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GERENCIAMENTO DE ESTOQUES THIAGO A. FINIMUNDI 2GERENCIAMENTO DE ESTOQUES SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Jaqueline Boeira Revisora Luana dos Reis FUNÇÃO, POLÍTICAS E OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTOQUE 3 FUNÇÃO DOS ESTOQUES NA CADEIA DE SUPRIMENTOS 7 POLÍTICAS E OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTOQUE 11 Exercícios - Capítulo 01 15 DIMENSIONAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES 16 MODELOS DE DIMENSIONAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES 19 Exercícios - Capítulo 02 24 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES E INDICADORES 25 PQR E XYZ: OUTRAS SISTEMÁTICAS DE CLASSIFICAÇÃO 29 ACURÁCIA, NÍVEL DE SERVIÇO, GIRO E COBERTURA: INDICADORES DE ESTOQUES 31 Exercícios - Capítulo 03 35 DEMANDA, CONSUMO E TEMPO DE REPOSIÇÃO: AS SISTEMÁTICAS DE REPOSIÇÃO 36 CRITÉRIOS PARA A CONSTRUÇÃO DAS SISTEMÁTICAS DE RESPOSIÇÃO 41 Tempo de Ressuprimento (TR) e Intervalo de Ressuprimento (IR) 44 Exercícios - Capítulo 04 51 GABARITO 52 REFERÊNCIAS 59 3GERENCIAMENTO DE ESTOQUES FUNÇÃO, POLÍTICAS E OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTOQUE Atender aos clientes na hora certa, com a quantidade e custos certos tem sido o objetivo da logística desde sempre. Assim, os estoques representam papel fundamental em manter a rapidez e presteza na distribuição das mercadorias, em busca da construção de uma vantagem competitiva duradoura. 4GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Olá, pessoal! Vamos começar nossa jornada de Gerencia- mento de Estoques. Ao longo deste e-book vamos conhecer a importância da gestão de estoque no processo de planejamento do controle do estoque. Para isso, começaremos definindo o estoque, que apesar de ser uma definição bem ampla, simpli- ficamos trazendo o pensamento e definição de autores para o seu esclarecimento. Os resultados positivos de uma empresa estão relacionados à gestão de estoque eficiente. Por isso os estoques sempre foram alvos da atenção dos grandes gerentes. No atual cenário de alta competitividade, os consumido- res se tornam cada vez mais exigentes. Isso faz com que as empresas devam rapidamente melhorar suas performances e agregar valores aos seus serviços e produtos. Neste contexto, o gerenciamento de estoques tem a função de garantir que as empresas operem no nível que exige o mercado, garantindo maior disponibilidade de produto ao consumidor, com o menor nível de estoque possível. A administração de materiais compreende o agrupamento dos materiais de várias origens e a coordenação dessa atividade com a demanda de produtos ou serviços da empresa, e des- se modo soma esforços de vários setores que, naturalmente, apresentam visões diferentes (DIAS, 2011). Assim, a tomada de decisões em relação ao estoque cabe ao departamento de materiais. Essas decisões devem estar baseadas na política de estoque da empresa. Quando as metas dos diferentes depar- tamentos são conf litantes, o departamento que tem maior agressividade é, geralmente, o mais ouvido. O sistema de administração de estoques deve ser o res- ponsável por mediar esses conflitos entre os departamentos, providenciando o atendimento de todas as necessidades reais e efetivas. Exige também, que todas as atividades envolvidas com estoques sejam integradas e controladas num sistema com quantidades e valores. A administração de estoques não se preocupa somente com o f luxo diário entre vendas e compras, mas também com a relação lógica entre cada integrante deste 5GERENCIAMENTO DE ESTOQUES f luxo. Estoque é definido por tudo aquilo que precisa ser armaze- nado ou estocado em determinados locais de uma organização, pois assim complementa a rotatividade da empresa, tornando-a rápida e eficaz. Sob este prisma pode-se definir estoque como materiais, mercadorias ou produtos acumulados para utiliza- ção posterior, de modo a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade das atividades da empresa, sendo o estoque gerado, consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a demanda com exatidão (SLACK et al., 2002). As principais causas que exigem estoque permanente para o imediato atendimento do consumo interno e das vendas nas empresas são: 1. A necessidade de continuidade operacional. 2. A incerteza da demanda futura ou sua variação ao longo do período de planejamento. 3. A disponibilidade imediata do material nos fornecedores. 4. O cumprimento dos prazos de entrega, pois atender os clientes na hora certa, com a quantidade certa (VIANA, 2002). 6GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Assim, a rapidez e presteza na distribuição das mercadorias assumem cada vez mais um papel preponderante na obtenção de uma vantagem competitiva duradoura. A gestão dos estoques, compreende as ações que permi- tem ao administrador analisar se os estoques estão sendo bem utilizados, localizados, manuseados e controlados. A gestão de estoques busca garantir a máxima disponibilidade de produ- tos, com o menor estoque possível (MARTINS; ALT, 2003). Sendo assim, fica fácil perceber que o objetivo do controle de estoque é também financeiro, pois a manutenção de estoques é cara e o gerenciamento do estoque deve permitir que o capital investido seja minimizado (SLACK et al., 2002). Não podemos esquecer, que os níveis dos estoques estão sujeitos à velocidade da demanda. Se a constância da procura sobre o material for maior que o tempo de suprimento, ou estas providências não forem tomadas em tempo oportuno, a fim de evitar a interrupção do f luxo de reabastecimento, teremos uma situação de ruptura ou de esvaziamento do seu estoque, com prejuízos visíveis para a produção, manutenção, vendas e demais áreas (SLACK et al., 2002). O gerenciamento do estoque, portanto, deve projetar níveis adequados, objetivando manter o equilíbrio entre estoque e consumo. Desta forma, estes níveis devem ser atualizados pe- riodicamente para evitar problemas provocados pelo crescimento do consumo ou vendas e alterações dos tempos de reposição. Altos níveis de estoques, significam dinheiro mal investido - um custo que não necessariamente retorna valor. Neste mun- do em que empresas brigam pela obtenção de uma vantagem competitiva em relação a seus concorrentes, onde consumidores esperam ser atendidos prontamente, no momento e na quan- tidade desejada, a administração eficaz dos estoques pode ser uma resposta inteligente. 7GERENCIAMENTO DE ESTOQUES FUNÇÃO DOS ESTOQUES NA CADEIA DE SUPRIMENTOS A primeira pergunta que vamos responder é: o que é inven- tário? É a mesma coisa que estoques? Se não, qual a diferença? Você sabe? O processo de inventário pode ser definido como o pro- cesso de manter estoques de quaisquer itens ou recursos em uma organização para venda ou uso posterior. Também pode ser definido como materiais em uma cadeia de suprimentos ou em um elo da cadeia de suprimentos; expresso em quantidades, locais e/ou valores. Há uma distinção entre inventário em empresas de fabrica- ção e estoque em empresas de serviços, obviamente. O inventário na empresa de fabricação refere-se a todos os itens mantidos no estoque que contribuem ou se tornam parte dos produtos, como as matérias-primas, produtos acabados, suprimentos, trabalhos em andamento e peças. O inventário da empresa de serviços, por sua vez, refere-se a todos os bens tangíveis a serem vendidos (estoque no comércio) e aos suprimentos necessários para administrar o serviço. Além disso, cabe aqui destacarmos que também os esto- ques se dividem em diferentes tipos, de acordo com a origem, utilização ou etapa do processo onde estão os recursos. Dentre os principais tipos de estoques, vamos elencar: 1. Matérias-primas: são materiais ou saídasbásicas do setor primário que sofrem processos de transformação de produção para se tornarem produtos acabados, como aço, cevada, algodão. Os produtos acabados de uma empresa podem ser matérias-primas para outra empresa. 2. Estoque de produtos acabados: é o estoque que a em- presa (atacado, varejo ou outra questão comercial) usa para ser vendido com lucro. 8GERENCIAMENTO DE ESTOQUES 3. Materiais em processo: compreende materiais incom- pletos, passando pelo processo produtivo da empresa. 4. Componentes: são pequenos componentes fabricados a partir de matérias-primas, por exemplo, parafusos. 5. Peças compradas: são partes finalizadas ou montagens compradas de fornecedores externos para serem usadas como matérias-primas ou para serem vendidas como peças sobressalentes ou acessórios. As peças compradas podem ser protegidas por patentes ou o fornecedor ex- terno pode estar produzindo em grandes quantidades, desfrutando de economias de escala portanto, a compra. 6. Materiais de embalagem: inclui materiais de embala- gem, como caixas, cordas e garrafas. 7. Sucata e resíduos: incluem os resíduos ou materiais excedentes ou peças resultantes de processos / atividades de fabricação. 8. Equipamentos e peças sobressalentes: compreende as máquinas, instalações e veículos, bem como as peças sobressalentes associadas à linha de produção ou infra- estrutura básica. 9. Materiais gerais (consumíveis): todos os bens que não pertencem a outra categoria. Estes são basicamente os suprimentos de manutenção, reparo e operação que são consumidos no processo de produção, mas não fazem parte do produto final, como graxas e óleo lubrificante. 9GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Agora que sabemos que estoques são recursos utilizados para acomodar a variação de velocidade entre oferta e demanda ao longo de uma cadeia de suprimentos, é importante fazermos uma primeira distinção entre as características de demanda destes recursos. Neste sentido, podemos identificar recursos ou itens de demanda independente e dependente: 1. Itens de demanda independentes são produtos acabados ou outros itens finais que são vendidos a alguém. 