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Livro didático digital - Fundamentos Históricos e Introdução ao estudo do direito

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NÃO PODE FALTAR
DIREITO NÃO-EUROPEU (DIREITO COMPARADO)
Danilo Rafael da Silva Mergulhão
CONVITE AO ESTUDO  
Nesta primeira seção embarcaremos na beleza que a história do Direito tem a nos
dispor!
Como já dito anteriormente, alcançar o verdadeiro signi�cado dos institutos
jurídicos, e, portanto, da própria Ciência Jurídica, perfaz o seu conhecimento
histórico. Neste sentido ensina-nos o Prof. Tércio Sampaio, 
Fonte: Shutterstock.
Deseja ouvir este material?
Áudio disponível no material digital.
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É sob esta perspectiva que formaremos as bases para os “fundamentos teóricos
gerais do Direito” na in�uência de traços dos ordenamentos jurídicos hebreu,
hindu, chinês e japonês que permanecem ainda hoje, com as devidas adaptações
presentes.
Perceberemos a in�uência do Direito Hebreu na construção de um
“constitucionalismo antigo”, do Direito Hindu, na legitimidade de um sistema de
castas, o Direito Chinês com a proximidade �losó�ca, de forma particular com os
escritos de Lao Tsé – em particular nas obras Tao Te Ching: O livro que revela Deus.
Prontos para iniciar essa jornada?
PRATICAR PARA APRENDER
Iniciaremos nossa primeira sessão de estudos confrontando a construção histórica
do Direito. Assim, importante desde já frisar que esse conhecimento não é
traduzido para �ns de um saber desfocado da realidade. Ao contrário! Tem uma
importância ímpar para o investigador das Ciências Jurídicas. 
No certame público de acesso ao Programa de Pós-Graduação Stricto Senso –
Mestrado e Doutorado da Universidade Federal do Paraná o tema é recorrente,
vejamos,
Um panorama da História da Ciência do Direito tem a virtude de nos mostrar como esta ciência, em diferentes
épocas, se justi�cou teoricamente. Esta justi�cação é propriamente o objeto da nossa investigação. Não
pretendemos, pois, enumerar teorias sobre o direito, mas teorizações jurídicas no sentido da roupagem que o
pensamento jurídico assumiu enquanto ciência. 
É a concepção da "historicidade" que permitirão a quali�cação, também, do acontecimento presente como
História, criando-se a possibilidade de uma compreensão da ciência jurídica como ciência histórica, aparecendo
a dogmática jurídica fundamentalmente como história do direito, ou, pelo menos, como a continuação desta
com outros instrumentos.
—  FERRAZ, 1988, p. 46
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Em nossos meios de comunicação (jornais, internet, TV, rádio) sempre nos
deparamos com questões que são levantadas um termo “dignidade da pessoa
humana”. 
Você já se perguntou qual é a construção histórica deste termo? 
O termo “dignidade da pessoa humana” está esculpido em nossa Constituição
Federal em seu inciso III, Art. 1º, sendo reconhecida como o “princípio dos
princípios”.
Parcela signi�cativa da doutrina jurídica reconhece que a fonte histórica está
intimamente ligada à �loso�a e cultura hebraica com referência textual no próprio
texto sagrado judaico-cristão, em Gêneses, 1. 26 “Então disse Deus: ‘Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os
peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os grandes animais de toda a terra e
sobre todos os pequenos animais ¬que se movem rente ao chão’”.
É evidente que no processo de racionalização houve uma migração do núcleo
conceitual do teocentrismo para o antropocentrismo, mas se mantém como
fundamento do mundo ocidental.
Paolo Grossi defende a historicidade da experiência jurídica medieval que não pode ser analisada pelo prisma
estatalista contemporâneo, na medida em que este deturpa a visão do fenômeno jurídico e o vincula
exclusivamente à lei. Assinale a alternativa CORRETA acerca da ordem jurídica medieval: 
A. A Igreja medieval, instituição que detinha o monopólio da cultura letrada, era a principal responsável pelas
normas sociais; B. o direito medieval apresentava-se como dependente de uma estrutura política centralizada
nas mãos do rei o que resultava em um direito régio; 
C. o homem estava no centro da ordem cósmica criada por Deus e sua vontade era explicitada em normas de
conduta social; 
D. a factualidade (direito se constituía a partir dos fatos; a validez cede à efetividade) e historicidade
eram duas de suas características principais; 
E. o direito canônico funcionava como uma espécie de ius commune na medida em que tinha validade em
todos os territórios cristãos.
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No século XX vemos diversos instrumentos nacionais e internacionais,
especialmente depois da II Guerra Mundial que contemplam o papel central da
Dignidade da Pessoa Humana, dentro os quais destacamos a Declaração Universal
dos Direitos Humanos de 1948, Lei Fundamental de Bonn de 1949 e no Brasil a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Tal instituto é tido como um verdadeiro epicentro axiológico do ordenamento
jurídico Pátrio. 
Vamos juntos construir o saber? 
CONCEITO-CHAVE
A - DIREITO HEBRAICO
Segundo PALMA (2019, p. 109), “o Direito hebraico (Mischpat Ibri) é o conjunto de
regras e preceitos religiosos que se alicerça no dogma monoteísta arvorado pelos
antigos israelitas, povo de origem semita que outrora habitou a terra bíblica de
Canaã.” 
Como assentado pelo autor, a característica do direito hebraico advém de sua
umbilical relação religiosa, na qual impunha limites para todos, inclusive, aos
próprios governantes. Com efeito, havendo qualquer violação por partes dos
governantes, os profetas apontavam-na. (MARTINS, 2020, p. 40)
Perceberemos que o direito hebraico é um direito religioso, embasado em uma
religião monoteísta e que tal sistema ainda permanece latente atualmente, como o
adotado por alguns países de alinhamento islâmico que possui um sistema jurídico
baseado na Sharia ou lei islâmica. Neste sentido, importante ressaltar que o Direito
Hebraico teve importantíssima repercussão nos estudos da dignidade da pessoa
humana, especialmente com passagens do Antigo Testamento. 
Com relação ao tema, reza BARROSO (2016, p. 15), grifado por nós:
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Os estudos empreendidos por Karl Loewenstein identi�caram as primeiras
demonstrações do constitucionalismo, na Idade Antiga, no povo hebreu,
especialmente por meio da conduta dos profetas, nos quais eram encarregados
por veri�car se os atos do poder público eram compatíveis com o texto sagrado.
(LOEWENSTEIN apud MARTINS, 2020, p. 39)
Dissertando sobre o tema:
Sendo assim, o Antigo Testamento (Tanak) é o ponto de partida para o
desenvolvimento �losó�co-doutrinário da cultura hebraica. (PALMA, 2019, p. 109)
Especi�camente, no Torah que se observa o eixo da legislação do Israel Antigo. Ele
compõe-se por cinco livros: Gênesis (Bereshit), Êxodo (Shemot), Levítico (Va-yikra),
Números (Ba-midbar) e Deuteronômio (Debarin). No âmbito dessa estrutura,
podem ser categorizadas certas coleções de leis facilmente percebidas no universo
da Torah. As subdivisões às quais se refere são tradicionalmente conhecidas como
“Código da Aliança” (Ex 20, 22-23, 33) e “Código da Santidade ou Sacerdotal (Lv 17-
26)” (PALMA, 2019, pp. 109-110).
As ideias centrais que estão no âmago da dignidade humana podem ser encontradas no Velho Testamento, na
Bíblia judaica: Deus criou o ser humano à sua própria imagem e semelhança (Imago Dei). E impôs sobre
cada pessoa o dever de amar seu próximo como a si mesmo. Essas máximas são repetidas no Novo
Testamento cristão. Devido à sua in�uência decisiva sobre a civilização ocidental, muitos autores enfatizaram o
papel do cristianismo na formação daquilo que veio a ser conhecido como dignidade humana, encontrando,
nos Evangelhos, elementos de individualismo, igualdade e solidariedade que foram fundamentais no
desenvolvimento contemporâneo da sua abrangência. 
“
O primeiro povo que praticou o Constitucionalismo foram os hebreus. Flavius Josephus deu à forma de sua
sociedade o termo ‘teocracia’ [...]. Nesse sistema, os detentores do poder na terra são meramente agentes ou
representantesdo poder divino. [...] O regime teocrático dos hebreus se caracterizou porque o dominador, em
vez de ostentar um poder absoluto e arbitrário, estava limitado pela Lei do Senhor, que submetia igualmente a
governantes e governados. [...] Os profetas surgiram como vozes reconhecidas da consciência pública, e
predicaram contra os dominadores injustos e carentes de sabedoria que haviam se separado do caminho da
Lei, constituindo-se na primeira oposição legítima na História da Humanidade contra o poder estatal
estabelecido. 
— (LOEWENSTEIN apud MARTINS, 2020, p. 39-40)
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Além do mais, de todas as leis, o direito hebraico nos deixou de herança os “dez
mandamentos”, como instrumento normativo ainda hoje utilizado com uma
espécie de fonte material de normas de cunho jurídico (não matarás, não
roubarás, não darás falso testemunho contra teu próximo), outros como normas
de cunho moral (não terás outros deuses diante de mim; não pronunciarás em
falso o nome de Iahweh teu Deus) e ainda que já fora de cunho jurídico e agora
apenas utilizado como norma de cunho moral (não adulterarás). 
Inclusive, nas palavras de Rodrigo Freitas Palma (2019, p. 110), 
Outrossim, ainda de acordo com Palma (2019, 113):
REFLITA
Se a ideia de “Justiça” está ligada diretamente a Deus, como o homem (ser
pecador) poderia alcançá-la?
