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Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 1 � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ Aula 4 - Banco de jurisprudência André Milhomem Araújo de Godoi Pesquisa de Jurisprudência no STF Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 2 Sumário � � ����~“ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� ~“ ” “ ” ~ � ���� � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” ~ � �� ��� � � ����~“ ” “ ” ~ � �� ��� ~“ ” “ ” ~ Introdução ...........................................................................3 1. Estrutura do banco de jurisprudência ..............................4 2. Composição do banco de jurisprudência .........................7 3. Acórdãos e decisões no mesmo sentido ........................10 4. Espelhos dos documentos .............................................14 4.1 Espelho dos acórdãos .............................................................14 4.2 Espelho das decisões monocráticas ........................................21 4.3 Espelho dos enunciados de súmula ........................................22 Considerações finais .........................................................23 Referências bibliográficas .................................................25 Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 3 Introdução É hora de dar mais um passo na nossa caminhada pela pesquisa de jurisprudência! Nas aulas anteriores, você aprendeu os conceitos básicos relacionados aos acórdãos, às decisões monocráticas, aos enunciados de súmula e ao Informativo STF. Se pensarmos a pesquisa de jurisprudência como uma casa, esses conceitos representam sua fundação: a partir deles, é possível realizar buscas com segurança e firmeza. Agora que você já conhece os documentos (sabe o que procurar), chegou o momento de conhecer melhor o banco de jurisprudência (onde procurar). O banco de jurisprudência é uma ampla base de dados que reúne, em um só lugar, todos os documentos de interesse para o pesquisador e a pesquisadora de jurisprudência. Trata-se da estrutura que torna possível realizar pesquisas textuais em milhares de documentos, de modo unificado e simultâneo. Ao final desta aula, você será capaz de identificar a forma como acórdãos, decisões monocráticas, enunciados de súmula e volumes do Informativo integram o banco de jurisprudência. Além disso, você conhecerá, em detalhes, todas as informações disponíveis nessa base de dados. Vamos em frente! Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 4 1. Estrutura do banco de jurisprudência Nas três primeiras aulas, você aprendeu a realizar consultas a documentos específicos, a partir dos dados de identificação individuais. Vamos recordar? Acórdãos. O inteiro teor de um acórdão específico pode ser consultado pelo portal do STF: basta selecionar o menu “Jurisprudência” e escolher a opção “Inteiro Teor de Acórdãos”. De posse da classe e do número processuais, bem como do incidente processual ou recurso interno (quando existentes), você consegue facilmente ter acesso à íntegra do documento. Decisões monocráticas. A consulta individualizada aos textos de decisões monocráticas é feita por meio da caixa de pesquisa rápida, disponível na página inicial do portal do STF: ela dá acesso à página de acompanhamento processual, na qual é possível encontrar a íntegra das decisões monocráticas, seja percorrendo os andamentos processuais, seja acionando o item “DJe”. Nessa busca, a data de publicação é uma informação essencial à identificação dos registros. Enunciados de súmula. O portal do STF também permite consultar os textos dos enunciados sumulares: você abre o menu “Jurisprudência” e escolhe as opções “Súmulas” (para consultar os enunciados ordinários) ou “Súmulas Vinculantes” (para visualizar os enunciados vinculantes). Informativo STF. Para consultar um volume específico do Informativo STF, o caminho é simples: no portal do STF, você seleciona o menu “Jurisprudência” e escolhe opção “Informativo STF”. Lembrou-se? Pois bem. Todos esses canais servem para buscar documentos específicos, ou seja, pressupõem que você, como pesquisador ou pesquisadora, saiba de antemão o que está procurando. Frequentemente, no entanto, os dados de identificação dos documentos de interesse não são conhecidos por quem está pesquisando. Na realidade, em muitos casos, o objetivo da pesquisa de jurisprudência é justamente descobrir quais documentos satisfazem determinados critérios de busca. Vamos a um exemplo concreto. Imagine que você deseje conhecer a opinião do STF sobre alteração de prenome e sexo no registro civil de pessoas transgêneras. Como realizar esse tipo de pesquisa? http://portal.stf.jus.br/ http://portal.stf.jus.br/ http://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/pesquisarInteiroTeor.asp http://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/pesquisarInteiroTeor.asp http://portal.stf.jus.br/ http://portal.stf.jus.br/ http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumulaVinculante http://portal.stf.jus.br/ http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 5 Uma opção, utilizando os mecanismos de consulta que você já aprendeu, seria consultar individualmente todos os documentos já publicados pelo Tribunal e fazer a seleção, item a item, de quais deles interessam à sua busca. Nem um pouco prática essa solução, não é mesmo? O banco de jurisprudência do STF foi criado exatamente para facilitar esse tipo de pesquisa. Ao reunir e sistematizar acórdãos, decisões monocráticas, enunciados de súmula e volumes do Informativo em uma mesma base de dados, esse repositório torna possível pesquisar, em bloco e de uma só vez, milhares de documentos. Como isso funciona? Após sua publicação na imprensa oficial e no portal do STF, os documentos de jurisprudência são carregados na base de dados. Nesse momento, os textos são decompostos, termo a termo, e incorporados ao índice invertido. O