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1 2 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA COORDENAÇÃO-GERAL DE ENSINO COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA CONTEUDISTA Carlos Antônio Borges REVISÃO DE CONTEÚDO Thiago César Fagundes Santos Victória Pereira de Vasconcelos de Abreu COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Ardmon dos Santos Barbosa Márcio Raphael Nascimento Maia SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO Ozandia Castilho Martins Vinícius Alves de Sousa DESIGNER Ozandia Castilho Martins Vinícius Alves de Sousa Zulmiro José Machado Filho DESIGNER INSTRUCIONAL Luana Manuella de Sales Mendes 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DO CURSO ................................................................................................................... 4 DIVISÃO DOS MÓDULOS: .......................................................................................................................... 5 OBJETIVOS DO CURSO.............................................................................................................................. 6 MÓDULO 1 – SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO ................................................................................ 8 APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................................................................ 8 OBJETIVOS DO MÓDULO ..................................................................................................................................... 9 DIVISÃO DAS AULAS ......................................................................................................................................... 10 AULA 1 – COMPOSIÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO .................................................. 11 AULA 2 – COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES COMPONENTES DO SISTEMA DOS ÓRGÃOS NORMATIVOS ............................................................................................................................. 13 AULA 3 – ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA ........................................... 23 FINALIZANDO .................................................................................................................................................... 24 MÓDULO 2 – INFRAÇÕES DE TRÂNSITO ............................................................................................. 26 APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .......................................................................................................................... 26 OBJETIVOS DO MÓDULO ................................................................................................................................... 26 DIVISÃO DAS AULAS ......................................................................................................................................... 27 AULA 1 – TIPIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO ....................................................................... 28 AULA 2 – COMPETÊNCIAS PARA A FISCALIZAÇÃO .......................................................................... 30 AULA 3 – COMPLEXIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DE INFRAÇÕES DE TRÂNSITO ................. 32 AULA 4 – CONEXÃO COM CRIMES DE TRÂNSITO .............................................................................. 51 AULA 5 – ESCLARECENDO OUTRAS QUESTÕES .............................................................................. 57 TRÂNSITO DE MOTOCICLETA ENTRE VEÍCULOS PARADOS .............................................................................. 59 OBRIGATORIEDADE DO TACÓGRAFO ................................................................................................. 66 PAÍSES SIGNATÁRIOS DA CONVENÇÃO DE VIENA OU COM ACORDOS DE RECIPROCIDADE ........................... 72 FINALIZANDO .................................................................................................................................................... 75 MÓDULO 3 – PENALIDADES E MEDIDAS ADMINISTRATIVAS ......................................................... 77 APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .......................................................................................................................... 77 AULA 1 – CONCEITO DE AUTORIDADE E DE AGENTE DA AUTORIDADE .................................... 79 AULA 2 – PENALIDADES ........................................................................................................................... 80 AULA 3 – MEDIDAS ADMINISTRATIVAS ................................................................................................ 86 AULA 4 – ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA ........................................... 93 FINALIZANDO .................................................................................................................................................... 95 MÓDULO 4 – PROCESSO ADMINISTRATIVO DE TRÂNSITO ............................................................. 97 APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .......................................................................................................................... 97 AULA 1 – DO COMETIMENTO DA INFRAÇÃO DE TRÂNSITO À IMPOSIÇÃO DA PENALIDADE 99 AULA 2 - ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA PARA A EFETIVIDADE DO PROCESSO ADMINISTRATIVO............................................................................. 104 FINALIZANDO .................................................................................................................................................. 110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................... 112 CRÉDITOS ................................................................................................................................................... 115 4 APRESENTAÇÃO DO CURSO A legislação de trânsito muda constantemente e envolve muitas questões, como as que se deslocam nas vias públicas em sentidos e direções diversas. Nesse contexto, o profissional de segurança pública na área de trânsito precisa de conhecimentos específicos e de reciclagem de conhecimentos com frequência diante dessas mudanças no âmbito da lei e nos diversos órgãos que atuam nessa área. Um trânsito harmonioso e seguro depende do empenho de todos os envolvidos nesse processo. Os profissionais que fazem parte do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) necessitam de comprometimento, integração e capacitação, pois são as pessoas responsáveis a assegurar o seguinte direito: “direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito” (art. 1º, § 2º do Código de Trânsito Brasileiro – CTB). Figura 1: Trânsito Fonte: Do conteudista. O propósito do presente curso é aplicar a legislação de trânsito diante das infrações administrativas. Para isso há a necessidade de dominar conhecimentos da estrutura e dos órgãos e entidades competentes do sistema de trânsito, dos tipos de https://www.canva.com/photos/MADGyQKi_ic-landscape-photography-of-cars/ 5 condutas infratoras previstas no CTB e as providências que devem ser adotadas pelo profissional de segurança, e por fim, do processo administrativo em todas as suas etapas, desde a autuação à punição do infrator. Figura 2: Estrada Fonte: Do conteudista. DIVISÃO DOS MÓDULOS: Este curso é composto pelos seguintes módulos: - Módulo 1 – Sistema Nacional de Trânsito; - Módulo 2 – Infrações de trânsito; - Módulo 3 – Penalidades e medidas administrativas; - Módulo 4 – Processo administrativo de trânsito. https://www.canva.com/photos/MADGvpSdMlQ-road-in-between-green-tree-under-white-clouds-and-blue-sky/ 6 OBJETIVOS DO CURSO Ao final do estudo deste curso, você será capaz de:-Identificar a composição do Sistema Nacional de Trânsito (SNT); -Diferenciar as competências dos órgãos e entidades componentes do SNT, aplicando-as ao trabalho desenvolvido por sua corporação, integrante do Sistema Único de Segurança Pública; -Enquadrar comportamentos infratores das regras de circulação e conduta à correta tipificação descrita nos artigos de 162 a 255 do CTB; -Adotar medidas administrativas previstas na legislação quando da autuação de infração de trânsito, de acordo com a competência do profissional de segurança, diferenciando-a da que afeta à autoridade de trânsito; -Compreender o desenvolvimento do processo administrativo de trânsito desde o cometimento da infração até punição do infrator, bem como as atribuições do profissional de segurança neste processo. A lei nº 13.675/2018 no §2º do art. 9º prevê os integrantes operacionais do Susp. In verbis: § 2º, Art. 9º São integrantes operacionais do Susp: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III – (VETADO); IV - polícias civis; V - polícias militares; VI - corpos de bombeiros militares; VII - guardas municipais; VIII - órgãos do sistema penitenciário; IX - (VETADO); X - institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identificação; XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp); XII - secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres; XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec); XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad); XV - agentes de trânsito; XVI - guarda portuária. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20Art.