Buscar

FÍSICA-MÉDICA-1 Facuminas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FÍSICA MÉDICA 
 
 
 
2 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 4 
2. FÍSICA MÉDICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO .......................................................................... 6 
2.1.1 Breve Histórico da Física Médica no Brasil .......................................................................... 7 
2.1.2 Panorama da Física Médica no Brasil .................................................................................. 9 
3. A FÍSICA MÉDICA ........................................................................................................................... 11 
3.1.1 Estado da Arte ................................................................................................................... 13 
3.1.2 Desafios e perspectivas ..................................................................................................... 17 
4. A ATUAÇÃO DO FÍSICO-MÉDICO EM CLÍCAS E HOSPITAIS ............................................................ 22 
4.1.1 A formação de um físico médico e sua saída para o mercado de trabalho ...................... 25 
4.1.2 Brasil na área ..................................................................................................................... 27 
5. Relevância para a Sociedade ......................................................................................................... 28 
5.1.1 Formação de Pessoal ......................................................................................................... 28 
5.1.2 Desenvolvimento científico e tecnológico ........................................................................ 28 
5.1.3 Impacto na economia ........................................................................................................ 29 
5.1.4 Infraestrutura .................................................................................................................... 29 
5.1.5 Inclusão Social ................................................................................................................... 31 
6. DESCOBERTA DOS RAIOS-X ........................................................................................................... 33 
6.1.1 Da radioatividade .............................................................................................................. 34 
6.1.2 Utilização da Radioatividade ............................................................................................. 35 
7. RADIOTERAPIA .............................................................................................................................. 36 
7.1.1 Tratamento ........................................................................................................................ 36 
7.1.2 Teleterapia (do grego: terapia à distância) ....................................................................... 37 
7.1.3 Braquiterapia ..................................................................................................................... 37 
7.1.4 Duração do tratamento ..................................................................................................... 38 
7.1.5 Riscos da radioterapia ....................................................................................................... 38 
Referências ............................................................................................................................................ 39 
 
 
 
 
4 
1. INTRODUÇÃO 
 
A física médica é um ramo da física altamente especializado, interdisciplinar 
e que lida com tecnologias e métodos em constante evolução. Essas características 
fazem com que a educação tanto em nível de formação quanto de atualização 
profissional tenha características peculiares, sobretudo por envolver diferentes áreas 
do conhecimento (ciências exatas, biológicas e da saúde), e, também, 
necessariamente ter de acompanhar os rápidos avanços da tecnologia médica. As 
principais áreas de atuação da física médica são: radiologia diagnóstica e 
intervencionista, medicina nuclear e radioterapia (ABFM, 2011). 
Um dos principais desafios do ensino em física médica é a própria criação de 
recursos e materiais educacionais devido à alta especificidade, grande volume e 
necessidade de reformulação periódica (Tabakov, 2005). 
Tal contexto representa uma grande dificuldade para a capacitação de novos 
profissionais, e, especialmente, para atualização dos que já estão no mercado de 
trabalho. Como reflexo, a falta de profissionais atualizados, muitas vezes, impede a 
incorporação de técnicas mais modernas e complexas na prática clínica (Barton, 
Thode, 2010; Routsis et al., 2010). 
Essa realidade é ainda mais agravada em cenários de países em 
desenvolvimento, entre os quais o Brasil é um exemplo. O país conta com 
relativamente poucos profissionais, que são geograficamente mal distribuídos num 
território de grandes dimensões (mais concentrados nas regiões Sul e Sudeste, e, em 
menor número, no Nordeste e, sobretudo, no Norte), onde os recursos financeiros 
também são mal distribuídos. As únicas opções disponíveis no Brasil para educação 
profissional continuada são: a participação em congressos, ou a realização de 
estágios de curta duração em centros considerados de referência –ambos 
naturalmente concentrados nas regiões em que existem mais profissionais 
trabalhando. Portanto, considerando as questões geográficas e econômicas e as 
opções disponíveis, verifica-se um panorama constituído de um conjunto de barreiras 
que não só dificultam, mas, até mesmo, impedem os profissionais de se manterem 
atualizados; especialmente aqueles de regiões mais carentes e distantes e os que 
trabalham em centros menores, com menos recursos e que, por vezes, nem têm 
 
 
5 
possibilidade de se ausentar, por um período estendido, para uma atividade de estágio 
ou treinamento, por exemplo. 
A física médica é atualmente o segundo campo da física em demanda 
profissional no Brasil, abaixo apenas do ensino de física, mas ainda é pouco 
conhecida dos estudantes secundaristas. A física médica abrange uma ampla gama 
de aplicações na área da saúde e constitui um dos campos da física incluídos há 
muitas décadas na Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho 
e do Emprego, abrangendo as aplicações dos conceitos e técnicas físicas na medicina 
para o diagnóstico e o tratamento de males da saúde, de que todos nos utilizamos 
cotidianamente. 
A profissão foi recentemente classificada como “parte integrante da força de 
trabalho da saúde” pela Organização Mundial do Trabalho(OMT/ILO). Os 
profissionais conhecidos como físicos médicos atuam com o objetivo específico de 
melhorar a saúde e o bem estar dos seres humanos, e são hoje membros necessários 
das equipes multidisciplinares de oncologia hospitalar de radioterapia, tanto em 
pesquisa como no planejamento dos tratamentos. Podem também atuar na garantia 
de qualidade dos diversos equipamentos e técnicas de diagnóstico por imagens, 
incluindo toda a radiologia (radiografia, mamografia, tomografia computadorizada, 
densitometria óssea, radiologia intervencionista etc.), a ressonância magnética, o 
ultrassom e os procedimentos de imagem e terapia da medicina nuclear. São também 
profissionais adequadamente preparados para o monitoramento e o gerenciamento 
em proteção radiológica de pacientes e trabalhadores expostos a radiação. 
No Brasil, a formação em física médica pode começar em nível de graduação 
(já há mais de 10 bacharelados na área no país), mas deverá se completar depois em 
programas (teóricos e práticos) de residência profissional em física médica (hoje, há 
14 programas em hospitais, que oferecem cerca de 42 vagas na área por ano) ou 
academicamente em programas de pós-graduação. 
 
 
 
 
 
 
6 
2. FÍSICA MÉDICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO 
 
Física Médica é o ramo da Física que compreende a aplicação dos conceitos, 
leis, modelos, agentes e métodos empregados pela Física para prevenção, 
diagnóstico e tratamento de doenças. Atualmente, as aplicações da física na medicina 
têm aumentado progressivamente, em quantidade e qualidade, proporcionando 
métodos revolucionários de diagnóstico e tratamento de doenças. Além disso, vem 
mostrando a necessidade da incorporação de físicos médicos, com uma formação 
sólida em Física, Ciências Biológicas e da Saúde, aptos para atuar em hospitais, 
clínicas, centros de imagens e de pesquisas biomédicas, biológicas, industriais de 
instrumentação médica e odontológica, entre outras. 
Além da atuação profissional do Físico Médico em centro especializados da 
Saúde, é imprescindível mencionar a área das pesquisas em física aplicada à 
medicina e biologia. Essas áreas de pesquisa têm crescido fortemente nos últimos 
anos e tem ganhado um lugar de destaque entre as áreas de interface da física, 
biologia e medicina. Como exemplos, pode ser citada a física radiológica, terapia 
fotodinâmica, instrumentação biomédica, ultrassom diagnóstico e terapêutico, 
utilização de laser em medicina, nano biotecnologia, aplicações de métodos 
espectroscópicos, biomateriais, processamento e recuperação de sinais e imagens 
médicas, simulações computacionais no estudo de moléculas biologicamente ativas, 
dentre outras que também requerem a formação diferenciada do Físico Médico. Desta 
forma, o Curso de Física Médica do Instituto de Física da Universidade Federal de 
Goiás –UFG desempenha uma importante função social na formação e capacitação 
destes Físicos Médicos em nível de graduação. 
O curso de Física Médica da UFG é o primeiro a ser criado na região Centro-
Oeste. No Brasil, são oferecidos atualmente cerca de doze cursos de Física Médica 
por diferentes instituições de ensino superior, todos na maioria, localizados nas 
regiões Sul e Sudeste. Na UFG, nos últimos anos, o Instituto de Física incorporou um 
grupo de professores efetivos pesquisadores na área de Física Aplicada à Medicina e 
Biologia. Em decorrência disto, e com o objetivo de atender a crescente demanda de 
profissionais na área Biomédica, bem como contemplar os pareceres do Conselho 
Nacional de Educação (776/97 e 538/2001) foi criado o curso de Física Médica. Assim, 
o curso de Física Médica tem, portanto a missão de formar um profissional 
 
 
7 
responsável por desenvolver pesquisas básicas na área de Física Aplicada à Medicina 
e Biologia, ou atuar no mercado de trabalho desenvolvendo novos equipamentos para 
tratamento e diagnóstico biomédico. Após obter o diploma de Bacharel em Física 
Médica, o estudante poderá seguir carreira profissional em hospitais ou clínicas 
médicas, após ter realizado curso de especialização em Radiodiagnóstico, Medicina 
Nuclear ou Radioterapia ou atuar como Físico em Radioproteção. 
 
