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As escolas de antropologia
APRESENTAÇÃO
A antropologia é uma ciência humana recente. Ela surgiu somente no século XIX junto com 
outras ciências humanas. Ela também é uma coletânea de teses sobre o homem e sua cultura e a 
relação entre ambos. Contudo, essas teses têm uma sequência temporal. Elas não são ideias que 
nascem ao acaso em qualquer época. Em alguns momentos, algumas ideias faziam mais sentido 
do que outras. Algumas teses pareciam mais plausíveis do que outras. A vontade de 
compreender a cultura e o homem fez com que muitas teses e ideias interessantes se 
desenvolvessem.
Algumas teses foram defendidas por mais de uma pessoa. Desse modo, elas formaram escolas 
de pensamento antropológico: evolucionismo, difusionismo, culturalismo, funcionalismo e 
estruturalismo são algumas delas. Elas tentam responder questões específicas: por que há 
diferenças evolutivas entre os povos? Por que algumas culturas têm elementos em comum? Por 
que algumas culturas mantêm elementos irracionais em seu sistemas? A mente humana é 
universal? Há uma essência humana? Por que alguns povos não se organizam politicamente e 
familiarmente como outros?
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as cinco principais escolas da antropologia 
social: o evolucionismo, o difusionismo, o culturalismo, o funcionalismo e o estruturalismo, 
bem como seus principais expoentes e teses.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir as principais escolas de antropologia.•
Estabelecer diálogos comparativos e complementares entre as diversas escolas de 
antropologia.
•
Identificar os rumos das escolas de antropologia pela contextualização da antropologia no 
Brasil.
•
DESAFIO
Desde o seu surgimento, a antropologia foi usada como instrumento de coleta de dados dos 
povos colonizados das grandes potências colonizadoras europeias. Os estudos antropológicos 
serviam para que os governos colonialistas obtivessem dados melhores e mais precisos para o 
devido conhecimento, controle e governo dos povos colonizados, como sua língua, hábitos, 
religião, etc. 
Considerando esse quadro, responda:
a) Quais hipóteses você levantaria para explicar como o lacandon chegou até a fronteira com a 
Colômbia?
b) Como o difusionismo explicaria essa língua e esses motivos artísticos nessa área e quais os 
possíveis caminhos que essa língua e povo teriam percorrido?
c) Qual seria o seu parecer técnico ao governo? Como você conciliaria o progresso econômico e 
a implementação de uma ferrovia nessa região sem prejudicar a cultura desse povo?
INFOGRÁFICO
As escolas de antropologia podem ser classificadas de acordo com seu surgimento e 
desenvolvimento no tempo. Assim, entre 1850 e 1950, surgiram cinco escolas importantes na 
antropologia. Uma escola é basicamente um conjunto de teses substantivas, teses metodológicas 
e teses epistemológicas sobre um tema que são defendidas por mais de uma pessoa.
O Infográfico a seguir mostra a evolução no tempo dessas escolas de antropologia.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Toda disciplina tem uma história; elas não nasceram prontas. Ao longo do tempo, elas se 
desenvolveram e foram agregando conhecimentos, hipóteses, teses, ideias, conceitos e nomes 
importantes. Assim, ao estudar uma disciplina, deve-se ter em mente que, antes de tudo, se 
estuda a história dessa disciplina. Sua história é tão importante quanto seus conceitos.
No capítulo As escolas de antropologia, do livro Antropologia da religião, base teórica desta 
Unidade de Aprendizagem, você verá a história do desenvolvimento das escolas de 
antropologia, abordando cinco escolas de antropologia social: o evolucionismo, o difusionismo, 
o culturalismo, o funcionalismo e o estruturalismo.
Boa leitura.
ANTROPOLOGIA 
DA RELIGIÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Definir as principais escolas de antropologia.
 > Estabelecer diálogos comparativos e complementares entre as diversas 
escolas de antropologia.
 > Identificar os rumos das escolas de antropologia pela contextualização da 
antropologia no Brasil.
Introdução
A antropologia é uma disciplina que contém várias teorias sobre o homem, sobre 
sua cultura, sobre a evolução dessa cultura no tempo e no espaço, sobre sua dis-
seminação e difusão pelo globo, sobre as funções de inúmeras instituições sociais 
(como a guerra, a violência, a alimentação, a religião, os tabus e o matrimônio) e 
sobre as estruturas sociais que moldam, influenciam e conduzem os indivíduos 
dentro de suas culturas. Cada antropólogo estudou algum povo específico no 
mundo, elaborou teorias novas, adaptou antigas, misturou outras, para formar 
hipóteses mais plausíveis e acertadas sobre o funcionamento do homem dentro 
da cultura. 
Neste capítulo, você verá algumas dessas teorias agrupadas em escolas para 
facilitar o aprendizado. Muitas vezes, é difícil encaixar o pensamento e as teses 
de alguém em uma única escola. Outras vezes, é perfeitamente possível e lou-
As escolas de 
antropologia
Bruno Uhlick D'ambros
vável assim fazê-lo, por questões didáticas. A compreensão de uma escola e de 
suas teses gerais não isenta de buscar, por si mesmo, aprender mais sobre um 
antropólogo específico.
Principais escolas de antropologia
Nesta seção, trataremos das cinco principais escolas de antropologia so-
cial: o evolucionismo, o difusionismo, o culturalismo, o funcionalismo e o 
estruturalismo.
Evolucionismo
O evolucionismo foi a primeira tese, hipótese e conjunto de ideias a aparecer na 
antropologia social. Ele se caracterizou por sustentar a hipótese de que houve 
uma evolução histórica progressiva distinta e sobreposta entre os diferentes 
povos e as diferentes culturas do mundo. Alguns estavam mais avançados e 
civilizados que outros. Os povos primitivos estavam mais atrasados que os 
civilizados, mas tinham sua própria evolução, e um dia chegariam no estágio 
dos civilizados. Os povos civilizados já haviam passado pelos estágios de 
primitividade, mas alguns resquícios de primitivismo sobreviviam neles, em 
sua religião e em suas organizações política, familiar e mental.
Tal hipótese não era gratuita ou fruto de mero preconceito europeu e 
etnocentrista: ela se baseava em vestígios arqueológicos e linguísticos com-
parados vindos de áreas em crescente desenvolvimento à época, como a 
filologia e a história arqueológica. O evolucionismo adotava, com frequência, 
o esquema histórico tripartite advindo do positivismo de Comte, em que a 
história estava em progressiva evolução, em estágios do mais atrasado ao 
mais avançado: teológico, metafísico e positivo. 
Os evolucionistas, portanto, acreditam que a história dos povos e das 
culturas evolui progressivamente, do menos civilizado para o mais civilizado, 
do menos tecnológico para o mais tecnológico (Figura 1), do menos racional 
para o mais racional e científico. Seus principais representantes foram os 
antropólogos Lewis Henry Morgan, Edward Burnett Tylor e James George Frazer.
As escolas de antropologia2
Figura 1. Evolução de lanças e pontas de flechas de diferentes localidades, em diferentes 
formas.
Fonte: Pitt-Rivers (1906, p. 146). 
Lewis Henry Morgan (1818–1881) se interessou pela tribo dos iroqueses, 
pelo parentesco e pela matrilinearidade. Morgan notou que os iroqueses 
usavam termos de parentesco diversos dos europeus. Enquanto os termos 
de parentesco europeus eram descritivos, os dos iroqueses eram classifica-
tórios. Ele foi um dos primeiros a propor a tese de que os povos indígenas 
americanos têm origem asiática por monogênese (CASTRO, 2009). 
