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2 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 4 
2 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER .......................................................... 5 
3 FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER ........................................................ 6 
3.1 Como o organismo se defende? ................................................. 12 
3.2 Estadiamento .............................................................................. 14 
4 CLASSIFICAÇÃO DO CÂNCER ........................................................ 17 
4.1 Uma classificação para o câncer no século xxi ........................... 17 
5 NOÇÕES SOBRE TERAPÊUTICA ONCOLÓGICA .......................... 21 
6 PRINCIPAIS TIPOS DE TUMORES .................................................. 25 
6.1 Tumores mais frequentes ............................................................ 25 
7 PERSPECTIVA HISTÓRICA DO CÂNCER ....................................... 29 
7.1 O câncer como problema médico ............................................... 30 
8 ABORDAGEM PSICOSSOCIAL AO PACIENTE EM TRATAMENTO32 
9 A EXPERIÊNCIA ONCOLÓGICA AO LONGO DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO 37 
9.1 O câncer na infância ................................................................... 37 
9.2 A Criança com Câncer: ............................................................... 38 
9.3 A Família da Criança Portadora de Câncer:................................ 39 
10 O CÂNCER NA ADOLESCÊNCIA ................................................. 41 
11 O CÂNCER NA VELHICE .............................................................. 43 
12 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA SOBREVIVÊNCIA NO CÂNCER........
 45 
 
3 
 
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para 
que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça 
a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância 
exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um 
horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A 
vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A 
organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos 
definidos para as atividades. 
 
 Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER 
 
Fonte: google.com.br 
 
A prevenção e controle do câncer representa um dos grandes desafios que a 
saúde pública enfrenta. A epidemiologia do câncer consiste na descrição da 
distribuição dos tipos mais incidentes de câncer, por meio do tempo, e tem sido uma das 
principais estratégias para o estabelecimento de diretrizes em políticas públicas e, 
principalmente, para o planejamento de ações de prevenção e controle do câncer. 
(SCHAVINSKI, 2019) 
A incidência do câncer é importante por possibilitar a definição dos fatores de 
risco e das prioridades em relação à prevenção, planejamento e gerenciamento dos 
serviços de saúde. A mortalidade por câncer, embora seja importante, não permite o 
entendimento da real magnitude do problema, pois existem centenas de tipos diferentes 
de tumores malignos, que apresentam letalidade maior ou menor. (SCHAVINSKI, 2019) 
Apesar dos desafios enfrentados nos cenários nacional e mundial, o 
reconhecimento de que o Brasil se situa entre os que mais têm avançado na consolidação 
 
6 
 
de um sistema integrado de vigilância de informações sobre câncer, tendo inclusive, 
nesse campo, contribuído com as experiências exitosas sobre as estimativas na região 
das Américas e no contexto mundial. (SCHAVINSKI, 2019) 
O registro estatístico do câncer é um desafio, principalmente para países em 
desenvolvimento como o Brasil. A estratégia tem sido manter e fortalecer centros de 
informação (Registros de Câncer de Base Populacional e Hospitalares – RCBP/RHC) 
que permitam monitorar a situação do câncer como parâmetro para todo o país. 
(SCHAVINSKI, 2019) 
2 FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER 
A palavra câncer vem do grego karkínos, que quer dizer caranguejo (Figura 1), e 
foi utilizada pela primeira vez por Hipócrates, o pai da medicina (Figura 2), que viveu entre 
460 e 377 a.C. (MINISTÉRIO DA SAÚDE) 
O câncer não é uma doença nova. O fato de ter sido detectado em múmias 
egípcias comprova que ele já comprometia o homem há mais de 3 mil anos antes de 
Cristo. (MINISTÉRIO DA SAÚDE) 
 Atualmente, câncer é o nome geral dado a um conjunto de mais de 100 doenças, 
que têm em comum o crescimento desordenado de células (Figura 3), que tendem a 
invadir tecidos e órgãos vizinhos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE) 
 
 
7 
 
 
O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no 
DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades. As 
alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que a 
princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os proto-oncogenes tornam-
se oncogene, responsáveis por transformar as células normais em células cancerosas. 
(INCA,2019) 
 
Fonte: Inca.gov.br 
As células que constituem os animais são formadas por três partes: a membrana 
celular, que é a parte mais externa; o citoplasma (o corpo da célula); e o núcleo, que 
contém os cromossomos, que, por sua vez, são compostos de genes. Os genes são 
arquivos que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas 
e atividades das células no organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita 
nos genes, numa "memória química" - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do 
DNA que os cromossomos passam as informações para o funcionamento da célula. 
(INCA,2019) 
 
8 
 
O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese 
e, em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula 
cancerosa se dê prolifere origem a um tumor visível. Os efeitos cumulativos de diferentes 
agentes cancerígenos ou carcinógenos são os responsáveis pelo início, promoção, 
progressão e inibição do tumor. (INCA,2019) 
A carcinogênese é determinada pela exposição a esses agentes, em uma dada 
frequência e em dado período de tempo, e pela interação entre eles. Devem ser 
consideradas, no entanto, as características individuais, que facilitam ou dificultam a 
instalação do dano celular. Esse processo é composto por três estágios (INCA,2019): 
➢ Estágio de iniciação: os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos, 
que provocam modificações em alguns de seus genes. Nessa fase, as 
células se encontram geneticamente alteradas, porém ainda não é 
possível se detectar um tumor clinicamente. Elas encontram-se 
"preparadas", ou seja, "iniciadas" para a ação de um segundo grupo de 
agentes que atuará no próximo estágio. (INCA,2019) 
 
 
Fonte: Inca.gov.br 
 
 
 
9 
 
➢ Estágio de promoção: as células geneticamente alteradas, ou seja, 
"iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como 
oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de 
forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário 
um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A 
suspensão do contato com agentes promotoresmuitas vezes interrompe 
o processo nesse estágio. Alguns componentes da alimentação e a 
exposição excessiva e prolongada a hormônios são exemplos de fatores 
que promovem a transformação de células iniciadas em malignas. 
(INCA,2019) 
 
 
Fonte: Inca.gov.br 
 
➢ Estágio de progressão: se caracteriza pela multiplicação descontrolada e 
irreversível das células alteradas. Nesse estágio, o câncer já está 
instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas 
da doença. Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da 
carcinogênese são chamados agentes oncoaceleradores ou 
 
10 
 
carcinógenos. O fumo é um agente carcinógeno completo, pois possui 
componentes que atuam nos três estágios da carcinogênese. (INCA,2019) 
 
 
Fonte: Inca.gov.br 
 
 
 
 
O câncer é causado por alterações da estrutura genética (DNA) das células, as 
chamadas mutações. Cada célula sadia possui instruções de como devem proceder, ou 
seja, como crescer e se dividir, o período de funcionamento e de sua morte. Na presença 
de qualquer erro nestas instruções pode surgir uma célula alterada que venha a se tornar 
cancerosa. (INCA,2019) 
 
➢ Multiplicam-se de maneira desordenada e descontrolada, ou seja, elas se 
dividem mais rapidamente do que as células normais do tecido à sua volta, 
e o crescimento celular torna-se contínuo. O excesso de células vai 
invadindo progressivamente todo o organismo, adoecendo todo o corpo. 
Geralmente, têm capacidade para formar novos vasos sanguíneos que as 
 
11 
 
nutrirão e manterão as atividades de crescimento descontrolado. 
(INCA,2020) 
 
➢ O acúmulo dessas células desordenadas dá origem aos tumores 
malignos. (INCA,2020) 
 
➢ As células possuem a capacidade de se desprenderem do tumor e de se 
deslocar. Invadem inicialmente os tecidos vizinhos, podendo chegar ao 
interior de um vaso sanguíneo ou linfático e, através desses disseminar-
se, chegando a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, 
formando o que chamamos de as metástases. Dependendo do tipo da 
célula do tumor, alguns dão metástases mais rápido e mais precocemente, 
outros o fazem bem lentamente ou até não o fazem. (INCA,2020) 
 
➢ As células cancerosas são, geralmente, menos especializadas nas suas 
funções do que as suas correspondentes normais. Conforme as células 
cancerosas vão substituindo as normais, os tecidos invadidos vão 
perdendo suas funções. Por exemplo, a invasão dos pulmões gera 
alterações respiratórias, a invasão do cérebro pode gerar, alterações 
neurológicas, etc. (INCA,2020) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
Fonte: Inca.gov.br 
Sendo assim, as células cancerosas apresentam quatro características que as 
distinguem das células normais: proliferação descontrolada, diferenciação e perda de 
função, poder de invasão e capacidade de sofrer metástases. (INCA,2020) 
 
2.1 Como o organismo se defende? 
No organismo, existem mecanismos de defesa naturais que o protegem das 
agressões impostas por diferentes agentes que entram em contato com suas diferentes 
estruturas. Ao longo da vida, são produzidas células alteradas, mas esses mecanismos 
de defesa possibilitam a interrupção desse processo, resultando em sua eliminação. A 
integridade do sistema imunológico, a capacidade de reparo do DNA danificado por 
agentes cancerígenos e a ação de enzimas responsáveis pela transformação e 
eliminação de substâncias cancerígenas introduzidas no corpo são exemplos de 
mecanismos de defesa. (INCA,2020) 
 
