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Patrine Cagnini RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO NAS ÁREAS DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Centro de Ciências Rurais campus Curitibanos da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do Título de Médico Veterinário. Orientador: Profa. Dra. Angela Patricia Medeiros Veiga Curitibanos 2019 Patrine Cagnini RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO NAS ÁREAS DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM E CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Médico Veterinário e aprovado em sua forma final pela seguinte banca: Curitibanos, 04 de julho de 2019. ________________________ Prof Alexandre de Oliveira Tavela, Dr. Coordenador do Curso Banca Examinadora: ________________________ Prof.ª Angela Patricia Medeiros Veiga, Dr.ª Orientadora Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Prof. Rogério Luizari Guedes, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Prof.ª Fernanda Magrini da Silva Universidade Federal de Santa Catarina AGRADECIMENTOS Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, que me deu saúde, manteve minha cabeça no lugar para enfrentar as dificuldades e pelas oportunidades que colocou em meu caminho. Aos meus pais, Inês Jönck Cagnini e Luiz Antônio Cagnini, que sempre me apoiaram e me deram suporte para realização dos meus sonhos. Também aos meus irmãos, Leonardo Luiz Cagnini e João Vitor Cagnini, por estarem sempre ao meu lado me ajudando, me apoiando e torcendo por mim. Aos amigos que fiz durante a graduação, que estiveram ao meu lado e fizeram dos meus dias muito mais alegres e divertidos. Aos meus professores, que nunca mediram esforços para termos aulas de qualidade e por todo o conhecimento adquirido durante estes 5 anos, em especial a minha orientadora Angela, que me ajudou a escrever este trabalho. Também gostaria de agradecer às pessoas que encontrei nas cidades onde realizei os estágios, que me ajudaram com uma simples informação. Aos amigos que fiz durante este período e que me passaram muito conhecimento, tanto profissional como pessoal, em especial aos residentes Thais Macedo, Iago Smaili e Alex Mendes. Aos meus tios, Ivone e Antônio, que me receberam como uma filha em sua casa, fazendo com que eu concluísse parte do meu estágio curricular. Por fim, aos animais que passaram durante a minha trajetória acadêmica e me trouxeram conhecimento e aprendizado. RESUMO O estágio curricular obrigatório é uma fase importante da vida acadêmica, onde é possível conhecer a rotina de trabalho da profissão e das áreas de interesse. Durante esse período de estágio, foi possível acompanhar a rotina de dois locais e em áreas diferentes. Um foi realizado na área de diagnóstico por imagem, no Hospital da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu-SP, e o outro foi realizado na área de clínica médica de pequenos animais, na Universidade Federal do Paraná, na cidade de Curitiba-PR. O presente relatório irá descrever o período de estágio, desde os locais onde foram realizados os estágios, o funcionamento, as atividades desenvolvidas e a casuística acompanhada. Palavras-chave: Hospital veterinário; estágio; radiologia. ABSTRACT The curricular mandatory internship is an important step of academic life, where it’s possible to get to know a routine work of areas and these fields. To the extent that through that period of internship, was possible to accompany the routine of two places and in different areas. One was performed in the area of diagnostic imaging at the Hospital of the State University of São Paulo, in Botucatu, and the other was performed in the area of clinic and surgery of small animals, at the Federal University of Paraná, in the city of Curitiba. This report will describe the internship period, from the places where the internships were performed, the operation, the activities developed and a case-by-case approach". Keywords: Veterinary hospital; internship; radiology. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Fachada do hospital veterinário da FMVZ, UNESP, campus Botucatu ................... 16 Figura 2- Sala de laudos do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu .............. 17 Figura 3- Primeira sala de raio-X do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu A) Aparelho de raio-X helthcare- DX; B) computador de comando do raio-X ....................... 17 Figura 4- Sala de raio-X para grandes animais com um aparelho CR do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu ............................................................................................ 18 Figura 5- Terceira sala de raio-X do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu com um aparelho de sistema CR .............................................................................................. 18 Figura 6- Equipamentos e digitalizador para os aparelhos de sistema CR do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu ........................................................................ 19 Figura 7- - Sala de ultrassom usada para pequenos e grandes animais do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu ............................................................................................ 20 Figura 8- Sala de ultrassom para pequenos animais do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu ..................................................................................................................... 21 Figura 9- Sala de tomografia computadorizada do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu ..................................................................................................................... 22 Figura 10- Sala de controle da tomografia computadorizada do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu .................................................................................................. 22 Figura 11- Sala de Ressonância magnética do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu .................................................................................................................................... 23 Figura 12- Sala de comando da ressonância magnética do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu ..................................................................................................................... 23 Figura 13- Fachada do hospital veterinário da UFPR, campus Curitiba-PR ............................ 32 Figura 14- Sala de recepção do hospital veterinário do hospital veterinário da UFPR-PR...... 33 Figura 15- Consultório utilizado para triagem de cães e gatos do hospital veterinário da UFPR-PR. ................................................................................................................................. 34 Figura 16- Sala de consultórios para atendimentos encaminhados da triagem e retornos dos pacientes do hospital veterinário da UFPR-PR ........................................................................ 34 Figura 17- Sala de internamento dos cães do hospital veterinário da UFPR-PR (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) ............................................................................................................. 35 Figura 18- Sala de internamento dos felinos atendidos no hospital veterinário da UFPR-PR . 35 Figura 19- Sala de isolamento para pacientes que possuem doença infectocontagiosa atendidos no hospital veterinárioda UFPR-PR ........................................................................ 36 Figura 20- Sala para coleta de amostras dos pacientes atendidos no hospital veterinário da UFPR-PR .................................................................................................................................. 36 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Percentual das espécies acompanhadas durante o período de estágio no setor de diagnóstico por imagem da UNESP-Botucatu ......................................................................... 25 Gráfico 2- Relação de animais castrados que foram atendidos no setor de clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período do dia 8 de abril a 31 de março de 2019. .................................................................................................................................... 