Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E FINANCEIRAS Autoria: Daisy Assmann Lima Indaial - 2022 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 L732a Lima, Daisy Assmann Análise das demonstrações contábeis e financeiras. / Daisy As- smann Lima – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 113 p.; il. ISBN Digital 978-65-5646-495-4 1. Administração – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 658 Impresso por: Reitor: Janes Fidelis Tomelin Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Tiago Lorenzo Stachon Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Jairo Martins Marcio Kisner Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Análise De Balanços ..................................................................... 7 CAPÍTULO 2 Custos ........................................................................................... 45 CAPÍTULO 3 Demonstrativos Financeiros ..................................................... 77 APRESENTAÇÃO Caro acadêmico, o livro Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras foi pensado para proporcionar a você um conteúdo com elementos que o ajudem no momento de elaborar e analisar as demonstrações contábeis e financeiras da organização. Não somente neste momento, mas que possa visitar e revisitar os escritos sempre que precisar consultar o material ao elaborar demonstrações con- tábeis e financeiras! Durante a trajetória de sua vida empresarial, você deve elaborar ou contratar serviços contábeis. Assim, podemos dizer que é preciso compreender os balan- ços recebidos ou, ainda, você próprio pode elaborá-los a partir dos conhecimen- tos que irá adquirir neste curso. De forma didática, o livro está dividido em três capítulos. No Capítulo 1, será abordada uma breve introdução à análise dos balanços. Logo em seguida, serão demonstradas as seguintes demonstrações contábeis: demonstração de resulta- dos, balanço patrimonial, demonstração do fluxo de caixa, demonstração das mu- tações patrimoniais, demonstração do valor adicionado. No Capítulo 2, vamos estudar custos. É um conteúdo bastante abrangente e bem prático, já que em qualquer negócio você vai precisar saber o custo para determinar o preço de venda. Abordaremos uma breve introdução à contabilidade de custos, bem como os seus tipos e, por fim, a formação de preços. No Capítulo 3, trataremos dos demonstrativos financeiros. E isso significa que mencionaremos o uso e a análise das demonstrações financeiras e dos indi- cadores financeiros – liquidez e endividamento, atividade e lucratividade. Portanto, esperamos que os conteúdos abordados estimulem sua leitura e que o livro de estudos seja útil e relevante em sua aprendizagem e formação profissional. Boa leitura e bons estudos! CAPÍTULO 1 Análise De Balanços A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Compreender as demonstrações contábeis. 3 Distinguir os diferentes componentes para realizar uma análise das demonstra- ções contábeis. 3 Analisar as demonstrações contábeis de forma a identificar os efeitos práticos. 8 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras 9 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A análise de balanços é um método fundamental para a contabilidade gerencial nas empresas. Ela disponibiliza, ao empresário, um diagnóstico da real situação eco- nômico-financeira e a avaliação de empresas usando relatórios que são retirados da própria contabilidade, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados (DRE). Portanto, inicialmente, deve ser feito cada relatório ou demonstração de for- ma confiável e segura. Em seguida, ocorrerá a análise das demonstrações contá- beis, que serão demonstradas por meio da análise financeira. Essa, por sua vez, é composta de diversos índices, como: índices de liquidez, de endividamento, de rentabilidade e de fluxos de caixa operacional, em conjunto com as conclusões e pareceres do analista. Vamos imaginar, na prática, como a análise de balanços e das demonstra- ções contábeis pode ajudar. Saber analisar as demonstrações das empresas é uma habilidade importantíssima para qualquer investidor, do iniciante ao avança- do. São vários os dados envolvidos em um balanço e é importante que o investi- dor conheça não só os conceitos, mas também a lógica envolvida nos números. Conhecido por ser um dos maiores, se não o maior, investidor mundial, War- ren Buffet tornou-se expert em analisar as demonstrações contábeis, conseguindo fazer um exame da situação financeira de cada negócio. O que Buffet descobriu? Empresas podem sobreviver até com os problemas financeiros que possuem e poderão, basicamente, trazer retornos no longo prazo. A consistência em margens brutas altas, em pouca ou nenhuma dívida e lu- cro recorrente, consequentemente, gerará consistência em lucros para o investi- dor. Essa consistência é encontrada na leitura e nos números que os relatórios e demonstrações das empresas trazem. 2 ANÁLISE DE BALANÇOS A análise de balanços é uma técnica muito importante no diagnóstico da si- tuação econômico-financeira de uma empresa. Ao observar o estudo dos grupos básicos da contabilidade, que são o ativo, o passivo e o patrimônio líquido, é pos- sível gerar índices e indicadores que poderão ser comparados com períodos ante- riores e com setores de atividade e mercado da companhia. 10 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Portanto, analisar o balanço de uma empresa é olhar para o passado dos resultados com uma visão de futuro. Por causa das demonstrações financeiras, é possível identificar se alguma companhia tem constância em seus números, se tem vantagem competitiva ou se está com os resultados ruins. FIGURA 1 – MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL Fonte: <http://www.gecompany.com.br/gecompany/wp-content/ uploads/2018/12/Capturar-3.png>. Acesso em: 15 jun. 2022. A principal finalidade da contabilidade é fornecer informações úteis aos seus usuários. E é por meio das demonstrações contábeis que conseguimos repassar essas informações (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020a). Vamos a um exemplo! 1 Vamos imaginar que o lucro da empresa A foi de 100 milhões e o da empresa B foi de 50 milhões. Agora, a partir dessas informa- ções, analise a seguinte informação: é possível avaliar o desem- penho dessas empresas por meio dos dados informados? Com o processo de convergência das normas contábeis brasileiras às nor- mas contábeis internacionais, uma extensa lista de normas foi elaborada pelos órgãos regulamentadores e fiscalizadores. Essa lista tem sido periodicamente re- visada para permitir a adequação. Quer saber mais sobre a importância da leitura de demonstra- ções para investimentos? Assista ao vídeo a seguir: https://www.you- tube.com/watch?v=CXRze8MiCu4. 11 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 Porém, ainda existem muitos pontos importantes da estrutura das demons- trações contábeis que ainda não foram ajustados, além de haver alguns conceitos que ainda são objeto de estudo mais aprofundado, pois são características espe- ciais nas operações praticadas no Brasil (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020a). A Lei nº 6.404/1976, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, assim como as suas respectivas alterações, dispõem sobre as demonstrações contábeis que devem ser feitas pelas Companhias de Capital Abertoe Fechado. Quer saber mais sobre a Lei das Sociedades por Ações? Co- nheça a Lei nº 6.404/76 na íntegra! Acesse: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm As demonstrações precisam mostrar com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações que ocorreram (SILVA, 2019). Essas demonstra- ções contábeis devem ser auditadas por auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assista ao vídeo a seguir e conheça as diferenças entre a Lei nº 6.404/1976 (Lei das SAs) e o CPC 26 - Apresentação das demons- trações contábeis no que tange à apresentação das demonstrações contábeis: https://www.youtube.com/watch?v=336Z9qKLrtA. As empresas produzem as demonstrações contábeis objetivando fornecer informações sobre sua posição patrimonial, financeira e de desempenho. Essas informações são utilizadas por vários usuários interessados (investidores, gover- nos, sócios, clientes etc.) na tomada de decisões econômicas. Para aumentar o grau de confiança das demonstrações financeiras, uma área externa qualificada, conhecida como auditor, estará envolvida em examinar as de- monstrações contábeis, visto que esse profissional, por não fazer parte do conjunto interno da organização, é totalmente imparcial e a sua opinião profissional é feita de 12 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras forma justa, em todos os aspectos: materiais, de desempenho financeiro da empre- sa, da posição financeira a partir de determinada data, dentre outros. As demonstrações são: • balanço patrimonial; • demonstração do resultado do exercício; • demonstração dos lucros e prejuízos acumulados; • demonstração das mutações do patrimônio líquido; • demonstração do fluxo de caixa; • se a companha for aberta, demonstração do valor adicionado. FIGURA 2 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Fonte: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/composicao-isometrica-de-hipoteca- com-imagens-de-calculadora-monte-de-moedas-e-recibo-com-ilustracao- vetorial-de-porcentagem_23129150.htm>. Acesso em: 15 jun. 2022. Além dessas demonstrações, o Conselho Federal de Contabilidade estabele- ce que demonstrações contábeis também englobam: • notas explicativas; • quadros suplementares; • outras informações. Tais quadros e informações suplementares podem conter informações finan- ceiras sobre segmentos ou divisões industriais ou divisões situadas em diferentes locais e divulgações sobre os efeitos das mudanças de preços, por exemplo. Além disso, podem incluir informações extras que são relevantes às necessidades dos usuários sobre itens constantes no balanço patrimonial e na demonstração do re- sultado do exercício. Por fim, é possível que contenham também divulgações sobre os riscos e incertezas que atingem as entidades, recursos e/ou obrigações para os quais não exista obrigatoriedade de serem reconhecidos no balanço patrimonial. 