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teoria das relações internacionais

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Teorias das Relações Internacionais 
 
As Teorias das Relações Internacionais são instrumentos teórico-conceituais 
por meio dos quais podemos compreender e explicar os fenômenos relativos à 
ação humana que transcende o espaço interno dos Estados, ou seja, que tem 
lugar no meio “internacional”.[1] Teorias costumam ter a intenção de tornar o 
mundo mais compreensível para seus interlocutores, e em alguns casos de 
explicar e desenvolver possíveis previsões para o futuro. É lícito falar, nas 
relações internacionais, de teorias positivistas, isto é, que acreditam em 
verdades universais e científicas, e de teorias pós-positivistas, ou seja, aquelas 
que duvidam da legitimidade do conhecimento científico e contestam as bases 
epistemológicas, metodológicas e teóricas dos discursos dominantes. Podemos 
ainda falar em metateorias, como algumas faces do construtivismo. O realismo 
e o neorrealismo são as correntes dominantes de pensamento nas relações 
internacionais ainda hoje embora possamos falar em descentralização e 
fragmentação no campo. 
Nesse sentido, as Teorias das Relações Internacionais são abordagens de 
estudo e análise das relações internacionais sob uma perspectiva teórica. Essa 
evolução teórica é marcada por "Grandes Debates", em que se confrontam as 
novas teorias emergentes com aquelas tradicionalmente dominantes.[2] 
Teoria Realista 
Premissas clássicas 
O pensamento das Relações Internacionais buscou na linguagem acadêmica 
referências clássicas que explicassem o internacional. Sendo assim, 
destacaram-se vários autores em que o poder é o elemento central de suas 
teorias, como Tucídides, Maquiavel, Hobbes, Sun Tzu e Richelieu. Para o 
realismo do século XX que estava se construindo, diversos conceitos como 
sobrevivência, poder, estado de natureza, autointeresse ("self-help") era o 
enfoque dado na leitura desses clássicos. Nas teorias realistas das relações 
internacionais, que reivindicam um caráter objetivo, empírico e pragmático, o 
Estado é colocado no centro das discussões, pois se considera que o Estado é 
o ator principal das relações internacionais.[3] 
O Estado sempre atua servindo ao interesse nacional, que em sua forma mais 
básica é o desejo de sobreviver, mas que também se traduz no acúmulo e na 
manutenção do poder. O poder é tido como um instrumento por meio do qual os 
Estados garantem sua sobrevivência no meio internacional. 
Os elementos comuns aos realistas são: a centralidade do Estado, que sempre 
busca manter sua sobrevivência; a função do poder; que exerce a garantia de 
manutenção dessa sobrevivência; a autoajuda, que garante que a sobrevivência 
seja de maneira independente, ainda que por meio de alianças; a anarquia 
internacional, característica do sistema internacional incapaz de regular as 
relações entre os Estados.[4] 
As teorias realistas não são homogêneas e possui diversas vertentes de 
pensamentos, mas essas premissas comuns agrupam-nas dentro desse campo 
de estudo. Para tais teóricos, o foco é no sistema internacional, portanto, não 
interessa o que ocorre domesticamente para a análise, considerando-os como 
"uma caixa preta'" ou modelo da "bola de bilhar" (billiard-ball); além disso, há um 
pessimismo em relação à natureza humana, sob um aspecto hobessiano, 
como "o homem é o lobo do homem".[4] 
Considerando o pensamento hobbesiano, o Realismo associa a visão pessimista 
da natureza humana a uma noção política de poder entre os Estados, desse 
modo, realiza uma antropomorfização do Estado, agente que detém o desejo de 
poder e sobrevivência. Assim, as relações internacionais são conflituosas por 
essência. e a guerra é a forma de mitigar os conflitos.[5] 
O Realismo 
Tradicionalmente, porém, se considera que o primeiro esforço sistematizado em 
pensar as relações internacionais ocorreu em 1917 com a fundação na Escócia 
do primeiro departamento de Relações Internacionais da história. Pensando 
numa forma de evitar os males da guerra (tendo em vista os desastres da 
Primeira Guerra Mundial) os cientistas dessa escola debateram formas de 
normatizar as relações internacionais. 
