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Iatrogenia, erro médico, CLE, CEM

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1 Felipe Altimari 
1 – Erro médico, Iatrogenia, CLE, Código de ética médica
Problema: Quando a estética supera a prudência! 
Objetivos: 
Intencionalidade Educacional: compreender cavidade abdominal e seus limites para correlacionar com prática clínica, além 
de identificar a importância dos exames de imagem solicitados no pré e pós-operatórios de cirurgia plástica. 
 
Objetivos e identificações: 
 
Definir: 
 Cavidade abdominal. 
 Objetivos para a solicitação de exames de imagem no pré e pós-operatórios de cirurgia plástica. 
 
Identificar: 
 Limites da cavidade abdominal; 
 Regiões da cavidade abdominal; 
 Órgãos presentes na cavidade abdominal. 
 
 
2 Felipe Altimari 
 Erro Médico: é o dano provocado no paciente pela ação 
ou inação do médico, no exercício da profissão, e sem a 
intenção de cometê-lo. Há três possibilidades de suscitar o 
dano e alcançar o erro: imprudência, imperícia e 
negligência. 
Negligência, consiste em não fazer o que deveria ser feito; 
 
Imprudência consiste em fazer o que não deveria ser feito 
 
Imperícia em fazer mal o que deveria ser bem feito. 
 
A negligência ocorre quase sempre por omissão. É 
dita de caráter omissivo, enquanto a imprudência e a 
imperícia ocorrem por comissão. 
O mal provocado pelo médico no exercício da sua 
profissão, quando involuntário, é considerado culposo, 
posto não ter havido a intenção de cometê-lo. Diversos, por 
natureza, dos delitos praticados contra a pessoa humana, se 
a intenção é ferir, provocar o sofrimento com dano 
psicológico e/ou físico para negociar a supressão do mal pela 
maldade pretendida. A Medicina presume um compromisso 
de meios, portanto o erro médico deve ser separado do 
resultado adverso quando o médico empregou todos os 
recursos disponíveis sem obter o sucesso pretendido ou, 
ainda, diferenciá-lo do acidente imprevisível. O que assusta 
no chamado erro médico é a dramática inversão de 
expectativa de quem vai à procura de um bem e alcança o 
mal. 
O resultado danoso por sua vez é visível, imediato 
na maioria dos casos, irreparável quase sempre e revestido 
de sofrimento singular para a natureza humana. 
 Negligência: A palavra negligência é utilizada para 
designar uma falta de cuidado em uma situação específica. 
No uso cotidiano e no direito, implica falta de diligência ou 
preguiça, podendo também significar ausência de reflexão 
proposital sobre determinado assunto. Por ser caracterizada 
pela falta de ação de um indivíduo, a negligência também 
carrega o significado de passividade e inércia. É uma omissão 
aos deveres que variadas situações demandam. — Ex.: Na 
área da medicina, a negligência pode ser grave e até fatal. As ações 
negligentes nesse âmbito são as mais diversas, como abandonar 
um doente ou omitir tratamento, assim como um médico cirurgião 
esquecer algo estranho no corpo do paciente após a operação. 
 Imprudência: A imprudência também caracteriza uma 
falta de cuidado, mas antes disso, uma forma de 
precipitação. É desrespeitar uma conduta já aprendida 
anteriormente e atuar sem precauções. Isto pode trazer 
riscos para a situação em que o indivíduo imprudente se 
encontra, bem como para terceiros envolvidos. O 
comportamento de uma pessoa imprudente geralmente é 
positivo. A culpa surge com a tomada de uma atitude. Isto é, 
a imprudência só fica evidente para o indivíduo ao mesmo 
tempo em que ele pratica a conduta de omissão e falta de 
precaução. — Ex.: Não utilizar os equipamentos de proteção 
individual (EPIs) fornecidos para determinada atividade. 
Caso haja algum acidente que poderia ter sido evitado com 
o uso de dispositivos de segurança, o sujeito é considerado 
imprudente, uma vez que não agiu com o zelo necessário 
para a ação. 
 Imperícia: A imperícia é uma falta de habilidade específica 
para o desenvolvimento de uma atividade técnica ou 
científica. No caso, o indivíduo não leva em consideração o 
que conhece ou deveria conhecer, assumindo a ação sem 
aptidão para desenvolvê-la. — Ex.: Um exemplo que elucida bem 
a imperícia é um médico que não tem conhecimentos de cirurgias 
plásticas fazer este tipo de operação. Por não ter a habilidade 
necessária para a atividade, os riscos dessa ação são muitos, 
podendo resultar até mesmo na deformação do paciente. 
 Iatrogenia: Iatrogenia é uma palavra que deriva do grego: 
o radical iatro (“iatrós”), significa médico, remédio, 
medicina; geno (“gennáo”), aquele que gera, produz; e “Ia”, 
uma qualidade. A iatrogenia poderia, portanto, ser 
entendida como qualquer atitude do médico. Entretanto, o 
significado mais aceito é o de que iatrogenia consiste num 
resultado negativo da prática médica. Nesse sentido, um 
médico, ainda que disponha dos melhores recursos 
tecnológicos diagnósticos e terapêuticos, é passível de 
cometer iatrogenias. 
Michael Balint1 reformulou este conceito ao afirmar 
que todo médico é, em graus variáveis, iatrogênico, de modo 
que ele deve sempre considerar esse aspecto quando trata 
seu paciente. Outros autores enfatizam que o fato de os 
médicos lidarem com riscos os torna sujeitos a cometer 
iatrogenias. Nesse âmbito, a denominação mais adequada 
poderia ser “iatropatogenia”, termo que enfatiza a noção 
maléfica do ato médico, isto é, um ato que provocará 
prejuízos ao paciente. Iatrogenia (ou iatrogenose, 
iatrogênese) abrange, portanto, os danos materiais (uso de 
medicamentos, cirurgias desnecessárias, mutilações, etc.) e 
psicológicos (psicoiatrogenia – o comportamento, as 
atitudes, a palavra) causados ao paciente não só pelo médico 
como também por sua equipe (enfermeiros, psicólogos, 
assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas e demais 
profissionais). Sob esta óptica, os “erros médicos”, tais como 
os conhecemos no Código de Ética Médica (imperícia, 
imprudência, negligência) se enquadram na categoria de 
iatrogenias, no entendimento contemporâneo. 
IATROGENIA 
O QUE É IATROGENIA? 
Iatrogenia pode ser definida como uma síndrome 
não punível, caracterizada por dano inculpável, no corpo ou 
na saúde do paciente, consequente de uma aplicação 
terapêutica, isenta de responsabilidade profissional – ou 
seja, não gera o dever de indenizar. São manifestações 
consequências decorrentes do emprego de medicamentos 
em geral, atos cirúrgicos ou quaisquer processos de 
tratamento feitos pelo médico. Iatrogenia é uma palavra que 
deriva do grego: o radical iatro («iatrós”), significa médico, 
remédio, medicina; geno («gennáo”), aquele que gera, 
produz; e “Ia”, uma qualidade. 
A iatrogenia poderia, portanto, ser entendida como 
qualquer atitude do médico. Entretanto, o estudo das 
ocorrências iatrogênicas traz consigo dificuldades inerentes. 
A própria conceituação do termo é motivo de forte 
divergência doutrinária, sendo passível das interpretações 
mais diversas. 
 
