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Avaliação de Impacto Ambiental Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Textual: Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso 5 • Introdução • Estudando o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) - Geral • Considerações finais • Nesta unidade, faremos um estudo de caso de um EIA (Estudo de Impacto Ambiental), analisando seu RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). O objetivo é visualizar na prática um pouco do processo de elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Vamos procurar fazer o link com toda a teoria que já foi dada nas unidades anteriores. Um estudo de impacto ambiental é um processo complexo, então vamos pontuar alguns itens do projeto, para que você, futuro(a) profissional em meio ambiente, perceba a complexidade do trabalho e veja como é realizado na prática, contribuindo para sua formação do profissional. Prezado(a) aluno(a), Nesta unidade, faremos um estudo de caso de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência realizar as atividades de fixação dos conteúdos (Atividade de sistematização) e as atividades de interação (Fórum, Reflexiva ou Aplicação). Explore todos os recursos do Blackboard. Não acumule dúvidas, participe, pergunte! Bons estudos. Aproveite ao máximo! Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso 6 Unidade: Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso Contextualização Os Estudos de Impactos Ambientais ficam disponíveis para consulta a qualquer pessoa que tenha interesse; isso está contemplado na legislação. Para acessar o estudo que va- mos trabalhar e qualquer outro que tenha interesse em pesquisar, segue o link de acesso: https://bit.ly/3MBANs0 Dentre os vários estudos de impactos ambientais, selecionamos o realizado para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, localizada na bacia do rio Xingu. Selecionamos esse estudo porque é uma das maiores obras envolvendo a construção de uma hidrelétrica, que está localizada na floresta amazônica, e foi e é motivo de muita discussão dos órgãos ambientais, entidades ambientais sem fins lucrativos e governo. A construção de uma usina hidrelétrica já é uma decisão muito importante e sua viabilidade necessita ser muito bem estudada. É importante e imprescindível ouvir o poder público, o órgão ambiental, a população da região e os representantes da sociedade civil. Há muito tempo já vinha sendo estudada a possibilidade de se construir uma usina hidrelétrica na bacia do rio Xingu, localizada nos estados do Pará e Mato Grosso. No ano de 2005, o congresso nacional autorizou a Eletrobrás – centrais elétricas brasileiras S/A, a completar os estudos a respeito da viabilidade do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, e desde então se deu início à elaboração do EIA (Estudo de Impacto Ambiental). 7 Introdução Nesta unidade, faremos um estudo de caso de um EIA (Estudo de Impacto Ambiental), analisando seu RIMA (Relatório de Impacto Ambiental). O objetivo é visualizar na prática um pouco do processo de elaboração de um estudo de Impacto Ambiental (EIA). Vamos procurar fazer o link com toda a teoria que já foi dada nas unidades anteriores. Um estudo de impacto ambiental é um processo complexo, então vamos pontuar alguns itens do projeto para que você, futuro(a) profissional em meio ambiente, perceba a complexidade do trabalho e veja como é realizado na prática, contribuindo para sua formação do profissional. É sabido que a construção de uma usina hidrelétrica tem efeitos negativos e positivos. E para determinar quais os efeitos que uma obra como essa poderia causar nos impactos ambientais, foi necessário estudar os meios físico, biótico e socioeconômico, e com uma particularidade nesse caso: o estudo das comunidades indígenas existentes dentro da área do empreendimento. O Estudo de Impacto Ambiental apontou a necessidade de mudanças no projeto original, para diminuir os efeitos negativos que essa construção poderia causar ao meio ambiente e às pessoas envolvidas. Além das mudanças, foram propostas ações para controlar, diminuir e até sanar os efeitos negativos, e para potencializar os efeitos positivos. Para conhecermos e analisarmos esse empreendimento, os efeitos e ações propostas para diminuir os efeitos negativos e potencializar os positivos, é que vamos