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Introdução à microeconomia

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Introdução à microeconomia
Prof.ª Mariana Stussi Neves
Descrição Compreender as escolhas de consumo e produção de consumidores e firmas para o estudo da determinação
das curvas de oferta e demanda dos diferentes mercados, assim como o processo de formação de preços e
as diferentes dinâmicas de variação na renda, no preço de bens e no custo de insumos.
Propósito A escolha do consumidor e as decisões de produção da firma são problemas básicos da ciência econômica.
Entender essas decisões é fundamental para o estudo de mercados e situações mais complexas que são
estudadas em tópicos de economia mais avançados.
Objetivos
Módulo 1
Escolha do consumidor
Identificar a escolha ótima de um consumidor racional a partir de
suas preferências e renda .
Módulo 2
Curvas de indiferença
Reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades .
Módulo 3
Tipos de custo
Distinguir os tipos de custo da firma e suas aplicações .
Módulo 4
Lucro do produtor
Demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do
produtor .
Introdução
Pessoas se deparam todos os dias com escolhas sobre o gasto da sua renda em bens e
serviços. Quando vão a uma pizzaria, por exemplo, elas devem decidir quantos pedaços
querem comer e o quanto estão dispostas a pagar por uma fatia de pizza ou por toda a
iguaria. Mesmo num rodízio, em que o preço é fixo e uma fatia extra não tem custo, os
fregueses precisam escolher se vale a pena comer mais um pedaço ou se estão satisfeitos.
Depois de certa quantidade ingerida, comer mais pode despertar náuseas ou enjoo; nestes
casos, a satisfação com a comida diminui ao invés de aumentar.
Podemos então afirmar que um cliente quer tirar o máximo de satisfação de sua refeição
dada a sua disposição de pagar por ela. Mas como se mede o nível máximo de satisfação
dos consumidores? Não é tudo uma questão pessoal de gosto?
Sim, é uma questão de gosto — e talvez seja o papel da psicologia (e não da economia)
tentar compreender como ele surge. No entanto, os economistas podem dizer muito sobre
como um indivíduo racional se comporta para satisfazer esses gostos pessoais e como os
produtores ofertam bens e serviços para atender os consumidores e suas preferências.
Nosso conteúdo gira em torno desses tópicos.
1 - Escolha do consumidor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a escolha ótima de um consumidor racional a partir de suas preferências e
renda .

Utilidade e consumo
Quando se fala sobre o comportamento do
consumidor, não é uma tarefa trivial medir o
sentimento subjetivo de satisfação gerado ao
consumir uma pizza ou um refrigerante. Muito
menos trivial se mostra a comparação da sua
satisfação com a de outros indivíduos.
Felizmente, isso não é necessário.
Para analisarmos esse comportamento, só precisamos supor que cada pessoa busca maximizar
alguma medida própria de satisfação obtida por meio do consumo de bens e serviços. A essa
medida damos o nome de utilidade do consumidor. Trata-se de um conceito utilizado pelos
economistas para compreender o comportamento de escolha, cujo valor, na prática, sequer
precisa ser medido. A utilidade do consumidor depende de tudo aquilo que um indivíduo
consome. O conjunto de bens e serviços consumidos é chamado de cesta de consumo.
Exemplo
Duas fatias de pizza e um refrigerante podem constituir uma cesta de consumo, enquanto três fatias e nenhum
refrigerante podem ser outra.
Existe uma relação entre as cestas de consumo individuais possíveis e o montante total de
utilidade gerado por elas. Essa relação é conhecida como função utilidade. Ela varia em cada
indivíduo, pois trata-se de uma questão pessoal e subjetiva. 
Evidentemente, as pessoas não possuem
calculadoras em suas cabeças para medir
exatamente o quanto de utilidade suas
escolhas de consumo irão gerar. Porém, ainda
que de forma grosseira, elas tomam decisões
partindo do princípio de qual escolha irá lhes
trazer mais satisfação. Por exemplo, o que te
faz mais feliz: viajar no feriado ou comprar um
videogame novo?
Para medir essa utilidade, podemos supor — a fim de simplificar o processo — que ela possa ser
mensurada com uma unidade hipotética denominada util. Ilustrando um exemplo de função
utilidade, o gráfico (a) que segue mostra a utilidade total que Júlia obtém ao comer (sem nenhum
custo) salgadinhos numa festa: 
A função utilidade de Júlia indica uma inclinação positiva em sua maior parte, mas, à medida que
o número de salgadinhos consumidos aumenta, ela se torna mais achatada. Isso significa que
uma iguaria a mais traz mais utilidade até certo ponto, ou seja, o valor dela diminui quando mais
unidades são consumidas.
A partir do décimo salgadinho, adicionar um a mais demonstra ser algo ruim para Júlia, piorando
a sua situação. Se for racional, ela perceberá isso e não consumirá o décimo primeiro. Desse
modo, quando Júlia for decidir sobre o número de iguarias a ser consumido, ela tomará essa
decisão considerando a mudança na sua utilidade total proveniente do consumo de mais um
salgadinho.
Resumindo
Isso revela a seguinte ideia geral: para maximizar sua utilidade total, o consumidor precisa se concentrar na utilidade
marginal, ou seja, a utilidade de se consumir um pouco a mais, como, por exemplo, um salgadinho adicional. 
Utilidade marginal decrescente
O gráfico (b), a seguir, mostra a utilidade marginal gerada para Júlia ao consumir uma unidade de
salgadinho adicional. Ele indica a curva de utilidade marginal implícita construída a partir da
variação de utilidade gerada por intervalos unitários.
A curva de utilidade marginal, por sua vez, tem inclinação negativa: cada salgadinho a mais
acrescenta menos valor em utilidade que o anterior. O próprio gráfico informa isto: enquanto o
primeiro salgadinho rende 15 utils, o décimo primeiro oferece -1,5 utils. Trata-se, portanto, do
primeiro salgadinho a ter utilidade marginal negativa: o seu consumo diminui a utilidade total, ou
seja, o excesso de salgadinhos começa a cair mal!
Atenção!
Isso não é uma verdade imutável para todos os bens e serviços. Afinal, o consumo de algo em excesso não vai
necessariamente render uma utilidade marginal negativa no final da curva.
Apesar desse alerta, a suposição de que as curvas de utilidade marginal sejam negativamente
inclinadas é bastante aceita pelos economistas. O princípio da utilidade marginal decrescente
atesta que a primeira unidade traz mais valor que a segunda; a segunda, por sua vez, possui mais
valor que a terceira unidade; e assim por diante. A intuição por trás desse princípio é a seguinte:
À medida que o montante consumido de um bem ou serviço aumenta, a
satisfação adicional que um indivíduo obtém de uma unidade a mais diminui.
Quanto mais consumimos algo, mais próximos ficamos do estágio de satisfação até finalmente
atingirmos a saciedade, ponto em que uma unidade a mais do bem não nos acrescenta em nada
em termos de utilidade. 
Comentário
Embora o princípio da utilidade marginal decrescente nem sempre seja verdadeiro (você consegue pensar em um
exemplo?), ele vale na maior parte dos casos, sendo o suficiente para embasar a teoria do comportamento do consumidor.
Orçamento e restrição
Até aqui trabalhamos com a ideia de que uma pessoa pararia de consumir um bem ao atingir um
certo nível de saciedade em que uma unidade a mais dele não traria satisfação extra ou até
mesmo diminuiria sua utilidade total. Um exemplo disso foi o caso dos salgadinhos. Temos,
então, os seguintes pressupostos implícitos na análise que fizemos até aqui:

Não há custo adicional para o
consumo de uma unidade a mais do
bem.

Existe dinheiro in�nito; logo, o
indivíduo não precisa se preocupar
com isso.
A realidade, no entanto, é diferente: consumir mais de um bem requer, em geral, recursos
adicionais — e o consumidor precisa levar em conta esse fator ao fazer suas escolhas.
O que são esses recursos adicionais? Para simplificar, serão chamados de custo. O que levamos
em consideração é o denominadocusto de oportunidade, isto é, o ganho potencial ao qual se
renuncia quando se opta por uma alternativa. Em outras palavras, trata-se do benefício de que
abrimos mão quando fazemos uma escolha.
Exemplo
O custo de oportunidade de jogar uma partida de futebol é o prazer que você teria ao dar um mergulho na praia no mesmo
período.
Um dos pressupostos básicos da economia é que os recursos são escassos. O custo de
oportunidade faz a ponte entre a escassez de recursos e a escolha. O recurso escasso, neste
caso, é o dinheiro, pois o consumidor tem um orçamento limitado. Vejamos o exemplo a seguir.
Gabriel está fazendo uma dieta especial para
treinos, alimentando-se exclusivamente de
frango e batata-doce. Ele recebe em salário,
semanalmente, 30 reais. Dado o seu apetite, a
satisfação dele aumenta ao consumir mais de
cada bem; por conta disso, ele gasta toda sua
renda nas duas iguarias. O quilo da batata
custa R$3 e o do frango, R$6. Quais são as
possibilidades de escolha para Gabriel?
Qualquer que seja a cesta de consumo
escolhida por ele, sabemos que seu custo não
pode ser maior que o seu salário, ou seja, o
montante total de dinheiro que ele possui para
gastar.
Assim:

