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Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente 2a edição Marcos Alberto de Oliveira SA ÚD E, S EG UR AN ÇA D O TR AB AL HO E M EI O AM BI EN TE 2 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Simone M. P. Vieira – CRB 8a/4771) Oliveira, Marcos Alberto de Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente / Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente. – 2. ed. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2022. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-3298-5 (ePub/2022) e-ISBN 978-85-396-3299-2 (PDF/2022) 1. Saúde e segurança ocupacional 2. Higiene ocupacional 3. Acidentes de trabalho – Prevenção 4. Programas ocupacionais : Prevenção de Riscos 5. Riscos ambientais 6. Riscos ocupacionais I. Título. II. Série. 22-1502t CDD – 363.116 613.62 BISAC TEC017000 HEA028000 Índice para catálogo sistemático: 1. Prevenção e controle de risco : Problemas sociais 363.116 2. Saúde e segurança ocupacional : Higiene ocupacional 613.62 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . SAÚDE, SEGURANÇA DO TRABALHO E MEIO AMBIENTE Marcos Alberto de Oliveira 2a edição M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Luís Américo Tousi Botelho Gerente/Publisher Luís Américo Tousi Botelho Coordenação Editorial/Prospecção Dolores Crisci Manzano Ricardo Diana Administrativo grupoedsadministrativo@sp.senac.br Comercial comercial@editorasenacsp.com.br Acompanhamento Pedagógico Otacília da Paz Pereira Designer Educacional Nathália Barros de Souza Santos Revisão Técnica Alexandre Saron Preparação e Revisão de Texto Karen Daikuzono Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Marcella Rigazzo Maiolino Ilustrações Marcella Rigazzo Maiolino Imagens Adobe Stock Photos E-book Rodolfo Santana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.livrariasenac.com.br © Editora Senac São Paulo, 2022 5 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sumário Capítulo 1 Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente, 7 1 Saúde do trabalhador, 8 2 Segurança do trabalho, 10 3 Meio ambiente, 12 4 Sustentabilidade, 14 Considerações finais, 17 Referências, 18 Capítulo 2 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho, 19 1 Evolução histórica do trabalho, da saúde e segurança do trabalho, 20 2 Princípios da higiene ocupacional, 23 3 Princípios da segurança do trabalho, 26 4 Normas regulamentadoras, 28 Considerações finais, 34 Referências, 35 Capítulo 3 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais, 37 1 Conceito de acidente do trabalho, 38 2 Doenças ocupacionais: doença profissional e doença do trabalho (saúde e doença), 42 3 Comunicado de acidente do trabalho – CAT e dia do acidente, 43 4 Nexo técnico epidemiológico, 48 Considerações finais, 49 Referências, 50 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 4 Reflexos dos acidentes do trabalho, 51 1 Enfoque social, econômico, jurídico, previdenciário e epidemiológico do acidente do trabalho, 52 2 Responsabilidades do empregador decorrentes do acidente do trabalho (trabalhista, tributária, civil e penal), 56 Considerações finais, 64 Referências, 64 Capítulo 5 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade, 67 1 Tipos de riscos ocupacionais (risco × perigo), 68 2 Equipamentos de proteção coletiva, 73 3 Equipamentos de proteção individual, 74 4 Insalubridade, 77 5 Periculosidade, 80 Considerações finais, 82 Referências, 82 Capítulo 6 SESMT e Cipa, 85 1 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, 86 2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa, 92 Considerações finais, 97 Referências, 98 6 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Capítulo 7 Ergonomia, 99 1 Conceito e tipos de ergonomia, 100 2 Conceito de estresse, fatores geradores e consequências para o trabalhador e meio ambiente do trabalho, 105 3 Qualidade de vida no trabalho, 110 Considerações finais, 113 Referências, 114 Capítulo 8 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador, 115 1 Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, 116 2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, 123 3 Evolução da OHSAS 18001 para a ISO 45001, 127 Considerações finais, 132 Referências, 133 Sobre o autor, 135 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente A preocupação com a segurança e a saúde dos colaboradores bem como adotar práticas que protejam o meio ambiente devem fazer parte das estratégias de negócios de toda organização. Até porque, entre os principais desafios enfrentados pelas empresas, está a adoção de es- tratégias de negócios voltadas à sustentabilidade. Desse modo, as empresas devem adotar práticas e procedimentos que possibilitem aos seus colaboradores realizarem suas atividades em condições salubres e comsegurança, uma vez que o maior patrimônio de qualquer organização são as pessoas. 8 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Por outro lado, uma empresa deve ter clareza de sua responsabilida- de ambiental, adotando estratégias que considerem a proteção ao meio ambiente e que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Assim, neste capítulo, vamos conhecer e entender a importância dos conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente, e seu ali- nhamento com o conceito de sustentabilidade. 1 Saúde do trabalhador Para que se mantenham competitivas, as organizações buscam o aprimoramento de suas estratégias visando oferecer produtos e servi- ços que entreguem valor ao mercado. Para tanto, é fundamental a ade- quação de seus processos e o alinhamento de seus colaboradores em torno dos objetivos estabelecidos. Assim, note que os colaboradores da empresa são fundamentais para a realização das estratégias de negócios, pois são os realizadores de todas as atividades e, para tanto, precisam de condições seguras. A relação entre trabalhador, ambiente de trabalho e produção estabelece relações de troca que nem sempre são saudáveis para seus agentes, ou seja, o trabalhador e o meio ambiente (CORREA, 2020). O bem-estar dos trabalhadores depende da saúde física, mental e so- cial, o que possibilita a realização de suas atividades laborais com o me- lhor desempenho possível, garantindo a eficiência e a eficácia de suas ações e contribuindo para a efetividade dos negócios da organização. Podemos afirmar que a saúde do trabalhador está relacionada aos processos de trabalho que envolvem questões econômicas, sociais e tecnológicas. Portanto, as organizações devem desdobrar ações que tenham como foco principal realizar as adequações necessá- rias para garantir boas condições de saúde aos seus colaboradores (BELLUSCI, 2017). 9Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como “um es- tado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a au- sência de afecções e enfermidades” (CORREA, 2020, p. 7). Essa definição ressalta a importância de uma preocupação constan- te com a saúde do trabalhador que envolve sua condição física, mental e seu bem-estar psicológico. É fácil perceber como uma doença, um acidente ou o estresse emocional podem afetar a saúde do indivíduo e, por consequência, o seu desempenho em sua atividade laboral. Os gestores das empresas devem se responsabilizar pelo estado de saúde geral dos trabalhadores, garantindo que as medidas necessárias este- jam sendo tomadas para promover a qualidade de vida de todos os en- volvidos (ROSSETE, 2015). É importante destacarmos que a evolução tecnológica tem promo- vido mudanças profundas nos processos de trabalho que, aliadas à di- versidade de situações de trabalho e aos métodos gerenciais que nem sempre priorizam a manutenção de boas relações de trabalho, podem trazer sérias consequências à saúde dos trabalhadores. Considerando a responsabilidade legal da empresa, é importante ressaltar que a saúde ocupacional está relacionada à assistência mé- dica preventiva, é prevista por lei e garante o acompanhamento médico do empregado. A empresa deve possuir um programa de medicina ocu- pacional que envolva exames, relatórios anuais e arquivos médicos ela- borados por profissionais de medicina do trabalho. Essas informações auxiliam as ações para a melhoria da produtividade e da qualidade de vida não somente no ambiente profissional como também no ambiente pessoal dos trabalhadores (ROSSETE, 2015). 10 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .No Brasil, a expressão “saúde do trabalhador” se refere ao campo do saber que visa compreender as relações entre trabalho e processo saúde/doença. O aspecto legal que trata o conceito de saúde do traba- lhador é a Lei n. 8.080/1990, na qual, em seu art. 6, parágrafo 3o, define: Entende-se por saúde do trabalhador um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalha- dores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das con- dições de trabalho. (BRASIL, 1990) Essa lei atribuiu à direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) a responsabilidade pela coordenação da política de saúde do trabalha- dor em nosso país. Assim, podemos concluir que a saúde, o bem-estar e o trabalho são fenômenos que se inter-relacionam, podendo afetar não apenas o empregado, mas também as organizações. Estas devem implementar ações para atender à legislação vigente e, principalmente, para promo- ver condições adequadas de trabalho, a fim de manter a saúde e o bem- -estar de seus trabalhadores, aplicando e promovendo o conceito de saúde proposto pela OMS no ambiente de trabalho. Entretanto, além das questões que envolvem a saúde do trabalhador, as organizações devem também considerar todos os aspectos relacio- nados à segurança do trabalho. 2 Segurança do trabalho A segurança do trabalho está relacionada à saúde ocupacional, pois tem como objetivos eliminar as condições inseguras de trabalho e pre- venir acidentes. http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080.htm 11Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE Basicamente, podemos dizer que a segurança do trabalho é aplicada nas organizações considerando as etapas a seguir (ROSSETE, 2015). • Observação: esta etapa é muito importante para a identificação dos possíveis atos inseguros que podem ser cometidos pelo traba- lhador, bem como os riscos relacionados à função desempenhada por ele. É importante destacar que o monitoramento das atividades, considerando o passo a passo da rotina do trabalhador, deve ser examinado para que todas as particularidades da função laboral sejam observadas, permitindo saber onde um erro pode ocorrer, possíveis atos inseguros que podem ser cometidos pelo trabalha- dor e situações ou falhas que podem causar algum tipo de dano. • Ação preventiva: após a etapa de observação, na qual foram obtidas as informações sobre a rotina do trabalhador em uma determinada função, o próximo passo é desenvolver normas e procedimentos de segurança, explicando claramente o que o trabalhador deve e o que ele não deve fazer durante a realização de suas atividades, sempre visando prevenir a ocorrência de acidentes. Em muitas situações, temos que definir o que será alterado ou até excluído da rotina de trabalho em uma determinada função. • Comunicação: de nada adianta observar a rotina do trabalhador e identificar as ações preventivas necessárias se o trabalhador, queé o principal envolvido no processo, não for devidamente comu- nicado. Assim, os trabalhadores devem conhecer e compreender as normas e os procedimentos de segurança para que respeitem e cumpram as orientações, realizando suas funções com maior segurança e conscientes sobre a importância do cumprimento das regras de segurança para a prevenção de acidentes. Podemos definir a segurança do trabalho como um conjunto de ciên- cias e de tecnologias que tem como objetivo a proteção do trabalhador em seu ambiente profissional. Os procedimentos e as normas de segu- rança têm como principal objetivo garantir a integridade física e psíqui- ca dos colaboradores durante a realização de sua atividade laboral. 12 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Vale ressaltar que, na segurança do trabalho, entre os fatores mais importantes para que os resultados relacionados à prevenção de aci- dentes sejam satisfatórios, as empresas devem atender aos requisi- tos legais e normativos, bem como aos requisitos de segurança para cada tipo de atividade. Para tanto, é fundamental não só a conscienti- zação como também o comprometimento das pessoas, no caso, dos trabalhadores. A conscientização é muito importante para que o trabalhador enten- da o porquê da adoção de um determinado procedimento de trabalho. Já o comprometimento com o cumprimento das orientações e determi- nações previstas no procedimento de trabalho é fundamental para que as ações de prevenção sejam implementadas e, consequentemente, para que o trabalhador realize suas atividades em condições seguras. Assim, podemos afirmar que um local de trabalho seguro depende da empresa, que estabelece as diretrizes para manter a segurança com base na legislação e nas características de cada atividade, e do traba- lhador, que deve seguir o que lhe foi determinado a fim de preservar a sua integridade física, mental e social (STUMM, 2020). Concluindo, após tratarmos os conceitos e as aplicações relaciona- das à saúde e à segurança dos trabalhadores, vamos entender a inte- gração desses conceitos com o meio ambiente. 3 Meio ambiente Para que possamos compreender de que maneira o conceito de meio ambiente pode ser relacionado à saúde do trabalhador e à segurança do trabalho, é importante compreendermos inicialmente o conceito de meio ambiente interno à organização. O meio ambiente interno ou de trabalho pode ser definido como o local onde o trabalhador exerce a sua atividade laboral. Assim, todas as 13Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ações de proteção ao meio ambiente interno contribuem diretamente para a segurança e a manutenção da saúde dos trabalhadores, o que evidencia uma relação direta entre os conceitos. Entretanto, se considerarmos que as organizações são sistemas abertos e que interagem o tempo todo com o meio ambiente exter- no, também podemos relacionar a segurança do trabalho com o meio ambiente, pois, se a organização realiza as suas atividades com a preocupação em proporcionar um ambiente sem poluição, resíduos e contaminação, não só estará promovendo a saúde e a integridade do trabalhador, como também estará contribuindo para a manutenção das condições adequadas para o meio ambiente. Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981), meio ambiente pode ser definido como o “conjunto de condições, leis, influên cias e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abri- ga e rege a vida em todas as suas formas”. Em uma visão holística, podemos afirmar que o meio ambiente con- templa o ser humano e todo o contexto no qual está inserido: social, econômico, político, etc. Assim, devemos considerar o conceito de se- gurança do trabalho associado não só ao conceito de saúde do traba- lhador como também ao conceito de meio ambiente e de sustentabili- dade (SILVA; REZENDE; TAVEIRA, 2019). Portanto, o gerenciamento de estratégias e ações implementadas pela organização com uma visão sistêmica que considere as questões que envolvem a saúde, a segurança e o meio ambiente com um foco direto nas pessoas (sendo seus colaboradores ou não) é fator prepon- derante para a sua competitividade, pois impacta diretamente sobre os seus recursos permanentes. Todas as organizações, independentemente do seu segmento de atuação, devem desenvolver estratégias voltadas à segurança do tra- balho, à promoção da saúde de seus trabalhadores e à preservação do meio ambiente. 14 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Essas ações, alinhadas com as ações relacionadas ao desenvolvi- mento econômico, ambiental e social das empresas, remetem ao con- ceito de sustentabilidade, o qual será apresentado a seguir. 4 Sustentabilidade A palavra sustentabilidade se refere à perenidade e à continuidade, sempre com a noção de algo capaz de se manter ao longo do tempo. Assim, sustentabilidade é o princípio que assegura que nossas ações de hoje não limitarão a gama de opções econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as futuras gerações. PARA SABER MAIS Para saber com mais detalhes o que é e o que não é sustentabilidade, ver o item 1 do capítulo 2 do livro Sustentabilidade organizacional, de Tobias Coutinho Parente (2018, p. 24-26). Podemos dizer que o conceito de sustentabilidade do negócio está intimamente ligado ao conceito de sustentabilidade da própria socieda- de, uma vez que as organizações vivem e interagem com a sociedade. A sustentabilidade depende basicamente de três tipos de recursos, os quais apresentamos a seguir (OLIVEIRA, 2020). • Recursos econômico-financeiros: relacionados aos investimen- tos em infraestrutura e em produção, visando ao lucro ou a ou- tro resultado que atenda aos interesses de seus acionistas ou proprietários, ou seja, é uma relação entre o recurso financeiro investido e o resultado econômicofinanceiro obtido. A gestão da qualidade, na medida em que busca atender à satisfação dos clientes e aos requisitos regulamentares relacionados aos 15Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. produtos intencionais gerados, está diretamente ligada à utiliza- ção desses recursos. • Recursos ambientais: estão relacionados à utilização dos recur- sos naturais renováveis ou não renováveis disponíveis e ao im- pacto que suas atividades produzem nesses recursos. A gestão ambiental está diretamente ligada à utilização desses recursos. • Recursos sociais: relacionados ao ser humano e à sua vida no trabalho e em sociedade. As gestões da segurança no trabalho, da saúde ocupacional e das políticas de respeito aos direitos hu- manos estão diretamente ligadas à utilização desses recursos. Sustentabilidade, portanto, depende do equilíbrio resultante da cor- reta utilizaçãodesses recursos pelas empresas de modo a assegu- rar a viabilidade do negócio por meio do equilíbrio entre os recursos econômico financeiros e os ambientais, da preservação de condições de vida atuais e futuras, da preservação de recursos naturais e da ma- nutenção de um meio ambiente saudável que não comprometa ad- versamente os recursos sociais e a relação justa entre os interesses econômicofinanceiros e os interesses da sociedade como um todo. O conceito de sustentabilidade depende de três pilares (econômico, social e ambiental) que, se bem gerenciados, poderão trazer benefícios às or- ganizações e à sociedade. NA PRÁTICA A sustentabilidade não deve ser definida como um rótulo concedido às organizações ou às pessoas, do tipo “empresa sustentável”, mas, sim, um conceito abrangente que se baseia em valores. Ou seja, é mais pru- dente identificar os valores que pautam uma empresa que busca ter uma postura sustentável do que simplesmente classificar as empresas como sustentáveis ou não sustentáveis. Apesar de ser comum o uso da expressão “empresa sustentável”, é im- portante compreendermos que a expressão se refere a uma empresa 16 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . que possui ações e políticas derivadas e pautadas por determinados va- lores que buscam tratar de maneira equitativa as dimensões da susten- tabilidade, ou seja, as dimensões econômica, social e ambiental. Por exemplo, apoiar instituições que cuidam de crianças carentes está dentro do escopo da dimensão social da sustentabilidade, mas de nada adianta uma empresa ter essa preocupação e não oferecer condições adequadas de trabalho para seus colaboradores. Também não pode ser considerada sustentável uma empresa que financie projetos de conser- vação ambiental sem ter um equilíbrio financeiro para tanto. Portanto, a sustentabilidade é um valor, e não um estado permanente, por isso, as organizações devem buscar a todo tempo uma conduta em prol da sustentabilidade (PARENTE, 2018, p. 25-26). Outro conceito importante que deve ser considerado neste estudo é o de desenvolvimento sustentável. A ideia de desenvolvimento sustentá- vel foi definida pela chamada Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (OLIVEIRA, 2020, p. 229): “o desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações futuras”. A partir de então, a expressão “desenvolvimento sustentável” co- meçou a ser usada em todos os documentos oficiais dos governos, da diplomacia, dos projetos das empresas, no discurso ambientalista con- vencional e nos meios de comunicação. O desenvolvimento sustentável é proposto ou como um ideal a ser atingido ou como um qualificativo de um processo de produção ou de um produto, feito pretensamente den- tro de critérios de sustentabilidade, ou seja, considerando os aspectos sociais, econômicos e ambientais (BOFF, 2016). Enfim, o tema sustentabilidade demanda das organizações diversas ações, que contemplam a segurança do trabalho, a proteção da saúde dos trabalhadores, a preservação do meio ambiente, entre tantas outras ações internas e externas que podem e devem ser implementadas para que os valores que norteiam o conceito possam ser materializados por meio dessas ações. 17Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. É fato que as organizações podem contribuir muito à medida que compreendam a relevância do tema, não só para o seu desempenho econômico, como também para o seu desempenho social e ambiental. Essas iniciativas têm sido cada vez mais reconhecidas pela sociedade e, principalmente, pelos consumidores que, cada vez mais, consideram as questões relacionadas à sustentabilidade em suas decisões de compra. Assim, compete aos gestores responsáveis pela definição das estra- tégias nas organizações considerar os valores associados ao conceito de sustentabilidade para implementar as ações e disseminar esses va- lores, desenvolvendo uma cultura voltada para a sustentabilidade. PARA PENSAR Na sua opinião, quais são os principais aspectos a serem considerados pelas organizações que buscam definir estratégias voltadas à susten- tabilidade? Considerações finais Neste capítulo, tivemos a oportunidade de conhecer e entender a im- portância dos conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambien- te, bem como o seu alinhamento com o conceito de sustentabilidade. As empresas devem atuar de maneira sustentável para se manter competitivas, considerando que cada vez mais a sociedade demanda atributos associados à sustentabilidade para escolher as organizações com as quais deseja se relacionar. Não importa se esse relacionamento será como cliente, fornecedor, empregado ou financiador, o que se deseja é identificar valores organi- zacionais em harmonia com a sustentabilidade, e isso inclui as ações para a segurança do trabalho, a proteção à saúde dos trabalhadores e a preservação do meio ambiente. 18 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Referências BELLUSCI, Silvia Meirelles. Doenças profissionais ou do trabalho. 12. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2017. BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é – o que não é. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 set. 1981. BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. CORREA, Glaucia Garanhani. Atenção à saúde do trabalhador. Curitiba: Contentus, 2020. OLIVEIRA, Marcos Alberto de. Fundamentos da administração. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020. PARENTE, Tobias Coutinho. Sustentabilidade organizacional. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. SILVA, Agenor; REZENDE, Mardele; TAVEIRA, Paulo. Segurança do trabalho e meio ambiente: o diferencial da dupla atuação. São Paulo: Érica, 2019. STUMM, Silvana Bastos. Segurança e ergonomia. Curitiba: Contentus, 2020. 19 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 2 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho Sabemos que todas as ações realizadas pelas empresas para pro- porcionar melhores condições de trabalho são fundamentais para o bem-estar dos seus colaboradores. Desse modo, para que possamos entender como essas ações podem e devemser realizadas, é impor- tante compreendermos o panorama histórico do trabalho e da saúde do trabalhador. Neste capítulo, estudaremos também os princípios norteadores da higiene ocupacional e da segurança do trabalho, preceitos fundamentais para que as organizações e seus colaboradores possam implementar as ações necessárias, visando a prevenção de acidentes e a proteção dos trabalhadores. 