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TR ATA D O S E M D IR E ITO S H U M A N O S V O L. 1 TRATADOS EM DIREITOS HUMANOS SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS VOL. 1 1 COLEÇÃO MPF INTERNACIONAL ISBN 978-85-85257-09-5 OBRA COMPLETA ISBN 978-85-85257-10-1 VOL.1 TraTados em direiTos Humanos sistema internacional de Proteção aos direitos Humanos TraTados em direiTos Humanos sistema internacional de Proteção aos direitos Humanos ministério Público Federal Rodrigo Janot Monteiro de Barros Procurador-Geral da República Ela Wiecko Volkmer de Castilho Vice-Procuradora-Geral da República Eugênio José Guilherme de Aragão Vice-Procurador-Geral Eleitoral Hindemburgo Chateaubriand Pereira Diniz Filho Corregedor-Geral do Ministério Público Federal Julieta Elizabeth Fajardo Cavalcanti de Albuquerque Ouvidora-Geral do Ministério Público Federal Lauro Pinto Cardoso Neto Secretário-Geral MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL SECRETARIA DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL MPF Brasília, DF - 2016 TraTados em direiTos Humanos sistema internacional de Proteção aos direitos Humanos Vol. 1 Coleção mPF inTernaCional - 1 Copyright © 2016 . Ministério Público Federal - Todos os direitos reservados ao autor Ministério Público Federal - Procuradoria-Geral da República SAF Sul Quadra 4 Conjunto C . CEP: 70050-900 - Brasília-DF Tel: +55 61 3105.5100 . www.mpf.mp.br Disponível também em: www.internacional.mpf.mp.br | Tiragem: 1.000 exemplares dados internacionais de Catalogação na Publicação (CiP) B823t Brasil. Ministério Público Federal. Secretaria de Cooperação Internacional. Tratados em direitos humanos : Sistema internacional de proteção aos direitos humanos / Secretaria de Cooperação Internacional – Brasília : MPF, 2016. 4v. – (Coleção MPF Internacional ; 1) ISBN 978-85-85257-09-5 (obra completa) ISBN 978-85-85257-10-1 (v.1) 1. Direitos humanos – tratado. 2. Direitos humanos (direito internacional público) I. Secretaria de Cooperação Internacional. II. Título. CDD 341.026 Coordenação Vladimir Aras Carlos Bruno Ferreira da Silva Organização Sergio Gardenghi Suiama Colaboração Servidores e estagiários da Secretaria de Cooperação Internacional / PGR Planejamento visual, diagramação, revisão e editoração Secretaria de Comunicação Social (Secom) Normalização bibliográfica Coordenadoria de Biblioteca e Pesquisa (Cobip) Secretário de Cooperação Internacional Vladimir Aras Assessora-Chefe da Secretaria de Cooperação Internacional Georgia Renata Sanchez Diogo Secretária Executiva Marilda Nakane Grupo Executivo da Secretaria de Cooperação Internacional Anamara Osório Silva (PR-SP) André de Carvalho Ramos (PRR 3ª Região) Ângelo Augusto Costa (PRM-São José dos Campos) Antônio do Passo Cabral (PR-RJ) Artur de Brito Gueiros Souza (PRR 2ª Região) Carla Veríssimo de Carli (PRR 4ª Região) Carlos Bruno Ferreira da Silva (PGR) Carlos Fernando dos Santos Lima (PRR 3ª Região) Cristina Schwansee Romanó (PRR 2ª Região) Daniel César Azeredo Avelino (PR-PA) Daniel de Resende Salgado (PGR) Deltan Martinazzo Dallagnol (PR-PR) Denise Neves Abade (PRR 3ª Região) Douglas Fischer (PRR 4ª Região) Isac Barcelos Pereira de Souza (PRM-Garulhos) Luiz Fernando Voss Chagas Lessa (PRR 2ª Região) Marcelo Antonio Moscogliato (PGR) Marcello Paranhos de Oliveira Miller (PR-RJ) Maria Hilda Marsiaj Pinto (PGR) Monica Nicida Garcia (PGR) Oliveiros Guanais de Aguiar Filho (PR-BA) Patrícia Maria Nunez Weber (PR-RS) Paulo Galvão (PR-PR) Rodrigo Leite Prado (PR-MG) Ronaldo Pinheiro de Queiroz (PGR) Sergio Gardenghi Suiama (PR-RJ) Thamea Danelon Valiengo (PR-SP) Ubiratan Cazetta (PR-PA) Wellington Cabral Saraiva (PGR) apresentação A presente publicação faz parte da iniciativa da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI), do Gabinete do procurador-geral da República, de lançar coletânea de livros com temas e tratados relacionados à cooperação jurídica internacional, como parte das celebrações dos 10 anos da Unidade de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal (MPF). Criada como Centro de Cooperação Jurídica Internacional, em 3 de fevereiro de 2005, por meio da Portaria PGR nº 23, teve sua denominação alterada para Assessoria de Coo- peração Jurídica Internacional em 2010, e passou para a condição de Secretaria em 17 de setembro de 2013, pela Portaria PGR/MPF nº 650. Esta edição traz uma compilação dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos (DH) dos sistemas global e interamericano já incorporados ao direito brasileiro, acrescida dos principais documentos constitutivos dos sistemas africano e europeu de proteção aos DH. Desde a promulgação da Constituição de 1988, e com maior força a partir da segunda metade dos anos 1990, é notável a incorporação de elementos da gramática do direito internacional dos DH no cotidiano jurídico nacional. Da perspectiva inicial de que os Tra- tados Internacionais eram soft law, pouco aplicáveis no direito interno, até os dias atuais, quando se discutem complexas questões envolvendo o estatuto supralegal dos Tratados de DH e a compatibilização entre os controles de convencionalidade e constitucionalidade efetuados em âmbito doméstico, nota-se que muito já se avançou. A aproximação, ou melhor, a familiaridade dos membros do MPF com a linguagem e o cotidiano do direito internacional e, especificamente, do direito internacional dos Direitos Humanos, representa uma das principais missões da SCI. Em várias situações do cotidiano profissional dos procuradores da República – basta lembrar dos pedidos de alimentos internacionais – os Tratados de DH já integram o direito aplicável. Ademais, assim como ocorre com a criminalidade organizada, também as violações a DH de populações indígenas, migrantes, pobres, mulheres, crianças e adolescentes e pessoas encarceradas ganham, na atualidade, dimensões globais, demandando a estreita cooperação transnacional entre as autoridades responsáveis e o estabelecimento de standards reconhecidos pela maioria das Nações a respeito dos temas fundamentais de DH (por exemplo, a validação de políticas de ação afirmativa como meio de se atingir a igualdade racial, prevista na Convenção da ONU de 1966 e citada pelo Superior Tribunal Federal como um dos fundamentos da ADPF 186/DF, referente ao programa de quotas étnico-raciais da Universidade de Brasília). Optou-se por dividir, metodologicamente, os Tratados de DH em pertencentes aos sistemas global e regionais de proteção aos Direitos Humanos, nestes incluídos os subsis- temas interamericano, africano e europeu. Em cada um desses grupos, os Tratados foram divididos, para facilitar a consulta, em: a) Instrumentos gerais; b) Tratados de DH civis e políticos; c) Tratados de DH econômicos, sociais e culturais; e d) Tratados de DH de popu- lações socialmente vulneráveis. Um dos relevantes desafios da atualidade com relação ao tema dos DH diz respeito à incorporação, no direito interno, não apenas das normas de direito substantivo interna- cional (como ocorreu, por exemplo, com o banimento da prisão do depositário infiel no direito brasileiro), mas também da jurisprudência e das decisões provenientes de órgãos jurisdicionais internacionais, em especial a Corte Interamericana de DH e o Tribunal Penal Internacional. Por esse motivo, e uma vez que a solução dialógica entre o direito interno e o direito internacional é sempre a almejada, entendemos importante acrescentar, na presente compilação,as regras de funcionamento da Comissão e da Corte Interamericana de DH. A SCI acredita que, respeitadas obviamente as normas constitucionais de representação do Estado brasileiro com os demais sujeitos do direito internacional, os membros do MPF possuem toda a legitimidade para participar deste diálogo. VLADIMIR ARAS Procurador Regional da República e Secretário de Cooperação Internacional SERGIO GARDENGHI SUIAMA Procurador da República, coordenador do projeto Prefácio Passados 70 anos da assinatura da Carta das Nações Unidas (1945) e 67 anos da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas (1948), muitos foram os avanços no campo do direito internacional dos Direitos Humanos. Entretanto, recorrentes violações e inúmeros obstáculos ainda são enfrentados na defesa e promoção dos Direitos Humanos e também quanto à implementação plena desses princípios estabelecidos em convenções multilateraisou