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UNIDADE V

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Direito dos Idosos e das 
Pessoas com Deficiência
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Revisão Textual:
Prof. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Estatuto da Pessoa com Deficiência – 1ª Parte
• A Lei n.º 13.146/15
• Denominações
• Definição de Pessoa com Deficiência
• Igualdade e não Discriminação
• Capacidade Civil das Pessoas com Deficiência
• A Tomada de Decisão Apoiada
• Atendimento Prioritário
• Acessibilidade
• Direito de Acesso à Informação e à Comunicação
• Direito à Participação na Vida Pública e Política
 · Iniciar o estudo do Estatuto da Pessoa com Deficiência, iniciando 
com o conceito que a Lei deu para enquadramos as pessoas que são 
destinatárias da proteção especial dada por essa norma.
 · O Estatuto apresenta amplo detalhamento de diversas necessidades 
das pessoas com deficiência, almejando, em especial, trazer condições 
para que elas tenham as mesmas oportunidades e acessos que as 
demais pessoas desfrutam em nossa sociedade.
 · As medidas inclusivas estabelecidas pelo Estatuto trazem uma nova 
forma no trato das relações das pessoas com deficiência, a sociedade 
e o Poder Público.
 · Essa importante norma busca alterar algumas situações de extrema 
injustiça que estão consolidadas em nossa sociedade e, em grande 
parte, suas diretivas têm como destinatárias as pessoas sem deficiência, 
para que mudem barreiras comportamentais e uma postura omissiva 
em relação às necessidades desse importante grupo social.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Estatuto da Pessoa com Defi ciência – 
1ª Parte
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Estatuto da Pessoa com Deficiência – 1ª Parte
A Lei n.º 13.146/15
A Lei n.º 13.146, de 6 de julho de 2015, foi denominada pelo próprio legislador 
como Estatuto da Pessoa com Deficiência e como Lei Brasileira de Inclusão 
da Pessoa com Deficiência.
Essa norma também menciona de forma expressa que sua elaboração teve por 
base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo 
Facultativo, que foi aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações 
Unidas em 13 de dezembro de 2006.
Denominações
O Estatuto adotou, a exemplo do que ocorre com a Convenção da ONU, a 
denominação pessoa com deficiência.
Essa denominação se afastou da utilizada pela Constituição Federal, ou seja, 
pessoa portadora de deficiência, que era criticada por alguns pois a pessoa não 
“porta” a deficiência.
A denominação pessoa com necessidades especiais não deve ser adotada 
como expressão sinônima, pois ela é imprecisa e também abrange outros grupos 
vulneráveis, tais como idosos e gestantes.
De qualquer maneira, essas denominações se afastam de formas, em muito 
desrespeitosas, que eram utilizadas para se referir às pessoas deficientes, tal como 
no anterior Código Civil (Lei n.º 3.071, de 1º de janeiro de 1916) que se referia 
às pessoas com doenças mentais como “loucos de todo o gênero” – Inciso II do 
Artigo 5º.
Definição de Pessoa com Deficiência
O artigo 2º do Estatuto apresenta a definição de pessoa com deficiência:
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 2° - Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedi-
mento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou senso-
rial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua 
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições 
com as demais pessoas.
Essa definição não foca somente a limitação da pessoa; somada com “outras 
barreiras”, pode trazer como consequência obstruir a participação “plena e efetiva” 
da pessoa em igualdade de condições com as demais.
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É uma definição muito mais abrangente e mostra que a deficiência tem como 
principal consequência impossibilitar que a pessoa tenha plena igualdade. Contudo, 
esse afastamento se dá, em grande parte, em razão das barreiras formadas pelo 
descaso que historicamente esse grupo social muitas vezes recebeu da sociedade, 
de suas famílias e do Poder Público.
Ela também mostra que a inclusão da pessoa com deficiência somente ocorrerá 
em nossa sociedade se houver a remoção dessas barreiras que, diga-se de passagem, 
não são poucas.
Uma primeira reflexão sobre esse tema pode levar à ideia de que essas barreiras 
são somente físicas, mas não é essa a forma como a Lei trata desse assunto.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 3° - Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
[...]
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento 
que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, 
a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de 
movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à 
compreensão, à circulação com segurança, entre outros [...]
Após apresentar essa definição, o Estatuto apresenta algumas das principais 
formas que essas barreiras podem assumir:
• Barreiras urbanísticas;
• Barreiras nos transportes;
• Barreiras nas comunicações;
• Barreiras atitudinais;
• Barreiras tecnológicas.
