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DA TEORIA À PRÁTICA 
CURSO 
GENOGRAMA 360º 
Adriana Bonneterre 
 
Algumas sugestões da equipe de 
produção. 
"A borda preta pontuda pode ter 
ficado um pouco pesada. Seria 
possível algo mais curvo e menos 
escuro? O corte de baixo (verde) 
também poderia ser algo mais sutil 
talvez. 
Na identidade visual que adotamos 
para este curso costumamos 
utilizar elementos bem suaves e 
trabalhar bastante com círculos. 
Envio em anexo os slides de uma 
das aulas para que você possa 
captar a ideia melhor. Poderia 
tentar deixar o Ebook com uma 
cara mais próxima dos slides?" 
 
meu 
email: adriana.bonneterre@gmail.c
om 
 
Obrigada 
SUMÁRIO 
54 
Aula 3.1 - Casos apresentados da literatura 
Aula 3.2 - Caso clínico 
Aula 3.3 - Intervenções realizadas no caso clínico 
 
 
1 5 MÓDULO 01 
 
..................................................... 
Quem é Adriana Bonneterre 
Introdução 
Introdução à Abordagem Sistêmica 
Aula 1.1 – Pensamento sistêmico 
Aula 1.2 - Principais escolas sistêmicas 
Aula 1.3 - Sistêmica transgeracional 
....................................................... 
............................... 3 
4 
 
 
2 28 MÓDULO 02 
 
..................................................... 
Desvendando o Genograma 
Aula 2.1 - A história da criação do genograma 
Aula 2.2 - A importância das entrevistas para o êxito na construção 
Aula 2.3 - Símbolos estruturais e relacionais do genograma 
 
 
3 45 MÓDULO 03 
 
..................................................... 
Genograma na Prática 
 
 
4 MÓDULO 04 ................................................. 
Referência Bibliográfica ..................................... 59 
Produção online 
56 
 
5 MÓDULO 05 ................................................. 
Live 
QUEM É 
ADRIANA BONNETERRE 
Psicóloga clínica e professora. Mestre em Saúde da Família 
pela Universidade Estácio de Sá, com especialização em 
Psicologia Hospitalar e Saúde Mental & Atenção Psicossocial. 
Participou da implantação do Núcleo de Apoio ao Estudante 
(NAE) para os alunos do curso de Medicina da Universidade 
Estácio de Sá. Atuou como coordenadora do Serviço de 
Psicologia Aplicada (SPA) do curso de Psicologia da 
Universidade Estácio de Sá, campus NorteShopping (Rio de 
Janeiro). Atualmente participa como consultora do 
desenvolvimento de programas e ações de fortalecimento 
socioemocional e suporte psicológico no Centro de Promoção 
e Saúde (Cedaps). 
 
 
INTRODUÇÃO 
O curso Genograma 360°: da teoria à prática tem como objetivo 
apresentar a importância da ferramenta para a prática clínica, 
contribuir de forma eficaz para o aprimoramento do diagnóstico e da 
avaliação, além de ampliar as possibilidades de intervenção. 
 
Foi desenvolvido em cinco módulos, dos quais três são de conteúdo 
teórico e dois de atividades práticas. 
 
No módulo 1, o conteúdo apresentado está relacionado à abordagem 
sistêmica, cujo objetivo é auxiliar na compreensão da utilização do 
genograma, sua relevância e poder transformador. Iniciamos com os 
pressupostos do pensamento sistêmico, seguimos passando pelas 
principais escolas sistêmicas e finalizamos com a abordagem 
sistêmica transgeracional. Tratamos da abordagem sistêmica 
porque, sendo o genograma a principal ferramenta desta abordagem 
psicológica, precisamos de seu embasamento teórico como 
referência no levantamento de hipóteses, avaliações e intervenções. 
No segundo módulo apresentamos a história e o conceito do 
genograma, seu contexto e como deve ser aplicado na prática 
clínica. 
 
No módulo 3, consolidamos o conhecimento através da 
apresentação de casos clínicos na literatura. Este momento é 
importante para o aprofundamento na aplicação da ferramenta. 
 
No quarto módulo a orientação se dá na prática através de um site 
gratuito em que apresento a construção on-line de um genograma. 
 
E, por último, no quinto módulo, teremos encontros semanais 
através da plataforma Zoom, por meio de link que será sempre 
disponibilizado com antecedência. Este será o momento em que 
estaremos juntos trocando experiências sobre o curso, nossas 
práticas e abrindo espaço para orientações. 
 
Seja bem-vindo ao curso Genograma 360°: da teoria à prática! 
 
BONNETERRE, A. 
4 
Introdução à Abordagem 
Sistêmica 
C U R S O G E N O G R A M A 3 6 0 º 
D A T E O R I A À P R Á T I C A 
6 
INTRODUÇÃO À 
ABORDAGEM SISTÊMICA 
MÓDULO 01 
BONNETERRE, A. 
AULA 1.1 – PENSAMENTO SISTÊMICO 
 
Antes de entrarmos propriamente na introdução à abordagem 
sistêmica, é importante recordar os conceitos básicos sobre 
desenvolvimento humano, na medida em que ao revisitar as 
histórias estaremos acessando as experiências de todos os 
envolvidos dentro do nosso sistema familiar. Será como se todos 
voltassem à sua própria história para contribuir com informações 
para o processo de nosso cliente. Portanto, esse é um caminho que 
precisa ser bem-estruturado para não causar mais perdas do que 
ganhos. 
 
 
Conceituando Desenvolvimento Humano 
 
Desenvolvimento humano é o estudo que avalia as mudanças e 
estabilidades que ocorrem com o ser humano ao longo de todo o 
seu ciclo vital, envolvendo suas dimensões física, cognitiva e 
psicossocial. O ciclo de vida aceito nas sociedades ocidentais se 
divide em oito fases: período pré-natal (da concepção ao 
nascimento); primeira infância (do nascimento aos 3 anos); segunda 
infância (de 3 a 6 anos); terceira infância (dos 6 aos 11 anos); 
adolescência (dos 11 a aproximadamente 20 anos); início da vida 
adulta (dos 20 aos 40 anos); vida adulta intermediária (de 40 a 65 
anos); e vida adulta tardia (de 65 em diante). 
 
Os estudos sobre o assunto levam em consideração os diferentes 
contextos nos quais o sujeito está inserido, assim como os 
diferentes tipos de influências sofridas por ele advindas do seu 
sistema familiar, do tempo histórico que vive, da cultura em que está 
agregado, entre outras. 
7 
BONNETERRE, A. 
Essas informações serão relevantes pois servirão para lembrar dos 
contextos e influências que fazem parte da construção do sujeito, no 
nosso caso, o sujeito sistêmico. 
 
Quando falamos nas diversas influências que sofremos ao longo de 
todo o nosso ciclo vital, podemos dizer que estas irão afetar nossas 
dimensões física, cognitiva e psicossocial. Dessa forma, será 
necessário compreender esse sujeito que estará diante de nós 
através do modelo preconizado pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS), que se refere ao indivíduo como um sujeito biopsicossocial 
espiritual. Assim, será interessante observar como nosso cliente 
chegará até nós com sua demanda, sendo importante perguntar 
sobre sua condição física, o seu funcionamento fisiológico, porque 
muitas vezes há uma questão hormonal, uma anemia profunda, que 
podem interferir numa série de comportamentos. 
 
Com relação às demandas psicológicas, emocionais e relacionais, 
estas ficam por conta do profissional de psicologia, espaço no qual 
o genograma servirá como uma ferramenta bastante útil para o 
processo de ganhos na qualidade de vida e saúde mental do sujeito 
em sofrimento. 
 
Outra dimensão importante no processo é a chamada dimensão 
espiritual, que significa aquilo que energiza, que dá força para o 
sujeito, lembrando que existe a possibilidade de, ao revisitar a sua 
história, muitas questões serem revividas, muitos segredos serem 
descobertos e ele vir a precisar de uma rede de apoio amplificada. 
Sendo assim, a espiritualidade e as suas crenças podem ser um 
fator bastante importante nesse momento. Por esse motivo, abra 
espaço para esse diálogo se achar conveniente. 
 
Nós também teremos na abordagem sistêmica um ciclo de vida 
específico, no qual vários marcos importantes, que na verdade vão 
interferir muito no funcionamento tanto individual quanto do sistema 
familiar e do casal, surgirão. Por exemplo, a chegada de um filho 
num sistema familiar, a saída de um filho de casa, uma gestação de 
produção independente, enfim, temos alguns marcosque podem 
repercutir dentro das relações, sendo dessa forma importantes em 
nossas avaliações. 
 
 
8 
BONNETERRE, A. 
PENSAMENTO SISTÊMICO 
 
Para dar início aos nossos estudos sobre pensamento sistêmico, 
vamos começar definindo o conceito geral de sistemas, a 
compreensão do papel da primeira e segunda cibernética na 
construção do pensamento sistêmico, assim como a comunicação. 
O entendimento sistêmico requer uma compreensão dentro de um 
contexto, de forma a estabelecer a natureza das relações, em que a 
principal característica da organização dos organismos é a natureza 
hierárquica. 
 
 
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS OU TEORIA SISTÊMICA 
 
Na década de 1950, Ludwig von Bertalanffy, um biólogo, começa a 
estudar os diferentes sistemas. Seu interesse era saber como 
funcionavam. Primeiro, pensa diferentes sistemas em diferentes 
espaços, descobrindo que existem em todos os lugares. A partir dos 
sistemas, dos seus estudos com a biologia, com os seres vivos e 
com a natureza, ele começa a perceber que esses sistemas que se 
interconectam são interdependentes, isto é, eles também acontecem 
nos sistemas sociais, nos sistemas das organizações, enfim, 
Bertalanffy sugere que tudo é sistema. Em seus estudos estava o 
interesse em analisar como esses sistemas se conectam sem perder 
sua funcionalidade, ou seja, sem que percam aquilo que é individual; 
que sejam funcionais e que um precise dos elementos do outro para 
se desenvolver, mas sem perder as suas características, sem se 
tornarem disfuncionais ou se autodestruírem. 
Principais transições ecológicas 
9 
BONNETERRE, A. 
Vejamos os conceitos que compõem a Teoria Geral dos Sistemas: 
 
• Globalidade: funcionam como um todo coeso, uma parte 
alterada modifica o todo; 
• Circularidade: causalidade circular, causa e efeito, do que 
produz efeito; 
• Não somatividade: o sistema não é a soma das partes, embora 
o indivíduo faça parte da família, ele mantém sua individualidade. 
• Homeostase: processo de autorregulação mantendo a 
estabilidade do sistema; 
• Morfogênese: o oposto da homeostase , característica dos 
sistemas abertos de absorver aspectos do meio e mudar sua 
organização; 
• Equifinalidade: está relacionado ao sistema aberto. O ponto de 
partida não determina o resultado. No sistema fechado, o estado 
de homeostase é dado pelas condições iniciais. 
 
