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DIREITO EMPRESARIAL E TRIBUTÁRIO PROFESSORAS Dra. Letícia Carla Baptista Rosa Esp. Renata Monteiro de Andrade ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/8087 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. ROSA, Letícia Carla Baptista, ANDRADE, Renata Monteiro de. Direito Empresarial e Tributário. Letícia Carla Baptista Rosa, Renata Monteiro de Andrade. Maringá - PR: Unicesumar, 2021. Reimpresso em 2024. 192 p. “Graduação - EaD”. 1. Direito 2. Empresarial 3. Tributário. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Juliana Moraes da Silva Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Matheus Silva de Souza Juliana Duenha Design Educacional Ana Claudia Salvadego Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira Érica Fernanda Ortega Ilustração Natalia de Souza Scalassara Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 346 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-427-5 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS A UniCesumar celebra os seus 30 anos de his- tória avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diariamente para que nossa edu- cação à distância continue como uma das me- lhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profis- sional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimen- to, formando profissionais cidadãos que contri- buam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio importante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transformação na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos jun- tos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribui- ção de mais de 2 milhões de exemplares gra- tuitamente para nossos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Gros- sa e Corumbá), o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssi- ma história da jornada do conhecimento. Mário Quintana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à opor- tunidade de fazer a sua mudança! Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Dra. Letícia Carla Baptista Rosa Doutora em Função Social do Direito pela Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo. Mestre e Graduada em Direito pelo Centro Universitário Cesumar - Unice- sumar. Pós-graduada em Direito e Processo Penal pela Universidade Estadual de Londrina (2009). Pós-graduada em Tecnologias Aplicadas ao Ensino à Distância pelo Centro Universitário Cidade Verde - UNIFCV. Coordenadora e professora do Curso de graduação em Direito da UNIFATECIE - Faculdade de Tecnologia e Ciência do Nor- te do Paraná, Professora dos Cursos de Pós-graduação em Direito e dos cursos em Gestão Financeira e Secretariado Executivo (EAD) do Centro Universitário Cesumar - Unicesumar. Professora do curso de graduação em Direito do Centro Universitário Cidade Verde - UNIFCV. Advogada. Vice-presidente do Núcleo regional de Maringá do IBDFAM. Membro da Comissão de Direito das Famílias da OAB, subseção de Maringá. Conciliadora e mediadora judicial com formação pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos - NUPEMEC, em parceria com o Conselho Nacional de Justiça - CNJ. http://lattes.cnpq.br/4850355058538339 Esp. Renata Monteiro de Andrade Especialização em Empreendimentos e Negócios Imobiliários pelo Centro Univer- sitário Cesumar (Unicesumar/2015). Especialização em Direito Empresarial pela Universidade Paranaense (UNIPAR/2006). Graduação em Direito pela UNIPAR (2005). Atualmente é professora titular da Unicesumar. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Empresarial. http://lattes.cnpq.br/9101607861095025 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A DIREITO EMPRESARIAL E TRIBUTÁRIO Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Neste livro, trataremos de temas importantes tanto para o desenvolvimento profissional quanto para o pessoal, tendo em vista que se trata do Direito Empresarial e Tributário, duas esferas do direito de grande importância para o desenvolvimento econômico e social visto que, em nossa sociedade capitalista, as empresas possuem objetivo princi- pal em auferir lucro e, dessa forma, por meio dos pagamentos dos impostos e salários, movimentam a economia. Dois ramos do Direito diferentes, mas relacionados entre si e, para tanto, é impres- cindível entender conceito do Direito Empresarial, bem como os princípios específicos relacionados à atividade, para entender quem pode exercer atividade empresarial, quais seus requisitos diante do entendimento do que significa empresa e atividade, sem es- quecer do estabelecimento e da legalização da empresa. Após visualizar conceitos sobre empresas e empresários, entendemos alguns aspectos sobre as sociedades e suas classificações, formas de constituição e, principalmente, como constituir estabelecendo as diferenças entre cada uma delas, como ocorre a administração de acordo com as leis aplicadas para discernir qual forma de sociedade é mais adequada à sua necessidade, finalizando com as operações societárias que podem ser realizadas. Seguimos para as noções do Direito Tributário e seus aspectos relevantes, principalmen- te na existência da relação jurídica entre as pessoas e o ente público, sendo primordial entender o momento do surgimento dessa relação e o motivo pelo qual ela surge, par- tindo do pressuposto de conceitos do direito tributário seguindo para fontes que são essenciais para interpretação de qualquer direito. D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O Veremos, também, como funciona o sistema tributário nacional, como são instituídos os tributos e quais são os princípios e limites desse poder tão relevante atualmente, sendo temas debatidos em nossas câmaras legislativas. Em seguida, passaremos a conhecer as principais leis aplicadas ao Direito Tributário para entender sua aplicabilidade e conhecer as formas de aplicação. Para que não haja qualquer sanção, é necessário compreender omotivo do surgimento da obrigação tri- butária para instituir a responsabilidade tributária a quem for de direito, finalizando esta unidade com formas de suspensão, exclusão e extinção do crédito tributário. E, finalmente, conheceremos a competência tributária e as espécies de tributos, prin- cipalmente, os principais tributos instituídos pela União, Estados e Municípios, apre- sentando algumas regras e encerrando nossos estudos com funcionamento das taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais. Bons estudos! ÍCONES Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO DO DIREITO EMPRESARIAL 10 SOCIEDADES 46 79 NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO 106 DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS 138 DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E OS TRIBUTOS EM ESPÉCIE 173 CONCLUSÃO GERAL 1DO DIREITO EMPRESARIAL PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Direito Empresarial • Conceitos de Empresário • Cônjuges • Empresa e Atividade Empresarial • Registro e Legalização das Empresas • Contabilista. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Entender o conceito do Direito Empresarial • Compreender princípios específicos da atividade empre- sarial • Conceituar empresário e saber quem possui capacidade para ser empresário • Aprender quem não pode ser empresário • Assimilar o conceito de empresa e atividade empresarial • Instruir sobre como se realiza o registro e a legalização de empresas. PROFESSORAS Dra. Letícia Carla Baptista Rosa Esp. Renata Monteiro de Andrade INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a). Esta unidade tem por objetivo a sua compreensão sobre o Direito Empresarial, assunto que estará presente na vida profis- sional de qualquer gestor ou administrador. Devemos entender os con- ceitos trazidos pelos grandes doutrinadores sobre Direito Empresarial para que possamos delinear as obrigações estabelecidas na legislação, principalmente motivos e relações existentes entre as pessoas e a em- presa para que não haja qualquer prejuízo à empresa ou ao profissional. Em sequência, entenderemos as características próprias do Direito Empresarial baseadas na simplicidade e facilidade na compreensão, bem como princípios constitucionais estabelecidos. O conteúdo trazido nesta unidade não será utilizado apenas como forma de avaliação ou em trabalhos posteriores, mas também faz parte de um universo repleto de informações que serão utilizadas no cotidiano da vida de cada um. O mundo da legislação é repleto de informações e, para que exista uma compreensão dela, devemos absorver os conceitos de empresário, empresa, atividade comercial e, principalmente, as exceções existentes, sem esquecer que, para todos os atos, esbarramos na plena capacidade civil, visto que para exercício da atividade deve o empresário possuir requisitos legais para tal e proibições que devem ser conhecidas. Além do mais, vamos aprender o conceito de empresário individual, a nova modalidade de Empresa Individual de Responsabilidade Limi- tada (EIRELI). Após entender conceitos essenciais às suas aplicações, teremos uma breve explanação sobre registro e legalização das empre- sas, que será tratado mais profundamente na próxima unidade. Seria imprudente entender sobre espécies de empresa sem abran- ger os conceitos de estabelecimento e ponto comercial, por isso, vamos também abordar este tema. Nosso objetivo é trazer o máximo de conhe- cimento e informação para que haja a construção desse universo cheio de dúvidas que surgirão no decorrer de nossos estudos, lembrando que estaremos juntos nesta busca incessante. Vamos lá! Ótimos estudos! U N ID A D E 1 12 1 DIREITO EMPRESARIAL Caro(a) aluno(a), precisamos compreender as mudanças ocorridas na legislação que foram muito importantes para o desenvolvimento do instituto. Antes da vigência do Código Civil, ocorrida em 2002, o Direito Empresarial era tratado como Direito Comercial, havendo, inclusive, um código específico, que foi revo- gado quase inteiramente pelo Código Civil de 2002, mantendo somente em vigor a segunda parte que trata, exclusivamente, do comércio marítimo. Essa modificação na terminologia se deve à modificação da teoria adotada pelos códigos, ou seja, o Código Comercial adotava teoria dos atos do comércio, por isso, era tratado como Direito Comercial. O Código Civil atualizado em 2002 adotou a teoria de empresa passando a ser mais abrangente que a teoria anterior, não considerando atividade empresarial, apenas as de natureza intelectual. Para Teixeira (2013, p. 32), “direito empresarial seria apenas a expressão ‘Di- reito Comercial’ atualizada. Boa parte da doutrina continua a usar Direito Co- mercial, inclusive nos títulos das obras. Independentemente da terminologia, trata-se de um ramo do Direito”. Segundo Santos (2010, p. 13), “[...] o Direito Empresarial é o ramo do Di- reito que tem por objeto a regulamentação da atividade econômica daqueles que atuam na circulação ou produção de bens, bem como na prestação de serviços”. Nossa Constituição Federal (1988) assegura autonomia do Direito Empresarial estabelecida em seu artigo 22, inciso II, que define: “Art. 22. Com- U N IC ES U M A R 13 pete privativamente à União legislar sobre: I - Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho” (BRASIL, 1988, on-line). Coelho (2002, p. 4) nos ensina que “ [...] o direito comercial cuida do exercício dessa atividade econô- mica organizada de fornecimento de bens ou serviços, denominada empresa. Seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturados de superação dos conflitos de interesses envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram. As leis e a forma pela qual são interpretadas pela jurisprudência e doutrina, valores prestigia- dos pela sociedade, bem assim o funcionamento dos aparatos estatal e paraestatal, na superação desses conflitos de interesses e formam o objeto da disciplina. É importante lembrar que as regras do Direito também são estabelecidas por suas fontes, de acordo com ensinamentos de Teixeira (2013), tratadas como primárias ou secundárias. As primárias são as leis, por exemplo, Lei de falência, Lei da franquia, Lei da Duplicata mercantil, inclusive a Constitui- ção Federal, dentre outras. As secundárias são os usos e costumes, como as práticas reiteradas que passaram a ser aceitas pelos empresários como regras, vigorando quando não houver norma expressa sobre assunto, por exemplo, emissão de pagamento de boletos bancários. Dentro do Direito Empresarial, tratamos de direito societário, direito fali- mentar, direito industrial, direito cambiário, direito concorrencial, direito ban- cário, direito de mercado de capitais, direito marítimo, direito securitário, dentre outros. Teixeira (2013, p. 38) afirma que o “[...] objeto do direito empresarial é essencialmente, regular as relações entre empresários e dispor sobre as regras das sociedades empresariais”. Contudo, Gomes (2007) apresenta algumas carac- terísticas quediferenciam o Direito Empresarial, por apresentar características próprias, que são: ■ Simplicidade: afigura-se como um elemento próprio do comércio, visto que ele atende às necessidades da sociedade, e tais necessidades (como alimentos, vestuário e crédito) são imediatas, daí a ausência de formas rígidas para prática dos atos jurídicos no Direito Comercial, que valoriza as práticas adotadas, ou seja, os costumes. U N ID A D E 1 14 ■ Universalismo: todas as pessoas, em qualquer lugar no mundo, neces- sitam de alimentos e de vestuário, tais necessidades são, muitas vezes, comuns e universais; tudo isso, inegavelmente, imprimiu, no Direito Co- mercial, um caráter universal ou cosmopolita e conduziu à padronização de muitas das normas nesta matéria. ■ Onerosidade: a onerosidade é um elemento incluído em toda relação comercial. O empresário desenvolve sua atividade de produção de bens, circulação de bens ou de serviços de forma a obter lucro. O elemento-cha- ve nesse ponto é a especulação com a finalidade de lucro. ■ Individualismo: o lucro é a preocupação imediata do interesse individual. ■ Fragmentarismo: há um conjunto de regras que os norteiam, pois o direito empresarial se vincula a outros ramos do direito; mesmo que haja características próprias, deve estar em harmonia com outras leis. ■ Dinamismo: o Direito Empresarial é dinâmico e está sempre em cons- tante desenvolvimento, aderindo a novas tecnologias, o que resulta na prática de novas práticas comerciais. Como todos os ramos do Direito, a atividade empresarial também possui seus princípios específicos, trazidos pela Constituição Federal, que estabelece: “ Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional. II - propriedade privada. III - função social da propriedade. IV - livre concorrência. V - defesa do consumidor. VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferen- ciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituí- das sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei (BRASIL, 1988, on-line). U N IC ES U M A R 15 No caput, apresenta-se a Valorização do Trabalho Humano. Em resumo, o em- presário realiza sua atividade empregando seu capital na valorização do trabalho humano, assumindo os riscos do negócio para obtenção do lucro. O princípio da livre iniciativa, nos ensinamentos de Coelho (2007), des- dobra-se em quatro condições fundamentais para o funcionamento eficiente do modo de produção capitalista: 1. Imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade te- nha acesso aos bens e serviços de que necessita para sobreviver. 2. Busca do lucro como principal motivação dos empresários. 3. Necessidade jurídica de proteção do investimento privado. 4. Reconhecimento da empresa privada como polo gerador de em- pregos e de riquezas para a sociedade. Não havendo necessidade de autorização do Estado para exercício da atividade econômica, o governo exerce somente a função de fiscalização e regulamentação, lembrando que, sem a livre iniciativa, não há economia de mercado. O princípio da Soberania Nacional, diferentemente do apresentado pelo art. 1.º da Constituição Federal, é o poder do Estado por meio dos instrumen- tos legais para gerenciar a ordem econômica, fazendo com que estas sejam cumpridas. Contudo, o Princípio Função Social da propriedade garante e defende a propriedade privada dos meios de produção, sendo pressuposto fundamental do regime capitalista de livre mercado. Ausente a propriedade privada, não há também mercado, obviamente. “Não havendo mercado, não há como negociar os bens e serviços em produção e circulação de forma legítima e eficiente” (RAMOS, 2014, p. 49). O Princípio da Livre Concorrência, estabelecido pela Constituição Federal, (1988), em seu art. 173, § 4º, determina: “ Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a explo- ração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a re- levante interesse coletivo, conforme definidos em lei. [...] U N ID A D E 1 16 § 4.º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à domi- nação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (BRASIL, 1988, on-line). Ainda regulamentada pela Lei nº 12.529/2011, dispondo sobre sistema bra- sileiro de defesa da concorrência e prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, os empresários possuem a garantia constitucional de concorrer livremente entre si sem a intervenção do Estado, desde que não pratique qualquer infração legal. Ademais, o Princípio da Defesa do Consumidor ganhou bastante im- portância no decorrer dos tempos, tanto que passou a ser regulamentado pelo seu próprio código. Este princípio determina que a atividade econômica deve sempre proteger a parte mais fraca na relação. O Princípio da Defesa do Meio Ambiente, a partir da Emenda Cons- titucional 42, inovou o tratamento a este princípio, valorando aquele que se preocupa com o meio ambiente e penalizando aquele que o desrespeita, tra- zendo obrigações constitucionais e submetendo responsabilidades aos Esta- dos de acordo com o agente que o pratica. Por fim, o Princípio do Tratamento favorecido às empresas de peque- no porte visa a redução das desigualdades, e o Estado cria Leis para incenti- var os pequenos empresários para que exerçam sua atividade econômica em igualdade com as grandes empresas. Esse princípio foi regulamentado pela Lei complementar nº 123/2006, estabelecendo empresa de pequeno porte, criando o sistema SIMPLES. Esse sistema tem o intuito de que todos possam ter o direito de participar da economia, desenvolvendo uma atividade industrial, comercial ou uma pres- tação de serviço, desde que estejam cumprindo os requisitos e a capacidade do agente, bem como não possuam impedimentos legais (TEIXEIRA, 2013). U N IC ES U M A R 17 O conceito de empresário é apresentado pelo Código Civil, em seu artigo 966, dispondo que: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente ativida- de econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” (BRASIL, 2002, on-line). Nesse mesmo sentido, Coelho (2012, p. 145) ainda define o empresário: “ [...] como sendo a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma ativi- dade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode ser tanto a física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente como a jurídica, nascida da união de esfor- ços de seus integrantes. A pessoa jurídica empresária é cotidianamente denominada “empresa”, e os seus sócios são chamados “empresários”. Para uma melhor compreensão, o conceito de empresário está relacionado a alguns requisitos: Profissionalismo: está relacionado à habitualidade, não sendo aquele profissio- nal que realiza tarefas de modo esporádico, portanto, não será empresário aquele que organiza esporadicamente a produção de certa mercadoria, mesmo destinando-a à venda no mercado. O segundo aspecto do profissionalismo é a pessoalidade, em que o empresário, no exercício da sua atividade empresarial, poderá contratar empregados, 2 CONCEITOS DE EMPRESÁRIO U N ID A D E 1 18 sendo estes que poderão produzir ou fazer circular bens ou serviços. Esse requisito não torna o empregado o empresário, mas quando os empregados produzem ou circulam bens ou serviços, fazem-no em nome do empregador. Por fim, outro aspecto que é relevante, é o monopólio das informaçõesque o empresário deverá ter sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa, tendo todo o conhecimento sobre esse produto ou serviço. O empresário como um profissional deve ter conhecimento sobre as informações dos bens ou serviços que oferece ao mercado, por exemplo suas condições de uso, qualidade, insumos empregados, defeitos de fabricação, riscos potenciais à saúde ou vida dos consumidores, bem como deve informar amplamente os consumidores e usuários. (COELHO, 2002). Atividade: se empresário é aquele que exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada, então, empresa é uma atividade de produção ou circulação de bens ou serviços. Portanto, empresa, enquanto atividade, não se confunde com o sujeito de direito que a explora, o empresário, pois é ele que exercerá atos em nome da empresa (COELHO, 2002). Econômica: a atividade empresarial também é econômica, pois visa gerar lucro para quem a explora, ademais, o lucro pode ser o objetivo da produção ou circulação de bens ou serviços ou, simplesmente, pode ser o instrumento para alcançar outras finalidades (COELHO, 2002). Organizada: aliás, qualquer empresa também deve consistir em uma atividade organizada, em que o empresário poderá articular os quatro fatores de produção: capital, mão de obra, insumos e tecnologia. Observe que o empresário não consegue explorar atividade de produção ou circulação de bens ou serviços sem alguns desses fatores (COELHO, 2002). Portanto, quando se trata dos empresários, é necessário que eles tenham conhe- cimentos específicos relacionados à produção e circulação de bens e serviços. Assim, exige-se apenas que o empresário se valha dos conhecimentos próprios aos bens ou serviços que pretende oferecer ao mercado – sejam estes sofisticados ou de amplo conhecimento. Ao estruturar a sua atividade organizada, deverá consistir em: ■ Produção de bens ou serviços: produção de bens é a fabricação de produ- tos ou mercadorias. Toda atividade de indústria é, por definição, empresarial. Produção de serviços, por sua vez, é a prestação de serviços. São exemplos de empresários que produzem bens: donos de montadoras de veículos, fá- bricas de eletrodomésticos, confecção de roupas etc. São exemplos dos que produzem serviços: bancos, seguradoras, hospitais, escolas, estacionamentos, provedores de acesso à internet etc. U N IC ES U M A R 19 ■ Circulação de bens ou serviços: a atividade de circular bens é a do comér- cio, em sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor para trazê- -lo ao consumidor. É a atividade de intermediação na cadeia de escoamento de mercadorias. O conceito de empresário compreende tanto o atacadista e o varejista quanto o comerciante de insumos, como o de mercadorias prontas para o consumo. Os donos de supermercados, concessionárias de automóveis e lojas de roupas são empresários. Circular serviços é intermediar a prestação de serviços. A agência de turismo não presta os serviços de transporte aéreo, traslados e hospedagem, mas, ao montar um pacote de viagem, os intermedia. ■ Bens ou serviços: até a difusão do comércio eletrônico via internet, no fim dos anos 90, a distinção entre bens ou serviços não comportava, na maioria das vezes, maiores dificuldades. Bens são corpóreos, enquanto os serviços não têm materialidade. A prestação de serviços consistia sempre em uma obrigação de fazer. Com a intensificação do uso da internet para a realiza- ção de negócios e atos de consumo, certas atividades resistem à classificação nesses moldes. ■ Nesse sentido, quando se fala de produção ou circulação de bens ou servi- ços, podemos encontrar as modalidades desenvolvidas individualmente ou concomitantemente pelo empresário, ou seja, uma empresa pode produzir e circular bens e ao mesmo tempo poderá, como fábrica, manter loja varejista na porta do seu estabelecimento industrial e, ainda, pode circular bens e prestar serviço concomitantemente, como concessionária que vende veículos e realiza assistência técnica (TEIXEIRA, 2013). Capacidade de ser empresário A Lei determina quem poderá exercer atividade como empresário, sendo aquele que esteja em pleno gozo da capacidade civil (art. 972 Código Civil), não havendo qualquer impedimento legal para o exercício. Desse modo, primeiro vamos entender o que apresenta o Código Civil acerca da capacidade em seu art. 5º, parágrafo único. “ Art. 5.º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, me- U N ID A D E 1 20 diante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos. II - pelo casamento. III - pelo exercício de emprego público efetivo. IV - pela colação de grau em curso de ensino superior. V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de re- lação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria (BRASIL, 2002, on-line). Observa-se o inciso V, em que, “[...] se o menor tem autonomia econômica, o juiz deve reconhecer essa autonomia para que uma situação de fato passe a ser de direito, devendo assim ser levado a registro” (FERREIRA, 1962, p. 109). Ainda com relação à capacidade, é importante observar que poderá um in- capaz, por meio de seu representante, ser empresário, de acordo com a legislação, conforme art. 974 do Código Civil. “ Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devida- mente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquan- to capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o in- capaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. § 3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: I - o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade. II - o capital social deve ser totalmente integralizado. III - o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absoluta- mente incapaz deve ser representado por seus representantes legais (BRASIL, 2002, on-line). U N IC ES U M A R 21 No entanto, existem alguns impedimentos legais para o exercício da atividade, estes trazidos pela legislação. O falido não reabilitado, de acordo com Lei de Falências, nº 11.101/2005, em seu art. 102 e 181, § 1º: “ Art. 102. [...] fica inabilitado para exercer qualquer atividade empre- sarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro. Art. 181. São efeitos da condenação por crime previsto nesta Lei: [...] § 1º Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença, e perdurarão até 5 (cin- co) anos após a extinção da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela reabilitação penal (BRASIL, 2005, on-line). Os Funcionários Públicos, porém, não devem se preocupar com situações que não sejam referentes ao cargo que ocupam e, ainda, dependendo do cargo, o exer- cício da atividade pode favorecer uma empresa ou pessoa, o queé vedado por lei. Nesse sentido, estabelece a Lei nº 8.112/90, que “Art. 117. Ao servidor é proibido: X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário” (BRASIL, 1990, on-line). Caso o funcionário público descumpra o que estabelece a legislação, este estará sujeito à sanção administrativa, podendo até perder o seu cargo. Ademais, o Militar é considerado um funcionário público, valendo-se da mesma justifi- cativa. No entanto, há disposição específica no Decreto-lei nº 1.001/69, em seu art. 204. “ Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na adminis- tração ou gerência de sociedade comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou cotista em sociedade anônima, ou por cotas de responsabilidade limitada: Pena - suspensão do exercício do pôsto, de seis meses a dois anos, ou reforma (BRASIL, 1969, on-line). U N ID A D E 1 22 O devedor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) também é impedido de empresariar, trata-se de um impedimento legal segundo a Lei nº 8.212/91, art. 95, § 2º: “ § 2º A empresa que transgredir as normas desta Lei, além das outras sanções previstas, sujeitar-se-á, nas condições em que dispuser o regulamento: d) à interdição para o exercício do co- mércio, se for sociedade mercantil ou comerciante individual (BRASIL,1991, on-line). Há outras restrições aos devedores do INSS, como o impedimento para par- ticipar de licitações públicas, além de eventuais dificuldades para realizar o encerramento da atividade econômica. Além disso, os Estrangeiros podem exercer atividade comercial, mas os limites estão estabelecidos na Constituição Federal (1988), especificamente no art. 176, §1º e 222, que determina “ Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra. § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o «caput» deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa consti- tuída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifu- são sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País (BRASIL, 1988, on-line). U N IC ES U M A R 23 De acordo com o Código Civil, os cônjuges podem constituir sociedades empre- sárias entre si ou com terceiros, mas a lei reserva uma exceção àqueles casados em regime de comunhão universal de bens ou em separação obrigatória, conforme estabelece o artigo: “Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão uni- versal de bens, ou no da separação obrigatória” (BRASIL, 2002, on-line). Caro(a) aluno(a), para explicar as exceções, pensemos que, no caso da união com comunhão universal de bens, na qual se comunicam todos os bens adquiri- dos antes ou depois do casamento, seria como uma sociedade a uma só pessoa, portanto, não haveria segurança jurídica, já que se trata de uma universalidade de bens, além da falha na administração que acarretaria um grande prejuízo familiar. Por sua vez, o regime de separação obrigatória é para evitar fraudes de um ficar transferindo para outros os bens e prejudicando terceiros. Nesse sentido, os atos, mesmo os da vida civil que envolvam o empresário, deverão ser registrados no Registro Público das Empresas Mercantis, por exem- plo, uma doação, um pacto antenupcial, um divórcio etc. (CC, arts. 979 e 980), no sentido de que aqueles que contratem com esse empresário saibam informações sobre o seu patrimônio, para fins de cumprimento das obrigações, principalmente em caso de desconsideração da personalidade jurídica (TEIXEIRA, 2016). 3 CÔNJUGES U N ID A D E 1 24 Caro(a) aluno(a), diante do conceito de em- presário, ficou evidente a definição de empre- sa, que é a atividade econômica organizada exercida profissionalmente. Teixeira (2016) define empresa segundo teoria poliédrica ex- plicitada com os elementos objetivos, subjeti- vos, corporativo e funcional, também conhe- cido como dinâmico. A Figura 1 tem a função de descrever cada um desses elementos: 4 EMPRESA E ATIVIDADE EMPRESARIAL U N IC ES U M A R 25 A empresa signi�ca patrimônio, ou melhor, estabelecimento, enquanto conjunto de bens destinados ao exercício da empresa (nesse sentido: art. 1.142 do Código Civil). CORPORATIVO OBJETIVO SUBJETIVO FUNCIONAL OU DINÂMICO A empresa é entendida como sujeito de direitos, no caso, o empresário, individual A empresa signi�ca uma instituição, como um conjunto de pessoas (empresário, empregados e colaboradores) em razão de um objetivo comum: um resultado produtivo útil. A empresa signi�ca ativi- dade empresarial, sendo uma organização produtiva a partir da coordenação pelo empresário dos fatores de produção (capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia) para alcançar sua �nalidade (que é lucro). (pessoa natural) ou sociedade empresária (pessoa jurídica), que possui personalidade jurídica, com a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações (nesse sentido: arts. 966 e 981 do Código Civil). Figura 1 - Teoria Poliédrica / Fonte: adaptada de Teixeira (2016). Desta forma, a pessoa jurídica empresária é denominada “empresa”, e os seus só- cios de “empresários”. Tecnicamente, a “empresa é a atividade, e não a pessoa que a explora”, assim como, “empresário não é o sócio da sociedade empresarial, mas a própria sociedade, pois o integrante de uma sociedade empresária (o sócio) não é empresário”, não estando “sujeito às normas que definem os direitos e deveres do empresário” (COELHO, 2012, p. 145). A atividade empresarial é “[...] o elemento da empresa que implica a organi- zação racional dos fatores de produção” (GOMES, 2007, p. 36). Teixeira (2016, p. 60), porém, esclarece que “[...] pode-se dizer que a atividade é uma organização profissional para produção ou circulação de bens ou de serviços com a finalidade de lucro”. No entanto, existem atividades que não são consideradas empresariais, em razão das exceções trazidas pelo Código Civil no parágrafo único do artigo 966, que estabelece: Descrição da Imagem: a figura possui um círculo central dividido em 4, sendo, em sentido horário: Objetivo, Subjetivo, Corporativo e Funcional ou Dinâmico. No centro do círculo, há duas setas em meio círculo, do Ob- jetivo ao Subjetivo e do Funcional ou Dinâmico para o Corporativo. Em uma das partes do círculo, temos um retângulo com informações, no Objetivo temos: a empresa significa patrimônio, ou melhor, estabelecimento, enquanto conjunto de bens destinados ao exercício da empresa (nesse sentido: art. 1.142 do Código Civil). Subjetivo: a empresa é entendida como sujeito de direitos, no caso, o empresário, individual (pessoa natural) ou sociedade empresária (pessoa jurídica), que possui personalidade jurídica, com a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações (nesse sentido: arts. 966 e 981 do Código Civil). Corporativo: a empresa significa uma instituição, como um conjunto de pessoas (empresário, empregados e colaboradores) em razão de um objetivo comum: um resultado produtivo útil. Funcional ou Dinâmico: a empresa significa atividade empre- sarial, sendo uma organização produtiva a partir da coordenaçãopelo empresário dos fatores de produção (capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia) para alcançar sua finalidade (que é lucro). U N ID A D E 1 26 “ Art. 966 [...] Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (BRASIL, 2002, on-line). As atividades intelectuais exigem esforço criativo, que, por sua vez, são os cérebros de profissionais que realizam tais atividades, como médicos, arquitetos etc. Estas são atividades muito privadas, porque a fungibilidade do devedor geralmente não é considerada, ou seja, o devedor não pode ser substituído (TEIXEIRA, 2016). Para melhor entender, Teixeira (2016) ainda complementa com conceitos de Atividades Científica, Literária e Artística. As atividades de natureza científica se relacionam ao pesquisador ou cientista (uma pessoa que se especializou em ciências, a qual possui conhecimentos do sistema). As atividades realizadas por profissionais em uma das áreas do conhecimento (humanas, exatas e biológicas) podem ser en- quadradas como atividades intelectuais, por exemplo, referem-se ao preparador fí- sico, ao fisioterapeuta ou ao psicólogo, bem como aos químicos, aos médicos, dentre outros. É válido dizer, então, que são cientistas em suas respectivas áreas. No entanto, caro(a) aluno(a), as atividades literárias se relacionam à ex- pressão da linguagem, ideias, sentidos e símbolos, principalmente por meio da escrita. Sendo assim, escritores, compositores, poetas, jornalistas, dentre outros são exemplos de profissionais engajados em atividades de natureza literária. O literário é intelectual, mas não necessariamente universitário (TEIXEIRA, 2016). As atividades de natureza artística se relacionam à arte, extraordinariamente produzida por meio de habilidades e métodos específicos. Também se relacionam à expressão de sentidos e símbolos por meio de linguagem não escrita. Atores e cantores (intérpretes), bem como desenhistas, fotógrafos, artistas etc. desenvolvem as atividades de natureza artística. Ademais, a contratação de auxiliares ou colaboradores por pro- fissionais intelectuais não representa uma atividade empresarial (TEIXEIRA, 2016). Para ilustrar esses conceitos, podemos citar o exemplo do médico. Se ele atuar sozinho, mesmo que contrate uma secretária e uma enfermeira ou auxiliar, ainda continua a exercer atividade intelectual, pois é em razão do trabalho “específico daquele médico” que ele é procurado por seus pacientes, por isso, não desenvolve atividade empresarial. Entretanto, se este médico passar a ser uma clínica ou um hospital, passará a exercer uma atividade empresarial, visto que será conhecido por sua empresa e não pelo seu trabalho. Ele passou a ser organizador na função de médico fundador, deixando sua profissão intelectual em segundo plano. U N IC ES U M A R 27 Empresário Individual Para o exercício da atividade empresarial individual, é necessário possuir capa- cidade plena de exercício, a qual, de acordo com nossa legislação pátria, ocorre aos 18 anos de idade, ou o incapaz que for emancipado ou, ainda, pelas hipó- teses legais trazidas pelo parágrafo único do artigo 5º do Código Civil. Além da capacidade, devemos considerar que inexiste qualquer impedimento para o exercício da atividade. O empresário individual se trata da “pessoa física titular de uma atividade empresarial, não se confundindo com o sócio da sociedade empresária”. Des- tarte, que “o sócio não é empresário, mas, sim, integrante do quadro social de uma sociedade empresária” (CAMPINHO, 2009, p. 12) Ressalta-se que o empresário individual não goza de limitação de respon- sabilidade e da separação patrimonial. Os benefícios de se tornar empresário individual se restringe a alguns direitos assegurados como: recuperação de em- presas, uso dos livros contábeis como prova em processo judicial; vantagens tributárias (que somente são possíveis se tiver um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) mantido pela Receita Federal do Brasil, sem prejuízo de outros requisitos). Empresa Individual de Responsabilidade Limita- da (EIRELI) Esta figura de empresa surgiu em razão da dificuldade de encontrar sócios em caso de dissolução parcial da empresa, para evitar o fechamento que ocorria após 180 dias. Agora, surgiu a faculdade da transformação da empresa em EI- RELI, regulamentada pela lei nº 12.441/2011. Como a própria designação apresenta, embora seja uma empresa indivi- dual, responsabilidade limitada, desde que o capital esteja integralizado, este capital não poderá ser inferior a 100 salários mínimos. A designação também se apresenta pelo termo EIRELI, conforme estabelece o art. 980-A do Código Civil. Santos (2012) apresenta um quadro explicativo sobre as diferenças entre as regras aplicáveis ao empresário individual e EIRELI. U N ID A D E 1 28 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL EIRELI Não adquire personalidade jurídica Adquire personalidade jurídica Patrimônio: dívidas pessoais e dívi- das empresariais Patrimônio do titular: responde pelas dívidas pessoais Patrimônio da EIRELI: responde pelas dívidas empresariais Não é possível desconsideração da pessoa jurídica É possível desconsideração da pessoa jurídica nas hipóteses legais Não possui capital social mínimo Capital social mínimo de 100 salários mínimos Nome: firma individual Nome: firma ou denominação + EIRELI Quadro 1 - Diferenças entre empresário individual e EIRELI / Fonte: Santos (2012, p. 24). Microempreendedor Individual (MEI) O sujeito microempreendedor Individual é um empresário individual. É muito im- portante lembrarmos que se trata de uma classificação tributária e não de um tipo empresarial (COELHO, 2011, p. 34). É uma figura muito parecida com a Microem- presa (ME), ou empresa de pequeno porte, que traz o tipo empresarial chamado “Empresário Individual”. Este oferece maiores vantagens, pois será o menor e, por isso, precisa de mais vantagens e benefícios para seguir com as atividades empresariais. “ O Microempreendedor Individual possui diversas facilidades e benefícios, mas é importante ressaltarmos que apesar de ser uma figura jurídica bastante simplificada, também possui obrigações im- postas por lei. A figura do MEI foi criada pela Lei Complementar nº 123/2006, nela o empreendedor exerce a atividade em nome próprio (COELHO, 2011, p. 35). Antes de tudo, precisamos lembrar que o empreendedor deve, preliminarmente, consultar as normas municipais para saber se existe ou não restrição para exer- cer a sua atividade no local escolhido, além de outras obrigações básicas a serem cumpridas. A maioria dos municípios mantém o serviço de consulta prévia para o empreendedor saber se o local escolhido para estabelecer a sua empresa está de acordo com essas normas. U N IC ES U M A R 29 A Lei do Microempreendedor Individual garante a formalização do negó- cio pretendido sem qualquer custo inicial; mais de 500 atividades podem ser legalizadas nesta categoria de empresa. No estado da Bahia, são mais de 443 mil Microempreendedores Individuais atualmente (COELHO, 2011). Para isso, o empreendedor precisa estar enquadrado nos requisitos exigidos pela legislação, que é ter o faturamento de até R$ 81.000,00 por ano, não partici- par de outra empresa como sócio ou titular, precisa trabalhar sozinho ou ter, no máximo, um empregado (no caso de afastamento legal deste empregado, poderá contratar outro temporariamente) e não possuir filial. Quando o Microempreendedor Individual formaliza a sua atividade, ele passa a ter direitos e garantias legais, por exemplo, os benefícios previdenciários que é o direito pela aposentadoria por idade, o salário maternidade, o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, a pensão por morte e o auxílio-reclusão para seus familiares. Poderá ser dispensado da contabilidade formal que é a escrituraçãofiscal e contábil exigidas para outros tipos de empreendedores. O legislador também atribui o direito à dispensa de vistorias prévias para atividades de baixo risco que são aquelas exigidas para indústrias (definidas pelo município). O Microempreendedor também terá o direito de ter acesso aos ser- viços financeiros de forma facilitada, da redução de isenção de impostos dentro do Simples Nacional (COELHO, 2011). Os Direitos e as Obrigações do Titular do Capital Social da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), instituída pela Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011, que entrou em vigor em 8 de janeiro de 2012, constitui a mais recente espécie de pessoa jurídica no Direito brasileiro a ser analisada no presente traba- lho. Ocorre, porém, que se tem procurado identificar na EIRELI uma proximidade com o empresário individual, embora as normas que disciplinam tal pessoa jurídica prevejam a aplicação subsidiária da sociedade limitada. Independentemente da alusão ao “empresário individual”, contida na expressão que iden- tifica a EIRELI e a aplicação subsidiária da disciplina da sociedade limitada, em vista de se tratar de uma pessoa jurídica, há de se precisar as características e as funções que lhe são próprias, a exemplo do que se faz com as demais espécies de pessoa jurídica. Fonte: Pigliesi, Mayerle e Machado (2013, on-line). explorando Ideias U N ID A D E 1 30 Quando se trata da inscrição e legalização das empresas, sabemos que é uma obrigação legal estabelecida também pelo Código Civil, em seu art. 1.150 que estabelece: “ Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comer- ciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária (BRASIL, 2002, on-line). A regularidade do exercício da atividade empresarial depende do registro de sua atividade, de acordo com a Lei nº 8.934/1994, que estabelece quais são os órgãos responsáveis pelo registro. “ Art. 3º Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins serão exercidos, em todo o território nacional, de maneira uniforme, harmônica e interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes órgãos: 5 REGISTRO E LEGALIZAÇÃO DAS EMPRESAS U N IC ES U M A R 31 I - O Departamento Nacional de Registro do Comércio, órgão cen- tral Sinrem, com funções supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo. II - As Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro (BRASIL, 1994b, on-line). Lembremos que, para ser levado a registro, o ato constitutivo deve obedecer aos requisitos trazidos pelos artigos 997 a 1.000 do Código Civil. Teixeira (2016, p. 66) explica que a inscrição do empresário tem como finalidade: “ tornar pública a sua atividade, bem como sua finalidade empresarial e suas disposições do ato constitutivo, por meio de certidões. Confor- me os arts. 29 e 30 da Lei nº 8.934/94, qualquer pessoa, sem precisar demonstrar a razão, pode consultar os registros existentes nas Juntas Comerciais desde que pague o preço fixado pelo órgão, podendo assim requerer a expedição de certidões; efetuar o cadastro do empresário, o que gera um número de matrícula conhecido como Número de Ins- crição no Registro de Empresas (NIRE), bem como, após ter o NIRE obter o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) – junto à Receita Federal; proteger sua identificação e seu nome empresarial, garantido pelo princípio da anterioridade, assim o primeiro que registrar aquele nome goza de proteção; por fim, estabelecer o início de sua existência (CC, art. 45), assegurar a separação patrimonial e a limitação de res- ponsabilidade patrimonial dos sócios por dívidas sociais, já que com a inscrição a sociedade adquire personalidade jurídica (CC, art. 985). Como para toda regra há uma exceção, a sociedade de advogados, embora não seja considerada atividade empresarial, deve ser registrada e regulamentada pelo Esta- tuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) (Lei nº 8.906/94) que estabelece: “ Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. § 1.º A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advo- cacia adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. [...] U N ID A D E 1 32 Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que ado- tem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar (BRASIL, 1994a, on-line). Sendo assim, além da junta comercial, a OAB também é responsável pelo re- gistro apenas das sociedades de advogados. Além do registro, a Lei ainda prevê algumas obrigações ao empresário que são ensinadas por Teixeira (2016, p. 67), “ sendo a primeira delas: a escrituração uniforme de livros mer- cantis (CC, art. 1.179, caput, 1ª parte), com respeito aos princípios da Contabilidade, como a ordem crescente de datas em dia, mês e ano; o levantamento anual do balanço patrimonial e do resultado econômico (CC, art. 1.179, caput, 2ª parte), sendo balanço patri- monial, todo o histórico da empresa, ativo passivo e patrimônio líquido. Já o balanço de resultado econômico mostra apenas as receitas e as despesas de determinado período, por exemplo, o último ano de exercício; a adoção de livros obrigatórios (CC, art. 1.180, caput), como por exemplo, o livro Diário que é obrigatório para todos os empresários, isso dependerá da função exercida; por último, a boa guarda da escrituração, da correspondência e dos demais documentos concernentes à atividade empresarial (CC, art. 1.194), pois a conservação deve ocorrer pelo período mínimo dos prazos de prescrição e decadência, dependendo de cada tipo de obrigação. O registro para a atividade empresarial não é requisito para o exercício dessa atividade, apenas delineia a sua regularidade. Sobre o registro das sociedades, temos uma especificidade com relação à sociedade cooperativa, pois, apesar de ser uma sociedade simples, por conta da lei, o registro deverá “ocorrer na Junta Comercial, o que faz com que, na prática, a cooperativa continue tendo seus atos registrados na Junta Comer- cial” (SANTOS, 2010, p. 23). U N IC ES U M A R 33 Além do mais, complementa-se que quem exerce atividade “rural” pode re- querer seu registro na junta Comercial do Estado no qual se encontra (art. 971 do CC). Isso pode ser observado no trecho: “quem exerce a atividade rural tem, portanto, a faculdade de registrar sua atividade e não a obrigação de registrar sua atividade. E nesse caso, só será considerado empresário, se for realizado o registro na junta Comercial” (SANTOS, 2010, p. 23). Livros Empresariais Além da regularidade com registro da empresa, é necessário adotar de acordo com o que estabelece o nosso código Civil, que determina: “Art. 1.179., em cor- respondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico” (BRASIL, 2002, on-line). O sistema deve demonstrar anualmente os balanços contábeis e o resultado econômico. A obrigatoriedade se apresenta em apenas um livro que pode ser substituído pelo livro de balancetes Diários e Balanços, se adotados o sistema de fichas de lançamento,de acordo com Art. 1.185 do Código Civil. “ Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sis- tema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas forma- lidades extrínsecas exigidas para aquele (BRASIL, 2002, on-line). Além dos livros obrigatórios, o empresário ou sociedade empresária podem ado- tar outros livros que acharem necessários (parágrafo único do art. 1.181 do CC), por exemplo, o Livro de Contas Correntes, o Livro de Vendas etc. Diante do cenário brasileiro, o empreendedor precisa compreender os fatores que in- terferem na decisão. Em sua opinião, é melhor manter a empresa na informalidade ou regularizar? . pensando juntos U N ID A D E 1 34 Estabelecimento Comercial e Ponto Comercial Estabelecimento comercial é um elemento essencial para o desenvolvimento do ne- gócio. Barreto Filho (1969, p. 73) definiu como um “[...] complexo de meios materiais e imateriais, pelos quais o comerciante explora determinada espécie de comércio”. Nosso Código Civil define, em seu artigo 1.142, que se considera “estabe- lecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária” (BRASIL, 2002, on-line). Ao tratar do estabelecimento, Bulgarelli (1999, p. 320) transcreve uma inte- ressante lição de Barreto Filho. “ Economicamente, o capital é a base do estabelecimento e se com- põe de elementos estáticos (os bens) e de elementos dinâmicos (os serviços). Daí conclui Oscar Barreto Filho: Os bens (oriundos do capital) e serviços (provenientes do trabalho) são conjugados com função do fim colimado, e aí surge o elemento estrutural: a organização - a combinação do capital, trabalho e orga- nização para o exercício da atividade produtiva é que se denomina estabelecimento comercial. [...] Com base no exame da doutrina e das várias legislações, o professor Oscar Barreto Filho alinhou os seus elementos principais, a saber: 1. é um complexo de bens, corpóreos e incorpóreos, que constituem os instrumentos de trabalho do comerciante, no exercício de sua atividade produtiva. 2. não se configura com o complexo de relações jurídicas do co- merciante no exercício do comércio, e não constitui um patrimônio comercial distinto do patrimônio civil. 3. é formado por bens econômicos, ou seja, por elementos patrimo- niais, sendo duvidoso se compreende elementos pessoais. 4. é uma reunião de bens ligados por uma destinação unitária que lhe é dada pela vontade do comerciante. 5. apresenta um caráter instrumental em relação à atividade econô- mica exercida pelo comerciante. Constituem-se como elementos do estabelecimento comercial os bens móveis e imóveis, como balcões, vitrines, máquinas, veículos e imóveis. Os bens incorpó- U N IC ES U M A R 35 reos são os que não possuem expressão propriamente física, ainda que possam ser visualmente perceptíveis: ponto comercial, nome empresarial, título de estabele- cimento, marcas e patentes, tecnologia, contratos, créditos, clientela e freguesia. Ademais, caro(a) aluno(a), é importante entender isso com as palavras de Gomes (2007, p. 34), que ensina a definição de estabelecimento comercial. “ [...] é um ativo totalmente incorpóreo, integrante do estabelecimen- to empresarial, e como tal se reveste de extrema importância, não somente na hipótese em que o imóvel seja de propriedade do em- presário ou sociedade empresária, mas também naquelas hipóteses, muito comuns na prática empresarial, em que o imóvel ocupado pelo empresário ou pela sociedade empresária seja alugado. Em ambos os casos é comum surgir a cobrança das chamadas “luvas”. É interessante a esse respeito as chamadas “luvas”, que se refere às quantias pa- gas pelos locatários para obtenção do contrato de locação. Inicialmente, cumpre ressaltar que a cobrança de “luvas” por parte do locador está vedada pela Lei de Locações: “ Art. 43. Constitui contravenção penal, punível com prisão simples de 5 (cinco) dias a 6 (seis) meses ou multa de 3 (três) a 12 (doze) meses do valor do último aluguel atualizado, revertida em favor do locatário: I - exigir, por motivo de locação ou sublocação, quantia ou valor além do aluguel e encargos permitidos; [...] (SILVA, 2001, p. 132). Não obstante, admite-se a cobrança de “luvas” por parte do locatário que tem a intenção de vender o seu direito ao ponto comercial ou mesmo todo o estabe- lecimento a terceiro, sendo essas “luvas” o valor econômico do ponto comercial (SILVA, 2001). O ponto comercial, elemento incorpóreo do estabelecimento, é juridicamente protegido porque também é dotado de valor econômico. Trata-se do endereço em que o empresário desenvolve sua atividade. É o local onde está a empresa, lugar físico em que foi fixado o estabelecimento. Quando o empresário ou a socieda- de empresária desenvolve suas atividades econômicas em imóvel alugado, essa locação será chamada de não residencial e estará amparada pela Lei de Locações (Lei nº 8.245/91) nos arts. 51 e 52 e 71 a 75. U N ID A D E 1 36 Contabilista se trata do profissional responsável por toda a escrituração dos livros do empresário. Ele poderá ser contratado da empresa ou apenas prestador de serviços. Deverá ser um profissional com inscrição no órgão competente, estando legalmente habilitado (art. 1.182). Sua atuação de contabilista é obrigatória, no entanto, a lei dis- pensa sua presença se na localidade não houver profissional da área (BRASIL, 2002). Esse profissional fará os assentos em livros e fichas da empresa e, salvo se feitos de má-fé, valem como se tivessem sido elaborados pelo próprio preponente (art. 1.177). 6 CONTABILISTA Os resultados provêm do aproveitamento das oportunidades e não da solução dos pro- blemas. A solução de problemas só restaura a normalidade. As oportunidades significam explorar novos caminhos (Peter Drucker). pensando juntos U N IC ES U M A R 37 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, pudemos compreender os aspectos do Direi- to Empresarial, sua evolução de acordo com o tempo e por qual motivo houve alteração na forma de tratar Direito Empresarial ou Direito Comercial. Vimos que estão relacionados com a teoria adotada que devemos entender para com- preender o funcionamento deste ramo do direito atualmente. Em seguida, passou-se ao estudo do Conceito e à finalidade desse direito, compreendendo como devemos tratar e de que maneira. Conhecemos essa dis- ciplina, dentre tantas outras relacionadas ao Direito, principalmente em sua au- tonomia trazida pela Constituição Federal de 1988. Ainda tratamos das fontes das últimas atualizações legislativas e inovações, bem como as fontes do Direito Comercial, importantes, pois nele são aceitas práticas reiteradas. Depois vieram os princípios importantes para vislumbrar e interpretar as leis de acordo com as situações que serão vivenciadas no dia a dia do profissional. O Sistema legislativo brasileiro passa por constantes modificações, muito embora, sabemos que o processo, na maioria das vezes, torna-se demorado, pas- samos por grandes transformações nos últimos 15 anos, e as mudanças não pa- raram por aí, o processo ainda continua evoluindo e, com isso, o profissional deve acompanhar todas essas modificações, sendo imprescindível conhecer o passado e as evoluções para entender o presente. Adentramos sobre o universo do Direito Comercial apresentado por suas características e princípios específicos tratados por nossa Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, entender quem pode ser empresário, quais as exigências legais e quais são os impedimentos e exceções. Vimos, ainda, os conceitos de Empresa e atividade empresarial, notáveis dife- renças necessárias para aplicabilidade na vida profissional, exemplificando com casos práticos, especificando os formatos empresariais e finalizando com as for- mas de registro e legalização das empresas. 38 aprimore-se FÓRUM PERMANENTE SE REÚNE PARA DEBATERLEI GERAL Durante dois dias, integrantes do Fórum vão discutir sobre Desoneração e Desburocratização para facilitar a vida das micro e pequenas empresas Em Brasília, na sede da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE), a Reunião de Grupos de Trabalho do Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte tem o objetivo de divulgar e promover o fortalecimento das micro e pequenas empresas brasileiras. A pauta principal abordada no encontro é a questão da desoneração e desburocratização, temas que têm sido discutidos e que são de extrema importância para simplificar as atividades das MPEs. Na abertura da Reunião de Grupos, o secretário executivo da SMPE, Nelson Her- vey, falou sobre a importância da realização desse encontro tão perto da sanção da Lei Geral das MPE (LC nº 123/2006). “Estamos vivendo um momento muito im- portante, próximo da sanção. Já tivemos muitos avanços, mas ainda é preciso fazer mais. Temos limitações, a questão da substituição tributária, limitação de produtos. Precisamos continuar debatendo no Fórum para fazermos um esforço conjunto com objetivo de simplificar e facilitar a vida das micro e pequenas empresas”, disse Nelson Hervey. O secretário de Racionalização e Simplificação da SMPE, José Constantino de Bastos Júnior, também esteve na abertura e lembrou a importância de se criar me- canismos para facilitar o processo de encerramento de empresas. “Os pontos de simplificação são de extrema importância. É preciso ter um cadastro único, um sis- tema virtual para que não haja burocracia na abertura e encerramento de uma em- presa. Outro assunto importante é o licenciamento, os estados ainda não tiveram avanço nisso. A ideia é que tudo seja feito pela internet e que as empresas que não representam risco, ou seja 95% dos casos, possam tirar seu licenciamento. E tam- bém regularizar a situação de quem precisa do licenciamento ao invés de impedir a licença”, afirmou. Entre outros assuntos que serão tratados na reunião do Fórum estão as compras públicas, comércio exterior, Redesim, faixa das tabelas, ESocial e mudança de mi- 39 aprimore-se croempreendedor para microempresário. Após a realização dos debates, no encer- ramento das atividades do Fórum, o Grupo de Trabalho, formado por Instituições e Órgãos Governamentais Federais, Fóruns Estaduais das MPE e as Entidades de Apoio e de Representação Nacional do segmento, irá reunir sugestões que poderão ser regulamentadas no âmbito da desoneração e desburocratização. Sobre o Fórum Como espaço de debates e conjugação de esforços entre o governo federal e as entidades nacionais de apoio e representação nacional, o Fórum Permanente é responsável por tratar dos aspectos não tributários da LC nº 123/06, excetuando a competência legal do Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios (CGSIM), também vinculado à SMPE/PR. O Fórum Permanente tem apresentado propostas que se consolidaram em efe- tivas melhorias para o segmento em todo o país. Entretanto, a própria evolução da organização definiu a necessidade de criação de um ponto focal governamental capaz de receber e transformar as propostas do Fórum Permanente em resultados positivos mais rápidos e consolidados. Nesse sentido, uma das propostas do Fórum Permanente era a criação no governo federal de uma sede das políticas públicas para o segmento das micro e pequenas empresas. Sobre a Lei Geral n° 123/06 – Simples Nacional O Projeto de Lei permite ao Simples ampliar o acesso a novos setores. É a chamada universalização do Simples, que apoia o princípio de que é o porte (receita) que determina o que é a microempresa e a empresa de pequeno porte, não a atividade. Isso porque essas empresas geram mais formalização, emprego, cidadania, prote- ção previdenciária para empresários e suas famílias, renda fluindo na sociedade, além de trazer desenvolvimento econômico e social. Essa medida, segundo as pri- meiras projeções, deve beneficiar mais de 400 mil empresas. 40 aprimore-se Outro aspecto importante é a proposta de impedir que a substituição tributária continue anulando os efeitos do Simples Nacional. Quando foi estabelecido pela Lei Geral que a MPE pagaria o ICMS pelo faturamento, e não pelo valor agregado, imediatamente as Fazendas estaduais implantaram o contragolpe, expandindo a substituição tributária antes restrita às cadeias econômicas homogêneas (cigarros, bebidas, pneus, combustíveis, sorvetes etc.). Nessas cadeias, o preço final é conhecido e as margens também, portanto é racional a substituição. Outro ponto fundamental é a vedação da substituição tri- butária incidindo sobre a micro e pequena empresa para uma série de produtos, na verdade ela fixa que só aqueles produtos podem incidir. Fonte: adaptado de Fernandes (2014, on-line)1. 41 na prática 1. O que é Direito Empresarial? 2. A que se deve a mudança na utilização dos termos Direito empresarial e Direito comercial? 3. Quais são as fontes do Direito Comercial? 4. Quais são as características próprias do Direito Empresarial? 5. Quais os princípios específicos do Direito Empresarial? 6. Qual a definição de empresário e empresa? 7. Quem possui capacidade para ser empresário? Podem cônjuges participarem jun- tos da sociedade? 8. Quem não pode ser empresário? Qual o tipo de impedimento? 9. Qual a diferença entre a empresa individual e EIRELI? 10. Quais são as principais características do Microempreendedor Individual (MEI)? 42 eu recomendo! O Dilema da Inovação: Quando as Novas Tecnologias Levam Empresas ao Fracasso Autor: Clayton M. Christensen Editora: M Books Sinopse: este livro assume a posição radical de que grandes em- presas fracassam exatamente porque fazem tudo certo. Ele de- monstra porque boas empresas, mesmo mantendo sua antena competitiva ligada, ouvindo os clientes e investindo agressivamente em novas tecnologias, perderam sua liderança no mercado quando se confrontaram com mudanças tecnológicas de ruptura e incrementais na estrutura do mercado. O Di- lema da Inovação apresenta um conjunto de regras para capitalizar o fenômeno da inovação de ruptura/incremental. livro anotações anotações anotações 2SOCIEDADES PROFESSORAS Dra. Letícia Carla Baptista Rosa Esp. Renata Monteiro de Andrade PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Conceito de Sociedades • Classifi- cação e Espécies das Sociedades • Operações Societárias • Desconsideração da Personalidade Jurídica. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Entender conceito de sociedades. • Compreender classificação e as espécies das sociedades • Assimi- lar as formas de operações societárias • Aprender sobre a desconsideração da personalidade jurídica. INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), esta unidade tem por objetivo a sua compreensão sobre o conceito das sociedades empresárias e sociedades simples, se- guindo pela classificação dessas sociedades as formas, pois é imprescin- dível entendê-las para saber qual melhor espécie de sociedade constituir. Apresentamos a classificação das sociedades, sendo divididas entre as sociedades personificadas, que possuem personalidade jurídica, e as não personificadas, que não possuem personalidade jurídica. Passamos pela Sociedade Comum que ainda não possui persona- lidade jurídica, seguindo para sociedade em conta de participação que também não possui personalidade jurídica, são despersonificadas. Em seguida, temos a Sociedade Simples que, apesar de possuir perso- nalidade jurídica, não pode ser considerada empresária, pois não exerce atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Também apresentamos a sociedade em nomecoletivo que é assim determinada em razão das responsabilidades dos sócios presentes, clas- sificando-se, então, como sociedade empresária. Posteriormente, temos outras sociedades empresárias, como a co- mandita simples, sendo uma sociedade personificada com suas próprias características. Em sequência, procede a sociedade limitada, trata-se da mais utilizada atualmente diante de sua operabilidade legal. Em seguida, temos a Sociedade Anônima, que é regida por lei própria para, depois, entender como funciona a comandita por ações. Estas são sociedades de capitais, uma vez que são formadas por ações. Ainda existem as sociedades regulamentadas pelo novo código civil como sociedade cooperativa e a sociedade coligada, pouco conhecida, mas muito utilizada. Após entender conceitos essenciais e suas aplicações, teremos as ope- rações societárias. Esses conceitos irão ajudá-los na profissão e será de grande valia para prática negocial. Vamos lá! Bons estudos! U N ID A D E 2 48 1 CONCEITO DE SOCIEDADES Ao se falar em construção do conceito de sociedade empresária, pode-se afirmar que há dois institutos jurídicos que servem de alicerces, um deles é a pessoa ju- rídica, o outro é a atividade empresarial (COELHO, 2007). Destaca-se que somente algumas espécies de pessoa jurídica exploram ativi- dade definida pelo direito como de natureza empresarial, podendo ser definidas como sociedades empresárias. Além delas, há pessoas jurídicas que são sempre empresárias, qualquer que seja o seu objeto (COELHO, 2007). No entanto, há também as sociedades simples, que não podem ser definidas como as sociedades empresárias. Teixeira (2013, p. 208) define a “[...] sociedade como ente que tem natureza contratual, ou seja, sociedade é um contrato”. Diante disso, é importante relembrar alguns conceitos de como a pessoa pode ser física (natural) ou jurídica. Pessoa jurídica é a entidade legalizada. Um ente criado pela técnica jurídica como uma unidade orgânica e estável de pessoas para fins de natureza pública ou privada. É completamente distinta dos indivíduos que a compõem, tendo personalidade jurídica, como a pessoa física, visando obter direitos e contrair obrigações. U N IC ES U M A R 49 O “nascimento” (criação) da socieda- de legalizada acontece com o registro do seu contrato social no órgão competente, o que lhe confere personalidade jurídica. Contrato significa o acordo (ato) de duas ou mais partes para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica de direito patrimonial. Ainda, cabe desta- car que a palavra “patrimonial” do conceito está relacionada ao fato de que os contratos, necessariamente, devem ter um conteúdo econômico, pois, do contrário, não são con- siderados contratos, o que tem aplicação di- reta ao contrato de sociedade. Nosso código civil estabelece, em seu art. 981, o conceito de sociedade: “Art. 981., pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a par- tilha, entre si, dos resultados” (BRASIL, 2002, on-line). Em relação a esse conceito, salienta-se que, quando trata da partilha dos resultados, está se referindo aos resul- tados decorrentes da exploração da ativida- de econômica. Esses resultados podem ser lucros ou prejuízos. Antes de qualquer empreendimento, é importante ter em mente que a escolha do tipo de sociedade faz toda a diferença para obtenção do sucesso. Contudo, qual o tipo de socie- dade ideal para seu negócio? pensando juntos U N ID A D E 2 50 Teixeira (2016) classifica as sociedades de três formas: pela responsabilidade dos sócios, quanto à sua personificação ou, ainda, por ser ou não empresária. Para com- preender as disposições legais trazidas pelo Código Civil, vejamos o quadro a seguir. Sociedades Personificadas Simples (atividades não empresariais) Profissionais Liberais e sociedade de atividades intelectuais Cooperativa Empresárias Comandita por Ações Nome Coletivo Limitada Sociedade Anônima (S.A.) Comandita Simples Sociedades não Personificadas Comum Conta de participação Quadro 1 - Quadro geral das sociedades / Fonte: Santos (2012, p. 55). 