2. Os itens de demanda dependente são subconjuntos ou componentes que serão usados na produção de um produto final ou acabado. Dessa forma, temos itens dos quais a demanda varia de acordo com o mercado (independente) e itens dos quais a de- manda varia de acordo com a movimentação de outros itens (dependentes). Isso quer dizer, por exemplo, que em uma pa- daria, teríamos os pães como item de demanda independente, ou seja, que variam de acordo com o mercado e os insumos para sua fabricação, como farinha, ovos e leite, como itens de demanda dependente – itens que a demanda vai variar de acordo com a quantidade de pães comercializados. Ficou claro? Você consegue pensar em outros exemplos de itens de demanda in- dependente? E dependente? Use o Moo- dle para compartilhar seu exemplo com a turma! Independentemente do tipo de empresa, entretanto, um bom gerenciamento de estoques é essencial à operação bem-sucedida para a maioria das organizações, uma vez que lida com: 1. A quantidade de dinheiro investido no inventário. 1. O impacto que os estoques têm nas operações diárias de uma organização. 10GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Mas não se preocupe! Nós teremos um capítulo específi- co nesta apostila para falar de previsão de demanda. Por ora, vamos recapitular e sumarizar as funções do estoque. Isso será importante como base para as discussões que vamos construir a partir de agora. Então, estoques existem e são necessários em uma cadeia de suprimentos para: 1. Atender a demanda antecipada: esses estoques são referidos como ações de antecipação porque são man- tidos para satisfazer a demanda planejada ou esperada. 2. Suavizar os requisitos de produção: as empresas que experimentam padrões sazonais na demanda geral- mente acumulam estoques durante a baixa temporada para atender requisitos excessivamente elevados durante certos períodos sazonais. As empresas que processam frutas frescas e vegetais lidam com inventários sazonais. 3. Desacoplar componentes da produção: os pulmões permitem que outras operações continuem temporaria- mente enquanto o problema é resolvido. As empresas usaram buffers de matérias-primas para isolar a produção de interrupções nas entregas de fornecedores e inventá- rios de produtos acabados para amortecer as operações de vendas de interrupções de fabricação. 4. Proteger contra saldos de estoque: entregas atrasadas e aumentos inesperados na demanda aumentam o risco de escassez. O risco de escassez pode ser reduzido através da manutenção de estoques de segurança, que são ações em excesso da demanda antecipada. 5. Aproveitar os ciclos de pedidos: o armazenamento de inventário permite que uma empresa compre e produza em tamanhos de lotes econômicos sem ter que tentar combinar compras ou produção com requisitos de de- manda em curto prazo. 11GERENCIAMENTO DE ESTOQUES 6. Se proteger contra aumentos de preços aproveitar os descontos de quantidade: a capacidade de armazenar produtos extras também permite que uma empresa aproveite os descontos de preços para grandes pedidos. 7. Permitir operações (material em processo): as opera- ções de produção levam uma certa quantidade de tempo, isso significa que geralmente haverá algum inventário de trabalho em processo. Nesse sentido, podemos dizer que as duas principais pre- ocupações de gerenciamento de estoque são manter o nível de serviço esperado pelos clientes e consumidores com os menores custos de pedido manutenção de estoques possíveis. Quaisquer desequilíbrios neste sentido, ou seja, um controle inadequado dos estoques, pode resultar em excesso de estoque, ou pior ainda, vendas perdidas, clientes insatisfeitos e estran- gulamentos de produção. POLÍTICAS E OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTOQUE Agora que já conhecemos a função dos estoques na cadeia de suprimentos, vamos analisar quais os requisitos para um gerenciamento de estoque efetivo. Isso vai servir para poder- mos formalizar os objetivos e políticas da gestão de estoques. A gestão de inventário implica toda a gestão unificada das atividades internas associadas à aquisição, armazenamento, emissão, uso e distribuição interna de inventário usado na produção e no serviço. É a atividade de determinar a taxa, quantidades e os procedimentos de materiais a serem abasteci- dos em uma organização e a regulamentação de recebimentos e emissões desses estoques. Vejamos cinco requisitos para construirmos uma sistemá- tica de gerenciamento de estoques, os quais vamos explorar nos demais capítulos: 12GERENCIAMENTO DE ESTOQUES 1. Um sistema para acompanhar o inventário, que pode ser: A. Sistema de revisão contínua. B. Sistema de revisão periódica. C. Sistema kanban. 2. Uma sistemática confiável de previsão de demanda. 3. Conhecimento do lead time de seus itens e sua varia- bilidade. 4. Estimativas dos custos de manutenção de inventário e custos de pedido. 5. Um sistema de classificação de inventário, como uma abordagem ABC, PQR e/ou XYZ. Os benefícios potenciais da aplicação de conceitos de ge- renciamento de inventário são muitos, em especial no que diz respeito à visibilidade ou serviço do inventário a montante e a jusante na cadeia de suprimentos. Para colher estes benefícios, o gerenciamento de inventário requer uma organização efetiva e comunicação entre supervisores e gerentes. Isso ocorre por- que várias funções de conflito tornam difícil ter uma maneira harmoniosa de aproveitar estes benefícios, como: 1. O setor de compras, na tentativa de manter baixo custo, pode escolher fornecedores que tenham registros de entregas ruins (tempo, qualidade). Isso pode ter poten- cialmente efeito na produção. 2. A produção, por outro lado, pode exigir um grande fornecimento adequado de materiais. Isso pode levar a manter altos níveis de inventário do que o necessário. Portanto, devido a essespotenciais conflitos, é necessário Lead time: é o tempo entre o início e o fim de um processo produtivo. 13GERENCIAMENTO DE ESTOQUES estabelecer deliberadamente sistemas racionalizados de ge- renciamento de estoque. Para alcançar níveis satisfatórios de atendimento ao cliente, mantendo custos de inventário dentro de limites razoáveis. Especificamente, o tomador de decisão tenta alcançar um equilíbrio em estoque e a decisão fundamental deve ser feita em relação ao tempo e ao tamanho dos pedidos. Às vezes, a empresa encontra-se com estoques por razões não-lógicas, como: itens obsoletos, políticas de controle de estoques pobres ou inexistentes resultando em pedidos maiores do que o requisitado, sendo as ordens de reposição fora de fase com a produção, registros de estoques inadequados ou inexis- tentes, falta de conexão entre os departamentos de controle de produção, compras e marketing. Como você já deve ter percebido, a extensão e a complexida- de dos assuntos tratados no escopo do gerenciamento de estoque é bastante amplo e varia de organização para organização, com base em vários fatores que incluem algumas decisões, como: 1. Local único ou vários locais. 2. Operação local (localizada) ou operação globalizada. 3. Tipo de item (durável ou perecível). 4. Fabricação, compra (decisão make or buy) ou empresas de serviços. 5. Produto único ou multiproduto. Mas apesar destes muitos fatores a considerar, vamos agora fazer uma rápida recapitulação daquilo que discutimos neste capítulo. Vimos que o gerenciamento de inventário é o proce- dimento adotado para registrar, fiscalizar e gerir a entrada e saída de mercadorias e produtos numa indústria ou no comércio. O controle de estoque deve ser utilizado tanto para matéria- prima, mercadorias produzidas e/ou mercadorias vendidas. Este processo inclui atividades como: 14GERENCIAMENTO DE ESTOQUES 1. Gerenciamento de demanda, que garante que os supri- mentos operacionais e a manutenção necessários estão disponíveis nas quantidades certas e na hora certa. 2. Previsão de requisitos de demanda futura, gerenciando itens com dificuldade em padrões de oferta e deman- da, demanda sazonal relacionada, mudanças em itens de usuários finais ou atendendo às exigências para a customização. 3. Revisão do custo da estocagem de segurança e contro- le de quantidades mínimas e máximas de estoque em termos de qualidade e valor. 4. Implementando políticas de inventário lean, como con- tratos JIT, de modo a minimizar o investimento em inventário. 5. Integração para garantir que os suprimentos sejam re- abastecidos de acordo com as políticas corporativas e de compras. 6. Controle de recebimentos, inspeção, registro, localiza- ção e emissão de suprimentos, garantindo a segurança dos suprimentos e evitando a perda como resultado de qualquer fator como deterioração, roubo, desperdício, obsolescência, etc. 7. Redução de variedades e padronização do inventário para garantir que os suprimentos possam ser rapida- mente localizados. 8. Preparação e interpretação de relatórios sobre níveis de estoque, uso de estoque e estoque excedente. 9. Eliminação apropriada de sucata, excedente e itens obsoletos. Exercícios - Capítulo 01 1) Dentre as principais causas que exigem estoque permanente para o imediato atendimento do consumo interno e das vendas nas empresas, podemos destacar? 2) O que acontece se a constância da procura sobre o material for maior que o tempo de suprimento? 3) Qual a diferença entre estoque em empresas de fabricação e estoque em empresas de serviços? 4) A extensão e a complexidade dos assuntos tratados no escopo do gerenciamento de estoque é bastante amplo e varia de organização para organização, com base em vários fatores. Cite algumas destas decisões. 5) Vimos que o gerenciamento de inventário é o procedimento adotado para registrar, fiscalizar e gerir a entrada e saída de mercado- rias e produtos numa indústria ou no comércio. O controle de estoque deve ser utilizado tanto para matéria-prima, mercadorias produzidas e/ou mercadorias vendidas. Cite algumas atividades envolvidas neste processo. 