Sua maior obra é Ancient Society (1877), em que ele opôs progresso social a 
progresso tecnológico, dizendo que são coisas distintas e que uma não implica 
a outra. Ele sustentou uma relação entre a evolução tecnológica, familiar e de 
propriedade com estruturas sociais e de governo e desenvolvimento intelec-
tual. Morgan dividiu a evolução históricados povos em selvageria, barbárie 
e civilização, por meio das invenções tecnológicas em cada estágio. Na fase 
de selvageria, teria havido o domínio do fogo, da madeira e da cerâmica; na 
fase de barbárie, a domesticação de animais, a agricultura e a metalurgia; 
na civilização, o alfabeto e a escrita (CASTRO, 2009).
Edward Burnett Tylor (1832–1917) foi outro antropólogo evolucionista. Para 
ele, a tarefa da antropologia era descobrir os estágios de desenvolvimento 
da civilização. Sua principal obra é Primitive culture (1871), cuja segunda parte, 
As escolas de antropologia 3
intitulada “Religião na cultura primitiva”, dá uma satisfatória interpretação do 
animismo, a crença de que espíritos animam as coisas inanimadas. Ele dizia que 
o animismo é a única possibilidade real da religião, porque é a própria essência 
e base de todas as religiões. Dessa forma, ele estava, inclusive, relativizando 
as crenças cristãs, que se criam mais civilizadas que as dos povos primitivos. 
Tylor cria que a religião é uma ferramenta para explicar o mundo. Ele via 
a crença em Deus como uma sobrevivente da ignorância primitiva. Contudo, 
ele não acreditava que o ateísmo era consequência lógica do progresso e da 
evolução, mas uma forma minimalista de um deísmo monoteísta. Ele propôs 
os conceitos de eliminação gradativa do paganismo e de desencantamento no 
mundo moderno. É clássica sua definição de que a cultura é o complexo total 
que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e toda a capacidade e 
os hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade (CASTRO, 2009).
Por fim, Sir James George Frazer (1854–1941) foi o terceiro importante 
expoente do evolucionismo cultural. Sua obra The golden bought (1890) 
documenta semelhanças entre crenças religiosas por meio das mitologias 
no mundo. Ele propôs uma evolução religiosa tripartite: mágica, religião e 
ciência, sendo o primeiro a perceber a relação entre mitos e ritos. Frazer cria 
que mágica e ciência eram semelhantes porque ambas tinham um caráter 
prático e de dominação do mundo natural pela técnica, por palavras mágicas 
e pela manipulação adequadas de objetos (CASTRO, 2009).
Uma crítica que se faz à antropologia evolucionista é seu caráter 
completamente não empírico, o que a fez conhecida como “antro-
pologia de gabinete”, porque seus teóricos não faziam qualquer trabalho de 
campo, de pesquisa prática ou etnográfica, conjecturando os períodos histórico-
-evolutivos somente por leituras históricas, filológicas e arqueológicas, sem 
fornecer explicações sobre como e quando teriam acontecido as supostas 
transições de um estágio evolutivo ao outro. Isso tudo, segundo seus críticos, 
faz seus escritos soarem um tanto pretensiosos, genéricos, hiper-explicativos 
e com pouco embasamento factual real.
Difusionismo
O difusionismo veio como um desdobramento do evolucionismo. Assim como 
este, aquele também é uma teoria histórica sobre a evolução do homem e da 
cultura. O evolucionismo deixou algumas lacunas explicativas, e o difusio-
nismo tentou respondê-las. Por exemplo, por que há objetos arqueológicos 
semelhantes em partes diferentes do mundo, se cada cultura evoluiu distin-
As escolas de antropologia4
tamente da outra, se elas eram incomunicáveis entre si e se a mente humana 
de cada pessoa de um povo é diferente? O difusionismo tentou responder 
essa questão ao sustentar que as inovações tecnológicas e culturais durante 
a história evolutiva foram iniciadas em culturas específi cas e difundidas 
de inúmeros modos posteriormente, de forma que haveria uma essência 
humana mental, o que explicaria a presença de objetos, motivos artísticos e 
tecnologias semelhantes em vestígios arqueológicos em partes distintas do 
mundo. O difusionismo enfatizou o papel da imitação cultural tecnológica 
por necessidades universais, como caça, comida, cocção, etc. Daí a presença 
de elementos culturais semelhantes em povos distintos. 
Seus principais expoentes foram Wilhelm Schmidt, Fritz Gräbner e Grafton 
Elliot Smith. Eles criaram a hipótese da Kulturkreise, os “círculos culturais”, que 
seriam círculos de difusão cultural centrífugos, em que o elemento cultural era 
criado em um centro e se difundia circularmente para seu entorno geográfico 
mais acessível (Figura 2). Por exemplo, o Egito antigo foi um grande centro 
de difusão cultural, visto que, em seu entorno, o mediterrâneo, há inúmeros 
artefatos, vestígios arqueológicos, linguísticos, religiosos e políticos que, 
se traçadas as origens, remontam ao delta do Nilo (Figura 3). Sabe-se, por 
exemplo, hoje, que a religião grega deve muito ao próprio Egito (ERIKSEN, 2012).
Figura 2. Armas usadas pelos australianos primitivos, organizadas por afinidade e originando 
de uma única forma simples para várias complexas, para mostrar a sobrevivências de armas 
antigas na atualidade, por meio da hipótese evolutivo-difusionista. No centro, a forma sim-
ples, de onde todas as outras derivaram. Em volta delas, todas suas variações existentes no 
passado e no presente, de lanças lisas, lanças farpadas e bastões a bumerangues. 
Fonte: Pitt-Rivers (1906, p. 49).
As escolas de antropologia 5
Figura 3. Difusionismo cultural a partir do Egito, de Grafton Elliot Smith. O Egito teria sido 
a fonte das chamadas culturas “heliolíticas”. No mapa, vê-se as rotas prováveis de difusão 
de tal cultura.
Fonte: Smith (1929, p. 14). 
Digite “Difusionismo: correntes antropológicas do século XIX” em seu 
motor de busca preferido para ter acesso a um excelente material 
didático sobre o difusionismo, com suas principais escolas internas e vertentes, 
expoentes e métodos, de autoria de Leonardo Marcondes Alves.
Culturalismo
O culturalismo, também conhecido como relativismo cultural, particularismo 
histórico ou escola americana de antropologia social, foi uma corrente da 
antropologia cultural que sustentava que as crenças, os valores e as práticas 
deveriam ser compreendidos dentro da própria cultural do indivíduo, no 
lugar de compreendidos segundo os critérios de outra cultura. Seu principal 
expoente foi o antropólogo alemão, naturalizado americano, Franz Boas, 
acompanhado de seus discípulos, como Ruth Benedict, Margaret Mead e 
As escolas de antropologia6
Edward Sapir. As principais características dessa escola foram a empiria, a 
etnografia, o relativismo e o culturalismo.
Franz Boas (1858–1942) se doutorou em física na Universidade de Kiel, em 
1881, com a tese Contribuições para a percepção da cor da água, e sempre 
se interessou muito em psicofísica e geografia. Em 1883, ele participou de 
uma expedição na Ilha Baffin, no Canadá, para pesquisar sobre o impacto 
do meio ambiente nas migrações do povo esquimó Inuit e, então, escreveu a 
etnografia chamada The central eskimo (1886) para privatdozent (título uni-
versitário próprio das universidades de língua alemã na Europa) em geografia 
na Universidade de Berlim. Contudo, ele se mudou para os Estados Unidos no 
ano seguinte e se tornou professor de Antropologia na Universidade Clark em 
1888. Alguns anos depois, em 1899, ele se tornou professor de antropologia 
na Universidade de Columbia.
