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REPRESENTACAO POLITICA CORRENTE SOCIOLÓGICA A corrente sociológica teve seus estudos elaborados por pesquisadores da Columbia University, em Nova Iorque, e tem como principal obra o The People’s Choice , livro clássico assinado por Lazarsfeld et al. (1948). A pesquisa analisou o processo de construção da decisão do voto nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 1940. Com essa finalidade, os autores buscaram para a pesquisa um local que oferecesse um arquétipo plausível da nação. Já que não poderiam entrevistar todos os estadunidenses, precisavam de um grupo de pessoas (uma amostra) que fosse representativa da população como um todo. Calcados nesse critério, escolheram o condado de Erie (Ohio) como local apropriado, e lançaram mão do estudo do tipo painel como recurso metodológico. Tal técnica de pesquisa consiste na aplicação de uma série de entrevistas realizadas ao longo de determinado tempo com as mesmas pessoas. A vantagem oferecida por esse método é poder acompanhar o desenvolvimento da construção da decisão periodicamente, buscando entender quais são os elementos levados em conta pelo eleitor para formar sua decisão. Ao longo da investigação, os pesquisadores identificaram que havia três grupos distintos de eleitores: aqueles que definiam seus votos antes mesmo do período da campanha; alguns outros que decidiam seu voto durante a campanha, e ainda outros eleitores somente decidiam em quem votar apenas algumas semanas antes do dia das eleições. Lazarsfeld et al. (1948) buscaram, então, analisar o que distinguia cada um desses grupos. A busca dessa teoria se centra em investigar as condições sociais subjacentes à decisão do voto (Lipset, 1967). Os sociologistas (autores da Corrente Sociológica) identificaram que as decisões dos eleitores são pautadas em características políticas, psicológicas e sociais e que o período de campanhas teria o papel de ativar predisposições latentes do eleitor. Em outras palavras, a campanha eleitoral não tem o papel de convencer o eleitor a votar em determinado candidato ou mesmo formar sua opinião eleitoral. As campanhas eleitorais agiriam no sentido de trazer ao nível racional aquelas impressões, pensamentos e sensações que estavam anteriormente no nível inconsciente. Tais impressões, pensamentos e sensações seriam forjadas nas experiências prévias dos grupos sociais. Experiências essas que envolvem sua classe social, o tipo de trabalho que executa, o local onde mora (espaço urbano ou espaço rural), sua religião, entre outros aspectos sociais que constituem as experiências dos indivíduos. Portanto a escolha eleitoral é entendida como um processo constituído por toda a vivência anterior dos eleitores (as chamadas predisposições de longo prazo ), somado à ativação de predisposições latentes por meio da campanha eleitoral e, então, seguido do voto, que encerraria a última etapa do processo. O voto aqui é percebido como o desfecho de um processo social mais amplo . REPRESENTACAO POLITICA CORRENTE SOCIOLÓGICA Buscando maior objetividade nos resultados de suas análises, Lazarsfeld et al. (1948) elaboraram um índice que permitiu “prever” a preferência política do eleitor, mesmo antes que o mesmo a manifeste. O índice sintetiza as variáveis religião, meio onde vive e classe social. Tal índice permitiu afirmar, no ato da pesquisa, que se o eleitor fosse católico, trabalhador do meio urbano e de classe social baixa, o mesmo teria 90% de chances de votar no candidato do partido Democrata. Já se ele fosse protestante, do meio rural e de classe social alta, o mesmo apresentaria 75% de chances de votar pelo partido Republicano e seu candidato. Pesquisador brasileiro e referência pioneira nessa área de pesquisa, Marcus Figueiredo (1988) elucida que a explicação sociológica do voto entende as opiniões políticas como fruto das interações entre indivíduos de um mesmo grupo social. E, ainda, que o que viria a garantir o longo prazo de um comportamento político são as pressões do grupo social, incluindo, também, possíveis sanções sociais a fim de inibir comportamentos desviantes (Figueiredo, 1988, p. 56). Assim, o que poderia interferir na tomada de decisão seria o caso de o eleitor estar submetido a pressões cruzadas, isto é, em um ambiente que mistura os atributos mais favoráveis à escolha de um partido com atributos mais favoráveis à escolha da oposição. Com isso percebemos que o comportamento político reflete as identidades sociais baseadas no grupo (Berelson et al., 1954). O voto traria consigo uma identidade de classe. O desenvolvimento de uma identidade de classe requer que o grupo social tenha consciência de classe, de seu lugar na sociedade e quais são os seus interesses político-econômicos e obstáculos a eles. Isso significa que não é o pertencimento da classe, em si, que faria com que pessoas de um mesmo grupo social compartilhassem opiniões políticas, mas sim a troca de experiências e conversas interativas entre os membros dessa mesma classe. Portanto, o pano de fundo da decisão eleitoral se encontra no contexto social e político que cerca o eleitor e em como se dão as relações sociais nesse cenário. A Corrente Sociológica tem a interação social como unidade de análise, e não o indivíduo. Ou seja, o comportamento coletivo não é a soma de partes individuais, mas fruto de uma interação social que produz sentimentos compartilhados e os grupos sociais agem em função disso.
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