Na véspera do início da Segunda Guerra Mundial, contudo, um estudioso 
chamado Edward Carr criticou pela primeira vez os postulados desses primeiros 
cientistas em seu livro Vinte Anos de Crise, denominando-os como idealistas, 
por pensarem o mundo na forma como ele deveria ser ao invés de pensarem o 
mundo como ele efetivamente era.[6] 
O realismo se define, sobretudo, baseado na oposição de Carr aos idealistas, ou 
seja, como uma teoria que se define por ver o mundo da forma como ele 
realmente é, desvinculado de princípios morais. Não obstante, a expressão mais 
consolidada do realismo toma forma apenas após a Segunda Guerra Mundial, 
com a publicação do livro Política Entre as Nações de Hans Morgenthau. 
Conceitos Realistas 
Muitas vezes os Estados são obrigados a cooperar e fazer alianças para 
sobreviverem, sobretudo em função de um equilíbrio de poder, isto é, buscando 
manter um equilíbrio na distribuição de poder no plano internacional. Logo, se 
um estado se torna muito poderoso, os outros podem formar um bloco para 
neutralizar seu poder e reduzir seu perigo para a segurança de cada nação. 
No pensamento realista, a ética ocupa espaço reduzido, uma vez que, buscando 
a sobrevivência, os Estados podem quebrar qualquer acordo e desobedecer 
qualquer regra moral. A Realpolitik, do alemão “Política Real”, prática da política 
externa definida como maquiavélica, é normalmente associada a esse 
pensamento de cunho realista. Autoajuda é, para os realistas, a noção de que 
os Estados só podem contar com a sua própria capacidade no que diz respeito 
às relações internacionais. Em suma, os realistas enxergam o sistema 
internacional como um espaço de disputa pelo poder, motivada por um tema 
saliente em suas exposições: a segurança. 
Neorrealismo 
Com as mudanças no campo das ciências humanas e a transformação do meio 
internacional (guerra fria e degelo, expansão das organizações internacionais e 
aceleração do processo de globalização, etc.), muitos autores, realistas ou não, 
começaram a criticar e rever a obra de Morgenthau, oferecendo visões muito 
diversas de realismo, como o realismo estruturalista de Kenneth Waltz, cuja 
obra Teoria Da Política Internacional, de 1979, teve um impacto profundo nas 
ciências políticas.[7] 
Autores Realistas e Neorrealistas 
Hans Morgenthau 
Hans Morgenthau, o pai do realismo clássico, circunscreveu alguns princípios 
que, em sua concepção, orientavam a política externa. Para ele, a natureza 
humana era a referência básica de qualquer análise política, os Estados tinham 
como objetivo comum a busca pelo poder e a moralidade seria limitada e definida 
em termos particulares (ver: seis princípios do realismo político[8]). O objetivo 
supremo de todo o Estado seria a sobrevivência e o poder seria 
instrumentalizado para servir aos interesses nacionais.O prestígio poderia ser, 
também, um objetivo dos Estados no sistema internacional.[9] 
John Herz 
Contemporâneo de Morgenthau, John Herz trouxe importantes contribuições 
para o pensamento realista clássico. Embora partilhasse com Morgenthau 
grande parte do núcleo da teoria realista, Herz admitia que a ética tivesse um 
papel importante dentro das relações internacionais. Além disso, Herz introduziu 
no pensamento realista a ideia de dilema de segurança: quando um Estado se 
sente ameaçado, ele investe em armas, o que faz, em determinado prazo, com 
que os Estados ao seu redor se sintam igualmente ameaçados, de forma que 
eles também investem em armamentos. Dessa forma, todos os Estados acabam 
numa situação pior do que antes em termos de segurança, mesmo que o objetivo 
original de determinado Estado tenha sido o de aumentar sua segurança. 
