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Gestão Pedagógica Autoria Legina Carmem GESTÃO PEDAGÓGICA SEJA BEM-VINDO! ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana r. raMos duarte Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou par- cialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotos- tática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. expediente Ficha técnica autoria: leGina CarMeM Pereira suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alves design instrucional: antonio Carlos vieira Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / MiGuel José de a. Carvalho diagramação e tratamento de imagens: MiGuel José de a. Carvalho revisão textual: eManoela de araúJo Ficha catalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu PEREIRA, Legina Carmem. Gestão pedagógica. / Legina Carmem Pereira. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 156 p. ISBN: 1. Administração escolar. 2. Gestão escolar democrática. 3. Organização escolar. 4. Escola participativa. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SEJA BEM-VINDO! Caro estudante, é com satisfação que apresento o material didático da disciplina de Gestão Pedagógica. Ao efetuar o estudo do material, você terá condições de responder as atividades propostas no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da disciplina. Inicialmente, serão abordados assuntos como a escola e seu fazer pedagógico, momento no qual você terá a oportunidade de fazer um resgate histórico da administração escolar, tendo como foco o papel da escola na transformação social. Em seguida, você conhecerá os desafios da nova dinâmica da gestão escolar em face à implantação da gestão democrática e participativa, tendo a elaboração, execução e avaliação do Projeto Político-Pedagógico (PPP) como integrador da Proposta Pedagógica de cada escola, com a participação da comunidade como um todo. Nesse contexto, você conhecerá duas experiências inovadoras da década de 1950, que mesmo contrariando os princípios educacionais da época, foram ousadas e conseguiram transformações sociais importantes na comunidade onde estavam inseridas. Finalmente, você terá condições de conhecer e avaliar os instrumentos essenciais que o gestor escolar dispõe para efetuar a prática da gestão democrática na escola. Bons estudos! SUMÁRIO CONECTE-SE ANOTAÇÕES REFERÊNCIAS Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem e significam: SUMÁRIO 1. A administração escolar e a transformação social .............................................. 8 2. O caráter conservador na administração vigente .......................................... 17 3. A natureza do processo de produção pedagógica ........................................................... 29 Referências ............................................................... 40 01 1. A importância do projeto político-pedagógico para a escola ......................................................... 46 2. O projeto político-pedagógico e a lei de diretrizes e bases da educação nacional – LDB ................... 56 3. Construindo a identidade da escola no seu projeto político-pedagógico .................................... 68 Referências ............................................................... 77 02 A GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA COMO PRINCÍPIO A ESCOLA E SEU FAZER PEDAGÓGICO 1. O projeto político-pedagógico na perspectiva do planejamento participativo .............................. 122 2. A participação dos profissionais da educação e o papel dos conselhos de escola ...................... 126 3. Gestão participativa no contexto escolar ............. 135 Referências ............................................................. 153 04 A ESCOLA PARTICIPATIVA 1. O regimento escolar e o plano de direção............. 82 2. O papel do coordenador pedagógico – supervisor escolar ............................................. 96 3. O compromisso e acompanhamento dos resultados pelo diretor – gestão por resultados . 103 Referências ............................................................. 117 03 A ESCOLA E A SUA ORGANIZAÇÃO Apresentação Nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer fatos históricos marcantes que ajudaram a escrever o cotidiano escolar através dos tempos e poderá observar o caminho percorrido por grandes educadores, com o intuito de fazer da escola um lugar de transformação social, buscando a melhoria da qualidade da educação. Com o resgate da Legislação Educacional Brasileira, você poderá compreender como as mudanças feitas na educação brasileira precisam de respaldo legal para garantir sua aplicabilidade e funcionalidade. Você compreenderá, também, que não basta que os elementos norteadores do fazer pedagógico estejam previstos em lei. A questão central está no desejo e na vontade de transformar a vida das pessoas por meio da ação coletiva da comunidade escolar e da local em defender a Educação como mola propulsora do desenvolvimento humano e social. E, finalmente, você vai compreender que educação é um direito de todos. Unidade 01 A escola e seu fazer pedagógico legina carmem 8 GESTÃO PEDAGÓGICA | OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Entender, a partir de fatos históricos, as transformações que ocorreram no interior da escola, observando seus reflexos na transformação social; • Identificar a natureza do fazer pedagógico dentro da realidade escolar; • Compreender a importância da produção pedagógica como processo coleti- vo, na busca da qualidade da educação na escola, em todos os seus níveis e modalidades. 1. a administração escolar e a transformação social Educação não é um privilégio, é um direito. Anísio Teixeira Para você entender como surgiu a necessidade da administração escolar e da função do administrador escolar, será preciso rever alguns fatos da história da educação brasileira, conhecendo, por exemplo, qual foi a primeira escola pública do Brasil. É importante lembrar a você como é fundamental conhecer o passado e rever as memórias da educação brasileira para entender o presente e, com esse conhecimento, projetar o futuro educacional das futuras gerações, buscando a melhoria efetiva de todo o processo pedagógico no interior das escolas e o desenvolvimento do potencial de toda a comunidade. Conhecendo a história de outros homens que lutaram incansavelmente por ideais grandiosos como a educação pública para todos, tendo como princípios norteadores a democracia e a cidadania, você poderá compreender o imaginário da época. Entendendo como a escola pública surgiu e como ela foi se transformando para atender às necessidades humanas ao longo dos anos, você conseguirá analisar e refletir sobre os conceitos atuais e sobre a sua própria prática pedagógica, enquanto educador, buscando lutar para a efetiva transformação social, por intermédio de uma educação de qualidade para todos. GESTÃO PEDAGÓGICA 9| A necessidade da administração escolar e, consequentemente, da função de diretor escolar nasceu com a criação da Escola Caetano de Campos, em São Paulo, que representou o marco das mudanças relativas à educação no Brasil, selando a passagem do Império para o Período Republicano e consistindo na passagem de um tempo no qual as pessoas eram educadas para serem obedientes para outro em que a escola desejava preparar cidadãos, com seus direitos e deveres garantidos. 1.1. A primeira escola pública do BrasilA Escola Modelo Caetano de Campos foi o primeiro prédio escolar do Período Republicano, inaugurado cinco anos após a Proclamação da República, em 1894, construído por iniciativa do governo estadual, destacando- se por sua construção monumental, hoje, tombada como patrimônio histórico, e abrigando a sede da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Figuras ilustres e conhecidas frequentaram seus bancos escolares, como Mário de Andrade, Cecília Meireles, Sérgio Buarque de Holanda, Guiomar Novaes, Lygia Fagundes Telles, Oswald de Andrade, Inezita Barroso, entre outras. Figura 01: Escola Modelo Caetano de Campos. Fonte: <https://bit.ly/2TAc4sL>. 