20 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Por fim, vamos conhecer as normas regulamentadoras que, no Brasil, regem e fornecem as orientações sobre as obrigatoriedades dos procedimentos relacionados à segurança e à saúde do trabalhador. 1 Evolução histórica do trabalho, da saúde e segurança do trabalho Atualmente, as organizações implementam programas voltados à segurança e à saúde dos trabalhadores com base em normas, legisla- ções, regras, especificações e controles, visando proporcionar o bem- -estar e proteger a integridade física e a saúde de seus colaboradores. Entretanto, é importante compreender que as práticas atuais podem ser consideradas como resultados de muitos anos de estudos, pesquisas e observações das atividades laborais e dos ambientes de trabalho. Inicialmente, devemos entender o conceito de trabalho que pode ser definido não como um ato estanque em si mesmo, mas como um pro- cesso em que ocorre a relação do trabalhador com o meio ambiente, uma vez que o trabalho é realizado em qualquer ambiente (em escritório num local fechado, andando sob sol e chuva, locais de temperaturas extremas – próximo a um forno ou que tenha que entrar em uma câma- ra frigorífica –, locais que necessitam de turnos de revezamento de 24 horas, entre outros). Assim, considerando que o processo de trabalho apresenta inúmeras variantes que se relacionam com o trabalhador e que essas condições podem provocar danos ou adoecimentos ao longo dos anos, foram desenvolvidos estudos e levantamentos sobre os ris- cos existentes em cada atividade laboral (CORREA, 2020). Podemos dizer que, a partir do momento em que os meios de produ- ção passaram a ser organizados para a obtenção de lucro, a situação para a saúde e a segurança dos trabalhadores se tornou bastante pre- cária. As primeiras fábricas utilizavam galpões com pouca iluminação e ventilação, acumulavam lixo e sujeira, o que proporcionava aos traba- lhadores condições de trabalho insalubres (OLIVEIRA, 2018). 21 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. As condições inadequadas de trabalho oferecidas aos trabalhadores despertaram grande interesse de pesquisadores e estudiosos sobre o tema, o que trouxe, ao longo dos anos, contribuições muito representa- tivas para a segurança e a saúde dos trabalhadores. Entre os principais pesquisadores sobre o tema e que desenvolve- ram estudos que trouxeram contribuições relevantes para a segurança e a saúde dos trabalhadores, podemos destacar (OLIVEIRA, 2018): • Georgius Agricola (1494-1555): foi o primeiro especialista a tratar a vinculação entre saúde e trabalho. Era considerado um perito em minerais e em doenças provocadas nos mineradores; e por ter essa especialidade, desenvolveu um estudo fazendo a correlação entre o processo de extração de minerais (ouro e prata) e as doen- ças e acidentes mais habituais entre os trabalhadores em minas. Esse estudo foi publicado na obra De re metallica, em 1556. • Paracelso (1493-1541): Paracelso era o pseudônimo do pesquisa- dor Felipe Teofrasto de Hohenheim, que desenvolveu um estudo que relacionava trabalho e doença, enumerando diversos proces- sos de trabalho, substâncias químicas utilizadas e as respectivas doenças decorrentes. Entre os temas estudados, destacam-se a silicose e a intoxicação sofrida pelos mineiros e fundidores que manipulavam mercúrio e chumbo. Esse estudo foi publicado postumamente na obra Dos ofícios e doenças da montanha, em 1567. Paracelso é considerado um dos precursores da medicina do trabalho. • Bernardino Ramazzini (1633-1714): desenvolveu um estudo de cin- quenta profissões ou ocupações, pormenorizando as doenças, os sintomas e os sinais relacionados a cada tipo de trabalho, prescre- vendo como remediá-los e preveni-los. Esse estudo foi publicado em 1700, na obra De morbis artificum diatriba (As doenças dos tra- balhadores). A publicação dessa obra deu a Ramazzini o epíteto de “pai da medicina do trabalho”, como é reverenciado mundialmente. 22 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . As contribuições trazidas por esses grandes profissionais foram importantes para o desenvolvimento de muitas outras pesquisas e trabalhos sobre a segurança e a saúde dos trabalhadores, até porque, ao longo dos anos, com o surgimento e a utilização das máquinas nos processos, tivemos um grande avanço tecnológico promovendo um au- mento da produtividade e dos volumes de produtos fabricados. Entretanto, o avanço tecnológico sem qualquer tipo de controle so- bre a segurança e a saúde dos trabalhadores trouxe um grande núme- ro de doenças ocupacionais, bem como proporcionou a ocorrência de muitos acidentes relacionados ao trabalho. Assim, nesse contexto de condições inadequadas para o trabalho, surgiram os primeiros movi- mentos associados a sindicatos para a defesa dos direitos aos traba- lhadores. Esses movimentos não surtiram efeitos imediatos, podemos dizer que as melhorias nas condições de trabalho foram bem lentas. Entre as organizações mundiais que contribuíram para a dissemina- ção dos direitos dos trabalhadores, devemos destacar a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A OIT, criada em 1919, é a entidade responsável pela redação, formulação e aplicação das normas inter- nacionais do trabalho por meio de convenções e recomendações, e tem como objetivo garantir que homens e mulheres tenham acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equida- de, segurança e dignidade. No Brasil, além da promoção permanente das normas internacionais do trabalho, do emprego, da melhoria das condições de trabalho e da ampliação da proteção social, a OIT tem se caracterizado pelo apoio ao esforço nacional de promoção do trabalho decente em áreas combatendo o trabalho forçado, o trabalho infantil, o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e comercial; à promo- ção da igualdade de oportunidades e tratamento de gênero e raça no trabalho; à promoção de trabalho decente para os jovens; entre outras (BARSANO; BARBOSA, 2018). 23 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. PARA SABER MAIS Para entender a evolução histórica mundial e nacional, vero capítulo 1 “Introdução à segurança e saúde no trabalho” do livro Gestão dos progra- mas ocupacionais, de Eduardo A. R. de Oliveira (2018, p. 7). Após a apresentação de um breve histórico sobre o trabalho e a preo- cupação com a saúde e a segurança dos trabalhadores, vamos estudar a seguir os princípios da higiene ocupacional. 2 Princípios da higiene ocupacional Segundo a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH – Conferência Norte-Americana de Higienistas Industriais Governamentais), a higiene do trabalho ou higiene industrial é uma ciência e uma arte que tem por objetivo o reconhecimento, a ava- liação e o controle daqueles fatores ambientais ou tensões originadas nos locais de trabalho, que podem provocar doenças, prejuízos à saúde ou ao bem-estar, desconforto significativo e ineficiência nos trabalha- dores ou entre pessoas da comunidade (BARSANO; BARBOSA, 2018). Os profissionais que atuam na área de saúde, higiene e segurança do trabalho utilizam a higiene ocupacional para antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os agentes ou processos produtivos que colocam em risco a saúde e a integridade dos trabalhadores (SILVA; REZENDE; TAVEIRA, 2019). A metodologia de ação da higiene ocupacional é dividida em três etapas (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2020): • Reconhecimento dos riscos: nesta primeira etapa, são levantadas informações sobre o ambiente de trabalho, visando identificar os riscos presentes e promover o devido controle para esse ambiente. 24 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Vale ressaltar a importância desta etapa, pois, se um determinado risco não for identificado, não será avaliado e controlado. Para que se tenha eficiência nesta etapa, é fundamental que se co- nheça a tecnologia de produção utilizada, o projeto das instalações, as matérias-primas utilizadas (em caso de setor industrial), os ris- cos presentes no processo produtivo, as condições climáticas, as propriedades físico-químicas dos produtos utilizados, as caracte- rísticas toxicológicas dos produtos e as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores. Nota-se a importância desta etapa ser bem realizada para que possamos realmente identificar os riscos exis- tentes. Até porque se nesta etapa de reconhecimento for identifica- do que as concentrações ou as exposições estão muito acima dos limites de exposição, inicia-se imediatamente a etapa de controle. • Avaliação dos riscos: após o reconhecimento dos riscos, é rea- lizada uma avaliação por meio de medições ou pela coleta de amostras que representam a realidade à qual os trabalhadores estão expostos. É uma etapa importante, pois, se o ambiente for saudável, possivelmente não haverá o desenvolvimento de doen- ças profissionais, entretanto, se a avaliação não for realizada ou se for realizada de maneira inadequada, talvez a falha só será des- coberta quando o trabalhador adoecer, o que será tarde demais. Nesta etapa, se faz necessário conhecer as técnicas de amostra- gem para que seja utilizada a metodologia adequada para cada tipo de agente. Também é muito importante que seja feita uma estimativa da probabilidade do agravo e o grau de exposição em que ocorreu o dano. A responsabilidade pela realização da ava- liação é muito grande, pois, se houver falha na estratégia ou na metodologia utilizada, o trabalhador correrá riscos de estar tra- balhando em um ambiente insalubre, sem que a empresa tenha tomado as devidas providências. 25 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Medidas de controle dos riscos: após o reconhecimento e a ava- liação dos riscos, temos a última etapa, que trata sobre o controle desses agentes buscando reduzir ou eliminar os riscos presentes no ambiente de trabalho. Nesta etapa, as medidas de proteção coletiva para proteger o ambiente de trabalho devem ser prioriza- das em relação às medidas de proteção individual. A utilização dos princípios da higiene ocupacional é de fundamental importância, pois a higiene ocupacional trabalha em prol da adaptação do trabalho ao homem, e do homem ao seu trabalho. Assim, compreen- der as causas geradoras de riscos é fundamental para o desdobramen- to de ações preventivas. NA PRÁTICA Vamos apresentar uma situação que demonstra como é importante a atuação da higiene ocupacional: Quando um trabalhador exposto em um ambiente de traba- lho insalubre (contaminado por agentes físicos, químicos ou biológicos) desenvolve algum tipo de doença que o incapaci- ta para o trabalho, ele será afastado. Após o devido tratamento, esse trabalhador, estando em condições de trabalhar, poderá retornar à sua atividade labo- ral no mesmo local onde contraiu a doença. Provavelmente, voltará a ficar doente, dessa vez, mais rapidamente até que fique totalmente incapacitado para o trabalho. Isso ocorre pois, o que está sendo tratado é a consequên- cia, no caso, a doença e não a causa básica fundamental que é a exposição a ambiente contaminado. A higiene ocupacional atua exatamente sobre a causa, ou seja, o ambiente contaminado. (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2020, p. 9). 26 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Agora que já conhecemos os princípios da higiene ocupacional, va- mos entender quais são os princípios da segurança do trabalho. 3 Princípios da segurança do trabalho Em um ambiente de constantes mudanças no ambiente de trabalho impulsionadas pelas inovações tecnológicas e pelo desenvolvimento econômico, o tema segurança do trabalho deve ser tratado com muita atenção pelas organizações. Até porque, quando surgem novas ativida- des laborais, se faz necessária a análise de quais serão as condições de trabalho necessárias para a realização da atividade e, por consequência, deve-se avaliar também quais os riscos associados à sua realização. Assim, podemos definir a segurança do trabalho como a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e incidentes originados du- rante a atividade laboral do trabalhador, visando prevenir os acidentes, as doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde profissio- nal (BARSANO; BARBOSA, 2018). As empresas devem utilizar os princípios da segurança do trabalho para reduzir ou evitar a ocorrência de acidentes do trabalho e o desen- volvimento de doenças relacionadas ao trabalho. Para tanto, não basta simplesmente atender às legislações em vigor, mas, acima de tudo, as- sumir uma posição estratégica em relação ao tema, compreendendo que a adoção dos princípios pode trazer benefícios físicos, financeiros e sociais (ROSSETE, 2015). 27 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © EditoraSenac São Paulo. IMPORTANTE Compete à segurança do trabalho junto com outros conhecimentos afins, como a higiene ocupacional e a medicina do trabalho, identificar os fatores de risco que levam à ocorrência de acidentes e doenças ocu- pacionais. A segurança do trabalho proporciona uma visão abrangente que en- volve diversas áreas de conhecimento, o que faz com que a empresa tenha um desafio cada vez maior para atuar com efetividade na imple- mentação de ações prevencionistas. Como nos locais de trabalho nor- malmente existem inúmeras situações de riscos passíveis de provocar acidentes do trabalho, quanto maior for o detalhamento da análise dos fatores de risco em todas as tarefas e nas operações do processo, maior será a assertividade para a implementação das ações de prevenção. Se considerarmos que a segurança do trabalho encontra uma relação com praticamente todas as áreas de conhecimento humano, para imple- mentar as ações sugeridas, é uma questão obrigatória para as empresas estarem atentas às características do colaborador, como escolaridade, histórico profissional e biótipo do trabalhador, pois só assim conseguirá realizar uma avaliação mais precisa, identificando se o trabalhador pos- sui características adequadas para a função que será exercida. Por outro lado, considerando a segurança dos processos, será fun- damental que a empresa proporcione boas condições de trabalho, caso contrário de nada adiantará escolher o colaborador adequado para a função se as condições de trabalho não forem adequadas e salubres. A seguir, vamos estudar as normas regulamentadoras e outros aspectos legais relacionados à segurança do trabalho. 28 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 4 Normas regulamentadoras Antes de falarmos especificamente sobre as normas regulamenta- doras, é importante compreender a hierarquia das normas relativa à saúde e à segurança do trabalho. No Brasil, a ordem hierárquica das normas respeita a ordem jurídica apresentada a seguir (BARSANO; BARBOSA, 2018, p. 14). 1o: Constituição Federal (CF/1988), ADCT, Emendas Constitucio- nais, Tratados e Convenções sobre Direitos Humanos. 2o: Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisó- ria, Decreto Legislativo. 3o: Decretos, Resoluções, Portarias, Instruções Normativas. 4o: Contratos, Sentenças Judiciais, Atos e Negócios Jurídicos. Assim, podemos afirmar que a segurança do trabalho é regulamen- tada por muitas normas (Constituição Federal, leis, decretos, portarias, resoluções, instruções técnicas, etc.), que visam garantir a integridade física e psíquica dos trabalhadores. As principais normas que regem a segurança do trabalho no Brasil são as seguintes: • Constituição Federal de 1988 (CF/1988): a Constituição da República Federativa do Brasil, publicada em 1988, discorre em seu art. 7, XXII, ser “direito do trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (BRASIL, 1988). • Decreto-lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em seu Capítulo V do Título II – Da Segurança e da Medicina do 29 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Trabalho, trata o tema nos arts. de 154 a 200. O texto original foi alterado com a Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1997. • Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991: dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, que também regulamentam o acidente do trabalho. • Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1997: essa lei alterou o Capítulo V do Título II da CLT (relativo à segurança e à medicina do trabalho). • Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978: essa portaria aprovou as normas regulamentadoras do Capítulo V, Título II, da CLT relativas à segurança e à medicina do trabalho. As normas regulamentadoras (NRs) são consideradas a principal re- ferência para todos os profissionais da área de segurança do trabalho em virtude de sua importância na prevenção de acidentes do trabalho nos diversos segmentos organizacionais. A seguir, apresentamos as 37 NRs (BRASIL, 2021). NR-1 – Disposições Gerais: esta é a norma que estabelece as dispo- sições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns às NRs relativas à segurança e à saúde no trabalho, e as diretrizes e os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho (SST). NR-2 – Inspeção Prévia: esta norma foi revogada pela Portaria SEPRT n. 915, de 30 de julho de 2019, publicada no Diário Oficial da União de 31 de julho de 2019. NR-3 – Embargo e Interdição: a norma trata dois temas essenciais para o perfeito andamento da fiscalização de segurança e saúde do tra- balhador – embargo e interdição. NR-4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT): esta norma define que os Serviços 30 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho devem ser realizados por uma equipe de profissionais especializados. Estabelece as atribuições, os requisitos, a jornada de trabalho e o di- mensionamento da equipe. NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa): é con- siderada uma das normas mais importantes para a segurança do tra- balho, ela define as atribuições da Cipa, como deve ser o processo elei- toral, as reuniões ordinárias e extraordinárias e as atribuições e direitos do cipeiro. NR-6 – Equipamentos Proteção Individual (EPIs): esta norma define equipamentos de proteção individual (EPIs), comenta sobre a importân- cia dos equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e sua aplicação no cotidiano das organizações. NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): norma que estabelece diretrizes e requisitos para o desenvol- vimento do PCMSO nas organizações. NR-8 – Edificações: nesta norma, estão estabelecidos os requisitos técnicos mínimos a serem considerados nas edificações para garantir segurança e conforto aos trabalhadores. NR-9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos: é a norma que estabelece os requisitos para a avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, quími- cos e biológicos quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), previsto na NR-1, fornecendo as informações quanto às medidas de prevenção para os riscos ocupacionais. NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade: esta- belece os requisitos e condições mínimos a serem observados na im- plementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de modo a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que atuem, direta ou indiretamente, com instalações elétricas e serviços de eletricidade. 31 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacionale da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NR-11 – Transporte, Movimentação e Armazenagem e Manuseio de Materiais: é a norma que estabelece os procedimentos de segurança para a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos: esta é a norma que define as referências técnicas, os princípios fundamen- tais e as medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade físi- ca dos trabalhadores, estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos. NR-13 – Caldeiras, Vasos sob Pressão e Tubulações e Tanques Metálicos de Armazenamento: esta norma regulamenta as atividades envolvendo caldeiras e vasos sob pressão. NR-14 – Fornos: é a norma que determina que os fornos devem ser construídos solidamente, revestidos com material refratário, de maneira que o calor radiante não ultrapasse os limites de tolerância estabeleci- dos pela NR-15. NR-15 – Atividades e Operações Insalubres: é a norma que define quais são as atividades consideradas insalubres e também estabele- ce qual será o adicional incidente ao salário do trabalhador que exerce suas atividades laborais em condições de insalubridade. NR-16 – Atividades e Operações Perigosas: de acordo com essa nor- ma, são consideradas perigosas as atividades e operações com explo- sivos, inflamáveis e radiações ionizantes ou substâncias radioativas. NR-17 – Ergonomia: esta norma estabelece os parâmetros que per- mitam a adaptação das condições de trabalho às características psi- cofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o conforto, a segurança e o desempenho suficiente ao colaborador. NR-18 – Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção: norma que tem como objetivo estabelecer diretrizes de ordem 32 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . administrativa, de planejamento e de organização, que visam à imple- mentação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indús- tria da construção. NR-19 – Explosivos: de acordo com esta norma, é considerado ex- plosivo o material ou substância que, quando iniciada, sofre decompo- sição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão. NR-20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis: é a norma que estabelece as diretrizes para a segurança e a saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis. NR-21 – Trabalhos a Céu Aberto: esta norma estabelece as diretrizes para trabalhos a céu aberto. NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: norma que estabelece medidas para o controle dos riscos existentes no setor de mineração. NR-23 – Proteção contra Incêndios: esta norma estabelece que to- dos os empregadores devem adotar medidas de proteção de incêndios, em conformidade com a legislação e as normas técnicas aplicáveis. NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: norma que define todas as diretrizes relacionadas às condições sanitá- rias e de conforto nos locais de trabalho. NR-25 – Resíduos Industriais: estabelece os meios de prevenção quanto ao descarte dos resíduos. NR-26 – Sinalização de Segurança: é a norma que regulamenta a cor na segurança do trabalho, bem como estabelece as regras de sinaliza- ção de segurança nos locais de trabalho. NR-27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho: esta norma foi revogada em 12 de junho de 1990, pela Portaria DSST n. 6. 33 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NR-28 – Fiscalização e Penalidades: norma que estabelece os pro- cedimentos a serem adotados pela fiscalização de segurança e saúde do trabalho. NR-29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: norma que esta- belece medidas para o controle dos riscos existentes no setor portuário, aplicada para operações tanto a bordo como em terra. NR-30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: norma que re- gulamenta as condições de trabalho aquaviário, relativo a toda embar- cação de bandeira nacional ou estrangeira. NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura: norma que regulamenta as condições de trabalho nos ambientes rurais. NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde: nor- ma que regulamenta as condições de trabalho na área de saúde. NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados: norma que regulamenta as condições de trabalho em espaços confinados. NR-34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, Reparação e Desmonte Naval: norma que regulamenta as condições de trabalho na indústria da construção e reparação naval, estabelecendo medidas de prevenção à segurança, à saúde e ao meio ambiente nesta atividade. NR-35 – Trabalho em Altura: esta é a norma que regulamenta as con- dições de trabalho para as atividades em altura. NR-36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados: norma que regulamenta as con- dições de trabalho na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano. 34 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . NR-37 – Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo: estabelece os requisitos mínimos de segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB). PARA PENSAR Agora que você já conhece todas as normas regulamentadoras, tente identificar todas as normas aplicáveis à sua empresa e verifique como estão as atividades relacionadas ao atendimento de cada norma. Considerações finais Neste capítulo, pudemos entender como se deu a evolução histórica do trabalho, da saúde e da segurança do trabalho. Estudamos também os princípios norteadores da higiene ocupacional e da segurança do trabalho e a maneira que os empregadores devem desdobrar suas es- tratégias voltadas à promoção de boas condições de trabalho aos seus colaboradores. Também foram apresentadas as 37 normas regulamentadoras (NRs), destacando seus objetivos e foco de atuação. Vale salientar que, além de atender aos requisitos estabelecidos nessas normas, as em- presas também deverão atender às determinações de outras normas complementares. Por fim, o mais importante a ser ressaltado é a preocupação com a prevenção de acidentes e com as boas condições de trabalho, destaca- das nos preceitos estabelecidos pela higieneocupacional, pela seguran- ça do trabalho e pelas normas regulamentadoras. 