regionais. Os Tratados das Nações Unidas são a fundação para a proteção internacional dos Direitos Humanos. Vários instrumentos regionais, como os dos sistemas interamericano, europeu e africano, buscam ainda complementar os Tratados da Organização das Nações Unidas, por meio do respeito universal a direitos e liberdades fundamentais, sem distinção de qualquer natureza e sem a exclusão de direitos específicos de grupos vulneráveis, como crianças, idosos, mulheres e populações tradicionais. Ao ratificar convenções sobre Direitos Humanos, os países pactuam com sua imple- mentação e assumem compromissos juridicamente vinculativos, o que deveria ser decisivo para a construção de suas políticas públicas internas, visando a dar cumprimento ao largo espectro de direitos civis, políticos, sociais e econômicos igualmente previstos na nossa lei maior ou a eles comparados por força do art. 5º, § 2º, da Constituição Federal. Promover e defender os Direitos Humanos não são questões apenas vinculadas à militância política ou à competência acadêmica. Na verdade, é importante conhecer, vi- venciar e praticar os Direitos Humanos, com profissionalismo e habilidade. Um defensor dos Direitos Humanos deverá ponderar e avaliar, por intermédio do pleno conhecimento dos mecanismos, textos e normas que promovem e protegem direitos, restando conven- cido das ações que pretende garantir. Portanto, é essencial disponibilizar conhecimento necessário para a sua atuação informada e eficiente. Nesse sentido, é de grande importância a inicitiva da Secretaria de Cooperação In- ternacional que, ao celebrar seus 10 anos de existência, presenteia o Ministério Público e todos os demais interessados com um compêndio composto pelos principais documentos constitutivos do Sistema Internacional de Proteção dos Direitos Humanos. Boa leitura e bom proveito! AURÉLIO VIRGíLIO VEIGA RIOS Procurador Federal dos Direitos do Cidadão sumário Apresentação Prefácio 1. sisTema Global de ProTeção aos direiTos Humanos 9 1.1. Instrumentos Gerais 9 Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 9 Convenção sobre a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio (1948) 21 Estatuto do Tribunal Penal Internacional (1998) 27 1.2. Tratados de DH Civis e Políticos 111 Convenção relativa à Escravidão (1926) 111 Convenção Suplementar sobre a Escravidão, do Tráfico de Escravos e das Instituições e Práticas Similares à Escravidão (1957) 125 Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966) 139 Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984) 159 Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura (2002) 173 Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçado (2006) 187 1.3. Tratados de DH Econômicos, Sociais e Culturais 205 Convenção relativa à Luta contra a Discriminação no campo do Ensino (1960) 205 Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos e Sociais (1966) 213 Convenção UNESCO sobre as Medidas a serem Adotadas para Proibir e impedir a Importação, Exportação e Transportação e Transferência de Propriedade Ilícitas dos Bens Culturais (1970) 225 Convenção UNESCO relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972) 235 Convenção UNESCO para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003) 249 Convenção UNESCO sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (2005) 265 9 1. sistema Global de Proteção aos direitos Humanos 1.1. instrumentos Gerais declaração universal dos direitos Humanos (1948) Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 PREÂMBULO Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que todos gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igual- dade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, A ASSEMBLÉIA GERAL proclama a presente DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIRETOS HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. 10 arTiGo 1 Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. arTiGo 2 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. arTiGo 3 Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. arTiGo 4 Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos emtodas as suas formas. arTiGo 5 Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. arTiGo 6 Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. arTiGo 7 Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. arTiGo 8 Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 11 arTiGo 9 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. arTiGo 10 Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. arTiGo 11 1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido ino- cente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. arTiGo 12 Ninguém será sujeito à interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. arTiGo 13 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. arTiGo 14 1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. arTiGo 15 1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. 12 arTiGo 16 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 2. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. arTiGo 17 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. arTiGo 18 Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. arTiGo 19 Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. arTiGo 20 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. arTiGo 21 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. 13 arTiGo 22 Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à reali- zação, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. arTiGo 23 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Todo ser humano que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses. arTiGo 24 Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. arTiGo 25 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua fa- mília saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, inva- lidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. arTiGo 26 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técni- co-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade hu- mana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 14 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será mi- nistrada a seus filhos. arTiGo 27 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comuni- dade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. arTiGo 28 Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. arTiGo 29 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contra- riamente aospropósitos e princípios das Nações Unidas. arTiGo 30 Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimen- to a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio (1948) As Partes Contratantes, Considerando que a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em sua Resolução 96 (1) de 11 de dezembro de 1945, declarou que o genocídio é um crime contra o Direito Inter- nacional, contrário ao espírito e aos fins das Nações Unidas e que o mundo civilizado condena; Reconhecendo que todos os méritos da história o genocídio causou grandes perdas à humanidade; Convencidas de que, para libertar a humanidade de flagelo tão odioso, a cooperação internacional é necessária: 15 Convém no seguinte: arTiGo i As Partes Contratantes confirmam que o genocídio quer cometido em tempo de paz ou em tempo de guerra, é um crime contra o Direito Internacional, que elas se comprometem a prevenir e a punir. arTiGo ii Na presente Convenção entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, come- tidos com a intenção de destruir no todo ou em parte, um grupo nacional. étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condição de existência capazes de oca- sionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio de grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo. arTiGo iii Serão punidos os seguintes atos: a) o genocídio; b) a associação de pessoas para cometer o genocídio; c) a incitação direta e pública a cometer o genocídio; d) a tentativa de genocídio; e) a co-autoria no genocídio. arTiGo iV As pessoas que tiverem cometido o genocídio ou qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III serão punidas, sejam governistas, funcionários ou particulares. arTiGo V As Partes Contratantes assumem o compromisso de tomar, de acordo com suas respectivas constituições as medidas legislativas necessárias a assegurar as aplicações