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Prévia do material em texto

Análise e Diagnóstico 
Financeiro
André Junior Silva Wiezzel
Presidente Prudente
Unoeste - Universidade do Oeste Paulista
2016
Wiezzel, André Junior Silva.
 Análise e Diagnóstico Financeiro. / André Junior 
Silva Wiezzel. – Presidente Prudente: Unoeste - Univer-
sidade do Oeste Paulista, 2016.
 134 p.: il.
 Bibliografia.
 ISBN: 978-85-88755-62-8
 1. Contabilidade. 2. Finanças. 3. Gestão Financeira. 
I. Título.
CDD\22ª. ed.
© Copyright 2016 Unoeste - Todos os direitos reservados
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou 
por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer 
outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Universidade do Oeste Paulista.
Análise e Diagnóstico Financeiro
André Junior Silva Wiezzel
Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima
Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas
Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste
Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi
Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima
Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres 
Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato 
Coordenação Tecnológica e de Produção: Mário Augusto Pazoti
Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema
Diagramação: Aline Miyamura Takehana
Ilustração e Arte: Antônio Sérgio Alves de Oliveira, Fernanda Sutkus de Oliveira Mello e Luciana 
da Mata Crema
Revisão Técnica: Sonia Sanae Sato
Revisão: Renata Rodrigues dos Santos
Colaboração: Vanessa Nogueira Bocal
Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), 
mantenedora da Universidade do Oeste Paulista
Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária
CEP: 19050-920 - Presidente Prudente - SP
(18) 3229-1000 | www.unoeste.br/ead
658-15
W652a
Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste
André Junior Silva Wiezzel 
Possui graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas e Ad-
ministrativas de Presidente Prudente (1999). É mestre em Administração de Empresas 
pela UTCD – Universidade Técnica de Comercialização e Desenvolvimento de Assunção – 
Paraguai (2011) e especialista em Gestão de Micro e Pequenas Empresas pela Faculdade 
de Ciências Econômicas e Administrativas de Presidente Prudente (2004). Atualmente, 
é professor titular da Universidade do Oeste Paulista – Unoeste. Tem experiência na 
área de Administração, com ênfase em Ciências Contábeis. Atua ainda como profissional 
liberal na prestação de serviços de assessoria e consultoria contábil, bem como Perito 
Judicial Contador, tendo sido nomeado em diversas ações que envolvem cálculos pa-
trimoniais (ações de desapropriação de imóveis rurais, avaliação de empresas, análise 
fiscal-tributária), financeiros (recálculo de dívidas, análise de taxas de juros e ocorrência 
de anatocismo) e previdenciários.
Sobre o autor
Carta ao aluno
O ensino passa por diversas e constantes transformações. São mudanças 
importantes e necessárias frente aos avanços da sociedade na qual está inserido. A 
Educação a Distância (EAD) é uma das alternativas de estudo, que ganha cada vez mais 
espaço, por comprovadamente garantir bons referenciais de qualidade na formação pro-
fissional. Nesse processo, o aluno também é agente, pois organiza o seu tempo confor-
me suas atividades e disponibilidade. 
Maior universidade do oeste paulista, a Unoeste forma milhares de profissio-
nais todos os anos, nas várias áreas do conhecimento. São 40 anos de história, sendo 
responsável pelo amadurecimento e crescimento de diferentes gerações. É com esse 
mesmo compromisso e seriedade que a instituição iniciou seus trabalhos na EAD em 
2000, primeiramente com a oferta de cursos de extensão. Hoje, a estrutura do Nead 
(Núcleo de Educação a Distância) disponibiliza totais condições para você obter os co-
nhecimentos na sua área de interesse. Toda a infraestrutura, corpo docente titulado e 
materiais disponibilizados nessa modalidade favorecem a formação em plenitude. E o 
mercado precisa e busca sempre profissionais capacitados e que estejam antenados às 
novas tecnologias.
Agradecemos a confiança e escolha pela Unoeste e estamos certos de que 
suas expectativas serão atendidas, pois você está em uma universidade reconhecida 
pelo MEC, que oportuniza o desenvolvimento constante de Ensino, Pesquisa e Extensão. 
Aqui, além de graduação, existe pós-graduação lato e stricto sensu, com mestrados e 
doutorado recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de 
Nível Superior), prêmios conquistados em âmbito nacional por suas ações extensivas e 
pesquisas que colaboram com o desenvolvimento da cidade, região, estado e país; en-
fim, são inúmeros os referenciais de qualidade.
Com o fortalecimento da EAD, a Unoeste reforça ainda mais a sua missão 
que é “desenvolver a educação num ambiente inovador e crítico-reflexivo, pelo exercício 
das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão nas diversas áreas do conhecimento cien-
tífico, humanístico e tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais cidadãos 
comprometidos com a responsabilidade social e ambiental”.
Seja bem-vindo e tenha bons estudos!
Reitoria
Sumário
Capítulo 1
Considerações Gerais sobre as TerminoloGias ConTábeis, a análise e o diaGnósTiCo 
FinanCeiro
1.1 Necessidade de Dados e Informação para a Análise e o Diagnóstico Financeiro ...............15
1.2 Limitações da Informação Contábil: Contabilidade Real versus Fictícia e o Aperfeiçoamento 
da Qualidade da Informação Contábil – Regras Vigentes .....................................................16
1.3 Revisão dos Conceitos Indispensáveis para Analisar as Demonstrações Contábeis ...........19
1.3.1 Contas Patrimoniais .................................................................................................19
1.3.2 Total do Ativo ..........................................................................................................21
1.3.3 Ativo Circulante .......................................................................................................22
1.3.4 Ativo Não Circulante .................................................................................................25
1.3.5 Total do Ativo (Soma do AC e ANC) ...........................................................................26
1.3.6 Passivo ...................................................................................................................28
1.3.7 Passivo Circulante ....................................................................................................28
1.3.8 Passivo Não Circulante .............................................................................................28
1.3.9 Patrimônio Líquido ...................................................................................................34
1.3.10 Ciclo Operacional ...................................................................................................35
Capítulo 2
ConheCendo melhor alGuns relaTórios ConTábeis e suas FunCionalidades
2.1 Relatórios Contábeis Obrigatórios para Sociedades por Ações e para outras formas de 
Sociedade ............................................................................................................... 44
2.1.1 Balanço Patrimonial (BP) ..........................................................................................46
2.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) .........................................................47
2.1.3 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) ..........................................48
2.1.4 Demonstração de Resultados Abrangentes (DRA) .......................................................51
2.1.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ........................................522.1.6 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) ..................................................................54
2.1.7 Notas Explicativas ....................................................................................................59
Capítulo 3
Considerações sobre a uTilização de ÍndiCes e PorCenTaGens: subsÍdios Para a 
análise VerTiCal e horizonTal
3.1 Cálculos que Utilizam a Porcentagem ...........................................................................63
3.1.1 Variação Percentual Crescente entre Dois Números ....................................................64
3.1.2 Variação Percentual Decrescente entre Dois Números .................................................65
3.2 Índices que Equivalem à Porcentagem .........................................................................66
3.3 Os Primeiros Passos para a Análise Propriamente Dita e a Reclassificação de Contas .......67
3.3.1 Reclassificando a Conta Duplicatas Descontadas ........................................................68
3.3.2 Reclassificando as Contas Empréstimos a Interligadas e Empréstimos a Diretores .........69
3.3.3 Reclassificando as Contas de Estoques ......................................................................70
3.4 Análise Vertical das Contas de Ativo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I) .............75
3.4.1 Análise Vertical das Contas de Passivo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I) .......77
3.4.2 Combinando a Análise Vertical das Contas de Ativo e de Passivo do Balanço Patrimonial da 
Cia. Test (Ano I) ...............................................................................................................79
3.4.3 Análise Horizontal das Contas de Ativo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I para o 
Ano II) ............................................................................................................................81
3.4.4 Análise Horizontal das Contas de Passivo do Balanço Patrimonial da Cia Test (Ano I para o 
Ano II) ............................................................................................................................83
3.4.5 Análise Vertical das Contas da Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Test (Ano 
I para o Ano II) ................................................................................................................86
3.4.6 Análise Horizontal das Contas da Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Test 
(Ano I para o Ano II) ........................................................................................................87
Capítulo 4
a análise Por meio de ÍndiCes eConômiCo-FinanCeiros
4.1 Índices de Atividades ..................................................................................................93
4.1.1 Estudo dos Prazos Médios das Empresas ...................................................................94
4.2 Índices de Liquidez .....................................................................................................98
4.2.1 Liquidez Geral (LG) ..................................................................................................98
4.2.2 Liquidez Corrente (LC)..............................................................................................99
4.2.3 Liquidez Seca (LS) ................................................................................................. 100
4.3 Índice de Cobertura de Juros (ICJ) ............................................................................. 101
4.4 Índices de Endividamento (Estrutura de Capitais) ........................................................ 102
4.5 Índices de Rentabilidade ........................................................................................... 107
4.5.1 Análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício da Cia Test 
para o Ano I .................................................................................................................. 111
Capítulo 5
a análise Por meio de FerramenTas GerenCiais ComPlemenTares
5.1 O Minicaso da Empresa Boi Erado Ltda. ...........................................................118
5.1.1 Índices Financeiro-Econômicos da Agropecuária Boi Erado Ltda. ....................121
5.1.2 Breve Parecer sobre os Relatórios Contábeis da Empresa Boi Erado Ltda. ........123
5.2 Outras Ferramentas de Gestão .......................................................................123
5.2.1 Grau de Alavancagem Operacional (GAO) .....................................................124
5.2.2 Grau de Alavancagem Financeira (GAF) ........................................................126
Referências .........................................................................................................131
11
Apresentação
Olá! Seja bem-vindo aos estudos de Análise e Diagnóstico Financeiro. Para nor-
tear sua leitura, vamos fazer aqui um panorama de como este livro foi desenvolvido, apre-
sentando em linhas gerais o que será abordado em cada capítulo.
O primeiro terá como tema “Considerações Gerais sobre as Terminologias Con-
tábeis e a Análise e o Diagnóstico Financeiro”. Vamos expor algumas situações que envolvem 
os aspectos da análise dos relatórios contábeis, bem como abordar conceitos básicos que 
são necessários para a realização da análise e do diagnóstico econômico-financeiro.
O segundo capítulo, intitulado “Conhecendo Melhor alguns Relatórios Contábeis 
e suas Funcionalidades”, terá como objetivo realizar um estudo analítico de todos os rela-
tórios contábeis, destacando suas finalidades, contas e a estrutura formal que reveste cada 
um deles.
“Considerações sobre a Utilização de Índices e Porcentagens: Subsídios para a 
Análise Vertical e Horizontal” será o tema em estudo no terceiro capítulo. Nele, vamos exer-
citar a nossa capacidade de formular hipóteses e buscar os caminhos para confirmá-las ou 
não.
O quarto capítulo será sobre “A Análise por meio de Índices Econômico-Finan-
ceiros”. Veremos que muitas hipóteses podem ser formuladas e dúvidas suscitadas, sendo 
que a maioria delas pode ser respondida por meio da análise dos índices de prazos médios, 
de liquidez, endividamento e rentabilidade.
Por fim, no quinto capítulo, intitulado “A Análise por meio de Ferramentas Ge-
renciais Complementares”, serão apresentadas algumas ferramentas de gestão, nas quais 
vamos verificar que o Grau de Alavancagem Operacional (GAO) pode sinalizar a respeito do 
efeito que as vendas vão produzir na lucratividade. 
Bons estudos!
André Junior Silva Wiezzel
Considerações Gerais sobre as TerminoloGias ConTábeis, a 
análise e o diaGnósTiCo FinanCeiro
Capítulo 1
14
Para produzir algo, precisamos de uma combinação de recursos (matéria-
-prima, mão de obra, tecnologia, técnicas, máquinas, etc.), cujo produto final é um bem 
(algo dotado de valor econômico e utilizável pelo homem). De modo análogo, assim o é 
para produzir a análise e o diagnóstico financeiro: a matéria-prima essencial são dados 
confiáveis (relatórios contábeis e demais dados coletados da empresa); a mão de obra 
se faz representar pelo analista, e os demais recursos são os conhecimentos científicos 
que vamos explorar neste livro, que representam as “ferramentas” necessárias para 
atingir o objetivo principal: produzir informações úteis para qualquer tomada de decisão 
na empresa.
De grande importância, as Demonstrações Contábeis (daqui por diante trata-
da apenas por DC) são relatórios produzidos a partir de fatos geradores ocorridos e regis-
trados na contabilidade das empresas, que possuem finalidades de atender imposições de 
ordem fiscal (isto é, por força de Lei) e, principalmente, gerar informações úteis de uma 
organização para qualquer interessado (stakeholder), sejam elas de finalidades lucrati-
vas ou meramente assistenciais. Nesse sentido, o respeitável Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (daqui por diante tratado apenas como CPC), que, grosso modo, tem a missão 
de interpretar e nortear aconduta dos contadores e gestores na interpretação prática das 
normas no eixo legal-contábil-tributário, assim dispõe sobre o assunto no Pronunciamento 
Técnico CPC 00:
Introdução
Esta Estrutura Conceitual define que o objetivo das demonstrações con-
tábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira 
da entidade (Balanço Patrimonial), sobre seu desempenho em um de-
terminado período (Demonstração do Resultado) e sobre as modifica-
ções na sua posição financeira (Demonstração dos Fluxos de Caixa, 
no Brasil, a partir de 2008), informações essas que sejam úteis a um 
grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão 
econômica (CPC, 2009, p. 8).
 Agora que dimensionamos o entendimento sobre as finalidades dos re-
latórios contábeis, e, entrando em outro tema, estamos convencidos que você já ouviu 
falar a respeito da análise das DC e do grande poder informacional que esse trabalho 
poderá produzir ao tomador de decisões. Muito se fala em tomada de decisão no âmbito 
da gestão empresarial, por vezes de forma esparsa e sem um foco determinado, e essa 
situação nos leva à primeira reflexão:
• Quais tipos de decisões podem ser amparadas pela análise das DC?
• Afinal, quais instituições são usuárias da análise das DC?
15
A partir dessas considerações iniciais, vamos começar o primeiro capítulo do 
nosso livro. Lembrando que você deve consultar o tutor sempre que tiver dúvidas em 
relação ao conteúdo apresentado.
1.1 Necessidade de Dados e Informação para a Análise 
e o Diagnóstico Financeiro 
Embora inegável a contribuição trazida pela análise das DC nos processos 
decisórios, é bom ter em mente que a interpretação sobre a situação geral de uma em-
presa se faz por uma vasta gama de fontes de informação, amparadas por entrevistas, 
entendimento dos processos operacionais e diversos relatórios complementares. Nesse 
sentido, é razoável ponderar que seria mera pretensão (senão leviandade) do analista 
esperar diagnosticar uma empresa, munido tão somente de relatórios extraídos da sua 
contabilidade.
De modo similar, manifesta-se o Pronunciamento Técnico CPC 00:
Esses usuários possuem interesses e competências distintas, por isso 
precisam as Demonstrações Contábeis ser preparadas para atendimen-
to às necessidades comuns da maioria deles. Todavia, elas não for-
necem todas as informações que os usuários possam necessitar para 
tomar decisões econômicas, considerando que tais Demonstrações 
Contábeis refletem principalmente os efeitos financeiros ocorridos no 
passado e não contém necessariamente informações que não sejam 
de caráter financeiro. Adicionalmente, presume-se que os usuários das 
Demonstrações Contábeis tenham um conhecimento razoável dos ne-
gócios, atividades econômicas e de contabilidade e a disposição de 
estudar as informações com razoável diligência (CPC, 2009, p. 8).
Dessa maneira, é imprescindível ter em mente que os relatórios contábeis 
retratam os saldos de operações que ocorreram (no passado, evidentemente) e que 
estão sujeitos a constantes modificações. Além dessa “defasagem”, existem informações 
importantes que não se constituem em valores monetários, e, por esse motivo, não são 
evidenciadas em relatórios contábeis. 
Não obstante, tais informações podem ser um poderoso instrumento para 
direcionar o futuro, desde que utilizadas com destreza pelo administrador/gestor de 
negócios. 
Além dessa questão, é válido atentar para outra, que, se ignorada, poderá 
comprometer o teor/valor da análise sobre as DC. Esta questão recai no sentido de que 
a contabilidade é dividida em diversos segmentos, sendo a Contabilidade Comercial 
(também chamada de Contabilidade Financeira) a responsável pela geração dos relató-
rios contábeis exigidos por lei e revestidos de certas formalidades que visam atender às 
exigências fiscais.
16
Saiba Mais
Para aprofundar seus estudos, sugerimos que consulte os livros:
SILVA, José Pereira. Análise Financeira das Empresas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2012, 
ps. 36-38.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: abordagem gerencial. 
7. ed. São Paulo: Atlas, 2010, ps. 14-23.
1.2 Limitações da Informação Contábil: Contabilidade 
Real versus Fictícia e o Aperfeiçoamento da Qualidade 
da Informação Contábil – Regras Vigentes
Na realidade, a contabilidade vivencia no presente uma verdadeira revolu-
ção, já que as Normas Brasileiras de Contabilidade (daqui por diante tratadas apenas 
por NBC) vêm sendo alinhadas com diretrizes que visam tornar os relatórios contábeis 
revestidos de informações que possam, adequadamente, evidenciar o patrimônio e a 
situação financeiro-econômica de uma empresa, de forma clara e confiável.
Esse comentário é importante porque, infelizmente, em certos casos, a con-
tabilidade não revela dados realísticos sobre o desempenho empresarial, por diversos 
motivos, dentre outros:
a) Pouco interesse pela informação contábil: parte do empresariado, 
não aptos a exercer as funções de tomadores de decisões (carentes de formação em 
áreas relativas a negócios-administração, contabilidade, economia, gestão comercial ou 
de negócios, etc.), principalmente das micro e pequenas empresas, não conhece, ou 
pouco valoriza a informação gerada pelo sistema contábil, ou ainda não sabe o que fazer 
com as informações disponíveis.
b) Pouco interesse do empresário: o empresariado deixa de fornecer 
informações ou documentos importantes para o contador, o que redunda em relatórios 
contábeis com informações parciais ou distorcidas da realidade.
c) Busca incessante por redução de gastos: parte do empresariado 
opta por uma contabilidade simplificada (para não dizer ineficaz e incompleta), por de-
sinteresse em melhor remunerar um bom profissional contábil, e, por consequência, 
contrata uma assessoria que pouco contribui para o desenvolvimento gerencial e opera-
cional da empresa.
d) Falta de comprometimento do contador: alguns contadores não assu-
miram o papel de contador-orientador, limitando-se a fazer “apenas o que o cliente deseja”, 
sem disseminar a importância que a contabilidade possui em qualquer forma de organização.
17
e) Critérios de reconhecimento de ativos e passivos: que muitas vezes 
não expressam o real valor dos itens patrimoniais, por conta de critérios de mensuração 
inadequados e descompromissados com a qualidade da informação gerada (ocorre em 
maior escala nas micro e pequenas empresas). 
Levando em conta a existência de deficiências na informação contábil apresentada por mi-
cro e pequenas empresas (em boa parte dos casos, ao menos), pesquise a respeito do grau 
de confiabilidade nas DC destas empresas, considerando as seguintes questões:
• A empresa em que você, seus pais ou que algum amigo trabalha, possui uma conta-
bilidade regular (possui livros contábeis, relatórios contábeis, documentação organizada)? 
A contabilidade é terceirizada ou não? Esta empresa atua em que ramo?
• Ela coloca em prática o Manual de Procedimentos Contábeis para Micro e Peque-
nas Empresas.
• Como o contador classifica a qualidade das informações contábeis? Classifique 
como excelente, boa, regular ou insatisfatória, e explique os motivos que na visão do con-
tador embasaram a classificação.
Há pouco comentamos a respeito da qualidade da informação contábil. Va-
mos, agora, esclarecer melhor sobre tal afirmativa. As NBC vêm estabelecendo critérios 
para avaliar todos os itens patrimoniais, de maneira que o registro contábil mostre de 
forma mais aproximada possível a realidade do item registrado.
A título de exemplo (não esgotando o assunto), imagine um produtor de 
gado de raça, que tenha um tourinho nascido em sua fazenda, animal que apresenta 
todas as características de bom reprodutor (forte ardor sexual, bom peso, raça nobre), 
no qual o pecuarista gastou, durante três anos, o valor equivalente a R$ 20.000,00 
(gastos com alimentação, vacinação, acompanhamento de veterinário, transporte, etc.). 
Se a contabilidade não seguir as normas contábeis ora vigentes, isto é,conforme esta-
belecidas pela NBC, ela simplesmente manteria no Balanço Patrimonial (BP) o valor de 
custo desse animal, ou seja, R$ 20.000,00. Talvez, numa cotação de mercado, o animal 
pudesse ser avaliado em R$ 50.000,00, R$ 70.000,00 ou outro valor qualquer. 
Pelas normas atuais, esse tipo de animal traria um registro contábil pelo va-
lor justo (fair value), a partir da cotação do respectivo mercado ativo, levando em conta 
o estado do animal, a sua localização, etc., de forma que restaria como o valor do ani-
mal, o mais provável possível de realização financeira (bem superior aos R$ 20.000,00, 
em função da raça, etc.).
Saiba Mais
http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/ManuMicro.pdf
http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/ManuMicro.pdf
18
Esse exemplo serve para ilustrar o quão vem evoluindo a contabilidade nesse 
sentido, já que existem diversas NBC, que criam as condições ideais para avaliar os itens 
patrimoniais. Alinhado com essa afirmação, o Conselho Federal de Contabilidade, por 
meio da Resolução CFC nº 1.374/11 (2011, p. 12) afirma que: “Se a informação contábil-
-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o 
que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada 
se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível”.
Você Sabia?
A ausência de registros contábeis, registros não confiáveis ou fraudulentos, em decor-
rência de processo de fiscalização, traz consequências, como o aumento exponencial da 
carga tributária (lucro arbitrado), multas pesadas, perda de estoques e até a configura-
ção de crimes fiscais, podendo causar a prisão do empresário e até mesmo do contador 
ou administrador, dependendo do caso.
Fonte: Adaptado da Revista Veja (2009).
Enquanto analistas de relatórios contábeis, precisamos estar conscientes 
desses fatos e preparados para desenvolver trabalhos com o menor grau de erro possí-
vel. Mediante essa realidade, precisaremos refletir no seguinte sentido:
a) Será que os relatórios contábeis publicados pelas empresas são adequa-
dos para a prática da análise?
b) Será que os registros contábeis, apesar de seguirem fielmente as mais 
diversas legislações fiscais, possuem limitações na geração de informações?
Sonegação dá, sim, cadeia
Al Capone
Mafioso
Sophia 
Loren
Atriz
Reverendo 
Moon
Líder 
religioso 
coreano
Leona 
Helmsley 
Magnata do 
setor hoteleiro
Ademar 
Kehrwald
Empresário 
Gaúcho
País Estados Unidos Itália
Estados 
Unidos Estados Unidos Brasil
Condenação
11 anos de 
prisão, em 
1931
30 dias de 
prisão, em 
1980
18 meses de 
prisão, em 
1982
4 anos de pri-
são, em 1989
8 anos e 4 
meses de 
prisão, em 
1998
Quanto tempo 
ficou na cadeia
7 anos 17 dias 1 ano e um mês
1 ano e seis 
meses
1 ano e nove 
meses
Valor Sonegado 15,2 milhões de dólares
180.000 
dólares
162.000 
dólares
1,7 milhões de 
dólares
36,4 milhões 
de reais
19
c) Quais são os documentos complementares que poderão ser utilizados 
para complementar o instrumental básico de análise das demonstrações contábeis?
d) Até que ponto pode-se confiar nas informações contidas nos relatórios 
contábeis?
Você está convidado a buscar conosco as respostas para essas e outras 
questões.
1.3 Revisão dos Conceitos Indispensáveis para Analisar 
as Demonstrações Contábeis
Entendemos bastante pertinente a prática de relembrar alguns conceitos 
importantes para a análise dos relatórios contábeis, na condição de pré-requisitos para 
tal análise, a saber.
1.3.1 Contas Patrimoniais
Fazem parte do Balanço Patrimonial e são formadas por três grupos de con-
tas, denominadas por Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido (PL). Essas contas serão estu-
dadas em detalhes ao longo desta seção.
Primeiramente, reflita sobre esta questão: você sabe o que compõe o PL 
de uma empresa?
Em se tratando de contabilidade, a expressão PL diz respeito a todas as 
contas que possam expressar, conjuntamente, os bens, direitos e obrigações de uma 
empresa. Isto porque é impossível que uma organização tenha num mesmo momento 
apenas contas que representam bens ou direitos, sem a existência de dívidas, ainda que 
por curto espaço temporal.
Assim também o é em nossas vidas: temos a propriedade de ativos (carros, 
motos, casas, computadores, etc.), mas também precisamos honrar nossos passivos 
(nossas dívidas assumidas com terceiros, tais como a faculdade para pagar, a fatura do 
cartão de crédito, o Imposto Predial e Territoral Urbano - IPTU - da residência, etc.). 
Portanto, patrimônio é todo o complexo de ativos e de passivos, simultaneamente.
A seguir, apresentaremos um exemplo ilustrativo do Balanço Patrimonial pu-
blicado pela Imprensa Oficial do Estado S.A. A partir dele, ficará mais fácil visualizar e 
compreender as contas do Ativo, Passivo e PL.
20
TABELA 1 – Exemplo de Balanço Patrimonial
Fonte: Imprensa Oficial (2011).
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Parada Obrigatória
Identifique o valor do PL da Imprensa Oficial do Estado S.A.- Imesp para o ano de 2010 
e 2011. Após, prossiga com a leitura do texto.
PL do ano 2010 PL do ano 2011 
R$ ____________________ R$ ____________________
No que diz respeito aos bens, há que se destacar que esses são suscetíveis 
de perda de valor econômico, em função do uso ou obsolescência (envelhecimento): 
trata-se da depreciação.
De outra forma ocorre a amortização no decorrer do uso de direitos sobre a 
propriedade de terceiros, sendo que uma parte explora (mediante pagamento) os recur-
sos de outrem, no cumprimento de uma avença (contrato).
Porexemplo: considere um contrato de arrendamento de pasto. Se o arren-
datário adquirir direitos de uso, digamos, de 12 meses para utilizar uma pastagem que 
não o pertence, mediante o pagamento de R$ 12.000,00, então, é de se concluir que a 
cada mês incorrido haverá a amortização de R$ 1.000,00, já que para cada mês, há a 
perda de direitos sobre o contrato.
Há que se considerar ainda a exaustão: trata-se da redução do valor de 
determinado ativo (pertencente à empresa), em virtude de sua escassez, no qual, por 
conta da exploração, o potencial de produção vai sendo reduzido. São exemplos: explo-
ração de minérios, corte da cana-de-açúcar, etc.
Esclarecendo sobre a questão anteriormente lançada a você estudante, o 
valor do patrimônio para os anos de 2010 e 2011 são, respectivamente, R$ 366.240,00 
e R$ 375.045,00, sendo esses os valores que totalizam o conjunto de ativos e passivos 
para os respectivos anos.
São os recursos materiais ou imateriais (tangíveis/intangíveis) controlados 
pela empresa, isto é, de seu domínio e propriedade, que são passíveis de mensuração 
em valor, dotados da capacidade de trazer benefícios presentes e futuros para a empresa.
Exemplos: móveis, estoques, contas a receber, investimentos, prédios, etc.
1.3.2 Total do Ativo
22
Parada Obrigatória
Identifique o valor do ativo da Imprensa Oficial do Estado S.A.- Imesp para o ano de 
2010 e 2011. Após, prossiga com a leitura do texto.
Ativo do ano 2010 Ativo do ano 2011 
R$ ____________________ R$ ____________________
São contas que têm características de constante modificação e movimenta-
ção, e que possuem condições de se converter em dinheiro num prazo igual ou inferior 
a um ano (contados a partir do encerramento do período contábil) ou ainda dentro do 
ciclo operacional da empresa.
O Ativo Circulante é (regra geral) composto pelos seguintes subgrupos de 
contas: disponibilidades, contas a receber, estoques e créditos diversos. Há que se res-
peitar a individualidade de cada empresa, uma vez que o planejamento de contas (plano 
de contas) será o determinante da quantidade, grau de detalhamento e nomenclatura 
dessas contas.
Saiba Mais
Caso você tenha dúvidas sobre o tema que estamos estudando e mesmo ao longo de 
sua atuação profissional, é interessante acompanhar as publicações do portal do Conse-
lho Federal de Contabilidade (CFC) e também do respectivo estado onde você trabalha.
Explicando sobre a questão anteriormente lançada a você estudante, o 
valor do ativo para os anos de 2010 e 2011 são, respectivamente, R$ 366.240,00 e 
R$ 375.045,00, sendo esses os valores que totalizam o conjunto de bens e direitos 
para os respectivos anos.
Por certo você já ouviu falar em Capital de Giro (CG). O que ele representa 
na empresa? Esse conceito guarda alguns entendimentos divergentes, até mesmo entre 
os autores mais renomados. A maioria compreende que o CG corresponde aos ativos cir-
culantes, no qual os ativos circulantes representariam os bens e direitos que favorecem 
a formação do caixa para satisfazer as necessidades operacionais.
Imbuídos de um espírito mais pragmático e funcional, preferimos explicar 
acerca do conceito definido como Capital de Giro Líquido (CGL). 
1.3.3 Ativo Circulante
http://cfc.org.br/
http://cfc.org.br/
23
Erroneamente, o leigo entende que capital de giro é apenas o recurso em 
espécie (dinheiro) que a empresa dispõe para manter seus negócios em andamento.
É necessário ainda, no que concerne ao ativo circulante, ponderar a respeito 
das disponibilidades. Entende-se como disponível o recurso financeiro que a empresa 
tem em seu poder e que pode ser convertido imediatamente em numerário (dinheiro), 
sem demandar qualquer tempo (dias) para tal. É comum enquadrar contas classificáveis 
como disponibilidades do saldo de dinheiro em caixa, do saldo das contas correntes ban-
cárias ou aplicações financeiras com resgate imediato.
Parada Obrigatória
Preencha o quadro a seguir, levando em conta as informações da Imprensa Oficial do 
Estado S.A.- Imesp, para o ano de 2010 e 2011. A dica é que considere que as aplicações 
financeiras sejam resgatáveis somente após 180 dias do encerramento do BP. Após, 
prossiga com a leitura do texto. 
