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A Linguística Cognitiva Prof. Roberto de Freitas Junior Descrição Pressupostos gerais que definem o conjunto de trabalhos e perspectivas sob o termo Linguística Cognitiva. Discussão dos aspectos cognitivos de domínio geral e seu impacto na formação da gramática. Propósito Compreender as diferentes contribuições teórico-metodológicas da Linguística Cognitiva para ampliação dos conhecimentos linguísticos acerca da linguagem e dos processos de produção de sentido. Preparação Tenha em mãos ou consulte na Internet um dicionário da área de estudos linguísticos, como o Dicionário de Termos Linguísticos, hospedado no Portal da Língua Portuguesa. Objetivos Módulo 1 Linhas gerais da Linguística Cognitiva Identificar as linhas gerais que definem a área da Linguística Cognitiva. Módulo 2 Concepção cognitiva de categorização Descrever a concepção cognitiva de categorização. Módulo 3 Estrutura da semântica cognitiva Reconhecer a estrutura da semântica cognitiva. Introdução Vamos apresentar alguns dos principais pontos de interesse e os pilares do pensamento das correntes abarcadas pelo termo Linguística Cognitiva. O termo Linguística Cognitiva, na verdade, possui alcance amplo, na medida em que abrange a gama de abordagens identificadas como cognitivistas. Apesar de as linhas teóricas arroladas pelo rótulo de cognitivas serem diversas, devido a suas nuanças particulares e diferenças, elas partem dos mesmos princípios cognitivistas. Entre tais princípios, podemos citar a visão não modular da gramática, a importância da experiência na sua formação, o papel do corpo para a gestalt e o desenvolvimento de nossas características perceptuais, a atuação dos processos cognitivos de domínio geral, a tese de que a gramática é uma rede conceptual de pareamentos de forma e sentido etc. Todos esses aspectos são fundamentais para o entendimento do pensamento geral de qualquer abordagem identificada sob o rótulo da Linguística Cognitiva e se destacam por serem antagônicos aos principais pilares da Linguística Gerativa, o expoente da visão formalista a respeito da natureza da gramática. Vamos, então, aos nossos estudos para compreender todos esses termos e conceitos! Gestalt De acordo com um dos pais da Psicologia Gestalt, o psicólogo Wolfgang Köhler (1887-1967), há dois sentidos, pelo menos, para o termo alemão gestalt: “1) a forma como atributo de uma coisa ou 2) uma unidade concreta per se que pode ter a forma como uma característica”. Na Psicologia da Gestalt, o termo é usado no seu segundo sentido, “que se refere a uma unidade e sua respectiva organização”. A Psicologia da Gestalt surge no início do século XX e foi formulada pelo seu fundador, Max Wertheimer (1880-1943), “através da afirmação de que o comportamento de um todo não é determinado pelos seus elementos constitutivos (suas partes). Esse autor explica que o que ocorre é o contrário, ou seja, as características, os processos das partes é que são determinados pela natureza do todo” (TENUTA DE AZEVEDO; LEPESQUEUR, 2011, p. 66). 1 - Linhas gerais da Linguística Cognitiva Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as linhas gerais que de�nem a área da Linguística Cognitiva. Linguística Gerativa versus Linguística Cognitiva – parte I Discordâncias entre abordagens linguísticas distintas A Linguística Cognitiva surge em meados da década de 1970, em oposição a abordagens mais formalistas da linguagem. Desse modo, para compreendermos alguns dos principais pontos que definem a área de investigação e teoria linguística denominada Linguística Cognitiva, vamos começar apresentando alguns dos pontos que definem outra importante teoria linguística: a Linguística Gerativa. Comentário Nossa intenção é mostrar os contrastes entre a Linguística Gerativa (LG) e a Linguística Cognitiva (LC) para uma melhor compreensão das propostas e dos conceitos das abordagens cognitivistas. Na verdade, a LC foi construída como modelo teórico em boa dose se contrapondo aos princípios da LG. Isso nos ajuda a perceber o contexto teórico no qual surge a Linguística Cognitiva e, também, a verificar os diversos aspectos teóricos e metodológicos que fazem parte da Linguística Cognitiva. Essa diversidade de teorias na LG se justifica, em parte, porque ela se desenvolveu a partir de alguns pressupostos básicos, que poderiam ser resumidos da seguinte forma, segundo Salvador (2007): A linguagem não é um módulo estanque, separado de outras faculdades cognitivas. A estrutura gramatical de uma língua reflete diferentes processos de conceptualizacão. O conhecimento linguístico emerge e se estrutura a partir do uso da linguagem. Vamos, então, ao destaque de alguns pontos de discórdia e de superação que a Linguística Cognitiva possuía em relação à Linguística Gerativa. Superação da oposição entre sintaxe e pragmática Primeiramente, é preciso considerar que alguns dos pensadores mais clássicos da Linguística Cognitiva, em algum momento, fizeram parte da empreitada teórica gerativista. No entanto, ao observarem espaços ou lacunas questionáveis na teoria gerativista, partiram para nova empreitada teórica no campo da Linguística, buscando superar, particularmente, a separação existente entre estrutura linguística e a pragmática – ponto tão caro à teoria gerativa. Nomes como os de Ronald Langacker, Charles Fillmore, George Lakoff e Gilles Fauconnier despontam na proposta de um modelo, melhor dizendo, um conjunto de modelos linguísticos que não se apoiam na ideia de oposição entre uma gramática central (core grammar), com foco na sintaxe, e uma gramática periférica (peripherial grammar), com foco na pragmática. George Lakoff, linguista e cientista cognitivo estadunidense. Nesse modelo gerativista, a sintaxe e a pragmática estariam em polos distintos, e não necessariamente integrados. A Linguística Gerativa foi construída desse modo: a partir da premissa de que a estrutura linguística consiste em uma espécie de algoritmo cognitivo, específico da espécie humana, inato, a partir do qual todo e qualquer indivíduo, em condições ideais para tal, poderia adquirir uma língua. O modelo gerativista consiste em uma proposta inatista e mentalista, que aposta ainda na separação entre um conhecimento linguístico e um conhecimento enciclopédico. Esse conhecimento enciclopédico seria um conhecimento de mundo encapsulado no conceito de pragmática. Com isso, pretendemos dizer que, na proposta da LG, a estrutura linguística possui papel independente e mesmo apriorístico em relação à própria semântica e, principalmente, à pragmática. A semântica é vista potencialmente como objeto formal, e a pragmática, como o espaço em que outras formas de conhecimentos não especificamente linguísticos se encontrariam. Desse modo, na LG, há um divórcio entre forma e sentido. O nascimento da Linguística Cognitiva surge exatamente daí, ou seja, nasce da percepção de que o conhecimento linguístico não pode ser visto de modo divorciado do conhecimento de mundo em geral, tão caro para o entendimento da expressividade, dos sentidos da comunicação humana, negociados a todo o momento em situações reais de interação verbal. Superação da visão modular da gramática Outro ponto que emerge, diferenciando a Linguística Gerativa da Linguística Cognitiva, é justamente a visão modular da gramática, defendida pela teoria gerativista. Perspectiva da Linguística Gerativa Nesse caso é prevista a existência de uma faculdade cognitiva específica da linguagem, um módulo cognitivo específico para tal. Da mesma forma, a própria sintaxe é vista como módulo distinto da fonologia e da semântica, que também seriam módulos independentes. Perspectiva da Linguística Cognitiva Nesse caso, o fenômeno da linguagem na espécie humana não é visto como objeto cognitivo separado de outras cognições, de outros princípios cognitivos de