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Seminários Direito Empresarial FD USP - São Francisco

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO COMERCIAL
Fundamentos e Princípios do Direito Empresarial
Docente: Profº Drº Rodrigo Octávio Broglia Mendes
Monitor: Thiago Martins
Discentes: Sheila Medeiros NUSP: 7610556
Soraia Ponciano NUSP: 5202067
Vinicius Carmo NUSP: 7616927
Wesley Veras NUSP:13823086
Seminário 2
Antônio Medeiros é um conceituado médico na área de reprodução assistida na
cidade de São Paulo. Ele tem uma clínica famosa, em imóvel próprio, com
equipamentos de última geração para procedimentos como fertilização in vitro e
implante embrionário, extração e congelamento de óvulos, e outros relacionados a
tratamento de infertilidade. Na clínica, Antônio conta com uma equipe médica
multidisciplinar para assisti-lo, composta por outros seis médicos: dois
ginecologistas-obstetras, dois urologistas e dois endocrinologistas. Conta, ainda,
com uma equipe de enfermagem, composta por duas enfermeiras e duas auxiliares
de enfermagem; uma recepcionista, uma secretária e um segurança.
Em dada ocasião, um dos médicos que trabalha com Antônio na clínica, em
momento de desatenção, comete um erro durante um procedimento, que acaba
resultando na infertilidade definitiva de uma paciente. Após um processo judicial,
Antônio, que liderava a equipe médica, e o médico assistente foram solidariamente
condenados ao pagamento de vultosa indenização à paciente lesada.
Antônio, que recentemente havia assumido dívidas para renovar os equipamentos
da clínica com o que havia de mais moderno em tecnologia reprodutiva, vê-se em
dificuldades financeiras como consequência do pagamento da indenização. Um
amigo, advogado, sugere que ele ajuíze um pedido de recuperação judicial, para
tentar reduzir o valor das dívidas, eliminar encargos e alongar prazos de
pagamento.
Pergunta-se:
1) Se o Código Comercial de 1850 ainda estivesse em vigor, Antônio estaria a
ele sujeito? Justifique sua resposta.
O Código do Comércio brasileiro entrou em vigor em 1850 e foi complementado
pelo Regulamento nº 737, de 1850, que normalizou a organização dos tribunais e
deu uma nova ordem ao processo. Como o Brasil não teve um Código Civil até
1916, foram, sobretudo, o Código do Comércio, o Regulamento nº 737 e a Lei Geral
das Hipotecas (1864) que serviram, em parte, como fontes de Direito Privado.
Como um dos requisitos para possuir uma clínica médica é ter um contrato social,
uma "matrícula", ele estaria sujeito ao Código Comercial de 1850, pois como o
parágrafo abaixo cita que os médicos poderiam ser caracterizados como
agremiações, corporações;
“Os trabalhadores das cidades reuniam-se, inspirando-se nos velhos grupos
familiares, com um centro religioso e uma divindade protetora. As
corporações (collegia) à semelhança de outras associações religiosas eram
consideradas como fundação do lendário rei Numa. Integravam-nas
agremiações de tecelões, tintureiros, sapateiros, médicos, professores,
pintores, etc. e eram dedicadas — além do seu patrono — a Minerva, a
deusa do trabalho manual.” (PAULA, 1966)
Além disso, ao que observamos, o Regulamento nº 737 determinou que a jurisdição
comercial fosse aplicada em todas as causas normatizadas pelo Código Comercial
e que uma das partes fosse comerciante.
2) De acordo com o Código Civil de 2002, Antônio pode ser considerado
empresário? Justifique sua resposta.
Antônio é um empresário, pois possui uma clínica médica, uma empresa na área de
saúde, para ser dono deste estabelecimento é necessário cumprir alguns requisitos
como ter CNPJ, um contrato social onde constam as informações do negócio.
Também deve possuir licença de funcionamento, responsável técnico, como dispõe
o Conselho Regional de Medicina (CRM), e atender as exigências da Agência
Nacional de Saúde (ANS).
Além disso, fica evidenciado no texto que na clínica existem outros trabalhadores,
incluindo colegas médicos, ao passo que - subentende-se, que Antônio tenha
deixado de atuar como profissional liberal para montar sociedade ou negócio
próprio, no intuito de atender uma demanda maior de pacientes.
Nesse contexto, sendo o médico que fez o procedimento na paciente pertencente
ao quadro de funcionários da clínica de reprodução humana e fertilidade e havendo
sua responsabilização, poderá ser comprovada a solidariedade do Sr.Antônio, que
liderava esta equipe médica pelo contrato que os une.