Cibernética é o estudo dos mecanismos de retroalimentação ou 
feedback em sistemas que se autorregulam. A retroalimentação 
garante a circulação da informação entre os elementos do sistema, 
podendo ser negativa ou positiva: 
 
• Negativa: quando o sistema mantém a homeostase. 
• Positiva: quando o sistema responde pela mudança sistêmica 
(morfogênese). 
 
Essa interação denominamos de sinergia, a falta dela entropia. Um 
sistema retroalimentado é um sistema dinâmico, um ciclo de 
retroação, uma saída capaz de alterar a entrada que a gerou, e 
consequentemente a si própria, porque é circular (causa e efeito). 
 
 
 
 
 
 
 
 
FEEDBACK = REALIMENTAÇÃO = RETROAÇÃO 
10 
BONNETERRE, A. 
CIBERNÉTICA DE PRIMEIRA ORDEM 
 
São características da primeira cibernética: 
 
 
 
 
 
 
Na primeira cibernética surge o conceito de homeostase, ou seja, a 
necessidade de o organismo do sistema em manter-se em 
equilíbrio. Dessa forma, ele vai buscar várias maneiras de 
autorregulação e de automanutenção do sistema com o objetivo de 
manter a homeostase de seu funcionamento, mesmo que para isso 
precise manter o sintoma e a disfuncionalidade do sujeito. Esse 
mecanismo é chamado de retroalimentação negativa. 
 
Na psicologia clínica infantil o mecanismo fica bastante evidente, a 
criança é identificada pela família como o problema, pois ela traz o 
sintoma, mas na medida em que o processo psicoterápico avança 
fica claro que a disfuncionalidade é do sistema. A criança só ocupa 
o lugar do sintoma para manter o equilíbrio dessa família. Na 
medida em que essa criança começa a melhorar, o que acontece? 
Ela desestrutura esse sistema. Nesse momento normalmente os 
pais ou a figura de cuidado interrompem a psicoterapia, eles 
precisam dessa criança nessas condições de sintoma para que esse 
sistema continue no seu processo de homeostase, mesmo que de 
forma disfuncional, é o que chamamos de retroalimentação 
negativa. 
 
 
SEGUNDA CIBERNÉTICA E SUAS CARACTERÍSTICAS 
 
São características da segunda cibernética: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Retroalimentação negativa e retroação reguladora; 
• Retorno à homeostase - processo morfoestático; 
• Autorregulação e automanutenção do sistema; 
• Input e output; 
• Observador fora do sistema. 
 
 
• Retroalimentação positiva e retroalimentação amplificadora 
de desvios – se não destruir o sistema, será capaz de 
promover a transformação (processo morfogenético); 
• Input, output e feedback; 
• Automudança do sistema. 
11 
BONNETERRE, A. 
Na segunda cibernética o sintoma não é a questão; o olhar é 
ampliado com o objetivo de compreender o sistema, seu 
funcionamento. Essa função amplificadora, se não destruir o 
sistema e se a estrutura permitir, acaba por promover a 
transformação do sistema. Neste caso é considerado como uma 
retroalimentação positiva, porque essa retroalimentação é 
amplificadora, indo além do sintoma, buscando de verdade, a 
mudança desse sistema. Através de quê? Da entrada, do 
processamento, da saída e do feedback das informações. 
 
Então, na medida em que tenho a entrada de informações, 
processamento, saída e um feedback, eu consigo fazer os ajustes 
necessários na comunicação até que o sistema se torne funcional 
novamente, assim as trocas de informações vão ocorrendo 
orientadas para a solução do problema, as pessoas vão se 
organizando, buscando saídas para que o sistema volte a funcionar 
de forma equilibrada para todos e não simplesmente com o foco em 
eliminar o sintoma, mas, sim, proporcionar bem-estar e equilíbrio 
que sejam muito mais focados no coletivo, de uma forma 
amplificada, não individual. 
 
 
CIBERNÉTICA DE SEGUNDA ORDEM E SUAS CONTRIBUIÇÕES 
 
Também chamada de cibernética da cibernética, contribui para o 
entendimento do funcionamento do sistema a partir dos conceitos 
apresentados abaixo: 
 
 
• Complexidade – ligada ao sistema, causalidade, 
pensamento complexo; 
• Instabilidade – relacionada à desordem; 
• Intersubjetividade – observador incluso e autorreferência. 
 
 
TEORIA DA COMUNICAÇÃO HUMANA 
 
Afirma que a comunicação afeta o comportamento, ocasionando 
implicações nas relações interpessoais. A atividade ou 
inatividade, palavras ou silêncio, tudo possui valor de 
mensagem. 
 
12 
BONNETERRE, A. 
Gregory Bateson, junto com o grupo de Palo Alto, descreveu a 
comunicação patogênica na família de pacientes com esquizofrenia 
e apresentou a hipótese de duplo vínculo, ou seja, uma forma 
paradoxal que tem profundas implicações nas relações 
interpessoais. Por exemplo, através da linguagem verbal posso 
transmitir uma informação de afeto, enquanto que, através da 
linguagem não verbal, ou seja, dos gestos, das expressões faciais e 
corporais, emito outro tipo de informação, como raiva, desprezo. 
Essa dicotomia provoca uma dificuldade de interpretação do que de 
fato está sendo comunicado. 
 
A comunicação abrange fatores como: 
 
 
 
 
 
 
A origem da comunicação humana envolve 3 dimensões: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na psicologia, os sistemas são estruturas organizadas 
hierarquicamente que precisam ser analisadas em sua totalidade 
desde seus aspectos macro, de ordem social, passando por níveis 
intermediários, como as culturas das comunidades locais, até atingir 
seu nível mais proximal: a família. 
 
 
O PENSAMENTO SISTÊMICO E O CAMPO DA PSICOLOGIA 
 
 
CONTEÚDO FORMA LINGUAGEM 
O que dizemos Como dizemos Verbal e não verbal 
SINTAXE SEMÂNTICA PRAGMÁTICA 
Transmissão da informação Significação dos símbolos 
Aspectos comportamentais da 
comunicação 
• TEORIA GERAL DOS SISTEMAS 
• CIBERNÉTICA• TEORIA DA COMUNICAÇÃO 
• MUDANÇA DE FOCO DO INTRAPSÍQUICO PARA O INTER-RELACIONAL 
13 
BONNETERRE, A. 
AULA 1.2 - PRINCIPAIS ESCOLAS SISTÊMICAS 
 
ESCOLA DE PALO ALTO 
 
• TEORIA DA COMUNICAÇÃO 
• CONTRIBUIÇÃO DE DIVERSOS TEÓRICOS 
O grupo de Palo Alto era composto por diversos pesquisadores, como 
Bateson, Watzlawick, Hall, Goffman e Satir, que ali se instalaram e 
produziram muito conteúdo a partir dos estudos com saúde mental, 
especificamente com pacientes esquizofrênicos e suas famílias. As 
contribuições no campo da comunicação ampliaram o olhar para além 
da transmissão de uma informação, chegando à construção de 
significado na interação através de palavras, gestos, olhares, 
interespaços (espaço de diálogo entre saberes). 
 
Esse grupo mencionava a existência de dois tipos de linguagem: uma 
análoga e outra digital. A análoga seria a nossa linguagem verbal e a 
digital seriam as nossas expressões corporais, as nossas posturas, a 
nossa expressão facial, o nosso tom de voz, os espaços que a gente 
dá entre uma fala e outra. Então tudo isso, na verdade, também seria 
uma forma de comunicação que iria muito além do simples ato de 
falar. Os autores e suas colaborações: 
 
• Gregory Bateson: Fundador da Escola de Palo Alto. Antropólogo, 
cientista social, linguista e semiólogo inglês. Elaborou a teoria do 
duplo vínculo; 
• Paul Watzlawick: Um dos fundadores da Mental Research Institute 
de Palo Alto, notável teórico da teoria da comunicação , tendo 
contribuído de forma significativa para o campo da terapia familiar 
e psicoterapia; 
• Edward T. Hall: Criador da teoria da comunicação proxêmica, na 
qual descreve o espaço pessoal de cada indivíduo na sua 
interação social (distância íntima - para abraçar, pessoal - 
interação amigos próximos, social - interação entre conhecidos e 
pública - falar em público); 
• Erwing Goffman: Cientista social, antropólogo e sociólogo. 
Desenvolve a ideia de metáfora teatral para a compreensão das 
interações sociais; 
 
14 
BONNETERRE, A. 
AS CONTRIBUIÇÕES DE GREGORY BATESON 
 
Para Bateson, era impossível não ocorrer comunicação ainda que sem 
fala. Acreditava que mesmo em silêncio a pessoa está comunicando 
algo. 
 
Outra questão estudada pelo cientista foi a teoria do duplo-vínculo: 
para ele, era possível nos comunicarmos de duas formas diferentes ao 
mesmo tempo, tornando nossa mensagem incongruente. Por exemplo, 
a pessoa pode dizer “eu te amo” e a fisionomia expressar algo 
completamente diferente daquilo que está dizendo. Apesar de ter se 
tornado famosa como teoria, também foi muito criticada, 
principalmente pelas mães de pacientes esquizofrênicos, já que seus 
estudos se desenvolveram a partir da observação dessa comunicação 
entre as mães e seus filhos, deixando-as ressentidas por ter a sua 
relação construída com seus filhos avaliada dessa maneira. 
 
