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Cuidador de Idoso - Turma 2023B 5.3 Insônia A insônia caracteriza-se pela falta de sono ou por uma dificuldade prolongada para adormecer por vários dias. Uma noite mal dormida não significa necessariamente que o indivíduo possua insônia. Da mesma maneira, uma pessoa idosa que sempre “dormiu com as galinhas”, ou seja, sempre dormiu muito cedo e acorda sempre de madrugada, não significa que tem problemas de sono. Por isso, sempre é bom perguntar qual era o padrão anterior de sono e compará-lo com o atual, para definir se existe ou não problema para dormir. Diversos problemas podem interferir nesse processo. Queixas do sono são muito frequentes na população em geral e, principalmente, entre as pessoas idosas, podendo ocorrer em até 35% das pessoas acima de 60 anos. A falta de sono prejudica as atividades durante o dia, atrapalha a memória e pode agravar episódios de depressão. As queixas de sono (excesso ou falta) não devem ser avaliadas isoladamente, pois, em grande parte das vezes, os problemas do sono são decorrentes de outros problemas de saúde, como a depressão, uso de remédios que atrapalham o sono, horários inconstantes de deitar e acordar, problemas urinários noturnos e, inclusive, alimentação exagerada noturna. Causas mais comuns de distúrbio do sono Existe uma vasta classificação para os problemas relacionados ao sono, e a insônia é somente uma parcela destes problemas. A seguir, serão expostos os problemas de sono mais comuns na faixa etária geriátrica. Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS): as expressões “dorme tão bem que ronca alto” ou “dorme de noite e até de dia!” nem sempre significam sono de boa qualidade. Quem ronca pode sofrer da SAOS, que prejudica o organismo em toda sua extensão, causando pressão alta, arritmia cardíaca, problemas de memória e atenção, “derrame cerebral”, alterações do humor, dentre outras doenças. Às vezes, um simples descontrole da pressão sanguínea pode ser decorrente de uma noite mal dormida. Nestes casos, uma avaliação com o médico é de extrema importância, pois existem tratamentos para esta síndrome, melhorando o ronco e também suas consequências. Importante lembrar que remédios que fazem dormir, como os famosos remédios controlados como o “diazepam”, podem piorar o ronco ou a apneia e aumentar a probabilidade de complicações como, por exemplo, a morte súbita. Na maioria dos casos, a atividade física e a perda de peso (para quem está acima do peso) colaboram significativamente no controle dos roncos e da apneia. Assim, aquele indivíduo que ronca já pode ter um benefício imediato com o exercício físico e uma dieta equilibrada. Síndrome das pernas inquietas: também muito frequente entre as pessoas idosas e que pode atrapalhar o sono noturno. Essas pessoas se queixam de sensações desagradáveis nas pernas, como “comichão”, “formigamento”, “agonia”, “sensação de água fria” etc. Isso faz com que a pessoa mexa as pernas para aliviar, o que atrapalha o início do sono. Como existem causas para esta síndrome, também é necessário que a pessoa idosa faça uma avaliação médica para pesquisar estas possíveis causas, como a anemia e o diabetes. Também é uma doença que tem tratamento fácil e eficaz. Desordens do ritmo biológico: aspectos importantes que regulam o ritmo do sono são as referências ambientais, ou seja, fatores ambientais que ocorrem no decorrer das 24 horas e que colaboram para um sono de boa qualidade. Um bom exemplo destes fatores é a alimentação em horários regulares e a manutenção dos horários de dormir e de se levantar. Isso permite que o organismo mantenha um equilíbrio na liberação de hormônios, inclusive da melatonina, considerada por muitos como o “hormônio do sono”. Pessoas que não mantêm o horário de dormir, que dormem com a luz acesa ou que dormem muito durante o dia, podem apresentar problemas relacionados