funcionamento da mente, que explicam nossa capacidade de aprendizagem, de compreensão das coisas do mundo. Desseponto, emerge outra característica da Linguística Gerativa questionada pelo empreendimento cognitivista. No gerativismo, a ideia de inatismo pautada em um órgão específico da linguagem advém de concepções filosóficas racionalistas. Essas ideias racionalistas se afastam epistemologicamente das propostas de natureza mais empirista, pautadas na experiência humana e no ambiente como base para o entendimento para o advento do conhecimento de todas as coisas. Para a Linguística Cognitiva, a noção de corporeidade está na base do entendimento da emergência da gramática, na medida em que nossas primeiras e mais básicas experiências humanas são corporais. Essa dimensão corporal vai impactar a ascensão de nosso conhecimento, a partir dessas mesmas experiências, incluindo-se o linguístico, o gramatical. O compromisso da Linguística Cognitiva com a Hipótese da Corporificação a torna relativista, refletindo sua associação à visão do realismo experiencialista: uma visão filosófica que entende a razão humana como algo que desponta a partir das experiências corpóreas, ambientais, sociais etc. Novamente, tratamos do caráter empirista da perspectiva cognitivista aqui apresentada. Uma situação simples que ilustra a relação experiencialista com o corpo, refletida na linguagem, advém dos usos de certos advérbios que indicam tempo e que são usados por extensão metafórica a partir dos usos que sinalizam espacialmente. Atenção! O uso de itens como ali, lá atrás, lá na frente, aqui agora, entre outros, indicam a relação de localização no tempo, refletida na própria relação de localização física das coisas a partir do referente corpo. Linguística Gerativa versus Linguística Cognitiva – parte II Abertura para um caráter mais interdisciplinar Outro ponto de destaque e diferenciador da Linguística Gerativa é seu caráter endógeno (interno, fechado ou particular) em termos epistemológicos. Em outras palavras, o conjunto de premissas e postulados que compõem o empreendimento teórico gerativista consiste em princípios próprios da teoria e com pouca, senão nenhuma, interlocução com outras áreas de conhecimento humano. Tentando fazer jus à Linguística Gerativa, talvez seja mais correto associá-la a princípios matemáticos, ligados à visão de linguagem computacional. No entanto, nessa proposta, destaca- se a definição de um modelo teórico fechado, e não necessariamente interdisciplinar. Por outro lado, a Linguística Cognitiva se constrói por outros caminhos de natureza mais interdisciplinar. Sua interlocução com a Psicologia Cognitiva e outras neurociências permite a construção de premissas pautadas em fatos mais globais acerca do funcionamento da mente humana e, por consequência, da linguagem. Da Gramática Universal à Gramática das Construções A noção de Gramática Universal (GU) no gerativismo traduz-se em outra diferença marcante, pois a Linguística Cognitiva defende o conceito de Gramática das Construções. Gramática Universal (GU) Teoria linguística que trata das regras ou dos princípios que geram as sentenças de uma determinada língua e a possibilidade de as línguas apresentarem sentenças em que constituintes podem ser deslocados ou pronunciados em lugares diferentes. Se, por um lado, a GU se constituiria como uma arquitetura basilar e universal da espécie humana, a partir da qual adquiriríamos qualquer língua... ... por outro, a visão de Gramática das Construções permeia o pensamento cognitivista, contrapondo-se à noção da GU já no que diz respeito à visão inatista. Diferentemente da visão gerativista, o que haveria de inato na espécie humana e que permitiria a emergência de uma língua, oral ou de sinais, a ser falada ou sinalizada pelos humanos, diz respeito a faculdades cognitivas de ordem superior, habilidades gerais da cognição humana, respondendo pela aquisição de toda forma de conhecimento, incluindo-se o linguístico. Algumas dessas propriedades gerais cognitivas são: Capacidade de categorização e analogização. Perfil refinado da memória humana. Capacidade de associação transmodal. Além das propriedades gerais citadas acima, ainda temos outras constantemente atuantes no funcionamento da mente, as quais abordaremos ao longo deste conteúdo. Ademais, também podemos acrescentar operações de conceptualização, como a metáfora, a metonímia, a capacidade de ajustes focais e a integração conceptual. Segundo a visão cognitivista, tais operações atuam na interpretação e percepção das coisas do mundo, atuando também na linguagem. Para a Gramática das Construções, a unidade básica de conhecimento linguístico é a construção: um pareamento convencionalizado de forma e sentido que, combinado com outros pareamentos de forma e sentido ou outras construções, forma sintagmas maiores, incluindo-se sentenças. Dessa forma, trata-se de um modelo, grosso modo, derivacional, já que explica nossa capacidade de formação de sentenças e criatividade linguística, mas sem adotar a visão divorciada de forma e significado que a Linguística Gerativa adota na defesa de sua teoria da linguagem. Na Linguística Gerativa, a sintaxe é vista como operador central a partir do qual se operam regras combinatórias desassociadas do papel de sentido de seus elementos. Já para a Linguística Cognitiva, a gramática de construções consiste, fundamentalmente, em um modelo de gramática que emerge a partir do uso da língua, via atuação dos princípios cognitivos de domínio geral, e que permite a categorização e representação cognitiva de pareamentos convencionalizados, de base lexical ou gramatical, de uma forma (fonologia, morfologia e sintaxe) com um sentido (semântica, pragmática, discurso). A imagem, a seguir, exemplifica a noção de construção gramatical aqui apontada: Propriedades da construção. A Gramática das Construções prevê a emergência de unidades lexicais e gramaticais da língua adquiridas ao longo do curso de aquisição da linguagem. Nesse sentido, ela não se apresenta como um modelo que, em primeiro lugar, preveja o fim do processo de aquisição da linguagem, tal como faz a Linguística Gerativa. Isso porque, pela pressão do uso linguístico, da experiência, ela sofrerá alterações internas, via entrada de novos itens gramaticais ou lexicais, seja do ponto de vista do indivíduo ou, por fim, de toda a comunidade linguística. Na proposta da Linguística Cognitiva, também não há a separação de um componente lexical em relação a um componente gramatical, tal como é previsto na Linguística Gerativa. As construções são unidades lexicais ou gramaticais (as que permitem a geratividade e criatividade linguísticas), organizadas em uma rede conceptual, conexionista. Dessa forma, há um sujeitamento a regras combinatórias que permitem a formação de unidades linguísticas maiores e sentenciais. O quadro, a seguir, exemplifica a diversidade de construções lexicais/gramaticais que apontamos. TIPO DE CONSTRUÇÃO EXEMPLO Palavra Árvore Expressão fixa bom dia; cada macaco no seu galho Esquema morfológico re + base verbal (ex.: rearrumar, refazer) TIPO DE CONSTRUÇÃO EXEMPLO Esquema sintático semipreenchido que mané X; que X o quê (ex: que mané férias; que férias o quê) Esquema sintático aberto SVO (ex.: Réver cabeceou a bola) Padrão entoacional Ascendente Tabela: Diversidade de construções Pinheiro (2016, p. 23) Com isso, podemos entender o seguinte: Resumindo A Gramática das Construções é uma proposta não modular de visão de linguagem. E a linguagem não se apresenta como inata, pois ela é emergente a partir do uso interacional da língua. A língua, por sua vez, não é estanque, pois é constantemente sujeita às ações do uso, ou seja, da experiência linguística. A experiência linguística surge a partir da atuação dos processos cognitivos de domínio geral, por ser um tipo de conhecimento, tal