Era necessário a observância dos preceitos religiosos hebraicos, em que era
preciso persegui-la com todo o fervor, segundo os limites do entendimento
de cada um. O roteiro a ser observado para a prática do bem era, no Israel
Antigo, a Torah e seus Mandamentos. (PALMA, 2019, p. 113)
Malgrado existisse, algumas distinções de interpretações acerca das leis
hebraica, conforme indicado pelo supracitado autor,
a ética hebraica ali começa a se delinear por intermédio de leis apotídicas positivas e negativas. Graças à
singeleza de seus propósitos, elas alcançaram a devida perpetuidade e aceitação geral nas comunidades judaica
e cristã.“
na cultura judaica, somente Deus, em sua grandeza in�nita, representa a plenitude da ideia de “justiça”
(tsedaká), o que signi�ca dizer que somente Ele é, na perfeita acepção do termo, justo. Destarte, a própria
noção de “justiça absoluta” está muito além da capacidade de compreensão humana. “
De qualquer modo, a noção hebraica de justiça esteve sempre associada à
caridade e amor ao próximo (hessed). Nesse ínterim, “ser justo” é dar o melhor de
si para o progresso da humanidade; agir em conformidade com os mandamentos
e, principalmente, não se descuidar jamais do clamor dos pequenos; tomar a
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Aponte-se, sobre o tema que os hebreus criaram três tribunais, com funções
especí�cas a cada deles: a) o Tribunal dos Três, no qual julgava alguns delitos e
algumas causas de interesse pecuniário; b) Tribunal dos Vinte e Três: recebia as
apelações e os processos criminais referente com a sanção por morte; c) Tribunal
dos Setenta (Sinédrio): era a magistratura suprema dos hebreus, sendo composto
por setenta juízes. Tinha como atribuição interpretar as leis e julgar senadores,
profetas, chefes militares, cidades e tribos rebeldes. (MACIEL, 2019, pp. 72-73)
EXEMPLIFICANDO 
E para você, qual o signi�cado da Dignidade da Pessoa Humana? 
Você já havia estudado o sentido do instituto da Dignidade da Pessoa
Humana nos escopos aqui apresentados?
O seu conceito de Dignidade da Pessoa Humana guarda paralelo com a
História do Direito que descobrimos nessa seção?
B) DIREITO HINDU
Por volta de 1500 a.C., um povo de origem ariana, vindo por meio do hoje Estado
do Irã, na época chamado de Pérsia, chegou a Índia e deparou-se com uma
sociedade de diversas origens, em diferentes níveis de evolução. Passou, portanto
a comandá-los por meio do Direito e pela religião. (MACIEL, 2019, p. 83)
Neste contexto, surgem quatro livros, assentando os costumes e as crenças dos
arianos. São os Vedas, que signi�cam “o Saber”. 
O Primeiro Veda instituiu as castas, que foi utilizado pelos arianos para o
estabelecimento do poder, em que separava as pessoas em classes sociais
especí�cas. Uma vez que, quem nascesse em certa casta nela viveria e morreria,
iniciativa de ir ao seu socorro; prover ao seu sustento; defendê-los com nobreza
de caráter e manter uma atitude sóbria e de respeito para com o próximo e o
mundo que nos rodeia. 
— PALMA, 2019, p. 113
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devendo cumprir todas as funções nela preestabelecida. 
ASSIMILE 
Os escritos catalogam quatro tipos de castas. Vejamos:
a)  Brâmanes: sacerdotes e intelectuais.
b)  Ksatryas: guerreiros, sendo os nobres ou descendentes dos antigos
chefes.
c)  Varsyas (vaiçya) comerciantes e grandes agricultores.
d)  Sudras: trabalhadores braçais.
Ademais, de acordo com Maciel (2019, p. 85),
Outrossim, as mais antigas exteriorizações jurídicas na Índia formam os smirits,
escritos literários que re�etem, segundo Zweigert e Kötz “aquilo que deve ser
relembrado”. Entretanto, tornou-se mais famoso o Código de Manu (Manusmriti),
malgrado haver imprecisão quanto à data desse conjunto de leis. As Leis de Manu,
foram redigidas inicialmente em sânscrito, compõem parte de um acervo literário
em que se reúnem �loso�a, religiosidade e os usos e costumes da sociedade hindu
num passado distante. Portanto, tem-se ciência de que a �nalidade maior daquela
sociedade não se limitava na apresentação de um “texto jurídico”, na acepção
perfeita do termo, e sim, na sistematização enciclopédica da própria cultura hindu.
(PALMA, 2019, p. 98)
O Direito, assim como ocorreu com outras culturas, assume características
sagradas, visto que os indianos, utilizou-se de lendas, da tradição e cosmogonia
para elucidar as fontes de suas leis. De modo que, o personagem Manu não é
A religião hindu impõe a seus �éis certa concepção do mundo e das relações sociais, baseada essencialmente
na existência das castas. Dessa forma, as regras de comportamento aparecem sob a forma de princípios
religiosos que substituem as normas jurídicas. “
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propriamente um legislador, a quem devamos atribuir alguma historicidade, mas
um tipo de ser mitológico. (PALMA, 2019, p. 98)
Dessa forma o Código de Manu, retratava inequivocamente a maneira de
organização da sociedade hindu, uma vez que claramente assentava o longo rol de
privilégios usufruídos pela casta dominante e in�uente – os brâmanes –, a elite
sacerdotal e intelectual do País. 
Por �m, o direito hindu retrata a relação de uma comunidade a determinada
religião. Entretanto, com a extensão do princípio da territorialidade do direito,
clama-se cada vez mais por um direito nacional, cuja aplicação esteja desassociada
da �liação religiosa. Chamado de direito indiano, em oposição ao direito hindu,
passa a ter característica cada vez mais laica, ou seja, autônomo em relação à
religião. 
C) DIREITO CHINÊS
A China é um país de grande complexidade aos olhos do Ocidente, que não raro
primou pela originalidade, apegando-se a tradições milenares, que perduram até
os dias atuais. Na história chinesa, pode-se observar diversos personagens
importantes para a sua cultura, e dentre eles, Lao-Tsé (604 a.C.-531 a.C.) (PALMA,
2019, p. 139).
Segundo Lao-Tsé, a necessidade de uma “ordem jurídica” é o re�exo imediato da
perda da inocência humana, que exigiu que fossem �xados novos fundamentos
para o funcionamento da sociedade (PALMA, 2019, p. 142).
De acordo com a axiologia, o Direito, no qual sempre construído de forma arti�cial
e, portanto, orientado por interesses escusos, não poderá ser considerado
referencial de justiça. Neste ponto, preferível seria se o Direito pudesse ser deixar
de ser “prescrito”. 
Ademais, para Lao-Tsé há diferença entre o “Direito (Lei)” e a “Justiça”. Naquele
caso, em cerne, as leis derivam da vontade humana, exprimindo a obrigatoriedade
da força, por parte do Estado e de seus governantes (PALMA, 2019, p. 142).
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A “Justiça”, por outrolado, segundo Rodrigo Freitas Palma (2019, p. 142-142),
Neste sentido, tendo em vista a escassez de documentos comprobatórios sobre a
história do Direito Chinês, �ca inviável assentar cronologicamente falando o
momento da mudança dos costumes para a normatização escrita. (PALMA, 2019, p.
146)
Por outro lado, é certo que “os especialistas são sempre unânimes em apontar os
séculos VI e VII de nossa era como o momento em que se podem datar as fontes
legais mais remotas que se têm na atualidade.” (PALMA, 2019, p. 146)
Por �m, os chineses, paulatinamente, começaram a per�lhar a “concepção do
direito sem caráter divino”. E mais, com relação ao Direito Penal, este trazia penas
cruéis, tais como a empalação, as marcas a ferro em brasa, os açoites e até mesmo
a castração. (PALMA, 2019, p. 146)
D) DIREITO JAPONÊS
O Direito Japonês até o Século XVIII, teve grande in�uência da �loso�a de Confúcio,
�losofo chinês. Uma vez que buscava, segundo Palma (2019, p. 148)
Em período anterior a in�uência �losó�ca de Confúcio. A doutrina assenta que
existia três épocas da história do Direito nipônico, denominado de “direito nativo”.
As origens são dois antigos livros sobre a história do Japão: o Koiji (680 a.C.) e o
Nihonshoki (720 a.C.). Ambos os livros têm in�uência chinesa. (PALMA, 2019, p.
148)
Resigna-se à singeleza própria a sua natureza imutável, uma virtude ligada à generosidade no agir e no falar, na
modéstia e simplicidade no parecer, no desapego àquilo que é perecível, na condenação às ambições
causadoras de diversos males que atormentam a sociedade, no rechaço à busca desenfreada e egoística pelo
acúmulo de bens materiais, e, também, de tudo o que pode ser considerado supér�uo. 
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atitudes conciliatórias que devem nortear as relações entre as pessoas”. Inclusive, de acordo com o autor “na
atualidade, pode-se admitir que o tom conciliatório que marca a personalidade das gentes do Extremo Oriente
é devido a esse legado.“
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Ademais, de acordo com a doutrina, o ano de 603 d.C., por meio do “País do Sol
Nascente” foi a primeira revelação escrita do direito, tendo sido criada no decorrer
do reinado da imperatriz Suiko (592-628). A referida codi�cação se deve ao
trabalho do renomado príncipe Shotoku (574-622). Essas leis �caram denominadas
como “As Dezessete Máximas”. Segundo a doutrina, elas, na verdade, apresentam
como uma espécie de “código de ética pro�ssional para altos funcionários e sugere
a existência, já, de todo um corpo organizado de administradores imperiais”. Bem
como, previsões de detenções penais. (PALMA, 2019, pp. 148-149)
Note-se que após esse período houve um espelhamento ao modelo chinês. A
doutrina reza, entre 701 e 702, criou-se uma legislação, denominada de o Taiho.
Esta, tem fundamento no ordenamento jurídico proferido pela dinastia chinesa
Tang e estava partindo em duas seções: o Ryo (11 artigos) e o Ritsu (6 artigos). O
Ryo continha mormente regras jurídicas civis e administrativas, enquanto o Ritsu
trazia em seu cômputo toda a matéria criminal. (PALMA, 2019, p. 149)
Registre-se que durante a Era Meiji (1868-1912), período do imperador Mutsuhito,
houve uma abertura do país para modernização, no qual ocasionou a ruptura em
de�nitivo do modelo social existente, em especial, das instituições feudais que
vigorava. Dessa forma, o governo japonês criou vínculo com o ocidente. (PALMA,
2019, p. 149-150)
No âmbito do Direito, tendo em vista esse movimento realizado pelo imperador
Mutsuhito foi necessária uma melhor organização jurídica de seu país. Neste
ponto, o ordenamento jurídico nipônico teve in�uência direta do sistema civil law –
Sistema Romano-Germânico de Direito – de sorte que houve uma massiva
codi�cação de suas normas. Os japoneses estudavam o direito Europeu, inclusive,
realizando o envio de professores à Europa para aprender a essência das
legislações, decorrentes do Sistema Romano-Germânico de Direito. Inclusive, o
Direito Civil alemão foi utilizado como parâmetro para o direito privado nipônico.