Contas 2010 2011
Capital de Giro Líquido R$ R$
Disponibilidades R$ R$
As contas de ativo listadas no BP seguem uma ordenação que tem como 
parâmetro o grau de liquidez, em ordem decrescente.
Por exemplo: 
Se considerarmos as contas “caixa”, as duplicatas a receber de “João Carlos 
Siturnei” e o estoque para revenda, denominado “refrigerante dois litros Joia”, é notável 
que a conta “caixa” é dotada de liquidez absoluta, uma vez que representa dinheiro em 
espécie. Já as duplicatas a receber demandam alguns dias para serem recebidas. Quan-
to aos estoques, eles vão requerer alguns dias para serem vendidos e se a venda for 
a prazo, alguns dias para o efetivo recebimento. Nesse raciocínio, é razoável ponderar 
que as contas dotadas de maior liquidez (recebíveis mais rapidamente) são as que estão 
escrituradas na parte superior do relatório contábil.
Assim, teríamos:
O CGL é a diferença entre o Passivo Não Circulante (PNC), isto é, dívidas de 
longo prazo + Patrimônio Líquido, e o Ativo Não Circulante (ANC), cujo montante repre-
senta a suficiência ou não de recursos para cobrir as necessidades mais imediatas da 
empresa. De outra maneira, podemos afirmar que:
CGL = [(PNC + PL) - ANC]
24
Com efeito, as contas escrituradas no ANC possuem baixo (ou nenhum) po-
der de liquidez, estando relacionadas na parte inferior do grupo do ativo.
Alguns conceitos são confundidos rotineiramente. Vamos esclarecer nossas 
dúvidas? 
 
• Liquidez: é a capacidade que determinados ativos possuem de se conver-
terem rapidamente em dinheiro.
• Solvência: é a capacidade de pagamento que a empresa possui. Ser sol-
vente é ser capaz de honrar os compromissos assumidos, em virtude de os ativos serem 
superiores aos passivos.
• Insolvência: é a incapacidade de pagar os compromissos assumidos, em 
virtude de os ativos serem inferiores aos passivos.
• Inadimplência: um devedor encontra-se nesse estado quando ao menos 
parte de suas contas pagas ao credor ocorreram com atraso.
• Adimplência: quando um devedor paga suas contas ao credor sem atrasos.
Respondendo a questão anterior remetida a você, vamos calcular o CGL e as 
disponibilidades de cada ano, a saber:
Disponibilidades: pertencem a esse subgrupo as contas que se convertem 
imediatamente em dinheiro. As “aplicações financeiras” demandam 180 dias para terem 
liquidez, o que nos faz concluir que a conta “aplicações financeiras” não faz parte das 
disponibilidades nesse caso.
Assim:
Disponibilidades (2010): R$ 475.000,00 (conta “caixa e bancos” do BP)
Disponibilidades (2011): R$ 356.000,00 (conta “caixa e bancos” do BP)
CGL = [(PNC + PL) - ANC]
CGL (2010) = [(R$ 0 + R$ 249.319,00) - R$ 112.386,00] = R$ 136.933,00
CGL (2011) = [(R$ 0 + R$ 303.126,00) - R$ 111.151,00] = R$ 191.975,00
25
Pare e Reflita
Por que as contas de ativo classificáveis no realizável a longo prazo não podem ser con-
sideradas como Capital de Giro?
!?
● Investimentos: representam gastos em ativos realizados por faculdade 
própria, tais sejam, por mera vontade da empresa, uma vez que não são imprescindíveis 
para a realização das atividades empresariais. Cite-se, por exemplo, a compra de ações 
de outra companhia, a aquisição de terrenos para venda futura, a aquisição de obras de 
arte, etc.
Em relação ao questionamento anterior, basta rememorar o conceito de liqui-
dez. Se determinado ativo possui baixa ou nenhuma liquidez, ele pouco contribui para 
formar o caixa necessário para manter as atividades operacionais da empresa.
1.3.4 Ativo Não Circulante
São contas que a empresa não tem interesse de movimentar em prazo infe-
rior a um ano (contados a partir do encerramento do período contábil) ou durante seu 
ciclo operacional.
Evidentemente, pode ocorrer a venda de Ativos Não Circulantes, mas de for-
ma esporádica, uma vez que venderbens classificáveis nesse ativo não é o objeto social 
de nenhuma empresa.
O Ativos Não Circulantes é composto pelos seguintes subgrupos:
● Realizável a longo prazo: nele, são escrituradas as contas que a empre-
sa pretende receber num prazo alongado (ou que não tenha a garantia de que haverá a 
satisfação dessa pretensão num prazo curto), fora do circulante ou do ciclo operacional. 
É comum agrupar nessa rubrica as contas com prazos de realização “duvidosos” ou 
“pouco prováveis”.
Por exemplo: se uma empresa concede um empréstimo financeiro para outra 
empresa do mesmo grupo, é comum que a emprestadora contabilize este crédito nas 
contas a receber de longo prazo, já que não tem interesse em receber compulsoriamente 
o valor a curto prazo.
26
Pondere sobre a questão a seguir. Após, prossiga com a leitura do texto.
Ainda que tenhamos muito a avançar em nossos estudos, em sua opinião, é interessante ao 
analista conhecer, separadamente, os ganhos advindos das atividades próprias (das opera-
ções principais), dos ganhos com outras atividades (isto é, atividades estranhas às atividades 
principais)? 
● Imobilizado: ao contrário do Investimento, tem-se aqui a canalização de 
recursos visando adquirir ativos essenciais para realização das atividades operacionais da 
empresa. São exemplos: mesas, cadeiras, veículos, instalações elétricas, máquinas, etc.
● Intangível: trata-se de ativos não corpóreos adquiridos pela empresa, 
que se beneficiará de tais prerrogativas por um longo tempo. São exemplos: marcas 
obtidas, patentes registradas, royalties, etc.
Pare e Reflita
Quanto maior é o direcionamento de recursos para o Ativo Não Circulante, 
menor será a disponibilidade de recursos em Capital de Giro. Esse conceito é importante, 
visto que algumas empresas conseguem produzir resultados similares a outras (lucro, 
volumes de produção ou vendas) a partir de estruturas de Ativo Não Circulante (imóveis, 
veículos, maquinários, marcas e patentes, etc.) reduzidas. Se assim o for, a empresa 
ganha simultaneamente em vários pontos, pois: 
• É mais eficiente, pois maneja com maior destreza seus ativos, produzindo 
maiores e melhores resultados.
• Tem maior independência em relação ao capital de terceiros, uma vez que, 
empregando menor valor em ativos sem liquidez, sobram mais recursos para aplicar no 
giro do negócio ou ainda aplicar temporariamente em investimentos de alta liquidez.
• Tem menores custos com depreciação, porque a grande maioria dos bens 
perde valor econômico por conta da obsolescência (envelhecimento) ou pelo uso pro-
priamente dito.
• Gasta menos com manutenção, aluguéis, seguros, salários e outros recur-
sos que envolvem a guarda e a conservação de ativos.
Após essa exposição mais detalhada sobre o assunto, é possível concluir 
melhor a respeito da pergunta lançada anteriormente.
O investidor busca retorno de seus capitais de forma a cobrir suas expecta-
tivas de lucros e o risco que toda atividade empresarial envolve. Assim, o investidor e o 
analista precisam identificar, separadamente, os resultados que advêm das atividades 
próprias e de outras atividades, com vistas a tomar decisões a respeito de onde devem 
1.3.5 Total do Ativo (Soma do AC e ANC)
27
investir mais ou menos recursos e avaliar a taxa de retorno do investimento que realizar, 
etc. Se essa informação estiver camuflada, o empresário recai na clássica situação que 
assola muitas empresas de menor porte: no geral, existem lucros, mas pode ser que 
a empresa esteja operando com prejuízo ou com margens de lucro ruins, situação que 
redunda numa má administração dos recursos.
Segue um modelo de estrutura de contas de ativo:
Ativo Circulante
Disponível
Caixa 
Conta Corrente Banco “X”
Conta Corrente Banco “J”
Contas a Receber
João de Deus
Maria de Lourdes Cordeiro
Estoques para Comercialização
Balcão de Madeira 8x16m
Créditos Diversos 
Adiantamentos Concedidos a Funcionários
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a Compensar 
Não Circulante
Realizável a Longo Prazo
Empréstimos a Diretoria Geral
Crédito Fiscal Imposto de Renda 
Investimentos
Ações da Empresa Electra
Ouro em Barras
Imobilizado
Caminhões da Frota
(-) Depreciação – Caminhões da Frota
Máquinas e Equipamentos
(-) Depreciação – Máquinas e Equipamentos
Computadores e Periféricos
(-) Depreciação – Computadores e Periféricos
28
Intangível
Royalties 
Licenças de Softwares
O Passivo Total (PT) consiste nas fontes de recursos da empresa, ou seja, a 
soma dos recursos de terceiros (também conhecidos como capital de terceiros – repre-
sentam as dívidas ou as obrigações da empresa) com os recursos próprios (conhecidos 
como capital próprio ou patrimônio líquido).
Para não se perder nesta discussão, é essencial discernir os passivos exigíveis 
(capital de terceiros) dos passivos não exigíveis (capital próprio ou patrimônio líquido). O 
Passivo Total, repita-se, leva em conta tanto o capital de terceiros como o capital próprio. 
Portanto, falar em capital de terceiros resulta em tratar dos compromissos 
assumidos pela empresa, ainda não pagos (se constam no Balanço Patrimonial da em-
presa devedora, implica que ainda não foram pagos), que, ao serem honrados, implicam 
a redução de ativos, quer seja pela redução do caixa ou permutação de bens. Neste últi-
mo caso, o devedor oferece em troca outro bem, já que na falta de dinheiro para saldar 
a dívida é possível negociar o pagamento por meio de um bem de valor equivalente ao 
endividamento (desde que de comum acordo entre as partes envolvidas, naturalmente).
Por exemplo: impostos, juros, salários e fornecedores a pagar, etc.
1.3.6 Passivo
São obrigações vencíveis num prazo igual ou inferior a um ano ou dentro do 
ciclo operacional da empresa.
1.3.7 Passivo Circulante
São obrigações vencíveis num prazo superior a um ano ou em período que 
excede o ciclo operacional da empresa.
As contas de passivo listadas no Balanço Patrimonial seguem uma ordenação 
que tem como parâmetro o grau de exigibilidade, em ordem decrescente.
Por exemplo: se considerarmos as contas “salários a pagar”, as duplicatas a 
pagar ao fornecedor “Magnetus Comercial Ltda.” e o endividamento bancário com carên-
cia de dois anos para pagamento “Finame Banco do Brasil”, é notável que a conta “salá-
rios a pagar” é dotada de grande exigibilidade, visto que a empresa precisa pagar seus 
empregados, suponhamos, até o 5º dia útil do mês seguinte ao mês trabalhado. Já as 
duplicatas a pagar demandam alguns dias para serem pagas, suponhamos, nesse caso, 
1.3.8 Passivo Não Circulante
29
Dessa maneira, as contas escrituradas no Passivo Não Circulante represen-
tam dívidas de longo prazo, estando relacionadas na parte inferior do grupo do passivo.
O passivo exigível é sinônimo de capital de terceiros, sendo que ambos repre-
sentam o endividamento da empresa. Aqui é interessante notar dois conceitos importan-
tes, já que estamos a falar sobre as fontes de financiamento da empresa (passivo exigível 
+ patrimônio líquido): qualidade do endividamento e quantidade de endividamento.
● Qualidade do endividamento. Via de regra, quão maior for a concen-
tração de dívidas a longo prazo, desde que não excessivamente onerosas, haverá uma 
dívida que expõe a empresa a menores riscos, uma vez que ela terá tempo para gerar 
caixa a fim de corresponder aos pagamentos devidos.
As dívidas contraídas a longo prazo são, em geral, programadas e com taxas 
de juros mais atrativas, pois, quando planejadas, (o planejamento envolve projetos de 
viabilidade econômico-financeira) aumentam a probabilidade de adimplência, o que re-
duz o risco para o emprestador do capital, resultando em taxas reduzidas.
Portanto, uma empresa que possui dívidas de “boa qualidade” são aquelas 
que não possuem endividamento de valor aviltante vencível no curto prazo (Passivo 
Circulante). Falar em qualidade da dívida, portanto, é identificar qual é a porcentagem 
ou o valor das dívidas que vencem a curto e a longo prazo, de forma a obter a seguinte 
resposta:como se compõe a dívida?
● Quantidade do endividamento. Diferentemente do caso anterior, quan-
tificar a dívida é dimensionar o seu volume, em valores e em porcentagem, ou seja, diz 
respeito ao quanto se deve.
Vamos tomar como exemplo o passivo total da empresa Ficta Ltda. e aplicar 
nosso conhecimento para dimensionar os dois conceitos apresentados:
40 dias. Quanto ao endividamento bancário, o contrato foi firmado para pagamento após 
dois anos. Dessa forma, as contas de maior exigibilidade (que vencem mais rapidamen-
te) são as que estão escrituradas na parte superior do relatório contábil.
Assim, teríamos:
30
Empresa Ficta Ltda. em 31/12/2017 
Passivo Circulante
Contas a Pagar - Suprimentos 
Carrefour Alimentos R$ 80.000,00
Indústria de Cimento Concretuss R$ 62.000,00
Supermercado Astradda Ltda. R$ 20.000,00
Contas a Pagar - Pessoal 
Salários e Pró-labore R$ 37.000,00
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) R$ 4.070,00
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) R$ 2.960,00
Contribuição Confederativa R$ 555,00
Capital de Giro - Empréstimos Bancários 
Giro Rápido Banco do Brasil R$ 62.000,00
Giro Banco Santander R$ 25.900,00
Total do Circulante R$ 294.485,00
Não Circulante 
Financiamento Banco BNDES R$ 120.000,00
Empréstimo Banco Central R$ 85.000,00
Total do Não Circulante R$ 205.000,00
Patrimônio Líquido 
Cotas de Capital Sócia Maria de P. Alves R$ 120.000,00
Cotas de Capital Sócia Neide P. Alves R$ 40.000,00
Lucros do Exercício R$ 80.000,00
(-) Lucros a Distribuir R$ 60.000,00
Total do Lucro Líquido R$ 180.000,00
Total do Passivo R$ 679.485,00
Suponha que a empresa Ficta, que atua no ramo de comércio de materiais 
para construção, tenha interesse em comparar seu desempenho com outra empresa 
sediada na mesma cidade.
Ela sabe que o endividamento total de seu principal concorrente é de 35% 
(quantidade da dívida), sendo que 40% das dívidas vencerão em 60 dias (qualidade da 
dívida).
31
PC: Passivo Circulante
PNC: Passivo Não Circulante
QD: Quantidade da Dívida
1º passo. Precisamos identificar o valor da dívida. Basta somar as dívidas 
(capital de terceiros): R$ 499.485,00 (soma do passivo circulante + passivo não circulante).
Passivo Circulante (PC) R$ 294.485,00
Passivo Não Circulante (PNC) R$ 205.000,00
Quantidade da Dívida (QD) R$ 499.485,00
2º passo. Desmembrar essa dívida no sentido de aferir qual é a porcenta-
gem que vence a curto e a longo prazo.
Desmembramento da dívida:
% de dívidas a curto prazo (PC): % de dívidas a longo prazo (PNC):
Regra de três simples:
R$ 499.485,00 -------------------- 100%
R$ 294.485,00 -------------------- PC (%) 
 
PC (%) x R$ 499.485,00 = R$ 294.485,00 x 100 
PC (%) = R$ 29.448.500,00 / R$ 499.485,00
PC (%) = 58,96%
Regra de três simples:
R$ 499.485,00 --------------------- 100%
R$ 205.000,00 --------------------- PNC (%)
PNC (%) x R$ 499.485,00 = R$ 205.000 x 100
PNC (%) = R$ 20.500.000,00 / R$ 499.485,00
PNC (%) = 41,04%
3º passo. Comparar o desempenho da empresa Ficta com a concorrente. 
Esta apresenta dívidas concentradas a curto prazo de 41,04%, ao passo que a Ficta pos-
sui 58,96% de suas obrigações com terceiros vencíveis a curto prazo, o que a coloca em 
situação desfavorável em relação a sua concorrente neste quesito.
Quantidade da Dívida (QD)
1º passo. Idem ao 1º já descrito, no qual se tem a dívida em valor - (QD) = 
R$ 499.485,00.
2º passo. Comparar o valor da dívida com o total de recursos à disposição 
da empresa (soma de todo o passivo, isto é, capital de terceiros + capital próprio = R$ 
679.485,00), montando uma regra de três simples, na qual se terá a dívida em porcentagem:
Vamos esclarecer para o gerente da Ficta se a empresa está em vantagem 
ou em desvantagem em relação ao citado concorrente, no que diz respeito à qualidade 
e à quantidade da dívida.
Qualidade da Dívida (QD):
32
Dica
Para obter conclusões mais confiáveis e assertivas, precisamos analisar um conjunto de 
informações. Avaliar uma situação levando em conta apenas fatos isolados pode levar o 
analista ao erro, o que resultaria numa tomada de decisão incorreta.
R$ 679.485,00 ------------------- 100% 
R$ 499.485,00 ------------------- QD (%) 
 
QD (%) x R$ 679.485,00 = R$ 499.485,00 x 100 
QD (%) = R$ 49.948.500,00 / R$ 679.485,00
QD (%) = 73,51%
3º passo. Comparar o desempenho da empresa Ficta com a concorrente. 
Dos recursos à disposição da empresa Ficta, constatamos que mais de 73% pertencem 
a terceiros, fato que a coloca em desvantagem neste quesito, uma vez que as dívidas 
totais da concorrente são de apenas 35%.
Você se recorda do conceito de CGL, também conhecido como Capital Cir-
culante Líquido (CCL)? Trata-se da diferença entre o Ativo Circulante (AC) e o Passivo 
Circulante (PC).
CCL = AC - PC
 
Se o CCL for positivo, significa dizer que a empresa possui Capital de Giro 
suficiente para pagar seus compromissos de curto prazo. Quanto maior o CCL, maior 
será a capacidade da empresa de autofinanciar suas atividades operacionais, pois indica 
um menor grau de dependência em relação ao capital de terceiros.
Ao contrário, no caso de CCL negativo, a empresa precisa ser financiada por 
recursos de terceiros, já que não dispõe de Capital de Giro suficiente para honrar seus 
compromissos de curto prazo.
 Mas será que todo empréstimo ou capital de terceiros é nocivo para a 
empresa? Vamos nos deparar com duas situações:
1º caso. A empresa Enrroll Adda Ltda. ME possui conta corrente em seis ins-
tituições bancárias. Ela utiliza o crédito denominado “cheque especial” na maioria delas, 
sendo que cada limite concedido à empresa gira em torno de R$ 20.000,00, de forma 
que, quando o saldo se tornar devedor, de forma automática, o banco “cobre” o saldo, 
mediante a cobrança de juros.
33
Pare e Reflita
Apenas com as informações aqui disponibilizadas, julgue: qual dos dois projetos parece 
mais sensato?
!?
 O comentário a seguir não precisa, necessariamente, influenciar na sua 
resposta ao questionamento anterior, pois o conceito será melhor tratado mais adiante, 
o que não inviabiliza nosso comentário no momento, uma vez que é pertinente ao tema 
estudado. Podemos afirmar que, em linhas gerais, se o custo líquido do empréstimo (em 
%) for inferior ao retorno sobre o ativo (em %), então a empresa está se beneficiando 
do capital de terceiros, já que, nessa circunstância, o capital de terceiros proporcionaria 
um retorno sobre o Patrimônio Líquido maior do que se a empresa utilizasse apenas ca-
Todos esses bancos têm cobrado, nos últimos meses, apenas os juros das 
coberturas realizadas, no qual o montante do empréstimo agora é cobrado por todos os 
bancos, uma vez que a empresa apresenta nítida e contínua dificuldade financeira.
Para pagar tais empréstimos, a única opção encontrada pelo administrador 
financeiro foi recorrer a um empréstimo do Banco Sétimo S.A., mediante uma taxa de 
juros que excedem as médias praticadas no mercado. O administrador contrata o em-
préstimo, com a promessa de honrar a dívida em 180 dias.
Ele confessa que tem convicção que não haverá caixa suficiente para pagar 
a dívida contratada daqui a seis meses, mas era a única maneira de continuar a “girar” 
os negócios da empresa. 
2º caso. A empresa Modernatuss atua no ramo de brindes promocionais 
(apitos, cornetas, bonés e outros do gênero). Em função de um grande evento progra-
mado para o próximo semestre (que vai atrair turistas e aumentar o consumo de seus 
produtos), percebe a necessidade de quadruplicar sua capacidade de produção durante 
o evento (período da Copa do Mundo), e, para o resto do ano, caso consiga manter ao 
menos o dobro do que hoje ela produz, poderá fechar um acordo comercial para suprir 
outra empresa com seus produtos. 
Para tanto, ela precisa buscar um endividamento que hoje representa 10 ve-
zes o valor de seu Patrimônio Líquido, pois precisa substituir os atuais equipamentos por 
novos, que terão vida útil de cinco anos,dos quais dois são isentos de manutenção. Ao 
obter o empréstimo, ela terá prazo de um ano para iniciar o pagamento do equipamento 
(carência), uma vez que seu projeto de viabilidade apresentado ao Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi considerado “viável” e que envolve um 
“baixo risco” ao emprestador. A empresa precisa pagar o empréstimo num prazo de três 
anos, vencíveis após o período de carência.
34
pitais próprios, o que por certo favorece a situação da empresa. É o que se conhece por 
Grau de Alavancagem Financeira (GAF).
Por custo líquido do empréstimo, entenda-se: custo do empréstimo abatido 
da redução do imposto de renda que tal empréstimo ocasionaria, desde que o regime de 
tributação da empresa seja afetado pelos lucros. Considere nesta análise o fato de que 
boa parte das empresas não são tributadas em função dos lucros, mas sim em função 
do faturamento.
Em relação à última questão lançada, o 1º caso é uma situação que mostra 
a total incapacidade da empresa em elaborar um plano operacional que possa devolver 
a ela a estabilidade financeira, sendo que a atitude tomada em contratar o empréstimo 
somente vai postergar o problema, que apresenta todos os sinais para uma situação de 
insolvência num futuro próximo. O 2º caso nos mostra um empréstimo de valor elevado, 
mas contratado com absoluta confiança de retorno, tanto por parte do empresário como 
pelo emprestador do capital.
Esses dois casos apresentados correspondem a exemplos de conceitos que 
já discorremos ao longo deste livro, chamados de empréstimo vicioso (para o 1º caso) e 
empréstimo virtuoso (para o outro caso).
Portanto, o endividamento, se saudável, alavanca os negócios da empresa e 
a deixa em melhores condições de competir no mercado, uma vez que terá maior capa-
cidade operacional, que resulta em maiores margens de retorno, etc.
49. Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da po-
sição patrimonial financeira são os ativos, os passivos e o patrimônio 
líquido. Estes são definidos como segue:
(a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de 
eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios 
econômicos para a entidade;
(b) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos 
já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos 
capazes de gerar benefícios econômicos;
É a riqueza que a empresa possui sobre a qual não recai nenhum endivida-
mento (capital próprio). A diferença entre Ativo (A) e Passivo Exigível (PE) resulta no 
Patrimônio Líquido (PL), isto é, PL = (A) – (PE). 
São exemplos (não exaustivos) das contas que compõem o Patrimônio Líqui-
do: capital social, reservas de capital e lucros.
Sobre as contas patrimoniais, o Pronunciamento Técnico CPC 00 (2009, p. 
20) traz no tópico 49 a condensação dos conceitos anteriormente apresentados, a saber:
1.3.9 Patrimônio Líquido
35
Para melhor compreender a questão do que é circulante e não circulante, é 
necessário entrar em outro tema: ciclo operacional da empresa.
68. O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ati-
vos para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalen-
tes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente 
identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses. Os 
ativos circulantes incluem ativos (tais como estoque e contas a receber 
comerciais) que são vendidos, consumidos ou realizados como parte 
do ciclo operacional normal, mesmo quando não se espera que se-
jam realizados no período de até doze meses após a data do balanço. 
Os ativos circulantes também incluem ativos essencialmente mantidos 
com a finalidade de serem negociados (por exemplo, ativos financeiros 
dentro dessa categoria classificados como disponíveis para venda de 
acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Finan-
ceiros: Reconhecimento e Mensuração) e a parcela circulante de ativos 
financeiros não circulantes (CPC, 2011, p. 20).
Nessa concepção, o circulante não é necessariamente o que acontece num 
prazo de até um ano após o exercício social (apesar de assim o ser para a maioria abso-
luta das empresas), mas sim circulante é o que acontece dentro do limite do ciclo ope-
racional da empresa. Se ela compra, vende e faz negócios durante todo o ano, adota-se 
como ciclo operacional o ano civil, isto é, considera circulante o que ocorre durante um 
ano.
Saiba Mais
Exercício Social é o período em que a empresa escritura os fatos e elabora suas demons-
trações contábeis, coincidindo com o ano civil, que se inicia e se finda, respectivamente, 
em 01/01/20XX e 31/12/20XX.
(c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois 
de deduzidos todos os seus passivos.
É o período que a empresa necessita para estocar (comprar, no caso de 
uma empresa comercial, ou produzir, no caso de uma indústria), girar o estoque (isto é, 
vender, e se for prestador de serviços, vender seus serviços) e receber de seus clientes. 
Por exemplo: suponha que entre a estocagem, giro do estoque e recebimen-
to das vendas tenha decorrido 430 dias. Então, é de se concluir que o ciclo operacional 
de tal empresa acontece em 430 dias. A partir disso decorre que o circulante dela com-
preende o prazo igual ou inferior a 430 dias. Nesse sentido, manifesta-se o Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis, por meio do CPC 26 (R1, ou seja, primeira revisão), sobre 
o ciclo operacional:
1.3.10 Ciclo Operacional
36
Contudo, se a empresa foge dessa situação, cuja atividade de comprar, pro-
duzir e vender venha a consumir um período maior, digamos, 500 dias, esse período será 
considerado como o circulante da empresa.
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, daqui por diante tratada 
apenas por Lei nº 6.404/76 (modificada pela Lei nº 11.941/09), as contas patrimoniais 
assim se dispõem:
Balanço Patrimonial
Grupo de Contas
Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos 
do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conheci-
mento e a análise da situação financeira da companhia.
§ 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de 
liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:
I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, inves-
timentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
§ 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
I – passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, 
ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria 
e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (BRASIL, 
1976).
Na realidade, não existe patrimônio líquido “negativo”, mas sim uma situação conheci-
da como Passivo a Descoberto, na qual os bens e direitos são insuficientes para honrar 
os compromissos (dívidas) assumidos pela empresa.
É possível ainda ponderar acerca das contas patrimoniais no seguinte sentido:
• Se o ativo é maior que o passivo exigível, então o Patrimônio Líquido é 
“positivo” (situação desejada pelo empresário).
• Se o ativo é menor que o passivo exigível, então o Patrimônio Líquido é 
“negativo” (situação que leva muitas vezes à falência, e, nessa condição, a empresa es-
tará impedida de exercer suas atividades).
• Se o ativo é igual ao passivo exigível, então o Patrimônio Líquido é nulo 
(situação improvável, uma vez que, normalmente, ocorrem ganhos ou perdas).
 
É de grande importância compreender adequadamente as características e 
diferenciações que cada subgrupo de contas possui em relação ao contexto geral, com 
vistas a produzir uma análise mais confiável, consistente e que possa cumprir sua função 
de ferramenta para a tomada de decisões na empresa.
Lembre-se
37
Segue um exemploilustrativo da disposição das contas do passivo total (pas-
sivo exigível + passivo não exigível):
Passivo Circulante
Contas a Pagar - Suprimentos
Carrefour Alimentos 
Indústria de Cimento Concretuss
Supermercado Astradda Ltda.
Contas a Pagar - Pessoal
Salários 
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS)
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)
Contribuição Confederativa
Capital de Giro - Empréstimos Bancários
Giro Rápido Banco do Brasil
Giro Banco Santander
Não Circulante
Financiamento Banco BNDES
Empréstimo Banco Central
Patrimônio Líquido
Cotas de Capital Sócia Maria de P. Alves
Cotas de Capital Sócia Neide P. Alves
Lucros do Exercício
(-) Lucros a Distribuir 
Total do Passivo (soma do PC + PNC)
Contas de Resultado
As contas de resultado estão alojadas na Demonstração do Resultado do 
Exercício (DRE) e têm por finalidade aferir o montante do lucro líquido ou do prejuízo 
sofrido pela empresa. A palavra “resultado” por si só é difusa, porque não determina com 
clareza se houve prevalência das receitas sobre os gastos (o que gera o lucro) ou ainda, 
ao contrário, se os gastos superaram as receitas (ocasião em que se forma o prejuízo). A 
Demonstração do Resultado do Exercício é formada por três grupos de contas: receitas, 
custos e despesas.
A seguir, a Demonstração do Resultado do Exercício da Imprensa Oficial do 
Estado S.A.
38
TABELA 2 - DRE da Imprensa Oficial do Estado S.A.
Fonte: Imprensa Oficial (2011).
Convém fazer uma observação importante sobre a DRE apresentada: a colu-
na “nota” diz respeito às notas explicativas. Os códigos que aparecem na referida coluna 
são referências para que se apresente em outro relatório mais informações a respeito das 
respectivas contas (de forma mais detalhada). Mais adiante, entraremos nesse assunto.
Grosso modo, os resultados (isto é, lucros ou prejuízos) são assim determi-
nados: após a soma das receitas, são subtraídos todos os gastos (despesas e custos). 
Se dessa diferença houver um saldo positivo, haverá o lucro, do contrário, o prejuízo.
Vamos, então, retomar a explicação sobre os subgrupos da Demonstração 
do Resultado do Exercício. Separadamente, abordamos cada um deles:
IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S.A. - IMESP CNPJ 48.066.047/0001-84
Demonstração do Resultado dos Exercícios Findos em 31 de dezembro de 2011 e 2010 (Em 
milhares de Reais, exceto o lucro líquido por ação do capital social integralizado - em Reais)
Nota 2011 2010
Receita líquida 14 322.912 286.962
Custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados 14 (88.977) (80.086)
Lucro bruto 233.935 206.876
Receitas (despesas) operacionais 3 b
Honorários da Diretoria e dos Conselhos de Administração 
e Fiscal (1.750) (1.867)
Gerais e administrativas (78.565) (91.391)
Outras despesas operacionais (10.596) (8.448)
Outros Resultados - líquido (7) 981
Lucro operacional antes do resultado financeiro 143.017 106.151
Resultado financeiro - líquido 3 b 7.915 2.985
Lucro antes do imposto de renda, da contribuição 
social e da reversão dos juros sobre o capital próprio 150.932 109.136
Imposto de renda 3 f (37.980) (28.017)
Contribuição social 3 f (14.104) (10.378)
Lucros antes da reversão dos juros sobre o capital 
próprio 98.848 70.741
Reversão dos juros sobre o capital próprio 10 d 14.959 14.261
Lucro líquido do exercício 113.807 85.002
Lucro líquido por ação do capital social integralizado 
- R$ 0.474 0.407
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras
39
• Receitas: são ganhos (não necessariamente recebimentos, conforme será 
explicado adiante) por conta das operações de venda de bens de produção própria 
(indústria), pela revenda de bens adquiridos de terceiros (comércio), pela prestação de 
serviços (nesses três casos, trata-se de “receitas operacionais”) ou ainda ganhos que 
não advêm das atividades principais, mas que geram aumento de ativos para a empresa. 