Liberalismo/ Pluralismo 
Nas relações internacionais o Liberalismo, ou Pluralismo, é uma corrente teórica 
alicerçada principalmente na obra de Immanuel Kant. Normalmente 
considerados como “idealistas” pelos expoentesdas escolas realistas, os liberais 
tem uma visão predominantemente positiva da natureza humana, e veem o 
Estado como um mal necessário. Para os liberais, as relações internacionais 
podem envolver cooperação e paz, possibilitando o crescimento do comércio 
livre e a expansão dos direitos universais dos homens. Os liberais enfatizam as 
relações internacionais como um palco em que atua uma multiplicidade de 
personagens, como os Estados, as organizações internacionais, as empresas 
transnacionais e os indivíduos, motivo pelo qual são chamados também de 
pluralistas. Eles acreditam que as relações internacionais podem assumir um 
aspecto mais otimista e sem guerras, motivado basicamente pelo livre comércio. 
Conceitos Liberais 
Embora os liberais tendam a concordar com os realistas no que diz respeito à 
caracterização do sistema internacional como anômico, suas teorias 
normalmente enfatizam os aspectos desse sistema que privilegiam a paz e a 
cooperação. Para os teóricos do liberalismo, herdeiros do iluminismo 
de Kant, Montesquieu e do liberalismo de Adam Smith, a guerra seria 
desfavorável ao desenvolvimento do livre-comércio, de forma que o crescimento 
do comércio em escala internacional favoreceria a instauração de uma era de 
paz e cooperação nas relações internacionais. Um conceito particularmente 
importante desenvolvido pelos liberais é o de interdependência. Num mundo 
cada vez mais integrado economicamente, conflitos em determinadas regiões ou 
tomadas de decisões egoístas poderiam afetar mesmo Estados distantes, a 
despeito de seus interesses. A crise do petróleo é um exemplo de impacto da 
interdependência. Nesse caso, os Estados tenderiam a cooperar visando evitar 
situações desastrosas para a economia. A ideia de paz democrática também é 
muito importante para as relações internacionais hoje. Ela se funda na ideia 
Kantiana de que Estados com regimes em que prevalece a opinião pública não 
entrariam em guerra entre si. A opinião pública alteraria os interesses dos 
Estados, colocando em pauta questões que interessam aos indivíduos, como 
liberdades, bem-estar social e outras questões de natureza moral.[10] 
Direito Internacional e Instituições 
Entre os instrumentos preconizados pelos pensadores liberais como forma de 
regular os conflitos internacionais estão o direito internacional e as instâncias 
supranacionais. Hugo Grotius, em seu Sobre o direito da guerra e da paz, foi o 
primeiro a formular um direito internacional, pensando em princípios morais 
universais (derivados do “Direito Natural”) alcançados por intermédio da razão 
que cada homem detém. Grotius desenvolveu a ideia de Guerra Justa, isto é, 
que existem circunstâncias em que a guerra pode ter legitimidade no direito. O 
iluminista Immanuel Kant, por sua vez, pensava que a formação de uma 
Federação de Estados refletindo princípios de direito positivo seria a melhor 
forma de conter as guerras que assolavam a humanidade. Esses dois elementos, 
o direito e a instituição internacional, são tidos como formas eficientes e 
legítimas de assegurar a resolução de conflitos sem o uso da força. Certamente 
inspiradas pelo pensamento kantiano, uma série de entidades supranacionais 
foram criadas durante o século XIX, como as entidades de cooperação técnica 
e outras de conteúdo mais explicitamente político, como o Concerto Europeu. 
Os Quatorze pontos de Wilson 
O Presidente norte-americano 
Woodrow Wilson em retrato de 1912 
O discurso do dia 8 de janeiro de 1918 é um dos memoráveis episódios da 
História da Primeira Guerra Mundial. Nesse dia, o presidente norte-americano 
Woodrow Wilson apresentou uma proposta consistindo em catorze pontos 
cardeais do que deveria ser a nova ordem mundial. As interpretações da 
proposta de Wilson correspondem, de certa forma, às questões vinculadas ao 
debate “realismo versus liberalismo”, já que os primeiros consideram o 
presidente Wilson um idealista, enquanto os segundos o consideram um 
brilhante precursor duma ordem mundial cooperativa. O décimo quarto ponto das 
propostas wilsonianas pedia que as nações desenvolvidas formassem uma 
associação com o objetivo de garantir a integridade territorial e a independência 
política dos países. Essa foi a fracassada Liga das Nações, que, não obstante, 
figura hoje como modelo precursor das Nações Unidas e primeira experiência 
liberal do tipo. Embora Woodrow Wilson tenha se esforçado por convencer a 
população americana da necessidade de se estabelecer uma Liga das Nações, 
o presidente acabou sofrendo sérios problemas de saúde, sendo obrigado a se 
retirar de cena, enquanto um congresso cético rejeitava o seu projeto de paz 
perpétua. 
