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DESIGN GRÁFICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Caracterizar as principais atividades de produção gráfica e de web design.
 > Identificar as técnicas mais usadas pelo designer gráfico e pelo web designer.
 > Reconhecer o papel da sustentabilidade na criação gráfica e para web.
Introdução
As atividades da profissão de design remetem a diversas áreas: design de pro-
duto, de moda, de joias, de interiores, gráfico, web, etc. Embora essas profissões 
possam ser confundidas, os designers desenvolvem papéis diferentes dentro do 
marketing e da publicidade.
Nesse contexto, o designer gráfico é o profissional responsável por ordenar e 
harmonizar, estética e visualmente, elementos textuais e não textuais em materiais 
gráficos e impressos, visando à sua reprodução. Para cumprir essa tarefa, ele 
precisa conhecer conceitos de aplicação de cor (como traço e meio-tom), opções de 
processos de impressão (para escolher a que melhor atende ao seu objetivo) e as 
possibilidades de acabamento (para assegurar a melhor qualidade da peça final). 
Além disso, o web designer também é responsável pela harmonização estética 
de elementos visuais. Porém, nesse caso, esses elementos são voltados a meios 
digitais, já que trabalha na criação de sites, aplicativos, animações, etc. Esse pro-
fissional, além de ser capaz de projetar visualmente uma página de internet, deve 
Produção gráfica, 
web design e 
sustentabilidade
Érica Arrué Dias
entender da responsividade do sistema, das melhores linguagens de programação e 
desenvolvimento e de técnicas que facilitem e melhorem a experiência do usuário. 
Neste capítulo, vamos abordar as suas principais atividades de produção 
gráfica e web design, definindo conceitos importantes para o bom desenvolvi-
mento de projetos gráficos e digitais, sobretudo com base no seu impacto na 
sustentabilidade.
Conceitos fundamentais da produção 
gráfica e do web design 
Conforme Baer (2001, p. 12), a produção gráfica é “[...] o fio condutor do conjunto 
das operações que compõem esse processo e geram o impresso acabado”. 
Nesse contexto, “processo” se refere ao sistema de produção e às suas etapas 
prévias de operação: criação, pré-impressão, impressão e acabamento. Por 
sua vez, o termo web design se refere aos processos de criação de leiautes 
de páginas on-line das suas estruturas, usando linguagens e ferramentas 
específicas para esses objetivos. 
A seguir, veremos, em detalhes, a definição de cada uma dessas áreas. 
O que é produção gráfica? 
Por trás da maioria dos materiais que são impressos, existe uma produção 
gráfica. Pense naquele banner criativo que chamou a sua atenção na rua ou 
naquele lindo convite de casamento que recebeu: ambos os materiais foram 
desenvolvidos seguindo técnicas da produção gráfica a fim de atingir um 
resultado que chamasse a atenção do público-alvo.
Para atingir os seus objetivos, a produção gráfica é dividida em diversas 
etapas, detalhadas no Quadro 1.
Produção gráfica, web design e sustentabilidade2
Quadro 1. Etapas da produção gráfica
Etapa Descrição
Projetação A projetação consiste na criação do material. É a 
etapa em que todas as ideias surgem, pensando-se 
no objetivo do produto, e em que se esboçam essas 
ideias na prática, escrevendo e/ou desenhando (em 
papel ou em softwares) tudo o que foi discutido nas 
reuniões de briefing para a criação.
Teste de impressão Etapa em que um ou mais protótipos são impressos 
para testes, também chamados de “bonecos”, a fim 
de visualizar o primeiro resultado visual das etapas 
anteriores de forma física, de modo que se possa 
avaliar se mudanças são necessárias.
Produção Etapa em que ocorre a finalização e a impressão 
do material em definitivo, seguindo para a sua 
distribuição.
Acabamentos Etapa realizada visando à aplicação dos acabamentos 
escolhidos para o material gráfico, como cortes, 
refiles, etc. Os acabamentos serão apresentados no 
decorrer deste capítulo.
Veja, portanto, que um designer gráfico sempre deve entender da superfície 
a ser impressa, dos sistemas de impressão disponíveis e dos acabamentos 
que mais se adaptam aos objetivos de cada projeto. Esses termos e etapas 
serão abordados mais adiante. 
O que é web design? 
Imagine que você está acessando um site em busca de um produto de que 
precisa muito e rapidamente. O site demora um pouco para carregar. Quando 
carrega, você tem dificuldade de encontrar o produto que estava buscando 
e, quando encontra e tenta efetuar a compra, o site apresenta um erro. Você 
provavelmente ficará frustrado, sairá correndo da página e nunca mais voltará 
a acessar essa loja on-line. Nesse sentido, o web design é uma atividade de 
criação e desenvolvimento de meios digitais (como sites, aplicativos, softwares, 
etc.), que se concentra tanto em fatores estéticos quanto funcionais, visando 
a evitar que esse tipo de situação ocorra.
Produção gráfica, web design e sustentabilidade 3
Pesquisas recentes revelam um grande aumento de consumo via 
mercado eletrônico nos últimos dois anos, fato principalmente 
acarretado pelas quedas nas vendas presenciais, muito afetadas durante a 
pandemia do covid-19 (PARTHENON, 2020). Nesse contexto, profissionais de web 
design têm sido cada vez mais requisitados. 
Como o próprio nome indica, a principal atividade do web designer é criar 
o design de meios digitais, como sites, jogos, animações, aplicativos, etc. Isso 
consiste em projetar e pensar todas as coisas que enxergamos ao acessar 
uma página ou um aplicativo on-line (cores, formatos, imagens, mensagens, 
etc.) de uma forma convidativa e visualmente eficiente, agradável e atraente 
ao usuário. Também consiste em projetar muitas coisas que não enxergamos, 
como princípios de usabilidade, estrutura interna, interatividade, códigos de 
programação, etc., para que não existam problemas e o exemplo que demos 
no início desta seção não aconteça.
Conforme Kalbach (2009, p. 21), “[...] o designer de navegação coordena os 
objetivos dos usuários com os objetivos de negócio de uma empresa. Isso 
requer um entendimento de cada um deles, bem como um profundo conheci-
mento de organização de informações, layout de páginas e apresentação de 
design”. Nesse sentido, a linguagem, a arquitetura da informação, a experiência 
do usuário e a responsividade são alguns dos termos que definiremos a seguir.
Elementos técnicos envolvidos na produção 
gráfica e o no web design
Ambas as áreas estudadas neste capítulo apresentam, no seu dia a dia, 
uma vasta gama de elementos técnicos importantes para cumprir as suas 
funções. Na área da produção gráfica, esses elementos envolvem a criação 
das imagens, os seus contrastes, as suas cores e formas, e os seus métodos 
de impressão e acabamento. Já no web design, os mesmos elementos estão 
presentes, mas relacionados à criação em ambiente virtual, aos sistemas e 
às linguagens disponíveis e às suas adaptações. 
A seguir você, veremos as principais técnicas utilizadas em cada uma 
dessas áreas. 
Produção gráfica, web design e sustentabilidade4
Produção gráfica: do desenho ao acabamento
A percepção de cor e contraste é muito importante para se atingir a melhor 
qualidade de impressão possível. Para isso, é necessário entender os conceitos 
de traço, meio-tom e retícula.
Imagine que você está com um jornal impresso em mãos e prestes a ler 
as histórias em quadrinhos das páginas finais. Podemos enxergar o con-
traste entre o personagem e o fundo, pois os desenhos são bem-marcados 
e preenchidos com cores chapadas. Esse tipo de formato é chamado de traço 
(Figura 1a).
Porém, em nosso dia a dia, quando observamos uma ilustração realista de 
uma maçã, como você pode ver na Figura 1b, percebemos as suas nuances de 
cor, do vermelho para o amarelo, as suas sombras, o seu brilho. Esse aspecto 
de contraste entre as tonalidades é chamado de meio-tom. 
Figura 1. (a) Ilustração de maçã com traço e (b) ilustração realista usando meio-tom.
A B
Para conseguir reproduzir esse contraste natural em materiais impres-
sos, é necessárioutilizar uma ferramenta chamada de retícula. A retícula é 
composta de uma rede que organiza a imagem em milhares de micropontos, 
cujos tamanho e cor variam, e que se misturam na nossa visão. Segundo 
Villas-Boas (2010, p. 19), [...] esses pequenos pontos simulam uma variação 
natural da cor e, assim, também simulam o aspecto ‘natural’ das formas que 
estão sendo reproduzidas”. Na Figura 2, é possível observar a construção de 
uma imagem reticulada.
Produção gráfica, web design e sustentabilidade 5
Figura 2. Imagem reticulada ampliada.
Fonte: Fonseca (2008, p. 143). 
Com o material pronto, é chegado o momento de encaminhá-lo para o 
método de impressão escolhido de acordo com o objetivo e o orçamento do 
projeto. Porém, antes de imprimir, alguns ajustes ainda precisam ser feitos 
na etapa conhecida como pré-impressão. Um deles é a correção de falhas, 
que é quando os revisores podem pedir adequações dos arquivos para o tipo 
de impressão escolhida. Além disso, para os processos de impressão que 
necessitam de matriz, é nesse momento que ela é feita. 
Antes de imprimir, é fundamental ter cuidado para que o trabalho 
impresso não fique diferente da sua arte. Conforme Fonseca (2008), 
por exemplo, é importante converter o seu projeto para a cartela de tonalidades 
CMYK, evitando variações de cor entre o que você vê na tela e o que será impresso. 
Outra ação importante é adicionar sangrias e margens de segurança, garan-
tindo a mesma proporção do material e evitando que a impressão corte alguma 
informação ou algum elemento do seu projeto. 
Com o material seguro e aprovado para reprodução, chega o momento 
de imprimi-lo em definitivo. O sistema de impressão é definido na etapa 
de briefing, juntamente ao cliente, pois é preciso entender o que melhor se 
adapta à sua necessidade e ao seu orçamento. Segundo Villas-Boas (2010, 
p. 58), “[...] para definir o processo de reprodução, devem ser considerados 
parâmetros que envolvem não apenas a qualidade final do impresso requerida 
pela situação do projeto, mas também custos, prazos e operacionalidade da 
produção”.
Produção gráfica, web design e sustentabilidade6
Veja, no Quadro 2, um pouco sobre o processo operacional de cada sistema 
e a sua aplicação no mercado atual. 
Quadro 2. Sistemas de impressão
Sistema Operação Processos Comuns
Planografia Processo feito com uma matriz 
plana por meio de fenômenos 
físico-químicos de repulsão e 
atração de tinta e água.
 � Offset
 � Offset digital 
 � Litografia
Eletrografia A matriz também é plana, mas 
as zonas de impressão são 
determinadas por fenômenos 
eletrostáticos.
 � Impressão digital
 � Eletrofotografia
Permeografia Os elementos a serem impressos 
são transferidos por uma 
matriz perfurada ou com áreas 
permeáveis.
 � Serigrafia
 � Stencil
 � Mimeógrafo
Relevografia Uma matriz com alto-relevo 
recebe uma força de pressão 
e a arte é transferida para o 
suporte.
 � Carimbos
 � Flexografia
Além desses sistemas, também existem os processos híbridos e os pro-
cessos digitais diversos. Os processos híbridos são aqueles que usam com-
ponentes de diferentes sistemas de impressão, enquanto os digitais diversos 
geralmente são realizados em baixa escala, por meio de uma matriz virtual, 
como é o caso da plotter e da sublimação.
Na etapa de finalização, o material é cortado e ganha o seu formato final. 
Cortes retos, em formas quadradas, são chamados de refile e costumam ser 
feitos em guilhotinas e refiladoras. Já cortes com cantos arredondados, ou 
em formatos diferentes, necessitam de uma faca especial. Além do corte, 
os papéis podem receber diversas opções de acabamento, e a sua escolha 
depende do resultado esperado. Veja, na sequência, os principais tipos de 
acabamento.
Laminação
A laminação consiste em uma película plástica acomodada sobre o papel 
para proteger e dar um acabamento refinado ao trabalho. Essa camada pode 
ser brilhante ou fosca.
Produção gráfica, web design e sustentabilidade 7
Esse processo tem um custo mais alto, mas confere alta resistência ao 
material, tanto para possíveis rasgos quanto para desbotamento de cor. Ele 
costuma ser usado para catálogos, livros, cartões, entre outros materiais.
 Verniz
O verniz é parecido com a laminação. Porém, não se trata de uma película 
plástica, mas uma tinta transparente que é aplicada sobre a arte impressa. 
O objetivo do verniz é dar uma camada brilhosa e sofisticada à impressão. 
Esse acabamento, também chamado de UV localizado, costuma ser utilizado 
em papéis de gramatura mais fina e em detalhes específicos. 
Relevo
Esse acabamento torna a peça mais nobre e refinada. Existem dois tipos de 
relevo: o baixo e o alto. Ambos fazem uma parte do papel ganhar textura, 
deixando-a sensível ao toque. 
O relevo só pode ser aplicado em papéis com gramatura (densidade 
do papel) superior a 180 gramas.
Veja, na Figura 3, um exemplo da aplicação de laminação, verniz e relevo.
Figura 3. Cartão de visitas com aplicação de laminação fosca e UV localizado em relevo.
Fonte: Kaue Produções (c2022, documento on-line).
Produção gráfica, web design e sustentabilidade8
 Vinco e dobra
 O vinco é uma técnica de acabamento utilizada para marcar o local de do-
bras de um material. Além de marcar e guiar a dobra, o vinco também pode 
ser serrilhado, permitindo que uma parte do papel seja destacada, como 
ingressos de shows, por exemplo. 
Com o material vincado, é possível, então, fazer a dobra. Folders, revistas, 
folhetos e outros diversos materiais passam por um processo automatizado 
para dobrar o papel. Para a dobra, normalmente se dá preferência a papéis 
mais finos (como 150 gramas), pois isso facilita o processo e diminui as chances 
de erro e de perda de qualidade.
Arquitetura da informação: construindo mídias 
digitais
Ao acessar um site, geralmente o cliente espera, mesmo que de forma in-
consciente, que ele seja agradável aos olhos, que os seus elementos estejam 
harmonicamente dispostos, que seja intuitivo e responsivo, e que entregue as 
informações que ele veio buscar de forma eficiente. Para que isso aconteça, 
existe uma grande construção de elementos não visíveis aos olhos. Um dos 
principais é chamado de arquitetura da informação.
A arquitetura da informação é considerada a arte de organizar e 
estruturar conteúdo. No caso de meios digitais, é aplicada visando 
à organização de todos os elementos de um site, tendo em vista a melhor 
experiência do usuário. 
De acordo com Kalbach (2009), a arquitetura da informação tem quatro 
principais componentes como alicerce:
1. sistemas de organização;
2. sistemas de rotulagem;
3. sistemas de navegação;
4. sistemas de pesquisa. 
Os sistemas de organização são os que organizam as informações em 
categorias e subcategorias. Por exemplo, em um site de moda, é possível 
encontrar a categoria “roupas” dividida em subcategorias de gênero: “femi-
ninas” e “masculinas”.
Produção gráfica, web design e sustentabilidade 9
Por sua vez, os sistemas de rotulagem são utilizados para simplificar 
ainda mais as informações, pensando em terminologias de fácil entendimento 
ou, ainda, no uso de ícones. As páginas recorrentes nomeadas como “quem 
somos”, “institucional” e “contato” são exemplos de rotulagem, pois facilitam 
a navegação do usuário.
Já os sistemas de navegação são modelos que orientam onde o usuário 
se encontra dentro da página e como ele pode navegar pelas informações. 
Esse sistema pode ser feito usando diversos modelos. Os mais usuais são: 
 � navegação global, modelo que oferece, ao usuário, a visão geral do 
site, geralmente representada por menus laterais ou de topo;
 � navegação local, sistema que complementa o anterior, sendo aplicado 
em informações secundárias ou em seções específicas, como as abas 
“detalhes” e “características específicas” de um produto comerciali-
zado via site; 
 � navegação contextual, responsável por oferecer, ao usuário, informa-
ções semelhantes às que ele acabou de consumir, como, por exemplo, 
em um site de vendas de livrosque, ao final da página, oferece outro 
livro do mesmo autor ou do mesmo gênero; 
 � navegação suplementar, tipo que apresenta diferentes alternativas 
para que o usuário acesse conteúdo do site ou parte dele. As tags, ou 
etiquetas, são exemplos de como oferecer os termos e conteúdos mais 
acessados daquela página sem que o usuário precise efetivamente 
fazer uma busca. 
Por fim, os sistemas de pesquisa formam uma função essencial no bom 
desenvolvimento de um site, já que permitem que o usuário procure, por 
meio dos campos de busca, o conteúdo específico que ele quer consumir. 
Entretanto, toda essa arquitetura complexa precisa de um design respon-
sivo para garantir uma boa experiência ao usuário. Um design responsivo é 
uma técnica que adapta a interface do site a diferentes tamanhos de tela, 
sendo possível ter uma usabilidade satisfatória tanto em notebooks quanto 
em tablets ou smartphones. 
Além da adaptação de formato, o design responsivo também precisa ter 
cuidado com o “peso” dos elementos, já que o acesso por meio de smartphones 
pode ser feito utilizando a conexão de internet conhecida como dados móveis 
(3G, 4G). Se os elementos não forem ágeis, o site pode ficar lento e não ter 
um bom desempenho nesse formato. 
Produção gráfica, web design e sustentabilidade10
Para que se possa atuar nesse mercado e construir páginas digitais com 
as técnicas e ferramentas sobre as quais falamos até aqui, é necessário ter 
conhecimento a respeito das principais linguagens de programação e de-
senvolvimento de sites e softwares, as quais são apresentadas no Quadro 3.
Quadro 3. Linguagens de programação
Linguagem Descrição
HyperText Markup 
Language (HTML)
É a mais básica das linguagens. É por meio dos seus 
códigos que se estrutura o conteúdo de um site e 
por onde se desenvolve o design responsivo.
Cascading Style Sheets 
(CSS)
É a linguagem que dá forma visual ao site. É 
utilizada junto com a HTML, estruturando onde os 
elementos vão se encontrar, as cores, os leiautes, os 
tamanhos de fonte, etc.
Java Linguagem muito popular no desenvolvimento de 
jogos, softwares e aplicativos. É uma linguagem 
flexível, que pode ser executada em diversas 
plataformas.
JavaScript Linguagem muito utilizada para dar interatividade 
a elementos dentro de um site, como zoom 
automático em fotos ou links que chamam o 
usuário.
Structured Query 
Language (SQL)
Linguagem utilizada para armazenar banco de 
dados dos usuários e para garantir um bom 
funcionamento da plataforma enquanto processa 
diversos dados ao mesmo tempo. 
Cada linguagem tem as suas especificidades e é mais bem aplicada 
conforme o objetivo do processo de desenvolvimento e criação de cada 
produto digital. Por vezes, é necessário mesclar e utilizar mais de uma 
concomitantemente. 
Ao projetar uma página on-line, é importante levar em consideração 
as normas que regulamentam a segurança e a proteção de dados 
do usuário, como a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018, conhecida como Lei 
Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Produção gráfica, web design e sustentabilidade 11
Sustentabilidade aplicada à produção 
gráfica e ao web design
A sustentabilidade e a manutenção da vida do planeta são assuntos que 
têm ganhado bastante espaço na sociedade. De fato, cada vez mais clientes 
e consumidores estão solicitando alternativas sustentáveis para todos os 
tipos de produtos: roupas, alimentos, transportes, decoração, eletrônicos e, 
também, materiais gráficos e digitais. Portanto, é preciso que profissionais 
de todas as áreas adaptem os seus trabalhos, não apenas para diminuir 
os danos causados ao meio ambiente, mas também para se diferenciar da 
concorrência em um mercado em crescimento. 
A seguir, são apresentados conceitos amplos de sustentabilidade e técni-
cas de desenvolvimento sustentável que podem ser aplicadas na produção 
gráfica e em produtos web.
Design e sustentabilidade
As primeiras discussões e narrativas sobre a preocupação com a sustenta-
bilidade começaram no final da década de 1960, com estudos apresentados 
pela Organização das Nações Unidos (ONU) que demonstravam que mudanças 
climáticas estavam acontecendo de forma mais rápida do que o esperado. 
Atualmente, alertas mundiais sobre o esgotamento dos recursos naturais e 
necessários para a manutenção da vida na terra são emitidos diariamente. 
Nesse contexto, ser designer ganhou uma nova perspectiva. É necessário 
que se tenha consciência dos resíduos e impactos causados por cada uma 
das criações e que, portanto, os projetos sejam cada vez mais ecológicos, 
socialmente mais igualitários e ainda economicamente viáveis.
No que se refere ao web design, Manzini (2015) levanta a importância 
da internet e da conectividade para a construção de novas e sustentáveis 
culturas, como a cultura baseada no compartilhamento. Hoje, com aplicati-
vos especializados e bem desenvolvidos, é possível realizar on-line todo o 
processo de aluguel de um carro, por exemplo, incluindo reserva, pagamento, 
definição do local de retirada, etc. O mesmo já funciona para bicicletas, re-
sidências e, inclusive, roupas. O desenvolvimento de tecnologias como essa 
diminuem a necessidade de consumo individual, oportunizam um sistema 
colaborativo acessível e eficaz e, assim, fomentam, em nível social, um estilo 
de vida mais sustentável. 
Outro exemplo de tecnologia aplicada à sustentabilidade são os sites e 
aplicativos que buscam interligar pequenos produtores e artesãos ao con-
Produção gráfica, web design e sustentabilidade12
sumidor final, criando uma cadeia de produção e consumo mais igualitária. 
No Brasil, podemos encontrar alguns exemplos, como um site projetado para 
fazer a ponte entre o usuário, que está em casa, e o produtor rural, que está 
no campo. Com um sistema assim, é possível criar uma cadeia de alimentação 
justa, valorizando o pequeno produtor, e mais saudável para quem consome 
e para o planeta, fomentando a produção orgânica e em pequena escala. 
Segundo Mazini e Vezzoli (2002), no que se refere ao desenvolvimento de 
produtos, é necessário que a projetação vislumbre o ciclo de vida do produto, 
método que chamaram de life cycle design. Nesse método, os autores sugerem 
que, durante a projetação, o designer e a sua equipe considerem os impactos 
ambientais e sociais e as suas implicações no ciclo de vida do produto, que 
abrange a pré-produção, a produção, o uso e o descarte. 
Para a indústria gráfica, pode ser um desafio adaptar as suas criações 
a formatos mais sustentáveis, já que o material impresso é o seu principal 
produto. Porém, existem algumas técnicas e alternativas para diminuir os 
impactos gerados nessa área. Veja-as a seguir. 
Sustentabilidade no design gráfico
Quando se pensa em sustentabilidade no design gráfico, logo se pensa no 
papel reciclado. E isso não está errado. A troca do uso de papel branco pelo 
reciclado ocasiona a diminuição dos cortes de árvores e das emissões de 
gases como metano e carbônico, bem como as suas agressões ao solo e 
efluentes (MANZINI; VEZZOLI, 2002).
No entanto, além do papel, o designer também deve considerar os aditivos 
e as emissões tóxicas no processo de impressão, principalmente em tintas e 
acabamentos. Uma opção são as tintas produzidas à base de óleos vegetais, 
como a tinta de óleo de soja. Essa tinta vegetal é uma alternativa importante 
para a impressão de embalagens alimentícias, por exemplo, visto que as op-
ções usuais apresentam, na sua composição, chumbo, mercúrio, cromo, cádmio 
e outros compostos químicos considerados tóxicos e cancerígenos, poluindo 
a água e, consequentemente, prejudicando a saúde dos consumidores. 
No que se refere aos processos de impressão, a flexografia consiste 
em uma boa opção para o uso de tintas líquidas à base de água, 
que, assim como as tintas vegetais, têm baixo teor de metais pesados, também 
sendo indicadas para embalagem de alimentos. 
Produção gráfica, web design e sustentabilidade 13
Considerando a otimização do ciclo de vida do produtoque está sendo 
criado, além de pensar em utilizar um substrato já reciclado, é importante 
considerar a manutenção dessa reciclabilidade. Alguns aditivos de acaba-
mento, como o verniz, por exemplo, podem impedir que processos simples 
de reciclagem ocorram com qualidade. 
Uma alternativa viável e que já está sendo encontrada em algumas agências 
e gráficas é o reaproveitamento de material já existente, processo conhecido 
como up-cycling. Por exemplo, o reaproveitamento de banners descartados, 
para receber impressão do outro lado, é uma fonte sustentável de material. 
Outro conceito, da mesma família, é o pre-cycling, considerado o mais 
sustentável de todos, já que a sua abordagem é a de não gerar lixo algum. 
No pre-cycling, o designer gráfico, por exemplo, é convidado a questionar 
se o material que está criando precisa mesmo ser impresso, ou se pode ser 
distribuído de forma digital. Aqui, podemos entender o web design como 
uma ferramenta de pre-cycling, já que a sua atuação se dá em meio virtual. 
O designer, nesse sentido, além de criar materiais mais sustentáveis, deve 
buscar desenvolver parcerias com gráficas que estejam comprometidas com 
o processo de desenvolvimento sustentável. Para isso, deve investigar o seu 
gerenciamento ambiental e as suas políticas de reciclagem, bem como se têm 
consonância com selos de certificação. 
Como vimos neste capítulo, as profissões de designer gráfico e web desig-
ner são fundamentais nos tempos atuais e englobam atividades com amplo 
espaço de mercado. Cada uma das áreas está alicerçada sobre as suas próprias 
técnicas, que garantem o bom desempenho do profissional.
No caso da produção gráfica, é importante ter conhecimento sobre as 
técnicas aplicadas em cada uma das fases do projeto, bem como sobre a 
adequada ferramenta de coloração e a escolha de escala de cores. Isso, além 
de proporcionar eficiência ao seu processo de criação, também pode lhe 
proporcionar diferenciação em um mercado bastante concorrido. 
Já para o web designer, é imprescindível o conhecimento sobre as lingua-
gens de desenvolvimento e responsividade de uma página on-line. A crescente 
migração para a vida digital, incluindo compras e acesso à informação e ao 
conhecimento, torna a boa experiência do usuário um dos principais objetivos 
de um web designer.
Outra demanda dessas áreas de atuação é a implementação de siste-
mas de sustentabilidade e a minimização dos seus impactos ambientais. 
Nesse âmbito, o web designer pode ser considerado um agente importante 
na transformação e na criação de novas culturas, usando a conectividade 
para desenvolver e ampliar o acesso à sustentabilidade. No que se refere à 
Produção gráfica, web design e sustentabilidade14
produção gráfica, existem normas e regulamentações que direcionam a sua 
atuação e, inclusive, certificam gráficas e métodos sustentáveis de produção 
de materiais impressos. Ser responsável social e ecologicamente, além de 
extremamente necessário, também é um fator de diferenciação frente ao 
consumidor, cada vez mais crítico e bem-informado. 
Referências
BAER, L. Produção gráfica. 3. ed. São Paulo: Senac, 2001.
FONSECA, J. Tipografia & design gráfico: design de produção de impressos e livros. 
Porto Alegre: Bookman, 2008. 
KALBACH, J. Design de navegação web: otimizando a experiência do usuário. Porto 
Alegre: Bookman, 2009. 
KAUE PRODUÇÕES. Cartão de visita laminação fosca + verniz alto relevo 2 lado. Mercado 
Livre, c2022. Disponível em: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1012741768-
-carto-de-visita-laminaco-fosca-verniz-alto-relevo-2-lado-_JM?quantity=1. Acesso 
em: 24 jan. 2022.
MANZINI, E. Design, when everybody designs: an introduction to design for social 
innovation. Cambridge: Massachusetts Institute of Technology, 2015.
MANZINI, E.; VEZZOLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos 
dos produtos industriais. São Paulo: Edusp, 2002.
PARTHENON, E. Y. Consumo e pandemia: as mudanças de hábitos e padrões de com-
portamento provocados pelo coronavírus. Veja, set. 2020. Disponível em: https://veja.
abril.com.br/insights-list/insight-3/. Acesso em: 24 jan. 2022.
VILLAS-BOAS, A. Produção gráfica para designers. Rio de Janeiro: 2AB, 2010.
Leitura recomendada
BRASIL. Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais 
(LGPD). Diário Oficial da União: seção 1 – edição extra, Brasília, DF, ano 115, n. 83, p. 
59-64, 5 maio 2014.
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores 
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Produção gráfica, web design e sustentabilidade 15
DESIGN GRÁFICO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Definir tipografia e suas aplicações práticas.
 > Empregar os princípios de design e formatos de leiaute.
 > Aplicar um sistema de grid.
Introdução
Fundamental para registrar a experiência humana ao longo do tempo, a escrita 
também nos conta a história do design gráfico. A partir desses registros, podemos 
acompanhar a evolução da tipografia e dos leiautes, que foram se transformando 
de acordo com as necessidades e as novas descobertas de cada época. No campo 
do design, a tipografia é uma ferramenta importante para o desenvolvimento de 
projetos gráficos, contribuindo para a elaboração de leiautes que transmitam 
mensagens de forma eficiente e proporcionem ao leitor diferentes sensações.
Neste capítulo, você poderá compreender o que é tipografia, conhecendo um 
pouco de sua evolução ao longo da história e suas aplicações práticas. Além disso, 
vamos abordar os princípios de design, indispensáveis para um projeto gráfico, e 
técnicas de estruturação de materiais impressos, também conhecidas como grid.
Estudo da tipografia 
e do leiaute
Branda Eloá Weppo
Tipografia: breve contexto histórico, 
conceitos e aplicações
Muitas teorias apontam que a escrita se originou de pictogramas, que pro-
gressivamente evoluíram para uma linguagem mais articulada composta por 
símbolos fonéticos. Os primeiros registros utilizados para comunicação por 
meio de recursos gráficos surgiram na Mesopotâmia, onde a cultura suméria 
compôs uma linguagem baseada em símbolos, chamada “cuneiforme” (Figura 
1). Já no Egito, a partir de 3000 a.C., foram os hieróglifos que ajudaram a contar 
a história da escrita (FONSECA, 2009).
Figura 1. (a) Alguns sinais de escrita cuneiforme. (b) Detalhe de hieróglifos gravados em pedra.
Fonte: Fonseca (2009, p. 17; 18).
A
B
Outro marco importante para o surgimento da tipografia é a criação do 
alfabeto. Os fenícios são considerados os primeiros a elaborar um alfabeto 
fonético, o que ocorreu por volta de 1500 a.C. Já no ano 105 da era cristã, 
temos outro marco: a invenção do papel, que registros indicam ter acontecido 
na China, onde, posteriormente, também foi inventada a impressão. Foram 
propostas duas hipóteses para a invenção da impressão: uma é que ela é 
uma evolução do uso de uma espécie de carimbo para a produção de marcas 
de identificação (Figura 2), e a outra é que sua origem “[...] gira em torno da 
antiga prática chinesa de fazer decalques à tinta de inscrições entalhadas 
em pedra” (MEGGS; PURVIS, 2009, p. 56).
Estudo da tipografia e do leiaute2
Figura 2. O tradicional carimbo chinês de identificação é inscrito na base de uma pequena 
escultura decorativa esculpida em pedra macia.
Fonte: Meggs e Purvis (2009, p. 56).
Frente às dificuldades para distribuir livros esculpidos em pedra ou re-
produzidos em xilogravura (como no caso do manuscrito Sutra do Diamante), 
tornou-se necessária a criação de um processo mais prático de reprodução. 
Por volta de 1045, um chinês desenvolveu um sistema que utilizava tipos 
móveis para impressão, mas, devido à complexidade do sistema de escritachinês, ele não foi difundido na Ásia (MEGGS; PURVIS, 2009). Então, imerso em 
pesquisas que buscavam um processo para otimizar a impressão de textos 
em livros, o gráfico Johannes Gutenberg desenvolve na Europa, em 1438, o 
tipo móvel fundido em metal (FONSECA, 2009). Veja na Figura 3 como era o 
processo de fundição de tipos desenvolvido por Gutenberg.
Estudo da tipografia e do leiaute 3
Figura 3. Gravuras que ilustram o sistema de Gutenberg para a fundição de tipos: (a) punção; 
(b) matriz; (c) molde de tipos, com matriz retirada para mostrar o “H” recém-fundido; (d) e (e) 
molde de tipos, aberto para que se possa retirar o “H” recém-fundido.
Fonte: Adaptada de Meggs e Purvis (2009).
C
D
E
B
A
Nesse ponto, chegamos ao conceito de tipografia: “[...] impressão com 
pedaços de metal ou madeira independentes, móveis e reutilizáveis, cada 
um dos quais com uma letra em alto-relevo em uma de suas faces” (MEGGS; 
Estudo da tipografia e do leiaute4
PURVIS, 2009, p. 90). Atualmente esse conceito também é estendido a fontes 
digitais ou impressas por meio de outras técnicas além da tipográfica. Outro 
pilar importante para entender o que é tipografia é conhecer a anatomia das 
fontes (Figura 4).
Figura 4. Anatomia das fontes.
Fonte: Fonseca (2009, p. 85).
Além de diferenciarmos as letras categorizando-as em maiúsculas 
e minúsculas, em tipografia os tipos também são categorizados em 
caixa-alta e caixa-baixa. Isso se deve ao modo de organização das tipográficas, 
em que as caixas apresentam divisões: a parte superior da caixa é reservada 
para armazenar as letras maiúsculas, e a inferior, para armazenar as letras 
minúsculas (FONSECA, 2009).
Também são importantes dentro do estudo da tipografia as categorias 
tipográficas. Assim como a escrita, a tipografia evoluiu ao longo da história, 
podendo ser classificada de acordo com os estilos desenvolvidos, como 
mostra o Quadro 1.
Estudo da tipografia e do leiaute 5
Quadro 1. Categorias tipográficas
Gráfica Categoria Características Exemplo
Letras negras Capitulares 
ornamentadas, serifas 
em forma de losangos e 
traços espessos
Cloister Black, 
Fette Fraktur e 
Textura
Estilo antigo (old 
style)
Linhas angulosas nas 
letras de caixa-baixa, 
passagem moderada de 
traços espessos para 
traços finos e ênfase 
diagonal
Bembo, Janson, 
Garamond e 
Caslon
Estilo 
transicional 
(barroco)
Ênfase vertical e 
contraste ligeiramente 
maior do que nas letras 
em estilo antigo, em 
combinação com serifas 
horizontais
Baskerville e 
Fournier
Estilo moderno 
(didone)
Ênfase vertical absoluta 
e forte contraste de 
linhas, com serifas e 
traços horizontais muito 
finos, resultando numa 
aparência técnica e 
precisa
Didot, Bodoni e 
Walbaum
Sem serifa 
(também 
denominado 
“gótico”, ou 
“grotesco”)
Sem serifas, de 
espessura geralmente 
uniforme, sem 
variações (ou variações 
sutis) entre os traços 
espessos e finos
 � Neogrotescas: 
Arial, 
Helvetica e 
Swiss 721
 � Geométricas: 
Futura, 
Avant-Garde 
e Century 
Gothic
 � Humanistas: 
Gill Sans, 
Frutiger e 
Myriad
(Continua)
Estudo da tipografia e do leiaute6
Gráfica Categoria Características Exemplo
Serifa retangular 
(egípcias)
Serifas horizontais 
e espessas, ênfase 
vertical, pequena ou 
nenhuma transição 
entre traços finos e 
grossos ou em seu 
contraste
Clarendon, 
Memphis e 
Courier
Decorativas, ou 
de fantasia
Letras que não se 
incluem em nenhum dos 
outros grupos
Arnold Boecklin, 
Hobo e Stencil
Caligráficas 
(script)
Aparência de 
manuscrito produzido/
escrito com pena 
caligráfica ou pincel (ou 
lápis, ou caneta técnica)
Park Avenue, 
Coronet e Shelley 
Script
Pincel Eixo claramente 
inclinado, imitando os 
traços característicos 
dos pincéis de pintura
Brush Script, 
Dom Casual e 
Mistral
Fonte: Adaptado de Fonseca (2009).
Inicialmente aplicada apenas em materiais impressos, hoje a tipografia é 
usada em diferentes suportes e de variadas maneiras, como, por exemplo, em 
materiais impressos diversos (embalagens, informativos, material publicitário, 
etc.), em identidades visuais e nas infinitas possibilidades de aplicação digital.
Design descomplicado: seus princípios e 
formatos de leiaute
A tipografia é um dos elementos que contribuem para o desenvolvimento 
de peças de design responsável para comunicação e informação, podendo 
também auxiliar no caráter identitário de um projeto. Para um bom projeto 
de design gráfico, além de planejamento e escolha de uma metodologia 
adequada, é necessário considerar outros princípios, como cores, formatos 
de papel e leiaute.
(Continuação)
Estudo da tipografia e do leiaute 7
Cores
As cores sempre influenciaram o ser humano. Do ponto de vista físico, podem 
induzir determinada percepção, ao passo que, do ponto de vista psicológico, 
podem trazer uma percepção subjetiva (FONSECA, 2009). Podemos definir cor 
como “[...] uma informação visual, causada por um estímulo físico, percebida 
pelos olhos e decodificada pelo cérebro” (GUIMARÃES, 2004, p. 12).
Há dois sistemas de cores: o aditivo e o subtrativo. No sistema aditivo 
(Figura 5a), as cores são obtidas por meio da mistura de luz, sendo um exemplo 
o sistema RGB — do inglês red, green, and blue (em português, vermelho, verde 
e azul). Já no sistema subtrativo (Figura 5b), as cores são obtidas por meio da 
mistura de pigmentos, sendo um exemplo o sistema CMYK — do inglês cyan, 
magenta, yellow, and black) (em português, ciano, magenta, amarelo e preto). 
Conhecer esses sistemas é importante para a adequação ao suporte que se 
pretende utilizar em cada projeto. Peso, temperatura, valor e contraste são 
recursos altamente utilizados na composição de leiautes.
Figura 5. Sistemas de cores: (a) aditivo e (b) subtrativo.
Fonte: Ambrose e Harris (2012a, p. 122).
Azul Verde
Vermelho
Magenta Ciano
Amarelo
A B
Formatos
Independentemente do projeto, sempre é necessário observar o formato 
disponível para a criação e o formato final da peça, a fim de cumprir requisitos 
do projeto, atender a princípios de ergonomia, dialogar com o público-alvo 
e transmitir a mensagem desejada de maneira eficiente e criativa. Dessa 
Estudo da tipografia e do leiaute8
forma, “[...] a seleção do formato inclui materiais, escalas de produção e 
uso de técnicas de impressão, que podem incrementar o design ou resultar 
em algo único sem necessariamente ultrapassar o orçamento” (AMBROSE; 
HARRIS, 2012a, p. 9).
Os formatos de papel fazem parte do processo de planejamento de um 
projeto gráfico. A Figura 6 apresenta os tamanhos de papel ISO (International 
Organization for Standardization), que você pode utilizar como referência 
para os seus futuros projetos de design gráfico.
Figura 6. Proporções e listas de formatos de papel ISO.
Fonte: Ambrose e Harris (2012a, p. 17).
O sistema moderno de formatos de papel ISO baseia-se, segundo 
Ambrose e Harris (2012a, p. 16):
[...] em uma observação feita pelo professor de física alemão George Christoph 
Lichtenberg, que, em 1786, percebeu as vantagens de os tamanhos de papel terem 
uma razão entre altura e largura igual à raiz quadrada de dois (1:1,4142). Um papel 
com razão de Lichtenberg manterá sua proporção quando cortado pela metade.
Estudo da tipografia e do leiaute 9
Leiaute
Ainda sobre os princípios de design, outro aspecto que auxilia na composição 
de uma peça gráfica é o leiaute, que consiste no “[...] arranjo dos elementos do 
design em relação ao espaço que eles ocupam no esquema geral do projeto” 
(AMBROSE; HARRIS, 2012a, p. 33).
Para projetar um leiaute, pode-se inicialmente levar em consideração o 
perímetro disponível, ou seja, os espaços de margem que vão fazer parte da 
composição pretendida. O perímetro pode ser: passivo, chamando a atenção 
para um elemento ativo; ou ativo, em que a atenção do leitor transita pelo 
leiaute. A Figura 7a apresenta um exemplo de leiaute com perímetro passivo, 
que foca a atenção no painel central. Já na Figura 7b, você pode observar um 
exemplo de leiaute com perímetro ativo, queleva o olho para fora da página, 
dando impressão de movimento.
Figura 7. Exemplos de leiaute com (a) perímetro passivo e (b) perímetro ativo.
Fonte: Ambrose e Harris (2012a, p. 40).
A B
O design também pode combinar elementos ativos e passivos, que dão 
ritmo ao visual e pausas à peça, o que afeta diretamente o modo como ele 
é visto (Figura 8).
Figura 8. Exemplos de leiautes que combinam perímetro passivo e ativo.
Fonte: Ambrose e Harris (2012a, p. 40).
Estudo da tipografia e do leiaute10
A seção áurea também é um recurso utilizado para composições de leiautes. 
Baseada em proporções encontradas na natureza, quando a proporção áurea 
é transferida para projetos gráficos, acredita-se que estes se tornam mais 
agradáveis ao olhar (AMBROSE; HARRIS, 2012a). Veja na Figura 9 um exemplo 
de pontos que podem guiar a atenção do usuário dentro de um formato 
pensado com a proporção áurea.
Figura 9. Pontos focais na seção áurea.
Fonte: Fonseca (2009, p. 211).
O sistema de grid e suas contribuições
Um sistema de grid é necessário para auxiliar na disposição de elementos 
que compõem um leiaute, além de garantir consistência e ritmo visual. O uso 
de um sistema de grid também é importante porque ele ajuda a construir 
objetivamente o raciocínio com os recursos da comunicação visual, construir 
de maneira sistemática e lógica o texto e o material ilustrativo, organizar o 
texto e as ilustrações de forma compacta e com seu próprio ritmo, e unir o 
material visual de modo facilmente inteligível e estruturado com alto grau 
de tensão (FONSECA, 2009).
O grid é muito útil quando o designer sabe defini-lo de maneira eficiente e 
usá-lo corretamente, o que inclui considerar a flexibilidade durante o processo 
de desenvolvimento de um leiaute sobre grids, como apontam Ambrose e 
Harris (2012a, p. 49): 
Estudo da tipografia e do leiaute 11
Os grids são úteis somente se o designer sabe como utilizá-los. Alguns o julgam seu 
melhor amigo e outros acham limitador. A flexibilidade é importante para tornar 
os designs interessantes e acessíveis, e isso é possibilitado pela complexidade do 
grid. Uma página dividida em colunas é comum, mas adicionar um grid horizontal 
disponibiliza zonas em que o texto e as imagens começam. A complexidade e a 
liberdade podem ser aumentadas sobrepondo dois ou mais grids que criam espaços 
diferentes para o posicionamento dos elementos.