35 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Referências BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 11 ago. 2021. BRASIL. Normas regulamentadoras. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguran- ca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras?b_start:int=20. Acesso em: 11 ago. 2021. BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional: agentes biológicos, químicos e físicos. 10. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020. CORREA, Glaucia Garanhani. Atenção à saúde do trabalhador. Curitiba: Contentus, 2020. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão dos programas ocupacionais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. SILVA, Agenor; REZENDE, Mardele; TAVEIRA, Paulo. Segurança do trabalho e meio ambiente: o diferencial da dupla atuação. São Paulo: Érica, 2019. https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguran http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao 37 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais Neste capítulo, vamos estudar os fundamentos do acidente do tra- balho e suas práticas legais. Por mais que as empresas implementem ações voltadas à saúde e à segurança dos seus colaboradores, infeliz- mente jamais conseguirão eliminar totalmente os riscos de acidentes no ambiente de trabalho. Assim, cada evento acaba servindo como uma orientação para a implementação de melhorias e de ações preventivas, sempre visando proteger os trabalhadores. A promoção do bem-estar no ambiente de trabalho proporcionando condições salubres e seguras para que os 38 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . colaboradores possam realizar suas atividades laborais deve ser um ob- jetivo permanente para que as organizações desenvolvam uma cultura de segurança. 1 Conceito de acidente do trabalho Para que possamos estudar o conceito de acidente do trabalho, é importante compreendermos o contexto em que esses acidentes ocor- rem nas empresas. Sabemos que não existe uma causa única para a ocorrência de acidentes, assim como também não existe uma única maneira para a sua prevenção. Basicamente, todo estudo realizado pela segurança do trabalho envolve duas forças opostas, ou seja, os fatores de risco (que atuam no sentido de provocar acidentes e doenças) e a função segurança (que atua para prevenir, evitar ou pelo menos reduzir os efeitos dos fatores de risco) (ROSSETE, 2015). Considerando esse contexto, a segurança do trabalho aborda o tema acidente do trabalho sob dois enfoques: legal e prevencionista. Sob a ótica prevencionista, o conceito aborda o acidente do trabalho não so- mente como uma causa de dano real ao trabalhador ou ao patrimônio, mas principalmente como uma prevenção, por meio da antecipação de certo evento que, sob o olhar prevencionista dos profissionais envol- vidos com a segurança do trabalho na empresa, possa desencadear, por diversos incidentes (ou quase acidentes), uma pequena lesão, uma grave lesão ou até mesmo um acidente fatal (morte do trabalhador) (BARSANO; BARBOSA, 2018). IMPORTANTE Acidente do trabalho é um evento inesperado e indesejado que traz al- gum tipo de dano ao trabalhador. 39 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O acidente de trabalho é um evento ou ocorrência que não foi pro- gramado, que ocorre na maioria das vezes de maneira inesperada, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, causan- do danos materiais, lesões nos trabalhadores e perda de tempo. Desse modo, é primordial que a empresa estabeleça um processo de preven- ção de acidentes e adote metodologias para estudar as atividades labo- rais, visando investigar e registrar as ocorrências para que possam ser desdobradas as ações de prevenção. O conceito legal de acidente do trabalho é apresentado pela Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Esta lei estabelece os critérios e concei- tos sobre acidentes do trabalho. O art. 19 da lei define: “acidente do tra- balho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho” (BRASIL, 1991). Um acidente típico é o acidente que ocorre pelo exercício do traba- lho a serviço da empresa, ou seja, aquele que se amolda perfeitamente como descrito no art. 19 da Lei n. 8.213 de 1991 (ROSSETE, 2015). De acordo com o tipo de acidente ocorrido, o trabalhador poderá ser afas- tado ou não de suas atividades laborais, assim, o acidente pode ser: • Sem afastamento: quando o trabalhador, após o acidente, já retor- na ao trabalho no dia imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente. • Com afastamento: quando o trabalhador, após o acidente, se au- senta do trabalho. O afastamento do trabalhador é em decorrên- cia de sua incapacidade para a realização da atividade laboral, esta incapacidade pode ser classificada ainda como: ◦ incapacidade temporária – ocorre quando o trabalhador se afasta, mas, em seu retorno, consegue desenvolver suas atividades; 40 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .◦ incapacidade permanente parcial – ocorre quando o trabalha- dor, ao retornar ao trabalho, volta sem as mesmas condições laborais, permanecendo com certa redução de sua capacida- de para a realização das suas atividades laborais; ◦ incapacidade total permanente – ocorre quando o trabalhador fica impossibilitado de retornar ao trabalho, tornando-se inváli- do para o exercício de atividades laborais; ◦ morte – quando o trabalhador vem a óbito em decorrência de acidente do trabalho. A Lei n. 8.213 de 1991 equipara igualmente a acidente do trabalho outros infortúnios sofridos pelo trabalhador em situações específicas (OLIVEIRA, 2018). Segundo o art. 21 dessa lei: A Previdência Social classifica como acidente de trabalho: a. o acidenteligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do trabalhador, para perda ou redução da sua capacidade para o trabalho, ou que tenha produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; b. o acidente sofrido pelo trabalhador no local e horário do trabalho, em consequência de: ◦ ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; ◦ ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; ◦ ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho; ◦ ato de pessoa privada do uso da razão; 41 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ◦ desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; c. a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; d. o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho: ◦ na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; ◦ na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; ◦ em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de- obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado; ◦ acidente de trajeto: o acidente sofrido no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (BRASIL, 1991) Essa mesma lei também equipara a acidente do trabalho as doenças profissionais e do trabalho que serão tratadas a seguir. 42 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2 Doenças ocupacionais: doença profissional e doença do trabalho (saúde e doença) Antes de estudarmos o conceito de doença ocupacional, deve- mos entender que o conceito de saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se refere ao estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade. Entretanto, sabemos que os trabalhadores podem adqui- rir doenças em função de causas relacionadas ao trabalho, como resul- tado da profissão exercida ou que exerceu anteriormente, ou pelas con- dições adversas em que o seu trabalho foi realizado (OLIVEIRA, 2018). Nesse contexto, é importante destacar que a saúde é mundialmente reconhecida como um direito de todo ser humano e a sua manutenção é um direito social estabelecido em nossa Constituição. A Constituição Brasileira publicada em 1988 estabelece no art. 6 do Capítulo II – Dos Direitos Sociais que: “são direitos sociais a educação, a saúde, o traba- lho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados” (BRASIL, 1988). O conceito de doença ocupacional está previsto em lei, na qual é equiparada também a acidente do trabalho, tendo em vista que as doen- ças, de um modo ou de outro, se relacionam com determinada atividade realizada no ambiente de trabalho (OLIVEIRA, 2018). Assim, de acordo com a Lei n. 8.213 de 1991, também são conside- radas acidente do trabalho (BRASIL, 1991): • Doença profissional: doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Por exemplo, asma ocupacional, dermatose ocu- pacional, saturnismo (exposição ao chumbo), estresse ocupacio- nal, pneumoconiose e câncer por exposição a produtos químicos. 43 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Doença do trabalho: doença adquirida ou desencadeada em fun- ção de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Por exemplo, perda auditiva, lesão por esforço repetitivo (LER), distúr- bios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), depres- são e cegueira. Vale ressaltar que, de acordo com essa mesma lei, não são conside- radas como doença do trabalho (BRASIL, 1991): • Doença degenerativa. • Doença inerente a grupo etário. • Doença que não produz incapacidade laborativa. • Doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva, salvo se comprovado que resultou de ex- posição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Um aspecto importante a ser destacado é que, apesar dos conceitos de acidente do trabalho e de doenças ocupacionais serem tratados com grande preocupação pelas empresas e pelos seus colaboradores, sabe- mos que, infelizmente, muitos acidentes de trabalho ocorrem diariamente nas empresas e, a partir do momento em que ele ocorre, a empresa pre- cisa tomar uma série de providências, entre elas comunicar a Previdência Social, conforme será apresentado a seguir. 3 Comunicado de acidente do trabalho – CAT e dia do acidente Antes de estudarmos como deve ser realizado o comunicado de acidente do trabalho, é importante conhecermos quais são as causas dos acidentes de trabalho. Vale ressaltar que, na maioria das vezes, 44 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .essas causas são complexas, pois existem fatores que atuam direta ou indiretamente no desencadeamento de um acidente. Basicamente, os acidentes de trabalho ocorrem sobretudo em razão de dois fatores (BARSANO; BARBOSA, 2018): • Ato inseguro: ato praticado pelo indivíduo, consciente (quando ele sabe que está se expondo ao perigo), inconsciente (quando ele não sabe que está se expondo ao perigo) ou circunstancial (quan- do algo mais forte o leva a praticar uma ação insegura). • Condição insegura: quando é o ambiente de trabalho que expõe o trabalhador ou as instalações e os equipamentos ao risco. NA PRÁTICA São exemplos de atos inseguros: colocar alguma parte do corpo em um lugar perigoso, ficar junto ou sob cargas suspensas, usar máquinas sem habilitação, limpar máquinas em movimento, fazer brincadeiras e prati- car exibicionismo durante a atividade laboral, usar roupas inadequadas, não usar os equipamentos de proteção individual. São exemplos de condições inseguras: falta de ordem e de limpeza, ventilação e/ou iluminação inadequadas, falta de espaço, passagens perigosas, falta de proteção em máquinas e equipamentos,defeitos nas edificações (como vazamentos e instalações danificadas), desvios ou improvisação nos processos ou falta/falha de manutenção (as chama- das “gambiarras”, que ocorrem no dia a dia das empresas) (BARSANO; BARBOSA, 2018, p. 8). Também devemos destacar o fator pessoal de insegurança que ocorre quando o trabalhador executa suas atividades laborais desmo- tivado, em más condições físicas, sem nenhuma experiência, etc. Por exemplo: trabalhar embriagado, trabalhar doente (com alguma deficiên- cia física, psíquica, etc.), ser dependente de drogas, estresse, depressão, ter problemas familiares e/ou financeiros, entre outros. 45 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Quando ocorre um acidente do trabalho ou a verificação da uma doença ocupacional, a empresa e o empregador doméstico devem co- municar o infortúnio à Previdência Social por meio de um documento denominado Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). A CAT é um documento oficial padronizado e uma fonte de informações sobre os acidentes do trabalho para a Previdência Social, que recolhe e processa as informações recebidas (ROSSETE, 2015). 3.1 Emissão da CAT exclusivamente eletrônica A CAT deve ser feita pela empresa e enviada à Previdência Social, dentro do prazo legal, independentemente de ter havido ou não o afasta- mento do trabalhador. É uma obrigação legal do empregador, amparada pela Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e que afirma em seus arts. 22 e 23: A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de con- tribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. (BRASIL, 1991) Vale ressaltar que, com a publicação da Portaria SEPRT/ME n. 4.334, de 15 de abril 2021, pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, o procedimento para a emissão da CAT foi alterado. De acordo com essa nova portaria, a CAT será cadastrada exclusivamente por meio eletrônico, de tal modo que, a partir de sua vigência, não será mais possível o protocolo físico do documento nas agências da Previdência Social (BRASIL, 2021). A emissão da CAT, exclusivamente eletrônica, deve ser realizada pelo eSocial, seguindo a orientação estabelecida no Manual de Orientação do eSocial (MOS), que está disponível no site do eSocial na internet (BRASIL, 2021). 46 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Assim, a CAT deve ser emitida pelo empregador, inclusive o domésti- co, em relação aos empregados, ou pela empresa tomadora de serviço, ou na sua falta, pelo sindicato da categoria ou órgão gestor de mão de obra, em relação ao trabalhador avulso (BRASIL, 2021). Todos os campos da CAT deverão ser preenchidos com a transcri- ção fiel dos dados informados no atestado médico. As informações que deverão ser prestadas são: os dados de identificação (qual o tipo de emitente, qual o tipo de CAT, qual a iniciativa da CAT e qual a fonte de emissão); os dados do emitente; os dados do acidentado; as informa- ções sobre o acidente; e as informações do atestado médico. As orien- tações para o preenchimento da CAT podem ser obtidas no Manual de Orientação do eSocial (MOS) e no site da Previdência Social. Após preencher a CAT, o trabalhador, com as respectivas testemu- nhas, deve se dirigir a um serviço de saúde (ambulatório da empresa, hospital, etc.), no qual um médico preencherá o laudo de exame médico. Se o acidente promover um afastamento superior a 15 dias, o trabalhador adquire estabilidade de 12 meses, contados a partir do seu retorno ao tra- balho, não podendo ser dispensado, salvo em caso de justa causa. Desse modo, o acidentado deverá se dirigir ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para promover a caracterização do acidente do trabalho. Vale destacar que, na falta de emissão da CAT por parte da empresa, de acordo com o art. 22 da Lei n. 8.213/1991, podem formalizá-la: o pró- prio acidentado ou seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que prestou o primeiro atendimento ou qualquer autoridade pública; esta formalização dever ser feita pelo site da Previdência Social (BRASIL, 1991). A determinação legal de entrega, pelo empregador, de cópia fiel da CAT ao acidentado ou dependentes e ao sindicato, contida no parágrafo 1o do art. 22 da Lei n. 8.213/1991, ocorrerá (BRASIL, 1991): 47 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • No caso de envio da CAT pelo eSocial, pela entrega de formulário com o modelo previsto no anexo da portaria, com cópia fiel dos dados enviados no eSocial. • No caso de envio da CAT pelo site da Previdência, pela impressão do formulário disponibilizado pelo sistema após o preenchimento do documento. O cadastramento eletrônico da CAT, pelo eSocial ou pelo site da Previdência, corresponde ao cumprimento da obrigação do empregador previsto no art. 22 da Lei n. 8.213/1991. 3.2 Dia do acidente Outro aspecto importante a ser ressaltado é o dia do acidente. De acordo com o art. 23, da Lei n. 8.213/1991, considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (BRASIL, 1991). Assim, a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas co- letivas e individuais de proteção e segurança da saúde dos trabalhado- res, com o intuito de evitar a ocorrência de acidentes do trabalho e de doenças profissionais (ROMAR; LENZA, 2021). PARA SABER MAIS Para conhecer a teoria da responsabilidade do empregador, ver o item 13.5 “Acidente do trabalho” do livro Direito do trabalho, 7. ed., de Carla T. M. Romar e Pedro Lenza (2021). 48 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Um aspecto importante a ser considerado para a caracterização do acidente do trabalho é o nexo técnico epidemiológico. A seguir, vamos conhecer este conceito. 4 Nexo técnico epidemiológico Quando se trata do tema acidente do trabalho, surge uma questão importante, que é a caracterização de doenças e acidentes que estão correlacionados com a atividade laboral. O método que deve ser utiliza- do para essa caracterização é o nexo técnico epidemiológico previden- ciário (NTEP). O NTEP foi instituído pela Lei n. 11.430, de 26 de dezembro de 2006, que introduziu um novo artigo à Lei n. 8.213/1991, permitindo ao peritodo INSS a conexão de peculiaridades individuais do empregado (saúde e atividade profissional do trabalhador) com os elementos coletivos la- borais. O art. 21 da Lei n. 11.430, diz o seguinte: A perícia médica do INSS considerará caracterizada a natureza aci- dentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo téc- nico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da rela- ção entre a atividade da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Classificação Internacional de Doen- ças – CID, em conformidade com o que dispuser o regulamento. § 1o A perícia médica do INSS deixará de aplicar o disposto neste artigo quando demonstrada a inexistência do nexo de que trata o caput deste artigo. § 2o A empresa poderá requerer a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso com efeito sus- pensivo, da empresa ou do segurado, ao Conselho de Recursos da Previdência Social. (BRASIL, 2006) 49 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O NTEP é obtido pelo cruzamento das informações do código da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e do código da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), e aponta a existência de uma relação entre a lesão ou agravo e a atividade desen- volvida pelo trabalhador na empresa. PARA PENSAR Na empresa onde trabalha, você já presenciou algum acidente do traba- lho? Como foi conduzida a situação? Considerações finais Neste capítulo, estudamos o conceito de acidente do trabalho sob a ótica previdenciária e legal, bem como as principais causas dos aciden- tes, ou seja, os atos inseguros, as condições inseguras para a realização do trabalho e os fatores pessoais de insegurança. Conhecemos também os conceitos de doenças ocupacionais, doen- ça profissional e doença do trabalho, que são consideradas acidente do trabalho. Tratamos ainda dos procedimentos administrativos relacionados à ocorrência do acidente do trabalho, mais especificamente a CAT e o dia do acidente. Por fim, estudamos o conceito de nexo técnico epidemiológico, utili- zado pelo perito do INSS para a caracterização das doenças e acidentes que estão correlacionadas com a atividade laboral. 50 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Referências BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 18 ago. 2021. BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 jul. 1991. BRASIL. Lei n. 11.430, de 26 de dezembro de 2006. Altera as Leis n. 8.213, de 24 de julho de 1991, e n. 9.796, de 5 de maio de 1999, aumenta o valor dos benefícios da previdência social; e revoga a Medida Provisória n. 316, de 11 de agosto de 2006; dispositivos das Leis n. 8.213, de 24 de julho de 1991, n. 8.444, de 20 de julho de 1992, e da Medida Provisória n. 2.187-13, de 24 de agosto de 2001; e a Lei n. 10.699, de 9 de julho de 2003. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 dez. 2006. BRASIL. Portaria SEPRT/ME n. 4.334, de 15 de abril de 2021. Dispõe sobre o procedimento e as informações para a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), de que trata o art. 22 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. (Processo n. 10132.100084/2021-71). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 abr. 2021. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão dos programas ocupacionais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROMAR, Carla Teresa Martins; LENZA, Pedro. Direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. E-book. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao 51 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 4 Reflexos dos acidentes do trabalho Neste capítulo, apresentaremos informações sobre as consequên- cias dos acidentes do trabalho. É fato que as empresas devem investir em ações voltadas à prevenção de acidentes, entretanto, mesmo fazen- do os investimentos e realizando as ações necessárias, infelizmente, toda empresa está sujeita à ocorrência de eventos inesperados, ou seja, os acidentes. Os acidentes podem trazer reflexos significativos tanto para a em- presa quanto para o trabalhador acidentado, assim, vamos estudar os reflexos dos acidentes do trabalho considerando os enfoques social, econômico, jurídico, previdenciário e epidemiológico. 52 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Também serão tratadas as responsabilidades do empregador decor- rentes do acidente do trabalho sob a ótica trabalhista, tributária, civil e penal. Essas informações são muito importantes para que as empresas possam conduzir o processo pós-acidente de maneira adequada não só na perspectiva administrativa, como também na legal. 1 Enfoque social, econômico, jurídico, previdenciário e epidemiológico do acidente do trabalho Podemos afirmar que o objetivo da segurança do trabalho é tentar eliminar ou pelo menos minimizar as ocorrências de acidentes e doen- ças relacionadas ao trabalho, promovendo saúde e bem-estar aos tra- balhadores (ROSSETE, 2015). Entretanto, sabemos que, mesmo que as empresas adotem todas as medidas de segurança de maneira adequa- da, elas não estarão isentas da ocorrência de acidentes do trabalho. Os reflexos do acidente podem resultar em danos físicos e até mes- mo a morte do trabalhador ou danos materiais e econômicos para a empresa. Ao longo dos anos, muitos estudos foram realizados visando encontrar uma relação de causa e efeito para os diversos eventos em organizações de diferentes segmentos, analisando as frequências dos acidentes e incidentes do trabalho. Entre os diversos estudos realizados, podemos destacar o trabalho de Frank Bird Jr., que, após analisar diversos casos, publicou em 1966 estudos que contemplavam não só as lesões decorrentes dos acidentes como também os danos à propriedade e os prejuízos decorrentes das paralisações de produção causadas por acidentes. Após a realização desses estudos, Bird Jr. concluiu que, para cada acidente grave (com afastamento), havia cerca de dez acidentes sem afastamento, trinta acidentes com danos materiais e cerca de seiscentos incidentes sem danos pessoais ou materiais. Essa relação, apresentada a seguir na fi- gura 1, é conhecida como pirâmide de Frank Bird Jr. (ROSSETE, 2015). 