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AULA 6 EMOÇÃO, MEMÓRIA E APRENDIZADO Prof. Reginaldo Daniel da Silveira 2 RESILIÊNCIA – COMO AUMENTAR EMOÇÕES POSITIVAS EM CONTEXTOS NEGATIVOS (NEUROCIÊNCIA POSITIVA) A resiliência trata do modo como as pessoas lidam com os eventos estressantes de suas vidas. A vida pessoal, o trabalho, os relacionamentos, as doenças, as ameaças do ambiente social geram eventos que podem ser traumáticos. O presente estudo dá atenção aos fundamentos conceituais da resiliência, seus aspectos neurobiológicos e estratégias para desenvolver uma mente resiliente. TEMA 1 – INTRODUÇÃO À RESILIÊNCIA Resiliência é um conceito simples e direto: é a adaptação positiva apesar da adversidade. De repente você ouve: “Bons tempos aqueles em que Apple e BlackBerry eram apenas frutas”. Então a pessoa confessa que não consegue fazer mais nada a não ser ficar grudada no celular, que seu trabalho vai mal, que seu relacionamento amoroso vai mal. Ela se queixa de que alguém falou coisas ruins dela no Facebook. Você pensa: “Nossa! Pra mim a tecnologia é boa, achei que ela facilita minha vida!”. Um outro reclama que exigem demais dele, que a qualquer momento pode ser demitido, que não sabe o que escrever no relatório, que seu carro é uma droga, enfim… A culpa pode ser colocada no mundo contemporâneo, podemos argumentar que o governo vai mal, que o juiz é um idiota, que o bairro é péssimo, que o parceiro é promíscuo, podemos falar um monte de coisas e, em suma, dizer que o problema está fora de nós. Podemos até reafirmar Rousseau ao defender que “o homem nasce livre, mas por toda parte encontra-se acorrentado”. Ou ainda reverberar sua fala de que tirar o homem das florestas e encerrá-lo em uma cidade era civilizá-lo, e considerar isso uma coisa ruim. Resiliência é algo que se interpõe a esta discussão, especialmente por se perceber que, afinal, um problema não passa de um problema, um desafio a ser superado. Podemos até imaginar o homem corrompido com as armadilhas do “mundo civilizado” ou até discutir que nasceu livre e está acorrentado, mas não podemos desconsiderar que, se estamos acorrentados, temos o livre-arbítrio de tirar a corrente. 3 Ao longo da história, passamos por várias escolas do conhecimento, nas quais aprendemos que “As coisas não inquietam os homens, mas as opiniões sobre as coisas” (Epiteto), e hoje, por meio da psicologia cognitiva, percebemos que a interpretação é o que dói, não o fato em si. Há pessoas que não focam o passado, veem o presente com alegria e parecem não ver correntes em sua volta, algo que os psicólogos chamam de resiliência, uma espécie de resistência às expectativas desoladoras. Estas pessoas podem ser influenciadas biologicamente (saúde, genética, personalidade) ou externamente (ambiente doméstico e estilos parentais). Seria o processo de adaptação bem diante de adversidades, traumas, tragédias, ameaças ou fontes significativas de estresse – como problemas familiares e de relacionamento, problemas sérios de saúde ou estressores financeiros e no local de trabalho. Significa “retroceder” de experiências difíceis. (APA, 2014) Pessoas resilientes mostram habilidades como empatia, assertividade, visão positiva da vida. Em outras palavras: é a capacidade de se adaptar com sucesso diante do estresse e da adversidade (Wu et al., 2013). O endocrinologista Hans Selye trouxe na década de 1970 a definição de “estresse” como uma reação do organismo a um agente estressor (ou estímulo relativo a ele), que incluía componentes fisiológicos e cognitivos (Leahy, 2013). Sua concepção é conhecida como “síndrome de adaptação geral”, com três fases: alarme, resistência e exaustão. No alarme, o organismo reage no processo de luta ou fuga, ativando o eixo hipotalâmico-hipofisário-suprarrenal (HHSR) e a secreção de cortisol que mobiliza a reação. É a fase de alarme do organismo diante de uma situação crítica. Depois do contato com o agente estressor, ocorre a fase de resistência, na qual o organismo mobiliza recursos para se adaptar à situação. Permanecendo o contato com o agente estressor, há uma descompensação por meio de respostas de prostração que alteram o organismo até o ponto possível de completa exaustão. Na situação estressante, o sistema nervoso simpático prepara o indivíduo para luta ou fuga ao ativar adrenalina e noradrenalina e afetar o ritmo cardíaco, a transpiração e os músculos. O contraponto é a reação de relaxamento, que ativa o sistema nervoso parassimpático, para frear as mudanças fisiológicas na reação de luta ou fuga (Leahy, 2013). 