Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dermatologia Estética Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Flavia Maria Pirola Pelá Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada • Hidrolipodistrofia Ginoide – HLDG; • Tecido Adiposo; • Biotipos Corporais. • Compreender a fi siopatologia das disfunções estéticas corporais, sinais e sintomas. • Desenvolver a habilidade de aprender continuamente, buscando aperfeiçoamento baseado em evidências científi cas durante a sua formação inicial e ao longo da sua vida profi ssional. • Desenvolver o pensamento científi co, apoiando-se na produção de novos conhecimentos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada Hidrolipodistrofia Ginoide – HLDG A alteração do relevo da pele conhecida mundialmente por “celulite estética”, já recebeu diversos termos, sendo hidrolipodistrofia ginoide (HLDG), o termo cien- tífico mais adequado – que significa: hidro, de água; lipo, de gordura; distrofia, referente às desordens metabólicas do tecido; e ginoide significa forma de mulher (SANTOS et al., 2011). Foi por, muito tempo, chamada de “celulite estética” por conta de sua popu- larização na França em 1920 – não sendo o termo mais adequado porque, na medicina, o termo celulite refere-se à inflamação, o que não é visto nesses quadros (AFONSO et al., 2010; GODOY et al., 2009; PASCHOAL et al., 2012). Afeta entre 80-90% das mulheres após a puberdade acometendo mais regiões de glúteos e coxas (EMANUELE et al., 2011). Sua fisiopatologia pode ser definida por alte- rações do metabolismo do tecido adiposo na camada superficial areolar, projeções do tecido adiposo na derme das áreas afetadas com alterações microcirculatórias, hiperpolimerização da matriz e presença de edema nas regiões afetadas. (TERRA- NOVA, BERARDESCA, MAIBACH, 2006; SANTOS et al., 2011; MANCINI, 2015). Além disso, nas mulheres, os septos do tecido adiposo são perpendiculares à pele e são mais fibrosos, ocasionando o aspecto celulítico (QUERLEUX et al., 2002; HEXSEL e MAZZUCO, 2013). Nos quadros de HLDG, ocorre a diminuição da temperatura da pele nos locais afetados devido a uma insuficiência dos esfíncteres pré-capilares que regulam o fluxo sanguíneo, ocorrendo uma diminuição de até 35% do fluxo sanguíneo nas áreas afetadas (ROSSI; VERGNANINI, 2000). Além disso, ocorre uma diminuição de adiponectina no local da HLDG (proteína vasodilatadora secretada pelo tecido adiposo) que leva a uma redução do fluxo (EMANUELE et al., 2011). Seu surgimento pode ser complexo e ocorrer por diversos fatores, sendo que nenhum deles atua isoladamente. Sua etiologia foi dividida em fatores etiopatogêni- cos predisponentes como: hereditariedade, mulheres caucasianas e biótipo corporal – fatores desencadeantes em que o hormônio feminino, o estrogênio, é o principal fator, desencadeando as alterações no tecido, estimulando a lipogênese e modifi- cando a matriz-extracelular (PASCHOAL et al., 2012). Fatores agravantes também podem influenciar o metabolismo, agentes internos como alterações hormonais e metabólicas, e agentes externos como o sedentarismo, alimentação, hábitos de vida e emocionais (ROSSI e VERGNANINI, 2000; PASCHOAL et al., 2012). É clinicamente classificada em uma escala em III graus conforme o aspecto visual encontrado: grau 0 sem alteração da superfície da pele; grau I, pele lisa, mas com alteração visual ao teste de casca de laranja, ou com contração muscular; grau II, aspecto casca de laranja sem manipulação ou sem contração; grau III, alterações do grau II acompanhado de aderências e nódulos (HEXSEL et al., 2009). Histolo- gicamente, ocorre em quatro fases evolutivas e difusas levando a uma esclerose do tecido, sendo elas: grau 0 - pele lisa, derme espessa e retenção mínima de fluído, sem acúmulo de colágeno; grau I - a microcirculação encontra-se com redução do fluxo sanguíneo, levando a um aumento da permeabilidade capilar e edema intersticial. 