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1 Felipe Altimari 1 – Erro médico, Iatrogenia, CLE, Código de ética médica Problema: Quando a estética supera a prudência! Objetivos: Intencionalidade Educacional: compreender cavidade abdominal e seus limites para correlacionar com prática clínica, além de identificar a importância dos exames de imagem solicitados no pré e pós-operatórios de cirurgia plástica. Objetivos e identificações: Definir: Cavidade abdominal. Objetivos para a solicitação de exames de imagem no pré e pós-operatórios de cirurgia plástica. Identificar: Limites da cavidade abdominal; Regiões da cavidade abdominal; Órgãos presentes na cavidade abdominal. 2 Felipe Altimari Erro Médico: é o dano provocado no paciente pela ação ou inação do médico, no exercício da profissão, e sem a intenção de cometê-lo. Há três possibilidades de suscitar o dano e alcançar o erro: imprudência, imperícia e negligência. Negligência, consiste em não fazer o que deveria ser feito; Imprudência consiste em fazer o que não deveria ser feito Imperícia em fazer mal o que deveria ser bem feito. A negligência ocorre quase sempre por omissão. É dita de caráter omissivo, enquanto a imprudência e a imperícia ocorrem por comissão. O mal provocado pelo médico no exercício da sua profissão, quando involuntário, é considerado culposo, posto não ter havido a intenção de cometê-lo. Diversos, por natureza, dos delitos praticados contra a pessoa humana, se a intenção é ferir, provocar o sofrimento com dano psicológico e/ou físico para negociar a supressão do mal pela maldade pretendida. A Medicina presume um compromisso de meios, portanto o erro médico deve ser separado do resultado adverso quando o médico empregou todos os recursos disponíveis sem obter o sucesso pretendido ou, ainda, diferenciá-lo do acidente imprevisível. O que assusta no chamado erro médico é a dramática inversão de expectativa de quem vai à procura de um bem e alcança o mal. O resultado danoso por sua vez é visível, imediato na maioria dos casos, irreparável quase sempre e revestido de sofrimento singular para a natureza humana. Negligência: A palavra negligência é utilizada para designar uma falta de cuidado em uma situação específica. No uso cotidiano e no direito, implica falta de diligência ou preguiça, podendo também significar ausência de reflexão proposital sobre determinado assunto. Por ser caracterizada pela falta de ação de um indivíduo, a negligência também carrega o significado de passividade e inércia. É uma omissão aos deveres que variadas situações demandam. — Ex.: Na área da medicina, a negligência pode ser grave e até fatal. As ações negligentes nesse âmbito são as mais diversas, como abandonar um doente ou omitir tratamento, assim como um médico cirurgião esquecer algo estranho no corpo do paciente após a operação. Imprudência: A imprudência também caracteriza uma falta de cuidado, mas antes disso, uma forma de precipitação. É desrespeitar uma conduta já aprendida anteriormente e atuar sem precauções. Isto pode trazer riscos para a situação em que o indivíduo imprudente se encontra, bem como para terceiros envolvidos. O comportamento de uma pessoa imprudente geralmente é positivo. A culpa surge com a tomada de uma atitude. Isto é, a imprudência só fica evidente para o indivíduo ao mesmo tempo em que ele pratica a conduta de omissão e falta de precaução. — Ex.: Não utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs) fornecidos para determinada atividade. Caso haja algum acidente que poderia ter sido evitado com o uso de dispositivos de segurança, o sujeito é considerado imprudente, uma vez que não agiu com o zelo necessário para a ação. Imperícia: A imperícia é uma falta de habilidade específica para o desenvolvimento de uma atividade técnica ou científica. No caso, o indivíduo não leva em consideração o que conhece ou deveria conhecer, assumindo a ação sem aptidão para desenvolvê-la. — Ex.: Um exemplo que elucida bem a imperícia é um médico que não tem conhecimentos de cirurgias plásticas fazer este tipo de operação. Por não ter a habilidade necessária para a atividade, os riscos dessa ação são muitos, podendo resultar até mesmo na deformação do paciente. Iatrogenia: Iatrogenia é uma palavra que deriva do grego: o radical iatro (“iatrós”), significa médico, remédio, medicina; geno (“gennáo”), aquele que gera, produz; e “Ia”, uma qualidade. A iatrogenia poderia, portanto, ser entendida como qualquer atitude do médico. Entretanto, o significado mais aceito é o de que iatrogenia consiste num resultado negativo da prática médica. Nesse sentido, um médico, ainda que disponha dos melhores recursos tecnológicos diagnósticos e terapêuticos, é passível de cometer iatrogenias. Michael Balint1 reformulou este conceito ao afirmar que todo médico é, em graus variáveis, iatrogênico, de modo que ele deve sempre considerar esse aspecto quando trata seu paciente. Outros autores enfatizam que o fato de os médicos lidarem com riscos os torna sujeitos a cometer iatrogenias. Nesse âmbito, a denominação mais adequada poderia ser “iatropatogenia”, termo que enfatiza a noção maléfica do ato médico, isto é, um ato que provocará prejuízos ao paciente. Iatrogenia (ou iatrogenose, iatrogênese) abrange, portanto, os danos materiais (uso de medicamentos, cirurgias desnecessárias, mutilações, etc.) e psicológicos (psicoiatrogenia – o comportamento, as atitudes, a palavra) causados ao paciente não só pelo médico como também por sua equipe (enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e demais profissionais). Sob esta óptica, os “erros médicos”, tais como os conhecemos no Código de Ética Médica (imperícia, imprudência, negligência) se enquadram na categoria de iatrogenias, no entendimento contemporâneo. IATROGENIA O QUE É IATROGENIA? Iatrogenia pode ser definida como uma síndrome não punível, caracterizada por dano inculpável, no corpo ou na saúde do paciente, consequente de uma aplicação terapêutica, isenta de responsabilidade profissional – ou seja, não gera o dever de indenizar. São manifestações consequências decorrentes do emprego de medicamentos em geral, atos cirúrgicos ou quaisquer processos de tratamento feitos pelo médico. Iatrogenia é uma palavra que deriva do grego: o radical iatro («iatrós”), significa médico, remédio, medicina; geno («gennáo”), aquele que gera, produz; e “Ia”, uma qualidade. A iatrogenia poderia, portanto, ser entendida como qualquer atitude do médico. Entretanto, o estudo das ocorrências iatrogênicas traz consigo dificuldades inerentes. A própria conceituação do termo é motivo de forte divergência doutrinária, sendo passível das interpretações mais diversas. 