13 
 
Esses mecanismos, próprios do organismo, são na maioria das vezes 
geneticamente pré-determinados, e variam de um indivíduo para outro. Esse fato explica 
a existência de vários casos de câncer numa mesma família, bem como o porquê de nem 
todo fumante desenvolver câncer de pulmão. (INCA,2020) 
O sistema imunológico desempenha um importante papel nesse mecanismo de 
defesa. Ele é constituído por um sistema de células distribuídas numa rede complexa de 
órgãos, como o fígado, o baço, os gânglios linfáticos, o timo e a medula óssea, e também 
circulando na corrente sanguínea. Esses órgãos são denominados órgãos linfoides e 
estão relacionados com o crescimento, o desenvolvimento e a distribuição das células 
especializadas na defesa do corpo contra os ataques de "invasores estranhos". Dentre 
essas células, os linfócitos desempenham um papel muito importante nas atividades do 
sistema imune, relacionadas às defesas no processo de carcinogênese. (INCA,2020) 
Cabe aos linfócitos a atividade de atacar as células do corpo infectadas por vírus 
oncogênicos (capazes de causar câncer) ou as células em transformação maligna, bem 
como de secretar substâncias chamadas de linfocinas. As linfocinas regulam o 
crescimento e o amadurecimento de outras células e do próprio sistema imune. Acredita-
se que distúrbios em sua produção ou em suas estruturas sejam causas de doenças, 
principalmente do câncer. (INCA,2020) 
A compreensão dos exatos mecanismos de ação do sistema imunológico 
contribuirá para a elucidação de diversos pontos importantes para o entendimento da 
carcinogênese e, portanto, para novas estratégias de tratamento e de prevenção do 
câncer. (INCA,2020) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2.2 Estadiamento 
A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na 
constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita 
ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. (INCA,2019) 
Estadiar um caso de câncer significa avaliar seu grau de disseminação. Para tal, 
há regras internacionalmente estabelecidas, as quais estão em constante 
aperfeiçoamento. (INCA,2019) 
O estádio de um tumor reflete não apenas a taxa de crescimento e a extensão 
da doença, mas também o tipo de tumor e sua relação com o hospedeiro. (INCA,2019) 
A classificação das neoplasias malignas em grupos obedece a diferentes 
variáveis: localização, tamanho ou volume do tumor, invasão direta e linfática, 
metástases a distância, diagnóstico histopatológico, produção de substâncias, 
manifestações sistêmicas, duração dos sinais e sintomas, sexo e idade do paciente, etc. 
(INCA,2019) 
Diversos sistemas de estadiamento poderiam ser concebidos, tendo por base 
uma ou mais das variáveis mencionadas. (INCA,2019) 
O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União 
Internacional para o Controle do Câncer (UICC), denominado Sistema TNM de 
Classificação dos Tumores Malignos. Esse sistema baseia-se na extensão anatômica da 
doença, levando em conta as características do tumor primário (T), as características dos 
linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N), e 
a presença ou ausência de metástases a distância (M). Estes parâmetros recebem 
graduações, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente. 
(INCA,2019) 
Além das graduações numéricas, as categorias T e N podem ser subclassificadas 
em graduações alfabéticas (a, b, c). Tanto as graduações numéricas como as alfabéticas 
expressam o nível de evolução do tumor e dos linfonodos comprometidos. O símbolo "X" 
é utilizado quando uma categoria não pode ser devidamente avaliada. (INCA,2019) 
Quando as categorias T, N e M são agrupadas em combinações pré-
estabelecidas, ficam distribuídas em estádios que, geralmente, variam de I a IV. Estes 
 
15 
 
estádios podem ser subclassificados em A e B, para expressar o nível de evolução da 
doença. (INCA,2019) 
Entretanto, existem sistemas de classificação que utilizam algarismos romanos 
sem que estes resultem da combinação de valores de T, N e M, como ocorre no 
estadiamento da doença de Hodgkin e dos linfomas malignos. Estes também são 
subclassificados em A e B, significando, respectivamente, ausência ou presença de 
manifestações sistêmicas. (INCA,2019) 
Grupos que se dedicam ao estudo de tumores específicos costumam 
desenvolver sistemas próprios deestadiamento, mesmo que o tumor já possua regras 
de classificação pela UICC. Isto não significa que os sistemas sejam incompatíveis, mas 
que se complementam. É o caso, por exemplo, dos sistemas de estadiamento que 
expressam a classificação do tumor através de letras maiúsculas (A, B, C, D), tal como 
ocorre nos tumores de próstata, bexiga e intestino. Outro exemplo se verifica com o 
estadiamento dos tumores ovarianos (UICC e Federação Internacional de Ginecologia e 
Obstetrícia - Figo), atualmente compatibilizados. (INCA,2019) 
O estadiamento pode ser clínico e patológico. O estadiamento clínico é 
estabelecido a partir dos dados do exame físico e dos exames complementares 
pertinentes ao caso. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no 
exame anatomopatológico da peça operatória. É estabelecido após tratamento cirúrgico 
e determina a extensão da doença com maior precisão. O estadiamento patológico pode 
ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores. 
(INCA,2019) 
Independentemente do tipo de sistema utilizado para a classificação anatômica 
do tumor, este deve ser classificado quanto ao grau de diferenciação histológica, que 
varia de Gx a G4. Por vezes, a própria denominação patológica do tumor inclui a sua 
diferenciação - é o caso do adenocarcinoma gástrico classificado como "difuso de 
Lauren" (mal diferenciado) ou do "tipo intestinal de Lauren" (bem diferenciado). 
(INCA,2019) 
Tendo em vista que um órgão pode apresentar vários tipos histológicos de tumor, 
é de se esperar que os sistemas de estadiamento variem com a classificação 
 
16 
 
histopatológica do mesmo. Por exemplo, os sistemas de estadiamento do câncer gástrico 
da UICC e da SJCG só são aplicáveis ao adenocarcinoma de estômago. (INCA,2019) 
O estadiamento implica que tumores com a mesma classificação histopatológica 
e extensão apresentam evolução clínica, resposta terapêutica e prognóstico 
semelhantes. (INCA,2019) 
A determinação da extensão da doença e a identificação dos órgãos por ela 
envolvidos auxiliam nas seguintes etapas: (INCA,2019) 
 
➢ Obtenção de informações sobre o comportamento biológico do tumor; 
➢ Escolha da terapêutica; 
➢ Previsão das complicações; 
➢ Obtenção de informações sobre o prognóstico do caso; 
➢ Avaliação dos resultados do tratamento; 
➢ Investigação em oncologia: pesquisa clínica, publicação de resultados e 
troca de informações. 
 
Os parâmetros de estadiamento devem incluir os fatores relacionados ao tumor 
e ao hospedeiro, quais sejam: (INCA,2019) 
 
➢ Órgão e tecido de origem do tumor; 
➢ Classificação histopatológica do tumor; 
➢ Extensão do tumor primário: tamanho ou volume; invasão de tecidos 
adjacentes; comprometimento de nervos, vasos ou sistema linfático; 
➢ Locais das metástases detectadas; 
➢ Dosagem de marcadores tumorais; 
➢ Estado funcional do paciente. 
 
O conhecimento do diagnóstico histopatológico do tumor não é pré-requisito para 
seu estadiamento. Em consulta de primeira vez, suspeitado o diagnóstico de neoplasia 
maligna, o médico deve, a partir do conhecimento da história natural do tumor, identificar 
 
17 
 
queixas e buscar sinais que se associam ao mesmo, procurando assim avaliar a extensão 
da doença. (INCA,2019) 
Às vezes, o estadiamento só pode ser estabelecido por meio de procedimentos 
cirúrgico-terapêuticos, como no caso de tumor de ovário, no qual é indicada cirurgia para 
ressecção do tumor e inventário da cavidade abdominal. (INCA,2019) 
Enfim, o estadiamento de uma neoplasia maligna requer, por parte do médico, 
conhecimentos básicos sobre o comportamento biológico do tumor que se estadia e 
sobre o sistema de estadiamento adotado. (INCA,2019) 
Um estadiamento bem conduzido leva a condutas terapêuticas corretamente 
aplicadas. (INCA,2019) 
 
3 CLASSIFICAÇÃO DO CÂNCER 
3.1 Uma classificação para o câncer no século XXI 
Apesar de todos os avanços da medicina, o câncer continua a ser uma doença 
fortemente estigmatizada. Diante desse diagnóstico, é razoável que o paciente queira se 
submeter a um ou mais tratamentos que “cortem o mal pela raiz”. Mas, por incrível que 
pareça, muitos tumores malignos são pouco agressivos e não precisam de tratamento. 
São os tumores de comportamento indolente, que se desenvolvem lentamente e não se 
espalham para outros tecidos e órgãos. Apesar desse conhecimento, ainda é muito difícil 
aceitar a opção de conviver com o tumor quando o laudo de exames aponta a presença 
de um carcinoma. Por conta dessa diferença no comportamento dos tumores malignos, 
apesar de todos serem classificados como câncer, um grupo de estudiosos propõe uma 
mudança na nomenclatura, em busca de uma classificação mais contemporânea para 
determinados tipos da doença. (INCA, 2012) 
Em março de 2012, o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI) 
reuniu especialistas para discutir a questão do sobrediagnóstico: quando são detectados 
tumores que, sem tratamento, não se tornariam clinicamente aparentes ou causariam 
mortes. Esses tumores são descobertos, em sua maioria, a partir de estratégias de 
 