8 9 A pele encontra-se lisa, mas com aspecto casca de laranja a manipulação ou contra- ção muscular devido à protusão dos adipócitos em direção à derme; grau II - ocorre uma alteração nas trocas metabólicas, um agrupamento e hipertrofia dos adipócitos, com presença de fibroblastos em fase ativa; grau III - há uma deficiência microcir- culatória, causando hipóxia tecidual, e o depósito de glicosaminoglicanos leva a um fenômeno de hiperpolimerização da matriz-extracelular, causando o surgimento de micronódulos, comprimindo terminações nervosas, além da diminuição das fibras de colágeno e elastina; grau IV - todos os demais eventos mais a presença de macronó- dulos e distrofias. (GUIRRO e GUIRRO, 2004) (RONA et al., 2006) (TERRANOVA, BERARDESCA, MAIBACH, 2006). Abaixo, seguem alterações histológicas e clínicas dos 4 graus distintos (Tabela 1): Tabela 1 – Classifi cação e sintomatologia da HLDG Grau Histologia Quadro Clínico Figura 1 – HLDG grau I Fonte: iStock/Getty Images Espessamento da derme, aumento da permeabilidade capilar, micro-hemorragias, alteração dos adipócitos (aniso- poiquilocitose), ectasia capilar, vênulas pós-capilares com micro aneurismas. Assintomático Figura 2 – HLDG grau II Fonte: iStock/Getty Images Hiperplasia e hipertrofia de estruturas peridipócitas, fibrilas argentas pré-capilares que acompanham a dilatação capilar, micro- -hemorragias e espessamento da membrana basal capilar. Após compressão e contração da musculatura, observa-se palidez, diminuição da temperatura e elasticidade local. Figura 3 – HLDG grau III Fonte: iStock/Getty Images Alteração do tecido adiposo, com diminuição de células adiposas e neoformação de fibras de colágeno. Encapsulamento de adipócitos degenerados, formando micro nódulos. Espessamento e esclerose da camada interna de arteríolas, dilatação de vênulas com formaçãode microaneurismas que produzem hemorragia. Neoformação de rede capilar. Aspecto de “casca de laranja” mesmo em repouso. Na palpação, há presença de micronódulos dor diminuição da elasticidade diminuição da temperatura e palidez. Figura 4 – HLDG grau IV Fonte: iStock/Getty Images A estrutura lobular do tecido adiposo desaparece com a presença de nódulos de adipócitos degenerados encapsulados por tecido fibroso. Atrofia da derme, telangectasias, microvarizes e varizes. Mesmas características que o grau anterior; porém mais evidentes, com nódulos visíveis associadas a depressões da pele. 9 UNIDADE Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada As formas clínicas da HLDG (figura 5) são classificadas em: compacta – muitas vezes afeta mulheres jovens, ativas fisicamente e também obesas. Apresenta-se ao teste de palpação um tecido sem mobilidade e, no teste de palpar e rolar, nota-se a presença pequenos nódulos e aderências; flácida – no seu aspecto, observa-se o es- tado de frouxidão da pele sendo atraída pela gravidade, ou deformando-se conforme a posição ou movimento. Na palpação, mostra-se com textura amolecida com facili- dade de deslizamento entre os planos superficial e profundo; edematosa – presente em mulheres com alterações circulatórias, com presença de edema ao teste de Godet positivo (sinal clínico avaliado por meio de pressão digital sobre a pele) (SANTOS et al., 2011; BORGES, 2016; PASCHOAL, CUNHA, CIPORKIN, 2012). Figura 5 – Formas clínicas da HLDG Fatores Predisponentes, Desencadeantes e Agravantes • Hormonais: estrogênio; • Sedentarismo; • Dieta; • Genética familiar; • Obesidade e sobrepeso; • Distúrbios circulatórios; • Gravidez; • Disfunções intestinais; • Compressões externas; • Distúrbios posturais e ortopédicos; • Tabagismo; • Medicamentos. 