Boas dizia que a civilização não é algo absoluto, mas relativo, e que 
as ideias e os conceitos são verdadeiros somente na medida da própria 
civilização. Nessa medida, o culturalismo é uma rejeição do evolucionismo 
antropológico. Boas não concordava com a ideia de evoluções lineares, ou 
seja, que todas as sociedade estão na mesma trajetória linear histórica e 
atingem seus níveis particulares de evolução e desenvolvimento do mesmo 
modo como as outras sociedades. As sociedades, para Boas, alcançam 
o mesmo nível de desenvolvimento cultural por diferentes e variados 
caminhos paralelos. A cultura humana é maleável, plástica, apreendida 
por educação social e, portanto, as diferenças comportamentais, sociais, 
morais entre as culturas são distintas entre si, e não se devem a predis-
posições inatas biológicas. Portanto, os fatores biológicos, geográficos 
e naturaisnão são relevantes para compreender as diferenças culturais 
dos indivíduos. Boas, assim, rejeita a classificação e a gradação em es-
calas evolutivas do evolucionismo e, portanto, hierarquias evolutivas. As 
sociedades, em seu ponto de vista, são resultado de processos históricos 
particulares e não universais. 
Boas sustentava o relativismo cultural, um ponto central dentro do 
culturalismo. Ele assere que uma cultura só pode ser compreendida 
dentro de seus próprios padrões morais e de seu próprio desenvolvimento 
histórico interno. Assim, não é viável ou cientificamente válido classificar e 
avaliar uma cultura segundo os padrões do próprio pesquisador, antropólogo 
ou cientista. A classificação dos evolucionistas entre culturas primitivas ou 
civilizadas só faz sentido dentro de sua própria cultura. 
As escolas de antropologia 7
A principal obra de Boas, A mente do homem primitivo (1911), é uma crítica 
ao conceito de cultura primitiva, conceitos raciais ultrapassados, ideias 
eugênicas sobre raça e inteligência, supremacia branca, hereditariedade da 
inteligência e o conflito entre nature e nurture. Sua afirmação de que não há 
relação entre fenótipos e dotes mentais foi polêmica à época, quando muitos 
médicos, biólogos e nutrólogos a sustentavam. Ele também argumentava que 
é a linguagem que molda o pensamento, não o contrário. Essa tese igualmente 
foi polêmica e criou toda uma corrente de pesquisa na antropologia, seguida 
por seu discípulo Sapir. 
De forma semelhante, Boas sustentava que a ideia de estágios evolutivos 
histórico-culturais é absurda, porque nem todos os estágios estiveram pre-
sentes em todas as culturas. Por fim, desfaz a ligação histórica entre raça e 
cultura, dizendo que o desenvolvimento cultural de uma sociedade não tem 
nada a ver com o desenvolvimento racial de um povo e que, portanto, a raça 
não influencia o desenvolvimento econômico e cultural de um povo, pois 
fenótipos e biologia não podem ser determinantes em questões de ordem 
histórica e cultural. As conclusões lógicas, as premissas, os silogismos e as 
relações de causalidade feitas por outros povos se devem ao conhecimento 
acumulado passado, e não a questões de monta biológica (ERIKSEN, 2012). 
Em suma, a obra de Boas é uma crítica ao naturalismo antropológico e 
moral que dominava as ciências humanas no século XIX e no início do XX. 
Ele corta toda a ligação e possibilidade de ligação que poderia haver entre 
questões de ordem epistemológica, moral, cultural e social com questões 
de ordem biológica, natural e geográfica. De modo sucinto, ele separa dois 
campos distintos: a psicologia da biologia. A mente humana, e seu subproduto, 
a cultura, independem da biologia e da natureza. Está inaugurada, assim, a 
antropologia social moderna.
A principal contribuição de Edward Sapir (1884–1939), um dos discípulos 
de Boas, foi o conhecimento sobre as relações entre a linguagem e a cultura, 
ou entre linguística e psicologia e antropologia. Ele estudou como ambas se 
inter-relacionam, como a linguagem molda a cultura e como a organização 
social reflete a organização linguística mental de um povo. Essas relações 
são conhecidas como a hipótese Sapir-Whorf. Além disso, ele fez importantes 
contribuições para a classificação das línguas indígenas da América do Norte 
e desenvolveu o conceito de fonema. Seu trabalho todo é uma tentativa de 
compreender como os padrões culturais são moldados pelas personalida-
des individuais por meio da linguagem. Uma de suas obras importantes é 
Linguagem: uma introdução ao estudo do discurso (1921).
As escolas de antropologia8
Ruth Benedict (1887–1948) se doutorou na Universidade de Columbia sob 
a orientação de Boas em 1923 com a tese O conceito de espírito guardião na 
América do Norte. Assim como Sapir, ela também estava interessada nas 
relações entre cultura e personalidade, em antropologia e psicologia. Suas 
principais obras foram Padrões de cultura (1934) e O crisântemo e a espada: 
padrões da cultura japonesa (1946). A ideia-chave da autora é que as culturas 
são personalidades, pois as culturas, assim como os indivíduos, são padrões 
de pensamento e ações.
Margaret Mead (1901–1978) também fez parte da escola americana cul-
turalista de antropologia social. Seu principal livro é Sexo e temperamento 
em três sociedades primitivas (1935), no qual ela relata o comportamento 
dominante das mulheres entre os Tchambuli da Papua Nova Guiné e conclui 
que os Arapesh eram pacíficos, os Mundugumor eram bélicos e os Tchambuli 
continham diferenças de gêneros, sendo que os homens passavam muito 
tempo decorando a si mesmos, enquanto as mulheres eram mais práticas.
Há muitas controvérsias sobre as pesquisas de Mead. Em 1983 o 
antropólogo neozelandês John Derek Freeman publicou um livro 
criticando o trabalho de Margaret Mead (FREEMAN; MEAD; SAMOA, 1983). Derek 
argumenta que a cultura Samoa, diferentemente do que asserido por Mead, tinha 
em alta conta a castidade feminina e não era uma cultura de promiscuidade. Em 
1981 a antropóloga Deborah Gewertz não encontrou evidências de diferenças de 
gênero tão agudas apontadas por Mead em Samoa e a socióloga Jessie Bernard 
considerou o trabalho de Mead como completamente enviesado.
Funcionalismo
O funcionalismo foi outra escola de pensamento na Antropologia, mas que se 
iniciou na sociologia, com Émile Durkheim. Ele explica inúmeros elementos 
aparentemente caóticos, desajustados e desarmoniosos na sociedade em 
termos de funções sociais. Assim, para o funcionalismo, não existem coisas 
certas ou erradas, mas coisas ou instituições que têm ou não funções sociais 
no interior de dado sistema social. Durkheim dizia que o objeto das ciências 
sociais são os fatos sociais, em contraposição aos valores sociais da escola de 
sociologia compreensiva weberiana. Tudo, na sociedade, deve ser encarado 
como um fato social à título de método. 
As escolas de antropologia 9
Os fatos sociais têm três características: exterioridade, coercitividade 
e generalidade. Ou seja, são instituições sociais que se impõem ao 
indivíduo, são maiores que o indivíduo e abrangem todos os indivíduos. Por 
exemplo, o direito e as leis são fatos sociais. Todo fato social, por mais estranho 
que pareça, tem uma função social. Por exemplo, o suicídio, as mitologias irra-
cionais, os sacrifícios absurdos, etc. Tudo, assim, tem uma função para conduzir 
a sociedade ao equilíbrio, à estabilidade e à ordem, sem os quais ela colapsaria. 