13 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 Para conhecer os normativos contábeis e ficar atualizado sobre as novidades contábeis, acesse o site do Conselho Federal de Con- tabilidade (CFC) a seguir: https://cfc.org.br/. Criar e analisar as demonstrações financeiras não são tarefas fáceis, mas são tarefas que todo contador precisa saber fazer. Entender como anda a empre- sa é fundamental, pois, com essa análise, pode-se desenvolver estratégias para melhorar o desenvolvimento da empresa. 2 Quais são as demonstrações contábeis obrigatórias, segundo a Lei nº 6.404/1976, e qual é a importância da análise de balanços em cada demonstração? 3 BALANÇO PATRIMONIAL O balanço patrimonial é destinado a apresentar, qualitativa e quantitativa- mente, em uma data, a posição patrimonial e financeira de uma empresa, sendo compreendido por todos os bens e direitos (ativo), obrigações (passivos) e o pa- trimônio líquido da entidade (SILVA, 2019). Essa demonstração é comparada a uma fotografia que mostra detalhes dos ativos e dos passivos da empresa. Tanto o ativo quanto o passivo são divididos em duas partes: circulante e não circulante (ALMEIDA, 2019). O circulante é tudo que a empresa tem ou deve no curto prazo, já o não circulante é tudo que a empresa tem ou deve no longo prazo. 14 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras FIGURA 3 – ATIVO IGUAL AO PASSIVO Fonte: <https://www.flaticon.com/br/icone-premiumcontabilidade_3110 358?term=contabilidade&page=1&position=28&page=1&position=28& related_id=3110358&origin=search>. Acesso em: 15 jun. 2022. No ativo, constam o ativo circulante e o ativo não circulante. O ativo não cir- culante é dividido em: a) Ativo realizável a longo prazo. b) Investimento. c) Imobilizado. d) Intangível. O sistema, antigamente, identificava o permanente, mas não o lista mais. Além disso, divide os bens em tangíveis (ficando no imobilizado) e intangíveis. No passivo, constam: passivo circulante; passivo não circulante; e patrimônio líquido. Já o patrimônio líquido é dividido em: a) Capital social. b) Reservas de capital. c) Ajustes de avaliação patrimonial. d) Reservas de lucros. e) Ações em tesouraria. f) Prejuízos acumulados. Outras informações importantes: • Circulante – são os fatos que vencem até o exercício seguinte. • Não circulante – o vencimento tem prazo superior. • Os ativos e os passivos devem ser lançados quando tiverem capacidade de geração de benefícios econômicos futuros. • As contas serão colocadas no balanço patrimonial em ordem decrescen- te do grau de liquidez. 15 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 3 - Imaginemos uma empresa que tenha as seguintes contas: Ativo circulante: • Caixa – 30.000. • Clientes – 32.000. • Estoques – 70.000. • Despesas antecipadas – 10.000. Ativo não circulante • Máquinas – 50.000. • Veículos – 70.000. • Depreciação acumulada – (15.000). Passivo circulante: • Fornecedores – 54.000. • Tributos a pagar – 3.000. Patrimônio Líquido • Capital Social – 70.000. Agora, a partir dessas informações, elabore o balanço patrimonial. Assista ao vídeo a seguir referente ao balanço patrimonial: ht- tps://www.youtube.com/watch?v=mD-krqVDdco 3.1 ATIVO Ativo é um recurso controlado pela entidade, como resultado de eventos pas- sados e que se espera que resultem em futuros benefícios econômicos para a en- tidade (ALMEIDA, 2019). No ativo, as contas representativas dos bens e direitos são dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez (maior prazo, no qual bens e direitos podem ser transformados em dinheiro) dos elementos. 16 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Segundo o artigo 179 da Lei nº 6.404/1976, as contas do ativo serão classi- ficadas em: I - no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; II - no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III - em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificá- veis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da compa- nhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os be- nefícios, riscos e controle desses bens; V – (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens in- corpóreos destinados à manutenção da companhia ou exerci- dos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquiri- do. (Incluído pela Leinº 11.638,de 2007) Parágrafo único. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classifi- cação no circulante ou longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. (BRASIL, 1976, on-line) a) Ativo circulante O ativo circulante é o capital de giro de uma empresa, formado pelos bens e di- reitos que estão em frequente circulação no Patrimônio (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020b). Segundo o CPC 26, que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis: O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pro- nunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de pas- sivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Todos os demais ativos devem ser classifi- cados como não circulantes. (CPC, 2011, on-line) 17 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 O ativo circulante é o conjunto de contas que se movimentam de acordo com a atividade operacional da empresa. São o conjunto de disponibilidades e direitos realizáveis a curto prazo (vencimento até o exercício seguinte). Podemos listar como exemplos de ativos circulantes: • Disponível – valores à disposição da empresa, em caixa, conta em ban- co ou em aplicações financeiras de liquidez imediata. FIGURA 4 – CAIXA Fonte: <https://images.pexels.com/photos/3483098/>. Acesso em: 15 jun. 2022. • Estoques – mercadorias da empresa que têm como finalidade ser vendi- das e recebidas a curto prazo. Englobam, além das mercadorias prontas, matérias-primas que serão transformadas em outros bens. • Contas a receber – representam os créditos da empresa que são con- sequências das suas vendas a clientes e outros créditos a curto prazo. • Despesas antecipadas – são as já pagas, mas que não foram usufruí- das. Como exemplo, temos: o aluguel de um imóvel que a empresa pa- gou antecipadamente. Portanto, a empresa tem direito a esse aluguel. Assista ao vídeo, a seguir, referente ao ativo: https://www.youtu- be.com/watch?v=y82nCeTI7Bo b) Ativo não circulante São os valores cuja realização passará do exercício social seguinte. O ativo não circulante é dividido em: 18 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras • Realizável a longo prazo – são os bens e direitos que se realizam em prazo maior ao exercício seguinte, sendo que sua natureza não é de in- vestimento permanente, imobilizado, intangível ou diferido. O ativo reali- zável a longo prazo é o oposto do ativo circulante, já que nele ficam as contas dos recursos que circularão apenas depois do fim do exercício social seguinte. • Investimentos – são as participações em outras sociedades e direitos de qualquer natureza que não se destinam à manutenção da empresa, tais como: ações ou quotas de sociedades controladas ou coligadas, aplicações por incentivos fiscais. • Imobilizado – direitos que tenham por objeto bens relacionados à manu- tenção da atividade da empresa (máquinas, veículos, dentre outros). FIGURA 5 – VEÍCULOS Fonte: <https://images.pexels.com/photos/2800121/>. Acesso em: 15 jun. 2022. • Intangível – ligado aos direitos que têm por objeto bens intangíveis que são destinados à manutenção da atividade da empresa ou com essa finalidade. Segundo o parágrafo VI, da Lei nº 11.638/2007, no intangível constam: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercícios com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio ad- quirido (BRASIL, 2007). De acordo com o CPC 26, que trata sobre a apresentação das demons- trações contábeis, a distinção entre circulante e não circulante é: A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulan- tes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial, de acordo com os itens 66 a 76, exceto quando uma apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez. [...] Para algumas