como tantos outros potencialmente desenvolvidos pela espécie. Operações de conceptualização Noção de construal Segundo a Linguística Cognitiva, parte da compreensão dosignificado das unidades linguísticas depende da manipulação de mecanismos cognitivos específicos, denominados operações de conceptualização. Vamos tratar de alguns desses mecanismos cognitivos, mas antes vamos apresentar a noção construal. O construal nada mais é do que a forma como determinada cena do cotidiano é construída, como ela é perspectivizada a partir de parâmetros existentes na situação discursiva. Assim, um evento de suposto valor X torna-se, na verdade, um evento de múltiplas possíveis faces, como se fossem diferentes eventos. A noção formalista de que o valor de verdade define o sentido do evento está relacionada ao modo gerativista de depreender o significado, focalizando, em algum grau, a semântica, mas abrindo mão da pragmática. Por sua vez, a noção de ajuste focal, que traz à baila o conceito de construal, está associada ao pensamento cognitivista e fortemente apoiado na pragmática. Ajustes focais Iniciando a discussão sobre os mecanismos, os ajustes focais dizem respeito à nossa capacidade de conceptualizar uma mesma situação de diferentes maneiras. Para facilitar a explicação, observemos as sentenças a seguir: João abriu a porta. A porta foi aberta por João. A porta foi aberta. A porta abriu. Abriu a porta. A cena básica do conjunto de sentença em questão é a seguinte: um agente com suposto grau de volitividade e agentividade atua sobre um paciente, que é afetado em algum grau pela transferência de energia da atividade em jogo. A esse conjunto de sentido, podemos chamar de valor de verdade, em particular da primeira sentença, na qual a presença de tais papéis semânticos fica mais evidente. No entanto, ele se estende da segunda à quinta sentença, constituindo-se como a base de sentido desses outros eventos. O mais importante de ser observado é que a base de determinado evento estará sempre subentendida nesse mesmo evento, embora cada evento coloque em perspectiva uma ou outra faceta de sua constituição. Em outras palavras, cada evento acima apresenta um perfilamento, ou seja, a proeminência de determinado constituinte, que o especifica como evento diferenciado do evento base, na medida em que a escolha de um ou outro objeto perfilado implica nova significação ou interpretação do evento em questão, colocando em xeque a noção de valor de verdade. Essa noção de valor de verdade se torna apenas mais uma informação de sentido no conjunto de informações de sentido que estão, de fato, em jogo. Notemos que as escolhas dos elementos presentes e ausentes, a ordenação vocabular, entre outros aspectos, interagem na construção do ajuste focal, ora deixando elementos na base, ora destacando-os, por meio do perfilamento. Há, ainda, no campo do ajuste focal, uma discussão importante acerca do que serve de âncora cognitiva, que desemboca nos seguintes conceitos: Marco e trajetor No contexto teórico da Linguística Cognitiva, marco-trajetor ou marco-trajetória “dizem respeito ao primeiro e ao segundo participantes de uma relação”. De acordo com a Gramática Cognitiva de Langacker, “o valor semântico de qualquer unidade linguística é denominado perfil e qualquer perfil é definido em termos de uma relação entre duas entidades. O trajetor é o primeiro participante da relação, e o marco, o segundo participante, ou o participante secundário”. Assim, na oração “O Poeta desceu a serra, o Trajetor corresponde ao sujeito sintático da oração, e o Marco, ao objeto” (TENUTA DE AZEVEDO; LEPESQUEUR, 2011, p. 71). Figura e fundo Na Psicologia Gestalt, o par figura-fundo corresponde a uma tendência do sistema visual para a simplificação de uma cena com uma figura (o principal objeto observado) e tudo que forma o fundo. Aquilo que se apresenta separado, nós combinamos em um todo integrado. Desse modo, a figura compreende as feições que devem se destacar, enquanto “o fundo é composto por feições de menor importância, elementos secundários, mas servindo como apoio no processo perceptivo” (ANDRADE, 2014, p. 49). Podemos dizer que “percebemos o todo e, a partir dessa percepção, as partes se configuram como tal” (TENUTA DE AZEVEDO; LEPESQUEUR, 2011, p. 72). Figura e fundo têm a ver com perspectiva, sendo modos de focalizar aquilo que se deseja salientar. Basicamente, a ideia aponta para a distribuição de informações mais ou menos salientes, mais ou menos pressupostas, e que fazem com que a atenção dos interlocutores seja distribuída de modo diferenciado para informações velhas e novas do fluxo informacional. As definições de marco e trajetor constituem-se no contexto linguístico de uma gestalt já traduzida pelos conceitos de figura e fundo pela psicologia cognitiva. Novamente, notamos o espelhamento da cognição humana global, aqui em termos de percepção, atuante na forma como elaboramos e interpretamos a língua. Metáfora e metonímia A metáfora e a metonímia também são importantes operações de conceptualização. Longe de serem apenas recursos linguísticos – como a tradição gramatical nos quer fazer acreditar –, a metáfora e a metonímia, para a LC, são propriedades cognitivas superiores do pensamento humano, atuantes o tempo todo na interpretação do entorno, por sua vez, retratado na língua. Pela metáfora, podemos comparar dois domínios e conceptualizar um deles a partir do outro. Confira a seguinte sentença: Ela está saindo da depressão. Para entendermos melhor o funcionamento cognitivo de base metafórica, precisamos acessar dois domínios cognitivos presentes na sentença em questão: o de estado e o de locação física. Nesse sentido, pela Teoria da Metáfora Conceptual (TMC), entendemos que aconteça uma aproximação conceptual entre os domínios em jogo, de modo que a ideia de depressão (o domínio-alvo) seja concebida como um lugar (o domínio-fonte). Com isso, a relação experiencialista mais básica relacionada à percepção de lugar ajuda na compreensão do conceito de depressão, que passa a ser traduzido como parte de um movimento de fora-dentro-fora, uma relação saliente e empiricamente constatada nas experiências humanas corporificadas mais básicas. Da mesma forma, a metonímia é vista como processo cognitivo caracterizado pela possibilidade de uma entidade conceptual – o veículo – fornecer acesso a outra entidade conceptual, entretanto, aqui, dentro de um mesmo domínio. Vejamos um exemplo que mostra essa relação: Eles leram Machado de Assis. Nesta situação temos uma metonímia, já que o termo Machado de Assis está no lugar da obra de Machado. Nesse sentido, o direcionamento da atenção acontece por meio das projeções metonímicas de um conceito saliente que aponta um caminho para a interpretação de outro menos saliente, pertencendo ambos a um mesmo domínio. Integração conceptual Finalmente, abordamos a questão sobre operações da conceptualização a partir do conceito de Integração conceptual (IC). A integração conceptual, ou mesclagem conceptual, consiste em uma situação de fusão de cenários. A Teria da Integração Conceptual (FAUCONNIER; TUNNER, 1996) prevê quatro espaços mentais: O espaço input 1; O espaço input 2; O espaço genérico; O espaço mescla. O esquema, a seguir, ilustra a questão: Por meio dessa operação, é possível fundir a compreensão de duas realidades diferentes em apenas uma, muitas vezes, de sentidos novos. Tal feito é algo corriqueiro ao nosso pensamento e não se restringe às questões linguísticas. Observemos a imagem a seguir: Dispenser da World Wild Foundation. O dispensador de papel-toalha em foco ilustra a integração de conceitos e uma interpretação advinda de nossa capacidade de fazermos integrações conceptuais: Enfim, esse conjunto de inputs conceptuais estão em integração, de modo a produzirmos um terceiro sentido, advindo do uso do