3) Se você fosse o juiz, você admitiria o pedido de recuperação judicial de
Antônio?
A Lei que regulamenta a recuperação judicial, extrajudicial e a falência, criada no
ano de 2005 com o intuito de auxiliar o empresário e a sociedade empresária a se
erguer em um momento de crise econômico-financeira. Assim, promoveu a
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Apenas os empresários e as sociedades empresárias podem pedir a Recuperação
Judicial. Como consideramos que Antônio se enquadra dentro da categoria de
empresário, ele está apto a propor o pedido e formular sua petição inicial.
Além da demonstração dos motivos da crise financeira, o pedido deverá ser
instruído com: demonstrações contábeis; relação de bens da empresa e dos sócios;
extratos bancários; relação nominal dos credores; plano de recuperação.
Outrossim, o pedido de recuperação judicial de Antônio seria admitido, desde que
ele atendesse os requisitos previsto em lei, tais como: a clínica exercesse suas
atividades a mais de dois anos; seu estabelecimento não tivesse decretado falência
em algum momento, caso o tenha que suas responsabilidades necessitam ser
extintas após o processo ser transitado e julgado; nos últimos oito anos não ter
obtido, a concessão de um plano especial de recuperação judicial; e não ter sido
condenado por nenhum crime previsto na lei de falências.
Referências
PAULA, E. S. de. As origens das Corporações de Ofício: as corporações em
Roma. Revista de História, [S. l.], v. 32, n. 65, p. 3-68, 1966. DOI:
10.11606/issn.2316-9141.rh.1966.124022. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/124022. Acesso em: 23 mar.
2023.
SONKAJARVI, Hanna. A aplicação do Código Comercial brasileiro entre 1850 e
1860: análise das evidências de um caso de falência culposa. Revista Tempo.
UFF. Ano: 2015 | Volume: 21 | Número: 37. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tem/a/BvwJX6XBVjTKxppMrBXShfj/?lang=pt. Acesso em: 23
mar. 2023.
https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/124022
https://www.scielo.br/j/tem/a/BvwJX6XBVjTKxppMrBXShfj/?lang=pt
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO COMERCIAL
Fundamentos e Princípios do Direito Empresarial
Docente: Profº Drº Rodrigo Octávio Broglia Mendes
Monitor: Thiago Martins
Discentes: Sheila Medeiros NUSP: 7610556
Soraia Ponciano NUSP: 5202067
Vinicius Carmo NUSP: 7616927
Wesley Veras NUSP:13823086
A Express Transportes e Comércio Ltda. (“Express”) é uma empresa cuja atividade
principal é o serviço de transporte rodoviário de cargas. A Express foi contratada pela
Trader Comercial Exportadora S.A. (“Trader”) para realizar o transporte de 20 contêineres
de soja, entre a sede da Trader no interior do Estado de São Paulo e o Porto de Santos
(“Porto”), até o dia 26.02.2023.
Os caminhões da Express chegaram ao Porto no dia 26.02.2023 com os 20
contêineres de soja. Entretanto, por conta de uma enorme fila, os motoristas da Express
permaneceram estacionados na entrada do Porto até 28.02.2023, data em que
conseguiram descarregar toda a mercadoria.
Em razão dessa demora, a Express envia uma cobrança à Trader, relativa a dois
dias de sobrestadia. Questionada pela Trader, a Express explica que é um costume
comercial cobrar a sobrestadia, mesmo nos casos em que a mercadoria fica no caminhão, e
não no depósito.
A Trader recusa-se a pagar a sobrestadia, afirmando (i) que não há prova desse
costume, já que não existe qualquer referência a ele nos assentamentos da Junta
Comercial (artigo 8º, VI, da Lei n. 8.934/94), (ii) que a rigor, a Express pretendeser
indenizada, mas não há qualquer culpa ou dolo da Trader que pudesse sugerir um dever de
reparação e (iii) que, ainda que existisse esse costume, ele seria contra legem, pois estaria
obrigando a Trader a indenizar sem a prática de ato ilícito, o que violaria o artigo 927 do
Código Civil.
Em resposta, a Express alega que o costume mercantil é norma de direito especial,
afastando o direito comum, e pode muito bem ser provado por testemunhas. Em razão da
divergência, a Express propõe ação de cobrança contra a Trader, que se defende
exatamente nos termos acima mencionados.
Pergunta-se:
(i) Como juiz da causa, você admitiria a prova testemunhal do costume? Justifique.