Neste último caso, temos “outras receitas”. É oportuno reconhecer que entender esse 
assunto é imprescindível para o acadêmico, que, por vezes, precisará avaliar o desem-
penho da empresa oriundo das atividades operacionais segregado dos ganhos gerados 
por outras oportunidades de negócios, na qual essa informação será relevante no ponto 
de vista do investidor.
• Custos: representam o consumo de recursos (não necessariamente paga-
mentos, conforme será explicado adiante) necessários para obtenção de bens e serviços 
que visam à formação do estoque da empresa comercial, dos produtos fabricados pela 
empresa industrial e ainda o consumo de recursos necessários para a prestação de ser-
viços, que implicam a redução de ativos ou o aumento de passivos.
• Despesas: representam o consumo de recursos (não necessariamente 
pagamentos, conforme será explicado adiante) necessários para a manutenção das ati-
vidades empresariais, que implicam a redução de ativos ou o aumento de passivos.
Vencida esta etapa de cunho generalista, vamos nos ater às particularidades 
que as contas da DRE nos reservam, a saber:
RECEITAS BRUTAS: é o total das vendas ou dos serviços prestados, sem considerar as 
devoluções ou cancelamentos.
(-) Deduções: são fatos que resultam na redução da receita bruta, tais como: devolução de 
vendas, abatimentos concedidos, impostos sobre as receitas.
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA: é a diferença entre as receitas brutas e as deduções.
(-) CMV (Custo da Mercadoria Vendida - são os gastos incorporados à mercadoria vendida) ou 
CSP (Custo do Serviço Prestado – são os gastos relacionados aos serviços prestados) ou ainda 
CPV (Custo do Produto Vendido – são os gastos relacionados aos produtos fabricados).
LUCRO BRUTO: é a diferença entre as receitas líquidas e o respectivo custo (CPV, CMV ou 
CSP).
(-) Despesas operacionais
Comerciais: são os gastos com propaganda, publicidade, departamento de vendas e demais 
esforços que envolvam a área comercial da empresa.
Administrativas: são as despesas que envolvem os gastos com as atribuições da adminis-
tração geral, necessárias para controlar e administrar a empresa.
Gerais: são as principais despesas operacionais da empresa. Se o valor for relevante frente 
às demais contas, a natureza das despesas gerais deve ser conhecida pelo analista.
Outras Despesas e Receitas Operacionais: são as despesas com atividades secundárias 
não classificáveis como comerciais, administrativas ou gerais, de valor reduzido, que fogem 
dos gastos rotineiros. Também podem ser receitas que não advêm das atividades principais 
da empresa. Em linhas gerais, são os ganhos ou perdas que não decorrem das atividades cor-
riqueiras da empresa. Se forem receitas, vão favorecer a formação do resultado. Ao contrário 
(no caso das despesas), terão como consequência a redução do resultado.
Por exemplo: Outras receitas – venda de ativo imobilizado, ganho de capital na venda de 
bens, etc. Outras despesas – perda de capital na venda de bens, baixa de ativos por furto, 
roubo, sinistros em geral, etc.
40
Fonte: Adaptado da Deliberação CVM n.º 595/2009.
Observe que a Deliberação CVM nº 595, de 15 de Setembro de 2009, não 
considera resultados financeiros (receitas e despesas financeiras) como resultados ope-
racionais, o que propicia um grande ganho na qualidade da informação contábil, haja 
vista que tais resultados não decorrem de fatos operacionais, o que causava distorções 
no trabalho do analista.
Sobre as contas de resultado, o Pronunciamento Técnico CPC 00 traz, no 
tópico 70, a condensação dos conceitos apresentados anteriormente, a saber:
70. Receitas e despesas são definidas como segue:
(a) receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o perío-
do contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos 
ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio 
líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da 
entidade; e
(b) despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o pe-
ríodo contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou 
incrementos em passivos, que resultamem decréscimo do patrimônio 
líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários 
da entidade (CPC, 2009, p. 23).
De acordo com a já citada Lei nº 6.404/76 (modificada pela Lei nº 11.941/09), 
as contas de resultado assim se dispõem:
Demonstração do Resultado do Exercício
Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os 
abatimentos e os impostos;
= RESULTADO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA: é a diferença entre o lucro bruto e as 
despesas operacionais.
(+/-) Resultado de equivalência patrimonial: quando uma empresa realiza investimentos em 
outra, ela precisa reconhecer os ganhos ou perdas decorrentes desse investimento. Have-
rá ganhos se a empresa investida apresentar lucros, e, naturalmente, perdas se a investida 
amargar em prejuízos.
= RESULTADOS ANTES DAS DESPESAS E RECEITAS FINANCEIRAS
(+/-) Despesas e receitas financeiras: em se tratando das despesas, são os gastos que de-
correm de operações de empréstimos, de duplicatas a pagar em atraso, tarifas bancárias e 
outras do gênero. No caso das receitas, são ganhos com operações de aplicações, descontos 
financeiros obtidos na aquisição de bens ou serviços, etc. Existindo ambas ao mesmo tempo, 
as contas devem ser compensadas entre si, de modo a expressar a prevalência de uma sobre 
a outra. Por exemplo: as despesas financeiras foram de R$ 1.000,00, as receitas financeiras 
de R$ 600,00. Portanto, remanescem ainda despesas financeiras de R$ 400,00.
= RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO
(-) Provisão para a Contribuição Social 
(-) Provisão para o Imposto de Renda
(-) Participações de debenturistas, empregados, administradores e partes beneficiárias
= LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
= LUCRO LÍQUIDO POR AÇÃO 
41
Destaque-se que a Demonstração do Resultado do Exercício não é um re-
latório padronizado. Há que se levar em conta as particularidades de cada ramo, porte 
empresarial, regime tributário adotado, etc.
Resumo
Neste capítulo, priorizamos explicar algumas situações que envolvem os as-
pectos da análise dos relatórios contábeis. Conseguimos também adentrar alguns con-
ceitos básicos que são necessários para a realização da análise e do diagnóstico econô-
mico-financeiro.
Discorremos aqui sobre a amplitude e as limitações da informação contábil, 
além de conceitos indispensáveis para iniciar nossos trabalhos, tais como as termino-
logias contábeis básicas (ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas, despesas, custos), 
terminologias que envolvem análise financeira, como as de capital de giro, capital de 
giro líquido, grau de endividamento, qualidade do endividamento, solvência, insolvência, 
liquidez e inadimplência.
Deixamos ainda evidente a melhoria da qualidade da informação contábil, 
por conta da adequação da legislação brasileira que agora dá condições ao contador de 
elaborar peças contábeis que possam refletir a realidade do patrimônio de uma empresa. 
Relembramos ainda sobre cálculos percentuais e de índices, que são elementos indis-
pensáveis para a interpretação de dados e formulação de relatórios e pareceres no eixo 
da análise econômico-financeira.
II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e 
serviços vendidos e o lucro bruto;
III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas 
das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas 
operacionais;
IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras des-
pesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a pro-
visão para o imposto;
VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e 
partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e 
de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, 
que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 
11.941, de 2009)
VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação 
do capital social.
§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente 
da sua realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, corres-
pondentes a essas receitas e rendimentos. (BRASIL, 1976).
42
Atividades
1. Em sua opinião, a aquisição de conhecimentos na área contábil é de interesse do ad-
ministrador? Explique seu posicionamento, em caso negativo ou positivo.
2. O que significa o conceito de liquidez?
3. Explique o que é o capital de giro e sua importância para a área financeira da empresa.
4. Dê exemplos de possíveis contas que podem ser deduzidas da receita bruta, visando 
apurar o saldo da conta receita líquida.
5. Explique sinteticamente como a empresa procede para apurar o lucro ou o prejuízo 
do exercício.
Anotações
43
ConheCendo melhor alGuns relaTórios ConTábeis e suas FunCionalidades
Capítulo 2
44
A fonte principal a ser seguida pelas empresas organizadas na forma de So-
ciedades por Ações (S.A.), no que diz respeito à legislação societária, repousa sobre a 
Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações), cujos ensinamentos podem também ser 
aplicados às demais formas de sociedades. Essa lei passou por modificações e, para não 
tornar enfadonho os nossos estudos, optamos aqui por não adentrar nesses detalhes. 
Portanto, nosso foco neste capítulo será os tipos de relatórios contábeis.
Introdução
2.1 Relatórios Contábeis Obrigatórios para Sociedades 
por Ações e para outras formas de Sociedade
De acordo com o artigo 176 da Lei nº 6.404/76 (modificada pela Lei nº 
11.638/07 e Deliberação CVM nº 595/09), são estes os relatórios obrigatórios para as 
sociedades por ações de capital aberto:
• Balanço Patrimonial (BP).
• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
• Demonstração do Resultado Abrangente (DRA).
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL).
• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).
• Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
• Notas Explicativas (NE).
Oportuno também esclarecer sobre a mesma obrigatoriedade referente às 
sociedades por ações de capital fechado, a saber: 
• Balanço Patrimonial (BP).
• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
• Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA).
• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).
Vale destacar que em relação à Demonstração dos Fluxos de Caixa, a Lei nº 
11.638/07 afirma no § 6º que: “a companhia fechada com patrimônio líquido, na data 
do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à ela-
boração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa”. 
Você pode estar pensando: se os relatórios contábeis anteriormente mencio-
nados são exigidos para as empresas organizadas na forma de Sociedades por Ações, 
45
quais são os relatórios que as demais empresas (Sociedades Simples, Sociedades por 
Quotas de Responsabilidade Limitada e Empresas Individuais) precisam escriturar?
São eles:
• Balanço Patrimonial.
• Demonstração do Resultado do Exercício.
• Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados.
Cada peça contábil tem um propósito de existir. Quando o assunto é análise 
das DC, precisamos repousar nosso pensar, ao menos, no tripé básico no qual a análise 
se apoia: endividamento, rentabilidade e liquidez.
Com muita propriedade sobre o assunto, Marion (2012) considerou essa 
tríade de análise como os três pontos fundamentais de apoio para a continuidade da 
empresa. Se bem pensarmos, um banquinho simples com apenas três pernas fica per-
feitamente assentado em qualquer terreno, mesmo que ele contenha imperfeições, ao 
passo que uma cadeira convencional somente ficaria perfeitamente apoiada se tangen-
ciasse uma superfície nivelada, pois, ao contrário, ficaria “manca”. Essa analogia serve 
para entender que, se a empresa for vigilante nesses três pontos citados a pouco, ela 
estará gerenciando e conduzindo os rumos dos negócios, não ficando à mercê da sorte.
FIGURA1 – Pontos de apoio para continuidade da empresa
Fonte: Elaboração própria (2014).
Neste momento, talvez possa surgir uma indagação: por que estamos a falar 
sobre esses pontos de análise se o assunto agora são os relatórios contábeis? Pois bem, 
vamos com poucas palavras desvendar o motivo desse direcionamento; para tanto, pre-
cisamos conhecer a função que cada relatório contábil desempenha na empresa.
46
Você Sabia?
De acordo com os apontamentos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas 
Empresas (Sebrae), de cada 10 empresas constituídas no Brasil, em média, três encer-
ram suas atividades no prazo de dois anos.
Conforme a mesma fonte, as taxas atuais de sobrevivência das empresas brasileiras não 
se contrapõem às taxas apresentadas por alguns países de primeiro mundo, tais como 
Canadá, Itália e outros. 
Para mais informações, acesse o site www.sebrae.com.br e acompanhe as pesquisas 
que são frequentemente publicadas. É fundamental manter-se atualizado. 
Passamos agora a discorrer de forma analítica sobre as finalidades de cada 
relatório contábil, para que você, na condição de futuro analista ou pesquisador, possa 
formar seu conhecimento com base alargada e devidamente estruturada. Vamos começar?
2.1.1 Balanço Patrimonial (BP)
O BP é um relatório contábil que traz informações de cunho financeiro, uma 
vez que apresenta o conjunto de bens, direitos e obrigações da empresa, e essas contas, 
quando confrontadas, espelham a “saúde financeira” da empresa. No desenvolvimento 
de nossas atividades, vamos aprender a extrair informações financeiras analisando as 
contas desse relatório contábil. 
Para melhor compreensão, vamos a um exemplo: se o BP nos informa que 
existe no caixa R$ 5.000,00 e contas a receber no valor de R$ 30.000,00 (ambas são 
contas de ativo circulante), e, ao mesmo tempo, que há impostos a pagar (passivo cir-
culante) no valor de R$ 15.000,00, teremos condições de avaliar a situação financeira 
da empresa a partir do conhecimento dos prazos para o recebimento das contas (que 
vão proporcionar entradas de caixa) e também do prazo para o pagamento dos impostos 
(que vai implicar saída de caixa). Dessa maneira, se os impostos vencerem, digamos, 
num prazo de 10 dias, e se as contas a receber forem recebíveis em 18 dias, vamos 
concluir que haverá insuficiência de recursos financeiros para pagar os impostos, porque 
faltariam, na hipótese, R$ 10.000,00 para o pagamento dos impostos.
Numa outra acepção, se considerarmos que as contas a receber sejam pre-
vistas para ingressar no caixa da empresa em apenas 10 dias, e que os impostos vão 
vencer após 30 dias da publicação do BP, então a empresa estaria com sobra de recur-
sos em caixa, pois teoricamente teria R$ 35.000,00 para pagar dívidas no valor de R$ 
15.000,00.
Resta claro aos leitores que, de fato, o Balanço Patrimonial é um relatório 
de natureza financeira, sendo possível ainda associar essa afirmação com o fato de que, 
sendo ele de tal natureza, poderá nos fornecer as informações necessárias para calcular 
47
os índices de liquidez e de endividamento (além de fornecer subsídios para cálculo de 
outros índices) da empresa, que representam, respectivamente, a capacidade de paga-
mento e detalhes sobre o endividamento que ela possui, conforme se verá mais adiante. 
2.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
A DRE é um relatório de caráter econômico, uma vez que o resultado (isto é, 
o lucro ou o prejuízo) do exercício advém do confronto entre as receitas, despesas e os 
custos das atividades. Esse relatório não se confunde com o caixa da empresa, visto que 
as receitas nele inclusas independem de recebimento, tal como ocorre com as despesas 
e os custos, que independem de pagamentos.
Explicando melhor: se na DRE há lançamentos de receitas, não significa que 
elas foram recebidas no caixa da empresa. A recíproca também é verdadeira, de forma 
que os custos e despesas escriturados não representam, necessariamente, pagamentos 
já realizados.
Isto porque a contabilidade segue seis princípios básicos e um deles, o Prin-
cípio da Competência, determina que as Receitas, sejam elas recebidas ou não, as des-
pesas e os custos, pagos ou não, desde que aconteçam, precisam ser registrados na 
contabilidade. Vamos exemplificar para clarear a situação:
Suponha que em Março do ano X, a empresa tenha vendido 100 unidades 
de determinada mercadoria pelo valor de R$ 60.000,00 (receitas), cujo custo de obten-
ção dessas mercadorias com o fornecedor fora de R$ 40.000,00, sendo que a empresa 
pagou no mesmo mês apenas R$ 10.000,00 ao referido fornecedor. Do valor vendido, a 
empresa recebeu no próprio mês apenas R$ 20.000,00.
Levando em conta esses dados, vamos evidenciar as informações que seriam 
destacadas na elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício simplificada dessa 
empresa. Vejamos:
Receitas R$ 60.000,00
Custo da Mercadoria Vendida R$ 40.000,00
Lucro Bruto R$ 20.000,00
Saldo inicial de caixa R$ 500,00
+ Recebimento parcial de vendas R$ 20.000,00
- Pagamento parcial das compras R$ 10.000,00
Saldo final de caixa R$ 10.500,00
Como ficaria a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) simplificada nessa 
situação, levando em conta que no início do mês de Março do ano X a empresa teria um 
saldo de caixa de apenas R$ 500,00? Vejamos:
48
Cumpre destacar aqui a nítida diferença entre lucro e caixa. Saldo em cai-
xa não decorre, essencialmente, de lucro. Portanto, lucro não é sinônimo de caixa. Da 
mesma forma, é possível que a empresa tenha prejuízo, mas tenha saldo em caixa. Isso 
ocorre em função de serem relatórios independentes, em que um deles é regido pelo 
regime de competência (DRE) e o outro pelo regime de caixa (DFC).
De maneira análoga, suponha que no mesmo mês, no dia 1º, tenha sido 
admitido um empregado, contratado pelo valor de R$ 2.000,00 mensais. O salário desse 
funcionário será pago somente no mês seguinte (Abril), no 5º dia útil. No entanto, se a 
contratação aconteceu em Março do ano X, esse valor será lançado como despesa do 
mês de Março, ainda que o pagamento efetivo seja apenas no outro mês. Por esse moti-
vo, a DRE não espelha a situação financeira da empresa, pois seu propósito é confrontar 
contas de resultado e apurar tais resultados, na forma de lucros ou prejuízos.
Dessa maneira, é razoável ponderar que a DRE é um relatório de caráter eco-
nômico, que dá condições ao analista de investigar os níveis de rentabilidade da empresa 
de diversas maneiras, tal como vamos proceder adiante.
2.1.3 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados 
(DLPA)
A DLPA tem a função de demonstrar os valores retidos pela empresa na for-
ma de lucros, bem como os prejuízos incorridos que terminam por reduzir o patrimônio 
da entidade. Toda empresa, ao gerar lucros, vai direcionar ao menos parte deles aos 
investidores (na forma de dividendos), outra parte será aplicada na própria empresa e 
ainda poderá haver a retenção de parte desses lucros.
Discorrendo um pouco mais a respeito, podemos entender que esse relatório 
contábil demonstra a movimentação dos lucros gerados pela empresa. A Sociedade por 
Ações (S.A.), por força de lei, precisa reter parte dos lucros por meio da constituição de 
reservas, as quais servem para fortalecer o capital próprio da empresa, resguardando os 
investimentos de todos os acionistas. 
Pare e Reflita
O que aconteceria se todo o lucro da empresa fosse retirado? Quais as possíveis consequências?
!?
Conforme sabemos, a empresa possui fontes de recursos que provêm tanto 
de capitais próprios (patrimônio líquido) como de capital de terceiros (endividamento). 
Os lucros fazem parte da formação do capital próprio, que é uma fonte de recursos ad-
quiridos pelas atividades operacionais da empresa.
49
Se os lucros forem distribuídos entre os sócios de maneira desmedida, esse 
capital próprio da empresa tende a ser reduzido de forma que ela perderá recursos para 
(re) investir nos negócios e, por consequência, vai aumentar o grau de dependência do 
capitalde terceiros, o que levaria, inevitavelmente, a um aumento do endividamento. 
Por conta disso, a própria Lei das S.A. obriga a empresa a constituir a Reserva Legal, 
que equivale a 5% dos lucros auferidos pela organização. Além dessa reserva, a empresa 
pode definir em assembleia com os acionistas a constituição de diversas reservas com as 
mais diferentes finalidades, tais como os exemplos (não exaustivos) que seguem:
• Reserva Estatutária: é uma reserva que fica definida em consonância 
com o Estatuto Social da empresa organizada na forma de sociedades por ações, que 
vai definir a porcentagem de retenção dos lucros da empresa, visando finalidades por 
ele especificadas. Por Estatuto entende-se o documento formal de constituição da Socie-
dade Anônima (que equivale ao Contrato de Constituição de uma Sociedade Limitada).
 
• Reserva Contingencial: é formada para suprir situações emergenciais da 
empresa, que muitas vezes não podem ser previstas com precisão e antecedência e a levam 
a suportar perdas/deterioração de seus ativos, tal como as decorrentes de causas naturais 
(enchentes, furacões, etc.) ou sinistros (furtos, incêndio, acidentes de trabalho, etc.).
• Reservas de Capital: trata-se de uma reserva destinada a fomentar o 
aumento do capital social da empresa, com vistas a fortalecer o capital próprio e, por 
consequência, reduzir a dependência do capital de terceiros.
• Reservas de Investimentos: é criada para gerar fundos que vão pro-
porcionar condições de investir em novas aquisições de ativos para a empresa, seja am-
pliando, modernizando ou substituindo equipamentos e instalações, o mesmo valendo 
para a abertura de filiais ou extensão dos negócios da empresa.
Não é muito comum ver publicações pelas empresas da DLPA, visto que ela 
não é publicada pelas sociedades por ações de capital aberto (que publicam a DMPL), 
sendo publicada apenas por algumas sociedades por ações de capital fechado.
Saiba Mais
Para saber quais são as sociedades de capital fechado dispensadas de publicar seus re-
latórios financeiros, consulte o Art. 294 da Lei nº 6.404/76, no site do Planalto (www.
planalto.gov.br), navegando pelo link Legislação.
Segue um modelo de DPLA sugerido pelos autores Iudícibus e Marion (2011):
50
QUADRO 1 – Exemplo de DLPA
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados da empresa da Cia. 
Adventista em R$ mil
Contas 31/12/X2 31/12/X3
Saldo no início do período - 950
Ajustes de exercícios anteriores - -
(+) Retificações de erros - 280
Lucro líquido do exercício - 3.000
Saldo disponível - 4.320
Proposta da administração para destinação dos lucros - -
Reserva legal - (150)
Reserva estatutária - (300)
Reserva orçamentária - (180)
Reserva para contingências - (255)
Reserva de lucros a realizar - (95)
Dividendos a distribuir - (900)
Saldo final do período 950 2.350
Fonte: Iudícibus; Marion (2011, p. 79).
Os autores observam ainda a necessidade de destinar o saldo final de R$ 
2.350,00 para reservas, dividendos ou outros, uma vez que a conta de lucros acumula-
dos foi extinta, ou seja, não existe mais na contabilidade das sociedades por ações.
No mais, o investidor que possui ações em empresas precisa de uma remu-
neração que possa reduzir e, de preferência, abrir vantagem sobre o seu Custo de Capi-
tal (também chamado Custo de Oportunidade), porque, ao direcionar seus recursos para 
aquela empresa, está o tempo todo sujeito a perdas e aos riscos normais inerentes a 
qualquer atividade empresarial, o que torna indispensável a remuneração por tais riscos, 
realizadas por meio dos dividendos. Convém lembrar que dividendos refere-se à parcela 
dos lucros que é direcionada aos acionistas e caberá ao Estatuto Social definir suas polí-
ticas de distribuição. Em caso de omissão desse documento, a Lei das S.A. define sobre 
a porcentagem que deverá ser paga aos acionistas.
Saiba Mais
O Custo de Capital é o recurso financeiro sobre o qual o empresário não obtém retorno, 
pelo fato desse numerário estar investido em outra atividade. Por exemplo: o empre-
sário direciona recursos para sua empresa, fato que o impossibilita de obter ganhos no 
mercado financeiro, surgindo assim o Custo de Capital.
51
A DLPA é um relatório que permite explicar ao empresário, investidor e a 
qualquer interessado a destinação do lucro da empresa. Isto porque o leigo tende a criar 
uma associação direta entre lucro e caixa, sendo que, na realidade, são situações dife-
rentes. Aliás, na prática profissional, é bastante comum ouvir por parte do empresário a 
seguinte pergunta: cadê o lucro apresentado pelo relatório contábil?
Pare e Reflita
Lucro e caixa são sinônimos? Continue a leitura e logo obterá a resposta...
!?
Concluindo a respeito, a DLPA é uma excelente ferramenta de análise para 
visualizar como a empresa fez a distribuição dos resultados por ela gerados, que ter-
mina por revelar, de certa forma, a filosofia de gerenciamento da alta administração da 
empresa, se conservadora, ou se expõe o investidor a riscos desnecessários, ou que 
comprometem a saúde financeira da empresa.
Saiba Mais
Por ser um assunto bastante técnico inerente a estudos de contabilidade avançada, não 
vamos aprofundar nesse estudo. Para aqueles que desejam melhor conhecer a DRA, 
recomendamos a leitura de livros específicos sobre o assunto e o CPC 26, disponível no 
site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (www.cpc.org.br).
2.1.4 Demonstração de Resultados Abrangentes (DRA)
A partir da Resolução CFC nº 1.185/09 esse relatório passou a ser obri-
gatório, o qual engloba os dados da tradicional DRE, acrescidos de “outros resultados 
abrangentes”. Entende-se por “outros resultados abrangentes” aqueles que decorrem de 
transações que geram ganhos (receitas) ou perdas (despesas) que não passaram por 
contas de resultado, mas que afetam a variação do patrimônio líquido da empresa.
Em termos de análise, a DRA permite conhecer melhor sobre a rentabilidade 
da empresa, porque reconhece resultados não financeiros.
Apenas para que o leitor tenha uma breve visão do que isso representa, ima-
gine a seguinte situação: suponha que uma máquina usada da fábrica tenha seu valor 
contábil registrado por R$ 100.000,00, e que o valor médio de cotação da máquina, já 
descontados os gastos para vendê-la, seja em torno de R$ 130.000,00. Essa diferença 
de R$ 30.000,00 precisa ser reconhecida como aumento de patrimônio líquido da empre-
sa, ainda que no momento não represente uma realização financeira, até por que uma 
empresa, em tese, não tem interesse em vender suas máquinas (não rotineiramente, ao 
52
menos). A DRA, nesse caso, traria a atualização do patrimônio levando em consideração 
a diferença citada anteriormente.
TABELA 3 - Exemplo de DRA da empresa Petrobras
Fonte: Petrobras (2010).
CONSOLIDADO CONTROLADORIA
2010 2009 2010 2009
Lucro líquido antes da participação de acionistas 
não controladores 35.901 33.344 35.036 29.959
Outros resultados abrangentes:
Ajustes acumulados de conversão (276) (349) (33) (163)
Custo atribuído de coligada 11 7 11 7
Ganhos / (Perdas) a realizar sobre títulos disponíveis 
para a venda
Reconhecido no patrimônio líquido 309 603 309 603
Transferido para o resultado (6) 32 (6) 32
Ganhos / (Perdas) não reconhecidos no hedge de 
fluxo de caixa
Reconhecido no patrimônio líquido 13 (86) 13 (86)
Transferido para o resultado (12) (12)
Imposto de renda e contribuição social diferidos (104) (137) (104) (137)
Resultado abrangente total 35.836 33.414 35.214 30.215
Resultado abrangente atribuível aos:
Acionistas não controladores 469 3.107
Acionistas da Petrobras 35.367 30.307 35.214 30.215
Resultado abrangente total 35.836 33.414 35.214 30.215
Em 31 de dezembro de 2010 e 2009
(Em milhões de reais)
Demonstração de Resultados Abrangentes
2.1.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 
(DMPL)
A DMPL tem por objetivo expor toda e qualquer modificação nas contas de 
Patrimônio Líquido ocorridas entre os Balanços Patrimoniais referentes a dois exercícios 
sociais. Parafins de conhecimento da estrutura desse relatório contábil, segue um exem-
plo de DMPL da empresa Buettner, referente aos anos 2009 e 2010.
Observe no relatório da Cia. Buettner (Tabela 3) que as colunas que formam 
o relatório são compostas exclusivamente por contas de patrimônio líquido, sendo que 
as nomenclaturas dessas contas variam em função das características intrínsecas da 
empresa, o que dificulta a fixação de um padrão para tal relatório.
53
TABELA 4 – Exemplo de DMPL
Fonte: Buettner (2010).
54
2.1.6 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
Incluída como obrigatória para algumas sociedades (a partir da Lei nº 
11.638/07), a DFC pode ser elaborada pelo método direto ou indireto.
O método direto leva em conta apenas as operações que envolvam itens 
financeiros, por meio do confronto entre recebimentos e pagamentos, em que se terá o 
saldo final do caixa pela diferença entre as entradas e as saídas.
De outro lado, o método indireto é aplicado pela variação existente nos sal-
dos das contas do Balanço Patrimonial (exceto a conta caixa), na qual, por meio de uma 
classificação entre origem ou aplicação, será verificada a variação do caixa.
As origens são transações que geram recursos de caixa, e, ao contrário, as 
aplicações consomem os recursos do caixa. A DFC traz de forma organizada os fluxos 
de caixa (entradas e saídas) gerados pelas atividades operacionais de investimento e 
financiamento.
Por atividades operacionais entendem-se aquelas contas que provocam ora 
o aumento, ora a redução do fluxo de caixa. Essas variações são provenientes da movi-
mentação operacional da empresa (lucros, variações em contas a receber/pagar, impos-
tos, salários, aluguéis, etc.), em função das atividades condizentes com o objeto social 
da empresa (isto é, o ramo em que ela atua).
Por sua vez, as atividades de investimento refletem na alienação (venda) ou 
na aquisição (compra) de ativos com baixa capacidade de serem convertidos em espécie 
(dinheiro), tais sejam, os ativos não circulantes, como imóveis, terrenos, maquinários e 
outros.
Cumpre ainda comentar acerca das atividades de financiamento, sendo elas 
as fontes necessárias para fomentar recursos para a empresa, tais como empréstimos, 
pagamento de dividendos aos acionistas, etc.
A seguir, faremos um levantamento das transações que afetam ou não o 
fluxo de caixa, para que possamos compreender e analisar estas movimentações, com 
vistas a explicar a variação de caixa sofrida de um ano para outro. 
Na visão de Matarazzo (2010), esse relatório tem cunho complementar, por-
que, isoladamente, pouco evidencia informações no sentido de realizar uma análise fi-
nanceira. O autor ainda explicita: “a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 
não costuma ser analisada no sentido tradicional em que o são o Balanço e a Demons-
tração do Resultado do Exercício” (MATARAZZO, 2010, p. 32).
55
QUADRO 2 – Movimentações no fluxo de caixa
Movimentações que 
aumentam o saldo do 
caixa
Movimentações que 
diminuem o saldo do 
caixa
Movimentações que 
não interferem no saldo 
de caixa
Vendas à vista ou recebimen-
to de duplicatas.