39 Gráfico 3- Número de afecções diagnosticadas ou procedimentos realizados nos animais por espécie, dispostas em sistema ou especialidade acometida, acompanhadas durante o estágio no setor de clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período do dia 8 de abril a 31 de março de 2019. ....................................................................................... 40 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Número de exames acompanhados durante o estágio curricular nas modalidades de Raio-X, Ultrassom, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética no setor de diagnóstico por imagem da UNESP-Botucatu ......................................................................... 25 Tabela 2- Setores que solicitaram exames durante o período de estágio curricular no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu. ................................ 26 Tabela 3- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos do tórax relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. ...................... 27 Tabela 4- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos do abdômen relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019 .................. 28 Tabela 5- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos de membros relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. ................. 28 Tabela 6- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos do crânio relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. ...................... 29 Tabela 7- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos da coluna relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. ...................... 29 Tabela 8- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos da pelve relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. ...................... 29 Tabela 9- Alterações por região encontradas nos exames de ultrassom realizados no período de estágio curricular no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. ......................................................................................................................... 30 Tabela 10- Suspeitas solicitadas nos exames de imagem avançada durante o período de estágio curricular no setor de diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. ......................................................................................................................... 31 Tabela 11- Número de pacientes acompanhados separados por espécie e sexo nos atendimentos da clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período de 08 de abril a 31 de março de 2019. ......................................................................... 38 Tabela 12- Raças dos animais acompanhados, separadas por espécie atendidas na clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período de 08 de abril há 31 de março de 2019. ..................................................................................................................... 39 Tabela 13- Percentual de afecções gastroentéricas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019.. ..... 41 Tabela 14- Percentual de afecções respiratórias nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ...... 41 Tabela 15- Percentual de afecções nos caninos e felinos atendidos nas especialidades de urologia e nefrologia, durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ................................................................................................. 43 Tabela 16- Percentual de afecções ortopédicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ...... 44 Tabela 17- Percentual de afecções neurológicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ...... 45 Tabela 18- Percentual de afecções oncológicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ...... 45 Tabela 19- Percentual de afecções dermatológicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ...... 46 Tabela 20- Percentual de afecções da oftalmologia nas espécies canina e felina atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 47 Tabela 21- Percentual de afecções da cardiologia nas espécies canina e felina atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ......................................................................................................................................... 47 Tabela 22- Percentual de outras afecções nas espécies canina e felina atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. ...... 49 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CR- Radiografia Computadorizada FMVZ- Faculdade de medicina veterinária e zootecnia UNESP- Universidade estadual de são Paulo “Júlio de mesquita filho” RM- Ressonância magnética TC- Tomografia computadorizada R1- Primeiro ano de residência R2- Segundo ano de residência DDIV- Doença do disco intervertebral UFPR- Universidade federal do Paraná HV- Hospital Veterinário UTI- Unidade de terapia intensiva CIF- Cistite intersticial felina VD- Ventrodorsal LL- Laterolateral FeLV- Vírus da leucemia felina SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 15 1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 15 2 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) .................... 16 2.1 Local do estágio..........................................................................................................16 2.1.1 Sala de laudos ............................................................................................................. 16 2.1.2 Raio-X ........................................................................................................................ 17 2.1.3 Ultrassom.................................................................................................................... 19 2.1.4 Ressonância Magnética .............................................................................................. 22 2.2 Rotina de trabalho ...................................................................................................... 24 2.3 Atividades Desenvolvidas .......................................................................................... 24 2.4 Casuísticas .................................................................................................................. 25 3 Universidade Federal do Paraná- UFPR................................................................ 32 3.1 Local do estágio.......................................................................................................... 33 3.1.1 Recepção e sala de espera .......................................................................................... 33 3.1.2 Consultórios................................................................................................................ 33 3.1.3 Internamentos ............................................................................................................. 35 3.2 Rotina de trabalho ...................................................................................................... 37 3.3 Atividades desenvolvidas ........................................................................................... 37 3.4 Casuística.................................................................................................................... 38 3.4.1 Gastroenterologia ....................................................................................................... 40 3.4.2 Pneumologia ............................................................................................................... 41 3.4.3 Urologia e nefrologia................................................................................................ 42 3.4.4 Ortopedia .................................................................................................................... 44 3.4.5 Neurologia .................................................................................................................. 44 3.4.5 Oncologia ................................................................................................................... 45 3.4.6 Dermatologia .............................................................................................................. 46 3.4.7 Oftalmologia ............................................................................................................... 