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1 A FISCALIZAÇÃO DO TRÂNSITO E DO CONDUTOR 1 Sumário INTRODUÇÃO................................................................................................. 4 APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 5 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................... 6 AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO .................................................. 9 Agentes próprios e convênios ....................................................................... 10 Jurisdição da via ............................................................................................ 12 Legitimidade do agente e consistência do auto de infração de trânsito (AIT) 13 Tipificação da infração ................................................................................... 14 Local, data e hora do cometimento da infração ......................................... 15 Placa, marca e espécie do veículo ............................................................. 15 Prontuário do condutor ............................................................................... 16 Identificação do órgão, do agente ou do equipamento .............................. 16 Assinatura do autuado ............................................................................... 17 Bom senso e discricionariedade do agente ................................................... 18 Abordagem .................................................................................................... 19 Advertência ................................................................................................ 20 INFRAÇÃO DE TRÂNSITO ........................................................................... 20 RESPONSABILIDADE PELA INFRAÇÃO ..................................................... 21 Proprietário................................................................................................. 21 Condutor .................................................................................................... 21 Embarcador................................................................................................ 22 Transportador............................................................................................. 22 Responsabilidade Solidária ........................................................................ 22 Pessoa Física ou Jurídica expressamente mencionada no CTB ............... 22 AUTUAÇÃO ................................................................................................... 23 Autuação em locais especiais e privados .................................................. 25 MEDIDAS ADMINISTRATIVAS ..................................................................... 26 Retenção do Veículo .................................................................................. 27 2 Remoção do Veículo .................................................................................. 28 Recolhimento do Documento de Habilitação ............................................. 29 Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual (CLA/CRLV) .......... 30 Transbordo do Excesso de Carga.............................................................. 30 Recolhimento de Animais que se Encontrem Soltos nas Vias e na Faixa de Domínio das Vias de Circulação ........................................................................... 31 HABILITAÇÃO ............................................................................................... 31 CATEGORIA E ESPECIFICAÇÃO .............................................................. 32 Condutor oriundo de país Estrangeiro ....................................................... 33 DISPOSIÇÕES FINAIS: ................................................................................ 35 Bis in idem e infração continuada .................................................................. 36 REFERENCIAS ............................................................................................. 37 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 INTRODUÇÃO A fiscalização, conjugada às ações de operação de trânsito, de engenharia de tráfego e de educação para o trânsito, é uma ferramenta de suma importância na busca de uma convivência pacífica entre pedestres e condutores de veículos. As ações de fiscalização influenciam diretamente na segurança e fluidez do trânsito, contribuindo para a efetiva mudança de comportamento dos usuários da via, e de forma específica, do condutor infrator, através da imposição de sanções, propiciando a eficácia da norma jurídica. Nesse contexto, o papel do agente de trânsito é desenvolver atividades voltadas à melhoria da qualidade de vida da população, atuando como facilitador da mobilidade urbana ou rodoviária sustentáveis, norteando-se, dentre outros, pelos princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Desta forma o presente manual tem como objetivo uniformizar procedimentos, de forma a orientar os agentes de trânsito nas ações de fiscalização. 5 APRESENTAÇÃO O Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito contempla os procedimentos gerais a serem observados pelos agentes de trânsito, conceitos e definições e está estruturado em fichas individuais, classificadas por código de enquadramento das infrações e seus respectivos desdobramentos. As fichas são compostas dos campos, abaixo descritos, destinados ao detalhamento das infrações com seus respectivos amparos legais e procedimentos: • Tipificação resumida – descreve a conduta infracional de acordo com Portaria do Denatran. • Código do enquadramento – indica o código da infração e seu desdobramento. • Amparo Legal – indica o artigo, inciso e alínea do CTB. • Tipificação do Enquadramento - descreve a conduta infracional de acordo com o CTB. • Natureza – informa a classificação da infração de acordo com a sua gravidade. • Penalidade – informa a sanção aplicada a cada conduta infracional. • Medida Administrativa – indica o procedimento aplicável à conduta infracional. • Infrator – informa o responsável pelo cometimento da infração. • Competência – indica o órgão ou entidade de trânsito com competência para autuar. • Pontuação – informa o número de pontos computados ao infrator. • Pode configurar crime – informa a previsão de eventual ilícito criminal. • Sinalização – informa a necessidade da sinalização para configurar a infração. 