Considerando que inexistem normas de direito comum ou de direito especial que
respondam completamente aos fatos, e ainda que o costume, fonte válida para o direito
comercial, não esteja registrado na junta comercial, não fica afastada a possibilidade de
aplicação do costume, por isso a prova testemunhal do costume deve ser admitida desde
que o testemunho seja acompanhado de provas que evidenciem a prática reiterada e geral
do costume alegado.
A Lex Mercatoria foi um sistema jurídico desenvolvido por comerciantes de diversos países
até o século XVII, tendo como característica o fato de não ser imposta por autoridades e sim
pelos costumes dos mesmos que produziam regras que regulavam suas transações.
O direito comercial moderno tem alguns de seus princípios e regras oriundos da lex
mercatoria e estes foram incorporados aos códigos comerciais, sendo assim a prova
testemunhal do costume poderia ser admitida.
(ii) Em se admitindo e provando a existência desse costume, ele afastaria a incidência
do artigo 927, tendo em vista a proibição de costume contra legem? Justifique.
O art. 927 do CC apresenta duas condições para o pagamento de indenização, primeiro que
seja verificado o prejuízo e, segundo, que seja decorrente de ato ilícito. Contudo, o mesmo
artigo não restringe a possibilidade de indenização apenas para a ocorrência de ato ilícito.
No caso podemos observar que a empresa de transportes apurou prejuízos na operação,
vez que os caminhões estiveram por mais tempo que o previsto ocupados com a carga,
porém não houve ato ilícito por parte do contratante, desta forma não poderia ser
mobilizado o art. 927 do CC, porém o costume de cobrar pela sobrestadia não vai contra o
artigo, pois regra uma condição específica, não coberta pela lei. Neste sentido entendemos
que a aplicação do art. 927 do CC deve ser afastada para aplicação do costume e, no
mesmo sentido, o costume não é contra a lei, mas preenche lacuna que a lei deixou.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO COMERCIAL
Fundamentos e Princípios do Direito Empresarial
Docente: Profº Drº Rodrigo Octávio Broglia Mendes
Monitor: Thiago Martins
Discentes: Sheila Medeiros NUSP: 7610556
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Seminário 4
1) A atividade do produtor rural é diferente das demais atividades
econômicas?
O Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002) prevê regras especiais para o produtor rural
em seu Livro II, que trata do Direito de Empresa. Essa legislação específica considera as
particularidades da atividade rural, como as sazonalidades, as variações climáticas, a
necessidade de financiamento agrícola, entre outras, e prevê normas relacionadas à
propriedade rural, contratos agrários, parcerias agrícolas, crédito rural, registro de imóveis
rurais, dentre outros aspectos específicos da atividade rural.
É importante ressaltar que o produtor rural pode optar por se registrar como empresário
rural, sujeitando-se às regras do direito empresarial, ou como agricultor familiar, ficando
sujeito a um regime jurídico específico previsto na legislação agrária, que é mais
simplificado e voltado para a agricultura familiar.
Portanto, a atividade do produtor rural é considerada distinta das demais atividades
econômicas, sendo regida por uma legislação específica que leva em consideração suas
características peculiares.
2) Por que é permitido ao produtor rural escolher se a atividade dele é empresária ou
não?
A possibilidade do produtor rural escolher se sua atividade será considerada empresária ou
não está relacionada à natureza da atividade agropecuária e às características do meio
rural. A legislação brasileira reconhece que a atividade rural possui particularidades
específicas que podem justificar um tratamento jurídico diferenciado.
Uma das principais razões para permitir que o produtor rural escolha se sua atividade será
considerada empresária ou não é a diferença na escala de produção e na forma de
organização dos negócios rurais em comparação com as atividades urbanas ou industriais.
O meio rural muitas vezes é marcado por propriedades familiares, produção voltada para o
consumo próprio ou para venda local, ciclos produtivos sazonais e outras peculiaridades
que podem justificar um tratamento diferenciado em relação ao direito empresarial.
Outro fator que influencia nesta permissão de escolha consiste no fato que os ganhos de
produtividade agrícola constituem uma das formas de aumento da disponibilidade
de alimentos reduzindo assim seus preços, o que contribui para a garantia da
segurança alimentar populacional.
Além disso, a opção de registro como empresário rural ou como agricultor familiar está
relacionada a políticas públicas de fomento à agricultura familiar, que buscam promover o
desenvolvimento econômico e social do meio rural, protegendo os interesses dos
agricultores familiares e facilitando seu acesso a benefícios, incentivos e programas
específicos do governo.
Dessa forma, a possibilidade de o produtor rural escolher se sua atividade será considerada
empresária ou não é uma forma de reconhecer as particularidades da atividade rural e de
proporcionar flexibilidade no tratamento jurídico, de acordo com as características e
necessidades dos produtores rurais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do
meio rural.