Compras à vista ou pagamen-
to de duplicatas.
Despesa contabilizada com 
depreciação.
Vendas à vista de bens do 
ativo imobilizado.
Compras à vista de bens do 
ativo imobilizado.
Despesa contabilizada com 
amortização.
Empréstimos ou financiamen-
tos contratados.
Pagamento de juros e amorti-
zação das dívidas.
Despesa contabilizada com 
exaustão.
Aumento de capital social em 
dinheiro pelos proprietários.
Pagamento de dividendos aos 
investidores.
Despesa contabilizada com 
provisões para perdas.
Juros, indenizações, dividen-
dos e outros recebidos.
Qualquer pagamento realiza-
do pela empresa.
Resultados com investimentos 
em outras empresas (MEP).
Fonte: Elaboração própria (2013).
No que diz respeito às movimentações que não interferem no saldo de caixa, 
uma explicação mais detalhada se faz necessária, pois muito se confunde despesa com 
pagamento, o que não acontece em todas as situações. Vejamos:
Pelos mesmos motivos anteriormente expostos, as despesas contabilizadas 
a título de depreciação, amortização ou exaustão não representam pagamentos, mas 
tão somente lançamentos que visam evidenciar a redução do valor dos bens ou direitos, 
e não representam, portanto, pagamento. Cite-se como exemplo um veículo adquirido 
por R$ 30.000,00, que após um ano de uso, a empresa realize um registro no valor de 
R$ 6.000,00 por conta de depreciação. A despesa de R$ 6.000,00 representa apenas a 
redução no valor contábil do bem.
No que diz respeito às despesas com perdas, suponhamos que a empresa 
tenha perdido o veículo do nosso exemplo anterior por roubo, sem que o automóvel 
estivesse protegido por seguro. Trata-se de mera redução do valor dos bens (sem repre-
sentar desembolso).
É comum ainda surgir em contextos assim a conta provisão para devedores 
duvidosos, que é uma estimativa de perdas calculadas sobre as contas a receber. Por 
ser provisão (que aqui pode ser entendida como previsão), não afetou em nada o caixa.
Finalmente, quando citamos os resultados com investimentos em outras 
empresas (Método da Equivalência Patrimonial - MEP), trata-se da seguinte situação: 
quando uma empresa realiza investimentos em outra, por força das Leis nº 11.638/2007 
e 11.941/2009, ela necessita avaliar tais investimentos (se houve ganhos ou perdas).
Dentre certas condições definidas nessas leis, algumas empresas precisam 
avaliar seus investimentos pelo Método da Equivalência Patrimonial, com vistas a manter 
a proporção do investimento inicialmente realizado em consonância com as variações 
sofridas pelas investidas.
56
Embora seja o assunto relativamente complexo, vamos recorrer a um exem-
plo para melhor dimensionar o que seriam os resultados com a equivalência patrimonial:
No início do ano, a empresa “A” comprou 30.000 ações ordinárias (com direi-
to a voto) da empresa “B”, num total de 100.000 ações existentes.
Após um ano, o patrimônio líquido da empresa investida “B” aumentou em 
torno de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
Nesse contexto, ocorre a equivalência patrimonial: a empresa investidora “A” 
terá que reconhecer seus direitos em parte do patrimônio líquido de “B” como ganhos 
com investimentos, mesmo que “A”, na condição de investidor, não tenha recebido ne-
nhum numerário desses lucros. É como se a empresa “A” contabilizasse suas expectati-
vas de recebimento em relação à empresa “B”, antes mesmo de receber de fato.
Assim, a empresa “A”, possuindo 30% das ações de “B” (30.000 ações re-
presentam 30% de 100.000 ações), tem direito a 30% sobre R$ 1.000.000,00, que cor-
responde a R$ 300.000,00. Este último valor representa resultados com investimentos 
na Cia. “B” para o investidor “A” (entenda-se: esses resultados, ou ganhos, não foram 
ainda recebidos, mas representam direitos, ou seja, contas a receber para o investidor).
A empresa “A”, sendo investidora, tem expectativas futuras de receber divi-
dendos da empresa “B”, que seria a realização financeira desses ganhos. Quando rece-
ber, efetivamente, tal transação vai afetar o caixa da empresa.
Portanto, o mero reconhecimento dos resultados com investimentos pela equi-
valência patrimonial, não representa entrada de dinheiro para o investidor, mas sim uma 
perspectiva de recebimento futuro, sem afetar, portanto, o caixa do investidor naquele 
momento.
Não daremos tratamento mais aprofundado nos investimentos avaliados pela 
equivalência patrimonial por se tratar de conteúdo pertinente à contabilidade avançada. 
No entanto, para o aluno que tenha a ambição de melhor conhecer o assunto “equiva-
lência patrimonial”, sugerimos a seguinte leitura:
Saiba Mais
VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 16. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2011. (vide o capítulo 5 - “Avaliação de investimentos pelo patrimônio líquido 
- equivalência patrimonial”).
Finalizando o assunto DFC, seguem os modelos pelo método direto e indireto 
propostopelo CPC 03.
57
QUADRO 3 – Modelo do método direto
Fonte: CPC (2012, p. 20).
Demonstração dos fluxos de caixa pelo método direto (item 18a)
20x2
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes 30.150
Pagamentos a fornecedores e empregados (27.600)
Caixa gerado pelas operações 2.550
Juros pagos (270)
Imposto de renda e contribuição social pagos (800)
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos (100)
Caixa líquido gerado pelas atividades operacionais $1.300
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição 
(Nota A) (550)
Compra de ativo imobilizado (Nota B) (350)
Recebimento pela venda de equipamento 20
Juros recebidos 200
Dividendos recebidos 200
Caixa líquido gerado pelas atividades de investimento $(480)
Fluxos de caixa das atividades de financiamento
Recebimento pela emissão de ações 250
Recebimento por empréstimo a longo prazo 250
Pagamento de passivo por arredondamento (90)
Didivendos pagos (a) (1.200)
Caixa líquido gerado pelas atividades de financiamento $(790)
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa $110
Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) $120
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C) $230
(a) Esse valor também poderia ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais
58
QUADRO 4 – Modelo do método indireto
Fonte: CPC (2012, p. 21).
Demonstração dos fluxos de caixa pelo método direto (item 18a)
20x2
Fluxos de caixa das atividades operacionais
Lucro líquido antes do IR e CSLL 3.350
Ajuste por
Depreciação 450
Perda cambial 40
Resultado de equivalência patrimonial 500
Despesas de juros 400
3.740
Aumento nas contas a receber de clientes e outros (500)
Diminuição nos estoques 1.050
Diminuição nas contas a pagar - fornecedores (1.740)
Caixa gerado pelas operações 2.550
Juros pagos (270)
Imposto de renda e contribuição social pagos (800)
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos (100)
Caixa líquido gerado pelas atividades de operacionais $1.380
Fluxos de caixa das atividades de investimento
Aquisição da controlada X, líquido do caixa obtido na aquisição 
(Nota A) (550)
Compra de ativo imobilizado (Nota B) (350)
Recebimento pela venda de equipamento 20
Juros recebidos 200
Dividendos recebidos 200
Caixa líquido gerado pelas atividades de investimento $(480)
Fluxos de caixa das atividades de financiamento
Recebimento pela emissão de ações 250
Recebimento por empréstimo a longo prazo 250
Pagamento de passivo por arredondamento (90)
Didivendos pagos (a) (1.200)
Caixa líquido gerado pelas atividades de financiamento $(790)
Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa $110
Caixa e equivalentes de caixa no início do período (Nota C) $120
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período (Nota C) $230
(a) Esse valor também poderia ser apresentado no fluxo de caixa das atividades operacionais
59
2.1.7 Notas Explicativas
As notas explicativas são anotações que visam elucidar algo que não foi devi-
damente apresentado ao leitor, fazendo com que ele necessite de melhor entendimento 
sobre alguma temática. Convém reforçar que as notas devem ser redigidas com clareza 
para atingir o objetivo a que se destina.
Resumo
Neste capítulo, que ora encerramos, estudamos de maneira analítica todos 
os relatórios contábeis, destacando suas finalidades, contas e a estrutura formal que 
reveste cada um deles (Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, 
Demonstração do Resultado Abrangente, Demonstração das Mutações do Patrimônio 
Líquido, Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstração do Fluxo de 
Caixa e as Notas Explicativas).
Ficou clara a existência de grande diferença conceitual entre o que é lucro 
e o que é caixa, uma vez que o lucro é apurado pelo confronto entre receitas, custos e 
despesas, independentemente se tais valores foram recebidos (receitas) ou pagos (des-
pesas e custos), já que lucro diz respeito ao resultado, o qual é apurado pelo regime de 
competência.
O caixa, por sua vez, é elaborado a partir de fatos intimamente ligados à 
movimentação financeira da empresa, isto é, por meio do regime de caixa. Eis aqui o 
que distingue resultado econômico (lucro ou prejuízo) de resultado financeiro (saldo de 
caixa credor ou devedor). Aqui também pudemos destacar as principais reservas que 
compõem a conta de patrimônio líquido e comentar sobre o conceito de custo de capital.
Atividades
1. Explique por que o Balanço Patrimonial, apesar de demonstrar os saldos das contas 
ao final do exercício social, é um relatório capaz de sinalizar sobre a situação financeira 
da empresa.
Saiba Mais
Para ampliar os conhecimentos a respeito das Demonstrações de Fluxo de Caixa, acesse 
o site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (www.cpc.org.br) e leia o Pronuncia-
mento Técnico CPC 03.
60
2. Qual dos relatórios contábeis é fundamentado com base no regime de caixa? Ao 
identificar o relatório, explique de forma que o leitor possa compreender que tipo de 
operações (isto é, cite algumas transações) influencia no referido relatório.
3. Comente e argumente a respeito da seguinte afirmação: “a Demonstração do Resul-
tado do Exercício é um relatório iminentemente de caráter econômico”. Identifique ainda 
se ela é regida pelo regime de caixa ou não, explicando os motivos de sua resposta.
4. Comente acerca de qual relatório contábil expõe ao investidor a forma pela qual ocor-
reu o direcionamento dos lucros obtidos pelas atividades empresariais. Será que todo o 
lucro obtido pela empresa será destinado aos sócios e investidores? Responda sim ou 
não, argumentando a respeito. 
5. O registro das depreciações afeta o caixa da empresa? Afirme sim ou não e funda-
mente sua resposta.
Anotações
61
Considerações sobre a uTilização de ÍndiCes e PorCenTaGens: subsÍdios Para a 
análise VerTiCal e horizonTal
Capítulo 3
62
Para facilitar a exposição dos assuntos, optamos por utilizar alguns símbolos, 
tais como os apresentados a seguir:
Introdução
Δ = variação X = multiplicação ( ) = parênteses
/ = divisão < > = bicondicional [ ] = colchetes
Não é raro nos depararmos com dificuldades no momento de lidar com índi-
ces e porcentagens, assunto que precisa ser de pleno domínio do analista, já que para 
redigir relatórios e pareceres, ele deverá amparar sua análise por meio de cálculos e 
elementos numéricos.
Nesta seção, estudaremos algumas formas de proceder a cálculos que en-
volvem comparações entre números, no qual cada objetivo vai requerer determinada 
conduta de cálculo.
Explicando melhor: quando desejo conhecer a representatividade de um 
número menor em relação a um número maior (espécie em função do gênero), pos-
so resolver a questão por meio de uma regra de três ou por uma técnica simples que 
comentaremos posteriormente. É o que faz um pesquisador da área de Zoologia ao se 
perguntar: qual é a porcentagem de Sabiás (espécies) em relação a todos os demais 
pássaros (gênero)?
De maneira diferente, se tivermos a intenção de comparar números entre 
períodos diferenciados, digamos, caso pretendêssemos comparar o desempenho das 
vendas do dia 10 de dezembro do ano de 2011 com o desempenho do dia seguinte, 
a fim de verificar qual foi a porcentagem de variação, se aumentativa ou diminutiva, a 
regra de três já não corresponderá às nossas expectativas e será necessário proceder 
de outra maneira para calcular tal variação, situação para a qual apresentaremos uma 
eficiente técnica.
Daqui por diante, trataremos dessas questões com o objetivo de nos capa-
citarmos para mais adiante tratar dos assuntos conhecidos por análise vertical e análise 
horizontal.
63
Dica
A regra de três, se utilizada nesse caso, conduz ao mesmo resultado.
3.1 Cálculos que Utilizam a Porcentagem
Haveremos de encontrar situações em que precisaremos calcular a porcen-
tagem de representatividade de uma conta dentro de um conjunto de contas,ou seja, 
precisaremos saber qual é a porcentagem que uma espécie (menor) representa de um 
gênero (maior). Para tornar clara a situação, vamos recorrer a um exemplo:
Suponha que o ativo total de uma empresa seja de R$ 60.000,00 e que sua 
conta caixa equivale a R$ 3.000,00. Pergunta-se: o caixa dessa empresa representa qual 
porcentagem do ativo total?
Quando precisamos saber a porcentagem de um valor específico (menor) 
dentro de um valor total (maior), basta fazer uma regra de três simples ou ainda dividir 
o menor número (parte) pelo maior número (todo) e multiplicar por 100. Vejamos:
Porcentagem do caixa sobre o ativo total
= [(R$ 3.000,00/R$ 60.000,00) x 100] = 5%
Esse tipo de cálculo será requerido quando entrarmos no estudo da análise 
vertical, que será tratada adiante. Portanto, podemos fixar um modo operacional para 
resolver questões desse tipo:
Vamos mudar um pouco nosso foco: agora, o que desejamos é encontrar a 
porcentagem que representa a variação de valor entre dois números.
Nessa situação, precisaremos compreender a variação entre dois números, 
já que aqui a bicondicional (<>) não é verdadeira.
Bicondicional consiste em duas condições que se satisfazem mutuamente. 
Por exemplo: se afirmo que Pedro é maior (altura) que Paulo, equivale a dizer que Paulo 
é menor (altura) que Pedro.
64
Pare e Reflita
Perguntamos a você: 
Já que podemos afirmar que a variação de R$ 100,00 para R$ 200,00 é de 100%, pode-
mos também afirmar que a variação de R$ 200,00 para R$ 100,00 é de - 100%, isto é, 
vale a bicondicional nesse caso?
A resposta é não, ou seja, a afirmativa seria incorreta, pois a bicondicional não é verda-
deira. É fácil observar que praticamente não precisamos efetuar cálculo para responder 
a questão, já que ela envolve números relativamente simples. No entanto, quando esta-
mos diante de números maiores ou “quebrados”, precisamos utilizar uma metodologia 
adequada para medir essa variação percentual. 
Uma técnica bastante fácil desenvolvida em nossas aulas permite realizar esse cálculo 
de forma simples e inequívoca, sendo ela aplicada da mesma maneira quando envolve a 
variação de um número menor para um número maior ou vice-versa. Em nossas experi-
ências com alunos, pudemos constatar que boa parte deles se mostram confusos ou não 
conseguem realizar com facilidade esse cálculo, embora seja de relativa simplicidade. 
!?
Dica
Guarde bem esta frase, ela poderá te ajudar muito em qualquer situação que envolva 
cálculos de variação percentual:
Uma vez que se definem esses números, basta então proceder da seguinte forma:
Δ% = {[(nº destino/nº partida) – 1] x 100} 
Obs.: o motivo de deduzir 1 é obter a variação líquida entre dois números.
Vamos agora fazer a aplicação prática desses ensinamentos. A seguir, apli-
caremos o nosso conhecimento para calcular a variação percentual de forma crescente 
e decrescente. Vamos juntos?
3.1.1 Variação Percentual Crescente entre Dois Números
Se precisarmos calcular a variação percentual crescente entre dois números, 
R$ 150,00 e R$ 200,00, por exemplo, assim faremos:
● 1º passo: definir o número de partida e o número de destino – o número 
de partida é a base, e se a variação é crescente, a base (partida) é o menor dos números 
65
(já que para ser crescente precisa partir do menor). Dessa forma, R$ 150,00 é o núme-
ro de partida e R$ 200,00 o número de destino, sendo este último o número até onde 
pretendo enxergar a variação.
● 2º passo: lembrar-se da frase “O destino é a partida”: se o destino é a 
partida, significa dizer que você vai começar o cálculo a partir (partida) do número de 
destino. Por isso, é fundamental você classificar corretamente número de destino e nú-
mero de partida.
● 3º passo: aplicar a fórmula
Δ% = {[(nº destino/nº partida) – 1] x 100} 
Δ% = {[(200/150) – 1] x 100} 
Δ% = {[(1,3333) – 1] x 100} 
Δ% = {[1,3333 – 1] x 100} 
Δ% = {[0,3333] x 100} 
Δ% = {0,3333 x 100} 
Δ% = 33,3333% 
Prova real:
R$ 150,00 + (R$ 150 X 33,3333%) = R$ 200,00, isto é, R$ 150,00 + 
33,3333% sobre ele, resulta em R$ 200,00.
3.1.2 Variação Percentual Decrescente entre Dois Números
Se precisarmos calcular a variação percentual decrescente entre dois núme-
ros utilizando os mesmos do exemplo anterior (porém, na ordem decrescente), teremos 
então a variação de R$ 200,00 para R$ 150,00, sendo o mesmo procedimento já de-
monstrado no item Variação Percentual Crescente entre Dois Números:
● 1º passo: definir o número de partida e o número de destino – o número 
de partida é a base, e se a variação é decrescente, a base (partida) é o maior dos nú-
meros (já que para ser decrescente precisa partir do maior). Dessa forma, R$ 200,00 é 
o número de partida e R$ 150,00 o número de destino, sendo este último o número até 
onde pretendo enxergar a variação. Se for decrescente, a porcentagem precisa resultar 
em número negativo.
● 2º passo: lembrar-se da frase “O destino é a partida”: se o destino é a 
partida, significa dizer que você vai começar o cálculo a partir (partida) do número de 
destino. Por isso, é fundamental você classificar corretamente o número de destino e o 
número de partida.
66
● 3º passo: aplicar a fórmula
Δ% = {[(nº destino/nº partida) – 1] x 100} 
Δ% = {[(150/200) – 1] x 100} 
Δ% = {[(0,75) – 1] x 100} 
Δ% = {[-0,25] x 100} 
Δ% = {-0,25 x 100} 
Δ% = -25% 
Prova real:
R$ 200,00 - (R$ 200 X 25%) = R$ 150,00, isto é, se deduzirmos 25% de R$ 
200,00, chegaremos a R$ 150,00.
Evidentemente, esses procedimentos de cálculo não são exaustivos, o que 
significa dizer que é possível obter os mesmos números por outros modos. É bastante 
importante saber desenvolver o cálculo que será imprescindível para trabalhar os con-
ceitos de análise horizontal adiante. É válido ainda ressaltar que esses conhecimentos 
podem ser utilizados em quaisquer temáticas que envolvam cálculos percentuais.
3.2 Índices que Equivalem à Porcentagem
É bastante comum, além de porcentagem, trabalhar a análise por meio de 
índices. Esses números representam a relação entre dados numéricos e funcionam como 
indicadores (de desempenho, de crescimento, de regressão, etc.) O índice nada mais é 
que a própria porcentagem dividida por 100. Vamos averiguar então:
100% = índice 1; já que 100 / 100 = 1
120% = índice 1,2; já que 120 / 100 = 1,2
Por exemplo: se hoje tenho R$ 100,00 e o emprestar a juros simples de 5% 
durante um mês, quanto vou receber ao final do mês? 
5% = índice 0,05, já que 5/100 = 0,05.
Recebimento ao final do mês = R$ 100,00 x 1,05 = R$ 105,00
O índice 1,05 tem a seguinte composição:
1 = 100% (já que 100% equivale ao índice 1) e 100% de R$ 100,00 é o 
próprio R$ 100,00 + 0,05 = 5% sobre (isto é, somado) R$ 100,00, que resultou em R$ 
105,00.
Perguntamos a você: e se quiséssemos saber apenas a variação líquida, isto 
é, qual o índice que representariam os juros?
Muito simples: basta deduzir o 1 para obter a variação líquida.
Assim: 1,05 – 1 = 0,05
67
Concluindo então:
Se índice = 1,40, significa dizer que houve um aumento de 40%, já que 
1,40 – 1 = 0,40.
Se índice = 2,4, significa dizer que houve um aumento líquido de 140%, já 
que 2,40 – 1 = 1,40. 
Se índice = 1,40, então a porcentagem é 140% (1,40 X 100).
Mas como nem tudo na vida é tão fácil, perguntamos: se ao comparar um 
número com outro, de modo que quiséssemos avaliar a variação entre eles por meio de 
índices, e obtivéssemos em nosso cálculo o índice de 0,70, o que ele significa?
Significa que houve uma redução, pois se o índice 1 representa 100%, então 
0,70 não atingiu os 100%, sendo essa redução de 30%. 
Vamos a um exemplo que atesta essa situação:
Suponha que em 2010 eu tivesse em caderneta de poupança R$ 10.000,00. 
Esse dinheiro representaria 100% das minhas economias (índice = 1).
No final do ano de 2011, restou-me nessa conta somente R$ 7.000,00. Qual 
porcentagem e qual índice que representa essa variação?
Se R$ 10.000,00 representava 100%, sendo R$ 7.000,00 apenas 70% da-
quele valor, então houve uma redução de 30% (0,7 – 1 = índice de -0,3).O índice -0,3, 
quando multiplicado por 100, representa -30%.
Lembramos que essas considerações servirão para reforçar os argumentos 
do analista, pois palavras desacompanhadas de números podem ser insuficientes para 
resguardar a qualidade dos relatórios por ele produzidos.
3.3 Os Primeiros Passos para a Análise Propriamente 
Dita e a Reclassificação de Contas
Conforme já afirmado anteriormente, as demonstrações contábeis são divul-
gadas em formato que visa atender a diversas determinações fiscais. Desse modo, em 
alguns casos, existe a necessidade de adaptar tais relatórios para a realização de uma 
análise confiável, uma vez que o foco da análise converge para a visão gerencial da em-
presa, de modo que, o ato de reclassificar determinadas contas se revela adequado em 
algumas circunstâncias, como será abordado a seguir.
A análise das demonstrações contábeis poderá produzir informações falsas, 
ou no mínimo duvidosas, mediante a utilização de dados oriundos dentro de algumas 
perspectivas, tais como:
68
• Análise baseada em demonstrações contábeis não auditadas.
• Não observância aos princípios de contabilidade.
• Demonstrações contábeis com omissões relevantes de informações.
• Números não confiáveis em função da precariedade dos controles internos.
• Reconhecimento inadequado das operações.
• Interesses particulares e/ou fraudulentos.
Em algumas situações, é importante que o analista proceda a reclassificação 
de algumas contas, com vista a formatar os dados contábeis de modo a diminuir a pro-
babilidade de erro ou engano por parte do analista.
Aliás, em linhas gerais, o analista deve levar em conta ao menos dois cená-
rios: um otimista, pelo qual ele avalia as condições gerais da empresa confiando plena-
mente nas informações disponibilizadas ou coletadas dos relatórios contábeis, e ainda 
usar o bom senso para identificar algumas contas que podem não refletir adequadamen-
te a situação financeiro-patrimonial da empresa.
Para melhor dimensionar a questão do bom senso – característica indestrutí-
vel do analista - vamos apresentar no último capítulo uma situação que envolve a análise 
de uma empresa, em que os índices calculados se revelam em “descompasso” com a 
realidade organizacional.
O minicaso nos ajudará a avaliar com “olhos de Caeiro”, isto é, vamos enxer-
gar melhor e com clareza que, dependendo do caso, os índices por si só revelam que a 
contabilidade da empresa não é confiável. O minicaso a ser trabalhado mais à frente foi 
estudado a partir de dados reais, fornecidos pelo contador da empresa, para que fossem 
utilizados os relatórios contábeis para avaliar a situação geral dela.
Analisando essa situação, você terá uma boa oportunidade de avaliar as 
“armadilhas” que podem estar contidas nesses relatórios. Mas isso será mais adiante.
Novamente atentando-se à reclassificação de contas, esta conduta propicia 
uma análise mais sensata e prudente, talvez um pouco pessimista, mas que por certo 
reduz a probabilidade de erro do analista em seu parecer. 
A seguir, vamos demonstrar a reclassificação de algumas contas, explicando 
os fundamentos que alicerçam tal prática.
3.3.1 Reclassificando a Conta Duplicatas Descontadas
Comumente, a conta duplicatas descontadas fica registrada no Balanço Pa-
trimonial como conta redutora do ativo circulante, tal como segue:
69
Conta Descrição
1 Ativo
1.1 Circulante
1.1.02 Duplicatas a Receber
1.1.03 (-) Duplicatas Descontadas
No ponto de vista do credor, a posse de duplicatas descontadas representa 
incerteza, uma vez que sobre ele recai a possibilidade de não receber parte desses cré-
ditos. Nesse sentido, é de se concluir que aquele que escriturou em seu Balanço Patri-
monial a existência de duplicatas descontadas, é devedor (enquanto ela não for de fato 
paga). Portanto, numa interpretação mais realística, mediante a incerteza do crédito por 
parte do credor, tecnicamente, deveria se tratar de duplicatas descontadas como passi-
vo, e não como redutora de ativo. 
Qual seria a solução para adaptar esse relatório contábil para o analista? 
Solução para o impasse:
Transferir as duplicatas descontadas do ativo circulante para o passivo cir-
culante, visto que representam uma obrigação na modalidade de empréstimo, servindo 
as duplicatas de garantia ao credor. A reclassificação permite analisar melhor as fontes 
de recursos (grau de endividamento e composição do endividamento) utilizadas pela 
empresa.
3.3.2 Reclassificando as Contas Empréstimos a Interligadas 
e Empréstimos a Diretores
Empresas interligadas são aquelas na qual há investimentos permanentes 
(sem intenção de vendas) de uma em outra, de forma que a investidora adquire ações 
ou cotas da investida. Esses investimentos podem ser simples, na forma de coligadas ou 
controladas.
No que diz respeito aos estudos aqui desenvolvidos, convém comentar que 
essas empresas têm grande interesse no bom andamento/desempenho dos negócios 
intragrupo, pois os resultados globais dependem dessa situação. 
Dessa maneira, se a empresa “A” (investidora) tem investimentos em “B” (in-
vestida), e se “A” vier a emprestar dinheiro para sua investida, então surgirá no Balanço 
Patrimonial da investidora a conta “empréstimo a interligada B”, como conta de ativo.
Nesse caso, é bastante recomendável para analisar a liquidez da empresa 
emprestadora que se proceda a reclassificação dessa conta, caso ela esteja contabili-
zada no ativo circulante. Portanto, nesse sentido, a conta “Empréstimos a interligadas” 
deve ser reclassificada para o ativo realizável a longo prazo (ativo não circulante). Esses 
70
valores emprestados até podem retornar para a empresa emprestadora a curto prazo. 
Todavia, como os devedores exercem influência sobre a credora, normalmente esses 
empréstimos não têm data para ser liquidados.
Assim, em nome da prudência, é melhor contar com a situação mais pessi-
mista possível, pois nesse julgamento, se houver erro, será a favor do analista.
Abordando agora a conta “empréstimos a diretores”, podemos afirmar que 
não é incomum que diretores realizem empréstimos nas empresas em que trabalham. 
No caso de uma concessão de empréstimo para diretores, a empresa poderá lançar essa 
conta no subitem do ativo circulante. Se assim o for, o mesmo raciocínio anteriormente 
apresentado pode ser empregado: se o empréstimo a diretores estiver contabilizado no 
ativo circulante (isto é, como empréstimos a receber de curto prazo), é recomendável 
a reclassificação dessa conta para ativo realizável a longo prazo (ativo não circulante).
3.3.3 Reclassificando as Contas de Estoques
A conta de estoques reserva alguma dificuldade ao analista. Isto porque ela 
pode estar de forma proposital ou não, superavaliada, o que vai, evidentemente, com-
prometer a análise.
Imagine a seguinte situação: uma lojista atuante no ramo de roupas femi-
ninas (caríssimas, reconheçamos), proprietária da Boutique Rich Woman, efetuou no 
início do ano uma compra de vestidos para festa, pois esteve num desfile de moda e está 
seguindo a tendência para a próxima estação. Ela comprou 200 peças de vestido, pa-
gando em média ao fornecedor a quantia de R$ 4.000,00 por unidade o que, na época, 
representou um endividamento de R$ 800.000,00 para a lojista. Ela conseguiu vender 
somente metade das peças no ano em que fez a compra, pois a tendência esperada, 
para sua surpresa, não despertou o desejo de compra de suas clientes. Finalizado o ano, 
a proprietária manda ao contador a relação do estoque existente no último dia do ano, 
onde, segundo as anotações da empresária, os vestidos que remanesceram no estoque 
estariam avaliados em R$ 400.000,00.
O contador, surpreso com o valor do estoque, ligou para a lojista, perguntan-
do o porquê de tamanho valor apenas para os vestidos. Ela respondeu: foi o que eu pa-
guei por eles, basta verificar nas notas fiscais! Se sobrarem 100 unidades, a R$ 4.000,00 
cada, então o valor do meu estoque final é de R$ 400.000,00, que é o meu custo!
Uma conclusão aqui é bem simples:se os vestidos não foram vendidos na 
estação em que se esperava, o preço vai cair (despencar, pois estamos falando de clien-
tes extremamente exigentes). Se o contador proceder à avaliação do estoque conforme 
informou a proprietária, estará ele agindo corretamente? Como essa situação pode afe-
tar o trabalho do analista?
71
O contador, experiente, perguntou então a ela o seguinte: para desovar o es-
toque de vestidos e renovar sua vitrine, qual é o preço de venda máximo que a senhora 
deve obter por cada unidade vendida, numa campanha promocional?
Mais uma vez ela responde, de forma desalentadora: terei que vender abaixo 
do custo, em torno de R$ 2.000,00 cada unidade, e ainda assim pagar impostos sobre 
essas vendas em torno de 10%.
O contador então conclui de forma assertiva, dizendo: o valor do seu estoque 
de vestidos é o valor que a senhora espera obter por esta venda, descontados os gastos 
para realizar tal venda! Portanto, o valor de seu estoque é em torno de R$ 180.000,00, 
e não R$ 400.000,00!
Veja aluno, o CPC 16 trata sobre a avaliação de estoques. Para o estoque es-
tar corretamente avaliado, deve-se utilizar a seguinte regra: valor de custo ou valor rea-
lizável líquido, dos dois, o menor. O contador utilizou este parecer para avaliar o estoque, 
já que o valor realizável líquido (R$ 180.000,00) é menor que o custo (R$ 400.000,00).