Os sistemas de grid podem variar de acordo com o projeto, indo desde 
aqueles que utilizam um único grid para todas as páginas até os que apresen-
tam uma grande variação de acordo com o ritmo de leitura e com a narrativa 
proposta pela publicação. Veja alguns exemplos de grid na Figura 10.
Figura 10. Diferentes tipos de grid em uma única publicação.
Fonte: Adaptada de Ambrose e Harris (2012a).
Entre os muitos arranjos possíveis para o grid, é importante conhecer 
uma estrutura simétrica e os elementos que a compõem. Como o próprio 
nome aponta, um grid simétrico apresenta duas páginas com uma estrutura 
espelhada, que também podem sofrer variações, como adição de colunas, 
por exemplo.
Veja a seguir elementos que fazem parte da estrutura de um grid e que 
auxiliam na composição do leiaute (AMBROSE; HARRIS, 2012a).
 � Coluna: espaço onde são adicionadas as informações, como textos e 
imagens, por exemplo. A coluna auxilia na organização da página, mas 
cabe salientar que sua repetitividade ao longo de páginas pode tornar 
a produção monótona.
 � Cabeçalho: lugar onde ficam informações que farão parte da maioria 
das páginas, como títulos, capítulos e seções.
Estudo da tipografia e do leiaute12
 � Legenda: as legendas aparecem de acordo com a necessidade, geral-
mente se alinhando com o texto de maneira horizontal.
 � Fólio: são os números de cada página. Sua posição pode variar de 
acordo com a proposta do projeto. Os mais tradicionais posicionam o 
fólio na margem inferior e na borda externa do leiaute.
 � Margem superior: está localizada no topo da página e geralmente 
apresenta metade da altura da margem inferior.
 � Texto falso: quando é necessário preencher um bloco de texto sem se 
ter o texto final, utiliza-se um texto falso para inserir nesse lugar e, 
assim, auxiliar no projeto do leiaute.
 � Módulo: é uma área delimitada por um quadrado que auxilia na com-
posição do grid. Uma malha com vários módulos serve como base para 
o posicionamento de elementos no leiaute.
Na Figura 11, você pode observar um exemplo de grid projetado de maneira 
simétrica, bem como seus elementos de estruturação.
Figura 11. Exemplo de sistema de grid: coluna (1), cabeçalho (2), legenda (3), fólio (4) e margem 
superior (5).
Fonte: Adaptada de Ambrose e Harris (2012a).
2
3
1
4
5
Estudo da tipografia e do leiaute 13
Outro elemento fundamental para o grid é a chamada “calha”, que é o 
espaço entre as colunas. Além de auxiliarem na estruturação do leiaute, as 
calhas ajudam a organizar o conteúdo, harmonizando textos e imagens. Esse 
recurso de estruturação de um grid oferece áreas de “respiro” ao inserir 
espaços em branco entre os elementos, o que pode contribuir para a redução 
de peso da mancha gráfica (Figura 12). É importante ressaltar que os espaços 
que compõem a margem central também podem ser denominados “calhas” 
(AMBROSE; HARRIS, 2012a).
Figura 12. Diferenciação entre colunas e calhas.
Fonte: Ambrose e Harris (2012b, p. 67).
Quando você tiver de imprimir imagens nos espaços identificados 
como calhas localizados na margem central, fique atento ao fato 
de que parte da imagem pode não ser vista devido à sua proximidade com a 
união dos cadernos. Além disso, também é importante considerar que as duas 
páginas podem sofrer desalinhamento na sua união (AMBROSE; HARRIS, 2012b).
Estudo da tipografia e do leiaute14
Neste capítulo, você conheceu um pouco da história da tipografia, desde a 
escrita cuneiforme até os tipos móveis de Gutenberg, podendo compreender 
a importância desse recurso para promover o acesso à informação. Também 
definimos o que é tipografia e refletimos sobre sua aplicabilidade, abordando 
princípios de design, como cores, formatos e leiaute, além de apresentarmos 
o sistema de grid e suas contribuições.
Referências
AMBROSE, G.; HARRIS, P. Fundamentos de design criativo. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2012a.
AMBROSE, G.; HARRIS, P. Layout. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012b.
FONSECA, J. Tipografia & design gráfico: design e produção de impressos e livros. 
Porto Alegre: Bookman, 2009.
GUIMARÃES, L. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e cultural da 
simbologia das cores. São Paulo: Annablume, 2004. 
MEGGS, P. B.; PURVIS, A. W. História do design gráfico. São Paulo: Cosac & Naify, 2009.
Leituras recomendadas
AMBROSE, G.; HARRIS, P. Tipografia. Porto Alegre: Bookman, 2011.
LUPTON, E. Pensar com tipos. São Paulo: Cosac & Naify, 2006.
LUPTON, E. Tipos na tela: um guia para designers, editores, tipógrafos, blogueiros e 
estudantes. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
SAMARA, T. Grid: construção e desconstrução. São Paulo: Cosac & Naify, 2007.
Estudo da tipografia e do leiaute 15
PROJETO DE 
ARQUITETURA DE 
INTERIORES 
COMERCIAIS
Magali Nocchi Collares Gonçalves 
Perspectivas de interiores, 
expressão gráfica 
e desenho técnico 
no projeto de interiores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir desenho técnico e desenho à mão livre.
  Aplicar as normas técnicas e de expressão gráfica manual na repre-
sentação projetual.
  Identificar as técnicas de expressão gráfica e desenho técnico utilizadas 
no projeto de interiores comerciais.
Introdução
Os meios de comunicação são fundamentais para que haja entendimento 
entre as partes envolvidas em um processo, seja ele industrial, construtivo 
ou educacional. Em arquitetura, o desenho técnico, a perspectiva e a 
expressão gráfica são os meios de representação gráfica de uma ideia a 
ser materializada, ou seja, o meio de comunicar. Essa comunicação segue 
normase possui formas de ser apresentada, que variam desde o desenho 
à mão livre, representado em uma folha de papel, até uma apresentação 
por meio de volumetrias em 3D, com realidade virtual, que proporciona 
a sensação de estar dentro da edificação.
Neste capítulo, você conhecerá as formas de apresentação de um 
projeto de arquitetura de interiores comerciais por meio de represen-
tações bidimensionais (2D), com o uso de desenhos de plantas baixas, 
elevações e cortes, e tridimensionais (3D), com o uso de perspectivas.
O desenho como meio de comunicação
O desenho é o instrumento de comunicação mais antigo de que se tem registro, 
pois acompanha a humanidade desde o seu surgimento, estando inserido em seu 
esquema de representação. É um dos meios pelos quais o homem pode expressar 
seus sentimentos e ser capaz de comunicar-se (JUNQUEIRA FILHO, 2005).
Na Pré-História, o desenho era a forma utilizada pelo homem da época 
para se comunicar e contar histórias (Figura 1). Era por meio desses símbolos, 
geralmente desenhados em cavernas, que a raça humana passava para as 
gerações seguintes as informações de como vivia, se alimentava e se protegia 
dos riscos existentes (CATAPAN, 2016). Com o surgimento da escrita, houve 
uma substituição da forma de se comunicar, mas isso não fez o desenho perder 
a sua importância, visto que ainda é a melhor maneira de comunicar ideias 
em áreas como a engenharia e a arquitetura, por exemplo.
Figura 1. Arte rupestre demonstrando os animais existentes no período.
Fonte: MattLphotography/Shutterstock.com.
De acordo com Junqueira Filho (2005, p. 54):
Foram os seres humanos que inventaram o desenho e, ao fazê-lo, puderam dizer 
algo de si por meio de imagens, puderam se ver representados graficamente 
em aspectos de sua humanidade; deixaram-se em marcas que contribuíram 
para a produção de sua humanidade, de sua história; que contribuíram para 
a demarcação, comunicação e significação de sua passagem pela vida, pelo 
planeta Terra, pelo mundo.
Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores2
O desenho, por ser um modo de expressão criativa, vai além de riscos e 
traços: é o resultado de um propósito. Conforme Argan (1991, p. 25), “[...] o 
desenho é, antes de tudo, síntese entre ideia e coisa [...]”. A expressão gráfica, 
por intermédio do desenho, possibilita que a comunicação seja imediata.
O desenho técnico é uma forma universal de comunicação, sendo entendido em 
diferentes idiomas, pois pode seguir padrões nacionais (NBR, Normas Brasileiras) ou 
internacionais (ISO, International Organization for Standardization). Essas normas são 
códigos técnicos regulamentadores de relações entre os projetistas, empreiteiros e 
clientes. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), fundada em 
1940, é responsável por aprovar e editar as normas vigentes. Em 1947, para facilitar o 
intercâmbio de produtos entre os diferentes países, foi fundada a ISO, com sede em 
Londres. Assim, quando uma norma técnica é criada por algum país e é aprovada pelos 
demais, esta pode ser internacionalizada, passando a compor a ISO. No Brasil, há uma 
série de normas — as NBRs — que estão de acordo com a ISO e regem a linguagem do 
desenho técnico em seus mais diversos parâmetros (FERREIRA; FALEIRO; SOUZA, 2008).
Para a arquitetura e a engenharia, o desenho serve como elo comunicador 
entre o criador, o projetista e aquele a quem a criação se destina. Por meio de 
uma linguagem gráfica adequada, atinge-se os objetivos de comunicar o que 
está sendo proposto. O desenho, portanto, ajuda a esclarecer, ordenar e estruturar 
as ideias; nele, encontra-se o ponto de partida para a materialização do projeto.
Para representar de forma clara e padronizada os desenhos na área da 
arquitetura, existe o desenho técnico. Segundo Ferreira, Faleiro e Souza 
(2008, documento on-line): 
O desenho técnico surgiu da necessidade de representar, com precisão, máquinas, 
peças, ferramentas e outros instrumentos de trabalho, bem como edificações 
de projetos de engenharia e arquitetura. A principal finalidade do desenho 
técnico é a representação precisa, no plano, das formas do mundo material, de 
modo a possibilitar a reconstituição espacial das mesmas. Assim, constitui-se 
no único meio conciso, exato e inequívoco para comunicar a forma dos objetos.
O desenho técnico (Figura 2) é a linguagem gráfica da arquitetura e, assim 
como uma linguagem verbal e escrita, exige uma alfabetização, sendo necessário 
que haja um treinamento específico para a interpretação e a execução da lin-
3Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
guagem gráfica dos desenhos técnicos. De acordo com Ferreira, Faleiro e Souza 
(2008), o desenho técnico engloba um grupo de metodologias e procedimentos 
necessários ao desenvolvimento e à comunicação de projetos, conceitos e ideias. 
Para isso, faz-se necessária a utilização de um conjunto constituído por linhas, 
números, símbolos e indicações escritas normalizados internacionalmente.
Figura 2. Projeto representado por meio de desenho técnico.
Fonte: Sakarin Sawasdinaka/Shutterstock.com.
Para Catapan (2016, documento on-line), “[...] a arte de representar um objeto 
ou fazer sua leitura por meio do desenho técnico é tão importante quanto a 
execução de uma tarefa, pois é o desenho que fornece todas as informações 
precisas e necessárias para a construção de uma peça [...]”. O desenvolvimento 
do conhecimento de técnicas que contribuam para a fluência dessa linguagem 
é fundamental, principalmente para aqueles que utilizam o desenho técnico 
como forma de comunicação.
Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores4
As normas em representação projetual
Para a representação de projetos, há um conjunto de normas que deve ser 
seguido, tanto na representação quanto na disposição dos elementos projetuais, 
que regem desde o dimensionamento mínimo de cômodos até as instalações 
contidas na edifi cação, como elétricas, sanitárias, de condicionamento de ar, 
entre outras. No Brasil, as normas de desenho são geridas pela ABNT. A partir 
de agora, serão apresentadas as principais normativas a serem consideradas 
na representação projetual, visto que são essas normas que estabelecerão 
padrões e demonstrarão como a representação gráfica de um projeto ocorre.
Uma das principais normas de representação projetual é a ABNT NBR 
6492:1994 – Representação de projetos de arquitetura. Essa norma é um ins-
trumento básico para padronizar o desenho técnico nas áreas da engenharia 
e da arquitetura, pois: 
[...] fixa as condições exigíveis para representação gráfica de projetos de 
arquitetura, visando à sua boa compreensão [...] e não abrange critérios de 
projeto, que são objeto de outras normas ou de legislação específicas de 
municípios ou estados [...] (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 1994, p. 1).
Nessa norma, existem aspectos técnicos voltados tanto para a arquitetura 
em geral quanto para a representação da arquitetura de interiores. Na arquite-
tura de espaços internos comerciais, alguns desenhos e plantas são utilizados 
habitualmente, como as plantas baixas, denominadas na norma como planta 
da edificação e definidas como uma: 
[...] vista superior do plano secante horizontal, localizado a, aproximadamente, 
1,50 m do piso em referência. A altura desse plano pode ser variável para cada 
projeto de maneira a representar todos os elementos considerados necessários 
[...] (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 1). 
Utilizam-se também as elevações, que são a “[...] representação gráfica 
de planos internos ou de elementos da edificação [...]”, e os detalhes, também 
chamados de ampliações, que podem ser definidos como a “[...] representação 
5Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
gráfica de todos os pormenores necessários, em escala adequada, para um 
perfeito entendimentodo projeto e para possibilitar sua correta execução 
[...]” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 2).
A ABNT NBR 6492:1994 destaca os itens que devem constar em um dese-
nho técnico de uma planta baixa (Figura 3). Desses itens, os que se destacam 
em relação ao uso da representação em arquitetura de interiores comerciais 
são: simbologias de representação gráfica, conforme as prescritas na norma; 
indicação do norte; eixos do projeto; sistema estrutural; indicação das cotas 
entre os eixos; cotas parciais e totais; fechamentos externos e internos; cir-
culações verticais e horizontais; acessos e demais elementos significativos; 
marcação de projeção de elementos significativos acima ou abaixo do plano 
de corte; indicação dos níveis de piso acabado; denominação dos diversos 
compartimentos e suas respectivas áreas úteis; marcação de cortes e fachadas; 
escalas; notas gerais; desenhos de referência; carimbo.
Figura 3. Planta baixa finalizada.
Fonte: Montenegro (2012, p. 79).
Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores6
Segundo a ABNT NBR 6492:1994, as elevações internas devem conter 
simbologias de representação gráfica, eixos do projeto, indicação de cotas 
de nível acabado, indicação de convenção gráfica dos materiais, marcação e 
detalhes, escalas, notas gerais, desenho de referência, carimbo e marcação 
dos cortes longitudinais ou transversais (Figura 4).
Figura 4. Representação de elevação e marcações de eixos em plantas.
Fonte: Svjatoslav Andreichyn/Shutterstock.com.
Os cortes são representações gráficas que demonstram as camadas que 
constituem uma edificação, a qual é desenhada como se fosse uma fatia de bolo 
que demonstre suas camadas (Figura 5). Segundo Ching (2017), os cortes são 
elementos utilizados para a representação de um projeto arquitetônico e são 
obtidos a partir da projeção de um plano ortogonal de um plano de projeção 
vertical que se passa na edificação.
7Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Figura 5. Esquema de representação de corte. 
Fonte: Montenegro (2012, p. 55).
Nos cortes, conseguimos perceber os detalhes que estão ocultos em plantas 
(p. ex., espessuras de lajes), alturas de elementos construtivos (p. ex., paredes), 
espessuras e estruturas (p. ex., como vigas, lajes e fundações), detalhes e formas 
de coberturas, forros, entre outros elementos (OBERG, 1997).
Para melhor compreensão de um projeto, geralmente são apresentados dois 
cortes: um no sentido transversal (referente à menor dimensão da edificação) 
e outro na direção longitudinal (referente à maior dimensão da edificação). 
Contudo, esse número pode ser maior, dependendo do grau de dificuldade de 
execução ou compreensão do projeto. 
O posicionamento dos cortes também será definido em planta baixa, bem 
como a sua orientação. O recomendado é que os cortes sejam orientados para 
a face que apresente maior quantidade de detalhes (Figura 6), como escadas, 
áreas molhadas, rampas e alturas diferenciadas (CHING, 2017).
Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores8
Figura 6. Sentido de representação do plano de corte vertical. 
Fonte: Ching (2017, p. 70).
Além dos cortes, tem-se os detalhes de projeto, que são ampliações feitas 
em algumas áreas do corte para apresentar com mais detalhes característi-
cas construtivas importantes para a compreensão e a execução do projeto. 
É comum apresentar em projetos detalhes da estrutura, da cobertura, de 
escadas e rampas, além dos demais elementos específicos e diferenciados 
em um projeto. Nos projetos de interiores, apresentam-se detalhes quando 
se quer demonstrar alguma especificação personalizada, como um puxador 
cava, por exemplo.
9Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
As perspectivas não possuem normas técnicas de representação gráfica, apenas 
técnicas diferentes a serem seguidas, de acordo com o uso e a finalidade para a qual 
estão sendo criadas. 
As técnicas de representação para projetos 
de interiores comerciais
As formas de representação e apresentação projetuais disponíveis são bastante 
variadas, envolvendo desde o desenho à mão, com ou sem cores, até apresen-
tações tridimensionais com óculos de realidade virtual. O papel dos desenhos 
de apresentação é comunicar, da maneira mais clara e precisa possível, as 
qualidades tridimensionais de um projeto. 
Conforme Farrelly (2014, p. 92), a representação gráfica:
[...] se refere à variedade de métodos que podem ser empregados para expressar 
ideias e conceitos de arquitetura. Algumas dessas técnicas são tradicional-
mente associadas à representação da arquitetura (como plantas baixas, cortes 
e elevações), outras foram tomadas emprestadas ou adaptadas de outras áreas, 
como o cinema (storyboards), a mídia digital (produção de imagens geradas 
por computador) e as belas artes (esboços à mão livre e técnicas de desenho 
analítico geralmente associados a elas).
A maneira mais comum e rápida de se expressar uma ideia projetual é por 
meio de croquis. Conforme Belardi (2004, p. 52–53),
[...] o desenho por croqui é um sistema notacional rápido, disponível, denso, 
auto generativo, e sobretudo extraordinariamente comunicativo. [...] a prática 
do desenho por croqui é irrenunciável para a arquitetura, na medida em que 
envolve dois âmbitos de ação ao mesmo tempo distintos e complementares: 
um na trajetória do conhecimento, que diz respeito à aproximação de alguma 
coisa que já existe, e o outro na trajetória da idealização, que diz respeito ao 
quanto se tem em mente por realizar.
Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores10
Os croquis passaram, então, a receber incrementos de cores e sombras, 
repassando as sensações de profundidade e luz (Figura 7).
Figura 7. Lobby no escritório. 
Fonte: gkatz/Shutterstock.com.
Uma das formas mais tradicionais de representar graficamente um pro-
jeto, seja ele comercial ou residencial, é com o uso de softwares do tipo 
CAD (projeto assistido por computador), uma vez que permitem a expressão 
rápida de ideias, sendo ajustável o seu desenvolvimento em plantas baixas 
(Figura 8), cortes e elevações. Esses desenhos, quando agrupados, formam 
um conjunto de informações capaz de comunicar o conceito e instruir uma 
construção. Além disso, os softwares CAD possibilitam a criação de modelos 
em tridimensionalidade (3Ds), seja em um mesmo software ou em softwares 
complementares, como SketchUp ou 3dMax, por exemplo.
11Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Figura 8. Representação de plantas baixas em CAD. 
Fonte: Evita Van Zoeren/Shutterstock.com.
Além disso, existem formas de complementar a representação gráfica em CAD 
convencional, por meio de fotomontagens, tratamentos em softwares de edição de 
imagens, como o Photoshop, ou mesmo o Corel. Por meio desses recursos, faz-se 
a humanização dos projetos, com a inserção de materiais mais realistas. Farrelly 
(2014) refere-se às fotomontagens como um mecanismo que produz imagens 
atraentes, geralmente empregadas para vender uma ideia ou demonstrar que a 
arquitetura pode se adaptar a qualquer exigência do cliente ou mesmo ao terreno.
Todavia, vale ressaltar que a maneira mais comunicativa de apresentação 
projetual e comunicação entre projetista e cliente é por meio das representações 
tridimensionais, sejam elas em perspectivas, realidade virtual ou maquetes 
físicas, uma vez que o leigo em arquitetura percebe a espacialidade e o uso 
do ambiente que está sendo proposto.
Conforme Farrelly (2014), as maquetes eletrônicas unem características 
de imagens em duas e três dimensões. Devido à sua sofisticação, os progra-
mas de CAD podem ser utilizados em diferentes etapas do projeto, desde o 
desenvolvimento das ideias iniciais até o detalhamento e a sua implantação 
durante a obra. Muitos programas exigemdados de planta baixa e elevação 
para produzir um conjunto adequado de imagens. Em geral, tais dados incluem 
uma série de coordenadas ou as medidas de comprimento e altura das paredes 
com parâmetros específicos.
Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores12
Como visto, a representação de projetos de arquitetura de interiores comer-
ciais deve proporcionar o entendimento projetual pelo cliente e pelo executor, 
e, por isso, a variação de formas de representação e apresentação torna-se 
importante, pois cada público tem sensibilidade visual para compreender 
a ideia que está sendo desenvolvida. Desse modo, um projeto com uma boa 
representação gráfica permite uma execução adequada e fidedigna.
ARGAN, G. C. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6492:1994. Representação 
de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. 
BELARDI, P. Brouillons d’Architects: uma lesione sul disegno inventivo. Melfi: Casa Editrice 
Librìa, 2004.
CATAPAN, M. F. Apostila de desenho técnico. 2016. Disponível em: https://docente.ifrn.
edu.br/gildamenezes/disciplinas/desenho-tecnico/2015/apostilas/apostila-catapan. 
Acesso em: 11 dez. 2019.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
FARRELLY, L. Fundamentos da arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
FERREIRA, R. C.; FALEIRO, H. T.; SOUZA, R. S. Desenho técnico: apostila de circulação 
interna da escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos. 2008. Disponível em: 
https://www.slideshare.net/Evertonsantos155/apostila-desenho-universidade-de-
-goiais. Acesso em: 11 dez. 2019.
JUNQUEIRA FILHO, G. A. Linguagens geradoras: seleção e articulação de conteúdos em 
educação infantil. Porto Alegre: Mediação, 2005.
MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. São Paulo: Edgar Blucher, 2012.
OBERG, L. Desenho arquitetônico. 31. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1997.
13Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Os links para sites da Web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-
cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a 
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local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade 
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Perspectivas de interiores, expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores14
DESENHO DE 
PERSPECTIVA
Paulo Henrique 
Lixandrão
 
Quadrículas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a técnica do uso da quadrícula para o desenho de 
perspectivas.
 � Identificar as aplicações na representação gráfica perspectivada.
 � Identificar exemplos de desenhos realizados com a técnica da 
quadrícula.
Introdução
A quadrícula em desenho de perspectiva é mais uma técnica para repre-
sentar objetos em uma projeção por meio de referências. Essas referências 
são projetadas dividindo a dimensão total da projeção em pequenos 
quadrados, cujo o intuito é delimitar a projeção para que o desenhista 
tenha mais qualidade na projeção do objeto.
Neste capítulo, você vai estudar a técnica do uso da quadrícula 
para desenhos de perspectivas, podendo verificar como o desenho 
projetado é colocado nas quadrículas e as aplicações na perspectiva 
com o uso de quadrículas, por fim, conhecerá exemplos que utilizam 
essa técnica.
Técnica do uso da quadrícula
A técnica do uso de quadrícula é utilizada há muito tempo. Leonardo da 
Vinci, em sua obra “Adoração dos magos” utilizou essa técnica (Figura 1). 
Essa técnica consiste em dividir uma projeção ou uma tela em milhares de 
partes quadriculadas, tendo como referência essas partes para desenhar por 
meio de coordenadas dentro dos quadrados. Historicamente, foi vista como 
um artifício para realizar as pinturas, porém começou a ser verificada como 
uma forma de dar maior vida e realismo nas projeções. Na tela de Leonardo da 
Vinci, por exemplo, com a divisão das quadrículas da base, o pintor teve uma 
noção de profundidade. Contudo, não é apenas em bases que se pode utilizar 
quadrículas, qualquer posição do objeto no quadro pode ser referenciada por 
meio de quadrículas, desde que você utilize uma face do plano e divida-a em 
várias quadrículas (CHING, 2012).
Figura 1. Estudo para a pintura “Adoração dos Magos”, de Leonardo da Vinci.
Fonte: Leonardo da Vinci (1481, documento on-line).
Existem dos tipos de quadrículas, a convencional e a em perspectiva. 
A quadrícula convencional busca, a partir de uma fotografia ou imagem, 
dividir a projeção em quadrículas, que podem ser transferidas ou repro-
duzidas para o papel. Na Figura 2, você pode visualizar um exemplo de 
quadrícula convencional em que temos uma divisão de quadrículas no 
mesmo plano; já na Figura 3, temos uma perspectiva dessas quadrículas 
representando como ficaria uma projeção tridimensional do conjunto de 
réguas (CHING, 2012).
Quadrículas2
Figura 2. Quadrícula convencional.
Fonte: Yurii Andreichyn/Shutterstock.com.
Figura 3. Quadrícula em perspectiva.
Fonte: Yurii Andreichyn/Shutterstock.com.
3Quadrículas
Os tamanhos das quadrículas não precisam ser necessariamente iguais, no entanto, é 
comum se manter o número de quadrados para representar uma projeção bidimen-
sional em uma projeção tridimensional.
Aplicações no uso da quadrícula
As aplicações do uso de quadrículas são bem amplas, por exemplo, é possível 
utilizar quadrícula em perspectivas paralelas com ponto de fuga (PF) central, 
conforme você pode observar na Figura 4.
Figura 4. Uso de quadrícula para perspectiva paralela.
Fonte: mikser45/Shutterstock.com.
Uma outra forma de visualizar as quadrículas no desenho de perspectiva, 
é por meio de detalhamento de linhas wiframes de edificações, em que se tem 
mais de um PF, conforme demonstrado na Figura 5.
Quadrículas4
Figura 5. Uso de quadrícula para edificações.
Fonte: Lifestyle Graphic/Shutterstock.com.
Também é possível encontramos perspectivas oblíquas com dois PF. Na 
Figura 6, é possível observar essa aplicação.
Figura 6. Uso de quadrícula para perspectiva oblíqua com dois PF.
Fonte: Kim D. Lyman/Shutterstock.com.
5Quadrículas
Você pode encontrar, ainda, as quadrículas em perspectivas militares, 
em que a verificação da topologia é extremamente importante, conforme 
visualiza-se na Figura 7. Nesse tipo de perspectiva, há a necessidade de se 
delimitar uma região por meio de quadrículas, que são acompanhadas nas 
planícies ou planaltos ao longo da terra.
Figura 7. Uso de quadrícula para perspectiva militar.
Fonte: DmitriyRazinkov/Shutterstock.com.
As aplicações de perspectiva com o uso de quadrícula são bastante comuns. A téc-
nica foi desenvolvida na época do Renascimento. De acordo com Machado (2013), o 
desenhista e pintor Albrecht Durer foi quem inicialmente criou a técnica, utilizando 
artifícios para desenhar a projeção por meio de um cristal a frente do modelo. A grande 
aplicação inicial se devia a pinturas de modelos, conforme apresentado na Figura 8.
Figura 8. Primeira aplicação de quadrícula.
Fonte: Machado (2013, documento on-line).
Quadrículas6
Exemplos de uso da quadrícula
A técnica das quadrículas pode ser usada com um ou dois pontos de fuga, depen-
dendo da perspectiva utilizada. A seguir, são detalhadas as etapas de cada uso.
Quadrícula com um ponto de fuga
Uma das formas de utilizar a quadrícula com perspectiva de um PF é desenhá-la 
por meio de etapas para transferir os elementos de medidas reais de uma 
projeção bidimensional para uma perspectiva. Sendo assim, de acordo com 
Castro e Freitas (2013a), a primeira etapa consiste em fazer uma malha com 
as quadrículas do tipo 6 x 6 e anotar as medidas nessa malha, conforme 
visualiza-se na Figura 9. 
Figura 9. Etapa 1: desenhar a quadrícula e as dimensões reais.Fonte: Castro e Freitas (2013a).
A segunda etapa consiste em traçar uma linha terra e a linha do horizonte, 
para começarmos a desenhar a perspectiva por meio do recurso da quadrícula. 
Essa marcação pode ser feita em um papel manteiga A3, conforme demons-
trado na Figura 10. Observe que a marcação da linha terra é de 6 metros, 
representando a mesma medida utilizada na quadrícula da etapa 1. Além disso, 
foi desenhada a linha do horizonte a 3 metros de altura, sendo a metade da 
quadrícula originalmente desenhada.
7Quadrículas
Figura 10. Etapa 2: desenhar as linhas de referência.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
A etapa 3 consiste em posicionar o PF no desenho, conforme você pode 
ver na Figura 11. 
Figura 11. Etapa 3: desenhar o PF.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
A etapa 4 consiste em traçar as linhas fugantes por meio da divisão a cada 
1 m na linha terra, conforme detalhado na Figura 12.
Quadrículas8
Figura 12. Etapa 4: desenhar as linhas fugantes.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
A etapa 5 é bastante essencial, pois consiste em determinar a diagonal do 
quadrado, que deve ser feita com a mesma distância da linha terra a partir do 
PF, ou seja, é demarcado 6 m a partir do ponto de fuga. Na Figura 13, você 
pode ver a representação desse processo.
Figura 13. Etapa 5: desenhar a diagonal do quadrado.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
Com a diagonal traçada, na etapa 6, deve-se ligar as linhas do pavimento 
a partir da linha terra pelo ponto de intersecção do cruzamento das linhas 
fugantes com a diagonal. Na Figura 14, visualizamos como isso é feito.
9Quadrículas
Figura 14. Etapa 6: desenhar as linhas do pavimento.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
A partir da 6 etapa, temos a representação de todas as quadrículas da 
projeção bidimensional da etapa 1. A próxima etapa seria iniciar a marcação 
da planta baixa em perspectiva, demarcando na linha terra as larguras reais 
das paredes e desenhando as paredes de fundo na quadrícula das linhas do 
pavimento, sempre considerando a proporção dentro da quadrícula, conforme 
apresentado na Figura 15.
Figura 15. Etapa 7: desenhar as paredes da planta baixa na quadrícula em perspectiva.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
Na etapa 8, são desenhadas as linhas de altura reais das paredes a partir 
da linha terra, e os pontos máximos dessas alturas são ligados com o PF, deli-
mitando a proporção das alturas dos segmentos de parede ao longo das linhas 
de pavimento até a linha do horizonte. Na Figura 16, visualiza-se essa etapa.
Quadrículas10
Figura 16. Etapa 8: desenhar as alturas das paredes em perspectiva.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
Na Figura 17, temos a planta baixa com as paredes, considerando as medidas 
da quadrícula da etapa 1.
Figura 17. Etapa 9: desenhar em perspectiva.
Fonte: Castro e Freitas (2013a).
Quadrícula com dois pontos de fuga
O desenho de perspectiva da quadrícula com dois pontos de fuga também 
é, inicialmente, apresentado por meio da divisão de linhas e de colunas em 
um plano. Castro e Freitas (2013b) explicam uma forma de representar por 
esse método, em que, na etapa 1, conforme a Figura 18, tem-se o desenho da 
quadrícula em uma matriz 7 x 9 e o desenho da linha do horizonte e da linha 
terra com as mesmas medidas em metros da quadrícula.
11Quadrículas
Figura 18. Etapa 1: quadrícula com dois PF.
Fonte: Castro e Freitas (2013b).
A partir daqui, temos o denominado ponto medidor, que é o ponto que 
ficará locado no início da quadrícula (posição 0 m) e é simétrico em relação 
ao PF1 e PF2. Então, na etapa 2, esse ponto é marcado, define-se os PF1 e PF2 
e traça-se as linhas fugantes a partir do PM (ver Figura 19).
Figura 19. Etapa 2: marcação dos PF e do PM.
Fonte: Castro e Freitas (2013b).
Quadrículas12
A próxima etapa é bem simples, a partir do desenho das linhas diagonais 
do ponto 0 da linha terra até os PF, tem-se os pontos de interseção por meio 
das linhas fugantes. Com esses pontos, traça-se novamente linhas contínuas 
até os PF, como você pode ver nas Figuras 20 e 21.
Figura 20. Etapa 3: traçagem das linhas do pavimento da quadrícula.
Fonte: Castro e Freitas (2013b).
Figura 21. Etapa 3: traçagem das linhas do pavimento da quadrícula.
Fonte: Castro e Freitas (2013b).
13Quadrículas
Na etapa 4 é feita a marcação das linhas de altura. Inicialmente, traça-se 
a linha de altura real a partir do ponto 0 m na linha terra, depois traça-se as 
linhas fugantes a partir dessa linha de altura real. Na Figura 22, é possível 
visualizar essa etapa.
Figura 22. Etapa 4: traçagem das linhas de altura.
Fonte: Castro e Freitas (2013b).
Por fim, são marcadas as janelas e a porta por meio das linhas fugantes 
de altura, conforme representação da Figura 23.
Figura 23. Etapa 5: traçagem das linhas fugantes para janela e porta.
Fonte: Castro e Freitas (2013b).
Quadrículas14
Neste capítulo pode-se verificar a técnica do uso da quadrícula, além de 
conhecer como a quadrícula apareceu nos desenhos. As aplicações com o uso 
da quadrícula foram demonstradas, bem como exemplos para identificar e 
desenhar, passo a passo, as quadrículas com as perspectivas mais utilizadas, 
que são aquelas em que se tem o recurso de um ou dois PF.
1. A técnica do uso de quadrícula 
consiste em transportar as medidas 
de um plano real bidimensional para 
um plano tridimensional, adotando-se 
como referência as medidas das 
quadrículas da malha. Qual é a 
medida que deve ser encontrada 
na perspectiva da malha para 
desenvolver o objeto tridimensional 
que é concluído com o recurso de 
proporção na profundidade?
a) Medida da altura real.
b) Medidas da planta baixa.
c) Medida das alturas em 
proporção a partir da real.
d) Medida da profundidade 
do objeto.
e) Medida da largura do objeto.
2. Por que a técnica de desenho 
de perspectiva com o uso 
de quadrícula, na época do 
Renascimento, foi descreditada 
pelos pintores? 
a) A técnica era pobre e não 
tinha nenhum recurso 
adicional aos desenhos.
b) A técnica não representava 
projeção por elementos 
circulares, apenas quadrilátero.
c) A técnica era considerada 
apenas um artifício para 
desenhar as pinturas, e não 
era vista como forma de dar 
maior vida e realismo a elas.
d) A técnica não foi inicialmente 
abordada no período 
renascentista, ela só veio a 
aparecer no período moderno.
e) A técnica era interessante 
e foi inicialmente adotada 
por todos os pintores.
3. Existem dois tipos de quadrículas em 
desenho, a que é real e apresentada 
no plano, antes de ir para a 
perspectiva que pode apresentar 
dimensões da planta baixa; e a 
quadrícula já incorporada no desenho 
em perspectiva no plano de base 
do objeto. Quais é o nome desses 
tipos de perspectivas? 
a) Principal e de projeção.
b) Secundária e de perspectiva.
c) Paralela e cônica.
d) Convencional e paralela.
e) Convencional e de perspectiva.
4. Um tipo de perspectiva que pode ser 
aplicado com o uso de quadrículas 
é aquele em que temos um ponto 
fugante central e linhas fugantes 
em direção a esse ponto, mas que 
representa objetos com alturas reais 
próximo ao operador. As linhas do 
15Quadrículas
pavimento são divididas em partes 
reduzidas por meio da profundidade 
e das linhas fugantes, originando 
quadrículas. De qual perspectiva 
estamos falando? 
a) Perspectiva paralela 
com PF central.
b) Perspectiva cônica.
c) Perspectiva oblíqua com dois PF.
d) Perspectiva militar.
e) Perspectiva cavaleira.
5. Uma das formas de desenhar uma 
perspectiva oblíqua com dois PF é 
utilizando o recurso de desenhar 
quadrículas na base a partir da linha 
terra. A perspectiva oblíqua tem a 
característica de apresentar eixos de 
profundidade em direção aos pontos 
fugantes. Em relação ao ponto zero 
(meio da linha horizontal), o eixo do 
lado esquerdo e do lado esquerdo de 
profundidade são iguais (simétricos) 
ou diferentes (assimétricos)? 
a) A profundidade depende só 
do posicionamento dos PF.
b) São só assimétricas em 
relação ao ponto 0.
c) São só simétricas em 
relação ao ponto 0.
d) Podem ser simétricasou assimétricas em 
relação ao ponto 0.
e) A altura real é igual a todas 
as alturas da projeção.
CASTRO, A. C.; FREITAS, C. Perspectiva de 1 ponto de fuga pelo método da quadrícula. 
Brasília, DF: Uniplan, 2013a. 
CASTRO, A. C.; FREITAS, C. Perspectiva de 2 pontos de fuga pelo método da quadrícula. 
Brasília, DF: Uniplan, 2013b.
CHING, F. D. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 
LEONARDO DA VINCI. Leonaredo, studio per l’adorazione dei Magi. 1481. Disponível em: 
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leonaredo,_studio_per_l%27adorazione_
dei_magi,_uffizi.jpg#/media/File:Leonaredo,_studio_per_l%27adorazione_dei_
magi,_uffizi.jpg>. Acesso em: 20 abr. 2018.
MACHADO, M. Como ampliar desenhos com o auxílio da técnica do quadriculado. 04 
dez. 2013. Disponível em: <http://www.desenhoonline.com/site/como-ampliar-
-desenhos-com-o-auxilio-da-tecnica-do-quadriculado/>. Acesso em: 07 abr. 2018.
Leituras recomendadas
ARAÚJO, K. M. L. A perspectiva linear e a eficácia de sua comunicação. 2. ed. São Paulo: 
Blucher, 2017. 
MONTENEGRO, G. A perspectiva dos profissionais. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2010. 
Quadrículas16
https://commons.wikimedia.org/wiki/File
http://www.desenhoonline.com/site/como-ampliar-
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
PROJETOS 
BIDIMENSIONAIS
AUXILIADOS POR 
COMPUTADOR
Juliana Wagner
Introdução ao 
desenho técnico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Definir desenho técnico e o seu processo evolutivo.
 � Explicar as diferenças entre desenho artístico e desenho técnico au-
xiliado por computador.
 � Aplicar as normas técnicas envolvidas no desenho de representação 
gráfica computacional.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a evolução do desenho técnico nas 
últimas décadas, que passou por grandes transformações. Partindo de 
desenhos artesanais, muito personalizados, os arquitetos vivenciaram tam-
bém o desenho ainda feito à mão, porém, com o auxílio de instrumentos 
gráficos, até experimentarem a revolução da chegada dos programas de 
computador. Abordaremos a diferença entre a expressividade do desenho 
à mão em relação aos padronizados desenhos feitos em software CAD, 
além das normativas que os regem.
A evolução do desenho técnico
O desenho é o principal instrumento de trabalho quando nos referimos ao 
processo de fazer arquitetura. É a forma de expressão máxima do profissional 
para extrair suas ideias e soluções em relação às necessidades do cliente para 
seu projeto.
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
Desenhar é o processo ou a técnica de representação de alguma coisa – um 
objeto, cena ou uma ideia — por meio de linhas, em uma superfície. Deste 
conceito, infere-se que definir contornos é diferente de pintar ou de colorir 
superfícies. Embora o desenho geralmente apresente uma natureza linear, ele 
pode incluir outros elementos pictóricos, como pontos e pinceladas, que tam-
bém podem ser interpretados como linhas. Qualquer que seja a forma que um 
desenho assuma, ele é o principal meio pelo qual organizamos e expressamos 
pensamentos e percepções visuais. Portanto, devemos considerar o desenho 
não só como uma expressão artística, mas também como uma ferramenta 
prática para formular e trabalhar problemas de projeto (CHING, 2012, p. 1).
Conforme o que afirma Ching, podemos perceber o quanto o desenho 
tem uma enorme versatilidade em relação à sua aplicação e às maneiras de 
desenvolvê-lo. Conforme a aplicação do desenho, é necessário que ele contenha 
mais ou menos detalhes e informações, além da necessidade ou não de precisão.
O desenho técnico consiste em uma representação gráfica de um objeto ou 
edificação com o objetivo de ser construído ou fabricado. Segundo Farrelly 
(2014), a representação gráfica se refere à variedade de métodos que podem 
ser utilizados para expressar ideias e conceitos de arquitetura. Ainda conforme 
a mesma autora, algumas dessas técnicas são tradicionalmente associadas à 
representação da arquitetura (como plantas baixas, cortes e elevações), outras 
foram tomadas emprestadas ou adaptadas de outras áreas, como o cinema, a 
mídia digital e as belas artes. Observe a Figura 1.
Figura 1. Exemplo de objeto ao lado de seus desenhos técnicos.
Fonte: Deslife/Shutterstock.com.
O desenho técnico foi tornando-se uma representação primordial com a 
evolução da civilização. Sulz e Teodoro (2014) afirmam que após a Primeira 
Revolução Industrial, o aprimoramento das técnicas industriais foi auxiliado 
Introdução ao desenho técnico2
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
pelo aperfeiçoamento da representação gráfica e consequente sistematização do 
desenho. Esse conhecimento apurado refletiu também nas técnicas de construção, 
que foram deixando de ser artesanais e passaram a ter métodos bastante definidos. 
O desenvolvimento da geometria descritiva como ciência permitiu o en-
tendimento das faces de objetos de três dimensões.
A Geometria Descritiva idealizada pelo matemático francês Gaspard Monge 
(1746-1818), em meados do século XVIII, tem como pressupostos básicos 
estudar os métodos de representação gráfica das figuras espaciais sobre um 
plano, resolver problemas como: construção de vistas, obtenção de verdadeiras 
grandezas de cada face do objeto através de métodos descritivos e utilizá-la na 
construção de protótipos do objeto a ser representado (ALVES, 2008, p. 15).
Ainda segundo a autora, no método de Monge, o objeto fica determinado 
a partir das duas projeções, nos planos de projeção, um vertical e outro hori-
zontal, utilizando o sistema cilíndrico ortogonal (p. 15-16). Esses planos de 
projeção se cruzam e em sua intersecção determina-se uma linha chamada 
linha de terra (LT). Os planos resultantes formam no espaço quatro diedros 
numerados no sentido anti-horário. Por meio desses planos é possível realizar 
uma projeção ortogonal de todos os pontos do objeto posicionado no sistema. 
Para entender melhor, veja a Figura 2.
Figura 2. Exemplo de representação de objetos por meio da geometria descritiva.
Fonte: PandaWild/Shutterstock.com.
