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Antropologia V

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Antropologia
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Andreia Borelli
Prof. Dr. Gustavo de Andrade Durão
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Autores Clássicos da Antropologia II
Autores Clássicos da Antropologia II
 
 
• Conhecer as obras dos autores clássicos da Antropologia Contemporânea e analisar as 
 contribuições deles para o campo da Disciplina;
• Conhecer os métodos utilizados por esses autores.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Edward Burnett Tylor (1832-1917);
• Franz Uri Boas (1858-1942);
• Margaret Mead (1901-1978);
• Lévi-Strauss: Antropólogo e Filósofo Francês, Fundador do Estruturalismo
• Clifford Geertz, Filósofo, Professor e Antropólogo Americano.
UNIDADE Autores Clássicos da Antropologia II
Edward Burnett Tylor (1832-1917)
Edward Tylor (1832-1917) foi um antropólogo britânico considerado representante do 
Evolucionismo social, cuja teoria se inspira nos postulados de Darwin. A sociedade evo-
luiria, gradualmente, de um estado primitivo para um estado mais avançado e complexo.
Figura 1 – Edward Burnett Tylor – Importante 
antropólogo investigador do conceito de cultura
Fonte: Wikimedia Commons
Tylor formula um conceito de cultura como conjunto composto de conhecimentos 
diversos adquiridos pelo homem em Sociedade. Desse modo, o homem evoluiria de 
acordo com a Sociedade e vice-versa. Assim ele explicava por que algumas Sociedades 
eram mais avançadas e outras mais primitivas.
Consequentemente, os homens, nessas Sociedades, também seriam mais ou menos 
desenvolvidos, vez que eram produtos, mas também produtores, da sociedade em que 
estavam inseridos.
A cultura para Tylor era uma união dos conceitos germânico Kultur (aspectos espi-
rituais de uma comunidade) e francês Civilization (realizações materiais de um povo). 
Para ele, o vocábulo inglês Culture era definido como algo que “tomado em seu am-
plo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, 
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem 
como membro de uma sociedade” (TYLOR, 1871, p.1 apud LARAIA, 2018, p. 25).
“Com esta definição, Tylor abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de reali-
zação humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição 
à ideia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos (LARAIA, 2018, p. 25).” 
Outro etnólogo, evolucionista inglês, responsável por se basear em alguns conceitos 
de Edward Tylor para formular suas teorias foi Franz Boas. 
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Franz Uri Boas (1858-1942)
Nascido numa família judaica, em julho de 1858, Franz Uri Boas (1858-1942) herdou 
de seus pais princípios políticos e valores morais que o acompanhariam no campo da 
pesquisa antropológica.
Inicialmente, concluiu o Doutorado em Física, em 1881. Alguns anos mais tarde, ele 
emigrou para os Estados Unidos e lá se formou em Antropologia. 
Na década posterior, passou a trabalhar na Área da Etnologia e criou o primeiro 
 Curso de Doutorado em Antropologia das Américas na Universidade Columbia. 
Boas faleceu na cidade de Nova Iorque, aos 84 anos, em 1942.
Conceito de Cultura em F. Boas
O antropólogo contribuiu acrescentando importantes características ao conceito de cul-
tura e às teorias que explicam as diferenças sociais. “Ele pensava a sociedade como um 
sistema integrado, resultante de um processo histórico peculiar” (COSTA, 2010, p. 193).
Devido ao caminho particular (processo histórico peculiar) percorrido por cada So-
ciedade, a comparação de culturas não fazia parte de seus métodos, entendendo que 
cada uma existia independentemente de características biológicas e físicas.
Partindo desse ponto, a análise da cultura deveria ser feita tendo como princípio a 
diversidade de variáveis que a constroem e não como um objeto único. 
Para conseguir colocar essas análises em prática, Boas trouxe o método indutivo 
para a pesquisa de campo – estudo dos detalhes para, por meio do acúmulo de dados, 
elaborar explicações mais gerais (COSTA, 2010, p. 198).
