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DESCRIÇÃO
A origem e a organização da Psicologia e os movimentos da Psicologia no século XX.
PROPÓSITO
Compreender que o conhecimento de facetas diversas do campo da Psicologia e de seus
desenvolvimentos ao longo do século XX e XXI instrumentaliza profissionais a multiplicar suas
capacidades e abordagens.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os movimentos históricos que contribuíram para a organização da Psicologia como
ciência
MÓDULO 2
Identificar os movimentos da Psicologia do século XX
MÓDULO 3
Examinar o marco histórico, os conceitos fundamentais e os métodos da Psicologia Cognitiva
MÓDULO 4
Relacionar a Psicologia do século XX com a Psicologia do século XXI
INTRODUÇÃO
Estudar a história de uma ciência, de uma área do conhecimento humano, permite-nos
compreender o propósito, a utilidade desse conhecimento em nossas vidas, em nossa prática
profissional e em como exercemos nossa profissão.
A Psicologia como uma profissão é restrita ao psicólogo e à psicóloga, devidamente inscritos em
um conselho regional de Psicologia. No entanto, a Psicologia como ciência embasa o trabalho de
psicólogos, pedagogos, professores, gestores e de qualquer outro profissional que necessite
compreender o ser humano para manejar comportamento e cognição dentro de sua prerrogativa
profissional.
Algumas práticas da Psicologia são, portanto, restritas aos seus profissionais, mas o uso do
conhecimento, em interseção com outras profissões, após uma formação de nível superior, para
atuar na pedagogia, na docência, na gestão de pessoas, no desenvolvimento de soluções e
produtos para as pessoas é possível e desejável. Essa é nossa proposta para você. Vamos
nessa?
MÓDULO 1
 Reconhecer os movimentos históricos que contribuíram para a organização da
Psicologia como ciência
PERSPECTIVA E ZEITGEIST
TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO. LER
SIGNIFICA RELER E COMPREENDER, INTERPRETAR.
CADA UM LÊ COM OS OLHOS QUE TEM. E INTERPRETA
A PARTIR DE ONDE OS PÉS PISAM. TODO PONTO DE
VISTA É UM PONTO. 
PARA ENTENDER COMO ALGUÉM LÊ, É NECESSÁRIO
SABER COMO SÃO SEUS OLHOS E QUAL É SUA VISÃO
DE MUNDO. ISSO FAZ DA LEITURA SEMPRE UMA
RELEITURA. 
A CABEÇA PENSA A PARTIR DE ONDE OS PÉS PISAM. 
PARA COMPREENDER, É ESSENCIAL CONHECER O
LUGAR SOCIAL DE QUEM OLHA. VALE DIZER: COMO
ALGUÉM VIVE, COM QUEM CONVIVE, QUE
EXPERIÊNCIAS TEM, EM QUE TRABALHA, QUE
DESEJOS ALIMENTA, COMO ASSUME OS DRAMAS DA
VIDA E DA MORTE E QUE ESPERANÇAS O ANIMAM.
ISSO FAZ DA COMPREENSÃO SEMPRE UMA
INTERPRETAÇÃO.
(BOFF, 1999)
Sem a pretensão de analisar a complexidade revelada nessas poucas linhas do texto de Leonardo
Boff, uma palavra atende ao nosso propósito inicial: Perspectiva. Em perspectiva, estudamos
Psicologia, em perspectiva, usamos do conhecimento da Psicologia. Fundamentalmente, em
perspectiva, buscamos compreender a complexidade dos fenômenos humanos, as pessoas e,
também, os eventos históricos da Psicologia.
 ATENÇÃO
Não conseguimos estudar Psicologia desconsiderando o Zeitgeist. Uma ciência não se
desenvolve no vácuo, ela usa a tecnologia disponível de sua época e tenta dar respostas às
perguntas que são feitas. Essas perguntas (as indagações dos filósofos e dos cientistas)
consideram o acúmulo de conhecimento até aquele ponto da história.
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ZEITGEIST
O espírito de uma época. As necessidades de uma época. O clima intelectual e cultural de
uma época.
A tecnologia está mais avançada no século XXI. Podemos dizer que, atualmente, os filósofos e os
cientistas podem fazer perguntas mais complexas, pois detêm mais conhecimentos do que os
filósofos e cientistas de meados do século XIX, quando surgiu a Psicologia Científica. Uma frase
atribuída a Sir Isaac Newton (1643-1727), cientista do século XVII e cavaleiro da Coroa Real
Inglesa, traduz bem essa ideia:
SE ENXERGUEI UM POUCO MAIS LONGE, FOI
POR ESTAR EM PÉ SOBRE OMBROS DE
GIGANTES.
 
Fonte: Nicku/Shutterstock
Não é recomendado julgar e/ou refutar um dado histórico se você estiver pensando com a cabeça
do século XXI, a partir de suas ideias preconcebidas e do que você acha certo ou errado, ou seja,
do seu sistema de crenças, de sua perspectiva, eventualmente, nutrida pelo senso comum, pelo
conhecimento popular que não tenha sido testado e analisado pelo método da Filosofia ou da
ciência.
Segundo Schultz (2019), é necessário um distanciamento: ou seja, afastar-se momentaneamente
do seu sistema de crenças e também do seu conhecimento do século XXI. Compreenda a
perspectiva e o Zeitgeist do momento histórico que estiver estudando.
Em ciência, não achamos, não deduzimos, sem antes observar, experimentar, demonstrar
evidências. Em ciência, não existe o óbvio. Tudo precisa ser investigado e evidenciado.
Com essa postura, você absorverá melhor o conteúdo, compreenderá melhor a nossa história, e,
assim, perceberá o propósito e a utilidade daquele conhecimento para não cometer os mesmos
erros dos nossos antepassados, para prospectar o futuro, ou compreender como chegamos até o
nosso momento histórico do século XXI.
Em ciência, algumas vezes, para acertar é necessário errar. É a partir dos erros que alguns
pesquisadores ficam inquietos, buscam evidências válidas e fidedignas para refutar o erro e
alcançar evidências de maior qualidade. Os erros são tão relevantes quanto os acertos.
VAMOS ANALISAR UM EXEMPLO PRÁTICO DO QUE
TRATAMOS ATÉ AQUI?
O que você diria se disséssemos que sua inteligência e suas características de personalidade
podem ser medidas pelo tamanho de sua cabeça e do formato do seu crânio? Isso faria sentido?
Pode parecer estranho, mas os primeiros indivíduos a tentar entender como funcionava a mente
humana partiram do método de dissecação de corpos e do exame do cérebro, buscando
compreender sua estrutura e a relação entre suas partes e as funções que desempenhava. Vamos
conhecer um pouco mais sobre os caminhos dos estudiosos da mente.
 SAIBA MAIS
Nos dias atuais, afirmamos que a Frenologia é uma pseudociência, mas, em 1796, o alemão
Franz Joseph Gall (1758-1828) exerceu influência na Psicologia e na psiquiatria com essa teoria.
Com a Frenologia, Gall acreditava ser possível estudar as aptidões mentais analisando o tamanho
e o formato do crânio. Por muitos anos, o tamanho e o formato do crânio de Gall e de outros
estudiosos da Frenologia foram considerados, por eles mesmos, o padrão de excelência e um
exemplo do melhor da espécie humana.
 