3Introdução ao desenho técnico
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
Algumas características do desenho técnico são:
 � Precisão: o desenho técnico precisa ter uma fácil leitura para quem irá 
executar o projeto representado. Por isso, quanto mais exatos estiverem 
as linhas e os formatos no desenho, melhor será a leitura. Segundo Ching 
(2017, p. 18), controlar a caneta ou o lápis é fundamental para produzir 
linhas de boa qualidade e pesos de linhas apropriados.
 � Normas de graficação: a aplicação das normas de desenho permite a 
diferenciação dos elementos no desenho de forma universal. A espessura 
das linhas é uma das representações mais importantes, pois diferencia os 
objetos mais próximos dos mais distantes, a materialidade deles ou ainda 
se estão sendo representados em corte ou em vista, por exemplo. De 
acordo com Ching (2017, p. 19), é essencial que, ao desenhar, entenda-se 
o que cada linha representa, seja o limite de um plano, uma mudança 
de material ou simplesmente uma linha de referência de construção.
 � Dimensão: os desenhos técnicos usualmente são trabalhados em uma 
escala que fique de acordo com os objetos que serão representados. É 
essencial o desenho ser feito nas medidas corretas, pois assim permite 
que as linhas sejam medidas por meio de uma régua com diversas esca-
las, chamada escalímetro. Ao ser feito em escala, o desenho representa 
a correta proporção entre os elementos representados.
Apesar de atualmente relacionarmos o desenho técnico muito mais a dese-
nhos feitos por meio do computador, ele, por muitas décadas, foi desenvolvido 
à mão com o auxílio de instrumentos de desenho, como esquadros, réguas 
e compassos. Pode, ainda hoje, também ser desenvolvido à mão livre, oque 
requer mais tempo e habilidade para gerar um bom resultado para execução.
Desenho artístico e desenho técnico
O desenho técnico passou por grandes transformações ao longo das últimas 
décadas. Nos primórdios, era feito por meio de um processo bastante artesanal 
de desenho e produção, passando pelos desenhos manuais auxiliados por instru-
mentos, até chegarmos nos modelos atuais de desenho auxiliados por programas 
de computador.
Introdução ao desenho técnico4
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
Conforme Amaral e Pina Filho (2010, p. 3), o AutoCAD é:
[...] um software desenvolvido e distribuído pela empresa Autodesk Inc., que 
teve sua primeira versão lançada em 1982. O AutoCAD é um programa de 
modelagem 2D e 3D cujas aplicações são diversificadas, tais como: projetos 
de engenharia mecânica, civil, elétrica, urbana, etc.; arquitetura; uso em 
fabricação industrial; climatização de ambientes (…). É importante notar 
que o AutoCAD é muito utilizado também como ferramenta em disciplinas 
acadêmicas que envolvam desenho técnico. 
Observe a Figura 3.
Figura 3. Prancha com desenho técnico de edificação produzido em software CAD.
Fonte: cherezoff/Shutterstock.com.
5Introdução ao desenho técnico
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
O desenho feito no computador trouxe inúmeros benefícios, sendo que 
podemos citar a agilidade como um dos principais. Um desenho que levaria 
dias para ser feito à mão pode ser desenvolvido em menos tempo com o uso 
da tecnologia. Uma das questões que colabora para essa agilidade é a possi-
bilidade de apagar e refazer as linhas e os elementos de forma muito rápida, 
o que, em um desenho à mão, significa um grande retrabalho. Dependendo 
do volume de correção, é preciso que o desenho seja refeito.
A respeito dos desenhos auxiliados por computador, Farrelly (2014, p. 94) diz: 
Por um lado, o CAD oferece uma ferramenta para exploração de projeto; os 
diferentes pacotes de programa, usados independente ou coletivamente, pos-
sibilitam novas iniciativas e formas de expressão. O CAD também permite a 
expressão rápida de ideias, já que torna fácil adaptar e desenvolver plantas baixas 
e cortes. Além disso, pode ser empregado para produzir uma série de imagens 
relacionadas — cada imagem oferece uma camada de informações adicional. 
Coletivamente, uma série de desenhos comporá um “pacote” de informações 
capaz de comunicar melhor o conceito ou as instruções para construção.
Podemos citar também a facilidade de gerar ampliações e detalhamentos de 
sistemas diferenciados e áreas importantes do projeto, alimentando os respon-
sáveis pela execução com uma maior riqueza de informações. Os programas 
de computador possibilitam que sejam geradas inúmeras cópias, o que permite 
que sejam feitas impressões dos mesmos desenhos para apresentar em órgãos 
públicos e concessionárias, além da entrega para a obra e para o cliente. Ao 
fazer os desenhos à mão, essas cópias precisariam ser desenvolvidas uma a 
uma. Observe a Figura 4 a seguir.
Figura 4. Desenho técnico de elemento construtivo.
Fonte: Viktoriya/Shutterstock.com.
Introdução ao desenho técnico6
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
Apesar dos inúmeros benefícios, o uso do computador não consiste somente 
em vantagens. Segundo Farrelly (2014), às vezes, o computador acaba se tor-
nando um fator limitador. A autora diz que as imagens produzidas em CAD 
são artisticamente trabalhadas, com resultados atraentes e impressionantes, 
no entanto, é a arquitetura após a execução, como espaço habitável, que pre-
cisa ser testada e lida como uma forma tridimensional viável. O computador 
auxilia e viabiliza os projetos em nível de detalhamento executivo, embasado 
na precisão. Em termos de criação e lançamento de ideias, o desenho em 
software CAD acaba ficando engessado, limitando o processo.
O próximo passo da evolução do desenho no computador está se estabelecendo 
por meio de software de bases de dados, do tipo Building Information Modeling (BIM), 
em formato digital, de todos os aspectos a considerar na edificação de um projeto, 
permitindo a criação de um modelo visual 3D e facilitando a visualização do resultado 
final do projeto em estudo. Oportunizando, desta forma, que se possam antecipar 
estimativas de custos mais precisamente (CARDOSO et al., 2012; EASTMAN et al., 2014).
O desenho artístico tem um papel fundamental quando nos referimos a estudos 
de projeto. A liberdade do desenho à mão livre, da linha solta no papel, é uma arte 
que não deve ser desconsiderada. Segundo Ching (2017, p. 25), traçar uma linha 
com uma caneta ou um lápis incorpora o sentido sinestésico de direção e com-
primento e é um ato tátil que realimenta a mente e reforça a estrutura da imagem 
gráfica resultante. O desenho à mão livre é uma forma rápida de expressar ideias 
e estudar conceitos para os projetos. Isso se deve ao fato de que o desenho não se 
prende a dimensões exatas nem a linhas precisas. Esses desenhos costumam ser 
bastante expressivos e imprimem a personalidade do arquiteto, ao contrário do 
desenho em computador, que acaba tendo uma aparência padronizada. 
Os desenhos artísticos são úteis para demonstrar diversas propostas ao cliente, 
sem envolver o processo de detalhamento que requer um desenho técnico. O 
desenho em forma de croquis pode representar o projeto em forma de perspec-
tivas, plantas, cortes ou como o arquiteto desejar. Além disso, é possível fazer 
a finalização desses esboços com uma infinidade de acabamentos gráficos. O 
desenho pode ser feito apenas com linhas, utilizando-se uma lapiseira, como 
pode também ser um trabalho requintado com caneta nanquim e acabamento de 
7Introdução ao desenho técnico
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
aquarela, por exemplo. Essa gama de possibilidades torna o desenho à mão, sem 
dúvidas, uma arte muito interessante para ser apresentada ao cliente. 
Aplicação de normas técnicas no desenho 
computacional
Quando nos referimos a desenho técnico desenvolvido com o auxílio de com-
putadores, é imprescindível tratar também das normativas que orientam esse 
tipo de desenho. Como maneira de padronizar a leitura dos projetos, existem 
normativas específicas para desenho. No Brasil, essas normas são revisadas e 
editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As normas 
abrangem diversos aspectos do desenho, que vão desde as dimensões e os tipos 
de folha a utilizar, até as escalas e os métodos de graficação em si. 
A maioria dessas normas foi desenvolvida quando ainda não existia um 
domínio da utilização de programas de computador para realização dos dese-
nhos. Entretanto, as formas de representação são as mesmas, sendo o desenho 
feito à mão ou em computador. A diferença encontra-se nas configurações 
dos desenhos em CAD para que estes gerem desenhos com a apresentação 
conforme as normas e, desta forma, possam ser uma “[...] representação muito 
precisa de algo que deve ser construído” (KUBBA, 2014, p. 4).
Além das normativas gerais, no caso de projetos que serão submetidos 
à análise de órgãos públicos e concessionárias, deve-se atentar às normas 
de representação específica de cada prefeitura, por exemplo. O projeto deve 
sempre ser avaliado para cada caso específico de aplicação, de forma que 
o desenho atenda às necessidades e contribua para o entendimento comum 
de todos que dele se utilizam para realizar suas atividades, como arquitetos, 
engenheiros e mesmo aqueles que os avaliam e os aprovam. Por isso, é es-
sencial que se identifique e se use a norma vigente da localidade em que o 
projeto será executado, para que os padrões de representação gráfica sejam 
adequados ao contexto em questão e entendidos por todos os envolvidos, desde 
sua concepção até sua execução.
Introdução ao desenho técnico8
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
Consulte o livro Representação gráfica em arquitetura (CHING, 2017) para mais informa-
ções sobre os métodos degraficação nos desenhos técnicos de arquitetura.
ALVES, M. C. A. Geometria descritiva: um comparativo entre o uso de instrumentos 
tradicionais de desenho e o computador. 2008. 144 f. Dissertação (Mestrado em 
Desenho, Cultura e Interatividade) - Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira 
de Santana, 2008. 
AMARAL, R. D. C.; PINA FILHO, A. C. A evolução do CAD e sua Aplicação em Projetos 
de Engenharia. In: SIMPÓSIO DE MECÂNICA COMPUTACIONAL, 9., 2010, São João Del-
-Rei. Artigos... Belo Horizonte: Associação Brasileira de Métodos Computacionais em 
Engenharia, 2010.
CHING, F. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
CHING, F. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
EASTMAN, C. et al. Manual de BIM: um guia de modelagem da informação da cons-
trução para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto 
Alegre: Bookman, 2014.
FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
KUBBA, S. A. Desenho técnico para construção. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
SULZ, A. R.; TEODORO, A. Evolução do desenho técnico e a divisão do trabalho in-
dustrial. Revista Lusófona de Educação, Lisboa, n. 27, set. 2014. Disponível em: <http://
www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-72502014000200007>. 
Acesso em: 24 ago. 2018. 
9Introdução ao desenho técnico
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
Leituras recomendadas
CARDOSO, A. et al . BIM: o que é? Porto: Universidade do Porto, 2012. Disponível em: 
https://paginas.fe.up.pt/~projfeup/bestof/12_13/files/REL_12MC08_01.PDF. Acesso 
em: 23 ago. 2018.
LEGGIT, J. Desenho de arquitetura: técnicas e atalhos que usam a tecnologia. Porto 
Alegre: Bookman, 2008.
MARQUES, F. R. Autocad: a evolução do desenho técnico. 2003. Disponível em: <http://
obviousmag.org/metropolis/2015/03/autocad-a-evolucao-do-desenho-tecnico.html>. 
Acesso em: 23 ago. 2018. 
Introdução ao desenho técnico10
Identificação interna do documento 9HDMY2XLO4-CR4FBQ1
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Nome do arquivo: 
C01_Introducao_ao_desenho_tecnico_Avulso_202009251709162868
785.pdf
Data de vinculação ao processo: 25/09/2020 17:09
Processo: 456111
DESENHO DE
PERSPECTIVA
Roberta Volkweis
Perspectivas cônicas: 
método dos arquitetos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer como se desenvolveu o método de perspectivas cônicas.
 � Verificar como esta técnica é aplicada na representação gráfica.
 � Identificar a aplicação da perspectiva cônica no desenho.
Introdução
Os desenhos em perspectiva são um recurso de representação gráfica 
que auxiliam a compreensão dos espaços em três dimensões. As primei-
ras técnicas de representação da ilusão de profundidade dos espaços, 
seguindo métodos precisos, são originárias do período do Renascimento. 
Desde então, as técnicas de desenho em perspectiva foram aprimoradas 
por diversos métodos, cada vez mais precisos, e, atualmente, temos o 
importante auxílio da computação gráfica.
O tipo de perspectiva mais próximo da realidade do expectador e, 
portanto, a mais utilizada pelos arquitetos para estudos visuais e melhor 
compreensão dos projetos por parte dos clientes é a chamada perspec-
tiva cônica, que utiliza recursos de profundidade por meio das projeções 
cônicas, nas quais as linhas convergem para pontos de fuga (PF).
Neste capítulo, você conhecerá o desenvolvimento da perspectiva 
cônica, por meio de um método bastante utilizado por profissionais da 
arquitetura, o chamado método dos arquitetos ou método das projeções. 
Você verá, também, como se aplica a técnica desse método, que se 
baseia nas projeções dos objetos representados, além de identificar suas 
aplicações nos desenhos.
U N I D A D E 4
dpolycarpy
Rectangle
dpolycarpy
Rectangle
dpolycarpy
Rectangle
Desenvolvimento do método
A perspectiva cônica tem como característica uma maior semelhança com a 
forma como enxergamos, ou seja, passa a sensação de profundidade e volu-
metria dos espaços.
A profundidade, nessa técnica, é percebida em razão de as linhas do dese-
nho, que são paralelas na realidade, convergirem todas para PF visuais, que se 
localizam na linha do horizonte. Dependendo da posição do observador em 
relação ao objeto ou paisagem, podemos ter um, dois ou três PF.
Neste capítulo, você estudará um dos possíveis métodos utilizados para a 
montagem da perspectiva cônica, que utiliza, na maior parte das vezes, dois 
PF e se guia pelas projeções da planta baixa ou vista superior do objeto ou 
edificação. Esse método é chamado de método dos arquitetos.
Antes de abordarmos o método dos arquitetos, precisamos visualizar alguns 
efeitos visuais das perspectivas cônicas, que são utilizados para expressar a 
profundidade e, portanto, a ilusão da terceira dimensão. Para isso, observe 
as Figuras de 1 a 4.
Figura 1. Sobreposição de formas.
Fonte: (a) Ching (2017, p. 66); (b) jl661227/Shutterstock.com.
Perspectivas cônicas: método dos arquitetos2
Figura 2. Efeito de achatamento.
Fonte: (a) Ching (2017, p. 66); (b) Pumidol/Shutterstock.com.
Figura 3. Convergência de linhas paralelas.
Fonte: (a) Ching (2017, p. 66); (b) andras_csontos/Shutterstock.com.
 Figura 4. Diminuição do tamanho.
Fonte: (a) Ching 2017, p. 66); (b) Truba7113/Shutterstock.com.
3Perspectivas cônicas: método dos arquitetos
A perspectiva cônica é fundamentada no princípio da projeção visual de um 
objeto sobre um plano. Por meio desse conceito, foram estabelecidos alguns 
termos técnicos, que serão descrito a seguir e demonstrados na Figura 5.
 � Ponto de vista ou de observação (PV ou PVO): posição do observador, 
ou seja, distância do que é visto.
 � Cone de visão: ângulo máximo de visão do observador. Varia de 45º a 
60º e, fora dessa área de abrangência, a imagem fica muito distorcida.
 � Linha do horizonte (LH): linha que passa na altura dos olhos do 
observador e perpendicular à sua linha de visão.
 � PF: ponto para o qual convergem as linhas, sempre se dá na linha do 
horizonte.
 � Plano de terra (PT): plano de referência horizontal ou base da pers-
pectiva ou geometral. É a partir desse plano que são medidas as alturas 
dos objetos e do observador.
 � Linha de terra (LT): linha na qual há a intersecção do plano de terra 
com o plano da figura.
 � Plano do desenho (PD): plano transparente, perpendicular à linha de 
visão do observador, também chamado de quadro. 
 � Altura do observador (H): distância entre o plano de terra e a altura 
do horizonte.
 � Verdadeira grandeza (VG): quando o plano do objeto for paralelo ao 
PD, sendo, assim, visto na sua verdadeira forma e orientação.
 � Centro geométrico (CG): ponto de intersecção das linhas que formam 
o centro do objeto em sua vista superior. É a partir desse ponto que se 
projeta a linha de posição do PV.
Figura 5. Ilustração dos termos técnicos.
Fonte: Montenegro (1983, p. 20).
Perspectivas cônicas: método dos arquitetos4
A palavra perspectiva tem origem no latim, perspicere, que significa “ver através de”. 
Por essa razão, entende-se que a perspectivava cônica pode ser melhor identificada 
se imaginarmos a visão de um observador através de uma janela. O que se desenharia 
no vidro dessa janela seria uma perspectiva. 
Aplicação do método
Para construir uma perspectivava cônica por meio do método dos arquitetos, 
você precisa, além dos termos técnicos já mencionados, conhecer alguns 
outros pontos fundamentais: 
a) dimensão do objeto, obtida por meio da planta baixa ou vista superior;
b) altura do objeto ou sua vista lateral;
c) altura do observador para posição da LH.
Iniciamente, você deve posicionar a planta baixa sobre o PD, em uma 
ângulo de 30º, 45º ou 60º. Logo em seguida, traça-se as LT e LH e o PV 
do observador. A melhor posição para a colocação do PV é a partir da 
definição do CG do objeto e a uma distância de 1,5 a 2,5vezes a sua maior 
dimensão. 
A partir desse esboço, traçam-se as linhas paralelas da faces do objeto, 
partindo do PV e delimitando, assim, os PF na linha do quadro. Após a mar-
cação dos PF no quadro, traçam-se as linhas de projeção em direção à LH, 
encontrando, agora, os PF a serem utilizados na perspectiva.
O próximo passo serão as projeções dos vértices do objeto em direção 
ao PV. Assim que essa projeção cruzar o a linha do quadro, você precisará 
traçar as linhas verticais em direção às linhas dos PF da perspectiva. Veja na 
Figura 6 o desenho ilustrativo dessa primeira etapa do processo.
5Perspectivas cônicas: método dos arquitetos
Figura 6. Ilustração do método.
Fonte: Montenegro (1983, p. 35).
Com isso, é possível traçar as alturas da perspectiva, ou seja, a terceira 
dimensão. Inicia-se pela altura do ponto em VG, que se configura como o ponto 
que toca na linha do Quadro. No desenho apresentado, este seria o ponto A. A 
partir desse ponto, traçam-se as duas projeções em direção aos dois PF, tendo, 
assim, a delimitação das demais alturas da perspectiva (Figura 7).
Figura 7. Ilustração do método.
Fonte: Montenegro (1983, p. 36).
Perspectivas cônicas: método dos arquitetos6
Dessa forma, ocorre o processo de construção da perspectiva cônica por 
meio do método dos arquitetos. A partir desse método, podem ser construí-
das volumetrias de qualquer formato, tanto de objetos como de fachadas de 
edificações e ambientes internos.
Distância do PF em relação ao objeto: à medida que o observador se afasta do 
objeto, os PF se afastam mais e as linhas horizontais se aproximam, comprimindo, 
assim, a perspectiva. Essa relação se configura no desenho da perspectivava cônica 
quando afastamos o PV do PD, conforme demonstrado na Figura 8.
Figura 8. Distância do PF em relação ao objeto. 
Fonte: Ching (2000, p. 72).
Aplicação no desenho
O método estudado neste capítulo tem grande utilização por parte dos arquitetos 
e demais profissionais que utilizam a representação gráfica para auxiliá-los em 
seus projetos. Essa técnica traz uma sensação de realidade muito facilmente 
identificada e percebida pelos clientes. Além disso, transporta o observador 
para um ponto em que geralmente as edificações ou ambientes são apreciados 
por seus usuários. 
Essa técnica traz muita semelhança com os visuais mais utilizados na 
fotografia da arquitetura, que também são fonte de inspiração para as posições 
do observador nas imagens geradas pelos softwares de modelagem em 3D.
7Perspectivas cônicas: método dos arquitetos
Para identificar o método dos arquitetos nas perspectivas cônicas, você 
precisa estabelecer no desenho os pontos estudados anteriormente, ou seja, 
precisa identificar os PF, a LT e a LH (Figura 9).
Figura 9. Marcação dos elementos que compõe a perspectiva em uma fotografia tirada 
em nível de observador.
Fonte: Paris Museum Pass (2018, documento on-line).
Após identificar esses pontos, será possível estabelecer algumas caracte-
rísticas comuns a esse tipo de perspectiva:
 � na maior parte dos casos, constatar a existência de dois PF na LH, para 
onde convergem as linhas horizontais;
 � as linhas verticais são sempre paralelas;
 � nas perspectivas mais agradáveis aos olhos de quem as contempla, o 
PV do observador tem a altura próxima da LT.
A técnica das perspectivas a mão tem se tornado cada vez menos utilizada no 
dia a dia dos escritórios de arquitetura, que costumam projetar com os recursos 
de softwares de modelagem e renderização em 3D. No entanto, mesmo com a 
modernização da tecnologia, a essência e os conceitos que definem o método 
estudado neste capítulo, são fundamentais para o posicionamento das “câmeras” 
e aberturas de lente nas perspectivas eletrônicas e de imagens renderizadas. 
Portanto, o método dos arquitetos é apenas uma das formas de compre-
ender como se dá o processo de abstração de uma imagem em 2D, que passa 
a sensação realista de 3D, visto que é resultado de uma grande evolução dos 
desenhos à mão livre para desenhos mais técnicos de geometria descritiva. 
Esses estudos e métodos ainda são extremamente relevantes nos dias atuais, 
pois continuam servindo de base para o conhecimento dos efeitos visuais 
gerados pela computação gráfica.
Perspectivas cônicas: método dos arquitetos8
Amplie seu conhecimento sobre a origem das 
perspectivas na história assistindo a documentários 
sobre o tema. O link e o código a seguir trazem o 
exemplo do experimento realizado pelo arquiteto 
renascentista Filippo Brunelleschi. 
https://goo.gl/a5MvhS
9Perspectivas cônicas: método dos arquitetos
CHING, F. D. K. Representação gráfica em Arquitetura. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
MONTENEGRO, G. A. A perspectiva dos profissionais. São Paulo: Blücher, 1983.
PARIS MUSEUM PASS. 2018. Disponível em: <http://www.parismuseumpass.com/>. 
Acesso em: 07 maio 2017.
Leituras recomendadas
CAVALLIN, J. Perspectiva linear cônica. Curitiba: do autor, 1976.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em Arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
https://goo.gl/a5MvhS
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
PROJETO DE 
INTERIORES 
RESIDENCIAIS
Jaqueline Ramos 
Grabasck
Expressão gráfica e desenho 
técnico no projeto de 
interiores para áreas 
molhadas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar as técnicas de expressão gráfica e desenho técnico utilizadas 
no projeto de interiores.
 � Analisar as normas técnicas de expressão e representação projetual.
 � Aplicar as formas de desenho e expressão nos projetos de interiores.
Introdução
As identificações da forma e do espaço determinam o ambiente a ser 
projetado. Com a organização do mobiliário e a aplicação da simbologia, 
pode-se identificar graficamente a função de determinado ambiente.
Neste capítulo, você vai aprender a identificar e projetar de forma 
simples e clara, para que as intenções de projeto possam ser transmitidas 
corretamente. Além disso, vai conhecer as normas que deve consultar 
para a confecção adequada de um projeto de arquitetura de interiores, 
aplicando técnicas de expressão gráfica e desenho técnico.
U N I D A D E 4
Técnicas de expressão gráfica e desenho técnico 
para projetos de interiores
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GH�SURMHomR��JHUDQGR�XP�GHVHQKR�HP�YHUGDGHLUD�JUDQGH]D��9*���RX�VHMD��TXH�
DSUHVHQWD�QD�SODQLILFDomR�DV�GLPHQV}HV�UHDLV�GD�YROXPHWULD��-i�QD�JHRPHWULD�
GHVFULWLYD��R�REMHWR�p�GLVSRVWR�HP�TXDOTXHU�SRVLomR�HP�UHODomR�DR�SODQR�GH�
UHIHUrQFLD��&$7$3$1���������$V�YLVWDV�VmR�QRPHDGDV�FRQIRUPH�D�1%5�
��������TXH�WUDWD�GRV�SULQFtSLRV�JHUDLV�GH�UHSUHVHQWDomR�HP�GHVHQKR�WpFQLFR��
3DUD�D�LQGLFDomR�GHVVDV�YLVWDV�HP�XP�SURMHWR�GH�LQWHULRUHV��ID]�VH�QHFHVViULD�
D�SODQLILFDomR�GHVVHV�HOHPHQWRV�
3DUD�VH�GHWHUPLQDU�TXDLV�YLVWDV�GHYHUmR�VHU�DSUHVHQWDGDV��XWLOL]D�VH�FRPR�
FULWpULR�GH�HVFROKD�D�IDFH�FRP�PDLRU�Q~PHUR�GH�LQIRUPDo}HV�UHOHYDQWHV��1mR�
p�QHFHVViULR�DSUHVHQWDU�WRGDV�DV�IDFHV�GH�GHWHUPLQDGR�REMHWR��$�IDFH�FRP�
PDLRU�Q~PHUR�GH�LQIRUPDo}HV�D�VHUHP�UHSUHVHQWDGDV�FRUUHVSRQGH�j�YLVWD�
IURQWDO��3RUpP��TXDQGR�VH�WUDWD�GH�XP�SURMHWR�GH�DUTXLWHWXUD�GH�LQWHULRUHV��
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas2
R�LGHDO�p�DSUHVHQWDU�WRGDV�DV�YLVWDV�UHIHUHQWHV�jV�SDUHGHV�GR�DPELHQWH��RX�
SHOR�PHQRV�DTXHODV�RQGH�VH�HQFRQWUDP�RV�HOHPHQWRV�TXH�VHUmR�PRGLILFDGRV��
FRPR�PyYHLV�H�UHYHVWLPHQWRV��$662&,$d­2�%5$6,/(,5$�'(�1250$6�
7e&1,&$6��������
$�1%5��������$662&,$d­2�%5$6,/(,5$�'(�1250$6�7e&1,&$6��
������DSUHVHQWD�WDPEpP�DV�LQGLFDo}HV�GDV�WHUPLQDo}HV�GDV�OLQKDV�GH�FKDPDGD��
9RFr�SRGH�Yr�ODV�QR�4XDGUR����FRP�DV�IRUPDV�GH�XWLOL]DomR�GHWHUPLQDGDV�SRU�
HVVD�QRUPDWLYD�
Fonte: Adaptado de NBR 8.403 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984).
Elemento Nomenclatura Utilização
Linha de chamada 
sem símbolo
Quando a numeração de 
indicação de cota é maior do 
que o espaço existente para a 
inserção dessa numeração.
Linha de chamada 
com um ponto
Quando terminam dentro do 
objeto representado, indicando 
informações pertinentes a ele.
Linha de chamada 
com uma seta
Quando conduzem o objeto 
representado, indicando 
informações referentes à 
linha em si, podendo não 
representar um objeto fechado.
Quadro 1. Indicações de linhas de chamada.
$SHVDU�GH�R�VLVWHPD�HVWUXWXUDO�GHWHUPLQDU�D�IRUPD�EiVLFD�H�R�SDGUmR�GRV�
HVSDoRV�LQWHUQRV�GH�XPD�HGLILFDomR��R�HVSDoR�HP�VL�p�HVWUXWXUDGR�SHORV�HOH-
PHQWRV�GD�DUTXLWHWXUD�GH�LQWHULRUHV��GHYLGR�j�VXD�GHILQLomR�H�j�VXD�RUJDQL]DomR�
�&+,1*���������1D�)LJXUD����YRFr�SRGH�YHU�HOHPHQWRV�TXH�FRPS}HP�R�HVSDoR�
LQWHUQR��DIHWDQGR�D�SHUFHSomR�GH�HVSDoR��GLPHQV}HV��HVFDODV�H�SURSRUo}HV��
DVVLP�FRPR�D�FRU��D�WH[WXUD�H�R�SDGUmR�GDV�VXSHUItFLHV��VHMDP�HODV�GH�SDUHGHV��
SLVRV�RX�WHWRV�
3Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
Figura 1. Composição do espaço interno por meio de elementos.
Fonte: Ching (2013, p. 16).
Normas técnicas de expressão e representação 
projetual
3DUD�D�FRPSUHHQVmR�H�D�JUD¿FDomR�FRUUHWDV�GH�XP�SURMHWR��YRFr�GHYH�VHJXLU�
DOJXPDV�UHJUDV�EiVLFDV��1R�%UDVLO��HVVDV�GHWHUPLQDo}HV�VmR�DSUHVHQWDGDV�
SHOD�$%17��$�VHJXLU��YRFr�SRGH�YHU�DV�QRUPDV�TXH�DEUDQJHP�DV�GLIHUHQWHV�
IRUPDV�GH�UHSUHVHQWDomR�WpFQLFD�H�SURMHWXDO��FRP�R�VHX�REMHWLYR�GH�XWLOL]DomR�
NBR 10.647 — Desenho técnico
$SUHVHQWD�DV�GH¿QLo}HV�GH�GHVHQKRV�WpFQLFRV��FODVVL¿FDQGR�RV�TXDQWR�DR�
DVSHFWR�JHRPpWULFR��DR�JUDX�GH�HODERUDomR��DR�JUDX�GH�SRUPHQRUL]DomR��DR�
PDWHULDO�HPSUHJDGR��j�WpFQLFD�GH�H[HFXomR�H�DR�PRGR�GH�REWHQomR�
2�aspecto geométrico�FRPSRUWD�R�GHVHQKR�SURMHWLYR��TXH�p�UHVXOWDQWH�GH�
SURMHo}HV�GR�REMHWR�VREUH�XP�RX�PDLV�SODQRV��UHVXOWDQGR�QDV�YLVWDV�RUWRJRQDLV�
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas4
H�SHUVSHFWLYDV��H�GR�GHVHQKR�QmR�SURMHWLYR��TXH�FRPSUHHQGH�JUDQGH�YDULHGDGH�
GH�UHSUHVHQWDo}HV�JUiILFDV��QmR�QHFHVVDULDPHQWH�SRU�PHLR�GH�SURMHomR��FRPR�
GLDJUDPDV��HVTXHPDV��iEDFRV�RX�PRQRJUDPDV��IOX[RJUDPDV��RUJDQRJUDPDV�
H�JUiILFRV��1D�)LJXUD����YRFr�SRGH�YHU��SRU�PHLR�GH�RUJDQRJUDPDV��RV�FRP-
SDUWLPHQWRV�H�DV�]RQDV�GH�VHUYLoR��(VVH�HVTXHPD�SRGH�VHU�DSOLFDGR�GHVGH�D�
XPD�FDVD�DWp�D�XP�SDOiFLR�
Figura 2. Zonas e compartimentos de serviço.
Fonte: Neufert (1998, p. 163).
2V�graus de elaboração�YDULDP��+i�R�HVERoR��TXH�p�D�UHSUHVHQWDomR�GD�IDVH�
LQLFLDO�GH�HODERUDomR�GR�SURMHWR�RX�GH�HOHPHQWRV�H[LVWHQWHV��R�GHVHQKR�SUHOL-
PLQDU��TXH�p�UHDOL]DGR�QRV�HVWiJLRV�LQWHUPHGLiULRV�GD�HODERUDomR�GR�SURMHWR��
FRUUHVSRQGHQWH�DR�DQWHSURMHWR��R�FURTXL��UHDOL]DGR�QRUPDOPHQWH�j�PmR�OLYUH��
FRQWHQGR�WRGDV�DV�LQIRUPDo}HV�QHFHVViULDV��PDV�VHP�D�REULJDWRULHGDGH�GR�XVR�
GH�HVFDOD��H�R�GHVHQKR�GHILQLWLYR��TXH�UHSUHVHQWD�D�VROXomR�ILQDO�GR�SURMHWR��
DSUHVHQWDQGR�WRGRV�RV�HOHPHQWRV�QHFHVViULRV�SDUD�D�VXD�SHUIHLWD�FRPSUHHQVmR�
2�grau de pormenorização�FRUUHVSRQGH��DR�GHVHQKR�GH�FRPSRQHQWH��TXH�
p�R�GHVHQKR�GH�XP�RX�YiULRV�HOHPHQWRV�UHSUHVHQWDGRV�GH�IRUPD�VHSDUDGD��DR�
GHVHQKR�GH�FRQMXQWR��TXH�DSUHVHQWD�RV�FRPSRQHQWHV�UHXQLGRV��D�ILP�GH�IRUPDU�
XP�WRGR��H�DR�GHWDOKH��TXH�p�D�YLVWD�DPSOLDGD�GH�XP�FRPSRQHQWH�RX�GH�XP�
WRGR�FRPSOH[R��1D�)LJXUD����YRFr�SRGH�REVHUYDU�XP�GHWDOKDPHQWR�GH�LPSHU-
PHDELOL]DomR�GH�VROHLUD��TXH�DSUHVHQWD�WRGR�R�VLVWHPD�GH�LPSHUPHDELOL]DomR�
QHFHVViULR�SDUD�TXH�QmR�RFRUUDP�LQILOWUDo}HV�QD�SHoD�
5Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
Figura 3. Exemplo de detalhe — impermeabilização de soleira.
Fonte: Saccomori, (2015, documento on-line)
$�FODVVLILFDomR�TXDQWR�DR�material empregado�UHIHUH�VH�DRV�HTXLSDPHQWRV�
XWLOL]DGRV��FRPR�OiSLV��WLQWD��JL]��FDUYmR�RX�RXWUR�PDWHULDO�TXH�VHMD�DGHTXDGR�
j�XWLOL]DomR�H�DR�UHVXOWDGR�HVSHUDGR��$�técnica de execução�FRUUHVSRQGH�DR�
GHVHQKR�j�PmR�OLYUH�RX�j�XWLOL]DomR�GH�FRPSXWDGRUHV�
NBR 6.492 — Representação de projetos de arquitetura
$SUHVHQWD�DV�FRQGLo}HV�H[LJtYHLV�SDUD�D�UHSUHVHQWDomR�JUi¿FD�GH�SURMHWRV�GH�
DUTXLWHWXUD��D�¿P�GH�JDUDQWLU�XPD�ERD�FRPSUHHQVmR�GR�SURMHWR��(QWUHWDQWR��
QmR�p�R�REMHWLYR�GHVVD�QRUPD�DEUDQJHU�RV�FULWpULRV�GH�SURMHWR��(OD�DSUHVHQWD�DV�
GH¿QLo}HV�GH�SODQWD�GH�VLWXDomR��IDFKDGD��HOHYDo}HV��GHWDOKHV�RX�DPSOLDo}HV��
HVFDODV��SURJUDPD�GH�QHFHVVLGDGHV��PHPRULDO�MXVWL¿FDWLYR��GLVFULPLQDomR�
WpFQLFD��HVSHFL¿FDomR��OLVWD�GH�PDWHULDLV��RUoDPHQWR�H�FRQGLo}HV�JHUDLV��,QFOXL�
WDPEpP�DV�IRUPDV�FRPR�R�SURMHWR�SRGH�VHU�UHSUHVHQWDGR��FRPR�WLSRV�GH�SDSHO��
IRUPDWRV��FDULPERV��VLVWHPDV�GH�UHSURGXomR��WpFQLFDV�GH�SURMHWR�H�IDVHV�GH�
SURMHWR�
$V�DPSOLDo}HV�H�RV�GHWDOKHV�FRQVWUXWLYRV�VmR�IDWRUHV�LPSRUWDQWHV�SDUD�R�
GHVHQYROYLPHQWR�DGHTXDGR�GR�SURMHWR�H[HFXWLYR��$�1%5��������$662&,$d­2�
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas6
%5$6,/(,5$�'(�1250$6�7e&1,&$6��������GHILQH�DV�DPSOLDo}HV�FRPR�
RV�ORFDLV�TXH�H[LJHP�GHWDOKDPHQWR�HVSHFLDO�H�TXH�GHYHP�VHJXLU�RV�SDGU}HV�
DSUHVHQWDGRV�SRU�HVVD�QRUPD�SDUD�SODQWDV��FRUWHV�H�IDFKDGDV��(VVHV�GHWDOKHV�
GHYHP�DSUHVHQWDU�DV�VLPERORJLDV�GH�UHSUHVHQWDomR�JUiILFD�GH�DFRUGR�FRP�
RV�SDGU}HV�HVWDEHOHFLGRV�SHOD�QRUPD��e�QHFHVViULD�D�DSUHVHQWDomR�GRV�HL[RV�
GH�SURMHWR��GR�VLVWHPD�HVWUXWXUDO��GDV�FRWDV�HP�RVVR�H�DFDEDGDV��GHWDOKDGDV�
H�WRWDLV��FRP�LQGLFDomR�GH�PDWHULDLV�GH�DFDEDPHQWRV��PDUFDo}HV�GH�FRUWHV�H�
HOHYDo}HV��QDV�GHYLGDV�HVFDODV��SDUD�D�FRPSUHHQVmR�FRUUHWD�GR�SURMHWR�UHDOL-
]DGR��(VVD�QRUPDWLYD�DSUHVHQWD�XP�SDGUmR�SDUD�D�XWLOL]DomR�GH�KDFKXUDV��FRP�
UHSUHVHQWDomR�GRV�PDWHULDLV�D�VHUHP�XVDGRV�
NBR 13.531 — Elaboração de projetos de edificações e 
atividades técnicas
'HWHUPLQD�DV�DWLYLGDGHV�WpFQLFDV�GH�SURMHWR�GH�DUTXLWHWXUD�H�HQJHQKDULD�SDUD�
D�FRQVWUXomR�GH�HGL¿FDo}HV��e�DSOLFiYHO�DRV�VHUYLoRV�WpFQLFRV�GH�IRUPD�JHUDO��
$SUHVHQWD�DV�GH¿QLo}HV�GRV�WLSRV�GH�SURMHWRV�H�DV�LQIRUPDo}HV�TXH�GHYHP�VHU�
DSUHVHQWDGDV��,QGLFD�DLQGD��GH�IRUPD�FRPSOHWD��DV�HWDSDV�GH�SURMHWRV��VHXV�
FRPSOHPHQWDUHV��D�H[HFXomR�GH�FRQWUDWRV�H�WDPEpP�DV�DWLYLGDGHV�LQHUHQWHV�
DR�SURMHWLVWD�
NBR 10.126 — Cotagem em desenho técnico
$SUHVHQWD�RV�SULQFtSLRV�JHUDLV�TXH�GHYHP�VHU�DSOLFDGRV�D�WRGRV�RV�GHVHQKRV�
WpFQLFRV�HP�WHUPRV�GH�UHSUHVHQWDomR�GH�FRWDV��FRP�PpWRGRV�GH�H[HFXomR�H�
IRUPDV�GH�DSUHVHQWDomR��2�VLVWHPD�GH�FRWDJHP�FRUUHVSRQGH�j�UHSUHVHQWDomR�
JUi¿FD�GDV�FDUDFWHUtVWLFDV�GR�HOHPHQWR��SRU�PHLR�GH�OLQKDV��VtPERORV��QRWDV�H�
YDORU�QXPpULFR��WRGRV�DSUHVHQWDGRV�HP�XPD�~QLFD�XQLGDGH�GH�PHGLGD�$V�FRWDV�VmR�FODVVLILFDGDV�FRPR�IXQFLRQDO��QmR�IXQFLRQDO�H�DX[LOLDU��$V�
FRWDV�IXQFLRQDLV�VmR�HVVHQFLDLV�j�IXQomR�GR�REMHWR�RX�ORFDO��$V�QmR�IXQFLRQDLV�
VmR�DV�FRWDV�QmR�HVVHQFLDLV�DR�IXQFLRQDPHQWR�GR�REMHWR��-i�DV�FRWDV�DX[LOLDUHV�
QmR�LQIOXHQFLDP�R�SURFHVVR�GH�SURGXomR�GR�HOHPHQWR��VHQGR�GHULYDGDV�GH�
RXWURV�YDORUHV�DSUHVHQWDGRV�QR�GHVHQKR��HP�TXH�QmR�VH�DSOLFDP�TXHVW}HV�
GH�WROHUkQFLD��$662&,$d­2�%5$6,/(,5$�'(�1250$6�7e&1,&$6��
�������1D�)LJXUD����YRFr�SRGH�YHU�H[HPSORV�GH�PDUFDo}HV�UHIHUHQWHV�jV�FRWDV�
IXQFLRQDLV��QmR�IXQFLRQDLV�H�DX[LOLDUHV�
7Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
Figura 4. Padrão de utilização de cotas em desenhos técnicos.
Fonte: ABNT NBR 10126 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987).
NBR 8.196 — Desenho técnico e emprego de escalas
'HWHUPLQD�DV�FRQGLo}HV�GH�HPSUHJR�GH�HVFDODV�H�DV�UHVSHFWLYDV�GH¿QLo}HV�
SDUD�GHVHQKRV�WpFQLFRV��$SUHVHQWD�DV�LQGLFDo}HV�GH�HVFDOD�QDWXUDO��GH�DP-
SOLDomR�H�GH�UHGXomR��$�HVFDOD�GHYH�VHU�HVFROKLGD�FRQIRUPH�D�FRPSOH[LGDGH�
GR�REMHWR�H�D�¿QDOLGDGH�GD�UHSUHVHQWDomR��9RFr�GHYH�FRQVLGHUDU�TXH�p�HVVHQ-
FLDO�SHUPLWLU�XPD�LQWHUSUHWDomR�IiFLO�H�FODUD�GD�LQIRUPDomR�UHSUHVHQWDGD��
$�)LJXUD���UHSUHVHQWD�DV�HVFDODV��������XWLOL]DGD�HP�SODQWD�EDL[D�JHUDO�GH�
SURMHWR�DUTXLWHW{QLFR��������XWLOL]DGD�QR�GHWDOKDPHQWR�GH�PRELOLiULR��H������
XWLOL]DGD�HP�DPSOLDo}HV��FRQIRUPH�D�QHFHVVLGDGH�GD�WUDQVPLVVmR�GH�LQIRU-
PDo}HV�DRV�H[HFXWRUHV�
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas8
Figura 5. Representação de escalas.
