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PREVENÇÃO do suicídio O que é suicídio Apresentação Olá Aluno! Seja bem vindo ao Módulo, Prevenção do Suicídio. Esse curso foi pensado para que você possa aprender mais sobre esse tema tão importante e complexo e que é um grande problema no Brasil e no Mundo. Nesse curso você aprenderá o que é o suicídio, aspectos relacionados a ele, além de maneiras de preveni‐lo. Na Unidade 1, você conhecerá os diferentes pos de comportamento suicida, os sinais de alerta, os dados epidemiológicos do Brasil e do Paraná, os fatores de risco e de proteção. Desejamos que essa seja uma boa oportunidade de aprendizagem e crescimento profissional. Bom curso! Sumário INTRODUÇÃO................................................................................................................ 5 Principais dados da Organização Mundial de Saúde.................................................................. 6 Suicídio como um problema de saúde pública............................................................................. 6 Breve jus fica va sobre a importância do tema......................................................................... 6 AULA 1 ‐ Conceito de Comportamento Suicida.................................................... 8 Comportamento Autolesivo............................................................................................................ 9 Ideação Suicida.................................................................................................................................. 11 Tenta va de Suicídio........................................................................................................................ 12 Suicídio................................................................................................................................................ 13 Comportamento Suicida como um Con nuum.......................................................................... 14 Sinais de alerta.................................................................................................................................. 15 AULA 2 ‐ Dados Epidemiológicos.............................................................................17 Importância do estudo da epidemiologia no suicídio................................................................ 18 Epidemiologia do Suicídio no mundo........................................................................................... 18 Epidemiologia do Suicídio no Brasil.............................................................................................. 20 Epidemiologia do Suicídio no Paraná............................................................................................21 AULA 3 ‐ Fatores de Risco.......................................................................................... 31 Principal fator de risco: tenta va anterior de suicídio.............................................................. 32 Presença de Transtorno Mental..................................................................................................... 32 Fatores individuais............................................................................................................................ 33 Fatores sociais e ambientais........................................................................................................... 34 Fatores culturais................................................................................................................................ 36 Sumário AULA 4 ‐ Fatores de Proteção................................................................................... 37 O que são Fatores de Proteção......................................................................................................38 Suporte Social....................................................................................................................................38 Outros fatores de proteção............................................................................................................ 39 Bibliografia..................................................................................................................................... 41 Introdução A cada ano mais de 800 mil pessoas cometem suicídio, correspondendo a uma morte a cada 40 segundos (WHO, 2014). Para cada suicídio existem muitas outras tenta vas que são realizadas a cada ano (WHO, 2018). É um problema de saúde pública que afeta comunidades, cidades e países, sendo a segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos (WHO, 2014). 1 - Principais dados da Organização Mundial de Saúde 5 “O suicídio é um problema de todos” (Shneidman, 1996 – tradução livre) O suicídio é um fenômeno complexo e uma única causa ou estressor não é suficiente para explicar o comportamento suicida. Atualmente é reconhecida a mul causalidade de fatores: o papel de fatores biológicos, psicológicos, sociais, ambientais e culturais (WHO, 2014). Entretanto, considera‐se que uma parcela de mortes por suicídio possa ser evitada por meio da u lização correta de estratégias de prevenção que envolve a colaboração de diferentes setores da sociedade. É necessário que haja um esforço integrado tendo em vista que nenhuma abordagem realizada sozinha terá o impacto esperado em um tema tão complexo como o suicídio (WHO, 2018). 