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15 Introdução A perfuração de poços de petróleo no Brasil teve início em 1897, com o primeiro poço exploratório em Bofete, São Paulo. A cada dia novas áreas são pesquisadas, exigindo tecnologias mais avançadas. O processo de perfuração e completação de poços precisa acompanhar este desenvolvimento. Em termos gerais, a indústria do petróleo divide-se em upstream e downstream para se referir aos segmentos da indústria do petróleo; e em onshore e offshore para se referir à localização em relação ao mar. O segmento upstream (atividades de exploração e produção) compreende o início da cadeia produtiva, ou seja, o fluxo de petróleo e gás nas rochas-reservatórios, passando pelo fluxo dentro do poço, nas linhas até as plataformas de produção, nos gasodutos e oleodutos ou navios tanque até os terminais marítimos ou estações de tratamento e de lá até as refinarias. Além disso, envolve as atividades de exploração sísmicas e geológicas. Dentro desse segmento, a Engenharia de Poços participa desde o começo da criação de um campo, perfurando os poços exploratórios. Prossegue perfurando e completando os poços de desenvolvimento, inclusive em perfurações e completações adicionais. Atua, também, na manutenção dos poços e participa do encerramento de um campo nas operações de abandono definitivo de poços e do campo. Nas plataformas de produção, os supervisores e técnicos de operação de produção recebem o poço construído pela Engenharia de Poços em um processo chamado de entrega do poço. Depois, voltam a recorrer à este setor da Engenharia, de tempos em tempos, para restaurar, melhorar a produção ou injeção dos poços ou para obter dados sobre os reservatórios de petróleo e gás. 16 Alta Competência Já o segmento downstream (atividades de refino do petróleo bruto, tratamento do gás natural, transporte e comercialização/distribuição de derivados) abrange desde as refinarias até o cliente ou consumidor final. Nos postos de abastecimento automotivo, os consumidores recebem óleo diesel, gasolina e gás automotivo fornecidos por diversas distribuidoras. A indústria petroquímica recebe nafta, gás e outros derivados; os domicílios recebem gás das concessionárias. Quanto à sua localização em relação ao mar, as atividades de perfuração podem ser em terra (onshore) e próximas da costa ou em alto mar (offshore). O trabalho offshore apresenta desafios tecnológicos e logísticos muito grandes, além dos impactos psicossociais de um modelo de vida diferente do da maioria das pessoas, decorrente do confinamento em alto mar. Por isso, e por terem contato constante, remoto ou direto com poços de petróleo e gás, incluindo os poços de injeção (água, gás, descartes etc.), é preciso que os técnicos de operação de produção tenham um mínimo de conhecimento sobre poços de petróleo e sobre as unidades de intervenção. C ap ít u lo 1 Perfuração Ao final desse capítulo, o treinando poderá: • Identificar os sistemas de perfuração de petróleo e suas funções, bem como os equipamentos da sonda de perfuração; • Descrever a estrutura da coluna de perfuração; • Apontar medidas de prevenção ao blowout; • Explicar os estágios das operações de perfuração e os testes realizados em cada etapa; • Identificar as finalidades dos diferentes tipos de poços. 18 Alta Competência 19 Capítulo 1. Perfuração 1. Perfuração A evolução da perfuração se inicia no sistema de percussão, quando o principal esforço é a quebra da rocha, retirada do poço por elevação mecânica (caçambas), indo até o sistema de rotação e circulação, primeiro com a mesa rotativa (MR) e kelly e, posteriormente, com o top drive - com ou sem o motor de fundo. A circulação de fluido para remoção dos cascalhos permite perfurações mais profundas e controle da pressão das formações, além de evitar o desmoronamento das paredes dos poços. 