4 Por que há pessoas que suportam as crises estressantes e outras não? Quais as características que marcam quem consegue lidar com os contratempos da vida? É o que veremos a seguir. TEMA 2 – ELEMENTOS COGNITIVO-EMOCIONAIS NA RESILIÊNCIA Inteligência emocional, autorregulação emocional e autoconhecimento são fatores característicos da resiliência. Charles Darwin afirmou que as espécies capazes de sobreviver são as mais bem adaptadas ao seu ambiente. O biólogo da Origem das espécies, que espantou o mundo com suas teorias, não só derrubou a ideia de que somos o centro do Universo ou a obra sublime da criação, como também nos fez pensar que podemos sucumbir às mudanças ou nos adaptar a elas. Resiliente é quem se adapta a uma situação sem ser machucado por ela, o que implica trabalhar cognições e emoções. Por estar vinculada ao modo como lidamos com elas, a resiliência encontra na inteligência emocional uma forma de poder entendê-la. Autoconsciência emocional, autocontrole, automotivação, empatia e habilidades sociais são elementos presentes na resiliência, entretanto, como alguns fatores são mais exigidos nesse contexto, muito embora se pareçam com os elementos da inteligência emocional, entendemos ser adequado considerá-los à parte dos conceitos de Daniel Goleman, por exemplo. Pessoas resilientes têm senso de propósito, metas, visão pessoal de si mesmas e do mundo. Para Cherry (2019), elas estão cientes das situações, de suas reações e do comportamento de outros em sua volta. Para gerenciar emoções, é preciso saber o que está sendo causado e por quê. A consciência mantém as pessoas no controle da situação e na busca de diferentes maneiras de lidar com problemas. Berndt (2018) postula que na resiliência é preciso certa medida de tolerância em relação à frustação, força e capacidade de se impor. A autorregulação emocional, aqui tomada por empréstimo do conceito de regulação emocional de Leahy (2013), compreende a habilidade de lidar com as experiências ou processar as emoções. Ao nosso ver, a composição deste conceito em Leahy tem um caráter cognitivo-emocional, preventivo e profilático, que se ajusta bem à resiliência. Uma pessoa que tenha passado por uma perda em um relacionamento íntimo sente tristeza, raiva, ansiedade, falta de esperança, entre outros. Se não souber lidar com as emoções, pode abusar de drogas, comer compulsivamente, 5 ter dificuldades para dormir e outros sintomas. A regulação emocional é como um termostato homeostático capaz de regular as emoções e mantê-las sob controle (Leahy, 2013, p. 21). O autoconhecimento ajuda na autorregulação e na visão, com base na maior consciência das cognições que marcam a interpretação que a pessoa tem de si, dos outros e do mundo, influenciando emoções e comportamentos e nos fazendo lidar com os próprios pensamentos e sentimentos (Cowden; Meyer-Weitz, 2016). Devemos ver o autoconhecimento não apenas como um processo de voltar-se para as próprias emoções, mas de usar a autorreflexão para tratar de suas cognições, podendo contestá-las ou alterá-las, com efeito não nas emoções, mas nos comportamentos disfuncionais tão estudados pela terapia cognitivo- comportamental. A inteligência emocional,ao tratar da autoconsciência, aproxima-se do comportamento resiliente, ao reconhecer um sentimento quando ele acontece, momento definido por Daniel Goleman (2011) como sua “pedra de toque”. A importância deste componente da inteligência emocional está na capacidade de controlar sentimentos e poder pilotar a vida com mais autoconsciência. O autocontrole compreende a capacidade de confortar-se, de livrar-se da ansiedade, tristeza ou irritabilidade que a incapacitam; já a automotivação refere- se a pôr as emoções a serviço de uma meta, o que é essencial para centrar a atenção, motivar-se e exercer o controle. Goleman fala em entrar em estado de “fluxo”, o que possibilita um desempenho excepcional (2011, p. 73-74). A empatia está em sintonia com o comportamento resiliente quando permite escutar as emoções e os