2 - Suicídio como um problema de Saúde Pública Edwin Shneidman, considerado como o pai da suicidologia – que é o estudo do comportamento suicida ‐ diz que nosso obje vo constante é a prevenção, mas que antes deve vir o entendimento sobre o tema (SHNEIDMAN, 1996). Portanto, para que consigamos prevenir o suicídio, é necessário compreender bem todos os aspectos desse complexo tema. 3 - Breve justificativa sobre a importância do tema Dados levantados por Clark e Fawce (1992 apud Botega, Werlang, Cais & Macedo, 2006) mostram que aproximadamente 50% a 60% das pessoas que se suicidam nunca se consultaram com um profissional de saúde mental e, 80% foram a um médico no mês anterior ao suicídio. Além disso, dois terços dos que se mataram, comunicaram a parentes e amigos próximos a intenção de o fazer na semana anterior. Esses dados evidenciam a importância de serem pensadas ações de prevenção do suicídio e de que tais ações sejam realizadas por outros profissionais, não apenas os da área da Saúde Mental (Botega, Werlang, Cais & Macedo, 2006). “Pensar na prevenção do comportamento suicida implica não apenas no obje vo de evitar a morte das pessoas, mas também em considerar as sérias implicações na sociedade que são provocadas pela ocorrência desses atos” (Botega, Werlang, Cais & Macedo, 2006, p. 219). Assim, para que possamos qualificar as ações dos profissionais que trabalham com o tema, disponibilizamos esse curso que abordará alguns dos aspectos mais relevantes. 6 AULA 1 Conceito de Comportamento Suicida 1 - Comportamento Autolesivo Comportamento autolesivo refere‐se a ações que produzem dano sico ao próprio indivíduo (Ceppi & Benvenu , 2011) sem a intenção de morrer (Stanley et al., 2001), devendo se enquadrar em alguns critérios (Franklin et al., 2017): Embora tal comportamento se distancie em muitos aspectos do comportamento suicida (Muehlenkamp, 2005), uma parcela dos indivíduos pode apresentar, também, ideação suicida (Pa son & Kahan, 1983) ou outros comportamentos suicidas (Stanley et al., 2001). Além de exis rem evidências de que indivíduos que se autolesiosam apresentam risco aumentado para tentar suicídio posteriormente (Franklin et al., 2017). A autolesão pode envolver cortes em braços, pernas, barriga e outras partes do corpo(em geral, regiões fáceis de esconder), além de queimaduras, mordidas, entre outros. A autolesão costuma estar acompanhada de um aumento de tensão, considerada muitas vezes como insuportável, com grande desejo por se mu lar, sendo que as mo vações para realizar o ato podem envolver autopunição, 1) Ausência de intenção suicida; 2) Deve ser intencional, não acidental; 3) Deve ser uma ação direta, sem outros passos entre o ato e a lesão (como danos resultados do uso do álcool, por exemplo); 4) Não inclui comportamentos socialmente aceitos como u lização de piercings e tatuagens; 5) Deve levar a um grau moderado de lesão; 6) Deve se dis nguir de outras lesões associadas com transtornos do desenvolvimento. 8 redução da tensão, melhora do humor e distração de efeitos intoleráveis (Stanley et al., 2001). Após o ato o indivíduo costuma relatar que se sente melhor e aliviado. A autolesão funciona para algumas pessoas como uma estratégia de enfrentamento (Herpertz, 1995). Esse efeito de alívio favorece a repe ção desse comportamento em novas situações de estresse. Alguns indivíduos podem apresentar tolerância grada va à dor (Franklin et al., 2017), podendo aumentar a gravidade da mu lação a cada episódio de autolesão. É possível que indivíduos com essa conduta tenham dificuldades para perceber a letalidade de seus atos, podendo, caso aumentem o potencial letal da autolesão, vir a óbito, mesmo sem a intenção de morrer (Stanley et al., 2001). Algumas pesquisas mostram que o comportamento autolesivo é mais comum em meninas (Bakken et al., 2012), é mais frequente na adolescência e a maioria dos casos não chega a receber atendimento médico (Kidger et al., 2012). Geralmente existem es mulos estressantes externos no momento do ato e essas ações costumam ser impulsivas (Herpertz, 1995). Algumas pessoas que se autolesionam podem apresentar transtorno mental, enquanto outras não apresentam nenhum diagnós co (Franklin et al., 2017). De qualquer forma, ao perceber que alguém se autolesiona é preciso acolher essa pessoa, respeitando seu sofrimento e buscando junto a ela possibilidades de intervenções específicas para cada situação. 9 2 - Ideação Suicida A ideação suicida refere‐se a ideias e pensamentos sobre morrer, estar morto, ou se suicidar. Pode abarcar um amplo campo de pensamento, que pode se apresentar de diferentes maneiras (Barrero, 1999). Muitas pessoas já pensaram em suicídio em algum momento da vida (Weissman et al., 1999) e em muitos casos os indivíduos com ideação suicida não chegam a tentar suicídio. Entretanto, alguns estudos mostram que a ideação suicida pode ser associada a um maior risco de tentar suicídio (e.g. Kessler et al., 1999) e quanto maior a frequência desses pensamentos e ideias sobre morrer e querer estar morto, maior é o risco (Cantor, 1976). Além disso, a intensidade da ideação suicida entre pessoas que tentaram suicídio parece ser um indica vo forte do aumento do risco desse indivíduo se suicidar e pode se relacionar com o conceito de desesperança. Assim, quanto mais desesperança um indivíduo apresentar, maior poderá ser sua ideação suicida (Beck et al., 1985). Todas essas formas de ideação suicida devem ser exploradas, uma vez que são uma importante oportunidade de prevenção (Barrero, 1999), sendo um dos níveis mais precoces de intervenção quando pensamos em comportamento suicida (Silva et al., 2006). É necessário abordar o usuário com ideação suicida de forma responsável, atenciosa e acolhedora, pois para muitas pessoas falar sobre isso é di cil e delicado. Caso a abordagem traga implicitamente um julgamento, uma condenação, o que No quadro 1, disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem, você encontra as diferentes maneiras de como a Ideação Suicida pode ser representada. Quadro 1 10 http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=664 provavelmente irá ocorrer é que a ideação suicida permanecerá, mas a pessoa não mais irá contar sobre ela. Na Unidade 3, você aprenderá mais sobre as melhores formas de abordar alguém com ideação suicida. 