Atualmente, essa ideia é um absurdo. No entanto, não podemos achar que esse conhecimento
seja inútil, pois, em ciência, não chegamos a conclusões simplesmente por pensarmos que algo é
obviamente verdadeiro ou falso. Precisamos buscar evidências. Isso quer dizer que só foi possível
descartar essa teoria, porque esta foi posta à prova. Entretanto, as ideias de Gall de que algumas
características são específicas de certas áreas do cérebro se sustentaram em momentos
posteriores. Em ciência, aproveitamos o que é útil, como uma evidência consistente, e
descartamos o resto, mas sem esquecer esse resto, pois, assim, evitamos cometer os mesmos
erros no futuro (ao menos isso é o desejável).
A Psicologia é recheada de exemplos de acertos e erros. Os erros nem sempre são oriundos de
pseudociências, mas podem ser também resultado do método científico levado a sério, ético e
rigoroso (errar faz parte – perceba, com humor, que “herrar é umano” –, mas permanecer nesse
“herro” é obscurantismo). Entendemos como pseudociência algo que se diz ciência, mas que não
é. Até nos dias atuais, precisamos ficar atentos e ser críticos. Podemos encontrar informações que
se dizem embasadas no método científico, mas são pseudociências. Devemos ter cuidado e não
acreditar em tudo, só porque dizem que é ciência.
Nessa jornada fantástica, podemos perceber como algumas discussões são fundamentais e
demonstrar que teses e hipóteses foram testadas e não se sustentaram quando passaram pela
prova, como ocorreu com a Frenologia.
Assim, podemos afirmar, em pleno século XXI, com evidênciascientíficas robustas, que somos
seres únicos, ninguém é melhor do que ninguém, existe um lugar no mundo para os extrovertidos
e para os introvertidos. 
Não existe raça superior, o melhor tratamento para o doente mental não é ser descartado em um
hospício e a orientação sexual de uma pessoa só importa a ela mesma. A Psicologia Científica é
autônoma e não se confunde com dogma religioso. Portanto, as discussões polêmicas que as
civilizações se propuseram a debater, como a questão da raça, foram submetidas a contestações
científicas e amplos estudos e evidências científicas demonstraram sua ineficácia de partida. Por
exemplo: a Eugenia como uma hipótese não se sustenta para os seres humanos, pois apresenta
sérios conflitos éticos. A homossexualidade não é uma doença para ser tratada. Na escola, não
devemos separar as crianças por dificuldades de aprendizado e/ou outras condições como surdez,
autismo etc. Entre outras discussões delicadas, só com reflexões e críticas amparadas pela
ciência prosseguimos absorvendo as transformações pelas demandas sociais e atuando de forma
a promover bem-estar e qualidade de vida. 
A seguir assista a um vídeo sobre o tema Caminhos e descaminhos da psicologia.
Dessas discussões e pesquisas ao longo da nossa história, surgem os argumentos para projetos
individualizados para educação, mas sem desconsiderarmos a inclusão, e promovendo uma
educação para o convívio com as diferenças. Por exemplo: os doentes mentais, em certas
circunstâncias, ficarão internados, mas as comunidades terapêuticas são uma solução viável, em
vez de internações de longa permanência. 
Várias estratégias vêm sendo desenvolvidas a partir de erros e acertos, para promovermos
tolerância, compaixão, autocompaixão, saúde, e bem-estar físico e emocional. Buscamos os
acertos e as evidências científicas, bem como caminhos mais éticos, humanizados, integradores. 
Mas, para acharmos a ética, em algum momento da história, foi necessário perdê-la. Para achar
nossa humanidade, em algum momento da história, foi necessário nos depararmos com práticas
desumanas. Para chegarmos às estratégias e ao manejo que promovem inclusão, foi necessário
que vivenciássemos as consequências econômicas, sociais, éticas e políticas das práticas
segregacionistas. Infelizmente, não aprendemos com todos os erros e, em parte de nossa
civilização e de nossa sociedade, ainda encontraremos mazelas, mas estamos em tempos
melhores como humanidade do que já estivemos em outras épocas. 
A história da Psicologia como ciência demonstra como essa área tem sido importante:
Para a escola, os pedagogos, professores e ensinantes compreenderem o desenvolvimento
humano e determinarem melhores estratégias de aprendizagem, considerando a maturação
biológica, o funcionamento do cérebro e o perfil cognitivo do aprendente.
Para organizações e instituições desenvolverem melhores práticas na gestão de pessoas.
Para o estabelecimento de tratamentos mais humanizados na saúde mental, bem como de
práticas para a promoção de saúde, negócios e neuromarketing.
Para psicoterapia, para avaliação psicológica, neuroPsicologia, entre outras possibilidades de
atuação do psicólogo e da psicóloga.
Os eventos históricos são fundamentais para evitar equívocos e não repetir algumas práticas que
trouxeram mais confusão do que solução. Analisar a história, compreender nosso passado, ajuda-
nos a imaginar o futuro e a direcionar melhor nossos esforços. Essa história é nossa. Ela é sua. É
da nossa civilização, para o bem ou para o mal. 
A Psicologia como ciência e profissão, no Brasil do século XXI, tem sido posicionada de modo a
evitar os erros da história, buscando o caminho do bem, promovendo os direitos universais
humanos, a inclusão, a tolerância, a ciência, mas sabendo que: todo ponto de vista é a vista de
um ponto (BOFF, 1999). 
Por onde começamos?
A Psicologia, como ciência, foi influenciada por inúmeros pensadores, cientistas, movimentos e
áreas. Citamos alguns:
INFLUÊNCIAS DA FILOSOFIA
A história da Psicologia está imersa na história do desenvolvimento do pensamento humano, na
história da Filosofia: é assim que a Psicologia se organiza. 
Até certo ponto, a história da tradição filosófica é a história da Psicologia. Isso inclui o período da
Grécia Antiga com os mitos gregos, a exigência racional com Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito
e Parmênides, Sócrates, os Sofistas, Platão, Aristóteles. 
A Filosofia aborda o objeto que deseja conhecer por intermédio da razão, da argumentação
(indutiva e dedutiva), da lógica, da retórica. Esses métodos são necessários para questionar o que
é o conhecimento, os tipos de conhecimento, o que é verdadeiro nesse conhecimento. A Filosofia
também se ocupa das falácias do conhecimento, ou seja, dos erros da argumentação filosófica,
mas que convencem e enganam. Uma falácia do conhecimento sempre vem disfarçada de boas
intenções e, eventualmente, confirma ideias do senso comum, confirma os desejos e as opiniões
de algumas pessoas, e por isso convence os mais ingênuos. 
O papel da Filosofia, de apontar as falácias do conhecimento, é fundamental para nossa
civilização, para os psicólogos, para os educadores (ensinantes), para os gestores, para o
cidadão. As falácias do conhecimento estão em nosso passado, mas também no presente. O
pensamento filosófico é uma vacina poderosa contra o obscurantismo e contra tais falácias, pois
desenvolve o pensamento crítico.
INFLUÊNCIA DE MOVIMENTOS E ESTUDOS
 
René Descartes. Fonte: Wikipedia
Mecanicismo, a doutrina filosófica do século XVII, pela qual todos os fenômenos se explicam pela
causalidade; pela discussão dos Racionalistas (tese) e dos Empiristas (antítese) e pela síntese
do filósofo Immanuel Kant, no século XVIII.
René Descartes (1596-1650). A publicação relevante para nossa discussão é de 1637: Discurso
sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência.
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Charles R. Darwin. Fonte: Wikipedia
A Origem das Espécies (1872), livro publicado por Charles R. Darwin (1809-1882), abordou o
desenvolvimento filogenético das espécies, incluindo a espécie humana. Isso aproxima os seres
humanos de outras espécies que habitam o planeta em uma corrida por adaptabilidade e
sobrevivência. Nossa espécie Homo sapiens (homem sábio), com as características morfológicas
atuais, tem 350 mil anos; as características comportamentais modernas, cerca de 50 mil anos.
Essas evidências são importantes para a delimitação da Psicologia como ciência e para o
movimento do Funcionalismo com o estudo do papel adaptativo da consciência, em vez do seu
conteúdo.
EMPIRISMO
Há vários representantes no movimento conhecido como Empirismo inglês. Destaque para a
“mente como uma tabula rasa”, na publicação Ensaio Sobre o Entendimento Humano, do
filósofo John Locke (1632-1704).
Desde o início da Idade Moderna até a época do Iluminismo, os filósofos especularam sobre o
funcionamento da mente humana, com o intuito de determinar por meio de quais processos o
conhecimento é produzido. A ideia de que a faculdade da razão era o que possibilitava o saber
não era exatamente nova: já na Grécia Antiga e durante a Idade Média atribuía-se à razão essa
função. No entanto, a compreensão de seu funcionamento ainda representava um desafio. John
Locke concebeu a mente como uma espécie de folha em branco, ou tabula rasa, onde a
experiência sensorial deixava suas impressões, assumindo, assim, que não havia pressupostos
preestabelecidos, tanto para o pensar quanto para o agir.
Outros pensadores, como René Descartes e Gottfried Leibniz (1646-1716), posicionavam-se de
maneira diferente em relação à questão, pois, para eles, havia funções da consciência humana
que não poderiam ser resultado da mera experiência sensorial, como as categorias do
pensamento, o mecanismo das inferências lógicas, a noção de causalidade e o sentido do
propósito.
Independentemente do mecanismo, para os pensadores iluministas, aespeculação precedente
abriu uma porta para o funcionamento da mente humana que não poderia mais ser fechada. O
debate sobre o mecanismo racional envolvia desde a ideia de que uma porção “divina” nos
oferecia o sentido da verdade, do belo e do correto, até uma crítica necessária da “Razão Pura”,
empreendida por Immanuel Kant. Outros pensadores afirmaram ainda que as ideias deviam seu
processo de construção às dinâmicas sociais, interpretações e relações do sujeito com o meio.
Nesse contexto, destaca-se o pensamento dialético de Hegel (1770-1831). O conceito de dialética
apresentado pelo autor defende que os seres humanos constroem e reconstroem os seus
conceitos. Seja em expedientes sociais, seja nas concepções artísticas, para Hegel, esse
processo deve ser descrito como uma espiral constante.
As sociedades – e os indivíduos que nelas vivem – estão sempre ancorados em teses,
naturalizadas em seu cotidiano e assumidas como verdadeiras. Entretanto, no processo histórico,
essas teses são constantemente contrastadas, negadas, enfrentadas, e desse enfrentamento,
entre tese e antítese, emerge sempre algo novo, uma síntese (por isso espiral), que,
posteriormente, será consolidada no meio social, tornando-se a tese então vigente.
 
Fonte: Chantal de Bruijne/Shutterstock
INFLUÊNCIA DA PSICOFÍSICA
A Psicofísica demarca uma mudança de abordagem. Eventualmente, você pode ler que a
Psicologia, em sua fundação, rompe com a Filosofia, mas essa afirmação está equivocada.
PSICOFÍSICA
Psicofísica é a relação entre um estímulo em seu aspecto físico e a resposta consciente do
sujeito.
Toda ciência precisa de uma base filosófica consistente para operar: a isso chamamos de bases
epistemológicas.
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EPISTEMOLOGIA
Filosofia da ciência ou, dependendo do momento histórico, teoria do conhecimento.
A inovação dos psicofísicos é empregar o método experimental para estudar uma Psicologia
Sensorial, uma Fisiologia experimental, não romper com o pensamento filosófico, buscando
evidências empíricas por meio do método experimental e de resultados reprodutíveis. É
fundamental conseguir dados constantes, não apenas as especulações, induções e deduções
filosóficas.
A teoria da evolução das espécies, os avanços da Fisiologia experimental com os psicofísicos,
correlacionando nosso aparato sensorial à mente humana, a rigor, aos estados conscientes
dessas sensações, além do Zeitgeist do século XIX, impulsionaram a criação do primeiro
laboratório de Psicologia, em 1879, na Alemanha.
SENSAÇÕES
Tecnicamente, na Psicologia Científica, as sensações são os nossos sentidos: visão,
audição, olfação, paladar, tato, propriocepção. Isso se difere da percepção. Enquanto as
sensações são descritas puramente em termos fisiológicos e por uma linguagem neural
(sinapses), as percepções são descritas como uma função psicológica.
 SAIBA MAIS
Para compreender o plano de fundo e o Zeitgeist do século XIX, é preciso considerar que os
métodos das ciências naturais estavam em alta, e a Psicologia precisava seguir esse caminho. A
Fisiologia foi uma resposta possível. O espírito metódico e rigoroso dos pensadores alemães
construiu o ambiente propício para o desenvolvimento de uma Fisiologia experimental. Aparelhos
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tecnológicos estavam sendo desenvolvidos. Além disso, a influência do Empirismo inglês, que
preconizava a necessidade de se estudar os sentidos e como estes podem levar ao erro, foi
fundamental em um contexto social em que havia urgência de se fazer ciência, devido à
predominância do espírito positivista, que defendia o método experimental. Nesse contexto, o
conhecimento científico era considerado a via mais segura para se construir um conhecimento
verdadeiro.
ORIGENS E CIENTISTAS
No século XX, a medida em Psicologia, ou seja, a mensuração de construtos psicológicos, era,
basicamente, de natureza cognitiva, por intermédio de testes psicológicos das diferenças
individuais.
Isso quer dizer compreender as particularidades de uma pessoa, por exemplo, mensurando o nível
de inteligência ou investigando os traços de sua personalidade e correlacionando a dificuldades
escolares ou ao desempenho em determinada área no mercado de trabalho.
Na Psicologia, considerando a segunda metade do século XIX, as primeiras medidas não eram de
natureza psicológica, mas Psicofísicas – uma Psicologia Sensorial. Essa influência da Fisiologia,
por meio das primeiras medidas Psicofísicas, buscava as regularidades e os padrões da nossa
Fisiologia, ou seja, o geral, não o particular ou as singularidades.
SINGULARIDADES
O que não é padrão, o que se tem de resultado ímpar em uma movimentação que tende a
ser recorrente.
WILHELM M. WUNDT (1832-1920)
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Ficou registrado na história como o responsável pelo marco fundante da Psicologia Científica.
Foi esse pesquisador que, em 1879, delimitou em seu laboratório, fundado na Universidade de
Leipzig, na Alemanha, o Psychologische Institut (Instituto Psicológico).
 