motivos pelos quais gera altruísmo. Goleman defendia que pessoas empáticas estão em maior sintonia com os sinais do mundo externo (2011, p. 74). As habilidades sociais são vistas como a capacidade de se relacionar com as emoções dos outros, ponto em que aparece mais integrada à resiliência do que aptidões como popularidade, liderança e eficiência interpessoal, presentes neste componente da inteligência emocional. TEMA – 3 RESILIÊNCIA EM CONTEXTOS NEGATIVOS Pessoas resilientes não optam por se tornar vítimas nem pelo sofrimento. Acostumados a ver a resiliência explicada como a capacidade de enfrentar uma 6 situação adversa e manter-se forte, a pergunta que surge é: como ser resiliente diante de eventos negativos? A história nos revela que a espécie humana tem capacidade de se adaptar a situações muito adversas. Há dois milhões de anos, nossos primeiros ancestrais fugiam do fogo porque ele queimava e matava, mas aos poucos foram se adaptando e, em vez de evitar o que lhes causava mal, eles o usaram para se aquecer, afastar predadores, cozinhar e tornar digeríveis substâncias orgânicas que, de outra forma, não estariam disponíveis (Catton Junior, 2005). Somos o homo sapiens, que sobreviveu a quase 80 mil gerações de caçadores, predadores e coletores humanos e, para sobreviver, adquirimos determinados traços biológicos que nos permitiram estar aqui hoje. Exames científicos de respostas ao sofrimento dão atenção a “como” as pessoas podem evitar o impacto do que lhes é colocado e atenuar as reações negativas. McRae e Maus (2016) argumentam que esta conceituação não leva em conta a capacidade humana de gerar emoções positivas, como felicidade, esperança, gratidão e amor, mesmo diante de adversidades. O que se nota na evolução da espécie humana é que os seres humanos têm capacidade de se adaptar e ser resilientes. Sempre que tocamos no assunto, trazemos à discussão que é diante de adversidades passadas ou presentes que a adaptabilidade humana surge. A resiliência na visão de McRae e Maus (2016) é explicitamente inferencial, em que duas condições são necessárias para descrevê-la na vida de um indivíduo: (a) conhecer a adversidade significativa ou ameaça à adaptação do indivíduo; e (b) observar as razões da adaptação sustentada durante a adversidade. Estes dados de alguma forma nos explicam que o conceito de resiliência é contextual. A perspectiva de haver no ser humano a capacidade de gerar emoções positivas pode ser observada pela reavaliação cognitiva, ou seja, reavaliar uma situação difícil pode mudar seu impacto emocional. McRae e Maus (2016) explicam que é um caminho particularmente promissor para gerar emoções positivas em situações negativas (reavaliação positiva). Sobre o que dizem os estudos, alguns indivíduos exibem níveis significativos de resiliência diante de eventos estressantes da vida. As linhas de investigação indicam a emoção positiva e a regulação emocional como estratégias 7 cognitivo-comportamentais que, ao ajudar a modular a intensidade e duração das emoções, fazem a resiliência acontecer (McRae; Maus, 2016). Fredrickson (2001) explica que a emoção positiva amplia o repertório momentâneo de ação-pensamento, possibilitando construir recursos pessoais duradouros, que vão desde recursos físicos e intelectuais até sociais e psicológicos. Leahy (2013) nos dá exemplos de regulação emocional por meio da estratégia da reestruturação cognitiva. Ela modifica a interpretação dos eventos, e o indivíduo pode efetivamente reduzir o impacto emocional. Leahy (2013, p. 179) entende que “isso condiz com a terapia do esquema emocional (TEE), no sentido de que os conceitos de durabilidade, perigo, ininteligibilidade e falta de controle podem ser modificados pela regulação das emoções por meio da reinterpretação de eventos potencialmente estressantes”. McRae e Maus (2016) acreditam que dois tipos de reavaliação têm efeitos importantes na resiliência: a reavaliação positiva, para aumentar a emoção positiva, e a reavaliação negativa, para diminuir a emoção negativa. Os efeitos de curto prazo da reavaliação positiva podem ao longo do tempo proporcionar resiliência e bem-estar; e estudos relatados de neuroimagem demonstram que a reavaliação negativa diminui potenciais relacionados à excitação emocional, sugerindo que ela