De fato, a teoria da comunicação tem esse objetivo, o estudo da 
comunicação, que vai muito além do modelo simples em que existe 
um emissor, uma mensagem, normalmente verbal, e um receptor. Ou 
seja, a comunicação é repleta de significados. 
 
Portanto, precisamos estar atentos durante nossa observação clínica, 
em algumas situações considerando até a participação de um 
coterapeuta, para que o psicoterapeuta possa, no seu trabalho, estar 
mediando, prestando atenção no que está sendo dito, sem perder a 
informação mas seguro de que há outra pessoa também atenta àquilo 
que vem através de outra linguagem. 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DE VIRGINIA SATIR 
 
Na Escola de Palo Alto, Virginia Satir contribuiu com diversas técnicas 
para o trabalho com famílias, dentre elas o trabalho com esculturas no 
próprio corpo.Nesse processo um membro da família cria as 
esculturas no corpo dos outros membros de acordo com as situações, 
trabalhando percepções e sentimentos, inclusive do próprio escultor. 
Fica-se um tempo assim, e depois é perguntado como cada um se 
sentiu naquela posição. 
 
 
15 
BONNETERRE, A. 
A técnica propicia que se comece a perceber o que se sente, 
normalmente não temos esse hábito. Muitas vezes quando somos 
questionados com relação ao que sentimos, respondemos com o que 
estamos fazendo, ou como o outro nos atingiu, mais ou menos assim: 
pergunta – “Como você está se sentindo?”; resposta – “Hoje foi tudo 
muito corrido, e acabei ficando irritada porque fulano me irritou”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com a demanda trazida, vamos trabalhando escultores, 
esculpidos, funções e situações vivenciadas no cotidiano do sistema 
familiar. 
 
Exemplo de uma ação: pede-se à pessoa colocada como paciente 
identificada para esculpir o pai, a mãe, um irmão mais novo, ou um 
irmão mais velho e coloca-se ele em situações dentro do contexto em 
que muitas vezes ele se sente desamparado ou se sente injustiçado, 
enfim. As pessoas se perceberem desse jeito é uma maneira 
extremamente rica de se trabalhar, porque todo mundo vai começar a 
sentir os desconfortos, muitas vezes ocorridos nas suas interações, 
buscando dessa forma, com a identificação, iniciar um processo 
empático. 
 
Virginia também fala do direcionamento positivo, movimento de fazer 
olhar para dentro de todo aquele caos em que o cliente se encontra e 
começar a apresentar possibilidades, caminhos para que a pessoa 
possa ir buscando ou vislumbrando soluções. Isso é muito importante 
porque seu trabalho é focado em mudanças. 
16 
BONNETERRE, A. 
Vejam a segunda cibernética, na qual a autorregulação, o processo de 
homeostase não está no sintoma e, sim, na busca por esse reequilíbrio 
do sistema como um todo, em que na verdade você vai estar 
promovendo a mudança. 
 
Outra questão também muito interessante que a autora pontua é a 
autorreflexão do terapeuta, para que ele se perceba dentro do 
processo e também veja que mudanças e reflexões precisa fazer. 
 
Ao falar para o seu cliente, o terapeuta também está se ouvindo, então 
há um processo de ganho mútuo, por isso quando se estabelece um 
processo de trabalho dentro da sistêmica o terapeuta também passa a 
fazer parte do sistema daquele cliente e o cliente passa a fazer parte 
do sistema do terapeuta. 
 
Isso vai alterando, vai acompanhando os processos de mudança 
dentro dessa relação que se estabelece, dessa comunicação que 
começa a ser definida, que não vai ser só de ordem verbal, mas 
também de ordem não verbal, cujo objetivo é a melhoria das 
interações dentro dos diversos sistemas, através da mudança do 
padrão de comunicação. 
 
Finalizando, a Escola de Palo Alto e seus teóricos nos deixaram como 
herança toda essa atenção à linguagem, à importância da 
comunicação nos processos de cuidado no restabelecimento das 
relações familiares, base fundamental em nosso trabalho como 
psicoterapeutas sistêmicos. 
 
ESCOLA ESTRUTURAL 
 
 
 
 
 
O teórico principal da escola estrutural é o psicanalista Salvador 
Minuchin, que a partir da sua vasta experiência na clínica buscou a 
compreensão do funcionamento do indivíduo dentro do seu sistema 
familiar. 
 
 
• SUBSISTEMAS 
• FRONTEIRAS 
• ALIANÇA TERAPÊUTICA 
• CICLO VITAL 
17 
BONNETERRE, A. 
Inspirado na Teoria Geral de Sistemas, ele traz a ideia dos 
subsistemas parental, conjugal e fraternal. 
 
Seu foco é na família nuclear, na família em análise, buscando 
compreender seus subsistemas: 
 
• Parental: são as funções paternas (aqui incluem os deveres de 
cuidado); 
• Conjugal: companheirismo, trocas; 
• Fraternal: divisões, concessões. 
 
O psicanalista também refletiu acerca das fronteiras, que são as 
regras que definem quem participa e como participa do subsistema, 
limites na verdade que vão proteger esses subsistemas. Proteger em 
que sentido? Para que eles não se misturem, para que eles possam se 
preservar e funcionar de acordo com a sua proposta, com a sua 
função. 
 
As fronteiras podem ser: 
 
• Rígidas: relações distanciadas, sem intimidade, regras acima de 
tudo e pouco afeto; 
• Nítidas: clareza de limitese funções, assertividade; 
• Difusas: invasão de espaço, comunicação confusa. 
 
 
Falando um pouco mais sobre as fronteiras, podemos dizer que as 
nítidas são aquelas em que fica muito bem-definido o que é um 
subsistema e o que é outro subsistema, isto é, existe um diálogo, 
existem trocas, mas eu sei exatamente a função de cada um; as 
rígidas exigem distanciamento mesmo quando há afeto, como forma 
de preservar a individualidade, a autonomia, caso contrário veremos 
subsistemas operando de forma disfuncional; e na difusa existe uma 
mistura, em que, na verdade, perde-se muito a autonomia, há 
dependência emocional e insegurança entre as pessoas envolvidas. 
Então, estamos falando de disfuncionalidades dentro das relações no 
sistema familiar. 
 
 
 
 
 
18 
BONNETERRE, A. 
Outro conceito definido por Minuchin é a aliança terapêutica, que se 
refere à associação feita entre o psicoterapeuta e o paciente 
identificado dando lugar e voz a ele dentro do processo. A aliança de 
fato ocorre quando a família passa a se comportar na presença do 
psicoterapeuta como se estivesse em casa sem se importar com a 
presença de um “estranho”. 
 
Então, essas são algumas das contribuições de Minuchin para esse 
movimento, no qual inicia-se a saída do olhar individual para o 
sintoma, primeira cibernética, e começa o deslocamento para a 
segunda cibernética, em que o sintoma não é o foco e, sim, olhar o 
todo. Como é dito, eu não olho para a árvore, eu olho para a floresta. 
Esta é uma metáfora que explica a segunda cibernética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Minuchin compreende a relação do sujeito e seu sistema familiar da 
seguinte forma: na medida em que ele se transforma, irá transformar e 
ser transformado pelo sistema, ocorrendo uma interatividade, ele vai 
ser impactado e irá impactar. E, na medida em que esses processos de 
transformação acontecem, vão dando continuidade ao sistema, dando 
vida a esse sistema. O autor define o sistema familiar como um 
sistema sociocultural em processo de transformação. 
 
O segundo ponto de Minuchin é o desenvolvimento da família a partir 
das etapas vitais, que são o casamento, a chegada do primeiro filho, a 
ida do filho para o colégio, a ida do filho para a faculdade, a saída do 
filho de casa, enfim, todas essas etapas vitais que desorganizam o 
sistema obrigando o sujeito a se (re)estruturar. Então, é um indivíduo 
alterando o sistema a partir da sua etapa vital e fazendo com que o 
sistema também o influencie nesse processo. 
19 
BONNETERRE, A. 
Essas adaptações, na verdade, farão com que o sistema tenha uma 
continuidade, ele vai sobrevivendo, se desenvolvendo a partir desse 
processo dinâmico. 
 
 
ESCOLA ESTRATÉGICA 
 
 
 
 
A escola estratégica tem seu foco em um sistema breve, com seus 
conceitos desenvolvidos através dos estudos de Jay Halley e Cloé 
Madanés. O objetivo é a resolução de problemas, não há pretensão de 
transformar ou modificar o sistema familiar e, sim, identificar a 
demanda e resolver o problema em si. 
 
O psicólogo da escola estratégica terá como prática em um primeiro 
momento estabelecer a etapa social do acolhimento, ou seja, 
momento de identificação da demanda, do problema, e seguir para a 
etapa seguinte, cujo objetivo será fixar metas para construção de 
possibilidades de resolução. Essa busca será o levantamento de 
alternativas que possam vir a resolver o problema apresentado. 
 
Portanto, é uma psicoterapia diretiva, não há espaço para insights e 
reflexões. O problema é identificado e vamos junto com o cliente em 
busca de possibilidades reais, alcançáveis para que em um período, 
em um curto espaço de tempo seja possível alcançar a solução, atingir 
as metas. Se essas ações irão mudar o meu sistema familiar ou não é 
uma outra questão, não é esse o foco da escola estratégica. Por esse 
motivo é breve e com foco na resolução de problemas. 
 
 
ESCOLA DA TERAPIA FAMILIAR EXPERIMENTAL 
 
SISTEMA BREVE 
FOCO: RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS 
DEFINIÇÃO DE METAS 
ESPAÇO LÚDICO 
PROCESSO PSICOTERÁPICO EM TRÊS FASES 
IDEIA DO COTERAPEUTA 
20 
BONNETERRE, A. 
Carl Whitaker foi o principal teórico, seu objetivo com o processo 
terapêutico era a percepção do sentimento, de conjunto, de 
pertencimento dos integrantes para o desenvolvimento e para a 
sensação de união. E como ele fazia isso acontecer? Através do 
lúdico, por meio do qual as pessoas, os integrantes da família 
estariam desenvolvendo a sua flexibilidade através da criatividade. 
 