papel-toalha via dispensador em questão. Na imagem apresentada anteriormente, acontece o mesmo processo que identificamos em situações linguísticas diversas. Vejamos uma ilustração desse processo a partir da frase a seguir: Aquele cirurgião é um açougueiro.Uma análise que se apoie apenas na relação metafórica existente entre as entidades cirurgião e açougueiro (do domínio-fonte açougueiro para o domínio-alvo cirurgião), não explicará uma informação importante percebida na interpretação final da frase: a de conotação de incompetência do cirurgião. Essa nova informação – chamada, na teoria, de estrutura emergente – não é prevista pela Teoria da Metáfora Conceptual, que não observa a possibilidade de surgimento de novos cenários mais independentes. A não previsibilidade em questão diferencia a IC da TMC. A Linguística Cognitiva Assista ao vídeo que retoma as principais características e pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva a partir de sua contraposição à Linguística Gerativa. Sabemos que o uso de papel implica impacto na natureza, pela destruição de árvores, de onde ele se origina. Sabemos que o verde é a cor que mais representa a natureza. Sabemos que o uso de papéis-toalha no dispensador implica seu esvaziamento, assim como o desmatamento, sem reflorestamento adequado, implica a diminuição, ou mesmo extinção, das áreas verdes. Sabemos que a área vazada do dispensador faz referência ao mapa da América do Sul, local onde se encontra a maior floresta tropical do mundo. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O surgimento da Linguística Cognitiva está relacionado com a compreensão de que o conhecimento linguístico não deve ser dissociado do conhecimento de mundo em geral. Desse modo, uma das ideias centrais do pensamento cognitivista é a de que: Parabéns! A alternativa D está correta. %0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EA%20Lingu%C3%ADstica%20Cognitiva%20(LC)%20se%20contrap%C3%B5e%20%C3%A0%20Lingu%C3%ADstica%20Gerativa%20(LG). Questão 2 Podemos dizer que, sob o termo Linguística Cognitiva (LC), estão abrigadas diversas abordagens congnitivistas. Desse modo, é correto afirmar que a LC é um movimento intelectual que abraça um: A A semântica não é prioritária em relação à sintaxe. B A mente é modular, assim como a gramática é modular. C Existe uma faculdade específica e inata para a linguagem na espécie humana. D Não existe separação entre forma e sentindo para a descrição linguística. E A gramática das construções é um modelo formalista de arquitetura da linguagem. A Modelo teórico único. B Conjunto heterogêneo de teorias. C Modelo teórico de base racionalista. D Conjunto heterogêneo de teorias formais. E Conjunto de teorias necessariamente baseadas no uso. Parabéns! A alternativa B está correta. %0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EH%C3%A1%20diversos%20modelos%20no%20escopo%20da%20Lingu%C3%ADstica%20Cognitiva%2C%20pois%20seus%20primeiros 2 - Concepção cognitiva de categorização Ao �nal deste módulo, você será capaz de descrever a concepção cognitiva de categorização. Processos cognitivos e categorização Processos cognitivos de domínio geral Processos cognitivos de domínio geral dizem respeito a habilidades cognitivas presentes na espécie humana e que são, na verdade, atuantes no desenvolvimento de diferentes funções e formas de conhecimentos. Há vários processos cognitivos responsáveis pelo funcionamento especialmente complexo da nossa cognição. Entre eles, podemos mencionar: A memória. A capacidade de fazermos analogias. A natureza simbólica do pensamento humano. Para a LC, os processos cognitivos de domínio geral também são atuantes na aquisição e emergência da linguagem. Sua principal defesa é a de que tais processos são suficientes para explicar a aquisição da linguagem e a mudança linguística, de modo a não precisarmos apostar na existência de uma gramática universal, de base inata e inicial, tal como faz a LG. Um dos processos cognitivos de domínio geral mais caros para tratarmos da questão da linguagem é a nossa capacidade de categorização, conceito sobre o qual passaremos a tratar. A categorização como processo cognitivo de domínio geral Iniciamos nossa discussão olhando para o conceito de categorização, mas não no nível linguístico. Pensemos em como nossa capacidade de categorizar está presente a todo o tempo, desde períodos bem tenros de nossa existência. Já quando bebês, a partir de certa idade, começamos a identificar que elementos que compartilham algum grau de semelhança entre si, de certa forma, podem formar grupos de itens em comum. Vamos fazendo e refazendo agrupamentos cognitivos, representacionais, na medida em que as informações advindas da experiência assim nos permitem. É comum crianças demonstrarem que diferenciam um animal de um ser humano, quando chamam qualquer bicho de au au, indicando, mesmo que de modo generalizante, que são representantes de determinado grupo de seres vivos não humanos, formando uma categoria própria. Se observarmos bem, em algum momento de seu desenvolvimento, é comum crianças chamarem toda e qualquer mulher de mamãe ou titia, todo e qualquer doce de bala, e assim por diante. Obviamente, aos poucos, elas vão ajustando, fazendo e refazendo agrupamentos cognitivos cada vez mais complexos e diversos. Em termos linguísticos, para a LC, a categorização é uma habilidade cognitiva de particular importância, principalmente por colocar em xeque os postulados da teoria gerativa a respeito do que se entende por categorias linguísticas. A Linguística Gerativa postula a hipótese, relacionada à ideia de gramática universal, de que seres humanos possuem de modo inato categorias linguísticas discretas armazenadas em sua cognição. Dessa forma, nomes, verbos, categorias funcionais diversas seriam representações cognitivas de natureza específica e estariam disponíveis na mente infantil, disponibilizando a possibilidade de aquisição de linguagem a partir do contato com dados de input linguístico específico. Para a Linguística Cognitiva, como já explicamos, o que há de inato na espécie humana não é objeto voltado para a especialização da aquisição da linguagem, mas o que é inato é responsável pela emergência de toda e qualquer forma de conhecimento. Nesse sentido, as categorias linguísticas e mesmo as construções gramaticais, que constituem o modelo gramatical em jogo, são elementos emergentes a partir do impacto com a experiência com o uso da língua. No curso interacional, do uso da linguagem, formam-se, a partir da atuação de processos analógicos e de categorização, tais categorias. Resumindo Trocando em miúdos, o modelo pode ser bem simples. Voltemos para o caso da criança que aprende o que é um animal. Ao se deparar com um ser vivo diferente do ser vivo que ela está mais habituada a lidar – o ser humano –, ela já tende a formar ou, ao menos, buscar a formação de uma categoria, um agrupamento que permita que ela interprete o que seja, o que faz, qual a função no mundo, daquele elemento. Analogicamente, ao se deparar com outro ser vivo diferente do ser humano, a partir de sua experiência anterior, a criança tenderá a agrupá-lo como membro pertencente ao mesmo grupo. Se o grupo tiver sido denominado, por qualquer razão, de au au, assim será a interpretação daquele mesmo animal, seja ele um cachorro ou não. Esse processo, aparentemente corriqueiro, como dito, acontece na língua, mas não apenas no domínio da língua. É exatamente por isso que a categorização é um processo cognitivo de domínio geral, por dar conta de explicar a formação de representações cognitivas da língua e para muito além dela. Teoria dos protótipos da LC Voltemos à criança e sua experiência com cachorros. O que faz com que a criança associe um animal X a um Y, apesar de suas diferenças? A resposta não está exatamente nas diferenças, mas