47 3.4.8 Cardiologia ................................................................................................................. 47 3.4.9 Endocrinologia ........................................................................................................... 48 3.4.10 Outros ......................................................................................................................... 48 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 49 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 50 15 1 INTRODUÇÃO O estágio curricular obrigatório é uma fase que visa proporcionar a complementação do ensino e da aprendizagem, em termos de treinamento prático, de aperfeiçoamento técnico, científico e de relacionamento humano. O estágio curricular relatado neste trabalho foi realizado em dois locais e em setores diferentes. O primeiro foi realizado no setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, de 01 de fevereiro a 05 de março de 2019, na cidade de Botucatu-SP, sob supervisão da Prof.ª Dr. Vânia Maria de Vasconcelos Machado. Nesse setor eram realizados exames na área de medicina de animais de companhia, animais de produção e animais silvestres. O segundo estágio foi realizado no setor de clínica médica de pequenos animais, no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná, de 08 de abril a 31 de maio, na cidade de Curitiba- PR, sob supervisão da Prof.ª Dr.ª Simone Tostes de Oliveira Stedile. Durante o estágio, acompanhou-se a rotina clínica de atendimentos e internamento de cães e gatos no hospital veterinário. O objetivo de fazer nestas duas áreas é devido a complementação entre os dois campos de atuação. 1.1 OBJETIVOS O presente trabalho tem por objetivo relatar o estágio curricular obrigatório, descrevendo os locais onde foram realizadas as atividades desenvolvidas e mostrar a casuística acompanhada de cada local. 16 2 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) 2.1 Local do estágio O primeiro estágio foi realizado no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Figura 1), localizada na Rua Prof. Dr. Walter Maurício Correa, na cidade de Botucatu, São Paulo. O estágio ocorreu no setor de Diagnóstico por Imagem, de 01 de fevereiro a 05 de abril de 2019, com carga horária de 40 horas semanais, totalizando 360 horas. 1996). Figura 1- Fachada do hospital veterinário da FMVZ, UNESP, campus Botucatu Fonte: FMVZ. Unesp, Botucatu, 2019. O setor é composto por uma secretaria, uma sala de laudos, três salas de raio-X, duas salas de ultrassonografia, uma sala de tomografia computadorizada e uma sala de ressonância magnética. 2.1.1 Sala de laudos A sala de laudos (Figura 2) é equipada com uma bancada ampla, cadeiras, uma estante com livros e sete computadores, todos com duas telas. Nessa sala é onde os residentes passam a maior parte do dia, confeccionando os laudos e discutindo os casos. 17 Figura 2- Sala de laudos do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019). 2.1.2 Raio-X A sala de raio-X mais utilizada é onde são realizados exames de cães e gatos e de animais selvagens. Esta sala contém um aparelho digital de sistema DX, da marca GE healthcare, modelo E7843X e uma mesa estativa horizontal e vertical, além de um balcão com seringas, luvas, algodão, frascos de contraste de iodo e bário e sonda uretral. Também contém pia, calhas para posicionar os animais, EPI’s, placa baritada, disparo do raio automático, cilindro de oxigênio e aparelho simples de anestesia, caso seja necessário anestesiar o animal para realizar o exame (Figura 3). Figura 3- Primeira sala de raio-X do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu A) Aparelho de raio-X helthcare- DX; B) computador de comando do raio-X (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu 2019) 18 A segunda sala de raio-X contém um aparelho digital da marca Gorla-Siame fixo na parede, que utiliza os cassetes do aparelho CR (radiologia computadorizada), além de um aparelho portátil que permite realizar exame nos outros setores. Essa sala é designada para grandes animais, e devido a isso apresenta uma porta com abertura ampla para fora do setor, permitindo a entrada dos animais (Figura 4). Figura 4- Sala de raio-X para grandes animais com um aparelho CR do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 22019) A terceira sala de raio-X é mais utilizada pelos pós-graduandos do setore para dar suporte à sala de raio-X principal de pequenos animais e animais selvagens, quando a demanda de exames é maior que o normal. Ela contém um aparelho da marca Shimadzu modelo EZy-Rad, com digitalizador CR e uma mesa horizontal, além de uma pia, calhas para posicionamento dos animais, EPI’s, cabine baritada e painel de controle (figura 5). Figura 5- Terceira sala de raio-X do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu com um aparelho de sistema CR (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) 19 Em um corredor que dá acesso a todas as salas de raio-X fica o digitalizador dos aparelhos CR. Neste local ficam o digitalizador da marca AGFA Healthcare, modelo CR 30- X, um computador, impressora, duas mesas e chassis de vários tamanhos (Figura 6). Figura 6- Equipamentos e digitalizador para os aparelhos de sistema CR do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) 2.1.3 Ultrassom A primeira sala de ultrassom é para grandes animais, porém também é utilizada para pequenos animais, devido ao aparelho que se encontra nesta sala ser de melhor qualidade. Ela contém um aparelho de ultrassom ESAOTE fixo, modelo MyLab 70 vet XV, com três transdutores, um linear, de 6 a 18 MHz, um convexo, de 1 a 8 MHz, e um micro-convexo, de 3,5 a 7,0 MHz, uma mesa horizontal, bancos, calhas de espuma, dois tricótomos, pia, um armário com luvas, álcool, gel de ultrassom, papel toalha, seringas, agulhas e gaze. A sala também contém um tronco de contenção de metal, para exames em grandes animais e duas portas que comunicam a sala com o meio externo, uma porta de tamanho convencional e outra maior para possibilitar a entrada dos pacientes (Figura 7). 20 Figura 7- - Sala de ultrassom usada para pequenos e grandes animais do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) A segunda sala é para pequenos animais, contém duas entradas, sendo uma para dentro do centro e outra para o meio externo, equipada com um aparelho da marca GE modelo Logiq 3, contendo um transdutor linear, de 5 a 10 MHz, um convexo, de 3 a 9 MHz, e um micro- convexo, de 3,5 a 7,0 MHz, além de uma mesa horizontal, cadeira, calhas de espuma, tricótomo, armário com luvas, gel de ultrassom, seringas, agulhas, álcool e uma pia. Também contém um aparelho móvel Hitachi para exames de emergência, em que o animal não pode se deslocar até o setor (Figura 8). 21 Figura 8- Sala de ultrassom para pequenos animais do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) 2.1.4 Tomografia Computadorizada A tomografia e a ressonância precisam de estruturas maiores, devido à necessidade de os animais serem anestesiados para realização dos exames. Na sala de TC (tomografia computadorizada), realizam-se exames de grandes e pequenos animais e animais silvestres. Ela é subdividida em quatro áreas, uma para a realização do exame, uma área de controle e outra para preparação e recuperação anestésica de grandes animais e outra de pequenos animais. A sala onde ocorre o exame é composta por um tomógrafo da marca SHIMADZU, modelo “SCT-7800 TC”, um carrinho de anestesia e ventilação mecânica, monitor multiparamétrico, tubo de oxigênio, uma mesa para grandes animais acolchoada, um armário com luvas, seringas, agulhas, catéteres, contrastes e uma pia (Figura 9). O ambiente possui paredes baritadas e uma janela de vidro plumbífero, para que a equipe anestésica e o técnico consigam acompanhar o exame da sala de comando sem ter contato com a radiação. A área de comando é onde o técnico faz a programação do exame. Ela é composta por uma mesa, cadeira, dois computadores e um painel de controle do tomógrafo (Figura 10). 