3 - Tentativa de Suicídio Tenta va de suicídio é um comportamento autolesivo com um desfecho não fatal, no qual há alguma evidência de que o indivíduo nha a intenção (em algum nível) de se suicidar (O’Carroll et al., 1996). Tenta vas de suicídio podem ocorrer de maneiras bastante diversas, sendo algumas planejadas com cuidado enquanto outras são feitas de maneira impulsiva. As conseqüências sicas da tenta va variam de acordo a intenção, preparação, conhecimento da letalidade do meio u lizado, entre outros (Kerkhof, 2000). Elas se cons tuem como uma grande carga social e econômica para as comunidades, tendo em vista que as tenta vas necessitam dos serviços de saúde para tratamento, podendo ocorrer incapacidades decorrentes da gravidade de algumas lesões. Além disso, há o impacto social e psicológico para o indivíduo e as pessoas com as quais ele convive (WHO, 2014). É necessário considerar duas importantes dimensões do comportamento suicida. A primeira dimensão diz respeito ao grau de letalidade ou dano resultado da tenta va de suicídio, ou seja, o grau de letalidade pode ser considerado como o nível de perigo à vida resultante de uma autolesão (Brown et al., 2004). Assim, indivíduos cuja a tenta va de suicídio tenha apresentado um alto grau de letalidade, além de acentuada intenção de morrer, exigem ainda mais atenção. A segunda relaciona‐se com a intenção de morrer e avaliação do grau de preparação, desejo de morrer versus desejo de viver e chances de descoberta da tenta va. Tais dimensões devem ser verificadas, uma vez que podem se 11 correlacionar e podem indicar maiores riscos de o indivíduo voltar a tentar suicídio (Mann, 2002). Outro aspecto comum no comportamento suicida é a repe ção. Alguns indivíduos podem tentar suicídio diversas vezes e a prevenção dessas repe ções é um importante obje vo quando trabalhamos com o tema (Kerkhof, 2000). Deve‐se lembrar que muitas vezes os indivíduos passam a aumentar o grau de letalidade a cada tenta va (Figel et al., 2013) o que evidencia a importância de serem planejadas intervenções eficazes assim que a primeira tenta va ocorrer. 4 - Suicídio De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o suicídio é o ato deliberado, intencional, de causar a morte a si mesmo. Deve exis r evidência (explícita ou implícita) de que o ato foi autoinflingido e de que o indivíduo nha a intenção de acabar com a própria vida (O’Carroll et al., 1996). O suicídio não é um ato aleatório, ele é realizado com um propósito. O indivíduo que quer se suicidar muitas vezes deseja reduzir o sofrimento que sente, por meio do encerramento do insuportável fluxo da consciência. É a saída encontrada para problemas, dilemas, dificuldades, crises e situações insuportáveis. O suicídio é, nessa situação, a forma encontrada para solucionar um problema que gera intenso sofrimento. É a úl ma fuga. (Shneidman, 1996). Com relação ao método de suicídio, a escolha também não costuma ser aleatória, sendo influenciada por fatores sociais, culturais, psicológicos, ambientais e sicos. A escolha é feita, ainda, com base na disponibilidade e aceitabilidade do método. A intoxicação por agrotóxicos, por exemplo, é um método mais comum em países em desenvolvimento (Cantor & Baume, 1998). É possível classificar os métodos em uma escala de letalidade que vai do 12 menos letal (como ingestão de substâncias inócuas ou cortar‐sesuperficialmente) até os mais letais ( ro na cabeça ou ingestão de substância extremamente letal) (Bertolote, 2012). Os homens tendem a u lizar métodos mais violentos e letais, sendo esta uma das jus fica vas para que as taxas de suicídio sejam mais altas nessa população (Cantor & Baume, 1998). Contudo, é necessário considerar que a letalidade pode ser influenciada pela pron dão e facilidade de acesso a cuidados médicos, sendo este um fator importante nas comunidades rurais (Bertolote, 2012). É possível que a opção por um método menos letal também se deva ao desconhecimento dos métodos empregados. De acordo com análise epidemiológica realizada por Lovisi et al. (2009) os métodos de suicídio mais u lizados no Brasil são enforcamento, arma de fogo e envenenamento, sendo que no caso de envenenamento, há predominância do uso de pes cidas em algumas regiões, incluindo a região Sul do país. 5 - Comportamento Suicida como um Continuum O comportamento suicida apresenta‐se como um con nuum, podendo ir da ideação suicida, com ideias mais ou menos vagas sobre a morte e morrer, ameaças de suicídio, elaboração de plano suicida, que podem culminar em um ato suicida fatal (suicídio) ou não (tenta vas de suicídio) (Barrero, 1999; Bertolote, 2012). Muitas vezes o comportamento suicida pode ser um padrão freqüente na vida do indivíduo (Shneidman, 1996). Assim, embora algumas pessoas apresentem comportamentos suicidas em 13 Veja como o comportamento suicída se estrutura através de um fluxograma disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Fluxograma http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=667 Sinais são aspectos observáveis que antecedem um determinado evento, nesse caso, o suicídio. Os sinais podem ser divididos em sinais verbais e comportamentais. Os sinais verbais são sentenças ditas ou escritas pelo indivíduo, que podem ser interpretadas como uma despedida, dizendo de maneira direta ou indireta que não estará mais aqui num futuro próximo. Alguns exemplos de falas são: “Eu não estarei aqui no próximo ano”, “Esta é