3) A natureza/função do registro do produtor rural é diferente para os demais
empresários?
Sim, a natureza e função do registro do produtor rural podem ser diferentes em
comparação com os demais empresários, devido às peculiaridades da atividade rural e à
legislação específica que regula o setor. O registro do produtor rural é realizado perante
órgãos específicos, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e
o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e pode ter finalidades distintas em relação
ao registro de outros empresários.
A principal finalidade do registro do produtor rural é comprovar a sua condição de produtor
rural, seja como empresário rural ou agricultor familiar, perante órgãos governamentais,
instituições financeiras, e outros envolvidos na atividade agropecuária. O registro pode ser
necessário para acessar benefícios, incentivos e programas específicos do governo, como o
crédito rural, o seguro agrícola, a previdência social rural, entre outros.
No caso do empresário rural, o registro pode ter como objetivo comprovar sua condição de
empresário e permitir a regularização e o funcionamento de seu negócio, sujeitando-o às
normas do direito empresarial, como a inscrição na Junta Comercial, obtenção de CNPJ
(Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica), entre outros requisitos exigidos para o
funcionamento de empresas.
No caso do agricultor familiar, o registro pode ser necessário para comprovar sua condição
de beneficiário de políticas públicas de fomento à agricultura familiar, que têm como objetivo
promover o desenvolvimento econômico e social do meio rural, como acesso a crédito rural
específico, programas de apoio à produção e comercialização de alimentos, e outros
benefícios.
Assim, embora o registro do produtor rural possa ter algumas semelhanças com o registro
de outros empresários em relação à formalização do negócio, ele também pode terfinalidades específicas relacionadas às particularidades da atividade rural e à legislação que
regula o setor.
4) Quais os benefícios para o produtor rural em qualificar-se como
empresário? E os prejuízos?
A qualificação como empresário rural pode trazer alguns benefícios para o produtor rural,
tais como:
● Acesso a crédito rural: Empresários rurais têm acesso a linhas de crédito específicas
para o setor agropecuário, com condições de financiamento diferenciadas, como
taxas de juros mais baixas, prazos mais longos e carências para pagamento.
● Possibilidade de participação em programas governamentais: Empresários rurais
podem ter acesso a programas governamentais de apoio à produção, como
programas de incentivo à agricultura, pecuária, agroindústria, entre outros.
● Proteção jurídica: O empresário rural está sujeito às normas do direito empresarial, o
que pode oferecer uma estrutura jurídica mais robusta para a gestão de seu
negócio, incluindo a proteção do patrimônio pessoal em caso de dívidas ou
obrigações do negócio.
● Possibilidade de participação em licitações: Empresários rurais podem participar de
licitações públicas para fornecimento de produtos ou serviços para órgãos
governamentais, o que pode representar oportunidades de negócio.
Por outro lado, também podem haver alguns prejuízos ou desafios em qualificar-se como
empresário rural, tais como:
● Obrigações legais e tributárias: Ao se qualificar como empresário rural, o produtor
estará sujeito às obrigações legais e tributárias previstas pelo direito empresarial, o
que pode envolver custos e exigir conhecimento e acompanhamento das obrigações
fiscais, trabalhistas, contábeis, entre outras.
● Maior burocracia: A qualificação como empresário rural pode envolver um maior
nível de burocracia e formalidades, como registro na Junta Comercial, obtenção de
CNPJ, elaboração de contratos sociais, entre outros, o que pode demandar tempo e
recursos.
● Maior responsabilidade financeira: Como empresário, o produtor rural assume maior
responsabilidade financeira em relação às dívidas e obrigações do negócio,
podendo ter seu patrimônio pessoal comprometido em caso de problemas
financeiros do empreendimento.
● Enquadramento em normas do direito empresarial: O enquadramento como
empresário rural implica em seguir as normas do direito empresarial, o que pode não
ser adequado para todos os produtores rurais, especialmente os de menor porte ou
com atividades mais voltadas ao consumo próprio ou à venda local.
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FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO COMERCIAL
Fundamentos e Princípios do Direito Empresarial
Docente: Profº Drº Rodrigo Octávio Broglia Mendes
Monitor: Thiago Martins
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Seminário 5
1) No caso, quem exerce atividade empresarial?
A Fim de Expediente Ltda e a Happy Hour Distribuidora Ltda exercem atividades
empresariais, pois ambas são consideradas sociedades empresariais limitadas (Ltda), o
que determina o enquadramento de pessoas jurídicas e a responsabilidade de cada
sócio.
2) Qual é a natureza da relação travada entre a Fim de Expediente e a Happy Hour?