O espaço terapêutico era um lugar que deveria proporcionar um nível 
de estimulação para que a parte mais criativa dos integrantes da 
família pudesse exercer toda a sua criatividade e dessa forma se 
relacionar, compartilhar e começar a desenvolver o senso, a sensação, 
a verdade de união, percebendo-se como um conjunto familiar. Esse 
era o objetivo de Whitaker dentro do seu processo de psicoterapia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ele foi bastante criticado quando criou as três fases desse processo 
psicoterápico: a primeira nomeia como inicial, no qual a família vai ter 
um nível de dependência, digamos assim, de demanda do 
psicoterapeuta. Nesse momento a família vai demandar muito do 
psicoterapeuta. Num segundo momento, que denomina o meio, a fase 
média do processo, a família já começa a ter autonomia no 
desenvolvimento das práticas e a ter uma certa independência com 
relação ao psicoterapeuta. E, por último, a fase final, na qual essa 
família já estaria autônoma a ponto de definir o término do processo 
terapêutico. 
21 
BONNETERRE, A. 
Ele também cria a ideia de um coterapeuta, ou seja, de atuar dentro 
desse cenário terapêutico com a participação de um outro 
psicoterapeuta. Com que objetivo? Já que trabalharia dentro de um 
cenário de muitas experimentações, muito lúdico, com muitos 
elementos, enfim, muitas informações iriam aparecer dentro dessas 
práticas. Além de ter uma outra pessoa que pudesse observar todas 
as informações que iriam surgir a partir das interações seria muito 
enriquecedor. Com isso, ele se torna o responsável pela ideia do 
coterapeuta dentro do processo familiar, da terapia familiar. 
 
 
TERAPIA FAMILIAR CENTRADA NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS 
 
 
 
 
 
 
Apesar de lembrar a escola estratégica no que tange ao 
estabelecimento de metas, a centrada na solução de problemas, difere 
quando traz a reflexão para as alternativas a serem consideradas, 
entendendo que mesmo não dando certo existem elementos que 
podem ser reaproveitados, que podem ser refletidos e pensados para 
novas possibilidades, para serem novamente utilizados dentro de uma 
outra perspectiva. Então, essas tentativas anteriores são valorizadas 
e, em algumas situações, até reaproveitadas dentro de uma outra 
perspectiva. De novo, o problema, a questão vai ser centrada na 
resolução do problema e não buscando a raiz, o desenvolvimento do 
problema, o foco vai ser sempre na solução de uma forma racional a 
partir de definição de metas. 
 
 
AULA 1.3 - SISTÊMICA TRANSGERACIONAL 
 
Vamos iniciar conversando sobre como nos formamos enquanto 
sujeitos, neste caso sujeito sistêmico. Nossa construção se dá a partir 
de um patrimônio familiar que trazemos e que nos influencia desde 
nosso nascimento. 
 
RACIONAL 
DEFINE METAS 
ESTUDA TENTATIVAS ANTERIORES 
CENTRADA NO PROBLEMA – “DESENVOLVE O PROBLEMA” 
CENTRADA NA “SOLUÇÃO” – DISSOLVE O PROBLEMA 
22 
BONNETERRE, A. 
Mas que patrimônio é esse? São os valores das nossas famílias, a 
cultura, o momento do nosso nascimento, como nossa família estava 
organizada então, quais crenças têm sido repassadas ao longo das 
gerações, as tradições, segredos e lealdades que muitas vezes, na 
maioria das vezes, são invisíveis. Mesmo sem ter consciência 
reagimos a elas, e ficamos paralisados devido à angústia que são 
capazes de provocar quando tentamos quebrá-las. 
 
Esse modelo transgeracional se refere a um patrimônio relacional que 
vai sendo repassado de geração para geração atéque alguém o 
quebre. Vai se perpetuando para as gerações futuras e assim, 
sucessivamente, até que alguma geração rompa com esse padrão 
transgeracional. É claro que existem padrões benéficos, aqui nos 
referimos aos que comprometem o bem-viver do sujeito. 
 
É muito interessante que quando se toma consciência de todo esse 
movimento, podemos não só quebrar os padrões para os que virão 
depois de nós, como também é possível rever os padrões dos nossos 
pais, se eles ainda estiverem vivos. Então, essas relações podem ser 
ressignificadas. É um processo de transformação mágico e libertador! 
 
Portanto, quando falamos na abordagem sistêmica nos referimos à 
busca pela compreensão do funcionamento sistêmico da família como 
forma de entender o comportamento do indivíduo. 
 
Assim, sua construção teve a colaboração de vários teóricos dos três 
pilares da psicologia na época: a psicanálise, o humanismo e o 
behaviorismo. Esse deslocamento de teóricos, clínicos, estudiosos, 
enfim, produziu uma riqueza para a construção da abordagem. Murray 
Bowen foi um desses grandes colaboradores, aliás, pioneiro da 
abordagem. 
 
 
Murray Bowen, psiquiatra e 
psicanalista americano pioneiro 
da sistêmica 
 
Reprodução internet 
 
23 
BONNETERRE, A. 
Murray Bowen foi pioneiro na abordagem sistêmica familiar. Na 
década de 50, teve seus estudos baseados em seu trabalho com 
saúde mental, principalmente nas relações familiares de seus 
pacientes portadores de esquizofrenia. Essa curiosidade inclusive o 
levou a elaborar uma ferramenta para auxiliar sua investigação com 
relação a essas interações familiares, nomeada por ele de diagrama 
familiar, conhecida atualmente como genograma familiar, objeto deste 
curso. 
 
Seu trabalho com pacientes esquizofrênicos o fez perceber que 
quando estes retornavam para as suas casas, tinham em alguns 
casos retrocesso em seu quadro clínico, observando que não bastava 
simplesmente cuidar do paciente, porque a família, o sistema familiar 
também estava adoecido. A partir dessas constatações, criou alguns 
conceitos que são muito importantes para nossa compreensão das 
dinâmicas familiares, como: conceito de individuação, de 
diferenciação, de triangulação, de projeção e de transmissão 
multigeracional. 
 
Bowen considera o sistema familiar uma unidade emocional, ou seja, o 
lugar onde os afetos circulam, e é dessa maneira que o sujeito se 
sente motivado a se relacionar. Então, vamos começar pelo primeiro 
ponto que diz respeito ao processo de individuação, que ocorre dentro 
do sistema familiar quando o indivíduo vai tendo o entendimento de 
que ele é uma pessoa com suas próprias necessidades, desejos e 
autonomia para estar no mundo. Consegue se perceber seguro e 
capaz de se relacionar com ele e com o mundo, relaciona-se com as 
pessoas sem se perder de vista, sem perder o entendimento de quem 
ele é, das suas características, das suas potencialidades, enfim, do ser 
quem ele é. Esse é o processo de individuação que deve vir 
acontecendo ao longo do desenvolvimento em que o bebê, a criança, o 
adolescente, o jovem vai se percebendo um ser diferente dos outros 
membros da família, cada um com sua subjetividade. Lembrando que 
a criança ao nascer é uma massa indiferenciada que vai se 
diferenciando ao longo do seu desenvolvimento. 
 
A diferenciação possibilita saber quem é você e quem é o outro, estar 
mais ou menos diferenciado vai depender da intensidade da pressão 
vinda da ansiedade. Quanto menos pressão, mais liberdade para ser. 
24 
BONNETERRE, A. 
Quanto mais pressão, maior a dificuldade nas relações, mais 
insegurança, baixa autoestima. O sujeito consegue se diferenciar, 
porém não se sente capaz de se colocar, de corresponder e atender às 
expectativas perante si mesmo, ao outro e ao mundo. Na medida em 
que eu tenho menos pressão, ou seja, menos ansiedade nesse meio, 
mais diferenciado, mais seguro, mais autônomo, mais capacidade de 
resposta eu vou tendo e com isso eu me relaciono melhor. 
 
Outro conceito construído por Bowen foi o da triangulação, no qual 
uma terceira pessoa se faz presente para diminuir a pressão entre 
uma díade: pai e mãe em conflito; filho assume a posição para 
diminuir a pressão entre o casal, assumindo uma postura que não 
cabe a ele, chamada de parentalização, função para a qual não tem 
condição cognitiva, emocional e tampouco cronológica para executar. 
Essa função vai gerar uma condição intensa de ansiedade e 
frustração, prejudicando seu desenvolvimento. Nessa triangulação, 
dois fazem uma aliança e um ficaria mais distanciado, e isso poderia 
ser um jogo que vai se movimentando. 
 
Outra questão também são as projeções – de novo –, os pais, na 
verdade, em processo de projeção das suas expectativas em relação 
aos seus filhos. Então eu projeto – vejam bem todos esses conceitos 
eles vão criando e produzindo um nível de ansiedade muito grande –, 
essa ansiedade é como se fosse, na verdade, um regulador (quanto 
mais tenso, quanto mais tensão eu tenho no meio, mais disfuncional 
as relações vão estar sendo, vão estar se dando). E quanto menos 
pressão eu tenho, mais funcionalidade eu vou ter nesse meio. 
 
Desse modo, é importante que a gente observe isso. A projeção sobre 
esse indivíduo também vai ser muito difícil porque vai gerar uma 
expectativa de correspondência que muitas vezes não vai ficar no 
plano da consciência, vai ficar no plano da inconsciência, e ele vai 
assumir uma lealdade de corresponder, de estar ali dando uma 
resposta esperada. Então eu me torno ali prisioneiro dessa projeção, 
daquilo que é esperado de mim (é possível ver esse fato nas escolhas 
profissionais). 
 