ao ritmo biológico. Neste caso, a manutenção dos horários e rotinas no decorrer do dia e da noite podem colaborar para um bom sono. Problemas do sono em pessoas idosas com demência: também bastante frequentemente observado por quem cuida de pessoas idosas, principalmente portadores de demência de Alzheimer. Aquela pessoa idosa que acorda à noite com agitação, confusão mental e às vezes agressividade, pode causar transtornos a si, a toda família e aos cuidadores. Geralmente estes transtornos são motivos de internação em instituições de longa permanência para idosos e responsáveis pelo uso exagerado de remédios calmantes. Essas confusões noturnas devem ser informadas ao médico que cuida da pessoa idosa e, sempre que possível, devem ser tratadas como um grande problema a ser resolvido, pois essas pessoas idosas são mais suscetíveis a quedas e acidentes domésticos. Geralmente o tratamento desta desordem é difícil e prolongado, mas na maioria das vezes eficaz. Condutas que devem ser observadas As informações que devem ser passadas ao médico ou profissional que está acompanhando a pessoa idosa são fundamentais. Muitos cuidadores “preferem” que o idoso passe a maior parte do tempo dormindo, para ter “menos trabalho”. Mas, no fim, isso pode se tornar um verdadeiro pesadelo, uma vez que a falta ou excesso de sono podem prejudicar significativamente a memória e causar episódios de confusão mental. Além do mais, os familiares geralmente gostam de ver seu parente o mais ativo possível e de preferência exercendo sua autonomia. Se o cuidador puder levar para a consulta médica um diário do sono da pessoa idosa, isso pode colaborar. Anote os horários que a pessoa idosa vai para a cama, quanto tempo passa dormindo e a que horas acorda. Pesadelos noturnos podem significar episódios de hipoglicemia ou uso de determinadas medicações. Movimentos anormais durante o sono também podem representar problemas, como convulsões ou terror noturno e que se beneficiariam de tratamento especializado. O número de vezes que a pessoa idosa acorda à noite também é importante de ser anotado e relatado. Lembre-se, uma noite que a pessoa idosa não dormiu bem, não significa que ela tem problemas de sono. A insônia só se torna presente quando ocorre mais frequentemente, mais de três vezes por semana. Alguns aspectos são importantes para quem quer dormir bem ou que ache o sono insuficiente. É o que é conhecido como Higiene do Sono. O quarto de dormir não deve ser utilizado para trabalhar, estudar ou comer. Ainda que essas atividades sejam incomuns para as pessoas idosas, é bastante frequente entre os cuidadores, que “aproveitam” as horas para estudar, ler ou ver televisão no quarto da pessoa idosa. Quem tem problemas para dormir deve evitar assistir à televisão antes de dormir. Filmes ou programas violentos ou com aspectos emocionais fortes devem ser evitados, pois podem gerar ansiedade, medo e dificuldade para iniciar o sono. Não tente resolver problemas ou ter conversas muito emotivas com a pessoa idosa antes dela dormir. Além de inibir o início do sono, as emoções podem desencadear pesadelos e sensações desagradáveis durante o sono. Oriente a pessoa idosa a não cochilar durante o dia. Esse é um ponto bastante importante. O cochilo faz com que aquele hormônio do sono, a melatonina, seja liberado na hora errada, levando à falta deste hormônio à noite. O cochilo, para quem gosta ou tem o hábito de exercê-lo, deverá ser somente após o almoço e no máximo 30 minutos. Nunca deve ocorrer no final da tarde ou no início da noite. Quem não tem o hábito de cochilar, não deve fazê-lo, pois provavelmente interferirá no sono à noite. Lembre-se de que o termo “cochilo” pode ser também aqueles fechamentos de olhos diante da televisão, caso eles sejam frequentes. Promova exercícios físicos frequentes para a pessoa idosa, mas os evite até 6 horas antes de ir para a cama, pois podem