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Direito Processual Civil - Verbo Jurídico - 2020- mpt

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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SUMÁRIO 
 
1. PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL ........................................................................................... 04 
2. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ................................................................................................ 11 
3. AÇÃO ...................................................................................................................................... 21 
4. SUJEITOS DO PROCESSO ........................................................................................................ 22 
5. PROCESSO (ATOS E FORMAÇÃO) .......................................................................................... 40 
6. TUTELA DE CONHECIMENTO ................................................................................................. 60 
7. TUTELA PROVISÓRIA .............................................................................................................. 61 
8. PROCEDIMENTO COMUM ..................................................................................................... 82 
9. SENTENÇA E COISA JULGADA .............................................................................................. 106 
10. PROCESSO NOS TRIBUNAIS ............................................................................................... 119 
11. LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ................................................................. 128 
12. RECURSOS .......................................................................................................................... 159 
13. EXECUÇÃO .......................................................................................................................... 188 
14. PROCESSO COLETIVO ......................................................................................................... 199 
 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL 
 
 
 
Os princípios fundamentais do processo assinalam a linha pela qual o ordenamento pro-
cessual civil definirá as diretrizes que nortearão a prestação da tutela jurisdicional, seja a partir 
das normas processuais ou na busca interpretativa de conhecer-lhes a finalidade. 
 
 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO OU DA COLABORAÇÃO (“COMUNI-
DADE DE TRABALHO”) 
Segundo esse princípio, o processo seria o produto da atividade cooperativa triangular 
(entre o juiz e as partes). 
 
A moderna concepção processual (no sentido de que o processo é um meio de interesse 
público na busca da justa aplicação do ordenamento jurídico no caso concreto) exige um juiz 
ativo no centro da controvérsia e a participação ativa das partes, por meio da efetivação do 
caráter isonômico entre os sujeitos do processo (órgão Jurisdicional como sujeito do diálogo 
processual e não mais como mero espectador). Busca o aprimoramento da decisão judicial – 
Integração do sistema (magistrado como agente colaborador). Trata-se de uma evolução do 
princípio do contraditório. A doutrina processual estabeleceu alguns deveres, que são recí-
procos, mas, até mesmo em caráter exemplar, devem ser efetivamente implementados pelo 
juiz na prática forense: 
Dever de cooperação das partes: 
a) dever de esclarecimento (petição inicial clara e coerente); 
b) dever de lealdade (as partes não podem litigar de má-fé); 
c) dever de proteção (a parte não pode causar dano injusto à parte contrária), etc. 
 
Dever do Órgão Jurisdicional: 
a) dever de lealdade (boa-fé e imparcialidade do juiz); 
b) dever de esclarecimento (esclarecer as dúvidas das partes, esclarecer pronun-
ciamentos, motivar, deixar claras as razões); 
c) dever de consulta (intimação das partes - contraditório); 
d) dever de prevenção (uso inadequado do processo), etc. 
 
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obte-
nha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
 
O princípio da cooperação impõe às partes o dever de informar e esclarecer o juízo so-
bre os fatos objeto do processo. 
 
 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
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O princípio do devido processo legal é considerado por muitos como um superprincípio, 
que dá origem a todos os outros de forma direta ou indireta, informando tanto o processo 
quanto o procedimento. Modernamente, inclusive, associa-se a noção de devido processo 
legal à de processo justo, ou seja, aquele que é regido pelo magistrado natural e competente, 
que possibilita o acesso à justiça, garante a ampla defesa, o contraditório, etc. 
 
Através dele, é garantido que para que o indivíduo possa sofrer uma alteração em seu 
patrimônio ou em seu estado, há a necessidade prévia do processo justo, de acordo com os 
ditames legais, garantindo às partes igualdade de tratamento. É direito fundamental do cida-
dão e pilar sustentador do Estado Democrático de Direito (o processo deve obedecer às nor-
mas previamente estipuladas em lei). 
 
Assim, o devido processo legal implica a observância de normas procedimentais prévias 
(legitima a jurisdição). Como exemplo, ao respeitar o procedimento está se cumprindo o devi-
do processo legal. 
 
Pela Constituição de 1988, fica assegurado pelo art. 5º, LIV, conferindo ao cidadão o di-
reito ao processo como uma garantia individual: 
Art. 5º (...) 
LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal. 
 
Por fim, há duas dimensões para o devido processo legal: 
Devido Processo Legal Formal ou Processual: guarda relação com o respeito às ga-
rantias processuais mínimas (como o contraditório, o juiz natural, a duração razoável 
do processo, etc). 
 
Devido Processo Legal Material ou Substancial: é uma forma de controle do conte-
údo das decisões. Se o processo tem seu trâmite garantido por impulso oficial até o 
provimento final com uma sentença ou acórdão, daí é de se concluir que há devido 
processo legal se esta decisão é devida/adequada, leia-se: proporcional e razoável. 
Analisa o mérito e pertinência do conteúdo da decisão judicial (utilizado pelo STF na 
declaração de inconstitucionalidade de leis). 
 
 PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OU DA RECORRIBILI-
DADE 
A decisão judicial é suscetível de ser revista por um grau superior de jurisdição. O princí-
pio da recorribilidade pressupõe a dualidade de instâncias ou o duplo grau de jurisdição. 
 
IMPORTANTE: não há previsão explícita na Constituição Federal. Contudo, esse princí-
pio faz parte da ordem constitucional processual, pois o STF possui precedente no sentido de 
reconhecer a integração do duplo grau de jurisdição ao sistema pátrio de direitos e garantias 
fundamentais a partir do art. 8º, 2, h, do Pacto de San José da Costa Rica, incorporado ao or-
denamento por força do art. 5º, §2º, CF. 
Art. 8º Garantias judiciais (...) 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência en-
quanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa 
tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: (...) 
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h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. 
 
Art. 5º (...) 
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros de-
correntes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
Mesmo assim, o nosso sistema permite decisões irrecorríveis, a exemplo do art. 34 da 
Lei de Execução Fiscal, que não admite apelação das sentenças em execução de valor igualou 
inferior a 50 OTNs (constitucionalidade reconhecida pelo STF). 
 
 PRINCÍPIO DISPOSITIVO OU DA DEMANDA 
De acordo com o princípio dispositivo, o juiz deve julgar a causa com base nos fatos ale-
gados e provados pelas partes, sendo-lhe vedada a busca de fatos não alegados e cuja prova 
não tenha sido postulada pelas partes. As partes têm plena liberdade de limitar a atuação do 
juiz aos fatos e aos pedidos que elas entendem necessários para compor a lide. 
 
Atualmente, este princípio não se encontra na legislação processual em sua forma clás-
sica, mas sim sob a visão do princípio inquisitório/inquisitivo que diz respeito a liberdade de 
iniciativa conferida ao juiz. Hoje aplicável nas questões de ordem pública. 
 
A publicização do processo e o desenvolvimento do direito processual retirou do princí-
pio dispositivo a liberdade de limitar a atuação do juiz em relação à prova. Neste sentido, a 
parte possui plena iniciativa em limitar os fatos e pedidos, enfim, em deduzir a sua pretensão 
nos limites estabelecidos. 
 
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe ve-
dado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito à lei exige iniciativa da 
parte. 
 
Art. 2º. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso ofi-
cial, 
salvo as exceções previstas em lei. (Exceções essas previstas nos art. 738 e 744 do 
CPC). 
 
Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja co-
marca ti- ver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos res-
pectivos bens. 
 
Art. 744. Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz mandará arreca-
dar os bens do ausente e nomear-lhes-á curador na forma estabelecida na Seção 
VI, observando-se o disposto em lei. 
 