(PALMA, 2019, p. 150-151)
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Por �m, com a modernização de seu pais, e com aproximação do país nipônico
com os Estados Unidos da América, �cou cada vez mais necessário e urgente a
modernização de seu ordenamento jurídico, porque fazia necessário a existência
de uma legislação dinâmica capaz de abarcar o desenvolvimento para a sua
tomada de decisões. Neste ponto, assenta Palma que “a restauração da diplomacia
entre os dois países fez com que o sistema jurídico japonês se amoldasse à
praticidade inerente ao espírito norte-americano”. (PALMA, 2019, p. 151-152)
Como visto, o Direito Antigo tem muito a nos oferecer, a�nal diversos instrumentos
normativos estão presentes na atualidade, mesmo que tenham uma nova
roupagem para suprir as demandas atuais da sociedade.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
O sistema de castas da Índia está entre as formas mais antigas de estrati�cação
social que sobreviveram ao longo dos anos.
Esse sistema que divide os hindus em rígidos grupos hierárquicos baseados em
seu karma (trabalho) e dharma (a palavra hindu para religião, embora aqui
signi�que dever) tem mais de 3 mil anos e é muito complexo.
O sistema de castas divide os hindus em quatro categorias principais: Brâmanes,
Ksatryas, Varsyas e Sudras.
Marque qual a assertiva CORRETA:
a.  Brâmanes: trabalhadores braçais.
b. Ksatryas: guerreiros, sendo os nobres ou descendentes dos antigos chefes.
c. Varsyas (vaiçya): os impuros.
d. Sudras: sacerdotes e intelectuais.
e.  Harijan: comerciantes e grandes agricultores. 
Questão 2
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REFERÊNCIAS
É por meio da análise dos fatos dos antecedentes históricos que pode-se chegar à
justi�cação da estrutura jurídica ao longo da história. (MERGULHÃO, 2018, p. 20).
Com relação a importância da História do Direito assinale a alternativa correta:
a. A História do Direito não é considerado uma ciência e não possui importância para a compreensão do
ordenamento jurídico moderno.
b. A História do Direito é considerado uma ciência, mas não possui importância para a compreensão do
ordenamento jurídico moderno.
c. Para Tércio Sampaio, a concepção da "historicidade" que permitirão a quali�cação, também, do
acontecimento presente como História, criando-se a possibilidade de uma compreensão da ciência jurídica
como ciência histórica, aparecendo a dogmática jurídica fundamentalmente como história do direito, ou,
pelo menos, como a continuação desta com outros instrumentos.
d. Não existe evidências de institutos construídos na Antiguidade e sua aplicação no Direito contemporâneo.
e. O Brasil enquanto nação possui produção jurídica desde a Antiguidade. 
Questão 3
Segundo o rabino Leib Rojtenberg, a Torá é um texto que conta desde a história da
criação do mundo até a entrada do povo judeu na terra de Israel. O rabino explica
ainda que a Torá é um guia prático para os judeus, possuindo 613 mandamentos.
Por meio das palavras da Torá, que signi�ca ensinamento, os praticantes do
Judaísmo podem aprender como agir em diversas situações. 
Marque a assertiva CORRETA dos livros que compõem a Torá.
a. Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
b.  Gênesis, Êxodo, Levítico, Pentateuco e Deuteronômio.
c.  Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Apocalipse.
d.  Gênesis, Pentateuco, Levítico, Números e Apocalipse.
e.  Gênesis, Êxodo, Pentateuco, Números e Deuteronômio. 
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AZEVEDO, L. C. de. História do direito, ciência e disciplina. Revista da Faculdade
de Direito da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://bit.ly/3dE6Ckf.
Acesso em: 5 mar. 2021.
BARROSO, L. R. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional
contemporâneo – A construção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência
mundial. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
FERRAZ JÚNIOR, T. S. A ciência do direito. 2. ed. - São Paulo: Atlas, 1988.
MACIEL, J. F. R. Manual de história do direito. 9. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019.MARTINS, F. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2020.
MERGULHÃO, D. R. da S. Contratos interempresariais de seguro. A Boa-Fé
Objetiva como limitador da autonomia da vontade das partes. Curitiba: Editora
Juruá, 2018.
PALMA, R. F. História do direito. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
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NÃO PODE FALTAR
GRÉCIA
Danilo Rafael da Silva Mergulhão
PRATICAR PARA APRENDER
A Civilização Grega in�uenciou e ainda in�uencia o mundo. Seu modo de
organização e exercício do poder é ainda hoje modelo para a civilização moderna.
Abordaremos as principais fases daquela civilização: o Mundo Grego Antigo, a
Filoso�a Política e as cidades estados de Atenas e Esparta.
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Na sua forma de construção do exercício do poder a civilização grega é tida como a
mãe da Democracia direta, ainda hoje utilizada nas nações modernas,
principalmente as de raízes históricas com o direito europeu.
Todavia essa Democracia ateniense era restrita, conforme nos ensina Bonavides
(2009, p. 288),
Para além dos homens escravos, as mulheres também não eram participantes
desse processo importante da construção da vontade da pólis.
Muito embora a sua imperfeição, fruto do pensamento dos homens daquela
época, a contribuição da civilização grega é primordial para o estado da arte do
nosso sistema político atual. 
Os membros da Administração Pública estão restritos ao Princípio da Estrita
Legalidade, que tem um signi�cado inicial de praticarem apenas atos que são
permitidos em Lei, tendo com exceção o Princípio da Discricionariedade. 
O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 13, que assevera 
Imagine que no município que você vive haja um �agrante desrespeitoso aos
princípios que regem a Administração Pública, no qual os membros dos Poderes
Executivo e Legislativo utilizam de artifícios que possibilitem o nepotismo.
Será que enquanto sociedade civil organizada podemos propor um Projeto de Lei?
A escura mancha que a crítica moderna viu na democracia dos antigos veio porém da presença da escravidão. A
democracia, como direito de participação no ato criador da vontade pública, era privilégio de ín�ma minoria
social de homens livres apoiados sobre esmagadora maioria de homens escravos. “
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por a�nidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
che�a ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de con�ança ou, ainda, de função
grati�cada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.
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Todos temos a consciência de que vivemos imerso em um sistema político. O que
esquecemos muitas vezes é que esse sistema está inserido dentro de um processo
histórico.
A República Federativa do Brasil (esse é o nome do Brasil!) está constituída sob o
manto de um “Estado Democrática de Direito” (Caput, Art. 1º, da CRFB) que elege
seus representantes de forma direta (membros do Parlamento, membros do Poder
Executivo, dentre outros). A�nal, todo o poder emana do povo (p.ú., art. 1º, da
CRFB). 
Tem percebido o suporte que o conhecimento do surgimento dos institutos dentro
da história do Direito tem dado para uma compreensão do mundo que vivemos?
Vamos continuar avançando cada vez mais! 
CONCEITO-CHAVE
DIREITO GREGO
A) MUNDO GREGO ANTIGO
Situado na Europa oriental, a Grécia é banhada pelos mares Jônio, Egeu e
Mediterrâneo. De acordo com a doutrina, a primeira civilização que se destacou
nessa região foi a micênica, embora exista indícios concretos da existência de
outros povos em período anterior. Essa civilização espalhou-se até Creta, até o seu
�m, que ocorreu com a invasão dos dórios, por volta de 1200 a.C. (MACIEL, 2019)
ASSIMILE
Os historiadores normalmente dividem a história grega em cinco períodos.
Com relação a esses períodos, (grifos originais):
a) Período pré-homérico (2000-1100 a.C.): período de formação do povo grego.
Marcado pela existência de duas grandes civilizações — minoica e micênica.
b) Período homérico (1100-800 a.C.): o “mundo grego” passa por uma grande
ruralização com a invasão dórica, e existem pouquíssimos registros sobre essa
fase. A vida gira em torno do genos, e há um grande recuo civilizacional.
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Assim, como ocorreu em outros povos antigos, pode-se apontar comprovações de
constitucionalismo na Grécia Antiga. Sem falar que, também, foi berço cultural,
bem como foi responsável pela criação e pelo desenvolvimento da democracia.
(MARTINS, 2020)
Neste contexto, o entusiasmo pelo conhecimento foi fundamental motivo para o
desenvolvimento cultural desse povo. (PALMA, 2019) 
Ademais, outra peculiaridade importante na Grécia Antiga era a sua composição
em cidades-estados independentes entre si. Das cidades-estados, as mais
importantes foram Atenas e Esparta. Inclusive, “a formação do cosmopolitismo
grego é o resultado direto de um processo lento e gradual de sedentarização
surgido em função da desintegração dos sistemas clânicos.” (PALMA, 2019)
Importante ressaltar que as terras do interior nem sempre tinham condições para
o povo utilizar da agricultura para a sua sobrevivência, de modo que houve uma
busca natural em direção ao litoral para residir e sobreviver. Já no litoral promoveu
a facilidade no trânsito de mercadorias por toda a costa do Mediterrâneo.
Inclusive, tendo em vista essa caraterística, criou-se a tradição náutica entre os
gregos. (PALMA, 2019)
Para os gregos, a fonte do direito é o nomos, que pode ser traduzido como lei.