Há nesse cenário grande dimensão multigeracional, ou seja, tudo isso 
sendo repassado através de gerações e quando Bowen fala a respeito 
está falando “repassado” de que maneira? 
25 
BONNETERRE, A. 
Por meio dos padrões repetitivos que vão sendo transmitidos através 
das gerações. Por isso, quando a gente faz o genograma, quando a 
gente constrói o nosso genograma, ou o genograma dos nossos 
clientes, enfim, a gente vai trabalhar com, no mínimo três gerações. 
Para que a gente possa entender de uma forma muito clara como 
esses padrões se repetem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Andolfi também trabalha com a ideia da transgeracionalidade, mas 
traz a importância da influência dessa evolução histórica do sistema 
familiar, dizendo que dentro de um casamento não há um homem e 
uma mulher, mas dois sistemas familiares. Por quê? Porque esse 
casal traz todo um sistema familiar que o antecede. O autor vai 
trabalhar com a questão de que para entender o casal é preciso ter a 
compreensão desses sistemas que o acompanha. 
 
Para começar a pensar nessa pirâmide que vai sendo construída, 
temos um casal que na verdade se amplia, pois de cada um sai um par 
de pais, e assim sucessivamente, compondo uma grande ramificação, 
sendo possível observar toda a evolução histórica das gerações, 
vendo a dimensão de todas as tensões, de todas as crenças, de onde 
vêm às vezes informações que a gente sequer tem noção, porque isso 
vem de muito longe. Por isso o olhar sistêmico é ampliado, pois 
precisa compreender todo esse patrimônio relacional, ele tem uma 
evolução, uma história, um longo percurso que nos leva a uma 
ancestralidade que de alguma forma chega até nós e nos constrói 
como sujeitos sistêmicos. E a gente tem que estar avaliando, a gente 
não pode perder isso de vista, isso faz parte da nossa construção e da 
avaliação do nosso trabalho. 
 
 
Maurizio Andolfi, 
neuropsiquiatra infantil 
 
Reprodução internet 
 
26 
BONNETERRE, A. 
Nagy é um psiquiatra húngaro-americano que trouxe grandes 
contribuições para a abordagem sistêmica, como as lealdades da 
parentalização e a ideia de débitos e créditos. Quando fala das 
lealdades invisíveis, traz a noção de que é a partir dessas gerações 
que ações vão sendo estabelecidas dentro do nosso sistema familiar, 
como se o indivíduo fosse estabelecendo dentro do seupadrão 
relacional uma lealdade aos membros da família. Como é que isso 
pode acontecer? A partir, por exemplo, do estabelecimento de deficit e 
créditos. 
 
Digamos que eu tenha na minha relação com o meu avô (ou com a 
minha mãe, com o meu pai, enfim) uma relação em que eu entendo 
que eu recebo muito deles. Na medida em que eu recebo muito, passo 
a ter uma dívida, ou seja, eu fico em débito com eles, fico devendo a 
eles. Portanto, nessa relação de débitos e créditos, eles então passam 
a ter créditos, eu me torno leal a eles, passo a ter uma série de 
obrigações, de dar continuidade a coisas que são importantes de 
acordo com sua perspectiva. Então eu me torno, na verdade, leal a 
determinados padrões que são padrões importantes para eles. 
 
Um exemplo. Às vezes há situações em que é verbalizado por um 
determinado indivíduo que seu nascimento não foi planejado e que só 
nasceu porque seu avô morreu e sua avó pediu que não fosse 
abortada. Naquele momento em que ela não era desejada, de alguma 
maneira lhe foi dada a oportunidade de nascer. Em outras palavras, 
essa criança nasce devendo a alguém, passando a ser leal a seu 
credor e a tudo que aquela pessoa acredita e é, sendo provável passar 
sua existência tentando pagar essa dívida. Só que essa lealdade não 
vai ser uma lealdade clara, não vai ser uma lealdade explícita; ela vai 
ser implícita, e ela vai ficar ali, internalizada, de uma maneira 
inconsciente. 
 
Iván Böszörményi-Nagy, 
psiquiatra húngaro-americano 
 
Reprodução internet 
 
27 
BONNETERRE, A. 
Mas que vai estar movimentando e produzindo comportamentos que a 
prendem a uma determinada situação, a uma repetição de padrões, 
como não assumir relacionamentos sérios, não aceitar propostas de 
emprego, não ser bem-sucedida, tudo que ela inconscientemente 
acredita ser deslealdade. 
 
Com isso chegamos ao final do nosso módulo 1, no qual aprendemos 
sobre o desenvolvimento humano, o pensamento sistêmico e as 
principais escolas sistêmicas. 
 
 
 
Desvendando o Genograma 
C U R S O G E N O G R A M A 3 6 0 º 
D A T E O R I A À P R Á T I C A 
29 
DESEVENDANDO 
GENOGRAMA 
MÓDULO 02 
BONNETERRE, A. 
AULA 2.1 - HISTÓRIA DO GENOGRAMA 
 
Murray Bowen, psiquiatra e psicanalista pioneiro na abordagem 
sistêmica, na década de 50 cria o diagrama familiar com o objetivo 
de aprofundar seus estudos e atendimentos aos pacientes 
portadores de esquizofrenia e suas famílias. 
 
Sua curiosidade surge na medida em que observa um agravamento 
de sintomas quando seus pacientes saíam do hospital para manter 
contato com seu sistema familiar, o que o levou a pensar na 
hipótese de que esse sistema também havia adoecido e, portanto, 
não bastava só tratar o paciente, era preciso cuidar de todo o 
sistema familiar. 
 
Bowen constatou que o funcionamento do sistema tinha uma série 
de repetições de padrão que garantia sua homeostase, contribuindo 
para a manutenção do sintoma. Ele começou a entender que 
também havia ao longo da história familiar uma série de situações 
que vinham se repetindo ao longo de gerações e que era preciso 
estudar isso. Dessa forma viu que não adiantava entender ou olhar 
só para o indivíduo adoecido, que era fundamental também olhar 
para essa família. 
 
É interessante porque nesse tempo o olhar da psicologia estava 
voltado para o indivíduo, a terapia familiar estava iniciando e os 
teóricos da época estavam começando a sair do olhar individualista 
para entender e ver a importância dos sistemas familiares; entender 
que o indivíduo não poderia mais ser visto só como um ser isolado, 
mas, sim, que ele precisava ser contextualizado dentro dos sistemas 
dos quais fazia parte. 
30 
BONNETERRE, A. 
Então Bowen, através dos seus estudos com pacientes 
esquizofrênicos, começa a observar a questão da ancestralidade, de 
todo esse movimento multigeracional que iria comprometer a vida 
presente do sujeito e suas relações dentro do seu sistema atual. 
Dessa maneira, cria o diagrama familiar que mais tarde foi rebatizado 
de genograma familiar. Por isso foi considerado não só o pioneiro da 
abordagem sistêmica como também o criador do genograma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O organograma é a sistematização gráfica voltada para a estrutura 
formal de uma organização. Diz respeito às relações de poder e como 
estão estruturadas hierarquicamente. 
 
O genograma, batizado por Bowen como diagrama familiar, é a 
representação gráfica do sistema familiar. Dá forma à história de 
nosso cliente, apresentando suas lealdades e repetições de padrões. 
Muitas vezes o cliente se surpreende com algo que parecia tão óbvio, 
que estava diante dele e não conseguia ver; é completamente 
expresso, percebido ali nessa representação gráfica. O genograma 
traz informações de dentro desse núcleo, de dentro do sistema 
familiar, das estruturas, relações e da dinâmica. É importante 
compreender que esse sistema familiar é um organismo vivo, que está 
o tempo inteiro em interação, em crescimento, em desenvolvimento. 
 
O ecomapa é a representação gráfica da rede de apoio que o sujeito 
está inserido, ou seja, ele sai do sistema familiar e vai para as relações 
externas desse sujeito, com a sua comunidade, com toda a rede de 
apoio que esse sujeito tem estabelecido ou pode vir a estabelecer. 
Então tem-se no meio do ecomapa o genograma, ou seja, a 
representação do sistema familiar desse indivíduo, fora todas as redes 
de apoio das quais ele faz parte. 
As informações abaixo irão clarificar as diferenças entre as 
representações gráficas mais comuns e seus objetivos. 
ORGANOGRAMA 
Representação gráfica da estrutura formal de uma 
organização 
GENOGRAMA/GENETOGRAMA Representação gráfica de um sistema familiar 
ECOMAPA 
Representação gráfica da rede de apoio do sujeito no seu 
ecossistema 
31 
BONNETERRE, A. 
PSICOLOGIA CLÍNICA 
SAÚDE COLETIVA 
PSICOLOGIA COMUNITÁRIA 
PESQUISA QUALITATIVA 
Enfim, eu vou ali tendo toda essa rede de apoio, que são as 
instituições ou as pessoas com quem eu posso contar nas 
adversidades, ou seja, que vão estar disponíveis para virem ao meu 
auxílio caso seja necessário. 
 
Portanto, em nosso trabalho podemos ter a necessidade de realizar 
um mapeamento para traçar um programa singular e, para isso ser 
possível, saber qual é a rede de apoio que esse sujeito tem, a fim de 
realizar um planejamento singular terapêutico e saber se de fato ele 
terá condições de realizar o tratamento proposto. 
 
 
CONTEXTOS 
 
 
 
 
 
O genograma é a principal ferramenta da abordagem sistêmica, 
utilizada no contexto clínico. Muitas vezes dentro do processo 
psicoterápico o profissional se confronta com alguns nós, ou seja, o 
processo está fluindo e de repente para, ou ficamos diante de alguns 
impasses. Esse pode ser um momento interessante para a utilização 
do genograma. 
 
 
 
 
 
 
Eu posso ter o meu 
sistema familiar no 
centro e o ecomapa 
ser a instituição 
religiosa da qual eu 
faço parte, o meu 
trabalho, se eu estou 
fazendo algum tipo de 
tratamento médico, a 
clínica da família, por 
exemplo, a minha rede 
de amigos, a minha 
comunidade. 
Exemplo de ecomapa - McGoldrick, Gerson & Petry (2012) 
32 
BONNETERRE, A. 
Outro contexto muito utilizado é na saúde coletiva, não só o 
genograma como o ecomapa também. O mapeamento, por exemplo, 
do padrão de repetição das questões ligadas à saúde do indivíduo 
como forma de prevenção e promoção da saúde. Então, se eu sei que 
dentro da sua estrutura familiar, dentro da sua genética, existe um 
padrão de repetição relacionado ao processo de adoecimento, eu 
posso promover a saúde. 
 