O funcionalismo é uma teoria holística, porque aborda a sociedade pelo todo, 
e não por suas partes constituintes. Assim, os indivíduos são secundários, e as 
estruturas, as funções e as instituições sociais são mais importantes que a psique 
individual ou as relações entre os indivíduos. Desse modo, as normas, os costu-
mes, as tradições e as instituições se sobrepõem aos indivíduos, e suas escolhas 
individuais têm pouco, ou nenhum, valor para a manutenção do todo social. 
Veja, no Quadro 1, os principais conceitos funcionalistas de Durkheim em 
suas principais obras.
Quadro 1. Os principais conceitos funcionalistas de Durkheim
Obra Conceitos 
Da divisão do trabalho 
social (1893)
Sociedades simples e complexas
Solidariedade mecânica e orgânica
Direito repressivo e restitutivo
Primitivos e modernos
Regras do método 
sociológico (1895)
Fato social
Naturalismo metodológico
Utilitarismo
Ciências morais\sociais versus naturais
Holismo metodológico
Morfologização metodológica
Comparativismo metodológico
As formas elementares 
da vida religiosa (1912)
Totemismo australiano
Sagrado e profano
Crenças e ritos
As escolas de antropologia10
Bronisław Malinowski (1884–1942) foi um antropólogo polonês que lecionou 
na London School of Economics. Sua maior contribuição para a antropologia foi 
o método etnográfico da observação participante, por meio de suas pesquisas 
sobre o kula com os nativos das Ilhas Trobriand, na Melanésia, documentadas 
em Argonautas do pacífico ocidental (1922). O kula era uma cerimôniaritual de 
trocas de braceletes brancos e colares vermelhos e de oferendas e presentes 
entre os habitantes do Norte e do Sul das Ilhas Trobriand. 
A tese demonstrada em sua pesquisa é em antropologia econômica: as 
trocas do kula mostram que não são somente vantagens utilitárias econômi-
cas que são valiosas para os ilhéus. A função social do kula não tem caráter 
econômico utilitário, mas social, em criar laços, fazer amizades e estimular 
a reciprocidade. A cultura serve para as necessidades dos indivíduos e, por-
tanto, da própria sociedade. Assim, o sentimento e a intenção das instituições 
sociais são cruciais para se compreender uma sociedade. 
Outra obra sua importante foi Sexo e repressão na sociedade selvagem 
(1927), em que questiona alguma ideias da psicanálise tidas como universais, 
como o complexo de Édipo, a sexualidade infantil na puberdade, o papel 
materno na criação, os mitos e tabus familiares como o incesto, o parricídio 
como fundação da cultura, a transição dos instintos naturais para a formação 
da cultura civilizada, etc. 
Alfred Reginald Radcliffe-Brown (1881–1955) foi outro expoente importante 
da escola funcionalista de antropologia social na Inglaterra. Ele considera 
as instituições sociais, como casamento, direito, religião, mitos e ritos, como 
chaves para a manutenção da ordem social e do equilíbrio, como organismos 
vivos. Contudo, seu funcionalismo é mais corretamente chamado de estrutural-
-funcionalismo. A função de uma prática social é seu papel em manter o todo 
da estrutura social.
Por fim, Sir Edward Evans-Pritchard (1902–1973) foi um antropólogo inglês, 
professor da Universidade de Oxford. Sua principal obra é Bruxaria, oráculo 
e magia entre os Azande (1937), um estudo sobre religião entre um povo da 
África Centro-Norte. Ele notou que os Azande têm a tendência em atribuir a 
causa de vários infortúnios à bruxaria e que seria impossível compreender 
a religião Azande sem seu contexto social e sua função social, a saber, que a 
bruxaria e os oráculos tinham a função de resolver disputas entre os Azande, 
constituindo um meio de explicação tão plausível e lógico dentro do sistema 
interno da cultura Azande quanto a ciência no mundo civilizado.
As escolas de antropologia 11
Estruturalismo
O estruturalismo na antropologia teve várias influências. Uma delas foi o 
Curso geral de linguística (1916), de Ferdinand de Saussure, que abandonava o 
método diacrônico (ou filológico) na linguística e adotava o método sincrônico, 
considerando a língua como uma estrutura cujos elementos constituintes, os 
fonemas, só poderiam ser compreendidos pelas relações de equivalência e 
oposição com os outros. Assim, o significado só pode ser compreendido por 
sua estrutura, e não pelos elementos singulares isolados. Por exemplo, as 
palavras “cat” e “bat” se diferenciam apenas pelos fonemas “c” e “b”, pois são 
fonemas contrastantes. É essa oposição entre eles que formam o significado 
de ambas as palavras. 
O estruturalismo na linguística nasceu a partir das ideias de Saussure e 
foi seguido por Louis Hjelmslev, Émile Benveniste, Roman Jakobson e Nikolai 
Trubetzkoy. A ideia central se encontrava na fonética, na relação entre os 
fonemas na formação do significado. Além da dicotomia entre os fonemas, 
há a dicotomia entre língua e fala, sincronia e diacronia, significante e signi-
ficado, sintagma e paradigma. Em antropologia, seu principal expoente foi 
Lévi-Strauss.
Claude Lévi-Strauss (1908–2009) foi um antropólogo francês que aplicou 
largamente as noções do estruturalismo linguístico no estudo das culturas 
primitivas. Ele compreendia a mente humana (e seu subproduto, a cultura) 
analogamente à linguagem para encontrar os universais, os padrões, as es-
truturas e os irredutíveis culturais que formam as sociedades. O pensamento 
humano, reproduzindo a linguagem dos mitos, opera por pares de oposição 
simples, como cru e cozido, dia e noite, frio e quente, vivo e morte, sol e lua, 
etc. As estruturas formam uma gramática social profunda e são visíveis na 
linguagem e no inconsciente, na mente (LOURENÇO, 1997). 
O principal livro de Lévi-Strauss foi As estruturas elementares do paren-
tesco (1949), cujos temas centrais são o parentesco e suas várias formas de 
organização, o incesto e suas teorias e uma defesa da teoria da aliança. 
Lévi-Strauss considera o tabu do incesto a origem da sociedade, a passa-
gem primordial da natureza para a cultura, o ponto fundante da sociedade, 
porque estabelece uma regra para as relações sexuais e, com essa regra, 
seleciona e reduz as possibilidades infinitas de cópula na natureza e, assim, 
direciona o instinto. Ao estabelecer regras sociais, a proibição do incesto 
delimita com quem alguém pode casar-se, copular e reproduzir-se, ou seja, 
com alguém fora do círculo familiar próximo. Ao fazê-lo, ele estimula a am-
pliação do círculo social, a saída do nubente da vigília paterna e materna 
As escolas de antropologia12
e, por conseguinte, sua entrada em outro mundo, o do cônjuge. O tabu do 
incesto estimula a exogamia. A ideia é uma troca recíproca no fundamento 
da aliança matrimonial. A mulher troca de família quando se casa, e é essa 
circulação de fêmeas que liga grupos sociais diversos e famílias em uma 
única, a sociedade.
Lévi-Strauss fala de dois tipos de estruturas de parentesco: as complexas 
e as elementares. Quando as mulheres são oferecidas a outro grupo explici-
tamente definido, fala-se de estruturas elementares. Quando as mulheres 
são oferecidas a um grupo indeterminado e aberto, fala-se de estruturas 
complexas. Desse modo, ele tenta explicar o fenômenos dos casamentos 
cruzados entre primos em sociedades de estrutura elementares de paren-
tesco (Figura 4). 
