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INTELIGENCIA PENITENCIARIA_SENAPPEN_Modulo_1

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Curso de Introdução 
à INTELIGÊNCIA 
PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1
Fundamentos teóricos e 
doutrinários da Atividade de
Inteligência Penitenciária
EXPEDIENTE
Todo o conteúdo do Curso de Introdução à Inteligência Penitenciária – CIIPEN, da Secretaria Nacional de 
Políticas Penais do Ministério da Justiça e Segurança Pública do governo federal — 2022, está licenciado sob 
a Licença Pública Creative Commons Atribuição — Não Comercial — Sem Derivações 4.0 Internacional. Para 
visualizar uma cópia desta licença, acesse: https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed.BY NC ND
GOVERNO FEDERAL
Presidente da República 
Luiz Inácio Lula da Silva
Vice-Presidente da República 
Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho
Ministro da Justiça e Segurança Pública 
Flávio Dino de Castro e Costa
Secretário da Secretaria Nacional de Políticas Penais – SENAPPEN 
Rafael Velasco Brandani
Diretora da Escola Nacional de Serviços Penais – ESPEN 
Stephane Silva de Araújo
Equipe ESPEN 
Haynara Jocely Lima de Almeida 
Italo Rodrigues dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Coordenação Geral 
Luciano Patrício Souza de Castro
Financeiro 
Fernando Machado Wolf
Consultoria Técnica EaD 
Giovana Schuelter
Coordenação de Produção 
Caroline Daufemback Henrique 
Francielli Schuelter
Coordenação de AVEA 
Andreia Mara Fiala
Revisão Textual
Supervisão: Evillyn Kjellin 
Victor Rocha Freire Silva
Vivianne Oliveira Rodrigues
Design Instrucional
Supervisão: Milene Silva de Castro 
Flora Bazzo Schmidt
Joyce Regina Borges
Design Gráfico
Supervisão: Mary Vonni Meürer de Lima
Airton Jordani Jardim Filho
Cleber da Luz Monteiro
Giovana Aparecida dos Santos
Guilherme Comerão Stecca Almeida
Julia Morato Leite Lucas
Renata Cristina Gonçalves
Sonia Trois
Tiago Augusto Paiva
Programação
Supervisão: Alexandre Dal Fabbro
João Pedro Mendonça de Araujo
Luan Rodrigo Silva Costa
Luiz Eduardo Pizzinatto
Audiovisual 
Supervisão: Rafael Poletto Dutra 
Angie Luiza Moreira de Oliveira 
Dilney Carvalho da Silva 
Eduardo Corrêa Machado 
Jacob de Souza Faria Neto 
Kimberly Araujo Lazzarin 
Marcelo Vinícius Netto Spillere 
Marília Gabriela Salomao Dauer 
Maycon Douglas da Silva
Apresentação 
Áureo Mafra de Moraes
Conteúdo
Jean Cler Brugnerotto 
Álvaro Portel Júnior
Ana Paula Alves Ferreira Botelho 
Andrea Delgado Ferreira
Antônio Marcos Mota 
Diego Mantovaneli do Monte 
Moacir Vilanova Lopes Neto 
Sergio da Silva de Medeiros
https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/deed
ESCLARECIMENTO
 
A partir de 1º de janeiro de 2023, o Departamento Penitenciário Nacional 
(DEPEN) passou a ser denominado Secretaria Nacional de Políticas Penais 
(SENAPPEN), instituída pelo Art. 59 da Medida Provisória nº 1.154; porém, 
devido ao fato de o material deste curso ter sido produzido antes da vigência 
da referida medida provisória, há conteúdos em que a atual SENAPPEN 
é mencionada como DEPEN. É possível, ainda, que outros órgãos gover-
namentais federais citados nos materiais, como ministérios, secretarias 
e departamentos, disponham de uma nova estrutura regimental e uma 
nova nomenclatura e sejam mencionados de maneira diferente da atual.
SUMÁRIO
Apresentação 7
Objetivos do módulo 7
Unidade 1: Introdução à Atividade de Inteligência 
Penitenciária 10
1.1 Breve histórico da Atividade de Inteligência no mundo 10
1.2 Atividade de Inteligência e seus quatro paradigmas históricos 16
1.3 Histórico da Atividade de Inteligência no Brasil 17
1.4 Sistema Brasileiro de Inteligência 20
1.5 Instrumentos de Governança da Inteligência no Brasil 21
1.6 Inteligência Penitenciária e Segurança Pública 22
1.7 Atividade de Inteligência na América Latina 27
Unidade 2: A Atividade de Inteligência Penitenciária 32
2.1 O Ambiente prisional e seu histórico 32
2.2 Surgimento da Inteligência Penitenciária 42
2.3 Alguns aspectos legais da Inteligência Penitenciária 42
2.4 Perfil do Policial Penal de Inteligência 45
2.5 Agência Central de Inteligência Penitenciária 47
SUMÁRIO
Unidade 3: Fundamentos doutrinários da Atividade de 
Inteligência Penitenciária 51
3.1 Fundamentos históricos e a Doutrina Nacional de Inteligência Penitenciária no Brasil – 
a DNIPEN 51
3.2 Doutrinas de Inteligência na América Latina 54
3.3 Princípios e características que orientam a Atividade de Inteligência 57
3.4 Metodologia da Produção do Conhecimento: estados da mente e ciclo da 
produção do conhecimento 61
3.5 Tipos de conhecimento 66
Unidade 4: Aspectos teóricos de Contrainteligência e das 
Operações de Inteligência 69
4.1 Contrainteligência Penitenciária: características e fundamentos 69
4.2 Ramos da Contrainteligência 71
4.3 Operações de Inteligência Penitenciária: características e fundamentos 73
4.4 Tipos de Operações de Inteligência e seus planejamentos 76
4.5 Ações de busca 77
4.6 Técnicas de Operações de Inteligência 83
SUMÁRIO
Síntese do Módulo 88
Referências 91
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 7
APRESENTAÇÃO
Olá, cursista! 
Seja bem-vindo(a) ao Curso de Introdução à Inteligência Penitenciária, 
o CIIPEN. 
Este curso contém 7 unidades e está dividido em dois grandes módulos. 
Iniciaremos agora o primeiro: Fundamentos teóricos e doutrinários da 
Atividade de Inteligência Penitenciária. Nele, veremos a história, os prin-
cípios, as características, a legislação e os outros aspectos importantes 
que dão fundamento à Atividade de Inteligência Penitenciária. 
Na segunda parte do curso, no Módulo 2, trataremos da Inteligência 
Penitenciária Aplicada. Será o momento de vermos a prática dos ele-
mentos teóricos que veremos a seguir. Com uma leitura dinâmica, rica 
em exemplos e com sugestões de conduta, essa segunda parte ofere-
cerá ao leitor a oportunidade de conhecer como se aplica a Inteligência 
Penitenciária na rotina penal. 
Objetivos do módulo
• Conhecer um resumo da evolução histórica da Atividade de Inteligência 
no mundo e no Brasil.
• Compreender como se dá a organização e a governança nacional 
da Inteligência. 
• Justificar a importância da Inteligência Penitenciária no contexto da 
Segurança Pública. 
• Localizar em que panorama está a Atividade de Inteligência na 
América Latina.
• Compreender e fixar o que é Inteligência Penitenciária no contexto 
do ambiente prisional. 
• Aprender sobre o perfil do analista de Inteligência e os aspectos legais 
da Atividade de Inteligência Penitenciária. 
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 8
• Assimilar como se dá o funcionamento da Agência Central de 
Inteligência Penitenciária no Brasil.
• Conhecer princípios e características que orientam a Atividade 
de Inteligência.
• Entender a importância da Doutrina Nacional de Inteligência Peniten-
ciária e de sua aplicação na Metodologia da Produção do Conhecimento. 
• Entender o papel da Contrainteligência Penitenciária.
• Visualizar os ramos da Contrainteligência.
• Visualizar as características das Operações de Inteligência Penitenciária.
• Verificar as principais ações e técnicas utilizadas pelos agentes dentro 
de uma Operação de Inteligência.
UNIDADE 1
Introdução à Atividade de 
Inteligência Penitenciária
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 10
1. INTRODUÇÃO À ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA
“A atividade de Inteligência Penitenciária (IPEN) é o exercício perma-
nente e sistemático de ações especializadas para a identificação, 
acompanhamento e avaliação de ameaças reais ou potenciais na 
esfera do Sistema Penitenciário. Estas são basicamente orientadas 
para a produção e salvaguarda de conhecimentos necessários à de-
cisão, ao planejamento e à execução de uma política penitenciária e, 
também, para prevenir, obstruir, detectar e neutralizarações adversas 
de qualquer natureza dentro do Sistema Penitenciário e atentatórias 
à ordem pública.” (BRASIL, 2013).
Iniciando o Curso de Introdução à Inteligência Penitenciária, esta unidade 
mostrará a evolução histórica da Atividade de Inteligência no mundo e 
no Brasil. Abordará, de forma resumida, a organização e a governança 
nacional da Inteligência. Ainda, será exposta a importância da Inteligência 
Penitenciária no contexto da Segurança Pública. Por fim, será apresentado 
um resumo do panorama da Atividade de Inteligência na América Latina.
1.1 Breve histórico da Atividade de Inteligência no mundo 
A história da Atividade de Inteligência se confunde com a própria his-
tória da humanidade, já que a busca pelo conhecimento é inerente ao 
ser humano. Desde a Antiguidade, vemos os indivíduos utilizando-se 
de vários métodos para adquirir conhecimento, como se pode ver em 
alguns relatos milenares:
“Enviou-os, pois, Moisés a espiar: a terra de Canaã, e disse-lhes: Subi 
por aqui para o Neguebe, e penetrai nas montanhas; e vede a terra, 
que tal é; e o povo que nela habita, se é forte ou fraco, se pouco ou 
muito, que tal é a terra em que habita, se boa ou má; que tais são as 
cidades em que habita, se arraiais ou fortalezas; e que tal é a terra, 
se gorda ou magra; se nela há árvores, ou não; e esforçai-vos, e tomai 
do fruto da terra.” (BÍBLIA, 1969).