22 Figura 9- Sala de tomografia computadorizada do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) Figura 10- Sala de controle da tomografia computadorizada do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) 2.1.4 Ressonância Magnética A sala de RM é composta por um aparelho de baixo campo de 0,25 tesla de potência, da marca ESAOTE e modelo Vet-MR GRANDE. Também é subdividida em quatro áreas devido a necessidade de anestesiar os animais. A sala onde o exame é realizado, é toda cercada pela Gaiola de Faraday para blindagem do equipamento e dispõe de aparelho de 23 anestesia inalatória e monitor multiparamétrico, entretanto estes equipamentos são diferentes dos que estão na tomografia, pois os materiais que os compõem são específicos para evitar interferências eletromagnéticas e eventuais acidentes (Figura 11). A figura 12 está mostrando a sala de comando da ressonância magnética, composta por um computador. Figura 11- Sala de Ressonância magnética do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) Figura 12- Sala de comando da ressonância magnética do setor de diagnóstico por imagem da UNESP- Botucatu (Fonte: Arquivo pessoal, Botucatu, 2019) 24 2.2 Rotina de trabalho O Departamento de Radiologia presta auxílio aos demais setores do Hospital Veterinário, como a clínica médica de pequenos animais, clínica médica de grandes animais, cirurgia de pequenos animais, cirurgia de grandes animais, animais selvagens, reprodução animal e ambulatório de moléstias infecciosas, contando com auxílio dos equipamentos de raio-X , Ultrassom, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética. A equipe é composta por sete residentes, três técnicos e duas professoras responsáveis pelo departamento, além dos estagiários em alguns períodos e os pós- graduandos do setor. O atendimento é das 08h00min às 18h00min, de segunda a sexta-feira e plantões aos finais de semana. Os exames são realizados pelos técnicos de cada setor. No raio-X atuam dois técnicos, um no período da manhã e outro à tarde; tanto a ressonância como a tomografia são de responsabilidade de um técnico. Os residentes ficam basicamente na sala de laudos e realizam os exames de ultrassonografia. A divisão de laudos é feita da seguinte forma: os residentes que estão há menos de um ano (R1) são responsáveis por laudar os exames de raio- X e ultrassom. Os residentes que já estão há mais de um ano (R2) ficam responsáveis pelos laudos de tomografia e ressonância e em alguns períodos também realizam ultrassom. Quando existe alguma dúvida referente aos exames, recorrem às Professoras Vânia Maria Vasconcelos Machado ou Maria Jaqueline Mamprim. 2.3 Atividades Desenvolvidas Desde o início do estágio foi feita uma lista de rodízio entre as estagiárias, onde, a cada dois dias, uma acompanhava um tipo de exame (raio-X, ultrassom, tomografia e ressonância, laudos). No raio-X era de responsabilidade do estagiário receber o animal e o proprietário, colocar os EPI’s, posicionar o animal de acordo com a requisição. Após, editar as imagens para serem enviadas para confecção de laudos. No ultrassom, era função do estagiário realizar a tricotomia do local requisitado e ajudar na contenção física dos animais. Em alguns animais de temperamento dócil, era dada a oportunidade aos estagiários de realizar a varredura dos órgãos para treinamento. Na tomografia e ressonância os estagiários apenas acompanhavam os exames, desde a chegada do animal até a recuperação anestésica. O exame iniciava com a indução e anestesia do animal e após era feito o posicionamento. Todos iam para o painel de controle e o técnico, através de 25 um software, programava o exame. No dia dos laudos, as imagens eram discutidas com os residentes, acompanhando-se a elaboração dos laudos. 2.4 Casuísticas Durante o período entre 01 de fevereiro e 05 de abrilde 2019, foram acompanhados 423 exames, sendo que a maior rotina foi de exames radiográficos com 333 exames, como mostra a Tabela 1. Durante este período, também foram acompanhados exames de emergência para detecção de liquido livre em abdômen (A-FAST) e no tórax (T-FAST), porém não foi possível computar essa casuística devido ao grande numero de exames acompanhados. Tabela 1- Número de exames acompanhados durante o estágio curricular nas modalidades de Raio-X, Ultrassom, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética no setor de diagnóstico por imagem da UNESP-Botucatu Exames Quantidade Percentagem Raio-X 333 78,72% Ressonância 10 2,36% Tomografia 5 1,18% Ultrassom 75 17,73% Total 423 100,00% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019) Foram acompanhados exames das espécies canina, felina, bovina, ovina, equina, aves além de alguns mamíferos silvestres e répteis (Gráfico 1). A que teve maior casuística no período acompanhado foi a espécie canina e felina, seguida pelas aves e mamíferos silvestres, equina e, por último, réptil e ovina, representadas no gráfico como outros. Gráfico 1- Percentual das espécies acompanhadas durante o período de estágio no setor de diagnóstico por imagem da UNESP-Botucatu (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019) 26 Dos setores que solicitaram os exames de Raio-X, ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética, o que mais solicitou foi o setor de cirurgia de pequenos animais com 39% da casuística de exames, como mostra a Tabela 2. Tabela 2- Setores que solicitaram exames durante o período de estágio curricular no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu. Setor Quantidade Percentagem Animais Silvestres 22 5,20% Cardiologia veterinária 27 6,38% Cirurgia de grandes animais 12 2,84% Cirurgia de pequenos animais 165 39,01% Clínica de grandes animais 5 1,18% Clínica de pequenos animais 110 26,00% Moléstias Infecciosas 24 5,67% Nefrologia e urologia 18 4,26% Neurologia veterinária 17 4,02% Oftalmologia veterinária 2 0,47% Reprodução animal 21 4,96% Total 423 100,00% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). Na casuística dos exames de Raio-X, as regiões solicitadas foram as de tórax, abdômen, coluna, pelve, crânio e membro. Nas tabelas abaixo (Tabela 3, 4 ,5, 6, 7, 8 ) estão listadas as suspeitas de afecções por região radiográfica solicitadas ao setor durante o período de estágio, relacionado com as espécies mais prevalentes, que foram a felina e canina, sendo as demais espécies (equina, aves, mamíferos silvestres, ovina e répteis) representada por “outros”. 27 Tabela 3- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos do tórax relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. Suspeita Canina Felina Outras Total Percentagem Tórax Avaliação cardíaca 46 2 0 48 23,8% Broncopneumonia 23 1 0 24 11,9% Bronquite 5 0 0 5 2,5% Colapso de traqueia 10 0 0 10 5,0% Contusão pulmonar 7 3 0 10 5,0% Corpo estranho 1 0 0 1 0,5% Dirofilariose 1 0 0 1 0,5% Edema pulmonar 15 1 0 16 7,9% Efusão pleural 11 1 0 12 5,9% Fraturas de costela 2 0 0 2 1,0% Eventração de lobo pulmonar 1 0 0 1 0,5% Hérnia diafragmática 0 2 0 2 1,0% Metástase pulmonar 41 4 0 45 22,3% Pneumotórax 6 0 0 6 3,0% Pneumonia ¹ 5 3 1 9 4,5% Posicionamento de sonda esofágica 8 1 0 9 4,5% Ruptura de esôfago ² 0 0 1 1 0,5% Total 182 18 2 202 100% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). ¹ Réptil ² Equina 28 Tabela 4- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos do abdômen relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019 Suspeita Canina Felina Outras Total Percentagem Abdômen Acompanhamento gestacional 3 0 0 3 4,9% Corpo estranho 22 1 0 23 37,7% Eventração 1 2 0 3 4,9% Fecaloma¹ 3 4 2 9 14,8% Feto mumificado 1 0 0 1 1,6% Intussuscepção 1 0 0 1 1,6% Megacólon¹ 0 1 1 2 3,3% Pesquisa de Neoplasia 2 0 0 2 3,3% Ruptura vesical 3 0 0 3 4,9% Sonda uretral dobrada 0 1 0 1 1,6% Urolitíase 4 7 0 11 18,0% Retenção de ovo² 0 0 1 1 1,6% Úlcera gástrica 1 0 0 1 1,6% Total 41 16 4 61 100% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). ¹ mamífero silvestre ² réptil Tabela 5- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos de membros relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). ¹ ave ² mamífero silvestre ³ bubalino Suspeita Canina Felina Outras Total Percentagem Membros Atrite 2 1 0 3 3,8% Controle de fratura¹ ² ³ 16 3 3 22 28,2% Displasia do cotovelo 1 0 0 1 1,3% Doença articular degenerativa 8 0 0 8 10,3% Fragmento articular 0 0 1 1 1,3% Fratura¹ ² 10 5 8 23 29,5% Instabilidade ligamentar 4 0 0 4 5,1% Luxação ¹ 3 1 1 5 6,4% Luxação de patela 2 0 0 2 2,6% Osteomielite 3 0 0 3 3,8% Osteossarcoma 4 0 0 4 5,1% Sub luxação 2 0 0 2 2,6% Total 55 10 13 78 100% 29 Tabela 6- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos do crânio relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. Suspeita Canina Felina