Outro ponto que chama a atenção é que em uma rápida comparação entre o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência e outras normas que buscam a proteção de 
grupos vulneráveis, tais como o Estatuto do Idoso, é possível constatar que ele é 
extremamente detalhado, chegando a estabelecer minúcias em diversas situações 
do cotidiano. Não são meros detalhes, mas uma amostra de que para as pessoas 
com deficiência coisas corriqueiras podem representar enormes dificuldades, que 
as demais pessoas nem sempre conseguem entender. São essas barreiras que o 
Estatuto, de forma reiterada, busca “apresentar” para todos com a intenção de que 
sejam vistas e retiradas.
Quando a avaliação da deficiência for necessária, ela não se restringirá às 
eventuais causas biológicas, sendo que o Estatuto determina que essa avaliação 
seja “biopsicossocial” e realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar, 
devendo considerar:
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UNIDADE Estatuto da Pessoa com Deficiência – 1ª Parte
• Os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
• Os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
• A limitação no desempenho de atividades;
• A restrição de participação.
Igualdade e não DiscriminaçãoNa linha do Princípio Constitucional da Igualdade (caput do artigo 5º de nossa 
Constituição Federal), o Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece que ela 
tenha direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e que não pode 
sofrer nenhuma espécie de discriminação em razão de sua condição.
Elas devem ser protegidas de toda as formas de negligência, discriminação, 
exploração, violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desumano ou 
degradante. Nesse particular, em relação à essa necessidade de proteção, devem ser 
consideradas especialmente vulneráveis as crianças, os adolescentes, as mulheres 
e os idosos com deficiência.
Decorre dessa proteção o dever de todos de comunicar às autoridades competen-
tes qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos da pessoa com deficiência.
Para deixar bem claro o que se considera discriminação em relação à pessoa 
com deficiência, o Estatuto apresenta a sua definição:
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 4º [...]
§ 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma 
de distinção, restrição ou exclusão, por ação ou omissão, que tenha o 
propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento 
ou o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com 
deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento 
de tecnologias assistivas.
[...]
Dessa definição, precisamos destacar que a discriminação em razão de defici-
ência não se realiza somente por ações, mas também por omissão, devendo ser 
destacadas as hipóteses de recusa de adaptações razoáveis e de fornecimento de 
tecnologias assistivas.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
[...]
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispo-
sitivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objeti-
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vem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação 
da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua 
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social;
[...]
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários 
e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando 
requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência 
possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com 
as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais;
Como as pessoas com deficiência historicamente foram submetidas a tratamentos 
discriminatórios que lhes causaram menores oportunidades, tais como para 
obtenção de empregos e de acesso à Educação; a sociedade e o Poder Público, 
particularmente nas últimas décadas, criaram as chamadas ações afirmativas, que 
têm o escopo de reparar essas distorções. Porém, a pessoa com deficiência pode 
optar em não fruir os benefícios que essas medidas podem proporcionar.
Capacidade Civil das Pessoas 
com Defi ciência
Há no Direito Civil dois importantes conceitos que se inter-relacionam de forma 
expressiva, são eles: personalidade e capacidade.
Os artigos 1º e 2º do Código Civil tratam da personalidade:
Código Civil
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
A rt. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
A personalidade é a aptidão de ser titular de direitos e obrigações na esfera civil, 
sendo que todos os seres humanos que nascem com vida possuem esse atributo.
Dessa forma, por exemplo, um recém-nascido pode receber de presente de seus 
pais um imóvel, sendo que esse poderá, normalmente, ser registrado em seu nome.
Já a capacidade se refere à possibilidade ou não de a pessoa realizar atos da vida 
civil (comprar, vender, doar, emprestar, casar etc.) sem contar com alguém que, no 
mínimo, auxilie-a.
Em regra, todas as pessoas possuem plena capacidade civil; contudo, algumas 
possuem restrições dessa capacidade, sendo chamadas de relativamente incapazes 
e absolutamente incapazes.
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UNIDADE Estatuto da Pessoa com Deficiência – 1ª Parte
O absolutamente incapaz, em razão de sua condição pessoal, não participa 
da formação de atos da vida civil que são realizados em seu nome, razão pela 
qual eles são representados por outra pessoa que atua em seu nome. Usando 
o exemplo acima, na aquisição de um imóvel por um recém-nascido, os atos de 
transmissão da propriedade serão realizados em nome do beneficiário; contudo, 
ele será representado por seus pais, por exemplo, na lavratura da escritura.
