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História do Direito
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Donaldo de Assis Borges
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Revisão Técnico:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
O Direito na Antiguidade Oriental
O Direito na Antiguidade Oriental
 
 
• Desenvolver estudos acerca do Direito dos povos sem escrita para compreender as raízes 
históricas do Direito;
• Fornecer ao estudante uma visão panorâmica do fenômeno jurídico na Antiguidade Oriental.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Direito dos Povos Escrita;
• O Direito na Antiguidade Oriental.
UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
Introdução
A Unidade I, intitulada O direito da Antiguidade Oriental, apresenta o estudo 
dos direitos dos povos sem escrita, o direito dos egípcios, o da Mesopotâmia e o 
dos Hebreus.
O estudo dos direitos dos povos sem escrita tem por objetivo desvendar as raízes 
históricas do direito de povos e das civilizações, a partir dos seus primeiros docu-
mentos escritos. 
Estamos falando da pré-história do Direito, todavia, de forma particularizada a 
determinado povo ou civilização. Nesse sentido, pode-se falar de diferentes pré-
-histórias do Direito, vez que cada povo e cada civilização tiveram acesso à escrita 
em épocas diferentes.
O estudo entra, então, no direito da Antiguidade Oriental, a fim de se ter uma 
visão panorâmica do fenômeno jurídico do Egito Antigo, da Mesopotâmia e, tam-
bém, dos Hebreus. 
É importante lembrar que o Direito, na sua condição de regras de comportamento 
social, é também um fenômeno histórico. 
As regras não são frutos de pura especulação, nem o resultado das forças da Natureza.
Na verdade, elas são o produto da experiência humana de milênios. E, para com-
preendê-las, é fundamental, senão imprescindível, conhecer sua evolução histórica. 
Direito dos Povos Escrita
O estudo da História somente se torna possível a partir do tempo em que se tem 
acesso aos primeiros documentos escritos de um povo ou de uma civilização. 
A ausência de documentos escritos impossibilita a investigação do passado his-
tórico. Sem eles, é impossível produzir conhecimentos históricos válidos. Sem eles 
não há História.
A Divisão dos Períodos Históricos
A epistemologia da História estabeleceu a divisão dos períodos históricos e de-
terminou que a História tem o seu início a partir do surgimento da escrita, fato que 
teria acontecido por volta de 4.000 anos a. C.
O Período Histórico ou História tem a seguinte divisão: Idade Antiga [4.000 anos a.C. (in-
venção da escrita) até 476 d.C. (queda do Império Romano)], Idade Média [476 d.C. (queda 
do Império Romano) até 1453 (tomada de Constantinopla)], Idade Moderna [1453 (tomada 
8
9
de Constantinopla) até 1789 (Revolução Francesa)], Idade Contemporânea [1789 (Revolu-
ção Francesa) até os dias atuais, portanto, ainda em curso)]. O período que vai do apareci-
mento dos seres humanos na Terra até o desenvolvimento da escrita, cerca de 4.000 anos 
a.C., é chamado por muitos historiadores de pré-história ou período pré-histórico. Leia 
mais sobre a divisão dos períodos históricos, disponível em: https://bit.ly/3j2s3fH
A “pré-história do Direito” remete, em tese, ao tempo fora da História, àquele que 
antecede aos 4.000 anos a.C. 
Trata-se de um tempo que não se pode conhecer verdadeiramente por falta 
absoluta de elementos de pesquisa. É, portanto, um tempo que sofre do mal da 
indeterminação e da imprecisão pela falta de documentos escritos, tornando inviá-
veis as tentativas de reconstituição do passado histórico.
Essa “pré-história do Direito” escapa quase que inteiramente ao conhecimento 
científico, embora se possa afirmar que, mesmo antes do período histórico, diferen-
tes povos e civilizações já haviam passado por uma longa evolução jurídica.
Importante!
A “pré-história do Direito” do período pré-histórico não pode ser alcançada pelo conhe-
cimento científico. 
A Proto-História: A Pré-História do Direito
A fim de estabelecer limites para o recuo longínquo e impreciso da pré-história, 
a Teoria da História deu origem ao termo proto-história para designar o Período 
situado entre a Pré-história e a História, ou seja, um período que se situa num tempo 
histórico um “pouco antes do surgimento da escrita” (AULETE, 2019).
Os vestígios deixados pelos povos pré-históricos (pinturas rupestres, sepulturas, 
armas, fundos de cabanas, entre outros) permitem aos pesquisadores reconstituir, 
ainda que de forma aproximada, a evolução social, econômica e militar, antes de 
sua entrada na história, todavia, tais vestígios são insuficientes para o estudo de suas 
instituições. A partir do momento que determinados povos ou civilizações entram na 
História, ou seja, passam a dominar a escrita, as instituições civis (casamento, poder 
paternal ou maternal sobre os filhos, propriedade, sucessão, doação e diferentes ti-
pos de contratos) e políticas (organização do poder) já estão bem consolidadas.
Em Síntese
O termo proto-história se refere a um tempo histórico que se situa numa época “um 
pouco antes do descobrimento da escrita” por determinado povo ou civilização”.
9
UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
A distinção, portanto, entre a “pré-história do Direito” e a História do Direito 
reside no fato do conhecimento ou não da escrita, sem guardar relação direta com 
o marco de 4.000 a.C., que estabelece os limites entre o Período Pré-Histórico e a 
História, isso porque diferentes povos e diferentes civilizações tiveram acesso à escrita 
em diferentes tempos históricos. 
Os Egípcios têm por período de transição os séculos 28 ou 27 a.C., os Romanos, 
os séculos VI e V a.C., os Germanos, o século V a.C., para certos povos da Austrália, 
da Amazônia, da Papuásia, da África Central, a transição data do século XIX ou 
mesmo do século XX.
Diferentes povos e diferentes civilizações tiveram acesso à escrita em diferentes 
tempos históricos, por isso existem diferentes pré-histórias do Direito.
O tempo histórico difere para cada povo, para cada civilização, frisa-se, o que 
equivale dizer que diferentes povos e civilizações têm diferentes “pré-histórias do 
Direito”, que somente podem ser conhecidas a partir de seus primeiros textos escri-
tos, jogando-se luz para o conhecimento de suas “proto-histórias jurídicas”.
Segundo John Gilissen:
Numerosos trabalhos foram consagrados aos aspectos mais arcaicos do 
sistema jurídico que podem ser estudados com base em documentos es-
critos. Foi assim que se tentou reconstituir o antigo direito germânico 
com auxílio em escritos posteriores às migrações dos Germanos para a 
Europa no século V, ou o mais antigo direito romano com auxílio dos ves-
tígios por ele deixados nos escritos da época clássica da história jurídica 
de Roma. Essas reconstituições são muito hipotéticas; é como se tentás-
semos reconstruir o direito dos séculos XVI e XVII, ou seja, da época de 
Carlos V ou de Luís XIV, com auxílio dos vestígios que dele encontramos 
hoje no nosso direito. (GILISSEN, 2013, p. 32)
Esse é, portanto, um dos métodos de investigação da “proto-história”, que tem 
por objetivo o conhecimento da “pré-história do Direito” de Sociedades específicas, 
a partir de textos escritos. 
O Método Comparativo
Os pesquisadores utilizam, também, o método comparativo para estudar as institui-
ções dos povos que vivem atualmente num estado arcaico de organização social e po-
lítica, e que não conheceram, ainda, a escrita ou que, pelo menos, não a conheciam, 
na época relativamente recente em que se começou a estudar a sua estrutura social.
Os pesquisadores fazem estudos comparativos, a partir de tribos encontradas em 
situação homóloga àquelas que, por hipótese, existiram na pré-história, ou seja, es-
tudos realizados nos séculos XIX e XX puderam confrontar teses, apontar deferentes 
ideias e apresentar novas compreensões sobre o desenvolvimento das Sociedades 
primitivas, sob os prismas normativo e histórico, temas afetos, portanto, ao objeto 
de estudo da História do Direito.
10
11
A pesquisaem História, que visa ao conhecimento dos Sistemas Legais dos povos 
sem escrita, não se reduz, portanto, às explicações teóricas sobre a forma de controle 
social por meio de normas, sobre a forma de se tipificar crimes e aplicar punições 
legitimamente autorizadas. 
As explicações também podem ser de natureza prática, ou seja, por meio de pes-
quisas de campo (in loco), observando-se o cotidiano das pessoas, tendo em vista 
que, segundo John Gilissen: 
Milhares de homens [viviam] [...], na segunda metade do século XX, de 
acordo com direitos a que chamamos ‘arcaicos’ ou ‘primitivos. As civiliza-
ções mais arcaicas continuam a ser as dos aborígenes da Austrália ou da 
Nova Guiné, dos povos da Papuásia ou de Bornéu, de certos povos índios 
da Amazônia no Brasil. (GILISSEN, 1988, p. 33)
Os apontamentos registram a existência de pessoas, na segunda metade do 
século XX, vivendo em condições similares àquelas da pré-história, portanto, 
fontes autênticas para a pesquisa comparativa.
A referência à segunda metade do século XX deve-se, por certo, ao fato de 
que a pesquisa se realizou nessa época, todavia, é importante que se deixe regis-
trado, também, o fato de que, no início do corrente século XXI, representantes 
do governo fizeram, à época, o primeiro contato com um grupo de indígenas da 
Amazônia brasileira, que, pelo que se sabe, jamais haviam se relacionado com a 
Sociedade contemporânea. 
Todavia, John Gilissen adverte que “[...] o método comparativo apre-
senta, no entanto, grandes perigos; pois nada (...) permite afirmar que 
os romanos e os germanos, por exemplo, conheceram uma evolução 
jurídica similar à que se pode constatar na Austrália ou em África”. 