entidades, tais como instituições financeiras, a apresentação de ativos e passivos por ordem crescente ou de- 19 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 crescente de liquidez proporciona informação que é confiável e mais relevante do que a apresentação em circulante e não circulante pelo fato de que tais entidades não fornecem bens ou serviços dentro de um ciclo operacional claramente identifi- cável. (CPC, 2011, on-line) 3.2 PASSIVO Passivo é uma obrigação presente da entidade, como consequência de eventos passados e cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. Portanto, é a parte do balanço que evidencia as obriga- ções e o patrimônio líquido (SOUZA, 2015). As contas no passivo são classificadas observando a ordem decrescente do grau de exigibilidade dos elementos registrados. Uma obrigação é um dever e elas precisam ser presentes, não um compro- misso futuro. Essa obrigação surge apenas quando o ativo é recebido ou quando a entidade assina um acordo de aquisição do ativo. O fim de uma obrigação presente pode acontecer de várias formas, por exemplo: • pagamento em dinheiro; • transferência de outros ativos; • prestação de serviços; • substituição da obrigação por outra; • conversão da obrigação em capital; • renúncia do credor; • perda dos direitos creditícios. Assista ao vídeo, a seguir, referente ao passivo e ao patrimônio líquido: https://www.youtube.com/watch?v=Se8hQg0wxjo. a) Passivo circulante São as obrigações exigíveis a curto prazo, vencíveis até o encerramento do exercício seguinte. Podemos citar como exemplos: tributos a recolher, fornecedo- res, folhas a pagar etc. Segundo o CPC 26: 20 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras O passivo deve ser classificado como circulante quando satis- fizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou (d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço (ver item 73). Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de ins- trumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação. Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. (CPC, 2011, on-line) FIGURA 6 – CONTAS A PAGAR Fonte: <https://www.flaticon.com/br/icone-gratislidade_1570998?te rm=contabilidade&page=1&position=11&page=1&position=11&relat ed_id=1570998&origin=search>. Acesso em: 15 jun. 2022. b) Passivo não circulante Passivo não circulante são as obrigações cujo vencimento extrapola o fim do exercício seguinte. Por exemplo, nas contas de longo prazo que foram parcela- das, as parcelas que ultrapassam o fim do exercício seguinte ficarão no passivo não circulante. Também no passivo não circulante, inclui-se um subgrupo próprio para as receitas diferidas. Na companhia em que o ciclo operacional da empresa for maior que o exer- cício social, a classificação entre circulante ou longo prazo – para ativos e para passivos – terá por base o prazo desse ciclo. c) Patrimônio líquido O patrimônio líquido é a parte do balanço patrimonial que diz respeito aos capitais próprios. São, portanto, recursos derivados dos proprietários ou da mo- 21 AnáliseDe BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 vimentação normal do patrimônio (lucros apurados). É o resultado da diferença entre o ativo e o passivo. Esses recursos são divididos em: • Capital social São os valores investidos pelos sócios ou acionistas, no momento inicial da empresa, junto com os aportes de capital feitos por eles durante a vida da empre- sa. Devem ser demonstrados os valores subscritos (prometido) e o integralizado (cumprido) e podem ser reduzidos até o valor dos prejuízos acumulados, median- te concordância da assembleia geral. FIGURA 7 – CAPITAL SOCIAL Fonte: <https://www.flaticon.com/br/icone-gratis/ dinheiro_1751761?term=contabilidade&related_id=1751761>. Acesso em: 15 jun. 2022. • Reservas de capital São o ágio na emissão de ações (diferença recebida a mais do que o va- lor nominal da ação); o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; o resultado da correlação monetária do capital realizado, enquanto não capitalizado. • Ajuste de avaliação patrimonial De acordo com a Medida Provisória (MP) nº 449/2008: Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, en- quanto não computadas no resultado do exercício em obediên- cia ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos nesta Lei ou, em normas expedidas pela Co- missão de Valores Mobiliários, com base na competência con- ferida pelo § 3o do art. 177. (BRASIL, 2008, on-line) 22 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras • Reservas de lucros São os valores do lucro apurado que a assembleia ou os estatutos determi- nam que devem continuar na empresa, como: reserva legal, reserva para aumen- to de capital, reserva para aumento de dividendos, reserva de incentivos fiscais, reserva de lucros a realizar, dentre outras. São contas representativas das reservas com parte dos lucros apurados pela empresa em razão de lei ou da vontade dos proprietários, administradores ou só- cios (SILVA, 2019). • Prejuízos acumulados Essa conta movimentará os resultados apurados no exercício, que terão os lucros e os prejuízos acumulados no exercício atual, ou em exercícios anteriores, até que sejam compensados com lucros, saldos de reservas ou assumidos pelos sócios. Os saldos representativos de lucros serão distribuídos em seu valor total, restando como saldo apenas os prejuízos que se acumularão. • Ações em tesouraria São as ações da própria empresa adquiridas por ela própria. Assista ao vídeo, a seguir, referente ao passivo e ao patrimônio líquido: https://www.youtube.com/watch?v=767XdjlE3IU 4 - Atente-se para o balanço patrimonial, a seguir, e apresente uma análise conforme o resultado encontrado. QUADRO 1 – BALANÇO PATRIMONIAL 2008 2007 Ativo 23.800 20.675 Disponível 2.300 1.800 Caixa 200 150 Conta Bancos 1.600 1.300 23 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 Aplicações financeiras de resgate imediato 500 350 Estoques 5.647 4.716 Produtos Acabados 3.647 3.116 Produtos em Elaboração 500 400 Matéria-Prima 1.500 1.200 Contas a receber 4.780 4.950 Duplicatas 4.780 4.950 Impostos a recuperar 1.503 1.393 PIS a compensar 550 440 ICMS a recuperar 65 65 Imposto de renda retido na fonte 300 300 Cofins a compensar 288 288 CSLL a compensar 300 300 Despesa antecipada 200 160 Seguros a vencer 200 160 Ativo não circulante 9.370 7.656 Ativo realizável a longo prazo 100 80 Créditos em liquidação 20 16 Depósitos judiciais 80 64 Investimento 300 240 Participação em outras sociedades 300 240 Imobilizado 8.900 7.280 Terrenos 5.800 4.800 Máquinas e equipamentos 1.600 1.280 Ajuste de avaliação patrimonial (100) (80) Móveis e utensílios 800 640 Veículos 1.200 960 (-) Depreciação acumulada (400) (320) Intangível 70 56 Marcas e patentes 70 56 Passivo 23.800 20.675 Passivo Circulante 11.100 1.155 Fornecedores 2.100 1.680 Contas a pagar 1.100 1.150 Prestadores a pagar 1.900 1.520 Provisão para IR e CSL 800 640 INSS a recolher 1100 880 ICMS a recolher 4.100 3.280 Passivo não circulante 6.000 4.800 Empréstimos 2.000 1.600 Parcelamento INSS 1.000 800 Parcelamento ICMS 2.000 1.600 Partes relacionadas 1.000 800 Patrimônio Líquido 6.700 6.800 Capital Social 3.000 3.000 Reservas de capital 800 800 24 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Reserva de reavaliação 600 600 Ajustes de avaliação patrimonial (100) (100) Reserva de lucros 2.400 2.500 Prejuízos acumulados 0 0 Fonte: a autora. Impostos a recuperar/compensar: ativo. Impostos a recolher: passivo – é o pagamento ao fisco dos tributos. Em seguida, temos o patrimônio líquido, composto de capital social, reserva de capital, reserva de reavaliação, ajuste de avaliação patrimonial (decorre do acerto dos valores do ativo ou do passivo, que pode ser para mais ou para menos. É a avaliação dos bens em relação ao seu valor justo), reserva de lucros e prejuízos acumulados. 5 Dê o conceito de capital social e reserva de capital, subcontas do patrimônio líquido. 4 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Não tem como não falar em contabilidade e não falar da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A DRE tem como objetivo fornecer aos usuários das demonstrações financeiras das empresas os dados básicos e essenciais da formação do lucro ou prejuízo do exercício. Sua utilidade aos gestores deve-se ao fato de ser um demonstrativo bem simples de compreender, permitindo a todos os gestores entendê-lo e interpretar suas informações (ALMEIDA, 2019). 