%207%C2%BA%20Comp%C3%B5em%20o%20Sistema%20Nacional%20de%20Tr%C3%A2nsito%20os%20seguintes%20%C3%B3rg%C3%A3os%20e%20entidades%3A 7 Figura 3: Vias Fonte: Do conteudista. https://www.canva.com/photos/MADGx6bK2AA-parked-gray-car/ 8 MÓDULO 1 – SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO Apresentação do módulo O Sistema Nacional de Trânsito é composto por órgãos e entidades das esferas da administração pública Federal, Estadual e Municipal, desempenhando atribuições integradas e harmônicas entre si, para o desenvolvimento da Política Nacional de Trânsito objetivando a segurança, a fluidez, o conforto, a defesa ambiental e a educação para o trânsito, bem como a fiscalização do seu cumprimento. Figura 4: Semáforo Fonte: Do conteudista. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), esse sistema pode ser definido como: “o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades” (CTB, art. 5º). https://www.canva.com/photos/MAAm7J_bDH4-traffic-lights/ 9 Figura 5: Condução Fonte: Do conteudista. Cada órgão desempenha atividades específicas, de acordo com a natureza (normativa, executiva, fiscalizadora ou recursal) e nos limites da sua competência legal. Contudo, a legislação possibilita ampliar o alcance da fiscalização de trânsito através da celebração de convênios de cooperação técnica entre os órgãos e entidades executivas do Sistema Nacional de Trânsito. Objetivos do módulo Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de: - Enumerar os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito; - Identificar as competências de cada órgão, relacionando-as à sua atuação como profissional de segurança pública; - Compreender a ampliação da competência para a fiscalização de trânsito, por meio da celebração de convênios entre os órgãos componentes do sistema, com o objetivo de aumentar a eficiência e a segurança para os usuários da via pública. https://www.canva.com/photos/MADQ5D6gKv0-pov-of-man-driving-car/ 10 Divisão das aulas Este módulo compreende as seguintes aulas: Aula 1 – Composição do Sistema Nacional de Trânsito; Aula 2 – Competências dos órgãos e entidades componentes do sistema; Aula 3 – Atuação do profissional de segurança pública. 11 AULA 1 – COMPOSIÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO Os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Trânsito (CTB, art. 7º) podem ser assim apresentados, de acordo com as funções desempenhadas para alcance dos objetivos do referido sistema: 1. ÓRGÃOS NORMATIVOS E CONSULTIVOS: a) Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN); b) Conselhos Estaduais de Trânsito (CETRAN); c) Conselho de Trânsito do Distrito Federal (CONTRANDIFE). 2. ÓRGÃOS EXECUTIVOS: a) De trânsito: a1) Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) – União; a2) Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN) – Estados e DF; a3) Superintendência Municipal de Trânsito (SMT) – municípios 1 1 Nomenclatura exemplificativa, podendo sofrer alterações de acordo com a lei orgânica do município, bem como estabelecer a sua estrutura administrativa como secretaria, superintendência, autarquia, dentre outras. A lei nº 9.503 no seu Art. 7º do CTB, dispõe (In verbis): Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes órgãos e entidades: I - o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do Sistema e órgão máximo normativo e consultivo; II - os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRANDIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores; III - os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; IV - os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; V - a Polícia Rodoviária Federal; VI - as Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e VII - as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - JARI. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm 12 b) Rodoviários: b1) Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) – União; b2) Departamento de Estradas de Rodagem (DER) 2 - Estados e DF; b3) Órgão Rodoviário Municipal – Municípios. 3. ÓRGÃOS FISCALIZADORES a) Polícia Rodoviária Federal (PRF) – União b) Polícias Militares (PM) – Estados e DF 4. ÓRGÃOS RECURSAIS Juntas Administrativas de Recursos de Infração (JARI) Figura 6: Fotografia Fonte: Marcelo Camargo/Agência Brasil. https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2019-06/plataforma-da-rodoviaria-e-interditada-por- risco-de-desabamento-1581292376-1 2 Nomenclatura exemplificativa, podendo sofrer alterações de acordo com a organização administrativa do Estado da Federação. Por exemplo, em Goiás é denominado Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2019-06/plataforma-da-rodoviaria-e-interditada-por-risco-de-desabamento-1581292376-1 https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2019-06/plataforma-da-rodoviaria-e-interditada-por-risco-de-desabamento-1581292376-1 13 AULA 2 – COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES COMPONENTES DO SISTEMA DOS ÓRGÃOS NORMATIVOS Tanto o CONTRAN, em nível nacional, como o CETRAN/CONTRANDIFE, no âmbito da unidade da federação brasileira em que tem sede, desempenham harmonicamente as funções normativas, consultivas e coordenadoras para alcance dos objetivos da Política Nacional de Trânsito (conforme Resolução nº 514/2014- CONTRAN). As competências do Conselho Nacional de Trânsito estão estabelecidas no art. 12 do Código de Trânsito Brasileiro*,ou seja, o estabelecimento de normas regulamentares expressamente delegadas pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (CTB), estabelecido por meio de resoluções, tem destaque nesse meio. Estas resoluções são resultado das constantes transformações e evoluções dos equipamentos e dispositivos de segurança dos veículos e também a necessidade de se adequar a sociedade em que se vive. Hoje, mais de oitocentas resoluções já foram modificadas e encontram-se ainda dezenas que permanecem ativas desde antes do CTB (1998) entrar em ação. Assim, torna-se mais importante perceber que a atuação do profissional de segurança pública na área de trânsito exige constante atualização para estar a par dessas atualizações. O CONTRAN também é responsável por responder consultas que chegam até ele em relação à aplicação da legislação de trânsito. A sede encontra-se em Brasília, é comandado pelo Ministro de Estado da Infraestrutura e composto pelos seguintes representantes: Figura 7: Representantes Fonte: SCD/EaD/Segen. RESOLUÇÃO%20CONTRAN%20Nº%20514,%20DE%2018%20DE%20DEZEMBRO%20DE%202014%20(diariofiscal.com.br) RESOLUÇÃO%20CONTRAN%20Nº%20514,%20DE%2018%20DE%20DEZEMBRO%20DE%202014%20(diariofiscal.com.br) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm 14 Pensando no contexto de que o trânsito é um assunto completo e requer conhecimentos específicos de quem trabalha com ele, o CONTRAN passou a disponibilizar Câmaras Temáticas, que contam com especialistas nos assuntos técnicos e tem como objetivo estudar o assunto e oferecer sugestões, com fundamentos técnicos, para auxiliar na tomada de decisões do colegiado. São elas: Figura 8: Representantes Fonte: SCD/EaD/Segen. As competências dos Conselhos Estaduais de Trânsito e do Conselho de Trânsito do Distrito Federal estão estabelecidas no art. 14 do Código de Trânsito Brasileiro e possuem as mesmas competências que o CONTRAN em nível da unidade federativa em que têm circunscrição. Porém, com o poder normativo vinculado a ele, a extensão é bem menor, pois as regulamentações do CONTRAN são válidas em todo o território nacional. Com isso, o CETRAN/CONTRADIFE não tem o poder de criar normas diferentes do que foi definido pelo CONTRAN. O CETRAN/CONTRANDIFE também é responsável por responder questões em relação à aplicação da legislação de trânsito e constitui-se em grau de recurso, ou seja, a parte que perdeu a ação, não se conformou e faz o requerimento de nova apreciação, do julgamento das penalidades aplicadas pelos órgãos executivos e fiscalizadores dos Estados ou municípios. Ao contrário do CONTRAN, esse órgão também julga os recursos contra decisões dos órgãos executivos de trânsito nas https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%2014.%20Compete,na%20esfera%20administrativa. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%2014.%20Compete,na%20esfera%20administrativa. 15 situações de inaptidão permanente, verificadas nos exames realizados para a aquisição da Carteira Nacional de Habilitação. Você pode conferir mais informações sobre a gestão e operacionalização das atividades do CETRAN/CONTRANDIFE, como também as diretrizes para produção do seu regimento interno na Resolução nº 688/2017-CONTRAN. DOS ÓRGÃOS EXECUTIVOS DE TRÂNSITO O Departamento Nacional de Trânsito tem as competências definidas no art. 19 do CTB, em especial na atividade de emissão dos documentos de habilitação do condutor de veículo automotor (Permissão Para Dirigir, Carteira Nacional De Habilitação e Permissão Internacional Para Conduzir Veículo) e dos documentos de registro e licenciamento anual de veículo, de acordo com que o DETRAN dos Estados/DF transmite. Os Registros Nacionais de Carteira de Habilitação (RENACH), de veículos (RENAVAM) e de infrações de trânsito (RENAINF) também são atividades organizadas e mantidas pelo DENATRAN. A organização da estatística geral de trânsito no território nacional e a organização de projetos e programas para combater a violência no trânsito e estimular a educação, engenharia, administração, policiamento e fiscalização de trânsito é de responsabilidade também do mesmo órgão. O Departamento Estadual de Trânsito tem as competências definidas no art. 22 do CTB e suas principais atribuições são: (a) a realização do processo de concessão da CNH, desde o funcionamento dos centros de formação de condutores (CFC), emissão das licenças de aprendizagem para os candidatos à habilitação, realização dos exames escritos e práticos de direção veicular, emissão da Permissão para Dirigir (PD), da Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC) e da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), desde que atendidos os requisitos previstos na legislação de trânsito, conforme delegação do DENATRAN, acima referida; (b) a aplicação das penalidades de suspensão do direito de dirigir e de cassação da CNH/PD, obedecido ao devido processo administrativo, devendo tais medidas ser comunicadas ao DENATRAN para anotações no RENACH; https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/19239245/do1-2017-08-16-resolucao-n-688-de-15-de-agosto-de-2017-19239081 https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/19239245/do1-2017-08-16-resolucao-n-688-de-15-de-agosto-de-2017-19239081 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2019.