pode ser usada para diminuir a resposta emocional negativa (McRae; Maus, 2016). TEMA 4 – NEUROBIOLOGIA DA RESILIÊNCIA O córtex pré-frontal é considerado o centro da resiliência por causa de seu funcionamento executivo, por gerenciar o corpo e o sistema nervoso, por dar respostas ao medo da amígdala e pela flexibilidade de respostas. Russo et al. (2015) reportam que 50% a 60% da população em geral já sofreu algum trauma grave, contra apenas 7,8% de prevalência de doença. De fato, lidar com quantidades moderadas de estresse leva a um senso individual de domínio e promove a resiliência no futuro. Berndt (2018) conta que estudos com ratos negligenciados por suas mães oferecem maior vulnerabilidade e pouca resiliência do que ratos que tiveram cuidado e carinho materno. Outro dado é que mães carinhosas, quando lambem e mimam os filhotes, produzem pontos de receptação do hormônio do cérebro de sua cria. Isso faz com que eles consigam retirar rapidamente o cortisol liberado 8 em situações de estresse. A cria das mães frias, porém, traz situações de estresse constante. Estudos nos fazem perguntar se a maior ou menor vulnerabilidade ao estresse está relacionada ao tipo, à intensidade ou duração com que ele ocorre. Russo et al. (2015) dão margem para esta reflexão ao falarem da “inoculação do estresse”. Ratos infantis expostos a choques intermitentes respondem mais efetivamente quando confrontados com situações novas em comparação com ratos não estressados. Vários trabalhos divulgados na literatura mostram que macacos abrigados socialmente e submetidos a breves e intermitentes separações mostram menos ansiedade e maior exploração do ambiente (Russo et al., 2015). Se separações intermitentes precoces aumentam a tolerância ao estresse e promovem resiliência, traumas agudos parecem ter relação com o cortisol. Berndt (2018) confirma estudos de Christine Heim, psiquiatra norte-americana que expôs mulheres abusadas na infância a uma palestra pública, e verificou que o nível de hormônios de estresse nestas mulheres atingiu um nível seis vezes mais alto do que em mulheres sem infância traumática. Traumas fortes parecem se manifestar nas estruturas cerebrais. Berndt (2018) também relata o experimento da neurobióloga Anna Katharina Braun, que removeu alguns filhotes de roedores por uma hora do resto de sua família e descobriu que os nervos nos cérebros desses animais criaram ligações estranhas. O gyrus cinguli – estrutura do sistema límbico que participa do processamento de emoções e pulsões – apresentou mais sinapses do que em animais que não foram isolados. Um ambiente estranho os assustava. Por sua vez, o córtex pré-frontal, relacionado ao processamento cognitivo,personalidade, decisão e comportamento social, já estudado por nós, aparece mais ativo no seu lado esquerdo. Berndt (2018) explica que o lado esquerdo representa sentimentos positivos, mais entusiasmo e humor melhor, enquanto o lado direito mostra o mau humor ou o medo. Berndt (2018) informa que, de acordo com o pesquisador Michael Meaney, a falta de atenção e de afeto pode ficar gravada diretamente no cérebro – fato observado em ratos negligenciados pelas mães. O subdesenvolvimento aconteceu no hipocampo deles. Percebe-se que estamos apenas no início de um estudo mais definidor da neurobiologia da resiliência. Pesquisas em humanos ainda não avançaram o 9 suficiente, por exemplo, para dados neuroendócrinos experimentais de resiliência (como a testosterona) e não investigaram animais adequadamente (Russo et al., 2015). É esperado que trabalhos de neuroimagem e procedimentos de estimulação cerebral possam determinar melhor as estruturas e os circuitos cerebrais que medeiam a resiliência ao estresse. Também são necessários estudos sobre fatores hereditários envolvidos na capacidade de resiliência da pessoa. Além disso, mais estudos sobre mecanismos epigenéticos e sua relação com a resiliência também podem trazer resultados interessantes. Berndt (2018), ao falar que pessoas com depressão grave possuem hipocampos pequenos, como no caso de ratos que cresceram com mães desnaturadas, nos faz refletir sobre vítimas de abuso infantil ou veteranos de guerra. “Se essa observação for confirmada”, diz a pesquisadora alemã, “será possível alertar pessoas especialmente vulneráveis e