25 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 É uma demonstração que tem o levantamento obrigatório, o qual correspon- de ao resultado econômico. Será computado em obediência ao princípio da com- petência, ou seja, conforme as ocorrências do fato gerador do registro contábil, independentemente do efetivo recebimento da receita ou pagamento da despesa. Para fins legais, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é feita anual- mente, mas pode ser feita mensalmente (simplificada), para fins administrativos, e trimestralmente, para o monitoramento dos gastos fiscais. Basicamente, ela é um resumo das receitas e das despesas que ocorreram em uma empresa. Se as receitas forem maiores que as despesas, houve lucro. Se as despesas forem maiores que as receitas, a empresa teve um prejuízo. Segundo a Lei nº 6.404/1976 (BRASIL, 1976), a DRE discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das ven- das, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das merca- dorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, de- duzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009) V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI - as participações de debêntures, empregados, administra- dores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previ- dência de empregados, que não se caracterizem como despe- sa; (Inciso com redação dada pela Lei nº 11.941, de 27/5/2009) VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, indepen- dentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2º (Revoga- do pela Lei nº 11.638, de 28/12/2007). (BRASIL, 1976, on-line) 26 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras FIGURA 8 – DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO Fonte: <https://i0.wp.com/blog.bluesoft.com.br/wp-content/uploads/2016/03/DRE-estrutura.jpg?w=477&ssl=1>. Acesso em: 15 jun. 2022. Em resumo, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um rela- tório que mostra as operações realizadas pela empresa, confrontando as contas de receita, despesa, investimento, custos e provisões apurados e evidenciando a formação do resultado líquido da empresa na ocasião. Assim, mostra a síntese dos resultados das atividades operacionais e não operacionais do negócio. Isso é feito tanto de forma gerencial, com as projeções de crescimento, custos etc., como de forma fiscal, mostrando os impostos e taxas recolhidas no período do ano e evitando sonegações (SILVA, 2019). A Lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976) define a forma como as empresas devem discriminar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Portanto, a estrutura da DRE, que deve ser seguida por todas as empresas, se- gundo o artigo 187 da Lei nº 6.404/76, é: QUADRO 2 – ESTRUTURA DA DRE Receita bruta de vendas (-) Deduções da receita bruta Devoluções e cancelamentos de vendas Abatimentos sobre vendas Descontos incondicionais concedidos/descontos comerciais Impostos e contribuições sobre vendas e serviços (ICMS, ISS, PIS, COFINS) Ajuste a valor presente sobre clientes 27 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 Receita líquida de vendas (-) Custo de Mercadoria Vendida (CMV = Estoque inicial + compras – estoque final) Lucro bruto (-) Despesas operacionais Com vendas Administrativas Gerais Financeiras líquidas (despesas financeiras – receitas financeiras) Outras despesas operacionais + Outras receitas operacionais Lucro ou prejuízo operacional (-) Outras despesas (antigas despesas não operacionais) + Outras receitas (antigas receitas não operacionais) Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (-) Despesa com provisão para Imposto de Renda e CSLL Resultado após o Imposto de Renda/CSLL e antes das participações (-) Participações estatutárias sobre o lucro Debenturistas Empregados Administradores Partes beneficiárias Fundo de assistência/previdência a empregados Lucro ou prejuízo líquido do exercício Fonte: a autora. Que tal conhecer um pouco mais os tipos de demonstrações contábeis obrigatórias? Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=zLqbpV64Q8I Perceba que a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em se- guida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). Além disso, ela auxilia no norteamento para planos futuros (ALMEIDA, 2019). Observe que, assim como um investimento, os resultados nas vendas precisam se apresentar de forma rentável. Portanto, não é só a redução no faturamento que deve ser interpretada como um resultado ruim. Para 28 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras saber se as operações estão mesmo sendo rentáveis, não há outra forma de apurar que não seja pela comparação dessa demonstração de períodos em sequência. Leia o texto, a seguir, sobre as noções iniciais de Contabilidade: https://books.google.com.br/books?id=axi9DwAAQBAJ&printsec=- frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepa- ge&q&f=false Além disso, a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um docu- mento estratégico, pois ajuda a compor uma análise global da situação da empre- sa quando se olha para além dos números, mas também analisando o cenário. Se o equilíbrio entre as receitas e despesas se mostra comprometido, tem algo acontecendo, pois a empresa está praticamente sobrevivendo (SOUZA, 2015). Agora, vamos falar um pouco mais sobre cada parte da Demonstração do Resulta- do do Exercício (DRE). Vamos lá? A DRE é composta das partes que veremos a seguir: • Receita bruta de vendas ou serviços – é o total faturado pela empresa em suas operações de vendas ou serviços. Devem ser deduzidos do to- tal de vendas ou serviços: a) as devoluções de vendas ou vendas canceladas; b) os impostos incidentes sobre as vendas ou serviços – ICMS, ISS e PIS. FIGURA 9 – IMPOSTOS Fonte: <https://previews.123rf.com/images/serezniy/serezniy2103/ serezniy210369282/166223451-.jpg?fj=1>. Acesso em: 15 jun. 2022. 29 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 • Custos das mercadorias ou serviços vendidos – esses custos são basicamente seu preço de aquisição. Os custos dos serviços prestados podem envolver, além da mão de obra, o uso de alguns materiais essen- ciais à montagem, instalação e assim por diante. FIGURA 10 – MERCADORIAS Fonte: <https://images.pexels.com/photos/5864750>. Acesso em: 15 jun. 2022. • Lucro bruto – é apurado deduzindo-se da receita líquida de vendas os custos. Portanto: RLV – custos = lucro bruto. • Despesas operacionais – são fundamentais para o normal desenvolvi- mento das operações da empresa, como despesas com vendas, despe- sas gerais e administrativas. • Lucro ou prejuízo operacional – é encontrado deduzindo as despesas operacionais do lucro bruto. Lucro bruto – despesas operacionais = lucro + ou prejuízo (-) operacional. • Outras receitas e outras despesas – receitas e despesas operacio- nais – são as que não fazem parte das atividades que consistem no ob- jetivo da empresa e, geralmente, têm valores pouco significativos. • Resultado do exercício – encontrado pela soma dos elementos retroexpos- tos e representa o verdadeiro resultado econômico, que é o resultado contábil. • Provisão para pagamento do IRPJ e CSL – é um resultado fiscal e não tem nada a ver com o resultado econômico-contábil. Sobre o resultado fiscal, calcula-se o valor que será para pagamento do IRPJ e CSL. • Depois de encontrado o resultado – após a dedução das provisões para o IRPJ e CSL, a empresa poderá deduzir as participações de ad- ministradores, empregados, debêntures, partes beneficiárias e as con- tribuições para instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não classificados como despesa. • Após as deduções anteriormente ditas – agora, encontramos o lucro líquido. A sociedade decide se será distribuído como dividendos ou se será transferido para a conta da reserva de lucro ou capitalizado. 30 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Por fim, a Lei nº 6.404/76 (Lei das S.A.) determina, no seu art. 187, inciso VII, que seja apresentada a relação do lucro ou prejuízo por ação do capital social. Atente-se para o trecho da legislação a seguir. Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das ven- das, os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das merca- dorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, de- duzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administra- dores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previ- dência de empregados, que não se caracterizem como despesa; VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, indepen- dentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorri- dos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. § 2o (Revogado). (BRASIL, 1976, on-line) Na atividade abaixo, é possível visualizar um exemplo. 6 A empresa Alparmais, produtora de sandálias, ao final de um exercício, apurou os seguintes dados: • Receita bruta: 275.000. • Despesas de vendas: 10.000. • CMV: 190.000. • Despesas administrativas: 8.000. • Despesasfinanceiras: 10.000. • Depreciação: 5.000. • Provisão para IR e CSLL: 12.000. Agora, faça a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) da empresa Alparmais. 31 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 Quer saber mais a respeito da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)? Leia o texto: https://www.ri.unir.br/jspui/hand- le/123456789/3433 7 – Marque a demonstração que evidencia a composição do resul- tado formado em um determinado período de operações da em- presa. a) Balanço patrimonial. b) DRE. c) DLPA. d) DMPL. 5 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA Segundo o CPC 03, que trata das demonstrações dos fluxos de caixa, as informações da demonstração do fluxo de caixa: [...] são úteis para proporcionar aos usuários das demonstra- ções contábeis uma base para avaliar a capacidade de a en- tidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades de liquidez. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época e do grau de segurança de geração de tais recursos. (CPC, 2010, on-line) A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é um relatório contábil que objetiva evi- denciar as transações que ocorreram em certo período e provocaram mudanças no sal- do de caixa e equivalentes de caixa (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020b). Ela é uma demonstração sintetizada dos fatos administrativos envolvendo os fluxos de dinheiro. 32 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Para a DFC, o caixa envolve todas as disponibilidades da empresa (caixa, banco conta movimento e aplicações financeiras de liquidez imediata). São as contas que integram o grupo das disponibilidades no ativo circulante. Conheça mais sobre CPC 03, referente à Demonstração do Flu- xo de Caixa (DFC), assistindo ao vídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=fKrx7oiTQ_8 Com objetivo de expor todas as movimentações de recursos ocorridas pela empresa que correspondam à caixa e aos equivalentes de caixa, foi criada a DFC (SILVA, 2019). Essa demonstração apresenta os fluxos classificados por ativida- des operacionais, de investimentos e de financiamento. Quer conhecer mais sobre Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)? Assista ao vídeo: https://www.youtube. com/watch?v=_LKp9eAN0h8 A classificação das entradas e saídas de caixa por atividades ocorre da se- guinte forma: a) Atividades operacionais – principais atividades geradoras de receita da empresa. São os recebimentos de uma venda, pagamento de um forne- cedor, pagamento de funcionários. São classificadas como operacionais as atividades que não se enquadram como de investimentos ou de finan- ciamento. FIGURA 11 – VENDAS Fonte: <https://images.pexels.com/photos/696205>. Acesso em: 15 jun. 2022. 33 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 b) Atividades de investimento – são as relacionadas à aquisição e vendas de ativos de longo prazo e de outros investimentos não envolvidos nos equivalentes de caixa. Para exemplificar, temos a aquisição ou venda de participação em outras empresas. Não faz parte a aquisição de vendas com o objetivo de revenda. c) Atividades de financiamento – são as relacionadas à mudança no ta- manho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da empresa. Existem dois métodos que podem ser usados para a estrutura da DFC. A visão do método indireto depende de as informações contábeis existirem. Esse método não consegue determinar o capital que entra e sai da empresa, mas a va- riação do caixa do período de análise. Já o método direto tem por função mostrar, de forma clara, o resultado financeiro bruto da empresa. Vejamos um exemplo do modelo direto: QUADRO 3 – DFC – MODELO DIRETO FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES: Recebimento de clientes Pagamento de fornecedores Contas a pagar de fornecedores Salários e encargos sociais Tributos e contribuições Outras despesas operacionais e administrativas TODAL DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS: Depósitos e garantias Aquisição de imobilizado Alienação de investimentos TOTAL DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTOS: Empréstimos Financiamentos CAIXA LÍQUIDO DO PERÍODO SALDO INICIAL DAS DISPONIBILIDADES SALDO FINAL DAS DISPONIBILIDADES Fonte: a autora. Abaixo, vejamos um exemplo do modelo indireto. 34 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras QUADRO 4 – DFC – MODELO INDIRETO FLUXOS DE CAIXA DAS OPERAÇÕES: Lucro líquido do período Ajustes para conciliar o lucro líquido com recursos provenien- tes de atividade operacional: Resultado das participações societárias Dividendos Depreciação, amortização ou exaustão Venda de imobilizado Imposto de renda e CSL diferidos REDUÇÃO OU (AUMENTO) NOS ATIVOS: Contas a receber de clientes Estoques Tributos Outros AUMENTO OU (REDUÇÃO) NOS PASSIVOS: Contas a pagar de fornecedores Salários e encargos sociais Tributos e contribuições TOTAL DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS: Depósitos e garantias Aquisição de imobilizado Alienação de investimentos TOTAL DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Empréstimos Financiamentos CAIXA LÍQUIDO DO PERÍODO SALDO INICIAL DAS DISPONIBILIDADES SALDO FINAL DAS DISPONIBILIDADES Fonte: a autora. A estrutura da DFC tem por objetivo apresentar as alterações no saldo das disponibilidades da empresa – caixa e equivalentes de caixa – em um certo perí- odo. A estrutura deve ser composta de três grupos: atividades operacionais, ativi- dades de investimento e atividades de financiamento. A segregação entre entradas e saídas de caixa e sinônimos é muito impor- tante para que seja possível apresentar a situação futura de caixa da empresa como fator de estratégia do negócio que se está analisando no momento da ela- boração do orçamento empresarial. 35 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 8 – Fale sobre o conceito de Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). Quer saber mais sobre o CPC relacionado à Demonstração do Valor Adicionado (DVA)? Assista ao vídeo:https://www.youtube.com/ watch?v=qQasAoguITk. 6 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é um relatório contábil que evidencia as variações que ocorreram em todas as contas que com- põem o patrimônio líquido em um período e é utilizado para apresentar as varia- ções das reservas das empresas (MARTINS; MIRANDA; DINIZ, 2020b). Apesar de não ser obrigatória por lei, a DMPL é exigida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), portanto, as empresas de capital aberto precisam ela- borar essa demonstração e publicá-la. Segundo o CPC 26, a entidade apresen- tará, na DMPL ou em notas explicativas, o montante de dividendos reconhecidos como distribuição aos proprietários durante o período, bem como o valor referente dos dividendos por ação (CPC, 2011). Assista ao vídeo a seguir e conheça mais a demonstração das mu- tações patrimoniais: https://www.youtube.com/watch?v=_LKp9eAN0h8 A Lei nº 6.404/1976, conhecida como a Lei das S.A., não fixa um modelo de DMPL, mas permite que a DLPA seja incluída nela se for elaborada e publicada 36 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras pela companhia. Portanto, as mesmas informações que a lei determina para a DLPA devem constar na DMPL, levando em consideração que as informações se- rão relativas à movimentação de todas as contas patrimoniais (ALMEIDA, 2019). A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados apresenta os lucros ou per- das acumuladas. Na coluna final, são detalhadas essas contas. Os dados para o preenchimento da Demonstração das Mutações do Patrimô- nio Líquido (DMPL) vêm do livro Razão, lembrando que as demonstrações finan- ceiras de cada exercício precisam ser divulgadas de forma comparativas, porém não é válida para a DMPL, pois ela é composta de várias colunas de valores. A solução para esse problema é apresentar um demonstrativo duplo: sendo infor- mados inicialmente os dadosrelacionados ao exercício anterior e, depois, conti- nuando o demonstrativo, os dados do exercício atual. QUADRO 5 – EXEMPLO DE DMPL Fonte: <https://s.dicionariofinanceiro.com/imagens/dmpl-demonstracao-das- mutacoes-do-patrimonio-liquido-cke.jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022. Observe que a movimentação que ocorre na DMPL é apenas das contas que constam no patrimônio líquido, de acordo com os eventos ocorridos na empresa em questão. 9 As empresas que elaboram a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) estão dispensadas da elaboração da DLPA e da DVA. Verifique essa afirmação e justifique se está cor- reta ou errada. 37 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 7 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO Segundo o CPC 09, que trata da Demonstração do Valor Adicionado (DVA): A entidade deve elaborar a DVA e apresentá-la como parte integrante das suas demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. A elaboração da DVA consolidada deve basear-se nas de- monstrações consolidadas e evidenciar a participação dos só- cios não controladores conforme o modelo anexo. A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas. (BRASIL, 2008, on-line) O objetivo da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é mostrar a rique- za gerada pela empresa e como foi feita a distribuição para os beneficiários (go- verno, acionistas, empregados, fornecedores etc.). Dessa forma, a DVA tem por finalidade apresentar a origem da riqueza gerada pela empresa e como distribuir entre os vários setores que contribuíram para a geração de riqueza (SILVA, 2019). FIGURA 12 – RIQUEZAS Fonte: <https://images.pexels.com/photos/47047/>. Acesso em: 15 jun. 2022. As informações que constam na Demonstração do Valor Adicionado (DVA) vêm de outras contas de resultado (DRE) e de algumas patrimoniais (BP). As con- tas de resultado são as que representam as despesas, os custos e as receitas. Já as contas patrimoniais das quais são pegas as informações são as representati- vas das participações de terceiros e aquelas representativas da remuneração dos acionistas pelo capital investido. 