índice invertido nada mais é do que uma extensa lista que contém todos os termos existentes na base de dados e que correlaciona esses termos aos documentos em que eles ocorrem. Um exemplo: imagine que o STF tenha editado um enunciado de súmula fictício (de nº 1000) com o seguinte teor: “O Direito não socorre aos que dormem”. Após a publicação no Diário da Justiça, o enunciado será carregado no banco de jurisprudência de acordo com a seguinte lógica: O documento será decomposto em partes menores: “O”, “Direito”, “não”, “socorre”, “aos”, “que” e “dormem”. No índice invertido, a cada um desses termos, será acrescentada uma referência ao enunciado nº 1000. E por que a técnica de índice invertido é importante? É simples: ela agiliza a realização de buscas textuais em grandes coleções de documentos. Isso acontece porque, em vez de percorrer a íntegra de cada um dos documentos, a ferramenta de busca consulta diretamente o índice invertido e identifica, rapidamente, quais documentos contêm os termos buscados. No exemplo, se você realizar uma busca no banco de jurisprudência pela palavra “Direito”, a ferramenta de pesquisa consultará o índice invertidoe verificará que esse termo está contido, dentre outros documentos, no enunciado de súmula nº 1000. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 6 A explicação ficou muito técnica? Não se preocupe! O importante aqui é apenas ter em mente que a grande vantagem do banco de jurisprudência é permitir a realização de buscas em milhares de documentos de forma ágil. Mas não é só. No momento em que são carregados no banco de jurisprudência, são agregados aos documentos uma série de metadados, isto é, de informações estruturadas que os complementam. Voltemos ao exemplo. Após a publicação do enunciado nº 1000, não apenas seu texto (conteúdo) é carregado na base de dados: várias informações complementares, como data de aprovação, referência legislativa ou precedente, são agregadas ao documento. No banco de jurisprudência, os metadados cumprem a função de enriquecer a busca: para além da pesquisa textual no conteúdo dos documentos, é possível utilizar essas informações complementares para agrupar e filtrar os documentos a partir de parâmetros específicos. Por exemplo: todos os enunciados aprovados entre 2000 e 2010; todos os acórdãos proferidos pelo Plenário do STF; todas as decisões monocráticas proferidas em processos da classe Ação Cível Originária (ACO); e assim por diante. DOC 1 Ninguém pode ser juiz em causa própria. DOC 2 Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. DOC 3 Ninguém é obrigado ao impossível. Índice invertido índice invertido a - DOC 2 ao - DOC 3 causa - DOC 1 contra - DOC 2 é - DOC 3 em - DOC 1 impossível - DOC 3 juiz - DOC 1 mesmo - DOC 2 ninguém - DOC 1, DOC 2, DOC 3 obrigado - DOC 2, DOC 3 pode - DOC 1 produzir - DOC 2 própria - DOC 1 prova - DOC 2 ser - DOC 1 si - DOC 2 Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 7 Combinados, o índice invertido e os metadados tornam possível que você realize pesquisas de jurisprudência em vastas coleções de documentos, com grande precisão e de forma praticamente instantânea. Vamos combinar: bem mais prático do que consultar individualmente todos os documentos já publicados pelo Tribunal e fazer a seleção item a item, não é mesmo? Mais à frente, vamos estudar detalhadamente quais metadados (informações complementares) são agregadas aos documentos do banco de jurisprudência. Antes disso, porém, convém detalhar melhor quais documentos compõem a base de dados. 2. Composição do banco de jurisprudência Atualmente, os acórdãos do STF já nascem como documentos digitais e, logo após sua publicação no Diário da Justiça, são automaticamente carregados no banco de jurisprudência. Mas nem sempre foi assim. Instalado em 1891, o STF possui mais de 130 anos de atividade jurisdicional ininterrupta. Muito antes do surgimento da computação eletrônica, o Tribunal já desempenhava seu papel de guardião da Constituição e órgão de cúpula do Poder Judiciário nacional. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 8 Nos documentos de jurisprudência, a transição do papel para o mundo digital remonta a 1978, quando a Corte celebrou convênio com o Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal (PRODASEN) para criar uma base de dados dedicada à jurisprudência do STF (BRASIL, 1979, p. 38). Veja a fotografia de terminal de vídeo IBM 3270 instalado no PRODASEN e em órgãos conveniados para consulta às bases de dados na década de 1970. Fonte: Senado Federal Agora o modelo de estrutura de dados de acórdãos registrados nas bases de jurisprudência do PRODASEN na década de 1970. Fonte: Senado Federal A fonte primária para construção dessa base de dados foi o Ementário de Jurisprudência do STF, coleção iniciada em julho de 1950 e composta pelos textos integrais dos acórdãos publicados a partir de então (BRASIL, 1951, p. 27). Posteriormente, foram incorporados ao banco de jurisprudência também os documentos da Coletânea de Acórdãos (COLAC), organizada a partir de 1982 com foco nos acórdãos publicados entre 1936 e 1949, isto é, nos acórdãos anteriores à criação do Ementário (BRASIL, 1983, p. 181). https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/199813/revistainformaticajuridica.pdf?sequence=4&isAllowed=y https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/180868/000352818.pdf?sequence=1&isAllowed=y Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 9 Essa breve digressão sobre a história do banco de jurisprudência é importante para deixar claras as potencialidades e limitações da base de dados quanto a pesquisas em períodos mais remotos. De modo geral, o banco possui uma abrangência bastante satisfatória em relação a acórdãos publicados após julho de 1950 (data da criação do Ementário). Já quanto aos acórdãos dos períodos anteriores, a base de dados não é exaustiva, isto é, contém apenas uma amostra das decisões colegiadas. Imagem: Primeiros volumes do Ementário de Jurisprudência do STF. A digitalização dos antigos acórdãos do STF é fruto do trabalho de gerações de servidores que, ao longo dos anos e em diferentes contextos tecnológicos, têm se dedicado à digitação dos dados, ao escaneamento dos documentos, à ocerização dos textos e à contínua revisão do banco de jurisprudência. Nessa empreitada, o Tribunal conta com a sua contribuição: s e m p r e q u e v e r i f i c a r a l g u m a inconsistência nos dados, fique à vontade para enviar um alerta por meio da Central do Cidadão. A palavra ocerização deriva da expressão inglesa Optical Character Recognition (OCR), traduzida como reconhecimento ótico de caracteres, em português. Ocerizar significa converter a imagem de um texto em um arquivo de texto digital, cujos caracteres podem ser armazenados e editados em um computador. A ocerização é uma técnica indispensável para a transposição de documentos do suporte papel para o meio digital. E quanto aos demais tipos de documentos (decisões monocráticas, Súmula e Informativo STF)? Qual é a abrangência do banco de jurisprudência? http://portal.stf.jus.br/centraldocidadao/ http://portal.stf.jus.br/centraldocidadao/ Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 10 Bem. Todos os enunciados sumulares e todos os volumes do Informativo STF estão devidamente incorporados à base de dados. Quanto às decisões monocráticas, no entanto, é preciso fazer uma ressalva: o banco de jurisprudência é composto apenas por decisões monocráticas selecionadas. Isso significa que a base de dados não armazena todas as decisões monocráticas proferidas pelos ministros da Corte. Nesse sentido, o banco de jurisprudência possui um escopo limitado: registrar apenas as principais decisões individuais do STF. Os critérios de seleção de decisões monocráticas para compor a base de dados variam no tempo. Atualmente, ficam de fora os despachos, isto é, os atos judiciais sem conteúdo decisório – como aqueles que abrem vista às partes para se manifestarem, por exemplo. Além disso, não integram o banco de jurisprudência as decisões que, apesar de apresentarem conteúdo decisório, consistam em textos padronizados já amplamente representados na base de dados, com centenas (às vezes milhares) de registros idênticos. Em termos temporais, a base de decisões monocráticas começa a ganhar volume a partirdos anos 2000 (especialmente após 2010), mas, ainda nos dias atuais, apenas cerca de um terço de todos os atos decisórios individuais publicados são selecionados para compor o banco de jurisprudência. Por isso, convém ter cautela ao consultar a base de decisões monocráticas: embora ela sirva bem ao propósito de conhecer as opiniões individuais dos ministros sobre as mais variadas questões jurídicas, esse repositório de dados não se pretende exaustivo. 3. Acórdãos e decisões no mesmo sentido Muito frequentemente, uma mesma questão jurídica é decidida pelo STF repetidas vezes, em diferentes processos. Pense, por exemplo, em causas que envolvam discussões sobre tributos, benefícios previdenciários ou remuneração de servidores públicos: em tais situações, é comum que a Corte aplique repetidamente uma mesma solução jurídica a diferentes feitos similares. Do ponto de vista documental, a reiteração do mesmo entendimento em diversos processos tem como consequência a produção em série de acórdãos e decisões monocráticas com conteúdo muito semelhante: são os chamados documentos no mesmo sentido. Como medida de organização e sistematização, a base de dados confere aos documentos no mesmo sentido um tratamento especial. Sempre que um novo acórdão ou uma nova decisão monocrática são publicados, a Secretaria do Tribunal analisa o documento e avalia: o banco de jurisprudência já possui outro documento no mesmo sentido? Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 11 Em caso negativo (não há documento com teor similar), o acórdão ou a decisão monocrática são incluídos normalmente na base de dados. Em caso positivo (há documento semelhante), o acórdão ou a decisão monocrática não são incorporados ao banco de jurisprudência. Nessa segunda hipótese, os atos decisórios publicados anteriormente (chamados de principais) recebem uma anotação específica, que indica todos os documentos posteriores no mesmo sentido (denominados sucessivos). E para que serve a distinção entre acórdãos e decisões principais (que possuem registro autônomo no banco de jurisprudência) e acórdãos e decisões sucessivos (que recebem apenas uma anotação secundária, vinculada a um registro principal)? Para compreender o porquê da diferenciação entre documentos principais e sucessivos, imagine o seguinte cenário: você realiza uma consulta textual ao banco de jurisprudência e verifica a existência de 100 acórdãos que contêm as palavras-chave buscadas. Ao analisar os resultados individualmente, todavia, você verifica que se trata de acórdãos proferidos pelo mesmo órgão julgador, relatados pelo mesmo ministro, redigidos com textos praticamente idênticos e publicados numa mesma janela de tempo. Nesse contexto, a classificação dos documentos entre principais e sucessivos confere agilidade à pesquisa. Em vez de retornar 100 documentos iguais e forçar os pesquisadores e as pesquisadoras a consultá-los um por um até concluírem que se cuida de textos no mesmo sentido, o banco de jurisprudência antecipa esse trabalho e agrupa os documentos: no exemplo, apenas 1 documento é incorporado ao banco (acórdão principal), anotando-se nele a existência de outros 99 documentos no mesmo sentido (acórdãos sucessivos). Fez sentido para você? Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 12 SAIBA MAIS Critérios para agrupamento de acórdãos no mesmo sentido Ao longo da existência do banco de jurisprudência, percebe-se certa variação nos critérios de vinculação de acórdãos no mesmo sentido. Em anos mais recentes, a Secretaria do Tribunal tem se norteado pelos seguintes parâmetros: Data de publicação. A data de publicação do acórdão sucessivo no Diário da Justiça deve ser igual ou posterior à data de publicação do acórdão principal. Classe processual. A classe processual do acórdão sucessivo deve ser idêntica ou semelhante à do acórdão principal. Consideram-se semelhantes entre si, por exemplo, as seguintes classes processuais: Habeas Corpus (HC) e Recurso Ordinário em Habeas Corpus (RHC); Mandado de Segurança (MS) e Recurso Ordinário em Mandado de Segurança (RMS); Recurso Extraordinário (RE), Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) e Agravo de Instrumento (AI); Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC), Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO); Suspensão de Tutela Antecipada (STA), Suspensão de Liminar (SL), Suspensão de Segurança (SS) e Suspensão de Tutela Provisória (STP). Ministro Relator e Ministro Redator do acórdão. O Ministro Relator e o Ministro Redator do acórdão devem ser os mesmos no acórdão principal e no acórdão sucessivo. Órgão julgador. Ambos os acórdãos (principal e sucessivo) devem ter sido proferidos pelo mesmo órgão julgador. Resultado da votação. O resultado da decisão (por unanimidade, maioria ou empate) deve ser igual nos acórdãos principal e sucessivo. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 13 SAIBA MAIS Teor semelhante. O teor da ementa e dos votos dos acórdãos sucessivo e principal deve ser praticamente idêntico. Admite-se que o acórdão principal seja mais abrangente do que o acórdão sucessivo, mas não o contrário. O agrupamento pode ser realizado quando o acórdão sucessivo apresentar informações que, embora não contidas no acórdão principal, não despertem interesse de pesquisa (por exemplo, informações específicas do caso concreto ou informações já amplamente retratadas no banco de jurisprudência). Como você pode perceber, ao realizar o agrupamento de acórdãos no mesmo sentido, a Secretaria do Tribunal combina critérios objetivos com uma avaliação individualizada sobre eventual interesse dos usuários na recuperação dos documentos. Atualmente, a atividade de agrupamento é realizada com o suporte de ferramenta tecnológica que, além de verificar o preenchimento dos parâmetros objetivos de vinculação, realiza a comparação entre os textos, a partir de modelo de representação vetorial de palavras (word embedding) construído por meio de redes neurais (neural networks). Precisa de um exemplo real para visualizar? Então compare o inteiro teor do Agravo Regimental no Mandado de Segurança (MS-AgR) nº 34.729 (acórdão principal) com a íntegra do Agravo Regimental no Mandado de Segurança (MS-AgR) nº 35.798 (acórdão sucessivo). Você percebe alguma diferença entre os textos? Ela é relevante para a pesquisa de jurisprudência? Esse mesmo acórdão principal possui um total de 100 acórdãos sucessivos, com teor praticamente idêntico. Quais seriam as consequências de incluir todos os documentos no banco de jurisprudência? Ao responder a essas perguntas, você compreenderá a importância do agrupamento de documentos no mesmo sentido. Antes de concluir este tópico, segue uma última observação sobre os documentos no mesmo sentido. Como acórdãos e decisões sucessivos não compõem o banco de jurisprudência, as pesquisas textuais realizadas na base de dados não recuperam informações contidas nesses documentos. Isso não impede, no entanto, que você tenha acesso à íntegra de acórdãos e decisões sucessivos: eles podem ser consultados normalmente através dos mecanismos de consulta individualizada que você já aprendeu nas aulas anteriores. Lembre-se disso! https://drive.google.com/file/d/1sfKd5CBzY0lY6d-0sjOoBN4fl0YzJUsx/view?usp=sharing https://drive.google.com/file/d/1fTEZeLAYbb08113-7C6xIqXL4p3oKoXR/view?usp=sharing Aula 4 - Bancode jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 14 4. Espelhos dos documentos No início desta aula, você aprendeu que o banco de jurisprudência é composto não apenas pelos documentos em si (dados), mas também por uma série de informações estruturadas que os complementam (metadados). Agora, chegou o momento de retomar e aprofundar essa ideia! No banco de jurisprudência, dados e metadados não estão soltos, dispersos. Pelo contrário: eles são consultados e apresentados aos pesquisadores de forma concatenada. O conjunto de dados e metadados relativos a um mesmo documento é chamado de espelho. Os espelhos dos documentos são o ponto de partida de qualquer pesquisa à base de dados. Você já deve ter ouvido este antigo princípio jurídico: o que não está nos autos não está no mundo. Pois bem. Na pesquisa de jurisprudência, vale o mesmo raciocínio: o que não está no espelho não está no banco! Conhecer a estrutura dos espelhos, portanto, é fundamental para realizar pesquisas eficazes na base de dados. Cada tipo de documento (acórdão, decisão monocrática, enunciado de súmula e volume de informativo) possui uma estrutura própria de espelho, adequada a sua natureza. A seguir, você vai conhecer melhor essas estruturas, a partir de exemplos concretos. Vamos lá? 4.1 Espelho dos acórdãos Comparativamente, o espelho dos acórdãos é a estrutura mais complexa da base de dados. Ao conhecê-lo, você aprenderá conceitos que também serão úteis à compreensão da estrutura dos espelhos dos demais documentos. Um exemplo simples, mas suficientemente didático para conhecer a estrutura do espelho dos acórdãos pode ser encontrado no Recurso Extraordinário (RE) nº 601.720. Nesse julgamento, o STF discutiu a incidência de IPTU sobre bem público cedido a pessoa jurídica de direito privado. A íntegra do espelho pode ser consultada aqui, mas, para facilitar o entendimento, convém decompor a análise campo a campo. O primeiro elemento do espelho dos acórdãos é o cabeçalho de identificação, que indica a classe e o número processuais, o recurso interno ou incidente processual (quando houver), bem como o Estado ou país de origem do feito. RE 601720 / RJ - RIO DE