@import url(https://fonts.googleapis.com/css?family=Source+Sans+Pro:300,400,600,700&display=swap); Ideologia. A palavra ideologia é empregada para indicar qualquer espécie de análise filosófica, mas uma doutrina mais ou menos destituída de validade objetiva, porém mantida pelos interesses claros ou ocultos daqueles que a utilizam (ABBAGNANO, 1998). Nesse sentido, em meados do século 19, a noção de Ideologia passou a ser essencial no marxismo, sendo um dos seus maiores instrumentos na luta contra a chamada cultura "burguesa". Marx afirmara que as crenças religiosas, filosóficas, políticas e morais dependiam das relações de produção e de trabalho, na forma como estas se constituem em cada fase da história econômica (ABBAGNANO, 1998). Essa era a tese que posteriormente foi denominada materialismo histórico. Hoje, compreende-se ideologia o conjunto de crenças, porquanto só tem a validade de expressar certa fase das relações econômicas e, portanto, de servir à defesa dos interesses que prevalecem em cada fase desta relação (ABBAGNANO, 1998). Foi neste sentido que a ideologia foi estudada pela primeira vez em Trattato di sociologia (1916) de Vilfredo Pareto, apesar de, nesta obra, não ser usado o termo ideologia. De acordo com Pareto, a noção de ideologia, corresponde à noção de teoria não científica, entendendo-se por esta última qualquer teoria que não seja lógico experimental (ABBAGNANO, 1998). Segundo Pareto (1984), uma teoria pode ser considerada em seu aspecto objetivo, em confronto com a experiência e no aspecto subjetivo, em sua força de persuasão, para quem a produz ou acata. As teorias científicas ou lógico-experimentais são avaliáveis objetivamente, mas não nos outros modos, porque seu objetivo não é o de persuadir. Portanto, só as teorias não científicas são avaliáveis com base nos outros dois aspectos (ABBAGNANO, 1998). Ciência e ideologia pertencem, assim, a dois campos separados, que nada têm em comum: a primeira ao campo da observação e do raciocínio; a segunda ao campo do sentimento e da fé (ABBAGNANO, 1998). Foi frisada a importância dessa distinção, que, por um lado, torna impossível considerar verdadeira uma teoria persuasiva (ou útil) e por outro, permite "compreender antes de condenar e fazer a distinção entre o estudioso dos fatos sociais e o propagandista ou apóstolo" (BOBBIO, 1968, p. 374). A doutrina de Pareto estabeleceu um ponto importante: a função da ideologia é em primeiro lugar persuadir, dirigir a ação. Esse aspecto foi desprezado pelo outro teórico da ideologia, Mannheim. Este distinguiu um conceito particular e um conceito universal de ideologia. Em sentido particular, compreende-se por ideologia o conjunto de contrafações mais ou menos deliberadas de uma situação real cujo exato conhecimento contraria os interesses de quem sustenta a ideologia. Em sentido mais geral, entende-se por ideologia "visão do mundo" de um grupo humano, como de uma classe social (ABBAGNANO, 1998).A noção de ideologia veio mostrar que as teorias e os sistemas filosóficos ou científicos, aparentemente rigorosos e verdadeiros, escondiam a realidade social, econômica e política, e que a razão, em lugar de ser a busca e o conhecimento da verdade, poderia ser um poderoso instrumento de dissimulação da realidade, a serviço da exploração e da dominação dos homens sobre seus semelhantes. A razão seria um instrumento da falsificação da realidade e de produção de ilusões pelas quais uma parte do gênero humano se deixa oprimir pela outra (CHAUÍ, 2000). Marx (2002) analisa a ideologia afirmando que é preciso examinar a história dos homens, pois quase toda a ideologia se reduz ou a uma concepção distorcida desta história ou a uma abstração completa dela. A própria ideologia não é senão um dos aspectos desta história. A ideologia não é um processo subjetivo consciente, mas um fenômeno objetivo e subjetivo involuntário produzido pelas condições objetivas da existência social dos indivíduos. A concepção de Marx deriva de sua doutrina acerca da história, compreendida como um movimento incessante de produção e superação de contradições, que são nada menos do que negações internas existentes numa única realidade. Essas negações realizam-se nas relações de dois elementos que mantém entre si. É nessas relações que surge a negação interna (CHAUÍ, 1984). Logo percebe-se que Marx afirmou a dependência das crenças religiosas, filosóficas, políticas, morais, das relações de produção e de trabalho, tal como se constituíram em toda fase da história econômica, é a tese do materialismo histórico. Por essa concepção compreende-se ideologia como o conjunto dessas crenças, enquanto não tem outra validade que a de expressar uma determinada fase das relações econômicas e, portanto, de servir à defesa e aos interesses que prevalecem em cada fase dessas relações de produção (ABBAGNANO, 1998).\ufeff Logo, se pode denominar Ideologia a toda crença adotada como controle dos comportamentos coletivos, compreendendo o termo crença em seu significado mais amplo, como noção que compromete a conduta e que pode ter ou não validade objetiva. Assim entendido, o conceito de ideologia resulta puramente formal, já que pode ser adotada como Ideologia tanto uma crença fundada sobre elementos objetivos, como uma crença totalmente infundada, tanto uma crença realizável como uma crença não realizável. O que faz da ideologia uma crença não é, com efeito, sua validade ou falta de validade senão sua capacidade de controle dos comportamentos em uma situação determinada (ABBAGNANO, 1998).
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