Portanto, se o estoque estiver no Balanço Patrimonial sem a avaliação corre-
ta (situação bastante comum em empresas de menor porte), o analista poderá avaliar o 
grau de liquidez da empresa de forma irreal, já que os estoques ficam sediados no ativo 
circulante, comprometendo também sua análise do capital de giro.
Feitas todas essas considerações, estamos aptos, finalmente, para entrar na 
análise vertical e horizontal. Vamos tratá-las separadamente num primeiro momento e 
depois vamos nos debruçar nos detalhes que envolvem sua análise.
Para começar esta etapa, abordaremos sobre a análise vertical. Conforme 
já dissemos, trata-se de um instrumento que nos permite identificar a porcentagem que 
uma conta representa de um todo. Por exemplo: suponha que você tivesse num certo 
mês um saldo de contas a receber no valor de R$ 100.000,00, e que, desse valor, R$ 
12.000,00 você não recebeu no prazo previsto, já que sofreu com a inadimplência do 
mercado. Se você deseja conhecer a porcentagem de duplicatas que sofreram inadim-
plência neste mês, estará lidando com a análise vertical, já que vai precisar estabelecer 
uma relação percentual entre as duplicatas recebidas com atraso e o total de duplicatas 
a receber. Ao estabelecer tal relação, você saberá a porcentagem das duplicatas recebi-
das com atraso.
Já vimos que se trata de um cálculo bastante simplificado, em que você po-
derá aplicar uma regra de três simples ou ainda aplicar a seguinte formulação:
AV = [(Parte / Todo) x 100] = % desejada
72
A análise horizontal, por sua vez, visa mostrar ao analista o grau de evolução 
ou involução das contas de qualquer relatório contábil, a partir da comparação por série 
temporal. A AH ocorre, portanto, toda vez em que o analista tece comparações que en-
volvem lapsos temporais distintos, seja ano para ano, mês para mês, dia para dia, etc.
Para melhor sedimentar, se a conta caixa no dia 31/12/2012 era de R$ 
20.000,00, e em 31/01/2013 de apenas R$ 7.000,00, se estou a buscar a resposta para 
a variação desses saldos, nesta oportunidade estarei fazendo uso da análise horizontal.
Por se tratar de um cálculo bastante simplificado, você poderá aplicar a se-
guinte formulação:
AH = {[(nº destino/nº partida) – 1] x 100} 
O mero ato de calcular os índices não representa uma análise horizontal ou 
vertical. Os índices são os dados necessários para realizar a análise, já que esta se cons-
titui num relatório que esclarece sobre as principais observações ou questionamentos 
apresentados pelo analista.
Em relação ao Balanço Patrimonial da Cia. Test (a seguir), vamos rememorar 
como ocorreram os cálculos:
Porcentagem para a análise vertical: como foi calculada a porcentagem de 
5,78% para a conta “disponível” para o ano I?
Se:
AV = [(Parte / Todo) x 100] = % desejada
Então:
AV = [(R$ 27.640/R$ 478.320) x 100] = 5,78%, o que leva a concluir que 
as disponibilidades representam apenas 5,78% dos ativos totais da empresa. O mesmo 
raciocínio vale para as demais contas. 
Obs.: no caso do Balanço Patrimonial, o “todo” é o total do ativo ou do pas-
sivo (são iguais).
73
TABELA 5 - Balanço Patrimonial da Cia. Test
B A L A N Ç O P A T R I M O N I A L - Cia. Test
ATIVO 
Circulante Ano I
Análise 
Vertical 
(%)
Ano II
Análise
Vertical 
(%)
Ano III
Análise
Vertical 
(%)
Disponível 27.640,00 5,78 44.422,00 4,79 21.853,00 1,90
Estoques 124.638,00 26,06 331.053,00 35,69 340.428,00 29,57
Clientes 28.754,00 6,01 94.256,00 10,16 99.439,00 8,64
Outros 115.362,00 24,12 174.828,00 18,85 299.790,00 26,04
Total do Ati-
vo Circul. 296.394,00 61,97 644.559,00 69,49 761.510,00 66,16
Não Circulante
Clientes 36.702,00 7,67 29.680,00 3,20 31.705,00 2,75
Investimentos 75.113,00 15,70 130.028,00 14,02 224.656,00 19,52
Imobilizado 60.781,00 12,71 62.652,00 6,75 107.540,00 9,34
Intangível 9.330,00 1,95 60.587,00 6,53 25.669,00 2,23
Total do 
Ativo Não 
Circul.
181.926,00 38,03 282.947,00 30,51 389.570,00 33,84
Total do 
Ativo 478.320,00 100,00 927.506,00 100,00 1.151.080,00 100,00
PASSIVO 
Circulante Ano I
Análise
Vertical 
(%)
Ano II
Análise
Vertical 
(%)
Ano III
Análise
Vertical 
(%)
Contas a 
pagar 50.415,00 10,54 320.004,00 34,50 360.201,00 31,29
Impostos a 
pagar 21.606,00 4,52 136.205,00 14,69 205.550,00 17,86
Total do 
Passivo 
Circul.
72.021,00 15,06 456.209,00 49,19 565.751,00 49,15
Não Circulante
Financiamen-
tos 226.273,00 47,31 161.293,00 17,39 130.776,00 11,36
Total do 
Passivo Não 
Circul.
226.273,00 47,31 161.293,00 17,39 130.776,00 11,36
Patrimônio Líquido
Capital Social 70.000,00 14,63 87.500,00 9,43 131.250,00 11,40
Reservas 110.026,00 23,00 222.504,00 23,99 323.303,00 28,09
Total do 
Patrimônio 
Líquido
180.026,00 37,64 310.004,00 33,42 454.553,00 39,49
Total do 
Passivo 478.320,00 100,00 927.506,00 100,00 1.151.080,00 100,00
Fonte: Elaboração própria (2013).
74
Uma vez calculados os índices, vamos fazer uma análise vertical para o ano 
I? Antes disso, faremos alguns comentários sobre essa prática.
Para realizar a análise, não há uma regra rígida ou um caminho único que 
conduz a um bom trabalho. É nítida a necessidade de conhecimento teórico e vivência 
profissional, pois a experiência ajuda o analista a antever possíveis dificuldades ou a se 
eximir de informações contraditórias ou duvidosas.
Nessa vertente, é possível afirmar que o modus operandi na conduta do 
trabalho resulta da bagagem profissional e da capacidade técnica do analista. Evidente-
mente, podemos enumerar algumas situações que podem ajudar neste trabalho: 
 
• Qualidade dos relatórios contábeis: desconfie de relatórios que mos-
tram uma situação muito favorável para a empresa. Se for possível, conheça a realidade 
de outras empresas do mesmo setor. Esta “luz de advertência” será despertada em você, 
aluno, no momento em que estudarmos a análise pelos índices, e também no minicaso 
que abordaremos mais à frente, que destacará algumas contas que não traduzem a rea-
lidade da empresa.
• Não abra mão de relatórios contábeis assinados tanto pelo conta-
dor como pelo responsável da empresa, e, de preferência, em se tratando de Balanço 
Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício, verifique se tais relatórios foram 
registrados no cartório.
• No que diz respeito à análise vertical, crie espaço para a formu-
lação de hipóteses, pois isso abre precedente para uma série de perguntas ou supo-
sições que precisam ser comprovadas ou não por meio de uma análise mais exata, que 
envolve uma gama maior de dados e informações adicionais. Trata-se, portanto, de uma 
análise preliminar, que deveter seus apontamentos devidamente investigados.
• Buscar as contas que têm maior representatividade: não adianta 
querer compreender a função de cada conta. Se atenha aquilo que for mais relevante. Se 
você está analisando um relatório contendo, digamos, 200 contas, você terá que filtrar 
as mais representativas (talvez umas 20 ou 30 delas). Se assim não proceder, você terá 
um “amontoado” de dados que de nada servirá. Tente ser prático.
• Ao realizar a análise vertical, se ater nesse sentido próprio da aná-
lise (na vertical), pois, se não prestar atenção, você pode misturar análise vertical com 
horizontal. Portanto, analise as contas dentro de um mesmo período (mesmo mês ou 
mesmo ano) sem misturar com os demais períodos, pois, do contrário, estará fazendo a 
análise horizontal.
Lembre-se
A análise vertical se faz num contexto geral, panorâmico, e não serve para uma análise 
mais detalhada e analítica. Uma análise completa se faz por meio de índices e outros 
elementos, que até o momento ainda não estudamos, ok? Vamos avançando em partes 
para melhor compreender o todo.
75
Vencida esta etapa, vamos finalmente compor um relatório de análise verti-
cal e horizontal para o ano I da Cia. Test. 
Observe o seguinte: faremos um relatório e, ao mesmo tempo, daremos di-
cas para você, e estas dicas, evidentemente, não fazem parte do relatório, ok?
Faremos a seguir a análise dentro da seguinte condição: primeiramente, a 
análise vertical do ativo e depois do passivo. Logo a seguir, faremos a análise horizontal 
do ativo e do passivo, respectivamente.
Nada impede que, para analisar as contas do ativo, façamos consultas a 
outros relatórios fornecidos pela empresa, tal como a Demonstração do Resultado do 
Exercício.
3.4 Análise Vertical das Contas de Ativo do Balanço 
Patrimonial da Cia. Test (Ano I)
Dentre as 13 contas que compõem o Balanço Patrimonial no ano I, elenca-
mos seis (de ativos e passivos) como as mais representativas frente às demais para fins 
de análise vertical. Dentre estas contas, três são de ativos e três de passivos. Começa-
remos pelas contas de ativo:
B A L A N Ç O P A T R I M O N I A L - Cia. Test
ATIVO 
Circulante Ano I
Análise
Vertical 
(%)
Ano II
Análise
Vertical 
(%)
Ano III
Análise
Vertical 
(%)
Estoques 124.638,00 26,06 331.053,00 35,69 340.428,00 29,57
Outros 115.362,00 24,12 174.828,00 18,85 299.790,00 26,04
Total do Ativo 
Circul. 296.394,00 61,97 644.559,00 69,49 761.510,00 66,16
Não Circulante
Investimentos 75.113,00 15,70 130.028,00 14,02 224.656,00 19,52
Total do Ativo 
Não Circul. 181.926,00 38,03 282.947,00 30,51 389.570,00 33,84
Total do Ativo 478.320,00 100,00 927.506,00 100,00 1.151.080,00 100,00
TABELA 6 - Balanço Patrimonial da Cia. Test
Fonte: Elaboração própria (2013).
Primeiramente, em relação às contas de ativo, constatamos que 26,06% dos 
ativos são formados pela conta “estoques”.
76
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: sendo esse valor relevante em relação a todo 
o ativo, é bastante prudente que o analista tenha maior interesse na composição desse 
estoque (se foi avaliado corretamente e se está íntegro, sem avarias). Caso haja dúvi-
da nesse quesito, o analista poderá requerer o inventário da empresa, com a descrição 
analítica dos itens que compõem esse estoque, o que dará maior credibilidade ao va-
lor registrado no Balanço Patrimonial. Se ambos forem falsos, ficará bem caracterizada 
a má-fé daqueles que assinaram tais relatórios, bem como caracterizada a fraude nos 
documentos contábeis, situação que culminará em punição conforme a legislação do 
nosso país.
A conta “outros” também é bem representativa frente aos demais ativos e 
deve ser esclarecida pela empresa quanto à sua formação, pois, afinal, o que significa 
exatamente outros? Essa conta está consumindo 24,12% dos ativos e precisa ser “es-
miuçada” no que diz respeito a sua composição, pois esse título “outros” é muito gené-
rico e pouco esclarece a respeito da natureza dessa conta.
Dica
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: talvez, no relatório Notas Explicativas exista 
menção sobre o que representa essa conta. Em geral, as empresas que publicam balan-
ços ou aquelas que têm uma contabilidade de boa qualidade evitam utilizar contas que 
não elucidam a natureza dos fatos que a geraram.
Este comentário não faz parte do relatório: se este investimento ocorrer em outra em-
presa, é interessante que o analista conheça um pouco sobre a empresa investida, pois, 
se for um empreendimento em ruínas ou que apresenta claros sinais de descontinui-
Uma terceira conta que merece comentários no grupo de ativos é a conta 
“investimentos”. Eles são de longo prazo (já que são sediados no ativo não circulante) e 
representam 15,70% do ativo, e não sabemos se a conta diz respeito a investimentos em 
outras empresas ou se representam aplicações no mercado financeiro (o Balanço Patri-
monial não fornece tal informação). Essa informação é importante para melhor avaliar a 
empresa, que tem priorizado por direcionar recursos em ativos não circulantes (de longo 
prazo), sacrificando para isso o seu capital de giro; afinal, ela direcionou mais de 15% de 
seus ativos para investimentos de longo prazo. Se essa ação não foi casual, ou seja, se de 
fato houve um planejamento prévio para tal conduta, então ela tem boas perspectivas de 
retorno desse investimento, já que o capital de giro custa caro em nosso país.
77
dade das operações, o investimento contabilizado pode ser perdido pela investidora, o 
que resulta na redução geral do ativo. Por outro lado, se a empresa investida estiver em 
boas condições, este investimento trará ganhos ao investidor, condição que também 
interessa ao trabalho do analista. Busque na Demonstração do Resultado do Exercício: 
se houver resultados com equivalência patrimonial (seja positivo ou negativo), significa 
que este investimento representa direcionamento de recursos em outras empresas.
Para dirimir a questão, consultamos a Demonstração do Resultado do Exercí-
cio (DRE) e lá constatamos que a empresa de fato investe recursos em outra (ou outras) 
empresa (s), comprovados pela conta “Resultados pelo Método da Equivalência Patrimo-
nial”. Portanto, a empresa revela potencial de ganhos que extrapolam àqueles obtidos 
por meio de suas atividades operacionais, já que busca investir em outros negócios 
(empresas) para gerar ganhos extraoperacionais.
De modo geral, é possível constatar que 61,97% das contas de ativo são 
contas de capital em giro (vide “total do ativo circulante”), dotados de boa liquidez e 
que ajudam a empresa a formar seu caixa para suportar os gastos com as atividades 
empresariais.
Ao contrário, 38,03% desse ativo são formados por contas com baixa capa-
cidade de conversão em dinheiro, dotados, portanto, de pouca liquidez (vide “total do 
ativo não circulante”).
3.4.1 Análise Vertical das Contas de Passivo do Balanço 
Patrimonial da Cia. Test (Ano I)
Dando sequência aos trabalhos, vamos listar as três contas de passivo para 
a análise vertical:
TABELA 7 - Balanço Patrimonial da Cia. Test
B A L A N Ç O P A T R I M O N I A L - Cia. Test
PASSIVO 
Circulante Ano I
Análise
Vertical 
(%)
Ano II
Análise
Vertical 
(%)
Ano III
Análise
Vertical 
(%)
Contas a 
pagar 50.415,00 10,54 320.004,00 34,50 360.201,00 31,29
Total do 
Passivo 
Circul.
72.021,00 15,06 456.209,00 49,19 565.751,00 49,15
Não Circulante
Financia-
mentos 226.273,00 47,31 161.293,00 17,39 130.776,00 11,36
Total do 
Passivo Não 
Circul.
226.273,00 47,31 161.293,00 17,39 130.776,00 11,36
78
Ano I
Análise
Vertical 
(%)
Ano II
Análise
Vertical 
(%)
Ano III
Análise
Vertical 
(%)
Patrimônio Líquido
Reservas 110.026,00 23,00 222.504,00 23,99 323.303,00 28,09
Total do 
Patrimônio 
Líquido
180.026,00 37,63 310.004,00 33,42 454.553,00 39,49
Total do 
Passivo 478.320,00 100,00 927.506,00 100,00 1.151.080,00 100,00
Fonte: Elaboração própria (2013).
De primeiro plano, a análise vertical do passivo nos permiteobservar que 
as “contas a pagar” de curto prazo consomem 10,54% do total das origens de recursos 
(total geral do passivo). Se olharmos o Balanço Patrimonial completo, vamos concluir 
que o total de dívidas de curto prazo (passivo circulante) é de 15,06% (vide “total do 
passivo circulante”). 
Por outro lado, em relação ao endividamento de longo prazo, é possível 
constatar que esse tipo de obrigação representa 47,31% das origens totais (vide a conta 
“financiamentos”). Esse financiamento, apesar de elevar o saldo da dívida, provavelmen-
te foi contratado para aumentar a capacidade produtiva da empresa ou para renovar 
ativos, o que, em tese, trará a ela melhores fluxos de caixa no futuro. É interessante 
conhecer o motivo desse financiamento, com vistas a prever o nível de expansão dos 
negócios empresariais.
Aqui cabe ainda a seguinte constatação: se considerarmos o valor das dívi-
das totais que é de R$ 298.294,00 (passivo circulante + passivo não circulante), vamos 
concluir que, em porcentagem, ele representa um endividamento total (dívida de curto 
prazo + dívida de longo prazo) na ordem de 62,36%, que nada mais é que a soma da 
porcentagem de dívidas de curto prazo + dívidas de longo prazo, ou seja, 15,06% + 
47,31% = 62,37%.
Essa informação também nos leva a uma observação elementar: se 62,37% 
é capital de terceiros, então 37,63% são os capitais próprios, isto é, o patrimônio líquido 
da empresa (vide “total do patrimônio líquido”).
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: observe que acabamos de relembrar os con-
ceitos de quantidade (62,37%) e qualidade do endividamento (15,06% de curto prazo 
e 47,31% de longo prazo).
79
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: essas informações podem ser obtidas junto 
ao departamento financeiro da empresa para dar maior segurança ao analista de contas.
3.4.2 Combinando a Análise Vertical das Contas de Ativo e de 
Passivo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I)
Em linhas gerais, a análise vertical combinada nos revela que a empresa 
coloca em giro operacional (ativo circulante) 61,97% dos seus ativos, para corresponde-
rem às dívidas de curto prazo (passivo circulante) na ordem de 15,06%.
Com as informações que dispomos, não é possível afirmar que a empresa 
será adimplente, isto é, não temos a certeza de que pagará suas contas dentro dos pra-
zos estabelecidos pelos credores. Vejamos por quê:
A empresa tem no caixa R$ 27.640,00 e contas a pagar no curto prazo de R$ 
72.021,00. Para saldar essas dívidas, ela precisaria receber de seus clientes e de “outros” 
ou ainda vender o estoque e receber por essa venda. Como não temos informações so-
bre os prazos que a empresa tem para pagar as contas (em dias, sabemos apenas que 
são dívidas de curto prazo), tampouco sabemos qual é o prazo previsto para a empresa 
converter seu capital de giro em dinheiro, não é possível averiguar se a empresa vai 
honrar essas dívidas nos prazos contratados.
Se olharmos pelos valores absolutos, os ativos circulantes (R$ 296.394,00) 
são mais que suficientes para pagar as dívidas de longo prazo (R$ 72.021,00). Mas, o 
que vai determinar se a empresa está tranquila ou não, financeiramente falando, são os 
prazos para pagar e para receber.
Em termos de solvência geral, a empresa está tranquila, pois seus ativos 
de R$ 478.320,00 são suficientes para pagar as obrigações de R$ 298.294,00 (passivo 
circulante + passivo não circulante), com folga (partindo do pressuposto que o balanço 
traz as informações corretas sobre o patrimônio da empresa). 
Ainda em relação ao Balanço Patrimonial da Cia. Test (a seguir), vamos re-
memorar como ocorreram os cálculos, agora no que diz respeito à análise horizontal:
Porcentagem para a análise horizontal: como foi calculada a variação percen-
tual da conta “disponível” do ano I para o ano II?
Se:
AH = {[(nº destino/nº partida) – 1] x 100} 
80
Então:
nº destino = ano II (o destino é até onde preciso enxergar a variação).
nº partida = ano I (é de onde saio, o ano que antecede ao ano destino).
AH = [(R$ 44.422/R$ 27.640) – 1] x 100 = 60,72%
O mesmo raciocínio vale para as demais contas.
TABELA 8 - Balanço Patrimonial da Cia. Test
B A L A N Ç O P A T R I M O N I A L - Cia. Test
ATIVO 
Circulante Ano I
Análise
Horiz. 
(%)
Ano II
Análise
Horiz. 
(%)
Ano III
Análise
Horiz. 
(%)
Disponível 27.640,00 100,00 44.422,00 60,72 21.853,00 -20,94
Estoques 124.638,00 100,00 331.053,00 165,61 340.428,00 173,13
Clientes 28.754,00 100,00 94.256,00 227,80 99.439,00 245,83
Outros 115.362,00 100,00 174.828,00 51,55 299.790,00 159,87
Total do 
Ativo Circul. 296.394,00 100,00 644.559,00 117,47 761.510,00 156,92
Não Circulante
Clientes 36.702,00 100,00 29.680,00 -19,13 31.705,00 -13,62
Investimen-
tos 75.113,00 100,00 130.028,00 73,11 224.656,00 199,09
Imobilizado 60.781,00 100,00 62.652,00 3,08 107.540,00 76,93
Intangível 9.330,00 100,00 60.587,00 549,38 25.669,00 175,12
Total do 
Ativo Não 
Circul.
181.926,00 100,00 282.947,00 55,53 389.570,00 114,14
Total do 
Ativo 478.320,00 100,00 927.506,00 93,91 1.151.080,00 140,65
PASSIVO 
Circulante Ano I
Análise
Horiz. 
(%)
Ano II
Análise
Horiz. 
(%)
Ano III
Análise
Horiz. 
(%)
Contas a 
pagar 50.415,00 100,00 320.004,00 534,74 360.201,00 614,47
Impostos a 
pagar 21.606,00 100,00 136.205,00 530,40 205.550,00 851,36
Total do 
Passivo 
Circul.
72.021,00 100,00 456.209,00 533,44 565.751,00 685,54
Não Circulante
Financia-
mentos 226.273,00 100,00 161.293,00 -28,72 130.776,00 -42,20
Total do 
Passivo Não 
Circul.
226.273,00 100,00 161.293,00 -28,72 130.776,00 -42,20
81
Ano I
Análise
Horiz. 
(%)
Ano II
Análise
Horiz. 
(%)
Ano III
Análise
Horiz. 
(%)
Patrimônio Líquido
Capital 
Social 70.000,00 100,00 87.500,00 25,00 131.250,00 87,50
Reservas 110.026,00 100,00 222.504,00 102,23 323.303,00 193,84
Total do 
Patrimônio 
Líquido
180.026,00 100,00 310.004,00 72,20 454.553,00 152,49
Total do 
Passivo 478.320,00 100,00 927.506,00 93,91 1.151.080,00 140,65
Fonte: Elaboração própria (2013).
Calculados os índices, faremos uma análise horizontal do ano I para o ano II.
3.4.3 Análise Horizontal das Contas de Ativo do Balanço 
Patrimonial da Cia. Test (Ano I para o Ano II)
Neste caso, a maioria das contas merece comentário, porque evidenciou 
uma variação relevante de um ano para outro. Faremos menções a estas contas, a saber:
• Estoques: houve um aumento de 165,61% no saldo. O que poderia expli-
car a variação nessa conta seria uma queda nas vendas (o que fez o estoque girar pouco 
e sobrar no final do período) ou, ao contrário, um grande aumento nas vendas que levou 
o empresário a aumentar o nível de estocagem.
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: consulte a DRE pois assim você será capaz de 
concluir se as vendas aumentaram ou não. Você pode ainda pedir um relatório de compras 
mensais da empresa dos dois anos analisados, assim concluirá a respeito dessa dúvida.
Para dirimir tal dúvida, consultando a DRE, foi possível averiguar que as 
vendas aumentaram em 60,15%, o que por certo causou algum efeito no nível de esto-
ques da empresa. No entanto, o aumento do estoque foi desproporcional em relação ao 
aumento das vendas, o que causa estranheza pelo fato do excesso de estoque causar 
custos (de armazenagem, maiores perdas, maiores gastos com alugueis, requer contra-
tar mais seguros, etc.). 
Pode ser que a empresa esteja propositadamente prevendo um aumento no 
valor de tais estoques ou aguardando um melhor momento para desová-lo, estratégia 
essa pouco utilizada na maioria dos casos pelas empresas, que, ao contrário, buscam 
minimizar tais estoques.
82
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: consulte a Demonstração do Resultado do 
Exercício, pois assim você será capaz de concluir se as vendas aumentaram ou não. Você 
pode ainda pedir um relatório das vendas a prazo mensal da empresa dos dois anos 
analisados, assim concluirá a respeito desta dúvida.
• Clientes: a variação desta conta foi de 227,80% (no ativocirculante), o 
que leva a seguinte indagação: será que o nível de inadimplência aumentou drastica-
mente ou foram as vendas a prazo que aumentaram?
Ao consultar a DRE, constatamos que as vendas aumentaram de fato em 
60,15%. Se as vendas aumentaram nesse patamar, é possível que a empresa tenha 
implantado uma política de vendas que pudesse incentivar as vendas a prazo, o que nos 
parece descabido neste caso concreto, já que o saldo da conta (clientes) evoluiu num 
patamar muito superior ao aumento das vendas.
Ainda formulando hipótese, é possível também que, para ampliar as vendas, 
a empresa tenha “afrouxado” as normas cadastrais para as vendas a prazo (sem con-
sultar alguns cheques ou o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), ampliando o limite de 
vendas, etc.) e agora amarga em inadimplência por parte de seus clientes. 
Numa visão mais otimista, pode ser que a empresa tenha obtido mais prazo 
junto aos seus fornecedores, o que daria a ela condições de conceder maiores prazos 
aos seus clientes. 
Na realidade, muitas hipóteses poderiam ser formuladas neste sentido: se 
observarmos o saldo da conta “contas a pagar”, ela aumentou seu saldo no passivo em 
534,74%, fato que poderia nos causar ainda outra indagação: será que a empresa, ao 
obter mais prazo com seus fornecedores (por meio das contas a pagar), está em condi-
ções de conceder mais prazo ao cliente ou será que a empresa está acumulando dívidas, 
explícitas em “contas a pagar” justamente pelo fato de não receber de seus clientes?
Finalizando a polêmica, ao que nos parece, essa última hipótese mostra-se 
mais sensata. Afinal, se consultarmos a DRE, vamos perceber que a empresa tem consu-
mido parte de suas receitas com as despesas financeiras (embora elas estejam em franca 
redução, de 3,64% para 2,35% no ano II). Como os juros bancários são extremamente 
caros, não é possível que a empresa esteja optando por deixar de pagar suas contas, e 
se assim aconteceu, foi por força das circunstâncias desfavoráveis enfrentadas por ela.
A análise vertical e horizontal, por si só, não é capaz de resolver nossas dú-
vidas nesse sentido. Vamos mais à frente aprender outras maneiras de realizar a análise 
por meio de índices.
83
• Clientes: a variação de clientes a longo prazo (ativo não circulante) foi 
negativa em 19,13%. Essa informação leva a conclusão de que a empresa buscou neste 
ato aumentar o fluxo de recebimentos à vista, o que favorece a liquidez da empresa, 
visto que o capital empregado no giro aumenta (ativo circulante). Ela pode ser confirma-
da pelo “total do ativo circulante”, que demonstra um aumento de 117,47% no capital 
destinado ao giro da empresa. Evidentemente, a variação desse capital de giro tem por 
fundamentos a variação de diversas outras contas, e não apenas por causa da redução 
dos clientes de longo prazo.
• Investimentos: a empresa aumentou investimentos na ordem de 73,11%, 
o que faz reduzir a porcentagem de recursos investidos no giro da empresa. Se ela vem 
mantendo o investimento anterior e o aumentando, é provável que tenha boas perspec-
tivas de resultado no futuro.
Essa informação pode ser aprimorada se consultarmos a DRE. Conforme já 
foi dito em oportunidade anterior, o relatório contábil evidencia que a empresa de fato 
investe recursos em outra (ou outras) empresa (s), comprovados pela conta “Resultados 
pelo Método da Equivalência Patrimonial”. Nessa conta, observe que a variação do ano 
I para o ano II foi negativa em 130%, o que significa que a empresa investida gerou 
prejuízo no ano II, cuja consequência foi sofrida pela empresa investidora (Cia. Test). No 
entanto, do ano I para o ano III (embora estejamos analisando apenas a variação do ano 
I para o ano II, vale a pena comentar esta mudança de cenário que ocorreu no ano III), 
ela retomou os resultados positivos, uma vez que o saldo da conta “Resultados pelo Mé-
todo da Equivalência Patrimonial”, nesse intervalo, apresenta variação positiva de 150%.
• Intangível: o saldo desta conta aumentou em 549,38%, o que cria a 
necessidade de compreender quais são estes ativos e a finalidade pela qual a empresa 
realizou tal direcionamento de recursos. Eles podem ser para marcas ou patentes reque-
ridas, contratos de royalties ou outros ativos não corpóreos.
No que diz respeito aos ativos de longo prazo, em linhas gerais, é possível 
constatar que houve um aumento de 55,53% (vide “total do ativo circulante”), fator esse 
que reduz as possibilidades de maior direcionamento de recursos no capital de giro da 
empresa.
3.4.4 Análise Horizontal das Contas de Passivo do Balanço 
Patrimonial da Cia Test (Ano I para o Ano II)
As contas “contas a pagar” e “impostos a pagar”, ambas de curto prazo, 
aumentaram cada uma em 534,74% e 530,40%, respectivamente. Provavelmente, esse 
aumento deve-se a contas que deixaram de ser pagas. 
Há pouco, constatamos um grande aumento da conta de “estoques”, que 
poderia (é uma hipótese apenas) explicar ao menos parcialmente esse aumento no saldo 
de contas a pagar, caso as aquisições destes estoques fossem a prazo. 
84
No entanto, ao que tudo indica, a empresa vem deixando de pagar suas 
contas, visto que a conta “impostos a pagar” também apresentou grande aumento (as 
vendas, conforme se constata por meio da DRE, aumentaram pouco mais que 60%).
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: consulte a Demonstração do Resultado do 
Exercício, pois assim você será capaz de concluir que houve aumento das despesas fi-
nanceiras. Atrasos redundam em maiores despesas financeiras.
• Financiamentos: a empresa vem pagando seus financiamentos de longo 
prazo ou ainda deixando de contratar obrigações de longo prazo, visto que o saldo de 
tais contas foi reduzido em 28,72% no biênio (ano I para o ano II).
Conforme constatamos anteriormente, é provável que, entre deixar de pagar 
os financiamentos ou deixar de pagar outras contas, a empresa tenha optado por honrar 
os compromissos com os financiamentos, uma vez que os juros nesta modalidade, por 
conta de atraso, são bastante elevados.
