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TOPOGRAFIA APLICADA TOPOGRAFIA APLICADA Topogra� a Aplicada Felipe Queiroz MianoFelipe Queiroz Miano GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro Caro aluno, seja bem-vindo a disciplina de Topogra� a Aplicada. Ao longo das unida- des, serão conhecidas a importância da topogra� a nas obras de engenharia, quais os métodos de levantamento de informações do terreno e os equipamentos para mensuração desses dados, os cálculos para realização de terraplenagem e as nor- mas técnicas que a regem. Capa_SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 1,3 16/03/2021 18:05:52 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Felipe Queiroz Miano DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 2 16/03/2021 16:56:59 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 3 16/03/2021 16:56:59 Unidade 1 - Conceitos sobre altimetria e nivelamento topográfico Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12 Altimetria: conceitos e aplicações ................................................................................... 13 Conceitos e aplicações .................................................................................................. 14 Nivelamento topográfico .................................................................................................... 22 Fontes de erros ............................................................................................................... 28 Subprodutos do nivelamento ......................................................................................... 29 Sintetizando ........................................................................................................................... 33 Referências bibliográficas ................................................................................................. 34 Sumário SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 4 16/03/2021 16:56:59 Sumário Unidade 2 – Métodos de nivelamento topográfico Objetivos da unidade ........................................................................................................... 36 Nivelamento geométrico .................................................................................................... 37 Nivelamento geométrico simples ................................................................................. 42 Nivelamento geométrico composto ............................................................................. 46 Nivelamento trigonométrico .............................................................................................. 51 Nivelamento trigonométrico para lances curtos ....................................................... 55 Nivelamento trigonométrico para lances longos ....................................................... 57 Sintetizando ........................................................................................................................... 60 Referências bibliográficas ................................................................................................. 61 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 5 16/03/2021 16:56:59 Sumário Unidade 3 - Métodos de levantamento topográficos: planimetria, planialtimetria e normatizações Objetivos da unidade ........................................................................................................... 63 Taqueometria ......................................................................................................................... 64 Planimetria ........................................................................................................................ 74 Planialtimetria .................................................................................................................. 80 Normatizações técnicas sobre levantamentos topográficos ..................................... 85 Outras normativas importantes ..................................................................................... 87 Sintetizando ........................................................................................................................... 89 Referências bibliográficas ................................................................................................. 90 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 6 16/03/2021 16:56:59 Sumário Unidade 4 - Locações topográficas e cálculos de volume Objetivos da unidade ........................................................................................................... 93 Locações topográficas ........................................................................................................ 94 Locação em números ......................................................................................................... 104 Cálculo de volume .............................................................................................................. 108 Cálculo de volume em prismas e sólidos ................................................................. 109 Cálculos de volume empregados na topografia ....................................................... 112 Sintetizando ......................................................................................................................... 118 Referências bibliográficas ............................................................................................... 119 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 7 16/03/2021 16:56:59 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 8 16/03/2021 16:56:59 Caro aluno, seja bem-vindo a disciplina de Topografi a Aplicada. Ao longo das unidades, serão conhecidas a importância da topografi a nas obras de en- genharia, quais os métodos de levantamento de informações do terreno e os equipamentos para mensuração desses dados, os cálculos para realização de terraplenagem e as normas técnicas que a regem. TOPOGRAFIA APLICADA 9 Apresentação SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 9 16/03/2021 16:56:59 Agradeço a Deus, pelo dom da vida e da docência, e dedico este livro aos meus pais, minha irmã, meus amigos e alunos, além de Beatriz, minha parceira, que me apoiou ao longo deste projeto. O professor Felipe Queiroz Miano é graduado em Geografi a pela UNESP, Campus Rio Claro (2013), especialista em Gestão de Negócios pela ESALQ/USP (2016) e em Georreferenciamentode Imóveis Rurais e Urbanos pela FATEP – Piracicaba (2015). Ministra as disciplinas de Fundamentos de Topografi a, Topo- grafi a e Georreferenciamento, Topogra- fi a Aplicada, Prática de Levantamento Geodésico, Georreferenciamento Apli- cado, Pavimentação de Rodovias, Proje- to Geométrico de Rodovias, Tecnologia e Infraestrutura dos Transportes, Geo- logia e Mineralogia, Gestão Ambiental e Desenho Auxiliado por Computador. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8082011135596948 TOPOGRAFIA APLICADA 10 O autor SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 10 16/03/2021 16:57:00 CONCEITOS SOBRE ALTIMETRIA E NIVELAMENTO TOPOGRÁFICO 1 UNIDADE SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 11 16/03/2021 16:57:26 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Contextualizar a importância da altimetria e seus métodos de levantamento de campo para a engenharia civil; Abordar o nivelamento topográfico e apresentar o objetivo e método de levantamento e obtenção de dados em campo. Altimetria: conceitos e aplicações Conceitos e aplicações Nivelamento topográfico Fontes de erros Subprodutos do nivelamento TOPOGRAFIA APLICADA 12 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 12 16/03/2021 16:57:26 Altimetria: conceitos e aplicações Histórico e importância Ao longo da evolução humana, a humanidade se tornou capaz de desenvol- ver inúmeras técnicas e métodos para facilitar seu cotidiano, trazer maior con- forto, comodidade e segurança. Durante o avanço de diversas culturas, como os impérios Romanos, Otomanos, Incas e Maias, grandiosas obras de engenha- ria se tornaram legados ao longo dos séculos. Até hoje, ainda não se descobriram ao certo os meios para a construção de algumas obras, mas há um ponto em comum entre elas: todas as edifi cações, vias, estradas, entre outras, foram e são levantadas a partir do solo. Ao obser- var o terreno em que foram construídas, em sua maioria, as obras estão apoia- das num solo nivelado em meio a uma circunvizinhança ondulada ou monta- nhosa, o que quer dizer que o ser humano entendeu que trabalhar, morar e se deslocar em terrenos planos é mais efi ciente. Dentre as técnicas para aplainar o terreno estão o nivelamento; o terracea- mento, muito utilizado na agricultura para áreas com inclinações elevadas e grande erosão hídrica; e a terraplenagem, que consiste na movimentação de terra (corte e aterro) para criação de platô. Na sociedade atual, o terreno nivela- do garante economia numa obra com a compra de materiais, seja na concreta- gem, fundação ou mesmo, minimizando problemas relacionados às patologias de alvenaria como trincas e recalques. Diante deste contexto, é possível relacionar a importância que a topografi a possui. Além do nivelamento (método de levantamento), a Topografi a é uma ciên- cia que possui como área de estudos a descrição minuciosa, detalhada e fi dedig- na do lugar/terreno em que será desenvolvido algum projeto. Quanto maior o detalhamento do terreno, mais precisa e exata a descrição da área de interesse. Por isso, os conceitos de precisão e exatidão devem fi car bastante evidentes. Os conceitos de precisão e exatidão geram confusão entre os profi ssionais atuantes nas diversas áreas da Engenharia. Afi nal, tais conceitos são aplicados em quase todos os contextos, porém, devem ser entendidos e