Figura 4. Estrutura elementar do parentesco. O átomo de parentesco presente no casamento 
cruzado.
As escolas de antropologia 13
O casamento entre primos cruzados não permite a aliança entre primos 
paralelos porque considera o tio ou tia como segundas mães e, portanto, os 
primos paralelos como irmãos e, assim, como incesto. Para evitar o incesto, 
casa-se com os primos cruzados. Essa prática, além de forçar a endogamia, 
estimula a criação de átomos de sociedades endógenas, separadas da família 
próxima. Várias sociedades adotam esse modelo, como alguns povos árabes 
e hindus. Lévi-Strauss chamou de átomo de parentesco esse pequeno grupo 
formado pelo casamento cruzado e localizou ali a origem da sociedade.
Diálogos entre as escolas
Entre as várias escolas de antropologia social, existem diversas semelhanças 
e diferenças. Algumas enfatizam mais alguns pontos do que outras. 
O evolucionismo foi a escola que deu o início à antropologia. Ela é uma 
escola típica do século XIX, derivada do positivismo de Augusto Comte. Ela 
dialoga muito com o difusionismo, pois oferece sua base, como as noções 
de evolução histórica, desenvolvimento, degeneração cultural, regeneração 
cultural, resíduos culturais, migrações, trocas culturais e diacronia cultural. 
Ambas são essencialmente historicistas, ou seja, focam o desenvolvimento 
no tempo. Contudo, o difusionismo é muito mais geográfico, pois foca o 
desenvolvimento cultural no espaço.
O culturalismo se relaciona muito com o difusionismo, por pressupor 
uma unidade psíquica humana, ligações culturais históricas entre os povos 
em diversos locais. Contudo, ele estabelece uma cisão forte entre natureza e 
cultura, entre biologia e antropologia, entre raça e pensamento, entre modos 
diferentes de pensar e biotipos e fenótipos.
O funcionalismo estabelece, por sua vez, um diálogo com a noção de 
estruturas sociais maiores que influenciam o indivíduo, e, portanto, há muito 
contato com o estruturalismo. A noção de fatos sociais gerais, exteriores e 
coercitivos tem ecos na noção de estrutura.
A antropologia nasceu como uma ciência humana que tentava compreender 
o homem e seu meio. Portanto, é uma ciência ideográfica, não nomotética, 
para usar a expressão de Windelband, ou, ainda, uma ciência descritiva,não 
normativa, ou mesmo uma ciência do espírito, não natural. Essas distinções 
(ideográfica, descritiva e do espírito) eram distinções derivadas da crítica 
kantiana e se solidificaram ao longo do século XIX. Dizer que uma ciência é 
ideográfica ou descritiva é dizer que seu papel é essencialmente de compre-
ensão da realidade, não de explicação (verstehen/erklären, verbos “entender” 
e “explicar” em alemão, respectivamente). 
As escolas de antropologia14
Dado que o próprio objeto da antropologia é o homem no tempo e no 
espaço, e dado que esse objeto muda constantemente, é natural que 
a antropologia tenha um caráter intrinsecamente relativista e não se proponha 
a prescrever normas ou homens e culturais ideais, mas a compreender os já 
existentes. Por isso a preocupação sempre em fazer trabalho de campo e colher 
informações in loco dos outros povos.
As diferenças entre as várias escolas de antropologia são apenas dis-
tinções metodológicas ou de pressupostos teóricos de abordagem, mas 
não distinções essenciais, que as façam profundamente diversas umas das 
outras. Elas todas se unem na ideia de que há várias sociedades e povos, e 
que o papel do cientista deve ser compreender suas diferenças. 
Veja, no Quadro 2, um comparativo dessas escolas para melhor fixá-las, 
com as devidas palavras-chave de cada autor.
Quadro 2. Comparativo entre as principais escolas de antropologia
Escola Antropólogo Vida Principal obra Palavras-chave
Ev
ol
uc
io
ni
sm
o
Lewis Henry 
Morgan
(1818–1881) Sociedade antiga 
(1877)
Iroqueses, parentesco, 
selvageria, barbárie e 
civilização
Edward 
Burnett Tylor
(1832–1917) Primitive culture 
(1871)
Animismo, cultura, uni-
versais, sobreviventes
Sir James 
George 
Frazer
(1854–1941) O ramo dourado 
(1890)
Mágica, religião e 
ciência, mitologia
Di
fu
si
on
is
m
o
Grafton Elliot 
Smith
(1871–1937) As migrações na 
cultura antiga 
(1915)
Disseminação geográ-
fica, egiptologia
Wilhelm 
Schmidt
(1868–1954) A origem e 
desenvolvimento 
da religião (1931)
Monoteísmo primitivo
Fritz Gräbner (1877–1934) A visão de mundo 
dos primitivos 
(1924)
Kulturkreise
(Continua)
As escolas de antropologia 15
Escola Antropólogo Vida Principal obra Palavras-chave
Cu
ltu
ra
lis
m
o
Franz Boas (1858–1942) A mente do 
homem primitivo 
(1911)
Relativismo cultural, 
Inuits, particularismo 
histórico
Edward Sapir (1884–1939) Linguagem: uma 
introdução ao 
estudo do dis-
curso (1921)
Linguagem, antro-
pologia e psicologia, 
hipótese Sapir-Whorff
Ruth 
Benedict
(1887–1948) Padrões de 
cultura (1934)
Cultura e personali-
dade, antropologia e 
psicologia, Kwakiutls
Margaret 
Mead
(1901–1978) Sexo e tempe-
ramento em 
três sociedades 
primitivas (1935)
Samoa, sexualidade, 
gênero, Tchambuli
Fu
nc
io
na
lis
m
o
Bronisław 
Malinowski
(1884–1942) Argonautas do 
pacífico ociden-
tal (1922)
Etnografia, observação 
participante, kula, 
Ilhas Trobriand
Alfred 
Radcliffe-
-Brown
(1881–1955) Organização 
social das tribos 
australianas 
(1931)
Coadaptação, função 
e estrutura, tribos 
australianas
Sir Edward 
Evans-
-Pritchard
(1902–1973) Bruxaria, oráculo 
e magia entre os 
Azande (1937)
Religião primitiva, 
tribos africanas, Nuer, 
parentesco
Es
tr
ut
ur
a-
lis
m
o
Claude 
Lévi-Strauss
(1908–2009) As estruturas 
elementares do 
parentesco (1949)
Casamentos cruzados, 
incesto, mitologias, 
linguística estrutural, 
pares de oposição, di-
cotomias, bricolagem
O estudo do homem no Brasil
Enquanto, na Europa, as escolas de antropologia vistas ficaram essencial-
mente na Inglaterra, na Alemanha e na França, nas Américas, elas ficaram 
muito restritas aos Estados Unidos, notadamente a escola culturalista. No 
Brasil, por ser um País que preservou a cultura indígena bem mais que seus 
vizinhos hispânicos, ela foi bem desenvolvida. Há muitos nomes de antropó-
(Continuação)
As escolas de antropologia16
logos brasileiros ou estrangeiros que estiveram no Brasil durante a segunda 
metade do Império até os primeiros anos da República.
Assim, o primeiro momento da antropologia no Brasil pode ser traçado 
de 1835 até 1933. Ele se inicia com os estudos do dinamarquês, primo do 
filósofo Soren Kierkegaard, Peter Lund (1801–1880) em Lagoa Santa, Minas 
Gerais, onde ele descobriu ossadas fósseis nas cavernas do Rio das Velhas, 
que hoje estão no Museu de História Natural de Copenhagen. Sua pesquisa 
antropológica foi restrita à antropologia biológica, um ramo da antropologia 
mais próximo às ciências naturais do que às ciências humanas. 