(GILISSEN, 2013, p. 32) 
Importante observar que os Direitos arcaicos que são estudados hoje são fruto 
de numerosas transformações pelo contato com os Direitos dos povos civilizados 
(colonizadores), tornando-se, destarte, quase impossível encontrar ainda um direito 
“primitivo”, no estado “puro”.
Os estudos dos direitos dos povos sem escrita constituem ainda o melhor meio 
para se dar conta do que pode ter sido o direito dos povos dos tempos pré-históricos.
As Expressões Direitos Arcaicos e Direitos Primitivos
John Gilissen registra o fato de que durante muito tempo deu-se o nome de 
“Direitos primitivos” aos Sistemas Jurídicos dos povos sem escrita.
Todavia, afirma:
Esta expressão não é de modo algum adequada, pois numerosos povos 
conheceram uma longa evolução da sua vida social e jurídica sem terem 
11
UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
atingido o estado cultural da escrita; tal foi o caso dos Maias e dos Incas na 
América. A maior parte dos povos cuja vida social se pode hoje observar 
ou se pôde observar no decurso do século XIX já não são primitivos. 
(GILISSEN, 2013, 33)
Gilissen justifica a sua preferência pela expressão “Direitos arcaicos” (GUSMÃO, 
2011, p. 293) no lugar da expressão “Direitos primitivos”:
A expressão “direitos arcaicos” é mais vasta que “direitos primitivos” porque 
ela permite cobrir sistemas sociais e jurídicos de níveis muito diferentes na 
evolução geral do direito. Embora não a afastando de todo, preferimos-lhe a 
expressão “direitos dos povos sem escrita”, o que acentua o que distingue 
mais nitidamente este sistema jurídico de outros, ou seja, a ignorância da 
escrita: mas não se pode perder de vista que o nível da evolução jurídica 
de certos povos que se servem da escrita pode ser menos desenvolvido do 
que o de certos povos sem escrita. (GILISSEN, 2013, p. 33)
Também, por certo, não se pode afirmar se eventual contraposição de que “[...] 
povos que se servem da escrita serem menos desenvolvidos do que o de certos 
povos sem escrita”8 atenda ao critério de pureza absoluta, de nunca terem tido influ-
ências de outros povos durante o tempo histórico e, se tiveram, ainda resta analisar 
se as influências foram positivas e em quais aspectos contribuíram ou não para 
avanços civilizatórios.
Mesmo que determinado povo tenha tido contato com a escrita por meio de outra 
civilização, talvez tenha se apropriado de forma incipiente a não fazer o uso adequa-
do para que a comunidade evoluísse nas questões que envolvem o Direito.
Aspectos Gerais dos Direitos dos Povos sem Escrita
Apesar de eventuais insuficiências de fontes, métodos e temporalidades, é possível 
enumerar os seguintes aspectos gerais dos Direitos dos povos sem escrita: 
• Direitos não escritos;
• Pluralidade de direitos (relativamente diversificados);
• Presença da religiosidade;
• Direitos em nascimento (pré-direito) (GILISSEN, 2013, p. 35-36). 
Os Direitos dos povos sem escrita são, por definição, Direitos não escritos, casuís-
ticos, dotados de concretude, vez que a formulação de regras jurídicas abstratas ainda 
é bastante incipiente.
As normas gerais são criadas pelo Poder Legislativo, ligando a um fato abs-
tratamente determinado uma consequência igualmente abstrata que pre-
cisa de individualização, para poder ser aplicada. (DINIZ, 1998. p. 368-9)
As comunidades vivem isoladas umas da outras, têm seus próprios costumes que, 
por sua vez, expressam, entre outras práticas, também a jurídica. 
12
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Os Direitos são relativamente diversificados, portanto, pode-se afirmar sobre a 
existência de uma pluralidade de direitos. 
Cada uma das comunidades é autônoma, têm seus próprios recursos, e vive do 
que produzem seus próprios membros, pela caça, pesca ou coleta de frutos selva-
gens ou naturais.
O Sistema é de Economia fechada, autárquica, quer dizer, sem trocas com ou-
tros grupos. A extensão territorial das comunidades que tinha o seu direito próprio 
é muito variável. Às vezes, o limite territorial se restringe a uma tribo, ou mesmo a 
uma etnia.
• Tribo: Grupo das pessoas que descendem do mesmo povo, partilham a mesma língua, têm 
os mesmos costumes, tradições etc.;
• Etnia: Coletividade que se diferencia por suas especificidades (cultura, religião, língua, modos 
de agir etc.), e que possui a mesma origem e história.
Fonte: Dicionário Online de Português
Nas Sociedades arcaicas, o direito liga-se fortemente à religião. Não há propria-
mente a distinção entre regra religiosa e regra jurídica, sobretudo porque o homem 
vive no temor constante dos poderes sobrenaturais. 
A “indiferenciação” de regras é uma das marcas desse tipo de Sociedade, ou seja, 
as diversas funções sociais que se distinguem nas Sociedades evoluídas – Religião, 
Moral, Direito etc. – estão ainda aí confundidas.
Segundo Gusmão (2011, p. 292) “nas Sociedades arcaicas, o ilícito se confunde 
com o pecado, devido ao caráter religioso do direito”.
A influência da Religião sobre o Direito se manteve ao logo da História, em maior 
ou menor grau, e ainda perdura nos dias atuais. 
Em tempos não tão longínquos, vigorava a concepção teocrática do poder, em 
que o rei era o representante de Deus na terra, ou o papel do Direito Canônico no 
domínio do casamento e do divórcio.
Direito Canônico, segundo Diniz (1998, p. 145) é um “complexo de preceitos ou cânones 
estabelecidos pela Igreja Católica Apostólica Romana para reger a Sociedade eclesiástica 
e as relações dos fiéis, estabelecendo uma ordem jurídica que governa os católicos; direito 
eclesiástico católico”.
Além disso, restam algumas sobrevivências de elementos religiosos nos Sistemas 
mais evoluídos, entre eles, o juramento que em certos países ainda é baseado na 
invocação da divindade. 
Em grande parte, “Os direitos são profundamente místicos e, por consequência, irra-
cionais; assim, no domínio das provas de justiça, recorre-se muitas vezes ao ordálio, quer 
13
UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
dizer ao “julgamento de Deus” pela água a ferver, o fogo, o veneno, ou pelo duelo, 
para fazer dizer aos poderes sobrenaturais quem tem razão (GILISSEN, 2013, p. 36).
Ordálio: hist.dir. prova judiciária feita com a concorrência de elementos da natureza e cujo re-
sultado era interpretado como um julgamento divino; juízo de Deus. Dicionário de Português 
da OxfordUniversity Press (licenciado).
Os “julgamentos de Deus” (ordálio), sob a forma de prova de fogo, de 
veneno ou de duelo, eram empregados para descobrir o responsável pela 
falta. Quando esse sistema de julgamento foi implantado, o direito já havia 
evoluído muito, tendo ultrapassado a fase da justiça privada, isto é, da 
“Lei de Talião”. (GUSMÃO, 2011. p. 293)
Os Direitos dos povos sem escrita se caracterizam por serem Direitos em 
nascimento, ou seja, não se distingue de forma apropriada o que é jurídico do 
que não é jurídico.
Os juristas, em grande parte, não estão de acordo acerca do fato de que esses 
povos tiveram um Sistema Jurídico, vez que não encontram instituições tais como 
são definidas nos Sistema Romanista ou de Common Law, a exemplo da noção 
de Justiça, de regra de Direito (Rule of Law), de Lei imperativa de responsabili-
dade individual.
Common Law
Lei comum ou costume geral e imemorial que designa a Lei não escrita 
ou não estatuída (the unwritten or non statute law), criada por decisões 
judiciais, contrapondo-se à escrita (sistemas romanistas), emanadas do 
Poder Legislativo (the written or statute law). É, portanto, o conjunto de 
normas consuetudinárias, baseado nos precedentes judiciários, que impe-
ra na Inglaterra e nas nações que o adotaram, por recepção, por terem 
sido colonizadas pelo povo inglês, como os Estados Unidos da América 
do Norte. Caracteriza-se por ser um direito consuetudinário jurispruden-
cial não escrito, que tem por base a case-law (precedente judicial), ou seja, 
os casos resolvidos pelas Cortes de Justiça. (DINIZ, 1998. p. 368-9)
Todavia, admite-se agora, a partir de trabalhos de etnólogos e sociólogos, que:
Os costumes dos povos sem escrita têm um caráter jurídico porque exis-
tem aí meios de constrangimento para assegurar o respeito das regras de 
comportamento. Admite-se assim que não existe uma noção universal 
e eterna de justiça podendo esta noção variar com o tempo e com o 
espaço. Nos sistemas arcaicos é justo tudo aquilo que interessa para a 
manutenção da coesão do grupo social, e não o que tende para o respeito 
dos direitos individuais; daí uma grande severidade em relação a todo o 
comportamento anti-social, quer dizer contrário aos interesses do grupo, 
e, pelo contrário, uma tendência a procurar a conciliação para resolver 
14
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todo o conflito no seio do grupo; a função de julgar não consiste em re-
solver um litígio segundo regras pré-estabelecidas, mas em tentar obter o 
acordo das partes por concessões recíprocas; donde, a importância das 
negociações que podem durar dias, e também a ausência de qualquer 
noção de autoridade do caso julgado. (GILISSEN, 2013, p. 36)
Entretanto, os etnólogos juristas registram uma fase de pré-direito antes da fase 
do nascimento do Direito. 
Nessa fase:
O direito não aparecia senão como a organização de um poder político 
diferenciado do das hierarquias ligadas ao parentesco e capaz de asse-
gurar a regulação social por um aparelho jurídico de normalização, de 
prevenção e de repressão. (GILISSEN, 2013, p. 36)
A tendência de determinados grupos sociais se balizarem pela tradição, a adesão 
às maneiras de viver pelo medo da reprovação social, a censura do grupo, e o temor 
das forças sobrenaturais, marcam a aludida fase de pré-Direito. 