diferenciados antes de prosseguir nos estudos sobre a Topografi a. Quando se trabalha com Topografi a, é importante ter ciência que esses conceitos sempre acompanham projetos e levantamentos de campo. TOPOGRAFIA APLICADA 13 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 13 16/03/2021 16:57:26 A precisão pode ser entendida como rigor no registro de uma medida, como peso ou valor. Exatidão, por outro lado, é a qualidade daquilo que é exato; é uma ob- servância rigorosa do correto. Na Figura 1, é possível assimilar a diferença entre os conceitos. Na distribuição espacial das marcas nos alvos, o alvo mais à direita possui diversas marcas espalhadas ao longo dele, sem nenhuma distribuição simétrica ou padrão de acertos - impreciso e também inexato. Quanto ao alvo à esquerda desse, se observa que há uma concentração das mar- cas numa porção do alvo, contudo, nenhum deles atinge o centro. Dessa forma, se tem uma precisão nas marcas, afi nal, elas estão próximas umas das outras, embora inexatas. No terceiro alvo, da direita para a esquerda, há uma marca no círculo cen- tral do alvo, logo, houve exatidão no disparo, afi nal, o objetivo é acertar o centro do alvo, ainda que todas as outras marcas estejam distribuídas de forma aleatória, se tornando imprecisas. Por fi m, no alvo mais à esquerda, há uma concentração das marcas no centro do alvo. Neste caso, há precisão nos disparos, em virtude da con- centração nesta porção do alvo e, com o centro atingido, torna-se também exata. Figura 1. Diferenças entre precisão e exatidão. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 14/10/2020. Alta exatidão Alta precisão Baixa exatidão Alta precisão Alta exatidão Baixa precisão Baixa exatidão Baixa precisão Conceitos e aplicações Na página 3 da NBR 13133, de 1994, é normatizado o levantamento topográ- fi co com fi nalidade altimétrica ou de nivelamento, como: (...) levantamento que objetiva, exclusivamente, a determinação das alturas relativas a uma superfície de referência dos pontos de apoio e/ou dos pontos de detalhe, pressupondo-se o conheci- mento de suas posições planimétricas, visando à representação altimétrica da superfície levantada. TOPOGRAFIA APLICADA 14 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 14 16/03/2021 16:57:27 O ponto de partida deve entender o conceito relacionado à altimetria. Para isso, há de se ter ciência de que esta informação faz menção ao eixo Z de um sistema cartesiano tridimensional (x, y e z), ou seja, se trabalha com informa- ções que permitem identificar os desníveis e as variações de relevo do terreno ou da área de estudo para medição, caracterização e implementação de qual- quer projeto. A partir da interpretação da Figura 2, é simplificada a visualiza- ção e assimilação de tal conceito com a aplicação do método de levantamento altimétrico e a utilização do nível topográfico (equipamento alaranjado fixado no topo do tripé) para obtenção e determinação dos desníveis (variações alti- métricas) em obras. Figura 2. Determinação de desnível em obra civil. Fonte: VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012, p. 226. (Adaptado). Na topografia, é considerada a existência de três referências altimétricas na execução dos projetos de engenharia: altitude elipsoidal (geométrica), altitude geoidal (ortométrica) e as cotas de projeto. É vital empre- gar o mesmo referencial altimétrico do início ao fim do levantamento topográfico e entender qual o modelo mais adequado para o projeto. A Figura 3 ilustra as três referências altimétricas e logo, você passará a entender seus conceitos. A B D C E (Referência) TOPOGRAFIA APLICADA 15 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 15 16/03/2021 16:57:28 Figura 3. Diferentes referenciais altimétricos. A seguir, são explicadas as definições das referências altimétricas: • Altitude elipsoidal: está referenciada a uma elipse ou elipsoide de revo- lução, com dimensões e parâmetros específicos (modelo matemático). Através de receptores de posicionamento GNSS (veremos esta técnica de levantamen- to nos próximos capítulos), se obtém, de forma rápida e precisa, a altitude de qualquer ponto de interesse; • Altitude geoidal: está atrelada ao Nível Médio do Mar (NMM) e se loca- liza no marégrafo de Imbituba/SC, por meio do Datum Vertical, sendo este o marco e origem para as altitudes (0 m) no território nacional. Então, quando se está na rua e se depara com uma referência de nível (RN), ao observar o valor altimétrico em metros (m) na chapa metálica, isto significa que tal referência é embasada na Rede de Referência de Nível (RRNN); • Cota: altitude arbitrária definida para o projeto e que não está referencia- da a nenhuma rede anteriormente abordada.Uma das principais dificuldades em compatibilizar um datum vertical no continente americano está associado diretamente à sua definição. O datum vertical é intrincado com o NMM e, em consequência, ao geoide. Como o mo- delo geoidal é uma superfície criada a partir do mesmo potencial gravitacional (superfície equipotencial) que se adapta ao nível médio do mar global, ou seja, se tenta com as modelagens estabelecer um parâmetro único a fim de unifor- mizar as altitudes. No entanto, o nível médio dos mares não é igual ao redor do mundo, variando da costa do Brasil, banhada pelo Oceano Atlântico, para a Colômbia, banhada pelo Pacífico. Datum Superfície terrestre (cota) Elipsoide Geoide TOPOGRAFIA APLICADA 16 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 16 16/03/2021 16:57:28 Na Figura 4B, é apresentado o modelo que se praticava quanto ao geoi- de unificado. Imbituba, local onde o marégrafo está localizado, fica abaixo do NMM de Buenaventura, havendo uma espécie de compensação ao longo da crosta terrestre para que ambos estivessem equivalentes. Agora, na Figura 4A, está a nova abordagem para as referências verticais, em que as altitudes são calculadas independentes, mediante suas referências e, logo depois, compati- bilizadas. Na nova proposta, não se adota mais que a superfície terrestre que coincide com o geoide, obtendo um novo modelo a ser trabalhado, o TNMM (topografia do nível médio dos mares), que é a diferença vertical entre o geoide e a superfície física. Figura 4. Dificuldades na padronização do datum vertical. Fonte: DALAZOANA, 2005, p. 29. (Adaptado). Buenaventura (Datum 2) Superfície terrestre NMM (1951-1968) NMM (1949-1957) Elipsoide TNMM1 TNMM2 Geoide global W2 W1 W0 Imbituba (Datum 1) COLÔMBIA P H2P H1P BRASIL Buenaventura Superfície terrestre NMM = Geoide Elipsoide Imbituba COLÔMBIA P H h N BRASIL A B TOPOGRAFIA APLICADA 17 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 17 16/03/2021 16:57:28 Após essa parte introdutória quanto aos tipos de superfícies terrestre e modelos matemáticos de aderência, algo importante de se entender são as formas de apresentar e representar as diferenças de nível de um terreno. É im- portante perceber que os desníveis são apresentados independentemente de qual tipo de superfície adotada, uma vez que a principal finalidade desse dado é permitir ao profissional o entendimento quanto ao formato que o terreno tem de aclive ou declive entre dois pontos. A variação altimétrica extraída do nivelamento, se acrescida da altitude de alguma RN, apresenta o valor final referente ao nível médio dos mares. Caso seja apresentado apenas o desnível ou o mesmo valor, adotado de algum valor arbitrário, se obtém a cota do terreno ou a cota do projeto. As informações extraídas do levantamento to- pográfico altimétrico são representadas graficamen- te em planta topográfica através das curvas de ní- vel (CN), como na Figura 5, e por perfis longitudinais ou transversais do terreno e obra; como na Figura 6. 667.000 668.00 0 669.00 0 669.00 0 670.0 00 670.0 00 671. 000 671.000 672 .000 672.000 673 .000 673.000 Figura 5. Representação de um platô com curvas de nível. TOPOGRAFIA APLICADA 18 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 18 16/03/2021 16:57:30 Figura 6. Perfil longitudinal com corte e aterro. A qualidade na obtenção dos dados dos levantamentos de topográficos é de extrema importância por diversos aspectos, alguns deles listados a seguir. Esses pontos devem ser enraizados nos profissionais que forem trabalhar em campo ou mesmo receber em escritório essa informação: 1 - Tenha atenção e entenda a real importância do levantamento dos dados de campo (caracterização da área); 2 - Agilidade em campo é diferente de pressa; 3 - Vale investir um tempo maior em campo durante o levantamento do que ter que efetuar o retrabalho (duas vezes mais oneroso em tempo e dinheiro); 4 -No escritório, não se pode melhorar os dados do levantamento de cam- po – na verdade, somente o contrário. Com base nessas dicas, apresenta-se outro conceito fundamental que acarreta no sucesso ou não das etapas iniciais de qualquer projeto de en- genharia: amostragem dos dados levantados, categorizada de três formas, sendo a composição da malha regular, semirregular e irregular, conforme se vê na Figura 7. Área de corte: 16,110 m2 Área de aterro: 25,354 m2 Figura 7. Diferenciações entre as malhas altimétricas. Semirregular IrregularRegular TOPOGRAFIA APLICADA 19 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 19 16/03/2021 16:57:35 Neste momento, a reflexão é a respeito dos dados presentes nos le- vantamentos apresentados. As três malhas apresentam informações do terreno: a regular, com ótima distribuição ao longo do perímetro de in- teresse (retângulo delimitador na cor preta) e elevado detalhamento; a semirregular, com alterações de trajeto e espaçamento entre as informa- ções maiores, reduzindo o detalhamento; e a malha irregular, com baixa distribuição de informações e baixo detalhamento da área de interesse. A partir das características do projeto a