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PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Veja bem a situação! Esse processo, ou como alguns autores denominam, essa fase, só se inicia com a condenação ou a absolvição imprópria. Logo, é imperioso concluir que tais decisões precisam transitar em julgado para que possam gerar efeitos. Isso porque, no Brasil, ainda está em vigor o princípio constitucional da presunção de inocência, previsto no art. 5º, inc. LVII, segundo o qual o réu deve ser tratado como inocente, durante toda a ação penal, pelo que o Estado não pode antecipar os efeitos de uma condenação provisória. a execução penal é um momento em que o Estado atinge o direito de liberdade do condenado (direito fundamental), cuja restrição será intensificada ou atenuada a partir do comportamento do preso (verificado em concreto) e de questões objetivas cumpridas pelo delinquente. Nesse sentido, compreendemos que a execução penal é uma fase processual (ou processo autônomo) que tramita no âmbito judicial e que deve respaldar-se em princípios que garantam o cumprimento dos direitos fundamentais dos presos enquanto eles estiverem sob a responsabilidade do Estado. PRINCIPIO DA LEGALIDADE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA IGUALDADE EXAME DE CLASSIFICAÇÃO Conforme nos ensina Uzeda (2016), o exame de classificação tem o objetivo de adequar a pena à personalidade do infrator assim que este ingressa ao sistema penitenciário, fazendo com que a sanção corresponda a alguns aspectos importantes, tais como: personalidade, antecedentes, vida familiar e a capacidade/aptidão para trabalhar. Isso tudo favorece o quê? A individualização, ou seja, a personalização da pena para cada indivíduo condenado “Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal ou estadual, incumbe: De todas essas tarefas das quais o CNPCP está incumbido, torna- se primordial ter conhecimento de que é por meio deste órgão que o Estado editou a resolução de nº 16/2003 (além daquela resolução já mencionada anteriormente). Através deste provimento foram estabelecidas diretrizes básicas de política criminal. Segundo Rodrigo Roig (2014), essa resolução tem o objetivo de prevenir a prática de crimes, bem como estabelecer parâmetros da administração da justiça durante o período da execução penal. JUIZO DE EXECUÇÃO De acordo com Renato Marcão (2014), o extenso rol de competências atribuídas como atividades do juiz de execução representa uma prova cabal de que o cumprimento da pena deve estar respaldado pelos princípios que guiam o processo constitucional (provido com princípios constitucionais processuais). DUAS DOUTRINAS Quanto a isso, há duas doutrinas. A primeira diz que cabe ao magistrado que proferiu a sentença condenatória apreciar qualquer controvérsia, ainda que o estabelecimento prisional esteja em local diverso da comarca da qual o juiz sentenciante é titular. Assim como Renato Marcão (2014), discordamos desse entendimento. • Pena privativa da liberdade: a competência será do juiz de execução da comarca onde se situa o estabelecimento prisional que, por sua vez, deve se situar o mais próximo possível do domicílio do condenado. Isso pode ser na própria cidade onde reside, se não houver, numa comarca contígua, vizinha e assim por diante. • Pena restritiva de direito, suspensão condicional da pena e livramento condicional: competência do juiz do domicílio do sentenciado. • Condenado com foro especial por prerrogativa de função: a competência continua sendo do tribunal onde tramitou o processo de conhecimento. Desse modo, seria do STF a competência para apreciar a execução dos crimes pelos quais um deputado foi condenado no mesmo órgão. • Pena de multa: a competência é da Vara da Fazenda Pública. Eventualmente, um indivíduo pode ser condenado a pagar um valor a título de multa penal. Nesse caso, a competência será do magistrado da Fazenda Pública para executar a dívida. Como assim, cometer crime doloso ou ser condenado