A relação travada entre as empresas é de natureza comercial, regida pelos princípios do
direito empresarial, pois ambas procuram auferir benefícios mútuos. Ainda que não ocorra a
celebração de um contrato escrito, o contrato verbal firmado entre ambas é válido, vez que
possui agente capaz (Happy Hour e Fim de Expediente) e objeto lícito e determinado (a
compra e venda das cervejas artesanais em Santa Catarina) e a vontade dos sócios das
duas empresas foi manifestada de forma livre.
Essa relação tem a mesma natureza da relação travada entre cada uma delas e os
adquirentes finais das cervejas no mercado?
Não, pois os adquirentes finais são consumidores e a relação estabelecida entre os
vendedores (Fim de Expediente), seus fornecedores (Happy Hour), e os consumidores deve
ser regida pelo código de defesa do consumidor que entre seus princípios estabelece que
na relação de consumo, o consumidor é a parte mais vulnerável e deve ser protegida diante
de práticas abusivas ou enganosas.
E entre elas e os empregados delas?
Entre as empresas e seus empregados as relações são contratuais contidas no art.3 da
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), há relação de emprego quando temos a
prestação de serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste e
mediante salário.
Aplicam-se as mesmas regras a essas relações?
Na relação comercial estabelecida entre as empresas, são válidas as regras do direito
empresarial, que considera os agentes sujeitos a essa regulação iguais entre si e por isso a
justiça deve ser provocada para mediar o desentendimento entre as partes, e não para
proteger uma das partes que pode eventualmente ser considerada mais vulnerável.
Na relação entre as empresas e seus consumidores é aplicado o código de defesa do
consumidor. Este código considera o consumidor o ente mais vulnerável na relação
empresa - consumidor, e procura defendê-lo daquilo que classifica como práticas abusivas,
de má fé e enganosas.
A relação de trabalho decorre de uma obrigação de fazer estabelecendo uma relação de
trabalho, estipula-se direitos e deveres, o que será prestado, sem que nenhuma parte tenha
preferência sobre a outra.
Na relação de emprego, o empregado é o hipossuficiente quando comparado ao
empregador, ou seja, estão em desigualdade, tanto é que a CLT protege os direitos dos
empregados, e estes devem recorrer à Justiça do Trabalho
.
3) Quais as vantagens e desvantagens em se valer do tipo de associação existente
entre Fim de Expediente e Happy Hour para o exercício da atividade empresarial?
As vantagens para o fornecedor em firmar parceria com um distribuidor é que terá um
intermediário entre ele e o consumidor. Assim, poderá focar na produção, não
precisando ter um local para o armazenamento, uma grande frota para o transporte e
uma carteira de clientes. Além disso, pode usar do conhecimento da distribuidora do
mercado de outra região para inserir seus produtos, expandindo sua zona de atuação e
fortalecendo a propaganda dos produtos a novos públicos-alvo.
O distribuidor obterá o seu lucro da diferença entre o preço da compra e da venda,
consoante as negociações que efetua, pois eles adquirem o produto, o estocam e
depois o vendem para seus clientes.
A desvantagem para ambos seria a diminuição do lucro bruto, uma vez que a
fornecedora abre mão do potencial de faturamento da negociação do produto acabado
em todo mercado se possuísse toda supply chain, e a distribuidora incorre no alto custo
de adquirir produto acabado para negociar, também estreitando suas margens de
faturamento.
Além disso, a dependência de um único fornecedor ou distribuidor poderia gerar
situações de condições desfavoráveis, como solicitações criadas em benefício de
somente um dos dois lados.
4) Caberia a intervenção judicial pretendida por Happy Hour para obrigar Fim de
Expediente a manter o contrato por mais tempo? E para rever as condições até então
praticadas?
Caberia intervenção judicial, dado que o art. 425 do Código Civil considera lícitos às
partes estipular contratos atípicos, desde que seja realizado por agentes capazes, o
objeto seja lícito, possível e a vontade se manifeste de forma livre, expressada por
escrito ou verbalmente, forma prescrita e ou não defesa em lei.
O art. 473 no seu parágrafo único pode garantir a Happy Hour reaver o valor do seu
investimento. Seria prudente também que a empresa fosse notificada com antecedência
e/ou negociasse prazo para fim da relação. Isso porque, a extinção do contrato não se
confunde com a extinção das obrigações.
Apesar disso, com a vontade de uma das partes de pretender fazer a resilição do
contrato, não haveria como obrigá-la a manter o contrato, pois o art. 473 também foi
formulado para quehaja a possibilidade dos fornecedores como a Fim de Expediente
de encerrarem os contratos, não ficando obrigadas junto os distribuidores por tempo
infinito.