minha úl ma vez aqui”, “Você não me verá aqui de novo”, “Eu não posso mais agüentar”, entre outras. Os sinais comportamentais incluem ações como colocar os assuntos em ordem, decidir fazer um testamento e sem explicação dar ou devolver seus bens (Shneidman, 1996). Um paradoxo no suicídio é que os indivíduos dão esses sinais, muito provavelmente, como parte da ambivalência, comumente experienciada por indivíduos que desejam se suicidar. Ao mesmo tempo em que querem que a dor pare desejam alguma intervenção ou ajuda. O oposto também é verdadeiro, algumas 6 - Sinais de alerta uma determinada fase da vida e não mais em outras, algumas pessoas apresentam um padrão consistente de comportamentos suicidas, que pode incluir ideação suicida e tenta vas. Essas pessoas estariam em uma situação de maior vulnerabilidade podendo tentar suicídio toda vez que se deparem com um problema que consideram sem solução caso não tenham passado por nenhuma intervenção eficaz ao longo de sua vida. 14 No quadro 2, disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem, você encontra os sinais verbais e comportamentais aos quais deve ficar alerta. Quadro 2 http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=666 pessoas que se suicidam escondem e não dão nenhuma dica evidente do que estão prestes a fazer (Shneidman, 1996). Na Unidade 3 você aprenderá mais sobre o manejo do usuário com comportamento suicida, mas podemos adiantar que geralmente, o melhor a se fazer quando alguém diz algo que é confuso ou enigmá co em relação à vida ou à morte, é perguntar o que essa afirmação significa e se houver suspeita de intenção suicida, perguntar diretamente se o indivíduo está falando de suicídio (Shneidman, 1996). 15 Leia no texto Comportamento Suicida: Epidemiologia de Neury José Botega, dados sobre o suicídio no Brasil e as caracterís cas que envolvem a ideação suicída e a tenta va de suicídio. Texto de apoio Conheça mais sobre o suicídio e o perfil de quem está em risco através da Folha Informa va ‐ Suicídio Clique aqui Saiba mais https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5671:folha-informativa-suicidio&Itemid=839 http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=668 AULA 2 Dados Epidemiológicos 1 - Importância do estudo da epidemiologia no suicídio A epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes de um agravo, doença ou evento de saúde em populações humanas. A distribuição pode ser geográfica, por sexo, idade, status socioeconômico, estado civil, ocupação, entre outros. Os determinantes são fatores precipitantes do agravo, assim, buscam as causas e fatores que influenciam sua ocorrência. (Woodward, 2014). No caso do suicídio ainda há falta de informações suficientes para que o tema possa ser melhor compreendido, sendo necessário melhorar a coleta de dados e sua análise. A análise epidemiológica do suicídio é importante para o desenvolvimento de polí cas de saúde pública. O desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção do suicídio exige a ampliação do conhecimento sobre as especificidades regionais (Lovisi et al., 2009), além de análise mais cuidadosa da distribuição por sexo, idade, entre outros, assim como dos determinantes do suicídio. Tais informações são importantes para saber com quais populações as intervenções devem ser realizadas, garan ndo que alcancem os indivíduos mais a ngidos pelo problema. Nessa aula, você conhecerá um pouco da epidemiologia do suicídio no mundo, no Brasil e especialmente no Paraná. 2 - Epidemiologia do Suicídio no mundo O coeficiente, ou taxa, de mortalidade por suicídio é calculado em relação ao número de mortes por suicídio para cada cem mil habitantes, ao longo de um ano. Dados da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2017) mostram que as maiores taxas de suicídio encontram‐se em: 17 Fonte: http://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/suicideprevent/en/ Figura 1. Taxas de Suicídio no mundo, para ambos os sexos Os três países que apresentam as maiores taxas de suicídio no mundo são Sri Lanka (35,3/100 mil hab), Lituânia (32,7/100 mil hab) e Coréia do Sul (32,0/100 mil hab). 18 África: Guiné Equatorial (22,6/100 mil hab) e Angola (20,5/100 mil hab) Américas: Guiana (29,0/100 mil hab) e Suriname (26,6/100 mil hab)Sudeste Asiá co: Sri Lanka (35,3/100 mil hab) e Tailândia (16/100 mil hab) Europa: Lituânia (32,7/100 mil hab) e Casaquistão (27,5/100 mil hab) Mediterrâneo Oriental: Sudão (10,2/100n mil hab) e Djibou (8,6/100 mil hab) Pacífico Ocidental: Coréia do Sul (32,0/100 mil hab) e Mongólia (28,3/100 mil hab) A Figura 1 mostra as taxas de suicídio no mundo, para ambos os sexos. É possível perceber que na Europa encontram‐se as maiores taxas (maiores que 15), enquanto o Brasil apresenta uma das taxas mais baixas (de 5 a 9,9). 3 - Epidemiologia do Suicídio no Brasil No Bole m Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2017), foi feito um estudo descri vo do perfil epidemiológico dos indivíduos que tentaram suicídio e daqueles que evoluíram a óbito, no período de 2011 a 2016. Lesões Autoprovocadas De 2011 a 2016 foram 176.226 casos de violência autoprovocada, dos quais 116.113 (65,9%) em mulheres e 60.098 (34,1%) em homens. Considerando as violências autoprovocadas, ocorreram 48.204 (27,4%) casos de tenta va de suicídio, sendo 33.269 (69%) em mulheres e 14.931 (31%) em homens. Entre 2011 e 2016 houve um aumento dos casos no ficados de lesões autoprovocadas.Das Lesões Autoprovocadas em Mulheres, 49,6% eram brancas e 35,7% negras; 30,5% apresentavam ensino fundamental incompleto ou completo e 23,5% ensino médio incompleto ou completo, sendo que 39,5% apresentavam escolaridade ignorada; 74,4% dos casos ocorreram nas faixas