38 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Quer saber mais sobre a Demonstração do Valor Adicionado (DVA)? Confira o vídeo do canal Contabilidade Facilitada, na íntegra em: https://www.youtube.com/watch?v=qQasAoguITk. Para seu conhecimento, no Quadro 6 abaixo é apresentado o modelo de DVA, que demonstra as receitas adquiridas durante o exercício para a empresa. QUADRO 6 – MODELO DVA Fonte: <https://dhg1h5j42swfq.cloudfront.net/2021/07/18195810/ image-406.png>. Acesso em: 15 jun. 2022. Observe que, inicialmente, é necessário o valor da receita (encontrada na DRE) e, após, subtrair as vendas de mercadorias. Encontraremos, então, os insu- mos adquiridos de terceiros. Em seguida, diminuiremos os custos dos produtos, serviços ou mercadorias vendidas, materiais, energias, serviços de terceiros e ou- tros. Assim, teremos o valor adicionado bruto, do qual diminuiremos as deprecia- ções, amortizações e exaustões. Encontraremos, em seguida, o valor adicionado líquido. Diminuiremos o valor adicionado recebido em transferência e chegaremos, finalmente, ao valor adicionado a transferir/distribuir. Esse valor será distribuído ao 39 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 pessoal (salários e participações, tributos, remuneração de capital de terceiros, ju- ros e aluguéis, remuneração do capital próprio, lucros retidos na empresa). Na atividade de estudo abaixo, será possível ver na prática como funciona a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Mas, resumidamente, teremos a receita obtida, descontaremos os insumos obtidos de terceiros e encontraremos a riqueza gerada internamente. Observe que a DVA e a Demonstração do Resultado do Exer- cício (DRE) são muito similares, apresentando praticamente os mesmos itens, mas os organizando de forma diferente. A DRE se preocupa com o lucro da empresa, en- quanto a DVA busca apresentar a geração e a distribuição de riqueza da empresa. 10 Imagine que a empresa de venda de telefones obteve os resulta- dos abaixo ao final do exercício social. Após, faça a Demonstração do Valor Adicionado (DVA) da empresa de venda de telefones. Receita com vendas: R$ 1.100. Custo dos Produtos Vendidos (CPV): R$ 200,00. Serviços de terceiros (propaganda, energia e outros), no valor de R$ 190,00. Depreciação: R$ 90,00. Receita financeira: R$ 50,00. Leia o art. 176 da Lei nº 6.404/76 (BRASIL, 1976, on-line): Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elabo- rar, com base na escrituração mercantil da companhia, as se- guintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I - Balanço patrimonial; II - Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III - Demonstração do resultado do exercício; e IV – Demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei nº 11.638, de 2007) V – Se companhia aberta, demonstração do valor adiciona- do. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007) § 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstra- ções do exercício anterior. 40 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras § 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um déci- mo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como “diversas contas” ou “contas-correntes”. § 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administração, no pressuposto de sua aprovação pela assembleia-geral. § 4º As demonstrações serão complementadas por notas ex- plicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contá- beis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. § 5o As notas explicativas devem: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I – Apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específi- cas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos signifi- cativos; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – Divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhu- ma outra parte das demonstrações financeiras; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) III – Fornecer informações adicionais não indicadas nas pró- prias demonstrações financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) IV – Indicar: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimo- niais, especialmente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para en- cargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prová- veis na realização de elementos do ativo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) os investimentos em outras sociedades, quando relevan- tes (art. 247, parágrafo único); (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de no- vas avaliações (art. 182, § 3o ); (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as ga- rantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades even- tuais ou contingentes; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) f) o número, espécies e classes das ações do capital social; (In- cluído pela Lei nº 11.941, de 2009) g) as opções de compra de açõesoutorgadas e exercidas no exercício; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1o); e (Incluí- do pela Lei nº 11.941, de 2009) i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exer- cício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. (In- cluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 41 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 § 6o A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007) § 7o A Comissão de Valores Mobiliários poderá, a seu critério, disciplinar de forma diversa o registro de que trata o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) 11 Explique os principais objetivos da Demonstração do Valor Adi- cionado (DVA). 8 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, estudamos a teoria aprofundada de todas as demonstrações contábeis. Inicialmente, fizemos uma introdução à análise das demonstrações contábeis e financeiras e vimos que parte dessa análise é a correção de muitos erros nas demonstrações. Depois, vimos os tipos de demonstrações financeiras: balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração do valor adicionado, de- monstração do fluxo de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração de lucro e prejuízos acumulados. Por fim, conhecemos as diferenças entre o ativo e passivo, as diferenças entre itens do circulante e do não circulante, identificamos todas as contas do pa- trimônio líquido e conseguimos entender o conceito de cada uma delas. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Análise das demonstrações contábeis em IFRS e CPC: facilitada e sistematizada. São Paulo: Atlas, 2019. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 42 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm. Acesso em: 15 jun. 2022. BRASIL. Lei nº 11.971, de 6 de julho de 2009. Dispõe sobre as certidões expedidas pelos Ofícios do Registro de Distribuição e Distribuidores Judiciais. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11971.htm. Acesso em: 10 jul. 2022. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: Presidência da República, 1976. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 15 jun. 2022. BRASIL. Medida provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários, concede remissão nos casos em que especifica, institui regime tributário de transição, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2008/mpv/449.htm. Acesso em: 15 jun. 2022. CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 09. Demonstração do valor adicionado. Brasília, DF: CPC, 2008. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=40. Acesso em: 15 jun. 2022. CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1). Apresentação das Demonstrações Contábeis. Brasília, DF: CPC, 2011. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57. Acesso em: 15 jun. 2022. CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2). Demonstração dos Fluxos de Caixa. Brasília, DF: CPC, 2011. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/ Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=34. Acesso em: 15 jun. 2022. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise avançada das demonstrações contábeis: uma abordagem crítica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020a. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise didática das demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020b. 43 Análise De BalançosAnálise De Balanços Capítulo 1 SILVA, A. A. da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019. SOUZA, A. F. de. Análise financeira das demonstrações contábeis na prática. São Paulo: Trevisan Editora, 2015. 44 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras CAPÍTULO 2 Custos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Elaborar a análise de custos. 3 Analisar como interpretar os diferentes custos em empresas. 3 Compreender os custos. 3 Entender como aplicar a gestão de custos. 