no que é, ou supostamente é, semelhante entre as entidades em jogo. Também pelo processo cognitivo de domínio geral da analogia, a criança identifica traços comuns entre as entidades, incluindo o fato de serem ambas diferentes dosmembros da outra categoria já por ela formada, a de seres humanos. Dessa forma, vemos que é pela busca daquilo que melhor representaria um grupo, que as categorias são formadas. Daí surge o conceito de protótipo. O protótipo nada mais é aquilo que apresenta o que podemos chamar de características mínimas e suficientes para que possamos afirmar que um elemento pertence a uma determinada classe e não a outra. Re�exão O que faz, portanto, de uma xícara uma xícara? Sua utilização como recipiente de bebida? Possuir uma asa para que possamos segurá-la? Ser feita de vidro ou material semelhante? Voltando para gramática, poderíamos pensar que determinada palavra, por exemplo, é um adjetivo por apresentar as características necessárias e suficientes para figurar nessa categoria. Desse modo, ela deve classificar, qualificar, de alguma forma modificar e adaptar o sentido, por exemplo, de um nome, assim como apresentar características morfossintáticas típicas de um adjetivo. Essa noção de categorização, associada ao chamado modelo clássico de categorização, está muito ligada à visão racionalista da Linguística Gerativa. Isso ocorre na medida em que, para a teoria gerativista, um elemento pertence ou não a determinada categoria, graças às suas propriedades semânticas e morfossintáticas, tal como aconteceria em qualquer situação de categorização, para a qual o enquadre por características suficientes e necessárias seria o mínimo requerido. Por outro lado, se pensarmos bem em xícaras e adjetivos, perceberemos que as coisas podem não ser tão simples assim. Observemos, a seguir, a imagem e o slogan de uma campanha publicitária de cerveja: A cerveja que desce redondo. Afinal, o que faz xícaras serem xícaras e adjetivos serem adjetivos? Essa é uma questão extremamente importante para a Linguística Cognitiva: a noção de que não há categorias discretas, tal como nos faz supor o pensamento racionalista e a teoria gerativa. Uma categoria linguística, assim como as coisas do mundo, pode estar melhor representada pelo seu elemento central prototípico, mas não apenas, de modo a apresentar certo comportamento não necessariamente condizente com o que condiz a esse protótipo. A questão é muito interessante e está na base da chamada Teoria dos Protótipos da LC. Categorização radial Noção de categoria radial A noção de categorização, segundo a LC, termina por não ser de base aristotélica, baseada nos critérios necessários e suficientes para a classificação das coisas do mundo. Nesse sentido, a noção de categoria radial parece atender muito mais à explicação do porquê percebermos xícaras e adjetivos como tais, a despeito do maior ou menor grau de prototipicidade ali envolvido. Vejamos a ilustração a seguir, em que pássaros são arrumados de acordo com a maior ou menor proximidade das características de prototipicidade de seu representante central, o sabiá: Se observarmos as xícaras apresentadas na imagem, notaremos que elas, definitivamente, possuem uma vasta gama de características, que ora podem nos fazer considerá-las mais ou menos próximas do que entendermos ser um protótipo de uma xícara, ora não. Se observarmos o uso do adjetivo redondo no slogan reproduzido, notaremos que ele também possui características que podem nos fazer considerá-lo menos próximo do que entendermos ser um adjetivo prototípico. Adjetivos modificam verbos, tal como o faz o adjetivo redondo da propaganda? Se o faz, em que medida são adjetivos, apesar desse comportamento tão próximo ao do que entendermos ser um item adverbial prototípico? Ranking de pássaros. Se observarmos cuidadosamente as características dos pássaros em questão, perceberemos que: Tais diferenças fazem de avestruzes e pinguins membros de outra categoria que não a dos pássaros? Fazem com que o sabiá seja mais pássaro do que os outros? A essa altura, podemos afirmar que não é disso que se trata a questão, não é mesmo? Sabemos, portanto, que o fato de um elemento não possuir todas as características que representam determinada categoria não o faz deixar de ser membro dessa mesma categoria. Existem, desse modo, níveis de prototipicidade e fluidez categorial, o que pode definir sobremaneira a forma como percebemos e interpretamos as coisas ao nosso redor. No fim das contas, existem categorias radiais, pelas quais os membros se organizam de modo mais ou menos próximo ao que seriam os protótipos, representantes ótimos da categoria, sem necessariamente deixarem de pertencer àquela mesma categoria. Chamamos de herança de família as semelhanças identificadas entre os mesmos membros de uma categoria radial. Esse termo reflete bem, a partir da nossa própria experiência com a herança genética de ordem familiar, como os membros de um mesmo grupo mantêm relações de diferentes graus de similaridades com o membro central. Todos possuem bicos e duas patas; Avestruzes não podem voar; Pinguins não podem voar e não possuem asas nem penas; O sabiá possui a habilidade de voo, asas, penas, além de ter bico e patas. A noção de semelhança familiar foi introduzida por Wittgenstein, classificando tipos de jogos. Wittgenstein aponta a dificuldade de definirmos uma categoria jogos apenas pelo critério de traços necessários e suficientes. Características como coletividade e competitividade, por exemplo, não são encontradas, quando tratamos de jogos como a peteca e a paciência. Daí o autor fazer a analogia com as semelhanças familiares para explicar sua visão sobre a emergência e as propriedades de uma categoria. Categorização radial e aquisição da linguagem Em termos linguísticos, na perspectiva da aquisição da linguagem, a categorização (radial) é traduzida, no processo de emergência gramatical, como nossa capacidade de formar padrões – construções gramaticais que podem compartilhar entre si características de forma ou sentido, formando uma gramática que, cognitivamente, possui a característica de ser organizada por taxonomia, entre outras características. Falar de taxonomia – termo emprestado da Biologia – significa falar de diferentes níveis hierárquicos nos quais se organizam os elementos pertencentes a um mesmo grupo. Para tratar do assunto, vamos começar pensando sobre como a categorização ocorre no curso de aquisição de linguagem. Falamos sobre esse assunto anteriormente, quando exemplificamos a formação da categoria mulheres pelas crianças. Agora, queremos exemplificar com uma categoria linguística, que chamaremos, de modo apenas ilustrativo, de construção de transitividade SVO (sujeito-verbo-objeto). Imaginemos as seguintes situações: Situação A Situação B Situação C Em cada situação, temos um elemento agente que atua intencionalmente sobre um elemento paciente, produzindo algum grau de afetamento nele. Poderíamos pensar que, em cada uma das ações apresentadas, teríamos três situações absolutamente distintas entre si. Entretanto, pelo que acabamos de discutir, é possível pensarmos que as coisas não são tão diferentes assim. No curso de aquisição de linguagem, pelo processo cognitivo da analogia e a partir das experiências reais vividas pelas crianças em situações em que um elemento agente atua intencionalmente sobre um elemento paciente, produzindo nele algum grau de afetamento, as crianças passam a formar uma categoria mais abstrata associada ao padrão morfossintático SVO (agente-verbo-paciente). O sentido desse padrão consiste exatamente na atuação provavelmente intencional de um sujeito agentivo de afetamento de um objeto paciente. Nesse sentido, por um lado, se em (a – c) temos três ações distintas (alguém entrega o pacote, alguém abre o pacote e alguém fecha o pacote), por