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JAIMIE ROBERTS Copyright © 2016 Jaimie Roberts Copyright © 2020 Editora Bezz Título original: Scars Tradução: Karine Simões Preparação de texto: Vânia Nunes Capa: Kellie Dennis – Book Cover by Design LTD Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Roberts, Jaimie Cicatrizes. Jaimie Roberts. Tradução: Karine Simões. 1ª edição – São Paulo – Bezz Editora; 2020. 1.Romance estrangeiro. 2. Ficção. 3. Erotismo. I. Simões, Karine II. Título CONTEÚDO ADULTO – Maiores de 18 anos Aviso sobre a tradução: algumas expressões e piadas são quase impossíveis de serem traduzidas ipsis litteris para o Português. Portanto, a tradução foi feita para manter a expressão/sentença o mais próximo possível do idioma original. ÍNDICE AVISO DA EDITORA Prólogo Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 Capítulo 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 Capítulo 13 Capítulo 14 Capítulo 15 Capítulo 16 Capítulo 17 Capítulo 18 Capítulo 19 Capítulo 20 Capítulo 21 Capítulo 22 Capítulo 23 Capítulo 24 Capítulo 25 Capítulo 26 Capítulo 27 Capítulo 28 Capítulo 29 Capítulo 30 Capítulo 31 Capítulo 32 Capítulo 33 Capítulo 34 Capítulo 35 Capítulo 36 Capítulo 37 Capítulo 38 Capítulo 39 Capítulo 40 Capítulo 41 Capítulo 42 Capítulo 43 Capítulo 44 Capítulo 45 Capítulo 46 Capítulo 47 Notas e Agradecimentos Sobre a autora LIVROS JÁ LANÇADOS PELA BEZZ AVISO DA EDITORA Esta é uma obra de ficção, com o único intuito de entreter o leitor. Falas, ações e pensamentos de alguns personagens não condizem com os pensamentos da autora e/ou editora. O livro contém um clima dark, com descrições eróticas explícitas, cenas gráficas de violência física, verbal e linguajar indevido. Além disso, determinadas partes podem servir de gatilho a pessoas sensíveis ao abordar assuntos como violência contra vulnerável. Para facilitar para os leitores, o capítulo que traz a possibilidade de gatilho está identificado. Indicado para maiores de 18 anos. Prólogo Nenhuma quantidade de cicatrizes físicas ou emocionais seria capaz de mensurar a dor de um sofrimento. O mal que as originou corta tão profundamente os ossos que penetra a corrente sanguínea e bombeia através das veias até chegar aos ouvidos. Cicatrizes nunca se mostram por completo ou revelam o impacto de sua verdadeira força. Elas são um símbolo de sobrevivência e um lembrete de coisas que preferiríamos esquecer e de dores que não podem ser eliminadas. Eu me tornei órfã, deixada para juntar os fragmentos de um coração despedaçado que jamais poderá ser consertado. Eu sou alguém irreparavelmente sem esperança, incurável. O tempo parou no dia em que minha família foi arrancada de mim. Ali, eu me perdi junto ao meu senso de identidade. Fui a escolhida para viver, para carregar comigo o fardo de ser aquela que sobreviveu, deixada somente com o questionamento que me assombra sem cessar: Por que eu? Por que eu? Por que eu? E agora, aqui estou eu em um quarto pequeno. Quatro paredes são o que me abrigam dia após dia. Não há objetos pontiagudos, cordas, ou qualquer coisa que eu poderia usar se quisesse acabar com tudo. Ele me encarcerou. É por isso que estou aqui. Ele nunca vai me deixar decidir meu próprio destino, nunca vai me permitir trilhar meu próprio caminho. Ele nunca vai me deixar ir. Foi ele quem me escolheu. Foi ele quem me perseguiu nos últimos nove meses. E foi ele quem me puxou do carro naquele dia fatídico, duas, talvez três semanas atrás. Ele não me deixa em paz. Ele nunca vai me deixar em paz. Ele está sempre à espreita, observando-me. Eu sou dele, é o que ele diz. Enquanto eu tiver ar em meus pulmões, sempre serei dele. Ele domina minha cabeça, meu corpo e meu coração, mas o que mais me assombra é pensar que muito em breve ele dominará minha alma. Com esse último pensamento, aperto o edredom contra o meu peito. Eu esperava estar sozinha agora que minha família se foi, mas ele se certificou de tornar minha situação ainda pior. Muito pior. Sou alimentada três vezes ao dia, geralmente com bebidas como acompanhamento, e um pouco mais tarde sou entretida por sua voz vinda de um alto-falante no canto do meu quarto. Ele fala comigo e pede que eu conte a ele sobre minha vida, meus medos, meus anseios e meus sonhos. Ele não entrou em meu quarto uma única vez, mas agora, eu espero por isso. Anseio tanto por um contato que minhas entranhas queimam. Fico aliviada ao ouvir sua voz, mas apenas escutá-la não é suficiente. Eu quero mais. Eu preciso vê-lo, tocá-lo. Preciso estar com ele, sentir pele sobre pele. Eu desejo o contato físico. Ele começou a invadir meus sonhos tão intensamente a ponto de me fazer gritar durante a noite. Ele sabe que os sonhos são sobre ele, pois ele me diz isso. Eu falo dormindo e, aparentemente, ele aprecia. Ele também me diz que gosta do som da minha voz e, por alguma razão, isso me faz sorrir, mas não tenho ideia do porquê. Ele me sequestrou e está me mantendo prisioneira contra a minha vontade. Eu não pedi nada disso. Ele me forçou. Então, por que eu o desejo dessa maneira? Por que eu espero por sua companhia? Essa situação não faria sentido algum para uma pessoa comum, e isso provavelmente significa que não sou normal. Apesar de tudo o que está acontecendo, sinto borboletas no estômago toda vez que ouço sua voz e sorrio no minuto em que o som do alto-falante é ligado. Meu coração bate a milhões de quilômetros por hora toda vez que ouço sua voz aveludada. Seis dias atrás, comecei a pedir para ele vir me visitar e repeti meu pedido nos dias seguintes, mas tudo o que ouço dele é: “Ainda não é a hora”. Por que não seria a hora?, eu pergunto. “Por enquanto, não posso dizer. Só preciso que você confie em mim. Você vai descobrir que isso é para o seu próprio bem.” Suas respostas me frustram e me irritam. É assim há dias, mas hoje as coisas mudaram, pois me desesperei por seu contato e alterei meu pedido. “Quero que você venha para o meu quarto. Preciso que você venha para o meu quarto. Estou desesperada para que você me toque, para que me abrace como você fez naquela noite na casinha. Atenda a esse meu pedido, J, por favor.” A partir desse momento, tudo fica em silêncio. Eu fico sentada, imóvel, sentindo meu coração bater irregularmente pela última hora, desde que implorei por ele. Meu coração dói. Meu corpo treme. Minha mente dispara. Meu pulso volta a acelerar assim que ouço um barulho vindo da minha porta. Talvez ele esteja vindo me alimentar, mas sei pela rotina com a qual me acostumei que ainda é cedo para isso. Ele tomou meu relógio, então, não tenho noção real de tempo, mas me acostumei a confiar no meu relógio biológico e ele está me dizendo que é muito cedo para ser alimentada. Então, o que poderia ser? Eu perco o fôlego quando ouço ele se aproximando. O som de seus passos me provoca. Aperto os lençóis ainda mais firmemente quando percebo que o barulho está ficando mais alto e não posso fazer nada além de me sentar e esperar para ver o que acontecerá a seguir. O silêncio paira sobre o quarto e eu observo a porta como um falcão. Olho para a maçaneta, que, por enquanto, permanece imóvel, e isso também está me provocando. Ele sabe da minha angústia e fica deliberadamente quieto só para me provocar. Prendo a respiração, aguardando o momento chegar, enquanto me sento e seguro firmemente as roupas de cama. Parece que se passaram horas, mas faz apenas alguns segundos desde que o silênciocomeçou. E, então, está acontecendo. Eu suspiro novamente, segurando os lençóis com mais força ainda conforme a maçaneta é movida para baixo e a porta empurrada para frente. Por uma fração de segundo, nada acontece. O silêncio absoluto preenche o espaço novamente quando o ranger da porta finalmente cessa, e meu coração bate forte no peito fazendo meu corpo tremer com a ansiedade que percorre meu íntimo e pinica minha pele. Não existe nada além daquela porta entreaberta e a sombra sutil de seu corpo projetada pela luz que ilumina a parede do quarto. Permaneço sentada, esperando para ver o que acontecerá a seguir. Involuntariamente, uma forte respiração inunda meus pulmões fazendo meu peito doer no momento em que vejo a silhueta de um pé avançando, e depois do outro. Meus olhos se arregalam enquanto eu aperto minhas mãos. Minha respiração escapa aos poucos na medida em que a sombra aumenta sua densidade e eu suspiro assim que vejo um pé seguido de uma mão. E então… Ele surge. Capítulo 1 Três meses atrás. Terça-feira, 22 de março de 2016 – Entrada de Diário Fui seguida de novo hoje. Nunca vejo o rosto dele, mas sei que ele está lá. Pode chamar isso de sexto sentido ou algo do tipo, mas eu sei que ele está me observando. Tudo começou quando, um dia, eu voltava da escola e notei um lírio esperando por mim à minha porta. Esse foi o primeiro indício de que alguém estava me observando e também a sugestão sutil de que ele sabia meu nome. Afinal, por que alguém daria lírios todos os dias a uma pessoa chamada Lily? A segunda pista que tive é que ele tomava cuidado para nunca fazer algo quando meus pais estivessem por perto. Normalmente, os dois ainda estão no trabalho quando eu chego da escola, e ele parece conhecer nossa rotina e tudo a nosso respeito. Foi assim que cheguei nesse ponto que estou. Quando encontrei o décimo sexto lírio, pouco depois de duas semanas, comecei a pesquisar sobre stalkers. Eu precisava saber se esse cara era perigoso e se eu tinha que estar preparada. Um dos sites sugeriu que eu mantivesse um diário de todos os incidentes que ocorreram para que eu tivesse provas caso precisasse mostrar à polícia. E por que ainda não fui à polícia? Eu não sei. Também não contei aos meus pais ou à minha irmã mais velha. Sou tão próxima dela, e esconder isso não é do meu feitio. Eu sei que é uma ideia estúpida mantê-lo em segredo. No começo, eu pensei que era alguém da escola fazendo uma brincadeira boba, mas depois de alguns dias, percebi que algo estava errado e comecei a sentir que estava sendo observada. Eu esperava que ele fosse apenas um admirador secreto, mas já se passaram seis meses desde que os lírios começaram a aparecer, e mesmo assim meu admirador ainda não apareceu. É muito tempo para uma pessoa que tem uma queda secreta por outra esperar para aparecer, a menos que ele seja extremamente tímido, é claro. Poderia ser isso, quem sabe... De qualquer forma, acho importante mencionar: Se você está lendo isso, provavelmente, algo aconteceu comigo. — O que você está fazendo? — o som da voz da minha irmã me faz dar um pulo. — Desculpe — diz ela com um sorriso. — Eu não quis assustar você. — franzindo a testa novamente para o diário aberto na minha cama. Eu o fecho abruptamente e me viro para falar com Elle. — Você voltou cedo. — Não mude de assunto, Lily. O que você está fazendo? Dou de ombros, na tentativa de parecer imperturbável. — Todo mundo fica me dizendo para ter um diário para olhar para trás quando for mais velha e recordar as boas lembranças dos tempos de escola. Eu apenas pensei que seria uma boa ideia começar um também. Além disso — respondi com um sorriso contido —, você teve um quando tinha a minha idade. Você ainda o tem? Ela não sabe disso, mas eu abri secretamente o diário dela uma vez. Elle estava saindo com seu namorado, Art, já há algum tempo e decidiu que queria ir para a “terceira base”. Eu nunca consegui descobrir se ela colocou em prática o que pretendia fazer, mas ela o namorou por mais seis meses pelo menos, então, eu meio que presumi que eles devem ter feito algo em algum momento. Observo Elle rapidamente pegar um elástico em sua bolsa e amarrar os cabelos antes de se sentar em minha mesa do computador. Ela parece cansada, está se esforçando nos exames esta semana. Ela está estudando para se formar em arquitetura e sei quantas horas ela passou acordada, desenhando até tarde da noite. Às vezes, eu vejo a luz acesa quando me levanto para pegar um copo d’água altas horas da madrugada. Ela diz que ama a ideia de projetar algo novo e vê-lo se concretizar. No ano passado, fomos a Barcelona para visitar todos os monumentos famosos. Elle se encontrou quando avistou a Casa Batlló e a Torre Agbar. — Ainda tenho, mas não escrevo nada nele há algum tempo. Esses exames estão me matando — diz ela soltando um suspiro de frustração antes de passar as mãos pelo rosto. — Você quer que eu pegue algo para você? Uma bebida? Algo para comer, talvez? — Elle obviamente está sofrendo, então, se houver algo que eu possa fazer para aliviar o desconforto dela, eu farei. Ela suspira um pouco, mas balança a cabeça. — Não, tudo bem. Obrigada, irmãzinha. — Elle se levanta e pega sua bolsa antes de apertar meu ombro. — Acho que posso tirar uma soneca por trinta minutos. Observo enquanto ela caminha preguiçosamente em direção à minha porta. — Certo. Vejo você durante o jantar então. — Até mais tarde — ela grita enquanto acena com a mão atrás da cabeça. Tudo fica em silêncio depois que ouço sua porta fechar. Às vezes, esta casa é silenciosa demais. Olho em volta do meu quarto e, primeiro, assimilo a suave tonalidade lilás que acentua as paredes do meu quarto. Em seguida, dou uma olhada nas minhas duas fotografias, uma dos meus pais e a outra de minha irmã e eu, que estão empoleiradas na minha cômoda, Então, eu chego aos velhos pôsteres de Mark Wahlberg em seus dias como Marky Mark. Tenho quase dezoito anos e acho que é hora de tirá-los de lá. O único problema é que toda vez que olho para seu sorriso arrogante, seus cabelos escuros e espetados e seu peito largo e musculoso, simplesmente não tenho coragem de removê-los. Respirando fundo, levanto-me para colocar meu diário de volta na gaveta ao lado da mesa do computador quando algo lá fora chama minha atenção. Faço uma pausa para olhar pela janela onde juro que consigo ver uma figura parada ao lado de uma das árvores do meu vizinho. É difícil de ver, então, olho de soslaio, tentando descobrir quem poderia ser, mas os galhos estão vigorosamente balançando para frente e para trás na brisa. É primavera aqui, então, tudo está florescendo, turvando ainda mais minha visão. Um movimento me faz ofegar. Colocando a mão sobre o coração, corro pela cama direto para baixo da janela. Meu coração acelera enquanto, pouco a pouco, aproximo-me para espreitar até o vidro. Estou quase lá quando meu celular toca abruptamente Talk Dirty to Me, de Jason Derulo. Dou um pulo e grito, mas consigo cobrir minha boca para parar o ganido estridente que quase escapa também. Minha irmã está no final do corredor, e provavelmente já está dormindo. Corro para o celular rapidamente e vejo que é minha melhor amiga, Christine. Com uma respiração profunda, eu respondo “Christine” e expiro ao me virar para olhar pela janela mais uma vez. Curiosamente, a figura misteriosa se foi. Será que estou ficando louca? — Você andou correndo? Puxo minha cortina para o lado e dou outra boa olhada. Tudo o que posso ver é um dos gatos da minha vizinha, Tabitha, perseguindo o cachorro de outro vizinho pela rua. Ritchie, o dono do cachorro, agora, está perseguindo o cachorro e o gato. Começo a rir da hilaridade disso. — Você ainda está aí? Lily!! — Sim, estou aqui. Desculpe. Eu estava prestes a entrar no chuveiro quando você ligou. Minha irmã está dormindo e eu não queria incomodá-la. — Neste caso, sinto muito por ter telefonado agora. Eu sorrio. — Tudo bem, você não sabia. Coloco a cortina de volta no lugar, acalmo meu batimento cardíacoirregular e sento na minha cama. — Mas o que houve? — Eu só queria perguntar a você sobre esta noite. A que horas devo buscá-la para a festa? Reviro meus olhos, nunca fui grande fã de festas, mas Christine adora. Somos diferentes em muitos aspectos, mas, ainda assim, somos muito ligadas. Nos conhecemos há um ano, quando ela se mudou do Arkansas para Utah. Ela disse que seu pai recebera uma oferta de trabalho de contabilidade aqui em Logan que ele não poderia recusar. Foi isso que a fez aparecer de repente na minha escola. Christine é uma garota de cabelos loiros e brilhantes, com incríveis olhos verdes e um sorriso contagiante. Ela é o tipo de pessoa destinada a pertencer ao grupo dos populares. É por isso que fiquei tão surpresa quando, em seu primeiro dia de aula, ela simplesmente se aproximou de mim e se apresentou. Somos amigas desde então. Ela é festeira e adora dar uns amassos com os meninos e se embebedar. Eu, por outro lado, sou mais do tipo reservada e gosto de ficar em casa lendo romances. Apesar de nunca ter tido um relacionamento de verdade, não posso deixar de nutrir a romântica incurável que há em mim que ainda quer ser arrebatada. — Posso opinar se quero ou não ir? Eu a ouço suspirar. — Vamos, virginal. Vai ser divertido. Tenho certeza de que Max estará lá. Você sabe o tamanho da queda que ele tem por você. Por que não solta um pouco esses cabelos e cede a ele, para variar? Eu subo na minha cama e pego minha almofada. Desde pequena, eu tenho o costume de brincar com as franjas dela, entrelaçando-as com os dedos, isso sempre me ajuda a relaxar. — Não vejo por que fazer isso. Não gosto dele da maneira que ele quer que eu goste. Ele é bonito, claro, mas eu não tenho atração por ele. Sempre nos demos bem como amigos, e não quero estragar isso. — Tudo bem, mas você pode, pelo menos, fazer um esforço hoje à noite? Você é minha melhor amiga e preciso de você lá comigo. — Como sua ajudante? — falo brincando. Eu a ouço rir. — Não é só pra isso, você sabe. Eu sorrio, relembrando a época em que estávamos em uma festa, três meses atrás. Jerry, o quarterback do time de futebol da nossa escola, estava lá e Christine estava seriamente apaixonada por ele. Os meninos estavam num jogo de bebida, então, eu decidi ajudar Christine desafiando Jerry, dizendo que ele não conseguiria beber um copo de cerveja mais rápido que Christine. Coloquei uma nota de dez dólares em cima da mesa e, com um sorriso divertido, Jerry aceitou o desafio. Nem preciso dizer que Christine e Jerry pegaram fogo como uma casa em chamas naquela noite, e eu saí da festa dez dólares mais rica do que quando entrei. — Então, às oito está bom? — Claro, mas terei que voltar à meia-noite, como sempre. — Seus pais não podem dar uma folga nos fins de semana? Eu suspiro, levantando-me e espiando pela janela novamente. A sombra se foi e parece que a perseguição entre gato e cachorro acabou. Tudo está quieto. — Você ainda não sabe minha identidade secreta? Eu tinha certeza de que você já tinha descoberto — coloco a cortina de volta e começo a andar pelo quarto com um sorriso. — Não me venha com essa porcaria de Cinderela. Você é anormal. Meus pais me deixam ficar fora até uma da manhã nos fins de semana. Eu faria um escândalo se me dissessem que eu tinha que estar em casa à meia-noite! Dou de ombros enquanto encaro ansiosamente Marky Mark. Eu não posso retirá-lo. Seria quase uma blasfêmia se eu fizesse isso. — Você me conhece. Eu não me importo. Além disso, acho que quando eu fizer dezoito anos e for para a faculdade, as coisas serão diferentes. Eu ouço sua respiração extasiada. — Oh, mal posso esperar por isso. Seus dezoito vão ser foda! Eu ri. — Acalme-se, Christine. Não decidi o que vou fazer ainda. — Você tem que dar uma festa. — Meus pais não vão permitir isso aqui. — Bem, vamos ter que fazer em outro lugar então. Tenho certeza de que Jerry, ou mesmo Max, não se importaria em deixar você comemorar em uma de suas casas. Eu balanço minha cabeça achando graça de sua brincadeira. Ela só está ansiosa para eu fique com o Max porque está afim do melhor amigo dele, Tyler. Ele é a “carne nova do pedaço do mês”. O problema da Christine é que ela se interessa por meninos diferentes tanto quanto eu me interesso por novas barras de chocolate. — Ainda faltam seis semanas, então, ainda há tempo de sobra — digo, tentando, mas falhando miseravelmente, tirá-la do assunto do meu aniversário. — Mas seis semanas passam muito rápido! Estamos quase em abril e seu aniversário é 6 de maio. Não temos muito tempo para planejar. Ansiosa para encerrar logo a conversa, eu digo: — Bem, tenho certeza de que poderemos definir algo em breve. Vamos nos concentrar apenas nesta noite primeiro. Eu a ouço respirar novamente. — Sim, então... sobre Max... — Você pode parar de falar sobre o Max?! — grito, ouvindo sua risada do outro lado da linha. — Tá bom, mas só para você saber, vou chegar no Tyler hoje à noite. Balanço a cabeça com um sorriso. — Bem, eu meio que imaginei que essa seria sua intenção hoje à noite. — O que você está tentando dizer? — Nada! — brinco. — O que você vai vestir? — Comprei recentemente um vestido de seda verde claro. Acho vou usar isso hoje à noite. E você? Caminho até meu guarda-roupa e confiro minhas opções, que consistem em um monte de jeans e algumas outras peças. — Provavelmente apenas uma calça jeans e uma blusa. — Credo! — ela diz com desgosto. — Vou começar a chamá-la de “Lily Jeans” a partir de agora. — Pensei que meu nome fosse “virginal” — ela sabe que ainda sou virgem, daí o belo apelido. — Esse apelido não vai acompanhar você para sempre. Você tem quase dezoito anos. Eu amo Christine, mas às vezes ela é inacreditável. — Não há uma regra escrita que as pessoas tenham que perder a virgindade no momento em que completam dezoito anos. — Eu sei, mas você não pode ficar virgem para sempre. Você está crescendo. Seus peitos cresceram pelo menos uma numeração de sutiã neste semestre, e os meninos certamente notaram. Você não viu como eles babam atrás de você no refeitório? Eu gemo. — Christine, aqueles garotos babam quando a senhora do almoço traz a alface. — Todos os meninos pensam a mesma coisa. — Você deveria escrever isso no seu anuário. — Eu posso ouvir seu tom de zombaria, mas você sabe que estou certa. Enquanto caminho novamente em direção à janela, começo a rir. — Você sabe que eu amo você — digo. — Tanto faz — ela resmunga. — Vejo você às oito. Ela desliga abruptamente, então, eu jogo o celular na minha cama antes de ir para o chuveiro. Tomo meu banho sem pressa porque presumo que Elle ainda esteja dormindo, e meus pais não voltarão para casa por mais uma hora. Quando termino, volto para o meu quarto para me vestir. Olho para dentro do guarda-roupa me perguntando se eu deveria usar a mesma roupa que estava vestindo antes. Sei que estou sendo preguiçosa, mas não tenho necessidade ou desejo de vestir algo que deixe pouco para a imaginação. Gosto do meu jeans, ele é confortável, e acho que fico bem nele. Suspiro enquanto pego um suéter branco de algodão. Então, empurro os cabides para o lado, tentando encontrar algo para completar meu look. Vejo minha Levi's e a retiro. Assim que abro espaço no guarda-roupa, encontro uma saia plissada vermelha que minha mãe comprou para mim no final do verão passado que nunca usei. Talvez isso seja algo que eu possa usar hoje à noite. Minha cabeça assente, e eu a ponho de lado, colocando uma blusa de renda branca junto a ela. Cara, estou sendo muito aventureira hoje! Enquanto me sento para secar meus cabelos, meus pensamentos se voltam para o último lírio que encontrei hoje à minha porta. Não sei por que os guardo, mas faço. O lírio de hoje tem um tom rosado. O de ontem era vermelho. Isso me faz imaginar qual tonalidade terá o de segunda-feira. Será que ele escolhe a cor com base no que lhe agrada naquele momento ou tem um objetivo mais específico em mente? Sorrio, pegando a flor e a inspeciono. Está em plena floração, com branco emtorno de suas bordas. Eu a pressiono contra o nariz e inspiro seu aroma picante. Quando a afasto, repreendo-me por ter sido tão descuidada. Esta flor pode ter algum tipo de toxina! Eu rio alto com o pensamento. Se ele me quisesse morta, acredito que já teria morrido à essa altura. Levanto-me, pego meu livro mais recente, Orgulho e Preconceito, e coloco a flor dentro dele. Tiro a anterior e a jogo no lixo. Dou uma última olhada pela janela, porque não consigo me conter, e quando me dou por satisfeita por ele não estar lá, desço as escadas até a sala de estar. Não sei por que, mas os pelos dos meus braços começam a ficar arrepiados. Como se isso não fosse suficiente, uma leve brisa, do nada, sopra sobre um dos meus ombros, fazendo-me estremecer. Suspiro, olhando em volta, mas não consigo ver ninguém ou nada que possa fazer uma brisa. As janelas e portas estão todas fechadas. Então, de onde veio isso? — Olá? — chamo, me sentindo uma idiota. Passo por toda a extensão do nosso grande sofá de couro cor creme e olho de soslaio em um esforço para ver através das portas francesas que levam à nossa cozinha. Não há ninguém lá, mas estou certa de que não estou sozinha. — Olá? — grito novamente, desta vez um pouco mais alto. — Você pode me ouvir? Uma voz canta do corredor. Quando pulo, Elle aparece, cantando a letra de Hello, de Adele. Balanço a cabeça. — Não é engraçado. Ela ri, mas logo para. Pelo menos agora, ela não parece tão cansada. A soneca deve ter feito bem a ela. — E aí? Por que você estava gritando “Olá” em nossa própria casa? Tento afastar esse sentimento, pois sei que ninguém mais está aqui, mas ainda me parece um pouco estranho. — Não é nada. Eu pensei ter ouvido um som vindo da nossa cozinha, só isso — minto. Vejo um “V” se formar na testa da minha irmã. Ela caminha em minha direção e coloca a mão sobre o meu ombro. — Você tem certeza de que está bem? Você está pálida — ela aperta os olhos um pouco mais. — Alguém está incomodando você? Max está se comportando? Começo a rir para tentar aliviar um pouco a tensão. Minha irmã sabe que algo está acontecendo, mas não estou disposta a entrar em detalhes com ela... Bem, ainda não. — Estou bem. Está tudo bem. Max não tem nada a ver com isso. Esse meu medo bobo acabou não sendo nada. — Hmm — ela pensa, ainda me encarando. — Você me diria se tivesse algo errado, não é? Eu inalo bruscamente, tentando fazer a mentira a sair por meus lábios. Abro um grande sorriso e deixo escapar que ela é minha irmã e, é claro, que sempre direi tudo a ela. Isso normalmente é verdade, mas, por algum motivo, não consigo contar a ela o que está acontecendo comigo ultimamente. Quando Elle está prestes a falar novamente, uma buzina soa do lado de fora. Nós duas nos entreolhamos e corremos em direção à janela para dar uma olhada. Um Porsche Cayenne azul claro está lentamente entrando em nossa garagem. Nós não temos um Cayenne, e isso faz meus batimentos aumentarem um pouco. Quem é esse? Enquanto penso nisso, as portas laterais do motorista e do passageiro se abrem ao mesmo tempo. Minha mãe e meu pai saem com sorrisos radiantes no rosto. O que está acontecendo? — Meu Deus! Eles compraram um carro novo! — Elle grita. — Olha, é na cor favorita do papai. Nós duas corremos para fora para encontrar minha mãe, que estava rindo de algo que meu pai havia dito. É estranho vê-los juntos em casa assim. Meu pai é corretor da bolsa e minha mãe é cirurgiã plástica, por isso eles normalmente ficam presos por horas nos respectivos empregos. — Uau! Quando isto aconteceu? — Elle pergunta com um pouco de emoção em sua voz. — Hoje — anuncia meu pai. — Nós o compramos faz um tempo, e chegou ontem. Sua mãe e eu pensamos que seria bom se tirássemos uma folga hoje para buscá-lo. Nós o pegamos às duas da tarde e demos voltas com ele a tarde toda — ele se vira para olhar o carro mais uma vez e sorri. — O que vocês acham? Nós duas o encaramos, mas logo minhas pernas começam a se mover em direção ao carro. Olho para dentro e vejo o interior de couro creme lindamente decorado. É óbvio que meu pai teve todos os alarmes e acessórios instalados também. — Ele tem GPS, rádio via satélite SiriusXM, tudo! Também há muito espaço na parte de trás. Você quer entrar? Meu pai abre a porta sem esperar pela minha resposta. Eu entro, absorvendo o cheiro de carro novo. Sempre amei esse cheiro. Se eu pudesse engarrafar isso, eu o colocaria no meu carro o tempo todo. Sinto a textura macia e durável do couro enquanto passo a mão sobre sua superfície. — Então, o que você acha? Eu me viro para o meu pai e vejo seu rosto sorridente e ansioso. — Eu acho que é bonito. Meu pai olha orgulhoso para sua aquisição antes de voltar sua atenção para mim. — Vai ser ótimo para a nossa viagem a Montana neste verão. Ele caminha até Elle, que está arrulhando no banco de trás, e eu não posso deixar de apreciar este momento feliz. Meus pais parecem animados e, por alguma razão, isso os faz parecer dez anos mais jovens. Ambos ainda são muito atraentes, mas o trabalho deles faz com que aparentem ter suas respectivas idades. Minha mãe tem belos cabelos castanhos e olhos castanho-claros, assim como eu. Elle também tem essas características, mas sua cor de cabelo é mais clara que a nossa. Meu pai, no entanto, tem cabelos pretos e olhos verdes. Seus cabelos começaram a ficar grisalhos há alguns anos, mas ele se esforça para disfarçá-los desde então. Minha mãe continua dizendo para ele deixar o cinza crescer naturalmente. “Veja como George Clooney é lindo”, diz ela, tentando encorajá-lo. Mas nunca funciona. — Como foi na escola hoje? Minha mãe afasta alguns fios de cabelo do meu rosto e me olha com um sorriso. Seus olhos estão brilhando como diamantes se formando em torno de suas íris. Acho que conseguir passar um tempo com seu marido e comprar um carro novo pode fazer isso a uma pessoa. — Foi bem, obrigada, embora Christine esteja me incomodando sobre esta noite. Minha mãe sorri. — Ah, a menina festeira quer corromper minha filha mais uma vez — ela ri, deixando-me saber que está brincando. Minha mãe sabe como eu sou e confia em mim. Nunca lhe dei motivos para não confiar. — Ela simplesmente não entende que eu prefiro me enrolar nas cobertas e ler um bom livro. Minha mãe continua tocando em mim, colocando um fio de cabelo atrás da minha orelha. — Você é tão jovem, Lily. Ficar deitada lendo um bom livro pode acontecer a qualquer momento da sua vida. Festejar, no entanto, é algo que você costuma fazer enquanto ainda é jovem e despreocupada. Eu fecho meu semblante. — Você ainda é jovem para festejar, mãe. Ela ri. — Eu sei, mas nós, adultos, somos mais civilizados. Temos de ir a jantares, tomamos vinho e vamos para a cama a uma hora razoável — ela desvia o olhar por um segundo para refletir. — O que me lembra ... que horas você voltará para casa hoje à noite? Opa! Isso é algo que eu convenientemente esqueci de contar a Christine. Meus pais não fazem a regra do toque de recolher à meia- noite, eu faço. — Hum, acho que na mesma hora de sempre. Capítulo 2 — Lily, Christine está aqui! — minha mãe grita lá de baixo. Merda! Ela está dez minutos adiantada. — Ok, vou descer. Só um segundo! — grito de volta. Termino de arrumar os dois últimos fios de cabelo antes de correr para pegar minha bolsa e meu celular, mas percebo que ele não está lá. Estranho. Eu poderia jurar que o deixei na cama mais cedo. Tateio delicadamente embaixo dos travesseiros e edredons, mas ainda não consigo encontrá-lo. — Lily! — Christine grita antes de eu ouvir risos. Eu reviro meus olhos. — Estou indo! Caramba, ela é tão impaciente. Não gosto de sair de casa sem meu celular, mas acho que vou encontrá-lo quando voltar. É sempre útil ter um celular por perto caso eu precise ir embora mais cedo. Max sabe que sempre saio das festas antes da meia-noite e toda vez ele se dispõe a me levar para casa. Se ele não estivesse lá, não sei o que faria. Tentando deixar de lado meu aborrecimento com o celular perdido, desçoas escadas e encontro Christine vestida com uma saia jeans curta e blusa em chiffon branca. — O que aconteceu com seu vestido? Ela acena com a mão com desdém enquanto examina meu look. – Ah, decidi que era muito formal. Você, por outro lado, está incrível. Eu nem sabia que você tinha pernas. Reviro meus olhos. — Ha ha ha! Muito engraçado. Foi você quem me disse para me esforçar, lembra? Esta sou eu fazendo um esforço. Ela olha para a minha saia plissada vermelha. — Adorei essa saia — ela observa, pegando a barra com os dedos. Ela traça uma linha sobre ela, observando as pregas. Eu tenho que admitir, minha mãe escolheu uma saia muito legal. — Onde você conseguiu? — Minha mãe comprou para mim no verão passado. — Ficou linda em você, exatamente como eu imaginei que ficaria — o som da voz da minha mãe nos faz dar um pulo. — Obrigada, mãe — sorrimos uma para a outra. — Você está pronta? O Tyler não vai esperar para sempre, você sabe. — Quem é Tyler? — minha mãe pergunta. Christine morde o lábio, tentando suprimir seu sorriso diabólico. — Ah, apenas um garoto que eu gosto. Minha mãe faz uma de desaprovação. — O que aconteceu com o Jerry? Eu bufo um pouco mais alto do que o pretendido. — Não pergunte — digo, caminhando em direção à porta. Ela começa a rir quando Christine me cutuca. — Certo, crianças. Divirtam-se! ***** Como de costume, assim que chegamos, percebemos que a festa já está cheirando à cerveja velha e feromônios. É como entrar em uma caixa de suor cheia de machos insanos e fêmeas igualmente loucas no cio. Sério, a dança acontecendo na sala é, pelo menos, de classificação indicativa 14 anos. Noto a presença de um casal em particular. Eles deveriam estar dançando, mas de alguma forma, eles acabaram na parede com a perna dela em volta da cintura dele, enquanto ele movimenta sua virilha contra a dela. Mas que porcaria! Definitivamente eu não sei por que deixo Christine me meter nessas furadas. Christine me entrega uma cerveja, que eu lentamente saboreio. Embora eu não seja muito de beber, não sou uma quarentona, como Christine costuma me chamar. Gosto do sabor da cerveja, mas nunca fico bêbada. Bebo dois copos no máximo quando saio para uma festa. — Tyler ainda não está aqui — Christine faz beicinho. — Ele estará aqui em breve. Quando Max chegar, Tyler estará aqui também. Christine observa um pouco o ambiente, e seus olhos pousam em Francis, um veterano completamente idiota. — Ele fica mais gostoso cada vez que olho para ele. Balanço a cabeça e aceno a mão na frente de seus olhos. — Não vá lá, Christine. Ele é um completo idiota. Christine encolhe os ombros. — Desde que ele me faça gozar, eu não me importo. Estou prestes a discutir com ela, mas decido calar minha boca. Por que eu deveria me importar? Ela não vai se apaixonar por ele mesmo. Na verdade, Christine nunca demonstrou qualquer tipo de afeto por garotos. Posso até arriscar dizer que ela os trata como objetos. — Aah, olha quem está entrando pela porta. Olho para onde Christine está apontando e vejo Max e Tyler subindo as escadas em direção às portas da frente. — Meu Deus, olha como ele está gato. Nossa, e o Francis também. Ai, ai, ai, eu tenho uma decisão difícil esta noite. Eu sorrio, revirando os olhos, enquanto Christine se dirige a Max para um rápido beijo antes de focar toda sua atenção em Tyler. Max me vê imediatamente, e percebo sua rápida leitura do meu look. Assim que ele vê a saia, seus olhos azuis se arregalam de surpresa. Por alguma razão, acho isso estranhamente sedutor. Ele caminha lentamente em minha direção. Seus longos cabelos castanho-claros estão jogados de lado, e seu sorriso fica um pouco torto quando ele olha para mim. Ele está vestindo jeans folgado hoje à noite com uma camiseta justa branca. Pela primeira vez em muito tempo, noto que ele está malhando. Por que eu nunca percebi isso antes? Balanço a cabeça, pensando que deve ter algo a ver com o fato de ele geralmente estar usando blusas de manga comprida. Esta noite, no entanto, ele está mostrando tudo. — Uau! Lily, você está deslumbrante! Max imediatamente vem para me dar um abraço, e eu noto que ele está usando loção pós-barba. Isso é outra coisa que normalmente não sinto nele, no entanto, a fragrância é deliciosa, uma mistura de sândalo com um toque cítrico. — Obrigada! — respondo, beijando sua bochecha recém- barbeada. Ele deve ter se barbeado antes de sair. Dou uma boa olhada nele mais uma vez depois que ele se afasta. — Você também está muito bonito! Percebo seu sorriso imediatamente. É quase como se ele tivesse recebido a melhor notícia de todos os tempos. — Acho que a festa começou muito antes de chegarmos aqui — ele faz um gesto apontando para todos os adolescentes bêbados, lambendo uns aos outros como feras famintas. Um cara até fica com a língua para fora enquanto lambe o pescoço de uma garota repetidas vezes. — Eca! — digo com nojo, e fico feliz em ver que Max também concorda. Seu rosto parece tão revoltado quanto o meu. — Eu nem quero ver como será em uma hora — tremo e Max percebe. — Você quer sair e sentar comigo nos balanços? Parece que Christine está um pouco ocupada — ele aponta para o corredor onde Christine pressiona Tyler contra a parede enquanto o beija. — Caralho, ela é como um abutre — falo sem querer e tento disfarçar meu constrangimento. Max apenas sorri para mim. — Acho que ficar sentada nos balanços seria bom. Max acena com a cabeça, pega minha mão e me guia para fora fazendo-me passar pelos dois pombinhos em ação. Christine nem percebe que estamos saindo. Assim que chegamos do lado de fora, nós nos sentamos, e Max pega um cobertor que estava em um dos balanços e o coloca sobre as minhas pernas. — Obrigada — digo enquanto sorrio para ele. Ele está sendo um cavalheiro, e isso é muito legal. — De nada — ele se senta ao meu lado e, cansado, coloca um braço em volta do meu ombro. — Está ficando mais quente durante o dia, mas as noites ainda são frias. Eu olho para a camiseta dele. — Eu acho que você precisa disso mais do que eu. Pelo menos eu tenho mangas compridas — faço um movimento para colocá-lo em torno dele, mas ele se afasta. — Não, pode usá-lo. Eu estava malhando antes de chegar aqui e meu corpo ainda não esfriou. Olho para os músculos em seus braços. — Sim, eu notei que você estava parecendo um pouco mais volumoso que o normal — sorrio, mas noto que Max está olhando para meus lábios. Caramba! Rapidamente, limpo minha garganta. — Então... hum... tem planos para este verão? — tomo um gole da minha cerveja, esperando poder dissuadi-lo de pensar em me beijar, caso seja esta sua intenção. Max relutantemente tira os olhos dos meus lábios e olha para mim. — Meu pai estava falando sobre irmos a Paris neste verão. Meus olhos se arregalam. — Uau! Sério? Ele encolhe os ombros. — Eu não gosto muito de coisas artísticas, mas minha mãe adora, então... Concordo com a cabeça, sabendo exatamente onde ele quer chegar. — E você? Ah... não me diga... Montana. Eu suspiro. — Como você sabia? — rio, fazendo Max rir junto comigo. — Ah, eu não sei. Foi um palpite. Logo paramos de rir e começamos a balançar. Está uma noite clara e conseguimos visualizar muitas estrelas. Eu posso vê-las claramente dançando através das montanhas de Utah ao longe. Quão pacífico é aqui fora, em comparação ao tumulto lá de dentro. Enquanto penso nisso, fecho os olhos por uma fração de segundo e abafo o barulho. Inspiro profundamente e o ar da noite primaveril atinge minhas narinas, fazendo-me sorrir. Eu amo o cheiro da primavera. É a minha época favorita do ano. — Então, tem algum plano para o seu aniversário de