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Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente 2a edição Marcos Alberto de Oliveira SA ÚD E, S EG UR AN ÇA D O TR AB AL HO E M EI O AM BI EN TE 2 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Simone M. P. Vieira – CRB 8a/4771) Oliveira, Marcos Alberto de Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente / Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente. – 2. ed. – São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2022. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-3298-5 (ePub/2022) e-ISBN 978-85-396-3299-2 (PDF/2022) 1. Saúde e segurança ocupacional 2. Higiene ocupacional 3. Acidentes de trabalho – Prevenção 4. Programas ocupacionais : Prevenção de Riscos 5. Riscos ambientais 6. Riscos ocupacionais I. Título. II. Série. 22-1502t CDD – 363.116 613.62 BISAC TEC017000 HEA028000 Índice para catálogo sistemático: 1. Prevenção e controle de risco : Problemas sociais 363.116 2. Saúde e segurança ocupacional : Higiene ocupacional 613.62 M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . SAÚDE, SEGURANÇA DO TRABALHO E MEIO AMBIENTE Marcos Alberto de Oliveira 2a edição M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado M at er ia l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Luís Américo Tousi Botelho Gerente/Publisher Luís Américo Tousi Botelho Coordenação Editorial/Prospecção Dolores Crisci Manzano Ricardo Diana Administrativo grupoedsadministrativo@sp.senac.br Comercial comercial@editorasenacsp.com.br Acompanhamento Pedagógico Otacília da Paz Pereira Designer Educacional Nathália Barros de Souza Santos Revisão Técnica Alexandre Saron Preparação e Revisão de Texto Karen Daikuzono Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Marcella Rigazzo Maiolino Ilustrações Marcella Rigazzo Maiolino Imagens Adobe Stock Photos E-book Rodolfo Santana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.livrariasenac.com.br © Editora Senac São Paulo, 2022 5 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sumário Capítulo 1 Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente, 7 1 Saúde do trabalhador, 8 2 Segurança do trabalho, 10 3 Meio ambiente, 12 4 Sustentabilidade, 14 Considerações finais, 17 Referências, 18 Capítulo 2 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho, 19 1 Evolução histórica do trabalho, da saúde e segurança do trabalho, 20 2 Princípios da higiene ocupacional, 23 3 Princípios da segurança do trabalho, 26 4 Normas regulamentadoras, 28 Considerações finais, 34 Referências, 35 Capítulo 3 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais, 37 1 Conceito de acidente do trabalho, 38 2 Doenças ocupacionais: doença profissional e doença do trabalho (saúde e doença), 42 3 Comunicado de acidente do trabalho – CAT e dia do acidente, 43 4 Nexo técnico epidemiológico, 48 Considerações finais, 49 Referências, 50 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 4 Reflexos dos acidentes do trabalho, 51 1 Enfoque social, econômico, jurídico, previdenciário e epidemiológico do acidente do trabalho, 52 2 Responsabilidades do empregador decorrentes do acidente do trabalho (trabalhista, tributária, civil e penal), 56 Considerações finais, 64 Referências, 64 Capítulo 5 Tipos de riscos ocupacionais, insalubridade e periculosidade, 67 1 Tipos de riscos ocupacionais (risco × perigo), 68 2 Equipamentos de proteção coletiva, 73 3 Equipamentos de proteção individual, 74 4 Insalubridade, 77 5 Periculosidade, 80 Considerações finais, 82 Referências, 82 Capítulo 6 SESMT e Cipa, 85 1 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT, 86 2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Cipa, 92 Considerações finais, 97 Referências, 98 6 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Capítulo 7 Ergonomia, 99 1 Conceito e tipos de ergonomia, 100 2 Conceito de estresse, fatores geradores e consequências para o trabalhador e meio ambiente do trabalho, 105 3 Qualidade de vida no trabalho, 110 Considerações finais, 113 Referências, 114 Capítulo 8 Programas de gestão da segurança e saúde do trabalhador, 115 1 Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, 116 2 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, 123 3 Evolução da OHSAS 18001 para a ISO 45001, 127 Considerações finais, 132 Referências, 133 Sobre o autor, 135 7 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 1 Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente A preocupação com a segurança e a saúde dos colaboradores bem como adotar práticas que protejam o meio ambiente devem fazer parte das estratégias de negócios de toda organização. Até porque, entre os principais desafios enfrentados pelas empresas, está a adoção de es- tratégias de negócios voltadas à sustentabilidade. Desse modo, as empresas devem adotar práticas e procedimentos que possibilitem aos seus colaboradores realizarem suas atividades em condições salubres e comsegurança, uma vez que o maior patrimônio de qualquer organização são as pessoas. 8 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Por outro lado, uma empresa deve ter clareza de sua responsabilida- de ambiental, adotando estratégias que considerem a proteção ao meio ambiente e que contribuam para o desenvolvimento sustentável. Assim, neste capítulo, vamos conhecer e entender a importância dos conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente, e seu ali- nhamento com o conceito de sustentabilidade. 1 Saúde do trabalhador Para que se mantenham competitivas, as organizações buscam o aprimoramento de suas estratégias visando oferecer produtos e servi- ços que entreguem valor ao mercado. Para tanto, é fundamental a ade- quação de seus processos e o alinhamento de seus colaboradores em torno dos objetivos estabelecidos. Assim, note que os colaboradores da empresa são fundamentais para a realização das estratégias de negócios, pois são os realizadores de todas as atividades e, para tanto, precisam de condições seguras. A relação entre trabalhador, ambiente de trabalho e produção estabelece relações de troca que nem sempre são saudáveis para seus agentes, ou seja, o trabalhador e o meio ambiente (CORREA, 2020). O bem-estar dos trabalhadores depende da saúde física, mental e so- cial, o que possibilita a realização de suas atividades laborais com o me- lhor desempenho possível, garantindo a eficiência e a eficácia de suas ações e contribuindo para a efetividade dos negócios da organização. Podemos afirmar que a saúde do trabalhador está relacionada aos processos de trabalho que envolvem questões econômicas, sociais e tecnológicas. Portanto, as organizações devem desdobrar ações que tenham como foco principal realizar as adequações necessá- rias para garantir boas condições de saúde aos seus colaboradores (BELLUSCI, 2017). 9Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a saúde como “um es- tado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a au- sência de afecções e enfermidades” (CORREA, 2020, p. 7). Essa definição ressalta a importância de uma preocupação constan- te com a saúde do trabalhador que envolve sua condição física, mental e seu bem-estar psicológico. É fácil perceber como uma doença, um acidente ou o estresse emocional podem afetar a saúde do indivíduo e, por consequência, o seu desempenho em sua atividade laboral. Os gestores das empresas devem se responsabilizar pelo estado de saúde geral dos trabalhadores, garantindo que as medidas necessárias este- jam sendo tomadas para promover a qualidade de vida de todos os en- volvidos (ROSSETE, 2015). É importante destacarmos que a evolução tecnológica tem promo- vido mudanças profundas nos processos de trabalho que, aliadas à di- versidade de situações de trabalho e aos métodos gerenciais que nem sempre priorizam a manutenção de boas relações de trabalho, podem trazer sérias consequências à saúde dos trabalhadores. Considerando a responsabilidade legal da empresa, é importante ressaltar que a saúde ocupacional está relacionada à assistência mé- dica preventiva, é prevista por lei e garante o acompanhamento médico do empregado. A empresa deve possuir um programa de medicina ocu- pacional que envolva exames, relatórios anuais e arquivos médicos ela- borados por profissionais de medicina do trabalho. Essas informações auxiliam as ações para a melhoria da produtividade e da qualidade de vida não somente no ambiente profissional como também no ambiente pessoal dos trabalhadores (ROSSETE, 2015). 