2 CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES DAS SOCIEDADES U N IC ES U M A R 51 De acordo com ensinamentos de Teixeira (2016), quando classificamos a socieda- de pela responsabilidade dos sócios, esta pode ser limitada quando a responsa- bilidade dos sócios fica limitada às quotas ou ações não alcançando o patrimônio pessoal. Já na ilimitada, os sócios respondem pelo patrimônio pessoal, pelas obrigações assumidas pela sociedade, por exemplo, a empresa individual. Quando classificamos em mista, a responsabilidade é limitada para alguns e ilimitada para outros, por exemplo, na comandita simples ou por ações. A sociedade pode ser de pessoas ou de capital. A primeira figura da pes- soa do sócio é importante, sendo que a formação da sociedade é realizada pela afinidade existente entre eles, o chamado affectio societatis; as regras da sociedade são definidas no contrato social. A sociedade de capital não está relacionada aos atributos de cada sócio, pois, se quiser participar da sociedade, basta adquirir as ações. Classificamos, ainda, a sociedade de acordo com sua personificação, que pode ser não personificada, quando a sociedade não possui personalidade jurídica, pois não foi registrada no órgão competente. Subdividem-se em sociedade de fato, quando possui acordo verbal entre os sócios, e sociedade irregular, quando possui contrato escrito, mas não foi registrado. A sociedade personificada detém personalidade jurídica própria, pois está registrada no órgão próprio. As sociedades que se referem às atividades intelectuais são tratadas como sociedade simples, sendo aquelas que possuem objetivo de desenvolver uma atividade profissional economicamente organizada, visando obtenção de lucro. Sociedade não personificada - Sociedade Comum A sociedade Comum se apresenta no artigo 986 do Código Civil, que estabelece: “ Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Ca- pítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem com- patíveis, as normas da sociedade simples (BRASIL, 2002, on-line). U N ID A D E 2 52 Segundo Teixeira (2016), essa sociedade deve ser compreendida por algo que não é especial, ou seja, a sociedade em comum não tem personalidade jurídica, logo, não pode ser a ela atribuída a condição de tipo societário personificado específico. Para Ramos (2014), a sociedade em comum é a sociedade contratual em formação, portanto, é aquela que tem contrato escrito e que está realizando os atos preparatórios para o seu registro perante o órgão competente, antes de iniciar a exploração do seu objeto social. Diante dos ensinamentos de Ramos (2014), a personalidade jurídica se inicia apenas com o registro dos atos constitutivos da sociedade no órgão competente, e a sociedade em comum é despida de personalidade jurídica. Dessa forma, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações. Sociedade não Personificada - Sociedade em Conta de Participação De acordo com ensinamentos de Coelho (2007), esta disciplina, especifica- mente nos artigos 991 a 996 do nosso Código Civil, possui algumas caracterís- ticas específicas. Nesta sociedade, um sócio permanece oculto, outro em posi- ção ostensiva, e estes não possuem personalidade jurídica, pois não assumem nenhuma obrigação em seus nomes; sendo uma sociedade despersonalizada e secreta, não adotará nenhum nome empresarial. Os sócios participantes não mantêm qualquer relação jurídica com os cre- dores por obrigações decorrentes do empreendimento comum. A sociedade em conta de participação é, além de despersonalizada, secreta. O contrato entre os sócios, que deu início à conjugação de esforços no desenvolvimento de empresa comum, não pode ser registrado no Registro das empresas. Teixeira(2016, p. 295) destaca que o “[...] contrato social somente produz efeitos entre os sócios e, mesmo que haja registro, não será conferida perso- nalidade jurídica”. Quanto ao regime jurídico, aplica-se às regras da sociedade simples que veremos a seguir. U N IC ES U M A R 53 Sociedade Simples A sociedade simples não é considerada sociedade empresária, pois ela é for- mada pelos profissionais que desenvolvem atividades intelectuais de natureza científica, literária ou artística, conforme estabelece o parágrafo único do artigo 966 do Código Civil. “ Art. 966 Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa (BRASIL, 2002, on-line). Destacando o significado do que a lei dispõe, a palavra “intelectual” é relacio- nada ao intelecto (inteligência), mental, erudito, estudioso, pensador. Assim, o profissional intelectual não é, necessariamente, o mesmo que profissional liberal, pois o liberal é o profissional independente, sem um vínculo de exclu- sividade, que pode ser empresário, desde que exerça a atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços ou, ain- da, intelectual; enquanto o intelectual é aquele que a profissão tem natureza científica (ex.: químico, médico, arquiteto, engenheiro), literária (ex.: escritor, poeta, compositor, articulista) e artística (ex.: desenhista, fotógrafo, músico, produtor gráfico, artista plástico) (TEIXEIRA, 2016). Essas sociedades possuem personalidade jurídica, o que as enquadra como uma das sociedades personificadas, sendo que, em sua denominação, deverá constar a expressão “sociedade simples” ou sua abreviação “S/S”. Ademais, contrato social é o ato constitutivo de uma sociedade, que pode ocorrer por instrumento privado ou público. O empresário individual, por sua vez, faz requerimento de inscrição. É no contrato social que deve estar disposto o objeto da sociedade, além da formação do capital social com as respectivas quotas de cada sócio, bem como os deveres e direitos de cada sócio etc. Os atos e contratos que visem a constituição de pessoas jurídicas somente podem ser levados a registro quando assinados por advogado. U N ID A D E 2 54 Trata-se de uma das atividades privativas da advocacia, conforme o Es- tatuto da Advocacia – Lei nº 8.906/1994, art. 1º, II. Contudo, essa regra fica dispensada no caso de Microempresa (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), as quais poderão ser constituídas sem o visto do advogado por força do art. 9º, § 2º, da Lei Complementar nº 123/2006. Quanto à assinatura de tes- temunhas, elas são facultativas, mas, se houver, será preciso que haja a devida identificação, com nome completo e o número de identidade. De acordo com nosso Código Civil, em seu artigo 998, a sociedade deve ser registrada no Registro Civil de Pessoas Jurídicas no prazo de 30 dias a contar da celebração do contrato, e as alterações também devem ser averba- das. Devemos lembrar que, no caso da sociedade de advogados, está regida por lei especial nº 8.906/1994, sendo que tanto os atos constitutivos quanto as modificações são registradas na OAB do estado em que está sendo registrada. Sociedades Empresárias - Sociedade em Nome Coletivo As Sociedades Empresárias se encontram dispostas em nosso código civil, espe- cificamente no artigo 1039 a 1044. Dentre as determinações legais, estabelece que as responsabilidades dos sócios são solidárias e ilimitadas por suas obrigações sociais. Ademais, somente pessoas físicas podem formar uma sociedade coletiva e, ao contrário de outras sociedades, nesta, somente o sócio pode administrar. Com relação ao nome empresarial, este é integrado pelo nome pessoal de um ou de todos os sócios, seguido da expressão & Cia. Com relação ao regime jurídico, seguem as regras das sociedades simples. Sociedades Empresárias - Sociedade em Comandi- ta Simples A sociedade em comandita simples está disposta em nosso Código Civil, especifi- camente nos artigos 1045 a 1051, aplicando as regras da sociedade em nome cole- tivo no que não for incompatível. Trata-se de uma sociedade personificada, pois é registrada na Junta Comercial ou no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. A partir do Código Civil, Teixeira (2013) diz que, nesse tipo societário, existe U N IC ES U M A R 55 uma mistura das responsabilidades, pois existem os sócios comanditados e co- manditários. Além do mais, explica que “ [...] sócios comanditados são aqueles com responsabilidade solidá- ria e ilimitada, que necessariamente devem ser “pessoas físicas” (CC, art. 1.045, caput). Já os sócios comanditários têm responsabilidade limitada ao valor de suas quotas sociais e podem ser “pessoas físicas ou jurídicas” (CC, art. 1.045, caput). Comandita significa adminis- trada ou comandada. É um termo derivado do italiano accomandi- ta, cujo significado era guarda ou depósito, uma vez que no passado pessoas confiavam seu capital a outrem para que este o administras- se em seu nome e risco (TEIXEIRA, 2013, p. 313). Os sócios responderão apenas pelas suas quotas integralizadas de forma limitada e o contrato social deve estabelecer os comanditados e os comanditários, pois somente podem administrar a sociedade os comanditados da sociedade simples. Devemos lembrar, ainda, que existem dois tipos de comandita, que é a simples e a comandita por ações que se assemelham à sociedade anônima. Esse tipo de sociedade é muito pouco utilizado, caindo até em desuso. Sociedades Empresárias - Sociedade Limitada A Sociedade Limitada é a espécie societária de maior presença na economia brasileira, foi introduzida no nosso direito em 1919 e representa, hoje, mais de 90% das sociedades empresárias registra- das nas Juntas Comerciais. Seu sucesso se deve a duas de suas características: a limi- tação da responsabilidade dos sócios e a contratualidade (COELHO, 2007). Dessa forma, na sociedade limitada não há confusão entre patrimônio particular e patrimônio social, desde que o patrimônio da empresa esteja integralizado. Para um melhor entendimento, Gonçalves (2012) explica melhor no quadro a seguir. SÓCIO SUBSCREVEU A 30 B 40 C 20 D 10 TOTAL 100 Quadro 2 - Exemplo de Divisão de Sociedade Fonte: Gonçalves (2012, p. 151). U N ID A D E 2 56 Caro(a) aluno(a), se o patrimônio da empresa for insuficiente para respon- der pelas dívidas sociais, não estando completamente integralizado o capital social, os credores da sociedade poderão executar o patrimônio pessoal dos sócios, até o limite do valor por eles subscrito e, ainda, não integralizado. Assim, os credores poderão executar qualquer dos sócios (A, B, C ou D) pelo montante ainda não integralizado, que é de 40 cotas. Veja que a lei é clara: os sócios têm responsabilidade solidária limitada ao montante do capital social subscrito e não integralizado. A limitação da respon- sabilidade dos sócios, portanto, está justamente nessa quantia faltante. Os sócios A e D já integralizaram as cotas por eles subscritas. Contudo, como respondem solidariamente com os demais sócios pela quantia ainda não integralizada, po- derão ser executados pelos credores da sociedade pelas 40 cotas restantes. Na hipótese de o sócio A ou D pagar as 40 cotas aos credores, como eles não possuíam mais cotas a integralizar, tendo pago o montante de responsa- bilidade dos outros sócios, terão direito de regresso contra estes para obter o que pagaram. Assim, poderão exigir do sócio B e do sócio C o equivalente a 20 cotas de cada um. Ademais, está disposto em nosso Código Civil, nos artigos 1052 a 1087, que as sociedades limitadas, por serem contratuais, também devem seguir ao que estabelece o Código Civil para regras sobre elaboração do contrato social, constituição e dissolução. A sociedade pode ser de pessoas ou de capital, de acordo com o previstono contrato social. Para a elaboração do contrato social, estabelece o Art. 997 do Código Civil as cláusulas essenciais presentes a seguir. Identificação e qualificação dos sócios (nacionalidade, estado civil, profissão, residência, número do RG e do CPF), se pessoas físicas e se pessoas jurídicas, firma ou denominação, nacionalidade e sede. Nome empresarial, objeto, sede e prazo. Capital social, cota de cada sócio e modo de integralizá-la. Identificação e qualificação dos administradores, seus poderes e atribuições. Participação de cada sócio nos lucros e perdas. Quadro 3 - Cláusulas Essenciais para a elaboração do Contrato Social Fonte: adaptado de Brasil (2002, on-line). U N IC ES U M A R 57 Para que possua valor, é necessário o registro do contrato social na Junta Co- mercial. Para a designação da empresa, podemos utilizar o patronímico de um ou mais sócios, seguidos da terminação “limitada” ou sua abreviatura, de acordo com o que estabelece Art. 1158 do Código Civil. Lembremos que a sociedade limitada está dividida em capital social composto pela somatória dos recursos trazidos dos sócios à empresa. O controle da sociedade pode ser definido por quem possui mais valor das quotas, de acordo com o que estabelece o contrato social. Com relação à admi- nistração, pode ser realizada por alguém designado pela sociedade ou, ainda, ser um dos sócios ou todos, sendo responsável civil e criminalmente se praticar atos ilegais ou contra a sociedade. Para que sejam tomadas as decisões, serão realizadas assembleias ou reuniões: as primeiras quando a sociedade estiver composta por mais de dez sócios, e a segunda quando composta por menos de dez sócios. As solenidades para convo- cação estão estabelecidas no Art. 1.152 do Código Civil. A Lei também estabelece qual é o quórum necessário para aprovação de cada matéria a ser votada– art. 1071 e seguintes do Código Civil, sendo conselho fiscal um órgão facultativo. A dissolução da sociedade pode acontecer por vontade dos sócios, decurso do prazo determinado, falência, inexequibilidade do objeto social, unipessoalidade por mais de 180 dias ou pela morte dos sócios. A dissolução pode ser parcial ou total, a parcial ocorre quando apenas um dos sócios decide se retirar. Sempre que houver a dissolução, haverá um balanço patrimonial da sociedade e apuração de haveres em que será distribuído de acordo com a quota parte de cada sócio, os lucros ou dividendos. Sociedade Limitada Unipessoal No Brasil, o exercício das atividades econômicas depende de prévia permissão do Estado para que assim sejam estimulados o empreendedorismo e o desenvol- vimento econômico do país. Foi nesse contexto que surgiu a Medida Provisória (PLC 21/2019), que resul- tou nas emendas realizadas ao texto original da MP ao longo de sua tramitação no Congresso Nacional e aguardava a sanção ou veto do presidente da República Jair Bolsonaro, ocorrida em 20 de setembro de 2019, trazendo essa forma societária ao direito brasileiro (OLIVEIRA, 2019). U N ID A D E 2 58 O Projeto de Lei foi publicado no Diário Oficial da União, tornando-se a Lei n. 13.874/2019, que dispôs sobre a chamada “sociedade limitada unipessoal”, quando incluiu o parágrafo único ao art. 1.052 do CC. A Lei n. 13.874/2019 estabelece que a sociedade limitada agora poderá ser constituída por um único sócio, in verbis: “ Art. 1.052. [...] Parágrafo único. A sociedade limitada pode ser cons- tituída por uma ou mais pessoas, hipótese em que se aplicarão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as dis- posições sobre o contrato social (BRASIL, 2002, on-line). Essa sociedade limitada unipessoal possui o principal objetivo de estimular o empreendedorismo e o desenvolvimento econômico do país (OLIVEIRA, 2019). Assim, por essa lei, passou-se a ter a coexistência ao lado das duas sociedades unipessoais já existentes: a subsidiária integral da Lei de Sociedades Anônimas (art. 251) e a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (CC, art. 980-A). A constituição de sociedades limitadas é uma prática comum no Brasil, já que sociedades limitadas compostas por um sócio subscritor da quase totalidade do capital social (99%, pelo menos) e alguém de sua confiança que se disponha a subscrever a parcela restante ocorre desde muito tempo, antes mesmo do Código Civil de 2002 prever a unipessoalidade incidental, situação essa prevista no art. 1.033, IV do Código Civil (OLIVEIRA, 2019). A nova figura jurídica não possui a obrigação do sócio de integralizar o capital social mínimo à vista – não inferior a 100 salários mínimos (CC, art. 980-A) –, exigência essa que ocorre no caso da EIRELI. A sociedade limitada unipessoal detém alguns benefícios em relação aos ou- tros tipos de categorias empresariais, são eles: a) Não possui limitação de faturamento anual. b) Não possui limitações tributárias. c) Não precisa ter capital de 100 salários mínimos integralizados. d) Não possui limitação de atividades. e) Possui responsabilidade até o limite da integralização do capital social. f) Não possui limitação para contratação de empregados. g) Tem possibilidade de constituição de mais de um tipo jurídico. Desta forma, a sociedade limitada unipessoal adquire personalidade jurídica com o registro do seu ato constitutivo no órgão competente, diferentemente U N IC ES U M A R 59 do que acontece com a MEI, não sendo possível atingir o patrimônio do sócio da sociedade limitada sem a prévia desconsideração da sua personalidade jurídica. Já no caso do Microempreendedor Individual, o seu titular responde diretamente pelas dívidas societárias (OLIVEIRA, 2019). Por outro lado, a EIRELI se trata do tipo societário que garante a limita- ção da responsabilidade patrimonial do empresário individual ou mesmo da pessoa jurídica que instituiu a sociedade, já que a lei n. 12.441/2011 expres- samente prevê a aplicação ao instituto, no que for cabível, das regras próprias das sociedades limitadas (CC, Art. 980-A, §6º). Nesse sentido, a criação da sociedade limitada unipessoal chama a atenção devido à vantagem que o empresário tem em optar pela constituição de uma sociedade limitada unipessoal, já que o capital social exigido para constituir a EIRELI é excessivo diante das possibilidades financeiras da maior parte dos pequenos empresários do âmbito nacional (OLIVEIRA, 2019). Essas vantagens podem trazer como consequência um provável desapa- recimento da prática societária (EIRELI), a exemplo do que ocorreu com a sociedade em comandita simples. Com o surgimento dessa nova figura societária, com certeza, o “sócio la- ranja” iria compor o quadro societário apenas para fins de pluralidade de sócios, fazendo com que diminua a existência das sociedades limitadas, faci- litando a criação de novos arranjos societários. Sociedades Empresárias - Sociedade Anônima Esta sociedade está regulamentada pela Lei da Sociedade Anônima – Lei nº 6.404/76 e, em casos em que há omissão, aplica-se subsidiariamente o Código Civil. É chamada de Sociedade Anônima, pois seu capital é dividido por ações de maneira que os acionistas são desconhecidos. Os participantes dessa sociedade são denominados como acionistas, e o ato constitutivo é denominado como estatuto social. Sua denominação deve expressar o seu objeto social seguido das expressões sociedade anônima, companhia ou S.A. ou S/A ou, ainda, CIA. As Sociedades anônimas são mais metódicas do que as sociedades limi- tadas, devendo ser seguido rigorosamente o que estabelece a lei para seu fun- cionamento. Lembrando que estabelece o art. 100 da Lei nº 6.404/76: U N ID A D E 2 60 “ Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas forma- lidades legais: I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para inscrição, ano- tação ou averbação: a) do nome do acionista e do número das suas ações. b) das entradas ou prestações de capital realizado. c) das conversões deações, de uma em outra espécie ou classe. d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aqui- sição pela companhia. e) das mutações operadas pela alienação ou transferência de ações. f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou obste sua ne- gociação. II - o livro de “Transferência de Ações Nominativas”, para lança- mento dos termos de transferência, que deverão ser assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus legítimos representantes. III - o livro de “Registro de Partes Beneficiárias Nominativas” e o de “Transferência de Partes Beneficiárias Nominativas”, se tiverem sido emitidas, observando-se, em ambos, no que couber, o disposto nos números I e II deste artigo. IV - o livro de Atas das Assembleias Gerais. V - o livro de Presença dos Acionistas. VI - os livros de Atas das Reuniões do Conselho de Administração, se houver, e de Atas das Reuniões de Diretoria. VII - o livro de Atas e Pareceres do Conselho Fiscal (BRASIL, 1976, on-line). Vale ter em conta que, de acordo com o § 2º do art. 100, com a nova redação dada pela Lei nº 12.431/2011, nas companhias abertas, os livros referidos acima entre os números I e V podem ser substituí- dos por registros mecanizados ou eletrônicos, respeitando sempre regras firmadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo Santos (2012), essa sociedade pode se constituir por meio da subscrição pública ou da subscrição particular. A subscrição particular ocorre quando todo o capital necessário já tiver sido obtido pelos próprios fundadores, reunidos em assembleia de fundadores (a ata desta assembleia deverá ser devidamente regis- trada na Junta Comercial) ou também proceder à subscrição por meio de uma escritura pública (art. 88 da Lei nº 6.404/1976). U N IC ES U M A R 61 A subscrição pública ou constituição sucessiva ocorrerá quando, para com- pletar o montante do capital social, for necessária a captação de investimentos externos. Para melhor compreender, observe o quadro a seguir. CONSTITUIÇÃO SIMULTÂNEA OU SUBSCRIÇÃO PARTICULAR CONSTITUIÇÃO SUCESSIVA OU SUBSCRIÇÃO PÚBLICA 1. Assembleia de Constituição 1. Prévio Registro dado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 2. Ata da Assembleia de Constituição ou escritura Pública 2. Intermediação de Instituição Financeira 3. Assembleia de Constituição 4. Ata da Assembleia de Constituição Quadro 4 - Diferenças entre subscrição particular e subscrição pública Fonte: Santos (2012, p. 85). As sociedades anônimas emitem títulos tratados como ações. Estas conferem aos seus acionistas seus poderes de acordo com os valores que lhes são atribuí- dos. Temos três tipos de valores. Primeiro, o valor nominal, que diz respeito ao resultado da divisão do valor do capital social pelo número de ações. Este valor pode ou não estar expresso na ação, podendo haver ações com ou sem valor nominal. Segundo, temos o valor de negociação, que trata do preço pago por uma ação no mercado, a partir de sua alienação, sendo definido por vários fatores econômicos e políticos (SANTOS, 2012). Além do mais, temos o valor patrimonial, que é definido pelo valor re- presentativo da participação do acionista no patrimônio líquido da campa- nha, o qual é calculado pela divisão desse patrimônio líquido pelo número de ações. Por fim, esse valor diz respeito ao acionista em caso de reembolso/ liquidação, sendo acessado por meio de balanço realizado para este fim (SAN- TOS, 2012). Essas ações ainda possuem uma classificação quanto à natureza e sua for- ma de circulação, de acordo com o que estabelece o art. 15 da Lei nº 6.404: “As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição” (BRASIL, 1976, on-line). As ações ordinárias ou comuns: “são aquelas que conferem direito de voto ao seu titular, meio pelo qual ele pode chegar ao controle da, bem como eleger seus administradores” (art. 16, Lei nº 6.404/76) (BRASIL, 1976, on-line). Já as U N ID A D E 2 62 ações preferenciais “são aquelas que têm privilégios/vantagens para os seus titulares, como na distribuição de lucros” (Art. 17 Lei nº 6.404/76) (BRASIL, 1976, on-line). “Justamente por conferirem ao acionista uma vantagem, po- dem limitar ou suprimir o direito de voto dele. Assim, as ações preferenciais geralmente não têm direito ao voto, mas excepcionalmente podem ter” (TEI- XEIRA, 2016, p. 335). As ações de fruição são aquelas que asseguram a amortização antecipada do valor que o sócio receberia em caso de liquidação da sociedade (Art. 44, § 5º Lei nº 6.404/76) (BRASIL, 1976, on-line). Esse tipo de ação é atribuído ao acionista or- dinário ou preferencial que teve suas ações totalmente amortizadas, ou seja, ações que já receberam o que tinham direito em caso de eventual e futura liquidação. Trata-se de uma espécie de devolução antecipada do valor investido pelos sócios. As sociedades podem ter capital aberto ou fechado. As primeiras possuem emissão de ações ou valores mobiliários negociados em balcão ou bolsa de valores, lembrando que, para isto, devem atender às normas fixadas pela Co- missão de Valores Mobiliários (CVM) regulada por lei especial nº 6.385/76. As segundas são aquelas que não possuem negociação de ações no mercado mobiliário. O Parágrafo terceiro do artigo 4.º da Lei nº 6.404 explica que “ § 3o A Comissão de Valores Mobiliários poderá classificar as companhias abertas em categorias, segundo as espécies e classes dos valores mobiliários por ela emitidos negociados no mercado, e especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria (BRASIL, 1976, on-line). Os acionistas gozam de alguns direitos considerados essenciais, pois não podem ser privados destes nem por previsão no estatuto social, nem por determinação da assembleia geral, em razão do que estabelece o artigo 109 da Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976, on-line). Os acionistas devem fiscalizar a gestão dos negócios da sociedade, retirar-se da sociedade, de preferência na subscrição de valores mobiliários, de participar da divisão do patrimônio da companhia, em caso de liquidação e participação nos lucros. Somente tem direito ao voto os acionistas titulares de ações ordinárias. As tomadas de decisões, caro(a) aluno(a), serão realizadas por meio das as- sembleias gerais ordinárias realizadas normal e periodicamente, ocorrendo uma vez ao ano, nos quatro primeiros meses após o término do exercício social, visan- U N IC ES U M A R 63 do a deliberação sobre destinação do lucro líquido e distribuição de dividendos, eleição dos administradores e dos conselheiros fiscais, exame de aprovação das contas e demonstrações financeiras apresentadas pelos administradores e cor- reção monetária do capital social. A assembleia geral extraordinária significa que ela não é habitual, ou seja, que só ocorrerá em situações excepcionais, por exemplo, para alterar o estatu- to social e mudar o objeto da companhia, deliberar sobre fusão, cisão, dissolu- ção e liquidação da companhia, decidir sobre emissão de valores mobiliários, como ações preferenciais e partes beneficiárias etc. A administração é o órgão que se encarrega das execuções das determina- ções das assembleias gerais e extraordinárias serem leais à companhia, deven- do manter segredo sobre os negócios que dela fazem parte; não se aproveitar de oportunidades pelo conhecimento obtido em razão de sua função; não agir de forma a conflitar os seus interesses pessoais aos da companhia (Lei nº 6.404/76 Arts. 155 e 156). Contudo, a diretoria administra a companhia, ou seja, gestão dos negó- cios da sociedade, especificada no artigo 143 da Lei 6.404/76, representa le- galmente a companhia e execuções de deliberações das assembleias gerais e conselho de administração. O Estatuto apresenta a composição que deve ser de, no mínimo, dois eleitos pelo conselho de administração e seu mandato não pode ser superior a trêsanos. Os administradores são os responsáveis por celebrar os contratos em nome da sociedade. No entanto, é a sociedade quem responde por essas obri- gações, uma vez que o administrador é somente um representante, portanto, não responde pessoalmente pelos prejuízos da companhia; caso a sociedade detecte, pode deliberar juntamente com os sócios para que a companhia pro- mova ação em face do administrador, mas existe prazo para propositura da ação 3 meses após a deliberação da assembleia e poderá ela ser ajuizada por acionistas que representem, no mínimo, 5% do capital social. Existe também outra figura importante e obrigatória: o conselho fiscal. Suas atribuições e formalidades são trazidas pelos artigos 161 a 163 da Lei 6.404/76. O Conselho controla os órgãos administrativos, protegendo os in- teresses da companhia e de todos os acionistas, devendo ser composto por, no mínimo, três e, no máximo, cinco membros. A dissolução da sociedade está apresentada no artigo 206 da lei 6.404/76, que estabelece U N ID A D E 2 64 “ Art. 206. Dissolve-se a companhia: I - de pleno direito: a) pelo término do prazo de duração. b) nos casos previstos no estatuto. c) por deliberação da assembleia-geral (art. 136, X). d) pela existência de 1 (um) único acionista, verificada em assem- bléia-geral ordinária, se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até a do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251. e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar. II - por decisão judicial: a) quando anulada a sua constituição, em ação proposta por qual- quer acionista. b) quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social. c) em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei. III - por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e na forma previstos em lei especial (BRASIL, 1976, on-line). Como em toda sociedade, após a dissolução, prossegue a liquidação para verificar os débitos e créditos, após, liquidar todas as dívidas e dividir entre os acionistas o que restar de acordo com suas proporções. Sociedades Empresárias - Sociedade Comandita por Ações Segundo a doutrina, a sociedade em comandita por ações é uma sociedade empresária híbrida: tem aspectos de sociedade em comandita e aspectos de sociedade anônima. Assim, a sociedade em comandita por ações, igual as sociedades anônimas, tem o seu capital dividido em ações e, também, como as sociedades em comandita simples, possui duas categorias distintas de sócios, uma com responsabilidade limitada e a outra com responsabilidade ilimitada (RAMOS, 2014). Ressalta-se que a Lei das sociedades anônimas não se aplica à sociedade em comandita por ações (RAMOS, 2014). U N IC ES U M A R 65 Está disposto no art. 1.090 a 1.092 do Código Civil que, enquanto na socieda- de anônima, como visto, a responsabilidade de todos os acionistas é limitada, na sociedade em comandita por ações, o acionista diretor, ou seja, aquele acionista que exerce função de administração da sociedade, responde ilimitadamente pelas obrigações sociais. Percebe-se, caro(a) aluno(a), que, na sociedade em comandita por ações, em fun- ção dos diretores não serem eleitos pela assembleia-geral, mas simplesmente nomea- dos no ato constitutivo, e de, por isso, não terem mandato, a legislação lhes impõe re- gras severas quanto à sua responsabilidade, a qual, conforme salientamos, é ilimitada. Sociedades Empresárias - Sociedade Cooperativa É muito importante ressaltar que o cooperativismo foi instituído pela Lei nº 5.764, em 1971, também trazida pela Constituição Federal em seu art. 5, inciso XVIII, e em 2.002, foi disposto especificamente pelo Código Civil, es- tabelecendo que sempre se trata de sociedade simples, independentemente de seu objeto social e ainda traz as principais características, conforme se pode observar a seguir. “ Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social. II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo. III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar. IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança. V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado. VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação. U N ID A D E 2 66 VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atri- buído juro fixo ao capital realizado. VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade (BRASIL, 2002, on-line). Com relação à responsabilidade, esta é limitada quando o sócio responde pelo valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais dentro das proporções da participação das operações (Código Civil, art. 1.095 §1.º). Pode, ainda, ser ilimitada a hipótese em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. A Lei determina que a cooperativa deve ser registrada na junta comercial, estabelecendo que se trata de uma sociedade de pessoas de natureza civil, não sujeita à falência, sendo que sua liquidação está definida na lei nº 5.764/1971. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limita- da, quando responder apenas pelo valor de suas quotas ou, ainda, ilimitada, no caso de responder solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais (Lei nº 5.764/1971, arts. 11 e 12, e CC, art. 1.095). Sociedades Empresárias - Sociedade Coligada De acordo com o Código Civil, em seu art. 1.097: “Art. 1.097. Consideram-se co- ligadas as sociedades que, em suas relações de capital, são controladas, filiadas, ou de simples participação, na forma dos artigos seguintes” (BRASIL, 2002, on-line). Atualmente, em razão da união de grupos empresariais por meio de união acionária de fato ou de direito, surgiram algumas figuras de sociedades con- troladoras que se encontram em certas evidências tratadas como controla- doras, Holding e Offshore. De acordo com ensinamentos de Teixeira (2016, p. 362), “ controladora é aquela que tem participação em outra socie- dade (a controlada) a ponto de obter maioria de votos nas de- liberações, fazendo prevalecer sua vontade e assim elegendo os administradores e, como consequência, dirigindo os negócios da controlada. U N IC ES U M A R 67 Mamede (2011, p. 2) estabelece que “[...] a sociedade controladora também é denominada de HOLDING. No fundo a holding é uma sociedade que detém participação societária em uma ou mais empresas, tendo sido constituída especificamente para esse fim ou não”. Para Teixeira (2013), a holding pode ser uma gestora de participações sociais, sendo formada para administrar uma só empresa ou verdadeiros con- glomerados empresariais. Esse modelo pode ser utilizado no intuito de redu- zir o custo administrativo, centralizando funções, reestruturação societária, uniformização de práticas entre as empresas, manutenção de parceria com outras empresas, planejamento tributário ou sucessório etc. Existem holdings com os mais variados fins, como holding familiar, hol- dings financeiras, holding patrimonial, entre outras. A proliferação desta mo- dalidade empresarial vem aumentando em razão dos benefícios fiscais, pois, de acordo com o que prevê o art. 2º, caput e § 3º, da Lei nº 6.404/76, o objeto da companhia pode ser qualquer empresa (atividade) de fim lucrativo, desde que lícito, de modo que a companhia pode ter por objeto social a participação em outras sociedades (holding pura, de controle ou de participação). E, mes- mo que não previsto no estatuto, a participaçãoé facultada como forma de realizar o seu objeto ou para se favorecer de benefícios fiscais (holding mista). U N ID A D E 2 68 Dessa forma, pessoas têm constituído pessoas jurídicas com o fim de ad- ministrar patrimônio próprio decorrente da integralização de bens dos sócios, especialmente imóveis. A finalidade é encontrar um melhor enquadramento tributário, notadamente quanto ao imposto de renda sobre as locações. Isso, por si só, não é ilegal, tratando-se de planejamento tributário não proibido pelo ordenamento. Entretanto, quando uma holding é constituída com o fim de “blindar” o patrimônio pessoal contra credores, isso é fraude, podendo implicar fraude contra credores ou mesmo desconsideração inversa da personalidade jurídica (em que a sociedade poderá ser responsabilizada por dívida de sócio). Mamede (2011, p. 70) conceitua OFFSHORE (ou offshore company) como “ [...] uma sociedade constituída no exterior com o fim de con- trolar uma ou mais empresas no território nacional. Em tese, não há ilicitude nisso se o ordenamento jurídico não proibir, por exemplo, é o caso de empresas que fazem isso como forma de planejamento. No entanto, muitas vezes tais empresas são cons- tituídas buscando “reduções tributárias” ilegais nos países consi- derados “paraísos fiscais”, visando a ocultação da identidade dos controladores, haja vista a possibilidade de emissão de ações ao portador e o direito à manutenção do sigilo quanto aos acionistas (ou seja, acionistas não identificáveis); ou simplesmente para a remessa ilícita de dinheiro para o exterior. A sociedade controlada se trata daquela em que parte de seu capital é de outra sociedade, conhecida como a sociedade controladora, assegurando um número de votos suficientes nas deliberações (maioria de votos), com a finalidade de ele- ger os administradores (CC, art. 1.098, I) (BRASIL, 2002, on-line). Há também a sociedade filiada, disposta no artigo 1.099 do Código Civil, sendo aquela que possui mais de 10% de seu capital social com participação de outra sociedade, que, por sua vez, não a controla. Concluímos com a disposição do art. 1.100 do Código Civil, sendo designada como sociedade de simples participação àquela que possui menos de 10% de seu capital social com participação em outra sociedade, porém não a controla. U N IC ES U M A R 69 As sociedades empresárias podem se transformar, assim “as sociedades se rela- cionam entre si, transformando-se, fundindo-se, incorporando outras ou transfe- rindo parcela de seu patrimônio a outras” (RAMOS, 2014, p. 351). Em todos esses casos – transformação, incorporação, fusão e cisão –, haverá mudanças relevantes na estrutura das sociedades, que trarão consequências jurídicas relevantes, por isso, vamos entender o significado de cada uma. As operações se encontram pre- vistas nos artigos 1.113 a 1.122 do Código Civil, bem como na Lei nº 6.404/76. Transformação A transformação ocorre quando um tipo de sociedade se transforma em outro tipo de sociedade, por exemplo, a sociedade limitada se torna uma sociedade anônima. Outro exemplo é quando uma sociedade limitada se torna uma Em- presa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). Lembrando que não há necessidade de liquidação ou dissolução da sociedade, mas deve prevalecer ou atender todos os requisitos que estabelece a lei para cada tipo societário, prin- cipalmente na transformação da personalidade jurídica, não havendo qualquer prejuízo aos credores, conforme estabelece o artigo 1.115 do Código Civil. 3 OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS U N ID A D E 2 70 Incorporação A incorporação acontece quando sociedades, por questões estratégicas, decidem absorver outra sociedade. Dessa maneira, a incorporadora sucede a incorporada em todos os direitos e deveres, conforme estabelece artigo 1.116 do Código Civil. Caro(a) aluno(a), para melhor compreender, será demonstrado, visualmente, um exemplo em que a sociedade A compra a sociedade B, e a sociedade B deixa de existir. Dessa forma, a sociedade B será extinta, devendo ser averbado no registro conforme artigo 1.118 do Código Civil. Figura 1 - Ilustração de Incorporação / Fonte: a autora. Fusão A fusão acontece quando duas ou mais sociedades se fundem para a constituição de uma nova sociedade que sucederá as sociedades extintas em todos os direitos e obrigações, conforme estabelece o artigo 1.119 do Código Civil. Por exemplo, a Sociedade A e B deixam de existir para que seus respectivos patrimônios formem a nova empresa C, que será registrada e inscrita no registro conforme estabelece artigo 1.121 do Código Civil. SOCIEDADE “B” SOCIEDADE “A” Descrição da Imagem: a figura é composta por dois círculos ovais, um maior e um menor dentro deste. No maior, temos Sociedade “A” e, no menor, Sociedade “B”. U N IC ES U M A R 71 Substancialmente, a diferença entre a incorporação e a fusão está no fato de que a incorporação é a absorção de uma sociedade por outra, e a fusão significa a união de sociedades. SOCIEDADE A SOCIEDADE B SOCIEDADE C Figura 2 - Ilustração de Fusão / Fonte: a autora. Cisão A cisão é a operação pela qual a sociedade divide o seu patrimônio em duas ou mais partes, constituindo novas sociedades ou, ainda, pode ser destinada a aumentar o patrimônio de outra sociedade. A cisão pode ser total ou parcial. A primeira quando ocorre a extinção da empresa dividida que se tornará outras empresas. A segunda quando a sociedade cindida/dividida teve apenas parte de seu patrimônio cedido, portanto, não haverá extinção da sociedade. Ainda, podemos explicar a diferença entre existência da dissolução parcial, que acontece quando há finalidade de entregar parte do capital da sociedade ao sócio que se retira ou é excluído; diferente do que acontece na cisão, em que, na dissolução parcial, a parte do patrimônio apurada não é, necessariamente, para formar nova sociedade ou integrar o capital social de outra já existente. Descrição da Imagem: aa figura é composta de 3 círculos ovais, um dentro do outro. O maior contendo Sociedade C, o médio Sociedade B e o menor Sociedade A. U N ID A D E 2 72 Caro(a) aluno(a), dentro do princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, disposto no art. 1.024 do Código Civil, no qual estabelece que a respon- sabilidade dos sócios é refletida em suas quotas ou ações, dependendo do tipo societário adotado, foi uma forma encontrada pelo legislador para incentivar o empreendedorismo. Entretanto, se ocorrer um uso abusivo, com objetivo de frau- dar credores, foi criado o instituto da desconsideração da personalidade jurídica. Esse instituto foi normatizado pelo Código Civil, em seu artigo 50, pelo Có- digo de Defesa do Consumidor, em seu artigo 18, e, ainda, a Lei nº 9.605 de 1998, que regula os crimes ambientais, aplicando-se estes institutos na Justiça do Trabalho, entre outras. Quando a empresa possui tipo societário limitado e está comprovado que sócios transferiram todo patrimônio da empresa para pessoa com intuito de não realizar o pagamento aos devedores, podem os devedores requererem em juízo, dentro do processo de execução, a desconsideração da personalidade jurídica, na qual, se deferida, a execução atingirá o patrimônio pessoal dos sócios, visando a satisfação do crédito. Ressalta-se que somente é permitida em caso de abuso de personalidade ju- rídica, devendo ser comprovado o desvio de finalidade e a confusão patrimonial. 