10 GESTÃO PEDAGÓGICA | Segundo relatos de Heidrich (2009), “no seu primeiro dia de aula de 1894, os alunos da recém-inaugurada Escola Modelo Caetano de Campos, estranharam o ambiente com suas escadas imponentes”. Até então, eles haviam frequentado classes improvisadas na casa de um professor ou em prédios públicos mal conservados. A gigantesca estrutura arquitetônica do novo edifício – com 60 salas de aula, laboratórios, pátio, biblioteca e museu – era o sím- bolo da renovação educacional prometida com a Proclamação da República, em 1889. (HEIDRICH, 2009). Figura 02: Interior da Escola Caetano de Campos. Fonte: <https://bit.ly/2DRREqE>. A Escola Modelo marcou o início de uma nova organização escolar no Brasil: a dos Grupos Escolares, criada por reformadores como Antônio Caetano de Campos. Foi nesse contexto que surgiu a necessidade da figura do diretor escolar. Antônio Caetano de Campos (1944-1891), médico e educador por vocação, sacrificou seus interesses pessoais para se dedicar ao magistério e lançou, em 1890, a pedra fundamental da escola dos seus sonhos, que, entretanto, não viu funcionando, pois faleceu em 1891, aos 47 anos. Por isso a Escola Modelo recebeu o seu nome, constituindo o reconhecimento por sua dedicação à educação brasileira. GESTÃO PEDAGÓGICA 11| Com esse breve resgate histórico da primeira escola pública do Brasil, você vai perceber que a Escola Modelo Caetano de Campos trouxe inúmeras contribuições para a educação do país: inaugurou a formação de professores com a implantação da primeira Escola Normal; fundou o primeiro jardim de infância público do país e consolidou, também, o modelo de escola primária para crianças e jovens de 07 a 14 anos. A Escola Caetano de Campos consistiu em uma inovação na luta pela educação de qualidade para todos, em vários aspectos, com a oferta do curso normal, preparando a mulher para o mercado de trabalho, sendo a primeira escola a aceitar alunos com deficiência auditiva em seus bancos escolares, e no final da década de 1930, abrigando a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, sendo considerada um dos berços da Universidade de São Paulo. Heidrich (2009), em um artigo na revista Nova Escola, destaca que “esse modelo, forjado pela proposta iluminista republicana de racionalizar custos, exercer controle e oferecer acesso à educação para todos, reunia de quatro a dez grupos de alunos, que até então, estudavam isolados”. Como ele mesmo relata: As crianças passaram a ser organizadas por classes seriadas de acordo com o nível de conhecimento, com um docente para cada 40 pupilos. Funcionários com formação diversa passaram a cuidar da aplicação do currículo e do gerenciamento da esco- la. A fiscalização dessa instituição não poderia mais ser realiza- da a distância pelos inspetores. Era preciso ter alguém dentro da escola e, assim, surgiu o cargo de diretor. (HEIDRICH, 2009). Essa concepção de organização, segundo Heidrich (2009), “espalhou- se durante as três primeiras décadas do século 20 para estados do Sul ao Nordeste. Porém, o ideal republicano de educação para todos, tendo os grupos escolares como embrião, não se concretizou”. A falha foi pedagógica e também material. A homogeneização das classes otimizou recursos e esforços, mas a escola repu- blicana gerou altos padrões de seleção e exigência – que aca- baram por excluir as crianças de classes menos favorecidas. Concebida para ser do povo, tornou-se das elites. Faltaram pro- fessores qualificados, estrutura para atingir o interior e atender toda a demanda gerada com o crescimento demográfico e recur- sos para a construção de novos estabelecimentos nos padrões de excelência da Caetano de Campos. (HEIDRICH, 2009). 12 GESTÃO PEDAGÓGICA | Como você pode perceber, quando acontecem mudanças estruturais na educação, ocorrem transformações impactantes no interior da escola, sendo que os seus reflexos são sentidos diretamente na comunidade escolar e na local.''Por exemplo, mesmo com toda a inovação proposta pela primeira escola da República, sua ineficiência pode ser vista claramente. Basta verificar os altos índices de alunos em idade escolar que estavam fora da escola e o número absoluto da população analfabeta da época. Em 1920, o estado de São Paulo registrava a evasão de 67,9% das crianças em idade escolar. Além disso, mais de 60% da população não sabia ler e escrever. Diante desse cenário, surgiu a necessidade de a administração escolar está preparada em relação aos impactos que tal situação trazia para a vida dos seus educandos e da comunidade como um todo, percebendo e conhecendo as demandas de tal comunidade ao realizar o seu fazer pedagógico, visando à transformação social e preparando cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, cumprindo, assim, a sua função social, que é a de colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária para todos. Segundo Lombardi (2006, p. 17), é pela compreensão do processo histórico de transformação social pela educação na vida das pessoas que podemos “entender como se deu a organização e a transformação do sistema educacional brasileiro, a forma como as escolas se constituíram, os regulamentos, as normas e as leis criadas para melhor organizar o seu funcionamento [...]”. ...é pela compreensão do processo histórico de transformação social pela educação na vida das pessoas que podemos “entender como se deu a organização e a transformação... Quanto aos aspectos da evolução da administração escolar, é possível observar que eles ocorreram acompanhando as transformações provocadas na sociedade, em cada período histórico. Para Lombardi (2006, p. 18), o desafio da transformação social é responsabilidade de todo cidadão, mais ainda dos “gestores escolares, por seu papel de liderança e de aglutinação dos demais segmentos participantes da vida da escola”. Isso “permitirá que se concretize toda a relevância social do papel que lhe cabe no interior da instituição escolar”. GESTÃO PEDAGÓGICA 13| 1.2. A transformação social: questão de cidadania Atualmente, um dos maiores desafios do nosso país, consistindo em um compromisso que cada cidadão deve assumir, especialmente os educadores e administradores escolares, na busca efetiva da transformação social, é a reversão do quadro vergonhoso do analfabetismo no Brasil, em que cada um precisa fazer a sua parte na sala de aula, na escola, na família e na comunidade, promovendo ações efetivas que ajudem a transformar a vida dos cidadãos analfabetos do nosso país. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, de acordo com as suas estatísticas, “considera alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece”. Em contrapartida, adota-se, cada vez mais no mundo, o conceito de analfabeto funcional, que inclui todas as pessoas com menos de quatro séries de estudo concluídas. Segundo o Inep (2015), “usando este segundo critério, mais adequado à realidade econômica e tecnológica do mundo contemporâneo, o nosso número de analfabetos salta para mais de 30 milhões de brasileiros, considerando a população de 15 anos ou mais”. ...o nosso número de analfabetos salta para mais de 30 milhões de brasileiros... Para você entender a grandiosidade desse desafio, é necessário observare compreender o resultado da luta dos educadores pioneiros, que ajudaram a transformar a história da educação no Brasil. Com todo o esforço desse trabalho ao longo dos anos, é possível verificar o resultado obtido, constatando-se que a taxa de analfabetismo na população de 15 anos ou mais, segundo dados do Inep (2015), caiu ininterruptamente ao longo do século passado, baixando de 65,3% em 1900, para 13,6% em 2000. Com o intuito de você visualizar essa realidade, apenas para fins didáticos, elaboramos o quadro adiante sobre o analfabetismo no Brasil, de 1900 a 2000, com população na faixa de 15 anos ou mais, por meio dos dados retirados do Manual do Analfabetismo no Brasil, editado pelo Inep em 2015. 14 GESTÃO PEDAGÓGICA | Quadro 01: Analfabetismo no Brasil – de 1900 a 2000. ANALFABETISMO NO BRASIL – POPULAÇÃO COM 15 ANOS OU MAIS ANO POPULAÇÃO ANALFABETOS ANALFABETOS (%) 1900 9.728.000 6.348.000 65,3 1920 17.564.000 11.409.000 65,0 1940 23.648.000 13.269.000 56,1 1950 30.188.000 15.272.000 50,6 1960 40.233.000 15.964.000 39,7 1970 53.633.000 18.100.000 33,7 1980 74.600.000 19.356.000 25,9 1991 94.891.000 18.682.000 19,7 2000 119.533.000 16.295.000 13,6 Fonte: Inep/IBGE – Censo Demográfico – Adaptado do Mapa do Analfabetismo no Brasil (2015). De acordo com o Portal Governo do Brasil (2011), os dados do Censo Escolar de 2010, divulgado pelo IBGE em 2011, “a taxa de analfabetismo na população de 15 anos ou mais de idade caiu de 13,63% em 2000 para 9,6%”. Os dados do Censo Escolar de 2010 também revelaram que a taxa nacional de analfabetismo para os adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos atingiu 2,5% em 2010. Ainda segundo dados IBGE divulgados no Portal Governo do Brasil (2011), o Brasil tinha 16.294.889 analfabetos com essa faixa etária em 2000, ao passo que os dados do Censo de 2010 apontava que 13.933.173 pessoas não sabiam ler ou escrever, sendo que 39,2% desse contingente eram de idosos. Atualmente, além do problema do analfabetismo, é possível observar que devido ao dinamismo da sociedade brasileira, está surgindo um novo desafio tanto para os dirigentes públicos e educadores como para os gestores das escolas, que é o envelhecimento da população brasileira. Tal fenômeno não é observado apenas no Brasil, mas sim mundialmente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões de pessoas até 2050, o que representará um quinto da população mundial. GESTÃO PEDAGÓGICA 15| Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil, em 2016, já tinha a quinta maior população idosa do mundo, e, em 2030, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos. Segundo o IBGE (2018), em 2017, eles já ultrapassam 30 milhões de brasileiros. De acordo com Paradella (2018), em uma reportagem divulgada pela Agência IBGE Notícias, os dados foram atualizados em 2018. Observando que a população com 60 anos ou mais em 2012 era de 25,4 milhões, apresentou que em cinco anos, os 4,8 milhões de novos idosos representarão um crescimento de 18%, tornando-se este um grupo etário cada vez mais representativo no Brasil. De acordo com Maria Lúcia Vieira, gerente da PNAD Contínua: Não só no Brasil, mas no mundo todo vem se observando essa tendência de envelhecimento da população nos últimos anos. Ela decorre tanto do aumento da expectativa de vida pela me- lhoria nas condições de saúde quanto pela questão da taxa de fecundidade, pois o número médio de filhos por mulher vem caindo. (PARADELLA, IBGE-PNUD, 2018). Ainda segundo Paradella (2018), entre 2012 e 2017, conforme dados do IBGE/PNAD (2018), o número de idosos cresceu em todas as unidades da federação, sendo que “os estados com maior proporção de idosos são o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, ambos com 18,6% de suas populações dentro do grupo de 60 anos ou mais”. Nesse contexto, ainda de acordo com os dados do IBGE/PNAD (2018), a expectativa de vida do brasileiro continuou a subir em 2017, ch egando a atingir 76 anos, contra 75,8 anos em 2016 (PARADELLA, IBGE-PNUD, 2018b). ...a expectativa de vida do brasileiro continuou a subir em 2017, chegando a atingir 76 anos... A seguir, apresentamos o gráfico disponibilizado pelo IBGE em 2018, por meio da sua Agência de Notícias, no qual você poderá observar toda a dinâmica de envelhecimento da população brasileira. 16 GESTÃO PEDAGÓGICA | Figura 03: Distribuição da população por sexo e idade – 2017. Fonte: <http://bit.ly/2PDuPIM>. Diante de tal contexto, você pode perceber como as características da população brasileira, com o passar dos anos, foi se modificando e apresentando a seguinte contradição: ao passo que o número de analfabetos está diminuindo, o número de idosos está aumentando. É importante ressaltar que o grande contingente de analfabetos está entre os idosos, representando o grande desafio atual das escolas, que é oferecer oportunidades reais de escolarização para esta população, que agora está vivendo mais e com mais qualidade de vida. O analfabetismo representa uma dívida social que cada cidadão brasileiro carrega, especialmente os educadores e agentes públicos, pois essa parcela da população destinou grande parte da sua vida produtiva ao desenvolvimento do nosso país. A seguir, apresentamos mais uma contradição apresentada pela educação brasileira, visto que os indicadores educacionais acabam baixando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. Observe: GESTÃO PEDAGÓGICA 17| Figura 04: IDH na América Latina. Fonte: <http://bit.ly/2Lhxk2T>. 2. o caráter conservador na administração vigente Para que você possa perceber o caráter conservador na administração vigente e, ao mesmo tempo, acompanhar o contexto histórico da administração escolar, será preciso analisar a trajetória da educação no Brasil, observando as lutas e os desafios enfrentados pelos educadores que forjaram as grandes conquistas para a educação brasileira. Voltando à época do descobrimento, em 1500, período do Brasil Colônia, no qual, durante muito tempo, o ouro brasileiro sustentou o luxo e as extravagâncias do rei de Portugal; é possível observar que foram construídas igrejas, conventos e palácios, acreditando-se de que o ouro brasileiro fosse durar para sempre. A educação no Brasil naquela época estava a cargo da Companhia de Jesus, por intermédio dos seus jesuítas, liderados por José de Anchieta, cujo objetivo básico era ensinar a ler, a escrever e a professar a fé católica. Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, como o Brasil. 18 GESTÃO PEDAGÓGICA | A partir de então, é notório observar que a educação brasileira enfrentou um grande recuo, como relata Prezia e Hoornaerte (2000, p. 12), “passados vinte anos da expulsão dos jesuítas em toda a Bahia, Capital do Governo Imperial (1549-1763), existiam apenas dois professores, várias escolas foram fechadas, e as bibliotecas dos conventos foram abandonadas ou destruídas”. Na época de Tiradentes, segundo relatos, o país tinha apenas 0,5% de alfabetizados. Portanto, a educação como um processo no Brasil só se iniciou mesmo a partir do século XIX. Com a Proclamação da República, em 1889 até 1930, o Brasil transformou-se em uma República Federativa, cujo poder, até então centralizado no imperador, passou a ser dividido entre o Presidente da República e os seus governadores, que a partir daquele momento, tornavam- se os responsáveis pela educação básica. Após a Proclamação da República, também surgiram as primeiras tentativas de pensar e repensar a educação brasileira, já que o ato de ler e escrever era destinado para poucos, e as camadas populares apenas recebiam instrução básica para o trabalho nas fábricas e nos campos. É importante lembrar que com essa nova responsabilidade do governo federal e estaduais, era preciso conviver com a dívida do analfabetismo recebida do governo imperial, que em 1886, representava 98,2% da populaçãobrasileira, conforme dados do Inep (2015). Assim, em sua interessante obra História da Instrução Pública no Brasil (1500-1889), escrita em 1889, José Ricardo Pires de Almeida (2000) comenta o fato de que no Brasil Colônia “havia um grande número de negociantes ricos que não sabiam ler”. Prova disso é que no Império admitia-se o voto do analfabeto desde que, é claro, este possuísse bens e títulos. (...) No mesmo trabalho, ele mostra que, em 1886, o porcentual da população escolarizada no Brasil era de apenas 1,8%. (PINTO et al., 2000, p. 512). Em 1932, o cenário brasileiro era marcado pela Revolução Federalista, em São Paulo, e pela conquista da mulher em ter direito ao voto. No mesmo ano, surgiu a publicação de um documento escrito por 26 educadores, com GESTÃO PEDAGÓGICA 19| o título Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – A Reconstrução Educacional no Brasil: ao povo e ao governo, que apresentava propostas de reformulações e inovações para o sistema educacional e levantava importantes questionamentos sobre a educação no Brasil, por exemplo, propunha uma nova função social para a educação, servindo como base para reduzir as desigualdades sociais, partindo de uma ação mais firme e concreta do Estado. Por isso, lutava por uma escola pública de qualidade. Os principais objetivos educacionais defendidos por Anísio Teixeira e os demais educadores no referido manifesto de 1932 eram: ampliar as oportunidades educacionais, tornando a educação democrática; buscar a descentralização do ensino e defender a grande tríade que consistia na defesa da escola pública: o ensino público gratuito, laico e universal. ...ampliar as oportunidades educacionais, tornando a educação democrática; buscar a descentralização do ensino e defender a grande tríade que consistia na defesa da escola pública... Embora já tenham passados 86 anos do referido documento, algumas das suas propostas ainda soam atuais. 2.1. O educador e administrador: Anísio Teixeira A fim de que você compreenda um pouco sobre o dinamismo histórico da escola pública e da administração escolar no Brasil, é preciso falar um pouco (se isso for possível) sobre Anísio Teixeira, conhecido como o grande defensor da escola pública, tomando a prática do aluno como base para um bom aprendizado. Toda a produção de Anísio Teixeira foi motivada por seu desejo de transformação social, visto que manifestava suas críticas contra a educação tradicional voltada para elite, defendia as transformações sociais advindas da educação e afirmava que o desenvolvimento de um cidadão pleno somente se daria em uma escola que pudesse oferecer condições, tanto teóricas quanto práticas, para isso. 20 GESTÃO PEDAGÓGICA | Figura 05: Anísio Teixeira (1900-1971). Fonte: <http://bit.ly/2XQmjhE>. Teixeira via o administrador escolar como um agente importantíssimo para o cotidiano escolar e fazia críticas severas quanto à forma como eram nomeados os diretores escolares, sem nenhum preparo para isso: Não me consta que os administradores se preparem no Bra- sil. Parece que não há administração no Brasil no sentido real de algo que se possa aprender e, muito menos, em educação, onde, ao que parece, nunca houve busca de administradores para as escolas. Qualquer pessoa pode dirigir as escolas. Qual- quer pessoa pode administrar o ensino. É evidente que