• Capital Social e Reservas: a empresa aumentou os recursos em patri-
mônio líquido em 72,20%, o que corresponde a um fôlego a mais que a empresa tem 
para suprir suas dívidas.
Observe-se que todas essas constatações requerem amparo de outros rela-
tórios contábeis para melhor concluir sobre o assunto.
Absolutamente todas as hipóteses aqui levantadas dependem de confirma-
ção por meio de outras informações. A análise vertical e a horizontal são análises pre-
liminares (prévias) e não são definitivas. Contudo, elas proporcionam uma conduta de 
raciocínio de forma integrada sobre as contas que compõem os vários relatórios contá-
beis – um exercício intelectual que amplia a possibilidade de atuação do analista.
Em relação à Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Test (a se-
guir), vamos rememorar como ocorreram os cálculos:
• Porcentagem para a análise vertical: como foi calculada a porcenta-
gem de 69,49% para a conta “custo da mercadoria vendida” para o ano I?
Se:
AV = [(Parte / Todo) x 100] = % desejada
85
Então:
AV = [(R$ 640.676,00/R$ 921.995,00) x 100] = 69,49%, o que leva a con-
cluir que o Custo da Mercadoria Vendida representa apenas 69,49% das vendas totais 
da empresa. O mesmo raciocínio vale para as demais contas.
Observe que, no caso da Demonstração do Resultado do Exercício, o “todo” 
é o total das receitas (vendas).
TABELA 9 - Demonstração do Resultado do Exercício – Cia. Test
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - Cia. Test
Receitas 
Operacionais
Ano I
Análise
Vertical 
(%)
Ano II
Análise
Vertical 
(%)
Ano III
Análise
Vertical 
(%)
Vendas 921.995,00 100,00 1.476.551,00 100,00 2.140.999,00 100,00
(-) Custo da 
Mercadoria 
Vendida
640.676,00 69,49 774.031,00 52,42 1.125.780,00 52,58
Lucro Bruto 281.319,00 30,51 702.520,00 47,58 1.015.219,00 47,42
(-) Despesas 
Operacionais
Comerciais 158.144,00 17,15 487.482,00 33,01 602.786,00 28,15
Administrativas 42.781,00 4,64 74.255,00 5,03 182.907,00 8,54Gerais 18.289,00 1,98 4.139,00 0,28 5.430,00 0,25
Outras Desp. e 
Receitas Op. 2.000,00 0,22 3.000,00 0,20 7.000,00 0,33
Res. da Ativ. da 
Empresa 60.105,00 6,52 133.644,00 9,05 217.096,00 10,14
(+/-) Resul-
tados pelo M. 
Eq.Patrimonial
10.000,00 1,08 -3.000,00 -0,20 25.000,00 1,17
Res. Antes das 
Desp. e Rec. 
Financ.
50.105,00 5,43 130.644,00 8,85 192.096,00 8,97
(+/-) Despesas 
e receitas finan-
ceiras
33.545,00 3,64 34.719,00 2,35 20.203,00 0,94
Res. Antes Dos 
Tribut. s/ o 
Lucro
16.560,00 1,80 95.925,00 6,50 171.893,00 8,03
(-) Provisão p/ 
I. Renda e Con-
trib. Social
4.471,20 0,48 25.899,75 1,75 46.411,11 2,17
Lucro Líq. do 
Exercício 12.088,80 1,31 70.025,25 4,74 125.481,89 5,86
Lucro líq. por 
Ação 12,09 70,03 125,48 
Totais em % 100,00 100,00 100,00
Fonte: Elaboração própria (2013).
86
3.4.5 Análise Vertical das Contas da Demonstração do Resultado 
do Exercício da Cia. Test (Ano I para o Ano II)
Para fins de análise vertical, elencamos quatro contas como as mais repre-
sentativas para realizar nosso trabalho, sendo elas:
• Custo da Mercadoria Vendida: esse custo vem consumindo 69,49% das 
receitas, o que permite ponderar que o lucro bruto com as vendas (vendas – custo da 
mercadoria vendida) nesse momento foi de 30,51%.
• Comerciais: dentre as despesas operacionais, as que mais se destacam 
são as despesas comerciais, porque consomem 17,15% do faturamento da empresa.
• Administrativas: essa espécie de despesa operacional está consumindo 
4,64% das receitas.
Cumpre destacar que o resultado alcançado somente com as atividades pró-
prias da empresa, isto é, os ganhos decorrentes apenas com as vendas, representam 
6,52% do faturamento (vide a conta “res. da atividade da empresa”). Esse resultado é 
calculado pela diferença entre as vendas e os custos com a mercadoria vendida, descon-
tando ainda as despesas operacionais.
• Despesas e Receitas Financeiras: as despesas financeiras foram su-
periores às receitas financeiras, pois, se observarmos os “resultados antes dos tributos 
sobre o lucro”, veremos que o saldo de R$ 16.560,00 decorre do “resultado antes das 
despesas e receitas financeiras” de R$ 50.105,00 menos “(+/-) despesas e receitas fi-
nanceiras” de R$ 33.545,00.
As despesas financeiras consumiram 3,64% das receitas, o que indica certa 
dificuldade de caixa para pagar os compromissos em dia.
• Lucro Líquido do Exercício: o lucro que remanesce ao final representa 
1,31% do faturamento.
• Porcentagem para a Análise Horizontal: como foi calculada a variação 
percentual da conta “vendas” do ano I para o ano II?
Se:
AH = {[(nº destino/nº partida) – 1] x 100} 
Então:
nº destino = ano II (o destino é até onde preciso enxergar a variação).
nº partida = ano I (é de onde saio, o ano que antecede ao ano destino).
AH = [(R$ 1.476.551,00/R$ 921.995,00) – 1] x 100 = 60,15%
O mesmo raciocínio vale para as demais contas.
87
TABELA 10 - Demonstração do Resultado do Exercício – Cia. Test
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - Cia. Test
Receitas 
Operacionais
Ano I
Análise
Horiz. 
(%)
Ano II
Análise
Horiz. 
(%)
Ano III
Análise
Horiz. 
(%)
Vendas 921.995,00 100,00 1.476.551,00 60,15 2.140.999,00 132,21
(-) Custo da M. 
Vendida 640.676,00 100,00 774.031,00 20,81 1.125.780,00 75,72
Lucro Bruto 281.319,00 100,00 702.520,00 149,72 1.015.219,00 260,88
(-) Despesas 
Operacionais
Comerciais 158.144,00 100,00 487.482,00 208,25 602.786,00 281,16
Administrativas 42.781,00 100,00 74.255,00 73,57 182.907,00 327,54
Gerais 18.289,00 100,00 4.139,00 -77,37 5.430,00 -70,31
Outras Desp. e 
Receitas Op. 2.000,00 100,00 3.000,00 50,00 7.000,00 250,00
Res. da Ativ. da 
Empresa 60.105,00 100,00 133.644,00 122,35 217.096,00 261,19
(+/-) Resul-
tados pelo M. 
Eq.Patrimonial
10.000,00 100,00 -3.000,00 -130,00 25.000,00 150,00
Res. Antes das 
Desp. e Rec. 
Financ.
50.105,00 100,00 130.644,00 160,74 192.096,00 283,39
(+/-) Despesas 
e receitas finan-
ceiras
33.545,00 100,00 34.719,00 3,50 20.203,00 -39,77
Res. Antes dos 
Tribut. s/ o 
Lucro
16.560,00 100,00 95.925,00 479,26 171.893,00 938,00
(-) Provisão p/ 
I. Renda e Con-
trib. Social
4.471,20 100,00 25.899,75 479,26 46.411,11 938,00
Lucro Líq. do 
Exercício 12.088,80 100,00 70.025,25 479,26 125.481,89 938,00
Lucro líq. por 
Ação 12,09 100,00 70,03 479,26 125,48 938,00
Fonte: Elaboração própria (2013).
3.4.6 Análise Horizontal das Contas da Demonstração do 
Resultado do Exercício da Cia. Test (Ano I para o Ano II)
Faremos aqui um estudo separado das contas para fins de análise horizontal, 
promovendo ainda o cruzamento de dados com outras contas, quando for oportuno para 
melhor compreender o assunto. Vamos lá!
• Vendas: as vendas aumentaram em 60,15%.
88
• CMV: o Custo da Mercadoria Vendida aumentou apenas em 20,81%, situ-
ação que favorece muito a empresa em termos de formação de resultados. Vejamos: se 
o custo com as vendas aumentaram em proporção inferior ao aumento das vendas, a 
margem de contribuição das mercadorias vendidas tornam-se maiores, fato que redunda 
em maior lucratividade.
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: margem de contribuição é aquilo que sobra 
de cada venda realizada. Por exemplo: se uma empresa vende uma mercadoria por R$ 
300,00 a unidade, sendo que tenha pagado ao fornecedor R$ 100,00 e que tenha gasto 
mais R$ 30,00 em impostos por conta das vendas (imposto de 10% sobre o valor da 
venda) e ainda tenha pagado comissão ao vendedor de R$ 15,00 (comissão de 5% sobre 
o valor da venda), então a contribuição (sobra) que a mercadoria gerou para a empresa 
foi de R$ 155,00 (R$ 300,00 – R$ 100,00 – R$ 30,00 – R$ 15,00). 
Essa sobra unitária, quando multiplicada pelas quantidades vendidas no mês, geram os 
recursos para pagar as demais contas da empresa, e, dependendo do volume de vendas, 
poderá gerar lucros ao empresário.
• Despesas Comerciais: essa conta aumentou em 208,25%, fruto da ne-
cessidade de maiores gastos com o departamento comercial para aumentar as vendas.
• Gerais: essa conta foi reduzida em 73,37%. Seria interessante ao analista 
compreender o que compõe essa conta, pois este título genérico não dá condições de 
identificar as circunstâncias de tais contas. De toda forma, evidentemente, esta redução 
proporcionará maior lucratividade para a empresa.
• Outras Despesas e Receitas Operacionais: essa conta sofreu um au-
mento de 50%. Esse aumento ocorreu nas despesas (observe que na DRE esse valor 
encontra-se na forma de dedução), fator de reduziu a lucratividade da empresa. Por ser 
valor de pouca expressão (R$ 3.000,00), não convém ao analista se ater a esta variação.
• Resultado da Atividade da Empresa: o resultado com as atividades 
comerciais da empresa (isto é, somente com as vendas) foram superiores ao período an-
terior em 122,35%. Esse resultado favorável é explicado por conta de eventos simultâ-
neos – aumento das vendas, aumento dos custos da mercadoria vendida em proporção 
menor que a do aumento das vendas e redução das despesas gerais.
• Resultado pelo Método da Equivalência Patrimonial: conforme já 
comentamos em ocasião anterior, a variação do ano I para o ano II foi negativa em 
130%, o que significa que a empresa investida gerou prejuízo no ano II, cuja conse-
quência foi sofrida pela empresa investidora (Cia. Test). No entanto, do ano I para o 
89
Dica
Este comentário não faz parte do relatório: estudaremos mais adiante o grau de alavan-
cagem operacional. Em poucas palavras, podemos dizer que ele representa um efeito 
que a variação nas vendas provoca na geração dos lucros. Quão maior for esse índi-
ce, maior será o efeito das vendas para formar a lucratividade da empresa. O contrário 
também pode acontecer: se a alavancagem for negativa, quanto maior for o volume de 
vendas, menores serão os lucros.
ano III (embora estejamos analisando apenas a variação do ano I para o ano II, vale 
a pena comentar esta mudança de cenário que ocorreu no ano III), ela retomou os 
resultados positivos, uma vez que o saldo da conta “Resultadospelo Método da Equi-
valência Patrimonial”, nesse intervalo, apresenta variação positiva de 150%.
• Despesas Financeiras: o saldo desta conta aumentou em 3,5%, o que 
vem mostrando que a empresa enfrenta algum grau de dificuldade financeira. De fato, 
ao analisarmos o Passivo, constatamos o aumento do saldo em “contas a pagar” e 
“impostos a pagar”.
• Lucro Líquido: o lucro líquido foi aumentado em 479,26%, embora as 
vendas tenham aumentado em apenas 60,15%. Esse efeito desproporcional, isto é, o 
efeito que o aumento de vendas gerou nos lucros revela que a empresa tem um alto 
grau de alavancagem operacional, em que um pequeno esforço em vendas gera lucros 
de maneira desproporcional ao aumento das próprias vendas, desproporção logica-
mente favorável para a empresa.
Resumo
Neste capítulo, tivemos a oportunidade de praticar o cálculo de porcentagens 
sobre as contas do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício.
Indo mais além, fizemos análises detalhadas de cada um desses relatórios, 
nos quais exercitamos nossa capacidade de formular hipóteses e buscar os caminhos 
para a confirmação ou não de tais pressupostos.
Verificamos que tanto a análise vertical como a horizontal abrem as portas 
para a compreensão dos problemas enfrentados pela empresa, bem como torna eviden-
te os pontos fortes que envolvem o negócio.
90
Atividades
Utilize o Ativo extraído do Balanço Patrimonial da empresa Buettner. Leve em conta o ano 
de 2010 para formular as suas respostas.
1. A conta “caixa e equivalentes de caixa” corresponde a qual porcentagem do capital 
de giro?
2. Comparando as “contas a receber” e a conta “estoques”, qual delas é dotada de maior 
liquidez? Explique a respeito.
3. Qual é o valor da soma das contas dotadas de baixa liquidez? Elas ficam sediadas em 
qual grupo do ativo?
4. Estabeleça uma relação percentual destacando a porcentagem que o capital de giro 
representa do ativo total.
5. Agora, estabeleça a porcentagem de contas que são dotadas de baixa liquidez em 
função do ativo total.
91
a análise Por meio de ÍndiCes eConômiCo-FinanCeiros
Capítulo 4
92
O ato de avaliar as demonstrações contábeis por meio de índices é um pode-
roso instrumento de análise. Quando combinada com outros documentos e informações 
complementares, torna possível identificar na empresa os riscos e as oportunidades, 
bem como os pontos fortes e fracos.
Ao conhecer essa realidade, o administrador tem a chance de pôr em prática 
planos e ações no sentido de diagnosticar falhas ou ainda melhorar as condições gerais 
dos negócios.
Já comentamos em oportunidade anterior que a análise precisa abordar ao 
menos três pontos importantes para a gestão dos negócios: informações que dizem res-
peito aos aspectos de liquidez, rentabilidade e endividamento da empresa.
É nessa linha que vamos aqui trabalhar: abordar os aspectos teórico-práticos 
e aplicar nossos conhecimentos para dar continuidade à análise da Cia. Test. Teremos 
ainda a oportunidade de verificar todos os pontos de dúvidas que suscitamos por conta 
da realização da análise vertical e horizontal, esclarecendo e apontando soluções aos 
problemas identificados.
Uma vez identificados todos os índices de um determinado período (reco-
menda-se, ao menos, três anos), é possível estabelecer tendências para o período se-
guinte através de classificações, como as que seguem:
Obs.: trata-se de mero exemplo, pois cada situação vai apresentar determi-
nada tendência.
Introdução
Situação Tendência 
Boa Tende a melhorar, pois a liquidez vem aumentando a cada ano.
Ruim Tende a piorar, pois o endividamento de curto prazo vem aumentando.
Indiferente Sem melhora ou piora, pois a variação foi irrelevante.
Impossível prever A oscilação do índice foi 1; 1,3 e 0,7, sendo impossível prever o próxi-mo ano.
Vamos começar nossos trabalhos!
93
4.1 Índices de Atividades
Uma questão de suma importância para analisar liquidez, endividamento e 
até a rentabilidade dos negócios repousa nos prazos praticados pela empresa.
Logo no início de nossos trabalhos, comentamos acerca do conceito de ciclo 
operacional, ocasião na qual explicamos que este corresponde ao período (em dias) que 
a empresa leva para preparar seus estoques para venda (comprar, ou se indústria, para 
produzir), girar esse estoque (isto é, vender) e receber por essas vendas. A soma desses 
dias corresponde ao ciclo operacional da empresa.
Para exemplificar, suponha que certa indústria necessite de 20 dias para 
produzir determinado bem e que demora em torno de 10 dias para vendê-lo a um co-
merciante (que vai revender tal produto). Se a indústria conceder mais 30 dias para o 
comerciante pagá-la, então é de se concluir que o ciclo operacional dela é de 60 dias 
(basta somar todos esses dias).
Aqui também importa comentar acerca do ciclo financeiro: nesse caso, trata-se 
da influência dos prazos sobre os fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais.
Tomemos como exemplo a indústria já citada: se ela paga ao fornecedor 
as matérias-primas por ela utilizadas na produção, digamos, num prazo de 40 dias que 
consome ao fornecedor, então podemos concluir que o ciclo financeiro da indústria é de 
20 dias, visto que o ciclo financeiro é o próprio ciclo operacional, deduzido do prazo para 
pagamento aos fornecedores, ou seja, 60 dias (ciclo operacional) menos 40 dias (prazo 
concedido pelo fornecedor da indústria), resulta em 20 dias. 
Em termos de análise, poderíamos afirmar que, se o ciclo financeiro é de 20 
dias, significa dizer que esses 20 dias são financiados pela própria empresa, isto é, a em-
presa suporta 20 dias do seu ciclo operacional, ao passo que os fornecedores suportam 
os outros 40 dias (completando o ciclo operacional de 60 dias). 
Observe que os 40 dias suportados pelos fornecedores não são os únicos 
que a empresa precisaria para “bancar” seu ciclo operacional, pois sendo a empresa 
dotada de uma dinâmica permanente de compra e venda, novos gastos são formados o 
tempo todo, o que vai requerer novas fontes de financiamento.
Portanto, pudemos perceber que, quando a empresa vende a prazo, ela fi-
nancia as atividades de seus clientes e, ao mesmo tempo, ao realizar compras a prazo, 
tem parte de suas atividades financiadas pelos fornecedores.
Ainda, para reforçar, voltemos ao ciclo financeiro: se ele é de 20 dias, sig-
nifica dizer que esse período é o tempo que a empresa necessitará de recursos para 
financiar as atividades de giro operacional, o que leva a conclusão de que, quanto maior 
94
o ciclo financeiro em dias, maior será a probabilidade de a empresa necessitar de capital 
de giro.
A situação ideal para a empresa ocorre quando seu ciclo financeiro é nega-
tivo, pois, nesse sentido, a empresa teria mais tempo em dias para pagar suas contas.
Vamos colocar outro exemplo: suponha que a empresa Joia D’Ouro Ltda. 
demore, em média, 100 dias para girar seu estoque e mais 30 para receber tais vendas, 
o que redunda num ciclo operacional de 130 dias, correto?
Suponha ainda que o fornecedor dessa empresa conceda a ela um prazo de 
pagamento de 150 dias após cada compra realizada. Qual é o seu ciclo financeiro?
Ciclo financeiro = ciclo operacional – prazo de pagamento ao fornecedor.
Portanto, ciclo financeiro = 130 – 150 = -20 dias.
Nessa situação, a empresa D’Ouro tem todo seu ciclo operacional suportado 
por terceiros, o que, numa situação de normalidade (contando com uma boa gestão 
financeira), a empresa não teria necessidade de capital de giro, uma vez que todo o giro 
operacional dela seria suportado por terceiros (fornecedores).
4.1.1 Estudo dos Prazos Médios das Empresas
Um comentário que se faz necessário é no que diz respeito ao cálculo de 
médias, uma vez que utilizaremos em larga escala tal recurso. A média, como você sabe, 
é a soma de uma determinada quantidade de elementos, dividido pelo número de ele-
mentos que compõem essa soma.
Por exemplo: Qual é a média da série 1; 1,5; 1,8; 2; 2,2
Média = soma dos elementos / quantidadedos elementos da série
Média = 8,5 / 5 = 1,7
Até aqui, a média é um cálculo relativamente confiável, já que na série os 
números são, de certa maneira, similares e não apresentam uma drástica variação.
Agora, façamos o mesmo procedimento para a série:
1; 1,5; 1,8; 2; 300
O número 300 é chamado de outlier, ou seja, um número que muito difere 
da série. Nesse caso, a média é um número, digamos, imprestável, uma vez que ela 
sofre grande desvio por conta do elemento extravagante (outlier).
Média = 306,30 / 5 = 61,26
95
Observe a grande distorção: certamente, 61,26 não é uma média confiável, 
pois, entre todos os elementos (exceto o elemento outlier), a variação ocorre entre 1 e 2!
Esse comentário serve para nos ensinar a seguinte lição: se estamos calcu-
lando, por exemplo, as duplicatas a receber médias de um ano e se, nesta série, existe 
um mês em que as vendas foram atípicas (vendeu-se muito mais ou muito menos que 
nos demais meses), nossa média pode estar distorcida.
Assim, se houver variações significativas entre os saldos das contas que vão 
compor a média, a conduta mais prudente é a de pedir à empresa um relatório que dis-
crimine, mês a mês, o valor das vendas a prazo, e, havendo nesse relatório um elemento 
do tipo outlier, ele deve ser excluído para o cálculo da média. Esse conceito é válido para 
toda e qualquer situação que envolva o cálculo de médias.
Agora sim, finalmente, passamos a focar nossos estudos na questão dos 
prazos. Toda empresa comercial, ou mesmo uma indústria, demanda certo tempo em 
dias para girar seus estoques, seja para a revenda deles (comércio) ou para destinação à 
produção (consumo de matéria-prima) – trata-se do Prazo Médio de Rotação do Estoque 
(PMRE).
• Obs. 1: Estoque médio = (estoque final do ano anterior + estoque final 
do ano atual) / 2
• Obs. 2: Caso seja uma empresa comercial, terá o custo da mercadoria 
vendida, ao invés do custo do produto vendido. 
• Obs. 3: 360 é a quantidade de dias do ano comercial. 
Qual é o PMRE da Cia. Test para o ano I? Considere para fazer este cálculo 
que o saldo do estoque final do ano que antecede o ano I foi de R$100.000,00.
Portanto, a Cia. Test demora cerca de 63 dias para girar todo seu estoque, 
em média.
Uma constatação importante é no sentido do cálculo das médias. Caso es-
tejamos comentando de uma empresa com atividades diferenciadas ou sazonais, em 
que ocorre grande irregularidade no nível de estocagem, o cálculo da média pode ser 
perigoso e distorcido. 
96
Por exemplo: o estoque do ano 0 foi de R$ 50.000 e do ano 1 foi de 
400.000,00. O valor médio aqui seria de R$ 225.000,00, sendo que esse valor não cor-
responde à realidade da empresa, visto que ela tenha em média, suponhamos, durante a 
maioria dos meses do ano, um estoque oscilando entre R$ 300.000,00 e R$ 500.000,00.
Para esse caso, a solução é pedir um relatório mensal do estoque ao final 
de cada mês, pois assim o analista terá uma visão mais confiável do real estoque médio 
dessa empresa. Essa situação vale para qualquer cálculo que envolva médias.
A maioria das empresas trabalha com operações de venda a prazo, o que 
gera créditos por conta das duplicatas a receber. Cada empresa, em função da quanti-
dade de vendas a prazo e do prazo concedido, vai demandar determinado tempo para 
converter suas duplicatas a receber em dinheiro: trata-se do Prazo Médio de Recebimen-
to das Vendas (PMRV).
• Obs. 1: Duplicatas a receber médias = (duplicatas a receber do ano ante-
rior + duplicatas a receber do ano atual) / 2
• Obs. 2: Caso existam abatimentos ou devoluções de vendas, descontar 
tais valores das vendas brutas.
Qual é o PMRV da Cia. Test para o ano I? Considere para fazer este cálculo 
que o saldo das duplicatas a receber (clientes) do ano que antecede o ano I foi de R$ 
30.000,00.
Portanto, a Cia. Test demora cerca de 11 dias para receber suas vendas a 
prazo, em média.
De forma bastante similar ao que acontece com as vendas, as empresas 
buscam firmar parcerias com fornecedores de bens e serviços que lhes concedam prazo 
para pagar tais aquisições, com vistas a buscar alguma folga de caixa para girar seus 
negócios. Nesse sentido, estamos falando do Prazo Médio de Pagamento das Compras 
(PMPC).
• Obs. 1: Fornecedores médios = (contas a pagar do ano anterior + contas 
a pagar do ano atual) / 2.
97
No lugar de contas a pagar, poderíamos utilizar até mesmo a conta de forne-
cedores. Tudo depende de qual conta foi utilizada no Balanço Patrimonial para efetuar os 
registros das transações a prazo, que envolvem a compra de suprimentos.
• Obs. 2: Compras = custo da mercadoria vendida + estoque final do ano – 
estoque final do ano anterior (para empresa comercial).
• Obs. 3: Para calcular as compras de uma empresa industrial, recomenda-
mos solicitar à empresa um relatório de compras mensais, pois, na prática, é bastante 
arriscado tentar compor esse valor, uma vez que ele guarda certa subjetividade para 
fazê-lo. Caso quiséssemos fazê-lo, precisaríamos estudar um pouco sobre contabilidade 
de custos, o que no momento foge de nossos objetivos. 
Qual é o PMPC da Cia. Test para o ano I? Considere para fazer este cálculo 
que o saldo dos fornecedores a pagar (no Balanço consta a conta “contas a pagar”) do 
ano que antecede o ano I foi de R$ 45.000,00.
Portanto, a Cia. Test demora em torno de 26 dias para pagar suas compras 
a prazo, em média.
De nada adiantaria procedermos a esses cálculos sem que eles fossem utili-
zados de forma a contribuir para a tomada de decisões. Quando conjugamos esses três 
cálculos de prazos, temos condições de avaliar se a empresa está administrando ade-
quadamente tais prazos, com vistas a favorecer seu fluxo de caixa, e, ao mesmo tempo, 
saberemos se a empresa analisada é financiada pelo capital de terceiros. Essa análise 
decorre do Posicionamento de Atividade (PA):
Se o PA for maior que 1, então esse índice revela uma posição desfavorável 
para a empresa, pois significa que tem a obrigação de pagar antes mesmo de receber 
as vendas por ela realizadas.
Do contrário, se o PA for menor que 1, está revelada uma situação confortá-
vel, pois a empresa teria tempo para girar o estoque, receber as vendas a prazo e, logo 
após, pagar as suas contas.
Qual é o PA da Cia. Test para o ano I?
98
Esse PA indica que a empresa leva 74 dias (63 + 11) para girar o estoque 
e receber as vendas a prazo, ao passo que o fornecedor tem concedido a ela apenas 
25 dias para pagar suas compras a prazo, situação essa que compromete duramente a 
capacidade de adimplência por parte da empresa.
4.2 Índices de Liquidez
Já vimos que liquidez, em curtas palavras, é a capacidade que determinados 
ativos possuem de se converterem em dinheiro, visando pagar dívidas. 
Faremos aqui um estudo com o objetivo de explorar vários índices de liqui-
dez, explicando a abrangência e as limitações de cada um deles, para que o analista 
possa formar melhor suas convicções sobre a empresa analisada.
Em linhas gerais, é possível afirmar que os índices de liquidez, quão maiores 
forem, melhor será para a empresa, pois atestam maiores capacidades de pagamento 
nesta condição.
Dica
Ter boa liquidez não significa, necessariamente, ter boa saúde financeira. É preciso analisar 
outros indicadores, tais como os prazos médios praticados pela empresa. Se o PA dela for 
maior que um, a empresa está enfrentando dificuldades para pagar suas contas em dia ou 
passará a ter tais dificuldades em certo momento, caso não reverta essa situação.
4.2.1 Liquidez Geral (LG)
• Obs. 1: As contas de “ativo realizável a longo prazo” não envolvem a soma 
das contas pertencentes aos ativos investimentos, imobilizado e intangível. 
Qual é a liquidez geral da Cia. Test para o ano I?
Este indicador revela que, em termos de solvência, a empresa está numa 
situação confortável, pois, caso decidisse (ou precisasse) encerrar suas atividades, ela 
teria os recursos necessários para pagar todos os compromissos e, ainda assim, com 
uma folga de 31%. É como separa cada R$ 1,00 em dívidas, ela tivesse em ativos o va-
lor equivalente a R$ 1,31, ou seja, 31% a mais do que precisaria para pagar suas contas.
99
4.2.2 Liquidez Corrente (LC)
A liquidez corrente diz respeito aos ativos que possuem capacidade de realiza-
ção financeira a curto prazo, sendo estes ativos confrontados com as contas que vencem 
(passivos) também a curto prazo.
Qual é a liquidez corrente da Cia. Test para o ano I?
O cálculo da liquidez corrente indica uma situação confortável, sendo que, se 
analisássemos somente esse índice, poderíamos concluir que a empresa teria o valor em 
ativos de R$ 4,12 para cada R$ 1,00 em dívidas. Isso nos faria concluir que a empresa 
teria 312% a mais de recursos do que ela precisaria para pagar as dívidas de curto prazo.
Quando estudamos índices, aprendemos a calcular e a interpretá-los. Como 
concluímos aqui sobre o valor de 312%? Relembre:
• Se 4,12 é um índice e se multiplicarmos por 100, teremos a porcentagem 
de 412%.
• Se queremos a variação líquida, devemos excluir dos índices o número 1. 
Vejamos:
4,12 – 1 = 3,12
3,12 X 100 = 312%
Esse é o total de recursos que temos a mais que nossas dívidas. Vamos tes-
tar esses números!
Para isso, temos que utilizar os números exatos, sem arredondamentos. Assim:
LC = 4,115383
4,115383 – 1 = 3,115383
3,115383 X 100 = 311,5383%
Dívidas (passivo circulante) = R$ 72.021,00
311,5383% de R$ 72.021,00 = R$ 224.373,00
Total de ativo circulante = R$ 296.394,00
Soma de R$ 72.021,00 + R$ 224.373,00
Os cálculos mostram que temos cerca de 312% de ativos circulantes a mais 
do que as dívidas circulantes. Mas sabemos que essa informação não melhora a capaci-
100
dade de pagar contas no curto prazo, pois verificamos que o PA da empresa é de 2,96, 
o que mostra uma visível dificuldade de pagá-las no prazo correto. 
Lembre-se do que já comentamos anteriormente ao tratar sobre o assunto 
Posicionamento de Atividade: se o índice resultante do cálculo do PA for maior que 1, 
então esse índice revela uma posição desfavorável para a empresa.
Aliás, quando fizemos os estudos de análise vertical e horizontal, consegui-
mos identificar essa possível dificuldade, sendo que ela foi confirmada com o cálculo 
do PA. Portanto, de nada adianta ter alta liquidez se o PA está desfavorecendo o bom 
andamento do caixa operacional da empresa.