dezoito anos? Ele está chegando, certo? O que há com todo mundo e meu aniversário ultimamente? — Ainda não tenho planos. Christine quer dar uma festa. Max ri. — Isso não é bem uma surpresa. Mas você não parece estar muito interessada. Eu balanço minha cabeça concordando. — Bem, você sabe que meu irmão é dono de um barco, não sabe? Eu tinha ouvido falar sobre isso. Ele comprouno ano passado, quando fez seu primeiro milhão no mercado de ações, com a ajuda do meu pai. Eu aceno com a cabeça. — Ele mencionou que eu poderia usá-lo, desde que eu tomasse cuidado, é claro. Acho que se souber que é para o seu aniversário, ele não vai se importar de me emprestar. Ele confia em você e, considerando que foi seu pai quem o ajudou, acho que ele não vai dizer não. Vai ser divertido. O que você me diz? Isso significa que teremos de pegar um voo para a Califórnia, o barco está ancorado em Newport Beach. Tudo parece maravilhoso. Muito melhor do que essas festas fora de controle que Christine me arrasta. Tenho certeza de que Christine também não diria não. — Ele realmente faria isso por mim? Max acena com a cabeça com um sorriso ansioso. — Eu acho que é uma ótima ideia. — Sério? — ele parece surpreso por eu dizer sim. — Sim. Isso significaria menos gente — sorrio de volta para ele. Ele conhece o protocolo. Enquanto digo isso, Max distraidamente pega uma mecha dos meus cabelos e começa a brincar com ela entre os dedos. Ele parece estar imerso em pensamentos. — E se... — ele começa — fizermos disto um fim de semana inteiro? Dessa forma, podemos convidar apenas pessoas próximas. Ele ri um pouco, instigando-me. — Se seus pais concordarem com isso, é claro. Não tenho certeza se Max está usando a festa como desculpa para me ter com ele e está brincando com o fato de que eu não quero uma festa grande e luxuosa, ou se ele está realmente tentando aliviar meu sofrimento. Eu prefiro a última opção, é claro. Eu já disse a ele que só quero ser sua amiga e ele está bem com isso, desde então, não abordou o assunto. No final, eu aceno com a cabeça. — Acho que seria bacana! Obrigada! — me inclino e beijo sua bochecha, tomando o cuidado para não demorar muito. Max fica com o rosto corado, fazendo minhas próprias bochechas esquentarem. Ok, isso está ficando um pouco estranho. Max fixa seus olhos em meus lábios novamente e, por um momento, acho que ele vai me beijar, mas ele me surpreende dizendo: — Vou pegar uma cerveja. Você quer outra? Olho para o meu copo quase vazio e digo: — Sim, isso seria ótimo. Obrigada! Max pega meu copo e sorri. — Ok. Volto logo. Ele sai, deixando-me apreciar a vista um pouco mais. É tão tranquilo aqui. Eu poderia ficar sentada assim a noite toda e não me mover até que a Cinderela tenha que ir embora. — Lily! Todas as chances de paz e tranquilidade se vão quando vejo Christine praticamente correndo em minha direção. — O que você está fazendo aqui? Ela não me dá a chance de responder. Em vez disso, pega meu braço e começa a me puxar. — Venha. Você tem que entrar. Já vamos começar a jogar Sete Minutos no Paraíso. Eu a impeço de me puxar. — Ah, não... eu não estou a fim de jogar isso. Ela sacode seus cachos dourados para mim e lança um olhar de desaprovação. — Você tem que vir. Você sabe que Jerry quer uma revanche pelos dez dólares que você ganhou dele. Ele está tentando encontrar uma maneira de conseguir o dinheiro de volta desde então e ele apostou dez dólares que você não iria entrar no jogo. Por favor, não me decepcione. Ah, merda. Ela tinha que jogar essa para mim. Christine sabe que eu nunca perco uma aposta. Isso me faz pensar se não foi ela quem planejou a coisa toda. — Você não disse a ele, não é? Christine vira a cabeça para mim enquanto continua puxando meu braço. — Dizer o que a ele? — ela franze a testa. — Sobre eu nunca recusar um desafio — lanço-lhe um olhar de reprovação, mas ela parece um pouco ofendida por eu perguntar. — Claro que não. O que você acha que eu sou? Com essa última palavra, ela me puxa para dentro de casa e me leva escada acima. As pessoas estão aguardando enquanto nos aproximamos. Jerry está perto de uma porta e tem um sorriso de merda no rosto. — Ora, ora, se não é a Dona Dez Dólares. Eu balanço minha cabeça, bufando. — Você não sabe perder, Jerry. Ele cruza os braços e se inclina contra o batente da porta. — Você pode chamar isso de desafio, mas estou disposto a apostar dez dólares que você não entrará lá. Eu olho para a porta brevemente e de volta para ele. — E se eu me recusar? Jerry sorri e estende a mão para seu amigo, Tom, que coloca uma lata de comida de cachorro com pedaços de carneiro na mão de Jerry. — Se você se recusar, vai ter que comer cinco colheres disto — ele levanta a ração para o mundo ver, e todos dizem eca e riem. Não estou com humor para rir, mas serei amaldiçoada se deixar Jerry me ver sofrer. — É o sabor que eu menos gosto também! – ouço as pessoas rirem atrás de mim, mas Jerry parece cheio de si. — Você está dizendo que não vai fazer isso? Eu aponto para a porta com minha cabeça. — Quem está lá? Jerry, balançando a cabeça, caminha até mim e coloca um braço em volta do meu ombro. — Você conhece as regras, Lily. Eu olho em volta e não consigo ver Max em lugar algum. Talvez seja ele. Se eu tivesse que escolher, teria que ser ele. Apesar do fato de que eu só quero ser sua amiga, Max seria a melhor escolha entre todos aqui. Pelo menos eu poderia confiar que ele não faria nada estúpido. Com minha mente decidida, inalo profundamente. — Tudo bem — digo com os dentes cerrados. — Isso é tão infantil. Olho por cima dos ombros uma última vez e vejo Christine piscando para mim. O que ela está tramando? — Está bem então. Você tem sete minutos. Jerry levanta o celular e passa o dedo sobre a tela. — Começando agora! Todos aplaudem e Jerry abre a porta e me empurra para dentro. Apenas por uma fração de segundo quando a luz brilha, posso ver que estou em um banheiro, mas não consigo ver com quem. A porta se fecha rapidamente atrás de mim e tudo fica escuro. Meu coração começa a acelerar enquanto espero alguém surgir. — Se alguém estiver se escondendo aqui, isso não é engraçado. Ao dizer isso, uma figura aparece por trás da cortina do chuveiro. Eu não posso ver muito dele, mas posso dizer que ele é grande. No começo, acho que é Max, porque quem quer que seja, é musculoso. Posso ver o contorno de seu peito largo e de seus braços musculosos. Esse cara, no entanto, tem pelo menos dez centímetros de altura a mais do que Max. Também parece que ele tem tatuagens nos braços. Conforme ele se aproxima, noto que seus cabelos são um pouco compridos. Não consigo distinguir seu rosto, mas o que observei até me faz sentir um frio da barriga. Quem é esse cara? — Lily — ele sussurra suavemente, agarrando a parte de trás do meu pescoço. Ele se inclina para mais perto e o cheiro dele invade meus sentidos. É uma mistura de pimenta e hortelã, como os lírios. Não pode ser... — Quem é você? — pergunto, engolindo seco. Eu deveria estar com medo, mas, em vez disso, meus sentidos estão sobrecarregados. Seu toque, seu cheiro e sua presença estão deixando meus joelhos fracos. — Shh — ele diz, enquanto traça uma linha ao longo do meu lábio inferior com o polegar. Meu Deus, como isso é bom. Como ele faz isso? Estou rígida, perguntando-me como ainda não corri. Meus pés parecem não sair do lugar. É como se eles não quisessem se mover. — Relaxe — ele sussurra novamente, acariciando minha bochecha. — Eu não vou machucar você. Oh, meu Deus, essa voz. É profunda e assertiva. Sua rouquidão me faz estremecer. Como se estivesse sob comando, minha postura afrouxa, e ele entende isso como sugestão para envolver seu braço em volta da minha cintura. Sinto-me literalmente flutuando. Claro, eu tive caras que me abraçaram antes, mas nenhum deles me fez sentir esse calor ardente, permeando todo o meu corpo. Nenhum deles me fez sentir como se houvesse fogos de artifício na minha cabeça. Ele inclina a cabeça em direção ao meu ouvido e meu corpo treme quando ele guia minha cabeça para frente. — Eu quero provar você, Lily. Eu suspiro, incapaz de formar palavras. O que há de errado comigo? Por que não posso me mover? Por que não consigo exigir saber quem é esse cara? Tudo o que consigo pensar agora é no quanto eu quero prová- lo também, e isso realmente não soa como eu. Ele puxa a cabeça para trás,deixando o cheiro persistente de especiarias invadir minhas narinas. Isso as faz incendiar violentamente, tentando absorver o máximo possível daquele aroma. Uma vez que ele se afasta, permanece distante por um momento, e meu coração bate rapidamente contra o meu peito. Ele pode sentir isso? Ele pode ouvir o som de “tu-dum, tu-dum, tu-dum” batendo contra a minha caixa torácica? É quase ensurdecedor para mim. — Confie em mim — diz ele, inclinando-se para tocar meus lábios com os seus. No começo, ele se move lentamente, persuadindo minha boca a se abrir um pouco. Eu respiro fundo, absorvendo cada partícula de sua fragrância mentolada. Não sei por que meu corpo está reagindo a cada movimento dele, mas é quase como se estivesse buscando algo, e esse algo é esse estranho misterioso e tatuado em pé na minha frente, persuadindo minha boca a encontrar a dele. Enquanto penso isso, minha mão se ergue instintivamente para sentir os contornos de sua cabeça. Pego alguns fios de seus cabelos e fico maravilhada com a suavidade ao toque. Quando seus lábios tocam os meus, faíscas voam. O lugar parece crepitar em torno de nós. Estou pegando fogo apenas com essa pequena conexão com sua boca. Quando nossos lábios se juntam, um som me escapa. Ele vibra em meu peito, ressoando através da minha boca na dele. Seus lábios estão quentes, molhados e convidativos, tão convidativos que minha língua se sente deixada de fora. Eu gentilmente empurro minha boca contra a sua, e ele me aceita com entusiasmo, gemendo e apertando minha cintura. Meu Deus, quem é este homem? Eu digo homem, porque essa é a única maneira de descrevê- lo. Ele é todo homem... e mais um pouco. O que eu estou fazendo? Esta não sou eu! Eu sou a Lily sensata. Eu não vou a festas e fico trancada com estranhos e deixo que me beijem como se eu nunca tivesse sido beijada antes! Eu já beijei garotos. Eu tentei uma vez quando eu tinha quinze anos com meu vizinho, Daniel. Ele era bom, mas nada se compara a este estranho que está me deixando fascinada agora. Eu deveria estar empurrando-o para longe, deveria estar lutando com ele e correndo para fugir, mas meu corpo tem outras ideias. Em vez disso, puxo sua cabeça, na tentativa de me aproximar daquela boca deliciosa. Não há como eu chegar mais perto, mas estou procurando desesperadamente por mais. Quando ele me empurra contra a parede do banheiro, sinto sua dureza cavando em meu estômago. Mais uma vez, eu deveria correr. A sensata Lily iria, mas, novamente, eu quero mais dele, muito mais. Eu agarro suas costas, percebendo o quão forte e grande seus músculos são. É como adular minhas mãos em torno de aço. Eu corro minhas unhas ao longo de suas costas e fico satisfeita com os sons que ele faz em seu peito. Eu o afeto, e isso, por sua vez, está me afetando. Grande momento. Enquanto continuamos a nos beijar, nossas mãos exploram todos os lugares, com exceção àqueles lugares que não deveríamos. Esse pensamento me assusta. Eu não deveria ser assim. Suas mãos estão nos meus cabelos, agarrando minha cintura e acariciando minhas costas, mas eu quero desesperadamente mais. Eu preciso que ele me toque. Quando sua mão mergulha sob a barra da minha saia e viaja para cima, sinto seus dedos deslizarem contra o meu estômago quando eles chegam ao seu destino. Com esse último pensamento, ele se afasta. Respirando pesadamente contra a minha boca, esse estranho misterioso encosta a testa na minha. — Eu tenho que parar — ele admite. — Ou então, vou querer mais. Em um momento de fraqueza, eu gaguejo. — P- p- por favor — chocando-me. Isso não sou eu falando. Certamente, não? Com sua respiração soprando contra meus cabelos, o estranho segura meu rosto em suas mãos. — Não quero me aproveitar de você. Não quero que seja desse jeito. Nem aqui, nem hoje. — Quando? — pergunto, novamente me surpreendendo. — Você quer mais? Eu posso ouvir a incredulidade em sua voz. — Sim — admito. — Um dia, então... em breve. Ele traça aquele mesmo dedo ao longo do meu lábio inferior. Eu tremo com o seu toque. Quem é este homem? — Quem é você? — finalmente consigo perguntar. — Eu sou um homem que procura consertar os erros. Eu franzo a testa. O que isto quer dizer? Ele se inclina e beija meus lábios com ternura antes de se afastar completamente de mim. — O tempo acabou, linda. Um estrondo na porta me faz saltar. Cubro meu coração constantemente batendo e olho para a porta. — Venham para fora, pombinhos. Seu tempo acabou. Respiro fundo e caminho em direção à porta. Em breve, eu mesma vou me certificar de descobrir quem é esse cara. A porta se abre antes de eu chegar até ela, e eu tenho que apertar os olhos para ver através da luz. Jerry está do lado de fora, sorrindo com Christine e alguns outros. — Divertiu-se com Max? — Jerry pergunta, levantando uma sobrancelha. Que porra é essa? Eu tento ao máximo esconder meu choque. Talvez fosse Max. Afinal, ele tem cabelos compridos, então, é possível. Pode ser que ele parecesse mais alto porque estava muito perto de mim. Mas como? Como ele poderia ter passado a sensação de ser tão bom, tão certo, tão desejável e tão... experiente? Não era esse o Max que eu conhecia. Ele nem parecia o Max. Ouço risos ao meu redor, mas não consigo falar. Meus olhos vagueiam para uma figura que aparece no pé da escada. É Max. Ele está segurando dois copos plásticos com cerveja, parecendo tão perplexo quanto eu. Quando Jerry olha para onde meus olhos se desviaram, ele faz uma careta. — Que porra é essa? — ele diz, olhando para Max. — Como diabos você chegou lá tão rápido? Capítulo 3 Max franze a testa. — Que diabos você está falando? Jerry rapidamente passa por mim e abre a porta do banheiro com um estrondo. Ele liga a luz, mas não há ninguém lá. A janela, no entanto, está aberta. Com pressa, Jerry sai correndo de novo. — Como você conseguiu sair pela janela, descer a casa, entrar na cozinha e pegar duas cervejas tão rapidamente? A confusão no rosto de Max é refletida pela minha expressão. — Cara, eu não sei de que diabos você está falando. Entrei na cozinha para pegar duas cervejas, mas uma garota começou a me fazer perguntas. O que está acontecendo? Ele olha para mim, mas não tenho respostas. Jerry se vira para mim. — Quem estava lá com você? — ele aponta com um rosnado. — Espere um minuto, você estava presa lá sozinha, não estava? Olho para Christine, sem saber o que dizer. Ela pode ver o pânico na minha cara e sei que ela quer ajudar, mas não sabe como. Eu preciso dizer algo. Assim que meu coração se acalma, o mesmo ocorre com a minha cabeça. Se eu começar a negar que estava sozinha, isso só piorará a situação. Respiro fundo e dou um grande sorriso. — Você me pegou! — grito, fazendo quase todo mundo rir. Christine, no entanto, não está rindo. Jerry aponta o dedo enorme para mim. — Você me deve por isso. Afasto o dedo dele. — Não te devo porra nenhuma! Você me disse para ir ao banheiro por sete minutos, e foi exatamente o que eu fiz. O acordo está feito. Aposta perdida. — Eu estendo minha mão. — Entregue o dinheiro. Jerry fica parado a princípio, com os braços cruzados. — Essa merda não está certa. Eu pensei que Max estivesse lá — ele vira a cabeça para Christine. — Você tem algo a ver com isso? Os olhos dela se arregalam. — Não me acuse. Eu fui procurar a Lily, lembra? — Eu não me importo. Não vou pagar — ele balança a cabeça de um lado para o outro. Eu suspiro. — Fiz o que você pediu, agora entregue o dinheiro. Temos testemunhas do fato. Jerry olha em volta como se estivesse buscando apoio. Ninguém se oferece para ajudá-lo. Ele suspira alto, enfia a mão no bolso e tira uma nota de dez dólares. Ele bate na minha mão. — Aqui estão seus malditos dez dólares. Eu sorrio. — Você pode me chamar de “vinte dólares” agora. Jerry chega mais perto, apontando o dedo para mim, e diz, antes de partir: — Vai ter troco. Eu expiro, ainda em choque depois do que aconteceu. As pessoas logo se dissipam, mas Christine rapidamente corre em minha direção. — O que realmenteaconteceu lá dentro? — ela sussurra, pois sabe que algo aconteceu, ela pode ver nos meus olhos. — Alguém estava lá, mas eu não sei quem. Os olhos dela se arregalam. — Cacete! Vocês se beijaram? Mordo o lábio, perguntando-me se devo contar a ela. — Nós nos beijamos, sim. Christine grita, pulando para cima e para baixo. — Shh! As pessoas vão notar. — Desculpe! — ela sussurra. — Como era o nosso homem misterioso? Ele era gostoso? Eu assinto e minhas bochechas coram. Christine agarra meu braço. — Nós temos que encontrá-lo. O que você poderia dizer sobre ele? — ela pergunta, examinando o corredor abaixo. — Bem, ele era alto. — Quão alto? — ela interrompe. — Cerca desta altura — levanto minha mão cerca vinte centímetros acima de mim. — Merda, isso é cerca de um metro e noventa. Ok, isso elimina alguns. O que mais? Penso brevemente em seus longos cabelos e músculos. — O cabelo dele é um tanto assim longo — coloco minha mão sobre minha bochecha. — Talvez mais curto. Ele é bem sarado também. Quero dizer, realmente sarado. Ele deve malhar. — Eu franzo a testa. — Posso estar errada, mas parecia que ele tinha tatuagens. — Tatuagens? — ela pergunta. Eu concordo. — Nos braços? Confirmo de novo. — Mais ou menos por aqui? — ela aponta para o braço. — Sim. Pensei ter visto desenhos escuros em seus braços, mas estava escuro demais para eu conseguir ver o que eram. Christine balança a cabeça, maravilhada. — Não consigo pensar quem poderia ser — ela faz uma pausa por um momento, pensando, mas então ela agarra meu braço. — Venha, nós temos que ir procurá-lo. Enquanto ela diz isso, Max chega ao topo da escada. — Jerry acabou de me contar o que aconteceu. Ele está super chateado — entregando-me a cerveja. — Obrigada! — respondo com um sorriso. — Então, você estava realmente sozinha lá? Olho para Christine por um momento com um sorriso. — Sim, mas ele pensou que você estivesse lá comigo. Max sorri. — Me desculpe, eu perdi essa. Sorrio de volta, mas a última coisa em minha mente são as intenções amorosas de Max. Christine, sempre a salva-vidas, puxa meu braço. — Preciso roubar a Lily por alguns minutos. Trarei ela de volta para você depois. Ela sorri paquerando Max. — Vá em frente — ele responde, sorrindo para nós duas. Corremos escada abaixo com Christine se sentindo mais animada do que eu para encontrar esse estranho delicioso e misterioso. Eu meio que sinto que não o encontraremos, então, parece inútil, mas vou junto com ela. Procuramos através da multidão de corpos na sala de estar, mas ninguém se encaixa na descrição. Em seguida, revistamos a cozinha. Mais uma vez, ninguém nem lembra remotamente “o cara do banheiro”. Depois de dez minutos sem sucesso, ambas admitimos a derrota. — Isto é inacreditável! Será que Jerry está pregando uma peça em você? Meus olhos se arregalam com o pensamento. — Você acha que ele faria isso? Ela suspira. — É exatamente o tipo de merda que ele faria, mas duvido. Não há como Jerry ter feito isso, ele parecia realmente chateado. Concordo com a cabeça. — Você está certa. Também não acho que ele está por trás disso. — Então... — ela sorri — só pode significar uma coisa. Eu franzo a testa. — O quê? Ela pega uma mecha do meu cabelo. — Que você, minha querida Lily, tem um admirador secreto. Meus olhos se arregalam quando penso no cheiro de hortelã e pimenta e minha mente vagueia para os lírios que recebo todas as tardes. Será que foi ele? É possível. Na verdade, é a única pista que tenho. Esse pensamento me assusta? Deveria, mas por alguma razão, tudo em que consigo pensar são as palavras dele quando perguntei quando o veria novamente. Um dia, então... em breve. Meu Deus, a voz desse homem faz coisas com o meu corpo, coisas que devem me assustar. Eu gostaria de correr, mas, em vez disso, tudo o que posso pensar é: Quanto tempo será “em breve”? Dou de ombros. — Não acho que seja isso. — Alguém teve o trabalho de entrar no banheiro sabendo que você estaria lá. Eu tensiono minhas mãos, incapaz de compreender como ninguém poderia saber. — Como ele conseguiu chegar lá sem você ou Jerry saberem? Christine morde o lábio e um pequeno “V” aparece em sua testa. — Eu não faço ideia. Aquela garota disse que Max estava esperando você lá dentro, e Jerry me disse para ir buscá-la. Ela tinha cabelos escuros e uma camiseta boba que dizia algo sobre querer comida. — Que garota? Christine olha em volta da sala. — Eu não consigo vê-la agora. Não sei quem ela é, mas ela parecia conhecer você e Max, então fui na onda dela. Eu imediatamente fico desconfiada. — Acho que precisamos conversar com Max. — Por quê? — Você se lembra que ele disse que uma garota estava fazendo perguntas a ele? E se for a mesma garota que disse a você que Max estava no banheiro? Os olhos dela se arregalam com o pensamento. — Bom argumento. Vamos encontrar Max. Saímos da sala e entramos na cozinha. Lá encontramos Max conversando com Tyler. Os olhos de Christine imediatamente brilham assim que ela o vê. Quando eles percebem nossa presença, ambos sorriem e cessam sua conversa. — Max, quem era a garota falando com você enquanto todo mundo estava lá em cima? Como sempre, Christine curta e grossa. Max franze a testa até clarear as ideias. — Oh, a garota que estava me fazendo perguntas aqui? Ela assente. — Eu nunca a vi antes. Ela disse que seu nome era Stephanie e que ela era nova por aqui. Ela queria saber tudo sobre a escola, a região, etc. Eu não queria ser grosseiro, então, respondi as suas perguntas. Ele faz uma careta. — Por que a pergunta? — Ela tinha cabelos castanhos, quase pretos? Ele concorda. — Sim, ela vestia uma camiseta com PQP, onde está a comida?. Eu achei engraçado. Eu olho para Christine, e ela levanta uma sobrancelha para mim. Deve ter sido a mesma garota. — Você a viu desde então? — pergunto. Max olha instintivamente para cima, mas balança a cabeça. — Não, só a vi na cozinha. Ela ficava olhando para o relógio, mas toda vez que eu tentava sair dali, ela me parava e me perguntava outra coisa. Ele franze a testa e diz: — Por que você está me perguntando sobre ela, afinal? Dou de ombros. — Estou apenas curiosa. Ele estava prestes a dizer outra coisa, mas eu o interrompi. — Então, Max, e o barco? Max sorri e Christine berra. — Que barco? — Eu estava dizendo a Lily que alguns de nós podemos ir ao barco do meu irmão no fim de semana dos dezoito anos. — O quê?! — Christine grita. — Um barco? É sério? Max ri. — Sim, mas apenas algumas pessoas podem ir, pois é um barco de quatro cabines, o que dá no máximo sete pessoas. Digo sete porque a suíte máster tem uma cama de casal e acho que a aniversariante deveria ficar com ela. — Que vaca sortuda! — Christine grita, dando-me uma cotovelada com um sorriso atrevido. — A boa notícia é que seu aniversário começa na sexta-feira. Se mais alguém quiser ir e conseguir que seus pais concordem, faremos um final de semana inteiro e voltaremos no domingo. Christine grita novamente. — Sim! Estou dentro! Contem comigo! — Quem mais você gostaria de convidar, Lily? Eu sorrio. — Bem, além de Christine, você, é claro. — Eu olho para Tyler. — E você também, Tyler. Ele coloca a mão sobre o coração. — Estou honrado. — Isso dá quatro pessoas, então, quem mais? — Max pergunta. Todos olhamos em volta. — Que tal Jerry? — Christine ri quando olhamos em volta e vemos Jerry quicando uma bola de futebol na cabeça. Eu viro meu rosto. — Ele não é maduro o suficiente para estar em um barco. Ele provavelmente vai afundá-lo. Eu dou uma risadinha enquanto os olhos de Max se arregalam. — Ele estaria, pelo menos, se divertindo. Tyler vira a cabeça para Christine, incrédulo. – E nós não? Ela suspira. — Eu não quis dizer isso. Eu quis dizer que ele é engraçado de uma maneira pateta, então, ele definitivamente iria alegrar o ambiente festivo. Assim que ela diz isso, Jerry se aproxima e coloca o braço sobre o ombro de Christine, para o aborrecimento de Tyler. — Do que vocês estão falando, seus otários? Eu reviro meusolhos. — Quanta gentileza, idiota. Ele balança as sobrancelhas para mim. — Eu posso ser mais gentil... se você permitir. Christine lhe dá uma cotovelada, e eu rio enquanto o vejo se curvar. — Obrigada por isso — digo a ela. — Sem problemas. — E eu aqui pensando que era o seu favorito — Jerry diz enquanto se recompõe. Tyler faz uma careta novamente, e Christine percebe. — Estávamos conversando sobre o aniversário de dezoito anos da Lily. Eu a fuzilo com o olhar, mas ela me ignora e olha na direção de Tyler. — E o que tem isso? Você vai dar uma festa? Se você for, eu quero ir para recuperar meus vinte dólares. Eu ri. — Você nunca vai deixar isso passar, não é? Ele balança a cabeça. — De jeito algum. Eu não perco, nunca perdi e não tenho a intenção de mudar isso agora. — Mas você perdeu... duas vezes — indico, sorrindo para ele. — Só por causa de um detalhe técnico. Além disso, o primeiro não conta porque você usou Christine na aposta contra mim. — Sim, e ainda assim você perdeu para uma garota — digo balançando o dedo para ele. Todo mundo ri, mas Jerry ainda parece chateado. — Um dia — diz ele. Assim que todos se acalmam, Jerry cantarola: — Então... sobre este aniversário... Capítulo 4 Como de costume, vou embora por volta das dez e meia, com Max guiando o caminho para me levar para casa. No final da festa, parecia que tínhamos nossas sete pessoas. Infelizmente, Jerry era uma delas, assim como seu amigo, Pete, e sua namorada, Amy. Apesar de não a ter convidado, eu gosto dela, então, no fim, fiquei satisfeita com as escolhas. E claro, decidimos quem iria presumindo que todos os pais concordariam com esse fim de semana fora de casa. Acho que não vou ter problemas com os meus, mas nunca se sabe. Meu devaneio é interrompido quando Max pergunta: — Você realmente passou todo esse tempo no banheiro sozinha? Meu coração começa a bater de maneira irregular quando minha mente imediatamente pensa no “cara do banheiro”. Ainda posso senti-lo em minha pele. Arrepios percorrem meus braços quando minha mente divaga para a sensação de seus dedos na barra da minha saia, do aperto de sua mão em meus cabelos e do cheiro de especiarias invadindo meus sentidos. Eu ainda posso sentir seu cheiro, e até prová-lo. — Sim, eu estava sozinha. Acho que Jerry realmente estragou tudo dessa vez. Max ri enquanto estaciona na calçada ao lado da minha casa. — Ele nunca vai esquecer isso. Você sabe, não é? Eu sorrio. — Sim, mas estou preparada para ele. Não ligo para o que ele for aprontar para mim. Max ri. — Belas últimas palavras. Ele olha para minha casa. — Levo você até a sua porta? Na verdade, não estou nem um pouco a fim, mas aceno com a cabeça, pois sei que é isso que Max quer fazer. Quando saio do carro, Max corre para manter a porta aberta para mim. Ele está sendo ainda mais cavalheiro, e eu não sei se isso me enerva ou não. Uma vez na porta, eu me viro para Max com um sorriso. Ele parece apreensivo. Seus olhos percorrem por toda parte e ele está colocando a mão atrás do pescoço, um sinal claro de nervosismo. — Bem, eu me diverti muito — digo para quebrar o constrangimento. Max sorri, mas ele ainda parece preocupado e inseguro com alguma coisa. — Eu também — ele finalmente responde, passando de um pé para o outro. Isso me deixa nervosa, caminho em direção à porta. — Bem, é melhor eu entrar. Max assente, mas sua cabeça está levemente abaixada enquanto ele massageia a parte de trás do pescoço. O que deu nele? Logo descubro assim que me viro para a porta. Max agarra meu braço. — Espere um minuto — diz ele, girando-me e me puxando em sua direção. Com apenas um momento de aviso, ele tem seus lábios nos meus, tentando forçar minha boca aberta. Um grito abafado emana de mim enquanto eu empurro seu peito. Max é forte, mas ele recebe a mensagem. Nós nos separamos, com a respiração pesada, e eu o encaro. — O que você estava fazendo? Eu pergunto o mais silenciosamente possível, tentando não incomodar meus pais. A última coisa que quero é tê-los correndo para nos encontrar discutindo. Eles vão achar que é uma briga de casal, o que definitivamente não é. — Sinto muito — ele finalmente diz. Ele parece arrependido, mas estou com muita raiva dele. Eu cerro os dentes. — Vejo você na segunda-feira. Eu me viro para abrir a porta, mas Max ainda está se desculpando e me implorando para falar com ele. Estou muito brava para encará-lo agora. Estou com raiva e sei que, no calor do momento, posso acabar dizendo algo que vou me arrepender mais tarde. Fecho a porta, trancando-a completamente, e encosto a cabeça na porta. Respiro fundo antes de abrir os olhos. Quando o faço, fico surpresa ao encontrar meu pai me encarando. — Noite difícil? Eu sorrio. — Como você pode perceber... Meu pai se encosta na parede do corredor, examinando-me. — Gostaria de falar sobre isso? Sinalizo que não com a cabeça. — Não. Acho que só estou cansada. Sei que ainda não tenho dezoito anos, mas não estou realmente preparada para essa festa. Meu pai ri. — Como sua mãe diz, só se vive apenas uma vez. Aproveite as oportunidades que surgirem, porque podem ser sua última. Meus olhos se arregalam. — Uau, pai... falando sobre esse monte de coisas pesadas! Ele ri de novo. — É verdade. Eu já tive a sua idade e, acredite, dezessete e dezoito não duram para sempre. Depois de completar vinte e um, você terá trinta antes mesmo de perceber. Balanço a cabeça. — Caramba, você está me deprimindo! Meu pai ri com um encolher de ombros. Falar sobre minha juventude me faz lembrar de algo. — Tenho que perguntar uma coisa, pai. Meu pai acena com a cabeça. — Pode falar. Assim que ele diz isso, minha mãe aparece e passa a mão no ombro do meu pai. Ela está olhando para mim com expectativa também. — O pessoal estava conversando sobre o meu aniversário de dezoito anos. Meu pai ergue a sobrancelha. — É? — O irmão de Max tem um barco e disse a ele que, com parcimônia, poderia usá-lo. Ele sabe que eu não sou uma grande fã de festas, então, sugeriu que passássemos o fim de semana do meu aniversário no barco do irmão dele. Somente alguns de nós vão, mais precisamente, sete pessoas. — O fim de semana inteiro? — minha mãe pergunta, interrompendo-me. Eu engulo, nervosamente, pensando que posso estar pedindo demais. — Sim, seremos apenas eu, Christine, Max, Jerry, Tyler, Amy e Pete, mas teríamos que pegar um avião para a Califórnia. É lá que o barco está atracado. — A passagem de avião não é problema, mas são muitos garotos – meu pai murmura. — Eu sei, mas são todos amigos. Somos amigos há tanto tempo. Não penso neles como nada além disso, então... Meu pai sorri, levantando a mão. — Não se preocupe, Lily. Eu não estou preocupado. Eu sei que posso confiar em você. Os meninos, no entanto, são diferentes. Meus olhos descem ao chão em decepção. É um não. — Ah. — Mas eu conheço os pais de Max e Tyler, então, posso confiar neles para garantir que seus filhos se comportem. Além disso, Max tem sido um bom amigo para você. Eu levanto minha cabeça, com o semblante radiante. — Isso é um sim? — É um sim. Eu corro para seus braços e dou-lhes um grande abraço. — Só se faz dezoito anos uma vez — meu pai sussurra no meu ouvido. — Mais uma vez com esse papo deprimente. — É verdade. Afasto-me, feliz, mas por dentro não posso deixar de me perguntar se esse plano para o meu aniversário vai dar certo depois de tudo. Não tenho certeza de como Max e eu estaremos depois do nosso pequeno confronto lá fora. — Obrigada, pai! — digo, e olho para minha mãe. — Mãe. — Tudo bem — minha mãe responde. – Como foi hoje à noite? Eu reviro meus olhos. — Ah, o de sempre. Muita música alta e dança. Isso me deixou cansada, então, acho que vou para a cama. Minha mãe agarra meu braço. — Certo. Elle está dormindo, então tente fazer menos barulho quando for se preparar para deitar. Ela está cansada. Mordo o lábio, sentindo-me mal por Elle. Ela tem dado duro ultimamente. — Ela se cobra demais. Minha mãe assente. — Eu sei, mas ela é assim. Suairmã não é do tipo que fica parada por muito tempo. Amanhã, certamente ela irá acordar bem cedo e sair de casa antes de nós. Mesmo sendo sábado, ela simplesmente não consegue ficar parada. Eu rio, sabendo exatamente o que ela quer dizer. Raramente eu vejo Elle em uma manhã de sábado. Ela passa as manhãs na biblioteca e vai para lá assim que abre ou encontra alguns amigos antes para tomar um café. — Ok, estou encerrando meu expediente. Boa noite, mãe, pai. — Boa noite, querida — dizem em uníssono. Subo correndo as escadas, tomando o cuidado para ficar o mais quieta possível, e começo a me aprontar para dormir. Tiro todas as minhas roupas e as substituo pelo meu pijama de lã azul, que não é exatamente sexy, mas é bem confortável e me aquece. Além disso, não tenho ninguém para quem ser sexy. Minha mente relembra imediatamente o meu estranho do Sete Minutos no Paraíso e, assim que penso nele, minha respiração começa a acelerar. Suas mãos eram mágicas, tocando-me de maneiras que fizeram meu corpo praticamente pegar fogo. Ninguém nunca teve esse efeito sobre mim. Não faço ideia de quem ele seja, mas quero descobrir. Eu não deveria querer, mas quero. É quase como se esse estranho trouxesse à tona a escuridão interior de Lily Campbell. Balanço a cabeça, ainda incapaz de compreender como diabos deixei um completo estranho me tocar daquele jeito, beijar- me daquele jeito, e a coisa mais assustadora de todas, é que ele me faz querer mais. Eu não queria que ele parasse. Eu queria que ele continuasse. Naquela hora, eu não tinha certeza o que queria dele, mas meu corpo parecia saber. Meu corpo ainda parece saber. Agora, ele deve estar cantarolando com a lembrança de seus dedos roçando em minha pele. Estremeço com o pensamento e me castigo ao mesmo tempo. Quem é ele? Por que ele estava lá? E, acima de tudo, ele tem uma conexão com o meu stalker misterioso? Se é o mesmo homem, então, o que ele quer comigo? Mas a pergunta mais pertinente é: por que não tenho medo? Suspiro alto, caindo na minha cama com um baque indigno. No momento em que o faço, algo chama minha atenção. Olho através da minha cama e vejo meu celular, tão claro quanto o dia, em cima das minhas cobertas. — O que... — digo, não me esquecendo de tentar ficar quieta pelo bem de Elle. Eu o pego como se fosse um objeto alienígena. É meu celular, mas como veio parar aqui? Eu o procurei em todos os lugares mais cedo, mas sem sucesso. Eu tinha praticamente puxado meus lençóis para procurá-lo, e agora o acho perfeitamente posicionado no meio da minha cama, como se nunca tivesse sido movido. Levanto-me, abrindo a porta, e encontro meus pais caminhando silenciosamente para o quarto deles. — Mãe, você entrou no meu quarto alguma hora hoje à noite? Minha mãe franze a testa. — Não, querida. Por quê? Algo está errado? Balanço a cabeça. — Não é nada. Eu simplesmente não consegui encontrar meu celular mais cedo, mas, agora, o encontrei em cima da minha cama. Ela balança a cabeça. — Até onde eu sei, ninguém chegou perto do seu quarto. Talvez estivesse lá o tempo todo, bem na sua frente, mas você simplesmente não o viu. Seu pai tem essa mania. — Ei! — ele repreende, agarrando-a pela cintura. — Brincadeirinha, amor — diz ela, virando-se para mim. — Não, eu não estou brincando – ela fala, piscando para mim. Eu sorrio. — Talvez eu esteja ficando louca, então. Boa noite novamente! — Boa noite, filha. Bons sonhos. Fecho a porta, e olho séria para o meu celular. Ando em direção à minha cama, subo, e assim que me acomodo, meu celular acende com uma mensagem de texto. É de Max. Max: Sinto muito por hoje à noite. Você consegue me perdoar? Eu suspiro, perguntando-me se eu deveria mandar uma mensagem de volta. Ainda estou um pouco sensível sobre o que aconteceu esta noite, então, não tenho certeza. Talvez eu deva deixar isso para amanhã. Vou para debaixo nas cobertas e verifico minhas outras notificações. Aproveito para ver algumas fotos da festa já postadas no Facebook. Mordo o lábio, imaginando se conseguirei encontrar o estranho misterioso em alguma delas. Percorro cerca de vinte fotos e encontro duas minhas com Christine, conversando intensamente. Essas devem ter sido tiradas enquanto estávamos tentando encontrar o cara dos Sete Minutos no Paraíso. Examino todas as fotos, dando zoom em tudo que possa parecer interessante, mas não consigo encontrar nada. É quase como se ele aparecesse do nada e, depois, desaparecesse no ar. Enquanto continuo examinando-as, uma mensagem aparece no meu celular. O número não é familiar para mim, nem sequer tem o mesmo código de área dos números daqui. Número desconhecido: Você deveria colocar um sistema de segurança em seu celular, se ele cair nas mãos erradas, não há como saber o que alguém poderia fazer. Eu pulo, ofegante, e jogo o celular na beirada da cama. Não sei por que fiz isso, mas o celular ainda está lá, e a mensagem também. Quando o pego de volta com as mãos trêmulas, começo a racionalizar as coisas. Talvez seja Christine ou mesmo Jerry. Ele prometeu que me daria o troco esta noite. Talvez seja esse o jeito dele de fazer isso. Eu: Jerry, isso não tem graça. Número desconhecido: Estou insultado por você achar que sou aquele idiota. Eu: Então, quem é você? Número desconhecido: Você é uma garota inteligente, vai descobrir. Enquanto olho para a mensagem com os olhos arregalados, meu coração começa a bater a um milhão de quilômetros por hora. Com a mão trêmula, digito outra mensagem. Eu: Obrigada pelos lírios todos os dias. Mas, por que lírios? Estou mais para uma garota de girassóis. Número desconhecido: Bem pensado, linda. Eu acho que você sabe por que eu escolhi o lírio. É uma flor linda. “Acabou o tempo, linda.” Eu tremo, lembrando-me daquela voz no banheiro. Só pode ser o mesmo cara. Eu: Essas flores são escolhidas para funerais. Para mim, elas significam morte. Número desconhecido: Mas elas também simbolizam devoção. Você é uma pessoa devotada, Lily? Eu: sim. Você não? Número desconhecido: Não se trata de mim. Eu: Por que não? Número desconhecido: Porque é sobre você. Eu: Por que eu? Número desconhecido: Por que não você? Eu: Estamos andando em círculos aqui. Número desconhecido: Você gostou da festa de hoje? Meu coração começa a acelerar novamente quando me lembro vividamente do meu tempo com o estranho no banheiro. Tem que ser ele. Fico pensando o que eu poderia perguntar a ele para confirmar isso de uma vez. Eu: O que você acha? Número desconhecido: Novamente, muito inteligente. Mas, repito, isso não é sobre mim. Eu: Eu acredito que você saiba como foi a festa para mim. Número desconhecido: Você é sempre tão curiosa? Eu rio, mas não sei por quê. Eu nem deveria estar dando conversa para esse cara, mas, por algum motivo, simplesmente não consigo me