das disposições da 16 presente Convenção, e, sobretudo a estabelecer sanções penais eficazes aplicáveis às pessoas culpadas de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III. arTiGo Vi As pessoas acusadas de genocídio ou qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III serão julgadas pelos tribunais competentes do Estado em cujo território foi o ato cometido ou pela Corte Penal Internacional competente com relação às Partes Contratantes que lhe tiverem reconhecido a jurisdição. arTiGo Vii O genocídio e os outros atos enumerados no Artigo III não serão considerados crimes políticos para efeitos de extradição. As partes Contratantes se comprometem em tal caso a conceder a extradição de acordo com sua legislação e com os tratados em vigor. arTiGo Viii Qualquer Parte Contratante pode recorrer aos órgãos competentes das Nações Unidas a fim de que estes tomem, de acordo com a Carta das Nações Unidas, as medidas que jul- guem necessárias para a prevenção e a repressão dos atos de genocídio ou em qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III. arTiGo iX As controvérsias entre as Partes Contratantes relativas à interpretação, aplicação ou execução da presente Convenção bem como as referentes à responsabilidade de um Estado em matéria de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III, serão submetidas à Corte Internacional de Justiça, a pedido de uma das Partes na controvérsia. arTiGo X A presente Convenção, outros textos inglês, chinês, espanhol, francês e russo serão igualmente autênticos terá a data de 09 de dezembro de 1948. arTiGo Xi A presente Convenção ficará aberta, até 31 de dezembro de 1949, à assinatura de todos os Membros das Nações Unidas e de todo Estado não -membro ao qual a Assembléia Geral houver enviado um convite para esse fim. A presente Convenção será ratificada e dos instrumentos de ratificação far-se-á depósito no Secretariado das Nações Unidas. A partir de 1° de janeiro de 1950, qualquer Membro das nações Unidas e qualquer Estado não- membro que houver recebido o convite acima mencionado poderão aderir à presente Convenção. 17 Os instrumentos de adesão serão depositados no Secretariado das Nações Unidas. arTiGo Xii Qualquer Parte Contratante poderá a qualquer tempo, por notificação dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas, estender a aplicação da presente Convenção a todos os territórios ou a qualquer dos territórios ou qualquer dos territórios de cujas relações exteriores seja responsável. arTiGo Xiii Na data em que os vinte primeiros instrumentos de ratificação ou adesão tiverem sido depositados, o Secretário Geral lavrará uma ata, e transmitirá cópia da mesma a todos os membros das Nações Unidas e aos Estados não-membros a que se refere o Artigo XI. A presente Convenção entrará em vigor noventa dias após a data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão. Qualquer ratificação ou adesão efetuada posteriormente à última data entrará em vigor noventa dias após o deposito do instrumento de ratificação ou adesão. arTiGo XiV A presente Convenção vigorará por dez anos a partir da data de sua entrada em vigor. Ficará, posteriormente, em vigor por um período de cinco anos e assim sucessivamente, com relação às Partes Contratantes que não tiverem denunciado pelo menos seis meses antes do termo do prazo. A denuncia será feita por notificação escrita dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas. arTiGo XV Se, em conseqüência de denuncias, o número das Partes na presente Convenção se reduzir a menos de dezesseis, a Convenção cessará de vigorar a partir da data na qual a última dessas denuncias entrar em vigor. A Assembléia Geral decidirá com relação ás medidas que se deve tomar, se for o caso, com relação a esse pedido. arTiGo XVii O Secretário Geral das Nações Unidas notificará todos os membros das nações Unidas e os Estados não- membros mencionados no Artigo XI: a) das assinaturas, ratificações e adesões recebidas de acordo com o Artigo XI; b) das notificações recebidas de acordo com o Artigo XII; 18 c) da data em que a presente Convenção entrar em vigor de acordo com o Artigo XIII; d) das denúncias recebidas de acordo com o Artigo XIV; e) da aprovação da Convenção de acordo com o Artigo XV; f) das notificações recebidas de acordo com o Artigo XVI. arTiGo XViii O original da presente Convenção será depositado nos arquivos da Organização das Nações Unidas. Enviar-se-á cópia autentica a todos os Membros das Nações Unidas e aos Estados não- membros mencionados no Artigo XI. arTiGo XiX A presente Convenção será registrada pelo Secretário Geral das Nações Unidas na data de sua entrada em vigor. Pelo Afeganistão - Pela Argentina - Pela Austrália: Herbert V. Evatt - 11 de dezembro de 1948. Pelo Reino da Bélgica - Pela Bolívia. A Costa du Rels - 11 de dezembro de 1948. Pelo Brasil: João Carlos Muniz - 11 de dezembro de 1948. Pela União da Birmânia - Pela República Socialista Soviética da Bielo-Russia - Pelo Canadá - Pelo Chile: com a reserva que requer também a aprovação do Congresso do meu país - H. Arancibia Laso. Pela China - Pela Colômbia - Por Costa Rica - Por Cuba - Pela Tchecoslováquia - Pela Dina- marca - Pela República Dominicana: Joaquim Balaguer - 11 de dezembro de 1948. Pelo Equador: Homero Viteri - La fronte - 11 de dezembro de 1948. Pelo Egito: Ahmed Mohamed Khachaba - 12 de dezembro de 1948. Por el Salvador - Pela Etiópia: - Aklilou - 11 de dezembrode 1948. Pela França: Robert Schuman - 11 de dezembro de 1948. Pela Grécia - Pela Guatemala - Por Haiti: (ilegível) - 11 de dezembro de 1948. Por Honduras - Pela Islândia - Pela índia - Pelo Irã - Pelo Iraque - Pelo Líbano - Pela Libéria: Henry Coop - 11 de dezembro de 1948. Pelo Grão Ducado de Luxemburgo - Pelo México: L. Padilha Nervo - 14 de dezembro de 1948. 19 Pelo Reino dos Países Baixos - Pela Nova Zelândia - Pela Nicarágua - Pelo Reino da Noruega: Finn Moe, - 11 de dezembro de 1948. Pelo Paquistão: Zafrullah Khan - 11 de dezembro de 1948. Pelo Panamá: R. J. Alfaro - 11 de dezembro de 1948. Pelo Paraguai: (ilegível) - 11 de dezembro de 1946. Pelo Peru: f. Berckmeyer - 11 de dezembro de 1948. Pela República das Filipinas: Carlos P. Rômulo - 11 de dezembro de 1948. Pela Polônia - Pela Arábia Saudita - Pelo Sião - Pela Suécia - Pela Síria - Pela Turquia - Pela República Socialista Soviética da Ucrânia - Pela União Sul Africana - Pela Uniaão das Repú- blcia Socialistas Soviéticas - Pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte -Pelos Estados Unidos da América: Ernest A . Gross - 11 de dezembro de 1948. Pelo Uruguai: Enrique C. Armanã Ugon - 11 de dezembro de 1948. Pela Venezuela - Pelo Imen - Pela Iugoslávia: Ales Bebler - 11 de dezembro de 1948. A presente é a tradução oficial, em idioma português, do texto original e autêntico da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, firmada em Paris, em dezembro de 1948, por ocasião da 3a Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. Secretaria de Estado das Relações Exteriores, Rio de janeiro, D.F., em 28 de abril de 1952. - Jayme de Barros Gomes. Chefe da Divisão de Atos, Congressos e Conferencias Internacionais. Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de 09/05/1952 Publicação: Diário Oficial da União - Seção 1 - 9/5/1952, Página 7785 (Publicação Original) Coleção de Leis do Brasil - 1952, Página 125 Vol. 4 (Publicação Original) 20 21 Convenção sobre a Prevenção e repressão do Crime de Genocídio (1948) DECRETO Nº 30.822, DE 6 DE MAIO DE 1952 Promulga a convenção para a prevenção e a repressão do crime de Genocídio, concluída em Paris, a 11 de dezembro de 1948, por ocasião da III Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, DO ESTADO UNIDOS DO BRASIL: TENDO o Congresso Nacional aprovado pelo Decreto Legislativo nº 2, de 11 de abril de 1951, a convenção para a prevenção e a repressão do crime de Genocídio, conculcai em Paris a 11 de dezembro de 1948, por ocasião da III Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas; e TENDO sido depositado no secretariado geral da Organização das Nações Unidas, em Lake Sucess, Nova York, a 15 de abril de 1952, o Instrumento Brasileiro de ratificação: DECRETA: Que a referida convenção, apensa por copia ao presente decreto, seja executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. Rio de Janeiro, em 6 de maio de 1952; 131º da Independência e 64º da República. GETÚLIO VARGAS JOÃO NEVES DA FONTOURA Convenção para a prevencão e a repressão do crime de genocídio As Partes Contratantes, Considerando que a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, em sua Resolução 96 (1) de 11 de dezembro de 1945, declarou que o genocídio é um crime contra o Direito Internacional, contrário ao espírito e aos fins das Nações Unidas e que o mundo civilizado condena; Reconhecendo que todos os méritos da história o genocídio causou grandes perdas à humanidade; Convencidas de que, para libertar a humanidade de flagelo tão odioso, a cooperação internacional é necessária: Convém no seguinte: 22 arTiGo i As Partes Contratantes confirmam que o genocídio quer cometido em tempo de paz ou em tempo de guerra, é um crime contra o Direito Internacional, que elas se comprometem a prevenir e a punir. arTiGo ii Na presente Convenção entende-se por genocídio qualquer dos seguintes atos, come- tidos com a intenção de destruir no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: a) matar membros do grupo; b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo; c) submeter intencionalmente o grupo a condição de existência capazes de oca- sionar-lhe a destruição física total ou parcial; d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio de grupo; e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo. arTiGo iii Serão punidos os seguintes atos: a) o genocídio; b) a associação de pessoas para cometer o genocídio; c) a incitação direta e pública a cometer o genocídio; d) a tentativa de genocídio; e) a co-autoria no genocídio. arTiGo iV As pessoas que tiverem cometido o genocídio ou qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III serão punidas, sejam governistas, funcionários ou particulares. arTiGo V As Partes Contratantes assumem o compromisso de tomar, de acordo com suas respectivas constituições as medidas legislativas necessárias a assegurar as aplicações das disposições da presente Convenção, e, sobretudo a estabelecer sanções penais eficazes aplicáveis às pessoas 23 culpadas de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III. arTiGo Vi As pessoas acusadas de genocídio ou qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III serão julgadas pelos tribunais competentes do Estado em cujo território foi o ato cometido ou pela Corte Penal Internacional competente com relação às Partes Contratantes que lhe tiverem reconhecido a jurisdição. arTiGo Vii O genocídio e os outros atos enumerados no Artigo III não serão considerados crimes políticos para efeitos de extradição. As partes Contratantes se comprometem em tal caso a conceder a extradição de acordo com sua legislação e com os tratados em vigor. arTiGo Viii Qualquer Parte Contratante pode recorrer aos órgãos competentes das Nações Unidas a fim de que estes tomem, de acordo com a Carta das Nações Unidas, as medidas que jul- guem necessárias para a prevenção e a repressão dos atos de genocídio ou em qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III. arTiGo iX As controvérsias entre as Partes Contratantes relativas à interpretação, aplicação ou execução da presente Convenção bem como as referentes à responsabilidade de um Estado em matéria de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III, serão submetidas à Corte Internacional de Justiça, a pedido de uma das Partes na controvérsia. arTiGo X A presente Convenção, outros textos inglês, chinês, espanhol, francês e russo serão igualmente autênticos terá a data de 09 de dezembro de 1948. arTiGo Xi A presente Convenção ficará aberta, até 31 de dezembro de 1949, à assinatura de todos os Membros das Nações Unidas e de todo Estado não -membro ao qual a Assembléia Geral houver enviado um convite para esse fim. A presente Convenção será ratificada e dos instrumentos de ratificação far-se-á depósito no Secretariado das Nações Unidas. A partir de 1º de janeiro de 1950, qualquer Membro das nações Unidas e qualquer Estado não-membro que houver recebido o convite acima mencionado poderão aderir à presente Convenção. 24 Os instrumentos de adesão serão depositados no Secretariado das Nações Unidas. arTiGo Xii Qualquer Parte Contratante poderá a qualquer tempo, por notificação dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas, estender a aplicação da presente Convenção a todos os territórios ou a qualquer dos territórios ou qualquer dos territórios de cujas relações exteriores seja responsável. arTiGo Xiii Na data em que os vinte primeiros instrumentos de ratificação ou adesão tiverem sido depositados, o Secretário Geral lavrará uma ata, e transmitirá cópia da mesma a todos os membros das Nações Unidas e aos Estadosnão-membros a que se refere o Artigo XI. A presente Convenção entrará em vigor noventa dias após a data do depósito do vigésimo instrumento de ratificação ou adesão. Qualquer ratificação ou adesão efetuada posteriormente à última data entrará em vigor noventa dias após o deposito do instrumento de ratificação ou adesão. arTiGo XiV A presente Convenção vigorará por dez anos a partir da data de sua entrada em vigor. Ficará, posteriormente, em vigor por um período de cinco anos e assim sucessivamente, com relação às Partes Contratantes que não tiverem denunciado pelo menos seis meses antes do termo do prazo. A denuncia será feita por notificação escrita dirigida ao Secretário Geral das Nações Unidas. arTiGo XV Se, em conseqüência de denuncias, o número das Partes na presente Convenção se reduzir a menos de dezesseis, a Convenção cessará de vigorar a partir da data na qual a última dessas denuncias entrar em vigor. arTiGo XVi As Partes Contratantes poderão, a todo o tempo, formular um pedido de revisão da presente Convenção, mediante notificação escrita dirigida ao Secretário-Geral. A Assembleia Geral deliberará sobre as medidas a tomar, se for o caso, sobre esse pedido. arTiGo XVii O Secretário Geral das Nações Unidas notificará todos os membros das nações Unidas e os Estados não-membros mencionados no Artigo XI: 25 a) das assinaturas, ratificações e adesões recebidas de acordo com o Artigo XI; b) das notificações recebidas de acordo com o Artigo XII; c) da data em que a presente Convenção entrar em vigor de acordo com o Artigo XIII; d) das denúncias recebidas de acordo com o Artigo XIV; e) da aprovação da Convenção de acordo com o Artigo XV; f) das notificações recebidas de acordo com o Artigo XVI. arTiGo XViii O original da presente Convenção será depositado nos arquivos da Organização das Nações Unidas. Enviar-se-á cópia autentica a todos os Membros das Nações Unidas e aos Estados não- membros mencionados no Artigo XI. arTiGo XiX A presente Convenção será registrada pelo Secretário Geral das Nações Unidas na data de sua entrada em vigor. Pelo Afeganistão - Pela Argentina - Pela Austrália: Herbert V. Evatt - 11 de dezembro de 1948. Pelo Reino da Bélgica - Pela Bolívia. A Costa du Rels - 11 de dezembro de 1948. Pelo Brasil: João Carlos Muniz - 11 de dezembro de 1948. Pela União da Birmânia - Pela República Socialista Soviética da Bielo-Russia - Pelo Canadá - Pelo Chile: com a reserva que requer também a aprovação do Congresso do meu país - H. Arancibia Laso. Pela China - Pela Colômbia - Por Costa Rica - Por Cuba - Pela Tchecoslováquia - Pela Dina- marca - Pela República Dominicana: Joaquim Balaguer - 11 de dezembro de 1948. Pelo Equador: Homero Viteri - La fronte - 11 de dezembro de 1948. Pelo Egito: Ahmed Mohamed Khachaba - 12 de dezembro de 1948. Por el Salvador - Pela Etiópia: - Aklilou - 11 de dezembro de 1948. Pela França: Robert Schuman - 11 de dezembro de 1948. Pela Grécia - Pela Guatemala - Por Haiti: (ilegível) - 11 de dezembro de 1948. Por Honduras - Pela Islândia - Pela índia - Pelo Irã - Pelo Iraque - Pelo Líbano - Pela Libéria: 26 Henry Coop - 11 de dezembro de 1948. Pelo Grão Ducado de Luxemburgo - Pelo México: L. Padilha Nervo - 14 de dezembro de 1948. Pelo Reino dos Países Baixos - Pela Nova Zelândia - Pela Nicarágua - Pelo Reino da Noruega: Finn Moe, - 11 de dezembro de 1948. Pelo Paquistão: Zafrullah Khan - 11 de dezembro de 1948. Pelo Panamá: R. J. Alfaro - 11 de dezembro de 1948. Pelo Paraguai: (ilegível) - 11 de dezembro de 1946. Pelo Peru: f. Berckmeyer - 11 de dezembro de 1948. Pela República das Filipinas: Carlos P. Rômulo - 11 de dezembro de 1948. Pela Polônia - Pela Arábia Saudita - Pelo Sião - Pela Suécia - Pela Síria - Pela Turquia - Pela República Socialista Soviética da Ucrânia - Pela União Sul Africana - Pela União das Repú- blicas Socialistas Soviéticas - Pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte -Pelos Estados Unidos da América: Ernest A . Gross - 11 de dezembro de 1948. Pelo Uruguai : Enrique C. Armanã Ugon - 11 de dezembro de 1948. Pela Venezuela - Pelo Imen - Pela Iugoslávia: Ales Bebler - 11 de dezembro de 1948. A presente é a tradução oficial, em idioma português, do texto original e autêntico da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, firmada em Paris, em dezembro de 1948, por ocasião da 3ª Sessão da Assembléia Geral das Nações Unidas. Secretaria de Estado das Relações Exteriores, Rio de janeiro, D.F., em 28 de abril de 1952. - Jayme de Barros Gomes. Chefe da Divisão de Atos, Congressos e Conferencias Internacionais. Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 de 09/05/1952 Publicação: Diário Oficial da União - Seção 1 - 9/5/1952, Página 7785 (Publicação Original) Coleção de Leis do Brasil - 1952, Página 125 Vol. 4 (Publicação Original) 27 estatuto do Tribunal Penal internacional (1998) DECRETO N° 4.388. DE 25 DE SETEMBRO DE 2002. Promulga o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto do Estatuto de Roma do Tri- bunal Penal Internacional, por meio do Decreto Legislativo no 112, de 6 de junho de 2002; Considerando que o mencionado Ato Internacional entrou em vigor internacional em 1° de julho de 2002, e passou a vigorar, para o Brasil, em 1° de setembro de 2002, nos termos de seu art. 126; DECRETA: Art. 1o - O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, apenso por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém. Art. 2º - São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em revisão do referido Acordo, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Constituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Art. 3º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 25 de setembro de 2002; 181° da Independência e 114° da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO LUIZ AUGUSTO SOINT-BRISSON DE ARAUJO CASTRO Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 26.9.2002 estatuto de roma do Tribunal Penal internacional PREÂMBULO Os Estados Partes no presente Estatuto. Conscientes de que todos os povos estão unidos por laços comuns e de que suas culturas foram construídas sobre uma herança que partilham, e preocupados com o fato deste delicado mosaico poder vir a quebrar-se a qualquer instante, Tendo presente que, no decurso deste século, milhões de crianças, homens e mulheres têm sido vítimas de atrocidades inimagináveis que chocam profundamente a consciência da humanidade, 28 Reconhecendo que crimes de uma tal gravidade constituem uma ameaça à paz, à segurança e ao bem-estar da humanidade, Afirmando que os crimes de maior gravidade, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto, não devem ficar impunes e que a sua repressão deve ser efetivamente assegurada através da adoção de medidas em nível nacional e do reforço da cooperação internacional, Decididos a por fim à impunidade dos autores desses crimes e a contribuir assim para a prevenção de tais crimes, Relembrando que é dever de cada Estado exercer a respectiva jurisdição penal sobre os responsáveis por crimes internacionais, Reafirmando os Objetivos e Princípios consignados na Carta das Nações Unidas e, em particular, que todos os Estados se devem abster de recorrer à ameaça ou ao uso da força, contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou de atuar por qualquer outra forma incompatível com os Objetivos das Nações Unidas, Salientando, a este propósito, que nadano presente Estatuto deverá ser entendido como autorizando qualquer Estado Parte a intervir em um conflito armado ou nos assuntos internos de qualquer Estado, Determinados em perseguir este objetivo e no interesse das gerações presentes e vindouras, a criar um Tribunal Penal Internacional com caráter permanente e independen- te, no âmbito do sistema das Nações Unidas, e com jurisdição sobre os crimes de maior gravidade que afetem a comunidade internacional no seu conjunto, Sublinhando que o Tribunal Penal Internacional, criado pelo presente Estatuto, será complementar às jurisdições penais nacionais, Decididos a garantir o respeito duradouro pela efetivação da justiça internacional, Convieram no seguinte: Capítulo i Criação do Tribunal arTiGo 1 o Tribunal É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional (“o Tribunal”). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcio- namento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto. 29 arTiGo 2 relação do Tribunal com as nações unidas A relação entre o Tribunal e as Nações Unidas será estabelecida através de um acordo a ser aprovado pela Assembléia dos Estados Partes no presente Estatuto e, em seguida, concluído pelo Presidente do Tribunal em nome deste. arTiGo 3 sede do Tribunal 1. A sede do Tribunal será na Haia, Países Baixos (“o Estado anfitrião”). 2. O Tribunal estabelecerá um acordo de sede com o Estado anfitrião, a ser aprovado pela Assembléia dos Estados Partes e em seguida concluído pelo Presidente do Tribunal em nome deste. 3. Sempre que entender conveniente, o Tribunal poderá funcionar em outro local, nos termos do presente Estatuto. arTiGo 4 regime Jurídico e Poderes do Tribunal 1. O Tribunal terá personalidade jurídica internacional. Possuirá, igualmente, a capacidade jurídica necessária ao desempenho das suas funções e à prossecução dos seus objetivos. 2. O Tribunal poderá exercer os seus poderes e funções nos termos do presente Estatuto, no território de qualquer Estado Parte e, por acordo especial, no território de qualquer outro Estado. Capítulo ii Competência, admissibilidade e direito aplicável arTiGo 5 Crimes da Competência do Tribunal 1. A competência do Tribunal restringir-se-á aos crimes mais graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto. Nos termos do presente Estatuto, o Tribunal terá competência para julgar os seguintes crimes: a) O crime de genocídio; b) Crimes contra a humanidade; 30 c) Crimes de guerra; d) O crime de agressão. 2. O Tribunal poderá exercer a sua competência em relação ao crime de agressão desde que, nos termos dos artigos 121 e 123, seja aprovada uma disposição em que se defina o crime e se enunciem as condições em que o Tribunal terá competência relativamente a este crime. Tal disposição deve ser compatível com as disposições pertinentes da Carta das Nações Unidas. arTiGo 6 Crime de Genocídio Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “genocídio”, qualquer um dos atos que a seguir se enumeram, praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, enquanto tal: a) Homicídio de membros do grupo; b) Ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) Sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) Imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e) Transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo. arTiGo 7 Crimes contra a Humanidade 1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “crime contra a humanidade”, qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse ataque: a) Homicídio; b) Extermínio; c) Escravidão; d) Deportação ou transferência forçada de uma população; e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação das normas fundamentais de direito internacional; f) Tortura; 31 g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo sexual de gravidade comparável; h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de gênero, tal como definido no parágrafo 3º, ou em função de outros critérios universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional, relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer crime da competência do Tribunal; i) Desaparecimento forçado de pessoas; j) Crime de apartheid; k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade física ou a saúde física ou mental. 