https://commons.wikimedia.org/
 Wilhelm M. Wundt
Outros psicofísicos precederam o primeiro laboratório de Psicologia e trabalharam juntos (ou
separados) a Wundt. Lembre-se de que uma ciência não se desenvolve no vácuo, mas em um
continuum de acúmulo de conhecimento e tecnologia. Os psicofísicos estavam abrindo as
portas para uma Psicologia Científica, e Wundt era um deles. Eles concordavam entre si e/ou se
criticavam. Acertaram e erraram. Mas sempre persistiram.
ERNST WEBER (1795-1878)
Desenvolveu estudos para discriminar a distância tátil perceptível entre dois pontos (limiar de dois
pontos), ou seja, a relação de uma estimulação física (sensação) e uma percepção (mental).
 
https://commons.wikimedia.org/
 Wilhelm M. Wundt
GUSTAV THEODOR FECHNER (1801-1887)
Fechner disputa com Wundt o título de pioneiro da Psicologia Experimental e da própria
Psicologia, embora suas primeiras contribuições para as ciências tenham se desenvolvido nos
campos da matemática e da física. Posteriormente, devido a uma crise pessoal e influenciado pelo
filósofo alemão Friedrich Schelling (1775-1854), passou a interessar-se por questões psicológicas
e religiosas.
 
https://commons.wikimedia.org/
 Gustav Theodor Fechner
De acordo com sua concepção de Paralelismo Psicofísico, as realidades física e psíquica não
estariam em oposição, mas constituiriam aspectos de uma mesma realidade essencial. Fechner
demonstrou que o mundo mental e o mundo material estão relacionados quantitativamente; e que
se pode medi-los.
HERMANN VON HELMHOLTZ (1821-1894)
Foi pioneiro em medir a velocidade do impulso nervoso, de uma estimulação sensorial tátil até a
resposta, ou seja, o movimento motor resultante. Para a Psicologia, isso foi importante na ideia de
que o pensamento e o movimento se seguem um ao outro, e o intervalo entre um pensamento e
um movimento resultante poderia ser medido.
 
https://commons.wikimedia.org/
 Hermann von Helmholtz
Esses estudos, inovadores na época, foram gradualmente encorajando Wundt a conseguir os
recursos e o espaço necessários para fundar um Instituto de Psicologia na Universidade de
Leipzig. Antes desses estudos, a mente humana era abordada apenas pelos argumentos
filosóficos, fundamentais, mas incapazes de demonstrar como a mente funciona e/ou se estrutura
em aspectos fisiológicos.
 
https://en.wikipedia.org/
 Wilhelm Wundt (sentado) com colegas em seu laboratório psicológico, o primeiro desse tipo.
Wundt prosseguiu usando o método experimental, mas diferentemente de seus antecessores e
contemporâneos, estava mais focado em delimitar o campo da nova ciência (Psicologia) e o seu
objeto de estudo (consciência). Buscou definir a consciência e descrever o caráter de seus
elementos básicos. A maneira de estudá-la foi a introspecção, ou seja, a observação da
experiência consciente. Uma forma de auto-observação guiada. O exame do próprio estado
mental. Mas negou que a Psicologia seria capaz deestudar funções superiores.
Alguns pesquisadores seguiram Wundt, mas outros o contestaram, desenvolvendo uma Psicologia
não wundtiana:
Hermann Ebbinghaus (1850-1909) estudou a aprendizagem e memória (funções superiores).
Franz Brentano (1838-1917) fez uma distinção entre o conteúdo mental e a atividade mental. 
Muitos cientistas somaram esforços para delimitar esse campo de estudo no século XIX e essa
nova Psicologia resultou em duas escolas: o Estruturalismo e o Funcionalismo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS EVENTOS HISTÓRICOS QUE ESTÃO NO ALICERCE DA
PSICOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA E UMA PROFISSÃO. QUAIS CUIDADOS
DEVEMOS TER, PARA ESTUDAR DETERMINADO CONTEÚDO DA NOSSA
HISTÓRIA, PARA TORNÁ-LO ÚTIL E SIGNIFICATIVO NO TEMPO PRESENTE:
A) Considerar o Zeitgeist e usar do conhecimento do senso comum para dar sentido em minha
vida cotidiana.
B) Usar o método filosófico para evitar as falácias do conhecimento e o método científico para
coletar evidências.
C) Usar o método filosófico para, por meio da razão, desenvolvermos o conhecimento científico.
D) Todo ponto de vista é a vista de um ponto. O método científico nem sempre trará um resultado
para a Psicologia, como uma ciência e uma profissão, por causa dos erros e das pseudociências.
2. A PSICOLOGIA CIENTÍFICA É DO SÉCULO XIX E ROMPE COM A
FILOSOFIA PARA DELIMITAR-SE COMO UMA CIÊNCIA. EVENTO QUE É UM
MARCO DE 1879 COM WUNDT FUNDANDO O PRIMEIRO LABORATÓRIO DE
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL. ANALISE ESSA AFIRMAÇÃO E RESPONDA:
A) Afirmativa correta. A Psicologia deixa de ser estudada pela Filosofia e passa a ser investigada
pelo método científico.
B) Afirmativa correta. Por uma exigência do positivismo, a Psicologia abandona a Filosofia.
C) Afirmativa errada. A Psicologia Científica, como a conhecemos, foi fundada no século XX por
Titchener nos Estados Unidos da América.
D) Afirmativa errada. A Psicologia Científica amplia a abordagem dos fenômenos psicológicos pelo
método experimental, mas não rompe com a Filosofia.
GABARITO
1. Estudamos eventos históricos que estão no alicerce da Psicologia como uma ciência e
uma profissão. Quais cuidados devemos ter, para estudar determinado conteúdo da nossa
história, para torná-lo útil e significativo no tempo presente:
A alternativa "B " está correta.
 
Ao ler sobre esses eventos e essas ideias, é natural interpretá-los a partir de determinado ponto
de vista e, eventualmente, compará-los ao tempo presente e ao meu sistema de crenças que vai
julgar o certo e o errado, tipicamente, pelas ideias do senso comum. Mas, em ciência, usamos o
método filosófico para delimitar as bases epistemológicas e o método científico para colher as
evidências.
2. A Psicologia Científica é do século XIX e rompe com a Filosofia para delimitar-se como
uma ciência. Evento que é um marco de 1879 com Wundt fundando o primeiro laboratório
de Psicologia Experimental. Analise essa afirmação e responda:
A alternativa "D " está correta.
 
Toda ciência, para operar, necessita dos argumentos filosóficos para delimitar o seu campo de
estudo e os seus métodos. Chamamos isso de bases epistemológicas.
MÓDULO 2
 Identificar os movimentos da Psicologia do século XX
ESTRUTURALISMO
Na transição do século XIX para o início do século XX, a Psicologia alcançou visibilidade nas
universidades dos Estados Unidos e da Europa, notadamente na Alemanha, e o ritmo de seu
desenvolvimento foi marcado pelos movimentos do Estruturalismo e do Funcionalismo.
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org
 Edward B. Titchener
Em 1896, nos Estados Unidos, o britânico Edward B. Titchener (1867-1927), discípulo de Wundt,
divulgou um projeto diferente do de seu professor, em termos epistemológicos.
Titchener e seus colaboradores identificaram mais de 40 mil qualidades e sensações, e afirmavam
que cada elemento era consciente e poderia ser combinado para formar percepções e ideias.
Esses elementos eram determinados pela qualidade, intensidade, duração e nitidez.
Todos os processos conscientes e perceptuais poderiam ser reduzidos a esses elementos que, em
última análise, são os átomos do pensamento.
O reducionismo de chegar ao átomo do pensamento era uma exigência do Zeitgeist – aproximar a
Psicologia das ciências naturais e do espírito positivista.
Titchener treinou vários observadores a descrever o seu estado consciente em vez de descrever o
estímulo, por intermédio de uma introspecção experimental sistemática.
O pesquisador criticava que, até então, os instrumentos de medida da Fisiologia experimental
aplicados à Psicologia, como taquistoscópio e o cronoscópio, eram mais importantes do que o
próprio observador. Por isso, havia a urgência em treiná-los para empregar a introspecção.
 
Fonte: www.grahamfoundation.org
 Edward B. Titchener, Um fantasma do curso das fibras no cérebro humano, 1895,
Photographic Album on Psychological Instruments, EUA.
 
Fonte: Nikita/Shutterstock
EXERCÍCIO
O que você vê? Uma maçã? Resposta errada. Um objeto vermelho? Resposta errada. Analise
suas sensações e descreva essa percepção, detalhando sua experiência consciente. A diferença
entre luz e sombra, de tons, intensidade, duração e nitidez dessa experiência consciente. Pois é,
não é fácil compreender a introspecção experimental sistemática.
FUNCIONALISMO
O norte-americano William James (1842-1910) publicou, em 1890, o texto Princípios da
Psicologia, que se transformou nas bases do Funcionalismo nos Estados Unidos no século XX.
Ele foi um representante da escola do pragmatismo e do Funcionalismo. James não estava
interessado nos átomos do pensamento, mas na experiência imediata que um objeto impunha à
consciência, ou seja, um fenômeno. Suas principais teorias são os estudos sobre a emoção, sua
origem e função, com grande impacto para a Psicologia no século XX.
 