%20Compete%20ao%20%C3%B3rg%C3%A3o%20m%C3%A1ximo%20executivo%20de%20tr%C3%A2nsito%20da%20Uni%C3%A3o%3A https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2019.%20Compete%20ao%20%C3%B3rg%C3%A3o%20m%C3%A1ximo%20executivo%20de%20tr%C3%A2nsito%20da%20Uni%C3%A3o%3A https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2019.%20Compete%20ao%20%C3%B3rg%C3%A3o%20m%C3%A1ximo%20executivo%20de%20tr%C3%A2nsito%20da%20Uni%C3%A3o%3A https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2019.%20Compete%20ao%20%C3%B3rg%C3%A3o%20m%C3%A1ximo%20executivo%20de%20tr%C3%A2nsito%20da%20Uni%C3%A3o%3A 16 (c) as providências relacionadas ao registro e licenciamento de veículos automotores, conforme delegação do DENATRAN, acima referida (vistoria, emplacamento, transferência de propriedade, verificação das condições de segurança veicular, baixa definitiva do registro, emissão do Certificado de Registro e do Certificado de Licenciamento Anual, dentre outras); (d) executar a fiscalização de trânsito, autuar infrações de trânsito, aplicar medidas administrativas e penalidades cabíveis na área de competência do Estado (a seguir especificada). Houve uma inovação, proposta pelo Código de Trânsito Brasileiro ao dividir a competência da fiscalização com os municípios. Antes de 1998, o Município tinha os encargos de pavimentação, sinalização, manutenção e operação das vias públicas e o Estado fazia a fiscalização do seu uso e o recolhimento dos valores das multas aplicadas, ou seja, o município tinha o ônus e o Estado, o bônus. Com a correção dessa divergência, o CTB separou as competências da fiscalização do Estado e do município nas vias urbanas municipais, ficando estabelecida a competência do DETRAN para a fiscalização das infrações relacionadas à regularidade da documentação de veículos e condutores e das condições de segurança dos veículos. Você verá mais informações sobre essa questão no módulo 2 – Infrações de trânsito. O órgão executivo municipal tem as competências definidas no art. 24 do CTB e suas atribuições de destaque são: (a) planejar, regulamentar e operar o trânsito de pessoas, veículos e animais nas vias públicas do município, por meio do sistema de sinalização e dispositivos de controle viário (semáforos, reguladores de velocidade, fiscalização por câmeras, dentre outros), podendo, inclusive, implementar sistema de estacionamentorotativo pago; (b) registrar e licenciar veículos de propulsão humana e de tração animal (bicicletas, carroças e similares) e emitir autorização para conduzi-los, fiscalizando, autuando e aplicando penalidades decorrentes de infrações de trânsito relativas a estes veículos; (c) executar a fiscalização de trânsito, autuar infrações de trânsito, aplicar medidas administrativas e penalidades cabíveis na área de competência do município https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2024.%20Compete%20aos%20%C3%B3rg%C3%A3os%20e%20entidades%20executivos%20de%20tr%C3%A2nsito%20dos%20Munic%C3%ADpios%2C%20no%20%C3%A2mbito%20de%20sua%20circunscri%C3%A7%C3%A3o%3A%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20(Re https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2024.%20Compete%20aos%20%C3%B3rg%C3%A3os%20e%20entidades%20executivos%20de%20tr%C3%A2nsito%20dos%20Munic%C3%ADpios%2C%20no%20%C3%A2mbito%20de%20sua%20circunscri%C3%A7%C3%A3o%3A%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20(Re 17 (circulação, estacionamento, parada, excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos). A Resolução nº 066/1998-CONTRAN tornou mais detalhada a distribuição de competências entre Estado e município para a fiscalização de trânsito nas vias públicas urbanas, na qual você, profissional de segurança pública, pode separar as infrações de trânsito que cabem originalmente ao órgão no qual você atua. Existem algumas infrações de trânsito que são, ao mesmo tempo, de competência do Estado e do município, por exemplo: deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto de segurança (CTB, art. 167); disputar corrida (CTB, art. 173); desobedecer às ordens vindas da autoridade competente de trânsito ou de seus agentes (CTB, art. 195). Figura 9: Fiscalização em vias urbanas Fonte: Do conteudista. Devido ao fato do Distrito Federal não ser dividido em territórios e administrações municipais, ou seja, ser uma unidade de federação sui generis, o DETRAN/DF terá competência ampla para fiscalização de trânsito, abrangendo, também, as responsabilidades previstas no art. 24 do CTB. É o que estabelece o § 1º do art. 24 do CTB: “As competências relativas a órgão ou entidade municipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão ou entidade executivo de trânsito”. Para entender melhor: Distribuição da competência para fiscalização em vias urbanas ESTADO MUNICÍPIO Regularidade da documentação de veículos e condutores e das condições de segurança dos veículos Uso da via: circulação, estacionamento e parada, excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos Ex: falta de CNH, exame médico vencido, licenciamento atrasado, veículo sem equipamento obrigatório. Ex: avanço de sinal, excesso de velocidade, contramão de direção, estacionamento em local proibido. https://drive.google.com/file/d/0B6s4dqs3dWUWQzZ0bjZoRFZKVHc/view?resourcekey=0--x_nb1xwvZFYhTSffHIFDA https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=%C2%A0%C2%A0%20Art.%20167.%20Deixar%20o%20condutor%20ou%20passageiro%20de%20usar%20o%20cinto%20de%20seguran%C3%A7a%2C%20conforme%20previsto%20no%20art.%2065%3A https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%20173.%20%C2%A0Disputar%20corrida%3A%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20(Reda%C3%A7%C3%A3o%20dada%20pela%20Lei%20n%C2%BA%2012.971%2C%20de%202014)%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20(Vig%C3%AAncia) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%20195.%20Desobedecer%20%C3%A0s%20ordens%20emanadas%20da%20autoridade%20competente%20de%20tr%C3%A2nsito%20ou%20de%20seus%20agentes%3A 18 Figura 10: Vagas Reservadas Fonte: Valter Campanato/Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-01/multa-para-quem-estaciona-em-vagas- reservadas-aumenta-140-1581289761 DOS ÓRGÃOS EXECUTIVOS RODOVIÁRIOS Diferentemente dos órgãos executivos de trânsito, em que a distribuição das competências é estabelecida em artigos diferentes conforme os níveis federal, estadual e municipal (CTB, art. 19, 22 e 24, respectivamente), a definição das responsabilidades dos órgãos executivos rodoviários é a mesma, independente da atuação do poder público. Isso acontece porque no que diz respeito à operação e fiscalização de trânsito nas estradas e rodovias, as competências não são distribuídas em mais de um órgão executivo. Assim, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, os Departamentos de Estradas de Rodagem (ou outra denominação similar, conforme o Estado) e os órgãos rodoviários municipais (onde houver, pois dificilmente algum município terá uma estrutura exclusiva para o trânsito urbano e outra para o trânsito https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-01/multa-para-quem-estaciona-em-vagas-reservadas-aumenta-140-1581289761 https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-01/multa-para-quem-estaciona-em-vagas-reservadas-aumenta-140-1581289761 19 rodoviário) têm as competências definidas no art. 21 do CTB. Suas atribuições de maior destaque são: (a) planejar, regulamentar e operar o trânsito de pessoas, veículos e animais nas rodovias sob seu domínio, por meio do sistema de sinalização e dispositivos de controle viário (semáforos, reguladores de velocidade, fiscalização por câmeras, dentre outros); (b) executar a fiscalização de trânsito, autuar infrações de trânsito, aplicar medidas administrativas e penalidades cabíveis em sua extensão de atribuição operacional; (c) vistoriar veículos que necessitem de autorização especial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a serem observados para a circulação (veículos com mais de uma unidade tracionada, de dimensões excedentes à capacidade da rodovia, dentre outros). Figura 11: Transporte de Cargas Fonte: Marcelo Camargo/Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2021-06/caminhoes-transporte-de-cargas- 1622564437 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2021.