46 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras 47 CustosCustos Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Várias empresas dão fim às suas atividades por não darem a importância adequada à gestão estratégica de custos. Outras, conhecendo a importância e a essencialidade dessa ferramenta, aumentam ainda mais a competitividade com o correto uso de um bom sistema inteligente de custos. Alguns tópicos são levados em consideração até a identificação do preço correto de venda. Dentre eles, podemos citar as despesas operacionais e os cus- tos de aquisição ou fabricação, as despesas financeiras, as despesas de vendas, as administrativas e os custos diretos e indiretos. Algumas indagações devem ser feitas, como: o que são custos? Qual a im- portância dos custos em uma organização? Como são as classificações? Como mensurar cada custo? Como os custos são incluídos nos preços dos produtos vendidos ou serviços prestados? Quais as decisões que o sistema de custo pode auxiliar? Qual a diferença entre despesas, desembolsos e gastos? Desperdícios e perdas significam a mesma coisa? A contabilidade de custos analisa e classifica os custos apurados e geram informações aos gestores da empresa. Assim, a matéria de custos permite o en- tendimento de como os custos se comportam de acordo com a produção feita. Por exemplo, o custo de uma ferramenta, utilizada na construção de um carro, é extremamente alto se comparado com o todo. Assim, a empresa pode buscar al- ternativas para substituir essa peça ou procurar outros fornecedores que a venda de forma mais barata. A contabilidade separa os custos entre variáveis e fixos, sendo: • Custos variáveis – são proporcionais ao volume de produção. Se a pro- dução aumenta, os custos aumentam. Se a produção diminui, os custos diminuem. Por exemplo, em uma padaria, quanto mais pães e bolos forem feitos, mais se precisará de farinha de trigo, de mão de obra e de ovos. • Custos fixos – eles não variam de acordo com a quantidade produzida. Um imóvel que é utilizado para a fabricação de sapatos, por exemplo, tem seu preço de aluguel fixo independentemente se fabricar dez pares de sapatos ou mil pares. Os custos também podem ser classificados em diretos e indiretos, sendo que os indiretos são os que dependem de cálculos ou rateios para conseguir encontrar o valor referente ao produto, pois não existe condição para uma medição correta. Portanto, se for preciso fazer algum critério ou método de rateio ou, ainda, se precisar do uso de estimativas, o custo será indireto. Alguns exemplos de custos indiretos são: 48 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras • Depreciação de máquinas e ferramentas industriais. • Materiais indiretos (lubrificantes, lixas, colas etc.).• Energia elétrica consumida pela fábrica. • Mão de obra indireta. • Quaisquer custos fabris. Já os custos diretos são os ligados diretamente às unidades ou produtos. São os gastos identificados diretamente às unidades produzidas e geralmente uti- lizam alguma unidade de medida (quilograma, quilômetros, hora de mão de obra, dentre outros). Portanto, para um item ser classificado como custo direto, ele não precisa estar interligado fisicamente ao produto, basta que tenha uma medição objetiva do seu uso. Alguns exemplos de custos diretos são: • Matéria-prima direta. • Mão de obra direta. • Materiais de embalagem. Compreender esses questionamentos, bem como saber sobre os preços, a concorrência e outros fatores são importantes para montar uma estratégia que li- dera as empresas ao sucesso. Por isso, deve ser algo presente em todas as insti- tuições. No estudo, compreenderemos a importância da Contabilidade de Custos, desde o planejamento e tomada de decisões até a importância do conhecimento dos custos nas organizações. A Contabilidade de Custos é dividida em: auxílio ao planejamento, controle e, por último, suporte na tomada de decisões. Com relação ao planejamento e controle, o objetivo é fornecer dados para a instituição. O planejamento e o controle funcionam da seguinte maneira: a partir do momento que são fornecidos informações e dados para auxiliar na tomada de decisão, é possível analisar tanto o curto quanto o longo prazo. Dessa maneira, a área de custos não funciona apenas como auxílio na avaliação de lucros e de es- toques, mas exerce função de ser peça fundamental de planejamento, de controle e de decisões gerenciais. Sobre a ajuda na tomada de decisão, Martins (2018, p. 7) informa: No que tange à decisão, seu papel reveste-se de suma impor- tância, pois consiste na alimentação de informações sobre va- lores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e longo prazo sobre medidas de introdução, manutenção ou corte de produtos, administração de preços de venda, opção de compra ou produção, terceirização etc. Ter domínio sobre custos é fundamental para a identificar se o preço do pro- duto é o correto e se ele será rentável. Ao identificar o preço mínimo de um produ- 49 CustosCustos Capítulo 2 to ou de um serviço, a empresa consegue identificar se o valor causará prejuízo, buscando sempre ter o melhor resultado possível. Um dos principais objetivos que a área de custos possui é a correta determinação do lucro. Dessa forma, são evitados vários problemas, dentre os quais podemos citar: ● os relacionados aos preços equivocados de venda, o papel de cada pro- duto para o lucro da empresa; ● o valor mínimo que o produto deve ter para não ser vendido e resultar em prejuízo; ● a quantidade mínima de atividade que o negócio precisa fazer para ser rentável. Assim, neste capítulo, conheceremos os conceitos, as diferenças e as clas- sificações dos custos. Também observaremos a relevância da realização da clas- sificação em custos diretos e indiretos. Compreenderemos os custos de acordo com o processo da produção que está associado ao gasto: se for diretamente ligado à produção, é custo direto; mas se o custo for ligado aos aspectos que não fazem parte da produção, será custo indireto. Diante disso, daremos início ao estudo sobre custos, análise de custos e for- mação de preços e esperamos que, ao final desta aula, você reflita sobre os resul- tados significativos que uma gestão estratégia de custos gera. 2 INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE DE CUSTOS Neste capítulo, estudaremos conceitos e nomenclaturas da Contabilidade de Custos, custo de oportunidade e classificação de custos. Além disso, aprendere- mos como diferenciar gastos, custos e despesas. Tudo isso ajudará na identifica- ção, na análise e em soluções para os problemas e continuidade dos negócios. Você sabe como os custos podem provocar crises? Leia o ma- terial a seguir e observe como é importante a mensuração e a gestão de custos: https://g1.globo.com/hora1/noticia/2017/03/custos-para- -prestar-servicos-provocam-crise-em-casas-lotericas.html. 50 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos, o sistema de custos de boa parte das instituições ainda é bastante precário, ou pior: nem sequer exis- te. Esse é um dos principais problemas das empresas. Afinal, a contabilidade de custos contribui para a identificação de gastos e pode auxiliar na redução deles. Além disso, é a partir dos custos dos produtos que são formados os preços de cada produto ou serviço. Imaginemos um sistema de custos em que são lançados os custos em um processo de fabricação. Com isso, é informado ao gestor de informações todas as informações sobre a estrutura de custos da organização. É um instrumento que pode ser usado nos âmbitos estratégico, operacional ou tático da empresa: · Nível operacional – acontecem as coletas dos dados. · Nível tático – acontece a diferenciação e a classificação dos dados cole- tados, transformando-os em informações padronizadas. · Nível estratégico – as informações fornecidas pelo nível tático são uti- lizadas para a tomada de decisões estratégicas voltadas para o forneci- mento de melhores produtos, e serviços. FIGURA 1 – SISTEMA DE CUSTOS Fonte: <https://images.pexels.com/photos/546819/pexels-photo-546819. jpeg?cs=srgb&dl=pexels-luis-gomes-546819.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022. Um sistema de gerenciamento de custos identifica, observa e mantém uma análise detalhada das atividades de uma empresa. Esse sistema de custos é um utensílio que disponibiliza informações referentes a cada detalhe dos custos. Os custos de cada produto ou serviço interferem nas decisões sobre a precificação desses produtos ou serviços. Assista ao vídeo a seguir e entenda a aplicação e o cálculo do conceito de margem de contribuição e ponto de equilíbrio: https:// www.youtube.com/watch?v=vC9RRGninBs. 