1.1. Histórico da prospecção e produção do petróleo Acompanhe o histórico do desenvolvimento da perfuração no mundo e no Brasil: No mundo 347 aC Poços perfurados na China até 240 m de profundidade utilizando brocas conectadas a hastes de bambu. 1264 Mineração de óleo superficial na Pérsia medieval testemunhada por Marco Polo em suas viagens por Baku (atual Azerbaijão). 1500 Óleo superficial coletado nas montanhas da Polônia e da Romênia utilizados em iluminações de ruas. 1594 Poços de petróleo são cavados à mão em Baku, Pérsia, até 35 m de profundidade. 1735 Areias oleosas são mineradas e o óleo extraído em campos da Alsácia, França. 1815 Petróleo é produzido nos Estados Unidos como um subproduto indesejável de poços de sal. 20 Alta Competência 1848 Primeiro poço moderno de petróleo é perfurado na Ásia, ao noroeste de Baku, por um engenheiro russo. 1858 Primeiro poço de petróleo é perfurado na América do Norte, em Ontário, Canadá. 1859 Primeiro poço de petróleo economicamente produtor, perfurado nos Estados Unidos com 69 pés (21 m) de profundidade, em Titusville, Pensilvânia, pelo Coronel Edwin Drake. Uma sonda com sistema de percussão movido a vapor foi utilizada. Fo n te: V eld m an & Lag ers, Fifty Years O ffsh o re 1 9 9 9 . Sonda de perfuração do Cel. Drake 1900 O americano Anthony Lucas en- controu óleo a uma profundi- dade de 354 m utilizando uma sonda rotativa, após ter desen- volvido um sistema de circulação com fluido. 1915-1928 As sondas com sistema rotativo de perfuração começaram, gradativamente, a substituir as sondas com sistema percussivo de perfuração, tornando estas últimas obsoletas. 21 Capítulo 1. Perfuração Campo de produção de Fier – Albânia Fonte: (Veldm an & Lagers, Fifty Years O ffshore 1999) No Brasil 1858 O marquês de Olinda assina o decreto n.º 2.266, concedendo a José Barros Pimentel o direito de extrair mineral betuminoso para fabricação de querosene em terrenos situados às margens do rio Marau, na então província da Bahia. 1859 Durante a construção da Estrada de Ferro Leste Brasileiro, o inglês Samuel Allport observa gotejamento de óleo em Lobato, subúrbio de Salvador. 1891 Primeiras pesquisas nos sedimentos argilosos betuminosos no litoral de Alagoas. 1897 Primeiro poço exploratório em Bofete–SP por Eugênio Ferreira Camargo a uma profundidade de 488 m, produzindo 500 litros de óleo. 22 Alta Competência 1919 Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil perfura 63 poços nos estados do Pará, Alagoas, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul sem, no entanto, obter sucesso nas prospecções. 1938 Início do primeiro poço descobridor de petróleo no Brasil pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em Lobato, a uma profundidade de 210 m. A produção se mostrou antieconômica, porém foi um marco fundamental na exploração de petróleo no Brasil. 1941 Primeira descoberta comercial de óleo no município de Candeias, BA. 1953 Criação da Petrobras, com a instituição do monopólio estatal de petróleo pelo governo Vargas. A partir desta data, a história do petróleo no Brasil se confunde com a história da Petrobras. Décadas de 50 e 60 Descoberta dos campos de petróleo de Tabuleiro dos Martins, em Alagoas; Taquipe, na Bahia; Carmópolis, em Sergipe; e Miranga, na Bahia. Primeira descoberta, no mar de Sergipe, do campo de Guaricema. Décadas de 70 e 80 Descoberta dos primeiros campos na Bacia de Campos (primeiro o de Garoupa); campo de Ubarana, no litoral do RN; campos terrestres, em Mossoró; campo de Urucu, na selva amazônica; e campos marítimos de Marlim e Albacora, em águas profundas, que praticamente dobraram as reservas provadas de todo o Brasil. 23 Capítulo 1. Perfuração Década de 90 Outros campos gigantes de Roncador e Barracuda. Final dos anos 90 e início do século XXI Grande impulso governamental e comercial com investimentos na exploração de novas áreas, campos do pré-sal e instalação de novos complexos de produção. Ampliação do parque de refino para atender à demandafutura de derivados. 