Segundo Gusmão (2011. p. 293) “O grupo poderia sofrer as consequências da ira 
divina, salvo se o faltoso fosse exemplarmente punido”.
“A passagem do pré-Direito ao Direito corresponde, geralmente, à passagem 
do comportamento inconsciente puramente reflexo ao comportamento consciente, 
refletido, senão inteligente (GILISSEN, 2013, p. 36). 
Fontes do Direito dos Povos sem Escrita
Acerca das fontes do Direito dos povos sem escrita, pode-se afirmar que o cos-
tume é a principal fonte. É, sobretudo, a forma tradicional de viver em comunidade, 
a conduta habitual dos membros do grupo. 
O costume é um repositório de normas de diversas espécies, a fim de atender às 
necessidades e aos interesses do grupo. É por isso que a Ciência do Direito denomina 
esses direitos de “Direitos Costumeiros” ou “Direitos Consuetudinários”, do inglês 
Customary Law.
Segundo Diniz (1998, p. 147) Direitos Costumeiros são um “Conjunto de normas 
oriundas dos usos e costumes”.
A submissão ao costume pelos membros do grupo é assegurada pelo temor aos 
deuses. Nesse sentido, direito e religião estão imbricados, ou seja, estão estreitamen-
te ligados, não há, portanto, a separação entre o Direito e a Religião. 
Além do costume, a imposição de regras por aqueles que detêm o poder, sobre-
tudo nos grupos sociais relativamente evoluídos, dando ordens de caráter geral e 
permanente, também pode ser considerada fonte do direito dos povos sem escrita. 
15
UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
Segundo John Gilissen, 
Trata-se então de verdadeiras leis, no sentido jurídico e moderno do termo; 
mas são leis não escritas, pois elas são enunciadas em grupos sociais que 
não conhecem a escrita. Estas leis, enunciadas pelo chefe ou por grupos 
de chefes, os “anciãos” do clã ou da etnia, são repetidas em intervalos 
mais ou menos regulares para assegurar o seu conhecimento e respeito. 
Excepcionalmente, os chefes podem enunciá-las numa longa exposição 
de regras jurídicas, por exemplo os Kabary (discursos) dos soberanos do 
reino de Imarina, em Madagáscar, entre 1787 e 1810, aproximadamente, 
muitas vezes retomados desde então e, finalmente, no “Código de 305 
artigos”, da rainha Ranavalona II, de 1881, isto é, antes da colonização 
francesa (GILISSEN, 2013, p. 37)
As pessoas que detêm o “poder político” – chefes ou anciãos – também têm o 
poder de julgar. 
A repetição de casos homólogos faz com que se decida tendo-se por base a pri-
meira decisão de uma série. 
É intuitiva a ideia de precedente judicial, ou seja, da decisão judicial tomada à luz 
de um caso concreto. Deduz-se o elemento normativo que pode servir como dire-
triz para o julgamento posterior de casos análogos. O precedente judicial pode ser, 
também, uma fonte criadora de regras jurídicas nos direitos dos povos sem escrita. 
Por fim, os provérbios ou adágios também podem ser considerados fontes do direito 
dos povos sem escrita. Eles são um modo frequente de expressão do costume, frutos 
da sabedoria popular, têm sempre uma lição a ser apreendida, por meio do registro 
de uma sentença moral.
“Não é, todavia, possível ignorá-los nos sistemas orais em que a memória coletiva, 
sob esta forma ou outras (poemas, lendas etc.) desempenha um papel primordial 
(GILISSEN, 2013, p. 37).
O Direito na Antiguidade Oriental
A Idade Antiga [4.000 anos a.C. (invenção da escrita) até 476 d.C. (queda do 
Império Romano)] foi o palco privilegiado do nascimento de Sistemas Jurídicos 
que foram decisivos ao progresso do Direito e das Ciências Jurídicas, são eles, os 
Sistemas Jurídicos do Egito, da Mesopotâmia, dos Hebreus, da Grécia e de Roma.
Os primeiros documentos históricos relativos aos direitos na Antiguidade têm suas ori-
gens no Egito e na Mesopotâmia, cerca de 3000 a.C. Na Fenícia, em Israel, em Creta/
Grécia, por volta do segundo milênio e na Grécia e em Roma, no primeiro milênio. 
Gilissen (2013, p. 73) diz que “a civilização cretense (do século XX ao XV a.C.) tem im-
portantes contribuições na formação e na evolução do Sistema Jurídico grego”.
No próximo item, dar-se-á destaque aos Sistemas Jurídicos do Egito, da Mesopotâmia 
e dos Hebreus, deixando para o próximo os Sistemas Jurídicos da Grécia e de Roma.
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Direito no Egito
As descobertas arqueológicas, as publicações e as traduções de documentos his-
tóricos do Antigo Egito não evidenciaram, até nossos dias, a presença de Códigos 
ou Livros jurídicos.
Figura 1 – Ruínas do Templo de Karnak, no Egito.
Vista das colunas cobertas por hieróglifos do Egito Antigo
Fonte: Getty Images
O Direito egípcio antigo que se conhece tem por base, quase exclusivamente, 
documentos jurídicos de aspectos eminentemente práticos, ou seja, Contratos, Deci-
sões Judiciais,Atos Administrativos etc. 
Os egípcios não privilegiaram a produção de livros de Direito, nem organizaram 
compilações de Leis ou mesmo dos costumes. Embora se conclua pela não existên-
cia de Leis, observa-se que há referências à Lei em documentos jurídicos. 
Todavia, encontram-se fragmentos acerca de “Instruções” e “Sabedorias”, nas 
quais se observam elementos de Teoria Jurídica, que visavam a assegurar o respeito 
das pessoas de bem.
Os egípcios tiveram uma noção bastante desenvolvida acerca da Justiça, da ver-
dade e da ordem.
A referência ao Maât é uma constante, “[...] que aparece como uma noção supras-
sensível, o modelo do direito não escrito, que não se pode consultar, e que também 
não é produto de uma revelação divina (GILISSEN, 2013, p. 37). 
É o objetivo a ser buscado pelos egípcios, tem por essência o equilíbrio, por ideal 
que as partes encontrem o justo no Tribunal, no Maât reside a verdadeira Justiça, 
podendo-se traduzir também por Verdade e Ordem:
A função do rei é a de realizar na terra este ideal complexo; ele (o rei) levará 
a cabo este objetivo ‘vivendo o Maât1 nas suas leis’, o que significa dizer 
que se deve inspirar na visão que ele tem deste princípio, pois se entende 
que disto resultará o benefício dos homens. (GILISSEN, 2013, p. 56)
1 Os estudos de Cristiano Paixão de Araújo Pinto, a partir de José das Candeias Sales, apontam que o princípio da 
justiça dos egípcios é simbolizado pela figura de uma deusa, de nome maat. PINTO, C. P. A. Direito e sociedade 
no oriente antigo: Mesopotâmia e Egito. In: WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamento de história do direito. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2014. p. 29
17
UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
Evolução do Direito no Antigo, Médio e Novo Império 
O primeiro período (primeiro ciclo) da evolução do Direito do Antigo Egito tem 
lugar no Antigo Império, e é fortemente marcado por uma visão individualista do 
direito, sobretudo pela presença de um rei que detém todo o poder, ou seja, pela 
presença de “[...] um indivíduo isolado em face do poder, sem grupos ou hierarquias 
intermédias, que possui uma liberdade real para dispor da sua pessoa e de seus bens 
(GILISSEN, 2013, p. 54).
A história do Egito faraônico compreende três épocas tradicionalmente 
chamadas ‘Antigo Império’ (da III à VI Dinastia: XXVIII-XXIII a.C.), ‘Mé-
dio Império’ (tem por centro a XII dinastia: primeiro quarto do II milênio 
a.C.) e ‘Novo Império’ (XVIII-XX dinastias: séculos XVI e XI a.C. Essas 
épocas foram seguidas por ‘períodos intermédios’ (O III período inter-
médio é marcado pelas Dinastias posteriores: do ano1080 a 332 a.C.), 
a última suscita a reação da XXVI dinastia (séculos VII-VI a.C.) que con-
duz, através da ocupação persa (525-404), aos Gregos e aos Romanos. 
(GILISSEN, 2013. p. 53)
A civilização egípcia “[...] foi a primeira na história da humanidade que desenvol-
veu um sistema jurídico individualista. O direito egípcio da época da III dinastia (cerca 
de 3000 a 2600 a.C.) e da XVIII dinastia (1500-1300) parecem ter sido tão evoluídos 
e tão individualistas como o direito romano clássico (GILISSEN, 2013, p. 52). 
Os egípcios foram, portanto, os responsáveis por constituir o primeiro Sistema 
Jurídico desenvolvido da Humanidade. A forma individualista do exercício do poder 
tinha por princípio o fato de que todo o poder pertence ao rei. 
A concentração absoluta do poder nas mãos do rei fez desaparecer a nobreza 
feudal. O rei tem seus próprios funcionários, institui hierarquias e define os papéis 
de cada um deles. 
Os funcionários são nomeados por uma “ordem real”, são remunerados, podem 
ascender ao topo da hierarquia, segundo um “plano de carreira”. 
Nesse sentido, o rei organiza a estrutura administrativa do Estado e define, ele 
próprio, quem serão os chefes de Departamento (Finanças, Registros, Domínios, 
Obras Públicas, Irrigação, Culto, Intendência Militar etc.) de cada uma das 42 pro-
víncias do Estado. 
A estrutura judiciária também tem sua organização feita pelo rei. Nos Tribunais, o 
processo, ainda que de forma parcial, é escrito. 