Outro nome muito importante nesse período foi o de João Barbosa Ro-
drigues (1842–1909). Ele foi um dos integrantes da pesquisa científica na 
Amazônia financiada por Dom Pedro II e, ainda, um exímio desenhista botânico, 
diretor do Jardim Botânico de Manaus, sob patrocínio da princesa Isabel. Sua 
contribuição mais importante para a antropologia social foi, sem dúvida, na 
subárea da etnolinguística, com uma coleção de obras sobre línguas indí-
genas amazônicas: A Língua Geral do Amazonas e o Guarany: observações 
sobre o alphabeto indigena (1888); O muyrakytã : estudo da origem Asiatica 
da civilização do Amazonas nos tempos prehistoricos (1889); Pacificação dos 
Crichanás (1885); Poranduba Amazonense (1890); Vocabulario indigena com a 
orthographia correcta (1894); Vocabulario indigena comparado (1892).
O terceiro nome importante no primeiro período foi o de Curt Nimuen-
dajú, nascido Curt Unckel (1883–1945), um alemão que percorreu o Brasil 
pesquisando os índios por mais de 40 anos. Ele deixou inúmeros trabalhos, 
mas, devido ao irresponsável incêndio do Museu Nacional em 2018, muitas 
de suas obras foram perdidas: Apontamentos sôbre os Guarani (1954); Patašó 
(1938); Os Gorotire (1940); Índios Maxakali (1939); Os índios Tukuna (1929); Re-
conhecimento dos rios Içana, Ayarí e Uaupés (1927); As tribos do alto Madeira 
(1925); Etnografia e indigenismo: sobre os Kaingang, os Ofaié-Xavante e os 
índios do Pará (1993).
Apesar de ser um nome mais recente, Darcy Ribeiro (1922–1997) pode ser 
contado entre esses primeiros, por sua abordagem evolucionista e difusionista 
na antropologia. Darcy Ribeiro foi um nome importante não apenas na política 
e na educação brasileira, mas também por seus trabalhos antropológicos, en-
tre eles: Culturas e línguas indígenas do Brasil (1957); Arte plumária dos índios 
Kaapo (1957); Os índios e a civilização (1970); Suma etnológica brasileira (1986); 
O processo civilizatório: etapas da evolução sócio-cultural (1968); As Américas 
e a civilização: processo de formação e causas do desenvolvimento cultural 
desigual dos povos americanos (1970); Os brasileiros: teoria do Brasil (1972).
As escolas de antropologia 17
Esses primeiros nomes da antropologia brasileira estavam profundamente 
marcados pelas escolas evolucionistas e difusionistas, como se pode notar 
na obra do próprio Darcy Ribeiro. Ribeiro cria que os povos todos passam 
pelo chamado processo civilizatório, iniciando como caçadores e coletores, e 
passando por revoluções, como a agrícola, a urbana, a hídrica, a metalúrgica, 
a pecuária, a mercantil e a industrial, que iam modificando o povo e a cultura.
Na segunda fase da antropologia no Brasil, podem ser incluídos nomes 
como o de Donald Pierson, Arthur Ramos, Eduardo Galvão, Roberto de Oliveira 
e Silvio Coelho dos Santos. E, na terceira, nomes como o de Manuela Carneiro 
da Cunha e Eduardo Viveiros de Castro.
Donald Pierson (1900–1995) foi um sociólogo e antropólogo americano 
que lecionou na Escola de Sociologia e Política de São Paulo até 1959. Ele 
pesquisou os negros na Bahia e, em 1942, publicou sua tese de doutorado, 
chamada de Brancos e pretos na Bahia: um estudo de contato racial. A obra 
é marcada pelo evolucionismo, contendo vários quadros classificatórios 
de pessoas por tipo racial, e conclui que os negros brasileiros não sofriam 
preconceitos raciais como nos Estados Unidos, pelo forte componente de 
miscigenação presente na Bahia. Ele coordenou vários estudosimportantes 
sobre o Brasil, que resultaram nos livros Cruz das almas: uma vila brasileira 
(1951) e O homem no Vale do São Francisco (1972). 
Arthur Ramos de Araújo Pereira (1903–1949) foi um psiquiatra, psicólogo 
e etnólogo com estudos importantes sobre a identidade brasileira e com 
um papel importante na institucionalização das ciências sociais no Brasil. 
Ele cunhou o termo “democracia racial” ao se referir ao Brasil e sua alta 
miscigenação. Entre suas obras, destacam-se Primitivo e loucura (1926), O 
negro brasileiro: etnografia religiosa e psicanálise (1934) e A Mestiçagem no 
Brasil (1951), publicada após seu falecimento.
Eduardo Enéas Gustavo Galvão (1921–1976), graduado em geografia e 
história pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, foi o primeiro an-
tropólogo brasileiro a ter um doutorado pela Universidade de Columbia, 
em 1952, com a tese Santos e visagens: um estudo da vida religiosa de Itá, 
Amazonas. Durante toda a vida, pesquisou muitos indígenas, como os Tapi-
rapé, Tenetehara, Tiriyó, Anambé, Kamaiurá, Kayabi, Juruna, etc. Foi professor 
na Universidade de Brasília e na Universidade Federal do Pará. Entre suas 
obras mais relevantes, destacam-se Santos e visagens: um estudo da vida 
religiosa de Itá, Amazonas (1955) e Índios do Brasil, áreas culturais e áreas 
de subsistência (1973).
As escolas de antropologia18
De modo geral, a antropologia no Brasil tem uma influência muito grande 
da França, pela proximidade histórica dos dois países e por muitos de 
seus representantes terem estudado nos grandes centros educacionais 
superiores franceses, notadamente a École des hautes études en sciences 
sociales. A antropologia brasileira, portanto, recebe muita influência do 
funcionalismo francês na sociologia e do estruturalismo na antropologia, 
bem como do pós-modernismo e do pós-estruturalismo franceses, com 
Pierre Clastres, por exemplo. 
Ademais, a fundação da Universidade de São Paulo foi marcada pela 
vinda de inúmeros intelectuais franceses durante a década de 1930 e 
1940, como Lévi-Strauss. Todos esses fatores tiveram um impacto sig-
nificativo nas ciências humanas no Brasil, sobretudo na antropologia, 
mas também na filosofia, com o que chamamos de escola continental 
em filosofia, um modo de pensar mais distanciado da lógica formal e 
mais próximo à história.
Como visto, por muito tempo as ciências sociais no Brasil estiveram muito 
ligadas às escolas de tendência positivista e evolucionista, e mesmo recen-
temente, com Darcy Ribeiro, o evolucionismo esteve presente. No campo da 
antropologia biológica, destaca-se, no Brasil, a Universidade Federal do Pará, 
que conduz uma intensa pesquisa em arqueologia.
Referências
CASTRO, C. (org.) Evolucionismo cultural: textos de Morgan, Tylor e Frazer. 2. ed. Rio 
de Janeiro: Zahar, 2009.
ERIKSEN, T. H.; NIELSEN, F. S. História da antropologia. Rio de Janeiro: Vozes, 2012.
FREEMAN, D. Margaret Mead and Samoa. Cambridge, London: Harvard University 
Press, 1983.
LOURENÇO, J. M. A racionalidade em Lévi-strauss. Revista Portuguesa De Filosofia, v. 
53, nº 2, p. 249–289, 1997.
PITT-RIVERS, A. H. L.-F. The evolution of culture and other essays. Oxford: Clarendon 
Press, 1906.
