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Saúde Coletiva e Assistência de Enfermagem na Atenção Primária e Secundária

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Erico Sateles

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Indaial – 2023
Secundária
Prof.ª Mariana da Rocha Marins
Prof.ª Silvana Januario Jorge
Prof.ª Talita Cristiane Sutter
1a Edição
Saúde coletiva 
e aSSiStência de 
enfermagem na 
atenção Primária e
Elaboração:
Prof.ª Mariana da Rocha Marins
Prof.ª Silvana Januario Jorge
Prof.ª Talita Cristiane Sutter
Copyright © UNIASSELVI 2023
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.
Núcleo de Educação a Distância. MARINS, Mariana.
Saúde Coletiva e Assistência de Enfermagem na Atenção Primária e 
Secundária. Mariana da Rocha Marins; Silvana Januario Jorge; Talita Cristiane 
Sutter. Indaial - SC: Arqué, 2023.
234p.
ISBN 978-65-5646-585-2
ISBN Digital 978-65-5646-580-7
“Graduação - EaD”.
1. Saúde Coletiva 2. Assistência de Enfermagem 3. Brasil 
CDD 610.7
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
A assistência de enfermagem segue os princípios do Sistema Único de Saúde, 
buscando o atendimento universal e integral à população, ou seja, o enfermeiro que atua 
na saúde coletiva deverá compreender os aspectos da rede de saúde, que englobam a 
Atenção Primária, a Atenção Secundária e a Atenção Terciária.
É interessante apontar que, nesse livro didático, iremos nos aprofundar na Atenção 
Primária e na Atenção Secundária. Para isso, na Unidade 1, abordaremos os aspectos gerais 
da enfermagem e da saúde coletiva, apresentando a sua organização e funcionamento, 
bem como as características e atribuições. Tomaremos como base os princípios e as 
diretrizes da Atenção Básica, a infraestrutura e o funcionamento das equipes de Atenção 
Básica e a Estratégia de Saúde da Família. Ademais, estudaremos a importância do sistema 
de referência e contrarreferência, levando em consideração a operacionalização da rede de 
Atenção à Saúde, a integralidade do cuidado e o funcionamento do sistema. Por fim, ainda 
na Unidade 1, falaremos sobre a assistência na média e na alta complexidade de saúde, 
considerando suas definições, suas relações e os seus componentes.
Já na Unidade 2, abordaremos os principais conceitos relacionados à assistência 
de enfermagem na Atenção Primária à Saúde. Começaremos discutindo os aspectos 
conceituais da Atenção Primária à Saúde, que se referem às principais condições de 
saúde atendidas nessa área, bem como à prevenção e à promoção da saúde. Além disso, 
abordaremos a importância da humanização, acesso e acolhimento no cuidado à saúde 
dos pacientes. Em seguida, discutiremos os aspectos conceituais da Atenção Secundária 
à Saúde, com ênfase nas principais condições de saúde atendidas nesse nível de atenção, 
como as infecções sexualmente transmissíveis e os aspectos gerais sobre urgência e 
emergência. Por fim, abordaremos a vigilância em saúde, incluindo os determinantes, 
riscos e danos à saúde da população adscrita, a notificação compulsória na Atenção 
Primária e Secundária à Saúde e as condições sensíveis à Atenção Primária à Saúde.
Na Unidade 3, vamos falar sobre a assistência de enfermagem na atenção secun-
dária à saúde, destacando o papel do enfermeiro nessa área. Na primeira parte, abordare-
mos o papel do enfermeiro na atenção primária à saúde, suas atribuições e principais pro-
cedimentos realizados nessa área. Também destacaremos o cuidado em enfermagem na 
visita domiciliar e o programa nacional de imunização. Na segunda parte, falaremos sobre 
as atribuições do enfermeiro na atenção secundária à saúde, seus principais procedimen-
tos e o apoio diagnóstico e terapêutico que oferece nessa área, bem como discutiremos os 
procedimentos de enfermagem no contexto de urgência e emergência. Por fim, discutire-
mos a importância do trabalho multiprofissional e interdisciplinar em saúde, destacando a 
equipe multiprofissional, a interdisciplinaridade e o papel do enfermeiro na equipe.
Bons estudos!
Prof.ª Mariana da Rocha Marins
Prof.ª Silvana Januario Jorge
Prof.ª Talita Cristiane Sutter
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - ENFERMAGEM E SAÚDE COLETIVA: ASPECTOS GERAIS.............................. 1
TÓPICO 1 - ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA: 
 CARACTERÍSTICAS E ATRIBUIÇÕES .................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA ...........................................................3
2.1 HISTÓRIA DO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL ..............................................................................4
2.2 A POLÍTICA NACIONAL DEATENÇÃO BÁSICA ................................................................................7
2.2.1 Princípios e Diretrizes ..................................................................................................................7
3 INFRAESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA ....................9
3.1 INFRAESTRUTURA E AMBIÊNCIA ...................................................................................................... 9
3.2 FUNCIONAMENTO DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA .......................................................... 10
3.3 TIPOS DE EQUIPES ..............................................................................................................................12
3.3.1 Equipes de Atenção Básica para Populações Específicas ............................................. 15
4 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA .............................................................................. 17
4.1 HISTÓRIA DA ESF NO BRASIL ........................................................................................................... 18
4.2 CARACTERÍSTICAS DA ESF.............................................................................................................. 18
4.3 COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DAS ESF.......................................................................................20
4.4 DESAFIOS DA ESF ..............................................................................................................................22
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 24
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 25
TÓPICO 2 - SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA NA REDE DE 
 ATENÇÃO À SAÚDE ..........................................................................................27
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................27
2 OPERACIONALIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE ..............................................27
2.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS E ATRIBUTOS DA RAS .................................................................29
2.2 CARACTERÍSTICAS DA RAS ............................................................................................................30
2.2.1 Relações Horizontais .................................................................................................................31
2.2.2 Atenção Primária/básica como Coordenadora do Cuidado ..........................................32
2.2.3 Planejamento e Organização das Ações Segundo a Necessidade da População ...32
2.2.4 Atenção Contínua e Integral ..................................................................................................33
2.2.5 Atendimento Multiprofissional/interdisciplinar .................................................................34
2.2.6 Responsabilidade com os Compromissos e Metas, Considerando Questões 
 Sanitárias e Econômicas ........................................................................................................34
2.3 DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DA RAS .............................................35
3 INTEGRALIDADE DO CUIDADO ....................................................................................... 35
3.1 INTEGRALIDADE COMO TRAÇO DE BOA MEDICINA ....................................................................36
3.2 INTEGRALIDADE COMO MODO DE ORGANIZAR AS PRÁTICAS ............................................... 37
3.3 INTEGRALIDADE COMO RESPOSTAS GOVERNAMENTAIS A PROBLEMAS ESPECÍFICOS 
 DE SAÚDE ............................................................................................................................................ 37
3.4 A IMPORTÂNCIA DA ESF NA INTEGRALIDADE DO CUIDADO ...................................................39
4 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA ............. 40
4.1 IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DOS DADOS NO SISTEMA DE REFERÊNCIA E 
CONTRARREFERÊNCIA ......................................................................................................................42
4.1.1 Cartão Nacional do SUS (CNS) ................................................................................................43
4.1.2 Prontuário Clínico ......................................................................................................................44
4.1.3 Sistemas de Regulação ...........................................................................................................44
4.1.4 Sistema de Transporte em Saúde .........................................................................................45
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................47
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 48
TÓPICO 3 - ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE EM SAÚDE ...................... 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 51
2 DEFINIÇÕES E NECESSIDADES NA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ............................ 51
2.1 NECESSIDADES NA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ...........53
3 RELAÇÃO ENTRE A ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E NA ALTA COMPLEXIDADE.................. 56
4 COMPONENTES DA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE ..................................................... 58
4.1 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO CARDIOVASCULAR ............................................................58
4.2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA ...........................................................59
4.3 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO PORTADOR DE DOENÇA RENAL ..............................59
4.4 POLÍTICA NACIONAL DE PROCEDIMENTOS ELETIVOS DE MÉDIA COMPLEXIDADE ..........60
4.5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA .......................................................................61
4.6 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA ......................61
4.7 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL .......................................................................................62
4.8 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO DE ALTA COMPLEXIDADE EM TRAUMATO-
 ORTOPEDIA ..........................................................................................................................................63
4.9 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS ..................................................................64
4.10 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO PORTADOR DE DOENÇA NEUROLÓGICA .............64
4.11 POLÍTICA NACIONAL PARA HOSPITAIS DE PEQUENO PORTE ................................................65
4.12 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA ................................................................65
4.13 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER ................................66
4.14 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM ..................................66
4.15 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL ................................................................................... 67
4.16 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL GENÉTICA CLÍNICA ......................................68
4.17 POLÍTICA NACIONAL DE OFTALMOLOGIA....................................................................................69
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................70
RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 77
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................78
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................80
UNIDADE 2 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ....... 89
TÓPICO 1 — ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ...................... 91
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 91
2 PRINCIPAIS CONDIÇÕES DE SAÚDE NA APS ................................................................. 93
2.1 CONDIÇÕES DE SAÚDE ......................................................................................................................95
2.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE AGUDAS ..................................................................................................96
2.2.1 Cuidado das condições agudas ............................................................................................. 97
2.2.2 Modelo de classificação de risco .......................................................................................... 97
2.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE CRÔNICAS................................................................................................99
2.3.1 Cuidado das condições crônicas ........................................................................................100
2.3.2 Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MAAC) ......................................................101
3 PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE .........................................................................103
3.1 PROMOÇÃO DA SAÚDE ....................................................................................................................104
3.2 PREVENÇÃO DE DOENÇAS ............................................................................................................105
4 HUMANIZAÇÃO, ACESSO E ACOLHIMENTO NA APS ...................................................107
4.1 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO ....................................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................111
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 112
TÓPICO 2 - ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ............... 115
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 115
2 ASPECTOS CONCEITUAIS NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ............................... 115
3 INFECÇÕES, SEXUALMENTE, TRANSMISSÍVEIS .......................................................... 118
3.1 HIV (IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA) .............................................................................................120
3.2 SÍFILIS ..................................................................................................................................................121
3.3 HPV (PAPILOMAVÍRUS HUMANO) .................................................................................................121
3.4 VÍRUS HERPES SIMPLES ................................................................................................................ 122
3.5 TRICOMONÍASE ................................................................................................................................. 123
4 ASPECTOS GERAIS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ....................................................124
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................129
TÓPICO 3 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE .................................................................................. 131
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 131
2 DETERMINANTES, RISCOS E DANOS À SAÚDE DA POPULAÇÃO ADSCRITA .............. 131
3 NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA NO SUS .........................................................................135
4 CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ........................................... 137
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................. 140
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................148
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................149
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 151
UNIDADE 3 — ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE 159
TÓPICO 1 — PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) ............ 161
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 161
2 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA APS .......................................................................162
2.1 ATRIBUIÇÕES DOS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA FRENTE A ALGUMAS 
POLÍTICAS NACIONAIS DE SAÚDE. ..............................................................................................164
2.1.1 Outros programas da APS ...................................................................................................... 172
2.2 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS NA APS ....................................................................................... 175
2.2.1 Procedimentos pertinentes aos enfermeiros da APS .....................................................177
2.3 CUIDADO DE ENFERMAGEM EM VISITA DOMICILIAR (VD) .....................................................185
2.3.1 Modalidades da Atenção Domiciliar (AD) ...........................................................................186
2.3.2 Competências do enfermeiro em uma VD ....................................................................... 187
3 PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO - PNI ............................................................188
3.1 PNI E PAPEL DA ENFERMAGEM .....................................................................................................190
3.1.1 Enfermeiro frente a desafios do programa de imunização ............................................191
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................192
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................193
TÓPICO 2 - ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ..... 197
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 197
2 PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE .......................198
2.1 APOIOS DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ..............200
2.1.1 Atuação do enfermeiro para apoios diagnóstico e terapêutico ...................................201
2.1.2 Desafios estressores dos profissionais de enfermagem nos níveis da atenção 
secundária................................................................................................................................ 202
3 PROCEDIMENTOS DE ENFERMAGEM NOS CONTEXTOS DE URGÊNCIA E 
 EMERGÊNCIA ................................................................................................................. 202
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................... 204
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 205
TÓPICO 3 - TRABALHOS MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR EM SAÚDE ..... 207
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 207
2 EQUIPEMULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE ................................................................... 208
2.1 INTERDISCIPLINARIDADE EM SAÚDE ........................................................................................208
3 PAPEL DO ENFERMEIRO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR ... 211
3.1 Serviço de Atenção Domiciliar - SAD ...........................................................................................211
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................213
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................... 220
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................221
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 224
1
UNIDADE 1 - 
ENFERMAGEM E SAÚDE 
COLETIVA: 
ASPECTOS GERAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os princípios e as diretrizes da Atenção Básica;
• descrever a infraestrutura e o funcionamento das equipes de Atenção Básica;
• apresentar a Estratégia de Saúde da Família;
• compreender a Rede de Atenção à Saúde (RAS) e o funcionamento do sistema de 
referência e contrarreferência que estabelecem o princípio de integralidade;
• diferenciar as definições, as necessidades, as relações e os componentes da média 
e da alta complexidade.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ATENÇÃO 
BÁSICA: CARACTERÍSTICAS E ATRIBUIÇÕES
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – SISTEMA DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA NA 
REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE EM 
SAÚDE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA 
ATENÇÃO BÁSICA: CARACTERÍSTICAS E 
ATRIBUIÇÕES
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, inicialmente, abordaremos a organi-
zação e o funcionamento da Atenção Básica, ou seja, suas características e atribuições. 
Você sabe o que é Atenção Básica? Esse termo é utilizado pela PNAB 2017 para definir o 
conjunto de ações individuais, coletivas e familiares que são ofertadas à população com 
intuito de garantir a prevenção, a promoção, a proteção, o diagnóstico, o tratamento, a 
reabilitação, a redução de danos, os cuidados paliativos e a vigilância em saúde.
Cabe destacar que esse cuidado é ofertado de maneira multidisciplinar e tem o 
objetivo de ser porta de entrada da população no Sistema Único de Saúde (SUS) e coor-
denar as ações de saúde a fim de garantir a integralidade do serviço, tendo um território 
definido como responsabilidade sanitária. Nessa lógica, traremos algumas informações 
relevantes sobre a Atenção Básica para que compreenda seus princípios e diretrizes, 
ou seja a base da existência e os rumos que esse serviço deve seguir. Também serão 
relatados a infraestrutura e o funcionamento das equipes que atuam nesse contexto.
Por fim, iremos ressaltar a importância da Estratégia Saúde da Família (ESF), 
um dos modelos assistenciais da Atenção Básica e estratégia prioritária para sua 
consolidação e expansão no país. A ESF visa reorganizar a Atenção Básica utilizando 
como ponto central do cuidado a construção de vínculo e a corresponsabilização entre 
a população e os profissionais de saúde.
TÓPICO 1 -UNIDADE 1
2 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA
Para entendermos a importância dos princípios e das diretrizes da Atenção 
Básica, vamos fazer uma breve reflexão acerca da história do sistema de saúde do Brasil 
e sua evolução, uma história de luta dos profissionais de saúde e da população por 
maiores conquistas sociais e direitos à saúde.
4
2.1 HISTÓRIA DO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL
No século XXVIII, a população brasileira possuía uma baixa expectativa de vida 
e muitas pessoas adoeciam em virtude de doenças parasitárias e infecciosas. Nesse 
período não existia um sistema de saúde universal, que garantisse o direito à saúde 
para toda a população. Além disso, o país foi assolado por diversas epidemias, tais 
como epidemias de varíola, de febre amarela, de cólera, de febre tifóide, de sarampo, de 
tuberculose e outras. Nesse período, a grande maioria da população não possuía acesso 
a médicos privados e eram atendidos por benzedeiras e as irmãs de caridade das Santas 
Casas de Misericórdia (BERTOLLI FILHO, 2011; CORDOBA, 2013; ROUQUAYROL, 2018)
É interessante destacar, que com o início do regime republicano, houve o cres-
cimento do movimento sanitarista que auxiliou a prevenção e o combate de doenças. 
As pesquisas relacionadas à vacinação tiveram grande avanço nesse período e a apli-
cação da vacina contra a varíola, embora não tenha sido recebida de bom grado pela 
população, foi uma ação importante para auxiliar sua futura erradicação. Outra ação 
que tinha o objetivo de auxiliar a saúde pública foi a Reforma Pereira Passos, ocorrida 
no Rio de Janeiro, desencadeando a proibição e destruição dos cortiços, que deram 
espaço para a Avenida Rio Branco e acreditando que o ambiente “arejado” reduziria a 
proliferação das doenças por meio de um movimento higienista (BERTOLLI FILHO, 2011; 
CORDOBA, 2013; ROUQUAYROL, 2018).
 
Nessa perspectiva, a população, insatisfeita com as medidas que estavam sendo 
tomadas, e infelizes com os seus direitos à saúde e trabalhistas, realizaram algumas 
greves pelo país em 1917 e 1919. Cabe destacar que os grevistas não possuíam direito 
a férias, jornada de trabalho definida ou aposentadoria. No ano de 1923 foi aprovada 
a Lei Elói Chaves, que representou um marco inicial da Previdência Social no Brasil, 
instituindo as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP) (PAIM, 2008).
Entre os anos de 1937 e 1945, a Previdência Social foi estendida às diversas 
categorias do operariado urbano, substituindo as CAP pelos IAP (Institutos de Aposen-
tadoria e Pensões) organizados por categorias profissionais, para que os trabalhadores 
tivessem acesso à saúde e à aposentadoria. Alguns exemplos foram o Instituto de Apo-
sentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), dos Comerciários (IAPC) e o dos Bancários 
(IAPB). Apesar dessa medida, pessoas que não trabalhassem não teriam direito a esses 
benefícios. Em 1930 foi criado por Getúlio Vargas o Ministério do Trabalho e em 1934, 
com a Constituição, foi concedida garantias aos operários como a assistência médica, a 
licença remunerada à gestante trabalhadora, a jornada de trabalho de 8 horas e salário 
mínimo. Nesse mesmo ano foi estabelecida a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e 
em 1953, foi criado o Ministério da Saúde (ROUQUAYROL, 2018; BRASIL, 2022e).
 
É interessante refletir, que nesse período as ações de saúde eram realizadas de 
maneira individualizada, médico centrada e com grandes investimentos nos hospitais 
e medicações. No geral, era comum identificar profissionais que atuavam por meio de 
5
especialidades. O Ministério da Saúde, criado para potencializar as ações de saúde 
pública, enfrentou diversas correntes. Alguns médicos especialistas defendem que 
existissem programas verticais para doenças, ou seja, a criação de sanatórios para 
tuberculosos, hospícios para loucos, dentre outros. Outros defendiam que existissem 
centros de saúde a fim de estabelecerem melhores vínculos entre os profissionais de 
saúde e a população, ou mais, a criação de um sistema de saúde pública para toda 
a população brasileira. Nos anos de 1960 tentou-se unir as práticas de cura e de 
prevenção, racionalizando os gastos com atenção curativa e hospitalar, oferecendo a 
medicina comunitáriacomo opção de baixo custo (VIEIRA; PAIM; SCHRAIBER, 2014).
Após o fim do governo de Getúlio Vargas, durante o regime militar, houve a 
unificação dos IAP, criando o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), gerindo 
todas as aposentadorias, pensões e assistências médicas do Brasil e englobando os 
trabalhadores com carteira assinada, que recebiam assistência médica de hospitais 
e ambulatórios. Dessa maneira, todos os trabalhadores passaram a ter direitos iguais. 
Por meio do INPS, a iniciativa privada criou hospitais particulares a fim de ampliar em 
larga escala os leitos para atendimento aos trabalhadores inscritos na previdência social 
(ROUQUAYROL, 2018; BRASIL, 2022e).
Em 1977 o INPS foi dividido, por meio da criação do Instituto Nacional de 
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e do Instituto de Administração 
Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS). O INAMPS passou a ser 
responsável pela assistência médica, enquanto o IAPAS ficou responsável pela gestão 
financeira e o INPS permaneceu, apenas, com a responsabilidade de concessão de 
benefícios. Cabe destacar, que com o INAMPS ainda não se havia responsabilização 
total por todos os gastos de saúde do trabalhador, pois a saúde não era considerada um 
direito e sim um problema individual. Nessa lógica, todos os gastos com a saúde eram 
divididos entre o INAMPS e o trabalhador (ROUQUAYROL, 2018).
No final dos anos 1980 houve um declínio do INAMPS devido a pressões populares 
para que houvesse uma reforma sanitária no país. O país encontrava-se em uma crise 
econômica, pois as arrecadações não cobriam os gastos públicos com a saúde, além 
disso, diversos escândalos foram denunciados com relação aos prestadores de serviço. 
A VIII Conferência Nacional de Saúde, de 1986, foi outro motivador para essa mudança, 
pois estabeleceu importantes discussões acerca do projeto democrático de reforma 
sanitária, considerando a universalização do acesso, a equidade, a integralidade da 
atenção, a descentralização, a regionalização, a hierarquização e a participação da 
comunidade, que foram considerados, posteriormente, como princípios do Sistema 
Único de Saúde (SUS) (BERTOLLI FILHO, 2011).
Em 1987, foram criados os sistemas unificados e descentralizados de saúde 
(SUDS), precursor do SUS, estabelecido por meio da nova Constituição Federal, pro-
mulgada a 3 de outubro de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080 e 8.142 de 1990, 
chamadas de Leis Orgânicas da Saúde (PIMENTA, 1993).
6
A Constituição Federal de 1988 define em seu Artigo 196 que “saúde é direito de 
todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem 
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988). Além dis-
so, para a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde refere-se a um completo bem-
-estar físico, mental e social. Ou seja, o conceito de saúde não está associado somente 
à ausência de uma doença como era compreendido anteriormente (OMS, 1946).
Por essa razão, a fim de atingir esse completo estado de bem-estar, existem 
fatores determinantes e condicionantes, descritos na Lei nº 8.080/1990 e na Lei nº 
12.864/2013 como, por exemplo, alimentação, a moradia, o saneamento básico, o 
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos 
bens e serviços essenciais. Portanto, a partir desse momento a saúde passou a ser 
responsabilidade do estado, tendo como um dos pontos principais o princípio da 
universalidade Starfield (2002, p. 19), diz que todo os sistemas de saúde têm 2 objetivos:
1. Melhorar a saúde da população por meio de recursos mais 
avançados, seja ele de conhecimento ou materiais.
2. Trazer equidade no acesso a grupos da população e no alcance 
da saúde.
No Brasil, com a regulamentação do SUS, e a definição dos seus princípios – 
universalidade, equidade, integralidade – e diretrizes – regionalização, hierarquização, 
descentralização e participação popular –, o acesso à saúde passou a ser direito de 
todos e dever do estado, independente do indivíduo ter carteira de trabalho assinada 
ou não. Ademais, passou a trazer direitos igualitários para toda a população por meio 
do conceito de justiça social e em toda a rede de saúde. Nessa lógica, o SUS garante 
direitos iguais, embora priorize o indivíduo que tem maior necessidade de saúde. Para 
organizar esse sistema, sua organização passa a ser descentralizada trazendo maior 
autonomia aos municípios e regionalizadas/hierarquizadas, garantindo sua organização 
por níveis de atenção – atenção primária, atenção secundária e atenção terciária – com 
a participação popular nos conselhos de saúde (BRASIL, 1990).
Como os recursos dos países são limitados, para garantir a equidade da saúde é 
interessante que haja um incentivo ao modelo de Atenção Primária à Saúde (APS), pois 
trata-se de um modelo mais barato e baseado em ações preventivas e de promoção à 
saúde. Nessa lógica, o investimento no setor primário é indispensável para a garantia da 
universalidade, da equidade e da integralidade. Sendo assim, a APS tem sido um modelo 
adotado por diversos países para estabelecer um maior acesso ao sistema de saúde 
e combater o modelo tradicional de saúde baseado em ações curativas, individuais e 
hospitalares (STARFIELD, 2002).
7
Nesse livro didático, adotaremos os termos Atenção Básica e Atenção Primária 
à Saúde como sinônimos.
NOTA
2.2 A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA
Até a década de 1990, os serviços de APS eram realizados pelos centros de 
saúde ou postos de saúde tradicionais. Em 1994, o Ministério da saúde implementou 
o Programa Saúde da Família (PSF), inspirado no Programa de Agentes Comunitários 
de Saúde (PACS), a fim de reorganizar a atenção básica (CORDOBA, 2013). Em 2006 foi 
aprovada a Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006, que aprovou a Política Nacional 
de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização 
da Atenção Básica para o PSF e o PACS (BRASIL, 2017a).
2.2.1 Princípios e Diretrizes
A Atenção Básica é um conjunto de ações de saúde, que considera tanto o âm-
bito individual como o coletivo que são ofertadas à população, com intuito de garantir a 
prevenção, a promoção, a proteção, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redu-
ção de danos, os cuidados paliativos e a vigilância em saúde. Essas ações são ofereci-
das à população por meio de uma porta de entrada, ou seja, se você precisa iniciar um 
acompanhamento de saúde, o primeiro local que irá procurar pelo SUS é uma Unidade 
de Atenção Básica (BRASIL, 2006b, p. 10). Essas unidades serão responsáveis pelo seu 
acolhimento e pela sua coordenação do cuidado. (STARFIELD, 2002). Nessa lógica, caso 
seja necessário o acompanhamento especializado ou o atendimento hospitalar, essa 
unidade irá encaminhar o usuário para atendimento (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2016).
Agora que você entende um pouco melhor o que é Atenção Básica e a impor-
tância desse modelo de atenção, vamos detalhar a Política Nacional de Atenção Básica 
(PNAB), criada em 2006 e baseada nos seguintes princípios: a universalidade, a equidade 
e a integralidade. Além desses princípios, a Atenção Básica possui as seguintes diretrizes: 
a regionalização/ hierarquização, a territorialização e a adscrição; a população adscrita; 
o cuidado centrado na pessoa; a resolutividade; a longitudinalidade do cuidado; a coor-
denação do cuidado; a ordenação da rede; e participação da população (BRASIL, 2017a).
Os princípios da Atenção Básica seguem os mesmos preceitos do SUS, dessa 
maneira possuem as mesmas definições norteadoras. A universalidade refere-se ao 
direito de todos a saúde; a integralidade, que refere-se ao atendimento de todas as 
necessidades da população, por meio da promoção da saúde, a prevenção de doenças, 
8
o tratamento e a reabilitação; e a equidade, que traz a compreensão de igualdade, por 
meio de uma justiça social,ou seja, da diminuição da desigualdade – tratar desigualmente 
os desiguais – a fim de investir mais nos indivíduos que mais necessitam (BRASIL, 1990).
Já as diretrizes da Atenção Básica levam em consideração a sua organização 
com:
• Regionalização/ hierarquização: Existência de uma Rede de Atenção à 
Saúde (RAS) composta por um território específico onde são encontrados os 
e equipamentos de saúde de diversos níveis de atenção organizados de acordo 
com a sua complexidade em uma região, projetadas de acordo com a necessidade 
epidemiológica da população (BRASIL, 2017b).
• Territorialização e adscrição: Refere-se à relação da população com determinado 
território, sendo assim, a divisão do território em uma unidade de atenção básica é 
realizada de acordo com as características sociais, epidemiológicas e geográficas a 
fim de desenvolverem ações de planejamento em saúde destinadas à vigilância em 
saúde, promoção, prevenção e recuperação (BRASIL, 2017b).
• População adscrita: Cada unidade de Atenção Básica possui um território 
específico, ou seja, realiza o acompanhamento de uma determinada região e 
população de acordo com o seu georreferenciamento. Em unidades que possuem 
mais de uma equipe, essa lógica também existirá, tendo o território total da unidade 
dividido por equipes de atendimento. (BRASIL, 2017b).
• Cuidado centrado na pessoa: O atendimento do indivíduo pela Atenção Básica 
deverá ser realizado considerando as particularidades do indivíduo e não somente 
o seu agravo. Nesse contexto, deve-se considerar a história de vida da pessoa, 
seus hábitos, sua cultura, sua religião, seus aspectos emocionais, mentais, sociais 
e financeiros (BRASIL, 2017b).
• Resolutividade: O atendimento a pessoa deve ser resolutivo, buscando resolver a 
queixa do indivíduo o mais rápido possível e com o menor custo. O profissional que 
atua na atenção básica deve saber reconhecer os riscos, as necessidades e as de-
mandas da população utilizando diversas tecnologias em saúde, por meio da clínica 
ampliada. Sabe-se que as equipes de Saúde da Família, por exemplo, estão capa-
citadas para resolver 85% dos problemas de saúde da população (BRASIL, 2008b).
• Longitudinalidade do cuidado: Refere-se ao vínculo estabelecido entre a 
população e a unidade de saúde. Essa característica difere a Atenção Básica de 
outros níveis de atenção à saúde (BRASIL, 2017b).
• Coordenação do cuidado: Gerir o fluxo do paciente na Rede de Atenção à Saúde. 
Caso o paciente necessite ir para outro ponto de atenção ele será encaminhado 
pela Atenção Básica. Para isso, existem sistemas de informações que estabelecem 
essa diretriz, como o SISREG, que é responsável por uma fila invisível de pacientes 
que são encaminhados para realização de exames ou consultas especializadas. 
(BRASIL, 2017b).
• Ordenação da rede: Conhecer as necessidades de saúde da população adscrita, 
ou seja, sobre sua responsabilidade (BRASIL, 2017b).
9
• Participação da população: Refere-se à participação da comunidade no 
planejamento de saúde individual e coletiva, inclusive nos conselhos e conferências 
de saúde para controle social. (BRASIL, 2017b).
Essas são características do SUS e da RAS, adotadas pela Atenção Básica para 
sua organização. A seguir veremos sua estrutura e funcionamento das equipes.
3 INFRAESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E EQUIPES DE 
ATENÇÃO BÁSICA 
 