Eu não preciso que esse sujeito adoeça, eu posso fazer ações que 
previnam e que promovam a saúde desse sujeito, através de uma 
reeducação alimentar, de ações, de intervenções realmente voltadas 
para a promoção ou para a prevenção, sabendo que na prevenção eu 
vou fornecer, na verdade, insumos, ou seja, recursos para que ele, 
enfim, cuide da sua saúde, e na promoção,além desses insumos, eu 
também promovo, eu também ofereço informação que possa 
transformar a sua maneira de olhar para o seu comportamento, de 
forma que possa ser transformado. Na medida em que eu tenho esse 
processo de educação internalizado pelo sujeito, eu estou falando da 
promoção, ou seja, ele não vai simplesmente utilizar aquilo porque 
dizem que é bom, e sim porque aquilo passa a fazer parte da nova 
visão dele com relação à sua saúde, enfim, ao seu bem-estar. 
 
Então é dessa maneira que a gente procura trabalhar dentro da saúde 
coletiva com o genograma, apresentando muitas vezes, não só 
falando: “Olha é bom você fazer isso, isso é bom para o seu cuidado.”, 
mas “Olha, dentro da sua estrutura familiar você vem tendo uma série 
de consequências em função desses maus hábitos, então vamos 
trabalhar isso aqui? Vamos prevenir e vamos promover a sua saúde 
para que você não tenha esse mesmo desfecho, para que você possa 
quebrar esse padrão repetido através das suas gerações?”. Isso é 
muito importante. 
 
Na psicologia comunitária a gente também pode trabalhar junto com 
jovens, adolescentes, construindo genogramas para que eles possam 
compreender de uma forma mais objetiva a repetição de padrões, 
como por exemplo, a gravidez na adolescência, a associação ao 
tráfico, uma série de padrões que estão sendo repetidos dentro da 
comunidade e que podem ser quebrados e podem ser revistos. E 
também é muito importante a gente ressaltar que o genograma não 
aponta só para os padrões repetidos negativos. 
33 
BONNETERRE, A. 
Vale ressaltar que dentro dessa construção a gente pode visualizar 
padrões familiares positivos, que venham a nos ajudar a reforçar 
escolhas que sejam extremamente saudáveis e produtivas para a vida 
daquele sujeito, fortalecendo as ações para a transformação e a 
internalização de novos padrões de qualidade de vida, que já 
acontecem na sua família, na sua história familiar. 
 
Por fim, o genograma também pode ser utilizado na pesquisa 
qualitativa através de estudos de caso, para traçar situações de 
padrões de repetição. Apresentamos assim contextos nos quais o 
genograma pode ser aplicado e através de seus resultados produzir 
enormes contribuições tanto para o individual como para o coletivo. 
 
 
AULA 2.2 - CONSTRUÇÃO DO GENOGRAMA 
 
Importante ressaltar que o genograma é uma ferramenta que propicia 
um recontar, um revisitar da nossa história, portanto as entrevistas 
serão o nosso roteiro para essa viagem, sendo um recurso muito rico 
de coleta de dados, que para ser bem-aproveitado é importante ter um 
roteiro bem-construído. 
 
Quando falamos dessa entrevista, vamos ter dois momentos: a 
entrevista em que nós, psicoterapeutas, vamos estar fazendo ao 
nosso cliente, e num segundo momento quando o nosso cliente estará 
fazendo entrevistas, ou seja, coletando dados junto ao seu sistema 
familiar. 
 
 
 Objetivo: coleta de dados 
 
Como já mencionado, a entrevista é um instrumento para coleta de 
dados. Nesse processo, nós temos algumas preocupações: primeiro, 
esclarecer dúvidas com relação a este momento; depois identificar a 
demanda. Quando falo de identificação da família, claro que eu posso 
ter uma entrevista com o indivíduo, com um casal ou com o grupo 
familiar. 
 
 
34 
BONNETERRE, A. 
 Identificação da família e sua demanda 
 
A primeira parte da entrevista é dedicada à identificação: nomes, 
endereço, telefone, todos esses dados para que se possa ter contato 
posterior com o cliente, além da definição da demanda inicial. 
 
Sabemos que dentro da abordagem sistêmica não vamos ficar presos 
a essa questão da demanda específica ou do sintoma específico, o 
nosso olhar é sempre um olhar ampliado. Mas o ponto de partida tem 
que ser aquilo que o cliente nos traz inicialmente. 
 
 
 Conhecendo a estrutura da família 
 
Depois nós vamos ter como objetivo nessa coleta conhecer a 
estrutura dessa família. Se é uma família tradicional, se ela é 
homoparental, se é homoafetiva, se tem recasamento(s), se tem 
abortos. Enfim, como essa família se estrutura com base em no 
mínimo três gerações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Compreendendo o funcionamento da família 
 
E também compreender o funcionamento da família e sua dinâmica, 
nesse caso como as pessoas se relacionam entre si. Se existe, por 
exemplo, apelido entre irmãos, entre as pessoas, se as relações são 
respeitosas, ou se existem relações conflituosas. Como é a qualidade 
relacional dentro desse sistema familiar. 
 
Estrutura da família 
 
Arquivo pessoal (2020) 
 
35 
BONNETERRE, A. 
Então as entrevistas vão ter muito esse objetivo, de coletar dados, 
para que a gente possa na verdade mapear que família é essa, como 
ela se estrutura e como funciona. É claro que muitas vezes isso não 
vai ser possível numa única entrevista, muito provavelmente a gente 
vai ter que fazer várias entrevistas. 
 
MUITA ATENÇÃO! DEVE-SE TER CUIDADO COM A NOSSA FALA AO 
REALIZAR AS PERGUNTAS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O QUE DEVEMOS SABER NA HORA DE REALIZAR AS PERGUNTAS COM 
RELAÇÃO AO SISTEMA FAMILIAR? 
 
Novamente, o ponto de partida será a demanda trazida pelo cliente. 
Exemplos com relação às questões: 
 
 
 
 
Relacionamentos 
familiares 
 
Arquivo pessoal (2020) 
 
ESCUTA EMPÁTICA 
VINCULAÇÃO 
COMUNICAÇÃO VERBAL E ASPECTOS PARALINGUÍSTICOS 
COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL 
CÓDIGOS FAMILIARES 
Estrutura familiar 
 
Arquivo pessoal (2020) 
 
36 
BONNETERRE, A. 
• Éticas e morais – infringiram a lei na sua família? Como reagiram? 
• Sexuais - qual a cultura familiar com relação ao sexo? 
 
O número de entrevistas será de acordo com a necessidade para início 
do processo de construção. 
 
Quando o atendimento é com família e casal o período é mais bem-
definido porque os atendimentos têm início, meio e fim, porém no 
atendimento individual tem-se mais tempo para as identificações, 
então, é possível estabelecer um outro ritmo de coleta. 
 
Vamos a um exemplo, uma questão de adicção dentro do sistema 
familiar: o cliente traz a questão de não estarem sabendo lidar com a 
adicção de um filho, de um irmão dentro do sistema familiar. 
 
Então muitas vezes, além das perguntas básicas de identificação 
dessas estruturas, de como é a família – se tem recasamento(s), se é 
uma família monoparental, enfim, perguntas relacionadas às 
estruturas – as ampliamos, digamos assim: quantos irmãos, quem se 
casou com quem, se houve separações, divórcios, abortos, enfim, 
essas perguntas mais estruturais. 
 
Para os valores familiares diante de questões relacionadas à lei, se é 
uma família que segue uma forma bastante rígida, as questões 
relacionadas à ética e à moral são perguntas elaboradas de acordo 
com a demanda e não questões generalistas. Quando, por exemplo, as 
questões são relacionadas ao sexo, você recebe uma adolescente que 
está muito preocupada, ou preocupado, com a sua primeira relação 
sexual, podemos perguntar como é a cultura familiar. 
 
De novo, mantenho as perguntas básicas, estruturais e agrego a 
pertinente à demanda, como o posicionamento familiar com relação à 
primeira relação sexual. Muitas vezes é uma família que tem uma 
religiosidade que não cabe sexo antes do casamento. Nesse caso são 
informações relevantes que irão afetar a condução do nosso trabalho. 
Quanto ao número de entrevistas, vai depender muito da demanda e 
da nossa necessidade de já ter dados suficientes para iniciar o 
processo. 
 
37 
BONNETERRE, A. 
Sempre compreendendo que à medida que o processo de construção 
do genograma avança novas necessidades vão aparecendo e isso é 
muito natural. O que eu preciso é ter um número de dados suficiente 
para que eu possa dar início ao processo de análise e intervenção. 
 
Dados suficientes significa que já consigo organizar a estruturação da 
família, de seu funcionamento básico e a demanda está identificada. 
Feito isso, podemos dar início às perguntas mais específicas.A escuta deve estar sempre disponível, pois, ao recontar, revisitar a 
história, novas perguntas vão surgindo e precisamos estar abertos 
para a construção de novos roteiros já que o genograma é um 
processo e quanto mais se explora novas possibilidades podem surgir. 
 
Outro fator importante é que muitas vezes quando começamos a 
avançar nos sistemas dos antepassados o cliente não tem as 
informações e terá que pesquisar junto aos familiares. Aqui começa a 
segunda etapa: a entrevista dele com seu sistema familiar, com as 
pessoas que detêm a informação. 
 
Há pessoas que os pais já não estão mais vivos, então terão de 
pesquisar junto a outros membros da família que possam contar essa 
história. Às vezes há outras que grande parte da sua família já é 
falecida, então vai haver grandes lacunas; essa ausência de 
informação é um dado com o qual também vamos precisar lidar. 
 