Essas diferentes variáveis e caminhos particulares de cada Sociedade conduzem 
Franz Boas ao Relativismo Cultural, ou seja, a olhar para a Sociedade pesquisada sem 
nenhum tipo de pré-conceito.
O intuito aqui é não carregar para a análise nenhum julgamento de valor ou princí-
pios do próprio antropólogo, para distorcer os resultados das pesquisas.
Franz Boas enquanto estudava a etnia esquimó Chinook, na Columbia Britânica – Canadá, 
disponível em: https://bit.ly/3kiwKBV
Importante!
Segundo Laplantine (2003, p. 78): “Apenas o antropólogo pode elaborar uma mono-
grafia, isto é, dar conta cientificamente de uma microssociedade, apreendida em sua 
totalidade e considerada em sua autonomia teórica.” 
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UNIDADE Autores Clássicos da Antropologia II
Para se alcançar essa totalidade mencionada por Laplantine, era necessário seguir 
alguns passos. Boas formulou algumas ideias a fim de conquistar esse objetivo.
Para Boas, todo objeto é digno de ser investigado – para tentarmos compreender a 
cultura – afinal são esses símbolos (objetos) que carregam o significado específico que 
uma Sociedade lhes atribui, tendo em vista suas tradições, valores e costumes.
Assim, ele é o primeiro antropólogo a perceber o valor da língua e da linguagem, 
pois a essência da cultura só será alcançada por meio da linguagem original em que ela 
nasceu (LAPLANTINE, 2003, p. 79). 
Ele acreditava que a tradução de um determinado objeto de estudo pudesse retirar 
dele algum elemento fundamental para a sua compreensão ou, até, mudar o sentido de 
seu significado original.
Laplantine faz questão de ressaltar que “Boas permanece sendo o mestre incontes-
tado da Antropologia americana na primeira metade do século XX” (LAPLANTINE, 
2003, p. 79).
Principais Obras
Franz Boas produziu muitos textos, mas aqui listamos os mais relevantes de sua carreira : 
The mind of primative man (1911), Primative art (1927), General Anthropology 
(1938) e Race, language and culture (1940).
Margaret Mead (1901-1978)
Margaret Mead nasceu na Philadelphia, em 
1901. Graduou-se na Barnard College , onde co-
nheceu Franz Boas, que a influenciou a se douto-
rar em Antropologia, na Columbia University. 
Pouco tempo depois, tornou-se curadora do 
American Museum of Natural History, quando pu-
blicou seu best-seller Coming of Age in Samoa.
Mead é considerada uma antropologista cultu-
ral, pois se dedicou ao estudo de diversas culturas. 
Assim como etnólogos contemporâneos a ela, 
como Malinowski, Radcliffe-Brown e Boas, entre 
outros, ela realizou mais de 24 expedições de pes-
quisa de campo em Samoa e Nova Guiné, para 
conhecer suas civilizações.
Como resultado dessas pesquisas, Mead publicou várias obras importantes para a 
Antropologia, como Masculino e feminino (1949) e Growth and Culture (1951). 
Figura 2 – Margaret Mead: 
antropóloga americana do século XX
Fonte: scvzonta.org
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A notoriedade de Mead veio pelo tratamento que dava às questões delicadas à Antro-
pologia, como sexo, gênero e cultura.
Casou-se três vezes e teve uma filha com seu último marido, o antropólogo Gregory 
Bateson. Mead morreu em novembro de 1978, na cidade de Nova Iorque.
Margaret Mead direcionou seus estudos etnológicos para a cultura, tornando-se um 
ícone para a chamada Antropologia Cultural, modalidade de Antropologia se preocupa 
com aspectos “distintivos das condutas dos seres humanos pertencendo a uma mesma 
cultura” (LAPLANTINE, 2003, p. 121).
A ideia de Mead era estudar o social, porém sob a ótica do comportamento adoles-
cente e da cultura. O objetivo era verificar qual o nível de características singulares dos 
comportamentos de sociedades completamente distintas – como a americana e a nativa 
da Samoa – além de determinar o nível da totalidade de nossa personalidade cultural 
(LAPLANTINE, 2003, p. 127): “Os rituais amorosos são profundamente diferentes, 
não apenas de uma civilização para a outra, mas dentro de uma mesma civilização”. 