A Atenção Básica é composta por alguns modelos de unidades e seus 
funcionamentos diferem entre si em alguns pontos, embora o objetivo seja sempre 
o mesmo e possuam características que devam ser adotadas por todos os modelos, 
sejam eles de infraestrutura ou funcionamento. 
3.1 INFRAESTRUTURA E AMBIÊNCIA
A infraestrutura de uma unidade básica de saúde deve levar em consideração a 
necessidade da população, a quantidade de pessoas que residem no território adscrito, o 
número de profissionais que atuam no local e os seus fluxos dentro da unidade (BRASIL, 
2008b). Também é importante que esses espaços possuam ambiência necessária, 
conforme estabelecido na Política Nacional de Humanização, a fim de garantir um 
conforto no acolhimento do usuário (BRASIL, 2010b). A iluminação, a temperatura do 
local e os ruídos são exemplos de componentes que devem ser adequados para um 
melhor conforto. Outro ponto importante é a identificação dos serviços existentes na 
unidade, bem como a escala dos profissionais de saúde, os horários de funcionamento 
da unidade (BRASIL, 2008b).
A Unidade de Atenção Básica deverá garantir além de uma estrutura adequada, 
equipamentos adequados e em funcionamento, recursos humanos capacitados e em 
quantidade satisfatória, e materiais e insumos suficientes (BRASIL, 2008b).
Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH), a ambiência é a 
criação de espaços acolhedores e confortáveis para a população que 
gerem mudanças no ambiente de trabalho por meio dos encontros. Para 
utilizá-la é necessário construir espaços que estejam de acordo com a 
necessidade dos usuários e dos profissionais que lá atuam.
NOTA
10
Conforme o Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde, é 
interessante que o ambiente de recepção das Unidades Básicas de Saúde não possua 
grades, a fim de estabelecer uma boa comunicação entre os pacientes e os profissionais 
de saúde. Essa recomendação serve para que não haja intimidação do usuário e que 
estimule a construção de vínculo. Sugere-se que os locais sejam sinalizados, para 
facilitar o fluxo de pacientes na unidade e possuam acessibilidade e adaptações para 
pessoas com necessidades especiais, como piso antiderrapante, banheiros adaptados 
com barras, presença de rampas e corrimões, balcão e bebedouro mais baixo para 
pessoas cadeirantes e outros. É importante pontuar que as adaptações serão realizadas 
de acordo com a realidade de cada unidade de saúde (BRASIL, 2008b).
Com relação ao piso, às paredes e aos materiais de acabamento, recomenda-se 
que esses sejam de materiais laváveis e não utilizem materiais porosos ou com textura, 
exceto em setores exclusivamente administrativos (BRASIL, 2008b).
Além das questões citadas, existem dois pontos inegociáveis na estrutura das 
Unidades Básicas de Saúde: 
1. Que elas sejam construídas de acordo com as regras sanitárias vigentes.
2. Que estejam cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de 
Saúde (SCNES) (BRASIL, 2017b).
O CNES coleta diversas informações sobre os estabelecimentos de saúde, 
bem como:
o endereço/localização, o gestor responsável, o tipo de serviço prestado, 
a caracterização do serviço, os equipamentos existentes no local, a 
existência de serviços especializados, a instalação física do local, os 
profissionais que atuam no local e as equipes existentes (CNES, 2021). 
Para acessar informações sobre os cadastros de estabelecimentos de 
saúde, acesse: https://cnes.datasus.gov.br.
DICA
3.2 FUNCIONAMENTO DAS EQUIPES DE ATENÇÃO BÁSICA
O funcionamento das equipes de Atenção Básica deve respeitar a carga horária 
de 40 horas semanais, por no mínimo cinco dias na semana. É possível que algumas 
unidades atuem de maneira ampliada, ou seja, cumprindo a carga horária de 60 horas 
semanais, com uma equipe mínima. Esse tipo de pactuação é definido por meio da 
secretaria municipal de saúde e o Ministério da Saúde, de acordo com a característica 
da população que acessa o serviço (BRASIL, 2017b).
https://cnes.datasus.gov.br/
11
O Programa Saúde na Hora, por exemplo, lançado por meio da Portaria nº 397/
GM/MS, de 16 de março de 2020, viabiliza o custeio de municípios para a implantação de 
horário estendido. Atualmente o Programa Saúde na Hora possui os seguintes formatos: 
Unidade de Saúde da Família (USF) com 60 horas semanais, Unidade de Saúde da 
Família (USF) com 60 horas semanais e com Saúde Bucal, Unidade de Saúde da Família 
(USF) com 75 horas semanais e com Saúde Bucal e Unidade de Saúde da Família (USF) 
ou Unidade Básica de Saúde (UBS) com 60 horas semanais (BRASIL, 2020a). 
Para que haja coordenação do cuidado, conforme as diretrizesda Atenção 
Básica, recomenda-se:
• Que as equipes de Atenção Básica (eAB) ou as equipes de Saúde da Família (eSF) 
possuam entre 2000 a 3500 pessoas cadastradas no seu território, a fim de garantir 
todos os princípios e diretrizes sem ônus à população. Embora possa haver um 
arranjo diferenciado de acordo com a característica do território, tanto para menos 
quanto para mais pessoas cadastradas, considerando a vulnerabilidade do território 
e outros fatores.
• Que as unidades de atenção básica possuam quatro equipes para que atinjam seu 
potencial de resolutividade.
• Que o cálculo de equipes por município deve considerar o total da população, 
dividido por 2000 pessoas.
• Em municípios com menos de 2000 habitantes, uma equipe deverá ser responsável 
por toda a população (BRASIL, 2017b). 
O escopo de serviços de saúde oferecidos pelas UBS deverá estar visível para 
que a população adscrita possa saber todos os recursos que aquela unidade possui. 
(BRASIL, 2008b). Ainda com relação ao escopo, a PNAB definiu que existem dois tipos 
de recursos que podem ser oferecidos para a população, os procedimentos de padrão 
essenciais, ou seja, os básicos, que possuem grande impacto na saúde da população 
(por exemplo, as relacionadas ao acompanhamento do pré-natal, à saúde da criança e 
às ações de enfrentamento da tuberculose); e os de padrões ampliados, considerados 
como estratégicos, e na maioria das vezes necessitam de treinamento qualificado da 
equipe (por exemplo, a inserção de DIU e as práticas integrativas e complementares). 
Todas as UBS devem garantir oferta dos serviços essenciais de saúde e espera-se que 
também sejam incluídos os serviços ampliados, embora não haja obrigatoriedade da 
sua oferta (BRASIL, 2017b).
É válido analisar que à medida que a unidade oferece mais recursos à 
população e possua equipamentos necessários, bem como profissionais qualificados e 
disponibilidade de materiais, o serviço torna-se mais resolutivo. Por isso, é de interesse 
da gestão municipal o investimento na Atenção Básica, para que haja maior eficiência 
no atendimento da população, evitando superlotação dos serviços secundários ou 
terciários, ou a maior eficiência de transferência de pacientes para a RAS quando 
necessário (STARFIELD, 2002; OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
12
Todo o escopo de serviços oferecidos na unidade deve estar fixado em local 
visível para a população, além disso, outras informações que deverão ser visíveis 
aos usuários são, o mapa de abrangência do território, a identificação do horário de 
atendimento da unidade, a identificação dos funcionários de cada equipe e do gerente 
da unidade, bem como suas escalas de atendimento. Essas informações geralmente 
são fixadas no acolhimento da unidade, local onde ocorre o primeiro contato do 
paciente com os usuários com escuta qualificada e acolhimento do paciente, mesmo 
que não resida na área de abrangência – quando isso ocorrer o paciente será atendido e 
posteriormente direcionado para sua unidade de referência – visto que existem serviços 
que são ofertados a toda a população, independente do território, alguns exemplos são 
a vacinação e o acolhimento à demandas urgentes com avaliação da classificação de 
risco. Após escutá-lo de forma ativa o profissional irá direcioná-lo ao serviço necessário 
e articular ações com outros serviços, se necessário. 
3.3 TIPOS DE EQUIPES
Como já explicamos, as Unidades de Atenção Básica possuem diversas 
particularidades. Essas diferenças existem devido à heterogeneidade do território 
brasileiro, então, embora haja um incentivo para que as unidades possuam eSF, 
estratégia prioritária de reorganização da AB, nem sempre é possível garantir essa 
característica. Existem municípios rurais, áreas que possuem dificuldade de acesso, 
tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde, por isso, admite-se equipes 
com menos profissionais em outras modalidades. Os tipos de equipes reconhecidas 
pela PNAB são: equipes de Saúde da Família (eSF), equipes da Atenção Básica (eAB), 
equipe de Saúde Bucal (eSB), Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica 
(Nasf-AB) e Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS) (BRASIL, 2017b).
As eSF, por exemplo, citadas como prioritárias, e consideradas como estratégias 
de expansão, de qualificação e de consolidação da Atenção Básica, deverão ser 
compostas, por no mínimo, os seguintes profissionais e especificações: 
Quadro 1 – Composição da eSF
Profissional Carga Horária Observação
1 médico
40 horas semanais, vinculados 
a apenas uma equipe
Preferencialmente 
especialista em medicina de 
família e comunidade
1 enfermeiro
40 horas semanais, vinculados 
a apenas uma equipe
Preferencialmente 
especialista em saúde da 
família
1 auxiliar e/ou técnico 
de enfermagem;
40 horas semanais, vinculados 
a apenas uma equipe
-
13
Fonte: adaptado de Brasil (2017b)
Agente Comunitário 
de Saúde (ACS)
40 horas semanais, vinculados 
a apenas uma equipe
O número será estabelecido 
de acordo com o número da 
população do território, além 
de critérios epidemiológicos 
e socioeconômicos. Sugere-
se que em situações de 
vulnerabilidade do território 
cada ACS seja responsável 
por no máximo 750 pessoas. 
Convém salientar que outras categorias podem fazer parte da equipe, tais como, 
o Agente de Combate às Endemias (ACE), o cirurgião-dentista (preferencialmente espe-
cialista em saúde da família) e o auxiliar ou o técnico em saúde bucal (BRASIL, 2017b).
As eAB também seguem a estrutura de equipe das eSF, embora admitam que 
possa haver até 3 profissionais de cada categoria, desde que a carga mínima de cada 
um deles seja 10 horas e somados atinjam 40 horas semanais. Sendo assim, a eAB é 
formada por:
• Médicos (preferencialmente especialista em medicina de família e comunidade).
• Enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família).
• Auxiliares de enfermagem e/ou técnicos de enfermagem (BRASIL, 2017b).
As equipes de Saúde Bucal (eSB), como o próprio nome diz, englobam as ca-
tegorias de saúde bucal, ou seja, são compostas por uma equipe que atua na Atenção 
Básica (eSF ou eAB) junto a um cirurgião dentista e um técnico ou auxiliar de saúde bucal, 
estando responsável pela população do território adscrito a essa equipe. (BRASIL, 2017b). 
Dessa maneira, a eSB tem a obrigatoriedade de estar vinculada ao SCNES de uma Unida-
de Básica de Saúde (UBS), ou a uma Unidade Odontológica Móvel (BRASIL, 2020b).
As eSB podem ser divididas em duas modalidades:
• Modalidade I: composta por cirurgião dentista e auxiliar em saúde bucal (ASB) ou 
técnico em saúde bucal (TSB).
• Modalidade II: composta por cirurgião dentista, 1 técnico em saúde bucal (TSB) e 1 
auxiliar em saúde bucal (ASB) ou 2 técnicos em saúde bucal (TSB) (BRASIL, 2017b).
A modalidade de equipe Nasf-AB, que assim como a eSB, deverá ser integrada 
a uma eSF ou eAB. O Nasf-AB é uma modalidade composta por diversas categorias 
profissionais que irão atuar de forma interdisciplinar para a integralidade da assistência 
do usuário. Os profissionais que podem compor a equipe Nasf-AB são: assistente social; 
educador físico; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; terapeuta ocupacional; 
14
psicólogo; nutricionista; médico especialista (acupunturista, ginecologista/obstetra, 
homeopata, pediatra, geriatra, do trabalho, clínica médica), veterinário, sanitarista ou 
arte educador. Essa escolha será realizada pelo gestor de acordo com a particularidade 
do território (BRASIL, 2017b).
A existência dessa modalidade de equipe permite que a unidade de saúde possa 
ampliar o acesso aos usuários a especialistas, bem como realizar um Projeto Terapêutico 
Singular (PTS) em conjunto com diversas categorias profissionais sem a necessidade 
de encaminhar o usuário para outro ponto de atenção. Dessa forma, o vínculo entre 
o usuário e a unidade permanece firme e garante maior adesão ao acompanhamento, 
além de maior proximidade do quadro individual ou familiar (BRASIL, 2017b).
O ProjetoTerapêutico Singular (PTS) refere-se a um conjunto de propostas 
e condutas elaborado de maneira coletiva e articulada por profissionais 
interdisciplinares, por usuários e seus familiares, para estabelecer 
melhorias a um determinado problema encontrado em uma família. O 
PTS tem grande vantagem quando tem como ferramenta a equipe Nasf-
AB, que realiza o apoio matricial das eSF ou eAB.
INTERESSANTE
A atuação da equipe Nasf-AB se dá por solicitação da eSF/e-AB, ou seja, quando 
o médico ou o enfermeiro identifica uma demanda no território que seja necessário 
avaliação pelo profissional, deverá solicitar um matriciamento, uma interconsulta ou 
uma consulta individualizada realizada por esse profissional ao usuário (BRASIL, 2017b).
Compete ao profissional que atua na equipe Nasf-AB a participação de reuniões 
e planejamentos com a equipe a qual estão vinculados; realizar discussão de casos, 
realizar atendimento individualizado, realizar interconsultas, construir em conjunto 
com as equipes o PTS, realizar ações de educação permanente, realizar ações de 
prevenção e promoção à saúde, realizar atividades coletivas, realizar ações territoriais e 
intersetoriais, dentre outros. Dessa maneira, todas as ações realizadas deverão ter como 
objetivo contribuir para a integralidade do cuidado (BRASIL, 2017b).
Por fim, a última modalidade descrita na PNAB como tipo de equipe de Atenção 
Básica é a Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), conhecida anteriormente 
por Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), que deverá ser reorganizada 
gradualmente como eSF. Essa modalidade permite que a equipe seja composta por 
Agentes Comunitários de Saúde (ACS), supervisionados por um enfermeiro. O número 
de ACS será definido de acordo com o número de habitantes, questões epidemiológicas 
e sociais do território, considerando no máximo 750 pessoas cadastradas para cada 
ACS. Todos os profissionais deverão estar cadastrados no CNES de uma UBS, que será a 
referência dessa equipe, e cumprir a carga horária de 40 horas semanais.
15
As atividades desenvolvidas pela EACS são referentes às atribuições dos ACS, 
dessa maneira, deverão realizar o cadastramento e o monitoramento da população, bem 
como o registro dos dados nos sistemas de informações vigentes, sempre considerando 
a prioridade do território e suas vulnerabilidades. (BRASIL, 2017b).
3.3.1 Equipes de Atenção Básica para Populações Específicas
Acabamos de ver todos os modelos de equipes de Atenção Básica, entretanto, 
existem alguns modelos de equipes adicionais que atuam em territórios específicos e 
possuem suas particularidades. Espera-se que esses modelos sejam transitórios, até 
que toda a população do território brasileiro seja acompanhada por eSF. Essas equipes 
são: as equipes de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR), as equipes de Saúde da Família 
Fluviais (eSFF), as equipes de Consultório na Rua (eCR) e as equipes de Atenção Básica 
Prisional (eABP) (BRASIL, 2017b).
As equipes de saúde da família que atuam em território ribeirinho podem adotar 
dois modelos de organização: as equipes de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR) ou as 
equipes de Saúde da Família Fluviais (eSFF) (BRASIL, 2017b).
As eSFR desenvolvem a maior parte de suas atividades em Unidades Básicas 
de Saúde, localizadas em áreas em que estão acrescentadas e que possuem acesso 
por rio, por isso, é necessário que haja embarcações para realizar o deslocamento das 
comunidades no território, recebendo incentivo de até quatro embarcações e quatro 
unidades satélites para apoio das equipes (BRASIL, 2017b). Já as eSFF desempenham 
o seu papel em Unidades Básicas de Saúde Fluviais. Ademais, a composição mínima 
dessas equipes é de: 
• 01 médico (preferencialmente especialista em medicina de família e comunidade).
• 01 enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família).
• 01 auxiliar ou técnico de enfermagem (podendo possuir no máximo 11 profissionais 
dessa categoria). 
Além das categorias destacadas, outros profissionais podem compor a 
equipe, tais como os cirurgiões dentistas, os auxiliares ou técnicos de saúde bucal, 
microscopistas – em regiões endêmicas, podendo chegar até no máximo 12 profissionais 
dessa categoria – até 2 profissionais de nível superior (enfermeiro ou Nasf-AB) e os ACS. 
Inclusive, cabe pontuar que o número máximo de ACS nas equipes é de 24. Todos os 
profissionais deverão cumprir uma carga horária de 8 horas por dia, durante 16 dias do 
mês, dos quais 14 dias serão para atendimento à população e 2 dias para atividades de 
educação permanente, planejamento e serviços administrativos (BRASIL, 2017b).
As equipe de Consultório na Rua (eCR) tem objetivo de oferecer acesso à saúde 
para a população em situação de rua e atuam de maneira itinerante, além de realizarem 
ações em conjunto com outras eSF ou eAB do território, visto que a população em 
16
situação de rua deambula por diversos territórios, dos Centros de Atenção Psicossocial 
(CAPS), da Rede de Urgência/Emergência e de outros recursos disponíveis na RAS 
do município, atuando com carga horária mínima de 30 horas semanais, embora o 
funcionamento deva ser adequando conforme a demanda (BRASIL, 2011c).
Segundo a Portaria a nº 1029 de maio de 2014 e a Portaria de Consolidação 
das normas sobre as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 
2014d), a composição dessas equipes poderá seguir três modalidades:
• Modalidade I: equipe formada por no mínimo quatro profissionais, dos quais dois 
deles devem ser compostos por: enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirur-
gião dentista ou terapeutas ocupacionais. Os outros dois deverão ser enfermeiros, 
psicólogos, assistentes sociais, cirurgião dentista, terapeutas ocupacionais, agen-
tes sociais, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico ou auxiliar de saúde bucal 
ou educador físico.
• Modalidade II: equipe formada por no mínimo seis profissionais, dos quais três deles 
devem ser compostos por: enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, cirurgião 
dentista ou terapeutas ocupacionais. Os outros três deverão ser enfermeiros, 
psicólogos, assistentes sociais, cirurgião dentista, terapeutas ocupacionais, agentes 
sociais, técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico ou auxiliar de saúde bucal ou 
educador físico.
• Modalidade III: equipe formada pela Modalidade II adicionado de um médico. 
Por último, vamos citar as Equipes de Atenção Básica Prisional (eABP), que 
têm a finalidade de oferecer o serviço de atenção básica aos privados de liberdade em 
um sistema prisional. Essas equipes são compostas de maneira multiprofissional, de 
acordo com a sua modalidade. As eABP podem ser das seguintes modalidades: Equipe 
de Atenção Básica Prisional Tipo I (EABP-I), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I 
com Saúde Mental (EABP-I com Saúde Mental), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo 
II (EABP-II), Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II com Saúde Mental (EABP-II com 
Saúde Mental) e Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo III (EABP-III). Veja a seguir as 
particularidades entre elas, conforme a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde 
das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (BRASIL, 2014e). 
Segundo a Portaria nº 482. de 1º de abril de 2014 (BRASIL, 2014e; 2017). essas 
equipes devem ser compostas da seguinte maneira: 
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I (EABP-I): composta por um médico, 
um enfermeiro, um técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem, um cirurgião 
dentista e um técnico de saúde bucal ou auxiliar de saúde bucal. Devem cumprir 
carga horária de 6 horas semanais e realizar o acompanhamento de até 100 pessoas 
privadas de liberdade. 
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo I com Saúde Mental (EABP-I com 
Saúde Mental): composta pelos profissionais da equipe mínima da EABP-I 
acrescido de uma equipe de saúde mental, composta por 3 profissionais, dentre eles, 
17
1 psiquiatra ou médico com experiência em Saúde Mental e 2 outros profissionais 
(podendoser terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, 
farmacêutico ou enfermeiro). Devem cumprir carga horária de 6 horas semanais e 
realizar o acompanhamento de até 100 pessoas privadas de liberdade. 
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II (EABP-II): composta por um 
médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem, 
um cirurgião dentista e um técnico de saúde bucal ou auxiliar de saúde bucal, um 
psicólogo, um assistente social e um profissional de nível superior (um psicólogo, 
um assistente social e um profissional de nível superior (podendo ser terapeuta 
ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, farmacêutico, nutricionista 
ou enfermeiro). Essa modalidade de equipe deverá cumprir a carga horária de 20 
horas semanais (com carga horária distribuída entre os profissionais pelo gestor 
e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e atender de 101 a 150 pessoas 
privadas de liberdade. 
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo II com Saúde Mental (EABP-II 
com Saúde Mental): composta pelos profissionais da equipe mínima da EABP-II 
acrescido de uma equipe de saúde mental, composta por 3 profissionais, dentre eles, 
1 psiquiatra ou médico com experiência em Saúde Mental e 2 outros profissionais 
(podendo ser terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, 
farmacêutico ou enfermeiro). Essa modalidade de equipe deverá cumprir a carga 
horária de 20 horas semanais (com carga horária distribuída entre os profissionais 
pelo gestor e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e atender de 101 a 150 
pessoas privadas de liberdade. 
• Equipe de Atenção Básica Prisional Tipo III (EABP-III): composta pelos 
mesmos profissionais da EABP-II com Saúde Mental. Essa modalidade de equipe 
deverá cumprir a carga horária de 30 horas semanais (com carga horária distribuída 
entre os profissionais pelo gestor e não podendo ser menor de 10 horas semanais) e 
atender entre 501 a 1200 pessoas privadas de liberdade.
4 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Agora que já falamos um pouco sobre a história do sistema de saúde do Brasil, 
das diretrizes da Atenção Básica e da infraestrutura, funcionamento e equipes, vamos 
nos ater especificamente a Estratégia de Saúde da Família, modelo de reestruturação e 
consolidação da Atenção Básica à Saúde. 
A Estratégia Saúde da Família (ESF), conhecida anteriormente como Programa 
Saúde da Família (PSF), criado pelo Ministério da Saúde em 1994, possui diversas vanta-
gens sobre o modelo tradicional dos postos de saúde, pois estabelece um número es-
pecífico de pacientes para cada equipe, facilitando o acesso do usuário à equipe de saú-
de e como consequência à resolução da sua queixa (CORDOBA, 2013; BRASIL, 2017b).
18
4.1 HISTÓRIA DA ESF NO BRASIL
A ESF teve início em 1991, com a reformulação do Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS) por apoio do Fundo das Nações Unidas da Infância 
(UNICEF) e verificação do êxito de alguns países, como Canadá e Cuba com o investimento 
na Atenção Primária à Saúde (APS). O PACS estava recebendo muita visibilidade devido 
ao sucesso na redução da mortalidade infantil nos locais implantados e dessa maneira, 
em 1994, o Ministério da Saúde teve maior interesse em investir nesse modelo de 
atenção (CAMPOS, 2009).
Cabe destacar que em 1997, por meio da Portaria GM/MS nº 1886, foram 
instituídas as normas e diretrizes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
(PACS) e do Programa Saúde da Família (PSF), que afirmou os dois programas como 
modelos de consolidação do SUS com a reorientação da assistência ambulatorial e 
domiciliar e estimulou sua expansão. Por essa razão, muitos autores consideram que 
a ESF possui caráter substitutivo, pois substituiu as práticas tradicionais curativistas e 
com foco na doença para um modelo que visa a promoção da saúde (BRASIL, 2017b).
O PACS foi um programa criado nas regiões Norte e Nordeste, 
regulamentado em 1997, com o objetivo de combater a mortalidade 
materna e infantil das regiões mais necessitadas do país. Posteriormente, 
foi expandido para outras regiões carentes.
DICA
4.2 CARACTERÍSTICAS DA ESF
A ESF segue os princípios e diretrizes da Atenção Básica, citadas anteriormente. 
Nessa lógica, sua regulamentação possibilitou a criação de vínculo com a população. 
Essa vantagem é fácil de compreender no contexto da saúde da família, visto que agora, 
espera-se que cada médico e enfermeiro passe a ser responsável por no máximo 3500 
pessoas (BRASIL, 2017). Sendo assim, o número de pacientes sob responsabilidade da 
equipe facilita o vínculo, a responsabilização e a resolutividade da assistência. 
Todas as pessoas que residem no território adscrito à unidade de saúde deverão 
ser cadastradas por uma equipe de saúde da família para realizar o seu acompanhamento. 
Os profissionais responsáveis por realizar o cadastramento e mantê-lo atualizado são os 
Agente Comunitário de Saúde (ACS). Essa categoria profissional foi uma inovação para o 
modelo tradicional de atendimento à atenção básica, pois ele não possuía profissionais 
dessa categoria. A vantagem é que os ACS devem, preferencialmente, pertencer ao 
19
Embora o ACS tenha como pré-requisito residir na área de abrangência 
da unidade, de acordo com a Lei nº 11.595/2018 foi estabelecido duas 
exceções para essa condição. São elas:
• Se o território de abrangência tiver risco para a integridade física do ACS 
e/ou de seus familiares devido a ameaças da comunidade a qual atua.
• Caso o ACS adquira casa própria em outro território, poderá 
permanecer na equipe de sua atuação ou ser remanejado para a nova 
área de residência.
IMPORTANTE
território da unidade e realizar a maior parte das suas atividades na rua. Dessa forma, 
os ACS fazem as visitas domiciliares para todas as famílias cadastradas na sua área de 
atuação (microárea) (BRASIL, 2017b).
As visitas domiciliares são recursos para cadastramento e monitoramento da 
população. Por exemplo, uma família que possui quatro pessoas, das quais, uma está 
gestante, duas são crianças e a outra possui diagnóstico e realiza acompanhamento 
para hipertensão, deverá realizar a visita dessa família focada nas características 
encontradas, bem como no perfil epidemiológico conhecido. O atendimento é focado 
tanto no indivíduo, quanto na família, em todos os ciclos de vida, buscando estabelecer 
ações de promoção à saúde no território (TEIXEIRA, 2019).
A ESF é considerada como porta de entrada, pois é por meio dela que as pesso-
as chegam ao serviço de saúde, ou seja, é o primeiro contato da população com o SUS 
(CAMPOS, 2009). O serviço de vacinação é um bom exemplo sobre isso, pois a pessoa 
acessa o serviço para receber uma vacina e a partir de então pode ser cadastrada e re-
alizar outros atendimentos no local. Caso a equipe identifique uma criança que foi até a 
unidade para se vacinar e não está cadastrada é necessário compreender se são novos 
moradores, a fim de receberem a visita do seu agente comunitário para cadastramento 
e seguimento do acompanhamento. Alguns recursos que poderão ser abordados após 
esse contato é o agendamento da criança para acompanhamento pelo médico e pelo 
enfermeiro da equipe por meio da puericultura (conforme agendamento recomendado 
pelo Ministério da Saúde) e oferta do planejamento reprodutivo para a mãe.
Cabe destacar a importância do cuidado centrado na família, compreendendo 
a individualidade de cada um no seu contexto familiar. Essa atenção é importante, 
juntamente ao estabelecimento do vínculo com a família, pois esses dois conceitos 
promovem maior humanização do cuidado. Quando um profissional realiza o atendimento 
de um paciente na ESF ele deve compreender os aspectos emocionais, psicológicos 
e sociais que interferem na realidade dele. Por isso, não basta conhecer apenas um 
indivíduo, é necessário saber o seu contexto familiar, seu contexto de trabalho, suas 
condições de vida e suas vulnerabilidades. 
20
Para facilitar a abordagem familiar a ESFutiliza alguns instrumentos, como o 
genograma e o ecomapa. Segundo Nascimento, Rocha e Hayes (2005, p. 281-283), o 
genograma, por exemplo, descreve a estrutura familiar do indivíduo com pelo menos 
três gerações. Ele descreve os membros da família que residem no mesmo ambiente, 
seus nomes, o ano de nascimento e/ou óbito, as datas de casamento e/ou divórcio, 
as doenças ou problemas prevalentes e as relações familiares. Já o ecomapa é um 
instrumento complementar ao genograma e considera as relações que ocorrem 
com a família fora de sua residência, ou seja, vizinhos, amigos, trabalho, serviços da 
comunidade e grupos sociais. 
4.3 COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES DAS ESF
Segundo a Portaria nº 2436, de 21 de setembro de 2017, cada ESF pode ser 
composta de uma ou mais eSF e o número de equipes irá variar de acordo com o 
número de pessoas que residem na região. Como vimos, também, cada eSF deve ser 
composta por, 1 Médico (preferencialmente especialista em medicina de família e co-
munidade); 1 Enfermeiro (preferencialmente especialista em saúde da família); 1 Auxi-
liar e/ou técnico de enfermagem; Agente Comunitário de Saúde (ACS) e cumprirem a 
carga horária de 40 horas semanais. Associado à eSF pode ser acrescentado uma eSB 
ou uma equipe Nasf-AB (BRASIL, 2017a). 
Todos esses profissionais possuem atribuições, algumas delas são: 
• Conhecer o seu território de referência, ou seja, o espaço físico, as ferramentas ins-
titucionais, as características culturais, sociais e epidemiológicas da região, inclusi-
ve as vulnerabilidades, participando do processo de territorialização e mapeamento.
• Realizar o registro das ações desenvolvidas em prontuário próprio do paciente.
• Alimentar e garantir a qualidade dos registros dos sistemas de informação vigentes.
• Realizar busca ativa e notificar doenças e agravos de notificação compulsória.
• Participar do acolhimento do usuário, de maneira humanizada e acolhedora, com 
escuta ativa.
• Identificar os diagnósticos de saúde da população sob sua responsabilidade, ou 
seja, os problemas de saúde.
• Promover parcerias com as instituições do território, organizações formais e 
organizações informais em prol da comunidade.
• Prestar assistência integral à população.
• Prezar pela promoção da saúde, realizando ações com esse objetivo.
• Realizar atividades em grupo, de acordo com a demanda da população.
• Estimular a participação da comunidade no seu cuidado e autonomia à saúde, 
inclusive nos Conselhos de Saúde.
• Participar dos Conselhos de Saúde.
• Valorizar o vínculo com as famílias cadastradas no seu território.
• Participar das reuniões de equipe.
21
• Realizar visita domiciliar e/ou atendimento domiciliar conforme sua categoria 
profissional, incluindo Instituições de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre 
outros tipos de moradia existentes no território.
• Atuar, conforme a sua categoria profissional, no atendimento às infecções sexual-
mente transmissíveis (IST’s) e outras doenças infecciosas (meningite, catapora, gripe 
e outras), aos ciclos de vida (criança, adolescente, mulher, homem, gestante e idosos), 
às condições crônicas prevalentes (hipertensão, diabetes, tuberculose, hanseníase) e 
outras condições conforme carteira de serviços e metas/indicadores vigentes.
• Realizar ações interdisciplinares.
• Acompanhar e registrar o Bolsa Família (BRASIL, 2017a). 
Além das atribuições que pertencem a todos os profissionais que atuam na ESF, 
existem atribuições específicas a cada categoria profissional descritas na PNAB. Os 
enfermeiros, por exemplo, deverão:
• Executar o atendimento a todos os ciclos de vida, bem como às condições crônicas 
existentes em seu território e outras condições de saúde conforme sua competência.
• Realizar atendimento e procedimentos regulamentados no exercício da sua profissão 
dentro e fora da unidade quando necessário, como no domicílio, em escolas e outros.
• Solicitar exames complementares, prescrever medicações conforme protocolos.
• Realizar/Supervisionar o acolhimento com escuta qualificada.
• Supervisionar as ações dos ACS e dos técnicos e/ou auxiliares de enfermagem.
• Promover ações de educação permanente aos ACS e aos técnicos e/ou auxiliares 
de enfermagem.
• Organizar as rotinas de trabalho da ESF (BRASIL, 2017a).
O técnico de enfermagem tem como suas atribuições:
• Realizar os procedimentos de enfermagem que estão como escopo da unidade, 
como curativos, administração de medicamentos, vacinas, coleta de material para 
exames e outros.
• Realizar procedimentos regulamentados no exercício da sua profissão fora da 
unidade quando solicitado ou necessário, como no domicílio, em escolas e outros 
(BRASIL, 2017).
Os ACS têm como responsabilidade as seguintes atribuições:
• Realizar o mapeamento da área por meio da territorialização.
• Realizar o cadastramento dos usuários e a manutenção dos cadastros.
• Realizar o acompanhamento de todas as famílias sob sua responsabilidade.
• Identificar situações de risco no território para realizar intervenções junto a equipe 
por meio de discussões de casos.
• Desenvolver ações que gerem integração entre a comunidade e a equipe de saúde.
22
• Conhecer o funcionamento da unidade para orientar a população da maneira correta.
• Informar ao paciente sobre o dia e horário agendado de consultas e exames (BRASIL, 
2017a).
O médico possui as seguintes atribuições:
• Realizar o atendimento do paciente e das famílias sob sua responsabilidade por 
meio de consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em 
grupo e fora da unidade quando necessário, como no domicílio, em escolas e outros.
• Realizar encaminhamento do paciente para outros pontos de atenção, seja para 
realização de exames ou de atendimento com profissional especializado, sempre 
que necessário;
• Realizar estratificação de risco dos pacientes sobre sua responsabilidade com 
condições crônicas pré-existentes (BRASIL, 2017a).
4.4 DESAFIOS DA ESF
Segundo Arantes, Shimizu e Merchán-Hamann (2016), a ESF possui alguns 
desafios para sua expansão, devido à variedade de condições que encontramos no 
território brasileiro. O investimento dos municípios, embora seja fiscalizado, será 
diferente em cada um deles, devido à diferença de arrecadação dos municípios e estados 
brasileiros. Dessa maneira, existem unidades de saúde com estruturas deficientes e que 
não se enquadram ao modelo sugerido pelo Ministério da Saúde. 
O Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde (BRASIL, 2008b) 
recomenda, por exemplo, que as unidades de Saúde da Família possuam: 
• ambientes administrativos (como recepção, sala de espera, sala de prontuário, 
administração e gerência, sala de reuniões, sala dos ACS, almoxarifado e farmácia). 
• ambientes para atendimento clínico (consultórios, sala de procedimentos, sala de 
vacina, sala para coleta de materiais para análise clínica, sala de nebulização e sala 
de curativo).
• ambientes para atendimento odontológico (consultório odontológico, escovário, 
área para compressor e bomba), quando possuir eSB.
• ambientes de apoio (sanitário, banheiro para funcionário, copa/cozinha, área de 
serviço e depósito de material de limpeza, central de material de esterilização, sala 
de utilidades, depósito de lixo, abrigo de resíduos sólidos/expurgo).
Além dos ambientes, o manual também recomenda os mobiliários que devem 
existir em cada local, com as especificidades (BRASIL, 2008b).
Outro desafio refere-se à ausência de profissionais para atuar em regiões mais 
isoladas do país, como as regiões rurais, áridas ou as regiões do Norte do país (ARANTES; 
SHIMIZU; MERCHÁN-HAMANN; 2016). O Programa Mais Médicos (PMM) é uma estratégia 
23
de fortalecimento das ESF, pois realiza a contratação emergencial de médicos pelo país, 
expandiu o número de vagas para os cursos de medicina e de residência médica em 
medicina de família e comunidade, e a implantou um novo currículo na formação médica, 
com a finalidade de incentivar ações preventivas, de promoção à saúdee desenvolver 
um atendimento médico mais humanizado (BRASIL, 2013b).
Os fortalecimentos das estruturas gerenciais nos municípios também 
são desafiadores, embora a PNAB 2017 tenha contribuído com essa questão, pois 
recomendou a inclusão do gerente de Atenção Básica em todas as unidades de AB, 
a fim de contribuir para a qualificação da equipe e melhoria do processo de trabalho 
(BRASIL, 2017a).
Por fim, mesmo que outros desafios possam surgir, a ESF tem sido a maior 
ferramenta do Ministério da Saúde para ampliação da Atenção Básica e fortalecimento 
das ações de promoção à saúde (ARANTES; SHIMIZU; MERCHÁN-HAMANN; 2016).
24
Neste tópico, você aprendeu:
• A história do sistema de saúde do Brasil, levando em consideração o foco na 
Atenção Básica à Saúde e o seu ápice, com a Política Nacional de Atenção Básica.
• Quais os princípios e as diretrizes da Atenção Básica.
• Como deve ser a infraestrutura de uma Unidade de Atenção Básica.
• Como ocorre o funcionamento das equipes de Atenção Básica.
• Quais os tipos de equipes de Atenção Básica, inclusive as equipes para populações 
específicas, tais como as ribeirinhas, pessoas em situação de rua ou as pessoas 
privadas de liberdade.
• A importância da Estratégia Saúde da Família (ESF) como modelo de reestruturação 
e fortalecimento das ações de Atenção Básica, sua história, características, 
composição e atribuições dos profissionais da equipe e os desafios atuais.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
AUTOATIVIDADE
1 Em 2006 foi aprovada a Portaria nº 648/GM de 28 de março de 2006, que aprovou a 
Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas 
para a organização da Atenção Básica para o PSF e o PACS. Com base nas diretrizes 
de Atenção Básica estabelecidas na Política Nacional de Atenção Básica (2017a), 
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Participação da comunidade; territorialização, longitudinalidade; resolutividade e 
coordenação do cuidado.
b) ( ) Equidade; regionalização/hierarquização; territorialização; população adscrita e 
ordenação de rede.
c) ( ) Participação da comunidade; equidade; universalidade; regionalização/
hierarquização e territorialização.
d) ( ) Universalidade; equidade; integralidade; regionalização/hierarquização e 
participação da comunidade.
2 A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB foi criada em 2006 e é baseada nos 
seguintes princípios: a universalidade, a equidade e a integralidade. Sobre a Política 
Nacional de Atenção Básica (PNAB), analise as afirmativas a seguir:
I- Tem a Saúde da Família como estratégia de expansão e consolidação da Atenção 
Básica no país.
II- A Atenção Básica e a Atenção Terciária devem ser as portas de entrada do SUS, por 
meio das UBS e das emergências dos hospitais e das internações.
III- A equipe mínima de uma equipe de Saúde da Família é composta por um médico, 
preferencialmente especialista em medicina da família e comunidade; um 
enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da família; um auxiliar ou 
técnico de enfermagem e quatro Agentes Comunitários de Saúde. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença I está correta.
3 Os princípios da Atenção Básica seguem os mesmos preceitos do SUS, dessa 
maneira, possuem as mesmas definições norteadoras. Segundo a PNAB (2017), sobre 
a atribuição específica do enfermeiro que atua na Atenção Básica, classifique V para 
as sentenças verdadeiras e F para as falsas: 
26
( ) Realizar e/ou supervisionar acolhimento com escuta qualificada e classificação de 
risco, de acordo com protocolos estabelecidos.
( ) Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem e ACS;
( ) Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando 
fluxos locais, mantendo sob sua responsabilidade o acompanhamento do plano 
terapêutico prescrito.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – V.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) V – F – V.
d) ( ) F – V – F.
4 A Estratégia Saúde da Família (ESF) vem sendo um grande avanço para as políticas 
públicas de saúde no Brasil, desde a sua criação. A Política Nacional de Atenção Básica 
(PNAB) estabeleceu a ESF como modelo de organização, consolidação e expansão da 
Atenção Básica. Disserte sobre a importância da longitudinalidade do cuidado para 
ofortalecimento das ações da ESF. 
5 No Brasil, com a regulamentação do SUS, e a definição dos seus princípios – 
universalidade, equidade, integralidade – e diretrizes – regionalização, hierarquização, 
descentralização e participação popular –, o acesso à saúde passou a ser direito de 
todos e dever do estado, independente do indivíduo ter carteira de trabalho assinada 
ou não. Considerando o princípio de integralidade e a diretriz da Atenção Básica de 
resolutividade, disserte sobre a importância da equipe Nasf-AB. 
27
SISTEMA DE REFERÊNCIA E 
CONTRARREFERÊNCIA NA REDE DE 
ATENÇÃO À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos o Sistema de Referência 
e Contrarreferência na Rede de Atenção à Saúde. Para introduzir esse tema, iniciaremos 
falando um pouco sobre a operacionalização da Rede de Atenção à Saúde, suas 
características e relação com a Atenção Primária à Saúde (APS), considerando suas 
diretrizes e atributos para o cuidado integral na RAS e ordenação do Sistema de 
Referência e Contrarreferência.
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são os fluxos de atendimento dos serviços 
de saúde de diferentes densidades tecnológicas, sejam elas da atenção primária, 
da atenção secundária e/ou da atenção terciária, que juntas formam uma rede de 
atendimento à população e garante a integralidade da assistência. Como vimos no 
Tema de Aprendizado 1, sobre a organização da Atenção Básica/Primária, podemos 
compreendê-la como uma porta de entrada ao sistema de saúde. Dessa maneira, ao 
abordar as RAS, vamos partir do princípio, que é uma Unidade de Atenção Básica, a 
qual é responsável pelo direcionamento do paciente pela rede. Por isso, também 
traremos uma reflexão sobre a importância da integralidade da assistência, que é um 
dos princípios do SUS, referente ao atendimento integral do paciente, ou seja, de todas 
as suas necessidades, seja ela de baixa ou alta complexidade. 
Por fim, falaremos sobre o funcionamento do sistema de referência e contrar-
referência, responsável pelo encaminhamento do paciente pelos pontos de atenção, 
trazendo informações e comunicação entre o profissional solicitante e o prestador de 
serviço especializado.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 OPERACIONALIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
Em 30 de dezembro de 2010 foi publicada a Portaria nº 4.279, que estabeleceu as 
diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde (RAS) no âmbito do Sistema 
Único de Saúde (SUS). A relevância dessa portaria é reduzir a fragmentação existente no 
serviço de saúde e qualificar a gestão do cuidado, facilitando a integralidade do serviço 
e a comunicação entre eles para que o paciente seja beneficiado de acordo com a sua 
demanda (BRASIL, 2010a).
28
De acordo com Mendes (2011, p. 57), existem diversas diferenças entre o modelo 
de rede fragmentado e a RAS. Enquanto a forma de organização do sistema fragmentado 
é por meio de uma hierarquia, a RAS é organizada por uma poliarquia; a coordenação da 
atenção fragmentada e a comunicação entre os componentes é inexistente, já na RAS a 
coordenação é feita pela APS e a comunicação é feita por sistemas logísticos eficazes. O 
foco de ambos também é diferente, enquanto a rede fragmentada focava nas deman-
das agudas da população, de maneira reativa e episódica (com o paciente recebendo a 
prescrição pelo médico), a RAS considera condições agudas e crônicas por meio de um 
funcionamento proativo e contínuo, baseado em plano de cuidados de cada pessoa.
Cabe apontar que o plano de cuidados é realizado conjuntamente por umaequipe multiprofissional e pela pessoa, ou seja, o paciente é corresponsável por sua 
saúde) com busca ativa e o paciente pelos profissionais (GELINSKI, 2011; BRASIL, 2017b).
Outra diferença entre ambos é que a rede fragmentada dava ênfase em ações 
curativistas e sem estratificação de risco, enquanto a RAS prioriza as ações preventivas e 
de promoção à saúde sem desconsiderar a necessidade da integralidade da assistência e 
com avaliação de risco de cada indivíduo para estratificar a sua assistência. Além dessas 
diferenças, outras podem ser identificadas (MENDES, 2011; OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2016).
Para deixar mais claro, vamos considerar um paciente que chegue em uma USB 
para atendimento agendado e que seja identificado pelo médico da equipe, durante 
o atendimento, que esse paciente apresentou infecção urinária recorrente durante 
o último ano (mesmo com tratamento adequado) e que não há causas anatômicas 
urológicas ou ginecológicas associadas avaliadas por meio de ultrassonografia de 
vias urinárias e exame clínico. Sendo assim, percebeu-se que havia necessidade de 
encaminhá-lo ao nefrologista, a fim de ouvir a avaliação do especialista. Para que esse 
fluxo ocorra é necessário a existência de uma RAS, que irá indicar os serviços de saúde 
do território a qual o paciente poderá ser direcionado. Sendo assim, o paciente não 
deixará de ser atendido pela USB, embora receba o acompanhamento concomitante da 
rede secundária a fim de pesquisar a causa da infecção urinária recorrente. 
Se não existisse a RAS as pessoas que tivessem qualquer demanda de saúde não 
saberiam qual serviço procurar e, geralmente, isso causa o sucateamento dos serviços hos-
pitalares, devido a sua complexidade. É comum que os pacientes pensem que a rede ter-
ciária é mais eficaz que outras redes, pois possui mais aparelhos, instrumentos e especia-
listas. Entretanto, se os hospitais estiverem cheios de pessoas que possuem demandas de 
simples resolução na Atenção Primária (UBS) não terão acesso às pessoas que realmente 
necessitam do serviço especializado e de alta complexidade (MENDES, 2011; IBGE, 2010).
Você consegue entender que a RAS estabelece uma relação entre a rede pri-
mária, a rede secundária e a rede terciária? Essa sistematização da relação entre as três 
redes de atenção à saúde refere-se à RAS e a sua efetivação promove um atendimento 
à saúde mais eficaz e integral à população, pois considera a necessidade do indivíduo 
em todos os níveis de atenção e mantém a AB como coordenadora dessa rede. 
29
2.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS E ATRIBUTOS DA RAS
Para explicar um pouco mais sobre a RAS, Oliveira, Silva e Souza (2021, p. 32) 
dividem elas em três elementos: a população, a estrutura operacional e o modelo de 
atenção à saúde.
A população refere-se ao objetivo de resolutividade, ou seja, o sujeito ao qual 
todo o serviço e rede está centrado a fim de identificar os problemas e propor soluções. 
É interessante relembrar, que nas eSF a população é adscrita a um território, definida 
pelas suas características geográficas, sociais e epidemiológicas por meio da territoriali-
zação. Posteriormente, toda a população deve ser cadastrada em uma equipe e microá-
rea, sendo acompanhada por um ACS, que estará mais próximo à família para identificar 
problemas relatados e/ou observados (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
O segundo elemento é a estrutura operacional, que está associada aos pontos 
de atenção das redes e pelas ligações materiais e imateriais que os integram. De acordo 
com Mendes (2011), a estrutura operacional possui cinco elementos, são eles, os centros 
de comunicação; os pontos de atenção à saúde secundários e terciários; os sistemas de 
apoio; os sistemas logísticos e sistemas de governança.
Em resumo, conforme Mendes (2011), os cinco elementos representam o 
seguinte:
1. Centro de comunicação: Atenção Primária à Saúde.
2. Pontos de atenção à saúde secundários e terciários: Serviços de atendimento 
especializado.
3. Sistemas de apoio: Locais que realizam serviços comuns a todos os pontos de aten-
ção relacionados a diagnóstico, à terapêutica, à assistência farmacêutica e aos ser-
viços de sistemas de informação à saúde. Alguns exemplos são: locais que realizam 
diagnóstico de imagem, medicina nuclear, patologia clínica, endoscopias, farmácia de 
alto custo e os sistemas de informação em saúde, tais como o Sistema de Informação 
de Agravos de Notificação (SINAN), o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), 
o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), dentre outros.
4. Sistemas logísticos: Referem-se, geralmente, a sistemas de informações em 
saúde que são integrados a diversos níveis de atenção. Alguns exemplos são a 
identificação do usuário por meio do Cartão Nacional do SUS (CNS), do prontuário 
clínico, do Sistema de Regulação (SISREG) ou solicitação de ambulância.
5. Sistemas de governança: São os responsáveis pela coordenação e organização 
da rede, alguns exemplos são as Comissões Intergestores Tripartite e Bipartite, no e 
as Comissões Intergestores Regionais. 
Por fim, o terceiro elemento da RAS é o modelo de atenção à saúde, que como 
já vimos, está baseado na resolução de demandas agudas e crônicas de maneira 
proativa e contínua, baseada em plano de cuidados de cada pessoa com a APS como 
30
coordenadora do cuidado (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021). Ademais, é cabível destacar 
que existem redes de atenção à saúde temáticas, são elas: a Rede de Atenção à Saúde 
Materno Infantil: Rede Cegonha; a Rede de Atenção de Urgências e Emergências (RUE); 
a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas; a Rede de Cuidados à 
Pessoa com Deficiência e a Rede de Atenção Psicossocial (BRASIL, 2011d).
Já as diretrizes para Organização da Rede de Atenção à Saúde do SUS 
consideram catorze atributos da rede. São eles: 
• a população e o território; 
• a existência de diversos estabelecimentos de saúde focados na prevenção, 
promoção da saúde, o tratamento, a reabilitação e outros serviços individuais e 
coletivos; 
• a Atenção Primária à Saúde como porta de entrada, contendo uma equipe 
multidisciplinar e coordenadora do cuidado; 
• a existência de serviços especializados em locais adequados; 
• a atenção à saúde individual, coletiva e familiar, considerando a diversidade da 
comunidade, ou seja, livre de preconceitos; 
• um sistema de governança único; 
• a participação da comunidade; 
• uma gestão integrada, tanto dos sistemas de apoio administrativos, clínicos e 
logísticos; 
• existência de recursos humanos suficientes e capacitados; 
• a integração dos sistemas de informação em saúde; 
• o financiamento tripartite; 
• a ação intersetorial com abordagem dos determinantes de saúde; 
• a gestão baseada em resultados. 
2.2 CARACTERÍSTICAS DA RAS 
Muitos países vêm chegando ao consenso de que organizar os sistemas de 
saúde em rede são excelentes soluções para a garantia da atenção integral, efetiva e 
eficaz à toda a população (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
A integralidade da assistência sempre foi um tema discutido no Brasil, desde 
a criação do SUS, mas o Pacto pela Saúde trouxe nova ênfase para essa discussão, 
pois elaborou um conjunto de reformas e pactuações entre as três esferas do governo 
(federal, estadual e municipal) para trazer maior eficiência ao SUS (PINHEIRO, 2009). Ele 
é dividido em três dimensões: o pacto pela vida, o pacto em defesa do SUS e o pacto 
de gestão. Logo após a criação do Pacto pela Saúde, foi elaborada a PNAB e a Política 
Nacional de Promoção à Saúde (PNPS), que tem a proposta de responder às demandas 
da população por meio de ações de vigilância e promoção à saúde, efetivando a APS 
como eixo estruturante da RAS no SUS. A seguir, veremos as características da RAS 
mais detalhadas (MENDES, 2011).
31
2.2.1 Relações Horizontais
Por meio das RAS, os pontos de atenção à saúde – sejam eles UBS, hospitais, 
unidades de pronto atendimento ou serviços especializados – possuem a mesma 
importância e juntos cumprem o seu papelpara garantir a integralidade da assistência 
(BRASIL, 2010a).
Essa lógica não considera um sistema de saúde piramidal e sim totalmente 
integrado, pois o usuário pode iniciar o atendimento na atenção primária, ser 
encaminhado diretamente para a atenção terciária e, após a alta, ser direcionado para a 
atenção secundária e primária. Esse modelo irá garantir que a necessidade do usuário 
seja atendida, considerando toda a lógica de organização dos serviços do SUS, ou seja, 
a descentralização, a hierarquização e a regionalização (MENDES, 2011).
Figura 1 – Mudança do modelo piramidal e hierárquico para o modelo em rede, com a atenção primária como 
coordenadora do cuidado
Fonte: adaptado de Mendes (2011)
Segundo a portaria nº 4.279, de 2010, a construção da RAS possui duas 
maneiras de articulação da rede: a articulação horizontal e a articulação 
vertical. A vertical consiste na “articulação de diversas organizações ou 
unidades de produção de saúde responsáveis por ações e serviços de 
natureza diferenciada, sendo complementar (agregando resolutividade e 
qualidade neste processo)”; e a horizontal na articulação de unidades e 
da mesma natureza (ou especialidade). Sua função é otimizar a escala 
de atividades, e garantir ampliação da cobertura, bem como eficiência 
econômica na provisão de ações e serviços de saúde através de ganhos 
de escala (redução dos custos médios totais em relação ao volume 
produzido) e escopo (aumento do rol de ações da unidade).
NOTA
32
2.2.2 Atenção Primária/básica como Coordenadora do 
Cuidado
Como já sabemos, a ordenadora do cuidado da RAS é a atenção primária, pois 
geralmente são os profissionais que atuam nesses serviços que avaliam o quadro do 
indivíduo a fim de classificarem sua necessidade e risco sendo a principal porta de 
entrada do SUS. 
A PNAB afirma que “a Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro 
de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços 
disponibilizados na rede” (BRASIL, 2017b). 
Podemos citar o seguinte exemplo para compreender a diferença na avaliação: 
se uma gestante chega até sua equipe de saúde da família e é identificado hipertensão 
sem lesão em órgão alvo, essa mulher deverá ser encaminhada para acompanhamento 
concomitante em pré-natal de alto risco. Já no caso de receber uma gestante com 
hipertensão grave, eclâmpsia ou sinais premonitórios em gestantes hipertensas, a 
mulher deverá ser encaminhada para uma emergência obstétrica por meio da solicitação 
de uma ambulância/vaga zero (BRASIL, 2022c).
Consegue compreender que, embora ambas as situações estejam relacionadas 
ao aumento de pressão da gestante, os dois exemplos possuem uma classificação de 
risco gestacional diferentes? No primeiro caso trata-se de um risco amarelo, ou seja, um 
alerta que os profissionais devem ter e, de maneira complementar, solicitar a avaliação 
de um profissional da rede secundária. No segundo caso há identificação de risco de vida 
para a mulher ou o feto e, por isso, como risco vermelho o monitoramento deverá ser con-
tínuo, por isso ela é encaminhada para uma maternidade de referência na rede terciária. 
2.2.3 Planejamento e Organização das Ações Segundo a 
Necessidade da População
Talvez você já tenha refletido sobre o motivo de existirem programas específicos 
para alguns ciclos de vida ou condições de saúde. Esse desenho existe, pois, para 
planejar as melhorias de saúde pública de uma população é necessário compreender 
o seu perfil e diagnóstico de saúde, além disso, considerar os determinantes de saúde. 
Nesse caso, os programas nacionais são baseados em identificações de problemas de 
saúde nacionais (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
De acordo com a Lei nº 12.864/2013, os fatores determinantes e condicionantes 
de saúde são: “a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o 
trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos 
bens e serviços essenciais para a saúde” (BRASIL, 2013b). 
33
Nesse sentido, considerando que você atue em uma equipe de saúde da família 
deverá identificar os problemas de saúde mais frequentes, por meio de um diagnóstico 
situacional. Esses problemas podem estar relacionados a questões epidemiológicas com 
incidência de casos de doenças infecto parasitárias, desnutrição e outros problemas 
sociais; bem como de quadros de doenças crônicas, como a hipertensão, a diabetes 
e o câncer ou até mesmo situações de vulnerabilidade, tais como violência urbana e 
consumo excessivo de álcool e drogas. 
Todos os problemas não podem ser resolvidos por meio de um sistema de saúde 
fragmentado, ou seja, que não haja relação entre as redes de atenção (OLIVEIRA; SILVA; 
SOUZA, 2021).
2.2.4 Atenção Contínua e Integral
A atenção contínua e integral refere-se ao princípio de integralidade, que consi-
dera o indivíduo como um todo e busca resolutividade em todas as demandas. Para que 
isso ocorra, é necessário a existência de ações integradas, pensando na prevenção, na 
promoção da saúde, no tratamento de doenças/agravos, na reabilitação e articulação 
de uma rede de saúde. Todos os níveis de assistência devem ter esse objetivo ao aco-
lher um usuário, por isso o atendimento é contínuo e integral (BRASIL, 2010b). 
Como vimos no tema de aprendizagem 1, a atenção primária busca resolver 85% 
dos casos que chegam a ela e os demais 15% serão direcionados a outro ponto de aten-
ção, garantindo a resolução do quadro, a atenção contínua e integral (STARFIELD, 2002).
A RAS possui como fundamento o processo de substituição, que está 
relacionado ao reagrupamento contínuo de recursos entre os serviços 
de saúde e dentro deles. Esse fundamento tem como objetivo prestar a 
atenção certa, no lugar certo, com o custo certo e no tempo certo. Um 
exemplo para esse fundamento é a mudança de local de atendimento de 
um usuário que sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e necessite de 
atendimento domiciliar, sendo assim, ele deixa de ter seus agendamentos 
na unidade de saúde para ser avaliado em residência até que haja 
mudança do quadro. Dessa forma, por meio da substituição o indivíduo 
permanece com atendimento integral e contínuo.
DICA
34
2.2.5 Atendimento Multiprofissional/interdisciplinar
Como o atendimento na RAS busca a integralidade da assistência, é indispen-
sável que ocorra de maneira multiprofissional e interdisciplinar, ou seja, que garanta a 
assistência em todas as necessidades de saúde do indivíduo. A diversidade de profis-
sionais tem maior facilidade na construção de um plano de cuidado, considerando todas 
as queixas do paciente (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021; MENDES, 2011; BRASIL, 2010).
Embora a existência de diversos profissionais seja essencial para o cuidado, cabe 
destacar que esse cuidado deve conversar, ou seja, não é um cuidado de diversos profis-
sionais de saúde de maneira fragmentada e sim considerando a importância da comuni-
cação entre os saberes para que haja maior benefício à assistência. A elaboração do plano 
terapêutico, que já comentamos, é um exemplo de interdisciplinaridade (BRASIL, 2017b).
2.2.6 Responsabilidade com os Compromissos e Metas, 
Considerando Questões Sanitárias e Econômicas
As equipes de saúde da família seguem as metas e indicadores estabelecidos 
pelo Ministério da Saúde e, por isso, realizam suas atividades pensando nos casos 
individuais e nos casos coletivos, ou seja, as metas estabelecidas em questões sanitárias 
(MENDES, 2011). Alguns exemplos são: aumento do encerramento por cura dos casos 
de tuberculose; o número de consultas de pré-natal; o aumento de cobertura vacinal; 
o aumento do aleitamento materno exclusivo até seis meses da criança, dentre outros 
(BRASIL, 2022d). Todos os serviços serão realizados com qualidade e eficiência, levando 
em consideração um cuidado integral e humanizado (BRASIL, 2017b).
Além das metas sanitárias, existem as questões organizacionais e gerenciais 
que influenciam economicamente os serviços públicos (MENDES, 2011). Aregionalização 
e a hierarquização, por exemplo, são diretrizes do SUS que apoiam esse processo, pois a 
longo prazo, o investimento na atenção primária faz com que haja menos gasto público e 
mais resolutividade da assistência, visto que os serviços de maior densidade tecnológica 
serão utilizados apenas quando há necessidade e não mais para resolução de situações 
mais simples – economia de escala (MENDES, 2011). Assim, todos os serviços, sejam de 
atenção primária, secundária ou terciária, consideram a melhoria coletiva da assistência 
e o menor gasto público. Por isso, os recursos materiais, humanos, financeiros e 
tecnológicos devem ser coordenados para que não haja prejuízo, tanto pela escassez, 
quanto pelo excesso (MENDES, 2011).
Importa salientar, que as diretrizes de regionalização e hierarquização são 
responsáveis pela organização dos serviços de saúde, segundo suas complexidades, nas 
regiões considerando o perfil da população ali residente. Por isso, falar de organização 
dos serviços é considerar suas localizações geográficas e acesso dos usuários ao 
serviço, ou seja, construir um hospital em uma região descentralizada e sem acesso à 
35
transporte público não garante efetividade da assistência, pois haverá gastos na sua 
construção e monitoramento e pouca utilidade para a população. Nesse sentido, é 
preciso que os serviços de saúde sejam de fácil acesso, de qualidade e em quantidade 
suficiente (MENDES, 2011).
2.3 DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA IMPLEMENTAÇÃO DA 
RAS
A RAS, embora regulamentada, possui diversos desafios para sua implementação 
e continuidade. Sua política é relativamente nova, e o modelo fragmentado ainda é forte 
no país, o que dificulta a efetivação dos serviços em rede. Por essa razão, para que haja 
uma implementação da RAS é necessário:
1. Fortalecer a APS, pois ela é a responsável pela coordenação e organização do 
cuidado.
2. Fortalecer o processo de governança da RAS, como exemplo os Comitês Gestores 
Regionais (CGR).
3. Fortalecer a integração da assistência em saúde com as ações de vigilância, por 
meio do planejamento e do gerenciamento de risco de agravos e doenças.
4. Fortalecer a política de gestão do trabalho e da educação na saúde na RAS.
5. Implementar o Sistema de Planejamento da RAS.
6. Desenvolver os Sistemas Logísticos e de Apoio da RAS.
7. Garantir o financiamento do Sistema na perspectiva da RAS (BRASIL, 2010a).
3 INTEGRALIDADE DO CUIDADO
Você percebeu que quando falamos de RAS é indispensável o conhecimento 
acerca da integralidade? Caso não recorde, a integralidade é um princípio doutrinário do 
SUS, caracterizado por “um conjunto de serviços executados pela equipe de saúde que 
atendam às necessidades da população adscrita nos campos do cuidado, da promoção 
e manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação, 
redução de danos e dos cuidados paliativos” (BRASIL, 2017).
A palavra integralidade é definida como a qualidade do que é integral; a reunião 
de todas as partes que formam um todo. Considerando essa definição e aplicando 
à saúde, podemos concluir que para que se obtenha a totalidade da assistência são 
necessárias diversas partes, que podem ser as redes de atenção (primária, secundária 
e terciária), os diversos profissionais de saúde ou os tipos de assistência, preventiva, de 
promoção à saúde, de manutenção da saúde ou reabilitação. 
Diversos autores descrevem suas interpretações sobre o termo. Pinheiro (2009), 
por exemplo, diz que integralidade é a ação social que resulta da interação democrática 
entre diversos atores e suas práticas por meio da oferta dos serviços de saúde em 
36
diferentes níveis de atenção. Esse entendimento traz a reflexão sobre a estratégia da 
integralidade que irá promover ações coletivas em defesa da vida. Por essa razão, a 
integralidade foi defendida como um eixo prioritário de políticas públicas e do SUS. 
Essa ideia de interação social entre profissionais de saúde e usuários é embasada pela 
relação de oferta e demanda, considerando os aspectos objetivos e subjetivos. 
A fim de nos aprofundarmos nesse princípio, que é extremamente amplo, vamos 
apresentar uma teoria que considera três sentidos acerca do termo: a integralidade 
como traço da boa medicina, a integralidade como modo de organizar as práticas e 
a integralidade como respostas governamentais a problemas específicos de saúde 
(MATTOS, 2009). 
3.1 INTEGRALIDADE COMO TRAÇO DE BOA MEDICINA
O sentido da integralidade como traço de boa medicina está relacionado à 
crítica do modelo biológico e fragmentado do atendimento médico. Essa ideia teve início 
nos Estados Unidos, por meio de uma crítica de médicos que aderiram ao movimento 
integral, questionando o atendimento que era realizado de maneira fragmentada, ou 
seja, que reforçava o atendimento por especialidade médica e doenças, deixando de 
considerar as questões psicológicas e sociais. Nessa perspectiva, para a medicina 
integral, a integralidade era considerada uma característica desejável aos médicos, ou 
seja, um traço de boa medicina, pois por meio dela era possível identificar questões 
mais amplas da saúde do indivíduo ao considerar a escuta e a observação de outros 
determinantes de saúde (PINHEIRO 2009; MATTOS, 2009).
Essa compreensão da integralidade como traço de boa medicina é de 
grande relevância para a humanização do cuidado. Podemos 
considerar, por exemplo, um caso de uma paciente que comparece 
regularmente a unidade de saúde com picos hipertensivos. Em um primeiro 
olhar você pode considerar o problema dela apenas como um quadro de 
hipertensão mal controlado, embora seja essencial aprofundar o cuidado 
em saúde e ouvi-la. Com o olhar e a escuta apurados a paciente poderá 
relatar diversas situações que geram preocupação em sua vida, como, 
por exemplo, a ausência de uma renda familiar, a violência doméstica 
e o envolvimento dos filhos com álcool e drogas. Todas essas questões 
subjetivas podem influenciar emocionalmente a paciente, contribuindo 
para o aumento da pressão arterial, mesmo que ela faça uso regular das 
medicações prescritas. Consegue perceber a importância desse fator 
para o cuidado? Ademais, as eSF possuem uma vantagem nesse cuidado 
em decorrência dos ACS, que possuem uma relação com o território e as 
famílias com maior vínculo e conhecimento.
IMPORTANTE
37
3.2 INTEGRALIDADE COMO MODO DE ORGANIZAR AS 
PRÁTICAS
Como já vimos, a história da saúde pública no país passou por diversas fases. 
O Ministério da Saúde e o Ministério da Previdência Social eram responsáveis pela 
saúde da população, embora de maneiras diferentes. O Ministério da Previdência Social 
considerava as demandas por atendimento médico, buscando atendê-las por meio 
das práticas curativistas e centrada nos serviços hospitalares. O Ministério da Saúde 
estava mais relacionado às questões preventivas, ou de saúde pública, que não eram 
necessariamente demandadas pela população e concentradas nos centros de saúde. 
Um exemplo das ações preventivas eram as campanhas de vacinação e as medidas 
higienistas (BRASIL, 2022c; CAMPOS, 2009).
Cabe destacar que esse modelo fragmentado de assistência fazia com que 
a população tivesse que buscar atendimento em locais diferentes para cada tipo de 
atendimento. Caso uma mulher estivesse em acompanhamento para tuberculose e 
apresentasse um quadro de litíase renal, ela realizava o tratamento de tuberculose em 
um local, o seu planejamento reprodutivo em outro e o atendimento da sua queixa em 
outro ponto de atenção. Além disso, não existia atendimento à demanda espontânea 
nos centros de saúde. A mudança desse modelo trouxe integração dos serviços em 
um mesmo ponto de atenção, bem como o acolhimento dos indivíduos por meio de 
consultas programadas e em demanda espontânea (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
Sendo assim, a integralidade como modo de organizar as práticas refere-se a 
garantia dos atendimentos do usuário, tanto de acordo com as suas demandas, quanto 
com relação às ações de saúdepública que consideram as questões epidemiológicas. 
Outrossim, os serviços devem considerar os atendimentos agendados e de demanda 
espontânea, garantindo que sejam avaliadas todas as questões que influenciam a 
saúde do indivíduo por meio de uma organização contínua do processo de trabalho 
nos serviços de saúde, por meio da ampliação da compreensão e da resolução das 
necessidades individuais e coletivas (MATTOS, 2009). 
3.3 INTEGRALIDADE COMO RESPOSTAS GOVERNAMENTAIS 
A PROBLEMAS ESPECÍFICOS DE SAÚDE
Por último, o sentido de integralidade como respostas governamentais a 
problemas específicos de saúde está relacionado aos programas/políticas de saúde. A 
primeira consideração acerca desse ponto refere-se às políticas de saúde da mulher, 
que, inicialmente, eram vistas apenas como um aparelho reprodutor (PINHEIRO, 2009). 
Se você observar a trajetória do Programa de Atenção Integral de Saúde da Mulher 
(PAISM), verá que as primeiras pautas estavam relacionadas à saúde materno infantil, 
ou seja, ao pré-natal. Em 2004, foi elaborada a Política Nacional de Atenção Integral 
38
à Saúde da Mulher – PNAISM –, baseada no PAISM, embora considerasse questões 
relacionadas à integralidade da mulher, ou seja, a política passa a vê-la por meio de 
todas as suas necessidades (BRASIL, 2016).
Para isso, os objetivos específicos da política buscaram abranger diversas in-
terfaces da mulher, são eles: o cuidado clínico e ginecológico para todas as mulheres, 
incluindo as portadoras de infecções sexualmente transmissíveis e HIV; inclusive a pre-
venção e o controle dessas infecções; o incentivo ao planejamento reprodutivo tanto de 
homens, quanto de mulheres; o atendimento integral obstétrico e neonatal, incluindo a 
assistência ao abortamento; o cuidado com a mulher (incluindo adolescentes) em situ-
ação de violência doméstica ou sexual; a prevenção de doenças crônicas como câncer 
em mulheres, bem como sua estratificação; o cuidado com relação à saúde mental da 
mulher, considerando como foco as questões de gêneros; a atenção para os cuidados 
com a mulher no climatério; o atendimento da mulher idosa; e/ou negra; e/ou indígena; 
e/ou que trabalha no campo e na cidade; e/ou privada de liberdade (BRASIL, 2016). 
No próximo Tema de Aprendizagem falaremos um pouco sobre as 
questões da média e alta complexidade da PAISM.
ESTUDOS FUTUROS
Consegue enxergar a diferença de compreensão acerca do cuidado com a 
mulher? Antes a mulher era vista como um órgão reprodutor e hoje é vista de maneira 
integral, considerando diversas particularidades das mulheres brasileiras. 
Outros exemplos da integralidade como resposta a problemas específicos de 
saúde foram a criação da Política Integral da População Negra, da Política Nacional de 
Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, dentre outros. 
Dessa maneira, a integralidade garante, também, o direito à cidadania, que atualmente 
é compreendida como uma condição de igualdade civil e política (BRASIL, 2011c).
A criação da Constituição Federal e a regulamentação do SUS, muitas mudanças 
jurídicas e sociais começaram a acontecer no país, incluindo o direito de todos sob 
o acesso à saúde – universalidade – que possibilitou o aparecimento de diversas 
experiências centradas na integralidade do cuidado e o respeito às demandas de toda a 
população, a cidadania do cuidado. (BRASIL, 1988).
39
3.4 A IMPORTÂNCIA DA ESF NA INTEGRALIDADE DO 
CUIDADO
Como já sabemos, os princípios da Atenção Primária à Saúde (APS) e do SUS 
são os mesmos, por isso, vamos analisar a importância da ESF – estratégia prioritária de 
reorganização e fortalecimento da APS – para garantir a integralidade do cuidado. 
Como, também, vimos, existem diversos fatores que podem influenciar a inte-
gralidade do cuidado, nessa parte do livro didático vamos relembrar algumas diretrizes 
da APS, que por meio da efetivação da ESF garantem a integralidade. Vamos discutir 
sobre as seguintes diretrizes da APS e sua relação com a integralidade: regionalização/
hierarquização; o cuidado centrado na pessoa; a resolutividade; a longitudinalidade do 
cuidado; a coordenação do cuidado; ordenação da rede e participação da população 
(BRASIL, 2011c).
A hierarquização e regionalização estão relacionadas a maneira que as RAS 
se organizam e a existência dos equipamentos de saúde, ou seja, da sua estrutura 
operacional. Quando um gestor pensa nos equipamentos de saúde que deve oferecer 
a população ele precisa compreender o seu diagnóstico de saúde. As necessidades ou 
problemas da população, bem como as características político sociais e epidemiológicas 
são as norteadoras dos equipamentos. Nessa organização devem considerar a 
existência da rede primária, secundária e terciária. É comum que o investimento na 
APS seja maior, devido a necessidade desse recurso estar mais próximo a população 
e garantir maior resolutividade com menor gasto público a longo prazo. Comparando, 
então, essas diretrizes com o princípio da integralidade observamos que eles garantem 
a integralidade do cuidado ao promoverem o acesso da população a serviços de 
diferentes complexidades (BRASIL, 2017b).
A lógica do cuidado centrado na pessoa é outra diretriz que conversa com o 
princípio da integralidade, pois quando o profissional realiza o acolhimento do indivíduo 
e a escuta qualificada da demanda do indivíduo consegue perceber as questões 
objetivas e subjetivas, direcionando o cuidado por meio da prevenção, da promoção 
da saúde, do tratamento e/ou da reabilitação. Nesses espaços de oferta e demanda 
são construídas as relações de vínculo – longitudinalidade do cuidado. Essa ideia se 
assemelha a de Pinheiro (2009), que afirma que a integralidade é a construção coletiva, 
que ganha forma e expressão no espaço de encontro dos diferentes sujeitos implicados 
na produção do cuidado em saúde. 
Essa ideia de construção coletiva também pode ser vista na diretriz de 
participação da população, pois nas conferências e conselhos de saúde há planejamento 
de saúde individual e coletiva. Nesses espaços podem ser elaboradas propostas que 
reforcem ainda mais a integralidade da assistência (BRASIL, 1990; 2017).
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/cuisau.html
40
A ESF é, portanto, um ambiente de construção de vínculo e de saberes que 
coordena o cuidado do indivíduo. Quando a longitudinalidade é respeitada há maior 
compreensão sobre o diagnóstico de saúde da população e é possível planejar ações 
de promoção à saúde de acordo com a necessidade da população. Além disso, 
considerando as ações individuais, quando você ouve o paciente e constrói um vínculo 
garante a responsabilização, coordena o cuidado por meio do direcionamento do 
indivíduo aos pontos de atenção que necessita e garante a integralidade da assistência 
e a resolutividade (BRASIL, 2017b). Veremos a seguir o funcionamento do sistema de 
referência e contrarreferência, que é a maneira que o usuário é direcionado aos diversos 
pontos de atenção e complexidade da saúde.
É indispensável apontar, que segundo a uma APS de qualidade, como 
parte integrante da RAS estrutura-se segundo sete atributos: o primeiro contato, 
a longitudinalidade, a integralidade, a coordenação, a centralidade na família, a 
abordagem familiar e a orientação comunitária. Ademais, ela deve cumprir três funções: 
a resolutividade, a organização e a responsabilização (BRASIL, 2010b).
4 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE REFERÊNCIA E 
CONTRARREFERÊNCIA 
Você acabou e conhecer os aspectos da RAS, que, segundo a Portaria nº 
4.279 de 2010, reafirmou a responsabilidade do SUS com a integralidade, propondo 
estratégias para sua implantação e “arranjos organizativos de ações e serviços de 
saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas 
de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado” 
(BRASIL, 2011a, p. 4). Para a operacionalização da RAS, é necessária a existência de 
um sistema de referência e contrarreferência,que serve como a comunicação entre os 
diversos pontos de atenção. 
Já parou para pensar como era o atendimento especializado do paciente antes 
da criação da RAS e do sistema de referência e contrarreferência? Antes deles não 
existia um fluxo estabelecido para atendimento dos usuários, que eram obrigados a 
acordar de madrugada para tentar um agendamento com algum especialista. Essa 
ideia de o paciente encontrar-se perdido no acesso ao sistema de saúde e a ausência 
de humanização estão relacionadas ao sistema fragmentado, sem a APS como 
coordenadora do cuidado e da existência da RAS. A criação desse fluxo, sistematizou a 
fila de espera e o retorno do usuário para a unidade de APS (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 
2021; MATTOS, 2011).
Cabe destacar que o sistema de referência e contrarreferência faz parte do 
sistema logístico, compreendido pelos sistemas de informação integrados em diversos 
níveis de atenção. Embora possua grande importância da RAS ainda apresenta desafios 
para sua efetivação e algumas vezes não estabelece o cuidado em rede como deveria. 
41
Essa crítica está relacionada à formação dos profissionais de saúde, que ainda possuem 
uma visão fragmentada e biológica, com pouca construção de saúde por meio da 
interdisciplinaridade. Por isso, a mudança do currículo de saúde e a educação permanente 
dos profissionais que atuam no SUS é essencial para fortalecimento da integralidade do 
cuidado, da RAS e do sistema de referência e contrarreferência (MENDES, 2011).
Com relação aos desafios, Mendes (2011, p. 106) afirma que:
Os especialistas, no modelo de RAS, cumprem, em geral, o papel 
de interconsultor e de suporte para as ações da equipe de APS. As 
evidências demonstram que a atuação dos especialistas só agrega 
valor para as pessoas quando eles conhecem pessoalmente e 
trabalham conjuntamente com os generalistas. O modelo tradicional 
da referência e contrarreferência não é efetivo. Alguns casos, poucos 
no total, identificados nas diretrizes clínicas – em geral casos de 
maiores riscos – devem ficar sob os cuidados definitivos da equipe da 
atenção especializada.
Atualmente, com a APS como porta de entrada, o usuário chega ao serviço e 
apresenta suas queixas. A partir da análise das queixas do usuário, o profissional irá se 
responsabilizar sobre o indivíduo e buscar a resolutividade da sua demanda. Sabe-se 
que 80 a 90% das demandas são resolvidas na APS, mas existem alguns casos que 
há necessidade de encaminhar o indivíduo para outro ponto de atenção para resolver 
o seu problema (STARFIELD, 2002). Alguns exames complementares, consultas 
especializadas, procedimentos e intervenções, como biópsias e cirurgias, necessitam de 
encaminhamento para serem efetivados. Espera-se, portanto, que haja comunicação 
entre os profissionais que atuam nas diferentes redes e as guias de referência e 
contrarreferência cumprem esse papel comunicador (MENDES, 2011).
É interessante apontar que, embora, os profissionais da APS estabeleçam 
vínculo com o usuário e as unidades possuam o prontuário individual do paciente, esse 
prontuário não possui integração com outros pontos de atenção (GONÇALVES et al., 
2013). Existem propostas no Ministério da Saúde para a elaboração de um prontuário 
eletrônico único, que facilitaria a compreensão do especialista acerca da saúde do 
paciente ao qual ele recebe. Entretanto, enquanto esse serviço não estiver implantado, 
as guias de referência e contrarreferência devem ser utilizadas para contribuir com o 
maior entendimento possível acerca da saúde do indivíduo. O profissional da APS que 
encaminhar o paciente para outro ponto de atenção deve registrar o quadro de maneira 
completa, com todos os dados necessários (MENDES, 2011).
42
É imprescindível destacar que um serviço de regulação estruturado e 
organizado evita os encaminhamentos desnecessários e direcionamentos 
equivocados, reduzindo o desperdício e aumentando a efetividade das 
redes (RIO DE JANEIRO, 2020, p. 1).
ATENÇÃO
4.1 IMPORTÂNCIA DA QUALIDADE DOS DADOS NO SISTEMA 
DE REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA
Quando um paciente é encaminhado para outro ponto de atenção por meio do 
sistema de referência e contrarreferência, ele leva em mãos um documento chamado 
de guia de referência e contrarreferência. Esse documento deverá conter os dados 
completos do paciente, como o nome completo, o nome da mãe, o cartão nacional do 
SUS, o endereço completo, a data de nascimento, a idade e outros documentos; além 
disso, deve constar o motivo do encaminhamento, considerando as condições clínicas 
atuais do paciente, os resultados de exames (com datas), o exame físico, as queixas do 
usuário e há quanto tempo ela persiste, os riscos (TORRALBO; JULIANI, 2016; OLIVEIRA; 
SILVA; SOUZA, 2021).
Alguns dados importantes são os escores relevantes para o caso, como cálculo 
de risco cardiovascular pelo escore de risco global, taxa de filtração glomerular, mini 
exame do estado mental, entre outros; os medicamentos em uso ou utilizados que 
foram ineficazes ao tratamento, ou que apresentaram efeitos adversos; os exames 
solicitados que ainda não foram realizados ou não possuem resultados; condições 
crônicas de saúde associadas ou não ao quadro; além do objetivo do encaminhamento 
e qual resposta deseja alcançar (TORRALBO; JULIANI, 2016).
Essas informações auxiliam a compreensão de quem recebe o usuário acerca 
do quadro do indivíduo. Também é possível informar questões subjetivas e de vulnera-
bilidade social do paciente, bem como a existência ou não de uma rede de apoio. Cabe 
mencionar que os encaminhamentos curtos e sem muitos detalhes sobre a condição do 
paciente dificultam o entendimento do profissional que irá recebê-lo e faz com que as 
consultas sejam mais longas que o necessário, podem limitar o atendimento ou prejudi-
car o usuário, devido à sobrecarga do especialista, da rede e frustrando o médico solici-
tante que poderá ficar sem a resposta a sua solicitação (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
De igual relevância, a contrarreferência deve ser preenchida pelo especialista 
que recebe o usuário no serviço especializado respondendo a solicitação do médico 
da APS por meio de hipóteses diagnósticas ou diagnósticos confirmados; de exames 
complementares que foram solicitados; de medicações que foram prescritas e outras 
condutas realizadas (SILVA et al., 2018).
43
Para que o sistema de referência e contrarreferência tenha melhor eficácia, 
algumas ferramentas do sistema logístico podem ser utilizadas, são elas: o cartão 
nacional do SUS; o prontuário clínico; os Sistemas de Regulação; e o Sistema de 
transporte em Saúde. Vamos apresentar cada um deles a seguir (MENDES, 2011).
4.1.1 Cartão Nacional do SUS (CNS)
O cartão nacional do SUS (CNS) é um documento de identificação do usuário 
no SUS e contém informações como: nome completo, data de nascimento, nome da 
mãe/pai, CPF, RG, outras certidões (por exemplo, certidão de nascimento e certidão 
de casamento) endereço, telefone e e-mail. Essas informações precisam estar 
atualizadas e o mais completas possíveis para serem utilizadas no registro de referência 
e contrarreferência para identificar o usuário. O CNS é utilizado por diversos sistemas de 
informações e sua sistematização garante que se encontre o histórico de atendimentos 
do paciente. Alguns sistemas de informação que permitem a evidência do histórico do 
paciente são o prontuário eletrônico e o sistema de regulação (SISREG) (BRASIL, 2011b).
A Portaria nº 940, de 28 de abril de 2011 regulamentou o Sistema Cartão Nacional 
de Saúde (Sistema Cartão) e definiu os seus objetivos como: 
I. identificar o usuário das ações e serviços de saúde;
II. possibilitar o cadastramento dos usuários das ações e serviços de saúde, com 
validade nacional e base de vinculação territorial fundada no domicílio residencial do 
seu titular;
III. garantir a segurança tecnológica da base de dados, respeitando-se o direito 
constitucional à intimidade, à vida privada, à integralidade das informações e à 
confidencialidade;IV. fundamentar a vinculação do usuário ao registro eletrônico de saúde para o SUS; e
V. possibilitar o acesso do usuário do SUS aos seus dados (BRASIL, 2011b).
A utilização do CNS possui as seguintes vantagens para o SUS e a RAS: 
agilidade na identificação do paciente, do seu prontuário, do registro de atendimento e 
no agendamento de consultas e exames; dispensação de medicamentos e vinculação 
dos profissionais, usuário, estabelecimento de saúde e atendimento (BRASIL, 2022a). 
É importante informar que a ausência do CNS, o seu desconhecimento pelo 
usuário ou a indisponibilidade do sistema para realizar o cadastramento do 
usuário na base de dados não deve ser uma barreira para o atendimento 
do usuário, pois o cadastramento ou identificação pode ser realizado 
posteriormente ao atendimento.
IMPORTANTE
44
4.1.2 Prontuário Clínico
O prontuário clínico do paciente é o local que deve ser registrado todo o 
atendimento prestado pelos profissionais de saúde, as queixas do paciente e suas 
questões subjetivas. 
A resolução CFM 1.638/2002 define o prontuário como “documento único 
constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a 
partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a 
ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre 
os membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao 
indivíduo” (CFM, 2002, p. 1). 
O COFEN afirma que esse documento só será considerado legal se for datado e 
assinado pelo profissional que realizou a assistência e que sua utilização é indispensável 
para a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE). Ademais, deverá ser regis-
trado no prontuário: como o paciente chegou, suas condições gerais, as orientações 
realizadas durante o atendimento, o exame físico, os cuidados realizados e as intercor-
rências. Cabe destacar, que quando o prontuário for de papel não é permitido rasurar ou 
registrar a lápis, bem como realizar o registro de maneira ilegível (COFEN, 2016).
Os prontuários clínicos podem ser em versão de papel ou eletrônica, embora a 
versão de papel apresenta algumas desvantagens, tais como: não ser acessível à distân-
cia; só poder estar em um único lugar a cada tempo; pesquisa lenta; é sempre acumula-
tivo, não é possível observar série histórica, ou seja o resumo dos registros; os sistemas 
administrativos como faturamento e agendamento requerem esforço manual de inte-
gração; surgimento de vários prontuários em vários pontos de atenção à saúde para a 
mesma pessoa usuária, implicando problemas logísticos no manuseio dos prontuários; e 
informação nem sempre armazenada de forma consistente e uniforme. Já a versão infor-
matizada tem diversas vantagens, pois torna-se menos custosa, com maior disponibilida-
de para registro dos profissionais, maior vantagem na comunicação com outros sistemas 
de informações, facilitam a busca de informações e o planejamento de saúde por meio da 
extração de consolidados e relatórios. Por isso, sugere-se a utilização da versão eletrônica 
do prontuário, a fim de facilitar a comunicação entre a RAS (MENDES, 2011).
4.1.3 Sistemas de Regulação
Os Sistemas de Regulação são mecanismos informatizados que sistematizam 
o sistema de referência e contrarreferência. Eles interferem na oferta dos serviços e 
auxiliam a demanda por serviços de saúde, garantindo a organização do acesso dos 
usuários na rede especializada de acordo com a classificação de risco e da qualificação 
dos encaminhamentos (OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
45
Existem diversos sistemas com esse objetivo, alguns deles são os sistemas 
de regulação de internações hospitalares de urgência e emergência, os sistemas de 
regulação de internações eletivas e os sistemas de regulação de consultas e exames 
especializados. Em geral, a regulação desses sistemas ocorre na APS, devido a sua 
característica de coordenação e ordenação do cuidado nas RAS (OLIVEIRA; SILVA; 
SOUZA, 2021; MENDES, 2011).
O Sistema de Regulação (SISREG) é um exemplo de sistema de informação com 
essa finalidade e possui três módulos. Ele foi criado em 2001 pela Secretaria de Atenção 
à Saúde junto ao DATASUS e possibilita a distribuição das vagas disponíveis de maneira 
equânime, regionalizada e hierarquizada (CONASS, 2016). 
Seu módulo I, referente ao módulo ambulatorial, permite que os profissionais 
que atuam na APS solicitem consultas e exames especializados, que devem ser 
preenchidos com as informações contidas na guia de referência e contrarreferência – 
com a maior riqueza de detalhes possível, inclusive a classificação de risco do usuário 
–, a fim de garantir que o profissional que irá regular/agendar a consulta compreenda a 
necessidade do agendamento (CONASS, 2016).
O módulo II consiste na regulação dos leitos hospitalares dos hospitais públicos 
e é por meio dele que são reservados os leitos hospitalares, tanto os de urgência quanto 
os eletivos. Dessa maneira, ocorre um controle do fluxo de pacientes internados, que é 
garantido por meio da emissão das Autorizações de Internação Hospitalar (AIH). Por fim, 
o módulo III refere-se à autorização dos procedimentos de alta complexidade (APAC) 
(CONASS, 2016).
A Autorizações de Internação Hospitalar (AIH) é a ferramenta de obtenção 
de dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH). É por meio dela que 
o SIH armazena os dados referentes a internações hospitalares no SUS.
NOTA
4.1.4 Sistema de Transporte em Saúde
Segundo Mendes (2011, p. 149), “os sistemas de transportes em saúde têm 
como objetivo estruturar os fluxos e contrafluxos de pessoas e de produtos nas RAS. 
Esses sistemas devem transportar as pessoas usuárias em busca de atenção à saúde, 
mas, também, garantir o movimento adequado de material biológico, dos resíduos dos 
serviços de saúde e das equipes de saúde”.
46
Os transportes de pessoas possuem dois módulos: o de urgência e emergência, 
e o módulo do transporte eletivo. Você consegue pensar em algum sistema de transporte 
em saúde? O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) é um deles, e 
tem como objetivo chegar o mais rápido possível à vítima após a ocorrência de uma 
situação de urgência ou emergência em via pública, em residências ou locais de trabalho 
(BRASIL, 2023b). Nos casos de sistemas de transportes eletivos, serão disponibilizados 
à população de acordo com a característica do território e da RAS. Em alguns casos, 
em que há facilidade de locomoção do usuário, o município pode disponibilizar vale 
transporte ao invés de um transporte propriamente dito. É comum que esse recurso 
seja disponibilizado para pessoas acamadas, com dificuldade de locomoção ou em 
realização de procedimentos específicos, como hemodiálise. Nesses casos, geralmente 
trata-se de micro-ônibus, vans e outros meios de transportes coletivos (MENDES, 2011).
No transporte de materiais podem ser incluídos os exames clínicos coletados, 
os imunobiológicos e os resíduos (lixo infectado). É necessário informar que o transporte 
desses materiais deve ser realizado conforme normas de controle de qualidade, evitando 
que haja prejuízo do material ou risco biológico, inclusive, com registro adequado da 
quantidade solicitada e transportada. Esse detalhe é importante para garantir a qualidade 
e a sistematização desses materiais na RAS (MENDES, 2011; ANVISA, 2018; 2021).
47
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• O que é, como funciona e as características da Rede de Atenção à Saúde (RAS). 
• A importância do princípio da integralidade para a RAS e os diferentes sentidos que 
o termo possui.
• A relação da ESF com a integralidade, levando em consideração as diretrizes da APS. 
• Como funciona o sistema de referência e contrarreferência e quais as suas 
ferramentas.
48
AUTOATIVIDADE
1 As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são definidas pelo Ministério da Saúde como: 
“arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades 
tecnológicas,que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de 
gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado” (BRASIL, 2010). Com base na 
Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A RAS é dividida em três elementos: a população, o território e os profissionais de 
saúde.
b) ( ) A RAS é dividida em três elementos: a população, a estrutura operacional e o 
modelo de atenção à saúde.
c) ( ) A RAS é dividida em três elementos: a atenção primária, a atenção secundária e 
a atenção terciária.
d) ( ) A RAS é dividida em três elementos: universalidade, equidade e integralidade. 
2 A Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, estabelece as diretrizes para a 
organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS). Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir:
I- A Atenção Primária possui um papel fundamental como coordenadora e ordenadora 
da RAS, sendo considerada como centro de comunicação.
II- O CNS, o SISREG e o SAMU são considerados sistemas de apoio da RAS. 
III- O objetivo da RAS é promover a integração sistêmica, de ações e serviços de saúde 
com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, 
bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, 
eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a sentença I está correta. 
b) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) As sentenças II e III estão corretas. 
3 Segundo a Portaria nº 4.279. de 30 de dezembro de 2010, uma Atenção Primária de 
qualidade possui sete atributos. Considerando esses sete atributos, classifique V para 
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Integralidade.
( ) Abordagem familiar.
( ) Resolutividade.
49
( ) Primeiro contato.
( ) Responsabilização.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – V – V.
c) ( ) V – F – V – F – V.
d) ( ) V – V – F – V – F.
4 A Atenção Primária à Saúde (APS) possui um papel fundamental para a Rede de 
Atenção à Saúde (RAS). Sendo assim, disserte sobre essa afirmativa, destacando os 
sete atributos de uma APS de qualidade. 
5 Para a operacionalização da RAS, é necessária a existência de um sistema de 
referência e contrarreferência que serve como a comunicação entre os diversos 
pontos de atenção. 
 Considerando o Sistema de Referência e Contrarreferência, disserte sobre a 
importância da qualidade dos dados. 
50
51
TÓPICO 3 - 
ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E ALTA 
COMPLEXIDADE EM SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 3, abordaremos a assistência de média e 
alta complexidade em saúde, que fazem parte da Rede de Atenção à Saúde (RAS) junto 
à Atenção Primária à Saúde (APS). Vimos que a APS é coordenadora do cuidado e, por 
isso, é por meio dela que o paciente pode percorrer os fluxos de atendimento de média 
e alta complexidade existentes no SUS. 
Primeiramente, iremos definir ambos os conceitos e apresentar as necessidades 
em alta e média complexidade, ou seja, por que encaminhar o usuário para a rede espe-
cializada. Já sabemos que a APS é resolutiva em 80 a 90% dos casos acolhidos, sendo 
assim, os demais pacientes que procuram atendimento com algumas questões específi-
cas deverão ser avaliados por um profissional especialista, na rede secundária ou terciária. 
Nessa lógica, após compreender as necessidades de alta e média complexi-
dade, vamos relacionar ambas com a APS e, por fim, apresentar os componentes da 
média e alta complexidade. Alguns exemplos, são: a Política Nacional de Atenção às 
Urgências e Emergências na Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE); a 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher; a Política Nacional de Atenção 
Cardiovascular e outros. 
UNIDADE 1
2 DEFINIÇÕES E NECESSIDADES NA MÉDIA E ALTA 
COMPLEXIDADE
Segundo a Portaria nº 373 de 27 de fev. de 2002, a média complexidade (MC) 
compreende um conjunto de ações e serviços ambulatoriais e hospitalares que visam 
atender os principais problemas de saúde da população, cuja prática clínica demande a 
disponibilidade de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos de 
apoio diagnóstico e terapêutico, que não justifique a sua oferta em todos os municípios 
do país (BRASIL, 2002). Já a alta complexidade é um conjunto de procedimentos que, no 
contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população 
acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde 
(atenção básica e de média complexidade) (BRASIL, 2009b).
Como você pode observar, tanto a média como a alta complexidade precisam de 
maior investimento tecnológico, por isso, para compreender a necessidade da utilização de 
52
cada recurso, a APS – coordenadora do cuidado – deve avaliar criticamente a necessidade 
do paciente, analisando se a resolução do quadro pode ser efetivada na APS. 
De acordo com a Relação dos Procedimentos de Média Complexidade do SUS, 
esses são alguns exemplos de procedimentos realizados na média complexidade: 
amniocentese, biópsias, punções, ultrassonografias, colonoscopias, endoscopias, 
laparoscopia, histeroscopia, broncoscopia, traqueoscopia, cirurgias ambulatoriais 
especializadas, consulta de profissional especializado, terapias especializadas, próteses 
e órteses, anestesia, dentre outros (BRASIL, 2022b).
Com relação à alta complexidade, encontrados no Sistema de Informações 
Hospitalares do SUS (SIA-SUS), podemos citar os seguintes exemplos: 
assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio 
dos procedimentos de diálise); assistência ao paciente oncológico; 
cirurgia cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular 
pediátrica; procedimentos da cardiologia intervencionista; 
procedimentos endovasculares extracardíacos; laboratório de 
eletrofisiologia; assistência em traumato-ortopedia, procedimentos 
de neurocirurgia; assistência em otologia; cirurgia de implante 
coclear; cirurgia das vias aéreas superiores e da região cervical; 
cirurgia da calota craniana, da face e do sistema estomatognático; 
procedimentos em fissuras labiopalatais; reabilitação protética 
e funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema 
estomatognático; procedimentos para a avaliação e tratamento 
dos transtornos respiratórios do sono; assistência aos pacientes 
portadores de queimaduras; assistência aos pacientes portadores de 
obesidade (cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva; genética clínica; 
terapia nutricional; distrofia muscular progressiva; osteogênese 
imperfeita; fibrose cística e reprodução assistida (BRASIL, 2009b).
Portanto, após ler os exemplos citados provavelmente você percebeu que os 
procedimentos de média e alta complexidade, geralmente, não são encontrados na 
APS. Por essa razão é necessário realizar o encaminhamento dos usuários sempre 
que for necessário realizar um desses procedimentos. Cabe destacar que, conforme 
vimos no Tema de Aprendizagem 2, as guias de referência e contrarreferência devem 
ser preenchidas com a maior quantidade de informações possíveis, justificando a 
necessidade de encaminhar o usuário para a rede especializada e não transformando 
a rede especializada em porta de entrada ou ordenadora do cuidado com o usuário 
(OLIVEIRA; SILVA; SOUZA, 2021).
A Secretaria de Atenção Primária à Saúde deixa claro a divisão da rede 
especializada entre média e alta complexidade, na qual a média complexidade é 
composta por serviços especializados encontrados em hospitais e ambulatórios e 
envolve atendimento direcionado para áreas como pediatria, ortopedia, cardiologia, 
oncologia, neurologia, psiquiatria, ginecologia, oftalmologia entre outras especialidades 
médicas e Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h). As policlínicas, os hospitais e 
os centros de atendimento com equipamentos para examesmais avançados, citados 
anteriormente com a Relação dos Procedimentos de Média Complexidade do SUS. A alta 
53
complexidade é composta por hospitais gerais de grande porte, bem como os hospitais 
universitários, as Santas Casas e as unidades de ensino e pesquisa. Em geral, esses 
locais possuem tecnologias mais avançadas e estruturas de alta complexidade, com 
leitos de UTI e centros cirúrgicos, serviços de oncologia, cardiovascular, transplantes e 
partos de alto risco (BRASIL, 2022). 
2.1 NECESSIDADES NA ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DE MÉDIA E 
ALTA COMPLEXIDADE 
Compreender as necessidades na assistência em saúde de média e alta 
complexidade é saber que essas questões estão, geralmente, relacionadas a 
macropolítica e não devem ser analisadas de maneira isolada. Todas as necessidades 
devem ser vistas como maneiras de planejar melhorias para a saúde pública, por isso, 
o primeiro passo para levantar as necessidades da assistência na rede especializada é 
propor um diagnóstico situacional de saúde. Quando você sabe os principais problemas 
da sua região pode avaliar as necessidades da média e da alta complexidade e definir as 
prioridades para o planejamento em saúde (CONASS, 2007).
Cabe pontuar que o planejamento é inerente ao processo de trabalho de todos 
os profissionais de saúde. O enfermeiro, principalmente, já inicia sua carreira como líder 
de uma equipe e precisa planejar o processo de trabalho e compreender as demandas e 
diagnósticos do território. A hierarquização e a regionalização, por exemplo, diretrizes do 
SUS, dependem do conhecimento acerca do diagnóstico de saúde da população para 
organizarem os serviços na RAS. Ou seja, a organização da APS, da média e da alta com-
plexidade serão estabelecidas de acordo com a demanda da população (CONASS, 2007).
As demandas da população demonstram as suas condições e, por geralmente, 
estarem relacionadas aos determinantes sociais de saúde (DSS) influenciam com a 
saúde da população. Para lembrar, os DSS são: “a alimentação, a moradia, o saneamento 
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, 
o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais para a saúde” (BRASIL, 2013). De 
acordo com Tancredi, Barros e Ferreira (1998), essas informações devem expressar as 
diferentes características que evidenciam as condições de vida dessa população, sejam 
culturais, sociais, econômicas e epidemiológicas, e que são responsáveis pela geração 
de suas demandas de saúde. 
Existem diversos métodos de planejamento em saúde. Um dos métodos 
utilizados é o de Planejamento Estratégico Situacional (PSE), elaborado por Matus (1993), 
que divide-se em quatro momentos: o explicativo, o normativo, o estratégico e o 
tático-operacional. O momento explicativo refere-se à identificação dos problemas, 
a discussão acerca das causas e a definição das suas prioridades; o normativo trata da 
definição dos objetivos e das estratégias para resolução dos problemas; o momento 
54
estratégico trata da elaboração das ferramentas que viabilizem que as estratégias sejam 
elaboradas; e o momento tático-operacional é a execução do plano propriamente dito, 
bem como seu monitoramento e avaliação (BUSATO, 2017). 
Nessa lógica, após identificação dos problemas de saúde, o enfermeiro poderá 
analisar suas causas e determinar a prioridade de melhorias e resoluções para esses 
problemas. Posteriormente, o enfermeiro junto a equipe multiprofissional define objetivos 
e estratégias para estabelecer as melhorias para a população, que serão seguidos pela 
elaboração das ferramentas que viabilizem o plano. Ou seja, após definir os problemas, 
os objetivos e as estratégias o profissional deverá analisar se essa estratégia é viável e 
quais os recursos que precisará para atingi-lo – seja ele um recurso material, humano, 
dentre outros – e só depois desse passo poderá colocar o plano em prática. Lembrando 
que o plano deverá ser monitorado e reavaliado regularmente, pois caso seja necessário 
são criadas novas propostas de melhorias. 
Agora é sua vez! Pense em algum problema identificado na área da sua 
residência ou da região de onde trabalha e defina os quatro passos do PES para testar 
sua compreensão acerca dessa temática. 
Em geral, a maioria dos problemas são mais fáceis de serem identificados no 
território quando você atua em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) – seja ela uma ESF 
ou não – ou em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), pois recebem o paciente 
em demandas espontâneas. Nesses locais, os profissionais atuantes podem verificar um 
paciente que chega frequentemente no serviço com uma queixa específica e que não 
conseguiu entrada na rede especializada para tratamento, por exemplo (MENDES, 2011).
Se você atua ou já atuou em alguma dessas unidades talvez tenha percebido 
a queixa de pacientes que não conseguem realizar algum exame específico ou alguma 
consulta especializada. Isso acontece pois, embora haja um sistema de referência e 
contrarreferência, pode ocorrer de alguma área estar fragilizada no território e apresentar 
deficiência em leitos ou vagas de atendimento ou não possuir um prestador de serviço. 
Quando isso acontece, é indispensável apontar para uma instância superior a fim de 
auxiliar no planejamento de melhorias para a região e reduzir as queixas, demandas e 
necessidades da população com relação à média e a alta complexidade.
Você consegue pensar em outra maneira para identificação de necessidades da 
população na rede especializada? Essa é comum a diversos setores e não só a área da 
saúde: as ouvidorias. É por meio delas que os gestores podem identificar as angústias 
da população, como, as filas de espera e a demanda reprimida. O Conselho Nacional 
de Secretários de Saúde (CONASS), fez o levantamento de quatro situações que de-
mandam soluções de um gestor: “a inexistência de determinados procedimentos 
de saúde em uma região; a insuficiência dos serviços de saúde existentes; a 
capacidade existente é adequada (física e humana), mas com insuficiência de 
recursos financeiros para custeio; e a oferta de serviços superior às necessi-
55
dades” (BRASIL, 2011a, p. 27-29). Todas essas circunstâncias geram necessidades para 
a população e precisam ser avaliadas pelos gestores, para elaboração de estratégias e 
melhorias para que sejam cumpridos os princípios do SUS (CONASS, 2007).
No primeiro caso, considerando a ausência do serviço na rede pública e privada, 
o gestor deverá avaliar a necessidade e a capacidade da região para comportar o 
investimento. Caso veja a necessidade de criar um serviço específico, ele deverá ser 
apontado no Plano Diretor de Regionalização (PDR). Nas situações em que não há 
demanda suficiente que justifique o gasto, ou que o município não possua recursos 
para gerenciar o serviço, o paciente pode ser direcionado para outro município por meio 
da Programação Pactuada Integrada (PPI) e do pacto intergestores. Quando o serviço 
existe, mas é ofertado de maneira insuficiente – segunda situação –, geralmente deve 
ser avaliado no PDR. Essa situação é comum, devido ao crescimento do SUS e ao 
aumento da demanda de usuários que passaram a ser atendidos no serviço público 
(BRASIL, 2002; CONASS, 2007).
O PDR é o instrumento de gestão, estabelecido pela NOAS 01 para orde-
nar o processo de regionalização da assistência em cada estado e no Dis-
trito Federal, considerando primeiramente as prioridades de intervenção 
por meio da identificação das necessidades de saúde da população com 
objetivo de garantir acesso dos cidadãos a todos os níveis de atenção. 
Sendo assim, ele é responsável por organizar os territórios estaduais em 
regiões/microrregiões e módulos assistenciais em conformidade com a 
diretriz de hierarquização, estabelecendo fluxos de referência e contrar-
referência intermunicipais, para garantir a integralidade da assistência e o 
acesso da população de acordo com suas demandas (BRASIL, 2002).
NOTA
O terceiro caso está relacionado à capacidade existente e adequada(física e 
humana), mas com insuficiência de recursos financeiros para custeio e trata-se de uma 
situação bem comum em grandes centros urbanos, pois já possuíam os recursos, mesmo 
com uma baixa demanda e após apresentarem um aumento dessa demanda passam a ter 
dificuldade de crescimento. Nessa circunstância, é necessário investimento financeiro, 
que deve ser negociado politicamente e o planejamento pautado na necessidade da 
população. Por último, a oferta de serviços superior às necessidades é identificada em 
locais que não realizaram um bom planejamento em saúde e construíram serviços 
em excesso, além de sua demanda. Essa situação pode gerar prejuízo por investir em 
setores de alta complexidade e deixar a desejar na resolutividade da assistência, pois 
os pacientes que podem ser tratados na APS são tratados nas redes hospitalares e 
gerando desperdício de recursos públicos (CONASS, 2007).
56
3 RELAÇÃO ENTRE A ASSISTÊNCIA NA MÉDIA E NA ALTA 
COMPLEXIDADE
É provável que você já tenha compreendido a relação entre a assistência na 
média e na alta complexidade. No geral, ambas compõem a rede especializada em 
saúde – que compõe serviços de maior complexidade e que necessitam de um maior 
investimento financeiro que a APS – e recebem pacientes vindos das Unidades Básicas 
de Saúde (UBS), com exceção das Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 horas), que 
também acolhem usuários para atendimento de demandas espontâneas. Então, para 
compreender essa relação é necessário avaliar a relação da rede especializada (média e 
alta complexidade) com a APS (CONASS, 2007).
Agora observe na região em que você mora quantos serviços de APS, de média 
e de alta complexidade existem. É comum que existam menos hospitais, pois espera-se 
que a APS acolha os usuários e possa garantir a resolutividade da demanda do indivíduo, 
sem a necessidade de uma internação. Outro ponto interessante é que a APS tem 
compromisso com a prevenção e a promoção à saúde, a fim de evitar o adoecimento ou 
a estratificação das condições crônicas de saúde (CONASS, 2007).
Esse cuidado, multiprofissional, que é esperado das eSF desencadeia uma 
maior qualidade de vida para a população e um número reduzido de internações 
hospitalares, como consequência, um menor gasto público. Um APS forte oferece 
melhores resultados, eficiência, menores custos e maior qualidade de atendimento em 
comparação com outros modelos.
Segundo Rouquayrol (2018, p. 270): 
O fortalecimento dos sistemas de atenção à saúde para a abordagem 
de DCNT inclui o fortalecimento da atenção primária, articulando os 
demais níveis de atenção e as redes de serviços. Compreende-se a 
importância da atenção primária em saúde na realização de ações 
de promoção, vigilância em saúde, prevenção e assistência, com 
ênfase no acompanhamento longitudinal. Entretanto, a assistência 
aos portadores de DCNT pode ser realizada em qualquer outro nível 
do sistema (urgência, unidades especializadas e hospital, incluindo o 
domicílio). Para a garantia da integralidade da assistência, todos os 
níveis do sistema deveriam ser integrados e articulados.
DCNT significa Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Alguns exemplos 
são: a hipertensão, a diabetes, o câncer, a doença pulmonar obstrutiva 
crônica, a asma, dentre outras.
NOTA
57
Nesse sentido, embora o SUS estabeleça a APS como coordenadora do serviço, 
a RAS deve funcionar à medida que tanto as unidades básicas e saúde, quanto a média 
e a alta complexidade estejam em pleno funcionamento de acordo com a demanda 
da população, ou seja, não há uma ordem de importância entre a atenção primária, 
secundária e terciária. Sendo assim, a relação entre a média e a alta complexidade 
depende de uma rede organizada e estruturada conforme os princípios estabelecidos 
por ela e com incentivo às ações de prevenção e promoção à saúde, evitando maiores 
gastos com tratamentos e reabilitações (BRASIL, 2010).
Considere a seguinte situação: você é enfermeiro em uma eSF e conhece o 
diagnóstico populacional do seu território. Para realizar o planejamento em saúde da 
população sobre sua responsabilidade, você identifica que há um número acentuado de 
pessoas com diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2. Como estratégia para melhoria do 
cuidado desses pacientes, você resolve realizar as seguintes estratégias:
• Construir um grupo para pacientes que convivem com diabetes (incluindo, então, 
os familiares de pessoas com diabetes).
• Estratificar o risco dos pacientes que possuem essa condição crônica conforme 
as principais causas de complicações: nefropatia diabética, retinopatia diabética e 
neuropatia diabética.
• Criar um plano de cuidado para os indivíduos com maior gravidade a fim de editar 
complicações.
• Realizar atividades de promoção à saúde no território para incentivar hábitos 
saudáveis e a redução da incidência do diabetes. 
As estratégias vão reduzir a internação de pacientes com quadro de hiperglice-
mia e de complicações relacionadas à diabetes. Espera-se que as estratégias reduzam 
as internações de pacientes com quadro de hiperglicemia e as complicações relaciona-
das à diabetes – por exemplo, as amputações – por meio de exames de glicemia dentro 
das metas estabelecidas. 
Apesar das estratégias apresentadas, caso o indivíduo apresente complicações 
a RAS deve estar estruturada para acolher o paciente (CONASS, 2007). Nesse sentido, um 
paciente que apresente nefropatia diabética precisará ser encaminhado ao neurologista 
por meio do sistema de referência e contrarreferência. Além disso, um paciente que é 
acolhido na eSF ou na UPA com um quadro de necrose em hálux será direcionado para 
rede hospitalar para avaliação de possível amputação. Essa ideia justifica a importância 
da rede, do pleno funcionamento da APS, da média e da alta complexidade, bem como 
da integralidade. 
58
4 COMPONENTES DA MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE
Agora que já entendemos a lógica da RAS e a funcionalidade da APS e da rede 
especializada vamos apresentar os componentes da média e da alta complexidade, que 
estão relacionadas às Políticas Nacionais de Saúde e podem estar relacionadas a:
• tipos de problemas de saúdes (exemplos: doenças cardiovasculares, câncer, doença 
renal, dentre outros);
• tipo de serviço (exemplos: urgência/emergência, traumato-ortopedia, dentre outros);
• áreas de atenção (exemplos: saúde bucal, saúde do portador de deficiência, dentre 
outros);
• segmentos populacionais (exemplos: mulher, criança, idoso, dentre outros) 
(CONASS, 2007). 
Confira a coleção “Para Entender a Gestão do SUS”, com os seguintes 
componentes (CONASS, 2007):
1. Política Nacional de Atenção Cardiovascular.
2. Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva.
3. Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal.
4. Política Nacional de Procedimentos Eletivos de Média Complexidade.
5. Política Nacional de Atenção Oncológica.
6. Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência.
7. Política Nacional de Saúde Bucal.
8. Política Nacional de Atenção de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia.
9. Política Nacional de Atenção às Urgências.
10. Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neurológica.
11. Política Nacional para Hospitais de Pequeno Porte.
12. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
13. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.
14. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem.
15. Política Nacional de Saúde Mental.
16. Política Nacional de Atenção Integral Genética Clínica.
17. Política Nacional de Oftalmologia. 
4.1 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO CARDIOVASCULAR
A Política Nacional de Atenção Cardiovascular envolve as três esferas do 
governo, além disso, se inicia por meio da coordenação do cuidado da APS e atinge a 
alta complexidade, por meio da Portaria GM/MS n. 1.169/2004, que instituiu a Política 
Nacional de Atenção Cardiovascular de Alta Complexidade. Essa política tem os 
seguintes objetivos:
59
• Organizar a linha de cuidado com a participação de todos os níveis de atenção,ou 
seja, da unidade básica de saúde, do ambulatório, de emergências ou hospitais.
• Construir redes regionalizadas e hierarquizadas a fim de garantir a integralidade da 
assistência.
• Aumentar a cobertura das pessoas em condição cônica cardiovascular.
• Criar maneiras de avaliar, controlar, regular e monitorar os serviços de atendimento 
cardiovascular.
• Criar uma câmara técnica para acompanhar essa política. 
4.2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA
Você sabia que existe uma política específica para a saúde auditiva? Ela foi 
elaborada considerando a Política Nacional da Pessoa Portadora de Deficiência (Portaria 
GM/MS nº 1.060/2002), por meio da Portaria GM/MS nº 2.073/2004. Segundo ela, a 
portaria é dividida pelos seguintes componentes:
I. “atenção básica: realizar ações de caráter individual ou coletivo, 
voltadas para a promoção da saúde auditiva, da prevenção e da 
identificação precoce dos problemas auditivos, bem como ações 
informativas, educativas e de orientação familiar;
II. média complexidade: realizar triagem e monitoramento da au-
dição, da atenção diagnóstica e da terapêutica especializada, ga-
rantidas a partir do processo de referência e contrarreferência do 
paciente portador de deficiência auditiva, excluindo o diagnóstico 
e a protetização de crianças até três anos de idade, pacientes com 
afecções associadas (neurológicas, psicológicas, síndromes ge-
néticas, cegueira, visão subnormal) e perdas auditivas unilaterais, 
ações, para cujo desempenho neste nível de atenção será criado o 
Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Média Complexidade; e
III. alta complexidade: realizar atenção diagnóstica e terapêutica 
especializada, garantidas a partir do processo de referência e 
contrarreferência do paciente portador de deficiência auditiva, 
ações, para cujo desempenho neste nível de atenção será criado 
o Serviço de Atenção à Saúde Auditiva na Alta Complexidade 
(BRASIL, 2004a).
4.3 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO PORTADOR DE 
DOENÇA RENAL
A Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal foi elaborada pela 
Portaria GM/MS nº 1168, de 15 de junho de 2004, que divide a política nos seguintes 
componentes: 
I. “atenção básica: realizar ações de caráter individual ou coletivo, 
voltadas para a promoção da saúde e prevenção dos danos, bem 
como as ações clínicas para o controle da hipertensão arterial, do 
diabetes mellitus e das doenças do rim que possam ser realizadas 
neste nível. Tais ações terão lugar na rede de serviços básicos 
de saúde (Unidades Básicas de Saúde e Equipes da Saúde da 
60
Família). De acordo com a necessidade local, o gestor poderá 
instituir uma equipe de referência da atenção básica com a 
função de tutoria e, ou referência assistencial à rede de serviços 
básicos de saúde, cuja regulamentação será definida em portaria 
da Secretaria de Atenção à Saúde;
II. média complexidade: realizar atenção diagnóstica e terapêutica 
especializada garantida a partir do processo de referência e 
contrarreferência do portador de hipertensão arterial, de diabetes 
mellitus e de doenças renais. Essas ações devem ser organizadas 
segundo o Plano Diretor de Regionalização (PDR) de cada unidade 
federada e os princípios e diretrizes de universalidade, equidade, 
regionalização, hierarquização e integralidade da atenção à 
saúde. Para desempenhar as ações neste nível de atenção, o 
gestor poderá instituir um Centro de Referência especializado em 
hipertensão e diabetes, cuja regulamentação será definida em 
portaria da Secretaria de Atenção à Saúde;
III. alta complexidade: garantir o acesso e assegurar a qualidade 
do processo de diálise visando alcançar impacto positivo na 
sobrevida, na morbidade e na qualidade de vida e garantir 
equidade na entrada em lista de espera para transplante renal. A 
assistência na alta complexidade se dará por meio dos Serviços 
de Nefrologia e dos Centros de Referência em Nefrologia, cuja 
regulamentação será definida em portaria da Secretaria de 
Atenção à Saúde” (BRASIL, 2004b).
4.4 POLÍTICA NACIONAL DE PROCEDIMENTOS ELETIVOS DE 
MÉDIA COMPLEXIDADE
Essa política foi instituída por meio da Portaria nº 486, de 31 de março de 2005. 
Posteriormente, diversas portarias foram criadas a fim de definir os procedimentos 
cirúrgicos prioritários no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. A Portaria vigente 
é a nº 1.388, de 9 de junho de 2022, que define os procedimentos cirúrgicos prioritários 
no âmbito do Sistema Único de Saúde, estabelece recurso do Bloco de Manutenção 
das Ações e Serviços Públicos de Saúde – Grupo de Atenção Especializada – a ser 
incorporado ao limite financeiro de Média e Alta Complexidade – MAC – dos estados, 
do Distrito Federal e dos municípios, altera e exclui atributos e inclui procedimento na 
Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Prótese e Materiais Especiais do 
SUS. Ela define como:
procedimentos cirúrgicos prioritários no âmbito do SUS aqueles 
estabelecidos conjuntamente pelas esferas de gestão do Sistema 
como de grande demanda reprimida e causas de filas de espera 
significativas, compondo, portanto, gargalos ao provimento do 
cuidado no tempo oportuno e constituindo, dessa forma, objeto de 
implementação de estratégias efetivas com o potencial de aprimorar 
acesso e qualidade assistencial (BRASIL, 2022b).
61
Para saber mais acerca da Política Nacional De Procedimentos Eletivos De 
Média Complexidade, acesse: Portaria nº 486, de 31 de março de 2005 e 
Portaria GM/MS nº 1.388, de 9 de junho de 2022
DICA
4.5 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA
A Política Nacional de Atenção Oncológica, instituída pela Portaria GM/MS n. 
2439/2005, foi revogada pela Portaria nº 874, de 16 de maio de 2013. Essa portaria 
organiza a política em cinco componentes: atenção básica; atenção especializada; 
atenção domiciliar; sistemas de apoio; regulação; sistemas logísticos e governança. 
Com relação à rede especializada, que abrange média e alta complexidade, 
a portaria diz que essa composição da política é dividida em atenção ambulatorial, 
hospitalar e rede de urgência e emergência, conforme a disposição a seguir:
1. Atenção Ambulatorial: composto por conjunto de serviços que 
caracterizam o segundo nível de atenção, qual seja de média 
complexidade, e que realizam o atendimento especializado, 
exames para diagnóstico do câncer, apoio terapêutico e o 
tratamento de lesões precursoras;
2. Atenção Hospitalar: composto pelos hospitais habilitados 
como UNACON e CACON e pelos Hospitais Gerais com Cirurgia 
Oncológica, onde são oferecidos os tratamentos especializados 
de alta complexidade e densidade tecnológica para as pessoas 
com câncer, os quais devem ser estruturados considerando-se 
os dados epidemiológicos, as lógicas de escala, de escopo e de 
acesso, respeitando-se a conformação das redes regionalizadas 
de atenção à saúde;
3. Rede de Urgência e Emergência: responsável por prestar cui-
dado às pessoas com câncer nas suas agudizações e, sempre que 
necessário, encaminhá-los para a UNACON ou o CACON respon-
sável por seu cuidado, ou ainda, para o hospital geral de referên-
cia, sendo que os usuários que buscarem um serviço de urgência 
e emergência e, no momento do atendimento, forem diagnostica-
dos com suspeita de câncer devem ter assegurados encaminha-
mento e, se necessário, transferência para uma UNACON ou um 
CACON, ou um hospital geral de referência (BRASIL, 2013a).
4.6 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA 
PORTADORA DE DEFICIÊNCIA
A Política Nacional De Saúde Da Pessoa Portadora De Deficiência foi instituída 
pela Portaria MS/GM nº 1.060, de 5 de junho de 2002. As pessoas com deficiência 
têm direito ao encaminhamento para serviços mais complexos; a receber assistência 
específica nas unidades especializadas de média e alta complexidade, para reabilitação 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt0486_31_03_2005.html#:~:text=Institui a Pol%C3%ADtica Nacional de,Complexidade e d%C3%A1 outras provid%C3%AAncias.&text=Considerando a Portaria n%C2%BA627,Art.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2022/prt1388_10_06_2022.html#:~:text=Os procedimentos cir%C3%BArgicos priorit%C3%A1rios no %C3%A2mbito do SUS s%C3%A3o aqueles,constituindo%2C dessa forma%2C objeto de
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2022/prt1388_10_06_2022.html#:~:text=Os procedimentos cir%C3%BArgicos priorit%C3%A1rios no %C3%A2mbito do SUS s%C3%A3o aqueles,constituindo%2C dessa forma%2C objeto de
62
física, auditiva, visual e intelectual; como também às ajudas técnicas, órteses, próteses 
e meios auxiliares de locomoção de que necessitem, complementando o trabalho de 
reabilitação e as terapias (BRASIL, 2010b). 
Com relação à rede especializada, a portaria define as particularidades da rede 
secundária e terciária da seguinte maneira: 
• Atenção secundária: Tratamento em reabilitação para os casos 
referendados, mediante atuação de profissional especializado 
para tal e utilização de tecnologia apropriada (tais como 
fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, avaliação e 
acompanhamento do uso de órteses e próteses, entre outros).
• Atenção terciária (ambulatorial e hospitalar): Atendimento aos ca-
sos de reabilitação cujo momento da instalação da incapacidade, o 
seu tipo e grau justifiquem uma intervenção mais frequente e inten-
sa, requerendo, portanto, tecnologia de alta complexidade e recursos 
humanos mais especializados. Será importante que os serviços nes-
se nível tenham caráter docente e assistencial, vinculado aos centros 
universitários ou formadores de recursos humanos (BRASIL, 2011a).
4.7 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL
A Política Nacional de Saúde Bucal, Brasil Sorridente, é organizada da seguinte 
maneira:
Figura 2 – Política nacional de saúde bucal
Fonte: https://aps.saude.gov.br/ape/brasilsorridente. Acesso em: 19 abr. 2023.
A atenção especializada dessa política é composta por: Centros de Especialidades 
Odontológicas (CEO), Laboratórios Regionais de Próteses Dentárias e Assistência 
Hospitalar; regulamentada pela Portaria nº 599 de 23 de março de 2006.
https://aps.saude.gov.br/ape/brasilsorridente
63
4.8 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO DE ALTA 
COMPLEXIDADE EM TRAUMATO-ORTOPEDIA
Essa política foi instituída por meio da Portaria GM/MS nº 221/2005, que informa 
que a Rede de Atenção de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia divide-se em: 
Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Tráumato-Ortopedia; e Centros de 
Referência de Alta Complexidade em Traumato-Ortopedia. Essas unidades deverão: 
I. oferecer condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e 
recursos humanos adequados à prestação de assistência espe-
cializada a doentes de afecções do sistema músculo-esquelético;
II. desenvolver articulação e integração com o sistema local e 
regional de atenção à Saúde; e 
III. respeitar os critérios determinados pela Política Nacional de 
Humanização do SUS (BRASIL, 2005b).
Vale ainda destacar o § 1° da Portaria nº 90, de 27 de março de 2009:
“§ 1° Entende-se por Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Traumatologia e 
Ortopedia o hospital geral ou especializado que possua condições técnicas, instalações fí-
sicas, equipamentos e recursos humanos capazes de prestar assistência em traumatologia 
e ortopedia.
§ 2º Entende-se por Centro de Referência em Traumatologia e Ortopedia de Alta Com-
plexidade o hospital geral ou especializado em Traumatologia e Ortopedia, devidamente 
credenciado e habilitado como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Trauma-
tologia e Ortopedia, que exerça o papel auxiliar, de caráter técnico, ao gestor do SUS na Po-
lítica de Atenção em Traumatologia e Ortopedia e possua também os seguintes atributos:
I- Ser hospital de ensino, certificado pelo Ministério da Saúde e Ministério da Educação, 
de acordo com a Portaria Interministerial MEC/MS nº. 2.400, de 02 de outubro de 2007; 
e oferecer Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia ou Educação Continuada 
voltada às necessidades do SUS nas diferentes áreas da assistência em traumatologia e 
ortopedia;
II- Ter estrutura de pesquisa e ensino organizada, com programas e protocolos clínicos, 
técnicos e operacionais estabelecidos;
III- Subsidiar os Gestores Locais do SUS nas ações de regulação, controle, ava-
liação e auditoria na atenção em Traumatologia e Ortopedia, inclusive em 
estudos de qualidade e de custo-efetividade; e
IV- Participar do desenvolvimento e capacitação profissional em parceria com 
o gestor local do SUS.
Art. 2º As Unidades de Assistência e os Centros de Referência em Traumatolo-
gia e Ortopedia podem prestar atendimento nos serviços descritos a seguir:
a- Serviço de Traumatologia e Ortopedia.
b- Serviço de Traumatologia e Ortopedia Pediátrica (até 21 anos de idade).
c- Serviço de Traumatologia e Ortopedia de Urgência” (BRASIL, 2009b).
NOTA
64
4.9 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS
A Política Nacional de Atenção às urgências passou por portarias precursoras 
até ser realmente instituída, por meio da Portaria GM/MS nº 1863/2003, que organiza 
as redes de atenção integral às urgências, com os seguintes componentes: Pré-
Hospitalar Fixo, Pré-Hospitalar Móvel, Hospitalar e Pós Hospitalar, definidas 
pelos seguintes serviços:
 
