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PERFIS CRIMINAIS E COMPORTAMENTAIS - CRIMINAL MINDS 3

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AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERFIS CRIMINAIS E 
COMPORTAMENTAIS – 
CRIMINAL MINDS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. José Benedito Caparros Junior 
 
 
 
2 
TEMA 1 – O QUE É PSICOLOGIA E QUAL A SUA HISTÓRIA? 
Quando se fala em psicologia, é comum se deparar com algumas 
definições um pouco destorcidas ou, até mesmo, completamente errôneas do que 
vem a ser essa ciência. Logo, também é comum se deparar com muitas 
perguntas, que variam das mais básicas às mais complexas, tais como: o que é 
psicologia? Qual a origem da psicologia? Qual a ponte da psicologia com 
comportamentos normais ou anormais? A psicologia pode explicar o fenômeno 
criminal? Existe alguma relação entre psicologia e biologia? Psicologia e filosofia 
são a mesma coisa? 
Para respondermos às perguntas mais complexas e elaboradas acerca da 
psicologia, precisamos iniciar pelas questões mais básicas e genéricas. Esse é 
um caminho lógico e didático, que deve ser respeitado para que a aprendizagem 
ocorra de forma mais sólida, contextualizada, crítica e significativa. Portanto, antes 
de discutirmos a utilidade, a validade e o modo como a ciência da psicologia é 
posta em prática em áreas e campos de atuação, como clínicas, hospitais, 
escolas, empresas, centros de pesquisas e, em especial para a nossa disciplina, 
no sistema de justiça e segurança, precisamos começar pelo início. 
Assim, a primeira questão que deve ser elucidada logo de imediato é: o que 
é psicologia? Para responder a essa pergunta, vamos recorrer a algumas 
citações: 
A ciência da psicologia não tem a ver apenas com intuições ou senso 
comum. A ciência psicológica é o estudo, por meio da pesquisa 
científica, da mente, do cérebro e do comportamento. (Gazzaniga; 
Heatherton; Halpern, 2018, p. 5) 
Psicologia é o estudo científico do comportamento e dos processos 
mentais. Engloba não apenas o que as pessoas fazem, mas também 
seus pensamentos, suas emoções, percepções, processos de 
raciocínio, memórias, e até mesmo as atividades biológicas que mantêm 
o corpo funcionando. (Renner et al., 2012, p. 16) 
Ou seja, a psicologia é o ato de estudar tudo aquilo que se refere à mente, 
ao cérebro e ao comportamento. Então, como funciona o estudo e a prática laboral 
da psicologia em nossa sociedade? Essa também é uma excelente pergunta. 
Contudo, antes de estudarmos a psicologia da atualidade e a maneira como ela é 
útil na área jurídica, em especial no que se refere ao perfil e comportamento 
criminal, é importante que entendamos seu contexto histórico. É por meio do 
estudo do início da psicologia que poderemos ter embasamento crítico ao lidar 
com o assunto. 
 
 
3 
Dito isso, vamos responder a mais uma pergunta que fizemos no começo 
deste tema: Qual a origem da psicologia? Para responder a essa pergunta, tarefa 
que não é fácil, precisamos entender que a história da psicologia pode ser dividida 
em dois períodos distintos, separados por cerca de 2 mil anos de distância. Esses 
dois períodos fazem da psicologia, por mais dicotômico que seja, uma das 
disciplinas mais antigas do mundo e, ao mesmo tempo, uma das mais novas. 
O primeiro período é o mais antigo; ele direciona nossos estudos à Grécia 
Antiga, especificamente nos séculos V e VI a.C., quando grandes filósofos como 
Platão e Aristóteles já buscavam entender alguns temas acerca da mente e 
comportamento humano, temas que ainda hoje compõem a psicologia moderna. 
Filósofos discutiam ideias sobre o funcionamento da mente, ou alma, humana e, 
para isso, elaboravam e discutiam ideias. Conforme Schultz e Schultz (2014, p. 
4), “Essas ideias estão em alguns dos tópicos básicos abordados nos cursos de 
psicologia: memória, aprendizagem, motivação, pensamento, percepção e 
comportamento anormal”. 
É possível afirmar que a curiosidade dos antigos acerca de temas como 
esses, bem como de suas contribuições filosóficas, oportunizou a construção do 
estudo do comportamento humano e de seus processos mentais de forma 
científica. Ou seja, oportunizou a construção da psicologia moderna! Assim, o 
segundo período é aquele que se refere ao surgimento formal da psicologia, isto 
é, o estudo como ciência. Esse período se iniciou no final do século XIX, ou seja, 
muito recentemente. 
Por conta dessa divisão que há na linha histórica da psicologia, reconhece-
se que esta é uma das disciplinas mais antigas do mundo e ao mesmo tempo uma 
das mais novas. O estudo científico da psicologia precisou de tempo para que 
ocorresse e precisou que outros campos e áreas do saber evoluíssem primeiro 
para que, com suas contribuições e inovações técnicas, oportunizassem 
tecnologias para subsidiar o estudo científico da psicologia. Conforme melhor 
explica Renner et al. (2012, p. 19): 
Considera-se que o início formal da psicologia como disciplina científica 
tenha se dado ao final do século XIX, quando, em Leipzig, na Alemanha, 
Wilhelm Wundt estabeleceu o primeiro laboratório experimental 
dedicação aos fenômenos psicológicos. Quando Wundt montou seu 
laboratório em 1879, seu objetivo era estudar os elementos 
fundamentais da mente. Ele considerava a psicologia como o estudo da 
experiência consciente [...] era direcionada a descobertas dos 
componentes mentais fundamentais da percepção, da consciência, do 
pensamento, das emoções e de outros tipos de estados e atividades 
mentais. 
 
