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Direitos Humanos

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Prévia do material em texto

Professor Esp. Romário Rocha Rodrigues
DIREITOS HUMANOS
 REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
 DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima
 DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Giani Andrea Linde Colauto 
 DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini
 DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel 
 SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva
 COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes
 COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá
 COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
 COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho 
 COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas
 REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling 
 Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
 Caroline da Silva Marques 
 Eduardo Alves de Oliveira
 Jéssica Eugênio Azevedo
 Marcelino Fernando Rodrigues Santos
 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Hugo Batalhoti Morangueira
 Vitor Amaral Poltronieri
 ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz 
 DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira 
 Carlos Henrique Moraes dos Anjos
 Kauê Berto
 Pedro Vinícius de Lima Machado
 Thassiane da Silva Jacinto 
 
 FICHA CATALOGRÁFICA
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
R696d Rodrigues, Romário Rocha
 Direitos humanos / Romário Rocha Rodrigues. Paranavaí:
 EduFatecie, 2023.
 98 p. : il. Color.
 
 1. Direitos humanos. I. Centro Universitário UniFatecie. II.
 Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD: 23. ed. 341.1219
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
As imagens utilizadas neste material didático 
são oriundas dos bancos de imagens 
Shutterstock .
2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie.
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da 
obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la 
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
https://www.shutterstock.com/pt/
3
Professor Esp. Romário Rocha Rodrigues
• Técnico em Administração pelo Colégio Estadual de Paranavaí (2014); 
• Bacharel em Direito pela Universidade Paranaense - UNIPAR (2019); 
• Especialista em Ciência de Dados - Uniasselvi (2021); 
• Pós-graduando em Educação a distância 4.0 (FAEL) (2022); 
• MBA em Finanças e Políticas Fiscal - Uniasselvi (2022); 
• MBA em Gestão Pública - Uniasselvi (2022); 
• Tutor Professor na instituição UniFatecie.
 
CURRÍCULO LATTES: https://lattes.cnpq.br/8891129446641339
AUTOR
https://lattes.cnpq.br/8891129446641339
4
Seja muito bem-vindo (a)!
Prezado (a) aluno (a), é um imenso prazer tê-lo comigo para tratarmos sobre os 
Direitos Humanos. Juntos, caminharemos para um entendimento acerca dos conceitos 
básicos dos direitos humanos, e como eles se manifestam em nossa sociedade. Esse ma-
terial irá abordar conceitos e definições para que possamos compreender como os direitos 
inerentes ao homem são reconhecidos, e a razão de ser tão importante na seara jurídica.
Na unidade I, abordaremos os pressupostos dos direitos humanos, como sua 
definição é tratada no ordenamento jurídico internacional, assim como em nosso Estado. 
Ainda, iremos compreender como os eventos históricos e a teoria do poder influenciaram 
na busca por reconhecimento desses direitos e limitação ao poder arbitrário do Estado.
Já na unidade II, iremos aprofundar nossos estudos nos fundamentos dos direitos 
humanos, sendo que partiremos dos fundamentos jusfilosóficos dos direitos humanos, ana-
lisando o posicionamento das escolas que influenciam no entendimento desses direitos. 
Entenderemos a razão do fracasso da escola juspositivista em relação à sua tese radical 
de separação entre o direito e a moral, e como esse posicionamento se contrapõe ao 
entendimento jusnaturalista.
Na unidade III, nos debruçamos na análise dos sistemas internacional e regional de 
proteção dos direitos humanos. Veremos a importância do sistema global para a promoção 
do respeito aos direitos humanos, bem como a sua proteção. 
Ao longo da unidade IV, estudaremos alguns tópicos especiais para que você pos-
sa entender a aplicação dos direitos humanos em alguns contextos. A ideia é que ao final 
da unidade você saiba identificar violações existentes a partir de conceitos definidos pela 
comunidade acadêmica.
Esperamos que este material contribua para seu crescimento profissional. 
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
SUMÁRIO
UNIDADE 1
Pressupostos Históricos: da Dialética do Poder às 
Reivindicações por Direitos Humanos
UNIDADE 2
Fundamentos dos Direitos Humanos
UNIDADE 3
Formulações Positivas dos Direitos Humanos 
UNIDADE 4
Tópicos Especiais de Direitos Humanos
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Plano de Estudos
• Pressupostos primeiros acerca dos direitos humanos;
• O poder como pressuposto à teoria dos direitos humanos;
• Das reivindicações por direitos humanos;
• Características e as dimensões dos direitos humanos.
Objetivos da Aprendizagem
• Contextualizar a história dos direitos humanos;
• Compreender a relação entre a teoria do poder e teoria dos direitos humanos;
• Estabelecer a importância de um sistema protetivo de direitos humanos;
• Apresentar as características e como se compõem as dimensões dos 
direitos humanos.
1UNIDADEUNIDADEPRESSUPOSTOS PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOSDIREITOS HUMANOS
Professor Esp. Romário Rocha Rodrigues
INTRODUÇÃO
Olá, tudo bem? Seja bem-vindo (a) a nossa Primeira Unidade da disciplina de 
Direitos Humanos. Assim como eu, acredito que você deva estar entusiasmado para iniciar 
nossa trilha de aprendizagem.
Quando se fala em direitos humanos, comumente o senso comum irá defini-lo como o 
direito dos manos, relacionando as acepções que absorve através dos meios de comunicação 
e massa que, de forma sensacionalista, atribuem uma roupagem negativa a esses direitos. 
Iremos entender nesta unidade que os direitos humanos abrangem um conjunto de 
direitos fundamentais inalienáveisno qual goza um indivíduo desde o seu nascimento, sim-
plesmente pelo fato de ser uma pessoa humana. Ainda, entenderemos que esse conjunto 
de direitos passou por um longo processo até serem reconhecidos internacionalmente.
No primeiro tópico, abordaremos os pressupostos dos direitos humanos e o que os 
definem na ordem internacional e internamente em nosso ordenamento jurídico. Abordare-
mos, ainda, alguns eventos históricos que ensejaram na busca por reconhecimento desses 
direitos, de forma que possamos compreender a relação desses eventos junto à teoria do 
poder, e como os direitos humanos limitam o poder do Estado contra imposições arbitrárias 
que cerceiam o direito de liberdade, conforme veremos no segundo tópico.
No terceiro tópico, após entendermos como o poder se manifesta no Estado, e como 
seu abuso constitui uma ofensa aos direitos humanos, haja vista que o ataque sistemático ao 
poder legitimamente investido, afronta aos direitos civis e à liberdade individual. Abordaremos 
eventos específicos que culminaram na criação de tratados internacionais e organismos cuja 
função é assegurar a estabilidade do poder e manter o diálogo entre as nações.
No quarto e último tópico, analisaremos essas características dos direitos huma-
nos, de forma que se possa correlacionar com a ideia de dimensões, sendo que a partir 
da leitura atenta das outras unidades, poderemos compreender a relação da historicidade 
dentro desta perspectiva.
Será um prazer tê-lo comigo! Bons estudos!
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS 7
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Como se sabe, o homem é detentor de direitos inalienáveis que devem a todo 
momento ser respeitados pelo ordenamento jurídico e pelos representantes do povo. Ao 
longo da história, houve movimentos sociais importantes que culminou no reconhecimento 
desses direitos, de modo a preservar a dignidade humana. 
Vários tratados, como o Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e o 
Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH), abarcam uma gama de direitos que 
foram reconhecidos internacionalmente, sendo posteriormente incorporados à base das 
Constituições democráticas de vários países com vista à garantia da liberdade, igualdade e 
fraternidade entre os povos.
Diante desta perspectiva, percebe-se que em âmbito internacional os direitos 
humanos são constantemente debatidos em virtude da importância desse movimento de 
reconhecimento de direitos básicos que pode ser estudado sob várias óticas e aspectos. 
Oliveira (2016, s.p) expõe que não existe uma definição do que são direitos humanos, em 
virtude da fluidez e ambiguidade terminológica, que abrange aspectos filosóficos, históricos, 
sociais, culturais, políticos e até mesmo linguísticos.
 Neste norte, Silveira & Rocasolano (2010, p. 203) aduzem que:
É tradição dogmática e doutrinária dedicar as páginas iniciais dos tratados e 
estudos ao exame terminológico da expressão “direitos humanos”, seja para 
justificar uma tautologia, seja para tentar definir com coerência a base concei-
tual, seja ainda por mero exercício acadêmico. Na verdade, a ciência jurídica 
desconfia da validade de um termo universalmente conhecido e que integra 
a linguagem cotidiana.