6 • Constatação da infração – indica as situações nas quais a abordagem é necessária para a constatação da infração. • Quando Autuar– indica as situações que configuram a infração tipificada na respectiva ficha. • Não Autuar – indica as situações que não configuram a infração tipificada na respectiva ficha ou remete a outros enquadramentos. • Definições e Procedimentos – menciona dispositivos legais, estabelece definições e indica procedimentos específicos. • Campo ‘Observações’- indica ou sugere informações a serem registradas no campo ‘observações’ do auto de infração. • Desenho ilustrativo – apresenta ilustrações que representam situações infracionais. • Regulamentação – relaciona as normas aplicáveis. • Informações complementares – esclarece quanto a situações específicas. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas ACC: Autorização para Conduzir Ciclomotor AE: Autorização Especial AEA: Autorização Especial Anual AED: Autorização Especial Definitiva AET: Autorização Especial de Trânsito AGETRAN: Agência Municipal de Transporte e Trânsito AIT: Auto de Infração de Trânsito ANTT: Agência Nacional de Transportes Terrestres ART: Artigo 7 BHTRANS: Empresa de Transporte e Transito de Belo Horizonte CET: Companhia de Engenharia de Tráfego CETRAN: Conselho Estadual de Trânsito CF: Constituição Federal CITV: Certificado de Inspeção Técnica Veicular CLA: Certificado de Licenciamento Anual CMT: Capacidade Máxima de Tração CNH: Carteira Nacional de Habilitação CNPJ: Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNT: Confederação Nacional de Transporte CONAMA: Conselho Nacional do Meio Ambiente CONTRAN: Conselho Nacional de Trânsito CONTRANDIFE: Conselho de Trânsito do Distrito Federal CP: Código Penal CPF: Cadastro de Pessoa Física CRLV: Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos CRV: Certificado de Registro de Veículos CSV: Certificado de Segurança Veicular CTB: Código de Trânsito Brasileiro CTV: Combinações para Transporte de Veículos CTV: Convenção de Trânsito Viário de Viena CVC: Combinações de Veículos de Cargas DEC.: Decreto DENATRAN: Departamento Nacional de Trânsito DER: Departamento de Estradas de Rodagem DETRAN: Departamento Estadual de Trânsito DNIT: Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes DPRF: Departamento de Polícia Rodoviária Federal ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente Ex.: Exemplo FENASEG: Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização FETCEST: Federação das Empresas de Transporte de Cargas/SP FTP: Faixa de Travessia de Pedestre GLP: Gás Liquefeito de Petróleo GNV: Gás Natural Veicular 8 INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial. IPVA: Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores ITL: Instituições Técnica Licenciadas ITV: Inspeção Técnica de Veicular JARI: Junta Administrativa de Recurso de Infração LCP: Lei das Contravenções Penais LMS- 2: linha simples seccionada; LMS: linhas de divisão de fluxos de mesmo sentido; LMS-1: linha simples contínua; MFR: linha dupla seccionada; MPE: Ministério Público Estadual NBR: Normas Técnicas Brasileiras PBT: Peso Bruto Total PBTC: Peso Bruto Total Combinado PM: Polícia Militar PPD: Permissão para Dirigir RBMLQ: Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade RENACH: Registro Nacional de Condutores Habilitados RENAVAM: Registro Nacional de Veículos Automotores Res.: Resolução SETRAN: Secretaria Municipal dos Transportes Ufir: Unidade Fiscal de Referência URBS: Urbanização de Curitiba 9 AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO O agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o auto de infração de trânsito (AIT) poderá ser servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via no âmbito de sua competência. Para que possa exercer suas atribuições como agente da autoridade de trânsito, o servidor ou policial militar deverá ser credenciado, estar devidamente uniformizado, conforme padrão da instituição, e no regular exercício de suas funções. O uso de veículo, na fiscalização de trânsito, deverá ser feito com os mesmos caracterizados. O agente de trânsito, ao presenciar o cometimento da infração, lavrará o respectivo auto e aplicará as medidas administrativas cabíveis, sendo vedada a lavratura do AIT por solicitação de terceiros. A lavratura do AIT é um ato vinculado na forma da Lei, não havendo discricionariedade com relação a sua lavratura, conforme dispõe o artigo 280 do CTB. O agente de trânsito deve priorizar suas ações no sentido de coibir a prática das infrações de trânsito, porém, uma vez constatada a infração, só existe o dever legal da autuação, devendo tratar a todos com urbanidade e respeito, sem, contudo, omitir-se das providências que a lei lhe determina. 10 Agentes próprios e convênios A fiscalização não implica necessariamente a criação de novo cargo e contratação de agentes próprios. Os Municípios de pequeno porte podem fiscalizar através de convênio com a Polícia Militar, cuja corporação tem a incumbência de agir como agente de trânsito, na forma do art. 23 do Código de Trânsito: Nesse caso, os policiais militares agirão como agentes da autoridade municipal de trânsito, embora não possuam vínculo de emprego com o Ente municipal. O Município não estará delegando a fiscalização para a polícia, mas apenas credenciando os membros da corporação para atuar como agentes da autoridade local. Em decorrência disso, o procedimento no caso de autuações obedecerá ao seguinte fluxo: o agente (policial militar) lavra o auto de infração; a autoridade municipal de trânsito faz o julgamento da consistência, emite a notificação da autuação e deflagra o processo administrativo nas etapas de defesa e recursos. Portanto, o policial militar autua em nome do Município, que é o titular do processo. No caso dos Municípios de médio e grande porte que possuem agentes próprios, ainda assim, é recomendável a manutenção de convênio com a Polícia Militar como reforço de fiscalização. Cabe esclarecer que a Polícia Militar também atua como agente do órgão estadual de trânsito. Assim, fará autuações para o Município no que diz respeito a 11 infrações de parada, circulação e estacionamento, e para o Estado no caso de infrações relacionadas às condições do veículo e habilitação do condutor. A Resolução 66/1998 do Contran elenca as infrações e estabelece as competências para cada infração. De notar que algumas são de competência concorrente para Estados e Municípios. O Quadro 1, a seguir, apresenta os procedimentos a serem adotados em função da competência para autuar e o destino dos processos administrativos a partir das autuações. 