A chancelaria está encarregada da conservação dos feitos judiciários e dos regis-
tros de estado civil. A chancelaria também é responsável por manter registros de 
contratos privados, algo que se assemelha aos Cartórios dos tempos atuais. 
O Direito de contratos é muito desenvolvido, conservando todos os atos de venda, 
de arrendamento, de doação etc.
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A partir da leitura de fragmentos de documentos jurídicos do Antigo Império, 
deduz-se que a Lei teria sido a principal fonte do Direito, suplantando, portanto, 
os costumes.
Contudo, frise-se, não foram encontrados textos de Lei, Códigos ou Livros Jurí-
dicos, todavia, sabe-se que a Lei era promulgada pelo rei, depois do parecer de um 
“Conselho de Legislação”. 
Não havia privilégios da nobreza, nem de servos ou mesmo de escravos pri-
vados. Todos os indivíduos eram iguais perante a lei. Todavia, os prisioneiros de 
guerra eram utilizados pelo Estado nas obras públicas e nas minas, em situação 
análoga à escravidão.
A família (pai, mãe e filhos menores) é a célula social por excelência. Nela, não há 
qualquer autoridade marital, nem tutela da mulher. Ambos têm os mesmos direitos e 
as mesmas obrigações. As mulheres casadas podem dispor do seu patrimônio pró-
prio, por meio dos institutos jurídicos da doação ou do testamento. O casamento é 
monogâmico, à exceção do casamento real.
O Direito do Antigo Império não prevê o Direito de primogenitura, nem quaisquer 
direitos em razão do sexo, ou seja, filhos e filhas são iguais perante o direito. 
A liberdade de disposição de bens por meio do instituto jurídico do testamento 
(existente pelo menos desde a IV dinastia) é quase completa, à exceção de reserva 
hereditária a favor dos filhos. O filho maior tem o direito de possuir um patrimônio 
próprio, e dele dispor livremente, a seu critério.
No Direito do Antigo Império, todos os bens móveis e imóveis podem ser aliena-
dos. Nessa época, a pequena propriedade é predominante em relação aos grandes 
domínios de terras. Os contratos não são perpétuos, sua duração no tempo e no 
espaço faz que a mobilidade de bens seja uma marca do direito do Antigo Império.
Por outro lado, o direito penal não se mostra severo, comparativamente a ou-
tros períodos da Antiguidade, sobretudo, por não serem encontradas evidências da 
pena de morte.
A evolução para o regime senhorial tem suas origens na V Dinastia, ainda no 
Antigo Império. 
O regime senhorial se define pela formação de uma oligarquia social baseada 
na nobreza sacerdotal, que se beneficia do privilégio da hereditariedade dos cargos 
públicos e também de diversas formas de imunidades, entre outros.
A mudança de perspectiva do Direito público provoca no Direito privado fatores 
que levam à estagnação econômica, sobretudo, pela falta de negócios, enfim, da 
mobilidade de bens, frutos de uma Economia fechada. 
O Direito privado reforça o poder paternal e marital, desiguala o domínio das suces-
sões pela introdução do Direito de primogenitura e do privilégio de masculinidade. E, no 
Direito de propriedade, muitas terras se tornam inalienáveis, fazendo-se que os contratos 
se tornem algo raro nos negócios privados.
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
O declínio é geral no regime de Economia fechada, inclusive com a desagregação 
política devido à separação de províncias do Poder Central do Estado. 
A fragmentação política faz instalar no Egito algo que se assemelha ao feudalismo 
da Idade Média, na Europa, que durarão vários séculos.
O ressurgimento do instituto jurídico da centralização do Poder e do Direito in-
dividualista tem origem durante a XII Dinastia (Médio Império), o marco inicial do 
segundo período ou Segundo Ciclo da Evolução Do Direito Egípcio. No entanto, a 
volta do Direito individualista sofrerá os reveses das invasões dos Hicsos durante o 
período intermédio. 
É possível identificar, no século XVI, com a XVIII Dinastia, um Sistema Jurídicoindividualista que se assemelha ao do Antigo Império. 
No domínio do Direito privado vigora a preponderância da Lei, a igualdade jurídica 
dos habitantes, a igualdade dos filhos e das filhas e a liberdade de testar, entre outros.
Por sua vez, o Sistema Jurídico individualista tem o seu fim no século XII, sobre-
tudo por influência do clero, face às novas invasões por povos vizinhos. O poder 
clerical faz nascer um segundo período senhorial de natureza teocrática que durará, 
aproximadamente, até o ano 700 a. C.
O terceiro período ou terceiro ciclo, tem por marco inicial as Leis de Bócoris, 
rei da cidade marítima de Sais, em data aproximada de 720 a.C. Embora limitado 
a algumas cidades do Delta do Nilo, o “Código” de Bócoris suprimiu a prisão por 
dívidas, deu à mulher a capacidade jurídica completa, assegurou aos filhos e filhas a 
igualdade de Direitos em matéria de sucessão.
A partir de 663 a.C., Psamético, o rei de Sais, impõe derrota ao poder dos 
“senhores feudais” e do clero.
A partir da XXVI Dinastia, tem início no Egito um novo tipo de Direito privado 
individualista e de poder real centralizador. A ocupação persa, e mais tarde a romana, 
deixará subsistir parcialmente esse Sistema Jurídico, que exercerá relativa influência 
sobre os futuros Direitos helenísticos e romanos. 
Entre os séculos IV e I a.C., na época dos Ptolomeus, o Egito permaneceu entre 
os mais prósperos da Bacia do Mediterrâneo. 
O Sistema Jurídico desse período, segundo John Gilissen, “É cada vez mais 
conhecido, graças à descoberta e à análise de numerosos papiros, que tornam 
possível o conhecimento da organização administrativa e judiciária e, sobretudo, do 
direito privado da época (GILISSEN, 2013, p. 56).
Direitos na Mesopotâmia
Os direitos da Mesopotâmia é, na verdade, o conjunto de direitos de diferentes 
povos e civilizações, que viveram na região da Mesopotâmia, situada entre os rios 
Tigre e Eufrates, onde hoje é o atual Iraque.
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Na região da Mesopotâmia, situada entre os rios Tigre e Eufrates, pode-se 
distinguir na história política da Antiguidade os seguintes períodos históri-
cos: período sumério (fim do 4º milênio – 2350 a.C.); período acádio-su-
mério (séculos XXIV-XX); dinastia de Akkad (nomeadamente Sargon); 3ª 
dinastia de Ur (nomeadamente Ur-Nammu); período paleobabilônico (1900-
1530 a.C., aproximadamente); dinastia de Esnunna, de Isin, de Larsa; rei-
no de Mari; dinastia babilônica (nomeadamente Hammurabi, 1728-1686 
a.C.); período Kassite (séculos XVI a XII a.C.); império assírio (séculos XI a 
VII a.C.); dinastia neobabilônica (626-539 a.C). (GILISSEN, 2013. p. 50)
Figura 2 – Antiga Mesopotâmia. Mapa do Iraque e países vizinhos. 
Em destaque, os Rios Tigre e Eufrates
Fonte: Getty Images
As primeiras descobertas arqueológicas de textos escritos na região remetem a 
aproximadamente 3.100 a.C. 
Os povos e as civilizações da antiga Mesopotâmia se utilizavam de um tipo de 
escrita na forma de cunha e de prego, denominada escrita cuneiforme:
Figura 3 – O Código de Hammurabi (vista aproximada). 
Escrita cuneiforme, na forma de cunha ou de prego
Fonte: Getty Images
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
Os primeiros textos jurídicos começaram a surgir por volta do terceiro milênio. 
O texto jurídico mais antigo da Mesopotâmia é o Código de Ur-Nammu, de aproxi-
madamente 2040 a.C., considerado um marco histórico do Direito.
Os Direitos da Mesopotâmia também são conhecidos por Direitos cuneiformes, jus-
tamente pelo fato de terem os primeiros “Códigos” sido grafados nessa forma de escrita.
Dá-se o nome de “direitos cuneiformes” ao conjunto dos direitos da maior 
parte dos povos do Oriente Próximo da Antiguidade que se serviram de 
um processo de escrita, parcialmente ideográfico, na forma de cunha ou 
de prego. 
Apesar da grande diversidade étnica, estes povos desenvolveram civiliza-
ções aparentadas, cuja comunidade foi reforçada pela difusão da língua 
acádia como língua diplomática e como língua culta. 
Não há um direito cuneiforme único, mas um conjunto de sistemas jurídi-
cos, de períodos e de regiões diferentes, apresentando uma certa unidade: 
direitos das diversas regiões da Suméria, da Acádia, da Babilônia, da Assí-
ria, de Mitanni, de Urartu, e também de centros mais próximos do Medi-
terrâneo, como Alalakh e Ugarit. Mais no Norte, na Turquia atual, formou-
-se no 2º milênio o vasto reino dos Hititas”. (GILISSEN, 2013. p. 58) 
Todavia, a expressão “códigos” “não deve ser compreendida em seu sentido mo-
derno”, ou seja, “[...] como um documento sistematizado, dotado de princípios gerais, 
categorias, conceitos e institutos, pensado para vigorar como um conjunto de precei-
tos e princípios (PINTO, 2014, p. 29). 
Cristiano Paixão Araújo Pinto assevera que “o emprego da expressão “código” 
para descrever as normas de Direito escrito produzidas na Mesopotâmia encontra 
fundamento tão somente na Tradição. Não há qualquer paralelo com os códigos de 
inspiração napoleônica (PINTO, 2014, p. 30). 