Funcionalismo 
O funcionalismo foi uma corrente de pensamento liberal que tentava colocar o 
pensamento liberal em patamar de igualdade com o conhecimento que era 
produzido pelos realistas. Em outras palavras, o funcionalismo foi uma tentativa 
de atribuir tom científico às premissas liberais, estabelecendo por meio de 
observações empíricas e análises científicas um conhecimento que privilegiasse 
os elementos de cooperação do sistema internacional. Os principais expoentes 
dessa corrente foram Karl Deutsch e David Mitrany. Os funcionalistas 
desenvolveram a ideia de spill-over effect, segundo a qual a gradual obtenção 
de vantagens por meio da cooperação internacional faria com que os Estados, 
tomando consciência da escolha mais racional, preferissem a paz à guerra. Um 
elemento importante colocado pelos funcionalistas era o de que as instituições 
internacionais de desenvolvimento técnico, em franca expansão, possibilitariam 
a conformação do mundo num molde pacífico. O neofuncionalismo foi a tentativa 
de Ernest Hass de corrigir o que os realistas chamaram de dimensão “ingênua” 
do funcionalismo e mais uma vez inserir o liberalismo no debate científico. Hass 
reconfigura a ideia de spill-over, dizendo que a tal tomada de consciência 
aconteceria primeiramente por parte de determinados agentes dentro dos 
Estados, para só depois se tornar convicção racional e moral do Estado, num 
processo de aprendizagem. 
Interdependência 
Poder e Interdependência (1977), a obra liberalista de Robert Keohane e Joseph 
Nye, é um marco para a discussão de interdependência nas relações 
internacionais. Analisando as mudanças proporcionadas pela acelerada 
globalização no mundo contemporâneo, que envolvia o surgimento de 
transnacionais, o crescimento do comércio e a integração internacional intensiva, 
os autores defendiam que a tomada de decisões por atores estatais e não 
estatais tendiam a ser recíprocos, isto é, a trazer consequências para muitos 
outros agentes do sistema internacional. Dessa forma, os efeitos econômicos de 
uma decisão tomada do outro lado do mundo poderiam ser muito prejudiciais 
para os países envolvidos. Para Keohane e Nye, a interdependência é um 
fenômeno custoso para os atores do sistema internacional, traduzida em termos 
de sensibilidade (repercussão de uma decisão em um país sobre outro) e 
vulnerabilidade (alternativas de contornar a sensibilidade). As consequências 
desse processo de integração, segundo os teoristas, era a redução do uso da 
força nas relações entre nações. Nessa perspectiva, a melhor maneira de 
solucionar conflitos gerados pela interdependência seria a instituição de 
instâncias supranacionais, por exemplo. Essa abordagem é importante porque 
subverte a relação estabelecida pelos realistas de “baixa” e “alta” política: as 
questões comerciais pareciam ter grande importância para a política de poderes. 
Falência do Estado 
Como foi dito, os liberalistas veem o Estado de forma pessimista, em grande 
parte porque ele restringe em alguma medida as liberdades individuais. Na 
perspectiva liberal, o Estado tende a ter seu poder reduzido conforme 
a globalização avança, uma vez que a soberania deixa de ser óbvia e uma série 
de novos atores não estatais adquirem papéis importantíssimos para a 
configuração das relações internacionais. 