conter. Ele é como um farol chamando por mim. Eu: Não é errado da minha parte querer saber quem está entregando lírios para mim todos os dias e me encurralando nos banheiros. Pronto. Falei. Coloquei isso para fora esperando-o morder a isca. Número desconhecido: Quem disse algo sobre encurralar alguém nos banheiros? Eu: Eu acho que você sabe... E eu quero saber o que você quis dizer. Não recebo nada por alguns minutos. Sento-me lá e olho o celular sem parar enquanto minha perna treme em antecipação. Percebendo que não irei ter uma resposta, decido procurar o número para ver se consigo descobrir quem poderia ser. Eu tento alguns sites do Google, mas nada aparece. Esse número não está registrado publicamente, então, eu acho que talvez seja um celular pré-pago e meu stalker esteja dificultando seu jogo. Espero um pouco mais por uma resposta antes de desligar e coloco o celular na mesa de cabeceira. Então, eu o vejo acender de repente. Número desconhecido: Durma um pouco, Lily. Você parece cansada. Respiro fundo, olhando ao redor do meu quarto. Claro, ninguém está aqui, mas ainda assim, estou com os cabelos da nuca arrepiados. Eu me levanto e verifico a janela lá fora, mas está tudo calmo. Na verdade, está muito quieto e o simplesato de olhar para o nada já é enervante. Eu puxo a cortina de volta e vou para a minha cama. Estou muito agitada para dormir, mas também estou cansada após os eventos do dia. Eu me sento e fico pensando se devo ou não responder, mas, no final, percebo que ele não irá responder de qualquer maneira. Ele obviamente não gostou da minha lista de questionamentos, já que ele me cortou de forma abrupta. Fico olhando para o aparelho por um tempo, ainda em dúvida, antes de colocá-lo de volta na minha mesa de cabeceira. Em vez disso, pego Orgulho e Preconceito e começo a ler. Preciso me perder em outro mundo por alguns minutos. Preciso de algo para acalmar meu batimento cardíaco irregular. Uma dose de Sr. Darcy deve bastar. Suspiro. Capítulo 5 Eu estou em um túnel. Está muito escuro e frio. Começo a tremer. Quando olho para longe, vejo uma figura turva chamando por mim. Fico olhando, perguntando-me se devo confiar nela. Eu vou, ou me viro e corro? A maior parte de mim está gritando para que eu me vire, para que me mova... para dar o fora daqui, mas meus pés não querem obedecer. Meu corpo sacode, como se tivesse apenas mudado de marcha e, de repente, quase contra a minha vontade, meu corpo está se movendo. Começo a avançar em direção a essa figura. É grande em tamanho e minha mente começa a se perguntar se é um monstro querendo me comer. Por que não estou fugindo? Quando me aproximo da figura, o medo aumenta e se aloja em minha garganta. Sinto que não consigo respirar. Eu preciso me mover. Preciso sair daqui. Mas, assim que o pânico começa, a figura me oferece uma mão. — Confie em mim, Lily — diz ele, em sua voz aveludada. Quando pego sua mão, todos os meus medos e ansiedades se dissipam. Eu me sinto segura, protegida e tranquilizada com seu toque. Ele me puxa para si, deixando-me saborear aquela fragrância apimentada. Eu inspiro o forte cheiro de hortelã quando ele se inclina em direção aos meus lábios. Fico perfeitamente imóvel, desejando e querendo saber se ele irá me beijar. Eu quero que ele o faça. Meu corpo anseia por seu gosto. O calor dele está me envolvendo. Eu não estou mais com frio. Em vez disso, todo o meu corpo está em chamas enquanto procuro mais dele. Ele permanece em meus lábios e sinto seu hálito quente em meu rosto. Fecho meus olhos, deixando tudo dele preencher meus sentidos. Estou esperando pelo primeiro toque de seus lábios nos meus para sentir o calor e a doce umidade contra minha boca. Então, de repente, do nada, ele agarra meus braços e me puxa para ele. Seus lábios pressionam contra minha orelha. — Acabou o tempo, linda. **** Acordo com um sobressalto, agarrando os lençóis da cama. Estou suando. Quando foi a última vez que suei assim? Não consigo me lembrar. Olho em volta do meu quarto. Está tudo normal. A luz do sol está brilhando através das frestas da cortina, refletindo sobre o meu pôster de Marky Mark. Seu rosto está iluminado por seus raios, o que o torna ainda mais bonito do que já é. Eu expiro, caindo de volta em minha cama, tentando entender o que aquele sonho poderia significar. Eu poderia ficar analisando isso por muito tempo, mas poderia simplesmente ser uma referência ao que ele me disse ontem à noite no banheiro. Repeti isso na minha cabeça antes de finalmente adormecer. Talvez fosse apenas meu subconsciente tentando repetir tudo em um sonho. Pego meu celular. Primeiro, para verificar se há outras mensagens e, em seguida, para ver que horas são. Quando eu o acendo, nada surge para mim. Há mais algumas fotos da festa e uma mensagem de Christine perguntando sobre meu aniversário. Mas que pessoinha impaciente. Eu verifico a hora em que ela a enviou. Uau, são quase dez! Vejo que ela enviou nove minutos atrás, então, clico em responder e começo a digitar. Eu: Sinal verde. Repito: sinal verde. Consigo até visualizar Christine balançando a cabeça agora. Não demora muito para eu receber uma mensagem de volta. Christine: Você é tão esquisita às vezes, mas OBA! Que bom que vamos ter a festa. Precisamos começar a planejá-la imediatamente. Sem mencionar que o baile está chegando em alguns meses! Gemo. Eu estava meio que torcendo para que não tivéssemos que começar a falar sobre isso por enquanto. O pior de tudo é que é um baile de máscaras. Quem quer que tenha pensado nisso precisa levar um tiro. Não tenho nada para vestir e sei que Christine vai me arrastar com ela para comprar vestidos em breve. Enquanto penso nisso, meu celular acende. Christine: Ei... Que tal sairmos para comprar o vestido hoje? Eu sorrio. Estamos em total sincronia. Eu: Ok, mas primeiro preciso tomar um café. Podemos nos encontrar no Bernardo's às onze? Eu me levanto e vou para o chuveiro porque sei que Christine vai aproveitar a oportunidade. Ela me conhece bem e sabe que tenho que tomar meu café todas as manhãs. Assim que fico pronta, vejo meu celular piscando. Eu o pego, sabendo que deve ser Christine. Ela enviou uma mensagem, mas o que realmente me chama a atenção é o número desconhecido. Número desconhecido: Bons sonhos? Mordo meu lábio, pensando se devo ou não responder. Decido ignorá-lo. Por alguma razão, meu corpo estremece com o simples pensamento nele. É irracional e completamente diferente de quem sou. Eu preciso estabelecer alguma distância entre nós e, com sorte, ele vai entender a mensagem e ir embora. Isso é o que minha cabeça está pensando, de qualquer maneira... Com minha decisão tomada, verifico a mensagem de Christine. Está bom para ela me encontrar às onze, tal como imaginei que estaria. Eu me visto rapidamente com um jeans skinny e meu moletom da Utah Utes antes de pegar minha bolsa e descer as escadas. — Bom dia, filhota — meu pai cantarola, abaixando seu jornal quando eu apareço no último degrau. Está saindo para tomar um café? — ele sorri como se dissesse “conheço minha filha”. Obviamente, sou previsível. — Vou me encontrar com Christine no Bernardo's. Vamos tomar café antes de irmos às compras para o baile de máscaras — reviro meus olhos. Ele sabe como isso funciona. — Você quer que eu lhe dê uma carona? Estou indo nessa direção para buscar sua mãe na aula de ioga. — Isso seria bom, pai. Obrigada! Ele dobra o jornal, pega a caneca de café, coloca na pia e se vira para mim. — Certo. Está pronta? Pego meu casaco e minha bolsa e assinto. — Sim. Pronta. Lá fora, o ar está um pouco fresco comparado a ontem. Ainda posso sentir o aroma da primavera no ar, o que aumenta muito minhas esperanças. Estou farta do frio. A primavera e o verão não chegam rápido o suficiente. — Ansiosa por Montana este ano? Meu olhar para as paisagens montanhosas à frente é interrompido pela pergunta do meu pai. — Eu sempre aproveito para passar um tempo à beira do lago. Meu pai sorri. — Eu senti um mas em algum lugar? Eu balanço minha cabeça e rio. — Não, pai. Está tudo ótimo. Ele tira os olhos da estrada por um momento para olhar para mim. — Estou certo em dizer que você sonha em viajar para a Itália? Sorrio. — Eu realmente adoraria ir para a Toscana. Parece mágico lá. Cheio de girassóis. Meu pai ri. — Você certamente ama girassóis. Concordo e ele olha para a estrada enquanto para no estacionamento do Bernardo’s. — Vou dizer uma coisa — diz ele, estacionando o carro —, vamos para Montana este ano, mas no próximo ano, prometo que iremos à Toscana. O que acha da ideia? Eu grito de alegria. — Sério? Você realmente faria isso por mim? Meu pai ri. — Claro. Afinal, você é minha filha. Faço tudo por você, querida. Eu jogo meus braços em volta dele. — Obrigada, pai! Você é o melhor. Ele beija minha cabeça antes que eu me afaste. — Eu tento, sei que nem sempre acerto... Eu balanço minha cabeça com uma careta. — Você é o melhor pai que alguém poderia pedir, com Toscana ou sem Toscana. Você coloca um teto sobre minha cabeça, me alimenta, me veste, e o melhor de tudo: você se importa comigo. Como você poderia não estar fazendo certo? Meu pai agarra minha mão e olha atentamente com uma careta. — Você é uma filha tão boa, Lily. Eu só quero que vocêsaiba disso. Eu franzo a testa para ele. — Tem algo errado, pai? Ele respira fundo e me dá um grande sorriso. — Claro que não. Eu só quero que você saiba que você também é amada. Exatamente como você me ama. — Ele olha pela minha janela e acena para alguém. — Agora vá. Christine está esperando por você. Eu fico olhando para ele por um segundo, perguntando-me se tudo está realmente bem. Seu rosto, no entanto, não transparece nada. — Obrigada pela carona. — Sem problemas! Pego minha bolsa e saio do carro em direção a uma Christine sorridente. — Você está bem? — ela pergunta. Acenamos enquanto meu pai vai embora. Eu olho para ela, franzindo a testa. — Não tenho certeza. Primeiro, meu pai me disse que iria me levar para a Toscana no ano que vem, mas, depois, começou a dizer o quanto é feliz por me ter como filha. Christine ergue a cabeça para trás como se estivesse em choque. — E isso é estranho para você? Caramba, se meu pai se oferecesse para me levar para a Toscana e me dissesse o quanto sou estimada como filha, eu não o questionaria. Eu ficaria eternamente grata. Estou chocada com o tom de voz dela. Christine raramente fica tensa assim. — Eu sei. Eu não queria que soasse como ingratidão. — Mas soou — ela interrompe. — Considere-se com sorte, Lily. Meus olhos se arregalam. — Eu me considero. Cara, o que deu nas pessoas esta manhã? Jamais eu me sentiria ingrata pelo que tenho. Já sei como sou sortuda sem precisar que Christine me diga. — Eu a chateei? — Eu tenho que perguntar. Ela parece desligada esta manhã também. Christine suspira e balança a cabeça. — Sim, desculpe. Eu não queria gritar com você assim. Está pronta para tomar o seu café? Provavelmente você precisa disso agora. Ela ri, mas sei que o que eu disse atingiu algum nervo em algum lugar. Ela parece desligada de alguma forma. — Sim. Café seria bom — sorrio. Entramos e Bernardo está parado atrás do balcão, sorrindo. Ele sempre tem um sorriso para mim, segundo ele. Ele e o esposo, Richard, dirigem o estabelecimento. Recentemente, eles se casaram, após quinze anos juntos. Eu vi as fotos, e ambos estavam deslumbrantes em smokings. — Lily, flor, como você está esta manhã? Hoje você está um pouco mais atrasada do que de costume. Seu pedido já foi pago. Eu franzo a testa, olhando para Christine. Ela levanta as mãos no ar. — Não tenho nada a ver com isso. Diminuo a distância entre mim e o balcão, inclinando-me para falar baixinho. — Quem fez isso? Bernardo sorri atrevidamente. — Eu não faço ideia. Quando abri esta manhã, havia um envelope no chão. Dentro tinha uma nota de dez dólares. Estava escrito para pagar pelo seu café e ficar com o troco. Muito generoso da parte da pessoa. Ela deve gostar muito de você. — Ele levanta as sobrancelhas para mim. — Então, fale. Quem é? — Eu não faço ideia. Ele bate as mãos, fazendo-me pular. — Aha! Um admirador secreto! Que tradicional. Não se vê muito dessas coisas hoje em dia. Eu acho isso tão romântico. Ergo minha sobrancelha. Então, Bernardo acha meu stalker romântico? Eu realmente não iria tão longe, mas não vou corrigi-lo. Sinto Christine agarrar meu ombro, então, olho para ela. — Você acha que é o cara do Sete Minutos no Paraíso? Bernardo se inclina sobre o balcão, empolgado. — Que cara do Sete Minutos no Paraíso? Eu balanço minha cabeça. Isso está ficando complicado e não quero que muitas perguntas sejam feitas. — Bem — diz Christine, inclinando-se para trás com um sorriso atrevido —, estávamos em uma festa ontem à noite e Lily ficou com esse cara no banheiro, mas não sabemos quem ele é. Ele simplesmente desapareceu... evaporou. Bernardo recuou. — Não?! Sério? Que excitante! Eu franzo a testa para os dois. — Mas é muito estranho, você não acha? Estou me esforçando ao máximo para manter minha sanidade, mas uma parte de mim também acha que “excitante” é definitivamente a palavra que eu deveria usar para descrever a noite passada. — Diga aí — pergunta Bernardo, apontando para mim —, ele beijava bem? Meu corpo quase estremece com o pensamento de sua respiração na minha. Aquilo era como magia, nunca havia sentido algo assim. Foi uma sensação estranha, um sentimento que eu acolhia e queria negar ao mesmo tempo. — Foi bom. Bernardo levanta a sobrancelha. — Bom? Eu mordo meu lábio, tentando suprimir meu sorriso, mas não está acontecendo. — Ok! Ele foi o melhor beijo que já tive. Está satisfeito? Christine e Bernardo riem juntos e se cumprimentam. — Agora posso tomar meu café? Christine faz beicinho. — Rabugenta! Sem querer, eu sorrio. — Assim é melhor. — Ela se volta para Bernardo. — Quero um café preto para viagem e eu acho que você já sabe o que Lily quer. — Ela me olha com um sorriso malicioso. — Cumprimentos do CSMP. Eu franzo a testa. — CSMP? Ela revira os olhos. — Cara dos Sete Minutos no Paraíso, boba. Minha boca forma um pequeno “O” enquanto esperamos pelo nosso café. — Então, você já tem alguma pista sobre quem poderia ser? Eu balanço minha cabeça. — Fiquei pensando sobre isso noite passada. Ainda pode ser Max, você sabe. Ele é forte e teve tempo e muita energia para descer daquela janela e ir para a cozinha antes de aparecer no final da escada. — penso sobre isso, mas algo me diz que Max não teve nada a ver com o que aconteceu ontem à noite. — Eu não sei, mas acho que logo descobriremos quem é. Um homem assim não ficará escondido para sempre. Algum dia, eu saberei quem é. Esse pensamento me faz sorrir por dentro. Ou ele alguma hora irá me deixar em paz ou, em algum momento, terá que se mostrar. Nossos cafés chegam, então, agradecemos Bernardo antes de sairmos pela porta. — Em que loja você quer entrar primeiro? — Tomo um gole do meu café e gemo de prazer. O primeiro gole é sempre o melhor. — Tanto faz. Podemos ir passeando? Tenho certeza de que encontraremos algo. Se não, ainda teremos tempo de sobra. Seguimos pela avenida principal e as ruas estão cheias de compradores de sábado. Está calor também, o que me deixa muito feliz. O ar fresco da manhã está se dissipando, deixando uma fragrância muito mais primaveril. O cappuccino, assim como o calor, está melhorando meu humor. De alguma forma, estou me sentindo mais humana novamente. Passamos por algumas lojas, mas nenhuma delas chama nossa atenção, então, decidimos nos concentrar em algo um pouco mais popular com uma seleção maior. — Que tal a Macy's? Christine concorda, pegamos um táxi e percorremos uma curta distância até o shopping. Assim que chegamos na grande loja, o rosto de Christine se ilumina. Agora, já terminamos nossos cafés, e nós duas estamos desfrutando de uma ligeira excitação proporcionada pela nossa dose matinal de cafeína. — Vamos dar uma olhada — diz ela. Eu sei que Christine é incapaz de “apenas dar uma olhada”. Tenho a sensação de que vamos ficar aqui por um bom tempo. Primeiro, damos uma olhada no corredor mais casual, mas nenhuma de nós escolhe nada. Em seguida, vamos para os vestidos de festa e outros que poderiam ser adequados para um baile de máscaras. Eu imediatamente escolho um vestido de baile cor champanhe, com lantejoulas e miçangas, com o decote reto, mangas curtas e chiffon plissado na parte inferior. É lindo. Também encontro um vestido semelhante, exceto que este é prata com mangas um pouco mais longas. Eu os levo junto com um vestido tipo sereia para o provador. Tenho a sensação de que não vai servir em mim, mas vou tentar de qualquer forma, mesmo que não ache que ficará bem em mim, porque nunca se sabe. — Ei, Christine! — grito. Ela relutantemente levanta a cabeça, desviando a atenção de um vestido de renda rosa claro, e olha para mim. — Estou indo experimentar estes. Ela concorda. — Ok! Eu acho que não vou demorar muito para escolher alguns também. Eu aceno com a cabeça e caminho em direção aos provadores. Ninguém está aqui para verificar o que escolhi, o que é estranho. Talvez eles estejam com menos funcionários ou muito ocupados hoje. Eu procuro por alguém, mas ninguém sai para me perguntar se eu quero experimentar algum desses vestidos.Então, faço meu caminho sozinha. Escolho um dos maiores provadores e começo a me despir. Eu ouço um som lá fora, então, paro por um momento. — Christine, é você? — grito, mas ninguém responde. Tudo fica quieto novamente. Quando alguns segundos se passam sem resposta, eu balanço minha cabeça e tiro o vestido do cabide. Assim que começo a vesti-lo, sinto uma lufada de ar nas minhas costas. Eu deixo o vestido cair quando vou me virar, mas um corpo pressiona contra mim, travando-me em meu caminho. Capítulo 6 Imediatamente congelo, mas relaxo quando o aroma apimentado permeia meus sentidos. Ele se pressiona contra minhas costas e envolve seu braço em volta da minha boca. — Shh — ele sussurra. — Não vou machucar você. Minha respiração falha enquanto meu corpo arde com aquele desejo do desconhecido da noite passada. Eu olho para baixo e vejo o contorno de uma tatuagem em seu braço. Tento descobrir qual é o padrão, mas ele me mantém rígida contra o peito. — Se eu tirar minha mão, você promete não gritar? Assinto e sinto a liberação de sua mão da minha boca. Por algum motivo, este não era meu desejo. Sua mão estava quente e macia contra meus lábios. Tento me virar, mas ele me impede. — Não tão rápido, Lily. Você não pode me ver. Meu coração começa a bater rapidamente no meu peito. — Por que não? Eu quero ver você. Minha respiração está irregular, e minha mente está correndo com o pensamento de ele estar aqui. O que ele quer comigo? Ouço sua risada rouca contra meu cabelo, e isso me faz estremecer. Com uma mão, ele traça uma linha com os dedos do meu ombro até meu antebraço. Minha respiração falha quando ele chega até meu pulso. Ele o agarra, segurando-me no lugar enquanto um suspiro estrangulado deixa meus lábios. — Onde está a graça nisso? Sua voz geme e, para mim, é uma melodia maravilhosa. Fecho meus olhos como fiz no meu sonho e apenas aprecio tudo o que ele tem a oferecer. — Eu só quero saber quem você é. Acho que tenho o direito depois de ontem à noite. Ele beija meu pescoço, fazendo meus lábios se separarem com um leve gemido, e eu sei que ele deve estar sorrindo com a minha reação. Se eu pudesse vê-lo. Quando sua outra mão desce pelo meu outro braço, meu corpo se entrega com arrepios crescentes. Eu fecho meus olhos novamente, com meu corpo tremendo e meu coração batendo forte. — Você quer desesperadamente me ver, mas sei pela maneira como seu corpo está tremendo que não é necessário. Você só precisa me sentir, Lily. Apenas me sinta — ele sussurra contra meu pescoço. Inclino minha cabeça ligeiramente para trás, expondo-me a ele. Estou completamente vulnerável enquanto me rendo completamente a ele... a este homem... a este estranho. É muito bom estar em seus braços. Ele me segura com força, mas, ao mesmo tempo, posso me mover se quiser. É uma das sensações mais estranhas que já experimentei. Estou em perigo? Acho que não, mas minha mente está me dizendo para gritar, para revidar e enfrentar o homem que está me perseguindo, para finalmente vê-lo e dar um rosto a um nome. Anseio por ver como ele se parece, mas meu corpo está obedecendo ao seu comando. Estou apenas sentindo. Estou pegando tudo o que ele pode dar. — O que você gostaria que eu fizesse? Fecho meus olhos novamente, com sua voz rouca me fazendo estremecer. Quero que ele faça todas as coisas que eu sei que não deveria querer que ele fizesse. Quero que ele me toque em lugares que nunca fui tocada. Eu me sinto segura com ele, mas sei que não deveria. Estou completamente à sua mercê; ele pode fazer o que quiser. Se ele tivesse uma faca, ele poderia me esfaquear agora, e isso seria o meu fim. O fato de eu sentir essa sensação avassaladora de calma com ele é inconcebível. Ele agarra meus ombros, massageando-os suavemente, e não posso evitar o gemido que escapa dos meus lábios. Estou formigando da cabeça aos pés. Simplesmente não consigo obter o suficiente. — O que você quer que eu faça, Lily? — ele pergunta com mais força desta vez. — E-eu — falo gaguejando, incapaz de formar palavras. Sou uma garota inteligente, mas parece que meu cérebro foi tirado da minha cabeça e batido com uma vitamina. — Eu o quê? O que você quer? Ele continua massageando meus ombros, aplicando pressão suavemente com os dedos. Meu Deus, como ele faz eu me sentir bem. — Eu quero que você me beije — respondo, sem fôlego. Finalmente encontro minha voz. — Mas se nos beijarmos, você vai me ver. Ele mordisca minha orelha antes de descer para o pescoço, e a dor na boca do meu estômago se intensifica. Eu preciso que ele faça algo para aliviar isso. — Prometo que não vou abrir meus olhos. Ele faz uma pausa por um momento, e me pergunto se ele foi embora. O pensamento é perturbador. — Você está me pedindo para confiar muito em você. Meu bom senso interno prevalece. — E você não está pedindo o mesmo de mim? Olhe para a posição em que você me colocou agora. Ouço o barulho em seu peito contra minhas costas. — É justo, mas você será capaz de resistir à tentação? — Use algo para cobrir meus olhos, então. Sinto seu nariz deslizar do meu ombro até a base do meu pescoço. Uau, o que ele está fazendo comigo? — Somos dois pervertidos. — Isso eu não sei dizer — deixo escapar, sem nem mesmo pensar. — Como assim? Você está me dizendo que é inexperiente? Minha frequência cardíaca aumenta um pouco, mas por razões diferentes desta vez. Eu nem mesmo o conheço, mas estou revelando todos os meus segredos íntimos... ou a falta deles. — Lily. — ele profere, em um tom punitivo. — Sim — respondo, pensando que é melhor abrir o jogo. — Você é virgem? Fecho meus olhos com um suspiro. — Sim. Mais uma vez, seus movimentos cessam. Ele não está feliz com isso? Ele está se arrependendo de ter vindo aqui? Estou prestes a perguntar a ele o que há de errado quando ele fala: — Posso pedir que confie em mim? Uma pessoa racional diria não. — Sim. Ele se afasta, embora isso seja indesejado, mas logo vejo suas mãos aparecerem com uma bandana estampada em preto e branco. Presumo o que ele está fazendo e tento absorver o máximo dele antes que ele roube minha visão. Suas mãos são grandes e fortes, parecendo calejadas, lembram mãos de quem já passou por muitas coisas. Consigo ver de relance uma tatuagem em sua mão direita. A palavra parece estar em latim e foi escrita em caligrafia preta. VINDICTA Já faz um tempo que aprendi latim, então, estou um pouco enferrujada. Sei que não é uma boa palavra, e está na ponta da minha língua o que poderia ser, no entanto, não tenho tempo para refletir sobre isso, pois a bandana está sendo colocada em volta dos meus olhos. Tudo está escuro agora, mas não estou com medo, por mais que eu deva. — Agora você pode se virar. Ele coloca as mãos nos meus braços e me guia suavemente para encará-lo. Quando ele fica satisfeito, sinto sua mão acariciar meu rosto. — Você não tem ideia do que isso está fazendo comigo. Ver você assim... Minha respiração obstrui. Não tenho certeza do que ele quis dizer, mas pelo tom sexual em sua voz, acredito que signifique que ele está excitado ao me ver com os olhos vendados. Ele puxa meu queixo para cima e me guia para frente. Prendo minha respiração, esperando e ansiando pelo primeiro toque de seus lindos lábios. Um flashback do sonho me vem e me recordo que, neste momento, estou em queda livre. É quase como se eu tivesse sido transferida para a parte mais escura do meu subconsciente, e essa parte do meu cérebro agora está celebrando. Sua língua desliza para fora de sua boca e traça suavemente uma linha contra meu lábio inferior, depois se move para o lábio superior para repetir o processo. Eu gemo, procurando mais, precisando de mais. Eu sinto sua respiração irregular contra a minha, e o pensamento de que isso o está afetando tanto quanto a mim faz meus quadris acordarem como nunca. Ele me segura pelos ombros e pressiona seus lábios contra os meus. A dor em meu estômago aumenta tão intensamente que fica quase insuportável. Eu quero que ele me toque. Quando ele se afasta parabeijar meu pescoço, não aguento mais. — Toque-me — peço. — Por favor, me toque. Ele fica imóvel, mas ouço sua respiração. É pesada e implacável, assim como a minha. Sinto sua mão acariciar minha bochecha. — Aqui? — ele pergunta, mas eu sei que ele está apenas brincando comigo. — Não. — Aqui? — ele pergunta novamente, movendo sua mão da minha bochecha para o meu pescoço. Eu balanço minha cabeça. — Aqui? — ele curva a mão até meu peito, onde move um dedo entre meus seios. Perco o folego. — Aqui? Eu balancço minha cabeça de novo, ficando cada vez mais confusa. Posso sentir o calor subindo pelo meu corpo e pelo meu rosto. Ele deve estar me achando uma devassa. — Ou aqui? Ele move o dedo sobre a curva do meu seio, e o gemido que me escapa diz tudo a ele. — Eu quero sentir sua carne macia contra minha mão, Lily. Eu quero ouvir seus gemidos. — Por favor — imploro. Eu não sei por que eu quero isso, mas eu quero. — Você fica deslumbrante com renda preta. Então, sua mão passa sob meus seios, sem me tocar. Ele está me provocando e isso está me deixando louca. Eu gemo, jogando minha cabeça para trás. — Tão receptiva — ele respira contra meus lábios. Seu polegar desliza sobre minhas costelas, fazendo-me ofegar. — Mais? Faço que sim com a cabeça, dando a ele permissão. Eu quero que ele vá mais longe, mas, por algum motivo, ele não está indo na onda. Eu o sinto acariciar meu decote com os dedos, indo até meus ombros. Fico ofegante novamente, perguntando-me o que ele vai fazer a seguir. Eu o ouço respirar fundo. — Linda — ele sussurra, fazendo-me estremecer —, onde agora, hmm? — ele pergunta baixinho, fazendo minha respiração ficar mais pesada. Eu estendo a mão, e é como se ele soubesse que eu quero sua mão enquanto ele me deixa pegá-la. Eu o guio em direção a um seio, mas ele para antes de tocá-lo. — Você é uma safada, não é? — Por que você não me toca? — Eu estou tocando você. Só não é da maneira que você quer. — Por quê? Eu o sinto puxar uma mecha dos meus cabelos. — Porque, Lily — ele diz baixinho —, você tem apenas dezessete anos. Eu não vou tocar em você lá... não até seu aniversário, pelo menos. Não gosto da ideia de ele não me tocar, mas, ao mesmo tempo, isso me faz desejá-lo ainda mais. Ele pode ser um stalker, mas, aparentemente, é um cavalheiro em alguns aspectos. — Você pode, pelo menos, me beijar de novo? Eu o ouço respirar fundo. — Isso, eu posso fazer. Ele não espera muito mais. Ele pega meus lábios novamente, mas desta vez é quase selvagem. Ele desliza sua língua, procurando a minha e nós nos misturamos em perfeita harmonia. Eu o puxo para mais perto e quase entro em combustão quando ouço seu grunhido. Eu gemo um pouco, e quando o faço, ele me coloca contra a parede. Gemo novamente, agarrando seu cabelo em minhas mãos enquanto o puxo para mais perto. Eu sinto sua dureza cavando em mim enquanto ele praticamente me penetra contra a parede. Merda! O que eu estou fazendo? Eu não sei e não pareço me importar. A sensação combinada do seu corpo contra o meu, seus lábios contra os meus e nossos corações batendo um contra o outro está tomando conta. Eu só quero senti-lo, sentir tudo dele. Justo quando estou pensando isso, ele, de repente, se afasta. Eu não estou pronta para parar. Preciso de mais. Preciso que ele me dê mais. Meus lábios se abrem para deixar minha queixa aparente quando de repente ele puxa a alça do meu sutiã, aquela que eu nem percebi que havia caído, e toca minha bochecha com o dedo. — Acabou o tempo, linda. Eu fico imóvel, incapaz de formar qualquer palavra. Ele está me deixando? Começo a me perguntar, então, ouço o som revelador de uma porta, e meu coração bate ainda mais forte. Depois de alguns segundos esperando e não ouvindo nada, decido tirar a bandana. Aperto os olhos quando a luz brilhante da cabine me atinge, mas assim que minha visão volta, tudo o que vejo é meu reflexo no espelho. Meu cabelo está bagunçado e meus lábios estão inchados de nossos beijos. Olho para a bandana e a levo até o nariz. Tem o cheiro dele. Fecho meus olhos e saboreio sua fragrância enquanto tento o meu melhor para envolver minha cabeça em tudo o que acabamos de fazer... de novo. Em seguida, quando abro meus olhos, vejo que um lírio foi colocado em cima da minha calça jeans. Sorrio, pegando-o, e sinto sua fragrância apimentada. Isso me faz pensar se esse estranho se cerca de lírios. Uma batida soa na minha porta, fazendo-me pular. — Lily, você está aí? Coloco minha mão no peito, tentando acalmar meu coração sempre batendo. — Sim. Só um segundo. Quero lhe mostrar algo. Rápido como um flash, puxo o vestido por cima de mim e tento fechar o zíper o mais alto que posso. Abro a porta e vejo Christine com o vestido que ela estava olhando antes. Ficou lindo nela. — Uau! — nós duas dizemos em uníssono. Começamos a rir e noto Christine me examinando. — O que você fez aí dentro? Você não só ficou aí um tempão como também parece... sei lá... agitada. Meu coração começa a bater ainda mais forte porque eu sei que pareço exatamente como ela está me descrevendo. — Ter experimentado todos esses vestidos me deixou um pouco ofegante. Você não acha que está calor aqui? Christine sopra um pouco de ar. — Acho que está um pouco quente. — Ela me olha de cima a baixo. — Mas, olhe para você. Impressionante! Você já se viu? Quando ela menciona isso, percebo que ainda não tinha me visto. Noto que há um espelho atrás de Christine e decido me inspecionar. Fico surpresa com o quão bem eu fiquei. Christine está ao meu lado e nós admiramos uma a outra. Ela tem um corpo maravilhoso. O dela é mais curvilíneo, e o meu é um pouco reto, acredito que isso se deva às corridas que faço. — Você está linda, Christine. Ela se encara e respira fundo. — Eu sei. É uma pena que não posso comprá-lo. Eu franzo a testa. — Por que não? Ela se vira para mim e estende a etiqueta de preço. É pouco mais de trezentos dólares. — Ui. Ela acena com a cabeça. — Sim... Ui. Quanto é seu? Pegamos a etiqueta e vemos que o preço foi reduzido de pouco mais de quatrocentos dólares para duzentos e cinquenta e oito dólares. Ainda é muito caro, mas devido às minhas economias e à contribuição dos meus pais, posso comprá-lo. – Não é tão caro quanto o meu, mas ainda é caro. Você deveria levá-lo. Ela se vira e volta para a sua cabine. Ela está se fazendo de durona, mas eu sei que ela secretamente quer aquele vestido. Volto para a minha cabine, não me sentindo tão bem quanto da primeira vez que entrei. Tiro a roupa, coloco o vestido de volta no cabide e ponho meu jeans e o moletom novamente. Assim que termino, pego a flor de lírio, coloco-a em minha bolsa e abro a porta. Christine está me esperando, segurando todos os seus vestidos. — Eu só vou ao banheiro. Volto em cinco minutos. Ela se afasta, pendurando todas as suas escolhas na prateleira de devolução, e um pensamento me ocorre. Quando minhas pernas se movem para frente, pego o vestido que Christine estava usando e coloco os outros dois que trouxe comigo na prateleira ao lado dos outros. Saio e rapidamente encontro um caixa que os tira de mim imediatamente. O total é mais de quinhentos dólares e isso me dói. Tenho cerca de mil dólares em economias, por isso posso tranquilamente comprar o meu e o dela. Levei muito tempo para juntar essa grana, então, economizá-la tudo de novo levará tempo. A pontada no estômago por causa do valor logo passa assim que percebo como a expressão no rosto de Christine, quando ela souber que agora tem o vestido que tanto quer para o baile, compensará todo o resto. Sorrio enquanto o caixa coloca os dois vestidos em caixas separadas. Christine vai adorar. Assim que o caixa me entrega as sacolas, agradeço e vou até o banheiro para esperar por Christine. Porém, quando chego lá, fico chocada com o que vejo. — Não me toque, porra! Você entendeu?! Christine está gritando com toda a força de seus pulmões para este homem com as mãos para cima em sinal de rendição. Ele tem uma expressão de puro choque em seu rosto. — Juroque nunca toquei em você! Isso é um mal-entendido. Ela avança, apontando o dedo na cara dele. — Você tocou minhas costas. Eu senti. Você é um pervertido de merda! Estou paralisada, em estado de choque. Christine está sendo extremamente agressiva com ele. Seu rosto parece uma mistura de veneno e medo, e isso é o que mais me choca. Ela parece morta de medo. — Eu não toquei em você — ele profere novamente, parecendo tão assustado quanto Christine. Por alguma razão, eu acredito nele. Christine parece completamente fora de si. — Ninguém me toca sem minha permissão — ela engasga, correndo em direção à saída. Merda! O que diabos aconteceu? De início, eu não me movo, mas quando percebo o quão chateada ela parece, vou correndo atrás dela. Eu a encontro fora da loja e coloco minha mão em seu ombro. — Christine, o que... — Não me toque, porra. Eu não quero você perto de mim. Vá para o inferno, Lily, porra! — ela irrompe em uma torrente de lágrimas, e fico completamente perturbada e perplexa com o que acabou de acontecer. O que há de errado com as pessoas hoje? Não é típico de Christine explodir desse jeito. Nunca a vi tão cheia de ódio e terror ao mesmo tempo. Eu deveria estar brava com a maneira como ela falou comigo, mas uma parte de mim racionaliza que não era ela falando. Certamente não era a Christine de quem sou melhor amiga. Algo deve ter acontecido para deixá-la assim, mas não sei o quê. Ela disse que aquele homem a tocou, mas, de que maneira? Preciso descobrir, mas antes de tudo, preciso chegar em casa e me acalmar um pouco. Vou dar espaço a Christine até esta noite, então, entrarei em contato com ela. Apesar do que ela disse, preciso ter certeza de que ela está bem. A expressão em seu rosto me preocupa. Na verdade, isso me deixa apavorada. Eu suspiro, olhando para as ruas para chamar um táxi. Um vem alguns segundos depois e para para mim. Dou a ele meu endereço residencial e me afundo no assento. Em minha mente, repasso tudo o que aconteceu hoje. Primeiro, meu pai, depois, o estranho e, agora, Christine. É como se eu tivesse de repente entrado no Além da Imaginação. Por todo o caminho para casa, minha mente fica girando. Eu olho para o meu relógio e vejo que é um pouco depois da uma. Meu estômago ronca em protesto. Ainda não comi e sei que isso não é bom. Terei que corrigir isso assim que chegar em casa. Meu celular toca assim que o motorista do táxi para na minha garagem. Entrego-lhe dez dólares e saio do carro. Enquanto estou caminhando para a minha porta, clico para abrir a mensagem. Número desconhecido: Certifique-se de responder às suas mensagens na próxima vez. Eu franzo a testa para isso. Ele está me repreendendo? Foi essa a razão pela qual ele saiu de repente depois de me estimular tanto? Ele está se vingando de mim por não responder à mensagem dele antes? Eu decido não responder. Em vez disso, pego minha chave e entro. Ninguém está aqui, mas eu não esperava que ninguém estivesse. Normalmente, a esta hora de um sábado, meus pais estão almoçando juntos ou com alguns figurões. Coloco as sacolas no chão, perguntando-me quando terei a oportunidade de dar o vestido a Christine. Ainda estou preocupada com ela e pensando em como posso abordar o assunto. Preparo um sanduíche de frango com pão de centeio e me sirvo um pouco de suco de maçã. Enquanto me sento à mesa da sala de jantar, penso em como responder ao meu cara do Sete Minutos no Céu. Um sorriso surge em meu rosto enquanto altero o “número desconhecido” para CSMP. Pelo menos agora, vou saber quem é. Eu digito uma resposta. Eu: Você está com raiva de mim? O som de nova mensagem toca imediatamente. CSMP: O que a faz dizer isso? Eu: O tom da sua mensagem. CSMP: Como você pode detectar meu tom em uma mensagem? Eu: Você sabe o que quero dizer. Foi por isso que você tentou me seduzir no provador? CSMP: Eu não “tentei seduzi-la”, como você disse. Eu estava simplesmente lembrando você. Eu: Lembrando-me de quê? CSMP: Que estou aqui. Estou sempre aqui, Lily. Não há como escapar de mim. Um ligeiro arrepio sobe pela minha espinha, deixando calafrios em seu rastro. Fico pensando que deveria ter medo desse cara, mas cada vez que penso nele, meu corpo reage de uma maneira que não faz sentido para mim. Não faria sentido para ninguém. Eu não respondo. Em vez disso, volto a comer meu sanduíche. Apesar da reação do meu corpo, minha cabeça está no controle e ela está sendo sensata no momento. Eu não deveria, de forma alguma, encorajar esse cara. Já o incentivei o suficiente. Assim que termino de comer, lavo os pratos, sento-me e fico olhando para o meu celular. Eu deveria, pelo menos, enviar uma mensagem de texto para Christine para ter certeza de que ela está bem, e faço exatamente isso. Depois disso, fico ali sentada, imaginando como responder a Max. Não estou tão zangada quanto na noite passada, mas ainda acho que ele não deveria ter vindo para cima de mim do jeito que fez. Respiro fundo. Não importa o que aconteça, somos amigos. Somos amigos há onze anos e não quero que isso mude. Eu sei que vou perdoá-lo de qualquer maneira, então, posso muito bem tirá-lo de seu sofrimento agora. Abro a mensagem de ontem à noite e clico em RESPONDER. Eu: Está tudo perdoado. Vejo você na segunda. Aperto ENVIAR e recosto na cadeira. Espero mais cinco a dez minutos para ver se Christine ou Max responderão às minhas mensagens, mas não recebo nada. Acho que vou ter que esperar para ver. Enquanto penso sobre os eventos de hoje, minha mente vagueia de volta para o estranho no provador. Ainda posso sentir suas mãos suaves, mas firmes na minha pele. O calor sobe pelo meu pescoço e viaja para o meu rosto enquanto eu relato o momento em que ele entrou na cabine e me fez perder todos os meus sentidos novamente. Eu o deixei vendar meus olhos, pelo amor de Deus! É então que me lembro