Anteriormente, a questão terminológica já havia sido abordada por John Gilissen, 
segundo o seguinte entendimento:
Chama-se-lhe geralmente “códigos”, erradamente, aliás, pois não contêm 
senão um pequeno número de disposições (30 a 60 artigos), relativas a 
questões de detalhes, e não uma exposição sistemática e completa do 
direito ou de uma parte do direito. São antes recolhas de textos jurídicos 
agrupados de uma maneira que parece ilógica, mas seguindo aquilo que 
parece ser ‘o mecanismo instintivo da associação de ideias’. Estes textos 
não parecem mesmo terem sido leis, mas antes, como lhes chama o 
Código de Hammurabi, dinât misbarim, ou seja, julgamentos de direito, 
ensinamentos indicando o caminho aos juízes. (GILISSEN, 2013, p. 61)
Esses “códigos”, a exemplo do Código de Hammurabi, não contêm Normas 
Jurídicas na forma que se conhece hoje. Nele, expressões breves registram um 
caso concreto e também a solução jurídica.
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Apesar das eventuais inconsistências dos “códigos” mesopotâmicos, seja pela forma 
jurídica de suas normas, seja pela falta de sistematização do Direito, seja pela falta de 
conhecimento doutrinário, sabe-se e se reconhece hoje que eles têm o mérito de ser 
os primeiros esforços da Humanidade para formular regras de Direito. 
John Gilissen fez uma síntese desses esforços civilizatórios, que se deve tributar à 
Mesopotâmia, em síntese2:
• O mais antigo “código” atualmente conhecido é o de Ur-Nammu, fundador 
da 3ª dinastia de Ur (cerca de 2040 a.C.). Há, todavia, o conhecimento de 
fragmentos de textos mais antigos, como o “código” de Urakagina de Lagas, 
dos meados do 3º milênio, ou o de Sulgi, em Ur. Ainda do mesmo período, 
conservam-se milhares de atos da prática e atas de julgamento;
• Após o desmembramento do reino de Ur, vários principados fizeram esforços no 
sentido da redação de recolhas jurídicas, nomeadamente os de Esnunna (perto 
do Tigre, na Acádia) e de Isin (perto do Eufrates, na Suméria). O Código de 
Esnunna, escrito cerca de 1930 a.C., contém cerca de 60 artigos. Do Código 
de Çipit-Istar, rei de Isin, escrito cerca de 1880 a.C., encontrou-se o prólogo, 
o epílogo e 37 Artigos. Era destinado a “estabelecer o direito nas regiões da 
Suméria e da Acádia” (GILISSEN, 2013, p. 61-62);
• O monumento jurídico mais importante da Antiguidade antes de Roma é o 
Código de Hammurabi, promulgado por Hammurabi, rei da Babilônia (prova-
velmente 1726-1686 a.C.). O texto provavelmente redigido por volta de 1694 a.C. 
está gravado num monolito descoberto em Susa, em 1901. Numerosas disposições 
foram igualmente encontradas em tabuinhas de argila, de um manejo mais prático. 
São aparentemente os “códigos” portáteis de que se serviam os práticos;
• Em Mari (no Eufrates, ao norte da Babilônia) descobriram-se desde 1935 cerca 
de 20.000 tabuinhas, datando da primeira metade do século XVIII, ou seja, 
em data mais ou menos próxima da época do Código de Hammurabi. Trata-
-se, em geral, de documentos da prática administrativa, jurídicaou econômica. 
A sua decifração e tradução ainda não estão terminadas;
• Na Assíria, a montante da Babilônia, recolhas jurídicas chamadas “códigos as-
sírios” foram redigidas em diversas épocas: as mais antigas datam de antes de 
Hammurabi, cerca de 1950-1870 a.C. Um segundo grupo data de cerca de 
1450-1250 a.C. O terceiro, cerca de 750-700 a.C. Eles revelam, todavia, um di-
reito muito menos desenvolvido que o da região da Suméria e da Babilônia;
• Os Hititas estavam instalados no segundo milênio na região de Hatti, ao cen-
tro da atual Turquia asiática (região Ankara). Cerca de 1800 a.C., formou-se 
aí um reino hitita, pela reunião de vários pequenos principados, reino de tipo 
feudal, que vai no decurso dos séculos seguintes aumentar o seu poderio, para 
se tornar, cerca de 1400 a 1300 a.C., um vasto império, pouco mais ou menos 
parecido com o Novo Império egípcio. Desaparece cerca de 1200 a.C. após as 
2 A síntese tem por base a classificação proposta por John Gilissen. Conf. GILISSEN, J. Introdução histórica ao 
direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2013. p. 61-62.
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
grandes invasões dos “povos do mar”. Ao que parece, no entanto, foi um elo 
entre os direitos mesopotâmicos e os direitos gregos.
De todas as experiências jurídicas da Mesopotâmia para formular regras que 
signi ficassem avanços civilizatórios, uma merece destaque: a experiência jurídica do 
Código de Hammurabi, na Babilônia.
O Direito da Babilônia: O Código de Hammurabi
O Código babilônico foi promulgado pelo Rei Hammurabi, aproximadamente, 
em 1694 a.C. Na condição de fonte histórica, de documento histórico, o Código de 
Hammurabi pôde ser conhecido integralmente, sobretudo pelo fato de o texto ter 
sido entalhado num monolito de 2,25m de altura, e 2,00m de circunferência. 
O Código foi encontrado, em 1902, na cidade persa de Susa, para onde teria sido 
levado, por volta de 1175 a.C., como despojo de guerra. 
Atualmente, o Código se encontra em Paris, no Museu do Louvre (GUSMÃO, 
2011, p. 295-296): 
Figura 4 – Código de Hammurabi exposto no Museu do Louvre, Paris, França
Fonte: Wikimedia Commons
Na parte superior do bloco cilíndrico de pedra, foi entalhado um baixo-relevo que 
representa o deus-sol Samas, ditando a Hammurabi as regras de direito que nele 
foram gravadas. 
No final do texto, há uma frase que exalta a figura do Rei, a fim de lhe dar legiti-
midade para promulgar as normas ditadas por Samas: “Hammurabi, rei do Direito, 
sou eu a quem Samas oferece as leis” (GUSMÃO, 2011, p. 295-296). 
Acerca desse fato, John Gilissen observa que:
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As leis são, portanto de origem divina; o baixo-relevo faz pensar em 
Jeová entregando o Decálogo a Moisés. Mas, enquanto, que, o direito 
de Israel, como os da Índia e do Islão, são direitos religiosos, dados por 
Deus, o Código de Hammurabi não é senão inspirado por Deus. O direito 
babilônico é sobretudo, como também afirma o prólogo do Código de 
Ur-Nammu, um “regulamento de paz”; o rei aparece como um justiceiro 
e um protetor dos fracos: órfãos, viúvas, pobres; ele deve garantir a liber-
dade de cada um. (GILISSEN, 2013, p. 62)
O Código tem a intenção de ser o veículo da Justiça ou mesmo o “regulamento de 
paz”, mas, sobretudo, é um instrumento de poder nas mãos do rei. 
O rei se autoproclama o representante de Samas na terra. O deus-sol teria confia-
do a Hammurabi a missão divina, tornando-o “Rei do Direito”, a fim de decidir com 
equidade e “disciplinar os maus e os mal-intencionados e impedir que o forte oprima 
o fraco” (GUSMÃO, 2011, p. 295-296).
Código é composto de 282 artigos, dispostos de forma assistemática, sem, portanto, 
organização conforme matérias, instituto jurídico, direito material ou processual:
Não é um código especializado, pois contém todo o ordenamento jurídico 
da cidade: organização judiciária, direito penal, processual, contratos, ca-
samento, família, sucessões e direito de propriedade. É, assim, código civil, 
código penal, código de processo, código comercial e de organização judi-
ciária. (GUSMÃO, 2011, p. 296)
O Código de Hammurabi é, na verdade, uma “coletânea de julgados ou de hi-
póteses acompanhadas de decisão (GUSMÃO, 2011, p. 295-296), ou seja, “uma 
grande compilação de normas anteriormente dispostas em outros documentos e de 
decisões tomadas em casos concretos, que serviram de base para a elaboração dos 
artigos” (PINTO, 2014, p. 30).
As normas do Código de Hammurabi não se parecem em nada com as normas 
dos Códigos atuais. Expressam a realidade concreta, ou seja, coisas que podem ser 
percebidas por meio dos sentidos. Expressam casos concretos e não regras gerais, 
não resultam de um processo intelectual de abstração, não têm a sua fundamentação 
feita a partir de conceitos gerais, enfim, não são normas gerais e abstratas como as 
dos Códigos contemporâneos.
A maior parte dos enunciados do Código babilônico começa por uma expressão 
equivalente à expressão latina si quis (se alguém...), a exemplo de “Se alguém pene-
trar por arrombamento numa casa, terá de morrer, o seu corpo deverá ser enterrado 
no próprio lugar do arrombamento” (PINTO, 2014, p. 30). 
Albrecht Alt classifica esse tipo de norma na categoria de Leis casuísticas, uma 
forma mais completa de Leis, em face de uma outra categoria, a que denominou 
Leis apodíticas.
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
Segundo Diniz (1998, p. 528) “Casuísmo (Teoria Geral do Direito): explicação 
de normas jurídicas por meio de casos concretos; ajustamento a uma dada espécie 
jurídica de solução apresentada a um caso idêntico”.
As duas categorias básicas, as Leis apodíticas e as Leis casuísticas, estão presen-
tes no Direito da Antiguidade. 
As Leis apodíticas referem-se “às leis que possuem a forma de uma asserção cate-
górica e incondicional de certo e errado (...) e, o exemplo mais comum, é encontrado 
nos Dez Mandamentos: “Não furtarás” (Êxodo 20:15); “Honra teu pai e mãe” (Êxodo 
20:12); “Não matarás” (Êxodo 20:13)”. (SOUZA. In: WOLKMER, 2014. p. 61).