ser executado, é necessário apresentar um detalhamento completo da área de interesse. Pensando na abertura de um loteamento urbano, é necessário, além de apresentar o projeto de diretriz de ruas e do projeto urbanístico, elaborar a terra- plenagem do empreendimento para nivelamento dos lotes e mensurar os desníveis para o projeto de drenagem. Partindo deste pressuposto e obedecendo às três malhas, se compreende que a malha de formato re- gular permite extrair maior confiabilidade nos dados do terreno. O desnível entre dois pontos é obtido através da relação direta en- tre o objeto referência (RE) e o objeto visado a frente (VANTE). Quando o resultado dessa subtração for positivo (+), temos um aclive, ou seja, o terreno sobe se partirmos do ponto de referência para o próximo ponto. Quando a resultante for negativa (-), teremos o terreno um declive, ou seja, partindo da ré para o próximo ponto desceremos. A seguir você conhecerá a fórmula para ob- tenção do desnível entre dois pontos: Em que: ∆h: desnível entre dois pontos; Ré e VT: informações obtidas na leitura da mira estadimétrica estacionada no ponto de interesse. ∆h = (Ré - VT) (1) DICA Logo após ao ∆h, sempre deve haver a sequência dos pontos obtidos nas leituras. Dessa forma, é possível entender qual a sequência do caminhamento. Por exemplo, de 1 para 2, de 2 para 3 e assim sucessivamente. TOPOGRAFIA APLICADA 20 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 20 16/03/2021 16:57:35 Um exemplo numérico sobre essa relação pode ser visto abaixo: ∆h1,2 : + 2,68 m (partindo do ponto 1 para o 2, conforme visto ∆h há um aclive no terreno). ∆h2,1 : - 2,68 m (partindo do ponto 2 para o 1, conforme visto ∆h há um declive no terreno). Quando há relação entre os mesmos pontos, como no exemplo, deve ficar evidente que, na mesma porção do terreno (1 → 2 ou 2 → 1), o desnível possui o mesmo valor numérico. Porém, o sinal é preponderante para o entendimento do formato da área (aclive ou declive). As cotas (ct) ou alturas também são gran- dezas apresentadas durante o levantamento topográfico altimétrico. Diferen- temente dos desníveis, é preciso alguma operação geométrica adicional para sua obtenção, justamente por ser a distância vertical de um ponto na superfície física até um plano de referência qualquer. Ctpto = ctreferência + ∆href,pto (2) Em que: Ctpto: cota do ponto de interesse; ctreferência: cota existente do ponto de referência; ∆href,pto: desnível calculado entre o ponto de referência e o ponto de interesse. Durante o levantamento de campo, o auxiliar posicionou a mira estadimé- trica acima do marco em que estava a referência de nível da obra e mensurou (mediu) o desnível do ponto de interesse para essa altura de referência, dese- jando obter a ct do ponto de interesse. As variáveis são medidas em campo, restando apenas à substituição dos valoresna fórmula apresentada antes: Ctpto = ? ctreferência = 100 m ∆href,pto = 5,60 m Logo: Ctpto = 100 + 5,60 → Ctpto = 105,60 m Não obstante, se o ∆h fosse ∆hpto,ref haveria justamente a inversão na refe- rência do desnível. Os valores para o exemplo são os mesmos, mas observan- do o resultado da cota do ponto de interesse: Ctpto = ? ctreferência = 100 m ∆href,pto = -5,60 m TOPOGRAFIA APLICADA 21 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 21 16/03/2021 16:57:35 Logo: Ctpto = 100 - 5,60 → Ctpto = 94,40 m A importância no entendimento entre a relação referência e ponto de interes- se ou ré e vante faz com que possíveis equívocos durante os projetos sejam mini- mizados, mantendo o cronograma e o orçamento da obra dentro do planejado. As altitudes (h ou H), diferentemente das cotas, são a distância vertical de um ponto na superfície física até referência padrão (elipsoide, geoide, NMM entre outros). Nesta situação, o operador de campo obtém a altitude, que está amarrada a outras referências nacionais, assim, densifi cando a rede de refe- rência altimétrica nacional. A fórmula matemática e a opera- ção de campo são similares ao das cotas, com a diferença de que o topógrafo pode utilizar das referências de nível (RN) espalhadas pelas cidades, deixando assim de arbitrar uma altura de início. Hpto = hreferência + ∆Href,pto (3) Nivelamento topográfico Método de nivelamento Antes de ir para o campo ou obra realizar a medição e caracterização dos desníveis do terreno, é importante planejar muito bem todas as etapas, incluin- do a escolha dos equipamentos, a defi nição do método de levantamento a ser empregado no projeto, os cálculos para ajuste e correção do nivelamento, a com- posição do desenho topográfi co fi nal e a elaboração dos relatórios técnicos. Iniciando com a escolha dos instrumentos e acessórios, avançando ainda pelo número de operadores e auxiliares de campo, a fi m de simplifi car a con- versa, a seguir aparecem listados acessórios que podem auxiliar durante a exe- cução do levantamento de dados no campo: 1 - Balizas; 2 - Tripés (madeira ou alumínio); 3 - Trenas (nylon ou alumínio); 4 - Réguas verticais ou miras estadimétricas (fi bra de vidro ou alumínio); 5 - Bolhas de reaprumo (nível de cantoneira); 6 - Fios de prumo ou prumos esféricos; TOPOGRAFIA APLICADA 22 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 22 16/03/2021 16:57:35 7 - Prismas; 8 - Termômetro; 9 - Barômetro; 10 - Sapatas; 11 - Estacas ou piquetes; 12 - Guarda-sol (Umbrella). Na sequência, está a sucessão das etapas referentes à execução do nivela- mento topográfico, o que também para o conceito ficar mais prático: • Estacionada do equipamento; • Montagem do tripé; • Fixação do nível topográfico; • Nivelamento do equipamento (calagem); • Medição da altura do equipamento; • Colimação; • Definição dos locais para colocação das miras estadimétricas; • Inicialmente a leitura da ré; • Posteriormente a leitura da vante; • Transcrição dos dados colhidos em prancheta ou caderneta de campo; • Leitura e cadastro de outros pontos de interesse na obra. ASSISTA Para aprimorar o conhecimento, no vídeo Instalar rápida- mente un nivel óptico, automático o de ingeniero, é de- monstrado como realizar a montagem do nível topográfi- co e seu nivelamento. Embora em espanhol, o material é de fácil compreensão, visto que a parte mais importante é a apresentação e aplicação dos materiais. A partir da Figura 8, se compreendem quais as grandezas lidas pelo opera- dor em campo. No círculo abaixo, está representada a visada do operador por meio da luneta do equipamento, graças à qual se identificam quatro importan- tes dados, depois transformadas em medidas lineares. Os fios estadimétricos são representados por três segmentos paralelos horizontalmente e mediante as leituras dos dados sobrepostos a eles que é possível ter condições de cal- cular o desnível do terreno (distância vertical) e a distância horizontal para o objeto de interesse. TOPOGRAFIA APLICADA 23 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 23 16/03/2021 16:57:37 O nome dado a este método indireto de medidas é a taqueometria, que pode ser aproveitada para levantamentos topográficos altimétricos e levantamentos topo- gráficos com finalidade planimétrica ou planialtimétrica. O quarto dado importante quando o operador realiza a visada através da luneta é o fio estadimétrico vertical. Por ele, se verifica a verticalidade da régua em que se extrai a leitura. Apesar de não obter a leitura de nenhum dado neste fio, sua participação é indispensável durante o levantamento, posto que realizar a mensuração dos fios superior, médio e inferior sem a devida verticalidade não traz a precisão e exatidão esperada para o projeto. Figura 8. Fio estadimétrico e régua topográfica. Os valores exibidos logo abaixo das réguas da Figura 8 representam as leituras realizadas pelo operador durante o levantamento de campo e é importante perce- ber que os dados são apresentados com três casas decimais. A régua topográfica apresenta duas graduações distintas. Na parte frontal, tem-se a leitura em E e, no verso, a medida milimétrica. A leitura em E é realizada da seguinte forma. Fios estadimétricos superior e inferior Fio estadimétrico central ou médio Fio estadimétrico vertical H 29 28 09 07 08 06 09 07 08 06 11 09 13 12 10 39 37 38 15 13 17 16 14 15 13 14 12 15 13 14 12 15 13 14 12 15 13 14 12 1,224 1,330 0,776 2,864 1,7830,890 1,365 1,508 3,804 0,942 TOPOGRAFIA APLICADA 24 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 24 16/03/2021 16:57:39 Cada perna do E possui 1 cm e os intervalos são apresentados a cada 10 cm. A régua com valor 1,224 m, abaixo do valor 12, tem uma linha vermelha. É a partir deste ponto que se iniciam os próximos 10 cm da régua, que se findam no valor 13, que inicia o próximo intervalo até o valor 14 em diante. A régua é graduada de 10 em 10 cm e cada intervalo recebe um número em ordem crescente, devendo o valor 0 estar apoiado sobre a superfície de interesse. Sendo assim, se uma régua tem 4 m, são apresentados 40 intervalos de 10 cm. Por esse motivo, aparece o valor 40 na mira. Voltando para a leitura dos valores das réguas, o valor 1,224 é composto pelo intervalo 12 acrescido pelo quadrado em que se tem o fio estadimétrico estacio- nado – neste caso, o quadrado número 2. A última casa decimal é estimada pelo operador em campo. Quando unidos os valores já descritos, se tem: 12 (intervalo da régua), 2 (quadrado onde o fio estadimétrico está) e o valor 4, arredondado pelo operador, leva a 1224 mm que, convertidos para centímetros, fica com 122,4 ou, em metros, 1,224. Quando o operador de campo efetua a anotação dos valores na planilha de ni- velamento, é necessário haver uma padronização das medidas para que não haja confusão no momento de transcrever o dado em escritório. Por isso, adota-se a leitura dos fios em mm, cm ou m e o sistema unitário selecionado deve