3 Felipe Altimari 
José Carlos de Carvalho entende como iatrogênico 
o dano previsível e necessário, que tem como pressuposto 
a vontade do médico dirigida a um determinado resultado, 
o qual só poderá ser alcançado através do procedimento 
técnico recomendado. Ao se referir a “necessidade”, o autor 
parece atribuir à iatrogenia conotação restrita às 
circunstâncias em que a lesão proveniente do ato médico, 
além de previsível, é certa quanto à sua materialização no 
mundo fenomênico. Cite-se, como exemplo, a necessidade 
de amputação de membro inferior para que se evite o 
alastramento de uma infecção. 
O que dizer sobre aquelas situações em que o dano, 
também previsível, é incerto quanto à sua ocorrência? Note-
se que há intervenções e procedimentos médicos que 
apresentam um potencial lesivo que pode se manifestar ou 
não. Essa incerteza pode ser traduzida na alta ou baixa 
probabilidade de ocorrência de um determinado dano. 
IATROGENIA 
Sd. Não punível, 
caracterizado por dano 
inculpável, no corpo ou na 
saúde do paciente, 
consequente de uma 
aplicação terapêutica, 
isenta de responsabilidade 
profissional 
Manifestações/ 
consequências 
decorrente do emprego 
de medicamentos,em 
geral, atos cirúrgicos ou 
quaisquer processos do 
TTO feitos pelo médico. 
É a ocorrência de dano possível e necessário, que tem 
como pressuposto a vontade do médico dirigida a um 
determinado resultado, o qual só poderá ser alcançado 
através do procedimento técnico recomendado 
 
Lesão necessária proveniente de ato médico 
 
Ex. Amputação de MI para que se evite o alastramento 
de uma infecção 
 
O QUE É “PREVISIBILIDADE”? 
O verbo “prever” nos remete à ação de antever, 
significa verificar com antecedência e concluir sobre as 
prováveis consequências, prevendo, supondo. Logo, é 
dotado de previsibilidade tudo aquilo que ainda não ocorreu 
no mundo dos fatos, mas que pode ser previsto, antecipado. 
O evento objeto da previsão, por sua vez, poderá 
ser certo ou incerto. Em outras palavras, o agente que 
antevê um determinado fato pode ter certeza ou não sobre 
a sua materialização. 
Na aferição prática da iatrogenia, pode-se dizer que 
a previsibilidade recai sobre as possíveis consequências 
lesivas advindas de uma intervenção médica. O grau de 
previsibilidade do dano deverá ser aferido conforme o 
estágio da medicina no momento da prática do ato médico. 
Por isso, o meio de prova pericial será de suma importância 
nesse tocante, sobretudo por apresentar ao Juízo como a 
questão se encontra disciplinada na literatura médica. Nas 
palavras de Miguel Kfouri Neto: “Para se determinar se o 
evento era ou não previsível, utiliza-se o standard do médico 
diligente. Se, para a generalidade dos médicos, a causa do 
dano, nas circunstâncias consideradas, não poderia ser 
superada, nem ao menos cogitada, admitir-se-á o resultado 
como inevitável ou imprevisível. Tal aferição é casuística – 
e levará em conta o aparelhamento e meios disponíveis. É 
necessário que se trate de um fato presente, não de hipótese 
futura – e que de modo algum possa se imputar qualquer 
resquício de culpa, identificável no comportamento do 
médico” 
Para constatação da Iatrogenia são necessários três 
requisitos: 
• Necessidade da conduta médica: Com este requisito deve 
se ter em mente a necessidade de se fazer uma ponderação 
a respeito dos impactos de determinada conduta médica, 
especificamente os benefícios e os danos que ela pode 
acarretar – como bem orienta os princípios bioéticos da 
beneficência e não maleficência. Deve-se objetivar 
máximos benefícios e mínimos prejuízos. 
• Previsibilidade do dano: Antes de realizar a conduta, além 
de dialogar com o paciente sobre os benefícios que podem 
ser gerados, é imprescindível para o médico sinalizar os 
possíveis danos que aquela conduta pode desencadear. O 
dano deve ser previsível e o paciente deve manifestar seu 
consentimento com tal possibilidade de ocorrência, 
devendo o médico registrar tudo em prontuário, de modo 
que em uma eventual demanda judicial ele consiga 
comprovar que foi um dano previsto e informado. 
• Cumprimento do dever de informar: Este requisito é de 
máxima importância na configuração da Iatrogenia, 
ganhando ainda mais relevância ao se vislumbrar a 
sociedade de risco como realidade pós-moderna. É 
necessário que o paciente esteja esclarecido e tenha 
consciência da necessidade da conduta médica - que se dará 
única e exclusivamente em busca do resguardo de sua 
saúde. Neste esclarecimento dialogado, deverá o médico 
deixar bem claro o seu dever de meio - empregar as 
melhoras técnicas para a realização do tratamento -, não 
tendo como garantir qualquer resultado, o que inclusive é 
vedado pela ética médica. 
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 
(RECOMENDAÇÃO CFM Nº 01/2016) 
a) O esclarecimento claro, pertinente e suficiente sobre 
justificativas, objetivos esperados, benefícios, riscos, efeitos 
colaterais, complicações, duração, cuidados e outros 
aspectos específicos inerentes à execução tem o objetivo de 
obter o consentimento livre e a decisão segura do paciente 
para a realização de procedimentos médicos. Portanto, não 
se enquadra na prática da denominada medicina defensiva. 
b) A forma verbal é a normalmente utilizada para obtenção 
de consentimento para a maioria dos procedimentos 
realizados, devendo o fato ser registrado em prontuário. 
Contudo, recomenda-se a elaboração escrita (Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido). 
c) A redação do documento deve ser feita em linguagem 
clara, que permita ao paciente entender o procedimento e 
suas consequências, na medida de sua compreensão. Os 
termos científicos, quando necessários, precisam ser 
acompanhados de seu significado, em linguagem acessível. 
 
4 Felipe Altimari 
Vale lembrar que a responsabilidade profissional 
pode ser compreendida em dois sentidos: Moral e Ético 
Jurídico. O primeiro diz respeito ao dever de agir com 
responsabilidade e respeito, o descumprimento deste dever 
não gera repercussão na esfera jurídica. Já o segundo, 
refere-se à obrigação legal que todo médico tem de cumprir 
com seus deveres de conduta profissional – qual seja, agir 
com prudência, perícia, diligência – O descumprimento 
deste deveres gera repercussões na esfera jurídica, o que 
quer dizer que o médico pode ser responsabilizado na esfera 
civil, penal ou administrativa, devendo indenizar o paciente 
pelo descumprimento de seu dever originário. 
A responsabilidade profissional, assim como o 
dever de indenizar somente são constatados na presença 
concomitante de três elementos essenciais: 
1. Conduta (ação ou omissão – com análise de culpa); 
2. Nexo de causalidade (ligação entre a conduta e o 
possível prejuízo) 
3. Dano (moral ou patrimonial – necessariamente 
deverá ser efetivo, existente e verificável) 
Sentido ético-jurídico da responsabilidade profissional 
Conduta Ação/omissão 
Dolosa ou culposa 
 
Obrigação 
(Dever originário) 
Descumprimento Responsabilidade 
(dever sucessivo/2º 
de indenização) 
 Não causar dano 
ao paciente, 
atendendo-o com 
zelo, cuidado, 
prudência, perícia 
e diligência 
 Civil (regida pelo código Civil e Código 
de defesa do consumidor) 
 Penal (regida pelo código Penal) 
 ÉTICO-ADMINISTRATIVA (perante aos 
conselhos de Medicina Regido pelo 
código de ética Médica) 
 