(1) Gasto em batatas + gasto em frango  ≤  renda total 
Como Gabriel, os consumidores têm uma renda finita que restringe suas possibilidades de
consumo. Demonstrando que o consumidor deve escolher uma cesta de consumo menor ou
igual à sua renda total, a condição (1) é chamada de restrição orçamentária. Isso significa que
ele não pode gastar mais do que o total de recursos (renda) de que dispõe. Desse modo, as
cestas de consumo só são factíveis — isto é, financeiramente viáveis — quando obedecem à
restrição orçamentária.
O conjunto de cestas de consumo factíveis de um consumidor recebe o nome de conjunto de
possibilidades de consumo. As pertencentes a esse conjunto dependem tanto da renda do
consumidor quanto dos preços de bens e serviços.
A seguir, é possível ver as possibilidades de consumo de Gabriel. O montante de batatas no seu
pacote está representado no eixo horizontal; o de frango, no vertical.
Conectando os pontos de A a F, a linha inclinada para baixo divide os pacotes de consumo entre
quais se pode comprar e aqueles em que não é possível. Os pacotes factíveis ficam abaixo dessa
linha (cuja divisória também deve ser incluída na lista), enquanto os de cima pertecem ao grupo
dos que não são.
No ponto D, há 6kg de batatas e 2kg de frango. Multiplicando-os pelos preços, temos 6 × R$3 + 2
× R$6 = R$30. Logo, a cesta D satisfaz a restrição orçamentária, custando exatamente a renda de
Gabriel.
Verifique que os demais pontos sobre a linha negativamente inclinada são as cestas nas quais
Gabriel gastaria exatamente o total de sua renda. Mostrando todas as cestas de consumo
disponíveis quando ele gasta inteiramente sua renda, tal linha recebe o nome de reta
orçamentária.
Como vimos acima, Gabriel precisa escolher um número de batatas (o que vamos denominar )
e outro de frango ), multiplicando-os por seus preços respectivos: e . A soma das duas
multiplicações deve ser menor ou igual ao total de sua renda .
Quando Gabriel consome uma cesta sobre a sua reta orçamentária, isto é, gasta todo o seu
salário, seu gasto com batata-doce e frango é exatamente igual à sua renda. Assim:
Podemos utilizar as equações (2) e (3) para fazer manipulações algébricas e calcular as cestas
possíveis para Gabriel de forma mais fácil. Supondo que ele queira gastar toda a sua renda e
substituindo m = R$30, podemos testar as diferentes combinações de cesta consumidas por ele.
Vejamos agora um caso extremo: Gabriel consome apenas frango (isto é, ): substituindo
os valores na equação (3), temos . Assim, o máximo de frango que
pode ser consumido é igual a , pois . Desse modo, o intercepto do eixo vertical
da reta orçamentária fica no ponto quando toda a renda dele é consumida nessa iguaria.
xb
(xf pb pf
m
 (2) xbxpb + xfxpf ≤ m
 (3) xbxpb + xfxpf = m
xb = 0
0 × 3 +xf × 6 = 30 xf
5kg 30 ÷ 6 = 5
A
Fazendo o exercício análogo para o ponto , no qual sua renda agora é dedicada inteiramente à
batata-doce, ficamos com uma cesta de dela.
Dica
Podemos repetir este exercício para todos os pontos da reta orçamentária.
Os demais pontos sobre a linha orçamentária podem ser analisados à luz da relação de perdas e
ganhos com a qual Gabriel se depara ao gastar todo o seu salário. Essa relação é tipicamente
chamada pelo seu nome em inglês: trade-off.
Vejamos outro exemplo!
Gabriel quer sair do ponto A e consumir 2kg de
batata-doce ao mesmo tempo em que deseja
comer a maior quantia possível de frango.
Para ingerir 2kg de batatas, ele precisa
renunciar ao equivalente de R$6 em frango,
medida que corresponde exatamente ao valor
do quilo dessa iguaria. Ou seja, para consumir
2kg de batata, Gabriel precisa renunciar a 1kg
de frango, o que o coloca na posição da cesta
B de sua reta orçamentária, ficando com 4kg
de frango e 2kg de batata-doce.
Se repetirmos este exercício para os pontos C, D, E e F, isto é, deslizando sobre a sua reta
orçamentária, veremos que Gabriel está sempre trocando mais batata por menos frango e vice-
versa.
A mudança de cestas de consumo sobre essa reta (tanto para cima quanto para baixo) expressa
o custo de oportunidade de um bem em termos do outro.
A inclinação da reta orçamentária informa, para um indivíduo, o custo de
oportunidade ao consumir uma unidade a mais de um bem de acordo com
a quantidade a ser renunciada de outro bem pertencente à cesta de
consumo dele.
A inclinação da reta orçamentária de Gabriel é . Trata-se da variação no eixo vertical (a
mudança na quantidade de frango denotada por ) dividida pela variação no horizontal
(modificação na quantidade de batata denotada por . Ou seja, a razão é
igual 1/2 (meio), o que significa o seguinte: 0,5kg de frango tem de ser sacrificado para ele
conseguir a mais de batata.
O número de quilos de frango ao qual é preciso renunciar para obter 1kg a mais de batata é
chamado pelos economistas de preço relativo da batata em termos do frango.
Dica
É possível calcular o mesmo tipo de preço do frango em termos da batata. Basta fazer a conta inversa: para obter 1kg a
mais de frango, é preciso renunciar a 2kg de batata. Sendo assim, 2 é o preço relativo do frango em termos da batata.
Desse modo, a inclinação da reta orçamentária não depende da renda do indivíduo, e sim dos
preços de cada bem. Perceba que -1/2 = -R$3/R$6 = -pb/pf. No entanto, isso não é verdade para a
posição da reta orçamentária: o quanto essa reta está afastada da origem depende da renda do
consumidor.
F
10kg
−1/2
Δxf
Δxb) (Δxf/Δxb)
1kg
Exemplo: se a renda de Gabriel aumentasse para R$42 por semana, então ele poderia comprar
um montante maior dessas duas iguarias, totalizando um máximo de 7kg de frango, ou 14kg de
batata, ou qualquer outra cesta de consumo intermediária. Como indica esta figura, a reta
orçamentária se desloca para direita ou para fora.
Se, por outro lado, seu salário diminuísse para R$18 por semana, a reta dele se deslocaria para a
esquerda (ou para dentro); neste caso, o máximo que Gabriel poderia adquirir agora seria o
seguinte: 3kg de frango, ou 6kg de batata-doce, ou novamente uma cesta intermediária. Nos dois
casos, a inclinação da reta orçamentária dele é a mesma da sua situação inicial, pois os preços
relativos dos bens não mudaram.
Reta orçamentária e preços relativos
Entenda a reta orçamentária e aprenda a interpretar a sua inclinação.
Escolha ótima de consumo
Vamos supor agora que a renda de Gabriel não mude, mantendo o orçamento inicial de R$30 por
semana. Sabemos que, para aumentar sua saciedade, ele prefere consumir maiores montantes
dos dois bens já citados. Como podemos identificar qual cesta Gabriel vai escolher? Em outras
palavras, qual escolha traz mais utilidade para ele?
Relembrando
Os consumidores querem escolher cestas de consumo que maximizem a sua utilidade total dada umadeterminada
restrição orçamentária.
Este tipo recebe o nome de cesta de consumo ótima. Para descobrirmos a cesta que satisfaz
essa condição para Gabriel, precisamos analisar, entre as cestas de consumo factíveis, qual delas
conta com a combinação de bens (frango e batata-doce) que lhe rende mais utilidade.
A tabela a seguir aponta o grau de utilidade que os diferentes consumos de frango e batata-doce
geram para ele. De acordo com ela, quanto mais Gabriel consumir de cada um dos bens, maior
será a sua utilidade. Para maximizar sua utilidade, ele deve escolher a combinação dos dois bens
que gera maior utilidade total, isto é, a soma das utilidades geradas pelo consumo de cada bem.
Contudo, Gabriel tem uma restrição orçamentária e deve enfrentar um trade-off entre frango e
batata: para obter mais de um, ele deve consumir menos de outro.