deixar a pessoa muito “acesa”. A atividade física deve ser realizada e estimulada entre as pessoas idosas somente após uma avaliação médica adequada. A atividade física neste caso significa uma caminhada, natação, hidroginástica ou mesmo ginástica estática. O exercício libera substâncias (endorfinas),que ajudam nas queixas de dor e que posteriormente relaxam os músculos, aliviando a tensão e melhorando o sono. Oriente a pessoa idosa para evitar bebidas alcoólicas, café, chá preto e fumo. O álcool, apesar de relaxar inicialmente, promove um sono de péssima qualidade, uma vez que não permite o aprofundamento do sono, possibilitando, em quem tem ronco, piora da apneia. O café e os chás pretos devem ser evitados à noite e tomados de forma modesta durante o dia. O fumo, como o álcool, colabora negativamente com o sono, pois deixa o organismo mais “aceso”, além de colaborar para diversas outras doenças associadas, como o câncer. Mantenha um quarto agradável. Quarto barulhento, muito quente ou frio pode atrapalhar o sono. Em muitos locais, como instituições de longa permanência para idosos e instituições hospitalares, o barulho já faz parte da rotina de trabalho dos profissionais e perturbam bastante o sono de quem deseja e precisa dormir. Um quarto silencioso, escuro e com temperatura agradável pode facilitar em muito o início e a manutenção do sono. Oriente a pessoa idosa a dormir somente o necessário, evitando permanecer na cama sem sono. Aquela pessoa que após despertar, fica deitada, seja por que gosta ou por que depende de outra pessoa para ajudá-lo a levantar-se, tem mais probabilidade de apresentar problemas de sono à noite, permanecendo cada vez mais na cama sem efetivamente estar dormindo. Assim, cria-se um círculo vicioso que se torna difícil de romper. Devemos lembrar também que o fato de passar muito tempo na cama possibilita o aparecimento de feridas na pele, as chamadas úlceras por pressão. Evite administrar remédios à noite, pois ao ser acordada a pessoa idosa pode ficar confusa ou mesmo ter dificuldades para reiniciar o sono. O uso de remédios no meio da noite deverá ocorrer somente em casos especiais e a partir da prescrição médica. Muitos cuidadores e auxiliares de enfermagem não têm essa preocupação, inclusive utilizando remédios diuréticos à noite, permitindo que a pessoa idosa acorde para ir ao banheiro ou fique com a fralda encharcada de urina, aumentando também a possibilidade de outros problemas. Faça com que a pessoa idosa possa expor-se ao sol ou à luminosidade durante o dia, principalmente no final da tarde, tomando cuidado com a pele. A luz inibe a liberação de melatonina e a estimula durante a noite, o que colabora significativamente para a qualidade do sono. Se a pessoa idosa tem dificuldade para sair de casa, procure colocá-la diante da janela ou providencie lâmpadas mais fortes para o quarto, de preferência fluorescentes. Isso também colabora para uma melhora do sono. Lembre- se que a luz é excelente durante o dia, mas péssima à noite. Em um mundo cada vez mais violento, barulhento e agitado, dormir bem passou a ser uma grande vantagem dos que querem envelhecer com saúde e principalmente das pessoas idosas que querem ter uma boa qualidade de vida. Por isso, fica a recomendação para cuidadores e familiares de pessoas idosas: durmam bem e cuidem do sono de quem está sob seus cuidados. Este material foi baseado em: CAMARGOS, Einstein. Insônia. In: Born, Tomiko. Cuidar Melhor e Evitar a Violência - Manual do Cuidador da Pessoa Idosa. Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2008. Última atualização: quarta, 1 mar 2023, 17:34 ◄ 5.2 Acidente Vascular Encefálico ou AVC Seguir para... 5.4 Teste seus conhecimentos ► https://moodle.ifrs.edu.br/mod/page/view.php?id=339081&forceview=1 https://moodle.ifrs.edu.br/mod/quiz/view.php?id=339083&forceview=1
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