etárias de 10 a 39 anos; 89,4% residiam na zona urbana, com concentração dos casos nas regiões Sudeste (51,2%) e Sul (25%); 33% das lesões nham caráter repe vo. Das Lesões Autoprovocadas em Homens, 49% eram brancos e 37,2% negros; 32,3% possuíam ensino fundamental incompleto ou completo e 19,6% ensino médio incompleto ou completo; os casos estão concentrados nas faixas etárias de 10 a 19 4 - Epidemiologia do Suicídio no Paraná A Intoxicação Exógena é um agravo de no ficação compulsória, por meio da Portaria 204, de 17 de fevereiro de 2016 (Portaria de Consolidação nº º 4 MS/ 2017). Tais intoxicações ocorrem quando há exposição a uma ou mais substâncias tóxicas, e, dentre todas as circunstâncias de exposição, a intencional (tenta va de suicídio) é a que prevalece nas no ficações de Intoxicação Exógena. O acesso facilitado aos agentes tóxicos associados ao estado de saúde mental do indivíduo, entre outros fatores, é o que propicia a oportunidade de concre zação do ato suicida. Os agentes tóxicos ou substâncias químicas que estão relacionados com as tenta vas de suicídio são: medicamentos, agrotóxicos (uso agrícola, uso domés co, uso em saúde pública), ra cidas, produtos de uso veterinário, produtos de uso domiciliar, cosmé cos e produtos de higiene pessoal, produtos químicos de uso industrial, metais, drogas de abuso, plantas tóxicas, entre outros. A gravidade de uma intoxicação depende da via de contaminação; do tempo de exposição; da toxicidade da substância; da concentração da substância; das condições ambientais; da oportunidade de acesso ao serviço de saúde, quando o acesso precoce ao serviço oportuniza tratamento adequado; diminuição de 20 39 anos em 70,1% dos casos; 86,52% residiam nas áreas urbanas, com concentração dos casos no Sudeste (49,6%) e Sul (26,2%); caráter repe vo em 25,3% dos casos. No Ambiente Virtual de Aprendizagem, você encontra o quadro que traz o número de óbitos por suicídio no Brasil. Quadro 1 http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=672 morbidade e mortalidade. As vias de exposição (ou de ingresso da substância no organismo) podem ser: 21 Dérmica/Cutânea: a pele é a via mais frequentemente exposta às substâncias químicas. Muitas substâncias podem ser absorvidas pela pele íntegra, não havendo necessidade de solução de con nuidade. Os efeitos podem ser locais ou pode haver absorção significa va e comprome mento sistêmico. Inalatória: Via bastante comum e muito eficiente para a absorção de gases, vapores, aerossóis, com lesões das vias aéreas e comprome mento respiratório. Ocular: O contato ocular com substâncias químicas pode ocasionar graves lesões nos olhos, com sequelas permanentes. Aspiração: Pela entrada na traqueia de substância líquida ou sólida diretamente pela via oral ou nasal, ou ainda por regurgitação de conteúdo gástrico. Diges va: Geralmente relacionada às intoxicações intencionais (tenta vas de suicídio) e normalmente, de maior gravidade. No que diz respeito ao perfil epidemiológico das tenta vas de suicídio por Intoxicação Exógena do estado do Paraná, temos os seguintes dados: Figura 2. Casos no ficados de Intoxicação Exógena segundo circunstância de contaminação – 2007 a 2018 Figura 3 ‐ Casos no ficados de Tenta vas de suicídio por Intoxicação Exógena segundo ano de no ficação – 2007 a 2017 22 De acordo com a Figura 2, de 2007 a 2018, foram no ficados 101.964 casos de intoxicação exógena no estado do Paraná. Desse total, 46.019 casos correspondem a tenta va de suicídio, o que representa 45% das no ficações de Intoxicação exógena. Podemos observar que a par r de 2011 há um aumento no número de no ficações de tenta va de suicídio, chamando a atenção para um aumento significa vo em 2017. Figura 4. Casos notificados de Tentativas de suicídio por Intoxicação Exógena – Regional de saúde segundo ano de notificação 2007 a 2018* Considerando as no ficações ao longo dos anos por Regional de Saúde, a Figura 4 mostra os grandes centros populacionais com um número maior de no ficações circuladas em vermelho, que também são sede dos centros de informação toxicológica do Estado, que acabam tendo um papel fundamental e determinante no diagnós co, orientando também, quanto a no ficação dos casos. Circulados em amarelo, estão as regionais que mais no ficaram as tenta vas de suicídio por intoxicação exógena. 23 Figura 5. Casos notificados de tentativas de suicídio por Intoxicação Exógena segundo zona de residência – 2007 a 2018* Com relação a zona de residência, há uma predominância das tenta vas de suicídio por intoxicação exógena ocorrerem na zona urbana (90%). 24 Figura 6. Casos notificados de tentativas de suicídio por intoxicação exógena segundo faixa etária – 2007 a 2018* Analisando a faixa etária das tenta vas de suicídio por intoxicação por meio da Figura 6, precisamos considerar as inconsistências das fichas de no ficação, em que os menores de 1 ano são no ficados como tenta va de suicídio, por exemplo. Isso pode acontecer quando há um erro de digitação, em que a data de nascimento é digitada igual a data de no ficação, gerando uma inconsistência. A circunstância de exposição pode ser digitada ou informada erroneamente, dentre outros equívocos que podem levar a inconsistência da informação e do banco de dados. Porém, na faixa etária compreendida a par r dos 07 anos de idade, infelizmente, já observamos a intencionalidade na intoxicação. A criança com ideação suicida deve ser amparada pela rede de atenção e verificada sua situação de risco social e familiar. Importante lembrar a acessibilidade da criança ao agente tóxico, quase sempre dentro da própria residência. A faixa etária adolescente e jovem corresponde a 19,7% das intoxicações 25 Figura 7. Casos notificados de tentativas de suicídio por Intoxicação Exógena segundo o sexo – 2007 a 2018* A Figura 7 mostra que o sexo feminino representa 71% das no ficações de tenta vas de suicídio por intoxicação, corroborando com as esta s cas relacionadas ao suicídio, em que o auto envenenamento é uma forma de tenta va de suicídio mais vinculado ao sexo feminino. Quanto ao local em que ocorreu a intoxicação (tenta va de suicídio), a residência representa 94 % dos casos no ficados, ficando evidente o acesso ao agente tóxico facilitado dentro da própria residência, seja ele prescrito ou não (medicamento), agrotóxico (uso na agricultura ou domés co), e outros produtos de uso domiciliar e de fácil aquisição. 