Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CADERNO – 2ª UNIDADE – DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO – THIAGO BORGES AULA 08 – SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL 1. Aspectos gerais dos sujeitos de Direito Internacional: Os Estados são os sujeitos originários do Direito Internacional pois, na sua origem, o Direito Internacional foi concebido como uma relação entre Estados. A partir do século XX, os Estados criaram as organizações internacionais (sujeitos de caráter derivado e dotadas de personalidade própria). Além disso, pode-se mencionar a pessoa humana (sujeito sui generis, fora de qualquer categoria). 2. Os Estados Soberanos: Do ponto de vista externo, não importam muito os aspectos estudados em “Ciência Política e TGE”. Os Estados Soberanos não se subordinam a qualquer entidade superior, contudo, os Estados não são entidades superiores, estando, na ordem internacional, em situação de igualdade. Elementos constitutivos: Os elementos constitutivos do Estado são: Povo, território e governo. a) Povo: Cidadania e nacionalidade não se confundem, todavia, apresentam relações. A nacionalidade tem a ver com um vínculo jurídico-político com o Estado (o indivíduo é parte do que é o Estado). Os cidadãos são aqueles que exercem direitos políticos, não necessariamente brasileiros (nacionais), como os portugueses que se enquadram nos requisitos do art. 12, § 1º, CF. Art. 12, § 1º - CF: Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994). Povo se relaciona à concepção de que todo Estado precisa ter um grupo mínimo de pessoas que participe de sua vida política, ou seja, do seu funcionamento. O povo é composto pelos cidadãos, mas, como regra geral, envolve os nacionais. Todo nacional é cidadão, mas nem todo cidadão é nacional (vide o art. 12, § 1º, CF). Nessa perspectiva, cidadania é um conceito mais amplo que nacionalidade. Povo é um elemento mínimo do Estado, mas, a nível internacional, a dimensão humana é bem mais abrangente que a noção de povo. Do ponto de vista da ordem internacional, importa qualquer pessoa que se encontra submetida a sua jurisdição. Entra, nesse cenário, os estrangeiros residentes no país, inclusive os de passagem (turistas, por exemplo). Ex: Um turista francês foi acusado de cometer um crime no Brasil e foi preso. Não foi dado a ele acesso a advogado e o consulado não foi informado. Depois de um tempo incomunicável, alguém impetra um habeas corpus e o francês é solto. Ele entra com uma ação contra o Estado brasileiro e tais processos são arquivados. O francês pode levar o Brasil ao sistema interamericano de direitos humanos, uma vez que os turistas tem deveres (cumprir o direito nacional) e direitos perante o Estado brasileiro, os quais podem ser exigidos diante da ordem internacional. Destarte, uma pessoa pode integrar a dimensão humana de mais de um Estado. POVO (a nível internacional): NACIONAIS + ESTRANGEIROS SOB À JURISDIÇÃO DO ESTADO b) Território: Território, em síntese, é uma porção geográfica que é de um Estado e não é de mais ninguém (conceito bem básico). Território, tecnicamente, é a área circunscrita na dimensão jurisdicional do Estado. Há, também, exercício da jurisdição no chamado mar territorial (dimensão horizontal). Integra também essa dimensão soberana do Estado o subsolo e o espaço aéreo. Além disso, pode-se citar a plataforma continental (a continuação do território abaixo do mar). Embaixada não é território, embora integre a dimensão espacial do Estado. Por isso se admite a regra da extraterritorialidade da jurisdição (extra = fora). c) Governo: Compreende as autoridades governantes de um Estado, tendo como finalidade regrar e organizar a sociedade. A palavra governo quer designar a institucionalidade do Estado – tanto no sentido dos seus órgãos quanto no sentido normativo. Todo Estado tem uma ordem jurídica composta pela Constituição e pelas suas instituições. O Estado, portanto, é também a sua ordem jurídica, considerando normas e instituições (Poder Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário). Observações importantes: Nação não integra os elementos constitutivos do Estado por se tratar de um conceito antropológico e não jurídico. Nesse cenário, aspectos culturais não determinam um Estado, já que há Estados multinacionais, os quais englobam diferentes etnias e costumes. A soberania não é elemento constitutivo do Estado pois, se fosse, não teria sentido já que todo Estado seria soberano (redundância do termo Estado Soberano). Logo, se há Estados não soberanos, a soberania não é elemento constitutivo do Estado. Ex: A Bahia tem um povo, território, ordem jurídica, governo, tribunal de justiça, símbolos próprios, Assembleia Legislativa – é um Estado, mas não soberano pois se encontra submissa a outro Estado Soberano: a República Federativa do Brasil. Quebec trata-se de outro exemplo de um Estado não soberano. Para se considerar um Estado sujeito de Direito Internacional, este precisa ser dotado de soberania. A soberania é um elemento adjetivo e não constitutivo do Estado para que este se relacione internacionalmente. Contudo, sem soberania, este não se torna sujeito de Direito Internacional. Somente, portanto, figuram no cenário internacional aqueles Estados que têm a soberania reconhecida – total ou parcialmente – por essa ordem. Dimensão humana: a) Nacionalidade: Vínculo jurídico-político estabelecido na ordem interna dos Estados. Cada Estado define, portanto, quem são os seus nacionais – sendo os critérios mais utilizados o Ius soli e o Ius sanguinis. Outros critérios, embora pouco comuns, são religiosos. Ex: No Estado A, só são nacionais os praticantes de determinada religião. Há algumas normas internacionais sobre nacionalidade. Há o costume internacional dos Estados atribuírem nacionalidade, isto é, todo Estado deve determinar quem são os seus nacionais (é, em si, uma norma internacional). É admissível que um Estado admita como nacional qualquer pessoa, sem, nesse cenário, estabelecer critérios para definir a nacionalidade. Toda pessoa tem direito à nacionalidade (vide a Declaração Universal dos Direitos Humanos, art. 15º). Art. 15 – DUDH: Todo indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Um apátrida é o indivíduo que não é titular de qualquer nacionalidade, ou seja, é uma pessoa que não é considerado nacional por qualquer Estado. Os apátridas sofrem muito pois são vulneráveis. Isso ocorre em virtude dos distintos critérios para se estabelecer nacionalidade nos Estados. Os curdos, por exemplo, não integram a nacionalidade iraniana. Os judeus, durante a 2ª Guerra Mundial, se tornaram apátridas. Consoante o art. 15, da DUDH, a perda da nacionalidade não pode ocorrer de forma arbitrária e ninguém pode ser proibido de mudar de nacionalidade (não pode ser criminalizado). O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prevê que o Estado não pode banir os seus nacionais (proibição do banimento de nacionais) e realizar o banimento às avessas (quando o Estado se recusa a receber nacionais vindos de outros Estados). Asilo e exilo são termos complementares. Ex: A sai do estado B para C. A se exilou de B e se asilou em C. Pode-se mencionar, também, a importância do Caso Nottebohm (jurisprudência). Caso Nottebohm [1955] ICJ 1 é o nome apropriado para o caso de 1955 julgado pela Corte Internacional de Justiça. Liechtenstein buscou uma decisão para forçar a Guatemala a reconhecer Friedrich Nottebohm como cidadão de Liechtenstein. O caso foi citado em muitas definições de nacionalidade.Nottebohm queria litigar contra a Guatemala em virtude da perda dos seus bens. Nacionalidade, para fins de proteção diplomática, precisa ter laços sociais efetivos. A nacionalidade no Direito brasileiro se encontra disciplinada na CF/88 e na Lei de Migrações. Art. 12 – CF: São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) O Brasil adota o critério Ius soli na alínea c, bem como o critério Ius sanguinis nas alíneas a e b. II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) Observa-se que a Constituição faz algumas discriminações entre brasileiros natos e naturalizados no que tange à ocupação de determinados cargos de relevância nacional. Art. 65 – Lei de Migração: Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições: I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. Art. 66 – Lei de Migração: O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. 65 será reduzido para, no mínimo, 1 (um) ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: I - (VETADO); II - ter filho brasileiro; III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no momento de concessão da naturalização; IV - (VETADO); V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística. Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos incisos V e VI do caput será avaliado na forma disposta em regulamento. Art. 67 – Lei de Migração: A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira. Art. 68 – Lei de Migração: A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das seguintes situações: I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos. Art. 70 – Lei de Migração: A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal. Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o naturalizando expressamente assim o requerer no prazo de 2 (dois) anos após atingir a maioridade. Art. 12, § 4º - CF: Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Observa-se que não haverá a perda arbitrária da nacionalidade. Será declarada a perda de nacionalidade, quando o brasileiro: Atentar contra a segurança nacional, desde que ratificado por sentença judicial; Adquirir outra nacionalidade, salvo se: O outro país reconhecer a nacionalidade brasileira; Ter o indivíduo adquirido a outra nacionalidade como condição para continuar trabalhando, estudando e para exercer demais direitos civis (obrigação imposta); b) A condição jurídica do estrangeiro: A figura do estrangeiro é definida pela diferença. O estrangeiro é aquele que não é nacional. A terminologia estrangeiro se encontra associada à ideia de “estranho” e, portanto, é excludente por natureza. O Direito Internacional, ao admitir essa distinção entre nacionais e estrangeiros, cria um problema. A situação da migração no mundo é verificada e, no Brasil, não é diferente, apesar do seu tamanho continental. Nesse viés, o Brasil não é um país muito acolhedor, principalmente no que tange aos refugiados – vide a imposição de empecilhos para os imigrantes venezuelanos. A Lei de Migração brasileira tem recebido credibilidade no exterior, sendo um avanço em comparação à antiga lei, que não fomentava a vinda de estrangeiros no Brasil. Os Estados não podem banir seus nacionais e não são obrigados a aceitar estrangeiros em seu território. Tal máxima vem desde o século XVIII, mas, pouco a pouco, vem sendo mitigada devido a tratados internacionais (Estatutos de refugiados e de apátridas, por exemplo), os quais preveem ocasiões que os Estados devem receber os migrantes e dar acolhimento a esses indivíduos. Além disso, pode-se citar os tratados que discorrem sobre a livre circulação de pessoas, dando porosidade às fronteiras entre os Estados (vide a União Europeia e o Mercosul). No Brasil, o que determina a condição jurídica do imigrante é o visto (se entrou como turista, imigrante, trabalhador, etc). O visto é atribuído à pessoa pelo Estado como um dos elementos para entrar no território. O visto cede uma expectativa de entrada e não é, por conseguinte, garantia. Em sequência, na migração, serão feitas algumas perguntas para preencher os requisitos de entrada. Daí, será autorizada a entrada. O visto é dispensado quando há tratado internacional. A título exemplificativo, um brasileiro pode entrar sem visto na Argentina devido à existência de um tratado entre os países que compõemo Mercosul (livre circulação de pessoas). A liberação efetiva do visto, assim, só ocorre através de tratados internacionais que ratifiquem essa liberação. Art. 13 – Lei de Migração: O visto de visita poderá ser concedido ao visitante que venha ao Brasil para estada de curta duração, sem intenção de estabelecer residência, nos seguintes casos: I - turismo; II - negócios; III - trânsito; IV - atividades artísticas ou desportivas; e V - outras hipóteses definidas em regulamento. § 1º É vedado ao beneficiário de visto de visita exercer atividade remunerada no Brasil. § 2º O beneficiário de visto de visita poderá receber pagamento do governo, de empregador brasileiro ou de entidade privada a título de diária, ajuda de custo, cachê, pró-labore ou outras despesas com a viagem, bem como concorrer a prêmios, inclusive em dinheiro, em competições desportivas ou em concursos artísticos ou culturais. § 3º O visto de visita não será exigido em caso de escala ou conexão em território nacional, desde que o visitante não deixe a área de trânsito internacional. Art. 14 – Lei de Migração: O visto temporário poderá ser concedido ao imigrante que venha ao Brasil com o intuito de estabelecer residência por tempo determinado e que se enquadre em pelo menos uma das seguintes hipóteses: I - o visto temporário tenha como finalidade: a) pesquisa, ensino ou extensão acadêmica; b) tratamento de saúde; c) acolhida humanitária; d) estudo; e) trabalho; f) férias-trabalho; g) prática de atividade religiosa ou serviço voluntário; h) realização de investimento ou de atividade com relevância econômica, social, científica, tecnológica ou cultural; i) reunião familiar; j) atividades artísticas ou desportivas com contrato por prazo determinado; II - o imigrante seja beneficiário de tratado em matéria de vistos; III - outras hipóteses definidas em regulamento. § 1º O visto temporário para pesquisa, ensino ou extensão acadêmica poderá ser concedido ao imigrante com ou sem vínculo empregatício com a instituição de pesquisa ou de ensino brasileira, exigida, na hipótese de vínculo, a comprovação de formação superior compatível ou equivalente reconhecimento científico. § 2º O visto temporário para tratamento de saúde poderá ser concedido ao imigrante e a seu acompanhante, desde que o imigrante comprove possuir meios de subsistência suficientes. § 3º O visto temporário para acolhida humanitária poderá ser concedido ao apátrida ou ao nacional de qualquer país em situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito armado, de calamidade de grande proporção, de desastre ambiental ou de grave violação de direitos humanos ou de direito internacional humanitário, ou em outras hipóteses, na forma de regulamento. § 4º O visto temporário para estudo poderá ser concedido ao imigrante que pretenda vir ao Brasil para frequentar curso regular ou realizar estágio ou intercâmbio de estudo ou de pesquisa. § 5º Observadas as hipóteses previstas em regulamento, o visto temporário para trabalho poderá ser concedido ao imigrante que venha exercer atividade laboral, com ou sem vínculo empregatício no Brasil, desde que comprove oferta de trabalho formalizada por pessoa jurídica em atividade no País, dispensada esta exigência se o imigrante comprovar titulação em curso de ensino superior ou equivalente. § 6º O visto temporário para férias-trabalho poderá ser concedido ao imigrante maior de 16 (dezesseis) anos que seja nacional de país que conceda idêntico benefício ao nacional brasileiro, em termos definidos por comunicação diplomática. § 7º Não se exigirá do marítimo que ingressar no Brasil em viagem de longo curso ou em cruzeiros marítimos pela costa brasileira o visto temporário de que trata a alínea “e” do inciso I do caput, bastando a apresentação da carteira internacional de marítimo, nos termos de regulamento. § 8º É reconhecida ao imigrante a quem se tenha concedido visto temporário para trabalho a possibilidade de modificação do local de exercício de sua atividade laboral. § 9º O visto para realização de investimento poderá ser concedido ao imigrante que aporte recursos em projeto com potencial para geração de empregos ou de renda no País. O estrangeiro deve agir conforme a sua situação jurídica, sob pena de cometer atos ilícitos. O visto de turista não permite que a pessoa trabalhe. O visto de trabalho, caso a pessoa fique desempregada, impõe a retomada ao labor em até trinta dias. A pessoa também pode permanecer no território estrangeiro por asilo político ou na condição de refugiado. Com o visto de “acolhida humanitária” é alvo de diversos elogios, sendo, de fato, uma inovação do legislador brasileiro, o que permite o acolhimento de um maior número de pessoas. c) A exclusão do estrangeiro: Impedimento de entrada: A pessoa entra no aeroporto do país e não é autorizada a entrar, sendo devolvida ao Estado de origem (repatriação). Não é uma exclusão, uma vez que não houve a entrada no território estrangeiro. Deportação (arts. 50-53 – Lei de Migração): Ocupação irregular, existindo, após identificada a irregularidade, prazo de 60 dias para regularizar. Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional. § 1º A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem, expressamente, as irregularidades verificadas e prazo para a regularização não inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado, por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualizadas suas informações domiciliares. § 2º A notificação prevista no § 1º não impede a livre circulação em território nacional, devendo o deportando informar seu domicílio e suas atividades. § 3º Vencido o prazo do § 1º sem que se regularize a situação migratória, a deportação poderá ser executada. § 4º A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relações contratuais ou decorrentes da lei brasileira. § 5º A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da notificação de deportação para todos os fins. § 6º O prazo previsto no § 1º poderá ser reduzido nos casos que se enquadrem no inciso IX do art. 45. Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem respeitar o contraditório e a ampla defesa e a garantia de recurso com efeito suspensivo. § 1º A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente por meio eletrônico, para prestação de assistência ao deportando em todos os procedimentos administrativos de deportação. § 2º A ausência de manifestação da Defensoria Pública da União, desde que prévia e devidamente notificada, não impedirá a efetivação da medida de deportação. Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia autorização da autoridade competente. Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não admitida pela legislação brasileira. Expulsão: Medida punitiva, a qual exige um devido processo legal, culminando em um decreto presidencial que determina a expulsão. Trata-se de uma medida de conveniência e oportunidade (discricionariedade). Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado. § 1º Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de: I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto nº 4.388, de 25 de setembro de 2002 ; ouII - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de ressocialização em território nacional. § 2º Caberá à autoridade competente resolver sobre a expulsão, a duração do impedimento de reingresso e a suspensão ou a revogação dos efeitos da expulsão, observado o disposto nesta Lei. § 3º O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena, a suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual, de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro. § 4º O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será proporcional ao prazo total da pena aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo. Art. 55. Não se procederá à expulsão quando: I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira; II - o expulsando: a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob sua tutela; b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente; c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País; d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o fundamento da expulsão; ou e) (VETADO). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4388.htm Art. 56. Regulamento definirá procedimentos para apresentação e processamento de pedidos de suspensão e de revogação dos efeitos das medidas de expulsão e de impedimento de ingresso e permanência em território nacional. Art. 57. Regulamento disporá sobre condições especiais de autorização de residência para viabilizar medidas de ressocialização a migrante e a visitante em cumprimento de penas aplicadas ou executadas em território nacional. Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o contraditório e a ampla defesa. § 1º A Defensoria Pública da União será notificada da instauração de processo de expulsão, se não houver defensor constituído. § 2º Caberá pedido de reconsideração da decisão sobre a expulsão no prazo de 10 (dez) dias, a contar da notificação pessoal do expulsando. Art. 59. Será considerada regular a situação migratória do expulsando cujo processo esteja pendente de decisão, nas condições previstas no art. 55. Art. 60. A existência de processo de expulsão não impede a saída voluntária do expulsando do País. Extradição: Próxima aula. AULA 09 – EXTRADIÇÃO E DIREITO DO MAR 1. Extradição: Há sempre o envolvimento dos Poderes Judiciário e Executivo no processo de extradição. O Estado pode ser sujeito ativo (requerente) ou passivo (requerido) de uma extradição. O Ministério da Justiça prepara o pedido da extradição e o Ministério das Relações Exteriores protocola. Ex: Se a pessoa tiver na Itália, o protocolo é feito na embaixada da Itália em Brasília. Nos interessa estudar os casos em que o Brasil é requerido, ou seja, sujeito passivo de extradição. O pedido chega e é protocolado na embaixada do Brasil em algum Estado. Quem recebe o pedido é o Ministério das Relações Exteriores, o qual encaminha ao Ministério da Justiça. O Ministério da Justiça se limita a verificar se os documentos estão presentes. Caberá ao STF julgar a legalidade do pedido de extradição. O Supremo julgará o pedido de extradição conforme o tratado bilateral (se houver) entre o Brasil e o requerente e, não havendo tratado, com base na Lei de Migração (Lei nº 13.445/17). Muitas vezes os requisitos presentes no tratado são os mesmos da Lei. O tratado é feito para gerar um alinhamento de cooperação, ou seja, a existência de um compromisso perante a extradição. Não pode haver a extradição de brasileiro nato, mas apenas de naturalizado. Art. 5º, LI – CF: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; Consoante o art. 5º, LI, CF, o brasileiro naturalizado poderá ser extradito em duas situações: Ter sido o crime praticado antes da naturalização; Comprovado o envolvimento em tráfico internacional de drogas, mesmo depois da naturalização; O atleta Robinho foi condenado a 9 anos na Itália por estupro, todavia não pode ser extraditado já que é brasileiro nato. A Itália formalizou essa semana o pedido de extradição, gerando um constrangimento ao Brasil. Há, também, a busca italiana de internacionalizar a procura, isto é, declarar Robinho um foragido internacional, tendo ele dificuldade em sair do país. Ele também não poderá cumprir pena no Brasil em virtude das disposições contidas no tratado bilateral de migração envolvendo Brasil e Itália. Gera-se, dessa forma, uma sensação de impunidade. Art. 81 – Lei de Migração: A extradição é a medida de cooperação internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso. § 1º A extradição será requerida por via diplomática ou pelas autoridades centrais designadas para esse fim. § 2º A extradição e sua rotina de comunicação serão realizadas pelo órgão competente do Poder Executivo em coordenação com as autoridades judiciárias e policiais competentes. Art. 82 – Lei de Migração: Não se concederá a extradição quando: I - o indivíduo cuja extradição é solicitada ao Brasil for brasileiro nato; II - o fato que motivar o pedido não for considerado crime no Brasil ou no Estado requerente; III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando; IV - a lei brasileira impuser ao crime pena de prisão inferior a 2 (dois) anos; V - o extraditando estiver respondendo a processo ou já houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mesmo fato em que se fundar o pedido; VI - a punibilidade estiver extinta pela prescrição, segundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; VII - o fato constituir crime político ou de opinião; VIII - o extraditando tiver de responder, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção; ou IX - o extraditando for beneficiário de refúgio, nos termos da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997 , ou de asilo territorial. § 1º A previsão constante do inciso VII do caput não impedirá a extradição quando o fato constituir, principalmente, infração à lei penal comum ou quando o crime comum, conexo ao delito político, constituir o fato principal. § 2º Caberá à autoridade judiciária competente a apreciação do caráter da infração. Extradição sempre remete à condenação penal (ex: abandono de incapaz) e não há a possibilidade de extradição quando a prisão decretada for por dívida de alimentos. Se o Brasil tiver jurisdição sobre o fato, não haverá extradição, assim como no caso de menor potencial ofensivo da conduta (pena inferior a 2 anos). Consoante o art. 82, VI, percebe-se que o STF terá que analisar o prazo prescricional da lei estrangeira. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9474.