• Pré-Hospitalar Fixo: unidades básicas de saúde e unidades 
de saúde da família, equipes de agentes comunitários de saúde, 
ambulatórios especializados, serviços de diagnóstico e terapias, 
e Unidades Não-Hospitalares de Atendimento às Urgências, 
conforme Portaria GM/MS nº 2.048, de 5 de novembro de 2002; 
• Pré-Hospitalar Móvel: Samu – Serviço de Atendimento Móvel 
de Urgências e os serviços associados de salvamento e resgate, 
sob regulação médica de urgências e com número único nacional 
para urgências médicas - 192;
• Hospitalar: portas hospitalares de atenção às urgências 
das unidades hospitalares gerais de tipo I e II e das unidades 
hospitalares de referência tipo I, II e III, bem como toda a 
gama de leitos de internação, passando pelos leitos gerais e 
especializados de retaguarda, de longa permanência e os de 
terapia semi-intensiva e intensiva, mesmo que esses leitos 
estejam situados em unidades hospitalares que atuem sem 
porta aberta às urgências;
• Pós-Hospitalar: modalidades de Atenção Domiciliar, Hospitais-
Dia e Projetos de Reabilitação Integral com componente de 
reabilitação de base comunitária (BRASIL, 2006b). 
Para saber mais acerca da Política Nacional de Atenção às urgências, aces-
se: https://bit.ly/3N9nuSx
DICA
4.10 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO AO PORTADOR DE 
DOENÇA NEUROLÓGICA
A Política Nacional De Atenção ao Portador de Doença Neurológica foi instituído 
pela Portaria GM/MS nº 1.161/2005, contendo como componente de média complexidade 
as ações de atenção diagnóstica e terapêutica especializada, organizadas segundo 
o Plano Diretor de regionalização (PDr); e a alta complexidade os procedimentos 
neurológicos, neurointervencionistas e neurocirúrgicos, assistidas por unidades de 
assistência de alta complexidade em neurocirurgia e de centros de referência de alta 
complexidade em neurologia (BRASIL, 2011a). 
65
Para saber mais acerca da Política Nacional De Atenção ao Portador de 
Doença Neurológica, acesse: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2005/prt1161_07_07_2005.html
Para saber mais acerca da Política Nacional para Hospitais de Peque-
no Porte, acesse: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/
prt1044_01_06_2004.html
DICA
DICA
4.11 POLÍTICA NACIONAL PARA HOSPITAIS DE PEQUENO 
PORTE
A Política Nacional para Hospitais de Pequeno Porte foi instituída pela Portaria 
GM/MS nº 1.044/2004 e compõe os hospitais que possuem de cinco a trinta leitos, 
da rede pública ou privada sem fins lucrativos, estar localizado em municípios ou 
microrregiões com até 30.000 habitantes e que possuem cobertura da ESF acima de 
70% (BRASIL, 2004c). 
4.12 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Talvez você já tenha ouvido falar de muitas portarias que envolvem a saúde do idoso, 
referente às pessoas com mais de60 anos, garantindo a integralidade da sua assistência. No 
entanto, a atual Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa foi aprovada por meio da Portaria 
GM/MS nº 2.528/2006, que tem como objetivo a elaboração de uma linha de cuidado com 
foco no usuário, baseado em seus direitos, necessidades, preferências e habilidades; criando 
fluxos e acessibilidade em todos os níveis de atenção e infraestrutura adequada, bem como 
insumos e profissionais qualificados para atuação na rede (BRASIL, 2006c). 
Embora a política abranja toda a rede, vamos citar as características na média e 
alta complexidade, que são:
Reestruturação e implementação das redes estaduais de atenção à 
saúde da pessoa idosa, visando à integração efetiva com a atenção 
primária e os demais níveis de atenção, garantindo a integralidade 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt1161_07_07_2005.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt1161_07_07_2005.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/prt1044_01_06_2004.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2004/prt1044_01_06_2004.html
66
da atenção, por meio do estabelecimento de fluxos de referência e 
contrarreferência; implementação, de forma efetiva, de modalidades 
de atendimento que correspondam às necessidades da população 
idosa, com abordagem multiprofissional e interdisciplinar, sempre 
que possível; e contemplação de fluxos de retaguarda para a rede 
hospitalar e demais especialidades, disponíveis no Sistema Único de 
Saúde (BRASIL, 2011a, p. 116-117).
4.13 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE 
DA MULHER
Como já falamos em outro momento, a Política Nacional de Atenção Integral à 
Saúde da Mulher (PAISM) teve uma trajetória até ser elaborada. Anteriormente, ela não 
contava com muitos pontos que hoje possui, pois era relacionada somente à saúde 
reprodutiva das mulheres. 
A rede possui componentes de Atenção Básica e da rede especializada. Nesse 
caso, os componentes de média e alta complexidade do PAISM, são:
• Sistemas Estaduais De Referência Hospitalar no Atendimento da Gestante de Alto 
Risco, composta por Unidades de Referência Secundária e Unidades de Referência 
Terciária.
• Planejamento familiar/reprodutivo.
• Humanização no pré-natal e nascimento.
• Fluxo de credenciamento (BRASIL, 2016).
Para saber um pouco mais acerca da Política Nacional de Atenção Integral 
à Saúde da Mulher – PAISM –, acesse: https://bit.ly/44a1wFc
DICA
4.14 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE 
DO HOMEM
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem foi instituída por 
meio da Portaria GM/MS nº 1944/ 2009 e assim como a PAISM leva em consideração 
a integralidade da assistência, ou seja, o atendimento da APS, na média e na alta 
complexidade.
Os objetivos dessa política são: 
67
Para saber um pouco mais acerca da Política Nacional de Atenção Integral 
à Saúde do Homem, acesse: https://bit.ly/3NbA8AE
DICA
I. Promover a mudança de paradigmas no que concerne à percepção 
da população masculina em relação ao cuidado com a sua saúde 
e a saúde de sua família; II captar precocemente a população 
masculina nas atividades de prevenção primária relativa às doenças 
cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes; 
III. organizar, implantar, qualificar e humanizar, em todo o território 
brasileiro, a atenção integral à saúde do homem; IV. fortalecer a 
assistência básica no cuidado com o homem, facilitando e garantindo 
o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos 
fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde; V. capacitar e 
qualificar os profissionais da rede básica para o correto atendimento 
à saúde do homem; VI. implantar e implementar a atenção à saúde 
sexual e reprodutiva dos homens, incluindo as ações de planejamento 
e assistência às disfunções sexuais e reprodutivas, com enfoque 
na infertilidade; VII. ampliar e qualificar a atenção ao planejamento 
reprodutivo masculino; VII. estimular a participação e a inclusão do 
homem nas ações de planejamento de sua vida sexual e reprodutiva, 
enfocando as ações educativas, inclusive no que toca à paternidade; 
IX. garantir a oferta da contracepção cirúrgica voluntária masculina 
nos termos da legislação específica; X. promover a prevenção e o 
controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo 
HIV; XI. garantir o acesso aos serviços especializados de atenção 
secundária e terciária; XII. promover a atenção integral à saúde 
do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays, 
bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, homens com 
deficiência, em situação de risco, e em situação carcerária, entre 
outros; XIII. estimular a articulação das ações governamentais com 
as da sociedade civil organizada, a fim de possibilitar o protagonismo 
social na enunciação das reais condições de saúde da população 
masculina, inclusive no tocante à ampla divulgação das medidas 
preventivas; XIV. ampliar o acesso às informações sobre as medidas 
preventivas contra os agravos e as enfermidades que atingem a 
população masculina; XV. incluir o enfoque de gênero, orientação 
sexual, identidade de gênero e condição étnico-racial nas ações 
socioeducativas; XVI. estimular, na população masculina, o cuidado 
com sua própria saúde, visando à realização de exames preventivos 
regulares e à adoção de hábitos saudáveis; e XVII. aperfeiçoar 
os sistemas de informação de maneira a possibilitar um melhor 
monitoramento que permita tomadas de decisão (BRASIL, 2009c).
4.15 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL
 