10 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .No Brasil, a expressão “saúde do trabalhador” se refere ao campo do saber que visa compreender as relações entre trabalho e processo saúde/doença. O aspecto legal que trata o conceito de saúde do traba- lhador é a Lei n. 8.080/1990, na qual, em seu art. 6, parágrafo 3o, define: Entende-se por saúde do trabalhador um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalha- dores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das con- dições de trabalho. (BRASIL, 1990) Essa lei atribuiu à direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) a responsabilidade pela coordenação da política de saúde do trabalha- dor em nosso país. Assim, podemos concluir que a saúde, o bem-estar e o trabalho são fenômenos que se inter-relacionam, podendo afetar não apenas o empregado, mas também as organizações. Estas devem implementar ações para atender à legislação vigente e, principalmente, para promo- ver condições adequadas de trabalho, a fim de manter a saúde e o bem- -estar de seus trabalhadores, aplicando e promovendo o conceito de saúde proposto pela OMS no ambiente de trabalho. Entretanto, além das questões que envolvem a saúde do trabalhador, as organizações devem também considerar todos os aspectos relacio- nados à segurança do trabalho. 2 Segurança do trabalho A segurança do trabalho está relacionada à saúde ocupacional, pois tem como objetivos eliminar as condições inseguras de trabalho e pre- venir acidentes. http://conselho.saude.gov.br/legislacao/lei8080.htm 11Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. IMPORTANTE Basicamente, podemos dizer que a segurança do trabalho é aplicada nas organizações considerando as etapas a seguir (ROSSETE, 2015). • Observação: esta etapa é muito importante para a identificação dos possíveis atos inseguros que podem ser cometidos pelo traba- lhador, bem como os riscos relacionados à função desempenhada por ele. É importante destacar que o monitoramento das atividades, considerando o passo a passo da rotina do trabalhador, deve ser examinado para que todas as particularidades da função laboral sejam observadas, permitindo saber onde um erro pode ocorrer, possíveis atos inseguros que podem ser cometidos pelo trabalha- dor e situações ou falhas que podem causar algum tipo de dano. • Ação preventiva: após a etapa de observação, na qual foram obtidas as informações sobre a rotina do trabalhador em uma determinada função, o próximo passo é desenvolver normas e procedimentos de segurança, explicando claramente o que o trabalhador deve e o que ele não deve fazer durante a realização de suas atividades, sempre visando prevenir a ocorrência de acidentes. Em muitas situações, temos que definir o que será alterado ou até excluído da rotina de trabalho em uma determinada função. • Comunicação: de nada adianta observar a rotina do trabalhador e identificar as ações preventivas necessárias se o trabalhador, queé o principal envolvido no processo, não for devidamente comu- nicado. Assim, os trabalhadores devem conhecer e compreender as normas e os procedimentos de segurança para que respeitem e cumpram as orientações, realizando suas funções com maior segurança e conscientes sobre a importância do cumprimento das regras de segurança para a prevenção de acidentes. Podemos definir a segurança do trabalho como um conjunto de ciên- cias e de tecnologias que tem como objetivo a proteção do trabalhador em seu ambiente profissional. Os procedimentos e as normas de segu- rança têm como principal objetivo garantir a integridade física e psíqui- ca dos colaboradores durante a realização de sua atividade laboral. 12 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Vale ressaltar que, na segurança do trabalho, entre os fatores mais importantes para que os resultados relacionados à prevenção de aci- dentes sejam satisfatórios, as empresas devem atender aos requisi- tos legais e normativos, bem como aos requisitos de segurança para cada tipo de atividade. Para tanto, é fundamental não só a conscienti- zação como também o comprometimento das pessoas, no caso, dos trabalhadores. A conscientização é muito importante para que o trabalhador enten- da o porquê da adoção de um determinado procedimento de trabalho. Já o comprometimento com o cumprimento das orientações e determi- nações previstas no procedimento de trabalho é fundamental para que as ações de prevenção sejam implementadas e, consequentemente, para que o trabalhador realize suas atividades em condições seguras. Assim, podemos afirmar que um local de trabalho seguro depende da empresa, que estabelece as diretrizes para manter a segurança com base na legislação e nas características de cada atividade, e do traba- lhador, que deve seguir o que lhe foi determinado a fim de preservar a sua integridade física, mental e social (STUMM, 2020). Concluindo, após tratarmos os conceitos e as aplicações relaciona- das à saúde e à segurança dos trabalhadores, vamos entender a inte- gração desses conceitos com o meio ambiente. 3 Meio ambiente Para que possamos compreender de que maneira o conceito de meio ambiente pode ser relacionado à saúde do trabalhador e à segurança do trabalho, é importante compreendermos inicialmente o conceito de meio ambiente interno à organização. O meio ambiente interno ou de trabalho pode ser definido como o local onde o trabalhador exerce a sua atividade laboral. Assim, todas as 13Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ações de proteção ao meio ambiente interno contribuem diretamente para a segurança e a manutenção da saúde dos trabalhadores, o que evidencia uma relação direta entre os conceitos. Entretanto, se considerarmos que as organizações são sistemas abertos e que interagem o tempo todo com o meio ambiente exter- no, também podemos relacionar a segurança do trabalho com o meio ambiente, pois, se a organização realiza as suas atividades com a preocupação em proporcionar um ambiente sem poluição, resíduos e contaminação, não só estará promovendo a saúde e a integridade do trabalhador, como também estará contribuindo para a manutenção das condições adequadas para o meio ambiente. Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente (BRASIL, 1981), meio ambiente pode ser definido como o “conjunto de condições, leis, influên cias e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abri- ga e rege a vida em todas as suas formas”. Em uma visão holística, podemos afirmar que o meio ambiente con- templa o ser humano e todo o contexto no qual está inserido: social, econômico, político, etc. Assim, devemos considerar o conceito de se- gurança do trabalho associado não só ao conceito de saúde do traba- lhador como também ao conceito de meio ambiente e de sustentabili- dade (SILVA; REZENDE; TAVEIRA, 2019). Portanto, o gerenciamento de estratégias e ações implementadas pela organização com uma visão sistêmica que considere as questões que envolvem a saúde, a segurança e o meio ambiente com um foco direto nas pessoas (sendo seus colaboradores ou não) é fator prepon- derante para a sua competitividade, pois impacta diretamente sobre os seus recursos permanentes. Todas as organizações, independentemente do seu segmento de atuação, devem desenvolver estratégias voltadas à segurança do tra- balho, à promoção da saúde de seus trabalhadores e à preservação do meio ambiente. 