Entretanto, embora consagrado no CPC o princípio dispositivo, uma vez deduzida a pre-
tensão em juízo, existe outro interesse de natureza pública e que consiste na preocupação da 
composição do litígio, consoante o direito material vigente. Assim, no que se refere à prova, a 
iniciativa, via de regra, continua sendo da parte calcada no princípio dispositivo. Entretanto, 
poderá o juiz, com base no princípio inquisitivo – livre investigação e da autoridade do Poder 
Judiciário, determinar a produção de provas, mesmo contra a vontade das partes. É o cha-
mado livre convencimento motivado (valoração racional da prova). 
 
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Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as pro-
vas necessárias ao julgamento do mérito. 
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis 
ou meramente protelatórias. 
 
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do su-
jeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu 
convencimento. 
 
 
 INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO E PROMOÇÃO DA AUTO-
COMPOSIÇÃO 
O art. 3º, caput, do novo Código de Processo Civil traz a consagração, em nível infra-
constitucional, do princípio da inafastabilidade do controle Jurisdicional, segundo o qual ne-
nhuma lesão ou ameaça de lesão a direito será afastada da apreciação do controle jurisdi-
cional. Dito princípio encontra consagração constitucional no art. 5º, XXXV, CF, sendo o fun-
damento constitucional do direito de ação. É um direito à tutela adequada e efetiva. 
 
Os §§ 2º e 3º do art. 3º tratam dos meios de composição consensuais. Há uma determi-
nação de que sempre que possível os conflitos sejam resolvidos de forma consensual (estrutu-
ração do CPC tendente à conciliação, estímulo à autocomposição). 
 
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de confli-
tos de- verão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e mem-
bros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
 
No entendimento de Luiz Guilherme Marinoni: 
“O novo Código tem como compromisso promover a solução consensual do 
litígio, sendo uma das suas marcas a viabilização de significativa abertura 
para a autonomia privada das partes – o que se manifesta não só no estí-
mulo a que o resultado do processo seja fruto de um consenso das partes 
(art. 3º, §§ 2º e 3º, CPC), mas também na possibilidade de estruturação con-
tratual de determinados aspectos do processo (negócios processuais, art. 
190, CPC, e calendário processual, art. 191, CPC)”. 
 
 
Negociação Processual: trata-se de verdadeiro negócio jurídico por meio do qual, nos 
limites da autonomia privada, podem as partes, antes ou durante o processo, prever altera-
ções no procedimento, bem como convencionar sobre os ônus, poderes, faculdades e deveres 
processuais. Ainda, o negócio jurídico celebrado entre as partes deve de ser chancelado pelo 
juiz a quem cabe controlar a sua validade. 
 
O acordo só é possível nos processos sobre direitos que admitam autocomposição, ex-
cluindo-se, assim, a possibilidade de ele vir a ser celebrado em detrimento de normas de or-
dem pública. 
 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é líci-
to às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-
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lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, facul-
dades e deveres processuais, antes ou durante o processo. 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das con-
venções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nu-
lidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se 
encontre em manifesta situação de vulnerabilidade. 
 
 
Calendário Processual: o juiz e as partes poderão fixar calendário para a prática dos atos 
processuais, de modo que os prazos nele previstos somente poderão ser modificados em casos 
excepcionais e devidamente justificados. 
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática 
dos atos processuais, quando for o caso. 
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente se-
rão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados. 
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a reali-
zação de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário. 
 
 
 RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO E PRIMAZIA DO MÉRITO 
Em seu art. 4º, o Novo CPC consagra o princípio da razoável duração do processo, ao a-
firmar que as partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, inclu-
ída a atividade satisfativa. Ainda, as regras processuais que regem o processo civil brasileiro 
devem balizar-se pela preferência da análise ou do julgamento do mérito. 
Art. 4º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do 
mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
Art. 1.029. (...) 
§ 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá descon-
siderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que 
não o repute grave. 
 
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder 
à parte oportunidade para, se possível, corrigir o vício. 
 
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for fa-
vorável à parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 
485. 
 
Art. 932. (...) 
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o 
prazo de 5 (cinco)dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada 
a documentação exigível. 
 
 
 PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO 
O princípio da ampla defesa garante que o cidadão tenha plena liberdade de, em defesa 
de seus interesses, alegar fatos e propor provas. 
 
Art. 5º (...) 
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LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela ine- 
rentes. 
 
Não só se garante o direito de se manifestar sobre os fatos alegados pela parte contrária 
e sobre os provimentos relevantes no curso do processo, como também se garante que, para 
isso, o indivíduo possa se valer do direito amplo de demonstrar suas versões sobre os fatos. Ou 
seja, para demonstrar a veracidade de suas alegações o indivíduo tem a sua disposição todos 
os meios lícitos admitidos em Direito, não podendo receber restrições quanto ao tipo de prova 
que deverá produzir, salvo ressalva legal. No entanto, esse princípio sofre mitigações no pró-
prio texto constitucional, quando se impede a produção de provas obtidas por meios ilícitos, 
por exemplo. 
 
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de 
direi- tos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à 
aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditó-
rio. 
 
Ampla é a defesa que é produzida pelos meios e elementos totais de alegações e provas 
no tempo processual oportunizado pela lei. Assim, temos preclusão temporal como um impor-
tante elemento a balizar os limites da ampla defesa. 
 
No tocante ao contraditório, é a ciência bilateral dos atos e termos processuais e possi-
bilidade de contrariá-los com alegações e provas. 
 
O princípio da ampla defesa é tido como consequência do contraditório. Ninguém po-
de obrigar o cidadão a responder às alegações da outra parte, mas também nada e ninguém 
pode impedi-lo de se defender. 
 
O princípio do contraditório constitui-se elemento essencial no processo. É a igualdade 
de ambas as partes da lide. É a necessidade de ouvir a pessoa perante a qual será proferida a 
decisão, garantindo-lhe pleno direito de defesa e de pronunciamento durante todo o curso do 
processo. Nenhum processo ou procedimento pode ser disciplinado sem assegurar às partes a 
regra de isonomia no exercício das faculdades processuais. 
 
Importante: pelo deferimento de medida liminar inaudita altera parte, não se nega o 
contraditório, mas apenas protela um pouco o momento de seu exercício. 
 
Em suma, a solução definitiva da causa somente será alcançada após o completo exercí-
cio do contraditório e ampla defesa por ambos litigantes. 
 
O art. 72, CPC, é expresso ao irradiar a ampla defesa e o contraditório. Ocorre que refe-
rido inciso dispõe acerca da determinação dada ao juiz para que ao revel citado por edital ou 
com hora certa, seja nomeado curador especial. Assim, com base na ampla defesa, somente 
haverá necessidade de o juiz nomear curador especial, se o réu que tiver sido citado fictamen-
te (por edital ou com hora certa) tornar-se revel, deixando de comparecer ao processo e não 
apresentando contestação. 
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: 
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com 
os daquele, enquanto durar a incapacidade; 
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, 
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enquanto não for constituído advogado. 
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos ter-
mos da lei. 
 
Súmula 196, STJ. Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permane-
cer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de 
embargos. 
 
Quando o revel é citado por edital ou com hora certa, modalidades de citação ficta, o 
Código de Processo Civil exige que àquele seja dado curador especial (art. 72), a quem não se 
aplica o ônus da impugnação especifica. 
 
 PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL 
É o princípio pelo qual se permite a troca de um recurso por outro: o tribunal pode co-
nhecer do recurso erroneamente interposto. 
 
É possível aos tribunais corrigirem o engano na interposição de um recurso por outro, 
desde que haja dúvida objetiva sobre a espécie de recurso a ser interposto e não labore a 
parte em erro grosseiro ou má-fé. Por dúvida objetiva entende-se a divergência existente na 
doutrina e/ou jurisprudência sobre o recurso correto cabível contra determinado pronuncia-
mento judicial. 
 
A adoção do princípio da fungibilidade exige que sejam presentes: 
a) dúvida objetiva sobre qual o recurso a ser interposto; 
b) inexistência de erro grosseiro, que se dá quando se interpõe recurso errado 
quando o correto se encontre expressamente indicado na lei e sobre o qual não se 
opõe dúvida; 
c) que o recurso erroneamente interposto tenha sido agitado no prazo do que se 
pretende transformá-lo. 
 