10 11 Tecido Adiposo O panículo adiposo, ou tecido adiposo, é a camada mais profunda da pele. Ocorre quase universalmente na superfície do corpo, entre a fáscia profunda e a pele. É um tipo especial de conjuntivo no qual se observa predominância de células adiposas (adipócitos), originadas dos lipoblastos, que têm origem a partir da célula mesenquimal. São arredondadas e grandes, contendo em seu citoplasma uma grande quantidade de lipídeos. Os lipídeos são fundamentalmente triglicerídeos; também fazem parte dessa gordura um pigmento – o lipocrômio –, o colesterol, vitaminas e água (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2008) (BORELLI; HASMANN, 2013) (AZULAY; AZULAY; ABULAFIA, 2013). Os adipócitos formam grandes agregados, constituindo o tecido adiposo distribuído pelo corpo, e o restante é composto por células endoteliais, sanguíneas, epiteliais, musculares, fibroblastos, pericitos e células precursoras de adipócitos em diferentes graus de diferenciação. Representa, em mulheres de peso normal, 20 a 25% do peso corporal e em homens, 15% do peso corporal (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2017) (BORELLI; HASMANN, 2013) (BORGES, 2016). As funções do tecido adiposo são variadas. Ele age como armazenamento de energia, amortecedor, isolamento térmico, possui capacidade de sintetizar hormô- nios, preenche espaços entre outros tecidos, auxilia a manter determinados órgãos em suas posições normais e é responsável também por modelar a superfície corpo- ral. É o mais importante reservatório de triglicerídeos no organismo e possui como principal componente os adipócitos (OLIVEIRA; BRESSAN, 2010) (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2017) (BORGES, 2016). A gordura é retida no tecido adiposo, onde sua função é armazenar triglicerídeos a fim de fornecer energia aos demais tecidos e no fígado (GUIRRO; GUIRRO, 2004). A gordura adicional é armazenada nos lipócitos, que expandem no tamanho até que a gordura seja utilizada como fonte energética, de forma a iniciar um acúmulo de gordura (GUYTON; HALL, 2006). Os adipócitos são células específicas que armazenam lipídeo e possuem origem mesodérmica do tipo conjuntivo, que têm inclusões lipídicas de ácidos graxos sob a forma de triglicerídeos e se desenvolvem a partir das células percussoras, chamadas pré-adipócitos. Essas células possuem todas as enzimas e proteínas reguladoras necessárias para sintetizar ácidos graxos, mecanismo chamado lipogênese; e estocar triglicerídeos em períodos em que a ofertas de energia é abundante e para mobilizá- -los pela lipólise, que é a hidrólise de triglicerídeos, quando há déficit calórico. A regulação desses processos ocorre por meio de nutrientes e sinais aferentes dos tradicionais sistemas neurais e hormonais, e depende das necessidades energéticas do indivíduo (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2017). 11 UNIDADE Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada A lipólise é a degradação de triglicerídeos em glicerol e ácidos graxos, mediado por fatores hormonais e neurais. A regulação hormonal é feita pela insulina e glucagon, enquanto a regulação neural é feita pelas catecolaminas. As catecolaminas estimulam a lipólise e a insulina inibe. O tecido adiposo possui inervação com o sistema nervoso autônomo e seus transmissores químicos têm efeito estimulante sobre o tecido adiposo (BRITO, 2015). A liberação de ácidos graxos e glicerol a partir dos triglicerídeos armazenados em adipócitos ocorre em várias condições fisiológicas, tais como exercício, stress, jejum e também em condições patológicas, como no diabetes mellitus descompensado. Mecanismos hormonais desempenham um importante papel nessa liberação. Alguns hormônios e também a estimulação de certos nervos do sistema autônomo, causam o aumento da lipólise em questão de minutos, por promoverem a formação de AMPc (3` - 5`- AMP cíclico), o qual estimula uma proteína-quinase, que ativa uma triglicéride-hidrolase, a qual é a enzima-chave dessa sequência, pois catalisa a reação química que nessa via metabólica é o passo, e assim