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 11
“[...] se não conheces a ti e nem a teu inimigo, sempre sereis derrota-
do. Se conheces a ti e não a teu inimigo, para cada vitória terás uma 
derrota. Se conheces a ti e a teu inimigo, não temereis o resultado de 
cem batalhas.” (TZU, 2001).
Idade Antiga
Com o incremento da organização humana de forma política e burocrática, 
as ações furtivas se tornaram igualmente mais estruturadas e paulati-
namente especializadas. Basicamente, havia situações de dominação 
ilegítima (controle por força, ocupações, colonizações, imperialismo) 
(BRASIL, 2016).
Sítio arqueológico de construção da Grécia Antiga.
Foto: © [Jenifoto] / Shutterstock.
Nesse período, destaca-se o uso da espionagem (amadora) por meio de 
agentes infiltrados, com o fim de obter dados sobre inimigos ou sobre 
oportunidades em novos territórios.
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 12
Idade Média
\
Ferramenta de cifragem monoalfabética. 
Foto: Kapersky Daily.
Esse período se destaca pela busca de expansão territorial e pela conquista 
de poder monárquico. A comunicação era lenta, tornando a conquista 
de surpresa estratégica uma questão difícil de equilibrar; por exemplo, 
o tempo necessário para reunir grandes forças contra o tempo necessário 
para agentes inimigos descobrirem-nas e denunciá-las. As ferramentas 
mais utilizadas estavam ligadas à criptografia e aos sistemas de cifragem.
“Na Idade Média, o serviço de espionagem foi posto de lado, devido 
à influência da Igreja e da Cavalaria, que o julgavam pecado. Porém, 
Maomé o utilizou em 624. Seus agentes infiltrados em Meca (Arábia 
Saudita) o avisaram de um ataque de soldados árabes a Medina, 
cidade em que estava refugiado. Ele mandou, então, que fizessem 
trincheiras e barreiras ao redor da cidade, que impediram o avanço 
dos soldados.” (FARIAS, 2005, p. 87).
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 13
Idade Moderna
Ilustração de navios portugueses usados nas grandes navegações. 
Fonte: © [Michael Rosskothen] / Shutterstock.
Com o colonialismo e com as expansões marítimas europeias, devido 
à intensificação das relações comerciais, ao mercantilismo, às grandes 
navegações e às pretensões territoriais hegemônicas de alguns Estados, 
surgiu a necessidade de políticas direcionadas ao fluxo de diferentes 
tipos de informações. 
• Século XV: as cidades-estados italianas abriram embaixadas que 
obtinham informações estratégicas e em cujas bases estabeleceram-se 
redes regulares de espionagem (BRASIL, 2016).
• Século XVI: a iniciativa italiana foi reproduzida por outras sociedades 
dos séculos seguintes, e tais informações passaram a ser processadas 
em organizações permanentes e profissionais, inseridas na burocracia 
estatal, dando origem ao que se denomina Atividade de Inteligência. 
Um dos registros mais antigos do termo “inteligência” em seu sentido 
moderno, the intelligence, foi utilizado ainda no século XVI, na Inglaterra, 
na Secretaria de Estado (Department of Intelligence) (BRASIL, 2016).
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 14
Idade Contemporânea
A Atividade de Inteligência, como parte da burocracia do Estado, origi-
nou-se de quatro matrizes institucionais e históricas: economia, guerra, 
diplomacia e polícia (BRASIL, 2016).
 
Membros das Forças Armadas do Brasil. 
Foto: Ministério da Defesa/gov.br.
• Primeira Guerra Mundial: os Serviços de Inteligência da maioria dos 
países europeus eram incipientes e, inicialmente, os Estados Unidos não 
tinham uma organização central de Inteligência. A guerra, que nenhum 
dos combatentes pretendia, é frequentemente citada em retrospectiva 
como um trágico fracasso de Inteligência. 
• Segunda Guerra Mundial: com as lições de Inteligência da Primeira 
Guerra Mundial, juntamente com os avanços tecnológicos — especial-
mente eletrônica e tecnologia aeronáutica —, ocorreu a proliferação de 
novas agências de Inteligência nos anos 20 e 30, particularmente em 
estados totalitários (Itália, Alemanha e União Soviética), mas também em 
alguns países europeus democráticos, e, em especial, também ocorreu o 
estouro da Segunda Guerra Mundial, em 1939 (RANSOM; PRINGLE, 2021).
Nesse período, as organizações são aperfeiçoadas quanto à estrutura, à 
metodologia próprias e ao pessoal especializado. A institucionalização 
dos Serviços de Inteligência começa a ocorrer no século XX, motivada 
pela necessidade de obtenção de informação militar. Foi daí que surgiram 
os principais órgãos de Inteligência do mundo: CIA, KGB, MI6 e Mossad.
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 15
 
• Guerra Fria: a Inteligência militar passou a se preocupar predominante-
mente com defesa e dissuasão, enquanto sua vertente civil dedicava-se 
à vigilância ideológica e interferência política (BRASIL, 2016). A Atividade 
de Inteligência tornou-se uma das maiores indústrias do mundo, empre-
gando centenas de milhares de profissionais. Os grandes países criaram 
enormes estruturas de Inteligência, geralmente consistindo em agências 
secretas (RANSOM; PRINGLE, 2021).
Principais órgãos de Inteligência do mundo
Central Intelligence Agency – CIA
Komitet Gosudarstveno Bezopasnosti – KGB
Military Intelligence, Section 6 – MI6
Mossad
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 16
Os sistemas de Inteligência dos Estados Unidos, da União Soviética e do 
Reino Unido foram usados como modelos gerais para a organização da 
maioria dos outros Serviços de Inteligência (RANSOM; PRINGLE, 2021).
1.2 Atividade de Inteligência e seus quatro paradigmas históricos
A informação constitui um dos pilares do Estado, juntamente com a 
força e o direito, que restringe esta última. A Atividade de Inteligência, 
ao contrário dos demais aparatos coercitivos, não se fundamenta na 
força, e sim no conhecimento e no segredo, com o desempenho de 
função essencialmente informacional. Em alguns países, porém, em 
razão de interesses e tensões oriundas de suas relações internacionais,a atividade extrapola os limites da função informacional, atuando com 
intervenções como sabotagem, desinformação, propaganda, subversão 
e até eliminação de adversários, em um contexto de guerra não oficial-
mente declarada (BRASIL, 2016). 
A seguir, serão apresentadas as relações dos regimes de governos com 
os Serviços de Inteligência, de acordo com Numeriano (2011).
• No totalitarismo: Serviço de Inteligência como “paradigma policial”, 
que utiliza informações para oprimir os cidadãos e para conformar pen-
samentos e comportamentos (exemplos: nazismo, fascismo).
• No autoritarismo: Serviço de Inteligência como “paradigma repressivo”, 
orientado por ideologia seletiva, gera informações para coibir a ação de 
atores adversos ao sistema vigente (exemplos: ditaduras na América, 
na África).
Aqui cabe uma pausa para expor um comparativo entre autoritarismo e o 
totalitarismo, já que impactará no exercício da Atividade de Inteligência. 
O autoritarismo atua para forçar o povo à apatia, à obediência passiva e à 
despolitização, por outro lado, o totalitarismo busca mobilizar a sociedade 
civil de cima para baixo, para moldá-la e impor-lhe uma obediência ativa 
e militante (direcionamento político partidário) em relação ao status quo, 
condicionada pela adesão à ideologia oficial do Estado. 
• Na democracia em desenvolvimento: Serviço de Inteligência como 
“paradigma informativo”; dada a precariedade do equilíbrio institucional, 
oscila entre conteúdos com vieses ideológicos e análises isentas da rea-
lidade, submetendo-se formalmente a controles institucionais. 
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 17
• Na democracia desenvolvida: Serviço de Inteligência como “paradig-
ma preditivo”; subordina-se aos princípios constitucionais e ao efetivo 
controle externo, e produz conhecimento preponderantemente prospec-
tivo, com apoio de técnicas cientificamente embasadas e da tecnologia 
da informação. 
QR CODE
Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) 
no QR Code ao lado para assistir a animação sobre as relações dos 
regimes de governos com os serviços de inteligência, ou acesso 
o link: https://youtu.be/MtrPnQTPo7M.
1.3 Histórico da Atividade de Inteligência no Brasil
A seguir, serão apresentadas as fases históricas da Atividade de Inteli-
gência no Brasil.
Fase embrionária (1927 a 1964)
A Atividade esteve inserida, de forma complementar, em conselhos de 
governo (de 1927 a 1946) e no Serviço Federal de Informações e Con-
trainformações (SFICI) (de 1946 a 1964). Nessa fase, inicia-se a construção 
das primeiras estruturas governamentais voltadas para a análise de dados 
e para a produção de conhecimentos (BRASIL, 2020).
 
Fonte: Brasil, 2020.