Caso as empresas queiram voltar a ter uma relação comercial, neste caso, sim, poderiam e
seria recomendado rever as condições até então praticadas, formulando entre si um
contrato formal por escrito. No entanto, o art. 720 do Código Civil também prevê a
possibilidade da resilição unilateral de contrato de ambas as partes, mas com o devido
aviso prévio de noventa dias, prazo esse transcorrido de acordo com a natureza e vulto do
investimento exigido pelo agente. Em seu parágrafo único, o art. 720 ainda prevê que: “No
caso de divergência entre as partes, o juiz decidirá da razoabilidade do prazo e do valor
devido.”
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Docente: Profº Drº Rodrigo Octávio Broglia Mendes
Monitor: Thiago Martins
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Seminário 6
Com o sucesso da Fim de Expediente Ltda. em suas vendas de cervejas artesanais
no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os irmãos Silva (Antônio, João, José e
Maria) viram seu negócio crescer rapidamente entre os anos de 2015 e 2021.
Com o aumento da demanda, os irmãos Silva decidiram investir parte do lucro da
Fim de Expediente Ltda. na compra de novos maquinários e na expansão dos
centros produtivos a fim de atender as crescentes vendas. Outra parte do lucro foi
distribuída aos sócios como dividendos.
Empolgado com os ganhos, José decidiu que era o momento de elevar o padrão de
vida da família: decidiu comprar um carro de luxo, uma cobertura nos Jardins e um
jatinho para facilitar o transporte da família para Miami, onde José também comprou
uma casa para a família passar as férias. Os demais irmãos decidiram investir o
valor recebido a título de dividendos.
Em 2021, saiu uma notícia sobre os impactos ambientais da Fim de Expediente
Ltda. e, com os resultados da pesquisa, diversos influencers passaram a incentivar
o boicote da marca. Dado o impacto do “cancelamento digital” promovido nas redes
sociais, a Fim de Expediente Ltda. viu suas vendas caírem bruscamente e passou a
acumular prejuízo.
O impacto foi tão grande que a Fim de Expediente Ltda. passou a não conseguir
mais honrar seus compromissos com diversos fornecedores, dentre eles o
pagamento do aluguel de um dos seus centros produtivos.
Da mesma forma, José deixou de receber os vultosos dividendos da Fim de
Expediente Ltda. e não conseguiu pagar parte das parcelas restantes dos bens
adquiridos.
Respostas:
1) O proprietário do terreno em que foi construído um dos centros
produtivos da Fim de Expediente Ltda. poderia cobrar os irmãos Silva
(Antônio, João, José e Maria) pelo valor do aluguel?
De acordo com o Código Civil, diante da criação de uma empresa e o seu registro
frente ao órgão competente, assume esta uma personalidade diversa da
personalidade de seus sócios, passando aquela a ser titular de direitos e obrigações
próprias, adquirindo verdadeira autonomia e patrimônio independente do da pessoa
física.
Deste modo, via de regra, a pessoa jurídica é responsável pelos atos praticados em
seu próprio nome, respondendo ilimitadamente por seu passivo, ou seja, seu
patrimônio responde somente pelas suas dívidas e não pela dívida de seus sócios.
No caso em questão, não seria possível a cobrança direta aos sócios da ‘Fim de
Expediente Ltda’, uma vez que não há fator que desabone a empresa. A cobrança
deveria ser direcionada à Pessoa Jurídica.
2) Os vendedores dos bens adquiridos por José poderiam executar a Fim
de Expediente Ltda., caso os bens de José não sejam suficientes para
fazer frente a sua dívida? E em relação aos demais irmãos Silva?
Como evidenciado anteriormente, a empresa possui personalidade diversa de seus
sócios e seus atos não podem se confundir com os interesses particulares e
individuais, sob pena de se permitir que o patrimônio de um responda pela dívida de
outro. Nesse sentido, José é responsável por honrar com as dívidas que contraiu
em seu nome, ficando os vendedores impossibilitados de executar a ‘Fim de
Expediente Ltda’. O mesmo ocorre em relação aos seus irmãos, que diferem das
decisões pessoais de José, mas não possuem responsabilidade sobre o destino de
seus dividendos.
3) As respostas às duas questões acima mudariam se fosse descoberto
que José utilizou o cartão corporativo da Fim de Expediente Ltda. para
pagar por uma obra de arte que adquiriu para sua casa em Miami?
Sim, a interpretação poderia ser modificada se fosse comprovada fraude ou abuso
de direito. De acordo com o Artigo 50 do Código Civil: "Em caso de abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores
ou sócios da pessoa jurídica".