1.2. Prospecção e sistemas de perfuração A primeira etapa da prospecção de petróleo é a pesquisa que, através da sísmica e estudos geológicos, aponta as regiões de alta probabilidade de ocorrência de hidrocarbonetos. O petróleo é formado pela associação da decomposição incompleta dos restos mortos dos organismos depositados nos fundos dos mares ou lagos e a deposição simultânea de componentes de rochas argilosas. A esse conjunto denominamos de rocha geradora ou rocha matriz (rocha capaz de ter permitido a geração do petróleo). Para a gênese do petróleo é necessário, além da matéria orgânica, o efeito de elevada pressão e temperatura. Devido à fluidez e menor densidade do petróleo em relação à água existente nos poros rochosos, ele se desloca em movimento ascendente, até encontrar um local onde o estacionamento do óleo se processa. O petróleo retido se armazena em rochas porosas, denominadas rochas-reservatórios, geralmente rochas sedimentares. 24 Alta Competência Rocha geradoraReservatório Gás Óleo Água Capeadora ÓleoÀgua Grãos da rocha Exemplo de estrutura geradora e armazenadora de petróleo A perfuração de poços é a segunda etapa necessária para uma possível extração de petróleo. Nessa fase, a existência real do petróleo na região prospectada se comprovará, pois nem toda área sedimentar pesquisada contém petróleo ou gás natural. Após a confirmação da existência de hidrocarbonetos com a perfuração, tem início a terceira etapa do processo, que consiste no desenvolvimento do campo, ou seja, no conjunto de operações destinado a perfurar e equipar poços de desenvolvimento do campo para produzir óleo ou gás. A etapa de equipar o poço e deixá-lo pronto para a produção chama- se completação e precisa ser feita de forma segura e econômica, de preferência para durar toda a vida produtiva do poço. Atualmente, mais da metade das bacias sedimentares do mundo que oferecem probabilidade de encontrar petróleo ou gás natural estão localizadas offshore, ou seja, em ambiente marinho. 25 Capítulo 1. Perfuração No Brasil, as bacias offshore são responsáveis por mais de 70% de todo o óleo e gás natural produzido no país. VOCÊ SABIA?? Para que essas perfurações ocorram, várias medidas são tomadas, dentre as quais, podemos citar, por exemplo: Seleção e pesquisa do local;• Estudos para minimizar o impacto ambiental.• Em alto mar, há a necessidade da determinação da jurisdição legal. Em terra, são feitos contratos de arrendamento e de servidão de vias de acesso, além da liberação ambiental. Após a obtenção das autorizações legais de utilização da locação e assinados os contratos, começam os trabalhos de perfuração. A perfuração em terra (onshore) tem início com o preparo da locação e acessos e com a verificação de fontes naturais de água ou perfuração de um poço de captação. No mar, a perfuração começa com a determinação geográfica do poço e o lançamento de sinalizadores sonoros (beacons) para posicionamento da sonda de perfuração. Em terra, antes da montagem da sonda, é preparado um dique ou montado um sistema de tanque para receber o fluido de perfuração e descarte dos sólidos produzidos durante a perfuração do poço de petróleo. Como esse descarte pode estar contaminado por óleo ou outros poluentes do fluido de perfuração, é necessário tratá-lo, reduzindo a toxicidade e o teor de óleo e graxa, para então descartá- lo apropriadamente em locais autorizados pelos órgãos ambientais. Devido ao elevado custo das sondas de perfuração, o tubo condutor (primeiro revestimento do poço) é cravado com a utilização de bate- estaca e a primeira fase pode ser perfurada com uma sonda menor e mais barata. 