ser mantido até a conclusão do levantamento. Na Figura 9 são expostas duas formas de nivelamento, ambas através do mé- todo das visadas iguais. O nivelamento simples consiste na leitura da régua esta- dimétrica entre dois pontos de interesse, em que os valores de ré e vante serão subtraídos para que o desnível seja encontrado. No nivelamento composto, são realizadas séries de medidas consecutivas, aqui em nivelamento chamaremos as séries de lances. A somatória dos desníveis desde o primeiro lance ao último apresenta o desnível total do terreno, ou ainda, permite calcular a cota ou altitude de qualquer ponto ao longo do perfil levan- tado. Neste momento, é analisado apenas o nivelamento através das visadas iguais, que consiste na estacionada do equipa- mento no centro de duas réguas topográficas que de- vem estar posicionadas em distâncias iguais ou muito próximas umas das outras, estabelecendo relação di- reta entre ré–vante gerando como resultado o desnível. TOPOGRAFIAAPLICADA 25 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 25 16/03/2021 16:57:39 RN RN a - Nivelamento simples RN RN b - Nivelamento composto Figura 9. Nivelamento simples e composto. Fonte: VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012, p. 206. (Adaptado). A Figura 10 apresenta o método de nivelamento através das visadas extremas. Neste método, é usado so- mente o ponto de interesse para se obter o desnível, sem necessidade da referência (RÉ). O desnível é dado na relação entre a altura de montagem do equipamento (hi) e a leitura obtida na régua estadimétrica (Lm), a subtra- ção entre hi e Lm é a variação altimé- trica entre a base do tripé e a base na mira, logo, têm-se o desnível. Esse método de visadas extremas é aplicado em larga escala em obras de engenharia civil por conta da agilidade e facilidade na obtenção dos dados. TOPOGRAFIA APLICADA 26 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 26 16/03/2021 16:58:07 Figura 10. Nivelamento através de visadas extremas. Fonte: VEIGA; ZANETTI; FAGGION, 2012, p. 219. (Adaptado). hi Ponto A Ponto B LM ∆hAB Exemplifi cando com números: Hi = 1,72 m LM = 1,224 m ∆hAB = ? ∆hAB = 1,72 – 1,224 → ∆hAB = + 0,496 m O sinal positivo em frente ao valor numérico indica que o desnível é positi- vo, logo, se trata de um aclive no terreno. Os equipamentos são selecionados para o levantamento de campo de acordo com a precisão e acurácia exigida no projeto. Para auxiliar na escolha, a classifi cação dos equipamentos é dada pela NBR 13133, de 1994. No Quadro 1, tem-se a classifi cação dos níveis topográfi - cos conforme o desvio-padrão a cada 1 km de duplo nivelamento. Classes de níveis Desvio-padrão 1 - Precisão baixa > 10 mm/km 2 - Precisão média ≤ ± 10 mm/km 3 - Precisão alta ≤ ± 3 mm/km 4 - Precisão muito alta ≤ ± 1 mm/km 1 - Precisão baixa1 - Precisão baixa1 - Precisão baixa 2 - Precisão média 1 - Precisão baixa 2 - Precisão média 1 - Precisão baixa 2 - Precisão média 3 - Precisão alta 1 - Precisão baixa 2 - Precisão média 3 - Precisão alta 4 - Precisão muito alta 2 - Precisão média 3 - Precisão alta 4 - Precisão muito alta 2 - Precisão média 3 - Precisão alta 4 - Precisão muito alta 3 - Precisão alta 4 - Precisão muito alta4 - Precisão muito alta4 - Precisão muito alta4 - Precisão muito alta > 10 mm/km> 10 mm/km> 10 mm/km ≤ ± 10 mm/km > 10 mm/km ≤ ± 10 mm/km≤ ± 10 mm/km ≤ ± 3 mm/km ≤ ± 10 mm/km ≤ ± 3 mm/km ≤ ± 1 mm/km ≤ ± 3 mm/km ≤ ± 1 mm/km ≤ ± 3 mm/km ≤ ± 1 mm/km≤ ± 1 mm/km QUADRO 1. CLASSIFICAÇÃO DOS NÍVEIS TOPOGRÁFICOS Fonte: ABNT, 1994, p. 6. (Adaptado). TOPOGRAFIA APLICADA 27 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 27 16/03/2021 16:58:07 O desvio-padrão será apresentado conforme a expressão matemática abaixo, na escala métrica, ou seja, o resultado será expresso na unidade de medida metros. Em que: m = desvio-padrão; x = cada uma das observações; x = média das “n” observações do erro calculado; n = número de observações. Fontes de erros Apesar de primar pela qualidade do levantamento e também pela pre- cisão dos dados obtidos, é necessário entender que existem alguns erros suscetíveis. Identifi cá-los e evitá-los ao máximo traz resultados cada vez melhores aos nivelamentos. Na sequência, estão listadas quatro fontes de erro. Em relação ao erro relacionado ao equipamento: • Nível: erro de colimação; • Nível: erro de aferição do equipamento, ou seja, o instrumento topo- gráfi co não está ajustado e padronizado as medidas estabelecidas pela As- sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). É recomendado que os equipamentos óticos de topografi a (níveis, teodo- litos e estações totais) sejam aferidos ao menos 1 vez por ano. Em casos de muito uso ou locais de acesso em que os veículos de transporte passem por vias muito esburacadas e que promova bastante trepidação, recomenda-se duas vezes ao ano ou ainda, quando a contratante do serviço de topografi a exigir um laudo de calibração e aferição do equipamento com base na NBR ISO/IEC 17025. CURIOSIDADE Para saber mais sobre metrologia e as normatizações que a permeiam através da NBR ISO/IEC 17025, é possível con- sultar as Orientações gerais sobre os requisitos da ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017. m = ± Σ(x - x)2 (n - 1) (4) TOPOGRAFIA APLICADA 28 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 28 16/03/2021 16:58:09 Erro relacionado ao acessório: • Miras: erro de graduação (gravação), anotar de forma equivocada os valores lidos durante as visadas; • Miras: erro de não verticalidade ao realizar a leitura do ponto. Nesta situação, o auxiliar de campo não pruma corretamente a régua sob o ponto de interesse, causando uma falsa leitura do dado. (distância horizontal deslocada e devido à incli- nação dada a régua, provável erro de desnível); • Tripé: escolha inadequada do material para o tipo de obra, por exemplo, tripé de alumínio em locais com circulação de veículos pesados. (trepidação do solo rela- cionada à passagem dos caminhões e tratores). Erro relacionado ao operador do equipamento: • Nivelamento do equipamento (calagem): montagem do instrumento topográ- fi co sem a correta verticalização no marco de partida, ou seja, os níveis ou bolhas de medição não estão centralizados, o que indica que o equipamento está desnivelado; • Leitura das miras estadimétricas: interpretação equivocada dos valores lidos nas réguas e posterior anotação na planilha de levantamento. Erro inerente aos elencados acima, chamados de erros externos: • Refração atmosférica: próximo a corpos d’água (lagos, rios, açudes e represas); • Reverberação ou conhecida como efeito onde a imagem aparece tremi- da próximo ao solo: causada por elevadas temperaturas e proximidade com locais que aumentem o poder de refração e distorção das leituras, como asfalto e cerâmi- ca. (ocorre até 50 cm do solo). Subprodutos do nivelamento Diante da mensuração e anotações dos dados de campo, cabe o processa- mento das informações em escritório. A forma mais simples de trabalhar com os dados de medição é através de softwares de topografi a específi cos nos quais, além de calcular os desníveis dos terrenos, também é gerado o produto carto- gráfi co fi nal do levantamento. Podem ser confeccionados diversos mapas em escritório, mas não se deve es- quecer que a escolha do produto deve ser realizada com base na aplicação ou ênfa- se em determinada característica do relevo. A seguir, foram selecionados três tipos diferentes de mapas temáticos, cada um deles realçando uma característica predo- TOPOGRAFIA APLICADA 29 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 29 16/03/2021 16:58:09 minante diante de sua aplicação, porém, não seria possível cria-los sem o levanta- mento topográfico e sem as medidas de desníveis. A Figura 11 traz o mapa de declividade subcategorizado através de classes, con- forme observado na legenda. Há cinco classes diferentes com amplitudes variá- veis, inicialmente com baixa declividade a classe de 0 a 5°, 6 a 15°, de média decli- vidade 16 a 25° e 26 a 35° e as altas declividades, mais íngremes, com 35° ou mais. Neste tipo de mapa, o enfoque está na declividade do terreno, na relação exis- tente entre distância vertical e distância horizontal. Para simplificar, ao desenhar um triângulo retângulo com cateto aposto 10 cm e cateto adjacente 20 cm, a hi- potenusa é mais suave e alongada. Agora, invertendo as medidas e desenhando o triângulo retângulo com cateto oposto de 20 cm e cateto adjacente 10 cm, se tem uma hipotenusa mais inclinada e mais curta. Diante deste exemplo, se chega ao primeiro triângulo possuindo uma declividade menor e ao segundo triângulo com uma declividade maior, logo, eles estariam em classes diferentes no mapa. Figura 11. Mapa de declividade. Fonte: DUZ, 2020, p. 72. Universal Transversa de Mercator (UTM) Sistema de Coordenadas Planas Datum: SIRGAS 2000/Zone: 23S TOPOGRAFIA APLICADA 30 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 30 16/03/2021 16:58:11 Na Figura 12, é apresentado o mapa de elevação, cujo destaque está nas altitudesdos objetos de interesse. Neste mapa, é apresentada a relação das al- titudes em referência ao NMM e as cores mais quentes simbolizam as maiores altitudes, já as cores frias as menores altitudes do terreno. 