Utilidade do consumo de frango Utilidade do consumo de batata
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Quantidade de
batata (kg)
Utilidade da ba
(util)
0 0 0 0
1 20 1 15
2 30 2 27
3 35 3 37
4 37 4 45
5 38 5 52
6 57
7 61
8 63
9 64
10 64.5
Mariana Stussi Neves.
A cesta de consumo ótima de Gabriel recai sobre a sua reta orçamentária, pois ela tem as
combinações máximas de consumo dos dois bens, gastando, assim, toda a renda dele.
Já a próxima tabela indica as cestas sobre a reta orçamentária de Gabriel conforme ele desliza
para baixo nessa reta. Suas colunas apontam as combinações de quantidade de cada bem em
cada cesta e as respectivas utilidades, além da utilidade total de cada cesta na última coluna:
Cesta de consumo
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Quantidade de
batata (kg)
A 5 38 0
B 4 37 2
C 3 35 4
D 2 30 6
E 1 20 8
F 0 0 10
Mariana Stussi Neves.
Conforme observamos na tabela, a cesta de consumo que maximiza a utilidade total dele é a D,
com 2kg de frango e 6kg de batata-doce. Com ela, Gabriel obtém a utilidade total de 87 utils,
índice maior que o de qualquer outra cesta.
Perceba que, nas combinações das cestas à esquerda de D, ou seja, com menos batata-doce e
mais frango, a utilidade cresce à medida que Gabriel prescinde de frango por mais batata. A partir
da cesta D, no entanto, a utilidade total começa a cair. Assim, podemos dizer que a cesta de
consumo D é a que melhor resolve o trade-off entre o consumo de frango e o de batata. O pacote
D é, portanto, a cesta ótima dele, maximizando sua utilidade total.
Este gráfico ilustra a relação entre as cestas da reta orçamentária de Gabriel e a sua utilidade
total:
Análise marginal
No exemplo anterior, descobrimos o topo da curva de utilidade total de Gabriel usando a
observação direta. No entanto, a construção dessa curva pode ser muito trabalhosa. Em geral, a
análise marginal é uma ferramenta mais rápida e eficiente para resolver o problema da escolha
ótima. Sabemos que Gabriel toma uma decisão sobre o montante de batata a ser consumido
levando em conta o seguinte:
Aplicando a análise marginal, podemos verificar que sua decisão passa a ser em torno do gasto
de um real marginal, ou seja, a maneira de alocar uma unidade adicional de moeda entre as duas
iguarias. Para isso, primeiramente devemos nos perguntar:
Quanto de utilidade adicional ele irá ganhar ao gastar um real a mais em frango ou batata? Ou
melhor, quanto de utilidade marginal por real a mais isso rende?
Esta tabela indica o cálculo da utilidade marginal (Umg) por real gasto em frango ou batata:
(a) Frango (pf = R$6 por kg)
Qtd. de frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Umg/kg de frango
(util)
Umg por real (
0 0 - -
1 20 20 3.3
2 30 10 1.7
3 35 5 0.8
4 37 2 0.3
5 38 1 0.2
Mariana Stussi Neves.
(b) Batata (pb = R$3 por kg)
Qtd. de batata (kg)
Utilidade da batata
(util)
Umg/kg de batata
(util)
Umg por real (
0 0 - -
1 15 15 5
2 27 12 4.0
3 37 10 3.3
4 45 8 2.7
5 52 7 2.3
6 57 5 1.7
7 61 4 1.3
8 63 2 0.7
9 64 1 0.3
10 64.5 0.5 0.2
Mariana Stussi Neves.
A tabela está dividida em dois painéis, um para cada bem. Observemos as colunas de cada
painel:
1ª e 2ª colunas
São idênticas às colunas da tabela
apresentadas anteriormente.
3ª coluna
Mostra a utilidade marginal de cada
bem, ou seja, o aumento de utilidade
que Gabriel tem ao consumir uma
unidade a mais de um dos bens.
4ª coluna
Exibe a utilidade marginal por real
para cada bem.
O valor de Umg é obtido dividindo a utilidade marginal pelo preço de cada unidade de bem: R$6
por quilo de frango e R$3 pelo de batata. Como podemos observar, assim como a utilidade
marginal de ambos diminui à medida que ele aumenta o montante consumido de cada bem, a
utilidade marginal por real também decresce.
Isso significa que, em virtude da utilidade marginal decrescente de Gabriel, cada real a mais
gasto lhe rende menos utilidade extra que o anterior.
Denotando respectivamente por UmgF e UmgB a utilidade marginal por quilo de batata-doce e de
frango, a utilidade marginal por real de cada bem é igual a:
Veja abaixo as curvas de utilidade marginal por real gasto em cada bem:
Já observamos em outra tabela que D (a cesta ótima de consumo de Gabriel) é composta por
 de frango e de batata, correspondendo aos pontos em cada painel. Repare
que, neste ponto, a utilidade marginal por real gasto para cada bem é igual:
Isso não é apenas uma coincidência. Analisemos outra cesta de consumo factível para Gabriel.
Na cesta C, a utilidade marginal de cada bem por real está representada na figura pelos pontos
 e . Além disso, a Umg de Gabriel por real gasto em frango é ; já em batata-doce, ela é
. Esse dado revela que ele está consumindo muito frango e pouca batata.
Mas por que isso acontece?
Se a Umg por real gasto em batata é maior que a de frango, é um indício de que ele pode
melhorar sua situação respeitando o próprio orçamento. Basta gastar 1 real a menos em frango e
1 a mais em batata, adicionando 2.7 utils com esta em sua utilidade total e perdendo 0.8 utils
com aquele. Ao todo, Gabriel terá ganhado 1.9 em utilidade fazendo essa “troca”. Ele procederá
dessa maneira até que a utilidade marginal dos dois bens se iguale. Neste ponto, não será mais
vantajoso trocar um real a mais de um bem pelo outro. Assim, quando Gabriel escolher seu
pacote de consumo ótimo, sua utilidade marginal por real gasto em frango e batata será igual.
Essa regra constitui um princípio básico da teoria da escolha do consumidor conhecido como
regra de consumo ótimo. Quando um consumidor maximiza a sua utilidade total segundo a
restrição orçamentária dele, a utilidade marginal por unidade de moeda gasta em cada bem ou
serviço que faz parte da sua cesta de consumo é igual.
De forma matemática, para qualquer um dos bens b e f, a regra do consumo ótimo frisa que, na
cesta ótima de consumo, ocorre o seguinte cálculo:
 Utilidade marginal por real gasto em um bem  =
 utilidade marginal do bem 
 preço de uma unidade do bem 
=
UMgbem 
Pbem
2kg 6kg DF e DB
Umgf/Pf = Umgb/pb = 1.7
CF CB 0.8
2.7
Embora seja mais fácil compreender essa regra quando a cesta de consumo tem apenas dois
bens, ela poderá ser aplicada para qualquer quantidade de bens e serviços que o consumidor
comprar. Na cesta ótima de consumo, as utilidades marginais por real gasto em cada um dos
bens são iguais.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Umgb
pb
=
Umgf
pf
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre a função utilidade, assinale a afirmativa falsa:
Parabéns! A alternativa B está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20princ%C3%ADpio%20da%20utilidade%20marginal%20decrescente%20aponta%20que%20a%20inclina%C3%A7%C3%A3o%20da%
Questão 2
Sobre a cesta de consumo ótima, assinale a afirmativa verdadeira:
A
A função utilidade mostra a relação entre a cesta de consumo e a utilidade total
gerada por ela.
B
O princípio da utilidade marginal decrescente implica que a inclinação da
função utilidade é negativa.
C
Para maximizar a utilidade, oconsumidor considera a utilidade marginal de
consumo de uma unidade a mais de um bem ou serviço.
D
Utilidade é uma medida de satisfação do consumidor ao consumir, sendo
expressa na unidade chamada de utils.
E
O princípio da utilidade marginal decrescente implica que a inclinação da função
utilidade reduz à medida que a quantidade aumenta.
A A cesta ótima do consumidor racional recai abaixo da sua reta orçamentária.
B
A cesta ótima do consumidor racional é a que maximiza sua utilidade marginal
para cada bem.
C
Na cesta ótima do consumidor racional, o consumidor maximiza a sua utilidade
independentemente de sua restrição orçamentária.
D
Na cesta ótima do consumidor racional, as utilidades marginais por real gasto
em cada um dos bens são iguais.
Parabéns! A alternativa D está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20alternativa%20A%20%C3%A9%20falsa%20pelo%20fato%20de%20a%20cesta%20%C3%B3tima%20recair%20sobre%20a%20sua%
2 - Curvas de indiferença
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades .
Função de utilidade total
No módulo anterior, introduzimos o conceito de função utilidade, que é responsável pela
determinação da utilidade total do consumidor dada a sua cesta de consumo. Vimos ainda como
a utilidade total de Júlia variava quando mudávamos o número de salgadinhos consumido, ou
seja, a quantidade consumida de um bem. Entretanto, quando estudamos o problema de escolha
de Gabriel, vimos que a opção pela cesta de consumo ótimo envolvia o seguinte dilema: como
alocar o último real gasto entre dois bens (frango e batata-doce)? Surge ainda outra pergunta.
Atividade discursiva
Como é possível expressar a função de utilidade total em termos de dois bens?
E
A cesta ótima do consumidor racional é formada apenas pelo bem cujo
consumo gera mais utilidade.

Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Basta usar o mapa da função utilidade.
Vejamos agora o caso de Ana, que consome
apenas cerveja e drinks (coquetéis) quando vai
ao bar. Como seria a função utilidade dela para
esses dois bens? Uma possibilidade
(complicada!) é fazer um gráfico similar ao de
Júlia acrescido de um terceiro eixo para o
segundo bem.
O gráfico (a), portanto, ilustra um morro de utilidade tridimensional:
Observemos as correspondências dos eixos:
Horizontal
Quantos drinks foram consumidos.
Vertical
Número de latinhas de cerveja que ela
consome.
Já a altura do morro, indicada por uma linha de contorno constante por ponto, mede a quantidade
de utilidade gerada por combinações de consumo ao longo de cada linha de contorno. Todos os
pontos ao longo de uma linha do tipo geram o mesmo retorno em utilidade para Ana.
Com 4 latinhas de cerveja e 2 drinks, o ponto A gera 20 utils para Ana, enquanto B, com 1 latinha
e 6 drinks, consegue a mesma quantia. No entanto, não existe apenas uma forma de representar
a relação entre utilidade total e consumo de dois bens. Como na geografia com mapas
topográficos, é possível fazer a representação da superfície tridimensional em curvas de nível em
apenas duas dimensões.
Trata-se do gráfico (b) acima. Nele, as linhas de contorno que mapeiam as cestas de consumo do
gráfico (a) estão representadas como curvas achatadas num plano cartesiano. Os economistas
definem como curvas de indiferença as que geram a mesma quantidade de utilidade total para
diferentes combinações de bens.
Um indivíduo é indiferente em relação a duas cestas que estão sobre a mesma
curva de indiferença, já que elas lhe rendem a mesma utilidade.
Dadas as preferências de um consumidor, existe uma curva de indiferença para cada nível de
utilidade total. A curva de indiferença destacada no gráfico (b) mostra as cestas que geram 20
utils; as outras duas curvas e , respectivamente, 10 e 40 utils. Existem ainda outras
infinitas curvas de indiferenças de Ana que não estão representadas nos gráficos.
Observe com atenção o gráfico (b) e verifique por que o consumidor é indiferente entre as cestas
de consumo A e B: elas estão na mesma curva de indiferença, gerando, portanto, o mesmo nível
de utilidade!
Observaremos agora as propriedades dessas curvas. Embora diferentes indivíduos tenham
preferências únicas e nunca apresentem o mesmo conjunto de curvas de indiferença, os
economistas acreditam que elas apresentem algumas propriedades gerais. Essas curvas estão
ilustradas a seguir:
Vamos, agora, analisar as curvas.
Se duas curvas de indiferença com diferentes níveis de utilidade se cruzassem, qual seria
o nível de utilidade da cesta de consumo em que elas se cruzam? Seria diferente pelas
curvas serem díspares? Ou seria igual por uma cesta de consumo ter um só nível de
utilidade total? Essa inconsistência indica que curvas de indiferença diferentes não podem
de cruzar.
Partimos do princípio de que mais é melhor; assim, quanto maior a quantidade dos dois
bens, mais para “fora" está situada a curva de indiferença.
Novamente, a razão para isso é a hipótese de que mais é melhor. O diagrama no painel (c)
anterior ilustra o que aconteceria se uma curva de indiferença tivesse inclinação para
cima: à medida que aumentássemos as quantidades dos dois bens, permaneceríamos
nessa mesma curva. Isso é incompatível com nosso pressuposto de que mais é melhor.
I2
(I1 I3)
A - Curvas de indiferença nunca se cruzam 
B - Quanto mais distante da origem, maior a utilidade total da curva 
C - Curvas de indiferença são naturalmente inclinadas 
D - Curvas de indiferença são convexas 
Geometricamente, isso significa que um segmento de reta ligando dois pontos da curva
de indiferença fica inteiramente em uma região de utilidade maior. O diagrama (d) atesta
que a inclinação dela diminui à medida que deslizamos para baixo e para a direita. Desse
modo, o arco da curva vai em direção à origem; além disso, a inclinação dela é maior em
cima do que embaixo. Esse atributo se deve ao princípio da utilidade marginal
decrescente: na prática, indivíduos preferem médias (cestas com um pouco dos dois
bens) a extremos.
Desse modo, o arco da curva vai em direção à origem; além disso, a inclinação dela é maior em
cima do que embaixo. Esse atributo se deve ao princípio da utilidade marginal decrescente: na
prática, indivíduos preferem médias (cestas com um pouco dos dois bens) a extremos.
Taxa marginal de substituição
Como vimos, as curvas de indiferença são inclinadas para baixo. Também observamos que sua
inclinação diminui à medida que deslizamos para baixo delas. A inclinação da curva de
indiferença em cada ponto está diretamente relacionada aos termos do trade-off enfrentado por
um consumidor.
Esta figura representa uma curva de indiferença de Ana:
Na curva I1, se Ana se move da cesta A para a B, ela precisa renunciar a 2 unidades de cerveja por
1 drink adicional para manter a utilidade total. Porém, estando mais à direita da curva (no ponto
C), se renunciar a apenas 1 cerveja, ela terá de tomar mais 4 drinks para manter a utilidade total.
Isso ilustra que, quando se move para baixo e para a direita da curva de indiferença, ocorre o
seguinte:
Ana troca mais de um bem por menos de outro.
Os termos desse trade-off, ou seja, a razão entre drinks adicionais consumidos e cervejas
renunciadas, são escolhidos para manter a sua utilidade total constante.
Reformulando os trade-offs examinados acima em termos de inclinação, podemos calcular a
inclinação em diferentes pontos da mesma curva de indiferença. A inclinação da curva de
indiferença entre A e B da figura que acabamos de ver é -2 e a inclinação dessa curva entre os
pontos C e D é -1/4. A inclinação da curva de indiferença, portanto, diminui à medida que
deslizamos para a direita e que a curva vai se tornando mais achatada.
Mas por que os trade-offs mudam ao longo da curva de indiferença?
Isso se deve ao ponto inicial de Ana e ao princípio da utilidade marginal decrescente. Analisando
o caso intuitivamente, no pontoA ela tem muita cerveja e poucos drinks. Quanto à sua utilidade
marginal, verifica-se que:

