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Análise e Diagnóstico Financeiro André Junior Silva Wiezzel Presidente Prudente Unoeste - Universidade do Oeste Paulista 2016 Wiezzel, André Junior Silva. Análise e Diagnóstico Financeiro. / André Junior Silva Wiezzel. – Presidente Prudente: Unoeste - Univer- sidade do Oeste Paulista, 2016. 134 p.: il. Bibliografia. ISBN: 978-85-88755-62-8 1. Contabilidade. 2. Finanças. 3. Gestão Financeira. I. Título. CDD\22ª. ed. © Copyright 2016 Unoeste - Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade do Oeste Paulista. Análise e Diagnóstico Financeiro André Junior Silva Wiezzel Reitora: Ana Cristina de Oliveira Lima Vice-Reitor: Brunno de Oliveira Lima Aneas Pró-Reitor Acadêmico: José Eduardo Creste Pró-Reitor Administrativo: Guilherme de Oliveira Lima Carapeba Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão: Adilson Eduardo Guelfi Diretor Geral: Augusto Cesar de Oliveira Lima Núcleo de Educação a Distância: Dayene Miralha de Carvalho Sano, Marcelo Vinícius Creres Rosa, Maria Eliza Nigro Jorge, Mário Augusto Pazoti e Sonia Sanae Sato Coordenação Tecnológica e de Produção: Mário Augusto Pazoti Projeto Gráfico: Luciana da Mata Crema Diagramação: Aline Miyamura Takehana Ilustração e Arte: Antônio Sérgio Alves de Oliveira, Fernanda Sutkus de Oliveira Mello e Luciana da Mata Crema Revisão Técnica: Sonia Sanae Sato Revisão: Renata Rodrigues dos Santos Colaboração: Vanessa Nogueira Bocal Direitos exclusivos cedidos à Associação Prudentina de Educação e Cultura (APEC), mantenedora da Universidade do Oeste Paulista Rua José Bongiovani, 700 - Cidade Universitária CEP: 19050-920 - Presidente Prudente - SP (18) 3229-1000 | www.unoeste.br/ead 658-15 W652a Catalogação na fonte: Rede de Bibliotecas Unoeste André Junior Silva Wiezzel Possui graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas e Ad- ministrativas de Presidente Prudente (1999). É mestre em Administração de Empresas pela UTCD – Universidade Técnica de Comercialização e Desenvolvimento de Assunção – Paraguai (2011) e especialista em Gestão de Micro e Pequenas Empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Presidente Prudente (2004). Atualmente, é professor titular da Universidade do Oeste Paulista – Unoeste. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contábeis. Atua ainda como profissional liberal na prestação de serviços de assessoria e consultoria contábil, bem como Perito Judicial Contador, tendo sido nomeado em diversas ações que envolvem cálculos pa- trimoniais (ações de desapropriação de imóveis rurais, avaliação de empresas, análise fiscal-tributária), financeiros (recálculo de dívidas, análise de taxas de juros e ocorrência de anatocismo) e previdenciários. Sobre o autor Carta ao aluno O ensino passa por diversas e constantes transformações. São mudanças importantes e necessárias frente aos avanços da sociedade na qual está inserido. A Educação a Distância (EAD) é uma das alternativas de estudo, que ganha cada vez mais espaço, por comprovadamente garantir bons referenciais de qualidade na formação pro- fissional. Nesse processo, o aluno também é agente, pois organiza o seu tempo confor- me suas atividades e disponibilidade. Maior universidade do oeste paulista, a Unoeste forma milhares de profissio- nais todos os anos, nas várias áreas do conhecimento. São 40 anos de história, sendo responsável pelo amadurecimento e crescimento de diferentes gerações. É com esse mesmo compromisso e seriedade que a instituição iniciou seus trabalhos na EAD em 2000, primeiramente com a oferta de cursos de extensão. Hoje, a estrutura do Nead (Núcleo de Educação a Distância) disponibiliza totais condições para você obter os co- nhecimentos na sua área de interesse. Toda a infraestrutura, corpo docente titulado e materiais disponibilizados nessa modalidade favorecem a formação em plenitude. E o mercado precisa e busca sempre profissionais capacitados e que estejam antenados às novas tecnologias. Agradecemos a confiança e escolha pela Unoeste e estamos certos de que suas expectativas serão atendidas, pois você está em uma universidade reconhecida pelo MEC, que oportuniza o desenvolvimento constante de Ensino, Pesquisa e Extensão. Aqui, além de graduação, existe pós-graduação lato e stricto sensu, com mestrados e doutorado recomendados pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), prêmios conquistados em âmbito nacional por suas ações extensivas e pesquisas que colaboram com o desenvolvimento da cidade, região, estado e país; en- fim, são inúmeros os referenciais de qualidade. Com o fortalecimento da EAD, a Unoeste reforça ainda mais a sua missão que é “desenvolver a educação num ambiente inovador e crítico-reflexivo, pelo exercício das atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão nas diversas áreas do conhecimento cien- tífico, humanístico e tecnológico, contribuindo para a formação de profissionais cidadãos comprometidos com a responsabilidade social e ambiental”. Seja bem-vindo e tenha bons estudos! Reitoria Sumário Capítulo 1 Considerações Gerais sobre as TerminoloGias ConTábeis, a análise e o diaGnósTiCo FinanCeiro 1.1 Necessidade de Dados e Informação para a Análise e o Diagnóstico Financeiro ...............15 1.2 Limitações da Informação Contábil: Contabilidade Real versus Fictícia e o Aperfeiçoamento da Qualidade da Informação Contábil – Regras Vigentes .....................................................16 1.3 Revisão dos Conceitos Indispensáveis para Analisar as Demonstrações Contábeis ...........19 1.3.1 Contas Patrimoniais .................................................................................................19 1.3.2 Total do Ativo ..........................................................................................................21 1.3.3 Ativo Circulante .......................................................................................................22 1.3.4 Ativo Não Circulante .................................................................................................25 1.3.5 Total do Ativo (Soma do AC e ANC) ...........................................................................26 1.3.6 Passivo ...................................................................................................................28 1.3.7 Passivo Circulante ....................................................................................................28 1.3.8 Passivo Não Circulante .............................................................................................28 1.3.9 Patrimônio Líquido ...................................................................................................34 1.3.10 Ciclo Operacional ...................................................................................................35 Capítulo 2 ConheCendo melhor alGuns relaTórios ConTábeis e suas FunCionalidades 2.1 Relatórios Contábeis Obrigatórios para Sociedades por Ações e para outras formas de Sociedade ............................................................................................................... 44 2.1.1 Balanço Patrimonial (BP) ..........................................................................................46 2.1.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) .........................................................47 2.1.3 Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) ..........................................48 2.1.4 Demonstração de Resultados Abrangentes (DRA) .......................................................51 2.1.5 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) ........................................522.1.6 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) ..................................................................54 2.1.7 Notas Explicativas ....................................................................................................59 Capítulo 3 Considerações sobre a uTilização de ÍndiCes e PorCenTaGens: subsÍdios Para a análise VerTiCal e horizonTal 3.1 Cálculos que Utilizam a Porcentagem ...........................................................................63 3.1.1 Variação Percentual Crescente entre Dois Números ....................................................64 3.1.2 Variação Percentual Decrescente entre Dois Números .................................................65 3.2 Índices que Equivalem à Porcentagem .........................................................................66 3.3 Os Primeiros Passos para a Análise Propriamente Dita e a Reclassificação de Contas .......67 3.3.1 Reclassificando a Conta Duplicatas Descontadas ........................................................68 3.3.2 Reclassificando as Contas Empréstimos a Interligadas e Empréstimos a Diretores .........69 3.3.3 Reclassificando as Contas de Estoques ......................................................................70 3.4 Análise Vertical das Contas de Ativo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I) .............75 3.4.1 Análise Vertical das Contas de Passivo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I) .......77 3.4.2 Combinando a Análise Vertical das Contas de Ativo e de Passivo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I) ...............................................................................................................79 3.4.3 Análise Horizontal das Contas de Ativo do Balanço Patrimonial da Cia. Test (Ano I para o Ano II) ............................................................................................................................81 