 
A iatrogenia, apesar de excluir a responsabilidade 
civil médica, não o faz através da ruptura do nexo de 
causalidade entre a conduta e o dano, mas sim pela 
impossibilidade de atribuição de culpa ao médico. Desse 
modo, adjetivar o dano iatrogênico de imprevisível ou 
inevitável não é tecnicamente adequado, na medida em que 
o instituto passa a se confundir com o caso fortuito e força 
maior. 
Genival de França (2010) faz essa distinção, ao 
diferenciar erro médico dos acidentes imprevisíveis, a 
saber, lesões provocadas à integridade física ou psíquica do 
paciente por ato médico cuja ocorrência não poderia ser 
prevista ou evitada, situação em que se configura o caso 
fortuito ou força maior. 
Registra, ainda, que tais circunstâncias ainda não se 
confundem com o que chama de resultado incontrolável: 
situação grave, de curso inevitável, para a qual o estágio 
atual da ciência e a capacidade profissional ainda não 
oferecem solução. 
A iatrogenia é situação jurídica que tem como 
gérmen o reconhecimento de que existem riscos inerentes 
à prática da medicina, cuja possibilidade de materialização 
independe da observância da boa prática médica. A 
situação iatrogênica pode assim ser descrita: um médico 
(agente) submete seu paciente a um procedimento (conduta 
humana voluntária), expondo-o a riscos previsíveis, 
esperados ou não de acordo com o seu estado de saúde e 
literatura médica, riscos estes que se materializam a 
despeito do profissional ter agido em conformidade com as 
regras da medicina, provocando lesão à saúde do paciente 
(dano). 
Para melhor aferição dos reflexos da iatrogenia no 
regime de responsabilidade civil médica, os pressupostos 
identificados foram colocados entre parênteses. Sendo a 
responsabilidade civil médica de natureza subjetiva, para 
que o médico seja condenado ao dever de indenizar, o juiz 
deve se convencerda existência de: 
a. Conduta humana voluntária; 
b. Lesão à saúde do paciente; 
c. Nexo causal entre a conduta e o dano; e 
d. O agir culposo do profissional. 
Retornando-se à descrição da situação iatrogênica, 
percebe-se que o único elemento faltante e necessário para 
que haja responsabilidade civil médica é a culpa. Na 
iatrogenia, a conduta do médico é irretorquível, pautada 
nas normas da profissão e realizada com todo o zelo 
profissional. O dano dela proveniente se deve aos limites 
da própria ciência, cujo objeto de estudo é de grande 
fragilidade – o ser humano. Apesar da constante evolução 
tecnológica, a medicina será sempre acompanhada da 
criação de riscos. 
Atribuir ao médico responsabilidade pela 
materialização de riscos já conhecidos, cuja possibilidade de 
gerar dano ao paciente ultrapassa o uso da melhor técnica, 
é ônus insuportável, que causaria grande desestímulo ao 
exercício da profissão. Ausente o elemento culpa, tem-se 
que a natureza jurídica da iatrogenia é a de excludente de 
responsabilidade civil médica. Sem culpa, resta inviável a 
condenação do profissional a indenizar o paciente pela 
lesão suportada. 
“ERRO” SEM CULPA MÉDICA (ESCUSÁVEL) 
Erro escusável não é denominação tecnicamente 
adequada enquanto referência às lesões previsíveis 
decorrentes de ato médico praticado com correção e zelo. 
Erro é terminologia que pressupõe falha, equívoco, culpa. 
A “conduta” escusável, portanto, é aquela que mesmo 
gerando um dano, não enseja o dever de reparação para o 
médico, tendo em vista (1) a imperfeição da ciência e a (2) 
falibilidade da medicina. Não é considerado ato ilícito, como 
o erro médico, tendo em vista que na realidade existem 
lesões, previstas na literatura médica, que podem se 
materializar durante o tratamento a despeito da 
 
5 Felipe Altimari 
experiência e zelo do profissional, o qual não pode ser 
responsabilizado pelos limites da própria ciência. 
A IMPORTÂNCIA DO SOPESAR DOS PRINCÍPIOS BIOÉTICOS 
– AUTONOMIA, BENEFÍCIO E DANO 
O exercício da medicina na atualidade pouco se 
assemelha com a postura paternalista atribuída à medicina 
hipocrática, que perdurou até meados do século XX. A 
incorporação, pela Bioética clássica, da tríade valorativa da 
Revolução Francesa sob a forma dos princípios da 
autonomia, justiça e beneficência, conferiu ao paciente um 
novo papel na relação com seu médico. Este último, antes 
detentor de todo o poder decisório quanto à submissão do 
paciente a exames e procedimentos, passou a reconhecê-lo 
como sujeito autônomo, capaz de tomar decisões sobre sua 
própria saúde. Para tanto, o profissional deverá informar ao 
paciente os riscos, benefícios e demais implicações do 
tratamento proposto, garantindo-se a prestação legítima de 
consentimento livre e esclarecido. 
Distinções importantes no direito médico 
IATROGENIA: dano previsível e necessário, que tem como 
pressuposto a vontade do médico dirigida a um 
determinado resultado o qual poderá ser alcançado 
através do procedimento técnico recomendado 
Ex.: amputação de MMII para que se evite o alastramento 
de uma infecção 
ACIDENTE IMPREVISÍVEL: lesões provocadas à 
integridade física ou psíquica do paciente por ato médico 
cuja ocorrência não poderia ser prevista ou evitada, 
situação em que se configura o caso fortuito ou força 
maior 
Ex.: ocorrência de um terremoto/tsunami no meio de uma 
cirurgia complexa de grande porte 
RESULTADO INCONTROLÁVEL: Situação grave de curso 
inevitável, para a qual o estágio atual da ciência e a 
capacidade profissional ainda não oferecem solução 
Ex. óbito em razão de uma doença que não tem cura 
ERRO ESCUSÁVEL: Lesões previsíveis decorrentes de ato 
médico praticado com correção e zelo. Causadas em 
razão da (1) imperfeição da ciência e (2) falibilidade da 
medicina. 
Ex. erro de diagnóstico 
ERRO MÉDICO: forma de conduta profissional 
inadequada que supõe uma inobservância técnica, capaz 
de produzir um dano à vida ou à saúde do paciente. É o 
dano sofrido pelo paciente. É o dano sofrido pelo paciente 
que possa ser caracterizado como imperícia, negligência 
ou imprudência do médico, no exercício de suas 
atividades profissionais 
Ex.: esquecer material cirúrgico dentro do corpo do 
paciente ao final da cirurgia 
 
Notas distintivas entre Iatrogenia e Erro médico 
IATROGENIA ERRO MÉDICO 
Possui nexo entre conduta 
e dano 
Possui nexo entre conduta 
e dano 
Conduta perita, prudente e 
diligente 
Conduta imperita, 
imprudente e negligente 
Dano previsível, conduta 
necessária 
Dano previsível, conduta 
desnecessária 
Cumpre obrigação anterior Decumpre obrigação 
anterior 
Não gera dever de 
indenizar 
Gera dever de indenizar 
Âmbito da licitude Âmbito da Ilicitude 
 