 
4 
Mas como Wundt entendia a psicologia naquela época? Ele a entendia 
como o estudo da consciência humana e procurou aplicar métodos experimentais 
ao estudo de processos mentais internos. Embora seu uso de um processo 
conhecido como introspecção seja visto como não confiável e não científico hoje, 
seu trabalho inicial em psicologia ajudou a preparar o terreno para futuros métodos 
experimentais. Estima-se que 17.000 alunos assistiram às palestras de psicologia 
de Wundt, e centenas mais seguiram em psicologia e estudaram em seu 
laboratório de psicologia. Enquanto sua influência diminuiu à medida que o campo 
amadureceu, seu impacto na psicologia é inquestionável. 
Tabela 1 – Linha do tempo da evolução da psicologia 
Percursores da psicologia – psicologia pré-formal 
5.000 a.C. Trepanação era uma técnica rudimentar para extrair maus espíritos 
430 a.C. Hipócrates e sua proposta de quatro temperamentos da personalidade 
1637 Descarte descreve os espíritos dos animais 
1690 John Locke introduz a ideia da tábula rasa 
1807 Franz Josef Gall propõe a frenologia 
Primeiros psicólogos – psicologia formal 
1879 Wilhelm Wundt inaugura o primeiro laboratório de psicologia no mundo, em 
Leipzig, na Alemanha 
1890 Princípios de psicologia é publicado por William James 
1895 Formulado o modelo funcionalista 
1900 Sigmund Freud cria a psicanálise (psicodinâmica) 
1905 Mary Calkins trabalha em memórias 
1915 Período em que estudos e testes de inteligência ganham notoriedade 
1920 Psicologia Gestalt torna-se influente 
1924 John Watson, um dos primeiros behavioristas, publica Behaviorismo 
1951 Carl Rogers publica Terapia Centrada no Cliente, contribuindo para 
estabelecer a perspectiva humanista 
1953 B. F. Skinner publica Ciência e comportamento humano, em defesa a 
perspectiva comportamental 
1954 Abraham Maslow publica Motivação e Personalidade, desenvolvendo o 
conceito de autoatualização 
1957 Leon Festinger publica Teoria da dissonância cognitiva, produzindo grande 
impacto sobre a psicologia social 
1969 Discussões quanto à base genética do QI alimentam controvérsias duradouras 
1980 Morre Jean Piaget, influente biólogo e psicólogo do desenvolvimento 
1981 David Hubel e Torsten Wiesel ganham o Prêmio Nobel pelo trabalho sobre 
células da visão no cérebro 
1985 Aumenta o destaque da perspectiva cognitivista 
 
 
5 
1990 Maior ênfase em multiculturalismo e diversidade 
2000 Elizabeth Loftus realiza trabalho pioneiro sobre falsas memórias e declarações 
de testemunhas oculares 
2010 Novos campos da psicologia surgem, comoa neuropsicologia e a psicologia 
evolucionista 
Fonte: Adaptado de Renner et al., 2012, p. 20. 
Enquanto a psicologia não emergiu como uma disciplina separada até o fim 
de 1800, sua história mais antiga pode ser rastreada até o tempo dos primeiros 
gregos. Essa primeira parte da história da psicologia deixou uma herança de 
temas, elementos e ideias a serem pesquisadas pela psicologia moderna. 
Mas então, o que torna a psicologia diferente da filosofia? Enquanto os 
filósofos antigos se baseavam apenas em observação e lógica, os psicólogos de 
hoje utilizam metodologias científicas para estudar e tirar conclusões sobre o 
pensamento e o comportamento humano. 
A própria fisiologia contribuiu para o eventual surgimento da psicologia 
como disciplina científica. As primeiras pesquisas fisiológicas sobre o cérebro e o 
comportamento tiveram um impacto dramático na psicologia, contribuindo para a 
aplicação de metodologias científicas no estudo do pensamento e comportamento 
humano. 
Assim, na atualidade, a psicologia se debruça sobre o comportamento 
humano e sobre os processos mentais (mente). Mas como poderíamos definir 
comportamento humano e mente? Para Gazzaniga, Heatherton e Halpern (2018, 
p. 5), podemos entendê-los da seguinte forma: 
Comportamento descreve a totalidade das ações humanas (ou animais) 
observáveis. Essas ações variam de sutis a complexas. Algumas são 
observadas exclusivamente em seres humanos, como discutir filosofia 
ou realizar cirurgias. Outras são vistas em todos os animais, como 
comer, beber e acasalar. 
Mente se refere à atividade mental. São exemplos de mente em ação as 
experiências perceptivas (visão, odores, sabores, sons e toques) que 
temos ao interagir com o mundo. A mente também é responsável por 
memórias, pensamentos e sentimentos. A atividade mental resulta de 
processos biológicos que ocorrem junto ao cérebro. 
Mas como podemos estudar algo tão complexo e misterioso como a 
mente? Mesmo que abríssemos o crânio de um voluntário e olhássemos para 
dentro desse crânio aberto, só veríamos a matéria cinzenta do cérebro. Não 
conseguiríamos ver o que esse voluntário estava pensando, naturalmente. Isso 
significa que não conseguiríamos observar suas emoções, memórias, percepções 
e sonhos. Então, retomando a pergunta, como os psicólogos estudam a mente? 
 