12 Jurisdição da via O Código de Trânsito estabeleceu o princípio da jurisdição da via para autuações. Os Municípios possuem competência originária para autuarem em todas as vias municipais nas respectivas circunscrições, sendo elas urbanas ou rurais, para infrações de parada, circulação e estacionamento. Nos demais casos, a autuação é de competência dos órgãos estaduais de trânsito. Nas rodovias, a fiscalização para todas as infrações é de competência dos órgãos rodoviários dos Estados e da União, conforme o tipo de via (federal ou estadual). A situação é diferente com relação às penalidades, cabendo aos Municípios tão somente a aplicação das penalidades de multa e advertência por escrito. Os Quadros 2 e 3 ilustram, respectivamente, a situação da jurisdição da via para autuação e penalização: Nas vias municipais, a Polícia Militar pode, mediante convênio, executar a tarefa de fiscalização para os Municípios e para os Estados. 13 Legitimidade do agente e consistência do auto de infração de trânsito (AIT) As ações do agente de trânsito são balizadas pelo princípioda legitimidade, o que significa que são verídicas suas alegações até prova em contrário. Trata-se de um atributo do servidor que implica a inversão do ônus da prova e dá eficácia à pretensão punitiva. Todavia, é uma presunção relativa que admite contestação, porquanto, é importante que o agente torne claras as circunstâncias da infração, afastando a possibilidade de desconstituição do auto. Equivale dizer que apesar da legitimidade e veracidade dos fatos que alega, o agente precisa ser claro e objetivo ao lavrar o auto, de modo que o autuado perceba com clareza o que efetivamente ocorreu, sem margens para dúvidas ou interpretações diversas. Sempre que um tipo infracional se prestar a dúvidas, os esclarecimentos podem ser acrescidos no campo de observações. A consistência do auto de infração é vital para sua validade. Em alguns casos, não basta tipificar o ilícito apontado, mas é preciso esclarecer suas circunstâncias, de modo a não causar dúvidas e dificultar o exercício da ampla defesa do autuado. Os requisitos do AIT estão elencados no art. 280 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e devem ser observados em todos os casos. 14 Tipificação da infração É possível que o agente aja equivocadamente ao descrever no AIT a ação do condutor. Nesse caso, a atitude encerra erro formal porque o condutor estaria sendo acusado de um ato ilícito que não cometeu. Restaria prejudicada sua defesa. É preciso cuidado para a possibilidade de haver pluralidade de infrações cominadas em um mesmo dispositivo legal. Quando isso ocorrer, o agente de trânsito deve observar qual das infrações cominadas efetivamente ocorreu. Exemplo disso é o art. 252, inc. VI, do CTB, em que há duas hipóteses de infração. Uma é dirigir o veículo com fones de ouvido ligado à aparelhagem sonora, outra é dirigir utilizando- se de telefone celular. Igual situação é o caso do art. 208, que prevê avanço do sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória. Com a finalidade de padronizar as informações contidas nos Autos de Infrações de Trânsito, em todo o território nacional, o Denatran publicou a Portaria 59/2007, que estabeleceu campos de informações que devem fazer parte de todos os Autos de Infrações de Trânsito. Entre as novidades da portaria está o desdobramento, designado para cada uma das infrações juntamente com o código. É requisito de preenchimento obrigatório. De outra banda, há casos em que o esclarecimento do agente se faz necessário devido à subjetividade da infração, como demonstra a hipótese de “dirigir com desatenção”, prevista no art.169 do CTB. A falta de esclarecimento, em tais casos, implica a inconsistência do Auto. Claro, não pode a autoridade fazer exercício de adivinhação sobre qual foi o objetivo do agente. Tampouco pode emitir juízo de valor sem os elementos que assegurem a certeza do que ocorreu, sob pena de prejudicar a defesa do acusado. O AIT tem de ser claro quanto à tipificação da infração, sem deixar margens a dúvidas. Mesmo nos casos em que o AIT é emitido a partir de imagens registradas 15 em equipa- mento eletrônico, existe a possibilidade de digitação equivocada do tipo infracional. Por isso, é imperiosa a conferência da descrição da infração. Local, data e hora do cometimento da infração É preciso que fique claro no AIT o local exato onde houve a autuação. No caso de Autos lavrados eletronicamente tais informações já vêm impressas. Quanto aos Autos manuais, o agente deverá descrever o logradouro e o número, complementando com o horário da ocorrência. Sem isso a defesa ficará prejudicada. A Portaria 59/2007 do Denatran apresenta alternativa para quando não existir numeração do logradouro. Nesse caso, o agente pode se valer de algum tipo de informação que auxilie na identificação do local, como marcos referenciais. Além de outros motivos, a data da ocorrência é indispensável, porque a partir dela conta prazo para o órgão de trânsito emitir a notificação. Placa, marca e espécie do veículo Tais informações são importantes para sanar qualquer dúvida sobre o veículo. Não basta a identificação da placa. É preciso, também, que sejam identificadas a espécie (de passageiros, de carga, misto, de competição, de tração, especial ou de coleção) e a marca. Os Autos de Infração normalmente são padronizados em cada Estado e acrescentam, além da marca, o modelo do veículo (GM/Corsa, Ford/Ranger, VW/Gol etc.). Outras informações complementares ficam a critério do órgão de trânsito, tais como a cor predominante e a categoria do veículo. 16 Prontuário do condutor A lei propõe a inclusão do prontuário do condutor no AIT sempre que possível, avultando duas questões a serem interpretadas. A primeira refere-se à expressão “sempre que possível”, remetendo a satisfação de tal exigência às condições do momento. Então, com base nisso, o agente definirá se foi ou não possível. Presume-se que a não obtenção do prontuário está associada com as autuações sem abordagem. Todavia, mesmo quando a abordagem ocorrer, ainda assim haverá situações em que não será possível colher o número do prontuário do condutor. Nem por isso, o Auto de Infração será inconsistente. Nesse caso, o agente deve justificar o motivo da ausência do prontuário. A segunda questão diz respeito ao real significado da expressão “prontuário”. Embora a tradução literal possa englobar qualquer documento que identifique o condutor, deve-se entender que a exigência recai sobre o documento de habilitação, posto que seu porte é obrigatório (CTB, art. 159, § 1o e Resolução 13/1998, do Contran). Caso o condutor não esteja portando documento de habilitação, o agente pode satisfazer a exigência do prontuário com outro documento hábil de identificação do condutor. Logicamente, sem prejuízo das consequências geradas pela falta de porte do documento obrigatório. No Sistema Integrado de Trânsito, a identificação do condutor pode ocorrer por três meios: CNH, CPF e RG. Identificação do órgão, do agente ou do equipamento A identificação do órgão responsável se faz necessária para que o interessado saiba a quem recorrer em caso de discordância. Também serve para a definição de competência em razão da circunscrição da via. Por exemplo: um agente pertencente a um órgão municipal de trânsito não pode efetuar autuação por infração de trânsito em uma rodovia federal. E o patrulheiro federal, por conseguinte, não poderá autuar nas vias de circunscrição municipal. 