Art. 1.024. (...) 
§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno 
se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intima-
ção do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recur- 
sais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º. 
 
Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso es-
pecial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) di-
as para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifes-
te sobre a questão constitucional. 
Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o 
recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá de-
volvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça. 
 
Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Cons-
tituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpreta-
ção de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para 
julgamento como recurso especial. 
 
 
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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
 
 
 JURISDIÇÃO 
A Jurisdição pode ser caracterizada como o Poder de di-
zer o Direito. Em verdade, em nível doutrinário, várias teorias 
buscam conceituar a jurisdição, apresentando teses divergentes 
acerca do tema. Ocorre que, além de estar caracterizada como 
um poder, a jurisdição poderá ser entendida como uma função, 
uma atividade derivada diretamente da soberania estatal. 
 
Uma primeira teoria classifica a Jurisdição como atuação 
da vontade da Lei. É a chamada Teoria Objetiva. Para parte da doutrina, a jurisdição seria a 
função do Estado de fazer atuar a vontade da lei. A função de fazer atuar a vontade concreta 
do direito objetivo. Seria a aplicação do direito objetivo no caso concreto. Chiovenda afirma 
que a atuação da vontade da lei, no caso de jurisdição, se dará pela participação do juiz, típica 
jurisdição, atividade substitutiva. 
 
Muito bem conceituam esta tese os doutrinadores Antonio Carlos de Araujo Cintra, Ada 
Pelegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, a saber: 
“E assim, através do exercício da função jurisdicional, o que busca o Estado é 
fazer com que se atinjam, em cada caso concreto, os objetivos das normas 
de direito substancial. Em outras palavras, o escopo jurídico da jurisdição é a 
atuação (cumprimento, realização) das normas de direito substancial (direi-
to objetivo)”.
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De outra banda, alguns doutrinadores sustentam a teoria de que a Jurisdição é a fonteprodutora de Coisa Julgada. Adeptos a esta visão, Allorio, Liebman e Calamandrei. A crítica a 
esta teoria reside no fato de que não seria todo ato jurisdicional capaz de gerar coisa julgada, 
como a tutelar cautelar, os procedimentos de jurisdição voluntária, entre outros. 
 
Para uma terceira corrente, a Jurisdição é a função do Estado de justa composição da 
lide, visão sustentada por Carnelutti. Nesta linha, a jurisdição pressupõe um embate, a preten-
são resistida, a lide propriamente dita. Na clássica lição de Carnelutti – para a existência de lide 
ou litígio é necessário que ocorra “um conflito de interesses qualificado por uma pretensão 
resistida”. 
 
“A função jurisdicional só atua diante de casos concretos de conflitos de in-
teresses (lide ou litígio) e sempre na dependência da invocação dos interes-
sados, por que são devedores primários destes à ordem jurídica e a aplicação 
voluntária de suas normas nos negócios jurídicos praticados”.
2
 
 
 
1 CINTRA, Antonio Carlos de Araujo. GRINOVER, Ada Pellegrini. DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo, 24ª 
edição, Editora Malheiros, p. 149. 
2 JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil, Volume I, Editora Forense, p. 39. 
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Importa colacionar a visão de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery3 que a-
firmam que “embora seja atividade típica do Poder Judiciário, a jurisdição pode, excepcional-
mente, ser exercida pelo Poder Legislativo”, nos termos do art. 52, I e II, CF, quando da compe-
tência do Senado Federal para o julgamento do Presidente e do Vice-Presidente nos crimes de 
responsabilidade. Seria uma excepcional função jurisdicional afeta ao Poder Legislativo. 
 
Nos primórdios do desenvolvimento social, a justiça de mão própria, a vingança privada, 
a denominada “autotutela”, caracterizava-se como o meio de solução de conflitos de interes-
se. Com o desenvolvimento do conceito de Estado e a atração de diversos monopólios para 
este, a soberania estatal atraiu para si o monopólio da criação, aplicação e interpretação do 
direito. Desta feita, com a vedação da autotutela, surge o conceito da tutela jurisdicional, “o 
poder de dizer o direito com definitividade em substituição à vontade das partes”, própria da 
soberania estatal. 
 
Cumpre salientar que com a atração deste monopólio da tutela jurisdicional, o Estado 
nem sempre foi eficiente na solução dos conflitos, em razão de sua morosidade. Nesta linha, 
começou, nos últimos anos, um incentivo muito grande aos chamados mecanismos de auto-
composição, com a aproximação das partes, objetivando a solução dos conflitos de uma ma-
neira célere e efetiva, inserindo-se a mediação como uma de suas principais técnicas. 
 
Neste diapasão, de igual forma, surge a arbitragem, apresentando na doutrina grande 
divergência acerca de sua natureza jurisdicional. A arbitragem é regulamentada pela Lei Fede-
ral 9.307/96. O principal questionamento reside no ponto de ter a arbitragem natureza juris-
dicional ou contratual – cláusula compromissória e compromisso arbitral. Para uma teoria, a 
arbitragem é jurisdição, exercida por particulares com a autorização do Estado. Para outra 
tese, a arbitragem não é jurisdição, uma vez que pode ocorrer controle por parte do Poder 
Judiciário, por exemplo, na hipótese de nulidade da sentença arbitral, bem como a execução 
forçada, de igual forma, necessitaria da participação do Poder Judiciário. A jurisdição somente 
poderia ser exercida por pessoa investida na autoridade de juiz – juiz natural –, sendo a jurisdi-
ção indelegável. Predomina em nosso sistema jurídico a natureza contratual da arbitragem, 
seria, portanto, um equivalente jurisdicional. 
 
 CARACTERÍSTICAS 
Podem ser citadas como características da jurisdição, além da chamada unidade ou uni-
cidade do poder jurisdicional, outras virtudes que acabam por delinear o caminho da jurisdi-
ção, senão vejamos: 
 
 INÉRCIA 
A jurisdição é inerte e necessita ser provocada. A prestação jurisdicional é efetiva so-
mente quando solicitada. Nesta linha, a jurisdição necessita ser ‘provocada’, sendo do cida-
dão, e não do juiz, a iniciativa de movimentar ou não movimentar o Poder Judiciário. 
 
Exceção a ser considerada: 
Art. 738, CPC (herança jacente - o juiz procederá) 
Art. 744, CPC (arrecadação de bens do ausente - o juiz mandará) 
 
 
3 JUNIOR, Nelson Nery. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de Processo Civil Comentado e Legislação Extravagante, 11ª edição, 
p. 176. 
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Esta inércia derivando no princípio da congruência restou solidificada no Novo Código 
de Processo Civil que assim preceitua: 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso ofi-
cial, salvo as exceções previstas em lei. 
 
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe ve-
dado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da 
parte. 
 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem co-
mo condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi 
demandado. 
 
Desta feita, a atuação do juiz fica limitada pela iniciativa da parte – aos pedidos formu-
lados pela parte. Importante ressaltar que a composição entre as partes poderá ocorrer sem 
a provocação do Poder Judiciário, fato próprio das relações contratuais e negócios jurídicos. 
 