26 Alta Competência Dependendo do local da perfuração e do seu acesso, o transporte dos equipamentos pode ser feito por caminhão, helicóptero, barco ou barcaça. Também nos lugares nos quais não há fundações para suportar uma sonda, tais como pântanos ou lagos, as sondas são construídas sobre barcos ou barcaças para trabalhar sobre águas interiores. No mar, as sondas são construídas em navios (navio sonda - NS), em plataformas flutuantes (sondas semi-submersíveis - SS) ou em plataformas auto-eleváveis (PA), que possuem estruturas (pernas), que apoiadas no fundo do mar, elevam a plataforma acima da água, formando uma ilha metálica artificial. Podemos comparar a perfuração de um poço à abertura de uma estrada por onde se escoará o hidrocarboneto do reservatório para a superfície. A seqüência natural das operações para a identificação das possibilidades, descobrimento e produção do petróleo é a seguinte: Exploração• : estudos sísmicos são feitos a fim de levantar dados para a escolha de locais mais propícios para a pesquisa da existência de hidrocarbonetos; Perfuração• : escolhidas as locações, a perfuração tem o objetivo de alcançar os intervalos ou zonas produtoras no subsolo; Avaliação• : são corridos perfis elétricos, que identificam as formações e os fluidos contidos. Após o revestimento e a completação do poço são feitos testes de produção e análise do potencial da jazida. Essas operações fornecem subsídios para o desenvolvimento da produção, ou seja, estudos de reservatório que definem a locação mais apropriada dos poços para desenvolvimento do campo, sistemas e processos de elevação e escoamento do hidrocarboneto. Por fim, há a completação do poço, isto é, as operações de acabamento do poço, de modo a equipá-lo e prepará-lo para produzir hidrocarboneto. 27 Capítulo 1. Perfuração Os sistemas de perfuração são classificados quanto à maneira de quebrar o solo, a rocha, ou a formação, do seguinte modo: a) Por percussão: neste sistema, o solo e as rochas são quebrados por percussão de um trado e os cascalhos podem ser retirados por caçambeamento. Existem sistemas de percussão por martelete mecânico, hidráulico ou pneumático. b) Por rotação: neste sistema, a rocha é perfurada através da aplicação de peso e rotação em uma broca que esmigalha a rocha. Em seguida, um sistema de circulação retira esse cascalho para a superfície. A rotação pode ser aplicada à broca através da rotação de toda a coluna de perfuração ou por motores de fundo posicionados logo acima da broca. No método percussivo, os cascalhos podem ser retirados do poço por caçamba ou por elevação hidraúlica, enquanto no método rotativo a retirada dos cascalhos se faz por circulação de um fluido de perfuração com capacidade de carrear esses cascalhos. 1.3. Equipamentos da sonda de perfuração A sonda de perfuração é, na verdade, um conjunto de equipamentos e acessórios utilizados para viabilizar a perfuração do poço. Observe cada um dos sistemas. 28 Alta Competência Mesa rotativaSistema de segurança contra erupção (BOP) Fluído de perfuração e sedimentos Bomba para circulação de fluídos Torre Comandos Tubos sobressalentes Coluna de perfuração Revestimento Gerador de eletricidade Broca Equipamentos para perfuração de poço 1.3.1. Sistema de geração e transmissão de energia A energia para funcionamento da sonda é gerada por grandes moto-geradores diesel. O acionamento dos equipamentos é feito por motores elétricos de corrente alternada ou de corrente contínua, a depender da potência e da funcionalidade de cada. Há também sondas mecânicas mais antigas, que funcionam com motores diesel, nas quais os geradores elétricos fornecem energia elétrica para iluminação e pequenos motores. a) Fontes de energia A energia necessária para acionamento dos equipamentos de uma sonda de perfuração é normalmente fornecida por motores diesel e turbinas a gás. Nas plataformas marítimas em que há produção de gás, é comum e econômico utilizar-se turbinas a gás para geração de energia para toda a plataforma. 