53 Reflexos dos acidentes do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculadoem curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 1 – Pirâmide de Frank Bird Jr. 1 10 30 600 Acidente com consequências graves ou inabilitações 10 acidentes com lesões leves 30 acidentes com danos materiais 600 incidentes Fonte: adaptado de Rossete (2015, p. 33). Vale ressaltar que, para chegar a essa conclusão, Frank Bird Jr. estu- dou cerca de dois milhões de acidentes em quase trezentas empresas diferentes. Interpretando as informações apresentadas na pirâmide, po- demos dizer que os incidentes e acidentes com menores consequên- cias têm uma frequência muito maior quando comparados aos aciden- tes com reflexos mais graves. Assim, podemos afirmar que cada empresa deve ter a sua própria pirâmide, no entanto, de uma maneira geral e de acordo com a pirâmide de Bird Jr., à medida que aumenta a ocorrência de incidentes, aumenta também a probabilidade de ocorrência de um acidente. Os acidentes de trabalho causam prejuízos a todos. A empresa per- de mão de obra qualificada, vê sua imagem comprometida e perde pro- dutividade, além de assumir os gastos com hospital, medicamentos, apoio psicossocial e indenizações. O governo perde com pagamento de pensões e aposentadorias precoces, ou seja, o contribuinte também paga pelo prejuízo. Entretanto, quem mais sofre são os trabalhadores e suas famílias, com a redução de renda, envolvimento de familiares no cuidado do aci- dentado, gastos com tratamento, além da dor física e psicológica. 54 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . IMPORTANTE Um acidente do trabalho gera prejuízos ao trabalhador, ao empregador e ao país. Ao estudarmos um acidente, podemos adotar enfoques distintos considerando as variáveis que envolvem a ocorrência do evento. Para Guimarães (2000 apud Rossete, 2015), acidentes do trabalho podem ter quatro enfoques: social, econômico, jurídico e epidemiológico. Figura 2 – Os quatro enfoques do acidente do trabalho 1 – Social 2 – Econômico 3 – Jurídico 4 – Epidemiológico • Enfoque social: é a incapacidade permanente, ou mesmo tempo- rária, da vítima, o sofrimento do acidentado e de sua família, além da sobrecarga do sistema previdenciário, afetando a sociedade em geral. O acidente influencia a vida social do acidentado, de modo que a vítima inicia uma trajetória de sofrimento e humi- lhações decorrentes do tipo de assistência que passa a receber, somando-se à sua fragilidade emocional e ao abatimento moral por que passa toda a sua família. Esses fatores podem ser mais críticos em função da gravidade do acidente, da incapacidade permanente da vítima e do falecimento do trabalhador. • Enfoque econômico: envolve os custos do acidentado, da equi- pe, do transporte, do equipamento e do material danificado, dos supervisores, além das despesas jurídicas, dos danos à imagem da empresa, da redução da competitividade desta, da redução 55 Reflexos dos acidentes do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. da moral dos funcionários e da queda nos níveis de produção de bens ou serviços, aumentando, consequentemente, os custos operacionais e diminuindo o lucro. • Enfoque jurídico: refere-se às leis de acidente de trabalho. Estas, em geral, não são cumpridas, ficando o empregador sem a devida punição, e o trabalhador, à mercê da sua própria sorte. • Enfoque epidemiológico: relaciona-se à descrição da localização e da classificação das lesões decorrentes do acidente do trabalho e das doenças profissionais. Devemos acrescentar a essa abordagem um quinto enfoque, o en- foque previdenciário, que se relaciona com as prestações previdenci- árias cabíveis, concedidas, mantidas, pagas e reajustadas na forma e de acordo com os prazos previstos na legislação de Previdência Social. Considerando cada um dos enfoques, fica fácil compreender a im- portância da segurança do trabalho, pois, quanto maiores forem os cui- dados e as ações em segurança, menor será a probabilidade de ocor- rência de danos, acidentes, lesões, mutilações ou até mesmo morte. Um método interessante e que pode ser utilizado pelas empresas visando implementar ações voltadas à prevenção de acidentes do trabalho é o método de abordagem holística (CARDELLA, 1999 apud ROSSETE, 2015). Essa abordagem considera os conceitos a seguir. • Acidente: fenômeno complexo, composto de fatores físicos, bio- lógicos, psicológicos, sociais e culturais. • Função segurança: conjunto de ações para reduzir a frequência e a intensidade dos riscos. • Risco bruto: risco inerente a cada atividade, se não houver a fun- ção segurança. • Risco líquido: risco bruto reduzido pela função segurança. 56 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Note que, mesmo que uma empresa adote essa abordagem, não es- tará isenta da ocorrência dos acidentes, por isso, o tema é tão importan- te para a gestão da segurança do trabalho nas organizações. A seguir, vamos conhecer quais são as responsabilidades do empre- gador decorrentes do acidente do trabalho. 2 Responsabilidades do empregador decorrentes do acidente do trabalho (trabalhista, tributária, civil e penal) Quando um trabalhador sofre um acidente do trabalho, uma série de consequências reflete negativamente na organização, de maneira prática, legal e jurídica efetivamente ou em potencial. Os reflexos são sociais, cíveis, penais e previdenciários, portanto, é importante destacar as responsabilidades do empregador decorrentes do acidente do traba- lho (OLIVEIRA, 2018). NA PRÁTICA Quando se avalia se há responsabilidade do trabalhador, é importante considerar que: A responsabilidade do empregador por acidente do trabalho é subjetiva. No entanto, considerando que é obrigação do empregador adotar todas as medidas necessárias e decorrentes da lei para garantir a incolumidade física de seus empregados, mantendo, para isso, um meio ambiente salubre e sem riscos, presume-se que o acidente decorreu de culpa do em- pregador, cabendo, no entanto, prova em sentido contrário. (ROMAR; LENZA, 2021, [n. p.]) 57 Reflexos dos acidentes do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A organização deve estar ciente de suas responsabilidades legais referentes à proteção do ambiente de trabalho. As responsabilidades do empregador em relação à ocorrência dos acidentes podem ser divididas sob quatro óticas distintas: trabalhista, tributária, civil e penal. 2.1 Responsabilidade trabalhista A responsabilidade trabalhista do empregador na ocorrência de aci- dentes se refere às questões que envolvem estabilidade no emprego, dispensa indireta e possíveis multas. A empresa tem a obrigação de manter o empregado acidentado em seutrabalho no período de doze meses, o trabalhador que sofre um acidente passa a ter estabilidade. Isso está previsto no art. 118 da Lei n. 8.213/1991, que dispõe: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença aci- dentário, independentemente da percepção do auxílio-acidente. (BRASIL, 1991) 2.1.1 Auxílio-doença O auxílio-doença é um benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS acometido por uma doença ou acidente que o torne tempora- riamente incapaz para o trabalho (BARSANO; BARBOSA, 2018). A Lei n. 8.213/1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, define em seus arts. 59 e 60: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que ficar incapa- citado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. 58 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral da Previdência Social já portador da doen- ça ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quan- do a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agrava- mento dessa doença ou lesão. Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto permanecer incapaz (BRASIL, 1991). Por exemplo, se um empregado for submetido a uma cirurgia de emergência decorrente de apendicite, e dela tiver complicações que acarreta o seu afastamento por 60 dias, o empregador terá obrigação de pagar o seu salário até o 15o dia, a partir do 16o dia, o empregado na qualidade de segurado do INSS receberá o auxílio-doença até a alta médica, certificada pelo médico da Previdência Social. Outro aspecto importante a ser considerado é a chamada estabili- dade provisória. Se o segurado estiver em auxílio-doença em virtude de ter sofrido acidente do trabalho (a partir do 16o dia de afastamento), ele terá estabilidade provisória por um período de 12 meses após o retorno (BRASIL, 1991). Por exemplo, o empregado no exercício de suas atividades laborais so- fre uma queda que resulta na fratura de um dos seus braços. A empresa, ciente de suas responsabilidades, expediu a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), e encaminhou o empregado acidentado para o devido atendimento médico. O tratamento médico culminou em cirurgia e afas- tamento do empregado por um prazo de 90 dias. O empregador efetuou o pagamento dos 15 primeiros dias de afastamento, sendo os demais custeados pela Previdência Social, por meio do auxílio-doença em virtu- de de ter sofrido um acidente do trabalho. Assim que for concedida a alta médica pelo médico da Previdência Social, o empregado passará a ter estabilidade de emprego pelo prazo de 12 meses. 59 Reflexos dos acidentes do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2.1.2 Auxílio-acidente O auxílio-acidente está embasado pelo art. 86 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. De acordo com esse artigo, o auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (BRASIL, 1991) O auxílio-acidente mensal corresponderá a 50% do salário de benefí- cio e será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado (BRASIL, 1991). O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessa- ção do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria (BRASIL, 1991). O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente (BRASIL, 1991). Importante destacar que a perda de audição, em qualquer grau, so- mente proporcionará a concessão do auxílio-acidente quando, além do reconhecimento da causalidade entre o trabalho e a doença, resultar comprovadamente em redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (BRASIL, 1991). 2.2 Responsabilidade tributária A legislação previdenciária foi alterada nos últimos anos por gerar custos significativos não só para as empresas como também para todo 60 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . o aparato estatal. Assim, essas alterações têm como principal objetivo reduzir a incidência de acidentes do trabalho na concepção ampla da expressão e também reduzir o déficit do sistema previdenciário. As empresas são responsáveis pelo pagamento do Seguro de Aci- dentes do Trabalho (SAT). O SAT é uma contribuição paga à Pre- vidência Social para cobrir as despesas com benefícios decorren- tes de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. (OLIVEIRA, 2018, p. 36) Resumidamente, o Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT) e o Fator Acidentário de Prevenção (FAP) consideram, para os respectivos cálcu- los, o número de acidentes e doenças do trabalho ocorridos no âmbito da empresa, comparando-os com os números das médias de acidentes e doenças ocorridos em todas as empresas pertencentes ao mesmo ramo de atuação (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016 apud OLIVEIRA, 2018). Essa contribuição é feita na forma de tributo que incide sobre a re- muneração paga pela empresa aos seus empregados e trabalhadores avulsos. A alíquota do SAT a ser paga é definida pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) em uma tabela que esta- belece o grau de risco de cada empresa de acordo com a sua atividade. Desse modo, é possível verificar facilmente o grau de risco de ocorrên- cia de acidente do trabalho ou doença ocupacional em cada atividade econômica; e, com essa informação, será possível definir a alíquota do SAT a ser paga. O SAT, em sua concepção original, estava associado somente ao custeio dos benefícios acidentários, porém, após a publicação da Lei n. 9.732/1998, foi incluído também o custeio do benefício de aposentado- ria especial (BRASIL, 1998). É importante ressaltar que as organizações com menores números de acidentes do trabalho terão uma redução do imposto do SAT em até 50%, pagando a metade do imposto em tese a ser recolhido aos cofres 61 Reflexos dos acidentes do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. públicos. No entanto, as empresas com maior número de acidentes do trabalho terão o valor do SAT aumentado em até 100%, podendopagar o imposto devido em até duas vezes (OLIVEIRA, 2018). 2.3 Responsabilidade civil A responsabilidade civil é manifestada a partir do momento em que um direito do trabalhador é violado pela empresa, o que a obriga a indenizar os prejuízos causados à vítima por sua conduta causadora de prejuízos. Portanto, quando o colaborador for lesado, seja em relação à sua in- tegridade física ou à sua saúde, em decorrência da atividade laborativa, ou seja, com nexo de causalidade em relação ao trabalho realizado na empresa ou a serviço dela, ele terá o direito de ser indenizado, de modo proporcional ao mal que lhe foi causado (OLIVEIRA, 2018). De acordo com o art. 927 do Código Civil: “aquele que causa um dano a outrem tem a obrigação de repará-lo” (BRASIL, 2002). Assim, a partir do momento em que ocorre um acidente do trabalho ou o trabalhador adoece, a empresa deverá atender aos aspectos legais, indenizando o empregado pelo acidente ou pela doença do trabalho para a reparação do mal sofrido. A responsabilidade civil pode ser traduzida em indenização pecuniá- ria, ou seja, o pagamento em dinheiro para a vítima, com o objetivo de amenizar o seu sofrimento. Existem basicamente dois tipos de compensações financeiras às quais o trabalhador terá direito quando sofrer um acidente do trabalho: • Indenização por responsabilidade civil a cargo da empresa empregadora. Neste caso, é necessária a prova de culpa da empresa e não se avalia se o trabalhador ficou incapaz de exercer a sua atividade laboral, somente se avalia a prova do dano. 62 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Recebimento dos benefícios e serviços por parte da Previdência Social, representada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nesta situação, não é necessária a prova de culpabilidade da empresa, porém, exige-se a prova de incapacidade ou óbito do trabalhador. 2.4 Responsabilidade penal De acordo com o Código Penal brasileiro, mais especificamente nos arts. 121, 129 e 132, a responsabilidade penal pode ser caracterizada não só pela ocorrência de acidentes do trabalho como também pelo descumprimento de normas de higiene, saúde e segurança do trabalho, expondo a riscos e perigo a vida dos trabalhadores, o que caracteriza os crimes de homicídio, lesões corporais ou de perigo comum por conduta dolosa ou culposa do empregador ou dos responsáveis pela segurança do trabalhador (MELO, 2016; OLIVEIRA, 2018). A Lei n. 8.213/1991, art. 19, parágrafo 2o, considera que “é contra- venção penal, punível com multa, a empresa descumprir as normas de segurança e higiene do trabalho” (BRASIL, 1991). Vale destacar que a responsabilidade penal é pessoal (do emprega- dor, do tomador de serviços, do preposto, do membro da Cipa, do enge- nheiro de segurança, etc.), isso merece um destaque importante para os envolvidos que muitas vezes desconhecem a sua real responsabili- dade quando do descumprimento das normas de segurança e higiene do trabalho nas empresas. Essa responsabilidade, de acordo como o Código Penal, será caracterizada não só pela ocorrência do acidente do trabalho, quando a ação ou a omissão decorre de dolo ou culpa, mas também pelo descumprimento das normas de segurança, higiene e me- dicina do trabalho, expondo-se ao risco e perigo para vida dos trabalha- dores (MELO, 2016). 63 Reflexos dos acidentes do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Como ocorre nas relações trabalhistas, a responsabilidade penal re- cai sobre o gestor ou preposto, de modo que os crimes não podem ser imputados à organização (pessoa jurídica). Os crimes recaem sobre as pessoas físicas, ou seja, diretores, gerentes, gestores, prepostos, etc., pois são eles os responsáveis imediatos por tomarem todas as medi- das necessárias para a preservação da integridade física e da saúde dos colaboradores da empresa que estão sob a sua responsabilidade (MELO, 2016). Figura 3 – As responsabilidades do empregador Responsabilidade Responsabilidade Responsabilidade Responsabilidade trabalhista tributária civil penal Auxílio-doença Auxílio-acidente PARA SABER MAIS Para conhecer as teorias da responsabilidade objetiva e subjetiva, ver o item 6.3 “Responsabilidade pelo acidente de trabalho” do livro Higiene e segurança do trabalho, de Paulo R. Barsano e Rildo P. Barbosa (2018). Para concluir, podemos afirmar que é responsabilidade das em- presas, independentemente de serem públicas ou privadas, assegurar boas condições de trabalho, visando manter a saúde e a segurança de seus colaboradores. A negligência ou a omissão dessa prática pode trazer grandes problemas para as empresas não só pelos desdobra- mentos que envolvem diretamente o maior prejudicado, que é sempre 64 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . o trabalhador, como também todos os aspectos legais que regulamen- tam as questões que envolvem os possíveis acidentes do trabalho. PARA PENSAR Faça uma pesquisa na empresa na qual você trabalha e tente descobrir se já houve algum acidente de trabalho. Verifique como a sua empresa realizou as ações sob a ótica trabalhista, tributária, civil e penal. Considerações finais Neste capítulo, foi possível compreender os reflexos de um acidente do trabalho sob os enfoques social, econômico, jurídico, previdenciário e epidemiológico. Apresentamos também as responsabilidades legais do empregador pela ocorrência do acidente do trabalho sob a ótica trabalhista, tribu- tária, civil e penal. O conteúdo apresentado ressalta a importância do tema para as empresas que devem estar atentas a todas as questões administrativas e técnicas, bem como aos desdobramentos legais que envolvem a ocorrência de um acidente do trabalho. Referências BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 jul. 1991. BRASIL. Lei n. 9.732, de 11 de dezembro de 1998. Altera dispositivos das Leis n. 8.212 e n. 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Lei n. 9.317, de 5 de 65 Reflexos dos acidentes do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. dezembro de 1996, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 dez. 1998. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. MELO, Raimundo Simão de. Acidentes de trabalho podem levar a responsabili- zação na esfera penal. Consultor Jurídico, 25 nov. 2016. Disponível em: https:// www.conjur.com.br/2016-nov-25/reflexoes-trabalhistas-acidentes-trabalho- podem-levar-responsabilizacao-esfera-penal. Acessoem: 30 set. 2021. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão dos programas ocupacionais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROMAR, Carla Teresa Martins; LENZA, Pedro. Direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. E-book. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. www.conjur.com.br/2016-nov-25/reflexoes-trabalhistas-acidentes-trabalho 67 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 5 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade Para que as empresas possam implementar ações para a preven- ção de acidentes, bem como proporcionar condições adequadas para que os seus colaboradores possam realizar suas atividades laborais, é fundamental ter conhecimento sobre os riscos existentes, as medidas de proteção disponíveis e os impactos causados aos trabalhadores ex- postos aos riscos. Assim, neste capítulo, estudaremos os tipos de riscos ocupacionais existentes no ambiente de trabalho, a norma regulamentadora que es- tabelece o uso do equipamento de proteção individual (EPI) e a imple- mentação e a utilização do equipamento de proteção coletiva (EPC). 68 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Estudaremos também as diferenças entre os conceitos de insalubrida- de e periculosidade, bem como suas repercussões legais. 1 Tipos de riscos ocupacionais (risco × perigo) Antes de estudarmos os tipos de riscos ocupacionais, é importan- te conhecer o conceito de ambiente do trabalho, que pode ser definido como todo espaço físico ou abstrato, que, ao interagir com o trabalha- dor, exerce a influência de maneira positiva ou negativa, alterando seu estado físico, psíquico e social, ou seja, atua direta ou indiretamente na qualidade de vida das pessoas e nos resultados dos seus trabalhos (BARSANO; BARBOSA, 2018). Figura 1 – Segurança física e psicológica Se considerarmos que os trabalhadores passam grande parte do seu tempo no ambiente de trabalho, é fundamental que as empresas imple- mentem as ações de segurança, visando garantir a integridade física e psicológica de seus colaboradores. Infelizmente, os ambientes de trabalho dos mais diversos ramos de atividade são repletos de situações que podem oferecer perigo e risco aos trabalhadores, o que demanda por parte das empresas um 69 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. processo sistematizado para a identificação e posterior controle dos perigos e riscos. Na segurança do trabalho, perigo e risco não possuem o mesmo significado. O quadro 1 a seguir apresenta a diferença entre esses conceitos (OLIVEIRA, 2020). Quadro 1 – Diferença entre os conceitos de perigo e risco Perigo Pode ser definido como quaisquer situações que exponham o trabalhador a fatores ambientais – objetos, ação ou conjunto de ações que possam gerar como resultado alguma lesão ao trabalhador ou dano à propriedade. Assim, por mais simplório que seja, tendo potencial para causar dano, deverá ser preliminar- mente considerado como perigo. Em outras palavras, o perigo é a fonte, situação ou evento com potencial para causar danos à integridade física do trabalhador, às instalações e/ou aos equipamentos do ambiente de trabalho. Desse modo, uma máquina sem proteção que exponha engrenagens em movimento, um local com piso escorregadio, uma superfície aquecida, uma área energizada, um produto químico, podem ser considerados exemplos de perigo. Risco Pode ser definido como uma forma de quantificação de um perigo, sendo ele dimensionado por meio de duas variáveis, a probabilidade de ocorrência de um evento e o seu dano potencial. Desse modo, toda vez que um perigo está presente, as variáveis probabili- dade e gravidade deverão ser analisadas. Esta análise é muito importante, pois aponta qual é o nível de atenção e de prioridade a ser dada a determinado perigo. Fonte: adaptado de Oliveira (2020). IMPORTANTE O risco está sempre associado à exposição ao perigo, é uma forma de quantificação de um perigo, dimensionado pela probabilidade de ocor- rência de um evento e o seu dano potencial (OLIVEIRA, 2020, p.11). Os riscos ambientais ou ocupacionais são aqueles que, de alguma ma- neira, possam prejudicar a integridade física ou a saúde do trabalhador. 70 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Esses riscos estão relacionados ao ambiente e ao processo de trabalho e se dividem em cinco grupos: físico, químico, biológico, ergonômico e de acidentes. Cada grupo apresenta uma série de agentes ambientais que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, podem afetar a saúde e a segurança dos trabalhadores expostos, conforme apresentado na figura 2 (ROSSETE, 2015). Figura 2 – Riscos ambientais Riscos Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos De acidentes • Riscos físicos: são considerados agentes físicos as diversas for- mas de energia a que os trabalhadores possam estar expostos, como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extre- mas, radiações ionizantes e radiações não ionizantes. • Riscos químicos: temos como agentes químicos as substâncias, os compostos ou os produtos que possam penetrar no organis- mo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo por meio da pele ou por ingestão. • Riscos biológicos: são considerados agentes biológicos as bac- térias, os fungos, os bacilos, os parasitas, os protozoários, os ví- rus, os insetos, entre outros. • Riscos ergonômicos: são considerados riscos ergonômicos aqueles decorrentes de esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso pelo trabalhador, postura inadequada, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, 71 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. monotonia e repetitividade e outras situações causadoras de es- tresse físico e/ou psíquico. • Riscos de acidentes: consideram-se riscos de acidentes arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, fer- ramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazena- mento inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes. Ter o conhecimento sobre os tipos deriscos é fundamental para que as empresas possam implementar medidas de proteção no trabalho que sejam adequadas para cada situação. Essas medidas de proteção no trabalho podem ser alcançadas por meio de medidas administra- tivas, por proteção coletiva e por proteção individual. As medidas de proteção administrativas devem ser as primeiras providências a serem tomadas pelos profissionais da segurança do trabalho, como uma ma- neira de eliminar determinado risco que coloca em perigo a integridade física e psíquica do trabalhador (BARSANO; BARBOSA, 2018). NA PRÁTICA São exemplos de medidas de proteção administrativas (BARSANO; BARBOSA, 2018): • Ordens de serviços, pareceres e instruções técnicas implantadas pelos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). • Restrições impostas pelo empregador na entrada e na saída de locais de risco. • Procedimentos de trabalho e execução de serviços. • Proibição de entrada em espaços confinados. • Preceitos de segurança e saúde no trabalho. 