17 De outro lado, um Auto de Infração não pode ser de lavratura anônima, o que atenta- ria ao princípio da moralidade administrativa. Por isso, o agente responsável pela autuação ou a autoridade de trânsito sempre devem estar identificados com seu nome ou número da matrícula. O agente poderá ser chamado a depor em eventual processo. Quanto aos equipamentos que efetuam eletronicamente a autuação, nota-se que a exigência é que conste sua identificação e não, necessariamente, o laudo de aferição ou homologação pelos órgãos metrológicos. Estes somente serão exigidos adiante durante o exame do processo, caso seja efetivamente instaurado. Observações: a) quem lavra o Auto de Infração é o agente da autoridade de trânsito, embora esta também possa fazê-lo legalmente; b) os principais equipamentos que comprovam a infração são os de medição de velocidade, controle de peso e dimensões, de emissão de gases e ruídos e de dosagem de alcoolemia. Assinatura do autuado A assinatura do autuado não é condição para a validade do AIT. Mesmo quando ele é abordado pelo agente, poderá se negar a assinar, fato que será relatado no campo de observações. Essa hipótese não encerra culpa do autuado, uma vez que o dispositivo que assim definia foi vetado pelo presidente da República. A assinatura vale, portanto, para definir que é de conhecimento do condutorque ele foi autuado por infração de trânsito. Em sede de defesa ou recurso, ele não poderá alegar o desconhecimento de tal situação. Todavia, o órgão de trânsito, ainda assim, terá de efetivar a notificação por escrito para efeitos de contagem de prazo. 18 Após os comentários acima referentes aos requisitos do AIT, cumpre esclarecer que, em continuidade ao processo de julgamento de sua consistência, a autoridade terá duas opções: a) Caso entenda que o Auto de Infração preenche os requisitos formais julgalo-á consistente para os efeitos legais. b) Se entender o contrário, lançará como inconsistente, cessando a pretensão punitiva (art. 281, Parágrafo único, I, do CTB). O AIT também será lançado como inconsistente caso a autoridade constate que não será possível a emissão da notificação no prazo legal. Nessa hipótese, terá operada a decadência (art. 281, Parágrafo único, II, do CTB). Bom senso e discricionariedade do agente Em alguns momentos de sua atividade, o agente de trânsito pode se deparar com situação de dúvida sobre o efetivo cometimento de uma infração. Nesse caso, muitos apontam que ele deve se valer do bom senso para avaliar a situação específica antes de decidir. Ora, usar o bom senso é elementar em toda a atividade de um servidor público e não tem a ver com discricionariedade ou benevolência. O agente não pode ser benevolente, tem de ser justo e fazer tudo no estrito ditame da lei. Ou a pessoa comete ou não comete uma infração. E a decisão de autuar não pode estar vinculada a critérios subjetivos, com juízo individual de cada um. Assim, não há espaço para discricionariedade. O agente não tem a opção de autuar ou não autuar. Quando uma atitude coincidir com o tipo infracional previsto na lei deve ser lavrado o auto de infração, obrigatoriamente. 19 Abordagem A expressão “abordagem” não é mencionada em nenhum momento no Código de Trânsito Brasileiro. Apesar disso, é usada constantemente pelos agentes para definir se o Auto de Infração foi lavrado com a identificação do condutor e em sua presença. Na verdade o CTB pecou e muito na redação do § 3o do art. 280, no qual se apegam os agentes para justificarem a impossibilidade de abordagem. Senão vejamos: Art. 280 [...] § 3o Não sendo possível a autuação em flagrante, o agente de trânsito relatará o fato à autoridade no próprio auto de infração, informando os dados a respeito do veículo, além dos constantes nos incisos I, II e III, para o procedimento previsto no artigo seguinte (Grifo nosso). O legislador deve ter querido dizer que quando a autuação não puder ser feita com abordagem, tal fato deve ser relatado no AIT. Claro, porque não é possível admitir a autuação fora do flagrante. Até porque quem tem legitimidade para autuar é o agente a partir do que ele efetivamente presenciou. A regra nem sempre deve ser a da abordagem como condição para eficácia da pretensão punitiva. Em muitos casos, ela não é possível, como quando um condutor se evade. Em outros casos, não é recomendada, como em avanços de semáforo. O que importa é o que o agente viu e relatou no AIT e não o fato de ter ou não ter feito abordagem. De outro lado, não há de se confundir abordagem com imobilização do veículo para identificação do condutor. Não se tratam de sinônimos. Muitas vezes, é possível a abordagem sem a necessidade de parar o veículo para lavrar o AIT na presença do condutor. Nesse caso, o agente usará de gestos e do apito, cientificando e alertando o condutor sobre determinada situação. Isso pode ocorrer quando o local e as condições de tráfego não recomendam atitude diversa. 20 Advertência A fiscalização de trânsito deve ser proativa, visível e permanente. Assim, a sociedade se sentirá segura e não vigiada. Possui caráter educativo dentro de um conjunto de ações integradas para a consolidação de cultura e valores compatíveis com a convivência segura e racional de pessoas, animais e veículos no espaço público. Todavia, a ação educativa do agente tem limites e não pode extrapolar para a permissividade, sob pena de banalizar a função fiscalizadora. Nesse aspecto, releva considerar a possibilidade da advertência como etapa anterior à autuação. Não é lícito confundir a advertência do agente com a penalidade de advertência por escrito. Esta é aplicada pela autoridade de trânsito em etapa posterior ao processo administrativo e é pena substituta da multa. Aquela é emitida pelo agente como atitude preventiva e de alerta, diante da iminência de uma infração. Jamais poderá um agente, como já foi visto, fazer uma advertência após o cometimento de um ilícito. Nesse caso, a advertência é sinônimo de perdão e o agente estará prevaricando. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO Constitui infração a inobservância a qualquer preceito da legislação de trânsito, às normas emanadas do Código de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade de trânsito competente. O infrator está sujeito às penalidades e medidas administrativas previstas no CTB. As infrações classificam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro categorias, computados, ainda, os seguintes números de pontos: 21 I - infração de natureza gravíssima, 7 pontos; II - infração de natureza grave, 5 pontos; III - infração de natureza média, 4 pontos; IV - infração de natureza leve, 3 pontos. RESPONSABILIDADE PELA INFRAÇÃO As penalidades serão impostas ao condutor, ao proprietário do veículo, ao embarcador e ao transportador, salvo os casos de descumprimento de obrigações e deveres impostos a pessoas físicas ou jurídicas expressamente mencionadas no CTB. Proprietário Ao proprietário caberá sempre a responsabilidade pela infração referente à prévia regularização e preenchimento das formalidades e condições exigidas para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação e inalterabilidade de suas características, componentes, agregados, habilitação legal e compatível de seus condutores, quando esta for exigida, e outras disposições que deva observar. Condutor Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes de atos praticados na direção do veículo. 22 Embarcador O embarcador é responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou no peso bruto total, quando simultaneamente for o único remetente da carga e o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for inferior àquele aferido. Transportador O transportador é o responsável pela infração relativa ao transporte de carga com excesso de peso nos eixos ou quando a carga proveniente de mais de um embarcador ultrapassar o peso bruto total. Responsabilidade Solidária Aos proprietários e condutores de veículos serão impostas concomitantemente as penalidades, toda vez que houver responsabilidade solidária em infração dos preceitos que lhes couber observar, respondendo cada um de per si pela falta em comum que lhes for atribuída. O transportador e o embarcador são solidariamente responsáveis pela infração relativa ao excesso de peso bruto total, se o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior ao limite legal. Pessoa Física ou Jurídica expressamente mencionada no CTB A pessoa física ou jurídica é responsável por infração de trânsito, não vinculada a veículo ou à sua condução, expressamente mencionada no CTB. 23 AUTUAÇÃO Autuação é ato administrativo da Autoridade de Trânsito ou seus agentes quando da constatação do cometimento de infração de trânsito, devendo ser formalizado por meio da lavratura do AIT. O AIT é peça informativa que subsidia a Autoridade de Trânsito na aplicação das penalidades e sua consistência está na perfeita caracterização da infração, devendo ser preenchidode acordo com as disposições contidas no artigo 280 do CTB e demais normas regulamentares, com registro dos fatos que fundamentaram sua lavratura. Quando a configuração de uma infração depender da existência de sinalização específica, esta deverá revelar-se suficiente e corretamente implantada de forma legível e visível. Caso contrário, o agente não deverá lavrar o AIT, comunicando à Autoridade de Trânsito com circunscrição sobre a via a irregularidade observada. Quando essa infração dependa de informações complementadas estas devem constar do campo de observações. O AIT não poderá conter rasuras, emendas, uso de corretivos, ou qualquer tipo de adulteração. O seu preenchimento se dará com letra legível, preferencialmente, com caneta esferográfica de tinta preta ou azul. Poderá ser utilizado o talão eletrônico para o registro da infração conforme regulamentação específica. O agente só poderá registrar uma infração por auto e, no caso da constatação de infrações em que os códigos infracionais possuam a mesma raiz (os três primeiros dígitos), considerar-se-á apenas uma infração. Exemplo: condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança, lavrar somente o auto de infração com o código 518-51 e descrever no campo ‘Observações’ a situação constatada (condutor e passageiro sem usar o cinto de segurança). 24 As infrações simultâneas podem ser concorrentes ou concomitantes: São concorrentes aquelas em que o cometimento de uma infração, tem como consequência o cometimento de outra. Por exemplo: ultrapassar pelo acostamento (art. 202) e transitar com o veículo pelo acostamento (art. 193). Nestes casos o agente deverá fazer um único AIT que melhor caracterizou a manobra observada. São concomitantes aquelas em que o cometimento de uma infração não implica no cometimento de outra na forma do art. 266 do CTB. Por exemplo: deixar de reduzir a velocidade do veículo de forma compatível com a segurança do trânsito ao ultrapassar ciclista (art. 220, XIII) e não manter a distância de 1,50m ao ultrapassar bicicleta (art. 201). No caso de estacionamento irregular e que, por motivo operacional, a remoção não possa ser realizada, será lavrado somente um AIT, independentemente do tempo que o veiculo permaneça estacionado, desde que o mesmo não se movimente neste período. O agente de trânsito, sempre que possível, deverá abordar o condutor do veículo para constatar a infração, ressalvado os casos onde a infração poderá ser comprovada sem a abordagem. Para esse fim, o Manual estabelece as seguintes situações: • Caso 1: “possível sem abordagem” - significa que a infração pode ser constatada sem a abordagem do condutor. • Caso 2: “mediante abordagem” – significa que a infração só pode ser constatada se houver a abordagem do condutor. • Caso 3: “vide procedimentos” - significa que, em alguns casos, há situações específicas para abordagem do condutor. O AIT deverá ser impresso em, no mínimo, duas vias, exceto o registrado em equipamento eletrônico. 