NBR 12.298 — Representação de área de corte por 
meio de hachuras em desenho técnico
$SUHVHQWD�GH¿QLo}HV�H�FRQGLo}HV�HVSHFt¿FDV�SDUD�D�DSOLFDomR�GH�KDFKXUDV�
QRV�GHVHQKRV�WpFQLFRV��FRP�H[HPSORV�JUi¿FRV�H�LQGLFDo}HV�GH�PDWHULDLV��$V�
KDFKXUDV�FRUUHVSRQGHP�jV�UHSUHVHQWDo}HV�UHDOL]DGDV�HP�iUHDV�GH�FRUWHV��SDUD�
TXH�VHMD�SRVVtYHO�YLVXDOL]DU�DV�iUHDV�FKHLDV�H�YD]DGDV�GR�HOHPHQWR��LQGLFDQGR�
WDPEpP�R�PDWHULDO�D�VHU�XWLOL]DGR��(VVD�QRUPDWLYD�WUD]�D�UHSUHVHQWDomR�SDGUmR�
GDV�KDFKXUDV��SRUpP�VDOLHQWD�TXH�SRGHP�VHU�XWLOL]DGDV�RXWUDV�KDFKXUDV��GHVGH�
TXH�VHMDP�LGHQWL¿FDGDV�
Essas normas apresentam um padrão a ser seguido na confecção de projetos. Po-
rém, outros dados podem e devem ser agregados para fornecer esclarecimentos e 
informações que complementam a compreensão do projeto. Afinal, a ideia é tornar o 
projeto o mais completo possível, para que não haja dúvidas durante a sua execução.
9Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
Aplicação das formas de desenho e expressão 
de projetos de interiores
2V�HVSDoRV�LQWHUQRV�VmR�GH¿QLGRV�HP�SULQFtSLR�SHOR�VLVWHPD�HVWUXWXUDO�GH�XPD�
HGL¿FDomR�H�SRVWHULRUPHQWH�SHORV�SODQRV�GH�SDUHGHV�H�WHWRV��TXH�SRGHP�VHU�
LQWHUOLJDGRV�FRP�RXWURV�HVSDoRV�SRU�PHLR�GH�SRUWDV�H�MDQHODV��(P�XP�HVSDoR�
PDLRU��D�IRUPD�H�R�DUUDQMR�GH¿QHP�RV�SDGU}HV�HVSDFLDLV��FULDQGR�VHQVDo}HV�
H�GLYLGLQGR�DPELHQWHV��1HVVH�FRQWH[WR��SRGH�VH�DSOLFDU�D�LOXPLQDomR��SRU�
H[HPSOR��FRP�RV�SULQFtSLRV�GH�FODUR�H�HVFXUR�SDUD�GHVWDFDU�RX�GHWHUPLQDU�DP-
ELHQWHV��FULDQGR�WDPEpP�GLYLV}HV�HVSDFLDLV��&KLQJ��������D¿UPD�TXH�R�HVSDoR�
VH�HVWUXWXUD�FRQIRUPH�R�XVR��R�SODQHMDPHQWR��D�GLVSRVLomR�H�D�RUJDQL]DomR��
SRU�PHLR�GDV�DWLYLGDGHV�H�ULWXDLV�GHVHQYROYLGRV�QHOH��)LJXUD����
Figura 6. Cores, texturas e padrões.
Fonte: Ching (2013).
2V�HOHPHQWRV�VmR�GLVSRVWRV�QmR�VRPHQWH�RFXSDQGR�R�HVSDoR�LQWHUQR��PDV�
SULQFLSDOPHQWH�GHILQLQGR�H�WUDEDOKDQGR�HVVDV�IRUPDV�HVSDFLDLV��D�ILP�GH�
FRQILJXUDU�RV�DPELHQWHV�H�GHWHUPLQDU�DV�IXQo}HV�TXH�FDGD�XP�H[HUFHUi��
&KLQJ��������DILUPD�TXH�R�REMHWLYR�GD�DUTXLWHWXUD�GH�LQWHULRUHV�p�SURPRYHU�D�
PHOKRULD�GRV�HVSDoRV�LQWHUQRV��GH�IRUPD�IXQFLRQDO�H�SVLFROyJLFD��EHP�FRPR�
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas10
R�VHX�DSULPRUDPHQWR�HVWpWLFR��2�SURFHVVR�GH�SURMHWR�p�XP�FLFOR�LQWHUDWLYR��
FRQVWLWXtGR�SRU�XPD�VHTXrQFLD�GH�DQiOLVHV��VtQWHVHV�H�DYDOLDo}HV�GDV�LQIRU-
PDo}HV��,VVR�UHVXOWD�HP�YiULDV�DOWHUQDWLYDV��D�ILP�GH�VH�HQFRQWUDU�D�KDUPRQLD�
SHUIHLWD�HQWUH�R�H[LVWHQWH�H�R�GHVHMDGR�
3DUD�D�HODERUDomR�GR�SURMHWR��&KLQJ��������DSUHVHQWD�DOJXPDV�HWDSDV��$�
SDUWLU�GD�GHILQLomR�GR�SUREOHPD�GH�SURMHWR��GHYH�VH�HODERUDU�R�SURJUDPD�GH�
QHFHVVLGDGHV��SDUD�DVVLP�GHILQLU�R�FRQFHLWR��DYDOLDQGR�DOWHUQDWLYDV�H�WRPDQGR�
GHFLV}HV��'HSRLV��GHVHQYROYH�VH�H�UHILQD�VH�R�SURMHWR��SDUD�UHDOL]DU�D�VXD�
LPSOHPHQWDomR��UHDYDOLDQGR�R�SURMHWR�ILQDO�
9DOODGDUHV�H�0DWRVR��������LQGLFDP�XPD�RUGHP�D�VHU�VHJXLGD�SDUD�D�UHDOL-
]DomR�GH�XP�GHVHQKR�FRPSOHWR��2V�DXWRUHV�VXJHUHP�UHDOL]DU�SULPHLUDPHQWH�R�
GHVHQKR�GDV�OLQKDV�GH�WRGRV�RV�HOHPHQWRV��DGLFLRQDQGR�HP�VHJXLGD�HOHPHQWRV�
SURYHQLHQWHV�GH�SURMHWRV�FRPSOHPHQWDUHV��FRP�DV�LQGLFDo}HV�H�GLPHQV}HV�
VLQDOL]DGDV��'HSRLV��UHDOL]D�VH�D�FRPSDWLELOL]DomR�GDV�DOYHQDULDV�FRP�RV�
IHFKDPHQWRV��UHDOL]DQGR�R�SUHHQFKLPHQWR�FRP�KDFKXUDV�H�WH[WXUDV��SDUD�ID]HU�
D�FRWDJHP�GR�GHVHQKR�H�D�HVSHFLILFDomR�GH�PDWHULDLV��LQGLFDQGR�RV�GHWDOKHV��
QRWDV��WtWXORV�H�HVFDODV�
3DUD�D�GHILQLomR�GH�HVSDoRV�GH�iUHDV�PROKDGDV��VmR�XWLOL]DGRV�DOJXQV�VtPER-
ORV��TXH�ID]HP�FRP�TXH�R�SURMHWLVWD�LGHQWLILTXH�R�DPELHQWH��1R�4XDGUR����YRFr�
SRGH�YHU�DV�VLPERORJLDV�XWLOL]DGDV�HP�iUHD�PROKDGDV�FRP�DV�QRPHQFODWXUDV�
H�ORFDLV�GH�XWLOL]DomR�
Ambiente Nomenclatura Equipamento
Cozinha Geladeira
Pia
Quadro 2. Equipamentos utilizados em projetos de interiores para áreas molhadas.
(Continua)
11Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
Ambiente Nomenclatura Equipamento
Cozinha Fogão
Local para refeições
Armários superiores 
e inferiores
Banheiro Vaso sanitário
Vaso sanitário com 
caixa acoplada
Bidê
Quadro 2. Equipamentos utilizados em projetos de interiores para áreas molhadas.
(Continua)
(Continuação)
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas12
Fonte: Adaptado de NBR 15.575-1 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2013).
Ambiente Nomenclatura Equipamento
Banheiro Box com chuveiro
Lavatório com bancada
Área de serviço Máquina de lavar
Tanque 
Quadro 2. Equipamentos utilizados em projetos de interiores para áreas molhadas.
(P�SURMHWRV�FRPSOH[RV��D�GLVWULEXLomR�GR�PRELOLiULR�SRGH�HQWUDU�HP�FRQIOLWR�
FRP�RV�GHPDLV�HOHPHQWRV�DUTXLWHW{QLFRV��&RQVHTXHQWHPHQWH��LQGLFD�VH�D�XWLOL-
]DomR�GH�XPD�SODQWD�HVSHFtILFD�GH�PRELOLiULR��HP�TXH�GHYHP�VHU�UHSUHVHQWDGRV�
RV�HOHPHQWRV�GH�HVWUXWXUD�H�IHFKDPHQWR�DFDEDGRV��RV�HOHPHQWRV�GH�DEHUWXUDV��
DV�LQGLFDo}HV�H�DV�HVSHFLILFDo}HV�GRV�PRELOLiULRV�SURQWRV��$OpP�GLVVR��GHYHP�
FRQVWDU�RV�TXH�VHUmR�GHWDOKDGRV�SHOR�SURMHWLVWD��/HPEUH�VH�GH�VHPSUH�VLQDOL]DU�
D�HVFDOD�XWLOL]DGD��RV�WtWXORV�SDUD�LGHQWLILFDomR�GRV�HOHPHQWRV�H�DV�QRWDV�JHUDLV�
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(Continuação)
13Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
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Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas14
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1. Em qual vista são apresentadas as 
informações com o maior número 
de características relevantes?
a) Vista frontal.
b) Vista lateral direita.
c) Vista superior.
d) Vista lateral esquerda.
e) Vista inferior.
2. A representação correta do desenho 
técnico determina a clareza com 
que são passadas as informações. 
A utilização adequada das escalas 
é um fator determinante nesse 
contexto. Para o detalhamento 
do mobiliário de uma cozinha, 
qual escala deve ser utilizada?
15Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
a) 1:50
b) 1:5
c) 1:25
d) 1:10
e) 1:100
3. A NBR 15.575-1 apresenta os 
equipamentos necessários para 
a composição de cada ambiente 
em um projeto de interiores 
residenciais. Quais são os 
equipamentos necessários para a 
correta representação da planta 
baixa de uma área de serviço?
a) Tanque e máquina 
de lavar roupas.
b) Tanque e geladeira.
c) Fogão e pia.
d) Vaso sanitário e máquina 
de lavar roupas.
e) Lavatório e bidê.
4. O desenho técnico compõe o 
projeto executivo de interiores 
residenciais. Ele é representado 
por meio de planta baixa geral, 
planta de piso, planta de forro e 
detalhes específicos. Em áreas 
molhadas, a planta de piso 
deve apresentar as indicações 
de paginação de piso. Qual é a 
utilidade dessa paginação? 
a) Ela determina quantas 
portas há no ambiente.
b) Ela indica a implantação 
do projeto hidráulico.
c) Ela indica a representação 
da planta baixa geral.
d) Ela determina a aplicação 
da primeira peça de piso.
e) Ela determina em qual página 
do projeto localizam-se 
determinados elementos.
5. A Associação Brasileira de 
Normas Técnicas apresenta 
critérios a serem seguidos para 
a representação de desenhos 
técnicos. Qual NBR apresenta 
a simbologia adequada para a 
representação dos equipamentos 
que compõem as áreas molhadas?
a) NBR 8.403.
b) NBR 10.068.
c) NBR 8.196.
d) NBR 13.142.
e) NBR 15.575-1.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5444. Símbolos gráficos para 
instalações elétricas prediais. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626. Instalação predial de água 
fria. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492. Representação de projetos 
de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8403. Aplicação de linhas em 
desenhos — Tipos de linhas — Larguras de linhas. Rio de Janeiro: ABNT, 1984.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas16
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10067. Princípios gerais de 
representação em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1995a.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126. Cotagem em desenho 
técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1987.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575. Edificações habitacionais 
— Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
CATAPAN, M. F. Apostila de expressão gráfica II. Curitiba: UFPR, 2015. Disponível em: <http://
www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_marcio/wp-content/uploads/sites/13/2014/09/
Apostila-DT-Prof-Marcio-Catapan.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2018.
CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
MEDINA, S. S. S.; LIBLIK, A. M. P; ARSIE, K. C. A expressão gráfica na educação. In: CON-
GRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO — EDUCERE, 10. Curitiba, 7 a 10 nov. 2011. Disponível 
em: <http://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/6056_3730.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2018.
NEUFERT, E. Arte de projetar em arquitetura. 13. ed. Barcelona: GG, 1998. 
SACCOMORI, D. Áreas molhadas: Detalhamento — Arquitetura, Design e Construção. 
2015. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/danilosaccomori/detalhamento-reas-
-molhadas>. Acesso em: 12 nov. 2018.
VALLADARES, P.; MATOSO, D. Projeto de interiores: apostila de projeto executivo e detalha-
mento. Escola de Arquitetura da UFMG – Departamento de Projetos, 2002. Disponível 
em: <https://daniloarquiteto.files.wordpress.com/2008/11/apostila_exec_det.pdf>. 
Acesso em: 12 nov. 2018.
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8196. Desenho técnico — Em-
prego de escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10647. Desenho técnico. Rio 
de Janeiro: ABNT, 1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13531. Elaboração de projetos 
de edificações — Atividades técnicas. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12298. Representação de área 
de corte por meio de hachuras em desenho técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1995.
BUXTON, P. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed. 
Porto Alegre: Bookman, 2017.
CHING, F. D. K. Arquitetura: forma, espaço e ordem. São Paulo:Martins Fontes, 1998.
KENCHIAN, A. Qualidade funcional no programa e projeto da habitação. Tese (Doutorado) 
— Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
VAZ, P. Disciplina: CEG201 — Introdução à expressão gráfica. 2015. Disponível em: 
<http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_adrianavaz/wp-content/uploads/si-
tes/17/2014/11/2015_aula-1_2_Ieg.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2018.
17Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para áreas molhadas
Conteúdo:
PROJETO DE 
INTERIORES 
COMERCIAIS
Vanessa Guerini Scopell
Expressão gráfica e 
desenho técnico no 
projeto de interiores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir desenho técnico e o seu processo evolutivo.
  Aplicar as normas técnicas de expressão e representação projetual.
  Identificar as técnicas de expressão gráfica e desenho técnico utilizadas 
no projeto de interiores comercial.
Introdução
O desenho é um instrumento fundamental para a representação de 
projetos na área da Arquitetura. Assim como a escrita comunica por 
meio de palavras e frases, os desenhos comunicam por meio de traços 
e planos. Padronizar o desenho com técnicas e prescrições garante que 
a linguagem seja expressa de forma uniforme e, assim, compreendida 
por todos.
Neste capítulo, você vai estudar sobre o desenho técnico e a sua 
evolução. Além disso, terá acesso a um resumo dos principais itens das 
normas técnicas de representação gráfica, entendendo as suas instruções 
e identificando tipos de desenhos artísticos e técnicos que podem ser 
utilizados em um projeto de interiores. 
Evolução do desenho
A palavra desenho pode ser entendida como a representação de objetos, 
fi guras ou paisagens. Independentemente da maneira como essa representação 
se manifesta, a sua importância é, em grande parte, devida ao seu objetivo 
de comunicar. Segundo Morais (2012, p. 15), “[...] a palavra desenho em sua 
originalidade tem vínculo com a palavra desígnio, que signifi ca vontade de 
desenvolver alguma coisa; que demonstra intenção”. O desenho é uma forma 
de comunicação utilizada pelo mundo todo e adaptada às diferentes culturas. 
Para Catapan (2017, documento on-line), “[...] desenho é qualquer representação 
gráfi ca — colorida ou não — de formas. Desenho é a expressão gráfi ca da 
forma, não se pode desenhar sem conhecer as formas a serem representadas”. 
Catapan (2017) afirma que a comunicação por meio de desenhos é uma 
linguagem que acompanha os homens desde a Pré-história, quando eles dei-
xavam os seus registros nas cavernas como um meio de expressão (Figura 1). 
Tais desenhos se tornaram objeto de grande importância nos estudos sobre 
comportamento e linguagem humana, pois relatam a história de vida e os 
costumes da época.
Figura 1. Exemplo de arte rupestre.
Fonte: thipjang/Shutterstock.com.
O desenho pode ser considerado, portanto, a forma de comunicação 
mais antiga, tendo surgido antes mesmo das palavras. Junqueira Filho (2005) 
destaca que as civilizações da Antiguidade faziam figuras que podiam ser 
vistas ao mesmo tempo de perfil ou de frente, variando o tamanho de acordo 
com a importância do que estava sendo representado. Com o passar do tempo, 
as progressões dos desenhos passaram a ser mais realistas e fáceis de serem 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores2
percebidas. Em síntese, na Pré-história, o desenho era um meio utilizado pelo 
homem da época para se comunicar, contar histórias e, principalmente, para 
sobreviver. Era por meio desses símbolos que a raça humana passava para 
as gerações seguintes as informações de como viviam, se alimentavam e se 
protegiam dos riscos existentes.
Segundo Junqueira Filho (2005, p. 51), “[...] o desenho é um meio pelo qual 
o homem pode expressar seus sentimentos, sendo capaz de comunicar-se”. 
Pode-se afirmar que o desenho é a arte que compartilha emoções e sempre 
foi uma forma de comunicação. Nesse sentido, é possível dizer que o desenho, 
como linguagem universal, possui convenções pertencentes à sociedade e 
à cultura e perpetua diferentes gerações, cada qual com suas próprias singu-
laridades e dotadas de história. Junqueira Filho (2005) destaca, ainda, que o 
desenho é uma linguagem com estrutura e regras próprias de funcionamento; 
linguagem essa que significa toda e qualquer realização humana em que o 
desenho se enquadra em um sistema de representação como uma produção 
de sentido. Ainda de acordo com Junqueira Filho (2005, p. 54):
Foram os seres humanos que inventaram o desenho e, ao fazê-lo, puderam dizer 
algo de si por meio de imagens, puderam se ver representados graficamente 
em aspectos de sua humanidade; deixaram-se em marcas que contribuíram 
para a produção de sua humanidade, de sua história; que contribuíram para 
a demarcação, comunicação e significação de sua passagem pela vida, pelo 
planeta Terra, pelo mundo.
O desenho também pode ser considerado um signo, que deixa pistas a 
partir da linguagem gráfica. O signo é representado por meio do traço e da 
forma. Conforme Derdyk (1990, p. 101), “[...] o signo gráfico é resultante de 
uma ação carregada de uma intencionalidade, ainda não totalmente expressa. O 
olho, expectador dessa conversa entre a mão, o gesto e o instrumento, percebe 
formas”. Para Cardoso (2006), como uma linguagem da arte, o desenho pode 
ser considerado uma produção criadora que envolve uma gama de sentimentos 
e pensamentos, reunindo elementos da experiência para formar novos saberes. 
A arte constitui conhecimento e envolve o pensamento, o sentimento e a 
formação intelectual; por isso, o desenho se direciona a ela.
Pode-se definir a ação de desenhar como um processo no qual uma su-
perfície é marcada, aplicando-se sobre ela a pressão de um objeto — lápis, 
caneta, giz — e dando origem a uma imagem formada por traços. Segundo 
Cardoso (2006, p. 10):
3Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Assim como a linguagem escrita e falada, a linguagem gráfica (a do desenho) 
também possui uma gramática para poder ser bem entendida. Enquanto nas 
duas primeiras, o meio de comunicação são as palavras, existentes nas mais 
variadas línguas, na linguagem gráfica, este meio é o desenho, forma de 
expressão universal, cuja compreensão independe do idioma falado e escrito. 
Durante o processo projetual, o projetista utiliza linguagens para representar e 
documentar suas intenções. A representação visual da forma tem no desenho 
(e na construção de modelos) seu principal meio de comunicação. A linguagem 
gráfica está presente tanto como instrumento auxiliar na concepção do projeto 
como de tradução das soluções geradas pelo projetista.
Assim, o desenho, por ser um modo de expressão criativa, vai além de 
riscos e traços, pois a ação de desenhar resulta de uma intenção, um propósito. 
Conforme Argan (1991, p. 25), “[...] o desenho é, antes de tudo, síntese entre 
ideia e coisa”. A expressão gráfica por meio de desenhos possibilita que a 
comunicação seja imediata. 
No campo da arquitetura e engenharia, o desenho desempenha o papel 
fundamental de servir como elo entre o criador, o projetista e aquele a quem 
a criação se destina. Apenas por meio de uma linguagem gráfica adequada e 
clara, que atinja os objetivos de comunicar o que está sendo proposto, é possível 
aos usuários interagirem no processo de expressão criativa. Nesse sentido, o 
desenho ajuda a esclarecer, ordenar e estruturar as ideias; nele, encontra-se o 
ponto de partida para a materialização do projeto.
Para representar de forma clara e padronizada os desenhos na área da 
arquitetura, existe o desenho técnico. Segundo Ferreira, Faleiro e Souza 
(2008, documento on-line): 
O desenho técnico surgiu da necessidade de representar, com precisão, má-
quinas, peças, ferramentas e outros instrumentos de trabalho, bem como 
edificações de projetos de engenharia e arquitetura. A principal finalidade 
do desenho técnico é a representação precisa,no plano, das formas do mundo 
material, de modo a possibilitar a reconstituição espacial das mesmas. Assim, 
constitui-se no único meio conciso, exato e inequívoco para comunicar a 
forma dos objetos.
Pode-se afirmar que o desenho técnico é a linguagem gráfica da arquite-
tura. Conforme Ferreira, Faleiro e Souza (2008), assim como uma linguagem 
verbal e escrita exige uma alfabetização, também é necessário que haja um 
treinamento específico para a interpretação e a execução da linguagem grá-
fica dos desenhos técnicos. Ainda segundo Ferreira, Faleiro e Souza (2008, 
documento on-line):
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores4
No seu contexto mais geral, o desenho técnico engloba um grupo de me-
todologias e procedimentos necessários ao desenvolvimento e comunicação 
de projetos, conceitos e ideias. Para isso, faz-se necessária a utilização de 
um conjunto constituído por linhas, números, símbolos e indicações escritas 
normalizadas internacionalmente.
Para Catapan (2017, documento on-line), “[...] a arte de representar um objeto 
ou fazer sua leitura por meio do desenho técnico é tão importante quanto a 
execução de uma tarefa, pois é o desenho que fornece todas as informações 
precisas e necessárias para a construção de uma peça”. Portanto, o desenvol-
vimento do conhecimento de técnicas que contribuam para a fluência dessa 
linguagem é de fundamental importância, principalmente para aqueles que se 
utilizam primordialmente do desenho técnico como forma de comunicação. 
A fim de transformar o desenho técnico em uma linguagem padronizada, foi necessária 
a universalização dos procedimentos de representação gráfica. Essa padronização é 
feita por meio de normas técnicas, que são códigos técnicos que regulam relações 
entre produtores e consumidores, engenheiros, empreiteiros e clientes. 
Cada país elabora as suas próprias normas, que passam a ser válidas em todo território 
nacional. No Brasil, as normas são aprovadas e editadas pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT), fundada em 1940. 
Para facilitar o intercâmbio de produtos e serviços entre as nações, os órgãos respon-
sáveis pela normalização de cada país decidiram fundar, em 1947, a ISO (International 
Organization for Standardization), com sede em Londres. Assim, quando uma norma 
técnica é criada por algum país e é aprovada pelos demais, esta pode ser internacio-
nalizada, passando a compor a ISO. 
No Brasil há uma série de normas, as NBRs, que estão de acordo com a ISO e regem a 
linguagem do desenho técnico em seus mais diversos parâmetros (FERREIRA; FALEIRO; 
SOUZA, 2008).
Norma técnica de representação projetual
O desenho técnico é uma linguagem gráfi ca utilizada na arquitetura desde em 
projetos grandes até no detalhamento de móveis. Para que essa linguagem seja 
entendida no mundo inteiro, existe uma série de regras que compõem as normas 
gerais de desenho técnico. São essas normas que vão estabelecer padrões e 
demonstrar como a representação gráfi ca de um projeto deverá acontecer.
5Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Uma das mais importantes normas de representação projetual é a ABNT 
NBR 6492:1994. Essa norma é um instrumento básico e fundamental para 
padronizar o desenho técnico na área da arquitetura — “[...] fixa as condições 
exigíveis para representação gráfica de projetos de arquitetura, visando à sua 
boa compreensão [...] e não abrange critérios de projeto, que são objeto de outras 
normas ou de legislação específicas de municípios ou estados” (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a, documento on-line).
Dentre os aspectos que a ABNT NBR 6492:1994 trata, existem alguns 
voltados para a arquitetura em geral e outros que se adéquam também à re-
presentação da arquitetura de interiores. Na arquitetura de espaços internos 
comerciais, alguns desenhos e plantas são usados habitualmente, como as 
plantas baixas, tratadas pela norma como planta da edificação, que é uma 
“[...] vista superior do plano secante horizontal, localizado a, aproximadamente, 
1,50 m do piso em referência. A altura desse plano pode ser variável para cada 
projeto de maneira a representar todos os elementos considerados necessários” 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a, documento 
on-line). Utilizam-se também as elevações, que são a “representação gráfica 
de planos internos ou de elementos da edificação” (ASSOCIAÇÃO BRASI-
LEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a, documento on-line), e os detalhes 
ou ampliações, que podem ser entendidos como a “representação gráfica de 
todos os pormenores necessários, em escala adequada, para um perfeito enten-
dimento do projeto e para possibilitar sua correta execução” (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a, documento on-line).
Uma das questões primordiais com relação à representação gráfica e à 
padronização dos desenhos diz respeito à necessidade de uma margem em 
todas as pranchas, que vão de A0 a A4, e a necessidade de identificação das 
mesmas. Independentemente do tamanho de prancha a ser usado, ela deve 
sempre ser dobrada para chegar a um tamanho final de folha A4 — é nesse 
espaço que o quadro para informações e carimbos deve estar, conforme 
mostra a Figura 2. Segundo a ABNT NBR 6492:1994, 
O canto inferior direito das folhas de desenho deve ser reservado ao carimbo 
destinado à legenda de titulação e numeração dos desenhos. Devem constar na 
legenda, no mínimo, as seguintes informações: a) identificação da empresa e 
do profissional responsável pelo projeto; b) identificação do cliente, nome do 
projeto ou do empreendimento; c) título do desenho; d) indicação sequencial 
do projeto (números ou letras); e) escalas; f) data; g) autoria do desenho e do 
projeto; h) indicação de revisão (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 1994a, documento on-line).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores6
Figura 2. Exemplo de prancha dobrada com espaço 
para carimbo e legenda.
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(1994a).
Com relação às informações que cada desenho deve conter, a ABNT NBR 
6492:1994 destaca alguns itens que devem estar presentes nesse desenho. 
Desses itens, os que mais se adéquam à arquitetura de interiores comerciais 
são: simbologias de representação gráfica conforme as prescritas na Norma, 
indicação do norte, eixos do projeto, sistema estrutural, indicação das cotas 
entre os eixos, cotas parciais e totais, fechamentos externos e internos, cir-
culações verticais e horizontais, acessos e demais elementos significativos, 
marcação de projeção de elementos significativos acima ou abaixo do plano 
de corte, indicação dos níveis de piso acabado, denominação dos diversos 
compartimentos e respectivas áreas úteis, marcação de cortes e fachadas, 
escalas, notas gerais, desenhos de referência e carimbo.
As elevações internas devem conter, segundo a ABNT NBR 6492:1994, 
simbologias de representação gráfica, eixos do projeto, indicação de cotas 
de nível acabado, indicação de convenção gráfica dos materiais, marcação e 
detalhes, escalas, notas gerais, desenho de referência, carimbo e marcação 
dos cortes longitudinais ou transversais.
7Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Para a representação das linhas nesses tipos de desenhos, sejam eles feitos à 
mão ou por instrumentos, a norma apresenta algumas padronizações (Figura 3):
  linhas contínuas de 0,6 mm — são utilizadas como linhas de contorno;
  linhas contínuas de 0,4 mm — são utilizadas como linhas internas e 
têm menor importância do que as linhas contínuas de 0,6 mm;
  linhas tracejadas — utilizadas para representar planos que estão além 
do desenho;
  linhas de traço e dois pontos — são indicadas para representar projeções 
de pavimentos superiores, marquises, balanços, etc.;
  linhas de traço e ponto — são usadas para marcar eixos e coordenadas;
  linhas contínuas de 0,2 mm — usadas para marcar cotas;
  linhas contínuas de 0,1 mm — utilizadas como linhasauxiliares de 
desenho.
Figura 3. Representação de tipos e espessuras de linhas.
Fonte: Adaptada de Gamino (2014).
Com relação à representação de letras e números, conforme a ABNT 
NBR 6492:1994, quanto maior o elemento, mais grossa deverá ser a linha. É 
importante que as dimensões desses símbolos estejam proporcionais à escala 
do desenho. Conforme a ABNT NBR 8402:1994, que fixa condições exigíveis 
para a escrita dos desenhos técnicos, é importante que a mesma seja legível, 
uniforme e reproduza os desenhos sem perda de qualidade.
As dimensões dos caracteres (largura, espaçamento entre caracteres, linhas 
e palavras, espessura da linha) são definidas com base na altura da letra mai-
úscula. A razão entre estas alturas é 21/2, mesma razão usada nos formatos 
de papel da série A. Deve ser aplicada a mesma largura de linha para letras 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores8
maiúsculas e minúsculas. E os caracteres devem ser escritos de forma que as 
linhas se cruzem ou se toquem, aproximadamente, em ângulo reto (ASSOCIA-
ÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994b, documento on-line).
Tratando-se de escala, as mais usuais, segundo a Norma, são: 1/2, 1/5, 1/10, 
1/20, 1/25, 1/50, 1/75, 1/100, 1/200, 1/250 e 1/500. Conforme Gamino (2014), 
as escalas mais adequadas para os projetos de interiores são 1/20 e 1/25. Já 
para detalhamentos em geral, o ideal é usar as escalas 1/1, 1/2, 1/5 e 1/10. 
Outro item importante na representação gráfica de desenho técnico diz 
respeito às cotas. A cotagem de um desenho é a marcação das suas dimensões 
(Figura 4), a fim de compreender as suas proporções. Segundo Gamino (2014, 
p. 25):
[...] cotas são os números que correspondem às medidas reais no desenho 
e, portanto, independem da escala usada no projeto. É a forma pela qual 
passam-se nos desenhos, as informações referentes às dimensões de projeto. 
Assim, para quem executa a obra, a visualização e aplicação das dimensões 
se torna mais clara e direta.
A ABNT NBR 6492:1994 destaca algumas prescrições com relação às 
cotas; são elas:
  as linhas de cota devem estar sempre fora do desenho, salvo em casos 
de impossibilidade;
  quando a dimensão a cotar não permitir a cota na sua espessura, colocar 
a cota ao lado, indicando seu local exato com uma linha;
  nos cortes, somente marcar cotas verticais e evitar a duplicação de cotas.
Figura 4. Representação de cotas.
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994a).
9Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Com relação a elementos mais específicos para projetos de interiores, a 
ABNT NBR 6492:1994 estabelece alguns padrões. Na representação de esca-
das e rampas, é necessário sempre indicar o sentido ascendente, por meio de 
um círculo no ponto mais baixo e uma flecha no ponto mais alto, destacando 
também a quantidade de degraus ou, nos casos de rampa, as inclinações, 
conforme mostra a Figura 5.
Figura 5. Representação de escada e rampa.
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994a).
As cotas de nível devem ser representadas sempre em metros, tendo símbo-
los diferenciados para indicação de níveis em plantas e em cortes. Conforme a 
ABNT NBR 6492:1994, utiliza-se o símbolo do círculo com dois quadrantes 
opostos hachurados, uma linha e, acima dela, o nível daquele local, ou seja, 
sua altura em relação ao ponto zero, conforme mostra a Figura 6. Para indicar 
o nível em cortes, em vez do círculo, utiliza-se o triângulo, com sua metade 
hachurada, a linha e a indicação de nível conforme a altura do patamar em 
relação ao ponto zero.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores10
Figura 6. Indicação de nível em planta e em corte.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994a, documento on-line).
Segundo a ABNT NBR 6492:1994, a marcação de detalhes em plantas 
deve vir sempre especificada, indicando a numeração do desenho na folha 
e o número da folha em que esse detalhe poderá ser encontrado, conforme 
mostra a Figura 7. 
Figura 7. Indicação de detalhamento em planta.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994a, documento on-line).
11Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
A identificação do desenho deve ser feita por meio da sua nomenclatura e 
escala e, também, pelo seu número, por prancha (Figura 8); ou seja, “[...] em 
cada folha, os desenhos, sem exceção, devem ser numerados a partir do nº. 1 
até ‘n’” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994a, 
documento on-line).
Figura 8. Identificação do desenho na prancha.
Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994a).
Para a indicação de elevações, a ABNT NBR 6492:1994 ressalta que ela 
deve ser realizada na planta e em escala conveniente, indicando-se na parte 
superior do símbolo o número do desenho e, na parte inferior, o número da 
prancha em que o mesmo se encontra, conforme mostra a Figura 9.
Figura 9. Indicação de elevação.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994a, 
documento on-line).
Esquadrias em geral podem ser indicadas somente por uma legenda, por 
exemplo, P1 (porta 1) ou, então, pela legenda e as dimensões da esquadria 
(Figura 10). Conforme a ABNT NBR 6492:1994, para janelas, usa-se como 
ordem na indicação das dimensões o comprimento, a altura e o peitoril, ou 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores12
seja, a altura que inicia a janela com relação ao piso interno. Já para portas, 
mantém-se a ordem de largura e altura, mas, nesse caso, não há peitoril, pois 
a porta inicia na altura do piso interno. 
Figura 10. Representação de esquadrias.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994a, documento on-line).
Todas as instruções de representação gráfica em desenhos técnicos per-
mitem que sejam facilmente compreendidos por todos aqueles que estarão 
envolvidos na obra ou no projeto. É a partir dessa padronização que a linguagem 
gráfica acontece e pode ser aplicada em todas as propostas.
Dimensões de pranchas
A ABNT NBR 10068:1987 padroniza as características dimensionais das 
folhas em branco e pré-impressas a serem aplicadas em todos os desenhos 
técnicos, além de apresentar o leiaute da folha do desenho técnico. Segundo 
essa norma, “[...] o formato básico para desenhos técnicos é o retângulo de 
área igual a 1 m2 e de lados medindo 841 mm × 1.189 mm, isto é, guardando 
entre si a mesma relação que existe entre o lado de um quadrado e sua diagonal 
x/y = ½” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987, 
documento on-line). A partir desse formato, denominado A0, derivam-se os 
demais formatos, conforme apresentado no Quadro 1. 
A escolha do formato deve ser feita de forma a não prejudicar a represen-
tação (clareza) do desenho, devendo-se escolher formatos menores sempre 
que possível. Ainda conforme a ABNT NBR 10068:1987, as “[...] margens são 
limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O quadro limita o espaço 
para o desenho” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 
1987, documento on-line). A margem esquerda serve para ser perfurada e 
13Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
utilizada no arquivamento, por isso tem dimensão maior que as margens 
restantes (ROSSI, 2018).
 Fonte: Adaptado de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1987). 
Formatos
Dimen-
sões (mm)
Margem 
(mm)
Largura 
linha do 
quadro 
(mm)
Compri-
mento da 
legenda 
(mm)Esquerda Outras
A0 841 × 1189 25 10 1,4 175
A1 594 × 841 25 10 1,0 175
A2 420 × 594 25 7 0,7 178
A3 297 × 420 25 7 0,5 178
A4 210 × 297 25 7 0,5 178
 Quadro 1. Formatos da série “A” 
A legenda é representada dentro da margem, no canto inferior direito 
da folha, e a direção de leitura deve corresponder à do desenho. A legenda 
contém informações sobre o desenho (título, escala, unidade dimensional 
utilizada, data de realização do desenho, número de registro, etc.), nome da 
empresa proprietária, nome do desenhista ou projetista, número da folha e 
total de folhas.Ainda conforme a ABNT NBR 10068:1987 (ASSOCIAÇÃO 
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1987, documento on-line):
A legenda deve ter 178 mm de comprimento, nos formatos A4, A3 e A2, e 175 
mm nos formatos A1 e A0. [...] Nas folhas de formatos de série “A” devem ser 
executadas quatro marcas de centros. Estas marcas devem ser localizadas no 
final das duas linhas de simetria (horizontal e vertical) à folha.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto 
de interiores
Por ser a primeira e mais pura forma de expressão projetual, o desenho traz 
uma abordagem cativante e lúdica, que facilita a fl uidez das ideias e que vai, 
aos poucos, dando forma a um leque de diretrizes, sem, contudo, engessar 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores14
uma forma ou uma ideia. Para Derdyk (1990), além de ser uma linguagem 
universal, a rapidez e a facilidade de comunicação associadas ao desenho 
favorecem o entendimento de uma forma inexistente, dando início ao processo 
do desenvolvimento formal. O desenho livre não exige nível de detalhamento, 
abrindo espaço para novas soluções e deixando livre também a ideia em si. 
Portanto, a expressão gráfica desenvolvida por meio dos desenhos pode 
ser considerada como a ciência fundamental para o avanço do pensamento 
arquitetônico e para a pesquisa da forma, acompanhando o criador desde a fase 
de concepção até as fases finais de execução. O desenho à mão livre “[...] é a 
linguagem, a forma de expressão que permite a fluidez entre o pensar e o gesto 
manual que executa tal pensamento. Ajuda na observação da arquitetura e na 
assimilação do conhecimento, bem como na sua forma construtiva e seus de-
talhes”, conforme leciona Paixão (2014, documento on-line). Na arquitetura de 
interiores, o desenho à mão livre pode ser expresso a partir de croquis (Figura 
11). Pinhal (2009, documento on-line) define o croqui da seguinte forma:
Primeiro esboço de um projeto arquitetônico. Um croquis (palavra francesa 
eventualmente aportuguesada como croqui ou traduzida como esboço ou 
rascunho) costuma se caracterizar como um desenho de arquitetura, moda 
ou um esboço qualquer. Um croqui, portanto, não exige grande precisão, 
refinamento gráfico ou mesmo cuidados com sua preservação, diferente de 
desenhos finalizados. Costuma ser realizado em intervalos de tempo relati-
vamente curtos, como períodos de 10 a 15 minutos. O que costuma ser mais 
importante no croqui é o registro gráfico de uma ideia instantânea, através 
de uma técnica de desenho rápida e descompromissada.
Figura 11. Exemplo de croqui interno.
Fonte: Pinhal (2009, documento on-line).
15Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Outra tipologia de desenho que pode ser considerada uma expressão artística 
chama-se perspectiva. Segundo Smith (1996), foi na civilização grega que 
começaram a ser exploradas as noções de reentrância e saliência nas imagens. 
Já a perspectiva, semelhante à que nos referimos hoje em dia, foi demonstrada 
pela primeira vez em Florença, no início do século XV, por Filippo Brunel-
leschi. Assim, a perspectiva surgiu no período do Renascimento e, segundo 
Malheiros (2011), é uma técnica aplicada em desenhos e pinturas para conferir 
aos mesmos profundidade e proximidade com o real, conforme demonstra a 
Figura 12. Para Albuquerque (2017, documento on-line):
A perspectiva corresponde a como o ser humano apreende visualmente seu am-
biente e o transfere a outro suporte, seja aplicando a projetos técnicos ou artísticos. 
A perspectiva é o método que permite a representação de objetos tridimensionais 
(altura, largura e profundidade) em superfícies bidimensionais, através de deter-
minadas regras geométricas de projeção, conforme a figura anterior.
Figura 12. Exemplo de perspectiva interna.
Fonte: small smiles/Shutterstock.com.
Atualmente existem programas que conseguem gerar volumetrias em três 
dimensões e, consequentemente, perspectivas. Assim, esse tipo de desenho 
pode ser feito também por meio do computador, e não somente à mão. Dessa 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores16
forma, o desenho técnico pode ser realizado à mão ou por instrumentos. Os 
softwares facilitam a elaboração dos desenhos técnicos, otimizando o tempo 
gasto para a realização dos mesmos.
O desenho técnico é usado na arquitetura em geral e, também, na arquitetura 
de interiores, pois “[...] é a representação precisa, no plano, das formas do mundo 
material e, portanto, tridimensional, de modo a possibilitar a reconstituição es-
pacial das mesmas. Essa representação de formas constitui o campo do chamado 
‘desenho projetivo’”, conforme leciona Catapan (2017, documento on-line). Na 
arquitetura de interiores, os desenhos técnicos mais utilizados são a planta baixa 
(Figura 13), as elevações e as fachadas, juntamente com os detalhamentos de 
mobiliários, as paginações de piso, as plantas de forro e a iluminação. 
Figura 13. Exemplo de planta baixa e elevações internas.
Fonte: Cavalcante (2018, documento on-line).
Ressalta-se que as aplicações do desenho técnico não se limitam à fase final 
de comunicação dos projetos de arquitetura de interiores, contribuindo de forma 
fundamental também nas fases anteriores, de criação e análise dos mesmos. 
Independentemente de a ideia ser expressa artística ou tecnicamente, todos os 
tipos de desenhos servem para comunicar a proposta e contribuem para facilitar o 
entendimento da mesma. Se o croqui e a perspectiva à mão livre trazem a essência 
17Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
artística do projeto, o desenho técnico permite que ele saia do papel exatamente 
como foi pensado, de forma que os tipos de expressão se complementam. 
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SMITH, R. Introdução a perspectiva. 1. ed. São Paulo: Manole, 1996.
19Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores
Conteúdo:
DESENHO DE
PERSPECTIVA
Fernanda Girardi 
Roggia
 
Perspectiva das sombras
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer como se desenvolveu o método de perspectiva das 
sombras.
 � Verificar como se aplica esta técnica de representação gráfica.
 � Identificar a importância de sua aplicação no desenho.
Introdução
A sombra é a região escura de um objeto com uma menor incidência de 
raios luminosos, varia de tamanho e formato dependendo da posição 
dessa fonte luminosa (FL) e pode ser classificada como sombra própria 
(do objeto) ou sombra projetada. 
O uso (a aplicação) das sombras em um desenho permite a criação 
de ilusão da realidade, pois todo objeto produz uma área de sombrea-
mento em um espaço, bem como a noção de volumetria, profundidade 
e inserção desse objeto em um ambiente. A luz pode ser emitida por 
meio de fontes naturais de luz (sol) ou artificiais (lâmpadas, velas etc.). 
Ao se entender o seu comportamento, é possível utiliza-la como fator 
de conforto térmico em edificações.
Neste capítulo, você compreenderá o estudo da sombra, como aplica-la a 
fim de criar volumetria ao desenho técnico ou artístico e como ela pode de-
terminar o posicionamento de elementos na hora de projetar um ambiente.
Estudo das sombras
A evolução da aplicação da sombra em desenhos técnicos está diretamente 
ligada ao processo do estudo das perspectivas e, portanto, devem ser acom-
panhadas juntas. 
O desenho é uma das formas de representação mais antiga da humanidade, 
antes mesmo da escrita, e a sua evolução acontece em paralelo com a das artes 
e da perspectiva. Com o decorrer do tempo, pode-se perceber a transformação 
dessa forma de representação que passa de imagens planificadas, como no caso 
de desenhos rupestres e do Antigo Egito, para desenhos dotados de profun-
didade e volume. Essa mudança somente é possível com o desenvolvimento 
e o uso da perspectiva e da sombra.