72 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .As ações voltadas à promoção do bem-estar, da saúde e da seguran- ça do trabalho têm como preceito básico minimizar ou eliminar o risco de acidente, bem como reduzir ou eliminar a possibilidade de um traba- lhador desenvolver alguma doença relacionada ao trabalho. Para tanto, é primordial a realização de medidas de controle de riscos. A implemen- tação dessas medidas deve seguir uma hierarquia de ações, tomando sempre como base os princípios prevencionistas. A seguir, apresentamos a hierarquia das medidas a serem tomadas. Figura 3 – Hierarquia das cinco medidas e ações prevencionistas Eliminação do risco Substituição Controle de engenharia Sinalização e bloqueio Fornecer EPI • Eliminação do risco: uma ação prevencionista prioriza sempre o trabalhador, assim, a primeira ação deve ser a tentativa de elimi- nar o risco. • Substituição: caso não seja possível eliminar o risco, a segunda alternativa deve ser a tentativa de troca ou de substituição de um material ou produto por outro que seja mais seguro. • Controle de engenharia: os controles de engenharia são também chamados de medidas físicas de controle do risco. Essa medida coletiva de proteção tem como objetivo amenizar o risco, promo- vendo algum tipo de melhoria no ambiente de trabalho. • Sinalização e bloqueio: identificar e bloquear a fonte de risco, si- nalizando para alertar a sua existência, é a quarta possibilidade na hierarquia de ações de prevenção de acidentes. 73 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Fornecer o equipamento de proteção individual: esta deve ser sempre a última opção, quando o risco não pode ser eliminado ou controlado. Conheceremos a seguir o conceito de equipamentos de proteção coletiva. 2 Equipamentos de proteção coletiva Um equipamento de proteção coletiva pode ser definido como um procedimento ou um equipamento utilizado ou projetado em um ambiente de trabalho para proteger um grupo de pessoas, durante o exercício de sua atividade laboral, que pode ser uma determinada tarefa ou qualquer atividade. Vale destacar que essas medidas são de cunho coletivo e, por isso, proporcionam segurança aos trabalhadores em uma mesma atividade (BARSANO; BARBOSA, 2018). Podemos destacar como exemplos de equipamentos de proteção coletiva: os exaustores (em uma cozinha industrial), as placas e fitas de sinalização, o corrimão em escadas e passarelas, os cones, os guarda-corpos, o projeto de enclausuramento acústico de um motor para evitar o ruído, as proteções de partes móveis das máquinas e dos equipamentos, os sensores e chaves de fim de curso, as grades de proteção contra queda de materiais, as redes de proteção, entre outros (ROSSETE, 2015). Um aspecto importante a ser ressaltado é que, como os equipamentos de proteção coletiva não dependem da vontade do trabalhador para que atenda à sua finalidade, esse tipo de equipamento deve sempre ser priori- zado em relação ao equipamento de proteção individual. A seguir, vamos conhecer o conceito e os tipos de equipamentos de proteção individual. 74 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 3 Equipamentos de proteção individual A decisão sobre a utilização de equipamento de proteção individual (EPI) em qualquer situação de trabalho deve ser adotada sempre em último caso, após serem esgotadas todas as outras medidas de prote- ção e, mesmo assim, ainda persistir o risco acima dos limites toleráveis de segurança, colocando em perigo a integridade física e psíquica do trabalhador (BARSANO; BARBOSA, 2018). De acordo com a NR-6, podemos definir um EPI como todo disposi- tivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador (BRASIL, 1978). É importante ressaltar que o EPI é um equipamento de proteção que não evita o acidente, apenas reduz a chance de que o acidente cause lesões ao trabalhador e que deve ser usado em lugares onde não é pos- sível eliminar os riscos (ROSSETE, 2015). O EPI é de uso individual, ou seja, cada trabalhador deve ter o seu. Desse modo, a empresa deve fornecer os EPIs sem custo aos trabalha- dores, em perfeito estado, nas seguintes circunstâncias (BRASIL, 1978): • Sempre que as medidas de ordem geral não oferecerem comple- ta proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doen- ças profissionais e do trabalho. • Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas. • Para atender às situações de emergência. Tanto o empregador como o empregado possuem responsabilida- des relacionadas ao equipamento de proteção individual. Essas respon- sabilidades estão definidas na NR-6, conforme apresentado a seguir (BRASIL, 1978). 75 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. a. Adquirir o equipamento adequado ao risco de cada atividade. b. Exigir o seu uso. c. Fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho. d. Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação. e. Substituir imediatamente, quando o EPI estiver danificado ou extraviado. f. Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica. g. Comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) qualquer irregularidade observada. h. Registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. (BRASIL, 1978, p. 2) É importante ressaltar a importância dessas obrigações para as empresas porque o descumprimento poderá levar a empresaa severas condenações judiciais. Assim, toda empresa deve cumprir integralmen- te suas obrigações relativas aos EPIs, realizando as ações necessárias para que todas as responsabilidades estabelecidas sejam atendidas, conforme citação a seguir (BRASIL, 1978). a. Usá-lo apenas para a finalidade a que se destina. b. Responsabilizar-se pela guarda e conservação. c. Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para o uso. d. Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. (BRASIL, 1978, p. 2-3) 76 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Considerando as responsabilidades do trabalhador em relação ao EPI e sabendo da importância de sua correta utilização, podemos destacar a conscientização dos funcionários como a melhor maneira para que a em- presa consiga fazer com que o trabalhador use o EPI apropriado em seu posto de trabalho. Essa conscientização dos funcionários pode ser rea- lizada de diversos modos, como treinamentos, vídeos instrucionais, car- tilhas, palestras de 5 minutos sobre segurança, eventos como a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat), entre outros. O Anexo I da NR-6 apresenta uma lista de EPIs, organizados pela parte do corpo que protegem, a classificação, e exemplos de cada EPI, confor- me apresentamos a seguir (BRASIL, 1978). • Cabeça: capacete, capuz e balaclava. • Olhos e face: óculos, protetor facial e máscara de solda. • Ouvidos: protetor auricular (tipo plug, tipo concha). • Trato respiratório: máscaras (com diferentes tipos de filtros). • Tronco e corpo inteiro: avental, macacão e vestimentas. • Membros superiores: luvas, cremes de proteção, mangas, braça- deiras e dedeiras. • Membros inferiores: botas, meias, perneiras, calças e calçados de segurança. • Proteção contra queda: cinto de segurança. PARA SABER MAIS Sobre as responsabilidades do fabricante e do importador e o certificado de aprovação para um EPI, fazer uma pesquisa no site do Ministério do Trabalho e Emprego e ler na íntegra o conteúdo sobre a NR-6 – Equipa- mentos de Proteção Individual. M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 4 – Diferença dos equipamentos de proteção individual e coletiva Equipamentos de proteção coletiva Equipamentos de proteção individual • Exaustores • Placas e fitas de sinalização • Corrimão • Cones • Guarda-corpos • Enclausuramento acústico/ruído • Proteção de partes móveis em máquinas • Sensores • Chaves • Grades de proteção • Adoção em último caso quando o risco está acima dos limites toleráveis • Risco à integridade física e psíquica • Uso individual • Não evita acidentes • Reduz chances de lesão Agora que já estudamos os conceitos de equipamentos de prote- ção coletiva e individual, vamos tratar de dois temas muito importan- tes relacionados ao exercício de determinadas atividades laborais: insalubridade e periculosidade. 4 Insalubridade Figura 5 – Ambientes insalubres Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade 77 78 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Os ambientes de trabalho, as atividades e as operações pelo modo ou características como são desenvolvidos no âmbito das organizações podem expor os trabalhadores a uma condição insalubre. Considera-se trabalho insalubre a atividade que pode abalar a saúde do trabalhador de maneira grave, ocasionando doenças. A insalubridade diz respeito, portanto, a um risco à saúde do trabalhador (ROMAR; LENZA, 2021). As atividades ou as operações insalubres são classificadas segundo a NR-15 – Atividades e Operações Insalubres, e a fundamentação legal dessa NR está prevista nos arts. 189 e 192 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O art. 189 da CLT apresenta o seguinte conceito para insalubridade (BRASIL, 1943): serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, expo- nham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limi- tes de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (BRASIL, 1943) Assim, para a caracterização de uma atividade como insalubre, de- ve-se considerar a natureza do agente, as condições ou métodos de trabalho, e estes devem expor o empregado à situação de trabalho agressiva à sua saúde acima dos limites de tolerância ao agente insa- lubre, fixados pelo MTE (ROMAR; LENZA, 2021). A definição de insalubridade destaca um conceito importante que deve ser considerado para a caracterização da atividade: o limite de tolerância. De acordo com a NR-15, o limite de tolerância é a concentração ou a intensidade máxima ou mínima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. 79 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Portanto, a NR-15 considera como atividades ou operações insalubres: • Aquelas que se desenvolvem acima dos limites de tolerância pre- vistos para ruídos contínuos ou intermitentes, ruídos de impacto, exposição ao calor, radiações ionizantes, agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho e poeiras minerais. • Aquelas que envolvam trabalhos sob condições hiperbáricas, agentes químicos cujas atividades são consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho – excluindo-se dessa relação as atividades ou as operações com os agentes químicos constantes dos Anexos 11 e 12 da NR-15, agentes biológicos, cuja insalubridade é caracterizada pela ava- liação qualitativa. • Aquelas cujo laudo de inspeção do local de trabalho comprova ra- diações não ionizantes, vibrações, frio, umidade (BRASIL, 1978). De acordo com o art. 192 da CLT e com a NR-15, o exercício de traba- lho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário-mínimo da região, equivalente a: • 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo. • 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio. • 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo. Vale destacar que, quando ocorre a incidência de mais de um fator de insalubridade, será considerado somente o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo vedada a percepção cumulativa. Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a eliminação ou a neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do adicional respectivo. Segundo a NR-15, para que a empresa possa eliminar ou neutralizar a insalubridade, ela deve adotar medidas de or- dem geral (equipamentos de proteção coletiva)que conservem o am- biente de trabalho dentro dos limites de tolerância, fornecer equipa- mentos de proteção individual aos trabalhadores, reduzir o tempo de exposição aos agentes agressores, fazendo alterações nos processos ou estabelecendo o revezamento na equipe (OLIVEIRA, 2020). 5 Periculosidade As atividades ou operações perigosas são classifi cadas segundo a NR-16 – Atividades e Operações Perigosas, e a sua fundamentação le- gal está prevista no art. 193 da CLT. O art. 193 da CLT considera como atividade ou operações perigosas aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a explo- sivos, infl amáveis, energia elétrica, radiação ionizante, riscos oriundos de atividades de segurança patrimonial e pessoal, e as atividades peri- gosas em motocicleta (BRASIL, 1943). Assim, conforme apresenta a figur a 6, podemos considerar três pressupostos para a configur ação da periculosidade. Figura 6 – Indicadores de periculosidade Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 80 2. Caráter permanente de periculosidade 3. Condições de risco acentuado 1. Contato com: • Inflamáveis • Explosivos • Energia elétrica, roubos ou violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal, segurança patrimonial e atividades em motocicletas 81 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. De acordo com a NR-16 e com o art. 193 da CLT, o exercício de tra- balho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a per- cepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participa- ção nos lucros da empresa. O direito ao recebimento do adicional de periculosidade é reconhecido a todos os trabalhadores urbanos e rurais que exerçam suas atividades em área de risco, independentemente de manipularem ou estarem em contato direto com o agente perigoso. O ingresso ou a permanência em área de risco é que gera o direito ao adicional. Portanto, se o emprega- dor colocar o empregado em área de risco (por exemplo, uma empresa prestadora de serviços de informática tem seus empregados trabalhan- do em uma plataforma de petróleo do tomador de serviços), terá que lhe pagar o adicional de periculosidade (ROMAR; LENZA, 2021). Assim como acontece com a insalubridade, também não há direito adquirido ao recebimento do adicional de periculosidade. Desse modo, tão logo o risco à saúde ou à integridade física do trabalhador seja eliminado, o pagamento do referido adicional também será cessado (BARSANO; BARBOSA, 2018). Por fim, a NR-16 estabelece que o empregado pode optar pelo adi- cional de insalubridade que porventura seja devido. Vale destacar que o trabalhador poderá optar por um ou outro, não podendo acumular os adicionais. PARA PENSAR Faça uma pesquisa na empresa na qual você trabalha e tente descobrir quais são as medidas de segurança e os equipamentos de proteção co- letiva e individual utilizados. 82 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Considerações finais Neste capítulo, foi possível compreender a importância dos concei- tos de perigo e de risco relacionados à segurança do trabalho. Os riscos ocupacionais devem ser cuidadosamente verificados não só pela em- presa como também pelos seus empregados, visando manter as condi- ções adequadas de saúde e segurança nos ambientes de trabalho. Para tanto, estudamos também os equipamentos de proteção coleti- va e individual e suas aplicações como medidas de segurança, visando promover a proteção dos trabalhadores. Além disso, tratamos os conceitos de insalubridade e periculosidade, ressaltando suas peculiaridades e repercussões legais. O grande desafio para as empresas é promover ações de preven- ção que contribuam para o bem-estar, a saúde e a segurança dos seus colaboradores. Referências BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 ago. 1943; retificado pelo Decreto-lei n. 6.353, de 1944; e retificado pelo Decreto-lei n. 9.797, de 1946. BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão de segurança e saúde no traba- lho. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020. 83 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ROMAR, Carla Teresa Martins; LENZA, Pedro. Direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. E-book. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. 85 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 6 SESMT e Cipa Para oferecer condições de trabalho adequadas para que seus cola- boradores possam exercer as suas atividades laborais, as organizações devem implementar ações e medidas de segurança. Nesse sentido, o primeiro passo é atender aos aspectos legais relacionados à saúde e à segurança do trabalho, estabelecidos pela legislação brasileira e, mais especificamente, pelas normas regulamentadoras. Sabemos que, para que as medidas de segurança tenham a eficácia esperada, é fundamental o engajamento e a conscientização de todas as pessoas da empresa. Desse modo, o apoio e a participação de profis- sionais qualificados, como os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), que possuem o conhecimento técnico sobre a saúde e a segurança do trabalho, e a 86 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . participação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), que permite o envolvimento dos trabalhadores, que são aqueles que es- tão expostos aos riscos durante as atividades laborais, tornam-se fun- damentais para o sucessodessas ações. Nas empresas, existem dois órgãos relacionados à segurança e à medicina do trabalho: o SESMT e a Cipa. Ambos estão relacionados nas Consolidações das Leis Trabalhistas (CLT), no Capítulo V, Seção III, e constituem respectivamente as normas regulamentadoras NR-4 e NR-5, as quais vamos estudar neste capítulo. 1 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) envolvem, na prática, os profissionais com conhecimentos técnicos na área de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), que prestam assessoria ao empregador, aos empregados e à Cipa nos as- suntos relacionados à sua área de atuação (BARSANO; BARBOSA, 2018). A gestão da segurança é uma atividade coletiva, e a prevenção parte do pressuposto de que todos os colaboradores de uma empresa devem estar dispostos a contribuir para que as condições de trabalho sejam adequadas, reconhecendo os riscos no ambiente de trabalho e apre- sentando sugestões de melhoria. Entretanto, sabemos que, em muitas situações, os colaboradores não possuem o conhecimento técnico ne- cessário, o que demanda a atuação de profissionais especializados e que valorizam ainda mais a atuação do SESMT. O SESMT é regulamentado pela NR-4, que estabelece como as em- presas devem organizar e manter o seu funcionamento, a fim de cuidar da saúde e da integridade física e psíquica do trabalhador em seu am- biente de trabalho (ROSSETE, 2015). 87 SESMT e Cipa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A fundamentação legal para a NR-4 está prevista no art. 162 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), conforme apresentado a se- guir: “Art. 162 – As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços espe- cializados em segurança e em medicina do trabalho” (BRASIL, 1943). Um aspecto importante a ser ressaltado é que o SESMT é compos- to por um grupo restrito de empregados, formado exclusivamente por profissionais cuja formação esteja ligada à segurança e à medicina do trabalho. A seguir, vamos conhecer quais são os requisitos necessários para os profissionais que atuam no SESMT. 1.1 Requisitos para os profissionais do SESMT Os profissionais que compõem o quadro de funcionários dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho devem possuir formação superior com uma especializa- ção, como no caso de engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho e enfermeiro do trabalho. Já os demais profissionais do quadro são de nível técnico, como o técnico de segurança do trabalho e o auxiliar de enfermagem (BRA SIL, 1978). É estabelecido pela NR-4 que todas as empresas que possuem fun- cionários regidos pela CLT deverão manter o SESMT, cujo dimensiona- mento é estabelecido pela matriz do quadro II desta NR. Figura 1 – Profissionais do SESMT Grupo SESMT Engenheiro de segurança do trabalho Médico do trabalho Profissionais ligados à área de segurança e medicina do trabalho Enfermeiro do trabalho Auxiliar de enfermagem do trabalho Técnico de segurança do trabalho 88 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Os requisitos para que cada um desses profissionais possa exercer sua função no SESMT são apresentados a seguir. • Engenheiro de segurança do trabalho: profissional graduado em qualquer área da Engenharia ou em Arquitetura e que comprove a realização de um curso de pós-graduação lato sensu em enge- nharia de segurança do trabalho com reconhecimento pelo MEC e Crea. • Médico do trabalho: profissional graduado em Medicina e que possua a titulação de curso de pós-graduação em medicina do trabalho e/ou tenha concluído a residência médica na área de saúde do trabalhador ou equivalente. A pós-graduação deve ter o reconhecimento do MEC e CRM. • Enfermeiro do trabalho: profissional graduado em enfermagem e que possua a titulação de curso de pós-graduação em enferma- gem do trabalho. O curso de pós-graduação deve ser realizado em universidade ou faculdade que possua o curso de graduação em Enfermagem. • Auxiliar de enfermagem do trabalho: profissional com a forma- ção em auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e que possua o curso de auxiliar de enfermagem do trabalho, ministra- do por instituição especializada reconhecida e autorizada pelo Ministério da Educação. • Técnico de segurança do trabalho: profissional que possua o curso de técnico de segurança do trabalho, realizado em insti- tuição especializada reconhecida e autorizada pelo Ministério da Educação. Assim, podemos concluir que todos os profissionais integrantes do SESMT devem ter formação e registro profissional em seus respectivos conselhos de classe ou entidades governamentais (ROSSETE, 2015). 89 SESMT e Cipa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE De acordo com a NR-4, a empresa é responsável pelo cumprimento da NR, devendo assegurar, como um dos meios para concretizar tal res- ponsabilidade, o exercício profissional dos componentes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (BRASIL, 1978). Importante ressaltar que, ao profissional especializado em seguran- ça e em medicina do trabalho, de acordo com a NR-4, é vedado o exer- cício de outras atividades na empresa, durante o horário de sua atuação no SESMT (BRASIL, 1978). A seguir, vamos entender quais são as competências do SESMT es- tabelecidas pela NR-4. 1.2 Competências do SESMT Os cinco profissionais que fazem parte do SESMT devem atuar nas empresas, desempenhando o seu papel, ou seja, cada um na sua área de formação atendendo aos itens das competências profissionais lista- dos na NR-4, item 4.12 (BRASIL, 1978). Dentro de suas atribuições, esses profissionais deverão sempre atuar com a prevenção, no meio ambiente laboral, nos equipamentos e nas instalações, assim como na promoção do bem-estar e da saúde dos trabalhadores por meio da realização dos exames médicos admis- sionais, periódicos e demissionais. No dia a dia, esses profissionais deverão realizar os controles e regis- tros necessários para o desenvolvimento das práticas prevencionistas, sempre visando eliminar ou minimizar os riscos existentes no ambiente de trabalho. 