o país acha que para isso não é preciso preparo. E por quê? Por que será que o país acha que realmente não se precisa de preparo para dirigir escolas, nem dirigir a educação? (TEIXEIRA, 1961, p. 84). Anísio Teixeira defendia que era necessário mais administradores preparados, principalmente para a educação pública, fato que não acontecia e o deixava indignado. Para Teixeira (1961, p. 84) “o administrador é homem que dispõe dos meios e recursos necessários para obter alguns resultados. Resultados certos, e isto é um administrador. Sem administração a vida não se processaria”. Além de ser considerado o inventor da escola pública gratuita no Brasil, Anísio foi o idealizador de inúmeras mudanças na educação brasileira, em todos os níveis, do ensino primário ao superior, criando a primeira universidade com cursos de graduação e pós-graduação. GESTÃO PEDAGÓGICA 21| Para que você conheça um pouco sobre os relevantes trabalhos desenvolvidos pelo educador e administrador Anísio Teixeira, elaboramos um quadro resumido das suas administrações, no qual será possível observar que quando a administração está comprometida com a eficiência, eficácia e efetividade dos seus serviços, ela deve apresentar resultados. Fato que hoje é conhecido como gestão por resultados. Quadro 02: Realizações administrativas de Anísio Teixeira. O EDUCADOR E ADMINISTRADOR ANÍSIO TEIXEIRA PERÍODO AÇÕES E RESULTADOS De 1924 a 1928, como Diretor de Instrução da Bahia. Reformou o ensino primário, secundário e profissional (Ensino normal – futura Faculdade de Educação); elevou a matrícula no ensino primário de 47.000 para 79.000 alunos; instalou e fez funcionar as escolas normais de Caetité e Feira de Santana; reorganizou e melhorou a qualidade do ensino na Escola Normal da capital, cuja matrícula passou de 348 para 546 alunos; programou a construção de 28 prédios esco- lares (haviam seis); implantou 33 escolas reunidas; aumentou as unidades escolares de 780 para 1.234; aumentou a frequência escolar, que era de 19.590 alunos em 1924, passando para 58.470 em 1927. De 1947 a 1951, como Secretário de Estado da Bahia. Reestruturou os serviços educacionais baianos; am- pliou a oferta do ensino médio, instalando nos bairros três extensões do Colégio da Bahia; instalou o Curso Colegial no Instituto Normal; no interior, fez funcionar cursos ginasiais nas escolas normais de Feira e Ca- etité; levou a prefeitura de Ilhéus a instalar o Curso Colegial no Ginásio Municipal; permitiu que a Coo- perativa Ginásio de Cachoeira utilizasse a Escola In- dustrial de Cachoeira para funcionar o Curso Ginasial. De 1952 a 1962, como Reitor da Universidade de Brasília e primeiro Diretor do Inep (que hoje leva seu nome) e como primeiro Presidente da Coordenação de Aperfeiçoa- mento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Prestou assessoria para a fixação da Política Edu- cacional do Brasil para realizar estudos, pesquisas e diagnósticos do Inep; promoveu a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais e dos Centros Regionais de Pesquisas Educacionais, onde milhares de professores foram especializados. Foi o pioneiro da formação do professor primário em nível superior, promoveu um largo programa de habilitação de profes- sores leigos do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste do país nos próprios centros de pesquisas; ainda à frente do Inep, concedeu auxílio financeiro para a cons- trução de milhares de salas de aula por todo o Brasil. Fonte: Adaptado de ROCHA (2002, p. 78-81). 22 GESTÃO PEDAGÓGICA | Anísio Teixeira era na verdade um visionário. Quando ainda era Secretário de Estado da Educação e Saúde na Bahia, escreveu o documento: Sugestões para um plano de auxílio ao Ensino Superior do país, direcionado ao então Ministro da Educação Clemente Mariani, que contribuiu, decisivamente, para a institucionalização da pós-graduação no Brasil. LINK WEB Conheça um pouco mais sobre os feitos de Anísio Teixei- ra lendo o artigo de Nivaldo V. de Andrade Júnior, de 2002, pela Uni- versidade Federal da Bahia, com o título As obras do plano de edifi- cações escolares de Anísio Teixeira e a arquitetura moderna na Bahia (1947-1950). Basta acessar o seguinte link: <https://bit.ly/2zmtfWo>. 2.2. A primeira escola pública de educação integral do Brasil Segundo Anísio Teixeira (1968): Não se aprendem apenas ideias ou fatos, mas, também atitu- des, ideais e senso crítico - desde que a escola disponha de condições para exercitá-los. Assim, uma criança só pode prati- car a bondade em uma escola onde haja condições reais para desenvolver o sentimento. Buscando novos rumos paraa educação brasileira, já naquela época, Anísio Teixeira defendia a escola pública para todos em tempo integral. Foi exatamente ele que, em 1950, apresentou a primeira escola de período integral, quando ainda era Secretário da Educação da Bahia, e quando inaugurou o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador, mais conhecido como Escola Parque da Bahia, com experiência pedagógica pioneira, obtendo repercussão nacional e projeção internacional. O Centro Educacional Carneiro Lobo foi instituído como um contraponto à improvisação da Escola Primária existente, passando a ser a obra norteadora da política educacional para o estado, composto por três escolas-classe, que entraram em funcionamento em três grandes prédios, construídos em amplas áreas arborizadas, situadas em três bairros da Liberdade, em Salvador. GESTÃO PEDAGÓGICA 23| Figura 06: A Escola Parque de Salvador. Fonte: <http://bit.ly/2XVbn24>. Eboli (1969), em seu livro Uma experiência de educação integral – Centro Educacional Carneiro Lobo, resgatou o discurso que o professor Anísio Teixeira proferiu na inauguração do Centro, no qual ele detalha sua filosofia, bem como suas metas e diretrizes educacionais: A escola tem de ganhar uma inevitável ênfase, pois se trans- forma na instituição primária e fundamental da sociedade em transformação, e em transformação, queiramos ou não, precipi- tada. Por isso é que êste Centro de Educação Popular tem as pretensões que sublinhei. É custoso e caro porque são custosos e caros os objetivos a que visa. Não se pode fazer educação barata como não se pode fazer guerra barata. Se é a nossa de- fesa que estamos construindo, seu preço nunca será demasiado caro, pois não há preço para a sobrevivência. (TEIXEIRA, 1950 apud EBOLI, 1969, p. 14). A educação pública, para Anísio Teixeira, além de ser em período integral, deveria ser laica, obrigatória e municipalizada, com o intuito de atender aos interesses da comunidade. A educação integral devia se preocupar com a higiene e saúde da criança, assim como com a sua preparação para a cidadania. Deveria ser, pois, um espaço de igualização das classes, aproximação social e eliminação de preconceitos, com currículo completo e horário integral. Essa escola é apontada como uma solução para a educação primária, como escrito no seu livro: Educação não é privilégio (1951). 24 GESTÃO PEDAGÓGICA | No projeto arquitetônico do Centro de Educação Popular constavam: • Quatro escolas-classe: destinadas ao nível primário para mil alunos cada, com funcionamento em dois turnos; • Uma escola-parque: com sete pavilhões destinados às chamadas práticas educativas, nos quais os alunos completavam sua educação, em horário diverso, de maneira a oferecer àqueles meninos o dia completo de permanência em ambiente educativo. Anísio Teixeira tinha consciência quanto à necessidade imediata de dispor de professores em condições de se integrar plenamente aos objetivos da nova escola quando afirmava que: A organização do ensino primário em centro desta complexida- de vem, de certo modo, facilitar a tarefa, sobremodo aumentada da escola elementar. Teremos os professores primários comuns para as escolas-classe e para a escola-parque, os professores primários especializados de música, de dança, de atividades dramáticas, de artes industriais, de desenho, de biblioteca, de educação física, recreação e jogos. Em vez de um pequenino gênio para tudo, muitos professores diferenciados em dotes e aptidões para a realização da tarefa sem dúvida extraordinária de formar e educar a infância nos seus aspectos fundamentais de cultura, intelectual, social, artística e vocacional. (ANÍSIO TEIXEIRA apud BIBLIOTECA VIRTUAL ANÍSIO TEIXEIRA). Na concepção de Anísio, segundo Nunes (2009, p. 123) “era preciso expandir as atividades educativas da escola primária, as oportunidades de comunicação entre os alunos e de vivência em diferentes atividades”. Não se tratava de suprir carências culturais, mas de antecipar experiências que levassem a uma relação com o conhecimento necessário a um cotidiano que estava em mudança, o que colo- cava um desafio paradoxal: seria possível organizar a educação antes da mudança da estrutura social ou, pelo