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 1 PRESSUPOSTOS PRIMEIROS ACERCA DOS DIREITOS HUMANOSTÓPICO
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS 8
Destaque-se que o objetivo dessa unidade é eminentemente didático, com foco no 
processo histórico dos direitos humanos e nas principais definições jurídicas. Em virtude 
das infindáveis discussões e da complexidade acerca de uma definição exata sobre o que 
são direitos humanos, não adentraremos nesta seara. 
Entretanto, para analisarmos os aspectos jurídicos, partiremos de uma definição 
abrangente que parte da premissa de que os direitos humanos devem ser entendidos como 
direitos fundamentais inalienáveis no qual goza um indivíduo, desde o seu nascimento, 
simplesmente pelo fato de ser uma pessoa humana. Tais direitos abarcam os direitos civis, 
políticos, econômicos, culturais e sociais que se estendem a todos independentemente de 
posição social, sexo, religião, raça, idade e quaisquer outras discriminantes que caracteri-
zam o indivíduo.
Analisando a definição acima, percebe-se o uso da terminologia “direitos funda-
mentais” ao invés de direitos humanos. 
Deve-se entender que direitos fundamentais é uma forma positivada na ordem 
constitucional do Estado, com o propósito de proteger as pessoas sujeitas à sua jurisdição, 
isto é, quando tais normas provêm de um sistema regional de proteção, como é o caso dos 
sistemas interamericanos, nos referimos aos direitos fundamentais. Contudo, quando um 
direito abarca a proteção internacional, oriunda de um sistema global, como é o caso da 
Organização das Nações Unidas, empregar-se-á a terminologia, direitos humanos (SILVEI-
RA; ROCASOLANO, 2010, p. 203; MAZZUOLI, 2022, s.p).
QUADRO 1. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS
Fonte: autor (2023).
9UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
Diante dessas afirmações, é possível delinear os direitos humanos como um conjunto 
de direitos indispensáveis à proteção da dignidade da pessoa humana, resguardado pela ordem 
internacional, de forma a assegurar as condições necessárias de sobrevivência e emancipação 
da pessoa humana, e protegê-lo de violações e arbitrariedades que o Estado possa praticar à 
sua jurisdição (RAMOS, 2022, s.p; MAZZUOLI, 2022, s.p; OLIVEIRA, 2016, s.p).
São direitos indispensáveis a uma vida digna e que, por isso, estabelecem 
um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados devem respeitar, 
sob pena de responsabilidade internacional. Assim, os direitos humanos são 
direitos que garantem às pessoas sujeitas à jurisdição de um dado Estado 
meios de vindicação de seus direitos, para além do plano interno, nas instân-
cias internacionais de proteção (MAZZUOLI, 2022, s.p).
Os direitos humanos, portanto, são reivindicações que não dependem de garantias 
de terceiros. Logo, significa aceitar que todos temos direito de reivindicá-los, não importa o 
que digam ou façam, porque pertencemos a uma grande família humana.
Neste norte, Ramos (2022, s.p) destaca que não existe um rol que determine um 
“conjunto mínimo de direitos essenciais a uma vida digna”. Em outras palavras, não é 
possível categorizar o que vem a ser uma necessidade humana, haja vista que variam de 
acordo com o contexto e as demandas sociais que são adjudicadas, com a finalidade de 
inserir ao rol de direitos humanos.
Os direitos humanos além de estar enraizados na evolução da sociedade, também 
está fortemente vinculado à luta da pessoa humana contra arbitrariedades, injustiças, 
explorações e negligências. Diante desta perspectiva, deve-se salientar que não se deve 
considerar os direitos humanos como quaisquer direitos atribuídos à humanidade, pois, 
caso contrário seria reconhecido em outros momentos da história das civilizações.
Tradicionalmente, era conhecido como direitos naturais ou de direitos do homem. O 
fato é que, em quase todas as civilizações, esses direitos tiveram lugar, em que pese não fos-
sem diretamente mencionados na época. Dentre essas civilizações,destaque-se “o Código 
de Hamurabi (Babilônia, século XVIII, a.C.), o pensamento de Amenófis IV (Egito, século XIV 
a.C.), a filosofia de Mêncio (China, século IV a.C.), a República de Platão (Grécia, século IV 
a.C.)”, dentre outras culturas e civilizações (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 96).
Registra-se que o humanismo renascentista, no início do período moderno, também 
teve sua parcela de contribuição através da Magna Carta (1215), da filosofia liberalista e a 
difusão de ideias pelos intelectuais europeus no século XVIII.
Percebe-se, portanto, que o reconhecimento pelos direitos humanos ocorreu de 
forma gradativa, pois dependia fortemente da transformação intelectual e moral do homem. 
Devemos reconhecer que o padrão de pensamento somente foi se alterando quando as 
civilizações entenderam que o poder não deve ser ilimitado. Dessarte, o processo de re-
conhecimento por direitos humanos, não é apenas sobre a legitimidade do direito inerente 
ao homem, mas sobre limitar os excessos e as arbitrariedades nos termos do pacto social 
estabelecido pelos cidadãos.
10UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
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Analisando o primeiro tópico, percebe-se a complexidade e, ao mesmo tempo, a 
importância dos direitos humanos à medida que se concretizam na esfera de seus benefi-
ciários através dos vários tratados internacionais, normas constitucionais, contribuições de 
intelectuais, das decisões dos tribunais (jurisprudências), etc. 
É a partir deste conjunto que foram se contornando o significado, funções e 
garantias dos direitos humanos. Repise-se que no transcurso percorrido nesta direção, 
houve injustiças sofridas por indivíduos, grupos e povos que se colocaram contra o poder 
estabelecido para que houvesse o reconhecimento da dignidade humana como um direito 
subjetivo de qualquer pessoa em qualquer nação, e até dos apátridas.
Neste sentido, Silveira & Rocasolano (2010, p. 22) aduzem que o processo dos 
direitos humanos abarca uma:
[...] história de confrontação e de luta incessante pelos valores da humanida-
de, em que o poder imposto aos homens e sua organização em comunida-
des, povos e Estados, foi se perdendo nas batalhas sob a ordem da liberda-
de, igualdade e solidariedade dos seres humanos, que se rebelaram guiadas 
pelas luzes da razão e dos valores e sentimentos compartilhados.
Refletindo acerca da transcrição acima, podemos nos indagar qual seria a relação 
entre o poder e os direitos humanos. Demirovic (2008, p. 6) explica que o sujeito humano 
está envolvido em relações de produção, relações de sentido e, ao mesmo tempo, em 
complexas relações de poder. O poder, portanto, não é apenas um problema teórico, mas 
parte de nossa experiência, haja vista que pode ser encontrado em todas as formas no 
cotidiano. 
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
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 2 O PODER COMO PRESSUPOSTO À TEORIA DOS DIREITOS HUMANOSTÓPICO
11
De forma que possamos entender essas nuances, devemos primeiramente distin-
guir a autoridade do poder propriamente dito. Afinal, aquele que detém o poder necessaria-
mente possui autoridade?
A resposta é não! 
Quando o senso comum se refere à autoridade, existe uma predisposição de se de-
finir o termo como alguém investido de poder para agir em determinada situação. Entretanto, 
se trata de um pensamento equivocado, pois a autoridade não é uma pessoa, mas uma 
característica de uma pessoa que está atrelada à moralidade, a intelectualidade ou a política.
Tendo em vista este primeiro aspecto, percebe-se que o sujeito que detém o poder 
propriamente dito, pode não possuir nenhuma autoridade, ao passo que o indivíduo que 
detém autoridade pode não ser investido de nenhum poder formal, porque sua autoridade 
não se impõe pelo uso indiscriminado da força, mas por alguma característica que faz com 
que um determinado grupo o reconheça como tal.
A auctoritas, palavra de origem romana, era entendida não como uma condição 
de exigir obediência, mas de reconhecer a capacidade ou as qualidades intrínsecas do 
indivíduo. Apesar de na Roma antiga o poder emanar do povo, o Senado era considerado o 
espaço da autoridade, pois tinha como pressuposto o respeito. Logo, só existia autoridade 
na sede do Senado (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 23).
Deste modo, aquele que se sujeita à autoridade, o faz de forma voluntária, em virtu-
de do bem advindo deste comportamento, permitindo que se implemente valores estimados 
pela sociedade, e não de forma coercitiva.
Quando se há o exercício da força, caracterizada pela imposição externa, estamos 
falando de poder propriamente dito. Um exemplo palpável, é o poder exercido pelos tribunais, 
cujas decisões possuem força de ordem pública, no qual encontraremos o elemento potesta-
tivo. Registre-se que a decisão assumirá forma jurídica a partir do momento em que o poder 
é conferido e delimitado pelo direito, de modo que seu exercício não se torne arbitrário.