SMITH, G. E. The migrations of early culture. Manchester: Manchester University Press, 
1929. 
As escolas de antropologia 19
Leituras recomendadas
DESCOLA, P. Claude Lévi-Strauss, uma apresentação. Estudos avançados, v. 23, nº 67, 
p. 149–160, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0103-40142009000300019. Acesso em: 14 out. 2020.
GRAEBNER, F. El mundo del hombre primitivo: estudio de las concepciones primitivas 
del mundo en los pueblos salvajes. Madrid: Revista de Occidente, 1925.
PIRES, P. S. O conceito de magia nos autores clássicos. Revista de Antropologia Social 
dos Alunos do PPGAS-UFSCar, v. 2, nº 1, p. 97–123, 2010. Disponível em: http://www.rau.
ufscar.br/wp-content/uploads/2015/05/r@uv2n1-artigo-5.pdf. Acesso em: 14 out. 2020.
ROCHA, A. E. O estruturalismo de Lévi-Strauss: significação do "estrutural Inconsciente". 
Revista Portuguesa De Filosofia, v. 32, nº 2, p. 171-–06, 1976.
RUTSCH, M. Los fundamentos de la teoría culturalista boasiana. Boletín de Antropología 
Americana, nº 4, p. 115–137, 1981.
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As escolas de antropologia20
DICA DO PROFESSOR
A religião, junto ao tema do parentesco, sempre foi um dos temas preferidos dos antropólogos. 
Compreender a evolução, a difusão, a função e a estrutura das religiões sempre esteve na mente 
dos antropólogos, porque a religião é uma fonte de acesso às mitologias, à linguagem e ao 
mundo mental e simbólico de um povo. Conhecer a religião é conhecer os valores morais, 
estéticos e epistemológicos de uma cultura.
Nesta Dica do Professor, você vai aprender um pouco sobre algumas teorias antropológicas da 
religião, como a de Tylor, Frazer e também Freud.
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EXERCÍCIOS
1) O evolucionismo foi uma corrente em antropologia social do século XIX que se 
utilizou amplamente de ciências nascentes, como história, geografia, filologia e 
arqueologia, para extrair suas ideias e hipóteses sobre a evolução linear dos vários 
povos no mundo.
Quais foram os estágios históricos evolutivos e seus respectivos avanços tecnológicos 
paralelos sustentados por Morgan, ao aproveitar-se da abundância de ciências 
humanas nascentes em seu tempo?
A) No estágio de selvageria, houve o domínio do fogo, da madeira e da cerâmica; na barbárie, 
a domesticação de animais, a agricultura e a metalurgia; e, na civilização, o alfabeto e a 
escrita.
B) O animismo foi a base de todas as religiões, porque a crença em espíritos animadores da 
natureza é fundante de todas as outras crenças, inclusive do islamismo e totemismo.
C) Houve evolução cultural-religiosa dos estágios de magia e religião, culminando na ciência, 
de modo que a mágica e a ciência se assemelhavam, pois ambas tinham poder explicativo 
e uma não existiria sem a outra.
D) No estágio teológico, o homem buscava respostas em deuses. No estágio metafísico, o 
homem alça-se um passo à frente e começa a pensar em termos filosóficos. Por fim, no 
estágio científico, o homem liberta-se da religião.
E) No estágio do Paleolítico, houve o domínio do fogo, da madeira e da cerâmica; no 
mesolítico, a domesticação de animais, a agricultura e a metalurgia; e, no Neolítico, o 
alfabeto e a escrita.
2) O difusionismo apareceu como desdobramento do evolucionismo, tentando responder 
lacunas que este havia deixado ao conjecturar sobre a evolução das culturas no 
tempo, como, por exemplo, as lacunas explicativas quanto ao espaço. Por essa razão, 
o difusionismo teve muito mais penetração e diálogo com a geografia e a arqueologia 
do que com outras ciências humanas, visto que ele tentava explicar como se deu a 
difusão de elementos culturais semelhantes em áreas distintas.
Assinale a alternativa correta quanto ao difusionismo:
A) O difusionismo britânico e o alemão se assemelham porque ambos criam na teoria do 
hiperdifusionismo egípcio, segundo a qual toda civilização nasceu de uma única cultura às 
margens e ao delta no Nilo.
B) A hipótese da Kulturkreise foi defendida por todos os difusionistas, em especial àqueles 
ligados a Frobenius e que criam que os artefatos arqueológicos seguiam uma trajetória 
geográfica paralela à linguística, em especial ao sânscrito. 
C) O padre verbita Wilhem Schmidt sustentou a hipótese de que todas as religiões evoluíram 
a partir de uma única fonte politeísta e, posteriormente, se desenvolveram em váriasfontes 
monoteístas paralelas, como o judaísmo.
D) As fontes de dados do difusionismo dependiam da compilação de relatórios de 
administradores coloniais, missionários e viajantes das empreitadas colonialistas 
europeias, bem como da análise de textos clássicos. Quanto ao método, eles optaram por 
análise temporal sincrônica e comparativa.
E) O conceito de Volkskunde, as lendas e especulações de contatos 
transoceânicos, a antropogeografia de Friedrich Ratzel, a ideia de uma unidade da espécie 
humana e a consolidação da museologia foram fatores que contribuíram para o surgimento 
do difusionismo.
3) O culturalismo foi uma corrente da antropologia cultural que sustentava que as 
crenças, os valores e as práticas deveriam ser compreendidos dentro da própria 
cultura do indivíduo, em vez de compreendidos segundo os critérios de outra cultura. 
Seu principal expoente foi o antropólogo alemão, naturalizado americano, Franz 
Boas e seus discípulos, como Ruth Benedict, Margaret Mead e Edward Sapir.
Sobre a escola americana de antropologia social, selecione a alternativa correta:
A) Edward Sapir defende as relações entre a linguagem e a cultura, ou entre linguística e 
psicologia e antropologia, dizendo que as organizações sociais são reflexos das 
organizações gramaticais linguísticas. Contudo, ele ainda sustenta que é a mente que 
molda a linguagem, e não o contrário, constituindo, assim, junto com Whorf, a "hipótese 
de Sapir-Whorf".
B) Ruth Benedict rejeita a ligação entre antropologia e psicologia, dizendo que o campo da 
cultura, da religião, das tradições, da linguagem e das instituições sociais é 
independente de como os indivíduos pensam, sentem e se expressam. Essa cisão está bem 
documentada em seus dois livros principais: Padrões de cultura e O crisântemo e a 
espada.
Boas sustentava o relativismo cultural como princípio metodológico, o que implicava uma 
avaliação neutra da cultura e a rejeição do evolucionismo, como, por exemplo, sua ideia de 
evolução cultural linear histórico-diacrônica, a ideia de predisposições inatas biológicas e 
naturais que influenciam as diferenças culturais, a relação entre fenótipos e dotes mentais e 
C) 
a ligação histórica entre raça e cultura.
D) É pacífico entre os especialistas na cultura Samoa, na Polinésia, que as mulheres iniciem 
sua vida sexual em tenra idade, e há completa liberdade sexual entre elas, sendo que 
rejeitam a castidade feminina e estimulam o que os cristãos classificam como 
"promiscuidade", conforme os estudos de Margaret Mead em Adolescência, sexo e cultura 
em Samoa, de 1928.
E) O particularismo histórico opõe-se ao culturalismo antropológico na medida em que 
defende que as histórias e os processos evolutivos são próprios de cada cultura e devem 
avaliados segundo seus próprios critérios, enquanto o culturalismo prentende-se uma visão 
totalizada das culturas de modo comparativo e diacrônico linear.