O Código de Processo Civil de 2015 insere no sistema uma “política pública de solução 
de conflitos”, ao fomentar a conciliação, a mediação e a autocomoposição, vejamos: 
Art. 3º (...) 
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 
Política Pública de Solução de Conflitos 
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de confli-
tos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros 
do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
(...) 
III - homologar: 
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na recon-
venção; 
b) a transação; 
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
 
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, assim referem: 
“O novo Código tem como compromisso promover a solução consensual do 
litígio, sendo uma das suas marcas a viabilização de significativa abertura 
para a autonomia privada das partes – o que se manifesta não só no estímu-
lo a que o resultado do processo seja fruto de um consenso das partes (art. 
3º, §§ 2º e 3º, CPC), mas também na possibilidade de estruturação contra-
tual de determinados aspectos do processo (negócios processuais, art. 190, 
CPC, e calendário processual, art. 191, CPC)”.
4
 
 
 
 SECUNDÁRIA E SUBSTITUTIVA 
A jurisdição não é originária, não é original, mas secundária. Atua em um segundo mo-
mento, diante de casos concretos de conflitos de interesses. Nesta linha, impõe ao autor o 
dever de provar o seu interesse de agir, a necessidade e utilidade de recorrer ao Poder Judi-
 
4 MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil Comentado, Revista dos 
Tribunais, p. 96-97. 
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ciário. Neste mesmo sentido, diz-se a jurisdição como substitutiva, pois estaria substituindo a 
vontade das partes e aplicando no caso concretoa vontade da lei. 
 
CPC/15 
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sen-
tença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá 
todos os efeitos da declaração não emitida. 
 
Por fim, algumas outras características seriam agregadas à jurisdição, tais como indivisi-
bilidade, indelegabilidade, declaratória de direitos, imparcialidade, entre outras, que funda-
mentam o conceito doutrinário de jurisdição. Ressalte-se que, pela letra da lei, não há concei-
tuação e sequer elenco de características postos no Código de Processo Civil. 
 
 MODALIDADES DE JURISDIÇÃO 
A Jurisdição Voluntária está prevista nos arts. 719 a 770, CPC. Pela teoria clássica (do-
minante), na jurisdição voluntária, o juiz realiza a gestão pública de interesses privados. Não há 
lide, mas negócio jurídico processual que necessita a chancela do Estado por meio de sua ju-
risdição. Torna eficaz o negócio desejado pelos interessados, sendo correta a denominação de 
‘procedimento de jurisdição voluntária’. Ex.: nomeação de tutores, nas alienações de bens de 
incapazes, entres outros. 
 
Na Jurisdição Contenciosa a atividade é jurisdicional, há a presença de lide (controverti-
do), chama-se de processo, há a presença de partes, produz coisa julgada e tem como critério 
de julgamento a legalidade. 
 
 COMPETÊNCIA 
O conceito de competência está diretamente relacionado com o conceito de jurisdição. 
Ovídio Baptista e Fábio Luiz Gomes assinalam que 
“Costuma-se dizer, para definir a competência, que a jurisdição é o poder de 
julgar, conferido aos juízes e Tribunais, e que a competência é a medida da 
jurisdição, vale dizer, a porção dela atribuída pela lei a cada magistrado, ou 
aos Tribunais colegiadas, ou a porções fracionárias destes, para apreciar e 
julgar determinada causa”.
5
 
 
A competência é a divisão do poder jurisdicional. As 
regras de competência visam distribuir esse poder entre os 
órgãos jurisdicionais. 
 
 FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
Segundo o art. 43, CPC, a competência é fixada na data 
da propositura da ação (distribuição da petição inicial): 
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da 
petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito 
 
5 SILVA, Ovídio Araújo Baptista da; Gomes, Fábio Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. p. 83. (Referindo-se a Mattirolo, J.I. Ramalho, 
Manuel Pelaez Del Rosal e Athos Gusmão Carneiro). 
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ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a 
competência absoluta. 
 
Portanto, é observado o domicílio do réu no dia da distribuição para fins de 
competência territorial. 
 
 CLASSIFICAÇÃO DAS REGRAS DE COMPETÊNCIA 
Conforme o novo Código de Processo Civil a regra geral da competência segue sendo o 
domicílio do réu: 
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis 
será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. (...) 
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residên-
cia ou no do lugar onde for encontrado. 
 
 
 COMPETÊNCIA INTERNA/COMPETÊNCIA INTERNACIONAL 
Trata-se na verdade de conflito de jurisdição, pois define se a causa deve ser julgada por 
um juiz brasileiro ou por um juiz estrangeiro. 
 
 COMPETÊNCIA CONCORRENTE DA JUSTIÇA BRASILEIRA 
Nestes casos, o juiz brasileiro é competente, porém não há a exclusão da possibilidade 
de demanda idêntica tramitar em outro país. 
 
As hipóteses de competência brasileira concorrente estão previstas nos arts. 21 e 22, 
CPC. São as seguintes: 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em 
que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. Parágrafo único. 
Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurí-
dica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal. 
 
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as a-
ções: 
I - de alimentos, quando: 
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil; 
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, rece-
bimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos; 
 II - decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou 
residência no Brasil; 
III - em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacio-
nal 
 
No âmbito da competência comum ou concorrente, para que tenha eficácia na ordem 
jurídica interna, a sentença deverá ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, con-
forme art. 105, I, i, CF. Os critérios para a homologação estão previstos no art. 963, CPC, e no 
Regimento Interno do STJ do art. 216-A ao art. 216-X. 
 
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Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão: 
 I - ser proferida por autoridade competente; 
II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; 
III - ser eficaz no país em que foi proferida; 
 IV - não ofender a coisa julgada brasileira; 
V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista 
em tratado; 
VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública. 
 
 
 COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA JUSTIÇA BRASILEIRA E COOPERAÇÃO 
INTERNACIONAL 
Nestes casos, apenas o juiz brasileiro é competente e, nas hipóteses de competência 
exclusiva, não será possível a homologação de sentença estrangeira perante o Superior 
Tribunal de Justiça. 
 
Os casos de competência brasileira exclusiva estão elencados no art. 23, CPC, e são os 
seguintes: 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer ou-
tra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento 
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor 
da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território 
nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à parti-
lha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira 
ou tenha domicílio fora do território nacional. 
 
Importante ressaltar a ausência de eficácia da litispendência nestes casos, conforme 
preceitua o art. 24, CPC6. Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero7, 
assim referem: 
“1. Ineficácia da Coisa Julgada Estrangeira. Ainda que já tenha transitado 
em julgado a decisão estrangeira, não tem o juiz brasileiro de extinguir o 
processo em que tem curso a causa lá decidida, porque a coisa julgada es-
trangeira só é eficaz no Brasil depois de homologada pelo Superior Tribunal 
de Justiça (art. 105, I, i, CF c/c arts. 961, CPC e 4º, Resolução 09, de 2005, 
STJ). Se, enquanto pendente o pedido de homologação, transita em julgado 
a decisão brasileira, o processo de homologação tem de ser extinto sem re-
solução do mérito, haja vista a existência de coisa julgada (art. 963, IV, CPC). 
Ao contrário, homologada a decisão estrangeira pelo Superior Tribunal de 
Justiça e pendente processo no Brasil sobre a mesma causa, tem o juiz brasi-
leiro de extingui-lo sem resolução de mérito em face da existência de coisa 
julgada (art. 485, V, CPC).” 
 
 
6 Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induzlitispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira 
conheça da mesma causa e das que lhe são conexas, ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos 
bilaterais em vigor no Brasil. 
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial estrangeira 
quando exigida para produzir efeitos no Brasil. 
7 IN “Novo Código de Processo Civil Comentado”, Revista dos Tribunais, p. 125 
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Ainda, é preciso referir, conforme indicado no art. 25, CPC8, que a cláusula de eleição de 
foro internacional: 
“É admissível, desde que não se trate de ‘competência internacional exclusi-
va’. Para que surta efeito no Brasil, afastando a jurisdição brasileira, nas hi-
póteses em que cabível, além de sua regularidade formal (observadas as 
prescrições da legislação aplicável), é preciso que o interessado manifeste, 
na contestação (sob pena de preclusão) o interesse em excluir a jurisdição 
brasileira, invocando o pacto celebrado. Do contrário, torna-se ineficaz a 
cláusula de eleição de foro e a jurisdição nacional passa a ser competente 
para a controvérsia.”
9
 
 
 
 COMPETÊNCIA INTERNA 
Podemos referir a competência interna a partir dos seguintes critérios: competência 
material (ou em razão da matéria); competência em razão do valor; competência funcional; e 
competência territorial. 
 