14 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Essas ações, alinhadas com as ações relacionadas ao desenvolvi- mento econômico, ambiental e social das empresas, remetem ao con- ceito de sustentabilidade, o qual será apresentado a seguir. 4 Sustentabilidade A palavra sustentabilidade se refere à perenidade e à continuidade, sempre com a noção de algo capaz de se manter ao longo do tempo. Assim, sustentabilidade é o princípio que assegura que nossas ações de hoje não limitarão a gama de opções econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as futuras gerações. PARA SABER MAIS Para saber com mais detalhes o que é e o que não é sustentabilidade, ver o item 1 do capítulo 2 do livro Sustentabilidade organizacional, de Tobias Coutinho Parente (2018, p. 24-26). Podemos dizer que o conceito de sustentabilidade do negócio está intimamente ligado ao conceito de sustentabilidade da própria socieda- de, uma vez que as organizações vivem e interagem com a sociedade. A sustentabilidade depende basicamente de três tipos de recursos, os quais apresentamos a seguir (OLIVEIRA, 2020). • Recursos econômico-financeiros: relacionados aos investimen- tos em infraestrutura e em produção, visando ao lucro ou a ou- tro resultado que atenda aos interesses de seus acionistas ou proprietários, ou seja, é uma relação entre o recurso financeiro investido e o resultado econômicofinanceiro obtido. A gestão da qualidade, na medida em que busca atender à satisfação dos clientes e aos requisitos regulamentares relacionados aos 15Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. produtos intencionais gerados, está diretamente ligada à utiliza- ção desses recursos. • Recursos ambientais: estão relacionados à utilização dos recur- sos naturais renováveis ou não renováveis disponíveis e ao im- pacto que suas atividades produzem nesses recursos. A gestão ambiental está diretamente ligada à utilização desses recursos. • Recursos sociais: relacionados ao ser humano e à sua vida no trabalho e em sociedade. As gestões da segurança no trabalho, da saúde ocupacional e das políticas de respeito aos direitos hu- manos estão diretamente ligadas à utilização desses recursos. Sustentabilidade, portanto, depende do equilíbrio resultante da cor- reta utilizaçãodesses recursos pelas empresas de modo a assegu- rar a viabilidade do negócio por meio do equilíbrio entre os recursos econômico financeiros e os ambientais, da preservação de condições de vida atuais e futuras, da preservação de recursos naturais e da ma- nutenção de um meio ambiente saudável que não comprometa ad- versamente os recursos sociais e a relação justa entre os interesses econômicofinanceiros e os interesses da sociedade como um todo. O conceito de sustentabilidade depende de três pilares (econômico, social e ambiental) que, se bem gerenciados, poderão trazer benefícios às or- ganizações e à sociedade. NA PRÁTICA A sustentabilidade não deve ser definida como um rótulo concedido às organizações ou às pessoas, do tipo “empresa sustentável”, mas, sim, um conceito abrangente que se baseia em valores. Ou seja, é mais pru- dente identificar os valores que pautam uma empresa que busca ter uma postura sustentável do que simplesmente classificar as empresas como sustentáveis ou não sustentáveis. Apesar de ser comum o uso da expressão “empresa sustentável”, é im- portante compreendermos que a expressão se refere a uma empresa 16 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . que possui ações e políticas derivadas e pautadas por determinados va- lores que buscam tratar de maneira equitativa as dimensões da susten- tabilidade, ou seja, as dimensões econômica, social e ambiental. Por exemplo, apoiar instituições que cuidam de crianças carentes está dentro do escopo da dimensão social da sustentabilidade, mas de nada adianta uma empresa ter essa preocupação e não oferecer condições adequadas de trabalho para seus colaboradores. Também não pode ser considerada sustentável uma empresa que financie projetos de conser- vação ambiental sem ter um equilíbrio financeiro para tanto. Portanto, a sustentabilidade é um valor, e não um estado permanente, por isso, as organizações devem buscar a todo tempo uma conduta em prol da sustentabilidade (PARENTE, 2018, p. 25-26). Outro conceito importante que deve ser considerado neste estudo é o de desenvolvimento sustentável. A ideia de desenvolvimento sustentá- vel foi definida pela chamada Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (OLIVEIRA, 2020, p. 229): “o desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações futuras”. A partir de então, a expressão “desenvolvimento sustentável” co- meçou a ser usada em todos os documentos oficiais dos governos, da diplomacia, dos projetos das empresas, no discurso ambientalista con- vencional e nos meios de comunicação. O desenvolvimento sustentável é proposto ou como um ideal a ser atingido ou como um qualificativo de um processo de produção ou de um produto, feito pretensamente den- tro de critérios de sustentabilidade, ou seja, considerando os aspectos sociais, econômicos e ambientais (BOFF, 2016). Enfim, o tema sustentabilidade demanda das organizações diversas ações, que contemplam a segurança do trabalho, a proteção da saúde dos trabalhadores, a preservação do meio ambiente, entre tantas outras ações internas e externas que podem e devem ser implementadas para que os valores que norteiam o conceito possam ser materializados por meio dessas ações. 17Conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambiente M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. É fato que as organizações podem contribuir muito à medida que compreendam a relevância do tema, não só para o seu desempenho econômico, como também para o seu desempenho social e ambiental. Essas iniciativas têm sido cada vez mais reconhecidas pela sociedade e, principalmente, pelos consumidores que, cada vez mais, consideram as questões relacionadas à sustentabilidade em suas decisões de compra. Assim, compete aos gestores responsáveis pela definição das estra- tégias nas organizações considerar os valores associados ao conceito de sustentabilidade para implementar as ações e disseminar esses va- lores, desenvolvendo uma cultura voltada para a sustentabilidade. PARA PENSAR Na sua opinião, quais são os principais aspectos a serem considerados pelas organizações que buscam definir estratégias voltadas à susten- tabilidade? Considerações finais Neste capítulo, tivemos a oportunidade de conhecer e entender a im- portância dos conceitos de saúde, segurança do trabalho e meio ambien- te, bem como o seu alinhamento com o conceito de sustentabilidade. As empresas devem atuar de maneira sustentável para se manter competitivas, considerando que cada vez mais a sociedade demanda atributos associados à sustentabilidade para escolher as organizações com as quais deseja se relacionar. Não importa se esse relacionamento será como cliente, fornecedor, empregado ou financiador, o que se deseja é identificar valores organi- zacionais em harmonia com a sustentabilidade, e isso inclui as ações para a segurança do trabalho, a proteção à saúde dos trabalhadores e a preservação do meio ambiente. 18 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Referências BELLUSCI, Silvia Meirelles. Doenças profissionais ou do trabalho. 12. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2017. BOFF, Leonardo. Sustentabilidade: o que é – o que não é. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 set. 1981. BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. CORREA, Glaucia Garanhani. Atenção à saúde do trabalhador. Curitiba: Contentus, 2020. OLIVEIRA, Marcos Alberto de. Fundamentos da administração. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020. PARENTE, Tobias Coutinho. Sustentabilidade organizacional. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. SILVA, Agenor; REZENDE, Mardele; TAVEIRA, Paulo. Segurança do trabalho e meio ambiente: o diferencial da dupla atuação. São Paulo: Érica, 2019. STUMM, Silvana Bastos. Segurança e ergonomia. Curitiba: Contentus, 2020. 19 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 2 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho Sabemos que todas as ações realizadas pelas empresas para pro- porcionar melhores condições de trabalho são fundamentais para o bem-estar dos seus colaboradores. Desse modo, para que possamos entender como essas ações podem e devemser realizadas, é impor- tante compreendermos o panorama histórico do trabalho e da saúde do trabalhador. Neste capítulo, estudaremos também os princípios norteadores da higiene ocupacional e da segurança do trabalho, preceitos fundamentais para que as organizações e seus colaboradores possam implementar as ações necessárias, visando a prevenção de acidentes e a proteção dos trabalhadores. 20 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Por fim, vamos conhecer as normas regulamentadoras que, no Brasil, regem e fornecem as orientações sobre as obrigatoriedades dos procedimentos relacionados à segurança e à saúde do trabalhador. 1 Evolução histórica do trabalho, da saúde e segurança do trabalho Atualmente, as organizações implementam programas voltados à segurança e à saúde dos trabalhadores com base em normas, legisla- ções, regras, especificações e controles, visando proporcionar o bem- -estar e proteger a integridade física e a saúde de seus colaboradores. Entretanto, é importante compreender que as práticas atuais podem ser consideradas como resultados de muitos anos de estudos, pesquisas e observações das atividades laborais e dos ambientes de trabalho. Inicialmente, devemos entender o conceito de trabalho que pode ser definido não como um ato estanque em si mesmo, mas como um pro- cesso em que ocorre a relação do trabalhador com o meio ambiente, uma vez que o trabalho é realizado em qualquer ambiente (em escritório num local fechado, andando sob sol e chuva, locais de temperaturas extremas – próximo a um forno ou que tenha que entrar em uma câma- ra frigorífica –, locais que necessitam de turnos de revezamento de 24 horas, entre outros). Assim, considerando que o processo de trabalho apresenta inúmeras variantes que se relacionam com o trabalhador e que essas condições podem provocar danos ou adoecimentos ao longo dos anos, foram desenvolvidos estudos e levantamentos sobre os ris- cos existentes em cada atividade laboral (CORREA, 2020). Podemos dizer que, a partir do momento em que os meios de produ- ção passaram a ser organizados para a obtenção de lucro, a situação para a saúde e a segurança dos trabalhadores se tornou bastante pre- cária. As primeiras fábricas utilizavam galpões com pouca iluminação e ventilação, acumulavam lixo e sujeira, o que proporcionava aos traba- lhadores condições de trabalho insalubres (OLIVEIRA, 2018). 21 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. As condições inadequadas de trabalho oferecidas aos trabalhadores despertaram grande interesse de pesquisadores e estudiosos sobre o tema, o que trouxe, ao longo dos anos, contribuições muito representa- tivas para a segurança e a saúde dos trabalhadores. Entre os principais pesquisadores sobre o tema e que desenvolve- ram estudos que trouxeram contribuições relevantes para a segurança e a saúde dos trabalhadores, podemos destacar (OLIVEIRA, 2018): • Georgius Agricola (1494-1555): foi o primeiro especialista a tratar a vinculação entre saúde e trabalho. Era considerado um perito em minerais e em doenças provocadas nos mineradores; e por ter essa especialidade, desenvolveu um estudo fazendo a correlação entre o processo de extração de minerais (ouro e prata) e as doen- ças e acidentes mais habituais entre os trabalhadores em minas. Esse estudo foi publicado na obra De re metallica, em 1556. • Paracelso (1493-1541): Paracelso era o pseudônimo do pesquisa- dor Felipe Teofrasto de Hohenheim, que desenvolveu um estudo que relacionava trabalho e doença, enumerando diversos proces- sos de trabalho, substâncias químicas utilizadas e as respectivas doenças decorrentes. Entre os temas estudados, destacam-se a silicose e a intoxicação sofrida pelos mineiros e fundidores que manipulavam mercúrio e chumbo. Esse estudo foi publicado postumamente na obra Dos ofícios e doenças da montanha, em 1567. Paracelso é considerado um dos precursores da medicina do trabalho. • Bernardino Ramazzini (1633-1714): desenvolveu um estudo de cin- quenta profissões ou ocupações, pormenorizando as doenças, os sintomas e os sinais relacionados a cada tipo de trabalho, prescre- vendo como remediá-los e preveni-los. Esse estudo foi publicado em 1700, na obra De morbis artificum diatriba (As doenças dos tra- balhadores). A publicação dessa obra deu a Ramazzini o epíteto de “pai da medicina do trabalho”, como é reverenciado mundialmente. 22 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . As contribuições trazidas por esses grandes profissionais foram importantes para o desenvolvimento de muitas outras pesquisas e trabalhos sobre a segurança e a saúde dos trabalhadores, até porque, ao longo dos anos, com o surgimento e a utilização das máquinas nos processos, tivemos um grande avanço tecnológico promovendo um au- mento da produtividade e dos volumes de produtos fabricados. Entretanto, o avanço tecnológico sem qualquer tipo de controle so- bre a segurança e a saúde dos trabalhadores trouxe um grande núme- ro de doenças ocupacionais, bem como proporcionou a ocorrência de muitos acidentes relacionados ao trabalho. Assim, nesse contexto de condições inadequadas para o trabalho, surgiram os primeiros movi- mentos associados a sindicatos para a defesa dos direitos aos traba- lhadores. Esses movimentos não surtiram efeitos imediatos, podemos dizer que as melhorias nas condições de trabalho foram bem lentas. Entre as organizações mundiais que contribuíram para a dissemina- ção dos direitos dos trabalhadores, devemos destacar a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A OIT, criada em 1919, é a entidade responsável pela redação, formulação e aplicação das normas inter- nacionais do trabalho por meio de convenções e recomendações, e tem como objetivo garantir que homens e mulheres tenham acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equida- de, segurança e dignidade. No Brasil, além da promoção permanente das normas internacionais do trabalho, do emprego, da melhoria das condições de trabalho e da ampliação da proteção social, a OIT tem se caracterizado pelo apoio ao esforço nacional de promoção do trabalho decente em áreas combatendo o trabalho forçado, o trabalho infantil, o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e comercial; à promo- ção da igualdade de oportunidades e tratamento de gênero e raça no trabalho; à promoção de trabalho decente para os jovens; entre outras (BARSANO; BARBOSA, 2018). 23 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. PARA SABER MAIS Para entender a evolução histórica mundial e nacional, vero capítulo 1 “Introdução à segurança e saúde no trabalho” do livro Gestão dos progra- mas ocupacionais, de Eduardo A. R. de Oliveira (2018, p. 7). Após a apresentação de um breve histórico sobre o trabalho e a preo- cupação com a saúde e a segurança dos trabalhadores, vamos estudar a seguir os princípios da higiene ocupacional. 