16GERENCIAMENTO DE ESTOQUES DIMENSIO- NAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES O controle dos estoques tem seus riscos associados ao fato de se ter uma incerteza da quantidade a ser solicitada pelos clientes e da quantidade a ser enviada para armazenagem. 17GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Num ambiente extremamente competitivo e instável, os riscos se tornam cada vez maiores para todos os tipos de em- presas. O processo de previsão de demanda se torna um dos pontos mais importantes para redução destes riscos e tomada de decisões, cada vez mais integrado a todo processo logístico de uma empresa. Desse modo, a previsão de demanda é es- sencial para a redução dos custos de uma organização e para a satisfação dos seus clientes (MARTINS; ALT, 2003). Planejamento é o processo que descreve atividades neces- sárias para ir da realidade ao objetivo final estipulado. Quan- do os gestores planejam, eles determinam no presente quais cursos de ação serão tomados no futuro. O primeiro passo no planejamento é prever ou estimar a demanda futura por pro- dutos e serviços e os recursos necessários para produzi-los. As estimativas da demanda futura normalmente são chamadas de previsões de vendas, elas são o ponto de partida para todas as outras previsões na gestão da produção e operações (GAI- THER; FRAZIER, 2001). Uma previsão é uma avaliação de eventos futuros utilizada para fins de planejamento. Mudanças nas condições, resultantes de concorrência global, transformação tecnológica acelerada e preocupações ambientais crescentes, exercem pressão sobre a capacidade de uma empresa gerar previsões precisas. A im- portância das previsões vem da necessidade de uma empresa conhecer quais recursos são essenciais para programar suas atividades ao longo do tempo (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004). As observações repetidas da demanda de um produto ou serviço em sua ordem de ocorrência formam um padrão co- nhecido como séries temporais. As séries temporais podem ser representadas por dados históricos de vendas e representam todos os produtos vendidos em cada período em questão. São de extrema importância, pois são a base de dados geradora da informação que moverá a empresa nos períodos seguin- tes (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004). Todavia, é preciso haver um norte para que a administração da produção possa 18GERENCIAMENTO DE ESTOQUES trabalhar. Existem quatro grandes modelos de previsão de demanda amplamente utilizados pelas empresas (PEINADO; GRAEML, 2007): A. Os modelos qualitativos, que são essencialmente subjeti- vos e apropriados, quando não existem dados históricos para serem analisados como base para a previsão. Os principais modelos qualitativos de previsão de demanda são: predição, opiniões de executivos, método Dephi, opiniões da equipe de vendas, pesquisas de mercado e analogia com produtos similares. B. Os modelos de decomposição de séries temporais que se baseiam no estudo estatístico da demanda acontecida no passado para projetar a demanda futura. Toda série temporal pode ser analisada e decomposta em uma parte sistemática, composta de nível, tendência e sazonalidade e outra parte aleatória. Dentre estes modelos, tem-se os modelos baseados na média (média móvel, ponderada ou com suavização exponencial), que devem ser aplicados apenas a demandas que não apresentem tendência ou sazonalidade, os modelos de regressão linear, utilizados para demandas que apresentam tendência, mas não apresentam sazonalidade. C. O modelo do ajustamento sazonal, que pode ser aplica- do para séries temporais de demandas que apresentam nível, tendência e sazonalidade. Importante destacar que como os índices dos modelos acima variam com o passar do tempo, é necessário utilizar um modelo dinâmico de previsão. 19GERENCIAMENTO DE ESTOQUES MODELOS DE DIMENSIONAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES Dentroda gestão dos estoques, deve-se adotar uma ativi- dade que é a previsão dos mesmos. Essa previsão de consumo ou de demanda estabelece as estimativas futuras dos produtos em estoque administrados pela empresa. Como características básicas da previsão, tem-se: o ponto de partida de todo pla- nejamento da cadeia de suprimentos; dá eficácia aos métodos empregados; melhora a qualidade das hipóteses que foram uti- lizadas no raciocínio (DIAS, 2011). As técnicas de previsão do consumo de materiais podem ser classificadas em três grupos. A. Projeção: são aquelas que admitem que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo, segundo a mesma lei observada no passado, sendo que este grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa. B. Explicação: procura-se explicar as vendas do passado mediante leis que relacionam as mesmas com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São basicamente aplicações de técnicas de regressão e cor- relação. C. Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores inf luentes nas vendas e no mercado estabe- lecem a evolução das vendas futuras. Em alguns casos este item levará em consideração sistemas previamente programados que fornecerão dados sobre o mercado. Uma previsão deve sempre ser considerada como a hipótese mais provável dos resultados, pois o consumo pode ter várias formas de evolução e pode ser representado das seguintes formas: A. Modelo de evolução horizontal de consumo: de ten- dência invariável ou constante, nenhuma inf luência conjuntural. 20GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Modelo de evolução horizontal de consumo B. Modelo de evolução de consumo sujeito à tendência: o consumo médio aumenta ou diminui com o decorrer do tempo. Modelo de evolução de consumo sujeito à tendência C. Modelo de evolução sazonal de consumo: o consumo possui oscilações regulares, que tanto podem ser positi- vas quanto negativas, ele é sazonal, quando o desvio é no mínimo de 25% do consumo médio e quando aparece condicionado a determinadas causas. Modelo de evolução sazonal de consumo No entanto, podem ocorrer combinações entre os diferen- tes modelos de evolução de consumo, percebendo-se isso de maneira mais evidente quando se acompanha o ciclo de vida de um produto. Fonte: Dias (2011). Fonte: Dias (2011). Fonte: Dias (2011). 21GERENCIAMENTO DE ESTOQUES O controle dos estoques tem seus riscos associados ao fato de se ter uma incerteza da quantidade a ser solicitada pelos clientes e da quantidade a ser enviada para armazenagem. Outra situação de risco é que não é possível prever com exati- dão quando chegarão os suprimentos para iniciar a produção e abastecer os estoques. Uma das primeiras questões levadas em consideração no controle de estoques é a previsão de ven- das futuras, da demanda, bem como, a estimativa do tempo de ressuprimento (lead time), desde a colocação do pedido no fornecedor, sua produção até a chegada do material nas insta- lações da empresa (CHING, 2007). Os diversos estudos sobre a evolução do consumo no pas- sado possibilitam uma previsão de sua evolução futura, mas esta previsão somente estará correta se o comportamento de consumo permanecer inalterável. Como fatores que podem alterar o comportamento do consumo, tem-se (DIAS, 2011): A. Inf luências políticas. B. Inf luências conjunturais. C. Influências sazonais. D. Alteração no comportamento dos clientes. E. Inovações técnicas. F. Produtos retirados da linha de produção. G. Alteração da produção. H. Preços competitivos dos concorrentes. Ainda, quando falamos dos modelos de dimensionamento de estoques, há um conjunto de variáveis que podemos utilizar para avaliação. Vamos ver um pouco mais sobre cada um deles agora! Consumo médio mensal: os valores que se apresentam são 22GERENCIAMENTO DE ESTOQUES referentes à média aritmética das retiradas mensais de estoque, sendo levado em consideração um grau de confiabilidade razo- ável, e esta média deverá ser obtida do consumo de, no mínimo, últimos seis meses. Todo estudo sobre dimensionamento e con- trole de estoque parte do consumo médio, sendo este o ponto inicial, sabe-se que se trata de um valor provável de consumo, e que seguido a isso não existiram f lutuações na demanda nem alterações do consumo médio mensal. Com isso, não havendo modificações substanciais, este valor será válido e expressará a quantidade a ser consumida. Estoque de Segurança (ES): o estoque de segurança é uma quantidade de estoques calculado apenas para suprir uma se- gurança em casos de variações inesperadas, algo que você não pode prever ou controlar: problemas no fornecedor, atrasos na entrega, uma demanda que não foi prevista… Antes de mostrar como se calcula o estoque de segurança, é preciso entender do que ele depende. Nosso estoque de segurança depende de alguns fatores chave: * a própria demanda: se a demanda. * o lead time (tempo de entrega) do produto. * o nível de serviço desejado. Usa-se a distribuição de probabilidades normais para apro- ximar o comportamento da demanda, para tornar mais simples e direto o cálculo do estoque de segurança. Assim, quando falamos em nível de serviço, estamos avaliando quanto por cento da curva normal queremos cobrir. Um desvio padrão ao redor da média cobre aproximadamente 67% da curva, 2 des- vios padrões cobrem mais de 97% e 3 desvios padrões cobrem mais de 99% da curva. Lote Econômico de Compra (LEC): algumas das supo- sições quando adotamos o LEC não são totalmente realistas, mas elas simplificam muito o modelo do LEC e, portanto, são consideradas para estimar a melhor quantidade a ser comprada. 23GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Essa estimativa pode depois ser ajustada para que a quantida- de realmente comprada não esteja muito distante da melhor quantidade. Estoque Máximo (EMx): simplesmente é a soma do es- toque de segurança (ES) mais o lote de compra (LEC). Intervalo de Ressuprimento (IR): é representado pelo intervalo entre dois ressuprimentos. Estes podem ser fixados, dependendo das quantidades compradas, do tempo de entrega do fornecedor e do consumo médio. Ruptura de estoque: dá-se quando o estoque chega a zero e não se pode atender a uma necessidade de consumo. Econômico ou não são as duas definições para esse lote de compra. Quando se fala em condições normais de equilíbrio entre a compra e o consumo, o estoque irá variar entre os li- mites máximos e mínimos. Tendo em mente que estes níveis somente serão validados sob o enfoque da produção, não se levando em consideração aspectos de ordem financeira nem conjuntural, como inf lação, especulação ou investimento. A capacidade de armazenagem por parte da empresa também é um fator de inf luência, que deve ser levada em consideração na hora do seu dimensionamento (CHING, 2007). Vamos ver mais sobre ES, LEC e IR no capítulo 4! Exercícios - Capítulo 02 1) As observações repetidas da demanda de um produto ou serviço em sua ordem de ocorrência formam um padrão conhecido como séries temporais. O que são essas séries temporais? 2) Quais são os três modelos de previsão e quais suas principais características? 3) Dentro da gestão dos estoques, deve-se adotar uma atividade que é a previsão dos mesmos. O que é e como é feita essa previsão? 4) Assim como os modelos de previsão, as técnicas de previsão do consumo de materiais podem ser classificadas em três grupos. Quais são? Quais suas características? 5) Os diversos estudos sobre a evolução do consumo no passado possibilitam uma previsão de sua evolução futura, mas esta previsão somente estará correta se o comportamento de consumo permanecer inalterável. Como fatores que podem alterar o comportamento do consumo, quais podemos indicar? 25GERENCIAMENTO DE ESTOQUES CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES E INDICADORES Como os estoques representam parcela substancial dos ativos das empresas, devem ser encarados como um fator de geração de negócios e de lucros.Assim cabe ao gestor dos estoques verificar se estão tendo a utilidade adequada apresentando o retorno sobre o capital neles investidos. 26GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Como já sabemos, a separação de materiais é um processo crítico dentro da logística. Para nos auxiliar, profissionais de logística buscam os melhores resultados, disponibilizando algumas ferramentas. A classificação ABC, por exemplo, fornece a ordenação dos materiais pelos respectivos valores de consumo anual. Pela prática, verifica-se que uma pequena porcentagem dos itens da classe A são responsável por grande porcentagem do valor global. Ao contrário, na classe C, poderá haver grandes porcen- tagens de itens responsáveis por apenas pequena porcentagem do valor global. Já a classe B estará em situação intermediária. Conforme Dias (2011), após os itens terem sido ordenados pela importância relativa, as classes da curva ABC podem ser definidas da seguinte maneira: Classe A – grupo de itens mais importantes que devem ser tratados com uma atenção especial pela administração. Classe B – grupo de itens em situação intermediária entre classes A e C. Classe C – grupo de itens menos importantes que justifi- cam pouca atenção por parte da administração. Dentre as várias sistemáticas para elaboração da curva ABC, o que chama atenção é o fato de que para se calcular a representatividade de cada item em estoque, basta multiplicar o consumo anual de cada item por seu respectivo custo. Logo após, listar em uma ordem de maneira decrescente de valor e calcular o percentual relativo de cada item em relação ao custo total do estoque sendo este, por sua vez, de 100% (CHING, 2007). Para demonstrar as etapas de confecção de uma curva ABC, a seguir apresenta-se um caso simplificado para apenas 10 itens. Observa-se que o procedimento é valido para qualquer número de itens, levando em conta que o critério de ordenação 27GERENCIAMENTO DE ESTOQUES é o valor do consumo anual representado pelo preço unitário X consumo anual para cada item. Modelo de coleta de dados Dependendo do objetivo particular de um estudo podem ser usados outros critérios para avaliação, como por exemplo, em um problema de transporte pode-se usar o peso ou volume do material transportado. Em seguida foi construída outra tabela com base na ordenação dos materiais por ordem decrescente de valor de consumo, levando em conta a anterior (DIAS, 2011). Modelo de ordenação de dados Material Preço unitário (R$) Consumo anual (unidades) Valor consumo (R$/Ano) Grau A 1,00 10.000 10.000 8º B 12,00 10.200 122.400 2º C 3,00 90.000 270.000 1º D 6,00 4.500 27.000 4º E 10,10 7.000 70.000 3º F 1.200 20 24.000 6º G 0,60 42.000 25.200 5º H 2,80 8.000 22.400 7º I 4,00 1.800 7.200 10º J 60,00 130 7.800 9º Fonte: Dias (2011) Fonte: Dias (2011) Grau Material (R$) Valor consumido (%) sobre o valor do Consumo (R$) Valor consumido Acumulado (%) sobre o valor do Consumo total 1º C 270.000 46 270.000 46 2º B 122.400 21 392.400 67 3º E 70.000 12 462.400 79 4º D 27.000 5 489.400 83 5º G 25.200 4 514.600 88 6º F 24.000 4 538.600 92 7º H 22.400 4 561.000 95 8º A 10.000 2 571.000 97 9º J 7.800 1 578.800 98 10º I 7.200 1 586.000 100 28GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Destaca-se, ainda que a tabela pode ser construída com as respectivas porcentagens sobre o valor do consumo total em ordenadas, obtendo-se a curva ABC, observando-se que esta curva é essencialmente de natureza não decrescente (DIAS, 2011). São seis as etapas para a construção de um gráfico de curva ABC (VIANA, 2002): 1. ordenadas e abscissas (formação do quadrado) – para o eixo das ordenadas, fica reservado o percentual dos valores e, para o eixo das abscissas, o percentual de quantidade. 2. marcação de pontos – os pontos percentuais obtidos na tabela mestra devem ser transpostos para o gráfico no eixo das ordenadas (percentual de valor acumulado). 3. traçado da curva – os pontos marcados devem ser uni- dos, delineando-se assim, o perfil da curva ABC. 4. traçado da diagonal do quadrado e da tangente para- lela à diagonal no ponto extremo da curva – traça-se a diagonal do quadrado abaixo da curva e uma tangente paralela à diagonal e que toque no ponto mais extremo da curva. 5. identificação de ângulos, traçado de bissetrizes e deter- minação de pontos na curva – o eixo das ordenadas e a tangente formam um ângulo, enquanto o lado superior do quadrado e a tangente formam outro ângulo. Iden- tificados, traçam-se as bissetrizes desses ângulos, para que sejam marcados os pontos obtidos pelo encontro de cada bissetriz com a curva. 6. determinação das áreas A,B,C – os pontos obtidos pelo encontro das bissetrizes dos ângulos com a curva determinam e delimitam as áreas A, B e C. 29GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Após a determinação das áreas A, B e C, analisa-se o resumo dos percentuais de quantidades que são obtidos pela leitura do eixo das abscissas, enquanto os percentuais de valor são obtidos pela leitura do eixo das ordenadas, respectivamente para cada classe A, B e C. Classificação de estoques baseado na curva ABC A figura mostra um eixo cartesiano no qual é registrado o número de itens, no eixo das ordenadas são marcadas as somas relativas aos valores de consumo e estes, por sua vez, são marcados nos eixos. Inicia-se à esquerda com o registro do item que acusa o menor valor de consumo acumulado, grau 1º. As colunas são registradas no gráfico de acordo com o mesmo princípio. A linha imaginária que faz a interligação entre as colunas representa a curva ABC. PQR E XYZ: OUTRAS SISTEMÁTICAS DE CLASSIFICAÇÃO A sistemática de classificação ABC é comprovadamen- te uma ferramenta muito útil e funcional para segmentar o estoque e focalizar ações específicas em itens que tem maior representatividade em valores no estoque. Porém, como fala- mos anteriormente, dependendo do objetivo particular de um estudo, outros critérios são necessários para a classificação dos estoques. Vamos destacar agora duas destas sistemáticas: PQR e XYZ. Fonte: Dias (2011) 30GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Classificação PQR: utiliza o mesmo princípio da curva ABC, entretanto, seu requisito de divisão é a popularidade com que os itens são movimentados dentro do estoque. P, equivale aos itens que tem maior movimentação dentro do estoque, 80% da movimentação, 20% dos itens; Q , remete aos produtos com 15% da movimentação e 30% dos itens; R, sendo compatível com 5% da movimentação e 50% dos itens. A curva PQR divide os itens em três classes de acordo com a frequência de demanda apresentada por cada um, em um certo período de tempo, podendo ser produtos acabados, semiacabados e maté- rias-primas, sendo os registros de saída do estoque o fator que determina a frequência (FERRARI; REIS, 2009). Classificação XYZ: Essa derivação da curva ABC utiliza como base a criticidade do item em evidência, ou seja, separa nos mesmos moldes da ABC, mas tem como característica central qual a importância do item para o correto andamento dos processos da empresa. X, itens de baixa criticidade, sua falta não acarreta em problemas sérios e pode ser substituído com facilidade; Y, itens com criticidade média, podem ser substituí- dos, mas com dificuldades, sua falta causa problemas e possíveis atrasos; Z, itens muito críticos, difíceis de ser substituídos e comprometem processos da empresa, causando paralizações e/ ou comprometendo equipamentos (VIANA, 2002). Como vimos, a curva ABC tem sido usada no geren- ciamento de estoques, tanto para a definição da política de vendas quanto no estabelecimento de prioridades para a pro- gramação da produção (VIANA, 2002). Porém, para que os estoques possam, de fato, proporcionar o nível de atendimento exigido ou pré-estabelecido, evitando que a variabilidade do suprimento ou da demanda interfiram no atendimento de um pedido, precisamos utilizar um conjunto de ferramentas, que