3 Felipe Altimari José Carlos de Carvalho entende como iatrogênico o dano previsível e necessário, que tem como pressuposto a vontade do médico dirigida a um determinado resultado, o qual só poderá ser alcançado através do procedimento técnico recomendado. Ao se referir a “necessidade”, o autor parece atribuir à iatrogenia conotação restrita às circunstâncias em que a lesão proveniente do ato médico, além de previsível, é certa quanto à sua materialização no mundo fenomênico. Cite-se, como exemplo, a necessidade de amputação de membro inferior para que se evite o alastramento de uma infecção. O que dizer sobre aquelas situações em que o dano, também previsível, é incerto quanto à sua ocorrência? Note- se que há intervenções e procedimentos médicos que apresentam um potencial lesivo que pode se manifestar ou não. Essa incerteza pode ser traduzida na alta ou baixa probabilidade de ocorrência de um determinado dano. IATROGENIA Sd. Não punível, caracterizado por dano inculpável, no corpo ou na saúde do paciente, consequente de uma aplicação terapêutica, isenta de responsabilidade profissional Manifestações/ consequências decorrente do emprego de medicamentos,em geral, atos cirúrgicos ou quaisquer processos do TTO feitos pelo médico. É a ocorrência de dano possível e necessário, que tem como pressuposto a vontade do médico dirigida a um determinado resultado, o qual só poderá ser alcançado através do procedimento técnico recomendado Lesão necessária proveniente de ato médico Ex. Amputação de MI para que se evite o alastramento de uma infecção O QUE É “PREVISIBILIDADE”? O verbo “prever” nos remete à ação de antever, significa verificar com antecedência e concluir sobre as prováveis consequências, prevendo, supondo. Logo, é dotado de previsibilidade tudo aquilo que ainda não ocorreu no mundo dos fatos, mas que pode ser previsto, antecipado. O evento objeto da previsão, por sua vez, poderá ser certo ou incerto. Em outras palavras, o agente que antevê um determinado fato pode ter certeza ou não sobre a sua materialização. Na aferição prática da iatrogenia, pode-se dizer que a previsibilidade recai sobre as possíveis consequências lesivas advindas de uma intervenção médica. O grau de previsibilidade do dano deverá ser aferido conforme o estágio da medicina no momento da prática do ato médico. Por isso, o meio de prova pericial será de suma importância nesse tocante, sobretudo por apresentar ao Juízo como a questão se encontra disciplinada na literatura médica. Nas palavras de Miguel Kfouri Neto: “Para se determinar se o evento era ou não previsível, utiliza-se o standard do médico diligente. Se, para a generalidade dos médicos, a causa do dano, nas circunstâncias consideradas, não poderia ser superada, nem ao menos cogitada, admitir-se-á o resultado como inevitável ou imprevisível. Tal aferição é casuística – e levará em conta o aparelhamento e meios disponíveis. É necessário que se trate de um fato presente, não de hipótese futura – e que de modo algum possa se imputar qualquer resquício de culpa, identificável no comportamento do médico” Para constatação da Iatrogenia são necessários três requisitos: • Necessidade da conduta médica: Com este requisito deve se ter em mente a necessidade de se fazer uma ponderação a respeito dos impactos de determinada conduta médica, especificamente os benefícios e os danos que ela pode acarretar – como bem orienta os princípios bioéticos da beneficência e não maleficência. Deve-se objetivar máximos benefícios e mínimos prejuízos. • Previsibilidade do dano: Antes de realizar a conduta, além de dialogar com o paciente sobre os benefícios que podem ser gerados, é imprescindível para o médico sinalizar os possíveis danos que aquela conduta pode desencadear. O dano deve ser previsível e o paciente deve manifestar seu consentimento com tal possibilidade de ocorrência, devendo o médico registrar tudo em prontuário, de modo que em uma eventual demanda judicial ele consiga comprovar que foi um dano previsto e informado. • Cumprimento do dever de informar: Este requisito é de máxima importância na configuração da Iatrogenia, ganhando ainda mais relevância ao se vislumbrar a sociedade de risco como realidade pós-moderna. É necessário que o paciente esteja esclarecido e tenha consciência da necessidade da conduta médica - que se dará única e exclusivamente em busca do resguardo de sua saúde. Neste esclarecimento dialogado, deverá o médico deixar bem claro o seu dever de meio - empregar as melhoras técnicas para a realização do tratamento -, não tendo como garantir qualquer resultado, o que inclusive é vedado pela ética médica. CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (RECOMENDAÇÃO CFM Nº 01/2016) a) O esclarecimento claro, pertinente e suficiente sobre justificativas, objetivos esperados, benefícios, riscos, efeitos colaterais, complicações, duração, cuidados e outros aspectos específicos inerentes à execução tem o objetivo de obter o consentimento livre e a decisão segura do paciente para a realização de procedimentos médicos. Portanto, não se enquadra na prática da denominada medicina defensiva. b) A forma verbal é a normalmente utilizada para obtenção de consentimento para a maioria dos procedimentos realizados, devendo o fato ser registrado em prontuário. Contudo, recomenda-se a elaboração escrita (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). c) A redação do documento deve ser feita em linguagem clara, que permita ao paciente entender o procedimento e suas consequências, na medida de sua compreensão. Os termos científicos, quando necessários, precisam ser acompanhados de seu significado, em linguagem acessível. 4 Felipe Altimari Vale lembrar que a responsabilidade profissional pode ser compreendida em dois sentidos: Moral e Ético Jurídico. O primeiro diz respeito ao dever de agir com responsabilidade e respeito, o descumprimento deste dever não gera repercussão na esfera jurídica. Já o segundo, refere-se à obrigação legal que todo médico tem de cumprir com seus deveres de conduta profissional – qual seja, agir com prudência, perícia, diligência – O descumprimento deste deveres gera repercussões na esfera jurídica, o que quer dizer que o médico pode ser responsabilizado na esfera civil, penal ou administrativa, devendo indenizar o paciente pelo descumprimento de seu dever originário. A responsabilidade profissional, assim como o dever de indenizar somente são constatados na presença concomitante de três elementos essenciais: 1. Conduta (ação ou omissão – com análise de culpa); 2. Nexo de causalidade (ligação entre a conduta e o possível prejuízo) 3. Dano (moral ou patrimonial – necessariamente deverá ser efetivo, existente e verificável) Sentido ético-jurídico da responsabilidade profissional Conduta Ação/omissão Dolosa ou culposa Obrigação (Dever originário) Descumprimento Responsabilidade (dever sucessivo/2º de indenização) Não causar dano ao paciente, atendendo-o com zelo, cuidado, prudência, perícia e diligência Civil (regida pelo código Civil e Código de defesa do consumidor) Penal (regida pelo código Penal) ÉTICO-ADMINISTRATIVA (perante aos conselhos de Medicina Regido pelo código de ética Médica) A iatrogenia, apesar de excluir a responsabilidade civil