51 CustosCustos Capítulo 2 Um bom sistema de custos pode contribuir para: • projetar produtos e serviços, vendidos com lucro, de acordo com os de- sejos dos clientes – ou até superando as expectativas; • maior gestão de qualidade, apresentando quais setores da organização devem ser aprimorados e, se for preciso, haver uma reestruturação dos processos; • identificar as necessidades de treinamento e aprendizagem dos funcio- nários da área de produção; • ajudar na decisão sobre investimentos; • apresentar subsídios para a escolha de fornecedores; • auxiliar na precificação de produtos; • contribuir com a estruturação de processos de distribuição e serviço para os clientes, identificando a forma mais eficaz e eficiente. Assista ao vídeo e entenda com as empresas de pequeno, mé- dio e grande porte utilizam sistemas de informações para as mais diversas finalidades. Assim, ao assistir ao vídeo, alguns pontos serão esclarecidos sobre a teoria e a prática da utilização dos sistemas de informação: https://www.youtube.com/watch?v=5Rn2HFdGNWY. Um bom sistema de informações de custos permite o melhor subsídio à to- mada de decisões, mas também requer uma qualidade de recursos financeiros e humanos. Cada empresa deve analisar a necessidade dessa implementação, observando principalmente o retorno do investimento. Leia o artigo Sistema de Informações gerenciais, de Luiz Renato Alfano e Eduardo Luiz Curioni, que objetiva apresentar alguns tópi- cos sobre o tema: https://www.scielo.br/j/rae/a/bMd7yRcP8hxZZPP- ZZbrYScy/?lang=pt. 52 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Porém, quanto mais competitivo for o setor da empresa, maior será a neces- sidade de um sistema de custos eficiente, pois cada informação pode ser usada para montar estratégias da organização e ser um diferencial competitivo no seg- mento que a empresa segue. FIGURA 2 – COMPETITIVIDADE ENTRE AS EMPRESAS Fonte: <https://images.pexels.com/photos/6456264/pexels-photo-6456264.jpeg?cs=srgb&dl=pexels-julia-larson-6456264.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022. Segundo Schier (2004), este é o roteiro utilizado para a implantação de um sistema de custos: • Faz-se necessário conhecer a estrutura administrativa da organização, para que sejam definidos os objetivos a serem atingidos e perseguidos pelo sis- tema. Tais objetivos serão formulados de acordo com o nível de controles existentes e a necessidade de informações para a tomada de decisões. • É preciso fazer visitas à organização e entrevistas com o pessoal da pro- dução, a fim de conhecer adequadamente o sistema de produção da or- ganização e seus produtos e serviços. Os pacotes prontos ou “receitas de bolo” nem sempre são adequados, pois podem não suprir as necessi- dades específicas da organização. FIGURA 3 – SUPERVISIONANDO O TRABALHO Fonte: <https://images.pexels.com/photos/7484152/pexels-photo-7484152. jpeg?cs=srgb&dl=pexels-cottonbro-7484152.jpg&fm=jpg>. Acesso em: 15 jun. 2022. 53 CustosCustos Capítulo 2 • Após o conhecimento dos sistemas de produção, devem ser identificados os centros de custos auxiliares e os produtivos. Essa definição é muito im- portante para que haja a incorporação adequada de custos aos produtos. • Os produtos deverão ser decompostos para a identificação de todos os custos que ocorrem na produção. Esses geralmente são: mão de obra, matéria-prima e custos indiretos de produção. O nível de detalhes de cada um desses custos depende do sistema a ser implantado e dos ob- jetivos propostos. Deverão ser identificados os custos indiretos e diretos, que serão apropriados aos produtos. • Deve-se identificar os custos mais importantes, utilizando-se o critério de custo-benefício. Nesse caso, os custos mais importantes devem ser mais bem controlados. • A definição dos critérios de rateio demanda uma atenção maior, pois se o custo for alocado indevidamente, pode distorcer, além do resultado de determinado produto, a precificação dele. É necessário ter o máximo de atenção na determinação dos critérios de rateio. Em função dos objetivos e do nível de detalhamento do sistema a ser implantado, deverão ser definidos os controles e as informações necessárias, assim como apon- tamentos da produção em termos de: mão de obra consumida, quantida- des produzidas e material aplicado. • O controle de estoque poderá: ser manual ou informatizado; exigir con- troles paralelos; ser avaliado em várias moedas; ser baseado em custo histórico ou padrão; ser avaliado pelo custo médio, PEPS ou outro crité- rio considerado adequado. • Os formulários do sistema deverão ser de fácil preenchimento; preenchidos e aprovados por pessoal devidamente treinado para as funções; de fácil controle; de fácil entendimento; e conter somente informações relevantes. • É preciso definir se o sistema será ou não integrado à contabilidade; se a contabilidade utilizará razão analítico; se será garantido que todas as informações contábeis do Razão estejam relacionadas nos relatórios au- xiliares; se será efetuada conciliação das contas entre o Razão e os rela- tórios auxiliares e de que forma. • Ainda, é preciso definir: quais relatórios de controle gerencial serão emitidos; qual seu conteúdo; quem serão os usuários; quais os prazos de apresenta- ção; qual o tipo de acompanhamento; e qual o nível de integração do relató- rio com as demais informações e relatórios disponibilizados na organização. Com a inclusão do sistema de custos, a organização conhecerá, além do custo total de cada setor, o custo da hora, o custo por operação e os custos por unidade produzida. Isso ajuda os gestores no momento da formação dos preços de venda e aumenta a competitividade no mercado, além de melhorar a estrutura produtiva e os processos internos. 54 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Apesar de todo o lado trabalhoso da implementação do sistema, um sistema de custos é importante pelo fato de dar a organização maior vantagem competi- tiva e maior visão estratégica. Afinal, com a inclusão de um sistema de custo, os negócios terão resultados e informações mais exatas, com menor chance de erros e, consequentemente, o cálculo e a formação do preço de venda serão facilitados. 1 – Os sistemas de informações contribuem no processo decisório das empresas. Com isso em mente, como um sistema de infor- mações gerenciais pode auxiliar no gerenciamento de custos? A Contabilidade de Custos já foi tida como sinônima da Contabilidade Geren- cial por várias ocasiões. Segundo Martins (2018, p. 5): A preocupação primeira dos Contadores, Auditores e Fiscais foi a de fazer da Contabilidade de Custos uma forma de resol- ver seus problemas de mensuração monetária dos estoques e do resultado, não necessariamente a de fazer dela um instru- mento de administração. Assim, surgiu a necessidade da separação entre as duas disciplinas. A área de custos não era usada de forma integral na Contabilidade Gerencial, mas foi se tornando cada vez mais estudada graças ao crescimento das empresas. QUADRO 1 – OBJETIVOS DA ANÁLISE DE CUSTOS Principais objetivos da análise de custos Fornecer informações gerenciais para a administração, a fim de subsidiar as tomadas de deci- são. Servir como instrumento de controle sobre as atividades operacionais e produtivas de uma organização. Demonstrar as distorções de valores, níveis de produtividade e eficiência da produção de bens e serviços em relação às metas da empresa e aos padrões estabelecidos. Contribuir para a apuração de índices econômicos, financeiros e de lucratividade, tais como margem de contribuição de produtos e serviços, rotação de estoques e ponto de equilíbrio. Avaliar a eficácia e eficiência na utilização dos fatores de produção, tais como matérias-primas, mão de obra e equipamentos. Identificar falhas nos processos produtivos e atividades que não agregam valor aos produtos. Fornecer subsídios para a política de terceirização de determinadas atividades. Identificar a capacidade ociosa de produção. Fonte: adaptado de Oliveira e Perez Jr. (2007). 55 CustosCustos Capítulo 2 Na análise de custos, devem ser comparadas as metas e os padrões esta- belecidos e o que aconteceu realmente ocorreu na execução dos processos, em termos de valores financeiros, quantidades de insumos e de mão de obra e os prazos projetados. Tais metas e padrões são definidos pela alta gerência da orga- nização por meio de planejamento e orçamento. Oliveira e Perez Jr. (2007, p. 216) apontam as seguintes ferramentas de análise de custos: · comparação com as metas e os padrões estabelecidos; · análise de custos por categoria; · análise de custos por departamentos e divisões; · análise de custos por processos. O custo de oportunidade se refere à escolha de aplicações. Se você investe seu dinheiro no ativo A, deixa de aproveitar o ativo B. Uma das principais preocu- pações em relação ao custo de oportunidade é, na análise de custos: · diante de um resultado, gastar o menos possível de custo; · diante de um custo já identificado, ter o melhor resultado. A preocupação deve girar em torno de alcançar os objetivos esperados e a economia vem da necessidade de uma combinação racional entre os recursos. A vantagem da Contabilidade de Custos é justamente oferecer conhecimento para escolher alternativas mais eficazes e eficientes. Alguns negócios podem encerrar suas atividades por não darem a importância correta à gestão de custos. Esse pensamento pode incentivar e dar uma base que contribua para a conscientiza- ção e evolução das empresas. FIGURA 4 – GESTÃO DE CUSTOS Fonte: <https://images.pexels.com/photos/8296981/pexels-photo-8296981. jpeg?auto=compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=650&w=940>. Acesso em: 15 jun. 2022. 56 Análise das Demonstrações Contábeis e Financeiras Assista ao vídeo a seguir e observe a importância do conceito e da aplicação do custo de oportunidade: https://www.youtube.com/ watch?v=wnE2xzpvo84.
Compartilhar