As leis casuísticas têm forma mais complexa e também são encontradas em ou-
tros Sistemas Jurídicos (grego e hebraico). A sua forma geral é a de uma prótase 
iniciada pela conjunção condicional se ou então pela palavra caso, seguida de uma 
apódose que estabelece as consequências legais do caso descrito na prótase.
Prótase: (do grego, propor) é o nome dado à oração que contém o caso, a suposição ou a 
condição, pois é a que propõe a condição para que se realize a ação principal estabelecida 
na apódose. A oração principal, denominada de apódose (do grego, expor, declarar) define a 
sanção ou correspondência do caso descrito na oração subordinada e denominada de prótase. 
Fonte: SOUZA. In: WOLKMER, 2014. p. 61-62.
A partir da norma, por exemplo, “Se alguém levar à força a filha de outrem, con-
tra a vontade do pai e da mãe, mantendo com ela relações sexuais, é ladrão, devendo 
ser condenado à morte” (SOUZA, 2014, p. 61), é possível identificar a prótase na 
oração “Se alguém levar à força a filha de outrem, contra a vontade do pai e da mãe, 
mantendo com ela relações sexuais” (SOUZA, 2014, p. 61), e a apódose na oração 
“É ladrão, devendo ser condenado à morte” (SOUZA, 2014, p. 61).
Os preceitos normativos do Código de Hammurabi estão, portanto, formulados 
na forma de sentenças, a partir de enunciados que levantam hipóteses e, caso elas se 
confirmem, uma sanção, ou mesmo uma condição, deve ser aplicada ou observada. 
É o que se pode verificar, como exemplo, pelo teor das seguintes normas (GILISSEN, 
2013, p. 65-66):
45. Se alguém entregou o seu terreno contra o produto a um trabalhador 
e se ele recebeu o produto desses terrenos, se em seguida o deus Abad 
inundou o terreno ou se uma inundação o destruiu, os danos ficam a 
cargo do trabalhador.
60. Se alguém entregou um terreno a um arboricultor para aí plantar um 
pomar, se o arboricultor plantou o pomar, durante quatro anos, ele culti-
vará o pomar; no quinto ano, o proprietárioe o arboricultor partilharão 
em igualdade os frutos, mas é o proprietário do pomar que escolhe a 
parte com que quer ficar.
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64. Se alguém entregou o seu pomar a um arboricultor para o fazer fruti-
ficar, o arboricultor, enquanto tiver o pomar, entregará ao proprietário do 
pomar dois terços da produção do pomar; ele mesmo tomará um terço.
195. Se um filho agrediu o seu pai, ser-lhe-á cortada a mão por altura 
do pulso.
196. Se alguém vazou um olho de um homem livre, ser-lhe-á vazado o olho.
197. Se ele partir um osso de um homem livre, ser-lhe-á partido o osso. 
No que se refere à aplicação das sanções, observa-se não somente o rigor das 
penas, mas, sobretudo, o fato de que, na maioria dos casos, aplica-se uma pena, que 
é idêntica ao dano sofrido. 
Trata-se, na verdade, da aplicação de uma “pena antiga pela qual se vingava a 
injúria ou o delito fazendo sofrer o criminoso o mesmo dano ou mal que ele prati-
cara” (DIGITAL, 2019), denominada de “Lei de Talião”. 
A expressão “Lei de Talião” tem a sua origem no latim: Lex Talionis: lex = “Lei” 
e talis = “tal, idêntico”, e é representada em texto bíblico pela expressão “Olho por 
olho, dente por dente” (DIGITAL, 2019).
Em seus aspectos gerais, entre outros, o Código contém normas que versam 
sobre a organização da Sociedade, Direito de Família, Domínio Econômico, Direito 
Penal e Direito Privado (DIGITAL, 2019).
A organização social tem por base um estrato de homens livres, outro de homens 
também dotados de personalidade jurídica, a quem se pode chamar de “subalter-
nos”, sobretudo pela liberdade limitada face aos homens livres e, também, uma 
parcela de escravos.
O Código desiguala cada uma dessas camadas, tratando-as de maneira diferente. 
É o que se pode observar a partir da seguinte norma: “Aquele que espancando a filha 
de um homem livre, faz com que ela aborte pagará uma indenização de 10 ciclos 
de prata; se se tratar da filha de um subalterno, 5 ciclos; de um escravo, apenas 2” 
(SOUZA, 2013, p. 61-62).
Em relação ao Direito de família, a mulher, dotada de personalidade jurídica, 
mantém-se proprietária de seu dote mesmo após o casamento, e tem liberdade na 
gestão de seus bens. 
A mulher pode repudiar o marido, mas a recíproca também é verdadeira. É o que 
apontam as seguintes normas:
133. Se um homem desaparecer e na sua casa há de comer, a sua esposa 
manterá a sua casa e tomará conta de si; não entrará na casa de outrem. 
Se essa mulher não tomou conta de si e se entrou na casa de outro, essa 
mulher será condenada e será deitada à água.
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
134. Se um homem desapareceu e se não há de que comer na sua casa, 
a sua esposa poderá entrar casa de outro; essa mulher não é culpada 
(GILISSEN, 2013, p. 65).
Nesse sentido, a má conduta de um ou de outro pode dar o direito ao ofendido de 
fazer as suas escolhas, no caso, se a mulher foi ofendida pela má conduta do marido 
poderá propor ação para retornar à sua família originária. 
A família é, em geral, monogâmica. Todavia, admite-se a inserção de uma segunda 
esposa se a linhagem familiar estiver em risco por incapacidade de gerar filhos.
145. Se um homem casou com uma sacerdotisa naditum (classe elevada) 
e se ela não lhe deu filhos e se ele se propôs casar com uma sacerdotisa 
sugétum (classe subalterna), este homem poderá casar com uma sugétum; 
e poderá fazê-la entrar na sua casa. Esta sugétum não será tida em pé de 
igualdade com a naditum. (GILISSEN, 2013. p. 65)
A primeira esposa mantém a precedência em relação à segunda esposa. O Código 
prevê, ainda, os institutos jurídicos da adoção e da sucessão. 
No que se refere ao domínio econômico, prevê a hipótese de redução de salários 
e preços na atividade privada, por meio de intervenção do Estado. 
No Direito Penal, observa-se a extrema centralização do poder nas mãos do rei. 
O tratamento que dá aos delitos e às penas acaba por misturar elementos sobrenatu-
rais, retaliações, além de penas ligadas à mutilação e castigos físicos.
Como exemplo, observe:
1. Se alguém acusou um homem, imputando-lhe um homicídio, mas se 
ele não pôde convencê-lo disso, o acusador será morto.
Se alguém imputou a um homem atos de feitiçaria, mas se ele não pode 
convencê-lo disso, aquele a quem foram imputadas as atividades de feitiça-
ria, irá ao rio; mergulhará no rio. Se o rio o dominar, o acusador ficará com 
a sua casa. Se este homem for purificado pelo rio, e sair são e salvo, aquele 
que lhe tinha imputado atos de feitiçaria será morto; aquele que mergulhou 
no rio ficará com a casa do seu acusador (GILISSEN, 2013, p. 65). 
Por fim, a regulamentação do Direito privado apresenta várias modalidades de 
Contratos (compra e venda, arrendamento e depósito) e Negócios Jurídicos (em-
préstimos a juros, títulos de crédito, operações de caráter bancário e de Socieda-
des de comerciantes).
Dentre todas as experiências jurídicas da Mesopotâmia, o Código de Hammurabi 
é talvez a maior delas. O Código é o mais antigo, o mais completo e o mais íntegro 
documento jurídico da Antiguidade. É, sem sobra de dúvida, um dos maiores símbo-
los jurídicos da Humanidade. 
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A experiência civilizatória da Mesopotâmia não foi em vão, ou seja, ao perceber 
de forma clara a importância de se formular regras de direito e empreender es-
forços para tanto, intuitivamente deu os primeiros passos em direção ao futuro 
jurídico da Humanidade.
O Direito dos Hebreus
O Direito hebraico antigo é aquele que se encontra na Bíblia Hebraica (Velho 
Testamento), mais particularmente, na Torah. 
A designação Torah ou “Torá” se refere ao conjunto de livros bíblicos (Gênese, Êxodo, 
Levítico, Números e Deuteronômio) que contêm a forma escrita dos ensinamentos de 
Deus, transmitidos diretamente a Moisés, segundo a fé judaica. Os cinco livros da Torá 
são chamados de Pentatêuco pela tradição hebraica (SOUZA, 2014, p. 50).
Os hebreus são semitas que viviam em tribos nômades no Oriente próximo, con-
duzidas por chefes. Eles vagavam pela Palestina na época de Hammurabi, foram até 
o Egito, depois retornaram (o Êxodo) à Palestina, provavelmente no início do século 
XII a.C; talvez mais cedo (GILISSEN, 2013, p. 66).
Semitas: são um grupo étnico e linguístico que compreende os hebreus (hoje, judeus), os 
assírios, os aramaicos, os árabes e os fenícios, que se acreditam descendentes de Sem (um 
dos filhos de Noé). 
Fonte: Dicionário Michaelis
HOLOCAUST ENCYCLOPEDIA. Antissemitismo (verbete). 
Disponível em: https://bit.ly/366a7Nr
Na volta à Palestina, os hebreus deixam de ser um povo nômade, tornam-se 
sedentários.
O fundamento da mudança é a religião, ou seja, o “povo eleito” por Deus deveria 
ocupar o território que lhe havia sido destinado. Acreditavam na origem divina do 
seu povo.