Com efeito, teremos um poder legítimo quando ocorrer a união entre o poder e a 
autoridade, pois, ainda que o exercício do poder seja conferido, tal ato está imbuído de 
formalidade legal apenas, mas não garante a legitimidade deste direito. A ligação entre 
ambos, garante tanto o reconhecimento formal atrelado à lei, e legitimidade por influência e 
prestígio (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 26).
Do exposto pode-se concluir que a autoridade é relativa, pois em última aná-
lise todos a possuem e a exercem em algum grau, enquanto a potestade é 
exclusiva de quem goza de um reconhecimento formal que muitas vezes é 
pressuposto para seu efetivo exercício. Em outras palavras, pode-se dizer 
que potestade é a capacidade de fazer, enquanto autoridade é o reconheci-
mento para se fazer. Assim é que um senador, na política romana, não era um 
12UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
magistrado; trabalhava somente no âmbito de sua influência pessoal, com 
autoridade, mas sem potestade (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 26).
Diante dessa perspectiva, conclui-se que o exercício do poder pressupõe limites 
instituídos pelo aparato legal, o que não requer necessariamente reconhecimento, enquan-
to que a autoridade está intimamente determinada pela legitimidade. 
Com efeito, quando um agente público tomar determinada ação que contrarie a 
legalidade, este abusa de seu poder tão somente. Isto porque somente podem ser consi-
derados agentes de autoridade quando são capazes de demonstrar legitimamente que as 
ações de outrem está ou não correta, considerando seu padrão de conduta, servindo de 
referência para os demais. (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 26-27).
Dentro do contexto social, o poder se manifesta na capacidade de influir e/ou de-
terminar a conduta do coletivo, de modo a coordenar e transformar as relações sociais, 
extirpando até mesmo as resistências. Deste modo, infere-se que o poder abrange duas 
perspectivas: a primeira se trata de uma capacidade concebida como uma instituição, no 
qual para ser legítimo há de se ter o consentimento sobre aqueles no qual é exercido; e o 
poder como uma idiossincrasia das relações sociais.
De uma perspectiva política, o poder se caracteriza como “uma força a serviçode 
uma ideia, destinada a dirigir a comunidade a uma ordem social benéfica mediante a imposi-
ção de um comportamento determinado”. Deste modo, o elemento força (coercitiva e coativa) 
torna-se sustentáculo para a consecução do poder. Por esta razão o direito acaba por regular 
e garantir os direitos humanos, respectivamente (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 32).
Diante dessa amplitude conceitual, Silveira & Rocasolano (2010, p. 32) hierarqui-
zam as acepções terminológicas, classificando o poder em: a) poder natural: “em referência 
a um viés físico, onde poder equivale às forças da natureza”; b) poder social: se caracteriza 
pela imposição sobre as relações no cotidiano e a sociedade. Assim, o poder social pode 
ser classificado quanto aos seus efeitos do seguinte modo:
QUADRO 2: CLASSIFICAÇÃO DE RELAÇÕES DE PODERES
Quanto aos efeitos:
a. Poder de influência;
b. Poder de determinação das ações de terceiros.
Quanto a sua
natureza e estrutura:
a. Poder nas relações de conflito ou oposição: abrange (1) 
poder dominante e (2) poder dominado;
b. Poder nas relações de coordenação ou não oposição: 
(1) poder como enquanto capacidade dos sujeitos de se 
autodeterminarem e (2) poder de autolibertação.
13UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
Quanto à
extensão do poder
de dominação:
a. Poder como coação;
b. Poder como dissuasão;
c. Poder como persuasão.
Quanto aos
efeitos do poder de
dominação:
a. Poder como legitimação da submissão;
b. Poder como própria submissão.
Quanto ao âmbito
em que o poder
é exercido:
a. Poder econômico;
b. Poder ideológico;
c. Poder político;
d. Poder jurídico;
e. Poder da mídia;
f. Poder religioso;
g. Poder científico.
Quanto à sua
instrumentalidade:
a. Exercício da liberdade e dos direitos fundamentais;
b. instrumento de libertação para salvaguardar direitos 
humanos e legitimação da submissão.
Fonte: organizado pelo autor (2023).
A partir de estudos de Marx e Weber, houve uma ampliação teórica onde se ex-
pandiu a visão social do que é o poder. Essas tradições partem da premissa de que a 
estratificação social surgiu a partir da distribuição geral do poder na sociedade, e que a 
estrutura das sociedades no que tange os seus aspectos, coletivo e distributivo, formam o 
meio no qual se alcançam os objetivos da sociedade.
No que concerne Weber, este aduz que a relação social parte de um status de 
dominação (emprego da violência), sendo este o poder um instrumento para tanto. Esse 
pensamento guarda uma relação com o que era empregado na Grécia Antiga, em que a 
governança era exercida por grupos de homens livres, e não pela totalidade do povo.
Se analisar a origem das civilizações, assim como o seu desenvolvimento, a violência 
está presente em diferentes expressões. Os regimes ditatoriais se proliferaram alternadamen-
te na história da humanidade, sendo impossível a estabilização do poder e da dominação. 
Por óbvio, esse uso indiscriminado da força gerou insegurança e instabilidade política.
Como destaca González (2021, p. 2), o autoritarismo e o próprio totalitarismo tendem 
a impulsionar uma dependência de Estados, governos e padrões políticos, em que há uma 
subjugação em que prevalece a vontade do mais forte, forçando os demais a renunciarem 
sua liberdade individual e suprimirem sua posição política para exercerem um poder rígido. 
14UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
A administração da morte só traz benefícios àqueles que impõem o poder 
por meio do mal, da crueldade, do terror e do medo constante. Em condi-
ções ditatoriais, em situações de tirania, em estados de guerra e em regimes 
criminosos, consegue-se governar e exercer o poder por meio de relações 
violentas, guerra e opressão direta (GONZÁLEZ, 2021, p. 5-6).
Para Hannah Arendt o poder não é uma propriedade individual, pois pertence a um 
grupo que investe alguém para representá-lo, atuando em seu nome. Em sua concepção, a 
partir do emprego da violência, o poder deixa de existir, haja vista a aniquilação de elemen-
tos que caracterizam a atuação dos homens em seu grupo, de estar em liberdade.
Hannah Arendt analisa esse fenômeno a partir da capacidade humana de agir para 
traçar interesses e objetivos comuns, isto é, agir coletivamente. Logo, a ideia de expandir 
o poder através do compartilhamento, está enraizada na premissa de que seu exercício 
não pode estar circunscrito às ações de um único indivíduo, mas é algo que pode ser 
experimentado entre sujeitos que se comunicam e agem para a promoção da proteção de 
seu grupo (HOIBRAATEN, 2001, p. 15).
Contudo, Weber não se limita a apontar a coação como meio para o exercício do 
poder, pois, ele busca através das relações sociais e os valores, um liame que explique a 
razão de os governados aceitarem a submissão pela coação e imposição do governante. 
De forma a encontrar uma resposta para sua premissa, ele distingue a dominação legítima 
em tradicional, carismática e legal.
Deve-se ponderar que assim como o poder e autoridade estão interligados, o poder 
e a violência concorrem entre si em determinadas situações, pois, são elementos imanen-
tes à fusão de grupos e, portanto, marca e determina a substância de todos os grupos 
organizados (EDER, 2007, p. 1).
Contrapondo esta visão, Demirovic (2008, p. 29) afirma que o poder não é uma 
substância ou “um algo que é disso e de onde viria aquilo”, mas um conjunto de mecanis-
mos e procedimentos, cuja função é a garantia do poder. Logo, a violência em si não é o 
primeiro elemento do poder. 
O poder é um conjunto de ações voltadas para a ação possível, e atuantes 
em um campo de possibilidades para o comportamento dos sujeitos atuan-
tes. Ele oferece incentivos, seduz, facilita ou complica, amplia ou restringe as 
possibilidades de ação, aumenta ou diminui a probabilidade de ação e, em 
casos extremos, força ou impede a ação, mas sempre visa sujeitos atuantes 
na medida em que como agem ou podem agir (DEMIROVIC, 2008, p. 31).
Com efeito, percebe-se que o poder está inserido em um espaço estratégico de 
exercício e disputa constante, que em uma visão foucaultiana torna-se impossível não ha-
ver resistência, pois a sua característica principal se refere e abrange as relações sociais. 
Entretanto, deve-se considerar que em um contexto juridicamente organizado, a violência 
15UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
é rechaçada e gerida pelo ordenamento jurídico. Os conflitos existentes entre indivíduos, 
comunidades e/ou grupos organizados, são resolvidos na esfera judiciária. 
Conforme destaca González (2021, p. 7-8), evitar ao máximo os conflitos armados 
tornou-se tarefa primordial no mundo pós-guerra que marcou o século XX. A violência tende 
a regressar de forma voraz com a degradação e o enfraquecimento da rede de proteção de 
direitos humanos, ataque sistemático aos direitos civis à liberdade, assim como à República 
e ao sistema democrático de um país.