26 por tenta va de suicídio. A faixa etária adulta, de 20 a 34 anos é a que compreende o maior número de casos, com 41,2% das no ficações, e de 35 a 49 anos (24,2%). A faixa etária em idade laboral de 20 a 64 anos representa 72,5% das no ficações de tenta vas de suicídio por intoxicação exógena. Figura 8. Casos notificados de tentativas de suicídio por intoxicação exógena segundo evolução – 2007 a 2018* No que diz respeito a evolução dos casos, é importante ressaltar que a informação “cura sem sequela” é o campo con do na ficha de no ficação que corresponde à alta do paciente para a intoxicação atendida naquela ocasião, portanto, entende‐se que não há um acompanhamento desse paciente para avaliar essa informação em sua totalidade, bem como essa no ficação está sendo consideradaisoladamente, não tendo um campo que indique se ele sofreu outras intoxicações e o número de vezes que ele pode ter tentado o suicídio por intoxicação. Como a grande maioria dos casos atendidos e no ficados pelo serviço de 27 A via de exposição ao agente tóxico mais no ficada nas tenta vas de suicídio por intoxicação é a diges va, totalizando 96,3% dos casos, ficando evidente a ingestão de substâncias químicas no auto envenenamento. Figura 9. Casos notificados de tentativas de suicídio por Intoxicação Exógena segundo agente tóxico – 2007 a 2018* Analisando os agentes tóxicos causadores das intoxicações intencionais, os medicamentos são os mais comumente u lizados pelos pacientes nas tenta vas de suicídio (73 % dos casos no ficados), seguido pelos ra cidas (9%) e dos agrotóxicos de uso agrícola (5,7%). Destacam‐se também os produtos de uso domiciliar, os agrotóxicos de uso domés co, que, assim como os demais citados, a facilidade de aquisição e acesso a esses agentes são fatores a se considerar. Com relação aos saúde são os casos agudos, em que a família e o próprio paciente consideram casos graves, a informação da reincidência não está contemplada na ficha. Além de não ser possível correlacionar outras formas de violência auto provocada nas tenta vas de suicídio. Os óbitos nas tenta vas de suicídio por intoxicação exógena representam 2% dos casos no ficados (861 casos). 28 29 agrotóxicos de uso agrícola, a aquisição legal requer receituário agronômico emi do por profissional de agronomia mediante avaliações prévias de necessidade, po de cultura, dose, tempo de u lização, entre outras considerações. Porém, o agricultor e sua família têm acesso ao agente tóxico, seja prescrito regularmente ou, muitas vezes, adquirido de forma irregular no comércio. Diante dos dados oficiais, constatamos uma frequência maior de tenta vas de suicídio por intoxicação exógena em adultos jovens, do sexo feminino, com agentes tóxicos de fácil aquisição e acessibilidade (medicamentos, ra cidas, produtos de uso domiciliar, agrotóxicos). É di cil falar em prevenção quando se tem agentes tóxicos com tamanha acessibilidade dentro das próprias residências. Por isso, é importante manter todos os produtos e substâncias químicas bem guardadas em armários trancados; não comprar medicamentos, produtos e substâncias químicas em excesso, evitar manter estoque dessas substâncias em casa. No Ambiente Virtual de Aprendizagem, você tem no quadro 2 da aula 02 todos os contatos dos Centros de Informação que atendem no Estado do Paraná. Quadro 2 No material Cole va sobre Suicídio elaborada e disponibilizada pelo Ministério da Saúde, além de dados, você verá as ações planejadas pelo Ministério. Material de apoio http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=674 http://pr.avasus.ufrn.br/mod/resource/view.php?id=669 AULA 3 Fatores de Risco Fatores de risco são aspectos do comportamento individual, es lo de vida, exposição ambiental, caracterís cas hereditárias ou congênitas que, de acordo com evidências epidemiológicas, estão associados a uma condição de saúde que deve ser prevenida. Aproximadamente dois terços das pessoas que cometeram suicídio nham um histórico prévio de tenta vas de suicídio (Sakinofsky, 2000). Uma tenta va de suicídio anterior é o maior preditor da ocorrência de suicídio, sendo que o risco é maior durante os primeiros meses e anos após a tenta va e parece diminuir ao longo do tempo (Suominem et al., 2004). O risco de uma repe ção fatal é maior na tenta va que sucede a primeira (Sakinofsky, 2000). É possível observar que muitas das pessoas que realizaram diversas tenta vas de suicídio, aumentaram o grau de letalidade a cada tenta va (Figel et al., 2013). Sendo assim é necessário intervir de forma eficiente logo após a primeira tenta va de suicídio realizada e ficar atento a indivíduos que já tenham realizado tenta vas anteriores. 