 
6 
A respostas é bastante simples. Os psicólogos usam o comportamento 
humano como uma pista para o funcionamento da mente. Embora não possamos 
observar a mente diretamente, tudo o que fazemos, pensamos, sentimos e 
dizemos é determinado pelo funcionamento da mente. Assim, os psicólogos 
tomam o comportamento humano como os dados brutos para testar suas teorias 
sobre como a mente funciona. 
Além disso, precisamos entender que no passado, devido a poucas 
tecnologias disponíveis, os psicólogos se dedicavam ao estudo da psicologia 
atendo-se ao estudo mais aprofundado dos comportamentos em vez dos estados 
mentais. Contudo, esse cenário vem se alterando. O surgimento “da tecnologia 
para observação da atividade do cérebro em ação permitiu que os psicólogos 
estudassem os estados mentais, levando assim a um conhecimento mais amplo 
do comportamento humano” (Gazzaniga; Heatherton; Halpern, 2018, p. 5). Ou 
seja, com o passar dos tempos, a psicologia usufruiu de técnicas e tecnologias 
para causar a sua própria evolução, o que acarretou no surgimento de várias 
abordagens psicológicas. 
As abordagens da psicologia oferecem visões diversas e enfatizam 
diferentes fatores. Do mesmo modo que podemos usar mais do que um mapa 
para nos acharmos em uma região específica – por exemplo, um mapa que mostra 
estradas e rodovias e outro mapa que mostra pontos de referência –, os 
psicólogos desenvolveram diversas perspectivas para compreender o 
comportamento e/ou a mente: 
• Perspectiva psicodinâmica: abordagem baseada na visão de que o 
comportamento é motivado por forças internas inconscientes sobre as 
quais o indivíduo tem pouco controle. 
• Perspectiva comportamental: abordagem que sugere que o 
comportamento observável e mensurável deve ser o foco do estudo. 
• Perspectiva cognitiva: abordagem que se concentra em como as pessoas 
pensam, entendem e raciocinam sobre o mundo. 
• Perspectiva humanista: abordagem que sugere que todos os indivíduos 
naturalmente se esforçam para crescer, se desenvolver e controlar sua vida 
e seu comportamento. 
• Perspectiva neurocientífica: abordagem que se concentra no 
funcionamento da mente levando em consideração seu funcionamento 
biológico. 
 
 
7 
Alguns psicólogos dedicam-se às funções cognitivas, enquanto outros 
lidam com as forças inconscientes; e há, ainda, os que trabalham 
somente com o comportamento observável ou com processos 
fisiológicos e bioquímicos. A psicologia moderna compreende várias 
abordagens de estudo que pouco parecem ter em comum, exceto o 
grande interesse na natureza e no comportamento humano [...]. (Schultz; 
Schultz, 2014, p. 3) 
A psicologia está na interseção de muitas outras disciplinas, incluindo 
biologia, medicina, linguística, filosofia, antropologia, sociologia e inteligência 
artificial (IA). Por exemplo, a neuropsicologia é aliada à biologia, uma vez que o 
objetivo é mapear diferentes áreas do cérebro e explicar como cada uma sustenta 
diferentes funções cerebrais, como memória ou linguagem. Outros ramos da 
psicologia estão mais intimamente ligados à medicina. Psicólogos de saúde 
ajudam as pessoas a controlar doenças e dor. Da mesma forma, psicólogos 
clínicos ajudam a aliviar o sofrimento causado por transtornos mentais. 
TEMA 2 – PSICOLOGIA JURÍDICA OU FORENSE 
Como estudamos no tema anterior, há várias abordagens psicológicas. 
Todavia, para além dessas abordagens, há também várias áreas em que as 
atividades dos psicólogos são demandadas. Isto é, sempre ocorre uma 
combinação entre abordagem e área de atuação. Por exemplo, na área jurídica, 
há psicólogos de abordagem psicodinâmica e há psicólogos de abordagem 
neurocientífica. Ou seja, psicólogos das mais diversas abordagens podem atuar 
na área jurídica. Por óbvio, essa mesma lógica se aplica a todas as áreas que 
demandam serviços especializados de psicólogos. É importante entendermos que 
as combinações são as mais variadas possíveis. O que importa é não 
confundirmos abordagem com área de trabalho. A especialização que cada 
psicólogo escolhe é um dos principais elementos que lhe dará mais e melhor 
direcionamento tanto no que se refere à abordagem quanto à área de sua atuação. 
Visto que o exercício da psicologia é regulamentado por lei, o responsável 
por regulamentar, orientar e fiscalizar o exercício profissional do psicólogo é o 
Conselho Federal de Psicologia (CFP). Quanto à regulamentação das áreas de 
especialização da psicologia, essa autarquia publicou a Resolução CFP n. 
13/2007, na qual consta: 
• psicologia escolar/educacional; 
• psicologia organizacional e do trabalho; 
• psicologia de trânsito; 
 