2 Princípios da higiene ocupacional Segundo a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH – Conferência Norte-Americana de Higienistas Industriais Governamentais), a higiene do trabalho ou higiene industrial é uma ciência e uma arte que tem por objetivo o reconhecimento, a ava- liação e o controle daqueles fatores ambientais ou tensões originadas nos locais de trabalho, que podem provocar doenças, prejuízos à saúde ou ao bem-estar, desconforto significativo e ineficiência nos trabalha- dores ou entre pessoas da comunidade (BARSANO; BARBOSA, 2018). Os profissionais que atuam na área de saúde, higiene e segurança do trabalho utilizam a higiene ocupacional para antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os agentes ou processos produtivos que colocam em risco a saúde e a integridade dos trabalhadores (SILVA; REZENDE; TAVEIRA, 2019). A metodologia de ação da higiene ocupacional é dividida em três etapas (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2020): • Reconhecimento dos riscos: nesta primeira etapa, são levantadas informações sobre o ambiente de trabalho, visando identificar os riscos presentes e promover o devido controle para esse ambiente. 24 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Vale ressaltar a importância desta etapa, pois, se um determinado risco não for identificado, não será avaliado e controlado. Para que se tenha eficiência nesta etapa, é fundamental que se co- nheça a tecnologia de produção utilizada, o projeto das instalações, as matérias-primas utilizadas (em caso de setor industrial), os ris- cos presentes no processo produtivo, as condições climáticas, as propriedades físico-químicas dos produtos utilizados, as caracte- rísticas toxicológicas dos produtos e as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores. Nota-se a importância desta etapa ser bem realizada para que possamos realmente identificar os riscos exis- tentes. Até porque se nesta etapa de reconhecimento for identifica- do que as concentrações ou as exposições estão muito acima dos limites de exposição, inicia-se imediatamente a etapa de controle. • Avaliação dos riscos: após o reconhecimento dos riscos, é rea- lizada uma avaliação por meio de medições ou pela coleta de amostras que representam a realidade à qual os trabalhadores estão expostos. É uma etapa importante, pois, se o ambiente for saudável, possivelmente não haverá o desenvolvimento de doen- ças profissionais, entretanto, se a avaliação não for realizada ou se for realizada de maneira inadequada, talvez a falha só será des- coberta quando o trabalhador adoecer, o que será tarde demais. Nesta etapa, se faz necessário conhecer as técnicas de amostra- gem para que seja utilizada a metodologia adequada para cada tipo de agente. Também é muito importante que seja feita uma estimativa da probabilidade do agravo e o grau de exposição em que ocorreu o dano. A responsabilidade pela realização da ava- liação é muito grande, pois, se houver falha na estratégia ou na metodologia utilizada, o trabalhador correrá riscos de estar tra- balhando em um ambiente insalubre, sem que a empresa tenha tomado as devidas providências. 25 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Medidas de controle dos riscos: após o reconhecimento e a ava- liação dos riscos, temos a última etapa, que trata sobre o controle desses agentes buscando reduzir ou eliminar os riscos presentes no ambiente de trabalho. Nesta etapa, as medidas de proteção coletiva para proteger o ambiente de trabalho devem ser prioriza- das em relação às medidas de proteção individual. A utilização dos princípios da higiene ocupacional é de fundamental importância, pois a higiene ocupacional trabalha em prol da adaptação do trabalho ao homem, e do homem ao seu trabalho. Assim, compreen- der as causas geradoras de riscos é fundamental para o desdobramen- to de ações preventivas. NA PRÁTICA Vamos apresentar uma situação que demonstra como é importante a atuação da higiene ocupacional: Quando um trabalhador exposto em um ambiente de traba- lho insalubre (contaminado por agentes físicos, químicos ou biológicos) desenvolve algum tipo de doença que o incapaci- ta para o trabalho, ele será afastado. Após o devido tratamento, esse trabalhador, estando em condições de trabalhar, poderá retornar à sua atividade labo- ral no mesmo local onde contraiu a doença. Provavelmente, voltará a ficar doente, dessa vez, mais rapidamente até que fique totalmente incapacitado para o trabalho. Isso ocorre pois, o que está sendo tratado é a consequên- cia, no caso, a doença e não a causa básica fundamental que é a exposição a ambiente contaminado. A higiene ocupacional atua exatamente sobre a causa, ou seja, o ambiente contaminado. (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2020, p. 9). 26 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Agora que já conhecemos os princípios da higiene ocupacional, va- mos entender quais são os princípios da segurança do trabalho. 3 Princípios da segurança do trabalho Em um ambiente de constantes mudanças no ambiente de trabalho impulsionadas pelas inovações tecnológicas e pelo desenvolvimento econômico, o tema segurança do trabalho deve ser tratado com muita atenção pelas organizações. Até porque, quando surgem novas ativida- des laborais, se faz necessária a análise de quais serão as condições de trabalho necessárias para a realização da atividade e, por consequência, deve-se avaliar também quais os riscos associados à sua realização. Assim, podemos definir a segurança do trabalho como a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e incidentes originados du- rante a atividade laboral do trabalhador, visando prevenir os acidentes, as doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde profissio- nal (BARSANO; BARBOSA, 2018). As empresas devem utilizar os princípios da segurança do trabalho para reduzir ou evitar a ocorrência de acidentes do trabalho e o desen- volvimento de doenças relacionadas ao trabalho. Para tanto, não basta simplesmente atender às legislações em vigor, mas, acima de tudo, as- sumir uma posição estratégica em relação ao tema, compreendendo que a adoção dos princípios pode trazer benefícios físicos, financeiros e sociais (ROSSETE, 2015). 27 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © EditoraSenac São Paulo. IMPORTANTE Compete à segurança do trabalho junto com outros conhecimentos afins, como a higiene ocupacional e a medicina do trabalho, identificar os fatores de risco que levam à ocorrência de acidentes e doenças ocu- pacionais. A segurança do trabalho proporciona uma visão abrangente que en- volve diversas áreas de conhecimento, o que faz com que a empresa tenha um desafio cada vez maior para atuar com efetividade na imple- mentação de ações prevencionistas. Como nos locais de trabalho nor- malmente existem inúmeras situações de riscos passíveis de provocar acidentes do trabalho, quanto maior for o detalhamento da análise dos fatores de risco em todas as tarefas e nas operações do processo, maior será a assertividade para a implementação das ações de prevenção. Se considerarmos que a segurança do trabalho encontra uma relação com praticamente todas as áreas de conhecimento humano, para imple- mentar as ações sugeridas, é uma questão obrigatória para as empresas estarem atentas às características do colaborador, como escolaridade, histórico profissional e biótipo do trabalhador, pois só assim conseguirá realizar uma avaliação mais precisa, identificando se o trabalhador pos- sui características adequadas para a função que será exercida. Por outro lado, considerando a segurança dos processos, será fun- damental que a empresa proporcione boas condições de trabalho, caso contrário de nada adiantará escolher o colaborador adequado para a função se as condições de trabalho não forem adequadas e salubres. A seguir, vamos estudar as normas regulamentadoras e outros aspectos legais relacionados à segurança do trabalho. 