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TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS Francisco A. Santos SUMÁRIO Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU- PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for- ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETOR DE ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) Rafael Giovanella Desenvolvido pela equipe de Criações para o Ensino a Distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Julia Oliveira, Thaís Munhoz Revisora Victoria Menegat Meneguzzi MODELOS E NEGÓCIOS 4 O NOVO CONSUMIDOR 5 ADAPTABILIDADE 12 STARTUPS 17 SCALE-UPS 19 NEGÓCIOS 2,5 22 ECONOMIA CRIATIVA 25 CONCLUSÃO 29 SÍNTESE 31 3TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS APRESENTAÇÃO Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina de Tópicos Contemporâneos! “Acho que não estamos mais no Kansas,” disse Dorothy, ao aterrissar em Oz (O Mágico De Oz, 1939). Ela estava certa! Nós, definitivamente, não estamos mais no Kansas de 1939, tampouco em Oz. As forças que empurraram as práticas comerciais do século 20 foram completamente transforma- das pela tempestade da conectividade. Fomos transportados para uma nova era, impulsionada pelos serviços, pela inova- ção e pela experiência O mundo nunca mais será o mesmo! E muitos já chamam este momento de reset. Há um grande desejo coletivo de apagar o passado de entraves, e começar do zero. O momento atual, após termos pressionado o botão reset, nada mais é do que um momento de test drives, como afirma Yuval Harari. O tempo urge por soluções imediatas, e por isso, somos impulsionados pela onda da mudança para criar futuros mais favorá- veis, ágeis e colaborativos. A unidade OS NOVOS MODELOS E NEGÓCIOS aponta, de forma sucinta, novos caminhos para o mo- mento pós reset, através de novas formas e interpre- tações para projetos e empresas. Na unidade AGILIDADE E CRIATIVIDADE, ex- ploramos conceitos e ferramentas que nos ajudarão nessa empreitada, ainda turva e indefinida. Uma coi- sa é certa: precisamos nos preparar. Não estamos em Oz, tampouco no Kansas, mas nesse novo momento da humanidade o lugar pouco importa; o conhecimento é a fronteira. O conheci- mento é nosso limite! “A genialidade, esse poder que deslumbra os olhos humanos, não é outra coisa senão a perseverança bem disfarçada.” Johann Goethe 4 MODELOS E NEGÓCIOS 5TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Nessa unidade, observaremos alguns dos novos modelos de pensamento para negócios e projetos. São novas maneiras de ver o mundo, e de pensar sobre as velhas ideias. Também compreenderemos a importância de um mindset adaptativo, tão necessário em um mundo VUCA, entre outras coisas. Como cereja para o nosso bolo, refletiremos sobre a criação de times mais colaborativos. O NOVO CONSUMIDOR Qual a sua idade? Você já parou para se perguntar a qual geração você pertence ,e quais os valores que a sua geração sustenta? Ainda não? Pois deveria. É muito importante conhecermos tudo o que define nossa geração. Os valores geracio- nais demandam muito sobre diversas questões, tais como produção, serviços, comunicação, linguagem etc. É essencial conhecermos nossa geração, para alinharmos nossas propostas. A população do planeta é impulsionada por um verdadeiro tsunami de jovens. Se le- varmos em conta que a Geração Z (nascidos entre 1994 e 2009) veio para subverter radi- calmente os valores que conhecemos, esse tsunami populacional afetará substancialmente as bases das relações de troca, pautadas, principalmente, pelo consumo. Uma mudança em três instâncias alterará o perfil de consumo desses jovens e, consequentemente, muitos có- digos sociais que afetarão toda a nossa sociedade, tais como: • capacidade de transmissão de dados (velocidade); • linguagem (imagens mais que palavras); • valores (ativismo e novas moedas: o tempo). A alta velocidade de internet, aliada à nova tecnologia do 5G, aumentarão o impacto das informações transmitidas no mundo e, consequentemente, o poder dado a quem as transmite. Graças a essa capacidade, é natural que as principais fronteiras da comunica- ção, tais como o idioma e os códigos culturais, se flexibilizem e deem espaço para lin- guagens universais. A maioria dos usuários optará por imagens e personagens, em subs- tituição a palavras, como formas de comunicação. Esse movimento é facilmente notado pelo amplo uso de memes e emojis; já foi gerada, inclusive, uma Emojipedia. Qualquer semelhança com a era pré-histórica não é mera coincidência, afinal, no cerne da comu- nicação, reside a vontade de traduzir pensamentos em símbolos. Trata-se de um resgate da essência da comunicação humana. A forma como as pessoas trabalham nunca mais será a mesma, tampouco a forma de consumir produtos e serviços. A demanda por serviços digitais será cada vez maior; as fronteiras entre os mundos online e offline desaparecem, pouco a pouco. Os dois mundos são intercambiáveis. Novas tendências, novos desafios! 6TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Essa velocidade e essa universalidade de códigos, que derrubam barreiras cog- nitivas, acabam também por agrupar pessoas segundo seus valores e preferências. Identificar-se com a causa de outra pessoa é uma das molas propulsoras da viralização, que tão bem caracteriza as redes sociais digitais. Some a isso a onipresença de devices móveis, para chegar a uma verdadeira era do ativismo, na qual pessoas se concentram com facilidade em torno de interesses comuns e ganham poder de mobi- lização. Essa tendência afeta estruturas sociais importantes, chegando ao ponto de oferecer alterna- tivas ao próprio capitalismo, como economia compartilhada e o chamado capitalismo comunitário. Tudo isso está acontecendo porque estamos diante de novas gerações de jovens (Millennials, Z e, em breve, Alpha). Esses indivíduos desconfiam das instituições, e estão exigindo transparência de empresas e marcas, sob pena de mudarem suas atitudes via consumo caso não vejam um valor social no que as companhias entregam. Os Millennials, junto com os membros da Geração X, estão sendo acometidos pelos excessos da hiperconexão. Eles estão sendo cobrados a ponderar sobre o excesso de trabalho em que mergulha- ram, graças ao acesso always on e on demand que a qualidade de transmissão de dados proporcionou. É como se os humanos tivessem absorvido as características das máquinas, sofrendo uma espécie de machine learning invertido; tal processo nos deixa hiper ligados ao que está́ acontecendo, e nos causa um extremo medo de perder alguma informação ou evento, o chamado FOMO (fear of missing out, li- teralmente, “medo de perder”). Surgiu uma necessidade, urgente e geral, de diminuir a distração, a fim de focar no que realmente importa (o que podemos definir como mindfulness, ou atenção plena). A prática em questão deve reduzir os níveis alarmantes de ansiedade a que estamos expostos. 7TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO A ERA DA TRANSMISSÃO Stream Team, em inglês, é o nome dado a um grupo de consumidores que são poli- glotas das mídias sociais, cidadãos “glocais” (globais em sua localidade), e desbravado- res do conhecimento. Eles estão testando o novo filtro do Instagram, gravando um vídeo para o Tiktok e organizando um protesto, simultaneamente. Por quê? Porque ver o mundo através da tela de um smartphone deu a eles o poder - e a vontade - de transformá-lo em um lugar melhor. Muitas pessoas se sentem, cada vez mais, multilocais: se identificam e se definem por uma fusão de lugares, experiências e culturas.A mentalidade multilocal é influenciada pela expansão do acesso às viagens internacionais e às mídias digitais, mas o principal fa- tor é a ascensão da linguagem visual. Imagens e personagens vêm substituindo as palavras e, por consequência, a linguagem, o que derruba as fronteiras cognitivas que restavam na internet. As pessoas falam através de emojis, leem por memes e escrevem com símbolos. Um outro ponto são as transmissões ao vivo, que estão devolvendo o poder para os indiví- duos, em pequenos ou grandes grupos. Qualquer pessoa, com um smartphone, pode transmitir ao vivo um episódio de injustiça para o mundo. Como exemplo disso, pode-se citar o episódio ocorrido com o americano George Floyd, em 25 de maio de 2020, estrangulado por um policial que ajoelhou em seu pescoço durante uma abordagem. A ocorrência, vista pelo mundo inteiro, desencadeou uma onda de protestos contra o racismo e todas as suas vertentes. É a ‘era do ativismo’, que vem desafiando as injustiças sociais e ambientais, e para a qual o smartphone é a arma mais poderosa. ATIVISMO DIGITAL > ATIVISMO ANALÓGICO A ‘era do ativismo’ desafia as injustiças sociais e ambientais, pois nela, “o smartphone é uma poderosa arma”. A influência do smartphone tornou-se evidente na segunda década do século XXI – seja por um desafio que envolve virar um balde de gelo na própria cabeça (lem- bram do “desafio do balde de gelo”, de 2014, relativo a uma campanha beneficente?), seja pelo compartilhamento de um link de apoio a um novo partido político. A era do ativismo vai muito além do digital; embora os indivíduos sejam motivados por e organizados em redes sociais, os movimentos acontecem, posteriormente, no mundo físico, analógico. Os protestos não são novidade, mas a participação multigeracional é um fator de diferenciação. O analista político Derek Thompson observa que “as decisões políticas mais significativas surgem sempre em nível local e estadual”. Os Millennials, simplesmente, não tinham o hábito de ir votar; um es- tudo apontou a idade média dos eleitores norte-americanos como sendo de 60 anos. Depois da campanha presidencial americana, em 2016, a maioria dos eleitores, sobretudo os Millennials, percebeu a importância das eleições locais. 8TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO No Reino Unido, mais de um milhão de jovens britâni- cos se registrou para votar nas eleições, desde o Brexit. Nos EUA e no Reino Unido, as passeatas, os protestos e a partici- pação nos eventos cívicos locais não param de crescer. No Brasil, o smartphone não somente foi o responsável pela digitalização das classes socioeconômicas menos favo- recidas, como permitiu que muitos cidadãos descontentes denunciassem desde tiroteios (como é o caso dos apps “Fogo cruzado” e “Onde tem tiroteio”) até assédios em transportes públicos (HelpMe). Representa um tipo importante de inclu- são, que dá poder ao indivíduo, independentemente do seu acesso a tomadores de decisão ou a serviços de qualidade. Fora isso, o ativismo em sua forma mais óbvia, o qual vimos nascer em 2013, como o movimento “Vem pra rua” (difun- dido pelo Facebook), teve suas semelhanças com o ‘pai de todos’, a Primavera árabe (difundido pelo Twitter). Desde então, brasileiros convocam encontros e protestos pelas re- des sociais, com a certeza do potencial que a internet tem para reunir as massas com uma rapidez impressionante. Vi- mos o poder disso durante a paralisação dos caminhoneiros, em maio de 2018, protagonizada pelo WhatsApp. 9TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO CAPITALISMO COMUNITÁRIO A economia compartilhada chegou para ficar, e segue promovendo mu- danças no status quo. Com uma estimativa de crescimento global de US$ 335 bilhões até 2025, esse segmento tem tudo para causar ainda mais impacto no modelo econômico centrado nas grandes corporações. Como resultado disso, uma diferente face do capitalismo chama a atenção dos consumidores: o capitalismo comunitário. Trata-se de um novo modelo econômico, que terá efeitos a longo prazo nas regulamentações governamen- tais, no planejamento cívico e no futuro do trabalho e do desenvolvimento re- gional, ou seja, modificará todos os setores de nossas vidas. Grande parte dessa percepção é gerada pela modificação de comportamen- to do consumidor. Com o crescimento de tendências como o consumo local, por exemplo, a empatia é o ponto de decisão no momento da compra; as pessoas ga- rantem preferência aos produtos e serviços de origem conhecida, aumentando a lucratividade de pequenos produtores ao invés de grandes marcas, e valorizan- do o trabalho local de pequenos centros urbanos e rurais. Ao optar por um produto do produtor local, em vez da marca industriali- zada disponível no mercado, o consumidor interrompe a cadeia tradicional de consumo e inicia essa nova modalidade de capitalismo através da comunidade. Os imperfeccionistas também auxiliam nessa mudança de comportamento. Preferindo itens “im- perfeitos”, seja na parte da matéria-prima ou do acabamento, eles incentivam a compra de produtos produzidos artesanalmente, através das mãos do produtor, e não de máquinas de última geração pre- sentes em grandes indústrias. O artesanal - tendência já em evidência nos últimos anos -, gera esse mecanismo de consumo com a valorização de cada produto individualmente e de seu produtor. 10TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO O medo de uma dependência da tecnologia leva um grupo de indivíduos a sugerir que a vida deve ser otimizada por esses avanços, não consumida por eles. Gostemos ou não, estamos em um caminho sem volta no que se refere à depen- dência da tecnologia. Os níveis cada vez maiores de vício em smartphones, um declínio nas habilidades sociais e a dependência geral do GPS (um estudo de 2016 apontou que 67% das pessoas entre 18 e 44 anos não consegue entender um mapa físico ) mostram que estamos dispostos a trocar o controle pela conveniência. Twitter, Facebook e as demais redes sociais sofrem considerável pres- são para lidarem com conteúdo negativo de modo mais responsável; acuado, o Facebook está incorporando, aos poucos, a empatia. Depois de encomendar uma pesquisa para entender como a plataforma afeta as pessoas, em 2018, a empresa implementou mudanças em seu feed de notícias. O conteúdo passivo foi reduzido (anúncios, vídeos e artigos), de modo a priorizar as postagens de usuários e seus amigos. Hiperconectadas, as gerações X e Y estão ocupadas demais com produtividade para terem tempo para processar emoções. Vivemos em um mundo infinito, onde as coisas nunca terminam. Há sem- pre mais e-mails, reuniões e prazos, que resultam em um sentimento de pressão para se fazer tudo, e levam as pessoas a se sentirem desgastadas e distraídas. David Polgar, expert em mídias digitais, disse, durante um TED, que “a internet está transbordan- do de humanos agindo como robôs”. Isso é especialmente verdadeiro para as gerações X e Y, que estão ocupadas demais para processar as emoções, em meio a um verdadeiro culto à produtividade. A necessi- dade de estar sempre conectado ao trabalho causa impactos em nosso bem-estar. É como se os humanos tivessem absorvido as características das máquinas, uma espécie de machine learning invertido. O VUCA (VOLÁTIL, INCERTO, COMPLEXO, AMBÍGUO) Um problema complexo não se resolve de forma linear. Todos nós expressamos uma certa difi- culdade de pensar em modelos e cenários que incluem incerteza, assim como em identificar proble- mas e formular soluções que contemplam algum grau de incerteza. 11TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Alguns estudiosos definiram como V.U.C.A. as 4 características que estão intrinseca- mente ligadas ao mundo contemporâneo. Elas ajudam explicar toda essa sensação de dis- rupção maluca que vivemos. O V.U.C.A também pode ser utilizado como uma maneira de avaliar as tomadas de decisões, garantindo uma maior efetividade. • V para Volatility (volatilidade):é importante ter em mente que tudo muda, e muda rá- pido demais; • U para Uncertainty (incerteza): tudo que parece ser estático, não é. A única certeza é que há incertezas que precisam ser consideradas; • C para Complexity (complexidade): cada vez mais, nos depararemos com situações complexas, cuja solução, provavelmente, está nas entrelinhas, ou na relação entre to- das as partes que compõem o problema; • A para Ambiguity (ambiguidade): para cada luz, há uma sombra. Tudo tem dois lados, que se tornam cada vez mais evidentes em determinadas situações. O VUCA é a cara do nosso tempo! É fruto dos conceitos de uma geração inquieta, que vê nas incertezas um potencial para novas descobertas. Nesse mundo incerto, algumas ha- bilidades são necessárias e urgentes. A seguir, estão três importantes habilidades para lidar com a volatilidade presente nesta década: • Resolução de problemas complexos - o nosso mundo enfrenta problemas extre- mamente complexos. A capacidade de reconhecer o problema atrás do problema, de olhar para uma questão sob diferentes perspectivas e de criar estratégias efetivas para resolver situações novas e mal definidas em cenários complexos do mundo real, irá lhe diferenciar. • Letramento digital - a tendência do mundo é a digitalização e a desmaterialização. É importante saber o que fazer com as novas tecnologias, e não apenas saber operá-las. Significa tomar decisões inteligentes para usar as tecnologias a seu favor, aumentan- do sua produtividade e desempenho. • Pensamento adaptativo - o futuro será marcado pela volatilidade, imprevisibilidade e complexidade e você terá que ser capaz de se adaptar e responder a circunstâncias novas e inesperadas quase que diariamente. Essa atitude de adaptação também lhe possibilitará cumprir tarefas completamente diferentes umas das outras, conforme as demandas forem surgindo. • Cone de futuros - pensar sobre o futuro não deve ficar restrito aos futuristas profis- sionais. O pensamento futuro nos fez e nos faz evoluir como espécie. À medida que mais pessoas e organizações começam a vivenciar situações dentro de múltiplos futu- ros alternativos, mais valiosos serão os insights para criar um plano estratégico dinâ- mico, tanto para a tomada de melhores decisões em contextos de maior complexidade e volatilidade, quanto para a expansão de oportunidades. 12TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO A ilustração mostra o Future’s Cone, instrumento que mimetiza um olho, representando o nosso espectro de visão, relacionado às múltiplas possibilidades de futuros alternativos. Circunstâncias excepcionais, como as do COVID- 19, exigem uma mistura de coragem, clareza e humildade. Os maiores inimigos de uma boa tomada de decisão em tempos de crise não são a incerteza, nem a ambiguidade, mas excesso de confiança, procrastinação e dados incompletos ou tendenciosos. Criar cenários e antecipar possibilidades futuras pode atenuar o risco de cair na armadilha da confiança excessiva e também diminuir a hesitação, quando você tem uma estrutura lógica para desafiar e validar premissas. É vital avaliar o fluxo de caixa e as previsões financeiras de alguns cenários escolhidos. Esses cenários podem ajudar a antecipar mudanças no mercado em que você atua, com uma previsão sobre expectativas e engajamento de clientes/ consumidores, evolução tecnológica e do modelo de negócios. As novas gerações, certamente, estão mais alinhadas com os cenários futu- ros, trabalhando bem o presente, construindo novos valores. ADAPTABILIDADE O Futures Cone e seu conceito de futuros “P” (Possível, Plausível, Provável e Preferencial), também chamado de Cone de Plausibilidade ou Futures VuvuzelaTM. Crédito da ilustração: Voros, 2001. Em um contexto VUCA, a adaptabilidade é uma palavra que descreve as habilidades necessárias para se ter sucesso, seja na esfera profissional ou pessoal. Em um mercado profundamente influenciado pela lógica digital – de fragmentação e mudanças em alta velocidade, faz sentido que a capacidade de adaptação fique em evidência, sendo, até mesmo, um ponto crítico para sobreviver às reviravoltas. 13TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Se, há algumas décadas, competência técnica e inteligência bastavam para ter uma carreira promissora, hoje, é necessário investir em atributos comportamentais e emocio- nais para alcançar bons resultados; um dos mais urgentes é a adaptabilidade. A adaptabilidade é a capacidade de se adaptar diante de novos cenários ou transfor- mações. Trata-se de uma qualidade que pode ser aplicada em diversos campos de estudo. Na biologia, a disciplina retoma a teoria da evolução ao citar a adaptabilidade como caracterís- tica ou comportamento natural, usado para tornar um organismo capaz de sobreviver em determinado habitat. Esse conceito serve como base para compreender a adaptabilidade sob outros pontos de vista, como uma resposta às mudanças. “A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão, com certeza, perder o futuro.” John F. Kennedy, 35° presidente dos Estados Unidos. De uma coisa, todos nós podemos ter certeza: as mudanças virão. É difícil conviver com a incerteza quanto ao futuro, certo? Ninguém gosta. Mas resistimos a elas de forma inútil, como os taxistas protestaram contra o Uber há alguns anos. Podemos resistir por um certo tempo, mas a mudança virá, inevitavelmente. Quando desenvolvemos a adaptabilidade, somos capazes não apenas de aceitar as mu- danças, mas de aprender com elas e enxergar seus pontos positivos. Em resumo, a adapta- bilidade te permite vislumbrar o mundo a partir de uma perspectiva otimista. A IMPORTÂNCIA DA ADAPTABILIDADE Flexibilidade e adaptabilidade são competências cada vez mais valorizadas no am- biente corporativo. Afinal, o mercado está em constante transformação, em especial nas últimas décadas, quando se instaurou a era digital. As mudanças impactaram de modo irreversível não só a comunicação e as relações humanas, mas também a maneira de tra- balhar. Para se ter uma ideia, já faz alguns anos que estudiosos do tema propuseram o conceito de QA, ou quociente de adaptabilidade. Semelhantemente ao QI (Quociente de Inteligência) e ao QE (Quociente de inteligência Emocional), o QA mede o nível de adap- tabilidade do profissional perante diferentes cenários, inclusive os mais adversos. O QA envolve um conjunto de habilidades, que possibilitam deixar ideias obsoletas para trás, identificar o que é relevante e tirar proveito da situação atual. Dentre os atribu- tos que dão base a um perfil profissional com adaptabilidade, vale citar: • a flexibilidade: o nosso famoso “jogo de cintura” para lidar com diferentes situações; • a curiosidade: busca e interesse por novidades; • a coragem: capacidade que permite a superação do medo e enfrentamento das mudanças; • a resiliência: habilidade para superar crises e dificuldades, sem perder os valores e a essência. 14TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO: A ERA DIGITAL Globalização, inovações tecnológicas e culturais marcam o século XXI, desde o seu iní- cio. Vivenciamos uma flexibilização nas regras, contratos, legislação e na própria forma de trabalhar, com ascensão dos serviços sob demanda, home office e profissionais autônomos. A lógica do século XX, que seguia normas rígidas, partindo de empregos com carteira assi- nada, necessidade de bater ponto, horário fixo e ambiente formal ficou para trás, abrindo um leque de possibilidades. No entanto, essas novidades se traduziram em barreiras para quem já estava no mercado e trabalhou, por anos, sob essas regras. De repente, essas pessoas perderam o emprego ou precisaram se reinventar para man- ter a posição no mercado, desaprendendo muitos dos conceitos que norteavam sua carrei- ra. Nesse contexto, saiu na frente quem investiu na adaptabilidade, vislumbrando novas chances para aprender e melhorar o relacionamentointerpessoal, além de delegar tarefas repetitivas às máquinas e sistemas. Grande parte das transformações deste século é proveniente da chamada era digital, que teve início com a popularização dos computadores e da internet. Inicialmente restritas a centros de pesquisa e grandes corporações, essas ferramentas conferiram empoderamen- to aos usuários, derrubando barreiras geográficas e aproximando pessoas por todo o mundo (ver capítulo sobre o ativismo digital). Além do efeito nas comunicações, a era digital intro- duziu novos “trabalhadores” ao mercado: as máquinas. Algoritmos, big data, internet das coisas e inteligência artificial já estão presentes em muitos locais e serviços, e a tendência é que, em um futuro breve, os robôs substituam os humanos – especialmente na execução de tarefas operacionais. Uma das previsões a res- peito disso cita que 10 a 40% dos empregos atuais serão realizados pelas máquinas. No setor de serviços, os robôs já fazem a análise de dados, identificando padrões, por exemplo, em documentos jurídicos, para auxiliar o trabalho em escritórios de advocacia. Isso significa que uma parte do trabalho será realizada pelas máquinas, com a expec- tativa de maior agilidade e assertividade. 15TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Outro setor que já vivencia os efeitos da era digital no trabalho é a in- dústria, profundamente impactada pela automação e substituição de mão de obra por robôs em suas linhas de produção, fenômeno que exigirá maior qua- lificação e adaptabilidade dos funcionários. É necessário que os profissionais se adaptem, aprimorando as competências técnicas e comportamentais para manter seu espaço no mercado. Já a adaptabilidade organizacional é a capacidade que uma empresa tem de quebrar paradigmas, desafiar os limites e mudar seus métodos, processos, visão e, em alguns casos, missão. Para serem bem-sucedidas na era digital, as organizações precisam encontrar formas mais eficientes, seguras e rápidas de atingir seus objetivos, o que implica em mudança constante; daí a necessida- de de que devolvam a adaptabilidade. A adaptabilidade na esfera empresarial compreende dois atributos prin- cipais: capacidade de mudar e flexibilidade. • A capacidade de mudar envolve a identificação da necessidade de mudan- ça e a implantação da mudança, quando a estratégia é colocada em prática. • Já a flexibilidade é exercitada através da prontidão para resposta, com a revisão de estratégia e tomada de decisão de modo ágil, a fim de acompa- nhar as transformações do mercado e manter a empresa competitiva. CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO Pessoas naturalmente curiosas e corajosas têm um perfil mais compatível com a flexibilidade, saindo na frente na busca pela adaptabilidade. Entretanto, ela pode ser desenvolvida e aprimorada por qualquer indivíduo, desde que esteja disposto a superar suas crenças limitantes, confrontar o seu mindset e vivenciar o novo. As crenças limitantes são pensamentos consolidados ao longo da vida, que impedem o cresci- mento na esfera profissional ou pessoal. Elas costumam se basear em uma única distorção ou experiên- cia ruim, que é tomada como padrão e argumento para impor limites ao indivíduo. Essa limitação pode ter raiz em uma experiência frustrada de liderança, por exemplo, durante a coordenação de um projeto que não rendeu os resultados esperados. 16TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Uma boa tática para superar as crenças limitantes é começar a questioná-las de modo ra- cional, colocando seus fundamentos em xeque; afinal, ter falhado uma ou algumas vezes não sig- nifica que falharemos em todas elas. Confira, abaixo, outras dicas valiosas para desenvolver a capacidade de adaptação profissional. Emoções > Falamos, mais acima, sobre o quociente de inteligência emocional (QE), que reúne um grupo de características comportamentais usadas para gerenciar as emoções. Essas qualidades são úteis para desenvolver a adaptabilidade, uma vez que é necessário controlar as emoções para se adaptar, em especial a cenários adversos. A gestão da emoção começa no autoconhecimento e na compreensão de que elas são res- postas irracionais e automáticas. O importante é saber o que está provocando as emoções, e como contornar seus efeitos. Poder de Decisão > Essa habilidade está ligada à coragem e disposição para assumir riscos. Muitas vezes, ficamos paralisados em vez de tomar uma decisão, pois deixamos o medo nos do- minar. O problema é que, se não decidirmos, alguém decidirá em nosso lugar – e sem considerar nossas prioridades. Tomando a carreira como exemplo, para muitos profissionais, é comum deixar seus próxi- mos passos nas mãos da empresa. Não tenha medo de assumir as rédeas da sua carreira! A adaptabilidade pede uma visão positiva do mundo, ou seja, uma perspectiva otimista. Ao contrário do que muitos pensam, ser otimista não significa ignorar os pontos negativos de uma experiência, e sim, optar, conscientemente, por dar prioridade aos positivos. O otimismo é uma escolha que precisa ser feita diariamente. Pessoas oti- mistas adquirem um olhar aguçado para as oportunidades, além de exercitar a grati- dão com frequência. Tornam-se mais realizadas e adaptam-se com maior facilidade. Mantenha-se aberto ao novo > O ser humano necessita de segurança para se sentir bem, por isso, é normal que crie zonas de conforto. No entanto, o aprendizado – e a adaptabilidade – exigem que você abrace o novo. Você se sentirá intimidado no início, mas dê uma oportunidade ao novo, porque ele pode ser muito melhor do que imagina; mesmo se não for, você terá o poder e a opção de escolher outro caminho. Nunca pare de aprender > Seja ouvindo opiniões diferentes da sua, lendo, con- sultando podcasts, vídeos ou em sala de aula; aprender é vital para desenvolver a adap- tabilidade. O motivo é simples: adquirir novos conhecimentos é parte de qualquer processo de adaptação. Você está deixando um ambiente conhecido para trás e entran- do em um novo, o que pede a aquisição de novas habilidades para que tire proveito da mudança. Comece estabelecendo metas simples, como aprender uma coisa nova todo dia. Aos poucos, essa dinâmica se tornará familiar, e você se acostumará a buscar mais e mais conhecimentos, dando um up na sua formação e carreira. Você já está bem-informado, e pode começar a desenvolver ou aperfeiçoar sua capacidade de adaptação, tornando-se mais competitivo para o mercado de trabalho. 17TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO STARTUPS As startups costumam ser pequenas e, inicialmente, financiadas e operadas por um punhado de fundadores, ou por apenas um indivíduo; por vezes, por projetos de ace- leração de startups e investimentos. Elas oferecem produto ou serviço inovador, o que as leva a um grande sucesso. Todas as grandes corporações da chamada “nova economia”, aquela baseada em tecnologias digitais e informação, começaram como startup. Isso tem feito organizações tradicionais se perguntarem “o que as startups têm que nós não temos?” Nos últimos anos, empresas tradicionais têm firmado parcerias/colaborações com startups; outras têm buscado se inspirar no modo de pensar e agir dessas orga- nizações inovadoras. Atualmente, fala-se muito sobre “pensar como uma startup”, porque o poder de disrupção e aceleração de modelos de negócios dos unicórnios não pode mais ser ignorado. As startups crescem exponencialmente, e esse é o modus ope- randi que as colocam na vanguarda da inovação. Elas oferecem produtos ou serviços que, no momento, não são entregues por outras empresas do mercado, ou que os fundadores acreditam ser oferecidos de ma- neira ineficiente. Em estágios iniciais, as despesas das startups tendem a exceder suas receitas, à medida que trabalham no desenvolvimento, teste e marketing de sua ideia. Por isso, elas geralmente exigem financiamento. O termo “startup” tem sido usado com uma frequência cada vez maior nos últimos anos, para descreverjovens empreendimentos, sobretudo na área da tecnologia. 18TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO As startups podem ser financiadas por empréstimos tradicionais para pequenas em- presas, patrocínios do governo ou doações de organizações sem fins lucrativos, por exem- plo. As chamadas incubadoras — organizações que se dedicam a desenvolver modelos dis- ruptivos de negócios — podem fornecer capital e aconselhamento às startups. Uma startup que consegue provar seu potencial é capaz de atrair financiamento de ca- pital de risco, em troca de renunciar a algum controle e/ou porcentagem de sua propriedade. Em suma, uma startup pode ser definida como empresa emergente, normalmente, com componente tecnológica central, e alto potencial de crescimento exponencial. Em geral, de- fende uma ideia inovadora que se destaca na linha do mercado. O CRESCIMENTO EXPONENCIAL DAS STARTUPS Para delimitar uma gênese para esse fenômeno, podemos afirmar que isso se deu após a crise de 2008, originada do estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos, e que atingiu, praticamente, todos os países democráticos. Com o mercado de trabalho tradicional em crise, jovens foram impelidos a criar alternativas. O avanço da tecnologia é um dos fatores que fez com que muita gente iniciasse uma startup. A “corrida” por inovação fez com que mentes criativas se unissem para ideali- zar e experimentar possibilidades; do Vale do Silício a São Paulo, da China à Malásia. Hoje, as gerações mais jovens também são mais adequadas ao empreendedoris- mo do que suas antecessoras. Esse movimento criou o que se pode chamar de “cultura startup”, uma nova mentalidade. Inúmeros jovens sonham em criar seu próprio negócio (faz-se evidente, novamente, o poder das novas gerações), diferentemente das gerações de seus pais e avós, que emularam usar o crachá de uma organização gigante e famosa. O MINDSET DAS STARTUPS Confira, a seguir, alguns dos pontos cruciais no que tange ao mindset caracte- rístico das startups: • movem-se rapidamente: trabalham sua capacidade de se mover rapidamente, re- petindo projetos de produtos, testando novas ideias e adaptando-se às circunstân- cias em constante mudança; 19TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO • não têm medo de errar, e estão sempre aprendendo: a dinâmica de estar em constan- te construção faz com que o medo do erro (e os prejuízos causados por ele) seja menor; tentativa, erro, nova tentativa e acerto é um looping constante, o que torna o aprendi- zado acelerado e construtivo; • startups aproveitam ao máximo os recursos existentes: metodologias de desenvol- vimento enxutas e ágeis envolvem a implementação de um processo iterativo. O pro- cesso iterativo começa validando as necessidades e expectativas do cliente, qualitati- vamente, por meio de entrevistas, seguidas de versões pequenas e rápidas de produtos para testar continuamente. Não há razão para investir tempo e dinheiro criando um produto avançado, de que ninguém precisa, ou que ninguém quer usar da maneira como foi originalmente pensado; • vendem primeiro, constroem depois: fundadores minimizam significativamente o risco do negócio, já́ que eles constroem em resposta à demanda, com maior alinha- mento. Embora o produto possa, posteriormente, não atender as expectativas do com- prador, seu valor pode ser validado rapidamente com os compromissos financeiros. Independente de qual for o produto, campanhas de marketing ajudam a executar uma estratégia de pré-venda; • trabalham de maneira criativa e colaborativa: elas obtêm sucesso ou fracassam com base na agitação das indústrias, desenvolvendo novas ideias revolucionárias ou criando revisões inovadoras de ideias anteriores. Um aspecto fundamental da capacidade de fa- zer isso é a curiosidade. Líderes de startups estão, constantemente, fazendo perguntas: As startups sabem que não podem fazer tudo sozinhas, então colaboram e unem forças com outras startups, ou agentes externos aos seus negócios (universidades, profissionais liberais, pesquisadores independentes etc.). Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o número de startups no Brasil aumentou, entre 2011 e 2018. “As startups viraram o jogo, estão muito presentes no nosso dia a dia, nos smartphones, nas ferramentas que a gente usa para se comunicar, na forma como a gente compra e contrata. O nosso universo contextual está tendo participação efetiva das startups”, avalia o presi- dente da ABStartups, Amure Pinho. Apesar de todas as vantagens das startups, elas ainda estão sendo introduzidas em nossa cultura, e demanda a aceitação de um novo mindset. Em alguns países, existem ecossistemas, economicamente e culturalmente, mais favoráveis. Mesmo que devagarinho, as startups brasileiras dão show: enquanto, para nós brasileiros, o parcelamento é algo normal, em vários países onde não há a cultura do parcelamento, são startups (inspira- das na cultura brasileira) que permitem aos lojistas parcelarem as suas vendas. SCALE-UPS “Fazer sua empresa ser maior que você” Endeavor • por quê? • o que poderia ser melhor? • por que não dessa maneira? • por que ficar com o status quo? 20TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Ter um negócio escalável significa gerar mais emprego, renda e impacto, onde estiver. Significa reproduzir em grandes quantidades, repetidamente, aquilo que te dá ganho de esca- la e produtividade, sem demandar recursos (dinheiro e/ou mão de obra) na mesma proporção. AFINAL, O QUE É SCALE-UP? Enquanto as startups são empresas em estágio inicial, às vezes até experimental, as scale-ups são negócios que já testaram e validaram seus produtos, e têm um negócio sus- tentável; sendo assim, já estão maduras para o próximo estágio. De acordo com a Organiza- ção para Desenvolvimento e Cooperação Econômica, se enquadram no conceito de scale-up as empresas que tiveram crescimento de, no mínimo, 20% nos últimos três anos. Vamos contar mais alguns detalhes para você ficar por dentro do verbete: Qual a diferença entre uma scale-up e uma grande empresa? A diferença de uma scale-up para uma grande empresa é que seu modelo de negócio é escalável, ou seja, com passar do tempo, o seu crescimento é ponderado pela margem de lucro. A empresa lucra mais do que gasta com a contratação de funcionários. Um ponto bacana nessa diferenciação é que uma scale-up possui um negócio (ou serviço) que não somente gera lucros constantes, mas tem um impacto na sociedade na qual está inserida. Todos os gigantes do mundo começaram bem pequenos; e não estamos nem falando de startups de tecnologia disruptiva. O McDonald’s, por exemplo, um dia, foi apenas uma barraca de cachorro-quente. A Apple foi fundada em uma pequena garagem em Crist Drive Los Altos, Califórnia, e muitas das grandes empresas que conhecemos hoje começaram assim. 21TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Esse impacto não está atrelado à venda de produtos ou serviços, mas a uma forma de retribuição à comunidade. Esse retorno em forma de agradecimento pode vir como mentoria, ou investimento em novas empresas. Dois dados para concluir essa diferenciação entre grandes empresas e scales: apesar de mostrarem um crescimento acelerado e contínuo, as scales, em sua maioria, são pequenas e médias em- presas - em torno de 92% das scales são PMEs! Com certeza, muita gente associa, ou associou, scale-up a um modelo de negócio que envolva tecnologia, e muitas realmente são. Porém, as scales são empresas de qualquer nicho, desde uma indústria da construção como um mercado varejista, por exemplo. COMO TRANSFORMAR UMA EMPRESA EM SCALE-UP? Nem todas as scales nascem prontas. Se você tem um negócio, ou está desenvolvendo um, com alto potencial de crescimento contínuo, saiba que você pode, sim, estar com um modelo de scale-up. Confira algumas dicas para transformar a sua empresa em uma scale-up: • experiência, mesmo que pouca, é fundamental para arriscar em um negócio de altoimpacto. Es- colha atuar em um nicho em que você, ou sua equipe, possua um know-how; • inicie com algo que você conheça. Juntamente com a experiência, isso dará estabilidade inicial, e aumentará as chances de êxito. Evite arriscar-se no desconhecido logo de imediato; • esteja propício à mudança. Por mais que você tenha elaborado um plano de negócio impecável, atente-se às oscilações do mercado, e prepare-se para possíveis alterações de planos; • trabalhe com sócios e/ou co-fundadores em quem você confia. Não pre- cisamos sequer falar que a confiança é um dos pilares do sucesso de qual- quer empreendimento; • evite riscos desnecessários. Por mais tentador que seja o plano de negócio, não ponha tudo a perder em um projeto. Invista com cautela, para que, caso haja uma falha, você ainda tenha onde se apoiar. 22TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO NEGÓCIOS 2,5 Bons negócios, para o bem de todos! Diante de um quadro mundial com diversos pro- blemas relacionados à fome, à falta de acesso a recursos naturais básicos, e a níveis baixos de educação e profissionalização, são desenvolvidas novas formas de fazer negócios, que combinam lucro com impacto social positivo. Social Business? Sim, os negócios sociais são empresas focadas em transformar reali- dades, melhorando as condições de seu público-alvo; eles se incluem no setor 2.5. Os negócios de impacto social têm como foco a geração de um impacto, seja social ou ambiental, positivo em quem utiliza seus produtos e serviços. Apesar de terem como ati- vidade principal o favorecimento das pessoas com menor renda, visando o impacto social, diferenciam-se das ONGs por suas próprias atividades serem rentáveis, e não dependerem exclusivamente de doações ou de outros subsídios. Esses negócios possuem a capacidade de Uma nova solução, mais efetiva, eficiente e sustentável, que está gerando valor para a sociedade como um todo; assim podemos definir o que chamamos de negócios sociais, e que se concretiza como o setor 2.5. O nome não é por acaso: é o meio de caminho entre o segundo setor (empresas com fins lucrativos) e o terceiro (organizações sem fins lucrativos). 23TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO ampliar seu alcance e de serem replicados facilmente, o que é muito importante, conside- rando as grandes demandas sociais. Atualmente o setor dá mostras de que está cada dia mais estruturado, com mais empreendedores interessados, mais aceleradoras cuidando de ajudá- los, governos mais atentos ao movimento e, claro, mais recursos financeiros disponíveis. A origem do conceito Na década de 70, Muhammad Yunus, então professor da Universidade de Dhaka - Bangladesh, foi tocado pela extrema condição de pobreza em que viviam muitas famílias da região, e pela dificuldade delas em receber auxílio bancário. Por não possuírem garantias a oferecer em troca das transações, a maioria das famí- lias e trabalhadores necessitados ficavam sem amparo, e quem conseguia receber crédito tinha de lidar com altos juros, aplicados pelos bancos como condição aos empréstimos. Dessa forma, os trabalhadores locais, em sua maioria pertencentes ao meio rural, não tinham condição de custear a compra de materiais e produtos que impulsionariam seus serviços e vendas. Motivado por ideais de justiça, Yunus realizou uma experiência, na qual concedeu um empréstimo de uma pequena quantia para um grupo de mulheres do interior de Bangladesh, com o objetivo principal de ajudá-las na compra de matéria-prima para confecção de artesanato. Como resultado, todas as mulheres que receberam o empréstimo conseguiram pagar suas parcelas e seus juros dentro do prazo com- binado, retirando, ainda, uma pequena margem de lucro. Essa experiência se mostrou muito bem-sucedida. Foi a constatação de que seria possível reproduzir indefinidamente esse processo testado, provando se tratar de um sistema vantajoso para ambas as partes, e abrindo portas para o surgimento de negócios inovadores de natureza social e inclusiva. Também foi um momento- -chave, marcado pelo surgimento de novas discussões e de importantes conceitos, como os termos ‘microcrédito’ e ‘empresa social’. Muhammad Yunus, é mundialmente reconhecido como o vencedor do Prêmio Mundial de Alimentação (1994) e vencedor do Nobel da paz (2006). 24TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO OS NEGÓCIOS SOCIAIS NO BRASIL Ainda não se tem muitas informações sobre o setor, tampouco há uma regulamentação nacional oficial. Não há limites bem definidos para o setor 2.5; o que existe, de fato, são as iniciativas de realizar algo im- portante para a sociedade através de negócios e sem apoio dos governos, empresas privadas e afins, como é o caso das ONGs. Nesse setor, há pos- sibilidades diversificadas de atuação; o sucesso do negócio está atrelado ao modelo de desenvolvimento econômico e ao grau de impacto na so- ciedade. A Inglaterra está na vanguarda quando se trata do setor 2.5. As empresas sociais por lá foram regulamentadas em 2004, pelo governo, que tem um programa de isenções fiscais para estimular investimentos e tornar a indústria autossustentável. EXISTEM PADRÕES PARA DESENVOLVER NEGÓCIOS 2.5? Ainda não há um padrão para o desenvolvimento dos negócios so- ciais; no entanto, existem alguns pré-requisitos básicos. Para o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da Universidade de São Paulo (CEATS) a “intencionalidade” é vista como um diferencial nos negócios sociais, em que o contexto da realidade local é primordial para determinar o negócio. Além disso, a iniciativa deve ter como premissa os benefícios causados a um grupo ou população, ao invés do ganho pessoal. Os negócios sociais devem possuir: Causar impactos diretos na sociedade Gerar valor para as comunidades Promover o desenvolvimento das pessoas Manter a finalidade lucrativa Ter impacto social, econômico e ambiental Estar alinhado com a realidade local Ter viabilidade econômica Solucionar problemas sociais 25TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Ações recomendadas para o modelo 2.5: • compreenda bem o mercado em que está inserido ou quer se inserir; • pesquise e conheça bem as oportunidades e fontes de