4) O sociólogo francês Émile Durkheim, em seu Regras do método sociológico, de 1895, 
lança as bases do funcionalismo e da ideia de função em sociologia. Segundo essa 
noção, o objeto das ciências sociais são os fatos sociais, e, portanto, a sociedade deve 
ser estudada como se fosse uma coisa, um objeto, um organismo, ou seja, do modo 
mais objetivo, naturalístico e distanciado possível, a fim de se obter os resultados 
mais imparciais possíveis. Os fatos sociais não devem, portanto, ser avaliados como 
bons ou maus, mas segundo a função social que desempenham no interior do sistema 
social em questão. O funcionalismo é uma teoria holística, porque aborda a sociedade 
pelo todo, e não por suas partes constituintes. Assim, os indivíduos são secundários, e 
as estruturas, funções e instituições sociais são mais importantes que a psique 
individual ou as relações entre os indivíduos. Desse modo, as normas, os costumes, as 
tradições e as instituições se sobrepõem aos indivíduos, e suas escolhas individuais 
têm pouco, ou nenhum, valor para a manutenção do todo social. A antropologia 
importou essa noção para o estudo de sociedades primitivas.
Sobre o funcionalismo em antropologia, escolha a alternativa correta:
Malinowski escreveu Sexo e repressão na sociedade selvagem (1927) com o intuito de 
confirmar as teses psicanalíticas freudianas, em especial a universalidade do complexo de 
Édipo, a sexualidade infantil na puberdade, o papel paterno na criação, os mitos e tabus 
familiares como o incesto, o parricídio como fundação da cultura, a transição dos instintos 
A) 
naturais para a formação da cultura civilizada.
B) Alfred Reginald Radcliffe-Brown considera as instituições sociais, como casamento, 
direito, religião, mitos e ritos, como entraves para a manutenção da ordem social e do 
equilíbrio, porque, segundo sua perspectiva marxista, as instituições sociais repressivas são 
prejudiciais para atingir a liberdade, a igualdade e a fraternidade universais.
C) Sir Edward Evans-Pritchard, em seu Bruxaria, oráculo e magia entre os Azande (1937), 
critica a religião primitiva, as práticas oraculares e mágicas como supersticiosas e como 
entraves ao desenvolvimento econômico do Sudão e do Congo, dada sua irracionalidade e 
o tempo despendido desse povo em rituais apotropaicos. 
D) Bronisław Malinowski desenvolveu o método etnográfico em antropologia 
social ao pesquisar um ritual econômico nas Ilhas Trobriand na Melanésia, 
chamado de kula, e descobrir que as trocas do kula mostram que não são 
somente vantagens utilitárias econômicas que são valiosas, mas que a 
criação de laços, amizades, políticas e reciprocidade parece ser mais 
relevante para aquele povo que o mero lucro e a acumulação de objetos.
E) Pritchard, em seu Os nuer, de 1940, examina os sistemas familiares e políticos do povo 
nuer, no Sudão anglo-egípcio, bem como a criação de vacas na ecologia local, 
argumentando que o pastoreio se alia à agricultura, que, para os nuer, é visto como uma 
"necessidade feliz, agradável e prazerosa".
Ferdinand de Saussure, linguista suíço, criou um método de análise linguística, 
distanciando-se da antiga filologia clássica diacrônica, que se 
preocupava excessivamente em traçar as origens de um termo para encontrar seu 
significado original, e concentrou-se em uma análise sincrônica, que se ocupava em 
achar o significado internamente aos próprios termos e suas mútuas relações. Assim, 
o significado só pode ser compreendido por sua estrutura interna, e não pelos 
elementos singulares isolados ou comparados externamente. Esse novo método de 
análise ficou conhecido como estruturalismo e foi uma grande influência para 
inúmeras ciências humanas, entre elas a antropologia social.
5) 
Sobre o estruturalismo, escolha a alternativa correta:
A) As dicotomias do estruturalismo linguístico de Saussure entre língua e fala significam, 
respectivamente: ato individual, sujeito a fatores externos, muitos destes não linguísticos e, 
portanto, não passíveis de análise científica; construção coletiva mental sistemática de 
valores opostos mutuamente, homogênea, invariável.
B) Para Lévi-Strauss, o tabu do incesto é fundante da sociedade e opera a passagem da 
natureza para a cultura ao instituir como regra primordial o casamento endógeno e evitar a 
exogenia, estimulando a permanência dos nubentes nos círculos familiares próximos e 
formando famílias mais coesas socialmente. 
C) Segundo a teoria da aliança, o casamento entre primos cruzados dá-se com a união do filho 
com a filha do tio, ou com a união da filha com o filho do tio, e nunca com o filho e a filha 
da tia ou com a filha e o filho do tio, pois isso constituiria violação da regra do incesto.
D) Lévi-Strauss compreendia a mente humana como funcionando analogamente à linguagem 
e às suas dicotomias estruturais inerentes. Assim, a cultura e as suas respectivas mitologias 
estariam permeadas de dicotomias, binarismos e pares de oposição estruturais, e não seria 
possível compreender uma cultura semcompreender ao quê seus termos constituintes se 
opõem.
E) A teoria do valor de Saussure assere que os signos linguísticos se relacionam 
diferencialmente, negativamente e antinomicamente entre si dentro do sistema de língua 
em questão, dado que um signo só tem valor mediante o mesmo valor que outro signo tem 
dentro do sistema linguístico em questão. Assim, cão e gato significam o que se referem 
porque ambos remetem ao mesmo valor mamífero.
NA PRÁTICA
Malinowski foi o antropólogo que inaugurou a tradição das etnografias na antropologia social. 
A antropologia social faz pesquisa de campo. Os dados coletados nessa pesquisa são vários: 
fotos, gravações, músicas, falas, entrevistas, gráficos, desenhos. Com eles, os antropólogos 
escrevem um trabalho acadêmico chamado etnografia. Etnografia é uma tese, sobre um ponto 
específico, dentro da cultura pesquisada pelo antropólogo. Por essa razão, os antropólogos são 
às vezes chamados de etnógrafos, porque fazem etnografia. 
Quase todos os antropólogos estudados nesta Unidade fizeram etnografia, ou seja, pesquisa de 
campo sobre algum povo: Morgan sobre os iroqueses, Boas sobre os inuítes, Benedict sobre os 
japoneses, Mead sobre os samoasianos, Sapir sobre os atabascanos, Malinowski sobre os 
trobriandeses, Evans-Pritchard sobre os nuer, Radcliffe-Brown sobre os adamasianos, e Lévi-
Strauss sobre os bororos, nambiquaras e cadiuéus brasileiros.
Neste Na Prática, você vai ver como foram os estudos de Malinowski sobre o aspecto 
econômico do povo trobriandês.
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Difusionismo, funcionalismo e estrutural-funcionalismo — Antropológica
Neste vídeo didático feito pela estudante Mariane, ela explica sucintamente o difusionismo e o 
funcionalismo.
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Por uma semântica profunda: arte, cultura e história em Franz Boas
Este artigo discute a teoria de Franz Boas sobre a arte primitiva: o elemento formal no que se 
refere à delimitação do fenômeno artístico e a padronização estilística.
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Difusionismo: correntes antropológicas do século XIX
Texto didático de Leonardo Marcondes Alves sobre o difusionismo, sua história, influências, 
métodos, análises, temas, conceitos e autores.
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Arqueólogos encontram rota migratória do Homo erectus no Sudão até então desconhecida
Reportagem relatando que arqueólogos encontram rota migratória do Homo erectus no Sudão, a 
qual serve como complemento ao tema do difusionismo cultural.
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