O período de maior avanço de ambos foi a partir da Renascença, pois até 
então o desenho era utilizado amplamente como forma de representação artística 
ou para retratos de figuras ou cenas reais. No século XV, a pintura renascentista 
passou a usar a técnica denominada de chiaroscuro (expressão italiana para as 
palavras claro e escuro), sendo Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio, 
um dos artistas mais expressivos nesse uso, que utilizou a luz e a sua ausência (a 
sombra) como formas de criar dramaticidade e despertar emoções e sensações 
em uma pintura, a qual é um objeto estático e plano por denominação (PALARÉ, 
2013). Na Figura 1, você pode ver uma de suas pinturas.
Figura 1. Pintura de Caravaggio.
Fonte: Renata Sedmakova/Shutterstock.com.
Perspectiva das sombras2
Mais tarde, Leonardo da Vinci passou a utilizar o desenho técnico para 
representar e documentar seus estudos e suas invenções, pois ele sintetiza 
um pensamento de forma mais clara e sucinta, facilitando o entendimento 
das suas intenções. A aplicação da sombra é perceptível em muitos de seus 
desenhos, como você pode observar na Figura 2, e permitiu uma tradução 
mais precisa das informações.
Figura 2. Desenho de Leonardo da Vinci.
Fonte: Kwirry/Shutterstock.com.
Os desenhos técnicos e o estudo da sombra são baseados nos princípios 
da geometria, que era utilizada desde o Antigo Egito para entender e resolver 
questões ligadas às cheias do rio Nilo. Já a descoberta de documentação 
de estudos matemáticos indica que grande parte da sua fundamentação foi 
desenvolvida na Grécia Antiga, desde Tales de Mileto. Euclides, Pitágoras, 
Apolônio e Arquimedes também apresentaram estudos na área da geometria, 
contribuindo para casos práticos e de cunho filosófico. 
Após um longo período da história sem registros significativos, o estudo da 
geometria volta a aparecer a partir do Renascimento, mas foi apenas durante 
a Revolução Industrial, no século XIX, que a geometria descritiva passou 
efetivamente a ser utilizada de forma disseminada e, com a normatização 
de parâmetros de representação, criou-se o que é chamado hoje de desenho 
técnico (PALARÉ, 2013).
3Perspectiva das sombras
A geometria descritiva é amplamente utilizada nas ciências exatas, pois 
permite traduzir graficamente a espacialidade de um lugar ou um objeto com-
plexo, possibilitando o cálculo de suas áreas, seus volumes e suas angulações, 
bem como viabilizar a determinação de distância e medidas em verdadeira 
grandeza (VG) de espaços e objetos. O seu criador foi Gaspar Monge, que, 
em 1799, desenvolveu o sistema mongeano, um sistema de representação 
planificado de elementos tridimensionais. Diversos componentes criados 
por ele são usados até hoje, como a representação axonométrica, icônica e a 
geometria cotada. 
O estudo das sombras, bem como o das perspectivas em geral, teve sua 
base vinculada à geometria descritiva, tornando precisos e matemáticos os 
elementos utilizados, até então, somente em desenhos artísticos e, muitas vezes, 
traduzidos a partir da observação do artista em um cenário real. Dessa forma, 
como em outras ciências exatas, foi possível que as percepções de fenômenos 
da natureza pudessem ser traduzidas técnica e matematicamente para aplicar o 
conhecimento de forma prática no dia a dia. Você pode ver a aplicação desses 
estudos no final deste capítulo, mas, antes, precisa entender os componentes 
que fazem parte desse elemento (PALARÉ, 2013).
Partes da sombra
A sombra existe somente com a luz, portanto, antes de entendê-la, é preciso 
avaliar os tipos de FL, as quais podem ser classificadas conforme descrito a 
seguir.
 � Em relação a sua natureza: naturais (sol) ou artificiais (lâmpadas).
 � Em relação à direção dos raios luminosos: direcionais, quando os raios 
propagam para o mesmo sentido paralelamente, como o sol; ominidi-
recional, raios em diversas direções, atingindo o objeto iluminado em 
diferentes ângulos e intensidades, como as lâmpadas halógenas e as 
velas; e focais, quando os raios são direcionados a um ponto em formato 
cônico, e a intensidade da luz diminui com a distância da FL, como os 
holofotes ou as lâmpadas do tipo spot. 
 � Em relação as suas dimensões: extensas, quando possuem um tamanhoconsiderável e que influencia o ambiente; ou puntiformes, quando 
suas dimensões são desprezíveis, por exemplo, a luz de uma estrela no 
céu, pois a distância com o objeto iluminado não permite a criação de 
sombra visível (CASSAL, 2001).
Perspectiva das sombras4
Ao iluminar um objeto com uma FL, pode-se verificar diversos com-
ponentes relacionados à luz. A área com a maior incidência de luz é a que 
apresentará o maior brilho, já a de menor incidência será a parte do objeto 
com maior sombra própria. 
Entre essas duas zonas, há o meio-tom, uma área de transição entre elas. 
Se o objeto estiver próximo a um plano ou a outro objeto, o bloqueio da luz 
formará a sombra projetada, e a luz desse plano poderá criar uma área de luz 
refletida do plano no objeto iluminado, conforme você pode visualizar na 
Figura 3 (CASSAL, 2001).
Figura 3. Partes da sombra.
Cada um dos elementos mencionados pode variar de tamanho e intensidade 
conforme as características do objeto (forma, material, tamanho); da sua 
posição em relação ao plano em que a sombra é projetada; e das caraterísticas 
da FL. O formato e o tamanho desse objeto influenciarão principalmente no 
contorno da sombra, já o seu material determinará o seu grau de opacidade. 
Quanto mais opaco o objeto for, maior será o bloqueio da FL. 
A característica do objeto relacionada ao seu grau de opacidade pode ser verificada de 
forma clara em materiais como as películas de um carro, em que quanto mais escura 
e fechada for a sua gramatura, menor será a passagem de luz, deixando seu interior 
menos visível para quem observa da parte externa. 
5Perspectiva das sombras
A mesma relação é aplicada na sombra, pois quanto maior for o grau de 
opacidade do material em que a luz é projetada, mais intensa será sua sombra. 
Já a posição do objeto em relação ao plano de projeção influenciará na direção 
da sombra e no seu tamanho. Essas características da FL determinarão o tipo 
de sombra que será projetada e a sua intensidade de contorno.
A sombra em si pode ser dividida em duas áreas: a zona de umbra e a de 
penumbra. A primeira trata-se da região mais escura, com presença nula de 
luz; já a segunda é a região em que a luz varia de zero à luz máxima da FL 
(CASSAL, 2001). Veja exemplos de ambas na Figura 4.
O contorno da sombra, por sua vez, pode ser definido ou suave. No primeiro 
tipo, há pouca presença de penumbra e, geralmente, ele resulta de uma fonte focal 
ou puntiforme de luz. Já no segundo, existe uma maior quantidade de penumbra 
e, comumente, está associado às fontes difusas de iluminação do objeto. 
Figura 4. Umbra e penumbra.
Fonte: Sergey Merkulov/Shutterstock.com.
Perspectiva das sombras6
As luminárias do tipo plafons produzem mais nuances de penumbras. Já as fontes de 
luz mais focais e com o grau de abertura mais fechado, como as dicroicas, tendem a 
criar uma área menor de meios-tons — em alguns casos, essa transição quase não é 
perceptível a olho nu. O teatro utiliza muito essa diferenciação com as máscaras, para 
fechar o foco de iluminação da fonte no ator e, assim, criar maior dramaticidade na cena. 
Por fim, pode-se verificar mais dois elementos para a análise da luz, a 
transparência e a cor do objeto. Quando a luz incide em um objeto translú-
cido, além da região de umbra e penumbra, ocorre um efeito denominado de 
cáustico, porque materiais transparentes têm o comportamento de uma lente 
que permite alguns raios de luz passarem por meio deles. Esse fenômeno é 
bem visível em copos com água ao serem iluminados. Outra variação da luz 
é a sua cor, em desenhos técnicos, geralmente são utilizados tons de cinza e 
preto como forma simplificada de representação, mas quando a FL emite luz 
colorida, o objeto pode projetar uma sombra com cor, sobretudo se ele não 
for completamente opaco. 
Tipos de sombra
A sombra pode ser classificada como própria ou projetada. A primeira trata-se 
da parte escura do objeto quando recebe a incidência de uma FL sobre ele, por 
exemplo, a lua, cuja face que se vê à noite é a iluminada pelo sol. A chamada 
face oculta da lua, nunca vista, é o lado que está com a sombra própria. A 
sua intensidade pode ter uma variação de escala (mais clara ou mais escura) 
de acordo com a luminância da fonte de luz.
Já a sombra projetada é aquela que o objeto gera ao incidir um bloqueio 
de luz em um plano. Sua forma e dimensões podem variar de acordo com 
diversos fatores, mas estão ligadas diretamente à inclinação da FL em relação 
ao objeto iluminado. Você pode entender melhor essa relação ao analisar sua 
própria sombra, em que seu desenho é uma projeção de si e varia conforme 
seu posicionamento quanto a FL (CASSAL, 2001). Veja um exemplo desse 
tipo de sombra na Figura 5. 
7Perspectiva das sombras
Figura 5. Sombra projetada.
Fonte: ronstik/Shutterstock.com.
Limites da sombra
Quando se analisa o estudo para determinar o desenho de uma sombra, en-
contra-se diversos autores sobre o assunto, os quais apresentam composições 
matemáticas complexas para o seu cálculo. A geometria das sombras pode 
ser calculada por meio de diversos algoritmos complexos traduzidos para os 
programas de computação gráfica e que permitem gerar modelos tridimen-
sionais, como sombras geradas por projeção; volumes de sombra; algoritmo 
de Willian; algoritmo de Artherton, Weiler e Greenberg; algoritmo de Appel; 
traçado de raios; e algoritmos geradores de sombra (CASSAL, 2001).
Para saber mais sobre os tipos de algoritmos, acesse o link a seguir.
https://goo.gl/jaGBAe
Entre as teorias citadas, a mais utilizada em desenhos técnicos é a da sombra 
projetada, considerando também sua maior simplicidade de aplicação. Quando a 
projeção desse tipo é feita em elementos planos, como pisos e paredes, ela produz 
limites bem definidos, sem a presença de áreas de penumbra (CASSAL, 2001).
Perspectiva das sombras8
https://goo.gl/jaGBAe
Sombra projetada
Para o estudo das sombras, você deve compreender a relação entre a sombra 
projetada e o posicionamento da FL. Por exemplo, ao caminhar em um dia 
de sol, dependendo do horário, a sombra tem um tamanho e um formato 
diferentes. Quando se aplica os fundamentos matemáticos de projeção de 
sombras, esse fato pode ser facilmente explicado. Na maior parte dos exemplos 
de comportamento da sombra em desenhos técnicos, o sol é utilizado como 
FL, pois possui uma incidência unidirecional e de intensidade uniforme. Na 
Figura 6, você pode ver essa relação entre a sombra projetada e o sol.
Figura 6. Sombra projetada e sol.
A sombra projetada é graficamente determinada pela angulação da FL em 
relação ao objeto iluminado sobre o plano de projeção. As fontes paralelas 
aos objetos formam sombras proporcionais ao tamanho do objeto iluminado 
e são facilmente entendidas a partir do estudo dos triângulos retângulos, pois 
esse objeto sempre tem uma angulação de 90° em relação ao plano projetado. 
Dessa forma, os dois objetos, lado a lado, tendem a ter sombras proporcionais 
a sua dimensão física, já o tamanho da sombra projetada pode ser determinado 
matematicamente (FERNANDES, 2007).
Entretanto, para desenhos, mais importante que o valor matemático exato 
da sombra, são o desenho e o contorno dela. Para sombras projetadas a partir 
de uma fonte única, existem três aplicações relacionadas à posição da FL: 
paralela ao objeto iluminado; localizada em frente ao observador no infinito; 
e localizada atrás do observador.
9Perspectiva das sombras
No primeiro caso, a sombra se define pelo limite do próprio objeto até 
encontrar o plano de projeção, e o seu desenho é a conexão desses pontos. Você 
pode ver na Figura 7 um exemplo de posição paralela ao objeto iluminado.
Figura 7. Sombra projetada com fonte luminosa de raios paralelos.
Já no segundo caso, deve-se encontrar o ponto de fuga (PF) do objeto 
e verificar a linha do horizonte (LH) do desenho — linha paralela em que 
está contido o PF. O limite da sombra será determinado pelo cruzamento 
das projeções da FL no plano de projeção com a LH,e o seu desenho será a 
conexão desses pontos. Veja um exemplo de posição localizada em frente ao 
observador no infinito na Figura 8.
Figura 8. Sombra projetada com fonte luminosa em frente ao observador no infinito.
Perspectiva das sombras10
No terceiro caso, como a FL não é visível, deverá ser feita uma transferência 
virtual da sua posição, em que é traçada uma linha com a mesma dimensão 
e distância da FL até a LH, criando uma projeção dessa FL. A sombra proje-
tada será o cruzamento da linha imaginária e da LH, e o seu desenho será a 
conexão entre esses pontos. Na Figura 9, é ilustrado um exemplo de posição 
localizada atrás do observador.
Figura 9. Sombra projetada com fonte luminosa atrás do observador.
Em todos os casos mencionados, a superfície de projeção era plana, mas o 
comportamento da sombra pode variar em superfícies curvas e dependendo 
do material em que ela for projetada. Por exemplo, nas superfícies mais 
lisas, há a presença da luz refletida em parte da sombra própria do objeto 
e, assim, será menos possível verificar a sua transição de nuances na região 
de penumbra.
A sombra não é um elemento estático e pode, facilmente, se transformar de 
acordo com a intensidade, a direção ou o tipo da FL. Por isso, ao representar 
a sombra de um objeto, deve-se entender que esta é uma representação do 
seu estado momentâneo. Já no caso da representação gráfica, caberá ao autor 
determinar qual a melhor abordagem (FERNANDES, 2007). 
Sombra aplicada
O uso das sombras é fundamental para o entendimento da profundidade e 
volumetria de objetos em um desenho artístico ou técnico. Se você observar 
a história da arte, principalmente a pintura, perceberá que o. Nas Figuras 10 
e 11, você pode ver alguns exemplos de pinturas com essa aplicação.
11Perspectiva das sombras
Figura 10. Mosaico da Basílica de Santa Sofia, arte bizantina.
Fonte: AlpKaya/Shutterstock.com.
Figura 11. A deposição de Cristo, por Caravaggio.
Fonte: Renata Sedmakova/Shutterstock.com.
Perspectiva das sombras12
Assim como no teatro, as sombras são bem comuns em espetáculos de dança 
e na fotografia. No estudo da Gestalt, o componente contraste relaciona a luz e 
a sombra a uma leitura da forma. Quanto menor for o uso de meios-tons com 
nuances e sombreamentos, maior será o índice de contraste, que é um modo 
de criar tensão entre os dois polos opostos (luz e sombra) para aumentar o 
ponto focal e a dramaticidade de uma cena ou imagem, uma vez que direciona 
o olhar do observador. Dessa forma, quando se utiliza a sombra nas áreas da 
arte ou comunicação, é mais comum que ela seja empregada intencionalmente 
para criar uma dinâmica e um movimento. Veja na Figura 12 dois exemplos 
do uso de sombra nessas áreas. 
Figura 12. Aplicação de sombra no teatro e na dança.
Fonte: (a) Igor Bulgarin/Shutterstock.com; (b) PUSCAU DANIEL/Shutterstock.com.
Geralmente, em filmes de terror ou suspense, as cenas de maior impacto envolvem 
locais escuros, criando um ar de incerteza, pois não é possível ver o todo dessa cena. 
Por isso, pode-se afirmar que a sombra faz parte da expressão artística a fim de evocar 
um sentimento ou uma sensação, e a sua intensidade é proposital, de acordo com a 
escolha do artista.
Entretanto, nos desenhos técnicos, a sombra tem função similar à das 
pinturas da corrente do Realismo, pois são utilizadas, principalmente, para 
criar a ilusão de tridimensionalidade (volume e profundidade). Portanto, a 
13Perspectiva das sombras
intensidade é vinculada às questões técnicas do objeto que emite a sombra 
(material, tamanho e posição), e suas definições estão ligadas aos estudos 
matemáticos de projeção de sombra. Por se tratar de uma área exata, são es-
tabelecidas regras de representação para buscar uma normatização mais clara. 
A sombra é usada sobretudo nas fachadas e perspectivas a fim de permitir 
o entendimento de diferentes planos, volumes e materiais que compõem o 
elemento projetado. Nos cursos de desenhos, são ensinadas diversas técnicas 
para a sua representação, como o pontilhismo, o tracejado e o esfumaçado. 
Para buscar mais realismo, deve-se verificar a aplicação de faixas tonais 
gradativamente da região de umbra até a de penumbra. 
Conforto térmico
As sombras são importantes instrumentos de representação da realidade e podem criar 
um impacto na leitura de uma imagem ou uma tensão para direcionar sentimentos 
ou sensações. Entretanto, o seu estudo também pode ser aplicado de forma prática 
e funcional. As disciplinas de conforto ambiental aplicam o estudo das luzes e o 
comportamento da sombra como uma ferramenta para a criação de ambientes com 
maior índice de habitabilidade. 
Os raios solares trazem calor e luz para um ambiente e, dependendo da região do 
planeta em que a edificação está inserida, nem sempre é interessante que eles estejam 
presentes no seu interior. 
Nas construções em países com maior incidência de raios solares, elementos de 
bloqueio do sol propiciam a criação de amplas áreas de sombreamento e permitem uma 
diferença térmica significativa entre os ambientes interno e externo. Já nas edificações 
em regiões mais frias do globo terrestre (mais próximas aos polos), evita-se áreas de 
sombreamento a fim de garantir o aquecimento interno. Entender o comportamento 
das sombras permite o posicionamento mais adequado da orientação geográfica de 
uma construção. 
Além da orientação de cada edifício, deve-se observar o entorno da área de in-
tervenção. As grandes cidades possuem regras para construção, as quais limitam 
as alturas máximas e o distanciamento entre edificações em diferentes regiões. São 
Paulo, Tóquio e Nova Iorque, por exemplo, são conhecidas pelos seus altos edifícios, 
que criam extensas áreas de bloqueio do sol (sombreamento). Nessas cidades, muitas 
vezes, posicionam-se piscinas e áreas de lazer no topo das edificações, a fim de garantir 
luminosidade e calor.
Considerando que a sombra projetada varia conforme a angulação da FL, as edi-
ficações e os elementos urbanos projetam suas sombras em diferentes direções e 
tamanhos ao longo do dia e das estações do ano, sendo o sol a principal FL de estudo 
nesse tipo de relação. Assim, o estudo do movimento do sol é fundamental para as 
disciplinas de conforto térmico
Perspectiva das sombras14
Elementos de bloqueio do sol
No Brasil, a maioria das regiões está inserida em áreas quentes e com alto 
índice de raios solares devido à proximidade com a Linha do Equador e o 
Trópico de Capricórnio, por isso, a arquitetura busca diferentes maneiras 
de controlar a luz e o calor. Nos edifícios, a fachada é o limite da edificação 
que divide o espaço externo e o interno, o que a torna um objeto de estudo e 
intervenção nesse sentido.
Como você já leu anteriormente, os materiais opacos criam um maior 
bloqueio de luz e uma área maior de sombra, por isso, seria fácil afirmar que 
paredes cegas (sem aberturas para a área externa) são a melhor solução para 
o resfriamento de uma área interna. Entretanto, a luz do sol é importante para 
a iluminação do ambiente, e essas aberturas permitem a entrada de vento no 
interior. Desse modo, faz-se necessário o estudo de formas de bloqueios de 
luz em fachadas com aberturas. 
Esses elementos podem ser instalados na parte interna da edificação, 
por exemplo, persianas, cortinas e películas; ou na parte externa, como as 
máscaras (formando uma pele antes da fachada mais interna) por meio de 
materiais vazados (chapas perfuradas, cobogós). Entre eles, um dos mais 
utilizados e eficazes são os brises. De forma bastante simplificada, os brises 
são lâminas de composição da fachada que bloqueiam os raios solares. Sua 
disposição e orientação dependerão da direção da luz que se deseja bloquear; 
e sua dimensão, da área de sombra que se pretende criar.
Utilizar uma aba para criar uma sombra é o mesmo que usar um chapéu 
ou boné para se proteger em um dia de sol na praia. Os beirais, em casas 
com cobertura de telhados, também têm uma função similar, cuja lógica é 
a mesmapara os brises, os quais dividem as áreas expostas em diferentes 
níveis da fachada e sombreiam-na de forma gradual e uniforme (SCHERER, 
2014). 
Sistema de brises
No Brasil, este sistema foi bastante disseminado durante a arquitetura mo-
dernista, pelo arquiteto francês Le Corbusier, por volta de 1930 (SCHERER, 
2014). Ele utiliza elementos ou adornos de fachadas para conter e controlar a 
incidência de raios solares no interior de uma edificação, sem impedir a entrada 
de iluminação natural e mantendo o contato visual entre a parte interna e 
externa. Geralmente, é composto de mais de uma lâmina, as quais variam de 
acordo com cada caso. O jogo das lâminas individuais pode gerar diferentes 
15Perspectiva das sombras
composições de fachadas, mas, comumente, está relacionado às questões mais 
funcionais do que artísticas.
Os brises são classificados em três tipos: horizontais, verticais e mistos, 
ou grelha, os quais dependerão da necessidade de sombreamento que varia de 
acordo com a posição de determinada face da edificação. Essas terminologias 
estão, basicamente, ligadas à orientação do elemento em relação à fachada 
(FERNANDES, 2007).
Os sistemas horizontais são aplicados para o bloqueio de raios frontais à 
superfície de incidência dos raios solares. O estudo da disposição das lâmi-
nas, bem como a sua profundidade, é feito a partir de um corte da fachada, 
considerando que pode haver sempre mais de uma solução para uma mesma 
edificação. A escolha dependerá de questões de custo e harmonia de com-
posição da fachada traçadas pelo projetista. No Brasil, esse tipo de brise é 
usado, principalmente, em fachadas voltadas para a orientação norte devido 
à angulação mais vertical dos raios solares em relação à superfície da Terra. 
Na Figura 13, você pode ver um croqui de brise horizontal.
Figura 13. Croqui de brise horizontal.
Fonte: Fernandes (2007, p. 43).
Os sistemas verticais, por sua vez, são aplicados para o bloqueio de raios 
laterais da fachada. Para determinar a posição, a inclinação e a dimensão das 
lâminas, os estudos são feitos a partir da planta baixa da fachada, pois permitem 
indicar a incidência dos raios em VG. Assim como o horizontal, não há apenas 
uma solução para cada caso, e a composição é uma decisão de projeto com as 
mesmas variáveis de desejo de composição, escolha de materiais e custo da 
obra. No Brasil, esse tipo é utilizado, principalmente, em orientações oeste 
e leste (FERNANDES, 2007). Veja na Figura 14 um croqui de brise vertical.
Perspectiva das sombras16
Figura 14. Croqui de brises verticais.
Fonte: Fernandes (2007, p. 44).
Por fim, os sistemas mistos, ou de grelha, são composições mistas dos 
dois primeiros tipos, aplicados quando há necessidade de sombreamento nas 
duas direções. Nesse caso, há uma menor área de incidência de raios solares, 
em que se cria um bloqueio maior de visibilidade para o exterior, por isso, é 
necessário ter cuidado ao desenhar um sistema de brises, a fim de buscar um 
equilíbrio entre o sombreamento e a permeabilidade visual da fachada. O estudo 
de tamanho, angulação e posição das lâminas deve ser feito simultaneamente 
em planta baixa e corte. 
Os sistemas de brises têm, ainda, a variação de fixos ou móveis, sendo que 
este costuma apresentar um maior custo devido ao tipo de material (geralmente 
mais leves para a possibilidade de movimentação) e ao custo de manutenção do 
dispositivo. Em contrapartida, tende a ser um sistema mais eficaz, porque os 
raios solares alteram a direção em razão da sua trajetória durante o dia e o ano.
Assim, além de atuar no desempenho térmico das edificações, os elementos 
de proteção solar podem favorecer a boa distribuição da luminosidade, con-
trolam a incidência solar direta e, por meio de reflexões, tornam a luz difusa 
e bem distribuída (SCHERER, 2014). Portanto, o estudo do comportamento 
das sombras permite uma maior habitabilidade nas edificações, utilizando 
elementos naturais de controle que podem ser aplicados de forma prática na 
arquitetura.
17Perspectiva das sombras
1. Quando um objeto sobre uma 
superfície recebe uma luz de fonte 
luminosa (FL), o seu contorno não 
iluminado projeta uma sombra 
no plano, a qual é definida de 
sombra projetada. O tamanho dessa 
sombra pode variar dependendo:
a) da inclinação da FL em 
relação ao objeto.
b) da intensidade da FL.
c) da distância da FL em 
relação ao objeto.
d) do tipo da FL, natural ou artificial.
e) do material do objeto.
2. O sol é a FL presente no dia a dia, 
e você pode facilmente entender 
a presença da sombra ao olhar o 
seu contorno projetado no chão. 
Observando a mudança da sombra 
ao longo do dia, percebe-se uma 
variação de tamanho. Dessa 
forma, qual o horário em que, em 
uma cidade localizada na Linha 
do Equador, a sombra projetada 
no chão pela incidência do sol 
em uma pessoa é menor?
a) Ao nascer do sol.
b) Ao pôr do sol.
c) Ao meio-dia.
d) Ao longo do dia, as sombras 
projetadas têm sempre 
o mesmo tamanho.
e) Entre 14 h e 15 h.
3. As sombras projetadas podem 
ser medidas por meio de cálculos 
matemáticos precisos. Tendo como 
base os princípios da geometria 
descritiva, determine o tamanho de 
uma edificação que projeta uma 
sombra de 25 metros no chão, sendo 
que uma pessoa de 1,8 metros ao seu 
lado projeta uma sombra de 5 metros.
a) 69,45 m.
b) 36 m.
c) 12 m.
d) 9 m.
e) 3,6 m.
4. Os eclipses são fenômenos 
baseados nos fundamentos de 
iluminação e sombreamento e 
podem ser solares ou lunares. Sua 
ocorrência é rara, pois necessita do 
alinhamento da Terra, do sol e da 
lua. Referente à análise da relação 
da sombra nos eclipses, indique 
quais alternativas estão corretas.
I — No eclipse solar, é 
possível observar a área de 
sombra própria da lua.
II — No eclipse solar, não há 
formação de áreas de penumbra.
III — No eclipse lunar, a Terra é 
o objeto iluminado; e a lua, o 
plano de projeção da sombra.
a) Apenas a I.
b) Apenas a II.
c) Apenas a II e a III.
d) Apenas a I e a III.
e) Todas.
5. A sombra possui partes diferentes, 
que variam de dimensões, 
contorno e tamanho. Essa variação 
depende do tipo do objeto 
iluminado (materiais e formas) 
e da FL em si. Sobre as sombras 
projetadas a partir de uma FL, é 
correto afirmar que: 
a) o tipo de superfície (material 
e forma) em que a sombra é 
projetada não altera o desenho 
da sombra projetada.
b) os objetos opacos produzem 
sombras de tamanho maior 
que os objetos translúcidos.
Perspectiva das sombras18
c) uma FL difusa produz uma luz 
com maior área de penumbra 
que uma FL direta.
d) o tipo de FL não altera o 
desenho da sombra de 
um objeto, mas, sim, a sua 
posição relativa ao objeto.
e) a sombra própria de um 
objeto é sempre mais escura 
que a sombra projetada.
CASSAL, M. L. Geração de sombras em objetos modelados por geometria sólida constru-
tiva. 2001. 149 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) – Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. Disponível em: <http://www.lume.
ufrgs.br/handle/10183/1462>. Acesso em: 17 maio 2018.
FERNANDES, A. M. C. P. Arquitetura e sombreamento: parâmetros para a região climá-
tica de Goiânia. 2007. 121 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) - Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http://hdl.handle.
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PALARÉ, O. R. Geometria descritiva: história e didática - novas perspectivas. 2013. 323 
f. Tese (Doutorado em Geometria) – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2013. Disponível 
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SCHERER, M. J. Cortinas verdes na arquitetura: desempenho no controle solar e na 
eficiência energética de edificações. 2014. 187 f. Tese (Doutorado em Arquitetura) - 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. Disponível em: <http://
www.lume.ufrgs.br/handle/10183/109023>. Acesso em: 18 maio 2018.
Leituras recomendadas
BONAFÉ, G. Brises controlam incidência de luz egarantem conforto térmico à edificação. 
2018. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/brises-controlam- 
incidencia-de-luz-e-garantem-conforto-termico-a-edificacao_9317_0_1>. Acesso 
em: 18 maio 2018.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em Arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visal da forma. São Paulo: Es-
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ULBRICHT, S.M. Análise dos conceitos fundamentais do desenho técnico face a imple-
mentação parcial de um modelo teórico de ensino inteligente auxiliado por computador. 
1992. 131 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal de Santa 
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Acesso em: 18 maio 2018.
19Perspectiva das sombras
http://www.lume/
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http://hdl.handle/
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https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/brises-controlam-
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/157753
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
PROJETO DE 
INTERIORES 
RESIDENCIAIS 
Marilia Pereira de 
Ardovino
Expressão gráfica e 
desenho técnico no 
projeto de interiores 
para quartos e salas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar as técnicas de expressão gráfica e desenho técnico utilizadas 
no projeto de interiores.
 � Analisar as normas técnicas de expressão e representação projetual.
 � Aplicar as formas de desenho e expressão nos projetos de interiores.
Introdução
O meio de comunicação que o profissional de arquitetura de interiores 
utiliza para transmitir suas ideias aos clientes e executores do projeto é 
o desenho. Existem técnicas de expressão gráfica e regras de desenho 
técnico que devem ser seguidas para garantir a transmissão correta das 
ideias. O projeto de interiores, assim como os demais, deve seguir as 
diretrizes de representação gráfica definidas pelas normas brasileiras, 
que indicam como esses desenhos devem ser executados para serem 
compreendidos por todos.
Neste capítulo, você vai conhecer o conceito e a importância do de-
senho. Também vai identificar as técnicas de expressão gráfica e desenho 
técnico utilizadas no projeto de interiores. Além disso, vai saber quais 
são as normas técnicas que regem a representação projetual. Por fim, 
vai ver a aplicação das formas de desenho e de expressão em projetos 
de interiores.
Técnicas de expressão gráfica e desenho técnico
O desenho é a forma de comunicação mais importante depois da palavra. 
Como você sabe, ele serve a várias áreas do conhecimento, como arquitetura, 
engenharia, propaganda, artes plásticas e outras. A expressão gráfica é a forma 
de comunicação que acontece por meio do desenho. Este, por sua vez, pode 
ser definido como “Qualquer representação gráfica — colorida ou não — de 
formas. Desenho é a expressão gráfica da forma, não se pode desenhar sem 
conhecer as formas a serem representadas” (CATAPAN, 2015, p. 3).
A expressão gráfica auxilia o homem na sua relação com o entorno e em 
diferentes dimensões. Assim, o “Desenho é a criação do homem, seja pela 
necessidade de comunicar-se, de extravasar as suas angústias e alegrias, de se 
lançar ao mundo, de se organizar no espaço individual e coletivo, de estabelecer 
seus domínios, seja para registrar as suas ideias” (CAMPOS, 2000, p. 20). 
Observe a Figura 1, a seguir.
Figura 1. Desenho como forma de comunicação.
Fonte: Catapan (2015, p. 3).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas2
É por meio do desenho que o arquiteto exterioriza as suas criações e 
soluções, representando o seu projeto, seja ele um móvel, uma casa ou uma 
cidade. No projeto de interiores, assim como no de arquitetura e em outros, 
a expressão gráfica e o desenho técnico são importantes por serem o meio 
de comunicação entre o criador e o receptor. O criador é o arquiteto ou 
designer de interiores, e o receptor é quem vai usar o desenho, o construtor 
ou o cliente. Um projeto é composto por documentos e desenhos. Após 
aprovado, ele terá condições de ser compreendido e realizado. O arquiteto, 
ao elaborar um desenho, cria um documento com informações técnicas re-
lativas a uma obra. Para isso, ele segue normas que definem a representação 
de retas, curvas, círculos e retângulos, assim como dos demais elementos 
(SCHULER; MUKAY, 2018).
O projeto de interiores usa, para a sua comunicação, a área da expressão 
gráfica chamada desenho técnico, que é uma linguagem gráfica utilizada na 
indústria. Para que essa linguagem seja entendida no mundo inteiro, existe 
uma série de regras internacionais que compõem as normas gerais de desenho 
técnico. A regulamentação no Brasil é feita pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT), como você vai ver na próxima seção deste capítulo 
(CATAPAN, 2015).
As técnicas de expressão gráfica utilizadas em um projeto de interiores são 
basicamente: desenho à mão livre, com auxílio de instrumentos específicos, e 
desenho feito por meio de computador. O desenho manual usa instrumentos 
que auxiliam na construção dos elementos que compõem o projeto, como 
retas, curvas e figuras. O método tradicional à mão usa lápis (grafite), caneta 
nanquim, réguas, esquadros, compassos, escalímetros e papel (pranchas) em 
diferentes tamanhos, tipos e gramaturas (SOUZA et al., 2018). Observe as 
Figuras 2 e 3, a seguir.
Atualmente, o processo de desenho é realizado por meio de softwares 
específicos para esse fim, mas o conhecimento do desenho manual é necessário 
para a aplicação no desenho digital. A expressão gráfica à mão livre também 
é importante porque permite a criação de croquis que servem como estudo do 
projeto e são mais rápidos e imediatos. Mesmo que os instrumentos manuais 
de desenho tenham sido substituídos por softwares, as características da re-
presentação gráfica se mantêm e transmitem as informações necessárias para 
a execução do projeto. Com o avanço dos softwares, atualmente os projetos 
são feitos de forma mais rápida e dinâmica. Os programas de computação 
gráfica permitem a visualização do projeto completo, com plantas, detalhes 
e perspectivas (SOUZA et al., 2018).
3Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas
Você deve considerar que, apesar dos rápidos progressos da tecnologia de imagens 
digitais, o desenho à mão livre continua sendo o meio mais intuitivo para registrar 
graficamente observações, ideias e experiências (CHING, 2013).
Figura 2. Desenho de planta baixa à mão, em nanquim (superior) e hidrocor (inferior).
Fonte: Doyle (2002, p. 82).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas4
Figura 3. Exemplo de desenho em perspectiva à mão, em grafite (esquerda) e hidrocor 
(direita).
Fonte: Doyle (2002, p. 118).
As técnicas de expressão gráfica usadas em arquitetura de interiores são 
mais expressivas do que as de um projeto de arquitetura tradicional. Isso ocorre 
porque a arquitetura de interiores é a intervenção detalhada nos ambientes, 
definindo uma forma de uso do espaço em função do mobiliário, dos equi-
pamentos e de suas relações com o espaço construído. Assim, ela necessita 
de técnicas de maior apelo gráfico para que todas as ideias do designer sejam 
compreendidas pelo receptor (CONSELHO DE ARQUITETURA E URBA-
NISMO DO BRASIL, 2014).
A arte gráfica nasceu da necessidade do homem pré-histórico de registrar suas práticas 
e experiências. Ele criava desenhos aos quais atribuía significado e construía símbolos 
para exprimir a sua essência e a sua cultura. É devido à necessidade de expressão, de 
continuidade e de evolução que surgem mais tarde as letras, palavras e uma série de 
símbolos (NASCIMENTO; BRUNO; ALONSO, 2017).5Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas
Normas técnicas de expressão e representação 
projetual
Para criar os desenhos de um projeto de arquitetura ou de interiores, você deve 
conhecer e obedecer às normas para a elaboração de projetos. Para o Conselho 
de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR), as normas técnicas brasileiras tratam 
de padrões de qualidade, segurança, acessibilidade e normalidade. Portanto, 
os profissionais devem conhecê-las.
O desenho técnico deve seguir as normas da International Organiza-
tion for Standardization (ISO), que define as regras internacionais. Além 
disso, o Brasil tem suas próprias normas adaptadas e regidas pela ISO, que 
são editadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (SCHULER; 
MUKAY, 2018).
A norma brasileira que regulamenta a representação de projetos de arquite-
tura é a NBR 6.492. Ela contém todas as determinações para esses desenhos. 
Seu objetivo é regulamentar o desenho técnico em arquitetura, sua criação e 
sua execução. Ou seja, ela determina os símbolos usados no projeto e ainda 
especifica tipos e formatos de papéis, escalas, letra técnica e tipos de linhas 
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994). Você deve 
considerar o seguinte:
A normatização dos desenhos de arquitetura tem a função de estabelecer 
regras e conceitos únicos de representação gráfica, assim como uma sim-
bologia específica e predeterminada, possibilitando ao desenho técnico 
atingir o objetivo de representar o que se quer tornar real (SCHULER; 
MUKAY, 2018, p. 6).
As normas brasileiras usadas em um projeto de interiores são, além da 
NBR 6.492, as seguintes: NBR 10.068, sobre folhas de desenho; NBR 10.126, 
sobre cotagem em desenho técnico; NBR 8.403, sobre aplicação de linhas 
em desenho; e NBR 10.067, sobre os princípios gerais de representação em 
desenho técnico (SOUZA et al., 2018).
A arquitetura de interiores se baseia nos métodos de representação gráfica e 
desenho técnico. São eles: desenhos de múltiplas vistas (plantas baixas, cortes, 
elevações e detalhamentos), projeções (axonométricas, isométricas, dimétricas 
e trimétricas) e perspectivas com pontos de fuga variados (cônicas) (SOUZA 
et al., 2018). Para compreender melhor, veja a Figura 4, a seguir.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas6
Figura 4. Representação gráfica dos sistemas de projeção.
Fonte: Ching (2012, p. 121).
Os desenhos de vistas múltiplas representam um objeto tridimensional por 
meio de vistas bidimensionais, como plantas, cortes e vistas. As projeções e 
perspectivas representam duas ou mais faces do elemento tridimensional em 
uma única imagem, possibilitando a sua percepção geral (CHING, 2012). O 
projeto de interiores usa esses métodos de representação para se expressar e 
estabelecer um canal de comunicação entre todos os envolvidos na criação e 
na execução do projeto.
7Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas
As perspectivas e as maquetes são de extrema importância para a visualização e a 
compreensão de um projeto. Nelas, é possível visualizar a terceira dimensão, o que 
não ocorre nas plantas, cortes e fachadas, já que são desenhos em 2D (SCHULER; 
MUKAY, 2018).
Formas de desenho e expressão
Os elementos gráficos mais importantes de um projeto de interiores são os 
desenhos de vistas múltiplas (plantas baixas, cortes, vistas) e as perspectivas. 
A planta baixa, como você pode observar na Figura 5, é um corte horizon-
tal em uma edificação ou parte dela, a 1,20 m de altura em relação ao piso 
(CHING, 2013). Ela representa uma vista de cima e demonstra a distribuição 
dos espaços, paredes e aberturas.
Figura 5. Representação de planta baixa.
Fonte: Ching (2013, p. 73).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas8
As plantas mobiliadas possuem uma função muito importante nos projetos 
de arquitetura de interiores. Elas demonstram a distribuição da mobília, que 
é um dos elementos que definem o espaço, fazendo parte dele como um todo. 
Veja a Figura 6 (SOUZA et al., 2018).
Figura 6. Planta baixa desenhada com auxílio do computador.
Fonte: YAZZIK/Shutterstock.com.
Um corte é uma projeção ortográfica de um objeto ou de uma estrutura. 
A ideia é mostrá-la da forma como seria vista se fosse seccionada por um 
plano vertical. Asism, é possível ver a sua configuração interna (CHING, 
2013). Esse desenho, como você pode ver na Figura 7, mostra as relações 
entre os pisos, as paredes e o teto e revela as dimensões verticais do espaço 
(CHING, 2013).
As elevações internas são a demonstração frontal das paredes impor-
tantes do projeto. Embora estejam incluídas no corte, elas podem ser usadas 
isoladamente para apresentar e estudar espaços detalhados, como nos projetos 
de interiores. Nas vistas, se enfatizam as linhas limítrofes das superfícies 
das paredes internas, como você pode ver na Figura 8 (CHING, 2013). As 
elevações definem detalhadamente a paginação de revestimentos de paredes, 
indicando todos os seus elementos (INSTITUTO DE ARQUITETOS DO 
BRASIL, 2018).
9Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas
Figura 7. Representação de corte.
Fonte: Ching (2013, p. 74).
Figura 8. Representação de elevação interna.
Fonte: Ching (2013, p. 75).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas10
Outro importante método de representação gráfica nos projetos de interiores 
é a perspectiva. As mais realistas são as perspectivas cônicas. Elas representam 
uma forma de construção gráfica tridimensional, com um ou dois pontos de 
fuga, cuja função principal é representar uma vista geral do espaço estudado. 
As projeções, como as isométricas e similares, são mais fáceis de construir à 
mão livre, mas provocam maior distorção na percepção do desenho.
As maquetes eletrônicas seguem os princípios matemáticos das pers-
pectivas, mas podem facilmente criar imagens distorcidas. Assim, você deve 
ter atenção ao escolher as vistas e ângulos (CHING, 2013). Veja a Figura 9.
Figura 9. Representação de uma sala usando computação gráfica, por meio de perspectivas 
ou maquetes eletrônicas.
Fonte: Imagem gentilmente cedida pela arquiteta Simone Pons.
As ampliações e detalhamentos são os desenhos que “[...] desenvolvem 
e complementam as informações contidas nos desenhos acima relacionados. 
Representam em plantas, cortes, elevações e/ou perspectivas, definindo-os, 
todos os elementos necessários à execução da obra” (INSTITUTO DE AR-
QUITETOS DO BRASIL, 2018). Elas usam escala ampliada e ainda detalham 
os materiais utilizados e cortes internos de mobiliários, como você pode ver 
nas Figuras 10 e 11.
11Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas
Figura 10. Vistas ampliadas na escala 1:25, detalhamento de móveis com vistas e cortes.
Fonte: Tunari (2018).
Figura 11. Detalhamento de painel de televisão, escala 1:20, com elevação, corte e indicação 
de materiais.
Fonte: Galvão (2018, documento on-line).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas12
O uso correto das técnicas de expressão gráfica e dos métodos e normas 
de desenho técnico permite maior compreensão do projeto de arquitetura de 
interiores. Além disso, estabelece a comunicação correta entre os envolvidos 
no projeto: o criador e os receptores das informações. As técnicas mais usuais 
de desenho são à mão ou com o auxílio de computador. Esta última é a mais 
utilizada atualmente pelos profissionais, por tornar o processo mais rápido e 
dinâmico. É importante você observar que as regras se aplicam a ambas as 
técnicas de representação, assim como o fazem as normas técnicas.