 
8 
• psicologia do esporte; 
• psicologia clínica; 
• psicologia hospitalar; 
• psicologia jurídica. 
Para a nossa aula, o foco é a área da psicologia jurídica. Contudo, de 
antemão, cabe ressaltar que a terminologia psicologia jurídica e psicologia forense 
podem sofrer alterações de autor para autor, bem como de país para país. 
Psicologia jurídica é o termo frequentemente usado no Brasil, no entanto, nos 
Estados Unidos, o termo frequentemente utilizado é psicologia forense. 
Não existe uma unanimidade acerca da diferenciação do conceito de 
psicologia jurídica e psicologia forense no Brasil. Há autores que defendem que 
os termos são sinônimos e que, portanto, não há diferenciação teórica e prática 
entre um e outro. Por outro lado, há autores também brasileiros que entendem 
que os dois termos existem, porém cada qual com o seu próprio e específico 
conceito. Em outras palavras, há autores que defendem que psicologia jurídica e 
psicologiaforense não são a mesma coisa, e que cada um desses termos possui 
o seu próprio significado e função. 
Para esta disciplina, adotaremos o modelo teórico que reconhece ambos 
os termos e que, sobretudo, faz distinção entre um ou outro. Isto é, partiremos do 
pressuposto que psicologia jurídica é uma coisa, e psicologia forense, outra. Essa 
divisão será útil à medida que avancemos o conteúdo. 
Haja vista essa introdução e a concordância acima, podemos entender a 
psicologia jurídica tanto como uma especialização quanto uma área da psicologia 
como ciência. Portanto, é uma área em que psicólogos de diferentes abordagens 
podem vir a ter interesse em atuar e, com isso, especializa-se e definir esse como 
o seu locus na psicologia. Mas como podemos definir psicologia jurídica? Para 
Silva (2012, p. 9-10): 
Compreende o estudo, assessoramento e intervenção eficaz, construtiva 
e pró-social, acerca do comportamento humano e as normas legais e as 
instituições que o regulam. Adicionalmente, tem a missão de melhorar a 
administração da justiça, humanizar o exercício do direito e da aplicação 
das leis, imprimir um matiz científico à norma e, sobretudo, trazer uma 
visão crítica para confrontar se as práticas judiciais estão em 
conformidade com o que é humanamente necessário, eficaz e realmente 
justo. Ou seja, os psicólogos jurídicos são cientistas e críticos da 
melhoria do sistema judicial e de sua integridade, objetivando garantir a 
aplicação da justiça [...]. 
 
 
9 
No mesmo sentido, porém em outras palavras, Oliveira (2000) define que 
a psicologia jurídica é compreendida por toda e qualquer prática da psicologia 
aplicada à área do direito. Ou seja, o entendimento e a prática da psicologia 
jurídica são muito amplos e podem se dar das mais diversas formas possíveis. 
Em complementação a isso, o autor traz à luz a diferenciação entre 
psicologia jurídica e psicologia forense, como uma forma de seccionar essa 
prática e, com isso, deixá-la mais delineada e especializada. Assim, Oliveira 
(2000, p. 61) afirma que psicologia jurídica “é o conjunto em que está contido o 
subconjunto psicologia forense”. Desse modo, o autor afirma que “a psicologia 
forense é uma subespecialidade da psicologia jurídica, bem como a alusão ao 
perito forense” (2000, p. 61). 
 
O termo psicologia forense (derivado do “foro”, instituição judiciária de 
administração da justiça) se estabelece como um subespecialidade da psicologia 
jurídica, na qual o perito forense se utiliza dos conhecimentos necessários para 
resolver um caso judicial. 
Haja vista a diferenciação explicitada, agora cabe entendermos como 
trabalha um psicólogo forense e sua intersecção com o comportamento criminal. 
Para Lopes e Araujo (2018), as práticas do psicólogo forense são, entre outras, 
justamente “atividades periciais, tais como perfil psicológico de provável 
criminoso, avaliação de testemunho e credibilidade [...]”. Ainda de acordo com as 
autoras, diversas técnicas são utilizadas por esse profissional especializado, tal 
como o criminal profiling. Teremos uma aula só para tratar do criminal profiling, 
mas, de antemão, vamos fazer algumas definições importantes. 
O criminal profiling é uma estratégia utilizada pela polícia em investigação 
e identificação de suspeitos de determinado crime. Em outras palavras, é uma 
técnica que pretende estudar o comportamento e a personalidade de um 
Psicologia Jurídica
Psicologia Forense
 