A utilidade das últimas unidades de
cerveja é relativamente pequena se
comparada às primeiras unidades
dela.

A utilidade de uma unidade adicional
de drinks é relativamente alta, já que
Ana só consome uma unidade deles
na cesta A, ou seja, ainda está nas
unidades iniciais de consumo de
drinks.

Ao deslizar para a direita da curva,
Ana está perdendo em consumo de
cerveja e ganhando no de drinks – e
esses dois efeitos precisam se anular
entre si.
Reformulando esse raciocínio, temos que, ao longo da curva de indiferença: Mudança na utilidade
total por causa de menos consumo de cerveja + Mudança na utilidade total por mais consumo de
drinks = Zero (nível de utilidade estável).
À medida que Ana se move para a direita da curva de indiferença, assim como o faz sua posição
inicial, o trade-off dos dois bens vai mudar, uma vez que a utilidade marginal do consumo de um
bem adicional também é modificada. No exemplo da mudança do ponto C para o D, a situação
inicial de Ana é inversa à da mudança de A para B: ela já consome alguns drinks e pouca cerveja.
Desse modo, a utilidade marginal que ela perde renunciando uma unidade de cerveja é
relativamente alta, enquanto a de consumir um drink a mais é relativamente baixa, já que Ana:
Está numa posição inicial com pouca cerveja e
muitos drinks
Quer mudar para ainda menos cerveja e ma
drinks
Utilizando as notações UmgC e UmgD para denotar respectivamente as utilidades marginais de
cerveja e drinks e representar as mudanças no consumo de ambos, podemos formalizar esse
mecanismo com o emprego de equações. De forma geral, a mudança na utilidade total gerada
pela variação no consumo de um bem é igual a essa variação multiplicada pela utilidade marginal
dele. Assim:
Mudança na utilidade total devido à variação no consumo de cervejas = 
Mudança na utilidade total devido à variação no consumo de drinks = 
Reescrevendo a equação nos novos termos, fica expresso o seguinte:

UmgC × ΔQC
UmgD × ΔQD
UmgC xΔQC + UmgD xΔQD = 0
Rearranjando-a, ela agora fica assim:
Perceba o sinal de negativo do lado esquerdo da última equação: ele representa a perda de
utilidade total por conta da redução do consumo de latinhas de cerveja, o qual, por sua vez, deve
ser igual ao ganho de utilidade total proveniente do aumento do número de drinks no lado direito
da equação.
Devemos entender a relação dessas mudanças com a inclinação da curva de indiferença.
Dividindo os dois lados da equação 2 por e por , encontramos isto:
Nesta equação, temos:
Lado esquerdo
Menos a inclinação da curva de
indiferença é a taxa pela qual Ana
está disposta a trocar uma
quantidade de cerveja por outra de
drinks.
Lado direito
Razão entre a utilidade marginal de
drinks e a de cerveja — ou seja, a
razão entre o que Ana ganha a mais
de utilidade com aqueles e com
esta.
A razão entre as utilidades marginais do lado direito da equação acima é conhecida como taxa
marginal de substituição (TMS). Substituição, no caso específico, refere-se aos drinks no lugar
das cervejas. Juntando tudo isso, vemos que a inclinação da curva de indiferença de Ana é
exatamente igual à razão entre a utilidade marginal de um drink e a de uma cerveja — ou à sua
TMS.
Relembrando
A inclinação das curvas de indiferença diminui quando que nos movemos para baixo e para a direita, tornando-se mais
achatadas. Logo, se o lado esquerdo da equação está diminuindo, essa diminuição deve acontecer no direito para
satisfazer a igualdade. Quando deslizamos para a direita, o que acontece na prática é o seguinte: a razão entre a UmgD e a
UmgC diminui. Verificamos isso na análise intuitiva da utilidade marginal decrescente dos bens.
O achatamento das curvas de indiferança a refletir a lógica da utilidade marginal decrescente é
denominado taxa marginal de substiuição decrescente. Em termos gerais, ela informa que um
indivíduo que consome poucas unidades do bem C e muitas de D está disposto a trocar uma
quantidade grande do bem D por uma unidade a mais do C — e vice versa.
A condição de tangência
De que forma os conceitos de curva de indiferença e TMS se relacionam com o que vimos de
restrição orçamentária e cesta ótima no módulo 1? Para ilustrarmos essa relação, indicamos a
−UmgCxΔQC = UmgDxΔQD
ΔQD UmgC
−ΔQC/ΔQD = UmgD/UmgC

figura a seguir. Seu diagrama contém algumas curvas de indiferença de Ana e sua restrição
orçamentária:
Atividade discursiva
Ana só pode gastar R$40 quando sai. O preço da latinha de cerveja é de R$5 e o de um drink, R$8.
Qual é a cesta ótima de consumo dela?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Para responder a essa pergunta, devemos analisar as curvas de indiferença representadas
por I1, I2 e I3 no diagrama.
A representada por I3 é a utilidade máxima que Ana gostaria de ter. No entanto, não é
possível alcançá-la, uma vez que todas as cestas de consumo dessa curva de indiferença
estão acima de sua reta orçamentária. Ela está limitada por sua renda.
Ana tampouco deveria escolher as cestas da curva de indiferença I1, pois, embora as cestas
entre os pontos B e C ao longo dessa curva sejam factíveis, há outras cestas de consumo
que lhe geram mais utilidade e que cabem na sua renda.
Veja o caso da cesta A: assim como B e C, ela está sobre a sua reta orçamentária, porém
gera mais utilidade que ambas por estar na curva de indiferença I2, ou seja, mais afastada
da origem que a curva I1.
De fato, a cesta de consumo A é a escolha ótima de Ana, com 3 latinhas de cerveja e 3
drinks. Ela está na curva de indiferença mais afastada que Ana pode alcançar dada a sua
renda.

Na cesta ótima, a reta orçamentária apenas toca a curva de indiferença mais afastada,
sendo tangente em relação a ela. Essa é a chamada condição de tangência, sendo aplicada
quando as curvas de indiferença são convexas.
Preços e taxa marginal de substituição
No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária, ou seja, a cesta ótima,
a curva de indiferença tem a mesma inclinação da reta orçamentária.
Retomando a equação representada acima, temos que:
Inclinação da curva de indiferança = -UmgD/UmgC
Na cesta ótima, podemos substituir a inclinação dessa curva pela da reta orçamentária, pois já
vimos que ambas são iguais nesse ponto. Assim:
Inclinação da reta orçamentária = -UmgD/UmgC
Relembrando
O que é a inclinação da reta orçamentária? Como vimos no módulo anterior, essa inclinação é exatamente a razão de
preços — pd/pc.
Juntando as duas equações, chegamos à regra do preço relativo:
Lembrando que a razão entre as utilidades marginais dos bens é chamada de TMS, obtemos uma
regra geral para a cesta ótima de consumo: a taxa marginal de substituição é igual à razão entre
os preços dos dois bens.
A condição de tangência
Confira esta análise da condição de tangência entre a reta orçamentária e a curva de indiferença
do consumidor.
UmgD
UmgC
=
pD
pC
,  na cesta ótima de consumo. 