menos, simulta- neamente a esse processo? Essa resposta passava pela deci- são com relação à prioridade da alocação dos recursos públicos. Criar um Centro de Educação Popular era uma empreitada cara em instalações, equipamentos, tempo letivo e preparo docente. (NUNES, 2009, p. 123). Nunes (2009, p. 127) registrou que “o trabalho do Centro Educacional Carneiro Ribeiro permaneceu relativamente pouco conhecido em nosso país, mas existem depoimentos de educadores em revistas europeias sobre ele”. GESTÃO PEDAGÓGICA 25| Segundo Nunes (2009, p. 127), “para Anísio Teixeira, nações pobres como o Brasil não poderiam se dar ao luxo de não educar plenamente as novas gerações. Tratava-se de uma aspiração por justiça social num regime livre com a igualdade de oportunidades educativas”. O projeto do Centro Educacional Carneiro Ribeiro serviu como modelo para a organização do Plano de Sistema Escolar Público de Brasília. Eram as chamadas escolas-parque de Brasília, que foram projetadas atendendo à solicitação de Juscelino Kubitscheck ao Inep, em 1957. O projeto era meticuloso, visto que a capital foi desenhada em quadras, e a previsão para cada quadra era abrigar uma população entre dois e três mil habitantes. Tal sistema foi traçado, portanto, com o propósito de abrir oportunidades para a capital do país oferecer à nação um conjunto de escolas que constituísse exemplo para o Sistema Educacional Brasileiro, como desejava Anísio. Com este breve relato histórico, você agora tem condições de fazer sua própria análise sobre o caráter conservador vigente na educação brasileira e poderá perceber que muitas das reivindicações dos Pioneiros da Educação, de 1932, foram ganhando força e contribuíram para a elaboração e a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 4.024, de 1961, que contou com a preciosa colaboração de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, entre outros. É curioso destacar que a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 1996, a Lei nº 9.394, teve como relator o próprio Darcy Ribeiro, sendo chamada de LDB Cidadã, ou apenas, Lei Darcy Ribeiro. LINK WEB Conheça mais detalhes sobre a experiência pionei- ra de Anísio Teixeira sobre a criação da primeira escola de edu- cação integral do Brasil, baixando o livro de domínio público: Uma experiência de educação integral – Centro Educacional Carneiro Lobo, da es- critora Terezinha Eboli. Basta acessar o seguinte link: <https://bit.ly/2OZj7I6>. 26 GESTÃO PEDAGÓGICA | 2.3. A administração escolar no Brasil Abordando o caráter conservador da administração das escolas públicas, a figura do diretor escolar, desde seu início, foi vista como um agente intermediário na burocracia do sistema de ensino público, atuando como um elo entre os órgãos governamentais e a escola, o qual em linhas gerais, continua sendo uma das suas atribuições até hoje. Com a criação da primeira escola pública no Brasil, a Escola Modelo Caetano de Campos, em 1894, em São Paulo, segundo Tabacchi (1979), “surgiu uma nova forma de organização escolar, denominada de: Grupo Escolar, ocasião que foi instituído o papel do diretor para a administração destes grupos”. Para Tabacchi (1979), a mudança na concepção de diretor escolar viria apenas com “a Lei Federal nº 5.692, de 1971, e a legislação dela decorrente, que passaria a concebê-lo como um verdadeiro líder educacional, membro de uma equipe que organiza, superintende, coordena e controla todas as atividades desenvolvidas no âmbito da unidade escolar”. Atualmente, diante de toda a diversidade das escolas brasileiras, além do fator regional, podemos encontrar três formas legalmente instituídas para a nomeação dos diretores escolares, que são realizadas das seguintesformas: • Indicação pelo Poder Executivo: nomeação do escolhido como cargo de confiança, cargo comissionado, que sofre alternância junto à mudança da gestão estadual ou municipal. Os escolhidos geralmente são professores da própria rede de ensino; • Nomeação por meio de concurso público de provas e títulos: com cargo previsto no Plano de Carreira integrante do Quadro Próprio do Magistério no âmbito estadual ou municipal. Assim, o funcionário permanece ocupando o cargo, independentemente da mudança na gestão estadual ou municipal; • Eleição: a nomeação é realizada após processo eletivo, por meio da participação democrática da comunidade escolar e da local (pelo voto). Normalmente, a nomeação dura por um período de dois ou quatro anos, dependendo da legislação de cada região. Sob a ótica da legislação educacional brasileira, apesar de sua GESTÃO PEDAGÓGICA 27| amplitude e especificidade, é possível encontrar indicações relativas a obrigações, deveres e direitos dos diretores ou gestores escolares, em diversos documentos legais, que norteiam o trabalho pedagógico da escola, tais como: • Constituição Federal de 1988: conhecida como a Constituição Cidadã, em que é garantido o princípio da gestão democrática; • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96: especifica normas para os estabelecimentos de ensino e para a ga- rantia da gestão democrática; • Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90: em que são apontadas as obrigações dos diretores, principalmente no que tange às faltas escolares e a comunicação com o conselho tutelar, para garantir o acesso e a permanência da escola pública para todos. Evoluindo para o contexto da escola pública para todos, surge a proposta da implantação da gestão democrática na escola, que segundo Paro (2004, p. 11), significa “conferir poder e condições concretas para que ela alcance objetivos educacionais articulados com os interesses das camadas trabalhadoras”. Com a implantação da gestão democrática nas escolas públicas, e o diretor escolar assumindo a figura de gestor escolar, é preciso ter consciência de que isso demandará sensíveis mudanças na organização e no funcionamento geral da escola, revendo conceitos culturalmente arraigados no interior da escola e na dinâmica de participação da comunidade. É uma nova cultura organizacional que se instala dentro da escola. 2.4. Do administrador ao gestor escolar Diante desse novo cenário, que há alguns anos se descortinou nas escolas brasileiras, é possível observar como o caráter dominador, autoritário e quase regimental da administração pública passou a assumir o caráter democrático, autônomo e participativo, envolvendo a comunidade escolar e a local em todo o processo pedagógico da escola. O princípio da gestão democrática se tornou realidade em muitas escolas brasileiras depois da promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96. 28 GESTÃO PEDAGÓGICA | Em muitas escolas públicas existem grandes experiências de participação democrática na qual a comunidade se faz presente nas decisões para melhoria da qualidade da educação. Quanto às mudanças na administração escolar, Paro (2005, p. 162) alerta sobre os entraves na implantação da gestão democrática, ao dizer que “se pretendemos agir na escola, como de resto em qualquer instância na sociedade com vistas à transformação social, não podemos acreditar que estejam já presentes condições ideais que só poderão existir como decorrência dessa transformação”. A gestão escolar, de forma abrangente, segundo Lück (2009, p. 23), “engloba, de forma associada, o trabalho da direção escolar, da supervisão ou coordenação pedagógica, da orientação educacional e da secretaria da escola, considerados participantes da equipe gestora da escola”. Segundo o princípio da gestão democrática, a realização do pro- cesso de gestão inclui também a participação ativa de todos os professores e da comunidade escolar como um todo, de modo a contribuírem para a efetivação da gestão democrática que ga- rante qualidade para todos os alunos. (LÜCK, 2009, p. 23). No decorrer do trabalho, desenvolvido nesta disciplina, você poderá perceber que a gestão escolar deve priorizar uma forma de organização na escola que proporcione a igualdade de condições a todos os segmentos e que promova a participação de todos os envolvidos, criando momentos de participação coletiva dos integrantes da comunidade, tanto escolar como local, atuando principalmente na hora de tomar decisões, assumindo compromissos e responsabilidades sobre os resultados, porque gestão é um princípio. MEMORIZE Princípios são um conjunto de normas ou padrões de conduta a serem seguidos por uma pessoa ou instituição. Os princípios também podem estar associados às proposi- ções ou normas fundamentais que norteiam os estudos, sobretudo os que regem o pensamento e a conduta. Fonte: <https://bit.ly/2FMJSAi>. GESTÃO PEDAGÓGICA 29| 3. a natureza do processo de produção pedagógica na escola A fim de que você possa compreender a dinâmica do processo de produção pedagógica na escola, ou seja, o seu fazer pedagógico, será preciso ter consciência de que na escola nada acontece de improviso, tudo precisa ser pensado, analisado e planejado, para que os seus resultados sejam obtidos, de acordo com a linha norteadora de todas as ações desenvolvidas no interior da escola. O planejamento escolar surgiu há milhares de anos atrás quando a cidade grega de Esparta instituiu um sistema educacional para definir seus objetivos militares, sociais e econômicos. Também é possível encontrar indícios de planejamento na obra A República de Platão, na qual ele descreve um plano destinado para colocar a escola a serviço da sociedade. Atualmente, o termo “planejamento” pode ser considerado moderno, visto que surgiu no século XX, por volta de 1923, na antiga URSS, a partir da necessidade russa de planificação da economia no pós-guerra. A partir de então, o planejamento avança em todos os setores da sociedade ocidental, inclusive nas escolas. Esta é mais uma clara demonstração de que os fatos que acontecem na sociedade interferem e refletem no interior das escolas. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a necessidade de investimentos na área educacional tornou-se um fator decisivo para o desenvolvimento de muitas nações e, com isso, o planejamento educacional foi adotado como forma de atender aos vários planos nacionais de educação. 3.1. O planejamento educacional na escola O planejamento educacional, na verdade, surgiu da necessidade de um método de administração organizado para enfrentar os desafios que surgiam da ação humana. No Brasil, a primeira experiência de planejamento governamental foi executada pelo visionário Juscelino Kubitschek, com o seu Plano de Metas (1956-1961). Seguindo os moldes de 1956, atualmente, temos em vigência o Plano Nacional de Educação (2014-2020), que reúne 20 Metas para a Educação. 30 GESTÃO PEDAGÓGICA | Ao analisar a história da educação escolar, é possível perceber diferentes concepções do processo de planejamento de acordo com cada contexto social, político, econômico e cultural. Vasconcellos (2000, p. 28-31), por exemplo, destaca os conceitos de planejamento utilizados através dos tempos, no decorrer da prática pedagógica: • Planejamento como princípio prático: estava relacionado à ten- dência tradicional de educação, em que o planejamento era feito sem grande preocupação de formalização, basicamente pelo professor, tendo como horizonte a tarefa a ser desenvolvida em sala. Os planos eram feitos em folhas, fichas e cadernos; • Planejamento instrumental ou normativo: buscava-se uma rígida sequência e uma ordem lógica para tudo, só que a lógica tomada como referência era a de quem ensinava, e não a de quem aprendia. O aluno deveria aprender exatamente aquilo que o professor planejara; • Planejamento participativo:possui o objetivo de transformar as relações de poder, autoritárias e verticais, em relações igualitárias e horizontais, de caráter dialógico e democrático. É um instrumento de intervenção geral, com o intuito de transformá-lo na direção de uma sociedade mais justa e solidária. É preciso compreender que o planejamento educacional, dentro da dinâmica atual, deve ser contextualizado e corresponder às características, aos anseios e aos valores da sociedade, para a qual é realizado. E para que isso aconteça, é necessária a participação de todos os envolvidos no processo educativo, especialmente a comunidade escolar e a local, sendo mediada pelo diálogo. Diante do contexto da natureza do processo de produção pedagógica na escola, é importante observar o seguinte: O que dá vida a uma escola? Seria o planejamento? Não pode- mos ter esta ilusão. São as pessoas, os sujeitos que historica- mente assumem a construção de uma prática transformadora. Antes de mais nada, precisamos de uma ‘matéria-prima’ funda- mental: as pessoas, que buscam, sonham, pensam, interrogam, desejam. (VASCONCELLOS, 2000, p. 37). GESTÃO PEDAGÓGICA 31| Quanto ao planejamento, é importante lembrar que existem imprevistos, portanto, é preciso procurar soluções para as situações imprevistas de forma rápida, com o objetivo de tomar decisões coletivamente para corrigir rumos, reorganizar e reorientar ações necessárias à resolução de tais imprevistos. Lück (2009, p. 34) destaca que “o planejamento envolve a previsão, provisão, organização, ordenação, articulação, sistematização de esforço e de recursos voltados para promover a realização de objetivos”. Na gestão escolar, existem diversos desdobramentos em relação ao planejamento, visto que este resulta de diferentes tipos de planejamento feitos na escola, que quando interligados ou vistos de forma interdependente, tornam possível a organização do trabalho pedagógico. Para que você possa analisar as diferenças sobre as finalidades do planejamento, elaboramos um quadro sintético compilando alguns dos seus principais objetivos, segundo Vasconcellos (2000, p. 60-62): Quadro 03: Finalidades do planejamento escolar. Planejamento em geral É um instrumento de transformação da realidade, visando resgatar a intencionalidade da ação para possibilitar a (re)significação do trabalho e o sentido da ação educativa; dando coerência à ação da insti- tuição, integrando e mobilizando o coletivo em torno de consensos; ajudando a prever e superar dificulda- des, e fortalecendo o grupo para enfrentar conflitos e racionalizar os esforços, o tempo e os recursos. Projeto Político-Pedagógico (PPP) É um elemento estruturante da identidade da insti- tuição, que visa possibilitar a gestão democrática da escola, pois funciona como um canal de participação efetiva, dando um referencial de conjunto para a caminhada; ajudando a conquistar e consolidar a au- tonomia da escola; resgatando a autoestima do grupo; e possibilitando a delegação de responsabilidades. Projeto de ensino e aprendizagem É um plano que possibilita a reflexão e a (re)significa- ção do trabalho, resgatando o espaço de criatividade do educador; favorecendo a pesquisa sobre a própria prática; organizando o currículo; racionalizando as ex- periências de aprendizagem; tornando a ação pedagó- gica mais eficaz e eficiente; e estabelecendo a comu- nicação com outros professores e alunos ao funcionar como um elemento de autoformação do professor. Fonte: Adaptado de VASCONCELLOS (2000, p. 60-62). 32 GESTÃO PEDAGÓGICA | Segundo Lück (2009, p. 35), é preciso ter consciência de que o planejamento constitui “um processo mental, dinâmico, contínuo e complexo, que deve acompanhar os estágios de tomada de decisões que antecedem, acompanham e sucedem a realização de intervenções sistematizadas, orientadas na busca dos resultados esperados”. Lück (2009, p. 35) ainda lembra que nas operações mentais de reflexão envolvidas no planejamento, destacam-se as de “identificação, análise, previsão e decisão a respeito: do que, por que, para que, como, quando, onde, com quem e para quem queremos promover uma mudança, em relação a uma determinada realidade”. LINK WEB Para que você possa ampliar seus conhecimentos e perce- ber a necessidade real do planejamento escolar em relação ao de- senvolvimento de todas as ações na escola, indicamos a leitu- ra do texto Planejamento escolar: por que fazer e como reavaliar ao longo do ano letivo? Basta acessar o seguinte link: <https://bit.ly/2AlGHt4>. 3.2. Plano Nacional de Educação e seus reflexos na escola Para que cada gestor escolar possa iniciar as atividades preliminares no intuito de construir o planejamento da sua escola, ele precisa antes de tudo conhecer as políticas educacionais públicas, pois a escola não é uma ilha, e sim parte de um organismo vivo, que é a sociedade, portanto, busca, por intermédio da escola, a satisfação das suas necessidades e dos seus desejos, objetivando garantir o direito público subjetivo à educação para todos, como preconiza a Constituição de 1988. Você precisa compreender que a política educacional pública é considerada uma das principais políticas sociais, pois se refere aos objetivos e às metas de desenvolvimento social fixados pelo Estado para um determinado período de governo. A implementação de uma política educacional só se efetiva quando é validada pelo contexto da prática, quando correspondem às expectativas sociais da comunidade. É preciso compreender que política é uma atividade de cidadãos que se ocupam com assuntos públicos, favorecendo sempre o coletivo e nunca o individual. GESTÃO PEDAGÓGICA 33| Uma das formas pelas quais você pode participar das políticas públicas educacionais é conhecendo o Plano Nacional de Educação, no nível federal, depois o do seu estado. Portanto, para sentir mais de perto a força desse importante instrumento de luta pela melhoria da qualidade da educação brasileira, é necessário conhecer o plano educacional do seu município. Como você já viu anteriormente, o primeiro ensaio relativo a um Plano Nacional de Educação foi criado por Juscelino Kubitschek, porém, foi somente com a promulgação da Constituição Federal de 1988 que ressurgiu a ideia de um Plano Nacional de Educação de longo prazo, como força de lei. A ideia de que haveria a necessidade de uma lei surgiu em 1967, proposta pelo Ministério da Educação, com a finalidade de garantir a estabilidade das iniciativas governamentais na área da educação. O artigo 214 da Constituição de 1988 contempla esta obrigatoriedade. Para reforçar esse entendimento, a Lei nº 9.394, de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, determina o seguinte nos seus artigos 9º e 87, respectivamente: Art. 9º A União incumbir-se-á de: I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. § 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos. Foi dessa forma que surgiu o Plano Nacional de Educação (PNE) e na sequência os planos estaduais e os planos municipais de educação, vigentes em todo o território nacional. O atual Plano Nacional de Educação (PNE - 2014/2024) está garantido pela Lei nº 13.005/2014 e representa um instrumento decenal de planejamento do nosso Estado Democrático de Direito, que orienta a execução e o aprimoramento de políticas públicas educacionais. 