médica, não o faz através da ruptura do nexo de causalidade entre a conduta e o dano, mas sim pela impossibilidade de atribuição de culpa ao médico. Desse modo, adjetivar o dano iatrogênico de imprevisível ou inevitável não é tecnicamente adequado, na medida em que o instituto passa a se confundir com o caso fortuito e força maior. Genival de França (2010) faz essa distinção, ao diferenciar erro médico dos acidentes imprevisíveis, a saber, lesões provocadas à integridade física ou psíquica do paciente por ato médico cuja ocorrência não poderia ser prevista ou evitada, situação em que se configura o caso fortuito ou força maior. Registra, ainda, que tais circunstâncias ainda não se confundem com o que chama de resultado incontrolável: situação grave, de curso inevitável, para a qual o estágio atual da ciência e a capacidade profissional ainda não oferecem solução. A iatrogenia é situação jurídica que tem como gérmen o reconhecimento de que existem riscos inerentes à prática da medicina, cuja possibilidade de materialização independe da observância da boa prática médica. A situação iatrogênica pode assim ser descrita: um médico (agente) submete seu paciente a um procedimento (conduta humana voluntária), expondo-o a riscos previsíveis, esperados ou não de acordo com o seu estado de saúde e literatura médica, riscos estes que se materializam a despeito do profissional ter agido em conformidade com as regras da medicina, provocando lesão à saúde do paciente (dano). Para melhor aferição dos reflexos da iatrogenia no regime de responsabilidade civil médica, os pressupostos identificados foram colocados entre parênteses. Sendo a responsabilidade civil médica de natureza subjetiva, para que o médico seja condenado ao dever de indenizar, o juiz deve se convencerda existência de: a. Conduta humana voluntária; b. Lesão à saúde do paciente; c. Nexo causal entre a conduta e o dano; e d. O agir culposo do profissional. Retornando-se à descrição da situação iatrogênica, percebe-se que o único elemento faltante e necessário para que haja responsabilidade civil médica é a culpa. Na iatrogenia, a conduta do médico é irretorquível, pautada nas normas da profissão e realizada com todo o zelo profissional. O dano dela proveniente se deve aos limites da própria ciência, cujo objeto de estudo é de grande fragilidade – o ser humano. Apesar da constante evolução tecnológica, a medicina será sempre acompanhada da criação de riscos. Atribuir ao médico responsabilidade pela materialização de riscos já conhecidos, cuja possibilidade de gerar dano ao paciente ultrapassa o uso da melhor técnica, é ônus insuportável, que causaria grande desestímulo ao exercício da profissão. Ausente o elemento culpa, tem-se que a natureza jurídica da iatrogenia é a de excludente de responsabilidade civil médica. Sem culpa, resta inviável a condenação do profissional a indenizar o paciente pela lesão suportada. “ERRO” SEM CULPA MÉDICA (ESCUSÁVEL) Erro escusável não é denominação tecnicamente adequada enquanto referência às lesões previsíveis decorrentes de ato médico praticado com correção e zelo. Erro é terminologia que pressupõe falha, equívoco, culpa. A “conduta” escusável, portanto, é aquela que mesmo gerando um dano, não enseja o dever de reparação para o médico, tendo em vista (1) a imperfeição da ciência e a (2) falibilidade da medicina. Não é considerado ato ilícito, como o erro médico, tendo em vista que na realidade existem lesões, previstas na literatura médica, que podem se materializar durante o tratamento a despeito da 5 Felipe Altimari experiência e zelo do profissional, o qual não pode ser responsabilizado pelos limites da própria ciência. A IMPORTÂNCIA DO SOPESAR DOS PRINCÍPIOS BIOÉTICOS – AUTONOMIA, BENEFÍCIO E DANO O exercício da medicina na atualidade pouco se assemelha com a postura paternalista atribuída à medicina hipocrática, que perdurou até meados do século XX. A incorporação, pela Bioética clássica, da tríade valorativa da Revolução Francesa sob a forma dos princípios da autonomia, justiça e beneficência, conferiu ao paciente um novo papel na relação com seu médico. Este último, antes detentor de todo o poder decisório quanto à submissão do paciente a exames e procedimentos, passou a reconhecê-lo como sujeito autônomo, capaz de tomar decisões sobre sua própria saúde. Para tanto, o profissional deverá informar ao paciente os riscos, benefícios e demais implicações do tratamento proposto, garantindo-se a prestação legítima de consentimento livre e esclarecido. Distinções importantes no direito médico IATROGENIA: dano previsível e necessário, que tem como pressuposto a vontade do médico dirigida a um determinado resultado o qual poderá ser alcançado através do procedimento técnico recomendado Ex.: amputação de MMII para que se evite o alastramento de uma infecção ACIDENTE IMPREVISÍVEL: lesões provocadas à integridade física ou psíquica do paciente por ato médico cuja ocorrência não poderia ser prevista ou evitada, situação em que se configura o caso fortuito ou força maior Ex.: ocorrência de um terremoto/tsunami no meio de uma cirurgia complexa de grande porte RESULTADO INCONTROLÁVEL: Situação grave de curso inevitável, para a qual o estágio atual da ciência e a capacidade profissional ainda não oferecem solução Ex. óbito em razão de uma doença que não tem cura ERRO ESCUSÁVEL: Lesões previsíveis decorrentes de ato médico praticado com correção e zelo. Causadas em razão da (1) imperfeição da ciência e (2) falibilidade da medicina. Ex. erro de diagnóstico ERRO MÉDICO: forma de conduta profissional inadequada que supõe uma inobservância técnica, capaz de produzir um dano à vida ou à saúde do paciente. É o dano sofrido pelo paciente. É o dano sofrido pelo paciente que possa ser caracterizado como imperícia, negligência ou imprudência do médico, no exercício de suas atividades profissionais Ex.: esquecer material cirúrgico dentro do corpo do paciente ao final da cirurgia Notas distintivas entre Iatrogenia e Erro médico IATROGENIA ERRO MÉDICO Possui nexo entre conduta e dano Possui nexo entre conduta e dano Conduta perita, prudente e diligente Conduta imperita, imprudente e negligente Dano previsível, conduta necessária Dano previsível, conduta desnecessária Cumpre obrigação anterior Decumpre obrigação anterior Não gera dever de indenizar Gera dever de indenizar Âmbito da licitude Âmbito da Ilicitude IATROGENIA X ERRO MÉDICO – UM ABISMO DE DIFERENÇA Iatrogenia e erro médico são conceitos inconciliáveis e incompatíveis, a percepção de ocorrência de uma exclui a ocorrência de outra. A lesão iatrogênica seria aquela previsível, decorrente de procedimento necessário e realizado pelo médico de maneira diligente. Não gera responsabilidade em nenhuma de suas esferas, aproximando-se de uma imperfeição dos conhecimentos científicos. Aqui, o médico adota conduta consciente e deliberada, direcionada a um determinado resultado, qual seja, a melhoria do estado de saúde