atua como uma “lipase regulada por hormônios”. O hormônio tiroideano parece aumentar a sensibilidade do tecido adiposo a esses hormônios, ao passo que a insulina e a prostaglandina PGE 1 inibem a ação dos mesmos (WILSON; FOSTER, 1988). Também pode ser mediado em parte pelo sistema nervoso central, por meio da ação de receptores α-adrenérgicos e β-adrenérgicos situados na superfície dos lipócitos. Entre os estimulantes β-adrenérgicos conhecidos, são: teobromina, teofilina, ácido teoflineacético, cafeína, isopropilarterol e epinefrina. Entre os inibidores α-adrenérgicos, incluem-se: ioimbina, α-ioimbina, piperoxano, fentolamina e diidro- ergotamina. Estudos concluem que os agonistas β-adrenérgicos podem aumentar diretamente a concentração de AMP cíclico intracelular e, dessa forma, estimular a lipólise. A enzima fosfodiesterase é responsável pela degradação do AMPc, que é o mediador da hidrolise dos triglicerídeos, impedindo a lipólise nas células adiposas. Dessa forma, quando inibida por β-adrenérgicos, a meia-vida do AMPc intracelular é elevada, estimulando o aumento dos níveis de lipólise ((WILSON; FOSTER, 1988). O efeito mais importante é que a enzima lipase, sensível a hormônio nas células adiposas, torna-se fortemente ativada. Isso causa a hidrólise dos triglicerídeos armazenados, liberando quantidade de ácidos graxos e glicerol para dentro do sangue circulante (GUYTON & HALL, 1997). Quando os ácidos graxos livres e glicerol são liberados do tecido adiposo, eles circulam por pouco tempo no plasma sanguíneo (WILSON; FOSTER, 1988). Os ácidos graxos de cadeia longa são direcionados para o interior da mitocôndria, onde ocorre oxidação da CO2 e água, com produção de energia sob a forma de trifosfato de adenosina (ATP) (MAIO, 2014) e as cadeias mais curtas atravessam facilmente as células epiteliais e são levados até o fígado pela circulação do sistema venoso portal (WILSON; FOSTER, 1988). 12 13 Esse ácido graxo torna-se, então, o principal substratoenergético usado por essencialmente todos os tecidos do corpo, exceto o cérebro (GUYTON & HALL, 1997). Os ácidos graxos circulam na forma de complexos de albumina. A sua utilização depende muito do fluxo sanguíneo (WILSON; FOSTER, 1988). Já o glicerol é oxidado apenas por alguns tecidos, então a maior parte é levada ao fígado, onde ele é fosforilado pela glicerol-quinase e reutilizado na formação de triglicerídeos, ou usado na gliconeogênese (KRUMMEL, 1998) (WILSON; FOSTER, 1988). Há duas variedades de tecido adiposo que apresentam distribuição no corpo, na estrutura, na fisiologia e em patologias diferentes. Uma variedade é o tecido adiposo branco, amarelo, ou unilocular (figura 6), cujas células, quando completamente desenvolvidas, contêm apenas uma gotícula de gordura que ocupa quase todo o citoplasma e têm a função principal de isolante térmico, impedindo choques e servindo como base para o deslizamento da musculatura. A outra variedade é o tecido adiposo marrom, pardo, ou multilocular, formado por células que contém numerosas gotículas lipídicas, muitas mitocôndrias e é o principal responsável pela termogênese (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2017) (FONSECA, 2007). O tecido adiposo branco, amarelo, ou unilocular é composto por adipócitos amarelos maduros, que são células grandes, que podem alterar acentuadamente o seu tamanho, conforme a quantidade de lipídeo acumulada. Esse tipo de gordura forma o panículo adiposo, camada de gordura disposta sob a pele. O principal lipídeo armazenado é o triglicerídeo, e suas fontes são alimentação e síntese no fígado a partir da glicose, e está envolvido em diversos processos metabólicos e fisiológicos (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2017). Figura 6 – Tecido adiposo amarelo e marrom. 