 
10 
criminoso ainda não identificado. A psicologia, em sua forma mais abrangente, 
produz muitas contribuições para a construção, aprimoramento e prática dessa 
técnica. Como mencionado, teremos uma aula específica para abordar o assunto 
com mais riqueza de detalhes e, com isso, seguir afunilando o nosso 
conhecimento em perfis criminais e comportamentais. 
TEMA 3 – TEORIAS PSICOLÓGICAS – TEORIA PSICODINÂMICA 
Por que os indivíduos cometem crimes? Por que o crime está presente em 
nossa sociedade? Qualquer pessoa pode ser violenta? Na realidade, é muito difícil 
responder o motivo pelo qual o crime ocorre. Durante séculos, as pessoas têm 
procurado respostas para essas perguntas. Os sistemas de justiça criminal ao 
redor do mundo, neste momento, estão muito preocupado com essas questões e, 
além deles, muitos profissionais das mais diversas áreas estão tentando 
respondê-las. Desse modo, é importante reconhecer que são muitas as 
explicações que se preocupam e tentam elucidar o motivo pelo qual pessoas 
cometem crimes. 
Embora elas não tenham sido respondidas de modo que o comportamento 
criminal fosse extinto da face da terra, devemos reconhecer que houve uma 
grande evolução na compreensão do comportamento criminoso, na forma de fazer 
justiça, na forma como a sociedade passou a se organizar etc. Estudos na área 
da psicologia permitiram que teorias acerca desse assunto fossem formuladas, 
testadas e aplicadas. A psicologia possui destaque ímpar no campo do perfil e do 
comportamento criminal, e ela subsidia muitas outras ciências e estudos, como a 
criminologia, o direito, a medicina, fisiologia, sociologia etc. 
É com base em teorias psicológicas que estudiosos se concentram na 
associação entre inteligência, personalidade, aprendizagem e comportamento 
(criminoso). Assim, em qualquer discussão sobre a causa do crime, são 
imprescindíveis as teorias psicológicas. Assim, ao tratarmos das teorias 
psicológicas para o comportamento delinquente, devemos retomar as abordagens 
da psicologia. Dentre as cinco principais abordagens que estudamos, será 
destacada a contribuição de três delas: 
• A primeira ocorrerá com base nas contribuições da abordagem 
psicodinâmica: centrada na noção de que a experiência de um indivíduo na 
primeira infância influencia sua probabilidade de cometer crimes futuros. 
 
 
11 
• A segunda ocorrerá com base nas contribuições da abordagem 
comportamental: centrada no comportamento humano, o qual é 
desenvolvido levando em consideração a interação do sujeito com o seu 
meio. 
• A terceira ocorrerá com base nas contribuições da abordagem 
neuropsicológica: neuropsicologia é um procedimento da psicologia que 
estuda relações entre o cérebro e as manifestações do comportamento 
humano. 
3.1 Teoria psicodinâmica 
Na teoria psicodinâmica de Freud, a personalidade (ou a psique) tem três 
componentes distintos. Esses componentes formam o aparelho psíquico do 
sujeito: 
• id: representando desejos primitivos e a necessidade de gratificação; 
• superego: representando restrições morais e sociais; 
• ego: representando a realidade e a capacidade de atrasar a gratificação. 
 
Crédito: T and Z/Shutterstock. 118531669 
Nessa estrutura, cabe ao ego encontrar um equilíbrio entre as exigências 
do id e as restrições impostas pelo superego. Ou seja, o id e o superego estão em 
funções opostas e conflitantes, e o ego, na função de manter o equilíbrio entre os 
dois. Isso é alcançado principalmente por meio da utilização de mecanismos de 
defesa que permitem que os desejos do id sejam satisfeitos de forma a que o 
 