34 GESTÃO PEDAGÓGICA | CURIOSIDADE Você sabe por que o Plano Nacional de Educação (PNE) é decenal? O Plano Nacional de Educação (PNE) é decenal por força constitucio- nal, o que significa dizer que ele ultrapassa os 4 anos de cada mandato po- lítico, logo, as metas precisam ser cumpridas pelosgovernos subsequentes. Não se trata, portanto, de um plano a ser seguido apenas por um governo. O Plano Nacional de Educação representa, também, uma vitória da sociedade brasileira, porque legitimou o investimento de 10% do PIB na educação e adotou o custo aluno-qualidade, que foi conseguido devido a uma ampla mobilização popular, por intermédio dos seus legítimos representantes. Em 2014, segundo a Agência Brasileira de Notícias, o governo federal investiu apenas 6%, conforme gráfico a seguir: Figura 07: Investimento público em educação em relação ao PIB (%). Fonte: <https://bit.ly/2KsaKUI>. O cumprimento do Plano Nacional de Educação é objeto de monitoramento contínuo e avaliações periódicas realizadas pelo Ministério da Educação, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Conselho Nacional de Educação e pelo Fórum Nacional de Educação. Em síntese, os referidos planos têm como objetivos: GESTÃO PEDAGÓGICA 35| • A elevação global do nível de escolaridade da população; • A melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; • A redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública; e • A democratização da gestão do ensino público nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a par- ticipação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Em junho de 2018, foi divulgado um relatório do Inep sobre o cumprimento de metas do Plano Nacional de Educação, relatando que das 20 metas, apenas a Meta 13 – Titulação da Educação Superior, na qual estabelece que pelo menos 75% dos professores da educação superior sejam mestres e 35% doutores, já foi atendida plenamente. Em 2016, este índice era de 77,5%. Figura 08: Relatório de monitoramento das metas do Plano Nacional de Educação. Fonte: Inep/MEC <https://bit.ly/2TEwVvg>. Com o Plano Nacional de Educação aprovado, a tarefa de criar os respectivos planos estaduais e municipais de educação se estende aos 26 estados, ao Distrito Federal e a todos os municípios, que deverão abrir amplas possibilidades de participação da sociedade, algo necessário para legitimá-los. 36 GESTÃO PEDAGÓGICA | • Planos Estaduais de Educação – PEE: precisam ser produzidos, debatidos e aprovados em sintonia com o Plano Nacional de Educa- ção; • Planos Municipais de Educação – PME: também deverão estar em sintonia com o Plano Nacional de Educação e alinhados com os respectivos planos estaduais aos quais pertencem. Além disso, o PNE tem vinculação de recursos para o seu financiamento, com prevalência sobre os planos plurianuais, as leis dos orçamentos anuais e as leis de diretrizes orçamentárias da União, estados, Distrito Federal e dos municípios, com a finalidade de garantir o cumprimento das suas metas por meio dos recursos vinculados à educação em todas as esferas governamentais. A comunidade como um todo deve estar vigilante ao cumprimento das metas dos planos: nacional, estaduais e municipais, pois só assim ela pode garantir o seu direito de participação e de zelar pelo cumprimento dos seus direitos educacionais. Os instrumentos legais citados em todo o desenvolvimento deste trabalho legitimam a participação popular em todas as fases do processo educativo, inclusive no controle social e acompanhamento da correta aplicação dos recursos por meio da criação dos conselhos de controle social. Você, como cidadão, pode participar. Procure saber, no seu município, quando acontecerão as próximas audiências públicas para acompanhar o desenvolvimento, a execução e o cumprimento das metas do Plano Municipal de Educação e exercer sua cidadania em prol de uma educação de qualidade para todos. LINK WEB Como sugestão, você pode acompanhar o desenvolvimento e o cumpri- mento das metas do Plano Nacional de Educação e as de cada estado e municí- pio por meio do link a seguir: <https://bit.ly/1LbKbfN>. . GESTÃO PEDAGÓGICA 37| PRATIQUE 1) Descreva as principais contribuições da primeira escola pública para a inova- ção da educação brasileira. 2) Relate os principais objetivos do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932. 3) Fale sobre a primeira escola pública de educação integral do Brasil, idealizada por Anísio Teixeira. 4) Descreva as formas mais comuns, existentes hoje no Brasil, para a nomeação dos diretores escolares nas escolas públicas. 38 GESTÃO PEDAGÓGICA | 5) Escreva sobre o princípio da gestão democrática. 6) Relate como surgiu o planejamento educacional. 7) Qual a importância do planejamento participativo no contexto escolar? 8) O que é o Plano Nacional de Educação (PNE) e quais os seus desdobramen- tos? 9) Escreva três objetivos do Plano Nacional de Educação (PNE). GESTÃO PEDAGÓGICA 39| 10) O Plano Nacional de Educação (PNE) possui 20 metas para o decênio de 2014/2024. Qual meta já foi atendida plenamente? RELEMBRE Nesta unidade, refazendo o caminho percorrido pela escola brasileira, você pôde observar como as mudanças educacionais ao longo dos anos ocorre- ram de forma lenta e como elas foram impactantes para a sociedade, especial- mente com a criação da primeira escola pública e da primeira escola de período integral, com propostas pedagógicas inovadoras e extremamente arrojadas para a época. O mais importante é que nesse caminhar pela história da educação do Brasil, você conseguiu acompanhar as mudanças ocorridas na escola, na comu- nidade escolar e na sociedade e pôde entender que elas foram motivadas por cidadãos idealistas, que lutavam pela transformação da escola e da sociedade. Você teve a oportunidade de perceber como o fazer pedagógico da escola mudou durante todos esses anos e como a educação precisou se reinventar para atender aos anseios e às necessidades da sociedade em transição. E, finalmente, você conseguiu dados que o fez se conscientizar acerca da dívida social em relação àqueles que não tiveram oportunidade de estudar na idade apropriada e que hoje aparecem nas estatísticas como analfabetos. Tam- bém viu que a responsabilidade de resolver tal situação não pertence apenas ao poder público, mas também a cada cidadão, que deve fazer a sua parte para ajudar a transformar a vida dessas pessoas. É importante que você tenha em mente que as escolas precisam criar mecanismos para atrair essas pessoas e resgatar a cidadania delas, visto que elas destinaram grande parte da sua vida produtiva ao desenvolvimento do nos- so país. Educação é, pois, uma questão de direitos, de cidadania. 40 GESTÃO PEDAGÓGICA | REFERÊNCIAS BEGLIOMINI, Helio. Antonio Caetano de Campos (Cadeira nº 95 – Pa- trono). Academia de Medicina de São Paulo. Disponível em: <https:// academiamedicinasaopaulo.org.br/biografias/16/BIOGRAFIA-ANTONIO- -CAETANO-DE-CAMPOS.pdf>. Acesso em: 10 nov. 2018. 