3.4.4 Análise Horizontal das Contas de Passivo do Balanço Patrimonial da Cia Test (Ano I para o Ano II) ............................................................................................................................83 3.4.5 Análise Vertical das Contas da Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Test (Ano I para o Ano II) ................................................................................................................86 3.4.6 Análise Horizontal das Contas da Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Test (Ano I para o Ano II) ........................................................................................................87 Capítulo 4 a análise Por meio de ÍndiCes eConômiCo-FinanCeiros 4.1 Índices de Atividades ..................................................................................................93 4.1.1 Estudo dos Prazos Médios das Empresas ...................................................................94 4.2 Índices de Liquidez .....................................................................................................98 4.2.1 Liquidez Geral (LG) ..................................................................................................98 4.2.2 Liquidez Corrente (LC)..............................................................................................99 4.2.3 Liquidez Seca (LS) ................................................................................................. 100 4.3 Índice de Cobertura de Juros (ICJ) ............................................................................. 101 4.4 Índices de Endividamento (Estrutura de Capitais) ........................................................ 102 4.5 Índices de Rentabilidade ........................................................................................... 107 4.5.1 Análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício da Cia Test para o Ano I .................................................................................................................. 111 Capítulo 5 a análise Por meio de FerramenTas GerenCiais ComPlemenTares 5.1 O Minicaso da Empresa Boi Erado Ltda. ...........................................................118 5.1.1 Índices Financeiro-Econômicos da Agropecuária Boi Erado Ltda. ....................121 5.1.2 Breve Parecer sobre os Relatórios Contábeis da Empresa Boi Erado Ltda. ........123 5.2 Outras Ferramentas de Gestão .......................................................................123 5.2.1 Grau de Alavancagem Operacional (GAO) .....................................................124 5.2.2 Grau de Alavancagem Financeira (GAF) ........................................................126 Referências .........................................................................................................131 11 Apresentação Olá! Seja bem-vindo aos estudos de Análise e Diagnóstico Financeiro. Para nor- tear sua leitura, vamos fazer aqui um panorama de como este livro foi desenvolvido, apre- sentando em linhas gerais o que será abordado em cada capítulo. O primeiro terá como tema “Considerações Gerais sobre as Terminologias Con- tábeis e a Análise e o Diagnóstico Financeiro”. Vamos expor algumas situações que envolvem os aspectos da análise dos relatórios contábeis, bem como abordar conceitos básicos que são necessários para a realização da análise e do diagnóstico econômico-financeiro. O segundo capítulo, intitulado “Conhecendo Melhor alguns Relatórios Contábeis e suas Funcionalidades”, terá como objetivo realizar um estudo analítico de todos os rela- tórios contábeis, destacando suas finalidades, contas e a estrutura formal que reveste cada um deles. “Considerações sobre a Utilização de Índices e Porcentagens: Subsídios para a Análise Vertical e Horizontal” será o tema em estudo no terceiro capítulo. Nele, vamos exer- citar a nossa capacidade de formular hipóteses e buscar os caminhos para confirmá-las ou não. O quarto capítulo será sobre “A Análise por meio de Índices Econômico-Finan- ceiros”. Veremos que muitas hipóteses podem ser formuladas e dúvidas suscitadas, sendo que a maioria delas pode ser respondida por meio da análise dos índices de prazos médios, de liquidez, endividamento e rentabilidade. Por fim, no quinto capítulo, intitulado “A Análise por meio de Ferramentas Ge- renciais Complementares”, serão apresentadas algumas ferramentas de gestão, nas quais vamos verificar que o Grau de Alavancagem Operacional (GAO) pode sinalizar a respeito do efeito que as vendas vão produzir na lucratividade. Bons estudos! André Junior Silva Wiezzel Considerações Gerais sobre as TerminoloGias ConTábeis, a análise e o diaGnósTiCo FinanCeiro Capítulo 1 14 Para produzir algo, precisamos de uma combinação de recursos (matéria- -prima, mão de obra, tecnologia, técnicas, máquinas, etc.), cujo produto final é um bem (algo dotado de valor econômico e utilizável pelo homem). De modo análogo, assim o é para produzir a análise e o diagnóstico financeiro: a matéria-prima essencial são dados confiáveis (relatórios contábeis e demais dados coletados da empresa); a mão de obra se faz representar pelo analista, e os demais recursos são os conhecimentos científicos que vamos explorar neste livro, que representam as “ferramentas” necessárias para atingir o objetivo principal: produzir informações úteis para qualquer tomada de decisão na empresa. De grande importância, as Demonstrações Contábeis (daqui por diante trata- da apenas por DC) são relatórios produzidos a partir de fatos geradores ocorridos e regis- trados na contabilidade das empresas, que possuem finalidades de atender imposições de ordem fiscal (isto é, por força de Lei) e, principalmente, gerar informações úteis de uma organização para qualquer interessado (stakeholder), sejam elas de finalidades lucrati- vas ou meramente assistenciais. Nesse sentido, o respeitável Comitê de Pronunciamentos Contábeis (daqui por diante tratado apenas como CPC), que, grosso modo, tem a missão de interpretar e nortear aconduta dos contadores e gestores na interpretação prática das normas no eixo legal-contábil-tributário, assim dispõe sobre o assunto no Pronunciamento Técnico CPC 00: Introdução Esta Estrutura Conceitual define que o objetivo das demonstrações con- tábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira da entidade (Balanço Patrimonial), sobre seu desempenho em um de- terminado período (Demonstração do Resultado) e sobre as modifica- ções na sua posição financeira (Demonstração dos Fluxos de Caixa, no Brasil, a partir de 2008), informações essas que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica (CPC, 2009, p. 8). Agora que dimensionamos o entendimento sobre as finalidades dos re- latórios contábeis, e, entrando em outro tema, estamos convencidos que você já ouviu falar a respeito da análise das DC e do grande poder informacional que esse trabalho poderá produzir ao tomador de decisões. Muito se fala em tomada de decisão no âmbito da gestão empresarial, por vezes de forma esparsa e sem um foco determinado, e essa situação nos leva à primeira reflexão: • Quais tipos de decisões podem ser amparadas pela análise das DC? • Afinal, quais instituições são usuárias da análise das DC? 15 A partir dessas considerações iniciais, vamos começar o primeiro capítulo do nosso livro. Lembrando que você deve consultar o tutor sempre que tiver dúvidas em relação ao conteúdo apresentado. 1.1 Necessidade de Dados e Informação para a Análise e o Diagnóstico Financeiro Embora inegável a contribuição trazida pela análise das DC nos processos decisórios, é bom ter em mente que a interpretação sobre a situação geral de uma em- presa se faz por uma vasta gama de fontes de informação, amparadas por entrevistas, entendimento dos processos operacionais e diversos relatórios complementares. Nesse sentido, é razoável ponderar que seria mera pretensão (senão leviandade) do analista esperar diagnosticar uma empresa, munido tão somente de relatórios extraídos da sua contabilidade. De modo similar, manifesta-se o Pronunciamento Técnico CPC 00: Esses usuários possuem interesses e competências distintas, por isso precisam as Demonstrações Contábeis ser preparadas para atendimen- to às necessidades comuns da maioria deles. Todavia, elas não for- necem todas as informações que os usuários possam necessitar para tomar decisões econômicas, considerando que tais Demonstrações Contábeis refletem principalmente os efeitos financeiros ocorridos no passado e não contém necessariamente informações que não sejam de caráter financeiro. Adicionalmente, presume-se que os usuários das Demonstrações Contábeis tenham um conhecimento razoável dos ne- gócios, atividades econômicas e de contabilidade e a disposição de estudar as informações com razoável diligência (CPC, 2009, p. 8). Dessa maneira, é imprescindível ter em mente que os relatórios contábeis retratam os saldos de operações que ocorreram (no passado, evidentemente) e que estão sujeitos a constantes modificações. Além dessa “defasagem”, existem informações importantes que não se constituem em valores monetários, e, por esse motivo, não são evidenciadas em relatórios contábeis. Não obstante, tais informações podem ser um poderoso instrumento para direcionar o futuro, desde que utilizadas com destreza pelo administrador/gestor de negócios. Além dessa questão, é válido atentar para outra, que, se ignorada, poderá comprometer o teor/valor da análise sobre as DC. Esta questão recai no sentido de que a contabilidade é dividida em diversos segmentos, sendo a Contabilidade Comercial (também chamada de Contabilidade Financeira) a responsável pela geração dos relató- rios contábeis exigidos por lei e revestidos de certas formalidades que visam atender às exigências fiscais. 