financiamento; • identifique e mantenha o foco no impacto social desde o início; • a motivação é importante e essencial; • pesquise e esteja informado sobre os aspectos e características do empreendedorismo, uma vez que os negócios que tiveram sucesso até o momento foram idealizados por pessoas que já empreenderam anteriormente; • faça seu planejamento financeiro focado na sustentabilidade do negó- cio e, com isso, monitore os resultados e os impactos promovidos. ECONOMIA CRIATIVA A denominação de economia criativa está vinculada às áreas de design, moda, artes, arquitetura, ci- nema, produção cultural, turismo e mídia, entre outras (COSTA; SANTOS, 2011a). Desse modo, conforme Costa e Santos (2011b), a economia criativa relaciona-se ao desenvolvimento da economia e das socieda- des modernas na atualidade, na medida em que o capital intelectual tem se tornado mais significativo no que se refere ao desenvolvimento de novos produtos e mercados. Sobre essa perspectiva, Vanucci (2017) afirma que, por constituir um conceito recente, nascido na década de 1990, existem diversas abordagens sobre economia criativa. Todavia, a autora ressalta que há uma temática recorrente nos estudos e publicações sobre o assunto, que associa o conceito ao apareci- mento da cultura como recurso poderoso para a geração de produtos e serviços criativos. Atualmente, entidades e governos ao redor do mundo vêem a criatividade como um potente capital, mas nem sempre foi assim. Em um passado não muito distante, ser criativo era algo visto como um risco para as empresas. 26TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO O conceito de economia criativa ganhou expressão e relevância como discipli- na de estudo a partir da década de 2000 e, atualmente,abarca uma ampla gama de áreas, setores e instituições especializadas para lidar com as indústrias criativas. No Brasil, a economia criativa é definida pelo Plano da Secretaria da Economia Criativa como o conjunto de atividades produtivas que têm como processo princi- pal “um ato criativo gerador de produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social” (BRASIL, 2012, p. 22). A economia criativa se alinha com a possibilidade de preservação, difusão, potencialização e inclusão produtiva das manifestações e expressões culturais. Esses atributos são particularmente poderosos no contexto brasileiro, tendo em vista sua riqueza e diversidade cultural. Ressalta-se que, nos fundamentos preconizados pelo Ministério da Cultura (BRASIL, 2012), o conceito de economia criativa, ainda em evolução, assume um sentido amplo. Abarca não só setores considerados tipicamente ligados à produção artístico-cultural, mas atividades culturais relacionadas, entre outras, às novas mí- dias, ao design e à arquitetura e urbanismo, conforme já mencionadas. Os referidos setores têm em comum o fato de se constituírem em atividades produtivas, cujos insumos principais são a criatividade e o conhecimento. Esse aspecto é ressaltado por Mendonça (2017), que afirma que a economia criativa é um modelo econômico baseado na criatividade e inovação, sendo impulsionada pela diversidade cultural. Seus insumos ou recursos primários não são, portanto, de ordem material, mas de ordem imaterial ou intelectual, tais como o conhecimento, a diversidade cultural e a criatividade. Dessa maneira, a economia criativa relaciona-se com a possibilidade de associá-los a ativida- des produtivas inovadoras de produtos, bens e serviços. Nesse texto, relaciona-se a economia cria- tiva às atividades desenvolvidas no ambiente escolar e na vinculação do sistema ensino e aprendi- zagem, à medida que promove melhorias socioeconômicas e o desenvolvimento inclusivo. De acordo com as premissas do Plano da Secretaria de Economia Criativa, o processo educa- cional para economia criativa envolve um olhar multidisciplinar que “integra sensibilidade e téc- nica, atitudes e posturas empreendedoras, habilidades sociais e de comunicação, compreensão de dinâmicas socioculturais e de mercado, análise política e capacidade de articulação” (BRASIL, 2012, p. 37). Não obstante, observa-se, em grande parte das instituições de ensino brasileiras, um grande déficit de ofertas e de possibilidades de qualificação nesse sentido. Muito além do capital, da matéria-prima e da mão de obra, nas últimas décadas, empresas e governos passaram a reconhecer o conhecimento como importante insumo de produção. O uso de ideias e da criatividade passou a ter papel essencial na economia, sendo um elemento extrema- mente necessário para produzir mercadorias ou serviços. Em todo o mundo, a chamada “economia criativa” é tida como parte importante da economia global, e é vista como uma área em constante crescimento. Isso se dá porque, em termos socioeconômicos, as atividades que envolvem esta área são bastante inovadoras, importantes geradoras de empregos e de engajamento cultural. 27TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Mas a sua definição nem sempre é feita de maneira fácil porque, de certa forma, quando falamos em economia criativa, lembramos que a “criatividade” é utilizada em quase toda a ação humana. No entanto, de alguns anos para cá, determinadas atividades que utilizam cria- tividade em sua essência - e que agregam valor a bens e serviços de cunho intelectual, artístico e cultural -, foram separadas em um único segmento, o da indústria criativa. DO QUE SE TRATA O termo “economia criativa” se refere a atividades com potencial socioeconômico que lidam com criatividade, conhecimento e informação. Para entendê-las, é preciso ter em mente que empresas do segmento combinam criação, produção e comercialização de bens criativos de natureza cultural e de inovação. Em comum, empresas da área dependem do talento e da criatividade para existirem. Elas estão distribuídas em 13 diferentes áreas: 1. arquitetura; 2. publicidade; 3. design; 4. artes e antiguidades; 5. artesanato; 6. moda; 7. cinema e vídeo; 8. televisão; 9. editoração e publicações; 10. artes cênicas; 11. rádio; 12. softwares de lazer; 13. música. 28TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO ONDE ESTÁ PRESENTE Atualmente, a economia criativa é um dos setores de maior crescimento no mercado mundial. Ela também é uma das áreas mais rentáveis em termos de geração de lucros, em- pregos e exportação de bens e serviços. Em sua essência, a economia criativa é bastante inclusiva e sustentável; por isso, investir nesse setor como motor do desenvolvimento social é construir uma excelente fonte de quali- dade de vida e bem-estar social para comunidades, além de conforto e autoestima individual. Como a criatividade, a inovação e o talento individual são fatores essenciais em em- preendimentos na área da economia criativa; em alguns casos, os conteúdos de empresas deste segmento são protegidos por leis autorais. Eles contém elementos substanciais do es- forço artístico e criativo de um indivíduo ou empresa. POR QUE A ECONOMIA CRIATIVA É RELEVANTE NO MUNDO ATUAL? • COMPETITIVIDADE NOS NEGÓCIOS No atual modelo econômico mundial, o conhecimento, a cultura e a criatividade são fatores de competitividade entre países. Eles fazem com que uma nação se destaque ou não entre as outras, e ajudam a criar a identidade cultural de um lugar. Existe uma tendência crescente em áreas nas quais o simbólico ou intangível conse- gue definir o valor de um bem ou serviço; por exemplo, uma característica de cunho autoral consegue delinear ou identificar um produto ou atividade. Basta imaginar que o design de um móvel pode ajudar a identificar se um produto é originário de