 
12 
superego considera aceitável. São pelo menos quinze tipos de mecanismos de 
defesa existentes e explicados pela psicodinâmica. 
Para um freudiano, então, o comportamento que está fora do que a 
sociedade considera aceitável – seja "anormal" ou "criminoso" – é o resultado do 
desenvolvimento anormal da psique. Ou seja, o ego não está realizando a 
mediação entre id e superego da forma esperada. 
Na teoria freudiana clássica, a estrutura da psique é determinada nos 
primeiros cinco anos de vida, logo, as raízes do comportamento violento ou 
agressor também são encontradas neste período, especialmente na relação entre 
a criança em desenvolvimento e seus pais. O desequilíbrio na estrutura freudiana 
(id, superego e ego) implica uma série de possíveis causas para comportamentos 
criminosos posteriores. Em complementação a isso, Luzes (2010, p. 6) afirmaque: 
Nesta falha da formação da estrutura psíquica do sujeito é evidente a 
verificação da responsabilidade dos pais. A relação parental é 
importantíssima para a estruturação da personalidade, quando esta é 
conturbada verifica-se um problema traumático para o sujeito que aflora 
na adolescência com as ações delituosas, “o quadro que emerge na 
adolescência é o resultado do efeito traumático no psiquismo em 
estruturação”. Pais drogados, ébrios, ausentes ou agressivos são 
exemplos desta relação conturbada que pode gerar sérios danos à 
formação de personalidade do sujeito, já que é na relação familiar é que 
primeiro se dá o recalque do indivíduo de que fala a teoria freudiana. 
Retomando o desequilíbrio na formação da estrutura da psique (id, superego 
e ego), verificamos que três dinâmicas em desequilíbrio podem ocorrer, sendo 
elas: i) superego fraco; ii) superego desviante; e iii) superego forte. 
• Superego fraco: o superego é o regulador moral do comportamento. 
Desenvolve-se no final da fase fálica (cerca de 5 anos) à medida que a 
criança internaliza o seu pai de forma simbólica. Assim, mesmo na fase 
adulta, o superego continua a agir como um pai dentro da psique do sujeito. 
Quando algum desejo impróprio ou imoral do id emerge à consciência, o 
superego pune o ego com ansiedade e culpa. Um superego fraco, em 
consequência dos relacionamentos anormais dentro da família, conduziria 
a uma pessoa com poucos se algumas das inibições usuais de encontro ao 
comportamento antissocial. Eles agiriam de forma a gratificar sua 
identidade, independentemente das restrições sociais ao fazê-lo. 
• Superego desviante: alternativamente, uma criança pode desenvolver um 
superego da maneira normal, mas o próprio superego tem valores 
desviantes. Consequentemente, um filho criado normalmente em uma 
 
 
13 
família com um pai criminoso pode desenvolver um superego que não 
reage a atos criminosos em que o pai se envolveria. 
• Superego forte: parece contraintuitivo que um superego forte poderia 
aumentar o risco de uma pessoa cometer crimes ou atos violentos, já que 
o superego é o regulador do comportamento moral. Contudo, há pelo 
menos duas maneiras em que isso pode acontecer. 
o Primeira maneira: um superego excessivamente poderoso (rígido) 
tornaria uma pessoa ansiosa e culpada a maior parte do tempo, já que 
ele estaria exercendo tensão e punição sobre o ego. Isso pode fazer com 
que determinada pessoa cometa crimes, a fim de ser pega e punida para 
aliviar a culpa imposta por seu próprio superego. 
o Segunda maneira: um superego excessivamente forte pode impedir que 
a pessoa expresse impulsos que ela considere “imorais” de forma muito 
rígida e inflexível. Frisa-se que esses impulsos “imorais” podem não ser 
necessariamente considerados dessa forma pela sociedade. Ou seja, o 
superego forte pode reprimir impulsos considerados aceitáveis pela 
sociedade e, consequentemente, considerá-los imorais. Assim, o sujeito 
estaria sempre sobre uma tensão extremamente grande. Normalmente, 
esses impulsos aceitáveis pela sociedade poderiam se manifestar ou 
serem traduzidos em mecanismos de defesa (por exemplo, sublimando 
sua agressão ao esporte). Se o superego impede que isso aconteça, a 
agressão ou o desejo sexual poderiam acumular-se ao longo do tempo 
até que se tornem suficientemente fortes para sobrecarregar o ego e, 
consequentemente, resultar em comportamento violento ou criminoso. 
TEMA 4 – TEORIAS PSICOLÓGICAS – TEORIA COMPORTAMENTAL 
De acordo com a teoria comportamental, o comportamento humano é 
desenvolvido por meio de experiências de aprendizagem. A marca registrada da 
teoria comportamental é a noção de que as pessoas alteram ou mudam seu 
comportamento de acordo com as reações que esse comportamento provoca em 
outras pessoas. Em uma situação ideal, o comportamento é apoiado por 
recompensas e extinto por reações negativas ou punições. Para os psicólogos 
comportamentais, os crimes podem ser respostas aprendidas diante de situações 
da vida. A teoria da aprendizagem social, que é um ramo da teoria do 
 