16 Saiba Mais Para aprofundar seus estudos, sugerimos que consulte os livros: SILVA, José Pereira. Análise Financeira das Empresas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2012, ps. 36-38. MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010, ps. 14-23. 1.2 Limitações da Informação Contábil: Contabilidade Real versus Fictícia e o Aperfeiçoamento da Qualidade da Informação Contábil – Regras Vigentes Na realidade, a contabilidade vivencia no presente uma verdadeira revolu- ção, já que as Normas Brasileiras de Contabilidade (daqui por diante tratadas apenas por NBC) vêm sendo alinhadas com diretrizes que visam tornar os relatórios contábeis revestidos de informações que possam, adequadamente, evidenciar o patrimônio e a situação financeiro-econômica de uma empresa, de forma clara e confiável. Esse comentário é importante porque, infelizmente, em certos casos, a con- tabilidade não revela dados realísticos sobre o desempenho empresarial, por diversos motivos, dentre outros: a) Pouco interesse pela informação contábil: parte do empresariado, não aptos a exercer as funções de tomadores de decisões (carentes de formação em áreas relativas a negócios-administração, contabilidade, economia, gestão comercial ou de negócios, etc.), principalmente das micro e pequenas empresas, não conhece, ou pouco valoriza a informação gerada pelo sistema contábil, ou ainda não sabe o que fazer com as informações disponíveis. b) Pouco interesse do empresário: o empresariado deixa de fornecer informações ou documentos importantes para o contador, o que redunda em relatórios contábeis com informações parciais ou distorcidas da realidade. c) Busca incessante por redução de gastos: parte do empresariado opta por uma contabilidade simplificada (para não dizer ineficaz e incompleta), por de- sinteresse em melhor remunerar um bom profissional contábil, e, por consequência, contrata uma assessoria que pouco contribui para o desenvolvimento gerencial e opera- cional da empresa. d) Falta de comprometimento do contador: alguns contadores não assu- miram o papel de contador-orientador, limitando-se a fazer “apenas o que o cliente deseja”, sem disseminar a importância que a contabilidade possui em qualquer forma de organização. 17 e) Critérios de reconhecimento de ativos e passivos: que muitas vezes não expressam o real valor dos itens patrimoniais, por conta de critérios de mensuração inadequados e descompromissados com a qualidade da informação gerada (ocorre em maior escala nas micro e pequenas empresas). Levando em conta a existência de deficiências na informação contábil apresentada por mi- cro e pequenas empresas (em boa parte dos casos, ao menos), pesquise a respeito do grau de confiabilidade nas DC destas empresas, considerando as seguintes questões: • A empresa em que você, seus pais ou que algum amigo trabalha, possui uma conta- bilidade regular (possui livros contábeis, relatórios contábeis, documentação organizada)? A contabilidade é terceirizada ou não? Esta empresa atua em que ramo? • Ela coloca em prática o Manual de Procedimentos Contábeis para Micro e Peque- nas Empresas. • Como o contador classifica a qualidade das informações contábeis? Classifique como excelente, boa, regular ou insatisfatória, e explique os motivos que na visão do con- tador embasaram a classificação. Há pouco comentamos a respeito da qualidade da informação contábil. Va- mos, agora, esclarecer melhor sobre tal afirmativa. As NBC vêm estabelecendo critérios para avaliar todos os itens patrimoniais, de maneira que o registro contábil mostre de forma mais aproximada possível a realidade do item registrado. A título de exemplo (não esgotando o assunto), imagine um produtor de gado de raça, que tenha um tourinho nascido em sua fazenda, animal que apresenta todas as características de bom reprodutor (forte ardor sexual, bom peso, raça nobre), no qual o pecuarista gastou, durante três anos, o valor equivalente a R$ 20.000,00 (gastos com alimentação, vacinação, acompanhamento de veterinário, transporte, etc.). Se a contabilidade não seguir as normas contábeis ora vigentes, isto é,conforme esta- belecidas pela NBC, ela simplesmente manteria no Balanço Patrimonial (BP) o valor de custo desse animal, ou seja, R$ 20.000,00. Talvez, numa cotação de mercado, o animal pudesse ser avaliado em R$ 50.000,00, R$ 70.000,00 ou outro valor qualquer. Pelas normas atuais, esse tipo de animal traria um registro contábil pelo va- lor justo (fair value), a partir da cotação do respectivo mercado ativo, levando em conta o estado do animal, a sua localização, etc., de forma que restaria como o valor do ani- mal, o mais provável possível de realização financeira (bem superior aos R$ 20.000,00, em função da raça, etc.). Saiba Mais http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/ManuMicro.pdf http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/ManuMicro.pdf 18 Esse exemplo serve para ilustrar o quão vem evoluindo a contabilidade nesse sentido, já que existem diversas NBC, que criam as condições ideais para avaliar os itens patrimoniais. Alinhado com essa afirmação, o Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC nº 1.374/11 (2011, p. 12) afirma que: “Se a informação contábil- -financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da informação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível”. Você Sabia? A ausência de registros contábeis, registros não confiáveis ou fraudulentos, em decor- rência de processo de fiscalização, traz consequências, como o aumento exponencial da carga tributária (lucro arbitrado), multas pesadas, perda de estoques e até a configura- ção de crimes fiscais, podendo causar a prisão do empresário e até mesmo do contador ou administrador, dependendo do caso. Fonte: Adaptado da Revista Veja (2009). Enquanto analistas de relatórios contábeis, precisamos estar conscientes desses fatos e preparados para desenvolver trabalhos com o menor grau de erro possí- vel. Mediante essa realidade, precisaremos refletir no seguinte sentido: a) Será que os relatórios contábeis publicados pelas empresas são adequa- dos para a prática da análise? b) Será que os registros contábeis, apesar de seguirem fielmente as mais diversas legislações fiscais, possuem limitações na geração de informações? Sonegação dá, sim, cadeia Al Capone Mafioso Sophia Loren Atriz Reverendo Moon Líder religioso coreano Leona Helmsley Magnata do setor hoteleiro Ademar Kehrwald Empresário Gaúcho País Estados Unidos Itália Estados Unidos Estados Unidos Brasil Condenação 11 anos de prisão, em 1931 30 dias de prisão, em 1980 18 meses de prisão, em 1982 4 anos de pri- são, em 1989 8 anos e 4 meses de prisão, em 1998 Quanto tempo ficou na cadeia 7 anos 17 dias 1 ano e um mês 1 ano e seis meses 1 ano e nove meses Valor Sonegado 15,2 milhões de dólares 180.000 dólares 162.000 dólares 1,7 milhões de dólares 36,4 milhões de reais 19 c) Quais são os documentos complementares que poderão ser utilizados para complementar o instrumental básico de análise das demonstrações contábeis? d) Até que ponto pode-se confiar nas informações contidas nos relatórios contábeis? Você está convidado a buscar conosco as respostas para essas e outras questões. 1.3 Revisão dos Conceitos Indispensáveis para Analisar as Demonstrações Contábeis Entendemos bastante pertinente a prática de relembrar alguns conceitos importantes para a análise dos relatórios contábeis, na condição de pré-requisitos para tal análise, a saber. 1.3.1 Contas Patrimoniais Fazem parte do Balanço Patrimonial e são formadas por três grupos de con- tas, denominadas por Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido (PL). Essas contas serão estu- dadas em detalhes ao longo desta seção. Primeiramente, reflita sobre esta questão: você sabe o que compõe o PL de uma empresa? Em se tratando de contabilidade, a expressão PL diz respeito a todas as contas que possam expressar, conjuntamente, os bens, direitos e obrigações de uma empresa. Isto porque é impossível que uma organização tenha num mesmo momento apenas contas que representam bens ou direitos, sem a existência de dívidas, ainda que por curto espaço temporal. Assim também o é em nossas vidas: temos a propriedade de ativos (carros, motos, casas, computadores, etc.), mas também precisamos honrar nossos passivos (nossas dívidas assumidas com terceiros, tais como a faculdade para pagar, a fatura do cartão de crédito, o Imposto Predial e Territoral Urbano - IPTU - da residência, etc.). Portanto, patrimônio é todo o complexo de ativos e de passivos, simultaneamente. A seguir, apresentaremos um exemplo ilustrativo do Balanço Patrimonial pu- blicado pela Imprensa Oficial do Estado S.A. A partir dele, ficará mais fácil visualizar e compreender as contas do Ativo, Passivo e PL. 20 TABELA 1 – Exemplo de Balanço Patrimonial Fonte: Imprensa Oficial (2011). IM PR EN SA O FI CI AL D O E ST AD O S .A - I M ES P CN PJ 4 8. 06 6. 04 7/ 00 01 -8 4 B al an ço P at ri m on ia l e m 3 1 de d ez em br o de 2 01 1 e 20 10 - ( Em m ilh ar es d e R ea is ) A ti vo P as si vo N ot a 20 11 20 10 N ot a 20 11 20 10 C ir cu la nt e C ir cu la nt e Ca ix a a ba nc os 4 35 6 47 5 Fo rn ec ed or es 3 b 1. 82 7 2. 98 0 Ap lic aç õe s fin an ce ira s 4 22 0. 04 3 19 8. 83 1 Im po st os e c on tr ib ui çõ es 3 b 6. 54 0 6. 