Outras Total Percentagem Crânio Fratura 1 1 0 2 20,0% Neoplasia 2 1 0 3 30,0% Otite 1 1 0 2 20,0% Periodontite ¹ 0 0 1 2 10,0% Pólipo nasal 0 1 0 1 10,0% Sinusite 0 1 0 1 10,0% Total 4 5 1 10 100,0% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). ¹ ovina Tabela 7- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos da coluna relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. Suspeita Canina Felina Outras Total Porcentagem Coluna DDIV * 13 0 0 13 59,1% Discoespondilite 1 0 0 1 4,5% Fratura ¹ 3 1 2 6 27,3% Instabilidade lombossacra 2 0 0 2 9,1% Total 19 1 2 22 100% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). *DDIV: Doença do disco intervertebral ¹ mamífero silvestre Tabela 8- Casuística das suspeitas solicitadas dos exames radiográficos da pelve relacionada com as espécies mais prevalentes acompanhados no período de estágio no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. Suspeita Canina Felina Total Percentagem Pelve Controle de fratura 5 0 5 23,8% Displasia coxofemoral 9 0 9 42,9% Fratura ¹ 5 1 6 28,6% Luxação coxofemoral 1 0 1 4,8% Total 20 1 21 100% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). ¹ mamífero silvestre Nos exames de ultrassom, as regiões onde foram realizados exames foram: torácica cervical e abdominal. As alterações encontradas em cada região estão dispostas na (Tabela 10), sendo que a região abdominal foi a mais solicitada. 30 Tabela 9- Alterações por região encontradas nos exames de ultrassom realizados no período de estágio curricular no setor de Diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. Suspeita Quantidade Percentagem Tórax Efusão pleural 4 5,19% Pneumotórax 1 1,30% Pesquisa de metástase 1 1,30% Cervical Abscesso 1 1,30% Obstrução esofágica 1 1,30% Abdômen Cistite 1 1,30% Corpo estranho 8 10,39% Esplenomegalia 2 2,60% Gastroenterite 3 3,90% Hepatopatia 1 1,30% Hiperadrenocorticismo 3 3,90% Injúria renal aguda 4 5,19% Injúria renal crônica 1 1,30% Intoxicação 1 1,30% Intussuscepção 4 5,19% Linfoma 1 1,30% Líquido livre 2 2,60% Pancreatopatia 9 11,69% Pesquisa de neoplasia 2127,27% Pielonefrite 2 2,60% Piometra 2 2,60% Prostatite 1 1,30% Úlcera gástrica 2 2,60% Urolitíase 1 1,30% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). Nos exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética as suspeitas solicitas para o setor durante o período estão listadas na tabela a seguir, assim como, se as suspeitas foram confirmadas pelo exame correspondente (Tabela 10). Nos exames de TC, houve 75% de confirmação da suspeita, já nos exames de RM, houve 87,5% de confirmação. 31 Tabela 10- Suspeitas solicitadas nos exames de imagem avançada durante o período de estágio curricular no setor de diagnóstico por imagem do Hospital Veterinário da UNESP- Botucatu, 2019. Exame/ Afecção Quantidade Confirmados Tomografia computadorizada Shunt portosistêmico 1 0 CCE nasal 1 1 Ureter ectópico 1 1 Meningomielite 1 1 Porcentagem total 100% 75% Ressonância magnética DDIV 6 5 Hidrocefalia 1 1 Epilepsia 1 1 Porcentagem total 100% 87,5% (Fonte: Elaborado pelo autor, Botucatu, 2019). *CCE: Carcinoma de células escamosas. Discussão O setor que mais solicitou exames de imagem foi a clínica cirúrgica. Isso provavelmente se deve ao grande número de atropelamentos que foi evidenciado no período de estágio. Nestes casos, assim que estabilizados, os animais já eram encaminhados para radiografia. Após a cirurgia também eram feitos exame pós-cirúrgicos e acompanhamento de cicatrização óssea. O número de suspeitas foi maior que o número de exames radiográficos realizados, devido a um animal ter mais de uma suspeita. Nos exames de raio- X do tórax, a avaliação mais solicitada foi a cardíaca, sendo que, dos 46 exames solicitados (Tabela 3), nem todos tiveram alterações, sendo solicitados quando havia suspeita de cardiopatia ou para triagem anestésica, principalmente em animais idosos. O método utilizado no setor para avaliação cardiológica é chamado de subjetivo, e depende dos conhecimentos do profissional que está avaliando. Esse método tenta detectar alterações na forma, tamanho de partes específicas do coração e utiliza as projeções ventrodorsal (VD) e lateromedial (LD) do tórax (CASTRO et al., 2011). Um caso pouco frequente foi a de eventração de lobo pulmonar cranial. Foi em um cão, SRD, macho, de 4 anos de idade, que apresentava tosse crônica. Após analisar a imagem na projeção LL (latero-lateral) do tórax, foi observada uma estrutura radioluscente em região cervical. A eventração ou herniação do lobo pulmonar é a protrusão do parênquima pulmonar além do tórax e é considerada rara em cães. As hérnias cervicais de lobo pulmonar podem ser 32 adquiridas devido ao aumento da pressão intratorácica, como é o caso de tosse crônica (NAFE et al., 2013). Os exames ultrassonográficos tiveram um casuística menor, devido a alguns pacientes não comparecerem aos exames marcados, sendo a maior parte realizado por “encaixe”. Também, ao final do mês março o aparelho danificou-se, não sendo possível realizar exames. Os exames de imagem avançada são muito requisitados na casuística de atendimentos, mas, devido à necessidade de sedação dos pacientes, o tempo de cada exame e a presença de apenas um técnico capacitado para realizar, ambos os exames têm sua limitação em relação à quantidade. 3 Universidade Federal do Paraná- UFPR O segundo estágio foi realizado no hospital veterinário da Universidade Federal do Paraná (Figura 13), localizado na Rua dos Funcionários, n° 1540, bairro Juvevê, na cidade de Curitiba, Paraná. O estágio foi realizado no setor de clínica médica de pequenos animais, no período do dia 08 de abril a 31 de maio de 2019, com carga horária de 40 horas semanais totalizando 304 horas. O hospital veterinário tem prioridade para atividade de ensino do curso de medicina veterinária da UFPR e presta serviços profissionais nas áreas de clínica médica, clínica cirúrgica, teriogenologia e de diagnósticos laboratoriais à comunidade em geral. Também realiza e proporciona meios para a pesquisa e a investigação científica (UFPR, 2018). Figura 13- Fachada do hospital veterinário da UFPR, campus Curitiba-PR (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) 33 3.1 Local do estágio O setor de clínica médica é composto pela recepção, por quatro consultórios de atendimento, um internamento para cães, um internamento para gatos, um internamento de isolamento, uma sala de coleta, além do apoio dos laboratórios de patologia veterinária, patologia clínica, diagnóstico por imagem, microbiologia veterinária e a farmácia veterinária. 3.1.1 Recepção e sala de espera A recepção (Figura 14), é composta por uma bancada de atendimento que permite três atendimentos concomitantes, computadores, cadeiras e uma balança. Aqui os recepcionistas encaminham os pacientes para triagem, consultas marcadas ou para retornos e é onde eles aguardam junto aos animais. Figura 14- Sala de recepção do hospital veterinário do hospital veterinário da UFPR-PR. (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) 3.1.2 Consultórios Os consultórios são usados por escala entre os outros setores de clínica médica, clínica cirúrgica, oftalmologia, odontologia e dermatologia durante a semana. O consultório 2 é usado apenas para triagem e atendimento de emergência (Figura 15) e é revezado com a clínica cirúrgica. É composto por uma mesa de inox, cadeiras, um carrinho de emergência, um computador, armário com luvas de procedimento, gaze, clorexidina 2%, álcool e uma pia. 34 Figura 15- Consultório utilizado para triagem de cães e gatos do hospital veterinário da UFPR-PR. (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) Os consultórios de atendimentos (1, 3, 4, 5), são equipados com uma mesa com um computador, mesa de inox, um armário com luvas de procedimento, gaze, clorexidina 2%, álcool, esparadrapo e uma pia (Foto 16). Aqui ocorrem as consultas que foram encaminhadas da triagem e os retornos, respeitando uma escala pré-estabelecida. Figura 16- Sala de consultórios para atendimentos encaminhados da triagem e retornos dos pacientes do hospital veterinário da UFPR-PR (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) 35 3.1.3 Internamentos O internamento dos cães (Figura 17) tem lotação máxima para 8 animais. É equipado com baias de ferro móveis, duas mesas de inox para procedimento, amplo armário com soluções