repressão de tóxico, a prescrição desnecessária de entorpecentes. Erro médico: quase sempre por culpa, é uma forma atípica e inadequada de conduta profissional - supõe uma inobservância técnica, capaz de produzir um dano à vida ou à saúde do paciente dano sofrido, caracterizado como imperícia, imprudência ou negligência do médico, no exercício regular de suas atividades profissionais. Devem ser levados em conta as condições do atendimento, a necessidade da ação e os meios empregados. Acidente imprevisível: resultado lesivo, supostamente oriundo de caso fortuito ou força maior, a integridade física ou psíquica do paciente durante o ato médico ou em face dele, porém incapaz de ser previsto e evitado, não só pelo autor, mas por outro qualquer em seu lugar. Mal incontrolável: aquele decorrente de uma situação grave e de curso inexorável - aquele resultado danoso proveniente de sua própria evolução, em que as condições atuais de ciência e a capacidade profissional ainda não oferecem solução - o médico tem com o paciente uma obrigação de meios e não uma obrigação de resultados - assume um compromisso de prestar meios adequados, de agir com diligência e de usar seus conhecimentos na busca de um êxito favorável, o qual nem sempre é certo. Assim, nem todo mau resultado é um erro médico. O erro médico, no campo da responsabilidade, pode ser de ordem pessoal e estrutural. Pessoal: quando o ato lesivo, se deu, na ação ou na omissão, por despreparo técnico e intelectual, por grosseiro descaso ou por motivos ocasionais referentes às condições físicas e emocionais. Estrutural: quando os meios e as condições de trabalho são insuficientes ou ineficazes para uma resposta satisfatória. O erro médico pode ser arguido sob duas formas de responsabilidade: a legal e a moral. ● Legal: é atribuída pelos tribunais, podendo comportar, entre outras, as ações civis, penais e administrativas. ● Moral: é de competência dos conselhos de medicina, através de processos ético-disciplinares. O erro médico pode ser por imprudência, negligência ou imperícia. Imprudência médica: é o médico que age sem a cautela necessária. É aquele cujo ato ou conduta são caracterizados pela audácia, intempestividade, precipitação ou inconsideração. A imprudência tem sempre caráter comissivo. Negligência médica: caracteriza-se pela inação, indolência, desleixo, inércia, passividade, torpidez. É a falta de observância aos deveres que as circunstâncias exigem. É um ato omissivo. ➢ Abandono ao doente; ➢ Omissão de tratamento; ➢ Negligência de um médico pela omissão de outro; ➢ Prática ilegal por estudantes de Medicina; ➢ Prática ilegal por pessoal técnico; ➢ Letra do médico; ➢ Negligência hospitalar; ➢ Esquecimento de corpo estranho em cirurgia; ➢ Negligência dos centros complementares de diagnóstico; ➢ Negligência em transfusões de sangue; ➢ Cirurgia do lado errado ou da pessoa errada. Imperícia médica: é a falta de observação das normas, por despreparo prático ou insuficiência de conhecimentos técnicos. É a carência de aptidão, prática ou teórica, para o desempenho de uma tarefa técnica. Chama-se ainda imperícia a capacidade ou a inabilitação para exercer determinado ofício, por falta de habilidade ou pela ausência dos conhecimentos elementares exigidos em uma profissão. Diagnóstico errado não é o mesmo que imperícia → o médico não é infalível, nem pode garantir a recuperação de todos os pacientes, pois as situações que se apresentam são, em algumas circunstâncias, graves e confusas → Assim, em uma dessas eventualidades, o erro não pode ser sinônimo de imperícia. Existe aquilo que chamamos de erro honesto. Pune-se apenas o erro evitável que, em todas as circunstâncias, está caracterizado pela negligência ou pela imprudência. Nosso pensamento é que o médico habilitado - profissional e legalmente - não pode ser considerado imperito em nenhuma circunstância. Se um homem tem nas mãos um diploma que lhe confere um grau de doutor e uma habilitação legal, será extremamente difícil a alguém provar que essa pessoa seja incapaz. Não é lógico atribuir imperícia, em uma situação isolada a um profissional habilitado e com provas de acerto em outras tantas situações.
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