 COMPETÊNCIA MATERIAL 
Neste caso, o critério de definição de competência é tido com base na temática jurídica 
que envolve a ação. 
 
 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR 
Os juizados especiais estaduais têm competência para julgar as causas de valor inferior 
ou igual a 40 salários mínimos, tendo essa regra caráter relativo, ficando a critério do autor se 
prefere que a ação tramite no juizado especial ou em uma vara comum. Entretanto, nos 
juizados especiais federais e nos juizados especiais da fazenda pública estadual e municipal, a 
competência é absoluta para as causas com valor inferior ou igual 60 salários mínimos, 
exceto as ações que discutem a respeito de bens imóveis da União (Lei 10.259/01). 
 
 COMPETÊNCIA FUNCIONAL 
A competência funcional caracteriza-se pela competência que juízes e tribunais possu-
em dentro do mesmo processo. Por exemplo, a competência recursal, via de regra, pertence 
aos tribunais. 
 
 COMPETÊNCIA TERRITORIAL 
O critério de competência territorial indica que, via de regra, as ações devem ser 
propostas no foro do domicílio do réu. Essa regra tem caráter relativo, podendo ser alterada 
pelas partes. 
 
Nas ações contra a União, por exemplo o foro pode ser do autor, do Distrito Federal, 
local do ato ou fato, ou situação do bem imóvel, a critério do autor. Quando se tratar de ações 
 
8 Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o processamento e o julgamento da ação quando houver cláusula de 
eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato internacional, arguida pelo réu na contestação. 
§ 1º Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo. 
§ 2º Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1º a 4º. 
9 Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, “Novo Código de Processo Civil Comentado”, Revista dos 
Tribunais, p. 125. 
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reais imobiliárias, o foro competente é o da situação do bem imóvel, sendo essa regra de 
caráter absoluto 
 
 PERPETUATIO JURISDICIONIS 
Importante ressaltar que no novo Código perpetua o princípio da perpetuatio 
jurisdictionis, já que a redação do art. 43, CPC, mantém a determinação de que após a fixação 
da competência são irrelevantes as alterações de fato e de direito. 
 
Conforme Nelson Nery Junior, 
“A norma institui a regra da perpetuação da competência (perpetuatio 
iurisdictionis), com a finalidade de proteger a parte (autor ou réu), no 
sentido de evitar a mudança do lugar do processo toda vez que houver 
modificações supervenientes, de fato ou de direito, que pudessem, em tese, 
alterar a competência. Estas modificações são irrelevantes para a 
determinação da competência, que é fixada quando da propositura da ação. 
Só incide a regra se o juízo for competente, pois não há estabilização da 
competência em juízo incompetente.”
10
 
 
 
 COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA 
 NOÇÕES GERAIS 
A competência absoluta diz respeito às regras de ordem pública e não pode ser alterada 
por vontade das partes, já a competência relativa diz respeito às regras particulares, podendo, 
portanto, ser alterada pelas partes. 
 
Conforme preceituam os arts. 62 e 63, CPC, a competência em razão da matéria será 
sempre absoluta. Já a competência em razão do valor e do território é relativa: 
Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa ou da função 
é inderrogável por convenção das partes. 
 
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do territó-
rio, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações 
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e a-
ludir expressamente a determinado negócio jurídico. 
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada 
ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro 
de domicílio do réu. 
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na 
contestação, sob pena de preclusão. 
 
 
 CARACTERÍSTICAS E EFEITOS DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELA-
TIVA 
 INCOMPETÊNCIA RELATIVA 
 
10 NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código de processo civil comentado e legislação extravagante. 7 ed. São 
Paulo: RT, 2003. 
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Se no antigo CPC, o instrumento processual para alegar a incompetência relativa era a 
exceção de incompetência, no novo Código de Processo Civil tanto esta quanto a 
incompetência absoluta deverão ser alegadas como questão preliminar de contestação. 
 
Importante ressaltar que prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a in-
competência em preliminar de contestação. Ainda, poderá o Ministério Público nas causas em 
que atuar alegar incompetência relativa. 
 
 INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA 
A incompetência absoluta será alegada em preliminar de contestação (art. 64, CPC), 
podendo ser trazida a qualquer tempo ou grau de jurisdição e deve ser conhecida de ofício 
pelo juiz (art. 64, §1º). 
 
Reconhecida a incompetência absoluta, os autos serão remetidos ao juízo competente e 
salvo decisão judicial em sentido contrário, os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompe-
tente serão conservados, até que outra decisão seja proferida, se for o caso, pelo juízo compe-
tente. 
 
 MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA 
 NOÇÕES GERAIS 
Ocorre a modificação de competência quando um Juízo incompetente, a princípio, passa 
a ser competente para processar e julgar a demanda. 
 
 CONEXÃO 
Duas ou mais ações são consideradas conexas quando o pedido ou a causa de pedir, 
elementos individualizadores da demanda (ao lado do elemento partes), forem idênticos. 
 
Nesse sentido: 
“assim sendo, exceto nos casos em que já houver sido prolatado sentença, os 
feitos serão reunidos para prolação de decisão conjunta. Visa-se, dentre 
outros, obter-se unidade de convicção acerca das ações conexas, valor 
destacado pelo NCPC que, inclusive, a despeito da inexistência de conexão 
em sentido estrito entre certasdemandas (‘que possam gerar risco de 
prolação de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos 
separadamente’) para julgamento conjunto.”
11
 
 
Importante ressaltar, conforme sumulado pelo STJ, que “A conexão não determina a 
reunião dos processos, se um deles já foi julgado” (Súmula 235). Ainda, convém referir que 
Fredie Didier Jr., assim comenta: 
“O §3º do art. 55 do CPC traz outra hipótese de conexão, mais aberta e, por 
isso, mais flexível. A abertura do enunciado normativo parece atender a 
antiga e generalizada reclamação doutrinária, que apontava a insuficiência, 
 
11 MACEDO, Adeilson. Competência no Novo CPC. Disponível em: < 
https://adeilson1.jusbrasil.com.br/artigos/566670522/competencia-no-ncpc?ref=serp> Acesso em: 07 de março de 2019. 
https://adeilson1.jusbrasil.com.br/artigos/566670522/competencia-no-ncpc?ref=serp
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no particular, do CPC-1973, que possuía apenas enunciado semelhante ao 
atual art. 55. Problema resolvido.”
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 CONTINÊNCIAS 
Há continência entre duas ou mais ações quando, face à identidade de partes e causa 
de pedir, mostra-se o pedido formulado numa delas sobreposto (“mais amplo”) ao formulado 
em outra. Ressalte-se que no novo Código de Processo Civil, quando houver continência e a 
ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação contida será 
proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as ações serão necessariamente 
reunidas. 
 
Neste sentido, Marinoni, Arenhardt e Mitidiero: 
“Reunião das Causas. Na continência, o código optou por dar tratamento in-
termediário, situado entre a conexão e a litispendência. Assim, se a ação 
continente (mais ampla) tiver sido deduzida anteriormente, a ação seguinte 
(contida), porque discute as mesmas questões já apresentadas na outra cau-
sa, deve ser extinta sem resolução do mérito. Se a primeira demanda pro-
posta é a contida (menos ampla), então aplica-se o regime da conexão, de-
vendo as causas ser reunidas perante o juiz prevento (art. 58, CPC)” “Obriga-
toriedade. Na continência, a reunião de causas, quando cabível, é obrigató-
ria. Excetua-se, porém, a hipótese em que uma das causas já foi julgada.”
13
 
 
Designa-se continente a demanda que possui o pedido mais amplo, ensejador da 
sobreposição que justifica o reconhecimento da continência. Denomina-se ação contida, por 
sua vez, aquela que, a despeito da identidade de partes e causa de pedir, possui pedido 
apenas parcial se comparado ao formulado em sede de ação continente. Quando a ação 
continente (pedido mais largo) houver sido proposta primeiro, a ação contida será, 
necessariamente, extinta sem resolução de mérito. Caso contrário, tendo a ação contida se 
iniciado anteriormente, impõe-se a reunião dos feitos. Trata-se, pois, de norma cogente, 
escapando ao juízo de conveniência dos julgadores envolvidos 
 
 FORO DE ELEIÇÃO 
As partes podem, de comum acordo, modificar a competência em razão do valor e do 
território, escolhendo o foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. Neste 
sentido, a eleição de foro só produzirá efeito quando constar de instrumento escrito e este 
aludir expressamente a determinado negócio jurídico. 
 