Fase Embrionária (1927-1964)
1927
1934 1937 1946
1964
CDN
Conselho de 
Defesa Nacional
CSN
Conselho de 
Segurança Nacional
CSSN
Conselho Superior de 
Segurança Nacional
SFICI
Serviço Federal de 
Informações e Contrainformações
Presidentes da República
Washington Luís
1926 a 1930
Getúlio Vargas
1930 a 1945
Eurico Gaspar Dutra
1946 a 1951
Getúlio Vargas
1951 a 1954
Café Filho
1954 a 1955
Juscelino Kubitschek
1956 a 1961
Jânio Quadros
1961
João Goulart
1961 a 1964
https://youtu.be/MtrPnQTPo7M
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 18
Destaca-se pelo conflito não declarado e de fortes componentes ide-
ológicos e estratégicos, ocorrido entre os Estados Unidos da América 
(EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Não sem 
coincidência, nas décadas de 1940 e de 1950 foram fundados os prin-
cipais serviços secretos do mundo.
Fase da bipolaridade (1964 a 1990)
No período da Guerra Fria, em que questões ideológicas estavam em 
ênfase, a Atividade de Inteligência ficou focada nesse tema (BRASIL, 
2020c). Em 1964, durante o regime militar, foi extinto o SFICI e criado 
o Serviço Nacional de Informações (SNI) (BRASIL, 2020c). O SNI foi 
criado em 13 de junho de 1964 e caracterizou-se por sua ligação direta 
ao Presidente da República e pelo enfrentamento a oponentes internos, 
principalmente àqueles alinhados a ideologias comunistas (BRASIL, 2016).
 
Ilustração das bandeiras da União Soviética e dos Estados Unidos da América. 
Fonte: Adaptado de © [Vincent Grebenicek] / Shutterstock.
Fase de transição (1990 a 1999)
Com a volta do regime democrático, a Atividade de Inteligência sofre 
uma reavaliação e uma autocrítica para adequar sua atuação aos novos 
contextos governamentais (BRASIL, 2020c). 
Em 1990, o Presidente Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente 
eleito pelo voto direto, após o regime militar, extinguiu o SNI. Assim, 
a Atividade de Inteligência do Brasil deixou de ser exercida por um órgão 
de assessoria direta ao Presidente da República e tornou-se vinculada à 
Secretaria da Presidência da República.
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 19
Presidente Fernando Collor de Mello. 
Foto: Centro de Referência de Acervos Presidenciais/Arquivo Nacional.
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) foi criada em 7 de dezembro 
de 1999, juntamente com o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), 
que tem a ABIN como órgão central.
 
Símbolo da ABIN. 
Fonte: ABIN.
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 20
1.4 Sistema Brasileiro de Inteligência
“Agência de Inteligência não é uma ilha fora do contexto, habitada 
por profissionais desconectados com a realidade da comunidade e 
do continente.” (SOUZA, 2016, p. 102).
O SISBIN iniciou-se com 22 órgãos e, atualmente, é composto por 48 
órgãos federais, tendo a ABIN como órgão central. De acordo com a 
Lei nº 9.883, de 07 de dezembro de 1999, suas principais funções são 
“planejamento e execução das atividades de Inteligência do País, com a 
finalidade de fornecer subsídios ao Presidente da República nos assuntos 
de interesse nacional.” (BRASIL, 1999).
Símbolo do SISBIN. 
Fonte: ABIN.
SAIBA MAIS
Conheça a estrutura do SISBIN, disponível em: 
https://www.gov.br/abin/pt-br/assuntos/sisbin/composicao-do-
-sisbi. 
O Decreto nº 4.376, de 13 de setembro de 2002, regulamentou a or-
ganização e o funcionamento do Sistema Brasileiro de Inteligência. Di-
ferentemente do que ocorria com o Sistema Nacional de Informações 
(SISNI), nem todos os integrantes do SISBIN são órgãos de Inteligência. 
Ademais, a composição do SISBIN é variável e determinada por injunções 
conjunturais (BRASIL, 2016, p. 25).
https://www.gov.br/abin/pt-br/assuntos/sisbin
https://www.gov.br/abin/pt-br/assuntos/sisbin
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 21
1.5 Instrumentos de Governança da Inteligência no Brasil
Na sequência, serão abordados os principais documentos de governança 
estabelecidos para direcionar a Atividade de Inteligência no país. 
• Política Nacional de Inteligência (PNI): o Decreto nº 8.793, de 29 de 
junho de 2016, fixou a Política Nacional de Inteligência com objetivo de 
definir os parâmetros e os limites de atuação da Atividade de Inteligência 
e de seus executores no âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência.
• Estratégia Nacional de Inteligência (ENINT): o Decreto de 15 de de-
zembro de 2017 aprovou a Estratégia Nacional de Inteligência para 
subsidiar os órgãos e as entidades da administração pública federal em 
seus planejamentos. 
“A ENINT é um documento de orientação estratégica decorrente da 
Política Nacional de Inteligência (PNI), fixada por meio do Decreto 
nº 8.793, de 29 de junho de 2016, e servirá de referência para a for-
mulação do Plano Nacional de Inteligência.Ela consolida conceitos 
e identifica os principais desafios para a atividade de inteligência, 
definindo eixos estruturantes e objetivos estratégicos, de forma a 
criar as melhores condições para que o Brasil possa se antecipar 
às ameaças e aproveitar as oportunidades.” (BRASIL, 2016, p. 302).
• Plano Nacional de Inteligência (Planint): foi aprovado pela Portaria nº 40, 
de 3 de maio de 2018, mas trata-se de um documento classificado nos 
termos dos incisos I, II e IX, do art. 25, do Decreto nº 7.724, de 16 de 
maio de 2012.
“É o documento, decorrente das diretrizes de Inteligência, que orienta 
as ações do organismo central de Inteligência voltadas à execução 
da PNI e que serve de parâmetro para os organismos do SISBIN que 
desempenham a Atividade de Inteligência elaborarem os seus planos 
específicos. O Planint gera um fluxo constante de conhecimentos, 
fornecendo ao organismo central insumos para o atendimento dos 
objetivos de Inteligência.” (BRASIL, 2016).
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 22
1.6 Inteligência Penitenciária e Segurança Pública
No sistema prisional, está custodiada grande parte da liderança do crime 
organizado que, por vezes, ainda permanece atuante nas ações delitivas. 
PODCAST
Sabe-se que transações de tráfico de drogas e de armas, bem 
como ordens para homicídios e para outros crimes, fluem de 
unidades prisionais. Desde a década de 70, facções criminosas 
surgem de dentro de estabelecimentos prisionais e, até a atu-
alidade, continuam surgindo e se expandindo. Alianças entre 
facções ocorrem em prisões. Acrescenta-se ainda que presos 
encarcerados no Brasil se comunicam com aliados de outros 
países da América do Sul. Percebe-se, com isso, que as prisões 
são uma extensa fonte de dados de grande relevância para a 
Segurança Pública do país. Esses dados podem ser coletados 
e processados pelos próprios servidores atuantes nas prisões, 
já que têm contato constante com os presos, conhecen-
do suas rotinas, seus vínculos, seus relacionamentos, 
seus comportamentos.
Ainda que o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) seja in-
tegrante, desde 2005, do SISBIN, sua competência legal limitava sua 
Atividade de Inteligência ao Sistema Penitenciário Federal, embora, 
de fato, sempre tivesse mantido articulações com órgãos de Inteligência 
Penitenciária estadual. Por meio do Decreto nº 9.662, de 1º de janeiro 
de 2019, foi criada a Diretoria de Inteligência Penitenciária do DEPEN, 
tendo entre suas competências:
“Art. 36. À Diretoria de Inteligência Penitenciária compete:
[...]
III - planejar, coordenar, integrar, orientar e supervisionar, como 
agência central, a inteligência penitenciária em âmbito nacional;
IV - coordenar as atividades de atualização da Doutrina Nacional 
de Inteligência Penitenciária;
V - subsidiar a definição do plano nacional de inteligência pe-
nitenciária e da atualização da Doutrina Nacional de Inteligência 
Penitenciária e sua forma de gestão, o uso dos recursos e as metas 
de trabalho;” (BRASIL, 2019, grifos nossos).
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 23
O Sistema Penitenciário só foi incluído na Constituição Federal como 
órgão de Segurança Pública em 2019, quando foi criada a Polícia Penal, 
nos âmbitos da União, estados e Distrito Federal, por meio da Emenda 
Constitucional nº 104, promulgada em 2 de dezembro do mesmo ano. 
Espera-se que, com a regulamentação das polícias penais, haja um 
fortalecimento dos Serviços de Inteligência e a devida integração com 
demais órgãos. 
Diante do cenário exposto, mostra-se imperioso o incremento 
dos Serviços de Inteligência Penitenciária, contando com recursos, 
capacitação técnica e a devida estrutura, de modo a viabilizar uma 
produção de conhecimentos úteis e oportunos às autoridades 
da Polícia Penal e da Administração Penitenciária, bem como às 
que atuam no combate ao crime organizado.
Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP)
Antes mesmo da regulação das atividades do SISBIN, foi criado o Subsis-
tema de Inteligência de Segurança Pública (SISP), por meio do Decreto 
nº 3.695, de 21 de dezembro de 2000. 
O SISP é composto por órgãos da União, embora seja contemplada 
a possibilidade de participação dos órgãos de Inteligência estaduais. 
As deliberações quanto à criação de normas e às atividades de Inteligên-
cia de Segurança Pública permaneceram limitadas aos órgãos federais 
(membros permanentes do Conselho Especial).
Por fim, o SISP não tem em sua composição o DEPEN e os órgãos esta-
duais do sistema prisional. Tal constatação é uma lacuna gritante, pois, 
como será apontado na sequência, não é possível abordar Inteligência de 
Segurança Pública sem entender que o sistema prisional lhe é intrínseco. 
É urgente a revisão da composição do SISP.
QR CODE
Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) 
no QR Code ao lado para assistir o vídeo sobre a composição do 
SISP, ou acesse o link: https://youtu.be/pr5oeaxyVR4. 
https://youtu.be/pr5oeaxyVR4
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 24
Sistema Único de Segurança Pública (SUSP)
O SUSP foi instituído pela Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018.
“Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública 
(SUSP) e cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa 
Social (PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por 
meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada 
dos órgãos de segurança pública e defesa social da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em articulação com 
a sociedade.” (BRASIL, 2018, grifos nossos).
Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS)
A mesma lei que instituiu o SUSP criou a Política Nacional de Seguran-
ça Pública e Defesa Social (PNSPDS), que tem, entre outras diretrizes, 
a “atuação integrada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios em ações de segurança pública [...]” (BRASIL, 2018). A Ativi-
dade de Inteligência tem destaque entre os objetivos da PNSPDS:
“Art. 6º São objetivos da PNSPDS:
I - fomentar a integração em ações estratégicas e operacionais, 
em atividades de inteligência de segurança pública e em geren-
ciamento de crises e incidentes;
[...]
IX - estimular o intercâmbio de informações de inteligência de 
segurança pública com instituições estrangeiras congêneres;
X - integrar e compartilhar as informações de segurança pública, 
prisionais e sobre drogas;” (BRASIL, 2018).
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 25
Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSP)
O Decreto nº 10.822, de 28 de setembro de 2021, instituiu o Plano 
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSP) como meio e 
instrumento para a implementar a PNSPDS. E sobre a Atividade de 
Inteligência, destaca-se:
Ação Estratégica 8 
Fortalecer a atividade de inteligência das instituições de segurança 
pública e defesa social, por meio da atuação integrada dos órgãos 
do SUSP, com vistas ao aprimoramento das ações de produção, 
análise, gestão e compartilhamento de dados e informações.
[...]
a. Promover ações com o objetivo de dotar as instituições de 
segurança pública com ferramentas de inteligência modernas, 
padronizadas e integradas para a produção de conhecimento, 
em conformidade com a legislação aplicável; 
b. Atuar na estruturação e no aperfeiçoamento das atividades de 
inteligência penitenciária; 
c. Estimular a cooperação e o intercâmbio de informa-
ções de inteligência de segurança pública com instituições 
estrangeiras congêneres; 
d. Promover a criação e a estruturaçãoda atividade de inteligência 
de trânsito; 
e. Integrar os sistemas e os subsistemas de inteligência de segu-
rança pública e promover o compartilhamento de tecnologias 
interagências; e 
f. Estimular a articulação e a cooperação entre o sistema de in-
teligência de segurança pública com setores de inteligência da 
iniciativa privada, em conformidade com a legislação aplicável à 
proteção de dados. (BRASIL, 2021).
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 26
Política Nacional de Inteligência de Segurança Pública (PNISP) 
O Decreto nº 10.777, de 24 de agosto de 2021, instituiu a Política Na-
cional de Inteligência de Segurança Pública (PNISP) “com o objetivo de 
estabelecer os parâmetros e os limites de atuação da atividade de inte-
ligência de segurança pública no âmbito do Subsistema de Inteligência 
de Segurança Pública – SISP.” (BRASIL, 2021). 
Esse decreto estabelece, no art. 2º, que: “compete à Diretoria de Inte-
ligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça 
e Segurança Pública a coordenação das atividades de inteligência de 
segurança pública no âmbito do SISP.” (BRASIL, 2021).
Ao apresentar o panorama da Segurança Pública na República Federativa 
do Brasil, a PNISP expõe: 
“4.3 Apesar dos avanços no investimento e na política de segurança 
pública, o crime organizado se mantém por meio de suas diversas 
faces, principalmente com o surgimento de organizações criminosas 
oriundas do sistema prisional, de milícias em grandes centros urba-
nos e, com a expansão da área de atuação das facções criminosas, 
em diferentes regiões e ambientes.” (BRASIL, 2021).
Estratégia Nacional de Inteligência de Segurança Pública (ENISP)
A Estratégia Nacional de Inteligência de Segurança Pública (ENISP) é 
um instrumento de execução da PNISP (no período entre 2021 e 2025) 
e, com relação ao Sistema Penitenciário, traz um ponto a ser explorado 
na Atividade de Inteligência:
“5.1. Ameaça 
[...] 
Criminalidade organizada
O fenômeno da criminalidade organizada tem abrangência signifi-
cativa e projeta sua influência, direta ou indiretamente, na sociedade. 
Seu alcance recai sobre crimes interestaduais e transnacionais e 
sobre o sistema prisional, em uma dimensão fluida que contribui 
para o desenvolvimento de uma série de outros fenômenos criminais.” 
(BRASIL, 2021, grifos nossos).
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 27
1.7 Atividade de Inteligência na América Latina
Os Serviços de Inteligência na América Latina tiveram sua origem ou 
seu amadurecimento no período da Guerra Fria. Basicamente, caracte-
rizavam-se pelos conceitos de defesa e de segurança. Nesse período, 
a Inteligência estava focada em ações, tais como: o combate ao co-
munismo, a detecção de opositores aos governos da região e a contra 
insurgência (UGARTE, 2009). De acordo com Ugarte (2009), até 1983, 
enquanto perdurava a Guerra Fria, as agências de Inteligência na América 
Latina estavam:
Na América do Sul, Argentina e Brasil foram os primeiros países que de-
senvolveram seus Serviços de Inteligência. Confira no infográfico abaixo 
o ano de criação destes serviços, assim como os dos Estados Unidos da 
América e do México. 
Sob controle e coordenação militar.
Baseadas em conceitos de segurança e de defesa com 
amplitude praticamente ilimitada.
Fundamentalmente preocupadas com a 
segurança interna.
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 28
Fonte: Adaptado de Curti (2015). 
Com o fim da Guerra Fria, o combate ao crime (fundamentalmente con-
tra o crime organizado) passa ser o foco da Atividade de Inteligência na 
América Latina, podendo ser chamada de Inteligência criminal, formada 
com base em experiências americanas, inglesas, canadenses, australianas 
e alemãs (UGARTE, 2009).
Criação dos Serviços de Inteligência
Brasil
Ano de criação: 1946
Serviço de Inteligência: Serviço Nacional de Informação e
Contrainformação (SFICI)
Argentina
Ano de criação: 1946
Serviço de Inteligência: Coordenação Estatal de Informação
Estados Unidos da América
Ano de criação: 1947
Serviço de Inteligência: Agência Central de Inteligência
(conhecida como CIA, por sua sigla em inglês)
México
Ano de criação: 1947
Serviço de Inteligência: Diretório Federal de Segurança
Fonte: Adaptado de Curti (2015).
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 29
Rios (2016) fala sobre a evolução da função de Inteligência na América 
Latina, citando modelos descritos por Ugarte (2009):
• Inteligência civil sob controle militar, modelo formado por:
“Organizações de inteligência de natureza civil sob controle militar e 
funções de coordenação, como o Serviço Nacional de Informações 
(SIN), a Secretaria de Estado de Inteligência (SIDE) Argentina, a Dire-
ção Nacional de Inteligência do Chile (DINA), substituída pela Central 
Nacional de Informações, o Serviço Nacional de Inteligência do Peru. 
Em alguns casos, esses as organizações nasceram sob a égide mili-
tar, como é o caso do Brasil; em outros, eles foram criados, como na 
Argentina, sob um governo civil, mas logo ficou sob controle militar. 
Esses coexistiam com organizações de inteligência militar ou das 
forças armadas, que, com base em conceitos de segurança e defesa 
de amplitude praticamente ilimitada em vigor durante o Conflito 
Leste-Oeste, eles se aventuraram fundamentalmente na segurança 
interna.” (UGARTE, 2009, p. 2, tradução nossa).
• Inteligência exclusivamente militar, modelo formado por:
“[…] alguns países latino-americanos – geralmente menores em ta-
manho e recursos – existiram exclusivamente agências de inteligência 
militar com a competência ampliada já descrita, como a Diretoria de 
Inteligência do Estado-Maior de Defesa Nacional da Guatemala, ou 
o Escritório de Segurança Nacional dependente da Guarda Nacional 
da Nicarágua, ou quer agências de inteligência policial sob controle 
militar, como a Direção Nacional de Investigações hondurenhas, 
ou Departamento Nacional de Investigações (DENI) do Panamá.” 
(UGARTE, 2009, p. 2-3).
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 30
• Inteligência civil com influência militar, modelo formado por:
“[...] países que mantiveram a validade de seu sistema democrático 
durante o Conflito Leste-Oeste - embora sem poder escapar à influ-
ência das ideias de segurança típicas da época – como Venezuela, 
Colômbia e México conviviam com agências de inteligência de natureza 
civil, policiais e um alto grau de politização – como, na Venezuela, 
a DISIP (Diretoria de Serviços de Inteligência e Prevenção) ou no Mé-
xico, a Direção Federal de Segurança e a Direção Geral de Pesquisas 
Políticas e Sociais, antecessoras da atual CISEN.” (UGARTE, 2009, p. 3).
• Em um quarto modelo, sui generis, destaca-se o caso do país da Costa 
Rica que: 
“com a sua Agência Nacional de Segurança, no âmbito do Ministério 
da Segurança Pública, foi provavelmente o único caso na região de 
atividade de inteligência – muito limitado carente de um grau signifi-
cativo de militarização ou politização, durante o conflito Leste-Oeste.” 
(UGARTE, 2009, p. 3).
Mesmo diante das evoluções identificadas nos Serviços de Inteligência 
latino-americanos, pode-se se dizer que ainda existem resquícios de 
extensão e de concentração de poderes, de controles incipientes e de 
uso indevido da atividade na política. Ainda, destaca-se a permanência 
de embaraço entre as atividades de Inteligência e de Segurança Pública, 
sem as devidas limitações de atuação (UGARTE, 2016).