4.2.3 Liquidez Seca (LS)
Conhecido também como teste ácido, a LS elenca algumas contas do ativo 
circulante com alto poder de liquidez para confrontar tais contas com as exigibilidades 
de curto prazo. Você vai observar que a LS ignora por completo a existência de estoques 
no ativo circulante. Tal medida, embora considerada drástica por muitos analistas (exa-
geradamente pessimista), tem por objetivo obter um índice que não possa ser afetado 
por estoques de baixo valor (afetados por avarias, avaliações incorretas ou que guardam 
qualquer possibilidade de engano quanto ao seu poder de liquidez).
• Obs. 1: As aplicações financeiras inclusas nas contas de disponíveis são 
somente aquelas que se convertem em dinheiro no prazo de 90 dias.
• Obs. 2: As duplicatas a receber devem ser líquidas, isto é, devem ser 
deduzidas de tais duplicatas os valores das provisões para os devedores duvidosos e 
também das duplicatas descontadas.
Qual é o valor da LS da Cia. Test para o ano I?
Sendo a LS = 2,3848, significa dizer que a empresa dispõe de 1,3848 (ou 
138,48%) de recursos a mais do que ela necessitaria para pagar suas dívidas de curto 
prazo, sem contar com os estoques, evidentemente. 
Revise a parte teórica: 2,3848 é o mesmo que 238,48%. Para saber a varia-
ção líquida entre R$ 72.021,00 e R$ 171.756,00, faça:
[(R$ 171.756,00 / R$ 72.021,00) – 1] x 100 = 138,48%
101
Se esses estoques forem, de forma inequívoca, de boa aceitação e valor, o 
índice de LS é de fato bastante conservador e, talvez, possa ter o valor de análise reduzido.
4.3 Índice de Cobertura de Juros (ICJ)
O Índice de Cobertura de Juros (ICJ) busca evidências sobre a capacidade 
que a empresa tem de gerar resultados que proporcionem condições de pagar as despe-
sas financeiras. Para tal, o empresário precisará conhecer, de forma isolada, os lucros da 
empresa antes dos juros e dos impostos (imposto de renda e contribuição social sobre 
o lucro), conhecidos como LAJIR e, evidentemente, reconhecer o valor das despesas 
financeiras.
Qual é o valor do ICJ da Cia. Test para o ano I?
Este índice de 1,49 representa que o LAJIR pode cobrir as despesas finan-
ceiras em 1,49 vezes ou ainda que o LAJIR pode cobrir um valor que supera em 49% o 
valor das despesas financeiras.
Resta ainda, acerca da liquidez, comentar a respeito do Saldo de Tesouraria 
Sobre as Vendas (STSV). Esse indicador relaciona a situação financeira da empresa ao 
contexto de suas vendas num determinado período. 
Para obter esse indicador, é necessário calcular o Saldo de Tesouraria – ST. 
Esse saldo é formado pela diferença entre o Ativo Circulante Financeiro – ACF (caixa, 
bancos e aplicações financeiras de resgate imediato) e o Passivo Circulante Financeiro – 
PCF (duplicatas descontadas e empréstimos de curto prazo), de forma que:
ST = ACF – PCF
Após essa informação, é possível calcular o STSV da seguinte maneira:
• Obs. 1: Descontar para apurar as vendas brutas, os abatimentos e devo-
luções de vendas, se houver.
Qual é o valor do STSV da Cia. Test para o ano I?
102
Vamos primeiramente calcular o saldo em tesouraria:
ST = ACF – PCF 
ST = R$ 27.640,00 – R$ 0,00
ST = R$ 27.640,00
Uma vez obtido o ST, vamos calcular o STSV:
O índice de 0,029978 equivale a 2,9978%, o que representa que para cada 
R$ 1,00 em vendas, a empresa possui um saldo de aproximadamente R$ 0,03.
Quando o saldo em tesouraria sobre as vendas é positivo, equivale a dizer 
que a empresa não tem por hábito contrair dívidas de curto prazo ou contratar emprés-
timos para saldar dívidas que vencem a curto prazo. De fato, se analisarmos o Balanço 
Patrimonial da Cia. Test, é possível constatar que ela não possui endividamento bancário 
de curto prazo. 
Por outro lado, se a empresa apresenta um STSV negativo, equivale a dizer 
que ela possui dívidas financeiras. Para que você possa melhor dimensionar esta situa-
ção, imagine que o STSV dessa empresa, que é em torno de 3%, fosse ao contrário, de 
-3%. Vejamos como ficaria nossa análise: 
Se assim fosse, significaria que a empresa teria dívidas financeiras que cor-
responderiam a 10,8 dias de vendas (quase 11 dias), informação essa que, isoladamen-
te, não representaria maiores danos para a empresa.
O cálculo desenvolvido para chegar aos 10,8 dias de vendas foi da seguinte 
maneira: 360 (dias do ano comercial) x 3% = 10,8 dias.
Reforçando a ideia, se o STSV é negativo, significa que a empresa possui 
endividamento bancário de curto prazo que superam os saldos das disponibilidades e das 
aplicações financeiras da empresa.
4.4 Índices de Endividamento (Estrutura de Capitais)
Analisar a estrutura de capitais pressupõe conhecer de forma analítica a 
formação da estrutura de capitais próprios e de terceiros que fomentam as atividades 
empresariais. Conforme comentamos no início deste capítulo, toda empresa tem ao me-
nos parte de seu ciclo operacional financiado por terceiros, e, evidentemente, a outra 
parte é financiada pela própria empresa. A forma de utilizar tais estruturas de capitais 
impacta diretamente nos níveis de eficiência dos recursos utilizados, o que redunda em 
forte influência sobre a rentabilidade, endividamento e estrutura de liquidez da empresa. 
103
No ponto de vista do investidor, quão maior for a capacidade da empresa em 
utilizar em sua estrutura o capital de terceiros, desde que estes recursos não decorram 
de passivos onerosos (excessivamente caros, com juros), maior será a probabilidade de 
ganhos para o empresário. 
Para iniciar nossos estudos, é interessante partir da avaliação do nível de 
dependência que uma empresa possui em relação ao capital de terceiros, ou seja, dentre 
as fontes derecursos colocados à disposição da empresa (passivo exigível + patrimônio 
líquido), qual é a porcentagem destas fontes que já estão comprometidas com terceiros. 
Nesse sentido, estamos falando da Participação do Capital de Terceiros – PCT.
Capital de terceiros = passivo circulante + passivo não circulante, isto é, 
dívidas de curto prazo + dívidas de longo prazo.
Vamos analisar a PCT da Cia. Test para o ano I?
Sendo a PCT = 165,70%, significa dizer que a empresa utiliza recursos de 
terceiros que ultrapassam os recursos próprios em 65,70%. É como se, para cada R$ 
1,00 que a empresa utilize de recursos próprios, ela precisasse ainda de mais R$ 1,66 de 
capital de terceiros como fonte de financiamento para suas atividades.
Em outra interpretação, poderíamos ainda afirmar que o capital de terceiros 
fomenta as atividades da empresa num patamar que supera os capitais próprios (isto 
é, em valor que ultrapassa o valor dos capitais próprios) em aproximadamente 66% 
(65,70%). 
Agora tratando de outro indicador, existe ainda a possibilidade de analisar 
qual é a fatia dos recursos próprios (patrimônio líquido) que é aplicada em recursos que 
não estão no giro da empresa, que compõe o ativo não circulante (exceto o ativo reali-
zável a longo prazo). 
Trata-se, portanto, da avaliação do quanto a empresa está direcionando de 
recursos próprios para as contas de investimentos + imobilizado + intangível. Aqui esta-
mos falando do conceito de Grau de Imobilização do Patrimônio Líquido (GIPL).
Em tese, quão menor for o direcionamento de recursos para as contas de 
investimentos, imobilizado e intangível (desde que não comprometa os resultados da 
empresa), melhor será para a empresa, pois, ao direcionar tais recursos, ela fica mais 
carente de capital de giro, e, se a empresa precisar de tal capital, terá que arcar com 
pesada carga de juros. 
104
Vamos analisar o GIPL da Cia. Test para o ano I?
Sendo o GIPL = 80,67%, significa dizer que a empresa direciona o valor 
equivalente a 80,67% do seu patrimônio líquido para os itens de investimentos, imobi-
lizado e intangível, isto é, para cada R$ 1,00 que existe de riqueza própria (patrimônio 
líquido), a empresa direciona aproximadamente R$ 0,81 para recursos que não são 
destinados ao seu giro. 
Em outra forma de pensar, quanto mais a empresa investir em recursos de 
baixa liquidez (investimentos, imobilizado e intangível), maior o risco que ela corre, pois, 
caso precise de capital de giro, provavelmente, não poderá contar com esses recursos 
“paralisados”.
Evidentemente, o analista não pode se prender unicamente ao número apon-
tado pelo índice. Ele precisa buscar uma explicação para o número encontrado.
Talvez o analista perceba, numa série temporal (numa sequência de tempo), 
que o GIPL aumentou de forma demasiada. Sem melhor analisar, ele não pode concluir 
que a situação é ruim. Vejamos alguns casos em que tal aumento não representa situa-
ção que desfavorece a empresa:
a) Compra de novos ativos imobilizados: essas compras afetam dire-
tamente no GIPL, mas esses ativos por certo trarão, a longo prazo, mais eficiência nas 
operações, que podem redundar em redução de custos, maior produtividade e lucros.
b) Investimentos em outras empresas: se a empresa investida for lu-
crativa, os reflexos de tais lucros retornam para a empresa investidora, na forma de 
ganhos com investimentos, o que garante o recebimento de dividendos (dividendos são 
parcelas do lucro convertidas em dinheiro) ao investidor.
c) Investimentos em aplicações financeiras de longo prazo: talvez 
o administrador financeiro tenha boas perspectivas de ganhos com tais aplicações, que 
possam superar os riscos inerentes a esse investimento realizado.
d) Alguns ativos intangíveis são indispensáveis para ampliar os ne-
gócios da empresa. Por exemplo, se uma indústria de artigos para festas infantis 
investir em royalties, poderá utilizar a marca de personagens conhecidos pelas crianças 
em seus produtos, e, por consequência, vender muito mais.
105
Portanto, o analista não pode se prender unicamente ao índice sem conhecer 
a influência das decisões estratégicas que envolvem tais investimentos.
Falar sobre estrutura de capitais requer a abordagem de um assunto que 
comentamos no início deste livro, no que diz respeito à qualidade do endividamento. 
Naquela ocasião, argumentamos que quanto menor a porcentagem de dívidas a curto 
prazo, melhor para a empresa, pois assim ela estaria menos exposta a riscos financeiros, 
uma vez que seria menor a necessidade de capital de giro de curto prazo, o que traria à 
empresa melhor fluidez para seu fluxo de caixa. Estamos, portanto, tratando da Compo-
sição do Endividamento (CE).
Vamos analisar a CE da Cia. Test para o ano I?
Esse indicador mostra que em torno de 24,14% das dívidas da empresa 
vencem a curto prazo. Na realidade, quando dizemos isso, podemos falar de contas que 
vencem daqui a sete dias, 30 dias ou 200 dias, aleatoriamente. Disso decorre que, para 
uma visão mais clara dessa situação, precisaria o analista cruzar esse índice com a infor-
mação de prazo médio das contas a pagar, conforme já expusemos em situação anterior.
Quando realizamos o cálculo do PMPC (Prazo Médio de Pagamento das Com-
pras), vimos que a empresa teria um prazo em torno de 25 dias. Como o passivo cir-
culante da Cia. Test é composto por contas a pagar e impostos, estes geralmente são 
exigível num prazo que varia entre 30 e 90 dias (dependendo do regime tributário da 
empresa), o que nos leva a concluir que, se a Cia. Test for optante pelo Simples Nacional 
(a título de exemplo apenas e para melhor explicar), ela teria 30 dias para pagar seus 
impostos, o que significaria que a empresa teria, em média, cerca de 30 dias para pagar 
as contas totais (contas a pagar + impostos).
Nesse horizonte, poderíamos concluir que 24,14% das dívidas totais da em-
presa seriam exigidas num prazo médio de 30 dias. É como se para cada R$ 1,00 em 
dívidas gerais, a empresa necessitasse pagar cerca de R$ 0,24 (24,14% de R$ 1,00) no 
prazo de 30 dias.
Explorando ainda mais a estrutura de capitais, é possível ainda estabelecer 
uma relação percentual entre o volume de duplicatas descontadas em face das contas a 
receber, de modo a medir possíveis fragilidades de caixa. Trata-se do Nível de Desconto 
de Duplicatas (NDD).
106
Uma situação que assola muitas empresas, notadamente aquelas que têm 
problemas de fluxo de caixa ou de planejamento financeiro, está no seguinte contexto: 
por vezes a empresa tem duplicatas a receber em saldos elevados, mas, de forma con-
traditória, em alguns momentos, ela precisa pagar contas que vencem antes do recebi-
mento de seus direitos.
Isso é relativamente comum em empresas que possuem um ciclo financeiro 
alongado e, nesse sentido, precisa suportar alguns dias do mês com recursos próprios. 
Se a empresa tem “gordura para queimar”, isto é, capital de giro suficiente para suportar 
tais períodos, ela consegue administrar por algum tempo suas contas. Mas, conforme já 
estudamos, se o Posicionamento da Atividade (PA) for desfavorável à empresa, com o 
passar do tempo, ela vai “queimando” suas reservas próprias, e, num certo momento, 
ainda que tenha contas a receber, em determinado dia (ou dias) do mês, vai se encon-
trar desprovida dos recursos de que necessita. Nesse caso, a solução encontrada por 
administradores é dar liquidez às duplicatas a receber, através da operação de desconto 
de duplicatas. 
Vamos analisar o NDD da Cia. Test para o início do ano II?
Vamos supor que você tenha em mãos a seguinte informação: a empresa 
Cia. Test descontou, logo no início do ano II, R$ 6.000,00 em duplicatas (os “clientes”, 
isto é, as contas a receber que constavam no balanço do ano I seriam recebidas somente 
no final do mês de fevereiro do ano II, mas a empresa antecipou R$ 6.000,00 através 
do desconto de duplicatas, recebendo esse valor e descontando os juros no dia 03 de 
janeiro do ano II).
Essa informação representa o que é elementar:se a empresa descontou 
20,87% das suas contas a receber, significa que logo no início do ano II ela vinha enfren-
tando dificuldades de caixa, pois, ao descontar tais títulos de crédito, ela precisou pagar 
juros por conta dessa antecipação.
Não é difícil, portanto, concluir que quão maior o NDD, mais evidente a situ-
ação de aperto de caixa. Observe que nossas análises vêm apontando esta fragilidade 
da empresa desde as análises vertical e horizontal.
Resta ainda, para finalizar a análise da estrutura de capitais, comentar sobre 
a quantidade do endividamento. Já estudamos no início deste trabalho que a quantidade 
da dívida é uma relação entre o capital de terceiros e as fontes totais de financiamento 
da empresa. Trata-se do Grau de Endividamento (GE).
107
Vamos analisar o GE da Cia. Test para o ano I?
O grau de endividamento da empresa é de 62,36%, de forma que é possível 
compreender o quão é importante para ela a participação de terceiros nas suas atividades.
Mais adiante, veremos que, dentro de certas condições, um determinado 
endividamento pode ser saudável ou não para a empresa. Aguarde nossos estudos sobre 
Alavancagem Financeira.
4.5 Índices de Rentabilidade
A rentabilidade é pré-requisito para uma empresa ser atrativa ao investidor. É 
bem verdade que o investidor está, geralmente, bastante focado, não na questão dos lu-
cros, mas sim no potencial que a empresa tem para pagar dividendos ou distribuir lucros.
Mas, a condição para que a empresa possa distribuir dividendos ou distribuir 
lucros é a existência de lucros. Na verdade, já vimos que lucro não se confunde com 
caixa. O caixa é uma espécie de “realização financeira” dos lucros.
O aspecto de rentabilidade está ligado ao próprio ato de investir, pois, em 
qualquer situação de nossa vida, temos a seguinte preocupação: qual o tempo de retor-
no desse investimento? Quantos dias? Quantos anos? Em função dessas expectativas, 
faremos ou não determinado investimento.
Vamos começar esta seção com a análise do Giro do Ativo (GA). Esse é um 
poderoso índice de análise, uma vez que dá a dimensão da relação entre o faturamento 
da empresa e o valor que ela tem empregado em seu ativo total. Quanto maior o giro do 
ativo, maior será a capacidade das vendas (ou das receitas de prestação de serviços) de 
recompensar os investimentos sediados no ativo.
• Obs.1: Venda líquida é o valor da venda descontando as devoluções e 
abatimentos, se houver.
• Obs. 2: 
Vamos calcular o giro do ativo da Cia. Test para o ano I?
Considere que, no ano anterior, o ativo total correspondia a R$ 380.000,00.
108
O ativo total médio será:
Portanto:
Se o giro do ativo é de 2,15, significa dizer que as vendas do ano superaram 
os valores investidos no ativo em mais que duas vezes. Podemos ainda concluir que, para 
cada R$ 1,00 investido no ativo, a empresa consegue gerar R$ 2,15 em vendas líquidas. 
Não há dúvidas que este indicador mostra a capacidade operacional da em-
presa, uma vez que ela relaciona o valor empregado no ativo com o próprio objeto social 
da empresa (se empresa comercial, o objetivo é vender, o mesmo valendo para a em-
presa que vende serviços).
Outro índice de rentabilidade bastante interessante é o Retorno Sobre o 
Ativo – RSA. Nesse caso, a relação ocorre entre a lucratividade gerada pelo negócio em 
função do valor empregado no ativo.
Vamos calcular o RSA da Cia. Test para o ano I?
Sendo o RSA = 2,82%, compreendemos que o valor investido no ativo gerou 
um lucro de 2,82%. É como se para cada R$ 1,00 investido no ativo, a empresa tenha 
gerado lucros equivalentes a R$ 0,03, aproximadamente.
Embora não tenhamos uma empresa concorrente para estabelecer uma 
comparação, esse índice não parece promissor, pois é como se a empresa demorasse, 
grosso modo, mais que 35 anos para gerar lucros que “empatassem” com o valor do 
ativo. Para fazer tal verificação, basta inverter a conta:
Veja: R$ 429.160,00 / R$ 12.088,80 = 35,50
Evidentemente, trata-se de um cálculo sem maior rigor científico, uma vez 
que ele não considera a desvalorização do dinheiro no tempo e outros fatores que afeta-
riam tal cálculo, mas é um sinal de que o retorno foi bastante lento nesse ano.
A seguir, mais uma maneira de pensar em rentabilidade: trata-se do Retorno 
Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL). Essa forma de retorno dimensiona a relação entre o 
lucro líquido e os capitais próprios (patrimônio líquido). Assim como todos os índices de 
rentabilidade, quanto maior, melhor.
109
• Obs.1:
Vamos calcular o RSPL da Cia. Test para o ano I? 
Considere que, no ano anterior, o patrimônio líquido correspondia a R$ 
150.000,00.
Portanto:
O RSPL = 7,33% representa que, para cada R$ 1,00 investido em capitais 
próprios, a empresa consegue gerar em torno de R$ 0,07 de lucro.
Resta ainda, para finalizar esta seção de análise da rentabilidade, comentar 
acerca da Rentabilidade Sobre as Vendas (RSV). Esse indicador relaciona o lucro líquido 
com as vendas líquidas, de forma que seja possível aferir a porcentagem que as vendas 
líquidas geram de lucro líquido.
Vamos calcular o RSV da Cia. Test para o ano I?
Com esse indicador, é possível concluir que as vendas líquidas geram um lu-
cro líquido de pouco mais que 1%. É como se, para cada R$ 1,00 em vendas, a empresa 
pudesse obter R$ 0,01 de lucro líquido.
Finalizados todos os cálculos, vamos fazer um mapa resumo dos dados obti-
dos da Cia. Test para no ano I, a saber:
110
TABELA 11 – Dados obtidos da Cia. Test para o ano I
Contas Ano l Ano II Ano III
Tendências 
e comentá-
rios breves
Prazos médios das empresas em dias
PMRE = (estoque médio / CPV) x 360 63 dias
PMRV = (dupl. a receber médias / ven-
das brutas) x 360
11 dias
PMPC = fornecedor médio / compras x 
360 
25 dias
PA = (PMRE + PMRV) / PMPC 2,96
Estrutura de liquidez em índices
LG = [(ativo circ. + ativo real. longo pra-
zo) / (passivo circ.+ passivo não circ.)]
1,31
LC = (ativo circ. / passivo circ.) 4,12
LS = ativo circulante exceto o estoque / 
passivo circ.
2,38
ICJ = LAJIR / despesas financ. 1,49
STSV = saldo de tesouraria / vendas 
brutas
0,03 ou 3%
Estrutura de capitais em %
PCT = (capital de terceiros / patr. líquido) 
x 100
165,70%
GIPL = [(investim. + imobiliz. + intang.) 
/ patrim. líquido] x 100
80,67%
CE = (passivo circ. / capital de terceiros) 
x 100
24,14%
NDD = (duplic. descontadas / duplic. 
receber) x 100
20,87%
GE = [(capital de terceiros) / (capital de 
terceiros + capital próprio)] x 100
62,36%
Grau de rentabilidade em %
GA = (vendas líquidas / ativo médio)
É geralmente expresso em vezes
2,15 vezes 
RSA = (lucro líquido / ativo médio) x 100 2,82%
RSPL = (lucro líquido / patrim. líq. médio) 
x 100
7,33%
RSV = (lucro líquido / vendas líq.) x 100 1,31%
Fonte: Elaboração própria (2013).
Uma vez elaborado o cálculo dos índices, é necessário compor um relatório 
analítico que contenha todas as constatações relativas à análise realizada.
111
Pare e Reflita
É bastante arriscada a prática de elaborar um relatório de desempenho de empresa sem 
estudar o comportamento dela durante, ao menos, um triênio (série de três anos). Por-
tanto, o relatório que vamos desenvolver do ano I tem por finalidade, unicamente, mos-
trar ao acadêmico uma das formas de realizar tal relatório. Observe ainda que não é pos-
sível afirmar, na maioria dos casos, se a situação é boa ou ruim, pois não temos os dados 
de outra empresa do mesmo ramo para comparar com o desempenho da Cia. Test.
!?
4.5.1 Análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do 
Resultado do Exercício da Cia Test para o Ano I
Os índices de prazos médios, que atestam sobre a congruência ou incongru-
ência dos prazos praticados pela empresa no sentido de girar suas atividades, indicam 
uma situação desfavorável para ela, visto que o posicionamento de atividade releva um 
índice de 2,96, o que, a rigor, relata a seguinte situação: a empresa demora mais tempo 
para girar seu estoque e receber por tais vendas do que o prazo que ela teria para pagaras suas contas, o que leva, evidentemente, a graves deficiências de caixa, uma vez que, 
se as contas vencem antes dos recebimentos, e, na ausência de recursos financeiros, a 
empresa se vê compelida a realizar empréstimos esporádicos de curto prazo (de elevado 
custo por ser de curto prazo) ou pagar contas com atraso e suportar os juros de multa 
e mora decorrentes.
Em relação aos índices de liquidez, eles aparentemente são bons (embora 
não saibamos sobre o desempenho dos concorrentes), já que a grande parte deles é 
superior a 1, atestando, em linhas gerais, que os ativos superam os passivos.
Ainda sobre o quesito liquidez, ao analisar o Índice de Cobertura dos Juros 
(IJC), calculado em 1,49, é possível concluir que o Lucro Antes dos Juros e do Imposto 
de Renda (LAJIR) supera as despesas financeiras em torno de 49%, ou seja, o LAJIR 
cobre as despesas financeiras no todo e gera ainda um excedente equivalente a 49% de 
tais despesas.
Quanto ao saldo de tesouraria sobre as vendas, veremos que esse índice 
mostra que, para cada venda realizada, resta em tesouraria no máximo 3% de tais ven-
das (levando em conta as particularidades da tesouraria, cujo saldo também é formado 
por capital de terceiros). No mais, se o posicionamento de atividade é ruim, os índices de 
liquidez passam a ter validade parcial, pois, na prática, a empresa não consegue pagar 
parte de suas contas no prazo adequado.
Em relação à estrutura de capitais, observamos que 80,67% dos capitais 
próprios estão fora do capital de giro, já que estão investidos nas contas de investimen-
112
tos, imobilizado e intangível, ou seja, boa parte do patrimônio líquido está “imobilizada” 
(vide o índice de grau de imobilização do ativo).
No que diz respeito ao endividamento, verificamos por meio da sua com-
posição que 24,14% das exigibilidades vencem a curto prazo, ao passo do grau do 
endividamento, isto é, a quantidade da dívida é de 62,36%. Reforçando apontamentos 
anteriores, o nível de descontos de duplicatas superam 20% das contas a receber, o que 
mostra dificuldades para administrar o saldo em caixa para pagar as contas que vencem 
no curto prazo.
Fechando o comentário sobre a estrutura de capitais, vimos que a partici-
pação do capital de terceiros é de 165,70%, ou seja, a utilização do capital de terceiros 
ultrapassa a utilização dos capitais próprios em 65,70%. É como se para cada R$ 1,00 
(um real) que a empresa utiliza de capital próprio, utilize ao mesmo tempo R$ 1,65 (um 
real e sessenta e cinco centavos) de capital de terceiros, evidenciando a forte dependên-
cia em relação a terceiros.
No quesito rentabilidade, temos que o ativo gira em 2,15 vezes, ou seja, as 
vendas líquidas são superiores ao ativo médio em pouco mais que duas vezes. O retorno 
sobre o ativo e o retorno sobre as vendas marcaram porcentagens de 2,82% e 1,31%, 
nessa ordem. O índice de retorno sobre o patrimônio líquido apresenta um resultado 
melhor que os demais: 7,33%. Com essas taxas de rentabilidade, a empresa demandaria 
muitos anos (mais que décadas) para ter o retorno dos valores nela investidos. 
Em curtas palavras, tratando as informações anteriores de maneira pulveri-
zada, podemos concluir que a empresa enfrenta problemas de caixa, evidenciado forte-
mente pelo índice de Posicionamento de Atividade (PA) de 2,96, também pelo Nível de 
Duplicatas Descontadas (NDD) de 20,87% e pelo elevado saldo da conta de despesas 
financeiras encontrado na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
No que diz respeito à estrutura de capitais, a empresa tem mais que 80% de 
capitais próprios utilizados fora do capital de giro, fator que aumenta o endividamento, 
os juros pagos e a necessidade de descontar mais duplicatas, sendo todos esses aspec-
tos gerados pela fragilidade do capital de giro da empresa.
Finalizando, a rentabilidade, em linhas gerais, parece ser pouco atrativa, 
uma vez que uma empresa comercial não tem, geralmente, índices de rentabilidade tão 
baixos, sendo estes mais comuns em indústrias ou em empresas que investem bastante 
capital em maquinários e demais ativos fixos.
113
Resumo
Neste capítulo, vimos que muitas hipóteses podem ser formuladas e dúvidas 
suscitadas, sendo que a maioria delas pode ser respondida pela análise dos índices de 
prazos médios, de liquidez, endividamento e rentabilidade.
Aprendemos ainda que para realizar uma análise mais aprofundada e apon-
tar um diagnóstico mais preciso, seria importante avaliar a empresa ao menos durante 
três anos, pois assim seria possível apontar tendências e traçar estratégias para lidar 
com o futuro, reparando os erros, cuidando das fragilidades e potencializando os pontos 
fortes existentes.
No mais, foram apresentadas diversas “dicas” importantes para a conduta do 
analista no sentido de dar maior credibilidade ao trabalho por ele desenvolvido.
Atividades
Para iniciar nossos trabalhos, leia atentamente as informações sobre a Cia. Test.
 
a) Durante o ano II, sabe-se que a empresa descontou R$ 25.000,00 em duplicatas e 
cerca de R$ 28.000,00 no ano III.
b) Compras = custo da mercadoria vendida + estoque final do ano – estoque final do 
ano anterior (para empresa comercial).
Portanto:
Compras do ano II = R$ 774.031,00 + R$ 331.053,00 – R$ 124.638,00 = R$ 980.446,00 
Compras do ano III = R$ 1.125.780,00 + R$ 340.428,00 – R$ 331.053,00 = R$ 
1.135.155,00
Na condição de analista, elabore um parecer sobre a empresa mencionada. Seu trabalho 
precisa levar em conta os procedimentos a seguir: 
1. Calcule os índices da empresa para os anos II e III, utilizando para tal a tabela que 
segue (após os relatórios contábeis).
 
2. Faça uma leitura cuidadosa dos índices calculados. Lembre-se de apontar as tendên-
cias esperadas para o ano IV, utilizando a mesma tabela.
114
3. Compare tais índices com os índices de outra empresa do mesmo setor (se você dis-
puser de tais informações).
4. Faça um relatório analítico (detalhado) sobre as principais observações obtidas em 
cada grupo de índices. 
5. Após esse trabalho, relate sobre as possibilidades existentes para melhorar as condi-
ções gerais observadas, deixando claro ao leitor os pontos fortes e fracos observados.