90 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Analisando as competências do SESMT, fica fácil perceber como a sua atuação é de grande importância para as empresas, porque con- tribui de maneira estratégica à medida que realiza ações previstas nos programas de segurança, no nível tático, e contribui disseminando os conceitos prevencionistas entre todos os setores e áreas da empresa; já no nível operacional, atua diretamente juntoaos trabalhadores, forne- cendo informações e dando suporte para as melhorias das condições de trabalho. PARA SABER MAIS Para saber como podem ser realizadas as inspeções de segurança, ler o item “Inspeções de segurança” do livro Segurança do trabalho e saúde ocupacional, de Celso Augusto Rossete (2015, p. 88-92). 1.3 Dimensionamento do SESMT Para que a empresa possa fazer o dimensionamento do seu SESMT de maneira adequada, basta seguir as orientações previstas na NR-4. A norma apresenta o quadro II, que relaciona o grau de risco da atividade econômica exercida pela empresa com a quantidade de profissionais que deverão compor o SESMT. Vale ressaltar que, dependendo do grau de risco e da quantidade de funcionários, a empresa pode não ser obrigada a constituir o SESMT. A seguir, na tabela 1, apresentamos o quadro II da NR-4, para que se compreenda como deve ser realizado o dimensionamento do SESMT (BRASIL, 1978). 91 SESMT e Cipa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Tabela 1 – Dimensionamento do SESMT de acordo com a NR-4 Fonte: adaptado de Brasil (1978). GR AU D E RI SC O N. de empregados no estabelecimento Técnicos 50 a 100 101 a 250 251 a 500 501 a 1.000 1.001 a 2.000 2.001 a 3.500 3.501 a 5.000 Acima de 5.000 para cada grupo de 4.000 ou fração acima de 2.000** Técnico seg. trabalho 1 1 1 2 1 Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1* 1 Aux. enferm. do trabalho 1 1 1 Enfermeiro do trabalho 1* Médico do trabalho 1* 1* 1 1* Técnico seg. trabalho 1 1 2 5 1 Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1 1* 2 Aux. enferm. do trabalho 1 1 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1 1 1* Técnico seg. trabalho 1 2 3 4 6 6 3 Engenheiro seg. trabalho 1* 1 1 2 1 3 Aux. enferm. do trabalho 1 2 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1 1 2 1 Técnico seg. trabalho 1 2 3 4 5 8 10 3 Engenheiro seg. trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1 4 Aux. enferm. do trabalho 1 1 2 1 1 Enfermeiro do trabalho 1 Médico do trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1 * Tempo parcial (mínimo de três horas). ** O dimensionamento total deverá ser feito considerando-se o dimensionamento de faixas de 3.501 a 5.000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s) de 4.000 ou fração acima de 2.000. Obs.: hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos similares com mais de 500 empregados deverão contratar um enfermeiro de trabalho em tempo integral. NA PRÁTICA É possível observar na tabela 1 de dimensionamento do SESMT que a empresa que contar com 1.360 empregados e que tiver sua atividade 92 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . classificada como grau de risco 4 deverá manter em seu quadro de em- pregados: cinco técnicos em segurança do trabalho, um engenheiro de segurança do trabalho, um auxiliar de enfermagem do trabalho e um médico do trabalho. Diferentemente de uma empresa que possui 63 funcionários e sua ati- vidade é classificada como grau de risco 3, que não precisa manter em seu quadro de empregados nenhum funcionário para o seu SESMT. Vale ressaltar que, na hipótese de a empresa não dimensionar cor- retamente o seu SESMT, haverá a possibilidade da imposição de multa pela fiscalização trabalhista. O SESMT deve manter entrosamento permanente com a Cipa, fazen- do com que a Cipa atue como um agente multiplicador das ações de segurança por toda a empresa. Também deve estudar as observações e solicitações apresentadas pela Cipa para que possa implementar so- luções corretivas e preventivas, visando o bem-estar dos colaboradores da empresa. A seguir, vamos estudar a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). 2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) surgiu a partir de uma sugestão de trabalhadores de diversos países que, reunidos na Organização Internacional do Trabalho (OIT), organizaram em 1921 um comitê para estudar assuntos relacionados à segurança e higiene do trabalho, bem como para recomendar medidas preventivas de doenças e acidentes do trabalho. Essas medidas passaram a ser adotadas pelos países de acordo com o seu interesse em promover a melhoria nas con- dições de trabalho de seu povo (BARSANO; BARBOSA, 2018). 93 SESMT e Cipa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. A Cipa tem como objetivo “a prevenção de acidentes e doenças rela- cionadas ao trabalho, de modo a tornar compatível, permanentemente, o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do traba- lhador” (BRASIL, 2021, [n. p.]) no seu âmbito físico e mental. A Cipa é regulamentada pelos arts. 163 a 165 da CLT e pela NR-5. É considerada uma das figuras mais importantes para a prevenção de acidentes e controle de perdas dentro das empresas. O art. 163 da CLT estabelece que “será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), de conformidade com as instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabele- cimentos ou locais de obra nelas especificadas” (BRASIL, 1943). A NR-5 estabelece que são obrigadas a constituir Cipa todas as em- presas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados (BRASIL, 2021). 2.1 Composição da Cipa A Cipa é composta de representantes do empregador e dos empre- gados, e o número de membros titulares e suplentes está sujeito ao número de funcionários e à atividade econômica desempenhada pela empresa. A orientação sobre a composição da Cipa está prevista na CLT, que diz no art. 164: “cada Cipa será composta de representantes da em- presa e dos empregados, de acordo com os critérios que vierem a ser adotados na regulamentação que trata o parágrafo único do artigo 163” (BRASIL, 1943). A NR-5 estabelece que a Cipa será composta de representantes do empregador (em que os titulares e suplentes são designados pelo 94 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . próprio empregador) e representantes dos empregados (em que os titu- lares e suplentes sejam eleitos em votação secreta do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados). O número de representantes dos empregados (eleitos) e dos empre- gadores (indicados) deve ser o mesmo. A participação dos funcionários é voluntária, e os representantes dos empregados são eleitos por voto secreto, cujo mandato tem a duração de um ano, sendo permitida uma reeleição. Já para os representantes do empregador, não há restrição do número de mandatos. O presidente da Cipa será designado pelo em- pregador. O vice-presidente da Cipa será escolhido, entreos titulares, pelos representantes dos trabalhadores. Um detalhe importante sobre a Cipa é que os cipeiros eleitos, ou seja, os representantes dos empregados, desfrutam de estabilidade, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato. A demissão por parte do empregador só poderá ocorrer mediante justa causa (ROSSETE, 2015). 2.2 Dimensionamento da Cipa Para o dimensionamento do número de efetivos e suplentes da Cipa, deve-se consultar o quadro I anexo à NR-5. O processo é bem parecido com o dimensionamento do SESMT; assim, para o dimensionamento da Cipa, deve-se obedecer aos seguintes critérios: o número de funcio- nários da empresa e a classificação de sua atividade principal, seguindo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Com essas informações, basta verificar no quadro I qual deve ser a quantidade de membros efetivos e suplentes que deverão compor a Cipa da empresa. A seguir, vamos conhecer quais são as atribuições da Cipa. 95 SESMT e Cipa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2.3 Atribuições da Cipa Antes de falarmos sobre as atribuições da Cipa, vale ressaltar que, desde que tenha o devido apoio da organização, a Cipa pode exercer um papel muito importante para a melhoria das condições de trabalho. Afinal, é composta por pessoas que trabalham na empresa e, portan- to, conhecem o ambiente de trabalho. Assim, devem receber o apoio da empresa para que consigam realizar as ações necessárias de modo que as atribuições da Cipa sejam cumpridas. Entre as atribuições da Cipa, devemos destacar as atividades rela- cionadas à identificação dos riscos no ambiente de trabalho. Essa ação geralmente está associada à elaboração do mapa de riscos, que é um documento importante para a empresa, pois permite a visualização dos tipos de riscos existentes em cada ambiente de trabalho. Com isso, a empresa pode, com o apoio dos cipeiros, implementar medidas preven- tivas de segurança de acordo com os riscos identificados em cada am- biente de trabalho (BRASIL, 2021). A Cipa também deve realizar reuniões periódicas para que todos os temas relacionados à segurança dos trabalhadores possam ser discuti- dos. Geralmente, com base nas discussões realizadas nessas reuniões, são definidas ações a serem implementadas, sempre com o objetivo de promover a saúde e o bem-estar dos trabalhadores realizando as ações de prevenção. Outra ação muito importante que deve ser realizada pela Cipa é a or- ganização e a realização da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat). Trata-se de um evento realizado internamente para que todos os colaboradores da empresa recebam informações sobre temas de grande relevância para esses profissionais. Assim, com a rea- lização da Sipat, a Cipa auxilia a empresa na realização de ações que possam conscientizar todas as pessoas da empresa sobre as questões relacionadas à saúde e à segurança do trabalho (BRASIL, 2021). 96 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Considerando todas as atribuições apresentadas, é fácil perceber a importância da Cipa. Cabe às organizações proporcionar os meios necessários ao desempenho de suas atribuições, garantindo tempo su- ficiente para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho. Conforme já apresentado anteriormente, a Sipat é um evento que deve ser realizado para a conscientização de todos os funcionários so- bre o tema saúde e segurança do trabalho e que deve ser organizado pela Cipa e pelo SESMT. A Sipat é um evento muito importante, pois é o momento em que a Cipa e o SESMT têm a oportunidade de acentuar ainda mais os concei- tos prevencionistas a respeito da segurança do trabalho e da saúde ocu- pacional, que, muitas vezes, são negligenciados por funcionários e até pelos próprios empregadores, que ainda enxergam esse evento como mera obrigação legal (BARSANO; BARBOSA, 2018). A Sipat é uma semana dedicada a palestras, avaliações médicas e reuniões especiais com a finalidade única de promover a todos os en- volvidos uma reflexão sobre a conscientização sobre a segurança no trabalho e fora dele, em casa, no trânsito, nas atividades de lazer e ou- tras atividades sociais. Pensando nisso, muitas empresas convidam os familiares dos seus colaboradores para participarem dos eventos, com o intuito de disseminar a informação. Entre os temas importantes que normalmente são abordados na Sipat, podemos destacar: • Campanha de prevenção da Aids. • Dependência química (problema do alcoolismo e do consumo de drogas). • A importância da direção defensiva para a redução dos acidentes no trânsito. • As consequências do tabagismo. 97 SESMT e Cipa M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Incentivo a programas e campanhas de doação de sangue. • Qualidade de vida (alimentação saudável, ginástica laboral e exercícios). Quadro 1 – Funções da Cipa e Sipat CIPA SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Identificação de riscos na área de Palestras trabalho Avaliações médicas Reuniões periódicas Reuniões especiais Eventos internos sobre temas relevantes Conscientização para os perigos dentro e fora do ambiente de trabalho PARA PENSAR Faça uma pesquisa na empresa em que você trabalha e tente descobrir a quantidade de funcionários e o seu grau de risco para saber se existe ou não a obrigatoriedade da empresa em constituir a Cipa e o SESMT. Considerações finais Neste capítulo, foi possível compreender as normas regulamentado- ras que fundamentam a implementação dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). A implementação e o apoio para que tanto o SESMT como a Cipa consigam colocar em prática as ações e as medidas de segurança necessárias para o cumprimento das atribuições estabelecidas pelas normas regulamentadoras são fundamentais para a prevenção de aci- dentes na empresa. 98 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Referências BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943. BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978. BRASIL. Portaria/MTP n. 422, de 7 de outubro de 2021. Aprova a nova redação da NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 out. 2021. ROSSETE, Celso Augusto(org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. 99 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 7 Ergonomia Proporcionar bem-estar e boas condições de trabalho aos seus co- laboradores é um desafio constante para que as organizações possam promover a qualidade de vida no trabalho. Desse modo, cada organi- zação deve proporcionar condições ergonômicas para o exercício das atividades laborais, bem como promover ações voltadas à qualidade de vida no trabalho. Neste capítulo, conheceremos a norma regulamentadora sobre er- gonomia e os principais conceitos de qualidade de vida no trabalho. 100 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Conceito e tipos de ergonomia Pode-se afirmar que é impossível estudar os aspectos relacionados à saúde e à segurança do trabalho sem considerar o tema ergonomia. De maneira objetiva, a ergonomia pode ser definida como o estudo da relação entre homem e máquina. Entretanto, esse conceito passou por transformações ao longo dos anos que podem ser resumidas em três fases históricas (ROSSETE, 2015): • A adaptação do homem à máquina. • A percepção e a prevenção do erro humano. • A interação global do sistema homem-máquina. Atualmente, presenciamos nas organizações os impactos da glo- balização e da competitividade global, aumentando as exigências de produtividade e impulsionando a utilização de novas tecnologias, o que tem ocasionado aos seus colaboradores não só o aumento do estresse como também uma série de desdobramentos para a saúde desses co- laboradores, em virtude da ausência de exercícios físicos, da utilização de mobiliários inadequados, entre tantos aspectos que podem gerar os riscos ergonômicos. IMPORTANTE O estudo da ergonomia pode ser perfeitamente associado à medicina do trabalho, à engenharia de produção, à sociologia, à psicologia, à an- tropologia, à economia e à administração. Todas essas áreas do conhe- cimento reiteram que o trabalho deve ser adaptado ao ser humano, e nunca o contrário (ROSSETE, 2015, p. 142). 101 Ergonomia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Podemos definir os riscos ergonômicos como aqueles que podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos nos trabalhadores, como o esforço físico intenso, o levantamento e transporte manual de peso, a exigência de postura inadequada, o controle rígido de produtividade, a imposição de ritmos excessivos, o trabalho em turno e noturno, as jorna- das de trabalho prolongadas, a monotonia e repetitividade na atividade laboral, as situações de estresse, a depressão, entre outros (BARSANO; BARBOSA, 2018). A norma regulamentadora que estabelece os parâmetros para a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológi- cas dos trabalhadores é a NR-17. Essa norma foi criada pela Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978, e, a partir de então, vem sofrendo al- terações e revisões. A chamada nova redação da NR-17 foi aprovada pela Portaria n. 423 do Ministério do Trabalho e Previdência, no dia 7 de outubro de 2021 (BRASIL, 2021). A NR-17 tem como principal objetivo proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficientes para os trabalhadores da empresa. Ela prevê que, para que uma empresa possa avaliar a adapta- ção das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, ela deverá realizar uma análise ergonômica do trabalho que aborde no mínimo as condições de trabalho. Essas condições de trabalho incluem: os aspectos relacionados ao levantamento, transpor- te e descarga de materiais, os mobiliários, os equipamentos e as condi- ções ambientais do posto de trabalho, além da própria organização do trabalho (BRASIL, 2021). Existem diferentes maneiras de se realizar uma análise ergonômica laboral, entretanto, sempre deve-se considerar nesses estudos o pla- no sagital do ser humano e seus movimentos. Assim, para a realiza- ção da análise ergonômica, deve-se adotar um método e considerá-lo como parâmetro. 102 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . NA PRÁTICA Entre os métodos e as técnicas de intervenção no ambiente de trabalho, pode-se adotar os seguintes métodos: • Observação: realizada pessoalmente, por meio de fotos ou vídeos, ou ocasional, por fichas de entrevista com os trabalhadores. • Registro de comportamento: anotações de expressões verbais e não verbais dos trabalhadores. • Inquirição: por meio da realização de entrevistas com os trabalha- dores. Vale ressaltar que é fundamental que os colaboradores da empresa expressem sua opinião sobre a maneira como executam as suas ati- vidades laborais, sobre o funcionamento da empresa e, principalmen- te, sobre algum tipo de desconforto causado no ambiente de trabalho (ROSSETE, 2015, p. 142). A NR-17 estabelece regras básicas para o transporte manual de car- gas (atividade na qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador). Assim, a análise ergonômica deve determinar o limite de peso adequado a cada atividade e trabalhador. Da mesma maneira, com relação ao mobiliário dos postos de trabalho, deve-se observar os aspectos gerais nas posições sentada e em pé e realizar a análise ergo- nômica dos postos de trabalho (BRASIL, 2021). Os equipamentos dos postos de trabalho, as condições ambientais de trabalho e a organização do trabalho, segundo a NR-17, devem ser adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado (BRASIL, 2021). Além das orientações previstas na NR-17, que orientam como a em- presa deve promover as ações ergonômicas, podemos destacar alguns tipos de ergonomia. Entre os principais tipos e aplicações da ergono- mia, podemos destacar (ROSSETE, 2015): 103 Ergonomia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Ergonomia de intervenção: como o próprio nome diz, a interven- ção deve ser uma resposta a uma demanda do cliente, consumi- dor e usuário que deverá ser investigada para que se possa apre- sentar uma solução ao problema e, por consequência, implantar uma ação ergonômica. • Ergonomia de concepção: neste tipo de ergonomia, o principal objetivo é a elaboração de novos produtos, processos e sistemas de trabalho, estabelecendo uma nova metodologia e alterando as maneiras de execução dos processos para obter benefícios com a nova sistemática implantada. • Ergonomia de correção: é a ergonomia que se baseia na minimi- zação ou correção das rotinas de trabalho, adequando aos con- ceitos básicos de conforto, bem-estar e promoção da saúde. • Ergonomia de enquadramento:“enquadrar” significa estabelecer um padrão a ser seguido. Esse padrão deve ser estabelecido in- ternamente pela empresa, motivado por uma decisão estratégica da própria empresa ou por imposição legal ou do sindicato. • Ergonomia de remanejamento: o remanejamento na ergonomia significa realizar mudanças que permitem o aperfeiçoamento dos processos, das matérias-primas, da logística e até mesmo das pessoas. Com isso, pode-se solucionar erros existentes e melho- rar as condições de trabalho. • Ergonomia de modernização: a modernização remete à alteração de maneira abrangente e profunda dos processos. Essas altera- ções dos processos envolvem a modernização dos equipamen- tos, tanto de softwares como de hardwares, proporcionando ga- nhos na qualidade e capacitando e especializando a mão de obra. Vale destacar que os estudos atuais em ergonomia disponibilizam na literatura técnica nacional e internacional diversas ferramentas, co- brindo um grande universo de variáveis psicofisiológicas do trabalhador 104 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . em sua interação com o ambiente de trabalho, o que possibilita aos pro- fissionais capacitados boas condições para atuar sobre as questões de ergonomia, visando melhorar os postos de trabalho (OLIVEIRA, 2018). A NR-17, em seu Anexo I, apresenta as condições a serem aplicadas pelas empresas que desenvolvem atividades comerciais utilizando sis- tema de autosserviço e checkout, como supermercados, hipermercados e comércio atacadista; já o Anexo II da NR-17 apresenta as condições a serem aplicadas às empresas de teleatendimento ou telemarketing (BRASIL, 2021). Com relação aos setores de trabalho, devemos destacar que muitos deles sofreram forte influência do uso de computadores, tanto para o processamento de informações como para o controle de máquinas e equipamentos. Infelizmente, em muitas situações, essa mudança ocor- reu sem planejamento, o que proporcionou condições de trabalho que agrediam o ser humano, provocando o desenvolvimento de doenças denominadas lesões por esforços repetitivos (LER). Mais recentemente, após a publicação da norma técnica do INSS, vêm sendo denominadas doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (Dort) (BELLUSCI, 2017). É importante ressaltar que LER e Dort não são doenças, mas, sim, nomes para designar um grupo de doenças osteomusculares e suas repercussões sociopsicológicas que têm em comum o fato de serem provocadas por condições inadequadas no trabalho, como a tendinite, a bursite e a capsulite. Esse trabalho leva o indivíduo a submeter-se a posições estáticas, repetindo o mesmo padrão de movimentos em cur- to espaço de tempo e sem intervalos para a recuperação das regiões do corpo que estão sendo muito utilizadas, além do uso da força que, nesse caso, nem sempre é utilizada para executar a tarefa em si, mas para segurar o peso do braço (que está sem apoio ou elevado acima da altura da cabeça), da cabeça inclinada ou do ombro, que está tenso em razão de condições psicológicas e ambientais, ou seja, o indivíduo 105 Ergonomia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. literalmente segura o braço, a cabeça e o ombro durante todo o período de trabalho e, se a sua estatura for baixa, ainda irá segurar também a perna, pois não consegue apoiá-la no chão (BELLUSCI, 2017). Agora que já conhecemos o conceito de ergonomia, bem como os conceitos de LER e de Dort, vamos estudar o conceito, os fatores gera- dores e as consequências do estresse para os trabalhadores. 2 Conceito de estresse, fatores geradores e consequências para o trabalhador e meio ambiente do trabalho A palavra estresse, do inglês, stress, significa tensão, insistência, pressão. É um termo utilizado para designar as tensões sob às quais estão expostos os materiais, ou seja, o grau de deformidade que uma estrutura sofre quando é submetida a um esforço. O estresse tem dois significados, ou seja, um processo (tensão diante de uma situação de desafio por ameaça ou conquista) ou um estado (resultado positivo ou negativo da tensão) (LIMONGI-FRANÇA; RODRIGUES, 2002 apud GRAMMS; LOTZ, 2017). Para compreendermos a importância desse tema, basta observar que o mundo do trabalho passa por profundas transformações que estão relacionadas a condições econômicas, sociopolíticas, legais, mu- danças demográficas, inovação tecnológica, entre outras. Essa nova realidade, em que as demandas por adaptações sociais são constantes, exige reações do indivíduo capazes de prejudicar a sua racionalidade e igualmente prejudicar a saúde das pessoas que têm dificuldades para enfrentar as pressões (ZANELLI, 2010). Seguindo essa linha de raciocínio, os colaboradores das empresas ficam expostos a inúmeros eventos estressantes e podem apresentar uma série de comportamentos biopsicossociais. Ambientes de trabalho dinâmicos também levam à necessidade de uma constante adaptação, 106 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .exigindo das pessoas envolvidas estratégias para que possam enfren- tar esses novos desafios (ALCHIERI; CRUZ, 2014). As pressões sob as quais o organismo é submetido são denomina- das estressores. Esses estressores podem vir tanto do meio externo (como frio ou calor, ambiente de trabalho insalubre e perigoso, convívio com o meio social, situação socioeconômica), como também ter ori- gem no mundo interno (pensamentos, expectativas e emoções, como raiva, medo e tristeza) (GRAMMS; LOTZ, 2017). Desse modo, pode-se definir o estresse ocupacional como um es- tado desagradável decorrente de aspectos do trabalho que o indivíduo considera ameaçadores à sua autoestima e ao seu bem-estar. Com isso, ambientes de trabalho com excesso de atividades, longas jorna- das de trabalho, pressões e até o medo de perder o emprego favorecem o adoeciment o e o absenteísmo. As atividades de trabalho possuem agentes estressores para o indivíduo, entretanto, o tipo de agente e a sua manifestação se diferenciam pela situação e pelo contexto ocu- pacional, bem como se modificam de pessoa para pessoa (ALCHIERI; CRUZ, 2014). Entre os fatores geradores de estresse, os chamados estressores, podemos destacar (GRAMMS; LOTZ, 2017): • Exigências de tempo, estrutura temporal do trabalho e ritmo: associadas a trabalhos em turnos, trabalhos ao ritmo da máqui- na, pagamentos por produção, horas extras excessivas. • Estrutura das tarefas: quando a autonomia nas decisões sobre as atividades é baixa ou ausente e quando ocorre a subutilização das capacidades, também pode ocorrer em razão de mudanças drásticas no trabalho que acabam gerando incertezas em relação às atividades e às tarefas executadas pelo trabalhador, o que pro- voca pressão e estresse no ambiente de trabalho. 