IATROGENIA X ERRO MÉDICO – UM ABISMO DE DIFERENÇA 
Iatrogenia e erro médico são conceitos 
inconciliáveis e incompatíveis, a percepção de ocorrência 
de uma exclui a ocorrência de outra. 
A lesão iatrogênica seria aquela previsível, 
decorrente de procedimento necessário e realizado pelo 
médico de maneira diligente. Não gera responsabilidade em 
nenhuma de suas esferas, aproximando-se de uma 
imperfeição dos conhecimentos científicos. Aqui, o médico 
adota conduta consciente e deliberada, direcionada a um 
determinado resultado, qual seja, a melhoria do estado de 
saúde de seu paciente 
As falhas no exercício da profissão - erro médico -, 
por sua vez, ingressam no âmbito da ilicitude e da 
responsabilidade civil, na medida em que o profissional age 
com culpa. A falta do dever objetivo de cuidado traz efeitos 
indesejáveis, que poderiam ter sido evitados pelo médico. 
A inexistência de marcos jurídicos e a carência de 
estudos específicos sobre o tema agravam a indefinição da 
linha que separa a iatrogenia e o erro médico, linha de 
distinção essa de suma importância para a prática médica, 
na medida em que uma enseja responsabilidade e reparação 
e a outra não – ou seja, repercussões jurídicas distintas para 
o profissional da medicina. 
ERRO MÉDICO 
CONDUTA MÉDICA ILÍCITA 
Conforme tem se noticiado, nos campos médico e 
jurídico tem-se verificado no Brasil o aumento substancial de 
processos nos quais se discute a responsabilidade de 
médicos quanto ao dever de indenizar ou não, ou seja, em 
que se debate a ocorrência ou não ocorrência de erro 
médico a ser reparado. Cumpre observar que é devida a 
reparação, ou melhor, é constatada a responsabilidade 
médica que faz surgir o dever de indenizar, somente na 
presença concomitante de três pressupostos constitutivos: 
 CONDUTA: ação ou omissão culposa; 
 NEXO DE CAUSALIDADE: ligação entre a conduta e o 
possível prejuízo (dano); 
 DANO: moral ou patrimonial - necessariamente deverá 
ser efetivo, existente e verificável. 
 
 
6 Felipe Altimari 
CONDUTA DOLOSA X CULPOSA 
A culpa é um elemento imprescindível quando se 
trata da responsabilidade profissional. Pode ser dividia em 
duas classificações: 
 Culpa Latu Sensu [em sentido amplo] = Dolo (vontade e 
intenção direcionadas a causar o dano) + Culpa Stricto Sensu 
 Culpa Stricto Sensu [em sentido restrito] = Imprudência 
e/ou Imperícia e/ou Negligência 
 Violação de um dever de cuidado que gera um dano 
previsível e evitável, conforme os padrões de 
comportamento do homem médio 
Configuração da conduta culposa 
 
Deste modo, a conduta culposa será caraterizada 
quando constatado uma destas três vertentes: 
• IMPERÍCIA: Caracteriza-se pela falta de observação das 
normas, por despreparo prático ou por insuficiência de 
conhecimentos técnicos. É a carência de aptidão, prática ou 
teórica, para o desempenho de uma tarefa técnica. Chama-
se ainda imperícia a incapacidade ou inabilitação para 
exercer determinado ofício, por falta de habilidade ou pela 
ausência dos conhecimentos rudimentares exigidos numa 
profissão. 
• IMPRUDÊNCIA: Imprudente é o médico que age sem a 
cautela necessária. É aquele cujo ato ou conduta são 
caracterizados pela intempestividade, precipitação, 
insensatez ou inconsideração. 
• NEGLIGÊNCIA:Caracteriza-se pela inação, indolência, 
inércia, passividade. É a falta de observância aos deveres 
que as circunstâncias exigem. É um ato omissivo, quando 
podendo agir, o médico não age. 
 Para caracterização da conduta culposa não é 
necessária a presença concomitante destas 3 vertentes de 
culpa, basta uma delas para que o médico seja 
responsabilizado. 
 Não se pode partir do pressuposto que um médico 
agiu com imperícia por não ter determinada especialidade. 
Em regra, o médico pode atuar em todas as áreas, não há 
legislação que proíba a atuação, ele só não pode 
anunciar/publicar especialidade que não possui 
Definição de todas as modalidade de culpa 
Culpa Strictu Sensu 
IMPERÍCIA (AÇÃO) 
Carência de aptidão, prática ou teórica, 
para o desempenho de uma tarefa 
técnica 
IMPRUDÊNCIA (AÇÃO) 
Agir sem a cautela. Conduta tomada 
com intempestividade, precipitação, 
insensatez ou inconsideração 
NEGLIGÊNCIA (OMISSÃO) 
Falta de observância aos deveres que as circunstâncias 
exigem. Ausência de conduta, inércia, passividade, 
displicência, indiferença. Quando podendo agir, o médico 
não age 
Modalidades de culpa na prática 
 SEI? DEVO? FIZ? 
IMPRUDÊNCIA SEI DEVO FIZ ERRADO 
IMPERÍCIA NÃO SEI NÃO DEVO FIZ 
NEGLIGÊNCIA SEI DEVO NÃO 
 
RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL - SUBJETIVA E PESSOAL 
Dentro da estrutura da responsabilidade civil, a 
responsabilidade profissional médica se enquadra no mbito 
da responsabilidade subjetiva, qual seja, aquela decorrente 
de dano causado em função de ato doloso ou culposo – ou 
seja, mediante análise da culpa. O agente causador do dano 
– o médico - atua com a violação de um dever jurídico 
originário, normalmente de cuidado – agir com perícia, 
prudência e perícia. 
Essa modalidade de responsabilização profissional é 
também consagrada no Código de Ética Médica que 
assegura a responsabilidade subjetiva e personalíssima 
tanto no capítulo dos princípios fundamentais quanto no 
capítulo sobre responsabilidade profissional. 
 