Nessa conjuntura, cabia aos nomos limitar o poder das autoridades, visto que a
liberdade política equivale em não ter que violar o nomos. (MACIEL, 2019)
c) Período arcaico (800-500 a.C.): marcado pelo surgimento da pólis, o modelo da
cidade-estado da Grécia. O aumento populacional leva os gregos a mudarem-se à
procura de novos locais. O alfabeto fonético surge.
d) Período clássico (500-338 a.C.): período de maior desenvolvimento dos gregos,
marcado pelo �orescimento da cultura grega, como a �loso�a. Esse período
presenciou a rivalidade entre duas grandes cidades-estado gregas: Atenas e
Esparta.
e) Período helenístico (338-136 a.C.): a Grécia foi conquistada pela Macedônia,
iniciando-se a fase da difusão da cultura grega pelo Oriente. Seu �m ocorreu
quando a Grécia converteu-se em um protetorado dos romanos. 
— NEVES, 2021, [s.p.]
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Outrossim, na �loso�a que se encontra uma das principais contribuições dos
gregos ao mundo ocidental, conforme já assentado, em especial com Sócrates,
Platão e Aristóteles. 
Importantíssimo assentar que esses �lósofos proporcionaram fundamentais
mudanças nas re�exões gregas, especialmente, quando colocou o homem como
ponto central de abordagem. Isto é, questões sobre o homem e os seus
relacionamentos tornaram-se centrais, abrindo, desse modo, espaço para acepção
política (GASPARETTO JÚNIOR, 2021).
Além do mais, os gregos, nessa época antiga, acreditavam que a participação na
vida pública como um dos maiores bens perseguido pelo homem. Os cidadãos
discutiam em assembleias, chamadas de Ágora, sem necessidade de
intermediação por meio de representantes. Importante mencionar que só eram
considerados cidadãos apenas os homens (sexo masculino), maiores de vinte anos
e nascidos em Atenas. Logo, as mulheres, os estrangeiros e os escravos não
detinham legitimidade para participar da vida pública. (MACIEL, 2019)
No decorrer da democracia de Atenas, os cidadãos governavam de forma direta,
no âmbito de assembleias. Eram os próprios cidadãos quedecidiam sobre os
temas mais importantes, inclusive, no domínio do Judiciário. (MACIEL, 2019)
B) FILOSOFIA POLÍTICA
Os historiadores costumam repartir a Filoso�a Grega em quatro períodos. Com
relação a esses períodos,
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No período pré-socrático o �losofo mais importante foi Tales de Mileto, inclusive, é
considerado o primeiro �lósofo da tradição ocidental. Tales investigava a origem
do universo, e para tanto, negava a mitologia grega em que trazia narrativas
imaginárias sobre a sua origem (PORFÍRIO, 2021).
Tales de Mileto era comerciante, a vida mercantil o permitiu realizar diversas
viagens proporcionando conhecer outras culturas, e como bom observador, trouxe
para a Grécia o conhecimento sobre matemática. Seus estudos dessa ciência
possibilitou uma maior exatidão para os temas astronômicos culminando na
criação do Teorema de Tales, o qual permitia revelar a exata altura de objetos com
base no comprimento de retas paralelas e das retas transversais da construção
(PORFÍRIO, 2021).
Outrossim, no período socrático, encontra-se a �gura do �losofo Sócrates, a priori,
importante distingui-lo de Tales de Mileto, este buscava encontrar a origem do
universo, já Sócrates, por outro lado, buscou analisar as questões humanas, em
que, incluía o papel da política (TANCREDI, 2021).
Sócrates nasceu por volta de 470 a.C. em Atenas. Nasceu em uma família
humildade. Seu pai era escultor, por isso, Sócrates também laborou nesse ofício.
Além desse fato, Sócrates também serviu durante três temporadas ao exército de
Atenas, chegando a participar da Guerra do Poloponeso (431-404 a.C.). Após servir
ao exército, aposentou-se para ser educador e �losofo. Teve um importante aluno:
Platão. (PORFÍRIO, 2021)
a) Período pré-socrático – do século VII ao século V a.C. Caracterizado pela investigação acerca da physis e pelo
início de uma forma de argumentar e expor as ideias;
b) Período socrático – do �nal do século V ao século IV a.C. Caracterizado pela investigação centrada no
homem, sua atividade política, suas técnicas, sua ética. Também considerado o apogeu da �loso�a grega;
c) Período pós-socrático – do século IV ao século III a.C. Caracterizado pela tentativa de apresentar um
pensamento uni�cado a partir de diversas teorias do passado. Interessava em fazer a distinção entre aquilo que
poderia ser objeto do pensamento �losó�co.
d) Período helenístico ou greco-romano – do século III a.C. ao século VI d.C. Engloba o período do Império
Romano e dos Padres da Igreja. Trata-se das relações entre o homem, a natureza e Deus. 
— SANTOS, 2021, p. 21
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Para Sócrates – e os socráticos – os homens deveriam investigar a si mesmos
(autoconhecimento), pedra de toque desse período, também denominado de
antropológico da �loso�a grega. E mais, uma frase importante para esse período
encontrada na entrada do templo do Deus Apolo: “conhece-te a ti mesmo”. Além
do mais, Sócrates julgava nada saber, não é, por outo motivo, que a célebre frase,
“Só sei que nada sei”, é atribuída a ele (TANCREDI, 2021). 
Muito embora não haja escritos de sua autoria, os seus pupilos – dos quais
destaca-se Platão – ao descrever sua personalidade indicavam que Sócrates achava
que, ao dialogar, poderia alcançar o conhecimento. Tido como questionador, foi
condenado pela natureza dos seus questionamentos, presentes na obra: A
Apologia de Sócrates, escrito por Platão. (TANCREDI, 2021).
Sócrates, além de ser acusado de ser ateu e de se agregar aos so�stas,
corrompendo a juventude ateniense, bem como atentar contra a democracia
ateniense, porque estimulava as pessoas a pensar, questionando as regras postas
com o intuito de melhorar a capacidade intelectual (TANCREDI, 2021). Tendo sido
condenado a morte, em 399 a.C., Sócrates morreu após ingerir veneno (cicuta) aos
setenta anos de idade (TANCREDI, 2021).
Outro importante �lósofo dessa época foi Platão, que na verdade se chamava de
Arístocles. Nascido em Atenas, no ano de 428 a.C., e falecido em 348 a.C. Sua
família tinha grande in�uência em Atenas, tendo em vista ser descendente de
Sólon (importante �gura na vida política de Atenas). Consequentemente, a família
de Platão tinha posses, de modo que ele poderia se dedicar à �loso�a (PORFÍRIO,
2021).
Ao contrário do que ocorreu com seu mestre, Platão publicou diversas obras que
até hoje são objetos de estudos, e entre todas as suas obras, destaca-se, para
muitos, a sua principal obra: a República. Além disso, Platão, por volta de 388-387
a.C., fundou a escola �losó�ca denominada de Academia. Como era cidadão
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ateniense, podia adquirir terrenos na cidade. Ele escolheu um terreno público
chamado de Akademia ou Hekademeia, em que era dedicada ao herói grego
Akademus (PORFÍRIO, 2021).
No âmbito da �loso�a política, Platão, não acreditava na democracia, e para
explicar seu raciocínio, dividiu o homem em corpo (material) e alma. Com relação à
alma, ainda, dividiu em três caraterísticas progressivas, são elas: racional
(inteligência); irascível (emoções); concupiscível (liberdade). Para Platão somente
aqueles que tinham característica de ser racional (característica mais desenvolvida
e superior às outras duas características), que eram �lósofos, e estariam mais
aptas a serem governantes, daí se extrai do termo “Rei-Filósofo”, preconizado por
Platão. A justi�cativa de Platão é que por causa da racionalidade, os �lósofos,
conseguiriam agir com Justiça, que seria o Supremo Bem no qual deveria ser
alcançado pelo governo. (PORFÍRIO, 2021).
A academia era uma comunidade na qual os jovens se reuniam com o intuito de
discutir política e praticar exercícios físicos. Haviam salas para os alunos e o papel
de Platão era de mentor e sem hierarquia entre professores. Dos seus alunos,
tinha Aristóteles.
Aristóteles, nasceu na cidade de Estagira, na Macedônia, em 384 a.C. Jovem foi
para Atenas, onde acabou sendo aluno de Platão. Aristóteles estudou na
Academia e posteriormente tornou-se professor.
Para Aristóteles a política é a ciência que buscava a felicidade humana. Era dividido
em dois aspectos: o ético, em que se interessava na felicidade individual de cada
homem; e na política propriamente dita, no qual se interessava na felicidade
coletiva. E mais, segundo o �lósofo, a política se situa na esfera das ciências
práticas, isto é, aquelas que analisam o conhecimento como meio de ação
(ESCOLA, 2021).
Por �m, importante assentar passagem do próprio Aristóteles:
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C) ATENAS
Conforme já assentado, Atenas foi uma das cidades-estados mais importante na
Grécia Antiga. Rememorando que na Grécia Antiga, especialmente, em Atenas, foi
berço cultural, bem como foi responsável pela criação e pelo desenvolvimento da
democracia. 
Nas palavras de Rodrigo Freitas Palma (2019), “não por acaso, aqui despontam,
pela primeira vez na história da humanidade, os nítidos contornos dos ideais
democráticos.” 
Até mesmo porque a sua localização geográ�ca, próximo ao litoral, além de ter
importante papel no comércio marítimo, permitiu, também, a ascensão de seus
conhecimentos para outros povos do Mediterrâneo. Neste contexto, surgiu uma
aristocracia bem-organizada politicamente, em que ditava padrões de
comportamento para o mundo antigo. (PALMA, 2019)
A legislação mais antiga conhecida de Atenas são as leis de Drácon, de 621 a.C., no
qual prevê o �m à solidariedade familiar bem como tornou obrigatório o recurso
aos tribunais para lide entre clãs. Tais leis, �caram conhecida pela sua severidade
(o exemplo das Leis de Drácon é utilizada até os dias atuais para assentar sobre
leis severas – leis draconianas), criando, também, importantes normas penais.