2.1.1 Breve Histórico da Física Médica no Brasil 
 
A evolução da tecnologia em Medicina vem sendo intensamente pautada por 
aplicações de conceitos e métodos da Física, tornando imprescindível a atuação 
constante de profissionais especializados da área de Exatas em atividades ligadas às 
ciências da saúde. Um trabalho fundamental desenvolvido por esses profissionais, em 
todos os setores em que atuam, relaciona-se com as aplicações de energia, conceitos 
e métodos para o diagnóstico e terapia de doenças humanas. Seguindo estes 
princípios, os profissionais ligados à Física Médica vêm desempenhando ao longo dos 
anos uma importante função na assistência médica e na pesquisa biomédica, 
procurando alcançar a otimização da proteção radiológica. Assim, foi se 
estabelecendo uma relação importante entre a qualidade da técnica, da proteção das 
pessoas e dos ambientes envolvidos. 
Estas necessidades propiciaram uma interação natural desses profissionais 
com várias especialidades da Medicina, que vêm contribuindo substancialmente para 
o progresso não só de tratamentos, mas também em Medicina Nuclear, 
Radiodiagnóstico, Cardiologia e outras ramificações técnicas de produção de imagem 
utilizando equipamentos de ultrassom e ressonância magnética. 
No Brasil, a formação de pós-graduação em áreas de Física Aplicada à 
Biociência era realizada nos cursos tradicionais com ênfase nas áreas de interesse 
de cada instituição; a partir dos anos 80, porém, iniciou-se a criação de cursos de 
aprimoramento (Especialização), aperfeiçoamento e de pós-graduação nas áreas 
específicas. Assim sendo, foram criados cursos de aprimoramento nos seguintes 
hospitais: Radioterapia, nos hospitais A. C. Camargo, Sírio Libanês, no hospital da 
Unicamp, nos Hospitais das Clinicas da Universidade de São Paulo-USP, no Hospital 
do Câncer de Barretos, no Hospital da Liga Paranaense de Combate ao Câncer, em 
 
 
8 
Curitiba, no Hospital do Câncer em Goiânia, e em Medicina Nuclear no CMN da USP; 
radiodiagnóstico no hospital da Escola Paulista de Medicina; e radioterapia e 
radiodiagnóstico no INCA e radiodiagnóstico e medicina nuclear no Hospital das 
Clínicas de Ribeirão Preto-SP. 
Em 1986, valendo-se da infraestrutura do “Campus” USP Ribeirão Preto e, 
principalmente, da experiência comprovada do seu corpo docente foi criado o 
programa de pós-graduação em Física Aplicada à Medicina e Biologia em nível de 
mestrado e depois estendido para o doutorado em 1995. Esse curso foi o primeiro 
nesta especialidade a ser oferecido na América Latina. Em 1987, é criado o Centro de 
Instrumentação, Dosimetria e Radioproteção (CIDRA) com a finalidade de prestação 
de serviços de extensão à comunidade. Esse Centro, além de desenvolver pesquisas 
aplicadas na área de física das radiações ionizantes treina estudantes de graduação, 
pós-graduação e técnicos, prestar assessoria e desenvolve equipamentos nessa área. 
Em 1990 a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul cria o 
primeiro curso de Física com ênfase em Física Médica no País. Dez anos depois, no 
ano 2000, é criado o primeiro curso de graduação em Física Médica do Brasil, no 
Campus da USP de Ribeirão Preto. Desde então, várias outras universidades 
brasileiras abriram cursos similares nessa área. 
Referindo-se a formação básica, atualmente, existem no Brasil 12cursos de 
Graduação em Física Médica; 9 cursos de Pós-Graduação em Física Médica; 14 
cursos regulares de Aprimoramento ou especialização em Física Médica, sendo que 
7 são cursos de Aprimoramento em Radioterapia (20 vagas/ano); 3 cursos de 
Aprimoramento em Medicina Nuclear (3 vagas/ano); 2 cursos de Aprimoramento em 
Proteção Radiológica (2 vagas/ano); 2 cursos de Aprimoramento em Radiologia (1 
vaga/ano),todos os cursos aprimoramento possuem uma duração de 2 anos e uma 
carga horária média de 3.747 horas. Geograficamente, a maioria absoluta dos cursos 
de aprimoramento encontra-se distribuídos no Sul e Sudeste, com 9 instituições no 
estado de São Paulo, 1 em Minas Gerais, 1 no Paraná e 1 no Rio de Janeiro e 1 no 
Rio Grande do Sul. 
Neste contexto, o curso de Física Médica da UFG colabora para 
descentralizar e democratizar a presença de Físicos Médicos pelo território nacional. 
Estruturar e atualizar a formação desses profissionais é um desafio para um futuro 
 
 
9 
próximo. Caso contrário, corre-se o risco de nossos jovens serem substituídos por 
mão de obra estrangeira, como já vem ocorrendo em alguns setores produtivos da 
nossa indústria. Além da formação de recursos humanos qualificados, outro desafio 
será estimular tanto a pesquisa básica quanto a pesquisa aplicada e a inovação, 
ambicionando o desenvolvimento de tecnologia nacional para suprir as necessidades 
internas na área biomédica. Com a criação do curso de Física Médica, o Instituto de 
Física da UFG prepara-se para enfrentar esses desafios. 
 
2.1.2 Panorama da Física Médica no Brasil 
 
O Físico Médico é um profissional altamente qualificado indispensável para o 
sucesso e a segurança das diferentes aplicações de radiações ionizantes e não-
ionizantes, de lasers e de nanotecnologia, nos mais diversos procedimentos médicos. 
Os frutos do seu trabalho estão presentes em todos os grandes hospitais e centros de 
saúde. O Brasil, no entanto, se defronta com grandes dificuldades para a formação 
desses profissionais. Os números de cursos de graduação são insuficientes e a 
maioria oferece uma formação voltada para a área de radiações ionizantes. Atender 
a demanda de diversas áreas e as oportunidades de pós-graduação são escassas. 
Diante da falta de divulgação, até mesmo os graduandos em Física desconhecem as 
várias oportunidades de trabalho na área de Física Médica. Poucos cursos e 
desconhecimento de oportunidades justificam, portanto, o pequeno número de 
aproximadamente 500 Físicos Médicos em atividade no país, principalmente nas 
regiões Sudeste e Sul. O Estado de Goiás conta atualmente (2014)com apenas 7 
Físicos Médicos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existe a 
necessidade de 5 a 20 Físicos Médicos por milhão de habitantes. Tomando por base 
o número médio de 13 profissionais por milhão de habitantes, seriam então 
necessários aproximadamente 80 Físicos Médicos só no Estado de Goiás e um total 
de 2000 no Brasil todo. Segundo dados fornecidos pelo Cadastro Nacional de 
Estabelecimentos de Saúde (CNES), acredita-se que o mercado de trabalho potencial 
em Física Médica no Brasil está disponível através de aproximadamente: 33.650 
serviços de diagnóstico por imagem, 215 serviços de radioterapia, e 799 centros de 
Medicina Nuclear. No contexto do Estado de Goiás, por exemplo, os dados 
relacionados à infraestrutura e pessoal revelam que somente a cidade de Goiânia 
 
 
10 
dispunha em 2012 de um contingente de 5.326 Médicos, 2 centros de Radioterapia, 
13 centros de Medicina Nuclear equipados com 5Tomógrafos por Emissão de Pósitron 
–PET/CT, 53 hospitais gerais, 594 clínicas de diagnóstico por imagem, 35 serviços de 
radiologia equipados com 41 tomógrafos computadorizados, 15 tomógrafos de 
imagem por ressonância magnética nuclear e 2 faculdades de medicina. 
Com a implantação do Curso de Física Médica, o Instituto de Física espera 
contribuir para a consolidação das atividades de pesquisa básica e aplicada nessa 
instituição, e também nas unidades da UFG, futuras universidades autônomas no 
interior do Estado. Além de proporcionar oportunidade para o futuro profissional atuar 
em empresas, hospitais, clinicas e centros de pesquisa nas áreas biomédicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
3. A FÍSICA MÉDICA 
 
Segundo a Associação Brasileira de Física Médica (ABFM), a Física Médica 
é o ramo da Física que compreende a aplicação dos conceitos, leis, modelos, agentes 
e métodos da Física para prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, 
desempenhando uma importante função na assistência médica, na pesquisa 
biomédica e na otimização da proteção radiológica. Atualmente a Física Médica aplica 
os fundamentos físicos de múltiplas técnicas terapêuticas, proporciona a base 
científica para a compreensão e desenvolvimento das modernas tecnologias que têm 
revolucionado o diagnóstico médico e estabelece os critérios para a correta utilização 
dos agentes físicos empregados em Medicina. 
Finalmente estabelece, em colaboração com a Bioengenharia, as bases 
necessárias para a medida das variáveis biomédicas e aporta, junto com a biofísica, 
os fundamentos necessários para o desenvolvimento de modelos que explicam o 
funcionamento do corpo humano. 
O desenvolvimento mais importante da Física Médica, tal como a entendemos 
atualmente, tem lugar a partir do descobrimento dos raios-x e da radioatividade, dado 
seu impacto decisivo na moderna diagnose e terapêutica médica. Esses 
descobrimentos marcam um hiato histórico na aplicação dos agentes físicos em 
Medicina, ao proporcionar métodos revolucionários de diagnóstico e tratamento de 
doenças. Em coerência com essa realidade desenvolveu-se a necessidade de 
incorporar profissionais da Física nos grandes hospitais e clínicas em todo o mundo. 
O campo de atuação de um Físico Médico é bastante amplo, proporcionando 
várias opções de trabalho e de estudo. Há um alto grau de diversidade e complexidade 
nas atividades da área, precisando o profissional estar capacitado para atender às 
seguintes áreas: 
 Radiações ionizantes 
Na área relacionada à exposição à radiação ionizante, as atribuições e 
responsabilidades do físico médico estão razoavelmente estabelecidas e 
regulamentadas, estendendo-se seu campo de atuação aos órgãos públicos, como a 
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária, Ministério da Saúde, por meio do Grupo Assessor Técnico Científico em 
 