7 Felipe Altimari 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
XIX - O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e 
nunca presumido, pelos seus atos profissionais, resultantes 
de relação particular de confiança e executados com 
diligência, competência e prudência 
RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL 
É vedado ao médico: Art. 1º Causar dano ao 
paciente, por ação ou omissão, caracterizável como 
imperícia, imprudência ou negligência. Parágrafo único. A 
responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser 
presumida. Sendo assim, a responsabilidade ética do 
profissional da Medicina será apurada sem exceção, com 
base nos ditames da responsabilidade subjetiva, com 
obrigação de caráter personalíssimo (onde não pode ser 
transferida para quem quer que seja), de culpa 
obrigatoriamente na modalidade provada. Pelo menos no 
âmbito ético, jamais poderá o julgador (no caso os 
Conselheiros) presumir a culpa do médico denunciado – o 
que eventualmente ocorre no âmbito da justiça comum, 
onde se observa processos sendo iniciados com a 
antecipação da percepção de culpa do médico (culpa 
presumida). 
• Em âmbito ético, qualquer alegação contra o 
profissional médico deverá ser cabalmente comprovada 
pelo autor da demanda, e essas provas do autor devem 
englobar todos os elementos da responsabilidade subjetiva 
(conduta, dano, nexo de causalidade e culpa). Na 
impossibilidade de prova de pelo menos um desses 
elementos o médico deverá ser absolvido em âmbito ético. 
Culpa presumida e a inversão do dever de provar 
Conforme o artigo 373 do Código de Processo Civil, 
a regra geral, no processo civil, é que cabe ao autor provar 
o fato constitutivo de seu direito e ao réu provar a 
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo de 
seu direito. Ou seja, a regra geral é que cabe ao paciente – 
quem alega o erro médico – provar a sua ocorrência. 
Contudo, não é o que comumente se vê nos processos em 
que paciente e médicos figuram, respectivamente, como 
autor e réu. Como muitos dos Tribunais têm enquadrado a 
relação médico-paciente em uma relação de consumo, o que 
se observa no curso dos processos é a aplicação do artigo 6º 
do Código de Defesa do Consumidor: 
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII – a 
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou 
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras 
ordinárias de experiências; 
A chamada inversão do ônus da prova ocorre, 
portanto, pelo motivo de o ordenamento jurídico 
consumerista identificar o paciente – consumidor – como a 
parte hipossuficiente da relação, quer dizer, a parte mais 
“frágil”, não apenas no sentido subjetivo, mas também no 
sentido de capacidade/ conhecimento técnico para provar 
os fatos alegados. 
Tendo isso em vista, o processo se inicia partindo do 
pressuposto que o médico é culpado, devendo ele 
comprovar que não errou, ou seja, provar que agiu com 
prudência, perícia e diligência, afinal, diferente do paciente 
– consumidor – , ele detém capacidade técnica para provar 
que agiu dentro dos preceitos da boa prática médica. 
NEXO CAUSAL 
O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito 
entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado. O 
erro deve ser a origem do dano. Esta relação entre o erro e 
o dano deve ser estabelecida. Não há que se observar a mera 
superveniência cronológica, mas sim um nexo lógico de 
causalidade. Os artigos 186 e 927 do Código Civil ressaltam 
esta relação, expressando, em ambos, o verbo “causar”: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), 
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Muitas vezes, entretanto, torna-se difícil identificar 
o fato que constitui a verdadeira causa do dano. Em outras, 
o dano não é decorrente de uma só causa, mas resultado de 
múltiplos fatores. Por isso, na análise do suposto erro 
médico, deve-se analisar minuciosamente se não houve a 
ocorrência de nenhum excludente dessa relação de causa e 
efeito. 
Excludentes do nexo de causalidade 
Esta relação deve se manter íntegra, ou seja, não 
deve ser “interrompida” por nenhum outro fato que 
concorra para um resultado diverso daquele que 
normalmente aconteceria. Em geral, são eventos que 
colaboram de maneira contundente para o desfecho 
negativo. São eles: 
• FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA: a conduta do paciente é 
determinante para o desfecho negativo do quadro. São 
situações em que o resultado adverso do tratamento médico 
teve como causa o descumprimento às recomendações 
sobre cuidados ou procedimentos que seriam 
imprescindíveis e incondicionais para a devida cura, que vão 
desde uma alta por abandono a uma suspensão precoce de 
remédios, entre outros. 
Ex. Paciente que contraria as orientações médicas pós 
cirúrgicas e provoca a ruptura dos pontos. 
• FATO DE TERCEIRO: Conduta adotada por uma terceira 
pessoa que é determinante para o desfecho. 
Ex: Paciente acusa médico cirurgião ortopédico pelas dores 
que passou a suportara pós a cirurgia mas, em verdade, elas 
advinham de manobra realizada por seu fisioterapeuta. 
• CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: Evento inevitável 
e/ou imprevisível. Por fim, fica claro que, comprovada a 
responsabilidade do paciente, ou de fato de terceiros, ou a 
ocorrência de caso fortuito ou força maior, fica o médico 
demandado isento de responsabilização, por conseguinte, 
isento também do dever de reparação dos danos. E, se o 
médico se julgar ofendido pelos danos patrimoniais ou 
extrapatrimoniais causados pela falsa imputação, 
 
8 Felipe Altimari 
acreditamos que tem ele o direito de pleitear uma 
indenização contra o paciente 
DANO EFETIVO 
Não há, juridicamente, erro médico sem dano ou 
agravo à saúde de terceiro. A falta do dano, que é da 
essência e um dospressupostos básicos do erro médico, 
descaracteriza o erro, inviabiliza o seu ressarcimento e 
desconfigura a responsabilidade civil. 
CONCEITO! O dano é entendido como a lesão – diminuição 
ou subtração – de qualquer bem ou interesse jurídico, seja 
patrimonial ou moral. O dano pode ser definido como a lesão 
(diminuição ou destruição) que, devido a um certo evento, 
sofre uma pessoa, contra a sua vontade, em qualquer bem 
ou interesse jurídico, patrimonial ou moral 
DANO PATRIMONIAL 
É o dano que atinge o patrimônio da vítima, a saber 
o conjunto de relações jurídicas dos quais o sujeito participa 
e que são apreciáveis em pecúnia, envolve uma noção de 
prejuízo financeiro e diminuição de patrimônio. O dano 
patrimonial pode ser de dois tipos: emergentes e lucros 
cessantes. 
Espécies: 
 EMERGENTES: Efetiva e imediata diminuição do 
patrimônio do paciente Ex: despesas médico 
 
9 Felipe Altimari 
hospitalares, medicamentos, honorários médicos, 
etc 
 LUCROS CESSANTES Danos mediatos e futuros ao 
patrimônio da vítima, a perda daquilo que ele 
esperava ganhar Ex: paciente taxista que, em 
virtude de erro médico, tem um pós operatório 
mais longo do que o esperado, ficando assim 
impossibilitado para o trabalho, deixando de auferir 
renda. 
Existem algumas condições para que um dano seja 
indenizável: o prejuízo deve ser certo, atual, não duvidoso. 
Deve ser direto e consequência imediata dos fatos 
imputados ao profissional. Deve ser especial, no sentido de 
afetar individual e pessoalmente a pessoa que o invoca. 
DANO EXTRAPATRIMONIAL (MORAL) 
Dano moral é a lesão sofrida pelo sujeito físico ou 
pessoa natural em seu patrimônio ideal, entendendo-se por 
patrimônio ideal, em contraposição a patrimônio material, o 
conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor 
econômico 
• CONCEITO! lesão a um interesse que visa satisfação ou 
gozo de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos 
direitos da personalidade (vida, integridade corporal, 
liberdade, honra, decoro, intimidade, sentimentos afetivos e 
a própria imagem) ou nos direitos da pessoa (nome, 
capacidade, estado de família)”. Diferencia-o, outrossim, do 
dano moral indireto que envolve interesse não patrimonial, 
como a perda de um bem de valor afetivo. 
A Constituição Federal e o Código Civil disciplinam 
expressamente o direito a reparação do dano moral: 
Constituição Federal de 1988 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros 
e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional 
ao agravo além da indenização por dano material, 
moral ou à imagem; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; Código Civil 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
DANO ESTÉTICO 
Há quem considere o dano estético como uma 
espécie do dano moral, mas os Tribunais têm entendido o 
dano estético como um dano autônomo e independente, 
sendo ele qualquer anomalia que a vítima passe a ostentar 
no seu aspecto físico, decorrente de agressão à sua 
integridade pessoal; 
Tanto é considerado um dano estético que a súmula 
387 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autoriza a 
cumulação de indenizações: “É lícita a cumulação das 
indenizações de dano estético e dano moral” 
RESULTADOS ADVERSOS 
A primeira coisa a ser ressaltada é que nem todo 
resultado adverso na assistência à saúde individual ou 
coletiva é sinônimo de erro médico. A partir dessa premissa, 
deve-se começar a desfazer o preconceito que existe em 
torno dos resultados atípicos e indesejados na relação 
profissional entre médico e paciente. Exige-se muito dos 
médicos, mesmo sabendo que sua ciência é inexata e que 
sua obrigação é de meios e não de resultados. 
Ainda que a vida seja um bem imensurável, a 
supervalorização desta ciência não encontrou uma fórmula 
mágica e infalível. Por isso não se pode concordar com a 
alegação de que todo resultado infeliz e indesejável seja um 
erro médico. Com isso não se quer negar que o erro médico 
exista. Ele existe e existe até mais do que se alega. São 
decorrentes de uma forma anômala e inadequada de 
conduta profissional, contrária à lex artis e capaz de 
produzir danos à vida ou à saúde do paciente por 
imprudência ou negligência. 
O que se quer afirmar é que além do erro 
profissional existem outras causas que favorecem o mau 
resultado, como as péssimas condições de trabalho e a 
penúria dos meios indispensáveis no tratamento das 
pessoas. Não deixa também de ser mau resultado o fato de 
os pacientes não terem leitos nos hospitais, não serem 
atendidos nos ambulatórios por falta de profissionais ou não 
poderem comprar os remédios recomendados para sua 
assistência. 
Deste modo, além do erro médico - localizado na 
esfera da ilicitude, pode-se falar de outros resultados 
adversos – localizadas na esfera da licitude -, a exemplo da 
ocorrência de erro escusável, acidente imprevisível, 
resultado incontrolável e iatrogenia 
Estando na esfera da licitude, são eventos que 
ocorrem sem a percepção de culpa. Vale lembrar que para 
percepção de culpa – ação ou omissão – são necessários os 
requisitos de previsibilidade e evitabilidade da conduta, 
ambos analisados conforme padrões de comportamento do 
“homem/médico médio”. Ausentes estes requisitos, não há 
que se falar em culpa, por conseguinte, nem em 
responsabilidade profissional ou dever de indenizar. 
ERRO ESCUSÁVEL 
Erro escusável não é denominação tecnicamente 
adequada enquanto referência às lesões previsíveis 
decorrentes de ato médico praticado com correção e zelo. 
Erro é terminologia que pressupõe falha, equívoco, culpa. 
A “conduta” escusável, portanto, é aquela que 
mesmo gerando um dano, não enseja o dever de reparação 
para o médico, tendo em vista (1) a imperfeição da ciência 
e a (2) falibilidade da medicina. 
Não é considerado ato ilícito, como o erro médico, 
tendo em vista que na realidade existem lesões, previstas 
 