Dessa forma, Laplantinedefine as questões trabalhadas por Mead em suas pesquisas no 
Pacífico (Ibidem, p. 125).
Figura 3 – Margaret Mead em estudo de campo na Nova Guiné
Fonte: apjjf.org
Laplantine exemplifica essas diferenças relatadas por Mead com a questão do signifi-
cado do beijo para americanos e inglesas. 
Americanos viam no beijo apenas uma forma de romance passageiro, ao ponto que 
as inglesas entendiam como algo mais profundo: a última barreira antes do ato sexual. 
Com isso, durante a Segunda Guerra, surgiram conflitos nos relacionamentos amorosos 
devido à falta de compreensão de um comportamento (LAPLANTINE, 2003, p. 128).
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UNIDADE Autores Clássicos da Antropologia II
Mead utilizava o mesmo método de observação participante de Malinowski e Radcliffe-
Brown, expondo diversas formas contrastadas da personalidade nos povos das Sociedades 
consideradas tradicionais, e também utilizava o conceito de relativismo cultural (expressão 
criada por Herskovitz) para explicar tradições e costumes, perfeitamente aceitáveis e 
compreensíveis em uma Sociedade e recusados por outras.
Melville Jean Herskovitz (1895-1963): antropólogo americano responsável pela 
 introdução de estudos africanos na Academia estadunidense.
Na pesquisa, ela relata que o povo Arapesh é muito pacífico, tanto os homens quanto 
as mulheres. Para Mead, essa descoberta já coloca a ideia em discussão sobre a natura-
lidade do homem como guerreiro. 
O segundo grupo, o Mundugumor, é o oposto do primeiro. Tanto homens quanto 
mulheres possuem comportamento violento e temperamento bélico muito aflorado. 
Em relação aos Tchambuli, o terceiro grupo, Mead identifica mais alguns paradigmas 
inversos aos pregados como corretos pelas Sociedades ocidentais. 
Para os Tchambuli, as mulheres possuíam atividades tipicamente masculinas, go-
vernavam as comunidades, impunham as regras e sua obediência e trabalhavam para 
sustentar a coletividade, e os homens ocupavam-se de atividades culturais, destinavam-
-se ao seu embelezamento e à arrumação grande parte do dia.
Mead levanta a questão de como percebemos a cultura alheia pelos nossos parâmetros de 
“certo e errado”. Faça uma reflexão sobre nossa cultura e tente encontrar influências exter-
nas ao nosso modo de enxergar o mundo!
Principais Obras
Masculino e feminino (1949), Growth and Culture (1951) e Sexo e temperamento 
em três Sociedades (1935).
Nessa última obra, Mead expõe a compreensão de gênero para três tribos da Nova 
Guiné: Arapesh, Mundugumor e Tchambuli e ilustra bem as teorias e conceitos abor-
dados por Mead.
Relativismo cultural
Metodologia de pesquisa que consiste em observar uma civilização sem utilizar nenhum 
modo de organização social pré-concebido.
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Lévi-Strauss: Antropólogo e Filósofo 
Francês, Fundador do Estruturalismo
Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas, Bélgica, em 1908, mas seu percurso aca-
dêmico foi trilhado em Paris.
Figura 4 – Claude Lévi-Strauss (1908-2009)
Fonte: Wikimedia Commons
Logo que concluiu o Ensino Secundário, filiou-se à SFIO (Seção Francesa da Inter-
nacional Trabalhadora), tornando-se, pouco tempo depois, o coordenador de estudos 
socialistas. Cursou Direito e, posteriormente, Filosofia, doutorando-se em 1948.
O SFIO foi um Conglomerado Marxista representante das lutas operário-trabalhistas atuan-
tes na França e em suas colônias. Foi criado em 1905 e existiu até 1969.
Entre 1934 e 1937, leciona Sociologia na Universidade de São Paulo, como membro 
da missão universitária francesa no Brasil. 