 
12 
Radiação Ionizante, Secretarias Estaduais de Saúde. O formado em Física Médica 
está apto, pois, a executar o controle ou comandar o pessoal encarregado pela 
proteção radiológica de pacientes, médicos (radiologistas, cardiologistas, cirurgiões), 
dentistas, técnicos e outros profissionais expostos à radiação ionizante, além de 
garantir a qualidade de equipamentos utilizados em clínicas, consultórios e hospitais. 
Por meio da Associação Brasileira em Física Médica (ABFM), entidade 
privada, mas autorizada a certificar as qualificações profissionais de indivíduos 
elegíveis, pode ser feito o credenciamento do Físico Médico, em três especialidades: 
Radiodiagnóstico, Medicina Nuclear e Radioterapia. Esse credenciamento habilita o 
formado a manipular equipamentos que trabalham com radiação ionizante, executar 
atividades de calibração e avaliar o desempenho de equipamentos médicos 
hospitalares. Saberá também realizar Planejamento Radioterápico cuidando da 
proteção radiológica por meio da avaliação de blindagens, levantamentos da eficiência 
de blindagens, cálculo de dose nos procedimentos médicos, avaliação de risco em 
mulheres grávidas expostas à radiação ionizante, etc. 
 Imagens médicas 
Uma área interessante de atuação do formado é o campo das imagens 
médicas. Tanto a aquisição de dados para a formação das imagens, quanto o seu 
processamento, fazem parte dos conhecimentos adquiridos pelos alunos do curso. No 
ambiente clínico de imagens médicas, o profissional em Física Médica será importante 
nos testes de aceitação de equipamentos, de programas de Controle de Qualidade 
(CQ), de otimização de técnicas e protocolos de imagens. 
 Instrumentação biomédica, consultoria e fiscalização de serviços e 
equipamentos 
Essa área de atuação tem crescido rapidamente nos últimos anos, motivada 
principalmentepela necessidade de egressos com habilidade e aptidões para 
enfrentar o desafio de lidar com equipamentos e métodos complexos, que têm sido 
utilizados com frequência crescente na Biologia e na Medicina, em clínicas, centros 
médicos, hospitais, empresas na área de saúde, institutos de pesquisa, universidades. 
Destaca-se a área de desenvolvimento de instrumentação, aquisição de 
equipamentos e gerenciamento de instalações. 
 
 
13 
 Pesquisas em Física Médica e treinamento de pessoa 
Vinculados às universidades ou institutos de pesquisa, o formado estará 
preparado a desenvolver trabalhos de pesquisas nas diversas áreas de atuação da 
Física Médica, como física das radiações, biomagnetismo, terapia fotodinâmica, redes 
neurais, utilização de laser em medicina, aplicações de métodos espectroscópicos, 
biomateriais, imagens médicas e de simulações computacionais no estudo de 
moléculas biologicamente ativas, dentre outras. Além da atuação em pesquisa em 
física aplicada à medicina e biologia, o formado está apto para desenvolver pesquisas 
nas áreas tradicionais de física, como: física estatística, materiais, etc. Poderá 
também dedicar-se a atividades de ensino em programas para residentes de 
Radiologia, em treinamento de técnicos e em educação continuada. Estará também 
capacitado a dar apoio a projetos de pesquisa clínica e na avaliação de novas 
tecnologias. 
 
3.1.1 Estado da Arte 
 
A Física Médica é o ramo da Física que compreende a aplicação dos 
conceitos, leis, modelos, agentes e métodos da Física para o diagnóstico e tratamento 
de doenças, desempenhando uma importante função na assistência médica, na 
pesquisa biomédica e na otimização da proteção radiológica. A Física Médica 
proporciona a base científica para a compreensão e desenvolvimento de modernas 
tecnologias que têm revolucionado o diagnóstico e a terapia, estabelecendo os 
critérios para assegurar a correta e efetiva utilização dos agentes físicos na Medicina. 
Em colaboração com a Bioengenharia, fornece ainda as bases necessárias para a 
medida das variáveis biomédicas e aporta, junto com a biofísica, os fundamentos 
necessários para o desenvolvimento de modelos que explicam o funcionamento do 
corpo humano. 
A Física Médica foi criada quando avanços da física puderam ser 
incorporados à área médica. Leonardo da Vinci, no século XVI, pode ser considerado 
como o primeiro físico médico devido a seus estudos de biomecânica, como a 
locomoção humana e o movimento do coração, e do sangue no sistema 
cardiovascular. 
 
 
14 
Os conhecimentos físicos de óptica possibilitaram a invenção do microscópio, 
que por sua vez ajudou os médicos a compreenderem melhor as estruturas biológicas, 
assim como a descobrir a existência dos microorganismos no século XVII. 
No século XVIII, o cientista e médico italiano Luigi Galvani descobriu que 
músculos e células nervosas eram capazes de produzir eletricidade. A partir dessa 
relação entre eletricidade e corpo humano, e com o avanço da ciência do 
eletromagnetismo no século XIX, novas contribuições ao tratamento e ao diagnóstico 
médico puderam ser feitas por cientistas como D’Arsonval. O desenvolvimento da 
eletrocardiografia e da eletroencelografia só foi possível com tecnologias como 
voltímetros gravadores de sensibilidade e o galvanômetro criado por Einthoven. Esses 
conhecimentos deram origem a novas áreas, como a bioeletricidade e o 
bioeletromagnetismo. 
Um exemplo notável de cientista cujos trabalhos em física e em medicina se 
confundiam é Hermann von Helmholtz. Seu primeiro trabalho científico foi sobre a 
conservação de energia, inspirado em seus estudos sobre o metabolismo muscular. 
Também revolucionou o campo da oftalmologiaquando inventou o oftalmoscópio e 
realizou estudos sobre acústica e audição. Um dos últimos objetos de estudo de 
Helmholtz foi o eletromagnetismo, sendo o primeiro a demonstrar a radiação 
eletromagnética. 
A descoberta dos raios X pelo alemão Wilhelm Conrad Röntgen, em 1895, é 
um marco da Física que teve grande impacto na Medicina. Além de render-lhe o 
primeiro Prêmio Nobel de Física, o trabalho de Röntgen abriu caminho para estudos 
que renderiam o terceiro prêmio, dado a Antoine Henri Becquerel, Pierre e Marie Curie 
pelas observações e interpretações de resultados sobre as emissões de partículas 
provenientes de corpos radioativos (radioatividade). Em 1908, por formular hipóteses 
sobre substâncias radioativas, Ernest Rutherford foi laureado com o Nobel de 
Química. 
Além desses, muitos outros pioneiros cientistas receberam o Nobel pelos seus 
trabalhos com a radioatividade. Apesar de sua utilização na Medicina ser datada 
desde sua descoberta, com a utilização da substância rádio no tratamento de câncer 
de pele, os perigos de uma utilização não controlada foram rapidamente evidenciados, 
com a doença e morte de alguns desses cientistas. A partir dessa preocupação, foram 
 
 
15 
criadas as primeiras organizações internacionais responsáveis pelas recomendações 
de proteção radiológica. 
A utilização de raios X e radioatividade no diagnóstico e na terapia foram 
responsáveis pela introdução dos físicos em hospitais. O físico e matemático suíço 
Theophil Friedrich Christen doutorou-se em Medicina em 1905. Por razões de 
treinamento médico, visitou importantes hospitais em Londres e nos EUA. Depois de 
retornar dos EUA, abriu em Berna uma clínica médica, onde se ocupou principalmente 
da recente Radiologia e se preparou para o exame de habilitação em fisioterapia. Em 
1908, diante da Faculdade de Medicina de Berna, na área de Física Médica, defendeu 
uma tese não convencional para a época: "A Clareza das Chapas Médicas como 
Problema de Absorção". 
Em um hospital em Boston, nos EUA, o físico William Duane iniciou um 
trabalho com fontes de radônio para o tratamento de câncer em 1913. No mesmo ano, 
outro físico, Sydney Russ, começou a trabalhar no Middlesex Hospital em Londres. 
Gioacchino Failla, em Nova York, trabalhava no uso de radiações em terapia, no ano 
de 1915. 
Como área de atuação, estava criada a Física Médica. Na década de 50, 
médicos e profissionais de Física Médica já atuavam em conjunto. Nas décadas de 
60 e 70 foram criadas legislações que estabeleceram a presença deste profissional 
em algumas áreas médicas, como por exemplo, em radioterapia e medicina nuclear. 
No Brasil, esta área foi mais bem estruturada com a criação, em 1969, da Associação 
Brasileira de Física Médica (ABFM). 
Atualmente a Física Médica é desenvolvida principalmente nas áreas de 
radiologia diagnóstica e intervencionista, medicina nuclear, radioterapia, radiocirurgia, 
proteção radiológica, metrologia das radiações, biomagnetismo, radiobiologia, 
processamento de sinais e imagens biomédicas, clínica e epidemiológica. 
Apesar do surgimento da Física Médica estar associado ao uso da radiação 
ionizante, essa área do conhecimento não se restringe a esse tipo de radiação. Assim, 
a crescente contribuição da Física Médica é uma consequência natural da evolução 
da ciência moderna e da tecnologia, com grande impacto na saúde da população. 
Como exemplo, há a Biofotônica que tem apresentado intenso desenvolvimento de 
novas técnicas de diagnóstico e terapia. 
 