18 
 
rastreamento (realização de exames de diagnóstico em uma determinada população 
assintomática). O sobrediagnóstico normalmente leva ao tratamento desses tumores, o 
que é conhecido como sobretratamento. “Essa situação não é exclusiva da oncologia. As 
tecnologias de rastreamento acabam detectando alterações com as quais os pacientes 
viveriam normalmente sem nunca descobri-las e morreriam por outras causas”, comenta 
Carlos José de Andrade, chefe do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital do Câncer I 
do INCA. (INCA, 2012) 
No final de agosto deste ano, profissionais da Universidade da Califórnia, da 
Universidade do Texas e do Cancer Research Center, em Washington, publicaram no 
Journal of American Medical Association artigo sobre seu ponto de vista acerca dessa 
questão. O texto sintetiza as recomendações do grupo de trabalho formado a partir da 
reunião promovida pelo NCI, com o intuito de desenvolver uma estratégia para aprimorar 
a abordagem para rastreamento e prevenção do câncer. Entre as recomendações está 
uma mudança na terminologia do câncer, que passaria a ser aplicada somente para 
descrever “lesões com razoável probabilidade de progressão letal se deixadas sem 
tratamento”. “Essa discussão é muito importante e precisa ser levantada. Hoje está tudo 
em um mesmo pacote. Doenças com comportamentos completamente distintos são 
classificadas como câncer”, considera Antonio Carlos Lima Pompeo, diretor-responsável 
por uroncologia da Sociedade Brasileira de Urologia e professor da Faculdade de 
Medicina do ABC. (INCA, 2012) 
Os especialistas acreditam que há pelo menos duas possibilidades de mudança. 
A primeira se refere a condições pré-malignas, como o hoje chamado carcinoma ductal 
in situ (tipo de câncer de mama) e a neoplasia intraepitelial da próstata, que não deveriam 
ser classificados como câncer nem ter as palavras “carcinoma” e “neoplasia” em seus 
nomes. Os pesquisadores acreditam que, assim, os pacientes ficariam menos 
assustados e buscariam menos tratamentos desnecessários e potencialmente 
prejudiciais, que podem incluir a remoção de mamas. “Esses tumores já não são 
reconhecidos como câncer, mas como pré-câncer. Eles são localizados no órgão afetado, 
não possuem a característica de invadir outros tecidos e não causam metástases. A 
mudança na nomenclatura traria mais tranquilidade também para os médicos na hora de 
 
19 
 
observar uma condição como esta”, afirma Ruffo de Freitas Júnior, diretor da Escola 
Brasileira de Mastologia da Sociedade Brasileira de Mastologia. (INCA, 2012) 
A segunda mudança sugerida se refere a tumores indolentes e de baixo risco. 
Para isso, os pesquisadores acreditam que testes de diagnóstico molecular precisarão 
ser adotados e validados para identificação desses tipos de câncer. Eles passariam a serchamados de lesões indolentes de origem epitelial – IDLE, na sigla em inglês. O grupo 
de especialistas aponta como passíveis de reclassificação tumores encontrados por meio 
de testes de rastreamento para detecção precoce de câncer de mama, próstata, tireoide 
e pulmão. Este último passou a contar com estratégias de rastreio por meio de 
tomografias de baixa dosagem para fumantes de alto risco nos Estados Unidos. “Apesar 
de realmente haver a possibilidade de alguns tumores no pulmão terem característica 
indolente, hoje em dia não há nenhuma ferramenta confiável que consiga definir o 
comportamento biológico de um câncer no pulmão. Isso torna impossível qualquer 
mudança na nomenclatura desses tumores neste momento”, contrapõe Gustavo Prado, 
consultor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. (INCA, 2012) 
O grupo não propõe uma mudança imediata na terminologia, mas sim a abertura 
do debate sobre a necessidade de se buscar uma classificação mais contemporânea que 
responda às tecnologias de diagnóstico e rastreamento disponíveis atualmente. “No caso 
do câncer de mama, apesar de não haver consenso dentro da Sociedade Brasileira de 
Mastologia, acredito que já haja a possibilidade de mudança de nomenclatura, em 
especial do carcinoma ductal in situ. A nomenclatura dá ao oncologista clínico e ao 
cirurgião a sensação de que já é câncer, remetendo assim a tratamentos mais agressivos. 
A retirada do termo ‘carcinoma’ também geraria menos estresse para os pacientes”, 
considera Ruffo de Freitas Júnior. (INCA, 2012) 
O advento de tecnologias de rastreamento ultrassensíveis nos últimos anos 
ampliou a probabilidade de se detectarem tumores com comportamento indolente que 
provavelmente nunca causariam nenhum problema significativo. “Algumas estratégias de 
rastreamento, como do câncer do colo do útero e de intestino, mostraram-se efetivas em 
reduzir o número de diagnósticos tardios. Outras, como de mama e de próstata, 
ampliaram a identificação de tumores em estágios muito iniciais, mas sem ter impacto na 
redução de diagnósticos tardios. Esses tumores muito iniciais acabam levando a 
 
20 
 
tratamentos muitas vezes desnecessários. Por isso, é importante se discutir a efetividade 
dessas estratégias e testar todas as tecnologias disponíveis”, afirma Carlos José de 
Andrade. (INCA, 2012) 
Anderson Silvestrini, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica 
(SBOC), acredita que essa proposta ainda precisa ser muito discutida e que há riscos 
com a mudança. “Podemos perder muitos pacientes no acompanhamento, já que há o 
risco de eles ignorarem a doença, uma vez que ‘não se trata de um câncer’. Mesmo para 
um carcinoma ductal in situ há possibilidade de evolução, e é preciso que o médico faça 
um acompanhamento muito próximo do paciente para detectar qualquer possibilidade de 
alteração para um comportamento mais agressivo”, comenta o presidente da SBOC. 
Anderson acredita que a conscientização para derrubar o estigma atrelado ao câncer 
possa ser um caminho menos radical para enfrentar o problema do sobretratamento. Em 
sua opinião, com menos medo da doença, os pacientes estariam mais dispostos a se 
submeter a esquemas terapêuticos menos agressivos. (INCA, 2012) 
“Independentemente de mudança na nomenclatura, é preciso que as pessoas 
estejam conscientes sobre a existência de diferentes tipos de câncer numa mesma 
localização e de diferentes comportamentos da doença. Os pacientes devem estar muito 
bem informados sobre a sua condição”, destaca Carlos José de Andrade. (INCA, 2012) 
 
 
21 
 
4 NOÇÕES SOBRE TERAPÊUTICA ONCOLÓGICA 
 
Google.com.br 
Após o diagnóstico da doença, o médico discutirá com o paciente as opções de 
tratamento, que dependerão do tipo e estágio do tumor, localização, estado de saúde 
geral do paciente e dos possíveis efeitos colaterais. (ONCOGUIA, 2020) 
 
Os principais tipos de tratamentos contra o câncer são: 
 
• Cirurgia: A cirurgia oncológica é o mais antigo tipo de terapia contra o 
câncer. É o principal tratamento utilizado para vários tipos de câncer e 
pode ser curativo quando a doença é diagnosticada em estágio inicial. A 
cirurgia também pode ser realizada com objetivo de diagnóstico, como na 
biopsia cirúrgica, alívio de sintomas como a dor e em alguns casos de 
remoção de metástases quando o paciente apresenta condições 
favoráveis para a realização do procedimento. (ONCOGUIA, 2020) 
 
• Quimioterapia: O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos 
anticancerígenos para destruir as células tumorais. Por ser um tratamento 
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cirurgia/136/50/
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/quimioterapia/3701/50/
 
22 
 
sistêmico, atinge não somente as células cancerosas como também as 
células sadias do organismo. De forma geral, a quimioterapia é 
administrada por via venosa, embora alguns quimioterápicos possam ser 
administrados por via oral e pode ser feita aplicando um ou mais 
quimioterápicos. A quimio de acordo com seu objetivo, pode ser curativa 
(quando usada com o objetivo de obter o controle completo do tumor), 
adjuvante (quando realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as 
células cancerígenas remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva 
e metástases à distância), neoadjuvante (quando realizada para reduzir o 
tamanho do tumor, visando que o tratamento cirúrgico possa ter maior 
sucesso) e paliativa (sem finalidade curativa, é utilizada para melhorar a 
qualidade da sobrevida do paciente). (ONCOGUIA, 2020) 
 