Efeitos de uma variação no preço e na renda
O que vai acontecer se o preço de um dos bens mudar? Suponha que, por alguma razão, o bar
que Ana frequenta resolva aumentar os preços dos drinks. Agora, em vez de R$8, eles custam
R$20. Como essa mudança vai afetar a escolha de consumo dela?
Com o aumento dos preços dos drinks, ela vai consumir menos unidades do que antes, mas,
como o preço da cerveja se manteve, Ana ainda pode consumir a mesma quantidade máxima
dessa bebida. O painel (a) desta figura destaca a nova reta orçamentária de Ana (RO2) e a inicial
(RO1):
A inclinação da reta orçamentária de Ana mudou. Isso ocorre porque o preço relativo dos drinks
em termos de cervejas subiu, isto é, a razão pd/pc aumentou em seu valor absoluto.
A RO de Ana agora intercepta o eixo horizontal em 2, que é o número máximo de drinks que ela
pode consumir. Sua cesta ótima de consumo inicial consistia em 3 cervejas e 3 drinks, o que
agora deixou de ser factível, já queestá acima de sua reta orçamentária.
Para lidar com a nova situação, ela terá de escolher uma nova cesta de consumo ótima ao eleger
um ponto na RO2 que toque a curva de indeferença mais afastada possível. É o que mostra o
painel (b) da figura: sua nova cesta ótima será de B, com 4 cervejas e 1 drink.
Resta uma dúvida: se o preço dos drinks permanecer constante, mudando, em
vez disso, a renda direta de Ana, o que acontecerá?
Suponhamos que ela recebeu um aumento de salário, podendo agora gastar R$80 no bar. A
inclinação de sua reta orçamentária não muda, pois os preços dos bens permaneceram iguais.
No entanto, Ana agora terá mais dinheiro para gastar tanto em cerveja como em drinks.
Os dois interceptos de sua reta orçamentária mudam, pois ela tem mais poder aquisitivo. Assim,
sua reta orçamentária inteira se desloca para fora, se afastando da origem. Ana pode escolher
outra cesta de consumo, ou seja, uma que toque sua nova reta orçamentária RO2. Isso
consequentemente aumentará o seu consumo.
Ela, portanto, consome mais os dois bens quando sua renda aumenta: o consumo de drinks sobe
de 3 (cesta A) para 6 (B); o de cerveja, de 3 para 6 latinhas. Isso é possível porque, em sua função
utilidade, ambos constituem bens normais, isto é, aqueles cuja demanda varia positivamente de
acordo com a variação na renda.
Substitutos e complementos perfeitos
Algumas vezes, a preferência pela combinação de dois bens pode ter algum tipo de relação.
Exemplo
Se Pedro toma exclusivamente café com açúcar e, a cada xícara da bebida, coloca duas colheres de açúcar, existe uma
relação complementar entre os dois bens. Por outro lado, se gosta tanto de mate quanto de guaraná, ele pode substituir
um pelo outro. Isso resulta em formatos diferentes da curva de indiferença.
No primeiro caso, quando um consumidor quer consumir dois bens na mesma proporção, eles
são chamados de complementos perfeitos. Como dissemos, Pedro só gosta de tomar uma
xícara de café acompanhada de duas colheres de açúcar. Uma xícara extra sem açúcar não lhe
oferece utilidade adicional, tampouco uma colher extra sem café. O gráfico (a) desta figura indica
as curvas de indiferença de Pedro para xícaras de café e colheres de açúcar:
Essas curvas formam ângulos retos, pois uma unidade adicional de cada bem fora da proporção
1:2 não lhe dá mais utilidade, o que significa que ele permanece na mesma curva de indiferença.
Somente um aumento dos dois bens na proporção de sua preferência faria Pedro dar “um salto”
nas suas curvas de indiferença. O diagrama (a) ainda evidencia:
Reta orçamentária de Pedro (em cinza);
Cesta A tangenciando a reta (sua cesta de consumo ótimo).
Note que a inclinação da reta orçamentária aqui não afeta seu consumo relativo de café e açúcar.
Ele consome ambos sempre na mesma proporção independentemente de seu preço. Repare
ainda que, no ponto A, as curvas de indiferença sofrem uma mudança abrupta de inclinação: da
esquerda para a direita, a curva deixa de ser vertical, passando a ser horizontal.
O que acontece com a taxa marginal de substituição?
No caso de complementos perfeitos, essa taxa é indefinida, pois o consumidor não está disposto
a fazer qualquer substituição entre os dois bens.
Já o diagrama (b) da figura acima aponta as curvas de indiferença de Pedro para o segundo caso:
gostar tanto de mate quanto de guaraná, ou seja, os dois bens lhe conferem a mesma utilidade.
Como está sempre disposto a substituir a mesma quantidade de um item pela de outro, suas
curvas de indiferença são linhas retas e sua taxa marginal de substituição, constante (afinal, a
TMS é a inclinação da CI, que é uma reta. Logo, trata-se de uma constante).
O painel (b) também destaca a reta orçamentária de Pedro: quando ela tem inclinação diferente
das curvas de indiferença, como é o caso, essa curva vai encostar na reta em um dos eixos.
Desse modo, ele consumirá apenas o bem:
Mais barato;
O que ele puder comprar a maior quantidade possível, como o mate (indicado pela cesta b).
Composta apenas por um dos bens, esse tipo de cesta ótima é chamada pelos economistas de
solução de canto. O que aconteceria se a inclinação da reta orçamentária de Pedro fosse igual à
da própria reta? Uma de suas curvas de indiferença a tocaria em todos os seus pontos, de modo
que qualquer cesta sobre a reta de Pedro seria uma cesta ótima.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre as curvas de indiferença, assinale a alternativa falsa:
Parabéns! A alternativa A está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20curvas%20de%20indiferen%C3%A7a%20do%20consumidor%20racional%20s%C3%A3o%20convexas.%20A%20inclina%C3%A7%
Questão 2
Sobre a taxa marginal de substituição, assinale a alternativa falsa:
A Curvas de indiferença de um consumidor racional são côncavas.
B
Curvas de indiferença geram a mesma quantidade de utilidade total para
diferentes combinações de bens.
C Existe uma curva de indiferença para cada nível de utilidade total.
D Curvas de indiferença mais distantes da origem oferecem mais utilidade.
E As curvas de indiferença nunca se cruzam no gráfico.
A
No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta orçamentária, a taxa
marginal de substituição é igual à inclinação dessa reta.
B
A taxa marginal de substituição é a razão entre as utilidades marginais de dois
bens.
C A inclinação da curva de indiferença é igual à taxa marginal de substituição.
Parabéns! A alternativa D está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20taxa%20marginal%20de%20substitui%C3%A7%C3%A3o%20ser%C3%A1%20decrescente%20se%20os%20dois%20bens%20tivere
off%3C%2Fi%3E%20entre%20ambos%20mudar%20ao%20longo%20da%20curva%3B%20assim%2C%20um%20consumidor%20vai%20exigir%20cada
3 - Tipos de custo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir os tipos de custo da �rma e suas aplicações.
Custos e insumos
Já verificamos como o consumidor racional toma decisões de consumo. Agora veremos como a
firma realiza as suas decisões de produção. Primeiramente, precisamos definir o que é firma.
É a organização que produz bens e serviços com o objetivo de vendê-los. Para
produzi-los, ela precisa de insumos que envolvem custos.
Já a função de produção da firma é a relação entre a quantidade de produto feita por ela e seu
montante de insumos. Um exemplo de insumo é o número de trabalhadores da firma. O custo
seria o salário deles.
Para uma compreensão melhor desses conceitos, tomaremos a fábrica de Vitória como exemplo.
Por questão de simplicidade, vamos supor que ela:
D
Quando dois bens têm uma utilidade marginal decrescente, a taxa marginal de
substituição é crescente.
E
Curvas de indiferença de bens perfeitamente complementares podem ser
representadas com ângulos retos.
Produz apenas um produto: automóveis.
Usa somente dois insumos: capital (máquinas) e trabalho.
Possui apenas um tipo de máquina.
Conta com trabalhadores da mesma qualidade, isto é, com as mesmas capacidades para
executar o seu trabalho.
Vitória paga o aluguel de 20 máquinas em sua
fábrica; no momento, não tem capacidade de
alugar mais máquinas nem menos, pois já
assinou contrato com o locatário delas. Isso é
conhecido como insumo fixo, pois sua
quantidade é fixa e não pode variar — ao
menos, não no curto prazo.
No entanto, ela pode escolher quantos trabalhadores irá contratar. Esse outro tipo de insumo é
denominado insumo variável; com ele, uma firma pode variar a sua quantidade a qualquer
momento. A rigidez do montante dos insumos — isto é, se eles são fixos ou variáveis — depende,
na verdade, do horizonte de tempo: no longo prazo, passado um tempo suficientemente grande,
as firmas podem ajustar a quantidade de qualquer insumo.
Exemplo
Após alguns anos ou o tempo do contrato de aluguel de Vitória, ela poderia negociar outro contrato com o locatário de
máquinas e ajustar sua quantidade decapital fixo.
Desse modo, não existem insumos fixos no longo, mas apenas no curto prazo. O número de
carros produzido por ela depende de quantos trabalhadores foram contratados. Cada um —
mesmo sem ser muito eficiente — pode operar as 20 máquinas adquiridas por Vitória.

Quando um trabalhador adicional é
contratado, as máquinas são divididas
igualmente entre os funcionários.

Quando há dois trabalhadores, cada
um opera dez máquinas.