 
16 
O físico médico pode atuar em diversos ramos: como professor de instituição 
de ensino superior; como pesquisador de centros e instituições, gerando novos 
conhecimentos e métodos para serem utilizados em diagnóstico, tratamento e 
processos relacionados à área médica; e trabalhando em centros médicos (clínicas e 
hospitais), onde atua lado a lado com outros profissionais da área de saúde, ou em 
empresas de desenvolvimento e comercialização de equipamentos médico-
hospitalares, atuando na área técnica. 
Pode trabalhar também em empresas especializadas na prestação de 
serviços de controle da qualidade de equipamentos de alto teor tecnológico, em 
projetos de controleda radiação (transporte de material radioativo, cálculo de 
barreira/proteção radiológica), em institutos controladores e reguladores de radiação 
ionizante, em órgãos de vigilância sanitária e na indústria de equipamentos de 
diagnóstico e terapia. Existe ainda a possibilidade de ministrar cursos de formação de 
pessoal técnico qualificado, como técnicos e tecnólogos em radiologia, entre outros 
profissionais da área da saúde. 
O físico médico é indispensável no planejamento radioterápico, no 
desenvolvimento, controle e emprego de equipamentos como mamógrafos, 
tomógrafos de raios X, aparelhos de ressonância magnética nuclear, cintilografia, 
entre outros, e no uso de técnicas que empregam laser, podendo atuar ainda na 
proteção radiológica de trabalhadores da área de saúde e do público em geral. O físico 
médico é responsável pela otimização dos protocolos de aquisição de imagens e 
dosimetria, garantindo a segurança radiológica dos pacientes e a qualidade 
diagnóstica das imagens. Ele é capacitado a avaliar, por exemplo, a eficiência de 
blindagens em setores que utilizam equipamentos com fontes de radiação, e, com 
pós-graduação, a trabalhar em universidades e centros de pesquisa. Como o físico 
médico trabalha sempre com a interdisciplinaridade de áreas, necessita de 
conhecimentos sólidos em física, matemática, informática, química e nas áreas 
biológicas, principalmente anatomia, fisiologia, biologia celular e tecidual e 
farmacologia, entre outras disciplinas. 
 
 
 
 
17 
3.1.2 Desafios e perspectivas 
 
Como a Física Médica é uma área multi e interdisciplinar, é essencial que os 
físicos que nela atuam tenham uma formação voltada para essas características. 
Entretanto, existem poucos cursos de graduação em Física ou áreas correlatas com 
currículos enfocando as necessidades dessa especialidade e, para dificultar, um 
número significativo de profissionais tem atuado em estabelecimentos de saúde 
diversos, sem o treinamento e capacitação prévios adequados em ambiente clínico 
nessa especialidade. 
Esse panorama identifica o primeiro desafio geral a ser vencido: a formação 
de físicos qualificados para atuarem nas diferentes áreas e funções. Os cursos de 
graduação com essa finalidade devem ter, além de uma sólida base em física, um 
enfoque dirigido às práticas e aos objetivos da área desde o início, para que os 
egressos possam ingressar no mercado de trabalho com um treinamento dado sob a 
supervisão, em um hospital ou clínica, por um ou mais físicos médicos experientes já 
atuantes na área (relação aluno-preceptor). Será também importante o 
estabelecimento de centros de referência e programas de intercâmbio para 
treinamento de profissionais provenientes de regiões nas quais as novas tecnologias 
não tenham sido implementadas. Não se pode esquecer da formação de físicos 
egressos de cursos tradicionais que queiram entrar na área. Isso pode ser feito com 
programas de especialização e treinamento sistematizados em centros clínicos bem 
equipados e com equipes com profissionais qualificados de várias áreas. Nesse 
sentido, é imprescindível a abertura de programas de residência multiprofissional em 
Física Médica, nas suas modalidades tradicionais, nas diversas regiões do país. 
Um segundo desafio para os físicos médicos: a educação, principalmente dos 
diferentes profissionais de saúde - técnicos e tecnólogos em radiologia, biomédicos, 
pessoal da enfermagem, médicos, engenheiros clínicos e biomédicos - sobre os riscos 
e benefícios das radiações ionizantes e não-ionizantes. Apesar do esforço dos físicos, 
as dúvidas e os vícios de procedimentos, assim como os mitos e os medos, sempre 
voltam, e há necessidade de uma contínua atenção na educação dos profissionais, 
para que seja garantida a segurança do atendimento aos pacientes e dos próprios 
trabalhadores ocupacionalmente expostos à radiação. 
 
 
18 
Também se faz necessária a divulgação à população em geral dos riscos e 
benefícios das radiações ionizantes e não-ionizantes, em especial o esclarecimento 
com a apresentação de estudos epidemiológicos para combater o preconceito 
decorrente de mitos e medos associados à radiação. 
Quando se consideram os resultados de grupos de pesquisas e as aplicações 
clínicas, surge um terceiro desafio no âmbito geral da Física Médica: como melhorar 
e implementar novas parcerias entre hospitais e universidades e centros de pesquisa, 
para que se gere mais conhecimento na área e se amplie a formação dos físicos 
médicos? Como mencionado, essa parceria tem duas vias, e ambas devem ser 
aproveitadas completamente. Em geral, a interação se dá no âmbito individual e 
pontualmente, de pesquisador com pesquisador e num aspecto particular de comum 
interesse. Muitas vezes, uma divulgação com consequente discussão mais ampla 
pode resultar num melhor aproveitamento do tópico ou da metodologia em pauta. A 
criação de espaços acadêmicos congregando profissionais, pesquisadores e 
estudantes de diversas áreas do conhecimento para a troca de experiências 
profissionais e científicas, seja através de programas de pós-graduação 
interdisciplinares stricto e lato sensu nas universidades ou de residência 
multiprofissional em hospitais, pode contribuir para aumentar a massa crítica em 
Física Médica e fomentar a geração de conhecimento de vanguarda com vistas a 
aplicações clínicas. 
O quarto desafio envolve a implementação de parcerias entre grupos de 
pesquisa e fabricantes de equipamentos e/ou empresas de software da área da 
saúde, para que resultados importantes não sejam deixados em prateleiras dos 
centros de pesquisa e encontrem uso através da incorporação nos produtos 
comerciais, que são dominados por multinacionais. O outro lado dessa questão não é 
discutido, pois, em geral, esses fabricantes já financiam projetos de seu interesse em 
centros de pesquisa ou universidades em seus países de origem ou, então, 
simplesmente implementam algoritmos publicados em revistas cientificas em seus 
sistemas. Uma possível solução - principalmente, nas áreas de imagens, proteção 
radiológica e controle da qualidade - é a instalação de microempresas de 
desenvolvimento de software e de prestação de serviços ou, ainda, fabricantes de 
equipamentos de menor custo, como os medidores de sinais elétricos e fisiológicos, 
simuladores e dispositivos para controle de qualidade. Essa alternativa exige outras 
 
 
19 
habilidades que fogem do escopo da formação tradicional dos físicos, necessitando 
de parcerias com outros profissionais, como engenheiros e administradores. 
O quinto desafio é o pequeno número de egressos do ensino médio que optam 
pela carreira de física e, consequentemente, optam pela carreira de físico médico. 
Desconhecida da maior parte da população, ainda existe um grande desconhecimento 
sobre as áreas de atuação do físico médico, mesmo entre os físicos. 
A lista de desafios não se limita a esses cinco, que são os mais presentes e 
que requerem reflexões por parte dos físicos. O desenvolvimento desta área é 
fundamental para o progresso da tecnologia e atendimento em Saúde no país. Para 
isso, precisamos fortalecer a profissão de físico médico através do estabelecimento 
de definições precisas das qualificações de um especialista nessa área; criação de 
programas de graduação, especialização e pós-graduação na área; estabelecimento 
de comitês de supervisão de atividades de treinamento. Os objetivos futuros incluem 
estabelecer a profissão de físico médico como uma das especialidades de uma 
carreira de física independente, como ocorre com enfermeiros, dentistas, 
fonoaudiólogos, fisioterapeutas e outros profissionais da área de saúde; definir de 
forma clara tarefas e responsabilidades do físico médico; estabelecer regulamentos 
que evitem a atuação de indivíduos sem qualificação. 
Do ponto de vista cientifico, existe um fluxo constante de inovação advinda do 
desenvolvimento de novosprincípios e técnicas na ciência em geral e, em particular, 
da física, possibilitando que com novas técnicas haja diminuição de custos de 
tratamento e redução da taxa de mortalidade. Existe uma preocupação constante em 
se diminuir os níveis de exposição às radiações ionizantes nos procedimentos 
radiológicos, particularmente nos sistemas com captura digital de imagens. O 
desenvolvimento e uso de equipamentos e modalidades de diagnóstico que 
possibilitam a obtenção simultânea de imagens anatômicas e funcionais vem 
crescendo, exigindo novas competências na área. A radioterapia vem passando por 
uma grande revolução com técnicas conformacionais, terapias guiadas por imagem e 
futuramente pela fisiopatologia celular. Medidas ultra-sensíveis de campos 
magnéticos na ordem de um bilhão de vezes mais fracos que o campo magnético da 
Terra permite que se estude a atividade cerebral de forma não invasiva. De forma 
análoga a utilização de métodos ópticos não invasivos vem sendo utilizado no 
diagnóstico de várias patologias, seja por métodos de imagens, seja por métodos 
 