• Radioterapia: É o uso das radiações ionizantes para destruir ou inibir o 
crescimento das células anormais que formam um tumor. Existem vários 
tipos de radiação, porém as mais utilizadas são as eletromagnéticas 
(Raios X ou Raios gama) e os elétrons (disponíveis em aceleradores 
lineares de alta energia). Embora as células normais também possam ser 
danificadas pela radioterapia, geralmente elas podem se reparar, o que 
não acontece com as células cancerígenas. A radioterapia é sempre 
cuidadosamente planejada de modo a preservar o tecido saudável, tanto 
quanto possível. No entanto, sempre haverá tecido saudável que será 
afetado pelo tratamento, provocando possíveis efeitos colaterais. Existem 
vários tipos de radioterapia e cada um deles têm uma indicação específica 
dependendo do tipo de tumor e estadiamento da doença: radioterapia 
externa, radioterapia conformacional 3D, radioterapia de intensidade 
modulada (IMRT), radiocirurgia estereotáxica (Gamma Knife) e 
braquiterapia. A radioterapia pode ser utilizada como o tratamento 
principal do câncer, como tratamento adjuvante (após o tratamento 
cirúrgico), como tratamento neoadjuvante (antes do tratamento cirúrgico), 
http://www.oncoguia.org.br/radioterapia
 
23 
 
como tratamento paliativo, para alivio de sintomas da doença como dor ou 
sangramento e para o tratamento de metástases. (ONCOGUIA, 2020) 
 
• Hormonioterapia: É uma modalidade terapêutica que tem como objetivo 
impedir a ação dos hormônios em células sensíveis. Algumas células 
tumorais possuem receptores específicos para hormônios, como os de 
estrógeno, progesterona e andrógeno e em alguns tipos de câncer, como 
o de mama e de próstata, esses hormônios são responsáveis pelo 
crescimento e proliferação das células malignas. Portanto a 
hormonioterapia é uma forma de tratamento sistêmico que leva à 
diminuição do nível de hormônios ou bloqueia a ação desses hormônios 
nas células tumorais, com o objetivo de tratar os tumores malignos 
dependentes do estímulo hormonal. A hormonioterapia pode ser usada de 
forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas. 
(ONCOGUIA, 2020) 
 
• Terapia Alvo: É um tipo de tratamento sistêmico que utiliza 
medicamentos alvo moleculares que atacam especificamente ou ao 
menos preferencialmente determinados elementos encontrados na 
superfície ou no interior das células cancerosas. Cada tipo de terapiaalvo 
funciona de uma maneira diferente, mas todos alteram a forma como uma 
célula cancerígena cresce, se divide, se auto repara, ou como interage 
com outras células. Os medicamentos alvo moleculares podem ser 
utilizados de forma isolada ou em combinação com outras formas 
terapêuticas. (ONCOGUIA, 2020) 
 
• Imunoterapia: É um tratamento biológico cujo objetivo é potencializar o 
sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pelo próprio 
paciente ou em laboratório. O sistema imunológico é responsável por 
combater infecções, além de outras doenças. Atuando no bloqueio de 
determinados fatores, a imunoterapia provoca o aumento da resposta 
http://www.oncoguia.org.br/imunooncologia/
 
24 
 
imune, estimulando a ação das células de defesa do organismo, fazendo 
que essas células reconheçam o tumor como um agente agressor. 
(ONCOGUIA, 2020) 
 
• Medicina Personalizada: É um conceito que visa tratar a saúde do 
paciente de maneira exclusiva, analisando cada caso individualmente, 
levando em conta informações individualizadas em relação à história e 
dados clínicos, genéticos (genes), genômicos (DNA) e ambientais do 
paciente. A medicina personalizada considera cada paciente único e pode 
ser utilizada para entender a genética de uma pessoa e compreender a 
biologia do tumor. Com base nessas informações, os médicos esperam 
identificar estratégias de prevenção, rastreamento e tratamento que 
possam ser mais eficazes e com menos efeitos colaterais do que seria 
esperado em tratamentos convencionais. (ONCOGUIA, 2020) 
 
• Transplante de Medula Óssea: A medula óssea é encontrada no interior 
dos ossos e contêm as células-tronco, responsáveis pela formação dos 
componentes do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos 
(glóbulos brancos) e plaquetas. O transplante de medula óssea (TMO) é 
a coleta da medula óssea para o tratamento de alguns tipos de câncer, por 
exemplo, leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. Após quimioterapia em 
altas doses, associada ou não à radioterapia, o paciente (receptor) recebe 
a medula óssea por meio de uma transfusão, provenientes do próprio 
paciente ou de um doador. O transplante de medula óssea pode ser: 
alogênico (quando a medula ou as células precursoras provêm de outro 
indivíduo (doador), o doador e o receptor são pessoas diferentes) ou 
autólogo (quando a medula ou as células precursoras provêm do próprio 
indivíduo transplantado, o doador e o receptor são a mesma pessoa). 
(ONCOGUIA, 2020) 
 
 É importante que todas as opções de tratamento sejam sempre discutidas com o 
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/o-que-e/6864/840/
 
25 
 
médico, bem como sua eficácia e seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar 
a decisão que melhor se adapte às necessidades de cada paciente. (ONCOGUIA, 2020) 
5 PRINCIPAIS TIPOS DE TUMORES 
O câncer é o principal problema de saúde pública no mundo e já está entre as 
quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria 
dos países. A incidência e a mortalidade por câncer vêm aumentando no mundo, em 
parte pelo envelhecimento, pelo crescimento populacional, como também pela mudança 
na distribuição e na prevalência dos fatores de risco de câncer, especialmente aos 
associados ao desenvolvimento socioeconômico. Verifica-se uma transição dos 
principais tipos de câncer observados nos países em desenvolvimento, com um declínio 
dos tipos de câncer associados a infecções e o aumento daqueles associados à melhoria 
das condições socioeconômicas com a incorporação de hábitos e atitudes associados à 
urbanização (sedentarismo, alimentação inadequada, entre outros) (BRAY et al., 2018). 
A mais recente estimativa mundial, ano 2018, aponta que ocorreram no mundo 
18 milhões de casos novos de câncer (17 milhões sem contar os casos de câncer de pele 
não melanoma) e 9,6 milhões de óbitos (9,5 milhões excluindo os cânceres de pele não 
melanoma). O câncer de pulmão é o mais incidente no mundo (2,1 milhões) seguido pelo 
câncer de mama (2,1 milhões), cólon e reto (1,8 milhão) e próstata (1,3 milhão). A 
incidência em homens (9,5 milhões) representa 53% dos casos novos, sendo um pouco 
maior nas mulheres, com 8,6 milhões (47%) de casos novos. Os tipos de câncer mais 
frequentes nos homens foram o câncer de pulmão (14,5%), próstata (13,5%), cólon e reto 
(10,9%), estômago (7,2%) e fígado (6,3%). Nas mulheres, as maiores incidências foram 
câncer de mama (24,2%), cólon e reto (9,5%), pulmão (8,4%) e colo do útero (6,6%) 
(BRAY et al., 2018). 
5.1 Tumores mais frequentes 
• No mundo, o câncer de pulmão configura-se entre os principais em 
incidência, ocupando a primeira posição entre os homens e terceira 
 
26 
 
posição entre as mulheres. O total de casos novos estimados para essa 
doença, em 2018, no mundo, representou 1,37 milhão de casos novos em 
homens e 725 mil casos novos em mulheres, correspondendo a um risco 
estimado de 35,5/100 mil homens e 19,2/100 mil mulheres. As maiores 
taxas de incidência de câncer de pulmão foram observadas na Micronésia, 
Polinésia, e em países do Leste Europeu em homens e na América do 
Norte e nos países do Oeste Europeu nas mulheres (BRAY et al., 2018; 
FERLAY et al., 2018). Observa-se, no mundo, um declínio na tendência 
das taxas de incidência para esse câncer nos homens, ao contrário do que 
vem sendo observado com relação às taxas de incidência nas mulheres. 
Essa diferença é reflexo dos padrões de adesão e cessação do tabagismo 
(LORTET-TIEULENT et al., 2015; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER 
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2019). Outros fatores de risco são 
exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos (asbesto, sílica, 
urânio, cromo e radônio) e altas doses de suplementos de betacaroteno 
em fumantes e ex-fumantes (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019a; 
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA 
SILVA, 2019). 
 
 
 
• No mundo, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres. Em 
2018, ocorreram 2,1 milhões de casos novos, o equivalente a 11,6% de 
todos os cânceres estimados. Esse valor corresponde a um risco estimado 
de 55,2/100 mil. As maiores taxas de incidência esperadas foram na 
Austrália e Nova Zelândia, nos países do Norte da Europa e na Europa 
Ocidental (BRAY et al. 2018; FERLAY et al., 2018). Independentemente 
da condição socioeconômica do país, a incidência desse câncer se 
configura entre as primeiras posições das neoplasias malignas femininas. 
Observou- -se um declínio na tendência das taxas de incidência em alguns 
países desenvolvidos, parte atribuída à diminuição do tratamento da 
 
27 
 
reposição hormonal em mulheres pósmenopausa (BRAY et al. 2018; 
FERLAY et al., 2018). Não existe somente um fator de risco para câncer 
de mama, no entanto a idade acima dos 50 anos é considerada o mais 
importante (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR 
GOMES DA SILVA, 2019). Outros fatores que contribuem para o aumento 
do risco de desenvolver a doença são fatores genéticos (mutações dos 
genes BRCA1 e BRC2) e fatores hereditários (câncer de ovário na família) 
(BRAY et al. 2018; FERLAY et al., 2018), além da menopausa tardia 
(fatores da história reprodutiva e hormonal), obesidade, sedentarismo e 
exposições frequentes a radiações ionizantes (fatores ambientais e 
comportamentais) (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ 
ALENCAR GOMES DA SILVA, 2019). 
 