estudar o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental da viabilidade do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte. O RIMA traz as principais informações sobre o empreendimento, descreve toda a região antes da implantação do empreendimento e quais os principais efeitos negativos e positivos que a instalação da usina pode causar, as ações propostas, assim como as mudanças realizadas no projeto de engenharia para que Belo Monte possa ser construído e operado com sustentabilidade. É bom esclarecermos que vamos utilizar o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) e não o EIA (Estudo de Impacto Ambiental), porque o RIMA é a versão simplificada do EIA e com uma linguagem mais palatável. O EIA de Belo Monte é um documento extremamente extenso e complexo e precisaríamos de muito tempo para poder estudá-lo. Para termos uma ideia da complexidade do EIA, vamos apresentar abaixo o número de volumes do EIA de Belo Monte. Link para consulta: https://bit.ly/3MtZFBD 8 Unidade: Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso Estudando o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) - Geral Como todo trabalho, o RIMA, que está disponível para todos os alunos no material complementar para consulta durante a leitura desta unidade, inicia-se explicando o que é uma usina hidrelétrica e como decidir se uma usina deve ou não ser construída e como viabilizar esse empreendimento nas questões ambientais. Segue uma parte do texto retirado do RIMA para ilustrar o que foi colocado agora: Se alguma empresa se interessar em construir uma usina hidrelétrica num dos locais estudados, ela deve pedir autorização ao Governo Federal para estudar a área e saber se a construção é possível ou não. Com a autorização, a empresa faz os estudos de engenharia, chamados de Estudos de Viabilidade, e os estudos de meio ambiente, chamados de Estudo de Impacto Ambiental – EIA. Depois é feito um resumo do EIA, em uma linguagem que toda a população possa entender, que recebe o nome de Rima - Relatório de Impacto Ambiental. A seguir é apresentado um breve histórico de Belo Monte desde 1975, quando houve o início dos estudos para o aproveitamento hidrelétrico da bacia do rio Xingu, até 2009, quando o EIA e o RIMA foram entregues ao Ibama. A seguir são apresentadas outras informações, como: empresa responsável pelo estudo; empresa responsável pela construção; local das obras; e como será o AHE Belo Monte. A seguir um mapa que representa como será Belo Monte: RIMA – Belo Monte 9 O trecho do rio Xingu localizado entre a barragem do Sítio Pimentel e a casa de força principal (Sítio Belo Monte) terá a quantidade de água diminuída por conta do desvio das águas para formar os reservatórios dos canais. O RIMA segue explicando o que será necessário para a construção; mão de obra que será utilizada; como será a residência e alojamentos durante a construção; e como serão os canteiros de obras. São descritos também quais acessos serão utilizados, de onde virão as fontes de materiais para a construção e para onde irá todo o material que será retirado. Segue trecho retirado do RIMA referente a esses materiais: Todo o material que sobrar da escavação deve ser colocado na forma de aterros definitivos, chamados de botafora. Esses botafora serão bem grandes para que neles sejam colocados cerca de 150 milhões de metros cúbicos de terra e 60 milhões de metros cúbicos de rocha. Ficarão em áreas escolhidas com antecedência, seguindo critérios técnicos e ambientais, de preferência próximos aos locais de escavação, para baixar ocusto com o transporte. Os maiores volumes deverão ser colocados em locais próximos aos Canais de Derivação. Na sequência, vamos fazer um esclarecimento sobre a realidade da região para entendermos um pouco mais sobre esse trabalho. Mais da metade da bacia do rio Xingu onde se localiza a usina de Belo Monte é formada por terras indígenas e unidades de conservação. Mesmo com toda essa proteção, existe desmatamento no entorno do rio Xingu, que tem como suas principais causas o aumento do cultivo de soja, principalmente no estado do Mato Grosso; a extração de madeira e a criação de gado; e o aumento da ocupação humana ao longo das estradas, como a BR-163 e a Transamazônica. Áreas de influência direta e indireta Após toda descrição do empreendimento e demais informações, o RIMA apresenta a área de influência direta e indireta, estudo que vai nortear todo o desenvolvimento do estudo de impacto ambiental. Na sequência, trecho retirado do RIMA com a definição das Áreas de Influência Indireta (AII) e Áreas de Influência Direta (AID): As áreas mais distantes são aquelas que podem sofrer modificações indiretas, a partir das alterações que acontecerão nas áreas vizinhas ao empreendimento e naquelas onde vão estar as obras do AHE Belo Monte. Nos estudos, essas áreas são chamadas de AII – Área de Influência Indireta. 