Neste caso, constatado o abuso da personalidade jurídica com o desvio de sua
finalidade pode o juiz determinar a desconsideração da personalidade jurídica para
que o patrimônio da empresa responda pelas dívidas particulares do sócio que
praticou os atos fraudulentos. Este instituto é chamado pelo Código de Processo
Civil de “Desconsideração Inversa da Personalidade Jurídica”.
Já o Artigo 133 do CPC diz que “O incidente de desconsideração da personalidade
jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe
couber intervir no processo”.
§1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os
pressupostos previstos em lei.
§2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da
personalidade jurídica.
Porém, é importante salientar que a desconsideração da autonomia patrimonial é
medida extrema e cirúrgica, coibindo a fraude ou o abuso de poder de forma
objetiva. Ela reforça a autonomia patrimonial da pessoa jurídica e a preservação da
empresa, não devendo ser utilizada tão somente porque a pessoa jurídica não tenha
mais bens para satisfazer aos seus credores.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE DIREITO COMERCIAL
Fundamentos e Princípios do Direito Empresarial
Docente: Profº Drº Rodrigo Octávio Broglia Mendes
Monitor: Thiago Martins
Discentes: Sheila Medeiros NUSP: 7610556
Soraia Ponciano NUSP: 5202067
Vinicius Carmo NUSP: 7616927
Wesley Veras NUSP:13823086
Seminário 7
Manuel Antunes é um padeiro conhecido, que fundou a Padaria Torre de Belém,
conhecida como “a Padaria do Seu Manuel Antunes”. Apesar de estar no ramo há
muito tempo, ele nunca formalizou seu negócio. Seus filhos quadrigêmeos,
Joaquim, Jorge Jesus, Maria José e Abel, entram no curso de direito e passam a
alertar o pai que ele precisa organizar melhor sua atividade econômica, de forma a
se adequar à legislação. Ajudando-o, descobrem que o seu pai sempre foi diligente
com a separação do seu patrimônio pessoal, nunca misturando as contas da família
com as contas da Padaria, e vice-versa. Não obstante, apontam que ele deve
buscar se registrar como empresário. Assim, ele consulta você, pedindo que lhe
explique:
1. Quais as consequências da postura diligente de Seu Manuel Antunes? O
patrimônio separado por ele para exercício da atividade empresarial pode ser
diferenciado dos demais bens?
Devido a sua postura diligente Seu Manuel Antunes tem o que chamamos de
Balanço Patrimonial, isto é, um demonstrativo do estado contábil da sua empresa
em um determinado momento, o qual relaciona ativos e passivos para determinar o
patrimônio líquido do seu negócio.
O balanço patrimonial é um documento obrigatório por lei. No entanto, estão
dispensadas de elaborar esse relatório as micro e pequenas empresas,como as
que se enquadram no MEI (Microempreendedor Individual) e as optantes pelo
Simples Nacional.
Além de ser importante para a própria estrutura da empresa, uma vez que permite
que você saiba em que estágio de saúde monetária ela se encontra, o Balanço
Patrimonial é exigido por lei, principalmente, caso a empresa deseje participar de
algum processo licitatório.
Como exemplo temos sobre o caso em uma lei específica, a chamada Lei 8.666/93,
no inciso I do artigo 31:
I – balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já
exigíveis e apresentados na forma da lei, que comprovem a boa situação financeira
da empresa, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios,
podendo ser atualizados por índices oficiais quando encerrado há mais de 3 (três)
meses da data de apresentação da proposta.
Mesmo não sendo impedido de realizar transações comerciais, o comerciante pode
sofrer consequências negativas, que atingem não só a empresa como também o
seu patrimônio, pois não formalizou sua padaria.
2. Em caso de inadimplência da padaria em relação a seus fornecedores,
todos os bens do Sr. Manuel respondem pelo débito? Por quê?
Sim, nesta situação por não ter regularizado seu negócio ele responde com seus
bens particulares pelas obrigações que assumiu com seus fornecedores. Tendo em
vista a inexistência de distinção patrimonial da empresa e da pessoa física, apesar
de sua postura diligente ao separar patrimônio pessoal das contas da padaria.
As vantagens de formalizar um empreendimento vão além da proteção patrimonial
dos bens particulares dos sócios em caso de dívidas e processos judiciais.