• O câncer de cólon e reto abrange os tumores que se iniciam na parte do 
intestino grosso (chamada cólon) e no reto (final do intestino, 
imediatamente antes do ânus) e ânus. Também é conhecido como câncer 
colorretal. É passível de tratamento e, na maioria dos casos, é curável, 
quando detectado precocemente e ainda não atingiu outros órgãos. 
Grande parte desses tumores inicia-se a partir de pólipos, que são lesões 
benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso 
(INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DASILVA, 2019). Os principais fatores relacionados ao maior risco de 
desenvolver câncer de cólon e reto são: idade igual ou acima de 50 anos, 
obesidade, inatividade física, tabagismo prolongado, alto consumo de 
carne vermelha ou processada, baixa ingestão de cálcio, consumo 
excessivo de álcool e alimentação pobre em frutas e fibras. Existem 
fatores de origem hereditária que aumentam o risco, os quais incluem 
histórico familiar de câncer colorretal e/ou pólipos adenomatosos, algumas 
condições genéticas como a polipose adenomatosa familiar e o câncer 
colorretal hereditário sem polipose, histórico de doença inflamatória 
intestinal crônica (colite ulcerativa ou doença de Crohn) e diabetes tipo 2; 
 
28 
 
e ainda fatores como a exposição ocupacional à radiação ionizante 
(AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019a; INSTITUTO NACIONAL DE 
CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2019). 
 
• O câncer de estômago mais frequente é o do tipo adenocarcinoma, 
responsável por 95% dos casos. O adenocarcinoma de estômago atinge, 
na maioria dos casos, homens com idade entre 60 e 70 anos. Outros tipos 
de tumores, como linfomas e sarcomas, também podem ocorrer no 
estômago (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR 
GOMES DA SILVA, 2019). A infecção pela bactéria Helicobacter Pylori é 
o principal fator de risco para o câncer de estômago (INFECTION WITH 
HELICOBACTER PYLORI..., 1994; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER 
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2019; PLUMMER et al., 2015). 
Outros fatores risco relacionados ao desenvolvimento de câncer de 
estômago são: excesso de peso e obesidade; consumo de alimentos 
preservados no sal; alimentação com baixa ingestão de frutas, vegetais e 
fibra integral, o consumo excessivo de álcool e tabaco, algumas 
exposições ocupacionais, como, por exemplo, a exposição de 
trabalhadores rurais a agrotóxicos; e a exposição para a produção da 
borracha. Existem também os 38 fatores hereditários que contribuem para 
o desenvolvimento desse câncer como: o câncer hereditário difuso 
gástrico, o adenocarcinoma gástrico e a polipose proximal do estômago 
(INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA 
SILVA, 2019). 
 
• De todos as neoplasias malignas diagnosticadas no mundo, o câncer de 
pele não melanoma é o tipo mais frequente em ambos os sexos (BRAY et 
al. 2018; FERLAY et al., 2018). São mais comuns em pessoas de pele 
clara acima dos 40 anos com exceção daquelas já portadores de doenças 
cutâneas. Porém, esse perfil de idade vem se modificando com a 
constante exposição dos jovens aos raios solares (INSTITUTO 
 
29 
 
NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA, 2019). Os 
principais tipos de câncer de pele não melanoma são: o carcinoma de 
células escamosas; o carcinoma basocelular – que são a maioria dos 
casos –; e o câncer de pele melanoma (que se forma nos melanócitos), 
que cresce e se espalha mais rapidamente, apesar de ser menos comum 
(AMERICAN CANCER SOCIETY, 2019a; NATIONAL CANCER 
INSTITUTE, [20--]). 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 PERSPECTIVA HISTÓRICA DO CÂNCER 
O câncer encerra em sua história um estranho paradoxo relacionado ao fato de 
que, à medida que a medicina foi alargando os conhecimentos e desenvolvendo 
tecnologias cada vez mais poderosas contra seus nefastos efeitos, o pavor das 
populações em relação a ele também se ampliou. (TEIXEIRA, FONSECA; 2007) 
Durante muito tempo quase nada se sabia sobre a doença, e era nula a 
capacidade dos médicos em evitar o sofrimento e as mortes que causava. No entanto, o 
câncer era pouco percebido na sociedade, fazendo parte de um grande rol de mazelas 
que impingiam sofrimento e morte. Às suas vítimas, só restavam a agonia e muitas vezes 
à execração social causada pelo temor de sua contagiosidade. A partir de meados do 
século XX essa situação começou a se transformar. (TEIXEIRA, FONSECA; 2007) 
A doença é conhecida desde longa data. Egípcios, persas e indianos, 30 séculos 
antes de Cristo, já se referiam a tumores malignos, mas foram os estudos da escola 
hipocrática grega, datados do século IV a. C., que a definiram melhor, caracterizando-a 
 
30 
 
como um tumor duro que, muitas vezes, reaparecia depois de extirpado, ou que se 
alastrava para diversas partes do corpo levando à morte. Então denominado de 
carcicoma ou cirro, o câncer era visto pelos hipocráticos como um desequilíbrio dos 
fluidos que compunham o organismo. (TEIXEIRA, FONSECA; 2007) 
No início do período cristão, a medicina galênica reforçou a ideia do câncer como 
desequilíbrio de fluidos. Essa noção manteve-se presente na medicina ocidental até o 
século XVII, sendo que, a partir do século XV, a descoberta do sistema linfático fez com 
que a doença fosse relacionada ao desequilíbrio da linfa nos organismos. Pensar a 
doença como desequilíbrio de fluidos representava pensá-la como um problema orgânico 
mais geral, em que os tumores eram apenas as manifestações visíveis. Tal concepção 
desaconselhava intervenções cirúrgicas ou medicamentosas, postulando que as 
terapêuticas voltadas para a obtenção do equilíbrio corpóreo – como as sangrias – eram 
mais adequadas ao restabelecimento completo do doente. (TEIXEIRA, FONSECA; 2007) 
Somente no século XVIII, o câncer passou a ser visto como uma doença de 
caráter local. Para essa mudança mostrou-se fundamental o desenvolvimento da 
anatomia patológica e dos conhecimentos sobre as células. (TEIXEIRA, FONSECA; 
2007) 
6.1 O câncer como problema médico 
As últimas décadas do século XIX marcam um período de grandes 
transformações na medicina brasileira. Num contexto de crise sanitária e modernização 
material vivido em nossas principais capitais, teve início um processo de mudanças 
surgido no campo do ensino médico e, posteriormente, radicalizado com o surgimento de 
novos paradigmas científicos que transformariam as antigas artes de curar em ciências 
da saúde. (TEIXEIRA, FONSECA; 2007) 
Data de 1880 o início do processo de reforma do ensino médico na Faculdade 
de Medicina do Rio de Janeiro. Empreendida na gestão do Visconde de Sabóia (1880-
1889), as alterações curriculares visaram sintonizar a formação médica com o que vinha 
ocorrendo na Europa. Para tanto, o ensino de cunho prático passou a ser mais valorizado 
e foram criadas novas cadeiras – como a oftalmologia, clínica de crianças, medicina legal, 
 
31 
 
obstetrícia e psiquiatria – e laboratórios direcionados à prática da medicina experimental. 
Como resultado, a formação generalista existente até então foi substituída por uma 
crescente especialização aos poucos direcionada à medicina de cunho experimental em 
franco desenvolvimento nos países europeus. (TEIXEIRA, FONSECA; 2007) 
No que concerne aos conhecimentos médicos, esse momento foi marcado pela 
chegada ao país dos primeiros ecos da medicina dos micróbios. Fruto da aproximação 
entre a medicina experimental, a química e a biologia, a microbiologia teve grande 
desenvolvimento a partir dos trabalhos do químico francês Louis Pasteur. Os estudos 
sobre os micróbios não demorariam a chegar ao Brasil, se transformando em objeto de 
estudos de alguns médicos na Faculdade de Medicina. 
De forma geral, a medicina e a saúde pública brasileiras muito se beneficiariam 
do desenvolvimento dos conhecimentos microbiológicos. A utilização de vacinas e soros, 
contra as doenças transmissíveis, o isolamento de portadores de doenças contagiosas, 
as diversas formas de destruição de vetores de doenças transmissíveis – principalmente 
os mosquitos – e os diagnósticos bacteriológicos foram armas utilizadas pela saúde 
pública nas grandes campanhas sanitárias ocorridas no início do século XX, que lograram 
melhorar as condições de saúde das principais capitais do Sudeste brasileiro. Mas as 
transformações na atuação médica não se limitaram à ação preventiva contra as 
epidemias. No campo da cirurgia, a assepsia e as novas técnicas de anestesia 
possibilitaram aos médicos intentar com sucesso ações maisdemoradas e invasivas. 
Além disso, tanto os laboratórios de pesquisa como as enfermarias e consultórios cada 
vez mais se beneficiariam das novidades tecnológicas provenientes da utilização da 
energia elétrica na atividade medica. (TEIXEIRA, FONSECA; 2007) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 ABORDAGEM PSICOSSOCIAL AO PACIENTE EM TRATAMENTO 
Intervenções psicossociais são definidas como intervenções não farmacológicas 
que incluem componentes psicológicos, sociais e educacionais. Possuem formatos e 
focos de atenção bastante heterogêneos e procuram combinar diversas técnicas para 
atingir seus objetivos. Podem ser administradas individualmente ou em grupo, variando 
de uma a múltiplas sessões (Souza, 2009). 
As intervenções psicológicas estão entre as terapias não médicas mais populares 
para o câncer. Dentre as intervenções que apresentam bons resultados encontram-se as 
de base cognitivo-comportamental (com a aplicação de técnicas como imaginação 
guiada/visualização, reestruturação cognitiva), as comportamentais (com técnicas de 
autocontrole, relaxamento, ensaio comportamental, treino em resolução de problemas e 
em habilidades de comunicação), o uso de material educativo, a psicoeducação e o 
trabalho em grupo suportivo-expressivo (Baum & Andersen, 2001; Moyer et al., 2012; 
Osborn et al., 2006; Sharpe & Curran, 2006). 
Segundo Moyer et al. (2012), as intervenções são em geral direcionadas para as 
seguintes dimensões: preocupações físicas; habilidades funcionais; bem-estar familiar; 
bem- -estar emocional; satisfação com o tratamento; sexualidade e intimidade; 
funcionamento social. Tal lista está em consonância com o modelo proposto por Lo et al. 
 