10 Unidade: Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso As áreas vizinhas são aquelas que ficam em volta do AHE Belo Monte e do reservatório, chamadas de AID – Área de Influência Direta. Elas incluem não só as terras que vão ser ocupadas pelas obras e pelo reservatório, mas também aquelas que vão sofrer interferências diretas, negativas ou positivas, do empreendimento. As áreas das obras são aquelas que vão ser ocupadas pelas estruturas principais de engenharia e por toda a parte de infraestrutura necessária para a construção do AHE Belo Monte, como a barragem, os canteiros de obra, as estradas de acesso e áreas de botafora, considerando também as áreas de inundação. Essas áreas são chamadas de ADA – Área Diretamente Afetada. As áreas do reservatório (com suas duas partes – o Reservatório do Xingu e o Reservatório dos Canais), as Áreas de Preservação Permanente e o Trecho de Vazão Reduzida também fazem parte da ADA, assim como um trecho de cerca de 15 km rio abaixo a partir do ponto onde as águas passarão pelas turbinas da Casa de Força. RIMA – Belo Monte Para saber um pouco mais sobre essa obra que já gerou tanta polêmica, acesse o link: http://arte.folha.uol.com.br/especiais/2013/12/16/belo-monte/ 11 Diagnóstico ambiental (meios físico, biótico e socioeconômico) Com a definição das áreas de influência direta e indireta, é possível realizar o diagnóstico ambiental com a descrição dos meios físico, biótico e socioeconômico, e é o que foi apresentado na sequência do RIMA. No trecho a seguir vemos uma parte da descrição do meio físico: Na Área de Influência Indireta do AHE Belo Monte, o período de chuvas é diferente daquele que ocorre em grande parte do país. As chuvas ocorrem mais nos meses de janeiro a abril. No período seco, a quantidade de água que corre no rio é bem menor do que na cheia (em média é menos do que 5 por cento da quantidade de água que normalmente corre pelo rio Xingu no período chuvoso).. Na sequência, é realizada a descrição do meio biótico. Segue um trecho da descrição do meio biótico: Por causa do tamanho da AII e dos vários ambientes que ela tem, existe uma grande variedade de espécies animais. São cerca de 440 espécies de aves e algumas estão ameaçadas de extinção, como a arara-azul, a arara vermelha e a ararajuba. São 259 espécies de mamíferos (só na floresta são mais de 40 espécies de mamíferos de tamanho médio e grande, como o guariba, o prego e o cuxiú) e 174 espécies de répteis e anfíbios, como sapos, lagartos, rãs, pererecas, tracajás, serpentes e jacarés. No ambiente aquático, os botos e peixes-boi são encontrados apenas na parte final do rio Xingu, abaixo do local da futura casa de força principal do AHE Belo Monte. Também é nessa região que estão as principais praias, onde a tartaruga-da- Amazônia faz sua desova. E também a descrição do meio socioeconômico. Segue um trecho desse item muito importante na caracterização da área: A maioria das sedes municipais dessa região está às margens da rodovia Transamazônica, menos as cidades de Porto de Moz, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu, que estão localizadas às margens do rio Xingu. A cidade de Altamira fica tanto às margens do Xingu quanto da Transamazônica. A população total da AII é de 317.472 habitantes, sendo que 51 por cento moram nas cidades. Em Altamira, a população da área urbana chega a 75 por cento do total do município. Na AII, a maioria das atividades econômicas está ligada à agropecuária e ao extrativismo vegetal. A soma de tudo que é produzido pelos onze municípios, chamado de Produto Interno Bruto (PIB), correspondia a aproximadamente 3 por cento de tudo que era produzido no Pará em 2005. As grandes propriedades (com mais de 10 mil hectares) ocupam 30 por cento das áreas rurais. Já as pequenas e médias propriedades (entre 100 e 500 hectares) ocupam 70 por cento das áreas rurais. 