Empresas formalizadas têm mais acesso a financiamentos e a crédito, o que pode
impulsionar sua expansão. Podem reduzir custos através de benefícios fiscais e
tributários melhorando sua competitividade no mercado. Além de poder contratar
funcionários formalmente evitando-se assim problemas com a justiça trabalhista e
previdenciária. Todos esses fatores contribuem com a uma melhor imagem da
empresa frente a seus clientes, parceiros e fornecedores do negócio, além de criar
uma base legal favorecendo a segurança jurídica que ajuda a evitar dissabores com
órgãos fiscalizadores.
3. Como é possível fazer a regularização de sua atividade?
De acordo com o artigo 966 da Lei nº 10.406/02 (Código Civil), considera-se
empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços (exceto quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de
empresa).
Empresário individual é a denominação atual da antiga "firma individual", sendo
obrigatório sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva
sede, antes do início de sua atividade, nos termos do art. 967 do Código Civil.
Art. 967: “É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.”
De forma geral, o caminho para se tornar Empresário Individual é:
● Fazer um registro na Junta Comercial do município ou região onde a
empresa funcionará. Nesta etapa, é necessário escolher o enquadramento do
negócio: microempresa (faturamento máximo anual de R$ 360 mil) ou
empresa de pequeno porte (faturamento máximo anual de R$ 4,8 milhões);
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm
● Conseguir um Alvará de Funcionamento com a prefeitura e todas as licenças
necessárias;
● Cadastrar a empresa na Previdência Social;
● Providenciar a emissão de Notas Fiscais: para atividades industriais ou
comércio, é necessário ir à Secretaria de Estado da Fazenda; para prestação
de serviços, é necessário ir à Secretaria da Fazenda Municipal.
Quais são as formas jurídicas que ele pode adotar?
Ele terá duas formas para se regularizar sem haver a necessidade de sócios:
Empresário em Nome Individual é a forma jurídica mais simples de constituição de
uma empresa e a SLU (Sociedade Limitada Unipessoal) esta última é constituída
por cotas – com um único sócio, ou seja, ambas são empresas formadas por um
único empreendedor.
O Sr. Manuel poderá se enquadrar como MEI, microempreendedor individual,
modelo empresarial simplificado criado pela Lei Complementar nº 128/2008 se
exercer estas atividades em sua padaria;
● A fabricação de produtos de panificação industrial: pães e roscas, bolos,
tortas, etc.
● A fabricação de farinha de rosca
● A fabricação de produtos de panificação congelados
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp128.htm
em conformidade com - CNAE 1091-1/01 - Fabricação de produtos de panificação
industrial.
Além das formas para constituir uma empresa individual e MEI, se o Sr. Manuel
optar por adotar sócios, como os filhos, poderá se valer da Sociedade
Limitada(LTDA) que é uma forma de empresa que permite dois ou mais sócios.
Neste tipo de empresa o capital social é dividido em quotas, onde cada sócio tem
responsabilidade limitada pelo valor de suas quotas. Este tipo de empresa pode ser
interessante para aqueles sócios que desejam dividir a responsabilidade e a gestão
dos negócios.
4. Caso opte por constituir uma pessoa jurídica, como fazer a transferência
dos bens afetados para a atividade da Padaria para essa nova entidade?
Depois de definir a forma jurídica mais adequada às necessidades da nova
empresa, é preciso fazer uma pesquisa na Receita Federal para saber se o nome
utilizado para a nova empresa está disponível e se não infringe marcas ou nomes
de terceiros, além de elaborar um contrato social, onde será especificado as regras
e condições da empresa, como a razão social, os objetivos sociais, a forma de
administração e o capital social e que deve ser registrado na Junta Comercial onde
a empresa estará sediada. Após esse procedimento é preciso registrar a empresa
na Receita Federal com a obtenção do CNPJ. O CNPJ é o número de identificação
da empresa e é fundamental para a emissão de notas fiscais e para o cumprimento
de obrigações fiscais e tributárias. A depender do tipo de atividade realizada é
obrigatório obter licenças e alvarás com os órgãos municipais responsáveis. Para a
transferência dos bens da padaria para esta nova entidade é essencial fazer uma
pesquisa para classificar quais bens são elegíveis e abrir uma conta bancária
empresarial. Para formalizar a transferência de bens de pessoa física para pessoas
jurídicas é recomendável fazer um contrato de transferência, indicando quais bens
estão sendo transferidos, qual o seu valor e quais as condições de transferência.
Dependendo do tipo de bem é também necessário preencher documentação
específica, como no caso de imóveis, precisará de um contrato de compra e venda,
escritura e registro no cartório de imóveis. Após a transferência dos bens, é
importante registrar a transferência no órgão competente. Se for transferido um
veículo para o negócio, por exemplo, deverá ser atualizado seu registro para incluir
o nome da empresa.

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