de seu paciente As falhas no exercício da profissão - erro médico -, por sua vez, ingressam no âmbito da ilicitude e da responsabilidade civil, na medida em que o profissional age com culpa. A falta do dever objetivo de cuidado traz efeitos indesejáveis, que poderiam ter sido evitados pelo médico. A inexistência de marcos jurídicos e a carência de estudos específicos sobre o tema agravam a indefinição da linha que separa a iatrogenia e o erro médico, linha de distinção essa de suma importância para a prática médica, na medida em que uma enseja responsabilidade e reparação e a outra não – ou seja, repercussões jurídicas distintas para o profissional da medicina. ERRO MÉDICO CONDUTA MÉDICA ILÍCITA Conforme tem se noticiado, nos campos médico e jurídico tem-se verificado no Brasil o aumento substancial de processos nos quais se discute a responsabilidade de médicos quanto ao dever de indenizar ou não, ou seja, em que se debate a ocorrência ou não ocorrência de erro médico a ser reparado. Cumpre observar que é devida a reparação, ou melhor, é constatada a responsabilidade médica que faz surgir o dever de indenizar, somente na presença concomitante de três pressupostos constitutivos: CONDUTA: ação ou omissão culposa; NEXO DE CAUSALIDADE: ligação entre a conduta e o possível prejuízo (dano); DANO: moral ou patrimonial - necessariamente deverá ser efetivo, existente e verificável. 6 Felipe Altimari CONDUTA DOLOSA X CULPOSA A culpa é um elemento imprescindível quando se trata da responsabilidade profissional. Pode ser dividia em duas classificações: Culpa Latu Sensu [em sentido amplo] = Dolo (vontade e intenção direcionadas a causar o dano) + Culpa Stricto Sensu Culpa Stricto Sensu [em sentido restrito] = Imprudência e/ou Imperícia e/ou Negligência Violação de um dever de cuidado que gera um dano previsível e evitável, conforme os padrões de comportamento do homem médio Configuração da conduta culposa Deste modo, a conduta culposa será caraterizada quando constatado uma destas três vertentes: • IMPERÍCIA: Caracteriza-se pela falta de observação das normas, por despreparo prático ou por insuficiência de conhecimentos técnicos. É a carência de aptidão, prática ou teórica, para o desempenho de uma tarefa técnica. Chama- se ainda imperícia a incapacidade ou inabilitação para exercer determinado ofício, por falta de habilidade ou pela ausência dos conhecimentos rudimentares exigidos numa profissão. • IMPRUDÊNCIA: Imprudente é o médico que age sem a cautela necessária. É aquele cujo ato ou conduta são caracterizados pela intempestividade, precipitação, insensatez ou inconsideração. • NEGLIGÊNCIA:Caracteriza-se pela inação, indolência, inércia, passividade. É a falta de observância aos deveres que as circunstâncias exigem. É um ato omissivo, quando podendo agir, o médico não age. Para caracterização da conduta culposa não é necessária a presença concomitante destas 3 vertentes de culpa, basta uma delas para que o médico seja responsabilizado. Não se pode partir do pressuposto que um médico agiu com imperícia por não ter determinada especialidade. Em regra, o médico pode atuar em todas as áreas, não há legislação que proíba a atuação, ele só não pode anunciar/publicar especialidade que não possui Definição de todas as modalidade de culpa Culpa Strictu Sensu IMPERÍCIA (AÇÃO) Carência de aptidão, prática ou teórica, para o desempenho de uma tarefa técnica IMPRUDÊNCIA (AÇÃO) Agir sem a cautela. Conduta tomada com intempestividade, precipitação, insensatez ou inconsideração NEGLIGÊNCIA (OMISSÃO) Falta de observância aos deveres que as circunstâncias exigem. Ausência de conduta, inércia, passividade, displicência, indiferença. Quando podendo agir, o médico não age Modalidades de culpa na prática SEI? DEVO? FIZ? IMPRUDÊNCIA SEI DEVO FIZ ERRADO IMPERÍCIA NÃO SEI NÃO DEVO FIZ NEGLIGÊNCIA SEI DEVO NÃO RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL - SUBJETIVA E PESSOAL Dentro da estrutura da responsabilidade civil, a responsabilidade profissional médica se enquadra no mbito da responsabilidade subjetiva, qual seja, aquela decorrente de dano causado em função de ato doloso ou culposo – ou seja, mediante análise da culpa. O agente causador do dano – o médico - atua com a violação de um dever jurídico originário, normalmente de cuidado – agir com perícia, prudência e perícia. Essa modalidade de responsabilização profissional é também consagrada no Código de Ética Médica que assegura a responsabilidade subjetiva e personalíssima tanto no capítulo dos princípios fundamentais quanto no capítulo sobre responsabilidade profissional. 7 Felipe Altimari PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS XIX - O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido, pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de confiança e executados com diligência, competência e prudência RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL É vedado ao médico: Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida. Sendo assim, a responsabilidade ética do profissional da Medicina será apurada sem exceção, com base nos ditames da responsabilidade subjetiva, com obrigação de caráter personalíssimo (onde não pode ser transferida para quem quer que seja), de culpa obrigatoriamente na modalidade provada. Pelo menos no âmbito ético, jamais poderá o julgador (no caso os Conselheiros) presumir a culpa do médico denunciado – o que eventualmente ocorre no âmbito da justiça comum, onde se observa processos sendo iniciados com a antecipação da percepção de culpa do médico (culpa presumida). • Em âmbito ético, qualquer alegação contra o profissional médico deverá ser cabalmente comprovada pelo autor da demanda, e essas provas do autor devem englobar todos os elementos da responsabilidade subjetiva (conduta, dano, nexo de causalidade e culpa). Na impossibilidade de prova de pelo menos um desses elementos o médico deverá ser absolvido em âmbito ético. Culpa presumida e a inversão do dever de provar Conforme o artigo 373 do Código de Processo Civil, a regra geral, no processo civil, é que cabe ao autor provar o fato constitutivo de seu direito e ao réu provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo de seu direito. Ou seja, a regra geral é que cabe ao paciente – quem alega o erro médico – provar a sua ocorrência. Contudo, não é o que comumente se vê nos processos em que paciente e médicos figuram, respectivamente, como autor e réu. Como muitos dos Tribunais têm enquadrado a relação médico-paciente em uma relação de consumo, o que se observa no curso dos processos é a aplicação do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; A chamada inversão do ônus da prova ocorre, portanto, pelo motivo de o ordenamento jurídico consumerista identificar o paciente – consumidor – como a parte hipossuficiente da relação, quer dizer, a parte mais “frágil”, não apenas no sentido subjetivo, mas também no sentido de capacidade/ conhecimento técnico para provar os