10 Felipe Altimari 
na literatura médica, que podem se materializar durante o 
tratamento a despeito da experiência e zelo do 
profissional, o qual não pode ser responsabilizado pelos 
limites da própria ciência. 
O ERRO DE DIAGNÓSTICO 
É o erro profissional ou técnico - decorridos em 
circunstância que ensejam dúvidas reais, controvérsias na 
própria ciência médica. Não devem ser compreendidos 
como culposos, mediante a análise de que naquele idêntico 
contexto, com as ferramentas e conhecimentos disponíveis, 
outro médico também poderia incorrer com a mesma 
conduta, que também poderia se equivocar no diagnóstico. 
Se a resposta para esta análise for positiva, não há que se 
falar em conduta culposa do médico, mas sim em conduta 
escusável. 
O denominado “ERRO CRASSO” não se enquadra 
nesse contexto, tendo em vista que o erro crasso é aquele 
que que destoa do comportamento médio esperado por 
médicos que porventura se encontrassem em contextos 
semelhantes, ou seja, por analogia, se outro médico 
estivesse na mesma posição, com os conhecimentos que se 
espera que um médico tenha, com os recursos e ferramentas 
disponíveis naquele contexto, se esse médico – considerado 
pelos Tribunais como o “médico médio” - agisse de forma 
distinta, então há que se falar de conduta ilícita – culposa-, 
gerando portando, o dever de indenizar. 
ACIDENTE IMPREVISÍVEL 
No acidente imprevisível há um resultado lesivo, 
supostamente oriundo de caso fortuito ou força maior, à 
integridade física ou psíquica do paciente durante o ato 
médico ou em face dele, porém incapaz de ser previsto e 
evitado, não só pelo autor, mas por outro qualquer em seu 
lugar 
RESULTADOINCONTROLÁVEl 
O resultado incontrolável seria aquele decorrente 
de uma situação grave e de curso inevitável. Ou seja, aquele 
resultado danoso proveniente de sua própria evolução, para 
o qual as condições atuais da ciência e a capacidade 
profissional ainda não oferecem solução. Por isso, o médico 
tem com o paciente uma “obrigação de meios” e não uma 
“obrigação de resultados”. Ele assume um compromisso de 
prestar meios adequados, de agir com diligência e de usar 
seus conhecimentos na busca de um êxito favorável, o qual 
nem sempre é certo. 
IATROGENIA 
Iatrogenia pode ser definida como uma síndrome 
não punível, caracterizada por dano inculpável, no corpo ou 
na saúde do paciente, consequente de uma aplicação 
terapêutica, isenta de responsabilidade profissional – ou 
seja, não gera o dever de indenizar. São manifestações- 
consequências-decorrentes do emprego de medicamentos 
em geral, atos cirúrgicos ou quaisquer processos de 
tratamento feitos pelo médico. É o dano previsível e 
necessário, que tem como pressuposto a vontade do 
médico dirigida a um determinado resultado, o qual só 
poderá ser alcançado através do procedimento técnico 
recomendado. 
TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE 
O conceito de perda de uma chance (perte d’une 
chance) envolve erro no atuar médico por ação ou omissão, 
fazendo com que o paciente perca, efetivamente, a chance 
de eliminação do sofrimento desnecessário ou, ainda, a 
chance de retardar a morte com preservação razoável da 
qualidade de vida. Se é verdade que a noção de perda de 
uma chance se liga a de prejuízo, ela é também inseparável 
da condição de nexo de causalidade. 
A demora na solicitação de exames específicos para 
o diagnóstico, como a punção liquórica 22 num caso de 
meningite 23, retardaria a possibilidade de um diagnóstico 
precoce e, muitas vezes, haveria a perda de uma chance de 
cura. A ausência faltosa do médico ao parto, por exemplo, 
poderá privar a criança da chance de nascer sem uma 
deformação. 
A não solicitação de um exame de rubéola durante 
o exame pré-nupcial, por sua vez, a privará da chance de 
evitar as consequências da rubéola congênita 24. O dano 
não poderá ser totalmente estranho à chance perdida e a 
perda de uma chance não poderá ser puramente 
hipotética. 
A teoria da perda de uma chance é de origem 
francesa e no Brasil pode ser identificada com a configuração 
dos seguintes contextos: 
1- Interrupção, por conduta ilícita, de processo de 
obtenção de algo benéfico no futuro: Aqui a 
reparação feita não será relativa à integralidade do 
que se esperava, mas sim proporcional à perda 
promovida. 
Uma parte da doutrina afirma que essa reparação 
só pode ser devida quando supera 50% da chance 
perdida, mas o entendimento majoritário discorda 
desse percentual, valendo a aplicação 
independente do percentual verificado 
 
Circunstância diversa daquela que ocorre quando 
falamos de lucros cessantes. Aqui a indenização não 
é pela vantagem perdida, mas sim pela perda da 
possibilidade de conseguir a vantagem. 
 
