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Universidade Católica do Salvador Matéria de Direito Processual Constitucional Professor: Carlos Alberto José Barbosa Coutinho Aluna: Camille Oliveira Silva Gama Matrícula: 100929888 Fichamento Avaliativo ARTIGO I Panorama Geral do Novo Código de Processo Civil. KRAMER, Evane Beiguelman. 02. Princípios inovadores na parte geral “Um dos aspectos mais inovadores do novo CPC, seguramente, diz respeito à predominância do dever de colaboração, que pretende imantar a atuação de todos os atores do processo, previsto no art. 6º: “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva” (pg. 02). “Cooperar, na acepção processual, não quer dizer que os interesses contrários deixarão de existir e que a pretensão não será mais resistida. Cooperação deve aqui ser entendida como participação dinâmica dos sujeitos do processo na construção ativa do provimento jurisdicional, com a maximização da dialética e do contraditório (...)“todos pretendem que o processo seja solucionado em tempo razoável” (pgs. 02). “O contraditório é amplificado a todas as decisões judiciais, excetuada a tutela de urgência, evidência e em sede de conversão do mandado de pagamento em ação monitória (art. 9º)” (pg. 02). “As partes têm à disposição a participação em fase de conciliação e mediação (arts. 165/175). Esta inovação do novo CPC inspira-se na Resolução n. 125/2010 do CNJ, que visa estimular programas de conciliação e mediação (...)o conciliador poderá sugerir soluções para o conflito; o mediador, por sua vez, auxilia as partes na compreensão do litígio, mas não sugere soluções” (pgs. 03). “O juiz poderá “dinamizar” o ônus da prova (carga dinâmica da prova ou ônus dinâmico), como prevê o art. 373, § 1º: quem tem melhores condições para o desempenho de produzir a prova deve colaborar para esclarecer o fato controvertido” (pg. 04). 03. Honorários Sucumbenciais “O art. 85, § 1o, explicitou que os honorários advocatícios podem ser impostos, cumulativamente, na reconvenção, cumprimento de sentença, execução (resistida ou não) e recursos. Observe-se que, pela nova sistemática, a cada recurso improvido o sucumbente é condenado a pagar honorários adicionais que, no todo, não poderão ultrapassar a 25% do valor da condenação, do proveito, do benefício ou da vantagem econômica obtida. O objetivo da regra é remunerar os advogados pelo trabalho adicional em 2o grau, no STJ e no STF (art. 85, § 7º)” (pg. 04). 04. Prazos (arts. 218/232 do Novo CPC) “Os prazos serão contados em dias úteis (art. 219), o que caracteriza um regime diferenciado do que era regido pelo CPC/1973 (...)” (pgs. 04/05). “Outra inovação na seara dos prazos processuais foi a inclusão da suspensão do curso dos prazos compreendidos entre os dias 20/12 e 20/1, atendendo a importante reivindicação da categoria dos advogados que obtiveram a expressão legal de prazo para o seu descanso (art. 220). O período de suspensão dos prazos não significa inatividade jurisdicional, pois os juízes exercerão suas atribuições nesse período, todavia apenas os prazos estarão suspensos (...)” (pg. 05). “Relembre-se que esta regra não se aplica às ações diretas de inconstitucionalidade como, reiteradamente, decide o STF. Sobre a inaplicabilidade da prerrogativa do prazo diferenciado em ações de inconstitucionalidade, primoroso voto do ministro Celso de Mello, no AgRg Resp 658375/AM, destaca que a espécie consiste em ação objetiva e por tal razão a ela não se defere a prerrogativa processual do prazo em dobro” (pgs. 05/06). 05. Litigância de Má-Fé “O ato atentatório à dignidade da justiça, previsto no CPC/1973 nos arts. 14 a 17 e 601, vem agora previsto no art. 77, I a VI, e a litigância de má-fé está prevista nos arts. 79 a 81. Ambas as circunstâncias revelam modalidades de dolo processual (descumprimento de decisões judiciais, desatendimento de ordens, inovações no estado de fato ou direito litigioso, fraude etc)” (pg. 06). 06. Incidente de desconsideração da personalidade jurídica (arts. 133/137) “A desconsideração da personalidade jurídica já está prevista no art. 50 do Código Civil (CC) de 2002 e é aplicada nos casos de abuso de personalidade, em que ocorre desvio de finalidade ou confusão patrimonial (...) Com o novo CPC, a agressão do patrimônio do sócio da pessoa jurídica deverá se consumar no bojo do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, que comporta contraditório, ampla defesa e instrução probatória, se necessária” (pg. 07). “Igualmente a relevância do tratamento desse tema decorre das inúmeras previsões do instituto da desconsideração da personalidade jurídica no ordenamento pátrio (art. 50 do CC, art. 28 do CDC, art. 4o da Lei n. 9605/1998, art. 18 da Lei Antitruste, além da legislação trabalhista, tributária e previdenciária)” (pg. 07). 