A Política Nacional de Saúde Mental, é apoiada pela Lei nº 10.216/01, que busca 
consolidar um modelo de atenção à saúde mental baseado na mudança do modelo de 
68
tratamento, ou seja, o indivíduo deixa de realizar o tratamento em isolamento e passa a 
ter convívio com a família e a comunidade (BRASIL, 2001). 
A saúde mental foi extremamente marginalizada e no passado as pessoas 
com sofrimento mental eram encaminhadas para os manicômios para serem isoladas 
do restante da população. Atualmente vivemos em uma luta antimanicomial, a fim de 
integrar as pessoas em acompanhamento de sua saúde mental com a comunidade 
(LUCHMANN; RODRIGUES; 2007).
A rede de atendimento está composta pelos Serviços Residenciais Terapêuticos 
em Saúde Mental, Assistência Hospitalar, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) I, 
CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad (BRASIL, 2001).
Para saber um pouco mais acerca da Política Nacional de Saúde Mental, 
acesse: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm
DICA
4.16 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL 
GENÉTICA CLÍNICA
Você conhece a Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica? 
Ela foi instituída por meio da Portaria GM/MS nº 81, de 20 de janeiro de 2009, e tem 
como objetivos a organização da linha de cuidado de maneira integral; a identificação 
de determinantes e condicionantes dos principais problemas de saúde relacionados 
a anomalias congênitas e doenças geneticamente determinadas e a construção 
de políticas públicas para essa finalidade; definir critérios para o funcionamento, o 
monitoramento e a avaliação dos serviços relacionados a genética clínica; incentivar 
pesquisas na área de genética clínica e qualificar os profissionais da assistência por 
meio da educação permanente e baseado na integralidade e da Política Nacional 
de Humanização (PNH) A média e alta complexidade são compostas por Unidades 
de Atenção Especializada e Centros de referência em Genética Clínica, que ficam 
responsáveis pelo acompanhamento multiprofissional dos casos referenciados pela 
APS (BRASIL, 2009e).
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm
69
Para saber um pouco mais sobre a Política Nacional de Atenção Integral 
em Genética Clínica, acesse: https://bit.ly/3NaLbKe.
DICA
4.17 POLÍTICA NACIONAL DE OFTALMOLOGIA
A Política Nacional De Oftalmologia foi instituída pela Portaria GM/MS nº 957, de 
15 de maio de 2008. Considerandoa rede integral, hierarquizada e regionalizada, o com-
ponente de atenção especializada em oftalmologia deverá “realizar atenção diagnóstica 
e terapêutica especializada e promover o acesso do paciente portador de doenças of-
talmológicas a procedimentos de média e alta complexidade, em serviços especializa-
dos de qualidade, visando alcançar impacto positivo na morbidade e na qualidade de 
vida dos usuários do SUS, por intermédio da garantia da equidade” (BRASIL, 2008a). 
Para saber um pouco mais sobre a Política Nacional De Oftalmologia, aces-
se: https://bit.ly/3LsysBv.
DICA
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2008/prt0957_15_05_2008.html#:~:text=Institui a Pol%C3%ADtica Nacional de,das tr%C3%AAs esferas de gest%C3%A3o.
70
O PAPEL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE NO BRASIL: 
LIMITES E POSSIBILIDADES NO ENFRENTAMENTO DA COVID-19
Regina Paiva Daumas
Gulnar Azevedo e Silva
Renato TascaIuri da Costa Leite
Patrícia Brasil
Dirceu B. Greco
Victor Grabois
Gastão Wagner de Sousa Campos
Em 12 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou 
como pandemia a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). A infecção 
(COVID-19), além de ser mais transmissível, tem letalidade estimada em cerca de 14 
vezes a da influenza. O alto índice de contágio, com cada indivíduo infectando de 2 a 
3 pessoas, em média, causa a expansão da epidemia em progressão geométrica. No 
Brasil, onde a transmissão comunitária em todo o território nacional foi declarada em 20 
de março, mais de 147 mil casos e 10 mil mortes pela COVID-19 haviam sido confirmados 
até 9 de maio de 2020. Medidas de isolamento de casos e contatos e distanciamento 
social da população geral têm sido as principais estratégias preconizadas para retardar 
a expansão da COVID-19 e permitir a adequação dos sistemas de saúde ao rápido 
aumento da demanda por leitos de internação, especialmente aqueles de terapia 
intensiva, evitando o colapso da assistência hospitalar.
A apresentação inicial da COVID-19 se assemelha a uma gripe, com sintomas 
de febre, tosse, dor de garganta e coriza. Aproximadamente 80% dos pacientes se 
recuperam sem complicações, sendo classificados como casos leves ou moderados 
(sem pneumonia ou com pneumonia viral leve). Os 20% restantes evoluem com dispneia 
e hipoxemia secundárias à pneumonia viral extensa, e necessitam de internação para 
oxigenioterapia, além de outras intervenções. Um quarto desses (cerca de 5% do total) 
evolui para o estado crítico devido à insuficiência respiratória, coagulação intravascular 
disseminada, choque circulatório ou disfunção orgânica múltipla, requerendo cuidados 
de terapia intensiva. A letalidade nesse último grupo é superior a 40%.
A assistência à COVID-19 precisa dar conta das necessidades dos pacientes 
nas diferentes fases da infecção e em todo o espectro de gravidade, em uma linha de 
cuidado que envolve desde o monitoramento de casos leves em isolamento domiciliar, 
com orientações para o manejo de sintomas e para a identificação precoce de sinais de 
LEITURA
COMPLEMENTAR
71
alerta, até a internação em unidades de terapia intensiva (UTI) e a reabilitação após a alta 
hospitalar. A minimização dos riscos de infecção dos profissionais de saúde e demais 
pacientes deve balizar a escolha das melhores estratégias de organização da rede para 
atender a essas necessidades. Para reduzir a transmissão e limitar a mortalidade pela 
COVID-19, o poder público deve criar condições para que indivíduos e famílias possam 
sustentar o distanciamento social enquanto prepara seu sistema de saúde para o 
enfrentamento da pandemia. No caso do Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve 
se preparar para prover assistência ao crescente número de pacientes com a COVID-19; 
manter a atenção aos demais agravos agudos e crônicos e garantir a segurança de 
profissionais de saúde e pacientes durante o cuidado de saúde.
Recomendações para a organização da rede de atenção à COVID-19
A capacidade do sistema de saúde de desempenhar plenamente suas 
funções no contexto da pandemia demanda não apenas expandir o número de leitos 
hospitalares e de UTI, mas também reorganizar os fluxos na rede de atendimento, 
redefinir os papéis das diferentes unidades e níveis de atenção e criar novos pontos 
de acesso ao sistema de saúde, especialmente por via remota. Todas as modalidades 
de teleatendimento (teleorientação, teleconsulta, telemonitoramento e telerregulação) 
passam a desempenhar papel central a partir desse momento. Um plano com protocolos 
a serem seguidos por todos os níveis de atenção, incluindo normas de proteção aos 
trabalhadores e cuidados para evitar a disseminação do SARS-CoV-2 nas unidades de 
saúde, é fundamental para articular todas essas ações.
A OMS sugere que sejam criadas centrais de teleatendimento 24 horas, 
treinando os atendentes na utilização de protocolos que permitam distinguir casos 
leves, moderados e graves, bem como orientar os casos leves quanto às medidas de 
isolamento domiciliar. Casos graves devem ser encaminhados para hospitais de referência 
para COVID-19 por ambulâncias exclusivas para este transporte, com profissionais 
qualificados e adequadamente protegidos, segundo as medidas preconizadas para a 
prevenção de infecção.
Na rede de atenção à COVID-19, são também necessários equipamentos 
de saúde com leitos de baixa e média complexidades dedicados ao atendimento de 
casos suspeitos com alto risco de agravamento ou com contraindicação ao isolamento 
domiciliar, tais como aqueles com comorbidades, os que residem sozinhos e os que 
apresentam maior comprometimento pela doença, ainda que não estejam graves. A 
internação nesses locais possibilita fazer intervenções terapêuticas, monitorar sinais de 
agravamento e providenciar transferência oportuna para leitos de maior complexidade, 
quando necessário. Essas unidades devem admitir também pacientes que recebam alta 
de hospitais de referência ainda necessitando de cuidados hospitalares, contribuindo 
para a liberação dos leitos de alta complexidade para os pacientes críticos.
72
A descrição das necessidades assistenciais dos pacientes com COVID-19 torna 
evidente que o papel direto da atenção primária à saúde (APS) na assistência aos 
casos moderados e graves é bastante limitado. Ademais, o atendimento presencial aos 
pacientes suspeitos de COVID-19 nas unidades básicas de saúde (UBS) deve ser evitado 
sempre que possível porque, além de ter pouco impacto no curso da doença, implica 
alto risco de infecção para os profissionais de saúde e demais usuários.
O papel da APS durante a pandemia de COVID-19
Se por um lado a APS tem capacidade reduzida para atuar sobre a letalidade 
dos casos graves, uma APS forte, organizada e com pessoal qualificado e em número 
adequado pode contribuir para diminuir a incidência da infecção na população adscrita, 
com impacto direto na diminuição da morbimortalidade. Por meio do trabalho comunitário 
pode atuar para a redução da disseminação da infecção, acompanhar os casos leves em 
isolamento domiciliar, apoiar as comunidades durante o distanciamento social, identificar 
e conduzir situações de vulnerabilidade individual ou coletiva e, principalmente, garantir 
o acesso a cuidados de saúde e o necessário encaminhamento nas fases mais críticas 
da epidemia. Dessa forma, a APS pode desempenhar um papel central na mitigação 
dos efeitos da pandemia, mantendo e aprofundando todos os seus atributos, tais como 
o acesso ao primeiro contato, a longitudinalidade, a integralidade e a coordenação do 
cuidado e, em especial, a competência cultural e a orientação familiar e comunitária.
Ao retomar a sua vocação para a ação comunitária, a APS pode ampliar a 
capacidade de resposta local não só para reduzir a disseminação da infecção, como 
também para amenizar os efeitos sociais e econômicos das medidas de distanciamento 
social. Por exemplo, por intermédio das mídias sociais e rádios comunitárias, as equipes 
de saúde da família (EqSF) podem orientara população sobre as formas de contágio 
e informar sobre os canais de teleatendimento. O trabalho dos agentes comunitários 
de saúde (ACS) pode ajudar a identificar indivíduos e famílias em situação de maior 
vulnerabilidade, auxiliar na entrega de alimentos e outros itens essenciais, além de 
mobilizar os recursos da própria comunidade.
Na atenção clínica individual, utilizando modalidades de teleatendimento, 
profissionais da APS podem orientar os casos suspeitos quanto ao isolamento e 
reconhecimento dos sinais de alerta; identificar pacientes que não podem ser cuidados 
no domicílio; monitorar estes casos suspeitos quanto à evolução clínica; realizar 
videoconsultas para casos mais complexos e solicitar remoção para uma unidade 
hospitalar ao identificar sinais de agravamento. Todas essas ações resultam em redução 
da demanda e dos riscos de infecção nas unidades de emergência e permitem a 
concentração de seus recursos no atendimento aos casos mais graves.
Visando a manter o acesso aos cuidados de saúde para outros agravos, o 
trabalho na APS durante a pandemia deve priorizar ainda: (1) a continuidade de ações 
preventivas, tais como vacinação; (2) o acompanhamento de pacientes crônicos e grupos 
prioritários como gestantes e lactentes; e (3) o atendimento a pequenas urgências e às 
73
agudizações de doenças crônicas. A supressão dessas atividades por várias semanas 
pode resultar em elevação da morbimortalidade por outras causas, ampliando os efeitos 
da pandemia, como relatado nas situações em que se optou por um modelo assistencial 
centrado apenas na atenção hospitalar.
Assim como para os casos suspeitos, o teleatendimento deve ser priorizado 
como estratégia para o acompanhamento dos portadores de outros agravos que estão 
estáveis. É possível responder a demandas por medicamentos de uso contínuo ou 
mesmo por avaliação clínica, que pode, muitas vezes, ser realizada por videoconsulta. 
O atendimento presencial na UBS seria priorizado para pacientes com queixas agudas 
não respiratórias e para aqueles com agudização de doenças crônicas, cuja abordagem 
possa ser feita na APS, com até algumas horas de tratamento e observação clínica, 
evitando sua ida para unidades hospitalares e de pronto-atendimento, que estarão 
progressivamente sobrecarregadas. A disponibilização de equipamentos de proteção 
individual e a atualização das práticas de prevenção e controle de infecção de acordo 
com as melhores evidências disponíveis, com treinamentos periódicos, dão suporte à 
manutenção segura das ações assistenciais na UBS e nos domicílios.
Além do teleatendimento, a consulta domiciliar por médicos e enfermeiros 
pode garantir a manutenção da assistência a pacientes de maior complexidade e 
risco, incluindo ainda aqueles que necessitam de curativos. As visitas domiciliares 
feitas pelos ACS, no peridomicílio, respeitando o distanciamento social, possibilitam 
o acompanhamento de pacientes sem telefone e a entrega de medicamentos e de 
insumos básicos à população, evitando, assim, as visitas desnecessárias à UBS.
Mesmo com todo o esforço para expandir o uso das teleconsultas, e ainda 
que centrais telefônicas para o atendimento a casos suspeitos de COVID-19 sejam 
priorizadas, uma parcela substancial da população do território continuará acessando 
as UBS, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e emergências hospitalares. Por esse 
motivo, os pacientes devem ser rastreados no primeiro ponto de contato com qualquer 
serviço de saúde e todas as precauções para o controle de infecção devem ser ali 
implementadas, de acordo com as recomendações vigentes, que incluem atendimento 
em áreas externas, limitação do contato físico, modificações de fluxo, separação de 
áreas de atendimento e espera, distanciamento, barreiras físicas, disponibilização e uso 
racional de equipamentos de proteção individual (EPI), de acordo com a atividade e tipo 
de contato realizado. Cabe lembrar ainda que, à medida que a epidemia avança, o risco 
de infecção em unidades de saúde aumenta, mesmo quando se trata de pacientes sem 
relato de sintomas respiratórios, pois casos de infecção assintomática e apresentações 
atípicas passam a ser mais numerosos. Isso justifica a expansão do uso de EPI e de 
medidas de controle de infecção para diversas situações e as áreas de atendimento.
Os riscos da transmissão da COVID-19 nos serviços de saúde e os elevados 
custos da implantação das normas de biossegurança justificam a ampla utilização das 
ferramentas de teleatendimento e todo o suporte financeiro necessário para implantá-
las. Essas estratégias permitem que a restrição e regulação do acesso físico às UBS 
74
não representem restrição total de acesso, mas possam ser substituídas por formas 
mais seguras e custo-efetivas de atenção. Para implantar as mudanças necessárias ao 
pleno funcionamento da APS no contexto da pandemia, investimentos em estruturas 
como tendas para atendimento externo, veículos para apoiar a atenção domiciliar, 
telefones celulares e internet de boa qualidade serão imprescindíveis, assim como o 
acesso livre à internet para todos os usuários. A criação de polos de atenção à COVID-19, 
destinados a atender os casos suspeitos, realizar o manejo inicial e facilitar as remoções 
necessárias, é uma alternativa válida onde seja impossível adequar as UBS para realizar 
essas atividades de forma segura. Não é possível dispensar, entretanto, a troca efetiva 
de informações entre esses polos e as UBS, essencial para que estas possam manter 
a vigilância e a coordenação do cuidado em suas respectivas áreas de abrangência. 
Somente uma APS forte e conectada aos demais pontos de atenção, com maior atuação 
comunitária e capacidade de coordenação, será capaz de minimizar os danos causados 
pela pandemia e evitar a desassistência às condições crônicas e agudizações.
Limites da atuação da APS diante das deficiências da rede de atenção à COVID-19
O pleno exercício de atividades inerentes à APS que poderiam reduzir a magnitude 
e o impacto da pandemia nas populações é ameaçado, contudo, pela deficiência da rede 
de atenção à COVID-19, notadamente pela insuficiência de leitos para internação e por 
problemas no fluxo de acesso a esses leitos. Por exemplo, no Município do Rio de Janeiro, 
onde o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) não realiza o atendimento 
domiciliar às urgências por COVID-19 e as UBS são responsáveis por acolher os sintomáticos 
respiratórios e solicitar vagas de internação, casos de COVID-19, especialmente os casos 
mais graves se acumulam à espera de leitos de internação. Processo semelhante ocorre 
nas UPAs, outra porta de entrada física para os leitos Covid, que já enfrentam dificuldade 
crescente em referenciar seus pacientes para leitos especializados.
Ainda no mesmo município, a ausência de leitos básicos e intermediários para 
COVID-19 tem feito com que muitos pacientes regulados para as UPAs retornem às UBS, 
sempre em piores condições. A impossibilidade de internação de pacientes sem sinais 
de insuficiência respiratória, mas com alto risco de agravamento ou contraindicação ao 
isolamento domiciliar, tem retardado a instituição de suporte clínico adequado e causado 
enorme apreensão nas equipes de saúde, que percebem o risco de pacientes chegarem 
às UBS em falência respiratória ou irem a óbito no domicílio sem assistência médica.
A insuficiência de leitos dedicados a COVID-19, aliada ao fluxo de acesso a 
estes leitos via UBS e UPAs, tal como ocorre no Município do Rio de Janeiro, tende 
a comprometer gravemente a capacidade destas unidades assistenciais de prover 
cuidados de saúde aos pacientes portadores de outras doenças e eleva os riscos 
de transmissão. O transporte dos pacientes graves do domicílio diretamente para a 
unidade de referência para tratamento de COVID-19, conforme sugere a OMS, deve ser 
considerado de extrema prioridade, pois agiliza a chegada ao local que poderá instituir a 
terapia definitiva e reduz os pontos de contato do paciente com as unidades desaúde e 
equipes de transporte, muito vulneráveis à infecção pelo SARS-CoV-2.
75
Desafios para o SUS no enfrentamento à pandemia
O enfrentamento da pandemia no país pressupõe mudanças substanciais 
na forma como os cuidados de saúde são prestados e a reorganização de toda a 
rede assistencial. Para otimizar o uso dos recursos disponíveis, as estruturas de 
teleatendimento precisam estar conectadas com o atendimento pré-hospitalar (SAMU-
COVID) e a regulação de leitos pelo SUS. Protocolos de triagem e classificação dos 
casos em leves, moderados e graves, com ou sem risco de complicações, devem ser 
implantados para apoiar tanto as decisões do teleatendimento de emergência quanto a 
APS. Comunicações completas e consistentes entre todos os componentes do sistema 
de saúde e para a população são essenciais e devem ser urgentemente estabelecidas 
para garantir sua efetividade e transparência.
Ainda que grandes mudanças nos fluxos e organização da rede de atenção 
possam parecer difíceis, todas as evidências indicam que fazer mais do mesmo 
significará maior disseminação da doença e ineficiência na utilização de recursos. A 
capacidade do sistema de saúde para salvar vidas nesta pandemia dependerá não 
apenas do número de leitos de UTI e respiradores, mas também da organização da 
rede de atenção para garantir o acesso oportuno a estes leitos, a manutenção das 
linhas de cuidado para outros agravos e o atendimento a urgências e emergências das 
mais diversas naturezas. As soluções específicas para essa organização devem ser 
adaptadas a cada contexto, respeitando premissas gerais e a capacidade de resposta 
local, entendendo que o Brasil é um país continental e heterogêneo. Para as grandes 
metrópoles, onde a doença tem avançado mais rápido, muito pode ser feito com as 
estruturas já existentes, complementadas por novos aportes e iniciativas.
É preciso reconhecer ainda que esse esforço de reorganização será limitado 
em seus resultados, caso não sejam resolvidas as deficiências de nossas redes 
de atenção, frágeis e fragmentadas, com uma APS ainda insuficiente – em muitos 
lugares do Brasil – para enfrentar uma emergência como esta, que depende de 
serviços efetivos e projetados à comunidade. Apesar da expansão da APS alcançada 
nas últimas décadas, a ausência de mecanismos para garantir sua sustentabilidade 
segue ameaçando a continuidade do cuidado em todo o país. A falta de coordenação 
entre os níveis assistenciais e a inexistência de fluxos sistêmicos na rede de atenção à 
saúde, já apontadas anteriormente, ficaram ainda mais críticas na pandemia, revelando 
a importância de se adotar estratégias que possibilitem às equipes de APS a efetiva 
coordenação do cuidado.
A epidemia chegou ao país após o inaceitável estabelecimento do teto de gastos 
para saúde e educação, que congelou ou diminuiu os recursos para saúde. Ao mesmo 
tempo, políticas importantes e estruturantes para APS foram atacadas seriamente. 
Entre essas, destaca-se o Programa Mais Médicos pelo Brasil, criado para promover 
atendimento médico em lugares remotos e em periferias urbanas, cuja descontinuidade 
agravou os vazios assistenciais em locais altamente vulneráveis. Em sequência, o novo 
76
modelo de financiamento para a atenção básica 25, imposto pelo atual Governo Federal, 
coloca em risco a universalidade do sistema. A despeito de que novos recursos possam 
ser alocados para o SUS durante a pandemia, não podemos ignorar o impacto deletério 
do crônico e histórico subfinanciamento do SUS sobre a saúde da população, que em 
sua maioria depende exclusivamente deste sistema.
Mesmo com suas deficiências, a importância do SUS no enfrentamento da pan-
demia tem sido demonstrada de forma inquestionável. O reconhecimento, agora quase 
unânime, da necessidade de mais recursos para que o sistema faça frente à crise torna 
este momento especialmente oportuno para reforçar e financiar adequadamente o SUS. 
Além disso, esta gravíssima emergência sanitária coloca em destaque a posição privile-
giada da APS para garantir o acesso a cuidados de saúde e agir sobre os determinantes 
de saúde frente a um desafio emergente. A priorização da APS, com a expansão da ESF 
e o fortalecimento de todos os seus atributos, com ênfase nos chamados derivados 
(competência cultural, orientação familiar e comunitária), são medidas essenciais para 
conter a propagação na população de uma ameaça como a COVID-19.
Fonte: DAUMAS R. P. et al. O papel da atenção primária na rede de atenção à saúde no Brasil: limites e possi-
bilidades no enfrentamento da COVID-19. Cadernos de Saúde Pública [online]. v. 36, n. 6 Disponível em: 
https://www.scielosp.org/article/csp/2020.v36n6/e00104120/pt/# Acesso em: 12 abr. 2023.
https://www.scielosp.org/article/csp/2020.v36n6/e00104120/pt/%23 
77
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Os conceitos de média e alta complexidade.
• Como identificar as necessidades na assistência em saúde da média e alta 
complexidade e alguns exemplos de situações que demandam soluções do gestor.
• A relação da APS com a média e a alta complexidade.
• Exemplos de componentes da média e da alta complexidade, que estão relacionadas 
às Políticas Nacionais de Saúde.
78
AUTOATIVIDADE
1 Para identificar as necessidades da média e da alta complexidade, é sugerido que o 
profissional de saúde realize o diagnóstico situacional do território. Após a identificação 
dos problemas, é possível elaborar o Planejamento Estratégico Situacional, que 
possui quatro fases. Sobre essas fases, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Diagnóstica, avaliativa, estratégica e operacional.
b) ( ) Explicativa, normativa, estratégica e tática-operacional. 
c) ( ) Diagnóstica, normativa, estratégica e tática-operacional.
d) ( ) Diagnóstica, explicativa, avaliativa e tática.
2 As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são os fluxos de atendimento dos serviços de 
saúde de diferentes densidades tecnológicas, sejam elas da atenção primária, da 
atenção secundária e/ou da atenção terciária. Sobre a composição das Redes de 
Atenção à Saúde (RAS), analise as afirmativas a seguir:
I- A média complexidade (MC) compreende um conjunto de ações e serviços 
ambulatoriais e hospitalares que visam atender os principais problemas de saúde 
da população, cuja prática clínica demande a disponibilidade de profissionais 
especializados e a utilização de recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e 
terapêutico, que não justifique a sua oferta em todos os municípios do país.
II- A alta complexidade é um conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, 
envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população acesso a 
serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde.
III- A média complexidade é composta por serviços especializados encontrados em 
hospitais e ambulatórios e envolve atendimento direcionado para áreas como 
pediatria, ortopedia, cardiologia, oncologia, neurologia, psiquiatria, ginecologia, 
oftalmologia entre outras especialidades médicas e as Unidades de Pronto 
Atendimento (UPA 24h).
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a sentença I está correta. 
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. 
3 A Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Renal foi elaborada pela Por-
taria GM/MS nº 1168, de 15 de junho de 2004, que divide a política em componentes. 
Considerando esses componentes e os seus objetivos, classifique V para as senten-
ças verdadeiras e F para as falsas:
79
( ) Atenção básica: realizar ações somente de caráter individual, voltadas para a 
promoção da saúde e prevenção dos danos, bem como as ações clínicas para o 
controle da hipertensão arterial, do diabetes mellitus e das doenças do rim que 
possam ser realizadas neste nível. 
( ) Média complexidade: realizar atenção diagnóstica e terapêutica especializada 
garantida a partir do processo de referência e contrarreferênciado portador de 
hipertensão arterial, de diabetes mellitus e de doenças renais.
( ) Alta complexidade: garantir o acesso e assegurar a qualidade do processo de diálise 
visando alcançar impacto positivo na sobrevida, na morbidade e na qualidade de 
vida e garantir equidade na entrada em lista de espera para transplante renal. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F – V – V.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) F – F – V.
d) ( ) V – F – F.
4 A assistência de média e alta complexidade possui diversos desafios e características. 
Sendo assim, disserte sobre essa afirmativa, considerando as necessidades na 
assistência de média e alta complexidade.
5 Em 2004, foi elaborada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 
– PNAISM –, baseada no PAISM, embora considerasse questões relacionadas à 
integralidade da mulher, ou seja, a política passa a vê-la por meio de todas as suas 
necessidades. Disserte sobre a importância da integralidade para a Política Nacional 
de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM).
80
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, A. L. Curso de Aperfeiçoamento em Gerência de Unidades Básicas de 
Saúde, Gestão da Clínica e do Cuidado. Niterói: CEAD-UFF, 2016. 
ANVISA. Resolução RDC Nº 504, de 27 de maio de 2021. Dispõe sobre as Boas Prá-
ticas para o transporte de material biológico humano. 2021. Disponível em: https://bit.
ly/40Csan3. Acesso em: 12 abr. 2023.
ANVISA. Resolução RDC Nº 222, de 18 de março de 2018. Regulamenta as Boas 
Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e dá outras providên-
cias. Brasília, 2018. Disponível em: bit.ly/40Csan3. Acesso em: 12 abr. 2023.
ARANTES, L. J.; SHIMIZU, H. E.; MERCHÁN-HAMANN, E. Contribuições e desafios da 
Estratégia Saúde da Família na Atenção Primária à Saúde no Brasil: revisão da literatu-
ra. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 5, 2016. Disponível em: https://bit.ly/41zQZRW. 
Acesso em: 11 abr. 2023. 
BERTOLLI FILHO, C. História da saúde pública no Brasil. São Paulo, Ática; 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 
1988. Disponível em: https://bit.ly/41LNxDC. Acesso em: 17 mar. 2023. 
BRASIL. Lei nº 8.080 e 8.142 de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na 
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamen-
tais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Disponível em: 
https://bit.ly/40Phulj. Acesso em: 19 abr. 2023.
BRASIL. Lei no 10.216, de 6 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das 
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde 
mental. Brasília, 2001. Disponível em: https://bit.ly/3V1LqsU. Acesso em: 20 fev. 2023.
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Especializada, a ser incorporado ao limite financeiro de Média e Alta Complexidade – 
MAC dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, altera e exclui atributos e inclui 
procedimento na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses, Prótese e Mate-
riais Especiais do SUS. Brasília, 2022b. Disponível em: https://bit.ly/3LrVGHY. Acesso 
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88
89
ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM NA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA À SAÚDE
UNIDADE 2 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender os aspectos conceituais das atenções primária e secundária à saúde; 
• assimilar os aspectos gerais de urgências e emergências nas atenções primária e 
secundária à saúde;
• aprender a respeito da vigilância em saúde, com a identificação do papel do 
enfermeiro e a importância dele em relação a fatores determinantes, riscos e danos 
à população;
• aprimorar os seus conhecimentos e saberes a partir de materiais extras 
disponibilizados.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À 
SAÚDE
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
90
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
Acesse o 
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91
TÓPICO 1 — 
ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA À SAÚDE
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Apesar das notáveis iniquidades em relação à distribuição de riquezas, os 
serviços de saúde podem participar para a melhora da saúde, porém, a nível global, os 
recursos utilizados para tal não se associam a melhores níveis de saúde. Na teoria, é 
exigido que o sistema de saúde tenha forte orientação referente à APS, ao contemplar, 
assim, princípios de efetividade e equidade, com foco na saúde das pessoas nos âmbitos 
social e físico, nos quais vivem e trabalham, não apenas, na enfermidade individual. 
Entretanto, a pergunta que fica é: “como podemos obter a equidade nas unidades de 
atenção primária?” A equidade é atingida através da oferta de atenção no nível mais 
apropriado, com o consentimento de recursos que podem ser utilizados para a redução 
de desigualdades na saúde entre as diferentes secções mais e menos necessitadas da 
população (STARFIELD, 2002).
A Conferência de Alma-Ata definiu a Atenção Primária à Saúde 
como “cuidados essenciais baseados em métodos de trabalho 
e tecnologias de natureza prática, cientificamente, críveis, e, 
socialmente, aceitáveis, universalmente, acessíveis na comunidade, 
aos indivíduos e às famílias, com [...] total participação e a um custo 
suportável para as comunidades e para os países, à medida que se 
desenvolvem num espírito de autonomia e autodeterminação”. Dessa 
definição, emergiram, naquele momento, elementos essenciais 
da APS: a educação em saúde; o saneamento básico; o programa 
maternal e infantil, incluindo imunização e planejamento familiar; 
a prevenção de endemias; o tratamento apropriado das doenças 
e danos mais comuns; a provisão de medicamentos essenciais; 
a promoção de alimentação saudável e de micronutrientes;e a 
valorização das práticas complementares. Principalmente, aponta 
para a saúde como expressão de direito humano (OMS, 1979, p. 14).
Trinta anos após a realização da Conferência de Alma-Ata, Halfdan Mahler, Dire-
tor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) (1973-1988), concluiu que a APS, ape-
nas, seria bem-sucedida se gerasse a participação de indivíduos, famílias e comunidades, 
porém, essa participação só aconteceria se houvesse o apoio do sistema de saúde.
No Brasil, a saúde pública é organizada em três níveis de atenção: primária, 
secundária e terciária. Esses níveis são compreendidos como Redes de Atenção à 
Saúde (RAS), sendo que a expressão “hierarquia” não é mais utilizada, mas “poliarquia”, 
no sentido de trabalho em rede (MENDES, 2011).
92
Os níveis de atenção à saúde se estruturam por arranjos produti-
vos conformados segundo as densidades tecnológicas singulares, 
variando do nível de menor densidade, a Atenção Primária à Saúde 
(APS); ao de densidade tecnológica intermediária, a Atenção Secun-
dária à Saúde; até o de maior densidade tecnológica, a Atenção Ter-
ciária à Saúde (MENDES, 2011, p. 78).
Com relação a essa proposta de organização do cuidado em rede,
nos debates produzidos no âmbito do SUS, vem sendo proposta 
a organização do cuidado em rede, baseado em horizontalização 
da gestão e do cuidado, o que pressupõe investimento em novos 
arranjos de gestão e organização da atenção, bem como uma aposta 
muito forte numa interlocução mais direta entre os profissionais 
do “mundo da atenção básica” com os profissionais do “mundo da 
atenção especializada” (CARMO, 2017, p. 45).
Sabemos que a RAS é caracterizada por relações horizontais entre os pontos 
de atenção, mas qual seria o “centro” de comunicação dessa rede? A resposta é a 
Atenção Básica (ou primária). A atenção primária é considerada o contato preferencial 
dos usuários com o sistema de saúde. Deve considerar o sujeito com a singularidade, a 
complexidade, a integralidade e a inserção sociocultural dele, e buscar a promoção de 
saúde, a prevenção e o tratamento de doenças e a redução de danos ou sofrimentos 
que possam comprometer possibilidades de viver de modo saudável. Nesse caso, possui 
responsabilização pelas atenções contínua e integral, com um cuidado multiprofissional.
Em 2004, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) definiu a 
Atenção Primária como
um conjunto de intervenções de saúde nos âmbitos individual e 
coletivo que envolve: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento 
e reabilitação, sendo desenvolvidas através do exercício de práticas 
gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de 
trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios (território 
processo) bem delimitadas, das quais assumem responsabilidade 
(BRASIL, 2004, p. 7).
Em 1996, a Organização Mundial da Saúde (OMS) organizou um documento, 
chamado de Carta de Lubliana, que trouxe um conjunto de princípios para a construção 
da base da APS para serviços de saúde, ou seja, as ações dos serviços devem ser 
fundamentadas pelos seguintes princípios:
• Dirigidos por valores de dignidade humana, equidade, 
solidariedade e ética profissional.
• Direcionados para a proteção e promoção da saúde.
• Centrados nas pessoas, permitindo que os cidadãos influenciem 
os serviços de saúde e assumam a responsabilidade por sua 
própria saúde.
• Focados na qualidade, incluindo relação custo-atividade.
• Baseados em financiamento sustentável, para permitir a 
cobertura universal e o acesso qualitativo e direcionados para a 
atenção primária (STARFIELD, 2002 p. 19).
93
Conforme o passar dos anos, e observada a necessidade de ajustes para a 
definição de APS, em 2018, ocorreu a Conferência Mundial sobre Atenção Primária à 
Saúde em Alma-Ata, para uma cobertura sanitária universal. Ela estabeleceu que a APS 
deve priorizar a saúde e o bem-estar das pessoas, além, promover, proteger e ofertar 
serviços de saúde de qualidade, seguros, integrais, acessíveis, disponíveis para todos, e 
em todos os lugares. 
A APS é um nível de um sistema de serviço de saúde que oferta a entrada nes-
se sistema e fornece atenção ao usuário no decorrer do tempo, a fim de se atentar a ele 
como um todo, não somente, à enfermidade. Além disso, ela compartilha informações 
com outros níveis do sistema de saúde, que vão desde responsabilidade pelo acesso, 
qualidade e custos, prevenção, tratamento e reabilitação e trabalho em equipe, não como 
um compilado, apenas, de tarefas clínicas, pois o diagnóstico, a prevenção, os exames e o 
monitoramento clínico devem ser características de todos os níveis de atenção.
A APS é uma abordagem que configura a base e determina as atividades 
dos outros níveis de saúde. Ainda, expõe os principais e mais comuns entraves da 
comunidade, e, a partir desses dados, oferta serviços de prevenção, tratamento e 
reabilitação para potencializar a saúde e o bem-estar, e modo a fornecer, aos pacientes, 
um acesso direto a uma adequada continuidade da atenção, ao longo do tempo, para 
problemas e serviços preventivos (STARFIELD, 2002).
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, abordaremos os aspectos conceituais 
da APS, e conheceremos as principais condições dela, como prevenção e promoção da 
saúde, incluindo humanização, acesso e acolhimento.
2 PRINCIPAIS CONDIÇÕES DE SAÚDE NA APS
Segue uma síntese dos principais atributos da APS, definidos por Starfield 
(2002). A partir desses atributos, podemos refletir a respeito das principais condições 
de saúde a partir das quais a APS atua, além do acontecimento de ações.
Quadro 1 – Principais atributos da APS
Atributo Descrição
Serviço de 
primeiro contato
Porta de entrada do sistema de saúde, procurado regularmente, a 
cada vez que o paciente precisa de atenção em caso de adoecimen-
to, ou de acompanhamento rotineiro de saúde. Para a constituição 
de um serviço como porta de entrada do sistema de saúde, o pri-
meiro requisito é que seja acessível à população, com a eliminação 
de barreiras financeiras, geográficas, organizacionais e culturais, o 
que possibilita a utilização, por parte dos usuários, a cada novo epi-
sódio. Outro requisito é a exigência de encaminhamento, por profis-
sionais da atenção primária, para acesso à atenção especializada.
94
Longitudinalidade
A assunção de responsabilidade longitudinal pelo paciente marca 
presença, com a continuidade da relação profissional/equipe/
unidade de saúde/paciente ao longo da vida, independentemente 
da ausência ou da presença de alguma doença.
Abrangência ou 
integralidade
O reconhecimento, pela equipe de saúde, de um amplo espectro 
de necessidades é fundamental, considerados os âmbitos orgâni-
cos, psíquicos e sociais da saúde, dentro dos limites de atuação do 
pessoal de saúde. Requer a oferta de serviços preventivos e curati-
vos e a garantia de todos os tipos de serviços para as faixas etárias.
Coordenação do 
cuidado
A capacidade está em garantir a continuidade da atenção (atenção 
ininterrupta) no interior da rede de serviços. Para o exercício da 
coordenação por uma equipe de APS, são necessários tecnologias 
de gestão clínica, mecanismos adequados de comunicação entre 
profissionais e registro adequado de informações.
Orientação para a 
comunidade
O conhecimento das necessidades de saúde da população 
adscrita se insere aqui em razão dos contextos econômico e social 
nos quais vive. Conhecimento da distribuição de problemas de 
saúde e de recursos disponíveis na comunidade. Participação da 
comunidade em decisões relacionadas à saúde.
Centralidade na 
família
Consideração do contexto e da dinâmica familiar é importante 
para uma avaliação de resposta a necessidades de cada membro. 
Conhecimento dos membros e dos problemas de saúde deles.
Competência 
cultural
Reconhecimento de diferentes necessidades de grupos popula-
cionais é inserido, com características étnicas, raciais e culturais, e 
entendidas as representações dos processos saúde-enfermidade.
Fonte: Starfield(2002), Almeida e Macinko (2006) apud Giovanella e Mendonça (2012, p. 505-506)
A APS, no SUS, conta com a Estratégia de Saúde da Família (ESF) nas Unidades 
Básicas de Saúde (UBS), um programa criado pelo Governo Federal em 1994, quando, 
ainda, era chamado de Programa de Saúde da Família (PSF). Essa iniciativa buscou 
reorganizar a Atenção Básica no Brasil, de modo a expandir, qualificar e consolidar essa 
área da saúde. Algumas das ênfases/características são citadas por Guedes, Santos e 
Di Lorenzo (2011):
• Garantia de assistência integral aos indivíduos, às famílias e à comunidade mediante 
uma nova forma de prestação de serviços de saúde. 
• Inserção da própria comunidade na resolução de problemas e auxílio na assistência 
a famílias através de ações de Agentes Comunitários de Saúde (ACS). 
• Família no centro da atenção. Para haver uma melhor compreensão do processo 
saúde-doença, é considerado o ambiente físico, além de social, das famílias. 
95
Figura 1 – Atendimento na atenção primária
Fonte: https://bit.ly/41UVma0. Acesso em: 24 abr. 2022.
Na APS, os profissionais têm um contato mais próximo com a comunidade, e 
atuam em outros espaços, não somente, nas UBS, como espaços públicos, com a oferta 
de visitas domiciliares a famílias. O imperativo da consolidação da ESF foi o cuidado 
das condições crônicas na Atenção Básica, assim, a seguir, discutiremos a respeito das 
condições de saúde e das distinções delas (MENDES, 2012).
2.1 CONDIÇÕES DE SAÚDE
Podemos afirmar que “as “condições de saúde” são as circunstâncias, na saúde 
das pessoas, que se apresentam de forma mais ou menos persistente e que exigem 
respostas sociais reativas ou proativas, eventuais ou contínuas, e fragmentadas ou 
integradas dos sistemas de atenção à saúde” (MENDES, 2012, p. 31). 
A categoria condição de saúde é fundamental em serviços porque só se agrega 
valor para as pessoas, nos sistemas de atenção à saúde, quando se enfrenta uma condição 
de saúde por meio de um ciclo completo de atendimento (PORTER; TEISBERG, 2007). 
Mendes (2012) dividiu as condições de saúde em dois grandes grupos: as 
agudas e as crônicas. Além disso, elas têm comportamentos diferentes perante algumas 
variáveis, como: início, causa, duração, testes diagnósticos, resultado, papel da pessoa 
usuária, diagnóstico e prognóstico etc. Cabe ressaltar aqui, principalmente, as variáveis 
“papel dos profissionais”, “natureza das intervenções”, “conhecimento e ação clínica” e 
“sistema de atenção à saúde”, pois elas têm propósitos diferentes em cada uma das 
condições de saúde:
• Papel dos profissionais: na condição aguda, os papéis dos profissionais são, apenas, 
os de selecionar e prescrever o tratamento; na condição crônica, a busca é pela 
educação em saúde, com pessoas usuárias da APS.
96
• Natureza das intervenções: em uma condição aguda, elas são centradas, somente, 
no cuidado profissional; já na condição crônica, são direcionadas ao cuidado 
multiprofissional e ao autocuidado.
• Conhecimento e ação clínica: são concentrados no profissional médico em uma 
condição aguda; e, em contrapartida, na condição crônica, são compartilhados por 
uma equipe multiprofissional e por usuários.
• Sistema de atenção à saúde: é reativo e fragmentado em condições agudas e 
proativo e integrado em condições crônicas.
A divisão entre doenças transmissíveis e doenças crônicas não transmissíveis é 
uma tipologia utilizada em larga escala pela epidemiologia, que tem sido de utilidade para 
estudos epidemiológicos. Entretanto, não se encaixa quando o objetivo é referenciar a 
organização dos sistemas de atenção à saúde, isso porque, ao se pensar na resposta 
social a problemas de saúde, algumas doenças transmissíveis, devido ao longo período 
de curso, estão mais próximas do enfrentamento de doenças crônicas, ao invés das 
doenças transmissíveis de curso rápido, devido ao foco no conceito de doença e à 
exclusão de outras condições, sendo que estas exigem uma resposta adequada dos 
citados sistemas de atenção à saúde.
Uma nova categorização das condições de saúde tem sido considerada, 
baseada no conceito de condição de saúde (VON KORFF et al., 1997; LORIG et al., 2006). 
Posteriormente, foi aceita pela OMS (2003), que as dividiu em condições agudas e 
crônicas. Essa tipologia é norteada por variáveis-chave do conceito de condição de 
saúde: a primeira considera o tempo de duração da condição, e, a segunda, a maneira 
através da qual é enfrentada por profissionais de saúde, pelo sistema de atenção à 
saúde e pelos usuários (MENDES, 2012).
Podemos definir as condições de saúde como as circunstâncias de saúde de 
pessoas que devem se apresentar mais ou menos persistentes, com a exigência de 
respostas sociais dos sistemas de atenção à saúde, dos profissionais de saúde e das 
pessoas usuárias, que podem ser reativas ou proativas, episódicas ou contínuas, e 
fragmentadas ou integradas. Além disso, considera-se que essas condições vão além do 
conceito doença, pois certos estados fisiológicos são incorporados, como a gestação e o 
acompanhamento desde crianças (puericultura), adolescentes (hebicultura) até idosos 
(senicultura), os quais não são doenças, mas condições que são de responsabilidade 
dos sistemas de atenção à saúde (MENDES, 2012). Assim, a seguir, compreenderemos 
o que são consideradas condições agudas e crônicas e o cuidado em cada situação.
2.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE AGUDAS 
As condições agudas, segundo Von Korff et al. (1997) e Singh (2008), apresen-
tam um curso curto, com menos de três meses de duração, e possuem tendência a 
se autolimitar. Mendes (2018), também, define essas condições como aquelas de cur-
so curto, que se manifestam de forma pouco previsível e que podem ser controladas 
97
de modo reativo e episódico, porém, integrado, com um tempo de resposta oportuno 
do sistema de atenção à saúde. São exemplos de condições agudas: gripe, influenza, 
dengue, doenças inflamatórias e infecciosas (como apendicites e amigdalites), causas 
externas (a exemplo de traumas) e condições gerais e inespecíficas que se manifestam 
de forma aguda (febre e dor generalizada, no caso) (MENDES, 2012).
A condição de saúde aguda, geralmente, inicia-se repentinamente, com causa 
simples e de fácil diagnóstico, de curta duração e com uma boa resposta a tratamentos 
específicos, com medicamentos e/ou cirurgias (MENDES, 2012). O ciclo típico engloba 
se sentir mal repentinamente por um tempo, receber tratamento e melhorar. Entretanto, 
a atenção a condições agudas ofertadas por profissionais de saúde depende dos 
conhecimentos e das experiências profissionais deles, principalmente, de médicos, para 
que, assim, possam diagnosticar e tratar, corretamente, de um usuário, para que ele 
volte à vida normal com a saúde restabelecida (MENDES, 2011).
2.2.1 Cuidado das condições agudas
As respostas dos sistemas de atenção à saúde a condições agudas e a eventos 
agudos, como agudização de sintomas de uma condição crônica, têm uma lógica de, em 
menos tempo possível, identificar a gravidade de uma pessoa em situação de urgência, 
ou emergência, além de definir o ponto de atenção adequado para essa situação, o 
tempo-resposta do sistema. Isso faz com que seja adotado um modelo que possa 
classificar os riscos nas redes de atenção a urgências e emergências, com a construção 
de uma linguagem comum em todo o sistema e a definição do melhor local para uma 
determinada situação. Essa linguagem se baseia em diretrizes clínicas codificadas em 
um sistema de classificação de risco (CORDEIRO JÚNIOR, 2008).
2.2.2 Modelo de classificação de risco
Cordeiro Júnior (2008) explica que os modelos de triagem, frente a urgências e 
emergências, apresentam uma grande variação, mas entregam, em comum, a triagem 
de risco, e utilizam de dois a cinco níveis de gravidade. Os mais avançados e que têm 
uma concepção sistêmica, utilizados por uma rede de serviço, são:
• Australasian Triage Scale (ATS): pioneiro, modelo australiano que utiliza tempo de 
espera, conforme a gravidade.• Canadian Triage Acuity Scale (CTAS): modelo canadense, semelhante ao modelo 
supracitado, porém, mais complexo.
• Emergency Severity Index (ESI): modelo americano que trabalha com, somente, 
um algoritmo, e que foca, prioritariamente, na necessidade de recursos para 
atendimento.
• Model Andorrà Del Triangle (MAT): modelo de Andorra, baseado em sintomas 
discriminantes e algoritmos, mas é de uso complexo e oneroso.
98
• Sistema Manchester: operação com algoritmos e determinantes, associados ao 
tempo de espera e simbolizados por cores, com uso em vários países da Europa.
O sistema de classificação de risco Manchester é utilizado em vários países, e, 
embora tenha sido desenvolvido para os pontos de atenção secundário e terciário, espe-
cialmente, hospitalares, é aplicado, também, na APS e em diversos espaços do SUS. Esse 
sistema apresenta, como característica, uma escala em cinco níveis, baseados em cate-
gorias de sintomas, discriminantes-chave e algoritmos clínicos. Com a vantagem de ser 
executado em um curto espaço de tempo, pode ser aplicado por médicos e enfermeiros 
e exige fundamentação clínica, o que garante segurança aos usuários e aos profissionais 
de saúde, além de ser rápido e permitir auditoria (CORDEIRO JUNIOR, 2008). 
Observe, a seguir, o sistema Manchester, com escalas; urgência, ou emergência; 
cor; e tempo-alvo de atendimento de um usuário.
Quadro 2 – Sistema Manchester de classificação de risco
Fonte: Mackway-Jones et al. (2010, p. 26)
O sistema Manchester é um protocolo de triagem utilizado, 
principalmente, em serviços de urgência e emergência, porém, também, 
marca presença na APS. 
A classificação de prioridade, definida pelo sistema Manchester, é fun-
damental para garantir que os pacientes mais graves sejam atendidos 
rapidamente e recebam o tratamento adequado.
IMPORTANTE
A aplicação do sistema Manchester, em unidades de APS, vêm apresentando 
resultados muito positivos, principalmente, no que tange à diminuição das filas de espera 
para atendimento, além de estarem sendo bem avaliadas pelos usuários. A lógica está, 
justamente, na classificação de risco de uma pessoa em situação de urgência, para que, 
99
a partir da definição desse risco, sejam estabelecidos um tempo-resposta e um local 
adequado para a realização do atendimento, seja um hospital, uma Unidade de Pronto 
Atendimento (UPA), ou uma APS (MACKWAY-JONES et al., 2010).
2.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE CRÔNICAS
As condições crônicas, especialmente, as doenças crônicas, são diferentes das 
condições agudas, pois elas se iniciam e evoluem lentamente. Geralmente, apresentam 
múltiplas causas que variam com o tempo, como hereditariedade, estilos de vida, e 
exposição a fatores ambientais e fisiológicos. Normalmente, não possuem padrões 
regulares, ou previsíveis.
Ao contrário das condições agudas, nas quais, em geral, pode-se esperar uma 
recuperação adequada, as crônicas ocasionam mais sintomas e a perda da capacidade 
funcional, sendo que cada sintoma pode levar a outros, assim, gerar um ciclo vicioso, 
por exemplo, uma condição crônica de tensão muscular que faz um sujeito sentir dor, 
estresse e ansiedade, com problemas emocionais que levam à depressão, além da 
fadiga, que realimenta essa condição (LORIG et al., 2006).
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2013b, p. 5), nas diretrizes para o cuidado de 
pessoas com doenças crônicas nas RAS e em linhas de cuidado prioritárias, define 
essas doenças como:
As doenças crônicas compõem o conjunto de condições crônicas. 
Em geral, estão relacionadas a causas múltiplas. São caracterizadas 
por início gradual, de prognóstico, usualmente, incerto, com longa 
ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo 
do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo gerar 
incapacidades. Requerem intervenções com o uso de tecnologias 
leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida, 
em um processo de cuidado contínuo que, nem sempre, leva à cura. 
Em determinados períodos, as condições crônicas podem apresentar eventos 
agudos, também, percebidos objetiva ou subjetivamente, muitas vezes, causados pelo 
mau manejo dessas condições, especialmente, na APS. Manifestações de emergências 
hipertensivas são um bom exemplo. Logo, compreende-se que esses eventos agudos 
são diferentes de condições agudas, que é comum que ocorram, também, nas crônicas. 
As condições agudas se manifestam, em geral, por eventos agudos. As crônicas, 
também, podem se manifestar em momentos episódicos e de forma exuberante, sob a 
forma de eventos agudos (MENDES, 2012).
Um dos problemas contemporâneos centrais da crise dos modelos 
de atenção à saúde consiste no enfrentamento das condições crô-
nicas na mesma lógica das condições agudas, ou seja, por meio de 
tecnologias destinadas a responder aos momentos agudos dos agra-
vos, normalmente, momentos de agudização das condições crôni-
100
cas, autopercebidos pelas pessoas, através da atenção à demanda 
espontânea, principalmente, em Unidades de Pronto Atendimento 
ou de internações hospitalares de urgência, ou emergência (BRASIL, 
2010, p. 13).
As condições crônicas vão muito além das doenças crônicas (diabetes, 
cardiovasculares, cânceres, respiratórias crônicas etc.) ao englobar, também, as 
infecciosas persistentes (tuberculose, HIV/AIDS, hanseníase etc.); as condições 
referentes à maternidade (atenção perinatal, puerpério, de recém-nascidos); as 
condições para a manutenção da saúde, conforme os ciclos de vida, do início ao fim 
(puericultura, hebicultura e cunicultura); usuários com distúrbios mentais de longo 
prazo; deficiências físicas e estruturais contínuas (amputações, deficiências visual, 
motora etc.); doenças metabólicas e bucais; e enfermidades nas quais há sofrimento, 
embora não se encaixem nos padrões biomédicos (MENDES, 2012).
2.3.1 Cuidado das condições crônicas
O cuidado das atenções crônicas apresenta modelos de avaliação mais 
complexos, assim, o tempo-resposta, em função dos riscos, deixa de ser a variável-
chave. Pessoas portadoras de condições crônicas e a melhoria da saúde necessitam 
de uma transformação do sistema de atenção à saúde, o qual é fragmentado, reativo 
e episódico, que responde a demandas de eventos e condições agudas focados na 
doença, para um sistema que seja integrado, contínuo, proativo e com foco na pessoa e 
na família dela. Além da promoção e da manutenção da saúde, é exigido o cuidado das 
condições crônicas na APS, com a definição de papéis e tarefas que assegurem, aos 
usuários, uma atenção planejada e estruturada por uma equipe multiprofissional, com a 
inclusão de novas formas de atenção que vão além de uma consulta presencial, como a 
atenção compartilhada em grupos, a contínua e a distância (MENDES, 2012).
Na estrutura da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, 
a Atenção Básica à Saúde (ABS) tem caráter estratégico, por ser o 
ponto de atenção com maiores capilaridade e potencial para identificar 
as necessidades de saúde da população e realizar a estratificação 
de riscos que subsidiará a organização do cuidado em toda a 
rede. É responsável, também, por realizar ações de promoção e de 
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, 
reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde para a maior 
parte da população (BRASIL, 2011; apud BRASIL, 2013b, p. 14).
Cabe, ainda, ressaltar que outro fator importante para a inclusão de cuidados às 
condições crônicas, na APS, é a realização de um monitoramento padronizado e regular, 
para que os usuários sigam sendo atendidos mesmo após deixar a unidade de saúde, 
por isso, os profissionais devem receber uma educação permanente para se manter 
atualizados com novas evidências, além de serem envolvidos especialistas que deem 
suporte às equipes de APS, a fim de ofertar o cuidado para os usuários com condições 
crônicas de maior risco, ou complexidade (WAGNER, 2002). 
101
2.3.2 Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MAAC)
O MAAC é uma proposta do pesquisador EugênioVilaça Mendes (2012) para o 
SUS que incorpora e acrescenta lógicas e elementos de três outros modelos de atenção 
à saúde: Modelo da Determinação Social da Saúde, Modelo da Atenção Crônica (Chronic 
Care Model) e Modelo da Pirâmide de Riscos.
Figura 2 – MAAC
Fonte: Mendes (2007) apud Mendes (2011, p. 246)
Conforme o exposto, o MAAC apresenta cinco níveis, os quais foram descritos 
por Brasil (2013a). 
O nível 1 do MACC opera com a população total de uma RAS, focada nos 
determinantes sociais intermediários (macrodeterminantes), nas condições de vida e 
de trabalho (melhoria habitacional, geração de emprego e renda, acesso ao saneamento 
básico), no acesso aos serviços essenciais (educação, infraestrutura urbana) e nas 
redes sociais e comunitárias. Nesse nível, são propostas intervenções para a promoção 
da saúde para a população total, através de ações intersetoriais (MENDES, 2012).
No nível 2 do MACC, opera-se com a utilização de subpopulações estratificadas 
por fatores de risco, com foco nos determinantes proximais, referentes a comportamentos 
e estilos de vida, através de intervenções de prevenção das condições de saúde, não 
somente, de prevenção de doenças, pois é possível prevenir condições de saúde, como 
a gravidez e a incapacidade funcional de idosos, sempre, voltadas para os usuários. 
Esses determinantes são considerados fatores de risco modificáveis e potenciados por 
determinantes sociais intermediários e distais, e, a partir da modificação de fatores de 
risco comportamentais, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo e 
excesso de peso e de álcool, dá-se a prevenção (MENDES, 2012).
102
Algumas iniciativas do governo, como os programas “Saúde na Escola” e 
“Academia da Saúde”, têm a finalidade de incentivar ações concretas para determinantes 
sociais da saúde e prevenção de doenças crônicas. Esses programas são realidade em 
municípios brasileiros e, portanto, já constituem parte da Rede de Cuidado às Pessoas 
com Doenças Crônicas (BRASIL, 2022).
Até o segundo nível, não há uma condição de saúde estabelecida, nem a 
manifestação de algum fator de risco biopsicológico, exceto os riscos por idade, ou gênero.
Somente, a partir do nível 3 do MACC, é utilizado um fator de risco biopsicológico 
e/ou uma condição de saúde que seja grave/complexa, que necessite de intervenções 
distintas. Trabalha-se com subpopulações que já apresentam uma doença crônica 
estabelecida. Nele, opera-se com subpopulações da população total que apresentam 
uma condição crônica simples, de baixo ou médio risco, ou uma subpopulação 
apresenta fatores de risco biopsicológicos (idade, gênero, hereditariedade, hipertensão 
arterial, dislipidemias, depressão, pré-diabetes etc.). Nesse nível, a atenção à saúde 
é, fortemente, ancorada em ações de autocuidado apoiado, mas existe, também, a 
atenção clínica ao indivíduo, de maneira geral, pela Atenção Básica. 
No nível 4, opera-se com subpopulações com condição crônica de alto ou muito 
alto risco. Nesse nível, além do autocuidado apoiado, observa-se uma necessidade 
mais significativa de cuidados profissionais, incluindo uma atenção cooperativa dos 
generalistas da APS e dos especialistas. 
O nível 5 se refere às subpopulações que apresentam uma condição de saúde 
crônica muito complexa e que chegam a consumir a maior parte dos recursos globais de 
um sistema de atenção à saúde. Nesse nível, as intervenções podem ser realizadas pela 
tecnologia da gestão de caso, e, em geral, exigem planos de cuidado mais singulares, 
pois, geralmente, é a parte da população que mais sofre. As necessidades convocam 
uma tecnologia de gestão clínica específica, com a exigência de uma alta concentração 
de cuidado profissional, assim, um gestor de caso (enfermeiro, assistente social, 
pequena equipe de saúde) deve coordenar a atenção recebida pelo usuário em todos os 
pontos de atenção à saúde e nos sistemas de apoio ao longo do tempo (MENDES, 2007).
Assista ao vídeo a seguir, a respeito de como funciona a Rede de Aten-
ção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas: https://www.youtube.
com/watch?v=od052E9hFcc.
DICA
https://www.youtube.com/watch?v=od052E9hFcc
https://www.youtube.com/watch?v=od052E9hFcc
103
O Ministério da Saúde define educação em saúde como um processo 
educativo de construção de conhecimentos em saúde que objetiva a 
apropriação temática pela população. Um conjunto de práticas do setor 
que contribui para aumentar a autonomia das pessoas para o cuidado 
e o debate com os profissionais e os gestores, a fim de alcançar uma 
atenção de saúde de acordo com necessidades (BRASIL, 2012).
NOTA
O MAAC é uma proposta do pesquisador Eugênio Vilaça Mendes (2012) para 
o SUS, a qual incorpora e acrescenta lógicas e elementos de três outros modelos de 
atenção à saúde: Modelo da Determinação Social da Saúde, Modelo da Atenção Crônica 
e Modelo da Pirâmide de Riscos. 
Os sistemas de saúde predominantes em todo mundo estão falhando, 
pois não estão conseguindo acompanhar a tendência de declínio dos 
problemas agudos e de ascensão das condições crônicas. Quando os 
problemas de saúde são crônicos, o modelo de atenção às condições 
agudas não funciona (OMS, 2003).
Segundo Brasil (2013a), esse modelo de atenção é referência para os próximos 
passos de constituição da rede, elencados os pontos de atenção e definidas as 
atribuições, além da instituição de fluxos e diretrizes clínicas que direcionem a prática 
dos profissionais nesses pontos.
3 PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE 
Sabe-se que a APS é a principal porta de entrada para os serviços de saúde. 
A equipe de ESF é responsável pelo atendimento de pacientes, e tem o dever de 
desenvolver atividades de promoção da saúde, prevenção de doenças e recuperação. 
Um dos instrumentos dela, para alcançar esses objetivos, é a educação em saúde 
(BRASIL, 2017). 
Essas atividades de prevenção e promoção da saúde são de extrema importância 
na APS, pois, com elas, o vínculo com usuários é estreitado e os insere como atores 
principais do próprio cuidado. Entretanto, o conceito de promoção da saúde pode 
acabar sendo confundido com o de prevenção de complicações, o último com foco nos 
problemas potenciais do paciente e nos fatores de risco intrínsecos, ou extrínsecos, a 
um usuário (FREIRE et al., 2016). 
No que tange à saúde coletiva, é possível compreender que existem 
aproximações entre os conceitos de promoção de saúde e prevenção de doenças/
riscos, assim como abordagens nas quais esses conceitos se diferenciam, justamente, 
pelo fato de apresentarem perspectivas epistemológicas divergentes. Nesse cenário, a 
104
prevenção de doenças e a promoção da saúde ora são entendidas de forma análoga, 
trabalhando juntas; ora antagônicas; e, em outros momentos, como complementares 
(BORGES; JESUS; SCHNEIDER, 2018).
Existe uma certa confusão em relação à prevenção de doenças e à promoção 
da saúde. As duas precisam estar presentes na Atenção Básica, pois estão, diretamente, 
associadas ao bem-estar do usuário. 
A promoção e a prevenção da saúde são necessárias para os desenvolvimentos 
econômico e social sustentados, além de contribuírem para a melhora da qualidade de 
vida da população, com a aplicação de ações de saúde (CESTARI et al., 2016).
Em consonância com o supracitado, a partir do ponto de vista de Westphal 
(2009), a prevenção de doenças e a promoção da saúde possuem conceitos diferentes. 
Enquanto a prevenção está vinculada a uma visão biologicista, à identificação de riscos 
e à atuação a partir deles, ela não considera a gênese e a natureza desses riscos, os 
mecanismos de atuação e os meios para prevenir a existência deles. Não considera 
a dimensão histórico-social do processo saúde/doença e as práticas não beneficiam 
políticas públicas e intersetoriais voltadas para determinantes sociais, econômicos, 
políticos, educacionais, ambientais e culturais desse processo. Já a promoção da saúde 
está ligada a uma visão holística, socioambiental, com práticas independentes, assim, 
voltadas para determinantessociais.
3.1 PROMOÇÃO DA SAÚDE
Caponi (2009) explana outra abordagem, na qual a promoção é apresentada 
ao ser estabelecida uma relação com a prevenção, ou seja, enquanto a promoção está, 
diretamente, relacionada à saúde, a prevenção visa evitar doenças. Mascarenhas, Melo 
e Fagundes (2012) citam que a promoção da saúde é uma estratégia fundamental para 
estimular mudanças, pois resgata o cuidado com relações humanas e práticas de saúde 
que, unidas às premissas da atenção primária, possibilitam a construção de novas 
relações sociais.
O principal foco da promoção da saúde tem sido o conceito de empoderamento, 
e, para ser viabilizada essa autonomia, o elemento principal é a educação em saúde 
(CESTARI et al., 2016; CARNEIRO et al., 2012). Essas ações educativas em saúde podem 
capacitar indivíduos e grupos para a construção de novos saberes, com a geração de 
uma prática consciente de comportamentos para prevenção, ou promoção, da saúde 
(CESTARI et al., 2016).
105
Assista ao vídeo a seguir, que aborda a educação em saúde na APS: 
https://bit.ly/3oIu0FS Acesso em: 20 mar. 2023.
DICA
Logo, a educação em saúde atua como um instrumento para a autonomia 
dos usuários, pois envolve, em práticas, o diálogo e a participação através da relação 
estabelecida entre profissionais de saúde e usuários. A promoção da saúde impulsiona a 
participação ativa dos sujeitos, com os objetivos de transformação social e consolidação 
das diretrizes do SUS (COUTO et al., 2016).
A promoção da saúde se trata, justamente, da intervenção em condições de 
vida da população, com fatores presentes, como a educação, o saneamento básico, 
a habitação, o meio ambiente, dentre outros determinantes socioambientais, os quais 
influenciam, diretamente, na geração de saúde e doença (MASCARENHAS; MELO; 
FAGUNDES, 2012). Ela vem com a finalidade de consolidar a ESF, pois reforça os 
princípios do SUS, principalmente, no que se refere à integralidade na atenção à saúde 
e à participação social (HEIDEMANN; WOSNY; BOEHS, 2014). Com isso, observa-se a 
importância das ações de promoção da saúde, sendo que a presença da população, 
nessas atividades, é, sempre, um desafio.
3.2 PREVENÇÃO DE DOENÇAS
A prevenção está mais focada nos aspectos biológicos, com a identificação 
de riscos e a atuação a partir deles (MASCARENHAS; MELO; FAGUNDES, 2012). As 
intervenções preventivas objetivam evitar o surgimento de agravos específicos, 
promover a cura, limitar os danos e reabilitar o indivíduo (FIGUEIRA et al., 2009).
Busca prevenir uma emergência, assim como acontecimentos indesejáveis 
entre populações consideradas, estatisticamente, em situações de risco (CAPONI, 
2009). A partir do conceito de saúde integral, a promoção da saúde compreende a 
prevenção de doenças.
As ações de educação em saúde continuada, realizadas por profissionais de 
saúde, incentivam e estimulam o desenvolvimento da autonomia do usuário para 
o autocuidado e precisam ser planejadas coletivamente. O empoderamento, unido 
à educação em saúde, é uma ferramenta eficaz para prevenir agravos e possibilita 
discussões e orientações quanto à adoção de novos hábitos de vida (OLIVEIRA et al., 
2013; COUTO et al., 2016; CESTARI et al., 2016). 
106
Leavell e Clark, em 1965, propuseram um modelo no qual é possível diferenciar a 
promoção da saúde da prevenção de doenças, considerados os objetivos da promoção 
e os níveis de prevenção. Nesse modelo, a promoção da saúde é uma ação de prevenção 
primária (CLARK; LEAVELL, 1965). 
A prevenção primária corresponde a medidas gerais e educativas, com o objetivo 
de melhorar a saúde e o bem-estar geral dos usuários para que, assim, possam superar 
agressões de agentes patogênicos. A usuários, a função de cuidado do ambiente é 
primordial, para que não haja o desenvolvimento de agentes etiológicos (WESTPHAL, 2009).
Segundo a história natural das doenças de Clark e Leavell (1965), as prevenções 
secundária e terciária têm o objetivo de reduzir os fatores de risco relacionados a agentes 
patogênicos e ao ambiente, através de medidas educativas, além de supervisionar a 
adoção, ou o reforço, de comportamentos adequados à saúde e ao enfrentamento de 
uma doença.
A prevenção secundária aponta para dois tipos de população: pessoas 
sadias, porém, com risco potencial, para que possa identificar doentes sem sintomas 
antecipadamente; e sujeitos doentes, ou, acidentalmente, diagnosticados, para que 
sejam orientados ao tratamento, curem-se, e se mantenham, funcionalmente, sadios. 
A prevenção terciária tem, como objeto, pessoas com sequelas advindas de 
doenças, ou acidentes, e, como objetivo, a recuperação delas, ou o equilíbrio funcional, 
através de atividades físicas, fisioterápicas e de saúde mental. 
Ainda, a partir da perspectiva da história natural da doença, as prevenções 
primária, secundária e terciária têm, como objetivo em comum, evitar doenças, ou o 
agravamento delas (WESTPHAL, 2009).
Couto et al. (2016) refletem que, a partir do momento em que a Atenção Básica 
não realiza as ações de educação em saúde, há uma descontinuidade da promoção à 
saúde e da prevenção de doenças, o que parece contribuir para o aumento da procura 
por um hospital. Destaca-se, ainda, que a promoção da saúde e a prevenção de doenças 
devem privilegiar ações que tratam da saúde como um recurso para a vida, não somente, 
contemplar a abordagem focada na patologia (CARNEIRO et al., 2012).
Segundo Oliveira et al. (2013), quando a educação em saúde é concebida 
a partir de um objetivo inicial, desde que se faça um planejamento adequado e se 
utilize uma metodologia sistematizada, em sua maioria, obtêm-se bons resultados. 
Em consonância, Mendonça, Toled e Lopes (2015) afirmam, ainda, que a colaboração 
e a participação do profissional de saúde, como educador, incentivam e estimulam 
reflexões e transformações de comportamentos de interesse, que vão desde orientações 
individuais, ou coletivas, até estratégias de intervenção.
107
Para Alves e Aerts (2011), a linguagem a ser utilizada em atividades educativas 
precisa ser simples e de fácil compreensão, para que o usuário consiga assimilar as 
informações a serem repassadas, pois, caso contrário, a falta de entendimento de um 
assunto abordado pode trazer riscos à saúde. Justamente, nesse momento, a troca 
de experiências, informações, crenças e valores deve ser valorizada, pois favorece a 
interação social e viabiliza a saúde do usuário.
Cabe ressaltar que é de suma importância que os agentes de promoção da 
saúde precisam, indispensavelmente, de educação e formação específicas, incluindo 
desenvolvimento profissional contínuo, para que, assim, mantenha-se a combinação 
de conhecimentos e habilidades necessária para garantir a qualidade na prática de 
promoção da saúde (CESTARI et al., 2016).
4 HUMANIZAÇÃO, ACESSO E ACOLHIMENTO NA APS 
A humanização visa efetivar os princípios do SUS no cotidiano do trabalho 
em saúde. Tem, como base, a ressignificação do atendimento em saúde para uma 
perspectiva mais humana, ou seja, a realização de quaisquer ações que consideram 
o outro como um ser complexo e único, com respeito e compaixão (BRASIL, 2013c). O 
acesso e o acolhimento perpassam por esse modelo que altera rotinas de trabalho e 
pode ser descrito como uma aposta ética, estética e política:
É uma aposta ética porque envolve a atitude de usuários, gestores 
e profissionais de saúde comprometidos e corresponsáveis. É 
estética porque se refere ao processo de produção da saúde e de 
subjetividades autônomas e protagonistas. E é política porque está 
associada às organizações social e institucional das práticas de 
atenção e gestão na rede do SUS (PENSESUS, 2022, p. 1).
O conceito de humanização pode ser compreendido a partir de vários olhares:
• Princípio de conduta de base humanista e ética.
• Movimento contra a violência institucional na área da saúde.
• Política pública para a atenção e gestão no SUS.
• Metodologia auxiliar para a gestão participativa.
• Tecnologia do cuidado na assistênciaà saúde (RIOS, 2009, p. 
254).
Leia o artigo de Rios (2009) na íntegra para aprofundar os seus estudos 
de cada um dos pontos citados: https://www.scielo.br/j/rbem/a/LwsQg-
gyXBqqf8tW6nLd9N6v/?lang=pt.
DICA
https://www.scielo.br/j/rbem/a/LwsQggyXBqqf8tW6nLd9N6v/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/rbem/a/LwsQggyXBqqf8tW6nLd9N6v/?lang=pt
108
A seguir, será descrita uma política pública que foi firmada para a consolidação 
dessas ações no SUS.
4.1 POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO
A Política Nacional de Humanização (PNH) foi criada em 2003, a partir do 
movimento de humanização que iniciou em hospitais e foi expandido para outros serviços 
da administração pública direta, principalmente, os da esfera da saúde (MARTINS, 2010 
apud NAVARRO; PENA, 2013).
A PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usu-
ários para construir processos coletivos de enfrentamento de rela-
ções de poder, trabalho e afeto que, muitas vezes, produzem atitudes 
e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a correspon-
sabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários 
no cuidado de si. Vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde do Mi-
nistério da Saúde, a PNH conta com equipes regionais de apoiadores 
que se articulam às secretarias estaduais e municipais de saúde. A 
partir dessa articulação, constroem-se, de forma compartilhada, pla-
nos de ação para promover e disseminar inovações nos modos de 
fazer saúde. O HumanizaSUS, como, também, é conhecida a Política 
Nacional de Humanização, aposta na inclusão de trabalhadores, usu-
ários e gestores na produção e gestão do cuidado e dos processos de 
trabalho (BRASIL, 2013c, p. 3-4).
Essa inclusão acontece a partir de diferentes ações:
• Rodas de conversa.
• Incentivo a redes e movimentos sociais.
• Gestão de conflitos gerados pela inclusão de diferenças (BRASIL, 2013c).
“Humanizar o SUS requer estratégias que são construídas entre trabalha-
dores, usuários e gestores dos serviços de saúde” (BRASIL, 2013c, p. 5).
IMPORTANTE
O quadro a seguir descreverá as diretrizes da PNH:
109
Quadro 3 – Diretrizes da PNH
Fonte: BRASIL (2013c p.7-13)
Diretriz Descrição
Acolhimento
Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular 
necessidade de saúde. O acolhimento deve comparecer e sustentar 
a relação entre equipes/serviços e usuários/populações. Com uma 
escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades 
do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários 
a tecnologias adequadas às suas necessidades, ampliando a 
efetividade das práticas de saúde. 
Gestão 
Participativa e 
cogestão
Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos 
de análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da gestão - 
que se transforma também em espaço de realização de análise dos 
contextos, da política em geral e da saúde em particular, em lugar 
de formulação e de pactuação de tarefas e de aprendizado coletivo.  
Ambiência
Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem 
a privacidade, propiciem mudanças no processo de trabalho e sejam 
lugares de encontro entre as pessoas.
Clínica 
Ampliada e 
Compartilhada 
A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja 
finalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento 
e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a 
complexidade do processo saúde/doença. Permite o enfrentamento 
da fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus 
respectivos danos e ineficácia.
Valorização do 
Trabalhador
É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores e 
incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de 
analisar, definir e qualificar os processos de trabalho.
Defesa dos 
Direitos dos 
Usuários
Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os 
serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos 
e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, 
desde a recepção até a alta. 
Para que essas inovações que a PNH trouxe sejam seguidas, é de suma 
importância que os serviços de saúde não mantenham a padronização de condutas 
e o fazer técnico como forma de organização dos serviços, ao invés do acolhimento 
e da visão de um cuidado integral do ser humano. O desafio inicia na formação dos 
profissionais, para que entendam como articular eficiência técnica e rigor científico com 
uma postura ética e que respeite a singularidade de cada um (BARBOSA et al., 2013). 
110
Assista ao vídeo do canal Conexão SUS, a respeito da PNH: https://www.
youtube.com/watch?v=Oms5l_iduQE.
DICA
RESUMO DO TÓPICO 1
https://www.youtube.com/watch?v=Oms5l_iduQE
https://www.youtube.com/watch?v=Oms5l_iduQE
111
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• A RAS é caracterizada pelas relações horizontais entre os pontos de atenção, sendo 
que a APS é o centro da comunicação da rede e porta de entrada preferencial para 
os usuários. 
• A APS fornece atenção ao usuário no decorrer do tempo, de modo a se atentar a ele 
como um todo, não somente, à enfermidade.
• A APS, no SUS, conta com a ESF nas UBS.
• As condições de saúde são divididas em dois grandes grupos: agudas e crônicas. 
Ambas têm comportamentos diferentes perante algumas variáveis.
• O sistema de classificação de risco Manchester é utilizado em vários países, e, 
embora tenha sido desenvolvido para pontos de atenção secundários e terciários, 
especialmente, hospitalares, tem sido aplicado, também, na APS e em diversos 
espaços do SUS. 
• As ações de prevenção e promoção da saúde são de extrema importância na APS, 
pois com elas, o vínculo com os usuários é estreitado e os insere como protagonistas 
no cuidado com a saúde.
• A humanização visa efetivar os princípios do SUS no cotidiano do trabalho em saúde. 
• A PNH é o principal documento no SUS que descreve as ações para a gestão e 
atenção humanizadas no âmbito do SUS.
112
AUTOATIVIDADE
1 A APS é o centro da RAS, considerada porta de entrada para os outros serviços 
de saúde. É fundamental para que os princípios de efetividade e equidade sejam 
alcançados, focados na saúde integral das pessoas. De acordo com as características 
apresentadas sobre a APS, assinale a alternativa CORRETA:
 