Com efeito, é dever de toda a sociedade internacional preservar a paz entre os 
povos, criando mecanismos de contenção da violência e preservação do poder, resolvendo 
suas contendas pela via pacífica.
É neste cenário que os direitos humanos atuam, como um intermédio entre o poder 
e a política. Se o poder pressupõe a oportunidade de escolha de quais ações o homem 
deve tomar, logo este só pode ser aumentado juntamente com a liberdade individual (DE-
MIROVIC, 2008, p. 32-33; GONZÁLEZ, 2021, p. 10-11).
A partir desta perspectiva, depreende-se que o valor-fonte para o direito será sempre 
o ser humano. A partir do momento em que o homem se torna sujeito ativo da construção 
da sua história, dando significado à sua vida, e também é influenciado pelas decisões 
históricas, ele consegue tomar consciência de sua dignidade. Deste modo, é deste ponto 
que se marca e determina a relação entre o podere os Direitos Humanos.
16UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
De forma que possa aprofundar seus estudos, e compreender mais as nuances entre os direitos humanos e o poder 
trabalhado neste bloco, recomendo a leitura de algumas obras, dentre as quais cito:
Origens do totalitarismo (1951) de Hannah Arendt, em que a autora se debruça sobre as origens e características po-
líticas dos principais regimes totalitários do século XX. Você terá a oportunidade de visualizar a relação descrita nesta 
unidade, através da descrição de um recorte histórico que representou uma derradeira catástrofe na Alemanha.
Fonte: ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. Tradução Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras. 1989.
Três Tipos Puros de Poder Legítimo de Max Weber, ensaio publicado postumamente por Marianne Weber em 1922. 
Nele Weber define em sua visão o que é o poder, sendo que classifica em três tipos (legal, tradicional e carismático).
Fonte: WEBER, Max. Três tipos puros de poder legítimo. Disponível em: http://www.lusosofia.net/textos/weber_3_tipos_poder_morao.pdf. Acesso em: 28 jan. 2023.
http://www.lusosofia.net/textos/weber_3_tipos_poder_morao.pdf
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A partir da leitura dos blocos anteriores, vimos que os direitos humanos são a ex-
pressão das reivindicações dos homens face à intolerância, negligência, arbitrariedade e 
egoísmo humano. O abuso do poder se manifesta como uma ofensa aos direitos humanos, 
haja vista que o ataque sistemático ao poder legitimamente investido, afronta aos direitos 
civis e à liberdade individual.
Neste bloco abordaremos eventos específicos que culminaram na criação de trata-
dos internacionais e organismos cuja função é assegurar a estabilidade do poder e manter 
o diálogo entre as nações.
Inicialmente, cumpre esclarecer que a ideia de direitos humanos esteve no cerne 
das ideias das revoluções inglesa, norte-americana e francesa, respectivamente, abrindo 
caminho para a criação de Declarações de Direitos que afirmaram historicamente os direitos 
humanos (RAMOS, 2022, s.p).
No caso da Magna Carta Inglesa (1215), percebe-se a presença de direitos que 
perduraram até o contemporâneo, como é o caso do direito à propriedade privada, livre 
de confiscos ou requisições arbitrárias, a previsão do devido processo legal e acesso à 
justiça. Outros eventos na Inglaterra como a criação do Petition of Rights (1628), Habeas 
Corpus Amendment Act (1679) e o Bill of Rights (1688-1689), limitaram o poder do Rei, 
implementou o devido processo legal, coibiu a prisão arbitrária e proclamou o sufrágio para 
o Parlamento (OLIVEIRA, 2016, s.p).
Nos Estados Unidos, a Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia (1776), 
codificou uma série de direitos civis fundamentais e liberdades civis. Trata-se da primeira de 
direitos da modernidade que proclamou a soberania popular, a separação e independência 
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
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 3 DAS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOSTÓPICO
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dos poderes, sufrágio universal, liberdade de imprensa e religião, assim como a proibição de 
prisões arbitrárias e aplicação da proporcionalidade da pena e multas (OLIVEIRA, 2016, s.p).
Com o advento da Revolução Francesa (1789), a Declaração dos Direitos do Ho-
mem e do Cidadão tornou-se um marco na história das declarações, tendo em vista que 
enunciou uma gama de direitos que influenciou os sistemas jurídicos presentes. Os ideais 
revolucionários influíram os intelectuais da época, sobretudo a filosofia de Thomas Paine, 
Stuart Mill e Hegel durante os séculos XVIII e XIX. Provavelmente foi neste período que o 
termo “direitos humanos” foi cunhado, entre os escritos de Paine - The Rights of Man – e 
William Lloyd Garrison - The Liberator.
Ramos (2022, s.p), no que lhe concerne, aduz que em razão da miserabilidade na 
Europa do século XIX, as condições materiais de sobrevivência precisaram ser revistas, 
ainda que com a implantação dos Estados Constitucionais liberais em países que passaram 
pela pós-revolução. 
Conforme destaca Silveira & Rocasolano (2010, p. 150), foi neste período que 
direitos humanos anteriormente concretizados passaram por expansão, em decorrência de 
pressões e dos movimentos socialistas que ganhou apoio popular quanto a insatisfação do 
modo de produção capitalista. Diante desta perspectiva, direitos de igualdade ou econômi-
cos, sociais e culturais, surgiram para atender aos anseios do coletivo.
No século XX, importantes instrumentos foram criados, como a Constituição Me-
xicana de 1917, que além de enunciar os direitos civis e políticos, também estabeleceu os 
direitos trabalhistas, educação pública, limitou o direito de propriedade, proibiu o monopólio 
econômico etc.; a Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado da União So-
viética (1918), no que lhe concerne, materializou o ideário socialista de Marx e Engels, cuja 
proposta foi uma nova leitura de sociedade e Estado; a Constituição Alemã de 1919 - Cons-
tituição de Weimar – fortaleceu a concepção dos direitos sociais, assim como conciliou a 
herança liberal com as exigências sociais, econômicas e culturais (OLIVEIRA, 2016, s.p).
Em 1919, surge a Liga das Nações cujos objetivos eram o desarmamento, a pre-
venção de conflitos armados, a resolução de disputas entre países através da negociação 
e diplomacia, assim como a melhora do bem-estar da sociedade internacional.
Diante de abusos de direitos humanos ocorridos durante as Guerras Mundiais, 
regimes totalitários instaurados, tentativas de exterminação de raças, e lançamento das 
bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, forçaram os Estados, a criarem instrumentos 
de proteção e controle. Foi justamente este fato que culminou na criação da Organização 
das Nações Unidas (ONU) em 1945.
O objetivo da ONU é a promoção do diálogo, cooperação e paz entre as nações, 
assim como a disseminação do respeito pelos direitos humanos. Por ocasião da fundação 
da ONU, “os líderes mundiais acreditavam que para promover a paz era imprescindível pro-
teger ao mesmo tempo, os direitos do homem” (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 152).
18UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
Após a criação da ONU, sua primeira diligência foi a proclamação da Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, em Paris. Tal documento reafirma os 
princípios oriundos da Revolução Francesa (1789), qual seja fraternidade, igualdade e liberdade.
A elaboração da Declaração é resultado das atrocidades e violações da Segunda 
Guerra Mundial. Neste fatídico episódio, percebeu-se a vulnerabilidade da vida humana em 
regimes discriminatórios, como se seguiu com o povo judeu, ciganos, etc. Em resposta, a 
sociedade internacional constituiu esse sistema no qual a matéria não se circunscreve ao 
âmbito reservado dos Estados, mas se aplica a todos os Estados (OLIVEIRA, 2016, s.p).
Atualmente, o sistema não se limita a esta declaração, tendo em vista que diversos tra-
tados multilaterais de direitos humanos compõe esse sistema global, como o Pacto Internacional 
dos Direitos Civis e Políticos; Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; 
Declaração de Viena; Convenção Internacional sobre a Eliminaçãode Todas as Formas de Dis-
criminação Racial; Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, dentre 
outros tratados e convenções que abrange esse sistema de proteção internacional.
Contudo, insta salientar que outros instrumentos protetivos regionalizados concor-
rem para proteção dos direitos humanos. Estes instrumentos se originam e são aplicados 
em determinados países, no qual se destaca a Convenção Europeia de Direitos Humanos 
(1950), a Convenção Americana de Direitos Humanos (1969), e a Carta Africana dos Direi-
tos Humanos e dos Povos (1980).
19UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
Acerca das revoluções, e como elas influenciaram o surgimento de novos direitos, recomendo a leitura do 
capítulo I e II da obra Direitos Humanos: breve história de uma grande utopia do autor Marco Mondaini, no 
qual ele realiza uma introdução à história dos direitos humanos e problematiza inúmeras questões atinen-
tes aos direitos humanos no decorrer da humanidade. 