(MACIEL, 2019)
Em seguida, as leis de Drácon, entre 594 e 593 a.C., fora alterada e promoveu uma
intensa reforma institucional, social e econômica, que também in�uenciaram o
desenvolvimento dos atenienses. (MACIEL, 2019)
I. Dizíamos que toda pólis pareceser uma comunidade, e toda comunidade, como forma de união, segue em
direção ao bem (já que todas as ações de todos são praticadas tendo em vista o bem). É assim evidente que, na
medida em que toda comunidade visa o bem, a comunidade suprema e que inclui todas as outras em seu seio
almeja o bem mais supremo; e esta é aquela que se chama pólis, a comunidade política.
—  Pol., 1252a, p. 02.
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Importante salientar que com a criação de Leis supracitadas promove-se a
estabilidade – segurança jurídica – na comunidade ateniense, consequentemente,
eliminando a prática de julgamento arbitrários e decisões sem fundamento. E mais,
houve um aprimoramento pelo ateniense de seu ordenamento jurídico, pois
de�niu as condições de validade de suas leis e rechaçando ao Direito ancestral de
caráter consuetudinário. Vejamos:
Além do mais, havia, em Atenas, um modelo de organização judiciária, com
Tribunais de competências distintas entre si. Neste contexto, Areópago, foi o
Tribunal mais antigo em Atenas, inclusive segundo a lenda, fora criada pela própria
deusa Atena. (PALMA, 2019)
Por outro lado, havia o Tribunal dos Heliastas, a corte mais democrática de Atenas,
por ser de um júri popular composto de até 6.000 cidadãos. Esse tribunal julgava
todas as causas, salvo os crimes de sangue. Os membros do Tribunal dos Heliastas,
chamados de heliastas, eram sorteados anualmente entre os cidadãos de Atenas.
(PALMA, 2019)
Sem falar que de acordo com a doutrina, ainda era possível a�rmar a existência de
dois Tribunais, que teriam funcionado até meados do século IV a.C. Isto é, havia
um Tribunal denominado de Xenicon Dikasterion que tinha competência para
julgar quando pelo menos uma das partes era estrangeira e também um Tribunal
denominado de Nautodikai que tinha competência para julgar demandas
marítimas. (PALMA, 2019)
Outrossim, a democracia em Atenas, era exercida por meio de uma Assembleia.
Esse fato tem importância, uma vez que, assim como ocorreu no Tribunal dos
Heliastes, que era composto por cidadãos ateniense, essas características �zeram
As autoridades não têm permissão para usar uma lei não escrita, em caso algum. Nenhum decreto do Conselho
ou da assembleia deve prevalecer sobre uma lei. Não é permitido fazer uma lei para um indivíduo se ela não se
estender a todos os cidadãos atenienses e se não for votada por seis mil pessoas, por voto secreto. 
— PALMA, 2019, p. 176.
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surgir e promover o debate e re�exão sobre a justiça, no sentido do justo e injusto,
ultrapassando o mero debate sobre leis. (MACIEL, 2019) 
E mais, a retórica teve papel ímpar na democracia ateniense. Ou seja, o papel dos
debatedores, tanto na Assembleia quanto no Tribunal, era convencer aos outros
de seus argumentos, especialmente, porque não havia as �guras de advogados,
juízes e promotores (como há nos dias atuais). (MACIEL, 2019)
Inclusive, “a atividade advocatícia era vista com maus olhos, como se fosse uma
cumplicidade para o engodo. O ideal era que todo cidadão se sentisse indignado
com qualquer ilícito, mesmo sem ser a vítima.” (MACIEL, 2019, p. 107)
Tentando evitar e combater a corrupção e outros problemas sociais, �cou de�nido
que, quem denunciasse as irregularidades, haveria ganhos �nanceiros de parte do
valor da condenação do réu. Neste ponto, houve um aumento signi�cativo de
denúncias, inclusive àquelas sem fundamento. Aqueles que utilizam das denúncias
sem fundamento com o �m de obter as vantagens econômicas decorrentes da
condenação do réu �cara conhecido como sicofantas. Além do mais, para
combater essa prática, foi determinado uma regra de que se o denunciado – réu –
não obtivesse um número mínimo de votos no tribunal, o denunciante seria
condenado a pagar uma multa. (MACIEL, 2019)
EXEMPLIFICANDO 
Importante ressaltar que a prática de denunciar outrem sem fundamento
legal em que sabe ser inocente, ainda hoje é tutelada pelo Estado,
especialmente, no Código Penal brasileiro em seus artigos 339
(Denunciação caluniosa) e 340 (Comunicação falsa de crime ou de
contravenção).
D) ESPARTA
A cidade-estado de Esparta progrediu às margens do Rio Orontes, nas terras
Lacônica. A sua história começou a ser contada após a invasão dos dórios, povo de
origem germânica, por volta de 1200 a.C. A história dos espartanos é uma das mais
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belicosas e militaristas civilizações que o mundo já conheceu. (PALMA, 2019)
Neste contexto, os espartanos tinham o domínio das tradições cívicas e amavam a
sua pátria com todo fervor. Empenhavam-se até a morte em combate, na mesma
intensidade que odiavam os covardes e desertores. Para além dessas
características, o treinamento militar dos espartanos começava aos sete anos de
idade, para que em sua juventude fosse um brilhante e perigoso guerreiro. Além
do mais, por força desses traços assentados, permitia que os pais repelissem �lhos
nascidos com de�ciência, ou até mesmo, lançar o bebê em penhasco caso
consignasse que seria um impedimento à carreira militar. (PALMA, 2019)
REFLITA
Os espartanos eram xenofóbicos, pois, malgrado acreditassem na
igualdade, este, estaria devidamente restrito aos próprios espartanos, se
achando, consequentemente, superiores aos demais povos. (PALMA, 2019)
Você consegue imaginar como o Direito, enquanto condutor das relações
humanas podem ser mecanismos de implantação de um sistema que gere
e sustente um preconceito (sentido lato) para determinada camada da
sociedade?
No âmbito do sistema político, importante asseverar que Esparta tinha dois reis,
com origem em famílias pertencentes à aristocracia: a dos Ágidas e a dos
Euripôntidas. Estes não detinham poderes ilimitados, pois encontravam-se
limitados à vontade da Assembleia do Povo, denominada de Apella, em que era
composto pela aristocracia, ou do Conselho de Anciões, denominado de Gerúsia,
no qual era composto por vinte e oito gerontes com idade igual ou superior a
sessenta anos e por dois reis. Outrossim, os dois reis tinham caraterísticas de
serem Chefes Militares. (PALMA, 2019)
No âmbito do direito, as leis espartanas tinham um caráter preponderantemente
consuetudinário, ao contrário do que ocorria com Atenas. Neste sentido, assentou
Justiniano, quando observava esse traço ao a�rmar que os espartanos, ao
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contrário dos atenienses e romanos, preferiam “con�ar à memória aquilo que
observavam como lei”. Por esse motivo, o estudo do direito espartano é deveras
genérico. (PALMA, 2019, p. 185)
Esperamos que você tenha �cado cada vez mais curioso com o tema e posso
aprofundá-lo com nossa bibliogra�a.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
A Grécia deixou uma contribuição enorme para a formação política da atualidade.
Os historiadores normalmente dividem a história grega em alguns períodos. São
eles.
a. Período pré-homérico , Período homérico, Período arcaico , Período clássico e Período helenístico.
b.  Período pré-homérico, Período arcaico , Período clássico e Período helenístico.
c.  Período pré-homérico, Período homérico, Período arcaico e Período helenístico.
d.  Período homérico, Período arcaico , Período clássico e Período helenístico. 
e.  Período arcaico, Período clássico, Período helenístico e Período homérico
Questão 2
Os historiadores normalmente dividem a história grega em cinco períodos. Essa
classi�cação facilita as características de cada época bem como a conquistas para a
construção do processo democrático. 
Diante dessa realidade, assinale a alternativa correta que demonstra os períodos
histórico grego, adotado pela maioria da doutrina.
a.  Período pré-socrático, período socrático, período pós-socrático e período helenístico ou greco-romano.
b.  Período pré-socrático, período pós-socrático e período helenístico ou greco-romano.
c.  Período socrático, período pós-socrático e período helenístico ou greco-romano.
d.  Período pré-socrático, período socrático e período pós-socrático.
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ese.  Período socrático e período helenístico ou greco-romano. 
Questão 3
Esparta foi uma das mais importantes cidades-estado da Grécia Antiga e �cou
marcada por ter uma sociedade hierarquizada com pouca mobilidade social.
Dentro dessa estrutura social, os esparciatas eram a classe privilegiada, gozando
de riquezas oriundas de suas terras, e eram os únicos com direitos políticos.
Esparta teve protagonismo nas Guerras Médicas e na Guerra do Peloponeso.
Marque duas características de Esparta:
REFERÊNCIAS
BONAVIDES, P. A reforma constitucional e o plebiscito. Revista da Informação
Legislativa. Brasília: v. 29, n. 113 (jan./mar. 1992). Disponível em:
https://bit.ly/369ExNG. Acesso em: 28 mar. 2021.
GASPARETTO JUNIOR, A. Filoso�a política. Disponível em: https://bit.ly/367K07x.
Acesso em: 29 mar. 2021.
MACIEL, J. F. R. Manual de história do direito. 9. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2019.
MARTINS, F. Curso de direito constitucional. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2020.
NALINI, J. R. Recrutamento e preparo de juízes. São Paulo : Revista dos Tribunais,
1992. 
a. Bélica e com leis escritas.
b. Não Bélica e com leis preponderantemente consuetudinário.
c. Igualdade entre os povos e com leis escritas.
d. Bélica e com leis preponderantemente consuetudinário.
e. Igualdade entre todos os povos e com leis preponderantemente consuetudinário. 
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https://bit.ly/369ExNG
https://bit.ly/367K07x
NEVES, D. Grécia antiga. Disponível em: https://bit.ly/3hvdsK8. Acesso em: 29 mar.
2021.
PALMA, R. F. História do direito. 8. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
PORFÍRIO, F. Tales de Mileto. Disponível em: https://bit.ly/3qFzaPA. Acesso em: 29
mar. 2021.
SANTOS, W. J. P. dos. Filoso�a grega. Disponível em: https://bit.ly/2Tsuqkh. Acesso
em: 29 mar. 2021.
TANCREDI, S. Sócrates. Disponível em: https://bit.ly/3jAVCIc. Acesso em: 29 mar.