1 - Principal fator de risco: tentativa anterior de suicídio A presença de transtorno mental é um dos fatores de riscos mais fortemente associados ao suicídio (Cavanagh et al., 2003), podendo ser encontrado em aproximadamente 90% dos casos. Estudos mostram a predominância dos transtornos de humor, como a depressão (Rutz, 2001), esquizofrenia e transtornos relacionados ao uso de substâncias, como por exemplo o álcool (Barraclough et al., 1974; Bertolote, 2012; Bertolote & Fleischmann, 2002). Sobre a predominância dos transtornos de humor algumas pesquisas mostram que mais de 50% dos suicídios está relacionado com transtornos como depressão e transtorno bipolar 2 - Presença de Transtorno Mental 31 (Barraclough et al., 1974; Bertolote et al., 2003; Robins et al., 1959). Portanto, o adequado tratamento dos transtornos mentais deve ser um componente fundamental da prevenção do suicídio (Bertolote & Fleischmann, 2002; Cavanagh et al., 2003). 3 - Fatores individuais Alguns fatores individuais como uso prejudicial de álcool e outras substâncias, desesperança, presença de doenças ou dor crônica, fatores gené cos e biológicos, história familiar de suicídio são fatores de risco a serem considerados (WHO, 2014). Estudos mostram que os índices de suicídio são maiores em famílias com pessoas que se suicidaram. Assim, ter um membro da família que se suicidou é um fator de risco para o suicídio, independente da presença de transtorno mental (Runeson & Asberg, 2003). Alguns aspectos relacionados com a personalidade também podem se cons tuir como fatores de risco. A impulsividade, por exemplo, está relacionada com comportamentos suicidas, especialmente na população adolescente, considerando que a maioria dos suicídios nessa população não é planejado. (Williams et al., 2000). Alguns autores propõem a existência do “pensamento dicotômico” (e.g. Shneidman, 1996), que também aumenta o risco de suicídio. Esse pensamento é caracterizado pela tendência em pensar tudo ou nada, como por exemplo: “Se eu não puder ter meu namorado de volta, então não vale a pena viver” (Williams et 32 Todas as informações relacionadas aos fatores de risco ligados ao gênero, idade e estado civil você encontra no Ambiente Virtual de Aprendizagem. Fluxograma http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=676 4 - Fatores sociais e ambientais Baixo status socioeconômico está ligado a maiores taxas de suicídio e tenta vas de suicídio (Beautrais, 2000). O desemprego também apresenta forte relação, pois pode ampliar o impacto de eventos estressores, aumentando a vulnerabilidade, podendo também aumentar alguns fatores de risco que precipitam o suicídio, tais como presença de transtorno mental e dificuldades financeiras (Blakely et al., 2003). Estudos mostram que quanto maior o tempo em que a pessoa está desempregada, maior o risco de suicídio e de realizar tenta vas de suicídio (Milner et al., 2013). A presença de uma doença sica também pode estar relacionada com o suicídio. Doenças como câncer, transtornos neurológicos, esclerose múl pla, Coréia de Hun ngton, lesões espinhais, epilepsia, lesões cerebrais, tumores cerebrais, acidente vascular cerebral, AIDS, doenças cardíacas, pulmonares e renais, entre outras, podem representar um aumento do risco de suicídio, por estarem acompanhadas por dor, preocupações, agravamento de transtornos mentais, limitações no comportamento social e perda das capacidades labora vas (Stenager et al., 2000). Indivíduos com dores crônicas também apresentam maior risco33 al., 2000). Há a acentuada polarização dos pensamentos, com pouca discriminação dos estados intermediários de uma determinada situação. Desse modo esses indivíduos têm uma maior dificuldade em encontrar novas alterna vas ou pensar em outras opções e soluções diante de problemas que possam aparecer em suas vidas. Assim, para alguns indivíduos, o suicídio é visto como uma solução drás ca para os seus problemas (Neuringer, 1961) e suas histórias de vida podem ser cronicamente suicidas, sendo que para essas pessoas intervenções limitadas no tempo têm um efeito apenas temporário (Goldney, 1998). (WHO, 2014). Histórico de violência sica ou sexual está in mamente ligado a um risco aumentado para o desenvolvimento de transtornos mentais e de comportamentos suicidas (Beautrais, 2000; Joiner Jr et al., 2007), apresentando alta correlação no caso da violência sexual. De modo geral os estudos mostram que essa relação é mais forte no caso das mulheres, mas isso pode ocorrer tendo em vista que a violência sexual feminina é mais frequente e, falar sobre a violência sexual masculina, ainda é tabu (Bebbington et al., 2009). Quando o abuso ocorre na infância, alguns estudos mostram que em grande parte dos casos ocorre mais de um po de abuso (Anderson et al., 2002), potencializando os efeitos prejudiciais destas violências para o desenvolvimento da criança. Um dos argumentos para jus ficar o porquê do aumento de comportamentos suicidas em pessoas com histórico de violência refere‐se ao fato dessas pessoas terem desenvolvido mais padrões de esquiva experiencial e evitação. Essa esquiva experiencial diz respeito à fuga em experienciar os sen mentos e pensamentos desagradáveis relacionados com a situação de abuso e às tenta vas de reduzir essas experiências internas (Polusny et al., 1995). No caso dos adolescentes, são descritos alguns eventos de vida nega vos específicos como desencadeadores do comportamento suicida como problemas familiares; separação de amigos ou namorado(a); morte de pessoas amadas ou significa vas; término de relacionamento amoroso; conflitos ou perdas interpessoais; opressão pelo seu grupo de iden ficação ou comportamento autodestru vo para aceitação no grupo; opressão e vi mização; fracasso nos estudos; demandas altas na escola, desemprego e dificuldades financeiras; gravidez indesejada e aborto; infecção por HIV ou outras ISTs; doença sica grave; desastres naturais (OMS, 2000 a). 