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9474.htm Não haverá, também, extradição, nos casos de crimes políticos ou de opinião, bem como nos casos em que o extraditando estiver respondendo perante tribunal ou juízo de exceção. O refugiado e o asilado não podem ser extraditados, afinal a própria condição remete a uma perseguição prévia no Estado de origem. As hipóteses listadas no art. 82 se estendem à deportação e à expulsão, contudo a recíproca não é verdadeira. Art. 94 – Lei de Migração: Negada a extradição em fase judicial,não se admitirá novo pedido baseado no mesmo fato. No caso de julgada improcedente (indeferimento), não poderá ocorrer um novo pedido de extradição sobre o mesmo caso. Art. 96 – Lei de Migração: Não será efetivada a entrega do extraditando sem que o Estado requerente assuma o compromisso de: I - não submeter o extraditando a prisão ou processo por fato anterior ao pedido de extradição; II - computar o tempo da prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição; III - comutar a pena corporal, perpétua ou de morte em pena privativa de liberdade, respeitado o limite máximo de cumprimento de 30 (trinta) anos; IV - não entregar o extraditando, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame; V - não considerar qualquer motivo político para agravar a pena; e VI - não submeter o extraditando a tortura ou a outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. O prazo de efetivação da extradição é 60 (sessenta) dias. No Brasil, o caso Cesare Battisti obteve destaque. Ele era membro do Partido Comunista, o qual posteriormente foi julgado ilegal. Os membros do Partido Comunista passaram a cometer atos terroristas, como a explosão de bombas em praças públicas, sequestros. Nos anos 70, passávamos pela Ditadura Militar e quem resistia ao regime eram movimentos ligados à esquerda, influenciados pelo Socialismo da União Soviética. Cesare Battisti era uma figura conhecida da esquerda brasileira, que o apoiava. Battisti, em virtude dos crimes que cometeu, foi processado e condenado na Itália, contudo, ele estava foragido. No início dos anos 90 ele foi identificado na França, que negou a extradição por considerar que era perseguição política. A França foi obrigada pela U.E a assinar um acordo de cooperação com a Itália. Battisti nos anos 2000 foi identificado no Brasil e o país tem um tratado de extradição com a Itália (durante os governos do PT). O processo foi encaminhado ao STF, que deferiu a legalidade. Luís Roberto Barroso, advogado da União, protocolou em nome da União: mesmo sendo hipótese de tratado, o presidente é obrigado a seguir a ordem do Supremo? Voltou-se para o STF e entendeu-se que não em virtude de decisão política. O presidente resolveu indeferir o pedido com base no risco de uso político do extraditando. Com o impeachment de Dilma e a entrada do presidente Michel Temer, a Itália voltou a pedir o Battisti, já que o supremo deferiu e a extradição só não aconteceu em virtude de um ato político do Executivo. Logo, poderia ser protocolado um novo pedido de extradição. Nesse sentido, Temer fez a entrega do Battisti. 2. A dimensão espacial do Estado: Território: Os meios mais utilizados para fixar fronteiras são os meios naturais – rios, baías, mares e cordilheiras. No entanto, por vezes, as fronteiras são utilizadas por meio de linhas imaginárias (paralelos e meridianos) – vide as fronteiras entre EUA e Canadá, Goiás e Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, bem como entre países africanos. O Brasil tem duas bacias hidrográficas relevantes: a Bacia do Rio Prata e a Bacia Amazônica, de forma que nesses espaços o Estado não tem soberania plena. Base territorial: Embora tome o território como referência, o Estado exerce a sua jurisdição sobre o subsolo, sobre o espaço aéreo (qualquer sobrevoo deve ser autorizado pelo Estado) e horizontalmente na direção do mar. A regulamentação do espaço aéreo é feita através de tratados no âmbito OACI (Organização da Aviação Civil Internacional). Cabe a essa organização uniformizar o uso do espaço aéreo internacional. O fechamento do espaço aéreo foi marcante no caso envolvendo a Bolívia e os países europeus. Evo Morales foi fazer uma visita oficial à Rússia e, na volta, saiu uma notícia na imprensa de que ele estaria negociando trazer para a Bolívia o Edward Snowden. Os Estados europeus fecharam o espaço aéreo para averiguar se haveria algum Edward Snowden, impondo a sua soberania, o que é vedado pelas convenções relativas à proteção diplomática. A Bolívia pleiteou uma ação contra os estados europeus, alegando violação aos direitos da Bolívia. 3. Direito do mar: Os Estados, ao longo da história, buscaram se proteger contra invasões marítimas que pusessem em risco a sua soberania. No início foi estabelecido o direito do mar na distância de um tiro de canhão. Com a evolução tecnológica, o tiro de canhão passou a ir mais longe, mudando-se, portanto o critério de definição. A delimitação do mar territorial passou a ser pautada em critérios objetivos: três milhas náuticas (1 milha náutica = 1,8 km). Os Estados foram ampliando para 6 milhas náuticas, 12, etc, no começo do século XIX, sem muitos problemas. A Islândia, no início do século XX, aumentou seu mar para 50 milhas náuticas com o objetivo de garantir exclusividade da pesca (razões econômicas), o que levou a um conflito internacional. O Chile gostou da ideia e aumentou seu mar para 200 milhas náuticas. O Brasil também achou legal a conduta e aumentou o seu mar para 200 milhas náuticas, o que foi reproduzido por alguns países africanos. No meio dessa bagunça, os países começaram a divergir. Após a 2ª Guerra Mundial foram realizadas três reuniões, culminando na Convenção de Montego Bay (Jamaica) em 1982 - Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM). Chegou-se a um consenso: 12 milhas náuticas contadas a partir da baixa maré determina o mar territorial. O mar territorial envolve o direito de passagem inocente. O Estado não pode intervir em passagem inocente (ilícito internacional), mas apenas ordenar a fiscalização. A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende das 12 a 24 milhas marítimas (acréscimo de 12 milhas náuticas em relação ao mar territorial), contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. Os Estados, além disso, podem estabelecer uma zona econômica exclusiva de até 200 milhas náuticas (próximo a 400km). A plataforma continental (continuação da terra abaixo do mar) faz parte da soberania do Estado até 200 milhas. O Brasil pediu ao aumento da sua plataforma continental à ONU (350 milhas, sobretudo no que concerne aos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo), que deu um parecer favorável, esperando apenas a aprovação dos Estados membros. A Marinha chama esse espaço acrescido de “Amazônia Azul”. AULA 10 – IMUNIDADE À JURISDIÇÃO ESTATAL 1. Aspectos gerais: Desde os Estados modernos desenvolveu-se a busca pelos Estados submeterem uns aos outros à sua jurisdição. Também se desenvolveu no plano dos costumes internacionais o chamado direito de legação (ou direito de embaixada) – direito de um Estado instalar uma representação no território de outro. No século XIX, após as invasões napoleônicas, os Estados diferenciaram o serviço diplomático do serviço consular, mas foi sobretudo a partir da 2ª Guerra Mundial que os Estados assinaram dois tratados positivados nos costumes internacionais sobre a matéria. Em 1961, foi assinada a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas; Em 1963, foi assinada a Convenção de Viena sobre relações consulares; Esses dois tratados foram amplamente ratificados. 2. Serviço diplomático e consular: Esse tratamento diferenciado se justifica pela sua natureza. O serviço diplomático diz respeito aos atos de soberania, ou seja, representa os interesses de um Estado perante a soberania local. O Estado acreditante é aquele que envia a missão diplomática, enquanto que o Estado acreditado é aquele no qual o serviço diplomático é instalado. O serviço consular diz respeito à representação do Estado estrangeiro para o atendimento de interesses de particulares. Portanto, consulado é a representação no estrangeiro para proporcionar serviços às pessoas e às empresas que pretendam manter com nesteEstado algum tipo de relação. Aqui no Brasil as carreiras são unificadas – a pessoa presta concurso para secretário e, em seguida, pode ser designado para uma embaixada ou para um consulado. É comum que um país tenha vários consulados em um país, mas uma única embaixada. A título exemplificativo pode-se citar a Itália apresenta 12 consulados no Brasil. O órgão que representa o Brasil no exterior é o Ministério das Relações Exteriores (Ministério do Itamaraty). As vagas mais disputadas são na China e nos Estados Unidos, duas grandes potências no que tange ao comércio internacional. Esses cargos são cargos de confiança do Ministro das Relações Exteriores e, por isso, nem sempre são ocupados por diplomatas. O cônsul honorário (exerce a função voluntariamente) não goza dos mesmos privilégios do cônsul missi. 