A América Latina tem o grande desafio deprofissionalizar e de despolitizar 
os Serviços de Inteligência, bem como trazer a distinção adequada entre 
Atividade de Inteligência e atividade policial (UGARTE, 2016). Por fim, 
é imperiosa a necessidade de se estabelecer e de se manter mecanismos 
adequados de controle externo da Atividade de Inteligência. 
UNIDADE 2
A Atividade de 
Inteligência Penitenciária
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 32
2. A ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA
Veremos, a seguir, a importância de como a Atividade de Inteligência 
surge no ambiente prisional e como se estabelece a relação sistêmica 
com a Inteligência de Segurança Pública.
2.1 O Ambiente prisional e seu histórico
O conceito de pena de prisão nasce na Idade Média com as penitências 
estabelecidas pela Igreja Católica aos monges que deveriam permanecer 
em suas celas meditando sobre seus erros. Com base nessa ideia, a House 
of Correction (Casa de Correção), considerada o primeiro estabelecimento 
para recolhimento de pessoas presas, foi construída em Londres, por volta 
de 1550. A partir do século XVIII, esse modelo se espalhou pelo mundo.
“No decorrer do tempo a pena privativa de liberdade passou a ser a 
penalidade mais aplicada do “direito punitivo” moderno, desse modo 
surgiram teorias para regulamentar a sua execução, donde afloraram 
os sistemas penitenciários.” (BITENCOURT, 2011, p. 60).
De acordo com Machado, Souza e Souza (2013), as prisões surgiram no 
Brasil a partir do século XIX:
“No Brasil, foi a partir do século XIX que se deu início ao surgimento 
de prisões com celas individuais e oficinas de trabalho, bem como 
arquitetura própria para pena de prisão. O Código Penal de 1890 
possibilitou o estabelecimento de novas modalidades de prisão, 
considerando que não mais haveria penas perpétuas ou coletivas, 
limitando-se às penas restritivas de liberdade individual, com pe-
nalidade máxima de trinta anos, bem como prisão celular, reclusão, 
prisão com trabalho obrigatório e prisão disciplinar.” (MACHADO; 
SOUZA; SOUZA, 2013, p. 230).
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 33
O sistema prisional brasileiro atual é basicamente composto pela tríade: 
preso, estabelecimento prisional e servidor público. Este último tem 
como objetivo, segundo a Lei n° 7210, 11 de julho de 1984 — Lei de Exe-
cução Penal (LEP) —, efetivar as disposições de sentença ou de decisão 
criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social 
do condenado e do internado. A LEP disciplina os direitos e deveres 
dos presos provisórios, dos condenados e dos sem pena (presos em 
flagrantes), que o Estado (representado pela figura do servidor público) 
deverá resguardar.
Por diversas questões históricas, o ambiente prisional, apesar da evolução 
atual, ainda se apresenta de forma insalubre para os atores do sistema 
prisional: policiais penais, servidores da saúde, juízes, promotores, visi-
tantes e o próprio preso. De modo geral, essa insalubridade advém da 
superlotação das prisões; da precariedade de estabelecimentos penais 
antigos; da ausência do Estado na execução fiel da LEP; e, por fim, como 
consequências das demais, do aparecimento e do crescimento das or-
ganizações criminosas que estão presentes em quase todas as prisões 
do Brasil.
Servidor Público
Preso Estabelecimento Prisional
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 34
O crescimento da população prisional, na década de 90 e início dos anos 
2000, mostrou as fragilidades de um sistema que é conhecido por sua 
importância, mas que foi historicamente marcado pela falta de investi-
mento, tanto em sua estrutura física e logística quanto na contratação, 
na qualificação e na valorização de seus profissionais. O resultado foi o 
surgimento de grupos faccionados, como o Primeiro Comando da Capital, 
em 1993, e de rebeliões que marcaram a história do país, como a rebelião 
na Casa de Detenção de São Paulo, que resultou na morte de 111 presos 
e ficou conhecida como “massacre do Carandiru”. Em 2001, ocorreu, no 
estado de São Paulo, uma rebelião que envolveu simultaneamente 29 
estabelecimentos prisionais. Em 2006, o mesmo estado vivenciou a 
maior rebelião de todas, quando presos se rebelaram simultaneamente 
em 73 estabelecimentos. 
 
Rebelião na penitenciária de Junqueirópolis, maio de 2006. 
Foto: © [Alex Silva] / Estadão Conteúdo.
 Fatores responsáveis pela 
insalubridade do sistema prisional
Superlotação 
nos presídios
Facções 
criminosas
Ausência
do Estado
Violência
+ +
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 35
Esses fatos foram um alerta para todo o sistema nacional, a fim de que 
se voltasse a atenção para investimentos em infraestrutura, em recursos 
humanos e em Serviços de Inteligência prisional. 
2.1.1 Crescimento da população carcerária
Um fator importante, que impacta bastante o ambiente prisional, é a 
relação entre o número de presos e o número de vagas. O art. 71, da Lei 
n° 7.210, de 11 de julho de 1984, estabelece que o DEPEN, subordinado 
ao Ministério da Justiça, é o órgão executivo da Política Penitenciária 
Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Nacional 
de Política Criminal e Penitenciária.
É o DEPEN quem cuida do levantamento nacional das informações 
penitenciárias. Os dados prisionais de todas as unidades da federação 
eram centralizados semestralmente no antigo Infopen (Levantamento 
Nacional de Informações Penitenciárias). Atualmente, o departamento 
instituiu o SISDEPEN (Sistema de Informações do Departamento Pe-
nitenciário Nacional) para tal função.
“SISDEPEN é a plataforma de estatísticas do sistema penitenciário 
brasileiro que sintetiza as informações sobre os estabelecimentos 
penais e a população carcerária. Os dados são periodicamente atua-
lizados pelos gestores das unidades prisionais desde 2004. Substituiu 
o Infopen Estatísticas, reformulando a metodologia utilizada, com 
vistas a modernizar o instrumento de coleta e ampliar o leque de 
informações coletadas.” (BRASIL, 2021).
É possível também obter dados internacionais no site World Prision Brief 
(WORLD PRISION BRIEF DATA, 2022), que é um repositório de dados 
prisionais mundiais. A tabela a seguir mostra o número de presos no 
Brasil entre os anos 1906 e 2000.
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 36
Fonte: Adaptado de World Prision Brief Data (2022).
Entre 1906 e 2000, o Brasil teve um salto demográfico na população 
presa, de 3.154 passou-se para 232.755 presos. Nesses 94 anos, o número 
de presos no país foi multiplicado em 72 vezes.
A partir do ano 2000, os registros passam a ser anuais, possibilitando 
estudar a dinâmica ano a ano. Segundo o portal SISDEPEN (BRASIL, 
2022), em 2001 a população prisional atingiu 233.7859 presos e em 
Ano População Total
Taxa da população prisional 
por 100 mil habitantes
1906 3.154 15
1934 6.212 26
1949 9.865 19
1965 23.385 28
1969 39.658 42
1973 32.573 32
1995 173.104 107
1997 198.520 119
2000 232.755 133
Salto demográfico na população presa 
entre os anos de 1906 e 2000 
1906
3.154 6.212 9.865
23.385
39.658
32.573
173.104
198.520
232.755
25
Em
 m
ilh
ar
es
50
75
100
125
150
175
200
225
1934 1949 1965 1969 1973 1995 1997 2000
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 37
2021 o país já custodiava cerca de 679.687 presos; ou seja, nesses vinte 
anos, houve um crescimento geométrico anual de aproximadamente6%. Melhor explicando: a cada ano, a partir do ano 2000, o número de 
presos cresceu em média 6%. Esse dado é importante porque permite 
compará-lo ao crescimento da população brasileira.
Segundo o IBGE (2001), a população brasileira, em 2001, atingia 
172.385.826 habitantes, e, em 2021, atingimos 213.317.639 habitantes. 
Nesses vinte anos, crescemos em média exponencialmente cerca de 1%. 
Insta salientar que essa taxa está caindo anualmente, hoje estamos em 
0,78% ao ano. A seguir, é possível visualizar o crescimento nesse período.
Fonte: Adaptado de IBGE (2021).
Evolução da população prisional brasileira: 2001-2021
2001 2004 2008 2012 2015 2018 2021
400
500
600
700
800
300
200
M
ilh
ar
es
Evolução da população brasileira: 2001-2021
2001 2004 2008 2012 2015 2018 2021
180
185
190
195
200
205
210
215
220
175
170
M
ilh
õe
s
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 38
Esses dados apresentados permitem afirmar que o crescimento da 
população prisional no Brasil é seis vezes maior do que o crescimento 
da população brasileira. 
2.1.2 Superlotação das prisões
Esse crescimento geométrico no número de presos não acompanhou 
o número de vagas disponibilizadas nos sistemas estaduais. No portal 
do SISDEPEN (BRASIL, 2022), é possível verificar o déficit de vagas ao 
longo do tempo e os valores atuais. 
Temos 679.687 presos para 490.024 vagas, ou seja, um déficit de 
189.663 vagas.
O déficit de vagas, as más condições dos estabelecimentos prisionais 
e a ausência do Estado no interior desses ambientes, favoreceram o 
aparecimento e o crescimento das organizações criminosas que atuam 
no Brasil. 
Relação atual entre número de 
presos e vagas disponíveis
dos presos sem vagas 
disponíveis (déficit)
dos presos com 
vagas disponíveis
72% 28%
3 Déficit de vagas189.663
Número de vagas
490.0242
Total de presos
679.6871
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 39
Fonte: Adaptado de IBGE (2021).