inclui também as classificações PQR e XYZ, de acordocom a necessidade (PEINADO; GRAEML, 2007). Analisando os gráficos anteriormente citados como exem- plo, percebe-se que os materiais de classe A merecem um 31GERENCIAMENTO DE ESTOQUES controle administrativo preferencial em face dos demais no que diz respeito à aplicação de políticas de controle de esto- ques. Já os materiais de classes B e C devem ser submetidos a tratamentos administrativos mais simples, pelo baixo valor representativo dos mesmos, não se justificando a introdução de controles muito precisos e onerosos. Neste momento você já sabe que a análise meramente pelo valor financeiro relativo do estoque desconsidera a importân- cia relativa dos itens em outros aspectos. Este é o motivo pelo qual acabamos de estudar as classificações PQR e XYZ. Nesse momento, fica claro que uma análise completa da classificação dos estoques depende de uma avaliação conjunta da importância financeira dos itens e sua relevância operacional e estratégica. ACURÁCIA, NÍVEL DE SERVIÇO, GIRO E COBERTURA: INDICADORES DE ESTOQUES Como os estoques representam parcela substancial dos ativos das empresas, devem ser encarados como um fator de geração de negócios e de lucros. Assim cabe ao gestor dos es- toques verificar se estão tendo a utilidade adequada ou sendo um “peso morto”, não apresentando o retorno sobre o capital neles investido. Dessa forma, os indicadores de desempenho dos estoques são fundamentais para uma análise do comportamento dos mesmos. Existem vários indicadores de produtividade na análise e controle dos estoques, sendo os mais usuais: a acurá- cia dos estoques, o nível de serviço ou nível de atendimento, o giro e a cobertura dos estoques, que vamos conhecer melhor a partir de agora. Mas antes disso, é importante falarmos da prática de inventário, que discutimos anteriormente. O inventário físico é a contagem física dos estoques. Di- ferenças entre o estoque físico e o estoque contábil, aquele 32GERENCIAMENTO DE ESTOQUES apurado pelos sistemas de controle, devem ser ajustadas, con- forme determinações contábeis e tributárias. O inventário físico pode ser periódico, normalmente no encerramento de períodos fiscais ou duas vezes por ano, contando todo o estoque físico da empresa. Geralmente segue a lógica de força tarefa com a contagem sendo feita no menor tempo possível. Pode ainda ser rotativo, quando são contados itens do estoque de forma per- manente. Nesse caso, deve-se definir um programa de trabalho para contar todos os itens durante o período fiscal. Exige uma equipe exclusivamente dedicada a contagem, durante todo o ano. Um critério usual é contar a cada três meses: 100% dos itens da Classe “A”; 50 % dos da classe “B” e 5% dos itens da classe “C”. Acurácia dos controles Determina a relação entre o número de itens ou valores corretos e a quantidade ou valor total de itens apurados no inventário. Esta é uma medida DIRETA de confiabilidade do estoque, estoque que está relacionada diretamente à contagem dos itens. É medido em percentual, e calculado da seguinte forma: ACURÁCIA = Assim, vamos imaginar uma empresa que tenha acabado de fazer seu inventário físico, e o resultado seja o seguinte: 9.394 itens contados e 494 erros encontrados. Você consegue calcular a acurácia nesse caso? Muito simples, vamos à fórmula: Ac = 9.394 itens contados – 494 erros / 9.394 itens contados Ac = 8.900 itens corretos / 9.394 itens contados Ac = 94,74% Isso quer dizer que, de todos os itens contados, 94,74% estão corretos – ou seja – os itens em estoque têm nível de Número ou Valor dos itens CORRETOS Número ou Valor TOTAL dos itens 33GERENCIAMENTO DE ESTOQUES acurácia de 94,74%. Aqui cabe ressaltar que podemos fazer a medição ponderada por faixa de classificação ABC. Nesse caso, faríamos a apuração da acurácia por classe, e posterior ponderação dos resultados. Nível de serviço Indica a capacidade de atendimento das solicitações feitas pelos usuários do estoque. Esta é uma medida INDIRETA de confiabilidade do estoque, pois o não atendimento dos itens pode estar relacionado tanto a falta dos mesmos, no caso de baixa acurácia, quanto a problemas de operação dos almoxarifados, por exemplo. Também é uma medida percentual e é calculado da seguinte forma: Giro de estoque = Por exemplo, vamos supor que na empresa anterior, nos mesmos três meses foi R$ 1.667.037,59 de saídas e o estoque médio é de R$ 96.099,53. Qual é o giro de estoque dessa empresa? Nesse caso, o desenvolvimento do cálculo é: GE = R$ 1.667.037,59 de consumo no período / R$ 96.099,53 de estoque médio nesse período GE = 17,34 vezes Isso quer dizer que, em 3 meses, o estoque da empresa se renovou mais de 17 vezes. Ou seja, mais de 17 vezes todo o valor que a empresa tinha investido em estoque foi consumido e reposto, em média. Cobertura de estoque Indica o número de unidades de tempo (dias) que o esto- que médio será suficiente para cobrir a demanda média. Sua VALOR TOTAL de saída do estoque (consumo) período VALOR do ESTOQUE MÉDIO no perído 34GERENCIAMENTO DE ESTOQUES fórmula de cálculo é a seguinte: Cobertura de estoques = Com base nas infor- mações anteriores, você consegue agora indicar qual é a co- bertura de estoque dessa empresa? É fácil: CE = 90 dias (3 meses x 30 dias / mês) / 17,34 CE = 90 / 17,34 CE = 5,19 dias Isso quer dizer que, nas condições atuais, 5 dias é o tempo que o estoque médio consegue cobrir com base na demanda. Números de DIAS do período GIRO de ESTOQUE Exercícios - Capítulo 03 1) Faça a classificação ABC dos itens a seguir: 2) Além da classificação ABC, há outras formas de classificar os estoques. Quais são? Explique cada uma. 3) O que é inventário físico? Quais os diferentes tipos de inventários? Explique. 4) Explique o que é acurácia dos controles e faça a apuração do indicador, considerando que no inventário foram contados 13.548 itens e foram encontrados 398 erros. 5) Explique o que é giro e cobertura de estoques, indique a relação entre eles e calcule os indicadores considerando que no ano de 2017 o volume financeiro de requisições ao estoque da empresa tenha sido de R$ 27.548.659,87 com um valor médio de estoque de R$ 1.676.447,76.Material Preço unitário (R$) Consumo anual (unidades) Valor consumo (R$/Ano) A 1,00 10.000 10.000 B 12,00 10.200 122.400 C 3,00 90.000 270.000 D 6,00 4.500 27.000 E 10,10 7.000 70.000 F 1.200 20 24.000 36GERENCIAMENTO DE ESTOQUES DEMANDA, CON- SUMO E TEMPO DE REPOSIÇÃO: AS SISTEMÁTICAS DE REPOSIÇÃO É fundamental organizar os estoques, alinhar as informações e buscar dados para que seja possível definir os níveis e as formas de reposição adequados dos estoques, a fim de tornar sustentável a ampla entrada de itens novos nos estoques. 37GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Ao longo dos últimos três capítulos, chegamos à conclusão de que dado o contexto de concorrência cada vez mais acirrada, com recursos tornando-se escassos e de difícil acesso, estudar e aplicar ferramentas adequadas para reposição de estoques é relevante (GONÇALVES, 2004). Trabalhando com um sis- tema de reposição baseado em atividades adequadas, pode-se melhorar muito o desempenho de uma organização, tanto na parte financeira quanto no que diz respeito ao manuseio de materiais e as quantidades de estoques planejados. Assim, estabelecer o método ou a política de ressuprimento para determinado item de material consiste em definir a forma com que os estoques serão constantemente reabastecidos à me- dida que o tempo passa e o material é consumido; em outras palavras, consiste em definir o quanto e quando comprar o material (PEINADO; GRAEML, 2007). A determinação do método de ressuprimento adotado inf luenciará nos estoques cíclicos e nos estoques de segurança, sendo que existem várias formas de reposição de estoques, dentre elas, as mais utilizadas pelas organizações são: A. Sistema de revisão contínua O modelo de revisão contínua dos estoques é encontradosob vários nomes na literatura internacional: continuous review model, reorder point policy, (Q,r) model, fixed order quantity system, two-bin system, entre outros (ROSA et al., 2010, p. 628). Esse modelo consiste em providenciar a reposição (r) um nível fixo, que ao ser atingido dispara a emissão de um novo pedido de tamanho (Q ) pré-definido, chamado ponto de pedido (PP). Quanto maior o ponto de pedido, maior será o estoque de segurança. Nessa sistemática, a reposição se dá a intervalos irregulares de tempo. A adoção da sistemática Q , porém, não depende necessa- riamente da adoção de ressuprimento de acordo com o lote eco- nômico de compras (LEC). A quantidade Q pode ser definida de acordo com algum critério de interesse da empresa, baseado 38GERENCIAMENTO DE ESTOQUES na experiência prática ao invés de ser aplicado ao modelo de LEC (TUBINO, 2000). Qualquer que seja a decisão, torna-se evidentemente conveniente repor os estoques em quantidades econômicas. B. Sistema de revisão periódica; O modelo de revisão periódica também pode ser encontrado com vários nomes na literatura: periodic review model, periodic order model, (R,T) model, fixed reorder cycle system, entre outros (ROSA et al., 2010, p. 629). Em suma, esse modelo consiste em providenciar a reposição a intervalos regulares (intervalo ótimo - IP) de tempo. Quando datas pré-estabelecidas são atin- gidas, a quantidade solicitada, que a cada novo pedido varia de acordo com o consumo no período anterior, é gerado um novo pedido. Dessa forma, a quantidade solicitada é normalmente diferente da quantidade ótima, devendo ser suficiente para cobrir a demanda durante o intervalo considerado (SLACK et al., 2002). A principal vantagem da sistemática P é a f lexi- bilidade na determinação da periodicidade a ser empregada. O nível mínimo de estoque no sistema de reposição periódi- ca varia mais rapidamente no sistema de período fixo (aumento do risco de déficit). A variação da quantidade encomendada