25 Uma via do AIT será utilizada pelo órgão ou entidade de trânsito para os procedimentos administrativos de aplicação das penalidades previstas no CTB. A outra via deverá ser entregue ao condutor, quando se tratar de autuação com abordagem, ainda que este se recuse a assiná-lo. Na autuação de veículo estacionado irregularmente, sempre que possível, será fixada uma via do AIT no parabrisa do veiculo e, no caso de motocicletas e similares, no banco do condutor. Nas infrações cometidas com combinação de veículos, preferencialmente será autuada a unidade tratora. Na impossibilidade desta, a unidade tracionada. Autuação em locais especiais e privados Uma questão emblemática para muitos gestores se refere à jurisdição dos órgãos municipais de trânsito para fiscalização em áreas especiais de circulação, como condomínios, shoppings, mercados, aeroportos, estações rodoviárias e praias abertas à circulação. Nesse sentido, é bom compreender o real conceito de via pública e o alcance da lei para indicar a extensão da competência do gestor. O CTB define em seu art. 2o que são vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. Já o Parágrafo único do art. 2o prevê que “[...] são consideradas vias terrestres as praias abertas à circulação pública e as vias internas pertencentes aos condomínios constituí- dos por unidades autônomas”. Importante o acréscimo do art. 5o: nas vias internas pertencentes a condomínios constituídos por unidades autônomas, a sinalização de regulamentação da via será implantada e mantida às expensas do condomínio, após aprovação dos projetos pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via. De outro lado, no Anexo II, em conceitos e definições, o CTB define “via” como: superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central”. E trata “via urbana” como: “ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares abertos à circulação pública, situados na 26 área urbana, caracterizados principalmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão. A partir dessas definições, é possível inferir que a competência do órgão municipal se estende além das tradicionais vias públicas, alcançando todos os locais, públicos ou privados que possuam áreas abertas para circulação de veículos e pessoas. Com relação aos condomínios, a lei foi clara, mas, por analogia, não há como deixar de aplicar o mesmo entendimento para os demais casos, como áreas de estacionamento de shoppings e supermercados. Cabe observar que a lei foi sutil com relação às praias. Embora tenha definido que se trata de via pública, não fez menção à competência para sinalização e fiscalização. Nesse caso, e por interpretação analógica, tal competência é também do Município em cuja circunscrição se encontra a praia. De notar que as praias são jurisdicionadas pela Marinha, que não integra o Sistema Nacional de Trânsito e não pode atuar em tais questões. Pela mesma razão, a exemplo do que ocorre nos condomínios, o Município é quem regula a sinalização nas áreas abertas à circulação em aeroportos e estações rodoviárias. Sem dúvidas, portanto, que os Municípios têm competência para exercerem a fiscalização de trânsito em todos esses locais. Claro que terão o cuidado de observar os princípios de direito, como o da moralidade e da razoabilidade, evitando dar plantões em portas de garagem e de condomínios. Mas, quando se fizer necessário, poderão exercer o poder fiscalizador, autuando e aplicando as medidas administrativas cabíveis. MEDIDAS ADMINISTRATIVAS A adoção das medidas administrativas previstas no Código de Trânsito, diferentemente da autuação, admite a discricionariedade do agente, levando em conta a possibilidade e o cabimento. Embora esteja vinculada a uma infração, a medida administrativa também pode ser adotada nos casos em que o agente entender necessária para garantir a fluidez, incolumidade das pessoas e do bem, ainda que não haja uma infração. São exemplos: o risco de desabamento em imóveis 27 e necessidade excepcional de liberação de área de estacionamento permitido. Em tais casos, o agente poderá autorizar a remoção do veículo. Medidas administrativas são providências de caráter complementar, exigidas para a regularização de situações infracionais, sendo, em grande parte, de aplicação momentânea, e têm como objetivo prioritário impedir a continuidade da prática infracional, garantindo a proteção à vida e à incolumidade física das pessoas e não se confundem com penalidades. Compete à autoridade de trânsito com circunscrição sobrea via e seus agentes aplicar as medidas administrativas, considerando a necessidade de segurança e fluidez do trânsito. A impossibilidade de aplicação de medida administrativa prevista para infração não invalidará a autuação pela infração de trânsito, nem a imposição das penalidades previstas. Retenção do Veículo Consiste na sua imobilização no local da abordagem, para a solução de determinada irregularidade. A retenção se dará nas infrações em que esteja prevista esta medida administrativa e no caso de veículos reprovados na inspeção de segurança e de emissão de gases poluentes e ruídos. Quando a irregularidade puder ser sanada no local onde for constatada a infração, o veículo será liberado tão logo seja regularizada a situação. Na impossibilidade de sanar a falha no local da infração, o veículo poderá ser retirado, desde que não ofereça risco à segurança do trânsito, por condutor regularmente habilitado, mediante recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual, contra recibo, notificando o condutor do prazo para sua regularização. Não se apresentando condutor habilitado no local da infração, o veículo será recolhido ao depósito. 28 Após o recolhimento do documento pelo agente, a Autoridade de Trânsito do órgão autuador deverá adotar medidas destinadas ao registro do fato no Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAM). No prazo assinalado no recibo, o infrator deverá providenciar a regularização do veículo e apresentá-lo no local indicado, onde, após submeter-se a vistoria, terá seu CLA/CRLV restituído. No caso de não observância do prazo estabelecido para a regularização, o agente da autoridade de trânsito deverá encaminhar o documento ao órgão ou entidade de trânsito de registro do veículo. Havendo comprometimento da segurança do trânsito, considerando a circulação, o veículo, o condutor, os passageiros e os demais usuários da via, ou o condutor não sinalizar que regularizará a infração, a retenção poderá ser transferida para local mais adequado ou para o depósito do órgão ou entidade de trânsito. Quando se tratar de transporte coletivo conduzindo passageiros ou de veículo transportando produto perigoso ou perecível, desde que o veículo ofereça condições de segurança para circulação em via pública, a retenção pode deixar de ser aplicada imediatamente. Remoção do Veículo A remoção do veículo tem por finalidade restabelecer as condições de segurança e fluidez da via ou garantir a boa ordem administrativa. Consiste em deslocar o veículo do local onde é verificada a infração para depósito fixado pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via. A medida administrativa de remoção é independente da penalidade de apreensão e não se caracteriza como medida antecipatória da penalidade de apreensão. A remoção deve ser feita por meio de veículo destinado para esse fim ou, na falta deste, valendo-se da própria capacidade de movimentação do veículo a ser removido, desde que haja condições de segurança para o trânsito. 