Neoliberalismo 
Keohanereelaborou seu pensamento institucionalista com novas bases após 
severas críticas direcionadas às teorias da interdependência por parte dos 
realistas. O neoliberalismo, como ficou conhecido, mais uma vez tentava 
defender de forma científica que a formação de entidades supranacionais era o 
melhor caminho para a solução de conflitos internacionais. Assim, o autor 
reiterou os postulados realistas, segundo os quais o sistema internacional é 
anárquico e os Estados são seus principais atores. No entanto, Keohane se 
esforçou por demonstrar que a falta de transparência e o egoísmo completo 
podem ter consequências pouco benéficas e, por conseguinte, menos lógicas, 
para as nações envolvidas. As instituições internacionais teriam, portanto, a 
função de permitir uma melhor transparência nas relações internacionais e, 
assim, garantiriam resultados relativamente mais proveitosos do que aqueles 
que seriam obtidos sem a sua existência. É importante ressaltar que a 
perspectiva de Keohane reconsidera o papel das instituições internacionais, 
inserindo-as dentro de uma perspectiva de políticas de interesses, descartando 
a dimensão ética dessas instituições reivindicada por outros liberais. 
Marxismo 
Ver também: Neogramscismo 
Embora o próprio Karl Marx não tenha dedicado muita atenção ao estudo das 
relações internacionais, vários autores de inspiração marxista (entre 
eles Lênin e Trotsky) efetivaram algumas generalizações teóricas a respeito da 
relação entre os Estados. Segundo a teoria do materialismo histórico do próprio 
Marx, o sistema capitalista de produção tenderia a se universalizar, chegando a 
se tornar o modo de produção dominante em todo o mundo 
(portanto, internacional). Na teoria marxista, o capitalismo seria uma fase 
histórica de desenvolvimento econômico caracterizada por algumas 
contradições, entre elas o surgimento de duas classes sociais antagônicas, a 
burguesia e o proletariado, a primeira gerando lucro a partir da exploração 
do trabalho desta última. Nessa teoria, o papel do Estado seria o de assegurar a 
ordem burguesa garantindo que os trabalhadores seguissem as normas 
do capitalismo. Essa sociedade, contudo, seria inevitavelmente superada graças 
a um fenômeno conhecido como luta de classes, no qual a classe social 
explorada (proletariado) subverteria a ordem em seu favor após 
uma revolução política. Para Marx, o proletariado seria uma categoria social 
universal e, portanto, a teoria marxista só pode ser entendida do ponto de vista 
do internacionalismo.[11] 
Lênin 
Vladimir Lênin foi o primeiro a pensar as relações internacionais a partir de uma 
perspectiva marxista. Lênin publicou o livro Imperialismo, fase superior do 
capitalismo, no qual argumenta que a contradição entre nações capitalistas (para 
Lênin, nações "imperialistas") e nações exploradas seria essencial para a 
compreensão do processo revolucionário. De acordo com Lênin, o capitalismo 
em fase de estagnação seria caracterizado pela busca de novos mercados e 
novas riquezas (colônias). O autor marxista também defendeu que as nações 
imperialistas em busca de riquezas seriam levadas a guerras e conflitos 
violentos. Ao contrário das teorias liberais e realistas das relações internacionais, 
a teoria marxista de Lênin admite a existência de mais de um ator político nesse 
meio, isto é, deve-se levar em consideração um corte vertical (entre classes 
sociais: burguesia e proletariado) e um corte horizontal (entre nações: 
imperialistas e colonizadas). Lênin também compreende que o Estado age em 
favor dos interesses de uma classe social (a burguesia) e dos interesses 
nacionais (o que incluiria os proletários nas nações desenvolvidas), 
apresentando uma concepção de Estado bastante particular. As afirmações 
teóricas do leninismo a respeito das relações internacionais fundamentaram 
orientações políticas da Rússia pós revolucionária, como o pacifismo e a defesa 
da autodeterminação dos povos. 
Teorias da Dependência 
Ver artigo principal: teoria da dependência 
As teorias da dependência são inspiradas pelo marxismo (Immanuel Wallerstein) 
ou pelo keynesianismo (Celso Furtado), diferindo quanto à radicalidade de suas 
posições políticas. De acordo com essas teorias, o mundo capitalista é marcada 
por uma divisão clara entre nações "desenvolvidas" (ou "do centro") contra 
nações "subdesenvolvidas" e dependentes (ou "periféricas"). O sistema 
capitalista mundial, por sua vez, impediria, de maneira estrutural, que nações 
periféricas alcançassem um nível de desenvolvimento econômico similar ao das 
nações ditas desenvolvidas, uma vez que a hegemonia política e econômica dos 
países do centro estabeleceria limites aos esforços de substituição de 
importações por parte das nações periféricas. Segundo alguns teóricos dessa 
corrente, a única forma de combater essa situação seria o estabelecimento de 
um Estado anti-imperialista, caracterizado por uma postura combativa em 
relação aos interesses das multinacionais e do capital estrangeiro.[12] 
Referências 
0. ↑ «The IR Theory Home Page» (em inglês) 
1. ↑ Contemporary international relations : a guide to theory. A. J. R. 