4 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA U N IC ES U M A R 73 A exemplo das consequências da evolução social, a sociedade empresária, atualmente, tem fundamental papel na economia mundial, por quanto gera empregos, paga tributos e propicia o surgimento de diversos negócios paralelos que vêm a contribuir para o cresci- mento da região em que está instalada. Desse modo, a fim de estimular o empreendedo- rismo e auxiliar no crescimento dessas sociedades empresárias, foi criado o princípio da autonomia patrimonial, possibilitado pela pessoajurídica. Contudo, a partir do surgimento de uma nova realidade e das consequentes criações com o intuito de atingir um novo equilíbrio, surgem também novas possibilidades de fraudes e uso indevido, de forma que novos impasses são originados. Com o instituto da pessoa jurídica não foi diferente. A partir de sua criação, seu principal objetivo, qual seja, separar a pessoa do sócio e da sociedade, foi sendo utilizado como meio para fraudes e enriquecimento ilícito. Fonte: Weiblen (2008, p. 18-36). explorando Ideias Há três tipos de empresas: empresas que tentam levar os seus clientes onde eles não querem ir; empresas que ouvem os seus clientes e depois respondem às suas necessida- des; e empresas que levam os seus clientes aonde eles ainda não sabem que querem ir. (Gary Hamel) pensando juntos U N ID A D E 2 74 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, verificamos grandes aspectos para com- preender os conceitos das sociedades, traduzindo, de forma didática, o que consiste uma sociedade simples ou empresária. Para isso, primeiramente, foi tratado quanto às formas de classificação por meio do quadro geral das sociedades, podendo ser personificada e des- personificada. Em seguida, passou-se ao estudo e entendimento de quando uma socie- dade passa a ser personificada e quando possui personalidade jurídica para, assim, definir corretamente a empresa e, principalmente, definir as respon- sabilidades dos sócios ou, ainda, despersonificada, quando não possui per- sonalidade jurídica. Foi importante entender que a Sociedade Comum é assim designada por não possuir personalidade jurídica, já que não está registrada em órgão com- petente, seguindo pela sociedade simples formada por profissionais que de- senvolvem atividades intelectuais de natureza científica, literária ou artística. Passamos a seguir por todas as formas de sociedades empresárias, cada uma com sua especificidade, pois a importância de entender cada uma será adequada para exercício de cada tipo de atividade, formas de administração, designação, divisão de capital e responsabilidades dos sócios quando e como exercer administração e, principalmente, a responsabilidade de cada sócio, tratando da sociedade unilateral como uma inovação em nosso ordenamento, indicando, inclusive, suas vantagens. A Sociedade Anônima também mereceu atenção especial, pois é regula- mentada por legislação especial que nos apresenta detalhadamente as formas de constituição, administração e como pode ser exercida a comercialização das ações, que diferencia das outras sociedades. Não podemos esquecer das sociedades cooperativas e coligadas, que pas- saram a ter espaço significativo nas relações empresariais atuais. Finalizamos com as operações societárias, tão importantes para desen- volvimento empresarial, bem como com a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica de uma empresa. 75 aprimore-se ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE A SOCIEDADE SIMPLES E A SOCIEDADE EMPRESÁRIA: A CONSTRUÇÃO DE UM CONCEITO JURÍDICO DE EMPRESA NA VISÃO SISTEMÁTICA DO DIREITO É indiscutível a relevância do papel da empresa na vida econômica e, consequente- mente, na sociedade. No entanto, a definição e a caracterização jurídicas de tal ins- tituto não têm sido tarefas das mais tranquilas. Tal expressão adquire significados dos mais diversos, variando conforme a área de conhecimento e de atividade na qual é abordada, e ainda, principalmente, conforme os interesses a serem protegi- dos ou mesmo privilegiados. A identificação da empresa nas atividades econômicas deu-se pela observação de fatos da vida prática, mas a sua adequada caracterização depende de critérios jurídico-econômicos formais – como se buscará evidenciar adiante –, o que gera relevantes efeitos econômicos e, em última análise, sociais. É, assim, natural que ela seja objeto de atenção de outras áreas além do Direito, tais como e especialmente a Economia, a Sociologia, a Teoria da Administração e a Contabilidade. Há que se considerar que a identificação e a caracterização da empresa têm se tornado cada vez mais difícil, visto que, cada vez mais, a sociedade tem sido protagonista de grandes transformações, tornando-se natural e progressivamen- te mais complexa, e os interesses nela compreendidos redundaram na crescente complexidade das relações econômicas. Esses interesses são compreendidos em diversos grupos, tais como sócios ou acionistas, fornecedores, clientes, emprega- dos, concorrentes e governos. O Direito é quase pródigo em apresentar conceitos da empresa que compreen- dam não somente a visão jurídica, mas também uma visão econômica, no sentido da abordagem prática desse instituto. Observa-se que o Direito ocupou-se espe- cialmente com a instituição, por ele criada, da pessoa jurídica, em especial as com fins lucrativos, quais sejam as chamadas sociedades, que são importantíssimas na organização das atividades negociais. Talvez, por isso, os ordenamentos jurídicos ocidentais até hoje não lograram êxito em definir a empresa e em tratá-la de manei- ra clara, homogênea e sistemática, o que gera dificuldades para os intérpretes da lei. 76 aprimore-se Com a edição do Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002), a empresa passou a ser o centro da atividade negocial no ordenamento jurídico brasileiro, em substituição ao ato de comércio, assim como o Código Civil italiano, no qual se inspirou fortemente. Também a exemplo do código que lhe serviu de paradigma, o Código Civil de 2002 erigiu a empresa como o elemento basilar de diferenciação entre as duas espé- cies de sociedade nele previstas, quais sejam a sociedade empresária e a sociedade simples. Nos termos da lei, a sociedade empresária teria “por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro”, e a sociedade simples não. No entanto, o conceito de empresa – vago por natureza, e que pode ser abor- dado por vários perfis – não foi apresentado explicitamente no Código. Em conse- quência, o conceito de cada uma dessas espécies societárias apresentados pelo texto legal não se mostrou esclarecedor. Essa falta de clareza dos institutos da empresa e das espécies de sociedade têm dado margem a discussões de ordens doutrinária e prática, e se busca, com o presente trabalho, trazer nova contribuição para o debate, utilizando-se não so- mente a abordagem da empresa pela doutrina jurídica e pela legislação nacional, mas também algumas experiências trazidas por outras áreas de conhecimento. Tal abordagem permitirá a verificação dos interesses relacionados à empresa e como eles se vinculam, e, com isso, procurar-se-á demonstrar que não procede a previ- são legal de duas espécies de sociedades baseada na premissa de que uma possui elemento de empresa e a outra não. [...] O trabalho vale-se essencialmente de pesquisa doutrinária, que não se limitou à doutrina do Direito, visto que as trocas econômicas – representadas no paradig- ma da empresa – são identificadas na vida prática e repercutem, como todo insti- tuto socialmente relevante, por áreas diversas do conhecimento humano. Fonte: Volkweiss (2008, p. 7-10). 77 na prática 1. De acordo com os conceitos estudados, defina em que consiste a sociedade em- presária. 2. Como podemos classificar as sociedades? Explique. 3. Quais os tipos de sociedades que fazem parte das sociedades simples e sociedades empresárias? 4. Em que consiste a sociedade comum e a sociedade em conta de participação? 5. Por que a sociedade simples não é considerada empresária? 6. Explique porque a Sociedade Limitada Pessoal é mais vantajosa do que a EIRELI. 7. Embora a sociedade em comandita simples não seja tão comum, como fica a res- ponsabilidade dos sócios nesta modalidade de sociedade? 8. Por que a sociedade limitada representa mais do que 90% das sociedades empre- sariais brasileiras? 9. Qual a diferença entre a sociedade limitada e a sociedadeanônima com relação ao capital social? 10. Quais as operações societárias que podem se realizar? 78 eu recomendo! Empresários, Sócios & Sociedades Autor: Benedito Claudino Barbosa e Mário Claudino Barbosa Editora: Juruá Sinopse: o livro aborda, em linguagem simples e objetiva, o papel do empresário perante os diferentes tipos de empresas, desde a sociedade simples e a individual até as sociedades em que se encontra a figura de um ou mais sócios ou acionistas, no caso da sociedade anônima. Ao iniciar um negócio, o empreendedor pode optar por trabalhar sozinho, como empresário individual, ou contar com o apoio de um ou mais sócios em uma sociedade empresarial. Sob o aspecto jurídico, esclarecem- -se todas as implicações normativas de retirada ou exclusão de um sócio. livro Depois do conceito, é importante exemplificar em um caso real para entender melhor a diferença entre sociedade controlada, coligada e subsidiária. Consulte o link a seguir e fique por dentro do assunto. Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br/blog/para-entender-a-diferena-entre-controlada- -coligada-e-subsidiria conecte-se http://direito.folha.uol.com.br/blog/para-entender-a-diferena-entre-controlada-coligada-e-subsidiria http://direito.folha.uol.com.br/blog/para-entender-a-diferena-entre-controlada-coligada-e-subsidiria 3 NOÇÕES DE DIREITO Tributário PROFESSORAS Dra. Letícia Carla Baptista Rosa Esp. Renata Monteiro de Andrade PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Noções de Direito Tributário • Fontes do Direito Tributário • Sistema Tributário Nacional • Funções dos Tributos • Princípios e Limita- ções do Poder de Tributar • Sistema Simples Nacional. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Aprender conceito de direito tributário. • Assimilar fontes do direito tributário. • Entender o Sistema Tributário Nacional. • Instruir-se das funções dos tributos. • Compreender os princípios e as limitações do poder de tributar. INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade, serão abordados aspectos mais rele- vantes que envolvem as relações jurídicas entre as pessoas e o ente público. Estes conceitos são relevantes para o direito tributário, por isso, é impor- tante entender que ele está relacionado diretamente com a Constituição Federal (1988), que as obrigações são estabelecidas por ela. O Estado moderno apresenta uma série de compromissos assumidos com a população e, nesta esfera, para o exercício da atividade financeira, é necessário grande movimento do estado para que se possa manter por meio da arrecadação. Em seguida, vamos conhecer as fontes que indicam a origem do direi- to, tendo explanação sobre as principais: Constituição Federal, Emenda Constitucional, Lei Ordinária, Decreto, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto Legislativo, Resolução, Tratados e Convenções Internacionais e Lei Complementar. Entenderemos também como funciona a hierarquia das leis, que é impor- tante para aplicação da legislação, juntamente com aplicação da lei no espaço e no tempo, pois, quando a lei se materializa no plano fático, devemos saber quais serão os efeitos que produzirão de acordo com a realidade praticada. Tratar sobre as normas passa a ter grande importância, à medida que afetam diretamente a propriedade privada, ganhando grande autonomia, por isso é necessário entendê-las, principalmente no que se refere às exceções. Prosseguiremos com o Sistema Tributário Nacional, sua definição e as regras que estão regidas pelos dispostos constitucionais, para saber qual a função dos tributos e a diferença entre as formas de arrecadação. Finalizamos com o poder de limitar por meio dos princípios constitu- cionais e imunidades, pois, nele, haverá fundamentos para incidência ou não dos tributos, que fará toda diferença na apuração diante da Legislação Brasileira, neste caso, a aplicação do Código Tributário Nacional subordi- nado à Constituição Federal. Bons estudos! U N IC ES U M A R 81 1 NOÇÕES DE DIREITO Tributário Caro(a) aluno(a), neste tópico, vamos abordar os aspectos mais relevantes sobre o direito tributário, que envolvem as relações jurídicas existentes entre o cidadão e os entes públicos, relações das quais decorrem a exigência ao pagamento dos tributos, bem como entender o sistema. Conceito de direito tributário Para entender o conceito de Direito tributário, temos que saber que o Estado, aqui no sentido de país, possui uma série de obrigações estabelecidas pela Constitui- ção Federal em seu artigo 175, que define: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos” (BRASIL, 1988, on-line). Para que o Estado possa fornecer os serviços públicos, é necessário que haja a obtenção de recursos, já que implica em custo econômico, não sendo suficiente a simples emissão de moeda, pois pode acarretar em grandes problemas inflacio- nários. Dessa forma, as empresas produzem ou comercializam bens ou serviços, bem como realizam pagamento aos seus trabalhadores que, de maneira geral, também transferem de alguma forma seus ganhos por meio dos tributos que vêm com objetivo de custear os serviços públicos. U N ID A D E 3 82 Casalino (2012, p. 26) define: “ [...] direito tributário como um conjunto de normas jurídicas que disciplina a relação entre Estado e particular, regulamentando a instituição, fiscalização e arrecadação de tributos. Como conjunto de normas jurídicas, o direito tributário viabiliza a atividade de tri- butação do Estado, ao mesmo tempo em que protege o particular e sua propriedade contra eventuais abusos do poder público. As normas jurídicas são produzidas pelos legisladores em conjunto com admi- nistradores, fazendo ser cumpridas pelo poder judiciário. Essas normas jurídicas podem ser entendidas como um comando, determinação legal para que se cum- pra obrigação, cabendo ao direito descrever. Direito tributário é definido como: “ O Direito, objetivamente considerado, é o conjunto de regras de conduta coativamente impostas pelo Estado. Na clássica conceitua- ção de Ihering, é o complexo das condições existenciais da socieda- de, asseguradas pelo Poder Público. Em última análise, o Direito se traduz em princípios de conduta social, tendentes a realizar Justiça (MEIRELLES, 2002, p. 35). Para Sabbag (2016, p. 52): “ Direito Tributário é ramificação autônoma da Ciência Jurídica, atrelada ao direito público, concentrando o plexo de relações jurí- dicas que imantam o elo Estado versus contribuinte’, na atividade financeira do Estado, quanto à instituição, fiscalização e arreca- dação de tributos. Já para Vieira (2014, p. 22): “ O Direito tributário é um ramo do direito público, em razão das rela- ções existentes entre poder público, fazenda, e o particular, obrigados ao pagamento do tributo, e o direito limita e define atuação do Estado, do poder tributante, os princípios e o conjunto de normas pertinentes. U N IC ES U M A R 83 Podemos, ainda, trazer dois elementos da definição: objetivo, ou seja, o tributo propriamente dito, e o elemento subjetivo, que são os sujeitos da relação jurídi- co-tributária (VIEIRA, 2014). Cassone (2003, p. 32) diz que: “ O Direito tributário é parte do direito financeiro que estuda as rela- ções jurídicas entre o Estado (fisco) e os particulares (contribuintes), no que concerne a instituição, arrecadação, fiscalização e extinção do tributo, sendo um direito autônomo por se reger as regras próprias. Caro(a) aluno(a), podemos buscar inúmeras definições: em todas estarão pre- sentes os elementos estruturais principais quais sejam o Estado, particulares e atividade financeira. 2 FONTES DO DIREITO Tributário Todos os Ramos do direito são retratados de um ponto de origem, de um lugar de onde nasce a regra jurídica, por isso denominamos como “fonte do direito”, eis que indicam a origem do direito; com o Direito Tributário não poderia serdiferente. U N ID A D E 3 84 As fontes podem ser classificadas em fontes formais, materiais e não formais. Fontes Formais As fontes formais são o direito exteriorizado por meio da legislação, tendo como principais: a Constituição Federal, Emenda Constitucional, Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto Legislativo, Resolução, Tratados e convenções Internacionais. Explicaremos cada uma de acordo com os ensinamentos de Diniz (2009) que diz que: ■ Constituição Federal: nossa lei máxima se encontra no topo da pirâ- mide jurídica, utilizada como fundamento da validade de todas as outras leis. Ela é muito importante para o Direito tributário, pois possui um ca- pítulo sobre sistema tributário nacional, além da tributação e orçamento, delimitando a repartição das receitas. ■ Emenda Constitucional: nossa constituição, em alguns pontos, só pode ser alterada mediante emendas constitucionais; uma vez aprovadas, in- corporam-se à Constituição com igual hierarquia, passando a ter a mes- ma força das normas constitucionais preexistentes. ■ Lei Complementar: “ [...] como em sua designação vem para complementar disposições constitucionais disposta em vários artigos da Constituição Federal (CF, art. 69, 146-A e 155, XII) muito utilizada no setor tributário para dispor sobre conflitos de competência entre as entidades po- líticas e o poder de tributar. Para sua existência, exige-se quórum qualificado, ou seja, maioria absoluta nas duas casas do Congresso Nacional (CF, art. 69) (DINIZ, 2009, p. 290). ■ Lei Ordinária: criada pelo poder legislativo da União, Estados ou Muni- cípios, dentro das suas competências definidas pela constituição, a maio- ria das leis criadas que estabelecem direitos e obrigações, por exemplo: lei de falências, Lei de locação, dentre outras. ■ Lei Delegada: é elaborada e editada pelo presidente da República, e poder ocorre em razão de uma resolução do congresso nacional, visando possibilitar aceleramento da criação de novas normas jurídicas, mas importante ressaltar U N IC ES U M A R 85 que existem delimitações constitucionais em relação às matérias (art. 68 §1.º e 150, I da Constituição Federal). A Lei Delegada está sujeita à apreciação do Congresso Nacional, que verifica se corresponde à permissão dada. ■ Medida Provisória: também expedida pelo Presidente da República, no exercício de sua competência estabelecida pela Constituição, embora não sejam leis que substituíram o antigo decreto-lei (Art. 25, I, II e §§ 1.º, 2.º do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal). O chefe do poder Executivo pode adotar a medida provisória com força de lei em caso de relevância do interesse público e urgência, sendo submetidas de imediato ao Congresso Nacional, e se, em 60 (sessenta) dias, prorrogável por uma única vez, não for convertida em Lei, perde sua eficácia, havendo restrições a algumas matérias. ■ Decreto Legislativo: promulgado pelo presidente do Senado, é uma nor- ma aprovada pelo Congresso por maioria simples, sobre matéria de sua exclusiva competência (art. 49 C.F.), por exemplo, ratificação de tratados internacionais e julgamento de contas do Presidente da República. ■ Resolução: por serem deliberadas por uma das câmaras, Poder Legisla- tivo ou pelo Congresso Nacional, são aprovadas por maioria absoluta de seus membros e não têm sanção, sendo promulgada pela mesa do Senado que ordena sua publicação; trata de assuntos como licença ou perda de cargo por deputado ou senador, determinação de alíquotas de imposto sobre circulação de mercadorias, proposta por iniciativa do Presidente da República ou um terço dos Senadores. ■ Tratados e Convenções Internacionais: “ Tratado é o acordo formal concluído entre os sujeitos de Direito Internacional Público – Estados, organismos internacionais e ou- tras coletividades – destinado a produzir efeitos jurídicos na órbita internacional (HUSEK, 2008, p. 21). ■ Decretos Regulamentadores: “ [...] são normas jurídicas gerais, abstratas e impessoais estabelecidas pelo poder Executivo da União, dos Estados ou Municípios, para desenvolver uma lei, minudenciando suas disposições facilitando sua execução ou aplicação (CARRAZZA, 1981, p. 14). U N ID A D E 3 86 Não podendo criar novos institutos, apenas regulamentar os comandos existentes. ■ Instruções Ministeriais: expedidas pelos Ministros de Estado para pro- mover a execução das leis, decretos e regulamentos atinentes às atividades de sua pasta. ■ Circulares: normas jurídicas que organizam de maneira uniforme o ser- viço administrativo. ■ Portarias: normas gerais que o órgão superior edita para serem obser- vadas pelos órgãos subordinados àquele. ■ Ordens de Serviço: estipulação concreta para um certo tipo de serviço a ser executado por um ou mais agentes credenciados para isso. As fontes formais obedecem a uma hierarquia, é um sistema criado por Hans Kelsen, que ensina, em linhas gerais, que entre uma norma superior e uma norma inferior de uma ordem jurídica, não é possível qualquer conflito que destrua a unidade deste sistema normativo (KELSEN, 1998, p. 192) Figura 1 - Pirâmide de Kelsen / Fonte: adaptada de Leite (2013). Constituição Emendas Constitucionais Lei Complementar Lei Ordinária Medidas Provisórias e Lei Delegada Decreto Legislativo Decretos Regulamentadores Portaria Resolução, Instruções Ministeriais, Circulares, Ordens de Serviços Descrição da Imagem: a figura mostra uma pirâmide. Na metade do lado direito da pirâmide, temos 9 divisões, sendo: Constituição, Emendas Constitucionais, Lei Complementar, Lei Ordinária, Medidas Provisórias e Lei Delegada, Decreto Legislativo, Decretos Regulamentadores, Portaria e, na última linha, Resolução, Instruções Ministeriais, Circulares e Ordens de Serviço. U N IC ES U M A R 87 Portanto, a Constituição de um Estado está acima de todas as outras espécies normativas, devendo se limitar ao que a própria Constituição permite e lhe dá o alcance, sob pena de ser inconstitucional. Já tem uma parte da doutrina que traz algumas fontes formais como secundárias, são elas: “ [...] aquelas que se materializam em instrumentos normativos meno- res, de menor porte, de cunho instrumental operacional, os chamados mecanismos de complementação, por exemplo, as portarias minis- teriais, circulares e instruções normativas (SABBAG, 2016, p. 282). É importante compreender que a lei, para produzir seus efeitos jurídicos, deve cumprir alguns requisitos legais, por exemplo, a publicação da Lei, sendo, neste momento, que a torna pública, por isso ninguém poderá descumpri-la alegando seu desconhecimento. O Legislador é quem vai determinar o termo inicial da aplicabilidade de sua lei, ou seja, sua vigência. Se não houver no texto legal, nossa Lei de Introdução do Código Civil determina, em seu artigo 1º, que passará a vigorar 45 dias após sua publicação. Em geral, uma lei passa a ter eficácia após a sua entrada em vigor. “ [...]Direito Tributário, entretanto, não basta o requisito “da vigência”. No caso de lei que institui ou majora o tributo, teremos um requisito extra para a produção da eficácia da norma – o chamado princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, “b” e “c”, CF). Daí se afirmar que a lei tributária incidirá se obedecer à regra de vigência e à regra da anterioridade. Como a primeira, em geral, coincide com a data da publicação, não há grande dúvida ao intérprete, que acaba apenas apli- cando o princípio da anterioridade tributária (SABBAG, 2016, p. 214). Portanto, não basta que tenha apenas a vigência da lei em Direito Tributário, é necessário, para uma norma ser considerada eficaz, que seja observado o princí- pio da anterioridade tributária. Soma-se todas as regras de vigência das normas ao princípio da anterioridade tributária para que a norma tenha incidência. U N ID A D E 3 88 Figura 2 - Regra de Vigência da Legislação Tributária / Fonte: Sabbag (2016, p. 215).A Regra da anterioridade tributária evita que em um mesmo exercício haja alte- ração da norma tributária e efeitos para o mesmo exercício financeiro; dessa ma- neira, adia-se sua eficácia para o próximo ano fiscal, por exemplo: determinado imposto já foi majorado neste ano e no mesmo ano foi instituído novo aumento, então somente poderá ter valor no exercício subsequente. Fontes Materiais Segundo Vieira (2014, p. 230): “ As fontes materiais são acontecimentos econômicos, sociais políti- cos que podem ser a motivação para alterações legislativas. As fon- tes materiais são situações pré-jurídicas, diferentemente dos fatos geradores que originam a cobrança de um tributo, pois esses fatos já juridicizados, previstos em lei como geradores de obrigação tri- butária. Podemos exemplificar o caso de uma guerra externa, pode o Estado instituir impostos extraordinários ou empréstimos compul- sórios. Dessa maneira há, no próprio texto constitucional, situações materiais que podem ser pressupostos para criação de tributos. Portanto, as fontes materiais se centralizam em situações referentes à sociedade, economia ou a política que façam com que a legislação surja ou seja alterada. Regra de Vigência Regra da Anterioridade Tributária Incidência da Lei Tributária Descrição da Imagem: a figura mostra 3 retângulos. O primeiro é igual à soma dos demais, sendo o primeiro Incidência da Lei Tributária, o segundo Regra de Vigência e o terceiro Regra da Anterioridade Tributária. U N IC ES U M A R 89 Nos ensinamentos de Vieira (2014), o Sistema Tributário Nacional é um conjunto de normas, de princípios e de regras que governam o direito tributário, destacan- do que as normas tributárias sempre estão regidas pelos dispostos constitucionais. Essas normas informam quais são os tributos que podem ser cobrados, qual o ente político que poderá cobrá-los e quais são os limites para imposição do efeito de exigir do Estado. Dessa forma, a concepção de um sistema (o todo) envolve o desempenho de cada componente (as partes) de maneira específica, e o conjunto dos componen- tes é que realiza a função precípua. É bem verdade que as normas gerais em direito tributário são reserva de lei complementar, conforme disposto no artigo 146, III da Constituição Federal; contudo, as normas específicas são disciplinadas nas leis ordinárias diferentes entes da federação, conforme tributo. Após a Emenda Constitucional 45/2003, o Senado Federal passou a ser competente para avaliar periodicamente o Sistema Tributário Nacional, bem como o desempenho das administrações tributárias da União, Estados e Mu- nicípios, podendo até propor alterações, sendo acompanhado pela Comissão de Assuntos Econômicos. 3 SISTEMA TRIBUTÁRIO Nacional U N ID A D E 3 90 Antes de entender quais as funções dos tributos, precisamos defini-lo, assim dis- põe nosso Código Tributário Nacional em seu art. 3º: “[...] tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa eximir, que não constitua sanção de ato ilícito, instruída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL,1966, on-line). Casalino (2012, p. 34) afirma que: “ Vamos entender detalhadamente o conceito ou suas características: pecuniária significa dizer que a prestação será feita em dinheiro, não podendo o tributo ser pago de outra maneira. Compulsória, por se tratar de uma obrigação. Em moeda ou cujo valor nela se possa eximir como se fala em prestação pecuniária deve ser feita em moeda corrente. Que não constitua sanção de ato ilícito, ou seja, tributo não é multa, pois decorre de ato lícito ao contrário da multa que devemos pagar quando descumprimos uma norma. Instituída em lei, pois compete a cada ente federativo o poder de criar o tributo de acordo com o que estabelece a Constituição. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, compete ao ente que criou o tributo por meio da autoridade administrativa realizar a cobrança dele. 4 FUNÇÕES DOS TRIBUTOS U N IC ES U M A R 91 Nasser (2013, p. 34) classifica os tributos como: “ a) Não vinculados: que possuem como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade esta- tal específica relativa ao contribuinte, ou seja, o crédi- to arrecadado, pode ser destinado a qualquer prestação diversa inclusive daquele que lhe deu causa. Exemplo: imposto. b) Vinculados: são os que possuem o fato gerador a uma atuação do Estado em favor do contribuinte, de for- ma direta ou indireta. Os valores arrecadados serão utili- zados para custeio das atividades estatais. Exemplo: taxas. c) Tributos diretos: trata-se dos tributos cujo valor eco- nômico é suportado exclusivamente pelo contribuin- te, inexistindo a possibilidade de ser repassado a terceiros. Exemplo: IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). d) Tributos Indiretos: são aqueles tributos em que a car- ga financeira tem condições de ser repassada a terceiros, como acontece em uma cadeia de produção em que um produto é industrializado, posteriormente é comprado pelo atacadista e revendido ao varejista até chegar às mãos do consumidor fi- nal. Exemplo: IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). e) Tributos de finalidade fiscal: são tributos cuja fina- lidade é unicamente arrecadadora, ou seja, a preocupa- ção da entidade fiscal é de obter recursos para custeio de suas atividades. Exemplo: IR (Imposto de Renda), ICMS. f) Tributos de finalidade extrafiscal: trata-se dos tributos que, além de possuírem finalidade arrecadatória, exercem a função principal de controle de mercado. Exemplo: Imposto de Impor- tação e exportação, que são utilizados para controlar entrada e saída de mercadorias do país, protegendo a economia nacional. g) Tributos de finalidade parafiscal: seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não inte- gram funções próprias do Estado, mas este as desenvolve por meio de entidades específicas. Exemplo: Contribuição Previdenciária cujos valores, no regime geral da previdência social, são destinados à autarquia federal INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para U N ID A D E 3 92 custear os benefícios previdenciários de caráter pecuniário (pensão por morte, aposentadoria por idade). O tributo é o gênero, sendo que as espécies mais adotadas pelo ordenamento ju- rídico são: Imposto, Taxas, Contribuição de Melhoria, Empréstimo compulsório, Contribuições gerais ou especiais. Vamos entender cada uma. ■ Imposto: como seu próprio nome define, é uma imposição estabelecida pela Constituição Federal (art. 145, I) e de acordo com art. 16 do Código tributário Nacional: “[...] é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, re- lativa ao contribuinte (BRASIL,1966, on-line). ■ Taxas: regulada pela Constituição Federal (Art. 145, II) e definida pelo art. 77 do Código Tributário Nacional que define: “[...] têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou poten- cial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição” (BRASIL,1966, on-line). As taxas se classificam em taxas de poder de polícia, que se enquadram no exercício do poder de polícia, cujo objetivo é limitar direitos individuais em benefício da coletividade, por exemplo: taxa de inspeção sanitária e taxas de serviços públicos, que consistem na prestação de serviços públicos prestados indi- vidualmente pelos usuários e divisível, aquele que possibilita mensuração da fruição individual. Ex.: taxa judiciária. Diante deste conceito, é interessante estabelecer a diferença entre taxa e tarifa: Taxa Tarifa Criação Lei. Contrato administrativo. Função Remunerar serviço público prestado diretamente pelo ente federativo ou poder depolícia por ele desem- penhado. Remunerar o serviço pres- tado por concessionária de serviço público. Natureza Jurídica Tributo. Preço Público. U N IC ES U M A R 93 Taxa Tarifa Reajuste Apenas por Lei. Por ato da concessionária, nos termos estabelecidos no contrato administrativo. Tabela 1 - Diferença entre Taxa e Tarifa / Fonte: Nasser (2013, p. 37). ■ Contribuição de melhoria: deve estar prevista na lei emanada pelo ente federativo que realiza a obra. Regulado pelo artigo 145, III da Cons- tituição Federal e definido pelo artigo 81 do Código Tributário Nacional que estabelece: “ [...] é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (BRASIL,1966, on-line). ■ Empréstimos compulsórios: é uma espécie tributária a qual se objetiva cobrir despesas adicionais imprevistas em situações determinadas pela lei, que deverá ser devolvida ao final do período estabelecido na lei que ins- tituir o tributo. Assim define o Artigo 15 do Código Tributário Nacional: “ Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excep- cionais, pode instituir empréstimos compulsórios: I - guerra externa, ou sua iminência. II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis. III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do emprésti- mo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei (BRASIL,1966, on-line). De acordo com o que estabelece a Lei, são duas espécies: a cobrança dos compul- sórios em razão de calamidade pública ou guerra externa, chamada de despesas extraordinárias, ou em razão de investimento público em caráter de urgência. U N ID A D E 3 94 A redução dos custos de empresas por meio de planejamento tributário é tópico recor- rente tanto na pesquisa acadêmica como na prática empresarial. Este trabalho tem como objetivo estudar as formas de remuneração de sócios de empresas que pagam imposto de renda pelo lucro real, a saber: distribuição de lucros, juros sobre capital próprio e pa- gamento de pró-labore. Ênfase especial foi dada ao pagamento de pró-labore, modelado por meio da matemática atuarial, de forma a incorporar o efeito intertemporal do benefí- cio previdenciário a que o sócio tem direito, no cálculo das alíquotas efetivas das formas de remuneração. A alíquota efetiva é definida como a razão entre o valor efetivamente pago ao ente público e o valor originalmente disponível à tributação. A alíquota efetiva deve ser considerada pelo seu valor presente atuarial devido ao fato de que alguns tribu- tos têm efeitos intertemporais de pagamentos, recebimentos e restituições no fluxo de caixa do ente pessoa física ou jurídica. Fonte: Gouveia e Afonso (2013, p. 2). explorando Ideias ■ Contribuições gerais ou especiais: são voltadas para custear despesas específicas de acordo com o que estabelece a Constituição Federal art. 146. São algumas espécies de contribuições. ■ Sociais: destinadas ao financiamento da seguridade social que se subdi- vide em gerais, que cuidam da assistência social, previdência social, e a segunda compreende educação e habitação. ■ Intervenção no domínio econômico: são instituídas por meio de lei ordinária para custear gastos decorrentes da intervenção em algum setor da economia, ocupando polo passivo da relação obrigacional que explora, sob regime de direito privado, a atividade econômica objeto da regulação estatal. ■ Contribuições corporativas: são tributos instituídos pela lei ordinária em favor das entidades que representam categorias profissionais (trabalhadores) ou econômicas (empregadores). ■ Custeio da iluminação Pública: da competência municipal e instituída pela Emenda Constitucional 39/2002, também regulamentada pelo artigo 149-A da Constituição. U N IC ES U M A R 95 O Poder de tributar se trata do poder de avançar sobre a propriedade privada dos indivíduos, das empresas, ou seja, dos particulares por meio do pagamen- to de um tributo, sempre dentro dos limites constitucionais, passando pela lei. (CASALINO, 2012) A própria Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar. Estes li- mites estão inseridos nos artigos 150 a 152. Os Princípios e as imunidades consti- tucionais tributárias são considerados limitações constitucionais ao poder de tri- butar. Para exata compreensão dessa expressão, convém enfrentarmos, de início, alguns conceitos elementares, além de entender o significado de cada princípio para compreender os limites. ■ Princípios Tributários: a) Legalidade Tributária (art. 150, I C.F.): as contribuições devem ser ins- tituídas, como regra, por lei ordinária. A ressalva existe para a contribuição residual da seguridade social, isto é, aquela que incide sobre uma base tri- butável, diferente das discriminadas nos incisos I ao IV do art. 195 da CF. Existem três tributos que, obrigatoriamente, devem ser instituídos por lei comple- mentar: Imposto sobre grandes fortunas (C.F. art. 153, VII), Empréstimos Com- pulsórios (C.F. art. 148) e Impostos Residuais da União (C.F. art. 154, I). 