29 A remoção do veículo não será aplicada se o condutor, regularmente habilitado, solucionar a causa da remoção, desde que isso ocorra antes que a operação de remoção tenha sido iniciada ou quando o agente avaliar que a operação de remoção trará ainda mais prejuízo à segurança e/ou fluidez da via. Este procedimento somente se aplica para o veículo devidamente licenciado e que esteja em condições de segurança para sua circulação. A restituição dos veículos removidos só ocorrerá após o pagamento das multas, taxas e despesas com remoção e estada, além de outros encargos previstos na legislação especifica. Um critério razoável para indicar a adoção de medidas como a remoção de um veículo é verificar se esse procedimento não causará ainda mais transtorno que sua permanência no local. Em determinadas vias e horários, a manobra de um caminhão- guincho pode ser desaconselhável. Assim, permanecerá a eficácia da autuação, embora a medida administrativa não seja adotada. É o chamado princípio da razoabilidade. Importante que o agente descreva tais circunstâncias no campo de observações do AIT. Recolhimento do Documento de Habilitação O recolhimento do documento de habilitação tem por objetivo imediato impedir a condução de veículos nas vias públicas enquanto perdurar a irregularidade constatada. O recolhimento do documento de habilitação deve ser efetuado mediante recibo, sendo que uma das vias será entregue, obrigatoriamente, ao condutor. O recibo expedido pelo agente não autoriza a condução do veículo. O documento de habilitação deverá ser encaminhado ao órgão executivo de trânsito responsável pelo seu registro. 30 Recolhimento do Certificado de Licenciamento Anual (CLA/CRLV) Consiste no recolhimento do documento que certifica o licenciamento do veículo com o objetivo de garantir que o proprietário promova a regularização de uma infração constatada. Deve ser aplicada nos seguintes casos: - quando não for possível sanar a irregularidade, nos casos em que esteja prevista a medida administrativa de retenção do veículo; - quando houver fundada suspeita quanto à inautenticidade ou adulteração; - quando estiver prevista a penalidade de apreensão do veículo na infração. De acordo com a Resolução do CONTRAN nº 61/1998, o CLA é o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV). Todo e qualquer recolhimento de CLA deve ser documentado por meio de recibo, sendo que uma das vias será entregue, obrigatoriamente, ao condutor. Após o recolhimento do documento pelo agente, a Autoridade de Trânsito do órgão autuador deverá adotar medidas destinadas ao registro do fato no RENAVAM. Transbordo do Excesso de Carga O transbordo do excesso de carga consiste na retirada da carga de um veículo que exceda o limite de peso ou a capacidade máxima de tração, a expensas do proprietário, sem prejuízo da autuação cabível. Se não for possível realizar o transbordo, o veículo é recolhido ao depósito, sendo liberado depois de sanada a irregularidade e do pagamento das despesas de remoção e estada. 31 Recolhimento de Animais que se Encontrem Soltos nas Vias e na Faixa de Domínio das Vias de Circulação Esta medida administrativa consiste no recolhimento de animais soltos nas vias ou nas faixas de domínio, com o objetivo de garantir a segurança dos usuários, evitando perigo potencial gerado à segurança do trânsito. O animal deverá ser recolhido para depósito fixado pelo órgão ou entidade de trânsito competente, ou, excepcionalmente, para instalações públicas ou privadas, dedicadas à guarda e preservação de animais. O recolhimento deixará de ocorrer se o responsável, presente no local, se dispuser a retirar o animal. HABILITAÇÃO Para a condução de veículos automotores é obrigatório o porte do documento de habilitação, apresentado no original e dentro da data de validade. O documento de habilitação não pode estar plastificado para que sua autenticidade possa ser verificada. São documentos de habilitação: - Autorização para Conduzir Ciclomotores (ACC) - habilita o condutor somente para conduzir ciclomotores e cicloelétricos - Permissão para Dirigir (PPD) - categorias A e B - Carteira Nacional de Habilitação (CNH) - categorias A, B, C, D e E. 32 CATEGORIA E ESPECIFICAÇÃO A • Todos os veículos automotores e elétricos, de duas ou três rodas, com ou sem carro lateral. • Ciclomotor, caso o condutor não possua ACC. • Não se aplica a quadriciclos, cuja categoria é a B. B • Veículos automotores e elétricos, de quatro rodas cujo Peso Bruto Total (PBT) não exceda a 3.500 kg e cuja lotação não exceda a oito lugares, excluído o do motorista, contemplando a combinação de unidade acoplada, reboque, semi-reboque ou articulada, desde que atenda a lotação e capacidadede peso para a categoria. • Veículo automotor da espécie motor-casa, cujo peso não exceda a 6.000 kg, ou cuja lotação não exceda a 8 lugares, excluído o do motorista. C • Todos os veículos automotores e elétricos utilizados em transporte de carga, cujo PBT exceda a 3.500 kg. • Tratores, máquinas agrícolas e de movimentação de cargas, motor- casa, combinação de veículos em que a unidade acoplada, reboque, semi-reboque ou articulada, não exceda a 6.000 kg de PBT. • Todos os veículos abrangidos pela categoria “B”. D • Veículos automotores e elétricos utilizados no transporte de passageiros, cuja lotação exceda a oito lugares, excluído o do condutor. 