Já o relativamente incapaz participa da formação dos atos da vida civil que 
são realizados em seu nome, mas precisa ser assistido por outra pessoa. Assim, 
por exemplo, se um imóvel é adquirido em nome de um adolescente de 17 anos 
de idade ele participará, entre outros atos, da lavratura da escritura de compra 
e venda, sendo que assinará esse documento; porém, também será necessária a 
assinatura de seus pais para que esse ato tenha plena validade.
Na redação original do Código Civil tínhamos que:
• Os absolutamente incapazes eram (Art. 3º):
 » Os menores de dezesseis anos; 
 » Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos;
 » Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
• Os relativamente incapazes eram (Art. 4º):
 » Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
 » Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, 
tenham o discernimento reduzido;
 » Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
 » Os pródigos.
Os relativa ou absolutamente incapazes que se encontram sob o poder familiar 
são representados ou assistidos, em regra, pelos seus pais. Os maiores de 18 anos 
que se enquadram em algumas das situações em que a capacidade é minorada 
devem ser representados ou assistidos por um curador que é nomeado em um 
processo judicial.
O curador era responsável pela pessoa do curatelado e pela gestão do seu 
patrimônio, dentro dos limites estipulados na Lei.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência realizou diversas modificações nessa 
forma de tratar a capacidade civil dos integrantes desse grupo social.
Em primeiro lugar, foram alteradas as relações constantes do Código Civil – 
Artigos 3º e 4º - dos absoluta e dos relativamente incapazes:
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Código Civil
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os 
exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem 
exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
Ficou claro que a deficiência não traz, em regra, consequências para a capaci-
dade civil.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 6° A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclu-
sive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a 
informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante 
ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
A curatela para pessoas com deficiência continua sendo possível, mas sempre 
como medida extraordinária, devendo ser constituída por decisão judicial; contudo, 
diferentemente do que ocorria, somente se aplica à prática de atos relacionados 
aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
Nesses casos, a curatela constitui medida protetiva extraordinária, proporcional 
às necessidades e às circunstânciasde cada caso, e durará o menor tempo possível. 
Ela não alcança direitos personalíssimos da pessoa com deficiência, ou seja, o 
direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, 
à saúde, ao trabalho e ao voto.
Outra possibilidade que a pessoa com deficiência pode fazer uso para ter maior 
segurança em suas decisões sobre atos da vida civil é utilizar o processo de tomada 
de decisão apoiada.
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UNIDADE Estatuto da Pessoa com Deficiência – 1ª Parte
A Tomada de Decisão Apoiada
Nesse processo, a pessoa com deficiência, inicialmente, escolhe pelo menos duas 
pessoas idôneas com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança 
para lhe prestar apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil de qualquer 
natureza – não se restringindo a questões negociais ou patrimoniais.
Esses apoiadores têm a função de fornecer à pessoa com deficiência elementos 
e informações necessárias para que possa exercer sua capacidade e tomar a me-
lhor decisão.
A pessoa com deficiência e os apoiadores então estabelecem, por meio de um 
termo, os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, 
inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos 
interesses da pessoa que devem apoiar.
Esse ato será apresentado em juízo pela pessoa a ser apoiada. O juiz, assistido 
por equipe multidisciplinar, irá colher a manifestação do Ministério Público e, em 
seguida, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.
Em seguida, o juiz irá decidir sobre o pedido de homologação e, sendo deferido, 
essa forma de apoio à pessoa com deficiência poderá se iniciar, tendo validade 
e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que esteja inserida nos limites do 
apoio acordado.
Aquele que está realizando a relação negocial com a pessoa assistida pode 
solicitar que os apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, especificando, 
por escrito, sua função em relação ao apoiado.
Havendo divergência de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores 
durante um negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, a questão 
será levada a juízo e este deverá decidir a questão; antes, contudo, deverá conhecer 
a manifestação do Ministério Público.
Se ficar caracterizado que um dos apoiadores está agindo com negligência, 
exerce pressão indevida ou não cumpre com as obrigações assumidas, poderá a 
pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou 
ao juiz. Se for verificada a procedência da denúncia, o juiz deve destituir o apoiador 
e nomear, ouvida a pessoa apoiada, outra pessoa para exercer essa função.