Fonte: MONDAINI, Marco. Direitos Humanos. Grupo Almedina (Portugal), 2020. E-book. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788562938368/. Acesso em: 28 jan. 2023.
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Ao estudarmos a teoria dos direitos humanos, não se pode olvidar sobre suas ca-
racterísticas. Os direitos humanos são históricos, universais, indivisíveis, interdependentes, 
inalienáveis, irrenunciáveis e imprescritíveis. Neste bloco, analisaremos essas característi-
cas, de forma que se possa correlacionar com a ideia de dimensões dos direitos humanos.
Primeiramente, deve-se notar que os direitos humanos são universais, tendo em 
vista que toda pessoa humana é um sujeito de direito que supera os limites geográficos e 
temporal, independentemente de sua origem étnica, cor, sexo, orientação sexual, opinião 
política, etc. Destarte, a universalidade abrange todo o processo histórico experimentado 
pelo homem nos últimos séculos (historicidade). 
Tal perspectiva está determinada em todo corpo da redação da Declaração Uni-
versal dos Direitos Humanos, como, por exemplo, no preâmbulo da Declaração, in verbis:
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os mem-
bros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o funda-
mento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,
[...]
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua 
fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dignidade e no valor da 
pessoa humana e na igualdade de direitos do homem e da mulher e que 
decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em 
uma liberdade mais ampla, [...]. (UNICEF). (grifo meu).
A universalidade não tem o condão de deturpar ou ameaçar a diversidade da fa-
mília humana, haja vista que não se está a falar em uniformidade, mas de reconhecimento 
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
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 4 CARACTERÍSTICAS E AS DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOSTÓPICO
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da dignidade humana e do respeito a qual todos somos merecedores. Contudo, deve-se 
considerar que os direitos humanos são padrões mínimos aplicáveis, em que cada Estado 
possui liberdade para aplicá-los de forma específica e elevada. 
É importante considerar que, apesar de cada Estado ter liberdade para aplicar os 
direitos humanos, não se está aqui sustentando um relativismo, pois, a Declaração de Viena 
(1993) sustenta veementemente que os direitos humanos são universais, indivisíveis, interde-
pendentes e interrelacionados, sendo que as particularidades devem ser consideradas, porém, 
sem obstaculizar a promoção e proteção dos direitos do homem (OLIVEIRA, 2016, s.p).
Sobre ser indivisível, interdependente e interrelacionados, significa que os direitos 
estão interconectados, sendo que sua aplicação pressupõe uma visão integral, isto é, os 
direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais não podem ser vistos isoladamente 
porque um direito depende de outros para seu gozo.
Outra característica importante, é que os direitos humanos são inalienáveis, irre-
nunciáveis e imprescritíveis. 
Em outras palavras, significa dizer que pelo fato de a pessoa humana nascer dotada 
de direitos inerentes a ela, isso torna os direitos humanos, impossível de ser transacionados 
a outrem, em razão de não possuir conteúdo econômico. Em circunstâncias particulares, 
alguns direitos podem ser suspensos, como, por exemplo, o cerceamento da liberdade em 
decorrência de decisão judicial criminal transitada em julgado. 
Outrossim, o sujeito de direito não pode abdicar, recusar ou rejeitar tais direitos, 
sendo nula qualquer manifestação neste sentido. Ainda, não há que se falar em prescrição, 
uma vez que o sujeito pode exigir seus direitos a qualquer tempo.
Diante desta perspectiva, podemos entender a dimensão dos direitos humanos 
como um processo histórico e temático que marcou e determinou sujeitos que tiveram seus 
direitos violados, e que em momento anterior não eram destinatários de direitos. “Com 
efeito, procura explicar o surgimento sucessivo de uma série de direitos humanos em dife-
rentes períodos da história”, conforme salienta Silveira & Rocasolano (2010, p. 142).
Segundo Mazzuoli (2021, s.p), atribui-se à Karel Vasak a ideia de estudar os di-
reitos humanos em planos ou dimensões, a partir do lema da Revolução Francesa, quer 
seja direitos de liberdade (primeira dimensão), igualdade (segunda dimensão) e os de 
fraternidade (terceira dimensão).
Os direitos de primeira dimensão (direitos de defesa), abarca os direitos civis e 
políticos que se manifestaram durante as revoluções burguesas (século XVII e XVIII). 
Esses direitos delimitam o Poder Estatal, de forma que sua atuação se circunscreve em 
salvaguardar os direitos de liberdade individual do cidadão (direitos negativos). Podemos 
21UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
encontrar esses direitos em dois importantes documentos: o Pacto Internacional sobre 
Direitos Civis e Políticos e na Convenção Europeia dos Direitos Humanos.
Os direitos de segunda dimensão (direitos de prestação), no que lhe concerne, 
abarcam os direitos sociais, econômicos e culturais. Esses direitos foram formulados du-
rante o período das revoluções socialistas e nacionalistas durante o século XIX e o início 
do século XX. Eles se baseiam na perspectiva da igualdade, acesso a bens, serviços e 
oportunidades, haja que a não interferência do Estado já não era mais suficiente para se ter 
uma vida digna. Podemos encontrar tais direitos descritos no Pacto Internacional sobre os 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
Cite-se que os direitos de terceira dimensão “a partir do término da Segunda Guerra 
Mundial e da criação da ONU, reunindo os chamados direitos de solidariedade”, traduzida 
em uma perspectiva difusa (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 143). 
Esses direitos abarcam direitos coletivos, como direito ao desenvolvimento sus-
tentável, a um ecossistema saudável, à paz, dentre outros. Contudo, se analisarmos a 
questão da pobreza, guerra, desastres ambientais e naturais, percebe-se que houve um 
progresso limitado com relação aesta dimensão. O progresso e o desenvolvimento são 
indispensáveis para a evolução da sociedade, no entanto, há de se ter prudência no que 
tange ao processo desenfreado que muitas superpotências se aventuraram, em que levou 
a degradação de seu meio ambiente e escassez de alimentos, aumento dos bolsões de 
misérias e violência, etc. Podemos encontrar na Declaração das Nações Unidas sobre 
o Direito ao Desenvolvimento, uma perspectiva de que o desenvolvimento é um direito 
inalienável, pois pressupõe a participação e a autodeterminação de todos os povos. 
Hoje a doutrina jurídica se posiciona no sentido de existir uma quarta e quinta 
dimensão dos direitos humanos. A quarta dimensão resulta da globalização dos direitos 
fundamentais, no qual abarca direito à democracia, à informação e ao pluralismo. No que 
concerne à quinta dimensão, “fundada na concepção da paz no âmbito da normatividade 
jurídica” (MAZZUOLI, 2021, s.p).
Parte da doutrina jurídica diverge quanto à criação de novas dimensões, por não 
haver consenso acerca da definição e a extensão dessas dimensões de direitos, além de 
que excessos de direitos fragilizam os que já foram reconhecidos. Contudo, estes argu-
mentos se mostram rasos, haja vista não haver limites quanto a criação de novos direitos. 
Considerar a perspectiva de não reivindicar novos direitos é um verdadeiro contrassenso, 
pois se ignora a historicidade e os movimentos complexos que emergem das relações 
sociais (OLIVEIRA, 2016, s.p; RAMOS, 2022, s.p).
22UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, vimos que os direitos humanos são direitos no qual o indivíduo 
goza pelo simples fato de ser uma pessoa humana, e que este conjunto de direito 
passou se formou após um longo processo de lutas para o seu reconhecimento pelo 
Estado. Logo, estes direitos se constituem como uma defesa da pessoa humana.
Ainda, vimos que os direitos humanos são inerentes à teoria do poder, tendo 
em vista que esses direitos têm como pressuposto limitar o poder estatal contra imposi-
ções arbitrárias sobre a pessoa humana, e que esse abuso afronta diretamente direitos 
civis e individuais. Deste modo, os direitos humanos visam não somente colocar limites, 
mas também assegurar a estabilidade e o diálogo na comunidade internacional.
Espero que tenha aproveitado ao máximo o conteúdo desta unidade. Entre-
tanto, seus estudos não se esgotam aqui. Agora é o momento de aprofundar suas 
pesquisas, para enriquecer ainda mais sua bagagem acerca dos Direitos Humanos.
Até a próxima unidade!
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS 23
LEITURA COMPLEMENTAR
• Capítulo de livro: Direitos do Homem e Sociedade
• Obra: A era dos direitos
• Autor: Norberto Bobbio
• Link: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5152286/mod_resource/con-
tent/1/Fortemente%20Recomendado%20DH.%20Aula%202.pdf
• Resumo: No capítulo, Direitos do Homem e Sociedade, Bobbio se debruça no 
processo de multiplicação de direitos, haja vista que melhor explica as relações 
entre direitos do homem e sociedade, sobre sua origem, conexão entre para-
digmas sociais e nascimentos de novos direitos, sobre temas que promovem a 
reflexão sobre o direito como fenômeno social. A leitura deste capítulo é alta-
mente recomendada para elucidar pontos trabalhados nesta unidade, acerca da 
historicidade dos direitos humanos.