Fonte: Autor/Shutterstock
 Forte em Saint Tropez ao por do sol
James acreditava que uma alteração fisiológica no organismo levaria a uma emoção, ideia que foi
corroborada em um estudo independente pelo fisiologista Carl G. Lange (1834-1900), psicólogo
dinamarquês.
Na perspectiva desses autores, não experimentamos uma emoção se não houver uma alteração
fisiológica no organismo. Assim, o corpo reagiria de modo diverso aos eventos ambientais
causadores de emoções, e as experiências emocionais nada mais seriam do que uma tentativa de
dar sentido à alteração no organismo.
 EXEMPLO
Se você escuta um barulho muito alto, como uma explosão, esse evento ambiental vai aumentar
seu batimento cardíaco, causar sudorese, respiração mais rápida e curta, e o resultante disso é
sua percepção de medo. Essa é a teoria James-Lange para explicar uma emoção.
Os funcionalistas sofreram influência da teoria da evolução das espécies e estavam mais
interessados no papel adaptativo da consciência, dos hábitos, da emoção, ou seja, em suas
respectivas funções. Para os funcionalistas, isso era mais válido e pragmático do que investigar o
conteúdo da consciência em termos estruturais.
PRAGMATISMO
Doutrina da Filosofia que define os critérios de utilidade do conhecimento.
No início do século XX, entre 1901 e 1913, a Psicologia norte-americana vivenciou o debate,
muitas vezes, fundamentalista e não amistoso, entre estruturalistas e funcionalistas. Na Europa,
observamos outras discussões.
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A HISTÓRIA EM PERSPECTIVA
 
Fonte: https://pt.wahooart.com
 A Marcha da Humanidade, por David Alfaro Siqueiros.
Nesse pequeno espaço, é difícil contar tudo o que acontecia na Europa e nos Estados Unidos,
pois existiam intercâmbios e influência mútua, mas é uma escolha didática destacar aquilo que era
mais evidente nessas localidades.
Igualmente difícil é narrar todas as influências, perspectivas e os acontecimentos que tiveram
impacto na formação da Psicologia como ciência entre 1879 e o fim do século XX, pois a proposta
deste tema é dar uma visão panorâmica.
[...] A CABEÇA PENSA A PARTIR DE ONDE OS PÉS
PISAM [...]
(BOFF, 1999)
Antes de prosseguirmos,vamos analisar o que se desenvolveu ao longo do século XX, por
influência da Psicologia do século XIX.
 
UMA HISTÓRIA À PARTE
A Psicanálise é uma história à parte da Psicologia, mas que exerce grande influência nos
psicólogos, pedagogos, médicos psiquiatras, neurocientistas, entre outros interessados no estudo
das funções psicológicas humanas.
Erros de tradução colocam Sigmund S. Freud (1856-1939), em certos livros, como um teórico do
instinto, mas isso está equivocado. A palavra instinto não se aplica a Freud, pois ele não usou o
termo Instinkt (instinto, em alemão). Para os seres humanos, ele usou Trieb, traduzido como
impulso ou pulsão.
 
Fonte: https://commons.wikimedia.orgk
 Sigmund S. Freud
Freud também apresenta sua teoria sobre o desenvolvimento psicossexual (fase oral, anal, fálica,
período de latência, genital). Lembra-se de quando abordamos o tópico perspectiva e Zeitgeist?
Nesse aspecto, do desenvolvimento psicossexual, a Psicanálise é mal compreendida por leigos e
pelo senso comum.
 ATENÇÃO
Não reproduza esses enganos, mas busque compreender a perspectiva do autor.
De maneira geral, uma teoria do impulso, como compreensão do funcionamento humano,
concentra-se em explicar como o nosso comportamento mantém o organismo em equilíbrio. A
experiência psicológica de um desequilíbrio interno seria um impulso, ou seja, o “energizador” do
comportamento. 
Por exemplo, a sede é um desconforto psicológico para a necessidade de ingestão de líquidos. 
As teorias do impulso explicam comportamentos e são focadas nas causas, em nosso
funcionamento interno, na Fisiologia e/ou na estrutura da nossa mente. Não é incomum
compararmos a proposta libidinal (Energia mental) de Freud com um sistema hidráulico. Imagine
uma caixa de água sendo abastecida: se a boia da caixa falhar, a água escorrerá por um
mecanismo de escape para fora da casa, um meio simples de segurança para sua casa não ser
inundada pela água. 
Vamos descrever com essa analogia o funcionamento da mente humana na perspectiva desse
autor: à medida que os impulsos corporais acumulam energia (por analogia, a água de nosso
sistema hidráulico), a experiência psicológica resultante é um aumento da ansiedade, um
desconforto psíquico. Então, é preciso proteger, por meio de um mecanismo de escape (como
aquele presente na caixa-d’água), nossa saúde física e mental (para evitar a inundação de nossa
residência). 
Freud descreverá minuciosamente esses mecanismos de defesa. Ele elenca três estruturas do
aparato psicológico humano que vivem em uma interação dinâmica e, digamos, medindo forças:
 
https://www.wikiart.org
A girafa ardente, por Salvador Dalí
Id (evita a dor e maximiza o prazer).
 
https://www.wikiart.org
Figura Clássica e Cabeça (inacabada), por Salvador Dalí
Ego (o aspecto racional da personalidade).
 
https://www.wikiart.org
A Madonna de Port Lligat, por Salvador Dalí
Superego (a introjeção da moral da sociedade em nossa estrutura de personalidade).
O Id, como uma estrutura psíquica inata, é regido pelo princípio do prazer e pela busca da
satisfação imediata; representa, por analogia, a pressão da água que chega à nossa caixa. Essa
pressão é constante e buscamos objetos que sejam capazes de satisfazer o desconforto
psíquico. Como não podemos atender às pressões mais primitivas em busca do prazer, devido à
ação do Superego e dos mecanismos de defesa, eventualmente, adoecemos, pois não podemos
buscar os objetos que, de fato, desejamos. Esse adoecimento, muitas vezes, não apresenta os
motivos para consciência (para o ego).
A produção intelectual da Psicanálise, inicialmente, foi direcionada para a saúde mental e para o
tratamento clínico de enfermidades mentais. Uma inovação para a época. Durante o século XX, a
Psicanálise foi empregada de maneira mais ampla para compreender diversas manifestações
humanas, uma vez que se constitui como uma teoria da personalidade e do desenvolvimento
humano. Pode ser aplicada na Psicopedagogia, na Psicoterapia, na Educação, na Saúde e para
práticas institucionais e comunitárias.
A Psicanálise sofreu algumas variações, ao longo do século XX, nas mãos de outros autores que
discordaram de certos aspectos da abordagem de Freud e/ou ampliaram algo que anteriormente
não tinha sido abordado ou aprofundado.
Para encerrar esse tópico, falaremos sobre Carl Gustav Jung, cuja teoria dos tipos psicológicos é
amplamente utilizada como orientação profissional, no levantamento do estilo de aprendizagem de
uma pessoa e seus interesses; isso pode ser utilizado no planejamento de projetos educacionais,
bem como na seleção de pessoas em recursos humanos.
 
https://de.wikipedia.org
 Carl Gustav Jung
Carl Gustav Jung (1875-1961) foi um discípulo de Freud, mas romperam relações por
divergências teóricas. O seu sistema é conhecido como Psicologia Analítica que é aplicada na
psicoterapia, em saúde mental e na avaliação da personalidade. A tipologia de Myers-Briggs
(classificação tipológica de Myers-Briggs) é um instrumento padrão-ouro para avaliação da
personalidade (MBTI). Outro teste que é amplamente utilizado no Brasil é o Questionário de
Avaliação Tipológica (QUATI). Ambos os recursos são de uso restrito do psicólogo e da
psicóloga.
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org
 Sigmund Freud, Stanley Hall, Carl Gustav Jung, Abraham Arden Brill, Ernest Jones e Sándor
Ferenczi em fotografia de 1909.
No Brasil, o uso e a comercialização de testes psicológicos são restritos aos profissionais da
Psicologia com inscrição ativa em um conselho regional de Psicologia. Existem questões técnicas
e psicométricas delicadas para garantir a correta utilização e fazer inferências corretas sobre a
população brasileira.
PSICOMÉTRICAS
Trata-se do embasamento para a medida em Psicologia.
BEHAVIORISMO (COMPORTAMENTALISMO)
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O Behaviorismo, também conhecido como Comportamentalismo, tem como objeto de estudo a
análise científica dos comportamentos humano e animal.
Busca descrever as circunstâncias relevantes para que um comportamento seja instalado no
repertório comportamental de uma pessoa e o que é preciso para modificar esse comportamento,
quando necessário.
Desse modo, é possível evidenciar por que determinada pessoa se comporta dessa ou daquela
maneira, os motivos de alguma decisão, e prever e alterar os possíveis comportamentos futuros.
Nenhum sistema teórico, ou perspectiva psicológica, como vimos, surge em um vácuo, mas pelo
acúmulo de conhecimento e pelo avanço da tecnologia. O Behaviorismo foi um protesto contra a
Psicologia Wundtiana, a consciência como objeto de estudo e a introspeção como um método.
BEHAVIORISMO
Behaviorismo é um neologismo, criação de uma nova palavra a partir de outra já existente.
Behavior (inglês) = comportamento.
ORIGEM DO BEHAVIORISMO
Em 1913, John Broadus Watson publicou o artigo A Psicologia como um behaviorista a vê, no
qual expõe os principais posicionamentos científicos da Psicologia Comportamental. Watson
propõe defini-la como uma ciência do comportamento, já que esta é fisicamente observável: é
possível ver as pessoas andarem, comerem, conversarem, mas é difícil observar seus
pensamentos e sentimentos. Vamos ver um exemplo.
Podemos dizer que comemos porque sentimos fome. Você já parou para pensar nos eventos que
fazem parte dessa contingência, ou seja, da probabilidade de um evento ser causado por outro
evento?
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JOHN BROADUS WATSON
John Broadus Watson (1878-1958) foi um cientista que fez conferências em que rejeitava as
abordagens estruturalistas e funcionalistas e afirmava o abandono de métodos
introspectivos. Inseriu a Psicologia como uma ciência que deveria ter um objeto natural e
aplicações práticas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Estudou os reflexos
aprendidos e as reações emocionais básicas (incondicionadas – medo, raiva, amor) e
complexas (condicionadas).
 
autor/shutterstock
MOMENTO 1
Podemos dizer que houveum período de privação de comida.

 
autor/shutterstock
MOMENTO 2
Durante essa privação, os processos associados à homeostase causam a sensação de fome
materializada na consciência através de pensamentos sobre comida e/ou estratégias para saciar a
fome (ir a uma lanchonete ou fritar um ovo na cozinha).

 
autor/shutterstock
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MOMENTO 3
Com a sensação, você se dirige à cozinha, para fritar um ovo ou outro alimento de sua
preferência, ou vai até uma lanchonete, e come.
HOMEOSTASE
Processo fisiológico que faz a manutenção da vida e busca o equilíbrio interno no organismo;
por exemplo, a experiência na consciência de sede e fome é resultado de processo
homeostático.
Os momentos 1 e 3 podem ser observados diretamente. O momento 2 é encoberto aos olhos de
um observador externo e só pode ser descrito pela introspecção, mas esse método é falho, na
medida em que dois ou mais introspectistas podem experimentar ideias diferentes a respeito do
fato.
Essa é uma crítica feita pelos funcionalistas para os estruturalistas, embora os funcionalistas
tenham continuado com a introspecção até o manifesto behaviorista de 1913.
Os introspectistas, pela Psicologia Wundtiana, tratariam o momento 2, a sensação de fome, como
a causa do momento 3, o comportamento de comer. Essa é a base do pensamento mentalista
ingênuo, crítica feita pelos behavioristas: “como, porque sinto fome”. Se a fome é resultado da
privação de comida, pode-se desconsiderar a causa mental, os pensamentos, a sensação, porque
não é possível estudar os eventos só acessíveis pela introspecção.
A tese do Behaviorismo é se preocupar somente com os fatos naturais, facilmente mensuráveis.
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) recebeu influência de Watson e Thorndike e estabeleceu
a distinção entre o Behaviorismo radical e o metodológico, além de descrever a aprendizagem por
contingência (probabilidade de um evento ser causado por outro; relação entre eventos
ambientais).
 