 
2.1.3 Organizações criminosas
Inicialmente, é necessário distinguir as facções criminosas que surgiram 
nas prisões, supostamente, para combater a opressão aos presos, do tipo 
penal “organização criminosa”, previsto na lei nº 12.850, de 2 de agosto 
de 2013. Consideraremos facções: os “grupos”, “bandos”, “bondes”, “co-
mandos”, entre outras denominações que surgiram e atuam no sistema 
prisional. A facção, enquanto organização criminosa, está definida como 
tipo penal no § 1º da lei acima referida:
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) 
ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela 
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de 
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, 
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam 
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacio-
nal. (BRASIL, 2013).
A mais antiga e uma das maiores facções no país é o Comando Vermelho 
(CV), fundada na década de 1970 por presos custodiados no Instituto 
Penal Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Já a mais estruturada e talvez a 
maior em presença no Brasil e na América do Sul é o Primeiro Comando 
da Capital (PCC), fundada em 31 de agosto de 1993, no anexo da Casa 
de Custódia de Taubaté, chamada de “Piranhão”.
Evolução do déficit de vagas 2000-2021
2001 2004 2008 2012 2015 2018 2021
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
100.000
50.000
-
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 40
Esses grupos, inicialmente, estabeleceram-se no tráfico de drogas, em 
seus respectivos estados, até iniciarem um processo de expansão pelo 
país nos últimos vinte anos, aproximadamente. O PCC expandiu-se para 
o Paraná e para o Mato Grosso do Sul, inicialmente; enquanto o CV ex-
pandiu-se para o Mato Grosso e para o Amazonas. Numa segunda fase, 
essas facções criaram “filiais” em todos os estados brasileiros. Nessa fase, 
enquanto o Primeiro Comando da Capital mantinha sua marca: PCC, 
a sigla do Comando Vermelho aparecia ao lado da Unidade Federativa 
correspondente: CV-MT, CV-RO, CV-AM.
Numa terceira fase, criminosos espalhados pelo país, que integravam os 
quadros do PCC ou do CV, possuíam o know-how dessas organizações: 
estrutura de funções, arrecadação para própria facção, recrutamento de 
novos membros e formulação de estatutos, que deveriam ser seguidos 
por todos os integrantes. Foi o necessário para montarem suas próprias 
facções locais, independentes, embora aliadas de uma ou de outra fac-
ção. É nessa fase que surgem pelo país grupos semelhantes ao PCC e 
ao CV, a exemplo:
• da Família do Norte no Amazonas – FDN.
• do Sindicato do Crime no Rio Grande do Norte – SDC.
• do Primeiro Grupo Catarinense – PGC.
• do Primeiro Comando Paranaense – PCP.
Além desses, há os “bandos”, “grupos” e “bondes”, que compõem o cenário 
atual do gênero “facções” no país.
Atualmente, PCC e CV lutam pelo domínio da produção, da comercia-
lização e das rotas para o tráfico de drogas e de armas nas regiões de 
fronteira que vão do sul ao norte do Brasil.
O que há em comum é que toda essa logística ainda é coordenada por 
lideranças criminosas que se encontram no cárcere, demandando à In-
teligência prisional a necessidade de estar em constante especialização 
e de atuar de forma integrada no próprio sistema e com outros órgãos 
de Segurança Pública. 
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 41
QR CODE
Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone 
ou tablet) no QR Code ao lado para acessar o vídeo sobre a ex-
pansão das facções no Brasil, ou acesse o link: https://youtu.be/
xVt5Dc0xP1o.
Na América Latina, não muito diferente do Brasil, vários grupos atuam 
no tráfico local e internacional de armas e drogas. Conheça a seguir, de 
acordo com o Insight Crime (2020), quais eram as dez principais organi-
zações criminosas da América Latina em 2019.
As dez principais organizações 
criminosas da América Latina
Brasil
Colômbia
El Salvador
México
62
5
81
107
3 9
4
Exército Nacional da Libertação (ENL)
Primeiro Comando Capital (PCC)
Cartel de Sinaloa
Jalisco Cartel Nova Geração (CJNG)
Ex-FARC Máfia
Comando Vermelho (CV)
MS-13
Autodefesas Gaitanistas de Colômbia (AGC)
Cartel do Golfo
Barrio 18
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Adaptado de Insight Crime (2020)
https://youtu.be/xVt5Dc0xP1o
https://youtu.be/xVt5Dc0xP1o
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 42
2.2 Surgimento da Inteligência Penitenciária
Como contextualizado anteriormente, os Serviços de Inteligência, 
no sistema prisional, nascem mais por uma necessidade do que por 
um planejamento prévio. É a partir do surgimento e da expansão de 
organizações criminosas que assumiram o controle ilegal da população 
prisional que surge, ainda que de forma incipiente, a atuação da Inteli-
gência prisional para:
A sofisticação que as organizações criminosas atingiram exigiu do Es-
tado investimento em capacitação técnica de seus servidores a fim de 
acompanhar e compreender a forma de agir de lideranças criminosas e 
seus subordinados. 
SAIBA MAIS
Para conhecer um pouco mais sobre organizações criminosas, 
assista à série de vídeos “PCC: Primeiro Cartel da Capital”, dis-
ponível no canal da UOL, no Youtube. O link para a primeira 
parte da série está disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=ULyI7Zgeut8.
2.3 Alguns aspectos legais da Inteligência Penitenciária 
Por ser uma atividade instituída na estrutura governamental, a Inteligência 
Penitenciária em nada difere de outras funções exercidas pelo poderpú-
blico no que diz respeito a leis e regramentos. As normas que compõem 
o ordenamento jurídico brasileiro seguem um modelo piramidal, que tem 
em seu topo a Constituição Federal da República de 1988.
Identificar, conhecer e acompanhar 
lideranças criminosas.
Compreender seus vínculos, as formas de atuação e os 
perfis das lideranças criminosas.
Produzir conhecimento para tomadores de decisão e 
em benefício da sociedade, possibilitando que atores 
da Segurança Pública se antecipem, neutralizando ou 
impedindo o cometimento de crimes. 
https://www.youtube.com/watch?v=ULyI7Zgeut8
https://www.youtube.com/watch?v=ULyI7Zgeut8
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 43
Não encontramos na Constituição Brasileira nenhuma citação relacionada 
à Atividade de Inteligência. Entretanto, isso não diminui sua importância, 
nem a necessidade de um arcabouço normativo próprio, fundamentado 
em leis, decretos, portarias e doutrina.
Ao analista, integrante da Inteligência Penitenciária, cabe compreender 
a estrutura na qual se dá a atividade, para que a exerça com segurança 
jurídica e institucional.
Na Unidade 1, verificamos que a estrutura macro da Atividade de Inteli-
gência no Brasil se dá no âmbito do SISBIN (instituído pela lei nº 9.883, 
de 07 de dezembro de 1999), tendo como coordenação do órgão central 
a Agência Brasileira de Inteligência. Cerca de um ano após a criação do 
SISBIN, pelo decreto nº 3.695 (de 21 de dezembro de 2000), é criado o 
Subsistema de Inteligência de Segurança Pública (SISP). O SISP justifi-
cou-se pela necessidade de organizar e coordenar de forma integrada a 
Inteligência dos órgãos que integram a Segurança Pública. Atualmente, 
a responsabilidade de coordenar as ações e atuar como agência central 
está ao cargo da Diretoria de Inteligência (DINT), da Secretaria de Ope-
rações Integradas (SEOPI), e do Ministério da Justiça (conforme o artigo 
31, anexo I, do decreto n° 9.662, de 1º de janeiro de 2019).
Art. 31 - À Diretoria de Inteligência compete:
[...]
II - planejar, coordenar, integrar, orientar e supervisionar, como 
agência central do Subsistema de Inteligência de Segurança Públi-
ca, as atividades de inteligência de segurança pública em âmbito 
nacional;
[...] (BRASIL, 2019).
O Decreto 9.662/2019, que reestruturou quadros e funções do Ministério 
da Justiça, também criou na estrutura do DEPEN a Diretoria de Inteligência 
Penitenciária (DIPEN). 
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 44
PODCAST
A criação da Diretoria de Inteligência Penitenciária se deu pela 
necessidade de haver um órgão ou sistema nacional capaz atuar 
no fomento e integração dos Serviços de Inteligência no âmbito 
prisional brasileiro. Um campo próprio de atuação para a Inte-
ligência. O Sistema Penitenciário ainda não havia sido alçado à 
condição componente da Segurança Pública. A DIPEN foi criada 
com a atribuição de atuar como agência central do Sistema Pe-
nitenciário nacional, sem que isso significasse o distanciamento 
da Inteligência de Segurança Pública, mas sim a sua inserção de 
forma organizada e integrada nas ações de combate ao crime 
organizado, antevendo ameaças, coletando dados e produzindo 
conhecimentos úteis a partir do ambiente prisional.
O artigo 36, do Anexo 1, do Decreto n° 9.662, de 1º de janeiro de 2019, 
define as competências da DIPEN, dentre as quais destacamos algumas:
 
À Diretoria de Inteligência Penitenciária compete:
[...]
III - planejar, coordenar, integrar, orientar e supervisionar, como 
agência central, a inteligência penitenciária em âmbito nacional;
IV - coordenar as atividades de atualização da Doutrina Nacional 
de Inteligência Penitenciária;
V - subsidiar a definição do plano nacional de inteligência peni-
tenciária e da atualização da Doutrina Nacional de Inteligência 
Penitenciária e sua forma de gestão, o uso dos recursos e as metas 
de trabalho;
VI - promover, com os órgãos componentes do Sistema Brasileiro 
de Inteligência, o intercâmbio de dados e conhecimentos, neces-
sários à tomada de decisões administrativas e operacionais por 
parte do Departamento Penitenciário Nacional; (BRASIL, 2019).