Se forem três, cada um mexe em 6 e
se reveza nas 2 restantes.
E assim por diante. Se Vitória empregar um número maior de trabalhadores, as máquinas serão
operadas de forma mais intensiva; assim, mais carros estarão sendo produzidos. A função de
produção da firma é a relação entre a quantidade de trabalho e a de produto (carros) para um
dado montante de insumo fixo (máquinas). A figura a seguir informa a função de produção da
fábrica de Vitória em dois formatos (gráfico e tabela):
Denominada curva de produto total da fábrica, essa função de produção revela como uma
quantidade de produto depende do montante de insumo variável para uma dada quantidade de
insumo fixo. O eixo vertical exibe o número de carros produzidos (Y); o eixo horizontal, por sua
vez, o montante de insumo variável, ou seja, o número de trabalhadores empregados (L).
A curva de produto total está positivamente inclinada, mas sua inclinação não é constante: à
medida que se acrescentam trabalhadores empregados, o número de carros produzido aumenta,
mas esse acréscimo na produção é cada vez menor. Ou seja: ao deslizarmos para a direita da
curva, ela se tornará mais achatada.
Para entendermos essa mudança na inclinação, observemos a tabela da figura acima: ela mostra
o produto marginal do trabalho (PMgL), isto é, a variação na quantidade de produto ao se
acrescentar uma unidade de trabalho. Já possuímos as informações sobre a quantidade dele
para todas as unidades de trabalho, isto é, para 1, 2, 3 trabalhadores — e assim por diante.
Dica
Nem sempre é necessário haver uma informação individualizada dessa maneira: muitas vezes, a quantidade de produto
para a variação do trabalho é conhecida em dezenas (para empresas com 10 ou 20 trabalhadores, por exemplo) ou outros
intervalos possíveis.
Para calcularmos o PMgL nesses casos, podemos usar a seguinte equação:
Ou, mais formalmente, esta:
A inclinação na curva de produto total é igual ao produto marginal do trabalho. Podemos observar
que ele diminui quando mais trabalhadores são empregados; portanto, a curva se achata à
medida que outros mais são contratados.
A razão para isso é simples: em geral, ocorrem retornos decrescentes de um insumo quando se
registra um aumento em sua quantidade. Mantido constante o montante dos demais insumos,
reduz-se o produto marginal dele.
Exemplo
Pense numa sorveteria: se só houver uma máquina de sorvete e um trabalhador operando, pode-se aumentar bastante a
produção ao contratar um empregado extra para eles se revezarem entre duas atividades: fazer sorvete e atender os
clientes. Mas não se ganha muito em produção contratando 10 empregados com apenas uma máquina: não é possível
que todos eles a operem ao mesmo tempo.
O mesmo ocorre com a fábrica de Vitória. Cada trabalhador adicional passa a dividir com mais
trabalhadores o insumo fixo de 20 máquinas. Isso faz com que ele não consiga produzir tanto
quanto o anterior; portanto, o produto marginal por trabalhador diminui.
Atenção!
A hipótese dos retornos decrescentes só é válida caso tudo mais seja mantido de maneira constante. Se os demais
insumos pudessem mudar também, as curvas de produto total e marginal se deslocariam.
 Produto marginal do trabalho  =
 variação na quantidade de produto 
 variação na quantidade de trabalho 
PMgL = ΔY /ΔL
Veja as curvas de produto total (PT) e marginal por trabalhador (PMgL) na fábrica de Vitória na
situação inicial (20 máquinas) e na atual (10):
Observemos os dois gráficos:
Grá�co (a)
A menos que sejam empregados 0
trabalhadores, PT10, que representa a
produção com 10 máquinas, está situada
abaixo de PT20 (20 máquinas), pois, com
menos unidades disponíveis, qualquer número
de trabalhadores produz menos carros.
Grá�co (b)
Mostra o exposto no gráfico anterior em
termos de produto marginal. Embora as duas
curvas tenham inclinação para baixo, já que o
número de máquinas em cada situação é fixo,
PMgL20 fica acima de PMgL10 em todos os
pontos, refletindo, assim, que o PMgL é mais
alto quando há mais insumo fixo.
Curvas de custo
Mostramos que Vitória pode conhecer sua função de produção verificando a relação entre
insumos de trabalho e capital e produção de automóveis. Mas nada falamos sobre suas escolhas
de produção. Em geral, os produtores vão escolher uma produção que maximize seus lucros. A
definição formal de lucro é: Lucro = receita total - custo total
Ou, em notação, ele é expresso da seguinte forma:
A receita total (RT) é o que um produtor obtém pela produção vendida, ou seja, o preço daquele
bem multiplicado pelo montante vendido dele. Se estamos falando do número de automóveis
(qA) e do seu preço (pA), a receita total é dada pela igualdade:
E o custo total? Como vimos neste módulo, insumos são custosos e apresentam dois tipos: fixos
e variáveis. Cada insumo vai ter seu custo ao ser empregado na produção. O do aluguel de
máquinas — insumos fixos, ou seja, que não variam — recebe o nome de custo fixo (CF).
O CF não depende do montante produzido, uma vez que o produtor já incorre nele quando toma a
decisão de produzir, não podendo mudar sua quantidade — ao menos, não no curto prazo. Já o
custo do insumo variável é denominado custo variável (CV).
Exemplo
π = RT − CT
RT = pA × qA
Os trabalhadores da fábrica de Vitória são um exemplo de custo variável.
O CV consiste no número de trabalhadores multiplicado pelo seu salário (que é o custo por
unidades de trabalho). Como a quantidade produzida depende desse número, o custo variável
também depende dele. A soma dos custos fixo e variável para um determinado montante de
produto configura, portanto, o custo total (CT) dela. Essa relação pode ser expressa pela
equação:
Custo total = custo fixo + custo variável
OU
CT = CF + CV
A tabela a seguir indica como é calculado o custo total da fábrica de Vitória. Perceba que o CT
sobe conforme o número de unidades produzida aumenta. Isso ocorre por conta do CV: quanto
maior for o montante produzido, maior será o custo total da fábrica.
Quantidade de
carros Y
Quantidade de
trabalho L
Custo variável CV Custo fixo CF
0 0 R$0 R$500 000
13 1 1 000 500 000
24 2 2 000 500 000
33 3 3 000 500 000
40 4 4 000 500 000
45 5 5 000 500 000
48 6 6 000 500 000
50 7 7 000 500 000
50 8 8 000 500 000
Mariana Stussi Neves.
Custo marginal e médio
Imaginemos agora que Vitória queira fazer uma análise na margem sobre seus custos e
compreender o custo de cada unidade a mais de carro em sua produção. Assim como acontece
no caso do produto marginal, será mais fácil entender o custo adicional de uma unidade a mais
de produto se tivermos as informações detalhadas para cada unidade dele. Infelizmente, este não
é o caso: ela só dispõe desses dados em intervalos de produção. Exemplo: Zero, 13, 24 carros.
Vamos analisar então a sorveteria de Mateus.
A tabela a seguir detalha, na primeira coluna, a
produção dela e os seus custos. Ele possui um
custo fixo: diariamente, são gastos R$125 com
aluguel, máquina etc.
Mateus precisa pagar seus funcionários e os
insumos para a feitura do produto, como
açúcar, leite e outros ingredientes. Eles
representam o seu custo variável (expresso na
coluna 3) e dependem de quantos sorvete são
produzidos. Já o custo total, ou seja, a soma
dos custos fixo e variável, figura na coluna 4:
Quantidade de
sorvete Y
Custo fixo CF Custo variável CV Custo total CT
0 125 0 125
1 125 5.00 130.00
2 125 20.00 145.00
3 125 45.00 170.00
4 125 80.00 205.00
5 125 125.00 250.00
6 125 180.00 305.00
7 125 245.00 370.00
8 125 320.00 445.00Mariana Stussi Neves.
Já apresentamos esses conceitos neste módulo. Além dessas medidas de custo, existem ainda
outras duas muito usadas pelos economistas:
Custo marginal (CMg);
Custo médio (CMe).
Assim como observamos no produto marginal, o custo marginal é a variação no custo total ao se
acrescentar uma unidade de trabalho (por exemplo, um trabalhador a mais ou um dia a mais de
trabalho). Sua forma de cálculo também é parecida com a que vimos antes:
 Custo marginal  =
 variação no custo total 
 variação na quantidade de produto 
 ou 
CMg = ΔCT/ΔY
O custo médio, por sua vez, possui um cálculo ainda mais simples: como o próprio nome diz, ele
é uma média. Para calculá-lo, basta dividir o custo total pela quantidade de produto.
Custo médio ou
As colunas 5 e 6 da tabela anterior oferecem respectivamente os custos médio e marginal da
sorveteria de Mateus. O marginal aumenta com o número produzido de sorvetes, enquanto o
médio começa alto e diminui à medida que mais unidades são produzidas. No entanto, a partir da
5ª unidade de sorvete, ele volta a crescer. Para compreendermos o comportamento das duas
curvas, devemos observar os gráficos desta figura:
Vamos, agora, analisar esses gráficos.
Mostra a curva de CT da sorveteria de Mateus, indicando o aumento dela com o número
de unidades produzida. A inclinação da curva de CT também não é constante, pois ela se
torna cada vez mais inclinada à medida que se desliza para a direita. Os retornos
decrescentes do insumo variável são a razão para isso.
No segundo gráfico, vemos a curva de custo marginal (CMg) da sorveteria. Como
pudemos ver anteriormente no caso da curva de produto marginal, que corresponde à
inclinação da de produto total, o custo marginal é igual à inclinação da curva de CT. Como
ela é positivamente inclinada, a inclinação da própria curva de custo total aumenta.
Novamente, os retornos decrescentes de insumos justificam a inclinação da CMg. Como o
produto marginal do insumo declina, cada vez mais insumo variável será necessário para
produzir qualquer unidade adicional de produto. Como cada unidade adicional de insumo
variável tem de ser paga, o custo por unidade adicional de produto também aumenta.
Indica o custo médio. Conforme apontamos, ele não tem inclinação constante: a curva de
CM tem um formato de “U”. Isso ocorre por dois efeitos acontecerem simultaneamente na
curva de custo médio.
Atenção!
=  custo total  quantidade de produto 
CMe = CT/Y . 
Gráfico (a) 
Gráfico (b) 
Gráfico (c) 
Lembre-se de que o produto marginal é decrescente.
Recordemos que o custo total é composto por dois tipos de custo: variável e fixo. Assim, o médio
também pode ser decomposto em dois componentes:
Custo fixo médio (CFM);
Custo variável médio (CVM).
O cálculo de ambos é direto: divide-se cada um pela quantidade de produto produzida.
Custo fixo médio ou
No início da produção, quando há poucas unidades, o custo total médio (CME) é alto por conta do
peso grande que o componente do custo fixo tem sobre ele. Conforme se produz mais, esse
componente de custo fixo vai sendo “diluído”. Em outras palavras, assim que o denominador
aumenta, o CFM diminui, de modo que a inclinação da curva também diminui, tornando-a mais
achatada. Isso ocorre até ela atingir um ponto mínimo e voltar a crescer.
O crescimento do custo médio depois do ponto de mínimo ocorre por conta do outro efeito: o do
custo variável. Se, por um lado, o CFM cai, o CVM sobe. Esse crescimento do custo variável se
deve ao efeito dos retornos decrescentes dos insumos, fazendo com que, quanto maior for a
quantidade de produto, mais insumo variável será necessário para produzir unidades adicionais,
aumentando, por sua vez, o custo variável.
Veja a seguir o gráfico com essa dinâmica dos custos, ilustrando, para tal, cada uma das curvas.
Como se pode observar, o CME e o CMg se cruzam no ponto mínimo de custo total médio. A
partir deste ponto (destacado pela letra M na figura), o CVM ultrapassa o CFM; dessa forma, o
custo variável passa a ser maior que o custo fixo. O ponto em que a curva de custo marginal
intercepta a de custo médio é o ponto custo total médio mínimo. A quantidade de produto desse
ponto recebe o nome de produto de custo mínimo.
Curvas de custo
Confira as diversas curvas de custo da firma e a relação entre elas.
(CFM) =  custo fixo  quantidade de produto 
CFM = CF/Y
 Custo variável médio (CFM) =
 custo variável 
 Quantidade de produto 
 ou CV M = CV /Y