por crime anterior? Qual é a diferença? No primeiro caso, o delinquente pratica um crime durante a execução da pena. No segundo caso, ele é condenado por um crime anterior ao início da execução. Assim, somando as duas penas poderá regredir de um regime mais ameno para outro mais rígido. E a falta grave, o que significa? De acordo com o art. 50 da LEP (BRASIL, 1984), comete falta grave o condenado que agir contra a ordem ou a disciplina do estabelecimento, fugir, possuir uma arma, provocar um acidente de trabalho, descumprir as condições impostas no regime aberto, descumprir os deveres do art. 39 da LEP, tiver aparelho celular ou qualquer outro com o qual se comunica com pessoas de fora, dentre outros motivos do art. 51 da mesma lei. DEPEN O DEPEN é um órgão executivo responsável por acompanhar e controlar o cumprimento das normas contidas na LEP. De acordo com o Ministério da Justiça (2014), ao qual este órgão também se encontra subordinado, o DEPEN é o responsável por seguir a aplicação das diretrizes de política penitenciária nacional e é este mesmo órgão que será responsável pelo gerenciamento do Fundo Penitenciário Nacional. PATRONATOS Nessas hipóteses, principalmente entre os condenados à prestação de serviço ou que cumprem o livramento condicional, os patronatos podem fiscalizar o cumprimento, por parte dos sentenciados, verificando às condições pactuadas entre estes e o magistrado, em juízo, como pressuposto para o exercício desse benefício. DIRETOR DO PRESIDIO PODE APLICAR SANSAO QUE ELE MESMO FEZ? Não pode! O órgão competente para proferir essa decisão, que agrava o exercício da liberdade pelo condenado, é justamente o juiz de execução. Quem nos informa isso são os artigos 66 e seguintes da Lei de Execução Penal. Aliás, é essa mesma lei que dispõe sobre faltas graves e as hipóteses para punição. INDENIZAÇÃO ART 387 Caso o ofendido considere que os prejuízos não foram completamente ressarcidos com o valor determinado na sentença condenatória, o atingido pelo ato criminoso poderá pleitear uma indenização, por meio de uma ação civil ex delicto, através da qual será obrigado a pagar danos morais e materiais provocados por ocasião da atividade delitiva. Tudo isso encontra respaldo nos artigos 63 e 64 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941). SANCOES Para aqueles que cumprem a pena restritiva de direito, as sanções de natureza leve e média serão aplicadas pelo respectivo estabelecimento onde o condenado cumpre a pena. Já a falta grave será punida pelo juiz, em razão das seguintes hipóteses, art. 51 da LEP (BRASIL, 1984): 1. Descumprir, injustificadamente, a restrição imposta. 2. Retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta. 3. Inobservar os deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 da LEP REGIME PROGRESSAO Com o objetivo de conceder gradualmente a liberdade para o preso que tiver demonstrado bom comportamento durante a execução da sua respectiva pena, o ordenamento jurídico brasileiro prevê que o condenado terá direito de ingressar a regime menos severo, desde que tenha cumprido os seguintes períodos da pena: • 1/6 da pena – regra para quase todos os crimes. • 2/5 da pena – para os crimes hediondos. • 3/5 da pena – reincidentes de crimes hediondo. DIVISAO DE PRESOS Resumindo, fica assim: presos provisórios ficam de um lado, primários de outro e reincidentes separados deles também. Podem até dividir a mesma estrutura arquitetônica, isto é, o mesmo complexo, mas serão separados por alas, edifícios ou celas. TIPOS DE PRISAO SUPERMAX COLONIAS AGRICOLAS INDUSTRIAS OU SIMILARES Em seguida, devemos esclarecer aquelas, já não tão famosas assim, colônias agrícolas, industriais ou similares, destinadas aos presos que se encontram cumprindo a pena em regime semiaberto. Existem três situações diversas em razão das quais o preso é encaminhado para essas colônias,vamos ver? • Quando o indivíduo é condenado à pena de detenção (acima de quatro anos). • Quando o indivíduo é condenado