Sobrevindo a Emenda Constitucional n° 104, de 4 de dezembro de 2019, 
que inseriu o Sistema Penitenciário no rol do artigo 144 da Constituição 
Federal, a partir da criação da Polícia Penal, a Inteligência prisional teve 
de direito o reconhecimento de sua condição que já ocorria de fato, 
a atuação conjunta com as demais instituições de Segurança Pública.
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 45
Na Unidade 3 deste módulo, considerando o fortalecer da Inteligência 
de Segurança Pública, será abordado o papel orientador e fundamental 
da Doutrina Nacional de Inteligência Penitenciária (DNIPEN): um docu-
mento que tem dado uniformidade ao que é desenvolvido pelas agências 
estaduais, distrital e federal e que traz fundamentos, princípios, valores 
e características da atividade no âmbito prisional. 
2.4 Perfil do Policial Penal de Inteligência
A Atividade de Inteligência nada tem a ver com secretismo, ou com aquilo 
que se faz às escondidas: essa atividade, como qualquer outra, deve se 
dar à luz da legalidade, e seu caráter sigiloso não concede àquele que a 
exerce a liberalidade de executar o que quiser.
Por ser uma atividade institucionalizada e sob o manto do poder estatal, 
o integrante de uma Agência de Inteligência Penitenciária (AIPEN) tem 
as mesmas responsabilidades que qualquer outro servidor público e atua 
sujeito a regras e punições administrativas, cíveis e penais.
Que características podem ser consideradas essenciais para que um 
policial do sistema prisional possa compor os quadros de uma Agência 
de Inteligência Penitenciaria?
Para compor o quadro de uma AIPEN, é condição primeira ter ingressado 
na administração pública por meio de concurso público. O segundo e 
mais importante passo é que a Agência tenha instituído um Processo 
de Recrutamento Administrativo (PRA), que possibilite selecionar a 
suas equipes, servidores com formação, características e peculiarida-
des que atendam às necessidades do que é requerido pela Atividade 
de Inteligência.
Frise-se que a Atividade de Inteligência requer especialização, e o vasto 
campo de atividades que há a sua frente impõe também que haja pro-
fissionais com as mais diferentes habilidades e capacidades. Entretanto, 
o Processo de Recrutamento Administrativo, de acordo com a ABIN, 
fundamenta-se por meio de requisitos básicos àqueles que ingressem 
na atividade. São eles: 
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 46
Possuir valores éticos — valores como empatia e 
respeito às pessoas, tomar as melhores ações em respeito 
ao próximo.
Conduta ilibada — comportamento de quem anda de 
acordo com a lei.
Idoneidade moral — ter uma reputação honrada em sua 
trajetória de vida.
Lealdade — a pessoa digna de fé.
Discrição — qualidade de agir sem chamar a atenção.
Mobilidade — habilidade de mudar-se com a necessidade 
que se requer.
Disciplina — estar sujeito às regras.
Sociabilidade — capacidade de associar-se a 
grupos sociais.
Capacidade de adaptação — habilidade de moldar-se a 
novas situações.
Objetividade — agir com praticidade, sem divagações, 
de forma direta.
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 47
Fonte: Adaptado de Brasil (2020).
2.5 Agência Central de Inteligência Penitenciária
Toda produção de Inteligência visa, ao final, subsidiar a autoridade máxima 
em seu poder de tomar decisões estratégicas. Cabeà Agência Central a 
responsabilidade de prestar essa assessoria após um preciso processo 
de análise dos dados e dos conhecimentos que convergem das agências 
regionais e locais. 
Também cumpre à Agência Central:
• fomentar o desenvolvimento da atividade.
• organizar, planejar e coordenar a elaboração de diretrizes no campo 
de atuação das agências regionais.
• promover o fluxo de troca de informações.
• em especial, monitorar eventos de interesse da Segurança Pública e 
de governos. 
Imparcialidade — capacidade de atuar com isenção.
Percepção da realidade — capacidade de usar os sentidos 
para perceber o real.
Honestidade — atributo da pessoa proba, honrada.
Planejamento — habilidade de perceber, avaliar e 
organizar ou construir uma diretriz.
Responsabilidade — agir com comprometimento e 
respeito aos regramentos.
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 48
Antes da Emenda Constitucional n° 104, de 4 de dezembro de 2019, 
como vimos, a atividade penitenciária não compunha diretamente o SISP. 
Dois eventos, entretanto, foram marcos importantes para a Inteligência 
Penitenciária brasileira em momento anterior à mudança constitucional: 
a publicação da primeira Doutrina Nacional de Inteligência Penitenciária 
(DNIPEN), em 2013; e a criação da Diretoria de Inteligência Penitenciária 
(DIPEN), em 2019. 
Assim, como primeiro elemento estruturador da Atividade de Inteligência 
Penitenciária, estabeleceu-se a DNIPEN como um documento doutrinário 
e metodológico próprio para nortear a linguagem, o processo de análise 
e a confecção dos documentos produzidos no âmbito das Agências de 
Inteligência. Nas palavras de Roberto Ramos Garcia Batista (2021):
“A Dnipen é uma das alternativas estatais para orientar os mecanismos 
de inteligência penitenciária, a junção da contribuição das institui-
ções públicas de segurança e jurisdicional podem trazer um auxílio 
relevante para melhorar todo o funcionamento do sistema prisional 
dificultando a ação do crime organizado.” (BATISTA, 2021, p. 49).
O segundo fato que se considera relevante para o fortalecimento e para o 
desenvolvimento da Atividade de Inteligência Penitenciária brasileira foi a 
criação da DIPEN, que, servindo como Agência Central, integra, fomenta 
e promove o avanço das atividades de Inteligência. Sob responsabilidade 
dessa Diretoria, o DEPEN executa duas importantes políticas estratégicas 
do Ministério da Justiça e Segurança Pública: o SISDEPEN e a RENIPEN, 
Rede Nacional de Inteligência Penitenciária, que congrega 26 agências 
estaduais, Distrito Federal e também a do Sistema Penitenciário Federal.
 
Na estrutura da DIPEN, foram criadas cinco divisões regionais a fim de 
proporcionar uma maior proximidade com a realidade das agências es-
taduais e promover uma cultura colaborativa entre servidores, otimizar o 
fluxo de dados, integração e fortalecimento das diferentes AIPENs com 
o intercâmbio de conhecimentos.
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INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 49
Dada a relevante preocupação com o avanço das organizações crimino-
sas na América Latina e na busca de internacionalização da Atividade de 
Inteligência prisional, o DEPEN, por meio da DIPEN, passou a integrar os
programas EL PacCTO (Europe Latin America Programme of Assistance 
against Transnational Organized Crime) e REDCOPEN (Rede de Coope-
ração Penitenciária do Mercosul), entre outros; promovendo a integração 
entre agências de Inteligência Penitenciária do Brasil e com países da 
América Latina.
O EL PAcCTO é um programa de cooperação internacional, financiado 
pela União Europeia, que objetiva contribuir para a segurança e para a 
justiça na América Latina.
SAIBA MAIS
Conheça mais detalhes sobre o EL PAcCTO na página disponível 
em: https://www.elpaccto.eu/pt/sobre-o-el-paccto/o-que-e-o-
-el-paccto/.
Em relação à REDCOPEN, da qual o DEPEN é integrante desde maio 
de 2019, seu objetivo é facilitar o intercâmbio seguro de dados e de 
informações penitenciárias, para prevenir que presos deem ordens para 
crimes de dentro de estabelecimentos prisionais e para combater as 
organizações criminosas e a criminalidade transnacional.
 
O MERCOSUL é o 
Mercado Comum 
do Sul, organização 
intergovernamental 
criada por meio do 
Tratado de Assunção 
em 26 de março de 
1991 e que fomentou, 
inicialmente, a integração 
econômica de seus 
quatro países fundadores: 
Argentina, Brasil, 
Paraguai e Uruguai. 
Atualmente, para além 
dos aspectos econômicos, 
o MERCOSUL também 
busca intercâmbios 
que buscam enfrentar 
a criminalidade 
transnacional na região.
https://www.elpaccto.eu/pt/sobre-o-el-paccto/o-que-e-o-el-paccto/
https://www.elpaccto.eu/pt/sobre-o-el-paccto/o-que-e-o-el-paccto/
UNIDADE 3
Fundamentos 
doutrinários da Atividade 
de Inteligência Penitenciária
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 51
3. FUNDAMENTOS DOUTRINÁRIOS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA 
PENITENCIÁRIA
O que faz com que uma atividade seja organizada, eficiente e apresente 
resultados pertinentes? Um importante documento serve como farol 
para isso. Veremos a seguir.
3.1 Fundamentos históricos e a Doutrina Nacional de Inteligência 
Penitenciária no Brasil – a DNIPEN
Para que uma atividade seja minimamente organizada ou instituciona-
lizada, é necessário que ela seja regida e organizada por um conjunto 
de diretrizes. É assim que se justifica a importância e a necessidade 
de uma doutrina.
Doutrina é um conjunto coerente e basilar de ideias transmitidas 
e que fazem parte de um sistema, como o sistema filosófico, 
o religioso, o político etc.
Assim, diferente de um manual que explica e orienta quanto ao uso ou 
à forma de fazer alguma coisa ou, ainda, indica as noções básicas de um 
assunto, a doutrina é:
“o conjunto de conceitos, características, princípios, valores, classifi-
cações, normas, métodos, medidas e procedimentos, que orienta e 
disciplina a atividade de Inteligência [...].” (RIO DE JANEIRO, 2005 
apud ODAWARA, 2018).