38 
BONNETERRE, A. 
Teremos de ser acolhedores, ter um escuta empática para ter atenção 
com aquilo que vamos perguntar e como vamos perguntar. Porque 
estaremos mexendo com a história de vida dessa pessoa, vamos 
revirar sua trajetória de vida e de sua família, das suas gerações, da 
sua ancestralidade, podendo revelar segredos, provocar lutos. Não 
temos ideia do que podemos, junto com nosso cliente, acessar. Na 
maioria das vezes são fatos reveladores que podem causar surpresas 
maravilhosas, mas também podem trazer muita dor. Então precisamos 
ter muito cuidado com a nossa fala, ter muita atenção à comunicação 
não só verbal, mas também à comunicação não verbal para com a 
pessoa diante de nós. 
 
 
ECOMAPA E SUAS PERGUNTAS 
 
O ponto de partida será a demanda trazida pela família/casal ou 
indivíduo que esteja em atendimento, ou a ser atendido, para a 
construção de sua rede de apoio a partir de seu genograma. 
 
 
EXEMPLO: UM CASO NA CLÍNICA DA FAMÍLIA 
 
Quando falamos em ecomapa, “eco” já nos dá uma pista: eco de 
sistema, eco do nosso habitat, onde nós estamos inseridos. Portanto, 
nosso olhar será para fora, ao contrário do genograma, que privilegia 
as questões familiares. 
 
No ecomapa o olhar é para fora, as perguntas são direcionadas para a 
rede de apoio do indivíduo, quais são suas conexões com seu 
ecossistema. 
 
Por exemplo, vamos imaginar que chegue uma pessoa na clínica da 
família com palpitações, com braço dormente, com falta de ar, e o 
médico generalista da clínica da família precisa que essa pessoa faça 
exames clínicos não específicos. É solicitado o mapeamento de sua 
rede de apoio, inicialmente vamos compreender seu sistema familiar. E 
depois começar a saber da sua rede, para que possa se encaminhar 
para exames complementares. 
39 
BONNETERRE, A. 
Mas se ela mora no interior, numa clínica da família do interior, talvez 
ela tenha que fazer esse exame em uma outra cidade, ela vai precisar 
de deslocamento, de meio de transporte para isso. Ela tem quem a 
leve? Ela vai passar por uma série de situações de ansiedade em 
função dessa novidade em sua vida, teria uma rede de apoio 
psicológica? Ela tem, por exemplo, alguma crença? Enfim esse 
mapeamento irá ser útil para o planejamento singular terapêutico, 
dentro das possibilidades do sujeito e do sistema. 
 
 
ATENÇÃO! 
 
Deve-se ter cuidado com a nossa fala com relação a: 
 
 
 
 
 
 
Dentro de todo o processo sempre é muito bom lembrar a relevância 
da escuta e da observação, diante de tudo que nós falamos até agora. 
Nada disso vai ser possível se a gente não partir de uma escuta 
empática, de se disponibilizar de fato para estar ali ouvindo aquela 
pessoa. Mas essa escuta, essa disponibilidade precisa ser autêntica. 
Eu não posso estar ali fingindo, ou forjando uma disponibilidade, ou 
um prazer de estar ali ouvindo aquela pessoa. Ela precisa sentir 
genuinamente a minha presença ali diante dela. Isso é escutar com 
empatia. 
 
É quando, muitas vezes, você ao perguntar faz alguma pontuação 
sobre alguma coisa que ela já falou lá atrás. Ela vai pensar: “Nossa! 
Ela está prestando atenção no que eu estou falando. Ela repetiu uma 
coisa que eu já falei há um tempão atrás.” Ou seja, a partir dessa 
escuta empática dar convicção de que a pessoa de fato está 
disponível para ouvi-la, e não simplesmente esperando que ela pare 
para que você possa falar. Ela começa a criar uma vinculação, se 
sente à vontade para falar da sua história. É como se ela abrisse as 
portas da sua história e te convidasse a entrar. 
 
 
Escuta empática; 
Vinculação; 
Comunicação verbal e aspectos paralinguísticos; 
Comunicação não verbal; 
Códigos familiares. 
 
 
40 
BONNETERRE, A. 
Isso não é possível se você não tiver essa escuta empática, se de fato 
você não se disponibilizar para estar com ela e se de fato essa 
vinculação não for feita. Esses são pontos importantíssimos; hoje nós 
sabemos que existe uma dificuldade muito grande dessa 
disponibilidade, as pessoas de modo geral estão muito carentes de 
serem ouvidas genuinamente. Então esse é um ponto extremamente 
relevante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando se está nesse processo de entrevistas não basta 
simplesmente fazer as perguntas, a gente precisa observar como as 
respostas virão. Então, como é que vai ser a comunicação? Como é 
que essa pessoa vai me comunicar verbalmente aquilo que eu 
perguntei? Como é que vão ser os aspectos paralinguísticos? Como é 
que vai ser esse tom de voz? Essa voz, essa resposta virá em que tom? 
Em determinado momento ela vai acelerar o seu tom de voz, ela vai 
falar mais baixo, ela vai falar mais alto, ela vai falar agressivamente, 
ela vai gaguejar? Ela vai dar um tempo maior na sua comunicação? 
Como é que vai ser feita essa comunicação a partir das perguntas que 
eu vou estar fazendo? Deve-se também ficar muito atento à 
comunicação não verbal. O nosso corpo fala, muitas vezes eu estou 
comunicando verbalmente uma coisa e o meu corpo está 
comunicando outra. Então essa congruência do que falo e do que 
expresso em termos corporais e faciais vai ser extremamente 
importante na nossa observação. 
 
Quando a gente está fazendo, por exemplo, terapia de família, como é 
que os códigos familiares circulam nesse momento? 
 
 
41 
BONNETERRE, A. 
Porque estão, de certa forma, todos expostos ali, falando, 
respondendo às perguntas. Muitas vezes, quando a gente vai atender 
uma família grande, é muito importante a presença de um coterapeuta, 
porque na medida em que vou falando, fazendo as perguntas e 
interagindo tenho ali alguém ao meu lado que vai estar observando 
toda essa comunicação, todo esse manejo verbal e não verbal, 
agregando muita no momento do levantamento das hipóteses 
diagnósticas, como também no processo de intervenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que também não impede que dentro de um atendimento familiar eu 
possa chamar para ser meu coterapeuta, digamos assim, o paciente 
não identificado, entendendo que isso pode ser já um processo de 
intervenção. 
 
Mas não num primeiro momento, só um pouco mais adiante, na 
medida em que você já tem um certo conhecimento, uma 
compreensão da estrutura e do funcionamento da família. 
42 
BONNETERRE, A. 
Paciente identificado masculino 
Pessoa índice masculino 
Paciente identificado feminino 
Pessoa índice feminino 
Homem ( a idade deverá ser colocada no centro da figura) 
Data de nascimento (deverá ser colocada no lado esquerdo da figura 
Mulher ( a idade deverá ser colocada no centro da figura) 
Data de nascimento (deverá ser colocada no lado esquerdo da figura 
Sexo indefinido, utilizado para gestação 
Adoção interna ( dentro do sistema familiar) 
Adoção externa ( fora do sistema familiar) 
Morte ( a data do falecimento deve ser colocada ao lado direito da figura) 
Uso abusivo de álcool e/ou outras drogas 
Em recuperação do uso de abusivo de álcool e/ou outras drogas 
Transtorno mental 
Animal de estimação 
Linhas contínuas, indicam ligação – podem ser usadas para simbolizar casamento, viver no mesmoespaço, relações 
de apego, vínculo, sólidas, ligações sanguíneas 
Linhas pontilhadas indicam distanciamento (podem ser usadas para simbolizar adoções, relações distanciadas, 
moradias próximas, ligação de namoro, morar junto sem oficializar casamento), como também desconexões, pouca 
interação do ponto de vista afetivo entre seus membros, ligações não sanguíneas 
Linhas com barras representam relações rompidas, não há contato entre os membros da família, ainda que exista e 
mantenham ligação emocional entre si 
Setas são utilizadas para representar fluxo de energia e/ou recursos (vamos ver sua presença na construção de 
rede de apoio) 
Esta seta pode ser utilizada também para indicar uma relação harmoniosa, na qual os membros da família alimentam 
sentimentos positivos entre si – há diferenciação entre eles e compartilham de uma maturidade emocional 
Esta seta é utilizada para representar relações vulneráveis – não há um conflito explícito, porém, em determinadas 
situações de transição ou de tensão, existe grande possibilidade de surgir conflito 
Indicado para representação de uma relação triangulada (tríade), que envolve três membros – o membro triangulado 
terá a função de regular a tensão existente entre os outros dois membros 
43 
BONNETERRE, A. 
Coalizão, situação na qual dois membros da família se unem contra um terceiro 
Estas linhas indicam muita ligação, representam uma relação muito estreita; neste caso há predominância da fusão e 
dependência emocional entre seus membros 
Linha que indica conflitos frequentes, com estreita dependência emocional, provocando dificuldade na diferenciação 
entre seus membros 
Linha com tensão, hostilidade, indica relacionamento conflituoso no sistema familiar – desqualificações, desavenças 
são a base da comunicação, podendo chegar à violência física 
Imigração – duas ondinhas significam que existe movimento de saída de familiares de uma país para o outro 
Essas duas linhas paralelas representam relações que se estruturam em lealdades invisíveis, que a princípio podem 
produzir interações positivas, mas também dificultar o processo de diferenciação entre os membros 
Linha indicativa para abuso 
Linha indicativa de abuso sexual 
Indicativo de uma relação de controle 
Relação de manipulação 
Indicam relação de uma raiva intensa 
Relações reestabelecidas 
Quando não houver nenhum tipo de conexão 
Casamento (c: data do casamento) 
Separação conjugal (s: data da separação) 
Divórcio (d: data do divórcio) 
Morando junto (j: data que começaram a morar juntos) 
Dentro da estruturação podemos ter um casal que tem o processo de separação e depois o divórcio, então podemos 
definir as datas dentro dos cortes na linha contínua 
44 
BONNETERRE, A. 
Filho biológico (traçado contínuo) – masculino feminino 
A representação da estrutura pode ser feita das duas maneiras 
Filho adotivo: masculino figura feminino figura 
A representação da estrutura pode ser feita das duas maneiras 
 Representação do aborto espontâneo 
Representação do aborto induzido 
Gêmeos idênticos: se for masculino um em cada ponto do triângulo ou o A 
Sendo feminino, um em cada ponta do triângulo 
Gêmeos – masculino à esquerda e feminino à direita 
Natimorto: representação do masculino e do feminino, porém as figuras devem estar em um tamanho reduzido 
 Exemplo 
Podem ser usadas as duas configurações o triângulo ou o A 
45 
BONNETERRE, A. 
Filho biológico (traçado contínuo) – masculino feminino 
Os filhos devem ser posicionados do mais velho para o mais novo, começando pela esquerda. 
Se for o paciente identificado ou pessoa índice também pode ser representado em altura e tamanho diferente dos irmãos, 
se tiver. 
Relação extraconjugal (linha pontilhada) 
Filho adotivo (com ligação pontilhada) Filho de criação sem linha de ligação 
Filha adotiva (com ligação pontilhada) Filha de criação (sem linha de ligação) 
Linha contínua indica que os membros da família moram juntos 
 