%20Compete%20aos%20%C3%B3rg%C3%A3os%20e%20entidades%20executivos%20rodovi%C3%A1rios%20da%20Uni%C3%A3o%2C%20dos%20Estados%2C%20do%20Distrito%20Federal%20e%20dos%20Munic%C3%ADpios%2C%20no%20%C3%A2mbito%20de%20sua%20circunscri%C3%A7%C3%A3o% https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2021-06/caminhoes-transporte-de-cargas-1622564437 https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2021-06/caminhoes-transporte-de-cargas-1622564437 20 DAS POLÍCIAS MILITARES DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL A competência da Polícia Militar é estabelecida no art. 23, inciso III do CTB, nestes termos: “executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão ou entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes credenciados” (grifo nosso). Para o conhecimento de algum policial militar que cuidadosamente chegou até este ponto do texto, podemos dizer que a Polícia Militar não tem nenhuma competência originária para a fiscalização administrativa do trânsito em nosso país! Além de dividir a competência do Estado para a fiscalização do trânsito com o município nas vias urbanas, o CTB tirou essa responsabilidade da Polícia Militar. Assim, se for conveniente e viável para a administração pública, o DETRAN e os departamentos estaduais de estradas de rodagem estaduais podem: (a) constituir estrutura de fiscalização própria; (b) aproveitar as décadas de trabalho desenvolvido e de formação profissional da Polícia Militar nesta área de atuação estatal, por meio de convênio, em razão do qual agirá por delegação e em nome do órgão executivo responsável pela fiscalização de trânsito, de acordo com as atribuições estabelecidas nos artigos 21 e 22 do CTB, anteriormente analisados. Como os órgãos executivos e a corporação militar estão no mesmo campo deatuação do Estado/DF, os recursos materiais e logísticos tornam-se convergentes em proveito do interesse público em celebrar os convênios de cooperação técnica e mesmo ocorrendo à celebração do convênio, nada impede que o órgão executivo insira ou mantenha ao mesmo tempo a fiscalização por meio de agentes do próprio órgão, como ocorre, por exemplo, no Distrito Federal. Percebe-se a atuação de batalhões de trânsito urbano nas maiores cidades do Brasil e a atuação de batalhões rodoviários nas rodovias e estradas estaduais por causa dos convênios explicados acima. Isso acontece de acordo com a estruturação orgânica da Polícia Militar. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2023.%20Compete%20%C3%A0s%20Pol%C3%ADcias%20Militares%20dos%20Estados%20e%20do%20Distrito%20Federal%3A https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2023.%20Compete%20%C3%A0s%20Pol%C3%ADcias%20Militares%20dos%20Estados%20e%20do%20Distrito%20Federal%3A 21 DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL A Polícia Rodoviária Federal tem as competências definidas no art. 20 do CTB. Destacam-se as seguintes atribuições: (a) realizar o patrulhamento ostensivo, ou seja, de maneira evidente, executando operações relacionadas com a segurança pública; (b) aplicar e arrecadar as multas impostas por infrações de trânsito, as medidas administrativas decorrentes e os valores obtidos de estada e remoção de veículos; (c) efetuar levantamento dos locais de acidentes de trânsito; (d) assegurar a livre circulação nas rodovias federais. Figura 12: Operação Policial Fonte: Elza Fiúza/Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-06/policia-faz-operacao-para- desocupar-hotel-em-brasilia-1581289761-8 A PRF tem a competência procedente para a fiscalização de trânsito nas rodovias e estradas federais por meio de convênio com o órgão executivo rodoviário, podendo, assim, agir em nome próprio, sem a necessidade de convênio https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2020.%20Compete%20%C3%A0%20Pol%C3%ADcia%20Rodovi%C3%A1ria%20Federal%2C%20no%20%C3%A2mbito%20das%20rodovias%20e%20estradas%20federais%3A https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2020.%20Compete%20%C3%A0%20Pol%C3%ADcia%20Rodovi%C3%A1ria%20Federal%2C%20no%20%C3%A2mbito%20das%20rodovias%20e%20estradas%20federais%3A https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-06/policia-faz-operacao-para-desocupar-hotel-em-brasilia-1581289761-8 https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-06/policia-faz-operacao-para-desocupar-hotel-em-brasilia-1581289761-8 22 com o DNIT (que também tem competência para esta fiscalização, conforme art. 21, VI do CTB). Também existe outra diferença em relação ao funcionamento, a polícia militar junto ao órgão da PRF – conforme disciplinado na Portaria nº 132 de 14/02/2011/Ministério da Justiça – é responsável por atribuir penalidades. Outra distinção da Polícia Militar está no funcionamento, junto à estrutura organizacional da PRF, pois, quem é responsável por impor penalidades, deve oferecer ao infrator o regular exercício do direito de defesa. DOS ÓRGÃOS DE RECURSO Estabelece o art. 16 do CTB: “Junto a cada órgão ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário funcionarão Juntas Administrativas de Recursos de Infrações – JARI, órgãos colegiados responsáveis pelo julgamento dos recursos interpostos contra penalidades por eles impostas”. As competências das Juntas Administrativas de Recursos de Infrações, que atuam junto aos órgãos que têm atribuição legal para fiscalizar e conferir penalidades que foram decorrentes de infração de trânsito, em grau de primeira instância administrativa, são as seguintes: (a) julgar os recursos que foram pedidos pelos infratores; (b) solicitar ao órgão responsável pela aplicação da penalidade, caso necessário, informações complementares relativas aos recursos, objetivando uma melhor análise da situação recorrida; (c) encaminhar aos órgãos e entidades executivas de trânsito e executivas rodoviárias informações sobre problemas observados nas autuações e apontados em recursos que se repitam sistematicamente (CTB, art. 17). Caso ocorra o indeferimento do recurso e o infrator não concordar com a decisão tomada pela JARI, ele poderá, dentro do prazo legal estabelecido, solicitar um segundo recurso à instância administrativa superior. Você verá mais informações sobre esse assunto no módulo 4 – Processo administrativo de trânsito. Você pode consultar mais informações sobre a composição, organização e funcionamento e também as diretrizes para elaboração do regimento interno da JARI na Resolução nº 357/2010-CONTRAN. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=%C2%A0%C2%A0%20Art.%2017.%20Compete%20%C3%A0s%20JARI%3A https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao_contran_357_10.pdf 23 AULA 3 – ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA Na aula anterior, você estudou as atribuições de cada órgão integrante do Sistema Nacional de Trânsito e suas competências estabelecidas pelo CTB, com isso, podemos especificar a atuação dos seguintes profissionais de segurança pública: - Policiais rodoviários federais: tem como função fiscalizar o trânsito de veículos, pessoas e animais nas rodovias e estradas federais podendo ser o órgão que tem direito de autuar todas as infrações previstas no CTB; - Agentes municipais de trânsito: (a) fiscalizam as vias urbanas do município onde estão lotados, principalmente as infrações relacionadas ao uso da via (circulação, estacionamento, parada, excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos); (b) fiscalizam as rodovias e estradas municipais (onde houver) com direito de autuar todas as infrações previstas no CTB; - Policiais militares: (a) fiscalizam as vias urbanas do município onde estão inseridos, focando, principalmente, nas infrações relacionadas à regularidade da documentação de veículos e condutores e das condições de segurança dos veículos (conforme convênio com o DETRAN); (b) fiscalizam o trânsito de veículos, pessoas e animais nas rodovias e estradas estaduais com direito de autuar todas as infrações previstas no CTB (conforme convênio com o DER – ou equivalente). O Código de Trânsito Brasileiro prevê, em seu art. 25, que os órgãos e entidades executivos do Sistema Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio, delegando suas atividades, visando uma maior eficiência e segurança para os usuários da via. A competência para fiscalizar infrações de trânsito nas vias urbanas do município pode ser ampliada tanto para os agentes de trânsito, como para os policiais militares, se houver interesse dos participantes do processo. Até mesmo nos municípios que não tenham estrutura organizacional, logística e humana, pode ser 24 feita a delegação das atribuições para a Polícia Militar, sem haver necessidade da participação de agentes de trânsito na competência municipal. Também é prevista a delegação de competências entre o órgão executivo rodoviário e o de trânsito, mesmo não acontecendo com frequência, em qualquer esfera de organização, seja federal, estadual ou municipal. O CTB, em seu art. 7º-A, também prevê a possibilidade de convênio entre a autoridade portuária (ou a entidade que tenha licença no porto organizado) e os órgãos executivos do município e do Estado, juridicamente interessados, para facilitar a autuação por descumprimento da legislação de trânsito, podendo ser definido para toda a área física do porto organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfandegados, nas estações de transbordo, nas instalações portuárias públicas de pequeno porte e nos respectivos estacionamentos ou vias de trânsito internas. O art. 25-A do CTB estabelecetambém que os agentes dos órgãos policiais da Câmara dos deputados e do Senado Federal, se houver convênio com entidades de