No Brasil, segundo o próprio Lévi-Strauss, ele se encontra com a Antropologia ao 
excursionar pelo território nacional, deparando-se com índios de diversas etnias.
Ao retornar à França, assume a administração do Centro Nacional de Pesquisas 
Científicas (Instituição de pesquisa francesa em diversas Áreas do conhecimento, funda-
da em 1939), produzindo muito material de estudo.
Assim, já em 1950, adquire notoriedade acadêmica, sendo convidado a trabalhar e a 
lecionar em diversas Instituições renomadas francesas. Aposentado, Claude Lévi-Strauss 
morre em Paris, em outubro de 2009.
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UNIDADE Autores Clássicos da Antropologia II
Claude Lévi-Strauss é considerado o fundador da corrente estruturalista, cuja pro-
posta busca compreender uma realidade social como sistema de partes interligadas e 
interdependentes que caracterizam diferentes configurações sociais.
Devido aos diversos cenários observados pelos antropólogos em campo, o Estrutu-
ralismo era uma alternativa eficiente de explicação dos fenômenos sociais, por meio de 
análises qualitativas e quantitativas. 
Segundo Costa, “a vida social se mostra como uma combinação de elementos, rela-
ções e instituições” (COSTA, 2010, p. 202).
Lévi-Strauss propôs pesquisar Sociedades distintas – com características particulares 
na construção de sua cultura, elementos e instituições – para solucionar o problema das 
necessidades universais. 
Pensando em resolver o problema da fome (necessidade universal), cada Sociedade 
formula sistemas estruturais distintos e particulares.
De acordo com a socióloga Cristina Costa (2010, p. 203):
Lévi-Strauss delimitou um conceito de estrutura que tem um valor heurís-
tico, ou seja, é capaz de desvendar os mecanismos da vida social para o 
investigador. Para ele, a estrutura é uma elaboração teórica construída a 
partir dos dados empíricos obtidos da análise da sociedade. 
De fato, o Estruturalismo poderia facilitar o estudo da SOCIEDADE pelo antropólo-
go. Contudo, ele introduziu na Antropologia os conceitos de diacronia e de sincronia 
de Saussure, para melhor analisar um objeto e compreender a cultura daquela determi-
nada civilização. 
Ele defende a visão sincrônica (estudo descritivo da Linguística), em contraste à vi-
são diacrônica da chamada Linguística histórica (abordagem do século XIX ao estudo 
das Línguas). 
Ao optar pela proposta sincrônica, Saussure procurou entender a estrutura da Lin-
guagem como sistema de funcionamento em determinado ponto (referencial) do tempo. 
Assim, o estudo de determinada civilização se dava respeitando esses ditames. 
Ferdinand de Saussure (1857-1913): filósofo e linguista suíço que trabalhou para 
a autonomia da Linguística como Ciência. Elaborou os conceitos de Semiologia, Dia-
cronia e Sincronia, entre outros.
O objeto – podendo ser um elemento social, uma instituição, imaterial ou material – de-
veria estar relacionado ao meio onde estava inserido, parado no tempo (análise sincrônica). 
Em contrapartida, quando relacionava o objeto ao seu contexto histórico, dentro de 
uma linha temporal, Lévi-Strauss realizava a análise diacrônica.
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Figura 5 – Índio da tribo Bororo, uma das etnias com que Lévi-Strauss manteve contato
Fonte: journals.openedition.org
Tanto Lévi-Strauss quanto outros estruturalistas não propuseram teorias ou conceitos 
que explicassem fenômenos de transformação de Sociedades ou estruturas mais simples 
em direção às Sociedades ou estruturas mais complexas.
Na mesma direção de M. Mead, Lévi-Strauss se concentra nos aspectos da vida sexual do 
homem para explicar as regras por meio das quais nossa cultura era definida, ou seja, o in-
cesto (ou qualquer relação com pessoas da mesma família) era condenado apenas pela nos-
sa Sociedade, sendo normal para as outras comunidades tradicionais (LARAIA, 2018, p. 54).