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ANOTAÇÕES 44 GESTÃO PEDAGÓGICA | Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r w w w .U ni AT EN EU .e du .b r Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Messejana, Fortaleza – CE CEP: 60871-170, Brasil Telefone (85) 3033.5199 Rua Coletor Antônio Gadelha, Nº 621 Telefone (85) 3033.5199 Gestão Pedagógica Autoria Legina Carmem GESTÃO PEDAGÓGICA SEJA BEM-VINDO! ReitoR: Prof. Cláudio ferreira Bastos Pró-reitor administrativo financeiro: Prof. rafael raBelo Bastos Pró-reitor de relações institucionais: Prof. Cláudio raBelo Bastos diretor de oPerações: Prof. José Pereira de oliveira coordenação Pedagógica: Profa. Maria aliCe duarte G. soares coordenação nead: Profa. luCiana r. raMos duarte Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, total ou par- cialmente, por quaisquer métodos ou processos, sejam eles eletrônicos, mecânicos, de cópia fotos- tática ou outros, sem a autorização escrita do possuidor da propriedade literária. Os pedidos para tal autorização, especificando a extensão do que se deseja reproduzir e o seu objetivo, deverão ser dirigidos à Reitoria. expediente Ficha técnica autoria: leGina CarMeM Pereira suPervisão de Produção nead: franCisCo Cleuson do nasCiMento alves design instrucional: antonio Carlos vieira Projeto gráfico e caPa: franCisCo erBínio alves rodriGues / MiGuel José de a. Carvalho diagramação e tratamento de imagens: MiGuel José de a. Carvalho revisão textual: eManoela de araúJo FichacatalogRáFica catalogação na publicação biblioteca centRo univeRsitáRio ateneu PEREIRA, Legina Carmem. Gestão pedagógica. / Legina Carmem Pereira. – Fortaleza: Centro Universitário Ateneu, 2019. 156 p. ISBN: 1. Administração escolar. 2. Gestão escolar democrática. 3. Organização escolar. 4. Escola participativa. Centro Universitário Ateneu. II. Título. SEJA BEM-VINDO! Caro estudante, é com satisfação que apresento o material didático da disciplina de Gestão Pedagógica. Ao efetuar o estudo do material, você terá condições de responder as atividades propostas no Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. Este livro está dividido em quatro unidades de acordo com a ementa da disciplina. Inicialmente, serão abordados assuntos como a escola e seu fazer pedagógico, momento no qual você terá a oportunidade de fazer um resgate histórico da administração escolar, tendo como foco o papel da escola na transformação social. Em seguida, você conhecerá os desafios da nova dinâmica da gestão escolar em face à implantação da gestão democrática e participativa, tendo a elaboração, execução e avaliação do Projeto Político-Pedagógico (PPP) como integrador da Proposta Pedagógica de cada escola, com a participação da comunidade como um todo. Nesse contexto, você conhecerá duas experiências inovadoras da década de 1950, que mesmo contrariando os princípios educacionais da época, foram ousadas e conseguiram transformações sociais importantes na comunidade onde estavam inseridas. Finalmente, você terá condições de conhecer e avaliar os instrumentos essenciais que o gestor escolar dispõe para efetuar a prática da gestão democrática na escola. Bons estudos! SUMÁRIO CONECTE-SE ANOTAÇÕES REFERÊNCIAS Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem e significam: SUMÁRIO 1. A administração escolar e a transformação social .............................................. 8 2. O caráter conservador na administração vigente .......................................... 17 3. A natureza do processo de produção pedagógica ........................................................... 29 Referências ............................................................... 40 01 1. A importância do projeto político-pedagógico para a escola ......................................................... 46 2. O projeto político-pedagógico e a lei de diretrizes e bases da educação nacional – LDB ................... 56 3. Construindo a identidade da escola no seu projeto político-pedagógico .................................... 68 Referências ............................................................... 77 02 A GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA COMO PRINCÍPIO A ESCOLA E SEU FAZER PEDAGÓGICO 1. O projeto político-pedagógico na perspectiva do planejamento participativo .............................. 122 2. A participação dos profissionais da educação e o papel dos conselhos de escola ...................... 126 3. Gestão participativa no contexto escolar ............. 135 Referências ............................................................. 153 04 A ESCOLA PARTICIPATIVA 1. O regimento escolar e o plano de direção............. 82 2. O papel do coordenador pedagógico – supervisor escolar ............................................. 96 3. O compromisso e acompanhamento dos resultados pelo diretor – gestão por resultados . 103 Referências ............................................................. 117 03 A ESCOLA E A SUA ORGANIZAÇÃO Apresentação No decorrer desta unidade, você ampliará seus conhecimentos sobre a implantação da gestão democrática e participativa na escola, tendo a oportunidade de entender como a transição de um modelo estático para um modelo dinâmico de gestão pode ocorrer. Também verá que a gestão democrática e participativa está sendo consolidada com base nas relações interpessoais dentro das escolas, no esforço coletivo pela busca de objetivos comuns, assumidos por todos no processo educacional. Nesse processo, cada integrante tem voz e vez nas tomadas de decisões, assumindo autoria e compartilhando a responsabilidade pelas ações desenvolvidas e pelos resultados obtidos, gerando um novo enfoque organizacional na escola. É nessa perspectiva, portanto, que a gestão escolar se destaca, valorizando a formação de lideranças, motivando o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades e atitudes fundamentadas em novas concepções, colocadas em prática na elaboração, execução e avaliação do Projeto Político-Pedagógico (PPP) das escolas, representando o suporte da autonomia, construída coletivamente. Para efetivar essa realidade, é preciso compreender a gestão democrática como um princípio, que deve estar na raiz de todos os objetivos, metas e ações desenvolvidas na escola. Unidade 02 a gestão escolar democrática como princípio 46 GESTÃO PEDAGÓGICA | OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Conhecer os mecanismos e a práxis da gestão democrática e participativa na escola; • Compreender a importância dos instrumentos legais que legitimam e garan- tem a gestão democrática da escola; • Valorizar a cooperação da comunidade escolar e local na construção coletiva do Projeto Político-Pedagógico, da Proposta Pedagógica e do Regimento Es- colar. 1. a importância do projeto político-pedagógico para a escola Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara as democracias. Essa máquina é a da escola pública. Anísio Teixeira Nos últimos anos, uma nova escola está sendo construída por toda a comunidade, escolar e local. A autonomia e a democratização da gestão escolar surgem como uma nova ordem, marcada por avanços teórico- práticos em seus mais diversos aspectos. Ao observar como a escola pública surgiu e como ela foi se transformando para atender às necessidades humanas ao longo dos anos, você terá elementos para analisar e refletir sobre os diversos conceitos pedagógicos. Não se trata de avaliar os modelos como certos ou errados, pois cada um teve o seu valor histórico na sua época e que precisa ser respeitado enquanto processo de caminhada da consciência humana. Foram exatamente esses mecanismos de transição que possibilitaram que a história fosse constantemente feita e refeita, podendo ser vista como um processo dinâmico e contínuo. GESTÃO PEDAGÓGICA 47| No caso da gestão democrática, ela se fundamenta na participação efetiva, sob vários aspectos, nos vários segmentos da comunidade, escolar e local, sob vários aspectos, como na organização, construção e avaliação dos projetos pedagógicos, na administração dos recursos e em todos os processos decisórios da escola. A gestão democrática é a expressão de um aprendizado de participação coletiva, pautado na cooperação, na solidariedade, na convivência e no respeito às diferenças individuais e, principalmente, no respeito às divergências de pensamentos, opiniões e crenças. Nesse contexto, o Projeto Político-Pedagógico da escola é fortalecido pela gestão escolar democrática e participativa, visto que oportuniza a construção coletiva de autonomia da escola, pois envolve a participação de toda a comunidade, em que cada um pode ser ouvido. Sendo assim, as reivindicações de cada pessoa podem ser analisadas e colocadas em prática, respeitando-se as necessidades da escola. Toda escola tem objetivos a alcançar, metas a cumprir e desejos que busca realizar, logo, esses são os elementos essenciais do Projeto Político- Pedagógico. Para você entender melhor esse importante instrumento de gestão, é preciso conhecer os seus termos, contextualizando-os no processo de gestão: • Projeto: reúne as propostas de ações concretas que serão executadas em um determinado período de tempo; • Político: considera a escola como um espaço de formação de cida- dãos responsáveis e conscientes, que atuarão de forma pessoal ou coletiva, para mudar os rumos da realidade local. É especialmente político porque envolvem pessoas que convivem em uma determinada
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