Groom, Margot Light. London: Pinter Publishers. 
1994. OCLC 30319545 
2. ↑ Jackson, Robert H.. (2007). Introdução às relações 
internacionais : teorias e abordagens. Georg Sørensen, Barbara 
Duarte, Arthur Ituassu. Rio de Janeiro: Zahar. OCLC 800522036 
3. ↑ Ir para:a b Nogueira, João Pontes (2005). Teoria das relações 
internacionais : [correntes e debates]. Nizar Messari. Rio de 
Janeiro: ELSEVIER. OCLC 817082468 
4. ↑ Pecequilo, Cristina Soreanu (2004). Introdução às relações 
internacionais : temas, atores e visões. Petrópolis: 
[s.n.] OCLC 62699717 
5. ↑ Carr, Edward Hallett (2001). Vinte anos de crise : 1919-1939 : 
uma introdução ao estudo das relações internacionais 2. ed ed. 
Brasília: Ed. Universidade de Brasília, Instituto de Pesquisa de 
Relações Internacionais. OCLC 685121312 
6. ↑ Jack Donnelly. «Realism And International Relations» (PDF) (em 
inglês) 
7. ↑ «Six Principles of Political Realism» (em inglês) 
8. ↑ «Hans Morgenthau» (em inglês) 
9. ↑ «Classical Liberalism and International Relations» (em inglês) 
10. ↑ «Marxist-Leninist Theory of International Relations» (PDF) 
11. ↑ «A Teoria da Dependência: interpretações sobre o 
(Sub)desenvolvimento na América Latina» (PDF) 
Esconder] 
 v 
 d 
 e 
Teoria das relações internacionais 
Realismo 
 Realismo clássico 
 Realismo neoclássico 
 Neorrealismo (Realismo estrutural) 
 Realismo ofensivo 
 Realismo defensivo 
 Realismo liberal (Escola inglesa) 
 Realismo estratégico 
Liberalismo 
 Idealismo 
 Paz democrática 
 Liberalismo republicano 
 Institucionalismo 
 Neoliberalismo 
 Liberalismo sociológico 
 Institucionalismo liberal 
 Funcionalismo 
 Neofuncionalismo 
 Pós-funcionalismo 
 Regimes 
Construtivismo 
 Construtivismo moderno 
 Construtivismo pós-moderno 
 Construtivismo feminista 
Marxismo 
 Neogramscismo 
 Estudos críticos de segurança 
 Teoria crítica 
 Sistema-mundo 
 Dependência 
Outras teorias 
 Feminismo 
 Estabilidade hegemônica 
o Transição de poder 
o Ciclos longos 
 Intergovernamentalismo × Supranacionalismo 
 Pós-estruturalismo 
 Pós-colonialismo 
Grandes 
debates 
 Positivismo / Racionalismo × Pós-positivismo / Reflexivismo 
 Debate interparadigmático 
 Tradicionalismo × Behaviorismo 
Conceitos 
 Ajuda humanitária 
o Manutenção de paz 
 Anarquia 
 Bem público global 
 Comunidade internacional 
o Ajuda oficial ao desenvolvimento 
o Cooperação Internacional para o Desenvolvimento 
o Cooperação Sul-Sul 
 Dominação do mundo 
 Equilíbrio de poder 
 Esfera de influência 
 Ganho absoluto 
 Ganho relativo 
 Governança global 
 Governo mundial 
 Hegemonia regional 
 Ordem mundial 
 Paz mundial 
 Poder 
 Responsabilidade ao proteger × Responsabilidade de proteger 
 Securitização 
 Sistema internacional 
 Bilateralismo× Multilateralismo × Unilateralismo 
Outras 
abordagens 
 Economia política internacional 
 Geopolítica 
 Sociologia histórica

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