Principais Obras
Lévi-Strauss escreveu várias obras de importância para as Ciências Sociais. Aqui, 
listamos algumas delas: Tristes trópicos (1955), Antropologia estrutural (1958),
O suplício do Papai Noel (1952), Mitológicas – Obra composta de quatro partes: 
O cru e o cozido (1964), Do mel às cinzas (1967), A origem dos modos à mesa
(1968) e O homem nu (1971); De perto de longe (1988), A história de lince (1991), 
Saudades do Brasil (1994), Olhar, escutar, ler (1993) e Pensamento selvagem (1962).
Clifford Geertz, Filósofo, 
Professor e Antropólogo Americano
Clifford Geertz nasceu em 1926, na cidade de São Francisco – Estados Unidos. Aos 
17 anos, alistou-se na Marinha americanae lutou na Segunda Guerra Mundial, entre os 
anos de 1943 e 1945. 
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Figura 6 – Clifford Geertz (1926-2006)
Fonte: Wikimedia Commons 
Quando retornou do combate, adquiriu uma Bolsa de Estudos na Antiech College of 
Ohio, onde inicialmente estudou Inglês – com o intuito de ser escritor. Após o final do 
Curso, passou a estudar Filosofia, formando-se em 1950. 
A Antropologia aparece na carreira de Geertz nos estudos de pós-graduação na 
Universidade de Harvard, onde concluiu o Doutorado, em 1956, em Relações Sociais.
Como antropólogo, realizou inúmeras pesquisas de campo na Indonésia e em Mar-
rocos, o que lhe proporcionou a elaboração de vários Artigos científicos. 
É nesse período que Geertz pensa em uma nova metodologia de pesquisa para 
melhorar a análise social e cultural pela Antropologia. Para ele, as antigas técnicas de 
pesquisa não respondiam satisfatoriamente a todas as questões culturais e sociais.
Em 1970, começou a trabalhar na Universidade de Princeton, no Instituto para es-
tudos avançados, até a sua morte, em 2006. Clifford Geertz morreu em outubro, na 
cidade americana da Philadelphia.
Por seus trabalhos e pesquisas na Antropologia, Geertz recebeu o título de Doutor 
Honoris Causa de quinze faculdades e universidades, entre elas, de Harvard, University 
of Chicago e Cambridge.
Se analisarmos os conceitos de cultura apresentados pelos diversos antropólogos 
e suas teorias, perceberemos que, no século XX, esses conceitos fundamentam-se em 
características simbólicas e abstratas. 
Atualmente, pesquisadores vão além dessas características, analisando a relação en-
tre o que pode ser observado e o que só pode ser compreendido por meio de interpre-
tação linguística (COSTA, 2010, p. 207).
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Importante!
Geertz formula uma nova proposta, segundo a qual a cultura é um conjunto de signifi-
cados partilhados por um grupo.
Assim, para compreender outra cultura, o antropólogo analisa os significados que o 
social atribui às instituições, elementos e sujeitos da vida social. Esses símbolos, como 
portadores dos significados (sociais e também individuais) são os principais objetos de 
pesquisa da análise cultural antropológica (COSTA, 2010, p. 207).
Contudo, Geertz alerta para o fato de que esses significados podem ser “evasivos e flutu-
antes”, pois esses sentidos ou sentimentos são as principais orientações da ação do homem. 
Dessa forma, o antropólogo também deve direcionar seu trabalho de campo para 
analisar esses sentidos e sentimentos:
Como metodologia de pesquisa, essa antropologia interpretativa se sustenta 
na hermenêutica e propõe a construção de modelos explicativos criados a 
partir de formulações intersubjetivas, surgidas da colaboração entre o cien-
tista pesquisador e os grupos analisados. (COSTA, 2010, p. 207)
Hermenêutica: teoria ou ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor simbólico.
Intersubjetiva: que ocorre entre, que envolve consciências individuais para dois ou 
mais sujeitos.
Geertz acreditava que o pesquisador deveria conhecer seus próprios valores e pa-
drões culturais antes de iniciar uma pesquisa social e cultural de outra civilização. 
O objetivo era ter clareza do que o pesquisador é, em termos culturais, para não in-
terferir no objeto de estudo e em suas análises.