28 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 4 Normas regulamentadoras Antes de falarmos especificamente sobre as normas regulamenta- doras, é importante compreender a hierarquia das normas relativa à saúde e à segurança do trabalho. No Brasil, a ordem hierárquica das normas respeita a ordem jurídica apresentada a seguir (BARSANO; BARBOSA, 2018, p. 14). 1o: Constituição Federal (CF/1988), ADCT, Emendas Constitucio- nais, Tratados e Convenções sobre Direitos Humanos. 2o: Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisó- ria, Decreto Legislativo. 3o: Decretos, Resoluções, Portarias, Instruções Normativas. 4o: Contratos, Sentenças Judiciais, Atos e Negócios Jurídicos. Assim, podemos afirmar que a segurança do trabalho é regulamen- tada por muitas normas (Constituição Federal, leis, decretos, portarias, resoluções, instruções técnicas, etc.), que visam garantir a integridade física e psíquica dos trabalhadores. As principais normas que regem a segurança do trabalho no Brasil são as seguintes: • Constituição Federal de 1988 (CF/1988): a Constituição da República Federativa do Brasil, publicada em 1988, discorre em seu art. 7, XXII, ser “direito do trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança” (BRASIL, 1988). • Decreto-lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em seu Capítulo V do Título II – Da Segurança e da Medicina do 29 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Trabalho, trata o tema nos arts. de 154 a 200. O texto original foi alterado com a Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1997. • Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991: dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, que também regulamentam o acidente do trabalho. • Lei n. 6.514, de 22 de dezembro de 1997: essa lei alterou o Capítulo V do Título II da CLT (relativo à segurança e à medicina do trabalho). • Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978: essa portaria aprovou as normas regulamentadoras do Capítulo V, Título II, da CLT relativas à segurança e à medicina do trabalho. As normas regulamentadoras (NRs) são consideradas a principal re- ferência para todos os profissionais da área de segurança do trabalho em virtude de sua importância na prevenção de acidentes do trabalho nos diversos segmentos organizacionais. A seguir, apresentamos as 37 NRs (BRASIL, 2021). NR-1 – Disposições Gerais: esta é a norma que estabelece as dispo- sições gerais, o campo de aplicação, os termos e as definições comuns às NRs relativas à segurança e à saúde no trabalho, e as diretrizes e os requisitos para o gerenciamento de riscos ocupacionais e as medidas de prevenção em Segurança e Saúde no Trabalho (SST). NR-2 – Inspeção Prévia: esta norma foi revogada pela Portaria SEPRT n. 915, de 30 de julho de 2019, publicada no Diário Oficial da União de 31 de julho de 2019. NR-3 – Embargo e Interdição: a norma trata dois temas essenciais para o perfeito andamento da fiscalização de segurança e saúde do tra- balhador – embargo e interdição. NR-4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT): esta norma define que os Serviços 30 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho devem ser realizados por uma equipe de profissionais especializados. Estabelece as atribuições, os requisitos, a jornada de trabalho e o di- mensionamento da equipe. NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa): é con- siderada uma das normas mais importantes para a segurança do tra- balho, ela define as atribuições da Cipa, como deve ser o processo elei- toral, as reuniões ordinárias e extraordinárias e as atribuições e direitos do cipeiro. NR-6 – Equipamentos Proteção Individual (EPIs): esta norma define equipamentos de proteção individual (EPIs), comenta sobre a importân- cia dos equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e sua aplicação no cotidiano das organizações. NR-7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): norma que estabelece diretrizes e requisitos para o desenvol- vimento do PCMSO nas organizações. NR-8 – Edificações: nesta norma, estão estabelecidos os requisitos técnicos mínimos a serem considerados nas edificações para garantir segurança e conforto aos trabalhadores. NR-9 – Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e Biológicos: é a norma que estabelece os requisitos para a avaliação das exposições ocupacionais a agentes físicos, quími- cos e biológicos quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), previsto na NR-1, fornecendo as informações quanto às medidas de prevenção para os riscos ocupacionais. NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade: esta- belece os requisitos e condições mínimos a serem observados na im- plementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de modo a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que atuem, direta ou indiretamente, com instalações elétricas e serviços de eletricidade. 31 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacionale da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NR-11 – Transporte, Movimentação e Armazenagem e Manuseio de Materiais: é a norma que estabelece os procedimentos de segurança para a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras. NR-12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos: esta é a norma que define as referências técnicas, os princípios fundamen- tais e as medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade físi- ca dos trabalhadores, estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos. NR-13 – Caldeiras, Vasos sob Pressão e Tubulações e Tanques Metálicos de Armazenamento: esta norma regulamenta as atividades envolvendo caldeiras e vasos sob pressão. NR-14 – Fornos: é a norma que determina que os fornos devem ser construídos solidamente, revestidos com material refratário, de maneira que o calor radiante não ultrapasse os limites de tolerância estabeleci- dos pela NR-15. NR-15 – Atividades e Operações Insalubres: é a norma que define quais são as atividades consideradas insalubres e também estabele- ce qual será o adicional incidente ao salário do trabalhador que exerce suas atividades laborais em condições de insalubridade. NR-16 – Atividades e Operações Perigosas: de acordo com essa nor- ma, são consideradas perigosas as atividades e operações com explo- sivos, inflamáveis e radiações ionizantes ou substâncias radioativas. NR-17 – Ergonomia: esta norma estabelece os parâmetros que per- mitam a adaptação das condições de trabalho às características psi- cofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o conforto, a segurança e o desempenho suficiente ao colaborador. NR-18 – Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção: norma que tem como objetivo estabelecer diretrizes de ordem 32 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . administrativa, de planejamento e de organização, que visam à imple- mentação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indús- tria da construção. NR-19 – Explosivos: de acordo com esta norma, é considerado ex- plosivo o material ou substância que, quando iniciada, sofre decompo- sição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão. NR-20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis: é a norma que estabelece as diretrizes para a segurança e a saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis. NR-21 – Trabalhos a Céu Aberto: esta norma estabelece as diretrizes para trabalhos a céu aberto. NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração: norma que estabelece medidas para o controle dos riscos existentes no setor de mineração. NR-23 – Proteção contra Incêndios: esta norma estabelece que to- dos os empregadores devem adotar medidas de proteção de incêndios, em conformidade com a legislação e as normas técnicas aplicáveis. NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho: norma que define todas as diretrizes relacionadas às condições sanitá- rias e de conforto nos locais de trabalho. NR-25 – Resíduos Industriais: estabelece os meios de prevenção quanto ao descarte dos resíduos. NR-26 – Sinalização de Segurança: é a norma que regulamenta a cor na segurança do trabalho, bem como estabelece as regras de sinaliza- ção de segurança nos locais de trabalho. NR-27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho: esta norma foi revogada em 12 de junho de 1990, pela Portaria DSST n. 6. 