 
20 
espectroscópicos de fluorescência ou vibracional. O laser é cada vez mais utilizado 
em procedimentos médicos e em algumas situações é a única opção de tratamento. 
Atualmente a remoção de caries já deixou de ser um procedimento desconfortável e 
desagradável com o advento de lasers ablativos em tecidos mineralizados. A terapia 
fotodinâmica antimicrobiana tem sido uma excelente alternativa de tratamento em 
medicina bucal e na pele, assim como nos últimos anos lasers ou LEDS de baixa 
potência tem prevenido e tratado a mucosite (efeito colateral da radioterapia ou 
quimioterapia), sendo o Brasil líder nestas aplicações clínicas. Além disso, técnicas 
de dois fótons poderão levar a terapia fotodinâmica para o interior do corpo humano 
permitindo o tratamento de tumores mais profundos. As nanopartículas estão na 
ordem do dia através de agentes de contraste para o trato gastrointestinal e como 
possíveis carregadores de agentes para o aumento da eficácia da radioterapia, da 
terapia fotodinâmica antimicrobiana, ou ainda no aumento dos sinais ópticos de 
espectroscopia Raman ou FTIR para diagnóstico diferencial de microorganismos, 
células ou neoplasias. A medida de pequenos fluxos sanguíneos só é possível com a 
o laser Doppler, indicando de forma rápida e não invasiva se um tecido está em 
processo de necrose. As ondas acústicas, através do ultrassom, começam a ser 
utilizadas para o tratamento de células cancerígenas. A lista é extensa e para que 
possamos nos manter atualizados, investimentos contínuos e substanciais se fazem 
necessários. 
O(a) Físico(a) Médico(a) pode exercer funções em 3 sectores de atividade: 
hospitalar, investigação e docência. 
De uma forma muito genérica, as principais responsabilidades do(a) Físico(a) 
Médico(a) que exerce em ambiente hospitalar são as seguintes: 
 Medição e caracterização da radiação; 
 Desenvolvimento, implementação e supervisão de programas de 
garantia da qualidade; 
 Estabelecimento de protocolos adequados para garantir a administração 
correta e precisa da radiação ao doente; 
 Determinação da dose administrada ao doente; 
 Desenvolvimento dos procedimentos necessários para assegurar a 
qualidade da imagem; 
 
 
21 
 Colaboração com os restantes profissionais da saúde na optimização do 
balanço entre os efeitos benéficos e os efeitos nocivos da radiação; 
 Definição das especificações técnicas dos equipamentos e planificação 
de novas instalações; 
 Desenvolvimento, implementação e supervisão de programas de 
proteção e segurança contra as radiações para trabalhadores e pacientes. 
Segundo as recomendações europeias, o(a)s Físico(a)s Médico(a)s que 
trabalham em ambiente hospitalar, devem possuir para além de uma formação 
académica sólida em física (nível de mestrado em Física Médica), uma formação 
profissional em ambiente hospitalar de pelo menos dois anos. 
Na área da investigação, encontramos um campo muito vasto de trabalhos de 
desenvolvimento de novas técnicas, instrumentos e tecnologias que têm como 
objetivo um avanço nas áreas da prevenção, do diagnóstico e do tratamento de 
doenças. 
Na sua grande maioria o(a)s Físico(a)s Médico(a)s desenvolvem atividades 
de docência em universidades e institutos. Nestes, leccionam diversas disciplinas 
ligadas à Física Médica e Proteção Radiológica numa grande variedade de cursos 
(Física, Engenharia Física, Engenharia Biomédica, Biofísica, Medicina, Tecnologias 
de Diagnóstico e Terapêutica) apoiando ainda projetos de mestrado e doutoramento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
4. A ATUAÇÃO DO FÍSICO – MÉDICO EM CLÍNICAS E HOSPITAIS 
 
Para explicar o trabalho de um Físico-Médico nos hospitais e clínicas 
iniciaremos com um breve histórico da origem da chamada Física Médica. O 
desenvolvimento mais importante da Física Médica, tal como a entendemos 
atualmente, tem lugar a partir do descobrimento dos raios X por W. C. Roentgen e da 
radioatividade (a emissão espontânea de radiação vinda de um material) por A.H. 
Becquerel, dado seu impacto decisivo no diagnóstico de doenças e na terapêutica 
médica moderna. Descobriu a radioatividade em1896 utilizando o sulfato duplo de 
Urânio e Potássio. Concluindo através de experimentos que este emitia radiação sem 
a necessidade de uma fonte de energia, no caso o Sol. 
Em contrapartida alguns meses após a descoberta dos raios X ocorreram os 
primeiros efeitos biológicos em seres vivos, os acidentes cutâneos, devido à utilização 
deste tipo de investigação clínica. Esta fase varia de minutos a anos, dependendo dos 
sintomas. É bom salientar que o efeito biológico constitui uma resposta natural do 
organismo, ou parte dele, a um agente agressor ou modificador. O surgimento destes 
efeitos não significa necessariamente uma doença, pois, se a quantidade de efeitos 
biológicos for pequena, o organismo pode recuperar tais danos sem que a pessoa 
perceba. 
Estas descobertas marcam a história da aplicação da Física em Medicina, 
proporcionando métodos revolucionários de diagnóstico e tratamento de doenças. Em 
conexão com esta realidade se desenvolveu a necessidade de incorporar profissionais 
da Física nos grandes hospitais e clínicas em todo o mundo. Atualmente a Física 
Médica aplica os fundamentos físicos de múltiplas técnicas terapêuticas, 
proporcionando a base científica para a compreensão e desenvolvimento das 
modernas tecnologias que têm revolucionado o diagnóstico médico além, de 
estabelecer os critérios para o correto emprego da radiação ionizante em Medicina. 
No entanto, sabe-se que sete anos após a descoberta dos raios X é descrito 
na literatura médica o primeiro caso de câncer induzido pela utilização exagerada da 
radiação ionizante. As radiações dizem-se ionizantes quando sua energia 
suficientemente elevada para que sejam capazes de provocar a ionização de uma 
molécula de ar. Para ionizar uma molécula de água ou ar, uma partícula tem de ter 
 
 
23 
uma energia superior a 14 e V (um elétron-volt e V ) é a energia adquirida de um 
elétron submetido a uma diferença de potencial de 1volt).Os raios X variam entre 1000 
e V a algumas dezenas de milhões de e V, o que o torna ionizante. 
O campo de atuação do Físico-Médico é diversificado, pois ele trabalha, 
principalmente, nas áreas de Radiobiologia Clínica e epidemiológica, Radiologia 
Diagnóstica e Intervencionista, Radioterapia, Medicina Nuclear, Radiocirurgia, 
Biomagnetismo, Proteção Radiológica e Metrologia das Radiações Ionizantes. Este 
profissional desenvolve atividades que vão desde a instalação, manutenção e controle 
de qualidade dos mais diversos equipamentos, como também dos serviços de saúde 
prestados à comunidade. Determinam planos de terapias e controle de radiações, 
apontando quando há riscos para os trabalhadores, pacientes, indivíduos do público 
e meio ambiente. 
Consequentemente,os profissionais de Física Médica são indispensáveis na 
utilização de tecnologias de ponta, por exemplo, aceleradores lineares clínicos, 
tomógrafos gama, sistema de braquiterapia de alta taxa de dose, tomógrafos de 
ressonância magnética, entre outros. 
As organizações internacionais oficiais como a OMS, OPS, IAEA e OIT 
consideram o especialista em Física Médica de grande importância para as práticas 
em Medicina (conf. IAEA-SS115/96). De acordo com a Associação Brasileira de Física 
Médica – ABFM (2000), a competência básica de um Físico-Médico é: 
Em Radiodiagnóstico: 
“Os físicos especialistas nesta área deverão possuir conhecimentos sobre a 
Física Médica básica, bem como sobre técnicas associadas como a ressonância 
magnética nuclear e ultra-sonografia, além de radioproteção.” 
Em Radioterapia: 
“Os físicos especialistas nesta área deverão possuir conhecimentos sobre a 
Física Médica básica, bem como sobre técnicas de planejamento de tratamento, 
dosimetria de feixes terapêuticos, calibração de sistemas remotos de"after-loading", 
radiobiologia, além de radioproteção.” 
 
 
 
 
24 
Em Medicina Nuclear: 
“Os físicos especialistas nesta modalidade devem estar aptos a realizar as 
atividades específicas associadas a ela. Além disso, eles devem possuir uma 
formação geral e básica sobre a Física-Médica, em especial, sobre as outras 
modalidades de imagens médicas como a radiologia, a ressonância magnética 
nuclear a ultra-sonografia, além de radioproteção.” 
Nota-se que de todas as competências do Físico em Medicina existe uma 
importantíssima e geral para todas as áreas de atuação: A proteção radiológica 
(radioproteção). É possível que pelo fato das normas de radioproteção terem sido 
feitas por médicos radiologistas, estes tenham priorizado a própria segurança, devido 
à pressão econômica firmada pelos hospitais, que não poderiam dar conta de todo o 
custo para a proteção de todos os envolvidos na utilização da radiação. As margens 
de segurança são consideráveis para quem trabalha diretamente com a radiação. A 
sua aplicação é facilitada pela utilização de aparelhos sensíveis capazes de medir 
doses milhões de vezes inferiores as que provocam efeitos biológicos. 
Segundo Maurice Tubiana e Michel Bertin (1976), a proteção radiológica é um 
conjunto de medidas adotadas para resguardar o homem dos perigos das radiações 
ionizantes, permitindo ao mesmo tempo a sua utilização na medicina. O objetivo da 
radioproteção de acordo com a CNEN11 e ICRP, é impedir (ou tornar mínimo) os 
possíveis efeitos danosos decorrentes das radiações ionizantes. Para que as medidas 
de radioproteção sejam adotadas é necessário conhecer as bases físicas que regem 
a radiologia. Para isso é fundamental associar os conceitos físicos aos mecanismos 
diferenciais de atenuação da radiação com a matéria. Para tanto, torna-se evidente a 
necessidade de um Físico em Medicina, principalmente porque ele se constitui 
também em um agente pedagógico para a boa utilização da tecnologia, bem como de 
sua manutenção e prevenção de acidentes. 
A Física Médica é, então, o ramo da Física que abrange a aplicação das leis, 
conceitos, modelos, agentes e métodos da física para a prevenção, diagnóstico e 
tratamento de doenças, exercendo uma importante função na assistência médica, na 
pesquisa biomédica e na otimização da proteção radiológica. Finalmente, 
estabelecem, em cooperação com a Bioengenharia, os fundamentos necessários para 
 
 
25 
a medida das variáveis biomédicas e, junto com a biofísica, desenvolve modelos 
físico-matemáticos para explicar o funcionamento do corpo humano. 
Espero que tenha conseguido informar sobre o que faz um físico no hospital 
e que mais do que isto tenha provocado a curiosidade do leitor para esta atividade, 
seja com pretensões profissionais ou apenas como usuário da radiologia. 
 