13 UNIDADE Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada Concomitantemente, obtém-se a lipodistrofia localizada, que é caracterizada pelo excesso de adipócitos localizados de forma desordenada em regiões do corpo. Sua localização varia de acordo com o sexo. As mulheres apresentam predomínio de células adiposas em regiões femoroglúteas, mas sua localização pode ser influenciada de acordo com o seu biotipo. Já os homens, apresentam maior acúmulo de tecido adiposo na região do abdômen (CIPORKIN, 1992) (MENDONÇA, 2008). Há pelo menos dois tipos de depósito de gordura: depósito geral que mobiliza-se com facilidade; e depósito hereditário, onde se tem uma resistência ao emagrecimen- to. Nesses tipos de depósito, o metabolismo é lento, e para isso são utilizados os tra- tamentos estéticos para lipodistrofia localizada. Os depósitos hereditários podem ser classificados em três formas: androide, ginoide e forma mista (MENDONÇA, 2008). O aumento de gordura pode estar relacionado a dois tipos: hipertrófica, que é o aumento do tamanho da célula adiposa, e hiperplásica, o aumento o número de células adiposas. Essa distribuição pode ser variável, podendo ser armazenada na região abdominal, sendo considerada padrão androide, ou na região glútea ou femural, sendo o padrão ginoide. O abdômen é um dos locais de maior acúmulo adipocitário, sendo composto por tecido adiposo intra-abdominal e tecido adiposo subcutâneo, tornando-se local de difícil redução da adiposidade, pois há uma quantidade significativa de triglicerídeos. A camada de tecido adiposo pode apresentar espessuras variadas de acordo com sua distribuição e sua localização. Se a gordura está depositada predominantemente na região abdominal, caracteriza-se como biotipo androide e é mais comum em homens; se a gordura é predominante nas coxas e quadris, caracteriza-se biotipo ginoide, sendo mais frequente em mulheres (MENDONÇA, 2008). Existem diversos fatores acerca da lipodistrofia localizada, sendo eles: uso de glicocorticoides (retêm sódio e água e alteram o metabolismo de carboidratos); disfunção de hormônicos tireoidianos; hormônios sexuais (influenciam no crescimento da célula adiposa estimulando a diferenciação dos pré-adipócitos em células maduras); má alimentação; dieta hipercalórica; e idiopática. A lipodistrofia localizada é reconhecida principalmente como fator de risco para doenças cardiovasculares, diabetes, dislipidemias e síndrome metabólica (WAJCHENBERG, 2000). Biotipos Corporais • Androide: acúmulo de adipócitos na região abdominal ⇒ formato de maça. Mais frequente nos homens. Ginoide: acúmulo de adipócitos localizados em região de quadril ⇒ formato de pêra. Mais frequente nas mulheres. Biotipos corporais: https://goo.gl/NbBP6k Ex pl or 14 15 Índice de Massa Corpórea (IMC) O IMC calcula a massa corpórea do paciente em relação a quantidade de tecido adiposo presente no indivíduo. IMC= peso Kg / altura (m)² • < 20 = peso baixo • 20 a 25 = normal • 25 a 29,9 = obesidade grau 1 • 30 a 40 = obesidade grau 2 • > 40 = obesidade grau 3, obesidade mórbida 15 UNIDADE Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Gordura Localizada Entendendo o Processo de Lipólise vs. Lipogênese https://youtu.be/bpW5SvF_F38 Leitura Celulite: artigo de revisão AFONSO, J. P. J. M.; TUCUNDUVA, T. C. M.; PINHEIRO, M. V. B.; BAGATIN, E. Celulite: artigo de revisão. Surg Cosmet Dermatol. 2010;2(3)214-19. https://goo.gl/jiRcTn Controle da adipogênese por ácidos graxos QUEIROZ, J. C. F.; AFONSO-VALE, M. I. C.; CURI, R,; LIMA, F. B. Controle da adipogênese por ácidos graxos. Arq Bras Endocrinol Metab. 2009;53/5. https://goo.gl/bFkKYa Hidrolipodistrofia ginoide: aspectos gerais e metodologias de avaliação da eficácia SANTOS, M. N. S. R.; SARRUF, F. D.; BALOGH, T. S.; PINTO, C. A. S. O.; KANEKO, T. M.; BABY, A. R.; ROBLES, M. V. Hidrolipodistrofia ginoide: aspectos gerais e metodologias de avaliação da eficácia. Arq Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, v.36, n. 2, p. 85-94, Mai./Ago. https://goo.gl/uMMFG3 16 17 Referências AFONSO, J. P. J. M.; TUCUNDUVA, T. C. M.; PINHEIRO, M. V. B.; BAGATIN, E. Celulite: artigo de revisão. 