435000 Legenda Amplitude (m) 435000 440000 Curso fluvial Divisa de bacias Limites municipais Paraibuna Natividade da Serra Caraguatatuba Oceano Atlântico 0-168 168-386 386-618 618-805 805-1160 0 4,5 9 Km Universal Transversa de Mercator (UTM) Sistema de Coordenadas Planas Datum: SIRGAS 2000/Zone: 23S 440000 450000 450000 460000 460000 74 00 00 0 74 00 00 0 73 96 00 0 73 96 00 0 73 92 00 0 73 92 00 0 73 88 00 0 73 88 00 0 73 84 00 0 73 84 00 0 73 80 00 0 73 80 00 0 445000 445000 455000 455000 Figura 12. Mapa de elevação. Fonte: DUZ, 2020, p. 73. Ao tentar relacionar o mapa de declividade com o mapa de elevação, perce- be-se que os maiores desníveis não estão onde as maiores altitudes estão, algo que ocorre por conta da relação dos catetos oposto e adjacente desenhados. O mapa de inundação presente na Figura 13, diferente dos anteriores, mostra a situação do terreno em diferentes momentos, isto é, se hou- ver uma elevação no nível da água para determinada cota será possível identificar quais serão as áreas alagadas. Se o nível continuar subindo ou baixar, também é possível calcular a área submersa e a área seca. TOPOGRAFIA APLICADA 31 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 31 16/03/2021 16:58:13 Figura 13. Mapa de inundação. Fonte: CAVALCANTI, 2013, p. 709. TOPOGRAFIA APLICADA 32 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 32 16/03/2021 16:58:15 Sintetizando No decorrer da história da humanidade, sempre houve a preocupação com suas habitações e as atividades econômicas que se desenvolviam diante do espaço ocupado. O avanço do conhecimento, a curiosidade e as possibilidades da engenhosidade humana trouxeram o atual estágio de desenvolvimento e a topografia é uma importante ferramenta de contribuição para o conforto e segurança nos ambientes. Diante deste contexto, é importante lembrar que, mesmo sendo uma ciên- cia exata e precisa, existem prováveis fontes de erros que podem gerar desde o atraso num cronograma, ao aumento exponencial dos valores orçamentários do projeto e a falta de segurança em locais para construção de empreendi- mentos. Conhecer e entender formas de mitigar estes problemas se torna um diferencial em qualquer obra de engenharia, arquitetura e do agronegócio. Os equipamentos cada vez mais modernos, aliados aos métodos de le- vantamento topográfico com finalidade altimétrica, permitem a confecção de mapas com a caracterização do terreno mais precisa, permitindo com que as decisões a serem tomadas a partir da intepretação destes produtos sejam mais assertivas e eficientes. Em projetos de engenharia, a compatibilidade entre as referências existen- tes no local e as quais são utilizadas no projeto é primordial. Na abertura de um novo loteamento, é necessário identificar a referência utilizada pelo muni- cípio para que a loteadora também utilize em seus projetos. Sendo assim, seus empreendimentos se adequam à realidade local. Conhecendo as referências altimétricas, o método de nivelamento topográfico, as fontes de erro e os pro- dutos cartográficos gerados, é possível elaborar seus projetos de engenharia. TOPOGRAFIA APLICADA 33 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 33 16/03/2021 16:58:15 Referências bibliográficas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13133: execução de levantamento topográfico, Rio de Janeiro: ABNT, 1994. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Orientações gerais sobre os requisitos da ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. CAVALCANTI, R. C.; TAVARES JUNIOR, J. R.; CANDEIAS, A. L. B. Simulação de ma- peamento de riscos de inundações usando dados LiDAR: estudo de caso da bacia do rio Una - PE. Revista Brasileira de Cartografia, Uberlândia (MG), v. 65, n. 4, jul./ago. 2013. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/re- vistabrasileiracartografia/article/view/43855/23119>. Acesso: 14. out. 2020. DALAZOANA, R. Estudos dirigidos à análise temporal do datum vertical bra- sileiro. 2005, 202 p. Tese (Doutorado em Ciências Geodésicas) – Curso de Pós- -Graduação em Ciências Geodésicas, Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná (UFPR), 2005. Disponível <https://acervodigital.ufpr.br/bits- tream/handle/1884/3922/TESE_REGIANE_DALAZOANA.pdf?sequence=1&isAl- lowed=y>. Acesso em: 14 out. 2020. DUZ, B. G. Avaliação dos modelos SHALSTAB e SINMAP à ocorrência de es- corregamentos rasos: aplicação em áreas de alta densidade de estruturas geológicas da serra do mar. 2020, XX p. Dissertação (Mestrado em Geociências e Meio Ambiente) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro (SP), 2020. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/193057>. Acesso em: 14 out. 2020. INSTALAR rápidamente un nivel óptico, automático o de ingeniero. Posta- do por Topografía simple. (18 min. 37s.). son. color. esp. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=y0WUo8BB0QE>. Acesso em: 14 out. 2020. VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de topografia. Curitiba: UFPR, 2012. TOPOGRAFIA APLICADA 34 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID1.indd 34 16/03/2021 16:58:15 MÉTODOS DE NIVELAMENTO TOPOGRÁFICO 2 UNIDADE SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 35 16/03/2021 16:58:06 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Apresentar os métodos de nivelamento topográficos utilizados em obras de engenharia civil; Abordar os tipos de aplicações dos nivelamentos geométricos e trigonométricos. Nivelamento geométrico Nivelamento geométrico simples Nivelamento geométrico composto Nivelamento trigonométrico Nivelamento trigonométrico para lances curtos Nivelamento trigonométrico para lances longos TOPOGRAFIA APLICADA 36 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 36 16/03/2021 16:58:06 Nivelamento geométrico O nivelamento geométrico (ou nivelamento direto) é defi nido, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): Nivelamento que realiza a medida da diferença de nível entre pontos do terreno por intermédio de leituras correspondentes a visadas horizontais, obtidas com um nível, em miras colocadas verticalmente nos referidos pontos (ABNT, 1994, p. 3). Geralmente, ao trabalharmos com um nível topográfi co têm-se, inicial- mente, a ideia de que será possível obter apenas as grandezas relacionadas ao eixo Z de um plano tridimensional, quando falamos em eixo Z nos referi- mos às altitudes, cotas ou variações verticais do terreno, no entanto, deve- mos ter ciência de que além dos desníveis do terreno, ainda é possível obter as distâncias entre o equipamento e o objeto de interesse e o ângulo horizon- tal da área. Esta distância horizontal calculada permitirá ao operador cadastrar preci- samente os pontos de interesse em campo, e por meio dos ângulos horizon- tais será possível obter o formato do imóvel ou ainda cadastrar a abertura angular em que cada objeto está um do outro, conforme ilustra a Figura 1. Figura 1. Cadastramento de objetos em campo. Fonte: FIORIO, 2019, p. 26. Sabe-se que para calcular o desnível é necessário anotar a leitura do fi o médio (FM) em campo; e para realizar o cálculo da distância, o operador deverá anotar na caderneta todas as três informações elencadas a seguir: TOPOGRAFIA APLICADA 37 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 37 16/03/2021 16:58:06 • Fio médio (FM); • Fio superior (FS); • Fio inferior (FI). O cálculo rápido para as distâncias em campo será importante para o correto posicionamento do nível topográfico durante o método das visadas iguais, onde a distância entre o equipamento +ré e o equipamento +vante devem ser simétricos, podendo ser aceita, na prática, uma variação de até 2 m entre ambos, e caso a dis- tância seja maior, será necessárioreposicionar o instrumento topográfico. Portanto, diante as informações do FS e FI, substituímos na fórmula: Dnível→mira = S ∙ C Onde: S é a diferença entre FS e FI, ou seja, FS – FI; C é a constante estadimétrica do equipamento. Esta é uma informação técnica do instrumento e consta no manual fornecido pelo fabricante, porém, níveis topo- gráficos normalmente apresentam constante igual a 100. Assim, a fórmula poderá ser interpretada conforme observa-se na equação (1): Dnível→mira = (FS - FI) ∙ 100 Exemplificando com números: Durante o trabalho de campo, foi realizada a anotação dos valores referentes aos fios superior, inferior e médio através do nível topográfico: FS = 1,488 m; FI = 1,438 m; FM = 1,462 m. Sendo assim: Dnível→mira = (1,488 -1,438) ∙ 100 Dnível→mira = (0,05) ∙ 100 Dnível→mira = 5 m Apesar do FM não entrar na fórmula para obtenção da distância, essa in- formação é necessária para o desnível do terreno, claro, mas é utilizada como referência para identificar o desvio tolerável durante a leitura dos fios superior e inferior. Para isso, a razão entre a soma dos FS e FI deverá ser igual ao FM com variação de ± 0,002 m. Tolerância = (FS + FI) 2 (1) (2) (3) (4) TOPOGRAFIA APLICADA 38 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 38 16/03/2021 16:58:06 Novamente, trazendo a prática numérica para melhor assimilação (utilizamos os valores do exemplo anterior): Tolerância = (1,488 + 1,438) 2 Tolerância = = 1,463 m (2,926) 2 Com o resultado obtido entre a diferença de FS e FI dividido por 2, analisaremos os possíveis valores de acordo com o desvio padrão permitido. A tolerância para o valor 1,463 m ± 0,002 m validará o valor obtido em campo. Os valores aceitos estão entre o intervalo de 1,461 m → 1,465 m. Diante dos resultados obtidos acima, devemos retornar para a planilha de le- vantamento topográfico e verificar o valor preenchido em campo referente ao FM; em nosso exemplo, o valor anotado para FM é 1,462 m. Após o cálculo do desvio, obtivemos o valor para o FM de 1,463 m e diante da tolerância permitida ±0,002 m percebe-se que a variação de 0,001 m está no padrão aceitável, logo, validando a operação de campo. Após a finalização da leitura da ré, o mesmo procedimento é empregado para visada posterior, visto que o objetivo é identificar a equidade entre as distâncias relacionadas ao equipamento, bem como a mira na posição ré e a mira na posição vante (VT). Durante a nova leitura em campo, o operador anotou em sua prancheta os se- guintes valores: FS = 3,881 m; FI = 3,818 m; e FM = 3,850 m. Sendo assim: Dnível→mira = (3,881 - 3,818) ∙ 100 Dnível→mira = (0,063) ∙ 100 Dnível→mira = 6,3 m Apesar do valor obtido na segunda leitura (6,3 m) ser diferente da primeira lei- tura (5 m), a diferença de 1,3 m está dentro do limite prático de até 2 m de variação entre as seções, logo, não há necessidade em reposicionar o instrumento topográ- fico em campo. Tolerância = (3,881 + 3,818) 2 Tolerância = = 3,849 m (7,699) 2 Tolerância: Tintervalo = 3,849 m ± 0,002 m → 3,847 m → 3,851 m. (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) TOPOGRAFIA APLICADA 39 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 39 16/03/2021 16:58:06 O valor do FM obtido em campo foi de 3,850 m, logo, está contido no intervalo da tolerância permitida, validando os dados obtidos em campo. Com as validações lineares, consegue-se agora obter o desnível do terreno entre os pontos preestabe- lecidos mediante relação direta: Substituindo com os valores de campo, temos: DN = 1,462 - 3,850 = -2,388 m DN = FMré - FMvt (12) RÉ VT Figura 2. Perfil topográfico. A Figura 2 representa o trecho em declive calculado anteriormente. Será por meio do valor apresentado em frente do resultado do desnível que interpre- taremos o formato do terreno em nosso cálculo, o valor negativo indicará que o trecho levantado representa um declive entre a ré e a vante, o qual permite calcular a declividade da seção levantada. Existem duas formulações para obter a declividade de uma seção ou de um terreno, elas podem ser expressas em graus ou porcentagem, sendo a segunda a mais utilizada na engenharia civil. Acompanhe ambas as fórmulas. Fórmula da declividade em porcentagem: Onde: D% = valor da declividade em porcentagem; DV = distância vertical (desnível); DH = distância horizontal. D% = ∙ 100 DV DH TOPOGRAFIA APLICADA 40 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 40 16/03/2021 16:58:06 Fórmula da declividade em graus: Onde: D = valor da declividade em graus; tgα = tangente do ângulo; DV = distância vertical (desnível); DH = distância horizontal. Seguindo com o exemplo apresentado anteriormente, com base nos valores obtidos em campo, utilizaremos a fórmula da declividade em porcentagem para calcular o declive da seção do terreno correspondente ao intervalo RÉ e VT. O desnível total apresentado foi −2,388 m; a distância total apresentada foi 11,3 m (5 m + 6,3 m). Diante disto, teremos: Logo, a declividade do trecho é 21,1%. De maneira lúdica, podemos interpretar e reproduzir o trecho em declive com o valor de 21% no ambiente de estudos. Geralmente, a borracha padrão escolar possui 6 cm de comprimento, utilize-a deixando em pé sobre uma mesa e posteriormente apoie a extremidade de uma régua de 30 cm nesta borracha, a rampa criada equiva- lerá aproximadamente ao valor de declividade do trecho calculado anteriormente. Para calcularmos a declividade em graus basta substituir os valores na fórmula apresentada anteriormente: Apesar de existirem outros métodos de nivelamento de terreno, o método de nivelamento geométrico é apresentado como sendo o mais preciso, principal- mente pelo instrumental utilizado durante a operação em campo: o nível topo- gráfico e a mira ou régua estadimétrica (graduada). D em graus = tgα = DV DH D% = ∙ 100 2,388 11,3 (13) D em graus = tgα = DV DH (14) tgα = 2,388 11,3 (15) α = tg 2,388 11,3 (16) (17)α = 11°55’57″ TOPOGRAFIA APLICADA 41 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 41 16/03/2021 16:58:07 Como o nível não apresenta movimento vertical de luneta, ao montarmos o equipamento devidamente prumado no tripé criamos, automaticamente, o pla- no de colimação do equipamento, ou seja, um plano paralelo ao solo que permi- tirá obter com menor distorção, os pontos de cadastro. ASSISTA Diante dos diversos métodos de nivelamento existentes, devemos saber que os equipamentos topográfi cos podem ser categorizados em: • Alta precisão: nível de precisão, teodolito e estação total; • Média precisão: nível de pedreiro, nível de mão, nível de borracha ou mangueira de nível etc. Para conhecer mais sobre as técnicas relacionadas à mangueira de nível, assista ao vídeo. Nivelamento geométrico simples O nivelamento geométrico simples pode ser defi nido como o método que busca obter e determinar as diferenças de níveis (deníveis) entre todos os pontos de interes- se da área, ocupando uma única posição no terreno. Na Figura 3, temos o exemplo do nivelamento geométrico simples. Perceba que o nível topográfi co está posicionado de modo a conseguir realizar a leitura de todos os pontos de interesse neste perfi l topográfi co sem que haja necessidade na realização de novos lances durante a operação. A escolha correta para montagem do instrumento é fundamental para realização deste método de nivelamento, perceba que novamente o planejamento das etapas que ocorrerão em campo é necessária, de forma a otimizar a medição dos dados. Eixo Y (Z) Dist. horizontal Figura 3. Nivelamento geométrico simples. TOPOGRAFIA APLICADA 42 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 42 16/03/2021 16:58:07 Para obtenção dos valores apresentados na Tabela 2 foi realizado previa- mente o levantamento de campo. A operação é relativamente simples, acompa- nhe seu passo a passo: 1. Primeiramente, crave a estaca de partida no solo ou delimite o concreto com tinta; 2. Posicione o tripé na estaca e o instale; 3. Insira o nível topográfico sobreo tripé; 4. Libere o fio de prumo para centralizar corretamente o instrumento princi- pal no ponto de partida; 5. Realize o nivelamento grosseiro do instrumento por meio das pernas do tripé para centralização da bolha circular localizada na base do nível; 6. Parafusos calantes são utilizados para o nivelamento fino do equipamento para nivelar e centralizar a bolha tubular no corpo do nível; 7. Meça o nível topográfico em referência à estaca, criando a altura do plano do colimador; 8. O auxiliar de topografia se dirige ao ponto de interesse com a mira estadi- métrica e a posiciona no local; 9. A mira estadimétrica é nivelada com a bolha circular ou nível de cantoneira para minimizar os erros de prumada; 10. O operador realiza a primeira visada na referência. Chamaremos de E0 e é a informação que está preenchida na coluna 2 da Tabela 2 com o valor de 2,000 m; 11. O auxiliar se dirige aos próximos pontos de interesse do projeto, instalan- do e prumando corretamente a mira estadimétrica para a visada do operador. Neste momento são realizadas as leituras dos dados da coluna 4, os pontos in- termediários; 12. O último ponto em que ainda é possível realizar a leitura das informações da régua estadimétrica entrará na coluna 5, chamado de ponto de mudança; 13. Mediante o cadastro de todas as informações necessárias, calcula-se a coluna 6 com as novas cotas ou altitudes. Na Tabela 1 temos a planilha padrão utilizada em campo para cadastro das informações. Nela encontramos seis colunas onde são preenchidos os dados do levantamento de campo. Na primeira coluna, chamada de estacas, são ano- tados os pontos de cadastro; geralmente utilizamos a numeração crescente a partir de 0 e é comum alguns profissionais adotarem prefixos como E0 ou PT0. TOPOGRAFIA APLICADA 43 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 43 16/03/2021 16:58:07 Para padronizar a anotação, a linha 1 receberá os dados da ré do levantamento e posteriormente virão os pontos intermediários e o ponto de mudança, este último simboliza o encerramento do nivelamento geométrico simples, visto que haveria necessidade em realizar a movimentação do equipamento. As colunas posteriores recebem as informações medidas em campo e de- vem ser anotadas em metros (m) para uniformidade e padronização. É ne- cessário muita atenção na organização dos dados, visto que a transcrição incorreta das medições é uma fonte comum de erro, caracterizando o erro do tipo grosseiro. Para correção deste erro é realizado novo trabalho de to- pografi a no terreno. Estacas Ré (m) APC/AI Visada vante (m) Cota ou altitudePI PM TABELA 1. MODELO DE PLANILHA DE NIVELAMENTO A partir da Tabela 2 temos o preenchimento dos dados da medição do ni- velamento geométrico simples. Note que na primeira coluna estão as estacas (nestes pontos foram posicionadas as miras estadimétricas para leitura dos valo- res). A segunda coluna, chamada de ré, recebe a informação obtida por meio da leitura da mira, em nosso exemplo o valor corresponde a 2,000 m. É necessário utilizar três casas decimais para embutir maior precisão no nivelamento. Têm-se apenas uma referência para cada lance de nivelamento, por esse motivo, em nossa prancheta será apresentado unicamente na primeira leitura. Fonte: SANTOS, 2016. (Adaptado). DICA É imprescindível entender que por se tratar de um nivelamento geométrico sim- ples teremos apenas uma ré na prancheta/planilha de levantamento de campo, caso contrário, se caracterizaria como nivelamento geométrico composto. TOPOGRAFIA APLICADA 44 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 44 16/03/2021 16:58:07 Na coluna 3 é preenchida a altura do instrumento (AI) que pode ser medida por meio de uma trena posicionada verticalmente ao solo até a marca apresen- tada no equipamento, ou a AI pode ser obtida por meio do posicionamento da mira estadimétrica logo à frente da luneta do equipamento, onde o operador realizará a anotação do valor do FM. Pode-se utilizar ainda, a altura do plano do colimador (APC), sendo este o plano horizontal (linha paralela ao terreno) criado com a montagem do equipamento. Neste caso, adota-se o valor da estaca, po- dendo ser uma referência de nível (RN) já existente ou uma cota arbitrária; em nosso exemplo utilizamos o APC equivalente a 50 m, ou seja, a cota inicial do projeto é 50 m e a partir dela foi possível obter as posteriores. As colunas 4 e 5 se relacionam com os pontos visados pelo operador, sendo PI