2- Não interrupção, por conduta ilícita, de processo 
desfavorável (perda de uma chance de evitar um 
prejuízo ocorrido) Essa situação requer: 
A. Processo efetivamente em curso 
B. Haver possibilidade de interrupção 
Em medicina, juridicamente, chama-se este 
contexto de “perda de chance de cura ou sobrevivência”. 
Para caracterização desta situação e consequente dever de 
reparação, pergunta-se: Qual a chance séria e real de 
resultado favorável ao tratamento? Qual a chance de 
sucesso terapêutico? Provado que à época existiam altas 
chances de interromper aquele processo de doença, que 
poderia evitar um prejuízo já ocorrido, haverá 
responsabilidade profissional, por conseguinte, o dever de 
indenizar 
Para configuração de ambas as situações – 1 e 2 -, é 
necessário que se tenha uma estatística segura, assim como 
 
11 Felipe Altimari 
a comprovação da culpa médica, o que é geralmente é 
demonstrado pelo perito no curso do processo, 
especificamente na fase de produção de prova. 
AVALIAÇÃO DE RISCO CIRÚRGICO 
O propósito da avaliação pré-operatória é verificar 
o estado clínico do paciente, gerando recomendações sobre 
a avaliação, manuseio e risco de problemas em todo o 
período pré-operatório e definir o risco cirúrgico que o 
paciente, o anestesista, o assistente e o cirurgião podem 
usar para tomar decisões que beneficiem o paciente a curto 
e longo prazo. Deve-se definir os exames mais apropriados e 
estratégias de tratamento para otimizar o cuidado do 
paciente, evitando-se exames desnecessários e permitindo o 
acompanhamento a curto e longo prazo. É fundamental 
reduzirse o risco do paciente. Vários trabalhos mostram que 
o manuseio pré-operatório é importante nos resultados 
obtidos e que o stress cirúrgico interfere na evolução pós 
operatória, morbidade e duração da hospitalização. 
AVALIAÇÃO PRÉ OPERATÓRIA 
Hoje é sabido que baterias de testes não substituem 
a anamnese e o exame físico acurados. Durante a consulta 
devem ser avaliados os fatores intrínsecos do paciente que 
aumentam o risco cirúrgico e o procedimento a ser 
realizado. Em idosos, é muito importante conhecer os reais 
benefícios da indicação cirúrgica. O procedimento deve 
considerar o pré, per e o pós-operatório, com ênfase no 
desempenho funcional do paciente. 
A influência do procedimento cirúrgico em si na 
avaliação do risco cirúrgico. De acordo principalmente com 
o grau de agressão, trauma tecidual e perdas sangüíneas, os 
procedimentos cirúrgicos são distribuídos nas seguintes 
categorias: o bom preparo pré-operatório é fundamental 
para o sucesso de qualquer procedimento cirúrgico. De 
forma objetiva pode ser dividido em: 
1. geral; 
2. específico para determinadas operações; 
3. preparo de pacientes portadores de doenças prévias. 
O pré-operatório geral compreende uma boa 
abordagemclínica (anamnese e exame físico), exames pré 
operatórios básicos, quando indicados, e cuidados que 
antecedem a cirurgia. Um paciente jovem, que vai se 
submeter a um procedimento cirúrgico de pequeno ou 
médio porte, não precisa de nenhum exame laboratorial. 
desde que a história e o exame físico mostrem que ele está 
saudável. Ênfase, portanto, deve ser dada a uma anamnese 
minuciosa, com avaliação cuidadosa dos sistemas orgânicos, 
antecedentes patológicos e uso de medicamentos. A 
avaliação física deve ser igualmente minuciosa e completa, e 
nunca substituída por exames complementares. Também 
não é mais recomendável a realização de exames pré-
operatórios de "rotina", já que apenas um reduzido 
percentual de pacientes (0,2%) irá se beneficiar. 
Os exames complementares em pacientes 
assintomáticos, portanto. só deverão ser solicitados em 
algumas circunstâncias, baseados na idade do paciente, no 
tipo de ato cirúrgico e em alterações evidenciadas na história 
ou ao exame físico: 
• Hemograma: intervenções de grande porte, suspeita 
clínica de anemia ou policitemia, insuficiência renal, 
neoplasias, esplenomegalia, uso de anticoagulantes, 
presença de infecção, radio ou quimioterapia recentes. 
• Coagulograma: história de sangramentos anormais, 
operações vasculares, oftalmológicas, neurológicas ou com 
circulação extra-corpórea,hepatopatias e síndromes de Má-
absorção, neoplasias avançadas, esplenomegalia. Apenas o 
tempo e atividade protrombina (TAP),o tempo parcial de 
tromboplastina (TPT) e a contagem de plaquetas costumam 
ser necessários nestes casos. 
• Tipagem sanguínea: apenas em procedimentos cirúrgicos 
de grande porte com possibilidade de perda sangüínea 
elevada. Deve ser acompanhada de reserva de sangue. 
• Glicemia: pacientes acima de 40 anos, história pessoal ou 
familiar de diabetes, uso de hiperglicemiantes, como 
 
12 Felipe Altimari 
corticóides ou tiazídicos, pancreatopatias, nutrição 
parenteral. 
• Creatinina: pacientes acima de 40 anos, história pessoal ou 
familiar de nefropatias, hipertensão arterial, diabetes. 
• Eletrólitos: uso de diuréticos ou corticóides, nefropatias, 
hiperaldosteronismosecundário, cardio ou hepatopatias 
com síndrome edemigênica. 
• Urinocultura: pacientes com indicação de cateterismo 
vesical durante a operação e que façam parte de grupos de 
risco de bacteriúria assintomática, como idosos, diabéticos, 
história de infecção urinária de repetição, litíase urinária, 
bexiga neurogênica, malformação de vias urinárias, gravidez 
e síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids). Os 
elementos anormais e sedimento (EAS) não têm indicação 
como exame pré-operatório. 
• Parasitológico de fezes: intervenções sobre o tubo 
digestivo. 
• RX simples de tórax [póstero-anterior (PA) e perfil]: 
pacientes com mais de 60 anos, operações torácicas ou do 
abdome superior, cardiopatas, pneumopatas e portadores 
de neoplasias, tabagistas de mais de 20 cigarros/dia. 
• ECG: Homens com mais de 40 anos e mulheres com mais 
de 50 anos, cardiopatas, coronariopatas ou com sintomas de 
angina, diabéticos, hipertensos e portadores de outras 
doenças que cursam com cardiopatias ou em uso de drogas 
cardiotóxicas. 
Estes exames, quando normais, têm validade de um 
ano, a menos que ocorram alterações clínicas durante este 
período, detectadas pela história e/ou exame físico. A 
avaliação clínica e laboratorial, feita pelo próprio cirurgião, 
deve ser seguida pela estimativa de risco operatório, que se 
baseia no estado de saúde geral do paciente para identificar 
possíveis anormalidades que possam aumentar o trauma 
operatório ou influenciar negativamente na recuperação do 
mesmo. A escala mais utilizada é ada Sociedade Americana 
de Anestesiologia (ASA): 
— ·Risco I: paciente saudável e normal. 
— ·Risco 2: paciente com doença sistêmica leve a moderada. 
— ·Risco 3:paciente com doença sistêmica grave, com 
limitação, sem ser, porém, incapacitante. 
— ·Risco 4: paciente com doença sistêmica incapacitante. 
— ·Risco 5: paciente moribundo 
CLASSIFICAÇÃO DA A S A 
Há poucos dados da literatura que permitam a 
definição de critérios rígidos na elaboração de guidelines. O 
momento ideal para a avaliação pré-operatória e quem deve 
fazê-la ainda não foi definido. Apesar disso a ASA sugere o 
uso de um algoritmo na avaliação do risco cirúrgico. Neste é 
considerado o risco para o paciente, que tem como 
principais componentes a natureza da condição clínica pré-
operatória do paciente e a natureza do procedimento em si 
(25) – itens já discutidos neste texto. A Classificação da ASA 
(tabela 03) é baseada na análise da mortalidade. 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
É direito do médico: 
I - Exercer a medicina sem ser discriminado por questões de 
religião, etnia, cor, sexo, orientação sexual, nacionalidade, 
idade, condição social, opinião política, deficiência ou de 
qualquer outra natureza. 
II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, 
observadas as práticas cientificamente reconhecidas e 
respeitada a legislação vigente. 
III - Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas 
das instituições em que trabalhe quando as julgar indignas 
do exercício da profissão ou prejudiciais a si mesmo, ao 
paciente ou a terceiros, devendo comunicá-las ao Conselho 
Regional de Medicina de sua jurisdição e à Comissão de Ética 
da instituição, quando houver. 
IV - Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública 
ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas 
ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem 
como a dos demais profissionais. Nesse caso, comunicará 
com justificativa e maior brevidade sua decisão ao diretor 
técnico, ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição 
e à Comissão de Ética da instituição, quando houver. 
V - Suspender suas atividades, individualmente ou 
coletivamente, quando a instituição pública ou privada para 
a qual trabalhe não oferecer condições adequadas para o 
exercício profissional ou não o remunerar digna e 
justamente, ressalvadas as situações de urgência e 
emergência, devendo comunicar imediatamente sua decisão 
ao Conselho Regional de Medicina. 
VI - Internar e assistir seus pacientes em hospitais privados e 
públicos com caráter filantrópico ou não, ainda que não faça 
parte do seu corpo clínico, respeitadas as normas técnicas 
aprovadas pelo Conselho Regional de Medicina da 
pertinente jurisdição. 
VII - Requerer desagravo público ao Conselho Regional de 
Medicina quando atingido no exercício de sua profissão. 
VIII - Decidir, em qualquer circunstância, levando em 
consideração sua experiência e capacidade profissional, o 
tempo a ser dedicado ao paciente sem permitir que o 
acúmulo de encargos ou de consultas venha prejudicar seu 
trabalho. 
IX - Recusar-se a realizar atos médicos que, embora 
permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua 
consciência. 
X - Estabelecer seus honorários de forma justa e digna. 
 