107 Ergonomia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. ©Editora Senac São Paulo. • Condições físicas: quando o ambiente físico de trabalho é de- sagradável, inseguro ou insalubre, com riscos físicos, mecâni- cos, tóxicos, ergonômicos e predisposto a acidentes de trabalho. Também devem ser consideradas as viagens de longa distância realizadas a trabalho. Normalmente, as demandas físicas de tra- balho são específicas de cada cargo, assim, a identificação e a redução desses estressores podem gerar economia para a em- presa e alavancar a produtividade de seus funcionários. • Organização do trabalho: quando ocorre uma competição não saudável, gerando rivalidade, ambiguidade e conflito de papéis. A ambiguidade de papel ocorre quando o indivíduo recebe in- formações insuficientes ou inadequadas sobre o conteúdo e os limites de sua função, é observada também quando a pessoa experimenta incerteza com relação às expectativas alheias. Essa ambiguidade pode ser causada por mal-entendidos que são esperados, por não saber como fazer algo ou não saber o resultado de um fracasso ao se fazer determinada coisa. Já o conflito de papéis, por sua vez, ocorre quando dois ou mais con- juntos simultâneos de prescrições estão presentes de tal modo que a obediência a um conjunto inviabiliza ou torna impossível a obediência aos demais. • Fatores interpessoais: podemos destacar como exemplos de fa- tores interpessoais as toxinas emocionais, entre elas o assédio sexual e uma liderança fraca. Normalmente, as toxinas emocio- nais são causadas por pessoas com personalidade abrasiva. As organizações estão cada vez menos tolerantes ao assédio sexual, uma demanda interpessoal que cria um ambiente de trabalho des- confortável tanto para a pessoa assediada como para os demais funcionários. Fraca liderança organizacional e estilo gerencial exi- gente destacam-se como causas de estresse no trabalho, pois falta um fator primordial, a confiança entre gestor e subordinados. 108 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Fatores extraorganizacionais: fatores que estão relacionados à insegurança no emprego e às preocupações com a carreira. • Fatores do lar: os vários tipos de composição familiar presen- tes na sociedade contemporânea geraram grande diversidade no âmbito das demandas do lar. Temos famílias com casais e filhos, casais sem filhos, pessoas que moram sozinhas, pessoas que moram com os pais com idade avançada, pais solteiros, casais separados entre as situações mais comuns; cada um apresen- ta demandas específicas de acordo com a sua realidade, e o es- tresse poderá ser causado por situações bem distintas, perda da creche para os filhos, atenção e cuidado com os filhos ou com os pais de idade avançada, ou seja, a tensão entre a família e o tra- balho pode desencadear uma verdadeira batalha pelo equilíbrio. • Fontes extratrabalho: fatores pessoais, de família, fatores rela- cionados com a comunidade. Entre as demandas pessoais que induzem ao estresse, podemos destacar o vício em trabalho. Os primeiros sintomas desse tipo de demanda pessoal incluem com- prometimento total com o trabalho, incapacidade de desfrutar férias e folgas, preocupação com os problemas relacionados ao trabalho mesmo quando fora da empresa, além da insistência em levar trabalho para fazer em casa. Outro tipo de demanda pessoal são as relacionadas a atividades cívicas, trabalhos voluntários e comprometimento com instituições religiosas e organizações pú- blicas. Essas demandas poderão se tornar estressantes depen- dendo da compatibilidade ou não com o trabalho, a vida familiar e a capacidade de oferecer satisfação para o trabalhador. • Assédio moral: o assédio moral leva o indivíduo ao esgotamento e à depressão. Um exemplo importante a ser citado sobre esse tipo de estressor é apresentado no Anexo II da NR-17, que trata sobre o trabalho em teleatendimento e telemarketing e deixa claro que é vedada a utilização de métodos que causem assédio moral, 109 Ergonomia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. medo ou constrangimento, como: o estímulo abusivo à competi- ção entre os trabalhadores e/ou equipes de trabalho; exigir que os trabalhadores usem, de maneira permanente ou temporária, ade- reços, acessórios, fantasias e vestimentas com o objetivo de puni- ção, promoção e propaganda; e expor publicamente os resultados das avaliações de desempenho dos operadores (BRASIL, 2021). O desequilíbrio entre as exigências do trabalho e princípios e as ne- cessidades e expectativas pessoais abre caminho para o desgaste físi- co e emocional (ZANELLI, 2010). Agora que já conhecemos quais são as causas do estresse, vamos apresentar a seguir as suas principais consequências. O impacto do estressor em uma dimensão (física, psicológica ou social) implica des- dobramentos também nas outras, uma vez que existe a relação entre corpo, mente e meio externo, o que equivale a dizer que cada uma das dimensões afeta e é afetada pela outra. Assim, a saúde e a doença são estados gerados pelo equilíbrio harmônico do organismo ou pela desre- gulação dele. Entre as síndromes diretamente associadas ao estresse, podemos destacar (GRAMMS; LOTZ, 2017): • Somatizações: sensações e distúrbios físicos com forte carga emocional e afetiva. • Fadiga: desgaste de energia física ou mental que pode ser recu- perada por meio de repouso, alimentação ou orientação médica específica. • Depressão: é uma combinação de sintomas em que prevalece a falta de ânimo, a descrença pela vida e uma profunda sensação de abandono e solidão. • Síndrome do pânico: estado de medo intenso, repentino, acom- panhado de imobilidade, sudorese e comportamento arredio. 110 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . • Síndrome de burnout: estado de exaustão total decorrente do es- forço excessivo e contínuo. • Síndrome do desamparo: medo contínuo da perda de empre- go, acompanhado de sentimento de perseguição e queda da autoconfiança. PARA SABER MAIS Sobre cada uma das síndromes associadas ao estresse, ler o item 2.2 “Estresse e trabalho”, do capítulo 2 “Estresse e qualidade de vida no tra- balho” do livro Gestão da qualidade de vida no trabalho, de Lorena Carmen Gramms e Erika Gisele Lotz (2017). 3 Qualidade de vida no trabalho Podemos definir a gestão da qualidade de vida no trabalho (QVT) como o conjunto de estratégias que tem como objetivo diagnosticar, promover, acompanhar e monitorar ações para a saúde, o bem-estar e a satisfação profissional (GRAMMS; LOTZ, 2017). O tema ganhou grande representatividade à medida que as organiza- ções sofreram os impactos da evolução tecnológica, das novas formas de trabalho e dos processos de inovação de produtos e de serviços; com isso, passaram a se preocupar cada vez mais não só com as condições oferecidas para o exercício das atividades laborais como também com a qualidade de vida dos trabalhadores fora do ambiente de trabalho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define “qualidade de vida como a percepçãodo indivíduo sobre sua posição na vida, no contex- to da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (WHOQOL Group, 2012 apud GRAMMS; LOTZ, 2017, p. 18). 111 Ergonomia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Por meio da iniciativa da World Health Organization Quality of Life (WHOQOL), a OMS definiu alguns critérios para avaliar as condições de qualidade de vida das nações, que envolvem esferas físicas, psicológi- cas, ambientais e de relacionamento social em que as pessoas estão inseridas em seu cotidiano (BES et al., 2021). Podemos afirmar que existe uma tendência de associar o concei- to de qualidade de vida com aspectos da saúde (física e mental), bem como com aspectos econômicos, sociais e culturais. Os componentes que costumam integrar o conceito de qualidade de vida são os seguin- tes (BES et al., 2021): • Ser: físico, psicológico e espiritual, ou seja, aquilo que a pessoa é no plano pessoal, que costuma envolver questões culturais e de classe social. • Pertencer: físico, social e comunitário, ou seja, de que maneira a pessoa se adapta aos contextos em que se insere. • Tornar-se: práticas, lazer, crescimento e progresso pessoal, ou seja, envolve as ações que podem ser realizadas pela pessoa a fim de alcançar suas aspirações e objetivos cotidianos. Assim, podemos dizer que a qualidade de vida de uma pessoa é composta por fatores objetivos e subjetivos. Os fatores objetivos são aqueles determinados pelas condições de vida do indivíduo e atrelados ao desenvolvimento econômico e social, como renda, escolaridade e moradia. Já os fatores subjetivos são determinados pelo estilo de vida do indivíduo e influenciados por hábitos que impactam diretamente em seu bem-estar, como alimentação, prática de atividades físicas e sono (GRAMMS; LOTZ, 2017). Entre os elementos e as práticas simples e acessíveis que contri- buem com a qualidade de vida das pessoas, podemos destacar (BES et al., 2021): 112 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .• Hábitos saudáveis e funcionais de sono e alimentação. • Atividades físicas regulares. • Pensamento positivo com objetivo. • Busca de autoconhecimento sobre o corpo e sobre processos mentais. • Relações saudáveis que colaborem com o fortalecimento de nos- sas virtudes interpessoais. É importante ressaltar que o conceito de qualidade de vida apresen- ta aspectos subjetivos e multidimensionais. A subjetividade é determi- nada pela percepção de cada um, ou seja, depende da maneira e dos filtros por meio dos quais o indivíduo vê, sente e julga a sua qualidade de vida, tanto em relação ao seu estado de saúde quanto aos aspectos não médicos do seu contexto de vida. Já a multidimensionalidade está atrelada ao atendimento de diversos aspectos da vida do indivíduo, re- presentados pelos domínios físico, emocional, social, ocupacional, inte- lectual, espiritual e ambiental. A seguir, apresentamos cada um desses domínios (GRAMMS; LOTZ, 2017): • Físico: engloba o quadro clínico do indivíduo (presença/ausên- cia, gravidade/intensidade de doença orgânica demonstrável), os hábitos que ele adota ao longo da vida (alimentação, atividades físicas, estar saudável) e a não adesão a hábitos nocivos à saúde. • Emocional: refere-se à capacidade de gerenciar as tensões e o estresse, a autoestima e o nível de entusiasmo em relação à vida. • Social: relacionado à qualidade e à harmonia nos relacionamen- tos com os amigos, a família e os colegas de trabalho. • Profissional: associado ao nível de satisfação com o trabalho, com o desenvolvimento profissional e com o reconhecimento do valor do trabalho realizado. 113 Ergonomia M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Intelectual: relacionado à oportunidade de utilizar a capacidade criativa e às possibilidades de expandir os conhecimentos per- manentemente, de modo a compartilhar o seu potencial interno com outras pessoas. • Espiritual: esse domínio engloba o propósito de vida com base em valores e ética, associado a pensamentos otimistas e positivos. Por fim, podemos afirmar que a qualidade de vida é o resultado da percepção que o indivíduo tem sobre as diferentes dimensões de sua própria vida. PARA PENSAR Como você avalia a sua qualidade de vida no trabalho? Está adequada ou apresenta oportunidades de melhoria? Considerações finais Neste capítulo, tivemos a oportunidade de estudar temas de gran- de relevância para a saúde e o bem-estar das pessoas. Conhecemos os conceitos de ergonomia e a sua norma regulamentadora, a NR-17. Estudamos também o conceito de estresse, destacando os seus fa- tores geradores e as consequências para os trabalhadores; e, por fim, estudamos o conceito de qualidade de vida no trabalho, destacando as principais ações a serem realizadas pelas pessoas para a promoção da sua qualidade de vida. São temas de grande relevância e que devem ser tratados com muita atenção, não só pelas organizações como também pelos seus colabo- radores, afinal, o bem-estar e a qualidade de vida devem ser objetivos compartilhados por todos. 114 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Referências ALCHIERI, João Carlos; CRUZ, Roberto Moraes. Estresse: conceitos, métodos, medidas e possibilidade de intervenção. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014. BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BELLUSCI, Silvia Meirelles. Doenças profissionais ou do trabalho. 12. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2017. BES, Pablo et al. Felicidade e bem-estar na vida profissional. Porto Alegre: SAGAH, 2021. BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978. BRASIL. Portaria/MTP n. 423, de 7 de outubro de 2021. Aprova a nova reda- ção da Norma Regulamentadora n. 17 – Ergonomia. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 8 out. 2021. GRAMMS, Lorena Carmen; LOTZ, Erika Gisele. Gestão da qualidade de vida no trabalho. Curitiba: Intersaberes, 2017. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão dos programas ocupacionais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. ZANELLI, José Carlos (coord.). Estresse nas organizações de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2010. 115 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei.© Editora Senac São Paulo. Capítulo 8 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador A necessidade das organizações em demonstrar o seu compromisso com o atendimento e o cumprimento dos preceitos legais e normativos relacionados à saúde e à segurança no trabalho, bem como atender aos próprios requisitos de organização, limpeza e segurança, fortalece cada vez mais a importância da sistematização dessas ações, ou seja, da im- plementação de sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho. Assim, neste capítulo, conheceremos as principais ferramentas utili- zadas para a gestão da saúde do trabalhador. Também estudaremos as normas regulamentadoras que regulam o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Por fim, estudaremos como se deu a evolução da 116 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . norma OHSAS 18001 para a norma ISO 45001, e seu impacto na ges- tão estratégica, com vista à responsabilidade social e à longevidade da organização. 1 Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR O tema gerenciamento de riscos sempre foi de grande relevância para a gestão da saúde e segurança do trabalho, entretanto, a partir da revisão da NR-1, publicada em 2020 e em vigor desde 2 de agosto de 2021, o tema passou a ser o principal assunto a ser tratado pelas orga- nizações, tendo em vista que as empresas deverão possuir um progra- ma de Gerenciamento de Riscos (PGR). É claro que a grande maioria das empresas que já possuem um siste- ma para a gestão da saúde e da segurança do trabalho contempla tam- bém um programa para o gerenciamento dos riscos, entretanto, com essa alteração na NR-1, as empresas deverão desenvolver um PGR. Essa nova abordagem proposta pela NR-1, com a implementação do PGR, tem como objetivo a prevenção e o gerenciamento dos riscos ocupacionais, para tanto, as organizações devem fazer uso de outras normas regulamentadoras para a caracterização de atividades ou ope- rações insalubres ou perigosas (BRASIL, 2020a). Assim, para que as organizações evidenciem o gerenciamento dos riscos ocupacionais em suas atividades, deverá constituir e formalizar um PGR, que poderá ser implementado por unidade operacional, por setor ou até por atividade (BRASIL, 2020a). Muitas empresas já possuem um sistema de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) implementado, o que, por si só, já institui algu- ma sistemática relacionada à identificação dos perigos e ao gerencia- mento dos riscos. Essas sistemáticas geralmente utilizam ferramentas 117 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. que permitem o cumprimento dos objetivos estabelecidos para o siste- ma de gestão e preservam a integridade física, a saúde dos trabalhado- res e as instalações e bens de uma organização (OLIVEIRA, 2020). Desse modo, as organizações que já possuem sistemas de gestão implementados poderão atender às exigências da norma NR-1 com os próprios procedimentos adotados para o gerenciamento dos riscos ocupacionais previstos em seus sistemas de gestão, desde que cum- pram as exigências previstas na norma e atenda aos aspectos legais relacionados à saúde e à segurança do trabalho (BRASIL, 2020a). IMPORTANTE De acordo com o item 1.5.3.1.3 da NR-1: O PGR deve contemplar ou estar integrado com planos, programas e outros documentos previstos na legislação de segurança e saúde no trabalho. (BRASIL, 2020a) Para implementar um programa de gerenciamento de riscos ocupa- cionais, a organização deve considerar as condições de trabalho nos termos da NR-17 e estabelecer um passo a passo muito bem delineado em um procedimento. Assim, a organização deve seguir os seis tópicos apresentados a seguir (BRASIL, 2020a). 1.1 Evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho Implementando e promovendo ações preventivas, e conscientizan- do os colaboradores sobre como proceder em suas atividades laborais para evitar os riscos de acidentes. 118 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1.2 Identificar os perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde Para tanto, a organização deve considerar o que está definido nas normas regulamentadoras, bem como outras exigências legais de se- gurança e saúde no trabalho. Para a realização dessa identificação, além da atuação dos profissionais da área de segurança do trabalho, dos gestores da empresa e das pessoas responsáveis pela gestão (di- retores, gerentes e supervisores), a empresa pode consultar os seus co- laboradores questionando sobre a percepção de riscos ocupacionais. Uma alternativa para a realização dessa ação é solicitar à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), desde que a empresa tenha a obrigatoriedade de possuir a Cipa. Vale ressaltar que o levantamento preliminar dos riscos deve ser realizado não só para as atividades exis- tentes, como também nas mudanças e na introdução de novos proces- sos ou atividades de trabalho, ou antes do início do funcionamento de um novo estabelecimento ou de uma nova instalação. Basicamente, a identificação de perigos deve (BRASIL, 2020a): • Descrever os perigos e as possíveis lesões ou agravos à saúde, deixando evidente a necessidade de implementação de medidas preventivas de segurança. • Identificar as fontes ou as circunstâncias nas quais o perigo foi apontado, para que seja possível avaliar a situação e, com isso, buscar as soluções preventivas mais adequadas. • Identificar e indicar qual é o grupo de colaboradores da empresa que estão sujeitos ao risco, ou seja, quais são e quantos são os colaboradores da empresa que atuam em um determinado se- tor e realizam uma determinada atividade e que, pelo exercício de sua atividade laboral, estarão expostos ao risco identificado. 119 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 1.3 Avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco Após a identificação dos riscos ocupacionais, a organização deverá efetuar a classificação dos riscos, considerando a severidade das pos- síveis lesões ou agravos à saúde e a sua probabilidade ou chance de ocorrência, o que permitirá identificar o nível de risco, bem como ado- tar as medidas de prevenção cabíveis. Para realizar a avaliação dos riscos, a empresa deve utilizar ferramentas e técnicas de avaliação que sejam as mais adequadas a cada tipo de risco ou circunstância em avaliação. Aqui vale ressaltar alguns aspectos a serem considerados na avalia- ção dos riscos ocupacionais. Primeiro em relação à severidade de um risco, ou seja, para a definição da gradação da severidade, deve-se con- siderar a magnitude da consequência e a quantidade ou o número depessoas (colaboradores da empresa) que poderão ser afetados. Esses critérios são muito importantes para que seja definida uma gradação adequada a cada risco existente. Da mesma maneira, quando se realiza a gradação da probabilidade de ocorrência das lesões ou agravos à saú- de, a organização deve considerar primeiro as normas regulamentado- ras aplicáveis e seus requisitos; segundo, as características da atividade laboral, ou seja, as exigências para a realização da atividade; e terceiro, todas as medidas de segurança já adotadas pela empresa sempre com- parando o perfil de exposição ocupacional com os valores de referência estabelecidos na NR-9, que trata sobre a avaliação e controle das expo- sições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos. Outro aspecto muito importante a ser considerado pela empresa é a periodicidade em que deve ser realizada a avaliação de riscos. A NR-1 estabelece que a avaliação deve ser um processo contínuo e que sua revisão deve acontecer a cada dois anos, ou quando houver a neces- sidade de reavaliar a situação em virtude de mudanças na legislação, alterações no processo de trabalho com a aplicação de novas tecno- logias, novos procedimentos implicando em novos riscos ou alterando 120 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . os riscos existentes após a ocorrência de algum acidente ou de alguma doença relacionada ao trabalho, ou mesmo após a implementação de medidas preventivas, visando identificar algum risco residual. Quando a empresa possui um sistema de gestão de saúde e segurança do tra- balho, a norma estabelece que o prazo para a reavaliação dos riscos poderá ser estendido em até três anos. 1.4 Classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessidade de adoção de medidas de prevenção Após a avaliação e a identificação do nível de risco, será possível realizar uma classificação dos riscos ocupacionais de acordo com o seu tipo, ou seja, riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Além disso, será possível identificar o impacto que esses riscos poderão trazer aos trabalhadores e à organização. Esse procedi- mento permite aos envolvidos a definição das medidas de segurança a serem tomadas, bem como a priorização dessas medidas. Um aspecto primordial a ser considerado nesta etapa é a comunicação com os cola- boradores da empresa para que tenham conhecimento sobre os riscos identificados e sobre quais serão as medidas de prevenção adotadas pela organização. 