Fonte: BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Carlos Nelson Coutinho; apresentação de Celso Lafer. — 
Nova ed. — Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. — 7ª reimpressão.
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS 24
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5152286/mod_resource/content/1/Fortemente Recomendado DH. Aula 2.pdf
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5152286/mod_resource/content/1/Fortemente Recomendado DH. Aula 2.pdf
MATERIAL COMPLEMENTAR
• Título: Inverno na Manhã
• Autor: Janina Bauman.
• Editora: Zahar.
• Sinopse: a obra trata do relato pessoal de Janina Bauman 
que, durante a Segunda Guerra Mundial, sofreu persegui-
ções por ser judia em um país controlado pelo regime nazis-
ta. Neste livro Janina conta detalhadamente toda a violência 
que ela e sua família passaram na Polônia a partir da invasão 
em 1939.
• Título: O Pianista
• Ano: 2002.
• Sinopse: o filme conta a história de Szpilman, um jovem 
pianista judeu que assiste sua vida mudar radicalmente com 
a invasão de Varsóvia durante a Segunda Guerra Mundial. 
Junto de sua família, Szpilman é forçado a morar no Gueto de 
Varsóvia, local onde os judeus foram segregados até serem 
levados aos campos de concentração.
UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS: DA DIALÉTICA DO PODER ÀS REIVINDICAÇÕES POR DIREITOS HUMANOS 25
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Plano de Estudos
• Fundamentos jusfilosóficos dos direitos humanos;
• Teoria da dinamogenesis;
• Fundamentos jurídico-positiva;
• Fundamentos jurídico-política.
Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar os fundamentos jusfilosóficos dos direitos 
humanos;
• Compreender a teoria da dinamogenesis;
• Entender os fundamentos jurídico-positiva e política dos direitos humanos.
2UNIDADEUNIDADEFUNDAMENTOS FUNDAMENTOS DOS DIREITOS DOS DIREITOS HUMANOSHUMANOSProfessor Esp. Romário Rocha Rodrigues
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) à nossa Segunda Unidade da disciplina de 
Direitos Humanos. Nesta unidade, analisaremos com mais profundidade os fundamentos 
dos direitos humanos. Para tanto, partiremos dos fundamentos jusfilosóficos dos direitos 
humanos, analisando o posicionamento das escolas que influenciam no entendimento 
desses direitos. Entenderemos o fracasso da escola juspositivista em relação à sua tese 
radical de separação entre o direito e a moral, e como esse posicionamento se contrapõe 
ao entendimento jusnaturalista.
Nesse passo, estudaremos também a teoria da dinamogênese dos direitos huma-
nos, que se concentra no estudo das dinâmicas e processos sociais que influenciam na 
mudança social e transformações de valores e instituições. Aplicada aos direitos humanos, 
analisaremos que esses direitos se manifestam como construtos sociais, culturais e po-
líticos. Em outras palavras, a dinamogênese enfatiza a relação de poder na construção 
dos direitos humanos, assim como a dinâmica que modifica a interpretação e a aplicação 
desses direitos à medida que diferentes grupos disputam o alcance desses direitos.
Por fim, abordaremos os fundamentos positivos e políticos dos direitos humanos, e 
como o princípio da dignidade da pessoa humana se coloca como o elemento principal que 
fundamenta essas questões.
Será um prazer tê-lo comigo! Bons estudos!
UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS 27
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Estudamos no primeiro capítulo que os direitos humanos correspondem a um 
conjunto dedireitos que resguardam a dignidade da pessoa humana, com a finalidade de 
assegurar as condições mínimas necessárias de sobrevivência e emancipação, sendo que 
carregam a característica de historicidade e universalidade.
Contudo, para que esses direitos possam produzir efeitos jurídicos na esfera do 
agente e, portanto, sejam exigíveis e eficazes, é necessário um conjunto de normas cogen-
tes para a sua aplicabilidade. Para compreender a aplicação do conteúdo das normas de 
direitos humanos, é imprescindível considerar alguns pontos importantes.
O primeiro ponto a ser destacado é que, como os movimentos sociais e revoluções 
contribuíram fortemente para o desenvolvimento da compreensão atual da teoria dos direitos 
humanos, a doutrina de direitos humanos se manifesta como um consenso sobre a dignida-
de da pessoa humana, formando uma complexa teia de fundamentos teóricos e filosóficos.
Com efeito, essa gama de marcos históricos contribuiu efetivamente para a expan-
são teórica dos direitos humanos, no entanto, a diversidade cultural se tornou um obstáculo, 
haja vista a dificuldade em estabelecer um fundamento filosófico diante da enorme reação 
contrária à ideia de universalidade dos direitos humanos.
Apesar de haver uma corrente que sustenta que os tratados de direitos humanos 
são um sustentáculo para o legislador no mundo moderno, há uma forte oposição que con-
testa veementemente qualquer argumento nesse sentido. Foi nesse jogo de argumentos 
que surgiu o relativismo cultural, que julga o multiculturalismo como propagador de ideais e 
princípios humanitários que contribuem para a promoção de padrões universais a partir da 
perspectiva de padrões locais e nacionais.
UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
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 1 FUNDAMENTOS JUSFILOSÓFICOS DOS DIREITOS HUMANOSTÓPICO
28
É importante destacar que, em qualquer estudo teórico ou filosófico, para ganhar 
uma forma final, é necessário um conjunto argumentativo coerente, no qual é essencial 
considerar todas as contradições que o caso apresenta para se chegar a uma conclusão 
definitiva. A práxis acadêmica engendrou em sua tradição construtos teóricos que condu-
zem o pesquisador em sua análise
Contudo, poderíamos perguntar qual é a relação entre a filosofia e a doutrina dos 
direitos humanos?
É que, se analisarmos os atributos que circundam os direitos humanos, percebe-se 
que existe um conjunto de ambiguidades, sendo o principal desafio dos teóricos justificar 
os argumentos morais que se sucedem, os quais são mais evidentes do que explicáveis.
Ainda que determinados ativistas dos direitos humanos exortem mecanismos insti-
tucionais e legislativos para desenvolver sua doutrina sem se entregar ao debate acerca de 
seus fundamentos filosóficos, há de se considerar que a matéria em si possui um conjunto 
conciso de pensamentos que fundamentam sua razão de ser e existir. No entanto, esses 
fundamentos convergem entre si, mas não coincidem.
Por exemplo, se analisarmos a noção subjacente deliberada pelas tradições reli-
giosas, percebe-se que elas tiveram grande impacto inicialmente na construção da ideia de 
direitos humanos, principalmente no que tange à filosofia política. A vida se constitui como 
um valor insuperável em determinadas escrituras, sem descurar dos deveres e obrigações 
dos indivíduos. Evidentemente, a concepção sob a égide religiosa se opõe às perspectivas 
contemporâneas, tendo em vista que no período clássico, sobretudo no medieval, prepon-
derou o jusnaturalismo.
O jusnaturalismo é uma tradição jurídico-filosófica ocidental, cuja tendência idealista 
pode ser verificada. Para os adeptos desta escola, a existência humana é controlada por um 
direito pré-determinado cujos componentes abrangem valores, princípios, obrigações e regras 
da natureza, que são concebidos a partir de uma entidade divina (RODRIGUES, 2007, p. 12).
Conforme destaca Paulo Nader (2015, p. 372), o jusnaturalismo é “a corrente de 
pensamento que reúne todas as ideias que surgiram, no decorrer da história, em torno do 
Direito Natural, sob diferentes orientações”. Segundo o autor, o pensamento da corrente 
jusnaturalista não se apresentou de maneira uniforme, mas através de várias matizes que 
guardam um núcleo central, que é a convicção de que há uma ordem que expressa o 
Direito justo, e que se manifesta de forma superior ao Direito escrito.
A ideologia jusnaturalista se apresenta a partir de três concepções no que tange 
ao Direito Natural, sendo elas: a) cosmológica, em que prevalecia uma concepção essen-
cialista do Direito Natural, no qual a natureza é a fonte da ordem em que os elementos 
29UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
constitutivos se articulam de forma permanente, constante e imutável; b) teológica, em 
que o Direito Natural se apresenta em um contexto em que o modo de ser de cada coisa é 
criado por Deus, a partir do pensamento escolástico e medieval; c) antropológica, em que 
a natureza ocupa o lugar de Deus, no entanto, é o homem quem detém esse entendimento 
e o coloca em prática. A partir de determinados princípios, foi construído um sistema rígido 
de Direito Natural, cuja validade é universal e perpétua (RODRIGUES, 2007, p. 12-13).