trânsito que possuam demarcações sobre a via, podem aplicar a atuação de infração e enviá-las ao órgão competente. Isso acontece nos casos em que a infração que foi cometida nos arredores do Congresso Nacional ou nos locais que também são de sua responsabilidade e que comprometam de alguma maneira os serviços lá prestados ou coloque em risco a segurança das pessoas ou do patrimônio das Casas Legislativas. Finalizando Neste módulo, você estudou que: - O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto dos órgãos e entidades da administração pública federal, estadual e municipal que têm por finalidade alcançar os objetivos da Política Nacional de Trânsito. Estes órgãos desempenham funções específicas: (a) normativas (CONTRAN, CETRAN e CONTRANDIFE); (b) executivas (DENATRAN, DETRAN, DER, dentre outros); fiscalizadoras (Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar); recursais (JARI). Apesar das funções serem específicas, são interdependentes para harmonia de todo o sistema. - Cada órgão componente do Sistema Nacional de Trânsito tem as competências definidas no Código de Trânsito Brasileiro (artigos de 12 a 24). A maior dificuldade de compreensão das competências pode ocorrer nas vias urbanas municipais, onde há atuação de mais de um órgão executivo (estadual e municipal). https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%207o-A,12.058%2C%20de%202009) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2025-A.%20%C2%A0Os,14.071%2C%20de%202020)%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20(Vig%C3%AAncia) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503Compilado.htm#:~:text=Art.%2012.%20Compete%20ao%20CONTRAN%3A 25 Apesar disso, o CTB e a Resolução nº 066/1998-CONTRAN fazem o papel de regularizar a distribuição das competências, assim sintetizada: ao Estado cabe fiscalizar a regularidade da documentação de veículos e condutores e das condições de segurança dos veículos e ao munícipio cabe fiscalizar o uso da via (circulação, estacionamento e parada, excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos). - O profissional de segurança pública, na fiscalização de trânsito, atua de acordo com a competência definida para o órgão no qual está inserido. Porém, visando maior eficiência e segurança para os usuários da via, é prevista a celebração de convênio entre os órgãos executivos de trânsito e rodoviários, o que pode tornar mais abrangente a fiscalização à totalidade das infrações de trânsito em vias urbanas municipais, em rodovias e estradas. 26 MÓDULO 2 – INFRAÇÕES DE TRÂNSITO Apresentação do módulo O profissional de segurança pública, em seu dia a dia de trabalho com a fiscalização de trânsito encontra muitas informações que devem ser processadas para que seu trabalho seja mais eficaz. Você irá aprender algumas considerações pertinentes à tipificação das condutas humanas que descumprem as normas gerais de circulação e conduta, previstas nos artigos 26 a 67 do Código de Trânsito Brasileiro. É importante estar atento a esse conteúdo, pois é necessário saber como enquadrar, de modo correto e legalizado, o infrator para a sua efetiva penalização. Também é necessário que você tenha atenção em relação a competência do órgão executivo, ao qual o profissional de segurança pública se vincula e pelo qual age, se a autuação for realizada na fiscalização da via pública urbana, onde, conforme visto na Aula 3 do módulo 1, há atuação de mais de um órgão executivo ao mesmo tempo. Algumas infrações de trânsito são complexas em sua distinção, o que necessita um conhecimento adequado de outras disposições no CTB e, algumas vezes, em resoluções do CONTRAN. Outras infrações podem ter conexão com crimes de trânsito, o que também exige uma análise atenciosa, para que as providências adotadas pelo profissional de segurança pública não omitam o devido tratamento e repressão pelo sistema judiciário nacional. Objetivos do módulo Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de: - Tipificar infrações de trânsito para correto enquadramento nos atos de seu registro; - Distinguir as competências para a fiscalização de trânsito, de acordo com o órgão no qual atua o profissional de segurança pública; - Esclarecer pontos que são complexos em relação a determinadas infrações de trânsito e a possibilidade de existir conexão com crimes de trânsito. 27 Divisão das aulas Este módulo compreende as seguintes aulas: Aula 1 – Tipificação de infração de trânsito; Aula 2 – Competências para a fiscalização; Aula 3 – Complexidade da caracterização de infrações de trânsito; Aula 4 – Conexão com crimes de trânsito; e Aula 5 – Esclarecendo outras questões. 28 AULA 1 – TIPIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO Toda norma geral de circulação e conduta, prevista nos artigos de 26 a 67 do CTB, quando descumprida, gera a ocorrência de infração de trânsito, prevista nos artigos de 162 a 255 do Código de Trânsito Brasileiro. Dessa forma, quando o condutor não cumpre a norma de conduta prevista no art. 28 do CTB (o condutor deverá, a todo o momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito) ocorre o enquadramento na infração de trânsito do art. 169 do CTB (dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança: infração – leve; penalidade – multa). Tipificação de infração de trânsito é a exata correspondência entre a conduta observada pelo profissional de segurança pública e a sua previsão em dispositivo legal no CTB. Exemplo disso é a conduta de avançar o sinal amarelo do semáforo, na direção de veículo automotor, é infração prevista no art. 208 do CTB (avançar o sinal vermelho do semáforo: infração – gravíssima; penalidade – multa), mas avançar sinal amarelo do semáforo é infração de trânsito? Sim. Mas não corresponde à exata previsão do art. 208, pois o sinal vermelho é elemento essencial para ocorrer à infração de trânsito. Observe a seguinte pergunta: Como o condutor do veículo deve agir ao se deparar com o sinal amarelo do semáforo? A resposta é: O condutor deve parar o veículo. A exceção é se não for possível parar em condições seguras. O sinal amarelo indica o término do direito de passagem, sendo permitido prosseguir em movimento apenas quando o semáforo indica a luz verde (conforme Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito, vol. V, p. 25). Desse modo, qual será a correta tipificação da infração de trânsito quando o condutor, ao invés de parar o veículo, acelera e avança o sinal amarelo do semáforo? Segundo o art. 269, segunda parte, do CTB (dirigir [...] sem os cuidados indispensáveis à segurança: infração – leve; penalidade – multa). Neste módulo, você aprenderá sobre a caracterização das infrações de trânsito e as providências adequadas de como registrar a infração (autuação). Você verá mais informações sobre isso no Módulo 4 - Processo administrativo de trânsito. Para que você possa melhor entender o conceito de tipificação de infração de trânsito, veja abaixo um brinquedo infantil de encaixe de formas geométricas, que 29 busca desenvolver em bebês e crianças as habilidades de motricidade, reconhecimento de cores e coordenação motora: Figura 13: Brinquedo Infantil Fonte: Companhia dos Brinquedos. Observe que na tampa branca (em formato de flor), no limite superior do recipiente azul, estão dispostas sete figuras geométricas vazadas para entrada do correspondente bloco colorido de diferentes formas. Somente será possível a entrada do bloco colorido ao interior do brinquedo se for exatamente encaixado na figura geométrica vazada. Agoraimagine que as figuras geométricas vazadas que estão na tampa branca são as infrações de trânsito previstas no CTB e considere que cada bloco colorido é a conduta que vai ser observada pelo agente de trânsito. Assim, quando ocorre o encaixe perfeito no bloco colorido na figura vazada, pode ser constatado que houve ali a tipificação correta da conduta conforme está previsto na lei. 30 AULA 2 – COMPETÊNCIAS PARA A FISCALIZAÇÃO Você estudou no conteúdo da aula 2 do módulo 1 que a Resolução nº 066/1998-CONTRAN distribuiu detalhadamente as competências entre Estado e município para a fiscalização de trânsito nas vias públicas urbanas. Agora você verá abaixo essa resolução, em formato de tabela, juntamente com as infrações de trânsito previstas no CTB. Na primeira coluna encontra-se o “código de infração” (informação essencial que o agente precisa saber para decretar o auto da infração), na segunda coluna encontra-se a “descrição da infração” e na terceira coluna a informação de quem é o responsável pela competência, o Estado ou o município. Veja: Quadro 1: Extrato de trechos da resolução nº 066/1998-CONTRAN Fonte: Do conteudista. É importante lembrar que quando se fala da fiscalização em rodovias e estradas, sejam estaduais ou federais, não há distribuição dessa competência. O responsável pela atuação das infrações de trânsito previstas no CTB poderá ser tanto a polícia militar quanto a polícia rodoviária federal. Foi organizado pelo CONTRAN o Manual Brasileiro de fiscalização de trânsito – Volume I – infrações de competência municipal, nele encontram-se as normas editadas para orientar a atuação dos agentes municipais de trânsito urbano (competência do município). Por meio da Resolução nº 561/2015, foi instituído o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito – Volume II – Infrações de competência dos órgãos e entidades executivos estaduais de trânsito. Nele encontram-se as normas que TABELA DE DISTRIBUIÇÃO DE COMPETÊNCIA - FISCALIZAÇÃO DE TRÂNSITO, APLICAÇÃO DAS MEDIDAS