fatos alegados. Tendo isso em vista, o processo se inicia partindo do pressuposto que o médico é culpado, devendo ele comprovar que não errou, ou seja, provar que agiu com prudência, perícia e diligência, afinal, diferente do paciente – consumidor – , ele detém capacidade técnica para provar que agiu dentro dos preceitos da boa prática médica. NEXO CAUSAL O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado. O erro deve ser a origem do dano. Esta relação entre o erro e o dano deve ser estabelecida. Não há que se observar a mera superveniência cronológica, mas sim um nexo lógico de causalidade. Os artigos 186 e 927 do Código Civil ressaltam esta relação, expressando, em ambos, o verbo “causar”: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Muitas vezes, entretanto, torna-se difícil identificar o fato que constitui a verdadeira causa do dano. Em outras, o dano não é decorrente de uma só causa, mas resultado de múltiplos fatores. Por isso, na análise do suposto erro médico, deve-se analisar minuciosamente se não houve a ocorrência de nenhum excludente dessa relação de causa e efeito. Excludentes do nexo de causalidade Esta relação deve se manter íntegra, ou seja, não deve ser “interrompida” por nenhum outro fato que concorra para um resultado diverso daquele que normalmente aconteceria. Em geral, são eventos que colaboram de maneira contundente para o desfecho negativo. São eles: • FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA: a conduta do paciente é determinante para o desfecho negativo do quadro. São situações em que o resultado adverso do tratamento médico teve como causa o descumprimento às recomendações sobre cuidados ou procedimentos que seriam imprescindíveis e incondicionais para a devida cura, que vão desde uma alta por abandono a uma suspensão precoce de remédios, entre outros. Ex. Paciente que contraria as orientações médicas pós cirúrgicas e provoca a ruptura dos pontos. • FATO DE TERCEIRO: Conduta adotada por uma terceira pessoa que é determinante para o desfecho. Ex: Paciente acusa médico cirurgião ortopédico pelas dores que passou a suportara pós a cirurgia mas, em verdade, elas advinham de manobra realizada por seu fisioterapeuta. • CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: Evento inevitável e/ou imprevisível. Por fim, fica claro que, comprovada a responsabilidade do paciente, ou de fato de terceiros, ou a ocorrência de caso fortuito ou força maior, fica o médico demandado isento de responsabilização, por conseguinte, isento também do dever de reparação dos danos. E, se o médico se julgar ofendido pelos danos patrimoniais ou extrapatrimoniais causados pela falsa imputação, 8 Felipe Altimari acreditamos que tem ele o direito de pleitear uma indenização contra o paciente DANO EFETIVO Não há, juridicamente, erro médico sem dano ou agravo à saúde de terceiro. A falta do dano, que é da essência e um dospressupostos básicos do erro médico, descaracteriza o erro, inviabiliza o seu ressarcimento e desconfigura a responsabilidade civil. CONCEITO! O dano é entendido como a lesão – diminuição ou subtração – de qualquer bem ou interesse jurídico, seja patrimonial ou moral. O dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou destruição) que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra a sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral DANO PATRIMONIAL É o dano que atinge o patrimônio da vítima, a saber o conjunto de relações jurídicas dos quais o sujeito participa e que são apreciáveis em pecúnia, envolve uma noção de prejuízo financeiro e diminuição de patrimônio. O dano patrimonial pode ser de dois tipos: emergentes e lucros cessantes. Espécies: EMERGENTES: Efetiva e imediata diminuição do patrimônio do paciente Ex: despesas médico 9 Felipe Altimari hospitalares, medicamentos, honorários médicos, etc LUCROS CESSANTES Danos mediatos e futuros ao patrimônio da vítima, a perda daquilo que ele esperava ganhar Ex: paciente taxista que, em virtude de erro médico, tem um pós operatório mais longo do que o esperado, ficando assim impossibilitado para o trabalho, deixando de auferir renda. Existem algumas condições para que um dano seja indenizável: o prejuízo deve ser certo, atual, não duvidoso. Deve ser direto e consequência imediata dos fatos imputados ao profissional. Deve ser especial, no sentido de afetar individual e pessoalmente a pessoa que o invoca. DANO EXTRAPATRIMONIAL (MORAL) Dano moral é a lesão sofrida pelo sujeito físico ou pessoa natural em seu patrimônio ideal, entendendo-se por patrimônio ideal, em contraposição a patrimônio material, o conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico • CONCEITO! lesão a um interesse que visa satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos da personalidade (vida, integridade corporal, liberdade, honra, decoro, intimidade, sentimentos afetivos e a própria imagem) ou nos direitos da pessoa (nome, capacidade, estado de família)”. Diferencia-o, outrossim, do dano moral indireto que envolve interesse não patrimonial, como a perda de um bem de valor afetivo. A Constituição Federal e o Código Civil disciplinam expressamente o direito a reparação do dano moral: Constituição Federal de 1988 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo além da indenização por dano material, moral ou à imagem; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Código Civil Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. DANO ESTÉTICO Há quem considere o dano estético como uma espécie do dano moral, mas os Tribunais têm entendido o dano estético como um dano autônomo e independente, sendo ele qualquer anomalia que a vítima passe a ostentar no seu aspecto físico, decorrente de agressão à sua integridade pessoal; Tanto é considerado um dano estético que a súmula 387 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autoriza a cumulação de indenizações: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral” RESULTADOS ADVERSOS A primeira coisa a ser ressaltada é que nem todo resultado adverso na assistência à saúde individual ou coletiva é sinônimo de erro médico. A partir dessa premissa, deve-se começar a desfazer o preconceito que existe em torno dos resultados atípicos e indesejados na relação profissional entre médico e paciente. Exige-se muito dos médicos, mesmo sabendo que sua ciência é inexata e que sua obrigação é de meios e não de resultados. Ainda que a vida seja um bem imensurável, a supervalorização desta ciência não encontrou uma fórmula mágica e infalível. Por isso não se pode concordar com a alegação de que todo resultado infeliz e indesejável seja um erro médico. Com isso não se quer negar que o erro médico exista. Ele existe e existe até mais do que se alega. São decorrentes de uma forma anômala e inadequada de conduta profissional, contrária à lex artis e capaz de produzir danos à vida ou à saúde do paciente por imprudência ou negligência. O que se quer afirmar é que além do erro profissional