11 2 Cl ie nt es 5 19 .1 30 22 .2 74 Ad ia nt am en to d e cl ie nt es 3 b 3. 63 1 2. 92 9 Es to qu es 6 18 .2 39 23 .7 40 Co nt as a p ag ar 3 b 12 .1 82 16 .8 58 Im po st os a r ec up er ar 7 2. 40 5 2. 38 8 Pr ov is ão p ar a fé ria s 3 e 8. 30 6 8. 00 9 O ut ro s cr éd ito s 3 c 2. 79 1 4. 00 0 Pr ov is ão p ar a lic en ça -p rê m io 3 e 13 1 12 5 D es pe sa s an te ci pa do s 3 c 93 0 2. 14 6 Pr ov is ão p ar a co nt in gê nc ia s 3 e 4. 57 6 4. 64 5 Pr ov is ão p ar a im po st o de r en da 3 f 26 .3 16 17 .4 86 Pr ov is ão p ar a co nt rib ui çã o so ci al 3 f 8. 41 0 4. 93 7 Pr ov is ão p ar a di vi de nd os p ro po st os 10 d 0 53 .0 39 26 3. 89 4 25 3. 85 4 To ta l c ir cu la nt e 71 .9 15 11 6. 92 1 To ta l c ir cu la nt e N ão c ir cu la nt e R ea liz áv el a lo ng o pr az o Im po st os d ife rid os 3 f 2. 89 2 2. 94 5 D ep ós ito s ju di ci ai s e ca uç õe s 3 c 1. 27 0 1. 06 8 Cr éd ito s di ve rs os 3 c 75 5 1. 88 7 To ta l r ea liz áv el a lo ng o pr az o 4. 91 7 5. 90 0 P at ri m ôn io lí qu id o In ve st im en to s 3 d 1. 82 3 Ca pi ta l s oc ia l 10 a 12 5. 81 9 12 3. 50 0 Im ob ili za do s 8 91 .6 78 Re se rv a le ga l 10 b 25 .1 64 19 .9 24 In ta ng ív el 9 12 .7 33 Re se rv a de lu cr os 10 c 15 2. 14 3 10 5. 89 5 To ta l n ão c ir cu la nt e 11 1. 15 1 To ta l p at ri m ôn io lí qu id o 30 3. 12 6 24 9. 31 9 To ta l d o at iv o 37 5. 04 5 To ta l d o pa ss iv o 37 5. 04 5 36 6. 24 0 As n ot as e xp lic at iv as s ão p ar te in te gr an te d as d em on st ra çõ es fi na nc ei ra s 21 Parada Obrigatória Identifique o valor do PL da Imprensa Oficial do Estado S.A.- Imesp para o ano de 2010 e 2011. Após, prossiga com a leitura do texto. PL do ano 2010 PL do ano 2011 R$ ____________________ R$ ____________________ No que diz respeito aos bens, há que se destacar que esses são suscetíveis de perda de valor econômico, em função do uso ou obsolescência (envelhecimento): trata-se da depreciação. De outra forma ocorre a amortização no decorrer do uso de direitos sobre a propriedade de terceiros, sendo que uma parte explora (mediante pagamento) os recur- sos de outrem, no cumprimento de uma avença (contrato). Porexemplo: considere um contrato de arrendamento de pasto. Se o arren- datário adquirir direitos de uso, digamos, de 12 meses para utilizar uma pastagem que não o pertence, mediante o pagamento de R$ 12.000,00, então, é de se concluir que a cada mês incorrido haverá a amortização de R$ 1.000,00, já que para cada mês, há a perda de direitos sobre o contrato. Há que se considerar ainda a exaustão: trata-se da redução do valor de determinado ativo (pertencente à empresa), em virtude de sua escassez, no qual, por conta da exploração, o potencial de produção vai sendo reduzido. São exemplos: explo- ração de minérios, corte da cana-de-açúcar, etc. Esclarecendo sobre a questão anteriormente lançada a você estudante, o valor do patrimônio para os anos de 2010 e 2011 são, respectivamente, R$ 366.240,00 e R$ 375.045,00, sendo esses os valores que totalizam o conjunto de ativos e passivos para os respectivos anos. São os recursos materiais ou imateriais (tangíveis/intangíveis) controlados pela empresa, isto é, de seu domínio e propriedade, que são passíveis de mensuração em valor, dotados da capacidade de trazer benefícios presentes e futuros para a empresa. Exemplos: móveis, estoques, contas a receber, investimentos, prédios, etc. 1.3.2 Total do Ativo 22 Parada Obrigatória Identifique o valor do ativo da Imprensa Oficial do Estado S.A.- Imesp para o ano de 2010 e 2011. Após, prossiga com a leitura do texto. Ativo do ano 2010 Ativo do ano 2011 R$ ____________________ R$ ____________________ São contas que têm características de constante modificação e movimenta- ção, e que possuem condições de se converter em dinheiro num prazo igual ou inferior a um ano (contados a partir do encerramento do período contábil) ou ainda dentro do ciclo operacional da empresa. O Ativo Circulante é (regra geral) composto pelos seguintes subgrupos de contas: disponibilidades, contas a receber, estoques e créditos diversos. Há que se res- peitar a individualidade de cada empresa, uma vez que o planejamento de contas (plano de contas) será o determinante da quantidade, grau de detalhamento e nomenclatura dessas contas. Saiba Mais Caso você tenha dúvidas sobre o tema que estamos estudando e mesmo ao longo de sua atuação profissional, é interessante acompanhar as publicações do portal do Conse- lho Federal de Contabilidade (CFC) e também do respectivo estado onde você trabalha. Explicando sobre a questão anteriormente lançada a você estudante, o valor do ativo para os anos de 2010 e 2011 são, respectivamente, R$ 366.240,00 e R$ 375.045,00, sendo esses os valores que totalizam o conjunto de bens e direitos para os respectivos anos. Por certo você já ouviu falar em Capital de Giro (CG). O que ele representa na empresa? Esse conceito guarda alguns entendimentos divergentes, até mesmo entre os autores mais renomados. A maioria compreende que o CG corresponde aos ativos cir- culantes, no qual os ativos circulantes representariam os bens e direitos que favorecem a formação do caixa para satisfazer as necessidades operacionais. Imbuídos de um espírito mais pragmático e funcional, preferimos explicar acerca do conceito definido como Capital de Giro Líquido (CGL). 1.3.3 Ativo Circulante http://cfc.org.br/ http://cfc.org.br/ 23 Erroneamente, o leigo entende que capital de giro é apenas o recurso em espécie (dinheiro) que a empresa dispõe para manter seus negócios em andamento. É necessário ainda, no que concerne ao ativo circulante, ponderar a respeito das disponibilidades. Entende-se como disponível o recurso financeiro que a empresa tem em seu poder e que pode ser convertido imediatamente em numerário (dinheiro), sem demandar qualquer tempo (dias) para tal. É comum enquadrar contas classificáveis como disponibilidades do saldo de dinheiro em caixa, do saldo das contas correntes ban- cárias ou aplicações financeiras com resgate imediato. Parada Obrigatória Preencha o quadro a seguir, levando em conta as informações da Imprensa Oficial do Estado S.A.- Imesp, para o ano de 2010 e 2011. A dica é que considere que as aplicações financeiras sejam resgatáveis somente após 180 dias do encerramento do BP. Após, prossiga com a leitura do texto. Contas 2010 2011 Capital de Giro Líquido R$ R$ Disponibilidades R$ R$ As contas de ativo listadas no BP seguem uma ordenação que tem como parâmetro o grau de liquidez, em ordem decrescente. Por exemplo: Se considerarmos as contas “caixa”, as duplicatas a receber de “João Carlos Siturnei” e o estoque para revenda, denominado “refrigerante dois litros Joia”, é notável que a conta “caixa” é dotada de liquidez absoluta, uma vez que representa dinheiro em espécie. Já as duplicatas a receber demandam alguns dias para serem recebidas. Quan- to aos estoques, eles vão requerer alguns dias para serem vendidos e se a venda for a prazo, alguns dias para o efetivo recebimento. Nesse raciocínio, é razoável ponderar que as contas dotadas de maior liquidez (recebíveis mais rapidamente) são as que estão escrituradas na parte superior do relatório contábil. Assim, teríamos: O CGL é a diferença entre o Passivo Não Circulante (PNC), isto é, dívidas de longo prazo + Patrimônio Líquido, e o Ativo Não Circulante (ANC), cujo montante repre- senta a suficiência ou não de recursos para cobrir as necessidades mais imediatas da empresa. De outra maneira, podemos afirmar que: CGL = [(PNC + PL) - ANC] 24 Com efeito, as contas escrituradas no ANC possuem baixo (ou nenhum) po- der de liquidez, estando relacionadas na parte inferior do grupo do ativo. Alguns conceitos são confundidos rotineiramente. Vamos esclarecer nossas dúvidas? • Liquidez: é a capacidade que determinados ativos possuem de se conver- terem rapidamente em dinheiro. • Solvência: é a capacidade de pagamento que a empresa possui. Ser sol- vente é ser capaz de honrar os compromissos assumidos, em virtude de os ativos serem superiores aos passivos. • Insolvência: é a incapacidade de pagar os compromissos assumidos, em virtude de os ativos serem inferiores aos passivos. • Inadimplência: um devedor encontra-se nesse estado quando ao menos parte de suas contas pagas ao credor ocorreram com atraso. • Adimplência: quando um devedor paga suas contas ao credor sem atrasos. Respondendo a questão anterior remetida a você, vamos calcular o CGL e as disponibilidades de cada ano, a saber: Disponibilidades: pertencem a esse subgrupo as contas que se convertem imediatamente em dinheiro. As “aplicações financeiras” demandam 180 dias para terem liquidez, o que nos faz concluir que a conta “aplicações financeiras” não faz parte das disponibilidades nesse caso. Assim: Disponibilidades (2010): R$ 475.000,00 (conta “caixa e bancos” do BP) Disponibilidades (2011): R$ 356.000,00 (conta “caixa e bancos” do BP) CGL = [(PNC + PL) - ANC] CGL (2010) = [(R$ 0 + R$ 249.319,00) - R$ 112.386,00] = R$ 136.933,00 CGL (2011) = [(R$ 0 + R$ 303.126,00) - R$ 111.151,00] = R$ 191.975,00 25 Pare e Reflita Por que as contas de ativo classificáveis no realizável a longo prazo não podem ser con- sideradas como Capital de Giro? !? ● Investimentos: representam gastos em ativos realizados por faculdade própria, tais sejam, por mera vontade da empresa, uma vez que não são imprescindíveis para a realização das atividades empresariais. Cite-se, por exemplo, a compra de ações de outra companhia, a aquisição de terrenos para venda futura, a aquisição de obras de arte, etc. Em relação ao questionamento anterior, basta rememorar o conceito de liqui- dez. Se determinado ativo possui baixa ou nenhuma liquidez, ele pouco contribui para formar o caixa necessário para manter as atividades operacionais da empresa. 