Na Figura 12, a seguir, você pode ver um exemplo de representação de projeto de 
interiores usando computação gráfica. Esse tipo de representação utiliza perspectivas 
ou maquetes eletrônicas.
Figura 12. Representação de projetode interiores por meio de computação gráfica.
Fonte: Imagem gentilmente cedida pela arquiteta Simone Pons.
13Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas
1. A representação gráfica de um 
projeto de interiores usa os 
princípios do desenho técnico para 
ser compreendida e se enquadrar 
nas normas vigentes. Assim, pode-se 
definir desenho técnico como:
a) a linguagem gráfica utilizada 
nas artes plásticas. 
b) a linguagem gráfica 
utilizada nas artes plásticas, 
a qual não se enquadra 
nas normas brasileiras. 
c) a linguagem gráfica utilizada 
na indústria e que se enquadra 
nas normas brasileiras. 
d) um projeto de interiores 
não utiliza os princípios 
de desenho técnico.
e) uma linguagem não gráfica.
2. Os métodos de representação da 
expressão gráfica e do desenho 
técnico são os desenhos de múltiplas 
vistas e as projeções e perspectivas 
com pontos de fuga variados. Quais 
dos exemplos a seguir se enquadram 
em desenhos de múltiplas vistas?
a) Plantas baixas, cortes e elevações.
b) Axonométricas, 
isométricas e similares.
c) Perspectivas cônicas.
d) Cortes e isométricas.
e) Perspectivas cônicas com um 
ou dois pontos de fuga.
3. Os elementos gráficos mais 
importantes de um projeto de 
interiores são as plantas baixas, os 
cortes, as vistas e as perspectivas. 
Qual é a definição de planta baixa?
a) Corte horizontal a 2,00 m 
de altura em relação ao 
piso, que representa uma 
vista de lado e demonstra 
a distribuição dos espaços, 
paredes, aberturas e móveis.
b) Corte horizontal a 1,20 m 
de altura em relação ao 
piso, que representa uma 
vista de cima e demonstra 
a distribuição dos espaços, 
paredes, aberturas e móveis.
c) Corte horizontal a 2,00 m 
de altura em relação ao 
piso, que representa uma 
vista de cima e demonstra 
a distribuição dos espaços, 
paredes, aberturas e móveis.
d) Corte horizontal a 1,20 m 
de altura em relação ao 
piso, que representa uma 
perspectiva e demonstra 
a distribuição dos espaços, 
paredes, aberturas e móveis.
e) A planta baixa não é um 
elemento importante de 
um projeto de interiores.
4. Um dos elementos gráficos 
fundamentais para a compreensão 
dos itens verticais de um projeto 
de interiores são as vistas, que 
podem ser definidas como:
a) plantas internas que estudam 
os espaços detalhadamente 
e estabelecem as 
dimensões horizontais.
b) plantas externas que estudam 
os espaços detalhadamente 
e estabelecem as 
dimensões horizontais.
c) elevações internas que 
estudam os espaços 
detalhadamente e estabelecem 
as dimensões horizontais.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas14
d) elevações internas que estudam 
os espaços detalhadamente e 
não estabelecem dimensões.
e) elevações internas que 
estudam os espaços 
detalhadamente e estabelecem 
as dimensões verticais.
5. O desenho técnico deve seguir 
as normas da International 
Organization for Standardization 
(ISO) que define as regras 
internacionais. O Brasil tem suas 
próprias normas adaptadas e 
regidas pela ISO, que são editadas 
pela Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT). Qual 
é a norma brasileira (NBR) que 
regulamenta a representação 
de projetos de arquitetura?
a) NBR 10.068.
b) NBR 10.126.
c) NBR 8.403.
d) NBR 6.492.
e) NBR 10.067.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492. Representação de Projetos 
de Arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
CAMPOS, A. R. A. O estado do desenho no ensino oficial brasileiro. In: CONGRESSO 
INTERNACIONAL DE ENGENHARIA GRÁFICA NAS ARTES E NO DESENHO, GEOMETRIA 
DESCRITIVA E DESENHO TÉCNICO, 14., Ouro Preto, 2000. Anais. Ouro Preto: Graphica, 
2000. 
CATAPAN, M. F. Apostila de expressão gráfica II. Curitiba: UFPR, 2015. Disponível em: <http://
www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_marcio/wp-content/uploads/sites/13/2014/09/
Apostila-DT-Prof-Marcio-Catapan.pdf>. Acesso em: 28 out. 2018.
CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
CHING, F. D. K. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL. Resolução n° 76, de 10 
de abril de 2014. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 abr. 
2014. Disponível em: <http://www.caubr.gov.br/resolucao76/>. Acesso em: 28 out. 
2018. 
DOYLE, M. E. Desenho a cores: técnicas de desenho de projeto para arquitetos, paisagistas 
e designers de interiores. Porto Alegre: Bookman, 2002.
GALVÃO, A. Desenho de mobiliário. Curitiba: UFPR, 2018. Disponível em: <http://www.
exatas.ufpr.br/portal/degraf_arabella/ceg220-desenho-de-mobiliario/>. Acesso em: 
28 out. 2018. 
15Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas
INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL. Roteiro para desenvolvimento do projeto de 
arquitetura da edificação. 2018. Disponível em: <http://www.iab.org.br/sites/default/
files/documentos/roteiro-arquitetonico.pdf>. Acesso em: 28 out. 2018.
NASCIMENTO, A. L; BRUNO, A; ALONSO, E. Expressão gráfica e seus significados além dos 
traços. In: XII INTERNATIONAL CONFERENCE ON GRAPHICS ENGINEERING FOR ARTS 
AND DESIGN, 12. 2017.
SCHULER, D.; MUKAY, H. Noções gerais de desenho técnico. Cascavel: FAG, 2018.
SOUZA, J. P. et al. Desenho técnico arquitetônico. Porto Alegre: Sagah, 2018.
TUNARI, J. [RESIDENCIAL] Vista + Detalhamento – Mobiliário. IDARCH, 15 set. 2018. Dispo-
nível em: <http://www.jessicatunari.wordpress.com/2013/09/15/vista-detalhamento/>. 
Acesso em: 28 out. 2018.
Leitura recomendada
MONTENEGRO, G. A. Desenho arquitetônico. 4. ed. São Paulo: Blucher, 2017.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores para quartos e salas16
Conteúdo:
DESENHO DE
PERSPECTIVA
Dulce América 
de Souza
 
Perspectiva geométrica 
ou linear
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer como a perspectiva geométrica foi desenvolvida.
 � Verificar como realizar a representação gráfica desta técnica.
 � Identificar a aplicação da perspectiva geométrica no desenho.
Introdução
O desenho é a principal ferramenta de linguagem para comunicar e 
expressar ideias em arquitetura. A representação de um projeto se dá 
por meio do domínio de várias técnicas de desenho, entre as quais a 
perspectiva se destaca. O conhecimento dos princípios da perspectiva 
permite que você represente em uma superfície bidimensional — no 
papel de desenho, por exemplo — uma realidade tridimensional. A 
perspectiva mostra os objetos como eles aparecem à nossa vista, como 
um volume, ela nos dá, portanto, a visão de conjunto do objeto em 
um só desenho.
Neste capítulo, você conhecerá os princípios fundamentais para 
compreensão e representação dos objetos por meio da perspectiva 
geométrica ou linear. Esse tipo de projeção permite que você desenvolva 
desenhos com a agilidade e precisão necessárias para representar os 
seus projetos.
Método da perspectiva geométrica ou linear
Desde a pré-história, a busca pela representação acompanha a atividade 
humana. O pintor caçador do paleolítico observava e replicava sua presa nas 
paredes internas de suas habitações, transpondo para o plano bidimensional 
uma realidade tridimensional. Nesse primeiro momento, a similaridade ou 
semelhança a um modelo vivo obedecia a uma certa “ordem mágica”, ainda 
sem consciência ou intenção puramente plástica ou artística (FISCHER, 
2007).
A expressão artística na Antiguidade manteve a linguagem do desenho 
como forma de registro dos rituais e práticas individuais e sociais apenas 
com noções aproximadas do fenômeno perspectivo, que só será sistema-
tizado quase mil anos depois. Destacam-se na Antiguidade Clássica as 
produções artísticas bidimensionais dos gregos e romanos — estes últimos, 
herdeiros da arte grega — que podem ser consideradas pré-perspécticas, 
pois é possível verificar esforços de aproximação da tridimensionalidade 
na criação de ilusão de profundidade em desenhos e pinturas dos povosgreco-romanos. O método adotado nesse período é conhecido como escorço 
ou falsa perspectiva.
Na Idade Média, a arte assumiu um importante papel pedagógico, pois as 
imagens produzidas serviam à Igreja, tendo como principal objetivo ensinar 
as sagradas escrituras aos leigos, ou seja, aos fiéis. Nesse período histórico 
ainda não há dissociação entre as categorias artísticas, ou seja, a pintura, 
o desenho e a escultura estão diretamente conectadas à arquitetura. É nos 
interiores das igrejas e palácios que os afrescos se desenvolverão em toda 
sua magnitude.
Os afrescos medievais mais importantes para a compreensão da técnica da 
perspectiva geométrica foram os produzidos pelo artista italiano de Florença, 
Giotto di Bondone (1267-1337). As pinturas murais de Giotto antecipam o 
realismo que se consolidará no Renascimento com genialidade e maestria, 
criando ilusões de profundidade em superfícies planas.
Perspectiva geométrica ou linear2
A Cappella degli Scrovegni, na cidade italiana de Pádua, contém um ciclo de afrescos de 
Giotto, executados entre 1304 e 1306, que são uma das mais importantes obras-primas 
da arte ocidental. Ainda sem o conhecimento científico das regras de perspectiva, 
o artista consegue imprimir a ilusão de profundidade nas composições (Figura 1).
Figura 1. Cappella degli Scrovegni.
Fonte: vvoe/Shutterstock.com.
Afresco é a designação de uma técnica de pintura mural “[...] assim chamados porque 
tinham que ser pintados na parede enquanto o emboço ainda estava fresco, isto é, 
úmido” (GOMBRICH, 2000, p. 201).
A mais significativa inovação no campo da representação e composição 
artísticas, que dominará também toda a arte de séculos subsequentes, é a 
perspectiva científica. A descoberta dos meios técnicos para solucionar 
o problema da ilusão de profundidade é atribuída a Filippo Brunelleschi 
(1377-1446), um jovem arquiteto florentino que se dedicou aos estudos 
3Perspectiva geométrica ou linear
matemáticos da perspectiva linear ou geométrica. Por meio de determinadas 
regras geométricas de projeção, o arquiteto instituiu as leis matemáticas pelas 
quais os objetos parecem diminuir de tamanho à medida que se afastam do 
observador (BENEVOLO, 2014). 
O arquiteto chegou a essa constatação quando analisou sistematicamente de-
senhos de cenas urbanas desenvolvidos até então e verificou que todos distorciam 
a visão do observador. Dessa forma, detectou o problema: o ponto de vista para 
a representação de uma cena não é variável, devendo ser sempre um único ponto 
de vista, que pressupõe um observador estático. Verifique, na Figura 2, que a 
cena representada sugere o movimento do observador frente à paisagem urbana.
Figura 2. Redesenho dos estudos de Brunelleschi.
Fonte: Araújo (2016, p. 23).
Em linhas gerais, os princípios da perspectiva científica de Brunelleschi 
consistem em: desenhar uma cena partindo de um ponto de vista (PV) único 
e fazendo com que as paralelas da cena convirjam para um mesmo ponto de 
fuga (PF). Esse PF se encontra sobre a linha do horizonte (LH) e coincide com 
o PV (ou ponto de observação), ou seja, se situa na mesma altura e em frente 
ao PV de onde se está avistando a cena. É importante observar que a nomen-
clatura apresentada pode sofrer pequenas alterações conforme a designação 
de diferentes autores, mas não há grande divergência quanto a sua essência.
O afresco da Capela Sistina “A Entrega das Chaves a São Pedro”, de Pietro 
Perugino, foi executado segundo os princípios da perspectiva geométrica e 
Perspectiva geométrica ou linear4
pode ilustrar com clareza a aplicação das regras científicas de projeção, como 
você pode observar na Figura 3.
Figura 3. Esquema visual do sistema perspéctico de Filippo Brunelleschi sobre afresco 
de Perugino.
Fonte: Adaptada de Italian Renaiscence (2012, documento online).
A partir da descoberta de Brunelleschi, outros importantes artistas e arqui-
tetos do Renascimento aprimoraram as regras científicas da perspectiva, as 
registrando em célebres publicações e tratados de teoria da arquitetura e da arte. 
Técnica da perspectiva geométrica ou linear 
Inicialmente, as formulações das leis da perspectiva pelos renascentistas 
permitiram a demonstração da profundidade tridimensional em um plano 
bidimensional. O importante, contudo, é que a partir do conhecimento geo-
métrico dessa forma de projeção, o pensar espacial tomou novas dimensões, 
tonando possível desenhar o pensamento espacial de forma coerente e racional. 
O método compositivo, desde então, sofisticou-se, permitindo combinações 
diversas que consideram a visão espacial de um objeto e, até mesmo, de um 
recorte urbano.
É importante ressaltar que a perspectiva é um meio geométrico para alcançar 
um fim: a melhor representação gráfica em arquitetura, design, urbanismo ou 
5Perspectiva geométrica ou linear
em produções artísticas de outras ordens. A partir dos conhecimentos básicos 
postulados pelos renascentistas, você pode elaborar seus espaços e objetos de 
forma tridimensional, apresentando-os de maneira rápida e didática. 
As bibliografias recentes sobre perspectiva ampliam as classificações 
inserindo os fenômenos óticos. O próprio termo ‘perspectiva’ “[...] traz à 
mente o sistema de desenho de perspectivas cônicas” (CHING, 2012, p. 223). 
A perspectiva geométrica ou linear é contida no sistema de perspectivas 
cônicas, que são aquelas em que há um espectador que olha para uma direção 
específica a partir de um ponto fixo de observação. 
O termo “perspectiva cônica” é utilizado em alusão ao cone de visão médio de um 
ser humano, considerando que ele se aproxime a 60° no campo de visão normal. A 
perspectiva cônica de um objeto em três dimensões é a sua projeção sobre um plano 
(o quadro no qual será desenhada a perspectiva), como demonstrado na Figura 4.
Figura 4. Cone de visão.
Fonte: Ching (2012, p. 224).
Perspectiva geométrica ou linear6
A rigor, as perspectivas cônicas se referem apenas à visão monocular, ou 
seja, considerando um único olho. Porém, não é dessa maneira que enxergamos. 
Mesmo com a cabeça fixa, vemos com os dois olhos, que estão constantemente 
em movimento, examinando objetos e o entorno, alternando sucessivamente 
os ambientes. Por meio desta constante varredura ocular, construímos dados 
experimentais que a mente manipula e processa para formar nossa percepção 
e nosso entendimento do mundo visual. Sendo assim, perspectivas cônicas 
apenas conseguem se aproximar da maneira complexa como os olhos efeti-
vamente funcionam (CHING, 2012, p. 233).
Alguns pequenos esquemas gráficos facilitam a compreensão de como se 
constrói, em nossa retina, o conjunto de elementos que irão configurar um 
desenho em perspectiva, em especial, o desenho utilizado pelos profissionais. 
Uma maneira simples de entendimento é aquela que utiliza a metáfora da 
janela, pois, na terminologia clássica, a palavra ‘perspectiva’ é definida como 
‘ver através de...’. “Se você se colocar atrás de uma janela envidraçada e, sem 
se mover do lugar, riscar no vidro o que está ‘vendo através da janela’, terá 
feito uma perspectiva” (MONTENEGRO, 2010, p. 12).
O PV vai definir o que o desenho vai destacar, assim, o posiciona-
mento do espectador ou observador é fundamental para evidenciar um 
ou outro detalhe mais interessante no desenho, como você pode observar 
nas Figuras 5a e 5b.
Figura 5. a) PV 1. b) PV 2.
Fonte: Montenegro (2010, p. 12).
7Perspectiva geométrica ou linear
Conforme o observador se movimenta em relação ao objeto a ser desenhado 
(para cima, para baixo, para a esquerda ou direita, para frente ou para trás), 
o efeito pictórico e a dimensão do que está sendo observado muda. É impor-
tante, antes de começar o desenho, definir a altura do ponto de observação em 
relação ao objeto a ser representado. Em geral, nas perspectivas geométricas 
ou lineares, adotam-se três posições em relação à LH: a altura normal de 
observação (linha dos olhos do observador), vista de cima (ou superior) e 
vista de baixo (inferior).O plano horizontal, estando no nível do observador, tem a aparência de 
uma reta, e o observador vê o topo das superfícies que se encontram abaixo e 
a face inferior das superfícies que se encontram acima, conforme representado 
nas Figuras 6 e 7.
Figura 6. Posicionamento do observador.
Fonte: Ching (2012, p. 232).
Perspectiva geométrica ou linear8
Figura 7. Faces visíveis.
Fonte: Ching (2012, p. 232).
A partir de agora, você já pode começar a praticar suas projeções em pers-
pectiva geométrica ou linear, atentando para os principais termos encontrados 
na bibliografia, descritos a seguir.
 � PV: também conhecido como ponto de observação, trata-se do ponto 
fixo no espaço que representa o olho do observador.
 � PF: é o ponto imaginário sobre a linha do horizonte para o qual con-
vergem todas as retas paralelas do desenho.
 � Linha de fuga (LF): também conhecida como linha de chamada, são 
as linhas paralelas que se dirigem ao PF sobre a LH.
 � LH: se refere à linha imaginária horizontal que representa a interseção 
entre o plano do desenho (ou quadro) e o plano horizontal, que passa 
pelo ponto de observação.
 � Plano do desenho (PD): também conhecido como quadro, é aquele 
selecionado pelo cone de visão de 60°, sempre perpendicular ao eixo 
central de visão. É a “janela” na qual será desenhada a perspectiva, ou 
seja, é a superfície do desenho.
9Perspectiva geométrica ou linear
 � Altura do observador (h): é a medida da distância entre o solo (plano 
de terra) e o olho do observador.
 � Plano de base (PB): também conhecido como plano de terra, alude 
ao plano horizontal de referência a partir do qual as alturas podem ser 
medidas.
 � Linha de terra (LT): linha horizontal que representa a interseção do 
PB com o PD (CHING, 2012; MONTENEGRO, 2010).
Invariavelmente, na perspectiva geométrica ou linear as linhas horizontais sempre con-
vergem para o PF lançado sobre a LH; e as linhas verticais sempre são ortogonais à LH.
Aplicação da perspectiva geométrica ou linear
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) editou a norma brasi-
leira (NBR) nº 6.492, de 1994, que trata especificamente da representação de 
projetos de arquitetura. Essa importante norma, seguida em todo o território 
nacional, sugere fortemente a apresentação de perspectivas na etapa de estudo 
preliminar dos projetos. 
As ideias dos arquitetos ou projetistas devem ser exteriorizadas por meio 
do desenho, o mais eficaz meio de representação arquitetônica. Uma vez 
que o que antecede o desenho é o pensamento, o desenho tridimensional 
permite decompor um projeto mental em projeto gráfico, passível de leitura 
e compreensão pelos leigos interessados nas ideias e soluções arquitetônicas.
No sistema de perspectiva geométrica ou linear (ou perspectivas cônicas) 
há basicamente três tipos de representação em relação ao número de PF do 
desenho: um PF, dois PF ou três PF (ver Figura 8).
Perspectiva geométrica ou linear10
Figura 8. Tipos de perspectiva geométrica ou linear.
Fonte: Adaptada de Ching (2012, p. 249).
Perspectiva com um ponto de fuga
As perspectivas com um PF são utilizadas em larga escala, por serem rápidas 
na execução, mantendo a eficácia na representação tridimensional. Nelas, o 
observador está colocado, normalmente, em frente ao objeto, as retas ho-
rizontais e verticais mantêm-se paralelas ao PD e a profundidade é dada 
pelas linhas diagonais traçadas até o PF, conforme demonstrado na Figura 9 
(MONTENEGRO, 2010).
11Perspectiva geométrica ou linear
Figura 9. Perspectiva com um PF.
Fonte: Adaptada de tsxmax/Shutterstock.com.
Perspectiva com dois pontos de fuga
As perspectivas com dois PF, são igualmente utilizadas, e se referem à situação 
em que ambos os eixos horizontais são oblíquos ao PD; o eixo vertical se 
mantém paralelo ao PD. Com esse tipo de projeção conseguimos ampliar as 
sensações de profundidade no desenho, expandindo a visão de outros lados 
da cena ou do objeto representado. Adicionando mais um PF sobre a LH, os 
dois planos dos objetos passam a ser vistos, pois as LF fogem em direção ao 
horizonte em duas direções opostas (CHING, 2012). Observe o exemplo dessa 
descrição na Figura 10.
Perspectiva geométrica ou linear12
Figura 10. Perspectiva com dois PF.
Fonte: Adaptada de Svjatoslav Andreichyn/Shutterstock.com.
Perspectiva com três pontos de fuga
Nas perspectivas com três PF, os três eixos principais do volume retangular 
são oblíquos ao PD. Esse é um tipo de perspectiva que produz efeitos visuais 
mais artísticos, sendo utilizada com maior frequência por ilustradores. Na 
perspectiva com três PF, suspendemos, de forma imaginária, uma das extre-
midades do objeto, assim, os três conjuntos de retas paralelas posicionam-se 
de forma oblíqua ao PD, como representado na Figura 11.
Figura 11. Perspectiva com três PF.
Fonte: Albuquerque (2017, documento on-line).
13Perspectiva geométrica ou linear
Tanto nas perspectivas com dois ou com três PF, em que o ponto de ob-
servação é oblíquo ao PD, a planta baixa do objeto a ser desenhado deve ser 
posicionada de forma oblíqua ao PD. Esse ângulo pode variar conforme a 
ênfase desejada para determinados PD. Os mais comuns são 30°, 60° ou 45°, 
porque são os ângulos existentes nos esquadros utilizados no desenho técnico 
(CHING, 2012; MONTENEGRO, 2010).
As linhas principais podem ser traçadas com régua e esquadros, e o desenho 
executado à mão livre pode conferir um grau artístico mais atraente na sua 
perspectiva. Lembre-se sempre de que a prática aprimora o desenho.
Um exemplo do uso prático das técnicas de desenho em perspectiva é dado pelos 
próprios profissionais de arquitetura em uma das maiores plataformas digitais de 
projetos arquitetônicos, o ArchDaily (um dos sites mais respeitados do mundo), que 
sugeriu a apresentação dos espaços de trabalho dos arquitetos em forma de desenho 
de perspectiva. 
Leia a matéria “42 croquis, desenhos e diagramas de 
espaços de trabalho de arquitetos”, disponível no site 
ArchDaily. Acesse o link ou código a seguir.
https://goo.gl/FpkCRT
Perspectiva geométrica ou linear14
https://goo.gl/FpkCRT
1. A perspectiva científica foi 
uma importante descoberta 
renascentista, que consiste em:
a) desenhar uma cena a partir 
de pontos de vista distintos, 
considerando que o observador 
se move na linha de terra.
b) desenhar uma cena partindo 
de um PV único, fazendo as 
paralelas da cena convergirem 
para um mesmo PF.
c) desenhar uma cena criando 
ilusões de profundidade, método 
também conhecido como escorço.
d) desenhar uma cena com dois 
PF distribuídos ao longo da LH.
e) desenhar uma cena com três PF, 
um deles posicionado acima da LH.
2. As perspectivas geométricas ou 
lineares estão contidas no sistema 
de projeção, também identificado 
na bibliografia como perspectivas 
cônicas. O termo “perspectiva 
cônica” está relacionado:
a) ao cone de visão médio 
de um ser humano, 
considerado próximo a 60°.
b) ao conjunto de retas 
paralelas que compõem a 
perspectiva geométrica.
c) ao cone médio do campo de visão 
normal, que se aproxima de 90°.
d) à posição do PF em uma 
perspectiva geométrica ou linear.
e) à posição da planta baixa 
em relação ao PD.
3. A bibliografia referencial para 
desenhos arquitetônicos, em particular 
os desenhos em perspectiva, 
designa os componentes do 
desenho por meio de terminologias 
técnicas. Sobre os termos relativos 
à perspectiva geométrica ou linear, 
assinale a alternativa correta.
a) PV, ponto no espaço, curva 
náutica, PD, altura do 
observador, plano inferior e LT.
b) PV, ponto de interseção, 
LT, plano superior, altura 
do observador e LT.
c) Ponto focal, PF, linha solar, PD, 
altura do observador, PB e LT.
d) PV, PF, LH, PD, altura do 
observador, PB e LT.
e) Ponto inicial, PF, LH, plano no 
espaço, altura do observador, 
plano superior e LT.
4. No sistema de perspectiva 
geométrica ou linear (ou 
perspectivas cônicas) há 
basicamente três tipos de 
representação. São eles: 
a) Perspectiva com três PF, 
perspectiva comquatro PF e 
perspectiva com cinco PF.
b) Perspectiva cavaleira, 
perspectiva com um PF e 
perspectiva com dois PF.
c) Perspectiva com um 
PF, perspectiva aérea e 
perspectiva com dois PF.
d) Perspectiva isométrica, 
perspectiva com dois PF e 
perspectiva com três PF.
e) Perspectiva com um PF, 
perspectiva com dois PF e 
perspectiva com três PF.
5. A posição do objeto a ser 
representado em relação ao PD 
e, consequentemente, ao ponto 
de observação, define o resultado 
da aparência da volumetria a ser 
15Perspectiva geométrica ou linear
ALBUQUERQUE, M. Perspectiva (Desenho). 2017. Disponível em: <https://historiaarte-
arquitetura.com/2017/04/26/perspectiva/>. Acesso em: 08 maio 2018.
ARAÚJO, K. M. L. A perspectiva linear e a eficácia da sua comunicação. 2. ed. São Paulo: 
Blucher, 2016. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.
com/openaccess/9788580391701/completo.pdf>. Acesso em: 08 maio 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492. Representação de projetos 
de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. 
BENEVOLO, L. História da arquitetura moderna. São Paulo: Perspectiva, 2014.
CHING, F. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
FISCHER, E. A necessidade da arte. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
ITALIAN RENAISCENCE. Perugino’s Christ Handing the Keys to Saint Peter. 2012. Disponí-
vel em: <http://www.italianrenaissance.org/perugino-christ-handing-keys-peter/>. 
Acesso em: 08 maio 018.
MONTENEGRO, G. A perspectiva dos profissionais: sombras, insolação e axonometria. 
2. ed. São Paulo: Blucher, 2010.
Leituras recomendadas
AD EDITORIAL TEAM. 42 croquis, desenhos e diagramas de espaços de trabalho 
de arquitetos. ArchDaily Brasil, 05 out. 2016. Disponível em: <https://www.archdaily.
com.br/br/796561/42-croquis-desenhos-e-diagramas-de-espacos-de-trabalho-de- 
arquitetos>. Acesso em: 09 maio 2018.
CAPPELLA DEGLI SCROVEGNI. La storia della Cappella degli Scrovegni. 2018. Disponível 
em: <http://www.cappelladegliscrovegni.it/index.php/it/la-cappella-di-giotto/la- 
storia-della-cappella-degli-scrovegni>. Acesso em: 09 maio 018.
GOMBRICH, E. H. A História da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
representada. Nas perspectivas 
geométricas ou lineares, quando 
a planta baixa do objeto a ser 
desenhado deve ser posicionada 
de forma oblíqua ao PD? 
a) Nas perspectivas 
geométricas com um 
PF e com dois PF. 
b) Nas perspectivas geométricas 
com dois PF e com três PF.
c) Nas perspectivas geométricas 
com três PF e axonométricas.
d) Nas perspectivas geométricas 
com um PF e cavaleiras. 
e) Nas perspectivas geométricas 
com dois PF e isométricas.
Perspectiva geométrica ou linear16
http://arquitetura.com/2017/04/26/perspectiva/
http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws/
http://www.italianrenaissance.org/perugino-christ-handing-keys-peter/
https://www.archdaily/
http://com.br/br/796561/42-croquis-desenhos-e-diagramas-de-espacos-de-trabalho-de-
http://www.cappelladegliscrovegni.it/index.php/it/la-cappella-di-giotto/la-
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
PROJETOS DE 
INTERIORES 
ESPECIAIS 
Silvana Laiz Remorin
Expressão gráfica e desenho 
técnico no projeto de 
interiores de espaços privados
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir desenho técnico e seu processo evolutivo.
  Aplicar as normas técnicas de expressão e representação projetual.
  Identificar as técnicas de expressão gráfica e de desenho técnico 
utilizadas no projeto de interiores de áreas externas privadas.
Introdução
A expressão gráfica é uma técnica antiga. Ao longo do tempo e por meio 
de algumas profissões, sua forma de apresentação e sua utilização foram 
sendo aperfeiçoadas. Hoje, é difícil pensar em um processo criativo sem 
um desenho. Portanto, é impossível iniciar uma construção sem um 
desenho técnico, representado por meio de um projeto.
Neste capítulo, você vai estudar a evolução do desenho técnico. 
Além disso, você vai conhecer as normas que o definem e ver algumas 
informações importantes para trabalhar com ele.
A evolução do desenho técnico
Se você considerar o modo como os projetos eram representados há 20 anos, 
vai se dar conta do quanto eles mudaram. Com as modifi cações, alteraram-
-se também as expectativas dos clientes em relação ao visual, à agilidade e à 
fi delidade dos desenhos. Antes, o tempo planejado para o projeto considerava 
não apenas a criação, mas também todo o detalhamento manual, a grafi cação 
das vistas e perspectivas. Tudo era feito manualmente, sujeito a erros e à pre-
ocupação de sujar as folhas com o grafi te ou o nanquim, materiais utilizados 
para a prática. Hoje, os prazos são menores. Além disso, todo o trabalho que 
o projetista tinha com o cuidado e o detalhamento fi cou de lado devido ao uso 
do computador, ferramenta que otimiza a sua tarefa e o seu tempo (CHING; 
JUROSZEK, 2012).
Além dos desenhos, com o auxílio da tecnologia, as alterações também ocor-
rem mais facilmente se comparadas a épocas passadas. Agora é possível obter uma 
rápida visualização do projeto final. Nesse contexto, há diversas maneiras de um 
projetista se expressar. Em um desenho técnico, o uso de símbolos, numerações 
e grafia ajuda uma pessoa a compreender todos os detalhes que precisam ser 
feitos, pois é possível apresentar com exatidão as características de um móvel, 
por exemplo. Contudo, essa representação envolve muitas técnicas e normas.
Sulz e Teodoro (2014) menciona que a utilização de desenhos era uma 
prática frequente na produção de artefatos baseada na geometria. Com a 
indústria, o desenho técnico foi sistematizado, passou a ganhar destaque e 
foi aplicado à produção. Assim, houve uma grande divisão na hierarquia da 
produção. Com essa setorização do trabalho, ocorreu a divisão hierárquica 
dentro da empresa, que reflete a divisão social, criando uma nova barreira 
devido à diferenciação de cargos nos trabalhos.
Com o surgimento do desenho técnico ligado à criação e à produção dos 
artefatos, ele ganha destaque e relevância para o crescimento da indústria. 
Como afirmam Sulz e Teodoro (2014), a trajetória da indústria do automóvel 
auxiliou no avanço desse desenho. No final do século XVIII e no início do 
século XIX, a sistematização do desenho possibilitou a representação rigorosa 
das formas tridimensionais e colocou um fim em construções pouco seguras, 
criadas com base em desenhos sem regras. Sulz e Teodoro (2014) ainda afir-
mam que essa evolução do desenho técnico teve como protagonista o francês 
Gaspard Monge (1746–1818), responsável pela geometria descritiva, o grande 
fundamento do desenho técnico.
Essa evolução se deu junto com a Revolução Industrial e a Revolução Tec-
nológica, que trouxeram a necessidade do desenho para auxiliar nos projetos, 
estabelecendo relações com a matemática e indo além da geometria plana. 
Além disso, houve nessa época uma divisão entre as atividades manuais e as 
intelectuais, separando também as “artes” do desenho.
Quando o desenho técnico passou a ser sistematizado, na década de 1850, 
surgiu a necessidade de criar uma representação correta e sem falhas ou duplos 
sentidos. No final do século XIX, foi anunciada uma tentativa de alteração na 
organização do desenho em relação ao processo industrial. Isso ocorreu quando 
o movimento britânico Arts & Crafts reagrupou as artes (arquitetura, pintura 
e escultura, assim como decoração e artefatos de decoração do cotidiano).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados2
O Arts & Crafts valorizava a presença do artesanato frente aos excessos cometidos 
pela padronização e ao gosto duvidoso da mecanização industrial. O movimento 
de reforma buscava o autêntico e o significativo. Ele tentou fazer frente aos avanços 
da indústria e queria que mobiliários, têxteis e objetostivessem traços do trabalho 
artesanal (SULZ; TEODORO, 2014).
A terceira divisão internacional do trabalho foi iniciada em 1970 e trouxe 
os primeiros passos para o sistema de computação gráfica, com o objetivo de 
contribuir na fabricação automobilística e aeroespacial, trazendo uma nova 
evolução do desenho. Giesecke et. al. (2002, p. 35 apud SULZ; TEODORO, 
2014, p. 105) afirmam que as primeiras tentativas se deram em 1950, com 
custos muito elevados e uma dificuldade de padronização: “A primeira de-
monstração do computador como ferramenta de desenho e projeto foi feito no 
Massachusetts Institute of Technology, em 1963, pelo Dr. Ivan Sutherland.”.
Assim, a especialização em desenho técnico se evidencia com a divisão 
internacional do trabalho e com a expansão da sociedade capitalista. Nesse 
contexto, o “Desenho Técnico tem sido reservado ao primeiro nível da divisão 
das cadeias produtivas mundiais, nível responsável pela concentração das 
atividades de especialidade nos países centrais da economia mundial.” (SULZ; 
TEODORO, 2014, p. 95).
Para o desenho técnico, o sistema que fez diferença na área da engenharia 
e da produção foi o CAD (computer-aided design), ligado ao sistema CAM 
(computer aided manufacturing), ao sistema CIM (computer-integrated ma-
nufacturing) e ao sistema CNC (computer numeric control). Assim, o desenho 
técnico adquiriu ampla utilização no setor industrial.
  CAD: é uma tecnologia com foco no desenho de produto e na documentação do 
projeto, facilitando o processo de manufatura.
  CAM: é a manufatura assistida que consiste no uso de um software que controla 
ferramentas de máquinas e equipamentos relacionadas ao processo de fabricação.
  CNC: é o código por trás das máquinas que fabricam produtos, ou seja, máquinas 
controladas por computadores numéricos.
3Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
Como você viu, há uma nítida relação entre o processo industrial e o 
desenho como linguagem técnica. O desenho técnico trouxe maior conheci-
mento à indústria, sofisticando a produção. Marques (2015) menciona que a 
Autodesk é uma referência para o desenho técnico. Criada em 1982 por John 
Walker e outros 12 associados, a Autodesk revolucionou o que era conhecido 
como desenho técnico. O CAD e o software AutoCAD mudaram a forma de 
fazer desenho técnico. Antes, eram necessários muitos materiais, como penas, 
nanquins, réguas, entre outros (materiais utilizados até hoje no momento de 
ensinar desenho técnico manual). Com o AutoCAD, o arquiteto ganhou mais 
uma ferramenta, economizando também tempo e espaço.
Portanto, o desenho técnico acompanha a história da arte, da arquitetura 
e do design. Mas ele deve seguir algumas normas. Como afirma Marques 
(2015), o desenho técnico sempre foi considerado um veículo de projeto: 
depois dele surgem as certezas, o projeto para a consolidação e, por fim, o 
projeto realizado, o objeto, o espaço. Assim, o desenho técnico é um meio 
seguro de comunicação entre projeto e produção, pois apresenta todas as 
informações necessárias para a confecção de uma peça, para a estruturação 
de uma edificação ou para um projeto de interiores. O desenho técnico 
passa informações para a pessoa responsável pela produção. Por isso, são 
necessárias regras para que todos possam interpretar e compreender o que 
precisa ser feito.
Um projetista ou um engenheiro tem a necessidade de representar um 
objeto ou então fazer a leitura do desenho técnico. Tal desenho deve conter 
todas as informações necessárias para o seu entendimento do projeto. A 
linguagem do desenho é considerada uma linguagem gráfica universal. Da 
mesma forma que uma linguagem verbal, ela precisa de alfabetização, de 
um treinamento específico. Como afirmam Ferreira, Faleiro e Souza (2008), 
o desenho técnico engloba um conjunto de metodologias e procedimentos 
necessários para o desenvolvimento e a comunicação do projeto. Ele é com-
posto por linhas, números, símbolos e indicações escritas que precisam ser 
compreendidas.
Ching e Juroszek (2012) destaca que a forma, a escala e a organização 
espacial da edificação são a resposta do projetista a todas as exigências fun-
cionais do espaço, junto à estrutura técnica para a execução e às características 
expressivas da imagem. Para entender melhor, observe a Figura 1, a seguir. 
Para um leigo, ela representa apenas triângulos e um quadrado. Na linguagem 
gráfica, ela é a representação das faces de uma pirâmide de base quadrada 
(CHING; JUROSZEK, 2012).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados4
Figura 1. Pirâmide de base quadrada.
Fonte: Adaptada de Ching e Juroszek (2012).
Normas técnicas e representação projetual
Para facilitar o intercâmbio de comunicação entre as nações, os órgãos res-
ponsáveis pela normalização de cada país decidiram fundar, em 1947, a In-
ternational Organization for Standardization (ISO). Com sede em Londres, 
a organização exige que normas criadas em qualquer país sejam aprovadas 
pelos demais membros para então fazer parte dela (GÓES, 2008).
As normas são documentos estabelecidos por consenso e aprovados por um or-
ganismo reconhecido. Tal organismo fornece o uso comum de regras, diretrizes 
ou características para as atividades, com resultados reconhecidos, mantendo um 
padrão para todos.
A norma geral brasileira para o desenho técnico é a ABNT NBR 10647:1989, que 
determina a nomenclatura, os tipos de desenho, o grau de elaboração, a especificação 
e o material a ser utilizado.
5Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
Na representação projetual, o desenho adquire diferentes funções ao longo 
do processo (GÓES, 2008). O desenho é essencial na prática de arquitetos e 
engenheiros tanto pela possibilidade de representação que oferece quanto pela 
comunicação que gera. Toda essa representação passa primeiro pela medição 
do espaço, ou seja, pela limitação do terreno, com a identificação de medidas 
e espaçamentos disponíveis para se iniciar o trabalho.
A vista de um desenho técnico é uma forma de representação para com-
preender o objeto como um todo. Como o desenho é feito em 2D, um móvel, 
por exemplo, não pode ser representado apenas com a vista frontal. Ele deve 
ser representado com todas as demais vistas. Assim, para o desenho de um 
móvel, além da vista da frente, são necessárias todas as demais. É o que você 
pode ver na Figura 2, a seguir.
Figura 2. Vistas de um desenho técnico.
Fonte: Ferreira (2010, documento on-line).
Dependendo da complexidade da peça ou do móvel, são necessários os 
desenhos de todas as vistas, facilitando a compreensão das medidas e do objeto 
como um todo. Porém, as vistas mais comuns e trabalhadas são a superior, as 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados6
laterais e a frontal. Com essas vistas, é possível visualizar um objeto 3D em 
uma visão 2D. Além de utilizar as vistas e as medidas, você pode trabalhar 
com a perspectiva, que ajuda a compreender o objeto e dá uma noção de como 
ele ficaria quando pronto. Com esse desenho, é possível observar a altura, a 
profundidade e a largura.
Há três tipos de perspectiva mais comuns: a cavaleira, a cônica e a isométrica. Veja 
a seguir.
  Perspectiva isométrica: é baseada em um sistema de três semirretas, com o mesmo 
ponto de origem, formando um ângulo de 120°.
  Perspectiva cavaleira ou oblíqua: é uma representação de projeção paralela oblíqua. 
Duas dimensões do objeto (altura e largura) são trabalhadas em tamanho real e 
a terceira, que é a profundidade, tem um coeficiente de redução. Os eixos X e Z 
formam um ângulo de 90°, e o eixo Y, de 35° (ou então 135°) em relação a ambos.
  Perspectiva cônica: é a mais utilizada, representando com maior exatidão a visuali-
zação do olho humano. Essa perspectiva apresenta três variações (1, 2 ou 3 pontos 
de fuga) e cada uma apresenta regras específicas para a sua construção. A diferença 
são as linhasoblíquas a partir de um ponto de fuga.
A norma ABNT NBR 8403:1984 determina os tipos de linhas que devem 
ser utilizados no desenho técnico, respeitando o objeto que vai ser desenhado. 
Por exemplo, as paredes devem ter traços mais fortes do que os outros ele-
mentos do desenho. Já o piso deve ser bem suave (FERREIRA; FALEIRO; 
SOUZA, 2008).
Ferreira, Faleiro e Souza (2008) comenta que no Brasil há uma série de 
normas, as NBRs. Elas estão de acordo com a ISO e comandam a linguagem 
do desenho técnico e os seus parâmetros. Veja algumas das NBRs a seguir.
  NBR 10.068 — folha de desenho, leiaute e dimensões.
  NBR 10.067 — princípios gerais de representação em desenho técnico.
  NBR 10.582 — apresentação da folha para desenho técnico.
  NBR 13.142 — desenho técnico, dobramento de cópias.
  NBR 8.402 — execução de caracteres para escrita em desenhos técnicos.
  NBR 8.403 — aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas e lar-
guras das linhas.
  NBR 8.196 — desenho técnico, emprego de escalas.
7Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
  NBR 12.298 — representação de área de corte por meio de hachuras 
em desenho técnico.
  NBR 10.126 — cotagem em desenho técnico.
  NBR 8.404 — indicação do estado de superfície em desenhos técnicos.
A escala é a medida utilizada para definir as dimensões proporcionais dos 
tamanhos reais em representações. Isto é, se você quiser representar a planta baixa 
de um jardim com garagem, pode utilizar até mesmo uma folha A4, porém deve 
seguir uma escala, respeitando fielmente todas as medidas. O mesmo acontece 
quando o desenho for muito pequeno, como um parafuso. Esse parafuso pode ser 
ampliado para uma folha, de modo que todos os seus detalhes fiquem visíveis.
A escala é utilizada para ampliar ou reduzir um desenho, ou então manter o 
tamanho real. Basta apenas seguir a indicação de escala. Assim, com a escala, 
você pode trabalhar com as medidas reais, apenas reduzindo o desenho. Com a 
cota, é possível mostrar as medidas exatas desse desenho. Nas cotas, não aparece 
a unidade de medida (metros, centímetros ou milímetros), apenas os números.