Fonte: https://commons.wikimedia.org
 Burrhus Frederic Skinner
Skinner buscava descrever contingências, como elas ocorrem e são mantidas. O Behaviorismo
apresenta protocolos interessantes para o manejo do comportamento na escola, nas organizações
etc. Na perspectiva desse autor, o cérebro é um depositário de contingências, ou seja, armazena
nossas experiências e os padrões do nosso repertório comportamental.
As ideias essenciais de Skinner são reveladas em algumas frases:
SEJA INATO OU ADQUIRIDO, O COMPORTAMENTO É
SELECIONADO POR SUAS CONSEQUÊNCIAS.
(SKINNER, 1983, p.155)
UM EU OU UMA PERSONALIDADE É, NA MELHOR DAS
HIPÓTESES, UM REPERTÓRIO DE COMPORTAMENTO
PARTILHADO POR UM CONJUNTO ORGANIZADO DE
CONTINGÊNCIAS.
(SKINNER, 1974, p.130)
O COMPORTAMENTO É UMA FUNÇÃO CONJUNTA DE
CONTINGÊNCIAS FILOGENÉTICAS, AQUELAS QUE
OPERAM NOS AMBIENTES ANCESTRAIS DURANTE A
EVOLUÇÃO DE UMA ESPÉCIE, E DE CONTINGÊNCIAS
ONTOGENÉTICAS, AS QUE OPERAM DURANTE A
INTERAÇÕES DE UM ORGANISMO COM SEU AMBIENTE,
DURANTE SUA PRÓPRIA VIDA.
(SKINNER, 1966)
PSICOLOGIA DA GESTALT
A Psicologia da Gestalt é uma importante perspectiva da Psicologia. Foi crítica à Psicologia
Wundtiana; à Lei do Efeito, de Thorndike (1874-1949), nos Estados Unidos; e à Psicologia do
Reflexo, de Pavlov (1849-1936), na Rússia.
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PSICOLOGIA DA GESTALT
Não confunda com Gestalt terapia, pois são movimentos diferentes.
As principais personalidades desse movimento foram: Max Wertheimer (1880-1943); Kurt Koffka
(1886-1941); Wolfgang Köhler (1887-1967).
Os gestaltistas aceitavam o objeto de estudo da Psicologia Wundtiana, a consciência, mas
negavam-se a aceitar que o seu estudo acontecesse pela busca de seus elementos. Nesse
aspecto, concordavam com a crítica que William James estabeleceu aos estruturalistas.
De certo modo, a Psicologia da Gestalt foi um movimento funcionalista, mas ao estilo alemão; foi
influenciada pela Filosofia de Immanuel Kant (1724-1804), e de Franz Brentano e pelo movimento
fenomenológico alemão.
Max Wertheimer foi o precursor da Psicologia da Gestalt, sendo o principal fundador desse
movimento. Em 1912, descreveu o movimento Phi, um fenômeno que demonstrou as
propriedades da percepção humana e serviu de base para a tese inicial da Gestalt se opor a
outros sistemas teóricos.
 
Fonte: https://pt.wikipedia.org
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MOVIMENTO PHI
No fenômeno Phi, uma sequência de imagens foi apresentada, na época, por um
taquistoscópio, com um intervalo de tempo de 60 milissegundos, dando a ilusão que era a
mesma imagem se movimentando.
Ao demonstrar uma ilusão, ou seja, um movimento aparente, os gestaltistas constataram que a
consciência, a percepção do movimento, não poderia ser analisada a partir dos seus elementos
sensoriais, premissa da Psicologia de Wundt.
Como o movimento aparente não é real, não possui os dados sensoriais concretos de um
movimento.
A Psicologia da Gestalt também criticou a ideia de que a percepção seria a soma de elementos
básicos, tese atomista defendida por Wundt. Os cientistas defendiam que uma percepção não
dependia de processos mentais superiores ou de aprendizagem, mas os dados da percepção
estavam presentes no próprio estímulo apreendido pela percepção, em um todo, não no somatório
de partes elementares.
A seguir assista a um vídeo sobre o tema Gestalt e seu desenvolvimento.
A TERCEIRA FORÇA DA PSICOLOGIA:
HUMANISMO
O Humanismo é um movimento, uma perspectiva teórica da Psicologia, do início da década de
1960.
Todas as perspectivas analisadas até aqui têm por base uma doutrina filosófica – o
Determinismo, ambiental no caso do Behaviorismo, psíquico no caso da Psicanálise; os
movimentos anteriores recebiam uma influência muito grande da Fisiologia e do Determinismo
biológico.
DETERMINISMO
Segundo essa perspectiva, eventos ordenados podem ser explicados por leis simples. Da
mesma maneira, eventos psicológicos e/ou comportamentais são regidos por essas leis
(propriedades).
O Humanismo evidencia outra doutrina filosófica: o livre-arbítrio, que preconiza que as pessoas
dirigem seus atos de modo consciente, independentemente de determinações psíquicas,
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cognitivas ou ambientais. O objeto de estudo do Humanismo não é a consciência ou o
comportamento, tampouco a percepção, mas os interesses e valores humanos. Os humanistas se
opunham ao mecanicismo e ao materialismo da cultura ocidental da época.
As escolas com as quais os humanistas rivalizavam eram o Behaviorismo e a Psicanálise;
criticavam que os dois sistemas ofereciam uma visão da natureza humana limitada e depreciativa.
Entre muitas influências, destacamos Gordon Allport (1897-1967), com o livro A natureza do
preconceito, de 1954. Allport utilizou a expressão Humanismo de forma pioneira, em 1930.
 
Fonte: https://www.psychologicalscience.org
 Gordon Allport
Além de Allport, as principais referências da terceira força da Psicologia são: Kenneth B. Clark
(1914-2005), militante dos direitos civis e representante do Zeitgeist da época – mesmo que não
associado diretamente ao movimento do Humanismo; Abraham Maslow (1908-1970); Carl Rogers
(1902-1987).
Abraham Harold Maslow foi um precursor do movimento da Psicologia Humanista. Defendia a
capacidade de autorrealização de cada pessoa e criou a famosa pirâmide de necessidades.
Embora seja uma teoria muito criticada dentro da Psicologia e careça de evidências para
generalizar diversas populações, é amplamente utilizada, principalmente, em treinamentos para o
desenvolvimento de pessoas.
 
Fonte: https://en.wikipedia.org
 Abraham Harold Maslow
Na perspectiva desse autor, todos temos tendência a buscar uma realização pessoal, que só é
alcançada quando atingimos as prioridades dos degraus da pirâmide, da base para o topo. A ideia
da hierarquia é criticada, sem dúvida temos necessidades que são fisiológicas, psicológicas e
sociais.
 
 pirâmide de Maslow
Pesquisas que buscaram evidências da hierarquia em cinco níveis, em amostrasmais amplas de
pessoas, sugerem que é coerente pensar em apenas dois níveis que são necessidades por
deficiência e necessidade por crescimento.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS INÚMEROS SISTEMAS TEÓRICOS DA PSICOLOGIA, QUE
SURGIRAM POR DIVERGÊNCIAS DO OBJETO DE ESTUDO E DO MÉTODO
EMPREGADO PARA ESTUDÁ-LO. DAS ALTERNATIVAS ABAIXO,
IDENTIFIQUE AQUELA QUE CARACTERIZA O BEHAVIORISMO.
A) Busca da objetividade do método científico, abandonando a introspecção, para compreender
como os conteúdos mentais influenciam comportamentos.
B) Busca da compreensão das motivações humanas e dos comportamentos de autorrealização.
C) Uso da observação sistemática e do método experimental para descrever as circunstâncias em
que um comportamento ocorre e modificá-lo, se necessário.
D) Estudo da percepção humana, de suas propriedades e análise do comportamento pela
reestruturação do campo perceptual.
2. A FRASE “O TODO É MAIS IMPORTANTE QUE O SOMATÓRIO DAS
PARTES” EXPRESSA UMA REFLEXÃO QUE NOS É DADA PELA
PSICOLOGIA DA GESTALT, NO ESTUDO DA CONSCIÊNCIA E DA
PERCEPÇÃO. ANALISE AS SENTENÇAS ABAIXO E IDENTIFIQUE AQUELA
QUE MELHOR EXPRESSA OS ARGUMENTOS QUE DEFENDEM ESSA IDEIA.
A) Evidências de um experimento que demonstrou que um movimento aparente não era real e que
não podia ser compreendido por teses atomistas, pois o fenômeno simplesmente acontecia e não
podia ser explicado, mas era apreendido pela consciência.
B) O fenômeno Phi demonstrava os átomos da percepção consciente do movimento. Tal
fenômeno demonstrou que o movimento como um todo é mais importante e pode ser percebido
pela consciência pela apresentação sucessiva de estímulos a 60 milissegundos.
C) Descrevendo em detalhes o estado consciente em vez de descrever o estímulo, do movimento
Phi, ou movimento aparente, por meio de uma introspecção experimental sistemática, que era um
método falho na perspectiva gestaltista.
D) A Psicologia da Gestalt amplia a abordagem dos estruturalistas pelo método experimental,
demonstrando como podemos analisar comportamentos estudando contingências.
GABARITO
1. Estudamos inúmeros sistemas teóricos da Psicologia, que surgiram por divergências do
objeto de estudo e do método empregado para estudá-lo. Das alternativas abaixo,
identifique aquela que caracteriza o Behaviorismo.
A alternativa "C " está correta.
 