1.3.4 Ativo Não Circulante São contas que a empresa não tem interesse de movimentar em prazo infe- rior a um ano (contados a partir do encerramento do período contábil) ou durante seu ciclo operacional. Evidentemente, pode ocorrer a venda de Ativos Não Circulantes, mas de for- ma esporádica, uma vez que venderbens classificáveis nesse ativo não é o objeto social de nenhuma empresa. O Ativos Não Circulantes é composto pelos seguintes subgrupos: ● Realizável a longo prazo: nele, são escrituradas as contas que a empre- sa pretende receber num prazo alongado (ou que não tenha a garantia de que haverá a satisfação dessa pretensão num prazo curto), fora do circulante ou do ciclo operacional. É comum agrupar nessa rubrica as contas com prazos de realização “duvidosos” ou “pouco prováveis”. Por exemplo: se uma empresa concede um empréstimo financeiro para outra empresa do mesmo grupo, é comum que a emprestadora contabilize este crédito nas contas a receber de longo prazo, já que não tem interesse em receber compulsoriamente o valor a curto prazo. 26 Pondere sobre a questão a seguir. Após, prossiga com a leitura do texto. Ainda que tenhamos muito a avançar em nossos estudos, em sua opinião, é interessante ao analista conhecer, separadamente, os ganhos advindos das atividades próprias (das opera- ções principais), dos ganhos com outras atividades (isto é, atividades estranhas às atividades principais)? ● Imobilizado: ao contrário do Investimento, tem-se aqui a canalização de recursos visando adquirir ativos essenciais para realização das atividades operacionais da empresa. São exemplos: mesas, cadeiras, veículos, instalações elétricas, máquinas, etc. ● Intangível: trata-se de ativos não corpóreos adquiridos pela empresa, que se beneficiará de tais prerrogativas por um longo tempo. São exemplos: marcas obtidas, patentes registradas, royalties, etc. Pare e Reflita Quanto maior é o direcionamento de recursos para o Ativo Não Circulante, menor será a disponibilidade de recursos em Capital de Giro. Esse conceito é importante, visto que algumas empresas conseguem produzir resultados similares a outras (lucro, volumes de produção ou vendas) a partir de estruturas de Ativo Não Circulante (imóveis, veículos, maquinários, marcas e patentes, etc.) reduzidas. Se assim o for, a empresa ganha simultaneamente em vários pontos, pois: • É mais eficiente, pois maneja com maior destreza seus ativos, produzindo maiores e melhores resultados. • Tem maior independência em relação ao capital de terceiros, uma vez que, empregando menor valor em ativos sem liquidez, sobram mais recursos para aplicar no giro do negócio ou ainda aplicar temporariamente em investimentos de alta liquidez. • Tem menores custos com depreciação, porque a grande maioria dos bens perde valor econômico por conta da obsolescência (envelhecimento) ou pelo uso pro- priamente dito. • Gasta menos com manutenção, aluguéis, seguros, salários e outros recur- sos que envolvem a guarda e a conservação de ativos. Após essa exposição mais detalhada sobre o assunto, é possível concluir melhor a respeito da pergunta lançada anteriormente. O investidor busca retorno de seus capitais de forma a cobrir suas expecta- tivas de lucros e o risco que toda atividade empresarial envolve. Assim, o investidor e o analista precisam identificar, separadamente, os resultados que advêm das atividades próprias e de outras atividades, com vistas a tomar decisões a respeito de onde devem 1.3.5 Total do Ativo (Soma do AC e ANC) 27 investir mais ou menos recursos e avaliar a taxa de retorno do investimento que realizar, etc. Se essa informação estiver camuflada, o empresário recai na clássica situação que assola muitas empresas de menor porte: no geral, existem lucros, mas pode ser que a empresa esteja operando com prejuízo ou com margens de lucro ruins, situação que redunda numa má administração dos recursos. Segue um modelo de estrutura de contas de ativo: Ativo Circulante Disponível Caixa Conta Corrente Banco “X” Conta Corrente Banco “J” Contas a Receber João de Deus Maria de Lourdes Cordeiro Estoques para Comercialização Balcão de Madeira 8x16m Créditos Diversos Adiantamentos Concedidos a Funcionários Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a Compensar Não Circulante Realizável a Longo Prazo Empréstimos a Diretoria Geral Crédito Fiscal Imposto de Renda Investimentos Ações da Empresa Electra Ouro em Barras Imobilizado Caminhões da Frota (-) Depreciação – Caminhões da Frota Máquinas e Equipamentos (-) Depreciação – Máquinas e Equipamentos Computadores e Periféricos (-) Depreciação – Computadores e Periféricos 28 Intangível Royalties Licenças de Softwares O Passivo Total (PT) consiste nas fontes de recursos da empresa, ou seja, a soma dos recursos de terceiros (também conhecidos como capital de terceiros – repre- sentam as dívidas ou as obrigações da empresa) com os recursos próprios (conhecidos como capital próprio ou patrimônio líquido). Para não se perder nesta discussão, é essencial discernir os passivos exigíveis (capital de terceiros) dos passivos não exigíveis (capital próprio ou patrimônio líquido). O Passivo Total, repita-se, leva em conta tanto o capital de terceiros como o capital próprio. Portanto, falar em capital de terceiros resulta em tratar dos compromissos assumidos pela empresa, ainda não pagos (se constam no Balanço Patrimonial da em- presa devedora, implica que ainda não foram pagos), que, ao serem honrados, implicam a redução de ativos, quer seja pela redução do caixa ou permutação de bens. Neste últi- mo caso, o devedor oferece em troca outro bem, já que na falta de dinheiro para saldar a dívida é possível negociar o pagamento por meio de um bem de valor equivalente ao endividamento (desde que de comum acordo entre as partes envolvidas, naturalmente). Por exemplo: impostos, juros, salários e fornecedores a pagar, etc. 1.3.6 Passivo São obrigações vencíveis num prazo igual ou inferior a um ano ou dentro do ciclo operacional da empresa. 1.3.7 Passivo Circulante São obrigações vencíveis num prazo superior a um ano ou em período que excede o ciclo operacional da empresa. As contas de passivo listadas no Balanço Patrimonial seguem uma ordenação que tem como parâmetro o grau de exigibilidade, em ordem decrescente. Por exemplo: se considerarmos as contas “salários a pagar”, as duplicatas a pagar ao fornecedor “Magnetus Comercial Ltda.” e o endividamento bancário com carên- cia de dois anos para pagamento “Finame Banco do Brasil”, é notável que a conta “salá- rios a pagar” é dotada de grande exigibilidade, visto que a empresa precisa pagar seus empregados, suponhamos, até o 5º dia útil do mês seguinte ao mês trabalhado. Já as duplicatas a pagar demandam alguns dias para serem pagas, suponhamos, nesse caso, 1.3.8 Passivo Não Circulante 29 Dessa maneira, as contas escrituradas no Passivo Não Circulante represen- tam dívidas de longo prazo, estando relacionadas na parte inferior do grupo do passivo. O passivo exigível é sinônimo de capital de terceiros, sendo que ambos repre- sentam o endividamento da empresa. Aqui é interessante notar dois conceitos importan- tes, já que estamos a falar sobre as fontes de financiamento da empresa (passivo exigível + patrimônio líquido): qualidade do endividamento e quantidade de endividamento. ● Qualidade do endividamento. Via de regra, quão maior for a concen- tração de dívidas a longo prazo, desde que não excessivamente onerosas, haverá uma dívida que expõe a empresa a menores riscos, uma vez que ela terá tempo para gerar caixa a fim de corresponder aos pagamentos devidos. As dívidas contraídas a longo prazo são, em geral, programadas e com taxas de juros mais atrativas, pois, quando planejadas, (o planejamento envolve projetos de viabilidade econômico-financeira) aumentam a probabilidade de adimplência, o que re- duz o risco para o emprestador do capital, resultando em taxas reduzidas. Portanto, uma empresa que possui dívidas de “boa qualidade” são aquelas que não possuem endividamento de valor aviltante vencível no curto prazo (Passivo Circulante). Falar em qualidade da dívida, portanto, é identificar qual é a porcentagem ou o valor das dívidas que vencem a curto e a longo prazo, de forma a obter a seguinte resposta:como se compõe a dívida? ● Quantidade do endividamento. Diferentemente do caso anterior, quan- tificar a dívida é dimensionar o seu volume, em valores e em porcentagem, ou seja, diz respeito ao quanto se deve. Vamos tomar como exemplo o passivo total da empresa Ficta Ltda. e aplicar nosso conhecimento para dimensionar os dois conceitos apresentados: 40 dias. Quanto ao endividamento bancário, o contrato foi firmado para pagamento após dois anos. Dessa forma, as contas de maior exigibilidade (que vencem mais rapidamen- te) são as que estão escrituradas na parte superior do relatório contábil. Assim, teríamos: 30 Empresa Ficta Ltda. em 31/12/2017 Passivo Circulante Contas a Pagar - Suprimentos Carrefour Alimentos R$ 80.000,00 Indústria de Cimento Concretuss R$ 62.000,00 Supermercado Astradda Ltda. R$ 20.000,00 Contas a Pagar - Pessoal Salários e Pró-labore R$ 37.000,00 Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) R$ 4.070,00 Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) R$ 2.960,00 Contribuição Confederativa R$ 555,00 Capital de Giro - Empréstimos Bancários Giro Rápido Banco do Brasil R$ 62.000,00 Giro Banco Santander R$ 25.900,00 Total do Circulante R$ 294.485,00 Não Circulante Financiamento Banco BNDES R$ 120.000,00 Empréstimo Banco Central R$ 85.000,00 Total do Não Circulante R$ 205.000,00 Patrimônio Líquido Cotas de Capital Sócia Maria de P. Alves R$ 120.000,00 Cotas de Capital Sócia Neide P. Alves R$ 40.000,00 Lucros do Exercício R$ 80.000,00 (-) Lucros a Distribuir R$ 60.000,00 Total do Lucro Líquido R$ 180.000,00 Total do Passivo R$ 679.485,00 Suponha que a empresa Ficta, que atua no ramo de comércio de materiais para construção, tenha interesse em comparar seu desempenho com outra empresa sediada na mesma cidade. Ela sabe que o endividamento total de seu principal concorrente é de 35% (quantidade da dívida), sendo que 40% das dívidas vencerão em 60 dias (qualidade da dívida). 