ADMINISTRATIVAS PENALIDADES CABÍVEIS E ARRECADAÇÃO DE MULTAS APLICADAS CÓDIGO INFRAÇÃO DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO COMPETÊN- CIA 501 - 0 Dirigir veículo sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir. ESTADO 502 - 9 Dirigir veículo com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de dirigir. ESTADO 521 - 5 Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos. ESTADO E MUNICÍPIO 522 - 3 Usar o veículo para arremessar água ou detritos sobre os pedestres ou veículos. MUNICÍPIO 523 - 1 Atirar do veículo ou abandonar na via pública objetos ou substâncias. MUNICÍPIO https://drive.google.com/file/d/0B6s4dqs3dWUWQzZ0bjZoRFZKVHc/view?resourcekey=0--x_nb1xwvZFYhTSffHIFDA https://drive.google.com/file/d/0B6s4dqs3dWUWQzZ0bjZoRFZKVHc/view?resourcekey=0--x_nb1xwvZFYhTSffHIFDA https://www.gov.br/prf/pt-br/concurso-2021/resolucoes/R561-15 31 auxiliarão especialmente os policiais militares e os agentes estaduais de trânsito na fiscalização do trânsito urbano (competência do Estado). Já os policiais rodoviários da União e dos Estados podem consultar qualquer um dos manuais acima, pois sua competência envolve todas as infrações de trânsito previstas no CTB, independentemente de ser da competência estadual ou municipal. O manual de fiscalização é importante, pois há nele todas as informações e instruções que vão orientar o trabalho do agente na hora de autuar condutas infratoras. Algumas dessas informações são: código de enquadramento, tipificação, amparo legal, natureza da infração, penalidade, pontuação, previsão ou não de medida administrativa, competência para a fiscalização, informação de quem é o infrator e demais requisitos que garantirão a regularidade do registro do cometimento da infração de trânsito. https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-contran/resolucoes/resolucao-389-2011-1.pdf 32 AULA 3 – COMPLEXIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DE INFRAÇÕES DE TRÂNSITO GENERALIDADES O art. 161 do Código de Trânsito Brasileiro conceitua infração de trânsito como a inobservância de qualquer preceito do CTB ou da legislação complementar, ou seja, qualquer falta de obediência ao que se espera do condutor, pode levá-lo às penalidades e às medidas administrativas indicadas em cada artigo de infração e às punições quando há crime de trânsito. Assim, infração de trânsito é toda conduta humana, comportamento ou omissão desenvolvida em veículo – pelo condutor ou passageiro – ou na condição de pedestre. Desta forma, contém elementos objetivos que deverão ser analisados pelo profissional de segurança pública para que a adequada tipificação no artigo de infração de trânsito seja feita de modo correto. Por serem elementos objetivos, o profissional de segurança pública não deve questionar nunca a motivação do cometimento da infração de trânsito (exceto que o infrator queira voluntariamente se justificar). Por exemplo, se o condutor avançou o sinal vermelho, deve ser evitado que você faça alguma pergunta como “Por que você avançou o sinal vermelho?”. Independente da resposta, seja por desatenção, vontade própria ou por não ter visto o agente de trânsito, não será motivo para interferir na autuação que você fará, nem na penalidade, pois a infração de trânsito é comportamento e não intenção. Ainda sobre a intenção do infrator, uma vez, em aula do Curso de Gestão de Trânsito da Universidade Estadual de Goiás, fui questionado por uma agente municipal de trânsito de Goiânia: “O condutor de veículo, ao se aproximar de posto de combustível situado em esquina de cruzamento semaforizado, percebendo que o semáforo fechará antes da sua passagem, entra no posto de combustível e sai pela via perpendicular, está cometendo infração de trânsito?”. Respondi: “Não. Onde no CTB é proibido entrar e sair de posto de combustível sem abastecer?” Ela retrucou: “Mas a intenção dele não foi a de avançar o sinal vermelho, não parando no local e no tempo apropriado?” Completei: “Mas você não autua intenção e sim comportamento. E se o condutor quer avançar o sinal vermelho, mas ao ver o agente de trânsito nas proximidades, resolve parar, comete infração de trânsito também?”. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%20161.%20%C2%A0Constitui,de%202020)%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20(Vig%C3%AAncia) 33 É importante também você ter a orientação de que cada conduta corresponde a uma infração de trânsito. A mesma conduta não pode gerar tipificação em dois artigos diferentes de infração de trânsito. Por exemplo: quando o veículo está estacionado na contramão de direção e com umas das rodas sobre calçada, após a comprovação que houve infração de estacionamento irregular, o agente de trânsito vai tipificar a mais específica à situação, no caso art. 181, XV do CTB (estacionar o veículo na contramão de direção). Se optar pelo art. 181, VIII do CTB (estacionar o veículo no passeio), a autuação estará suficiente, desde que seja apenas nesta tipificação. O que não pode ser feito é autuar nos dois artigos de infração, pois cada conduta corresponde a uma infração de trânsito. Em casos de infrações de trânsito em momentos diferentes, mas em sequência, não será aplicada a regra estudada acima. Por exemplo, se a pessoa avança o sinal vermelho e, em seguida, estaciona na área delimitada para embarque/desembarque de transporte coletivo, isso contará como duas infrações, pois são dois comportamentos diferentes: art. 208 (avançar o sinal vermelho do semáforo) e art. 181, XIII (onde houver sinalização horizontal delimitadora de ponto de embarque ou desembarque de passageiros de transporte coletivo), respectivamente. CARACTERIZAÇÃO DE INFRAÇÕES DE TRÂNSITOCOMPLEXAS Artigos 163 e 164 – entregar a direção ou permitir a posse de veículo Estes dois artigos se referem a infrações de trânsito que não são cometidas pelo condutor, mas sim pelo proprietário do veículo automotor fiscalizado (conforme nome que tem no documento de licenciamento anual). A conduta prevista no art. 163 (entregar a direção do veículo a pessoa nas condições previstas no art. 162) exige que no momento da infração haja a presença do proprietário dentro do veículo no momento da abordagem. Já na conduta prevista no art. 164 (permitir que pessoa nas condições referidas nos incisos do art. 162 tome posse do veículo automotor e passe a conduzi-lo na via), o proprietário do veículo não está presente no momento da abordagem, mas comparece, logo em seguida, ao local da fiscalização. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%20181.%20Estacionar%20o%20ve%C3%ADculo%3A http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%20163.%20Entregar%20a%20dire%C3%A7%C3%A3o%20do%20ve%C3%ADculo%20a%20pessoa%20nas%20condi%C3%A7%C3%B5es%20previstas%20no%20artigo%20anterior%3A 34 Estas infrações ressaltam a responsabilidade do proprietário de veículo em verificar o atendimento das exigências legais para que seu veículo seja conduzido na via pública por outra pessoa. É obrigação do proprietário se certificar, previamente, se o condutor é possui CNH e se está na validade, se a categoria da habilitação corresponde ao veículo que será dirigido, se precisa usar lentes corretivas ou óculos, dentre outras obrigações. Não pode ser usada como justificativa para a situação flagrada na fiscalização a desculpa: “Eu não sabia que ele não era habilitado para dirigir”, pois é dever do proprietário se certificar. Para a fiscalização destas duas infrações é necessário, primeiramente, identificar em qual das situações previstas no art. 162 o condutor do veículo fiscalizado cometeu: -Sem possuir Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor (art. 162, I); -Com Carteira Nacional de Habilitação, Permissão para Dirigir ou Autorização para Conduzir Ciclomotor cassada ou com suspensão do direito de dirigir (art. 162, II); -Com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão para Dirigir de categoria diferente da do veículo que esteja conduzindo (art. 162, III); -Com validade da Carteira Nacional de Habilitação vencida há mais de trinta dias (art. 162, V); -Sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar de audição, de prótese física ou as adaptações do veículo impostas por ocasião da concessão ou da renovação da licença para conduzir (art. 162, VI). A autuação da infração do art. 163 – bem como do art. 164 – deve ser realizada após a autuação do condutor do veículo na disposição específica do art. 162 que foi infringida, inclusive, quando o proprietário é autuado, deve constar a anotação da autuação do condutor do veículo, conforme consta nas fichas do Manual Brasileiro de Fiscalização – Volume II (Resolução nº 561/2015-CONTRAN). Nesta situação, há duas condutas que devem ser autuadas: uma relativa ao condutor do veículo e outra ao proprietário legal. E se o proprietário legal (conhecedor das consequências do seu ato) não comparecer ao local da fiscalização? Daí você deve autuar o condutor e reter o veículo até a apresentação de condutor habilitado. É importante que você esteja atento à identificação deste condutor habilitado, pois pode acontecer do proprietário do veículo 35 comparecer para retirar o veículo sem se identificar, e, se isso acontecer, o proprietário pode ser autuado na disposição do art. 164 infringida. Você também precisar observar se existem outras pessoas dentro do veículo, pois entre essas pessoas pode ser que uma delas seja o proprietário (conhecedor das consequências do seu ato) que se nega a dizer que é o dono para não ser punido. Pode acontecer