 
14 
comportamento, é a mais relevante para o estudo do comportamento criminal. O 
teórico de aprendizagem social mais atual e importante é Albert Bandura. Bandura 
sustenta que os indivíduos não nascem com uma capacidade inata de agir 
violentamente. Ele sugeriu que, ao contrário, a violência e a agressão são 
aprendidas em um processo de modelagem comportamental. Em outras palavras, 
as crianças aprendem a violência por meio da observação e da interação com os 
outros. Essa modelagem comportamental pode surgir de dois conceitos-chave: o 
condicionamento e o comportamento modelo. No que se refere a este último 
conceito-chave, pode-se afirmar que: “a imitação de modelos acontece nas 
situações em que o pai, mãe ou alguma pessoa significativa causava dor em 
outras pessoas e conseguia benefícios com essa estratégia perversa. A criança 
observa e replica o comportamento; mais tarde, condiciona-se a praticá-lo” 
(Fiorelli; Mangini, 2009, p. 223). 
Já no que se refere ao condicionamento, primeiramente precisamos 
elucidar que ele pode ser dividido em condicionamento clássico e 
condicionamento operante. Estes são conceitos centrais para a abordagem 
comportamental na psicologia. Embora ambos resultem em aprendizagem, os 
processos são bastante diferentes. Assim, para entendermos como o 
condicionamento afeta o comportamento, mesmo que de forma extremamente 
breve, inicialmente precisamos diferenciar o condicionamento clássico do 
operante. Para fazer essa distinção de forma simples, inteligível e didática, 
utilizaremos exemplos nada complexos envolvendo animais, neste caso, cães. A 
teoria comportamental possui um nível de precisão que permite que ela possa ser 
aplicada a humanos e animais, em distintas situações e complexidades. 
O condicionamento clássico é um processo que envolve a criação de uma 
associação entre um estímulo naturalmente existente e um anteriormente neutro. 
Ou seja, o processo de condicionamento clássico envolve emparelhar um 
estímulo previamente existente e neutro (como o som de um sino) com um 
estímulo não condicionado (a fome). Este estímulo não condicionado natural e 
automaticamente desencadeia o ato de salivar como uma resposta ao alimento, 
que é conhecido como a resposta não condicionada. Depois de associar o 
estímulo neutro e o estímulo não condicionado, o som do sino sozinho começará 
a evocar salivação como resposta. O som do sino é agora conhecido como o 
estímulo condicionado e salivação em resposta ao sino é a resposta condicionada. 
Condicionamento clássico é muito mais do que um termo básico usado para 
 
 
15 
descrever um método de aprendizagem; ele também explica comportamentos que 
podem afetar sua saúde física e mental. 
 
Crédito: Thyago Macson. 
Já o condicionamento operante se concentra no uso de reforço ou punição 
para aumentar ou diminuir um comportamento. Por meio desse processo, uma 
associação é formada entre o comportamento e as consequências desse 
comportamento. Imagine que um treinador está tentando ensinar um cão a buscar 
uma bola. Quando o cão persegue com sucesso e pega a bola, o cão recebe 
elogios como recompensa. Quando o animal não consegue recuperar a bola, o 
treinador retém o louvor. Eventualmente, o cão forma uma associação entre seu 
comportamento de buscar a bola e receber a recompensa desejada. 
 
Crédito: Thyago Macson. 
Uma das maneiras mais simples de lembrar as diferenças entre o 
condicionamento clássico e operário é saber se o comportamento é involuntário 
 
 
16 
ou voluntário. Condicionamento clássico envolve associar uma resposta 
involuntária e um estímulo, já o condicionamento operante é sobre associar um 
comportamento voluntário e uma consequência. 
Desse modo, no que se refere à abordagem comportamental da psicologia 
e o comportamento criminoso, pode-se afirmar que uma determinadacriança 
exposta, voluntariamente ou involuntariamente, a certos acontecimentos 
condicionantes pode aprender e eliciar comportamentos antissociais. Assim: 
o condicionamento constitui fator marcante: o indivíduo, continuamente 
submetido a experiências em que a violência constitui o diferencial, com 
o tempo integra-a ao seu esquema de comportamento; o cérebro 
desenvolve padrões de respostas para estímulos violentos e o indivíduo 
comporta-se de maneira não apenas destinada a responder a tais 
estímulos, mas, também, a provocá-los. (Fiorelli; Mangini, 2009, p. 224) 
TEMA 5 – TEORIAS PSICOLÓGICAS – TEORIA NEUROPSICOLÓGICA 
A neuropsicologia é uma especialidade da psicologia, tal como as 
anteriores citadas. De acordo com o CFP (2004, s.p.), essa especialidade “atua 
no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, 
das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação 
entre estes aspectos e o funcionamento cerebral”. A neuropsicologia utiliza 
conhecimentos oriundos da neurociência e da prática clínica da própria psicologia 
para se pôr em prática. A neuropsicologia utiliza ferramentas padronizadas para 
realizar a avaliação neuropsicológica de um sujeito, na qual são verificadas as 
“habilidades de atenção, percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, 
aprendizagem, habilidades acadêmicas, processamento da informação, afeto, 
funções motoras e executivas” (CFP, 2004, s.p.). As avalições neuropsicológicas 
são úteis para que se estabeleçam “parâmetros para emissão de laudos com fins 
clínicos, jurídicos ou de perícia” (idem). Ou seja, a neuropsicologia é uma área da 
psicologia, devidamente regulamentada pelo CFP, resultado do estudo da zona 
de intersecção dos saberes da neurociência e da psicologia. 
Muitos acreditam que estudos científicos acerca da neurociência são 
fenômenos recentes, algo que surgiu nas últimas décadas. Contudo, isso não é 
verdade. Ao pesquisar a história da neurociência, verifica-se que existe uma série 
de teorias acerca do início da neurociência. Porém, há evidências de que egípcios 
da antiguidade já sabiam sobre a importância do cérebro. No contexto dessa 
época, podemos citar o papiro de Edwin Smith, de 1700 a.C., sendo o primeiro 
texto médico conhecido na história. O papiro discute o cérebro, as meninges, a 
 