A sedentarização provoca mudanças na estrutura política:
É estabelecido um poder único sobre o conjunto das tribos; pertence ao 
rei, cuja autoridade se reforça nos séculos XI e X a.C. O apogeu do reino 
de Israel situa-se na época de David (1029-960) e de seu filho Salomão 
(960-935). Seguidamente, dissenções internas provocam a divisão em 
dois reinos: o reino de Israel, do Norte, que foi ocupado pelos Assírios 
em 721; e o reino de Judá, no Sul, à volta de Jerusalém, que resistiu até 
586. Persas, Macedônios, Romanos ocuparam seguidamente a Palestina. 
(GILISSEN, 2013, p. 66)
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
Apesar da instabilidade política, o fator fé tem papel fundamental na condução 
da vida social. O Direito hebraico não contém somente matéria jurídica. É, antes de 
tudo um “Direito religioso”. 
As “normas” são, na verdade, preceitos morais e religiosos, sob a forma de sen-
tenças, salmos, provérbios etc. “O Direito é “dado” por Deus ao seu povo. Assim, 
estabelece-se uma “aliança” entre Deus e o povo que ele escolheu. O Decálogo ditado 
a Moisés é a Aliança do Sinai, o Código da Aliança com Jeová. O Deuteronômio é 
também uma fonte de aliança” (GILISSEN, 2013, p. 66). 
O fato de o Direito hebraico serum “Direito religioso” representa uma de suas 
características, talvez a mais importante, a outra, a de ele ser “imutável”. 
A sua mudança não está nas mãos do homem comum. A adaptação à evolução 
social somente se torna possível com a interpretação feita por pessoas autorizadas 
pela Religião, os rabinos que, no entanto, nunca podem modificá-lo. 
A Bíblia é a fonte por excelência do Direito Hebraico:
Na Bíblia, o direito é concebido como de origem divina; Deus é a última 
fonte e sanção de toda a regra de comportamento; todo o crime é um 
pecado, pelo qual a comunidade é responsável perante Deus, e não pe-
rante um governo humano. Na Bíblia, as prescrições jurídicas, morais e 
religiosas estão confundidas. (GILISSEN, 2013, p. 68)
No Direito hebraico, não existe, portanto, Literatura jurídica específica escrita por 
juristas e estudiosos da Lei. O que existe são as interpretações das escrituras por reli-
giosos. A origem divina da Lei é a garantia de uma nação justa: “E que nação há tão 
grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta Lei que hoje ponho 
perante vós?” (Deuteronômio 4:8) (SOUZA, 2014, p. 50). 
De forma específica, acerca das fontes, vale ressaltar que, além da Bíblia (particu-
larmente, a Torah ou Torá), fonte primária de todo o Direito hebraico, a “Lei oral” e 
a Mishna, a Guemara e o Talmude são fontes secundárias da “lei” hebraica, derivam, 
portanto, da Bíblia.
Na verdade, o Talmude é a síntese de toda a “Lei oral” que veio sendo interpre-
tada e registrada na Michna e na Guemara: “O Talmude é tido como o registro da 
forma oral transmitida por Moisés aos sábios de sua geração e que, por sua vez, a 
transmitiram de geração em geração sem um registro escrito” (SOUZA, 2014, p. 50). 
O longo período histórico, no qual teve curso a civilização hebraica, dá lugar a 
significativas diferenças entre os tipos de direitos praticados em diferentes épocas da 
história, sobretudo em relação à administração da justiça. 
Os diferentes tipos de organização política (patriarcal, confederação, monarquia) 
levam a diferentes formas de administração da justiça no Direito hebraico antigo. 
Na Sociedade patriarcal, o patriarca exercia o papel de líder e juiz. O poder do 
patriarca teria se originado da organização da justiça feita por Moisés. 
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Em Êxodo 25:13-27, Moisés nomeia auxiliares para julgar o povo (Êxodo 18:25), 
depois de ter sido advertido por seu sogro, alertando-o que não julgasse sozinho: 
“Não é bom o que fazes” (Êxodo 18:17); “Sem dúvida, desfalecerás, tanto tu quanto 
este povo que está contigo; pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes 
fazer” (Êxodo 18:18). 
Escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os constituiu por 
cabeças sobre o povo: chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta 
e chefes de dez” (Êxodo 18:25).
[...] e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até ao 
pôr-do-sol. (Êxodo 18:13)
Fonte: A Bíblia Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
O Sistema Judicial de Moisés atribuiu competência aos chefes tribais para julgar 
as causas simples, e reservou para ele, Moisés, o julgamento das causas graves. 
Segundo a Bíblia (1999) “Estes julgaram o povo em todo o tempo; as causas graves 
trouxeram a Moisés e toda causa simples julgaram eles. (Êxodo 18:26)”.
Figura 5 – O Moisés, de Michelangelo. Basílica de São Pedro, Roma, Itália
Fonte: G etty Images
No período de confederação das tribos, o poder do patriarca foi transferido para 
um tribunal formado pelos anciãos (juízes). Tal entendimento se depreende do exposto 
no Deuteronômio 21:19, ou seja, “O filho rebelde deve ser levado pelos pais aos 
anciãos de sua cidade para julgamento” (BÍBLIA, 1999). 
No período pré-monárquico, os anciãos (juízes) exerciam também a função de 
comandantes militares. 
No entanto, Deuteronômio 16:18; 25:2 leva a concluir sobre o fato de que juízes 
eram nomeados para julgar o povo, sem levar em conta a experiência natural de 
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
vida das pessoas. No Período monárquico, mais especificamente, no governo do rei 
Jeosafá, encontra-se um registro de tribunais estabelecidos pelo rei no relato de 2 
Crônicas 19:5-11: “E passou a colocar juízes por todo o país”:
O sistema judicial descrito em 2 Crônicas é similar ao registrado em Deu-
teronômio 16:18 e 17:8-13, remontando ao tempo de Moisés. Da análise 
de várias passagens da Tanakh (Antigo Testamento), podemos deduzir a 
existência de tribunais locais formados por juízes especiais atuando junto 
aos anciãos locais como um tribunal de primeira instância, enquanto, 
que, em Jerusalém havia um tribunal superior formado por sacerdotes 
levitas e israelitas. (SOUZA, 2014, p. 62-63)
Administração da justiça no Direito hebraico antigo teve avanços significativos a 
partir do momento que, ao lado do juiz singular, passa a contar, também, com a de-
cisão colegiada, tanto nos Tribunais locais de primeira instância, quanto no Tribunal 
Superior, localizado na cidade de Jerusalém. 
O mesmo avanço não pode ser tributado às penas, ou seja, a aplicação da “Lei 
de Talião” parecer ter sido uma constante durante os diferentes tipos de organização 
política (patriarcal, confederação, monarquia) do povo Hebreu. 
A “Lei de Talião” expressa nas passagens de Êxodo 21: 12, 23 a 25, Levítico 
24:19 a 21, Deuteronômio 19:21. É a forma típica de punição que caracteriza o lon-
go período histórico do Direito hebraico antigo.
A expressão “Olho por olho, dente por dente”, entre outras variações, “Mão por 
mão”, “Pé por pé” e “Quebradura por quebradura” aparecem somente na Bíblia, no 
Antigo Testamento. À exceção de uma única vez, no Novo Testamento, em Mateus 
5:38 a 44, a fim de expressar uma nova visão acerca da prática antiga de retribuir o 
mal com o mal, segundo o Cristianismo. 
Os cinco livros da Bíblia, a Gênese (a Criação, a vida dos patriarcas), o Êxodo 
(estadia no Egito e volta à Canaã), o Levítico (livro de prescrições religiosas e cul-
turais), o Números (sobretudo a organização da força material) e o Deuteronômio 
(complemento dos quatro precedentes), de forma geral, contêm matéria jurídica. 
Todavia, existem textos do “Pentatêuco”, ou seja, dos “Cinco Livros de Moisés”, 
que apresentam conteúdos jurídicos mais específicos. Esses textos, considerados fon-
tes formais do Direito hebraico são, nomeadamente3:
• O Decálogo que, segundo a tradição, teria sido ditado a Moisés no Monte Sinai 
por Jeová. É conhecido por duas versões, uma no Êxodo (XX, 2-17) e outra no 
Deuteronômio (V, 6-18); contém prescrições de caráter moral, religiosos e jurídico 
muito gerais, redigidas sob a forma de máximas imperativas muito curtas: “Tu não 
matarás”, “Tu não levantarás falso testemunho contra o teu próximo” etc.;
3 O estudo acerca dos conteúdos jurídicos específicos do “Pentatêuco” tem por base o estudo das fontes formais do 
direito hebraico feitos por John Gilissen. Conf. GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito. Lisboa: Funda-
ção Calouste Gulbenkian, 2013. p. 68-9. 
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• O Código da Aliança, conservado no Êxodo (XX, 22, a XXIII, 33), pela sua 
forma e pelo seu fundo, o texto assemelha-se às codificações mesopotâmicas e 
hititas, nomeadamente ao Código de Hammurabi, o que permite supor que uma 
primeira formulação (talvez oral) poderia remontar à época anterior à estadia 
no Egito. Na sua forma final, o texto dataria da época dita “dos Juízes”, isto é, 
do início da fixação em Canaã, nos séculos XII ou XI a.C. O Código da Aliança 
contém prescrições religiosas, regras relativas ao Direito Penal, à reparação dos 
danos etc. Reflete costumes da época da sedentarização;
• O Deuteronômio (do grego, a Segunda Lei, a Repetição ou a Cópia da Lei) 
constitui uma nova versão do Código da Aliança. Na verdade, é uma codificação 
de antigos costumes, tendendo, sobretudo, à manutenção da pureza do mono-
teísmo, mas compreendendo, também, disposições que interessamao Direito 
Público e ao Direito de Família. O Deuteronômio dataria do século VII. É atri-
buído pela tradição ao rei Josias (621), mas teria sido remodelado no século V;
• O Código Sacerdotal (ou Lei da Santidade), contido no Levítico (cap. XVII a 
XXVI), datando provavelmente do século V (cerca de 445 a.C.), contém um 
ritual dos sacrifícios e da sagração de religiosos, mas aí encontram-se, também, 
disposições importantes sobre o casamento e o Direito Penal. Do mesmo perío-
do, datariam os livros dos Profetas e os “livros sapienciais” (Salmos, Provérbios 
etc.) que completaram as grandes partes do Antigo Testamento.