1.5 Implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de riscos e na ordem de prioridade estabelecida Seguindo a priorização estabelecida, a organização deve implemen- tar as medidas de segurança adequadas a cada risco identificado, sem- pre visando eliminar, reduzir ou controlar os riscos existentes. Para tanto, a empresa deve seguir as orientações e exigências pre- vistas nas normas regulamentadoras, bem como atender aos aspectos legais aplicáveis. Considerando a classificação dos riscos ocupacionais, 121 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. a empresa também deve avaliar se existe alguma associação entre os riscos e as situações de trabalho identificadas com possíveis lesões e agravos à saúde dos trabalhadores. Para tanto, é fundamental que a empresa também possua um Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), assim poderá avaliar se um determinado grupo de trabalhadores exposto a um tipo de risco em sua atividade laboral está sofrendo algum agravo à sua saúde. Por exemplo, a empresa tem um determinado setor produtivo em que as máquinas são ruidosas, ou seja, o nível de pressão sonora está acima dos limites estabelecidos. Essa empresa deve implementar as medidas de segurança aplicáveis e monitorar os agravos à saúde dos trabalhadores expostos ao ris- co, ou seja, neste caso, avaliar por meio do exame de audiometria se existe alguma evidência de perda auditiva dos trabalhadores expostos (OLIVEIRA, 2020). As medidas de prevenção devem sempre priorizar as medidas de proteção coletiva. Caso essas medidas não sejam possíveis por invia- bilidade técnica ou não sejam suficientes para a proteção dos colabo- radores, a empresa deve adotar medidas administrativas ou de orga- nização do trabalho e, como última opção, fornecer equipamentos de proteção individual aos seus colaboradores, sendo esta uma medida de proteção individual. Mais uma vez, devemos destacar que um aspecto fundamental para que as medidas preventivas implementadas pela empresa tenham a efi- cácia desejada é a comunicação com os colaboradores envolvidos. A conscientização dos trabalhadores sobre os riscos existentes e a infor- mação sobre todas as medidas de prevenção adotadas pela empresa é de fundamental importância, afinal, são os trabalhadores que estão diariamente realizando suas atividades nos locais de trabalho onde as medidas preventivas foram implementadas e, portanto, eles poderão contribuir muito para que as medidas sejam efetivamente realizadas. 122 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1.6 Acompanhar o controle dos riscos ocupacionais Um programa de gerenciamento de riscos ocupacionais tem como preceito sistematizar as ações de gerenciamento, desse modo, após a implementação das ações de segurança, a organização deve monitorar e controlar os riscos ocupacionais. Para tanto, é fundamental que a or- ganização elabore um plano de ação, em que as medidas de prevenção que serão adotadas pela empresa estejam claramente definidas. Os planos de ação para a implementação das medidas de preven- ção devem possuir um cronograma detalhado com os períodos e pra- zos definidos para cada medida de prevenção, deixar claro qual será o mecanismo para o acompanhamento da implementação da medida e como os resultados obtidos serão avaliados. Essas definições são mui- to importantes, pois, sem elas, fica muito difícil avaliar a efetividade das medidas preventivas implementadas, bem como aprimorar as medidas quando necessário (OLIVEIRA, 2020). Considerando as etapas estabelecidas para a elaboração de um PGR, a empresa dá um passo importante e planejado para o desdobramen- to das medidas preventivas de segurança, adequadas a cada atividade laboral. Entretanto, essas medidas devem ser integradas às ações vol- tadas à saúde ocupacional dos colaboradores, pois, da mesma manei- ra que o gerenciamento dos riscos deve ser um processo contínuo, o controle médico da saúde ocupacional também deve ser um processo preventivo muito bem planejado e continuado, seguindo a mesma lógi- ca proposta pelo PGR, em que se deve estabelecer uma sistemática de trabalho. A seguir, vamos estudar o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). 123 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplinacorrespondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) aborda questões intrínsecas à saúde dos trabalhadores em sua inte- ração com o ambiente de trabalho. Esse programa é regulamentado pela NR-7, e deve ser elaborado e implementado por todas as orga- nizações que admitam trabalhadores como empregados (BARSANO; BARBOSA, 2018). Podemos dizer que o PCMSO é um programa destinado à prevenção e ao controle da saúde dos empregados, realizado por meio de gestão e inspeções médicas permanentes, prevenindo a ocorrência de doenças ocupacionais. Desse modo, a empresa atua de modo preventivo, exe- cutando duas atividades primordiais para a manutenção da saúde dos trabalhadores: o diagnóstico e o plano de ação (BRASIL, 2020b). O PCMSO tem, em parte, fundamento legal nos termos do art. 168 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que estabelece que “será obrigatório exame médico, por conta do empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: na admissão, periodicamente e na demissão” (BRASIL, 1943). Vale ressaltar que a implementação do PCMSO não consiste em, simplesmente, realizar os exames médicos previstos no art. 168 da CLT, por isso, destacamos que a fundamentação legal do art. 168 é em parte, uma vez que a abordagem do PCMSO é muito mais abrangente do que a simples realização dos exames médicos. O PCMSO possui um viés preventivo quanto aos agravos à saúde dos colaboradores da empresa, pois permite que esses agravos sejam diagnosticados precocemente, bem como as doenças profissionais e outros danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores (OLIVEIRA, 2018). 124 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A NR-7 estabelece as diretrizes e os requisitos para o desenvolvi- mento do PCMSO nas organizações, destacando a importância da in- tegração deste programa com o programa de gerenciamento de riscos (PGR), para que possa atingir o seu objetivo de proteger e preservar a saúde dos colaboradores da empresa em relação aos riscos ocupacio- nais existentes (BRASIL, 2020b). Assim, o PCMSO considera as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico epidemiológico na abordagem da relação entre a saúde do trabalhador e o trabalho. É um programa que tem caráter de prevenção, rastrea- mento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica (que acontece sem manifes- tação de sintomas), além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores (BRASIL, 2020b). Desse modo, deve ser planejado e implementado com base nos riscos à saúde dos trabalhadores, sempre visando diagnosti- car uma doença o mais cedo possível e, assim, realizar as ações não só para o tratamento dos trabalhadores doentes como também para evitar que outros trabalhadores sejam afetados pela mesma doença (ROSSETE, 2015). Outra questão importante relacionada ao PCMSO é em relação às responsabilidades para a sua implementação. A NR-7 estabelece que o empregador deve garantir a elaboração, a implantação e o funciona- mento do PCMSO, assumindo os custos de todos os exames e procedi- mentos relacionados ao PCMSO, bem como indicando o médico coor- denador que será responsável pelo programa (BRASIL, 2020b). O médico coordenador tem como responsabilidade realizar os exames médicos previstos no PCMSO ou delegar a profissionais médicos familia- rizados com os princípios da patologia ocupacional e suas causas, bem como com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos aos quais o trabalhador a ser examinado está ou será exposto (BRASIL, 2020b). 125 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Outra responsabilidade do médico coordenador é determinar os profissionais ou entidades que realizarão os exames complementares previstos no PCMSO. Assim, é inerente à atividade do médico coorde- nador selecionar profissionais e instituições devidamente capacitados, equipados e qualificados, de acordo com a complexidade dos exames (BRASIL, 2020b). De acordo com a NR-7, pelo fato de o PCMSO ter uma natureza médica, deve-se acompanhar e tratar a saúde dos trabalhadores pela identificação de doenças por meio de exames médicos e laboratoriais. A realização desses exames médicos na gestão do PCMSO para a de- terminação do nexo causal das patologias laborais é muito importante, pois, com a realização dos exames médicos periódicos, os dados cole- tados no PCMSO determinam, em cada época do exercício da atividade laboral, as exatas condições de saúde do trabalhador (BRASIL, 2020b). O PCMSO deve incluir a realização obrigatória dos seguintes exames médicos (BRASIL, 2020b): • Admissional: deve ser realizado antes que o trabalhador assuma suas atividades. • Periódico: é realizado de acordo com os seguintes intervalos: ◦ Empregados expostos a riscos ocupacionais identificados e classificados no PGR e para portadores de doenças crônicas que aumentem a susceptibilidade a tais riscos: ◦ a cada ano ou a intervalos menores, a critério do médico responsável; ◦ de acordo com a periodicidade especificada no Anexo IV da NR-07, relativo a empregados expostos a condições hiperbáricas. 126 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . ◦ Para os demais empregados, o exame clínico deve ser realizado a cada dois anos. • Retorno ao trabalho: realizado obrigatoriamente antes que o empregado reassuma suas funções, quando ausente por período igual ou superior a 30 (trinta) dias por motivo de doença ou acidente, de natureza ocupacional ou não. Neste exame de retorno, a avaliação médica deve definir a necessidade de retorno gradativo ao trabalho. • Mudança de risco ocupacional: obrigatoriamente realizado antes da data de mudança. Deve-se entender por mudança de risco ocupacional toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou de setor que implique a exposição do trabalhador a um risco diferente daquele a que estava exposto antes da mudança. • Demissional: será obrigatoriamente realizado em até 10 (dez) dias contados do término do contrato, podendo ser dispensado caso o exame clínico ocupacional mais recente tenha sido realizado há menos de 135 (cento e trinta e cinco) dias, para as organizações que possuam graus de risco 1 e 2, e há menos de 90 (noventa) dias, para as organizações que possuam graus de risco 3 e 4. De acordo com a NR-7, para cada exame realizado, o médico emitirá o atestado de saúde ocupacional (ASO), que deve ser comprovadamen- te disponibilizado ao empregado, devendo ser fornecido em meiofísico quando solicitado (BRASIL, 2020b). O ASO deverá conter, no mínimo, as seguintes informações: sobre a empresa (razão social e CNPJ ou CAEPF); sobre o funcionário (nome completo, número do CPF e função de trabalho); sobre os perigos ou fatores de risco (descrição dos perigos ou fatores de risco identificados e classificados no PGR que necessitem de controle médico previsto no PCMSO, ou a sua inexistência); sobre os exames ocupacionais clínicos e complementares a que foi submetido o empregado (indicação e data 127 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. de realização); sobre o funcionário estar apto para a função (indicação de aptidão ou de inaptidão para o exercício da atividade laboral); sobre o médico responsável pelo PCMSO, se houver (nome completo e nú- mero do registro profissional); e sobre o exame clínico (data, número de registro profissional e assinatura do médico que realizou o exame) (BRASIL, 2020b). Cada funcionário da empresa deve ter o seu prontuário médico com os registros de todos os exames clínicos realizados. Esse prontuário deve ser mantido pela empresa por, no mínimo, 20 anos após o desliga- mento do funcionário (BRASIL, 2020b). Após compreendermos a importância e os principais aspectos a serem considerados pelas organizações para que, em atendimento à NR-7, implementem o PCMSO, vamos estudar a seguir os sistemas de gestão para a saúde e a segurança do trabalho. 3 Evolução da OHSAS 18001 para a ISO 45001 Antes de tratarmos a evolução dos sistemas de gestão para a saúde e a segurança do trabalho, é importante compreendermos o conceito de sistema de gestão. Podemos definir um sistema de gestão como um conjunto de atividades, geralmente com muitas tarefas que são realiza- das no ambiente digital, que serve para gerenciar algo que se queira me- lhorar ou manter. Atualmente, os sistemas de gestão integrados (SGI) integram vários tipos de funções, sujeitos a várias normas, como o sis- tema de gestão da qualidade (ISO 9001), o sistema de gestão ambiental (ISO 14001) e o sistema de gestão em segurança e saúde ocupacional (ISO 45001), em que, apesar de possuírem focos distintos, o seu modo de funcionamento e controle é bastante parecido (ROSSETE, 2015). Para tentar equacionar os desafios relativos à segurança e à saúde do trabalho e melhorar o controle dos fatores que a influenciam, observa-se 128 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .por parte das empresas um aumento na adoção dos sistemas de ges- tão de segurança e saúde do trabalhador. Vale ressaltar que as organi- zações buscam implantar sistemas de gestão visando melhorar o de- sempenho dos seus processos e, consequentemente, a qualidade dos produtos e serviços, promovendo o bem-estar e a qualidade de vida do trabalhador. Além disso, ações sistemáticas contribuem para que a or- ganização promova o desenvolvimento sustentável e, como consequên- cia direta, aumente a sua competitividade e lucratividade. Agora, tratando especificamente das normas sobre a gestão de se- gurança e saúde no trabalho, a OHSAS 18001:2007, sucedida pela ISO 45001:2018, definia os sistemas de gestão de segurança e saúde no tra- balho como “parte do sistema de gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar a sua política de saúde e segurança do trabalho e para gerenciar seus riscos de SST” (BSI, 2008, p. 3). Por outro lado, a norma ISO 45001:2018 apresenta uma definição genérica para o sistema de gestão e outra específica para o sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho. Desse modo, ela define: Sistema de gestão como o conjunto de elementos inter-relaciona- dos ou intervalos de uma organização que estabelece políticas, ob- jetivos e processos para atingir esses objetivos; e Sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho (sistema de gestão de SST) como um sistema de gestão ou parte de um siste- ma de gestão usado para atingir a política de SST. (ISO, 2018, p. 4) É importante ressaltar que, cada vez mais, observa-se no mercado uma preocupação por parte das organizações em demonstrar o seu de- sempenho relacionado às estratégias de saúde e segurança do trabalho para as partes interessadas (também conhecidos como os stak eholders – pessoas ou organizações que possuem algum tipo de interesse no negócio da empresa, podendo influenciar ou serem influenciados pe- las ações da organização). Assim, acionistas, funcionários, clientes, 129 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. sindicatos, entidades de classe, governo e outras partes interessadas desejam receber informações sobre a gestão dos riscos e da melhoria dos efeitos benéficos das atividades da empresa, dos seus produtos e serviços. Portanto, a adoção e a implementação dos sistemas de ges- tão se apresentam como uma maneira de deixar explícita as ações rea- lizadas pela organização (ROSSETE, 2015). PARA SABER MAIS Sobre como uma organização deve agir para implementar um sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho, ler o capítulo 6 “Conceitos e aplicação da gestão de segurança e saúde no trabalho” do livro Gestão de segurança e saúde no trabalho, de Eduardo A. R. de Oliveira (2020). Os sistemas de gestão OHSAS 18001:2007 e ISO 45001:2018 se ba- seiam no modelo PDCA (plan, do, check e act). Esses sistemas estabe- lecem os requisitos para que uma organização implemente uma gestão voltada à segurança do trabalho e à saúde ocupacional. Vale ressaltar que, até a publicação da norma ISO 45001:2018, a prin- cipal referência utilizada pelas empresas que buscavam implementar um sistema de gestão para a segurança e a saúde no trabalho era a norma OHSAS 18001:2007. Entretanto, a partir da publicação da ISO 45001:2018, as empresas iniciaram um processo de transição e ade- quação das estruturas dos seus sistemas de gestão para atender aos requisitos definidos pela norma ISO. Até porque a adoção do padrão nor- mativo ISO 45001:2018 permite às organizações maior integração com outros sistemas de gestão, como a ISO 9001:2015 – Sistema de gestão da qualidade, e a ISO 14001:2015 – Sistema de gestão ambiental. A base comum que permite essa integração é chamada de Anexo SL, e é considerada uma estrutura de alto nível, que fornece um qua- dro genérico para qualquer norma de sistema de gestão ISO. Assim, as 130 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .normas de sistemas de gestão possuem uma estrutura de alto nível unificada, com um texto de base idêntica, utilizando os mesmos termos e definições, bem como seguindo a maioria dos números das cláusulas e títulos dos itens das normas (ISO, 2018). O Anexo SL compreende dez cláusulas, conforme apresentadas a seguir (ISO, 2018):1. Escopo: define os resultados pretendidos pela organização. Deve estar alinhado à cláusula 4 – Contexto da organização. 2. Referência normativa: fornece informações sobre as normas de referência e documentos relevantes para o sistema de gestão. 3. Termos e definições: detalha termos e definições aplicáveis ao sistema de gestão. 4. Contexto da organização: a empresa deve analisar o contexto considerando os fatores internos e externos que, de alguma ma- neira, possam influenciar os resultados do sistema de gestão. Além disso, é fundamental que a empresa faça uma análise dos stakeholders (partes interessadas) para que possa identificar suas expectativas e necessidades para que sejam consideradas na definição dos requisitos do sistema de gestão. Outro requisito importante desta cláusula é a delimitação do escopo de certifica- ção. Essa informação é primordial para que se compreenda quais são os limites do sistema de gestão implementado. 5. Liderança: o papel exercido pela liderança é fundamental para o sucesso da implementação de um sistema de gestão, até porque são as lideranças que devem se comprometer com a implemen- tação do sistema de gestão. Trata-se de uma decisão estratégica que, para tanto, demandará muito engajamento dos líderes, não só para alinhar as ações e estratégias de negócio como também para conscientizar todos os colaboradores da empresa sobre a importância estratégica do sistema de gestão para a empresa. 131 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 6. Planejamento: a cláusula de planejamento trata da necessidade de a empresa desdobrar a sua política da qualidade em objetivos com indicadores e metas definidas. Para tanto, é fundamental que tanto os riscos como as oportunidades identificadas na aná- lise de contexto sejam consideradas. 7. Apoio: tão importante como abordar as áreas fins com a defini- ção de procedimentos e indicadores para os processos, as áreas de apoio são necessárias para que o sistema de gestão atinja os resultados esperados, ou seja, quais são os recursos necessários, como funciona o processo de comunicação da empresa e de que maneira as informações do sistema de gestão são mantidas pela empresa. 8. Operação: essa cláusula trata não só sobre os processos da pró- pria empresa como também de todos os processos terceiriza- dos. Desse modo, a empresa poderá implementar um sistema de gestão com processos consistentes, devidamente controlados e com a documentação necessária para evidenciar a gestão. 9. Avaliação de desempenho: o sistema de gestão deve ser devida- mente monitorado e controlado, para tanto, deve-se definir indi- cadores de desempenho para os processos, bem como realizar auditorias internas que permitam avaliar o desempenho do siste- ma de gestão. 10. Melhoria: os sistemas de gestão partem do pressuposto de que, com uma abordagem por processos devidamente controla- da, a empresa pode promover ações de melhoria com uma sis- temática bem definida. O ciclo PDCA é descrito pela norma ISO 45001:2018 da seguinte maneira (ISO, 2018, p. vii): Plan (planejar) – a empresa deve determinar e avaliar os riscos e oportunidades de SST e outros riscos e oportunidades, esta- belecer objetivos de SST e os processos de SST e os processos necessários para atingir os resultados de acordo com a política de SST da organização. 132 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Do (executar): a empresa deve implementar os processos confor- me planejado. Check (verificar): a empresa deve monitorar e medir as atividades e os processos em relação à política e aos objetivos de SST, bem como relatar os resultados. Act (agir): a empresa deve tomar as ações necessárias para melho- rar continuamente o desempenho de SST para alcançar os resulta- dos pretendidos. Desse modo, podemos concluir que as referências e diretrizes para que as organizações possam estabelecer estratégias e implementar programas e sistemas de gestão já existem e são bastante eficazes. Compete aos seus gestores analisarem o contexto e buscarem as solu- ções que sejam as mais adequadas a cada tipo de situação. PARA PENSAR Faça uma pesquisa na empresa na qual você trabalha e tente descobrir como funciona o PGR e o PCMSO. Considerações finais Neste capítulo, tivemos a oportunidade de estudar as principais fer- ramentas utilizadas para a gestão da saúde do trabalhador. Também estudamos as normas regulamentadoras que regulam o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Por fim, estudamos como se deu a evolução da norma OHSAS 18001 para a norma ISO 45001 e o seu im- pacto na gestão estratégica, com vista à responsabilidade social e à longevidade da organização. 133 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Referências BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BRASIL. Decreto-lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943. BRASIL. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978. BRASIL. Portaria SEPRT n. 6.730, de 9 de março de 2020. Aprova a nova reda- ção da Norma Regulamentadora n. 01 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 mar. 2020a. BRASIL. Portaria SEPRT n. 6.734, de 9 de março de 2020. Aprova a nova redação da Norma Regulamentadora n. 07 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 mar. 2020b. BRITISH STANDARDS INSTITUTE (BSI). Sistemas de gestão da saúde e se- gurança no trabalho: diretrizes para a implementação da OHSAS 18001:2007: OHSAS 18002:2008. [S.I.], 2008. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION (ISO). ISO 45001:2018 – Occupational health and safety management systems – Requirements with guidance for use. [S.I.], 2018. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão de segurança e saúde no traba- lho. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão dos programas ocupacionais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. 135 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sobre o autor Marcos Alberto de Oliveira é engenheiro químico pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e em Engenharia de Controle da Poluição Ambiental pela Faap, especialista em Engenharia de Produção, Engenharia de Produto e em Organização e Métodospela Universidade São Judas Tadeu (USJT), mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista (Unip) e mestre em Administração de Empresas pela Universidade Guarulhos (UNG). Possui certificação IBELT em ges- tão da inovação e é auditor interno de sistemas de gestão integrados ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001. Palestrante e professor universitário com experiência de 30 anos na área acadêmica, atuando em programas de educação continuada para empresas do segmento industrial e de serviços. Professor dos cursos de Engenharia e Administração da Faap, e em cursos de pós-graduação da Faap, da Fundação Instituto de Administração (FIA) e da Fundação Educacional Inaciana (FEI). É sócio-diretor da Firehawk Serviços de Aperfeiçoamento Profissional Ltda., e assessor de planejamento do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (Crosp). Autor do livro Em busca da excelência empresarial, da editora DVS; e dos livros Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente, Estratégia empresarial e gestão da informação gerencial, Gestão de operações e serviços, Logística reversa e Fundamentos da administração, da editora Senac São Paulo. SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_01_ACE_2022 SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_02_ACE_2022 SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_03_ACE_2022 SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_04_ACE_2022 SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_05_ACE_2022 SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_06_ACE_2022 SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_07_ACE_2022 SAU_SEG_TRA_MEIO_AMB_08_ACE_2022