a) ( ) Como a APS é o primeiro contato dos usuários com o serviço de saúde, as equipes 
de ESF foram criadas principalmente para o cuidado das condições de saúde 
agudas da população.
b) ( ) As Unidades Básicas de Saúde possuem tecnologias de média complexidade, a 
realização de consultas e procedimentos resolvem a maioria dos problemas de 
saúde da população. 
c) ( ) As evidências indicam que é fundamental que a RAS opere com relações 
hierárquicas entre pontos de atenção, dessa forma, o atendimento termina na AP 
quando o usuário é encaminhado para a atenção especializada. 
d) ( ) Para obter resultados positivos ao longo do tempo, o cuidado na APS é focado 
na pessoa e na família. As equipes de ESF mantêm vínculo longitudinal com 
os usuários, sendo essa uma estratégia potente para o cuidado integral da 
população.
2 O SUS defende que a atenção à saúde seja oferecida à população nas dimensões de 
prevenção, promoção e tratamento, dessa forma, integrando o conceito da OMS de 
que o processo saúde-doença depende de questões biopsicossociais, e não somente 
da ausência de patologias. Sobre os serviços de prevenção e promoção de saúde, 
analise as sentenças a seguir: 
I- A influência da visão biomédica está presente principalmente na prevenção em 
saúde, porém, é importante que em suas ações, essa abordagem não foque somente 
na patologia.
II- Os modelos de atenção às condições crônicas não contemplam ações de prevenção 
à saúde, pois tratam de casos já diagnosticados. 
III- O princípio da integralidade do SUS tem relação com a promoção da saúde, sendo 
que esta vê o indivíduo como um todo, englobando seus determinantes biológicos, 
psicológicos e sociais.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças Ie II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
113
3 As equipes de ESF são multidisciplinares e possuem a responsabilidade de 
desenvolverem atividades de educação em saúde, que ampliem práticas de hábitos 
saudáveis para a população adstrita. Sobre a educação em saúde, classifique V para 
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) As práticas de educação em saúde devem ser fundamentadas na educação 
popular, com linguagem acessível, considerando o conhecimento científico e 
também o saber prévio da população. 
( ) A educação em saúde e educação permanente são sinônimos, já que ambas são 
propostas político pedagógicas, utilizadas para empoderar os usuários sobre suas 
condições de saúde.
( ) A educação em saúde possibilita que vínculos sejam fortificados por intermédio 
da interação entre os profissionais e usuários, um exemplo disso são os grupos de 
promoção à saúde costumeiramente oferecidos nas Unidades Básicas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A humanização da saúde iniciou com um movimento nos hospitais e se expandiu para 
outros pontos dos serviços de saúde. Seu principal objetivo é efetivar os princípios 
do SUS no cotidiano do trabalho em saúde, sendo considerada fundamental para o 
cuidado em todos os níveis de atenção. Disserte sobre a relação entre os princípios de 
integralidade e participação popular do SUS e as características da Política Nacional 
de Humanização em Saúde.
5 O cuidado às doenças crônicas apresenta modelos de avaliação complexos, onde o 
tempo-resposta em função dos riscos deixa de ser a variável-chave. A APS é uma 
parte estratégica nesse caso, já que é o ponto de atenção do sistema com maior 
capilaridade e potencial para identificar as necessidades de saúde da população. 
Nesse contexto, disserte sobre as características que podem tornar o atendimento 
complexo no caso de pessoas portadoras de doenças crônicas, citando, de maneira 
ampla, possível recursos a serem utilizados na APS para estes problemas.
114
115
ASPECTOS CONCEITUAIS DA ATENÇÃO 
SECUNDÁRIA À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
A APS, sozinha, não é suficiente para sanar todos os problemas de saúde da 
população. Ela conta com o apoio e o complemento de serviços de outros níveis de 
atenção, denominados de “secundário e terciário”, elementos que dividem a Atenção 
Especializada (AE). No tema de aprendizagem 2, discutiremos a respeito da atenção 
secundária e de pontos ligados a ela, como atenção às urgências e emergências, que 
integram as UPAS e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Os profissionais da APS, quando identificam a necessidade, geralmente, 
encaminham o usuário para a atenção secundária. É importante frisar que, mesmo com 
o encaminhamento, a pessoa continua assistida pela APS, devido ao atributo de vínculo 
longitudinal. 
Podemos citar, também, a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças 
Crônicas, formada pelas atenções básica e secundária, cada uma com competências 
para a organização desse tipo de cuidado. A contrarreferência da atenção secundária, 
para a APS, é uma prática importante nesses casos. 
Por fim, acadêmico, trataremos, neste tema, das infecções, sexualmente, 
transmissíveis, que são causadas por diversos tipos de agentes. Conceituaremos as 
principais patologias relacionadas, os tratamentos e as formas de prevenção.
UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 
2 ASPECTOS CONCEITUAIS NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À 
SAÚDE
No campo da atenção secundária, estão presentes os serviços especializados 
nos âmbitos hospitalar e ambulatorial. A “densidade tecnológica” utilizada nesse nível de 
atenção é intermediária (BRASIL, 2010 apud ERDMANN et al., 2013). 
Os serviços médicos especializados que atendem em áreas específicas, como 
psiquiatria, ginecologia, cardiologia, dentre outros, com atendimentos de urgência e 
emergência, de apoios diagnóstico e terapêutico, fazem parte desse nível, comumente, 
chamado de “média complexidade” (ERDMANN et al., 2013).
116
Os principais grupos de serviço dos apoios diagnóstico e terapêutico são: 
patologia clínica, anatomopatologia, citopatologia, radiodiagnóstico, exames 
ultrassonográficos, diagnose, órtese/prótese, terapias especializadas e fisio-
terapia (MENDES, 2001 apud SOLLA; CHIORO, 2012).
NOTA
Os serviços prestados na AS são de menor densidade tecnológica em comparação 
aos terciários, e tendem a ser mais concentrados espacialmente (MENDES, 2010 apud 
GONÇALVES, 2014). Nesse caso, eles são “ofertados nas microrregiões sanitárias, 
compondo o nível de atenção secundária [...]. Os pontos de atenção terciária, por sua 
alta densidade tecnológica, são ofertados nas macrorregiões sanitárias, compondo o 
nível de atenção terciária” (GONÇALVES, 2014, p. 112).
Com relação à oferta da atenção especializada com a da APS, Solla e Chioro 
(2012, p. 4) afirmam que,
enquanto a rede de serviços de Atenção Básica deve ser, 
extremamente, capilarizada com unidades de pequeno porte 
distribuídas o mais próximo possível de onde os usuários vivem e 
trabalham, tendo, portanto, como sua principal característica, a 
descentralização, a AE deve ser, preferencialmente, ofertada de 
forma hierarquizada e regionalizada, garantindo a escala adequada 
(economia de escala) para assegurar tanto uma boa relação custo/
benefício quanto a qualidade da atenção a ser prestada.
Destacamos mais algumas diferenças entre a APS e a AE:
Como a quase totalidade do processo de trabalho em saúde 
pressupõe a interação entre o usuário e o profissional da saúde que 
irá prestar os cuidados necessários, na rede básica, os serviços “vão” 
até os usuários. Já na AE, deve-se dar o inverso: os usuários se 
deslocam até os espaços onde será realizada a produção do cuidado 
em saúde.
Na Atenção Básica, a maior parte das ações e dos procedimentos 
a serem realizados é destinada à maioria dos usuários durante 
quase todo o tempo, atuando de forma mais extensiva. Na AE, a 
população-alvo, a cada momento, é circunscrita a uma parcela da 
população total, um subconjunto que apresenta, naquele instante, 
a necessidade de cuidados diferenciados e, muitas vezes, mais 
intensivos (SOLLA; CHIORO, 2012, p. 5).
É esperado que a atenção especializada (secundária e terciária) trabalhe de 
forma integrada e conectada aos outros pontos da RAS. 
117
Esses níveis possuem diferentes densidades tecnológicas entre si para a 
realização de serviços de saúde. Especificamente, nos pontos de atenção secundária 
de uma RAS, “durante todo o tempo, são estabelecidas linhas-guia de condução do 
atendimento, construídas com base em evidências e protocolos clínicos que normalizam, 
em detalhes, toda a carteira de serviços ofertada” (GONÇALVES, 2014, p. 112).
Policlínicas, hospitais e centros de atendimento com equipamentos 
para exames mais avançados, como ecocardiogramas e endoscopias, 
também, integram a média complexidade da AE. É onde são tratados, 
por exemplo, casos de febre alta (acima de 39º C), fraturas e cortes 
com pouco sangramento, infarto e derrame (atendimento inicial), 
queda com torção, dor intensa ou fratura, cólicas renais, falta de ar 
intensa, crises convulsivas, dores no peito, vômito constante, dentre 
outros (BRASIL, 2022a, p. 1).
Valderas et al. (2009) apud Carmo (2017) afirmam que a atenção responsabilizada 
é responsável por condições que não seriam possíveis de serem atendidas na APS, como 
médicos especialistas e um maior nível de conhecimento técnico, ou equipamento 
especializado. Entretanto, enfatizam que há uma certa indefinição de práticas, de fato, 
desempenhadas pela AE, ao contrário das funções da atenção primária, que estariam 
bem estabelecidas e, amplamente, aceitas. Com relação a essa discussão, afirma-se 
que a formulação de propostas e diretrizes do Ministério da Saúde, para a AE, reflete a 
fragmentação evidenciada pelas proposiçõesde organização do cuidado por patologias, 
ou seja, o trabalho isolado e fragmentado dos especialistas nesse âmbito. Faz-se um 
apanhado das políticas publicadas para as atenções primária e especializada, e se 
reflete que, para a segunda, elas estão muito mais ligadas a estabelecer fluxos e a 
indicar a responsabilidade de cada ente federado e para os “níveis de atenção”, mas não 
se abrem para propor dinâmicas efetivas para uma articulação dos serviços e, menos 
ainda, dos trabalhadores, com o esgotamento em uma enunciação formal. 
Outra reflexão pertinente à atenção especializada é o acesso dela, considerado 
um dos maiores problemas do SUS:
O acesso à Atenção Especializada (ambulatorial e hospitalar), 
por sua vez, é um dos maiores problemas do SUS, decorrendo 
tanto da insuficiente oferta de ações diagnósticas e terapêuticas 
(dependendo da especialidade e da localização geográfica) quanto 
dos modos de financiamento, organização e funcionamento da 
Atenção Secundária (AE) e de outros elementos das RAS, como [...] a 
qualidade de encaminhamentos e solicitações (de exames, consultas, 
procedimentos) (SOLLA; REIS, 2008; ROCHA, 2014; TESSER; POLI, 
2017 apud MELO et al., 2021).
 