Neste norte, Norberto Bobbio (1909-2004), difere o direito natural e o positivo a 
partir dos seguintes critérios:
QUADRO 01: DIFERENÇA ENTRE O DIREITO NATURAL E O DIREITO POSITIVO
DIREITO NATURAL DIREITO POSITIVO
 » “é aquele que tem em toda parte a 
mesma eficácia”;
 » “é imutável no tempo”;
 » “prescreve ações cujo valor não
 » depende do juízo que sobre elas 
tenha o sujeito, mas existe
 » independentemente do fato de 
parecerem boas a alguns ou más a 
outros” – natura;
 » “conhecemos através de nossa 
razão”;
 » “o direito natural estabelece aquilo 
que é bom”.
 » “tem eficácia apenas nas comunidades 
políticas em que é posto”;
 » “o positivo muda”;
 » “estabelece ações que, antes de serem 
reguladas, podem ser cumpridas 
indiferentemente de um acordo ou de 
outro, mas uma vez regulada pela lei, 
importa [...] que sejam desempenhadas 
de modo prescritos pela lei” – potestas 
populos;
 » “é conhecido através de uma declara-
ção de vontade alheia (promulgação)”;
 » “o direito positivo estabelece aquilo que 
é útil”.
Fonte: adaptado de Bobbio (2006, p. 23)
Segundo Portales (2019, p. 191), a terminologia Direito Natural se constitui como 
uma expressão polissêmica, equivocada e ambígua, pois apresenta uma multiplicidade de 
correntes doutrinárias, no entanto, o núcleo comum abrange a crença uma ordem universal, 
permanente e inviolável.
Foi neste norte que se fixou a ideia de direitos inalienáveis, no entanto, o problema 
é especificar uma estrutura normativa que o sustente, pois, a teoria dos direitos naturais, de 
30UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
uma visão positivista, se apresenta como um conjunto de suposições que não permanece-
ram constantes face à dinamicidade do mundo.
O positivismo se opõe ao direito natural, tendo em vista que carece de legitimidade, 
isto é, para o exercício de reivindicação de um direito em juízo, o mesmo deve seguir um 
processo legislativo instituído pelo Estado que detém o poder e legitimidade para dizer o 
direito. Em suma, a fonte primária dos direitos humanos para os positivistas só pode ser a 
lei em sentido estrito.
[...] o juspositivismo (ou positivismo jurídico), por seu turno, é uma concep-
ção de direito, que se contrapõe totalmenteà teoria jusnaturalista, negando, 
inclusive, no mais das vezes, a própria existência de sua pedra fundamental: 
o direito natural. É que para o juspositivista, não existe qualquer outro direi-
to que não aquele posto pelo Estado: o direito positivo. Em consequência, 
também não existe nenhuma natureza a qual o direito se deva conformar. O 
direito é, portanto, uma questão de escolha, decorre da vontade humana e da 
devida positivação dessa escolha. Assim, aquilo que estiver previsto no orde-
namento jurídico estatal é direito. O que não estiver não é direito. Não existe 
qualquer fundamento idealizado de justiça a que se deva conformar o direito, 
pois será justo exatamente aquilo que estiver juridicamente ordenado. Esse 
direito, então, é válido e legítimo, somente por que decorre de sanção estatal, 
pois o Estado é possuidor do monopólio da produção legislativa (GIGANTE; 
AMARAL, 2009, p. 165).
O positivismo se opõe à ideia de que direitos possam preexistir em qualquer forma 
de sistema jurídico, portanto, a tese central desta corrente defende a separação radical 
entre direito e moral. A proposição do positivismo jurídico parte da rejeição dos elementos 
abstratos, pois, para esta escola a ideia de Direito Natural se baseia em aspectos metafí-
sicos e anticientíficos. Em outras palavras, a ideia é apenas focar em dados oriundos da 
experiência, para se apegar aos fenômenos observáveis. Evidentemente, qualquer juízo 
de valor era fortemente desprezado em razão do ceticismo absoluto (PORTALES, 2019, p. 
194; NADER, 2015, p. 382).
Neste mesmo sentido, Rodrigues (2007, p. 26) traça a seguinte perspectiva:
Segundo esta teoria, para que um sistema normativo seja classificado como 
direito, prescinde-se de sua avaliação sob critérios morais, ou seja, a iden-
tificação de determinada norma como jurídica, válida e existente, depende 
apenas da verificação de suas fontes e não de seu aspecto valorativo, seu 
mérito.
Registre-se que este raciocínio é tão contraproducente quanto ilusório, pois, com-
partilhamos uma série de valores fundamentais que são imperativos em nossa sociedade, 
portanto, trata-se de um mínimo sem o qual não poderíamos sobreviver.
Outrossim, esse movimento mais radical que alcançou seu apogeu no século XIX, 
teve sua estrutura abalada em razão dos crimes praticados contra a dignidade humana 
durante a Segunda Guerra Mundial, isto é, esse fetichismo travestido de um legalismo 
31UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
acrítico serviu apenas para camuflar o autoritarismo que preponderava e legitimava as 
ordens estabelecidas (RODRIGUES, 2007, p. 25).
Nader (2015, p. 383), no que lhe concerne, aduz que:
O positivismo jurídico, que atingiu o seu apogeu no início do século XX, é hoje 
uma teoria em franca decadência. Surgiu em um período crítico da história 
do Direito Natural, durou enquanto foi novidade e entrou em declínio quando 
ficou conhecido em toda a sua extensão e consequências. Com a ótica das 
ciências da natureza, ao limitar o seu campo de observação e análise aos 
fatos concretos o positivismo reduziu o significado humano. O ente complexo, 
que é o homem, foi abordado como prodígio da Física, sujeito ao princípio da 
causalidade. Sua atenção se converge apenas para o ser do Direito, para a 
lei, independentemente de seu conteúdo. Identificando o Direito com a lei, o 
positivismo é uma porta aberta aos regimes totalitários, seja na fórmula co-
munista, fascista ou nazista.
Hoje, a corrente jusnaturalismo concebe o Direito Natural apenas como uma gama 
de princípios nos quais o legislador deverá se embasar para compor a ordem jurídica. 
Dentre esses princípios, cite-se o direito à vida, à liberdade, à igualdade de oportunidades, 
etc. (NADER, 2015, p. 374).
Insta salientar, que quando se fala em Direito Natural, deve-se ficar evidente que 
este está consubstanciado na natureza humana, de onde se extrai os princípios que mode-
lam o direito positivo. É diferente de Direitos do Homem que, embora esteja vinculado ao 
Direito natural, se apresenta como princípios transmutados como norma básica.
Há de se considerar que os direitos humanos por si só estão atrelados aos valores 
sociais que, na concepção de Polo (2020, p. 8-9), ainda que não reconhecidos legalmente, 
favorecem a sua reivindicação perante o Estado que deve salvaguardar garantias mínimas 
para o desenvolvimento do homem.
O direito não deve mostrar-se “alheio à sorte dos homens”, haja vista que o direito 
“não se compõe exclusivamente de normas, como pretende essa corrente”. Registre-se que 
o ordenamento jurídico, enquanto conjunto de regras, encontra sua razão nos significados, 
sentidos e valores a realizar (NADER, 2015, p. 384).
Ainda hoje, existem movimentos políticos-ideológicos que, a todo momento, tentam 
descaracterizar os direitos humanos a partir da lógica da Escola Positivista do século XIX. 
Contudo, não logram êxito em seus reclames, tendo em vista que esses direitos estão 
determinados internacionalmente, apesar das inúmeras transgressões cotidianas.
Por outro lado, os direitos humanos internacionais encontram seus desafios a partir 
da perspectiva de que ele não é autoimposto. Há de se considerar as prerrogativas dos 
Estados em dar uma forma final a esses direitos, isto é, deve-se respeitar a soberania 
nacional quanto a sua determinação de criar uma lei de acordo com os seus valores. 
32UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
Outrossim, a partir da perspectiva da teoria da dinamogenesis, percebe-se que com 
a evolução dos direitos humanos o sentido tradicional de direito natural foi sendo deixado de 
lado gradativamente, pois, os valores sociais justificam e servem como sustentáculo para 
reivindicá-los, haja vista que respondem a uma dimensão antropológica básica, constituída 
pelas necessidades humanas fundamentais para uma existência digna.
33UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
No que concerne a expressão, Direitos do Homem, o doutrinador Paulo Nader (2015, p. 374-378) explica 
que, apesar de ser abrangente, seu conteúdo abarca “normas e princípios enunciados sob a forma de 
declarações”, com o propósito de conscientizar as nações “quanto à necessidade de estes se organizarem 
internamente a partir da preservação dos valores fundamentais de garantia e proteção ao homem”. 