A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado 
em processo de tomada de decisão apoiada.
Há, também, a possibilidade do apoiador poder solicitar ao juiz a exclusão de sua 
participação do processo de tomada de decisão apoiada, sendo que essa somente 
se dará após a decisão do magistrado.
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Atendimento Prioritário
Estabelece o Estatuto que a pessoa com deficiência tem direito de receber aten-
dimento prioritário, em diversas situações, tais como:
• Proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
• Atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao público;
• Disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos, que garan-
tam atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas;
• Disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de 
transporte coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no 
desembarque;
• Acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis;
• Recebimento de restituição de Imposto de Renda;
• Tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em que for 
parte ou interessada, em todos os atos e diligências.
Acessibilidade
A acessibilidade é definida no Artigo 53 do Estatuto:
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência 
ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus 
direitos de cidadania e de participação social.
Em razão da importância que o direito de acessibilidade tem para a pessoa com 
deficiência, a observância das normas que a garantem passa a ser exigida para:
• Aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico ou de comunicação e infor-
mação, fabricação de veículos de transporte coletivo, prestação do respectivo 
serviço e execução de qualquer tipo de obra, quando tenham destinação pú-
blica ou coletiva;
• Outorga ou renovação de concessão, permissão, autorização ou habilitação de 
qualquer natureza;
• Aprovação de financiamento de projeto com utilização de recursos públicos, 
por meio de renúncia ou de incentivo fiscal, contrato, convênio ou instrumento 
congênere; e
• Concessão de aval da União para obtenção de empréstimo e de financiamento 
internacionais por entes públicos ou privados.
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UNIDADE Estatuto da Pessoa com Deficiência – 1ª Parte
Muito antes do Estatuto da Pessoa com Deficiência, já havia a preocupação de 
se garantir a acessibilidade desse grupo social em edificações, vias urbanas e nos 
equipamentos de transporte coletivo, tudo isso em decorrência do disposto no § 2º 
do Artigo 227 e no Artigo 244 da Constituição Federal. Particularmente, devem 
ser citadas as seguintes leis que tratam desse assunto:
• Lei n.º 10.098/00 – que estabelece normas gerais e critérios básicos para 
a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com 
mobilidade reduzida;
• Lei n.º 12.587/12 – que instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobili-
dade Urbana.
Para se garantir o pleno acesso das pessoas com deficiência, a regra geral deve 
ser o emprego do desenho universal, que é definido pelo Estatuto como sendo:
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 3° Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se:
[...]
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e 
serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação 
ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva;
Cabe ao Poder Público fomentar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a 
inovação e a capacitação tecnológicas, destinadas à melhoria da qualidade de vida 
e ao trabalho da pessoa com deficiência e sua inclusão social.
Quando da construção, reforma, ampliação ou mudança de uso de edificações 
abertas ao público, de uso público ou privadas de uso coletivo, os projetos deverão 
ser concebidos e executados de modo a torná-las acessíveis.
Já em relação às edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes, 
devem ser adotadas medidas e intervenções para garantir acessibilidade à pessoa 
com deficiência, em todas as suas dependências e serviços. 
Quando o funcionamento de qualquer tipo de atividade depender de alvará 
concedido pelo Poder Público, este somente poderá ser dado se houver a observância 
das normas de acessibilidade.
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Direito de Acesso à Informação 
e à Comunicação
A necessidade que todos temos de ter acesso à informação e à comunicação é 
um traço marcante de nossos tempos e não pode ser diferente para as pessoas com 
deficiência. Pensando assim, o Estatuto criou diversas regras sobre esse assunto.
As disposições sobre o direito de acesso à informação e à comunicação se 
iniciam com a previsão de que empresas com sede ou representação comercial no 
País e os órgãos de governo que possuam sítios na Internet devem utilizar técnicas 
de acessibilidade para que possam ser normalmente utilizados por pessoas com 
deficiência. Além disso, para facilitar a visualização, os sites devem conter símbolo 
de acessibilidade em destaque.
Por ocasião da análise de pedidos de financiamento de projetos com a utilização 
de recursos públicos, a verificação do site da Empresa na Internet e o cumprimento 
das normas de acessibilidade são alguns dos elementos que devem ser considerados.
Já as empresas prestadoras de serviçosde telecomunicações deverão garantir 
pleno acesso à pessoa com deficiência, cabendo ao Poder Público incentivar a 
oferta de aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibilidade que, entre 
outras tecnologias assistivas, possuam possibilidade de indicação e de ampliação 
sonoras de todas as operações e funções disponíveis.