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre função de produção da firma, assinale a afirmativa falsa:
Parabéns! A alternativa B está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3ENo%20curto%20prazo%2C%20os%20produtores%20n%C3%A3o%20conseguem%20modificar%20o%20montante%20de%20alguns%20
se%20dos%20chamados%20insumos%20fixos.%20Eles%20s%C3%B3%20podem%20alterar%20a%20sua%20produ%C3%A7%C3%A3o%20mudando%
Questão 2
Sobre as curvas de custo do produtor, assinale a afirmativa falsa:
Parabéns! A alternativa A está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3ETal%20defini%C3%A7%C3%A3o%20corresponde%20ao%20custo%20marginal.%3C%2Fp%3E%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%2
A
É a relação entre a quantidade de produto que uma firma irá produzir e a de
insumos.
B Os insumos da função de produção de curto prazo são fixos.
C
A curva que mostra como a quantidade de produto depende do montante de
insumo variável para uma dada quantia de insumo fixo é chamada de curva de
produto total.
D
A inclinação da curva de produto total é igual ao produto marginal do insumo
variável.
E
A hipótese de retornos decrescentes implica que a função de produção da firma
terá inclinação decrescente.
A
O custo variável é a variação no custo total ao se acrescentar uma unidade de
insumo variável.
B O custo fixo médio é o custo fixo dividido pela quantidade total produzida.
C A curva de custo marginal é crescente.
D O custo total é a soma dos custos fixo e variável.
E O custo médio é a soma do custo variável médio e o custo fixo médio.
4 - Lucro do produtor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do produtor.
Oferta e competição perfeita
No módulo anterior, estudamos as curvas de custo do produtor e enunciamos os conceitos de
lucro e receita. Mas resta saber ainda como esses conceitos estão relacionados entre si e de que
forma afetam as escolhas de produção e oferta das firmas. Isso depende do tipo de mercado em
que uma firma se encontra. Analisaremos neste módulo a seguinte situação: competição
perfeita.
Se você já foi a uma feira, deve ter notado que,
em geral, existe mais de um feirante vendendo
batatas ou tomates. Também já deve ter
percebido que o preço desses produtos
repetidos costuma ser muito parecido ou igual
entre as barracas. O barulho alto característico
das feiras é um sintoma da competição que os
feirantes enfrentam entre si. Para vender
produtos que não oferecem muitas diferenças
entre uma barraca e outra, competir é
inevitável. Para isso, recorre-se à voz. Mas por
que eles não usam outros recursos, como
alterar o preço e a quantidade ofertada, para
tentar vender mais?
José e Sônia são dois feirantes que vendem batatas. Ambos comercializam o seu produto na
mesma feira aos domingos. Suponha também que suas batatas sejam da mesma qualidade. Na
prática, eles competem entre si ao disputarem potenciais compradores.
Será que um dos dois devia impedir o outro de vender batatas? Ou eles deveriam
fazer um acordo para aumentar o preço dela?
É provável que a resposta seja não. Há centenas de outros feirantes vendendo esse item, seja na
mesma feira ou em outra talvez não muito distante. Sônia e José definitivamente estão
competindo com todos esses vendedores de batata.
Se ambos tentassem aumentar o preço da batata, provavelmente não conseguiriamvender muito,
pois os consumidores encontrariam outra mais barata a apenas algumas barracas de distância.
Desse modo, podemos dizer que José e Sônia são produtores tomadores de preço.
Um produtor é chamado assim quando suas ações não afetam o preço de mercado do bem que
ele vende. O raciocínio análogo vale para os consumidores tomadores de preço: eles não podem
influenciar esse preço por meio de suas ações. Em um mercado perfeitamente competitivo,
consumidores e produtores são tomadores de preço. Com isso, decisões individuais, de quem
quer que elas partam, não afetam o preço de mercado de determinado bem. Além disso, há duas
condições necessárias para a competição perfeita:
Livre entrada e saída
Além das duas condições enunciadas acima, os mercados perfeitamente competitivos têm ainda
outra característica: a livre entrada e saída de firmas e produtores. Dito de outra forma, não há
barreiras para seu acesso ao mercado.
Tampouco existem custos adicionais associados à saída do mercado, como tarifas associadas
ao fechamento de uma firma. Contudo, a livre entrada e saída não é uma condição necessária
 A indústria deve possuir um número relativamente grande de produtores e nenhum deles pode ter
grande participação no mercado.
A participação de mercado de um produtor é a fração do produto total da indústria pela qual ele é
responsável. Se possuir uma parcela muito grande dele, ele passará a influenciar o preço de mercado
do bem que produz. Por exemplo, na crise do petróleo da década de 1970, a Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP) tinha quase um terço de fatia da produção total de petróleo mundial.
Ao diminuir a quantidade ofertada, ela influenciou diretamente no preço do barril. Este não é o caso de
José nem de Sônia.
 Os consumidores devem considerar os produtos de todos os produtores equivalentes.
Isso não seria verdade se os compradores acreditassem que as batatas de Sônia são de melhor
qualidade que as de José. Caso realmente fossem melhores, ainda que ela aumentasse um pouco o
seu preço, os consumidores continuariam comprando em virtude de sua melhor qualidade.
No caso de commodities (ou produtos padronizados), os consumidores costumam considerar o
produto de um produtor como perfeitamente substituível pelo de outro. Temos como exemplo um
produtor de batatas como José ou Sônia. Eles não podem aumentar o preço de suas batatas sem
perder todas as suas vendas para outros vendedores. Assim, para que uma indústria seja
perfeitamente competitiva, é necessário que seu produto seja padronizado.
para a competição perfeita, e sim uma característica comum na maioria dos mercados
competitivos.
Exemplo
Acesso limitado a recursos, obstáculos legais e regulamentações governamentais.
-->
Como funcionam os mercados perfeitamente competitivos?
Quando um produtor aumenta o montante dele em uma unidade, sua receita cresce, mas,
infelizmente, acontece o mesmo com seu custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de produto é conhecido como
custo marginal. Analisemos agora outro conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg).
Analogamente, ela é a receita adicional gerada com a venda ao se aumentar o produto em uma
unidade. Formalmente, temos a seguinte equação:
Para responder a essa pergunta, primeiramente examinaremos de que modo um produtor
maximiza o seu lucro individualmente em uma indústria perfeitamente competitiva. Em seguida,
entenderemos o significado de lucro econômico a partir da análise dos lucros e prejuízos de um
negócio hipotético.
Imagine que João e Maria administrem um cultivo de café. Suponha que o preço de mercado da
saca seja R$40 e que eles sejam tomadores de preço, podendo, assim, vender o montante que
quiserem com esse preço. Quantas sacas eles devem produzir para maximizar seu lucro?
Já vimos que o lucro é igual à receita total
menos o custo total, assim como a receita
total é o preço de mercado multiplicado pela
quantidade de produto. Como fizemos no caso
do consumidor, recorreremos agora à análise
marginal para encontrar a quantidade ótima de
produto (que maximiza o lucro) a ser vendida.
Quando um produtor aumenta o montante dele em uma unidade, sua receita cresce, mas,
infelizmente, acontece o mesmo com seu custo.
Também vimos que esse aumento no custo por unidade extra de produto é conhecido como
custo marginal. Analisemos agora outro conceito relativo a esse tópico: receita marginal (RMg).
Analogamente, ela é a receita adicional gerada com a venda ao se aumentar o produto em uma
unidade. Formalmente, temos a seguinte equação:
Mas como isso ajuda a descobrir a quantidade ótima de sacas de café que João e Maria devem
produzir para maximizar os lucros de sua produção?
A tabela a seguir aponta a receita total, o custo total e o lucro total por unidade de saca de café
do cultivo de ambos, além dos cálculos de custo e receita marginais. A última coluna, por sua
vez, exibe o ganho líquido por saca, isto é, a receita marginal menos o custo marginal.
Quantidade de café
Y (sacas)
Custo variável CV Custo total CT
C. Marginal po
saca CMg
 receita marginal  =
 variąção na receita total 
 variação no produto 
 ou RMg = ΔRT/ΔY
0 0 20.00 -
1 25.00 45.00 25.00
2 55.00 75.00 30.00
3 65.00 110.00 35.00
4 75.00 150.00 40.00
5 85.00 195.00 45.00
6 95.00 245.00 50.00
Mariana Stussi Neves.
Como vimos no módulo 3, esta tabela evidencia que o custo variável e o total crescem à medida
que a produção aumenta. O custo marginal também sobe a cada unidade de café por conta dos
retornos decrescentes dos insumos. A RMg, no entanto, permanece constante, uma vez que o
preço do produto não muda (afinal, João e Maria são tomadores de preço).
Examinemos agora a última coluna, a de ganho líquido por saca: até a quarta saca de café
produzida, ambos registram um ganho líquido positivo. Produzir, portanto, gera mais receita do
que custos. Na quarta saca, o ganho líquido já é zero; a partir da quinta, ele passa a ser negativo,
pois o custo marginal é maior que a receita marginal.
Podemos observar essas curvas graficamente para a melhor absorção desse conceito:
A curva de custo marginal (CMg) apresenta uma inclinação positiva e permanece abaixo da de
receita marginal (RMg) até o ponto E, onde ela intercepta a RMg. Até E (ou até a quarta saca),
João e Maria contabilizam um ganho líquido positivo por saca.
A partir de E, a CMg ultrapassa a curva de receita marginal, enquanto o ganho líquido se torna
negativo, ou seja, eles passam a perder dinheiro com a produção de unidades adicionais de sacas
de café.
Desse modo, o ponto que maximiza o lucro de ambos é o E, com uma produção de quatro sacas
de café. Note que, neste ponto, a receita marginal é exatamente igual ao custo marginal. Isso é
chamado de regra de produto ótimo do produtor. Na quantidade ótima de produto, RMg = CMg.
Atividade discursiva
Sabemos então que, no ponto indicado, João e Maria não encontram incentivos para produzir
mais nem menos, pois ele se trata da quantidade de produto ótima deles. Mas este é o único
ponto no qual a produção dele e sua manutenção no mercado fazem sentido?

Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
A resposta é não.
A decisão de uma firma permanecer ou não em um mercado depende de seu lucro
econômico, medida que considera o custo de oportunidade dos recursos de um negócio
além de suas despesas explícitas.
Se fôssemos pensar no lucro econômico de João e Maria, poderíamos incluir como custo
de oportunidade de investir na produção de café o quanto esse dinheiro renderia no banco.
Lembremos que custo de oportunidade é o que você deixa de obter (rendimento do banco)
ao optar por outra atividade (produção de café).
O que diferencia o lucro econômico do contábil é o custo implícito, isto é, os benefícios dos quais
se abdica no uso dos recursos da firma.
Vamos supor que todos os custos (implícitos e explícitos) estejam incluídos na tabela a seguir,
mostrando, portanto, o lucro econômico.Para saber se Maria e João operam em lucro ou
prejuízo, devemos olhar para:
Custo total médio mínimo de sua produção.
Preço de mercado do café.
Esta tabela calcula o custo variável médio e o total médio para a produção de ambos.
Consideramos o custo fixo como dado; portanto, são valores de curto prazo:
Quantidade de café
Y (sacas)
Custo variável CV Custo total CT
Custo variável
médio CVM = 
0 0 20.00 -
1 25.00 45.00 25.00
2 55.00 75.00 27.50
3 65.00 110.00 21.67
4 75.00 150.00 18.75
5 85.00 195.00 17.00
6 95.00 245.00 15.83
Mariana Stussi Neves.
Como se pode observar, o custo total médio é minimizado na terceira saca no valor de R$36,67,
que corresponde ao produto de custo mínimo.
No módulo anterior, frisamos que o lucro π é igual à receita total (RT) menos o custo total (CT).
Logo:
Se RT > CT
A firma é lucrativa.
Se RT < CT
A firma tem prejuízo.
Se RT = CT
A firma possui custo e receita iguais e
lucro zero.
Também é possível manipular essas equações dividindo os dois lados pelo produto Y e expressar
essa ideia em termos de receita e custo por unidade de produto:
O primeiro termo do lado direito da equação (RT/Y) representa a receita média, que é igual ao
preço de mercado das sacas de café, uma vez que o preço é constante. Já o segundo termo
constitui o custo total médio. Dessa maneira, uma firma será lucrativa se o preço de mercado de
seu produto exceder o custo total médio da quantidade que ela produz e terá prejuízo se o preço
de mercado for inferior.
Reescreveremos essas relações a seguir:
Se P > CTM
A firma é lucrativa.
Se P < CTM
A firma tem prejuízo.
Se P = CTM
A firma possui custo e receita iguais e
lucro zero.
Também podemos observar essa relação graficamente. Esta figura apresenta dois gráficos com
diferentes preços de mercado de saca de café:
No gráfico (a), o preço de mercado da saca de café excede o custo total médio mínimo, em que p
= 40, e a firma opera em lucro. João e Maria possuem uma situação lucrativa, pois o preço de
R$40 excede o custo total médio a equilibrar receita e custo; afinal, o ponto de custo total médio
mínimo é R$36,67.
O ponto E do gráfico é o caso já analisado no qual ambos produzem a quantidade maximizadora
de lucro: quatro sacas de café. Nesse montante, o custo total médio, indicado por B no gráfico, é
de R$37,50. Como o preço de mercado por saca é maior que o custo total médio por unidade, a
produção de João e Maria mostra ser lucrativa.
π/Y = RT/Y − CT/Y
Esse lucro é indicado pela distância vertical entre a reta de receita marginal e o custo total médio
dessa quantidade de sacas ou pela distância entre os pontos E e B multiplicada pelo número de
sacas. A área sombreada (cinza) no gráfico ilustra o lucro de João e Maria.
É possível expressar o lucro total também em termos de lucro por unidade:
Já no gráfico (b), conforme indica a letra D, a firma, com p = 30, ou seja, abaixo do custo total
médio mínimo, opera em prejuízo. Nessa situação, a curva de custo marginal corta a de receita
marginal (ou preço) no ponto C, que corresponde ao montante de duas sacas de café.
Agora é negativa a distância entre a reta de receita marginal e o ponto de custo total médio
associado à quantidade W, que equivale a R$37,50. O custo total médio excede o preço de
mercado. Com isso, a produção de Maria e João opera em prejuízo.
Assim, para determinar se um produtor é lucrativo ou não, é necessário comparar o preço de
mercado do bem e o que iguala receita e custo para o produtor, ou seja, seu custo total médio
mínimo.
Escolha do produtor
Confira esta análise sobre a escolha do produtor.
A curva de oferta
Vimos até aqui como os produtores de um mercado perfeitamente competitivo decidem suas
quantidades ótimas de produção. Também apontamos neste módulo que, no curto prazo, o
número de produtores ou firmas desse tipo de indústria é fixo, não havendo entrada nem saída.
Mas qual é a quantidade total de bens ofertada em um determinado mercado?
Sabemos que cada produtor tomará o preço como dado e fará sua escolha individual sobre a
quantidade ótima de produto. Neste módulo, fizemos a suposição de que não haja diferença na
qualidade dos bens dos produtores. Vamos estender essa hipótese para supor também que
todos os produtores sejam iguais, ou seja, arquem com os mesmos custos e insumos.
Como seria a curva de oferta dessa indústria?
Revisitemos o mercado de café analisado anteriormente. Vamos supor, que além de João e
Maria, existam outros 49 participantes idênticos, totalizando, assim, um grupo de 50. Sabendo
π = RT − CT = (RT/Y − CT/Y )xY
 ou 
π = (p − CTM)xY

que o número de produtores desse mercado é dado, cada um vai tomar sua decisão de produzir
individualmente.
Desse modo, cada um igualará seu custo marginal à receita marginal, isto é, ao preço de
mercado. Como os produtores são iguais e têm os mesmos custos, todos eles decidirão produzir
o mesmo número de sacas de café: quatro (quantidade ótima de produto).
Se houver 50 produtores de café, a quantidade de oferta da indústria será 50 vezes 4 sacas, ou
seja, 200 sacas de café. Já o preço dela será de R$40. O resultado disso é a curva de oferta da
indústria de curto prazo ilustrada no gráfico (a):
Neste diagrama, D representa a curva de demanda e E, o ponto de equilíbrio de mercado de curto
prazo, no qual a quantidade de oferta é igual à de demanda para um dado número de produtores.
No curto prazo, não há entrada nem saída de participantes, pois estamos olhando um período
pequeno de tempo. No longo prazo, no entanto, eles podem entrar e sair livremente do mercado,
havendo, desse modo, uma variação no número de produtores que altera tanto o montante
ofertado quanto o equilíbrio.
Suponhamos agora que, além dos 50
produtores de café operando no mercado, haja
muitos outros querendo entrar nele que
também são idênticos a João e Maria.
Quantos participantes adicionais entrarão na
indústria? Em que situação o farão?
Enquanto a produção for lucrativa, haverá
incentivos para novos produtores. Logo,
quando o preço de mercado for superior ao
custo de produção total médio mínimo
(R$36,67), isto é, o valor que iguala custo e
receita, mais pessoas estarão disputando uma
fatia desse mercado.
Porém, à medida que novos produtores ingressam na indústria, a quantidade ofertada aumenta.
Com esse aumento, existe uma pressão para o preço de mercado cair, e é isso que acontece: a
curva de oferta se desloca para a direita até atingir o ponto em que o preço se iguala ao custo
total médio mínimo. Quando a curva de oferta atingir esse ponto, os produtores vão parar de
querer entrar no mercado, pois não haverá mais lucro.
O painel (b) da figura acima demonstra essa dinâmica: a curva de oferta inicial S1 se desloca
para a direita até S2, onde encontra a curva de demanda D no novo ponto de equilíbrio E2. Neste
ponto, o preço de mercado equivalerá ao custo total médio mínimo; com isso, cada produtor irá
produzir um total de três sacas. A nova quantidade de equilíbrio do mercado de sacas de café
será, portanto, a seguinte: 250 sacas ao preço de R$36,67.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que não corresponde a uma condição de mercados perfeitamente
competitivos:
A Produtores são tomadores de preços.
B Os consumidores observam diferenças relevantes entre os produtos vendidos.
Parabéns! A alternativa B está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EEm%20mercados%20competitivos%2C%20os%20produtos%20s%C3%A3o%20homog%C3%AAneos%20e%2C%20portanto%2C%20os%
Questão 2
Assinale a afirmativa verdadeira:
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20lucro%20da%20firma%20%C3%A9%20igual%20%C3%A0%20receita%20total%20menos%20o%20custo%20total.%20Dividindo%2
Considerações �nais
Introduzimos neste material alguns dos conceitos básicos de microeconomia.

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