Linha pontilhada indica que moram próximos 
46 
BONNETERRE, A. 
SIGLAS DO GENOGRAMA 
hábitos bucais nocivos HBN deficiência física DEFFIS 
hipertensão arterial HA deficiência auditiva DEFAUD 
diabetes DIA deficiência visual DEFVIS 
hanseníase HAN deficiência mental DEFMENT 
tuberculose TB deficiência múltipla DEFMULT 
hiv HIV gestante de alto risco GAR 
aids AIDS idoso frágil IDFRAG 
uso de substâncias lícitas ou ilícitas/drogas DROG recém-nascido RN 
alcoolismo ALC prematuro RNPT 
transtorno mental TME baixo peso RNBP 
câncer CA anemia ANE 
doença/acidente de trabalho DAT ostomia OST 
desnutrição DESN tabagismo TAB 
obesidade OBES história de câncer bucal HCAB 
atraso no desenvolvimento neuropsicomotor ATDNPM atividade de doença bucal ADB 
asma ASM fluorose moderado a severa FL 
hipotireoidismo HIPOT 
UFMG (2021) 
 
 
Genograma na Prática 
C U R S O G E N O G R A M A 3 6 0 º 
D A T E O R I A À P R Á T I C A 
48 
MÓDULO 03 
BONNETERRE, A. 
GENOGRAMA NA PRÁTICA 
AULA 3.1 - CASOS APRESENTADOS NA LITERATURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEMANDA PARA O ENCAMINHAMENTO 
 
A família procurou atendimento pela mãe concluir que não havia 
controle com relação ao comportamento da filha do meio, chamada 
Bárbara. 
 
 
 
 
 
 
DORES ESTOMACAIS 
GENOGRAMA – OBJETIVO DE SUA UTILIZAÇÃO 
INTERVENÇÕES EM MEDICINA DE FAMÍLIA 
Ty Anderson 
McGoldrick, Gerson & Petry (2012) 
49 
BONNETERRE, A. 
GENOGRAMA – OBJETIVO DE SUA UTILIZAÇÃO 
 
Compreensão da linguagem estabelecida entre os membros da 
família. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEMANDA PARA O ENCAMINHAMENTO 
 
Planejamento singular terapêutico para uma menina de 7 anos de 
idade. 
 
 
GENOGRAMA – OBJETIVO DE SUA UTILIZAÇÃO 
 
Mapeamento de rede de apoio. 
 
Família Montessinos-Nolan 
McGoldrick, Gerson & Petry (2012) 
50 
BONNETERRE, A. 
Representação gráfica do genograma 
Nascimento (2003) 
Representação gráfica do genograma 
Nascimento, Rocha & Hayes (2005) 
51 
BONNETERRE, A. 
AULA 3.2 - CASO CLÍNICO 
 
DEMANDA PARA O ENCAMINHAMENTO 
 
Susan relata uma dificuldade muito grande de pertencimento., Se 
sente solta, desgarrada. Não sente saudade de nada e de ninguém. 
 
 
GENOGRAMA – OBJETIVO DE SUA UTILIZAÇÃO 
 
Mapeamento da qualidade das relações de Susan: ao estruturar o 
genograma, percebeu-se que sua relação com a finitude começou 
cedo, teve perdas desde sempre, suas histórias com os personagens 
foram mais contadas do que vivenciadas, já nasceu em uma 
estrutura de muitas perdas, de enlutamento. 
 
As figuras de maior apego também foram perdidas. Podemos 
levantar como hipótese a superficialidade das relações como forma 
de proteção (Susan abandona antes da perda), assim estabelece o 
controle, não sendo surpreendida. 
 
GENOGRAMA – Representação gráfica 
Arquivo pessoal (2020) 
52 
BONNETERRE, A. 
INTERVENÇÕES REALIZADAS NO CASO CLÍNICO 
 
A partir da identificação dos padrões repetitivos ou lealdades 
invisíveis, as informações passam a fazer parte dos conteúdos do 
nível da consciência, portanto possíveis de serem trabalhados e 
ressignificados para a tomada de novas decisões e escolhas. Para 
isso podemos fazer uso de diferentes técnicas de acordo com a 
abordagem norteadora da prática psicológica. Nesse caso estimular 
a aproximação de grupos, de fazer parte de atividades coletivas que 
despertem o propósito e sentido. 
 
 
AULA 3.3 - GENOGRAMA E PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
Toda a organização/nomeação será construída em conjunto com o 
cliente, não há certo e errado, tampouco engessamento de estrutura. 
O importante é perceber, no ato da organização, como a atividade é 
realizada, sentida e percebida. 
 
 
INTRODUÇÃO DA HISTÓRIA 
 
Minha história começa com o encontro ou desencontro dos meus 
pais… 
 
Família de origem 
•Alfredo – pai 
• Maria Francesca – mãe 
• Mário – irmão 
• João – irmão 
 
Família nuclear 
• Bel – filha 
 
Personagens maternos 
• Avó Ivone 
• Avô Francesco 
 
 
 
53 
BONNETERRE, A. 
• Mulher do avô - Sarita 
• Mãe - Maria Francesca 
• Padrastro - Sobral 
 
Personagens paternos 
• Avó - Odete 
• Avô - Olavo 
• Tia - Selma 
• Tia - Sueli 
• Namorada do Pai - Sonia 
 
Outros personagens 
• Sara - cunhada mulher do João 
• Breno - sobrinho filho do João 
• Rodrigo - ex marido 
• Flavio - ex marido 
Produção Online 
C U R S O G E N O G R A M A 3 6 0 º 
D A T E O R I A À P R Á T I C A 
55 
MÓDULO 04 
BONNETERRE, A. 
PRODUÇÃO ONLINE 
O módulo 4 será o momento para a construção de um genograma 
através do instrumento “Álbum e Família”. Vou mostrar como fazer 
apresentando os elementos estruturais e os elementos relacionais. 
 
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/genograma/ 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/genograma/
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/genograma/
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https://www.nescon.medicina.ufmg.br/genograma/
Live 
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D A T E O R I A À P R Á T I C A 
57 
MÓDULO 05 
BONNETERRE, A. 
LIVE 
O quinto módulo será no formato de live semanal. 
 
Esse será o momento de estarmos juntos para tirarmos todas as 
dúvidas que você tiver, depois de ter assistido as aulas gravadas e 
feito os seus genogramas. A live é exclusiva par os alunos do curso, 
você receberá o link do aplicativo Zoom para participar. 
 
C U R S O G E N O G R A M A 3 6 0 º 
D A T E O R I A À P R Á T I C A 
59 
BONNETERRE, A. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ANDOLFI, M. A terapia familiar multigeracional: instrumentos e 
recursos do terapeuta. Tradução: Juliana Seger Sanvicente. Belo 
Horizonte: Artesã, 2018. 
 
BOSZORMENYI-NAGY, I.; SPARK, G. M. Lealtades invisibles: 
reciprocidad en terapia familiar intergeneracional. Buenos Aires: 
Amorrortu, 2017. 
 
KRÜGER, L. L.; WERLANG, B. S. G. O genograma como recurso no 
espaço conversacional terapêutico. Avaliação Psicológica, Porto 
Alegre, v. 7, n. 3, p. 415-26, dez. 2008. 
 
MCGOLDRICK, M.; GERSON, R.; PETRY, S. Genogramas: avaliação e 
intervenção familiar. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 
 
NASCIMENTO, L. C. Crianças com câncer: a vida das famílias em 
constante reconstrução. Tese (Doutorado em Enfermagem) – 
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2003. 
 
NASCIMENTO, L. C.; ROCHA, S. M. M.; HAYES, V. E. Contribuições do 
genograma e do ecomapa para o estudo de famílias em enfermagem 
pediátrica. Texto & Contexto – Enfermagem, Florianópolis, v. 14, n. 2, 
p. 280-6, abr./jun. 2005. 
 
OSORIO, L. C.; VALLE, M. E. P. do (Orgs.). Manual de terapia 
familiar. v. 1. Porto Alegre: Artmed, 2009. 
 
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS – UNIVERSIDADE FEDERAL 
DE SANTA CATARINA. Violência por parceiro íntimo no 
contexto familiar. Série: Violência e Saúde. Autoria do módulo: 
Carmen Leontina Ojeda Ocampo Moré e Scheila Krenkel. 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Faculdade de 
Medicina. Núcleo de Educação em Saúde Coletiva. Álbum de 
Família: genograma. 
 
WENDT, N. C.; CREPALDI, M. A. A utilização do genograma 
como instrumento de coleta de dados na pesquisa qualitativa. 
Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 21, n. 2, p. 302-10. 
 
 
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https://www.scielo.br/pdf/prc/v21n2/a16v21n2.pdf
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