4.1.1 A formação de um físico médico e sua saída para o mercado de trabalho 
 
A Física Médica é uma disciplina multidisciplinar, onde o físico tem que ter 
conhecimentos vários, não só no aspecto da física comum, como também nas áreas 
de medicina, psicologia, biologia, química e, inclusive, conhecimentos profundos em 
matemática e computação, porque esse profissional irá lidar com softwares 
extremamente complexos e com algoritmos complicados, principalmente para captura 
e tratamento de imagens com definições de alto padrão: o público está habituado aos 
tão conhecidos Raios-X, mas este tipo de imagem nada tem a ver com esse tipo de 
radiologia convencional. Há quem questione se este profissional é um físico, ou se, é 
um médico: na verdade, ele é um físico e não um médico, mas trabalha lado-a-lado 
com os médicos, em parceria estreita com eles. Quanto à formação destes 
profissionais, a Profa. Gabriela Castellano adianta algumas informações importantes. 
Vou dar o exemplo da UNICAMP, onde existe um curso de graduação em 
Física Médica, em que o aluno faz a maioria de suas disciplinas dentro da área da 
física básica, passando depois para disciplinas específicas: biologia, medicina, física 
aplicada à medicina, física de radioterapia, física de medicina nuclear, física de 
radiologia, etc., tudo isso já canalizado, como se vê, para a área médica. São quatro 
anos de curso, acrescido de um ano de estágio em um hospital ou clínica, e mais um 
período de residência em Física Médica num centro de radioterapia, para depois 
ingressar definitivamente em um hospital ou centro. Contudo, um dos problemas no 
Brasil, nesta área, é que existem pouquíssimos centros que oferecem esse tipo de 
residência na área de Física Médica, mas há a esperança de que esse panorama 
possa mudar, já que foi lançado recentemente um edital tendo em vista a possibilidade 
de serem oferecidas mais bolsas destinadas à residência; como informação 
complementar, essas residências têm uma carga horária pesada – cerca de 60 horas 
 
 
26 
semanais –, o que demonstra o quanto um Físico Médico fica preparado para exercer 
sua atividade. 
No Brasil, a demanda por esses profissionais está crescendo muito, mas 
ainda existem dois problemas que necessitam ser resolvidos: o primeiro, diz respeito 
à legislação, porque embora seja importante o trabalho do Físico Médico, esta 
profissão tem ainda que ser reconhecida legalmente na área específica da 
radioterapia e essa falta de reconhecimento faz com que muitas clínicas e hospitais 
ainda prescindam da contratação desses profissionais, o que, para nossa 
entrevistada, é um erro. O segundo problema diz respeito aos próprios médicos, que 
são proprietários ou possuem cargos de administração em hospitais, que ainda não 
perceberam a importância de ter um Físico Médico ao seu lado, até para gerir e 
manusear, de forma correta, equipamentos que são extremamente sensíveis e 
fidedignos, dependendo deles e dos resultados alcançados o sucesso dos 
diagnósticos e tratamentos de seus pacientes. Fazendo uma comparação, nesta área, 
com a realidade norte-americana, o Brasil ainda está engatinhando. 
Nos Estados Unidos, o Físico Médico é o profissional mais bem pago em todas 
as áreas da Física Aplicada e tem uma demanda muito grande. Por exemplo, no Brasil 
existem alguns (poucos) equipamentos de ressonância magnética e outros mais 
dedicados à medicina nuclear, enquanto que nos Estados Unidos existem largas 
centenas desses equipamentos que estão distribuídos pelos principais hospitais e 
clínicas. Por outro lado, no Brasil existe apenas um técnico – designado de Cientista 
Clínico, cuja sua missão – conjuntamente com os pesquisadores – é desenvolver 
protocolos específicos em ressonância magnética, principalmente no capítulo de 
geração de imagens: não só ele é o único no Brasil a fazer esse trabalho, como 
também ele é o único com essa especialidade abaixo da linha do Equador. 
Comparativamente, só nos Estados Unidos existem cerca de trinta cientistas clínicos 
para esse objetivo. Agora, imaginemosquantos equipamentos de ressonância 
magnética existem nos Estados Unidos e quantos existem no nosso país, conclui 
Gabriela Castellano. 
 
 
 
 
27 
4.1.2 Brasil na área 
 
Acredita-se que o mercado de trabalho potencial em Física Médica no Brasil, 
considerando apenas as áreas tradicionais, está disponível através de 
aproximadamente: 
 200 serviços de Medicina Nuclear; 
 18.000 equipamentos de radiodiagnóstico médico; 
 Milhares de equipamentos de raios X odontológicos 
 215 centros de Radioterapia no país. 
Novas normas de operação e controle desses serviços estão sendo 
implementadas por órgãos municipais, estaduais e federais, resultando na abertura 
de mais oportunidades de trabalho para físicos médicos atuando em empresas e como 
profissionais liberais. Em Radioterapia há carência de físicos por falta de um número 
maior de cursos de especialização na área. Em Radiologia e Medicina Nuclear os 
programas de especialização ou residência são praticamente inexistentes. 
Apesar dessa situação, a Associação Brasileira de Física Médica (ABFM) vem 
estimulando a formação e execução de programas de residência médica em Física 
Médica em hospitais. Concomitantemente foi criado o Título de Especialista da ABFM 
nas três especialidades tradicionais de atuação do físico médico (Radioterapia, 
Medicina Nuclear e Radiodiagnóstico), como uma maneira de se avaliar a qualificação 
de profissionais da área. Até 2009, 324 profissionais já haviam obtido o Título de 
Especialista da ABFM, sendo 233 em Radioterapia, 61 em Radiodiagnóstico e 30 em 
Medicina Nuclear. Esses profissionais exercem suas atividades profissionais em 
diversos estabelecimentos de saúde, distribuídos por todas as regiões do país, 
colaborando para manter a qualidade dos serviços de saúde de apoio diagnóstico e 
terapêutico prestados à população brasileira. 
Na área de dosimetria pessoal estima-se que 12 empresas e centros de 
dosimetria atendem cerca de 50.000 usuários/ano. De acordo com a Organização 
Mundial de Saúde [OMS], existe a necessidade de 5 a 20 profissionais de Física 
Médica por milhão de habitantes. Tomando por base o número médio de 13 
profissionais/milhão, necessitamos de aproximadamente 400 profissionais no estado 
de São Paulo e no Brasil um total de 1800 profissionais na área. 
 
 
28 
5. RELEVÂNCIA PARA A SOCIEDADE 
 
5.1.1 Formação de Pessoal 
 
O Físico Médico é um profissional com sólida formação em Física, conhecedor 
do método científico, com desenvolvimento da atitude científica como hábito para a 
busca da verdade científica, de postura ética e perseverante, preparado para enfrentar 
novos desafios e buscar soluções de problemas de forma criativa e com iniciativa. O 
Físico Médico utiliza prioritariamente o instrumental (teórico e/ou experimental) da 
Física em conexão com outras áreas do saber como a Biofísica, Medicina, Biologia, 
Química, Comunicação, Economia, Administração e incontáveis outros campos. Em 
quaisquer dessas situações, o físico médico passa a atuar de forma conjunta e 
harmônica com especialistas de outras áreas, tais como, químicos, médicos, 
matemáticos, biólogos, engenheiros e administradores. 
É importante lembrar que as pesquisas realizadas por alguns grupos de 
biofísica – em especial a biofísica molecular e a neurofisiologia – trazem resultados 
que auxiliam a compreensão de mecanismos celulares e processos neurológicos, 
entre outros. Esses conhecimentos podem contribuir para o desenvolvimento de 
novas abordagens e metodologias em diagnóstico e terapia. Por outro lado, os físicos 
médicos podem fornecer informações de caráter clínico que venham a indicar futuras 
patologias causadas por anormalidades em nível molecular. Assim, a colaboração 
entre biofísicos e físicos médicos pode ser bastante enriquecedora para ambos. 
 
5.1.2 Desenvolvimento científico e tecnológico 
 
Em Física Médica, a demanda por profissionais qualificados é devida, 
principalmente, ao avanço tecnológico crescente dos equipamentos utilizados pelo 
setor da saúde. Tomografia computadorizada, aplicação de laser no tratamento 
dermatológico, medicina nuclear e o tratamento radioterápico do câncer, entre outros, 
são exemplos de áreas que necessitam de um profissional qualificado para sua 
operacionalização e desenvolvimento. Segundo dados de 2007 da Associação 
Brasileira de Física Médica, o Brasil tem da ordem de 500 físicos médicos atuantes 
no mercado de trabalho, principalmente nas grandes capitais do sul-sudeste, o que 
 
 
29 
mostra uma carência muito grande de profissionais nas regiões menos demográficas 
do Brasil. A necessidade da formação de pessoal qualificado é devido à expansão da 
tecnologia e da instrumentalização dos hospitais e clínicas especializadas, crescente 
necessidade de formação de físicos com uma visão interdisciplinar, expansão dos 
cargos de Professores nas IES e IFETS, promoção de uma formação de Física 
Aplicada a Físicos com capacidade de absorver e desenvolver novas tecnologias. 
 