3. Imunidades, primado do direito local e renúncia da imunidade: Os membros da missão diplomática gozam de imunidades: Não podem ser detidos por qualquer razão. A pessoa/membro da missão diplomática é inviolável, ou seja, não pode ser conduzido coercitivamente nem ser obrigado a testemunhar em juízo. Os sujeitos não se encontram passíveis de multas, gozando de imunidade tributária, salvo dos tributos indiretos. Também não estão sujeitos ao regime previdenciário local e também gozam de imunidade à jurisdição civil, exceto quanto aos fatos praticados estranhos ao serviço prestado. Além disso, a residência dos membros da missão diplomática é inviolável. Não são obrigados a passar pela detecção de metais nos aeroportos. Os locais onde é prestado o serviço diplomático também são invioláveis (embaixadas), assim como os instrumentos que se dedicam à prestação do serviço diplomático (carros, quadros,...) – não sucessíveis de penhora. Tudo isso obedece ao livre exercício do direito de legação (direito de ser representado em outro Estado), ou seja, a ideia de que o Estado estrangeiro não pode se submeter à jurisdição do Estado local. Os funcionários consulares gozam de imunidade apenas em relação aos atos do serviço, podendo, portanto, ser detidos e responder a processos penais por crimes comuns. No entanto, se isso acontecer, o cônsul ou a cônsul devem ser imediatamente convidados para prestar a devida assistência consular. Caso a pessoa presa seja o próprio cônsul, notificação deve ser feita à embaixada. A imunidade não é extensível aos familiares nem ao corpo técnico administrativo. O local em que se exerce o ato só é inviolável no espaço restrito da prestação do serviço, assim como são invioláveis todos os documentos relativos ao consulado. São também invioláveis os bens afetados ao serviço consulado (carros, quadros, etc). Há a preservação dos interesses do Estado acreditado, impondo limites ao Estado acreditante. Essas limitações são pautadas no princípio do primado do direito local, ou seja, qualquer pessoa que esteja amparada pelas imunidades se compromete a respeitar o direito local – o direito do Estado em que prestam serviços – de forma que a imunidade não é uma “carta branca” para a prática de atos ilícitos. Em caso de descumprimento grave ou reiterado do direito local, o representante do Estado estrangeiro pode ser declarado persona non grata, caso em que será removido da missão o cônsul e poderá responder pelos atos praticados no seu Estado de origem. Se a conduta ilícita não for punível no Estado acreditante, pode este (embora seja raro) renunciar à imunidade para que o agente seja punido no Estado acreditado. Ex: A, saudita, é casado com três mulheres (permitido pelo ordenamento local) e, ao viajar para o Brasil, mostra a certidão dos três casamentos. Isso não será uma afronta ao direito local – representar as respectivas esposas como esposas (prática cultural e lícita a luz do direito saudita) – entretanto não pode esse indivíduo se casar novamente aqui. 4. Imunidade dos Estados e OIS: Um Estado por impor ao outro a sua jurisdição? Essa questão se desenvolveu de particularmente sensível por conta do Direito Trabalhista pois é comum que as embaixadas recrutem brasileiros in loco. De acordo com essa linha de raciocínio, existiria uma distinção entre o Jus imperii (atos de soberania – imunes ao direito local) e Jus gestionis (direito de gestão). Por mais que os Estados exerçam o Jus gestionis, há obstáculos para a execução, em virtude da inviolabilidade dos bens diplomáticos e consulares. As organizações internacionais também são sujeitos de Direito Internacional e têm como objetivo o aperfeiçoamento das relações internacionais. Na contemporaneidade, se considera que as organizações internacionais constituem a infraestrutura da sociedade internacional, mas podem existir relações internacionais fora das organizações internacionais (vide relações bilaterais e relações multinacionais não institucionais). Todavia, a maior parte dessas relações se dá no âmbito das relações internacionais. As organizações internacionais são sujeitos de Direito Internacional, mas não são entidades supranacionais. São organizações que se relacionam com os Estados em condição de igualdade e são formadas a partir de tratados multinacionais. Os Estados, por conseguinte, são membros desses tratados e dessas organizações. No que tange à estrutura das organizações internacionais, essa é variável. As organizações com finalidade mais reduzida apresentam estruturas mais simples (singelas) em comparação com as organizações mais complexas. No geral, pelo menos dois órgãos estão presentes em qualquer organização internacional: O órgão administrativo – que normalmente se chama secretariado – atua em prol dos interesses da organização e apresenta funcionamento permanente; A Assembleia Geral apresenta uma função deliberativa. Os membros da Assembleia Geral atuam com parcialidade na representação dos interesses do seu Estado. A Assembleia só se reúne de tempos em tempos (geralmente uma vez pro ano), podendo, no entanto, se reunir em caráter extraordinário a qualquer tempo. A título exemplificativo pode-se citar a reunião extraordinária na ONU realizada em Nova York para resolver o conflito no Leste Europeu. A ONU apresenta conselhos, comissões (órgãos especializados) e, ainda, órgãos decisórios (de solução de controvérsias), como é o caso da Corte Internacional de Justiça (CIJ). Podemos classificar as organizações internacionais. Quanto à abrangência da sua atuação: Universais: Não impõem nenhum limite ao acesso dos Estados àquelas organizações; Regionais: Oferecem algum tipo de limitação. Não se confunde, necessariamente, com a regionalidade geográfica. Ex: A Liga dos Estados Árabes é formada por uma região cultural, sendo composta por países africanos, asiáticos e europeus que apresentam a predominância da cultura árabe. A OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo – também trata-se de um exemplo, contudo, mais direcionado para o viés econômico. Quanto à área de atuação: Organizações predominantemente políticas: Criadas para assegurar o equilíbrio nas relações internacionais. Ex: ONU; Organizações predominantemente técnico-específicas: Voltadas para uma área do conhecimento. Ex: OMS, OMC, OIC, OMI; Pode-se combinar os critérios: Organizações universais e predominantemente políticas. Ex: ONU; Organizações regionais predominantemente políticas; Organizações universais predominantemente técnico-específicas; Organizações regionais predominantemente técnico-específicas; Quanto ao vínculo entre os Estados: Organizações clássicas: São intergovernamentais, ou seja, o vínculo entre os Estados é limitado. Servem muito mais como espaços públicos de realização de atos políticos; Organizações de integração: Formam os blocos econômicos – União Europeia, Mercosul, Tigres Asiáticos. São organizações cujas competências interferem diretamente nos Estados(circulação de pessoais, capitais, serviços, bens, barreiras fiscais e parafiscais, promoção de uma aproximação cultural...); Nos dedicaremos ao estudo da ONU – Organização das Nações Unidas. 5. A ONU: Histórico: Em duas convenções em 1944 (Dumbarton Oaks e Yalta), as nações buscaram estruturar a ONU como um órgão que refletisse a geopolítica do mundo. Esse órgão é o chamado Conselho de Segurança – que vai de encontro ao idealismo que permeia toda a Carta das Nações Unidas. Se propõe a refletir a realidade – a diferença de forças na sociedade internacional – partindo do pressuposto de que é necessário incorporar tais diferenças para a harmonia da sociedade internacional. O idealismo da Carta da ONU seria mais facilmente alcançado a partir de um realismo. Hoje, contudo, a ONU vive uma crise institucional pois o Conselho de Segurança não se adaptou às modificações das relações internacionais. Estrutura e funções: Secretariado: O secretário-geral da ONU é eleito na Assembleia Geral por 2/3 dos Estados a partir da recomendação do Conselho de Segurança. O secretário-geral tem um mandato de 5 (cinco) anos, podendo ser reconduzido uma vez. Ele pode convocar a Assembleia Geral sempre que entender necessário. É comum (costume não expresso) que o secretário-geral tenha certa rotatividade geral (africano, sul-coreano, oriental, latino-americano, árabe, etc). Assembleia Geral: Cada Estado tem direito a um voto, não havendo distinção de pesos. A Assembleia Geral das Nações Unidas tem competência fiscal e atua por meio de recomendações, resoluções – essas não vinculantes para os Estados – e, eventualmente, tratados. A Assembleia Geral se reúne uma vez por ano, no mês de setembro. Conselho de Segurança: O Conselho de Segurança, na sua origem, tinha onze membros (cinco permanentes e seis não permanentes). Após uma modificação na sua carta, passou-se a ter 15 membros (cinco permanentes – EUA, Rússia, China, França e Reino Unido). Os demais membros (não permanentes) são eleitos na Assembleia Geral para dois anos e não podem ser reconduzidos para o período subsequente. Em termos práticos, isso gera o fortalecimento dos membros permanentes em virtude da rapidez de relacionamentos com os membros não permanentes (há a troca constante de cinco membros) – dificulta a formação de maioria pelos membros não permanentes. Do ponto de vista do realismo político, a concepção de membros permanentes não é algo absurdo, mas já tem durado algum tempo. Destarte, cabe ao Conselho de Segurança se adequar às transformações da sociedade internacional, já que a sua estrutura é a mesma desde o término da 2ª Guerra Mundial, salvo o aumento de 11 (onze) para 15 (membros). O Conselho de Segurança, portanto, trata-se de um órgão bastante poderoso e tal descompasso mitiga a legitimidade da própria organização internacional – ONU (já que, por exemplo, hoje, Alemanha e Japão são países totalmente diferentes de outrora e se tornaram potências globais). Artigo 25 – Carta da ONU: Os Membros