2. Para efeitos do parágrafo 1°: a) Por “ataque contra uma população civil” entende-se qualquer conduta que envolva a prática múltipla de atos referidos no parágrafo 1° contra uma população civil, de acordo com a política de um Estado ou de uma organização de praticar esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa política; b) O “extermínio” compreende a sujeição intencional a condições de vida, tais como a privação do acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a causar a destruição de uma parte da população; c) Por “escravidão” entende-se o exercício, relativamente a uma pessoa, de um poder ou de um conjunto de poderes que traduzam um direito de propriedade sobre uma pessoa, incluindo o exercício desse poder no âmbito do tráfico de pessoas, em particular mulheres e crianças; d) Por “deportação ou transferência à força de uma população” entende-se o deslocamento forçado de pessoas, através da expulsão ou outro ato coercivo, da zona em que se encontram legalmente, sem qualquer motivo reconhecido no direito internacional; e) Por “tortura” entende-se o ato por meio do qual uma dor ou sofrimentos agu- dos, físicos ou mentais, são intencionalmente causados a uma pessoa que esteja sob a custódia ou o controle do acusado; este termo não compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções legais, inerentes a essas sanções ou por elas ocasionadas; f) Por “gravidez à força” entende-se a privação ilegal de liberdade de uma mulher que foi engravidada à força, com o propósito de alterar a composição étnica de uma população ou de cometer outras violações graves do direito internacional. Esta defi- nição não pode, de modo algum, ser interpretada como afetando as disposições de direito interno relativas à gravidez; 32 g) Por “perseguição’’ entende-se a privação intencional e grave de direitos fun- damentais em violação do direito internacional, por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa; h) Por “crime de apartheid” entende-se qualquer ato desumano análogo aos referidos no parágrafo 1°, praticado no contexto de um regime institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre um ou outros grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime; i) Por “desaparecimento forçado de pessoas” entende-se a detenção, a prisão ou o seqüestro de pessoas por um Estado ou uma organização política ou com a autorização, o apoio ou a concordância destes, seguidos de recusa a reconhecer tal estado de privação de liberdade ou a prestar qualquer informação sobre a situação ou localização dessas pessoas, com o propósito de lhes negar a proteção da lei por um prolongado período de tempo. 3. Para efeitosdo presente Estatuto, entende-se que o termo “gênero” abrange os sexos masculino e feminino, dentro do contexto da sociedade, não lhe devendo ser atribuído qualquer outro significado. arTiGo 8 Crimes de Guerra 1. O Tribunal terá competência para julgar os crimes de guerra, em particular quando cometidos como parte integrante de um plano ou de uma política ou como parte de uma prática em larga escala desse tipo de crimes. 2. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “crimes de guerra”: a) As violações graves às Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos seguintes atos, dirigidos contra pessoas ou bens protegidos nos termos da Convenção de Genebra que for pertinente: I) Homicídio doloso; II) Tortura ou outros tratamentos desumanos, incluindo as experiências biológicas; III) O ato de causar intencionalmente grande sofrimento ou ofensas graves à integridade física ou à saúde; IV) Destruição ou a apropriação de bens em larga escala, quando não justifica- das por quaisquer necessidades militares e executadas de forma ilegal e arbitrária; V) O ato de compelir um prisioneiro de guerra ou outra pessoa sob proteção a servir nas forças armadas de uma potência inimiga; VI) Privação intencional de um prisioneiro de guerra ou de outra pessoa sob 33 proteção do seu direito a um julgamento justo e imparcial; VII) Deportação ou transferência ilegais, ou a privação ilegal de liberdade; VIII) Tomada de reféns; b) Outras violações graves das leis e costumes aplicáveis em conflitos armados inter- nacionais no âmbito do direito internacional, a saber, qualquer um dos seguintes atos: I) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não participem diretamente nas hostilidades; II) Dirigir intencionalmente ataques a bens civis, ou seja bens que não sejam objetivos militares; III) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à proteção conferida aos civis ou aos bens civis pelo direito internacional aplicável aos conflitos armados; IV) Lançar intencionalmente um ataque, sabendo que o mesmo causará perdas acidentais de vidas humanas ou ferimentos na população civil, danos em bens de caráter civil ou prejuízos extensos, duradouros e graves no meio ambiente que se revelem claramente excessivos em relação à vantagem militar global concreta e direta que se previa; V) Atacar ou bombardear, por qualquer meio, cidades, vilarejos, habitações ou edifícios que não estejam defendidos e que não sejam objetivos militares; VI) Matar ou ferir um combatente que tenha deposto armas ou que, não tendo mais meios para se defender, se tenha incondicionalmente rendido; VII) Utilizar indevidamente uma bandeira de trégua, a bandeira nacional, as insígnias militares ou o uniforme do inimigo ou das Nações Unidas, assim como os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, causando deste modo a morte ou ferimentos graves; VIII) A transferência, direta ou indireta, por uma potência ocupante de parte da sua população civil para o território que ocupa ou a deportação ou transferência da totalidade ou de parte da população do território ocupado, dentro ou para fora desse território; Ix) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre que não se trate de objetivos militares; x) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de uma parte belige- 34 rante a mutilações físicas ou a qualquer tipo de experiências médicas ou científicas que não sejam motivadas por um tratamento médico, dentário ou hospitalar, nem sejam efetuadas no interesse dessas pessoas, e que causem a morte ou coloquem seriamente em perigo a sua saúde; xI) Matar ou ferir à traição pessoas pertencentes à nação ou ao exército inimigo; xII) Declarar que não será dado quartel; xIII) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que tais destruições ou apreensões sejam imperativamente determinadas pelas necessidades da guerra; xIV) Declarar abolidos, suspensos ou não admissíveis em tribunal os direitos e ações dos nacionais da parte inimiga; xV) Obrigar os nacionais da parte inimiga a participar em operações bélicas dirigidas contra o seu próprio país, ainda que eles tenham estado ao serviço daquela parte beligerante antes do início da guerra; xVI) Saquear uma cidade ou uma localidade, mesmo quando tomada de assalto; xVII) Utilizar veneno ou armas envenenadas; xVIII) Utilizar gases asfixiantes, tóxicos ou outros gases ou qualquer líquido, material ou dispositivo análogo; xIx) Utilizar balas que se expandem ou achatam facilmente no interior do corpo humano, tais como balas de revestimento duro que não cobre totalmente o interior ou possui incisões; xx) Utilizar armas, projéteis; materiais e métodos de combate que, pela sua própria natureza, causem ferimentos supérfluos ou sofrimentos desnecessários ou que surtam efeitos indiscriminados, em violação do direito internacional aplicável aos conflitos armados, na medida em que tais armas, projéteis, materiais e métodos de combate sejam objeto de uma proibição geral e estejam incluídos em um anexo ao presente Estatuto, em virtude de uma alteração aprovada em conformidade com o disposto nos artigos 121 e 123; xxI) Ultrajar a dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos humilhantes e degradantes; xxII) Cometer atos de violação, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez à força, tal como definida na alínea f) do parágrafo 2° do artigo 7°, esterilização à força e qualquer outra forma de violência sexual que constitua também um desrespeito grave às Convenções de Genebra; xxIII) Utilizar a presença de civis ou de outras pessoas protegidas para evitar que determinados pontos, zonas ou forças militares sejam alvo de operações militares; 35 xxIV) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos sanitários, assim como o pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, em conformidade com o direito internacional; xxV) Provocar deliberadamente a inanição da população civil como método de guerra, privando-a dos bens indispensáveis à sua sobrevivência, impedindo, inclusive, o envio de socorros, tal como previsto nas Convenções de