O Novo Código de Processo Civil pactua que o foro contratual eleito obriga os herdeiros 
e sucessores das partes. Importa ressaltar, ainda, que antes da citação, a cláusula de eleição de 
foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos 
autos ao juízo do foro de domicílio do réu. 
 
 PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
 
12 DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conheci-
mento. 19. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 201, p. 258 e 260. 
13 Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero. Novo Código de Processo Civil Comentado. Revista dos 
Tribunais, p. 143 
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A prorrogação de competência acontecerá quando o réu não alegar a incompetência 
relativa em preliminar de contestação, conforme estabelece o art. 65. CPC. 
 
Frise-se que, no caso de incompetência relativa, o Ministério Público poderá alegá-la nas 
causas em que estiver atuante. 
 
 
 
 
AÇÃO 
 
 
 
A ação provoca a prestação jurisdicional e atividade do órgão judicial. O exercício da 
ação não fica vinculado ao resultado do processo. O direito de ação é autônomo porque 
consiste em ser ele outro direito, distinto do direito material disputado entre os litigantes. 
 
Do monopólio da justiça decorrem: 
a) obrigação de prestar a tutela jurídica aos cidadãos; 
b) um verdadeiro e distinto direito subjetivo – o direito de ação – oponível ao Estado-
juiz – direito à jurisdição. 
 
Direito de Ação natureza pública  refere-se à atividade oficial do Estado. 
 
Conforme ensina Liebman: “A ação é, portanto, o direito subjetivo que consiste no poder 
de produzir o evento a que está condicionado o efetivo exercício da função jurisdicional. (...) A 
ação é um direito abstrato (direito à composição do litígio), que atua independentemente da 
existência ou inexistência do direito substancial que se pretende fazer reconhecido e 
executado.” 
 
 TEORIAS DA AÇÃO 
Teorias distintas tentaram explicar o significado de ação e, cada uma a sua maneira, 
contribuiu para o desenvolvimento do instituto. Analisa-se, abaixo, as principais: 
a) Teoria Civilista (ou Teoria Imanentista): Defendida por Savigny, a meados do 
século XIX. Para ele, a ação é o próprio direito material. Há aqui uma similitude entre 
o direito de ação e o direito material. 
 
b) Teoria Concreta da Ação: ter direito de ação, é ter direito a uma sentença 
favorável. É o direito concreto à tutela jurídica. Na ação improcedente não haveria 
direito de ação, pois o direito de ação só existiria pela sentença favorável. É direito 
autônomo e concreto. 
Ainda na teoria concreta filia-se a doutrina de Giuseppe Chiovenda, que tem a ação 
como direito potestativo. Para esta teoria, a ação é ter direito a uma sentença 
favorável dirigida em face do adversário fazendo atuar a vontade da lei. Segundo 
Chiovenda, somente é investido da ação aquele cuja demanda é acolhida. Portanto, a 
ação é um poder em face do adversário que depende de uma sentença favorável, 
isto é, que necessita de uma sentença que declare a vontade da lei, uma vez que é 
dela que serão projetados efeitos jurídicos. 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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c) Teoria Abstrata da Ação: autonomia do direito de ação em relação ao direito 
material. O direito de agir é autônomo e abstrato, pois independe do 
reconhecimento do direito matéria. Exercer ação é ter direito ao processo, a uma 
sentença. Ter direito a uma sentença de qualquer conteúdo. “O que obriga o réu a 
participar do processo é o direito de agir, que nada tem a ver com o direito material.” 
 
d) Teoria Eclética: mescla duas ideias, a teoria da ação como direito abstrato e a ação 
como direito abstrato. Ausente as condições da ação (possibilidade jurídica do 
pedido, interesse de agir e legitimidade ad causam), o processo é extinto sem 
julgamento do mérito, assim não haverá atividade jurisdicional, não haverá exercício 
do direito de ação, não haveria ‘ação’. Na ação julgada improcedente (mérito) há 
exercício do direito de ação, conforme Liebman: 
“Ausente uma destas condições, verifica-se o que, na exata expressão tradi-
cional, se qualifica de carência de ação e o juiz deve negar-sea prover sobre 
o mérito da demanda. Neste caso não haverá verdadeiro exercício da jurisdi-
ção.”
 14
 
 
 
 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
Os pressupostos são aquelas exigências legais sem cujo atendimento o processo, como 
relação jurídica, não se estabelece ou não se desenvolve validamente. E, em consequência, 
não atinge a sentença que deveria apreciar o mérito da causa. 
 
São, em suma, requisitos jurídicos para a validade da relação processual. Os pressupos-
tos, portanto, são dados reclamados para análise de viabilidade do exercício do direito de ação 
sob o ponto de vista estritamente processual. Os pressupostos, em suma, põem a ação em 
contato com o direito processual, e as condições de procedibilidade põem-na em relação com 
as regras do direito material. 
 
Inobservados, porém, os pressupostos processuais, a missão da atividade jurisdicional 
estará frustrada, pois ocorrerá a extinção prematura do processo, sem resolução de mérito ou 
composição do litígio. 
 
 
 
 
SUJEITOS DO PROCESSO 
 
 
 
 PARTES 
 REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA 
Conforme preceitua o art. 70, CPC, toda pessoa que se encontre no exercício de seus di-
reitos tem capacidade para estar em juízo. Caso a parte não tenha capacidade para estar em 
juízo, necessita ser representada ou assistida. 
 
 
14 Enrico Tullio Liebman, “L’azione nella teoria del processo civile”, Problemi del processo civile, Morano, s.d., p. 46-47 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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 CURADOR ESPECIAL 
O curador especial é um representante legal nomeado ao incapaz somente para 
determinado processo. Ou seja, não se deve confundir curador especial com curador 
(nomeado para representar o incapaz num processo de interdição). O curador especial, 
diferentemente do curador, não se torna representante legal para todo e qualquer ato da vida 
civil, tampouco para outros processos para os quais não foi nomeado. Trata-se de um curador 
“ad hoc” somente para o processo específico em que foi nomeado. 
 
Será nomeado curador especial nas seguintes hipóteses: 
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao: 
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com 
os daquele, enquanto durar a incapacidade; 
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, en-
quanto não for constituído advogado. 
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos 
termos da lei. 
 
Se o executado for citado por edital ou por hora certa, e permanecer revel, o curador 
especial nomeado terá legitimidade para apresentação de embargos, conforme súmula 196 do 
STJ, que assim prevê: 
Súmula 196, STJ. Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permane-
cer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de 
embargos. 
 
 
 SUCESSÃO PROCESSUAL 
A sucessão processual ocorre quando, voluntariamente e nos casos permitidos em lei, 
há a entrada de uma parte no processo no lugar de outra, a qual é excluída do processo. 
 
O art. 109, caput, CPC, prevê que a alienação do direito ou coisa litigiosa, no curso do 
processo, não altera a legitimidade das partes. Isso quer dizer que o alienante (que é parte no 
processo) passa a atuar no processo como substituto processual do adquirente, pois passa a 
defender em nome próprio o direito material alheio (do adquirente). 
 