das Nações Unidas concordam em aceitar e executar as decisões do Conselho de Segurança, de acordo com a presente Carta. Por isso, parte da doutrina considera que o Conselho de Segurança é fonte do Direito Internacional. Nessa perspectiva, destaca-se o capítulo VII da Carta da ONU. O artigo 39 atribui competências ao Conselho de Segurança - cabe ao Conselho de Segurança definir se houve ou não houve agressão (Ex: testes militares de um país no litoral de outro é ou não é risco à paz mundial?). Cabe também a esse órgão, ao constatar a presença de ameaça, fazer recomendações de solução pacífica ou decidir quais medidas a serem tomadas (inclusive usufruir do uso da força). CAPÍTULO VII AÇÃO RELATIVA A AMEAÇAS À PAZ, RUPTURA DA PAZ E ATOS DE AGRESSÃO Artigo 39. O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou ato de agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas de acordo com os Artigos 41 e 42, a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Artigo 41. O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que, sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das Nações Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos , postais, telegráficos, radiofônicos, ou de outra qualquer espécie e o rompimento das relações diplomáticas. Artigo 42. No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas. Artigo 51. Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva no caso de ocorrer um ataque armado contra um Membro das Nações Unidas, até que o Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da segurança internacionais. As medidas tomadas pelos Membros no exercício desse direito de legítima defesa serão comunicadas imediatamente ao Conselho de Segurança e não deverão, de modo algum, atingir a autoridade e a responsabilidade que a presente Carta atribui ao Conselho para levar a efeito, em qualquer tempo, a ação que julgar necessária à manutenção ou ao restabelecimento da paz e da segurança internacionais. A legítima defesa (art. 51 da Carta ONU) também se encontra subordinada ao Conselho de Segurança, o qual apresenta uma estrutura deficitária frente à realidade contemporânea. AULA 11 – A DIMENSÃO ESPACIAL DO ESTADO (CONT.) E A CIJ 1. O alto-mar: O alto-mar também é conhecido como “águas internacionais”. Trata-se de um espaço internacional comum, ou seja, constitui um patrimônio da humanidade, sendo insuscetível de domínio pelos Estados. No alto-mar, vigem algumas liberdades fundamentais: A liberdade de navegação; A liberdade de sobrevoo; A liberdade de pesca; A liberdade de pesquisa científica; A liberdade de instalação de ilhas artificiais; A liberdade de instalação de dutos e cabos submarinos; Os Estados podem exercer tais liberdades, desde que para fins pacíficos e desde que não prejudiquem os interesses de outros Estados. O alto-mar envolve, ainda, o que a Convenção de Montego Bay chamou de área. A área trata-se do conjunto de recursos não vivos do leito do oceano e do subsolo, os quais constituem, também, um patrimônio da humanidade e esses recursos são geridos por uma organização internacional criada pela referida convenção chamada de Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos. A exploração econômica desses recursos só pode ser feita mediante autorização da autoridade mencionada e o pagamento de royalties. Esses royalties são redistribuídos entre os Estados partes da Convenção de Montego Bay que não têm acesso ao mar. Tem-se o objetivo de evitar conflitos, já que o não acesso ao mar tende a gerar conflitos internacionais, mas também o objetivo de auxiliar esses Estados que não apresentam acesso ao mar. 2. A Antártida: A Antártida também é considerada um espaço internacional comum e é regido pelo Tratado da Antártida. O objetivo inicial de se fazer esse tratado foi impedir que os Estados utilizassem a Antártida como um espaço de guerra. A Antártida é um continente, o qual apresenta recursos orgânicos próprios daquela região em virtude das suas peculiaridades – daí a crescente pesquisa científica na Antártida. O Brasiltem uma base na Antártida – a Comandante Ferraz, que pegou fogo em 2010. A partir da década de 90, as preocupações climáticas se estenderam à Antártida, sobretudo em razão do degelo, o qual pode culminar na elevação do nível dos oceanos. Foram assinados diversos tratados sobre a Antártida e sobre movimentos migratórios. 3. Os corpos celestes: Com a Guerra Fria, mais especificamente no que tange à corrida aeroespacial, percebeu-se a necessidade de regular questões a respeito da ocupação dos corpos celestes – como a Lua. Os corpos celestes são insuscetíveis de domínio pelos Estados. A fincada de bandeira pelos EUA em 1969 na Lua não implica no domínio estadunidense deste astro. Foram assinados tratados para que os Estados respondam sobre o lançamento de objeto espacial. Muitos satélites lançados no espaço, e que posteriormente se tornam obsoletos, têm o risco de cair e chegar na crosta terrestre, causando danos significativos a cidades, a pessoas, a plantações e a construções. Os Estados assumiram a responsabilidade objetiva com risco integral em relação aos objetos lançados no espaço. Qualquer Estado que lance objetos no espaço é inteiramente responsável por esses. Nos anos mais recentes, outras questões relacionadas ao espaço surgiram. A França, o país que mais produz energia atômica, apresenta lixo atômico significativo. Esse lixo atômico é prejudicial pois não é reciclável e nem tem utilidade. A França quis lançar no espaço esse lixo. A Assembleia Geral da ONU decidiu pela impossibilidade de lançar lixo atômico no espaço. A França, então, teve uma “ideia sensacional”: comprou territórios na África e enterrou lá, pondo as populações locais em risco – embora os franceses neguem qualquer iminência de dano. Tem-se debatido, atualmente, a exploração privada do espaço – vide os empresários Elon Musk e Tom Cruise, os quais pretendem trazer inovações para o futuro. Passaram a ser levantados debates sobre o controle da internet. A internet já se demonstrou extremamente prejudicial para a comunidade internacional, tendo em vista o vazamento de dados sigilosos dos Estados e de reuniões. A Comissão de Direito Internacional da ONU tem discutido para passar aos Estados o controle da internet, já que hoje particulares são detentores da internet. 4. Espaços onde o Estado exerce jurisdição fora do seu território (extraterritorialidade): Compreendem as embaixadas, já que os Estados apresentam imunidade local e podem exercer a sua jurisdição. Embaixada não é território, mas espaço de jurisdição extraterritorial. As embarcações também são compreendidas, sobretudo no que concerne à navegação em alto-mar (princípio da bandeira). Isso se estende às aeronaves. Esses tópicos serão mais aprofundados mais para frente do curso. 5. ONU (continuação): Conselho Econômico e Social: O Conselho Econômico e Social é composto por 54 Estados eleitos na Assembleia Geral para um período de três anos, podendo ser reconduzidos. Atua por meio de Soft law (recomendações, pareceres, memorandos, vias de princípio...) É o órgão central do que se convencionou chamar de Sistema das Nações Unidas, que congrega os organismos especializados ligados às Nações Unidas. O Conselho Econômico e Social é importante para medir o IDH dos Estados, os quais auxiliam os Estados a desenvolver políticas públicas. Fatores como saúde física, saúde mental e educação são medidos e enviados via relatórios detalhados para os Estados, auxiliando-os a se desenvolverem economicamente e socialmente, bem como reduzindo a disparidade econômico-social entre os países. Trata-se de um órgão idealista, diferentemente do Conselho de Segurança. O Conselho Econômico e Social é pautado nos ideais de igualdade entre os Estados, da redução da pobreza, entre outros. O referido conselho é formado por uma série de comissões temáticas, formando os alto- comissariados das Nações Unidas, os quais verificam as carências, em termos econômicos e sociais, existentes visando à melhoria da qualidade de vida da população. Cada vez mais, portanto, o Conselho Econômico e Social tem apresentado importância significativa. Foram estabelecidas metas de desenvolvimento sustentável (17 objetivos) em prol da cooperação internacional e do desenvolvimento humano. Conselho de Direitos Humanos: O Conselho de Direitos Humanos foi criado em 2006 e substituiu um conselho anterior criado na origem das Nações Unidas chamado de Conselho de Tutela (criado para promover a descolonização após a 2ª Guerra Mundial). Como nos anos 90 já se tinha alcançado um patamar considerável de descolonização, o Conselho de Tutela foi considerado obsoleto e anacrônico. A Comissão de Direitos Humanos emergiu à condição de conselho – o Conselho de Direitos Humanos. Esse processo foi longo e burocrático devido aos intensos debates travados. O Conselho foi criado com uma composição bem eclética – 47 Estados, sendo que necessariamente 13 membros são da África, 13 membros da Ásia, 6 membros da Europa Oriental, 8 membros da América Latina e do Caribe e 7 da Europa Ocidental/outros. Visa-se a garantir, destarte, o multiculturalismo – uma diversidade cultural de modo que não haja a imposição de uma visão particular de direitos humanos sobre as demais. O Conselho ainda não formalizou a união entre pessoas do mesmo sexo. Há um consenso de que não se pode criminalizar essa relação, contudo, ainda não há um consenso para a sua formalização. É necessário diálogo pois o mundo é conservador. É preciso compreender que a composição do discurso com os Estados envolvidos proporciona a conquista de alguns direitos de forma imediata, enquanto que outros apenas a médio e a longo prazo. O Conselho dá pareceres de requerer a atuação das Forças Armadas para conter situações transfronteiriças – vide o caso envolvendo Myanmar e Bangladesh. O Brasil tem assento, hoje, no Conselho de Direitos Humanos, podendo ser reconduzido para o período subsequente. Nos últimos anos, o Brasil tem tido um posicionamento diferente do desenvolvimento histórico do país no conselho. Pretendia-se abrir uma investigação sobre o cunho de preconceito racial nas polícias estaduais dos Estados Unidos (tendo em vista o caso George Floyd). Isso não passou. O Brasil foi um dos países que se mobilizou contra a abertura de tal inquérito contra os Estados Unidos. Ademais, o Brasil votou contra a resolução da liberdade da mulher em relação ao seu próprio corpo, por entender a presença de termos bem amplos e vagos. O Brasil se absteve (embora não no Conselho de Direitos Humanos) na suspensão do bloqueio econômico à Cuba. O Conselho de Direitos Humanos tende a ser um órgão cada vez mais forte, embora careça de maior ações nas suas atividades e por enfrentar, ainda, uma série de bloqueios pelos Estados. Não deixa de ser um órgão importante do ponto de vista da proteção universal dos direitos humanos. 6. A Corte Internacional de Justiça: Surgiu como um órgão autônomo, mas que depois se tornou o principal órgão das Nações Unidas. A CIJ tem competência para julgar qualquer questão envolvendo as fontes do Direito Internacional. É, inclusive, no artigo 38 da CIJ que estão enumeradas as fontes do Direito Internacional. A Corte é formada por 15 juízes de diferentes nacionalidades que são indicados pelos Estados, aprovados pelo Conselho de Segurança e eleitos na Assembleia Geral por 2/3 dos membros. Os juízes tem mandato de 9 anos, permitindo-se uma recondução. Há um costume bastante respeitado em relação à distribuição geográfica dos juízes, de modo que se tenha uma diversidade cultural relevante. Historicamente, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança tiveram membros permanentes na Corte. Contudo, o Reino Unido deixou de ter um membro na CIJ pela primeira vez na história. A Corte funciona na Haia (Holanda) e tem como membros todosos membros das Nações Unidas. A Corte julga questões de Estados soberanos e só estes podem litigar perante a Corte (ao contrário de empresas e organizações internacionais). A sentença da CIJ é obrigatória para os Estados (art. 94. 1. ECIJ). A sentença da Corte é irrecorrível. Pode-se questionar apenas sobre a abrangência da decisão. Somente a Corte pode revisar as suas próprias decisões. Os Estados podem, facultativamente, aceitar a jurisdição como obrigatória (art. 36. 2. ECIJ). Artigo 36 – ECIJ: 1. A competência da Côrte abrange tôdas as questões que as partes lhe submetam, bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor. 2. Os Estados partes no presente Estatuto poderão, em qualquer momento, declarar que reconhecem como obrigatória, ipso facto e sem acôrdo especial, em relação a qualquer outro Estado que aceite a mesma obrigação, a jurisdição da Côrte em todas as controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto: a) a interpretação de um tratado; b) qualquer ponto de direito internacional; c) a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria a violação de um compromisso internacional; d) a natureza ou a extensão da reparação devida pela rutura de um compromisso internacional. O Brasil teve Antônio Augusto Cançado Trindade (Belo Horizonte, 17 de setembro de 1947 – Brasília, 29 de maio de 2022) como um dos juízes da CIJ. O Brasil reconhece a jurisdição obrigatória da Corte somente em relação aos Estados americanos. Ex: Honduras moveu uma ação contra o Brasil pautando-se no Pacto de Bogotá. O Brasil poderia ter sido levado a CIJ em diversos momentos – como no caso de abrigo a Cesare Battisti e no caso do brasileiro que trouxe um senador boliviano no fundo do carro. 7. Jurisdição internacional: Além da Corte Internacional de Justiça, temos diversos tribunais jurisdicionais no cenário internacional – como o Tribunal Internacional para o Direito do Mar (criado pela Convenção de Montego Bay) e o Tribunal Penal Internacional (criado pelo Estatuto de Roma). Tem-se também tribunais regionais, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Esses tribunais podem e devem dialogar uns com os outros para consolidar a perspectiva de unidade da ordem internacional. Esse diálogo só é possível na medida em que há o reconhecimento de uma ordem internacional uniforme. A interpretação dos tratados deve ser feita a luz da ordem internacional e não de forma isolada. Da mesma forma, os regimes jurídicos que dão força aos tribunais internacionais não devem ser considerados de forma isolada – remetendo à base da Jus cogens (efeitos Erga omnes que dão integridade à ordem internacional). Os tribunais internacionais reconhecem entre si uma litispendência internacional e uma coisa julgada internacional. Se determinado caso está sendo julgado em determinado tribunal e este caso já foi julgado por outro tribunal, o tribunal em questão pode se negar a https://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_Horizonte https://pt.wikipedia.org/wiki/17_de_setembro https://pt.wikipedia.org/wiki/1947 https://pt.wikipedia.org/wiki/Bras%C3%ADlia https://pt.wikipedia.org/wiki/29_de_maio https://pt.wikipedia.org/wiki/2022 julgar novamente, reconhecendo a jurisdição dos demais tribunais internacionais. Ex: Se o caso já foi submetido ao Tribunal do Mar, a CIJ poderá se negar a julgar. A CIJ não é um órgão recursal, como a Corte Interamericana de Direitos Humanos também não é. Faz-se mais racional utilizar o verbo “acionar” ao invés de “recorrer”. Referências: https://sdgs.un.org/goals AULA 12 – A PESSOA HUMANA ENQUANTO SUJEITO DE DIREITO INTERNACIONAL 1. A pessoa humana enquanto sujeito de Direito Internacional: A pessoa humana, até pouco tempo (desde Grócio até os anos 90), não era considerada sujeito de Direito Internacional, já que este criava, em tese, obrigações apenas entre Estados. O Estado assumia a obrigação de promover direitos fundamentais para as pessoas humanas (objeto da obrigação estatal = destinatário). O direito subjetivo é uma via de acesso para os interesses particulares. Quem tem direitos, faz parte da sociedade. O direito subjetivo é um sinal de inclusão. Não ter direitos é o sinal maior da exclusão. Essa noção de direito subjetivo foi desenvolvida desde Roma, remetendo a expressões como facultas agendi (faculdade de agir). Destarte, a ordem jurídica romana atribuía poderes aos cidadãos. No entanto, com o fim do Império Romano e o início da Idade Média, sobretudo na Alta Idade Média, período em que preponderou os interesses do clero e da Nobreza, a sociedade passou a se estruturar de maneira estamental. Dessa forma, passa-se a ter o estrato superior privilégios e o estrato inferior, uma condição de exclusão total (a plebe). O povo pertencia ao reino, não tendo direito algum – não era dono da terra, da sua produção, da sua força de trabalho (tudo pertencia ao rei), enquanto que a nobreza e o clero representavam a sociedade. Já na Baixa Idade Média, quando a Igreja começa a perder o seu poder, o que coincide com o surgimento dos Estados, a plebe começa a conseguir, em vários lugares da Europa, fazer vários acordos de poder com os reinos. Tem-se como marco a Magna Carta de 1215, a qual possui trechos conservados até os dias atuais. Os direitos antecedem a Constituição pois sem direitos não há Constituição. Não é possível formar uma Constituição sem a liberdade de reunião, sem a liberdade de ir e vir, sem a liberdade de ter um poder constituinte, a liberdade de votação. Os direitos são conquistas populares que dão origem à Constituição e esta os reafirma. Entre esses direitos se encontram os direitos subjetivos (conquista do povo). O senso de preservação da Magna Carta tem a ver com a ideia de que o documento representa a materialização da conquista – do reconhecimento de direitos por parte do reino. Não é a toa que no Reino Unido não há uma Constituição escrita, uma vez que eles têm a concepção de que os direitos já