5.1.3 Impacto na economia 
 
Além das já conhecidas atuações dos físicos médicos em Radiodiagnóstico, 
Medicina Nuclear, Radioterapia e Radioproteção, existe ainda um número reduzido 
de profissionais da Física Médica contratados por fabricantes de equipamentos e 
acessórios em setores de assistência, treinamento e vendas. Grupos de físicos 
médicos também formam empresas de consultoria em informática médica, proteção 
radiológica, bem como controle da qualidade em diversas áreas, e realizam 
atendimento nas diversas regiões do país. 
O desenvolvimento de equipamentos de diagnóstico e terapia com tecnologia 
nacional, além de dispositivos de controle de qualidade, a preços competitivos 
internacionalmente pode gerar divisas ao país e facilitar o acesso da população a 
procedimentos que hoje tem alto custo para o sistema único de saúde. 
A tendência mundial tem sido a de acompanhar a sofisticação das técnicas 
de diagnóstico e tratamento com o uso de métodos dosimétricos mais precisos, 
simulações computacionais de feixe e de paciente, desenvolvimento de algoritmos de 
cálculo mais fiéis à anatomia do paciente e a verificação individual da dose no 
paciente. 
 
5.1.4 Infraestrutura 
 
A comunidade de físicos médicos brasileiros tem contribuído principalmente 
na elaboração e execução de programas de controle e garantia da qualidade e de 
proteção radiológica. Grupos em universidades estão também desenvolvendo 
pesquisas em processamento de imagens - para fins de diagnósticos mais precisos 
 
 
30 
em reconstrução tomográfica, com a inclusão de fatores instrumentais físicos que não 
são considerados em sistemas comerciais. 
 A ultrassonografia tem tido pesquisas associadas há várias décadas. Porém, 
devido aos equipamentos clínicos de ultrassonografla serem relativamente inócuos, e 
bastante fechados pelos fabricantes, quase não se encontram físicos atuando na 
rotina clínica no Brasil. Existem grupos no país, principalmente em universidades, 
realizando pesquisas de desenvolvimento de transdutores e métodos para 
caracterização de tecidos. Há a perspectiva de que o aumento na adoção de 
procedimentos quantitativos pelos médicos especialistas possa levar a uma procura 
maior de físicos nessa área. 
Os grupos de ressonância magnética do Instituto de Física da Universidade 
de São Paulo (campus São Carlos) e da Universidade Federal de Pernambuco foram 
pioneiros ao construírem seus próprios tomógrafos de baixo campo magnético. Com 
isso, eles mostraram que é possível desenvolver tecnologia própria nessa área em 
que dominam os fabricantes multinacionais. Atualmente, esses e outros grupos 
associados têm se dedicado à melhoria dos tomógrafos e à construção de bobinas 
específicas, assim como a sequência de pulsos para a extração de informações que 
não são fornecidas pelos sistemas comerciais, dentro de um ambiente mais 
acadêmico do que clínico. 
O físico na áreade radioterapia no Brasil não costuma atuar como 
pesquisador, pois a pesquisa continua basicamente atrelada a empresas estrangeiras. 
Porém, dentro de um serviço de radioterapia, sua tarefa é de fundamental importância. 
Dentre suas obrigações, está a garantia da qualidade de em cada fase do processo 
radioterápico. Para isso, além do comissionamento, da calibração e da dosimetria dos 
equipamentos de tratamento, bem como a supervisão de proteção radiológica, sua 
atuação com os sistemas de planejamento é de grande responsabilidade, incluindo 
implementação dos dados das máquinas de tratamento, a verificação dos algoritmos 
para uso clínico, o uso de imagens e os planejamentos de tratamento. Com as novas 
técnicas de tratamento, o controle da qualidade deve ser muito rígido, e a verificação 
da entrega da dose aos pacientes tem papel de destaque. 
 No Brasil, nas rotinas das radioterapias, realiza-se somente a dosimetria do 
feixe no ar e em simuladores homogêneos. Há situações ainda raras em que a 
 
 
31 
parceria de clínicas de radioterapia com universidades e institutos de pesquisa resulta 
em desenvolvimento de novas técnicas radioterápicas ou dosimétricas, por iniciativa 
individual de algum físico médico ou médico que deseja avaliar um novo tratamento 
ou equipamento. 
Muitas pesquisas extremamente cuidadosas devem ser realizadas para 
verificar a existência de uma correlação entre as radiações não ionizantes e os efeitos 
carcinogênicos. No caso da radiação ultravioleta, é preciso estabelecer metas de 
esclarecimento do público para evitar exposições excessivas ou mesmo artificiais com 
propósitos de bronzeamento. No Brasil, existem pesquisadores estudando os efeitos 
das radiações não ionizantes e diversos grupos se dedicando ao desenvolvimento de 
equipamentos para a aplicação de laser em odontologia, oftalmologia e dermatologia 
e em terapia fotodinâmica. 
 
5.1.5 Inclusão Social 
 
Poderíamos definir a inclusão social no contexto da Física Médica como 
universalizar o acesso de toda a população aos bens e serviços que garantam 
qualidade de vida ao cidadão. Nesse contexto, o desenvolvimento da Física Médica 
no Brasil possibilitaria a propagação de técnicas de terapia e diagnóstico por todas as 
regiões do território nacional e classes sociais, atingindo inclusive as regiões e classes 
menos favorecidas, com a garantia da qualidade e da segurança a todos os envolvidos 
no processo. A Física Médica compreende uma área do conhecimento fortemente 
associada à saúde, com uma estrutura de formação acadêmica e profissional em nível 
de graduação e pós-graduação realizada tradicionalmente em instituições formadoras 
de reconhecida competência. Os programas de residência, aprimoramento ou 
especialização em andamento na área, caracterizados pelo treinamento em serviço 
com supervisão de profissionais capacitados, reforçam a vocação do físico médico 
como profissional da área da saúde. 
Hoje, somente grandes hospitais possuem tecnologia suficiente para oferecer 
a seus pacientes um melhor tratamento e técnicas de diagnóstico por imagens de 
maior complexidade. No entanto, os grandes hospitais, em sua maioria, são 
particulares, e, portanto, somente as classes altas da sociedade usufruem dos 
benefícios oriundos das novas tecnologias em Física Médica. Os hospitais públicos 
 
 
32 
possuem um grande número de pacientes a serem tratados, o que acaba por gerar 
uma sobrecarga na execução de tratamentos. 
O aumento de Físicos Médicos no mercado de trabalho brasileiro poderia 
então facilitar o desenvolvimento de tecnologias nacionais mais baratas em relação 
às importadas, além de fornecer mão de obra qualificada para o monitoramento dos 
equipamentos, terapias e diagnósticos, garantindo assim que os benefícios da 
tecnologia na saúde alcancem a todos, com segurança e qualidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
6. DESCOBERTA DOS RAIOS-X 
 
 
 
A Física Médica se desenvolveu mesmo, a partir do descobrimento dos raios-
X e da radioatividade. A partir daí passou-se a aplicar os agentes físicos na medicina, 
proporcionando desenvolvimento de métodos revolucionários de diagnósticos e 
tratamento de doenças. 
Diante disso, gerou-se a necessidade de incorporar profissionais da Física 
nos grandes hospitais e clínicas em todo o mundo. 
A descoberta dos Raios-X se deu em 08/11/1895 pelo físico alemão Wilhelm 
Conrad Rontgen. Isto se deu quando ele visualizou os ossos de sua mão em uma tela 
opaca que havia sido colocada entre um tubo e uma placa de vidro, sobre o qual 
espalhou um composto fosforecente. 
Henri Becquerel foi encarregado pelo Museu de História da França de analisar 
tal fenômeno. Fez vários estudos, mas foi somente em 01/03/196 que, após ter 
desembrulhado umas placas de sal de urânio, verificou-se que havia sido formado a 
imagem das placas mais nítidas do que aquelas expostas ao sol. Estava então 
descoberta a radioatividade. 
A partir daí foram descobertas: 
 Do elétron pelo britânico Joseph John Thonson; 
 Isolamento do rádio e invenção do termo radioatividade por Marie Curie; 
 
 
34 
 Da descrição do átomo com duas cargas (uma positiva e outra negativa), 
separadas pelo vazio, pelo alemão Philipp Leonard; 
 Dos núcleos atômicos e transmutações pelo britânico Ernest Rutherford, que 
constatou ainda que as radiações eram de três espécies diferentes as quais 
denominou: alfa, beta e gama. 
 
6.1.1 Da radioatividade 
 
A radioatividade implica alterações no núcleo do átomo, por isso fala-se em 
reações nucleares que tem uma quantidade de energia liberada muito maior o que 
numa reação química, podendo falar que as reações nucleares fogem do campo 
especifico do químico. 
As reações nucleares geralmente transformam um elemento químico em 
outro. A reatividade independe das ligações químicas das quais ele participa. 
Portanto, radioatividade é a transformação espontânea do núcleo atômico de 
um nuclídeo para outro. 
Em 1934 temos o primeiro isótopo artificial radioativo: o fósforo, obtido após 
ter sido bombardeado por alumínio com partículas a alfa. Um isótopo radioativo emite 
radiações naturalmente para chegar a uma situação mais estável. O eletrovolt é uma 
a unidade bastante utilizada no campo radioativo. 
 