2021.
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https://bit.ly/3hvdsK8
https://bit.ly/3qFzaPA
https://bit.ly/2Tsuqkh
https://bit.ly/3jAVCIc
NÃO PODE FALTAR
ROMA
Danilo Rafael da Silva Mergulhão
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PRATICAR PARA APRENDER
Conforme temos avançado percebemos que o Direito enquanto ciência é fruto de
uma construção histórica. Conforme preceitua o Ferraz Júnior (1988, p. 2),
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Um panorama da História da Ciência do Direito tem a virtude de nos mostrar como esta ciência, em diferentes
épocas, se justi�cou teoricamente. Esta justi�cação é propriamente o objeto da nossa investigação. Não
pretendemos, pois, enumerar teorias sobre o direito, mas teorizações jurídicas no sentido da roupagem que o
pensamento jurídico assumiu enquanto ciência.
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Chegamos agora a um momento importantíssimo: ROMA.
Nas palavras do saudoso Prof. Thomas Marky “a importância do estudo do direito
romano não precisa ser explicada, pois é de conhecimento mesmo do leigo que o
nosso direito e o de todos os povos do Ocidente derivam do direito romano”.
(MARKY, 1995, p, 3.)
Os romanos como nenhum outro povo conseguiu sistematizar o Direito e
perpetuar sua in�uência até os dias atuais. In�uência esta que ultrapassou em
muito a queda do Império Romano do Ocidente no século IV d. C. e a queda do
Império do Romano do Oriente no século XV d. C., estendendo-se até a atualidade!
Quando tem início a vida? 
Imagine que o escritório que você pertença é contratado para a defesa na
qualidade de amicus curie de instituição que esteja habilitada para tratar da
adoção de embriões excedentários (vide a ADI 3510 no sítio eletrônico do STF). O
desejo da instituição é que você construa uma defesa sobre o início da vida, e se
um embrião é um ser vivente que tem a tutela do Estado. 
A pergunta de quando tem início a vida a�ige os juristas desde que o mundo é
mundo!
Esse tema é de suma importâncias para �ns de direitos da personalidade, direitos
da sucessão, direitos a alimentos, direitos securitários, etc.
Na qualidade de advogado desenvolva as teorias que tratem da matéria e
apresente um parecer à instituição que o contratou. 
Vamos juntos mergulhar na História desse povo? 
CONCEITO-CHAVE
A) ROMA
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Teremos uma compreensão mais �dedigna dos institutos jurídicos quando
trilhamos os seus elementos históricos. O Direito Romano torna-se, diante de sua
organização social-política-�losó�ca o caminho que nos garante um ponto de
partida seguro, daí ser reconhecido largamente pela doutrina como um “admirável
instrumento de educação jurídica” (ALVES, 2019, p. 2.).
A.1) Períodos e Magistraturas
Do ponto de vista histórico-jurídico toda essa construção dar-se-á através dos
séculos, desde a fundação de Roma (lendária, no século VIII a.C.) até a codi�cação
de Justiniano (século VI d.C.). O processo de divisão da história romana, sob o
ponto de vista metodológico não encontra consenso na doutrina. Adotamos para
tanto a classi�cação sugerida:
EXEMPLIFICANDO 
Uma demonstração dessa discussão doutrinária quanto aos períodos do
direito romano nas fases compreendidas entre a sua fundação no século
VIII a.C. até sua queda no século VI d.C., consta na obra do Prof. Thomas
Marky (1999, p. 5-6) que indica como critério de divisão,
1º – período real (vai das origens de Roma à queda da realeza em 510 a.C.);
2º – período republicano (de 510 a 27 a.C., quando o Senado investe Otaviano – o futuro Augusto – no poder
supremo com a denominação de princeps);
3º – período do principado (de 27 a.C. a 285 d.C., com o início do dominato por Diocleciano);
4º – período do dominato (de 285 a 565 d.C., data em que morre Justiniano).
Quanto à história interna, seguiremos a seguinte divisão, em três fases:
1ª – a do direito antigo ou pré-clássico (das origens de Roma à Lei Aebutia, de data incerta, compreendida
aproximadamente entre 149 e 126 a.C.). 
2ª – a do direito clássico (daí ao término do reinado de Diocleciano, em 305 d.C.); e
3ª – a do direito pós-clássico ou romano-helênico (dessa data à morte de Justiniano, em 565 d.C. – dá-se, porém,
a designação de direito justinianeu ao vigente na época em que reinou Justiniano, de 527 a 565 d.C.). 
— ALVES, 2019, p. 2-3
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Tal divisão pode basear-se nas mudanças da organização política do Estado
Romano, distinguindo-se, então, a época régia (fundação de Roma no século VIII
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Diferentemente da Mitologia Romana, em que a fundação de Roma se deu por
dois irmãos que são amamentados por uma loba.
Figura 1.3 | Irmãos sendo alimentados por uma loba
Fonte: Shutterstock
As evidências históricas indicam majoritariamente que o povo de Lácio foram os
fundadores de Roma.
Enquanto organização política, a realeza era formada pelo rei, pelo Senado e pelos
comícios. 
a.C. até a expulsão dos reis em 510 a.C.), a época republicana (até 27 a.C.), o
principado até Diocleciano (que iniciou seu reinado em 284 d.C.), e a monarquia
absoluta, por este último iniciada e que vai até o �m do período por nós estudado,
isto é, até Justiniano (falecido em 565 d.C.). 
Outra divisão, talvez preferível didaticamente, distingue no estudo do direito
romano, tendo em conta sua evolução interna: o período arcaico (da fundação de
Roma no século VIII a.C. até o século II a.C.), o período clássico (até o século III d.C.)
e o período pós-clássico (até o século VI d.C.). 
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O Rei, era
ASSIMILE
O Rei tinha, neste período, as seguintes atribuições:
O Senado era considerado uma extensão dos poderes do rei ao ponto de que sua
formação era de escolha do rei entre os chefes das chamadas gentes (grupo social
romano, que julgavam descender de um antepassado comum). (ALVES, 2019)
Por �m, os comícios por cúrias, um tipo de consulta da vontade dos cidadãos
romanos, convocados pelo rei, que faz referência as reuniões na Ágora de Atenas.
(ALVES, 2019)
o magistrado único, vitalício e irresponsável.7 Sua sucessão não se fazia pelo princípio da hereditariedadeou da
eleição, mas, segundo parece, o sucessor, quando não indicado pelo antecessor, era escolhido pelo interrex
(senador que, por designação do Senado, governava, na vacância do cargo real, pelo prazo de cinco dias,
passando o poder, nas mesmas condições, a outro senador, e assim por diante até que fosse escolhido o rei). 
— ALVES, 2019, p.15
“
O rei, como chefe do Estado, tinha o comando supremo do exército, o poder de
polícia, as funções de juiz e de sacerdote, e amplos poderes administrativos
(dispunha do tesouro e das terras públicas). Demais, declarava guerra e celebrava
tratados de paz.
Eram seus auxiliares:
a) nas funções políticas:
1º – o tribunus celerum (comandante da cavalaria);
2º – o tribunus militum (comandante da infantaria); e
3º – o praefectus urbis (encarregado da custódia da cidade, durante a ausência do
rei);
b) nas funções judiciárias:
1º – os duouiri perduellionis (juízes nos casos de crime de traição ao Estado); e
2º – os quaestores parricidii (juízes nas hipóteses de assassínio voluntário de um
pater, isto é, do chefe de uma família); e
c) nas funções religiosas:
– os membros do colégio dos pontí�ces, dos áugures e dos feciais. 
— ALVES, 2019, p. 18.
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Sob o ponto de vista de análise da construção do ordenamento jurídico,
utilizaremos a divisão interna.
O período do direito antigo, arcaico ou ainda chamado de pré-clássico é aquele
considerado o berço da formação jurídica romana. Em comum aos demais povos
dessa época já estudados, os costumes são sua fonte inicial. Tinha como principais
características formalismo, rigidez e solenidade, que eram concretizados nas
pessoas dos pontí�ces, tendo como principal expoente Lúcio Papírio Cursor. Neste
período, “o Estado tinha funções limitadas a questões essenciais para sua
sobrevivência: guerra, punição dos delitos graves e, naturalmente, a observância
das regras religiosas”. (MARKY, 1999, p. 6)
A.2. PERÍODO CLÁSSICO
Do ponto de vista de organização política há o advento da República (Res publica =
coisa pública). Este período é marcado pela centralização do poder estatal e pela
criação de institutos jurídicos que pudessem resguardar uma certa autonomia do
cidadão, enquanto indivíduo, diferentemente do período arcaico em que as
pessoas eram mais reconhecidas enquanto núcleo familiar. (ALVES, 2019)
Há uma efervescência do direito romano, com o surgimento de jurisconsultos que
se debruçaram sobre o estudo do ordenamento jurídico, fruto também da
expansão romana. As fontes do direito nesta fase, inicialmente se deu pelos: (a)
costumes, que prepondera desde o período arcaico; (b) a lei, e; (c) o edito dos
magistrados. (ALVES, 2019)
ASSIMILE
A construção da lei nesse período romano tinha características distintas
segundo o magistério de Alves (2019, p. 21),
A lex rogata (a proposta de um magistrado aprovada pelos comícios, ou a de um
tribuno da plebe votada pelos concilia plebis, desde quando os plebiscitos se
equipararam às leis) e lex data (lei emanada de um magistrado em decorrência de
poderes que, para tanto, lhe concederam os comícios). 
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Nas palavras de Thomas Marky, “o marco mais importante e característico desse
período é a codi�cação do direito vigente nas XII Tábuas, codi�cação feita em 451 e
450 a.C. por um decenvirato, especialmente nomeado para esse �m”. (MARKY,
1999, p. 06)
Que foi fruto do embate ente a plebe e o patriciado, que tinha o condão de refrear
o “arbítrio dos magistrados patrícios” (ALVES, 2019, p. 23). 
É considerado um grande avanço, à época, muito embora tenha em sua formação
regras religiosas, considerado por Tito Lívio fons omnis publici priuatique iuris –
“fonte de todo o direito público e privado”) (ALVES, 2019, p. 25), fato este
contestado na atualidade pelos historiadores.