também da pessoa se apresentar como sendo o proprietário, mas seu nome não constar no certificado de licenciamento anual do veículo. Nesse caso, você faz a autuação do condutor, mas pode ocorrer de ser invalidada a autuação do proprietário por incompatibilidade de identificação entre condutor e proprietário, em grau de defesa prévia ou de recurso. Também pode acontecer de o proprietário do veículo ser o próprio condutor sem habilitação (bem como nas outras situações previstas no art. 162). Neste caso, será autuado o condutor na disposição do art. 162, I (ou em outra disposição deste artigo). Artigo 165 – embriaguez ao volante Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência é uma das infrações de trânsito que as consequências geram danos severos ao condutor e a sociedade geral. * A confirmação da alteração da capacidade psicomotora por causa do uso de álcool, para efeito de comprovação instantânea (no momento da fiscalização), acontece por meio de um dos seguintes procedimentos que serão realizados no condutor de veículo automotor (conforme art. 3º, III e IV da Resolução nº 432/2013- CONTRAN): - Teste em aparelho destinado à medição do teor alcoólico no ar alveolar (etilômetro ou bafômetro); - Verificação dos sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora do condutor (em formulário impresso ou digital) que acompanhará o auto de infração (AI). Se não tiver como realizar algum dos procedimentos acima, também poderão ser utilizados prova testemunhal, imagem, vídeo ou qualquer outro meio que comprove, mas nos procedimentos de fiscalização deve ser priorizada a utilização do teste com etilômetro. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%20163.%20Entregar%20a%20dire%C3%A7%C3%A3o%20do%20ve%C3%ADculo%20a%20pessoa%20nas%20condi%C3%A7%C3%B5es%20previstas%20no%20artigo%20anterior%3A https://www.direitohd.com/res4322013 https://www.direitohd.com/res4322013 36 Se for utilizado o bafômetro para a comprovação da infração, a autuação deve ser feita quando as medidas forem igual ou superior a 0,05 mg/L (miligrama de álcool por litro de sangue). Em todas as medições é descontado o erro máximo admissível, para efeito de medição considerada para a fiscalização (previsto no Anexo I da citada resolução - Tabela de Valores Referenciais para Etilômetro), que pode variar de 0,04 mg/L até 0,16 mg/L. Assim, se a medição realizada pelo etilômetro for igual ou inferior a 0,04 mg/L, não será considerada infração de trânsito, mas se a medição for igual ou superior a 0,34 mg/L, além da infração de trânsito, haverá também a comprovação do crime do art. 306 do CTB. Você verá mais informações na Aula 4 – Conexão com crimes de trânsito, neste módulo. Caso o condutor se recuse a fazer o teste do bafômetro ele estará sujeito, além da autuação no art.165 (com suporte nos sinais que indiquem a alteração da capacidade psicomotora do condutor, consignados em formulário específico), ao enquadramento na disposição do art. 165-A do CTB, que prevê: “recusar-se a ser submetidos a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na forma estabelecida pelo art. 277”. Orientações médicas para fiscalização sem etilômetro de condutores alcoolizados – 2007 Disponível em: https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo- denatran/filmes-denatran Nota: embora as referências legais, no filme, tratem da Resolução nº 206/2006 (revogada pela Resolução nº 432/2013, em vigor), as orientações expressas continuam atuais, sem conflitos com a legislação em vigor. Art. 166 – confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa sem condições de dirigi-lo com segurança Assim como ocorre nas infrações dos artigos 163 e 164, este artigo se refere à outra infração de trânsitoque também não é cometida pelo condutor, mas pelo proprietário do veículo automotor fiscalizado (conforme nome constante no documento de licenciamento anual). O diferencial aqui é que ela está relacionada a atitude do proprietário tanto de confiar a direção (ausente no momento da abordagem), como a de entregar a direção (presente no veículo) a pessoa que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou psíquico, não estiver em condições de dirigi-lo com segurança. https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/filmes-denatran https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/filmes-denatran http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%20163.%20Entregar%20a%20dire%C3%A7%C3%A3o%20do%20ve%C3%ADculo%20a%20pessoa%20nas%20condi%C3%A7%C3%B5es%20previstas%20no%20artigo%20anterior%3A 37 A autuação da infração do art. 166 deve ser realizada após a autuação do condutor do veículo na disposição de um destes artigos de infração: - Art. 165 – dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; - Art. 169 – dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança; - Art. 252, III – dirigir o veículo com incapacidade física ou mental temporária que comprometa a segurança do trânsito. Exemplo: condutor com braço ou perna imobilizados por conta de fraturas, condutor emocionalmente perturbado ou sob efeito de medicamentos que comprometam a direção do veículo. Quando o proprietário é autuado, deve ser constar a anotação da autuação do condutor do veículo, conforme consta na ficha do Manual Brasileiro de Fiscalização – Volume II (Resolução nº 561/2015-CONTRAN). Nesse caso, serão autuadas duas condutas: uma relativa ao condutor do veículo e outra ao proprietário legal. As mesmas observações relativas à identificação do proprietário de veículo, consignadas no estudo da infração dos artigos 163 e 164, estudadas anteriormente, são válidas para essa situação. Art. 168 – transporte de crianças como passageiras Estabelece o art.168 do CTB: “Transportar crianças em veículo automotor sem observância das normas de segurança especiais estabelecidas neste Código; Infração - gravíssima; Penalidade - multa; Medida administrativa - retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada”. Para que você entenda sobre as normas de segurança relativas ao assunto é necessário compreender a disposição do art. 64 do CTB: “As crianças com idade inferior a 10 (dez) anos que não tenham atingido 1,45 m (um metro e quarenta e cinco centímetros) de altura devem ser transportadas nos bancos traseiros, em dispositivo de retenção adequado para cada idade, peso e altura, salvo exceções relacionadas a tipos específicos de veículos regulamentados pelo Contran”. Para que isso seja cumprido, o CONTRAN, por meio da Resolução nº 819, de 17 de março de 2021 disciplinou a matéria. Analisando o seu conteúdo podem ser observadas as seguintes orientações: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=Art.%20165.%C2%A0%20Dirigir%20sob%20a%20influ%C3%AAncia%20de%20%C3%A1lcool%20ou%20de%20qualquer%20outra%20subst%C3%A2ncia%20psicoativa%20que%20determine%20depend%C3%AAncia%3A%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20(Reda%C3%A7%C3%A3o%20dada%20pela%2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%20Art.%20169.%20Dirigir%20sem%20aten%C3%A7%C3%A3o%20ou%20sem%20os%20cuidados%20indispens%C3%A1veis%20%C3%A0%20seguran%C3%A7a%3A http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20Art.%20252.%20Dirigir%20o%20ve%C3%ADculo%3A https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-contran-n-819-de-17-de-marco-de-2021-310089618 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-contran-n-819-de-17-de-marco-de-2021-310089618 38 - Crianças com até 1 ano de idade ou com peso até 13 kg devem ser transportadas no banco traseiro no dispositivo de retenção “bebê conforto”; - Crianças com idade superior a 1 ano até 4 anos ou com peso entre 9 e 18 kg devem ser transportadas no banco traseiro no dispositivo de retenção “cadeirinha”; - Crianças com idade superior a 4 anos até 7,5 anos ou com até 1,44 m de altura e peso entre 15 e 36 kg devem ser transportadas no banco traseiro no dispositivo “assento de elevação”; - Crianças com idade superior a 7,5 anos até 10 anos serão transportadas no banco traseiro utilizando o cinto de segurança do veículo; - As crianças com idade superior a 10 anos ou que tenham atingido 1,45 m podem ser transportadas no banco dianteiro utilizando o cinto de segurança do veículo; - Ainda podem ser transportadas no banco dianteiro as crianças menores de 10 anos: (a) quando o veículo for composto exclusivamente de banco dianteiro; (b) quando a quantidade de crianças com menos de 10 anos exceder a lotação do banco traseiro; (c) quando o veículo for composto originalmente (fabricado) de cintos de segurança subabdominais (dois pontos) nos bancos traseiros. As exigências relacionadas ao sistema de retenção, no transporte de crianças com até sete anos e meio de idade, não se aplicam aos veículos: - De transporte coletivo de passageiros; - De aluguel (alínea “d” do inciso III do art. 96 do CTB); - De transporte remunerado individual de passageiros; - De transporte de escolares; - Demais veículos com peso bruto total superior a 3,5 t (caminhões, ônibus e micro-ônibus). Em caso de autuação desta infração, deverá ser anotada no campo “observações” a ocasião em que foi comprovada a irregularidade. Por exemplo: “criança maior de quatro anos sendo transportada em cadeirinha”. Se possível, você deve identificar e anotar neste campo o nome da criança que estava sendo transportada irregularmente. 