existem outras causas que favorecem o mau resultado, como as péssimas condições de trabalho e a penúria dos meios indispensáveis no tratamento das pessoas. Não deixa também de ser mau resultado o fato de os pacientes não terem leitos nos hospitais, não serem atendidos nos ambulatórios por falta de profissionais ou não poderem comprar os remédios recomendados para sua assistência. Deste modo, além do erro médico - localizado na esfera da ilicitude, pode-se falar de outros resultados adversos – localizadas na esfera da licitude -, a exemplo da ocorrência de erro escusável, acidente imprevisível, resultado incontrolável e iatrogenia Estando na esfera da licitude, são eventos que ocorrem sem a percepção de culpa. Vale lembrar que para percepção de culpa – ação ou omissão – são necessários os requisitos de previsibilidade e evitabilidade da conduta, ambos analisados conforme padrões de comportamento do “homem/médico médio”. Ausentes estes requisitos, não há que se falar em culpa, por conseguinte, nem em responsabilidade profissional ou dever de indenizar. ERRO ESCUSÁVEL Erro escusável não é denominação tecnicamente adequada enquanto referência às lesões previsíveis decorrentes de ato médico praticado com correção e zelo. Erro é terminologia que pressupõe falha, equívoco, culpa. A “conduta” escusável, portanto, é aquela que mesmo gerando um dano, não enseja o dever de reparação para o médico, tendo em vista (1) a imperfeição da ciência e a (2) falibilidade da medicina. Não é considerado ato ilícito, como o erro médico, tendo em vista que na realidade existem lesões, previstas 10 Felipe Altimari na literatura médica, que podem se materializar durante o tratamento a despeito da experiência e zelo do profissional, o qual não pode ser responsabilizado pelos limites da própria ciência. O ERRO DE DIAGNÓSTICO É o erro profissional ou técnico - decorridos em circunstância que ensejam dúvidas reais, controvérsias na própria ciência médica. Não devem ser compreendidos como culposos, mediante a análise de que naquele idêntico contexto, com as ferramentas e conhecimentos disponíveis, outro médico também poderia incorrer com a mesma conduta, que também poderia se equivocar no diagnóstico. Se a resposta para esta análise for positiva, não há que se falar em conduta culposa do médico, mas sim em conduta escusável. O denominado “ERRO CRASSO” não se enquadra nesse contexto, tendo em vista que o erro crasso é aquele que que destoa do comportamento médio esperado por médicos que porventura se encontrassem em contextos semelhantes, ou seja, por analogia, se outro médico estivesse na mesma posição, com os conhecimentos que se espera que um médico tenha, com os recursos e ferramentas disponíveis naquele contexto, se esse médico – considerado pelos Tribunais como o “médico médio” - agisse de forma distinta, então há que se falar de conduta ilícita – culposa-, gerando portando, o dever de indenizar. ACIDENTE IMPREVISÍVEL No acidente imprevisível há um resultado lesivo, supostamente oriundo de caso fortuito ou força maior, à integridade física ou psíquica do paciente durante o ato médico ou em face dele, porém incapaz de ser previsto e evitado, não só pelo autor, mas por outro qualquer em seu lugar RESULTADOINCONTROLÁVEl O resultado incontrolável seria aquele decorrente de uma situação grave e de curso inevitável. Ou seja, aquele resultado danoso proveniente de sua própria evolução, para o qual as condições atuais da ciência e a capacidade profissional ainda não oferecem solução. Por isso, o médico tem com o paciente uma “obrigação de meios” e não uma “obrigação de resultados”. Ele assume um compromisso de prestar meios adequados, de agir com diligência e de usar seus conhecimentos na busca de um êxito favorável, o qual nem sempre é certo. IATROGENIA Iatrogenia pode ser definida como uma síndrome não punível, caracterizada por dano inculpável, no corpo ou na saúde do paciente, consequente de uma aplicação terapêutica, isenta de responsabilidade profissional – ou seja, não gera o dever de indenizar. São manifestações- consequências-decorrentes do emprego de medicamentos em geral, atos cirúrgicos ou quaisquer processos de tratamento feitos pelo médico. É o dano previsível e necessário, que tem como pressuposto a vontade do médico dirigida a um determinado resultado, o qual só poderá ser alcançado através do procedimento técnico recomendado. TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE O conceito de perda de uma chance (perte d’une chance) envolve erro no atuar médico por ação ou omissão, fazendo com que o paciente perca, efetivamente, a chance de eliminação do sofrimento desnecessário ou, ainda, a chance de retardar a morte com preservação razoável da qualidade de vida. Se é verdade que a noção de perda de uma chance se liga a de prejuízo, ela é também inseparável da condição de nexo de causalidade. A demora na solicitação de exames específicos para o diagnóstico, como a punção liquórica 22 num caso de meningite 23, retardaria a possibilidade de um diagnóstico precoce e, muitas vezes, haveria a perda de uma chance de cura. A ausência faltosa do médico ao parto, por exemplo, poderá privar a criança da chance de nascer sem uma deformação. A não solicitação de um exame de rubéola durante o exame pré-nupcial, por sua vez, a privará da chance de evitar as consequências da rubéola congênita 24. O dano não poderá ser totalmente estranho à chance perdida e a perda de uma chance não poderá ser puramente hipotética. A teoria da perda de uma chance é de origem francesa e no Brasil pode ser identificada com a configuração dos seguintes contextos: 1- Interrupção, por conduta ilícita, de processo de obtenção de algo benéfico no futuro: Aqui a reparação feita não será relativa à integralidade do que se esperava, mas sim proporcional à perda promovida. Uma parte da doutrina afirma que essa reparação só pode ser devida quando supera 50% da chance perdida, mas o entendimento majoritário discorda desse percentual, valendo a aplicação independente do percentual verificado Circunstância diversa daquela que ocorre quando falamos de lucros cessantes. Aqui a indenização não é pela vantagem perdida, mas sim pela perda da possibilidade de conseguir a vantagem. 