As escalas mais utilizadas em projetos de interiores para espaços externos são:
  1:25 (para ampliação de banheiros, cozinhas, móveis, mostrando ele-
mentos com mais detalhes, para que seja possível visualizar pequenos 
ambientes de forma mais ampla);
  1:50 (para o desenho de plantas baixas, cortes, fachadas);
  1:75 (junto à 1:25, é utilizada em apresentações);
  1:100 (para plantas, cortes e fachadas quando for inviável o uso de 1:50).
No link a seguir, você vai encontrar mais exemplos de escalas.
https://qrgo.page.link/yj2Qb
Como você viu, alguns detalhes fazem muita diferença ao final do projeto. 
Além disso, a atenção às normas deixa o desenho técnico compreensível para 
qualquer pessoa que domine as técnicas de leitura. Conhecendo a representação 
gráfica, fica fácil compreender o planejamento desde o início do desenho. Qual-
quer um que domine o conhecimento pode entender todo o projeto do ambiente, 
como a medida do espaço, de portas, de janelas e dos demais elementos.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados8
Técnicas de expressão gráfica e de desenho 
técnico de áreas externas privadas
A expressão gráfi ca é o desenvolvimento do desenho que objetiva a compre-
ensão visual e que leva em conta o raciocínio gráfi co, com a possibilidade de 
representar objetos e interiores. A aplicação de técnicas é fundamental para 
a análise, a modelagem e a representação reais de algo.
Antes de iniciar o desenho, você precisa treinar os olhos, perceber o ambiente 
e a incidência de luz e sombra ao seu redor. Com o sombreamento, você pode 
criar uma ilusão de realidade tridimensional em um desenho 2D (Figura 3). 
Se o objeto for iluminado, é necessário determinar a fonte de luz e o sentido 
em que ela toca no objeto. A iluminação se divide em cinco elementos. Veja:
  brilho — a área que não será pintada, representando o local de maior 
concentração de luz;
  meio-tom — a área que reflete luz, porém não incidente;
  sombra — o lado do objeto que tem menos incidência de luz e por isso 
aparece em um tom mais escuro;
  luz refletida — a luz que se reflete de leve em um objeto;
  sombra projetada — a sombra que um objeto faz no piso ou em algum 
outro material.
Figura 3. Luz e sombra.
Fonte: Yurii Andreichyn/Shuterstock.com.
9Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
Ching e Juroszek (2012) menciona que, utilizando os meios tradicionais, 
como lápis ou caneta nanquim, é possível sombrear uma superfície com algu-
mas técnicas básicas, criando tonalidades. Veja a Figura 4, a seguir.
Figura 4. Traços e pontilhismos.
Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 42).
Ching e Juroszek (2012) afirmam que todas essas técnicas são feitas com 
sobreposição de riscos ou pontos e que o efeito varia com o traço. Ao repre-
sentar os valores mais escuros, é necessário ter cuidado para não marcar o 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados10
papel a ponto de perder a tonalidade branca, pois essa cobertura pode acabar 
com a profundidade do desenho.
Considere um jardim externo sem telhados próximos: um desenho dele 
precisaria indicar uma ampla incidência de luz, com sombra em elementos 
mais pontuais. Já no caso da Figura 5, a representação seria bem diferente. 
Seria preciso trabalhar com iluminação e texturas de forma mais ampla e 
detalhada, trazendo realismo à imagem. Isso seria mais complexo, mas traria 
todos os detalhes importantes para o projeto.
Figura 5. Jardim com pérgola.
Fonte: archideaphoto/Shutterstock.com.
Enquanto os valores tonais são utilizados para apresentar a profundidade 
da superfície, a luz melhora as características tridimensionais, trazendo mais 
realidade ao projeto, pois a forma como a luz incide em um objeto é refletida 
por ele e cria áreas de luz e de sombra (penumbra). Ching e Juroszek (2012) 
mencionam alguns elementos básicos (Figura 6). Veja:
  fonte de luz — fonte luminosa como o sol ou uma lâmpada, que torna 
os itens visíveis;
  raios de luz — qualquer linha ou feixe estreito de luz natural que irradie;
  ângulo solar — direção dos raios de sol, medida em ângulo de direção 
ou altura solar;
  sombra própria — sombra do próprio objeto;
  sombra projetada — sombra criada em uma superfície.
11Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
Figura 6. Luz e sombra.
Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 183-184).
Ao usar cores em desenhos de projeto, você deve considerar a variedade de 
matrizes, intensidades e texturas, bem como a distribuição em uma imagem. 
Áreas com contraste chamam a atenção, como menciona Ching e Juroszek 
(2012). Para começar a desenhar, existem inúmeras técnicas, que partem do 
básico. Porém, elas exigem dedicação do aluno, que precisa aperfeiçoar o 
seu traço e a sua visão. Contudo, há quem tenha maior facilidade no uso do 
computador, não conseguindo se expressar em uma folha de papel.
Observe a Figura 7, a seguir. Além da disposição de todo o espaço, as 
cores trazem diferentes texturas e sombras, diferenciando pisos, árvores, 
tipos de vegetação. Elas também limitam o espaço disponível, por meio da 
medição do ambiente, limitando a zona a ser trabalhada.
Figura 7. Luz e sombra em desenhos manuais.
Fonte: Scott E. Feuer/Shutterstock.com.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados12
O uso do esboço, desenho inicial que ajuda a ter ideias para o ambiente 
e a criar novas possibilidades, requer alguma prática e confiança de quem 
desenha, mas a ideia sempre parte de um espaço limitado (LEGGITT, 2013). 
Outra forma de representação gráfica é a observação direta, que é a reprodução 
de uma imagem que está à frente do desenhista.
A visão resulta do estímulo das células. A partir do modo como o sistema 
visualhumano processa esse estímulo com padrões claros e escuros, são 
extraídas características específicas do ambiente. Ching e Juroszek (2012) 
afirmam que a cor é um fenômeno da luz, descrito como uma percepção do 
indivíduo em relação à intensidade, ao brilho, à luz e à saturação. Como alguns 
tons refletem mais coloração do que outros (por isso você percebe com mais 
clareza tons claros), a variedade de uma mesma cor altera o modo como a luz 
a ilumina e a torna mais visível e aparente. Como você pode notar, cada cor 
tem o seu valor.
Com essa percepção dos tons, você deve desenvolver a habilidade de tra-
balhar com as tonalidades de forma gradual, explorando todas as técnicas de 
sombreamento. É necessário também criar uma escala de cinza na superfície 
(Figura 8).
Figura 8. Expressão gráfica de diferentes cores, representadas em cores cinzas.
Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 41).
13Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
Ching e Juroszek (2012) destacam que, ao utilizar as hachuras paralelas ou 
pontilhadas, são criadas texturas. Assim, é possível representar a natureza dos 
materiais pelas linhas, além de pelos valores tonais. As texturas visuais são a 
representação de uma superfície, e não da sua forma ou da sua cor. Quando os 
seus olhos “leem” uma textura, você automaticamente imagina como tal textura 
seria no tato, não é? Assim, texturas visuais resgatam memórias e experiências 
passadas. Observe a Figura 9, a seguir, que mostra alguns exemplos de texturas.
Figura 9. As texturas representam a natureza dos materiais.
Fonte: Ching e Juroszek (2012, p. 60).
A escala do traço ou dos pontos cria um valor tonal em relação à área ou 
ao tamanho da área, de acordo com a composição do desenho. Traços risca-
dos com leveza depositam o material do instrumento na superfície do papel 
rugoso, criando uma representação em camadas. Outra técnica é a fricção, 
que consiste em esfregar um carvão na superfície do papel. Todos os materiais 
possuem texturas, mas, quanto mais fina é a escala de uma textura, mais liso 
é o material. Junto a isso, a luminosidade influencia a percepção da textura.
Outros elementos importantes, ressaltam Ching e Juroszek (2012), são 
a forma, a figura e o formato, que têm significados similares, se referindo 
à aparência de objetos determinados. Com esses elementos, é possível dar 
volume aos desenhos. O volume se relaciona com a parte tridimensional, pois 
todos os objetos preenchem um volume no espaço.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados14
O AutoCAD, como você viu, permite uma comunicação por desenho 
técnico inspirada no uso da prancheta e demais instrumentos (Figura 10). É 
possível começar com o desenho técnico e chegar até a computação gráfica 
em uma realidade virtual. Você pode também utilizar a computação gráfica 
para ampliar o conhecimento sobre os mobiliários, permitindo um estudo e 
um detalhamento maiores de formas geométricas. Além disso, o processo 
colaborativo da interface gráfica permite uma visualização completa do am-
biente (GÓES, 2012).
Figura 10. Desenho produzido com AutoCAD.
Fonte: kittipong kongwatmai/Shuterstock.com.
Como você viu, o desenho técnico proporciona uma representação da 
arquitetura, além de dados mais precisos para a execução, incorporando 
informações para a convencionalidade. Góes (2008) menciona que o desenho 
técnico é o responsável pela representação clara e pela padronização do 
objeto arquitetônico. Ele privilegia a clareza e a precisão na transmissão 
das informações.
A ABNT NBR 6492:1994 é a norma responsável pela representação de 
projetos de arquitetura. Com ela, é fácil estabelecer uma comunicação entre 
arquiteto, engenheiro e demais interessados na leitura e na interpretação dos 
materiais. No projeto de espaços externos, o desenho técnico garante a apre-
sentação do leiaute com a organização de móveis, a representação do terreno 
e qualquer construção que precise ser feita no local.
A linha de cota, a linha de extensão (ou auxiliar) e a linha de finalização da 
linha de cota são alguns dos elementos importantes do desenho, auxiliando para 
15Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
que a representação gráfica apresente informações de forma clara, completa 
e direta. Para seguir as normas, além do desenho manual, o desenho assistido 
por computador é muito utilizado, respeitando também todas essas informa-
ções. O AutoCAD e o Revit são os programas mais conhecidos e utilizados 
por profissionais da área. Outros programas que podem ser utilizados são 
DraftSight Free, LibreCAD, QCAD e ArchiCad.
O AutoCAD, como você já viu, é um dos softwares mais conhecidos. Essa 
ferramenta permite desenvolver imagens 2D e 3D, sendo muito utilizada em 
arquitetura, engenharia e design. Ela é capaz de representar dimensões dos 
materiais dos projetos, porém é mais utilizada em projetos 2D devido à sua 
precisão de linhas e medidas. Já o Revit utiliza a tecnologia building informa-
tion modeling (BIM). Ele é o novo conceito quando se trata de projetos para 
construções. Diferente do desenho usual em 2D, uma mera representação 
planificada do que será construído, a modelagem com o conceito BIM trabalha 
com modelos 3D mais fáceis de assimilar e mais fiéis ao produto final.
Qualquer profissional precisa conhecer o desenho para então utilizar esses 
programas. Assim, estará mais treinado tanto nas técnicas quanto na visualização, 
descobrindo mais rapidamente qualquer equívoco no desenho. Como você viu, 
o estudo dessa representação faz parte do dia a dia do projetista na concepção de 
espaços externos privados. É por meio do desenho técnico que ele deve mostrar 
o ambiente de forma real ou em estudos, apresentando clara e objetivamente os 
móveis, o leiaute, a vegetação e o ambiente como um todo. Nesse contexto, o 
estudo dos softwares, assim como o estudo do desenho manual, é fundamental 
para garantir a qualidade da representação gráfica, tornando o resultado algo 
próximo a uma fotografia, com cores, sombras, texturas e iluminação.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados16
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6492:1994. Representação 
de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8403:1984. Aplicação 
de linhas em desenhos – Tipos de linhas - Larguras das linhas. Rio de Janeiro: 
ABNT, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10647:1989. Desenho 
técnico – Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.
CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2012. 
FERREIRA, R. C. Projeções ortográficas. [2010], Disponível em: http://www.agro.ufg.br/
up/68/o/5___aula_Proje____es_ortogr__ficas.pdf. Acesso em: 22 maio 2019.
FERREIRA, R. C.; FALEIRO, H. T.; SOUZA, R. F. Desenho técnico. Goiânia: UFG, 2008. Dis-
ponível em: http://www.agro.ufg.br/up/68/o/Apostila_desenho.pdf. Acesso em: 22 
maio 2019.
GÓES, H. C. Expressão gráfica: esboço de conceituação. 2012. Dissertação (Mestrado em 
Educação em Ciências e em Matemática) – Pós-Graduação em Educação em Ciências 
e em Matemática, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012. Disponível em: 
http://www.exatas.ufpr.br/portal/ppgecm/wp-content/uploads/sites/27/2016/03/011_
HelizaCola%C3%A7oG%C3%B3es.pdf. Acesso em: 22 maio 2019.
GÓES, M. B. O desenho no processo projetual: suas diferentes funções e representa-
ções. da Vinci, Curitiba, v. 5, n. 1, p. 51-59, 2008. Disponível em: https://www.up.edu.br/
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LEGGITT, J. Desenho de arquitetura: técnicas e atalhos que usam tecnologia, Porto 
Alegre: Bookman, 2013.
MARQUES, F. R. Autocad: a evolução do desenho técnico. 2015. Disponível em: http://
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Acesso em: 22 maio 2019.
SULZ, A. R.; TEODORO, A. Evolução do DesenhoTécnico e a divisão do trabalho indus-
trial: entre o centro e a periferia mundial. Revista Lusófona de Educação, Lisboa, n. 27, p. 
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text&pid=S1645-72502014000200007. Acesso em: 22 maio 2019.
17Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados
Leituras recomendadas
BRANT, J. Saiba como usar as diferentes escalas do desenho arquitetônico. 2018. Disponível 
em: https://www.archdaily.com.br/br/904498/saiba-como-usar-as-diferentes-escalas-
-do-desenho-arquitetonico. Acesso em: 22 maio 2019.
CATAPAN, M. F. Apostila de desenho técnico. 2016. Disponível em: https://docente.ifrn.
edu.br/gildamenezes/disciplinas/desenho-tecnico/2015/apostilas/apostila-catapan. 
Acesso em: 22 maio 2019.
FERREIRA, B. V. O ensino do desenho técnico no curso de Arquitetura e Urbanismo: limites 
e possibilidades. 2004. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Pontifícia 
Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2004. Disponível em: http://tede2.pucgoias.
edu.br:8080/handle/tede/1169. Acesso em: 22 maio 2019.
ROSSI, M. A. Projeto design de interiores: aplicação dos conhecimentos em repre-
sentação gráfica. Educação Gráfica, [s. l.], p. 200-211, 2011. Disponível em: http://www.
educacaografica.inf.br/artigos/projeto-design-de-interiores-aplicacao-dos-conheci-
mentos-em-representacao-grafica. Acesso em: 22 maio 2019.
TAVARES, P. O desenho como ferramenta universal. O contributo do processo do dese-
nho na metodologia projectual. Tékhne - Revista de Estudos Politécnicos, Barcelos, v. 7, n. 
12, p. 7-24, dez. 2009. Diaponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_ar
ttext&pid=S1645-99112009000200002. Acesso em: 22 maio 2019.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços privados18
PROJETOS DE 
INTERIORES 
ESPECIAIS
Dulce América de Souza
Expressão gráfica e 
desenho técnico no 
projeto de interiores de 
espaços públicos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Definir desenho técnico e seu processo evolutivo.
 Aplicar as normas técnicas de expressão e representação projetual.
 Identificar as técnicas de expressão gráfica e de desenho técnico
utilizadas no projeto de interiores de áreas externas públicas.
Introdução
O conjunto de desenhos que constitui o sistema gráfico arquitetônico 
contém croquis, vistas, seções e perspectivas. Em cada fase do projeto, 
uma ou mais categorias de desenho se destacam. Os desenhos são a 
ferramenta básica dos arquitetos e constituem, em conjunto, a linguagem 
que eles utilizam para comunicar, refletir e possibilitar a execução de 
suas ideias.
Neste capítulo, você vai estudar o desenho técnico e as possibilida-
des de expressão gráfica que compõem o que os autores referenciais 
denominam “desenho arquitetônico”. Você também vai conhecer o 
processo evolutivo do desenho técnico e compreender a importância 
dos sistemas de projeção categoricamente instituídos por Gaspard 
Monge no século XVIII. Como você vai ver, atualmente existem manuais 
de representação gráfica arquitetônica e normas técnicas exclusivas 
para o desenho técnico e arquitetônico. Esse material orienta a repre-
sentação de todas as fases do projeto. Por fim, você vai ver exemplos 
de graficação que vão ampliar o seu repertório expressivo.
O desenho de arquitetura
O desenho técnico arquitetônico é a representação precisa dos elementos 
gráfi cos de um projeto (plantas, cortes, vistas). Ele envolve convenções, cotas 
e especifi cações. Além disso, é necessário considerar a comunicação entre os 
desenhos. Autores referenciais da área da expressão gráfi ca (CHING, 2011; 
MONTENEGRO, 1978) afi rmam que o desenho arquitetônico é um desenho 
técnico; por conseguinte, são comuns referências ora ao desenho técnico e ora 
ao desenho arquitetônico. Essa relação de complementariedade é justifi cada 
pois se verifi ca que “[...] o desenho arquitetônico nada mais é do que um 
desenho técnico arquitetônico” (TAMASHIRO, 2003, documento on-line).
Ao longo das atividades de projeto e na bibliografia da área, também é 
recorrente a referência aos desenhos iniciais ou artísticos, como os croquis e 
demais desenhos de estudo. A prática de determinada categoria de desenho 
denota uma etapa de projeto: os croquis estão associados à fase de concepção, e 
os desenhos técnicos caracterizam a fase de viabilização do projeto. A primazia 
do desenho é unanimidade entre autores e profissionais, conforme defende 
o arquiteto Michael Graves (apud ROBBINS, 1997, p. 47, tradução nossa):
Alguém poderia perguntar se é possível imaginar um edifício sem desenhá-
-lo. Embora existam, eu presumo, outros métodos de descrever as ideias de 
arquitetura de alguém, existe uma pequena dúvida em minha mente sobre a 
capacidade de a imagem desenhada descrever a vida imaginada de um edifício. 
Se estivermos finalmente discutindo a qualidade da arquitetura que resulta 
de um modo de conceitualização, então certamente o nível de excelência será 
aumentado pelo componente de investigação derivado da arte do desenho em 
si. Sem a disciplina do desenho, pareceria difícil utilizar na arquitetura a vida 
imaginada que tem sido previamente registrada e simultaneamente entendida 
através da ideia desenhada.
O conjunto do desenho arquitetônico (ou desenho de arquitetura) engloba 
um sistema gráfico que contém desenhos de croquis, vistas, seções e pers-
pectivas — que podem ser humanizadas com cores, texturas, sombras, etc. 
—, além de desenhos técnicos. Todos esses elementos gráficos podem ser 
elaborados à mão ou com o auxílio do computador. Você deve considerar 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos2
que, “Linguagem própria do arquiteto (supõe-se que o seja), estes desenhos 
se apresentam como ferramenta básica para comunicar suas intenções ao 
cliente contratante ou a outros profissionais do meio da construção civil” 
(TAMASHIRO, 2003, documento on-line).
Hoje, a utilização dos softwares gráficos vem substituindo a prática do 
desenho à mão. Autores, professores das escolas de arquitetura e diversos 
arquitetos alertam para a importância do domínio e da compreensão do desenho 
analógico. Eles entendem que tanto o grafite quanto o computador são ferra-
mentas do desenho, que se consolida como linguagem natural da arquitetura 
independentemente do meio pelo qual é realizado (CHING, 2011). Veja:
Desenhar com o auxílio de réguas, esquadros, gabaritos, compassos e esca-
límetros é o meio tradicional de desenho e representação gráfica em arqui-
tetura, e ainda é relevante em um mundo cada vez mais digital. Traçar uma 
linha com uma caneta ou lápis incorpora o sentido cinestésico de direção e 
comprimento, e é um ato tátil que realimenta a mente e reforça a estrutura 
da imagem gráfica resultante (CHING, 2011, p. 22).
O sistema de desenho arquitetônico é a forma adequada de transmitir a ideia 
do projeto e viabilizar a sua realização. O desenho é a linguagem universal do 
discurso arquitetônico, na qual o arquiteto conceitua, desenvolve, apresenta 
e realiza o projeto. Ao longo da história, o desenho arquitetônico assumiu 
formas e funções distintas, como você vai ver a seguir.
Breve percurso histórico do desenho arquitetônico
Pouco se conhece cientifi camente acerca dos desenhos utilizados para a realiza-
ção das edifi cações medievais. Contudo, Benevolo (2014) ensina que o mestre 
de obras possuía as atribuições de empreiteiro, construtor e administrador. 
Há relatos de que os desenhos dos arquitetos da época apresentavam apenas 
medidas, permitindo alterações necessárias durante a execução da obra:
[…] Os desenhos serviam-lhe para ilustrar suas ideias sobre a obra junto 
aos seus colaboradores, de modo a permitir-lhes que participassem com as 
ideias referentes às suas especializações profissionais. A obra, como um 
todo, era definida no canteiro de obras e correspondia a uma somatória 
dascontribuições dos profissionais arregimentados para a sua execução, 
como se fosse uma colcha de retalhos. Não existiam, portanto, os projetos 
arquitetônicos e tecnológicos, como os entendemos atualmente. Havia os 
traçados para a produção dos elementos construtivos e, quando muito, al-
gumas figurações gráficas das fachadas. O intento de um mestre de obras 
3Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
era construir, o que compreendia a concepção do objeto, e para isso reunia 
um grupo de profissionais competentes e disponíveis. Os edifícios, quanto à 
sua disposição dos planos e suas formas, eram construídos em função do que 
se conhecia sobre outros edifícios, anteriormente construídos (PUNTONI, 
1997, documento on-line).
O Renascimento (a partir de 1400) marca a ruptura — em termos de 
ciência — entre o mestre de obras e o arquiteto, quando o arquiteto passa 
a ser considerado um cientista, cujo maior exemplo é Filippo Brunelleschi 
(1337–1446). Brunelleschi inaugura o caminho da ciência por meio da sua 
teoria da perspectiva por meios experimentais, desencadeando o desenvol-
vimento do desenho em escala juntamente a modelos matemáticos para o 
projeto arquitetônico. O arquiteto assume um novo status cultural, social e 
técnico. A partir de então, passa a ser o projetista conceitual, sendo o desenho 
o instrumento da criação e da produção arquitetônicas (MUMFORD, 1998; 
BENEVOLO, 2014).
Em De re aedificatoria (1485), o arquiteto renascentista Leon Battista Al-
berti (1404–1472) aconselha que o arquiteto represente seus projetos por meio 
da planta e da seção (BENEVOLO, 2014). Ampliando as recomendações de 
Alberti, Rafael Sanzio (1483-1520) — um importante representante da pintura 
e da arquitetura renascentistas — descreve detalhadamente as três projeções 
ortogonais básicas: “[...] a planta (la pianta), o alçado (la parete di fuora) e a 
seção (la parete di dentro)” (SAINZ AVIA, 1990, p. 52).
O arquiteto italiano Andrea Palladio (1508–1580), em I quattro libri 
dell'architettura (1570), adota a teoria de Rafael buscando o rigor nas medidas 
por meio da utilização das projeções ortogonais, conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1. Projeções ortogonais da Villa Almerico (Villa Rotunda), de Andrea Palladio.
Fonte: Adaptada de Villa Capra (2019).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos4
Os sistemas de projeção foram instituídos categoricamente por Gaspard 
Monge, o matemático francês que em 1798 formulou as bases da geometria 
descritiva, codificando cientificamente todos os preceitos de representação 
utilizados pela arquitetura: projeções ortogonais — a planta, o alçado (ou 
fachada) e a seção (ou corte). Monge: 
Acrescentou ainda a projeção oblíqua, imprescindível para o cálculo científico 
das sombras próprias e arrojadas, dando entrada assim a uma variável que 
sempre se havia utilizado de um modo intuitivo, aproximado ou, em todo o 
caso, pictórico (SAINZ AVIA, 1990, p. 52).
A partir da obra de Monge, se pode falar de um sistema gráfico adequado 
para a representação de edifícios. As regras da geometria descritiva permitem 
que cada objeto seja reproduzido dentro desse sistema de representação de forma 
única, independentemente do executor do desenho. Atualmente, o desenho 
arquitetônico está sistematizado com convenções e simbologias próprias, sendo 
frequentemente desenvolvido “[...] em função dos novos modos de pensar e 
fazer arquitetura, de novas tecnologias, novos procedimentos construtivos que 
exigem novas formas de representar” (TAMASHIRO, 2003, documento on-line).
O desenho se constituiu como o instrumento pelo qual o arquiteto permite 
que se transforme um conceito ou ideia num objeto construído. Ele também é 
a principal ferramenta de comunicação entre a equipe de projeto e o cliente. 
Benevolo (2001) afirma que o rigor técnico e a expressividade dos desenhos do 
arquiteto modernista Frank Lloyd Wright (1867–1959) apoiaram a representação 
exata do espaço. O seu conjunto de especificações possibilitou construir o 
edifício desejado. A Figura 2 representa graficamente o ícone da arquitetura 
residencial modernista, a Casa da Cascata (1939), em Pitsburgo, Estados Unidos.
Figura 2. Representação gráfica da Casa da Cascata, de Frank Lloyd Wright.
Fonte: Adaptada de Ching e Eckler (2014).
5Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
O breve percurso histórico do desenho arquitetônico — em grande parte 
devido à contribuição de Monge no desenho técnico — conduziu à atual for-
matação: projeções ortogonais e perspectivas dotadas de seus códigos. Esse 
conjunto instituído tem as funções de linguagem e comunicação, como defende 
Sainz Avia (1990) quando determina a “finalidade” do desenho arquitetônico. 
Assim, o procedimento realizado dentro de determinado estilo gráfico possui 
sempre o objetivo de atender a uma finalidade arquitetônica.
Manuais e normas técnicas 
de representação arquitetônica
Agora, você vai conhecer os principais instrumentos de padronização para 
a representação arquitetônica. A ideia aqui é alinhá-los às práticas de ex-
pressão gráfi ca para projetos de espaços públicos externos. Existem várias 
publicações de ilustração para desenhos arquitetônicos — perspectivos ou 
em vista — com exemplos de representação de vegetação, fi gura humana, 
automóveis, texturas e acabamentos, etc. Atualmente, esse material é ampla-
mente publicado em sites específi cos para desenhistas e também em novos 
livros lançados mundialmente. Devido ao tema considerado aqui, você vai 
ver mais detalhadamente as normas e manuais relativos ao desenho técnico. 
A proposta é destacar os elementos indispensáveis para a representação dos 
projetos de áreas livres públicas.
Diversas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 
tratam do desenho técnico. A NBR 6492 (ABNT, 1994), por exemplo, aborda 
a representação de projetos de arquitetura, que diz respeito diretamente ao 
desenho técnico arquitetônico. Em relação aos manuais de desenho técnico, 
destaca-se a valiosa contribuição do arquiteto Francis Ching — professor de 
arquitetura da Universidade de Washington, em Seattle, nos Estados Unidos 
—, cuja produção é referência mundial para a representação arquitetônica, 
em especial o livro Representação gráfica em arquitetura.
No Quadro 1, você pode ver os desenhos componentes do projeto de 
arquitetura. Observe que a quantidade de informações apresentada em 
cada desenho componente de um projeto de arquitetura varia em função 
do objetivo do desenho em cada fase do projeto, em grau crescente de de-
talhamento e precisão.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos6
Planta de situação
Apresenta a edificação como um todo dentro do 
terreno, com seus anexos e elementos complementares. 
Para aprovação em órgãos oficiais, essa planta deve 
conter informações completas sobre a localização do 
terreno.
Planta de locação 
(ou implantação)
É semelhante à planta de situação, mas trata da relação 
entre o projeto de arquitetura e os projetos comple-
mentares, como localização das cavas de fundação, 
movimentos de terra, posicionamento das instalações 
de água, esgoto, luz, etc. É uma planta mais técnica 
usada na construção. A locação das edificações, assim 
como a das eventuais construções complementares, é 
indicada nessa planta. (Essas definições são dadas pela 
ABNT, no entanto as prefeituras municipais, por meio 
de suas legislações para construções, podem exigir a 
representação de outros detalhes nesses dois desenhos; 
em alguns casos, a definição das duas plantas é mesmo 
invertida.)
Planta de 
edificação
Resulta do corte da construção por um plano horizon-
tal localizado a 1,50 m de altura do piso. Essa altura é 
arbitrária, podendo ser modificada a fim de representar 
algum detalhe específico. (Essa planta é normalmente 
conhecida como planta baixa e deve ser realizada em 
relação a todos os pisos de umaconstrução, como 
térreo, garagem, pavimento tipo, cobertura, etc.)
Corte
É um plano secante vertical que divide a edificação 
em duas partes, seja no sentido longitudinal, seja no 
transversal. Resulta do corte por um plano vertical po-
sicionado de modo a representar detalhes internos da 
construção. Esse plano pode ser localizado no sentido 
longitudinal ou transversal nos pontos de maior inte-
resse da construção.
Fachada
Apresenta o aspecto exterior da construção, por meio 
da representação de uma ou mais vistas de suas faces 
externas.
Elevações
É a representação de vistas internas da construção ou de 
elementos isolados.
Quadro 1. Desenhos componentes do projeto de arquitetura
(Continua)
7Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
Aqui, interessam em especial as configurações adequadas dos desenhos 
das plantas de situação e locação (ou implantação), os cortes e os detalhes 
ou ampliações. A seguir, você vai estudar esses desenhos considerando a sua 
relevância para projetos de espaços públicos externos.
Planta de situação: componentes
A planta de situação é um desenho esquemático no qual constam as informa-
ções sobre o terreno e a construção como um todo. Esse desenho resulta da 
vista superior do lote em que se localiza a construção. Além disso, contém 
“[...] os dados sobre o logradouro onde se localiza [a construção] e dos lotes 
e construções mais próximos” (FERREIRA, 2008, p. 15).
A NBR 6492 (ABNT, 1994, p. 6) estabelece que a planta de situação deve 
conter:
a) simbologias de representação gráfica, conforme as prescritas no Anexo;
b) curvas de nível existentes e projetadas, além de eventual sistema de coor-
denadas referenciais;
c) indicação do norte;
d) vias de acesso ao conjunto, arruamento e logradouros adjacentes com os 
respectivos equipamentos urbanos;
e) indicação das áreas a serem edificadas, com o contorno esquemático da 
cobertura das edificações;
f) denominação dos diversos edifícios ou blocos;
g) construções existentes, demolições ou remoções futuras, áreas non aedi-
ficandi e restrições governamentais;
h) escalas;
i) notas gerais, desenhos de referência e carimbo. 
Fonte: Adaptado de ABNT (1994) e Ferreira (2008).
Detalhes ou 
ampliações
É a representação de elementos isolados, com o maior 
número de informações possível, de modo a possibili-
tar a execução correta. Usualmente, é apresentada em 
escala maior do que os demais desenhos e é constituída 
de plantas, cortes e elevações.
Planta de 
cobertura
Vista da parte superior da construção (A NBR 6492 não 
apresenta a definição de planta de cobertura, aqui 
acrescentada a fim de completar as informações.)
Quadro 1. Desenhos componentes do projeto de arquitetura
(Continuação)
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos8
Na Figura 3, veja um exemplo de planta de situação completa.
Figura 3. Planta de situação completa.
Fonte: Dallas City Hall (2019).
Como há intervenções que não possuem necessariamente uma edificação 
— ou, caso exista, ela não é o elemento central do projeto —, para melhor 
comunicação da proposta, a implantação ou planta de locação contribui de 
forma mais eficiente.
Planta de locação (ou implantação): componentes
A planta de locação agrega informações adicionais à planta de situação e, 
portanto, comunica com maior efi ciência as propostas de intervenção em áreas 
livres externas. A NBR 6492 (ABNT, 1994, p. 8) estabelece que a planta de 
locação deve conter:
a) simbologias de representação gráfica [...];
b) curvas de nível existentes e projetadas, além de eventual sistema de coor-
denadas referenciais;
c) indicação do norte;
9Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
d) indicação das vias de acesso, vias internas, estacionamento, áreas cobertas, 
taludes e platôs;
e) perímetro do terreno, marcos topográficos, cotas gerais, níveis principais;
f) indicação dos limites externos das edificações: recuos e afastamentos;
g) eixos do projeto;
h) amarração dos eixos do projeto a um ponto de referência;
i) denominação das edificações;
j) escalas;
k) notas gerais, desenhos de referência e carimbo. 
Ching (2011) observa que a planta de locação deve apresentar as relações 
de uma edificação com o seu entorno e o seu contexto, como ilustra a Figura 4.
Figura 4. Planta de locação.
Fonte: Ching (2011, p. 69).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos10
Para melhor qualidade da representação gráfica da implantação, o con-
torno do terreno pode ser representado em destaque, com linha de espessura 
mais grossa ou em cor contrastante. Você deve adotar a hierarquia de linhas 
na graficação, com os elementos complementares (mobiliário urbano, por 
exemplo) representados em linha média e informações como cotas, níveis e 
linhas auxiliares desenhadas com linhas mais finas (CHING, 2011).
Planta de edificação: componentes
A planta de edifi cação ou planta baixa é um desenho obtido pela interseção 
de um plano horizontal de corte a uma altura de 1,50 m do piso. A parte 
superior é simbolicamente “retirada” e se representa a vista da parte inferior, 
que recebe o nome de planta de edifi cação ou planta baixa (FERREIRA, 
2008). Conforme a NBR 6492 (ABNT, 1994, p. 7), as plantas, em geral, 
devem conter:
a) simbologias de representação gráfica [...];
b) indicação do norte;
c) eixos do projeto;
d) sistema estrutural;
e) indicação das cotas entre os eixos, cotas parciais e totais;
f) caracterização dos elementos do projeto:
– fechamentos externos e internos; 
– circulações verticais e horizontais; 
– cobertura/telhado e captação de águas pluviais; 
– acessos e demais elementos significativos;
g) marcação de projeção de elementos significativos acima ou abaixo do 
plano de corte;
h) indicação dos níveis de piso acabado;
i) denominação dos diversos compartimentos e respectivas áreas úteis;
j) marcação de cortes e fachadas;
k) escalas;
l) notas gerais, desenhos de referência e carimbo. 
Ching (2011, p. 53) destaca que “[...] a planta baixa é uma projeção orto-
gráfica da porção que permanece”. A Figura 5 ilustra a afirmação do autor.
11Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
Figura 5. Esquema ortográfico de uma planta baixa.
Fonte: Ching (2011, p. 53).
Fachada: componentes
A fachada tem função de apresentação — mais do que de execução — e 
apresenta as vistas externas das edifi cações ou conjuntos de arquitetura. 
Normalmente, são apresentadas a fachada principal e a fachada lateral de uma 
edifi cação (FERREIRA, 2008). A NBR 6492 (ABNT, 1994, p. 8) determina 
que as fachadas devem conter:
a) simbologias de representação gráfica [...];
b) eixos do projeto;
c) indicação de cotas de nível acabado;
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos12
d) escalas;
e) notas gerais, desenhos de referência e carimbo;
f) marcação dos cortes longitudinais ou transversais. 
Ching (2011, p. 82) trata as fachadas como elevações e as define como “[...] uma 
projeção ortográfica de um objeto ou uma construção em um plano de desenho 
vertical paralelo a uma de suas faces principais”, como você pode ver na Figura 6.
Figura 6. Representação de fachada.
Fonte: Ching (2011, p. 82).
Cortes: componentes
Os cortes são desenhos complementares às plantas. Eles trazem informações 
relativas às alturas dos elementos. O plano vertical de corte pode ser localizado 
em qualquer posição, de modo a representar os aspectos que mereçam maior 
destaque (FERREIRA, 2008). Em projetos externos públicos, os cortes evi-
denciam as relações de escala que ocorrerão nos espaços, o relevo do terreno, 
a inclinação das rampas, a altura das escadas e também os cheios e vazios 
propostos. A NBR 6492 (ABNT, 1994, p. 9) defi ne que os cortes devem conter:
13Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
a) simbologias de representação gráfica [...];
b) eixos do projeto;c) sistema estrutural;
d) indicação das cotas verticais;
e) indicação das cotas de nível acabado e em osso;
f) caracterização dos elementos de projeto:
– fechamentos externos e internos;
– circulações verticais e horizontais;
– áreas de instalação técnica e de serviço;
– cobertura/telhado e captação de águas pluviais;
– forros e demais elementos significativos;
g) denominação dos diversos compartimentos seccionados;
h) marcação dos detalhes;
i) escalas;
j) notas gerais, desenhos de referência e carimbo;
k) marcação dos cortes transversais nos cortes longitudinais e vice-versa. 
Ching (2011) diz que os cortes auxiliam a ilustrar o entorno e o contexto 
físico dos elementos, além das relações entre o espaço construído e os espaços 
exteriores ou não edificados. A Figura 7 mostra um diagrama de corte.
Figura 7. Diagrama de corte.
Fonte: Ching (2011, p. 72).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos14
Detalhes ou ampliações: componentes
Alguns elementos necessitam de certo grau de aproximação para que se com-
preenda a sua constituição e a sua futura execução. Num projeto de espaços 
externos, você pode detalhar o mobiliário urbano, as rampas e o sistema de 
drenagem proposto, por exemplo. A NBR 6492 (ABNT, 1994, p. 9) determina 
que os detalhes construtivos gerais devem conter:
a) simbologias de representação gráfica [...];
b) eixos do projeto;
c) sistema estrutural;
d) indicação de cotas em osso e acabadas, e cotas totais das partes de-
talhadas;
e) indicação de cotas pormenorizadas na fixação de todas as peças e aces-
sórios existentes;
f) indicação de cotas de nível em osso e acabado;
g) indicação dos materiais de acabamento utilizados;
h) marcação de cortes, elevações;
i) escalas;
j) notas gerais, desenhos de referência e carimbo. 
Usualmente, os projetos com maiores dimensões são representados em 
escalas menores — 1:100, 1:200, 1:500, etc. Os detalhes permitem a ampliação 
de apenas partes do projeto ou de determinado elemento ou sistema. Para os 
detalhes, Ching (2011, p. 80) orienta a utilização de escalas maiores, como 
1:50, 1:25, 1:10, 1:5: 
Escalas maiores são empregadas para detalhes que ilustrem condições 
especiais, como paredes compostas, quinas e escadas. Por esse motivo, um 
conhecimento geral de como as edificações são construídas é extremamente 
valioso para a criação de cortes em escala grande. 
A Figura 8 traz o exemplo de uma ampliação que revela a textura e o padrão 
dos materiais de revestimento utilizados.
15Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
Figura 8. Ampliação de fachada.
Fonte: Ching (2011, p. 85).
A NBR 6492 é utilizada com frequência porque ela é específica para a 
representação de projetos arquitetônicos. Porém, como a normatização rela-
cionada ao desenho técnico é extensa, a ABNT publicou uma série de normas 
que devem ser consultadas para assuntos específicos. Veja:
  NBR 8.402 (março/1994) — execução de caracter para escrita em de-
senho técnico;
  NBR 10.647 (abril/1989) — desenho técnico;
  NBR 10.067 (maio/1995) — princípios gerais de representação em 
desenho técnico — vistas e cortes;
  NBR 10.582 (dezembro/1988) — conteúdo da folha para desenho técnico;
  NBR 13.272 (fevereiro/1995) — elaboração da lista de itens em desenho 
técnico;
  NBR 13.278 (fevereiro/1995) — referência a itens em desenho técnico;
  NBR 8.196 (dezembro/1999) — emprego de escalas em desenho técnico;
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos16
  NBR 10.126 (novembro/1987) — cotagem em desenho técnico;
  NBR 8.403 (março/1984) — aplicação de linhas em desenhos — tipos 
e largura das linhas;
  NBR 10.582 (dezembro/1988) — apresentação da folha para desenho 
técnico;
  NBR 10.068 (outubro/1987) — folha de desenho — leiaute e dimensões 
(ABNT, 2019).
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto 
de áreas externas públicas
Agora, você vai ver possibilidades expressivas para a representação de projetos 
em espaços externos públicos. O desenho técnico é essencial para a elaboração 
precisa do projeto e a sua futura execução. Porém, você pode associar a ele 
técnicas de expressão gráfi ca que valorizam a ideia e comunicam as soluções 
de projeto de maneira imediata e rica plasticamente, conforme sugere Góes 
(2008, documento on-line):
Os desenhos de apresentação são voltados para o entendimento e esclareci-
mento do cliente e/ou do usuário sobre o projeto. Normalmente são desenhos 
mais elaborados e coloridos, como as plantas humanizadas e os modelos 
tridimensionais. Podem ser realizados à mão ou por programas computacio-
nais. Eles se tornam responsáveis pela agilidade da compreensão do projeto 
pelo cliente. Com o uso de belas e bem elaboradas imagens, o arquiteto tenta 
seduzir e convencer o seu cliente sobre a solução por ele apresentada. Os 
programas de computador, que trabalham em 2D e 3D, são cada vez mais 
utilizados dentro dos escritórios de arquitetura, principalmente na construção 
desses desenhos de apresentação.
Há uma variedade de métodos que podem ser empregados para expressar 
ideias e conceitos de arquitetura. Além das técnicas associadas ao desenho 
arquitetônico, a graficação de projetos pode adotar técnicas advindas de outras 
áreas, como os storyboards utilizados no cinema, a produção de imagens 
digitais e a expressão gráfica característica das belas artes, como os esboços 
artísticos (FARRELLY, 2014).
A técnica da fotomontagem, por exemplo, pode contribuir muito na geração 
de imagens atraentes para demonstrar a eficácia de um partido arquitetônico 
em determinado terreno. São impressões artísticas, pois mesclam fotografias 
17Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
digitais de um terreno existente com maquetes eletrônicas. Portanto, “As foto-
montagens são imagens ‘manipuladas’ pelo projetista para obter a melhor vista 
ou ângulo mais atraente de uma ideia que está sendo proposta” (FARRELLY, 
2014, p. 95). A Figura 9 apresenta sugestões de fotomontagens.
Figura 9. Fotomontagens na expressão gráfica arquitetônica.
Fonte: Adaptada de Farrelly (2014).
A expressão gráfica de uma elevação (Figura 10), por exemplo, deve evi-
denciar o contexto de inserção do objeto arquitetônico. Aquilo que é mais 
significativo pode ser destacado com cores e/ou texturas, e o entorno pode ser 
apresentado de forma monocromática. Tanto a vegetação quanto a presença de 
calungas nas representações arquitetônicas ajudam a compreender as escalas 
do projeto (FARRELLY, 2014).
Figura 10. Elevação (fachada) apresentando o contexto.
Fonte: Farrelly (2014, p. 108).