O Behaviorismo refuta o estudo da mente humana, rompe com o modelo da Psicologia Wundtiana
e elege o comportamento observável como objeto de estudo.
2. A frase “O todo é mais importante que o somatório das partes” expressa uma reflexão
que nos é dada pela Psicologia da Gestalt, no estudo da consciência e da percepção.
Analise as sentenças abaixo e identifique aquela que melhor expressa os argumentos que
defendem essa ideia.
A alternativa "A " está correta.
 
O experimento do movimento aparente (fenômeno Phi) apresentou uma ilusão, que demonstrou
que uma percepção consciente não poderia ser descrita por um dado sensorial, uma vez que o
movimento não era real, mas ilusório.
MÓDULO 3
 Examinar o marco histórico, os conceitos fundamentais e os métodos da Psicologia
Cognitiva
INTRODUÇÃO
A Psicologia Cognitiva traduz, em essência, o que é a ciência psicológica. Percorrer a história da
Psicologia é uma viagem fantástica. Sabe o porquê? Tudo é cognição.
 Cérebro e as funções cognitivas
Sabemos que essa afirmação, por hora, talvez não faça muito sentido. No entanto, a partir de
agora é importante você se lembrar da diferença entre a Psicologia do senso comum e a
Psicologia científica. Vamos analisar alguns exemplos? Pense nos seguintes eventos da vida,
que são psicológicos:
 
Fonte: Freepik
A DOR
 
Fonte: Freepik
A TENSÃO PRÉ-MENSTRUAL
 
autor/shutterstock
A DEPRESSÃO PÓS-PARTO
O senso comum, quando utiliza a expressão “é psicológico”, tipicamente está fazendo menção a
algo que é inventado e/ou uma frescura e/ou que podemos mudar se tivermos força de vontade.
Força de vontade não é um construto que explica um comportamento motivado – essa é uma
visão equivocada do senso comum. Vamos aprender que tudo é psicológico do ponto de vista da
Psicologia Cognitiva (científica). Você já parou para analisar algo a seu respeito, por exemplo,
sobre seu estilo cognitivo? Pare agora por alguns minutos e pense sobre você.
CONSTRUTO
Objeto de estudo da psicologia enquanto uma ciência e uma profissão.
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Um construto psicológico é um conceito ideativo, hipotético, com uma finalidade científica
predeterminada. Por exemplo, personalidade, cognição e resiliência são construtos
psicológicos.
 Uma auto análise sobre o estilo cognitivo
Agora vamos refletir sobre alguns dos exemplos que vimos:
 
Freepik
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Por que algumas pessoas, diante de alguns eventos, alteram seu humor – por exemplo, na tensão
pré-menstrual – e outras não?
 
Freepik
Por que alguns eventos resultam em depressão em algumas pessoas e em outras não? Já tentou
refletir sobre a depressão pós-parto? Todas as mulheres ficam deprimidas depois de darem à luz?
Você já parou para pensar por que algumas pessoas relatam serem felizes e gozar de bem-estar e
outras pessoas não, mesmo quando as circunstâncias (o meio) estão favoráveis? O que é
felicidade? O que é bem-estar e qualidade de vida? Lembra-se da proposta de viajar pela história
da Psicologia para entender que tudo é psicológico, tudo é cognição? Vamos lá!
CONCEITO E PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA
COGNITIVA
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A Psicologia Cognitiva pode ser definida como uma área de conhecimento que analisa os
processos internos implicados na forma como as pessoas extraem sentido do ambiente – interno
(fisiológico) e externo (cultura) – e decidem quais ações são apropriadas. Estuda a atividade e a
estrutura do cérebro para compreender a cognição e o comportamento humano.
 
Cérebro humano e a cognição. Fonte: Freepik.
 Fonte: Freepik.
A investigação dos processos cognitivos inclui:
 
Fonte: Flaticon
ATENÇÃO
 
Fonte: Flaticon
PERCEPÇÃO
 
Fonte: Flaticon
APRENDIZAGEM
 
Fonte: Flaticon
MEMÓRIA
 
Fonte: Flaticon
MOTIVAÇÃO
 
Fonte: Flaticon
LINGUAGEM
 
Fonte: Flaticon
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
 
Fonte: Flaticon
RACIOCÍNIO
 
Fonte: Flaticon
PENSAMENTO
 ATENÇÃO
O pensamento é a “cereja do bolo” da Psicologia Cognitiva, principalmente clínica.
Existe diferença entre a Psicologia Cognitiva aplicada à clínica, seus métodos e objetos de
estudo, e a Psicologia Cognitiva enquanto um sistema teórico da Psicologia. A perspectiva
teórica vai explicar o psicológico como um todo, definir e descrever os processos cognitivos, por
exemplo. Gradualmente, ao longo desta leitura, você compreenderá melhor essa distinção.
Existem processos psicoterapêuticos que podem atuar no manejo da dor, da irritabilidade, da
angústia, da ansiedade etc. Mudar determinado padrão de comportamento, determinado padrão
cognitivo (um perfil cognitivo) – obviamente quando necessário e desejado –, porém, exige
investimento e engajamento da pessoa no processo de mudança, que pode ser conduzido, por
exemplo, em uma terapia cognitivo-comportamental.
Tudo é psicológico, e chamamos esse tipo de trabalho de reestruturação cognitiva, ou seja,
ensinar uma pessoa a reinterpretar eventos e utilizar essas informações para motivar
comportamentos mais adaptados e funcionais em suas vidas, ou seja, buscar qualidade de vida e
bem-estar.
TUDO É PSICOLÓGICO
Para Sternberg (2016), a Psicologia Cognitiva é o estudo de como as pessoas percebem,
aprendem, lembram-se de algo e pensam sobre informações. Podemos descrever as áreas
do cérebro ativas na percepção, no aprendizado, na lembrança e no pensamento. A
Psicologia Cognitiva vai estabelecer como tais informações são CODIFICADAS,
INTERPRETADAS E UTILIZADAS.
Dito de outra forma, a reestruturação cognitiva significa:
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Fonte: Unsplash
Ensinar a pensar diferente sobre si próprio (o eu, o ego).
 
Fonte: Unsplash
Ensinar a pensardiferente sobre o mundo (as pessoas e os acontecimentos)
 
Fonte: Unsplash
Ensinar a pensar diferente sobre o futuro.
Esses três fatores compõem a tríade cognitiva, na expressão teórica do autor da Psicologia clínica
Aaron Beck (2013).
 RESUMINDO
A Psicologia estuda como o indivíduo dá significado ao ambiente, a partir dos seus processos
internos, permitindo a sua ressignificação.
Você deve estar dizendo “certo, entendi tudo”, mas, afinal, o que é interpretar e decidir? A forma
como decidimos as ações que são apropriadas e/ou simplesmente como agimos, nos
comportamos e/ou interpretamos os eventos depende de nossa evolução ontogenética.
EVOLUÇÃO ONTOGENÉTICA
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Trata-se do ciclo da vida, do ciclo de desenvolvimento do organismo (pessoa) ao longo da
vida, desde o desenvolvimento embrionário
ONTOGENIA é o desenvolvimento de um organismo. Já FILOGENIA é o desenvolvimento
da espécie, por exemplo, de nossa espécie, Homo sapiens sapiens. (O sapiens repete duas
vezes, isso mesmo, está correto!)
MAS COMO FAZER ESSA INTERPRETAÇÃO?
A Psicologia Cognitiva adota o determinismo como um pressuposto epistemológico. Eventos no
decorrer de nosso desenvolvimento podem resultar em um ambiente propício para
desenvolvermos resiliência ou não, assim como em mais ou menos controle emocional e
psicológico. Podemos ter uma vulnerabilidade a desenvolver transtornos de humor, por exemplo, a
depressão. Segundo o paradigma de diátese-estresse, pessoas vulneráveis cognitivamente
desenvolvem psicopatologias ao passar por eventos estressores.
COMO DESENVOLVEMOS ESSA VULNERABILIDADE?
O modelo de desenvolvimento ontogenético explica. Tudo vai depender da história de
aprendizagem da pessoa (de seu desenvolvimento ontogenético). Vejamos:
1
Imagine que uma criança não tem as suas necessidades psicológicas básicas atendidas.
NECESSIDADES PSICOLÓGICAS BÁSICAS
ATENDIDAS
A psicologia trata o tema com base em teorias diferentes, mas podemos entender as
necessidades psicológicas em um âmbito geral como:
Fisiológicas: sede, fome e sexo;
Psicológicas: autonomia, relacionamento e competência;
Sociais: afiliação e intimidade, realização e poder. Esses são alguns poucos exemplos.
Na infância, as necessidades emocionais fundamentais são: vínculos seguros, autonomia,
liberdade de expressão, espontaneidade e lazer, limites realistas e autocontrole.
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Na adolescência, essa ausência pode resultar em esquemas cognitivos disfuncionais em graus de
impacto variados.
2
Um esquema cognitivo pode ser positivo ou negativo, adaptado ou desadaptado. Se seu
padrão de respostas está desadaptado ao meio e/ou com respostas (comportamentos) muito
exacerbados, a Psicologia clínica pode ajudar. Sabe o porquê? Tudo é psicológico, e podemos
mudar algumas coisas – outras não, e há aquelas de difícil mudança. A visão é monista, ou seja,
não dualista (mente-corpo). Trata-se de uma visão integrada e holística. Falar da mente, do
psicológico, ou do cérebro é falar da mesma coisa com vieses diferentes. Vejamos alguns
exemplos:
Tomar uma medicação para depressão resulta em mexer na bioquímica do cérebro regulando algo
que estava em desequilíbrio.
Fazer psicoterapia (Psicologia clínica) também mexe com essa bioquímica do cérebro regulando
algo que estava em desequilíbrio. A psicoterapia resulta em plasticidade neural.
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PLASTICIDADE NEURAL
Trata-se da mudança do sistema nervoso em decorrência dos eventos da vida, da
experiência, do comportamento. Podemos pensar a plasticidade neural por dois vieses
básicos: estrutural, por conexões sinápticas; ou funcionais, que se traduzem por mudanças
no comportamento e/ou no perfil cognitivo. Trata-se da mesma coisa, ou seja, plasticidade
neural, explicada por vieses diferentes.
Tanto manejo medicamentoso quanto psicoterapia agem sobre o cérebro, sobre o psicológico,
apenas operam com mecanismos distintos.
Nessa perspectiva, não existe um corpo adoecendo uma mente, ou uma mente adoecendo um
corpo. O que vai existir é uma pessoa saudável, relativamente saudável, ou não saudável, em
uma abordagem simplista e didática a respeito dos estados de saúde e de qualidade de vida de
uma pessoa. O que importa, neste momento, é compreendermos essa visão da Psicologia
Cognitiva contemporânea. Não se trata de um reducionismo materializante, mas de uma visão
integrativa entre Psicologia, Ciências da Saúde, Ciências Sociais e Neurociências. Com essa ideia
de base, os determinantes do comportamento podem ser analisados:
 
Fonte: Freepik
Em um aspecto físico (mapeamento neurológico).
 