um país ou de outro, sim- plesmente pelo modo como foi desenhado e pelas características aplicadas a ele. Na esteira desse movimento global, a criatividade envolvida no processo de desenvol- vimento de um produto ou atividade é um fator bastante relevante. Além disso, o setor cria- tivo é um importante formador de inovação econômica e social, pois tem grande potencial de impactar outras áreas com soluções práticas e econômicas. • PARTICIPAÇÃO DA ECONOMIA CRIATIVA NO MUNDO Segundo pesquisas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgada pelo Mi- nistério da Cultura, há uma participação de 7% de bens e serviços culturais no PIB mundial, com crescimento anual previsto para, em média, 10% a 20%. No Brasil, o setor se destaca a cada dia. De acordo com o mesmo estudo, o crescimento médio anual dos setores criativos (6,13%) foi superior ao aumento médio do PIB nacional (cerca de 4,3%) nos últimos anos. Esses números dão ao Brasil uma boa colocação na economia criativa mundial. O atual PIB gerado pelas empresas do setor criativo brasileiro já supera o de países como Itália, Espa- nha e Holanda, de acordo com dados divulgados pela United Nations Conference on Trade and Development (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, ou UNCTD). 29TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO CONCLUSÃO A economia criativa tem o potencial de impactar de forma positiva a economia global, influen- ciando-a em termos de inovação, produtividade, geração de empregos, conhecimento e identidade cultural. Profissões que participam do segmento costumam ser bastante procuradas, por estimula- rem talentos individuais e buscarem soluções para problemas globais. Além de gerar empregos qua- lificados e renda, os setores criativos conversam com outras áreas da economia, agregando valor e competitividade a produtos e serviços. CONTEÚDO EXTRA: COMO CRIARMOS TIMES MAIS COLABORATIVOS Economia criativa, economia colaborativa, pensamento em rede, interdependência; sabe-mos que esses e outros conceitos não são novidade, e que bom! Porém, você já parou para se per- guntar como pode ser mais colaborativo de forma individual? Como construir sua melhor forma de trabalhar em equipe? TRÊS PONTOS FUNDAMENTAIS PARA DESENVOLVERMOS TIME MAIS COLABORATIVOS 1. Segurança psicológica Para que o seu time trabalhe melhor em conjunto, você precisa criar um espa- ço onde exista segurança psicológica para todos os colaboradores. O Google fez uma pesquisa, para tentar identificar por que alguns times eram mais produtivos que outros (dentro da própria empresa). Não era sobre, meramente, reunir os melhores de cada área (isso não é garantia de que eles, juntos, performarão bem). Também não se tratava do líder, nem do tipo de liderança utilizada (mais permissiva ou não). O ponto decisivo na pesquisa foi: os times que melhor performavam eram aqueles em que as pessoas se sentiam seguras, no sentido mais amplo da palavra: a. em termos de cuidado, pois sabiam que, se precisassem de ajuda, poderiam contar com outros membros do grupo, já que aquele time era um porto se- guro para elas; b. no sentido de ausência de medo. Não se sentiam ameaçadas quando traziam alguma ideia absurda ou quando cometiam um erro; c. para serem elas mesmas, e levarem ao trabalho a sua melhor versão: a sua versão completa. 30TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO 2. Elimine o EGO Esse é um assunto complexo; afinal, cada pessoa tem uma teoria diferente sobre o ego. Uns falam que é impossível matá-lo, outros dizem que é a essência da nossa existência, e há, ainda, aqueles que falam que o segredo é apenas administrá-lo. O professor Yuval Noah Harari, autor do best seller mundial Sapiens, afirma que a maior dificul- dade que nós seres humanos temos em colaborar reside nessas 3 letrinhas (E-G-O). Quando estamos em grupo, gastamos mais tempo tentando acomodar nosso ego do que, de fato, buscando resolver o problema em questão. Pensando na natureza, imagine um grupo de formigas brigando para ver quem liderará a reunião de como levar a folha de um lado para o outro; ou uma discussão entre as abelhas, para definir quem co- meçará a construir a colmeia, e quem irá em busca de recursos para isso. Enquanto nós usamos nossa energia para acomodar nossos egos, os animais usam 100% da sua energia para encontrar a solução. 3. Defina os papéis O interesse por trabalho em equipe surgiu na década de 60/70, pelas manufaturas europeias e ame- ricanas, em resposta ao sucesso do método de trabalho japonês chamado kaizen (o conceito de que todos os funcionários são responsáveis pela melhoria contínua da empresa). Hoje, é raro encontrar uma or- ganização, de qualquer tipo ou tamanho, que não valorize o trabalho em equipe. A grande questão é que, com o passar do tempo, fomos confundindo trabalho em equipe com fazer tudo junto. A base para um trabalho em equipe eficiente está no entendimento do indivíduo; o que EU devo fazer para contribuir? A partir do momento em que isso estiver claro, para mim e para todos os outros membros do grupo, pode- remos começar o trabalho. Esse pode ser feito tanto individualmente quanto em grupo, dependendo do papel em questão. O teórico em gestão britânico Meredith Belbin afirma existirem nove pa- peis distintos dentro de uma equipe, que são fundamentais para o seu sucesso: 1. semeador; 2. investigador de recursos; 3. coordenador; 4. formatador; 5. monitor/avaliador; 6. trabalhador em equipe; 7. implementador; 8. completador; 9. especialista. 31TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS SUMÁRIO Negócios coletivos e empresas são como equipes esportivas; todos os dias, se de- param com desafios, surpresas e dificuldades, e a presença de times fortes e produtivos passa a ser uma solução poderosa para superá-las. Afinal, equipes não são, simples- mente, grupos de pessoas trabalhando juntas; elas são produtos de uma ação coletiva. Em The Wisdom of Teams, Jon Katzenbach e Douglas Smith definem uma equipe como “um pequeno grupo de pessoas com habilidades complementares e que estão comprometidas com um propósito comum, um conjunto de metas e abordagens pelas quais prestam contas uns aos outros”. Em um time, nenhum indivíduo é responsável pelo sucesso ou pelo fracasso, porque ninguém atua sozinho (mate o EGO). O trabalho em equipe deve estimular as pessoas a se escutarem, a serem elas mesmas, a responde- rem individualmente aos pontos de vista alheios e divergentes, servindo de apoio (se- gurança psicológica), e, claro, a reconhecerem e respeitarem os papéis, interesses, ha- bilidades e realizações de todos os participantes. SÍNTESE “Acho que não estamos mais no Kansas!” Adaptabilidade, resiliência, segurança psicológica, criatividade...ufa! A lista é lon- ga. Nosso mundo muda muito, e numa velocidade assustadora. Por isso, precisamos, além da capacidade de acompanhar todas as mudanças, de uma preparação para o que ainda não é conhecido. O escopo dessa unidade foi apresentar conceitos que transbordam os seus nichos, e que perpassam qualquer ideia a ser posta em prática nesse novo mundo. 32TÓPICOS CONTEMPORÂNEOS EXERCÍCIOS SUMÁRIO 1. Em um mundo em constantes mudanças, qual habi- lidade é a habilidade mais importante a ser desen- volvida hoje? 2. Em uma análise do cenário brasileiro, qual seria a grande vantagem em incentivar os negócios 2.5? 3. Como podemos potencializar a nossa adaptabilida- de em um mundo VUCA? MODELOS E NEGÓCIOS O NOVO CONSUMIDOR ADAPTABILIDADE STARTUPS SCALE-UPS NEGÓCIOS 2,5 ECONOMIA CRIATIVA Conclusão SÍNTESE
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