39 Art. 173 – disputar corrida O art. 173 do CTB disciplina: “Disputar corrida: Infração - gravíssima; Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de dirigir [...]; Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e remoção do veículo”. Para que essa infração seja autuada, tem que haver, no mínimo, dois veículos, pois ninguém disputa consigo mesmo, sempre se precisa de outra pessoa. Essa disputa é uma conduta eventual, aleatória, circunstancial do momento em que um condutor é desafiado por outro, de maneira clara ou explícita. Se essa disputa ocorrer com prévio agendamento ou organização estará caracterizada a infração em outro artigo que será analisado em seguida. Se a autuação for feita abordando os participantes no momento da disputa, é preciso fazer referência no campo “observações” do AI do auto do outro veículo que foi autuado, para que não restem dúvidas do cometimento da infração de que havia mais de um veículo participando da disputa. Quando a autuação for feita sem abordagem, quando os participantes saem do lugar, é possível coletar dados de identificação de apenas um veículo envolvido. Assim, você deverá descrever isso no campo “observações” do AI, pelo menos, alguns dados do outro veículo envolvido, como, por exemplo, marca, modelo e cor. Art. 174 – competição na via pública sem permissão da autoridade Diferente da infração do artigo visto anteriormente, nesta ocorre um evento previamente organizado, sem a permissão da autoridade competente. É o que disciplina o art. 174 do CTB: “Promover, na via, competição, eventos organizados, exibição e demonstração de perícia em manobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem permissão da autoridade de trânsito com circunscrição sobre a via”. Quando vai ser realizada a prática de competições esportivas ou treinos são necessárias as seguintes formalidades legais constantes do art. 67 do CTB: “As provas ou competições desportivas, inclusive seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão ser realizadas mediante prévia permissão daautoridade de trânsito com circunscrição sobre a via e dependerão de: I - autorização expressa da respectiva confederação desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas; II - caução ou fiança para cobrir possíveis danos materiais à via; III - contrato de seguro contra riscos e acidentes em favor de terceiros; IV - prévio recolhimento do valor correspondente aos custos operacionais em que o órgão ou entidade permissionária incorrerá”. 40 É autuada nessa infração a pessoa que promove, organiza e dela participa sem que sejam realizadas as formalidades exigidas. Porém, por se tratar de uma infração de responsabilidade da pessoa física ou jurídica (sem relação com o veículo autuado), os promotores e organizadores do evento, o agente não recolhe o documento de habilitação e nem remove o veículo. Art. 178 – Veículo envolvido em acidente de trânsito sem vítima Esta infração de trânsito, na maioria das vezes, é cometida por incompreensão ou interpretação errada das regras. Prevê o art. 178 do CTB: “Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito” (grifos nossos). A maioria das pessoas que ao conduzir o veículo se envolvem em acidente de trânsito acha que deve manter o carro na mesma posição até que a “perícia” seja feita e esse pensamento não procede. Só se deve manter o veículo naquela situação se houver acidente de trânsito com vítima (seja fatal ou não). Nesse caso é necessária a realização da perícia no local do crime para definição da responsabilidade do condutor pelo evento ocorrido (morte ou lesão corporal). Inclusive, caso o condutor envolvido neste evento retire o veículo do local do acidente, estará passível de ser autuado na infração do art. 176, III do CTB. Porém, quando é um acidente de trânsito sem vítima, não existem indícios de cometimento de crime e, por isso, não será realizada perícia no local. O que haverá é um ilícito civil, ou seja, uma ação culpável, que pode ter reparação ou indenização, que interessa somente aos envolvidos e não ao meio coletivo. Existem outras formas de garantir o exercício de seus direitos, como, por exemplo, fotos, filmagens, testemunhas, dentre outras. Desse modo, os condutores envolvidos são obrigados a fazer a retirada imediata dos veículos, quando estão perturbando ou atrapalhando a fluidez normal da via, o que pode ocasionar outros acidentes. Os condutores que não retirarem seus veículos do local em um acidente de trânsito sem vítima estarão correndo o risco de serem autuados na infração do art.1778 do CTB. Essa infração de trânsito só não irá ocorrer caso o acidente tenha http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=Art.%20176.%20Deixar%20o%20condutor%20envolvido%20em%20acidente%20com%20v%C3%ADtima%3A 41 acontecido em uma via de pouco movimento e os veículos parados não interfiram na movimentação normal do trânsito. Nessa situação os envolvidos no acidente devem sinalizar corretamente o local com dispositivos adequados (ligar o pisca alerta e colocar o triângulo de sinalização ou equipamento similar a uma distância mínima de 30 metros da parte traseira do veículo, conforme Resolução nº 036/1998- CONTRAN), enquanto aguardam, por exemplo, o atendente da seguradora ou do órgão público responsável para registrar a ocorrência. Artigos 181 e 182 – estacionamento e parada Em relação a este artigo, é necessário que você aprenda a conceituar e a diferenciar o que é parada, estacionamento e operação de carga e descarga. Para isso, vamos ao CTB, Anexo I – Dos conceitos e definições: - Parada: imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo estritamente necessário para efetuar embarque ou desembarque de passageiros; - Estacionamento: imobilização de veículos por tempo superior ao necessário para embarque ou desembarque de passageiros; - Operação de carga e descarga - imobilização do veículo, pelo tempo estritamente necessário ao carregamento ou descarregamento de animais ou carga, na forma disciplinada pelo órgão ou entidade executivo de trânsito competente com circunscrição sobre a via. A diferença entre os dois primeiros conceitos, parada e estacionamento, não tem relação com o condutor estar ou não dentro do veículo, nem se o motor está ou não funcionando. Muitas pessoas, de modo incorreto, entendem que se o motorista estiver dentro do veículo com o motor ligado, ele está apenas parado. Na verdade, o que vai distinguir parada de estacionamento são a motivação e o tempo que ficou imóvel. Assim, a parada é quando o veículo fica imóvel na via para o embarque ou desembarque imediato de passageiros no tempo reservado para isso. Se esse tempo é usado para esperar o passageiro chegar, é estacionamento (sem importar se o condutor está na direção ou o motor está ligado). Tudo o que excede o tempo de parada, é configurado como estacionamento. No caso de um ônibus que estivesse imóvel na via para que, por exemplo, vinte passageiros embarquem, logo depois, após o último passageiro, saia do local, 42 configura-se que durante o tempo que ficou imóvel é considerado parada, pois o tempo foi utilizado unicamente para embarque. Se o motorista descesse do ônibus para ajudar alguém com necessidades especiais para embarcar, o veículo continuaria parado e não estacionado, pois logo após o último passageiro embarcar, ele saiu da via. Se o veículo fica parado na via e não é para embarque ou desembarque imediato de passageiros é considerado estacionamento irregular e é passível de ser autuado no art. 181 do CTB, em um dos vinte pontos que disciplinam situações específicas. Figura 14: Uso do Farol Fonte: José Cruz/Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-07/uso-do-farol-baixo-durante-o-dia-sera- obrigatorio-em-rodovia-1582359320-1 Se o veículo fica parado na via que é destinada para embarque e desembarque imediato de passageiros é considerado parada irregular e passível de ser autuado no art. 182 do CTB, em um dos onze incisos que disciplinam situações específicas. O art. 47 do CTB trata de: “Quando proibido o estacionamento na via, a parada deverá restringir-se ao tempo indispensável para embarque ou desembarque de passageiros, desde que não interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a locomoção de pedestres”. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=Art.%20176.%20Deixar%20o%20condutor%20envolvido%20em%20acidente%20com%20v%C3%ADtima%3A https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-07/uso-do-farol-baixo-durante-o-dia-sera-obrigatorio-em-rodovia-1582359320-1 https://agenciabrasil.ebc.com.br/foto/2016-07/uso-do-farol-baixo-durante-o-dia-sera-obrigatorio-em-rodovia-1582359320-1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm#:~:text=%C2%A0%C2%A0%C2%A0%C2%A0%20Art.%20182.%20Parar%20o%20ve%C3%ADculo%3A 43 Desta forma, quando na via tiver uma placa de sinalização vertical de “proibido estacionar”, o veículo pode fazer uma parada para embarcar ou desembarcar passageiros e não será uma infração de trânsito prevista no art. 181 do CTB. Essa mesma permissão não existe se for o caso de uma operação de carga e descarga, mesmo que seja, por exemplo, de duas caixas de produtos, pois conforme parágrafo único do art. 47 do CTB: “A operação de carga ou descarga será regulamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via e é considerada estacionamento”, ou seja, onde é proibido o estacionamento de veículos é também proibido carga e descarga de produtos e animais, independentemente do tempo gasto na operação. Já quando tiver a placa de sinalização vertical e de “proibido parar e estacionar”, são proibidas as operações de estacionamento e de parada no trecho que a placa se encontra. Dessa forma,
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