5 PRINCÍPIOS E LIMITAÇÕES do Poder de Tributar U N ID A D E 3 96 Ainda há alguns tributos que poderão ter suas alíquotas majoradas ou re- duzidas por Decreto do Poder Executivo: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre produtos industrializados, Imposto sobre Opera- ções Financeiras, Contribuições de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE Combustível, ICMS Combustível. b) Anterioridade Tributária: “[...] o princípio da anterioridade tributária, expresso no art. 150, III, b e c, da CF, destaca-se como um postulado tipicamente tributário, cujos efeitos direcionam-se para a seara da tributação, seja ela federal, estadual, municipal ou distrital” (CAR- RAZZA, 2008, p. 185) – uma expressiva limitação ao poder impositivo do Estado. A limitação decorrente do princípio da anterioridade, por configurar cláusula pétrea da Constituição da República, não pode ser elidida por emenda constitucional. As exceções a esse princípio são trazidas pelo § 1.º artigo 150 da Constitui- ção Federal, ou seja, desnecessidade de aguardar o exercício financeiro seguinte para a cobrança dos tributos: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre produtos industrializados, Imposto sobre operações financeiras, Imposto extraordinário de guerra, empréstimo compulsório para calamidade pública, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) Com- bustível, ICMS combustível. c) Anterioridade nonagesimal (art. 150, III c, Constituição Federal): com a finalidade de evitar a surpresa, estabeleceu-se a vedação à cobrança de tributos antes de decorridos 90 dias da data que houver sido publicada a lei que tenha instituído ou majorado o tributo. Lembremos que a esse princípio também existem exceções: Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto de Renda, Imposto sobre operações financeiras, Im- posto extraordinário de guerra, empréstimo compulsório para calamidade pública, Imposto sobre a Propriedade Territorial e Predial Urbana (apenas base de cálculo) e Imposto sobre a propriedade de Veículos automotores. d) Isonomia Tributária (art. 150, II, C.F.): veda o tratamento tributário desigual a contribuintes que se encontrem em situação de equivalência, coibindo a odiosidade tributária, manifestável em comandos normati- vos discriminatórios, veiculadores de favoritismos por meio da tribu- tação (SABBAG, 2016). e) Irretroatividade Tributária (art. 150, III, a C.F.): informa que a co- brança de tributo somente poderá atingir fatos surgidos em momento U N IC ES U M A R 97 posterior ao do início da vigência da norma jurídica. Como exceção nos casos de a lei posterior determinar multa maisbenéfica em relação àquela que estava em vigor no momento da ocorrência do fato gerador, existe a possibilidade dessa norma retroagir apenas no que se refere à multa. f) Vedação ao Confisco (art. 150, IV, C.F.): proíbe que o tributo seja utilizado com o intuito de confiscar o contribuinte. g) Liberdade de tráfego (art. 150, V, C.F.): um dos fundamentos é a li- berdade individual de locomoção, assegurada no art. 5.º da Constituição Federal. Outro fundamento é o próprio princípio federativo, na medida em que obsta que os entes imponham “barreiras” por meio da tributação à livre locomoção dos indivíduos no território nacional. h) Uniformidade Geográfica ou Tributária (art. 151, I, C.F.): a União deve instituir tributo Uniforme em todo território nacional, sem que haja distinção ou preferência com relação aos Estados, Distrito Federal ou Município. i) Proibição da tributação federal diferenciada da renda da dívida pública e da remuneração dos agentes, em âmbito não federal (art. 151, II, C.F.): a União não pode tributar de maneira diferente a renda gerada por meio dos títulos emitidos em relação àqueles emitidos pelas demais unidades da Federação. Também não pode tributar os rendimen- tos auferidos pelos agentes públicos federais de maneira diferenciada se comparada com agentes municipais e estaduais. j) Proibição das Isenções Heterônomas (art. 151, III, C.F.): veda à União a concessão de isenção de tributos que fogem a seu plano de com- petência tributária. Em termos simples, quer-se proibir que a União venha atuar fora da seara de sua competência, o que lhe é defeso em virtude da privatividade que demarca a competência tributária, quer na vertente de instituição do tributo, quer na de sua exoneração. k) Princípios da não cumulatividade: determina que o imposto seja não cumulativo, compensando-se o que se for devido em cada operação rela- tiva à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas operações anteriores pelo mesmo ou outro Estado, ou pelo Distrito Federal. A Incidência do imposto ocorrerá sobre o valor agregado em cada operação, e não sobre valor total, evitando-se, assim, “tributação em cascata”. Refere-se a dois impostos: IPI e ICMS (artigo 155 § 2.º, I e artigo 153 § 3.º, II da C.F.). U N ID A D E 3 98 ■ Imunidade (art. 150, VI, C.F): é a exclusão imposta pela Constituição Federal ao poder de tributar. É dirigida ao legislador, que fica impedido de exercer a competência tributário nos casos especificados no texto cons- titucional, sendo aplicável apenas aos impostos. Espécies de imunidades são imunidade recíproca (art. 150, VI, a CF), Imunidade dos templos de qualquer culto (art. 150, VI, b CF): os templos de qualquer culto estão dispensados do pagamento de todos os impostos e não apenas daqueles inerentes ao patrimônio, renda e serviços. a) Imunidade dos partidos políticos, sindicatos instituições de educação e entidades de assistência social, sem fins lucrativos (art. 150, VI, c CF): os entes tributantes não podem cobrar dessas instituições imposto sobre patrimônio, renda ou serviços, apenas, devendo as entidades demonstrar o preenchimento dos requisitos previstos na lei (art. 9.º a 14 do CTN). b) Imunidade de livros, jornais, revistas e do papel destinado à sua impressão (art. 150, VI, d CF): não há que se falar em cobrança de imposto sobre comercialização de livros, jornais ou revistas e do papel destinados à im- pressão, sendo estendido aos filmes e papéis fotográficos de acordo com súmula 657 do STF. c) Imunidade recíproca: ocorre quando os entes públicos não poderão co- brar impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. d) Imunidades especiais: imunidade de IPI de produtos destinados ao ex- terior (art. 153 § 3.º, III da CF) Imunidade de ITR para pequenas glebas exploradas pela família (art. 153 § 4.º, II da CF), Imunidade de ICMS para mercadorias e produtos industrializados destinados ao exterior, opera- ções com outros Estados relativamente ao petróleo, lubrificantes, combus- tíveis e energia elétrica, outro ativo financeiro quando já incide Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) (art. 155 X e XII da Constituição). Imunidade de Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) de bens e direito incorporados à pessoa jurídica decorrentes de fusão incorporação (art. 156 § 2.º, I Constituição Federal). U N IC ES U M A R 99 O Simples Nacional é um instituto polifacetado de natureza bastante complexa e inédito no ordenamento jurídico nacional. Podemos entender como um sistema cujo regime é especial de tributação, constituído em um microssistema tributário, material, formal e processual, que unifica a fiscalização, o lançamento e a arrecada- ção de determinados impostos e contribuições da competência da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, pode ser aplicável opcionalmente às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, tendo como principal finalidade garantir a estes con- tribuintes um tratamento fiscal diferenciado e favorecido, em caráter parcialmente substitutivo ao regime geral e compulsório (MARINS; BERTOLDI, 2007). Quando afirmamos que o Simples Nacional é um regime tributário especial, significa que não se aplica a todo o universo de pessoas jurídicas de direito pri- vado nacional. Na área fiscal, tem o propósito de operacionalizar os princípios de tratamento diferenciado que favorece a micros e pequenas empresas. O sistema simples também tem a característica de simplificação administra- tiva, tanto para os contribuintes quanto para os entes tributantes. Trata-se de um microssistema tributário inserido no sistema tributário geral. Para gerir o sistema fiscal diferenciado de tributação, a Lei Complementar es- tatuiu o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) como órgão colegiado ligado ao Ministério da Fazenda, composto por quatro representantes da Receita Federal do Brasil, dois representantes dos Estados e dois representantes dos Municípios. 6 SISTEMA SIMPLES Nacional U N ID A D E 3 100 Você concorda com a imunidade dos partidos políticos, sindicatos e entidades sem fins lucrativos? pensando juntos Esse órgão tem competência regulamentar de caráter infralegal e os atos por ele editados subordinam contribuintes e administrações tributárias de todo o país, exercendo a administração em nível estratégico de todo o regime. Nesse sentido, podemos entender que a gestão do sistema é compartilhada e se limita à regulamentação e especificação conjunta das soluções a serem apli- cadas, frisando que as decisões tomadas são resultado de deliberações tomadas por quórum privilegiado. Serão as administrações tributárias quem efetivamente autorizam empresas a optar pelo regime por meio do mecanismo de deferimento dos pedidos de op- ção. Podem praticar atos de ofício de inclusão e exclusão de empresas; efetuam cobrança administrativa dos valores declarados e não pagos, fiscalizam empresas para verificar o cumprimento das obrigações tributárias principais e acessórias, conduzem o contencioso administrativo relativo aos processos de indeferimento de opção, exclusão de empresas e de ações fiscais (BACELAR, 2012). Com o Estatuto do Simples Nacional, o legislador promoveu um corte pre- ciso no Sistema Tributário Nacional, inserindo nele um grupo de normativos e procedimentos de natureza especial, porque excepciona parcialmente o regi- me geral, aplicável apenas aos tributos especificados pela lei e às empresas que preencherem os requisitos legais e que optaram pela sistemática de tributação estabelecida (BACELAR, 2012). U N IC ES U M A R 101 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade, aprendemos os aspectos mais relevantes sobre o conceito de direito tributário, principalmente para entender as séries de obri- gações estabelecidas pela Constituição Federal. Não deixamos de destacar a relação íntima que há entre o direito tributário e a Constituição Federal, que ao mesmo tempo que regulamenta, delimita ospoderes, as formas de execução, as obrigações de cada ente federativo no tocante às obrigações tributárias. Este conjunto de normas formado viabiliza atividade de tributação e, ao mes- mo tempo, regula as relações entre o contribuinte e o Estado, limitando o poder de cada um. O Estado, para movimentar as máquinas estruturais e manter ser- viços sociais, necessita de recursos nos quais sua maior fonte são os tributos. Ao mesmo tempo que o direito regula essa relação, ele também exterioriza as formas por meio da hierarquia das leis estabelecidas. Não podemos deixar de mencionar que a Constituição Federal se encontra no ápice de nosso ordenamento jurídico seguida por todas as outras leis que estão a ela subordinadas, assim, entendemos como ocorre a vigência das leis no espaço e no tempo. Seguindo pelo Sistema Tributário Nacional, apresentou-se as regras rela- cionadas ao direito tributário, procurando estabelecer as funções dos tributos, trazendo, principalmente, suas características para, então, prosseguir com a nos- sa busca ao conhecimento individualizado de cada espécie de tributo cobrada atualmente, bem como a legislação autoriza cobrança. Na sequência, vimos as limitações do poder de tributar estabelecidas pela Constituição Federal por meio dos princípios e imunidades tributárias. Cada unidade foi elaborada com muito carinho e profissionalismo. Tenho certeza que este conteúdo colaborará muito com aqueles que se encontram nessa fase tão importante de sua formação profissional. 102 aprimore-se O PODER DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA E A NOVA ORDEM CONSTITU- CIONAL O art. 200 do CTN faculta às autoridades administrativas fiscais requisitarem auxílio de força policial quando vítimas de embaraço ou desacato no exercício de suas funções, ou ainda, quando necessário à efetivação de medida prevista na legislação tributária. Tal dispositivo encontra-se previsto dentro do título IV do CTN, que trata da Adminis- tração Tributária, e especificamente em seu capítulo I, o qual versa sobre a fiscalização. A mens legis do artigo em comento é dotar a administração tributária dos meca- nismos necessários para a aplicação da legislação tributária, executando o Poder de Tributar dentro de seu espectro legal. Isso porque a arrecadação do tributo depen- de, em grande parte, da atuação direta da fiscalização, a qual deve se dar de forma organizada e efetiva, contribuindo, assim, para a repressão de condutas omissivas ou comissivas de sonegação. Essa conclusão se justifica porque estamos imersos em um Sistema Tributário excessivo, que beira o confisco, razão pela qual não há uma predisposição do contribuinte em pagar espontaneamente o tributo. Entretanto, os dispositivos do CTN não podem ser interpretados de forma absoluta, tendo em vista que este foi editado sob a égide de outra Constituição. Nesse sentido, após a promulgação da CF/88 todo o regime legal anterior que não conflitasse mate- rialmente com a nova Ordem Constitucional seria recepcionado, tomando como parâ- metro o novo regime normativo. Portanto, o art. 200 do CTN deve ser interpretado res- peitando as garantias e direitos fundamentais inseridos dentro da nova Carta Magna. O poder de requisição de força policial só poderá ser efetivado quando verificada as condições estabelecidas em lei. Assim, quando a autoridade fiscal administrativa for vítima de desembaraço ou desacato no exercício de suas funções, e quando ne- cessário à efetivação das medidas previstas na legislação tributária, poderá reque- rer auxílio de força policial para o exercício de suas atividades. O artigo traçou critérios objetivos, tendo como destinatário da norma os agentes da administração tributária, que receberam determinadas prerrogativas, e os con- tribuintes ou responsáveis, que estarão submissos à fiscalização, sejam eles pes- soas físicas ou jurídicas. 103 aprimore-se Mais a mais, esses poderes deverão ser exercidos com fulcro nos princípios cons- titucionais administrativos (art. 37 da CF/88), bem como no princípio do devido pro- cesso legal (art. 5º, LIV da CF/88) e no princípio da razoabilidade, que é corolário do devido processo legal em seu aspecto material. Objetiva-se, dessa maneira, evitar a prática de atos que possam configurar abuso de poder, seja na modalidade desvio de poder ou excesso de poder. Sendo certo que o controle desse abuso se dará através do princípio da razoabilidade, averiguando a necessidade, adequação e pro- porcionalidade em sentido estrito do ato. De outro giro, não se pode olvidar que a fiscalização, bem como a requisição de força policial não podem exorbitar a garantia da inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XI da CF/88), do sigilo das correspondências e das comunicações (art. 5º, XII da CF/88) e da livre circulação de pessoas ou coisas (art. 5º, XV da CF/88), as quais são cláusulas pétreas, conforme preceitua o art. 60, §4º, IV, da CRFB. Os doutrinadores Luciano Amaro e Ricardo Abdul Nour entendem que, nos ca- sos de sonegação de livros e documentos, não se justificaria a requisição de força policial, pois a administração fiscal tributária é dotada de outros meios para punir o infrator, como é o caso das multas pelo descumprimento das obrigações acessórias. Outrossim, há entendimentos contrários, devendo, no caso concreto, ponderar entre a necessidade de consecução do interesse público, evitando a sonegação, e os direitos e garantias individuais dos contribuintes. [...] Ante ao exposto, pode-se dizer que o poder de fiscalização descrito no art. 200 do CTN não é absoluto, devendo guardar conformidade com os preceitos constitu- cionais e as razões expostas nesse artigo. Fonte: Nunes (2012, on-line). 104 na prática 1. O que é Direito Tributário? 2. Como são classificadas as fontes do Direito Tributário? 3. O que são fontes formais? 4. O que são fontes materiais? 5. O que são fontes não formais? 6. Defina Sistema Tributário Nacional. 7. Descreva como pode ser definido o Sistema Simples Nacional. 8. Qual a diferença entre taxa e tarifa? 9. O que é imposto? 10. Em que consiste as limitações do poder de tributar? 105 eu recomendo! Teoria da Igualdade Tributária Autor: Humberto Ávila Editora: Malheiros Sinopse: a norma tributária deve tratar todos os contribuintes igualmente, apesar das suas diferenças, ou todos os contribuin- tes diferentemente, apesar da sua igualdade? Para o autor, o Direito Tributário justo é aquele que leva em consideração as particularidades dos casos concretos e dos contribuintes neles envolvidos; é aquele que privilegia o princípio da capacidade contributiva subjetiva acima de tudo, em suposto detrimento da legalidade. A relevância da discussão deve-se à crescente utilização de padrões fiscais (pautas, tabelas), que desconsideram as particularidades dos casos concretos em nome da chamada eficiência ad- ministrativa, precisamente em um momento em que o cidadão pleiteia uma atenção individualizada que preserve a sua dignidade. livro É importante saber a distinção entre Imunidade Tributária e Isenção de Impostos! Para isso, leia o texto do Hamilton Junqueira, que traz informações relevantes sobre o assunto. https://www.fdcl.com.br/revista/site/download/fdcl_athenas_ano1_ vol2_2012_artigo6.pdf conecte-se https://www.fdcl.com.br/revista/site/download/fdcl_athenas_ano1_vol2_2012_artigo6.pdf https://www.fdcl.com.br/revista/site/download/fdcl_athenas_ano1_vol2_2012_artigo6.pdf https://www.fdcl.com.br/revista/site/download/fdcl_athenas_ano1_vol2_2012_artigo6.pdf 4 DAS OBRIGAÇÕES Tributárias PROFESSORAS Dra. Letícia Carla Baptista Rosa Esp. Renata Monteiro de Andrade PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Legislação Tributária • Relação Jurídica Tributária • Capacidade Tributária • Crédito Tributário. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Conhecer algumas das principais leis aplicadas ao Direito Tributário. • Entender aplicabilidade da Le-gislação Tributária. • Saber as formas de aplicação da lei tributária. • Compreender o surgimento da obrigação tributária. • Instruir-se das responsabilidades tributárias. • Explorar as formas de suspensão, exclusão e extinção do crédito tributário. INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), esta unidade é de suma importância, eis que dispõe de conteúdos importantes não apenas para utilização no trabalho, pois as obri- gações tributárias estão presentes em todos os atos de nossa vida cotidiana. Veja que na aquisição de qualquer produto, por mais simples que seja, haverá embutido ao preço um percentual de tributo, seja ele municipal, estadual ou federal; entender qual a legislação aplicada e o motivo desse procedimento é de total relevância para o estudo do direito tributário. Por isso, iniciamos nossa unidade com estudo das legislações aplicadas, sempre lembrando que a mais significativa é a Constituição Federal, mas devemos conhecer a importância que o ordenamento jurídico possui em toda essa teia de informações. Conhecer a legislação é importante, mas saber de sua aplicação e inter- pretação também faz parte do aprendizado, visto que o direito tributário segue uma sistemática diferenciada dos outros direitos, por isso, devemos interpretar e integrar a legislação para aplicar de forma adequada. Seguimos para o surgimento da obrigação tributária, por meio da hi- pótese de incidência, fato gerador, sujeito passivo, sujeito ativo etc. Enfim, é o foco principal dos entes federativos, pois por meio deste processo que se inicia a arrecadação, muito importante para administração da sociedade, afinal são com esses recursos que os serviços sociais são mantidos. E não poderíamos falar da obrigação sem falar da responsabilidade tributária daquele que praticou o fato gerador ou que deixou de fazê-lo, passando pela seara do domicílio, finalizando pelo crédito tributário e as formas de lançamento. Depois de entender o processo, devemos saber quais as formas de sus- pender, excluir ou extinguir o crédito tributário. Vamos iniciar esta jornada extraordinária tão essencial para nosso co- tidiano. Bons estudos! U N ID A D E 4 108 1 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais um encontro. Aprenderemos sobre as obrigações tributárias e a consequência dessas obrigações, vamos com muita dedicação avançar mais um passo na busca pelo conhecimento. Neste item, abordaremos um conjunto de regras jurídicas ligadas ao tributo. Esse conjunto é composto pelas leis, tratados e convenções internacionais, de- cretos e normas complementares. Aqui, a legislação será tratada exclusivamente na esfera tributária, visto que as normas trazem diversos assuntos. Para melhor compreensão, entenderemos o comportamento de cada espécie normativa na Legislação Tributária de acordo com os ensinamentos de Vieira (2014). A Constituição Federal, nossa lei máxima, define as diretrizes e a obrigação das leis de cada ente federativo (municípios, estados, governo e união) no mo- mento da elaboração das leis, bem como sua aplicabilidade. Para melhor com- preensão, entenda que o Código Tributário Nacional (CTN), publicado como Lei Ordinária (Lei 5.172/1.966), tem status de Lei Complementar, conforme recepção constitucional, ou seja, embora seja uma lei ordinária, a Constituição Federal autorizou a elaboração da lei, Medidas Provisórias que não tratam de assuntos destinados à Lei Complementar, tampouco sobre artigos da Constituição Federal que foram alterados por Emendas entre 01.01.1995 e a publicação da Emenda Constitucional 32/2001 (art. 246 da C.F.). U N IC ES U M A R 109 Outro limite à Medida Provisória ocorre na criação ou majoração dos impostos em que os feitos só serão produzidos no exercício financeiro seguinte, se for convertido em lei até o último dia daquele em que foi publicada, com exceção do Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre Exportação (IE), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Impostos Extraordinários. Ainda devemos mencionar que o Supremo Tribunal Federal (STF) entende que pode se instituir tributos por meio da medida provisória, em razão de que possui força de Lei, devido julgamento proferido na ADIn 1417 (BRASIL, 1999). Os tratados e convenções internacionais revogam ou modificam a legislação interna, podendo até conceder isenções de tributos de competência de Estados e Municípios de acordo com o que estabelece o artigo 98 do CTN. Decretos dos conteúdos e o alcance dos decretos se restringem aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas do CTN. Também veremos que as resoluções do senado são importantes ao tratarmos dos impostos estaduais, portarias e Instruções normativas. É importante destacar, caro(a) aluno(a), que determinados assuntos no direito tributário têm que constar em lei, conforme previsto no artigo 97 do CTN, que determina: “ Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção. II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65. III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressal- vado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo. IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65. V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas. VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributá- rios, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no U N ID A D E 4 110 inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo (BRASIL, 1966, on-line). No que se refere à majoração de alguns tributos, há exceções em razão da redução do princípio da legalidade no que diz respeito à alteração das alíquotas de alguns impostos, tais como: Imposto sobre Importação (II), Imposto sobre exportação (IE), Imposto sobre produtos industrializados (IPI), Imposto sobre operações financeiras (IOF) e Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico que incide sobre combustíveis (Cide-Combustível). É importante entender que somente configura majoração quando aumenta a base de cálculo, ressaltando também por meio da Súmula 160 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determina: “[...] é defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária” (BRASIL, 1996a, on-line). Para cumprimento das normas, haverá intervenção dos órgãos administra- tivos. Para que tudo ocorra de maneira padronizada, utiliza-se da criação das normas complementares como atos normativos, decisões dos órgãos singulares, práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas, convênios e atos administrativos. Para Vieira (2014, p. 134): “[...] atos normativos são as portarias ministeriais, orientações normativas que são atos unilaterais gerais e abstratos, porque os des- tinatários são sujeitos indeterminados”. As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, em geral, não recebem efeito de norma, pois seus efeitos ocorrem somente entre as partes; no entanto, com a resolução de consulta em recurso especial Coorde- nação-Geral de Tributação (Cosit) da Receita Federal Brasileira (RFB) prevista no artigo 48, §11 da Lei nº 9.430/1.996, terá eficácia normativa: “ Art. 48. No âmbito da Secretaria da Receita Federal, os processos administrativos de consulta serão solucionados em instância única. [...] § 11. A solução da divergência acarretará, em qualquer hipótese, a edição de ato específico, uniformizando o entendimento,com imediata ciência ao destinatário da solução reformada, aplicando- se seus efeitos a partir da data da ciência (BRASIL, 1996b, on-line). U N IC ES U M A R 111 As práticas reiteradas observadas pelas autoridades administrativas podem ser tratadas como costume, mas sempre devemos ressaltar que este costume não po- derá contrariar a lei. Não é qualquer prática reiterada que pode atingir o status de norma, pois primeiro deve atender ao que estabelece a norma jurídica, depois ser observada pelas autoridades administrativas que, se tolerar a prática, irá publicar em um ato normativo para disciplinar a matéria. Convênios são celebrados entre os entes federativos União, Estados, o Distrito Federal e Municípios, ressalvando que os interesses são comuns e que não há ne- cessidade da criação de nova pessoa jurídica para formalização desses convênios, por exemplo, podemos citar no âmbito do Confaz em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Os atos administrativos passam a ter valor na data de sua publicação, seguin- do para as decisões que, em relação aos efeitos normativos, passam a ter seus efeitos 30 (trinta) dias após sua publicação, concluindo com os convênios que passam a vigorar a partir da data neles estabelecida. Vigência da Legislação Tributária Caro(a) aluno(a), para que a legislação tenha sua aplicação válida, é importante que ela obedeça alguns requisitos legais relacionadas ao tempo, ou seja, à vigên- cia da lei, que é muito importante para o direito tributário, visto que é uma das matérias mais debatidas nos recursos, além, é claro, do território, visto que há limitação para aplicação, mesmo dentro do território nacional, que temos até um pouco de dificuldade para regular em razão da amplitude territorial brasileira, e, por isso, existem as normas para uniformizar tudo isso. Sendo assim, vamos entender um pouquinho do que significa aplicação da lei no tempo e no espaço. Vigência da lei no tempo Como toda legislação, para começar a ter sua aplicabilidade, ou seja, para começar a ter valor, segue-se as regras legais, mas quais são essas regras? Primeiramente, toda lei deve trazer em seu texto quando passará a vigorar, mas caso esta lei não estabeleça, devemos nos reportar à Lei de Introdução às normas do Direito Bra- sileiro, Decreto-Lei nº 4.657/1942, que traz em seu artigo primeiro: “Art. 1 Salvo U N ID A D E 4 112 disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada” (BRASIL, 1942, on-line). Não podemos esquecer o princípio da anterioridade aplicável a algumas si- tuações, principalmente quando tratamos de majoração de impostos, já que está condicionado ao exercício, conforme estabelece a Constituição Federal (1988), lembremo-nos: “ Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contri- buinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III - cobrar tributos: [...] b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou au- mentou (BRASIL, 1988, on-line). Vigência da lei no espaço Com relação ao território, também existem regras de aplicação da lei, sempre lembrando que a Constituição Federal define quem compete legislar, em seguida, o CTN também traz suas disposições. A regra principal aplicada é o princípio da territorialidade, ou seja, a lei está vinculada ao seu território, por exemplo, a Legislação Tributária foi criada no Distrito Federal para ser aplicada aos fatos lá ocorridos. A territorialidade comporta exceções conforme estabelece o artigo 102 do CTN: “ Art. 102. A Legislação Tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de nor- mas gerais expedidas pela União (BRASIL, 1966, on-line). O CTN determina que poderá haver algum convênio em que, por exemplo, autorize um município a agir em outro. Para melhor visualizar a situação, imagine que dois municípios vizinhos desejam promover procedimentos de fiscalização e criam uma legislação municipal, fazendo um convênio em conjunto para realizar a fiscalização, lembrando que a lei editada terá valor nos dois entes federativos, ou seja, os dois municípios podem trabalhar conjuntamente “invadindo” o território do outro. U N IC ES U M A R 113 Aplicação da Legislação Tributária Para que haja aplicação da Lei Tributária, basta ocorrer o fato gerador e, assim, imediatamente, incide o tributo, conforme estabelece artigo 105 do CTN: “Art. 105. A Legislação Tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116” (BRASIL, 1966, on-line). No entanto, é importante entender que somente após a conclusão da ocor- rência do fato gerador é que ocorre aplicação. Por exemplo, um pai deseja doar ao filho um automóvel assim que ele passar no vestibular; o pai registrou sua promessa em janeiro de 2015, quando o imposto de transmissão era de 3%. O vestibular será em novembro de 2016; em março de 2015, foi publicada uma lei alterando alíquota para 4%, como o fato gerador está pendente, em razão da condição suspensiva, quando se concretizar o fato gerador, será aplicado nova alíquota, isto se deve ao princípio da irretroatividade, quando a lei não pode atingir fatos passados para afetar direito adquirido, ato jurídico perfeito ou coisa julgada. Apesar da regra geral do CTN conferir efeitos prospectivos à Legislação Tri- butária, é admitida a possibilidade de uma lei nova regular um fato pretérito. Nesse sentido, o artigo 106 do CTN define: “ Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluí- da a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática (BRASIL, 1966, on-line). O artigo 106 explica o artigo 105, buscando afastar as obscuridades. Para que você entenda, este conceito é trazido e chamado de retroatividade da lei, por exemplo, surge uma lei que impõe ao contribuinte prestar informações sobre recolhimento de um tributo, mas não esclareceu por meio de qual documento deveria ser, havendo dois formulários X e Y. U N ID A D E 4 114 Posteriormente é editada nova lei que estabelece que o correto é apresentar por meio do formulário Y, no entanto, antes da publicação da lei, o contribuinte informou mediante o formulário X. Mesmo tendo apresentado formulário X, não pode sofrer qualquer punição. Ressaltemos o que estabelece no inciso II: quando houver pendência de jul- gamento e ocorrer extinção da infração, quando deixa de haver exigência ou redução da penalidade, nesta situação, retroage para beneficiar o contribuinte, confirmando o que estabelece a Constituição Federal. Interpretação e Integração da Legislação Tributária Está disposto no CTN, nos artigos 107 a 112: interpretar é diferente de integrar, por isso, vamos entender o significado de cada um. Interpretar é buscar o sen- tido da norma jurídica, fixando o significado e delimitando o alcance do ato normativo (VIEIRA, 2014). A legislação não regula todas as situações existentes, sendo, muitas vezes, omissa. Para reparar essas lacunas, utilizamos a integração de normas que são: analogia, princípios gerais do direito tributário, princípios gerais do direito público e equidade. Analogia no direito tributário significa aplicar mesmo ato normativoa ou- tros fatos não iguais, mas que possuem alguma característica em comum, a fim de justificar a aplicação, ou seja, as situações semelhantes devem ser tratadas de maneiras semelhantes, ressaltando o § 1º do artigo 108 do CTN: “§ 1º O empre- go da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei” (BRASIL, 1966, on-line). Os princípios, como próprio nome define, é o início, dessa forma, são ferra- mentas essenciais para o ordenamento jurídico, servindo como pilar de nosso sistema jurídico. Quando mencionamos os princípios gerais do direito tribu- tário, estamos falando da não utilização de tributo com efeito de confisco (art. 150, IV), uniformidade tributária (art. 151, I), isonomia tributária (art. 150, II), reserva legal (art. 150, I) anterioridade (art. 150, III, b e c) e capacidade contributiva (art. 145 § 1º). Nos princípios gerais do direito público, temos a prevalência do interesse público sobre o privado e a indisponibilidade, além do devido processo legal, da razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa e segurança jurídica, todos estabelecidos pela Constituição Federal. U N IC ES U M A R 115 Equidade consiste na aplicação da lei ao caso concreto, mas essa aplicação se limita à impossibilidade de dispensa de tributo, visto que se ele é instituído por lei, somente por ele pode ser destituído. É importante ressaltar que o direito não é uma ciência exata, permitindo ao aplicador atribuição a certo juízo de valor dentro dos limites legais, existindo uma flexibilidade, lembrando que o direito tributário possui um tratamento diferen- ciado perante outros institutos, estando essa diferenciação determinada no CTN. O artigo 111 do CTN dispõe sobre a interpretação literal da legislação: “ Art. 111. Interpreta-se literalmente a Legislação Tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário. II - outorga de isenção. III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias (BRASIL, 1966, on-line). Portanto, a interpretação literal é aquela que leva em consideração o sentido das palavras, desta forma, sempre que tratar sobre a suspensão ou exclusão do crédito tributário, a outorga de isenção e a dispensa do cumprimento de obrigações tri- butárias acessórias, o jurista deverá considerar somente o que está descrito na lei. O gráfico sobre interpretação literal representa o artigo 111 do CTN, que afirma que as situações em que a interpretação ocorre de maneira literal nos casos de suspensão ou exclusão de crédito, em um primeiro momento, parece-nos um rol exemplificativo, mas devemos ter cuidado com essa impressão, pois, aqui, o legislador é bem taxativo, não cabendo outras interpretações senão as previstas nos artigos 151 e 175 do CTN. A outorga de isenção para o CTN significa causa de exclusão do crédito tri- butário, um benefício fiscal oferecido ao contribuinte previsto no artigo 175, I do CTN; deve ser interpretado literalmente, pois foi essa a intenção do legislador, inclusive este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal. A dispensa do cumprimento das obrigações tributárias acessórias não isenta obri- gação principal, por exemplo, o contribuinte decide fazer o depósito do montante devido, mas este não corresponde à integralidade do valor que está sendo