31 PC: Passivo Circulante PNC: Passivo Não Circulante QD: Quantidade da Dívida 1º passo. Precisamos identificar o valor da dívida. Basta somar as dívidas (capital de terceiros): R$ 499.485,00 (soma do passivo circulante + passivo não circulante). Passivo Circulante (PC) R$ 294.485,00 Passivo Não Circulante (PNC) R$ 205.000,00 Quantidade da Dívida (QD) R$ 499.485,00 2º passo. Desmembrar essa dívida no sentido de aferir qual é a porcenta- gem que vence a curto e a longo prazo. Desmembramento da dívida: % de dívidas a curto prazo (PC): % de dívidas a longo prazo (PNC): Regra de três simples: R$ 499.485,00 -------------------- 100% R$ 294.485,00 -------------------- PC (%) PC (%) x R$ 499.485,00 = R$ 294.485,00 x 100 PC (%) = R$ 29.448.500,00 / R$ 499.485,00 PC (%) = 58,96% Regra de três simples: R$ 499.485,00 --------------------- 100% R$ 205.000,00 --------------------- PNC (%) PNC (%) x R$ 499.485,00 = R$ 205.000 x 100 PNC (%) = R$ 20.500.000,00 / R$ 499.485,00 PNC (%) = 41,04% 3º passo. Comparar o desempenho da empresa Ficta com a concorrente. Esta apresenta dívidas concentradas a curto prazo de 41,04%, ao passo que a Ficta pos- sui 58,96% de suas obrigações com terceiros vencíveis a curto prazo, o que a coloca em situação desfavorável em relação a sua concorrente neste quesito. Quantidade da Dívida (QD) 1º passo. Idem ao 1º já descrito, no qual se tem a dívida em valor - (QD) = R$ 499.485,00. 2º passo. Comparar o valor da dívida com o total de recursos à disposição da empresa (soma de todo o passivo, isto é, capital de terceiros + capital próprio = R$ 679.485,00), montando uma regra de três simples, na qual se terá a dívida em porcentagem: Vamos esclarecer para o gerente da Ficta se a empresa está em vantagem ou em desvantagem em relação ao citado concorrente, no que diz respeito à qualidade e à quantidade da dívida. Qualidade da Dívida (QD): 32 Dica Para obter conclusões mais confiáveis e assertivas, precisamos analisar um conjunto de informações. Avaliar uma situação levando em conta apenas fatos isolados pode levar o analista ao erro, o que resultaria numa tomada de decisão incorreta. R$ 679.485,00 ------------------- 100% R$ 499.485,00 ------------------- QD (%) QD (%) x R$ 679.485,00 = R$ 499.485,00 x 100 QD (%) = R$ 49.948.500,00 / R$ 679.485,00 QD (%) = 73,51% 3º passo. Comparar o desempenho da empresa Ficta com a concorrente. Dos recursos à disposição da empresa Ficta, constatamos que mais de 73% pertencem a terceiros, fato que a coloca em desvantagem neste quesito, uma vez que as dívidas totais da concorrente são de apenas 35%. Você se recorda do conceito de CGL, também conhecido como Capital Cir- culante Líquido (CCL)? Trata-se da diferença entre o Ativo Circulante (AC) e o Passivo Circulante (PC). CCL = AC - PC Se o CCL for positivo, significa dizer que a empresa possui Capital de Giro suficiente para pagar seus compromissos de curto prazo. Quanto maior o CCL, maior será a capacidade da empresa de autofinanciar suas atividades operacionais, pois indica um menor grau de dependência em relação ao capital de terceiros. Ao contrário, no caso de CCL negativo, a empresa precisa ser financiada por recursos de terceiros, já que não dispõe de Capital de Giro suficiente para honrar seus compromissos de curto prazo. Mas será que todo empréstimo ou capital de terceiros é nocivo para a empresa? Vamos nos deparar com duas situações: 1º caso. A empresa Enrroll Adda Ltda. ME possui conta corrente em seis ins- tituições bancárias. Ela utiliza o crédito denominado “cheque especial” na maioria delas, sendo que cada limite concedido à empresa gira em torno de R$ 20.000,00, de forma que, quando o saldo se tornar devedor, de forma automática, o banco “cobre” o saldo, mediante a cobrança de juros. 33 Pare e Reflita Apenas com as informações aqui disponibilizadas, julgue: qual dos dois projetos parece mais sensato? !? O comentário a seguir não precisa, necessariamente, influenciar na sua resposta ao questionamento anterior, pois o conceito será melhor tratado mais adiante, o que não inviabiliza nosso comentário no momento, uma vez que é pertinente ao tema estudado. Podemos afirmar que, em linhas gerais, se o custo líquido do empréstimo (em %) for inferior ao retorno sobre o ativo (em %), então a empresa está se beneficiando do capital de terceiros, já que, nessa circunstância, o capital de terceiros proporcionaria um retorno sobre o Patrimônio Líquido maior do que se a empresa utilizasse apenas ca- Todos esses bancos têm cobrado, nos últimos meses, apenas os juros das coberturas realizadas, no qual o montante do empréstimo agora é cobrado por todos os bancos, uma vez que a empresa apresenta nítida e contínua dificuldade financeira. Para pagar tais empréstimos, a única opção encontrada pelo administrador financeiro foi recorrer a um empréstimo do Banco Sétimo S.A., mediante uma taxa de juros que excedem as médias praticadas no mercado. O administrador contrata o em- préstimo, com a promessa de honrar a dívida em 180 dias. Ele confessa que tem convicção que não haverá caixa suficiente para pagar a dívida contratada daqui a seis meses, mas era a única maneira de continuar a “girar” os negócios da empresa. 2º caso. A empresa Modernatuss atua no ramo de brindes promocionais (apitos, cornetas, bonés e outros do gênero). Em função de um grande evento progra- mado para o próximo semestre (que vai atrair turistas e aumentar o consumo de seus produtos), percebe a necessidade de quadruplicar sua capacidade de produção durante o evento (período da Copa do Mundo), e, para o resto do ano, caso consiga manter ao menos o dobro do que hoje ela produz, poderá fechar um acordo comercial para suprir outra empresa com seus produtos. Para tanto, ela precisa buscar um endividamento que hoje representa 10 ve- zes o valor de seu Patrimônio Líquido, pois precisa substituir os atuais equipamentos por novos, que terão vida útil de cinco anos,dos quais dois são isentos de manutenção. Ao obter o empréstimo, ela terá prazo de um ano para iniciar o pagamento do equipamento (carência), uma vez que seu projeto de viabilidade apresentado ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi considerado “viável” e que envolve um “baixo risco” ao emprestador. A empresa precisa pagar o empréstimo num prazo de três anos, vencíveis após o período de carência. 34 pitais próprios, o que por certo favorece a situação da empresa. É o que se conhece por Grau de Alavancagem Financeira (GAF). Por custo líquido do empréstimo, entenda-se: custo do empréstimo abatido da redução do imposto de renda que tal empréstimo ocasionaria, desde que o regime de tributação da empresa seja afetado pelos lucros. Considere nesta análise o fato de que boa parte das empresas não são tributadas em função dos lucros, mas sim em função do faturamento. Em relação à última questão lançada, o 1º caso é uma situação que mostra a total incapacidade da empresa em elaborar um plano operacional que possa devolver a ela a estabilidade financeira, sendo que a atitude tomada em contratar o empréstimo somente vai postergar o problema, que apresenta todos os sinais para uma situação de insolvência num futuro próximo. O 2º caso nos mostra um empréstimo de valor elevado, mas contratado com absoluta confiança de retorno, tanto por parte do empresário como pelo emprestador do capital. Esses dois casos apresentados correspondem a exemplos de conceitos que já discorremos ao longo deste livro, chamados de empréstimo vicioso (para o 1º caso) e empréstimo virtuoso (para o outro caso). Portanto, o endividamento, se saudável, alavanca os negócios da empresa e a deixa em melhores condições de competir no mercado, uma vez que terá maior capa- cidade operacional, que resulta em maiores margens de retorno, etc. 49. Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da po- sição patrimonial financeira são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. Estes são definidos como segue: (a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade; (b) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos; É a riqueza que a empresa possui sobre a qual não recai nenhum endivida- mento (capital próprio). A diferença entre Ativo (A) e Passivo Exigível (PE) resulta no Patrimônio Líquido (PL), isto é, PL = (A) – (PE). São exemplos (não exaustivos) das contas que compõem o Patrimônio Líqui- do: capital social, reservas de capital e lucros. Sobre as contas patrimoniais, o Pronunciamento Técnico CPC 00 (2009, p. 20) traz no tópico 49 a condensação dos conceitos anteriormente apresentados, a saber: 1.3.9 Patrimônio Líquido 35 Para melhor compreender a questão do que é circulante e não circulante, é necessário entrar em outro tema: ciclo operacional da empresa. 