da tatuagem. Eu acendo meu celular e digito “Vindicta” no Google. Ao clicar na Wikipedia, dois resultados aparecem. vindicta f (vindictae genitivo); primeira declinação 1. bastão cerimonial usado na alforria 2. punição, vingança Eu franzo a testa enquanto clico em “alforria”. E lá diz que é uma libertação da escravidão ou outra servidão legalmente sancionada. Então, a tatuagem representa isso ou a parte da vingança? O que tudo isso poderia significar? O fato de ele ter dito que estava aqui para consertar o que estava errado me faz pensar que é a segunda opção. Seja o que for, isso me faz pensar ainda mais sobre esse cara misterioso. Quem é ele? Por que ele está me seguindo? Mas a pergunta mais urgente da qual preciso a resposta é: O que ele quer? Capítulo 7 Apresentando Jarrod Walker Jarrod! Jarrod, ajude-me. Ajude-me, por favor. Por favor, tire-os de cima de mim! Por favor, não os deixe fazer isso comigo. Jarrod! O grito ensurdecedor do meu sonho me desperta. Sento-me ereto, ofegante. Estou suando. Meu coração está batendo a um milhão de milhas por hora, tão forte que está zumbindo em meus ouvidos. É tudo o que posso ouvir. É tudo o que eu sempre ouço. Esse grito, eu nunca esquecerei. Na maioria das noites, acordo deste mesmo sonho e este é o único som que consigo ouvir. É como um eco em constante repetição. Isso fode com a minha cabeça e faz meu sangue ferver e minhas mãos tremerem. Essa memória vai me assombrar pela vida que me resta, e eu não consigo me livrar dela. Nem agora, nem nunca. Eu sou a porra do sonho de um psiquiatra que se tornou realidade: quando se trata de mim e de meus demônios, eu tenho muitos deles. Verifico o relógio na mesa de cabeceira. São oito e meia da manhã. Normalmente não durmo até tarde, mas aquela porra de garota me manteve acordado metade da noite. Não consigo parar de pensar na maneira como ela se apoiou em mim com tanta confiança. Nunca senti isso por uma garota antes. Nunca senti a necessidade de arruinar e proteger alguém ao mesmo tempo. Eu sabia no que estava me metendo assim que comecei todo esse empreendimento. Eu sabia que estaria brincando com fogo, então, tenho que ter mais cuidado. Seela me vir, pode começar a fazer perguntas. Preciso manter distância disso o máximo possível até descobrir o que preciso fazer a seguir. Tudo isso foi por ela. Tudo isso é por ela. Nunca esquecerei o que ela passou e nem ela esquecerá. Eu não posso perder o foco, não posso decepcioná-la. Um dia, obteremos a retribuição final que temos esperado todo esse tempo. Então, e somente então, poderemos seguir em frente. Essa é a razão pela qual aceitei a ajuda de familiares e amigos uma vez que saí de trás das grades, alguns anos atrás. Eu tive sorte. Tenho um teto sobre minha cabeça, roupas para vestir e comida na geladeira para me manter até que a justiça seja feita. Até paguei vinte dólares para uma garota qualquer da festa ir falar com Max por sete minutos. Eu rio sempre que penso naquela noite. Ao me lembrar disso, decido enviar uma mensagem de texto para ela. Eu: Você está bem? Charlotte: Já estive melhor. Eu: Aguente firme, querida. Você sabe que estou protegendo você. Charlotte: Eu sei. Eu só não sei quanto tempo eu aguento. Eu confio em você, apesar de tudo. E eu amo você. Eu: Eu também amo você. Sinto-me um pouco melhor depois de nossas mensagens, mas isso não impede a preocupação. Acaba comigo tê-la deixado como eu fiz. Pior ainda é o fato de ainda ter que ficar longe dela. Ela sabe o porquê e entende. Tudo faz parte do nosso plano. Eu suspiro, indo para o banheiro para um banho rápido. Minha mão esquerda estava um pouco dolorida ontem, mas não está latejando tanto agora. Balanço minha cabeça, pensando sobre o que eu fiz. Agi por impulso e desejo de proteger. Também agi de acordo com o desejo de agir contra aqueles que ultrapassam os limites e com a memória que sempre me assombra ao mesmo tempo. Eu inclino minha mão contra os azulejos do chuveiro, mergulho minha cabeça e deixo a cascata de água cair nas minhas costas. Flashes dela surgem em minha mente e não importa o quanto eu tente me livrar desses pensamentos, as imagens ainda vêm. Como uma bala, as memórias dela passam por mim, penetrando meu coração sombrio. Não quero continuar pensando em seu cabelo macio e sedutor, lábios carnudos e cheios e na forma como seu corpo treme quando passo minha mão contra sua pele macia e delicada. Eu não quero ficar pensando sobre a maneira como ela parece confiar em mim implicitamente ou a maneira como ela me deixa tocá-la onde aparentemente ninguém nunca a tocou antes. Eu soco a parede com o lado do meu punho e grito quando a agonia o rasga. — Filha da... Eu o aperto, amaldiçoando-me por ter me esquecido, mas uma parte de mim dá boas-vindas à dor. Estou acostumado com a dor. É tudo que eu já conheci. É por isso que você está fazendo isso, seu idiota! Saio do chuveiro e me enxugo com uma toalha. Assim que a jogo no cesto de roupas sujas, olho para mim no espelho. Muita tinta é exposta na minha pele agora. Eu peguei o vírus da tatuagem um tempo atrás e não parei desde então. Fiz minha primeira tatuagem, com a palavra Charlotte no ombro e, depois que a fiz, não consegui mais parar. Por algum motivo, toda vez que faço uma é como uma terapia. Não consigo me conter agora que comecei. Sorrio enquanto traço uma linha na minha tatuagem mais recente, um lírio no meu torso. Charlotte não sabe que eu fiz essa. Se ela souber, vai ficar puta, e isso é algo que eu não quero testemunhar. Meu celular toca, assustando-me por um momento. Eu ando em direção a ele com uma noção de quem poderia ser. Sem dúvida, Lily já está na escola, então, ela saberá o que aconteceu na sexta à noite. Sorrio quando leio sua mensagem. Lily: O que você fez? Eu seguro o celular em minhas mãos por um tempo, sem saber se devo responder imediatamente. No fim, como sempre, o pensamento lógico parece escapar de mim quando se trata dela. Eu clico em RESPONDER. Capítulo 8 É segunda-feira de manhã e eu gemo com o pensamento assim que meu alarme toca. Sem dúvida, todos estarão de pé, de banho tomado e vestidos. Eu sou sempre a última a levantar. Eu gemo de novo, tiro as cobertas de cima de mim e vou para o chuveiro. Estou um pouco apreensiva hoje, pois nem Max nem Christine responderam às mensagens que enviei ontem. Essa percepção me faz tomar banho e me vestir mais rápido do que o normal para que eu possa chegar à escola um pouco mais cedo do que de costume. Enquanto prendo meu cabelo em um coque, pego minha bolsa e desço as escadas para encontrar todos tomando café da manhã. — Você quer torradas, querida? — minha mãe pergunta. — Sim. Apenas uma fatia, se você não se importar. Minha mãe sorri e deixa tudo pronto para mim. — Você quer ir para a escola com seu velho? Sorrio para o meu pai enquanto ele mastiga uma torrada. — Sim, isso vai ser ótimo. Normalmente, Max ou Christine teriam me dado uma carona, mas eu duvido que qualquer um deles o fará esta manhã. Sinceramente, não posso esperar até conseguir um carro. Passei no meu teste recentemente, mas meus pais ainda não mencionaram me comprar um carro. Tenho a sensação de que meu décimo oitavo dia será um dia especial. Pelo menos não terei que depender de outras pessoas para ir à escola. Uma vez no carro, meu pai e eu conversamos um pouco. Ele parece otimista hoje, como se estivesse em um ritmo acelerado. — Obrigada pela carona, pai — digo enquanto saio do carro. — Sem problemas, docinho. Vejo você quando eu chegar em casa. Aceno e vejo brevemente enquanto ele se afasta. Assim que me viro, olho para a entrada da escola com um suspiro. Muitos alunos estão circulando, incluindo o sempre irritante Jerry. — Ei, cabeça oca, como você está esta manhã? Rolo meus olhos para Jerry. Ele é um idiota. — Você pode até parecer um Stifler, mas isso não significa que você seja um. Jerry encolhe os ombros com um sorriso presunçoso no rosto. — O quê? Todo mundo adora os apelidos que dou para eles. — Ah, sim, tenho certeza de que as pessoas adoram ser chamadas de cara de bunda, saco de merda e lambedor de saco. Jerry começa a rir. — Lambedor de saco. Gostei dessa. Vou usar essa com o Max. — Ele me dá uma cotovelada. — Por falar no Max, o que você fez com ele na sexta à noite? Minha culpa vem à tona, fazendo-me ficar na defensiva. — Do que você está falando? Ele vê a careta em meu rosto e percebe o que está acontecendo. — Quer dizer que você não sabe? Eu prendo a respiração. — O que está acontecendo, Jerry? Ele olha para trás de mim e sorri com cautela. — Alguém realmente bateu na sua bunda. — Cale a boca, Jerry. Eu me viro e vejo Max caminhando em nossa direção. Eu prendo a respiração. — Oh, meu Deus! O que aconteceu com você? Eu corro em direção a ele e agarro seu braço para confortá-lo. Seu olho esquerdo está inchado e roxo e ele parece com raiva. Ele olha timidamente para mim. — Quando cheguei em casa depois de deixar você, alguém pulou em mim. Não consegui ver quem era porque foi muito rápido. Ele me agarrou e me girou e tudo o que pude ver foi um punho voando em minha direção. Quando me levantei, a pessoa havia sumido. — Merda, Max. Ele estava atrás de dinheiro? Ele pegou alguma coisa? Ele franze a testa. — Essa é a porra da parte mais estranha. Eu estava com meu Rolex, meus anéis, cem dólares na carteira e nada foi tirado. — Cara, quem você irritou? — Jerry resmunga. — Você deve ter irritado alguém. Ninguém simplesmente pula em outra pessoa assim sem um motivo, a menos que fosse por joias ou dinheiro. Obviamente, nada disso era sua motivação. Ele franze a testa por um momento, pensando profundamente. — Você acha que foi aquele garoto Larry do racha que vocês fizeram algumas semanas atrás? Ele estava chateado por você ter ganhado de lavada. Max balança a cabeça. — Não consigo imaginar ele fazendo isso. Além do mais, Larry não tem tatuagens. Minha cabeça vira para Max. — O que você disse? — Não consegui ver quem me bateu, mas pude ver alguns padrões em sua mão e braço antes de seu punho pousar em meu rosto. Minha frequência cardíaca aumenta um pouco. — Você conseguiu ver como alguma delas se parecia? Ele balança a cabeça. — Não.Tudo aconteceu muito rápido. Pode até ter sido minha imaginação, mas eu poderia jurar que ele tinha tatuagens. Eu fico olhando para o espaço a princípio, enraizada no local. Não pode ser, pode? Por que ele iria querer machucar Max? Sinto Max me cutucar e isso me faz pular. — Ei, estou bem. Tirando a dor de cabeça e o ego ferido, estou bem. Eu mordo meu lábio. — Lamento que isso tenha acontecido com você. Ele olha para Jerry e de volta para mim. — Ei, posso falar com você um segundo? Eu concordo. — Claro. Jerry olha para nós dois. — Eu sei quando não sou desejado. Até mais tarde, seus filhos da puta. Jerry vai embora. Eu fecho meus olhos e balanço minha cabeça. — Eu acho que ele nunca vai crescer. Max ri. — Eu conheço aquele cara desde os cinco anos de idade, e acredite em mim: ele age da mesma forma agora como fazia naquela época. Nós dois rimos, mas, então, a atmosfera fica um pouco desconfortável quando a risada para. — Lamento pela noite de sexta-feira. Eu não sei o que deu em mim. Puxo minha mochila para ter algo para fazer. Eu odeio situações embaraçosas como essas. — Está bem. Eu simplesmente não esperava por aquilo, isso é tudo. Você é meu amigo e não quero que nada mude isso. Max acena com a cabeça em resignação. — Compreendo. Não vai acontecer de novo. Palavra de escoteiro. Além disso — ele coloca o braço em volta de mim e me conduz em direção à escola —, acho que recebi minha punição quando cheguei em casa. Tem certeza que não foi você? — Ele levanta minha mão. — Você tem tatuagens? — ele pergunta brincando. Eu começo a rir, mas de forma alguma acho isso engraçado. Poderia realmente ter sido ele? — Ah, claro, como se eu pudesse lhe dar um olho roxo assim. Não está dolorido? Ele encolhe os ombros. — Vou sobreviver. Que aula você tem primeiro? Eu gemo. — Cálculo. Max beija o topo da minha cabeça. — Vejo você na de física, ok? Aceno com a cabeça e vejo ele caminhar em direção à sua classe. Enquanto estou caminhando para a minha, pego meu celular e começo a enviar mensagens de texto. Eu: O que você fez? Coloco meu celular de volta na minha bolsa e entro na minha aula. Jerry, como de costume, é o centro das atenções enquanto fica de pé na mesa no meio da sala de aula e começa a girar os quadris para todas as garotas. Todo mundo está encorajando seu comportamento, e as meninas rindo mais ainda e observando cada movimento seu. Eu não sei como ele consegue se safar. — Lily baunilhy, que tal você vir aqui e se juntar a mim? Todo mundo olha para mim, e minhas bochechas ficam vermelhas instantaneamente. Ele sabe que eu não gosto de atenção. É por isso que ele está fazendo isso. — Que tal não? — respondo indignada. Todo mundo faz “ooh” e “ahh”, mas Jerry continua sorrindo. — Ela me ama secretamente. É por isso que ela gosta de me afastar na frente de todos, é uma paixão típica de livros didáticos. Eu rolo meus olhos, mas ele não terminou ainda e começa a cantar Pictures of Lily, da banda The Who. Fico mortificada e corro para o meu lugar e me agacho, tentando fingir que ele não está lá. — Jerry Morgan, saia dessa mesa agora mesmo. Não estamos no zoológico, então, pare de se comportar como um macaco. Eu sorrio enquanto vejo Jerry se retirar da mesa com um olhar sombrio em seu rosto. O que ele esperava? A aula está prestes a começar em dois minutos, então, é claro que a Srta. Mullens estaria aqui em breve. Srta. Mullens franze a testa na direção de Jerry uma última vez antes de se dirigir à classe. — Na semana passada, estudamos o movimento circular... — Eu sei muito sobre isso — sussurra Jerry, fazendo a classe rir. A Srta. Mullens se vira para Jerry. — Sr. Morgan, você vai continuar atrapalhando minha aula esta manhã? Porque se estiver pretendendo fazer isso, vou poupar todo mundo agora fazendo você passar a próxima hora com o Sr. Wright. Jerry balança a cabeça com veemência. Ele odeia nosso diretor, e a Srta. Mullens sabe disso. Na verdade, o Sr. Wright não tem muitos fãs nesta escola. — Está bem. Eu vou me comportar. Desculpe, Srta. Mullens. Ela acena brevemente com a cabeça e volta sua atenção para o livro. — Agora, todos abram na página noventa e seis para vermos aproximações lineares. Todos gemem levemente, mas seguem as instruções. — Em primeiro lugar, quem pode me dizer o que são? Algumas pessoas levantam a mão, mas a minha fica parada. Eu sei o que são, mas estou mais interessada em saber se meu perseguidor já me respondeu ou não. É importante, de uma maneira ou de outra, descobrir se foi ele quem fez isso com Max. Pego minha bolsa e delicadamente pego meu celular enquanto a Srta. Mullens não está olhando. Uma vez na minha mão, eu cuidadosamente deslizo para baixo da minha mesa e mergulho minha cabeça para olhar. Estou no modo silencioso, mas meu celular está piscando, alertando-me para uma possível mensagem. Eu acendo e vejo que é dele. Não sei por que, mas sorrio pouco antes de meu polegar pairar sobre a mensagem. — Lily, você ainda está conosco? Minha cabeça se vira para a Srta. Mullens enquanto meu coração chega à minha boca. — Sim, desculpe. Ela me olha como se eu tivesse duas cabeças. — Bem, você pode responder à pergunta? Meu rosto arde de vergonha. Eu não estava ouvindo. — Hum... Poderia repetir a pergunta? Ela suspira e algumas pessoas riem levemente. — A pergunta que eu pedi para você responder. Aquela no quadro. Ela aponta para o quadro e há o rabisco tipicamente bagunçado da Srta. Mullens escrito em giz branco. Eu aperto os olhos, tentando decifrá-lo. A professora caminha em minha direção e estende seu giz. — Importa-se de resolver isso na frente da classe? Meu rosto arde novamente, mas coloco o celular no bolso, levanto-me e faço o que ela pede. Eu caminho até o quadro e dou uma boa olhada na equação. Eu penso por um momento e começo a escrever a resposta. Uma vez feito isso, coloco o giz na mesa e me viro para ela com um sorriso. Ela parece chocada por eu ter respondido corretamente. Satisfeita por ter feito o suficiente para sair dessa, começo a caminhar de volta para minha mesa, mas a Srta. Mullens me impede e estende uma de suas mãos. — Eu acho que você esqueceu algo. Ela levanta a sobrancelha para mim em desafio. Eu suspiro, mas pego meu celular e o entrego a ela. Ela sorri, volta para sua mesa, coloca meu celular no meio e se vira para se dirigir à classe. — Agora que temos menos distrações, podemos prosseguir. A menos que queiram seus celulares confiscados até o final do dia, sugiro que vocês os desliguem agora. Eu gemo ao saber que não verei meu celular por algumas horas, mas o barulho que eu faço é abafado pelo barulho de cadeiras. Olho em volta e todos estão pegando seus celulares e desligando-os ou colocando-os no modo silencioso. Isso é péssimo. Pelo menos eles podem ligá-los novamente quando a aula terminar. Afundo minha cabeça em minhas mãos por alguns segundos enquanto penso no fato de que não saberei sua resposta por um tempo. Este vai ser um dia muito longo. Capítulo 9 O dia passa como se estivesse em câmera lenta. Eu estava sem meu celular e não tinha visto Christine o dia todo. Ou ela não apareceu nas aulas em que fazia comigo ou simplesmente não veio. Ninguém mais a tinha visto, então, imaginei que fosse a última opção. Assim que pego meu celular de volta com a Srta. Mullens, que neste momento faz uma cara severa, corro para fora antes que alguém mais possa me parar e começo a andar para pegar um ônibus. Ao fazer isso, ligo meu celular de volta e rapidamente aparece a mensagem que estou morrendo de vontade de ler o dia todo. CSMP: Ele se forçou a você. O que mais você esperava que eu fizesse? Meus olhos se arregalam, mas foco novamente quando vejo que ele enviou outra mensagem cerca de uma hora após a primeira. CSMP: Por que você não está respondendo? Você está com raiva de mim? Qual é, Lily, você não pode esperar que eu não queira protegê-la de investidas obviamente indesejadas. Meu coração acelera novamente com o conhecimento de que ele machucou Max. Ele não precisavater feito aquilo. Apertei RESPONDER. Eu: Eu tive meu celular confiscado na escola porque VOCÊ estava me distraindo. E, a propósito, para sua informação, não preciso de sua “proteção”. Eu disse a Max não e ele entendeu. Não havia necessidade de fazer seu olho ficar roxo! Com raiva, apertei ENVIAR e comecei a andar novamente. — Ei, espere. Você não quer que eu lhe dê uma carona para casa? Eu me viro para encontrar Max correndo em minha direção. Sorrio ao vê-lo, mas, ao mesmo tempo, agora também me sinto culpada. Foi minha culpa ele estar com o olho machucado. — Desculpe, Max. Estou um pouco distraída hoje. Ele franze a testa para a minha expressão. — Percebi. O que houve? Eu poderia responder com as palavras “muita coisa” em resposta à sua pergunta, mas não o faço. — Christine não apareceu na escola hoje. Estou preocupada com ela. Não tenho notícias dela há alguns dias. — Sério? Isso não é típico dela. Aceno minha cabeça em concordância. Christine geralmente adora atenção. — Eu sei. Eu digo isso e logo em seguida meu celular apita. Olho para baixo, esperando que Christine tenha respondido, mas não é de Christine. É dele. CSMP: Gosto de saber que “distraio” você. Isso me faz sentir desejado. Ah, e para sua informação, diga a Max que se ele tocar em você novamente, ele verá o quão forte eu posso socar com a outra mão. Eu: Você é inacreditável. Não se atreva a chegar perto dele novamente. CSMP: Então, ele forçando a barra com você era perfeitamente aceitável? Eu suspiro e uma voz me assusta. — Você está bem? Eu olho para Max e ele está olhando para mim ao sol. Como resultado, ele tira os óculos escuros do bolso e os coloca. — Sim, desculpe-me. É minha mãe me fazendo perguntas sobre o jantar esta noite. Max ri e coloca o braço em volta de mim. — Sua mãe é uma ótima cozinheira. Lembro-me daquela vez que ela me fez frango com parmesão. Foi a melhor comida que já comi. Eu olho para ele com um sorriso atrevido. — Ohh... Então, é por isso que você vinha nos visitar. Não era para me ver. Era por causa da comida da minha mãe. Max me puxa para mais perto até que nossos lábios estão quase se tocando. — Você me pegou — diz ele em um sussurro. Meu celular apita, fazendo-me pular. Eu olho para baixo e vejo que é dele novamente. CSMP: Ele está chegando perto demais de novo. Eu: Dá para parar com isso ?! Além disso, como você sabe o que ele está fazendo? Não tenho certeza do que fazer com esse cara. Nós nem mesmo somos um casal, mas ele está se comportando como um namorado superprotetor. — Você está pronta para ir? Assinto, mas sou distraída novamente quando meu celular me alerta para outra mensagem. CSMP: Porque ele está parado ao seu lado. Eu olho para cima e a cor desaparece do meu rosto. Ele está me observando? Bem aqui? Agora mesmo? Eu rapidamente olho em volta, mas tudo que posso ver são as crianças restantes da escola andando por aí ou pegando uma carona com seus amigos ou família. — Lily, o que há de errado? É como se você tivesse visto um fantasma ou algo assim. Max parece preocupado e, a princípio, não sei como responder. Meu coração parece estar preso na minha garganta. — Não é nada. Eu apenas pensei ter visto Christine. É só isso. — Está tudo bem entre vocês duas? Suspiro. — Eu não sei. Nós discutimos um pouco. Nada grave. Só estou preocupada que ela não tenha aparecido na escola porque está tentando me evitar ou algo assim. Max me puxa para começar a andar, então, eu o faço. — Venha, vamos para casa. Duvido que você tenha algo com que se preocupar no que diz respeito a Christine. Ela não iria ficar longe da escola só por causa de uma pequena discussão com você. Basta pensar em toda a atenção que ela perdeu hoje. Eu rio, mas não digo mais nada. Enquanto entro no carro de Max, não posso deixar de pensar que tem algo errado. Max está certo, é claro. Christine adora a atenção que recebe de todos, mas não posso deixar de pensar que sua ausência tem algo a ver com o que aconteceu no sábado. Assim que Max se afasta da calçada, meu celular toca novamente. — Uau, você está muito popular esta tarde. — Acho que tem algo a ver com o fato de que a Srta. Mullens tomou meu celular de mim esta manhã, e eu não o recebi de volta até cerca de dez minutos atrás. Ele olha para o celular novamente e, depois, para mim. — É sua mãe ainda? Ele se vira para ficar de frente para a estrada, então, pressiono o botão no meu celular para ver quem é. Estou pensando que é dele de novo, mas quase engasgo quando vejo que é de Christine. Christine: Ei. Quer se encontrar no Bernardo's? — É da Christine. Ela quer me ver. Max sorri. — Viu, ela ainda está falando com você. Eu suspiro de alívio, mas ainda estou um pouco preocupada. — Onde ela quer encontrar você? — Bernardo's. — Eu levo você lá agora... se é isso que você quer. Eu sorrio para ele. — Isso seria ótimo. Obrigada. Então, olho para o meu celular e clico em RESPONDER. Eu: Estou indo para lá agora. Christine: Ok. Vejo você lá em cinco minutos. Beijos O alívio de ver aquele “beijos” no final é imenso. Talvez ela não esteja mais com raiva de mim. Não tenho certeza de por que ela estaria, mas ela certamente parecia ter um motivo no sábado. Quase exatamente cinco minutos depois, paramos na cafeteria. — Obrigada pela carona. — Agradeço... como sempre. Max sorri e pega minha mão. — Quando quiser. Você quer que eu pegue você amanhã de manhã? — Isso seria bom. Obrigada. Ele pega minha mão e a beija. — Até amanhã, Lily. — Até amanhã — digo, libertando minha mão de seu aperto e saindo do carro. Quando fecho a porta do carro, Max acelera e imediatamente vejo Christine sentada no canto. Ela está segurando uma xícara de café para mim com um sorriso. Eu sorrio de volta e entro. — Oferta de paz — ela pronuncia delicadamente. Sento-me ao lado dela e aceno para Bernardo. — Obrigada! Christine parece tímida e ela nunca fica assim. Tenho uma sensação desagradável ao vê-la desse jeito. — Eu sinto que devo desculpas a você. É o mínimo que posso fazer depois da maneira como falei com você. Ela toma um pequeno gole de seu café. Ela parece desconfortável se desculpando. Christine nunca teve que se desculpar por nada antes. — Está tudo bem? Fiquei preocupada com você durante todo o fim de semana. — É mesmo? Eu franzo a testa para ela. — Não fique tão surpresa. Nós somos amigas. — Sim. Eu sinto muito. É que não tenho me sentido muito bem, e isso me preocupa. — Com o que você está preocupada? Há algo de errado? Christine morde o lábio. — Bem, mais ou menos. Estou me sentindo mal e no sábado de manhã percebi que estava dois dias atrasada. Eu afundo na minha cadeira. — Merda. Ela acena com a cabeça. — Sim, merda. Eu sinto muito. Eu deveria ter contado isso a você. Estava na minha mente o tempo todo e ainda não me sentia bem ontem. No fim, acabei fazendo um teste de gravidez ontem à noite. Eu me inclino para frente novamente, ansiosa para ouvir a resposta. — E? — Deu negativo. — Ela suspira como se estivesse aliviada. — Nossa, que ótimo então. Caralho! — Concordo com você. Eu observo enquanto ela balança a cabeça. — Mas você ainda não está bem? — Oh, estou muito melhor agora. Minha mãe me levou ao médico, e eles disseram que algum vírus estava circulando. Ele disse que com bastante descanso e líquidos, eu deveria estar bem para voltar para a escola em alguns dias. — Você não deveria estar na cama agora? Eu não quero que você fique ainda mais doente. Ela sorri. — Me sinto muito melhor agora. Além disso, queria vê-la para me desculpar pelo meu comportamento. Foi errado da minha parte brigar com você assim. Eu seguro sua mão e dou um aperto suave. — Está bem. Eu entendo o porquê agora. Tudo que peço é que, da próxima vez, fale comigo primeiro. Ela balança a cabeça com veemência. — Vou garantir que nunca haja uma próxima vez. Nunca mais quero me preocupar se estou grávida de novo. Bem, a menos que seja porque eu quero estar, isso quando eu for bem mais velha, é claro. Eu começo a rir e pego meu café para um gole. — Entendi.O que eu realmente quero dizer é que se alguma coisa estiver incomodando você assim de novo, por favor, venha até mim. Eu não vou julgar e não vou contar a ninguém. Você é minha amiga e eu me importo com você. Ela suspira com lágrimas nos olhos. — Obrigada. Eu aprecio muito isso. Com tudo esquecido, continuamos a conversar sobre outras coisas, incluindo o baile que está por vir. Isso me lembrou novamente do que aconteceu no sábado. — Tenho algo para você, mas está na minha casa. Você quer que eu traga para a escola para você em alguns dias? Seus olhos se arregalam. — Não. Se for uma surpresa, quero ver agora. Eu sou impaciente assim. Além disso, você vai precisar de uma carona para casa, não é? Eu encolho meus ombros. — É uma caminhada de apenas vinte minutos de volta. Ela me cutuca. — Não seja boba. Eu quero ver o que você vai me dar, de qualquer maneira. Eu sorrio. — Você não pode esperar mesmo? Ela balança a cabeça. — Você alguma vez já me viu esperar por alguma coisa? Eu ri. — Isso é verdade. Eu puxo seu braço e faço um movimento para me levantar. — Venha, então. Não há por que esperar. De repente, fico animada para mostrar a ela. Sei que ela vai adorar assim que o vir. Nós duas nos apressamos para sair da cafeteria e levamos nosso café conosco. — Então, como foi a escola hoje? — Christine pergunta enquanto se afasta da calçada. Eu balanço minha cabeça enquanto penso sobre isso. — Bem, Max tem um belo olho roxo, meu celular foi confiscado e Jerry ainda é um idiota... Ah, e Max se desculpou pela noite de sexta-feira. Christine olha confusa para a janela. — Espera aí — ela diz, colocando a mão no ar. — Você precisa rebobinar aqui. O que é isso tudo que você está falando do Max? Ah, merda. Não contei nada a Christine sobre o que aconteceu entre mim e Max depois da festa na sexta-feira. Eu respiro fundo. — Ok. Para encurtar a história, Max tentou me beijar na sexta à noite, eu recusei e, quando ele chegou em casa, foi atacado por alguém que o socou. Ela engasga. — Oh, meu Deus! Ele está bem? O que foi roubado? Eu mordo meu lábio, já sabendo exatamente quem fez isso. — Essa é a coisa estranha sobre isso. Não levaram nada. — Isso é um pouco estranho. Ele não viu quem fez isso? Eu estremeço, sabendo o que está por vir. Ela vai descobrir mais cedo ou mais tarde, quando voltar para a escola, e se eu não contar agora, ela vai suspeitar. — Tudo o que ele disse foi que pensou ter visto tatuagens no cara. Como esperado, ela se vira para mim, mas ao fazer isso, ela quase bate no carro da frente que parou em um sinal vermelho. Ela pisa no freio e os pneus cantam. — Merda, Christine! — Desculpe — ela gagueja. — Ele tinha tatuagens? Assim como o CSMP. Eu aceno minha cabeça. — Eu sei que parece coincidência, mas... — Coincidência? — ela interrompe. — Tem que ser ele, não é? Ela balança a cabeça. — Uau, esse cara tem uma queda séria por você. Max beija você e, então, leva um soco. Vamos, você tem que admitir que parece plausível. — Devo admitir que isso passou pela minha cabeça. — Se ao menos soubéssemos quem ele é. Você ouviu falar dele desde sexta-feira? — Não — minto. Por que estou mentindo para ela? Ela já está ciente dele, então, por que ainda estou mantendo isso em segredo? — Hmm — ela pondera por um momento, mas então sorri. — Você não acha que é meio sexy? Eu franzo a testa. — O quê? — Eu gostaria de ter um homem que lutasse por mim da maneira que esse cara lutou. Max forçou muito a barra com você? Eu olho pela janela por um momento, tentando descobrir qual a melhor forma de responder a sua pergunta. — Acho que sim, mas logo eu o empurrei e ele recuou. — Parece que ele teve o que mereceu. — Christine! — grito, incapaz de entender o que ela está dizendo. — O quê? Max passou dos limites. Ele precisava de alguém para dar-lhe uma lição. — Não acho que levar um soco na cara fosse a lição que ele precisasse. Você não o viu, Christine. Ele parecia dolorido. Eu suspiro, desviando o olhar novamente e voltando para a janela. — Ok. Desculpe. Talvez eu tenha passado do ponto. Estou apenas tentando dizer que é bom saber que alguém está lá fora cuidando de você. Vejo sua expressão mudar de repente. É quase como se ela estivesse tentando descobrir algo. — Espere... Como ele sabia o que Max tinha feito... a menos que ele estivesse... Suas palavras morrem enquanto seus olhos se arregalam. — Ele deve ter seguido você até sua casa. — Eu não digo nada, então, ela se vira para mim. — Bem, só pode ser isso, certo? Você tem um stalker tatuado. Ela começa a rir. — Não acho isso engraçado. Ela limpa a garganta. — Desculpe. Então, o que você vai fazer? Você vai à polícia? — E dizer o quê? Que fiquei com um cara que nunca conheci antes, e ele deu um soco no meu amigo mais tarde por me beijar? “Sinto muito, policial, mas não sei como ele é. Tudo o que sei é que ele tem tatuagens, e minha amiga Christine e eu o chamamos de Cara dos Sete Minutos no Céu”. Você pode imaginar como seria isso? Ela estaciona perto da minha casa e se vira para mim com um sorriso malicioso. — Acho que entendi onde você quer chegar. Isso parece um pouco fora da casinha. Ela balança os dedos ao lado da cabeça e fica vesga para enfatizar a loucura. — Sim. Esse tipo de merda não acontece no mundo real. Christine abre a porta e sai, então, eu faço o mesmo. — É aí que você se engana. Muitas mulheres são perseguidas. Fecho minha porta e começamos a caminhar até minha casa. — Sim, mas quantas dessas mulheres jogaram Sete Minutos no Céu com seus perseguidores? Ela aponta para mim com uma careta. –— Bom ponto. Ela vira a cabeça de volta para a casa e franze a testa novamente. — O que é isso? Eu olho para onde ela está apontando e há um lírio perto da porta. O de hoje é vermelho. Eu me pergunto se isso é para me dizer o quão bravo ele está. Eu balanço minha cabeça internamente. Isto é ridículo. Conforme me aproximo, eu pego. — É um lírio. Christine me encara como se ela acreditasse que eu a acho estúpida. — Sim, eu sei o que é, mas o que ele está fazendo perto da sua porta? Eu encolho os ombros, tentando fingir ignorância. — Eu não sei. Acho que é alguém pregando uma peça em mim. Afinal, meu nome é Lily. — Eu seguro o lírio na frente dela. — E isto é um lírio. Ela revira os olhos para mim. — Há algo que você não está me contando. Esta não é a primeira vez que você encontra um lírio em sua porta. Você não pareceu surpresa. Estou errada? Eu suspiro enquanto abro a porta. — Não, você está certa. Alguém tem colocado um lírio do lado de fora da minha porta nos últimos seis meses. Ela engasga. — Seis meses?? Caramba, Lily. Por que você não me contou? Espero até que ela entre antes de fechar a porta atrás de nós. Ela parece perplexa. — Eu não sei. Acho que pensei que era você, Max, ou mesmo Jerry que estava fazendo isso por um tempo. Então, quando nenhum de vocês confessou depois de um mês ou mais, pensei que não poderia ter sido vocês. Nenhum de vocês seria capaz de pregar uma peça como essa por tanto tempo sem confessar em algum momento. Depois disso, acabei me acostumando com as flores chegando. Não contei a você porque já tinha passado muito tempo. No final, era mais fácil não dizer. Eu coloco minha bolsa no chão e ela observa, seguindo-me até a escada. — Você quer me dizer que todos os dias alguém deixa um lírio do lado de fora da sua porta para você? Assim que chegamos ao meu quarto, abro a porta e ambas nos sentamos na minha cama. Pego minha almofada e começo a brincar as franjas com os dedos. — Não todo dia. Apenas durante a semana. Ela franze a testa. — Por que apenas durante a semana? Encolho os ombros, mas olho para longe. — Acho que porque ele sabe que sou a primeira a chegar em casa durante a semana. Eu a sinto se aproximar de mim na cama. — Merda, Lily. Por que você não me disse isso antes? É ele, não é? Tem que ser. O que mais ele fez? Eu fecho meus olhos por um momento. Já cheguei até aqui, acho que vou ter que contar a ela o resto. — Ele está me mandando mensagensde texto. Seus olhos se arregalam. — Posso ver? Por alguma razão, eu realmente não quero mostrar a ela. São mensagens privadas entre mim e ele. É realmente estúpido. Por que eu não quero mostrar a ela? Ele é um stalker e quanto mais ela souber sobre ele, melhor, certo? Eu suspiro e me encontro balançando a cabeça. — Eu as apaguei. Ela bufa, jogando as mãos para o alto. — Por que você faria isso? É uma prova, Lily. Merda, você precisa usar seu cérebro um pouco mais. — Eu sei, eu sei. É que eu estava lendo uma mensagem outro dia e minha mãe estava chegando perto demais. Pressionei o botão errado e a conversa simplesmente desapareceu. Eu normalmente não minto. Odeio mentirosos. Mas as palavras saem facilmente da minha boca quando se trata desse cara. Isso é um mau sinal? Por alguma razão insondável, eu me sinto segura quando estou com ele. A coisa toda é uma tolice da minha parte. — Você precisa começar a manter as provas. Vejo seu rosto severo, então, aceno com a cabeça em concordância. — Claro. É óbvio. — E precisamos descobrir o que ele está fazendo. O que ele quer. Se ele estiver pensando em se tornar seu namorado, tudo que ele tem de fazer é convidar você para um encontro. O que ele está fazendo não é normal. Eu penso sobre sua declaração e a compreensão me atinge... Eu não devo ser normal, não se eu estiver encorajando ativamente esse cara. Não se eu estiver deixando ele me tocar em lugares que eu nunca deixei ninguém me tocar antes. Nenhuma das minhas ações faz sentido. — Eu tenho um plano — diz Christine, interrompendo meus pensamentos — , mas vou discutir os detalhes com você assim que vir minha surpresa. — Ela sorri e começa a pular na cama. — Vamos, dê para mim! Seus olhos são como os de uma criança agitada. — Está bem, está bem. Vou pegá-lo. Fique bem aí — digo, apontando para a cama e me levantando. — Na verdade, feche os olhos. Ela geme e faz beicinho. — Tenho mesmo que fazer isso? — Sim. Agora faça ou terá que esperar mais. Ela sorri para mim. — Ok, eu vou fazer isso. Espero até que ela feche os olhos antes de correr para o meu armário para pegar seu vestido. Tiro a caixa da sacola e caminho de volta para Christine, que surpreendentemente ainda está de olhos fechados. Coloco a caixa em seus joelhos e dou um passo para trás. — Agora, abra. Ela abre os olhos e olha para a caixa. Quando ela vê de onde vem, seus olhos se arregalam ligeiramente de surpresa. Ela ergue os olhos. — O que é que você fez? — Abra e veja. Eu aponto para a caixa novamente, e sua atenção é atraída de volta para ela. Ela puxa com muito cuidado as laterais para cima, coloca-a sobre a cama e empurra o papel de embrulho para o lado. Uma vez que ela o puxa, ela olha para o vestido com surpresa antes de olhar para mim. — Por que você... — Você ficou fantástica nele, Christine. O vestido tem o seu nome escrito nele. Parece que foi feito para você. Só queria que você ficasse com o vestido que praticamente já possui. Não teria sido certo se você não ficasse com ele. Eu espero em silêncio enquanto ela olha para mim e, depois, para o vestido. Seus olhos começam a se encher de lágrimas, e não consigo dizer se ela está feliz ou com raiva de mim. — Eu não posso aceitar. É muito. Eu balanço minha cabeça e me sento ao lado dela. — Por favor. Eu realmente quero que você fique com ele. Além disso, em breve será seu aniversário. Considere isso um presente de aniversário antecipado. Ela balança a cabeça. — Mas eu vi o quanto... Eu coloco minha mão em seu braço interrompendo-a. — Eu tinha algumas economias e queria dar um presente para minha melhor amiga. De qualquer forma, ganhei um desconto por comprar os dois. Estou mentindo de novo, mas não quero que ela pense que paguei o preço total. — Você comprou aquele que estava usando? Aceno minha cabeça. — Sim, ambos tiveram desconto, mas eles não tinham colocado na etiqueta ainda. Sem aviso, ela coloca a caixa de lado e me agarra para um grande abraço. — Oh, meu Deus, Lily. Muito obrigada! Como posso retribuir para você? Eu rapidamente acaricio suas costas. — Você já faz com a sua amizade. Ela se afasta, parecendo culpada. — E eu tenho sido uma amiga de merda até agora, né? Você comprou este vestido para mim e poucos minutos depois eu estava gritando com você. Eu rio. — Sim, mas você não sabia. — Mesmo assim eu não deveria ter feito isso. Eu me concentro em seus cabelos loiros por um momento, acariciando-os atrás das costas. — São águas passadas. Esqueça. Que tal, em vez disso, você ir ao meu banheiro e experimentar seu vestido. Estou morrendo de vontade de ver você nele de novo. Ela morde o lábio, gritando. — Ok, mas só se você fizer o mesmo com o seu. Você se veste aqui e me avisa quando estiver pronta. Eu aceno com a cabeça e Christine sai correndo, carregando com ela o vestido com um ar de puro entusiasmo e animação. Isso me faz sorrir. Gosto de vê-la feliz. Com meu sorriso bobo, pego meu vestido do cabide