cristaloides, equipos, cateteres, seringas, agulhas, tubos de coleta, bombas de infusão, entres outros. Aqui ficam internados apenas os animais da clínica médica. Figura 17- Sala de internamento dos cães do hospital veterinário da UFPR-PR (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) O “Inter cats” ou internamento dos felinos (Figura 18), recebe os animais internados da clínica médica e dos outros setores de pequenos animais. Tem lotação máxima para 4 animais, contém baias móveis, armário com os mesmos equipamentos do internamento dos cães, caixas de transporte, balança, entre outros. Geralmente é um lugar de pouca circulação de pessoas para minimizar estresse para os pacientes internados. Figura 18- Sala de internamento dos felinos atendidos no hospital veterinário da UFPR-PR (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) 36 A área de isolamento (Figura 19) é usada para doenças infectocontagiosa e comporta apenas um animal. Animais com parvovirose e leptospirose são os que comumente são internados. A sala é equipada com um armário amplo com equipamentos básicos para internação (seringas, agulhas, gaze, luvas de procedimento, álcool, entre outros), uma mesa de inox e baia móvel. Figura 19- Sala de isolamento para pacientes que possuem doença infectocontagiosa atendidos no hospital veterinário da UFPR-PR (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) A sala de coleta (Figura 20) é compartilhada com os outros setores de pequenos animais.Aqui geralmente são realizadas coletas de amostras para exames como citologia, coleta de pelos, swab de lesão, sangue, entre outros. Também são realizados procedimentos simples que precisam de sedação ou anestesia, como biopsia, limpeza de ferida, entre outros. Figura 20- Sala para coleta de amostras dos pacientes atendidos no hospital veterinário da UFPR-PR (Fonte: arquivo pessoal, Curitiba 2019) 37 3.2 Rotina de trabalho O HV- UFPR funciona de segunda a sexta, iniciando o expediente às 07:30h e finalizando 19:30h. Durante a noite permanecem dois residentes e um auxiliar veterinário para cuidar dos animais internados. O plantão é realizado pelos residentes de todos os setores de pequenos animais do hospital e segue uma escala pré-definida. A UTI do hospital é de responsabilidade única dos residentes e professores de anestesiologia, sendo apenas revezados entre eles os plantões. Na clínica médica de pequenos animais são cinco residentes, sendo três deles R1 (primeiro ano de residência) e dois R2 (segundo ano de residência). Também há uma escala de funções entre eles nos dias em que não há atividade letiva, divididas em triagem, internamento e atendimento. Na triagem fica apenas um residente e estagiários curriculares. Nas sextas e nas quartas feiras, a triagem é feita pela clínica cirúrgica e nos outros dias da semana pela clínica médica. A triagem ocorre durante todo o período do dia e é anunciada na recepção, quando o animal chega, definindo-se se o caso triado será encaminhado à clínica médica ou a outros setores, ou se é emergência. Se for emergência, é atendido imediatamente e o residente responsável pela triagem fica responsável pelo caso. Um único residente é responsável pelo internamento, contando com a ajuda dos estagiários. Os animais que são encaminhados para a clínica médica são atendidos por ordem de chegada e pelos residentes restantes, os quais também contam com ajuda dos estagiários. Os atendimentos são compostos por, no máximo, três consultas para cada residente por período, sendo que o número de atendimentos varia, dependendo da escala de residentes. A limpeza dos animais e a reposição de materiais, bem como os passeios rotineiros com os animais internados e o auxílio em procedimentos que necessitam de contenção fica sob responsabilidade de auxiliares veterinários terceirizados. 3.3 Atividades desenvolvidas Os estagiários seguiam uma escala distribuída em triagem, internamento e atendimento. Cada semana seguia uma ordem, a fim de cada um ficar duas vezes na semana no internamento, uma vez na triagem e o restante dos dias no atendimento. A carga horária solicitada era de 08 horas diárias, iniciando as 8hrs e saindo as 18hr, com intervalo de duas horas de almoço. 38 No setor de triagem, os estagiários eram responsáveis pela recepção do proprietário e do animal, avaliar os parâmetros clínicos, identificar a queixa do proprietário e analisar se o caso é de emergência ou não. Posteriormente, passar ao residente responsável para encaminhar o animal ao setor apropriado. Se fosse detectada uma condição de emergência, os protocolos já eram iniciados. No internamento dos cães, dos gatos e no isolamento, era de responsabilidade dos estagiários ajudar o residente a dar as medicações nos horários prescritos, assim como a alimentação e aferir os parâmetros clínicos duas vezes ao dia. Também, ajudar nos procedimentos de coleta de sangue, acesso venoso, contenção e encaminhar as amostras aos laboratórios. Nos atendimentos da clínica médica, os estagiários eram responsáveis por pesar os animais, conduzir os proprietários e os animais aos consultórios e realizar anamnese e exame físico completo. Após, passar ao residente que iria atender para que ele desse continuidade ao caso. 3.4 Casuística Durante o período, foram acompanhados 145 animais no setor de clínica médica de pequenos animais do HV-UFPR, dos quais 109 foram caninos (75,2%) e 36 felinos (24,8%). O tipo de animal que predominou nos atendimentos foi de fêmeas caninas (tabela 11). Em relação às raças acompanhadas, a maior casuística foi de animais SRD (sem raça definida), tanto na espécie felina como na canina (Tabela 12). Tabela 11- Número de pacientes acompanhados separados por espécie e sexo nos atendimentos da clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período de 08 de abril a 31 de março de 2019. Espécie/ Sexo Quantidade Percentagem Felino fêmea 18 12 % Felino macho 18 12 % Canino fêmea 63 44% Canino macho 46 32% Total 145 100,00% Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. 39 Tabela 12- Raças dos animais acompanhados, separadas por espécie atendidas na clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período de 08 de abril há 31 de março de 2019. Espécie/ Sexo Quantidade Percentagem Canina Chihuahua 2 1,38% Dachshund 4 2,76% Labrador 2 1,38% Lhasa apso 2 1,38% Pastor Alemão 2 1,38% Pequinês 1 0,69% Pinscher 6 4,14% Pittbull 2 1,38% Poodle 4 2,76% Pug 2 1,38% Rottweiller 3 2,07% Schnauzer 2 1,38% Spitz alemão 1 0,69% SRD * 58 40,00% Yorkshire 7 4,83% Shih Tzu 10 6,90% Buldogue inglês 1 1,38% Felina Persa 2 1,38% Siamês 1 0,69% SRD * 33 22,76% Total 145 100% Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. * SRD: Sem raça definida Dos animais atendidos da espécie canina, 53(36%) não eram castrados e 56 (39%) eram. Da espécie felina, 25 (17%) não eram castrados e 11(8%) eram, como mostra o gráfico 2. Gráfico 2- Relação de animais castrados que foram atendidos no setor de clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período do dia 8 de abril a 31 de março de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. 40 Foram diagnosticadas 150 afecções nos animais atendidos, que foram divididas por sistema acometido, como mostra o gráfico 3. O principal sistema acometido nos cães foi o sistema gastrointestinal, com 19 animais afetados, seguido por oncologia e sistema cardiovascular. Já nos felinos o sistema mais acometido foi o tegumentar e o urogenital com 10 casos em ambos os sistemas, seguido por gastrointestinal e imunização. Gráfico 3- Número de afecções diagnosticadas ou procedimentos realizados nos animais por espécie, dispostas em especialidade acometida, acompanhadas durante o estágio no setor de clínica médica de pequenos animais do hospital veterinário da UFPR, no período do dia 8 de abril a 31 de março de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. 3.4.1 Gastroenterologia A afecção mais prevalente na espécie canina foi a parvovirose, juntamente com a pancreatite, cada uma com 20% (20 cães) com esse sistema acometido. Nos felinos, foi o fecaloma que predominou, com 28,6% dos animais atendidos (Tabela 13). Todas as afecções listadas foram diagnosticadas com base nos exames hematológicos, ultrassonográficos e radiográficos, exceto nos casos de parvovirose e giardíase que, além dos exames listados anteriormente, também foram utilizados testes rápidos. 