Dessa forma, acadêmico, percebemos que a atenção secundária possui diversos 
desafios, como de acesso e de necessidade de mudança de organização e formas 
de trabalho, para que seja associada aos outros pontos da RAS e não isolada entre 
os profissionais desse nível. Mesmo assim, as práticas e as técnicas assistenciais da 
atenção secundária, de maior densidade tecnológica, são fundamentais para o cuidado 
da população brasileira.
118
Para aprofundar os seus conhecimentos a respeito da atenção especializa-
da, assista ao vídeo a seguir, do canal oficial do Conselho Nacional de Secre-
tarias Municipais de Saúde (CONASEMS): https://www.youtube.com/watch?-
v=wiZokX4F9lA.
DICA
3 INFECÇÕES, SEXUALMENTE, TRANSMISSÍVEIS
As infecções, sexualmente, transmissíveis podem ser causadas por vírus, bac-
térias ou outros microrganismos. Como o próprio nome indica, a transmissão ocorre, 
principalmente, por intermédio do contato sexual (oral, vaginal, anal), quando acontece 
sem uso de camisinha e com uma pessoa infectada. A transmissão, também, pode ocor-
rer durante a gestação, ao passar da mãe para a criança; no parto; ou na amamentação. 
Mesmo sendo incomum, está apta a acontecer, ainda, pelo contato de mucosas, ou pele 
não íntegra, que tenha secreções corporais contaminadas. Além de complicações, se 
não cuidadas adequadamente, essas infecções podem levar à morte (BRASIL, 2023a).
Figura 3 – Sexo seguro
Fonte: bit.ly/3Lr86zB. Acesso em: 24 abr. 2022.
A terminologia infecções, sexualmente, transmissíveis passou a ser ado-
tada em substituição à expressão Doenças, Sexualmente, Transmissíveis 
(DST), porque destaca as possibilidades de uma pessoa ter e transmitir 
uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas (BRASIL, 2023).
NOTA
https://www.youtube.com/watch?v=wiZokX4F9lA
https://www.youtube.com/watch?v=wiZokX4F9lA
https://www.freepik.com/free-photo/close-up-man-with-condom-his-pocket_5120211.htm#query=sexo seguro&position=3&from_view=search&track=robertav1_2_sidr
119
Quadro 4 – Agentes patológicos e infecções
Fonte: Morris (2020, p. 1)
Existem vários tipos de infecções, e elas são causadas por diferentes agentes 
patológicos. Seguem alguns dos mais conhecidos:
Infecções sexualmente 
transmissíveis bacterianas.
Sífilis
Gonorreia
Cancroide
Linfogranuloma venéreo
Granuloma inguinal
Infecções por clamídia, micoplasma e 
ureaplasma
Infecções sexualmente 
transmissíveis virais.
Verrugas genitais e anorretais
Herpes genital
Molusco contagioso
Infecção pelo HIV
Infecções parasitárias que podem 
ser sexualmente transmissíveis
Tricomoníase (causada por protozoários)
Escabiose (causada por ácaros)
Pediculose pubiana (causada por piolhos)
Muitas outras infecções, a princípio 
não consideradas infecções 
sexualmente transmissíveis, podem 
ser transmitidas sexualmente.
Salmonelose, shigelose, campilobacteriose, 
amebíase, candidíase, giardíase, hepatites (A, 
B e C), infecção pelo vírus da zica, e infecção 
por citomegalovírus.
Os fatores de risco para as infecções incluem: “não utilização de preservativos; 
relações sexuais com múltiplos parceiros; falta de cuidados de higiene; consulta tardia 
após surgirem os primeiros sinais ou sintomas” (CHAVES et al., 2020, p. 6).
Os sinais e sintomas podem aparecer após o contato sexual; depois de semanas/
meses; ou, até mesmo, anos. Alguns sintomas estão aptos a desaparecer mesmo sem 
qualquer tratamento, porém, a pessoa permanece com a infecção (ALBUQUERQUE; 
MARQUES, 2019).
Dentre sinais e sintomas que podem indicar uma infecção, destacam-se:
• Corrimento vaginal anormal, frequentemente, com mau cheiro; ou corrimento 
uretral.
• Presença de vermelhidão, manchas brancas, bolhas, verrugas ou vesículas nos 
órgãos genitais ou em volta, como no ânus, ou na boca.
• Alteração de textura e/ou de cor nas unhas e/ou na pele ao redor delas.
• Prurido intenso.
• Dor ou sensação de queimadura ao urinar.
• Dores difusas no baixo-ventre.
120
• Sensação de dor ou queimadura aquando de relações sexuais.
• Febre (ALBUQUERQUE; MARQUES, 2019). 
Para a prevenção, o “sexo seguro” é indicado, termo que vai além do uso de 
preservativos, assim, outras medidas de prevenção são importantes, como:
• Imunizar para HAV, HBV e HPV.
• Conhecer o status sorológico para HIV da (s) parceria (s) sexual (is).
• Testar, regularmente, para HIV e outras IST.
• Tratar de todas as pessoas que vivem com HIV – PVHIV (Tratamento como prevenção 
e I=Ia).
• Realizar exame preventivo de câncer de colo do útero (colpocitologiaoncótica).
• Fazer profilaxia pré-exposição – PrEP, quando indicado.
• Conhecer e ter acesso aos métodos de anticoncepção e concepção.
• Proceder com profilaxia pós-exposição – PEP, quando indicado. 
A seguir, descreveremos as principais informações de algumas infecções.
3.1 HIV (IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA)
HIV é a sigla, em inglês, para o vírus da imunodeficiência humana. Esse vírus 
pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Essa doença causa o 
enfraquecimento do sistema imunológico, nesse caso, o indivíduo pode manifestar 
doenças associadas a esse fenômeno (BRASIL, 2016a). 
A infecção envolve diversas fases, e a duração de cada uma depende da 
resposta imunológica e da carga viral da pessoa infectada: “os primeiros sintomas são 
muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos 
casos passa despercebida” (CHAVES et al., 2020, p. 7).
A primeira fase da infecção (infecção aguda) é o período do surgimento de 
sinais e sintomas que não são específicos da doença, que ocorrem entre a primeira e a 
terceira semanas após a infecção. 
A fase seguinte (infecção assintomática) está apta a durar anos, até o apareci-
mento de infecções oportunistas (tuberculose, neurotoxoplasmose, neurocriptococose) 
e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de Kaposi). A presença desses 
eventos determina a síndrome da imunodeficiência adquirida – AIDS.
O diagnóstico da doença é realizado através de exames ambulatoriais, 
como coleta de sangue, ou por fluido corporal. Testes rápidos são realizados no SUS 
gratuitamente. É importante que a pessoa infectada inicie o tratamento logo, assim, 
os medicamentos antirretrovirais impedem a multiplicação do HIV no organismo e 
aumentam o tempo e a qualidade de vida da pessoa (CHAVES et al., 2020).
121
3.2 SÍFILIS
A sífilis é uma infecção curável, causada pela bactéria Treponema pallidum. 
Tem diferentes estágios e manifestações clínicas, e os sintomas dependem do estágio, 
como exemplificará o quadro a seguir:
Quadro 5 – Estágios e sintomas da sífilis
Fonte: Brasil (2023b, p. 1)
Estágio Sintomas
Sífilis primária
Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, 
vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), 
que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio.Essa ferida 
desaparece sozinha, independentemente de tratamento.
Sífilis secundária
Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses 
do aparecimento e cicatrização da ferida inicial; Podem surgir 
manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas 
das mãos e plantas dos pés. Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de 
cabeça, ínguas pelo corpo; As manchas desaparecem em algumas 
semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa 
impressão de cura;
Sífilis latente (fase 
assintomática)
Não aparecem sinais ou sintomas; É dividida em: latente recente (até 
um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano de infecção). 
Sífilis terciária
Pode surgir entre 1 e 40 anos após o início da infecção; Costuma 
apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, 
ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
O tratamento depende do estágio da doença, sendo que a penicilina benzatina 
(Benzetacil) é utilizada em doses diferentes. Em caso de alergia à penicilina, uma opção 
é a medicação Doxiciclina (PINHEIRO, 2022).
3.3 HPV (PAPILOMAVÍRUS HUMANO)
HPV é a sigla, em inglês, para papilomavírus humano, um  vírus  que infecta 
pele ou mucosas (orais, genitais ou anais) de homens e de mulheres, com verrugas 
anogenitais (regiões genitais e do ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. 
122
Atualmente, são identificados mais de 200 tipos de HPV, sendo que, deles, 
aproximadamente, 40 tipos acometem o trato anogenital.
NOTA
As infecções são, tipicamente, assintomáticas. As verrugas angogenitais; e 
alterações no exame preventivo de colo de útero, provocadas pela infecção, são pouco 
frequentes. 
A resolução do HPV é espontânea e a infecção é mais prevalente em mulheres 
abaixo dos 30 anos. Entretanto, o cuidado pode perpassar por um tratamento 
ambulatorial para tratar das lesões. 
Atualmente, são disponibilizadas vacinas para a prevenção do HPV, uma opção 
segura e eficaz.
3.4 VÍRUS HERPES SIMPLES
O vírus herpes simples causa uma infecção que é, altamente, contagiosa, 
transmitida pelo contato com ulcerações e, às vezes, em uma área afetada, quando não 
há ulceração. Os sinais são bolhas, ou ulcerações, na região da boca, ou órgãos genitais. 
Podem ocorrer febre e mal-estar no caso da primeira infecção (KAYE, 2021).
• O herpes simples é um dos diversos tipos de herpes vírus. Há dois 
tipos de vírus do herpes simples (herpes simplex virus, HSV):
• HSV-1, que é a causa comum das ulcerações nos lábios (herpes 
labial) e das ulcerações na córnea do olho (ceratite por herpes 
simples).
• HSV-2, que é a causa comum do herpes genital.
• O vírus infecta, por vezes, outras partes do corpo, incluindo olhos 
e cérebro.
• Geralmente, os médicos reconhecem, com facilidade, as ulcera-
ções causadas por herpes, mas, por vezes, é necessária a análise 
do material de uma ulceração, ou exames de sangue.
• Nenhum medicamento pode eliminar o vírus, mas medicamentos 
antivirais podem ajudar a aliviar os sintomas e ajudar a resolvê-los 
um pouco mais cedo (KAYE, 2021, p. 1).
123
Figura 4 – Herpes na boca
Fonte: https://doutorsantoandre.com.br/odontologia/2020/07/30/herpes-labial/. Acesso em: 24 abr. 2022.
Geralmente, na infância, acontece o contato com o vírus, porém, a doença pode 
não se manifestar nessa época. 
O vírus passa pela pele, percorre um nervo, e, quando está instalado no 
organismo, pode ficar inativo, até que seja reativado. Essa reativação ocorre por vários 
fatores, como exposição à luz solar intensa, fadigas física e mental, estresse emocional, 
febre, ou outras infecções que reduzem a resistência orgânica. A imunidade auxilia 
a não permitir que o organismo desenvolva a doença. Algumas pessoas, mesmo em 
contato com o vírus, nunca apresentam herpes.
3.5 TRICOMONÍASE
Essa infecção é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, encontrado, 
mais frequentemente, na genitália feminina, porém, também, pode afetar a uretra. 
Dentre os sinais e sintomas, podemos destacar: 
• As mulheres podem ter uma secreção amarela, esverdeada, 
espumosa, com odor de peixe, apresentando irritação e assadura 
da área genital.
• Os homens não costumam ter sintomas, mas alguns têm uma 
secreção espumosa do pênis e leve dor, ou desconforto, durante 
a micção (MORRIS, 2021, p. 1).
O diagnóstico requer exames clínicos a partir de uma amostra de secreção, 
e o tratamento ocorre com a administração de antibióticos. É indicado o tratamento 
simultâneo dos parceiros sexuais (MORRIS, 2021). 
Ações educativas de infecções em escolas são importantes para que elas sejam 
prevenidas. A desinformação é aliada da criação de estigmas. 
124
4 ASPECTOS GERAIS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA 
O termo urgência é relacionado a quadros de saúde nos quais o paciente 
necessita de atendimento o mais rápido possível. Mesmo quando não há risco de morte, 
o pronto atendimento pode evitar que a pessoa sofra complicações e auxiliar para que 
ocorra a melhora dos sintomas mais rapidamente. Já a emergência é caracterizada pelo 
risco de morte eminente. Nesse caso, deve ser atendido por uma equipe em um local no 
qual existam recursos médicos para suporte de vida. 
De acordo com a Portaria nº 354, de 10 de março de 2014, que publica a proposta 
de Projeto de Resolução Boas Práticas para Organização e Funcionamento de Serviços 
de Urgência e Emergência, as definições são (BRASIL, 2014):
• Emergência: constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem 
sofrimento intenso ou risco iminente de morte, com a exigência, portanto, de um 
tratamento médico imediato. 
• Urgência: ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial à 
vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata (BRASIL, 2014).
Exemplos de atendimentos de urgência:
• Dor aguda moderada, ou intensa.
• Agitação importante.
• Falta de ar.
• Vômitos frequentes e incessantes.
• Sintomas urinários, ou gastrointestinais, agudos e intensos.
• Traumas leves a moderados; ferimentos cortantes; fraturas ou luxações.
• Alterações sensoriais, como diminuição súbita de audição, ou visão.
• Sangramento vaginal em gestantes.
Exemplos de atendimentos de emergência:
• Perda súbita de movimento de braços, ou pernas.
• Dor no peito, de moderada até alta intensidade - sintoma de infarto.
• Traumas graves, com perda de sangue importante.
• Traumatismo encefálico, com perda de consciência.
• Anafilaxia (reação alérgica grave).
• Intoxicação (medicamentos, produtos de limpeza etc.).
• Convulsões.
• Vítimas de acidentes graves - ataque de animais, afogamento, incêndio, choque 
elétrico, quedas, agressões, colisão no trânsito, atropelamento etc.
• Insuficiência respiratória, ou cardíaca, aguda. 
https://vidasaudavel.einstein.br/dor-no-peito/
125
A humanização, em atendimentos de urgência e emergência, é fundamental, 
assim, “o enfermeiro pode assumir o protagonismo na efetivação da PNH, por meio 
do gerenciamento de casos, responsabilizando-se pela ordenação, direcionamento e 
integração de todos os pontos das redes de atenção” (SOUSA et al., 2019, p. 8). Além 
disso, a atuação do profissional de enfermagem, nesses contextos, é importante, pois 
realiza o primeiro contato com o paciente e o acompanha até a alta, ou transferência 
(SILVA; INVENÇÃO, 2018). 
Para saber mais a respeito da humanização em serviços de urgência e 
emergência, leia o seguinte artigo: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/PX7vJw-
FyrRTsVm3jgMk8rRN/?format=pdf&lang=pt.
DICA
A presença de um líder, na equipe de enfermagem, para atendimentos de urgência 
e emergência, é descrita por Freire et al. (2019, p. 2034) como necessária “para guiar 
o trabalho dos liderados no gerenciamento do cuidado ou na otimização dos recursos 
necessários para uma assistência de qualidade”. Os autores dessa revisão integrativa, 
ainda, citam o desafio da atuação do profissional em contextos de urgência e emergência: 
Como desafio, os estudos demonstraram que o enfermeiro deve 
possuir habilidades para alinhar qualidade do cuidado ao maugerenciamento do sistema de saúde, deficiente em organização, 
fluxos, superlotação, bem como despreparo do enfermeiro no 
exercício da liderança (FREIRE et al., 2019, p. 2039).
Estresse, esgotamento, pressão emocional e esforços físico e mental são 
exemplos de situações às quais enfermeiros são expostos em rotinas. Segundo Silva 
(2019, p. 83),
isso ocorre porque há um acúmulo de funções, atividades de 
assistência e burocráticas. Portanto, é de suma importância que o 
profissional atuante na área do setor de urgência e emergência se 
qualifique, e, ainda, que esse setor se torne cada vez mais humanizado 
e com maior qualidade, pois os ambientes laborais impõem um 
esforço fora do comum desses profissionais.
Em 2011, o Ministério da Saúde reformulou a Política Nacional de Atenção às 
Urgências (2003), quando publicou a Portaria nº 1.600, que institui a Rede de Atenção 
às Urgências no SUS (BRASIL, 2011). Segundo o Ministério da Saúde, a Rede de Atenção 
às Urgências tem, como objetivo, “reordenar a atenção à saúde em situações de 
urgência e emergência, de forma coordenada, entre os diferentes pontos de atenção 
que a compõem, de forma a melhor organizar a assistência, definindo fluxos e as 
referências adequadas” (BRASIL, 2022b, p. 1). A complexidade se dá pela necessidade de 
atendimento 24 horas a diferentes condições de saúde, agudas ou crônicas agudizadas, 
de naturezas clínica, cirúrgica, traumatológica etc. 
https://www.scielo.br/j/rgenf/a/PX7vJwFyrRTsVm3jgMk8rRN/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/rgenf/a/PX7vJwFyrRTsVm3jgMk8rRN/?format=pdf&lang=pt
126
Quadro 6 – Componentes de atenção às urgências e objetivos
Componente Objetivo
Promoção, Prevenção e 
Vigilância em Saúde.
Tem por objetivo estimular e fomentar o desenvolvimento 
de ações de saúde e educação permanente voltadas para 
a vigilância e prevenção das violências e acidentes, das 
lesões e mortes no trânsito e das doenças crônicas não 
transmissíveis, além de ações intersetoriais, de participação 
e mobilização da sociedade visando a promoção da saúde, 
prevenção de agravos e vigilância à saúde.
Atenção Básica.
tem por objetivo a ampliação do acesso, fortalecimento 
do vínculo e responsabilização e o primeiro cuidado às 
urgências e emergências, em ambiente adequado, até a 
transferência/encaminhamento a outros pontos de atenção, 
quando necessário, com a implantação de acolhimento com 
avaliação de riscos e vulnerabilidades.
Serviço de Atendimento 
Móvel de Urgência 
(SAMU 192) e suas 
Centrais de Regulação 
Médica das Urgências;
tem como objetivo chegar precocemente à vítima após 
ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, 
cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátricas, psiquiátricas, 
entre outras) que possa levar a sofrimento, sequelas ou 
mesmo à morte, sendo necessário, garantir atendimento e/ou 
transporte adequado para um serviço de saúde devidamente 
hierarquizado e integrado ao SUS.
Sala de Estabilização.
deverá ser ambiente para estabilização de pacientes críticos 
e/ou graves, com condições de garantir a assistência 24 
horas, vinculado a um equipamento de saúde, articulado 
e conectado aos outros níveis de atenção, para posterior 
encaminhamento à rede de atenção à saúde pela central de 
regulação das urgências.
Força Nacional do SUS.
objetiva aglutinar esforços para garantir a integralidade na 
assistência em situações de risco ou emergenciais para 
populações com vulnerabilidades específicas e/ou em 
regiões de difícil acesso, pautando-se pela equidade na 
atenção, considerando-se seus riscos.
Unidades de Pronto 
Atendimento (UPA 
24h) e o conjunto de 
serviços de urgência 24 
horas;
Está assim constituído:
I - a Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 h) é o 
estabelecimento de saúde de complexidade intermediária 
entre as Unidades Básicas de Saúde/Saúde da Família e 
a Rede Hospitalar, devendo com estas compor uma rede 
organizada de atenção às urgências; e
II - as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 h) e o con-
junto de Serviços de Urgência 24 Horas não hospitalares 
devem prestar atendimento resolutivo e qualificado aos pa-
cientes acometidos por quadros agudos ou agudizados de 
natureza clínica e prestar primeiro atendimento aos casos de
127
Fonte: Brasil (2011, p. 1)
natureza cirúrgica ou de trauma, estabilizando os pacientes 
e realizando a investigação diagnóstica inicial, definindo, em 
todos os casos, a necessidade ou não, de encaminhamento 
a serviços hospitalares de maior complexidade.
Hospitalar.
será constituído pelas Portas Hospitalares de Urgência, 
pelas enfermarias de retaguarda, pelos leitos de cuidados 
intensivos, pelos serviços de diagnóstico por imagem e de 
laboratório e pelas linhas de cuidados prioritárias.
Atenção Domiciliar
  É compreendido como o conjunto de ações integradas e 
articuladas de promoção à saúde, prevenção e tratamento 
de doenças e reabilitação, que ocorrem no domicílio, 
constituindo-se nova modalidade de atenção à saúde que 
acontece no território e reorganiza o processo de trabalho 
das equipes, que realizam o cuidado domiciliar na atenção 
primária, ambulatorial e hospitalar.
Para que essa Rede proporcione uma assistência qualificada a usuários em 
diferentes situações, é importante que os componentes citados atuem de forma 
integrada, articulada e sinérgica. É indispensável a implementação da qualificação 
profissional, da informação, do processo de acolhimento e da regulação de acesso 
de todos os componentes que a constituem. O estudo de Tofani et al. (2022 p. 774) 
demonstrou que, nem sempre, é assim. Afirmam que as “conexões frágeis e não 
regulares entre os serviços ampliam as iniquidades e explicitam a necessidade de 
articulação entre os componentes em rede”, ou seja, a integração entre os pontos da 
RAS, também, é um desafio. 
128
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• No campo da atenção secundária, estão presentes os serviços especializados nos 
âmbitos hospitalares e ambulatoriais.
• É esperado que a atenção especializada (secundária e terciária) trabalhe de forma 
integrada e conectada aos outros pontos da RAS.
• Os componentes de atenção às urgências incluem: promoção, prevenção e 
vigilância em saúde; Atenção Básica; SAMU 192 e centrais de regulação médica das 
urgências; sala de estabilização; nacional do SUS; UPA 24h; conjunto de serviços de 
urgência 24 horas; hospitalar; e atenção domiciliar.
• A humanização, em atendimentos de urgência e emergência, é fundamental, sendo 
que o enfermeiro pode assumir o protagonismo para a efetivação da PNH.
• As infecções, sexualmente, transmissíveis podem ser causadas por vírus, bactérias 
ou outros microrganismos.
• Para a prevenção de infecções, o “sexo seguro” é indicado, termo que vai além do 
uso de preservativos. Outras medidas de prevenção são importantes também.
129
AUTOATIVIDADE
1 A AS, também chamada de “média complexidade” possui densidade tecnológica 
intermediária, sendo formada por serviços especializados em nível ambulatorial e 
hospitalar. A AE (que contempla a atenção secundária e terciária) são responsáveis 
pelas condições que não seriam possíveis de serem atendidas na APS. Sobre as 
características da AE, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Os serviços oferecidos na AE tendem a ser mais espalhados espacialmente, 
dessa forma, todos os municípios devem possuir pontos de atenção secundária 
e terciária. 
b) ( ) A AE possui Políticas Públicas de Saúde desenvolvidas pelo Ministério da Saúde 
que definem dinâmicas efetivas para a articulação entre ela e a APS. 
c) ( ) Os serviços de Apoio Diagnóstico e Terapêutico, como, por exemplo, a fisioterapia, 
fazem parte da atenção terciária. 
d) ( ) O acesso à AE é considerado um dos maiores problemas do SUS, pela insuficiente 
oferta de ações, seus modos de financiamento, organização, entre outros 
elementos.
2 Há a necessidade de atendimento 24 horas às diferentes condições de saúde: 
agudas ou crônicas agudizadas. Em 2011 o Ministério da Saúde reformuloua Política 
Nacional de Atenção às Urgências instituindo a Rede de Atenção às Urgências no 
SUS. Com nas características dessa rede de atenção e nos atendimentos de urgência 
e emergência, analise as sentenças a seguir:
I- O enfermeiro pode assumir o protagonismo na efetivação da humanização, por 
intermédio do gerenciamento de casos, responsabilizando-se pela ordenação, 
direcionamento e integração de todos os pontos das redes de atenção.
II- Emergência se constitui como uma constatação médica de condições de agravo à 
saúde que impliquem sofrimento intenso ou risco iminente de morte, por exemplo, 
convulsões e intoxicação.
III- O componente Sala de Estabilização deverá ser ambiente para estabilização de 
pacientes críticos e/ ou graves vinculados a um equipamento de saúde, garantindo 
observação e assistência de pacientes até 12 horas.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
130
3 As IST são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, sua transmissão 
ocorre principalmente por intermédio do contato sexual (oral, vaginal, anal) quando 
acontece sem uso de camisinha e com uma pessoa infectada. De acordo com as 
características das IST, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
(    ) A orientação adequada para pacientes infectados com tricomoníase é a de que o 
tratamento deve ser feito por ambos parceiros sexuais. 
(        ) O HPV é um exemplo de doença que pode não ser transmitida dependendo da 
imunidade da pessoa, sendo que ele auxilia o organismo a não desenvolver e doença.
(      ) A terminologia IST passou a ser adotada porque destaca a possibilidade de uma 
pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas, sendo necessário 
exames laboratoriais para o diagnóstico. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 A Rede de Atenção às Urgências tem como objetivo reordenar a atenção à saúde 
em situações de urgência e emergência de forma coordenada entre os diferentes 
pontos de atenção que a compõe. Ela possui oito componentes de atenção às 
urgências. Disserte sobre o objetivo da Atenção Básica como componente desta 
rede, destacando elementos nesse ponto de atenção que podem ser barreiras à 
humanização dos atendimentos.
5 HIV é a sigla em inglês para vírus da imunodeficiência humana. Este vírus pode 
levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). A infecção envolve diversas 
fases, a duração de cada uma depende da resposta imunológica e da carga viral da 
pessoa infectada. Disserte sobre essas fases e a orientação adequada em ações de 
prevenção e para pacientes já diagnosticados. 
131
TÓPICO 3 - 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
A vigilância em saúde é fundamental para o cuidado da saúde da população. 
Continuamente, as ações de vigilância coletam, analisam dados e disseminam 
informações sobre fenômenos relacionados à saúde. Além disso, tem papel importante 
no planejamento e na prática de ações visando à saúde pública (BRASIL, 2008). No 
Tema de Aprendizagem 3, abordaremos a vigilância em saúde, suas diferentes áreas e 
sua relação com a Atenção Básica. 
Além disso, acadêmico, discutiremos sobre a notificação compulsória no SUS. 
Ela se caracteriza pela comunicação obrigatória de suspeita ou confirmação de doen-
ças, agravo ou evento de saúde pública à autoridade de saúde. Esses dados são impor-
tantes porque permitem que as autoridades consigam monitorar uma doença em um 
determinado território, podendo prever possíveis surtos, ou seja, a notificação compul-
sória é necessária para o desenvolvimento de ações de vigilância em saúde. Por fim, 
discutiremos as condições sensíveis à atenção primária, refletindo sobre os indicadores 
de internações por essas condições como dispositivos de gestão do cuidado em saúde. 
UNIDADE 2
2 DETERMINANTES, RISCOS E DANOS À SAÚDE DA 
POPULAÇÃO ADSCRITA
O conceito de vigilância é descrito por Jekel, Katz e Elmore (2005, p. 54) como o 
processo “que abrange a coleta, a análise, a interpretação e o relato dos dados referen-
tes à incidência de mortes, de doenças e de lesões e a prevalência de certas condições, 
cujo conhecimento é considerado importante para promover a saúde da população”. É a 
vigilância em saúde que vai identificar uma epidemia, ou surto de doença, além de es-
tabelecer prioridades para o controle de doenças, avaliar intervenções em doenças etc. 
Em 2008 foi instituída a Política Nacional de Vigilância em Saúde (PNVS). Esse 
documento norteia o planejamento das ações de vigilância em saúde no SUS. 
Entende-se por Vigilância em Saúde o processo contínuo e 
sistemático de coleta, consolidação, análise de dados e disseminação 
de informações sobre eventos relacionados à saúde, visando o 
planejamento e a implementação de medidas de saúde pública, 
incluindo a regulação, intervenção e atuação em condicionantes 
e determinantes da saúde, para a proteção e promoção da saúde 
da população, prevenção e controle de riscos, agravos e doenças 
(BRASIL, 2008, p. 2).
132
A PNVS integra os saberes, processos e práticas relacionados à vigilância epi-
demiológica, vigilância em saúde ambiental, vigilância em saúde do trabalhador e vigi-
lância sanitária (BRASIL, 2008). O Quadro 7, a seguir, descreve cada uma dessas áreas.
Quadro 7 – Tipos de vigilância 
Vigilância 
epidemiológica
Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção 
de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes da saúde 
individual e coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as 
medidas de prevenção e controle das doenças, transmissíveis e 
não-transmissíveis, e agravos à saúde.
Vigilância em 
saúde ambiental
Conjunto de ações e serviços que propiciam o conhecimento e a 
detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes 
do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a 
finalidade de recomendar e adotar medidas de promoção à saúde, 
prevenção e monitoramento dos fatores de riscos relacionados às 
doenças ou agravos à saúde.
Vigilância 
em saúde do 
trabalhador e da 
trabalhadora
Conjunto de ações que visa promoção da saúde, prevenção 
da morbimortalidade e redução de riscos e vulnerabilidades 
na população trabalhadora, por meio da integração de ações 
que intervenham nas doenças e agravos e seus determinantes 
decorrentes dos modelos de desenvolvimento, de processos 
produtivos e de trabalho.
Vigilância 
sanitária
Conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos 
à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do 
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de 
serviços do interesse da saúde. Abrange a prestação de serviços 
e o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente 
se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e 
processos, da produção ao consumo e descarte.
Fonte: Brasil (2008, p. 4)
Um bom exemplo da importância do trabalho da vigilância sanitária (VISA) 
foi durante a pandemia em decorrência da COVID-19, atuando no controle de riscos 
e na fiscalização para que se cumpram os decretos do Governo Federal, seguindo os 
protocolos de segurança. 
A Política Nacional de Atenção Básica descreve como essencial a integração 
entre a Vigilância em Saúde e a AB para a população adscrita, buscando:
o alcance de resultados que atendam às necessidades de saúde 
da população, na ótica da integralidade da atenção à saúde e visa 
estabelecer processos de trabalho que considerem os determinantes, 
os riscos e danos à saúde, na perspectiva da intra e intersetorialidade 
(BRASIL, 2017, p. 1).
133
População adscrita: população que está presente no território da UBS, de 
forma a estimular o desenvolvimento de relações de vínculo e responsa-
bilização entre as equipes e a população, garantindo a continuidade dasações de saúde e a longitudinalidade do cuidado e com o objetivo de ser 
referência para o seu cuidado (BRASIL, 2017).
NOTA
As condições de saúde da população devem ser conhecidas para que seja 
possível desenvolver um plano de gestão da clínica, e para uma determinada condição 
de saúde (BRASIL, 2023c): 
 