o ponto intermediário, ou seja, pontos de interesse em que foi possível efetuar a leitura sem a mudança de equipamento, por isso o nome de intermediário e o PM, ponto de mudança. Os valores são obtidos por meio da leitura do FM na mira estadimétrica e este é transcrito na prancheta em metros. O PM é o último ponto que o operador consegue realizar a leitura com o equipamento estacionado no mesmo local, a partir deste ponto não há mais intervisibilidade entre o equipamento e o ponto para cadastro. A última coluna (6) da prancheta receberá as novas cotas ou altitudes que serão calculadas mediante as equações: AI/APC = cota + ré altura/cota = AI/APC – vante Na linha da ré utilizaremos a equação (18), na qual temos: APC = 2,000 m + 50 m (valor definido em campo), logo o APC = 52 m. Para obter a cota ou altitude dos pontos intermediários (PI) e do ponto de mudança (PM), utiliza-se a equação (19): • Para estaca 1, temos: Cota1 = 52,000 m – 3,000 m → Cota1 = 49,000 m; • Para estaca 2, temos: Cota2 = 52,000 m – 4,000 m → Cota2 = 48,000 m; • Para estaca 3, temos: Cota3 = 52,000 m – 4,500 m → Cota3 = 47,500 m; • Para estaca 4, temos: Cota4 = 52,000 m – 5,000 m → Cota4 = 47,000 m. (18) (19) TOPOGRAFIA APLICADA 45 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 45 16/03/2021 16:58:07 Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 e 5 Coluna 6 Estacas Ré (m) APC/AI Visada Vante (m) Cota ou alti- tudePI PM 0 2,000 52,000 50,000 1 3,000 49,000 2 4,000 48,000 3 4,500 47,500 4 5,000 47,000 TABELA 2. PLANILHA DE NIVELAMENTO PREENCHIDA Fonte: SANTOS, 2016. (Adaptado). 0 2 2,000 3 2,000 4 52,00052,000 3,0003,000 4,0004,0004,000 4,5004,500 50,00050,000 5,000 49,000 5,000 49,000 48,00048,000 47,50047,500 47,000 47,500 47,00047,000 Nivelamento geométrico composto O nivelamento composto pode ser facilmente entendido como sendo um método onde ocorre o nivelamento geométrico simples consecutivo, ou seja, são séries de nivelamentos geométricos simples em sequência, que utilizaram um ponto para unir os trechos nivelados. O nivelamento fi cará “amarrado” ao anterior por meio dos pontos de mudança (PM), por esse motivo é necessário caracterizá-lo em campo. Pontos de mudança (PM) não precisam necessariamente serem os últimos pontos cadastrados do lance anterior, estes poderão variar de acordo com o levantamento de campo e a topografi a do terreno, podendo ser utilizado outro marco. No entanto, este marco deverá ser medido ao menos duas vezes, pri- meiro enquanto o nível topográfi co estiver posicionado na referência inicial e posteriormente quando o nível estiver na nova posição. Utilizando a Figura 4 como exemplo, é possível perceber que a estação A efetua a leitura do PM e quando ocorre a movimentação do ní- vel para posição estação B, o objeto será novamente cadastrado, porém, desta vez o marco assumirá a função de referência (ré) do novo lance. Este pro- cedimento ocorrerá quantas vezes forem necessá- rias para conclusão do nivelamento. TOPOGRAFIA APLICADA 46 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 46 16/03/2021 16:58:07 Na Figura 4 o nível foi mantido externamente ao perfil topográfico, mas de- vemos entender que pode ocorrer o nivelamento geométrico composto com o equipamento posicionado entre as miras estadimétricas, assim como é observa- do na Figura 5. Estação A RÉ PI PI PM/RÉ PI PI PM/RÉ PI PI PM Estação B Estação C 1,33 0,22 0,46 0,96 8, 37 7, 91 11 ,7 2 AI = 2 05 4, 51 AI = 2 04 6, 36Nível médio do mar (NMM) RN de início Elev. 2053,18 m PL 1 PL 2 PL 3 RN de chegada 8, 71 Figura 4. Nivelamento geométrico composto. Fonte: FIORIO, 2019, p. 34. Figura 5. Nivelamento geométrico composto em linha. Fonte: BRINKER, 1997 apud CORDINI, 2014, p. 25. TOPOGRAFIA APLICADA 47 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 47 16/03/2021 16:58:07 Assim como visto anteriormente, notamos que o PM do lance anterior se transforma automaticamente no ponto de ré no lance posterior, criando a amarração para que o nivelamento permaneça contínuo. Este método é utilizado quando o terreno apresenta desnível bastante acentuado ou ainda quando será necessário cobrir um longo trecho de ni- velamento, dessa forma, realiza-se a movimentação ou caminhamento do equipamento, onde no nivelamento os chamamos de lances. Fiorio (2019, p. 34-35) nos explica como será realizado o procedimento de campo: 1. Estacionar e nivelar o equipamento; 2. Efetuar a leitura de ré; 3. Efetuar as leituras necessárias de pontos intermediários (PIs); 4. Efetuar a leitura do ponto de mudança (PM); 5. Manter a régua no primeiro PM; 6. Estacionar e nivelar novamente o equipamento; 7. Efetuar a leitura da segunda ré (que será o PM do item 5); 8. Repetir os passos descritos até o término do trabalho. Como neste método existe o lance entre os níveis e consequentemente entre as visadas, devemos entender que mesmo tomando os cuidados du- rante a operação é possível que ocorram erros de nivelamento. Estes podem e devem ser verificados sempre que possível para correção e redução dos erros, para isso existe uma fórmula em que se relaciona a leitura da ré e do PM com a altura final e a altura inicial obtida na mira estadimétrica: ∑LR − ∑LPM = HF – HO Ao estabelecer a relação é necessário ve- rificar os valores obtidos, visto que a validação ocorrerá quando os dois lados da equação fo- rem iguais. Caso estejam diferentes ou, ainda, com sinais distintos, será necessário reali- zar um novo levantamento no trecho. Observe que na Tabela 3 temos um exemplo de planilha de nivelamento geomé- trico composto com as correções aplicadas. (20) TOPOGRAFIA APLICADA 48 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 48 16/03/2021 16:58:07 Para exemplificar a equação (20), acompanhe o raciocínio abaixo: ∑LR − ∑LPM = HF – HO ∑LR − ∑LPM = 4,627 − 4,611 = 0,016 HF – HO = 50,016 − 50,000 = 0,016 Para o preenchimento de ∑LR acompanhe a marcação em vermelho na tabela, note que foi realizada a somatória dos valores obtidos durante a leitura da ré em campo (0,711 + 2,462 + 1,454), o qual resulta em 4,627, que é utilizado na equação. O ∑LPM está destacado em verde na planilha, esta informação é a somatório dos pontos de mudança do levantamento. Para facilitar na leitura dos dados, ve- rifi que na coluna “Pontos Visados” em amarelo os pontos “2”, “4” e “RN”, e note que existem dois pontos “2” e “4”; por esse motivo é mais fácil identifi car o PM na planilha, já o ponto “RN” é o último ponto do levantamento e que dará indicativos de que seria a próxima mudança ocorrida, por esse motivo também é somado aos pontos anteriores. Essa soma resulta no valor 4,611, que é inserido na equação. Para os dados HF e HO foram utilizados os valores destacados em azul, estas são as altitudes fi nal e inicial do levantamento. Note o que o valor 50,016 m é a altitude calculada ao longo do levantamento e o valor de 50,000 m é a referência de nível (RN) inicial. (21) (22) (23) TABELA 3. PLANILHA DE NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO CORRIGIDO Estação ocupada Ponto visado Leitura de mira Altura do Instrumento Altitude calculada Correção (em m) Altitude corrigida Distância nivelada (m)Ré Vante A RN 0,711 50,711 50,000 1 1,143 49,568 0,005 49,563 52,00 2 1,533 49,178 0,005 49,173 84,33 B 2 2,62 51,640 3 1,134 50,506 0,010 50,496 98,35 4 1,521 50,119 0,010 50,109 90,88 C 4 1,454 51,573 5 2,781 48,792 0,016 48,776 74,65 6 1,885 49,688 0,016 49,672 73,12 RN 1,557 50,016 0,016 50,000 83,32 Soma: 4,627 4,611 556,65 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 Fonte: CORDINI, 2014, p. 36. RN B 0,7110,711 C 1,143 2,62 4 1,143 1,533 4 50,711 1,533 5 Soma: 50,711 1,134 1,454 6 Soma: 1,134 1,521 1,454 RN 51,640 1,521 51,640 2,781 49,568 51,640 2,781 4,627 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 49,568 49,178 1,885 4,627 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 49,178 51,573 1,557 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 0,005 50,506 51,573 4,611 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 0,005 50,506 50,119 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 50,000 0,005 50,119 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 50,000 49,563 50,119 Erro = 4,627 - 4,611 = 0,016 49,563 49,173 0,010 48,792 49,173 0,010 0,010 48,792 49,688 49,173 0,010 49,688 50,016 52,00 50,496 0,016 50,016 52,00 84,33 50,496 50,109 0,016 0,016 84,33 50,109 0,016 0,016 48,776 0,016 98,35 48,776 49,672 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 90,88 49,672 50,000 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 50,000 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 74,65 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 74,65 73,12 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 73,12 83,32 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 83,32 556,65 Erro = 50,016 - 50,000 = 0,016 556,65 TOPOGRAFIA APLICADA 49 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 49 16/03/2021 16:58:08 A partir dos resultados apresentados, perceba que o mesmo valor (0,016 ou 16 mm) foi apresentado em ambos os lados da equação, desta forma é possível interpretar que a geometria do nivelamento está correta. Assim, será possível avaliar o erro altimétrico cometido com o erro médio e o máximo admissível. Veja a Tabela 4, pois a partir dela será possível entender como é calculada a altitude/cota dos pontos de uma planilha de nivelamento geométrico composto. Os resultados das equações estão destacados em vermelho. TABELA 4. NIVELAMENTO GEOMÉTRICO COMPOSTO Estacas Ré (m) APC/AI Visada Vante (m) Cota ou altitudePI PM 1 3,410 103,410 100 2 3,210 0,845 102,565 3 1,620 104,155 4 2,823 102,952 5 3,615 102,160 6 3,912 108,465 1,222 104,553 7 0,544 107,921 2 3 3,4103,410 3,210 5 3,210 6 103,410103,410103,410 3,9123,912 108,465 