33 
 
(2014) para atendimento em cuidados paliativos. Os autores construíram a intervenção 
denominada CALM (Managing Cancer And Living Signally), a qual se baseia em quatro 
domínios: 
 
1. Controle de sintomas e a comunicação com os profissionais; 
2. Autoconceito e relacionamento com pessoas próximas; 
3. Bem-estar espiritual e crenças/valores que fornecem significado e propósito 
de vida; 
4. Preparação para o futuro, sustentando a esperança e enfrentando a 
mortalidade. 
 
Na aplicação da intervenção CALM, todos os domínios são explorados, mas a 
discussão dos domínios depende das preocupações mais incidentes demonstrada por 
cada pessoa atendida. 
Observa-se que parece haver na literatura uma certa preferência por 
intervenções multicomponentes, nas quais diferentes técnicas são agrupadas, de acordo 
com o objetivo a ser alcançado, constituindo-se um programa de intervenção 
psicoeducacional – individual ou em grupo. A avaliação de eficácia das intervenções deve 
considerar a demanda--alvo, sendo comum, conforme Moyer et al. (2009), verificar-se: 
estados de humor; autoimagem; dor; efeitos colaterais dos tratamentos; medo de 
recorrência; percepção de suporte social; funcionamento sexual; satisfação conjugal; 
distúrbios do sono; qualidade de vida. 
A seguir serão apresentados, em ordem cronológica, estudos sobre 
intervenções. 
Em 1999, Sheard & Maguire realizaram duas metanálises e analisaram 
intervenções para tratar ou prevenir ansiedade e depressão em oncologia. A maioria das 
pesquisas incluiu pacientes sem condição psicopatológica identificada, sendo 
consideradas preventivas. Métodos para triagem de necessidade de atendimento foram 
usados em três estudos sobre ansiedade e em quatro sobre depressão. Verificaram que 
as intervenções alcançavam melhores resultados quando atendidos pacientes com 
necessidade de suporte psicológico, como também que o impacto da assistência foi 
 
34 
 
maior para o manejo da ansiedade do que da depressão. Como a necessidade de auxílio 
apareceu como variável moderadora dos resultados das intervenções, os autores 
indicaram o uso de métodos de triagem e, até mesmo, o uso de protocolos que definam 
qual o tipo de intervenção é mais indicado para cada tipo de paciente/demanda. 
Para tratamento da ansiedade, encontraram maior efeito em intervenções com 
as seguintes características: terapia em grupo, psicoeducação, técnicas de relaxamento, 
duração total entre quatro e sete horas (divididas em diferentes encontros) e participação 
de terapeuta experiente. Para depressão, apesar dos efeitos observados serem fracos, 
a participação de um terapeuta mais experiente mostrou contribuição significativa para 
melhorar o efeito das intervenções, assim como constatou-se algum resultado com grupo 
psicoeducacional e duração maior que oito encontros. Newell et al. (2002) 
Em revisão sistemática, Newell et al. (2002) analisaram pesquisas sobre a 
efetividade de intervenções para melhorar aspectos psicológicos. Para lidar com 
aspectos emocionais e afetivos relacionados ao câncer, recomendaram procedimentos 
como aconselhamento não estruturado e musicoterapia. Para o manejo do distress, o 
aconselhamento estruturado mostrou-se efetivo e para a melhoria das estratégias de 
enfrentamento indicaram terapia de grupo. Ademais, recomendaram aconselhamento 
(estruturado ou não) para melhorar o relacionamento social dos pacientes oncológicos, o 
que, segundo os autores, não foi alcançado com nenhuma outra estratégia de 
intervenção. Newell et al. (2002) salientaram que o pouco rigor metodológico da maioria 
dos estudos e as falhas na descrição dos resultados dificultaram a realização de 
recomendações mais detalhadas sobre a efetividade das intervenções psicológicas em 
oncologia, em especial para tratamento dos transtornos de humor. 
Em metanálise sobre efeitos de intervenções psicossociais na qualidade de vida, 
Rehse & Pukrop (2003) identificaram que, no geral, as intervenções psicossociais tiveram 
impacto positivo sobre a qualidade de vida dos pacientes com câncer. Constaram que o 
tamanho do efeito aumentava quando: 1. Apenas homens são tratados, provavelmente 
porque utilizam menos sua rede de suporte social e podem se sentir incomodados por 
demonstrarem necessidade de ajuda diante do sexo feminino; 2. É utilizado um programa 
educacional estruturado, no lugar de empregar isoladamente estratégias para 
desenvolver suporte social, treino em enfrentamento e psicoterapia (não verificaram 
 
35 
 
diferença significativa entre essas estratégias quando comparadas isoladamente); 3. 
Realizam-se intervenções com pelo menos 12 semanas de duração em vez de 
intervenções mais curtas; 4. Mede-se a qualidade de vida com base no autorrelato e não 
pela classificação de um observador; 5. A medida da qualidade de vida refere-se mais ao 
ajustamento funcional do que ao ajustamento emocional. 
Um dado interessante apresentado por Rehse & Pukrop (2003) foi que a duração 
da intervenção foi a variável moderadora mais importante, enquanto a qualidade da 
relação entre o paciente e o psicólogo foi o melhor preditor de sucesso da intervenção. 
O investimento na vinculação e boa relação profissional-paciente demonstrou ser fator 
chave para o sucesso das terapêuticas utilizadas. Ao final, os autores sugeriram que 
abordagens multidisciplinares envolvendo educação em saúde e tratamento psicológico 
parecem mais efetivas; que os homens deveriam ser mais encorajados a participar; e que 
as intervenções deveriam durar pelo menos 12 semanas. 
Em 2006, na metanálise desenvolvida por Osborn et al. estudou-se o efeito de 
intervenções cognitivo-comportamentais e educativas e obteve-se resultados mais 
animadores do que nas metanálises anteriores, talvez pelo crescente refinamento 
metodológico dos estudos ao longo dos anos. Identificaram que intervenções com base 
em terapia cognitiva- -comportamental individual mostraram efeito grande e significativo 
para ansiedade e depressão e percepção de qualidade de vida. Comparando pesquisas 
com follow-up de curto prazo (< oito meses) com as de longo prazo (> oito meses), 
verificaram que nenhuma intervenção produziu efeito a curto ou longo prazo para 
depressão;entretanto intervenções cognitivo-comportamentais mantiveram seus efeitos 
a curto prazo para ansiedade, e tanto a curto quanto a longo prazo na qualidade de vida. 
Sobre as características e qualidade metodológica dos estudos, felizmente, 
Moyer et al. (2009a, b) pontuaram que entre 1980 e 2005 houve melhoria, mas 
salientaram que ainda existe a necessidade de aproximar a academia da prática para 
que as evidências produzidas sejam aplicadas efetivamente na assistência. Também 
sinalizaram que mais estudos são necessários para estabelecer se tipos específicos de 
intervenção devem ser direcionados a demandas particulares e características pessoais 
ou se podem ser generalizadas para a maioria dos pacientes. Sobre isso, em nova 
revisão, Moyer et al. (2012) concluíram que desenvolver e indicar intervenções para 
 