JANEIRO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. EDSON FACHIN Redator(a) do acórdão: Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 19/04/2017 Publicação: 05/09/2017 Órgão julgador: Tribunal Pleno https://drive.google.com/file/d/18sq64SRtFjRme0aNjhDi3yclOkgA7bxb/view Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 15 Também no cabeçalho de identificação, você encontra os nomes do Ministro Relator, do Ministro Redator do acórdão (quando houver) e do Ministro Revisor (quando houver). Nesse campo, é registrado ainda o órgão colegiado responsável pelo julgamento, assim como as datas de conclusão do julgamento e de publicação do acórdão no Diário da Justiça. Logo abaixo do cabeçalho de identificação, encontra-se o campo Publicação, no qual se especificam o número do Diário da Justiça em que o acórdão foi publicado, bem como as datas de divulgação e de publicação desse Diário. Caso o inteiro teor do acórdão componha o Ementário de Jurisprudência ou a Coletânea de Acórdãos do STF, também são registrados o volume e a página do documento nessas coleções. Quando a íntegra do acórdão tiver sido publicada na Revista Trimestral de Jurisprudência (RTJ) ou em outros repositórios de jurisprudência, como o Apenso ao Diário da Justiça (ADJ), a informação também é consignada. Em todos esses casos, o formato adotado segue padrões específicos. Por exemplo: “EMENT VOL- 00559-02 PP-00594” (Ementário); “COLAC VOL-00964-01 PP-00068” (Coletânea de Acórdãos); “RTJ VOL-00030-01 PP-00433” (Revista Trimestral de Jurisprudência); “ADJ 21-11-1963 PP-01193” (Apenso ao Diário da Justiça). Ainda no campo “Publicação”, você encontra (quando for o caso) o registro de que os autos do processo são eletrônicos, bem como a anotação de que, no acórdão, houve julgamento do mérito de questão com repercussão geral reconhecida. O exemplo do Recurso Extraordinário (RE) nº 601.720 ilustra ambas as situações. O espelho também é composto pelo campo Partes. Nele são indicados os nomes das partes processuais e de terceiros intervenientes ou interessados, além dos nomes dos respectivos procuradores judiciais. Um elemento central do espelho dos acórdãos é o campo Ementa. Como vimos anteriormente, a ementa consiste em uma espécie de resumo oficial do julgado, redigido por um dos ministros da Corte. Assim, cabe à ementa o relevante papel de condensar os principais fundamentos jurídicos em que se apoia a decisão tomada pelo órgão colegiado. Publicação PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-200 DIVULG 04-09-2017 PUBLIC 05-09-2017 Partes RECTE.(S) : MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ADV.(A/S) : ELIANA DA COSTA LOURENÇO RECDO.(A/S) : BARRAFOR VEÍCULOS LTDA ADV.(A/S) : ANDRE FURTADO AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTES FERROVIÁRIOS - ANTF ADV.(A/S) : SACHA CALMON NAVARRO COELHO AM. CURIAE. : MUNICIPIO DE SAO PAULO PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO AM. CURIAE. : DISTRITO FEDERAL PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO DISTRITO FEDERAL AM. CURIAE. : ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS SECRETARIAS DE FINANÇAS DAS CAPITAIS BRASILEIRA - ABRASF ADV.(A/S) : GABRIELA WATSON E OUTRO(A/S) Ementa IPTU – BEM PÚBLICO – CESSÃO – PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO. Incide o imposto Predial e Territorial Urbano considerado bem público cedido a pessoa jurídica de direito privado, sendo esta a devedora. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 16 Outro componente do espelho que merece destaque é o campo Decisão: ele replica, de forma literal, as conclusões do órgão colegiado, tal qual consignadas na ata da sessão. No campo Decisão, você encontra o resultado do julgamento, descobre se a decisão foi tomada por unanimidade, maioria ou empate e identifica os ministros vencedores e vencidos. Nos acórdãos relacionados à sistemática da repercussão geral, o espelho conta ainda com os campos Tema e Tese. Como vimos em outro momento, o tema reflete a questão jurídica discutida no processo, ao passo que a tese sintetiza o entendimento do STF sobre essa mesma questão. Todos os dados do espelho mencionados até aqui são incluídos no banco de jurisprudência logo após a publicação dos acórdãos e são extraídos diretamente dos próprios documentos ou de outros sistemas internos da Corte, sem maior intervenção da Secretaria do Tribunal. Decisão Após o voto do Ministro Edson Fachin (Relator), que negava provimento ao recurso extraordinário, pediu vista dos autos o Ministro Marco Aurélio. Falaram, pelo recorrente, Município do Rio de Janeiro, o Dr. Rodrigo Brandão; pela recorrida, Barrafor Veículos Ltda., o Dr. André Furtado, e, pelo amicus curiae Associação Nacional dos Transportes Ferroviários - ANTF, o Dr. Tiago Conde Teixeira. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 04.02.2016. Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 437 da repercussão geral, conheceu do recurso e a ele deu provimento, vencidos os Ministros Edson Fachin (Relator) e Celso de Mello. Em seguida, o Tribunal deliberou fixar a tese da repercussão geral em assentada posterior. Redator para o acórdão o Ministro Marco Aurélio. Ausentes, justificadamente, os Ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Presidência da Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 6.4.2017. Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Ministro Marco Aurélio, que redigirá o acórdão, fixoutese nos seguintes termos: “Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo”. Ausentes, justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes, e, neste julgamento, o Ministro Ricardo Lewandowski. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 19.4.2017. Tema 437 - Reconhecimento de imunidade tributária recíproca a empresa privada ocupante de bem público. Tese Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito privado, devedora do tributo. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 17 Em seguida ao carregamento desses dados básicos, a Secretaria da Corte passa à análise detida do inteiro teor de cada um dos acórdãos publicados. Essa atividade tem dois objetivos: a) agrupar acórdãos no mesmo sentido; e b) agregar aos espelhos dos acórdãos informações complementares que facilitem a pesquisa de jurisprudência. Uma vez verificada a necessidade de agrupamento de documentos no mesmo sentido (conforme os critérios que vimos acima), a Secretaria do Tribunal preenche o campo Acórdãos no mesmo sentido do acórdão principal com uma lista de todos os acórdãos sucessivos a ele relacionados. Confira um excerto do espelho do Agravo Regimental no Mandado de Segurança (MS-AgR) nº 34.729 mencionado quando apresentamos o conceito de documentos no mesmo sentido. Após o agrupamento de acórdãos no mesmo sentido, a Secretaria do Tribunal passa à catalogação das referências legislativas, jurisprudenciais e doutrinárias contidas na ementa e nos votos. No campo Legislação, são registrados todos os atos normativos mencionados pelos ministros: atos primários (como a Constituição Federal, as leis ordinárias, as leis complementares e as medidas provisórias, por exemplo) ou secundários (como as portarias, os decretos, as instruções normativas e os regimentos internos, por exemplo), de todos os âmbitos federativos (federal, estadual ou municipal) e Poderes da República (Legislativo, Executivo e Judiciário), além de normas imperiais e da legislação internacional (convenções, tratados, acordos etc.) internalizada pelo Estado brasileiro. O campo Legislação abriga ainda os enunciados sumulares referidos nos acórdãos. Legislação LEG-FED CF ANO-1988 ART-00001 INC-00004 ART-00018 ART-00022 INC-00001 ART-00102 INC-00003 LET-A ART-00150 INC-00006 LET-A PAR-00002 PAR-00003 ART-00156 INC-00001 ART-00170 INC-00004 ART-00173 PAR-00002 CF-1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL Acórdãos no mesmo sentido MS 35077 AgR-segundo PROCESSO ELETRÔNICO JULG-12-04-2019 UF-DF TURMA-02 MIN-EDSON FACHIN N.PÁG-023 DJe-086 DIVULG 25-04-2019 PUBLIC 26-04-2019 https://drive.google.com/file/d/1HO5W1S_DubfyoPPSYs9NEN53eoQTHjic/view https://drive.google.com/file/d/1HO5W1S_DubfyoPPSYs9NEN53eoQTHjic/view Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 18 No campo Doutrina, toda a bibliografia invocada pelos ministros como base para seus votos é catalogada pela Secretaria do Tribunal, desde que haja menção, pelo menos, ao nome e ao autor da obra citada. Tanto quanto possível e dentro das limitações de dados fornecidos nos textos, a Secretaria da Corte formata as citações doutrinárias de acordo com as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para referências bibliográficas (NBR 6023). Todos os precedentes citados (acórdãos e decisões monocráticas, do STF e de outros Tribunais brasileiros) são registrados no campo Observação. Ao fazê-lo, a Secretaria do Tribunal agrupa os precedentes de acordo com o contexto em que foram referenciados e atribui a cada um desses grupos um conjunto de palavras-chave que descrevem as circunstâncias das citações. O campo Observação é, aliás, polivalente. Nele também são catalogadas as normas e decisões estrangeiras aludidas pelos ministros. Doutrina BARRETO, Aires Fernandino. Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). In: BARRETO, Aires Fernandino; BOTTALLO, Eduardo (Coord.). Curso de iniciação em direito tributário. São Paulo: Dialética, 2004. p. 174-175. CEZAROTTI, Guilherme. A imunidade dos imóveis de propriedade da União na posse ou domínio direto de concessionárias de serviço público. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 123, p. 28-37, mar. 2006. p. 36. FERREIRA, Pinto. Comentários à Constituição brasileira. São Paulo: Saraiva, 1992. v. 5. p. 358. GANDRA, Ives. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1990. v. 6. p. 201-202. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 1090. RIBEIRO, Ricardo Lodi. Tributos: teoria geral e espécies. Niterói: Impetus, 2013. p. 304. SCHOUERI, Luis Eduardo. Imunidade tributária recíproca e cobrança de tarifas. In: Direito: teoria e experiência: estudos em homenagem a Eros Roberto Grau. São Paulo: Malheiros, 2013. v. 2. p. 1428-1429. Observação - Acórdão(s) citado(s): (IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, PACTO FEDERATIVO) RE 363412 AgR (2ªT). (IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, INFRAERO) ARE 638315 RG. (IPTU, POSSE, BEM PÚBLICO, CONCESSÃO, USO) RE 253394 (1ªT), RE 265749 (2ªT). (IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, CODESP) RE 253472 (TP). (IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, EXPLORAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA) RE 434251 (TP). (IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, IPTU, IMÓVEL DA UNIÃO) RE 265749 (2ªT), RE 451152 (2ªT), RE 318185 AgR (2ªT), AI 458856 AgR (1ªT), RE 599417 AgR (2ªT). (IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, PARTICULAR, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO, CONCESSÃO, DELEGAÇÃO) ADI 3089 (TP). (IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA, SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA, EMPRESA PÚBLICA) RE 580264 (TP). - Decisões estrangeiras citadas: Caso McCulloch vs. Maryland, de 1819, Caso Buffington vs. Day, Caso United States vs. Baltimore and Ohio Railroad Co., Caso Pollock vs. Farmers’ Loan & Trust Co., Caso Helvering vs. Power, Caso Allen vs. Regents of University System of Georgia, Caso Helvering vs. Gerhardt, Caso Graves vs. ex. re. O’Keefe, da Suprema Corte americana. Número de páginas: 74. Análise: 24/01/2018, AMA. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 19 Além disso, esse campo abriga uma série de anotações pontuais que podem ser úteis aos pesquisadores e às pesquisadoras: ele registra, por exemplo, a informação de que embargos de declaração opostos ao acórdão foram acolhidos com efeitos modificativos e noticia a desconstituição posterior do julgado em decorrência de ação rescisória ou revisão criminal. Fique de olho nesse campo! Antes de concluir esse breve passeio pelo espelho dos acórdãos, não podemos deixar de tratar do campo Indexação. Ao realizar suas pesquisas, você já reparou no conjunto de palavras substantivadas, grafadas em caixa alta e localizadas logo abaixo das ementas? Já se perguntou o que elas são e para que elas servem? Então, chegou a hora de descobrir! Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 20 Para compreender a função do campo Indexação, consulte brevemente o inteiro teor do Recurso Extraordinário (RE) nº 601.720 (nosso exemplo). Repare no tamanho da ementa (4 linhas) e o compare ao tamanho da íntegra do documento (74 páginas). Observe ainda a extensão dos votos escritos (p. 6-14, 32-41 e 55-68) e a quantidade de intervençõesorais que foram transcritas. Agora responda a duas perguntas. Na sua opinião, a ementa reflete todas as questões discutidas e decididas nesse acórdão? Os fundamentos, princípios, teorias, institutos e conceitos jurídicos referidos pelos ministros ao longo do acórdão estão suficientemente descritos na ementa? Provavelmente, sua resposta para ambas as perguntas é negativa. E aqui entra em cena o campo Indexação. Após a publicação do acórdão, a Secretaria do Tribunal analisa o inteiro teor do documento e o compara à ementa. Sempre que identifica matéria juridicamente relevante, de possível interesse para a pesquisa de jurisprudência, mas não explicitada na ementa, a Secretaria da Corte indexa essa matéria. A indexação é elaborada por meio da concatenação de termos descritivos extraídos de um vocabulário jurídico controlado construído pela Corte para fins de padronização – o Tesauro do STF. Por meio dessas palavras-chave, a indexação complementa a ementa, registrando, de forma sintética, princípios, teorias, institutos e conceitos jurídicos discutidos durante o julgamento. A indexação é organizada por ministro e por tipo de manifestação (voto vencido, fundamentação complementar, fundamentação diversa, ressalva de entendimento, obiter dictum, preliminar, questão de ordem etc.). Agora voltemos ao nosso exemplo. No julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 601.720, o Ministro Edson Fachin ficou vencido. No entendimento do ministro, o IPTU não incide sobre “toda e qualquer posse” (p. 29), mas apenas sobre a “posse com animus domini” (p. 29). Em sua opinião, não figuram como contribuintes desse imposto os “meros detentores de terras públicas, isto é, desprovidos de posse ad usucapionem” (p. 11). Nesse contexto, o ministro registra que “o particular concessionário de uso de bem público” (p. 13) detém posse “precária e desdobrada” (p. 13), razão pela qual não pode ser eleito como sujeito passivo da obrigação tributária. Releia a ementa do acórdão. Alguma dessas ideias foi explicitada na ementa? Agora observe a indexação. Como todas essas ideias foram documentadas? Criou-se um tópico “VOTO VENCIDO” especificamente para o “MIN. EDSON FACHIN”. Na parte final desse tópico, foram registradas duas sequências de palavras-chave: https://drive.google.com/file/d/1w5i_I81heKV-yX2VDrKVyLLi-mst6wXS/view https://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/tesauro/pesquisa.asp Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 21 “IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU), POSSUIDOR, USUCAPIÃO, ANIMUS DOMINI; DETENTOR, TERRA PÚBLICA” “CONCESSÃO, USO, BEM PÚBLICO, DESDOBRAMENTO, POSSE, CARÁTER PRECÁRIO”. Mesmo que você não conheça a fundo o direito tributário, é possível perceber como nesse caso a indexação complementou a ementa, incorporando ao espelho do acórdão ideias que podem ser de interesse para os pesquisadores e as pesquisadoras de jurisprudência. Conseguiu compreender o sentido da indexação? Então podemos prosseguir: vamos conhecer a estrutura dos espelhos dos demais documentos do banco de jurisprudência. 4.2 Espelho das decisões monocráticas Agora que você já conhece a estrutura do espelho dos acórdãos, fica fácil entender a estrutura dos demais espelhos da base de dados. O espelho das decisões monocráticas guarda muita semelhança com o espelho dos acórdãos. As diferenças decorrem, em grande medida, do fato de que certos tipos de dados dos acórdãos são incompatíveis com as decisões monocráticas: não há como transpor para os atos individuais dos ministros do STF informações próprias de julgamentos colegiados, como órgão julgador ou Ministro Redator do acórdão, por exemplo. Além disso, a atividade de catalogação de dados executada pela Secretaria do Tribunal tem escopo mais limitado nas decisões monocráticas: apenas a legislação citada é anotada no espelho; a bibliografia e a jurisprudência referenciadas nesses documentos não são catalogadas. Que tal conferir o espelho da Reclamação (Rcl) nº 18.836, publicada no Diário da Justiça de 20/02/2015, para visualizar as semelhanças e diferenças entre os espelhos dos acórdãos e das decisões monocráticas? Perceba que, nas decisões monocráticas, o agrupamento de documentos no mesmo sentido também é realizado: para esse fim, existe o campo “Decisões no mesmo sentido”. https://drive.google.com/file/d/19g_H03slLdfARq0fAJjY80FH_CoigTIO/view?usp=sharing Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 22 4.3 Espelho dos enunciados de súmula O espelho dos enunciados de súmula é bem mais conciso do que os espelhos de acórdãos e decisões monocráticas. Confira, a seguir, o espelho do enunciado vinculante nº 57. Além do texto do enunciado, o espelho indica o número sequencial a ele atribuído e explicita, quando for o caso, sua natureza vinculante. Em campos autônomos, o espelho registra a data da sessão plenária em que o enunciado foi aprovado e informa os dados de publicação do documento na imprensa oficial. A referência legislativa e os precedentes considerados pelo STF quando da aprovação do enunciado são igualmente catalogados, em campos próprios. No campo Observação, são registradas pela Secretaria do Tribunal informações adicionais que possam interessar à pesquisa de jurisprudência. No exemplo, anotou-se a notícia de que o enunciado vinculante nº 57 teve origem na Proposta de Súmula Vinculante nº 132. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 23 Com essas informações, encerramos nosso passeio pelos espelhos dos documentos do banco de jurisprudência. Você conhecia todos os campos disponíveis na base de dados? Fez alguma descoberta interessante ao longo da aula? Então não pare por aqui: nas suas próximas pesquisas, dedique um tempo para observar a variedade de informações contidas nos espelhos! Garanto que você vai continuar se surpreendendo com as potencialidades do banco. Como última observação, fica o seguinte registro: os únicos metadados disponíveis para o Informativo STF são o número e a data final do período de referência. Considerações finais Nesta aula, você conheceu a função, a composição e a estrutura do banco de jurisprudência do STF. Agora você já reconhece o potencial (e os limites) dessa base de dados como instrumento de pesquisa de jurisprudência. Que tal recordar os pontos de destaque da unidade? Ao reunir e sistematizar acórdãos, decisões monocráticas, enunciados de súmula e volumes do Informativo em uma mesma base de dados, o banco de jurisprudência torna possível pesquisar, em bloco e de uma só vez, milhares de documentos. A fonte primária para construção da base de dados foi o Ementário de Jurisprudência do STF, coleção de acórdãos iniciada em julho de 1950. Posteriormente, foram incorporados os documentos da Coletânea de Acórdãos (COLAC), organizada com foco nos acórdãos do período de 1936 a 1949. Todos os enunciados sumulares e todos os volumes do Informativo STF estão devidamente incorporados à base de dados. Quanto às decisões monocráticas, o banco de jurisprudência é composto apenas por documentos selecionados. A base de decisões monocráticas começa a ganhar volume a partir dos anos 2000, mas, ainda nos dias atuais, apenas cerca de um terço de todos os atos decisórios individuais são selecionados para compor o banco de jurisprudência. Como medida de organização e sistematização, a base de dados agrupa os documentos no mesmo sentido: os documentos publicados anteriormente(principais) recebem uma anotação específica, que indica todos os documentos similares publicados em momento posterior (sucessivos). Como acórdãos e decisões sucessivos não compõem o banco de jurisprudência, as pesquisas textuais realizadas na base de dados não recuperam informações contidas nesses documentos. Para acessá-los, você deve recorrer aos mecanismos de consulta individualizada disponíveis no portal do STF. Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 24 Quando um documento é incluído no banco de jurisprudência, uma série de metadados são agregados a ele. Essas informações complementares permitem que os documentos sejam reunidos e filtrados a partir de parâmetros específicos. Dados e metadados são consultados e apresentados aos pesquisadores de forma concatenada: o conjunto de dados e metadados relativos a um mesmo documento é chamado de espelho. Cada tipo de documento possui uma estrutura própria de espelho, adequada a sua natureza. Após a publicação dos documentos, cabe à Secretaria do STF agrupar documentos no mesmo sentido e complementar os dados disponíveis nos espelhos. Nos acórdãos, por exemplo, compete à Secretaria catalogar a jurisprudência, a legislação e a bibliografia citadas, bem como elaborar a indexação de assuntos. Conhecer a base de dados faz toda a diferença ao realizar pesquisas de jurisprudência. Tenho certeza de que, com as informações desta aula, você terá mais segurança ao realizar suas próximas consultas, pois saberá exatamente o que esperar do banco de jurisprudência. Na próxima aula, daremos mais um passo adiante: você terá uma visão geral sobre o funcionamento da página de pesquisa de jurisprudência. Afinal de contas, agora que você já domina os principais conceitos relacionados à busca e já conhece a estrutura da base de dados, é hora de aprender a utilizar a ferramenta de consulta ao banco! Até breve! Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 25 Referências bibliográficas BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Relatório do ano de 1950. Terceira parte: parte administrativa. Rio de Janeiro: Supremo Tribunal Federal, 1951. p. 27. Disponível em: https://bibliotecadigital.stf.jus.br/xmlui/handle/123456789/828. Acesso em: 3 abr. 2021. BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Relatório dos trabalhos realizados no exercício de 1978 e apresentado pelo Ministro Thompson Flores, Presidente do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 1979. Disponível em: https:// bibliotecadigital.stf.jus.br/xmlui/handle/123456789/861. Acesso em: 3 abr. 2021. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Relatório dos trabalhos realizados no exercício de 1982, apresentado pelo Ministro Xavier de Albuquerque, Presidente do Supremo Tribunal Federal. Brasília: Supremo Tribunal Federal, 1983. p. 181. Disponível em: https://bibliotecadigital.stf.jus.br/xmlui/handle/123456789/1810. Acesso em: 3 abr. 2021. https://bibliotecadigital.stf.jus.br/xmlui/handle/123456789/828 https://bibliotecadigital.stf.jus.br/xmlui/handle/123456789/861 https://bibliotecadigital.stf.jus.br/xmlui/handle/123456789/861 https://bibliotecadigital.stf.jus.br/xmlui/handle/123456789/1810 Aula 4 - Banco de jurisprudência Pesquisa de Jurisprudência no STF �� ��� � � “ ” “ ” ~ ~“ ” ~ � � ���� �� ��� �� ��� � �� “ ” “ ” “ ” ~ �~ � “ ” “ ” “ ” ~ �~ “ ” � � 26 Introdução 1. Estrutura do banco de jurisprudência 2. Composição do banco de jurisprudência 3. Acórdãos e decisões no mesmo sentido 4. Espelhos dos documentos 4.1 Espelho dos acórdãos 4.2 Espelho das decisões monocráticas 4.3 Espelho dos enunciados de súmula Considerações finais Referências