 
35 
As radiações ionizantes são capazes de provocar alterações importantes na 
estrutura de um átomo, pois sua energia é suficiente para deslocar ou fixar um elétron 
em órbita. Esta radiação pode provocar uma alteração ou dano do material irradiado. 
É assim que a radioterapia agride célula tumorais (câncer, por exemplo). Desta forma, 
a radiação pode causar malformação fetal ou fazer cai cabelo, ou matar uma bactéria. 
 
6.1.2 Utilização da Radioatividade 
 
A área que mais utiliza a radiação é a medicina, como na radiologia, 
radioterapia e na medicina nuclear. Hoje em dia ela é utilizada de três formas básicas: 
 Uso de energia do núcleo do átomo; 
 Uso das radiações que têm a capacidade de atravessar a matéria e velas filmes 
((raio-X); 
 Uso da capacidade (radioterapia ou esterilização de material). 
Já a radioterapia e a medicina nuclear constituem outra área de atuação da 
medicina com o uso da radiação. A radioterapia destina-se ao controle de câncer, uma 
vez que a radiação penetra no corpo e atinge tumores malignos. O principal objetivo 
desta é a agressão de tecidos do corpo humano, no caso os tumores. 
O objetivo da medicina nuclear visa o diagnóstico, que é feito por um 
mapeamento de órgãos, dependendo do tipo de material injetado. 
A radiação, por atacar microorganismo, também é utilizada na esterilização 
de materiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
7. RADIOTERAPIA 
 
É o emprego de radiações ionizantes para tratamento de algumas doenças 
utilizando vários tipos de energia que podem atingir o local dos tumores ou áreas do 
corpo onde se alojam as enfermidades, com a finalidadede destruir suas células. 
A ideia é destruir as células tumorais com uma alta dose preservando as 
células sadias ao máximo. 
A radiação danifica o material genético da célula do tumor evitando que ela 
cresça e se reproduza. 
O emprego das radiações na terapeuta sofreu profundas modificações. As 
ideias iniciais deram lugar ao desenvolvimento de novas técnicas cada vez mais 
precisas através de equipamentos emissores dede radiação de maior energia, a 
obtenção de novos isótopos radioativos, a informatização dos equipamentos evitando 
a exposição à radiação e os avanços no conhecimento radio-biológico. 
A radioterapia é tão importante na oncologia que, segundo estimativas, cerca 
de 2/3 dos pacientes com câncer usarão este tratamento em alguma etapa. 
A radioterapia pode ser usada para dar alívio ao paciente e melhorar a 
qualidade de vida, diminuir o tamanho dos tumores, diminuir ou estancar hemorragias, 
ou atuas sobre outros sintomas como dor. 
 
7.1.1 Tratamento 
 
As células do câncer crescem e se multiplicam muito mais rapidamente do 
que as células normais que as rodeiam. O tratamento se baseia nesta fase de 
multiplicação celular. 
O tanto de sessões e radiação utilizados e o tempo de exposição são 
determinados pelo tipo e tamanho do tumor. O planejamento é feito por equipes de 
médicos físicos. 
A radioterapia é mais indicada para tratar tumores sólidos, mas também é 
utilizada para tratamento de leucemias e linfomas. Pode ser utilizada como tratamento 
isolado ou combinada à cirurgia e quimioterapia. 
 
 
37 
O médico limita cuidadosamente a área afetada pelo câncer, em seguida é 
escolhido o tipo de tratamento e quantidade de radiação a ser administrada. A 
execução do procedimento é feita por técnicos em radioterapia, sempre assistidos por 
Físicos e Médicos. 
O tratamento radioterápico pode ser feito dede duas maneiras. A escolha da 
radioterapia depende do tipo de câncer e da profundidade em que se encontra o 
tumor. 
 
7.1.2 Teleterapia (do grego: terapia à distância) 
 
Antes do início da radioterapia uma área é marcada para tratamento, o que 
chamamos de planejamento. A aplicação que duram alguns minutos, é feita com o 
paciente sempre na mesma posição em que foi feito o planejamento. 
O paciente recebe aplicação de uma fonte externa, ou seja, uma máquina 
emite a radiação que atinge o tumor. 
Um técnico, através de um circuito de televisão sempre observa o paciente e 
ainda pode ouvi-lo através de alto falante. Neste momento o paciente não sente dor, 
pois a radiação mão é sentida e nem ouvida. 
Neste tipo de tratamento a radiação também atinge toda estrutura (tecido e 
órgão) que estiverem no trajeto do tumor. Dependendo da função da energia da 
radiação emitida, a teleterapia pode ser dividida em radioterapia superficial, semi-
profunda e de megavoltagem. Esta última é a forma mais empregada de teleterapia, 
sendo realizada através de unidades de cobalto-60 e dos acelerados lineares. 
 
7.1.3 Braquiterapia 
 
Na braquiterapia a fonte de radiação (isótopos radiativos) é colocada no 
interior do corpo do paciente. Materiais radioativos, normalmente pequenas capsulas, 
são colocadas junto ao tumor liberando doses de radiação diretamente sobre ele, 
afetando ao mínimo os órgãos mais próximos e preservando os mais distantes da área 
do implante. 
 
 
38 
Também é conhecida como curieterapia e é empregada em cerca de 15% dos 
pacientes que se submetem à radioterapia. O domínio das dificuldades da proteção à 
radiação aliado às facilidades operacionais resultantes da incorporação dos avanços 
da informática tem renovado o interesse nesta forma de radioterapia possibilitando a 
sua utilização em maior número de pacientes com melhora dos resultados 
terapêuticos. 
7.1.4 Duração do tratamento 
 
O planejamento do tratamento é feito de acordo com o tipo de tumor e do 
estágio da doença. 
As aplicações geralmente são diárias, obedecendo aos critérios médicos. A 
maneira de como o organismo reage é um dos fatores importantes na determinação 
da duração do tratamento. 
A radioterapia é feita sempre de acordo om uma programação, que deve ser 
discutida com o médico, quando o tratamento será iniciado 
 
7.1.5 Riscos da radioterapia 
 
O uso da radioterapia, assim como qualquer tratamento, pode apresentar 
riscos. As altas doses de radiação não só destroem as células tumorais, como podem 
atingir também os tecidos normais, causando assim os efeitos colaterais. 
Esses efeitos não são apresentados igualmente por todas as pessoas, pois 
depende da forma que o organismo de cada um responde ao tratamento. Assim, 
existem pacientes que podem apresentar efeitos colaterais mais severos enquanto 
outros podem não apresentar sintoma algum. De uma forma ou de outra, o médico 
está sempre informado sobre os sintomas apresentados por seus pacientes e a 
duração de cada sintoma. 
Em geral, os sintomas relacionados acontecem devido ao dano celular dos 
tecidos sadios ao redor do tumor e dependem basicamente da localização da lesão. 
Com a utilização de métodos modernos de planejamento e tratamento, a área 
irradiada em se restringido cada vez mais apenas à lesão neoplástica, diminuído os 
efeitos colaterais e aumentando a chance de cura dos pacientes. 
 
 
39 
REFERÊNCIAS 
 
 
AIRD,E.G.A-An Introduction to Medical Physics.London,William Heinamann,1975. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FÍSICA MÉDICA - ABFM. Disponível 
em:<http://www.abfm.org.br/nabfm/n_home_fm.asp>. Acesso em: 19 ago. 2011. 
Associação Brasileira de Física Médica (ABFM) - http://www.abfm.org.brBiologycal 
Effects of Ionizing Radiation (BEIR III), National Academy of Sciences/National 
Research Council,Washington,D.C.,1988. 
BARTON, M. B.; THODE, R. J. Distance learning in the applied sciences of 
oncology.Radiother. Oncol., v.95, n.1, p.129-32, 2010. 
BERGOLI, Pedro Martins; MADALOSO, Bem Hur WERLANG, Henrique Z. Manual do 
residente de radiologia. Ed. Guanabara. 
DIMENSTEIN, Renato; NETTO, Thomaz Ghilardi. Bases físicas e tecnolígicas 
aplicadas aos raios-X. 2ª edição. Ed. Senac. 
KENNETH, L. Bontrager. Altas do bolso: Técnicas radiológicas e base anatômica. 3ª 
edição. Ed. Guanabara. 
ROUTSIS, D. et al. Education and training for Intensity-modulated radiotherapy in 
theUK. Clin. Oncol., v.22, n.8, p.675-80, 2010. 
SCAFF, L. A. M, Física da Radioterapia, São Paulo, Sarvier, 1997 ICRP Publication 
60, de 1990, Recommendations of International Commission on Radiological 
Protection”, Julho de 1993, Pergamon, Oxford ICRP Publication 64, de 1994, 
Protection from Potential Exposure: A Conceptual Framework”, Pergamon, Oxford. 
SCAFF, L. A. M. Bases físicas da radiologia. Sarvier SA Editora e Livros Médicos. 
TABAKOV, S. et al. Development of educational image databases and e-books 
formedical physics training. Med. Eng. Phys., v.27, n.7, p.591-8, 2005. 
TUBIANA, M.et.al. -Radiobiologia e radioprotecção. Lisboa: Edições 70, 1990. 
TAM, Eric P. Radiologia perguntas e respostas: o pequeno livro verde. Editora 
Guanabara. 
 
 
40 
WOLBARST, Antony B-Physics of Radiology. Nova York: Appleton & Lange,1993.

Outros materiais