12 Unidade: Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso RIMA – Belo Monte A figura retirada do RIMA ilustra a AII do meio socioeconômico. Como cada estudo deve ser adaptado de acordo com as necessidades do meio estudado, esse especificamente definiu uma área de estudos própria para as comunidades indígenas presentes na região do empreendimento. Esse aspecto único dessa região ilustra bem como um estudo deve ser adaptado a cada situação. Segue trecho do RIMA contemplando essa particularidade da região: A Funai apontou a necessidade de estudos mais detalhados para as Terras Indígenas Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu, e para a Área Indígena Juruna do km 17. Isto porque as Terras Indígenas Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu estão na Área de Influência Direta (AID), sendo afetadas pela redução da vazão do rio Xingu. E porque a Área Indígena Juruna do km 17 está às margens da Rodovia PA-415 e, por isso, deverá sofrer a influência do aumento do tráfego nessa estrada. Estas duas TIs e Área Indígena formam o que a Funai chamou de Grupo 1 para os estudos do AHE Belo Monte. O Grupo 2 é formado pelas outras 7 TIs, que formam um bloco contínuo de terras indígenas. Além dessas Terras e Área Indígenas, a Funai definiu também a necessidade de serem estudados os índios que moram na cidade de Altamira e os que moram às margens do rio Xingu, no trecho a ser afetado pelo AHE Belo Monte. É apresentada no RIMA uma descrição bem completa de todas as áreas e povos indígenas existentes na região e todas as inter-relações desses povos com o meio ambiente. 13 Impactos ambientais Com a definição das áreas de influência direta e indireta e o diagnóstico ambiental já concluído, chegou o momento da definição dos impactos ambientais. Belo Monte vai gerar muitas mudanças ambientais na região do Grande Xingu, na fauna, na flora e nas comunidades em todas as etapas do projeto, as quais podem ser divididas em 04 etapas principais: Estudos e Projetos; Construção; Enchimento; e Operação. O empreendimento vai provocar tanto mudanças negativas como positivas, mudanças que são chamadas de impactos ambientais. O EIA analisou e identificou os impactos que serão gerados, propôs medidas para prevenir, diminuir ou compensar os impactos e potencializar os benefícios dos impactos positivos. O EIA organizou essas medidas em planos, programas e projetos ambientais. Vamos apresentar um resumo dessas medidas através do RIMA, para darmos continuidade ao nosso estudo de caso, cujo objetivo é apresentar na prática como se desenvolve um estudo ambiental. Na sequência, o RIMA apresenta todos os impactos de todas as etapas do projeto em todos os meios envolvidos. A seguir vamos apresentar um dosimpactos retirado do RIMA para ilustrar como foi colocado no estudo: Impactos: Aumento do Barulho e da Poeira com Incômodo da População e da Fauna O movimento de terra necessário para as obras irá causar poeira e poderá modificar a qualidade do ar próximo aos canteiros, principalmente no Sítio Belo Monte e no Sítio dos Canais e Diques. O barulho que também será gerado, por causa do tráfego de veículos e equipamentos pesados, poderá causar incômodo à população. Também por causa do barulho poderá ter fuga de animais nas áreas mais próximas às obras. As consequências dos impactos causados pela alteração na qualidade do ar e no nível de barulho sobre a população poderão ser diminuídas e controladas por ações do Plano Ambiental de Construção. Já o Programa de Interação Social e Comunicação, que faz parte do Plano de Relacionamento com a População, prevê que o aumento dos incômodos gerados à população seja acompanhado por ações de comunicação. Para acompanhar as alterações no comportamento dos animais, lembra-se de que estão previstas ações nos Planos de Conservação dos Ecossistemas Terrestres e Aquáticos. 