Durante o período interno chamado de Clássico, houve uma segunda mudança na
organização política de Roma, com a caída da República, há o advento do chamado
Principado, que in�uenciou principalmente nas fontes do Direito, que teria somado
aos (a) costumes; (b) a lei, e ao (c) edito dos magistrados os: (d) Senatusonsultos;
(e) constituições imperiais; e, (f) responsa prudetium (respostas dos
jurisconsultos). (ALVES, 2019).
ASSIMILE
Segundo o magistério de Alves (2019, p. 35),
Na lex rogata, distinguem-se quatro partes: 1ª) o index (onde se consignava o
nome gentílico do proponente e a indicação sumária do seu objeto); 2ª) a
praescriptio (em que constavam as indicações do nome e títulos do magistrado
proponente, do dia e local em que se votou a lei, e da tribo ou centúria que votou
em primeiro lugar); 3ª) a rogatio (parte principal da lex rogata, pois nela estava
declarado o seu conteúdo); e 4ª) a sanctio (sanção, pena para o caso de
infringência da lei). 
Na república, encontramos leges rogatae de grande importância para o direito
privado, como a Lei Aebutia (meado do século II a.C.), que introduziu o processo
formulário. 
O Senatusoconsultos passa a ser fonte de direito, não só em virtude do
exaurimento do poder legislativo dos comícios, como também pela circunstância
de que, não estando ainda os tempos devidamente amadurecidos para que o
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Já as Constituições Imperiais teriam origem na absorção pelo Príncipe dos
poderes dos Magistrados na medida que
Por �m, as responsa prudentio seria
A.3. PERÍODO PÓS-CLÁSSICO
princeps, abertamente, usurpasse o poder legislativo, propunha ele as medidas
que lhe pareciam necessárias, e o Senado sobre elas deliberava.
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Ao príncipe jamais foi atribuída expressamente a faculdade de legislar, mas em
decorrência dos poderes que absorveu das magistraturas republicanas e da
auctoritas que lhe era reconhecida, ele, desde o início do principado, interferiu na
criação do direito, com as constitutiones (constituições imperiais), que não
indicavam um ato formal do princeps para criar direito, mas qualquer ato dele
emanado, e que eram fonte de direito quando continham novo preceito jurídico.
As constituições imperiais se apresentam, principalmente, sob um dos quatro
seguintes tipos:15
1º) edicta (editos) – normas gerais que, em virtude do ius edicendi do príncipe,
dele emanavam, e se assemelhavam, na forma, às oriundas dos magistrados
republicanos;
2º) mandata (mandatos) – instruções que o príncipe transmitia aos funcionários
imperiais, principalmente aos governadores e funcionários das províncias (a partir
do século V d.C., desapareceram totalmente);16
3º) rescripta (rescritos) – respostas que, sobre questões jurídicas, o imperador
dava a particulares, ou a magistrados e a juízes; no primeiro caso, diziam-se
subscriptiones, porque eram escritas abaixo da pergunta, para que a resposta
desta não se separasse; no segundo, epistulae, pois eram redigidas em carta; e
4º) decreta (decretos) – eram sentenças prolatadas pelo príncipe em litígios a eles
submetidos em primeira instância ou em grau de recurso. 
— ALVES, 2019, p. 35-36
“
As respostas dos jurisconsultos que abrangem não só os pareceres dados sobre
casos concretos (como na época de Augusto), mas também as opiniões em geral
dos jurisconsultos com ius respondendi, manifestadas sobre casos concretos ou
em obras doutrinárias. Os responsa prudentium eram, então, fonte de direito –
portanto, vinculavam o juiz – se constituíssem opinio communis (opinião comum).
Se houvesse divergência de opiniões, o juiz julgava segundo a que lhe parecesse
melhor. 
— ALVES, 2019, p. 36
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É considerado o período de declínio da civilização romana. Sob o ponto de vista
político, instaura-se uma monarquia cujo poder central é absoluto, também
chamado de dominato. (MARKY, 1999)
Diferentemente do que acontece nos períodos anteriores a Constituição Imperial
passar a ser única fonte do direito. Cabendo aos costumes como fonte espontânea
do direito, a ser utilizado como mecanismo de preenchimento de lacunas a
Constituição Imperial. Aindahá as obras dos antigos jurisconsultos romanos
servindo de inspiração aos magistrados.
Marky (1999, p. 9) diz que, 
Essa falta de criatividade neste momento crítico para a civilização romana é
também exposta por Wenger ao assinar que “os nomes dos juristas desse período,
na sua quase totalidade, foram esquecidos: a jurisprudência, nessa época de
decadência, torna-se anônima.” (WENGER, 1953, § 77, p. 531)
Esse processo de compilação e codi�cação das regras em vigor na época, e com
isso o surgimento do chamado Digesto, as Institutas e as Novellae formaram o que
conhecemos por Corpus Iuris Civilis, publicado no �nal do século XVI d.C. (MARKY,
1999, p. 10).
Sobre o tema, Marky (1999) explica:
Nesse período, pela ausência do gênio criativo, sentiu-se a necessidade da �xação de�nitiva das regras vigentes,
por meio de uma codi�cação que os romanos em princípio desprezavam. Não é por acaso que, exceto aquela
codi�cação das XII Tábuas do século V a.C., nenhuma outra foi empreendida pelos romanos até o período
decadente da era pós-clássica. 
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Na época pós-clássica, de organização política monárquica absoluta (284 d.C. — 565 d.C.), a única fonte de
direito era, praticamente, a vontade do imperador, expressa em suas constituições. O conjunto de regras de
direito por ele editadas chamou-se de leges, em contraposição ao direito elaborado pelos pareceres dos
jurisconsultos da época clássica, cuja importância jurídica e validade os imperadores reconheceram e que se
denominou iura. As compilações pós- clássicas, culminando com a de Justiniano (527 d.C. — 565 d.C.),
continham justamente leges e iura. O Código de Justiniano compõe-se das constituições imperiais. O Digesto é
uma coleção de fragmentos das obras e pareceres dos jurisconsultos clássicos.
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REFLITA
Neste momento de re�exão, que tal aprofundarmos a importância do
Direito Romano na construção nos Direitos das Obrigações, uma das
disciplinas de Direito Civil que estudaremos nos anos seguintes?
Neste momento de re�exão, que tal aprofundarmos a importância do Direito
Romano na construção nos Direitos das Obrigações, uma das disciplinas de Direito
Civil que estudaremos nos anos seguintes?
A ideia de propriedade privada plena, o Direito de Posse, Direito de Família, Direito
das Obrigações, Direito da Personalidade, Direito das Sucessões, Direito
Internacional foram inspirações romanas que perduram até a atualidade, nos
ordenamentos jurídicos modernos. 
Por �m, vale salientar que o Direito Romano é a nossa principal fonte histórica do
Direito. Foram os romanos que deram ao Direito a musculatura cientí�ca
necessária, principalmente pelos estudos dos jurisconsultos e pela compilação do
Corpus Iuris Civilis.
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
Diferentemente do que acontece nos períodos anteriores, a Constituição Imperial
passa a ser como única fonte do direito. Cabendo aos costumes como fonte
espontânea do direito, a ser utilizado como mecanismo de preenchimento de
lacunas a Constituição Imperial. Ainda há as obras dos antigos jurisconsultos
romanos servindo de inspiração aos magistrados.
Acerca de qual momento histórico do período romano o texto faz referência?
a. Período Pós-Clássico.
b. Período Arcaico.
c. Período Clássico.
d. Período dos Principados.
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e. Período Real.
Questão 2
A história externa e interna é classi�cada Alves (2019, p. 2-3),
Acerca desses períodos assinale a alternativa correta.
1º – período real (vai das origens de Roma à queda da realeza em 510 a.C.);
2º – período republicano (de 510 a 27 a.C., quando o Senado investe Otaviano – o futuro Augusto – no poder
supremo com a denominação de princeps);
3º – período do principado (de 27 a.C. a 285 d.C., com o início do dominato por Diocleciano);
4º – período do dominato (de 285 a 565 d.C., data em que morre Justiniano).
Quanto à história interna, seguiremos a seguinte divisão, em três fases:
1ª – a do direito antigo ou pré-clássico (das origens de Roma à Lei Aebutia, de data incerta, compreendida
aproximadamente entre 149 e 126 a.C.). 
2ª – a do direito clássico (daí ao término do reinado de Diocleciano, em 305 d.C.); e
3ª – a do direito pós-clássico ou romano-helênico (dessa data à morte de Justiniano, em 565 d.C. – dá-se, porém,
a designação de direito justinianeu ao vigente na época em que reinou Justiniano, de 527 a 565 d.C.). 
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a. Há uma unanimidade na doutrina no que tange a classi�cação da história da civilização romana.
b. O período clássico é tido como o de maior efervescência jurídica, do ponto de vista, da criação das normas
e da existência de grandes jurisconsultos.
c. É no período clássico que os costumes surgem como fonte do direito romano.
d. O Corpus iuris civilis foi criado no período clássico.
e. A responsa prudentio englobava apenas os pareces para os casos concretos. 
Questão 3
Durante o período clássico temos o surgimento de diversas fontes do direito, que
se aliam ao costume fonte do direito do período arcaico. 
Sobre as fontes do direito romano no Período Clássico podemos a�rmar que:
a. São considerados fontes do direito os costumes, a lei, Senatusonsultos, as constituições imperiais e o
responsa prudetium.
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REFERÊNCIAS
FERRAZ JÚNIOR, T. S. A ciência do direito. 2. ed. - São Paulo: Atlas, 1988.
MARCHI, E. C. S. V. Thomas Marky: vida e obra, no centenário de seu nascimento
(1919-2019). Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 114,
917-938. Disponível em: https://bit.ly/3qIEJwD. Acesso em: 14 jun. 2021.
MARKY, T. Curso elementar de direito romano. 8. ed., 13. Tiragem. São Paulo:
Saraiva, 1995.
MOREIRA, A.J. C. Direito romano. 19. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2019.