41 Tabela 13- Percentual de afecções gastroentéricas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019.. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. 3.4.2 Pneumologia Na especialidade de pneumologia, o edema pulmonar foi a afecção mais prevalente no sistema respiratório na espécie canina, com seis casos (46,2%) dos 13 cães atendidos com este sistema acometido. Na espécie felina, foram apenas dois casos atendidos nessa especialidade, um de hérnia diafragmática (50%) e outro de efusão pleural (50%) (Tabela14). Tabela 14- Percentual de afecções respiratórias nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor,Curitiba, 2019. O edema pulmonar é definido como um aumento no líquido extravascular, ou seja, fluido no parênquima pulmonar que não seja no espaço intravascular, podendo ter duas origens: edema por alta pressão (cardiogênico) ou por aumento da permeabilidade (não cardiogênico) (JERICÓ et al, 2015). Afecções Canina Porcentagem Felina Percentagem Cirrose hepática 1 5 % - - Colangiohepatite - - 1 14,3% Corpo estranho 3 15% 1 14,3% Fecaloma - - 2 28,6% Gastroenterite 3 15% - - Gengivite 1 5% 1 14,3% Giardíase 1 5% - - Lipidose hepática - - 1 14,3% Megaesôfago 1 5% - - Pancreatite 4 20% - - Parvovirose 4 20% - - Sialocele 1 5% Úlcera gástrica 1 5% - - Verminose - - 1 14,3% Total 20 100 % 7 100 % Afecções Canina Porcentual Felina Percentagem Colapso de traqueia 2 15,4% - - Edema pulmonar 6 46,2% - - Efusão pleural 2 15,4% 1 50% Hérnia diafragmática - - 1 50% Metastase pulmonar 2 15,4% - - Tromboembolismo (suspeita) 1 7,7% - - Total 13 100 % 2 100% 42 Dos casos acompanhados, cinco foram devido a fisiopatogenia do edema cardiogênico, tendo uma causa cardíaca de base. Nesses casos, ocorre aumento da pressão hidrostática capilar devido a uma insuficiência cardíaca esquerda, ocorrendo um aumento de pressão por acúmulo de sangue nas veias e capilares pulmonares. Em apenas um dos casos de edema pulmonar acompanhados, a causa foi não cardiogênica. Este tipo de edema é consequência de uma série de distúrbios pulmonares e sistêmicos, os quais levarão ao aumento da permeabilidade vascular e/ou da pressão hidrostática, resultando em o extravasamento de fluido rico em proteínas para o espaço intersticial e alveolar. Algumas doenças e condições clínicas estão associadas a este tipo de edema, entre elas tromboembolismo e edema neurogênico (BITENCOURT et al, 2017) O único caso acompanhado de edema não cardiogênico, chegou na emergência com cianose, dispneia e hipotermia, com início súbito dos sinais clínicos respiratórios e histórico de convulsão. A ausculta pulmonar revelou crepitação e sons cardíacos normais. O exame radiográfico do tórax evidenciou intensa opacificação alveolar. Também foi realizado ecocardiograma, que não evidenciou alterações cardíacas significativas. A suspeitada foi, então, de tromboembolismo pulmonar. O tromboembolismo pulmonar é uma obstrução de um ou mais vasos pulmonares por um trombo, podendo ser primário ou causado por translocação de um trombo formado em qualquer outro lugar. O diagnóstico é baseado na anamnese, onde é relatado aparecimento súbito dos sinais respiratórios, sem que haja doença respiratória anterior, assim como em radiografias, ecocardiogramas e alguns testes de coagulação (JERICÓ et al, 2015). Como tratamento, foi realizada infusão contínua de furosemida, aplicação de broncodilatador e oxigenioterapia. Após uma semana de internação, foi realizada a eutanásia, pela piora do quadro clínico. Não foi possível chegar ao diagnóstico definitivo, devido ao proprietário não autorizar a necrópsia. Também não foi possível descartar que tenha sido um caso edema neurogênico, pois o animal tinha histórico de convulsão. 3.4.3 Urologia e nefrologia Nessas especialidades, a espécie mais acometida foi a felina, com 10 casos acompanhados. Na espécie canina foram 9 cães atendidos. Em ambas as espécies, a afecção mais prevalente foi a doença renal crônica; nos cães foi 44,4% e na felina 40% dos casos atendidos. Em gatos, a cistite idiopática felina obstrutiva (30%) também apresentou uma alta prevalência, como mostra a Tabela 15. 43 Tabela 15- Percentual de afecções nos caninos e felinos atendidos nas especialidades de urologia e nefrologia, durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. *CIF: Cistite idiopática felina, DRC: Doença renal crônica A doença renal crônica é uma doença comum nas espécies canina e felina, sendo definida como uma falência renal que persiste por um longo tempo. As lesões são irreversíveis, independente da causa primária e levam a um declínio progressivo da função renal e alterações metabólicas. Pode ter três origens: familiar, congênita ou adquirida (SILVA et al., 2008). O diagnóstico de doença renal crônica dos pacientes acompanhados se dava por hemograma, creatinina, ureia, urinálise e RPC urinária, além de exames de imagem, como ultrassom. Para o tratamento de DRC era instituída a fluidoterapia para correção de desidratação, sucralfato VO na dose de 0,5 a 1g/animal TID para proteção gástrica, manejo dietético com Royal Canin renal à vontade. Em alguns casos de hiperfosfatemia também era utilizado quelante de fósforo hidróxido de alumínio na dose de 30 a 100mg/Kg VO após alimentação. A cistite idiopática felina (CIF) é caracterizada por manifestações clínicas e morfológicas da vesícula urinária. Atualmente não há uma causa específica conhecida, mas sugere-se que a periúria seja a principal fator relacionado com a causa. O estresse é citado como um fator importante no aparecimento dessa síndrome, ou seja, o ambiente onde o felino vive e as condições que ele oferece podem predispor, assim como a pouca ingestão de água. A doença pode se apresentar na forma aguda ou crônica, obstrutiva ou não obstrutiva. A CIF predispõe a formação de tampões uretrais ou plugs, sendo está a causa mais comuns de obstrução do trato urinário em felinos machos. Ambos os casos acompanhados de CIF obstrutiva eram decorrentes de tampões uretrais. O tratamento da forma obstrutiva era feito de modo conservativo ou cirúrgico. O tratamento clínico era feito com sedação do paciente com dexmedetomida e propofol. A Afecções Canina Porcentual Felina Percentagem Cistite - - 2 20% DRC* 4 44,4% 4 40% Hidronefrose unilateral 1 11,1% - - Urolitíase obstrutiva 1 11,1% 1 10% CIF* - - 3 30% Parafimose 1 11,1% - - Piometra 2 22,2% - - Total 9 100 % 10 100% 44 primeira tentativa de desobstrução era realizada com catéter 20G com pomada lidocaína (40mg/g) acoplada a uma seringa com solução fisiológica para realizar a propulsão e alcançar a desobstrução. Posteriormente, uma sonda uretral número 4 era inserida na uretra, realizado o esvaziamento, lavagem da vesícula com solução fisiológica e fixação da sonda no prepúcio com nylon 2.0 e mantido por 24 horas. O animal era mantido no internamento para controle da dor, recebendo fluidoterapia com ringer lactato e era prescrita ração medicamentosa específica para trato urinário inferior. Recomendações quanto ao estímulo para ingestão de água e o manejo do ambiente também eram feitas após a alta do animal. Todos apresentavam os sinais clínicos descritos por Little (2015), principalmente a vocalização e a bexiga acentuadamente distendidas. 3.4.4 Ortopedia Dos casos acompanhados nessa especialidade, a espécie canina foi a mais acometida A fratura de membro (25%) e a miíase (25%), foram as mais frequentes, ambas com dois animais no total de oito casos atendidos. Na espécie felina foi apenas um caso de acometimento desse sistema, que foi de evisceração (Tabela 16). Tabela 16- Percentual de afecções ortopédicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. 3.4.5 Neurologia Na neurologia, apenas a espécie canina foi acometida, sendo a convulsão a afecção mais prevalente (40%). A doença do disco intervertebral, assim como a cinomose, tiveram 30% de prevalência de acometimento do sistema neurológico, cada um com 3 casos (Tabela 17). Afecções Canina Porcentual Felina Percentagem Discoespondilite 1 16,7% - - Evisceração - - 1 100% Fratura de membro 1 16,7% - - Fratura de pelve 1 - - - Miíase 2 33,3% - - Mutilação de cauda 1 16,7% - - Total 6 100 % 1 100% 45 Tabela 17-Percentual de afecções neurológicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. *DDIV: Doença do disco intervertebral Os casos de DDIV eram encaminhados ao setor de clínica cirúrgica para melhor avaliação neurológica. Na clínica médica apenas era feito controle da dor com uso de metadona na dose de 0,5 mg/Kg. Em todos os casos de convulsão foi recomendada a realização da tomografia para um diagnóstico definitivo da causa, já que outras causas, como a cinomose, haviam sido excluídas. 