34 5 - Fatores culturais Embora muitos fatores de risco, como os relacionados nos tópicos anteriores sejam universais (Cheng, 1995; Vijayakumar & Rajkumar, 1999), determinados aspectos culturais podem ser considerados fatores de risco para o suicídio. A sociedade pode atuar como fator de risco ou proteção. Sociedades nas quais conversar sobre os problemas com diferentes indivíduos é valorizado, e que sejam mais abertas a mudanças de opinião, parecem ser sociedades mais prote vas. Sociedades nas quais pedir ajuda é considerado sinal de fraqueza e a independência é valorizada, oferecem, assim, fatores de risco (Botega et al., 2006). Outros fatores como desastres, guerras e conflitos, além de aculturação e deslocamento são importantes fatores de risco, aumentando muito a incidência de suicídio em determinadas populações, como por exemplo as indígenas. 35 No texto Depressão: o que você precisa saber você encontrará todas as informações sobre os aspectos dessa doença. Texto de apoio http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=677 AULA 4 Fatores de Proteção 1 - O que são Fatores de Proteção Fatores de proteção são aqueles que diminuem a probabilidade de um resultado nega vo entre indivíduos que estão em risco. Tais fatores não se cons tuem apenas como a ausência dos fatores de risco, são variáveis que modificam a direção ou força da relação entre um fator de risco e seu resultado (Cha et al., 2009). O estudo dos fatores de proteção na temá ca do suicídio é de grande importância, pois assim pode‐se compreender quais são os fatores que estão disponíveis e diminuirão a chance de alguém cometer suicídio. Além disso, para fins de intervenção devemos considerar que alguns desses fatores, especialmente os ambientais, podem ser implementados ou alterados com maior facilidade. 2 - Suporte Social O suporte social pode ser definido como ações ou comportamentos de suporte, incluindo suporte emocional (afeto, es ma, preocupação), suporte de informação (conselhos, informações, sugestões), suporte de avaliação (feedback, afirmação) além de suporte instrumental (dinheiro, tempo). (House, 1981 apud Israel, 1985). Ele parece desempenhar um importante papel na promoção da saúde (Israel, 1985) servindo como um fator de proteção psicossocial que promove resiliência em contextos estressores e redução da vulnerabilidade para diversos agravos de saúde (Cassel, 1976). No caso do suicídio, diversos fatores de proteção estão associados com o suporte social como bons vínculos afe vos, sensação de estar integrado a um grupo ou comunidade, estar casado ou com um companheiro fixo (Suominen et al., 2004), além de fatores de proteção relacionados a padrões familiares, como bom relacionamento intrafamiliar, apoio de parte da família, pais dedicados e 37 consistentes (Bertolote, 2012). Na definição de suporte social anteriormente apresentada fica evidente como o suporte social permite que o indivíduo tenha acesso a apoio de diferentes maneiras, tais como apoio emocional quando es ver em sofrimento ou passando por uma situação di cil, além de conselhos e sugestões diante de algum problema. Tal apoio pode prevenir o surgimento de ideação suicida, assim como proteger o indivíduo que já apresenta algum comportamento suicida. Protege pois pode apoiar nos momentos di ceis, iden ficar mudanças de humor e de comportamento, auxiliar na busca por ajuda especializada e pode perceber mais rapidamente que o indivíduo apresentou um comportamento suicida, agilizando a busca por serviços de saúde quando for o caso. 3 - Outros fatores de proteção Alguns fatores de proteção estão relacionados ao es lo cogni vo e personalidade, tais como sen mento de valor pessoal, ter obje vos na vida, confiança em si mesmo, habilidade para se comunicar, disposição para adquirir novos conhecimentos, disposição para buscar ajuda quando necessário, disposição para pedir conselhos diante de decisões importantes e abertura à experiência alheia (Bertolote, 2012). Fatores culturais e sociais como adesão a valores, normas e tradições posi vas; integração social no trabalho, em alguma igreja, em a vidades espor vas, clubes, entre outros (Bertolote, 2012). A religiosidade também pode se configurar como 38 Encontre mais informações sobre os fatores de proteção e suas caracterís cas no fluxograma disponível no AVA. Fluxograma http://pr.avasus.ufrn.br/mod/page/view.php?id=679 um fator de proteção para o suicídio (Suominen et al., 2004). Também há fatores ambientais como boa alimentação, bom sono, luz solar e a vidades sicas (Bertolote, 2012). Existem fatores de proteção que se relacionam com o gênero, tendo em vista, variáveis culturais. Para mulheres a gravidez e a maternidade auxiliam para que tenham menores taxas de suicídio, especialmente nos anos próximos à gestação (Botega et al., 2006). No caso dos homens, ter uma ocupação, estar empregado, sen r‐se produ vo e integrado por meio do seu trabalho parece ser um importante fatorde proteção (Botega et al., 2006). É necessário, contudo, que esses e outros fatores de proteção sejam entendidos dentro do contexto social vigente, levando‐se em consideração as expecta vas sociais atuais. 39 O texto Apoio social, eventos estressantes e depressão em casos de tenta va de suicídio traz informações e dados levantados através de um estudo de caso controle realizado dentro de um hospital de emergência. Texto de apoio http://pr.avasus.ufrn.br/mod/resource/view.php?id=678 Afifi, T.O., Taililieu, T., Zamorski, M.A., Turner, S., Cheung, K., Sareen, J. (2016). Associa on of child abuse exposure with suicidal idea on, suicide plans, and suicide a empts in military personnel and general popula on in Canada. JAMA Psychiatry, 27. Ajdacic‐Gross, V., Weiss, M.G., Ring, M., Hepp, U., Bopp, M., Gutzwiller, F., Rössler, W. (2008). 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