e começo a me vestir. Quando fico pronta, grito por Christine. — Saio em dois segundos — ela grita de volta. Eu ouço o clique da porta, e ela surge usando o vestido que realmente parece ter sido criado para ela. Vê-la nele novamente apenas reforça a ideia de que comprá-lo para ela foi a decisão certa. Ela está linda. — Sinto-me uma princesa — diz ela, sorrindo. — Você está parecendo uma mesmo. Eu disse que ele foi feito para você. Ela corre para ficar ao meu lado, e nós duas admiramos nossos vestidos no espelho. Mesmo que eu não goste de me arrumar, estou curtindo este momento com Christine. Isso me faz perceber que amizade é isso. — Nós vamos dominar a escola — diz ela, citando a personagem Rizzo, de Grease. Nós duas começamos a rir. — Vai ser um baile e tanto. Ela se vira para mim, agarrando meu braço. — Oh! Ainda não conseguimos nossas máscaras! Deixe-me pegar uma para você. É o mínimo que posso fazer. Eu balanço minha cabeça. — Não seja boba. Ela aperta meu braço. — Por favor. Ela agita seus longos cílios para mim. — Ok — digo, rindo. — Quando devemos comprá-las? — Se não der amanhã, então, definitivamente na quarta-feira. Ela começa a esfregar a barriga fazendo uma careta. — Meu estômago ainda está um pouco estranho. Acho que preciso usar seu banheiro. Estarei de volta em um instante. Ela sai correndo, deixando-me vestir novamente minha calça jeans confortável e meu suéter. Assim que Christine sai, ela fecha a porta atrás dela e começa a acenar com a mão no ar e fazer uma careta como se houvesse um cheiro ruim. — Eu não entraria aí por alguns minutos se fosse você. Levanto minha mão. — Sem problemas então. Tem certeza de que está bem? Ela acena com a cabeça. — Certo. O médico disse apenas mais um ou dois dias. Vou ver como me sinto em relação à escola pela manhã. Mas como você está indo para a escola? — Max tem me levado. Ele me perguntou mais cedo. — Então, você e ele estão bem? Eu concordo. — Sim, estamos bem. Ela sorri. — Boa. Ela aponta para o banheiro com a testa franzida. — Ah, a propósito, coloquei o seu rolo de papel higiênico do lado certo. Eu fico olhando para ela sem acreditar. — O quê? — eu pergunto com uma risada. — Seu papel higiênico não estava colocado corretamente. Estava virado para cima em vez de para baixo. Só pensei em avisá- la que coloquei certo novamente. Eu levanto minha sobrancelha e agradeço como se fosse um grande favor. — De nada — ela diz como se não fosse nada. Nunca percebi que Christine tinha TOC. Uma vez satisfeita, ela pula para a cama e se senta ao meu lado. Ela de repente se vira para mim com um brilho nos olhos. — Agora... sobre o tal plano. Capítulo 10 Quinta-feira à tarde, saio da escola com Christine e fazemos uma viagem para a casa do Velho Brody. É chamado assim por causa de alguns rumores de que um cara chamado Brody matou toda a sua família antes de atirar em si mesmo. Tentei pesquisar na internet, mas não encontrei nenhum resultado. A história original provavelmente era sobre um cara que deixou sua esposa, e gradualmente foi se transformandonele matando sua família inteira. Típico do que acontece na brincadeira do telefone sem fio: as histórias mudam um pouco, palavra por palavra, com cada um falando o que ouve, até que, no final, são completamente diferentes de quando começaram a ser compartilhadas. Enquanto caminhamos, Christine se vira para mim por um segundo. — Você está pronta? Eu concordo. — Sim. Ele disse que estaria lá. Ela concorda. — Ótimo. Agora, o plano é que eu vou me esconder no banheiro de cima e você pode esperar por ele na sala de estar. — Eu acho que consigo me lembrar disso — sorrio. — Você está nervosa? — Sobre atrair meu stalker para uma casa velha e sem uso onde ele poderia me matar? Sim. Ela começa a rir, mas tira algo de sua bolsa. — Não se preocupe. Eu tenho isso se você tiver algum problema. Lembre-se, estou na sua retaguarda e estarei observando você e ele. Mal posso esperar para ver como ele é. Eu pego o bastão de sua mão e fico olhando para ela. — Você tem permissão para carregar essas coisas tendo menos de dezoito anos? Ela encolhe os ombros. — Eu nunca vou usá-lo a menos que seja necessário. Nossa segurança é o que conta. Eu acho que uma parte de mim acha que somos loucas por fazer isso, mas outra parte está animada para vê-lo novamente. Tenho dormido com a bandana dele desde sábado, mas infelizmente ela já está perdendo o cheiro. Eu meio que espero obter isso de volta hoje. Nossa, o que há de errado comigo? Estou seriamente iludida. Esse relacionamento, ou seja lá o que for, é tudo, menos convencional. É totalmente errado e, ainda assim, não posso deixar de sentir que está certo. Tudo nele me suga. — Estamos aqui! — ela canta, fazendo-me pular. — Uau, você está realmente ansiosa. Ela vê a bandana e franze a testa. — O que é isso? — É apenas para cobrir meus olhos. Então, eu reviro os olhos — Estou ruim da cabeça? Por que estamos fazendo isso? — Estamos fazendo isso para que possamos finalmente descobrir quem é esse homem misterioso. Ela abre a porta. — Vamos, temos que entrar e começar a arrumar as coisas. Ele estará aqui em menos de uma hora e não pode me ver. Eu vou assustá-lo. Eu a sigo até os degraus da casa velha e rangente. Parece que já foi uma bela casa, mas com o tempo e o abandono, perdeu o brilho que um dia teve. A madeira não foi tratada e as manchas do que costumava ser uma bela cor amarela transformaram-se no tom mais opaco de ouro sujo. As janelas do lado de fora parecem quase pretas e as cortinas de dentro parecem que estão soltas. O primeiro degrau range sob nosso peso combinado quando nos aproximamos da porta. Christine se curva e começa a cavar em um vaso perto da porta. É a única coisa que parece nova e fresca. — Aqui — ela diz, levantando-se e segurando uma chave na nossa frente. — Comprei a planta para poder esconder a chave dentro. Christine me contou sobre este lugar há quase três meses. Ela encontrou a chave debaixo do tapete e decidiu usá-lo como sua “casa da pegação”, como ela a chama. Esta, no entanto, é a primeira vez que decido vir pessoalmente. A “casa da pegação” de Christine não é um lugar que eu já tenha tido um desejo ardente de visitar. Agora, porém, estou usando para minha própria sessão de amassos. Eu quero dar uns amassos nele? Eu aceno internamente com a cabeça, dizendo sim. Sim, eu quero. Eu quero sentir aqueles lábios macios, quentes e úmidos nos meus. Quero sentir suas mãos fortes acariciando minha pele nua. Quero inalar aquele cheiro de pimenta mentolada que não consegui esquecer desde a primeira vez que senti, há uma semana. Christine coloca a chave, mas precisa usar um pouco de força bruta para empurrar a porta. Assim que cede, ela se vira para mim com um sorriso. — Acho que já faz um tempo desde que usei este lugar. Quando entramos, levantamos uma nuvem de poeira, que fica presa na minha garganta, quase me sufocando. Quando consigo falar novamente, observo o ambiente e digo: — Uau, este lugar realmente parece estar abandonado. Eu dou uma olhada no que antes foi uma escadaria verdadeiramente grande. Posso constatar isso apenas olhando para a madeira de mogno outrora escura, mas agora, desbotada, que elegantemente se estende até o primeiro nível. — Você sabe quem costumava viver aqui? A verdadeira história definitivamente não é sobre uma família que foi massacrada. Eu procurei na internet. Christine examina o lugar com os olhos antes de olhar para mim. — Eu não sei, mas quem quer que fosse tinha um pouco de dinheiro. É quase tão grande quanto sua casa. Eu sorrio secamente para Christine. Ela não tem uma família abastada, e eu sei que isso a machuca. Eu redireciono propositalmente a conversa sobre riqueza para qualquer outro assunto porque não quero perturbá-la. Em minha opinião, ela é o tipo de garota que deveria ter nascido rica. Ela é definitivamente classe alta. Não importa o que aconteça, ela é minha amiga e nós cuidamos uma da outra. Assim como ela está cuidando de mim agora. — Obrigada por fazer isso por mim. Christine olha para mim com um sorriso. — Sem problemas! Na verdade, estou ansiosa para apanhar esse otário. Já pensou se ele é alguém que conhecemos? Eu franzo a testa. — Mas como poderia ser? Quem nós conhecemos que tem tatuagens? Ela me dá um olhar de “você é estúpida?”. — Qualquer um pode usar tatuagens falsas, Lily. Você já me viu usá-las às vezes em festas e tal. Eu encolho meus ombros. — Mas parece que ele está se esforçando muito para permanecer anônimo. Ela ignora meu comentário e se move em direção à sala de estar. — Agora, você disse que o encontraria aqui, certo? Assinto. — Ok. Nos próximos minutos, vou subir e me esconder no banheiro até ele chegar. Assim que ele enviar uma mensagem, avise-me. Vou esperar mais alguns minutos e depois descer, Ok? Assinto novamente, com minha frequência cardíaca aumentando ainda mais. O que acontecerá quando ele chegar aqui? Eu não faço ideia. Isso me assusta e me excita ao mesmo tempo. — Vou me certificar de deixar meu celular no modo silencioso, só por precaução. Eu solto uma respiração instável. — Não fique nervosa. Estou aqui. — Christine se aproxima e coloca a mão no meu braço. — Vai ficar tudo bem. Poucos minutos depois, Christine desaparece, deixando-me sozinha na sala. Está tão empoeirado aqui quanto no corredor. Tem um sofá, mas não quero me sentar nele. A única outra peça de mobiliário é uma mesa com um pano estampado branco empoeirado sobre ela. Parece que outras coisas estavam aqui, mas já foram removidas. Pego meu celular e mando uma mensagem para o meu admirador secreto para que ele saiba que estou aqui e começo a vagar pela sala, que é vasta e parece solitária. Nunca tinha sentido tanta pena de uma casa até agora. Talvez ela ficasse linda se passasse por uma reforma do TLC. Quando caminho até a lareira, corro meu dedo ao longo do topo e vejo como a poeira se acumula ao longo do meu dedo. Apenas quando vejo a linha limpa que noto alguns rabiscos: O tempo está parado. Percebo que há mais coisas escritas, então, limpo a poeira até que o resto da frase fique clara. Neste dia. “O tempo está parado neste dia”. O que isso significa? Meu celular apita, fazendo-me pular. Eu me castigo por ficar tão assustada e o pego. Meu coração palpita quando vejo que é dele. CSMP: Estarei aí em 5 minutos. Esteja pronta para mim. Não se esqueça de estar no escuro. Eu sei que ele quer dizer que eu preciso me vendar. Não posso acreditar que estou pensando em fazer isso, e pior, não me importando em fazer isso. Eu suspiro. Já que vim até aqui, relutantemente, deixo o rabisco infantil e tiro a bandana do bolso. Rapidamente mando uma mensagem para Christine dizendo que ele virá em cinco minutos e, em seguida, coloco a bandana sobre meus olhos. Eu devo estar louca. Por que concordei em fazer isso com Christine? Por que ela me coagiu a fazer isso? É uma loucura. Espero em pura agonia enquanto a impaciência, o medo e a excitação sobem pela minha espinha. Estou atenta a cada barulhinho agora... até mesmo a mais leve brisa vinda de fora. Minhaaudição é intensificada e meu pulso reage a isso exponencialmente. Meu rosto está corado e posso sentir minhas pernas tremendo ao pensar em vê-lo novamente. Eu rio com o pensamento. “Vê-lo novamente”? Ver ele é algo que eu ainda preciso fazer. Esperançosamente, talvez hoje seja o dia. Espero por mais alguns minutos, mas parecem horas. No início, tudo está em silêncio, mas, então, ouço o som de passos se movendo pelo chão. Por instinto, levanto a mão para dar uma olhada, mas uma mão no meu pulso me impede. — Shh — ele sussurra. — Sou eu. Sou só eu. Eu rio. — Só você. Eu nem sei quem você é. Ele puxa meu pulso, puxando-me para ele, e seu aroma me atinge imediatamente. Esse cheiro faz coisas comigo que não deveria. Ele é como uma droga e preciso mais dele, mais de sua fragrância, de seu sabor, de seu toque. Minha razão saiu pela porta assim que ele entrou e foi substituída por essa garota carente que anseia por mais do que ele pode dar. — Eu nunca vou machucar você. Você já deveria saber disso. Eu só quero... — Corrigir os erros? Eu ouço sua risada rouca, e arrepios se espalham pela minha pele. — Você lembrou. — É algo que dificilmente consigo esquecer. Minha respiração vai ficando superficial quanto mais ele paira sobre minha boca. É inebriante. — Você realmente é muito bonita, sabia? Ele puxa meu pulso, prendendo-o nas minhas costas. De repente, estou colada a ele, mas não me importo. Eu deveria estar com medo de que ele me prendesse, mas estou me inclinando até ele... e estou descobrindo que não quero que ele me solte. — Por-por que você está mudando de assunto? — gaguejo, incapaz de formar palavras. Estou completamente enfeitiçada. — Porque quando estou perto de você, a única coisa que consigo pensar é em sua pele macia, seus lábios carnudos e a maneira como sua testa faz o V mais bonito que eu já vi. Não tenho outra resposta, a não ser esta: — Você me atrai. Eu sinto seu hálito quente contra meus lábios, e isso me faz tremer de desejo. Imediatamente, eu sucumbo a ele. — Por favor, me deixe ver você. Sinto seu nariz roçar na minha bochecha enquanto ele me aperta mais. Eu não posso evitar o pequeno suspiro que sai dos meus lábios. — Por que você quer me ver? Onde estaria a diversão nisso? Ele beija meu queixo e, como um comando silencioso, inclino minha cabeça para trás para que ele tenha melhor acesso. Ele planta beijos suaves e quentes no meu pescoço, fazendo uma volúpia como nenhuma outra surgir dentro de mim. — Eu... eu... eu realmente quero ver a pessoa que está me perseguindo nos últimos seis meses. Estou satisfeita comigo mesma. Engoli meu orgulho e perguntei sem rodeios. Ele fica imóvel, e me pergunto se ele está com raiva de mim. No início, ele não fala, mas depois se inclina no meu ouvido. — Você pode correr. Minha respiração acelera, perguntando-me o que diabos ele quer dizer. Ele acha que é horrível? Assustador? Todas as opções? — Por que eu iria querer fugir de você? Ele gentilmente tira uma mecha de cabelo do meu rosto, atormentando-me com os dedos. — Porque garotas como você não se envolvem com caras como eu. Tenho certeza que mamãe e papai não aprovariam. — Bem, eu não sou como a maioria das garotas, então... Ele toca meu rosto novamente, roubando-me a fala. — Eu sei. Por que você acha que eu escolhi você? — E- e- escolheu? Você faz parecer que eu estava em uma escalação e me escolheu entre as outras. O que é que você quer? — Shh — ele sussurra contra meus lábios. — Você é realmente curiosa, não é? Aposto que sua boca fica feliz quando você adormece à noite. Suspiro, tentando me afastar. — Seu merda arrogante. Solte-me! Ele me puxa para si, rindo, e o som me faz parar no meio do caminho. — Foi só uma piada. Na verdade, sinto exatamente o oposto em relação à sua boca. Eu, pessoalmente, adoro a sensação que sinto quando a coloco contra a minha. Uau. Acho que parei de respirar. — Eu só quero saber quem você é. Por que você está fazendo isso em vez de simplesmente me convidar para sair? Seu corpo treme de tanto rir. — Eu sou errado para você em tantos níveis. Você nunca diria sim para um cara como eu. Sou o tipo de homem sobre o qual os pais avisam suas filhas. Fazendo as coisas dessa maneira... — Ele se inclina mais perto — do meu jeito é a única chance que terei de passar mais tempo com você. A única chance que terei de provar você e não ter você se contendo. Você se entrega completamente a mim. Como eu poderia fazer de outra maneira? Minha respiração fica presa na minha boca enquanto ele passa sua língua contra meus lábios. — Você se faz soar como uma besta. — Eu sou uma besta, uma fera, mas não como as dos contos de fadas, Lily. Esta bem aqui na sua frente é real. Eu sou uma fera em tamanho, uma fera na aparência e uma fera por natureza. Eu não sou um bom homem. — Eu não acredito em você. — Sou destrutivo. Sigo esse caminho e ele me segue. Minha vida me conduziu por esse caminho por um longo tempo. Estar aqui com você é o único caminho que escolhi corretamente. Você me vê como ninguém mais vê. Uau. Ele é intenso, mas não posso evitar estar atraída por ele de maneiras que fazem minha cabeça girar. Estar em seus braços agora faz eu me sentir mais segura do que nunca. É uma sensação estranha, considerando que não tenho ideia de quem ele seja. Ele parece forte e confiante, mas tem esse lado vulnerável que não posso deixar de tentar alcançar. Ele pode até dizer que é uma fera, mas agora, em seus braços, não quero deixar seu covil. — Como você sabe o que eu vejo em você? O que o faz pensar que me conhece? — Você é você mesma o tempo todo. Você não tenta impressionar as pessoas. Você permite que elas a vejam como você é. Se preocupa com as pessoas, mas também não gosta de deixar ninguém se aproximar muito... exceto eu, é claro. Por que uma boa garota como você permite que um homem como eu a corrompa? Eu engulo em seco. — Você acha que está me corrompendo? Ele pressiona seus lábios contra os meus tão suavemente que eu gemo com a intensidade de seu calor. — Você está aqui comigo, concordando em se cegar para que eu possa te ver, te provar, te tocar. Você consideraria esse comportamento normal de sua parte? Eu rio sarcasticamente com o pensamento. — Não acho que qualquer parte do que você e eu fazemos seria considerada normal. Ele me beija novamente, fazendo meus joelhos tremerem. — E, ainda assim, aqui está você, deixando eu lhe abraçar. Estamos sozinhos nesta casa. Eu poderia fazer qualquer coisa que quisesse com você agora, e ninguém saberia. Ninguém nos ouviria. Esse pensamento não a assusta? Meu coração bate freneticamente com suas palavras, mas é mais de emoção do que de medo. O medo está lá, mas meu corpo está reagindo a tudo que ele diz. Quer obedecê-lo. — Devo ter medo de você? — Sim, mas não da maneira que você está se pensando. Eu continuo dizendo que eu nunca iria machucar você e estou falando sério, mas você não tem como saber disso. — Eu acho que se você quisesse me machucar, você já teria feito. Você teve muitas chances no passado. Eu sei que você esteve na minha casa, e sei que você mexeu nas minhas coisas. Eu realmente não sei disso, mas quero que ele pense que sei, pois suspeito que estou certa. — É errado querer estar perto de você? Minha respiração se torna ainda mais superficial quando ele me puxa com força para ele. — Não. — É errado eu querer abraçá-la assim? — Não — sussurro. — É errado eu querer beijar você agora? Balanço minha cabeça um pouco. — Não. Eu o sinto se inclinando perto de meus lábios. Estamos tão perto que nossas bocas quase se tocam. Ele me mantém ali por mais tempo, com seu hálito quente se misturando ao meu. Eu sinto que estou prestes a explodir. — Posso beijar você? Um pequeno grito sai dos meus lábios enquanto ele agarra um punhado do meu cabelo. — Sim — eu mal sussurro antes que sua boca encoste na minha. Ele o faz exatamente como antes, tanto no banheiro da primeira vez quanto no provador da segunda. Fico perdida no momento em que seus lábios se juntam aos meusenquanto dançam na mais doce harmonia. Como este homem evoca tanta emoção em mim que eu nunca soube que era possível? Esqueço quem eu sou e o mundo ao meu redor sempre que estou em seus braços. É quase como se ele tivesse algum poder superior que apenas alguém como ele pudesse possuir. Seus lábios são como doces e sua língua é como um chocolate aveludado delicioso. Sinto- me embriagada. Por mais alguns segundos, permanecemos assim. Uma mão está no meu cabelo, enquanto a outra libera meu pulso apenas para agarrar minha cintura. Ambas as minhas mãos estão emaranhadas em seu cabelo enquanto eu o puxo para mais perto, como se esse perto não fosse perto o suficiente. Nossas línguas se entrelaçam, dançando juntas em uma bela sinfonia de sensações, e estou perdida... Oh, estou tão perdida por este homem. Estou perdida nele. Mas, justo quando eu decido ir além, ele se afasta de mim, com sua respiração irregular contra a minha. — Eu não posso passar dos limites com você. Eu me pego sorrindo. — Uma fera nunca diria isso. Eu o sinto acariciar a lateral do meu cabelo. — Talvez você esteja me domesticando. Eu ouço o sorriso em sua voz, e isso faz com que meus lábios se curvem novamente. — Seu sorriso é lindo. Você deveria fazer isso com mais frequência. — Talvez agora eu sinta que tenho um motivo para isso. — Baby, você mal sentiu o gostinho das coisas que eu poderia fazer para pôr um sorriso nesse rosto. A calcinha pode literalmente derreter? Eu sei que já ouvi falar de calcinhas femininas derretendo por causa de um homem, mas nunca pensei que fosse realmente possível. Acho que, com ele, tudo funciona assim. — Quem é você? — Eu me pego perguntando novamente. — Eu sou o que você precisa, o que você anseia e o que você deseja. Posso dar o que você quiser, mas apenas se você estiver disposta. Se você quiser que eu vá embora, eu irei, e você nunca mais terá que me ver novamente. Esse pensamento de repente me apavora. Como é que estou mais assustada com a ideia de perdê-lo do que dele me perseguindo? — Você faria isso depois de seis meses me seguindo e já estando na minha vida? — Se é o que você quer, então, sim. Eu quero você, mas só se você me quiser também. — Eu quero você, mas essa coisa que temos agora não pode continuar do jeito que está. — Ela vai durar o tempo que você quiser. É você quem manda aqui, Lily, não eu. Posso ouvir e entender suas palavras perfeitamente, mas o que não entendo é como ele pode dizer que sou eu quem manda. É ele quem sabe tudo sobre mim. Ele sabe minha aparência, onde moro, quantos anos tenho, os amigos que tenho, e a lista continua. Tudo o que sei sobre ele é que ele tem o aroma mais inebriante, as mãos mais fortes e gentis e os lábios mais incrivelmente beijáveis que já conheci... não que eu tenha conhecido muitos. Ah, e ele também tem tatuagens. Permanentes ou falsas, como sugeriu Christine. Eu me pergunto se ela está nos observando agora. — Então, e se eu lhe dissesse para me beijar de novo? — Eu beijaria. — Me beija. Ele toca seus lábios contra os meus suavemente no início, mas, então, nosso apetite se instala quando nos agarramos, puxamos e torcemos as roupas um do outro. Eu o quero com paixão, mas sei que ele nunca vai deixar isso chegar tão longe. Como se fosse uma deixa, ele se afasta, traçando uma linha no meu lábio inferior com o polegar. — Você sabe o quanto me excita saber que seus lábios estão inchados por minha causa? Eu poderia ficar olhando para estes lábios o dia todo. Eu gemo contra ele, procurando por ele, mas ele está se distanciando de mim. Eu sinto a perda e tento trazê-lo de volta, mas estou perdendo-o. — Acabou o tempo, linda — diz ele antes de se afastar de mim. Por um momento, fico atordoada. Não consigo mover meus pés. Ele acabou de me deixar? — Você ainda está aqui? Pergunto, sentindo-me muito estúpida quando ninguém responde. Merda! Ele se foi e eu queria mais tempo com ele. Tiro a bandana e pisco algumas vezes para me ajustar à luz. Ninguém está na sala comigo. Corro para a janela e olho para fora, mas não vejo nada. Droga! Se ao menos eu tivesse conseguido ver as costas dele... Então, eu me lembro de Christine. Onde ela está? Saio da sala de estar em direção ao saguão e ouço batidas abafadas. Como não a ouvi batendo antes? Devo ter realmente ficado atordoada. — Lily! Onde você está? Deixe-me sair! — ela grita lá de cima. Corro até a porta fechada e percebo que há uma chave na fechadura. — Está tudo bem, Christine. Estou aqui. Vou deixar você sair agora. Viro a chave e vejo Christine parada ali parecendo toda confusa. — Obrigada, merda! — O que aconteceu? Vejo como ela aperta os punhos. — O filho da puta me trancou, foi isso que aconteceu. Eu nem percebi que ele tinha feito isso até cinco minutos depois da sua mensagem, quando tentei descer para espionar vocês. Ela corre em minha direção, pegando minhas mãos. — Você está bem? Ele não machucou você, não é? Eu balanço minha cabeça. — Não, ele foi um verdadeiro cavalheiro como sempre. Ela sorri. — Por que parece que isso chateia você? — Ela engasga. — Você quer que ele tome sua flor virginal? Ela ri de sua própria piada. Eu sorrio de volta, mas a cutuco. — Não. Eu nem sei quem ele é. Eu nunca perderia minha virgindade com alguém que nem consigo ver. Seus olhos se arregalam. — Então, você ainda não conseguiu dar uma espiada? Nego com minha cabeça. — Não. Ele é tão rápido e silencioso que, no momento em que tirei a bandana, ele já havia partido. Corri para a janela, mas não vi nada. Assim que digo isso, meu celular apita. Eu olho para baixo e vejo que é dele. CSMP: Uma coisa que você precisa saber sobre mim, linda, é que você não pode me enganar. ;) Eu fico olhando para a tela e balanço minha cabeça. — Qual o problema? — Christine pergunta. — Mostro a mensagem e ela revira os olhos. — Vamos pegá-lo um dia. Meu celular toca novamente. CSMP: Espero que sua amiga não esteja muito brava comigo. P.S. Eu ainda posso sentir seu gosto. Meu rosto fica vermelho com sua mensagem. — É ele de novo? — concordo. — O que ele diz? — Que ele espera que você não esteja muito brava com ele. Eu começo a rir e não tenho ideia do porquê. Christine faz uma careta para mim. — Isso não é engraçado. Fiquei trancada ali por uns bons quinze minutos. O que você estava fazendo todo esse tempo? Ela percebe meu constrangimento e levanta a mão. — Pensando bem, não me diga. Eu imagino que tenha envolvido muitos beijos. Assinto. — Sim, definitivamente houve muito disso. — O que mais? Eu me encontro em uma posição difícil porque não quero revelar nossa conversa para Christine. Isso era algo compartilhado entre nós e deveria permanecer somente conosco. — Não muito. Ele acha que eu sou bonita. Sorrio, pensando que não há problema em revelar pelo menos isso. Além disso, gosto que ele me chame de “linda”. — Meu Deus, você está se apaixonando por ele, não? Eu olho para Christine como se ela fosse louca. — Não. Isso é apenas... apenas... — Loucura? Você nem sabe como ele é. — Eu sei. É só quando estou com ele... Eu me pego mordendo meu lábio, mas sei que Christine não vai deixar passar esse deslize. — O quê? — ela pergunta, como se fosse uma deixa. — Quando você está com ele, o quê? Encaro os olhos expectantes de Christine, mas hesito quando sei o que estou prestes a admitir. — Ele me faz sentir... eu não sei... viva? É difícil de explicar, mas quando ele me beija, parece que devemos nos beijar. É estúpido, eu sei, mas não posso explicar de outra maneira. Por um momento, há um silêncio, então, olho para Christine para avaliar sua reação. Ela não diz nada a princípio, apenas me encara, e agarra meu braço. — Basta ter cuidado com ele, ok? Assinto e estou imensamente aliviada por ela não estar me chamando de insana. Eu sei no fundo do meu coração que é isso que eu sou, mas a atração que sinto por esse cara é difícil de resistir. — Terei. Não se preocupe. Ela puxa meu braço. — Venha. Quer tomar um sorvete? Fiquei com vontade de tomar alguns depois de ficarpresa no banheiro pelos últimos quinze minutos. Ela ri, e eu sei que isso significa que ela já superou. — Sorvete parece uma boa ideia. Saímos da casa e Christine coloca a chave de volta na terra onde a pegou. O sol ainda está alto e está ficando um pouco mais quente, o que é bom. Ontem estava muito frio, mas hoje parece ser um lindo dia de primavera. Inspiro seu aroma e suspiro com apreciação. Espero Christine me deixar para enviar uma mensagem de volta ao meu perseguidor. Eu realmente não queria começar uma conversa com ele enquanto Christine estivesse comigo. Ela pode ser muito curiosa às vezes. Eu: Isso não foi muito legal da sua parte. Aperto ENVIAR e fico olhando para a última flor de lírio. Hoje, é um belo tom de amarelo pálido. Eu sorrio enquanto coloco a flor contra o meu nariz e inalo. Tem o cheiro dele, e eu adoro isso. Quando pego um copo de suco e vou para o meu quarto, ouço o toque do meu celular. CSMP: Foi necessário. Na verdade, tenho o direito de estar muito zangado com você por tentar me sabotar. Acho que o ato é digno de punição. Suspiro com sua escolha de palavras, mas não posso evitar a emoção que sobe pela minha espinha com a ideia de ele me punir. Mas como? Eu: Como você me puniria? CSMP: Não sei, mas tenho certeza de que posso pensar em algo. Logo depois aparece outro texto. CSMP: Você está flertando comigo? Com um grande sorriso, eu respondo. Eu: Talvez. O que há de errado nisso? Eu deixo você me beijar, então, por que não flertar? CSMP: Certo. Por que não? Mas as punições (ou qualquer outra coisa desse tipo) devem ser reservadas para depois de você completar dezoito anos. Eu não vou tocar em você até então. Fecho meus olhos, saboreando o pensamento. O que ele quer dizer com “qualquer outra coisa”? Esse pensamento faz minha pele esquentar e meu ventre, dançar. Na verdade, estou ansiosa para fazer meu aniversário de dezoito anos pela primeira vez. Eu o deixaria tirar minha virgindade? Claro que não. Isso seria uma loucura. Assim como ele disse que não poderia passar dos limites comigo, eu, por outro lado, também não posso passar dos limites com ele. Eu: Você me disse que era uma fera. Uma fera não pensaria como você. CSMP: Eu tenho princípios morais, Lily. Eu: Uma besta com moral? Isso é bastante cômico. CSMP: Você está tirando sarro de mim? Eu: Morra de curiosidade. CSMP: Você está ficando espertinha comigo. Eu me pergunto se seus dedos de mensagens de texto ficam felizes quando você adormece à noite. Eu: Lá vamos nós de novo com as piadas. Eu me pergunto se os seus também. CSMP: Eu raramente durmo muito, então, acho que é um ponto discutível. Além disso, você preferia que eu não tivesse moral e a tomasse antes de você completar dezoito anos? Tomar-me? Isso significa o que eu acho que significa? Meu rosto fica vermelho de novo, e o desejo primordial de digitar SIM toma conta de mim. Pela minha lógica, porém, sei que estou sendo estúpida. O que há de errado comigo? Quando olho de volta para sua mensagem, franzo a testa. Ele diz que raramente dorme. Isso me faz pensar por quê. Eu: Por que você raramente dorme? CSMP: Ótima maneira de evitar minha pergunta. Porque tenho pesadelos, Lily. Então, ele tem demônios. Saber disso só me dá vontade de sondá-lo com mais perguntas. Eu: Sobre o quê? Mordo meu lábio, esperando por uma resposta. Duvido que ele responda detalhadamente, mas vale a pena tentar. CSMP: Se você soubesse o que está na minha cabeça, você correria quilômetros para fugir de mim... e eu não culparia você. Como ele consegue ter esse jeito estranho de dizer coisas que deveriam me assustar, mas as diz de uma maneira que, em vez de me afastar, fazem-me querer implorar por mais? Eu me vejo querendo alcançá-lo, tocá-lo, acariciá-lo e... ajudá-lo. Eu não tenho ideia de quem ele seja, mas isso não parece importar. Tudo o que importa é que ele está de alguma forma, uma bem ferrada, na minha vida. Eu: Eu não vou correr. Eu prometo. CSMP: Nunca faça promessas que não pode cumprir. Eu: Não faço. CSMP: Um dia, Lily. Um dia. Isso significa que ele vai me contar tudo sobre seus pesadelos um dia? Acredito que sim. CSMP: Você gostou do lírio de hoje? Sorrio como uma idiota com sua pergunta. Eu: Sim, obrigada. Gosto de amarelo claro. Isso me lembra do verão. CSMP: Você gosta do verão? É sua estação favorita? Eu: Sim. E a sua? CSMP: Inverno, por causa dos dias e noites mais escuras. A única coisa que já conheci é a escuridão. Eu franzo a testa para sua mensagem de texto enquanto meu coração dói por ele. No final, decido fazer piada disso. Eu: Você realmente é bastante pessimista. CSMP: Talvez seja por isso que me sinto atraído por você. Meu coração pula com sua confissão. Ele está atraído por mim? Ele poderia realmente sentir a mesma atração que eu sinto por ele? Eu: Eu sou a positividade para a sua negatividade. CSMP: Exatamente. Agora, desça logo e cumprimente seus pais. Assim que leio isso, ouço a porta do andar de baixo se abrir. Isso me faz pular de susto. Eu me atrapalho com o celular ainda na mão e me esforço para olhar pela janela. Ninguém está lá. CSMP: Você nunca vai me encontrar. Não importa o quanto você olhe. Meu Deus, esse homem é frustrante! Eu suspiro alto e meus ombros afundam. É o simples fato de não poder vê-lo a principal razão de estar tão interessada nesse homem? Ele percebe isso e é por isso que está jogando este jogo? — Lily, você está em casa? — ouço minha mãe gritar. — Sim, só estou fazendo meu dever de casa, mãe! — minto. — Trouxemos comida chinesa, então, se apresse. Minha mãe não precisa me dizer para me apressar. Eu amo comida chinesa e ela sabe disso. Olho para o celular uma última vez, pensando se devo responder e decido não fazer isso. Se eu conseguir me distanciar dele, talvez consiga pensar com mais clareza. Não posso deixar de pensar que ele turva meu julgamento de alguma forma. Sei que tudo isso é um comportamento inacreditável da minha parte, e é por isso que preciso me manter afastada por um tempo. Mesmo assim, eu simplesmente não posso deixar de querê-lo. Com minha decisão tomada, jogo meu celular na cama e desço as escadas para comer. De repente, estou morrendo de fome após minhas atividades dessa tarde. Capítulo 11 Sábado, 30 de abril de 2016 – Entrada de Diário Ainda estamos trocando mensagens de texto. É estranho porque a única vez que fico verdadeiramente feliz é quando conversamos, ou melhor ainda, quando ele está comigo. Uma semana depois de nos encontrarmos na casa, pedi para encontrá-lo lá novamente. Ele concordou, mas nunca contei a Christine sobre isso. Se ela soubesse, não tenho dúvidas de que ela teria tentado se esgueirar lá novamente. Não funcionou na primeira vez, então, duvido que funcionaria na segunda. O jeito como aconteceu foi muito parecido com as três primeiras vezes, mas, de certo modo, não foi. Eu fico cada vez mais frustrada cada vez que estou com ele. Ele sabe que eu me sinto assim (pois, de alguma forma ele sente isso), mas nunca permite que a coisa vá além do beijo. Eu percebo que ele não vai adiante, mas eu me pego tentando extrapolar ao máximo os limites, e acho que isso também está deixando-o frustrado. Ah, estou tão iludida. Enquanto escrevo, sei o quão louco isso parece e se alguém lesse isso, eu não o culparia se quisesse chamar “os homens de jaleco” para virem me levar embora. Às vezes, penso no que Christine me disse depois que a libertei do banheiro. Ela falou que eu estava apaixonada por ele, mas descaradamente neguei seu comentário. Sento aqui agora, perguntando-me se há alguma verdade no que ela disse, afinal. Isso não é possível, é? Não pode ser! Eu não sei nada sobre ele além de como ele se sente. Também sei que ele tem demônios que não quer compartilhar comigo, o que eu gostaria que ele fizesse. Estou morrendo de vontade de chegar até aquela alma e ver o que encontro. Será que eles me assustariam como ele disse que fariam? Só sei que eu não iria correr de qualquer forma, estou muito envolvida agora. E esta é arazão pela qual concordei em vê-lo novamente esta noite. Suspiro enquanto leio o que escrevi. Eu pareço louca. Estou escrevendo isso depois de me preparar para ir vê-lo. Ele me mandou uma mensagem ontem e me pediu para encontrá-lo na casa esta noite. Ele disse que queria me ver, que sentiu minha falta. Como eu poderia dizer não a um pedido desses? Eu me assusto quando meu celular apita e olho para baixo para ver quem é. É ele. Meu coração começa a acelerar, pensando que ele está me contatando para cancelar, mas quando eu olho, fico agradavelmente surpresa. CSMP: Saia agora. Vou me certificar de que você está segura. Com um sorriso, eu me pego caminhando em direção à janela para dar uma olhada. Já está escuro lá fora, então, não está acontecendo muita coisa. Existem alguns passeadores de cães, mas é só isso. Se ele está lá fora me observando, está se mantendo bem escondido. Eu: Ok, estou indo agora. Pego meu casaco e sigo para as escadas. Meus pais participaram de algum evento de caridade em nossa igreja local. Eles arrastam a mim e minha irmã todos os domingos, e todas as vezes, minha irmã e eu tentamos pensar em maneiras de escapar dessa situação. Eu sei que isso é considerado um pecado, mas acredito na moralidade básica, se você não infringir a lei e for gentil e atencioso com as pessoas, isso é o que importa, certo? — Saindo hoje à noite? Fico surpresa quando minha irmã aparece do nada. — Sim. Vou encontrar Christine para tomarmos alguma coisa. Ela franze a testa como se não acreditasse em mim e isso faz meu coração disparar. — É melhor não ser uma bebida alcoólica — diz ela, sorrindo. Eu rio nervosamente, agradecendo minha boa sorte por ela não suspeitar. — Claro que não — digo olhando para a porta, querendo sair. — Está tudo bem com você? Você tem estado meio distraída ultimamente. Não é um menino, é? Ela arqueia uma sobrancelha para mim. — Não. Eu rio, tentando me acalmar. Por que estou tão nervosa? Talvez seja porque eu tenho mentido para todos ultimamente! — Acho que estou nervosa com o meu SAT na próxima semana. Seu rosto se suaviza em compreensão. — Disso eu entendo muito bem. Vai dar tudo certo, Lily. Você é uma garota brilhante. Eu sei que você vai se sair muito bem. Eu sorrio. — Obrigada. Olho por cima do ombro e vejo que a série Desperate Housewives está na TV. — Não vai sair hoje à noite? Ela balança a cabeça. — Hoje não. Estou assistindo alguns episódios atrasados e vou me deitar cedo. Estou muito cansada de ontem à noite. Tive uma dor de cabeça infernal esta manhã. Nós duas rimos juntas. — É que você bebeu rum demais. Eu rio ao me lembrar de suas trapalhadas quando ela chegou tarde da noite ontem. Ela acordou todo mundo, rindo e caindo. Minha mãe cuidou dela, e Elle ficou extremamente envergonhada com isso esta manhã. Ela geme. — Por favor, não me lembre. Aponto para a porta. — Ei, eu tenho que correr. Christine fica brava se eu não chegar na hora certa. Eu não devo demorar muito. Elle levanta as mãos. — Não tenho nada a ver com isso, você fica fora o tempo que quiser. Eu não vou contar para nossos pais. Ela pisca para mim e toca o nariz. Nós duas sabemos que nossos pais provavelmente serão os últimos a chegar esta noite, então, eles nem ficariam sabendo. Não que eu esteja planejando ficar fora até tarde já que ele tende a ficar comigo por apenas cerca de quinze minutos antes de desaparecer novamente. Encolho os ombros. — Está bem. Vejo você depois, então. Elle revira os olhos. — Sim... provavelmente quando mamãe estiver gritando para nos prepararmos para a igreja amanhã. — Ela se vira para voltar ao sofá. — Tenha uma boa noite. Alcanço a porta e abro. — Obrigada. Você também. Fecho a porta atrás de mim e visto minha jaqueta. Está um pouco frio esta noite. Quando começo a andar, também começo a olhar em volta para ver se consigo encontrá-lo. Como sempre, ele não está em lugar nenhum. Meu celular está tocando. CSMP: Não importa o quanto você procure, você nunca vai me encontrar. Suspiro, olhando ao meu redor para ver se