3.4.5 Oncologia Na área de oncologia foram atendidos 16 casos, sendo que a afecção mais prevalente foi a neoplasia mamária (26,7%; Tabela 18). Todos os animais foram diagnosticas pela clínica médica e posteriormente encaminhados para o setor de oncologia do hospital veterinário da UFPR para dar continuidade ao tratamento. O diagnóstico era realizado com auxílio de citologia, biopsia e exames de imagem (ultrassonografia e radiologia). Tabela 18- Percentual de afecções oncológicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019 Afecções Canina Percentagem Cinomose 3 30% Convulsão a esclarecer 4 40% DDIV * 3 30% Total 10 100 % Afecções Canina Porcentagem Felina Percentagem Carcinoma 3 18,8% - - Hemangioma 1 6,3% - - Linfoma intestinal - - 1 100% Linfoma multicêntrico 1 6,3% - - Lipoma 2 12,5% - - Mastocitoma 1 6,3% - - Neoplasia mamária 4 25% - - Neoplasia perianal 2 12,5% Osteossarcoma 2 12,5% - - Total 16 100 % 1 100 % 46 3.4.6 Dermatologia Na dermatologia, foram atendidos 21 casos, no total. Na espécie canina, a afecção mais prevalente foi a otite, com três casos (30%). Já na espécie felina, a afecção mais frequente foi a esporotricose, com seis casos (54,4%). Tabela 19- Percentual de afecções dermatológicas nos caninos e felinos atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019 Estima-se que cerca de 20% a 75% dos atendimentos veterinários estão relacionados diretamente a doenças de pele. Isso se deve ao fato de serem afecções que são facilmente visualizadas, fazendo com que os proprietários procurem um auxílio veterinário mais imediato (GASPARETTO et al., 2013). No caso das otites, eram realizados swabs dos dois ouvidos e enviados para cultura bacteriana e fúngica e também para antibiograma. O tratamento era receitado após o resultado de todos os exames, para diminuir a possibilidade de resistência bacteriana e fúngica. A esporotricose foi a afecção mais prevalente dos felinos. Todos os casos foram fechados com a citologia. Essa doença é uma micose zoonótica mundial, que geralmente afeta a pele e o tecido subcutâneo de humanos e outras espécies de animais. Os cães não produzem grande quantidade do Sporotrix spp. em seus exsudatos quando comparados com os gatos, por isso apresentam um risco zoonótico menor (JERICÓ et al, 2015). Na cidade de Curitiba-PR, a esporotricose é tratada como epizootia (ocasional), mas devido à recente necessidade de notificação dos casos positivos, ainda não se sabe ao certo o perfil epidemiológico do município (MAROS, 2016). Afecções Canina Porcentagem Felina Percentagem Abscesso - - 2 18,2% Atopia 1 10% - - DAP 1 10% - - Demodicose 1 10% - - Dermatofitose - - 1 9,1% Esporotricose - - 6 54,4% Esporotricose (suspeita) - - 2 18,2% Malasseziose 1 10% - - Otite 3 30% - - Oto-hematoma 1 10% - - Piodermatite 2 20% - Total 10 100 % 11 100 % 47 3.4.7 Oftalmologia Dos casos atendidos pela clínica médica que incluíam a oftalmologia, o mais prevalente foi a úlcera de córnea em dois cães (50%). Não foi acompanhado nenhum caso na espécie felina. Tabela 20- Percentual de afecções da oftalmologia nas espécies canina e felina atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019 Todos estes casos apresentaram alguma alteração sistêmica além da alteração ocular, pois os casos apenas oftálmicos já eram encaminhados diretamente para o setor de oftalmologia do HV. Nos quatro casos atendidos, os animais apresentaram-se hipotérmicos e desidratados. Foi então instituída antibioticoterapia, fluidoterapia e aquecimento. 3.4.8 Cardiologia Apenas a espécie canina teve casos atendidos nessa especialidade, sendo a afecção mais frequente as cardiopatias (78,6%), como mostra a tabela 21. Tabela 21- Percentual de afecções da cardiologia nas espécies canina e felina atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019 *PDA: Persistência do ducto aórtico. As cardiopatias eram atendidas também pela clínica médica. Apesar de haver um setor de cardiologia no hospital veterinário, este ficava com casos mais específicos, como o caso de PDA. A identificação dos 11 casos de cardiopatia foi através da observação de sopro cardíaco, e em alguns casos foi identificado edema pulmonar associado a doença cardíaca. Sinais clínicos como tosse e dispneia também foram vistos em alguns casos. Os pacientes Afecções Canina Percentagem Exoftalmia 1 25% Prolapso da terceira pálpebra 1 25% Úlcera de córnea 2 50% Total 4 100 % Afecções Canina Percentagem Cardiopatia a esclarecer 11 78,6% Dirofilariose 1 7,1% Neoplasia em átrio direito 1 7,1% PDA * 1 7,1% Total 14 100 % 48 foram encaminhados para a realização de ecocardiograma e radiografias torácicas para avaliação da cardiopatia. 3.4.9 Endocrinologia Nessa especialidade houve apenas casos apenas na espécie canina, a espécie felina não teve acometimento nesse sistema. Houve apenas duas afecções, o hiperadrenocorticismo (80%) em quatro cães e o hipotireoidismo (20%) em um cão. No hiperadrenocorticismo ocorre excesso de cortisol circulante, sendo diagnosticado através de hemograma, onde ocorre leucocitose por neutrofilia e linfopenia, caracterizando leucograma de estresse, pode haver aumento de atividade de enzimas como a fosfatase alcalina. A ultrassonografia também é indicada para avaliar o aumento uni ou bilateral das adrenais. O teste para diagnóstico definitivo é o teste de supressão com baixa dose de dexametasona, onde é administrado 0,1 mg/Kg de dexametasona IV e se coleta sangue antes e após 4 e 8 horas da aplicação de dexametasona, onde a concentração de cortisol deve estar maior que 50% do valor pré-aplicação para confirmar o diagnóstico (NELSON & COUTO, 2015) 3.4.10 Outros Outras afecções acompanhadas foram pouco frequentes ou acometiam vários sistemas. Dentre eles, houve dois casos de anemia hemolítica imunomediada. e um de mielotoxicidade por aplicação de estrógeno. Os animais apresentaram trombocitopenia, anemia, sendo necessário, nas duas afecções, transfusão de plasma rico em plaquetas. Na espécie felina, foi acompanhado apenas um felino, macho, SRD, com 1 ano de idade, positivo para FeLV. Nesse caso foi relatado histórico de morte familiar com os mesmos sinais clínicos. Outro caso na espécie canina, foi uma fêmea, SRD de 14 anos de idade, em que, após exame ultrassonográfico, foi detectada neoplasia em vários órgãos parenquimatosos, nódulos cutâneos e metástase pulmonar. O animal apresentava dispneia e apatia, sendo realizada a eutanásia. 49 Tabela 22- Percentual de outras afecções nas espécies canina e felina atendidos durante o período de estágio no hospital veterinário da UFPR, nos meses de abril e maio de 2019. Fonte: Elaborado pelo autor, Curitiba, 2019. *FeLV: Vírus da leucemia felina4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em ambos os estágios, foi possível acompanhar ativamente a rotina de dois grandes hospitais em áreas diferentes. Em diagnóstico por imagem foi possível ver uma grande quantidade de exames, sendo alguns nunca vistos até o presente momento e também aprender sobre como identificar as afecções nos exames de imagem. Na área de clínica médica foi possível identificar as afecções em todos os momentos, desde a chegada do animal até o internamento, com base em sinais clínicos e exames complementares. Sendo assim, foi de grande valia realizar estágios em duas áreas diferentes, pois uma complementa a outra e ajuda a diminuir os erros no futuro. Também foi possível ter a perspectiva de dois locais com realidade e em regiões diferentes, agregando, assim, experiência e conhecimento. Afecções Canina Porcentual Felina Percentagem Anemia hemolítica imunomediada 2 50% - - FeLV * - - 1 100% Metástase disseminada 1 25% - - Mielotoxicidade 1 25% - Total 4 100 % - 100% 50 REFERÊNCIAS BITENCOURT, E.H; BEIER, S.L; LIMA, M. P. A; Edema pulmonar agudo. 2017. Disponívelem:<https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/FCK/file/editora/cteletronico%2087%20Eme rgencia%20em%20Medicina%20Veterin%C3%A1ria.compressed.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2019. GASPARETTO, Naiani D. et al. 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