exigido, isso poderá impedir a fluência dos juros e multa, mas a exigibilidade não está suspensa. O art. 112 do CTN traz a interpretação mais favorável na qual dispõe: “ Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina pe- nalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusa- U N ID A D E 4 116 do, em caso de dúvida quanto: I - à capitulação legal do fato; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou ex- tensão dos seus efeitos; III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação (BRA- SIL, 1966, on-line). Deste modo, será uma interpretação mais favorável ao acusado sempre que se tratar de capitulação legal do fato à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade, ou punibilidade e à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Essa interpretação mais favorável é aquela em que o juiz ou jurista, ao aplicar a lei, sempre que precisar ponderar em uma situação, deverá observar uma posição em que o acusado seja beneficiado, pois deverá sempre ser mais benéfica. Caro(a) aluno(a), o Direito Tributário se assemelha muito ao direito penal em vários aspectos, dentre eles: definição das infrações e interpretação que deve ser da maneira mais favorável ao acusado quando houver dúvida, ou seja, a lei definirá exatamente a infração havendo imposição da penalidade, é o que chama- mos de capitulação legal do fato. Para que este resulte em sanção, deve ocorrer tal qual foi descrita na lei, se ocorrer qualquer tipo de conflito ou dúvida aparente, a opção será pela interpretação mais benéfica. A natureza, ou as circunstâncias do fato, não é um conflito da norma, mas da situação. Para que haja aplicação de situações que agravem a situação do contribuinte, os fatos devem ser demonstrados, caso contrário, não poderão ser utilizados. Autoria significa que praticou a infração, se houver dúvida de quem é o sujeito, ele não poderá ser punido. A imputabilidade está relacionada com a capacidade de discernimento que possui o sujeito de compreender os atos praticados. Punibilidade está relacionada à punição pelo ato praticado. Natureza da penalidade aplicável, ou a sua graduação, significa que a cada infração praticada existe uma penalidade, podendo ser multa e perda de bens, de acordo com o que dispõe a lei, mas havendo dúvida, será imposta a mais benéfica. Somente poderá sofrer a punição aquele que praticar delito exatamente previsto na legislação, e havendo qualquer tipo de dúvida, será aplicado a san- ção mais benéfica. U N IC ES U M A R 117 2 RELAÇÃO JURÍDICA Tributária Descrição da Imagem: a figura possui 3 retângulos com duas setas direcionando do primeiro para o segundo e do segundo para o terceiro, sendo o primeiro Hipótese de Incidência; o segundo Fato Gerador; e terceiro Obrigação Tributária. A relação jurídica tributária apresentada por Sabbag (2012) ocorrerá quando o fato que está expresso na hipótese de incidência ocorrer, assim teremos o fato gerador e surgirá o que entendemos de obrigação tributária. Essa representação gráfica tem o intuito de permitir uma visão abrangente e conjunta do direito tributário com os elementos da relação jurídico tributária, como a hipótese de incidência, o fato gerador e a obrigação societária. Figura 1 - Formação da obrigação tributária / Fonte: Sabbag (2012, p. 159). Caro(a) aluno(a), vamos entender a ilustração: ocorrida a Hipótese de incidên- cia, ou seja, a situação prevista na lei, se configurada, resultará no nascimento do episódio jurídico tributário. Hipótese de Incidência Fato Gerador Obrigação Tributária U N ID A D E 4 118 Fato Gerador O fato gerador é a “[...] concretização da hipótese de incidência, ou seja, é o fato ocorrido na realidade que corresponde à previsão normativa, sendo pela norma qualificada como jurídica” (NASSER, 2013, p. 53). Neste sentido, é a ocorrência da hipótese prevista em lei que faz surgir a obrigação tributária (principal ou acessória) que pode ser classificada em: simples, quando é composta por uma única circunstância material isolada com tributação em separada, por exemplo, imposto sobre importação; e complexiva, quando uma série de eventos sucessivos são considerados em conjunto para composição do fato gerador, por exemplo, imposto de renda. Não havendo disposição na lei sobre momento da aplicação do fato gerador, aplica-se o artigo 116 do CTN. Como exemplo do primeiro quadro, a situação, de fato, para o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), considera-se ocorrido o fato gerador, se a lei nãodispor diferente, quando da efetiva prestação de serviço e não quando da celebração do contrato ou de serviço ou quando do pagamento da prestação. No segundo quadro, a situação de direito se encontra fundamentada na lei, por exemplo, na hipótese da transmissão do imóvel que somente se concretiza com o registro da escritura pública de compra e venda no cartório de registro de imóveis e não pelo pagamento do vendedor ao comprador. Os atos ou negócios jurídicos condicionados são duas situações a suspensiva, quando somente ocorrerá o fato gerador no implemento da condição, por exem- plo, o pai promete doar um imóvel ao filho assim que ele passar em um concurso público, enquanto não ocorrer aprovação, não haverá o fato gerador do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Na condição resolutória, o fato gerador ocorrerá se não houver disposição em contrário, desde o momento da prática do ato ou da celebração do contrato, neste exemplo, o pai realiza a doação do imóvel ao filho sob a condição de que, se ele se casar, o imóvel volta a ser do pai; resolutória, pois resolverá o negócio. Obrigação Tributária A obrigação tributária “[...] surge quando ocorrida a situação prevista na lei (hipótese de incidência) no mundo real, surge para o sujeito passivo o dever (obri- U N IC ES U M A R 119 gação) de pagar o tributo ou de cumprir o encargo acessório” (VIEIRA, 2014, p. 149). Os elementos que fazem parte da obrigação tributária são: sujeito ativo, de acordo com artigo 119 e 120 do CTN; o sujeito passivo, disposto no artigo 121 a 123 do CTN; e a causa, que se encontra no artigo 114 e 115 do CTN. O sujeito ativo “ [...] é o credor da relação intersubjetiva tributária. As pessoas jurídi- cas de direito público podem ser titulares por delegação, das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos (parafiscalidade), ou executar as leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária (art. 7.º CTN) (SABBAG, 2012, p. 161). Os sujeitos ativos diretos são os entes tributantes detentores de competência tri- butária, ou seja, do poder definido por lei que institui o tributo (União, Estados, Municípios e Distrito Federal). Os sujeitos ativos indiretos são os entes parafiscais detentores de capacida- de tributária ativa, ou seja, do poder de arrecadação e fiscalização de tributo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho Regional de Medicina (CRM) e Conselho Regional de Contabilidade (CRC). Conveniente destacar o que estabelece o art. 124 do CTN: “ Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obri- gação principal. II - as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem (BRASIL, 1966, on-line). O artigo 124, do Código Tributário Nacional, destaca a questão da solidariedade no inciso I, trata-se da solidariedade natural, por exemplo, quando ambos cônju- ges são proprietários de um imóvel, dessa forma, ambos estão obrigados a realizar o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), sendo do Fisco a faculdade de escolher de quem exigir toda a obrigação. O inciso II traz a solidariedade legal, eis que a lei definirá expressamente as pessoas que responderão solidariamente pela obrigação tributária. Com relação à solidariedade, destacamos o artigo 125 do CTN: U N ID A D E 4 120 “ Art. 125. Salvo disposição de lei em contrá- rio, são os seguintes os efeitos da solidariedade: I - o pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais. II - a isenção ou remissão de crédito exonera todos os obri- gados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistin- do, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo. III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obri- gados, favorece ou prejudica aos demais (BRASIL, 1966, on-line). Este artigo estabelece os efeitos comuns à solidariedade. O Sujeito passivo está disposto no artigo 121 do CTN: “ Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obri- gada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e dire- ta com a situação que constitua o respectivo fato gerador. II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei (BRASIL, 1966, on-line). Titular da competência delimitada pela Constituição Federal para exigir seu cum- primento, pessoa jurídica de direito público – União, Estados e Municípios. Os sujeitos passivos são contribuintes que possuem relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador, e o responsável é a terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato gerador. Nem sempre a obrigação tributária surge, o tributo se torna exigível, a exigibi- lidade da exação ocorre, em regra, com a constituição do crédito tributário. Dessa forma, o CTN apresenta dois momentos: primeiro, surge a obrigação tributária com a efetiva ocorrência do fato gerador e, segundo, a exigibilidade da obrigação que nasce da constituição do crédito tributário, que não é constituído somente pelo lançamento, mas também pela confissão por meio das guias de recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e informações sobre o Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social (GFIP). Ressalta-se que a obrigação tributária surge com o crédito tributário, mas a executoriedade surge somente a partir da inscrição em dívida ativa (VIEIRA, 2014). As obrigações podem ser principais ou acessórias. Obrigação Principal: “[...] é uma prestação designativa do ato de pagar, afeta ao tributo e à multa” (SABBAG, U N IC ES U M A R 121 3 CAPACIDADE TRIBUTÁRIA 2012, p.164). “O que enquadra a obrigação em principal não é o fato de ser ou não tributo, mas a natureza do objeto que é pecúnia” (VIEIRA, 2014, p. 151). Obriga- ção acessória “[...] está dissociada da obrigação pecuniária, decorre da Legislação Tributária e tem por objeto prestações positivas ou negativas, nela previstas no interesse de arrecadação ou da fiscalização dos tributos” (VIEIRA, 2014, p. 151). A capacidade tributária, diferente dos outros institutos do direito, surge da lei e não da vontade das partes, por isso não segue as regras de capacidade que esta- belece o Código Civil. Veja o artigo 116 do CTN: “ Art. 126. A capacidade tributária passiva independe: I - da capacidade civil das pessoas naturais. II - de achar-se a pessoa natural sujeita a medidas que importem privação ou limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios. III - de estar a pessoa jurídica regularmente constituída, bastando que configure uma unidade econômica ou profissional (BRASIL, 1966, on-line). U N ID A D E 4 122 Não importa se uma pessoa está sujeita a alguma medida que limite ou prive o exercício de atividades. Se o fato gerador ocorrer, o tributo é devido. Responsabilidade tributária Normalmente, o contribuinte é o responsável pelo cumprimento da obrigação tribu- tária, ou àquele que praticou o fato gerador, podendo também, quando a lei dispuser, ser terceiro que não praticou fato gerador, mas está responsável pelo pagamento. Poderá haver alteração do polo passivo da relação tributária por transferência ou por substituição. Domicílio tributário “ Domicílio é o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações, no sentido exigibilidade. Na seara tributária é o local, determinado pela Legislação Tributária, onde o sujeito passivo é chamado para cumprir seus deveres jurídicos da ordem tributária (SABBAG, 2012, p. 165). O Código Tributário apresenta, no artigo 127, as definições sobre domicílio tributário: “ Art. 127. Na falta de eleição,pelo contribuinte ou responsável, de domi- cílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fa- tos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento. III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qual- quer de suas repartições no território da entidade tributante. § 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo, considerar-se-á como domicílio tributá- rio do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. U N IC ES U M A R 123 4 CRÉDITO TRIBUTÁRIO § 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior (BRASIL, 1966, on-line). Não havendo eleição do domicílio por qualquer das partes quanto às pessoas físicas ou naturais, será em sua residência habitual; não sendo conhecida, poderá ser onde está o centro habitual de sua atividade (inciso I). Das pessoas jurídicas de direito privado será em sua sede ou onde ocorreu o fato ou ato que deu origem à obrigação (inciso II). E no caso das pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições (inciso III). A exceções estão dispostas nos parágrafos. Caro(a) aluno(a), de acordo com a teoria adotada pelo CTN, verificada hipótese de incidência, seguida pelo que define a legislação: “ [...] fato gerador, nascendo a obrigação tributária, ou seja, o vínculo jurídico existente entre o sujeito ativo e sujeito passivo, após é ne- U N ID A D E 4 124 cessário definir o montante do tributo ou pagamento, o devedor e o prazo para pagamento, de forma a conferir exigibilidade à obri- gação. Daí a exigência de um procedimento oficial consistente em declarar formalmente a ocorrência do fato gerador, definir os ele- mentos materiais da obrigação surgida (alíquota e base de cálculo), calcular o montante devido, identificar o respectivo sujeito passivo, com o fito de possibilitar que contra este feita a cobrança do tributo ou da penalidade pecuniária. Todo esse procedimento é legalmente denominado como lançamento (ALEXANDRE, 2015, p. 556). Assim estabelece, no artigo 142 do Código Tributário Nacional: “ Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o su- jeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vincu- lada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (BRASIL, 1966, on-line). Espécies de lançamento Os Lançamentos podem ser direto ou de ofício quando ocorre sem auxílio do contribuinte pela própria administração tributária. O lançamento pode ser, ain- da, por declaração ou misto quando o próprio contribuinte presta informações ao ente público, sem qualquer obrigação de pagamento antecipado de acordo ao artigo 147 do CTN; se houver equívoco no lançamento ou deseje reduzir ou aumentar, poderá apresentar uma retificação, se ocorrer antes de ser notificado o lançamento, os erros podem ser corrigidos; caso contrário, poderá resultar em auto de infração. Há, ainda, uma terceira forma de lançamento, o chamado lançamento por homologação, o contribuinte antecipa o pagamento sem prévio exame da autori- dade administrativa, cabendo a esta, após o recolhimento, fiscalizar e homologar o pagamento caso este tenha sido efetuado corretamente, previsto no artigo 150, § 1º do CTN. U N IC ES U M A R 125 Suspensão, exclusão e extinção do crédito tributário A exigibilidade do crédito tributário ocorre após o lançamento, quando ele passa a ser exigível, sob pena de o contribuinte sofrer os efeitos da mora. Se- gundo Nasser (2013, p. 68): “ [...] quando ocorrer o lançamento por homologação, administração tributária terá cinco anos para exigir eventuais diferenças de paga- mento, ultrapassado este prazo o direito à fiscalização e realização de lançamento complementar de ofício será extinto. Se não houver pagamento no prazo determinado (após vencimento) ou após esgotamento das formas administrativas de exigir, dar-se-á de maneira coativa, por meio da execução Fiscal que é regida pela lei nº 6.830/80. Suspensão do Crédito Tributário No entanto, há situações que a lei estabelece (CTN), sendo assim não poderá ser cobrado por meio da via judicial, ou seja, da execução Fiscal, são as seguintes: ■ Moratória: é a prorrogação do pagamento de uma dívida concedida pelo credor ao devedor, podendo ser concedida por lei a todos os contribuintes, ou individualmente, conforme estabelece o CTN em seus artigos 152 a 155-A. ■ Depósito do montante integral: ocorre quando o contribuinte deposita integralmente o crédito exigido, tanto na esfera judicial quanto na admi- nistrativa, devendo ser integral e em dinheiro para ter valor. ■ Parcelamento: ocorre quando a realização do pagamento do débito tribu- tário pelo devedor ao credor ocorre de maneira parcelada. Cabe salientar que a concessão de parcelamento deve ser estabelecida em lei específica que estabelece suas condições e que a exigibilidade do crédito tributário somente estará suspensa durante o pagamento das parcelas, ocorrendo inadimplemento das parcelas, e o contribuinte perderá o parcelamento. ■ Reclamações e recurso administrativo: sempre que ocorre um lança- mento, o contribuinte tem a oportunidade de se defender, administrati- vamente, discordar do lançamento efetuado pela administração pública, alegando incorreção ou ilegalidade no tributo apurado. Enquanto perdu- U N ID A D E 4 126 rar o processo administrativo, a exigência estará suspensa, no entanto, as reclamações e os recursos administrativos dependentes de previsão legal do ente tributante não. ■ Concessão de Medida liminar em mandado de segurança: é uma medida conseguida por meio de processo judicial, cujo objetivo é afastar o ato ilegal praticado pela autoridade pública. Ocorre mediante o Mandado de segurança, pleiteando uma medida liminar, ou seja, até que se decida o mérito do processo, a exigência permanecerá suspensa ou enquanto não fizerem outro recurso para revogar os efeitos liminares. Esta liminar poderá ocorrer em outras espécies de ação. Causas de Extinção do Crédito tributário A Lei prevê quais serão as formas de extinção do crédito tributário e Nasser (2013) nos ensina que são as seguintes: ■ Pagamento: a extinção normal da obrigação tributária, pela qual o con- tribuinte entrega ao erário a quantia correspondente ao tributo exigido, com os eventuais acréscimos decorrentes da mora. ■ Compensação: quando o contribuinte e ente tributante são credores e devedores ao mesmo tempo um do outro, existe a possibilidade das dívi- das se compensarem até sua extinção, havendo lei do ente tributante que a autorize. Cumpre ainda destacar que a compensação na esfera tributária também pode ser aplicada a créditos vincendos. ■ Transação: é o acordo entre o Fisco e o contribuinte, dependente de lei que a autorize, com concessões mútuas. Assim, cada parte cede parcela de seu direito com o objetivo de atingirem o ponto de interesse para ambas, terminando o litígio e extinguindo o crédito tributário. ■ Remissão: é o perdão ou dispensa total ou parcial do pagamento do tributo devido, também mediante lei que a autorize. ■ Prescrição (artigo 174, CTN): é o prazo para o Fisco realizar a cobrança judicial do crédito tributário, fixado por lei em5 anos da constituição definitiva do crédito tributário. Caso o contribuinte proponha impugna- ção administrativa face ao lançamento efetuado, o prazo prescricional se iniciará após o trânsito julgado do referido recurso. Decorrido o prazo, o U N IC ES U M A R 127 Fisco perde o direito de ação (por via da execução fiscal) contra o contri- buinte e, por consequência, perde o próprio direito ao crédito. ■ Decadência: trata-se da perda do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário por meio do lançamento. O prazo é de cinco anos, diferindo o termo inicial de acordo com a modalidade de lançamento. ■ Conversão de depósito em renda: nos casos de decisão favorável ao ente tributante, o valor depositado, judicial ou administrativamente, poderá ser levantado, providenciará o encontro de contas e quitará o tributo devido. ■ Pagamento antecipado e homologação posterior: essa modalidade de extinção é aplicada apenas aos tributos sujeitos a lançamento por ho- mologação. Depois de realizados os cálculos do tributo e devidamente quitado pelo contribuinte, o Fisco tem cinco anos para verificar a correção do pagamento antecipado pelo contribuinte, homologando-o e, conse- quentemente, extinguindo o crédito tributário. ■ Consignação em pagamento (artigo 164, CTN): havendo cobrança ou recusa no recebimento do tributo por mais de uma pessoa jurídica de direito público, o contribuinte pode consignar (depósito em consignação) o valor, ato esse que extingue a exigibilidade do crédito tributário. ■ Decisão administrativa irreformável: nos casos de procedimentos administrativos em que o contribuinte apresentou impugnação admi- nistrativa, a extinção do referido crédito ocorrerá apenas com a decisão final favorável (total ou parcialmente) da qual não caiba mais recursos para nenhuma das partes. ■ Decisão judicial transitada em julgado: é a decisão final, da qual não cabe recurso, proferida pelo poder judiciário, reconhecendo a inexigibi- lidade do tributo ou invalidade da ação fiscal. ■ Dação em pagamento em bens imóveis: na forma e condições estabeleci- das em lei, poderá o ente tributante aceitar como pagamento bens imóveis, transferindo a titularidade do bem ao Fisco com esta finalidade específica. Causas de exclusão do crédito tributário Por exclusão do crédito tributário, o legislador estabeleceu causas em que o crédi- to, seja principal, seja a penalidade pela mora, não poderá ser cobrado nos casos U N ID A D E 4 128 de isenção ou de anistia. Lembre-se que a exclusão do crédito tributário não dispensa o sujeito passivo do cumprimento das obrigações acessórias previstas em lei (artigo 175, CTN). Tais como: ■ Isenção (artigos 176 a 179, CTN): afasta-se a tributação que o contribuin- te estava obrigado a pagar; a isenção decorre de lei que será de competência do tributante. Ela poderá se dividir entre: a) geral: onde haverá a dispensa do pagamento expressamente pelo ente tributante, nos termos em que a lei dispor; b) específica: será dada em cada situação específica, para de- terminado contribuinte. Em regra, ocorrerá por meio de um despacho da autoridade administrativa a requerimento do contribuinte com prova de que esse preenche os requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. As isenções concedidas a prazo certo e por força do preenchimento de condições (isenções condicionais) somente podem ser revogadas após o fim do prazo es- tabelecido. As isenções sem prazo certo podem ser revogadas a qualquer tempo, devendo, nesses casos, obediência ao princípio da anterioridade. ■ Anistia: é o perdão legal referente às penalidades pecuniárias (juros, mul- ta). Pela anistia, o legislador extingue a punibilidade do sujeito passivo da Legislação Tributária, impedindo a constituição do crédito tributário. A anistia pode ser geral ou limitada (artigo 181, CTN). Segundo caso, poderá ser inerente apenas: a) Às infrações relativas a determinado tributo. b) Às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado mon- tante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza. c) A determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. d) À condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei concessiva do favor ou pela autoridade administrativa. Relação Jurídica tributária - “Linha do Tempo” Caro(a) aluno(a), para finalizar e entender esta unidade, ilustraremos os aconte- cimentos aprendidos por meio da RELAÇÃO JURÍDICO TRIBUTÁRIA – “LI- NHA DO TEMPO” elaborada por Sabbag (2012). U N IC ES U M A R 129 Figura 2 - Relação jurídico tributária – “linha do tempo” / Fonte: Sabbag (2012, p. 309). Descrição da Imagem: Linha do tempo da relação jurídica tributária. U N ID A D E 4 130 A literatura recente aponta que o multiplicador fiscal resulta de uma série de fatores den- tre os quais se destaca seu comportamento em relação ao ciclo econômico, sendo mais elevado em períodos recessivos. [...]. Entenda um pouco mais sobre o assunto lendo o artigo: Política Fiscal e ciclos econômicos no Brasil, de Manoel Pires. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art- text&pid=S1413-80502014000100004&lang=pt. Fonte: adaptado de Pires (2014). explorando Ideias “Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos”. (Benjamin Franklin) pensando juntos Caro(a) aluno(a), foi um imenso prazer dividir com você este conteúdo sobre as obrigações tributárias, tenho certeza que você as utilizará para toda a vida. Terminamos mais uma fase de nossa viagem extraordinária, tenho certeza que esses conhecimentos serão proveitosos para toda nossa vida, já que aplicamos esta relação em nosso cotidiano, não apenas no trabalho, pois em tudo que compramos, adquirimos ou fazemos envolve tributação atualmente, sendo assim, conhecer essa relação não só ajuda no desenvolvimento intelectual como no pessoal. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502014000100004&lang=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-80502014000100004&lang=pt U N IC ES U M A R 131 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, adentramos um pouco no mundo da Legisla- ção Tributária, entendendo o papel de cada uma dentro do ordenamento jurídico. Eis que cada uma desenvolve um papel essencial no desenvolvimento tributário, sendo que este é diferenciado dos outros institutos, visto que decorre da previsão legal estabelecida, mas que, ao mesmo tempo, deve obedecer aos limites impostos pela Constituição Federal. A vigência da Legislação Tributária também foi um ponto importante a ser apresentado, sendo o território nacional o grande limite estabelecido, salientado nossa dificuldade em um país tão vasto como o Brasil. Aplicação da Lei no Tempo e espaço também é uma das situações que foram apresentadas e que são essenciais, pois define o momento e local da incidência do tributo para aplicação da lei tributária; o próximo tópico estudado foi a integração e interpretação da legislação – passo importante a ser discernido em nosso estudo. Além disso, a relação jurídica tributária é essencial para entender o direito tributário, pois é por meio dela que vamos entender de onde surge a obrigação tributária, o motivo pelo qual devemos pagar o tributo, quando isso ocorre. Seguimos nossa busca pelo conhecimento, entendendo quem possui capaci- dade tributária e qual a responsabilidade do contribuinte, visto que a legislação delimita mediante prazos, locais ou domicílio tributário para que não haja abusos, e a partir do surgimento da obrigação, nos é apresentado o crédito tributário que possui toda sistemática adotada pela teoria do CTN, que finaliza com um procedimento chamado lançamento e, a partir daí, o contribuinte necessita da realização do pagamento. Evidente que tudo em nossa vida tem tempo de vida útil e não seria diferente aos tributos, de maneira que existem formas de suspensão, exclusão e extinção do crédito tributário– nosso último tema abordado – formas pelas quais pode- mos discutir as relações ou mesmo extingui-las, sempre lembrando no direito tributário, tudo é decorrente de lei. 132 aprimore-se REGIME DE TRIBUTAÇÃO: CONHEÇA OS 3 MODELOS Escolher um Regime de Tributação é muito mais que estar em conformidade com o Fisco. A escolha entre um dos três regimes faz parte da estratégia financeira de cada empresa, sendo responsável por modelar os seus resultados. É importante para todo empreendedor que busca atingir um maior nível de ma- turidade da sua empresa entender e se adequar ao melhor modelo. Neste artigo você irá aprender: ■ A importância de escolher bem um regime de tributação; ■ Os três modelos existentes; ■ Informações básicas características de cada um. Regime de Tributação: Sua Importância. Acompanhar o mercado e a situação financeira da sua empresa são os pilares para escolher o melhor regime de tributação. É por intermédio das previsões de receita e de gastos que conseguimos identificar qual regime se enquadra de maneira mais eficaz na sua empresa. Quando se trata de micro e pequenas empresas que têm variações constantes em seus planejamentos financeiros, o regime de tributação adequado também varia mui- to de ano a ano. O que fazia sentido em um ano pode já não fazer sentido nó próximo. Dessa maneira, o empreendedor que não se mantem antenado quanto aos regi- mes de tributação disponíveis e suas respectivas peculiaridades pode acabar pagan- do mais do que deve para o governo. Então, para não ficar prejudicado é imprescindível que no período estipulado pela Receita Federal o pequeno empreendedor entre em contato com sua contabi- lidade para analisar qual regime tributário seria mais favorável para a empresa no ano conseguinte. 133 aprimore-se Como funcionam os Regimes Tributários? Basicamente existem três modelos disponibilizados pela Receita Federal do Brasil: ■ Lucro Real; ■ Lucro Presumido; ■ Simples Nacional. Cada um desses regimes é mais adequado para uma dada situação econômica da sua empresa. Também deve ser observado as restrições legais de cada regime antes de tomar a decisão. Os regimes Lucro Real e Lucro Presumido são utilizados por médias e grandes empresas. São os regimes mais complexos e exigem maior conhecimento para que não ocorram erros. As empresas de pequeno porte usualmente utilizam o regime SIMPLES Nacional. Este simplifica a coleta de impostos, como você verá no decorrer do texto! Lucro Real A adesão ao Regime de Tributação Lucro Real é obrigatória para empresas que pos- suem um faturamento anual superior a 78 milhões e para a maioria das empresas que estão inseridas dentro do mercado de capitais. Contudo, a adesão a esse regi- me de tributação pode ser requisitada por qualquer empresa. O Lucro Real passar a ser interessante, principalmente para as empresas de prestação de serviços, quando o Lucro Líquido Percentual da empresa é inferior a 32% no período de apuração. Isso ocorre pelo patamar inferior das alíquotas do Imposto de Renda sobre PJ no Lucro Real: 25% para empresas com lucro superior a 20 mil reais mensais e 15% para empresas de lucro inferior. Já para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido a alíquota será de 9% inde- pendente do lucro. 134 aprimore-se Dessa maneira, é imprescindível que os optantes pelo Lucro Real tenham um controle rigoroso das finanças empresariais, além de manter um contato contínuo com uma consultoria contábil. Uma estimativa errada das margens de lucro da em- presa pode culminar em uma carga tributária mais elevada que o necessário, além de gerar problemas com o Fisco. Lucro Presumido Para o modelo de Lucro Presumido apenas empresas que possuem faturamento anual superior a 78 milhões de reais podem se enquadrar nessa classificação tributária. Este Regime de Tributação é recomendado para empresas de grande e médio porte, que tem uma expectativa favorável de margens de lucro elevadas para o ano seguinte. Como o próprio nome diz, as bases de cálculo são presumidas. É preciso que a empresa estime suas movimentações financeiras para o próximo ano, e estas po- dem não corresponder com a realidade. Ou seja, caso o empresário faça uma estimativa de margem lucro superior à fixada na legislação, a escolha pelo regime do Lucro Presumido irá render ganhos financeiros para a empresa. Contudo, caso a margem de lucro real da empresa não supere a estimativa feita, é possível que aconteça uma destinação percentual de receita para os cofres públicos. As faixas de lucro fixadas na legislação são 32% para prestadores de serviço e 8% para atividades comerciais. É importante salientar que a escolha pelo Lucro Presumido pode ser sim uma ótima escolha no que diz respeito a redução no volume de tributos pagos pela firma, mas desde que as estimativas feitas pelo setor financeiro tenham embasamento com a realidade de mercado e de gastos da empresa. 135 aprimore-se SIMPLES Nacional O SIMPLES Nacional contempla empresas com receita bruta anual de 4,8 milhões de reais. É o regime tributário recomendado para micro e pequenas empresas, por conta da sua facilidade de reconhecimento e pagamento. Além disso, as alíquotas variam de acordo com o faturamento, começando mais baixas e indo até o teto. Isso garante um modelo mais justo de tributação. [...] É importante que você e sua empresa sempre contem com o auxílio de uma Consultoria Contábil de confiança. São análises complexas que devem ser feitas por profissionais, para identificar o regime mais favorável para a sua empresa! Fonte: Lessa (2018, on-line). 136 na prática 1. Explique como funciona a vigência da lei no tempo. 2. Quando se inicia aplicação da lei tributária? 3. Quais as formas de integração da lei tributária? 4. Em alguns casos, a legislação determina a forma de interpretação literal, quais são eles? 5. Quando devemos aplicar a interpretação mais favorável ao contribuinte? 6. De acordo com o que estudamos neste capítulo, explique resumidamente a linha do tempo compacta elaborada por Sabbag (2012). 7. O que é obrigação, capacidade e domicílio tributário? 8. Quem possui responsabilidade tributária? 9. Quais são as espécies de Lançamentos? 10. Quais as formas de suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário? 137 eu recomendo! Obrigação Tributária Autor: José Souto Maior Borges Editora: Malheiros Sinopse: este livro aborda o Direito Tributário – a obrigação tribu- tária, a questão da patrimonialidade e da transitoriedade dessas obrigações. livro 5 DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA e os Tributos em Espécie PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Competência Tributária • Espécies de Tributos. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Entender a competência tributária. • Compreender espécies dos tributos. • Aprender como instituir os impostos Federais, Estaduais e Municipais. • Aprender sobre o funcionamento das taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais.. PROFESSORAS Dra. Letícia Carla Baptista Rosa Esp. Renata Monteiro de Andrade INTRODUÇÃO Olá, caro(a) aluno(a), nesta unidade, vamos nos aprofundar um pouco mais na competência tributária, especificamente na área dos impostos, taxas e contribuições, ou seja, a parte mais sensível do cidadão, o bolso. Nosso objetivo é entender o motivo dos recolhimentos, iniciando com a competência tributária, lembrando que somente podemos criar, isentar ou excluir impostos, taxas ou contribuições por meio da lei, primeiro dentro dos limites constitucionais, seguindo pelas outras legislações específicas. Veremos que tanto a União como Estados, Distrito Federal ou Mu- nicípios possuem competência para instituir impostos, no entanto, estão sempre limitados à Lei e devem atender as características que elas impõem, que também serão tema de nossos estudos nesta unidade. Além da competência, devemos entender a relação entreo ente federa- tivo e o tributo de acordo com as disposições legais, seguindo pela definição de tributo e suas espécies, pois é necessário entender o funcionamento de cada um para compreender sua utilização. Iniciamos nossos estudos pelos impostos definindo conceitos e, prin- cipalmente, suas espécies instituídas pela União, Estados e Municípios, sempre apresentando seu fundamento legal para instituição, apresentado por meio de quadros para facilitar entendimento em que explicamos fato gerador, momento da ocorrência, sujeito passivo, base de cálculo, alíquota, aplicação do princípio da anterioridade, aplicação do princípio da legali- dade e sua função. Finalizamos nossa unidade com apresentação do conceito e apresen- tação das taxas, contribuições de melhorias, empréstimo compulsório e Contribuições Especiais, todos fazem parte de um emaranhado de contri- buições presentes em nosso cotidiano, fazendo-se necessário seu conheci- mento para vida profissional e pessoal. Bons estudos! U N ID A D E 5 140 1 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais este encontro cheio de informações e conhecimento, em que trataremos da competência tributária, os tributos em espécie. Vamos viajar neste mundo de sabedoria. Para entender a competência tributária, distinguiremos três conceitos: poder tributário, competência tributária e capacidade ativa tributária: “ O poder tributário dita as relações de fato e está liga- do à soberania do ente estatal, de modo que o Estado pelo uso da força impõe sua vontade sobre os cidadãos. O poder tributário foi delimitado por meio de lei, no caso a Cons- tituição Federal, limitada a sua competência repartida nas três es- feras – federal, estadual e municipal – além da geral ou nacional. A capacidade ativa tributária é aptidão para ser o sujeito ativo da relação jurídica tributária, relacionada ao titular da prerrogativa para exigir o tributo (VIEIRA, 2014, p. 44). Competência tributária é aptidão que tem os entes federativos para criar, por meio da lei, os tributos. As espécies de tributos estão reservadas a cada ente pela própria Constituição, e cada um deles apenas está autorizado a agir dentro dos U N IC ES U M A R 141 limites impostos pelo texto constitucional. Finalmente, o exercício da competên- cia representa típica função legislativa (CASALINO, 2012). Diante destes conceitos, precisamos enfatizar que a Constituição Federal não cria e nem obriga a criar o tributo, ela apenas o autoriza por meio dos entes fede- rativos, cabendo a cada um deles a decisão de instituir ou não o tributo. Características da Competência Tributária A competência tributária possui características importantes, mas são tratadas por alguns autores como princípios, conforme os ensinamentos de Carrazza (2011). Dentre eles, é importante destacar: Privatividade: a competência tributária e privativa de cada ente federativo significa que cada um tem para instituir certos tributos e exclui, ao mesmo tem- po, a possibilidade dos outros entes instituírem-no. Por exemplo, a União possui competência para instituir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Isso significa que Estados, Distrito Federal e Municípios estão, automaticamente, excluí- dos da possibilidade de institui-lo, fazendo isso, estarão invadindo a competência tributária federal, sendo assim consideradas inconstitucionais. A privatividade da competência tributária é característica fundamental em um estado federal, porque garante a autonomia financeira dos entes federativos (CARRAZZA, 2011). Facultatividade: o exercício da competência tributária é facultativo, pois os entes federativos não estão obrigados a exercê-la, ou seja, não estão obrigados a instituir os tributos que lhes são reservados pela Constituição. A criação do tributo, como dissemos, é uma opção política do legislador, que escolhe entre fazê-lo ou não. Por exemplo, a União optou por não instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), previsto no art. 153, VII, da CF/1988, mas poderá criá-lo a qualquer momento (CARRAZZA, 2011). Indelegabilidade: a competência tributária é indelegável, não pode ser trans- ferida de um ente federativo para outro. Portanto, os tributos estão previstos na Constituição e foram previamente distribuídos a cada ente federativo, não podendo, nem mesmo por meio de lei, transferir a competência tributária entre si. A indelegabilidade da competência tributária é uma garantia para os entes federativos, na medida em que protege suas autonomias financeiras, ou seja, auto- nomia para a obtenção de recursos financeiros. Não por outra razão, está prevista no início do art. 7° do CTN (CARRAZZA, 2011). U N ID A D E 5 142 Irrenunciabilidade: da mesma maneira pela qual as pessoas políticas não podem delegar suas competências tributárias, também não as podem renunciar, quer no todo, quer em parte. A competência tributária não “pertence” aos entes federativos, mas sim para que cumpram uma função bem específica de arrecadar as quantias necessárias ao cumprimento dos deveres impostos pela Constituição. A competência deve ser exercida no interesse público, assim, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nem mesmo por lei, estão autorizados a renunciar as suas competências (CARRAZZA, 2011). Incaducabilidade: o exercício da competência tributária é incaducável, ou seja, seu exercício não está sujeito a decadência. Os entes federativos podem exer- cer a competência tributária no momento em que desejarem, não havendo um prazo preestabelecido para instituírem os tributos que lhes são reservados pela Constituição. Por exemplo, a União pode instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) no momento que tiver interesse, sendo autorizada a criá-lo agora, como daqui a dez anos, quinze, vinte, e assim por diante. Ressalta-se, ainda, o pre- visto no art. 8° do CTN: “O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído” (BRASIL, 1966, on-line). Portanto, o não exercício da competência tri- butária não acarreta a sua delegação a outro ente federativo (CARRAZZA, 2011). Inalterabilidade: a competência tributária está fixada diretamente na Cons- tituição, portanto, os entes federativos nada podem fazer para alterá-la, qual- quer eventual modificação da competência apenas pode ser efetuada por meio de emenda à Constituição (art. 60 da CF/1988). Por isso, qualquer modificação deve ter o cuidado de não afetar a autonomia financeira de cada ente federativo (CARRAZZA, 2011). Classificação da Competência Tributária A competência tributária é classificada por meio de dois critérios, observando o ente federativo, o tributo de sua competência, suas características específicas e suas consequências para o exercício da respectiva competência. Para melhor entender, vamos fazer a análise da seguinte classificação (CASALINO, 2012): Competência privativa: a Constituição reservou a cada ente federativo, com exclusividade, uma série de fatos ou comportamentos econômicos que podem ser tributados por impostos, quando for exclusiva de um dos entes, todos os outros U N IC ES U M A R 143 entes estão excluídos desta competência. Se um Município editar lei instituindo o Imposto de Renda (IR), por exemplo, tal ato normativo deve ser considerado inconstitucional por violação frontal das regras de competência tributária e do princípio federativo (CASALINO, 2012) Competência comum: a Constituição não especifica detalhadamente quais serviços públicos, poderes de polícia ou obras públicas estão sob competência da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios. Portanto, a Constituição Federal só aponta essas duas primeiras atividades dando ensejo à instituição e cobrança de taxas (art. 145, II, da CF/1988), já a terceira, a contribuição de melhoria (art. 145, III, da CF/1988). Nesse sentido, um exemplo é que compete aos Estados o fornecimento domiciliar de gás canalizado (art.25, § 2°, da CF/1988) (CASALINO, 2012). Competência especial: a competência da União para a instituição de em- préstimos compulsórios (art. 148 da CF/1988) e contribuintes especiais (art. 149 da CF/1988) e especial, portanto, outros entes federativos não possuem com- petência para a instituição desses tributos. Um exemplo, por acaso, se o Estado institui um empréstimo compulsório com o intuito de arcar com os gastos de uma calamidade pública (enchente), o tributo deverá ser considerado inconstitucional, por “invasão” de competência tributária (CASALINO, 2012). Competência residual: é a competência prevista nos arts. 154, I e 195, § 4°, da CF/1988. No primeiro caso, a União poderá instituir impostos “residuais”, ou seja, os impostos cujos fatos geradores e as bases de cálculo sejam diferentes dos demais impostos descritos na Constituição Federal. No segundo caso, a União poderá instituir contribuições para a seguridade social, desde que tenham fato gerador e base de cálculo diferentes das contribuições já previstas no texto cons- titucional (CASALINO, 2012). Competência extraordinária: conforme o art. 154, II, a União possui compe- tência para a instituição dos impostos extraordinários em caso de guerra externa ou sua iminência. É uma situação excepcional, extraordinária, pois nessas situações, a lei ordinária federal está autorizada a descrever fatos econômicos reservados a outros entes federativos para instituição do tributo, por exemplo, um imposto fe- deral sobre a circulação de mercadorias. Sabe-se que este fato econômico está sob a competência dos Estados e Distrito Federal (art. 155, II, da CF/1988), no entanto, na situação de guerra, a União está autorizada a tributá-lo (CASALINO, 2012). Competência cumulativa: conforme o art. 147 da Constituição, “Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distri- U N ID A D E 5 144 2 ESPÉCIES DE TRIBUTOS to Federal cabem os impostos municipais” (BRASIL, 1988, on-line). No Brasil, atualmente, não existem territórios federais, mas poderão ser criados de acordo com o art. 18, § 2°, da CF/1988. Se criados, o território poderá ser dividido em Municípios ou não; neste caso, os impostos estaduais são de competência da União e os municipais dos respectivos Municípios (CASALINO, 2012). Caro(a) aluno(a), a função principal do tributo é gerar recursos financeiros para o Estado. Durante nossos estudos, já vimos que são cinco as espécies de tributos: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais. As espécies de tributos se enquadram no artigo 3º do Código Tributário Nacional, que estabelece: “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, on-line); possuem características próprias e particu- lares que as diferenciam umas das outras. U N IC ES U M A R 145 Vamos entender como funciona cada espécie de tributo para compreender sua utilização. Impostos São tributos que não estão vinculados a nenhuma atividade estatal específica ao contribuinte, dessa maneira, ele terá o direito a arrecadar sem a necessidade de contrapartida. A vinculação do tributo é analisada por meio da hipótese de incidência, ao passo que a vinculação da receita acontece após a ocorrência do fato gerador e depois do tributo já ter ingressado nos cofres públicos. Para resumir, o sujeito passivo tem a obrigação de pagar o imposto ao praticar o fato gerador, ou seja, um fato econômico previamente descrito em lei do ente federativo competente. Existem regras gerais para destinação dos impostos que devem ser seguidas de acordo com o art. 160 da Constituição Federal: “É vedada a retenção ou qual- quer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a impostos” (BRASIL, 1988, on-line). Entretanto, o parágrafo único do mesmo artigo (160 da CF) define algumas exceções: “ Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados de condicionarem a entrega de recursos: I - ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas autarquias. II - ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III. [...] Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sis- tema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: [...] § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercí- cio financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento). II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arreca- dação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as U N ID A D E 5 146 parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios (BRA- SIL, 1988, on-line). Ainda devemos mencionar a regra estabelecida no artigo 212 da Constituição Fe- deral, que determina percentual do ente federativo a uma destinação estabelecida: “ Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a prove- niente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir (BRASIL, 1988, on-line). Neste, a União deve destinar nunca menos de 18% anualmente de suas receitas e os Estados 25% para manutenção e desenvolvimento do Ensino, destacando que os valores transferidos da União aos Estados não são considerados neste percentual, e sim os valores referentes à arrecadação. A Constituição ainda prevê situações facultativas, como as trazidas pelos artigos 204, parágrafo único, e 216, § 6º, que apresenta: “ Art. 204. As ações governamentais na área da assistên- cia social serão realizadas com recursos do orçamen- to da seguridade social, previstos no art. 195, além de ou- tras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais. II - serviço da dívida. III - qualquer outra despesa corrente não vin- culada diretamente aos investimentos ou ações apoiados (BRASIL, 1988, on-line). U N IC ES U M A R 147 E ainda menciona: “ Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natu- reza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferen- tes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: § 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais. II - serviço da dívida. III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados (BRASIL, 1988, on-line). Assim, a União, osEstados, o Distrito Federal e os Municípios terão que divulgar até o último dia do mês subsequente ao mês da arrecadação os valores de cada um dos tributos arrecadados, bem como os recursos recebidos de origem tributária que já foram entregues ou, ainda, estão a entregar, e a expressão numérica dos critérios destinados ao rateio. Esses dados divulgados pela União deverão ser discriminados por estado e por município (BRASIL, 1988, on-line). Impostos Federais Instituído por Lei Federal, o exercício da competência tributária depende de Lei ordinária ou complementar, con- forme o caso, que instituirá o imposto. Entenderemos alguns desses impostos por meio de quadros desenvolvidos por Nasser (2013): Imposto de Importação dispos- to no artigo 153, I, da Constituição Federal, e artigos 19 a 22 do Código Tributário Nacional. U N ID A D E 5 148 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO (II) FATO GERA- DOR Entrada de mercadorias importadas no território nacional. MOMENTO DA OCOR- RÊNCIA Com a entrada da mercadoria no território nacional, tempo- ralmente considerada com o despacho aduaneiro. Impor- tante destacar a sistemática do drawback, que consiste em permitir o ressarcimento, a isenção do valor pago a título de Imposto de Importação, ou a suspensão da exigibilida- de, incidente sobre insumos de origem estrangeira, caso os mesmos sejam utilizados na produção de bens destinados à exportação. SUJEITO PASSIVO a) O importador (qualquer pessoa física ou jurídica). b) O arrematante de produtos apreendidos ou abandona- dos. c) O destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente (artigo 31, inciso II, do Decreto-lei 37/1966 com a nova redação determinada pelo Decreto-lei 2.472/1988). BASE DE CÁLCULO a) Unidade de medida adotada pela lei tributária. b) Preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País. c) Produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, sua base cálculo para o recolhimento do imposto de importação será o preço da arrematação. ALÍQUOTA a) Específica: a alíquota que não leva em consideração o valor dos bens importados, mas sim uma unidade de medida prevista em lei (ex.: metragem, peso, litros etc.). b) ad valorem: sobre o valor da operação. PRINCÍPIO DA ANTE- RIORIDADE É exceção, sendo exigível imediatamente. PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE É exceção, podendo as alíquotas ser alteradas por decreto presidencial. FUNÇÃO Extrafiscal (função principal de regular o comércio exterior). Tabela 1 - Imposto de Importação (II) / Fonte: Nasser (2013, p. 75). U N IC ES U M A R 149 Imposto de exportação está previsto na Constituição Federal em seu artigo 153, II, bem como no artigo 28 do Código Tributário Nacional. IMPOSTO DE EXPORTAÇÃO (IE) FATO GERA- DOR Exportar bens (vendê-los a pessoas estrangeiras). MOMENTO DA OCOR- RÊNCIA A saída do território nacional, ou seja, a liberação pela auto- ridade aduaneira. SUJEITO PASSIVO O exportador ou quem a ele equiparar, ou seja, qualquer pessoa física ou jurídica que promova a exportação de mer- cadoria. BASE DE CÁLCULO a) Unidade de medida adotada pela lei tributária. b) Preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de li- vre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País. ALÍQUOTA a) Específica: a alíquota que não leva em consideração o va- lor dos bens importados, mas sim uma unidade de medida prevista em lei (ex.: metragem, peso, litros etc.). b) ad valorem: sobre o valor da operação. PRINCÍPIO DA ANTE- RIORIDADE É exceção, sendo exigível imediatamente. PRINCÍPIO DA LEGALI- DADE É exceção, podendo as alíquotas ser alteradas por decreto presidencial. FUNÇÃO Extrafiscal (função principal de regular o comércio exterior). Tabela 2 - Imposto de Exportação (IE) / Fonte: Nasser (2013, p. 76). Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza, previsto no artigo 153, III, da Constituição de Federal, bem como nos artigos 43 a 45 do Código Tributário Nacional. Na declaração de ajuste da pessoa física (obrigação acessória), há a apuração do montante devido, das eventuais deduções e a correção de eventual valor an- tecipado pela fonte pagadora (retenção de Imposto de Renda pelo empregador, por exemplo), que é o responsável tributário pelo pagamento do tributo. U N ID A D E 5 150 Apuração realizada pelo lucro real significa a base e o lucro líquido, ou seja, diferença da receita bruta menos as despesas operacionais, calculados com base na legislação tributária. Apuração realizada pelo lucro presumido consiste em uma opção que tem a pes- soa jurídica, desde que não esteja obrigada a apuração pelo lucro real. Compreende a aplicação de um percentual sobre a receita bruta no respectivo período de apuração. Utiliza-se a apuração pelo lucro arbitrado quando, em razão de prática irregular do contribuinte, não existe a possibilidade de se apurar o lucro real, presumido. Nesses casos, o contribuinte deixou de cumprir obrigações acessórias (ex.: não apresentação de livros fiscais), fazendo com que a autoridade fiscal arbitre tal lucro. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA (IR) FATO GERADOR Auferir renda (o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) ou provento de qualquer natureza (acréscimo patrimonial não compreendido na renda). MOMENTO DA OCORRÊNCIA Com a disponibilização da renda no patrimônio do sujei- to passivo. A apuração do tributo é feita anualmente, de acordo com o exercício fiscal. SUJEITO PASSI- VO Toda pessoa física ou jurídica que aufira renda ou pro- ventos de qualquer natureza. BASE DE CÁLCU- LO O valor correspondente à renda ou ao provento de qualquer natureza. A forma de apuração e o elemento que varia de acordo com a espécie de contribuinte: a) sujeito passivo pessoa física, valor bruto dos rendi- mentos, com as deduções legalmente autorizadas. b) sujeito passivo de pessoa jurídica - Imposto de Renda para Pessoas Jurídicas (IRPJ), a apuração pode se dar sobre o lucro real; sobre o lucro presumido; lucro arbitrado. ALÍQUOTA Varia de acordo com a renda auferida do sujeito passi- vo, sendo tal variação sujeita ao princípio da capacidade contributiva, sendo as alíquotas progressivas. Prevê a legislação quatro alíquotas: 7,5%; 15%; 22,5% e 27,5%. U N IC ES U M A R 151 PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE Sujeita-se a anterioridade anual, mas não a nonagesimal. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Sujeita-se inteiramente. FUNÇÃO Predominantemente fiscal. Tabela 3 - Imposto de Renda e proventos de Qualquer Natureza (IR) Fonte: Nasser (2013, p. 76). Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) está disposto pela Constituição Federal em seu artigo 153, IV, bem como no Código Tributário Nacional em seus artigos 46 a 51. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) FATO GERADOR Realizar operações (transferências de titularidade) com produtos industrializados (produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifi- que a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para consumo). MOMENTO DA OCORRÊNCIA a) o desembaraço aduaneiro, quando tratar-se de produto importado. b) a saída do estabelecimento de contribuinte do IPI. c) a arrematação, quando tratar-se de produto apreendido ou abandonado e levado a leilão. SUJEITO PASSIVO a) o importador ou quem a lei a ele equiparar. b) o industrial ou a quem a lei a ele equiparar. c) o comerciante de produtos sujeitos ao imposto. d) o arrematante de produtos apreendidos ou aban- donados levados a leilão. U N ID A D E 5 152 BASE DE CÁLCULO a) o valor da operação de saída do produto do estabe- lecimento de contribuinte do IPI, acrescido do valor do frete e demais despesas cobradas do comprador ou destinatário; b) quando houver a incidência será o preço normal acrescido do imposto de importação,das respectivas taxas inerentes à importação, dos encargos cambiais; c) o prego da arrematação quando produto levado a leilão. Não são cumulativas, descontando-se da base de cálculo o IPI já pago pela fase anterior da operação (princípio da não cumulatividade). ALÍQUOTA São seletivas pela essencialidade: suas alíquotas podem ser variadas em razão da importância, neces- sidade ou, ainda, utilidade do produto (princípio da seletividade). PRINCÍPIO DA AN- TERIORIDADE Observa apenas a anterioridade nonagesimal. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE É exceção, permitindo-se a alteração das alíquotas por decreto. FUNÇÃO Extrafiscal, ou seja, controle de mercado. Tabela 4 - Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) / Fonte: Nasser (2013, p. 77). IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO OU OPERAÇÕES RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS (IOF) FATO GERADOR a) nas operações de crédito, a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação. b) nas operações de câmbio, a efetiva entrega da moe- da. c) nas operações de seguros, o ato do recebimento total ou parcial do prêmio. d) nas operações relativas a títulos ou valores mobiliá- rios, a aquisição, cessão, resgate, repactuação ou paga- mento para liquidação de títulos e valores mobiliários. MOMENTO DA OCORRÊNCIA No momento de realização de cada uma das opera- ções financeiras. U N IC ES U M A R 153 SUJEITO PASSIVO a) as pessoas físicas ou jurídicas tomadoras de crédito. b) os compradores ou vendedores de moedas estran- geiras nas operações de câmbio. c) pessoas físicas ou jurídicas seguradas. d) adquirentes de títulos ou valores mobiliários. e) as instituições financeiras nos termos da lei. BASE DE CÁLCU- LO a) nas operações de crédito, o montante da operação. b) nas operações de câmbio, o próprio valor operacio- nalizado. c) nas operações de seguros, o montante do prêmio. d) nas operações relativas a títulos ou valores mobi- liários será o valor da aquisição, resgate, cessão ou repactuação de títulos e valores mobiliários. e) o valor da operação de financiamento realizada em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e asse- melhadas. f) o valor de aquisição ou resgate de cotas de fundos de investimento e de clubes de investimento. ALÍQUOTA Varia conforme a base de cálculo (atualmente é fixada nos artigos 6° e seguintes do Decreto 6.306/2007). PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE É exceção, sendo exigível imediatamente (artigo 150, § 1°, Constituição Federal). PRINCÍPIO DA LEGALIDADE É exceção, podendo as alíquotas serem alteradas por decreto presidencial. FUNÇÃO Extrafiscal, isso porque o IOF objetiva o controle de mercado. Tabela 5 - Imposto sobre operações de crédito, câmbio ou operações relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) / Fonte: Nasser (2013, p. 78). O Imposto Territorial Rural (ITR) é um imposto que está disposto no artigo 153, VI, da Constituição Federal, no Código Tributário Nacional, artigo 29 a 31 e, ainda, na Lei 9.393/1996. De acordo com a Constituição, especificamente no § 4º, III, do artigo 153: os Municípios podem fiscalizar e cobrar o ITR, situação essa em que todo valor da arrecadação será destinado aos seus cofres; caso este não desempenhar essa função, terá direito apenas à metade da arrecadação. U N ID A D E 5 154 Poderá haver isenção do imposto quando se tratar de pequenas glebas rurais exploradas por proprietários que não possuem outro imóvel (art. 153, VII CF). IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR) FATO GERA- DOR Ser proprietário, ter o domínio útil ou a posse de imóvel localizado na zona rural. Imóvel rural e definido por exclusão, sendo aquele que não é urbano para fins de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (lPTU). MOMENTO DA OCOR- RÊNCIA Anualmente, coincidindo com o exercício financeiro. SUJEITO PAS- SIVO Proprietário ou possuidor do bem. BASE DE CÁL- CULO Sua base de cálculo do ITR e o valor fundiário do imóvel, ou seja, o valor da terra nua (artigo 10 da Lei 9.393/1996), esta que vem a ser o valor da propriedade desprovida de suas benfeitorias. ALÍQUOTA Serão progressivas (artigo 153, § 4°, I, Constituição Fede- ral), de acordo com o grau de utilização da terra. Inician- do-se em 0,03%, para imóveis de até 50 hectares, com uti- lização do bem superior a 80%. E, para imóveis com mais de 5.000 hectares com utilização inferior a 30%, podem chegar à quota de 20%. PRINCÍPIO DA ANTERIORI- DADE Observa o princípio da anterioridade anual, mas não o da nonagesimal. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Observa-o totalmente. FUNÇÃO Extrafiscal (e instrumento para interferir nos imóveis rurais incentivando o seu aproveitamento). Tabela 6 - Imposto Territorial Rural (ITR) / Fonte: Nasser (2013, p. 80). A Constituição Federal define que a União poderá criar impostos que não es- tejam previstos no artigo 153, por meio da Lei Complementar, no entanto, fato gerador e base de cálculo já discriminados em outros impostos já criados. Esta U N IC ES U M A R 155 autorização é definida como imposto residual da União e está prevista no artigo 154, I, da Constituição Federal. Por fim, não podemos deixar de mencionar os casos excepcionais, os chamados impostos extraordinários, que podem ser cobrados em caso de guerra ou sua imi- nência. Trata-se de uma exceção ao princípio da anterioridade em razão da própria urgência, conforme estabelece o artigo 150, III, § 1º da Constituição Federal. Impostos Estaduais A instituição do tributo depende da criação por lei do Estado, sempre lembrando que anistia, isenção, parcelamento e transação também devem ser feitos por meio de lei estadual. Vamos estudar alguns dos principais impostos estaduais. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), disposto no artigo 155, I, da Constituição Federal e, ainda, nos artigos 35 a 42 do Código Tributário Nacional. IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO (ITCMD) FATO GERADOR A transmissão não onerosa de qualquer propriedade (bens móveis ou imóveis), assim como a transmissão de direitos também não onerosa. MOMENTO DA OCORRÊNCIA Com a transmissão. SUJEITO PASSIVO a) o herdeiro ou legatário, nos casos de transmissões decorrentes de causa mortis. b) para os casos de doação, será o doador ou dona- tário nos termos da lei. BASE DE CÁLCULO Valor venal dos bens ou direitos transmitidos e da doação (artigo 35, Código Tributário Nacional). ALÍQUOTA Podem ser fixadas livremente pelos Estados e Distrito Federal, desde que obedecido o limite máximo esta- belecido pelo Senado Federal (Resolução 9/1992 fixou alíquota máxima em 8% atualmente). U N ID A D E 5 156 PRINCÍPIO DA AN- TERIORIDADE Sujeita-se inteiramente. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Sujeita-se inteiramente. FUNÇÃO Predominantemente Fiscal. Tabela 7 - Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) Fonte: Nasser (2013, p. 82). O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e Transporte interesta- dual, intermunicipal e de comunicação (ICMS), tratado pela Constituição Federal em seu artigo 135, II, bem como Lei Complementar 87/1996. O ICMS é imposto plurifásico, o que significa dizer que haverá sua incidência sobre o mesmo produto nas várias etapas da cadeia produtiva até o consumidor fi- nal. Pode ser pago por substituição tributária, ou seja, pessoa diversa daquele que efetivamente cometeu o fato gerador poderá ser responsável pelo seu pagamento, no entanto, é assegurado a esse contribuinte substituído o direito à restituição tributária. A Energia elétrica é considerada bem móvel para efeito de incidência do ICMS. O IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS E TRANS- PORTE INTERESTADUAL, INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÃO (ICMS) FATO GERADOR Realizar circulação de mercadorias ou serviços de transporte interestaduais e intermunicipais, de serviço de comunicação, assim compreendida como o qual- quer meio de comunicação (ex.: telefone, internet etc.). “Circulação” deve ser compreendida como sendo a circulaçãojurídica do bem (transferência de titularida- de jurídica do bem). “Mercadoria” deve ser interpretada como sendo todo bem móvel com objetivo de comércio. Vide Súmula 166, Superior Tribunal de Justiça. MOMENTO DA OCORRÊNCIA A circulação de mercadorias ou prestação de serviços interestaduais ou intermunicipais e serviços de comu- nicação, ainda que iniciados no exterior. U N IC ES U M A R 157 SUJEITO PASSIVO a) todas as pessoas que circulem mercadorias. b) os importadores. c) prestadores de serviços de transporte interesta- dual e intermunicipal. d) prestadores de serviços de comunicação. BASE DE CÁLCULO a) o valor da operação no caso de circulação de mer- cadorias. b) o preço do serviço, em se tratando de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação. c) valor da mercadoria quando importada. Será não cumulativa, compensando-se o que for devi- do como os valores já pagos. ALÍQUOTA Poderão ser majoradas ou reduzidas em razão da seletividade ou essencialidade do bem (artigo 155, § 2. °, Ill, Constituição Federal). São livremente fixadas por cada Estado e pelo Distrito Federal, obedecendo aos seguintes limites: a) as alíquotas utilizadas nas operações de expor- tação, e nas operações interestaduais, serão fixadas em resolução do Senado Federal (artigo 155, § 2. °, IV, Constituição Federal). b) o Senado Federal poderá fixar alíquotas mínimas e máximas que devem ser observadas pelos Estados e pelo Distrito Federal em operações internas (artigo 155, § 2. °, V). c) Estados e Distrito Federal não podem conceder isenções, nem reduzir a alíquota interna a alíquotas interestaduais. PRINCÍPIO DA AN- TERIORIDADE Apenas o ICMS incidente sobre combustíveis é exce- ção ao princípio da anterioridade anual, não sendo exceção, no entanto, ao princípio da anterioridade nonagesimal. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Apenas o ICMS incidente sobre combustíveis é exce- ção ao princípio da legalidade. FUNÇÃO Fiscal. Tabela 8 - O imposto sobre circulação de mercadorias e serviços e transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS) / Fonte: Nasser (2013, p. 84). U N ID A D E 5 158 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) está disposto na Constituição Federal em seu artigo 155, III. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES (IPVA) FATO GERADOR Ser proprietário de veículo automotor de qualquer espécie, no Estado membro em questão. MOMENTO DA OCORRÊNCIA Todo dia 1° de janeiro de cada ano. SUJEITO PASSIVO O proprietário de veículo automotor. BASE DE CÁLCULO O prego comercial, que consta de tabelas editadas pelos próprios Estados, ou aquele constante em nota fiscal, no caso de carros zero km e de veículos impor- tados. ALÍQUOTA São definidas em lei ordinária editadas pelos próprios Estados e Distrito Federal. PRINCÍPIO DA AN- TERIORIDADE Sujeita-se apenas a anterioridade anual. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Sujeita-se inteiramente. FUNÇÃO Predominantemente fiscal. Tabela 9 - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) Fonte: Nasser (2013, p. 85). Impostos Municipais A Instituição do tributo depende da criação da lei do município competente ou do Distrito Federal, lembrando que somente por lei municipal poderá haver anistia, parcelamento, compensação e transação para os tributos que serão apresentados: U N IC ES U M A R 159 IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU) FATO GERADOR Ter a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel, localizado em zona urbana do Município ou do Distrito Federal. Para fins do imposto em questão, o conceito de zona urbana está definido no artigo 32, § 1.º, Código Tributário Nacional que define como sendo área urbana toda aquela beneficiada com, no mínimo, dois dos melhoramentos indicados nos incisos do próprio artigo (ex.: água, luz, calcamento etc.). Cumpre ainda destacar que a lei municipal - pode con- siderar urbanas as áreas urbanizáveis ou de expansão urbana nos termos do § 2° do mesmo artigo. MOMENTO DA OCORRÊNCIA Em 1° de janeiro de cada ano. SUJEITO PASSI- VO O proprietário do imóvel, o titular do domínio útil ou seu possuidor a qualquer título. BASE DE CÁL- CULO Valor venal do imóvel. ALÍQUOTA São progressivas, nos termos do artigo 156, § 1º, I e II, e artigo 182, § 4.°, II Constituição Federal. Podem ser maiores ou menores, de acordo com a capacidade econômica de cada contribuinte. Para tanto, a legislação leva em consideração quatro elementos: o uso; o valor, a localização; a função social da propriedade. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDA- DE Deve atender apenas a anterioridade anual. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE A base de cálculo pode ser atualizada monetariamente por decreto. FUNÇÃO Predominantemente fiscal, mas também extrafiscal. Tabela 10 - Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) Fonte: Nasser (2013, p. 84). Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), estabelecido pelo artigo 156, III, da Constituição Federal, bem como pela Lei Complementar 116/2003. U N ID A D E 5 160 IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA (ISS) FATO GERADOR É a prestação por empresa ou profissional autônomo, com ou sem estabelecimento fixo, de serviços pelos quais estão previstos na lista anexa à Lei Complemen- tar 116/2003. MOMENTO DA OCORRÊNCIA Da efetiva prestação do serviço (a apuração pode ocorrer em outra periodicidade, conforme disciplina da lei municipal competente). SUJEITO PASSIVO Sujeito passivo: o prestador de serviço, empresa ou pro- fissional autônomo com ou sem estabelecimento fixo. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo do ISS, em regra, é o preço do serviço, sendo possível a adoção de base de cálculo presumida (fixa), conforme lei do Município tributante (por exemplo, para profissionais liberais). ALÍQUOTA Os municípios têm autonomia para fixar livremente as alíquotas, respeitando os limites estabelecidos, que, nos termos do artigo 8°, Lei Complementar 116/2003, deverá ser de, no máximo, 5%. PRINCÍPIO DA AN- TERIORIDADE Deve observar tanto a anterioridade anual quanto a anterioridade nonagesimal. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Submete-se integralmente. FUNÇÃO Predominantemente fiscal. Tabela 11 - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) / Fonte: Nasser (2013, p. 88). O Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter-Vivos (ITBI), a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição – ITBI, disposto no artigo 156, II da Constituição Federal, bem como artigo 32 a 42 do Código Tributário Nacional. Estabelece-se a não incidência do ITBI sobre a transmissão de bens ou di- reitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica. Tampouco incide sobre a transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica (artigo 156, § 2°, I, Constituição Federal). Não estarão amparadas do benefício as atividades que objetivam a compra e venda desses U N IC ES U M A R 161 bens ou direitos, destacando que não haverá a incidência do ITBI na usucapião por não constituir fato gerador desse tributo, ou seja, não há o elemento “trans- ferência”, por se tratar de aquisição originária. O Imposto sobre transmissão inter-vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição – ITBI FATO GERADOR Transmissão inter-vivos, por ato oneroso, de bens imóveis, excetuando os bens de garantia, bem com cessão de direitos à sua aquisição. MOMENTO DA OCORRÊNCIA No momento da transmissão. SUJEITO PASSIVO Qualquer das partes da operação de transferência. BASE DE CÁLCULO O valor de venda do bem imóvel, ou seja, o prego de mercado. ALÍQUOTA Já com relação às alíquotas, estas podem ser esti- puladas livremente pelos Municípios e pelo DistritoFederal, obedecendo apenas aos limites máximos estabelecidos pelo Senado Federal. PRINCÍPIO DA AN- TERIORIDADE Submete-se integralmente. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Submete-se integralmente. FUNÇÃO Predominantemente fiscal. Tabela 12 - Imposto de transmissão inter-vivos / Fonte: Nasser (2013, p. 89). Taxas As taxas (art. 145, II, da CF e art. 77 do CTN) têm como fato gerador o exer- cício regular do Poder de Polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou colocado à sua disposição de acordo com artigo 79 do Código Tributário Nacional (SABBAG, 2012). U N ID A D E 5 162 Os contornos da definição constitucional deixam claro que as taxas são tributos retributivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser co- bradas sem que o Estado exerça o poder de polícia ou preste ao contribuinte, ou coloque à sua disposição um serviço público específico e divisível (ALE- XANDRE, 2015). Sendo assim, são dois os fatos do estado que resultam na cobrança de taxas: ■ As taxas de polícia têm por fato gerador o exercício regular do poder de polícia (atividade administrativa). Exemplo: a taxa de inspeção sanitária. ■ As taxas de serviço só são possíveis mediante à disponibilização de ser- viços públicos que se caracterizem pela divisibilidade e especificidade. Exemplo: taxa judiciária. É proibido que as taxas tenham base de cálculo própria de impostos (art. 145, § 2º, Constituição Federal); já o Código Tributário Nacional dispõe que a taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador iguais aos dos impostos (art. 77, pará- grafo único). Para reduzir os conflitos acerca do tema, foi publicada uma súmula vinculante 29 no Supremo Tribunal Federal (STF) que define: “É constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra” (STF, [2021a], on-line). Como o regime das taxas é legal, não é possível rescisão. Também há de se des- tacar que, segundo expressas disposições legais (CTN, arts. 7.º e 119), só podem figurar no polo ativo da relação jurídico-tributária pessoas jurídicas de direito público, o que é integralmente aplicável às taxas. Contribuições de Melhorias De acordo com os ensinamentos de Alexandre (2015), a Constituição Federal de 1988, ao prever a possibilidade de a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituírem contribuições de melhoria, apenas declarou que elas decorrem de obras públicas (art. 145, III). Conforme já ressaltado, tais contribuições são tributos vinculados, uma vez que sua cobrança depende de uma específica atuação estatal, qual seja a realização de uma obra pública que tenha como consequência um incremento do valor de imóveis pertencentes aos potenciais contribuintes. U N IC ES U M A R 163 O fato gerador da contribuição de melhoria não é a realização da obra, mas sim sua consequência, a valorização imobiliária. Assim, a contribuição de me- lhoria tem caráter contraprestacional. Serve para ressarcir o Estado dos valores (ou parte deles) gastos com a realização da obra. Os Limites estão dispostos na Constituição Federal (1988), mas foram recep- cionados pelo nosso Código Tributário Nacional, que estabelece, em seu artigo 81: “ Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respecti- vas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (BRASIL, 1966, on-line). Lembrando que esses limites não estão previstos expressamente na Constituição. A Base de Cálculo é apresentada pelo artigo seguinte 82, que define: “ Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguin- tes requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial descritivo do projeto. b) orçamento do custo da obra. c) determinação da parcela do custo da obra a ser financia- da pela contribuição. d) delimitação da zona beneficiada. e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas. II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior. III - regulamentação do processo administrativo de ins- trução e julgamento da impugnação a que se refere o in- ciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial. § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização. § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo (BRASIL, 1966, on-line). U N ID A D E 5 164 Não se vislumbra, portanto, a estipulação de uma alíquota a ser aplicada sobre a valorização individual, mas sim a fixação de uma parcela do custo da obra a ser rateada entre os proprietários dos imóveis beneficiados proporcionalmente aos respectivos “fatores individuais de valorização”. Empréstimo Compulsório Os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos, porém, resti- tuíveis. A obrigação de pagá-los não nasce de um contrato, de uma manifestação livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação de “emprestar” dinheiro ao Estado. São tributos de competência partilhada entre os entes federativos, no entanto, para sua exigência, deve cumprir algumas determinações legais de acordo com Decreto-Lei 195/1967. Para a cobrança da contribuição de melhoria, exige-se os seguintes requisitos: 1. Administração pública deve publicar o edital contendo, entre outros ele- mentos, delimitação das áreas direta e indiretamente beneficiadas e a re- lação dos imóveis nelas compreendidos, memorial descritivo do projeto, orçamento total ou parcial do custo das obras e determinação da parcela do custo das obras a ser ressarcida pela contribuição, com correspondente plano de rateio entre os imóveis beneficiados. 2. Os proprietários dos imóveis situados nas zonas beneficiadas pelas obras publicadas têm prazo de 30 dias, a começar da data da publicação do edital, para impugnação de qualquer dos elementos constantes, cabendo ao impugnante o ônus da prova. A competência é exclusiva da União para a criação de empréstimos compulsórios e só poderá ser instituído por meio de lei complementar. O parágrafo único do art. 15, do Código Tributário Nacional, dispõe que a lei que instituir o empréstimo compulsório deverá fixar o prazo e as condições de resgate. U N IC ES U M A R 165 Contribuições Especiais Seguindo ensinamentos de Alexandre (2015), entenderemos as disposições sobre contribuições especiais a seguir. As contribuições sociais se destinam a financiar os denominados direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição Federal (1988): “ Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos de- samparados, na forma desta Constituição (BRASIL, 1988, on-line). O artigo 149 da Constituição Federal autoriza a União a instituir contribuições sociais e intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias pro- fissionais e econômicas sem prejuízo do que estabelece o artigo 195, § 6º da C.F. Via de regra, as contribuições sociais devem financiar a atuação da União na área social, servindo como um instrumento de arrecadaçãode recursos finan- ceiros vinculados a uma finalidade. A competência para instituir as contribuições é exclusiva da União, entretan- to, excepcionalmente, os Estados, Distrito Federal e Municípios estão autorizados a instituir contribuição, mas somente destinada ao custeio da seguridade social e, ainda assim, na subárea de previdência social. As contribuições de melhoria estão vinculadas a uma atividade estatal direta- mente desenvolvida ao sujeito passivo; já para a contribuição especial, não há uma definição constitucional específica, mas deixa ao legislador a opção de selecionar fatos ou comportamentos dos contribuintes mais adequados ao alcance dos fins. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) Encontra-se genericamente prevista no art. 149 da CF, havendo atribuição cons- titucional de competência para a criação, conforme analisado anteriormente. As CIDEs são, portanto, tributos criados com base no elemento teleológico ou finalístico, uma vez que, para serem consideradas legítimas, suas finalidades têm que ser compatíveis com as disposições constitucionais, principalmente com aquelas relativas à ordem econômica e financeira, que aparecem a partir do art.170 da Carta Magna. U N ID A D E 5 166 A União tem autonomia relativamente grande para instituir as CIDEs, pois, desde que não se desvie do referido “elemento teleológico”, a liberdade para a criação das CIDEs é bastante ampla. Isso se deve ao fato de a Constituição Federal de 1988 não ter explicitado quais as bases econômicas sobre as quais o tributo pode incidir. Mais recentemente, a EC 42/2003 ampliou bastante a previsão constitucional de incidência das CIDE nas operações de importação, uma vez que, originaria- mente, o inciso II, do § 2º, do art. 149 da CF previa a cobrança do tributo apenas sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível. Atualmente, a previsão abrange a importação de produtos estrangeiros ou serviços, expressão muito mais abrangente. Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas –são contribuições corporativas aquelas criadas pela União com o objetivo parafiscal de obter recursos destinados a financiar atividades de interesses de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas (cor- porações). Os exemplos mais relevantes de tais contribuições são a contribuição sindical e a destinada ao custeio das entidades de fiscalização do exercício de profissões regulamentadas. Contribuição de Iluminação Pública (COSIP) Conforme já estudado, é assente no âmbito do STF o entendimento de que o serviço de iluminação pública não atende aos requisitos de especificidade e di- visibilidade, necessários à possibilidade de financiamento mediante à instituição de taxa. Recorde-se que o entendimento foi cristalizado no Enunciado 670 da Súmula Vinculante 41 do Supremo Tribunal Federal, afirmando que “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa” (STF, [2021b], on-line). O dispositivo constitucional deixa claro que a arrecadação da contri- buição é vinculada ao custeio do serviço de iluminação pública, sendo, portanto, ilegítima qualquer espécie de destinação diversa. Caro(a) aluno(a), foi com imenso prazer que concluímos este estudo enten- dendo um pouco mais sobre impostos e taxas. Espero que você tenha aprendido tanto quanto eu, pois sempre aprendemos mais do que ensinamos. Sucesso! U N IC ES U M A R 167 Entidades de apoio científico e sem fins lucrativos têm direito à imunidade de IPI e Imposto de Importação Entidades de caráter técnico cultural e sem fins lucrativos têm direito à imunidade tributá- ria sobre o Imposto de Importação (II) e o Imposto sobre Produtos Industrializados. Com esse entendimento, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) confirmou, na última semana, sentença em mandado de segurança que determinou à Receita Federal a libe- ração de uma sonda importada da Austrália pela Fundação Luiz Englert, de Porto Alegre. Fonte: TRF4 (2016, on-line). explorando Ideias Os impostos consomem, hoje em dia, mais de 38% do orçamento da família média [ame- ricana], segundo a Tax Foundation. Isso é mais do que é gasto em alimentação, vestuário, habitação e transporte juntos. Compare isto com a situação do servo na Idade Média. Eles só tinham que dá ao seu senhor um terço de sua produção – e eram considerados semiescravos. No que isso nos transforma então? (Richard Epstein) pensando juntos http://taxfoundation.org/ U N ID A D E 5 168 CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), nossos estudos frente aos impostos iniciaram com aprendizado sobre a quem compete criar e instituir os impostos. Descobrimos que a Constituição Federal é a primeira a designar e distribuir a competência a cada ente federativo, que somente por meio de lei específica poderá instituir e cobrar os tributos. Neste estudo, ficou bem claro que a lei é quem estabelece os limites, sem estes não há como criar ou exigir qualquer imposto, mas não podemos deixar de mencionar as características específicas da competência, tratado por alguns autores como princípios, são primordiais para o entendimento e balizamento da compreensão. Assim como estabelece a forma, também determina sua classificação, pois não há como criar sem saber o lugar correto de aplicar, por isso, Casalino (2012) nos apresenta, de maneira clara, as formas de classificação para que possamos compreender objetivo e aplicação de cada imposto, taxa ou contribuição. Seguimos adiante conhecendo os impostos em sua espécie, primeiro definin- do depois conhecendo os principais instituídos pela União, Estados e Municípios para que possamos saber qual fato gerador, o momento da ocorrência, quem é o responsável ou responsáveis, base de cálculo, alíquota e se devemos ou não aplicar os princípios da anterioridade e legalidade e, principalmente, qual sua função, isto nos principais princípios. Para encerrar com entendimento sobre taxas, vimos quando e como devem ser cobradas, quais os fatos que resultam nesta cobrança, não podendo deixar de lembrar que durante toda a unidade a legislação aplicada está a todo momento fundamentada. Em seguida, aprendemos sobre Contribuições de melhoria, em- préstimo compulsório e contribuições especiais. 169 aprimore-se VIA LEGAL: RESPONSABILIDADE SOBRE PRESERVAÇÃO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO O Via Legal dessa semana fala da preservação de patrimônio histórico. De quem deve ser essa responsabilidade? O principal agente na tarefa de conservar e manter as características de casas e prédios centenários é o poder público. O problema é que nem sempre isso acontece. Em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, o Mi- nistério Público precisou entrar com uma ação na Justiça Federal para conseguir recuperar um imóvel, construído em 1873. Nesta edição, o programa ainda destaca a situação de pessoas que descobrem ter câncer. Além de todo o sofrimento que envolve o tratamento, os pacientes também precisam lidar com o aumento dos gastos. É por isso que a legislação brasileira prevê uma série de benefícios. Mas nem sempre esses direitos são respeitados. A reporta- gem de Eliane Wirthmann mostra que, no entendimento da Justiça Federal, todas as pessoas que têm ou já tiveram a doença podem pedir isenção do Imposto de Renda. Um projeto que não deu certo deixou os moradores de um bairro no Rio de Ja- neiro indignados. A prefeitura cumpriu a promessa de urbanizar parte da orla, mas, quatro meses depois da inauguração, a estrutura foi destruída pela força do mar. O repórter Adeilton Oliveira foi até o lugar mostrar que, além do prejuízo, as obras causaram danos ambientais e consequências difíceis de serem reparadas. O Via Legal fala ainda sobre habitação. Uma sucessão de erros da Caixa Eco- nômica e da prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife, causou transtorno a milhares de moradores e prejuízo aos cofrespúblicos. No condomínio Muribeca, centenas de prédios terão de ser demolidos por causa de problemas estruturais. A situação fica ainda mais grave, porque as casas ao redor do conjunto foram construídas de forma irregular e serão atingidas pelas obras. O repórter Alessandro Moura detalha a decisão da Justiça Federal que determinou o pagamento de auxílio-moradia para quem perdeu a casa. 170 aprimore-se O programa também traz uma decisão da Justiça Federal em São Paulo, que ne- gou a um estudante a validação automática do diploma de um curso feito no exte- rior. Um acordo firmado entre países do Mercosul até prevê um caminho mais fácil para que o título possa ser usado no Brasil, porém uma lei federal exige a revalida- ção do diploma. A reportagem é de Letícia Lagoa. Fonte: TRF4 (2015, on-line). 171 na prática 1. Sabemos que, para entender a competência tributária, precisamos distinguir três conceitos: poder tributário, competência tributária e capacidade ativa tributária. Defina cada um. 2. O que é Competência Tributária, quais são suas características e como podemos classificá-la? 3. O que é tributo e como ocorre sua vinculação? 4. Quais são os principais impostos cobrados pela União? 5. Quais são os principais impostos cobrados pelos Estados? 6. Quais são os principais impostos cobrados pelos Municípios? 7. O que são taxas e quais são fatores que resultam em sua cobrança? 8. O que são contribuições de melhoria? 9. O que é Empréstimo Compulsório? 10. O que são as Contribuições Especiais? 172 eu recomendo! Imposto: Federais, Estaduais e Municipais Autor: Leandro Paulsen e José Eduardo Soares Melo Editora: Saraiva Sinopse: neste livro, os autores se dedicam precisamente a esta parte especial do Direito Tributário, cuidando de cada um dos im- postos instituídos em nosso país. Fazem de modo didático para permitirem uma boa compreensão do fundamento constitucio- nal de cada qual e das respectivas hipóteses de incidência, como estruturadas nas leis complementares, instituídas pelas leis ordinárias e detalhadas pelos re- gulamentos. Com isso, resta claro o que pode ser alcançado por cada tributo, seus fatos geradores, contribuintes e bases de cálculo. Leandro Paulsen cuida dos impostos federais (II, IE, IR, IPI, IOF, ITR e IGF) e José Eduardo Soares de Melo aborda os impostos estaduais (ITCMD, ICMS e IPVA) e municipais (IPTU, ITBI e ISS). livro 173 conclusão geral conclusão geral Prezado(a) aluno(a)! Vimos, ao longo do nosso estudo, que as modificações legislativas, no decorrer dos anos, foram muito significativas e que trouxeram grandes avanços ao Direito Empresarial, que passou a adotar uma teoria mais abrangente, cuidando do direi- to societário, falimentar, industrial, cambiário, concorrencial, entre outros trata- dos pela legislação. Tanto o Direito Empresarial quanto o Direito Tributário vêm tratados pela Cons- tituição Federal que institui a forma de atuação de cada um sem esquecer dos prin- cípios específicos aplicados a cada um. Entender o conceito do Direito Empresarial, empresário, empresa e atividade empresarial, bem como as formas de atuação de cada um para, em sequência, defi- nir qual a melhor estratégia a seguir no desenvolvimento empresarial. Conceituar as sociedades para classificar faz parte da estratégia para definir qual melhor tipo de empresa a ser constituída, dentro das características de cada pes- soa ou empresa, partindo para as noções de Direito Tributário que determinarão o sistema de atuação dentro dos limites estabelecidos pela Constituição Federal e Legislações aplicadas, conhecendo, inclusive, a hierarquia das leis. Aplicabilidade das legislações tributárias servirá como base do conhecimento das funções dos tributos aplicados dentro dos princípios e limitações do poder de tributar; eis que conhecer o momento do surgimento da obrigação tributária será um diferencial para prevenção ou mesmo orientação e adequação da instituição da responsabilidade tributária, para não haver qualquer descumprimento de preceitos legais que resultem em multa ou prejuízos. Conhecendo a legislação, também aprendemos sobre a competência e, princi- palmente, as espécies de tributos cobrados por cada ente federativo em cada mo- mento, por meio das regras gerais estabelecidas. Diante disto tudo, é possível observar que o sucesso empresarial depende do conhecimento tributário, enfim, o conhecimento é sempre a melhor arma a ser uti- lizada em qualquer ramo de atividade. Sucesso! referências 174 UNIDADE 1 BARRETO FILHO, O. Teoria do estabelecimento comercial. São Paulo: Max Limonad, 1969. BRASIL. 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São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. gabarito 183 UNIDADE 1 1. É o ramo do Direito que tem por objeto a regulamentação da atividade econômica da- queles que atuam na circulação ou produção de bens, bem como na prestação de ser- viços. 2. Esta modificação na terminologia se deve à modificação da teoria adotada pelos códigos, ou seja, o Código Comercial adotava teoria dos atos do comércio, por isso, era tratado como Direito comercial. O Código Civil, atualizado em 2002, adotou a teoria de empresa passando a ser mais abrangente que a teoria anterior, não considerando atividade em- presarial apenas as de natureza intelectual. 3. Tratadas como primárias ou secundárias, em que as primeiras são as leis, por exemplo, Lei de falência, Lei da franquia, Lei da Duplicata mercantil, inclusive a Constituição Fe- deral, entre outras. A segunda ou secundárias são usos e costumes, que são as práticas reiteradas que passam a ser aceitas pelos empresários como regras, passando a vigorar quando não houver norma expressa sobre assunto, por exemplo, emissão de pagamento de boletos bancários. 4. Simplicidade: afigura-se como um elemento próprio do comércio, visto que ele atende às necessidades da sociedade, e estas (como alimentos, o vestuário e o cré- dito) são imediatas, daí a ausência de formas rígidas para prática dos atos jurídi- cos no Direito Comercial, que valoriza as práticas adotadas, ou seja, os costumes. Universalismo: todas as pessoas, em qualquer lugar no mundo, necessitam de ali- mentos e de vestuário, tais necessidades são, muitas vezes, comuns e univer- sais; tudo isso, inegavelmente, imprimiu no direito comercial um caráter univer- sal ou cosmopolita e conduziu a padronização de muitas das normas nessa matéria. Onerosidade: é um elemento incluído a toda relação comercial. O empresário desenvolve sua atividade de produção de bens, circulação de bens ou de serviços de forma a obter lucro. O elemento-chave nesse ponto é a especulação com a finalidade de lucro. Individualismo: o lucro é a preocupação imediata do interesse individual. Fragmentarismo: há um conjunto de regras que os norteiam, pois direito empresarial se vincula a outros ramos do direito, mesmo que haja características próprias, ela deve estar em harmonia com outras leis. Dinamismo: o Direito Empresarial é dinâmico e está sempre em constante desenvolvimento, aderindo a novas tecnologias, o que resulta na prática de novas práticas comerciais. gabarito 184 5. Soberania nacional; propriedade privada; função social da propriedade; livre concorrên- cia; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado, conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. 6. É a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços. Essa pessoa pode ser tanto a física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente, como a jurídica, nascida da união de esforços de seus integrantes. Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica or- ganizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Define-se empresa segundo a teoria poliédrica explicitados da seguinte forma: 1) objetivo – a empresa significa patrimônio, ou melhor, estabelecimento, enquanto conjunto de bens destinados ao exercício da empresa (nesse sentido: art. 1.142 do Código Civil). 2) subjetivo – a empresa é entendida como sujeito de direitos, no caso o empresário, indivi- dual (pessoa natural) ou sociedade empresária (pessoa jurídica), que possui personalida- de jurídica, com a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações (nesse sentido: arts. 966 e 981 do Código Civil). 3) corporativo – a empresa significa uma instituição, como um conjunto de pessoas (em- presário, empregados e colaboradores) em razão de um objetivo comum: um resultado produtivo útil. 4) funcional (ou dinâmico) – a empresa significa atividade empresarial, sendo uma organiza- ção produtiva a partir da coordenação pelo empresário dos fatores de produção (capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia) para alcançar sua finalidade (que é o lucro). 7. Àquele que esteja em pleno gozo da capacidade civil (art. 972 Código Civil) e não haja qualquer impedimento legal para exercício. Os cônjuges podem constituir sociedades empresárias entre si ou com terceiros, mas a lei reserva uma exceção para aqueles casa- dos em regime comunhão universal de bens ou em separação obrigatória. 8. O Falido não reabilitado, Funcionário Público, militar, devedor de INSS e Estrangeiros se tratam de impedimentos legais, ou seja, a lei dispõe que não podem ser empresários. gabarito 185 9. O empresário individual não adquire personalidade jurídica, não sofre a desconsideração pessoa jurídica, não exige capital social mínimo e adota como nome empresarial a firma individual. Na EIRELI, o empresário individual adquire personalidade jurídica, tendo uma separação patrimonial entre patrimônio pessoal e da EIRELI, admitindo a desconsidera- ção da pessoa jurídica; exige a existência de um patrimônio social mínimo, pode utilizar como nome empresarial tanto a firma como a denominação, acrescidas de EIRELI. 10. As principais características da MEI são: empresa isenta de sociedade; opção para contra- tação de até um empregado; ser a atividade enquadrada no sistema do “simples nacio- nal” e, dessa forma, com a obrigatoriedade de se fazer a declaração simplificada, em que somente o valor do faturamento bruto adquirido no ano anterior deverá ser informado e faturamento de até R$ 81.000 por ano (média de R$ 6.750 reais por mês). UNIDADE 2 1. “A sociedade é como ente que tem natureza contratual, ou seja, sociedade é um con- trato” (COELHO, 2007, p. 109). O autor nos ensina que, na construção do conceito de sociedade empresária, dois institutos jurídicos servem de alicerces. De um lado, a pessoa jurídica, de outro, a atividade empresarial. Uma primeira aproximação ao conteúdo deste conceito se faz pela ideia de pessoa jurídica empresária, ou seja, que exerce atividade econômica sob a forma de empresa. 2. Sociedades personificadas que abrangem as sociedades simples e empresárias e as so- ciedades não personificadas. 3. As sociedades simples são compostas por profissionais liberais e sociedades de ativida- des intelectuais e cooperativas. As sociedades empresárias são compostas de comandi- taspor ações, nome coletivo, limitada, sociedade anônima e comandita simples. 4. É a sociedade contratual em formação, isto é, aquela que tem contrato escrito e que está realizando os atos preparatórios para o seu registro perante o órgão competente, antes de iniciar a exploração de seu objeto social. A sociedade em conta de participação des- taca que um sócio representa a sociedade, normalmente, financeiramente e obrigações decorrentes da sociedade, tendo como outro sócio ostensivo ou oculto. 5. Em razão do que estabelece o Código Civil em seu artigo 966, parágrafo único, deter- minando que esta sociedade é formada pelos profissionais que desenvolvem atividades intelectuais de natureza científica, literária ou artística. gabarito 186 6. Não possui limitação de faturamento anual; não possui limitações tributárias; não preci- sa ter capital inferior a 100 salários mínimos; não possui limitação de atividades; possui responsabilidade até o limite da integralização do capital social; não possui limitação para contratação de empregados; tem possibilidade de constituição de mais de um tipo jurídico. 7. Sócios comanditados são aqueles com responsabilidades solidária e ilimitada, que, ne- cessariamente, devem ser “pessoas físicas” (CC, art. 1.045, caput). Já os sócios comanditá- rios têm responsabilidade limitada ao valor de suas quotas sociais e podem ser “pessoas físicas ou jurídicas” (CC, art. 1.045, caput). Comandita significa administrada ou coman- dada. É um termo derivado do italiano “accomandita”, cujo significado era guarda ou depósito, uma vez que no passado pessoas confiavam seu capital a outrem para que este o administrasse em seu nome e risco. 8. Deve-se o sucesso a duas de suas características: a limitação da responsabilidade dos sócios e a contratualidade. Dessa forma, não há confusão entre patrimônio particular e patrimônio social, desde que o patrimônio da empresa esteja integralizado para enten- der melhor, explica Gonçalves (2012). 9. Na sociedade limitada, o capital da empresa é dividido em quotas, já a sociedade anôni- ma tem seu capital dividido por ações, que podem ou não ser comercializadas na bolsa de valores, dependendo do tipo de sociedade anônima e tipo de ação. 10. Transformação, incorporação, fusão e cisão. UNIDADE 3 1. Casalino (2012) define direito tributário como um conjunto de normas jurídicas que dis- ciplina a relação entre Estado e particular, regulamentando a instituição, fiscalização e arrecadação de tributos. Como conjunto de normas jurídicas, o direito tributário viabiliza a atividade de tributação do Estado, ao mesmo tempo em que protege o particular e sua propriedade contra eventuais abusos do poder público. 2. As fontes podem ser classificadas em: fontes formais, materiais e não formais. 3. As fontes formais são o direito exteriorizado por meio da legislação, tendo como princi- pais: a Constituição Federal, Emenda Constitucional, Lei Ordinária, Decreto, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto Legislativo, Resolução, Tratados e convenções Internacionais e Lei Complementar. gabarito 187 4. As fontes materiais são acontecimentos econômicos e sociais políticos que podem ser a motivação para alterações legislativas. As fontes materiais são situações pré-jurídicas, diferentemente dos fatos geradores que originam a cobrança de um tributo, pois esses fatos já juridicizados são previstos em lei como geradores de obrigação tributária. 5. São a jurisprudência e a doutrina que estão nesta classificação por orientarem a inter- pretação das fontes formais, mas que não podem ser conceituadas como tal, em função de não serem de observação obrigatória, ressalvadas a edição das súmulas vinculantes e o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ou Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 6. O Sistema Tributário Nacional é um conjunto de normas, de princípios e de regras que governam o direito tributário. 7. O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios. 8. A taxa é criada por lei, possui função de Remunerar serviço público prestado diretamente pelo ente federativo ou poder de polícia por ele desempenhado, tem natureza jurídica de tributo e somente pode ser reajustada por lei. A Tarifa é criada por contrato adminis- trativo, sua função é Remunerar o serviço prestado por concessionária de serviço público. Sua natureza jurídica é de preço público. Reajuste somente pode ocorrer por ato da con- cessionária, nos termos estabelecidos no contrato administrativo. 9. De acordo com a Constituição Federal (art. 145, I) e de acordo com art. 16 do Código tributário Nacional: “[...] é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. 10. “O Poder de tributar significa o poder de avançar sobre a propriedade privada dos indi- víduos, das empresas, enfim, dos particulares, por meio do tributo, sempre dentro dos limites constitucionais passando pelo código tributário nacional” (CASALINO, 2012, p. 45). UNIDADE 4 1. A lei, em seu texto, deve estabelecer quando passará a vigorar; havendo omissão, repor- tamos ao artigo primeiro do Decreto Lei nº 4.657/42 que estabelece que ela passará a vigorar 45 dias após a publicação. gabarito 188 2. Para que haja aplicação da lei tributária, basta ocorrer o fato gerador e, assim, imediata- mente, incide o tributo, conforme estabelece artigo 105 do CTN (BRASIL, 1966). 3. Analogia, princípios gerais do direito tributário, princípios gerais do direito público, equi- dade. 4. O artigo 111 do CTN dispõe sobre a interpretação literal da legislação: Art. 111. Interpreta-se literalmente a Legislação Tributária que disponha sobre: I - suspensão ou exclusão do crédito tributário. II - outorga de isenção. III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. 5. De acordo com o artigo 112 do CTN, aplica-se a interpretação mais favorável quando houver previsão legal, quanto à natureza ou circunstâncias do fato, à natureza ou exten- são dos efeitos permitirem, quanto à autoria, imputabilidade ou punibilidade ou quanto à natureza da penalidade aplicável ou sua graduação. 6. Havendo a hipótese de incidência, a situação prevista na lei que, se configurada, resultará no nascimento do episódio jurídico tributário, que segue para o fato gerador que é a con- cretização da hipótese de incidência, neste sentido, é a ocorrência da hipótese prevista em lei, que faz surgir a obrigação tributária. 7. “A obrigação tributária surge quando ocorrida a situação prevista na lei (hipótese de inci- dência) no mundo real, surge para o sujeito passivo o dever (obrigação) de pagar o tributo ou de cumprir o encargo acessório” (VIEIRA, 2014, p. 149). A capacidade tributária, diferente dos outros institutos do direito, surge da lei e não da vonta- de das partes, por isso, não segue as regras de capacidade que estabelece o código civil, como estabelece o artigo 116 do CTN. Não importa se uma pessoa está sujeita a alguma medida que limite ou prive o exercício de atividades. Se o fato gerador ocorrer, o tributo é devido. “Domicílio é o lugar de exercício dos direitos e cumprimento das obrigações, no sentido exigibilidade. Na seara tributária é o local, determinado pela Legislação Tributária, onde o sujeito passivo é chamado para cumprir seus deveres jurídicos da ordem tributária” (SABBAG, 2012, p. 165). 8. Normalmente, o contribuinte é o responsável pelo cumprimento da obrigação tributá- ria, ou aquele que praticouo fato gerador, podendo também, quando a lei dispuser, ser terceiro que não praticou fato gerador, mas está responsável pelo pagamento. Poderá haver alteração do polo passivo da relação tributária por transferência ou por substituição. gabarito 189 9. Lançamento direto ou de ofício, lançamento por declaração ou de ofício e lançamento por homologação. 10. Causas de suspensão: moratória, depósito do montante integral, parcelamento, reclama- ções e recurso administrativo, concessão de medida liminar em mandado de segurança ou em ações de outras espécies. Causas de extinção: pagamento, compensação, transação, remissão, prescrição, decadência, conversão de depósito em renda, pagamento antecipado e homologação posterior, con- signação em pagamento, decisão administrativa irreformável, decisão judicial transitada em julgado, dação e pagamento em bens imóveis. Causas de exclusão: isenção e anistia. UNIDADE 5 1. “O poder tributário dita as relações de fato e está ligado à soberania do ente estatal, de modo que o Estado pelo uso da força impõe sua vontade sobre os cidadãos. O poder tributário foi delimitado por meio de lei, no caso a Constituição Federal, limitada a sua competência repartida nas três esferas – federal, estadual e municipal – além da geral ou nacional. A capacidade ativa tributária é aptidão para ser o sujeito ativo da relação jurí- dica tributária, relacionada ao titular da prerrogativa para exigir o tributo” (VIEIRA, 2014, p. 44). 2. Competência tributária é aptidão que os entes federativos têm para criar, por meio de lei, os tributos. Suas características são a Privatividade, Facultatividade, Indelegabilidade, Irrenunciabilidade, Incaducabilidade e Inalterabilidade. Classificamos em: competência privativa, competência comum, competência especial, competência residual, competên- cia extraordinária e competência cumulativa. 3. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A vinculação do tributo é analisada por meio da hipótese de incidência ao passo que a vinculação da receita realiza após a ocor- rência do fato gerador e depois do tributo já ter ingressado nos cofres públicos. 4. Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação (IE), Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), Imposto sobre Operações de Crédito (IOF) e Imposto Territorial Rural (ITR). 5. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação (ICMS), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). gabarito 190 6. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), o Imposto sobre Transmissão “Inter-vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição – ITBI. 7. Os contornos da definição constitucional deixam claro que as taxas são tributos retribu- tivos ou contraprestacionais, uma vez que não podem ser cobradas sem que o Estado exerça o poder de polícia ou preste ao contribuinte, ou coloque à sua disposição um serviço público específico e divisível (ALEXANDRE, 2015). São dois os fatos do estado que resultam na cobrança de taxas: 1) as taxas de polícia têm por fato gerador o exercício regular do poder de polícia (atividade administrativa), por exemplo, a taxa de inspeção sanitária. 2) as taxas de serviço só são possíveis mediante a disponibilização de serviços públicos que se caracterizem pela divisibilidade e especificidade, por exemplo, taxa ju- diciária. 8. São tributos vinculados, uma vez que sua cobrança depende de uma específica atuação estatal, a qual seja a realização de uma obra pública que tenha como consequência um incremento do valor de imóveis pertencentes aos potenciais contribuintes. 9. São tributos de competência partilhada entre os entes federativos, no entanto, para sua exigência, deve cumprir algumas determinações legais de acordo com Dec-Lei 195/1967. 10. As contribuições sociais se destinam a financiar os denominados direitos sociais previstos no artigo 6º da Constituição Federal. Via de regra as contribuições sociais devem financiar a atuação da União na área social, servindo como um instrumento de arrecadação de recursos financeiros vinculados a uma finalidade. anotações anotações _Hlk66870588 DO DIREITO EMPRESARIAL SOCIEDADES NOÇÕES DE DIREITO Tributário DAS OBRIGAÇÕES Tributárias DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA e os Tributos em Espécie conclusão geral _Hlk66954414 _Hlk66954394 _Hlk66956641 _Hlk66956935 _Hlk66957163 _Hlk68011378 _Hlk66957495 _Hlk66969414 _Hlk67321892 _Hlk67389441 _Hlk68698586 _Hlk67474799 _Hlk67475345 _Hlk67476307 _Hlk67488077 _GoBack Botão 1: