Buscar

CUIDADOS PALIATIVOS EM ONCOLOGIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4 
2 A HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS E OS SEUS FUNDAMENTOS 5 
2.1 Princípios dos cuidados paliativos ............................................................ 7 
2.2 Princípios do controle de sintomas ........................................................... 9 
2.3 Morte como um processo natural – respeitando a autonomia do paciente
 9 
2.4 Atribuições desenvolvidas pela equipe de cuidados paliativos .............. 12 
3 SEDAÇÃO PALIATIVA .............................................................................. 14 
3.1 Considerações éticas em relação à sedação paliativa ........................... 16 
3.2 Escala de Ramsay e motivos para sua utilização .................................. 17 
4 INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA) .......................................... 19 
5 IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS DA REDE DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA21 
5.1 Direitos sociais ....................................................................................... 22 
5.2 Direitos no tratamento/saúde ................................................................. 22 
5.3 Direitos tributários — isenções ............................................................... 23 
6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO 
ONCOLÓGICO ..................................................................................................... 23 
6.1 Quimioterapia ......................................................................................... 24 
6.1.1 Classificação das drogas antineoplásicas e mecanismos de ação .. 24 
6.1.2 Medicamentos mais utilizados no tratamento do câncer .................. 24 
6.2 Radioterapia ........................................................................................... 28 
6.2.1 Teleterapia ....................................................................................... 28 
6.2.2 Aceleradores lineares ....................................................................... 28 
6.2.3 Braquiterapia .................................................................................... 28 
6.2.4 Método de implantação de fontes .................................................... 29 
 
3 
 
6.2.5 Finalidades da radioterapia .............................................................. 29 
6.3 Sinais e sintomas da terapia antineoplásica e o atendimento de 
enfermagem ............................................................................................................... 30 
6.3.1 Náuseas e vômitos ........................................................................... 30 
6.3.2 Queda de cabelo .............................................................................. 31 
6.3.3 Alteração da mucosa oral ................................................................. 31 
6.3.4 Diarreia ............................................................................................. 32 
6.3.5 Constipação ..................................................................................... 32 
6.3.6 Reação na pele ................................................................................ 33 
6.3.7 Sangramentos .................................................................................. 33 
7 COMPLICAÇÕES DE QUIMIOTERÁPICOS E RADIOTERAPIA COM 
TOXICIDADE E RISCOS AOS SISTEMAS DO ORGANISMO ............................ 33 
7.1 Toxicidade dos quimioterápicos ............................................................. 34 
7.2 Riscos causados pela terapia antineoplásica nos sistemas do organismo
 34 
7.2.1 Toxicidade hematológica .................................................................. 34 
7.2.2 Toxicidade cardíaca ......................................................................... 35 
7.2.3 Toxicidade pulmonar ........................................................................ 35 
7.2.4 Toxicidade neurológica..................................................................... 36 
7.2.5 Toxicidade vesical e renal ................................................................ 36 
7.2.6 Toxicidade gastrintestinal ................................................................. 36 
7.2.7 Disfunção reprodutiva....................................................................... 37 
7.2.8 Hepatotoxicidade .............................................................................. 37 
7.2.9 Alterações metabólicas .................................................................... 38 
7.2.10 Toxicidade dermatológica ............................................................... 38 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 39 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado (a) aluno (a)! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao 
da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo 
hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe 
convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 A HISTÓRIA DOS CUIDADOS PALIATIVOS E OS SEUS FUNDAMENTOS 
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cuidados paliativos são: 
Os cuidados de saúde ativos e integrais prestados à pessoa com doença grave, 
progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida. Tem como objetivo 
promover a qualidade de vida do paciente e de seus familiares através da 
prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce de situações possíveis 
de serem tratadas, da avaliação cuidadosa e minuciosa e do tratamento da dor 
e de outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais (BRASIL, 2022). 
Nos cuidados paliativos (CP), é necessário que se trabalhe com uma equipe 
multidisciplinar, devido à complexidade do cuidado no final da vida. Cada profissional da 
saúde tem um papel essencial para a melhoria da qualidade de vida do paciente e dos 
seus familiares, portanto, deve-se explicar quais as atribuições desenvolvidas por essa 
equipe nos CP. 
O primeiro marco da história dos CP, de forma estruturada, aliando cuidados 
clínicos, pesquisa e formação, foi por meio da enfermeira, médica, escritora e assistente 
social Cicely Saunders (1918-2005) com um paciente acometido por um câncer terminal, 
no final dos anos de 1950, em Londres. Ela teve o desafio de tentar conduzir 
adequadamente o controle da dor e dos demais sintomas que o afetavam e, desse 
encontro, criou-se o primeiro hospice na cidade, em 1967, o Christopher’s Hospice. No 
entanto, podemos encontrar traços e práticas dos cuidados com pessoas em processo 
de terminalidade antes dessa constituição estruturada e investigativa da história 
moderna. 
Por muito tempo, nos séculos a.C., considerava-se perigoso tratar ou cuidar de 
um paciente em leito de morte, pois havia a crença de que poderia se receber um castigo 
por desafiar as leis da natureza. A morte não poderia ser desafiada e, por isso, não era 
ético que os médicos atendessem esse tipo de doente. 
Após a difusão do cristianismo, passou-se a acolher e ajudar pessoas doentes e 
desfavorecidas como um compromisso cristão. Portanto, foramcriados lugares que 
abrigavam peregrinos e, ao longo do tempo, aceitavam moribundos nos hospititium, 
termo em latim do qual derivou a palavra hospice dando o sentido de hospitalidade e 
atendimento aos pacientes em terminalidade, como se entende na atualidade. 
Já no século XI, os cruzados pensavam ter criado as primeiras casas para 
pacientes incuráveis por meio da Ordem dos Cavaleiros Hospitaleiros. No período da 
 
6 
 
Idade Média, surgiram diversas instituições para abrigar doentes terminais, sendo sua 
maioria de carisma religioso. Essa expansão teve seu ápice por quase quatro séculos 
até a diminuição da influência das ordens religiosas devido à Reforma Protestante. 
Apenas no século XIX surgiram locais próprios para o cuidado de pacientes em 
terminalidade, os quais seguiram associados às ordens religiosas, tendo duas grandes 
referências: Mary Aikenhead (1787-1858) e Jeanne Garnier (1811-1853). Garnier fundou 
a ordem Association des Dames du Calvaire, que, em 1843, instituiu o primeiro local 
especializado para doentes moribundos localizado em Lyon. Já Aikenhead, da ordem 
Irish Sisters of Charity, fundou a Our Ladys´s Hospice for the Dying em Dublin, em 1879. 
Posteriormente, em 1893 e 1905, fundou-se o St. Kuke’s Home e o St. Joseph’s Hospice 
em Londres. Em todas essas instituições, o foco era o alívio sintomático das doenças do 
ponto de vista clínico. 
Foi no século XX que Cicely Saunders, focando o cuidado e tratamento direto para 
o doente, observou e concluiu que a terminalidade da vida estava sendo ocultada do 
prognóstico, bem como a forma de lidar com a morte, negada pela sociedade. Assim, 
Saunders engajou-se no movimento moderno dos hospices e, em 1969, criou o programa 
de CP domiciliários, que teve como diferencial o foco em novas competências além do 
controle da dor, compreendendo outros problemas associados à terminalidade, incluiu a 
família nos cuidados do paciente e forneceu meios de formação e investigação do CP. 
Na década de 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) promoveu um 
programa de CP para pacientes oncológicos, iniciando o Cancer Pain and Palliative Care 
e o Palliative Cancer Care, sendo estes as primeiras recomendações sobre cuidados 
terminais para pessoas com câncer. Ainda nesse período, surgiram iniciativas em 
diversos países, como Austrália, Nova Zelândia, Bélgica, China, Polônia, Reino Unido e 
Romênia. No Zimbábue e África do Sul também foram criadas as primeiras unidades de 
CP. 
No ano de 1999, foram criadas a International Association for Hospice and 
Palliative Care, a Hospice Association of South Africa e a European Association for 
Palliative Care. Já neste século, foram fundadas a Foundation for Hospices in Sub-
Saharan Africa, a Latin American Association for Palliative Care e o United Kingdom 
Forum for Palliative Care Worldwide, pela organização Help the Hospices. 
A OMS, em 2002, lançou a mais recente definição de CP, consensual até hoje; 
afirmando que a prática de cuidados paliativos visa à qualidade de vida dos pacientes e 
 
7 
 
seus familiares, visando pessoas com doenças sem possibilidade de cura e que 
ameacem a vida, respeitando e priorizando os aspectos físicos, sociais, emocionais, 
mentais e espirituais da pessoa humana. Em razão desse conceito, foram elaborados os 
documentos Better Palliative Care for Older People e Palliative Care: The Solid Facts, 
incluindo doenças crônicas progressivas nas políticas de saúde para o envelhecimento. 
Já em 2014, após a 67ª assembleia da OMS, foi elaborado o documento sobre 
CP com um componente que compreende o cuidado ao longo da vida, o qual se tornou 
muito relevante para os princípios dos CP, pois amplia sua compreensão e passa a dar 
igual atenção às necessidades do paciente desde o diagnóstico até o pós-morte. Há um 
movimento amplo em direção à integralidade do cuidado voltado para a pessoa e não 
apenas para a patologia e as consequências esperadas. Nesse ano, surge ainda a 
Declaração Europeia de Cuidados Paliativos. 
Ao longo da história, o cuidado com o doente em terminalidade se desenvolveu 
de forma local até ser disseminado por todos os continentes, contando, atualmente, com 
centenas de países que têm serviços de CP. Em todas as antigas e atuais iniciativas de 
cuidado voltadas ao paliativismo, nota-se que o paciente sempre necessitou de mais de 
um profissional e seus cuidados para que pudesse ter um tratamento mais qualificado. 
2.1 Princípios dos cuidados paliativos 
A medicina moderna e de alta tecnologia busca incansavelmente a cura. Muitas 
vezes, perseverantemente focado na patologia, esquecendo que por trás da doença 
existe uma pessoa que sofre e tem medos e inseguranças. E a enfermagem, ao contrário 
da cura, nos lembra a dignidade humana ao centralizar o paciente como soberano de 
sua autonomia de cuidado, permitindo-lhe tomar suas próprias decisões para garantir a 
qualidade de vida e o respeito à dignidade, na doença e na vida, na terminalidade, na 
morte ou luto (CAMPOS; VILAÇA, 2022). 
Existem princípios em medicina paliativa que regulam as ações da equipe 
multiprofissional; eles se baseiam no conhecimento científico das especialidades 
individuais e possibilitam intervenções clínicas e terapêuticas nos diversos campos da 
ciência médica. 
Tais princípios foram publicados pela OMS em 1986 e corroborados em revisão 
realizada em 2002, vejamos: 
 
8 
 
• Promoção do alívio da dor e de outros sintomas que causam desconforto: A 
presença de uma equipe multidisciplinar significa que o conhecimento 
específico de cada área, além de medidas não farmacológicas e abordagem 
psicossocial, resulta em uma prescrição farmacológica mais eficaz que 
contribui para o alívio da dor; 
• Afirmação da vida, considerando a morte como processo natural: o fim da vida 
é uma constante nos CP. Compreender a morte ajuda o paciente a entender 
sua doença, o que permite discutir o processo de adoecimento e a tomada de 
decisões; 
• Não adiantar nem postergar a morte: intervenções ativas e de reabilitação que 
melhorem a qualidade de vida do paciente podem retardar a progressão da 
doença sem causar mais desconforto e sofrimento do que o já causado pela 
própria doença; 
• Integração do psicossocial e espiritual no cuidado: é importante a presença de 
vários profissionais, identificando problemas e tomando decisões em conjunto 
com o paciente, pois a doença ameaça a vida e envolve perdas como 
autonomia, segurança, autoestima, capacidade física e outros aspectos que 
garantem o controle de relacionamentos que tanto o paciente quanto sua 
família se sentem incapazes de lidar. Portanto, ao desenvolver o cuidado, é de 
suma importância incluir os aspectos humanos em conjunto com as próprias 
crenças do paciente; 
• Ofertar sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativo quanto 
possível, até sua morte: os CP se concentram na qualidade de vida, 
independentemente da doença ou estágio em que o paciente se encontra, 
ajudando-o a progredir do diagnóstico até o fim da vida; 
• Ofertar sistema de suporte que auxilie os familiares a enfrentar a doença e a 
experiência do Iuto: a família e os amigos do paciente servem como uma rede 
de apoio e são importantes na tomada de decisões. A informação adequada 
sobre a condição e evolução da doença permite que os familiares 
compreendam todo o processo e proporciona uma sensação de segurança e 
apoio, o que pode prevenir complicações futuras durante o período de luto; 
• Iniciar o mais precocemente possível, junto a outras medidas de 
prolongamento da vida, como a quimioterapia e a radioterapia, incluindo 
 
9 
 
investigações necessárias para melhor compreender e manejar os sintomas: 
conforme recomendado pela OMS, os cuidados paliativos devem ser incluídos 
no cuidado do paciente a partir do momento em que uma doença com risco de 
vida é diagnosticada, mesmo que ainda haja chance de recuperação. 
2.2Princípios do controle de sintomas 
A prevenção e o alívio do sofrimento humano com o objetivo de melhorar a 
qualidade de vida de pacientes com doenças potencialmente fatais estão incluídos na 
definição de cuidados paliativos. Segundo Campos e Vilaça (2022) a avaliação 
individualizada, o controle e o manejo impecável dos sintomas oferecidos por uma equipe 
multiprofissional são pilares dos cuidados paliativos. 
Os sintomas geralmente podem ser evitados. Medidas farmacológicas ou não 
farmacológicas podem ser tomadas com base no conhecimento do curso natural da 
doença e em uma avaliação abrangente do paciente. Como medidas não farmacológicas 
podemos citar psicoterapia, acupuntura, massagens, técnicas de relaxamento e 
fisioterapia. 
Todas as dimensões do sofrimento humano devem ser sempre consideradas, pois 
sabe-se que um sintoma não é influenciado apenas por mudanças físicas, mas também 
por mudanças sociais, espirituais e psicológicas. Para uma avaliação adequada dos 
sintomas, todas essas dimensões devem ser examinadas e avaliadas. 
2.3 Morte como um processo natural – respeitando a autonomia do paciente 
Um dos paradigmas dos PCs no contexto atual é afirmar que a morte faz parte da 
vida e que é um fenômeno fisiológico que, uma vez iniciado, não tem como ser desfeito. 
O desafio dos profissionais de saúde é enfrentar o processo de terminalidade e morte 
como realmente são e abordá-los de forma humanizada e clara. 
Uma boa comunicação com o paciente e sua família ajuda a entender e gerenciar 
melhor o tratamento durante esse período de dúvida, medo e adaptação. Devem ter 
conhecimentos técnicos relacionados à percepção do ser humano como portador de sua 
história de vida e determinante de sua trajetória de adoecer e morrer. 
 
10 
 
Cada pessoa deve ser acolhida e respeitada por suas escolhas, crenças, curso 
da doença e história de vida, e pelas respostas fisiológicas associadas à doença e ao 
tratamento, como emocional, cultural e espiritualmente mediante o adoecer e morrer. Por 
sua vez, os familiares precisam ser orientados e treinados para compreender o 
desenvolvimento da doença, como esse processo se instala e afeta o paciente e seus 
entes queridos. A abordagem direta e clara do tratamento da morte permeia 
naturalmente o tratamento do CP desde o diagnóstico até o óbito. 
A equipe multidisciplinar é desafiada a fazer uma avaliação abrangente do doente 
e da sua família, centrar-se nas suas queixas principais e subjacentes, tentar aliviar o 
seu sofrimento e garantir a sua qualidade de vida. Diante do desafio de abordar os 
diferentes aspectos do sofrimento humano e focar em objetivos claros capazes de 
exonerar e preparar o paciente e sua família durante o processo de morte, foi criada uma 
ferramenta para sistematizar o raciocínio desta equipe: o Hospital das Clínicas da 
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo desenvolveu uma ferramenta 
chamada diagrama de abordagem multidimensional (DAM). 
O ser humano deve ser entendido como um ser indivisível, influenciado pelo 
ambiente e suas relações, mas pode ser avaliado segundo dimensões como física, 
familiar/social, psicológica e espiritual para sistematizar a assistência à saúde. O gráfico 
é dividido em quatro quadrantes, sendo que o centro contém as características do 
paciente em suas respectivas dimensões. 
O foco da análise do DAM é o paciente, e a área que precisa ser percebida em 
seguida é sua condição, analisando se esta é atual, e pode ser aliviada ou futura, que 
possa ser prevenida. Deve-se também ter em mente que o sofrimento do paciente nem 
sempre é o do paciente, mas uma projeção da família e da equipe do paciente. A próxima 
área inclui as atitudes que devem ser adotadas diante da condição identificada. Fora do 
gráfico existem metas a serem alcançadas que nem sempre são alcançadas devido a 
muitos fatores externos. 
O DAM não é um protocolo para se preencher, mas uma forma de raciocínio que 
visa orientar a equipe de CP. Durante a discussão multidisciplinar do caso, o paciente é 
solicitado a preencher a esfera do meio com seus dados, a segunda esfera com seus 
respectivos transtornos e, por fim, as atitudes dessa equipe. Assim, é fácil ver como 
determinados males se refletem em outras dimensões e distinguir aspectos que podem 
ser confundidos, levando a equipe a atitudes improdutivas. 
 
11 
 
Embora o CP seja voltado para a qualidade de vida do paciente terminal, existem 
direitos, vontades e desejos que devem ser respeitados à vontade. Não é incomum que 
alguns, após a passagem pelo CP, tenham planos e desejos em relação à organização 
do futuro dos familiares sobreviventes e decidam se aceitam ou não determinados 
tratamentos de saúde. Assim, um ponto importante na autonomia do paciente no 
processo de doença e terminalidade é a organização das decisões, das mais simples às 
mais complexas, envolvendo a equipe multidisciplinar. Problemas como dieta, 
manutenção, redução ou cessação de regimes de dieta para reduzir a dor e os sintomas; 
interromper terapias como quimioterapia e radioterapia para minimizar efeitos colaterais 
em casos sem sucesso terapêutico ou optar por analgesia mais forte com intervalos mais 
curtos; e permissão para não realizar quaisquer procedimentos invasivos são situações 
em que a pessoa deve ser consultada sempre que possível. 
Para que se possa priorizar uma “boa morte”, é preciso explicar claramente 
conceitos como distanásia, eutanásia e ortotanásia. No primeiro, tem-se o processo de 
morte em si; no segundo, há a antecipação da morte, a partir de uma ação que conduz 
a ela com o intuito de causar a morte tranquila, porém, trata-se de um crime de homicídio, 
de acordo com Código Penal Brasileiro, art. 121; já no terceiro, nenhuma ação é 
praticada, deixa-se o paciente morrer, com uma ação omissa ao contrário da eutanásia, 
que dispõe sempre de uma ação (BRASIL, 1940). 
Os casos em que o médico ficou sem opções de tratamento que possam reverter 
o desenvolvimento e o prognóstico da doença e opte por descontinuar os tratamentos e 
procedimentos, não podem ser classificados como crime ou como eutanásia. Para a 
prática da ortotanásia o paciente e familiares devem ser orientados pelo médico quanto 
ao seu prognóstico, limitações e essa opção. Se ambos forem aceitos e acordados, a 
ortotanásia pode ser realizada. 
Sempre que tiver condições, o paciente é responsável por tomar decisões sobre 
o tratamento e acompanhamento da doença. Além dessa autonomia, ele tem o direito de 
realizar seu processo de cancelamento em todos os aspectos que considerar relevantes, 
tais como: 
• Ver ou rever entes queridos e familiares; 
• Não ter contato com conhecidos e/ou familiares; 
• Manter seu diagnóstico, prognóstico e suas decisões em confidencialidade 
com as pessoas que escolher; 
 
12 
 
• Buscar momentos de religiosidade, auxílio religioso por meio de lideranças 
religiosas ou, ainda, recusar-se a receber intervenções religiosas; 
• Ter diretivas antecipatórias, como desejos expressos em relação ao pós-morte 
que pode envolver testamentos, decisões sobre cuidados com corpo, enterro 
e cremação, bem como à sua morte; 
• Sentir necessidade de rever questões de sua vida, reavaliar decisões e afetos; 
• Escolher onde gostaria de passar seu tempo, se em casa e com quem gostaria 
de estar. 
 
Assim sendo, respeitar as decisões pessoais envolve crenças religiosas, 
filosóficas, escolha de tratamento, interrupção de procedimentos, acompanhamento ou 
não de familiares acompanhantes e gestão de como o problema deve ser tratado no CP. 
2.4 Atribuições desenvolvidas pela equipe de cuidados paliativos 
Devido à complexidade dos CP, é preciso que diversos profissionais de saúde se 
envolvam no cuidado do paciente para garantir sua qualidade de vida durante a 
terminalidade. A seguir, veremos os membros dessa equipe e os respectivos papeis 
desempenhados, de acordo com a AcademiaNacional de Cuidados Paliativos 
(CARVALHO; PARSONS, 2012). 
• Médico: deve realizar os diagnósticos clínicos, conhecer a doença, sua história 
natural, os tratamentos já realizados e qual a evolução esperada para aquele 
paciente naquele momento. Quando necessário, precisa fazer contato com 
médicos de outras especialidades, que já trataram ou ainda estejam tratando 
o indivíduo, para discutir uma conduta específica. Além de propor tratamentos 
que sejam adequados para seu momento de vida e garantir não apenas o alívio 
de sintomas desconfortáveis, como também a dignidade de vida até a morte; 
• Enfermeiro: é responsável pela avaliação sistemática dos sinais e sintomas do 
paciente, atua com a equipe multiprofissional no estabelecimento de 
prioridades para cada doente/familiar, mediador da dinâmica familiar e, 
sobretudo, do reforço das orientações clínicas, a fim de que os objetivos da 
equipe multidisciplinar sejam atingidos. Aborda também cuidados sensíveis e 
 
13 
 
de educação, que demandam ações de proximidade física e de acolhimento 
para que muitas orientações se efetivem na prática; 
• Psicólogo: garante que as necessidades do paciente, do familiar e da equipe 
possam ser reconhecidas e atendidas pela articulação de ações de diferentes 
naturezas. Pode oferecer escuta clínica qualificada aos que desejam falar, 
buscando por esse meio contribuir para a elaboração das vivências associadas 
ao adoecimento. Para tanto, o ideal é que esse acompanhamento psicológico 
se inicie o mais precocemente possível; 
• Assistente social: deve conhecer o paciente, a família e os cuidadores 
considerando os aspectos socioeconômicos, buscando informações e 
orientações legais, burocráticas e de direitos, indispensáveis para a condução 
do cuidado ao paciente e a garantia de morte digna. Cabe a ele também avaliar 
as condições da rede de suporte social dos envolvidos, para que possam ser 
acionados em situações necessárias; conhecer e estabelecer uma rede 
intrainstitucional, no intuito de garantir atendimento preciso ao doente, além de 
atuar como interlocutor entre este/a família e a equipe nas questões 
relacionadas aos aspectos culturais e sociais que envolvem o cuidado de 
forma geral; 
• Nutricionista: avalia o cuidado nutricional necessário em todos os estágios da 
doença em consonância com a estratégia terapêutica. Em CP, a nutrição tem 
um importante papel preventivo, possibilitando meios e vias de alimentação, 
reduzindo os efeitos adversos provocados pelos tratamentos, retardando a 
síndrome anorexia-caquexia e rememorando o alimento. Quanto aos manejos 
físicos, ela auxilia no controle de sintomas, procura manter a hidratação 
satisfatória, bem como preserva o peso e a composição corporal; 
• Fisioterapeuta: oferece suporte para que os pacientes vivam de maneira ativa, 
com qualidade de vida, dignidade e conforto, além de auxiliar os familiares na 
assistência a eles, no enfrentamento da doença e no luto. Institui o plano de 
assistência para ajudá-los a se desenvolver, facilitando a adaptação ao 
progressivo desgaste físico; 
• Fonoaudiólogo: auxilia o paciente a atingir e manter o seu máximo potencial 
físico, psicológico, social e espiritual. Medicações, quimioterapia, radioterapia 
e quadros de imunodepressão podem causar alterações de deglutição 
 
14 
 
(disfagia), náuseas e vômitos, odinofagia, anorexia, desidratação, alteração do 
nível de consciência e alterações de comunicação, os quais são de domínio 
da fonoaudiologia; 
• Terapeuta ocupacional: acompanha o paciente, tendo na organização da 
rotina e na diminuição dos estímulos uma maneira de propiciar conforto. Ajuda-
o a manter suas atividades significativas a partir de recursos como música e 
leitura, trazendo maior acolhimento e conforto a ele. Em relação ao familiar, 
pode ajudar em despedidas, expressão de sentimentos e emoções, bem como 
abertura de novos canais de comunicação, por meio de atividades. O 
acompanhamento de luto, pós-morte, é parte integrante da assistência 
terapêutica ocupacional; 
• Assistente espiritual: oferece o atendimento espiritual como parte do 
atendimento de saúde, permitindo ao beneficiado expressar seus sentimentos 
e suas emoções, bem como conversando abertamente sobre a morte. Ajuda o 
paciente a participar de todas as decisões referentes ao seu tratamento e aos 
desejos finais. 
3 SEDAÇÃO PALIATIVA 
Como vimos, os momentos finais do paciente estão envoltos em estigmas, com 
várias questões éticas, e não há um protocolo único para as decisões, sendo necessária 
a discussão para que estas sejam tomadas, envolvendo também o doente e sua família. 
A sedação paliativa faz parte dos cuidados paliativos, ofertados a todo paciente 
que tiver necessidade e garantidos por políticas públicas; as indicações e medicações 
utilizadas; bem como a escala de Ramsay e seu uso. 
A sedação paliativa é indicada para pacientes com doença avançada em estágio 
terminal e tem sido usada desde 1990 para aliviar sintomas refratários que não 
respondem à terapia anterior. O paciente incurável tem uma doença irreversível cujas 
chances de salvar o estado de saúde estão esgotadas, e a morte iminente parece 
inevitável e previsível. Para reduzir sua consciência, proporcionar conforto e aliviar o 
estresse insuportável, sedativos podem ser usados. 
Esta sedação não diminui o tempo de sobrevivência, é a administração deliberada 
de medicamentos nas doses e combinações necessárias para reduzir o nível de 
 
15 
 
consciência com o consentimento do paciente ou responsável e tentar aliviar um ou mais 
sintomas refratários. O respeito pelo consentimento e autonomia do paciente bem como 
sua solicitação verbal, deve ser levado em consideração, mas é essencial que isso seja 
devidamente documentado no prontuário médico. Em caso de impossibilidade ou falta 
de vontade de participar na tomada de decisão, a família ou os principais cuidadores 
serão consultados sobre os desejos previamente expressos pela pessoa, caso em que 
é importante obter consentimento da família. 
Enfermeiros devidamente treinados são essenciais para o manejo da dor e dos 
sintomas prevalentes em pacientes com câncer avançado em cuidados paliativos, pois 
são os profissionais que avaliam com mais frequência a dor, a resposta à terapia e a 
ocorrência de efeitos colaterais. Os enfermeiros auxiliam na reorganização do regime 
analgésico e no ajuste de comportamentos e expectativas em relação aos tratamentos; 
propõe estratégias não farmacológicas; prepara pacientes e cuidadores para a alta 
hospitalar. 
Dessa forma, a sedação paliativa é eficaz e segura para a maioria dos pacientes 
com câncer em estágio terminal e sintomas refratários, mas as complicações 
respiratórias e cardiovasculares são baixas. Portanto, é necessário comparar estudos de 
diferentes tipos de sedação para determinar o protocolo mais eficaz e seguro. 
A sedação paliativa pode ser classificada de acordo com critérios como objetivo, 
temporalidade e intensidade. 
Segundo o objetivo, ela pode ser: primária - a redução da consciência do paciente, 
que se busca como uma intervenção terapêutica; e secundária - a redução da 
consciência é um efeito secundário da medicação. 
De acordo com a temporalidade a sedação paliativa pode se dividir em: 
intermitente — ela permite períodos de alerta do paciente e pode ser realizada no 
domicílio (benzodiazepínico, neuroléptico) por via oral (VO) ou subcutânea (SC) e; 
contínua — a redução do nível de consciência é de forma permanente e deve ser 
realizada em ambiente hospitalar pela necessidade da titulação de drogas e reavaliações 
clínicas frequentes. 
Por fim, no que se refere à intensidade, ela pode ser superficial — a consciência 
é mantida, permitindo a comunicação do paciente; e profunda — quando mantém o 
paciente em estado de inconsciência. 
 
16 
 
3.1 Considerações éticas em relação à sedação paliativa 
A sedação paliativapode ser utilizada na presença de um sintoma reconhecido 
como refratário pela equipe médica; com o objetivo de diminuir a ansiedade e/ou angústia 
do paciente e reduzir proporcionalmente o nível de consciência para alívio; e em casos 
de sedação em agonia com expectativa de horas a dias de vida. 
Além das citadas acima, são indicações para a sedação paliativa: 
 
• Presença de uma doença terminal com pelo menos um sintoma refratário; 
• Esgotamento dos tratamentos dirigidos ao sintoma, incluindo depressão, 
delírios e ansiedade; 
• Avaliação das questões espirituais por um clínico especializado ou um membro 
do clero; 
• Debate sobre a continuidade do suporte nutricional e da hidratação; 
• Obtenção do consentimento livre e esclarecido; 
• Ordem, por escrito, de não reanimar. 
Qualquer sintoma que não possa ser controlado adequadamente sem 
comprometer o nível de consciência, apesar das repetidas tentativas de tratamento 
tolerável, é considerado refratário, são exemplos: 
• Delírio agitado, agitação terminal ou inquietude refratária aos neurolépticos; 
• Dor refratária aos opioides e analgésicos adjuvantes; 
• Vômitos refratários à terapêutica antiemética agressiva; 
• Dispneia refratária ao oxigênio, aos broncodilatadores e opioides. 
Para recomendar a utilização da sedação paliativa, existem algumas questões 
que o profissional deve considerar: 
• Foram realizadas tentativas de tratamento para as causas reversíveis e 
causadoras de sofrimento? 
• A sedação foi discutida com a equipe de cuidados paliativos e especialistas? 
• Foram aplicadas técnicas não farmacológicas para reduzir ansiedade e 
dispneia? 
• Foi realizada a titulação dos tratamentos inicialmente aplicados nos casos de 
opioides e neurolépticos? 
• Nos casos de delirium reversível, foi considerada a sedação intermitente? 
 
17 
 
• Foram discutidos os objetivos da sedação com o paciente e os familiares? 
• A sedação é consentida (paciente, família e equipe)? 
A seguir você poderá verificar como poderá ser indicada a sedação paliativa de 
forma esquematizada: 
 
 
Fonte: Carvalho e Parsons (2012, p. 523) 
3.2 Escala de Ramsay e motivos para sua utilização 
A escala de Ramsay é amplamente utilizada na Unidade de Terapia Intensiva 
(UTI) para avaliar o nível de sedação, cujas definições são simples e intuitivas, podem 
ser aplicadas de forma simples e rápida no leito hospitalar e apresentaram sensibilidade 
e especificidade suficientes para serem consideradas o padrão-ouro das pontuações. 
Foi proposto por Michael A. E. Ramsay, nascido em antiemético Dublin, Irlanda, formado 
em medicina na University College London, em 1974, e baseado em critérios clínicos. 
Durante a indução, o nível de sedação deve ser monitorado e, uma vez 
estabilizado, avaliado duas vezes ao dia por médicos ou enfermeiros usando a escala 
 
18 
 
de Ramsay. A falha da sedação é considerada se sua pontuação for inferior a 5 após 12 
horas de tratamento. 
O uso constante desta escala permite monitorar parâmetros como sinais e 
sintomas indesejáveis como odor e agitação, evitando sedação excessiva e 
monitoramento preferencial da resposta medicamentosa. A avaliação do paciente com 
base nisso tem medidas para controlar a profundidade da sedação, pois tanto a sedação 
excessiva quanto a insuficiente são ruins, o ideal é escolher aquela que alivia os 
sintomas refratários. 
O uso consistente desta escala irá monitorar parâmetros como sinais e sintomas 
adversos, odor e inquietação, prevenir sedação excessiva e auxiliar no monitoramento 
da resposta à medicação. A avaliação de pacientes com base nisso tem medidas para 
controlar a profundidade da sedação, porque tanto acima quanto abaixo da sedação não 
é o ideal, o conveniente é escolher um que alivie os sintomas e incômodos. 
No momento da utilização da escala de Ramsay, o profissional necessita: 
• Verificar o paciente várias vezes ao dia, juntamente aos sinais vitais, para 
evitar a sedação excessiva; 
• Avaliar continuamente o nível de consciência do paciente sedado; 
• Fornecer parâmetros para atuação e decisões multiprofissionais; 
• Melhorar o plano de sedação e analgesia sempre que for necessário. 
O tratamento com sedação e analgesia deve ser avaliado rotineiramente para 
atingir metas pré-definidas de redução do risco de complicações pelo uso excessivo de 
sedação. Para facilitar a redução da dose total de sedação com esses medicamentos, 
intervenções, como o uso de um regime, são primordiais para orientar o controle da 
sedação. 
A Escala de Ramsay é a mais utilizada em estudos clínicos, pois permite que 
profissionais identifiquem visualmente a sonolência e a inquietação, e para garantir o 
conforto do paciente sem a necessidade de medicação segura. Apesar de não ser uma 
prática comum, a falta de avaliação periódica pode trazer consequências danosas, e 
essa escala proporciona a dosagem precisa dos medicamentos utilizados. 
Deve-se considerar que a escala de Ramsay é utilizada para avaliar não apenas 
o grau de sedação, mas também o estado de agitação. Portanto, pode ser aplicado 
rotineiramente em pacientes que foram desentubados ou na maioria dos estudos de 
validação também serve como ferramenta de triagem para avaliação do delírio. 
 
19 
 
Neste sentido, podemos verificar a escala de Ramsay: 
 
 
Fonte: Namigar et. al (2017, p. 350) 
4 INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA) 
O INCA atua como um órgão auxiliar do MS no desenvolvimento e na 
coordenação das ações integradas para prevenção e controle do câncer no Brasil, 
compõe-se como uma unidade integrante da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) e se 
constitui no Centro de Referência de Alta Complexidade em Oncologia. 
Essas ações incluem assistência médico-hospitalar prestada de forma direta e 
gratuita aos pacientes com câncer por meio dos serviços oferecidos pelo SUS, além de 
ações em áreas estratégicas como prevenção e detecção precoce, formação de 
profissionais especializados, desenvolvimento de pesquisas e geração de informações 
epidemiológicas. O INCA coordena diversos programas nacionais de controle do câncer 
com equipamentos de diagnóstico por imagem de última geração. 
O INCA estrutura uma rede de atenção ao câncer para reunir parceiros 
governamentais e não governamentais, coordena e desenvolve atividades de controle 
do câncer nas áreas de educação, pesquisa, prevenção, detecção e vigilância, bem 
como informação e assistência oncológica. 
 
20 
 
Para efetivar os objetivos da Política Nacional para a Prevenção e Controle do 
Câncer, desenvolve-se, na atenção básica, as seguintes ações: 
• Promoção da saúde, alimentação saudável e atividade física; 
• Redução do tabagismo e dos danos relacionados ao tabaco no seu território; 
• Promoção do autocuidado das pessoas com câncer, ampliando sua 
autonomia; 
• Identificação de sinais e sintomas suspeitos e acompanhamento dos 
resultados alterados, encaminhando os casos suspeitos para confirmação 
diagnóstica; 
• Coordenação e manutenção do cuidado aos usuários com câncer, quando 
referenciados para outros pontos da rede de atenção à saúde; 
• Registro das informações referentes às ações de controle de câncer nos 
sistemas de informação vigentes, quando couber; 
• Realização do atendimento domiciliar e participação no cuidado paliativo às 
pessoas com câncer, integrada às equipes de atenção domiciliar, à Unidade 
de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) e ao Centro 
de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), bem como 
articulada com hospitais locais e demais pontos de atenção, conforme a 
proposta definida para a região de saúde; 
• Desenvolvimento de ações de saúde do trabalhador por meio da capacitação 
de equipes para registro das atividades exercidas e da exposição aos agentes 
cancerígenos inerentes ao processo de trabalho, otimizando as ações de 
vigilância do câncer relacionadas a esse ambiente. 
A UNACON setrata de um hospital que possua condições técnicas, instalações 
físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência 
especializada de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e o tratamento dos 
cânceres mais prevalentes no Brasil. Já o CACON é um hospital com condições técnicas, 
instalações físicas, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de 
assistência especializada de alta complexidade para o diagnóstico definitivo e o 
tratamento de todos os tipos de câncer. 
As campanhas e programas desenvolvidos pelo INCA em âmbito nacional para 
atender à Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer do MS são: 
 
21 
 
• Controle do câncer do colo do útero — ações desenvolvidas para reduzir sua 
incidência e mortalidade e melhorar a qualidade de vida da mulher com essa 
doença; 
• Controle do câncer de mama — ações desenvolvidas para reduzir a exposição 
aos fatores de risco, diminuir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida da 
mulher com essa doença; 
• Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT) — capacitação de 
profissionais das Secretarias de Saúde para orientar a população sobre os 
malefícios do tabagismo em escolas, empresas, hospitais e comunidades. As 
ações são desenvolvidas em parceria nas três instâncias governamentais; 
• Projeto de Expansão da Assistência Oncológica (EXPANDE) — estruturação 
da integração da assistência oncológica com qualidade no Brasil, ampliando o 
acesso ao tratamento e reduzindo as desigualdades regionais na oferta de 
assistência oncológica à população; 
• Programas de qualidade em radiações ionizantes — Programa de Qualidade 
em Radioterapia (PQRT) e Programa de Qualidade em Mamografia (PQM); 
• Programa de Transplante de Medula Óssea — desenvolvimento e manutenção 
do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), do Registro 
Nacional de Receptores de Medula Óssea (REREME) e da Rede BrasilCord, 
os quais reúnem informações de voluntários que se dispõem a doar medula 
para o transplante de pacientes com doenças do sangue, como leucemia e 
anemia aplástica, entre outras. 
5 IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS DA REDE DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA 
As diversas leis e os programas em atenção ao paciente oncológico, conforme 
explicados, trazem muitos benefícios a eles, devido à importância da atenção à doença 
nas esferas de governo. A seguir, você pode ver os direitos dos pacientes com câncer, 
garantidos pela legislação brasileira e descritos no site Fundação do Câncer. 
 
22 
 
5.1 Direitos sociais 
Realização do saque de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 
Programa de Integração Social (PIS)/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor 
Público (PASEP) pelo paciente com diagnóstico de neoplasia maligna (câncer), na sua 
fase sintomática, ou por aquele que possuir um dependente portador de câncer. O valor 
recebido será o saldo de todas as contas pertencentes ao trabalhador, inclusive a conta 
do contrato de trabalho em vigor, se houver. 
O auxílio doença é um benefício mensal a que o segurado tem direito, quando ele 
fica temporariamente incapaz para o trabalho devido à doença por mais de 15 dias 
consecutivos. Não há carências para recebê-lo, porém, o paciente deverá, 
obrigatoriamente, ter condição de segurado no Instituto Nacional do Seguro Social 
(INSS). 
Já a aposentadoria por invalidez é concedida desde que a incapacidade para o 
trabalho seja considerada definitiva pela perícia médica do INSS. Tem direito a esse 
benefício a pessoa que não esteja em processo de reabilitação para o exercício da 
atividade que lhe garante a subsistência, independentemente de estar recebendo ou não 
o auxílio-doença. 
A quitação de financiamento de casa própria está incluída nas suas parcelas, 
financiada pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), um seguro que a garante em 
caso de invalidez ou morte. Ela é garantida pelo seguro contratado no momento do 
financiamento e assegurada, em geral, apenas para doenças graves diagnosticadas 
após a assinatura do contrato com esse seguro. 
5.2 Direitos no tratamento/saúde 
A Lei Federal nº. 12.732, publicada em 22 de novembro de 2012, estabelece a 
obrigatoriedade do SUS iniciar o tratamento de câncer em até 60 dias após o diagnóstico, 
recebido gratuitamente. Ainda no SUS, há o Tratamento Fora de Domicílio (TFD), uma 
normatização que objetiva garantir o acesso de pacientes de um município aos serviços 
assistenciais em outro local ou, em caso especiais, de um estado para outro, incluindo a 
hospedagem, quando indicado. Nos casos em que houver indicação médica, será 
autorizado o pagamento de despesas para acompanhante. 
 
23 
 
Em relação à reconstrução mamária, as mulheres que sofreram a mutilação total 
ou parcial de mama, decorrente da utilização de técnica de tratamento de câncer têm 
direito a cirurgia plástica. A lei determina que, quando existirem condições técnicas, ela 
deve ser efetuada no mesmo tempo cirúrgico e, no caso de impossibilidade de 
reconstrução imediata, encaminha-se a paciente para acompanhamento e garante-se a 
realização da cirurgia logo após alcançar as condições clínicas requeridas. 
Há, ainda, o Andamento Processual Prioritário no Judiciário, com adiantamento 
prioritário de qualquer processo (civil, criminal ou trabalhista), aos pacientes com câncer 
e mais de 65 anos. 
5.3 Direitos tributários — isenções 
Para ter direito à isenção, por exemplo, de Imposto de Renda, de Imposto Predial 
e Territorial Urbano (IPTU) e impostos na compra de carro adaptado (Imposto sobre 
Produtos Industrializados [IPI], Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços 
[ICMS], Imposto sobre Operações Financeiras [IOF] e Imposto sobre a Propriedade de 
Veículos Automotores [IPVA]), a pessoa com câncer precisa apresentar alteração 
completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, que causa o 
comprometimento da função física, comprovando sua limitação por meio de laudo 
médico e alterando a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para a CNH Especial. 
6 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO 
ONCOLÓGICO 
O primeiro agente antineoplásico foi desenvolvido a partir do gás mostarda depois 
que soldados foram expostos a esse agente, que foi usado como arma química nas 
guerras mundiais. A partir de ensaios clínicos com este gás e observações sobre o efeito 
do ácido fólico em crianças com leucemia, publicados em 1946, verificou-se que a 
quimioterapia contra o câncer progrediu de forma constante. Os avanços nas últimas 
décadas levaram ao desenvolvimento de agentes quimioterápicos mais ativos e menos 
tóxicos, tornando mais fácil o tratamento de outros tipos de câncer e mais terapias 
(BRASIL, 2008). 
 
24 
 
6.1 Quimioterapia 
A quimioterapia é um tratamento que utiliza substâncias químicas que afetam a 
função celular e é usada para interromper as funções das células tumorais e sua 
replicação, sendo as células em proliferação ativa as mais sensíveis. Doses repetidas 
são necessárias para alcançar a regressão do tumor. Quando usado para câncer, é 
chamado de quimioterapia anticâncer ou quimioterapia antiblástica. 
 
6.1.1 Classificação das drogas antineoplásicas e mecanismos de ação 
 
Os medicamentos antineoplásicos atuam tanto nas células normais quanto nas 
neoplásicas, mas danificam as células malignas mais do que os tecidos normais devido 
a diferenças quantitativas entre seus processos metabólicos. 
Os medicamentos usados na quimioterapia interferem de alguma forma no 
mecanismo celular, as enzimas são responsáveis pela maioria das funções celulares, e 
a interrupção desses processos afeta tanto a função quanto a proliferação de células 
normais e neoplásicas. A definição dos mecanismos de ação da maioria das drogas 
levou à classificação das drogas quimioterápicas de acordo com seu efeito no ciclo 
celular. 
• Ciclo-inespecífico: os quimioterápicos atuam nas células que estão ou não no 
cicloproliferativo, como a mostarda nitrogenada. 
• Ciclo-específico: os quimioterápicos atuam somente nas células em 
proliferação, como é o caso da ciclofosfamida. 
• Fase-específicos: eles atuam em determinadas fases do ciclo celular, como o 
metotrexato (fase S), o etoposídeo (fase G2) e a vincristina (fase M). 
 
 
6.1.2 Medicamentos mais utilizados no tratamento do câncer 
 
6.1.2.1 Alquilantes 
 
Os agentes alquilantes atuam de forma não específica nas células em todas as 
fases do ciclo celular e são combinados com outros agentes fase-específicos para maior 
 
25 
 
eficácia. Os principais medicamentos utilizados nesta categoria são mostarda 
nitrogenada, mostarda fenilalanina, ciclofosfamida, bussulfam, nitrosureias, cisplatina e 
seu análogo carboplatina e ifosfamida. 
 
6.1.2.2 Antimetabólitos 
 
Afetam as células e inibem a biossíntese dos componentes essenciais do ácido 
desoxirribonucleico (DNA) e ácido ribonucleico (RNA), impedindo a proliferação e função 
celular normal, e são particularmente ativos contra células que estão na fase de síntese 
do ciclo celular (fase S). A vida útil das células tumorais suscetíveis determina sua 
destruição média, elas são impedidas de entrar em mitose pela ação de doses 
metabólicas que atuam na fase S. 
 
6.1.2.3 Antibióticos 
 
São um grupo de substâncias com diferentes estruturas químicas que interagem 
com o DNA e inibem a síntese desse ácido ou proteínas, mas não atuam em uma fase 
específica do ciclo celular. Como todos os medicamentos quimioterápicos, os antibióticos 
afetam células normais e malignas e, portanto, têm efeitos colaterais indesejáveis. 
 
6.1.2.4 Inibidores mitóticos 
 
Os inibidores mitóticos podem paralisar a mitose na metáfase devido ao seu efeito 
sobre a proteína tubulina, que forma os microtúbulos que formam o fuso espiral através 
do qual os cromossomos viajam, impedindo-os de migrar durante a metáfase, 
interrompendo assim a divisão celular. Devido ao seu modo de ação específico, eles 
devem ser combinados com outros agentes para maior eficácia da quimioterapia. Este 
grupo de drogas inclui os alcaloides vinca rósea (vincristina, vimblastina e vindesina) e 
os derivados de podofilotoxina (o VP-l6, etoposídeo; e o VM-26, teniposídeo). 
 
6.1.2.5 Outros agentes 
 
 
26 
 
Existem medicamentos que não podem ser atribuídos a uma classe específica de 
ação farmacológica. Dentre eles destacamos a dacarbazina, indicada para o tratamento 
de melanoma avançado, do sarcoma de partes moles e linfomas; a procarbazina, cujo 
mecanismo de ação ainda não é totalmente compreendido, utilizado para o tratamento 
da doença de Hodgkin; e L-asparaginase, que hidrolisa a aL-asparagina e previne a 
síntese de proteínas e é usada para tratar leucemia linfocítica aguda. A administração 
do quimioterápico é por via oral, intramuscular, subcutânea, intravenosa, intra-arterial, 
intratecal, intrapleural, intraperitoneal, intravesical, intracavitária e tópicas. 
Prado, Ramos e Valle (2018) definem em sua obra, no capítulo sobre oncologia, 
algumas considerações em relação à finalidade do tratamento, sendo que a 
quimioterapia pode ser subdividida em: 
• Quimioterapia adjuvante — usada em pacientes que já foram submetidos à 
ressecção primária do tumor, possivelmente curados, mas com risco de 
recorrência. O principal objetivo é tratar micro metástases, diminuindo a 
chance de recorrência; 
• Quimioterapia neoadjuvante — usada para reduzir o volume tumoral antes da 
cirurgia de tumores avançados, possibilitando ressecção daqueles 
previamente irressecáveis ou permitindo cirurgias menos complexas, 
preservando a funcionalidade dos órgãos e diminuindo as sequelas estéticas. 
Estudos demonstram menor recorrência local e aumento de sobrevida livre de 
progressão em diversas neoplasias, como mama, bexiga, sarcoma, cabeça, 
pescoço e esôfago; 
• Quimioterapia curativa — usada como tratamento primário, possibilitando a 
cura de alguns tipos de neoplasias apenas com uso de tratamento sistêmico, 
como nas leucemias, nos linfomas e nas neoplasias germinativas; 
• Quimioterapia paliativa — usada no contexto de doença metastática, com o 
objetivo de controlá-la, bem como seus sintomas e o eventual aumento de 
sobrevida; 
• Quimioterapia sensibilizante — usada em concomitância com a radioterapia, 
potencializa o efeito citotóxico da radiação. 
Já quanto à administração, o tratamento quimioterápico pode ser dividido em: 
 
27 
 
• monoquimioterapia — usa um agente quimioterápico isolado, geralmente tem 
melhor perfil de toxicidade e é preferível em doença metastática ou em 
pacientes idosos e com baixa performance; 
• poliquimioterapia — usa dois ou mais fármacos com diferentes mecanismos 
de ação e combinações, diminuindo as chances do desenvolvimento de 
resistência e possibilitando maiores taxas de resposta, mas tem maior 
toxicidade. 
O processo de formação do câncer, em geral, acontece lentamente, podendo 
levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor 
visível. Essa carcinogênese é determinada pela exposição de diferentes agentes 
cancerígenos ou carcinógenos, em uma dada frequência e um período de tempo, bem 
como pela interação entre eles. Tal processo é composto de três estágios: estágio de 
iniciação, no qual os genes sofrem ação dos agentes cancerígenos; de promoção, onde 
os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada; e de progressão caracterizado 
pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula. 
 
Fonte: Designua/Shutterstock.com. 
 
28 
 
6.2 Radioterapia 
A radioterapia trata-se de feixes de radiações ionizantes que destroem células 
tumorais, sendo um método de tratamento local ou locorregional do câncer, que utiliza 
equipamentos e técnicas variadas para irradiar áreas do organismo humano, prévia e 
cuidadosamente demarcadas. Seu objetivo principal é tratar o tecido doente e, ao mesmo 
tempo, preservar o tecido normal adjacente (ABC do câncer). 
 
6.2.1 Teleterapia 
 
Consiste na terapia a distância, em que a fonte emissora de radiação fica a, mais 
ou menos, um metro do paciente. Nela, enquadra-se os feixes de raios-x e gama, 
elétrons de alta energia e nêutrons. Os principais aparelhos utilizados são raios-x 
superficial, semiprofundo ou de ortovoltagem, tratando lesões de pele ou com infiltração 
até cerca de três centímetros de profundidade, como a irradiação preventiva dos 
queloides operados, hemangiomas e carcinomas basocelulares. 
 
 
6.2.2 Aceleradores lineares 
 
Estes aparelhos usam micro-ondas para acelerar elétrons a grandes velocidades 
em um tubo com vácuo, sendo que parte dessa energia é transformada em raios-x, sua 
energia máxima no choque — esses fótons de alta energia liberam sua menor dose na 
pele e nos tecidos sadios do paciente. Os elétrons não penetram profundamente no 
tecido e liberam sua dose no intervalo que vai da pele até uma profundidade em torno 
de cinco centímetros, com uma queda acentuada após esse valor. Os tratamentos com 
eles são adequados quando o órgão-alvo é superficial com estruturas radiossensíveis ao 
seu redor, por exemplo, os linfonodos cervicais, que têm a medula espinhal logo atrás, e 
as lesões infiltrativas de pele. 
 
6.2.3 Braquiterapia 
 
 
29 
 
A palavra braqui originada do grego, significa perto ou em curta distância e 
consiste na colocação de uma fonte radioativa diretamente no tumor ou em área muito 
próxima a ele. A braquiterapia pode ser dividida em: 
• superficial — a fonte é colocada sobre a superfície do tumor ou a pele, como 
nos tumores de pele e hemangiomas, sem necessidade de invasão; 
• intracavitária — a fonte radioativa é colocada em uma cavidade próxima à 
localização do tumor, como na braquiterapia vaginal, traqueia, esôfago e reto, 
por meio de espéculos e sondas; 
• intersticial — as fontes radioativas são colocadas diretamente no tecido, como 
na braquiterapia de próstata,por meio de agulhas que passam pelo tumor. 
Esses procedimentos, algumas vezes, precisam ser feitos sob anestesia, às 
vezes em hospitais e sendo necessária a permanência do paciente. 
 
6.2.4 Método de implantação de fontes 
 
Uma característica importante desta técnica é que as próprias fontes radioativas 
entram em contato direto com o tecido e são colocadas dentro de carregadores, os quais 
as contêm em cavidades ou perto do tecido que se queira irradiar, sendo carregados 
manualmente momentos antes da inserção no paciente. 
 
6.2.5 Finalidades da radioterapia 
 
As finalidades da radioterapia relacionadas a seguir se referem aos pacientes 
adultos, pois, em crianças e adolescentes, cada vez menos ela é utilizada devido aos 
seus efeitos colaterais tardios ao desenvolvimento orgânico. 
• Radioterapia curativa: principal modalidade de tratamento radioterápico, que 
visa à cura do paciente; 
• Radioterapia pré-operatória (prévia ou citorredutora): procedimento que 
antecede a principal modalidade de tratamento, a cirurgia, para reduzir o tumor 
e facilitar o procedimento operatório. 
• Radioterapia pós-operatória ou pós-quimioterapia (profilática): ela vem após a 
principal modalidade de tratamento, a fim de esterilizar possíveis focos 
microscópicos do tumor. 
 
30 
 
• Radioterapia paliativa: ela objetiva o tratamento local do tumor primário ou de 
metástase (s), sem influenciar a taxa da sobrevida global do paciente, usada 
principalmente nas seguintes circunstâncias. 
• Radioterapia antiálgica: modalidade de radioterapia paliativa com a finalidade 
específica de reduzir a dor. 
• Radioterapia anti-hemorrágica: modalidade de radioterapia paliativa com a 
finalidade específica de controlar os sangramentos. 
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a resposta dos tecidos às 
radiações depende de muitos fatores, como a sensibilidade do tumor à radiação, sua 
localização e oxigenação, bem como sua qualidade e quantidade e o tempo total em que 
ela é administrada. Para que o efeito biológico atinja o maior número de células 
neoplásicas e a tolerância dos tecidos normais seja respeitada, a dose total de radiação 
deve ser habitualmente fracionada em doses diárias iguais, quando se usa a terapia 
externa. 
6.3 Sinais e sintomas da terapia antineoplásica e o atendimento de enfermagem 
Os efeitos colaterais da terapia variam de acordo com os medicamentos 
utilizados, as doses administradas e as particularidades do organismo. Alguns são 
bastante previsíveis e mudam apenas sua intensidade, mas outros ocorrem devido à 
sensibilidade individual, manifestando-se em um pequeno número de pessoas. A seguir, 
você pode ver os sinais e sintomas mais frequentes nos pacientes em tratamento e os 
cuidados de enfermagem. 
 
6.3.1 Náuseas e vômitos 
 
Em geral, as altas dosagens e infusões rápidas dos quimioterápicos podem 
acarretar em efeitos eméticos mais intensos. Nesse caso, os cuidados de enfermagem 
incluem: 
• Oferecer pequenas refeições ao longo do dia e evitar beber líquido próximo a 
elas, para não distender o estômago; 
• Orientar a mastigação lenta dos alimentos e o repouso em posição sentada 
após as refeições; 
 
31 
 
• Oferecer suco de frutas gelado ao longo do dia; 
• Administrar medicações antieméticas antes e depois da aplicação dos 
quimioterápicos, conforme prescrição médica; 
• Observar o aspecto, a frequência e a quantidade das eliminações e registrar; 
• Auxiliar a realização da higiene oral; 
• Lateralizar a cabeça do paciente durante os episódios de vômitos eméticos; 
• Manter próximo ao paciente um recipiente para que possa utilizar nos 
episódios de vômitos. 
 
6.3.2 Queda de cabelo 
 
É um efeito sistêmico causado pela quimioterapia, ocorre pela atrofia total ou 
parcial do folículo piloso, o que faz a haste do cabelo se quebrar, e consiste, às vezes, 
em perda dos pelos do corpo em graus variados. Grande parte dos quimioterápicos 
podem causar alopecia, principalmente quando se usa agentes alquilantes no 
tratamento. A perda dos cabelos é temporária, e eles voltam a crescer dois meses após 
a interrupção do tratamento, podendo ter textura ou cor diferentes das anteriores. Já os 
cuidados de enfermagem são: 
• Utilizar xampus suaves e escovas de cerdas macias; 
• Proteger o couro cabeludo da luz do sol; 
• Estimular, para melhorar a autoestima, o uso de perucas, lenços, chapéus e 
boné, respeitando-se o gosto do paciente, bem como oferecer maquiagem. 
 
6.3.3 Alteração da mucosa oral 
 
A mucosite consiste em uma reação inflamatória, que acomete principalmente a 
cavidade oral, mas pode se estender pelo esôfago e o trato gastrintestinal, chegando até 
a região retal, e apresenta sinais e sintomas como boca seca, saliva espessa, dificuldade 
para deglutir e falar, eritema, ulcerações, sialorreia e sangramento. Os cuidados de 
enfermagem incluem: 
• Realizar a higiene oral após as refeições com escova de cerdas macias, creme 
dental não abrasivo e fio dental ultrafino; 
 
32 
 
• Fornecer soluções para enxágue ou bochecho de acordo com o protocolo 
institucional; 
• Inspecionar a cavidade oral diariamente para avaliar sinais e sintomas de 
mucosite; 
• Estimular a autoavaliação, o autocuidado e a comunicação precoce dos sinais 
e sintomas; 
• Estimular o uso de manteiga de cacau para lubrificação dos lábios; 
• Remover dentaduras; 
• Orientar a ingestão de alimentos de consistência pastosa ou líquida; 
• Administrar analgesia conforme a prescrição médica; 
• Instituir medidas de contenção do sangramento (pressão com gelo, irrigação 
com água estéril gelada e tamponamento com gaze ou rolinho de algodão), se 
for necessário. 
 
6.3.4 Diarreia 
 
A quimioterapia antineoplásica promove alteração no trato gastrointestinal, no 
qual, por ser formado por células de rápida divisão celular, ocorre uma descamação de 
células da mucosa sem reposição adequada, levando à irritação, à inflamação e às 
alterações funcionais que ocasionam a diarreia, com desidratações e desequilíbrio 
hidroeletrolítico, por exemplo. Já suas drogas mais comuns são irinotecano, topotecano, 
5-fluorouracil, paclitaxel, dactinomicina e dacarbazina. Os cuidados de enfermagem 
envolvem: promover hidratação e oferecer alimentos ricos em fibra na dieta. 
 
6.3.5 Constipação 
 
A diminuição da motilidade gastrintestinal pode ser provocada pelo antineoplásico 
do grupo de alcaloides da vinca, devido à sua ação sobre o sistema nervoso do aparelho 
digestivo, levando também ao quadro de íleo paralítico e ocorrendo sintomas como dor, 
distensão abdominal, cólicas, anorexia, impactação fecal, ruptura intestinal e sépsis. 
Os cuidados de enfermagem são: oferecer alimentos ricos em fibra na dieta; 
estimular a ingestão de um maior volume de líquidos; estimular a atividade física regular; 
e promover um ambiente tranquilo. 
 
33 
 
 
6.3.6 Reação na pele 
 
A reação de pele é o efeito colateral mais comum da irradiação, como eritema, 
descamação e formação de bolhas. A pele irradiada torna-se sensível no tratamento e 
sujeita aos danos. Os cuidados de enfermagem incluem: 
• Manter a pele exposta à radiação seca e livre de irritações; 
• Não usar loções, cremes, talcos, desodorantes ou álcool sem recomendação; 
• Orientar o uso de sabonete neutro; 
• Orientar não esfregar, coçar, arranhar ou escovar a pele irradiada. 
 
6.3.7 Sangramentos 
 
Muitas drogas são mielotóxicas e causam leucopenia, plaquetopenia e anemia 
devido à supressão dos progenitores hematopoiéticos na medula óssea, o que leva à 
ocorrência de infecções e sangramentos, em alguns casos. Os cuidados de enfermagem 
incluem: 
• Orientar a observação e a comunicação de hematomas e sangramentos 
(gengivas, urina, fezes); 
• Instituir medidas de contenção de sangramentos, como compressões e 
compressas geladas. 
 
7 COMPLICAÇÕES DE QUIMIOTERÁPICOS E RADIOTERAPIA COM TOXICIDADE 
E RISCOS AOS SISTEMAS DO ORGANISMOOs efeitos colaterais podem ser classificados em imediatos e tardios. Aqueles 
imediatos são observados nos tecidos que apresentam maior capacidade proliferativa 
(como as gônadas, a epiderme, as mucosas dos tratos digestivo, urinário e genital, e a 
medula óssea) e ocorrem somente se estes estiverem incluídos no campo de irradiação, 
podendo ser potencializados pela administração simultânea de quimioterápicos. Eles 
manifestam-se clinicamente por anovulação ou azoospermia, epitelites, mucosites e 
mielodepressão — leucopenia e plaquetopenia — e devem ser tratados 
 
34 
 
sintomaticamente, pois, em geral, são bem tolerados e reversíveis. Já os efeitos tardios 
são raros, ocorrem quando se ultrapassa as doses de tolerância dos tecidos normais e 
manifestam-se por atrofias e fibroses. Raramente foram observados as alterações de 
caráter genético e o desenvolvimento de outros tumores malignos. 
Todos os tecidos são afetados, em graus variados, pelas radiações. Geralmente, 
os efeitos se relacionam com a dose total absorvida e o fracionamento utilizado; já a 
cirurgia e a quimioterapia podem contribuir para o seu agravamento. 
7.1 Toxicidade dos quimioterápicos 
Os quimioterápicos não atuam somente nas células tumorais, pois as estruturas 
normais que se renovam constantemente, como a medula óssea, os pelos e a mucosa 
do tubo digestivo, também são atingidas por eles. No entanto, como as células normais 
apresentam um tempo de recuperação previsível, ao contrário das anaplásicas, pode-se 
aplicar a quimioterapia repetidamente desde que se observe o intervalo de tempo 
necessário para a recuperação da medula óssea e da mucosa do tubo digestivo. Por 
isso, ela é aplicada em ciclos periódicos. 
Seus efeitos terapêuticos e tóxicos dependem do tempo de exposição e da 
concentração plasmática da droga. Sua toxicidade é variável para os diversos tecidos e 
depende da droga utilizada, e seu agravo pode significar prejuízos irreversíveis e letais 
para o paciente, porém, nem todos os quimioterápicos ocasionam efeitos indesejáveis. 
Ela, com frequência, é considerada o fator limitante para dosagem e fracionamento 
dessas drogas, mas tem uso viável, pois os tecidos normais se recuperam totalmente 
antes que as células tumorais se multipliquem. 
7.2 Riscos causados pela terapia antineoplásica nos sistemas do organismo 
7.2.1 Toxicidade hematológica 
 
Os quimioterápicos antineoplásicos podem ser capazes de afetar a função 
medular e levar o indivíduo a uma mielodepressão. Sua consequência imediata é a 
incapacidade da medula óssea de repor os elementos figurados do sangue circulante, 
aparecendo a leucopenia, a trombocitopenia e a anemia. Quase todos eles exercem 
 
35 
 
toxicidade sobre a formação do tecido hematopoiético, sendo chamados de 
mielossupressores ou mielotóxicos. O tempo entre a sua aplicação e a ocorrência do 
menor valor de contagem hematológica ocorre entre 7 e 14 dias para a maioria das 
drogas, por isso, torna-se necessário seu fracionamento para recuperação medular, que 
leva o sangue periférico a atingir valores próximos aos normais. 
• Anemia é a diminuição de hemoglobina e glóbulos vermelhos, situação em que 
o paciente relata fadiga aos menores esforços, nota-se também palidez, 
dispneia e taquicardia; 
• Leucopenia é a diminuição do número de linfócitos, granulócitos e, 
principalmente, neutrófilos, levando a uma supressão da imunidade celular e 
humoral, aumentando o risco de infecção; 
• Trombocitopenia é a diminuição de plaquetas, podendo levar o paciente a um 
quadro de sangramento ou hemorragia. 
 
7.2.2 Toxicidade cardíaca 
 
É uma ocorrência não frequente, relacionada à dose total cumulativa 
administrada, ao intervalo de tempo aprazado entre as drogas e à idade do paciente 
(acima de 70 anos). Esse efeito pode ser agudo, ocorrendo logo após as primeiras 
aplicações e evidenciado por alterações eletrocardiográficas transitórias facilmente 
tratáveis e sem complicações, como taquicardia sinusal, contração ventricular prematura 
e modificações nas ondas T e ST. Quando for crônica, está associada à dose cumulativa 
da droga, portanto, irreversível, e caracteriza-se por insuficiência cardíaca congestiva e 
falência cardíaca. 
 
7.2.3 Toxicidade pulmonar 
 
Ela acarreta em lesões de fisiopatologia desconhecida em relação aos 
quimioterápicos (fibrose pulmonar intersticial, inflamação nodular, hialinização), é pouco 
frequente e, em geral, fatal, comumente associada aos fatores como radioterapia 
torácica, doença pulmonar anterior, idade, tabagismo, metástase pulmonar, insuficiência 
renal e/ou hepática, e se instala de forma aguda ou em longo prazo. Seus sinais e 
 
36 
 
sintomas são tosse não produtiva, dispneia, taquipneia, expansão torácica incompleta, 
estertores pulmonares e fadiga. 
 
7.2.4 Toxicidade neurológica 
 
Ela manifesta-se por meio de sinais e sintomas de alteração neurológica central 
(alterações mentais, ataxia cerebral, convulsões) ou periféricas (neuropatia periférica 
craniana e irritação meníngea) e ocorre com maior frequência após o uso de alcaloides 
da vinca e de asparaginase. Quando associada à quimioterapia, ela é observada depois 
da utilização de várias drogas. 
 
7.2.5 Toxicidade vesical e renal 
 
As alterações renais têm importância, pois os metabólitos das drogas e os restos 
tumorais são eliminados via aparelho urológico, assim, se não houver a eliminação 
efetiva destes, a toxicidade quimioterápica fica aumentada. As principais lesões renais 
incluem a necrose tubular, a pielonefrite e a disfunção glomerular, que levam aos 
quadros potencialmente fatais de insuficiência renal aguda. A toxicidade sobre o 
aparelho urológico é a irritação e a descamação do tecido de revestimento da bexiga, 
podendo levar o paciente à cistite hemorrágica aguda. O indivíduo deve ser 
rigorosamente monitorado com relação à função renal e à eliminação urinária, receber 
hidratação adequada e, às vezes, medicação uroprotetora, sendo o ajuste de dose 
necessário nesses casos. 
 
7.2.6 Toxicidade gastrintestinal 
 
Ela manifesta-se como náuseas, vômitos, mucosite, anorexia, diarreia e 
constipação intestinal, que variam de intensidade entre leve, moderada e severa. As 
náuseas e os vômitos ocorrem devido à estimulação do centro controlador do vômito, 
localizado no sistema nervoso central, e aos fatores adicionais como dose, via de 
administração, velocidade de aplicação e combinação de drogas. 
A mucosite ocorre devido à destruição das células de revestimento do trato 
gastrintestinal pela ação dos quimioterápicos. Essa agressão inicia-se com 
 
37 
 
ressecamento da boca e evolui para eritema, dificuldade de deglutição e ulceração, pode 
envolver o trato até mucosa anal e ser leve, moderada ou severa. Ela aparece entre 2 a 
10 dias após a aplicação do quimioterápico e torna o paciente suscetível às infecções, à 
necrose e ao sangramento. 
Já a anorexia ocorre devido aos vários fatores associados, como mudanças na 
musculatura e mucosa do estômago e intestino delgado, que retardam o processo 
digestivo, promovendo uma sensação de plenitude gástrica que interfere no apetite. Ela 
também acontece pela presença de náuseas e vômitos, mucosite oral, alterações do 
paladar e psicológicas, como medo, ansiedade, depressão e estresse. 
Como o trato gastrintestinal é formado por células de rápida divisão celular, ele 
sofre uma descamação de células da mucosa sem reposição adequada, levando à 
irritação, à inflamação e às alterações funcionais que ocasionam a diarreia. Quando for 
intensa, pode trazer complicações como desidratação, desequilíbrio hidroeletrolítico, 
diminuição da absorção calórica, perda de peso e fraqueza. 
A constipação intestinal, por sua vez, frequentemente provoca anorexia, 
desconforto, dor e distensão abdominal. Quando for prolongada, ela pode ainda provocar 
náuseas, vômitos e desequilíbrio eletrolítico; há também diminuição damotilidade 
gastrintestinal devido à ação das drogas sobre o sistema nervoso do aparelho digestivo, 
levando aos quadros de íleo paralítico. 
 
7.2.7 Disfunção reprodutiva 
 
Está relacionada à fertilidade e função sexual e apresenta-se em graus diferentes, 
dependendo das drogas utilizadas, dose, duração do tratamento, sexo, idade. As 
alterações podem ser temporárias ou permanentes e causam oligospermia ou 
azoospermia, diminuição da libido, impotência sexual, irregularidades do ciclo menstrual 
e amenorreia. Em relação aos efeitos teratogênicos, o uso de quimioterápico durante a 
gravidez traz o risco real de abortos e malformações fetais. 
 
7.2.8 Hepatotoxicidade 
 
Seu tratamento prolongado pode causar fibrose hepática, cirrose e elevação das 
enzimas hepáticas, sendo um quadro de disfunção frequentemente reversível com a 
 
38 
 
interrupção da quimioterapia, avaliado por meio do aumento transitório das enzimas 
(transaminase glutâmico-oxalacética [TGO], transaminase glutâmico pirúvica [TGP], 
desidrogenase láctica [DHL] e fosfatase alcalina). As alterações leves e moderadas são 
revertidas com a interrupção temporária do uso da droga; as graves, porém, podem ser 
irreversíveis, o que obriga à monitoração das alterações enzimáticas durante a 
quimioterapia. 
 
7.2.9 Alterações metabólicas 
 
Elas estão associadas aos outros fatores intercorrentes, como vômito, diarreia, 
disfunção renal e hepática, ou às situações clínicas. Diferentes quimioterápicos 
antineoplásicos podem causar distúrbios metabólicos, por exemplo, hipocalcemia, 
hipercalcemia, hipoglicemia, hiperglicemia, hiponatremia e hipomagnesemia. Deve-se 
monitorar o paciente durante o tratamento quanto às dosagens séricas de eletrólitos, à 
reposição destas, quando necessário, ou ainda ao adiamento de novos ciclos 
quimioterápicos. 
 
7.2.10 Toxicidade dermatológica 
 
Ela manifesta-se por eritema, urticária, hiperpigmentação dérmica e de leitos 
ungueais e alopecia, sendo de baixa gravidade e reversíveis, bem como se relaciona à 
ação irritante ou vesicante dos quimioterápicos no vaso e nos tecidos vizinhos ao local 
de sua aplicação. As drogas irritantes provocam reação cutânea local, quando 
extravasadas, apresentando dor, queimação e reação inflamatória; já as vesicantes, ao 
serem extravasadas, causam irritação severa com formação de vesículas nos tecidos 
com que entram em contato, além da destruição e necrose tissular, em geral com 
comprometimento irreversível de nervos e tendões. Reações alérgicas e anafiláticas 
também podem ocorrer durante o tratamento e, geralmente, são graves quando os locais 
se caracterizam por eritema, urticária, queimação e prurido na área da punção e ao longo 
do trajeto venoso. Quando as reações são sistêmicas, caracterizam-se por urticária, 
agitação, náusea, hipotensão, desconforto respiratório, edema facial, cólica abdominal, 
prurido, eritema cutâneo, tontura, tremores, edema de glote e cianose. 
 
 
39 
 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012. Dispõe sobre 
o primeiro tratamento de paciente com neoplasia maligna comprovada e estabelece 
prazo para seu início. Casa Civil – Presidência da República. 
 
BRASIL. Ministério da Justiça. Decreto-Lei Nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. 
Código Penal. Casa Civil - Presidência da República. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. ABC do câncer: 
abordagens básicas para o controle do câncer. Rio de Janeiro: Inca, 2011. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Ações de enfermagem para 
o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Inca, 2008. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento 
das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Ministério da Saúde, Brasília, 5 
mar. 2018. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 874, de 16 de maio de 2013. Institui a Política 
Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer na Rede de Atenção à Saúde das 
Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Ministério 
da Saúde, Brasília, 16 maio 2013. 
 
CAMPOS, Elisa Maria Parahyba; VILAÇA, Anali Póvoas Orico. Cuidados paliativos e 
psico-oncologia. 1ª ed. Santana de Parnaíba: Manole, 2022. 
 
CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Orgs.). Manual de cuidados paliativos ANCP: 
ampliado e atualizado. 2. ed. 2012. Rio de Janeiro: ANCP, 2012. 
 
FERLAY, J. et al. Cancer incidence and mortality worldwide: Sources, methods and 
major patterns in GLOBOCAN 2012. International Journal of Cancer, Lyon, v. 136, p. 
E359-E386, 2015. 
 
GADELHA, M. I. P. Audiência Pública: A Política Nacional de Prevenção e Controle 
do Câncer: 5 Anos da Lei dos 60 Dias. Ministério da Saúde, Brasília, 23 maio 2018. 
 
GOMES, A. L. Z.; OTHERO, M. B. Cuidados paliativos. Estudos Avançados, São Paulo, 
v. 30, n. 88, p. 155-166, dez. 2016. 
INCA. Ministério da Saúde. Câncer de mama: vamos falar sobre isso? Rio de Janeiro, 
2019. 
 
INCA. Ministério da Saúde. Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil. Rio de 
Janeiro, 2018. 
 
 
40 
 
MAIA, V. R. Protocolos de enfermagem: administração de quimioterapia 
antineoplásica no tratamento de hemopatias malignas. Rio de Janeiro: HemoRio, 
2010. 
 
NAMIGAR, T. et al. Correlação entre a escala de sedação de Ramsay, escala de 
sedação-agitação de Richmond e escala de sedação-agitação de Riker durante sedação 
com midazolam-remifentanil. Revista Brasileira de Anestesiologia, Rio de Janeiro, v. 
67, n. 4, p. 347–354, jul.–ago. 2017. 
 
PRADO, F. C.; RAMOS, J. A.; VALLE, J. R. Atualização terapêutica: diagnóstico e 
tratamento. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018.

Continue navegando