Para projetos de espaços públicos, é comum trabalhar com intervenções em 
longas extensões de terreno. Nesse caso, é indicada a utilização de hierarquia 
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos18
nos desenhos, estabelecendo a relação entre o prédio projetado e a paisagem que 
o circunda, como você pode ver na Figura 11. Elevações e cortes possibilitam 
a compreensão do modo como os espaços se conectam e se relacionam. Além 
disso, conseguem expressar a relação entre o interior e o exterior de uma 
edificação ou de um conjunto arquitetônico (FARRELLY, 2014).
Figura 11. Cortes e elevações humanizados.
Fonte: Farrelly (2014).
Uma estratégia interessante é apresentar as três dimensões do projeto em algu-
mas imagens diagramáticas. Por meio das perspectivas isométricas (Figura 12), 
é possível expor muitas informações em um único desenho, especialmente a 
inter-relação entre os espaços. O recurso das perspectivas é um forte aliado da 
expressão gráfica arquitetônica, pois pode concentrar elementos importantes 
das plantas baixas, cortes e elevações (FARRELLY, 2014).
Figura 12. Utilização das perspectivas isométricas.
Fonte: Farrelly (2014).
Para expressar as ideias de um partido de projeto para espaços públicos 
externos, a produção de desenhos de perspectiva é muito indicada. As pers-pectivas podem ter um toque mais artístico, mesmo sendo elaboradas com o 
auxílio de softwares gráficos, conforme exemplifica a Figura 13. Nesse caso, 
19Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
o desenho foi elaborado com base em fotografias feitas no local, desenhos 
gerados por computador e calungas importadas, conferindo o senso de escala 
e movimento proposto pelo projeto (FARRELLY, 2014).
Figura 13. Perspectiva artística.
Fonte: Farrelly (2014, p. 121).
É por meio do desenho que os arquitetos elaboram e testam suas ideias. Além 
disso, por meio dele, se pode dialogar com a situação projetual e modificá-la se 
necessário. O desenho produz conhecimento arquitetônico, sendo portador da ideia 
e agente da ação futura. Na atualidade, o objeto arquitetônico virtual é um forte 
aliado do arquiteto, facilitando a compreensão espacial da proposta ao cliente e aos 
demais participantes do projeto. Assim, explorar as técnicas de expressão gráfica 
— analógicas e/ou digitais — é fundamental para os profissionais de projeto.
ABNT. NBR 6492: Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994.
BENEVOLO, L. História da arquitetura moderna. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.
BENEVOLO, L. História da cidade. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2014. 
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2011.
CHING, F. D. K.; ECKLER, J. F. Introdução à arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014.
Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos20
DALLAS CITY HALL. In: WIKIPÉDIA. [S.l.: s.n.], 2019. Disponível em: https://en.wikipedia.
org/wiki/Dallas_City_Hall. Acesso em: 26 maio 2019.
FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014.
FERREIRA, P. Desenho de arquitetura. 2. ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008.
GÓES, M. B. Reflexões sobre o ensino de projeto, sob o ponto de vista da prática 
arquitetônica. In: COBENGE, 35., 2007. Anais [...]. Belo Horizonte, 2007. Disponível em: 
http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/12/artigos/21-Mariza%20Barcellos.pdf. 
Acesso em: 26 maio 2019.
MONTENEGRO, G. Desenho arquitetônico. São Paulo: Edgar Blücher, 1978.
MUMFORD, L. A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas. São 
Paulo: Martins Fontes, 1998.
PUNTONI, G. V. O desenho técnico e o ato criador do arquiteto. Tese (Doutorado) – Uni-
versidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura, São Paulo, 1997. Disponível em: 
https://bdpi.usp.br/item/000973594. Acesso em: 26 maio 2019.
ROBBINS, E. Why architects draw. Londres: MIT Press, 1997.
SAINZ AVIA, J. El dibujo de arquitectura: teoría e historia de un lenguaje gráfico. Madri: 
Editorial Nerea, 1990.
TAMASHIRO, H. A. Desenho técnico arquitetônico: constatação do atual ensino nas escolas 
brasileiras de arquitetura e urbanismo. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia 
de São Carlos – Universidade de São Paulo, 2003. Disponível em: https://www.teses.usp.
br/teses/disponiveis/18/18131/tde-27012009-144722/publico/Dissertacao_heverson.
pdf. Acesso em: 26 maio 2019.
VILLA CAPRA. In: WIKIPÉDIA. [S.l.: s.n.], 2019. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/
wiki/Villa_Capra. Acesso em: 26 maio 2019.
Leituras recomendadas
ALEX, S. Projeto da praça: convívio e exclusão no espaço público. São Paulo: Senac 
São Paulo, 2011.
BUXTON, P. Manual do arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed. 
Porto Alegre: Bookman, 2017.
FIALHO, R. N. O desenho como metodologia de projeto: escritório técnico Rino Levi. 
Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura, 2002.
HERTZBERGER, H. Lições de arquitetura. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MACEDO, S. S. Plano de massas: um instrumento para o desenho da paisagem. In: 
BARTALINI, V. Paisagem e ambiente: ensaios III. São Paulo: FAUUSP, 1990.
MIGLIORINI, J. M. (org.). O essencial da arquitetura e urbanismo. Ponta Grossa: Atena Editora, 
2018. Disponível em: https://www.atenaeditora.com.br/wp-content/uploads/2018/10/E-
-book-O-Essencial-da-Arquitetura-e-Urbanismo.pdf. Acesso em: 26 maio 2019.
21Expressão gráfica e desenho técnico no projeto de interiores de espaços públicos
DESENHO DE
PERSPECTIVA
Dulce América 
de Souza
 
Método das três escalas 
e dos pontos medidores
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer as particularidades e o desenvolvimento do método das 
três escalas e dos pontos medidores. 
 � Verificar como se desenvolveu esta técnica de representação gráfica.
 � Identificar sua aplicação no desenho.
Introdução
O termo “perspectiva” é a designação correta de desenho em três di-
mensões, representado de forma rigorosa em um espaço bidimensional. 
Para compreender as regras aplicadas ao desenho de perspectivas e o 
desenvolvimento dos processos gráficos, é necessário adentrar-se nos 
conceitos básicos de geometria descritiva.
Neste capítulo, você conhecerá os princípios para a execução de 
perspectivas de dois processos semelhantes, porém, com particula-
ridades bem específicas: o método das três escalas e o método dos 
pontos medidores, ambos relacionados às perspectivas cônicas, tam-
bém conhecidas como geométricas ou lineares. Você também será 
apresentado ao vocabulário sistematizado em grande parte da biblio-
grafia de referência e, de forma didática, à aplicação dos processos no 
desenho arquitetônico.
Particularidades dos métodos de três escalas e 
pontos medidores
Os processos básicos da geometria orientam as construções em perspectiva, 
e o arquiteto ou projetista deve escolher o método mais adequado para a 
realização dos seus desenhos a partir desse conhecimento prévio. Veja duas 
conceituações preliminares antes de se começar a detalhar geometricamente 
os dois métodos, as quais dizem respeito ao cone de visão e aos eixos que 
definem as medidas do espaço tridimensional. 
Graficamente, o cone visual limita, no quadro, uma circunferência cujas 
geratrizes contidas no plano do horizonte determinam os pontos de fuga (PF) 
na linha do horizonte (LH), como você pode ver na Figura 1, em um exemplo 
de Montenegro (2010).
Figura 1. Geratrizes do cone visual.
Fonte: Montenegro (2010, p. 41).
Método das três escalas e dos pontos medidores2
Quando se fala em eixos, imagina-se imediatamente o sistema de coorde-
nadas x, y e z, as quais são os três eixos que definem as dimensões do espaço 
tridimensional: a largura, a altura e a profundidade — veja um exemplo na 
Figura 2.
Figura 2. Três eixos, três escalas de medidas.
Fonte: Montenegro (2010, p. 41).
Você compreenderá a utilização dos dois métodos a partir dos conheci-
mentos geométricos aplicados ao desenho de perspectiva e perceberá que, às 
vezes, ambos podem ser associados. Em algumas situações, por um problema 
particular, a adoção dos métodos/processos pode ser mista, por exemplo, de 
um determinado estágio do desenho em diante, opta-se por adicionar um 
certo procedimento geométrico, sendo que o fim é sempre atingir o melhor 
resultado, como afirma Montenegro (2010, p. 59): “o matemático e filósofo 
Henri Poincaré dizia que, até mesmo na Matemática, a comodidade é um 
fator de grande peso, e a Perspectiva Cônica – aplicação da Geometria – é 
exata, é Matemática!”.
3Método das três escalas e dos pontos medidores
Ao ilustrar os procedimentos preliminares para a execução da perspectiva por meio 
dos métodos das três escalas e dos medidores, Montenegro adentra na terminologia 
da geometria descritiva e elabora alguns esquemas gráficos, os quais você pode 
visualizar na Figura 3.
Figura 3. Esquemas gráficos.
Fonte: Montenegro (2010, p. 30).
Aplicação do método das três escalas
O processo das três escalas é sistematizado pelo professor Gildo Montenegro 
(2010) em “A perspectiva dos profissionais”, uma das mais reconhecidas 
bibliografias para desenhos perspectivos. Outros autores tratam do tema, 
de maneira mais generalista, sem umaparticularidade a respeito do mé-
todo; portanto, os estudos mais conhecidos são de autoria de Montenegro 
(2010), que aborda os procedimentos, sempre os ilustrando com os esquemas 
gráficos.
Método das três escalas e dos pontos medidores4
Iniciado esse processo, determina-se no plano geometral (β) o objeto — o 
quadrado ABEC, o quadro (α), a distância do ponto de observação (DP) e o 
cone visual de 90°. Com esses elementos gerados, os PF (F1 e F2) podem ser 
marcados na LH e, para isso, traça-se, a partir do visual principal do ponto de 
vista (PV), duas retas paralelas às vistas AB e AC, com ângulo de 45° cada 
uma delas. Esses PF (F1 e F2) são determinados sobre a LH. Temos, então, 
AF1 = AF2 = DP, como você pode ver na Figura 4.
Figura 4. Determinação dos elementos iniciais.
Fonte: Montenegro (2010, p. 42).
As direções principais AB e AC podem formar, com o quadro (α), ângulos 
diferentes de 45°; já os PF (F1 e F2), consequentemente, estarão posicionados 
de forma distinta da Figura 4 na LH, na qual os pontos de distância (D1 e 
D2) estavam coincidindo com os de fuga, devido ao posicionamento do 
objeto em relação ao quadro (α) em 45° (MONTENEGRO, 2010). Porém, 
há situações em que a localização dos PF e de distância se alteram, veja um 
exemplo na Figura 5.
5Método das três escalas e dos pontos medidores
Figura 5. Posicionamento do objeto com ângulo diferente de 45°.
Fonte: Montenegro (2010, p. 42).
Na Figura 5, verifica-se, ainda, que as medidas x e y são iguais a DP. Ao 
traçar uma linha perpendicular do PV em direção ao centro geométrico do 
objeto, será encontrado o ponto principal (PP) sobre a LH. Assim, conhecendo-
-se a DP e identificando-se o PP sobre a LH, é possível marcar imediatamente 
os pontos de distância (D1 e D2). Agora, eles não mais coincidirão com os PF 
(F1 e F2), porque o objeto está posicionado em relação ao quadro (α) com 30° 
à direita e, consequentemente, 60° à esquerda.
Os PF (F
1
 e F
2
) são sempre encontrados traçando retas paralelas às faces do objeto, a 
partir do PV em direção à LH. Essa interseção das retas com a LH determina o ponto 
exato de F
1
 e F
2
. Embora o ângulo de visão nítido seja de 60°, em perspectiva define-se 
90º como abertura de visão máxima.
Segundo Canotilho (2005, p. 67), “este dado não deve ser esquecido, porque é 
fundamental para a determinação de qualquer tipo de perspectiva. Portanto, os 
segmentos de reta (V, F) e (V, F
1
), intersectam-se no ponto (V), formando entre si um 
ângulo de 90°”.
Método das três escalas e dos pontos medidores6
No processo das três escalas, o traçado baseia-se na construção de pontos 
definidos pela interseção de duas retas: a que vai para o PP, e a que vai para 
o ponto de distância. Como o seguimento AC pertence ao quadro (α), sua 
perspectiva estará em verdadeira grandeza (VG). Na Figura 6, você pode ver 
um exemplo, dado por Montenegro (2010).
Figura 6. Quadrado ABEC.
Fonte: Montenegro (2010, p. 43).
Primeiro, marca-se o D2 na LH, considerando o dado PP-D2 igual a DP, 
liga-se o C1 (localizado na linha de terra LT) ao PP (seta 1 da Figura 11) e, em 
seguida, liga-se o A1 a D2 encontrando E (seta 4 na Figura 11), ao eixo C-PP. 
Por fim, traça-se BE paralela a AC.
Montenegro (2010) prossegue com a simplificação do traçado sugerindo 
rebater todas as medidas de profundidade sobre o quadro (α) e marca-las 
na LT, para depois liga-las (as de profundidade) ao D2. Tem-se que a dis-
tância PP- D2 é igual à distância do PV ao PP. Veja essa simplificação na 
Figura 7. 
7Método das três escalas e dos pontos medidores
Figura 7. Simplificando o desenho.
Fonte: Montenegro (2010, p. 44).
Observe na Figura 8 que A1C1E1 é a perspectiva do triângulo ACE, “[...] 
ou, na linguagem da geometria descritiva, A1C1E1 é a projeção de ACE sobre 
o quadro”, de acordo com Montenegro (2010, p. 44).
Na Figura 8, usa-se o ponto de distância da direita (D
2
), porém, como utilizar o ponto 
de distância da esquerda (D
1
)? Veja a solução.
Método das três escalas e dos pontos medidores8
Figura 8. Utilização do ponto de distância da esquerda.
Fonte: Montenegro (2010, p. 44).
Conforme orientações de Montenegro (2010, p. 45), observadas na Figura 9, 
há um passo a passo que exemplifica a aplicação do processo das três escalas 
e que é utilizado na perspectiva de um prisma — considerando que a sua face 
frontal está sobre o quadro (α), portanto, em sua VG. De seus vértices A1B1S1R1, 
partem retas que convergem para o PP, as quais são as fugas das direções AE 
e BC, perpendiculares ao quadro (α). Repare nas setas 1 a 4.
Figura 9. Exemplificação do processo em um prisma.
Fonte: Montenegro (2010, p. 45).
Conforme você pôde ver na Figura 10, rebate-se (seta 5) AE sobre o quadro 
(α) e o carrega até a LT (seta 6). Depois, liga-se E’ a D2 e obtém-se E1 (seta 7). 
Por fim, complementa-se a base com EC, paralela a LT, e desenha-se a face 
posterior (MONTENEGRO, 2010, p. 45).
9Método das três escalas e dos pontos medidores
Segundo Montenegro (2010):
 � utiliza-se sempre o ponto de distância do mesmo lado em que foi traçada a diagonal 
no esquema em planta;
 � é dispensável o desenho da planta, uma vez que se pode marcar a profundidade 
diretamente na LT.
A utilização de diagonais e pontos de distância (D1 e D2) caracteriza o 
processo das três escalas, cujo traçado da perspectiva é mais cômodo quando 
a figura tem uma face paralela ao quadro (α) e, em geral, utilizado nas pers-
pectivas de interiores. Veja sua utilização na Figura 10.
Figura 10. Utilização do processo das três escalas em perspectiva de interiores.
Fonte: Montenegro (2010, p. 50).
Possibilidades práticas do processo dos pontos 
medidores
O processo dos pontos medidores, ou apenas processo dos medidores, é uma 
variante do método das três escalas e, como tal, dispensa o desenho do objeto 
no plano geometral (β). Ele é sistematizado pelo professor Gildo Montenegro 
Método das três escalas e dos pontos medidores10
no livro “A perspectiva dos profissionais” e mencionado por outros autores 
de referência para o desenho arquitetônico.
Francis Ching (2012, p. 269), no capítulo “Método da planta perspectivada”, 
se refere a um processo que “[...] permite construir toda uma perspectiva a 
partir de medidas tiradas do plano do desenho, sem a necessidade de uso de 
uma planta ou elevação ortogonal” (Figura 11). O autor insere nesse tema a 
definição e utilização dos pontos medidores, chamados de pontos de medição. 
Nesse método, o diagrama da planta deve ser utilizado para posicionar esses 
pontos, os quais são designados como:
Um ponto de medição é um ponto de fuga para um conjunto de retas paralelas, 
utilizado para transferir dimensões reais de uma linha métrica no plano do 
desenho a uma linha em perspectiva. O ponto diagonal na perspectiva com um 
ponto de fuga é um exemplo deste ponto de medição (CHING, 2012, p. 268).
Figura 11. Método da planta perspectivada.
Fonte: Ching (2012, p. 268).
11Método das três escalas e dos pontos medidores
A Figura 11 apresenta um esquema de desenho em perspectiva com dois 
PF, na qual também existem dois pontos medidores, cuja finalidade é transferir 
as dimensões horizontais no plano do desenho para a perspectiva de uma reta 
horizontal do objeto. 
Para determinar a posição do ponto medidor direito (PMD), utiliza-se o 
ponto de fuga esquerdo (PFE) como centro e traça-se um arco do ponto de 
observação (PO) em direção à linha do plano de desenho. A fim de determinar 
a posição do ponto medidor esquerdo (PME), procede-se utilizando a direção 
oposta. As curvas resultantes possuem razões semelhantes, já a curva PO-PME 
é paralela à curva AB, sendo, portanto, o PF para todas as retas paralelas a 
esse conjunto (CHING, 2012).
O conjunto de retas paralelas resultantes desse procedimento servirá para 
transferir dimensões em escala na LT no plano do desenho para a sua reta BC.
Note que Montenegro (2010) corrobora com Ching (2012) sobre o procedimento de 
determinação dos pontos medidores e ilustra-odidaticamente, como você pode 
visualizar na Figura 12.
Figura 12. Identificação dos pontos medidores.
Fonte: Montenegro (2010, p. 53).
Método das três escalas e dos pontos medidores12
Segundo a orientação de Montenegro (2010), você viu um exemplo da 
aplicação do processo dos pontos medidores na Figura 13, e seus dados são: 
há um prisma de base retangular ABCD no plano geometral (β), e o quadro (α) 
passa pelo vértice A, formando um ângulo de 30° com o lado AB. Já a altura 
do prisma (AR) é DP = 1,5 x AB. Veja mais detalhes na Figura 13. 
Figura 13. Dados do prisma para o processo dos pontos medidores.
Fonte: Montenegro (2010, p. 54).
A sequência orientada pelo autor é a seguinte: a partir de A para as fugas, 
traça-se os eixos ou as direções dominantes estando AB e AD em perspectiva 
e, em seguida, marca-se na LT o lado AB BM₂, o ponto B₁ (perspectiva de 
B) está no eixo 2. Assim, no eixo 2 com fuga F2, há o ponto medidor M2. 
Marca-se a seguir, na LT, o lado AD (dado) e liga-se D a M₁, obtendo-se D₁, 
que é a perspectiva do ponto D. Dessa forma, tem-se no eixo 1 com fuga 
F1, o qual é o ponto medidor M1 (MONTENEGRO, 2010). Esses medidores 
são utilizados exclusivamente para obter pontos sobre direções desenhadas 
em perspectiva, nunca usados para obter as direções (eixos) — estas correm 
sempre para os PF.
Os métodos das três escalas e dos pontos medidores não são processos 
únicos e exclusivos para um determinado tipo de desenho em perspectiva, 
mas, sim, possibilidades ao alcance dos arquitetos e projetistas que devem 
conhecer as regras geométricas básicas para escolher qual é o mais adequado 
para cada situação prática.
13Método das três escalas e dos pontos medidores
A execução de perspectivas, por meio do processo dos pontos medidores, pode ser 
acompanhada nos vídeos a seguir. Embora sejam feitas com auxílio do computador, 
elas mantêm o rigor dos procedimentos geométricos que estabelecem as regras 
para esse método.
Pontos medidores — perspectiva com auxílio de computador (1):
https://goo.gl/1q2gmp
Pontos medidores — perspectiva com auxílio de computador (2):
https://goo.gl/TWXx5h
1. Uma conceituação preliminar para 
a compreensão do método das três 
escalas e dos pontos medidores é 
o cone visual. Como ele pode ser 
descrito graficamente? 
a) O cone visual limita, no quadro 
(α), um paralelepípedo cujas 
arestas determinam os PF na 
linha do horizonte (LH).
b) O cone visual limita, 
no quadro (α), uma 
circunferência cujas geratrizes 
determinam os PF na LH.
c) O cone visual limita, no 
plano geometral (β), uma 
circunferência cujas geratrizes 
determinam os PF na 
linha de terra (LT). 
d) O cone visual limita, no 
plano geometral (β), 
uma circunferência cujas 
geratrizes determinam os 
PF abaixo da LH. 
e) O cone visual limita, no quadro 
(α), uma pirâmide cujos vértices 
determinam os PF na LH.
2. Quando se fala em eixos, imagina-se 
imediatamente o sistema de 
coordenadas x, y e z, as quais 
são os três eixos que definem as 
dimensões do espaço tridimensional. 
O processo das três escalas 
mantém íntegras essas medidas, 
identificadas como: 
a) a largura, a altura e a 
profundidade.
b) a largura, a altura e a distância 
do ponto do observador em 
relação ao plano do desenho. 
c) a largura, a altura e os 
pontos medidores.
d) o ponto de vista, a altura 
e a profundidade.
e) a largura, a LH e a profundidade.
3. Cada método ou processo que 
utiliza procedimentos geométricos 
Método das três escalas e dos pontos medidores14
https://goo.gl/1q2gmp
https://goo.gl/TWXx5h
é caracterizado por algum aspecto 
peculiar. No processo das três 
escalas, o traçado baseia-se 
na construção de pontos 
definidos pela interseção de duas 
retas, quais são elas? 
a) A reta que se dirige para o ponto 
de observação (PO), e a reta 
que vai para o PF (F
1
 ou F
2
).
b) A reta que se dirige para o ponto 
medidor, e a reta que vai para 
o ponto de distância (D
1
 e D
2
).
c) A reta que se dirige para o ponto 
principal (PP), e a reta que vai 
para o ponto de terra (PT).
d) A reta que se dirige para o ponto 
de vista (PV), e a reta que vai para 
o ponto de distância (D
1
 e D
2
).
e) A reta que se dirige para o 
PP, e a reta que vai para o 
ponto de distância (D
1
 e D
2
).
4. O processo dos pontos medidores 
é uma variante do processo das 
três escalas. Qual das seguintes 
afirmativas corresponde a esse 
método? 
a) O processo dos pontos 
medidores depende do desenho 
do objeto no plano geometral (β) 
para a construção da perspectiva.
b) O processo dos pontos 
medidores é utilizado 
exclusivamente para perspectivas 
com um único PF (P
1
).
c) O processo dos pontos 
medidores está associado às 
plantas e elevações, sem elas é 
impossível utilizar esse método.
d) O processo dos pontos 
medidores está relacionado 
apenas às projeções 
com dois PF (P
1
 e P
2
).
e) O processo dos pontos 
medidores dispensa o 
desenho do objeto no plano 
geometral (β), permitindo a 
construção da perspectiva 
a partir de medidas tiradas 
do plano do desenho, sem a 
necessidade de uso de uma 
planta ou elevação ortogonal.
5. Os pontos medidores 
possuem uma finalidade 
específica. Eles são utilizados 
exclusivamente para: 
a) obter pontos sobre os 
planos verticais.
b) obter pontos sobre as 
direções horizontais, além 
de direções (eixos).
c) obter pontos sobre as direções 
desenhadas em perspectiva, 
e nunca são usados para 
obter direções (eixos).
d) obter pontos sobre as 
direções ortogonais, além 
de obter direções (eixos).
e) obter as direções (eixos).
15Método das três escalas e dos pontos medidores
CANOTILHO, L. M. L. Perspectiva pictórica. Bragança: Instituto Politécnico de Bragança, 
2005. Disponível em: <https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/962/1/75%20- 
%20Perspectiva%20pict%C3%B3rica.pdf>. Acesso em: 11 maio 2018.
CHING, F. Desenho para arquitetos. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
MONTENEGRO, G. A perspectiva dos profissionais: sombras, insolação e axonometria. 
2. ed. São Paulo: Blucher, 2010.
Leituras recomendadas
ARAÚJO, K. M. L. A perspectiva linear e a eficácia da sua comunicação. 2. ed. São Paulo: 
Blucher, 2016. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.
com/openaccess/9788580391701/completo.pdf>. Acesso em: 11 maio 2018.
CHIESA, C. Perspectiva: elementos racionais para o uso prático. São Paulo: HEMUS, 
2001. Disponível em: <http://www.geocities.ws/adreson74/perspectiva/index.html>. 
Acesso em: 11 maio 2018.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. 
MORAIS, V. R. R. O projeto e a imagem: a interface entre representação e investigação 
projetual em arquitetura. 2008. 105 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – 
Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008. Disponível em: <http://www.poscivil.
uff.br/sites/default/files/dissertacao_tese/dissertacao_vinicius.pdf>. Acesso em: 11 
maio 2018.
RICCA, G. Geometria Descritiva: método de monge. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste 
Gulbenkian, 2011. 
UNIVERSIDADE DE LISBOA. Faculdade de Arquitetura. 2018. Disponível em: <http://
www.fa.ulisboa.pt/index.php/pt/>. Acesso em: 11 maio 2018.
VAZ, A.; ROSSI, F. A. Perspectiva Cônica: curso de extensão. Curitiba: Universidade Federal 
do Paraná, 2015. Disponível em: <http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_arabella/
wp-content/uploads/sites/28/2016/03/Perspectiva-C%C3%B4nica.pdf>. Acesso em 
11 maio 2018.
Método das três escalas e dos pontos medidores16
https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/962/1/75%20-
http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws/
http://www.geocities.ws/adreson74/perspectiva/index.html
http://www.poscivil/
http://uff.br/sites/default/files/dissertacao_tese/dissertacao_vinicius.pdf
http://www.fa.ulisboa.pt/index.php/pt/
http://www.exatas.ufpr.br/portal/degraf_arabella/
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.DESENHO TÉCNICO 
ARQUITETÔNICO
Cássia Morais Mano
 
Símbolos e convenções 
gráficas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer a tipologia de traços/linhas dos desenhos técnicos.
 � Usar a letra técnica.
 � Explicar a importância de símbolos e convenções gráficas no desenho 
técnico.
Introdução
O uso de símbolos e convenções gráficas em arquitetura tem a função 
de padronizar as representações dos elementos arquitetônicos, a fim de 
que a leitura de um desenho técnico seja clara para todos os envolvi-
dos — desde o projetista até o mestre de obras. Nesse tipo de desenho, 
existem normas que regulamentam a maneira de representar as partes 
de um projeto, bem como a especificação de quais tipos de linhas e 
espessuras se deve utilizar. 
Neste capítulo, você estudará os diferentes tipos de traços dos dese-
nhos técnicos e compreenderá como o uso da escrita é essencial para a 
inserção de informações adicionais no projeto. Por fim, você será capaz 
de reconhecer os principais símbolos e convenções gráficas utilizados 
em arquitetura, além da sua importância no desenho técnico.
Desenho técnico: tipologia das linhas
Para representar graficamente seus projetos arquitetônicos, alguns arquitetos 
podem realizar os desenhos à mão, embora esse método esteja quase em 
desuso, ou utilizar os programas computacionais (como AutoCAD, Revit 
ou ArchiCAD). Independentemente da ferramenta escolhida, o projetista 
deverá usar metodologias e procedimentos do desenho técnico. Para garantir 
a compreensão universal dos elementos arquitetônicos representados, serão 
aplicados conceitos e indicações escritas normalizados internacionalmente. 
Segundo Kubba (2015) e Ching (2017), nesses desenhos, utiliza-se linhas de 
diversos tipos e espessuras.
 � Linhas de contorno: servem para delimitar a forma dos objetos, as 
mudanças de plano e elemento arquitetônico. A espessura da linha, 
também chamada de peso da linha, possui variação conforme o objeto 
representado e a profundidade. Por exemplo, as paredes têm espessura 
mais grossa; as esquadrias e divisórias apresentam espessura média; 
já as cotas e os objetos em vista, espessura mais fina.
 � Linhas tracejadas ou pontilhadas: compostas de traços curtos (ou 
pontos) próximos uns dos outros, indicam elementos que não estão 
visíveis no desenho. Por exemplo, as projeções de telhados e cobertu-
ras, os reservatórios enterrados ou a continuação dos degraus de uma 
escada acima de 1,20 m.
 � Linhas de eixo: indicam, literalmente, o eixo geométrico de uma 
composição arquitetônica, ou uma fachada que apresenta simetria. 
Por exemplo, no projeto estrutural, podem ser indicados os eixos dos 
pilares; e em uma planta de locação do edifício, localizam-se os eixos 
das paredes ou o eixo de uma escada.
 � Linhas de grade: indicam um sistema regular ou radial de linhas com 
espessura fina. Por exemplo, a malha de um projeto arquitetônico; a 
indicação dos módulos utilizados para um projeto, em uma planta de 
forro; a localização em grade das luminárias etc.
 � Linhas de divisa: compostas de traço e ponto, indicam os limites do 
terreno e suas divisas.
 � Linhas de interrupção: trata-se de “[...] segmentos relativamente longos 
unidos por traços curtos em zigue-zague, são usadas para cortar uma 
parte de um desenho”, de acordo com Ching (2017, p. 19). Podem ser 
utilizadas em todas as representações arquitetônicas, como plantas 
baixas, cortes, fachadas e detalhamentos.
 � Linhas de instalação: indicam a infraestrutura existente que abastece 
o terreno ou incide sobre ele. Consiste em segmentos de reta longos 
separados pela letra correspondente à instalação, geralmente, abasteci-
mento de água “A”, instalações elétricas “E” e instalações de gás “G”.
Símbolos e convenções gráficas2
O peso das linhas, ou a espessura, é dado pelo elemento arquitetônico 
representado e pela sua posição em relação ao plano. Por exemplo, quando 
se visualiza um corte (Figura 1), alguns elementos estão mais próximos do 
observador e outros mais distantes; e quanto maior for essa distância, mais 
fina será a representação da linha — inclusive, poderão ser utilizados tons 
de cinza para objetos mais distantes. A Figura 2 apresenta um resumo das 
espessuras utilizadas na representação arquitetônica.
Figura 1. Exemplo de corte.
Figura 2. Espessuras aplicadas na representação arquitetônica. (a) Linhas grossas: elementos 
estruturais e alvenaria; (b) linhas médias: elementos leves, como esquadrias ou divisórias; (c) 
linhas finas ou muito finas: linhas auxiliares, contornos observados em vista. 
3Símbolos e convenções gráficas
Qualidade do traçado
A qualidade das linhas envolve os aspectos referentes à definição, nitidez e 
consistência do que é representado. Quando se trata de desenhos técnicos 
feitos à mão, eles devem receber especial atenção do projetista, pois desenhos 
manuais podem ter variações no traçado, encontro das linhas e sobreposição. 
Já nos desenhos digitais, esses aspectos são equacionados devido à precisão 
proporcionada pelo programa computacional. Nem sempre o que é observado 
na tela corresponde ao resultado na impressão, por isso, o arquiteto deve 
verificar a qualidade do desenho após a sua impressão.
No desenho técnico, observam-se as normas técnicas sempre antes de iniciar a 
graficação, para que o projeto arquitetônico siga os padrões estabelecidos e seja 
compreendido integralmente por todos. 
Acesse o site do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), em que estão indicadas 
as principais normas que todo projetista deve conhecer.
https://goo.gl/Nj9b7v
Utilização de letras no desenho técnico
O uso de letras em desenhos técnicos serve para informar algo que não consta 
nele, como nome dos ambientes, alguma especificação, discriminação de área, 
tipos de materiais, entre outros. Dificilmente esse desenho apresentará uma 
boa comunicação visual se não estiverem presentes as tipologias gráficas, 
porque é necessário incluir informações como adicionais (KUBBA, 2015). 
Mesmo que, atualmente, boa parte deles sejam elaborados pelo computador, 
o projetista capaz de traçar letras à mão livre valoriza seus croquis e estudos, 
os quais em geral são desenvolvidos desse modo, agregando valor estético e 
estilo aos desenhos (KUBBA, 2015; CHING, 2017). 
Além disso, deve-se observar a uniformidade entre as letras (sua altura, 
proporção, espessura das linhas e espaçamento) e, em geral, o uso dessas letras 
em caixa alta para identificação dos ambientes nos desenhos arquitetônicos, 
com dimensões apropriadas conforme a escala utilizada.
Símbolos e convenções gráficas4
https://goo.gl/Nj9b7v
Norma Brasileira nº 8.402/1994: escrita técnica
A norma técnica que formaliza as condições para as letras utilizadas nos 
desenhos é a Norma Brasileira (NBR) nº 8.402/1994, execução de caractere 
para escrita em desenho técnico. Entre as suas exigências estabelecidas para 
escrita estão legibilidade, uniformidade e adequação à reprodução. De acordo 
com ela, o projetista poderá utilizar letras verticais e inclinadas, do estilo 
representado na Figura 3, é recomendável sem serifa — do tipo bastão, como 
as fontes Arial e Helvética. As letras devem ser claramente distintas entre si, 
observando o espaçamento adequado entre os caracteres para permitir maior 
legibilidade (ASSOCIAÇÃO..., 1994a).
Figura 3. Forma de escrita vertical e inclinada.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1994a, p. 3–4).
Símbolos e convenções gráficas
Os símbolos no desenho técnico servem para identificar determinado elemento 
geométrico (diâmetro Ø e raio R), representar cota de nível e elementos ar-
quitetônicos (como portas, janelas, orientação do prédio — posição do norte, 
etc.). Veja a representação na Figura 4.
Figura 4. (a) Cota de nível em planta baixa; (b) Cota de nível em corte.
5Símbolos e convenções gráficas
Eles também podem indicar algum trecho do desenho que será detalhado, 
por exemplo, quando há umcírculo identificando uma área específica, signi-
fica que ela será apresentada posteriormente em uma escala maior, com mais 
informações (KUBBA, 2015). 
Sem a utilização de símbolos e convenções gráficas, o desenvolvimento 
e a interpretação de projetos arquitetônicos seriam muito complicados, por-
que eles auxiliam na síntese das informações apresentadas, conferindo uma 
maior clareza ao desenho técnico. É comum o uso de normas técnicas que 
padronizam essa utilização, facilitando a comunicação dos elementos que 
se pretende representar. Alguns arquitetos e engenheiros costumam realizar 
alterações nos símbolos utilizados, por isso, colocam junto aos desenhos as 
legendas com o significado de cada um deles. 
Entre os símbolos mais utilizados em arquitetura, pode-se citar a indicação 
do norte nas pranchas, que serve para indicar a orientação solar e os ventos 
predominantes, veja a Figura 5. Os símbolos de materiais representam o ma-
terial do qual é constituído determinado elemento arquitetônico, por exemplo, 
alvenaria, madeira, aço, concreto etc. Para entender os símbolos e as convenções 
gráficas mais importantes para o projeto arquitetônico, observe as Figuras 6, 
7 e 8, que facilitam a visualização de elementos-chave da construção, como 
portas, janelas e paredes. Existe também uma ampla variedade de símbolos 
dos projetos complementares, os quais incluem instalações elétricas, hidros-
sanitárias e climatização, regulamentados por normas técnicas específicas.
Figura 5. Símbolo de indicação do norte.
Fonte: Kubba (2015, p. 170).
Símbolos e convenções gráficas6
Figura 6. Tipos de portas representadas em planta baixa.
Figura 7. Tipos de janelas representadas em planta baixa.
Figura 8. Tipos de paredes representadas em planta baixa.
Fonte: Kubba (2015, p. 172).
7Símbolos e convenções gráficas
O artigo teórico “Arquitetura e representação gráfica: considerações históricas e aspectos 
práticos”, do professor Airton Cattani, trata do projeto arquitetônico graficado como 
documento de trabalho e compreensão por parte dos trabalhadores no canteiro de 
obras. Acesse o link a seguir para ler o artigo completo. 
https://goo.gl/V5d8VP
Norma Brasileira nº 10.126/1998: cotagem em desenho 
técnico
Esta norma estabelece regras para a cotagem, que corresponde à representação 
gráfica no desenho da característica do elemento, por meio de linhas, símbolos, 
notas e valor numérico em determinada unidade de medida. As cotas são 
compostas de linhas de cota, linhas auxiliares, limites e valor de cota, como 
você pode visualizar na Figura 9. O projetista deve realizar a cotagem correta 
dos elementos arquitetônicos quando estiver desenhando, para que todas as 
dimensões importantes sejam graficadas.
Figura 9. Componentes da cota.
Símbolos e convenções gráficas8
https://goo.gl/V5d8VP
Norma Brasileira nº 6.492/1994: representação gráfica 
em projetos de arquitetura
Esta norma trata da representação de projetos de arquitetura, cujos elementos 
básicos são gráficos (plantas de situação, implantação, cortes ou seções, 
fachadas ou elevações, detalhes ou ampliações, escala) e escritos (memoriais, 
especificações, planilha de áreas, lista de materiais etc.). No Quadro 1, você 
pode ver os símbolos mais importantes que constam nessa norma. 
Símbolo Significado Símbolo Significado
Linha de 
indicação e 
chamadas
Linha de 
silhueta
Linha de 
interrupção
Tipos de letras 
e números
Escala gráfica Indicação 
do norte
Indicação de 
chamadas
Indicação 
do acesso
Indicação 
do sentido 
de rampas 
ou escadas
Inclinação de 
caimentos 
de pisos
Inclinação de 
telhados em 
planta baixa
Quadro 1. Símbolos arquitetônicos
(Continua)
9Símbolos e convenções gráficas
(Continuação)
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994b).
Símbolo Significado Símbolo Significado
Cota de nível 
em planta 
baixa
Cota de nível 
em corte
Marcação de 
coordenadas 
(modulação 
em planta 
baixa)
Marcação 
do corte em 
planta baixa
Numeração 
e título dos 
desenhos
Designação 
de esquadrias
Quadro 1. Símbolos arquitetônicos
A NBR nº 6.492/1994 padroniza as formas de representação arquitetônica, 
o que faz todos os materiais produzidos nesta área apresentarem a mesma 
linguagem gráfica, facilitando a compreensão de todos e a legibilidade do 
desenho arquitetônico (ASSOCIAÇÃO..., 1994b).
Um exemplo do que acontece, muitas vezes, em escritórios de arquitetura é a impressão 
de plantas baixas para a obra indicando as cotas das paredes prontas (tijolo, chapisco, 
emboço e reboco), o que dificulta a leitura de quem estiver executando, pois a pessoa 
deverá descontar o valor dos revestimentos e considerar somente a distância de tijolo 
a tijolo (também chamada de medida osso). Para que isso não ocorra, é importante 
considerar qual o propósito do desenho apresentado (aprovação na prefeitura, refe-
rência para o canteiro de obras, etc.) e verificar quais dimensões devem ser mostradas 
no desenho a fim de atender seu objetivo.
Símbolos e convenções gráficas10
1. Sobre a utilização de símbolos e 
convenções gráficas no desenho 
técnico, é possível afirmar que:
a) as diferenças na representação 
de símbolos e convenções 
gráficas em desenhos à 
mão e digitais existem.
b) as normas que estabelecem uma 
padronização de como deverão 
ser representados os elementos 
arquitetônicos não existem.
c) a escolha da tipologia 
de letra para acrescentar 
informações no projeto 
arquitetônico é facultativa.
d) as espessuras das linhas, também 
chamadas de peso das linhas, 
variam conforme o objeto que 
se pretende representar.
e) os tipos de linhas mais 
utilizados são as de eixo 
geométrico e as de grade.
2. Você recebeu o seguinte projeto de 
um escritório para avaliar os símbolos 
e as convenções gráficas utilizados.
Entre os números 1 e 5, 
escolha o que apresenta a 
representação gráfica correta 
para o símbolo utilizado.
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.
3. A espessura, ou peso das linhas, em 
um desenho técnico depende do 
elemento arquitetônico que está 
sendo representado graficamente. 
A seguir, estão identificados alguns 
elementos e a espessura da linha 
utilizada para desenhá-los. De 
acordo com a padronização utilizada, 
qual alternativa apresenta a relação 
correta entre espessura e elemento? 
a) Linha fina: esquadria.
b) Linha fina: parede.
c) Linha média: parede.
d) Linha média: projeção 
do telhado.
e) Linha grossa: estrutura 
ou paredes.
4. A letra técnica é utilizada no 
desenho para informar e descrever 
elementos arquitetônicos no projeto. 
Sobre ela, é possível afirmar que: 
a) deve-se observar a uniformidade 
no traçado das letras, utilizando 
proporções adequadas entre 
caracteres e espaçamentos.
b) é possível utilizar quaisquer 
tipologias de letra para 
pranchas de projeto; e no 
desenho técnico de plantas, 
cortes, fachadas e detalhes, 
somente a letra tipo bastão.
c) é dispensável em alguns 
casos, porque determinadas 
graficações apresentam todas 
as informações representadas 
por meio de plantas, cortes, 
fachadas e detalhes.
d) a Norma Brasileira (NBR) nº 
8.402/1994 trata somente 
do uso de letras verticais.
e) é recomendado o uso 
de letras com serifa.
11Símbolos e convenções gráficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492. Representação de projetos 
de arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402. Execução de caracter 
para escrita em desenho técnico – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1994a.
CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017.
KUBBA, S. A. A. Desenho técnico para construção. Porto Alegre: Bookman, 2015. (Série 
Tekne).
Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10126. Cotagem em desenho 
técnico - Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
CATTANI, A. Arquitetura e representação gráfica: considerações históricas e aspectos 
práticos. Arqtexto, n. 09, p. 110-123, 2006. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/
handle/10183/22249>.Acesso em: 21 maio 2018.
CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL. Disponível em: <http://
www.caubr.gov.br/>. Acesso em: 21 maio 2018.
5. Sobre os símbolos e as 
convenções gráficas utilizados 
na representação gráfica em 
arquitetura, é possível afirmar que: 
a) a indicação da posição do norte 
pode ser dispensada em alguns 
tipos de projeto de arquitetura.
b) a ausência de normas técnicas 
referentes aos símbolos de 
instalações complementares 
gera dificuldade de leitura 
destes projetos.
c) a norma que trata da 
representação gráfica em 
arquitetura corresponde 
a NBR nº 10.126/1998.
d) os símbolos das cotas de 
nível variam conforme sua 
representação gráfica em 
planta baixa ou corte.
e) os materiais diferentes podem 
ser representados com a mesma 
hachura no mesmo desenho, 
desde que indicado em legenda.
Símbolos e convenções gráficas12
http://www.lume.ufrgs.br/
http://www.caubr.gov.br/
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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