é maior e o estoque máximo é maior no sistema de período fixo, produzindo maiores custos de manter estoque e, em consequ- ência, quando a demanda é variável é preferível o sistema onde o período de reposição é fornecido pela demanda e não por um período pré-determinado (PEINADO; GRAEML, 2007). Antes de irmos mais a fundo em cada uma das sistemáticas, vamos retomar rapidamente os principais objetivos do gerencia- mento de estoques. Estes aspectos servirão para construirmos juntos as sistemáticas para organizar a reposição de estoques (DIAS, 2011): 39GERENCIAMENTO DE ESTOQUES A. determinar “o que” deve permanecer em estoque: número de itens; B. determinar “quando” se devem reabastecer os estoques: periodicidade; C. determinar “quanto” de estoque será necessário para um período pré-determinado: quantidade de compra; D. controlar os estoques em termos de quantidade e valor; fornecendo informações sobre a posição do estoque; E. manter inventários periódicos para avaliação das quan- tidades e estados dos materiais estocados; F. identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e da- nificados. Em resumo ao relatado acima, percebe-se a necessidade de organizar os estoques, alinhar as informações e buscar dados para que seja possível definir os níveis e as formas de reposição adequados dos estoques a fim de tornar sustentável a ampla entrada de itens novos nos estoques. Quando se fala em custo de estoques, observa-se que na tomada de decisão de quanto comprar, os gerentes de produção primeiro tentam identificar os custos que serão afetados por sua decisão. A seguir, exem- plifica-se alguns que são relevantes (SLACK et al., 2002). A. Custos de colocação do pedido: cada vez que um pedi- do é colocado para abastecer o estoque, são necessárias algumas transações que representam custo à empresa. Estas incluem a tarefa de escritório de preparo do pedido e toda a documentação associada a isso, o arranjo para que se faça a entrega, o arranjo de pagar o fornecedor pela entrega e os custos gerais de manter todas as in- formações para fazer isso. 40GERENCIAMENTO DE ESTOQUES B. Custos de desconto de preço: em muitas indústrias, os fornecedores oferecem desconto sobre o preço normal de compra para grandes quantidades, ao contrário disso, eles podem impor custos extras para pequenos pedidos. C. Custo da falta de estoque: caso se erre na decisão da quantidade de pedido, pode-se ficar sem estoque, ha- vendo custos incorridos pela falha no fornecimento aos consumidores. Se os consumidores forem externos, eles poderão trocar de fornecedor, se forem internos, a falta de estoque poderá levar a tempo ocioso no processo seguinte, ineficiências e, fatalmente, outra vez consu- midores externos insatisfeitos. D. Custo de capital de giro: quando se inicia um pedido de reabastecimento, os fornecedores irão demandar pa- gamento por seus bens, quando fornecemos para nossos próprios consumidores, iremos, por nossa vez, demandar pagamento. No entanto, haverá provavelmente um lapso de tempo entre pagar a nossos fornecedores e receber o pagamento de nossos consumidores. No intermédio desse tempo, é necessário ter fundos para manter os estoques, isso é chamado de capital de giro, é o que se precisa para fazer girar o estoque. E. Custo de armazenagem: esses tipos de custos estão associados à armazenagem física dos bens, localização, climatização e iluminação do armazém, os quais podem ser caros, especialmente quando são requeridas condições especiais, como baixa temperatura ou armazenagem de alta segurança. F. Custo de obsolescência: se for adotada uma política de pedidos que envolvem quantidades muito grandes, isso significará que os itens alocados permanecerão longos períodos armazenados, criando o risco desses itens tornarem-se obsoletos, (no caso de uma mudança na moda), ou deteriorar-se com o tempo, (no caso da 41GERENCIAMENTO DE ESTOQUES maioria dos alimentos por exemplo). Todos esses custos associados a estoques podem ser divi- didos em dois grupos, onde as primeiras três categorias são custos que usualmente decrescem amedida que o tamanho do pedido é aumentado, já as outras categorias de custos crescem a medida que o tamanho do pedido é aumentado. Agora, vamos discutir em detalhes os critérios para a cons- trução das sistemáticas de reposição. Nesta etapa, vamos ver como calcular o lote econômico de compras, o tempo e inter- valo de ressuprimento, os estoques mínimo e máximo, além do estoque de segurança. CRITÉRIOS PARA A CONSTRUÇÃO DAS SISTEMÁTICAS DE RESPOSIÇÃO Em geral, existem dois tipos de modelos de gerencia- mento de estoques, os determinísticos e os estocásticos. Os modelos determinísticos trabalham com fatores conhecidos e geralmente constantes, são simples e não muito realistas. Os modelos estocásticos, também chamados probabilísticos, são melhores para lidar com a incerteza; visto que fatores são in- certos e geralmente variáveis. São modelos mais complexos e refletem a realidade melhor do que os modelos determinísticos. O modelo do LEC, lote econômico de compras, é um modelo determinístico, ao passo que os modelos de reposição contínua e periódica são estocásticos. Vamos a eles! Lote Econômico de Compra (LEC) O LEC talvez seja um dos modelos mais difundidos e conhecidos no mundo da Logística de Estoques. Sua aplica- ção, porém, tem algumas limitações, e a adoção do modelo fica restrita a produtos duráveis (não perecíveis) e únicos, por exemplo. Além disso, há alguns pressupostos básicos do modelo: 42GERENCIAMENTO DE ESTOQUES 1. A demanda é constante e conhecida com certo nível de confiabilidade. 2. O tempo de execução é constante e conhecido. 3. Não há escassez - portanto, nenhum custo de falta (sem estoques). Isso está implícito nos pressupostos 1 e 2. 4. Todos os itens para um determinado pedido chegam em um lote ou ao mesmo tempo, ou seja, chegada simul- tânea ou instantânea. Em particular, eles não chegam gradualmente. 5. Ocusto de compra é constante, isto é, sem descontos, portanto, para o modelo LEC básico, o custo de compra é irrelevante, já que o custo total da compra é o mesmo independentemente da quantidade encomendada. 6. Custos de manutenção por unidade (SKU). é constante. Isso implica que o custo de retenção total é uma função linear crescente da quantidade de estoque no ano. 7. O custo de pedidos por pedido é constante indepen- dentemente do tamanho da ordem. O LEC é a quantidade a ser comprada que vai minimizar os custos de estocagem e de aquisição. Para isso, então, contamos com demanda conhecida e constante, e que não há restrições quanto ao tamanho dos lotes (os caminhões de transporte não têm capacidade limitada e o fornecedor pode suprir tudo o que desejarmos). Além disso, assumimos que os custos envolvidos são apenas de estocagem (por unidade) e de pedido (por ordem de compra) e o lead time é constante e conhecido. Obviamen- te, neste momento, você deve estar se perguntando: mas, na prática, isso se aplica? SKU: Stocking Keeping Unit, é cada item individual que é armazenado. 43GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Sabemos que o maior componente no custo do pedido é, sem dúvida, representado pelo transporte. As grandes empresas passaram a exigir de seus fornecedores várias entregas diárias de pequenos lotes, sem aumento nos preços praticados. Para que isto fosse viável, tornou-se necessária uma significativa redução do custo do transporte, que, via de regra, corre por conta do fornecedor. Muitos fornecedores passaram a localizar suas plantas produtivas ou estoques estratégicos próximos aos seus clientes para minimizar os custos de transportes, embora, com isso, perdessem parte da vantagem da economia de escala, proporcionada pela concentração da produção em um único ponto. Assim, vamos expressar a equação para obtermos a quan- tidade econômica como: Onde: D = uma demanda anual constante; K = um custo fixo de pedido (aquisição); I = a taxa de armazenagem; e C = custo unitário do produto. Entre os anos de 1970 e 1990, o just in time era visto pelos fornecedores como uma transferência do estoque do cliente, com grande poder de barganha (em função do seu tamanho), para um “elo mais fraco da cadeia”. Mas, com o passar do tempo, os fornecedores das grandes empresas passaram a adotar a mesma política com os seus próprios fornecedores, quando aplicável, exigindo que eles também entregassem em quantidades mais ajustadas à sua necessidade momentânea (CHIAVENATTO, 2014). 44GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Tempo de Ressuprimento (TR) e Intervalo de Ressuprimento (IR) O tempo de ressuprimento (TR) é o tempo gasto desde a verificação de que o estoque precisa ser reposto até a chegada efetiva do material no almoxarifado da empresa, sendo esse tempo composto das seguintes partes (POZO, 2001): A. tempo para elaborar e confirmar o pedido junto ao fornecedor; B. tempo que o fornecedor leva para processar e entregar o pedido; C. tempo para processar a liberação do pedido para con- sumo. Em função de sua grande importância, o TR deve ser determinado do modo mais realista possível, pois as variações ocorridas durante esse tempo podem alterar toda a estrutura do sistema de estoques. Após se estabelecer o tempo de ressuprimento (TR), po- de-se fixar o intervalo de ressuprimento (IR), isto é, o tempo que transcorre entre dois ressuprimentos. Esse intervalo pode ser fixado em qualquer limite, dependendo das quantidades a serem compradas (DIAS, 2011). Estoque Mínimo (EMn) Também conhecido como estoque de reserva, o estoque mínimo (EMn) é uma quantidade mínima de materiais que deve existir no estoque com a função de cobrir as possíveis variações aleatórias intrínsecas à demanda, atuando nos mo- mentos de falha do fornecimento, da produção, da previsão da demanda, entre outros fatores (POZO, 2001). A finalidade do estoque mínimo é não afetar o processo produtivo e, sobretu- do, não causar transtornos aos clientes por falta de material e, 45GERENCIAMENTO DE ESTOQUES consequentemente, atrasar a entrega do produto ao mercado. Poderíamos trabalhar com um estoque mínimo tão alto que jamais haveria falta de material no estoque, você deve estar pensando! Contudo, como a quantidade do estoque mínimo não deve ser utilizada e, portanto, fica permanente no estoque, a armazenagem e os outros custos se tornariam elevados. Se, ao contrário, estabelecermos um estoque mínimo considera- velmente baixo, isso acarretaria em custos de ruptura, ou seja, paralisação da produção, perda de vendas, despesas para agi- lizar a entrega, entre outros (DIAS, 2011). Nesse caso, como a realidade das empresas e as variáveis ambientais são fatores determinantes, é preciso estabelecer um estoque mínimo que garanta a continuidade do processo produtivo em razão dos fatos supracitados. A situação mais favorável é adotar um estoque mínimo que possa otimizar os recursos disponíveis e minimizar os custos envolvidos, atendendo a fatos previsíveis dentro do plano global de produção e a política de grau de atendimento (POZO, 2001). A quantidade adequada de estoque mínimo a ser mantida está relacionada às incertezas da demanda e do TR e ao grau de atendimento que se pretende oferecer ao cliente (CHOPRA; MEINDL, 2003). Partindo dessa premissa, a quantidade a ser mantida em estoque pode ser calculada por meio do método com grau de atendimento definitivo. A figura a seguir ilustra o comportamento do estoque mínimo no gráfico de consumo e reposição genérico. Estoque mínimo representado em gráfico Fonte: Dias (2011) 46GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Como o estoque mínimo protege o estoque do ponto de ruptura, ou de zerar o estoque da mercadoria e, dessa forma, prepara o estoque às necessidades inesperadas dos clientes, podemos utilizar a fórmula a seguir para calcular o nível de estoque mínimo (DIAS, 2011): Onde: = Estoque mínimo – ou seja, aquilo que estamos bus- cando. = Desvio-padrão de consumo – isso quer dizer quanto o consumo do item se desvia da sua média. K = Coeficiente de grau de risco – o percentual de “garantia” que desejamos, por exemplo, 90%. Nesse modelo pode-se comparar valores para atender ao mercado com maior ou menor grau de atendimento ao cliente. Estoque Máximo (EMx) O estoque máximo é o resultado da soma do estoque mí- nimo com o lote de compra, onde o estoque máximo deve ser suficiente para suportar variações normais de estoque em face da dinâmica do mercado, deixando um volume que assegure, a cada lote de compra, que o nível máximo de estoque não aumente e, consequentemente, os custos de manutenção dos mesmos (POZO, 2001). Nas condições de equilíbrio entre a compra e o consumo, o estoque varia entre os níveis máximos e mínimos, e esses níveis somente serão válidos sob o enfoque produtivo (DIAS, 2011). O nível máximo de estoque pode ser estabelecido pela seguinte fórmula. EMx = EMn + LC Onde: EMx = Estoque máximo – ou seja, aquilo que estamos buscando. 47GERENCIAMENTO DE ESTOQUES EMn = Estoque mínimo – que calculamos anteriormente. LC = Lote de compra – isso quer dizer a quantidade que decidimos comprar e será reposta no estoque. A figura a seguir ilustra o comportamento do estoque máximo no gráfico de consumo e reposição genérico, e sua relação com o estoque mínimo. Estoque máximo representado em gráfico O nível máximo é a quantidade permitida em estoque, sendo que a quantidade de ressuprimento somada ao estoque existente, deve atingir o estoque máximo previsto àquele item. Estoque de Segurança (ES) Quando uma empresa decide manter um estoque de se- gurança (ES), na prática, o que ela está decidindo é obter do fornecedor uma quantidade além daquela necessária para aten- der à demanda planejada e que será usada no caso de ocorrer alguma eventualidade, como no caso do consumo ser maior do que o planejado (BALLOU, 2006). No caso de empresas que fabricam produtos complexos sob encomenda (portanto, o plano de produçãoé baseado em informações confiáveis obtidas a priori, não em previsão), o fato de conhecerem a demanda dos seus produtos finais permite que a demanda dos seus componentes também seja conhecida, no entanto, isto não significa que esta demanda não esteja sujeita Fonte: Dias (2011) 48GERENCIAMENTO DE ESTOQUES a uma série de incertezas. Na prática, estas incertezas podem ter três causas (BALLOU, 2006): A. ambiente externo, onde uma crise econômica pode forçar os clientes a reduzirem o número de pedidos já firmados, ou a solicitarem a postergação das entregas; B. cliente, quando solicita uma mudança da configuração final do produto, quando este já está em produção ou a cadeia de suprimentos já foi acionada para suprir os componentes opcionais originais que ele especificou; C. fabricante (quando faz uma alteração tardia, mas neces- sária na estrutura de produto). Para muitas empresas, estas situações estão longe de serem raras na prática, o que gera a necessidade de lançar mão de um ES para muitos componentes. Assim, no contexto das empresas que fabricam produtos complexos sob encomenda, é imprescindível um processo de definição do ES robusto, considerando que neste tipo de em- presa os itens comprados representam a maior parte do custo do produto final. Dessa forma, os responsáveis por esta etapa precisam ter familiaridade com os métodos analíticos dispo- níveis para o cálculo do ES, devem fazer a coleta dos dados necessários ao cálculo e ter segurança sobre a confiabilidade destes dados, independentemente da função a que estas pes- soas possam pertencer ou do seu nível de competência nestes métodos (CORRÊA; CORRÊA, 2007). A escolha do método depende das particularidades da empresa e da situação. A seguir será apresentado uma fórmu- la, baseada em dados estatísticos consolidados na literatura (BALLOU, 2006). Estas fórmulas tratam de forma isolada e em conjunto as incertezas que geram a necessidade de ES, definindo uma quantidade de estoque de segurança para cada item segundo um nível de serviço desejado. 49GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Onde: Z = o valor tabelado que indica quantos desvios padrão ao redor da média temos que tomar para cobrirmos a proporção da área sob a curva normal que queremos (o nível de serviço, por exemplo, podemos usar Z= 1,64 para 95% de nível de serviço ou Z = 3 para 99,87% de nível de serviço); IR = o intervalo de ressuprimento, conforme cálculo anterior. TR = o tempo de ressuprimento, conforme cálculo anterior. = desvio-padrão da amostra, isso quer dizer quanto o consumo do item (amostra) se desvia da sua média. A primeira coisa que temos que fazer é extrair os dados que a fórmula exige. Nesse momento, temos que ter muito cuidado de seguir sempre as mesmas unidades de medida, caso contrário, o resultado estará distorcido. Então, mãos à obra! Z = o nível de serviço exigido é 95%, ou seja, conforme a tabela, aqui vamos usar 1,64 (tabela). IR = sabemos que a indústria compra o PP a cada quinze dias, pois adota a política de revisão periódica, nesse caso, atenção! Nosso primeiro instinto é usar 15 nesse caso, porém, como estamos falando de ES, devemos sempre pensar nele de forma mensal! Assim, aqui vamos transformar os 15 dias em 0,5 mês (15 dias /30 dias mês). TR = aqui, da mesma forma que antes, temos que pensar em meses. Dessa forma, como sabemos que o fornecedor en- trega em três dias, vamos utilizar neste valor 0,1 mês (3 dias / 30 dias mês). Por exemplo, vamos supor que a demanda mensal de PP em sacos de 50kg em uma indústria é distribuída normalmente com uma média de 5.000 pacotes e um desvio padrão de 450 unidades. A indústria compra o PP a cada quinze dias, pois adota a política de revisão periódica de ressuprimento. Considerando que o fornecedor entrega em três dias, calcular o estoque de segurança necessário para um nível de serviço de 95%. 50GERENCIAMENTO DE ESTOQUES = aqui temos a informação de que o desvio padrão do consumo mensal é de 450 unidades. Pronto, agora podemos montar a fórmula e che- garmos ao resultado do ES de segurança necessário neste cenário – vamos lá! ES = 1,64 * √(0,5+0,1) * 450 ES = 1,64 * √0,6 * 450 ES = 1,64 * 0,7746 * 450 ES = 1,2703 * 450 ES = 571,635 -> arredondando, 572 unidades (já que falamos de sacos de PP). Apesar de agora sabermos matematicamente como calcu- lar o ES, este é apenas um número, e não se deve desprezar a opinião de pessoas que possuem experiência nos itens compra- dos, mesmo que estas pessoas não conheçam os pormenores dos métodos quantitativos empregados em um cálculo de ES (CORRÊA; CORRÊA, 2007). Por outro lado, como esta experiência está em muitas vezes sob a forma de conhecimento tácito, difícil de ser transferido ou quantificado, ela pode ser aproveitada por meio de uma análise qualitativa. Exercícios - Capítulo 04 1) O que é a política ou sistemática de ressuprimento? Quais são as principais sistemáticas? Explique: 2) Quais os principais objetivos do gerenciamento de estoques? 3) Considere que uma determinada empresa tenha venda mensal de um item específico estimado em 1.200 unidades. Este item é adqui- rido pela empresa por R$ 12,00, e sobre tal incide ICMS de 18%. Além disso, a empresa estima custo de frete de 0,23%. Esta empresa tem uma equipe de compras que custa R$ 4.000,00 mensais, e é capaz de processar 400 pedidos por mês. Segundo informações contábeis, a taxa de armazenagem dos estoques desta empresa é de 11% ao ano. Dessa forma, indique qual é o LEC para o item em questão. 4 e 5) Explique o que é estoque mínimo e máximo considerando o exemplo anterior, calcule os dois valores, sabendo que o desvio-padrão do consumo médio anual do item é de 130 unidades e a empresa aceita apenas 5% de risco. 52GERENCIAMENTO DE ESTOQUES GABARITO Capítulo 01 1) A necessidade de continuidade operacional; 2. A incer- teza da demanda futura ou sua variação ao longo do período de planejamento; 3. A disponibilidade imediata do material nos fornecedores; e 4. O cumprimento dos prazos de entrega, pois atende os clientes na hora certa, com a quantidade certa (VIANA, 2002). 