Genebra; xxVI) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou utilizá-los para participar ativamente nas hostilidades; c) Em caso de conflito armado que não seja de índole internacional, as violações graves do artigo 3º comum às quatro Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos atos que a seguir se indicam, cometidos contra pessoas que não participem diretamente nas hostilidades, incluindo os membros das forças armadas que tenham deposto armas e os que tenham ficado impedidos de continuar a combater devido a doença, lesões, prisão ou qualquer outro motivo: I) Atos de violência contra a vida e contra a pessoa, em particular o homicídio sob todas as suas formas, as mutilações, os tratamentos cruéis e a tortura; II) Ultrajes à dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos humilhantes e degradantes; III) A tomada de reféns; IV) As condenações proferidas e as execuções efetuadas sem julgamento prévio por um tribunal regularmente constituído e que ofereça todas as garantias judiciais geralmente reconhecidas como indispensáveis. d) A alínea c) do parágrafo 2° do presente artigo aplica-se aos conflitos armados que não tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se aplica a situaçõesde distúrbio e de tensão internas, tais como motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou outros de caráter semelhante; e) As outras violações graves das leis e costumes aplicáveis aos conflitos armados que não têm caráter internacional, no quadro do direito internacional, a saber qualquer um dos seguintes atos: I) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não participem diretamente nas hostilidades; II) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos sanitários, bem como ao pessoal que esteja usando os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, em conformidade com o direito internacional; III) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material, unidades ou veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou de assistência 36 humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas, sempre que estes tenham direito à proteção conferida pelo direito internacional dos conflitos armados aos civis e aos bens civis; IV) Atacar intencionalmente edifícios consagrados ao culto religioso, à educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos, hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre que não se trate de objetivos militares; V) Saquear um aglomerado populacional ou um local, mesmo quando tomado de assalto; VI) Cometer atos de agressão sexual, escravidão sexual, prostituição forçada, gravidez à força, tal como definida na alínea f do parágrafo 2° do artigo 7°; esteriliza- ção à força ou qualquer outra forma de violência sexual que constitua uma violação grave do artigo 3º comum às quatro Convenções de Genebra; VII) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou em grupos, ou utilizá-los para participar ativamente nas hostilidades; VIII) Ordenar a deslocação da população civil por razões relacionadas com o conflito, salvo se assim o exigirem a segurança dos civis em questão ou razões militares imperiosas; Ix) Matar ou ferir à traição um combatente de uma parte beligerante; x) Declarar que não será dado quartel; xI) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de outra parte belige- rante a mutilações físicas ou a qualquer tipo de experiências médicas ou científicas que não sejam motivadas por um tratamento médico, dentário ou hospitalar nem sejam efetuadas no interesse dessa pessoa, e que causem a morte ou ponham seriamente a sua saúde em perigo; xII) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que as necessidades da guerra assim o exijam; f) A alínea e) do parágrafo 2° do presente artigo aplicar-se-á aos conflitos armados que não tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se aplicará a situações de distúrbio e de tensão internas, tais como motins, atos de violência esporádicos ou isolados ou outros de caráter semelhante; aplicar-se-á, ainda, a conflitos armados que tenham lugar no território de um Estado, quando exista um conflito armado prolongado entre as autoridades governamentais e grupos armados organizados ou entre estes grupos. 3. O disposto nas alíneas c) e e) do parágrafo 2°, em nada afetará a responsabilidade que incumbe a todo o Governo de manter e de restabelecer a ordem pública no Estado, e de defender a unidade e a integridade territorial do Estado por qualquer meio legítimo. 37 arTiGo 9 elementos Constitutivos dos Crimes 1. Os elementos constitutivos dos crimes que auxiliarão o Tribunal a interpretar e a aplicar os artigos 6°, 7° e 8° do presente Estatuto, deverão ser adotados por uma maioria de dois terços dos membros da Assembléia dos Estados Partes. 2. As alterações aos elementos constitutivos dos crimes poderão ser propostas por: a) Qualquer Estado Parte; b) Os juízes, através de deliberação tomada por maioria absoluta; c) O Procurador. As referidas alterações entram em vigor depois de aprovadas por uma maioria de dois terços dos membros da Assembléia dos Estados Partes. 3. Os elementos constitutivos dos crimes e respectivas alterações deverão ser compa- tíveis com as disposições contidas no presente Estatuto. arTiGo 10 Nada no presente capítulo deverá ser interpretado como limitando ou afetando, de alguma maneira, as normas existentes ou em desenvolvimento de direito internacional com fins distintos dos do presente Estatuto. arTiGo 11 Competência Ratione Temporis 1. O Tribunal só terá competência relativamente aos crimes cometidos após a entrada em vigor do presente Estatuto. 2. Se um Estado se tornar Parte no presente Estatuto depois da sua entrada em vigor, o Tribunal só poderá exercer a sua competência em relação a crimes cometidos depois da entrada em vigor do presente Estatuto relativamente a esse Estado, a menos que este tenha feito uma declaração nos termos do parágrafo 3º do artigo 12. arTiGo 12 Condições Prévias ao exercício da Jurisdição 1. O Estado que se torne Parte no presente Estatuto, aceitará a jurisdição do Tribunal relativamente aos crimes a que se refere o artigo 5°. 38 2. Nos casos referidos nos parágrafos a) ou c) do artigo 13, o Tribunal poderá exercer a sua jurisdição se um ou mais Estados a seguir identificados forem Partes no presente Estatuto ou aceitarem a competência do Tribunal de acordo com o disposto no parágrafo 3º: a) Estado em cujo território tenha tido lugar a conduta em causa, ou, se o crime tiver sido cometido a bordo de um navio ou de uma aeronave, o Estado de matrícula do navio ou aeronave; b) Estado de que seja nacional a pessoa a quem é imputado um crime. 3. Se a aceitação da competência do Tribunal por um Estado que não seja Parte no presente Estatuto for necessária nos termos do parágrafo 2°, pode o referido Estado, mediante declaração depositada junto do Secretário, consentir em que o Tribunal exerça a sua competência em relação ao crime em questão. O Estado que tiver aceito a compe- tência do Tribunal colaborará com este, sem qualquer demora ou exceção, de acordo com o disposto no Capítulo IX. arTiGo 13 exercício da Jurisdição O Tribunal poderá exercer a sua jurisdição em relação a qualquer um dos crimes a que se refere o artigo 5°, de acordo com o disposto no presente Estatuto, se: a) Um Estado Parte denunciar ao Procurador, nos termos do artigo 14, qualquer situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários desses crimes; b) O Conselho de Segurança, agindo nos termos do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, denunciar ao Procurador qualquer situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários desses crimes; ou c) O Procurador tiver dado início a um inquérito sobre tal crime, nos termos do disposto no artigo 15. arTiGo 14 denúncia por um estado Parte 1. Qualquer Estado Parte poderá denunciar ao Procurador uma situação em que haja indícios de ter ocorrido a prática de um ou vários crimes da competência do Tribunal e solicitar ao Procurador que a investigue, com vista a determinar se uma ou mais pessoas identificadas deverão ser acusadas da prática desses crimes. 2. O Estado que proceder à denúncia deverá, tanto quanto possível, especificar as circunstâncias relevantes do caso e anexar toda a documentação de que disponha. 39 arTiGo 15 Procurador 1. O Procurador poderá, por sua própria iniciativa, abrir um inquérito com base em informações sobre a prática de crimes da competência do Tribunal. 