Fonte: Freepik
Em um aspecto psicológico (sensopercepção, atenção, pensamento, memória, volição, emoções,
sentimentos etc.).
 
Fonte: Flaticon
Em um aspecto ambiental/funcional (mapeamento cultural, socioeconômico etc.).
 ATENÇÃO
Isso não significa dividir uma pessoa em três coisas diferentes, pois, como demonstrado, essa
divisão é meramente didática. Uma pessoa é inteira e indivisível. Falar do psicológico, da mente,
ou do cérebro é falar da mesma coisa, em perspectivas didáticas diferentes, que permitam
trabalhos diferentes. Nada mais, nada menos.
QUAL O MOTIVO DESSA DIVISÃO DIDÁTICA?
É simples. Existe uma grande quantidade de variáveis que exercem influência em como os
neurônios codificam as informações, e isso gradualmente vai determinar nossa estrutura de
personalidade e nosso repertório comportamental. Quer alguns exemplos dessas variáveis?
1
Uma mulher que durante a gestação sofra descargas hormonais, bem-estar e estresse.
Estilos parentais e ocorrências no meio externo (sol e chuva).
OCORRÊNCIAS NO MEIO EXTERNO
Em países com menos sol, estatisticamente, há mais prevalência de depressão e ideação
suicida na população do que países com mais sol.
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2
Tudo isso influencia em quem somos, em nosso estilo de agir e de tomar decisões, em nossa
forma de interpretar os eventos, sejam os externos, sejam os internos (mudanças do próprio
corpo).
 RESUMINDO
A Psicologia Cognitiva estuda o indivíduo em diferentes aspectos: ambiental, psicológico e físico.
OS MARCOS HISTÓRICOS RELATIVOS AO
SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COGNITIVA
Questionar como o cérebro ou a mente funciona e, fundamentalmente, o que motiva o
comportamento está na base de nossa discussão. Podemos buscar esse entendimento na
Filosofia e nas Ciências. As respostas que a Psicologia Cognitiva adota não são fruto de um único
autor. Certamente, na Psicologia Cognitiva, há alguns marcos históricos, que podem ser antigos,
modernos ou contemporâneos. Veja alguns desses marcos:
Ainda devemos compreender que existem duas modalidades de Psicologia Cognitiva, uma básica
e outra aplicada. Veja a definição de cada modalidade:
CIÊNCIA BÁSICA
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Busca delimitar uma área de conhecimento, definir construtos, construir e testar hipóteses,
elaborar teorias que possam descrever os fenômenos.
CIÊNCIA APLICADA
Utiliza as diversas formas de conhecimento e a ciência básica para encontrar soluções para a vida
das pessoas. As teorias de uma ciência aplicada são construídas com um viés de prática, ou seja,
em nosso caso, no fazer do(a) psicólogo(a).
Esses são modelos de ciência interdependentes, e essa divisão, muitas vezes, é meramente
didática. O que é relevante é o uso que se faz da ciência, sendo básica ou aplicada. Na Psicologia
Cognitiva aplicada, vamos encontrar, por exemplo, as teorias das práticas clínicas. Na Psicologia
Cognitiva básica, vamos encontrar algumas teorias sobre como nosso aparato cognitivo funciona,
ou seja, esse modelo vai responder a três perguntas fundamentais:
1
Quais são os processos cognitivos?
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
2
Como eles funcionam?

3
Quais as variáveis intervenientes que podemos identificar e descrever?
VARIÁVEIS INTERVENIENTES
Por exemplo, estados internos que motivam um comportamento, como o comportamento
criativo, entre outros.
No escopo da Psicologia Cognitiva básica, surgemteorias da linguagem, da memória, da atenção,
da percepção etc., ou seja, o que chamamos de processos cognitivos básicos. A Psicologia
Cognitiva estuda, principalmente, alguns construtos que explicam como nos motivamos
(comportamentos motivados), como criamos (criatividade), resiliência, autoeficácia, crenças, entre
outras variáveis que exercem influência em nosso comportamento.
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 RESUMINDO
A Psicologia Cognitiva usa a ciência básica e a ciência aplicada para estudar as diversas variáveis
que influenciam o comportamento do indivíduo.
MARCOS HISTÓRICOS
O ano é 1956...
Esse foi um ano de grande relevância para coroar o movimento da Psicologia Cognitiva. O
cientista cognitivo Noam Chomsky fez uma exposição sobre uma teoria para a linguagem (um
processo cognitivo) para o famoso e internacionalmente conhecido Massachusetts Institute of
Techonology (MIT).
Nessa mesma ocasião, George Miller (1920-2012) apresentou o que ficou conhecido por o mágico
número 7 na memória de curto prazo (outro processo cognitivo) e Newell (1927-1992) e Simon
(1916-2001) expuseram seu modelo de solução de problemas (General Problem Solver),
precursor do desenvolvimento de programas de inteligência artificial. Solução de problemas e
tomada de decisões são duas grandes áreas de interesse de cientistas cognitivos.
 
Fonte: Wikipedia
 Noam Chomsky. Fonte: Wikipedia.
 RECOMENDAÇÃO
Pesquise sobre essas personalidades e suas produções teóricas. Isso poderá enriquecer muito
sua compreensão da Psicologia Cognitiva.
Fim dos anos 1950 e década de 1960...
Você deve ter percebido que o ano de 1956 é especial, mas a Psicologia Cognitiva está sendo
construída em um continuum histórico, e não brotou nesse marco. Há outros trabalhos da década
de 1950 que são referência do movimento que chamamos de revolução cognitivista. Destacamos
alguns marcos desse continuum histórico.
 
Fonte: Baseado no conteudista
 Marcos históricos da Psicologia Cognitiva no final dos anos 1950 e na década de 1960.
Vamos conhecer um pouco mais sobre esses marcos. No fim dos anos 1950 e na década de
1960, os sistemas clínicos (ciência aplicada) começam a ganhar forma, e surgem as terapias
cognitivas. A tradição filosófica tratou do tema do funcionamento da mente, da consciência, com
base em seus métodos, que fundamentalmente englobam o manejo da palavra, a elaboração de
ideias, a lógica, a dialética, mas não a experimentação.
 
Fonte: Wilhelm Wundt. Fonte: Wikipedia
 Wilhelm Wundt. Fonte: Wikipedia
Como você viu na cronologia sobre os Marcos históricos, Wilhelm Wundt demarcou o primeiro
laboratório de Psicologia. Curiosamente, os objetos de estudo são os processos elementares da
percepção e a velocidade de processos mentais. Isso não quer dizer que Wundt rompeu com a
Filosofia, mas buscou demarcar a Psicologia como uma ciência experimental. Seu método de
estudo era a introspecção.
Percepção e velocidade de processamento da informação são objetos de estudo da Psicologia
Cognitiva. Por seu objeto de interesse ser estudado desde o período da Filosofia antiga, fica difícil
demarcar onde e quando a Psicologia Cognitiva se constituiu. A ilustração a seguir demonstra o
desenvolvimento da Psicologia Cognitiva:
 
Fonte: Baseado no conteudista
 Desenvolvimento da Psicologia Cognitiva.
O movimento que ficou conhecido como revolução cognitivista é mais bem identificado, por seus
métodos, pela analogia ao processamento computacional, pelo uso de tecnologia para demonstrar
suas teorias, e tem como marco a conferência no MIT de proeminentes cientistas cognitivos em
1956. A formação da Psicologia Cognitiva, contudo, é demarcada formalmente, pelos historiadores
da Psicologia, nas décadas de 1950 até 1970. A Psicologia Cognitiva resgata a história do estudo
da mente que foi negligenciada pela força do Behaviorismo como um sistema teórico dentro da
Psicologia. Para entender o Cognitivismo, é necessário compreender a história da Psicologia.
Edward Chace Tolman (1886-1959), um behaviorista, declarou que o Behaviorismo de Watson foi
um alívio, pois trazia cientificidade para a Psicologia, mas não foi um “watsoniano”.
 
Fonte: Wikipedia
 Edward Chace Tolman. Fonte: Wikipedia.
Tolman tentou superar o monismo materialista de Watson (pensamento com hábito). De certa
forma, esse autor estabelece os alicerces para o Cognitivismo, pois afirma que aprendizagem não
é mudança no comportamento, mas aquisição de novos conhecimentos/cognições. Apresenta as
definições de um comportamento intencional – tal intencionalidade, embora existente, é um evento
particular ao organismo, uma variável interveniente, e não estaria ao alcance dos instrumentos
objetivos da ciência.
 EXEMPLO
Tolman diria, por exemplo, que a fome é a intencionalidade para o comportamento de comer. Isso
significaria ver a mente no comportamento, ou seja, falar da mente sem recorrer a teses
mentalistas e a métodos não científicos.
O ponto-chave para entender a revolução cognitivista (uma revolução lenta que demorou décadas
para se consolidar) é perceber os esquemas dos modelos behavioristas. As contingências
behavioristas baseadas na obra do Watson eram respondentes, em outras palavras, um estímulo
que gera uma resposta, podendo ser representada da seguinte maneira:
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RESPOSTA
Ocorrência do comportamento operante. Uma resposta que ocorre sem um estímulo
eliciador é emitida. Aplica-se tanto ao responder a um estímulo discriminativo como ao
responder de maneira indiscriminada.
 
As contingências operantes baseadas na obra do Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) eram de
três termos, um estímulo discriminativo (Sd), um comportamento (R) e uma consequência (S). A
visão didática pode ser compreendida nos esquemas a seguir.
 