Nesse contexto, a Doutrina Nacional de Inteligência Penitenciária 
(DNIPEN) nasce por meio da Portaria n° 125, de 06 de maio de 2013, 
do Ministério da Justiça, com a classificação no grau de sigilo “reserva-
da”. Em 2020, no dia 06 de março, por meio da Portaria n° 99/2020, 
do Ministério da Justiça e Segurança Pública, é instituída a segunda DNI-
PEN brasileira, resultado de um trabalho conjunto e que buscou a sua 
atualização e modernização.
O Professor ODAWARA (2018) menciona que a primeira doutrina de 
Inteligência de Segurança Pública do país, que serviu de norte para as 
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 52
doutrinas que se seguiram, inclusive a DNIPEN, foi a Doutrina de Inteligência 
de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (DISPERJ), de 2005.
A professora Torres (2020) escreve que:
“A DNIPEN surge como resultado de três articulações do Depen, quais 
sejam: diálogo com os representantes dos Organismos de Inteligência 
Penitenciária; realização do I Encontro Nacional dos Chefes de Orga-
nismos de Inteligência Penitenciária, no ano de 2012; e as reuniões do 
Grupo de Trabalho para elaboração da Doutrina Nacional de Inteli-
gência Penitenciária, em março de 2013.” (TORRES, 2020, p. 32-33).
É, a partir desse período, conforme analisa Torres (2020), que a Inte-
ligência Penitenciária se desenvolve de maneira nacional, centralizada 
e com método próprio advindo da DNIPEN. Um dos fundamentos para 
esse êxito foi a educação: a promoção e o fomento de cursos de Inte-
ligência em todos os estados do Brasil. Dessa forma, observa-se como 
educar foi fundamental; e como o desenvolvimentode um método para 
trabalhar (consolidado em uma doutrina) foi ainda mais fundamental.
O professor Odawara (2018), citando o coronel do Exército Brasileiro 
Romeu Antonio Ferreira, escreve que uma doutrina deve ser uma trilha, 
e não um trilho. Odawara continua e completa que o Coronel Romeu 
Antonio Ferreira quer dizer que o conjunto da Doutrina deve ser flexível 
o suficiente para se adaptar a novos contextos e a novas realidades, 
isso seria inviável se o conjunto fosse hermético e rígido, tal como um 
trilho. Dessa forma, a trilha proporcionaria a dinâmica para o cami-
nho, a permitir contornar obstáculos e se amoldar às necessidades, 
sem, contudo, perder de vista as finalidades públicas que devem ser 
atingidas pelo serviço de Inteligência (ODAWARA, 2018).
QR CODE
Aponte a câmera do seu dispositivo móvel (smartphone ou tablet) 
no QR Code ao lado para assistir a animação sobre doutrina, ou 
acesse o link: https://youtu.be/LxITs6FO4zY.
https://youtu.be/LxITs6FO4zY
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 53
Em 2013, observando um cenário que vinha se construindo no Brasil há 
mais de três décadas — de crescimento e de desenvolvimento das fac-
ções criminosas, cada vez mais organizadas e com conexões na América 
Latina, fortalecendo as ações de tráfico de drogas e armas —, um Grupo 
de Trabalho reuniu-se com o objetivo de construir uma doutrina a fim 
instrumentalizar a Atividade de Inteligência Penitenciária no Brasil.
Desse modo, pensando de maneira estratégica e gerindo os riscos, 
observou-se a necessidade de operacionalizar e de uniformizar os 
trabalhos das Inteligências Penais do Brasil. O primeiro passo foi a 
apresentação da Doutrina Nacional de Inteligência Penitenciária, 
por meio da qual buscou-se “um salto qualitativo e confiável no asses-
soramento das decisões governamentais” (BRASIL, 2013). A Doutrina 
Nacional tinha como objetivo subsidiar “o planejamento de políticas 
públicas em defesa da sociedade e, especialmente, na materialização da 
Inteligência Penitenciária como instrumento colaborativo no combate 
ao crime organizado.” (BRASIL, 2013).
A apresentação da portaria DNIPEN, de 6 de maio de 2013, fundamenta 
ainda que a Doutrina:
“[...] configura-se como um modelo orientador à implementação e 
funcionamento das Agências de Inteligência Penitenciária, a fim de 
estabelecer sua regulamentação e indicação da obrigatoriedade de 
obediência às diretrizes dela emanadas.” (BRASIL, 2013).
A Doutrina de 2013 reforça ainda a importância da integração: 
“sua característica principal é a integração das Agências de Inteligência [...]” 
(BRASIL, 2013). Integração confirmada com a promulgação do Decreto 
n° 9.662, de 1º de janeiro de 2019, que criou a Diretoria de Inteligência 
Penitenciária no âmbito do DEPEN, com a atribuição precípua de ser a 
Agência Central da Inteligência Penitenciária Nacional, fomentando o 
desenvolvimento e o aprimoramento da atividade.
E, nesse sentido, a fim de que a Inteligência Penitenciária seja organi-
zada racionalmente, há a necessidade de adotar um documento para 
padronizar, agregar, comunicar e organizar a atividade (BRASIL, 2016). 
Portanto, pode-se entender que uma doutrina é normativa, unifor-
mizadora e sistematizadora (BRASIL, 2016). Doutrina serve como um 
verdadeiro farol, tendo em vista o que nela está contido.
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MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 54
Assim, a DNIPEN nasceu para servir como mais uma arma no en-
frentamento às organizações criminosas; maximizando, dessa forma, 
os resultados obtidos pelas Agências de Inteligência e melhor assesso-
rando o tomador de decisão.
Como vimos, o tomador de decisão é o gestor que tem a ne-
cessidade de conhecer o produto da atividade da Agência de 
Inteligência, ou seja, a necessidade de conhecer um Relatório 
de Inteligência (conhecimento). Com isso, o gestor (secretário, 
diretor etc.) estará melhor assessorado para decidir de forma 
mais assertiva acerca de um evento.
3.2 Doutrinas de Inteligência na América Latina
As Atividades de Inteligência dos países da América Latina acompanham, 
basicamente, a história recente da Guerra Fria, em que existiram as ten-
sões ideológicas e a marcada bipolaridade entre Estados Unidos e União 
Soviética, como vimos na Unidade 1.
Na América Latina, em diversos países, foram instaurados regimes mili-
tares que perduraram longo anos e, após, durante a redemocratização, 
os Organismos de Inteligência foram marginalizados. O professor Marcel 
Conteúdos da doutrina
métodos
princípios
normas
conceitos
valores
características
finalidades da atividade fundamentos
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INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
MÓDULO 1 | Fundamentos teóricos e doutrinários da Atividade de Inteligência Penitenciária 55
Carrijo de Oliveira escreve que o desinteresse político para uma valori-
zação da Atividade de Inteligência seria resultado de uma:
“estigmatização da inteligência na Argentina e no Brasil, vistos no 
momento da redemocratização como instrumentos da repressão 
política que vigorou durante o regime militar.” (OLIVEIRA, 2010, p. 19).
Essa ideia aplica-se, também, ao Chile, ao Uruguai, à Bolívia e aos outros 
países latino-americanos:
No Brasil, foi tardia a instituição do Sistema Brasileiro de 
Inteligência (SISBIN) e criação da Agência Brasileira de Inteligência 
(Abin): em 1999, por meio da Lei 9.883, de 07 de dezembro. 
Este é o principal marco da história da Inteligência recente do país, 
como vimos na primeira unidade. O SISBIN visa, em suma, integrar 
as ações de planejamento à execução das atividades de Inteligência 
do país.
Na Argentina, um importante marco legal foi a Lei n° 25.520, 
de 27 de novembro de 2001, que criou a Lei de Inteligência 
Nacional, na qual foram lançadas as bases jurídicas, orgânicas e 
funcionais da atividade no país. E, em 03 de março de 2015, criou-
se a Agência Federal de Inteligência, por meio da Lei n° 27.126, 
de 03 de março de 2015. 
No mesmo ano, em 2015, no dia 07 de julho, por meio do Decreto 
n° 1.311, de 06 de julho de 2015, é aprovada a Nova Doutrina de 
Inteligência Nacional Argentina, utilizada, inclusive, no Sistema 
Penitenciário desse país. 
Basicamente, a Nova Doutrina argentina visa “estabelecer um 
corpo doutrinário tendente a lançar as bases de um profundo 
processo de reforma e modernização do Sistema de Inteligência 
Nacional” (ARGENTINA, 2015, p. 01). A Nova Doutrina é ensinada 
nacionalmente por meio da Escola Nacional de Inteligência (Escuela 
Nacional de Inteligencia). 
No Paraguai, a Lei n° 5241, de 2014, criou o Sistema Nacional de 
Inteligência, que atua também no Sistema Penitenciário. O Decreto 
n° 2812/14 regulamentou a lei.
Na Bolívia, também encontramos a Dirección de Inteligencia del 
Estado Plurinacional. 
CURSO DE INTRODUÇÃO À 
INTELIGÊNCIA PENITENCIÁRIA – CIIPEN
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Embora, em alguns países, ainda não se tenham Doutrinas de Inteligência 
civis de Segurança Pública instituídas, é bastante comum encontrá-las 
nas atividades militares de todos os países. Mesmo assim, em que pese os 
países não terem as doutrinas, as bases com princípios, valores, convicções 
e filosofias são elementos que permeiam as atividades de Inteligência, 
e cuja regulamentação se dá por cada agência nacional.
Por fim, observa-se que os países do Mercosul estão unindo esforços 
no sentido de possibilitar cooperações internacionais, especialmente 
para conseguirem enfrentar o crime organizado, que é um inimigo co-
mum a todas as nações da região. Nesse sentido, Peter Gill escreve que 
“tem sido dada grande ênfase à necessidade de cooperação dos serviços 
de inteligência entre os diversos países da América Latina” (GILL, 2012, 
p. 112), especialmente após o desastre

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