9788530984274. Disponível em: https://bit.ly/3qGetmA. Acesso em: 4 abr. 2021.
PORCHAT, R. Direito romano. Revista da Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo. Disponível em: https://bit.ly/3yju8Lq. Acesso em: 14 jun. 2021.
WENGER, L. Quellen des roemischen rechts. Wien, 1953.
b.  São considerados fontes do direito as constituições imperiais e o responsa prudetium.
c.  São considerados fontes do direito costumes e a lei.
d.  São considerados fontes do direito os costumes, a lei, o edito dos magistrados, Senatusonsultos, as
constituições imperiais e o responsa prudetium.
e.  São considerados fontes do direito o edito dos magistrados, Senatusonsultos, as constituições imperiais e
o responsa prudetium. 
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https://bit.ly/3qIEJwD
https://bit.ly/3qGetmA
https://bit.ly/3yju8Lq
NÃO PODE FALTAR
DIREITO FEUDAL E DIREITO CANÔNICO
Danilo Rafael da Silva Mergulhão
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CONVITE AO ESTUDO
Vamos iniciar uma nova fase do nosso processo de aprendizagem. Já �cou muito
claro a importância da história do Direito para a compreensão do ordenamento
jurídico atual e do mundo contemporâneo. Nessa segunda fase de nosso processo
de conhecimento, analisaremos as contribuições do período feudal, o processo de
descentralização do poder e do ordenamento jurídico e a importância do Direito
Canônico. 
Fonte: Shutterstock.
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Áudio disponível no material digital.
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Em um segundo momento, estudaremos os pressupostos jurídicos que
compuseram a formação dos Estados Nacionais, aprofundando-nos no momento
histórico chamado de Iluminismo, a criação das prensas e o desenvolvimento da
divulgação de obras até chegarmos à formação do Direito na Era Moderna, quando
mergulharemos no estudo dos sistemas do Civil Law e Commow Law. Veremos,
ainda, as Revoluções Liberais e a in�uência da economia na construção do Direito.
No Brasil, contemplaremos a fundação das duas primeiras Faculdades de Direito
em Olinda e em São Paulo e analisaremos qual foi a in�uência delas no processo
conhecido como codi�cações oitocentistas. 
PRATICAR PARA APRENDER
Você já se perguntou como surgiu o ensino superior? Durante a Idade Média,
criaram-se as universidades. Esse projetode construção de conhecimento se
alastrou pelas cidades europeias ainda no século XXI d.C. (MERGULHÃO, 2018). As
primeiras universidades europeias, que são modelos para o sistema de ensino
superior do mundo moderno, são a Universidade de Bolonha, localizada na Itália,
fundada em 1088; a Universidade de Oxford, localizada na Inglaterra, fundada em
1096; a Universidade de Paris, localizada na França, fundada em 1170 (ALVES,
2015).
Essas universidades, assim como outras do mesmo período, ainda estão em
funcionamento e trouxeram contribuições para além de todas as expectativas. 
A criação da metodologia cientí�ca tida como uma ciência, seus escritos e a análise
das áreas de conhecimento através do discurso cientí�co foram essenciais para a
evolução das ciências, tornando a universidade um espaço que diferencia a mera
opinião da ciência. É nessa dinâmica, enquanto acadêmicos de Ciências Jurídicas,
que todos nós estamos inseridos. E é nesse espaço do ensino superior que você
galgará a formação necessária para desenvolver a ativa própria do Bacharel em
Direito. 
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Você está em seu escritório e recebe a visita de Beatriz. Ela relata que é casada no
religioso com João e que, após cinco anos, descobriu que o seu esposo já era
casado com outra pessoa no momento do casamento que foi celebrado com ela.
Ela conseguiu a anulação do casamento perante o Poder Judiciário, mas, na
qualidade de participante da comunidade católica e querendo se casar novamente,
agora com Marcos, procura os seus serviços de especialista em Direito Canônico
para requerer a anulação do casamento perante a Igreja Católica. Na qualidade de
Advogado de Beatriz, como você deverá atuar? 
Vamos continuar a aprofundar os nossos estudos com responsabilidade, pois é
sob essa ótica que desenvolveremos nossas aptidões pro�ssionais.
CONCEITO-CHAVE
DIREITO FEUDAL
O ponto inicial que devemos começar a tratar é que, diferente do que
normalmente é veiculado em obras literárias sérias, não podemos �rmar que a
Idade Média é um período de “trevas”. Assim como todo processo de construção
histórica, esse período histórico passou por “altos e baixos”.
Nesse sentido, ensina-nos o historiador francês Jacques Le Go�:
REFLITA
Diversos autores fazem um processo de revisitar a Idade Média, na medida
em que assumem que tal período possui características que nos
acompanham até hoje, principalmente no que diz respeito à construção de
conhecimento de forma organizada e à fundação das universidades.
Neste mesmo sentido, segue o magistério de Russell: 
Eu diria que a Idade Média não é o período dourado que certos românticos quiseram imaginar, mas também
não é, apesar das fraquezas e aspectos dos quais não gostamos, uma época obscurantista e triste, imagem que
os humanistas e os iluministas queriam propagar. É preciso considerá-la no seu conjunto.
—  (LE GOFF, 2007, p. 18)
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Sob o ponto de vista temporal, a Idade Média está compreendida entre o período
da história da Europa que tem início com o colapso do Império Romano do
Ocidente no século V d.C. até o período do Renascimento; ou ainda com a queda
do Império Romano do Oriente, com a invasão de Constantinopla, no século XV
(ALVES, 2015). Como percebe-se, o período tido como início e �nal está dentro de
um contexto eurocêntrico.
A Idade Média é marcada por uma desconcentração do poder, ocasionada após a
queda do Império Romano do Ocidente e a miscigenação da cultura romana com a
cultura dos reinos bárbaros (ALVES, 2015). Neste período, houve substancial
produção jurídica de nomes que ainda hoje estudamos em nossas bancas de
graduação e pós-graduação, dentre os quais destacamos “Irnerius, Azo, Acúrsio e
os glosadores e comentadores, de uma forma geral, é assentada numa tradição
romanística altamente so�sticada e com elementos de gênese criativa bastante
inovadora, muitos dos quais estranhos ao direito romano” (PAIXÃO, 2016, p. 2).
O Direito Feudal foi um dos aspectos jurídicos existentes nessa época, sendo
de�nido como “caracterização do direito dominial medieval entre os séculos IX e
XIV, segundo as diversas características regionais que o feudalismo apresentou.
Sua concentração, especialmente na França, ocorreu nos séculos X e XI” (MACIEL,
1980, p. 156-157).
Tinha por pressupostos a realização de um contrato entre duas partes, um senhor
e um vassalo, “em que este obrigava-se a ser �el ao senhor, fornecer-lhe ajuda,
especialmente militar, e participar dos conselhos e cortes do senhor. Em
A Idade das Trevas como é chamada, se estende de 600 a 1000 d.C., aproximadamente. Qualquer
tentativa de enquadrar essa história em compartimentos estanques é altamente arti�cial. Não se
deve considerar muito tais divisões, pois na melhor das hipóteses só servem para indicar alguns
traços gerais que prevaleceram durante o período. Assim, não se deve imaginar que com o �m do
século VII a Europa de repente tenha mergulhado na obscuridade, só ressurgindo quatro séculos
mais tarde. Por uma única razão: as tradições clássicas do passado sobreviveram em certa medida,
ainda que sua in�uência contínua fosse um tanto precária e restrita. 
— (RUSSELL, 2001, p. 195)
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contrapartida, o senhor obrigava-se a proteger e reconhecer o domínio do vassalo
sobre uma determinada parcela territorial” (MACIEL, 1980, p. 158).
A justiça
DIREITO CANÔNICO
O Direito Canônico é fruto dos estudos empreendidos pelo catolicismo romano.
Segundo Mergulhão (2021),
ASSIMILE
A in�uência do teocentrismo cristão na construção do ordenamento
jurídico perdura até a atualidade. Inicialmente, os cristãos foram
perseguidos pelo Império Romano desde o momento de sua criação. Com o
fortalecimento da cristandade, tanto em Roma como nas demais cidades
que compunham o Império, no governo de Constantino (311 d.C.), este
in�uenciado pela conversão de sua mãe Helena, houve a proibição de
perseguição aos cristãos e, por �m, culminando com Teodósio impondo o
Cristianismo como religião o�cial do Império em 385 d.C. (MERGULHÃO,
2018).
Você sabia que o Édito de Milão conferiu permissão para a religião Católica
realizar as suas atividades nos territórios romanos? Segue o texto – em
tradução livre – como um dos primeiros sobre liberdade de religião. 
era realizada ordinariamente pelos senhores, baseando-se especialmente em costumes regionais, podendo ter
como fontes, ainda, algumas legislações romano-germânicas, as capitulares, comuns na Alta Idade Média,
continham, além de normas de direito penal e processual, algumas poucas regras de direito feudal.
—  (MACIEL, 1980, p. 158)
“
Assim como o Direito Romano, enquanto construção histórica o Direito Canônico está enraizado no sistema
jurídico contemporâneo. De perseguidos pelo Império Romano desde os seus primórdios, passando pelo
espraiamento de sua doutrina em Roma e nas demais cidades que pertenciam ao Império Romano, e mais à
frente com a adesão à doutrina cristã por Helena, mãe do imperador Constantino (311 d.C.), que proibiu a
perseguição aos cristãos, culmina no Governo de Teodósio, que em 385 d.C. elevou o cristianismo à religião
o�cial do Império.
“
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Segundo Maciel,
Podemos destacar como uma das hipóteses do Direito Canônico o vácuo político
deixado a partir da invasão de Roma e, por conseguinte, a queda do Império
Romano do Ocidente. É nesse processo de desconcentração política na Europa que
a Igreja Católica conseguiu, paulatinamente, um destaque para além do poder
espiritual, ingressando nas estruturas do poder temporal, dentre os quais
destacamos o poder político e o poder jurídico. Sobre o tema, assim disserta
Maciel:
Nós, Constantino e Licínio, imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do
bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas bené�cas à comunidade, o culto
divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos

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