A “Lei oral” e a Mishna são fontes secundárias do Direito hebraico, atenderam à 
necessidade de adaptação do Direito à evolução da Sociedade hebraica.
Não houve, durante o processo de adaptação, quaisquer mudanças que, eventu-
almente, indicassem a negação do princípio da imutabilidade da Lei divina. A Torá 
conservou sua autoridade. As interpretações feitas por rabinos apoiavam-se nos ver-
sículos da Bíblia: “As suas interpretações e adaptações formaram a Lei oral; as ori-
gens desta são, segundo a tradição judia, quase tão antigas como as da “Lei escrita” 
de que ela descenderia” (GILISSEN, 2013, p. 69). 
O desenvolvimento da “Lei oral” deu-se, sobretudo, durante a época do Segundo 
Templo, ou seja, entre a volta do cativeiro na Babilônia (515 a.C.) e a diáspora (70 
a.C.). Os hebreus tiveram de se adaptar a novos modos de vida. O velho Direito 
bíblico não era suficiente para dar suporte às mudanças da vida social. A atividade 
exegética dos rabinos alargou e desenvolveu a Torá, incorporando também as tradi-
ções e os costumes novos (GILISSEN, 2013, p. 69). 
Na sua obra Mishna, o rabino Yehudah HaNasi, chefe da comunidade judaica na 
Palestina, deu nova redação à “Lei oral”. Editada no início do século III d.C., a Mishna
(tem o significado de ensino) suplantou os outros trabalhos similares.
O rabino Yehudah HaNasi (135-219 d.C.) era filho do rabino Shimon bem Ga e nasceu oitenta 
anos após a destruição do Segundo Templo. Foi o editor da Mishna em sua forma final. Ele 
é chamado “Rabi”, professor por excelência e “Rabbeinu HaKadosh”, nosso Santo Rabino. 
Fonte: Jewish Virtual Library | https://bit.ly/3cumMLa
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
A obra reúne opiniões de rabinos sobre matéria religiosa, sem, contudo, tocar nas 
matérias jurídicas. À exceção de uma das partes, intitulada “Das Mulheres”, que trata 
do casamento, do divórcio e de outros problemas das relações entre os esposos.
Guemara e o Talmude também podem ser considerados fontes secundárias do Di-
reito hebraico. Os comentários chamados Guemara (isto é, ensino tradicional) foram, 
ao longo do tempo, tornando-se mais completos que a própria Mishna que, por sua 
vez, já havia passado por um processo de mudanças, incorporadas a partir dos co-
mentários e das interpretações feitas por vários rabinos dos séculos III, IV e V d.C., na 
Palestina sob a dominação romana, e também por outros na diáspora, na Babilônia. 
Os ensinos originados da Mishna e da Guemara foram sistematizados no Talmude 
(que tem o significado de “estudo”), a partir de tempos e locais diferentes. 
O processo de sistematização teve curso em Jerusalém (cerca de 350-400 d.C.) e, 
também, quase um século depois, na Babilônia (cerca de 500 d.C.): 
O Talmude da Babilônia, mais completo e mais claro que o da Palestina, 
prevaleceu finalmente no judaísmo. Compreende não somente uma mas-
sa imensa de textos jurídicos e religiosos, ou seja, explicações da lei que 
se impõem pela autoridade da maior parte dos Rabinos, mas também nu-
merosos textos que dizem respeito à história, à medicina, à astronomia, 
às ciências em geral (GILISSEN, 2013, p. 69). 
O Talmude (expressão de toda a “Lei oral”), foi, ao longo dos anos, objeto de 
novas e inúmeras interpretações a fim de atender à necessidade de adaptação do 
Direito aos costumes. 
O Talmude precisaria passar por um processo de sistematização e síntese, agru-
pando-se as Normas na forma de Código.
Figura 6 – O Talmude sob a luz de vela
Fonte: Getty Images
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A primeira importante codificação foi realizada na Espanha, por Maîmonide, no 
período medieval, na segunda metade do século XII d.C. A Codificação de Maîmonide 
teve o seu foco em matérias relativas à Teologia, à Ética, ao Direito e à Ciência Política. 
Na Modernidade, a codificação definitiva se deve ao trabalho de Joseph Caro 
(século XVI d.C.), que foi impresso pela primeira vez em 1567.
Moses Maimonides, nome original Moses Ben Maimon, também chamado Rambam, 
nome árabe Abū ʿImran Mūsā ibn Maymūn ibn ʿUbayd Allāh (nascido em 30 de março 
de 1135, Córdoba [Espanha] - falecido em 13 de dezembro de 1204, Egito), judeu, filósofo , 
jurista e médico, a principal figura intelectual do judaísmo medieval . (...) Suas contribuições 
em religião, filosofia e medicina influenciaram estudiosos judeus e não judeus.
Joseph bem Ephraim Karo (Caro, ou Qaro), também chamado Maran (aramaico: “Nosso 
Mestre”), nascido em 1488, Espanha – falecido em 24 de março de 1575, Safed, Palestina 
(agora Zefat, Israel), autor judeu nascido da última grande codificação Lei judaica o Bet Yosef
(“Casa de José”). Sua condensação, o Shulḥan aʿrukh (“A Mesa Preparada” ou “A Mesa Bem-
-Colocada”) ainda é referência para os judeus ortodoxos.
Fonte: Britannica | https://bit.ly/2EBT8ay e https://bit.ly/3ibkPot
O Código de Caro permaneceu como Código rabínico civil e religioso da diáspora. 
Ele continua a reger numerosos israelitas que vivem fora de Israel.
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UNIDADE O Direito na Antiguidade Oriental
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Introdução à história do direito
Leitura do texto da “Apresentação” do livro. A relevância do estudo da História 
do Direito na formação e consolidação acadêmica e profissional dos bacharéis em 
Direito, p. XIII-XVI. BAGNOLI, V. Introdução à história do direito. São Paulo: 
Atlas, 2014. (e-book)
Introdução à história do direito
Leitura da “Parte I – Introdução Conceitual”. No Cap. 1, da Parte I, o estudo versa 
sobre o Conceito e Objetivo da História do Direito; no Cap. 2, o estudo é dedicado 
às Fontes da História do Direito; no Cap. 3, estudam-se as Correntes Metodológicas 
da História do Direito e, finalmente, no Cap. 4, o Estudo Contemporâneo da 
História do Direito: Possibilidades e Perspectivas. p. 3-27. BAGNOLI, V. Introdução 
à história do direito. São Paulo: Atlas, 2014. (e-book)
História do direito no Brasil
Leitura da Introdução. Apresenta a proposta de nova leitura histórica do fenômeno 
jurídico enquanto expressão cultural de ideias, práticas normativas e instituições 
jurídico-políticas. p. 1-11. WOLKMER, A. C. História do direito no Brasil. 7.ed. 
Rio de Janeiro: Grupo Gen, 2014. (e-book)
Egito Antigo
Leitura do texto “Egito Antigo”. Apresenta as linhas gerais da história do Egito 
Antigo. DESPALANCHES, Sophie. Egito Antigo. Porto Alegre: L&PM. p. 7-23. 
https://bit.ly/33W5McY
Hebreus
A leitura do texto Hebreus visa a aprofundar conhecimentos sobre o povo que tem 
a sua trajetória narrada no Antigo Testamento. Os hebreus são conhecidos como 
israelitas ou judeus. Antepassados do povo judeu, os hebreus têm uma história 
marcada por migrações e pelo monoteísmo. Conf. HEBREUS em Só História. 
Virtuous Tecnologia da Informação, 2009-2019. 
https://bit.ly/30936rA
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Referências
BÍBLIA Sagrada: Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. 
2.ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
DINIZ, M. H. Dicionário jurídico. v. 2. São Paulo: Saraiva, 1998. 
________. Dicionário jurídico. v. 3. São Paulo: Saraiva, 1998. 
ENCICLOPÉDIA Britânica. Joseph bem Ephraim Karo. Disponível em: <https://www.
britannica.com/biography/Joseph-ben-Ephraim-Karo>. Acesso em: 24/11/2019.
GILISSEN, J. Introdução histórica ao direito. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2013.
GUSMÃO, P. D. de. Introdução ao estudo do direito. Riode Janeiro: Forense, 2011.
HISTÓRIA, SÓ. Divisão dos períodos da história. Disponível em: <https://www.
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JEWISH, Virtual Library. Yehudah Hanasi. Disponível em: <https://www.jewishvir-
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MICHAELIS, Dicionário. Semita. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/
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PINTO, C. P. A. Direito e sociedade no oriente antigo: Mesopotâmia e Egito. In. 
WOLKMER, Antônio Carlos. Fundamento de história do direito. Belo Horizonte: 
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SOUZA, M. A. de. O direito hebraico antigo. In. WOLKMER, Antônio Carlos. 
Fundamento de história do direito. Belo Horizonte: Del Rey, 2014.
Sites Visitados
DICIO. Dicionário on-line de português. Disponível em: <https://www.dicio.com.
br/taliao/>. Acesso em: 16/11/2019.
DICIONÁRIO de Português. Oxford University Press (Uso licenciado). Disponível 
em: <shorturl.at/jNR35>. Acesso em: 10/11/2019.
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<http://www.aulete.com.br/proto-hist%C3%B3ria>. Acesso em: 10/11/ 2019.
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