• A gestão da clínica é um conjunto de tecnologias de microgestão 
da clínica, destinado a prover uma atenção à saúde de qualidade: 
centrada nas pessoas; efetiva, estruturada com base em 
evidências científicas; segura, que não cause danos às pessoas e 
aos profissionais de saúde; eficiente, provida com os custos ótimos; 
oportuna, prestada no tempo certo; equitativa, de forma a reduzir 
as desigualdades injustas; e ofertada de forma humanizada.
• Gestão da Condição de Saúde: A gestão da condição de saúde 
pode ser definida como o processo de gerenciamento de um 
fator de risco biopsicológico ou de uma determinada condição de 
saúde já estabelecida, por meio de um conjunto de intervenções 
gerenciais, educacionais e no cuidado, com o objetivo de alcançar 
bons resultados clínicos, reduzir os riscos para os profissionais e 
para as pessoas usuárias e contribuir para a melhoria da eficiência 
e da qualidade da atenção à saúde (BRASIL, 2023c, p. 3-4).
A gestão da condição de saúde é especialmente indicada para o manejo das 
condições crônicas, que precisam de cuidado longitudinal em diferentes pontos da RAS. 
A estratificação da população por estratos de risco é realizada para que se identifique 
os grupos ou estratos de risco que estão relacionados a uma determinada condição de 
saúde (BRASIL, 2023c). São considerados pelo menos dois aspectos: 
• Severidade: Gravidade; Fatores de risco; Complicações.
• Autocuidado: Conhecimento e crenças sobre a condição de saúde; 
Atitudes, confiança e motivação frente às mudanças; Importância 
dada à condição; Presença e força das redes de suporte social e 
familiar (BRASIL, 2023c, p. 12).
A partir dessa divisão, o modelo clínico será diferenciado por estratos de risco, 
ou seja, pessoas com condições mais simples – pessoas com condições complexas e 
pessoas com condições altamente complexas serão tratadas por modelos diferentes.
Os Determinantes Sociais de Saúde (DSS) são definidos como as condições de 
vida e de trabalho dos indivíduos, que se relacionam com suas condições de saúde. 
Entender esses determinantes também é fundamental para planejar e definir as ações 
dos serviços de saúde. Segundo Buss e Filho (2007, p. 78), para a Comissão Nacional 
134
sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são “os fatores sociais, 
econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam 
a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população”.
Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) e a situação epidemiológica 
e ambiental de um território devem orientar a organização do 
sistema de atenção à saúde. Estas variáveis estão profundamente 
inter-relacionadas e as políticas públicas de educação, emprego e 
saneamento, por exemplo, precisam estar articuladas com esse 
cenário. Para isso, o tripé – Determinantes Sociais da Saúde, Situação 
de Saúde-Doença e Rede de Atenção à Saúde – constitui a base 
para se compreender a problemática de saúde de um determinado 
território (BRASIL, 2017, p. 7).
Nesse caso, a análise situacional na saúde abrange essas três dimensões, 
gerando indicadores que possibilitem a comparação entre esses aspectos de diversos 
territórios de saúde. 
Mapear o espaço de vida da população auxilia a: implementação 
de práticas planejadas de saúde, orientadas pelos problemas e 
necessidades da comunidade, contribuindo para a execução de 
ações que busquem a superação das complexas desigualdades 
existentes, relativas à cobertura, ao acesso e à resolubilidade e à 
qualidade na atenção à saúde. [...] Um exemplo da importância de se 
conhecer o território para atuação nos principais problemas de saúde 
da comunidade é o caso região Amazônica que concentra mais de 
99% dos casos de malária do Brasil e a atuação integrada da VS com 
a AB é fundamental para o controle da doença, proporcionando a 
assistência ao paciente no diagnóstico e tratamento oportuno 
(BRASIL, 2018, p. 12-13).
Sabemos que a integração entre a vigilância em saúde e a AB é considerada 
um dos grandes desafios no SUS. Mesmo com várias normativas desenvolvidas para 
estimular essa integração, essas duas áreas do conhecimento ainda não se integraram 
como o esperado, principalmente no âmbito das equipes que atuam nas Unidades 
Básicas de Saúde (BRASIL, 2018).
Em diversos municípios, a ausência ou insuficiência desta integração 
provoca dificuldades na identificação dos elementos que exercem 
determinação sobre o processo saúde-doença e no efetivo 
controle das doenças e dos agravos prioritários, tornando distante 
a possibilidade de colocar em prática o princípio da integralidade da 
atenção no nível local (BRASIL, 2018, p. 5).
Para aprofundar seus estudos neste tema, leia o documento a seguir, que 
descreve diretrizes para a integração entre AB e a Vigilância em saúde: ht-
tps://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3317.pdf.
DICA
135
Podemos refletir a partir dessas informações que a territorialização é o alicerce 
do trabalho das equipes na AB para a prática da vigilância em saúde. Nesse âmbito, o 
território é visto a partir da perspectiva dos DSS, como local onde as pessoas vivem, 
estabelecem relações, trabalham etc. e não somente um espaço geográfico. 
3 NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA NO SUS
 
A Portaria nº 204, de 17 de fevereiro de 2016, define a Lista Nacional de Notificação 
Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde 
públicos e privados em todo o território nacional, nos termos do anexo, e dá outras 
providências (BRASIL, 2016b). Segundo essa portaria, a notificação compulsória deve ser 
realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos 
de saúde, públicos ou privados. Ela pode ter diferentes periodicidades, conforme o 
Quadro 8 descreve:
Quadro 8 – Tipos de notificações compulsórias
Fonte: o autor
Tipo de notificação 
compulsória
Descrição
Notificação 
compulsória imediata 
Notificação compulsória realizada em até 24 (vinte e quatro) 
horas, a partir do conhecimento da ocorrência de doença, 
agravo ou evento de saúde pública, pelo meio de comunicação 
mais rápido disponível.
Notificação 
compulsória semanal 
Notificação compulsória realizada em até 7 (sete) dias, a partir 
do conhecimento da ocorrência de doença ou agravo.
Notificação 
compulsória negativa
Comunicação semanal realizada pelo responsável pelo 
estabelecimento de saúde à autoridade de saúde, informando 
que na semana epidemiológica não foi identificado nenhuma 
doença, agravo ou evento de saúde pública constante da 
Lista de Notificação Compulsória.
Vigilância sentinela
Modelo de vigilância realizada a partir de estabelecimento de 
saúde estratégico para a vigilância de morbidade, mortalidade 
ou agentes etiológicos de interesse para a saúde pública, com 
participação facultativa, segundo norma técnica específica es-
tabelecida pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS).
O Quadro 9 lista toda doença ou agravo e eventos de saúde pública que estão na 
lista nacional de notificação compulsória, de acordo com a periodicidade da notificação. 
Elas devem ser realizadas para o Ministério da Saúde, a gestão de Saúde, Meio ambiente 
e Segurança e/ou para a Secretaria de Estado da Saúde, a depender de cada situação 
(BRASIL, 2022c).
136
Quadro 9 – Lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública
Tipo de notificação 
compulsória
Doenças, agravos e eventos de saúde pública
Notificação 
compulsória 
imediata 
Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes. 
Acidente por animal peçonhento. Acidente por animal poten-
cialmente transmissor da raiva. Botulismo. Cólera. Coqueluche. 
Dengue– Óbitos. Difteria. Doença Invasiva por "Haemophilus 
Influenza”. Doença Meningocócica e outras meningites. Doen-
ças com suspeita de disseminação intencional: a. Antraz pneu-
mônico; b. Tularemia; c. Varíola. Doenças febris hemorrágicas 
emergentes/reemergentes: a. Arenavírus; b. Ebola; c. Marburgd; 
Lassa; e. Febre purpúrica brasileira. Doença aguda pelo vírus 
Zika em gestante. Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika. 
Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saú-
de pública. Eventos adversos graves ou óbitos pós vacinação. 
Febre Amarela. Febre de Chikungunya em áreas sem transmis-
são. Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya. Febre do 
Nilo Ocidental e outras arboviroses de importância em saúde 
pública. Febre Tifoide. Hantavirose. Influenza humana produzi-
da por novo subtipo viral. Leptospirose. Malária na região extra-
-amazônica. Poliomielite por poliovírus selvagem. Peste.
Raiva humana. Síndrome da Rubéola Congênita. Doenças 
Exantemáticas: a. Sarampo b. Rubéola. Síndrome da Paralisia 
Flácida Aguda. Síndrome Respiratória Aguda Grave associada 
a Coronavírus a. SARS-CoV b. MERS – CoV. Tétano: a. Acidental 
b. Neonatal. Varicela – caso grave internado ou óbito. Violência 
sexual e tentativa de suicídio.
Notificação 
compulsória 
semanal 
Acidente de trabalho com exposição a material biológico. Dengue 
– Casos. Doença de Chagas Aguda. Doença de Chagas Crônica. 
Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ). Doença aguda pelo vírus 
Zika. Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus 
Zika. Esquistossomose. Febre de Chikungunya. Hanseníase. 
Hepatites virais. HIV/AIDS – Infecção pelo Vírus da Imunodefici-
ência Humana ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida In-
fecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança 
exposta ao risco de transmissão vertical do HIV. Infecção pelo 
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Intoxicação Exógena 
(por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxi-
cos e metais pesados). Leishmaniose Tegumentar Americana 
Leishmaniose Visceral. Malária na região amazônica. Óbito: a. In-
fantil b. Materno Sífilis: a. Adquirida; b. Congênita; c. Em gestante. 
Toxoplasmose gestacional e congênita. Tuberculose. Violência 
doméstica e/ou outras violências.
Fonte: Brasil (2022c)
137
Para saber mais sobre as doenças de notificação compulsória, assista ao 
vídeo disponível no link a seguir: https://bit.ly/3ApqYZw.
DICA
O enfermeiro é um dos profissionais que exerce a atividade de notificar certas 
doenças ou agravo à saúde. É importante que os profissionais compreendam que ao 
notificarem estão auxiliando no controle, redução e prevenção de muitas doenças. 
O principal motivo da notificação é fornecer, aos órgãos competentes, informações de 
doenças/agravos/eventos que são transmissíveis, que apresentam letalidade ou outro 
tipo de impacto na saúde. A partir disso, podem ser tomadas medidas de promoção, 
proteção e controle. 
A realização da notificação é via sistema, por meio do Sistema de Informação 
de Agravos e Notificações – Sinan. Além das doenças e agravos que constam na lista 
nacional de doenças de notificação compulsória, os estados e municípios podem incluir 
outros problemas de saúde considerados importantes na sua região (BRASIL, 2023d).
Outro sistema complementar à notificação compulsória é a Rede Nacional de 
Dados de Saúde, que foi constituída inicialmente no município de Alagoas como teste, 
porém, com o início da pandemia pela COVID-19 no Brasil, a plataforma expandiu-se 
para todo o território nacional. De acordo com o Ministério da Saúde:
A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) é a plataforma nacional 
de interoperabilidade (troca de dados) em saúde. A RNDS, além de ser 
um projeto estruturante do Conecte SUS, é um programa do Governo 
Federal voltado para a transformação digital da saúde no Brasil e tem 
o objetivo de promover a troca de informações entre os pontos da 
Rede de Atenção à Saúde, permitindo a transição e continuidade do 
cuidado nos setores públicos e privados (BRASIL, 2023e, s. p.).
Nesse caso, a RNDS possibilita o registro e o compartilhamento das informações 
entre os profissionais de saúde. Os locais com maior incidência de uma doença 
específica podem ser encontrados na rede. Essa iniciativa, juntamente com a notificação 
compulsória, foi fundamental para o enfrentamento da COVID-19. 
4 CONDIÇÕES SENSÍVEIS À ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
 
As Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP) são definidas como:
problemas de saúde atendidos por ações típicas do primeiro nível de 
atenção e cuja evolução, na falta de atenção oportuna e efetiva, pode 
138
exigir a hospitalização, como pneumonias bacterianas, complicações da 
diabete e da hipertensão, asma, entre outros (NEDEL et al., 2010, p. 62).
As CSAP estão listadas na Portaria nº 221, de 2008, por grupos de causas 
de internações e diagnósticos, de acordo com a Décima Revisão da Classificação 
Internacional de Doenças (CID-10) (BRASIL, 2008).
Leia a lista completa no link a seguir: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/sau-
delegis/sas/2008/prt0221_17_04_2008.html.
NOTA
As Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) são 
indicadores que se propõem a:
mensurar as internações hospitalares que, em teoria, poderiam ser 
evitadas pelo acesso oportuno a cuidados de saúde de boa qualidade 
na atenção primária, permitindo refletir tanto a organização dos serviços 
de saúde como o estado de saúde da população (MALVEZZI, 2019, p. 59). 
Dessa forma, as taxas de ICSAP podem ser indicadores de monitoramento e 
avaliação do serviço da atenção primária:
Altas taxas de internações por condições sensíveis à atenção primária 
em uma população, ou subgrupo(s) desta, podem indicar sérios 
problemas de acesso ao sistema de saúde ou de seu desempenho. 
Esse excesso de hospitalizações representa um sinal de alerta, 
que pode acionar mecanismos de análise e busca de explicações 
para a sua ocorrência. Vários estudos demonstram que altas taxas 
de internações por condições sensíveis à atenção primária estão 
associadas a deficiências na cobertura dos serviços e/ou à baixa 
resolutividade da atenção primária para determinados problemas de 
saúde (ALFRADIQUE et al., 2009, p. 1337).
Nesse caso, as hospitalizações por CSAP são um indicador útil ao SUS 
(NEDEL et al., 2010). As “taxas de hospitalização, diagnóstico de internação e/ou 
internações evitáveis têm sido amplamente utilizadas como possíveis medidas de 
avaliar o desempenho da Atenção Primária à Saúde” (PEREIRA; SILVA; NETO, 2014, p. 
333), ou seja, quando a AB não é resolutiva em suas ações, aumenta a demanda por 
internações hospitalares, o que ocasiona uma carga maior ao sistema de saúde que fica 
sobrecarregado. Além disso, as internações criam despesas que seriam evitáveis caso a 
AB fosse resolutiva nessas situações (PEREIRA; SILVA; NETO, 2014). 
O estudo de Santos et al. (2022) analisou as internações por condições sensíveis 
à atenção primária segundo características sociodemográficas, Brasil e regiões, de 2010 
a 2019, os autores concluíram que: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2008/prt0221_17_04_2008.html
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2008/prt0221_17_04_2008.html
139
• Houve importante redução das taxas de internação por ICSAP no período analisado 
por ambos os sexos, faixas etárias e regiões. Entre as causas, as gastroenterites 
tiveram o maior declínio. Tais resultados refletem melhoras do desempenho da APS, 
mas também das condições gerais de vida.
• E ocorreu redução do ritmo de queda das taxas no período de 2015 a 2019 e, em 
algumas regiões, até elevação, especialmente na faixa etária de zero a quatro anos. 
Esses achados podem refletir a crise econômica após 2015, bem como as políticas 
de austeridade implantadas nesse período (SANTOS et al., 2022).
Podemos refletir sobre a importância da AB para a saúde pública, também 
que a criação de novas abordagens para o enfrentamento do processo saúde-doença 
de acordo com os princípios doSUS são fundamentais para resolver as demandas de 
saúde da população que são cada vez mais complexas e multifatoriais. 
140
A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO E O TRABALHO DA EQUIPE DE 
ENFERMAGEM
Natália Cristina Pereira
Bethania Ferreira Goulart 
Marina Pereira Rezende
1 Introdução 
Nas últimas décadas, a sociedade brasileira, por meio de algumas ações, tenta 
consolidar avanços nas políticas públicas de atenção integral em saúde do trabalhador 
que incluem prevenção de doença e promoção da saúde, envolvendo iniciativas dentro 
e fora do campo de atuação, buscando impedir os agravos relacionados ao trabalho. No 
entanto, são grandes os obstáculos à consolidação de programas e ações que, como 
resultado, poderiam contribuir de forma mais efetiva para o crescimento do índice de 
qualidade de saúde dos trabalhadores e trazer a melhoria dos indicadores nacionais, 
que colocam o país em situação precária quando comparado com as demais nações 
desenvolvidas (LACAZ, 2010).
Abordar a saúde do trabalhador das redes de atenção à saúde é um fator deter-
minante para o futuro da sociedade visto que, esses profissionais enfrentam diariamen-
te a complexidade do processo saúde-doença e a articulação de práticas de prevenção 
de agravos e promoção à saúde. Essas ações são responsáveis pelo advento da alta 
carga horária de trabalho e a sobrecarga emocional enfrentada por esses profissionais o 
que, de certa forma, influencia na qualidade do serviço prestado aos usuários de saúde. 
O profissional de enfermagem é visto como a maior força de trabalho assistencial den-
tro das redes de saúde e está submetido à elevada carga de desgaste físico e psíquico, 
fatores determinantes para o adoecimento profissional (ROCHA et al., 2015). 
O processo de trabalho de enfermagem é direcionado a ações do cuidado 
que visualiza a totalidade do ser humano, compreendendo os problemas de saúde 
existentes e distinguindo os que podem surgir. Sendo assim, é sucedido o planejamento, 
implementação de ações e avaliação dos resultados como estratégia para promover a 
saúde de qualidade (ARAÚJO et al., 2020; PAIXÃO et al., 2021; PEREIRA et al., 2009). 
Sabe-se que além das funções técnicas e institucionais, o profissional está 
inserido em um sistema falho, que o leva a um desgaste profundo. As condições de 
trabalho da equipe de enfermagem, principalmente no âmbito hospitalar, têm sido 
LEITURA
COMPLEMENTAR
141
apontadas como ineficazes. A remuneração inadequada, a acumulação de escalas de 
serviço, o aumento da jornada de trabalho, a hierarquia presente na equipe de saúde e o 
desprezo social, entre outros fatores, influenciam nas condições de trabalho da equipe 
e interferem na qualidade da assistência que é prestada aos usuários (JEREMIA et al., 
2020; MEDEIROS et al., 2006; TRECOSSI et al., 2020).
Dessa forma, em 2003, foi lançada a Política Nacional de Humanização (PNH) 
da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) que tem como movimento de 
interesse, mudar os modelos de atenção e gestão. É classificada como política pública 
de saúde, que aborda a humanização como “a valorização dos diferentes sujeitos 
implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestores” 
(BRASIL, 2008). 
[...] de forma que, desafia os sujeitos, a experimentar a incorporação de 
novos métodos para produzir novos modos de cuidar e tratar os usuários de forma 
humanizada. Há coletivos que sustentam a PNH, a fim de elaborar soluções provisórias 
para enfrentar os desafios desprendidos no dia a dia do trabalhador do SUS (Martins; 
Luzio, 2017). A implementação da PNH se faz necessária no sentido de modificar o 
ambiente de trabalho, através da escuta dos profissionais, da gestão democrática e de 
implementação da cultura humanista, devendo ser um passo para transformar a teoria 
em prática do dia a dia profissional, visando valorizar o trabalhador e o elo com a gestão 
que representa a instituição, refletindo-se na humanização, no trabalho e no resultado 
ofertado (MICHELAN; SPIRI; 2018). 
O cuidado humanizado precisa ser realizado na integralidade, pelos profissionais 
de saúde desde o momento que o usuário entra para o atendimento, fornecendo uma 
assistência integral e de qualidade. Sendo assim deve-se cuidar do usuário como um 
todo, desde sua admissão hospitalar ou consulta no serviço de saúde, até alta hospitalar 
ou conclusão da consulta, usufruindo das competências dos profissionais, buscando 
sempre o trabalho com uma equipe multidisciplinar em que todos visam a humanização 
(LIMA et al., 2017). A humanização é o respeito à vida, que engloba aspectos da 
convivência humana com as questões sociais, educacionais, psicológicas, morais e 
emocionais. Pressupõe que humanizar é agir com dignidade, benevolência, fraternidade 
e dedicação (AMARAL; CALEGARI, 2016). 
No ambiente hospitalar, a humanização ainda se mantém centralizada na 
figura pessoa-cliente, notabilizando pouca atenção ao cuidado e à humanização do 
sujeito-trabalhador. A temática em questão é bastante abordada na teoria. Porém, na 
realidade prática, sofre dificuldade de ser efetivada devido a se tratar de uma mudança 
de comportamento de um grupo e encontrar obstáculos que façam esses trabalhadores 
de instituições de saúde aceitarem a proposta de humanização e a mudança da sua 
postura e caráter pessoal (AMESTOY et al., 2006). 
142
Um dos obstáculos encontrados são as condições do ambiente de trabalho que 
não favorecem a prática, além da exaustiva rotina de trabalho e atividades a serem reali-
zadas. É preciso que o profissional reveja a aplicabilidade da humanização e o modo como 
ela interfere na postura do profissional e do usuário de saúde (MAESTRI et al., 2012). 
Diante disso, o estudo tem como objetivo identificar o entendimento da equipe 
de enfermagem sobre a PNHe como se dá o trabalho da equipe de enfermagem em 
âmbito hospitalar após a implementação da PNH. 
2 Metodologia 
Tratou-se de uma pesquisa descritiva-exploratória. A pesquisa seguiu os critérios 
apresentados pelo Consolida-te Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ) [...]. 
O estudo foi realizado com enfermeiros e técnicos de enfermagem da unidade de Pronto 
Socorro (PSA) e Pronto Socorro Infantil (PSI) em um Hospital de Clínicas de um município 
do Triângulo Mineiro. [...] foi adotada uma amostragem por saturação teórica, [...] para a 
coleta de dados foi utilizada uma entrevista semiestruturada. A entrevista foi composta 
por duas partes: a primeira com perguntas relacionadas aspectos socioeconômicos 
do entrevistado, e a segunda parte foi composta por perguntas relacionadas à PNH. O 
roteiro foi submetido à validação aparente e de conteúdo por três doutores na temática 
e/ou metodologia de pesquisa. Para a coleta de dados, a entrevista foi desenvolvida pela 
própria pesquisadora face a face e gravadas, em dia e local previamente marcados, em 
comum acordo entre os participantes e pesquisadora, em ambiente que assegurasse 
privacidade. Os dados coletados, referentes à caracterização dos entrevistados foram 
submetidos à análise descritiva. Para abordagem desses dados foi utilizada a técnica 
de análise de conteúdo, modalidade temática (MINAYO, 2013). [...] 
3 Resultados 
Do total de 88 profissionais, sendo aproximadamente, 23 enfermeiros e 65 
técnicos de enfermagem que exerciam as atividades laborais no PSA e PSI, à época da 
coleta de dados, oito participaram do estudo, seguindo a amostragem por saturação 
dos dados. Vale ressaltar que antes do processo de saturação, foram contatados 22 
profissionais que se recusaram a participar do estudo por não conhecerem a PNH, 58 
não estavam presentes nas três tentativas realizadas de contato, devido estarem em 
período de férias, afastamento, troca de setor ou não foram localizados no momento 
da coleta e/ou não se encaixavam nos critérios de inclusão, possuindo menos de seis 
meses de trabalho no referido setor. Dos entrevistados, três eram do sexo masculino e 
cinco do sexo feminino; a idade variouentre 27 e 45 anos; o tempo deformação na área 
de enfermagem entre três e 15 anos. Quanto à atuação no PSA e PSI o tempo variou 
entre seis meses e 10 anos. Para as entrevistas, foram abordados os profissionais que 
se encontravam no plantão no dia da coleta.
143
Com a análise dos dados, os resultados foram organizados em categorias 
temáticas, sendo elas: Compreensão do conceito de humanização; Caracterização da 
PNH; Percepção de mudanças na qualidade de vida e de trabalho após implantação da 
PNH; e, Percepção de aspectos positivos e negativos advindos da implantação da PNH.
3.1 Compreensão do conceito de humanização 
A humanização sempre vem associada do cuidado. Dessa forma, ao retratar a 
natureza humana, é aplicado o sentido da humanidade ao qual se inclui a benevolência 
e compaixão. O ato de humanizar, compõe a prática do cuidar, principalmente na 
enfermagem, onde o cuidar é o principal instrumento de trabalho. Logo, através da 
humanização visa-se proporcionar o bem-estar através do amor, da amizade e da 
possível cura (CORBARI et al., 2009). Essa perspectiva, se faz presente nas falas dos 
entrevistados. 
“Então, humanização para mim, é uma forma de tratar com empatia o paciente, 
de tentar melhorar a resolutividade para o paciente, de uma forma não só 
carinhosa, mas se colocando mesmo no lugar do paciente”. Enf. 1. 
“Humanização para mim, seria tratar as pessoas de forma igual, sem preconceito, 
diferenças, oposições e dentre outros. Seria em outras palavras, fazer o bem, 
sem olhar a quem”. Téc. Enf. 3.
“Pra mim a humanização, ela é definida como acolhimento, respeito, aos princípios 
do SUS e a valorização das pessoas”. Téc. Enf. 6. 
3.2 Caracterização da Política Nacional de Humanização 
A PNH foi apresentada, para que os princípios do SUS, dentro das práticas de 
atenção e gestão, fossem utilizados na qualificação da saúde pública no Brasil. Pautada no 
incentivo de trocas entre toda a equipe de trabalho, incluindo os gestores, trabalhadores 
e usuários (BRASIL, 2008). Nas transcrições, observa-se que os profissionais descrevem 
a PNH de forma sucinta e apenas relacionada ao atendimento ao usuário. 
“O que que eu entendo? É sempre ter um, como é que fala... orientar para os 
profissionais, tendo um curso sobre como ter um atendimento humanizado para 
os pacientes. É ter uma orientação geral para todos os profissionais, profissionais 
de todos os níveis”. Téc. Enf. 1. 
“A política nacional de humanização, é... Foram as diretrizes, acredito eu né? 
As diretrizes para aprimorar e implementar um atendimento... para melhorar a 
qualidade para o paciente”. Enf. 1. 
144
“A política nacional de humanização, ela foi constituída com princípio de 
resguardar os direitos do usuário, quanto a ter um atendimento de qualidade, 
seguro [...] direito a participação ativa durante o seu atendimento”. Enf. 2.
3.3 Percepção de mudanças na qualidade de vida e de trabalho após implantação 
da PNH
Com a implantação da PNH, busca-se melhorar as condições de trabalho para 
a equipe, atentando-se em mudar o modelo de gestão centralizado e vertical, o qual 
impossibilita os profissionais de participar do próprio processo de trabalho, inviabilizando 
uma gestão participativa e colaborativa e a criação de vínculo. Logo, a partir dessa 
perspectiva, aspectos como a desvalorização, precarização, excesso de carga horária 
e pouco investimento em educação permanente, são exemplos do que deve ser 
reorganizado para a melhora na qualidade de vida e trabalho desses profissionais 
(BARBOSA et al., 2013). Nas transcrições, os entrevistados revelam alguns pontos que 
reafirmam essa realidade, mesmo que de maneira superficial. 
“É... eu acho que sim, porque o paciente fica mais confortável, tem mais confiança 
na gente, tem um vínculo maior com a gente e a gente pode passar mais segurança 
para o paciente”. Téc. Enf. 4. 
“Sim, porque através dessa humanização, nos dá um norte de como se deve 
prosseguir, até mesmo para gerar melhorias para o ser humano. E quanto ao 
ambiente de trabalho, isso aumenta o vínculo, porque através do que é repassado, 
você transmite para as pessoas e isso gera uma grande mudança tanto para mim 
quanto para quem tá sendo alvo da humanização”. Téc. Enf. 5.
“Sim, valorização do trabalho, valorização do usuário, mais empatia entre as 
equipes”. Téc. Enf. 6.
3.4 Percepção de aspectos positivos e negativos advindos da implantação da 
PNHA 
PNH traz consigo mudanças, que validam trabalho das equipes de enfermagem, 
sendo assim positivas e necessárias. Essas mudanças, apresentam-se como 
estratégias para amenizar o desgaste da saúde dos trabalhadores, uma vez que eles 
são submetidos à uma estrutura hierárquica e centralizadora, onde o profissional não 
é visto na sua individualidade e apenas a demanda do usuário é atendida (AMESTOY et 
al., 2006). É nesse cenário que entra a importância da gestão e cogestão, propostas na 
PNH, onde a equipe é integrada, objetivando a valorização das suas atividades laborais 
e a promoção da humanização no seu processo de trabalho e no cuidado do usuário. No 
que tange aos usuários, a PNH estabelece a possibilidade da criação de vínculo, onde o 
usuário participa ativamente do processo do cuidar. Essa perspectiva, se faz presente 
parcialmente nas falas dos entrevistados. 
145
“Negativo não tem, né? Positivo, é que a gente começa a conhecer, [...] a questão 
do acolhimento humanizado, a questão de atender aos princípios do SUS, as 
diretrizes, a PNH, entendeu? Que é a questão, da valorização profissional [...] nós 
estamos bem acolhidos, pela própria gestão, coordenação, RT, entendeu? Então, 
tudo isso está dentro das diretrizes da PNH e traz valorização, acolhimento, não 
somente do usuário, mas também do colaborador. Téc. Enf. 2. 
“Positivo porque, é, essas ações até mesmo te transformam porque moldam 
a forma correta de como você deve agir com outras pessoas. Negativo é que 
esse vínculo, a humanização devia ser mais propagada, em questões de ações, 
porque muitas pessoas além de não saberem das práticas da humanização, elas 
não cumprem também [...]”. Téc. Enf. 5.
“Eu sinceramente não vejo lado negativo de uma política humanizada, [...] muitos 
anos na assistência, talvez a gente vai ficando um pouco frio e isso é uma coisa 
que a gente tem que trabalhar na gente mesmo e não deixar isso acontecer, por-
que paciente de uma forma ou de outra sempre tem razão, porque ele não tem o 
conhecimento que eu tenho e ele não tem as ferramentas que eu tenho [...]. Enf. 1. 
Discussão 
O ato de humanizar, no âmbito da saúde, está relacionado em suprir a necessidade 
do outro de forma integral, pautando o cuidado na inclusão das diferenças e interesses 
do cliente, envolvendo-os no processo de produção de saúde (BRASIL 2013a).
A humanização proporciona o vínculo entre profissional e usuário, preservando 
a autonomia do mesmo, e permitindo a troca de conexões e saberes, favorecendo a 
manutenção das relações, de uma forma efetiva, ética e solidária (BENEVIDES et al., 
2005). Além disso, a humanização enfatiza a subjetividade do trabalhador, ou seja, 
leva em consideração as especificidades e demandas de cada indivíduo, para que seja 
possível a sua interação dentro da equipe de trabalho. Com a humanização no ambiente 
de trabalho é possível obter participação, discussão e administração nas relações 
profissionais e interpessoais, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida e do 
processo de trabalho (AMESTOY et al., 2006).
Através dessa perspectiva, fica evidente que os entrevistados possuem uma 
visão diminuta sobre o que é a humanização e a importância da sua implantação dentro 
do setor, pois é a partir dessa humanização que é possível oferecer um atendimento 
de qualidade, tratando tanto o usuário quanto o profissional, de uma forma holística, 
levando em consideração todos os aspectos que identificam e formam um indivíduo, ou 
seja, considera o ser humano na sua forma biopsicossocial. Nas falas é possível notar que 
são utilizadosadjetivos amplos e frases sucintas, descrevendo a humanização apenas 
na perspectiva de atenção ao usuário, não referenciando a conexão da humanização 
com o trabalho e com os integrantes da equipe. 
146
A PNH, aponta diretrizes e conceitos fundamentais para sua efetividade, 
estando entres eles: o acolhimento; a gestão participativa e cogestão; a ambiência; a 
clínica ampliada e compartilhada; a valorização do trabalhador; e, defesa dos direitos 
dos usuários (BRASIL, 2013a). Isso converge com as falas, as quais revelam que os 
entrevistados possuem uma noção básica do que seja a PNH. Entretanto, existe um 
déficit sobre o conhecimento da política, pois os profissionais entrevistados ao formular 
as respostas, demonstraram uma compreensão mais superficial e generalizada. 
A relevância da PNH dentro do atendimento em saúde, no cenário atual, se 
faz presente e indispensável, dado que as práticas profissionais ainda se pautam em 
um modelo mecanizado e alienado, não havendo conexão entre os sujeitos como a 
qualidade de vida do trabalhador está sendo afetada, devido a compartimentalização e 
isolamento das funções. Logo, exigem-se que sejam realizadas revisões na maneira de 
como essa prestação de serviço à saúde é ofertada para população e como isso afeta 
o desempenho do profissional, pois, parte-se da premissa que entender os diferentes 
aspectos e significados que permeiam a humanização, proporcione uma integralidade 
do cuidado e no trabalho em equipe. Assim, se fazem concebíveis estratégias ligadas a 
humanização, levando mudanças tanto para os usuários, quanto para os profissionais, 
se pautando nos princípios relacionados a integralidade da assistência, a equidade e 
a participação social do usuário e a valorização do profissional (CASATE et al., 2005; 
GOULART et al., 2010; MEDEIROS et al., 2016).
Diante disso, ao abordar a percepção de mudanças na qualidade de vida e de 
trabalho após implantação da PNH e a percepção de aspectos positivos e negativos 
advindos da implantação da PNH, nota-se que as falas são voltadas para a melhoria 
do atendimento ao cliente, não sendo citadas mudanças relacionadas ao profissional 
de saúde. Desse modo, percebe-se que para os trabalhadores, a PNH foi feita com o 
intuito de atender somente os usuários, quando na verdade, ela engloba trabalhadores, 
usuários e gestores, para que ela seja concretizada deforma positiva e palpável. Além 
disso, em suas falas as mudanças percebidas, foram positivas, reafirmando que a PNH 
é essencial para uma mudança benéfica no sistema de saúde.
 Apesar de não serem citadas mudanças negativas nas falas dos entrevistados, 
compreende-se a diversidade de termos e definições que são relacionados ao tema, 
sendo condicionado com as vivências e posições sociais de cada indivíduo, dando 
espaço para várias interpretações (MEDEIROS et al., 2016). Dessa forma, é necessário 
que a PNH esteja apta a englobar essa heterogeneidade, proporcionando a ampliação 
da reflexão, e não se concretizando em uma única definição, possibilitando que ela seja 
colocada em prática de forma clara e precisa. 
Conclusão 
A partir dos resultados, nota-se que os profissionais compreendem apenas 
alguns aspectos da PNH, não contemplando a política em sua totalidade. Isso leva, 
a uma defasagem no atendimento ao usuário e na percepção dos direitos que ao 
147
trabalhador são oferecidos. Dessa forma, é percebido a necessidade de estratégias que 
levem o conhecimento em sua totalidade, a esses profissionais, através de cursos de 
capacitação e atualização.
A relevância do estudo em questão, caracteriza-se pelo incentivo à 
equipe de enfermagem na busca pelo conhecimento da PNH, para que se possa 
conseguir compreender todos os aspectos abordados pela política. E, assim consiga 
proporcionar um atendimento eficaz ao usuário, uma integração da equipe e a busca 
para fazer valer os seus direitos, visando uma melhor qualidade de trabalho. 
Observa-se uma escassez de estudos acerca desse tema. Logo, sugere-se 
estudos posteriores relacionados com essa temática, com o objetivo de atualização 
profissional, proporcionando a oportunidade de aprimoração de conhecimentos, como 
forma de garantir uma assistência de qualidade.
Fonte: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/37585/31279 Acesso em: 30 jul. 2020. 
148
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Vigilância em saúde é o processo que abrange a coleta, a análise, a interpretação 
e o relato dos dados referentes à incidência de mortes, de doenças e de lesões e a 
prevalência de certas condições, cujo conhecimento é considerado importante para 
promover a saúde da população. 
• A Política Nacional de Atenção Básica descreve como essencial a integração entre 
a Vigilância em Saúde e a AB para a população adscrita.
• A gestão da condição de saúde é especialmente indicada para o manejo das 
condições crônicas, que precisam de cuidado longitudinal em diferentes pontos da 
RAS.
• A notificação compulsória deve ser realizada pelos médicos, profissionais de saúde 
ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados. Ela pode 
ter diferentes periodicidades.
• As hospitalizações por CSAP são um indicador útil ao SUS.
149
AUTOATIVIDADE
1 A vigilância em saúde é essencial para o cuidado da saúde da população, esta área 
planeja e implementa as medidas de saúde pública. Em 2008 foi instituída a Política 
Nacional de Vigilância em Saúde (PNVS). Sobre as áreas de vigilância presentes na 
PNVS, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A vigilância em saúde ambiental abrange a prestação de serviços e o controle 
de bens de consumo que, direta ou indiretamente se relacionem com a saúde, 
compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo e descarte.
b) ( ) A vigilância epidemiológica proporciona o conhecimento e a detecção de 
mudanças nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual e 
coletiva.
c) ( ) O conjunto de ações e serviços que propiciam o conhecimento e a detecção de 
mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que 
interferem na saúde humana é chamado de vigilância sanitária. 
d) ( ) A responsabilidade da promoção da saúde, prevenção da morbimortalidade e 
redução de riscos e vulnerabilidades na população trabalhadora é da vigilância 
sanitária.
2 Considera-se gestão da condição de saúde como o processo de gerenciamento 
de um fator de risco biopsicológico ou de uma determinada condição de saúde já 
estabelecida, por meio de um conjunto de intervenções. Com base na gestão da 
condição de saúde, analise as sentenças a seguir:
I- A gestão da condição de saúde é especialmente indicada para o manejo das 
condições crônicas.
II- A gestão da condição de saúde tem sido considerada uma mudança radical na 
abordagem clínica, pois considera os fatores de risco biopsicológicos da população 
adscrita.
III- O objetivo da gestão da condição de saúde é realizar intervenções de caráter 
gerencial que visem reduzir os riscos para a saúde coletiva. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
150
3 Segundo a Portaria nº 204, a notificação compulsória deve ser realizada pelos 
médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, 
públicos ou privados. Ela pode ter diferentes periodicidades, de acordo com elas, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Notificação compulsória imediata (NCI): notificação compulsória realizada em até 
48 (quarenta e oito) horas, a partir do conhecimento da ocorrência de doença.
( ) Notificação compulsória sentinela: Notificação compulsória realizada em até 7 
(sete) dias, a partir do conhecimento da ocorrência de doença ou agravo. 
( ) Notificação compulsória negativa: comunicação semanal, informando que na 
semanaepidemiológica não foi identificado nenhuma doença, agravo ou evento de 
saúde pública constante da Lista de Notificação Compulsória
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
4 Os Determinantes Sociais da Saúde (DSS) são atribuídos às condições em que os 
indivíduos vivem e trabalham, são conhecimentos essenciais para que se organize o 
sistema de atenção à saúde. Disserte sobre como mapear o espaço e a situação de 
vida das pessoas são variáveis que proporcionam orientar a organização do sistema 
de atenção à saúde, e relacione o conceito de DSS com o conceito de equidade em 
saúde.
5 As Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) são indicadores 
que se propõem a mensurar as internações hospitalares que, em teoria, poderiam ser 
evitadas. Disserte sobre o que este indicador revela e porque é útil para o SUS. 
151
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et al. Tratado de saúde coletiva. 2. ed. São Paulo: Fiocruz, 2009.
158
159
ASSISTÊNCIA DE 
ENFERMAGEM NA ATENÇÃO 
SECUNDÁRIA À SAÚDE
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer e entender o papel do enfermeiro nas Atenções Primária e Secundária à Saúde;
• conhecer e compreender as principais atividades desempenhadas pelos enfermeiros 
nas Atenções Primária e Secundária à Saúde;
• conhecer e analisar as legislações que regem as atividades desenvolvidas pelo 
profissional enfermeiro;
• estudar a importância dos trabalhos em equipe, multiprofissional e interdisciplinar no 
meio das Atenções Primária e Secundária à Saúde;
• buscar o aprendizado por meio dos materiais extras disponibilizados para consultas 
e aprimoramento.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar 
o conteúdo apresentado.
TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
(APS)
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA 
À SAÚDE
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – TRABALHOS MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINAR 
EM SAÚDE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
160
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 3!
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161
TÓPICO 1 — 
PAPEL DO ENFERMEIRO NA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA À SAÚDE (APS)
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
A possui um papel fundamental na entrada do sistema de saúde pública, dessa 
forma, busca o desenvolvimento de uma atenção integral que impacta na saúde e na 
autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde da comunidade 
(MENDES, 2011). Tudo isso só é possível por meio de práticas de cuidado e gestão, 
democráticas e participativas, por conta do trabalho em equipe. 
Este trabalho é dirigido às populações de territórios definidos, pelas quais a APS 
assume a responsabilidade sanitária, considerada a dinâmica do território no qual vivem 
as pessoas, além de constituir a porta de entrada do usuário na Rede de Atenção à 
Saúde (RAS) (MENDES, 2011).
 
Dentro da RAS, a APS é a ordenadora do cuidado, responsável por atividades 
resolutivas, e é, também, a porta de entrada da Estratégia Saúde da Família (ESF), um 
dos principais modelos de consolidação da rede (OLIVEIRA, 2016). 
Nesse contexto, o enfermeiro emerge com funções essenciais para o 
atendimento dos usuários e das necessidades deles. A atuação dele deve estar pautada 
em uma base científica, a fim de apoiar o cuidado ofertado de forma organizada e 
racionalizada, conforme as características epidemiológicas de determinado território de 
abrangência.
O trabalho do enfermeiro, na APS, vem se transformando em um instrumento 
de mudanças das práticas de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), pois 
o foco está na integralidade do cuidado, na intervenção frente aos fatores de risco, na 
prevenção de doenças e na promoção de saúde e de qualidade de vida da população.
Nesta unidade, conheceremos alguns temas relacionados à APS e como o 
enfermeiro desempenha as funções dele, incluindo os procedimentos realizados nesse 
ambiente e a legalidade dessas atividades. Esperamos que você aproveite muito e tenha 
bons estudos!
162
2 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA APS
Como vimos na introdução da unidade, a APS é o primeiro nível de atenção 
ao usuário, a porta de entrada de uma RAS, a partir da qual são desenvolvidas ações 
de âmbitos individual e coletivo, que envolvem a promoção e a proteção da saúde, a 
prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da 
saúde. 
Uma vez que a ESF muda a ênfase do cuidado médico centrado para um cuidado 
em equipe, o profissional de enfermagem tem a consolidação de um novo campo de 
atuação, pois passa para um modelo de condução dos cuidados de saúde dos usuários, 
da organização do processamento de trabalho e da coordenação da unidade de saúde 
(BRASIL, 2022).
 
A atuação do enfermeiro, na APS, é um dos fatores responsáveis pelas mudanças 
nas práticas de atenção à saúde do SUS (BRASIL, 2022), em busca da integralidade do 
cuidado, que pode ser realizada por meio de instrumentos sistematizados de cuidados 
individuais ou coletivos; e, ainda, na condução de um macroprojeto, planejamento 
normativo ou estratégico para os serviços de saúde.
A enfermagem, dentro da APS, tem a possibilidade de ampliar a autonomia, 
por meio de uma prática clínica sustentada pelas perspectivas da integralidade e do 
cuidado a famílias e comunidades em todo o ciclo de vida, desde que amparada por 
ações de aprimoramento e aperfeiçoamento constantes (BRASIL, 2022). 
Para que as atividades dos enfermeiros sejam consolidadas, assim como as das 
demais profissões envolvidas na APS, foram criadas diversas atribuições, por meio da 
Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), de 2017 (BRASIL, 2017). 
Conheceremos, a seguir, as atribuições específicas do enfermeiro da APS, 
conforme a PNAB (BRASIL, 2017):
 
• Realizar atenção à saúde aos indivíduos e às famílias vinculadas às equipes, e, 
quando indicado, ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários 
(escolas, associações etc.), em todos os ciclos de vida.
• Realizar consulta de enfermagem, procedimentos; solicitar exames complementares; 
e prescrever medicações, conforme protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, ou 
outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, estadual, municipal 
ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão.
• Realizar e/ou supervisionar acolhimento, com escuta qualificada e classificação de 
risco, de acordo com protocolos estabelecidos.
• Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados para as pessoas que 
possuem condições crônicas no território, incluindo os demais membros da equipe. 
163
• Realizar atividades em grupo e encaminhar, quando necessário, usuários a outros 
serviços, conforme fluxo estabelecido pela rede local.
• Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos técnicos/auxiliares de 
enfermagem, agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias 
com os outros membros da equipe. 
• Supervisionar as ações do técnico/auxiliar de enfermagem e dos agentes 
comunitários de saúde.
• Implementar e manter atualizados rotinas, protocolos e fluxos relacionados a sua 
área de competência na UBS. 
• Exercer outras atribuições, conforme legislação profissional, e que sejam de 
responsabilidade da sua área de atuação(BRASIL, 2017).
No Conselho Regional de Enfermagem (COREN) de Santa Catarina, foram 
desenvolvidos os Protocolos de Enfermagem da Atenção Básica, que servem de 
ferramenta para a normatização e a ampliação da clínica do enfermeiro em diferentes 
pontos da rede pública de atenção à saúde. 
Os protocolos podem ser acessados pelos enfermeiros após a realização 
de capacitações específicas, ofertadas pelo próprio COREN/SC, com periodicidade 
determinada e divulgada pelo Conselho, através do enfermeiro responsável técnico de 
cada serviço de saúde.
As capacitações ocorrem de forma on-line e presencial, e é apresentado cada 
um dos protocolos, constituídos por seis: Volume 1 - Hipertensão, diabetes e outros 
fatores associados a doenças cardiovasculares; Volume 2 - Infecções sexualmente 
transmissíveis e outras doenças transmissíveis de interesse em saúde coletiva (dengue/
tuberculose); Volume 3 - Saúde da mulher - acolhimento às demandas da mulher nos 
diferentes ciclos de vida; Volume 4 - atenção à demanda espontânea de cuidados no 
adulto; Volume 5 - atenção à demanda de cuidados na criança; e Volume 6 - cuidado à 
pessoa com ferida.
Em outros estados do país, assim como em Santa Catarina, os Conselhos de 
Enfermagem possuem autonomia e contam com uma equipe de especialistas em 
câmaras técnicas, que atuam na propagação de vários documentos que consolidam 
diversas atividades dentro do serviço de enfermagem.
É importante ressaltar que todas as atividades desenvolvidas pelos 
profissionais de enfermagem, no âmbito da APS, são resguardadas por 
vários pressupostos éticos legais. Dentre eles, destacam-se o Decreto nº 
94.406, de 8 de junho de 1987, que regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de 
junho de 1986, que descreve quem são os profissionais de enfermagem e 
DICA
164
as atribuições deles, mas não faz distinção entre o trabalho do enfermeiro no âmbito da 
APS e nos demais níveis de atenção à saúde. Assim, leia mais em https://bit.ly/3ogYmyJ e 
https://bit.ly/3olw1aP.
Leia a Resolução do COFEN nº 311/2007, que reformula o Código de Ética dos 
Profissionais de Enfermagem. A legislação é imprescindível para sabermos 
quem somos, nossos direitos e deveres profissionais: http://www.cofen.gov.
br/resoluo-cofen-3112007_4345.html.
DICA
2.1 ATRIBUIÇÕES DOS ENFERMEIROS DA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA FRENTE A ALGUMAS POLÍTICAS NACIONAIS DE 
SAÚDE. 
A APS possui um papel fundamental na estrutura do SUS, apoiada em políticas 
públicas voltadas para o fortalecimento (BRASIL, 2022). Assim, agora, conheceremos 
algumas das principais políticas públicas nacionais que dão esse suporte para o 
atendimento dos usuários dentro do campo da APS. São essas políticas que regem todas 
as atribuições realizadas pelos profissionais que trabalham no SUS, porém, focaremos 
nas atribuições do profissional enfermeiro.
 
• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: foi implantada no final do 
século XX, com o objetivo de promover a melhoria das condições de vida e de saúde 
das mulheres, de forma a contribuir para a redução da morbimortalidade e ampliar, 
qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher em todos os âmbitos da 
saúde (BRASIL, 2004; SANTANA et al., 2019). 
Essa Política vem de encontro com a garantia de um compromisso com a saúde 
da mulher, a fim de garantir os direitos dela e de reduzir danos por causas evitáveis 
e preveníveis, como nos momentos da gestação e do parto, durante o planejamento 
familiar, de cuidados ao abortamento inseguro e de combate às violências doméstica e 
sexual (BRASIL, 2004; FREITAS et al., 2009). 
Quando falamos do atendimento à saúde da mulher, podemos encontrar grandes 
desafios enquanto enfermeiros, pois o cuidado é complexo e abrangente. A atuação se 
dá em todos os ciclos de vida e somos capazes de utilizar uma organização desses 
desafios, a partir dos seguintes eixos: saúde sexual; saúde reprodutiva; enfrentamento 
à violência doméstica e violência sexual; e atenção ao câncer de mama e ao de colo do 
útero (BRASIL, 2013).
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3112007_4345.html
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3112007_4345.html
165
Dentro de cada um dos eixos, existem várias atividades e atribuições que os 
profissionais realizam. Cada serviço de saúde é regido por protocolos institucionais, ou 
ministeriais, a fim de organizarem os processos de trabalho (BRASIL, 2013).
Elencaremos, a seguir, alguns exemplos de atribuições do enfermeiro dentro de 
cada um dos eixos citados: 
• Saúde sexual: a mulher pode procurar um enfermeiro da unidade de saúde para 
tratar da sexualidade na infância, na adolescência e na fase adulta. 
• Ciclo menstrual; disfunções sexuais.
• Planejamento reprodutivo e controle de natalidade.
• Pré-natal e aleitamento materno.
• Concepção e infertilidade.
• Métodos anticoncepcionais.
• Atendimento à mulher em situações de violências doméstica e sexual. 
Cabe, ao enfermeiro, promover práticas educativas que envolvam as saúdes 
sexual e reprodutiva em diversos espaços do território de abrangência dele, além 
de tratar dos demais temas que compõem a Política Nacional, conforme a demanda 
solicitada, ou percebida como um problema em potencial (BRASIL, 2013).
Leia o Caderno de Atenção Básica nº 26, do Ministério da Saúde, que trata 
da saúde sexual e da saúde reprodutiva da mulher: https://bit.ly/3A95aBm.
DICA
• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança: surgiu em 2015 e trouxe, 
como objetivos: 
promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, 
mediante atenção e cuidados integrais e integrados, da gestação 
aos nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância 
e às populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da 
morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições 
dignas de existência e pleno desenvolvimento (BRASIL, 2018, s. p.).
Assim, a atenção integral à saúde da criança visa à redução dos índices de 
morbimortalidade na infância, com a incorporação de novas tecnologias, a reorganização 
do sistema de saúde e o envolvimento de diversos agentes e elementos da sociedade 
(JENSEN et al., 2018). 
Estimativas indicam que, até 2030, a mortalidade de crianças menores de 
cinco anos de idade estará ligada à prematuridade, à pneumonia pós-neonatal e a 
complicações intraparto (LIU et al., 2018; IPEA, 2019).
166
Nessa perspectiva, nos cenários de atenção primária e de vigilância à saúde da 
criança, o profissional enfermeiro tem responsabilidades de cuidado e suporte humani-
zados à criança e à família dela, de modo a valorizar o bem-estar biopsicossocial delas 
e identificar e intervir nas necessidades e vulnerabilidades presentes (BRASIL, 2012).
O profissional enfermeiro está apto a contemplar a criança, que pode apresentar 
alguma situação/problema logo após o nascimento, após iniciar alguma nova fase de 
crescimento, ou, ainda, durante alguma fase da infância (SALLES et al., 2022).
Ao tratarmos de crianças, também, podemos dividir os períodos de cuidado 
ao longo do crescimento, a fim de conseguirmos direcionar o nosso foco ao lidarmos 
com determinados problemas trazidos pelos familiares (BRASIL, 2012). Dessa 
maneira, deixaremos, aqui, listados alguns dos temas mais comuns das atividades 
desempenhadas pelo enfermeiro a essa clientela: 
• Acompanhar a chegada do recém-nascido na família. 
• Realizar as primeiras consultas desse recém-nascido.
• Acompanhar a amamentação. 
• Acompanhar o crescimento. 
• Acompanhar o desenvolvimento neuropsicomotor. 
• Acompanhar e solicitar exames de rotina, conforme protocolos institucionais. 
• Monitorar, notificar e orientar a realização de imunizações.
• Atuar nas ações do Programa Saúde na Escola (PSE).
• Atuar no acompanhamento de uma alimentação saudável. 
• Realizar ou encaminhar para a suplementação. 
• Orientar quanto à saúde bucal. 
• Realizar orientações para a prevenção de acidentes e a proteção em situações de 
violência (BRASIL, 2012; COREN, 2017).
Além de todas as situações citadas, ainda, podemos nosdeparar com as 
diversas patologias que são inerentes a bebês e a crianças, e que variam por conta da 
sazonalidade e das idades deles. 
Acompanhe o Caderno de Atenção Básica nº 33, do Ministério da Saúde, 
que trata da saúde da criança, do crescimento e do desenvolvimento: 
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_
desenvolvimento.pdf.
DICA
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_crescimento_desenvolvimento.pdf
167
Outro material muito importante para um aprofundamento é Atenção 
ao Desenvolvimento Neuropsicomotor Infantil entre Zero a Doze Meses, um 
conteúdo educativo desenvolvido para a Atenção Básica em Saúde, 
produzido em 2020, pela UDESC. É ilustrado e com um estilo de 
leitura “direto ao ponto”: https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/
vinculos/000081/000081bb.pdf.
DICA
• Política Nacional de Atenção ao Trabalhador: é um conjunto de atividades do campo 
da saúde coletiva que se destina à promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores, 
além de visar à recuperação e à reabilitação da saúde dos empregados submetidos 
a riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
O processo saúde-doença dos trabalhadores possui uma relação direta com 
trabalho exercido, e não deve ser reduzido a uma relação entre doença e um agente 
específico, ou multicausal, entre a doença e um grupo de fatores de risco físicos, 
químicos, biológicos e mecânicos, que podem estar presentes no ambiente de trabalho.
A atuação do enfermeiro da APS relacionada à saúde do trabalhador inicia quando 
o profissional busca conhecer o território, e, assim, sabe como as pessoas daquela 
região trabalham, quando e de que maneira. Dessa forma, a equipe já pode projetar as 
principais patologias associadas, ou mais prevalentes, que estão em destaque para os 
atendimentos em uma determinada unidade de saúde.
O enfermeiro, também, pode atuar em diversas palestras e atividades de 
educação em saúde, e em parceria com as empresas do território, as quais, muitas 
vezes, possuem demandas específicas a serem apresentadas e debatidas com os 
colaboradores. 
Você sabia que foi publicada, em 2012, a Portaria nº 1.823, consolidada, 
posteriormente, no Anexo XV da Portaria de Consolidação nº 2, de 2017, 
do Ministério da Saúde, que definiu a Política Nacional de Saúde do 
Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT), de acordo com princípios, diretrizes 
e estratégias a serem observados pelas esferas municipal, estadual, distrital 
e federal da gestão do SUS, com o objetivo de desenvolver a atenção 
integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, de modo a 
visar à promoção e à proteção da saúde dos trabalhadores e à redução 
da morbimortalidade decorrente de modelos de desenvolvimento e de 
processos produtivos? Para saber ainda mais, consulte a página https://
bit.ly/40n96sO.
DICA
https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/000081/000081bb.pdf
https://sistemabu.udesc.br/pergamumweb/vinculos/000081/000081bb.pdf
168
O Caderno de Atenção Básica nº 41 trata da saúde dos trabalhadores, 
assim, não deixe de aprimorar os seus conhecimentos através desse 
material disponível em https://bit.ly/41gVdOg.
DICA
• Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: ao longo do tempo, o 
homem vem assumindo os papéis de força, virilidade e invulnerabilidade, assim, 
afasta-se dos serviços de saúde e assume um comportamento de baixo autocuidado. 
Consequentemente, aumentam-se os índices de morbimortalidade (NOGUEIRA; 
ALCÂNTARA, 2014; OLIVEIRA et al., 2015).
Diante dessa situação, surgiu, em 2008, a primeira versão da Política Nacional 
de Atenção Integral à Saúde do Homem, com o argumento de que a saúde é um direito 
social básico e de cidadania de todos os homens brasileiros, e que os agravos do sexo 
masculino são verdadeiros problemas de saúde pública (BRASIL, 2008). Um dado 
primordial foi trazido em 2018, com as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), 
caracterizadas, principalmente, por  complicações cardiovasculares,  respiratórias 
crônicas, neoplasias e diabetes mellitus, que foram responsáveis por 55% do total das 
mortes no Brasil, sendo que os homens apresentaram mais risco de morte do que as 
mulheres em todos esses grupos. Esse risco foi aumentado entre os homens que faziam 
uso prejudicial de álcool e tinham uma dieta e um estilo de vida pouco saudáveis, com 
pressão alta e/ou alto índice de massa corporal. Por conta disso, o Ministério da Saúde 
tem mantido o cuidado da saúde masculina por meio de campanhas de prevenção e 
diagnóstico de diversas doenças, além de levar informações de prevenção e promoção 
de cuidados integrais para esse público. 
A saúde mental; as infecções, sexualmente, transmissíveis; as doenças crônicas 
(diabetes, hipertensão etc.); uma alimentação saudável; o combate ao tabagismo e o 
não consumo de bebidas alcoólicas; além da prática de atividades físicas devem ser 
pontos de destaque para a população masculina.
As atribuições dos enfermeiros e dos demais profissionais da APS podem ser 
desenvolvidas a partir de cinco eixos temáticos da Política Nacional de Saúde do Homem:
 
• Acesso e acolhimento.
• Saúde sexual e saúde reprodutiva. 
• Paternidade e cuidado.
• Doenças prevalentes da população masculina. 
• Prevenção de violência e acidente.
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Confira os destaques do site do Ministério da Saúde que tratam da 
temática: https://bit.ly/3KQ4UvU.
Leia o inquérito completo da pesquisa Vigitel 2020 em https://bit.
ly/3AbrV7L.
DICA
DICA
Dentro de cada um desses eixos, há situações complexas, e que exigem muito 
conhecimento teórico, com embasamento científico. Por conta disso, não deixe de 
buscar e conferir os complementos destacados em seguida. 
Nosso papel, como enfermeiros, é fundamental, pois interagimos com o 
homem, de modo a criar vínculos que só vêm a somar para as estratégias de promoção 
e educação em saúde, incluindo mudanças de comportamento e hábitos saudáveis 
(BEZERRA; JUNIOR, 2014).
• Política Nacional de Atenção da Pessoa Idosa: desde as quedas dos níveis de 
mortalidade, ocorridas a partir de 1940, e de natalidade, por volta de 1960, foram 
percebidas mudanças na estrutura da faixa etária da população, de um Brasil, 
predominantemente, jovem, para um país em processo de envelhecimento 
(VASCONCELOS; GOMES, 2012). Em 2017, pessoas com 60 anos ou mais 
representavam 12,51% da população brasileira, e estimativas do IBGE apontam que 
esse valor chegue a 29% em 2050 (BRASIL, 2017). 
Assim, foram iniciados os movimentos investigativo e de planejamento, a fim de 
buscar estratégias para o cuidado com essa população, principalmente, após o conceito 
de saúde alavancado pela Constituição Federal de 1988. O país avançou, desde então, 
com a Política Nacional do Idoso (PNI), a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa 
(PNSPI) e o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2006; 2009).
 
Segue uma figura que apresentará um panorama dos instrumentos de proteção 
à pessoa idosa no ordenamento jurídico brasileiro:
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Figura 1 – Panorama dos instrumentos de proteção à pessoa idosa no ordenamento jurídico brasileiro
Fonte: Romero et al. (2019, p. 139)
Acesse o livro eletrônico Brasil 2050 Desafios de uma Nação que Envelhece, 
e veja, na íntegra, as estratégias nacionais para o envelhecimento 
da população, através do olhar dos nossos governantes: https://bit.
ly/3AbsmPr.
DICA
As diretrizes nacionais trazem as seguintes questões para serem atingidas na 
RAS, conforme Brasil (2009): 
• Promoção de um envelhecimento ativo e saudável.
• Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa. 
• Estímulos a ações intersetoriais, que visem à integralidade da atenção. 
• Implantação de serviços de atenção domiciliar. 
• Acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitado o critério de risco.
• Provimento de recursos capazes de assegurar a qualidade da atenção à saúde da 
pessoa idosa. 
O enfermeiro desempenha um papel fundamental no processo

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