14 Unidade: Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso Para resumir, vamos apresentar a seguir um quadro retirado do RIMA, que indica com barras coloridas a época em que cada impacto terá início e sua duração ao longo das diferentes etapas do empreendimento. Impactos ETAPAS CONSTRUÇÃO (10 anos) ESTUDOS E PROJETOS (Início dos Estudos na Bacia do Xingu até a Obtenção da LP e da LI) IMPLANTAÇÃO DA INFRA- ESTRUTURA E DAS OBRAS DE ENGENHARIA (5 anos) ENCHIMENTO (30 dias) MONTAGEM E TESTE DAS TURBINAS E GERADORES (5 anos) OPERAÇÃO COMERCIAL Geração de expectativas quanto ao futuro da população local e da região Geração de Expectativas na População Indígena Aumento da população e da ocupação desordenada do solo Aumento da Pressão sobre as Terras e Áreas Indígenas Aumento das Necessidades por Mercadorias e Serviços, da Oferta de Trabalho e Maior Movimentação da Economia Perda de Imóveis e Benfeitorias com Transferência da População na Área Rural e Perda de Atividades Produtivas Perda de Imóveis e Benfeitorias com Transferência da População na Área Urbana e Perda de Atividades Produtivas Melhorias dos acessos Mudanças na paisagem (causadas pela instalação da infra-estrutura de apoio e das obras principais) Perda de Vegetação e de Ambientes Naturais, com Mudanças na Fauna (causada pela instalação da infra-estrutura de apoio e das obras principais) Aumento do Barulho e da Poeira com Incômodo da População e da Fauna (causado pela instalação da infra-estrutura de apoio e principais) Mudanças no Escoamento e na Qualidade da Água nos Igarapés do Trecho do Reservatório dos Canais, com Mudanças nos Peixes Alterações nas Condições de Acesso pelo Rio Xingu das Comunidades Indígenas à Altamira (causadas pelas obras no Sítio Pimental) 15 Alteração da Qualidade da Água do rio Xingu próximo ao Sítio Pimental e Perda de Fonte de Renda e de Sustento para as Populações Indígenas Danos ao Patrimônio Arqueológico Interrupção Temporária do Escoamento da Água no Canal da Margem Esquerda do Xingu, no Trecho entre a Barragem Principal e o Núcleo de Referência Rural São Pedro 7 Meses Perda de Postos de Trabalho e Renda (causada pela desmobilização de mão de obra) Retirada de Vegetação, com Perda de Ambientes Naturais e Recursos Extrativistas (causada pela formação dos reservatórios) Mudanças na Paisagem e Perda de Praias e Áreas de Lazer (causada pela formação dos reservatórios) Inundação Permanente dos Abrigos da Gravura e Assurini e Danos ao Patrimônio Arqueológico (causada pela formação dos reservatórios) Perda de Jazidas de Argila Devido à Formação do Reservatório do Xingu Mudanças nas Espécies de Peixes e no Tipo de Pesca (causada pela formação dos reservatórios) Alteração na Qualidade das Águas dos Igarapés de Altamira e no Reservatório dos Canais (causada pela formação dos reservatórios) Interupção de Acessos Viários pela Formação do Reservatório dos Canais Interrupção de Acessos na Cidade de Altamira (causada pela formação do Reservatório do Xingu) Mudanças nas Condições de Navegação (causada pela formação dos reservatórios) Aumento da Quantidade de Energia a ser Disponibilizada para o Sistema Interligado Nacional – SIN Dinamização da Economia Regional Interrupção da Navegação no Trecho de Vazão Reduzida nos Períodos de Seca Perda de ambientes para reprodução, alimentação e abrigo de peixes e outros animais no Trecho de Vazão Reduzida Formação de poças, mudanças na qualidade das águas e criação de ambientes para mosquitos que transmitem doenças no Trecho de Vazão Reduzida Prejuízos para a pesca e para outras fontes de renda e sustento no Trecho de Vazão Reduzida 16 Unidade: Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso Planos, programas e projetos ambientais Para que Belo Monte seja construído e operado com sustentabilidade, é proposto no EIA um conjunto de ações com intuito de diminuir e compensar as alterações negativas e potencializar as positivas. É importante frisar que as ações propostas e que devem ser colocadas em prática são de responsabilidade do empreendedor, e algumas ações devem ser mantidas por toda a vida útil do empreendimento. Planos e programas inseridos no EIA (figura extraída do RIMA) O RIMA apresenta a seguir as medidas para todos os impactos previstos de todas as áreas e fases da implantação do projeto. A seguir um exemplo de um dos programas contemplados no RIMA: Programa de Conservação da Fauna Terrestre O objetivo principal deste Programa é a conservação da fauna terrestre da região onde se pretende construir o AHE Belo Monte. Serão monitoradas espécies de animais que são ameaçadas de extinção, assim como o comportamento da fauna antes, durante e após a implantação do empreendimento. Dentre os vários projetos que formam este programa tem o de Salvamento e Aproveitamento Científico da Fauna. Este projeto cuida do resgate de animais durante os trabalhos de retirada da vegetação para as obras e, depois, para o enchimento dos reservatórios. Esses animais capturados serão soltos em locais identificados por especialistas e alguns serão enviados para jardins zoológicos e instituições de pesquisa. Este projeto deve permitir a discussão, com as populações indígenas, sobre o aproveitamento de alguns animais que possam servir de reprodutores para criação de suas espécies dentro das TIs. Além disso, as comunidades indígenas devem ser envolvidas na discussão sobre as áreas onde serão soltos os animais que forem resgatados. (Trecho extraído do RIMA). 