33 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NR-28 – Fiscalização e Penalidades: norma que estabelece os pro- cedimentos a serem adotados pela fiscalização de segurança e saúde do trabalho. NR-29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário: norma que esta- belece medidas para o controle dos riscos existentes no setor portuário, aplicada para operações tanto a bordo como em terra. NR-30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário: norma que re- gulamenta as condições de trabalho aquaviário, relativo a toda embar- cação de bandeira nacional ou estrangeira. NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura: norma que regulamenta as condições de trabalho nos ambientes rurais. NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde: nor- ma que regulamenta as condições de trabalho na área de saúde. NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados: norma que regulamenta as condições de trabalho em espaços confinados. NR-34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, Reparação e Desmonte Naval: norma que regulamenta as condições de trabalho na indústria da construção e reparação naval, estabelecendo medidas de prevenção à segurança, à saúde e ao meio ambiente nesta atividade. NR-35 – Trabalho em Altura: esta é a norma que regulamenta as con- dições de trabalho para as atividades em altura. NR-36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados: norma que regulamenta as con- dições de trabalho na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano. 34 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . NR-37 – Segurança e Saúde em Plataformas de Petróleo: estabelece os requisitos mínimos de segurança, saúde e condições de vivência no trabalho a bordo de plataformas de petróleo em operação nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (AJB). PARA PENSAR Agora que você já conhece todas as normas regulamentadoras, tente identificar todas as normas aplicáveis à sua empresa e verifique como estão as atividades relacionadas ao atendimento de cada norma. Considerações finais Neste capítulo, pudemos entender como se deu a evolução histórica do trabalho, da saúde e da segurança do trabalho. Estudamos também os princípios norteadores da higiene ocupacional e da segurança do trabalho e a maneira que os empregadores devem desdobrar suas es- tratégias voltadas à promoção de boas condições de trabalho aos seus colaboradores. Também foram apresentadas as 37 normas regulamentadoras (NRs), destacando seus objetivos e foco de atuação. Vale salientar que, além de atender aos requisitos estabelecidos nessas normas, as em- presas também deverão atender às determinações de outras normas complementares. Por fim, o mais importante a ser ressaltado é a preocupação com a prevenção de acidentes e com as boas condições de trabalho, destaca- das nos preceitos estabelecidos pela higieneocupacional, pela seguran- ça do trabalho e pelas normas regulamentadoras. 35 Trajetória da saúde do trabalho, princípios da higiene ocupacional e da segurança do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Referências BARSANO, Paulo Roberto; BARBOSA, Rildo Pereira. Higiene e segurança do tra- balho. São Paulo: Érica, 2018. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm. Acesso em: 11 ago. 2021. BRASIL. Normas regulamentadoras. Ministério da Economia. Secretaria do Trabalho. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguran- ca-e-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras?b_start:int=20. Acesso em: 11 ago. 2021. BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional: agentes biológicos, químicos e físicos. 10. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2020. CORREA, Glaucia Garanhani. Atenção à saúde do trabalhador. Curitiba: Contentus, 2020. OLIVEIRA, Eduardo Augusto Rocha de. Gestão dos programas ocupacionais. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2018. ROSSETE, Celso Augusto (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015. SILVA, Agenor; REZENDE, Mardele; TAVEIRA, Paulo. Segurança do trabalho e meio ambiente: o diferencial da dupla atuação. São Paulo: Érica, 2019. https://www.gov.br/trabalho/pt-br/inspecao/seguran http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao 37 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 3 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais Neste capítulo, vamos estudar os fundamentos do acidente do tra- balho e suas práticas legais. Por mais que as empresas implementem ações voltadas à saúde e à segurança dos seus colaboradores, infeliz- mente jamais conseguirão eliminar totalmente os riscos de acidentes no ambiente de trabalho. Assim, cada evento acaba servindo como uma orientação para a implementação de melhorias e de ações preventivas, sempre visando proteger os trabalhadores. A promoção do bem-estar no ambiente de trabalho proporcionando condições salubres e seguras para que os 38 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . colaboradores possam realizar suas atividades laborais deve ser um ob- jetivo permanente para que as organizações desenvolvam uma cultura de segurança. 1 Conceito de acidente do trabalho Para que possamos estudar o conceito de acidente do trabalho, é importante compreendermos o contexto em que esses acidentes ocor- rem nas empresas. Sabemos que não existe uma causa única para a ocorrência de acidentes, assim como também não existe uma única maneira para a sua prevenção. Basicamente, todo estudo realizado pela segurança do trabalho envolve duas forças opostas, ou seja, os fatores de risco (que atuam no sentido de provocar acidentes e doenças) e a função segurança (que atua para prevenir, evitar ou pelo menos reduzir os efeitos dos fatores de risco) (ROSSETE, 2015). Considerando esse contexto, a segurança do trabalho aborda o tema acidente do trabalho sob dois enfoques: legal e prevencionista. Sob a ótica prevencionista, o conceito aborda o acidente do trabalho não so- mente como uma causa de dano real ao trabalhador ou ao patrimônio, mas principalmente como uma prevenção, por meio da antecipação de certo evento que, sob o olhar prevencionista dos profissionais envol- vidos com a segurança do trabalho na empresa, possa desencadear, por diversos incidentes (ou quase acidentes), uma pequena lesão, uma grave lesão ou até mesmo um acidente fatal (morte do trabalhador) (BARSANO; BARBOSA, 2018). IMPORTANTE Acidente do trabalho é um evento inesperado e indesejado que traz al- gum tipo de dano ao trabalhador. 