2) Se a constância da procura sobre o material for maior que o tempo de suprimento, ou estas providências não forem tomadas em tempo oportuno, a fim de evitar a interrupção do f luxo de reabastecimento, teremos uma situação de ruptura ou de esvaziamento do seu estoque, com prejuízos visíveis para a produção, manutenção, vendas e demais áreas (SLACK et al., 2002). 3) O inventário na empresa de fabricação refere-se a todos os itens mantidos no estoque que contribuem ou se tornam parte dos produtos, como as matérias-primas, produtos acabados, suprimentos, trabalhos em andamento e peças. O inventário da empresa de serviços, por sua vez, refere-se a todos os bens tangíveis a serem vendidos (estoque no comércio) e aos supri- mentos necessários para administrar o serviço. 4) Local único ou vários locais; Operação local (localizada) ou operação globalizada; Tipo de item (durável ou perecível); Fabricação, compra (decisão make or buy) ou empresas de serviços; Produto único ou multiproduto. 5) Gerenciamento de demanda; Revisão do custo da es- tocagem de segurança e controle de quantidades mínimas e máximas de estoque em termos de qualidade e valor; Controle de recebimentos, inspeção, registro, localização e emissão de suprimentos, garantindo a segurança dos suprimentos e evitando a perda como resultado de qualquer fator como deterioração, 53GERENCIAMENTO DE ESTOQUES roubo, desperdício, obsolescência, etc.; Redução de variedades e padronização do inventário para garantir que os suprimentos possam ser rapidamente localizados; Preparação e interpretação de relatórios sobre níveis de estoque, uso de estoque e estoque excedente. Capítulo 02 1) As séries temporais podem ser representadas por dados his- tóricos de vendas e representam todos os produtos vendidos em cada período em questão. São de extrema importância,pois são a base de dados geradora da informação que moverá a empresa nos períodos seguintes (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004). 2) a) Os modelos qualitativos, que são essencialmente subje- tivos e apropriados quando não existem dados históricos para serem analisados como base para a previsão; b) Os modelos de decomposição de séries temporais, que se baseiam no estudo estatístico da demanda acontecida no passado para projetar a demanda futura. Toda série temporal pode ser analisada e decomposta em uma parte sistemática, composta de nível, tendência e sazonalidade e outra parte aleatória; c) O modelo do ajustamento sazonal, que pode ser aplicado para séries temporais de demandas que apresentam nível, tendência e sazonalidade. 3) Essa previsão de consumo ou de demanda estabelece as es- timativas futuras dos produtos em estoque administrados pela empresa. Como características básicas da previsão, tem-se: o ponto de partida de todo planejamento da cadeia de suprimen- tos; dá eficácia aos métodos empregados; melhora a qualidade das hipóteses que foram utilizadas no raciocínio (DIAS, 2011). 4) a) Projeção: são aquelas que admitem que o futuro será re- petição do passado ou as vendas evoluirão no tempo, segundo a mesma lei observada no passado, sendo que este grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa; b) Expli- cação: procura-se explicar as vendas do passado mediante leis 54GERENCIAMENTO DE ESTOQUES que relacionam as mesmas com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São basicamente aplicações de téc- nicas de regressão e correlação; e c) Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores inf luentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras. Em alguns casos este item levará em consideração sistemas pre- viamente programados que fornecerão dados sobre o mercado. 5) a) Inf luências políticas; b) Inf luências conjunturais; c) In- f luências sazonais; d) Alteração no comportamento dos clien- tes; e) Inovações técnicas; f) Produtos retirados da linha de produção; g) Alteração da produção; e h) Preços competitivos dos concorrentes. Capítulo 03 1) 2) Classificação PQR: A curva PQR divide os itens em três classes de acordo com a frequência de demanda apresenta- da por cada um, em um certo período de tempo, podendo ser produtos acabados, semiacabados e matérias-primas, sendo os registros de saída do estoque o fator que determina a frequência (FERRARI; REIS, 2009). Material (R$) Valor consumido (%) sobre o valor do Consumo (R$) Valor consumido Acumulado (%) sobre o valor do Consumo total C 270.000 51,59 270.000 51,59 B 122.400 23,39 392.400 74,97 E 70.000 13,37 462.400 88,35 D 27.000 5,16 489.400 93,50 F 24.000 4,59 513.400 98,09 A 10.000 1,91 523.400 100,00 55GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Classificação XYZ: Essa derivação da curva ABC utiliza como base a criticidade do item em evidência, ou seja, separa nos mesmos moldes da ABC, mas tem como característica central qual a importância do item para o correto andamento dos processos da empresa (VIANA, 2002). 3) O inventário físico é a contagem física dos estoques. Diferenças entre o estoque físico e o estoque contábil, aquele apurado pelos sistemas de controle, devem ser ajustadas, con- forme determinações contábeis e tributárias. O inventário físico pode ser periódico, normalmente no encerramento de períodos fiscais ou duas vezes por ano, contando todo o estoque físico da empresa. Pode ainda ser rotativo, quando são contados itens do estoque de forma permanente. Nesse caso, deve-se definir um programa de trabalho para contar todos os itens durante o período fiscal. 4) Determina a relação entre o número de itens ou valores corretos e a quantidade ou valor total de itens apurados no inventário. Ac = 13.548 itens contados – 398 erros / 13.548 itens contados Ac = 13.510 itens corretos / 13.548 itens contados Ac = 97,06%. 5) O GIRO mede quantas vezes, por unidade de tempo, o estoque se renovou ou girou, ao passo que a COBETURA indica o número de unidades de tempo (dias) que o estoque médio será suficiente para cobrir a demanda média. A relação entre ambos é de velocidade do consumo. GE = R$ 27.548.659,87 de consumo no período / R$ 1.676.447,76 de estoque médio nesse período GE = 16,43 vezes 56GERENCIAMENTO DE ESTOQUES *** CE = 360 dias (12 meses x 30 dias / mês) / 16,43 CE = 360 / 16,43 CE = 21,91 dias Capítulo 04 1) Estabelecer o método ou a política de ressuprimento para determinado item de material consiste em definir a for- ma com que os estoques serão constantemente reabastecidos a medida que o tempo passa e o material é consumido; em ou- tras palavras, consiste em definir o quanto e quando comprar o material (PEINADO; GRAEML, 2007). a) Sistema de revisão contínua: consiste em providenciar a reposição (r) um nível fixo, que, ao ser atingido, dispara a emissão de um novo pedido de tamanho (Q ) pré-definido, chamado ponto de pedido (PP). Quanto maior o ponto de pedido, maior será o estoque de segurança. Nessa sistemática, a reposição se dá a intervalos irregulares de tempo. b) Sistema de revisão periódica: consiste em providenciar a reposição a intervalos regulares (intervalo ótimo - IP) de tempo. Quando datas pré-estabelecidas são atin- gidas, a quantidade solicitada, que a cada novo pedido varia de acordo com o consumo no período anterior, é gerado um novo pedido. Dessa forma, a quantidade solicitada é normalmente diferente da quantidade ótima, devendo ser suficiente para cobrir a demanda durante o intervalo considerado (SLACK et al., 2002). A principal vantagem da sistemática P é a f lexi- bilidade na determinação da periodicidade a ser empregada. 2) a) determinar “o que” deve permanecer em estoque: número de itens; b) determinar “quando” se devem reabastecer os estoques: periodicidade; c) determinar “quanto” de estoque será necessário para um período pré-determinado: quantidade de compra; f) controlar os estoques em termos de quantidade e valor; fornecendo informações sobre a posição do estoque; g) 57GERENCIAMENTO DE ESTOQUES manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados; h) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados. 3) Sabemos que onde: D = uma demanda anual constante = 1.200 unidades; K = um custo fixo de pedido (aquisição) = aqui, não temos o valor diretamente, mas podemos apurar o valor com base nos dados que temos – “equipe de compras que custa R$ 4.000,00 mensais, e é capaz de processar 400 pedidos por mês” – logo, R$ 4.000/400 = R$ 10,00 por pedido; I = a taxa de armazenagem = que segundo informação contábil é de 11%; C = custo unitário do produto = aqui precisamos prestar muita atenção! O preço de aquisição é de R$ 12,00, dos quais devemos deduzir os 18% de ICMS e então acrescentar os 0,23% de frete – dessa forma, 12,00 – 18% + 0,23%, que nos dá = R$ 9,86. Agora montamos a equação como o que nos da calculando, que representa 148,75 – arredondando, 149 unidades. 4 e 5) O estoque mínimo protege o estoque do ponto de ruptura, ou de zerar o estoque da mercadoria e, dessa forma, prepara o estoque para as necessidades inesperadas dos clientes. Já o estoque máximo é o resultado da soma do estoque míni- mo com o lote de compra, onde o estoque máximo deve ser suficiente para suportar variações normais de estoque em face da dinâmica do mercado, deixando um volume que assegure, a cada lote de compra, que o nível máximo de estoque não aumente e, consequentemente, os custos de manutenção dos mesmos (POZO, 2001). 58GERENCIAMENTO DE ESTOQUES Calculando: Onde: = Desvio-padrão de consumo = 130 unidades; K = Coeficiente de grau de risco = 95% (uma vez que a empresa admite 5% de risco) Logo, o estoque mínimo é 130*95%, ou 123,5, arredon- dando 124 unidades. Quanto ao estoque máximo, calculamos pela soma do Estoque Mínimo com o Lote de Compra, que nesse caso, é igual ao LEC
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