O § 1º do art. 109, CPC, prevê que o adquirente ou o cessionário do direito ou coisa liti-
giosa somente poderá ingressar no lugar da parte se houver o consentimento da parte con-
trária e do alienante ou cedente. Nesse tocante, é importante ressaltar que, consoante en-
tendimento pacífico da doutrina, quando o adquirente entra no lugar do alienante, ocorre a 
sucessão processual (ingresso de alguém no lugar da parte do processo, excluindo-se esta). 
De outro lado, se a parte contrária não consentir, o adquirente ou o cessionário poderá in-
tervir no processo como assistente do alienante ou do cedente (§ 2º). Neste caso em que o 
alienante ou o cedente continuam no processo, passam a atuar em nome próprio defendendo 
direito alheio (do adquirente ou cessionário), razão pela qual passam a ser substitutos proces-
suais. 
 
Outro típico exemplo de sucessão processual é aquele que ocorre quando uma das par-
tes do processo vem a falecer. Neste caso, haverá o ingresso do espólio ou dos herdeiros do 
falecido no seu lugar. Assim, ocorre a sucessão processual, conforme o art. 110, CPC. 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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 AUTORIZAÇÃO OU CONSENTIMENTO 
Trata-se da forma prevista em lei para que um cônjuge manifeste o seu consentimento a 
fim de que o outro proponha ação real imobiliária, ou ação possessória, quando exigido 
legalmente, conforme preceitua o art. 73, in verbis: 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que 
verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separa-
ção absoluta de bens. 
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: 
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de 
separação absoluta de bens; 
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado 
por eles; 
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; 
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus 
sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. 
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente 
é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado. 
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos. 
 
A consequência legal para a ausência de autorização é a invalidade do processo. No 
entanto, se a petição inicial não vier acompanhada da autorização do cônjuge para propor a 
ação, o juiz não deverá de plano extinguir o processo sem resolução de mérito (indeferir a 
petição inicial), senão intimar a parte para juntá-la aos autos.15 
 
 JUIZ 
 PODERES, DEVERES E RESPONSABILIDADES 
Ao juiz cabe o importante papel de dirigir o processo. A direção deve ser exercida com 
segurança, firmeza, imparcialidade, urbanidade, prudência e humildade. O papel do diretor do 
processo não confere ao juiz poder hierárquico sobre o advogado e o membro do Ministério 
Público. Juiz, advogado e Ministério Público têm, no processo, independência entre si e de-
vem tratar-se reciprocamente com urbanidade. 
 
O magistrado não pode ter nem participação interessada, nem alheamento, nem hiper-
trofia, nem ausência, devendo, pois, estar em posição equidistante das partes, garantindo-
lhes igualdade de tratamento. O ato do juiz que causar gravame à parte, Ministério Público ou 
interessado é passível de reexame por meio de recurso. 
 
O juiz possui o dever de buscar a rápida e justa solução da lide, se possível com a conci-
liação, bem como de coibir qualquer ato contrário à dignidade da justiça. 
 
Importante lembrar que, por força do princípio da inafastabilidade da apreciação dos 
órgãos jurisdicionais, o juiz não se exime de sentenciar ou decidir em virtude de eventual 
obscuridade ou lacuna na lei, podendo, nestes casos, recorrer à analogia, aos costumes, aos 
princípios gerais de direito e, nos casos previstos em lei, à equidade. Trata-se de ônus do mo-
nopólio do poder-dever de jurisdição, ou seja, uma vez que o Estado toma para si a função de 
solucionar os conflitos, coibindo o exercício da autotutela por parte do particular, passa a ter o 
dever de fazê-lo, não podendo eximir-se.15 TJDFT, 20100020021382AGI, Relator CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível, julgado em 05/05/2010, DJ 25/05/2010 p. 114. 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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Outro importante princípio norteador da atuação do juiz é o da inércia do poder judiciá-
rio, assim sendo, salvo situações excepcionais, o juiz deverá decidir a lide nos limites em que 
foi proposta, não sendo possível conhecer de questões que à parte incumbia suscitar e não o 
fez. 
 
Ressalta-se que a função do juiz é a de buscar a verdade real dos fatos, visando à justa 
aplicação do Direito. Para tal, pode determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a pro-
dução de quaisquer provas que julgar necessárias à instrução do processo, bem como indefe-
rir a produção daquelas que julgar inúteis ou meramente protelatórias. 
, 
O magistrado poderá apreciar as provas produzidas livremente, devendo, entretanto, 
fundamentar suas decisões indicando os motivos que lhe formaram o convencimento. Tal 
obrigatoriedade de fundamentação tem por objetivo um melhor controle do exercício da fun-
ção jurisdicional, devendo o juiz responder por perdas e danos nos casos em que proceder 
com dolo ou fraude, ou quando, sem justo motivo, retardar o processo. 
 
 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO 
Impedimento e suspeição representam situações distintas, geradoras de consequências 
igualmente distintas. De acordo com Hélio Tornaghi, o impedimento “é a circunstância que 
priva o juiz do exercício de suas funções em determinado caso, dada a sua relação com o obje-
to da causa”, enquanto a suspeição, por sua vez, “é a desconfiança, a dúvida, o receio de que o 
juiz, ainda quando honesto e probo, não terá condições psicológicas de julgar com isenção da-
da a sua relação com qualquer das partes”.16 
 
O impedimento se apresenta como verdadeira proibição, imposta ao juiz, de oficiar no 
processo em que se encontre presente qualquer das circunstâncias apontadas no art. 144, in 
verbis: 
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no pro-
cesso: 
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou 
como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; 
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; 
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro 
do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consan-
guíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou pa-
rente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclu-
sive; 
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica 
parte no processo; 
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das 
partes; 
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de 
emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços; 
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, 
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 
terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório; 
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. 
 
16 TORNAGHI, Hélio. Comentários ao Código de Processo Civil, vol. I. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1974. p. 416-417. 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor pú-
blico, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes 
do início da atividade judicante do juiz. 
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento 
do juiz. 
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato 
conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advo-
gado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não inter-
venha diretamente no processo. 
 
Vale dizer, deve ele abster-se de participar da relação processual. 
 
O impedimento tem natureza de objeção processual, na medida em que pode ser ale-
gado a qualquer tempo pela parte e deve, mesmo, ser reconhecido de ofício pelo juiz. Repre-
senta, portanto, obstáculo absoluto, intransponível ao exercício da função jurisdicional pelo 
juiz assim incompatibilizado, invalidando a sentença por ele proferida, conforme art. 966, I, 
CPC. 
 
A suspeição, por sua vez, recomenda ao juiz o afastamento da presidência do processo 
sempre que se verificarem quaisquer dos motivos arrolados pelo art. 145, in verbis: 
Art. 145. Há suspeição do juiz: 
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; 
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou de-
pois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da 
causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio; 
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou 
companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; 
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. 
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade 
de declarar suas razões. 
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando: 
I - houver sido provocada por quem a alega; 
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do 
arguido. 
 
 
 MINISTÉRIO PÚBLICO 
O Ministério Público é um órgão de garantia das instituições fundamentais da 
sociedade, quer no campo do direito público, quer no campo do direito privado. Sua atuação 
encontra-se acima dos interesses imediatos de determinado administrador, legislador ou 
mesmo órgão judiciário, cingindo-se exclusivamente à vontade da lei e da sociedade. 
 
Segundo o art. 127, CF, cabe ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica do regime 
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. São seus princípios 
institucionais: a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. A unidade e a 
indivisibilidade determinam que o Ministério Público deve ser considerado uma só instituição 
que aceita divisões internas e partições de competência. Já a independência funcional 
significa que a atuação do Ministério Público e de seus membros não se vincula a qualquer 
outro órgão ou a políticas da União e dos Estados. 
 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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Na União, o Ministério Público Federal, organizado por lei federal, atua junto aos juízes 
e tribunais federais. O chefe do Ministério Público da União é o Procurador Geral da República, 
nomeado pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, 
integrantes da carreira, depois de aprovado pelo Senado (art. 128, § 1º, CF). 
 