BALANÇO PATRIMONIAL - Cia. Test
ATIVO
Circulante Ano I Ano II Ano III
Disponível 27.640,00 44.422,00 21.853,00
Estoques 124.638,00 331.053,00 340.428,00
Clientes 28.754,00 94.256,00 99.439,00
Outros 115.362,00 174.828,00 299.790,00
Total do Ativo Circulante 296.394,00 644.559,00 761.510,00
Não Circulante
Clientes 36.702,00 29.680,00 31.705,00
Investimentos 75.113,00 130.028,00 224.656,00
Imobilizado 60.781,00 62.652,00 107.540,00
Intangível 9.330,00 60.587,00 25.669,00
Total do Ativo Não Circulante 181.926,00 282.947,00 389.570,00
Total do Ativo 478.320,00 927.506,00 1.151.080,00
PASSIVO
Circulante Ano I Ano II Ano III
Contas a pagar 50.415,00 320.004,00 360.201,00
Impostos a pagar 21.606,00 136.205,00 205.550,00
Total do Passivo Circulante 72.021,00 456.209,00 565.751,00
Não Circulante
Financiamentos 226.273,00 161.293,00 130.776,00
Total do Passivo Não Circulante 226.273,00 161.293,00 130.776,00
Patrimônio Líquido 
Capital Social 70.000,00 87.500,00 131.250,00
Reservas 110.026,00 222.504,00 323.303,00
Total do Patrimônio Líquido 180.026,00 310.004,00 454.553,00
Total do Passivo 478.320,00 927.506,00 1.151.080,00
115
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - Cia. Test
RECEITAS OPERACIONAIS Ano I Ano II Ano III
VENDAS 921.995,00 1.476.551,00 2.140.999,00
(-) Custo da M. Vendida 640.676,00 774.031,00 1.125.780,00
LUCRO BRUTO 281.319,00 702.520,00 1.015.219,00
(-) Despesas Operacionais
Comerciais 158.144,00 487.482,00 602.786,00
Administrativas 42.781,00 74.255,00 182.907,00
Gerais 18.289,00 4.139,00 5.430,00
Outras Desp. e Receitas Op. 2.000,00 3.000,00 7.000,00
RESULTADO DAS ATIV. DA 
EMPRESA
60.105,00 133.644,00 217.096,00
(+/-) Resultados pelo MEP 10.000,00 -3.000,00 25.000,00
RESULTADO ANTES DAS 
DESP. E REC. FINANCEIRAS
50.105,00 130.644,00 192.096,00
(+/-) Despesas ereceitas finan-
ceiras
33.545,00 34.719,00 20.203,00
RESULTADO ANTES DOS 
TRIBUT. S/ O LUCRO
16.560,00 95.925,00 171.893,00
(-) Provisão p/ I. Renda e Con-
trib. Social
4.471,20 25.899,75 46.411,11
LUCRO LÍQ. DO EXERCÍCIO 12.088,80 70.025,25 125.481,89
LUCRO LÍQ. POR AÇÃO 12,09 70,03 125,48
Tabela para o cálculo dos índices: lembre-se de apontar as tendências nela. Importante: 
os índices para o ano I já estão calculados, por ocasião das explicações trabalhadas du-
rante este capítulo (vide a parte teórica).
Contas Ano l Ano II Ano III
Tendências 
e comentá-
rios breves
Prazos médios das empresas em dias
PMRE = (estoque médio / CPV) x 360 63
PMRV = (dupl. a receber médias / ven-
das brutas) x 360 11
PMPC = fornecedor médio / compras x 
360 25
PA = (PMRE + PMRV) / PMPC 2,96em índice
Estrutura de liquidez em índices
LG = [(ativo circ. + ativo real. l. prazo) / 
(passivo circ.+ passivo não circ.)] 1,31
LC = (ativo circ. / passivo circ.) 4,12
LS = ativo circulante exceto o estoque / 
passivo circ. 2,38
ICJ = LAJIR / despesas financ. 1,49
116
STSV = saldo de tesouraria / vendas 
brutas 0,03 ou 3%
Estrutura de capitais em %
PCT = (capital de terceiros / patr. líquido) 
x 100 165,70%
GIPL = [(investim. + imobiliz. + intang.) 
/ patrim. líquido] x 100 80,67%
CE = (passivo circ. / capital de terceiros) 
x 100 24,14%
NDD = (duplic. descontadas / duplic. 
receber) x 100 20,87%
GE = [(capital de terceiros) / (capital de 
terceiros + capital próprio)] x 100 62,36%
Grau de rentabilidade em %
GA = (vendas líquidas / ativo médio)
É geralmente expresso em vezes 2,15 vezes 
RSA = (lucro líquido / ativo médio) x 100 2,82%
RSPL = (lucro líquido / patrim. líq. médio) 
x 100 7,33%
RSV = (lucro líquido / vendas líq.) x 100 1,31%
Fonte: Elaboração própria (2013).
Anotações
a análise Por meio de FerramenTas GerenCiais ComPlemenTares
Capítulo 5
117
a análise Por meio de FerramenTas GerenCiais ComPlemenTares
Capítulo 5
118
Temos conduzido nosso trabalho buscando embasamento em aspectos teó-
ricos e, ao mesmo tempo, contemplando os aspectos práticos que envolvem a conduta 
do analista.
Nesse sentido, é imprescindível reforçar no analista um senso crítico aguçado 
e grande capacidade de discernimento.
A situação que apresentaremos a seguir (minicaso) visa mostrar algumas 
informações contábeis que não expressam a realidade de um patrimônio, em que o ana-
lista não poderá se prender aos índices calculados, uma vez que eles são, no mínimo, 
duvidosos. Trata-se de relatórios contábeis de uma empresa agropecuária sediada no 
estado do Mato Grosso do Sul, que tratamos de proteger os dados confidenciais dela, já 
que o intuito de nosso trabalho é instrumentalizar o aluno em sua conduta de análise.
Apresentaremos os relatórios contábeis da empresa e, a seguir, separamos 
alguns índices que merecem nossa atenção, pois apresentam informações inconsisten-
tes. Com esta seção, esperamos despertar no acadêmico o senso investigativo e ainda 
refinar sua capacidade de atentar para certos detalhes – qualidade inseparável de um 
bom analista.
Introdução
5.1 O Minicaso da Empresa Boi Erado Ltda.
Muito se comenta no meio contábil e nas organizações especializadas em 
gestão empresarial sobre a necessidade de aplicação de ferramentas contábeis em qual-
quer negócio.
A experiência prática tem revelado que muitos contadores, por força do 
hábito e por nunca terem sido indagados sobre seu trabalho ou ainda por limitações de 
ordem técnica, terminam por desenvolvê-lo sem maiores critérios, sendo que este tra-
balho congrega dados sobre a empresa que, muitas vezes, não poderiam ser utilizados 
para fins de análise e gerenciamento, dado o caráter simplista e descompromissado com 
a expressão da veracidade dos fatos que ocorreram na empresa.
Os dados apresentados são de uma empresa atuante no ramo de agropecu-
ária, em que vamos analisar as atividades nela desenvolvidas no triênio X, X+1 e X+2. 
Trata-se da empresa Agropecuária Boi Erado Ltda.
119
Assim, faremos uma análise somente dos dados que nos parecem incomuns, 
já que fogem dos padrões de índices de qualquer outra empresa. A seguir, transcrevere-
mos os citados relatórios contábeis da empresa, bem como uma tabela com os índices 
extraídos dos citados relatórios. 
De posse desses dados, será apresentado um relatório que conterá alguns 
apontamentos inerentes ao processo de análise. Observe que os índices calculados fo-
ram obtidos do próprio sistema de informações da empresa. A Demonstração do Resul-
tado do Exercício não foi apresentada porque não apresenta maiores “deformações” em 
seus registros.
AGROPECUÁRIA BOI ERADO LTDA.
BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM X EM R$
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Caixa/Bancos 
29.123,95
Fornecedores 
30.093,00
Estoques 
1.423.185,00
Salários a Pagar 
2.497,89
1.452.308,55 Impostos e Obrigações a Pagar 544,61
ATIVO NÃO CIRCULANTE Conta Corrente/Sócios 120.000,00
Terrenos Urbanos 
164.412,25 153.135.50
Terras da Fazenda 
588.525,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Currais e Cercas 
14.280,00
Financiamento 
150.000,00
Animais Reprodutores 
295.365,19
(-) Depreciação 
(60.501.04) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social 
1.910.550,00
Lucros Acumulados 
240.704,00
1.151.254,45
Total do Ativo 
2.454.389,95
Total do Passivo 
2.454.389,45
AGROPECUÁRIA BOI ERADO LTDA.
BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM X+1 EM R$
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Caixa/Bancos 
9.024,72
Salários a Pagar 
4.361,47
Estoques 
1.932.074,40
Impostos e obrigações a pagar 
954,04
1.941.099,12 CONTA CORRENTE/SÓCIOS
120
AGROPECUÁRIA BOI ERADO LTDA.
BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM X+2 EM R$
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Caixa/Bancos 
53.441,00
Salários a Pagar 
2.295,17
Duplicatas a receber 
191.675,55
Impostos e obrigações a pagar 
36.072,03
Estoques 
2.150.480,00
2.395.566,95 PASSÍVEL NÃO CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE Financiamentos 376.361,03
Terrenos Urbanos 
164.412,25
Terras da Fazenda 
588.525,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Currais e Cercas 
14.280,00
Capital Social 
2.210.550,00
Animais Reprodutores 
295.365,19
Capital Social a Integralizar 
(300.000,00)
(-) Depreciação 
(151.966,59)
Lucros Acumulados 
980.904,57
910.615,85 2.891.454,57
Total do Ativo 
3.306.182,80
Total do Passivo 
3.306.182,80
ATIVO NÃO CIRCULANTE Pedro Paulo da Silva 20.000,00
Terrenos Urbanos 
164.412,45
Terras da Fazenda588.525,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Currais e Cercas 
14.280,00
Financiamentos 
406.360,99
Animais Reprodutores 
295.365,19
(-) Depreciação 
(121.002,08) PATRIMÔNIO LÍQUIDO
941.580,36 Capital Social 1.910.550,00
Lucros Acumulados 
540.452,98
2.451.002,98
Total do Ativo 
2.882.679,48
Total do Passivo 
2.882.679,98
121
5.1.1 Índices Financeiro-Econômicos da Agropecuária Boi 
Erado Ltda.
 12 – Resumo dos índices analisados no triênio 
PERÍODO EM ANÁLISE X X+1 X+2
ÍNDICES DE LIQUIDEZ
LIQUIDEZ GERAL 4,79 4,72 5,78
LIQUIDEZ CORRENTE 9,48 76,68 62,44 
LIQUIDEZ SECA 0,19 0,36 6,39
ÍNDICES DE ESTRUTURA % % %
PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL DE TERCEIROS 14,09 17,61 14,34
IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 46,58 38,42 31,49
COMPOSIÇÃO DA DÍVIDA 50,52 5,86 9,25
IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES 43,55 32,92 27,87
GARANTIA DO CAP. PRÓPRIO AO CAP. TERCEIROS 7,10 5,68 6,97
ÍNDICES DE RENTABILIDADE % % %
GIRO DO ATIVO 0,09 0,19 0,29
MARGEM LÍQUIDA 2,24 58,90 49,51
RENTABILIDADE DO ATIVO 0,19 11,23 14,23
RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 0,22 13,03 16,49
Prezado aluno, atente para os comentários que seguem:
A análise dos índices de liquidez corrente revela o quanto a empresa possui 
de ativo circulante para cada real em dívidas. Ocorreu entre X e X+1 um aumento de 
9,48 para 76,68. Em X+2, decaiu para 62,44. Tal índice mostra uma situação muito con-
fortável, já que revela que para cada R$ 1,00 de dívida, a empresa dispõe de R$ 62,44 
de recursos em capital de giro.
• Crítica: nenhum ramo de atividade é tão promissor a ponto de possuir 
tamanho excedente de recursos a mais do que ela tem por obrigações. Para ter uma 
noção da discrepância desses dados, quando esse índice é um pouco superior a 1,0 é 
considerado razoável, sendo igual a 2,0, indica uma excelente situação. Disso decorre o 
fato de que 62,44 de índice estar completamente fora de qualquer padrão. 
Na análise da Liquidez Seca, constata-se que em X+2 o valor deste índice é 
de 6,39 ao passo que em X era de apenas 0,19.
 
• Crítica: é impossível que qualquer empresa tenha um índice de liquidez 
dessa magnitude, notadamente em empresas cujo estoque tem significativo valor na 
composição patrimonial, sem contar que ele aumentou exponencialmente no período 
122
(de 0,19 para 6,39), o que também não tem explicação numa situação real. Portanto, 
esse índice não espelha a realidade dessa empresa. 
Verificando os índices de estrutura de um modo geral, eles revelam uma situ-
ação de dificuldade, notadamente no ano de X, quando mais da metade de suas dívidas 
vencem a curto prazo (50,52%). Porém, existe um ponto positivo em relação ao índice 
de composição de endividamento, que analisa o percentual de obrigações a curto prazo 
em relação às obrigações totais. A empresa diminuiu seu índice de 50,52% para 9,25% 
(entre X e X+2).
• Crítica: esse fato merece ser investigado pelo analista, uma vez que a em-
presa reduziu esse índice drasticamente. Para tal, seria interessante conhecer o fluxo de 
caixa da empresa nesse período, de modo a atestar se houve de fato esses pagamentos.
A Participação de Capital de Terceiros (PCT) revela índices baixos, atestando 
que a empresa pouco depende de terceiros para fomentar suas atividades. Para cada 
R$ 100,00 de capitais disponíveis, a empresa deve somente R$ 14,34 a terceiros, sendo 
considerado um índice abaixo da média.
• Crítica: se empresa praticamente independe de terceiros, e se sua liquidez 
é tão elevada, por que ela não possui em seu balanço contas de aplicações financeiras? 
Com essa sobra de recursos correntes, qualquer empresa os investiria no mercado finan-
ceiro, obtendo retornos vantajosos.
Analisando de forma geral os índices de Margem Líquida, eles revelam que a 
empresa aumentou seus lucros de R$ 2,24 para R$ 58,90, comparado a cada R$ 100,00 
vendidos.
• Crítica: nenhuma empresa consegue melhorar tanto sua performance em 
gerar resultados. Para conseguir esse feito, a empresa teria que ter aumentado em 
dezenas de vezes suas vendas ou reduzir seus custos da mesma forma. Sabemos ser 
impossível ampliar as vendas tão rapidamente num mercado tão competitivo. O mesmo 
se aplica na situação de redução dos custos.
Avaliando a Rentabilidade do Ativo, esse item revela os seguintes resultados: 
0,19% para o ano de X; 11,23% para X+1 e 14,23% para X+2.
• Crítica: raciocinando que 0,19 corresponde a menos de 1/5 de 1%, e que 
em X+2 a empresa obteve 14,23% de índice, torna-se fácil perceber que esse índice não 
corresponde a realidade, pois a empresa, para tal, teria que aumentar seu lucro em mais 
de 70 vezes para atingir essa meta.
123
5.1.2 Breve Parecer sobre os Relatórios Contábeis da Empresa 
Boi Erado Ltda.
Após observar os índices extraídos dos Demonstrativos Contábeis da empre-
sa, fica claro que eles não revelam adequadamente os dados necessários para o proce-
dimento de uma análise confiável.
Os índices apontam valores extravagantes, que, em geral, mostram uma 
situação financeiro-patrimonial “otimista ao extremo”, a tal ponto que mesmo sem re-
lacionar as contas umas as outras, torna-se possível averiguar que eles não devem ser 
objeto de confiança na análise dessa empresa.
Não obstante a discrepância dos dados, também há uma grande variação 
entre os índices quando analisados pela técnica de série-temporal. 
Feitas essas constatações, fica claro que a escrituração contábil (base da 
qual se extraem os relatórios contábeis, que, por sua vez, são utilizados para o cálculo 
dos índices) não fora procedida de acordo com os princípios e normas contábeis, geran-
do relatórios que em nada servem para a tomada de decisão.
Finalizando, tão importante quanto implantar ferramentas de gestão contábil 
na empresa, é acompanhar o grau de importância empregado na contabilização dos 
fatos ocorridos na organização.
5.2 Outras Ferramentas de Gestão
Na etapa que segue, faremos alguns estudos que servem de subsídios para 
complementar a análise, gerando condições de avaliar as circunstâncias da empresa no 
que diz respeito à sua capacidade de gerar lucros (resultado econômico) aos investidores 
de capital, por meio da análise do Grau de Alavancagem Operacional (GAO).
Além disso, por meio do estudo do Grau de Alavancagem Financeira (GAF) 
vamos obter de forma confiável os dados que possibilitem avaliar a viabilidade de utilizar 
o endividamento da empresa em prol da expansão dos negócios, no qual há que existir 
uma análise minuciosa da relação custo versus benefício, mostrando que é possível de-
cidir com clareza se determinado grau de endividamento favorece ou não o desempenho 
da empresa, partindo do pressuposto de que é possível constituir dívidas saudáveis, 
combatendo a ideia que reina no imaginário do leigo, que julga ser o endividamento 
sempre nocivo para os negócios. 
Todo esse conjunto favorece não apenas compreender o panorama atual da 
empresa, mas também (re) estabelecer diretrizes baseadas em informações confiáveis e 
úteis para as decisões estratégicas.
124
5.2.1 Grau de Alavancagem Operacional (GAO)
O GAO é uma ferramenta de gestão que nos permite calcular a capacidade 
atual que a empresa possui de alavancar seus resultados em função das vendas. Quando 
falamos em alavancar resultados, estamos falando da possibilidade que a empresa tem 
de aumentar ou de reduzir lucros, em função do aumento das vendas. 
Numa situação favorável para a empresa, o GAO será maior que 1, tendo as-
sim um efeito multiplicador sobre os lucros. Nesse caso, quanto mais a empresa vende, 
maior será o retorno gerado. Para melhor dimensionar, é possível que uma empresa, ao 
aumentar suas vendas em 3%,tenha um aumento em seus lucros em 10%, 14%, 20%, 
etc., em função do poder que as vendas possuem em alavancar os lucros. Evidentemen-
te, se este GAO for inferior a 1, digamos, 0,7, quanto mais a empresa vender, menores 
lucros ela estará gerando.
O GAO é calculado levando em conta a capacidade físico-operacional da 
empresa, pois toda forma de negócio requer uma determinada estrutura de recursos 
(máquinas, empregados, prédios, etc.). Esses recursos representam as possibilidades e 
os limites que a empresa tem para gerar negócios, em que tais estruturas geram deter-
minados gastos fixos para ela. Nesse sentido, quanto maior for o GAO, mais próxima de 
seu limite operacional uma empresa se encontra.
Mas como se determina o Grau de Alavancagem Operacional? Este é calcu-
lado pela seguinte fórmula: 
GAO = Margem de Contribuição Total / Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (LAJIR)
• Obs. 1: há outras maneiras de calcular o GAO.
• Obs. 2: o GAO é medido em vezes.
Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (LAJIR) são os lucros dos quais 
ainda não foram descontados os juros (despesas financeiras) e as provisões para o im-
posto de renda.
Margem de Contribuição Total = receitas totais – gastos variáveis totais.
Margem de Contribuição Total é o que “sobra” para a empresa das receitas, 
descontado de tais receitas as contas variáveis. Esta “sobra” é a contribuição que o pro-
duto ou serviço gera para que a empresa possa pagar as demais contas (as contas fixas) 
e, dependendo do volume de vendas, gerar lucros.
Para melhor compreender tal estrutura de contas, teríamos que reescrever a 
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) num formato gerencial de contas, com 
vistas a separar com clareza as contas que são de natureza fixa daquelas que são de 
natureza variável. 
125
Segue um “modelo” dessa DRE de natureza gerencial, a saber:
Receitas com vendas ou serviços prestados 
(-) Custo variável das mercadorias, produtos ou dos serviços prestados
(-) Despesas variáveis (impostos sobre o faturamento, comissões pagas e outros gastos variáveis)
= Margem de contribuição total das vendas ou dos serviços prestados
(-) Custos fixos
= Lucro antes dos juros e do imposto de renda (LAJIR)
(-) Provisões para juros (despesas financeiras)
= Lucro antes da provisão para o imposto de renda (LAIR)
(-) Provisão para o imposto de renda
= Lucro líquido
Quanto maior for o Grau de Alavancagem Operacional, maiores serão os 
riscos, pois o Resultado Operacional ficará muito sensível a qualquer variação na Receita 
Bruta, tanto para mais como para menos. Em épocas de dificuldades de vendas, o distri-
buidor sente fortemente os reflexos.
Em outras palavras, se, por exemplo, o GAO da minha empresa é de, su-
ponhamos, duas vezes, significa que, se ela conseguir aumentar as vendas em 10%, o 
LAJIR será aumentado em 20%.
Veja: 
Se o GAO = duas vezes e se as vendas aumentam em 10%, então qual é o 
reflexo sobre o LAJIR?
Efeito multiplicador sobre o LAJIR antigo: 2 x 10% = 20%
Portanto, novo LAJIR = LAJIR antigo aumentado em 20%.
Façamos uma representação de tais contas em números. Para tal, leve em 
conta que uma empresa tenha um LAJIR atualmente de R$ 40.000,00. Vamos supor que 
o GAO dessa empresa no momento é de 2,5 vezes.
Caso ela aumente suas vendas em 5%, qual será o reflexo sobre o LAJIR, 
isto é, qual seria, nessa condição, o novo LAJIR?
126
5.2.2 Grau de Alavancagem Financeira (GAF)
Desde o início de nossos trabalhos, temos tentado quebrar um velho para-
digma, o qual sugere ser o endividamento sempre nocivo para qualquer empresa, em 
qualquer situação. Essa afirmativa não é válida no todo, pois existem circunstâncias em 
que o endividamento alavanca, isto é, aumenta os resultados (lucros) para os acionistas.
Toda forma de endividamento (capitais de terceiros) que envolve operações 
com bancos ou outros credores implica a cobrança de juros por parte do emprestador de 
capital. Esses juros, naturalmente, consomem parte dos recursos gerados pela empresa, 
reduzindo os lucros. No entanto, aleatoriamente, uma empresa pode ficar estagnada 
(sem perspectivas de crescimento nas vendas ou de sua capacidade produtiva) se ela 
não utilizar recursos de terceiros, pois tais recursos, se utilizados de forma planejada e 
assertiva (e com uma taxa de juros coerente), podem contribuir para a ampliação das 
atividades empresariais, e, em certas circunstâncias, colaboram sobremaneira para ele-
var os retornos sobre o patrimônio líquido, favorecendo os investidores. 
Na verdade, o conceito de alavancagem financeira tem bastante ligação com 
a rentabilidade atual que a empresa possui, pois, ao estudarmos os índices de rentabili-
dade, vimos que é possível mensurar que determinados recursos investidos na empresa 
geram certos resultados. É o que constatamos quando estudamos os índices de retorno 
sobre o ativo, sobre o patrimônio líquido, etc.
Talvez você possa estar se perguntando: até que ponto é interessante para a 
empresa contar com capitais de terceiros, com vistas a melhorar a lucratividade? 
De acordo com Silva (2012), se o capital de terceiros custa dinheiro para a 
empresa (juros) e se os ativos da empresa têm alguma capacidade de gerar lucros, o 
capital de terceiros seria interessante para a empresa a partir do momento que seu custo 
seja inferior aos retornos gerados pelos ativos da empresa (RSA).
Dica
Contratar operações de empréstimos implica juros. Os juros reduzem o lucro líquido. 
No entanto, o analista não deve se prender a este quesito (se o lucro seria maior ou me-
nor em função de contratar ou não contratar um empréstimo), ou seja, não é analisando 
a conta de lucro (por seu valor absoluto) que saberemos se o empréstimo foi vantajoso 
ou não para o acionista.
No capítulo anterior, estudamos os conceitos de Retorno Sobre o Ativo (RSA) 
e Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL). Vamos rememorar a fórmula e os índices 
que calculamos de tais contas para a Cia. Test no ano I. Vejamos:
127
Índices de rentabilidade da Cia Test para o ano I Porcentagem
RSA = (lucro líquido / ativo médio) x 100 2,82%
RSPL = (lucro líquido / patrimônio líquido médio) x 100 7,33%
Esses índices foram calculados com vistas a aferir a rentabilidade, ou seja, 
cujas finalidades eram no sentido de analisar o desempenho econômico.
Quando falamos em alavancagem financeira, o sentido da análise é de ex-
plicar se o capital de terceiros tem um custo financeiro inferior à RSA. Para satisfazer 
esta finalidade, sendo nossa análise de cunho financeiro (e não econômico), precisamos 
depurar, isto é, tratar o índice de RSA que tínhamos calculado.
A DRE da Cia. Test apresenta um lucro líquido no ano I no valor de R$ 
12.088,80, sendo que esse lucro está afetado pelas despesas financeiras. No entanto, se 
essas despesas financeiras afetam o lucro, elas terminam por reduzir o valor do imposto 
de renda e da contribuição social sobre o lucro, fator esse que culmina na redução do 
custo líquido do empréstimo. 
Em curtas palavras, os juros ocasionados pelos capitais de terceiros (vamos 
supor que, no caso da Cia. Test, esses juros tenham decorrido de financiamentos), sendo 
eles despesas, reduzem os lucros. Os lucros diminuídos, por sua vez, ocasionam meno-
res gastos com o imposto de renda e a contribuição social.
Portanto, vamos fazer aqui três etapas para concluir este parecer:
1ª etapa
• 1º passo: identificar os juros contratuais da Cia. Test. O departamen-
to financeiro contratou financiamentos para pagar em até quatro anos, com juros de 
14,825% para o primeiro ano, cujo capital emprestado foi de R$ 226.273,00, que redun-
dou em juros de R$ 33.545,00. As despesas financeiras devem ser pagas ano a ano, e, 
dentro das possibilidades, a empresa pode amortizar parte da dívida com pagamentos 
periódicos.
 
• 2º passo: identificar a porcentagem dos impostos sobre o lucro (imposto 
de renda e contribuição social sobre o lucro); ambos somam 27%.
• 3º passo: vamos calcular o Retorno Sobre o Ativo (RSA) considerandoa 
interferência do custo líquido do empréstimo.
RSA = [lucro líquido + juros (1 – impostos)] / ativo]
Os impostos devem ser representados por índices (basta dividir por 100):
Impostos = 0,27 (27 / 100 = 0,27) 
128
Portanto, o RSA da Cia. Test, considerando a existência de capital de terceiros, 
seria:
RSA = [R$ 12.088,80 + R$ 33.545,00 (1 – 0,27)] / R$ 478.320,00]
RSA = [R$ 12.088,80 + R$ 33.545,00 (0,73)] / R$ 478.320,00]
RSA = [R$ 12.088,80 + R$ 24.487,85] / R$ 478.320,00]
RSA = R$ 36.576,65 / R$ 478.320,00 = 0,0765
RSA = 7,65 % (arredondado)
Dica: observe a influência do custo líquido do empréstimo no RSA.
Observação importante: toda a etapa anterior pode ser feita a partir de um 
ajuste contábil na DRE em que chegaríamos a 7,65% por um cálculo mais “enxuto”. Bas-
taria para tal, adicionar ao lucro líquido às despesas financeiras e recalcular os impostos 
de 27%. Vejamos:
Lucro líquido: R$12.088,80 (vide DRE da Cia. Test)
+ despesas financeiras: R$ 33.545,00
+ provisão para I. Renda e Cont. Social: R$ 4.471,20
= Base de cálculo para imposto de renda e contribuição social: R$ 50.105,00 
(vide a conta “resultado antes das despesas e receitas financeiras” na DRE da Cia. Test)
(-) impostos: R$ 13.528,35 (27% de R$ 50.105,00)
= lucro líquido ajustado: R$ 36.576,65 (lucro sem as despesas financeiras)
RSA = lucro líquido ajustado / ativo 
RSA = R$ 36.576,65 / R$ 478.320,00 = 0,0765
RSA = 7,65% (arredondado)
2ª etapa
Vamos agora calcular o RSPL para fins de alavancagem financeira:
RSPL = lucro líquido / patrimônio líquido
Observe que, em relação ao RSPL, um pequeno ajuste também precisa ser 
feito, pois precisaremos trabalhar com patrimônio líquido (ao invés do patrimônio líquido 
médio que trabalhamos para fins de análise de rentabilidade, já que aqui a análise é de 
cunho financeiro).
RSPL = R$ 12.088,80 / R$ 180.026,00 = 0,0672
RSPL = 6,72% (arredondado)
129
3ª etapa
Vamos agora calcular o Grau de Alavancagem Financeira – GAF.
GAF = RSPL / RSA
GAF = 6,72 % / 7,65
GAF = 0,88 (arredondado)
Interpretação dos resultados:
Sendo o GAF = 0,88 (menor que 1), significa dizer que o uso de capitais de 
terceiros é inviável para a empresa. Tal situação pode ser explicada da seguinte maneira:
Se o RSA = 7,65%, vamos desmembrar o custo líquido da dívida: 
Custo líquido da dívida: 14,825% - 4% = 10,83%
Pare e Reflita
Se o custo líquido da dívida é superior ao RSA (7,65%), esta forma de endividamento 
não está alavancando os retornos (em lucros) aos investidores. Portanto, este capital de 
terceiros é inviável para a Cia. Test.
!?
Resumo
No decorrer deste capítulo, tivemos acesso a alguns índices econômico-fi-
nanceiros de uma empresa no ramo de agropecuária, em que foi possível constatar 
que alguns deles, mesmo calculados por sistemas informatizados, não servem como 
instrumento para a realização de análise. Pela “grandeza” dos índices apresentados e 
pela falta de congruência entre tais índices, foi possível tecer alguns comentários no 
sentido de alertar o estudante para alguns fatos, dentre os quais pudemos destacar o 
total descompromisso dos relatórios contábeis (na verdade do contador, do empresário, 
ou ambos) em demonstrar a veracidade dos fatos patrimoniais daquela empresa. 
Pudemos ainda analisar, nesta última instância, algumas ferramentas de ges-
tão, em que verificamos que o Grau de Alavancagem Operacional pode sinalizar a respei-
to do efeito que as vendas vão produzir nos resultados (numa visão econômica). 
130
Atividades
Utilizando os dados da Cia. Test, calcule:
1. GAO para o ano III, levando em conta que a margem de contribuição total para esse 
ano foi de 47,4180% do valor do faturamento desse ano. A seguir, simule qual seria o 
novo lucro da empresa para o ano IV, caso ela conseguisse aumentar as vendas em 3%.
2. Levando em conta o GAO da empresa para o ano III, explique se a empresa encontra-
-se próxima ou não de seu limite operacional, ou seja, ela consegue expandir ainda mais 
os seus lucros a partir do aumento nas vendas? Responda sim ou não, e justifique.
3. Suponha que a empresa consiga manter com garantia as vendas aumentadas em 8%, 
ou seja, ela passou a vender de fato 8% a mais durante os anos seguintes. Pergunta-se: 
o GAO é o mesmo para as vendas do ano III?
4. GAF para o ano III, sabendo que o empréstimo nesse ano redundou em taxa anual de 
13%, considere em seu cálculo que o imposto de renda corresponde a 27%. Após essa 
etapa, interprete o resultado obtido.
Finalizando o capítulo, ao abordar o Grau de Alavancagem Financeira, pu-
demos compreender que, em certas situações, é possível melhorar a rentabilidade dos 
acionistas com a utilização de recursos de terceiros (empréstimos, financiamentos), des-
de que o custo desses capitais de terceiros sejam inferiores aos retornos que os ativos 
geram para a empresa (RSA). O cálculo do GAF revela uma situação de favorecimento 
para a empresa, se maior que 1, pois, nesse caso, estariam os recursos de terceiros ge-
rando maior riqueza aos acionistas e investidores.
No caso da Cia. Test, observamos que o GAF foi de 0,88, revelando que o 
financiamento foi inviável, já que seu custo líquido foi superior ao retorno gerado pelos 
ativos da empresa (RSA).
131
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VICECONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade Avançada. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
 
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