1,620 108,465 1,620 2,8232,823 0,845 3,615 0,845 3,615 100100 102,565102,565 104,155 1,222 102,565 104,155 1,222 0,544 104,155 102,952 0,544 102,952 102,160102,160 104,553 102,160 104,553104,553 107,921107,921 Fonte: FIORIO, 2019, p. 36. (Adaptado). O cálculo será iniciado de forma a determinar a altura do primeiro plano de colimação (APC1) do levantamento. APC1 = Ctconhecida + ré APC1 = 100 + 3,410 m APC1 = 103,410 m O valor obtido em APC1 é utilizado para obter as altitudes dos próximos pon- tos referentes a este mesmo lance, em nosso exemplo, apenas o ponto 2 será calculado a partir desse valor obtido. Ct2 = APC1 – ré Ct2 = 103,410 – 0,845 Ct2 = 102,565 m Como ocorreu a abertura de um novo lance no nivelamento, será necessário calcular o APC2 e a partir desse valor conseguiremos obter as cotas dos pontos 3, 4, 5 e 6. (24) (25) (26) (27) (28) (29) TOPOGRAFIA APLICADA 50 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 50 16/03/2021 16:58:08 APC2 = Ctconhecida + ré APC2 = 102,565 + 3,210 APC2 = 105,775 m Para as cotas dos pontos: Ct3 = APC2 – ré → 105,775 – 1,620 = 104,155 m Ct4 = APC2 – ré → 105,775 – 2,823 = 102,952 m Ct5 = APC2 – ré → 105,775 – 3,615 = 102,160 m Ct6 = APC2 – ré → 105,775 – 1,222 = 104,553 m A operação será repetida para obter o APC3 e para a cota do ponto 7: APC3 = Ctconhecida + ré APC3 = 104,553 + 3,912 APC3 = 108,465 m Agora o ponto 7: Ct7 = APC3 – ré → 108,465 – 0,544 = 107,921 m Para validação do nivelamento, como visto anteriormente, faremos a utiliza- ção da fórmula (20): HF – HO → 100 – 107,921 = 7,921 m ∑LR − ∑LPM → (3,410 + 3,210 + 3,912) – (0,845 + 1,222 + 0,544) = 7,921 m Novamente, os valores obtidos ao término do cálculo são equivalentes, logo, o nivelamento apresenta boa qualidade. (30) (31) (32) (33) (34)(35) (36) (37) (38) (39) (40) (41) (42) Nivelamento trigonométrico O nivelamento trigonométrico é empregado em situações em que se permite a entrega dos valores de desníveis do terreno com menor precisão (menos rigo- roso). Apesar de menos preciso, este método é mais rápido que o nivelamento geométrico e pode ser utilizado em determinados projetos de acordo com a es- pecifi cação técnica pré-estabelecida. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) defi ne o conceito relacio- nado ao nivelamento trigonométrico: Nivelamento que realiza a medição da diferença de nível entre pon- tos do terreno, indiretamente, a partir da determinação do ângulo vertical da direção que os une e da distância entre estes, fundamen- tando-se na relação trigonométrica entre o ângulo e a distância me- TOPOGRAFIA APLICADA 51 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 51 16/03/2021 16:58:09 didos, levando em consideração a altura do centro do limbo vertical do teodolito ao terreno e a altura sobre o terreno do sinal visado (ABNT, 1994, p. 4). Dessa forma, perceba que por meio deste método de levantamen- to é apresentado um novo elemento durante a medição, chamado de ân- gulo vertical da direção. Durante nos- sos estudos referentes aos outros métodos de nivelamento sempre mantivemos o ângulo vertical em 90°, paralelo ao solo, visto que os levanta- mentos foram realizados com o nível topográfico, porém, no nivelamento trigonométrico ocorre uma mudança no tipo de instrumento principal utili- zado em campo pelo operador. As estações totais e os teodolitos são os equipamentos topográficos uti- lizados em campo para o nivelamento trigonométrico, e em ambos a luneta em que se realiza a visada para o objeto de interesse possui rotação, ou seja, podemos alterar o ângulo de 90° em relação ao terreno de acordo com o local onde o objeto está situado. Devemos entender que cada tipo de equipamento apresentará caracte- rísticas que irão possibilitar operações diferentes em campo e, consequen- temente, a obtenção dos dados de interesse. DICA Justamente por existirem diversos equipamentos topográficos, sejam níveis, estações totais, teodolitos, receptores GNSS, laser scanners ou drones/vants devemos entender quais são as melhores práticas e em quais projetos eles terão maior precisão e agilidade. Conheça mais sobre os equipamentos topo- gráficos na NBR 13133, de 1994, Execução de levantamento topográfico Na Figura 6 podemos conhecer quais são os equipamentos utilizados neste método de nivelamento, vale ressaltar que existem diversas marcas e modelos disponíveis no mercado. TOPOGRAFIA APLICADA 52 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 52 16/03/2021 16:58:09 Figura 6. Estação total robótica e teodolito eletrônico. Fonte: Shutterstock; Wikimedia Commons. Acesso em: 28/01/2021. O método de nivelamento trigonométrico consiste na resolução de pro- blemas ou incógnitas relacionadas aos triângulos, pois serão obtidos em campo a distância horizontal (base do triângulo) e a inclinação do terreno (hipotenusa). Porém, antes de avançar em nivelamento trigonométrico para lances cur- tos e longos, devemos conhecer a orientação que os ângulos verticais pos- suem para que seja compreendido o que foi levantado durante a medição com a estação total ou teodolito. Na Figura 7 está representado esquematicamente os três tipos de orien- tação de ângulo vertical que podemos configurar no equipamento topográ- fico durante a medição. TOPOGRAFIA APLICADA 53 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 53 16/03/2021 16:58:12 Zênite Nadir Ângulo zenital Ângulo nadiral Ângulo vertical positivo Ângulo vertical negativo Horizonte Figura 7. Ângulos verticiais. Fonte: COSTA; BURTE, 2011, slide 3. O ângulo zenital é orientado no topo do equipamento, ou seja, a linha tra- cejada em laranja está perpendicular ao solo e este valor orientado represen- ta a significância de 0°. Logo, podemos simplificar o entendimento associando que neste tipo de ângulo o valor de início (0°) está no topo de nossa cabeça e será desenvolvido no sentido horário, dessa forma, teremos o ângulo de 90° com o plano paralelo ao solo, 180° quando o equipamento estiver com a luneta completamente para baixo (visando o solo), 270° também paralelo ao terreno e por fim, retornando ao ponto de início (0° ou 360°). O ângulo nadiral (nadir) tem como 0° o solo, e o horizontal (horizonte) utiliza como referência de valor 0° o plano paralelo ao terreno. No padrão nacional é utilizada, preferencialmente, a orientação em zênite, porém, como o Brasil não possui fábricas para produção de equipamentos topográficos, a configuração que o ângulo possui no instrumento sempre deverá ser obser- vada pelo operador, que deverá alterá-la para a padrão. TOPOGRAFIA APLICADA 54 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 54 16/03/2021 16:58:12 Nivelamento trigonométrico para lances curtos O método de nivelamento trigonométrico para lances curtos consiste na ob- tenção das variações do terreno (desnível) entre o ponto em que o equipamento está posicionado e o objeto de interesse com distâncias menores que 150 m. Observe a Figura 8 e note que no ponto A (local onde o equipamento foi insta- lado) temos a letra Z; esta informação se refere ao tipo de ângulo vertical utilizado (orientação zenital). O ângulo α criado é o novo elemento que utilizaremos no levantamento trigonométrico, neste caso, é o ângulo vertical de visada do equipa- mento até o objeto de interesse. Representada pela letra D está a distância redu- zida do levantamento, ou seja, a distância paralela ao terreno entre os pontos A e C. Por fi m, entre os pontos B e C temos o ∆h, sendo o desnível do terreno. A Δh α D C B Z Figura 8. Nivelamento trigonométrico. Fonte: CORDINI, 2014, p, 45. Perceba que foi gerado um triângulo retângulo ABC, onde em campo te- remos os valores de α e D, restando apenas calcular o ∆h por meio de algu- mas correlações conforme as fórmulas (43) e (44): BC = D ∙ tgα Δh = D ∙ tgα Onde: BC = diferença altimétrica entre os pontos A e B; ∆h = diferença altimétrica entre os pontos A e B; D = distância reduzida entre os pontos A e B; α = ângulo formado entre a luneta do equipamento e o objeto. (43) (44) TOPOGRAFIA APLICADA 55 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 55 16/03/2021 16:58:12 Por meio da trigonometria é possível realizar mais uma correlação en- tre os ângulos e, consequentemente, obter outra formulação ao cálculo do desnível. Note que o ângulo Z e α são complementares, dessa forma, temos: Δh = D ∙ cotgZ Onde: ∆h = diferença altimétrica entre os pontos A e B; D = distância reduzida entre os pontos A e B; cotgZ = cotangente do ângulo zenital. O resultado poderá ter sinal positivo, o que indicará que o trecho de des- nível é um aclive, ou sinal negativo, que indicará que o trecho BA é um de- clive. Caso o valor apresentado seja equivalente ao α = 0° ou Z = 90°, o local indicará uma superfície plana no terreno, ou seja, sem desnível. Na situação acima foi apresentado o raciocínio teórico empregado na uti- lização do método trigonométrico para obter o desnível (triângulo retângu- lo). Porém, durante a operação em campo, outros fatores entram neste cál- culo e que até então não foram abordados, dessa forma, veremos na prática como é obtido o desnível. Para isso, vamos observar a Figura 9. Percebemos que no ponto A temos o tripé do equipamento com uma altura de montagem (hi), no ponto B tem a régua graduada (M) – objeto que o equipamento fará a leitura – e encontramos também o m, que é a altura obtida entre a leitura do equipamento e o solo do ponto B. (45) h1 α h1 Δh DAB Z A B M m C D Figura 9. Nivelamento prático. Fonte: CORDINI, 2014, p. 45. (Adaptado). TOPOGRAFIA APLICADA 56 SER_ENGCIV_TOPAP_UNID2.indd 56 16/03/2021 16:58:12 Diante dos novos elementos trazidos, temos a seguinte expressão: ∆h = MC + CD – MB Onde: ∆h = desnível entre A e B; MC = D ∙ tgα ou D ∙ cotgZ; CD = altura do
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