outro lado, temos um mesmo padrão maior. Tal padrão é uma categoria que carrega as informações de forma e sentido de transferência intencional de energia e afetamento, que caracteriza o que aqui chamamos de construção de transitividade SVO. Dessa constatação, temos outra automaticamente: a de que esse padrãoé mais abstrato e abarca padrões menos abstratos, hierarquicamente a seguir, dos quais os verbos entregar, rasgar e abrir podem fazer parte. Com isso, temos exemplos de formação de três categorias linguísticas distintas e taxonomicamente organizadas. As três primeiras seriam as construções SVO, cujos itens verbais seriam entregar, abrir e fechar. Esses seriam três padrões distintos entre si, por um lado, graças ao papel específico de cada item verbal, mas que, ao mesmo tempo, compartilhariam das informações de forma e sentido do padrão mais abstrato, taxonomicamente organizado acima – a construção de transitividade SVO. A rede ou esquema, a seguir, ilustra essa relação: A transitividade SVO. O modelo de gramática exposto é o da Gramática das Construções. Um olhar cuidadoso para o organograma revelará diversos dos pontos que nós apresentamos neste conteúdo: A formação de categorias; A atuação do processo cognitivo de analogia; A organização taxonômica de algumas categorias; A noção de protótipo; Os traços de semelhanças por família etc. A categorização é, portanto, um processo cognitivo de domínio geral de extrema importância para a LC, por explicar a forma como a gramática emerge, seja nos anos iniciais da aquisição da linguagem, seja ao longo dos anos de experiência com o uso da língua, e que tanto afetam a reformulação constante da gramática do indivíduo. Concepção Cognitiva de Categorização Neste vídeo, abordaremos o conceito de categorização como processo cognitivo de domínio geral, com destaque para a teoria dos protótipos e a construção da transitividade SVO. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A categorização é um importante conceito elaborado no contexto dos estudos da Linguística Cognitiva. Em termos cognitivos, a categorização pode ser entendida como: Parabéns! A alternativa C está correta. %0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EA%20categoriza%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20um%20dos%20principais%20processos%20cognitivos%20de%20dom%C3%ADnio Questão 2 Uma categoria radial pode ser entendida como: Parabéns! A alternativa B está correta. %0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3ENa%20vis%C3%A3o%20de%20categoria%20radial%2C%20elementos%20n%C3%A3o%20protot%C3%ADpicos%20se%20organizam%2 A Uma figura de linguagem. B Um comportamento humano. C Um processo cognitivo de domínio geral. D A capacidade cognitiva de identificar padrões semelhantes. E A capacidade cognitiva de formar categorias especificamente linguísticas. A Um grupo de elementos que se organizam a partir de características necessárias e suficientes compartilhadas e que definem a categoria. B Um grupo de elementos que se organizam a partir de características compartilhadas mais ou menos próximas as do protótipo, representante ótimo da categoria. C Um grupo de elementos que se organizam a partir de diferenças necessárias e suficientes compartilhadas e que definem a categoria. D Um grupo de elementos que se organizam a partir de diferenças mantidas com o protótipo, representante ótimo da categoria. E Um grupo de elementos organizados aleatoriamente e sem compartilhamento de características. 3 - Estrutura da Semântica Cognitiva Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a estrutura da Semântica Cognitiva. Pressupostos e modelo descritivo da Semântica Cognitiva Principais pontos da Semântica Cognitiva A Semântica é o campo da Linguística que toma como escopo a esfera da significância. No entanto, não se trata de um campo homogêneo, já que há diferentes propostas teóricas que se dedicam ao seu estudo. A Semântica Cognitiva (SC), especificamente, possui como referência teórica os trabalhos do linguista George Lakoff e do filósofo Mark Johnson. Acompanhando a proposta da Semântica Cognitiva, encontra-se a Gramática Cognitiva. Na verdade, o termo Gramática Cognitiva indica um conjunto de abordagens cognitivas da gramática, cujos nomes que mais se destacam são os dos linguistas Ronald Langacker e Leonard Talmy. Alguns pontos proeminentes do pensamento da Semântica Cognitiva podem ser resumidos nos tópicos a seguir: Visão não modular da linguagem A visão não modular da linguagem diz respeito à tese de que os mesmos princípios cognitivos que governam o funcionamento mental humano, em geral, são responsáveis também pela aquisição e uso da língua. Como já dissemos, por esse princípio, entende-se que não há um órgão mental específico para a aquisição e uso geral da linguagem, um módulo em particular, e que são as habilidades cognitivas de domínio geral que permitem tal feito, tal como ocorre na emergência de outros conhecimentos. Além di i ã ã d l d li ê i ã d â ti d áti Modelo de descrição da Semântica Cognitiva Em linhas gerais, a Semântica Cognitiva (SC) apresenta uma concepção de língua como objeto emergente e parte do sistema conceptual humano em geral. Nesse sentido, a SC enfoca o significado como emergente da experiência com o uso da língua, mediada também pela corporeidade, ou seja, a estrutura conceptual é resultante da experiência corpórea à qual ela está associada. Se é por meio do corpo que o ser humano, primariamente, estabelece sua experiência no mundo, na SC, surge o conceito de experiencialismo corporificado. Esse conceito explica por que os fenômenos estudados são constantemente entendidos em função da maneira como o homem interage com o ambiente no qual está inserido, tal como defendido na Hipótese da Corporificação de Lakoff & Johnson (1999). O modelo de descrição da SC apresenta estruturas específicas capazes de capturar a organização do nosso conhecimento de mundo. Nesse modelo, resumidamente, essas estruturas podem ser divididas em dois grandes grupos: disso, a visão não modular da linguagem prevê a associação da semântica e da pragmática aos demais níveis formais da linguagem – a morfossintaxe e a fonologia –, integrando todos os níveis de modo mais uniforme e não fazendo a separação que privilegia a sintaxe em detrimento da pragmática e da própria semântica, por exemplo. Mapeamento direto do signi�cado a uma estrutura linguística O mapeamento direto do significado a uma estrutura linguística revela a visão da Semântica Cognitiva sobre a relação entre estrutura linguística e significado. Nessa concepção, diferentemente da visão formalista, que coloca o que há de sentido como parte secundária em relação ao aspecto linguístico estrutural, o mapeamento entre estrutura linguística e sentido acontece de modo direto e indissociável. Na verdade, a noção de estrutura aponta para um objeto consequente das operações cognitivas relacionadas à emergência do significado, à emergência do sentido. Inserção direta da pragmática na formação da gramática A inserção direta da pragmática na formação da gramática indica a rejeição da Semântica Cognitiva à distinção entre conhecimento gramatical e conhecimento enciclopédico. Na verdade, esse ponto é uma especialização da visão não modular da linguagem, na medida em que também reflete a visão não modularista do modelo. Nessa concepção, o significado linguístico avança para além da semântica em si, incorporando aspectos da pragmática, que deixam de ser tratados como objetos separados, periféricos, em relação à gramática. Os esquemas imagéticos (EIs). Os frames e os modelos cognitivos idealizados (MCIs). Esquemas imagéticos Os esquemas imagéticos (EIs) estão relacionados com a maneira como percebemos e interpretamos as coisas. Esses esquemas emergem a partir das atividades sensório-motoras dos seres humanos. Em outras