36 
 
demandas específicas aumenta a chance de sucesso com o tratamento. Outro aspecto 
é a importância de serem instituídas estratégias para favorecer a adesão do paciente às 
intervenções psicossociais, pois não há cultura de busca por essa modalidade 
assistencial. 
Em metanálise produzida por Schneider et al. (2010), confirmou-se que o 
sucesso da intervenção tem relação com o nível de distress, aumentando quando 
utilizadas estratégias de triagem. Por outro lado, sinalizaram que mais do que identificar 
o nível de sofrimento, a identificação de fatores de risco para distress poderia auxiliar na 
prevenção de sofrimento psíquico ao longo do tratamento. Nesse sentido, Souza & Seidl 
(2014) desenvolveram instrumento para identificar risco psicológico incluindo os 
seguintes preditores: percepção da doença, suporte social emocional e instrumental, 
enfrentamento e nível de distress no momento da avaliação. Iniciativas nesse sentido, 
voltadas à psicoprofilaxia através da avaliação e intervenção precoce, podem qualificar a 
assistência em psico-oncologia como um todo. 
Quando se trata de pacientes paliativos, os autores Nissim et al. (2011) e Lo et 
al. (2014) demonstraram que intervenções psicológicas individuais são mais indicadas. 
Ambos os estudos se referem ao modelo de psicoterapia CALM, o qual é 
semiestruturado, breve (3 a 8 sessões durante 6 meses) e aborda questões práticas, 
relacionais e existenciais. Embora seja individual, é encorajado que o cuidador principal 
participe de ao menos uma sessão. Os benefícios dessa intervenção para pacientes em 
final de vida incluem redução dos sintomas depressivos, manejo da ansiedade diante da 
morte iminente e aumento do bem-estar espiritual. Incluindo as terapias complementares, 
Irwin & Hirst (2017) descreveram que existem benefícios para o manejo de ansiedade em 
pacientes em cuidados paliativos com musicoterapia, hipnoterapia, acupuntura, 
meditação, massagem, aromaterapia e arteterapia. 
Vale salientar que o efeito das intervenções psicossociais no processo de 
ajustamento do paciente com câncer pode ir além da saúde mental, incluindo melhorias 
na condição física e até mesmo aumento do tempo livre da doença. Tais aspectos estão 
sendo bastante estudados por pesquisas na área da análise biocomportamental e 
psiconeuroendocrinoimunologia. Para alcançar tais resultados, os autores também 
orientam o encaminhamento precoce para intervenções que promovam adaptação 
 
37 
 
psicológica e sugerem que as intervenções foquem em aspectos cognitivos (percepção 
e enfrentamento), comportamentais (relaxamento, comportamentos em saúde) e 
interpessoais (assertividade, manejo da raiva e suporte social) (Antoni, 2013; Fu et al., 
2016). 
 
8 A EXPERIÊNCIA ONCOLÓGICA AO LONGO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
8.1 O câncer na infância 
 
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O câncer é a principal doença causadora de morte em crianças com menos de 
15 anos de idade (op.cit). O que diferencia a manifestação do câncer infantil do adulto é 
que o primeiro geralmente afeta o sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, já o 
segundo afeta as células do epitéleo que recobre diferentes órgãos do corpo humano. 
(Instituto Nacional de Câncer [INCA], 2OO7) 
No caso do câncer infantil, ainda não são claros os fatores de risco que podem 
desencadear ou ativar a doença, ao contrária dos cânceres dos adultos, que além do 
fator hereditário, também é influenciado por fatores ambientais, hábitos alimentares, 
 
38 
 
estilo de vida e aspectos emocionais. Sendo assim, como a prevenção ainda não é 
possível, o diagnóstico precoce do câncer infantil torna-se ainda mais importante. (ABC, 
2007) 
Os tipos mais comuns de neoplasias infantis são as leucemias, os tumores do 
sistema nervoso central e os linfomas. As leucemias caracterizam-se pelo acúmulo de 
células imaturas anormais na medula óssea, sobrepondo-se ao número de células 
normais, que prejudicam a produção das células sanguíneas, já que, é na medula óssea 
que são produzidas as células que compõem o sangue. São elas: os eritrócitos (glóbulos 
vermelhos), que abastecem os tecidos com oxigênio retirado dos pulmões; os leucócitos 
(glóbulos brancos), que produzem anticorpos que protegem o organismo de infecções; e 
as plaquetas, que auxiliam a coagulação sanguínea. A leucemia é classificada como 
linfoide ou mielóide dependendo do tipo de célula sanguínea que tem sua produção 
reduzida ou impedida. (ABC, 2007; INCA, 2007) 
8.2 A Criança com Câncer: 
A infância é um período crucial na vida de qualquer sujeito. É na infância, a partir 
das vivências das relações familiares e sociais como um todo, que o indivíduo constrói 
sua relação com o próprio corpo, com o mundo externo, e a partir daí adquire uma 
estrutura de personalidade que vai ser a base para todas as suas experiências futuras. 
A doença é um evento inesperado e indesejável, e o câncer, dependendo do tipo 
e da precocidade do diagnóstico, pode causar sequelas físicas e psíquicas que serão 
marcantes para a criança. Além disso, ela tem sua rotina completamente alterada e todos 
os hábitos comuns próprios da infância tornam-se algo distante para ela devido às 
limitações que a doença e o tratamento impõem. 
A reação da criança em relação ao diagnóstico dependerá da reação de seus 
pais. A respeito disso, Dávila (2006) afirma que quando uma criança é diagnosticada com 
câncer, são os pais os primeiros a necessitarem de ajuda, pois visto que a criança 
desconhece a doença, são eles quem vão transmitir ao filho todos os sentimentos 
provocados pela descoberta do diagnóstico, e quando a família está bem orientada, os 
efeitos da doença são menos prejudiciais, pois os pais saberão manejar a situação da 
 
39 
 
melhor maneira possível para que ela não seja tão sofrida para a criança. Para o autor, 
a criança somente se depara realmente com a doença, no momento em que ela começa 
a sofrer os efeitos do tratamento, pois ela passa a ter sua vida limitada, não podendo 
realizar as atividades que costumava anteriormente. 
Ainda que a criança não tenha sido informada do diagnóstico ela também reagirá, 
não ao diagnóstico, mas a uma situação, um clima que se instalará no ambiente familiar, 
já que os pais sabem da existência da doença e seu comportamento falará de alguma 
forma que algo está errado. Romano (1999, p.32) diz que 
(...) a ignorância sobre a verdadeira condição é que alimenta a fantasia 
dos doentes, mobilizando sentimentos irracionais, e até desproporcionais de 
medo. O conhecer os dissipa (se não, atenua), reforçando sentimentos de 
cooperação, confiança e esperança. 
Sendo assim, não revelar o que está acontecendo à criança, não impede que 
está sofra e pode até ser pior, pois ao saber que algo não vai bem e ao mesmo tempo 
não saber o que se passa, faz com que a criança imagine e fantasie inúmeras situações, 
que podem até mesmo ser piores que a situação real. 
Após o impacto do diagnóstico, a criança deve lidar com a incerteza em relação 
ao futuro. A sensação de perda de controle também é outra questão com a qual a criança 
terá que lidar tendo em vistaque ela passará a depender dos outros para muitas tarefas 
que antes realizava sozinha, perderá sua privacidade, terá que se submeter a normas e 
tratamentos impostos pela equipe cuidadora, terá suas atividades limitadas e a 
superproteção de seus pais (Pedreira & Palanca, 2007). 
8.3 A Família da Criança Portadora de Câncer: 
O câncer infantil, quando confirmado, não é exclusivo da criança, mas também 
de seus pais, já que estes também terão suas vidas transformadas tanto na rotina 
doméstica quanto nos aspectos financeiro, profissional, assim como na vida conjugal. 
(Cavicchioli, 2005). 
Segundo Gotflieb (citado por Tomaz, 1997), após confirmada a neoplasia de seus 
filhos, os pais experimentam choque e desesperança. Além disso, questionam-se do 
 
40 
 
motivo pelo qual seus filhos são portadores de tal doença apesar de todo cuidado que 
ofereceram a eles desde o nascimento, o que leva a um auto- culpabilização em relação 
à doença de seus filhos, ou uma atribuição aos médicos da culpa pela demora do 
diagnóstico. 
Após o choque do diagnóstico, como responsáveis por seus filhos, os pais devem 
tomar importantes decisões em relação ao tratamento dos mesmos, que no geral são 
longos, invasivos, com efeitos colaterais bastante desagradáveis, limitam atividades 
cotidianas e em muitos casos provocam mutilações. Além disso, um câncer infantil 
sempre é permeado pelo risco de morte, e em alguns casos leva a óbito. Diante disso, 
diferentes reações são manifestadas. A questão é que diante da agressividade 
provocada pela doença, o bem-estar da criança passa a ser responsabilidade dos pais, 
já que apesar da equipe ser responsável pela realização dos procedimentos referentes 
ao tratamento, são os pais quem decidem se eles serão realizados ou não. (Cavicchioli, 
2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
9 O CÂNCER NA ADOLESCÊNCIA 
 
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O câncer na adolescência tem impacto no desenvolvimento físico e emocional 
(SEITZ; BESIER; GOLDEBECK, 2009). Em trabalho de revisão, os aspectos 
psicossociais apontam: qualidade de vida, ajustamento psicológico, sistemas de suporte, 
alterações da imagem corporal, sexualidade, educação, esperança e complicações do 
tratamento (ABRAMS; HA- ZEN; PENSON, 2007). 
A produção de conhecimento sobre o impacto do câncer infanto-juvenil após a 
descoberta da doença é abordada pela literatura nacional, apontando suas repercussões 
individuais e familiares como recidivas e cuidados paliativos (CICOGNA; NASCIMENTO; 
LIMA, 2010; REMEDI et al., 2009), porém pouco enfoque tem sido destinado às vivências 
iniciais no processo de descoberta do diagnóstico. 
Considerando a repercussão e importância do câncer na adolescência, o Sistema 
Único de Saúde (SUS), compreendido como “uma nova formulação política e 
organizacional que visa à prevenção de doenças e a proteção e recuperação da saúde” 
 
42 
 
(SANTOS; QUIN- TANILHA; DALBELLO-ARAUJO, 2010, p. 181), tem que desenvolver 
alternativas para atender a essa demanda. 
O sujeito na adolescência, compreendida não como uma fase da vida, e sim 
como uma construção histórica (OZELLA, 2003), não é visto em nossa sociedade como 
seres passíveis de adoecer. Atualmente, o adolescente é visto como um ser em fase de 
crescimento físico, emocional e intelectual. Entretanto, com o surgimento da doença, 
esse desenvolvimento é interrompido e surge a possibilidade da morte, constituindo 
assim, nesse processo, o adoecer e adolescer. 
Concorda-se com a crítica de igualdade entre os adolescentes descrita por Bock, 
Gonçalvez e Furtado (2001). Os pacientes, ao experenciarem o câncer, vão construir, 
por meio de suas vivências hospitalares e pela proximidade com as demais 
enfermidades, novas concepções sobre o processo saúde-doença. Dessa forma, os 
sujeitos sócios-históricos inseridos em espaços sociais terão acesso diferenciado aos 
serviços de saúde. 
 