68. O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ati- vos para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalen- tes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses. Os ativos circulantes incluem ativos (tais como estoque e contas a receber comerciais) que são vendidos, consumidos ou realizados como parte do ciclo operacional normal, mesmo quando não se espera que se- jam realizados no período de até doze meses após a data do balanço. Os ativos circulantes também incluem ativos essencialmente mantidos com a finalidade de serem negociados (por exemplo, ativos financeiros dentro dessa categoria classificados como disponíveis para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Finan- ceiros: Reconhecimento e Mensuração) e a parcela circulante de ativos financeiros não circulantes (CPC, 2011, p. 20). Nessa concepção, o circulante não é necessariamente o que acontece num prazo de até um ano após o exercício social (apesar de assim o ser para a maioria abso- luta das empresas), mas sim circulante é o que acontece dentro do limite do ciclo ope- racional da empresa. Se ela compra, vende e faz negócios durante todo o ano, adota-se como ciclo operacional o ano civil, isto é, considera circulante o que ocorre durante um ano. Saiba Mais Exercício Social é o período em que a empresa escritura os fatos e elabora suas demons- trações contábeis, coincidindo com o ano civil, que se inicia e se finda, respectivamente, em 01/01/20XX e 31/12/20XX. (c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. É o período que a empresa necessita para estocar (comprar, no caso de uma empresa comercial, ou produzir, no caso de uma indústria), girar o estoque (isto é, vender, e se for prestador de serviços, vender seus serviços) e receber de seus clientes. Por exemplo: suponha que entre a estocagem, giro do estoque e recebimen- to das vendas tenha decorrido 430 dias. Então, é de se concluir que o ciclo operacional de tal empresa acontece em 430 dias. A partir disso decorre que o circulante dela com- preende o prazo igual ou inferior a 430 dias. Nesse sentido, manifesta-se o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, por meio do CPC 26 (R1, ou seja, primeira revisão), sobre o ciclo operacional: 1.3.10 Ciclo Operacional 36 Contudo, se a empresa foge dessa situação, cuja atividade de comprar, pro- duzir e vender venha a consumir um período maior, digamos, 500 dias, esse período será considerado como o circulante da empresa. De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, daqui por diante tratada apenas por Lei nº 6.404/76 (modificada pela Lei nº 11.941/09), as contas patrimoniais assim se dispõem: Balanço Patrimonial Grupo de Contas Art. 178. No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conheci- mento e a análise da situação financeira da companhia. § 1º No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos: I – ativo circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – ativo não circulante, composto por ativo realizável a longo prazo, inves- timentos, imobilizado e intangível. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2º No passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: I – passivo circulante; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – passivo não circulante; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) III – patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (BRASIL, 1976). Na realidade, não existe patrimônio líquido “negativo”, mas sim uma situação conheci- da como Passivo a Descoberto, na qual os bens e direitos são insuficientes para honrar os compromissos (dívidas) assumidos pela empresa. É possível ainda ponderar acerca das contas patrimoniais no seguinte sentido: • Se o ativo é maior que o passivo exigível, então o Patrimônio Líquido é “positivo” (situação desejada pelo empresário). • Se o ativo é menor que o passivo exigível, então o Patrimônio Líquido é “negativo” (situação que leva muitas vezes à falência, e, nessa condição, a empresa es- tará impedida de exercer suas atividades). • Se o ativo é igual ao passivo exigível, então o Patrimônio Líquido é nulo (situação improvável, uma vez que, normalmente, ocorrem ganhos ou perdas). É de grande importância compreender adequadamente as características e diferenciações que cada subgrupo de contas possui em relação ao contexto geral, com vistas a produzir uma análise mais confiável, consistente e que possa cumprir sua função de ferramenta para a tomada de decisões na empresa. Lembre-se 37 Segue um exemploilustrativo da disposição das contas do passivo total (pas- sivo exigível + passivo não exigível): Passivo Circulante Contas a Pagar - Suprimentos Carrefour Alimentos Indústria de Cimento Concretuss Supermercado Astradda Ltda. Contas a Pagar - Pessoal Salários Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) Contribuição Confederativa Capital de Giro - Empréstimos Bancários Giro Rápido Banco do Brasil Giro Banco Santander Não Circulante Financiamento Banco BNDES Empréstimo Banco Central Patrimônio Líquido Cotas de Capital Sócia Maria de P. Alves Cotas de Capital Sócia Neide P. Alves Lucros do Exercício (-) Lucros a Distribuir Total do Passivo (soma do PC + PNC) Contas de Resultado As contas de resultado estão alojadas na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e têm por finalidade aferir o montante do lucro líquido ou do prejuízo sofrido pela empresa. A palavra “resultado” por si só é difusa, porque não determina com clareza se houve prevalência das receitas sobre os gastos (o que gera o lucro) ou ainda, ao contrário, se os gastos superaram as receitas (ocasião em que se forma o prejuízo). A Demonstração do Resultado do Exercício é formada por três grupos de contas: receitas, custos e despesas. A seguir, a Demonstração do Resultado do Exercício da Imprensa Oficial do Estado S.A. 38 TABELA 2 - DRE da Imprensa Oficial do Estado S.A. Fonte: Imprensa Oficial (2011). Convém fazer uma observação importante sobre a DRE apresentada: a colu- na “nota” diz respeito às notas explicativas. Os códigos que aparecem na referida coluna são referências para que se apresente em outro relatório mais informações a respeito das respectivas contas (de forma mais detalhada). Mais adiante, entraremos nesse assunto. Grosso modo, os resultados (isto é, lucros ou prejuízos) são assim determi- nados: após a soma das receitas, são subtraídos todos os gastos (despesas e custos). Se dessa diferença houver um saldo positivo, haverá o lucro, do contrário, o prejuízo. Vamos, então, retomar a explicação sobre os subgrupos da Demonstração do Resultado do Exercício. Separadamente, abordamos cada um deles: IMPRENSA OFICIAL DO ESTADO S.A. - IMESP CNPJ 48.066.047/0001-84 Demonstração do Resultado dos Exercícios Findos em 31 de dezembro de 2011 e 2010 (Em milhares de Reais, exceto o lucro líquido por ação do capital social integralizado - em Reais) Nota 2011 2010 Receita líquida 14 322.912 286.962 Custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados 14 (88.977) (80.086) Lucro bruto 233.935 206.876 Receitas (despesas) operacionais 3 b Honorários da Diretoria e dos Conselhos de Administração e Fiscal (1.750) (1.867) Gerais e administrativas (78.565) (91.391) Outras despesas operacionais (10.596) (8.448) Outros Resultados - líquido (7) 981 Lucro operacional antes do resultado financeiro 143.017 106.151 Resultado financeiro - líquido 3 b 7.915 2.985 Lucro antes do imposto de renda, da contribuição social e da reversão dos juros sobre o capital próprio 150.932 109.136 Imposto de renda 3 f (37.980) (28.017) Contribuição social 3 f (14.104) (10.378) Lucros antes da reversão dos juros sobre o capital próprio 98.848 70.741 Reversão dos juros sobre o capital próprio 10 d 14.959 14.261 Lucro líquido do exercício 113.807 85.002 Lucro líquido por ação do capital social integralizado - R$ 0.474 0.407 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras 39 • Receitas: são ganhos (não necessariamente recebimentos, conforme será explicado adiante) por conta das operações de venda de bens de produção própria (indústria), pela revenda de bens adquiridos de terceiros (comércio), pela prestação de serviços (nesses três casos, trata-se de “receitas operacionais”) ou ainda ganhos que não advêm das atividades principais, mas que geram aumento de ativos para a empresa. Neste último caso, temos “outras receitas”. É oportuno reconhecer que entender esse assunto é imprescindível para o acadêmico, que, por vezes, precisará avaliar o desem- penho da empresa oriundo das atividades operacionais segregado dos ganhos gerados por outras oportunidades de negócios, na qual essa informação será relevante no ponto de vista do investidor. • Custos: representam o consumo de recursos (não necessariamente paga- mentos, conforme será explicado adiante) necessários para obtenção de bens e serviços que visam à formação do estoque da empresa comercial, dos produtos fabricados pela empresa industrial e ainda o consumo de recursos necessários para a prestação de ser- viços, que implicam a redução de ativos ou o aumento de passivos. • Despesas: representam o consumo de recursos (não necessariamente pagamentos, conforme será explicado adiante) necessários para a manutenção das ati- vidades empresariais, que implicam a redução de ativos ou o aumento de passivos. Vencida esta etapa de cunho generalista, vamos nos ater às particularidades que as contas da DRE nos reservam, a saber: RECEITAS BRUTAS: é o total das vendas ou dos serviços prestados, sem considerar as devoluções ou cancelamentos. (-) Deduções: são fatos que resultam na redução da receita bruta, tais como: devolução de vendas, abatimentos concedidos, impostos sobre as