palavras, conforme lidamos com as coisas do mundo, nós as manipulamos, movemo-nos temporal e espacialmente, direcionamos nosso foco perceptual para uma ou outra situação, uma ou outra entidade. Esquemas imagéticos nada mais são que esquemas mentais que codificam padrões espaciais e relações de força pornós identificadas em nossa interação maior com o ambiente. Formam-se, nesse sentido, esquemas cognitivos fundamentais, oriundos da própria interação e experiência do indivíduo, do seu corpo, com o mundo. Esses esquemas cognitivos estão na base da interpretação e reinterpretação das coisas ao nosso redor. Para os estudos linguísticos, os EIs têm se mostrado muito relevantes para a acurácia (precisão) da descrição gramatical. Nesse sentido, devemos destacar os esquemas de contêiner, percurso e bloqueio, que manifestam domínios dos esquemas imagéticos e dão conta de estruturar a experiência ancorada no corpo. Esquema contêiner Está relacionado com a percepção de estarmos ou não envolvidos por espaços ou ambientes no mundo físico. Esquema percurso Também conhecido como trajetória, vincula-se ao nosso movimento em um sentido direcional, para frente ou para trás. Esquema bloqueio Está relacionado com a ideia de interrupção que pode ser removida ou não, e que não permite a continuidade de um movimento. Na imagem, a seguir, temos a representação dos esquemas de contêiner, percurso e bloqueio, respectivamente: Esquemas de contêiner, percurso e bloqueio. Tomemos o esquema imagético de contêiner para exemplificação e explicação das semelhanças existentes entre as duas frases a seguir: Só tem um shopping na minha cidade. Minha cidade tem um shopping. Podemos afirmar, de modo bem sucinto, que as supostas diferenças de sentido do verbo ter nas duas sentenças – sentido existencial e de posse, respectivamente – são secundárias à base de conhecimento que ambas compartilham. Em ambas as sentenças, segundo o esquema imagético de contêiner, um shopping corresponde ao X, e na minha cidade, ao círculo: Por partirem de um modelo de esquema imagético conceptual, as sentenças possuem muito mais semelhanças de sentido do que, de fato, diferenças. As diferenças, na verdade, estão listadas mais no que está em maior ou menor evidência (gestalt) em jogo, ou seja, no que ocorre em maior ou menor perspectivização, na posição de figura ou na de fundo. Nesse sentido, na frase “Só tem um shopping na minha cidade”, o foco recai sobre o círculo do esquema, minha cidade, que fica mais perspectivizada e recebendo o status de figura do evento em questão, enquanto o item X, um shopping, recebe o status de fundo. Na frase “Minha cidade tem um shopping”, entretanto, percebemos que o foco recai diretamente sobre X, o que coloca o item um shopping na posição de figura e, automaticamente, coloca o item minha cidade na posição de fundo, menos perspectivizada. Frames e modelos cognitivos idealizados Outra estrutura específica da Semântica Cognitiva capaz de capturar a organização do nosso conhecimento de mundo são os chamados frames. Para Fillmore (1982), um frame é um esquema de conceitos relacionados entre si, o que implica o fato de que o entendimento de um desses conceitos está ligado ao entendimento da estrutura maior na qual ele se insere. Desse modo, um frame é um conjunto de conhecimentos acionados, quando produzimos ou processamos uma determinada expressão linguística, de forma que ela seja acuradamente interpretada. (FILLMORE, 1982, p. 111). Obviamente, essa é uma discussão de base cultural importante, na medida em que tais associações são convencionalmente estabelecidas. Exemplo O exemplo mais clássico para falarmos do conceito de frames é a palavra solteiro. Ao usarmos o termo, acessamos imediatamente relações que vão para além de critérios necessários e suficientes, tal como defendem os adeptos de teorias mais formais ao lidarem com o conceito de categorização. Na verdade, no uso da palavra solteiro, estão imediatamente descartados – claro que de modo inconsciente e convencional – referentes como o Papa ou Tarzan. A associação entre os termos Papa e Tarzan e o termo solteiro não está pragmaticamente prevista ou convencionalizada pelos usuários do Português. Nesse caso, os usuários acionam outras relações de sentido, nada próximas necessariamente às do termo solteiro, quando acessam os frames Papa ou Tarzan. O termo solteiro está mais ligado a uma ideia, um tanto estereotipada, de casamento (por ser tido em geral de natureza heterossexual, monogâmica etc.). Tal fato indica, portanto, a limitação do modelo clássico de categorização, por um lado, e revela, por outro, a forma como sentidos e significados são fluidos, podendo estar ou não profundamente concatenados com outros tantos sentidos e significados, tal como prevê o conceito de frames. O conceito de frame, nesse sentido, também pode ser exemplificado na produção do efeito de humor na seguinte anedota mencionada por Fillmore: Um menino que havia matado seus pais, diante do júri, pede perdão por ter assassinado seus pais. (FILLMORE, 1982, p. 1982 apud LEITÃO DE ALMEIDA, 2010, p. 26). O uso irônico e indevido do termo órfão é explicado pelo fato de essa palavra ser interpretada, em geral, “a partir de um frame segundo o qual crianças são desprotegidas, cuja sobrevivência depende do cuidado e orientação dos pais”. Se o termo órfão for compreendido apenas como criança cujos pais estão mortos, não identificaríamos algo esquisito ou cômico na alegação da criança, seria simplesmente algo banal. Dessa forma, o humor é produzido exatamente pelo “fato de a palavra ser empregada fora de seu frame usual” (LEITÃO DE ALMEIDA, 2010, p. 26-27). A ideia de modelos cognitivos idealizados (MCIs), desenvolvida por Lakoff (1987), é similar ao conceito de frames, por serem os MCIs também representações cognitivas um tanto estereotipadas. Os MCIs definem um conjunto de frames, e é a partir daí que, no geral, as palavras são interpretadas. Tanto o conceito de frames quanto o de MCIs acabam por revelar que as representações cognitivas culturais são, de algum modo, reducionismos, estereótipos, da realidade. É nesse sentido, portanto, que o uso da palavra solteiro parece inadequado para nos referirmos ao Papa, ao Tarzan ou mesmo a homens gays que mantenham relacionamentos duradouros, compartilhando inclusive residência e bens, apesar de não terem uma documentação que oficialize sua união. Novamente, parece que o que está em tela é o grau de prototipicidade das coisas, ou seja, sua maior ou menor relação de proximidade a um modelo prototípico específico, melhor representante de uma classe, levando-se em conta, ainda, que diferenças de graus de prototipicidade não implicam o não pertencimento de um elemento a determinado grupo específico. MCI e Teoria dos Protótipos Aqui, retomamos a Teoria dos Protótipos, que prevê a existência de elementos mais (e menos) fundamentais, prototípicos, na representação de categorias. A relação entre os MCIs e a Teoria dos Protótipos evidencia, de modo bem eficaz, os fenômenos da língua. Quando existe um descompasso entre o MCI, uma representação idealizada da realidade, e uma situação concreta, surgem as chamadas categorias radiais. Tais categorias nada mais são do que elementos menos prototípicos da categoria, mas que não deixam de compô-la, traduzindo a natureza daquele grupo de modo mais realístico. Exemplo Vamos tomar a palavra solteiro como exemplo. Se o MCI de casamento carrega as informações estereotipadas de casamento ligadas à ideia de heterossexualidade, monogamia, entre outras, situações concretas como o Papa, o personagem ficcional Tarzan, homens gays casados não oficialmente e a de casamentos não monogâmicos acabam por revelar uma rede gradual de prototipicidade, uma categoria radial, sobre o conceito solteiro, na qual um homem, jovem, não ficcional e sem atribuições