posso vê-lo, mas ele está certo. Não está em lugar nenhum. Começo a digitar de volta. Eu: Você é algum tipo de mago, que simplesmente aparece magicamente? Ooh, você é o homem invisível? CSMP: Você está sendo espertinha comigo de novo? Eu: Talvez. CSMP: O que vou fazer com você? Eu: Tenho certeza de que você pode pensar em algo. ;) Estou ficando mais ousada com as minhas brincadeiras ultimamente. Desde nosso terceiro encontro, tenho tentado impressioná-lo, mas ele nunca vai além de um flerte inofensivo. Suspiro. Ele não está respondendo de volta, e eu sei por quê. Ele está dando um basta antes que tudo saia do controle. Como esse cara pode afirmar que é uma fera precipitadamente e ser tão cavalheiro ao mesmo tempo? Eu tremo ao pensar que ele está apenas sendo um cavalheiro porque sabe que vou fugir alguma hora. Será que ele está me atraindo para algo? Se sim, qual é seu plano? Ou ele está fazendo isso simplesmente porque, como ele disse, ele gosta de mim e acha que eu não vou sair com ele de outra maneira? Ou será que é porque ele é algum perseguidor psicótico que está jogando um jogo de gato e rato, e assim que ele me tiver onde quer, vai atacar? Pela primeira vez desde que entrei nesse relacionamento com ele, estou com medo. Merda, estou entrando em pânico. Assim que me aproximo da casa, vacilo, perguntando-me se devo me virar e correr. Minha mente está pronta, mas meus pés não conseguem se mover. É como se eles estivessem cimentados no chão. – Não pense demais, Lily. Eu permaneço em pé perfeitamente imóvel, sabendo que ele está bem atrás de mim. – Eu poderia facilmente me virar agora. Sinto sua mão no meu ombro. – Eu sei, mas confio em você para fazer a coisa certa. E o que seria o certo a se fazer? Continuo pensando que sei o que estou fazendo, mas uma vez que ele está comigo, todo o meu bom senso vai embora. — Qual é a coisa certa? Pergunto enquanto minha respiração fica difícil. — Só você pode responder isso. Ele tira a mão do meu ombro e diminui a distância entre nós. Fecho meus olhos assim que sinto seu hálito quente contra meu ouvido. — Lembra do que eu disse? A forma como tudo isso funciona, você decide. Você toma as decisões, Lily. — Ele se inclina ainda mais perto e meu corpo zumbe. — Então, o que vai ser? Eu seguro um gemido que quer escapar. De alguma forma, sinto-me viva novamente. Não sei como ele consegue, mas todo o meu corpo está em chamas e quer mais. Então, sem pensar duas vezes, meus pés se movem em direção à casa. Eu não viro. Eu não corro. Continuo caminhando. Sei que ele está me seguindo, e sei que ele provavelmente está sorrindo porque me tem mais uma vez. E, por alguma razão insondável, eu não me importo. Uma vez na porta, eu me inclino em direção ao vaso de flores e pego a chave da terra. Tiro a poeira e coloco a chave dentro da fechadura. Assim que entro, ouço o clique da porta atrás de mim. — Continue caminhando em direção à porta do porão. Sei por que ele está dizendo isso. É a sua maneira de me cegar sem ter que usar a bandana. Pelo menos ficamos cegos juntos. Faço o que ele manda e abro a porta para o porão. — Não olhe até eu fechar a porta. Cuidadosamente desço as escadas e ando alguns metros antes de parar. Fico parada de costas para ele até ouvir o clique da porta. Nada acontece no início e fico esperando pelo que parecem anos. O único som que posso ouvir é da minha própria respiração difícil. Bem quando eu acho que não aguento mais e estou prestes a me virar, sua mão de repente está no meu pulso, virando-me para ele. Seus lábios se chocam contra os meus, não me deixando tempo para me preparar para ele. Gemo instantaneamente, agarrando seu cabelo e puxando-o para mais perto. Eu me sinto como um animal sempre que ele está comigo. Quando ele se afasta, deixa um dedo no meu lábio e sua testa pressionada contra a minha. — Você sabe o quão difícil é para mim parar? Oh, as coisas que eu poderia fazer com você. Um arrepio involuntário reverbera por mim comsuas palavras. — O que você faria comigo? — Você realmente quer saber? — Sim — sussurro com uma respiração pesada. — Eu pareço uma devassa. — No seu aniversário de dezoito anos, você vai descobrir. Minhas entranhas queimam com o pensamento, mas minha cabeça cheia de luxúria encontra sua lógica, e eu me lembro que estarei em um barco naquele dia. Decido não divulgar esta informação a ele. Preciso ter pelo menos uma coisa que sinto pertencer somente a mim. Ele descobrirá de uma forma ou de outra no dia em questão. Sorrio com o pensamento... mesmo que eu realmente queira descobrir o que ele tem a me oferecer. — Qual o seu nome? O dedo que antes estava no meu lábio, agora, está circulando em volta da minha bochecha direita. — Sempre curiosa. — Eu sinto, especialmente depois do que acabamos de fazer, que tenho o direito de saber pelo menos isso. Mesmo que seja sua inicial ou um pseudônimo. Eu não posso continuar chamando você de “Ele” ou “CSMP” o tempo todo. — CSMP? Eu sorrio. — Cara dos Sete Minutos no Paraíso. Ele ri um pouco. — Ok, você venceu. Me chame de J. — “J” — repito de volta para ele. — Eu gosto de J. — sorrio de novo. — E J significa... Eu ouço sua risada rouca. — Lily, Lily, Lily, o que vou fazer com você? — Como eu disse antes, tenho certeza que você pode pensar em algo. Tento olhar ao redor, mas tudo que meus olhos recebem é escuridão. — Você está com saudades de mim? — ele pergunta, convenientemente mudando de assunto. — Você realmente quer saber? — Sim. — Bem, então, sim. Eu senti sua falta, J — respondo, dizendo seu nome com um sussurro suave. — Você está me provocando? — Talvez um pouquinho. Parece natural sempre que estou perto de você. Minha honestidade com ele aparentemente não conhece limites. Pareço apenas me abrir e dizer tudo o que vem à mente. — Sério? Ele pergunta, dando um beijo suave em meus lábios. Assinto, e sei que ele sente que estou fazendo isso. — Gosto de saber que você se sente relaxada o suficiente quando está comigo para se deixar levar. — Quantos anos você tem? Eu pergunto, decidindo mais uma vez apenas deixar fluir e expressar minha pergunta. — Vinte. Estou surpresa que ele tenha respondido, e rio. — O que é tão engraçado? Você achou que eu não responderia? — Pensei que você iria contornar a pergunta. Ele enrola o dedo em uma mecha do meu cabelo e puxa suavemente. — Bem, parece que sou cheio de surpresas então. Eu bufo. — É você quem está dizendo. — Você ainda está feliz com o nosso acordo? — Por enquanto — respondo com sinceridade. — Por enquanto — ele responde, e não tenho certeza se é uma pergunta ou uma declaração simples. — Não há nada que você possa me dizer sobre você? Além de sua inicial e sua idade, é claro. — Estou ferrado. Que tal isso? — De que maneira? O que faz você pensar que está ferrado? — Acho que estabelecemos isso na terceira vez que nos vimos. Eu ri. — Do que você está rindo? — Você disse na terceira vez que nos vimos. Você está sempre me vendo, mas ainda não vi nada de você, além de algumas de suas tatuagens. Eu o sinto tenso contra mim e me pergunto se fiz a coisa certa ao dizer a ele que sei. — Que tatuagens? Eu engulo em seco, perguntando-me se devo mentir, mas minha curiosidade leva a melhor. — Vindicta — sussurro. Ele não diz nada, então, continuo. — Alguma coisa ruim aconteceu com você? A única coisa que posso ouvir é meu coração sempre batendo. Há uma guerra violenta contra meu peito agora. — Há algumas coisas que é melhor você não saber. — Por quê? — Porque quando o coração morre, o que mais resta? De uma forma ou de outra, nada pode ser alterado. Nada vai mudar o fato de que o que está feito, está feito, e você nunca poderá consertar um coração morto. Estou sem palavras. O que diabos aconteceu com ele para torná-lo tão... tão... quebrado? Eu sinto essa necessidade intensa de estender a mão para ele, então o faço. Com a mão trêmula, toco seu rosto. — Eu posso? — pergunto, buscando sua permissão. Eu quero senti-lo, quero pelo menos sentir como ele se parece. Sinto sua respiração engatar, mas ele não me afasta. Por um momento, acho que ele vai dizer não, fico surpresa quando sinto sua cabeça acenar uma vez. — Sim — ele sussurra e fica mortalmente silencioso. Minha mão trêmula começa a sentir a aspereza de sua pele. Ele não se barbeou hoje, seu rosto arranha meus dedos. — Você está tremendo. — Sinto muito. — Não há motivo para se desculpar, mas por que você está com medo? Assustei você? Sorrio. — Não, claro que não. Acho que estou aliviada por finalmente ter uma ideia de como você é. — A beleza está nos olhos de quem vê, Lily. — Eu sei disso. É só que... — Como faço você se sentir quando está comigo? Já pensei sobre isso muitas vezes, e apenas uma palavra me vem à mente: — Viva. — Bem, não é isso que conta? — Claro que sim. Tento afastar minha mão, mas ele agarra meu pulso. — O que você está fazendo? — Você não quer que eu toque em você. — Eu nunca disse isso. Se isso é importante para você, então faça. Eu não me importo. Ele solta meu pulso. Fico paralisada por um momento, mas quero tocá-lo. Estou desesperada para fazer isso, então, antes que ele mude de ideia, levanto minha mão até sua testa e sinto as rugas do que poderia ser uma careta. Minhas mãos não tremem mais. Em vez disso, estou intrigada com minha exploração. Com uma precisão lenta, desço para suas sobrancelhas. Elas são macias, mas não muito peludas. Sinto ao redor de seus olhos e sei que eles estão fechados agora. Posso sentir sua respiração quente e difícil contra meu pulso e sei, de alguma forma, que isso o está excitando, e isso me excita também. Levanto minha outra mão e tateio ao redor de seu outro olho. Muito lentamente, esfrego meus polegares em cada um, sentindo o quão delicados e longos são seus cílios. Uma vez que estou satisfeita, corro meus dedos pelo comprimento de seu rosto e noto que há um recuo que vai do olho esquerdo até a bochecha. Enquanto meu dedo corre ao longo dele, ele fica tenso e agarra meu pulso novamente. — Desculpe — falo novamente, sentindo sua dor. Quem fez isso com ele? Com sua respiração ainda difícil, ele lentamente libera meu pulso. — Está tudo bem. Continue. Faço o que me é dito e coloco as duas mãos juntas para sentir a ponta de seu nariz. É pequeno, mas não muito. Na verdade, parece perfeitamente formado. Enquanto eu gentilmente passo meus dedos contra suas bochechas macias, minha respiração fica presa com o pensamento de ir para a minha parte favorita, seus lábios. Eu tomo posição, correndo meus polegares em seu lábio superior. Meu Deus, ele tem o lábio superior mais adorável. É cheio e úmido. Seus lábios têm o formato perfeito de coração. Algumas mulheres matariam para ter lábios assim. Corro meus dedos em seu lábio superior e inferior, notando que sua respiração está ficando mais pesada... assim como a minha. Eu paro completamente, porém, quando ele abre a boca e empurra a cabeça para frente para colocar meu dedo em sua boca, eu gemo alto enquanto ele gira sua língua em volta do meu dedo indicador. Sua boca é incrível... tão incrível que minha própria boca está com ciúme por não estar recebendo a mesma atenção. Em pouco tempo, porém, ele puxa meu dedo, agarra-o e mordisca suavemente a ponta. Eu jogo minha cabeça para trás e fecho meus olhos em outro gemido. Como isso pode parecer tão erótico? — Você gosta disso? — ele pergunta, e posso dizer que há um toque de diversão em sua voz. — Oh, Deus, sim. Ele ri baixinho, mas continua provocando meu dedo com a língua. Ele então o empurra de volta em sua boca e roça os dentes ao longo das articulações enquanto o puxa de volta. É a gota d'água para mim. — J — ofego, incapaz de segurar meu desejo por mais tempo. — Sim? — Mostre-me agora. Não no meu aniversário. Por favor, mostre-me agora. Estou implorando porque parece que todo o meu corpo está queimando com uma intensidade que nunca experimentei antes. Ele está buscando mais de seu toque, de seu cheiro, até mesmo de seu gosto. É como se meucérebro tivesse se transformado em uma gosma mole e excitada. Ele agarra meu pulso, puxando-me para ele. Imediatamente sinto o quão duro ele está, e isso me faz querer ainda mais dele. Eu nunca havia sentido sua excitação. — Tão impaciente. — Não vou contar a ninguém, juro. Vai ficar apenas entre mim e você. Ninguém mais precisa saber. — O que é que você quer que eu faça? — Eu não sei. Alguma coisa. Eu sinto que estou queimando aqui. Eu o ouço rir. — Isso não é engraçado. — Oh, querida, acredite em mim quando digo que também não acho engraçado. Você sabe o quanto estou desesperado para entrar entre estas suas coxas? — Como eu disse, ninguém precisa saber. — Eu saberei. Ele me interrompe com essas duas pequenas palavras. Estou com raiva e não sei por quê. Não consigo entender esses sentimentos. — Você está pensando demais de novo. Diga o que está errado. — Para ser sincera, estou com raiva. Sinto raiva e sei que não tenho o direito de me sentir assim. É juvenil e eu odeio imaturidade. Sinto seu polegar esfregar contra o meu em um gesto reconfortante. — Eu excitei você, e agora que você sabe que não vou aliviá- la, isso a deixou frustrada. — Sim. É basicamente isso, em poucas palavras. — É perfeitamente normal se sentir assim. Balanço minha cabeça. — Não, não é, porque se fosse o contrário... — Eu sei o que você quer dizer. Dê um passo para trás. Respire fundo. Ele solta minha mão e eu o sinto se afastar. Estou instantaneamente perdida sem ele perto de mim. Faço como instruído, no entanto, e respiro fundo. Eu começo a me acalmar e imediatamente me sinto estúpida por deixar minhas emoções me acompanharem. — Se sente melhor agora? — Sim. — Ótimo! Pelo menos eu sei de uma coisa que leva você à loucura. É bom eu saber disso. — O quê? Que chupar meu dedo me excita? Ele ri baixinho. — Sim. Obviamente, encontrei uma de suas zonas erógenas. Isso é definitivamente algo para tomar nota para mais tarde. De repente, franzo a testa, pensando em como tudo isso é insano. — Estou louca? — Louca, como? — Você me segue, envia mensagens de texto e deixa lírios na minha porta. Não sei como você é, mas aqui estou eu, encontrando você em uma sala escura e deixando você chupar meu dedo. Isso não parece um pouco doentio? Ele começa a rir. — Você fez soar assim. — Eu apenas relatei os fatos. — Você dá as cartas, lembra? Você quer que isso acabe? — Não — respondo honestamente. Não quero que isso acabe. Eu amo como ele me faz sentir quando estou com ele. Sinto sua mão contra minha bochecha enquanto ele a acaricia com ternura. Fecho meus olhos, saboreando a sensação dele. — Nunca vou obrigar você a fazer nada que você não queira. — Eu sei — suspiro, e de alguma forma eu sei. Chame isso de intuição. Chame de loucura de novo. Eu não sei, mas posso dizer no fundo do meu coração que o que ele diz é a verdade. Eu o sinto se aproximar de mim e espero em agonia, imaginando o que ele fará a seguir. Ele agarra a parte de trás da minha cabeça e me puxa para outro beijo. Por fim, minha boca está sentindo o gosto do que meu dedo estava pegando antes. Ele é incrível. Minha luxúria aumenta novamente, e eu sei que vou ficar me sentindo frustrada, mas também não consigo evitar. Eu sou como uma viciada. Mas assim que estou entrando em nosso beijo, ele se afasta, passando o dedo sobre meu lábio. — Vire-se — ele instrui, e eu faço o que ele pede. Ele tira meus cabelos do pescoço e começa a me beijar. Empurro minha cabeça para trás contra seu ombro e saboreio todos os beijos quentes e úmidos que ele planta na minha pele. Meu Deus, ele tem um cheiro incrível. Estou queimando de novo, querendo e precisando de mais. Desesperadamente precisando de mais. Enquanto ele move seus lábios em direção à minha orelha, ele a mordisca suavemente antes de pressionar sua boca quente contra ela. Fico parada, com meu coração batendo de forma irregular, enquanto espero seu próximo movimento. — Acabou o tempo, linda — ele sussurra em meu ouvido. Fecho meus olhos, mas não faço um movimento. No entanto, eu posso ouvi-lo. Alguns passos rangem, denunciando-o antes que ele abra a porta e me deixe. No começo, não consigo me mover. Meus pés permanecem fixos no chão. Eu sinto aquela raiva borbulhando novamente. Ele continua fazendo isso comigo, e eu não posso deixar de odiá-lo um pouco por isso. Suspiro, sabendo que terei que me mover em breve. Não posso ficar aqui por muito mais tempo. Já é assustador o suficiente com nós dois aqui, e agora que estou completamente sozinha é pior ainda. Eu me viro, caminho de volta e subo as escadas. Entrando pela porta, dou aos meus olhos um momento para se ajustar à luz fraca da casa, que é iluminada apenas pelas luzes da rua que brilham através das janelas. Indo para a porta da frente, tiro a chave do bolso e saio de casa do jeito que entrei, devolvendo a chave para o mesmo lugar de onde a peguei antes. Eu olho ao meu redor, mas a rua está estranhamente silenciosa. Ele simplesmente desapareceu de novo? Enquanto penso isso, meu celular apita. CSMP: Não se preocupe. Eu vou acompanhar você até em casa. Por algum motivo, isso me faz sorrir. Acompanhar-me até em casa? Cara, isso é uma merda. Eu balanço minha cabeça, mas me viro para voltar para casa. Está mais frio agora que a noite realmente caiu sobre nós. Quase me sinto como se estivesse em um daqueles filmes de terror em que uma mulher sozinha caminha pelas ruas escuras e vazias à noite. A única coisa que falta é um pouco de névoa para dar aquele efeito extra. Olho para o meu relógio e percebo que já passam das dez. Eu realmente saí há mais de uma hora? Como o tempo parece passar tão rápido com ele? Cerca de vinte minutos depois, estou de volta à minha casa. As luzes ainda estão acesas lá dentro, então, sei que pelo menos Elle ainda está acordada. Quando coloco minha chave na porta, meu celular toca novamente. CSMP: Você estava linda esta noite. Bons sonhos, Lily. Sonhe comigo. Meu coração faz uma pequena dança. Eu não deveria sonhar com ele, mas frequentemente sonho. Um dia, terei que acabar com essa loucura, mas, por ora, estou curtindo a emoção e a excitação que isso desperta dentro de mim. Era verdade o que eu disse a ele na casa. Eu me sinto mais viva quando estou com ele. Eu me sinto segura, desejada e me sinto a garota mais bonita do mundo. Essas emoções, embora bizarras, sempre têm precedência quando estou com ele. Eu: Boa noite, J. Beijos CSMP: Boa noite, linda. Bons sonhos. Eu sorrio de novo, destranco minha porta e entro. Elle está onde eu a deixei, sentada no sofá, assistindo Desperate Housewives. Ela franze a testa quando ela olha para mim e verifica seu relógio. — Você não estava mentindo quando disse que voltaria mais cedo. Guardo minhas chaves e me sento ao lado dela. Ela está comendo pipoca, mergulho minha mão para pegar um punhado. — Foi apenas uma bebida rápida. Sorrio, colocando um bocado na minha boca. Olho para a TV e vejo Eva Longoria gritando com seu marido na tela. — Como está indo? Eu movo minha cabeça em direção à tela. Ela encolhe os ombros. — Eu ainda tenho outra temporada pela frente, mas estou quase terminando esta. Sentamos juntas por um tempo em silêncio no início e eu não posso deixar de fazer algumas perguntas a ela. – Elle? Ela relutantemente tira os olhos da tela. — Sim? – Você se importa de responder uma pergunta? Ela sorri. — Não, pode falar. — Quando você estava com o Art, como ele fazia você se sentir? Art era o garoto de quem suspeitei que ela tivesse perdido a virgindade. Como eu, Elle é uma pessoa muito reservada e esta é a primeira vez que pergunto a ela sobre os dois. Elle me olha com uma cara séria. — Essa é uma pergunta muito profunda. Suponho que, na época, senti que estava apaixonada. Eu me movo um pouco para encará-la mais. — De que maneira? Ele fazia seu coração palpitar sempre que o via? Fazia você sentir que ia explodir quando ele beijava você? Elle imediatamente pega o controle remoto e pausa a TV. — Lily, por que você está fazendo essas perguntas?— Lamento bisbilhotar. Acho que só estou pensando que... bem, vou fazer dezoito anos em breve e, em alguns meses, estarei indo para a faculdade. Só estou me perguntando se vou encontrar alguém lá, e se o fizer, queria saber como seria a sensação de estar perto dele. Elle sorri com minha pergunta, e fico pensando se ela está tirando sarro de mim. — Não sou especialista nisso. A única coisa que posso dizer é que acho que você saberá quando acontecer. Eu franzo a testa. — Saberei o quê? — Se ele é o cara certo. Se você realmente sentir todas as coisas que acabou de dizer, então, acho que ele definitivamente estaria no páreo. — Você já se sentiu assim com Art? Você não tem que responder. Eu só estou curiosa. Elle desvia o olhar, perdida em pensamentos, por um momento. — Ele fazia eu me sentir especial e sabia o que tinha que fazer para me deixar atraída por ele. Quanto a sentir que iria explodir se ele não me beijasse, isso não. Acho que se eu alguma vez tivesse me sentido assim, ainda estaria com ele. — Você se importa se eu perguntar o que aconteceu? Eu sei que sua separação pareceu ser sem ressentimento, mas pode ser que Elle estivesse apenas escondendo seu sofrimento no momento. — Nós apenas nos distanciamos. Ele não queria fazer faculdade aqui, mas eu sim. Se fôssemos fortes juntos, então, não teríamos deixado a distância ficar entre nós. Acho que foi a desculpa que nós dois usamos para terminar. Quando nos separamos, eu gostava muito dele, mas a centelha que tínhamos se perdeu. Acho que às vezes é isso que acontece. Pego uma almofada e começo a brincar com as franjas. — E você não se arrepende? Ela balança a cabeça e coloca um pouco de pipoca na boca. — Sem arrependimentos. Estou feliz onde estou agora. Na verdade — ela se vira para mim com um grande sorriso no rosto — não diga isso para nossos pais, mas eu fui escolhida por um headhunter sediado em Nova York. Eles querem que eu comece em junho. Eu suspiro. — Você está brincando comigo? Ela começa a rir e balançar a cabeça. — Oh, Elle, isso é incrível! — Eu a agarro, puxando-a para um grande abraço. —Estou tão orgulhosa de você. — Obrigada — ela encosta no meu ombro. Eu me afasto, porém, franzindo a testa para ela. — Por que você ainda não contou para eles? Ela encolhe os ombros. — Eu só pensei que precisava de alguns dias para pensar sobre isso. Vou dar uma resposta na segunda-feira. — E você já sabe qual será a resposta? Ela acena com a cabeça com um sorriso. — Eu vou dizer sim. Eu grito, abraçando-a novamente. — Isso significa que você não vai conosco para Montana? Ela se afasta. — Terei algumas semanas com vocês e, depois, voltarei para me preparar para minha viagem. Não importa o que aconteça, eu não quero quebrar a tradição da família. Vou falar com eles sobre isso. Tenho certeza de que podemos chegar a um acordo. — Então, quando você vai contar a eles? — Amanhã — ela revira os olhos — depois da igreja. Eu agarro sua mão, dando-lhe um aperto suave. — Eles vão ficar tão orgulhosos de você, Elle. Você trabalhou tão duro para isso. Não me admira que eles queiram você. Como eles a acharam? Ela sorri. — Meu professor conhece o CEO. Ele enviou alguns dos meus trabalhos e ele ficou tão impressionado que quis marcar uma entrevista pelo Skype. Eu não podia voar para lá, pois, perderia alguns dos meus exames, então, essa era a maneira mais rápida de nos encontrarmos cara a cara. — E sem ter ido até lá, você tem certeza do que quer? Ela concorda. — Fiz minha pesquisa e estou meio familiarizada com a área. Minha amiga, Stacy, não mora muito longe de lá e se ofereceu para me hospedar. É uma relação em que ambas saem ganhando. Assinto, com um sorriso. — Parece que era para acontecer. — Sim, não é? É incrível como o destino pode dar uma mão amiga às vezes. Assinto em concordância e olho de volta para a tela. — Desculpe por ter interrompido seu Desperate Housewives. Ela encolhe os ombros. — Sem problemas. Além disso, gosto de nossas conversas. Eu sorrio de volta para ela. — Eu também. Estou tão feliz por sempre termos nos dado tão bem. Pelo menos, na maioria das vezes. Eu começo a rir quando penso na época em que eu tinha dez anos e Elle tinha quatorze. Ela pensou que eu tivesse pegado seu iPod mesmo depois de eu jurar que nunca tinha tocado nele. Isso gerou uma grande briga e nossa mãe teve que nos acalmar. No fim, Elle tinha deixado ele cair e o chutou para debaixo da cama sem perceber. Foi um pedido de desculpas difícil para uma taciturna adolescente de quatorze anos na época, mas ela engoliu o orgulho e o fez. — Tivemos nossos altos e baixos, mas você está certa, na maioria das vezes nos damos bem. Nunca houve nenhum ciúme entre nós, e eu acho isso ótimo. Eu sorrio. — Nunca houve um “motivo justo” para o ciúme. Eu não gosto disso. Elle sorri. — Espere só até você conseguir um namorado. Em algum momento, nenhum dos lados consegue evitar sentir ciúme. Minha mente imediatamente pensa naquela noite quando Max tentou me beijar. Agora são águas passadas, mas não posso deixar de me perguntar se meu perseguidor fez isso porque, como ele disse, estava me protegendo ou se foi por ciúme. De qualquer forma, ele não deveria ter feito isso. Eu disse isso a ele logo em seguida e falei quando o vi pela última vez. — Você já sentiu isso com Art? — Às vezes. Ele era muito popular na escola e outras garotas flertavam com ele. Eu reagi a isso várias vezes, não conseguia evitar na hora. Mas Art não agia muito diferente, tivemos inúmeras brigas por causa do Paul. Paul é o melhor amigo de Elle desde jovem. Eles são muito parecidos com Max e eu, exceto que Paul nunca tentou ir além da zona da amizade. Eu costumava provocá-la um pouco quando era mais jovem, mas desde que sou amiga de Max, entendo como é possível ser amiga de um cara sem os sentimentos atrapalharem. Eu só espero que, um dia, Max finalmente aceite que isso é tudo que podemos ser. — Você tem visto o Paul ultimamente? Ela se contorce um pouco desconfortavelmente. — Aconteceu alguma coisa entre vocês dois? Ela morde o lábio, e posso dizer que ela está se perguntando se deve ou não me dizer algo. Obviamente, sua extrema necessidade de contar a alguém assume o controle. — Dois dias atrás, dormimos juntos. Eu engasgo. — Como é?! Ela acena com a cabeça. — E você está arrependida disso agora? Ela pensa na minha pergunta por um momento. — De certo modo, sim, porque somos amigos há muito tempo. Mas não me arrependi porque foi uma das experiências mais incríveis da minha vida, e eu quero mais. — Você disse a ele como se sente? Ela balança a cabeça. — Eu tenho medo. Desde aquela noite, ele tem me enviado mensagens de texto, mas eu o tenho evitado. Eu não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós. — Mas o fato de você estar evitando ele já torna isso estranho. Elle suspira novamente. — Eu sei. Acho que estou apenas com medo de acabar dizendo algo de que posso me arrepender. Isso pode arruinar nossa amizade e isso é a coisa mais importante na minha vida. — Ela sorri. — Nós fomos comemorar minha situação em Nova York e a celebração saiu um pouco do controle. Acho que fiquei muito feliz com a oferta de meu primeiro emprego. Essa é a minha desculpa, de qualquer maneira. Eu a cutuco. — Você precisa mandar uma mensagem de volta... Tire-o de seu sofrimento. Ele pode sentir que você o está rejeitando por não enviar mensagens de texto ou ligar de volta. Ela olha para mim, mordendo o lábio. — Eu sei. Vou mandar uma mensagem para ele agora. Ela pega o celular, então, faço um movimento para sair do sofá. — Vou dar a você um pouco de privacidade. Estou cansada de qualquer modo. Ela levanta os olhos do celular para mim. — OK, bons sonhos. Eu sorrio, pensando em meu perseguidor, mas me viro para deixá-la com isso. – Oh, Lily? — Eu me viro para vê-la sorrindo para mim. — Obrigada pela nossa conversa. Sorrio. — De nada. Eu também gostei. Boa noite, Elle. — Boa noite, Lily. Corro escada acima, segurando meu celular na mão. De repente, me pego morrendo devontade de responder a ele. Enquanto eu tiro a roupa e deito na cama, acendo minha tela e olho para suas mensagens de texto. Primeiro, acho que preciso mudar o CSMP para J. Faço exatamente isso e começo a digitar. Eu: Bons sonhos para você também. Meu celular apita imediatamente, alertando-me sobre sua resposta. J: Você demorou um pouco para responder. Eu: Eu estava tendo uma conversa fraternal com Elle. J: Isso é bom. Família é importante. Eu: Sim, eu sei. E você? Você tem uma família grande? J: Minha família está morta. Eu mordo meu lábio franzindo a testa com sua resposta. A ideia de que ele pareça sozinho no mundo me entristece. Assim que penso nisso, meu celular toca novamente. J: Não sinta pena de mim. Eu: Não se trata de sentir pena. É sobre desejar que você tivesse aquela família para estar aqui e cuidar de você. J: Eu posso cuidar de mim mesmo. Faço isso há anos. Boa noite, Lily. Meu coração aperta com o quão abrupta sua mensagem de texto é. Eu o perturbei? Sento lá e fico olhando para a tela por algum tempo, refletindo se devo ou não responder a ele. No final, eu desisto, pensando que se ele está chateado comigo, precisa de um tempo para espairecer. De qualquer forma, eu não deveria deixar isso me aborrecer. Mas, por alguma razão, não consigo evitar. Capítulo 12 Jarrod Walker Eu sou um idiota. Eu fiz de novo! Juro que minha boca, ou, neste caso, meus dedos, reagiram antes que meu cérebro funcionasse. É como se ela trouxesse à tona todas as minhas melhores e piores partes, e eu simplesmente não conseguisse evitar. Sento-me por um tempo, pensando se devo enviar uma mensagem de volta e pedir desculpas. Se eu não fizer isso, posso perdê-la. Pondero as opções e mando uma mensagem, mas não recebo resposta. Já passa da meia-noite, acho que ela provavelmente está dormindo. Quando jogo o celular na cama e me levanto para pegar outra cerveja para mim, a campainha toca. Eu fico tenso, imaginando quem diabos poderia ser. A maioria das pessoas não sabe que estou aqui, e aqueles que estão cientes sabem que devem ficar longe. Rápido como um flash, eu fecho a porta da geladeira e vou para minha mesa de cabeceira para pegar minha 9 mm. Ando devagar em direção à porta e olho para fora. Merda! É Charlotte. Coloco a arma na parte de trás do meu jeans e abro imediatamente. Ela parece triste e frustrada, mas isso não impede minha boca de dizer: — Que porra você está fazendo aqui? Você sabe que não deve vir aqui. Eu a conduzo para dentro e olho para trás para ter certeza de que ninguém a seguiu pela escada do meu apartamento. — Como você chegou aqui? Pergunto, fechando a porta atrás de mim. — Dirigindo. Não se preocupe, ninguém me seguiu. Respiro fundo enquanto minha raiva aumenta ainda mais. — Você não deveria sair tão tarde. Você sabe como me sinto sobre a sua segurança. Ela levanta a mão. — Está tudo bem. Fiquei no carro o tempo todo. Estou segura. — Ela coloca sua mão na minha. — Prometo. Eu vejo a vulnerabilidade em seus olhos, e meu coração derrete imediatamente. — Venha aqui — digo, trazendo-a para um abraço. — Ela cheira exatamente como eu me lembro. — Senti sua falta. Eu a ouço inalar meu cheiro, e sei que ela se sente mais relaxada agora que está em meus braços. Quando ela se afasta, tem lágrimas nos olhos. — Também senti sua falta. É por isso que estou aqui. A preocupação aperta meu interior. — Há algo errado? Aconteceu alguma coisa com você? Se alguém se atreveu a... Ela balança a cabeça, interrompendo-me, e entra na minha sala de estar. — Não, eu só queria ver você. Não tenho notícias suas há algum tempo. — Isso é porque estive ocupado. Sua sobrancelha sobe. — Com ela? Eu suspiro. — Sim e não. — Quando foi a última vez que você a viu? — Precisamos falar disso agora? Seu rosto parece sério. — Quando? Eu respiro fundo. — Esta noite. Ela me encara por um momento, e não consigo imaginar o que diabos ela está pensando. — Você está se apaixonando por ela? — Não — digo, um pouco rápido demais. — Jarrod, pelo amor de Deus! Achei que você soubesse o que estava fazendo! Eu aceno com minha cabeça. — E eu sei. Não questione meus métodos, Charlotte. Eu sei exatamente o que estou fazendo. Eu a tenho bem onde a quero. Ela é totalmente manipulável. Ela me olha de novo como se estivesse me examinando. — É só para isso que você veio aqui? Para me chatear por ter visto Lily? Para me acusar de me apaixonar por ela quando tudo que estou fazendo é exatamente o que planejamos? Você queria que eu me aproximasse dela. Estou o mais perto que posso chegar. Eu pretendo chegar ainda mais perto, se todos me deixarem em paz. — Eu suspiro, sentindo-me uma merda. — Desculpe. Eu não quis dizer isso. Charlotte se senta no meu sofá de couro preto e olha para a minha cerveja. — Posso pegar uma? Eu balanço minha cabeça. — Você está dirigindo, então não. Ela joga as mãos para o alto. — Você é superprotetor pra caralho às vezes. Uma cerveja não faz mal. Tento em vão estabilizar minha respiração, mas não adianta. Estou irritado. — Eu quase perdi você uma vez e me recuso a correr o risco de perdê-la de verdade. Você entendeu? Lágrimas imediatamente marejam seus olhos, fazendo-me sentir como uma idiota. — Não toque nesse assunto de novo. Eu fecho meus olhos com uma respiração profunda. Como posso fazer tudo ficar bem para ela? Se eu pudesse apagar aquele dia, eu o faria, mas não posso. Isso sempre nos assombra. Esse é um dia que nunca, nunca, voltaremos. Eu tomo um gole da minha cerveja e me sento ao lado dela. — Sinto muito. Não quis fazer você chorar. Venha aqui. Faço um gesto para ela se mover em meus braços, e ela se levanta, aceitando o pouco conforto que posso oferecer. — Eu amo você — ela sussurra em um pequeno soluço. Eu beijo a cabeça dela. — Também amo você. Nunca se esqueça disso. Tudo o que faço agora, faço por nós. Você entende isso? Eu a sinto acenar com a cabeça em meus braços, e não posso evitar a culpa que se instala dentro de mim. Entrei nisso com meus olhos bem abertos e sabia o que tinha que fazer. Planejei atrair Lily e fazê-la confiar em mim. Eu pretendia seguir em frente com o plano de contaminar aquele coração inocente dela. O que eu não esperava era me sentir do jeito que sinto quando estou com ela. O que eu não esperava era me sentir... qual foi a palavra que Lily usou? Vivo? Está certo. Ela disse que se sentia viva comigo. Acho que estou tendo um pequeno vislumbre de como é quando estou com ela também. Eu me sinto diferente e tenho deixado minhas emoções levarem o melhor de mim. Agora, com Charlotte em meus braços, não posso deixar de sentir que a traí. Eu sou a única pessoa que lhe resta. Enquanto contemplo isso e muito mais, decido que preciso me preparar e fazer isso funcionar pelo bem de Charlotte. Eu não posso perder o foco só porque uma garotinha pisca os cílios para mim. Eu balanço minha cabeça em um suspiro. — Porra, caralho! — sussurro. — O quê? — Charlotte pergunta, levantando a cabeça para olhar para mim. Eu sorrio. — Nada. — beijo sua cabeça e a cutuco. — Vamos. Está tarde. Eu vou seguir você para casa no carro. Ela solta um suspiro de frustração. — Jarrod, eu posso... Eu a corto imediatamente. — Não vou deixar você ir para casa sozinha à noite... mesmo que seja no seu carro. Agora, vamos indo. Você precisa descansar. Capítulo 13 É o fim da tarde de segunda-feira e estou voltando da biblioteca. Gosto de caminhar, dá à minha cabeça uma chance de processar e clarear as ideias. Fiquei chateada no sábado à noite com a mensagem de texto de J, mas pelo menos acordei com um pedido de desculpas pela manhã. Não tive notícias dele desde então. Estou um pouco apreensiva quanto ao motivo. Assim que chego na minha porta, vejo que não há um lírio esperando por mim, mas eu não esperava que tivesse porque ele sabia que eu voltaria depois que meus pais estivessem em casa. Se ele ainda estivesse me olhando, então, ele saberia disso também. Quando eu passo pela porta, escuto meus pais tendo uma discussãoacalorada. Quando ouço meu nome ser mencionado, fico imóvel prestando atenção no que dizem. — Jack, se fizermos isso, ela vai ficar chateada. Nós dois sabemos que ela está esperando ganhar um carro em seu aniversário. Eu franzo a testa, mordendo meu lábio. Eu não esperava que esta notícia repentina fosse tão perturbadora para mim. — Eu sei, amor. Não estou dizendo não, só quero esperar até voltarmos de Montana. Ela está se virando muito bem sem ele por enquanto, e ela não vai precisar de um depois se formar, não antes de ir para a faculdade, de qualquer maneira. Tudo o que estou pedindo é para esperarmos algumas semanas depois de voltarmos, assim terei tempo de saber o quanto de bônus eu receberei pelo trabalho a essa altura, então, podemos dar a ela algo mais especial. Você entende o que estou dizendo? Eu a ouço soltar a respiração com força. — Eu sei o que você está dizendo, mas nossa filha nunca foi esse tipo de garota. — Eu sei disso. Por que você acha que eu quero fazer as coisas desse jeito? Eu quero que seja uma boa surpresa para ela. Lily está esperando um carro de segunda mão, mas ela merece algo melhor. Na verdade, já procurei online e sei exatamente o carro que devo comprar para ela. Aqui, deixe-me mostrar-lhe. Ouço passos e penso por quanto tempo devo ficar aqui antes de deixá-los tomarem conhecimento de minha presença. — O que você acha? Esse carro ganhou prêmios de segurança e tudo mais. Ela estará perfeitamente segura nele. Outra grande vantagem é que não será necessário fazer nenhum reparo nele por um tempo, pois é totalmente novo. Ele também faz vinte quilômetros por litro, por isso é muito econômico. Eu cerro meus dentes, desejando que eu pudesse ver qual carro é, mas também que meu pai não se desse todo esse trabalho. Não quero que ele gaste dinheiro comigo no meu aniversário, se ele não tiver grana para isso, mas também não quero que ele gaste seu suado dinheiro em um carro novo para mim, mesmo que ele tenha condições. É muito. Sem pensar duas vezes, fecho a porta com força suficiente para meus pais ouvirem. — Tem alguém em casa? — grito. Minha mãe aparece rapidamente no corredor, tão rápido que me faz pular. — Desculpe se eu a assustei, filha. Está tudo bem? Ela parece culpada. Eu sei por quê, mas não vou deixá-la saber que sei o que está acontecendo. — Sim, tudo bem. Eu estava lendo um pouco na biblioteca. Eu me sinto bem e relaxada agora. Sorrio intensamente e faço meu caminho em direção às escadas. Enquanto faço isso, tenho uma ideia. — Oh, mãe — digo, virando-me. — Eu estava pensando no meu aniversário hoje e me perguntando se estaria tudo bem se eu apenas ganhasse um Kindle? Ela franze a testa. — Mas eu pensei que você amasse ler impressos. — Sim, eu amo. É que Christine tem um, e ele armazena milhares de livros nele. Eu não quero nada sofisticado, o modelo simples é mais do que suficiente para mim. —dou a ela um sorriso. — Eu só pensei em entrar um pouco mais no século vinte e um. Tudo bem? Quando pergunto isso, meu pai aparece com um sorriso brilhante no rosto. – Não nos importamos nem um pouco. Não é, Jack? Meu pai balança a cabeça. — Claro