A orientação de suas pesquisas era a análise do discurso, do conteúdo do texto e da, 
como categorizou Costa, narratividade. 
O intuito era construir modelos interpretativos da cultura:
Com muito sucesso, o impacto entre seus contemporâneos, a teoria de 
Geertz veio se somar às mudanças que a história e o desenvolvimento 
das demais ciências traziam ao estudo da vida social e da cultura humana 
(COSTA, 2010, p. 208)
O futebol é um exemplo de cultura como símbolos e significados compartilhados por um 
determinado grupo social, disponível em: https://bit.ly/38tCTIZ
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UNIDADE Autores Clássicos da Antropologia II
Para Geertz, a Antropologia era uma Ciência interpretativa que tinha como foco o 
significado dos diversos signos que compõem uma cultura, desligando-se das correntes 
antropológicas físicas e biológicas e focando as “especificidades e os aspectos históricos 
do objeto de pesquisa – o homem” (COSTA, 2010, p. 208).
Principais Obras
Clifford Geertz escreveu vários livros de significativa importância para a Antropologia. 
Algumas de suas principais obras foram: O desenvolvimento da economia javanesa 
(1956), Sociedades antigas e novos estados, a questão da modernidade na Ásia 
e na África (1963), A interpretação das culturas (1973), Mito, símbolo e cultura 
(1974), Saber local, novos ensaios na Antropologia Interpretativa (1983) e Obras e 
vidas: o antropólogo como autor (1988).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Museu de Arqueologia e Etnologia
Visite o acervo on-line do Museu de Arqueologia e Etnologia na USP. Lá, 
você poderá fazer a visita guiada por exposições e acervos, ampliando assim 
seus conhecimentos.
https://bit.ly/2HHrnil
 Vídeos
Apresentação do livro “Casamento Tradicional Bantu: o Lobolo no Sul de Moçambique”
No Canal Áfricas do Youtube você pode conferir o debate do Antropólogo 
Rhuann Fernandes (UERJ) sobre o casamento tradicional Bantu, analisando o 
lobolo (“dote”) no sul de Moçambique. Uma excelente oportunidade de compreen-
der como as pesquisas de campo acontecem atualmente, levando em consideração 
as relações matrimoniais na África.
https://youtu.be/eubQ_o0RzUQ
 Leitura
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP – Linhas de pesquisa
Explore o site do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP. 
O site proporciona uma gama de correntes e linhas de pesquisa com a apresen-
tação de artigos e áreas de concentração nos estudos em Antropologia. Amplie 
seus conhecimentos e explore suas tendências e habilidades para o exercício da 
pesquisa e trabalho de campo.
https://bit.ly/369VJmN
Enciclopédia de verbetes de Antropologia da USP
A Enciclopédia de verbetes de Antropologia da USP oferece um vasto conteúdo 
dos conceitos da área e contempla uma rica fonte de pesquisas e estudos. Sugestão: 
selecione três verbetes do site e estabeleça conexões com as teorias e as correntes 
dos autores estudados nos materiais teóricos da sua Disciplina. Boa leitura, bons 
estudos e pesquisas!
https://bit.ly/3ldmMC0
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Referências
COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 4.ed. São Paulo: Moderna, 2010.
ERIKSEN, T. H.; NIELSEN, F. S. História da antropologia. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.
KUPER, A. Anthropology and anthropologists: the morden British School. 3.ed. 
Oxfordshire: Routledge, 1996.
________. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru: Edusc, 2002.
LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003.
LARAIA, R. de B. Cultura – um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2018.
MARCONI, M. A.; PRESOTTO, Z. M. N. Antropologia: uma introdução. São Paulo: 
Atlas, 2014.
MERCIER, P. História da Antropologia. São Paulo: Moraes, s/d.
Site Visitado
EFE/ESTADO DE SÃO PAULO. Conheça a vida e obra de Claude Gustave Lévi-
-Strauss. Disponível em: <http://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,conheca-a-vida-
-e-a-obra-de-claude-gustave-levi-strauss,460548>. Acesso em: 12/01/2015.
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