religiosas voltadas à castidade, representa o elemento central, prototípico. Nos estudos linguísticos, exemplificando, a identificação de protótipos e de possíveis estruturas radiais oferece forte contribuição para uma descrição mais acurada das línguas. Tomemos a tabela a seguir para exemplificação: Usos adjetivais prototípicos Categoria Radial 1 Categoria Radial 2 Ela vestiua roupa certa. Ela falou certo! Tinha razão! Ela deu certo na vida! Essa Impressora é ruim. Essa Impressora imprime ruim. Ela ficou ruim! Muito mal, por causa da bebida! Tabela: Prototípicos e estruturas radiais. Roberto de Freitas Junior. Pensemos no que podem mostrar, acerca da radialidade categorial, os usos com os adjetivos que aparecem na tabela acima. As expressões dar certo e ficar ruim, respectivamente, podem ser traduzidas por funcionar e passar mal, sentidos já bem distanciados dos identificados ao observarmos nos usos prototípicos dos adjetivos certo e ruim em questão. A Semântica Cognitiva é, assim, uma área importante para os estudos na área da Linguística Cognitiva, por refletir avanços importantes, de base interdisciplinar cognitivista, para o entendimento da emergência do significado e que vai para além da hipótese semântica formalista, que se pauta, particularmente, em um conjunto de traços semânticos para a formação do sentido. A Semântica Cognitiva Neste vídeo, serão abordadas características da Semântica Cognitiva e seu modelo de descrição linguística, com destaque para os conceitos de esquemas imagéticos, frames e modelos cognitivos idealizados. Em primeiro lugar, na coluna à esquerda, observamos os usos mais regulares e representativos do que sabemos sobre adjetivos: eles qualificam nomes, podendo figurar na posição de adjunto (Ela vestiu a roupa certa) ou mesmo na de predicativo do sujeito (Essa impressora é ruim), mas sempre com a função de modificação nominal, de qualificação. Esses usos ilustram, diretamente, o que há de prototipicidade no item adjetivo. No segundo grupo de frases, percebemos que a função de modificação e qualificação dos itens adjetivais permanece, um fato que evidencia a ligação de tais usos com o que chamamos de usos mais prototipicamente adjetivais. Entretanto, vemos que os itens modificados em questão são, na realidade, itens verbais. Isso coloca o adjetivo em uma posição mais afastada da centralidade que representa a prototipicidade da classe dos adjetivos. Percebemos que certo modifica a forma verbal falou e ruim modifica a forma verbal imprime. Por fim, no terceiro grupo, identificamos os usos ainda mais afastados do que testemunhamos nos grupos 1 e no 2. Trata-se de usos idiomáticos, com leitura não composicional, ou seja, de sentido não necessariamente transparente com os sentidos das partes que constituem os itens em questão. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Analise as afirmativas sobre o conceito de esquemas imagéticos: I. Os esquemas imagéticos correspondem a esquemas mentais referentes à nossa relação com o mundo a partir do nosso corpo, representando experiências sensoriais e de percepção. II. Contêiner, percurso e bloqueio são esquemas imagéticos que representam determinadas experiências a partir do corpo, sendo conceitos também usados em relação a aspectos da linguagem. III. Os esquemas imagéticos são corporais ou físicos e contribuem para o aperfeiçoamento do aprendizado da gramática, porque esses esquemas correspondem a regras impostas ao corpo. Está correto apenas o que se afirma em: Parabéns! A alternativa D está correta. %0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EAs%20afirmativas%20I%20e%20II%20est%C3%A3o%20corretas%20porque%20os%20esquemas%20imag%C3%A9ticos%20representa paragraph'%3EA%20afirmativa%20III%20est%C3%A1%20incorreta%20porque%20os%20esquemas%20imag%C3%A9ticos%20s%C3%A3o%20mentais Questão 2 O frame é um dos conceitos presentes no modelo de descrição da Semântica Cognitiva. Assinale a sequência a seguir que exemplifica, de modo mais explícito, o que cognitivamente representa o conceito de frames: Parabéns! A alternativa D está correta. A I B II C III D I e II E I e III A Boneca, cachorro, nuvem. B Garrafa, vidro, vida. C Pedro, colchão, brinco. D Ar, frio, temperatura. E Cantar, dormir, caderno. %0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c- paragraph'%3EPodemos%20afirmar%20que%20o%20%3Cem%3Eframe%3C%2Fem%3E%3Cstrong%3E%3C%2Fstrong%3E%20%C3%A9%20composto Considerações �nais Ao longo de nosso estudo, vimos que há diferentes áreas de investigação identificadas sob o rótulo da Linguística Cognitiva. Desse modo, uma das características da Linguística Cognitiva é a diversidade ou pluralidade teórica e metodológica. Um aspecto importante nas diversas vertentes da Linguística Cognitiva é seu contraponto à abordagem formalista da Linguística Gerativa. Nesse sentido, a abordagem cognitiva propôs uma alternativa teórica de base empirista, não racionalista, sobre a questão da linguagem. Assim, aprendemos que a Linguística Cognitiva compreende a linguagem como parte integrante dos processos gerais da cognição humana e da nossa relação com o mundo. Estudamos, ainda, aspectos importantes para a Linguística Cognitiva, como a Hipótese da Corporificação, os conceitos de frames, metáfora e metonímia, além de abordarmos, brevemente, a Gramática das Construções, a Teoria dos Protótipos, os Modelos Cognitivos Idealizados, entre tantos outros pilares da chamada Linguística Cognitiva. Diante de abordagens teóricas tão recentes no campo dos estudos linguísticos, fica o desafio de continuar os estudos e aprender mais sobre a pesquisa linguística acerca da linguagem e a produção de sentido. Podcast Neste podcast, será feito um apanhado geral das características dos estudos da Linguística Cognitiva e de seus principais conceitos. Explore + Para maior aprofundamento do conteúdo estudado: Leia o artigo O surgimento da Linguística Cognitiva, de Cristiane F. Moreira, publicado nos Anais do 12º ENFOPE (Encontro Internacional de Formação de Professores) e disponível no portal do evento. Leia o artigo Introdução à Linguística Cognitiva, de Valéria C. Chiavegatto, publicado na Revista Matraga e disponível no Portal de Publicações Eletrônicas da UERJ. Leia o artigo Metáforas, protótipos e esquemas imagéticos: como a linguagem revela os caminhos da mente, de Naira A. Velozo, publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional de Linguística e Filologia e disponível no portal Filologia.Org. Assista ao vídeo Linguística Cognitiva: O que é? Para onde vai?, uma mesa-redonda com Lilian Ferrari, Maíra Avelar e Diogo Pinheiro, disponível no canal da ABRALIN no YouTube. Assista ao vídeo Linguística Cognitiva e Ensino, uma mesa-redonda Antônio Suárez Abreu e Mônica Fontenelle Carneiro, disponível no canal da ABRALIN no YouTube. Assista ao vídeo Linguística Cognitiva e Produção Textual, uma palestra com Antônio Suárez Abreu disponível no canal Observatório Unifran no YouTube. Referências ANDRADE, A. F. A Gestalt na avaliação da simbologia pictórica com base em tarefas de leitura de mapas. Tese (Doutorado em Ciências Geodésicas). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014. CEZARIO, M.M.; ALONSO, K.S. A contribuição do modelo da construcionalização e mudanças construcionais: reflexões em português. Revista Soletras, v. 1, 2019. FAUCONNIER, G; TURNER, M. Blending as a Central Process of Grammar, In: GOLDBERG, A. (Ed.). Conceptual Structure and Discourse. Stanford: CSLI Publications, 1996. GERHARDT, A. F. L. M. Integração conceptual, formação de conceitos e aprendizado. Revista Brasileira de Educação, v. 15 n. 44 maio-ago. 2010. LEITÃO DE ALMEIDA, M. L. et al. Breve introdução à Linguística Cognitiva. In: LEITÃO DE ALMEIDA, M. L. et al. Linguística cognitiva: morfologia e semântica. 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