que não. Mas e o carro? Vejo minha mãe enrijecer nos braços do meu pai, então ponho um fim na tensão que está se formando. — Não há pressa para isso. Quando voltarmos de Montana, posso começar um trabalho de verão. Tenho certeza de que posso economizar dinheiro suficiente para comprar algo decente. Tenho algumas economias e acredito que eu só precise de mais mil, e devo estar pronta. Vocês já estão fazendo muito conseguindo uma faculdade para mim. Eu não quero que vocês gastem dinheiro comigo. Um carro seria demais. Os olhos da minha mãe brilham e meu pai sorri com orgulho para mim. — Temos tanta sorte de ter você, sabia disso? — meu pai desabafa. Eu encolho meus ombros. — Só não quero que vocês sintam que estou me aproveitando. Eu sei que vocês têm dinheiro, mas isso não significa que devam gastar tudo comigo. Não seria justo. Minha mãe se aproxima e agarra meu braço. — Você vale ouro! Eu coloco minha outra mão na dela. — Eu sei que você se sente assim, mas estou muito feliz por ter uma família que me ama. Não se pode comprar essas coisas. Minha mãe funga e balança a cabeça. — Não, com certeza não. Aponto para cima, para que eu possa deixá-los ter algum tempo sozinhos, agora que os deixei mais aliviados. — Eu só preciso tomar um banho rápido antes do jantar. Vocês precisam de mim para alguma coisa antes de eu subir? Ela balança a cabeça, e subo as escadas. Quando estou quase fechando a porta, ouço meu pai falando baixinho com minha mãe. — Prometo que vou consertar isso quando voltarmos de Montana, Ok? Então, não ouço mais nada, e nem quero. Eu já bisbilhotei e invadi a privacidade deles o suficiente. Quando fecho a porta, estou prestes a entrar no chuveiro quando meu celular começa a tocar. Eu corro de volta e olho para a tela. É Christine. Eu respondo com um breve oi. — Não vi você muito hoje. — Max me deu uma carona até a biblioteca, como de costume. — Claro. Eu só queria falar com você sobre ele. Por ele, eu sei que ela está se referindo ao homem que agora conheço como “J”. — Ah é? — Sim. Você tem estado muito quieta sobre ele ultimamente. Fiquei pensando se você teve notícias dele. Ele ainda está em contato? Fico em silêncio por um momento, pensando como responder. — Lily, seu silêncio fala muito. Quando? O quando eu não respondo imediatamente, e ela respira fundo. — Eu tenho que ir aí? — Não, está tudo bem. Eu vou jantar daqui a pouco, de qualquer maneira. Eu o vi no sábado à noite. — Sábado à noite?! — ela grita. — Por que diabos você não me contou? Eu poderia ter ido com você. — Eu queria ficar sozinha com ele. — Merda, você realmente está se apaixonando por ele, não é? — Não estou! Percebo pelo som da minha voz o quanto parece que estou protestando um pouco demais. — Lily... — Eu sei o que você vai dizer. — Estou apenas cuidando de você. Isso é tudo. Que tipo de amiga eu seria se não o fizesse? Sorrio com seu comentário. — Eu sei, e eu agradeço isso. É que ele não me deu nenhum motivo para ficar longe dele. Ele vive me dizendo que estou segura com ele, que não vai me machucar. Eu a ouço bufar. — Isso é o que todos os assassinos psicopatas dizem. Estou prestes a responder quando ela fala novamente: — Então, sobre o que vocês conversaram dessa vez? Além de ele dizer que você está segura com ele... Novamente, eu não quero falar sobre nosso tempo juntos. Eu apenas sinto que não é da conta de ninguém. — Não muito — digo, tentando afastá-la. — Então, tudo que vocês dois fazem é dar uns amassos? Eu sorrio. — Mais ou menos. — Você já passou da segunda base? Eu suspiro. — Ainda nem passamos da primeira base. Ela engasga. — O que há de errado com ele? — Nada! — digo defensivamente. — Ele está apenas sendo um cavalheiro, só isso. Ele sabe quantos anos eu tenho e não quer forçar as coisas. Ela começa a rir. — Um aspirante a stalker e cavalheiro. Que encantador. Eu sorrio. — Cale a boca. Ela ri um pouco mais. — Está bem, está bem. Vamos parar de falar sobre ele por enquanto. Você está pronta para sua festa de aniversário? Não está muito longe agora. Faltam cinco dias. Obaaa!! — ela grita. Tenho que afastar o celular do ouvido para evitar que meu tímpano estoure. — Sim, mas estou um pouco chateada porque Max não me diz o que está acontecendo. Ele diz que não quer que eu me preocupe com nada. — Ah, ele está apenas mimando você. Ele ainda está caidinho por você — ela brinca. Eu sorrio. — Sim, mas ele sabe que não sinto o mesmo. — Hmm... — ela pondera. — Aposto que se o seu perseguidor misterioso aparecesse, você daria a ele o benefício da dúvida. — Você e eu sabemos que isso seria impossível, considerando onde estaremos. — Sim, mas ele saberá quantos anos você tem assim que você voltar. Aposto que a primeira base terá desaparecido logo depois disso. O pensamento envia arrepios de excitação à minha espinha. Estou esperando por um pouco mais do quea primeira base desde que ele me tocou no banheiro naquela primeira noite. É estúpido, considerando que ainda sou virgem e não tenho ideia de quem ele é. Mesmo assim, nunca desejei ninguém tanto quanto desejo ele. É por causa do mistério? É porque todos os meus sentidos ficam intensificados quando estou perto dele e minha visão é roubada, e, portanto, não tenho ideia de como ele se parece? Ficarei desanimada quando o vir? Esse último pensamento me faz sentir superficial. Claro que não. Não importa o que aconteça, é como ele me faz sentir por dentro que importa, não a aparência dele. Talvez o que realmente me preocupa é que, assim que o vir, todo o mistério que o rodeia terá desaparecido e não sei o que ocupará o seu lugar. Vou perder a emoção que sinto agora? Uma grande parte de mim não pensa assim, mas não tenho ideia de como devo me sentir. Eu mal tenho dezoito anos. Eu nem vivi ainda. Eu estou apenas engatinhando. — Lily, você está aí? Eu volto para o aqui e agora com um baque. — Sim, desculpe. Só estava pensando no que você disse. — Sobre ir além da primeira base? Eu mordo meu lábio. — Sim. — Você iria? — O quê? — Você deixaria ele ir além? — ela me pressiona. Acho que sei no fundo do meu coração a resposta para essa pergunta, mas não sei se quero divulgar isso a ela. É muito privado. — Eu não sei — me esquivo, e sei que minha voz me faz parecer insegura. — Eu sabia! Você deixaria! E você deveria deixar mesmo, sua putinha. Eu engasgo. — Christine! Ela começa a rir. — Eu só estou brincando, garota. Faça o que achar que é certo. Ouça seus instintos, mas, por favor, o que quer que decida, tenha cuidado. Eu ouço a preocupação em sua voz, e isso me faz sorrir. — Terei. Prometo. Capítulo 14 Chegou o dia! Finalmente fiz dezoito anos! Acabei de acordar no barco e não tenho ideia de onde estamos. Quando a última aula terminou, todos nós voltamos para casa para nos prepararmos e, assim que ficamos prontos, partimos para o aeroporto para pegar nosso voo. Uma vez a bordo do barco extravagante do irmão de Max, nós zarpamos e agora estamos no meio do nada, e eu meio que gosto dessa ideia. As coisas têm sido um pouco estranhas em casa ultimamente. Não tenho certeza do quanto minha mãe e meu pai estão se falando agora, e me sinto culpada, pensando que é por minha causa, porém, eles estão maravilhados com as novidades de Elle. Saímos para jantar para comemorar na terça à noite e tudo correu bem. Elle trouxe Paul com ela, e quaisquer problemas que eles estivessem tendo não ficaram aparentes naquela noite. Perguntei se ela estava bem e ela disse que estava melhor. Espero que isso signifique que eles consertaram as coisas, mas não estivemos sozinhas desde então, daí, não consegui perguntar a ela ainda. Enquanto estico meus membros, bocejo e imediatamente verifico meu celular. Ainda não tive notícias do J, e isso é enervante. Ele ainda está bravo comigo? Eu balanço minha cabeça com a minha insegurança. Por que eu deveria me importar? Ele é quem está me perseguindo! Eu rio com o pensamento. Eu não deveria querer que ele me desejasse, mas eu quero. Para ser totalmente honesta, sinto falta dele. Simplesmente não consigo entender como ele pôde se desculpar e, depois, desaparecer como se o que foi dito ou feito não tivesse realmente acontecido. Ouço um grande estrondo na minha porta. — Acorde, aniversariante! Tenho uma surpresa para você. Eu sorrio. É Christine. — Ok, pode entrar! Ela entra, carregando uma bandeja cheia de guloseimas. Meus olhos se arregalam enquanto verifico a abundância de comida. Vejo torradas, croissants, manteiga, geleias, café e, se tudo isso não bastasse, morangos. — Uau, você realmente deu tudo de si! Ela sorri brilhantemente. — Só o melhor para a minha melhor amiga. Lágrimas escorrem dos meus olhos e ela percebe. — Oh, não comece com essa merda. Você vai acabar com a minha maquiagem. Eu sorrio através das lágrimas em meus olhos. — Sinto muito — digo, tentando recuperar minha visão. Christine pousa a bandeja e estende a mão atrás das costas. Quando ela puxa a mão para trás, ela está segurando um presente embrulhado em forma de retângulo. — Aqui. Isto é para você. Feliz Aniversário! — ela grita. Eu me levanto um pouco mais na cama e estendo a mão para pegar a caixa. — Oh, Christine, você não deveria. Você já fez mais do que o suficiente. Ela revira os olhos. — Basta abri-lo já. Estou morrendo de vontade que você veja desde que comprei. Faço como instruído, puxando o papel e levantando a pequena tampa da caixa. Quando puxo a tampa de espuma, encontro um colar de prata com um infinito incrustado de diamantes. Eu suspiro, colocando minha mão sobre minha boca. — Meu Deus, Christine! Isso é lindo. Ela caminha rapidamente para a frente, com entusiasmo em seus olhos. — Aqui, deixe-me ajudá-la a coloca-lo. Eu a deixo pegar o colar e tiro meu cabelo do caminho, para que ela possa fechá-lo. — Pronto — diz ela, afastando-se e inspecionando. — Ficou lindo em você. Eu jogo as cobertas e caminho em direção ao espelho no meu banheiro privativo. Max não estava brincando quando disse que iria me proporcionar o melhor. O quarto principal, embora pequeno, parece gigantesco em comparação com as outras cabines. A cama parece ocupar a maior parte do quarto. Pendurados sobre ela estão alguns armários que parecem ser capazes de guardar uma quantidade de roupas para o ano inteiro. Quem quer que tenha projetado este local, o fez com o propósito de ocupar com eficiência o pouco espaço que existe. O tapete é bege e felpudo. Quando eu afundo meus pés, parece celestial. Eu, definitivamente, poderia me acostumar com isso. Analiso o colar no espelho. Ele fica na altura certa em meu peito. Meu cabelo está uma bagunça total depois da minha noite de sono intermitente, e meus olhos estão inchados por eu ter acabado de acordar. Pareço o gato louco dos Simpsons. Eu me afasto rapidamente e olho para minha melhor amiga. — O colar é lindo, Christine. Obrigada. — Não há de quê. Você quer um pouco de privacidade? — ela pergunta, apontando para a porta. Eu balanço minha cabeça. — Não, sente-se comigo por um momento, pode ser? Eu não quero tomar café da manhã sozinha. O que os outros estão fazendo? No momento em que pergunto, ouço a voz de Jerry gritando. Eu ouço um splash seguido de risadas. — Esqueça — digo, colocando minha mão para cima. — Acho que posso adivinhar. Está quase escuro e todos estão bêbados ou prestes a ficar. Eu tinha me levantado esta manhã, tomado banho e me arrumado colocando um pouco de maquiagem só para momentos depois Jerry me perseguir ao redor do barco e me jogar no mar para o meu “mergulho de aniversário”, como ele chamou. Fiquei furiosa no início, mas depois de algumas respirações profundas, percebi o quão estúpida eu fui de pensar que poderia esperar mais de Jerry. — Então, o que vocês, filhos da puta, vão fazer depois da formatura? Rolo meus olhos para Jerry. — Você não consegue ficar um dia sem se referir aos outros de um jeito pejorativo? Ficamos todos sentados ao redor da mesa do lado de fora. A noite está quente, dando-nos o primeiro gostinho do verão que está por vir. Estou amando isso. — Na verdade — digo, apontando para ele — , aposto dez dólares que você não consegue ficar o resto desta viagem sem xingar ou chamar alguém com um nome negativo. Jerry se senta. — Ah, fala sério! Isso é treta! Eu sorrio. — Posso ver que esse será um verdadeiro desafio para você. Todos começam a rir, exceto Jerry. Sempre consigo irritá-lo de alguma forma, e esse pensamento me faz sorrir. — Você não pode estar esperando que eu fique sem xingar, porra. Ele parece bastante irritado com o pensamento. Max ri. — Sim. Pedir a Jerry para não xingar é como pedir a um imbecil para ser inteligente. Todos riem, mas Jerry não está feliz. — Você está dizendo que eu sou um imbecil do caralho? Eu me levanto, pego uma cerveja e entrego a Jerry. — Acalme-se. Caramba, você é tão esquentadinho às vezes. Pegue uma cerveja e seja um bom menino. Jerrybufa, mas pega a cerveja de mim. — Peça-me para fazer qualquer coisa. Só não me peça para não xingar. Eu fico parada, pairando sobre ele. — Você acabou de dizer uma frase sem xingar. Jerry olha para minha virilha e lambe os lábios. — Aposte comigo para fazer algo em que sou bom. Tenho certeza que você vai querer me pagar generosamente por isso. Seus olhos permanecem na minha virilha novamente, e eu gentilmente o bato na cabeça. — Ai! Para que você fez isso? — Ele resmunga, esfregando a cabeça. — Ah, não seja um bebê. Não foi tão forte assim. Se você não fosse um babaca sujo... — Você ainda não viu o sujo. Eu levanto minha mão para bater nele novamente, mas ele levanta as mãos em sinal de rendição. — Está bem, está bem. Entendi. Você não quer que eu lamba seu muffin. — Meu Deus! — Eu grito. Jerry estremece de tanto rir. — Eu nunca me canso de provocar você. Seu rosto fica tão vermelho. — Ele se vira para Max. — É melhor você tomar cuidado, porque se algum avião a vir, virá direto para o barco do seu irmão. Ele se curva de tanto rir enquanto eu me movo para dar um tapa nele. Jerry se enrola e cobre a cabeça com as duas mãos. — Você é um merda, Jerry. Depois de esbofeteá-lo uma última vez, volto para o meu lugar ao lado de Christine e Max. — A aposta ainda está de pé. Sua risada para, e ele olha para mim com um olhar indignado. — Tudo bem — diz ele com os dentes cerrados. — Tenho certeza que posso ficar sem falar palavrões por esta noite. Eu aceno meu dedo para frente e para trás. — Na-não. Você não pode jurar ou xingar ninguém até que ambos os seus pés estejam fora deste barco e em terra firme. Jerry franze os lábios. — Tudo bem — afirma ele se levantando. — Vou dar um último mergulho antes que fique muito escuro. Qualquer um de vocês... quero dizer, alguém quer vir comigo? Eu balanço minha cabeça, bebo minha cerveja e pisco para ele. Ele franze a testa na minha direção, fazendo-me rir. Quando ele sai com Tyler, Pete e Amy, eu me viro para Max. — Ele não vai aguentar nem cinco minutos, não é? — Sem chance — ele diz, rindo. — Você está gostando do seu aniversário? Sorrio, pensando no dia de hoje. Todos contribuíram com o que podiam e acabei com cem dólares para gastar. A única outra pessoa a me comprar um presente foi Max. Ele me comprou um cartão-presente da Amazon, para que eu possa comprar todos os livros que quiser, pois ele sabia que meus pais estavam comprando um Kindle para mim. Fiquei feliz no final por eles não terem optado pelo carro. Do contrário, eu teria me sentido terrivelmente culpada. — Você fez tudo o que pôde, Max, então, obrigada. Foi o melhor aniversário de todos. — Que bom — ele diz me puxando para um abraço e beijando o topo da minha cabeça. — Ainda estou cheia de todos aqueles hambúrgueres — Christine dá um tapinha no estômago e sopra um pouco de ar. — Mas, cara, eles eram bons hambúrgueres — ela ri, tentando me provocar. Eu olho para Max. — É, até que você faz um hambúrguer gostoso. Ele levanta a sobrancelha. — É mesmo, não? Terei que me lembrar disso na próxima vez que der uma festa para você. Eu me sento. — Então, haverá uma próxima vez? Ele me olha como se tivessem crescido duas cabeças em mim. — Só porque vamos para a faculdade em breve não significa que perderemos o contato. Eu ainda verei você quando voltar para casa nas férias e nos feriados. Sorrio, agarrando sua mão. — Claro. Desculpe. Não foi minha intenção soar como se todos estivéssemos nos separando. — É meio triste, não? O som da voz suave de Christine chama minha atenção. Ela parece pensativa enquanto brinca com o rótulo de sua garrafa de cerveja. — Estamos todos tão acostumados a nos ver quase todos os dias. Todos vocês praticamente cresceram juntos e sinto como se eu também. E agora, olhe para nós. — Ela acena com as mãos para Jerry, Tyler, Pete e Amy. Max e eu olhamos enquanto observamos Jerry jogando água na cabeça de Tyler. Todos eles estão rindo, parecendo estar se divertindo. — Nunca mais conseguiremos fazer isso. Aposto que todos nós, em algum momento, não conseguiremos ir a qualquer festa ou evento aleatório. Estamos crescendo e abrindo nossas asas. Teremos que enfrentar isso em breve. As coisas nunca mais serão como são agora. Nada dura para sempre. Pisco algumas vezes, pensando no que Christine acabou de dizer. Fico olhando para a água e vejo os três enquanto eles riem e brincam. Este é um momento para capturar. — Você está certa. As coisas nunca mais serão as mesmas. Por um momento, reflito sobre o futuro. Todos nós iremos para a faculdade, conheceremos novos amigos e, eventualmente, encontraremos empregos até nos estabelecermos em algum lugar. Essa memória que estamos criando agora será apenas isso, uma memória. Algo para olhar para trás, mas nunca para recapturar. — Que se foda, quando nos tornamos tão deprimentes? — eu olho para Max, que está balançando a cabeça. — Parece um funeral aqui de repente. Alguém morreu? Porque, porra, é o que está parecendo. Eu começo a rir. — Desculpe. Acho que o que Christine está tentando dizer é que nossas vidas agora não serão as mesmas em pouco tempo. As coisas serão muito diferentes até mesmo daqui a cinco anos. Max encolhe os ombros. — Eu acho que você pode dizer isso sobre tudo na vida. Mesmo quando você for mais velho, pode se casar e ter filhos, por exemplo. Isso muda sua vida e suas circunstâncias. Faz parte... — Você quer ter filhos quando for mais velho? — Christine olha na direção de Max. Max toma um gole de sua cerveja e pensa por um segundo. — Eu acho que se eu encontrasse a mulher certa, então, sim. Acho que todos nos sentiríamos assim se encontrássemos alguém com quem sabemos que gostaríamos de passar o resto de nossas vidas. Só então, Amy grita, fazendo-me pular. Pete está fazendo cócegas nela, e ela está gritando como uma louca. — E você? — Max pergunta a Christine, trazendo nossa atenção de volta à conversa. Ela balança a cabeça. — Eu não quero filhos. Eu franzo a testa. Isso me surpreende um pouco. Sempre pensei que Christine quisesse uma família. Bem, suponho que “assumir” seja uma palavra melhor, já que isso inclui ter responsabilidade. — Você está inflexível sobre isso ou é assim que se sente agora? Christine olha para mim e encolhe os ombros. — Acho que simplesmente sinto que não tenho muito a oferecer às crianças. E eu também sou... — ela coloca as mãos juntas em um círculo — “ insular ”. Eu balanço minha cabeça. — Não penso isso sobre você. Você é gentil e atenciosa. Tem sido minha melhor amiga neste último ano e eu nunca tive outra imagem sua a não ser da brilhante e alegre Christine que eu sempre conheci. Bem, tirando o incidente das compras algumas semanas atrás, mas ela se desculpou por isso. — Só não acho que eu seria capaz de criar filhos. Ela parece meio triste e também quer dizer mais alguma coisa, mas está segurando a língua. — E você? — Max pergunta, quebrando meu olhar de Christine. — Para ser sincera, não pensei muito sobre isso. Acho que sou igual a você. Eu quero filhos, mas só depois de encontrar alguém com quem eu queira tê-los. Acho que só quero me concentrar em viver o aqui e agora. Christine levanta sua garrafa de cerveja. — É isso aí. Rindo, eu me inclino para frente e brindo minha garrafa com a dela. — Cada momento precioso conta. Eu aceno minha cabeça para ela com um sorriso. — É verdade. Assim que digo isso, Jerry vem saltando, interrompendo nossa conversa de afirmações da vida, sacudindo-se ao nosso redor como um cachorro. — Jerry! — protesto, tentando proteger meu rosto das gotas. — Venha e me dê um abraço, aniversariante. Grito quando ele me pega e envolve seus braços de urso em volta de mim. — Você está ferrado, babaca. Ele se afasta, levanta uma sobrancelha e imediatamente sinto frio. — Babaca, é? — Ele então se inclina para frente. — Dê-me um beijo. — Ele faz um beicinho, tentando se aproximar, mas eu afasto seu rosto. — Você me feriu — ele se afasta, pegando uma toalha para secar o cabelo. — Eu duvido muito disso — digo, sorrindo.Cara, estou com frio. Eu começo a tremer. — Aqui, deixe-me pegar um cobertor. Está começando a ficar realmente escuro agora. Max se levanta e alcança uma cesta ao lado de seu assento. Ele puxa um grande cobertor marrom claro e o envolve em volta de mim. Eu imediatamente me sinto quente. — Obrigada — digo, sorrindo. — Não há de quê — Max responde enquanto relutantemente se afasta. Christine percebe, é claro, e levanta a sobrancelha para mim. Eu apenas balanço minha cabeça para ela com um sorriso. — Seu irmão tem um belo barco, cara — diz Pete, olhando em volta com olhos de admiração. — Obrigado. Meu irmão não está com ele há muito tempo, então, ele me mataria se eu não o devolvesse nas mesmas condições em que está agora. Max estremece visivelmente com o pensamento. Jerry aponta para Pete. — Dê a ele um pouco de bebida e será o suficiente para ter vômito por todos os lados. Lembram da casa do Remy há seis meses? Porra, Remy passou o dia todo limpando sua merda e não falou com você por um mês inteiro. Todo mundo fica em silêncio enquanto eu levanto minha sobrancelha para Jerry com um sorriso malicioso. Ele percebe, é claro. — O quê? — ele pergunta, completamente perplexo. Eu dou a ele um momento antes de finalmente perceber. Sua careta desaparece e é substituída por uma expressão irritada. — Caralho! — ele grita, virando uma garrafa inteira de cerveja. Eu me levanto, caminhando até ele com um sorriso. Eu coloco minha mão na frente dele. — Acho que você me deve mais dez dólares. Eu aceno com a mão para pagar e, a princípio, acho que ele vai ter um ataque de choro. Fico surpresa quando ele sorri de repente. — Dou vinte dólares se você me der uma dança erótica. — Jerry! — Christine grita, jogando uma almofada em sua cabeça. Ele desvia delas tão perfeitamente que não consigo evitar as risadas que saem de mim. — Ok, ok — ele protesta, movendo-se em direção a sua cadeira, onde pega sua carteira. — Folheando-a, ele pega uma nota de dez dólares e a coloca na minha mão. —Só estou fazendo isso porque é seu aniversário. — Claro. Não teria nada a ver com o fato de que você continua perdendo para uma garota, não é? — me inclino para frente apenas o suficiente para chegar perto de seu ouvido. — Trinta — digo, quase cantando a palavra. Eu puxo minha cabeça para trás e pisco para ele. Jerry apenas sorri. — Estou odiando você pra caralho agora. Christine se levanta e, juntas, lambemos nossos dedos e tocamos nossas bundas como se estivéssemos tão quentes a ponto de chiarmos. Eu coloco os dez dólares no meu sutiã e volto para o meu lugar enquanto todos riem. Todos, exceto Jerry, é claro. Ele está, para variar, silenciosamente meditando no canto agora. — Eu realmente gostei desta noite — Amy anuncia enquanto seca o cabelo com uma toalha. Eu sorrio. — Eu também. Ela de repente se levanta, enrolando a toalha em volta dela. — Vou pegar outra cerveja. Alguém mais quer uma? — Eu! — todos nós gritamos em uníssono, fazendo a risada recomeçar. Capítulo 15 Passamos o resto da noite da mesma maneira. É bem tarde agora e todos estão indo para a cama. Estamos todos cansados, mas, também, extremamente felizes e bêbados. Posso dizer honestamente que este foi um dos melhores dias que já tive. A cereja do bolo seria ser beijada pelo meu estranho. Eu sorrio enquanto traço meus dedos ao longo de uma das almofadas que peguei dos assentos do lado de fora. É a única coisa que geralmente me ajuda a relaxar o suficiente para dormir. Esta noite, no entanto, já estou naturalmente cansada. Deve ser toda essa brisa do mar. No decorrer de minhas reflexões, penso no fato de que não tenho notícias de J há algum tempo. Isso me irrita, sentir falta dele desse jeito. Como sempre, eu me castigo por sentir coisas que não deveria sentir. Nada do que aconteceu com ele ou entre nós durante os últimos meses foi normal. As únicas vezes que me senti de fato “normal” foram quando estive com ele, pois tudo parece... natural. Eu acho, se eu estiver sendo honesta comigo mesma, que constatar isso é a coisa mais assustadora de todas. Suspiro enquanto meus olhos ficam cada vez mais pesados. O barco está me balançando suavemente para me ninar. O único som que ouço é da água batendo no barco. Sinto como se estivesse sendo suavemente levantada, como um bebê sendo embalado. Isso é calmante e me deixa relaxada como nunca. Está escuro aqui, mas a lua está brilhando intensamente esta noite, dando-me um leve esboço do que me rodeia. Fecho meus olhos novamente, mas os abro mais uma vez como se estivesse tentando lutar contra o sonho inevitável que está por vir. No meu sonho, estou caindo nos braços do homem que parece ter tudo de mim. Eu não consigo me livrar dele. Mesmo quando durmo, não consigo afastá-lo do meu subconsciente. Como se sentisse meus verdadeiros desejos, ele me agarra com força em um abraço caloroso. Mais uma vez, aquela sensação de completa tranquilidade, paz e segurança me envolve enquanto inalo seu aroma apimentado que docemente pica e acaricia meus sentidos. Pode isso ser perfeito? Existe uma coisa dessas? Estou sentindo enquanto ele acaricia meu cabelo e desliza aquelas mãos magistrais em minha bochecha. Como isso pode parecer tão real? Este sonho em que estou deve ser um dos melhores que já tive. Eu disse que queria ser beijada por meu estranho e, como um desejo concedido, aqui está ele em minhas fantasias, realizando meu desejo de aniversário de dezoito anos. — Beije-me — peço, precisando sentir aqueles lábios doces e quentes contra os meus. Tenho sonhado com esses lábios desde sábado passado. Meu sonho deve estar cooperando porque imediatamente sinto sua boca contra a minha, quente, acolhedora... viciante. — Você se foi — digo, enquanto ele se afasta. — Eu sei, linda, e sinto muito. Sorrio porque sei que neste momento o perdoei instantaneamente. Ele está aqui comigo agora, e isso é tudo que importa. — É muito gentil da sua parte visitar o meu sonho. Eu ouço sua risada rouca, e isso me causa arrepios. Coisa estranha de se sentir em um sonho. Eu o sinto se aproximar da minha boca e estou instantaneamente pronta para ele. Seu hálito quente e mentolado invade o meu, dando-me um brilho caloroso. — Lily — ele sussurra —, você não está sonhando. Meus olhos se abrem e tento me levantar da cama em pânico. Sou instantaneamente restringida por um corpo e uma mão sobre minha boca. — Shh — ele profere. — Sou só eu. Eu não estou aqui para machucar você. Eu só queria ver você no seu aniversário. Eu olho para o rosto dele. Ainda está muito escuro aqui, mas agora eu sinto que o estou vendo pela primeira vez. Posso finalmente distinguir o contorno de seu rosto. Ele tem uma mandíbula forte e olhos escuros e encobertos. Isso é tudo que posso ver. Eu imediatamente anseio por tocar seu rosto. Como ele chegou aqui? Quando ele percebe que estou mais calma, ele tira sua mão. — Como você... — Tenho meus meios. Minha cabeça está confusa. Alguém se esqueceu de trazer a escada para cima antes de irmos dormir? — Como você sabia? — pergunto novamente, confusa. — Eu simplesmente não posso acreditar que ele está aqui. — Ainda estou sonhando? — Não — ele responde, tocando minha mão. Sentir isso reforça o fato de que isso é muito real. Somente em minha vida desperta eu poderia sentir aquela faísca que surge entre nós. — Pode sentir isso? — ele pergunta, como se estivesse lendo minha mente. — Sim — respondo, sem fôlego. — Estou assustada — digo querendo ser sincera. Eu preciso que ele saiba que não importa o quão estranho seja nosso relacionamento, eu ainda sinto o medo de meus sentimentos cada vez maiores por ele. — Eu disse que eu nunca faria mal a você. — Não foi o que eu quis dizer. Estou com medo da maneira como você me faz sentir. É estúpido, eu sei, mas quero ser honesta com você. Gosto da maneira como você me faz sentir, e isso tanto me assusta quanto me confunde. Não consigo entender a insanidade de tudo isso. Por que eu deixo você entrar? Eu sei que ele percebe que não me refiro a isso no sentidofísico. Eu não tenho nada a dizer sobre isso, mas eu o deixo ter acesso a mim de outras maneiras que ninguém mais chegou perto. Por quê? Eu simplesmente não consigo entender isso. — Porque você está onde pertence. Eu sei disso e você sente isso em seu coração. Eu sou uma parte de você agora. Suas palavras me penetram de maneiras que nem consigo sequer começar a entender. Estou tentando lutar contra isso, mas não consigo. — Você realmente entrou em um avião e veio aqui... por mim? — Sim. — Me beija — peço novamente. E ele não recua. Ele se inclina, permitindo-me conter seu perfume por uma fração de segundo. Estou consumida por uma necessidade extrema de ter seus lábios pressionados contra os meus. A fome surge em mim como se eu fosse um animal faminto. Preciso senti-lo. Senti muita falta disso. Agarrando sua cabeça, pulo para fora da cama, surpreendendo-o, e monto em sua cintura. Ele, por sua vez, agarra meus quadris, puxando-me contra sua dureza. Eu gemo ao sentir ele envolvendo meu corpo. O fogo queima e faíscas elétricas acendem. É quase como se eu tivesse sido puxada para esta terra estranha e mágica onde apenas eu e este menino bruxo existimos. Sinto o calor subindo com cada redemoinho de sua língua com a minha e cada leve toque de seus dedos na minha pele. Estarei realmente em chamas se ele não fizer algo logo, mas quando penso nisso, ele se afasta. — Tenho que parar — ele diz, respirando pesadamente contra minha boca. — Por quê? Eu tenho dezoito anos agora. — Você mal fez dezoito anos, Lily. Não vou forçá-la a fazer algo só porque agora você tem a idade legal para fazê-lo. Não é assim que deveria ser. Eu suspiro. — Eu pensei que você tivesse dito que eu daria todas as ordens. Ele olha para cima, afastando meu cabelo do rosto. — Você dá. Você sempre dá. Mas não me peça para não ser um cavalheiro com você. Não é a maneira como você deve ser tratada. Sua primeira vez deve ser especial. Não no barco do seu amigo. Assim não. Posso dizer pelo som de sua voz que simplesmente não há como persuadi-lo. Além disso, ele assumiu seu lado cavalheiro para mim. Como posso forçá-lo a sair disso agora? — Ok — digo relutantemente. Fico surpresa com o quanto estou tentando nos aproximar. Eu nem sei quem ele é. Tudo que sei é como me sinto quando estou com ele. Isso é suficiente? Um dedo passando pelo meu pescoço em direção aos meus seios interrompe meus pensamentos. Minha respiração engata enquanto meu coração bate forte. Meu Deus, seu toque é tão... tão... mágico. — É seu aniversário e acredito que você mereça um presentinho meu, por menor que seja. Minha boca fica seca. Tento engolir com força, mas minhas funções corporais de repente pararam de funcionar no momento em que seu dedo tocou minha pele. — Sim? — pergunto em um sussurro. Preciso saber o que ele planejou. — Você confia em mim agora para não machucá-la? Seu dedo trilha em volta dos meus seios. Tão perto... mas não perto o suficiente. Eu quero mais. — Sim — sussurro novamente, precisando que ele faça algo rápido. — Sim, o quê? — ele pergunta em um tom brincalhão, mas de comando. Por algum motivo, isso acerta direto entre minhas pernas. — Sim, por favor. Ele se inclina para frente, segurando meu seio enquanto viaja em minha direção. Um pequeno grito sai dos meus lábios. — Boa menina — ele sussurra enquanto passa o polegar sobre o meu mamilo. E como o verdadeiro mago que ele é, minha cabeça cai para trás em completa rendição. Eu fecho meus olhos, deleitando-me com a sensação de sua mão em meu seio. Sonhei com este momento, mas nunca imaginei que seria tão bom. — Deite-se. Sua voz é tão autoritária que eu naturalmente faço o que ele pede. Uma vez que estou na posição, ele cuidadosamente puxa o resto das cobertas para longe de mim. — Agora, eu quero que você fique bem quieta. Você pode fazer isso por mim? — Sim — respondo imediatamente. — Bom — ele responde com voz rouca, enquanto começa a abrir a blusa do meu pijama. O calor ressurge em todo o meu corpo, fazendo meu coração bater mais rápido do que nunca. Não sei o que ele vai fazer comigo, mas seja o que for, gostaria que ele se apressasse e fizesse. Eu me sinto como uma represa prestes a explodir. Ao chegar ao último botão, ele puxa a parte direita e depois a esquerda. Minha metade superior está completamente exposta a ele agora. — Incline-se para frente. Faço como instruído e o sinto puxar ambas as mangas, removendo-as em um movimento rápido e fluido. Uma vez que ele joga o pijama de lado, ele beija meu ombro antes de me empurrar suavemente de volta na cama. — Linda. Sua voz é como um afrodisíaco. Só isso já me faz implorar por mais. Uma vez que ele está satisfeito por eu estar deitada de novo, ele vai para as minhas calças. Ele não tem que me pedir para empurrar minha bunda para cima. Eu apenas faço isso instintivamente. Ele me desliza de volta para baixo com facilidade e eu me elogio por ter raspado as pernas esta manhã. São as pequenas coisas que realmente importam. — Tão macia — diz ele, arrastando os dedos pelas minhas pernas. Eu naturalmente me contorço embaixo dele. — Aguente firme. Seu tom é de comando de novo, mas em vez de me irritar, está me excitando ainda mais. Eu imediatamente faço o que ele pede, e sei que ele está secretamente sorrindo para si mesmo porque eu cedi a ele tão facilmente. Quando ele chega aos meus tornozelos, ele se levanta da cama e puxa minhas calças completamente. Ele fica ao pé da cama apenas me observando. Como ele está, eu não tenho ideia. Eu mal posso vê-lo, então, não sei como ele pode me ver. Ocorre-me que estou completamente nua na frente dele, mas ele está completamente vestido. Uma vez que ele avança, eu suspiro, sabendo que tudo o que ele estava planejando fazer, ele vai fazer agora. Minha pele esquenta e meu coração bate freneticamente contra meu peito. Ele separa minhas pernas, e muito lentamente, ele rasteja entre minhas coxas. Eu gemo, agarrando os lençóis. Ele nem mesmo me tocou ainda, mas de alguma forma, eu o sinto. Ele está em toda parte, invadindo todos os meus sentidos e me deixando selvagem. Eu aperto os lençóis em minhas mãos. A antecipação de seu próximo movimento está subindo pela minha espinha. Ele se abaixa nas minhas coxas e muito lentamente começa a beijar seu caminho até meu quadril. Eu começo a me contorcer, querendo sentir mais dele. — Fique quieta — ele comanda novamente, parando sua jornada. Eu gemo, mas aceno com a cabeça e tento ficar o mais imóvel possível. Quando ele está satisfeito, ele continua sua jornada para cima, sobre meus quadris em direção à minha barriga, onde ele lambe meu umbigo. Gemo de novo, agarrando um punhado de seu cabelo. Ele para imediatamente. — Fique quieta, já disse. Mãos ao lado do corpo como estavam antes. Meu Deus, isso é frustrante e intenso ao mesmo tempo. Eu quero tocá-lo, mas sei que ele não fará o que está planejando, a menos que eu me comporte. Merda, o que há de errado comigo? Sem outro pensamento, coloco minha mão de volta onde estava, e imediatamente depois, ele começa a beijar seu caminho até meus seios. Ele beija meus seios, mas toma cuidado para não chegar perto do único lugar que eu quero que ele vá. — Por favor — me pego implorando de repente. — Por favor, o quê? — ele pergunta, beijando em volta dos meus seios novamente. Meus mamilos estão duros como pedra e é quase doloroso. — Por favor, beije-os. — O quê? Aqui? — ele pergunta, colocando a língua na ponta do meu mamilo. Oh, meu Deus, estou praticamente ofegante de necessidade. — Sim, por favor. Aí. Ele concede meu desejo, colocando meu mamilo em sua boca. No início, ele gira a língua em torno dele, mas depois ele suga, fazendo um som escapar de mim que eu nunca ouvi antes. — Oh, Deus — grito, levantando meus quadris para procurá-lo. Ele para de repente. — Lily, o que eu disse? — D-desculpe — gaguejo, incapaz de formar as palavras corretamente. Nunca senti essa necessidade terrível de ser tocada antes. É assustador e emocionante. Tento acalmar minha respiração em um esforçopara ficar parada. Minha pele, no entanto, parece que está queimando. Tenho essa necessidade de procurar as partes frias da minha cama só para me refrescar. No entanto, não faço. A necessidade de sentir seus lábios nos meus está vencendo em meu pequeno jogo mental. Com meu peito subindo e descendo violentamente e meu corpo tremendo, ele volta ao trabalho. Mas, desta vez, ele se concentra em meu outro mamilo. Eu gemo alto de novo, mas desta vez não me movo. — Tão lindo — ele sussurra contra o meu mamilo. Ele o chupa de novo, e novamente eu não posso evitar o som que me escapa. — Você vai ter que aprender a ficar mais quieta do que isso se não quiser acordar ninguém. Meu corpo se imobiliza com suas palavras. Esqueci completamente onde estou e aqueles que estão a poucos metros de mim nos quartos ao redor. — Assim é melhor — ele sussurra antes de mergulhar a cabeça em meus mamilos novamente. Por mais alguns momentos, ele os lambe e chupa, e isso me leva a um frenesi. — Estou pensando o quão molhada você deve estar agora. Ele se move um pouco mais para baixo e, antes que eu perceba, ele está descendo em direção à minha barriga novamente antes de alcançar o interior das minhas coxas. Fico tensa, perguntando-me o que ele vai fazer a seguir. — Eu não vou machucar você, Lily, prometo. Com suas palavras, eu relaxo e ele me recompensa com um beijo suave nas minhas coxas. Quero me contorcer. Quero chegar mais perto dele de alguma forma, mas me abstenho de fazer isso, pois sei que ele irá parar. Enquanto me pergunto o que ele fará a seguir, seu dedo toca a entrada do meu sexo. Suspiro com a sensação estranha das mãos de um homem em algum lugar que nunca foi tocado. — Porra, Lily, você está tão molhada. Você sabe como isso é tentador? Ouço um som de sucção, e eu sei pela sombra dele que ele colocou o dedo na boca. — Você tem um gosto tão bom... Bom pra caralho. Eu preciso de mais. Espero que ele me toque novamente com o dedo, mas em vez disso, sinto o toque de sua língua na minha entrada. Eu grito. — Shh. As pessoas vão ouvir você. Ofego. — Sinto muito. Eu simplesmente não consigo... quero dizer, parece... — Shh. Pare de falar. Apenas aprecie. Mas não se mova e não faça muito