Fonte: Baseado no conteudista
 Contingências behavioristas
Observe que, nas contingências behavioristas (respondentes e operantes), a relação entre um
estímulo e uma resposta é direta, não mediada. Nesse modelo teórico, o sistema nervoso era visto
como um depositário de contingências, passivo, que apenas codificava em uma linguagem neural
(eletroquímica) e armazenava as experiências. Uma vez diante de um estímulo eliciador ou
discriminante, gerava uma resposta – de fato, “uma tábula rasa”.
A inovação do Cognitivismo foi buscar compreender as operações internas do organismo, ou seja,
estudar o efeito dos processos cognitivos e como esses medeiam comportamentos. O esquema a
seguir ilustra essas operações:
INOVAÇÃO DO COGNITIVISMO
Foco no estudo das variáveis intervenientes.
 
Fonte: Baseado no conteudista
 Operações internas do organismo.
 RESUMINDO
O cérebro, no Cognitivismo, é ativo, coordena e faz a mediação de comportamentos. Para o
Behaviorismo, o importante não é saber o que causa os comportamentos, mas explicar e
descrever em que circunstâncias eles acontecem. O Cognitivismo quer compreender o que causa
um comportamento, quais as fontes de um comportamento motivado, por exemplo, a criatividade,
a arte etc. Na atualidade, são sistemas teóricos que se complementam.
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Ainda existem profissionais que são behavioristas radicais, pois o Cognitivismo não veio para
substituir esse modelo comportamentalista, mas para ampliá-lo. Na década de 1970, os temas do
momento era o Cognitivismo e a Computação. Eram temas discutidos com a mesma intensidade
que a civilização debate hoje inteligência artificial, automação e as Neurociências.
VAMOS FAZER UM EXERCÍCIO!
1. IMAGINE QUE UM INDIVIDUO TENHA MOTIVAÇÃO PARA A ARTE, A
CORRENTE QUE BUSCA COMPREENDER AS CAUSAS DESSA MOTIVAÇÃO
É CHAMADA DE:
A) Behaviorismo
B) Cognitivismo
GABARITO
1. Imagine que um individuo tenha motivação para a arte, a corrente que busca
compreender as causas dessa motivação é chamada de:
A alternativa "B " está correta.
 
Enquanto o Behaviorismo busca explicar as circunstâncias em que um comportamento acontece,
o Cognitivismo busca identificar as causas de determinadocomportamento.
OS PRINCIPAIS REPRESENTANTES DA
PSICOLOGIA COGNITIVA E SUAS
CONTRIBUIÇÕES
A Neurociência Cognitiva, a Psicofisiologia e a Computação, na era informacional, constituem um
Zeitgeist. Não se trata de estabelecer um monismo materialista e reduzir os eventos
comportamentais e os processos cognitivos em termos físico-químicos – até porque os modelos
computacionais e das Neurociências não conseguem explicar tudo –, mas sim de superar uma
influência do dualismo e do realismo como uma base epistemológica presente na história da
Psicologia e desenvolver um olhar mais integrativo.
Para chegarmos até aqui, no que chamamos de Psicologia Cognitiva, muitos pesquisadores
somaram esforços em um movimento histórico e epistemológico. Não necessariamente eram
psicólogos ou estavam envolvidos em uma revolução cognitiva, apenas estavam fazendo ciência
que fosse útil para o Zeitgeist que vivenciavam em suas épocas.
ZEITGEIST
O espírito de uma época, o clima intelectual e cultural de uma época.
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Para conhecer alguns dos principais nomes da Psicologia Cognitiva e a contribuição de seus
trabalhos, assista ao vídeo a seguir.
COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS DE
PESQUISA NA PSICOLOGIA COGNITIVA
Existe uma Ciência Cognitiva e uma Psicologia Cognitiva. A Ciência Cognitiva inclui a
Psicologia Cognitiva, mas também outros modelos com interesses e métodos de investigação
distintos. São modelos que se complementam em certos contextos e estudos, mas também
divergem. Podemos identificar algumas abordagens da Ciência Cognitiva:
Psicologia Cognitiva
Neuropsicologia
Neurociências
Ciência Cognitiva Computacional
O MÉTODO DAS NEUROCIÊNCIAS
As Neurociências buscam evidências de como a interação de áreas no cérebro resultam em
cognição, uma vez que apenas apontar uma localização (blobology) está caindo em desuso, e até
os modelos computacionais estão buscando correlações com o cérebro. Nas Neurociências,
vamos encontrar as evidências científicas que são levantadas pelo uso da tecnologia,
especialmente o uso de técnicas de neuroimagem, que são capazes de demonstrar atividades em
regiões e circuitos do sistema nervoso central, durante um processamento sensorial, motor ou
cognitivo.
 Exame cerebral. Fonte: Freepik.
A organização de nosso sistema nervoso, basicamente, traduz-se por atividades excitatórias
(ativação) e inibitórias (inibição), algo como sim e não.
As estruturas como hipotálamo, feixe prosencefálico medial, área septal, córtex cerebral e córtex
pré-frontal esquerdo estão relacionadas à aproximação.
 
Fonte: Freepik
 Representação do cérebro humano. Fonte: Freepik.
Enquanto o córtex pré-frontal direito e a amígdala, à evitação.
Existem correlações na literatura entre um sistema de ativação comportamental e um sistema de
inibição comportamental e características da personalidade, por exemplo, o neuroticismo e a
extroversão. Constantemente, a atividade cortical vai gerenciar as metas conscientes dos
indivíduos. Por exemplo, quando um indivíduo durante a perda de peso pensa:
 
Fonte: Freepik
Devo comer? 
(Sistema de ativação comportamental)
 
Fonte: Freepik
 Fonte: Freepik
 
Fonte: Freepik
Não devo comer? 
(Sistema de inibição comportamental).
As interpretações cognitivas oriundas de nossas crenças, sistemas de crenças, pensamentos,
sentimentos e humor a respeito das coisas também vão ativar os sistemas de ativação e inibição
comportamental. Agir ou não agir? Fazer ou não fazer? Respostas automáticas ou voluntárias?
Todas essas perguntas têm respostas que envolvem mecanismos complexos que nos
impulsionam ou nos inibem diante das situações de desempenho. Tais sistemas se formam em
decorrência de sua evolução ontogenética, e isso determina sua maneira de ser.
Muitas evidências das Neurociências Cognitivas vão apoiar a ideia de que as pessoas apresentam
características que evidenciam um sistema de inibição comportamental (por exemplo,
neuroticismo) ou um sistema de ativação comportamental (por exemplo, extroversão).
Veja a seguir como o sistema dorsal, o sistema ventral e a amígdala influenciam as respostas
comportamentais:
SISTEMA DORSAL
Um sistema dorsal é composto por hipocampo, regiões dorsais do cíngulo anterior e córtex pré-
frontal. Esse sistema está relacionado à regulação dos estados afetivos, eliciando respostas
comportamentais contextualmente apropriadas, e também está relacionado à cognição (memória e
atenção).
SISTEMA VENTRAL
O sistema ventral é composto por circuitos envolvendo amígdala, ínsula, corpo estriado ventral,
regiões ventrais do cíngulo anterior e córtex órbito-frontal. É um sistema que está relacionado às
etapas de identificação do significado emocional de estímulos e de produção dos estados afetivos.
Esse sistema também recebe aferências de áreas sensoriais primárias e de associação.
AMÍGDALA
A amígdala estimula respostas automáticas diante de um evento ameaçador, por exemplo:
ativação do sistema nervoso simpático estimulando o núcleo hipotalâmico lateral; estimulação do
núcleo paraventricular do hipotálamo para liberação de hormônios de estresse; e estimulação do
nervo facial trigêmeo para expressão facial de medo.
Richard J. Davidson, em seu livro O estilo emocional do cérebro, mostra os resultados de uma
pesquisa que indicam que o temperamento típico observado em crianças, quanto a características
típicas de uma inibição ou ativação comportamental em situações de desempenho, não é
permanente em um indivíduo. Isso contraria alguns trabalhos que apontam a personalidade como
características constantes e formadas precocemente.
Mesmo com as divergências, a discussão de tais sistemas (ativação e inibição) envolve aspectos
muito interessantes das bases neurobiológicas da personalidade e dos sistemas cognitivos, no
que se refere ao processamento e às interpretações dos eventos que nos circundam. Se tais
características são permanentes ou podem variar no desenvolvimento da pessoa é outra análise.
Existem pesquisas muito relevantes evidenciando a relação de nossa cognição, de como
interpretamos eventos, com a Neurobiologia e a de nosso comportamento típico com as diversas
situações ambientais aversivas ou favoráveis.
 RESUMINDO
O sistema nervoso humano exerce atividades de ativação e inibição, ou seja, influencia em
decisões, como: Posso? Não posso?
O MÉTODO DA PSICOLOGIA COGNITIVA (PESQUISA
BÁSICA)
Diversos são os métodos que podemos identificar, com e sem o uso de tecnologia. Optamos por
apresentar uma metodologia de baixo custo e que é responsável por grandes paradigmas da
Psicologia Cognitiva quanto às etapas de processamento da informação e do planejamento de
uma resposta (comportamento). Trata-se da cronometria mental.
A cronometria mental é utilizada para construir modelos do processo cognitivo. Podemos discutir
por meio de tarefas se a informação tem um processamento serial, ou seja, uma etapa cognitiva é
concluída antes de outra começar, ou um processamento em paralelo, ou seja, dois ou mais
processos cognitivos ocorrem ao mesmo tempo. Tarefas de compatibilidade estímulo-resposta,
como efeito Simon e efeito Stroop, são clássicos da Psicologia Cognitiva.
 
Fonte: Freepik.
 Fonte: Freepik.
Na tarefa de Stroop, o voluntário nomeia a cor na qual o nome das cores é apresentado – por
exemplo, VERMELHO ou VERMELHO. O voluntário é mais rápido em processar e executar a
resposta quando o nome da palavra é congruente com a cor que deve nomear.
VAMOS FAZER UM EXERCÍCIO!
Nomeie a cor das palavras nas listas a seguir e perceba em qual delas você será mais rápido(a) e
obterá maior acurácia (acertos). Lembre-se de que você precisa dizer o nome da cor, e não ler a
palavra.
Primeira lista:
VERDE
VERMELHO
AZUL
AMARELO
AZUL
AMARELO
ROXO
Segunda lista:
VERDE
VERMELHO
AZUL
AMARELO
AZUL
AMARELO
ROXO
As pesquisas básicas em Psicologia Cognitiva vão estabelecer como processamos os estímulos (a
entrada da informação); como nosso sistema atentivo gerencia

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