Em relação aos serviços de radiodifusão de sons e imagens (em especial, a 
Televisão), os canais e as operadoras devem oferecer uso dos seguintes recursos, 
entre outros:
• Subtitulação por meio de legenda oculta – conhecido como closed caption;
• Janela com intérprete de libras;
• Audiodescrição.
Sobre os livros, deve o Poder Público adotar mecanismos de incentivo para a 
produção e a comercialização de livros em formatos acessíveis. Além de outros 
mecanismos de incentivo, o Poder Público, nos editais de compra de livros para 
Bibliotecas Públicas, deve estipular cláusulas de impedimento à participação de 
Editoras que não ofertem sua produção também em formatos acessíveis.
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UNIDADE Estatuto da Pessoa com Defi ciência – 1ª Parte
Quando da realização de Congres-
sos, Seminários, Oficinas e demais 
eventos de natureza científico-cultu-
ral, a Instituição que promove esses 
eventos deve oferecer à pessoa com 
deficiência, no mínimo, os recursos 
de tecnologia assistiva previstos para 
as empresas de televisão.
Para as publicações, o Estatuto considera 
como sendo formatos acessíveis os arqui-
vos digitais que possam ser reconhecidos 
e acessados por softwares leitores de telas 
ou outras tecnologias assistivas que vierem 
a substituí-los, permitindo leitura com voz 
sintetizada, ampliação de caracteres, dife-
rentes contrastes e impressão em Braille.
Direito à Participação na 
Vida Pública e Política
O Poder Público deve adotar medidas que objetivem garantir à pessoa com 
deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de exercê-los em igualdade 
de condições com as demais pessoas.
Esse direito de participação deve assegurar o direito de votar e de ser votado, 
inclusive por meio das seguintes ações:
• Garantia de que os procedimentos, as instalações, os materiais e os equipa-
mentos para votação sejam apropriados, acessíveis a todas as pessoas e de 
fácil compreensão e uso, sendo vedada a instalação de seções eleitorais exclu-
sivas para a pessoa com deficiência;
• Incentivo à pessoa com deficiência a se candidatar e a desempenhar quaisquer 
funções públicas em todos os níveis de governo, inclusive por meio do uso de 
novas tecnologias assistivas, quando apropriado;
• Garantia de que os pronunciamentos oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória 
e os debates transmitidos pelas emissoras de Televisão possuam, pelo menos, 
os recursos que são obrigatórios para as transmissões por esse meio;
• Garantia do livre exercício do direito ao voto e, para tanto, sempre que ne-
cessário e a seu pedido, permissão para que a pessoa com deficiência seja 
auxiliada na votação por pessoa de sua escolha.
Entre outros, essas disposições têm como objetivos maior inclusão das pessoas 
com deficiência em processos decisivos para a nossa sociedade, tal como na 
formação das Leis e na discussão de temas da maior relevância para a nossa 
sociedade. Se elas não participam dessas discussões, correm o risco de não serem 
lembradas – o que, historicamente, sempre ocorreu em nosso país.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Estatuto da Pessoa com Deficiência
https://goo.gl/JaPrwY
Lei n.º 10.098/00
Lei que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade 
das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
https://goo.gl/PZ9k3Y
Lei n.º 12.587/12
Lei que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana.
https://goo.gl/PCJ1J
Deficientes Enfrentam Dificuldades de Locomoção na Região de Tatuí
Reportagem do site G1 com o título.
https://goo.gl/030f8T
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UNIDADE Estatuto da Pessoa com Deficiência – 1ª Parte
Referências
ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de direito 
constitucional. 18.ed. São Paulo: Verbatim, 2014.
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito 
Civil. Parte geral. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. v.1.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil. Parte geral. 15.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017. v. 1.
LEITE, Flavia Piva; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; COSTA FILHO, Waldir Macieira 
da (coord.). Comentários ao estatuto da pessoa com deficiência. São Paulo: 
Saraiva, 2016.
LEMBO, Cláudio. A pessoa: seus direitos. Barueri: Manole, 2007.
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, 
comentários aos Arts. 1º ao 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, 
doutrina e jurisprudência. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003 (Coleção Temas Jurídicos).
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamen-
tais na Constituição Federal de 1988. 3.ed. Porto Alegre: Livraria do Advoga-
do, 2004.
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