2. O Procurador apreciará a seriedade da informação recebida. Para tal, poderá recolher informações suplementares junto aos Estados, aos órgãos da Organização das Nações Unidas, às Organizações Intergovernamentais ou Não Governamentais ou outras fontes fidedignas que considere apropriadas, bem como recolher depoimentos escritos ou orais na sede do Tribunal. 3. Se concluir que existe fundamento suficiente para abrir um inquérito, o Procuradorapresentará um pedido de autorização nesse sentido ao Juízo de Instrução, acompanhado da documentação de apoio que tiver reunido. As vítimas poderão apresentar representações no Juízo de Instrução, de acordo com o Regulamento Processual. 4. Se, após examinar o pedido e a documentação que o acompanha, o Juízo de Instrução considerar que há fundamento suficiente para abrir um Inquérito e que o caso parece caber na jurisdição do Tribunal, autorizará a abertura do inquérito, sem prejuízo das decisões que o Tribunal vier a tomar posteriormente em matéria de competência e de admissibilidade. 5. A recusa do Juízo de Instrução em autorizar a abertura do inquérito não impedirá o Procurador de formular ulteriormente outro pedido com base em novos fatos ou provas respeitantes à mesma situação. 6. Se, depois da análise preliminar a que se referem os parágrafos 1° e 2°, o Procura- dor concluir que a informação apresentada não constitui fundamento suficiente para um inquérito, o Procurador informará quem a tiver apresentado de tal entendimento. Tal não impede que o Procurador examine, à luz de novos fatos ou provas, qualquer outra infor- mação que lhe venha a ser comunicada sobre o mesmo caso. arTiGo 16 adiamento do inquérito e do Procedimento Criminal Nenhum inquérito ou procedimento crime poderá ter início ou prosseguir os seus ter- mos, com base no presente Estatuto, por um período de doze meses a contar da data em que o Conselho de Segurança assim o tiver solicitado em resolução aprovada nos termos do disposto no Capítulo VII da Carta das Nações Unidas; o pedido poderá ser renovado pelo Conselho de Segurança nas mesmas condições. 40 arTiGo 17 Questões relativas à admissibilidade 1. Tendo em consideração o décimo parágrafo do preâmbulo e o artigo 1°, o Tribunal decidirá sobre a não admissibilidade de um caso se: a) O caso for objeto de inquérito ou de procedimento criminal por parte de um Estado que tenha jurisdição sobre o mesmo, salvo se este não tiver vontade de levar a cabo o inquérito ou o procedimento ou, não tenha capacidade para o fazer; b) O caso tiver sido objeto de inquérito por um Estado com jurisdição sobre ele e tal Estado tenha decidido não dar seguimento ao procedimento criminal contra a pessoa em causa, a menos que esta decisão resulte do fato de esse Estado não ter vontade de proceder criminalmente ou da sua incapacidade real para o fazer; c) A pessoa em causa já tiver sido julgada pela conduta a que se refere a denúncia, e não puder ser julgada pelo Tribunal em virtude do disposto no parágrafo 3º do artigo 20; d) O caso não for suficientemente grave para justificar a ulterior intervenção do Tribunal. 2. A fim de determinar se há ou não vontade de agir num determinado caso, o Tribunal, tendo em consideração as garantias de um processo eqüitativo reconhecidas pelo direito internacional, verificará a existência de uma ou mais das seguintes circunstâncias: a) O processo ter sido instaurado ou estar pendente ou a decisão ter sido proferi- da no Estado com o propósito de subtrair a pessoa em causa à sua responsabilidade criminal por crimes da competência do Tribunal, nos termos do disposto no artigo 5°; b) Ter havido demora injustificada no processamento, a qual, dadas as circuns- tâncias, se mostra incompatível com a intenção de fazer responder a pessoa em causa perante a justiça; c) O processo não ter sido ou não estar sendo conduzido de maneira independente ou imparcial, e ter estado ou estar sendo conduzido de uma maneira que, dadas as circuns- tâncias, seja incompatível com a intenção de levar a pessoa em causa perante a justiça; 3. A fim de determinar se há incapacidade de agir num determinado caso, o Tribunal verificará se o Estado, por colapso total ou substancial da respectiva administração da justiça ou por indisponibilidade desta, não estará em condições de fazer comparecer o acusado, de reunir os meios de prova e depoimentos necessários ou não estará, por outros motivos, em condições de concluir o processo. 41 arTiGo 18 decisões Preliminares sobre admissibilidade 1. Se uma situação for denunciada ao Tribunal nos termos do artigo 13, parágrafo a), e o Procurador determinar que existem fundamentos para abrir um inquérito ou der início a um inquérito de acordo com os artigos 13, parágrafo c) e 15, deverá notificar todos os Estados Partes e os Estados que, de acordo com a informação disponível, teriam jurisdição sobre esses crimes. O Procurador poderá proceder à notificação a título confidencial e, sempre que o considere necessário com vista a proteger pessoas, impedir a destruição de provas ou a fuga de pessoas, poderá limitar o âmbito da informação a transmitir aos Estados. 2. No prazo de um mês após a recepção da referida notificação, qualquer Estado poderá informar o Tribunal de que está procedendo, ou já procedeu, a um inquérito sobre nacionais seus ou outras pessoas sob a sua jurisdição, por atos que possam constituir crimes a que se refere o artigo 5° e digam respeito à informação constante na respectiva notificação. A pedido desse Estado, o Procurador transferirá para ele o inquérito sobre essas pessoas, a menos que, a pedido do Procurador, o Juízo de Instrução decida autorizar o inquérito. 3. A transferência do inquérito poderá ser reexaminada pelo Procurador seis meses após a data em que tiver sido decidida ou, a todo o momento, quando tenha ocorrido uma alteração significativa de circunstâncias, decorrente da falta de vontade ou da incapacidade efetiva do Estado de levar a cabo o inquérito. 4. O Estado interessado ou o Procurador poderão interpor recurso para o Juízo de Recursos da decisão proferida por um Juízo de Instrução, tal como previsto no artigo 82. Este recurso poderá seguir uma forma sumária. 5. Se o Procurador transferir o inquérito, nos termos do parágrafo 2°, poderá solicitar ao Estado interessado que o informe periodicamente do andamento do mesmo e de qualquer outro procedimento subseqüente. Os Estados Partes responderão a estes pedidos sem atrasos injustificados. 6. O Procurador poderá, enquanto aguardar uma decisão a proferir no Juízo de Ins- trução, ou a todo o momento se tiver transferido o inquérito nos termos do presente artigo, solicitar ao tribunal de instrução, a título excepcional, que o autorize a efetuar as investigações que considere necessárias para preservar elementos de prova, quando exista uma oportunidade única de obter provas relevantes ou um risco significativo de que essas provas possam não estar disponíveis numa fase ulterior. 7. O Estado que tenha recorrido de uma decisão do Juízo de Instrução nos termos do presente artigo poderá impugnar a admissibilidade de um caso nos termos do artigo 19, invocando fatos novos relevantes ou uma alteração significativa de circunstâncias. 42 arTiGo 19 impugnação da Jurisdição do Tribunal ou da admissibilidade do Caso 1. O Tribunal deverá certificar-se de que detém jurisdição sobre todos os casos que lhe sejam submetidos. O Tribunal poderá pronunciar-se de ofício sobre a admissibilidade do caso em conformidade com o artigo 17. 2. Poderão impugnar a admissibilidade do caso, por um dos motivos referidos no artigo 17, ou impugnar a jurisdição do Tribunal: a) O acusado ou a pessoa contra a qual tenha sido emitido um mandado ou ordem de detenção ou de comparecimento, nos termos do artigo 58; b) Um Estado que detenha o poder de jurisdição sobre um caso, pelo fato de o estar investigando ou julgando, ou por já o ter feito antes; ou c) Um Estado cuja aceitação da competência do Tribunal seja exigida, de acordo com o artigo 12. 3. O Procurador poderá solicitar ao Tribunal que se pronuncie sobre questões de ju- risdição ou admissibilidade. Nas ações relativas a jurisdição ou admissibilidade, aqueles que tiverem denunciado um caso ao abrigo do artigo 13, bem como as
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