foram conquistados e estão enraizados no bojo social. A Magna Carta se mantém como símbolo de uma conquista histórica do povo. 400 anos após a Magna Carta emergiu a Bill of Rights (Declaração de Direitos), pautada em ideais voltados para a limitação do poder do soberano. A burguesia almeja a, portanto, participar do processo político. Enseja-se o princípio da legalidade – o poder do rei regulado pelo direito (rule of law). A Revolução Inglesa é chamada de Revolução Gloriosa por não ter envolvido derramamento de sangue (processo de concessões). O mesmo foi constatado na história política estadunidense. Primeiro se conquistou os direitos para, posteriormente, sintetizá-los em uma Constituição. A França foi o primeiro país a reconhecer a independência dos EUA e Thomas Jefferson foi nomeado embaixador dos Estados Unidos na França, tornando-se um dos grandes influenciadores da futura Revolução Francesa. Na França, a Declaração Universal de Direitos do Homem e do Cidadão antecede a Revolução Francesa. Napoleão Bonaparte “rasga” tal declaração e passa a exercer uma atividade expansionista. Somente com a queda de Napoleão, é que o Direito Internacional inicia um processo de positivação. Tem-se também, no século XIX, a Convenção de Bruxelas voltada para a proibição do tráfico de pessoas. Ademais, as Conferências da Paz da Haia, responsáveis por estabelecer diversas normas sobre guerras e limitar a ação dos combatentes (proibição do uso de armas envenenadas, proibição do uso de armas inflamáveis, proteção dos soldados enfermos e rendidos...). Passa-se a estabelecer uma ética da guerra voltada para a proteção da pessoa humana. Já no século XX, mais precisamente no ano 1920, mas ainda como precedente, surge a OIT (Organização Internacional do Trabalho) – responsável pela proteção dos direitos sociais (2ª dimensãodos direitos fundamentais), os quais integram os direitos humanos. Destaca-se também a Convenção de Paris para a Prevenção e a Repressão do crime de Genocídio. É, contudo, a partir da 2ª Guerra Mundial que ascendem, de forma expressiva, os debates dobre direitos humanos. Surge a Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU em 1948. Não é um tratado, não cria vínculo jurídico, de forma que um Estado não pode demandar o outro com base neste documento. A Declaração da ONU não é tão forte como aparenta ser, já que não é cogente. A sua força é pautada no seu conteúdo e na história posterior à sua assinatura, uma vez que vários Estados têm, no preâmbulo de suas Constituições, menção à DUDH. A CFB/88 dialoga com a DUDH de forma mais evidente no art. 5º. Estatuto de Zapata e as Convenções de Genebra também mencionam a DUDH. Na segunda metade do século XX, foram assinados o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Além disso, a DUDH influenciou acordos regionais, tais como a Convenção Europeia de Direitos Humanos de 1950, a Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969 e a Convenção Africana de Direitos Humanos e dos Povos em 2004. Emergem, nesse cenário, diversos outros tratados em prol de grupos marginalizados da sociedade, tais como mulheres, crianças, pessoas com deficiência, presos, etc. Os Estados se reúnem na Áustria em 1993, tendo como grande tema a carência de mecanismos de efetivação dos direitos humanos. Todo esse processo de conquista – desde a Idade Média, passando pelo pós-Guerras, até os dias atuais – para chegar à seguinte conclusão: as pessoas são sujeitos de Direito Internacional – na medida em que podem reclamar direitos perante a ordem internacional e devem cumprir as normas internacionais no geral. Hoje, é minoritário na doutrina o viés de que a pessoa humana não é sujeito de Direito I. Os tratados internacionais visam a assegurar o mínimo dos direitos humanos. Os Estados devem almejar a bem mais. Logo, aqueles que descumprem tratados internacionais “estão em dívida” com a sociedade internacional. Além da convocação das seleções, outro assunto está dando o que falar na Copa do Mundo no Catar, e não é o futebol. Ontem, o embaixador do torneio disse que a homossexualidade é um “dano mental”. Khalid Salman, que é ex-jogador da seleção do país, afirmou que “ainda que homossexuais sejam tolerados, terão de seguir as regras do Catar” Fonte: The News https://thenews.cmail20.com/t/t-l-akhtltd-yuihdhkjty-t/ https://thenews.cmail20.com/t/t-l-akhtltd-yuihdhkjty-t/ Thiago Borges considera uma contradição a FIFA levar a Copa para o Catar, uma vez que o país vai na linha contrária dos valores defendidos pela instituição. 2. Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos: Instrumentos: O Sistema Interamericano é composto por uma série de instrumentos. Já previa a criação de direitos humanos aplicáveis chamada de Convenção Americana de Direitos Humanos. Foi criada por uma Assembleia, passando a funcionar na estrutura da OEA em Washington. Os Estados passaram a debater acerca da criação de uma corte regional sobre direitos humanos. EUA e Canadá, bem como alguns países anglo-saxônicos do Caribe, se mostraram contra a criação da corte, uma vez que a maioria dos Estados da OEA é latino-americana, de forma que a corte sempre teria a predominância de latinos. Esses países não ratificaram a convenção, vindo esta a ser reconhecida apenas pelos latino-americanos. Deram-lhe o apelido de Pacto de San Jose da Costa Rica. Em 1985, foi assinado o protocolo adicional à convenção sobre direitos econômicos, sociais e culturais conhecido como Protocolo de São Salvador, capital de El Salvador. Existem outros tratados no âmbito da OEA, no entanto, esses tratados não podem ser acionados nem na convenção e nem na corte. O Brasil ratificou o Pacto de San Jose da Costa Rica somente em 1992, embora tenha entrado em vigor em 1978 (o país ainda vivia sob o regime militar na década de 70). Comissão IDH: A Comissão é o órgão mais importante da OEA. Embora seja um órgão relativamente pequeno, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos faz um trabalho importante. É composta por sete membros eleitos para um período de quatro anos, podendo ser reconduzidos uma vez. São indicadas pessoas (não necessariamente juristas) que, geralmente, apresentam ativismo na área dos direitos humanos. Trata-se de um órgão político-administrativo e não um tribunal. O sistema como um todo não é um sistema punitivo. Embora tenha sanções, não é o objetivo do sistema. O foco central trata-se de promover a proteção dos direitos humanos, fazendo com que os Estados melhorem os seus sistemas de proteção. ARTIGO 44 Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não governamental legalmente reconhecida em um ou mais Estados-Membros da Organização, pode apresentar à Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de violação desta Convenção por um Estado- Parte. Os arts. 8º e 25º da Convenção afirmam que a negativa de resposta por parte de um Estado, por si mesma, já é uma violação de direitos humanos (acesso à justiça). A demora também pode ferir direitos humanos (duração razoável do processo), podendo vir a abandonar a jurisdição interna (art. 46, 2. a, Convenção Americana de Direitos Humanos) ARTIGO 46 1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário: a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos; b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro processo de solução internacional; e d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade que submeter a petição. 2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando: a) não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham sido violados; b) não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e c) houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos. Primeiro concede oportunidade de jurisdição interna, para que depois haja atuação da Corte. ARTIGO 47 A Comissão declarará inadmissível toda petição ou comunicação apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 quando: a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no artigo 46; b) não expuser fatos que caracterizem violação dos direitos garantidos por esta Convenção; c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, for manifestamente infundada a petição ou comunicação ou for evidente sua total improcedência; ou d) for substancialmente reprodução de petição ou comunicação anterior, já examinada pela Comissão ou por outro organismo internacional. É necessário, por exemplo, aguardar a decisão da jurisdição interna. Muitos pleiteiam na corte apenas com o intuito de “fazer barulho”. Caso a petição seja admita, a comissão dá andamento ao caso, podendo designar uma investigação mais aprofundada e realizar audiências. Uma vez concluída o processo investigatório, a comissão reúne os Estados em prol de uma solução pacífica do conflito (indenização, praticar determinado ato, etc). ARTIGO 49 Se houver chegado a uma solução amistosa de acordo com as disposições
Compartilhar