07. Processo de Conhecimento “A possibilidade de desmembramento do julgamento de mérito, propiciando o adiantamento da solução, por sentença, de uma parte do pedido, de parte não contestada do pedido ou nas hipóteses em que a parte do pedido se revista dos requisitos do julgamento imediato da lide (art. 355), prosseguindo o processo em relação à outra parte (...)” (pg. 08). “Impugnação ao valor da causa, assistência gratuita e incompetência relativa serão feitas em preliminar na contestação (...) O pedido de assistência judiciária gratuita reveste-se de natureza material, como direito ao acesso à justiça” (pg. 08). “No mesmo vetor da racionalização do processo, a reconvenção, entendida como a ação conexa (ou seja, ligada a ação principal pelo elo da mesma causa de pedir) que o réu promove em face do autor, será elaborada em pedido contraposto, não necessitando mais que seja apresentada em petição autônoma (art. 343)” (pg. 08). “Dita o novo CPC que se considera carente de motivação a decisão que simplesmente repete a lei, sem que indique, expressamente, os fatos (ou as razões de direito) que determinam a submissão à norma enunciada. Apesar da constitucionalização do dever de motivar (art. 93, IX, da CF), a inovação da norma processual contida no § 1o do art. 489 é digna de destaque para dar a correta dimensão da fundamentação adequada das decisões judiciais (...)a norma pode conter conceitos vagos ou indeterminados, os quais devem ser definidos e analiticamente expostos pelo magistrado, a fundamentar a sua opção decisória.”. (pgs. 08/09). 08. As Demandas Contra a Fazenda Pública “Um aspecto inovador do novo CPC foi a pacificação de um prazo geral para a Fazenda se manifestar nos processos judiciais, revogando o prazo em quádruplo para contestar. Portanto, a Fazenda gozará de prazo em dobro para contestar, recorrer e, em geral, se manifestar nos autos (art. 183) (pg. 09). “O cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública será realizado mediante a intimação, na pessoa de seu procurador (carga, remessa ou meio eletrônico), para em 30 dias oferecer impugnação (arts. 534/535). Todavia, por dicção constitucional, em se tratando de execução para cumprimento de sentença que condena a obrigação de pagar quantia certa, o pagamento continua sendo pela via de precatório (art. 100 da CF c/c 535, I)” (pg. 09). 09. Os Recursos “Os recursos, com exceção dos embargos de declaração, tiveram seus prazos de interposição unificados para 15 dias e a regra é o efeito devolutivo” (pg. 09). “O recurso de apelação (arts. 1.009 a 1.014), as alterações substanciais residem no fato de que a admissibilidade será feita pelo tribunal, não obstante seja o recurso encaminhado inicialmente ao juiz a quo, que o encaminhará ao tribunal, independentemente de admissibilidade (...)” (pg. 09). “O agravo de instrumento contém rol explícito de decisões agraváveis e não cabe contra todas as interlocutórias que vierem a ser proferidas.Portanto, não há previsão do cabimento do agravo na forma retida, cabendo agravo de instrumento apenas quando diante das hipóteses taxativamente previstas no art. 1016 (...) Quanto à instrução do agravo de instrumento, as peças obrigatórias estão descritas no art. 1017, a saber: petição inicial, contestação, petição que ensejou a decisão agravada, certidão de intimação ou outro documento que comprove a tempestividade, procurações dos advogados do agravante e agravado. A inovação é que se admite a emenda na hipótese de falta de peça obrigatória (o relator deverá aplicar o art. 932, parágrafo único c/c 1.017, § 4o) e, em se tratando de processo digital, dispensa-se a juntada dos documentos obrigatórios.” (pgs. 09/10). “O incidente de resolução de demandas repetitivas (arts. 976 a 987), festejado como representante da tendência à uniformização da jurisprudência16, encontra como legitimados ao pedido de instauração do incidente o juiz ou relator, as partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública (...)A competência para admitir, processar e julgar o incidente é do plenário do tribunal ou, onde houver, de seu órgão especial” (pg. 10). “Julgado o incidente em comento, a matéria jurídica firmada será aplicada em todas as demais ações, individuais ou coletivas, que versem sobre a mesma questão de direito e tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, e servirá como paradigma para processos futuros, reconhecendo- se, assim, o seu efeito prospectivo” (pg. 10). 10. Conclusão “Certo é que o novo ordenamento buscou a racionalização do diploma, com a diminuição de fases processuais e a maior celeridade da prestação jurisdicional (...) A expressão política pública é usada para designar, por vezes, o cumprimento de atos administrativos plenamente vinculados ou, então, para se restringir aos Poderes Executivo e Legislativo. Todavia, política pública deve ser entendida como as ações estatais voltadas a tornar concreta a atuação dos conteúdos normativos constitucionais que expressam as decisões políticas, não sendo exclusiva de um poder ou outro” (pgs. 10/11). Comentários da aluna: O novo código renova essa aproximação do processo civil à constituição e a seus princípios constitucionais norteadores. As inovações são uma forma de preservar esses princípios, como devido processual legal, economicidade processual, acesso à justiça, etc, assim, garantindo os direitos fundamentais daqueles que buscam à justiça, privilegiando o direito material em detrimento de sua forma. O Novo Código também passa a ser norteador para o Processo Constitucional, havendo também, uma constitucionalização de seus procedimentos, não havendo mais um isolamento do Processo Civil, mas uma cooperação, uma facilitação da forma positiva da lei, tentando quebrar a mania jurídica de criar sempre mais e mais artigos e legislações cruas, sem propósito genuíno de acrescentar à cooperação entre os diferentes processos de nossa Constituição.
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