33 • Veículos destinados ao transporte de escolares independente da lotação. • Todos os veículos abrangidos nas categorias “B” e “C”. E Combinação de veículos em que a unidade tratora se enquadre nas Categorias B, C ou D e: • A unidade acoplada, reboque, semirreboques, trailer ou articulada, tenha 6.000 Kg ou mais de PBT. • A lotação da unidade acoplada exceda a 8 lugares. • Seja uma combinação de veículos com mais de uma unidade tracionada, independentemente da capacidade de tração ou do PBT. • Todos os veículos abrangidos nas categorias “B”, “C” e “D”. Condutor oriundo de país Estrangeiro O condutor de veículo automotor, oriundo de país estrangeiro e nele habilitado, poderá dirigir com os seguintes documentos: - Permissão Internacional para Dirigir (PID) ou Documento de habilitação estrangeira, quando o país de origem do condutor for signatário de Acordos ou Convenções Internacionais, ratificados pelo Brasil, respeitada a validade da habilitação de origem e o prazo máximo de 180 dias da sua estada regular no Brasil. - Documento de identificação. Países: África do Sul, Albânia, Alemanha, Anguila (Grã Bretanha), Angola, Argélia, Argentina, Arquipélago de San Andres Providência e Santa Catalina (Colômbia), Austrália, Áustria, Azerbaidjão, Bahamas, Barein, Bielo-Rússia, Bélgica, Bermudas, Bolívia, Bósnia- Herzegóvina, Bulgária, Cabo Verde, Canadá, Cazaquistão, Ceuta e Melilla (Espanha), Chile, Cingapura, Colômbia, Congo, Coréia do Sul, Costa do 34 Marfim, Costa Rica, Croácia, Cuba, Dinamarca, El Salvador, Equador, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Federação Russa, Filipinas, Finlândia, França, Gabão, Gana, Geórgia, Gilbratar (Colônia da Grã Bretanha), Grécia, Groelândia (Dinamarca), Guadalupe (França), Guatemala, Guiana, Guiana Francesa (França), Guiné-Bissau, Haiti, Holanda, Honduras, Hungria, Ilha da Grã- Bretanha (Pitcairn, Cayman, Malvinas e Virgens), Ilhas da Austrália (Cocos, Cook e Norfolk), Ilhas da Finlândia (Aland), Ilhas da Coroa Britânica (Canal), Ilhas da Colômbia (Geórgia e Sandwich do Sul), Ilhas da França (Wallis e Futuna), Indonésia, Irã, Iriã Ocidental, Israel, Itália, Kuweit, Letônia, Líbia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Martinica (França), Marrocos, Mayotte (França), México, Moldávia, Mônaco, Mongólia, Montserrat (Grã Bretanha), Namíbia, Nicarágua, Níger, Niue (Nova Zelândia) Noruega, Nova Caledônia (França), Nova Zelândia, Nueva Esparta (Venezuela), Panamá, Paquistão, Paraguai, Peru, Polinésia Francesa (França), Polônia, Porto Rico, Portugal, Reino Unido (Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales, República Centro Africana, República Checa, República Dominicana, Republica Eslovaca, Reunião (França), Romênia, Saara Ocidental, Saint-Pierre e Miquelon (França), San Marino, Santa Helena (Grã Bretanha), São Tomé e Príncipe, Seichelles, Senegal, Sérvia, Suécia, Suíça, Svalbard (Noruega), Tadjiquistão, Tunísia, Terras Austrais e Antártica (Colônia Britânica), Território Britânico no Oceano Índico (Colônia Britânica), Timor, Toquelau (Nova Zelândia), Tunísia, Turcas e Caicos (Colônia Britânica), Turcomenistão, Ucrânia, Uruguai, Uzbequistão, Venezuela e Zimbábue. Fonte: Sistema RENACH Denatran 35 DISPOSIÇÕES FINAIS: As infrações de competência estadual e as relativas a pedestres, a veículos de propulsão humana e a veículos de tração animal serão tratadas em outros volumes do manual de fiscalização a serem editados pelo CONTRAN. Os veículos motocicleta, motoneta e ciclomotor, quando desmontados e/ou empurrados nas vias públicas, não se equiparam ao pedestre, estando sujeitos às infrações previstas no CTB. O simples abandono de veículo em via pública, estacionado em local não proibido pela sinalização, não caracteriza infração de trânsito, assim, não há previsão para sua remoção por parte do órgão ou entidade executivo de trânsito com circunscrição sobre a via. Os órgãos e entidades executivos do SNT poderão celebrar convênio delegando as atividades previstas no CTB, com vistas à maior eficiência e à segurança para os usuários da via. Considerando que a legislação de trânsito é muito dinâmica, e as normas que o regem estão em constantes mudanças, as normas e regulamentações que eventualmente forem sendo alteradas, serão automaticamente recepcionadas, no que couber, por este manual. Adoção de medidas administrativas por órgão de trânsito 36 Bis in idem e infração continuada O agente deve ter o cuidado para evitar a lavratura de autos que encerrem mais de uma autuação com o mesmo objeto para não caracterizar o bis in idem. O fenômeno da repetição de uma sanção sobre mesmo fato não é admitida pelo direito pátrio. Quando ocorre, a autoridade de trânsito terá de manter apenas uma delas. Exemplo é a infração do art. 238 do CTB, de recusa da entrega à autoridade de trânsito ou a seus agentes os documentos de habilitação, de registro, de licenciamento de veículo e outros exigidos por lei, para averiguação de sua autenticidade. Quando isso ocorrer, a infração não pode ser cumulativa com desobediência à ordem do agente (art.195) porque as duas infrações têm o mesmo objeto. Quanto à infração continuada, é preciso levar em conta o interesse público e o princípio da moralidade administrativa, evitando sanções repetidas em que a cessação do ilícito depende da ação do agente. Exemplo clássico é a redação original do § 4o do art. 258 do CTB, que previa a renovação da penalidade a cada quatro horas para infrações continuadas. O dispositivo foi vetado pelo Executivo e mantido pelo Parlamento. A redação parece ter sido concebida para caracterizar a conduta de quem estaciona em local proibido, mas as razões do veto servem para casos análogos. 37 REFERENCIAS César Augusto Miyasato AGETRAN/Campo Grande/MS Éder Vera Cruz da Silva AGETRAN/Campo Grande/MS Carlos Fernando do Nascimento ANTT Beatriz Abib de Falco Marinelli ANTT Hélio Geraldo Rodrigues Costa Filho BHTRANS/Belo Horizonte/MG Mônica Magda Mendes BHTRANS/ Belo Horizonte/MG Geraldo Aguiar de Brito Vianna CETRAN/SP Adriana Aparecida de Lima CETRAN/SP Adriana Giuntini CNT César Galiza CNT Dilson de Almeida Souza DENATRAN Gleice dos Santos Barros DETRAN/AM Sirleide dos Santos Casanova DETRAN/AM Rita Catarina Correia Santos DETRAN/BA Maria Guadalupe Alonso Uzêda Machado DETRAN/BA Ana Cláudia Oliveira Perry DETRAN/MG Rafaella Gigliotti DETRAN/MG Luis Carlos Silva Santos DETRAN/SP Arnaldo Luis Theodosio Pazetti DETRAN/SP Meyre Francinete Araújo Bastos DNIT Luiz Carlos de Freire Bastos DNIT Jerry Adriane Dias Rodrigues DPRF Pedro de Souza da Silva DPRF Leonardo D’Almeida GirãoFENSEG Marcio Alexandre Malfatti FENSEG Marcos Aurélio Ribeiro FETCESP Gildete Gomes de Menezes FETCESP 38 Maria Marluce Caldas Bezerra MPE/AL Lean Antonio Ferreira de Araújo MPE/AL José Ricardo Rocha Cintra de Lima PM/DF Glaumer Lespinasse Araújo PM/DF Pérsio Walter Bortolotto SETRAN/Maringá/ PR Douglas Galvão Vilardo SETRAN/Maringá/ PR Léa Mariza Stocchero Hatschbach URBS/Curitiba
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