13 Felipe Altimari 
XI - É direito do médico com deficiência ou com doença, nos 
limites de suas capacidades e da segurança dos pacientes, 
exercer a profissão sem ser discriminado 
É vedado ao médico: 
Art. 1º Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, 
caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. 
Parágrafo único. A responsabilidade médica é sempre 
pessoal e não pode ser presumida. 
Art. 2º Delegar a outros profissionais atos ou atribuições 
exclusivas da profissão médica. 
Art. 3º Deixar de assumir responsabilidade sobre 
procedimento médico que indicou ou do qual participou, 
mesmo quando vários médicos tenham assistido o paciente. 
Art. 4º Deixar de assumir a responsabilidade de qualquer ato 
profissional que tenha praticado ou indicado, ainda que 
solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu 
representante legal. 
Art. 5º Assumir responsabilidade por ato médico que não 
praticou ou do qual não participou. 
Art. 6º Atribuir seus insucessos a terceiros e a circunstâncias 
ocasionais, exceto nos casos em que isso possa ser 
devidamente comprovado. 
Art. 7º Deixar de atender em setores de urgência e 
emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, mesmo 
respaldado por decisão majoritária da categoria. 
Art. 8º Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo 
temporariamente, sem deixar outro médico encarregado do 
atendimento de seus pacientes internados ou em estado 
grave. 
Art. 9º Deixar de comparecer a plantão em horário 
preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de 
substituto, salvo por justo impedimento. Parágrafo único. Na 
ausência de médico plantonista substituto, a direção técnica 
do estabelecimento de saúde deve providenciar a 
substituição. 
Art. 10. Acumpliciar-se com os que exercem ilegalmente a 
medicina ou com profissionais ou instituições médicas nas 
quais se pratiquem atos ilícitos. 
Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta 
ou ilegível, sem a devida identificação de seu número de 
registro no Conselho Regional de Medicina da sua jurisdição, 
bem como assinar em branco folhas de receituários, 
atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos. 
Art. 12. Deixar de esclarecer o trabalhador sobre as 
condições de trabalho que ponham em risco sua saúde, 
devendo comunicar o fato aos empregadores responsáveis. 
Parágrafo único. Se o fato persistir, é dever do médico 
comunicar o ocorrido às autoridades competentes e ao 
Conselho Regional de Medicina. 
Art. 13. Deixar de esclarecer o paciente sobre as 
determinantes sociais, ambientais ou profissionais de sua 
doença. 
Art. 14. Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou 
proibidos pela legislação vigente no País. 
Art. 15. Descumprir legislação específica nos casos de 
transplantes de órgãos ou de tecidos, esterilização, 
fecundação artificial, abortamento, manipulação ou terapia 
genética. 
§ 1º No caso de procriação medicamente assistida, a 
fertilização não deve conduzir sistematicamente à 
ocorrência de embriões supranumerários. 
§ 2º O médico não deve realizar a procriação medicamente 
assistida com nenhum dos seguintes objetivos: 
I - criar seres humanos geneticamente modificados; 
II - criar embriões para investigação;III - criar embriões com finalidades de escolha de 
sexo, eugenia ou para originar híbridos ou 
quimeras. 
§ 3º Praticar procedimento de procriação medicamente 
assistida sem que os participantes estejam de inteiro acordo 
e devidamente esclarecidos sobre o método. 
Art. 16. Intervir sobre o genoma humano com vista à sua 
modificação, exceto na terapia gênica, excluindo-se 
qualquer ação em células germinativas que resulte na 
modificação genética da descendência. 
Art. 17. Deixar de cumprir, salvo por motivo justo, as normas 
emanadas dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina e 
de atender às suas requisições administrativas, intimações 
ou notificações no prazo determinado. 
Art. 18. Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos 
Conselhos Federal e Regionais de Medicina ou desrespeitá-
los. 
Art. 19. Deixar de assegurar, quando investido em cargo ou 
função de direção, os direitos dos médicos e as demais 
condições adequadas para o desempenho ético-profissional 
da medicina. 
Art. 20. Permitir que interesses pecuniários, políticos, 
religiosos ou de quaisquer outras ordens, do seu 
empregador ou superior hierárquico ou do financiador 
público ou privado da assistência à saúde, interfiram na 
escolha dos melhores meios de prevenção, diagnóstico ou 
tratamento disponíveis e cientificamente reconhecidos no 
interesse da saúde do paciente ou da sociedade. 
Art. 21. Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou 
infringir a legislação pertinente. 
Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de 
seu representante legal após esclarecê-lo sobre o 
procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco 
iminente de morte. 
Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, 
desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer 
forma ou sob qualquer pretexto. Parágrafo único. O médico 
deve ter para com seus colegas respeito, consideração e 
solidariedade. 
 
14 Felipe Altimari 
Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito 
de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, 
bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. 
Art. 25. Deixar de denunciar prática de tortura ou de 
procedimentos degradantes, desumanos ou cruéis, praticá-
las, bem como ser conivente com quem as realize ou 
fornecer meios, instrumentos, substâncias ou 
conhecimentos que as facilitem. 
Art. 26. Deixar de respeitar a vontade de qualquer pessoa 
considerada capaz física e mentalmente, em greve de fome, 
ou alimentá-la compulsoriamente, devendo cientificá-la das 
prováveis complicações do jejum prolongado e, na hipótese 
de risco iminente de morte, tratá-la. 
Art. 27. Desrespeitar a integridade física e mental do 
paciente ou utilizar-se de meio que possa alterar sua 
personalidade ou sua consciência em investigação policial ou 
de qualquer outra natureza. 
Art. 28. Desrespeitar o interesse e a integridade do paciente 
em qualquer instituição na qual esteja recolhido, 
independentemente da própria vontade. Parágrafo único. 
Caso ocorram quaisquer atos lesivos à personalidade e à 
saúde física ou mental dos pacientes confiados ao médico, 
este estará obrigado a denunciar o fato à autoridade 
competente e ao Conselho Regional de Medicina. 
Art. 29. Participar, direta ou indiretamente, da execução de 
pena de morte. 
Art. 30. Usar da profissão para corromper costumes, 
cometer ou favorecer crime

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