2- Não interrupção, por conduta ilícita, de processo desfavorável (perda de uma chance de evitar um prejuízo ocorrido) Essa situação requer: A. Processo efetivamente em curso B. Haver possibilidade de interrupção Em medicina, juridicamente, chama-se este contexto de “perda de chance de cura ou sobrevivência”. Para caracterização desta situação e consequente dever de reparação, pergunta-se: Qual a chance séria e real de resultado favorável ao tratamento? Qual a chance de sucesso terapêutico? Provado que à época existiam altas chances de interromper aquele processo de doença, que poderia evitar um prejuízo já ocorrido, haverá responsabilidade profissional, por conseguinte, o dever de indenizar Para configuração de ambas as situações – 1 e 2 -, é necessário que se tenha uma estatística segura, assim como 11 Felipe Altimari a comprovação da culpa médica, o que é geralmente é demonstrado pelo perito no curso do processo, especificamente na fase de produção de prova. AVALIAÇÃO DE RISCO CIRÚRGICO O propósito da avaliação pré-operatória é verificar o estado clínico do paciente, gerando recomendações sobre a avaliação, manuseio e risco de problemas em todo o período pré-operatório e definir o risco cirúrgico que o paciente, o anestesista, o assistente e o cirurgião podem usar para tomar decisões que beneficiem o paciente a curto e longo prazo. Deve-se definir os exames mais apropriados e estratégias de tratamento para otimizar o cuidado do paciente, evitando-se exames desnecessários e permitindo o acompanhamento a curto e longo prazo. É fundamental reduzirse o risco do paciente. Vários trabalhos mostram que o manuseio pré-operatório é importante nos resultados obtidos e que o stress cirúrgico interfere na evolução pós operatória, morbidade e duração da hospitalização. AVALIAÇÃO PRÉ OPERATÓRIA Hoje é sabido que baterias de testes não substituem a anamnese e o exame físico acurados. Durante a consulta devem ser avaliados os fatores intrínsecos do paciente que aumentam o risco cirúrgico e o procedimento a ser realizado. Em idosos, é muito importante conhecer os reais benefícios da indicação cirúrgica. O procedimento deve considerar o pré, per e o pós-operatório, com ênfase no desempenho funcional do paciente. A influência do procedimento cirúrgico em si na avaliação do risco cirúrgico. De acordo principalmente com o grau de agressão, trauma tecidual e perdas sangüíneas, os procedimentos cirúrgicos são distribuídos nas seguintes categorias: o bom preparo pré-operatório é fundamental para o sucesso de qualquer procedimento cirúrgico. De forma objetiva pode ser dividido em: 1. geral; 2. específico para determinadas operações; 3. preparo de pacientes portadores de doenças prévias. O pré-operatório geral compreende uma boa abordagemclínica (anamnese e exame físico), exames pré operatórios básicos, quando indicados, e cuidados que antecedem a cirurgia. Um paciente jovem, que vai se submeter a um procedimento cirúrgico de pequeno ou médio porte, não precisa de nenhum exame laboratorial. desde que a história e o exame físico mostrem que ele está saudável. Ênfase, portanto, deve ser dada a uma anamnese minuciosa, com avaliação cuidadosa dos sistemas orgânicos, antecedentes patológicos e uso de medicamentos. A avaliação física deve ser igualmente minuciosa e completa, e nunca substituída por exames complementares. Também não é mais recomendável a realização de exames pré- operatórios de "rotina", já que apenas um reduzido percentual de pacientes (0,2%) irá se beneficiar. Os exames complementares em pacientes assintomáticos, portanto. só deverão ser solicitados em algumas circunstâncias, baseados na idade do paciente, no tipo de ato cirúrgico e em alterações evidenciadas na história ou ao exame físico: • Hemograma: intervenções de grande porte, suspeita clínica de anemia ou policitemia, insuficiência renal, neoplasias, esplenomegalia, uso de anticoagulantes, presença de infecção, radio ou quimioterapia recentes. • Coagulograma: história de sangramentos anormais, operações vasculares, oftalmológicas, neurológicas ou com circulação extra-corpórea,hepatopatias e síndromes de Má- absorção, neoplasias avançadas, esplenomegalia. Apenas o tempo e atividade protrombina (TAP),o tempo parcial de tromboplastina (TPT) e a contagem de plaquetas costumam ser necessários nestes casos. • Tipagem sanguínea: apenas em procedimentos cirúrgicos de grande porte com possibilidade de perda sangüínea elevada. Deve ser acompanhada de reserva de sangue. • Glicemia: pacientes acima de 40 anos, história pessoal ou familiar de diabetes, uso de hiperglicemiantes, como 12 Felipe Altimari corticóides ou tiazídicos, pancreatopatias, nutrição parenteral. • Creatinina: pacientes acima de 40 anos, história pessoal ou familiar de nefropatias, hipertensão arterial, diabetes. • Eletrólitos: uso de diuréticos ou corticóides, nefropatias, hiperaldosteronismosecundário, cardio ou hepatopatias com síndrome edemigênica. • Urinocultura: pacientes com indicação de cateterismo vesical durante a operação e que façam parte de grupos de risco de bacteriúria assintomática, como idosos, diabéticos, história de infecção urinária de repetição, litíase urinária, bexiga neurogênica, malformação de vias urinárias, gravidez e síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids). Os elementos anormais e sedimento (EAS) não têm indicação como exame pré-operatório. • Parasitológico de fezes: intervenções sobre o tubo digestivo. • RX simples de tórax [póstero-anterior (PA) e perfil]: pacientes com mais de 60 anos, operações torácicas ou do abdome superior, cardiopatas, pneumopatas e portadores de neoplasias, tabagistas de mais de 20 cigarros/dia. • ECG: Homens com mais de 40 anos e mulheres com mais de 50 anos, cardiopatas, coronariopatas ou com sintomas de angina, diabéticos, hipertensos e portadores de outras doenças que cursam com cardiopatias ou em uso de drogas cardiotóxicas. Estes exames, quando normais, têm validade de um ano, a menos que ocorram alterações clínicas durante este período, detectadas pela história e/ou exame físico. A avaliação clínica e laboratorial, feita pelo próprio cirurgião, deve ser seguida pela estimativa de risco operatório, que se baseia no estado de saúde geral do paciente para identificar possíveis anormalidades que possam aumentar o trauma operatório ou influenciar negativamente na recuperação do mesmo. A escala mais utilizada é ada Sociedade Americana de Anestesiologia (ASA): — ·Risco I: paciente saudável e normal. — ·Risco 2: paciente com doença sistêmica leve a moderada. — ·Risco 3:paciente com doença sistêmica grave, com limitação, sem ser, porém, incapacitante. — ·Risco 4: paciente com doença sistêmica incapacitante. — ·Risco 5: paciente moribundo CLASSIFICAÇÃO DA A S A Há poucos dados da literatura que permitam a definição de critérios rígidos na elaboração de guidelines. O momento ideal para a avaliação pré-operatória e quem deve fazê-la ainda não foi definido. Apesar disso a ASA sugere o uso de um algoritmo na avaliação do risco cirúrgico. Neste é considerado o risco para o paciente, que tem como principais componentes a natureza da condição clínica pré- operatória do paciente e a natureza do procedimento em si (25) – itens já discutidos neste texto. A Classificação da ASA (tabela 03) é baseada na análise da mortalidade. CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA É direito do médico: I - Exercer a medicina sem ser discriminado por questões de religião, etnia, cor, sexo, orientação sexual, nacionalidade, idade, condição social, opinião política, deficiência ou de qualquer outra natureza. II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente. III - Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo comunicá-las ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição e à Comissão de Ética da instituição, quando houver. IV - Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profissionais. Nesse caso, comunicará com justificativa e maior brevidade sua decisão ao diretor técnico, ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição e à Comissão de Ética da instituição, quando houver. V - Suspender suas atividades, individualmente ou coletivamente, quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições adequadas para o exercício profissional ou não o remunerar digna e justamente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Medicina. VI - Internar e assistir seus pacientes em hospitais privados e públicos com caráter filantrópico ou não, ainda que não faça parte do seu corpo clínico, respeitadas as normas técnicas aprovadas pelo Conselho Regional de Medicina da pertinente jurisdição. VII - Requerer desagravo público ao Conselho Regional de Medicina quando atingido no exercício de sua profissão. VIII - Decidir, em qualquer circunstância, levando em consideração sua experiência e capacidade profissional, o tempo a ser dedicado ao paciente sem permitir que o acúmulo de encargos ou de consultas venha prejudicar seu trabalho. IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência. X - Estabelecer seus honorários de forma justa e digna. 13 Felipe Altimari XI - É direito do médico com deficiência ou com doença, nos limites de suas capacidades e da segurança dos pacientes, exercer a profissão sem ser discriminado É vedado ao médico: Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida. Art. 2º Delegar a outros profissionais atos ou atribuições exclusivas da profissão médica. Art. 3º Deixar de assumir responsabilidade sobre procedimento médico que indicou ou do qual participou, mesmo quando vários médicos tenham assistido o paciente. Art. 4º Deixar de assumir a responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou indicado, ainda que solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu representante legal. Art. 5º Assumir responsabilidade por ato médico que não praticou ou do qual não participou. Art. 6º Atribuir seus insucessos a terceiros e a circunstâncias ocasionais, exceto nos casos em que isso possa ser devidamente comprovado. Art. 7º Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria. Art. 8º Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro médico encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou em estado grave. Art. 9º Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de substituto, salvo por justo impedimento. Parágrafo único. Na ausência de médico plantonista substituto, a direção técnica do estabelecimento de saúde deve providenciar a substituição. Art. 10. Acumpliciar-se com os que exercem ilegalmente a medicina ou com profissionais ou instituições médicas nas quais se pratiquem atos ilícitos. Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos. Art. 12. Deixar de esclarecer o trabalhador sobre as condições de trabalho que ponham em risco sua saúde, devendo comunicar o fato aos empregadores responsáveis. Parágrafo único. Se o fato persistir, é dever do médico comunicar o ocorrido às autoridades competentes e ao Conselho Regional de Medicina. Art. 13. Deixar de esclarecer o paciente sobre as determinantes sociais, ambientais ou profissionais de sua doença. Art. 14. Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no País. Art. 15. Descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgãos ou de tecidos, esterilização, fecundação artificial, abortamento, manipulação ou terapia genética. § 1º No caso de procriação medicamente assistida, a fertilização não deve conduzir sistematicamente à ocorrência de embriões supranumerários. § 2º O médico não deve realizar a procriação medicamente assistida com nenhum dos seguintes objetivos: I - criar seres humanos geneticamente modificados; II - criar embriões para investigação;III - criar embriões com finalidades de escolha de sexo, eugenia ou para originar híbridos ou quimeras. § 3º Praticar procedimento de procriação medicamente assistida sem que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos sobre o método. Art. 16. Intervir sobre o genoma humano com vista à sua modificação, exceto na terapia gênica, excluindo-se qualquer ação em células germinativas que resulte na modificação genética da descendência. Art. 17. Deixar de cumprir, salvo por motivo justo, as normas emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina e de atender às suas requisições administrativas, intimações ou notificações no prazo determinado. Art. 18. Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina ou desrespeitá- los. Art. 19. Deixar de assegurar, quando investido em cargo ou função de direção, os direitos dos médicos e as demais condições adequadas para o desempenho ético-profissional da medicina. Art. 20. Permitir que interesses pecuniários, políticos, religiosos ou de quaisquer outras ordens, do seu empregador ou superior hierárquico ou do financiador público ou privado da assistência à saúde, interfiram na escolha dos melhores meios de prevenção, diagnóstico ou tratamento disponíveis e cientificamente reconhecidos no interesse da saúde do paciente ou da sociedade. Art. 21. Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a legislação pertinente. Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto. Parágrafo único. O médico deve ter para com seus colegas respeito, consideração e solidariedade. 14 Felipe Altimari Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. Art. 25. Deixar de denunciar prática de tortura ou de procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis, praticá- las, bem como ser conivente com quem as realize ou fornecer meios, instrumentos, substâncias ou conhecimentos que as facilitem. Art. 26. Deixar de respeitar a vontade de qualquer pessoa considerada capaz física e mentalmente, em greve de fome, ou alimentá-la compulsoriamente, devendo cientificá-la das prováveis complicações do jejum prolongado e, na hipótese de risco iminente de morte, tratá-la. Art. 27. Desrespeitar a integridade física e mental do paciente ou utilizar-se de meio que possa alterar sua personalidade ou sua consciência em investigação policial ou de qualquer outra natureza. Art. 28. Desrespeitar o interesse e a integridade do paciente em qualquer instituição na qual esteja recolhido, independentemente da própria vontade. Parágrafo único. Caso ocorram quaisquer atos lesivos à personalidade e à saúde física ou mental dos pacientes confiados ao médico, este estará obrigado a denunciar o fato à autoridade competente e ao Conselho Regional de Medicina. Art. 29. Participar, direta ou indiretamente, da execução de pena de morte. Art. 30. Usar da profissão para corromper costumes, cometer ou favorecer crime
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