Os membros do Ministério Público da União, do Distrito Federal e dos Territórios 
ingressam nos cargos iniciais de carreira mediante concurso público de provas e títulos; após 
dois anos de exercício não poderão ser demitidos senão por sentença judiciária ou em virtude 
de processo administrativo, nem removidos, a não ser mediante representação do Procurador 
Geral, com fundamento em conveniência do serviço. 
 
Nos Estados, o Ministério Público organiza-se autonomamente, por lei estadual, 
separado orgânica e funcionalmente dos advogados ou procuradores do Estado, obedecidas 
normas gerais estabelecidas em lei federal. O ingresso na carreira do Ministério Público se dá 
no cargo de Promotor Públicosubstituto, com promoção posterior para os cargos de titulares 
de comarcas classificadas, como na magistratura, por entrâncias, segundo o grau de 
complexidade e volume de serviço. Perante os Tribunais atuam os membros do Ministério 
Público de categoria mais elevada, de regra denominados Procuradores da Justiça. Os 
membros do Ministério Público gozam das garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e 
irredutibilidade de subsídio, conforme o art. 128, § 5º, I, CF. Além disso, devem residir na 
comarca ou subseção judiciária da respectiva lotação, exceto quando autorizados pelo chefe 
da instituição (art. 129, § 2º, CF). 
 
A atividade do Ministério Público se desenvolve tanto no processo civil quanto no 
processo penal. No processo penal, o Ministério Público é o órgão que formula a acusação nos 
crimes de ação pública e que acompanha toda ação penal, em qualquer caso, fiscalizando a 
correta aplicação da lei e a fiel observância das garantias do acusado. 
 
O Código de Processo Civil adotou a classificação tradicional quanto à atuação do 
Ministério Público na esfera cível, isto é, como parte ou como fiscal da lei. 
 
Assim, quando o CPC refere a atuação do Ministério Público como parte (art. 177, CPC), 
quer aludir às causas em que este esteja legitimado para agir ou para contestar. O Ministério 
Público somente tem legitimidade para agir, seja na posição de autor, seja na posição de réu, 
na regra, quando expressamente autorizado em lei. 
 
A atuação do Ministério Público como parte é de direito estrito, porque deve obedecer 
ao preceito do art. 18, CPC, segundo o qual ninguém pode propor ação em nome próprio sobre 
direito alheio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Assim, também o 
Ministério Público somente poderá propor, em benefício de alguém, as ações previstas em lei. 
 
É a lei do direito material que define, via de regra, as hipóteses de atuação do Ministério 
Público como autor – a Lei de Alimentos, por exemplo, possibilita ao Ministério Público 
demandar em favor do menor que necessita de alimentos na hipótese do representante legal 
do menor deixar de fazê-lo. 
 
O Ministério Público, ao exercer o direito de ação, está sujeito aos mesmos poderes e 
ônus que as partes. Tal disposição, porém, deve ser compreendida com algumas ressalvas, 
pois o Ministério Público não está sujeito, por exemplo, ao adiantamento das despesas 
processuais, nem à condenação nessas despesas se perder a demanda, ou ainda, à 
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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
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condenação em honorários de advogado. Tem, também, o privilégio de prazo em dobro para 
manifestar-se nos autos (art. 180, CPC). 
 
Incumbe ao Ministério Público promover inquérito civil e ação civil pública (art. 25, IV, 
Lei Orgânica do Ministério Público) para a proteção, prevenção e reparação dos danos 
causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico e a outros direitos difusos, coletivos e individuais indisponíveis 
e homogêneos. Cabe, também, ao parquet promover inquérito civil e ação civil pública para a 
anulação ou decretação de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público ou à moralidade 
administrativa do Estado ou de Município, de suas administrações indiretas ou fundacionais ou 
de entidades privadas que participem. 
 
A atuação do Ministério Público como custos legis, por sua vez, dá-se quando o mesmo 
age como interveniente no processo, fiscalizando o correto cumprimento da lei. Trata-se das 
situações previstas no art. 178, CPC: 
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, 
intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou 
na Constituição Federal e nos processos que envolvam: 
I - interesse público ou social; 
II - interesse de incapaz; 
III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. 
 
Deve-se entender ser de natureza obrigatória a intervenção ministerial a que se refere o 
art. 178. O inciso I deste dispositivo não contempla intervenção facultativa, como costumam 
referir alguns doutrinadores, mas apenas autoriza que o órgão ministerial, em cada caso 
concreto, avalie a presença ou não do interesse público justificador da intervenção. Em casos 
controvertidos, cumpre ao juiz decidir se ocorre ou não o alegado interesse público, admitindo 
ou indeferindo a intervenção ministerial. Ademais, ressaltamos que o interesse público que 
determina a participação do Ministério Público na lide deve ser o interesse público primário 
(da coletividade), e não o interesse secundário (simples interesse da Fazenda Pública). 
 
O Ministério Público, nas ações em que atuar como fiscal da lei, deverá ter vista dos 
autos depois das partes e ser intimado de todos os atos do processo. Além disso, poderá 
juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências 
necessárias ao descobrimento da verdade processual. De modo geral, pode o Ministério 
Público, no exercício de suas funções, manifestar-se em qualquer fase dos processos, 
acolhendo solicitação do juiz, da parte ou por iniciativa própria, quando entender que exista 
interesse em causa que justifique a sua intervenção (art. 26, Lei Orgânica do Ministério 
Público). 
 
Constituem deveres dos membros do Ministério Público, além de outros previstos em 
lei (art. 43, I a VII e XII, Lei Orgânica do Ministério Público): 
Art. 43. (...) 
I - manter ilibada conduta pública e particular; 
II - zelar pelo prestígio da Justiça, por suas prerrogativas e pela dignidade de suas 
funções; 
III - indicar os fundamentos jurídicos de seus pronunciamentos processuais, 
elaborando relatório em sua manifestação final ou recursal; 
IV - obedecer aos prazos processuais; 
V - assistir aos atos judiciais, quando obrigatória ou conveniente a sua presença; 
VI - desempenhar, com zelo e presteza, as suas funções; 
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VII - declarar-se suspeito ou impedido, nos termos da lei; 
XII - identificar-se em suas manifestações funcionais; 
 
Os membros do Ministério Público poderão ser civil e regressivamente responsáveis 
quando agirem com dolo ou fraude no exercício de suas funções (art. 181, CPC). 
 
Ademais, é vedado aos membros do Ministério Público (art. 44, Lei Orgânica do 
Ministério Público): 
Art. 44. (...) 
I - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou 
custas processuais; 
II - exercer advocacia; 
III - exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como cotista 
ou acionista; 
IV - exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo 
uma de Magistério; 
V - exercer atividade político-partidária, ressalvada a filiação e as exceções 
previstas em lei. 
 
Por fim, conforme estabelece o art. 41, I, III a VII, X e XI, Lei Orgânica do Ministério 
Público, são prerrogativas dos seus membros: 
Art. 41. (...) 
I - receber o mesmo tratamento jurídico e protocolar dispensado aos membros do 
Poder Judiciário junto aos quais oficiem; 
III - ter vista dos autos após distribuição às Turmas ou Câmaras e intervir nas 
sessões de julgamento, para sustentação oral ou esclarecimento de matéria de 
fato; 
IV - receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, através 
da entrega dos autos com vista; 
V - gozar de inviolabilidade pelas opiniões que externar ou pelo teor de suas 
manifestações processuais ou procedimentos, nos limites de sua independência 
funcional; 
VI - ingressar e transitar livremente: 
a) nas salas de sessões de Tribunais, mesmo além dos limites que separam a parte 
reservada aos Magistrados; 
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, tabelionatos, 
ofícios da justiça, inclusive

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