29 Capítulo 1. Perfuração Uma característica importante dos equipamentos de uma sonda que afeta o processo de transmissão da energia é a necessidade de operarem com velocidade e torque variáveis.Dependendo do processo de transmissão de energia para os equipamentos, as sondas de perfuração são classificadas em sondas mecânicas ou diesel-elétricas. Sondas mecânicas• Nas sondas mecânicas, a energia gerada nos motores diesel é levada a uma transmissão principal (compound) através de acoplamentos hidráulicos (conversores de torque) e embreagens (mecânicas ou pneumáticas). O compound é constituído de diversos eixos, rodas dentadas e correntes que distribuem a energia a todos os sistemas da sonda. As embreagens permitem que os motores sejam acoplados ou desacoplados do compound, propiciando maior eficiência na utilização dos motores diesel. Sondas • diesel-elétricas As sondas diesel-elétricas geralmente são do tipo AC/DC, em que a geração é feita em correntes alternadas e a utilização é em corrente contínua. Motores diesel ou turbinas a gás acionam geradores de corrente alternada (AC) que alimentam um barramento trifásico de 600 volts. Esse barramento, alternativamente, também pode receber energia da rede pública. Pontes de retificadores controlados de silício (SCR) recebem a energia do barramento e a transformam em corrente contínua, que alimenta os equipamentos da sonda. Por utilizar motores de corrente contínua (AC), a velocidade e potência dos equipamentos é mantida sob controle pela freqüência aplicada aos motores. 30 Alta Competência Os equipamentos auxiliares da sonda da plataforma, iluminação e hotelaria que utilizam corrente alternada recebem a energia do barramento após passarem por um transformador para a potência de cada equipamento. 1.3.2. Sistema de elevação de cargas O sistema usado para descer e retirar as tubulações do poço é composto por: Torre;• Guincho (guincho principal) com um grande • tambor de cabo de aço; Sistema de freio elétrico-mecânico;• Sistema de • moitão e talha; Carretel para armazenamento do cabo de perfuração.• Em uma sonda de petróleo, o sistema de elevação e sustentação de cargas é constituído de: Base ou fundação (terraplenagem do terreno ou base de • concreto, ou aço, na qual é montada a sonda); Subestrutura;• Torre ou mastro;• Guincho e cabo de perfuração;• Moitão• de elevação (bloco de coroamento e catarina). 31 Capítulo 1. Perfuração A estrutura que surge em primeiro plano - a torre ou mastro - é uma estrutura metálica em treliças que tem, entre outras funções, a de sustentar o conjunto de tubos de perfuração denominado coluna de perfuração ou drill pipes. Esses são enroscados, um a um, com o uso de chaves hidráulicas ou de chaves flutuantes. Na torre há um moitão formado por um conjunto de polias fixas (bloco de coroamento) e um conjunto de polias móveis (catarina ou bloco viajante), com um gancho (hook) em sua extremidade. Na subestrutura estão a base da torre, a área de trabalho (drill floor) e um guincho pelo qual passa um cabo de aço interligando-o ao moitão (bloco de coroamento/catarina). Esse guincho, movido a motores diesel ou elétricos, é comandado pelo sondador e se destina a elevar ou descer a coluna de perfuração. No centro do drill floor está a mesa rotativa (MR), que possui um orifício central por onde passa a coluna de perfuração. A mesa rotativa e a coluna de perfuração tornam-se solidárias pelo encaixe da bucha da mesa. Assim, motores potentes acionam a mesa rotativa em velocidades reguláveis, transmitindo o movimento de rotação para a coluna de perfuração. Para sustentar a coluna na mesa durante as manobras de descida ou retirada da coluna no poço são usadas cunhas, de acordo com o tipo e diâmetro dos tubos em movimento no poço. Existem cunhas para drill pipes, para comandos e para revestimento. 