aconselhá-las a evitar uma profissão com grandes pressões psíquicas”. Hipocampo, insula e córtex cingulado se juntam a outras estruturas na resiliência. Carvalho, Rabelo e Fermoseli (2017) reportam, entre as estruturas neuroanatômicas envolvidas no processamento das emoções (sistema límbico), o córtex pré-frontal e a amídala. TEMA 5 – DESENVOLVENDO A MENTE RESILIENTE Ser resiliente é ter dificuldade, é viver dor, emoções, tristezas e outras adversidades; o caminho para ela envolve sofrimento emocional. A APA (2014) postula que desenvolvê-la é uma jornada pessoal, e nem todos reagem do mesmo modo a eventos estressantes, apresentando alguns fatores para desenvolver uma mente mais resiliente. Entre seus elementos essenciais, estudiosos citam o desafio, pois pessoas resilientes demonstram aceitar mudanças, abordar seus problemas com mente aberta e ver obstáculos como oportunidades para crescimento pessoal. Elas revelam apego a compromissos e causas de que cuidam e usam para continuar lutando, sem desistir, além de demonstrarem exímio controle pessoal. Algumas maneiras de construir resiliência são apresentadas a seguir e podem ser apropriadas para a estratégia de cada um. Conectividade: os seres humanos precisam de contato uns com os outros, e os estudos vistos até agora mostram que o isolamento provoca instabilidade. 10 Para a APA (2014), boas relações com pessoas próximas, familiares e amigos é importante. Ao aceitar ajuda e apoio de quem se preocupa com você, fortalece-se a resiliência. Lidar com crises: entre as diversas formas de lidar com eventos estressantes, está a forma de lidar com os pensamentos. É este o modo de mudar a forma como interpretamos os eventos. Nesta perspectiva, o que vimos aqui sobre reestruturação cognitiva pode nos ajudar a ser mais resilientes. Wright, Basco e Thase (2008) falam em “reconhecer e modificar esquemas e pensamentos automáticos desadaptativos” e recomendam o questionamento socrático. Aceitar mudanças: na indicação da APA (2014), determinados objetivos podem não ser mais atingidos como resultado de situações adversas. Aceitar circunstâncias que não podem ser alteradas pode ajudar sua concentração nas que podem mudar. Estabelecer metas e objetivos: Maglof (2019) entende que estabelecer metas é benéfico para a vida pessoal, e é importante que não sejam fáceis de alcançar, nem muito difíceis. A APA (2014) fala em objetivos realistas, com atitudes frequentes, mesmo que pareçam de pouca importância. Tomar ações decisivas: é atuar em situações adversas o máximo que puder. Russo et al. (2015) falam em inoculação do estresse, e Guimarães (2011, p. 184) fala que isso se relaciona a vivenciar antecipadamente uma situação estressante, de modo que a pessoa desenvolva recursos pessoais de enfrentamento durante a situação real temida. Buscar oportunidades: é o que a pessoa pode aprender sobre si mesma e descobrir que cresceu em alguns aspectos como resultado de sua luta contra perdas. A APA (2014) explica que pessoas que passaram por tragédias e dificuldades relatam melhores relacionamentos e maior senso de força, mesmo quando se sentem vulneráveis. Visão positiva: referências pessoais que estabeleçam confiança ajudam a resolver problemas e confiar nos instintos para exercer a resiliência. Manter a perspectiva: A APA (2014) recomenda que, mesmo quando enfrenta eventos muito dolorosos, a pessoa deve tentar considerar a situação estressante em um contexto mais amplo, além de manter uma perspectiva de longo prazo. 11 Outros pontos apresentados para desenvolver a resiliência são: manter uma perspectiva de esperança que possibilite esperar coisas boas na vida; e prestar atenção a suas próprias necessidades e sentimentos, envolvendo-se sempre em atividades de que goste. A APA ainda recomenda formas adicionais, como escrever pensamentos e sentimentos mais profundos relacionados a eventos estressantes, além de meditação e práticas espirituais (2014). 12 REFERÊNCIAS APA – American Psychology Association. The road to resilience. Washington DC: APA, 2014. Disponível em: <https://www.apa.org/helpcenter/road-resilience>. Acesso em: 28 ago. 2019. AZNAR-FARIAS, M.; OLIVEIRA-MONTEIRO, N. Reflexões sobre pró-socialidade, resiliência e psicologia positiva. 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