2010. Disponível em: http://www.surgicalcosmetic. org.br/detalhe-artigo/82/Celulite--artigo-de-revisao. AGNE, J. E. Eu sei eletroterapia. Santa Maria: Paliotti, 2009. AGNE, Jones Eduardo. Eletrotermofototerapia. Santa Maria: Andreoli, 2013. 448 p. AVRAM, M. M. Cellulite: a review of its physiology and treatment. Journal of Cosmetic and Laser Therapy 6.4, 181-185, 2004. AZULAY, R. D. AZULAY, D. R. AZULAY-ABULAFIA, L. Dermatologia – 6 ed. Guanabara Koogan, 2013. BORELLI, S; HASMANN, C. Recursos Técnicos em Estética. Volume II. Maria de Fátima Lima Pereira (org.) 1 ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2013 BORGES, F. S. Dermato Funcional: Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. São Paulo: Phorte, 2006; (1): 62-73. BORGES, F. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2010. 672 p. BORGES, F. S; SCORZA, F. A. Terapêutica em Estética: Conceito e técnicas. São Paulo: Phorte Editora, 2016. 582 p. BRITO, P. C. _____et al. Efeito do ultrassom focalizado (HIFU) no tecido adiposo abdominal. Revista Amazônia Science & Health. v. 3, n. 3, p. 17-25, 2015. CIPORKIN, H; Paschoal, L. H. Atualização terapêutica e fisiopatogênica da lipodistrofia ginóide (LDG) “celulite”. São Paulo: Santos; 1992 COLEMAN, K. M; COLEMAN, W. P. 3rd, Benchetrit, A. Non-invasive, external ultrasonic lipolysis. Semi-nars in Cutaneous and Medical Surgery, v. 28, n. 4, p. 263-7, 2009. COSTA, A.; ALVES, C.R.; PEREIRA, E.S.; CRUZ, A. M.; FIDELIS, M. C.; FRIGÉRIO, R. M.; MONTAGNER, S.; MEDEIROS, C. L. S.. Lipodistrofia ginoide e terapêutica clínica: análise crítica das publicações científicas disponíveis. Surgical and Cosmetic Dermatology, 2012. COSTA, E. R. R. Lipodistrofia Ginoide: tratamento da celulite. Rio deJaneiro: Revinter, 2009. COSTENARO, A. R. P. Ozonioterapia na redução de gordura localizada. Orientação: Andreia Janine de Oliveira Lima. Blumenau. Universidade Regional de Blumenau, Dep. De Ciências Farmacêuticas. Monografia. 2002. 25p 17 UNIDADE Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada CUNHA, M. G.; CUNHA, A. L.; MACHADO, C. A. Fisiopatologia da lipodistrofia ginoide. Surgical and Cosmetic Dermatology. Rio de Janeiro: 2015. Disponível em: http://www.redalyc.org/pdf/2655/265541072002.pdf. DRAELOS, Z. D. The disease of cellulite. J.Cosm. Dermatol. North Main Street, High Point, NC, 2005. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/ epdf/10.1111/j.1473-2165.2005.00194.x. FINK, J. S.; MERMELSTEIN, H.; THOMAS, A. et al. Use of intense pulsed light and a retinyl-based cream as a potential treatment for cellulite: a pilot study. J. Cosmet Dermatol. South Salem, New York, 2006. Disponível em: https://www. ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17177749. GODOY, J. M. P.; GODOY, M. F. G. Physiopathological Hypothesis of Cellulite. The Open Cardiovascular Medicine Journal. São Jose do Rio Preto, p. 96-97. 24 ago. 2009. GUIRRO, E.; GUIRRO, R.. Fisioterapia dermato-funcional: Fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004 GUIRRO, Elaine; GUIRRO, Rinaldo. Fisioterapia dermato-funcional: Funda- mentos, recursos, patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004. GUYTON, Arthur C; HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006 HEXSEL, D.; DAL’FORNO, T.; HEXSEL, C. A validated photonumeric cellulite severity scale. Journal Of The European Academy Of Dermatology And Venereology. [s.l.], p. 523-528. maio 2009. Disponível em: <https://www.ncbi. nlm.nih.gov/pubmed/19220646>. Acesso em: 15 out. 2017. HEXSEL, D.; MAZZUCO, R.. Cellulite. Update In Cosmetic Dermatology, [s.l.], p.21-32, 2013. Springer Berlin Heidelberg. http://dx.doi.org/10.1007/978-3- 642-34029-1_2 JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. JUNQUEIRA, l. C; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e atlas. 11. ed. Guanabara: Rio de Janeiro, 2008. P. 124-8. JUNQUEIRA, L. U; CARNEIRO, J. Histologia Básica, 12. ed. Guanabara Koogan, 2013. 556 p. VitalSourceBookshelf Online KRUMMEL, Debora. Lipídeos In: MAHAN, L. Kathleen; ESCOTT-STUMP, Sylvia. Krausen: Alimentos, nutrição & dietoterapia. 9 ed. São Paulo: Roca, 1998. 18 19 MACHADO, A. F. P.; TACANI, R. E.; SCHWARTS, J.; LIEBANO, R. E.; RAMOS, J. L. A.; FRARE, T. Incidência de fibro edema geloide em mulheres caucasianas jovens: Incidence of cellulite in young Caucasian women. Arq. Bras. Ciên. Saúde, Santo André, v. 2, n. 34, p.80-86, 04 maio 2009. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/1983-2451/2009/v34n2/a005.pdf>. Acesso em: 09 set. 2017. MAIO, M. D. Tratado de Medicina Estética. Vol III. Editora Roca: São Paulo, 2004. p 1498-1420 MANCINI, M. C.; GELONESE, B.; SALLES, J. E. N.; DE LIMA, J. G.; CARRA, M. K. Tratado de Obesidade. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. MENDONÇA, A. G; RODRIGUES, R. D; CORRADI, D. P. et al. Protocolo de avaliação fisioterapêutica em adiposidade localizada. Fisioterapia Brasil – Suplemento especial, p.26-31, 2008 MEYER, P. F.; LISBOA, F. L.; ALVES, M. C. R.; AVELINO, M. B. Desenvolvimento e aplicação de um protocolo de avaliação fisioterapêutica em pacientes com fibro edema geloide. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 18, n. 1, p.75-83, jan./mar. 2005. NÜRNBERGER, F.; MÜLLER, G. So-Called Cellulite: An Invented Disease. The Journal Of Dermatologic Surgery And Oncology, [s.l.], v. 4, n. 3, p.221-229, mar. 1978. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/j.1524-4725.1978. tb00416.x. OLIVEIRA, A. S; BRESSAN, J. Tecido adiposo como regulador da inflamação e da obesidade. Rev. Digital, Buenos Aires, 2010 PASCHOAL, Luís Henrique Camargo; CUNHA, Maria Gonzaga da; CIPORKIN, Hugo. Fisiopatologia e Atualização Terapêutica da LipodistrofiaGinoide (LDG) - Celulite. 2. ed. Rio de Janeiro: di Livros, 2012. PASCHOAL, Luís Henrique Camargo; CUNHA, Maria Gonzaga da; CIPORKIN, Hugo. Fisiopatologia e Atualização Terapêutica da LipodistrofiaGinoide (LDG) - Celulite. 2. ed. Rio de Janeiro: di Livros, 2012. RONA, C.; CARRERA, M.; BERARDESCA, E..Testing anticellulite products. International Journal Of Cosmetic Science, [s.l.], v. 28, n. 3, p.169-173, jun. 2006. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/j.1467-2494.2006.00317.x. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1467- 2494.2006.00317.x/full> . 19 UNIDADE Alterações Corporais II: HLDG e Gordura Localizada ROSSI, Ana Beatris R.; VERGNANINI, André Luiz. Cellulite: a review. Journal Of The European Academy Of Dermatology And Venereology. [s.l.], p. 2521-262. July 2000. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1046/j.1468- 3083.2000.00016.x/abstract>. Acesso em: 15 out. 2017. SANTOS, Idalina Maria Nunes Salgado Reis dos et al. Hidrolipodistrofiaginoide: aspectos gerais e metodologias de avaliação da eficácia (2011). Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde, Santo André, v. 36, n. 2, p.85-94, jun. 2011. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1983-2451/2011/v36n2/a2199.pdf TERRANOVA, F.; BERARDESCA, E.; MAIBACH, H..Cellulite: nature and aetiopathogenesis. International Journal Of Cosmetic Science, [s.l.], v. 28, n. 3, p.157-167, jun. 2006. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/ j.1467-2494.2006.00316.x. Disponível em: <https://www.researchgate.net/ publication/5361749_Cellulite_Nature_and_aetiopathogenesis>. WAJCHENBERG, B. L.. Tecido Adiposo como Glândula Endócrina. Arq Bras Endocrinol Metab vol.44 no.1 São Paulo Feb. 2000. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302000000100004. WILSON, J. D; FOSTER, D. W. Tratado de Endocrinologia. Vol 2. 7a edição. Editora Manole: São Paulo, 1988. 20
Compartilhar