32 Alta Competência Fonte: Petrobras Bloco de coroamento Catarina Gancho Cabeça de injeção Guincho Mesa rotativa Bombas de lama Alguns dos principais componentes de uma sonda 1.3.3. Sistemas de rotação da coluna de perfuração Esses sistemas podem ser definidos como um conjunto de equipamentos compostos por: Mesa rotativa• : transmite rotação à coluna de perfuração, permitindo que o kelly deslize livremente no seu interior. Em algumas situações, a mesa deve suportar o peso da coluna de perfuração. A mesa rotativa aliada à haste quadrada é mais convencional e representou uma evolução importante no sistema de perfuração, que passou de percussão a rotativo. Kelly• : transmite à coluna de perfuração a rotação proveniente da mesa rotativa. A seção transversal do kelly pode ser quadrada (comum em sondas de terra, mas obsoleta) e hexagonal (comum em sondas marítimas). Nas sondas mais modernas o conjunto mesa rotativa - kelly é substituído pelo top drive. Swivel• ou cabeça de injeção: separa os elementos rotativos dos estacionários nas sondas de perfuração. Para tanto, a sua parte superior não gira e a sua parte inferior deve permitir a rotação. 33 Capítulo 1. Perfuração O fluido de perfuração é injetado dentro da coluna por esse equipamento. Top-drive• : motor hidráulico de alta potência, que gira a coluna de perfuração. São imprescindíveis em poços horizontais. Permitem a retirada da coluna com circulação e rotação, perfurando por seção de três tubos de perfuração (drill pipes), conseqüentemente, com menor número de conexões, o que torna mais seguras e rápidas as operações. Motor de fundo• : permite transmitir elevada rotação à broca, com baixa rotação da coluna. Como conseqüência, há menor desgaste e esforço nos tubos, o que viabiliza a perfuração de poços direcionais e horizontais e de poços mais profundos. Esses dois últimos equipamentos, top-drive e motor de fundo, são sistemas alternativos de rotação da broca: Top-drive• : quando um motor é conectado no topo da coluna, o uso da mesa rotativa e do kelly é dispensado. A vantagem é que permite perfurar o poço de 3 em 3 tubos, além de permitir que a retirada ou a descida da coluna seja feita tanto com a rotação como com a circulação de fluido de perfuração pelo seu interior. Fonte: Petrobras Top-drive 34 Alta Competência Motor de fundo• : colocado acima da broca, é um motor hidráulico do tipo turbina. O giro é provocado pelo movimento do fluido de perfuração e ocorre na parte inferior, conectada à broca. É bastante usado na perfuração direcional, pois a coluna de perfuração não gira, logo não provoca desgastes nas paredes do poço. 1.3.4. Sistema de circulação de fluidos Este sistema bombeia o fluido de perfuração sob pressão, por meio de bombas de alta potência, bombas de lama, manifold de injeção, tubulação de perfuração e colares de perfuração e broca. O fluido de perfuração pode ser uma mistura de água, argila, material adensante e produtos químicos estabilizantes e conservantes. As principais finalidades do fluido são manter a estabilidade do poço e as pressões da formação, além de levar os cortes de rochas e cascalhos da broca para a superfície. O sistema de circulação do fluido será melhor tratado junto ao fluido de perfuração. 1.3.5. Sistema de posicionamento O posicionamento da sonda de perfuração flutuante pode ser por ancoragem ou através do posicionamento dinâmico. No sistema de ancoragem, um conjunto de 8 a 12 âncoras suporta a sonda, mantendo-a na posição. As âncoras são lançadas e pré- tensionadas na locação, para posterior amarração na sonda. O conjunto é estável até com duas âncoras “escorregadas”. O posicionamento dinâmico é mantido por possantes motores, que comandados por um sistema computacional, movimentam a sonda em sentido contrário às correntes marítimas e aos ventos. A região de estabilidade da sonda é mantida por triangulação de satélite ou por sistema acústico, com beacons (emissores de sinais acústicos) posicionados no fundo do mar, próximos ao poço. 35 Capítulo 1. Perfuração Fonte: Petrobras Fonte: Petrobras Haste Corda Cepo Cunha Cilindro de ancoragem “Fair lead” Berço de âncora Bóia Destorcedor Cabo indicador “pendant-line” Mantilhas Destorcedor âncora Cabo oucorrente BOP Elos “kenter” Riser Elementos de ancoragem de