17 A seguir, exemplo de um dos planos contemplados no estudo: Programa de Saneamento Básico para as Comunidades Indígenas Este Plano também tem dois programas: Programa de Abastecimento de Água. Tem como ações: construir poços profundos nas TIs; e realizar campanhas educativas sobre a importância do consumo de água de boa qualidade. Monitoramento Após a implantação de todos os programas e planos ambientais, chega a fase do monitoramento, que como sabemos é após a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental, quando o empreendimento já estiver em andamento. Considerações Finais Hoje a usina de Belo Monte já está em operação, muitos programas e planos ambientais já estão implantados e sendo monitorados. Chegamos ao fim da nossa unidade. A ideia foi apresentar um estudo de impacto ambiental (EIA) através do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), como um estudo de caso. Selecionamos o Estudo de Impacto Ambiental da Usina Hidrelétrica de Belo Monte porque é uma das maiores obras do país e por estar localizada na Amazônia, uma área de importância mundial, e por ter sido e ainda ser uma obra muito polêmica. A mídia tem feito uma ampla divulgação desse empreendimento, e é interessante aprofundar e entender todas as nuances envolvidas nessa obra. No material complementar, temos algunsmateriais atuais e interessantes para complementar o estudo iniciado aqui na unidade. É importante ressaltar que durante o estudo desta unidade, os alunos acompanhem o texto original do RIMA, disponível no material complementar. O objetivo de apresentar esse estudo de caso foi fornecer uma ferramenta a mais aos profissionais de meio ambiente e dar suporte para o profissional na elaboração de um EIA. 18 Unidade: Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de caso Material Complementar Sites: Para aprofundar seus estudos em Avaliação de impactos ambientais, explore o artigo abaixo: LEME ENGENHARIA LTDA; ELETROBRÁS; BRASIL, MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte – Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Disponível no site do Ministério do meio ambiente, Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis, em: https://bit.ly/3MtqNks. Acesso em: 03 jun. 2015. Após um ano de funcionamento, Belo Monte segue envolta em polêmicas https://goo.gl/PdJB24 19 Referências FLEURYL, Lorena Cândido; ALMEIDA, Jalcione. A construção da usina hidrelétrica de Belo Monte: conflito ambiental e o dilema do desenvolvimento. Ambiente e sociedade, vol. 16, nº 4, São Paulo, versão online, out/dez. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S1414-753X2013000400009&script=sci_arttext>. Acesso em: 03 jun. 2015 LEME ENGENHARIA LTDA. Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Belo Monte – Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Disponível no site do Ministério do meio ambiente, Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis, em: <http://licenciamento. ibama.gov.br/Hidreletricas/Belo%20Monte/EIA/>. Acesso em: 03 jun. 2015. LEME ENGENHARIA LTDA; ELETROBRÁS; BRASIL, MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte – Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Disponível no site do Ministério do meio ambiente, Instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis, em: <http://licenciamento.ibama.gov.br/Hidreletricas/ Belo%20Monte/RIMA/Rima_AHE%20Belo%20Monte.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2015. PINTO, Lúcio Flávio. De Tucuruí a Belo Monte: a história avança mesmo? Boletim do museu paraense Emílio Goeldi, Ciências humanas, vol. 7, nº 3, Belém, versão online, set/dez. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v7n3/a10v7n3.pdf>. Acesso em: 03 jun. 2015.
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