 
 
 
 
43 
 
10 O CÂNCER NA VELHICE 
 
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A ocorrência das doenças reflete o modo de viver das pessoas; a forma pela qual 
o indivíduo se insere em seu espaço social e com ele se relaciona é o que desencadeia 
o processo patológico e, a partir daí, define diferentes riscos de adoecer e morrer. Os 
fatores de risco para o câncer, numa determinada população, estão associados às 
características biológicas e comportamentais dos indivíduos que a compõem, assim 
como às condições sociais, ambientais, políticas e econômicas em que estão inseridos 
(MENDONÇA; NORONHA; ALMEIDA, 2006). 
De acordo com Duarte, Nogueira-Costa e Viana (2006), a idade é um fator de 
risco para o desenvolvimento de câncer devido à duração da carcinogênese, à 
vulnerabilidade dos tecidos do idoso aos carcinógenos ambientais e a outras 
transformações que favorecem o desenvolvimento e o crescimento de tumores. Sendo 
 
44 
 
assim, embora o câncer ocorra em toda idade, a maioria das neoplasias acomete 
desproporcionalmente os pacientes idosos. (VERAS.R, 2009) 
Por outro lado, em se tratando de idosos, observa-se que, em muitos casos, o 
diagnóstico do câncer é dificultado por ser uma doença cujos sintomas comumente são 
discretos (como, por exemplo, fadiga, inapetência e dor articular) e não ser tão diferente 
de outras doenças preexistentes ou crônicas. Pode estar, ainda, relacionado às 
alterações da idade, dificultando, desse modo, o diagnóstico médico. (VERAS.R, 2009) 
Os idosos buscam colocar o câncer dentro da normalidade, na tentativa de sentir-
se “normais”, ou seja, não portadores de uma doença estigmatizante, que traz dor e 
sofrimento, conforme a cultura popular. Assim, igualando-se com os outros, sendo-como-
o-outro, os idosos podem se identificar com outras pessoas que também têm câncer e 
justificar para si mesmos que não são diferentes dos demais. (VERAS.R, 2009) 
Nesse sentido, ao comparar o câncer com uma “gripe forte”, o idoso faz 
referência a uma doença comum, corriqueira, já que todas as pessoas estão sujeitas a 
contrair gripe, parecendo querer sentir-se “normal”, como qualquer outra pessoa, 
ressalvando-se o fato de que uma “gripe forte” se traduz numa enfermidade que requer 
mais cuidados. (VERAS.R, 2009) 
Os idosos com câncer procuram, assim, a semelhança com os outros, pois eles 
são no mundo como outras pessoas, e não tão diferentes ou estranhos. Eles 
compartilham essa vivência de maneira única, mas não exclusiva. Desse modo, saber 
que outras pessoas também têm câncer parece amenizar o sofrimento vivido por eles. 
Os idosos referem, além disso, a possibilidade que todos temos de desenvolver o câncer, 
dependendo da exposição aos agentes carcinógenos. Entre as causas do câncer estão 
os fatores externos, que correspondem aos carcinógenos químicos (como o fumo e o 
amianto), físicos (como a luz ultravioleta, a radiação ionizante) e biológicos (como as 
infecções causadas por determinados vírus, bactérias ou parasitas), além dos fatores 
genéticos e determinados hábitos de vida, os quais podem agir em conjunto ou em 
sequência, para iniciar ou promover o processo de carcinogênese. (VERAS.R, 2009) 
Os idosos consideram o câncer também como uma “provação” a ser enfrentada. 
Percebemos que a crença em Deus influencia na aceitação da doença; os idosos a 
aceitam porque a consideram como algo “enviado por Deus”, que está além de sua 
 
45 
 
própria vontade, portanto não há possibilidade de “negociação”. Nesse sentido, 
consideram que a doença e o destino são determinados por Deus. 
De acordo com o pensamento de Merleau Ponty, pode-se concluir que cada ser 
tem sua forma de experienciar o câncer, o qual pode ser percebido a partir de diferentes 
aspectos. Desse modo, ao considerar a doença como uma determinação divina, ressalta-
se sobremaneira a facticidade atribuída pelos idosos à significação do câncer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA SOBREVIVÊNCIA NO CÂNCER 
Quando se questiona a prevalênciade sintomas ou distúrbios psiquiátricos entre 
os sobreviventes oncológicos, Stein, Syrjala e Andrykowski (2008) mencionam a questão 
de estimativas amplas, bastante divergentes entre uma pesquisa e outra, sugerindo uma 
 
46 
 
dificuldade significativa para se estimar a presença de efeitos psicológicos a longo prazo 
em decorrência da doença. 
Além disso, os critérios de classificação não são semelhantes em cada pesquisa, 
podendo o desempenho ser avaliado por escalas diferentes de mensuração ou por meio 
de indicadores qualitativos. Apesar da possibilidade de apresentarem efeitos tardios, 
sejam positivos ou negativos, Zelter (1993) sugere que a ocorrência de distúrbios 
psicológicos ou psiquiátricos entre os sobreviventes seja semelhante à da população 
geral. 
Por sua vez, Deimling et al. (2002) propõem que a prevalência de transtornos 
psiquiátricos é de 47% durante a fase do diagnóstico do câncer, reduzindo para 37% seis 
anos após o tratamento. Para sobreviventes de câncer na infância, há estudos que 
pontuam a possibilidade de os mesmos apresentarem maior controle emocional e 
motivação quando comparados a seus pares (Gray et al., 1992). 
A presença de distúrbios psiquiátricos graves, como depressão maior ou PTSD, 
são pouco frequentes em pacientes com câncer e/ou sobreviventes; apesar disso, 
quando comparado à população geral, pacientes/sobreviventes podem apresentar 
ligeiramente maior risco; reforçando esta ideia, em relação ao transtorno de estresse pós-
traumático, a maioria dos estudos sugere a prevalência de 5 a 15%, sendo maior do que 
o encontrado na população geral – 1 a 4% (Stein, Syrjala, & Andrykowski, 2008). 
Em relação à incidência de transtorno depressivo, a literatura evidencia dados 
divergentes. Os sobreviventes com maior possibilidade de um diagnóstico de depressão 
são aqueles com sequelas em função do câncer. Entretanto, não se diferencia o grau de 
depressão devido ao tipo específico de câncer (Ciaramella & Poli, 2001, conforme citado 
por Deimling & cols, 2002). Já um estudo realizado por Bressoud et al. (2007), com 
sobreviventes de osteossarcoma, não demonstrou relação entre sintomas depressivos e 
o tipo de cirurgia (de amputação ou preservando o membro acometido) ou entre 
depressão e a capacidade funcional. 
Na investigação da relação entre transtorno depressivo e sobreviventes de 
câncer na infância e adolescência, Mulhern, Fairclough, Smith e Douglas (1992) 
destacaram alguns fatores de risco para a ocorrência deste transtorno em sobreviventes, 
tais como duração de internação, gravidade dos sintomas físicos e depressão materna. 
 
47 
 
Em contrapartida, outros fatores foram considerados como sendo fatores de proteção, 
pois diminuiriam a possibilidade de o sobrevivente apresentar este transtorno, como a 
presença de status socioeconômico mais elevado, o apoio social para a mãe (ou família) 
e a habilidade social da criança. Contudo, de modo geral, pesquisas envolvendo equipes 
multidisciplinares demonstram que não existe comprovação de depressão severa ou de 
maior índice de suicídio entre sobreviventes de câncer infantil (Tetelbom, Falceto, Gazal, 
Shansis, & Wolf, 1993). 
Pacientes que receberam intervenção cognitivo-comportamental reportam, 
significativamente, menos depressão imediatamente após a intervenção ou também dois 
anos após a abordagem do profissional, quando comparados aos que não tiveram essa 
forma de intervenção. Assim, a intervenção cognitivo-comportamental pode favorecer a 
diminuição dos índices de depressão também em sobreviventes. Abordagens em terapia 
de grupo parecem ter melhor efetividade do que abordagens individuais no 
acompanhamento psicossocial, provavelmente em consequência da influência do papel 
do grupo (Kissane, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
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