 
17 
medula espinhal e o líquido cefalorraquidiano. Ele contém detalhes de 48 casos 
médicos, incluindo sete que lidam diretamente com o cérebro, o que indica que o 
autor egípcio sabia que o cérebro controla o movimento. 
Percorremos um longo caminho desde o Antigo Egito e agora conhecemos 
as partes do cérebro responsáveis por muitas de suas funções. O rápido ritmo do 
desenvolvimento científico concedeu aos estudos neurocientíficos técnicas de 
imagem moderna. No entanto, muitas das perguntas mais importantes sobre o 
cérebro ainda não foram respondidas. Por que dormimos e sonhamos? Como a 
atividade química e elétrica no cérebro resulta em consciência? Estas e outras 
questões alimentarão a neurociência no século XXI. 
Neste sentido, nas últimas décadas, uma quantidade crescente de 
pesquisas tem sido direcionada para a compreensão da etiologia neurobiológica 
do comportamento criminoso. Estudos recentes de imagem cerebral têm sido 
úteis no fornecimento de evidências empíricas que conectam deficiências 
estruturais e funcionais em várias regiões cerebrais com comportamento 
antissociais. 
Em relação às anormalidades estruturais associadas ao comportamento 
criminoso, os estudos têm se concentrado em grande parte em regiões envolvidas 
na tomada de decisões (por exemplo, córtex pré-frontal) e regulação emocional 
(por exemplo, amígdala, hipocampo). 
As formas diferentes de violência não têm a mesma base cerebral, 
conforme evidenciou estudos com psicopatas em que os criminosos não 
têm empatia nem remorso. Já sabíamos que eles têm um baixo 
funcionamento da amígdala, o centro emocional do cérebro. A pesquisa 
mostrou ainda mais: que nesses indivíduos a estrutura física dessa área 
é 18% menor do que no resto da sociedade. Com o centro emocional 
reduzido e sem funcionar direito, os psicopatas passam a não sentir 
medo. É por isso que eles quebram as regras da sociedade – pois não 
têm medo da punição. Quando estudamos homens que batem em suas 
esposas, no entanto, descobrimos que suas amígdalas são muito ativas, 
mas o córtex pré-frontal não funciona direito. O córtex pré-frontal é a área 
que regula as emoções. Nossa conclusão é que a alta atividade da 
amígdala resulta em reações exageradas a estímulos leves, como 
receber críticas da esposa, o que os deixa mais agressivos. Esses 
homens que respondem exageradamente aos estímulos não possuem 
os recursos cognitivos para controlar essa emoção. São formas 
diferentes de comportamentos antissociais, com tipos diferentes de 
predisposições biológicas. (Santos, 2018, p. 62) 
 
 
18 
 
Crédito: Thyago Macson. 
REFERÊNCIAS 
CONSELHO FEDEERAL DE PSICOLOGIA. Conheça o CFP. Disponível em: 
<https://site.cfp.org.br/cfp/conheca-o-cfp/>. Acesso em: 3 jan. 2020. 
FIORELLI, J. O.; MANGINI, R. C. R. Psicologia jurídica. 9. ed. São Paula: Atlas, 
2018. 
LOPES, P. S.; ARAUJO, R. B. Criminal profiling: uma técnica de investigação em 
auxílio ao psicólogo forense. Psicologado, 2018. Disponível em: 
<https://psicologado.com.br/atuacao/psicologia-juridica/criminal-profiling-uma-
tecnica-de-investigacao-em-auxilio-ao-psicologo-forense>. Acesso em: 3 jan. 2020. 
OLIVEIRA, E. A. de. Psicologia jurídica, forense e judiciária: relações de 
inclusão e delimitações a partir dos objetivos e da imposição de imparcialidade. 
Tese (Doutorado) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São 
Paulo, 2016. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-
05082016-150735/publico/edson_oliveira_corrigida.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2020. 
RENNER, T. et al. Psico. Porto Alegre: AMGH, 2012. 
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. 10. ed. São 
Paulo: Learning, 2014. ´ 
 
 
	TEMA 1 – O QUE É PSICOLOGIA E QUAL A SUA HISTÓRIA?
	Nesta falha da formação da estrutura psíquica do sujeito é evidente a verificação da responsabilidade dos pais. A relação parental é importantíssima para a estruturação da personalidade, quando esta é conturbada verifica-se um problema traumático para...
	Retomando o desequilíbrio na formação da estrutura da psique (id, superego e ego), verificamos que três dinâmicas em desequilíbrio podem ocorrer, sendo elas: i) superego fraco; ii) superego desviante; e iii) superego forte.
	 Superego fraco: o superego é o regulador moral do comportamento. Desenvolve-se no final da fase fálica (cerca de 5 anos) à medida que a criança internaliza o seu pai de forma simbólica. Assim, mesmo na fase adulta, o superego continua a agir como um...
	 Superego desviante: alternativamente, uma criança pode desenvolver um superego da maneira normal, mas o próprio superego tem valores desviantes. Consequentemente, um filho criado normalmente em uma família com um pai criminoso pode desenvolver um su...

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