receitas. = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA: é a diferença entre as receitas brutas e as deduções. (-) CMV (Custo da Mercadoria Vendida - são os gastos incorporados à mercadoria vendida) ou CSP (Custo do Serviço Prestado – são os gastos relacionados aos serviços prestados) ou ainda CPV (Custo do Produto Vendido – são os gastos relacionados aos produtos fabricados). LUCRO BRUTO: é a diferença entre as receitas líquidas e o respectivo custo (CPV, CMV ou CSP). (-) Despesas operacionais Comerciais: são os gastos com propaganda, publicidade, departamento de vendas e demais esforços que envolvam a área comercial da empresa. Administrativas: são as despesas que envolvem os gastos com as atribuições da adminis- tração geral, necessárias para controlar e administrar a empresa. Gerais: são as principais despesas operacionais da empresa. Se o valor for relevante frente às demais contas, a natureza das despesas gerais deve ser conhecida pelo analista. Outras Despesas e Receitas Operacionais: são as despesas com atividades secundárias não classificáveis como comerciais, administrativas ou gerais, de valor reduzido, que fogem dos gastos rotineiros. Também podem ser receitas que não advêm das atividades principais da empresa. Em linhas gerais, são os ganhos ou perdas que não decorrem das atividades cor- riqueiras da empresa. Se forem receitas, vão favorecer a formação do resultado. Ao contrário (no caso das despesas), terão como consequência a redução do resultado. Por exemplo: Outras receitas – venda de ativo imobilizado, ganho de capital na venda de bens, etc. Outras despesas – perda de capital na venda de bens, baixa de ativos por furto, roubo, sinistros em geral, etc. 40 Fonte: Adaptado da Deliberação CVM n.º 595/2009. Observe que a Deliberação CVM nº 595, de 15 de Setembro de 2009, não considera resultados financeiros (receitas e despesas financeiras) como resultados ope- racionais, o que propicia um grande ganho na qualidade da informação contábil, haja vista que tais resultados não decorrem de fatos operacionais, o que causava distorções no trabalho do analista. Sobre as contas de resultado, o Pronunciamento Técnico CPC 00 traz, no tópico 70, a condensação dos conceitos apresentados anteriormente, a saber: 70. Receitas e despesas são definidas como segue: (a) receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o perío- do contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade; e (b) despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o pe- ríodo contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultamem decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade (CPC, 2009, p. 23). De acordo com a já citada Lei nº 6.404/76 (modificada pela Lei nº 11.941/09), as contas de resultado assim se dispõem: Demonstração do Resultado do Exercício Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; = RESULTADO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA: é a diferença entre o lucro bruto e as despesas operacionais. (+/-) Resultado de equivalência patrimonial: quando uma empresa realiza investimentos em outra, ela precisa reconhecer os ganhos ou perdas decorrentes desse investimento. Have- rá ganhos se a empresa investida apresentar lucros, e, naturalmente, perdas se a investida amargar em prejuízos. = RESULTADOS ANTES DAS DESPESAS E RECEITAS FINANCEIRAS (+/-) Despesas e receitas financeiras: em se tratando das despesas, são os gastos que de- correm de operações de empréstimos, de duplicatas a pagar em atraso, tarifas bancárias e outras do gênero. No caso das receitas, são ganhos com operações de aplicações, descontos financeiros obtidos na aquisição de bens ou serviços, etc. Existindo ambas ao mesmo tempo, as contas devem ser compensadas entre si, de modo a expressar a prevalência de uma sobre a outra. Por exemplo: as despesas financeiras foram de R$ 1.000,00, as receitas financeiras de R$ 600,00. Portanto, remanescem ainda despesas financeiras de R$ 400,00. = RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO (-) Provisão para a Contribuição Social (-) Provisão para o Imposto de Renda (-) Participações de debenturistas, empregados, administradores e partes beneficiárias = LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO = LUCRO LÍQUIDO POR AÇÃO 41 Destaque-se que a Demonstração do Resultado do Exercício não é um re- latório padronizado. Há que se levar em conta as particularidades de cada ramo, porte empresarial, regime tributário adotado, etc. Resumo Neste capítulo, priorizamos explicar algumas situações que envolvem os as- pectos da análise dos relatórios contábeis. Conseguimos também adentrar alguns con- ceitos básicos que são necessários para a realização da análise e do diagnóstico econô- mico-financeiro. Discorremos aqui sobre a amplitude e as limitações da informação contábil, além de conceitos indispensáveis para iniciar nossos trabalhos, tais como as termino- logias contábeis básicas (ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas, despesas, custos), terminologias que envolvem análise financeira, como as de capital de giro, capital de giro líquido, grau de endividamento, qualidade do endividamento, solvência, insolvência, liquidez e inadimplência. Deixamos ainda evidente a melhoria da qualidade da informação contábil, por conta da adequação da legislação brasileira que agora dá condições ao contador de elaborar peças contábeis que possam refletir a realidade do patrimônio de uma empresa. Relembramos ainda sobre cálculos percentuais e de índices, que são elementos indis- pensáveis para a interpretação de dados e formulação de relatórios e pareceres no eixo da análise econômico-financeira. II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras des- pesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) V – o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a pro- visão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, corres- pondentes a essas receitas e rendimentos. (BRASIL, 1976). 42 Atividades 1. Em sua opinião, a aquisição de conhecimentos na área contábil é de interesse do ad- ministrador? Explique seu posicionamento, em caso negativo ou positivo. 2. O que significa o conceito de liquidez? 3. Explique o que é o capital de giro e sua importância para a área financeira da empresa. 4. Dê exemplos de possíveis contas que podem ser deduzidas da receita bruta, visando apurar o saldo da conta receita líquida. 5. Explique sinteticamente como a empresa procede para apurar o lucro ou o prejuízo do exercício. Anotações 43 ConheCendo melhor alGuns relaTórios ConTábeis e suas FunCionalidades Capítulo 2 44 A fonte principal a ser seguida pelas empresas organizadas na forma de So- ciedades por Ações (S.A.), no que diz respeito à legislação societária, repousa sobre a Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações), cujos ensinamentos podem também ser aplicados às demais formas de sociedades. Essa lei passou por modificações e, para não tornar enfadonho os nossos estudos, optamos aqui por não adentrar nesses detalhes. Portanto, nosso foco neste capítulo será os tipos de relatórios contábeis. Introdução 2.1 Relatórios Contábeis Obrigatórios para Sociedades por Ações e para outras formas de Sociedade De acordo com o artigo 176 da Lei nº 6.404/76 (modificada pela Lei nº 11.638/07 e Deliberação CVM nº 595/09), são estes os relatórios obrigatórios para as sociedades por ações de capital aberto: • Balanço Patrimonial (BP). • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). • Demonstração do Resultado Abrangente (DRA). • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). • Demonstração do Valor Adicionado (DVA). • Notas Explicativas (NE). Oportuno também esclarecer sobre a mesma obrigatoriedade referente às sociedades por ações de capital fechado, a saber: • Balanço Patrimonial (BP). • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). • Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA). • Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC). Vale destacar que em relação à Demonstração dos Fluxos de Caixa, a Lei nº 11.638/07 afirma no § 6º que: “a companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à ela- boração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa”. Você pode estar pensando: se os relatórios contábeis anteriormente mencio- nados são exigidos para as empresas organizadas na forma de Sociedades por Ações, 45 quais são os relatórios que as demais empresas (Sociedades Simples, Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada e Empresas Individuais) precisam escriturar? São eles: • Balanço Patrimonial. • Demonstração do Resultado do Exercício. • Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados. Cada peça contábil tem um propósito de existir. Quando o assunto é análise das DC, precisamos repousar nosso pensar, ao menos, no tripé básico no qual a análise se apoia: endividamento, rentabilidade e liquidez. Com muita propriedade sobre o assunto, Marion (2012) considerou essa tríade de análise como os três pontos fundamentais de apoio para a continuidade da empresa. Se bem pensarmos, um banquinho simples com apenas três pernas fica per- feitamente assentado em qualquer terreno, mesmo que ele contenha imperfeições, ao passo que uma cadeira convencional somente ficaria perfeitamente apoiada se tangen- ciasse uma superfície nivelada, pois, ao contrário, ficaria “manca”. Essa analogia serve para entender que, se a empresa for vigilante nesses três pontos citados a pouco, ela estará gerenciando e conduzindo os rumos dos negócios, não ficando à mercê da sorte. FIGURA
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