Entretanto, deve-se fazer uma ressalva no que concerne ao dito direito natural normativo. Esse termo 
criado no século XVIII, até então considerado um erro, visava estabelecer códigos de Direito Natural, no 
entanto, esta ideia foi superada. Contudo, deve ficar evidente que os Direitos do Homem não têm relação 
com o direito natural normativo.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 37.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2015.
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Os direitos foram gradativamente conquistados mediante um processo de reivindica-
ções de grupos sociais, e foram através de um conjunto de ações, fatos, ideologias, filosofias e 
textos normativos que se moldou um sistema internacional e regional de proteção à dignidade 
da pessoa humana. Com efeito, é essa realidade imprevisível e volátil que o direito deve regu-
lar, atendendo às necessidades humanas, evitando a existência de vácuos jurídicos que prive 
as pretensões a que o cidadão tem direito (SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 184-185).
O princípio da dignidade da pessoa humana, basilar e expressão máxima repre-
sentada pelos direitos humanos, dão conta que as mudanças sociais produzidas ao longo 
da história se valem de princípios jurídicos como pressuposto para o reconhecimento dos 
novos valores sociais exigidos pelo homem. Esses valores que marcam a realidade social 
que, no que lhe concerne, estão envoltos de valores científicos, técnicos e artísticos, re-
velam a situação do homem enquanto ser cultural. É a partir deste processo queo direito 
atua, ordenando e convertendo o comportamento social através de regras estabelecidas 
(SILVEIRA; ROCASOLANO, 2010, p. 190).
O processo histórico das civilizações e da cultura, desse modo, é compreen-
dido como um processo resultante da permanente tendência da pessoa em 
tornar as coisas objeto de sua consciência, fazendo com que esta relação en-
tre a subjetividade e a objetividade do mundo (das experiências originárias da 
lebenswelt e das experiências reflexivas) seja refletida nas obras humanas, 
como as artes, as ciências, a linguagem, etc. De modo que a pessoa reflete o 
mundo, e o mundo reflete a pessoa, sem que um termo suprima ou se resolva 
no outro (MOREIRA, 2015, p. 63).
UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
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 2 TEORIA DA DINAMOGENESISTÓPICO
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Acerca da dignidade da pessoa humana, Polo (2020, p. 5-6) acentua que se trata 
de um valor inerente a todo ser humano, no entanto, esta não pode ser vista apenas do 
ponto de vista cotidiano, mas também dos elementos básicos que a sustentam qual seja 
a igualdade e a liberdade.
Se partimos da premissa de que todos nascemos iguais, por outro lado, nota-se que 
as circunstâncias econômicas, sociais, políticas e culturais, se encarregam de nos diferenciar 
uns dos outros, sendo que muitas das vezes existem desigualdades que escancaram viola-
ções de direitos básicos. Evidentemente, a desigualdade inibe o indivíduo de se autoafirmar e 
de exercer sua liberdade. 
Comparato (2019, p. 27), abrange muito mais do que o indivíduo ser uma pessoa, 
pois, ela também resulta das condições de autonomia que o sujeito apresenta, sendo capaz 
de guiar-se pelas regras por ela editadas.
Analisando o substrato material da dignidade, percebe-se que ela se desdobra em 
quatro postulados: a) reconhecimento do outro como sujeito igual a ele; b) merecedor de 
respeito no lhe concerne a sua integridade psicofísica de que é titular; c) dotado de autodeter-
minação e vontade livre; d) parte integrante do grupo social, no qual deve-se ter garantia de 
que não será marginalizado (MORAES, 2003, p. 14).
É pelo enaltecimento do valor da pessoa humana que ocorre continuamente o apri-
moramento dos direitos humanos, razão pela qual não se deve admitir retrocessos, haja vista 
que se trata de “um pressuposto lógico-transcendental do direito” (MOREIRA, 2015, p. 72-74).
Diante disso, para a sua concretização, tornou-se imprescindível estabelecer uma 
fundamentação lógico-racional quanto à limitação do poder, dotando-o de conteúdo. Ob-
viamente, esse conteúdo é estabelecido através de documentos históricos e modernos de 
direitos humanos, como é o caso da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Sob a ótica da dinamogenesis, é possível compreender que os valores atuam como 
um elemento integrativo da norma, haja vista que expressam os interesses e os valores 
sociais, portanto, a força motriz de uma sociedade e cultura, sendo a dignidade da pessoa 
humana, o núcleo dos direitos humanos.
Partindo de uma perspectiva realista, o valor se encontra em uma realidade – mun-
do do ser -, no qual não há subordinação ao espaço-tempo. Com efeito, ele é insuscetível 
de definição. “Isso decorre do fato de que tanto o ser como o valer são duas categorias 
fundamentais do homem perante a realidade”. Tal perspectiva alude uma distinção entre os 
valores com os objetos ideais e culturais, que representam objetos derivados e complexos. 
Deste modo, a cultura é antes elemento integrante, no qual deve-se relacionar em uma 
dialética entre ser e dever-ser (MARTINS, 2008, p. 265).
35UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
Sendo assim, podemos representar estas ideias a partir do seguinte diagrama:
DIAGRAMA 01: DIAGRAMA DO SER E DO FÍSICO-PSÍQUICO
Fonte: organizado pelo autor (2023).
O conceito do direito justo ou moral, reflete o dever-ser valorativo a partir da pers-
pectiva da regulação de condutas. Deste modo, o comportamento social deve se ajustar 
às exigências (valores) que circundam o dever-ser. No caso de ações que se projetam em 
desacordo com o dever-ser, o indivíduo deve ser segregado e penalizado, haja vista que se 
opõem aos valores sociais de seu grupo.
A seara jurídica é particularmente fecunda para o estudo da bipolaridade dos 
valores. Todo o ordenamento jurídico funda-se em valores que pretende ver 
tutelados, isto é, protegidos. Com efeito, pode-se asseverar que, para o líci-
to, existe o ilícito. Essa dialeticidade está presente tanto no plano do direito 
material como no do direito adjetivo. No Código Penal, em contraposição ao 
valor vida, há o desvalor morte (MARTINS, p. 266-268).
A dinamogenesis dos valores parte de uma situação em que os valores se en-
contram em uma posição suspensa (dimensão pré-sociojurídica e metas sociojurídicas), 
portanto, existe apenas em uma abstração que não tem validade para o direito. Esta ideia 
pode ser representada graficamente do seguinte modo:
IMAGEM 01: DIMENSÃO AXIOLÓGICA DO SER HUMANO
Fonte: adaptado de Silveira & Rocasolano (2010, p. 197).
36UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
Infere-se a partir do esquema acima que, o círculo que expressa uma dimensão 
axiológica é organizado e limitado ao mesmo tempo. Deste modo, à medida que esses 
valores são demandados e sentidos, logo nasce para a realidade, no mundo dos fatos.
Conforme destaca Silveira & Rocasolano (2010, p. 195), a “presença de conceitos 
não racionais, como o do sentimento, é frequente na axiologia”. Para os autores, o valor 
em si e o sentimento de valor se diferem um do outro, pois, o “valor em si é o objetivo e 
absoluto” ao passo que “o sentimento de valor é subjetivo e relativo”. Com efeito, esse 
sentimento valorativo pressupõe algo útil que apresente valor para um sujeito.
Em grande medida, as sociedades modernas são abertas, sendo que os valores 
partem de um plano ideal para o real de normatização, haja vista que se pode exigi-los 
e protegê-los. Observa-se que os valores engendrados na sociedade internacional e na 
esfera nacional, foram e são gradativamente normatizados nos ordenamentos jurídicos.
A axiologia deve refletir sobre o âmbito jurídico para que o direito satisfaça os 
interesses sociais, e cumpra sua função de regular o comportamento humano, quer seja 
permitindo, proibindo ou obrigando. Outrossim, esses princípios axiológicos normatizados, 
irão se impor através de regras de eficácia, validade e vigência (SILVEIRA; ROCASOLANO, 
2010, p. 198).
De forma a aprofundar fortemente seus estudos, recomendo a leitura do texto introdutório - A Pessoa Hu-
mana e seus Direitos (p. 26-50) - da obra A afirmação histórica dos Direitos Humanos (2019), do professor 
Fábio Konder Comparato. Nesta introdução, Comparato descreve com assertividade o processo axial da 
História que despontou a ideia de igualdade entre os homens.
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. Editora Saraiva, 2019. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553607884/. Acesso em: 17 fev. 2023.
37UNIDADE 2 FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553607884/
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Pode-se assinalar que o fundamento jurídico-positivo dos direitos humanos se 
encontra nos valores e princípios vinculados às Instituições que as reconhecem implícita

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