uma semi-submersível 36 Alta Competência posição desejada hidrofone emissor de sinal distância linear entre o hidrofone receptor e o transmissor acústico de fundo pulso sonoro de verificação transmissor de repetição centro geométrico entre transmissores de fundo projeção da posição da embarcação no plano de verificação hidrofone receptor / projetor ou emissor sonoro transmissor acústico de referência caminho acústico afastamento da vertical na direção X θVX – ângulo entre a vertical desejada e o afastamento da embarcação. O afastamento horizontal na direção X é proporcional ao seno de θVX Nota: o cálculo para o eixo Y é semelhante. Nota: R = distância linear entre o hidrofone receptor e o transmissor de repetição. Sistema de posicionamento dinâmico com um transmissor acústico posição desejada hidrofone emissor de sinal distância linear entre o hidrofone receptor e o transmissor acústico de fundo pulso sonoro de verificação transmissor de repetição centro geométrico entre transmissores de fundo projeção da posição da embarcação no plano de verificação hidrofone receptor / projetor ou emissor sonoro transmissor acústico de referência caminho acústico afastamento da vertical na direção X θVX – ângulo entre a vertical desejada e o afastamento da embarcação. O afastamento horizontal na direção X é proporcional ao seno de θVX Nota: o cálculo para o eixo Y é semelhante. Nota: R = distância linear entre o hidrofone receptor e o transmissor de repetição. Sistema de posicionamento dinâmico hidroacústico com um ou quatro beacons 37 Capítulo 1. Perfuração GPS GPS GPS Satélite estacionário Barco de serviço Mensagem RTCM (mensagem transmitida em tempo real) Estação receptora/transmissora para satélite Base de monitoramento terrestre Sistema de posicionamento Geo-espacial Estação de repetição Sistema de posicionamento por GPS 1.3.6. Sistema de segurança de poço Durante a intervenção em poços são necessárias duas barreiras de segurança para garantir que o poço não entre em fluxo. A primeira barreira é o fluido de perfuração ou de completação e a segunda é o sistema de segurança de cabeça de poço, composto pelo preventor de erupções (Blowout Preventor – BOP) e seus acessórios. Unidade de controle remoto Unidade acumuladora e acionadora Sistema de estrangulamento Desgaseificador BOP Sistema de BOP 38 Alta Competência Fo n te: Petro b ras Fo n te: Petro b ras Fo n te: Petro b ras BOP usado em poço com cabeça de poço não submersa – BOP anular e bloco de duas gavetas 1.3.7. Sistemas de monitoramento e controle O sondador, além de supervisionar a equipe da sonda, controla as operações e equipamentos através de um painel (painel do sondador) que visualiza os diversos parâmetros operacionais, tais como: peso da coluna de perfuração sobre a broca, rotação e torque aplicado na coluna, velocidade da bomba de lama e vazão de fluido, nível de fluidos nos tanques de fluido e reserva e outros parâmetros, conforme podemos observar na ilustração a seguir: 39 Capítulo 1. Perfuração Volume no trip tanque Retorno de lama Totalizador de CPM Variação do volume de lama Volume total de lama Peso sobre a broca Torque elétrico Torque elétrico Pressão de bombeio CPM RPM da M.R. Torque elétrico Torque na chave flutuante CPM da bomba de lama Fo n te: Petro b ras ATENÇÃO Nos filmes já vimos o petróleo jorrando – o chamado blowout ou erupção – e talvez até mesmo um incêndio, quando a perfuração atinge o reservatório produtor. É bom ressaltar que essas condições são perigosas e indesejáveis. Para evitá-las durante a perfuração há a pressão do fluido de perfuração sobre a formação produtora e um sistema de segurança contra erupção (Blowout Preventor - BOP). Para evitar o blowout e incêndios, o fluxo do petróleo somente é iniciado após equipá-lo com tubos de produção e válvulas de controle e direcionamento de fluxo para uma plataforma ou estação coletora.
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