39 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. O acidente de trabalho é um evento ou ocorrência que não foi pro- gramado, que ocorre na maioria das vezes de maneira inesperada, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, causan- do danos materiais, lesões nos trabalhadores e perda de tempo. Desse modo, é primordial que a empresa estabeleça um processo de preven- ção de acidentes e adote metodologias para estudar as atividades labo- rais, visando investigar e registrar as ocorrências para que possam ser desdobradas as ações de prevenção. O conceito legal de acidente do trabalho é apresentado pela Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Esta lei estabelece os critérios e concei- tos sobre acidentes do trabalho. O art. 19 da lei define: “acidente do tra- balho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho” (BRASIL, 1991). Um acidente típico é o acidente que ocorre pelo exercício do traba- lho a serviço da empresa, ou seja, aquele que se amolda perfeitamente como descrito no art. 19 da Lei n. 8.213 de 1991 (ROSSETE, 2015). De acordo com o tipo de acidente ocorrido, o trabalhador poderá ser afas- tado ou não de suas atividades laborais, assim, o acidente pode ser: • Sem afastamento: quando o trabalhador, após o acidente, já retor- na ao trabalho no dia imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente. • Com afastamento: quando o trabalhador, após o acidente, se au- senta do trabalho. O afastamento do trabalhador é em decorrên- cia de sua incapacidade para a realização da atividade laboral, esta incapacidade pode ser classificada ainda como: ◦ incapacidade temporária – ocorre quando o trabalhador se afasta, mas, em seu retorno, consegue desenvolver suas atividades; 40 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .◦ incapacidade permanente parcial – ocorre quando o trabalha- dor, ao retornar ao trabalho, volta sem as mesmas condições laborais, permanecendo com certa redução de sua capacida- de para a realização das suas atividades laborais; ◦ incapacidade total permanente – ocorre quando o trabalhador fica impossibilitado de retornar ao trabalho, tornando-se inváli- do para o exercício de atividades laborais; ◦ morte – quando o trabalhador vem a óbito em decorrência de acidente do trabalho. A Lei n. 8.213 de 1991 equipara igualmente a acidente do trabalho outros infortúnios sofridos pelo trabalhador em situações específicas (OLIVEIRA, 2018). Segundo o art. 21 dessa lei: A Previdência Social classifica como acidente de trabalho: a. o acidenteligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do trabalhador, para perda ou redução da sua capacidade para o trabalho, ou que tenha produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; b. o acidente sofrido pelo trabalhador no local e horário do trabalho, em consequência de: ◦ ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; ◦ ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; ◦ ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro, ou de companheiro de trabalho; ◦ ato de pessoa privada do uso da razão; 41 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. ◦ desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos decorrentes de força maior; c. a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; d. o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho: ◦ na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; ◦ na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; ◦ em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta, dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de- obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado; ◦ acidente de trajeto: o acidente sofrido no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (BRASIL, 1991) Essa mesma lei também equipara a acidente do trabalho as doenças profissionais e do trabalho que serão tratadas a seguir. 42 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 2 Doenças ocupacionais: doença profissional e doença do trabalho (saúde e doença) Antes de estudarmos o conceito de doença ocupacional, deve- mos entender que o conceito de saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se refere ao estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade. Entretanto, sabemos que os trabalhadores podem adqui- rir doenças em função de causas relacionadas ao trabalho, como resul- tado da profissão exercida ou que exerceu anteriormente, ou pelas con- dições adversas em que o seu trabalho foi realizado (OLIVEIRA, 2018). Nesse contexto, é importante destacar que a saúde é mundialmente reconhecida como um direito de todo ser humano e a sua manutenção é um direito social estabelecido em nossa Constituição. A Constituição Brasileira publicada em 1988 estabelece no art. 6 do Capítulo II – Dos Direitos Sociais que: “são direitos sociais a educação, a saúde, o traba- lho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados” (BRASIL, 1988). O conceito de doença ocupacional está previsto em lei, na qual é equiparada também a acidente do trabalho, tendo em vista que as doen- ças, de um modo ou de outro, se relacionam com determinada atividade realizada no ambiente de trabalho (OLIVEIRA, 2018). Assim, de acordo com a Lei n. 8.213 de 1991, também são conside- radas acidente do trabalho (BRASIL, 1991): • Doença profissional: doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Por exemplo, asma ocupacional, dermatose ocu- pacional, saturnismo (exposição ao chumbo), estresse ocupacio- nal, pneumoconiose e câncer por exposição a produtos químicos. 43 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. • Doença do trabalho: doença adquirida ou desencadeada em fun- ção de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Por exemplo, perda auditiva, lesão por esforço repetitivo (LER), distúr- bios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), depres- são e cegueira. Vale ressaltar que, de acordo com essa mesma lei, não são conside- radas como doença do trabalho (BRASIL, 1991): • Doença degenerativa. • Doença inerente a grupo etário. • Doença que não produz incapacidade laborativa. • Doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva, salvo se comprovado que resultou de ex- posição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. Um aspecto importante a ser destacado é que, apesar dos conceitos de acidente do trabalho e de doenças ocupacionais serem tratados com grande preocupação pelas empresas e pelos seus colaboradores, sabe- mos que, infelizmente, muitos acidentes de trabalho ocorrem diariamente nas empresas e, a partir do momento em que ele ocorre, a empresa pre- cisa tomar uma série de providências, entre elas comunicar a Previdência Social, conforme será apresentado a seguir. 3 Comunicado de acidente do trabalho – CAT e dia do acidente Antes de estudarmos como deve ser realizado o comunicado de acidente do trabalho, é importante conhecermos quais são as causas dos acidentes de trabalho. Vale ressaltar que, na maioria das vezes, 44 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .essas causas são complexas, pois existem fatores que atuam direta ou indiretamente no desencadeamento de um acidente. Basicamente, os acidentes de trabalho ocorrem sobretudo em razão de dois fatores (BARSANO; BARBOSA, 2018): • Ato inseguro: ato praticado pelo indivíduo, consciente (quando ele sabe que está se expondo ao perigo), inconsciente (quando ele não sabe que está se expondo ao perigo) ou circunstancial (quan- do algo mais forte o leva a praticar uma ação insegura). • Condição insegura: quando é o ambiente de trabalho que expõe o trabalhador ou as instalações e os equipamentos ao risco. NA PRÁTICA São exemplos de atos inseguros: colocar alguma parte do corpo em um lugar perigoso, ficar junto ou sob cargas suspensas, usar máquinas sem habilitação, limpar máquinas em movimento, fazer brincadeiras e prati- car exibicionismo durante a atividade laboral, usar roupas inadequadas, não usar os equipamentos de proteção individual. São exemplos de condições inseguras: falta de ordem e de limpeza, ventilação e/ou iluminação inadequadas, falta de espaço, passagens perigosas, falta de proteção em máquinas e equipamentos,
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