à reclusão (entre quatro a oito anos, nesta última hipótese se as circunstâncias elencadas no art. 59 favorecerem). • Quando o indivíduo é condenado for condenado ao regime aberto e sofrer regressão por falta grave cometida. CASA DO ALBERGADO Segundo o art. 93 da LEP (BRASIL, 1984), a casa de albergado é destinada para o preso condenado ao regime aberto, bem como para os que sofreram a limitação de fim de semana (pena restritiva de direito) ou que tenha sido beneficiado pela progressão de regime (semiaberto para o aberto). Nesse modelo prisional, tenta-se distanciar de qualquer elemento que nos remeta à ideia de cárcere. HOSPITAL DE CUSTODIA > TRATAMENTO AMBULATORIAL CADEIA PUBLICA As cadeias públicas foram concebidas para abrigar presos que tenham sido encaminhados ao estabelecimento prisional por motivos exclusivamente cautelares, quais sejam: prisão em flagrante, temporária e preventiva TRABALHO NA PRISAO o trabalho do preso, por ocasião da execução da pena, deve servir a dois objetivos: o primeiro deles é a questão educativa; o segundo é a produtiva. O autor quer dizer com isso que o presidiário terá a oportunidade de aprender um novo ofício, ou mesmo, aprimorar-se numa atividade que já tinha prévio conhecimento. Servirá também para possibilitar que os danos causados sejam pagos, prover o sustento do presidiário (quando concluir a execução) e da sua própria família durante o cumprimento da sanção penal. TRABALHO EXTERNO Vejamos como cada um irá exercer esse direito a depender do regime ao qual esteja submetido: • Aos presos do regime aberto, existem poucas dúvidas quanto ao modo de funcionamento do trabalho externo. Embora o art. 114, inc. I da LEP tenha condicionado o exercício de algum trabalho com a concessão da progressão ou da manutenção do regime aberto, o Superior Tribunal de Justiça julgou recentemente um caso, em que o interessado-preso pleiteava a mudança de regime sem comprovar qualquer vínculo empregatício (BRASIL, 1984). O STJ considerou que não se poderia cobrar de um presidiário o exercício de um direito, cuja condição não dependeria exclusivamente dele. Cientes de que o mercado de trabalho encontra-se cada vez mais competitivo, é natural que o empregador prefira contratar indivíduos sem antecedentes criminais a pessoas que estejam cumprindo a pena ou que sejam egressas do sistema penitenciário. Assim, o desemprego não deve ser tratado como falta, indisciplina ou algo que desabone a conduta do preso, mas sim uma realidade social em relação à qual o sentenciado não pode prejudicar- se por isso. Concluindo os aspectos mais relevantes sobre o regime aberto, também é importante mencionar que se disponibiliza a remição em favor do condenado dentro desse regime, contudo, de acordo com Marcelo Uzeda (2016), só teria direito de se beneficiar o sentenciado que esteja estudando, já que o trabalho seria um “pressuposto” não excludente (com aquela reserva que já vimos). • E quanto aos presos do regime fechado e semiaberto? Essa disciplina é um pouco diversa. De acordo com o art. 36 da LEP, o preso que esteja no regime fechado somente poderá trabalhar fora do estabelecimento prisional (ou seja, do local onde cumpre a pena), mediante o preenchimento de algumas condições, quais sejam: haja demanda em serviço e/ou obra pública executado por órgãos do Estado ou por empresas privadas; desde que também estejam precavidas com vigilância ostensiva para manter a disciplina e evitar fugas. Por fim, a quantidade de presidiários não pode ultrapassar 10% do número de trabalhadores da empresa (BRASIL, 1984). CUMPRIMENTO DA PENA Qual era, afinal, a grande celeuma por trás dessa discussão no Brasil? Dizia-se o seguinte, caso o legislador ordinário pudesse definir o regime de cumprimento, por todo o período da pena, tem-se que três princípios constitucionais que estariam seriamente atingidos. São os princípios da: RESSOCIALIZAÇAO INDIVIDUALIZAÇÃO HUMANIZAÇAO DA PENA
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