barulho. Respiro fundo, tentando acalmar meu coração batendo rapidamente, mas não adianta. Eu mal estou segurando o pouco controle que me resta. Tudo o que quero fazer agora é me lançar sobre ele. Assim que eu penso isso, sua língua varre minha entrada novamente. Ele congela, esperando que eu faça barulho, mas eu não faço. Estou determinada a ficar o mais quieta possível. — Você tem uma linda boceta, Lily. Tem um cheiro incrível. Ele tem que falar assim comigo? Como se seu toque não fosse o suficiente! — Por favor — digo de novo, porque é o único som que meu cérebro me permite emitir agora. Ele não hesita. Ele está de volta na minha entrada novamente, mas, desta vez, ele lambe em direção ao meu clitóris. Eu gemo, mas é mais como um pequeno gemido. Sua língua começa a lamber meu clitóris com prazer. É quase como se ele já conhecesse meu corpo. Nunca senti nada parecido com isso antes. Com o dedo colocado na minha entrada, ele cuidadosamente desliza para dentro e começa a movê-lo. Eu quero mover meus quadris. Na verdade, estou desesperada, mas não faço. Fico parada porque quero sentir tudo o que ele tem a oferecer. Preciso disso com paixão. Quando sua língua começa a girar em torno do meu clitóris novamente, minhas entranhas começam a queimar como nunca. Eu gemo alto novamente, não me importando que as pessoas estejam dormindo na porta ao lado. O que ele está fazendo é bom demais para ser ignorado. Conforme ele aumenta o ritmo, todo o meu corpo começa a tremer. Posso sentir algo se construindo, algo mágico e monumental. Minhas bochechas ardem e todo o meu corpo fica tenso com uma sensação como nenhuma outra sobe pela minha espinha. — Goze para mim, Lily — ele insiste antes de voltar a lamber meu clitóris. Conforme meu corpo fica tenso, pego os lençóis e deixo o acúmulo vir naturalmente. Eu vou gozar e não vai se parecer como nada que eu já tenha imaginado ou sentido. Eu já tinha experimentado comigo mesma, mas isso... isso não se compara. — J! — grito enquanto meu corpo reage ao precipício. Minhas costas arqueiam e, com isso, meu orgasmo me atinge como uma onda. Estou voando tão alto, mas a vontade de chorar também me domina. Que porra é essa? Estou sentindo o alívio de algo que se acumulou tanto que meu corpo precisa reagir liberando as comportas. É a sensação mais surreal de todas. Enquanto meu corpo se acalma junto com a minha respiração, ele leva seu tempo beijando carinhosamente em volta das minhas coxas antes de subir de volta. — Eu nunca tinha ouvido uma perfeição assim. Você sabe como é difícil para mim me conter? Eu sou como uma abelha, e você é o tipo mais doce de mel. Ele beija meus lábios suavemente e eu posso me provar nele. É uma sensação tão estranha. — Como você consegue? Estou surpresa por ainda poder falar depois daquele orgasmo. — O quê? — Dizer e fazer todas as coisas certas. É como se você me conhecesse. — Eu conheço você... e, agora, eu conheço muito mais intimamente. Você sabe há quanto tempo eu tenho sonhado em provar você aqui embaixo? Ele coloca a mão contra o meu monte, fazendo-me gemer novamente. — Ora, Lily, parece que você é bem insaciável. Eu sorrio com suas palavras provocantes. — Isso é tão fodido. Ele finge um suspiro. — Acho que é a primeira vez que ouço você xingar. — Bem, eu acho que um orgasmo faz isso com você. – Hmm — ele diz, inclinando-se em direção ao meu ouvido. — Então, mal posso esperar para ouvir o que você tem a dizer, uma vez que enterrar meu pau dentro de você. Minhas entranhas queimam. Eu poderia estar pronta assim de novo tão rapidamente? — Estou pronta. Minha voz está mais rouca do que eu gostaria. Eu acho que ele está certo. Eu sou insaciável. Ele coloca um dedo no meu lábio e começa a arrastá-lo para frente e para trás. — Por mais que eu queira descobrir o quão pronta você está, terei que recusar sua oferta. Você acabou de gozar na minha língua, então, provavelmente estaria disposta a dar cambalhotas se eu pedisse. Quero que você tenha cem por cento de certeza antes de prosseguirmos. Eu rio. — Cambalhotas? — Sim, mas não tire sarro de mim. Apesar de sua advertência, ainda posso sentir o sorriso em sua voz. — Além disso — ele diz, agarrando minha mão —, acho que você precisa pensar muito sobre isso. Não tome uma decisão precipitada. — Ele coloca minha mão em sua virilha e eu imediatamente sinto sua dureza. Eu suspiro com o quão grande ele está. — Você ainda quer que eu a foda? De repente, estou em um estado de fluxo. Metade de mim está morrendo de vontade de descobrir se posso aguentá-lo, mas a outra metade está com medo de que ele me parta em duas. — Sim — a palavra sai antes que meu cérebro se envolva. Ele começa a rir baixinho. — Nossa hora vai chegar, mas não aqui e não esta noite. — Ele beija meus lábios suavemente antes de se afastar. — Você vai conseguir aguentar. Tão molhada quanto você está agora, vou deslizar perfeitamente. Vou deixar você molhada assim quando for a hora. Você entendeu, Lily? — Sim — sussurro, ainda querendo ele. Eu quero sentir como é tê-lo deslizando para dentro de mim. Enquanto tento ver seu rosto, ele se inclina e me beija, mas desta vez há mais no beijo. É quase possessivo. E eu amo isso. Em um instante, sou pega em seu feitiço, desejando que ele me leve com ele para aquela terra mágica que ele sempre parece desaparecer. Estou completamente perdida nele de novo, esquecendo quem eu sou, onde estou e por que isso é tão louco que qualquer um ficaria sem palavras. Meus pais teriam um ataque se soubessem o que estou fazendo agora. Seu beijo se aprofunda enquanto ele se posiciona em cima de mim. Eu posso sentir sua dureza cavando em mim novamente, mas em vez de me assustar, isso só me faz querer mais dele. Sua mão sobe pela minha coxa e ao redor dos meus quadris antes de segurar meu seio. Enquantoele passa o polegar sobre meu mamilo novamente, eu gemo, levantando meus quadris em direção a ele. Eu ouço seu rosnado reverberar através de mim, fazendo minha própria necessidade por ele aumentar. Ele também sente? Essa necessidade terrível de ter mais? Eu espero que sim. Conforme o beijo continua, eu sigo minhas mãos de seus ombros até suas costas. Posso sentir os contornos de seu corpo e são incríveis. Ele obviamente treina porque quando ele flexiona, posso sentir o quão fortes são seus músculos. Como o animal que sinto que me tornei, eu coço suas costas e o sinto arquear, fazendo seus quadris cravarem em mim ainda mais. Eu gemo quando o ouço gemer. Ele tem um gosto incrível, um cheiro incrível e parece incrível. Mas, justo quando penso que ele vai mais longe, ele se afasta, deixando-nos ofegantes e sem fôlego. Eu o ouço rir e o sinto balançar a cabeça como se estivesse em divertida exasperação. — Você é demais, sabia disso? Estou prestes a pedir a ele para me mostrar o quanto, quando ele beija meus lábios novamente, impedindo que as palavras que eu estava prestes a dizer saíssem de minha boca. Ele se afasta abruptamente de novo, e fico paralisada quando ele acaricia minha bochecha suavemente com seus dedos quentes. — O tempo acabou, linda — ele sussurra antes de se levantar da cama. Eu observo, com minha boca aberta, enquanto ele calmamente caminha em direção à porta, abrindo-a e fechando-a atrás de si. Tudo acontece tão rápido que meu cérebro não tem tempo suficiente para processar o fato de que ele está me deixando novamente. Ele nem mesmo verificou se alguém estava lá fora primeiro. Eu me sento, puxando as cobertas de volta sobre mim e balanço a cabeça enquanto olho para a porta. Não sei por que de repente estou olhando para ela. Até parece que ela seria aberta abruptamente com música e dança para mim. Ele se foi e eu sei que ele não vai voltar. Pelo menos não neste barco e não por enquanto. Quando volto para a cama, penso no dia de hoje e em tudo o que aconteceu. Antes de dormir, desejei que meu estranho estivesse aqui para poder me beijar. Parece que meu desejo foi atendido... de mais de uma maneira. Sorrio, esticando minhas pernas. Nunca me senti tão relaxada e calma em toda a minha vida. Os orgasmos de afirmação da vida podem fazer isso com uma pessoa? Eu suspiro, virando-me e fechando os olhos para dormir. Eu me sinto exausta de repente. Não tenho ideia de que horas são, mas acho que é de manhã cedo. Pelo menos ainda está escuro lá fora. Enquanto eu caio no abismo do sono, um último pensamento surge em minha mente: Mesmo que seja completamente louco pensar isso, ainda quero que ele tire minha virgindade. Devo deixá-lo, embora eu não tenha ideia de quem ele é ou como ele se parece? Mais uma vez, penso em como ele me faz sentir quando estou com ele e como ele sempre tenta me dizer que a beleza está nos olhos de quem vê. A única coisa que sei quando estou com ele é o quão viva e maravilhosa ele me faz sentir, então, acho que só pode haver uma resposta... E eu simplesmente não posso esperar até esse dia chegar! Capítulo 16 Jarrod Walker Saio como sempre faço, como um ladrão à noite. Eu sou um ladrão, mas não roubo objetos. Não, o que estou roubando é bem diferente. Eu estou levando ela. Assim como tínhamos planejado, estou levando-a, centímetro a centímetro, e, surpreendentemente, ela está permitindo. Solto a corda presa à amurada e desço até o barco que me aguarda. Tiro a escada quando entro e coloco a reserva que “peguei emprestada” no barco a motor inflável, que também “peguei emprestado”. Afasto meu barco “emprestado” do deles e remo um pouco para longe, para poder ligá-lo sem fazer muito barulho. No caminho de volta para a costa, penso em tudo o que aconteceu esta noite. Eu ainda posso sentir o gosto dela. Ela tem o gosto mais elegante... o sabor de um bom vinho e pêssegos em um só. Não consigo descrever exatamente. Já rodei muito por aí e tive muitas bocetas, mas a dela é diferente. Não sei se é a emoção de saber que sou o único que provou, ou se é só porque é ela. Eu estremeço com este último pensamento. Eu não devo me envolver. Ela é um meio para um fim e nada mais. Estou fazendo isso por Charlotte. É dela que eu cuido. Ela é quem eu amo, e é exatamente assim que deveria ser. Eu não posso deixar a porra da paixão do colegial que estou desenvolvendo por essa garota me atingir. Se Charlotte soubesse, ela cortaria minhas bolas de merda. Seria como um chute no estômago se ela se soubesse que eu realmente gosto de Lily. E eu gosto mesmo. Tenho que admitir isso pelo menos para mim. Ela tem um cheiro incrível, um gosto divino e me faz sentir algo que nunca senti. Passei um tempo preso, condenado por crimes que não me arrependo de ter cometido. Eles mereciam, e eu faria de novo sem pestanejar. Isso me transformou no homem que sou hoje. Eu tive que crescer rápido, e, cara, eu aprendi cedo. Eu me tornei um lutador, tão grande e forte que nenhum filho da puta ousaria chegar perto de mim. Isso não era algo que eu queria fazer, era algo que eu tinha que fazer. — Então, no que você está metido? Eu olho para o garoto de nariz sujo que parece estar tentando a sorte comigo. Sem chance, porra. Eu o interrompo antes que ele pense que pode ter essa vantagem. — Não é da sua conta — rosno, certificando-me de não quebrar o contato visual. Isso é outra coisa que aprendi aqui: nunca quebre o contato visual com ninguém, eles verão isso como um sinal de fraqueza. Ele levanta a mão em sinal de rendição. — Está bem, está bem. Só pensei em bater um papo, considerando que vou ficar aqui por um tempo. Ótimo, caralho. Meu novo companheiro de cela gosta de conversar. Eu tenho que cortar essa merda agora. — Eu não ligo para conversa fiada, então, tente outra pessoa. Não estou aqui para fazer amigos. Ele encolhe os ombros. — Certo. Tanto faz. Mas quando você ficar entediado e precisar de alguém para conversar, não venha chorar para mim. Eu bufo. Que porra esse garoto está pensando? Eu balanço minha cabeça com um sorriso e ele vê. Ele sorri de volta, mas não diz nada. Ele simplesmente desaparece enquanto sobe na cama de cima. Eu o sinto se contorcer um pouco, mas logo ele se acalma. Eu volto a olhar para o fundo da cama do meu novo companheiro de cela. Às vezes, eu fico olhando por tanto tempo e com tanta força que o tempo passa sem um pensamento ou preocupação com o mundo. Posso me deixar entrar em transe e, então, tudo ao meu redor desaparece. Apenas por alguns momentos, posso ser livre. Livre deste lugar, livre da porra do mundo doente lá fora, livre dos meus pensamentos vingativos. E mais importante ainda, posso me livrar daquela noite que sempre me assombra. Eu olho para as minhas memórias com um descontentamento silencioso. Eu nunca tive um momento realmente difícil lá. No começo, admito que sim. Eu era novo e precisava encontrar meu caminho, mas depois que me estabeleci como alguém que não tolerava nenhuma merda, fiquei bem. Eu tive que enfrentar o líder, Tony, e o derrotei. Precisei planejar muito para fazer isso direito. Também demorei muito tempo para entrar em forma. Tive que ser paciente, afinal de contas, eu não iria a lugar nenhum durante um ano inteiro. Então, por que a pressa? — Desculpe, garoto. Você deve estar aqui por algum motivo. Todos nós sabemos que você fez isso, mas você tem sorte de não haver nenhuma prova contra você. Sim, fiz tudo certo e faria de novo. Eu não me importaria se tivesse sido preso pelo que realmente fiz. Eu sou um assassino, mas não me arrependo de nada. Todos eles mereciam. Cada filho da puta doente, anormal e mau mereceu aquilo. Eu faria tudo de novo, se fosse preciso. É a única coisa na minha vida da qual realmente não me arrependo. Eu prossigo, e posso ver as luzes à distância chegando cada vez mais perto. Eu sorrio ao ver a figura que está entrando em meu campo de visão. Ele está lá esperando por mim como eu sabia que ele estaria. — Por que demorou tanto? Eu sorrio. — Ela demorou um pouco para se excitar. Eeu tive que ser gentil com ela. Jace sorri, balançando a cabeça. — Cara, o que diabos você está fazendo com aquela garota? E por que ela está deixando você fazer? Ele me ajuda a puxar o barco em direção ao cais e eu lhe entrego a escada antes de subir. — O que posso fazer? Ela não consegue resistir ao meu charme. Caminhamos ao longo do cais e chegamos ao barco de onde “peguei emprestada” a escada. Eu a coloco de volta como se eu nunca a tivesse pegado e ando ao lado de Jace até o carro. — Então, quando você vai dar o bote? — Dar o bote? — pergunto, levantando uma sobrancelha. — Sim — diz ele agitando os braços —, é disso que se trata, não é? — Bem, sim, mas não é algo que possa fazer com um estalar de dedos. Eu preciso de tempo para deixá-la entrar. Ele me estuda por um momento. — Você gosta dela, não? Porra, ele também! Já não basta Charlotte vindo com essa merda. — Estou apenas fazendo o que é preciso e nada mais. Eu praguejo baixinho e abro a porta do carro alugado com um pouco mais de força do que o necessário. Não preciso que as pessoas questionem meus sentimentos ou meus métodos. Quando eu bato a porta atrás de mim, Jace me encara por um momento com um sorriso estúpido em seu rosto. — Eu não culparia você, eu vi o que ela tem a oferecer e definitivamente eu daria um jeito nela. Você viu aqueles peitinhos? Porra, eles são fenomenais. E sem mencionar como ela... — Se você disser mais uma palavra, juro por Deus, vou estripar você. Você está me ouvindo, cacete? Ele sorri novamente como se tivesse conseguido o que queria e liga o carro. — Sim, eu ouvi você. — Ele puxa um baseado do bolso. — Quer fumar? Pego o baseado, abro minha janela e o jogo para fora. — Ei, que merda foi essa? — Eu tenho planejado essa merda por muito tempo. Eu não voltar para a cadeia, Jace. Esse passado está muito longe de mim. Não posso ser pego pela polícia fumando maconha. Seria o mínimo que eles precisariam para me colocarem lá dentro. Não traga essa merda com você da próxima vez, está me ouvindo? Ele levanta uma das mãos em sinal de rendição. — Ok, ok, eu ouvi você. Eu particularmente não quero voltar para lá também. Só pensei que você gostaria de relaxar um pouco depois de... bem... você sabe. Ele sorri novamente. Posso dizer que ele está gostando muito do que estou fazendo. — O único relaxamento de que preciso é um banho rápido e, depois, cama. Ainda posso sentir o cheiro dela em mim, e não importa o quanto eu ame isso, preciso me lavar. É a sensação de saber o quanto eu amo isso que está me afetando. Eu preciso me concentrar, mas não vou conseguir se ela constantemente invadir minha vida. Fecho meus olhos, lembrando-me de como sua pele era macia sob meu toque, o quão rápido os sons que ela fazia penetraram profundamente na minha virilha, quão intenso era aquele sentimento, e o quanto eu amei o gosto dela. Eu poderia prová-la o dia todo. — Você parece cansado, cara. Não acha que talvez você esteja se esforçando demais? Abro meus olhos e sorrio para ele. — Você está preocupado comigo? Passar um tempo no reformatório fez você virar mariquinha? Eu o provoco porque sei que sempre funciona. — Cale a boca! — ele se irrita. — O único pau que eu terei é o meu próprio enterrado dentro de muita boceta. — Você é nojento pra caralho, sabia? Jace bufa. — Falou o cara dos preceitos morais. Eu balanço minha cabeça, mas não digo nada. Em vez disso, olho pela janela e vejo um minúsculo brilho do crepúsculo sobre nós. Logo vai amanhecer e eu preciso estar de volta ao hotel antes que fique muito claro. Estou desesperado por aquele banho agora que o cheiro dela está invadindo meus sentidos. Não me atrevo a respirar fundo demais, com medo de que o cheiro dela me domine. Eu tenho que voltar, para que eu possa me lavar e me curar dela, tirá-la do meu sistema. Afinal, ela voltará para casa amanhã e eu preciso me concentrar para ter certeza de que ela voltará em segurança... Pois sou, apesar de tudo, um cavalheiro. Capítulo 17 Acordei esta manhã me perguntando se a noite anterior tinha sido um sonho. A única prova de que ele esteve aqui foi a umidade que eu ainda tinha entre minhas coxas e minhas roupas espalhadas pelo chão. Sorri quando me lembrei dele me tocando em lugares onde eu nunca tinha sido tocada, levando-me a novos níveis do paraíso que eu nunca soube que existiam. Ontem foi o primeiro dia de minha feminilidade. Como é mesmo o ditado? Deixar de lado aquilo que é infantil? Essa sou eu agora. Ontem à noite, eu estava crescendo e me tornando uma mulher por direito próprio. — Eu estou falando que parece que ela foi fodida noite passada. Olha para ela. Suas bochechas estão coradas e há aquele sorriso bobo em seu rosto. Max, você teve alguma coisa a ver com isso? Eu sacudo minha cabeça para Jerry com nojo. Que maneira de arruinar meu humor. Eu estava muito feliz sentada no convés enquanto navegávamos para casa, com o vento soprando em meus cabelos e o sol alto no céu. Foi mais um lindo dia. Bem, até Jerry entrar na minha pequena celebração de agradecimento. — Por que você não vai se foder? — Max diz com raiva na direção de Jerry. Jerry levanta as mãos. — Sem treta. Eu estava apenas apontando o fato de que ela parece feliz. Ele sorri para mim, e eu o olho com uma careta. — Bem, ela está feliz porque teve um aniversário perfeitamente maravilhoso ontem. Por que não pode ser apenas isso, hein? Reviro os olhos para Jerry e, com o canto do olho, Christine chega mais perto de mim. — Você está um pouco diferente esta manhã — ela observa. — Eu acho que deve ser toda essa brisa do mar. Talvez eu tenha nascido para isso. Sorrio brilhantemente, tentando aliviar um pouco o clima. Eu sei por que estou me sentindo particularmente animada esta manhã, mas certamente não vou divulgar essa informação a ninguém aqui. — A formatura e o baile de máscaras são os próximos. Espero que seja melhor do que o baile de formatura — Amy diz. O baile foi na semana passada e, aparentemente, foi um fracasso porque o DJ não apareceu. A escola teve que improvisar com os discos que tinham no depósito, que consistiam apenas em músicas dos anos 1950 e 1960. Eu consegui sair dessa fingindo estar com o estômago embrulhado e me sinto bem por ter feito isso. Desse baile, no entanto, eu sei que não vou conseguir escapar porque Christine não vai deixar. Assim que penso isso, Christine, como se fosse uma deixa, suspira. — Oh, mal posso esperar por isso! Esperei anos por este momento e está quase chegando. — Quem é o seu par? — Amy pergunta na direção de Christine. Christine sorri na direção de Tyler. Ele sorri de volta. Obviamente, perdi algo ontem à noite. — Tyler me convidou ontem, então, vou com ele. Amy se vira para mim. — E você? Max a convidou? De todas as coisas para perguntar, ela poderia simplesmente ter feito a primeira pergunta sem incluir Max. Não tínhamos conversado sobre o baile ainda. Eu olho desconfortavelmente para Max, e ele olha tão desconfortavelmente para trás. Christine está apenas teclando algo em seu celular. Ela está tão absorta que nem olha para cima. — Max e eu não discutimos isso. As bochechas de Amy ficam vermelhas de vergonha. Ambas ficamos. — Eita, desculpe. O silêncio cai quando todos começam a se sentir desconfortáveis, isso até Max pedir a Jerry para assumir o leme antes de se sentar ao meu lado. — Você está bem? Eu aceno com minha cabeça. — Ouça, eu sei que você não quer me namorar, mas acho que sou perfeitamente capaz de levá-la ao baile sem que isso signifique nada além de amizade. Eu considero você uma das minhas melhores amigas e não há mais ninguém que eu queira levar. Neste momento, eu realmente gostaria de ser atraída por Max. Ele é o cara ideal com perspectivas ideais, aparência ideal e uma personalidade ideal. O motivo de eu não sentir atração está além de mim. Também está além de mim como esse estranho, do qual nada sei, pode ter o efeito totalmente oposto ao que Max tem em mim. Minha pele aquece e meu corpo zumbe sempre que ele está comigo. É apenas algoque está além da explicação. Pego sua mão e, com um sorriso, digo: — Não há mais ninguém que eu queira que me leve. Ele sorri de volta para mim, fazendo-me morder o lábio. Max percebe, é claro, e momentaneamente olha para os meus lábios. Depois de alguns segundos, ele se mexe na cadeira, solta minha mão e limpa a garganta. — Bem, está resolvido então. Pego você às oito. Ele se levanta, pisca para mim e pega o leme do barco novamente, para grande irritação de Jerry. Ele estava obviamente gostando daqueles poucos momentos como capitão. — Eu posso ver a costa! Amy grita e, de repente, uma pontada de tristeza flui sobre mim. Assim que desembarcarmos, a magia dos últimos dias será apenas uma lembrança. Neste momento, ainda estou vivendo isso. Em alguns minutos, porém, será apenas algo para se olhar para trás. Caramba, Christine realmente me afetou com sua filosofia de “as coisas nunca mais serão as mesmas”. Tenho apenas dezoito anos e já estou preocupada com a vida passando por mim. Eu começo a rir. — O que é tão engraçado? — Christine pergunta, desviando sua atenção de seu celular. — Eu estava pensando sobre o que você disse ontem à noite sobre momentos como este. — Cara, não comece com essa merda deprimente de novo — Max dispara. Eu começo a rir mais alto. — Não vou. Eu estava apenas fazendo uma observação sobre isso na minha cabeça, e achei engraçado como eu acabei de fazer dezoito anos e já estou me preocupando com meu futuro. Isso me fez rir. Christine aponta seu celular para mim. — Você sabe uma coisa que é inevitável? Algumas pessoas encolhem os ombros, mas ninguém diz nada. — Todos nós vamos morrer. Isso é uma coisa que não podemos mudar. — Christine, pelo amor de Deus! — Max resmunga. Christine encolhe os ombros e pisca para mim. — Só estou dizendo. E eu sei que ela está apenas tentando irritar Max. Ela sabe que ele fica agitado quando alguém menciona nossa mortalidade, então, ela está usando isso a todo custo. Eu balanço minha cabeça para ela, mas ela me dá aquele sorriso malandro. — Quero agradecer a todos por este fim de semana. Foi incrível. Jerry salta em minha direção, colocando um braço em volta do meu ombro. — Qualquer coisa por você, cara de peixe. Sempre posso tornar isso mais memorável. Suas sobrancelhas começam a subir e descer, então, eu o cutuco nas costelas. — Ai! Por que fez isso? — Você... sendo um babaca. Jerry começa a rir como se fosse a coisa mais engraçada que ele já ouviu. — O que é tão engraçado? — Você está dizendo a palavra “babaca”. Fica engraçado saindo dessa sua boca virtuosa. Eu rolo meus olhos para ele, mas rio por dentro ao saber que eu não sou tão inocente quanto todos pensam que sou. Acho que todos eles teriam um ataque se soubessem que eu estava deixando um homem sem rosto fazer todas as coisas que eu o deixei fazer. Eu penso nisso um pouco. Como eu explicaria para alguém que esse estranho é a única pessoa que ateia fogo no meu coração? Eu faço as coisas que ele pede porque quero fazer. Eu quero mais do que qualquer outra coisa no mundo. Quando estou com ele, nada mais parece importar. Claro, eu obviamente me questiono às vezes, mas como posso questionar algo que me faz sentir tão especial, tão viva? Isso por si só soa como loucura, mas não é nada louco para mim. Ele me deixa dar as cartas, ele diz. Ele me diz que tudo que tenho a fazer é dizer a ele para me deixar e ele o fará, e eu realmente acredito que ele iria embora se eu pedisse. Eu só não quero que ele faça. Quando chegamos à costa, minha mente corre mais uma vez com o pensamento nele. Será que ele está me observando agora que meus pés tocaram o chão? Às vezes, tenho a sensação de que ele está lá. Eu não sei o que é. Talvez sejam meus braços arrepiados ou a necessidade de continuar virando minha cabeça para algo desconhecido que me faz acreditar nisso, porém eu nunca estou com medo. Como agora, sinto-me em paz. Sinto-me segura e não tenho motivo para isso. Capítulo 18 Jarrod Walker Eu vejo enquanto todos eles descem do barco, mas meus olhos estão focados em apenas uma pessoa. Hoje, ela está vestindo short jeans, chinelos e uma blusa vermelha, que combina maravilhosamente com aquele cabelo castanho luminoso. Eu a observo enquanto Max oferece sua mão, e ela dá um passo através da soleira. Ele a puxa com força, e ela voa em seus braços, rindo. Ela acha que é tudo uma piada, mas eu sei o que Max está fazendo. Ele é estratégico no trato com ela. Eu o observo tanto quanto a ela, e conheço seus truques agora. Não deveria me incomodar, mas incomoda. Por um tempo, eu me castiguei por ter socado Max. Nada sobre ele querê-la deveria me irritar, mas irrita. É em momentos como esse quando vejo a maneira como ele a toca e olha para ela que por dentro sei que fiz a coisa certa ao dar a ele aquele gancho de esquerda. Somente mais tarde, quando estiver sentado em casa pensando em Charlotte, irei questionar meus motivos com ela. Eu tenho um plano e também sei quando irei executá-lo. É só uma questão de atacar no momento certo. Enquanto estou sentado no carro, noto a maneira como ela coloca seus cabelos atrás das orelhas. É um gesto tímido e parece desconfortável. Isso me faz sorrir por dentro: saber que um cara que ela conhece há anos a faz se sentir assim, mas sou eu quem a faz se sentir viva. Com esse último pensamento, meu pau fica rígido. Eu ainda posso sentir seu cheiro e gosto, sua inocência delicada e doce na minha língua. Uma parte de mim deseja devorá-la, mas outra parte deseja saboreá-la. Não importa o que aconteça, eu tenho que ir devagar com ela. Não posso deixá-la sentir aquele desconforto que obviamente sente perto de Max. Isso quebraria nosso encanto e arruinaria todos esses meses de planejamento. Por mais que eu adoraria afundar meu pau nela, tenho que permanecer calmo e distante. Não posso me deixar ser influenciado pela maneira como ela me faz sentir quando acaricio sua pele macia ou a forma como seus gemidos suaves soam como a melodia mais doce aos meus ouvidos. Ela foi feita para somente um propósito. Vingança. Enquanto eu os vejo entrar em seus carros, eu ligo o meu e aperto o botão para ligar para Jace. Como de costume, ele atende após um toque. — Jace, eu sei o que fazer e quando fazer. Estarei lá para falar com você em dez minutos. — Seja o que for, estou aqui para ajudá-lo. — Obrigado — respondo antes de desligar. Que os jogos comecem. Capítulo 19 — Você se divertiu? Minha cabeça vira para minha mãe e eu sorrio. Ela parece radiante hoje. — Sim, obrigada. O irmão de Max tem um barco muito bom. Meu pai realmente deve tê-lo ajudado. Como foi o seu final de semana? Ela se senta à ilha do café da manhã e me observa comer sua sopa especial de cenoura. Tudo o que ela faz é especial para mim. — Foi bom. Seu pai e eu fomos a um leilão de caridade no sábado. Mais de um milhão de dólares foram arrecadados para as crianças. — Isso é ótimo! — sorrio. — Isso deve ter sido muito gratificante. Minha mãe e meu pai estão sempre indo a eventos e ajudando a arrecadar dinheiro para instituições de caridade. Ambos são muito proativos. — Sempre é, e quando vejo a utilidade que eles têm para o dinheiro, fico com o coração inflado. Eu vivo para ajudar os outros. Eu sei que isso soa um pouco irônico, considerando meu tipo de trabalho. Eu franzo a testa. — De que maneira? — Eu ajudo as pessoas a parecerem mais bonitas e mais jovens. Meu trabalho é um pouco superficial e narcisista. Eu paro com a colher pairando na minha boca enquanto penso o quão errada ela realmente está. — Eu não diria isso. Sim, você ajuda as pessoas nesse aspecto, mas veja o caso de William Pink. Você participou da reconstrução do rosto dele depois daquele incêndio horrível em sua casa, alguns anos atrás. Ele e seus pais só tinham elogios para você depois do que você fez. Os pais dele até disseram que você ajudou a tirar anos da terapia ajudando-os a recuperar o filho. Isso tem que contar para alguma coisa. Ela sorri suavemente para mim. — Você está certa, éclaro. Às vezes me pergunto se estou no trabalho certo. — Alguém questionou seu caminho na vida? Ela balança a cabeça. — Não, mas me pergunto se as pessoas pensam que sou uma hipócrita. Eu suspiro. — De forma alguma. Ninguém poderia pensar isso. Você é a pessoa mais gentil que conheço. Além disso, você é uma ótima mãe. Eu tenho muita sorte por ter você. Ela toca meu braço. — Sou eu quem tem sorte de ter você e Elle. Eu criei vocês duas muito bem. Estou tão orgulhosa de você. Eu vejo uma sugestão de lágrimas em seus olhos, então, largo minha colher e me levanto para dar um abraço nela. — Você e meu pai jamais precisam questionar suas habilidades como pais, ou como qualquer outra coisa. Nunca duvidem de si mesmos. Ela se afasta e me dá um sorriso suave. — Obrigada. Assinto e me sento. Minha mãe, então, limpa a garganta. — Então, conte-me tudo sobre o seu aniversário. Eu conto a ela sobre tudo, exceto sobre meu visitante noturno, obviamente. Ainda me questiono em algum nível se isso foi ou não um sonho. Não tive notícias dele desde então e, de certa forma, estou desapontada. Ele me deu um orgasmo fascinante e depois se levantou e saiu sem dizer uma palavra. Esse foi o fim? Eu não queria que fosse. Eu sinto que apenas começamos. — Você já fez seu discurso? — minha mãe pergunta, colocando os pratos na máquina de lavar. Eu gemo. A formatura é em algumas semanas e, de alguma forma, acabei sendo a primeira da classe. Como tal, a responsabilidade de fazer o discurso de formatura recai sobre mim. Ainda não consigo acreditar que sou a oradora da turma! Tenho me estressado tanto com o meu SAT que não percebi o quão bem eu estava realmente indo. Sempre tirei boas notas, mas isso foi uma verdadeira surpresa. Definitivamente, é algo que posso colocar no meu currículo. — Eu nem comecei ainda. Vou escrevê-lo depois do almoço. Tomo outra colherada de sopa e, de repente, eu me pergunto sobre meu pai. — Quando meu pai vai voltar? — Eu acho que só tarde da noite. Ele disse algo sobre uma reunião no trabalho e ter que cortejar alguns novos investidores. Ela se vira brevemente e sorri para mim, mas eu juro que posso ver uma pitada de tristeza ali. Eu me pergunto o que poderia estar causando isso, mas rapidamente descarto como paranoia. — Ok — respondo, terminando a última colherada e me levantando. — Aqui — minha mãe diz, estendendo a mão para pegar minha tigela. — Vá para cima começar seu discurso. Eu lido com isso. — Obrigada. Giro nos meus calcanhares e caminho em direção às escadas. Não sei por que, mas tenho uma sensação desagradável na boca do estômago. Não tenho ideia do que seja, mas quanto mais tento afastá-la, mais ela sobe pela minha espinha e se firma profundamente dentro de mim. Talvez sejam apenas hormônios adolescentes. Li em algum lugar que isso pode causar alterações no humor em pessoas da minha idade. Talvez seja normal se sentir assim. Seja o que for, continuo a afastá-la e, em vez disso, apenas pego meu bloco de notas e lápis. Deito-me de bruços por um tempo com as pernas para cima e o lápis entre os lábios enquanto penso no que dizer. Minha mente está em branco. Sem pensar, pego meu celular e acendo a tela. Mais uma vez, estou desapontada por ele não ter me enviado uma mensagem de texto. Uma parte de mim quer mandar uma mensagem para ele primeiro, mas penso que isso pode parecer desesperado. Afinal, ele está me perseguindo. Talvez eu deva continuar com essa tendência. Eu debato isso por um tempo e decido no final colocar meu celular de lado. Não consigo me concentrar no discurso se minha mente estiver em outro lugar. Mas, quando coloco o celular para baixo, ele de repente apita. Com meu coração acelerado, eu me levanto da cama e acendo a tela novamente. Seu nome pisca me fazendo sorrir. J: Você está pensando em mim? Eu mordo meu lábio, tentando suprimir o sorriso bobo no meu rosto. Mas não adianta. Estou tão feliz que ele tenha me enviado uma mensagem. Eu: Você gostaria de saber? J: É por isso que estou perguntando. Você ainda está molhada? Um estremecimento involuntário reverbera por todo o meu corpo. A noite passada não foi apenas um sonho. Foi tudo real... e eu queria muito mais. Eu: Apesar de ter estado no mar, fiquei bem seca. J: Não é isso que quero dizer e você sabe disso. Você realmente está sendo tímida comigo, mocinha. Eu rio com sua escolha de palavras, mas não posso evitar a atração que sinto por ele. Eu respondo. Eu: Eu quero mais. Escrevi e enviei aquela mensagem de texto sem pensar. Meus dedos pareciam agir no piloto automático. Resta ver se um dia vou me arrepender de ter enviado essas palavras, mas agora, só quero viver o momento. Eu quero cada experiência que ele tem a oferecer. J: Então eu darei. Eu: Quando? J: Tão impaciente, minha linda Lily. 20 de maio. Eu fico olhando fixamente para a tela por um tempo. 20 de maio é nosso baile de máscaras. Ele está planejando me dar o que desejo, então? Por um lado, estou com medo, mas por outro, esse encontro parece muito distante. Faltam menos de duas semanas, mas não posso deixar de querer isso agora. Eu: Ok. Ficarei esperando. J: Ótimo. Eu serei o único usando uma máscara. Eu sorrio com isso. Todo mundo usará uma máscara naquela noite. Eu: Todos estarão usando máscara. Como vou saber quem é você? J: Você saberá. Ah, acho que definitivamente irei nesse evento. Capítulo 20 Chegou o dia. Mal posso acreditar. Finalmente estou me formando e me tornando uma verdadeira adulta. Quando fiz dezoito anos, senti que as coisas estavam passando rápido, mas agora que estou aqui, com os trajes de formatura, aceitando meu diploma da Sra. Wisener, não posso deixar de pensar que tudo está passando muito rápido. Eu esperei anos por este exato momento. Cada adolescente se prepara para este dia, e eu não sou diferente. Mas, estando aqui agora, sinto-me preparada. Enquanto pego o diploma dela com uma mão e aperto a mão dela com a outra, eu me viro e sorrio para tirar uma foto olhando brevemente para meus pais e irmã. Eles estão sentados um ao lado do outro de mãos dadas, parecendo uma família orgulhosa. Eu não posso deixar de sentir o quanto sou sortuda neste momento. Estou morrendo de medo, mas tenho sorte. — Você fará muita falta, Lily. Ficamos honrados em tê-la como aluna. Desejo a você todo o sucesso do mundo. Eu sorrio de volta para a Sra. Wisener. — Obrigada. Definitivamente foi uma boa experiência. Ela acena com a cabeça com um sorriso, e eu tomo isso como minha deixa para seguir em frente. Eu me afasto diligentemente enquanto todos batem palmas e tomo meu lugar na frente ao lado de Christine. Ela está praticamente gritando de empolgação. — Você está pronta para fazer seu discurso? Eu balanço minha cabeça enquanto minhas mãos começam a se fechar. Eu normalmente não tenho medo do palco, mas por algum motivo, a importância deste dia me deixa confusa. — Você vai se sair bem — diz Christine suavemente enquanto aperta minha mão. — Obrigada. Eu aperto sua mão de volta e volto minha atenção para assistir o resto dos alunos pegando seus diplomas. Um por um, eles sobem e apertam a mão da Sra. Wisener e têm suas fotos tiradas, e a cada flash, minhas mãos ficam mais úmidas. Quando o último aluno aceita seu diploma, a Sra. Wisener caminha em direção ao microfone e sorri. — A cada ano que passa, sempre acho que vai ficar mais fácil dizer adeus, e esta é minha vigésima formatura... — Todos aplaudem, interrompendo-a por alguns segundos. Ela sorri. — Obrigada. — Ela limpa a garganta. — A cada ano que passa, fica cada vez mais difícil. Aprendi a gostar de muitos alunos desta escola, e é difícil deixá-los ir — ela sorri e dá um pequeno suspiro. — Mas a vida continua. Os alunos vêm e vão, e tenho muito orgulho e alegria em vê-los florescer no grande mundo lá fora. Alguns são advogados, outros estão ocupados como garçonetes, mas não importa o que aconteça, cada um deles deixa um legado. Desejo a cada um de vocês sucesso em todos os seus empreendimentos. Tudo que peço é que não se esqueçam demim. Todos riem enquanto ela sorri. — Tenho certeza de que muitos de vocês mal podem esperar para fugir e comemorar sua formatura e liberdade recém-descoberta ao deixarem esta escola, então não vou segurá-los por mais tempo. Como vocês sabem, é privilégio e dever do orador da turma dizer algumas palavras. Ela olha para mim e meu coração começa a bater forte. — Lily Campbell, por favor, suba ao palco para apresentar o discurso de formatura da Classe de 2016. Todos aplaudem, mas tudo que posso ouvir é meu coração batendo forte. Eu me levanto da cadeira e Christine me para. — Arrasa, Lily. Ela pisca para mim e eu me acalmo um pouco. Graças aos céus pelos melhores amigos! — Obrigada — digo enquanto pego meu discurso e caminho em direção ao microfone. Agradeço a Sra. Wisener e volto minha atenção para a multidão que me espera. — Quando eu era pequena, costumava olhar pela janela e visualizar o topo da montanha. Lembro-me de pensar como era grande e às vezes até como parecia assustadora. Mas, sempre esteve lá, e passou muito tempo até eu chegar a este mundo. Ela já estava lá antes de qualquer um de nós aqui. Eu sorrio enquanto penso sobre minhas memórias de infância. — Se eu a observasse por tempo suficiente, porém, começaria a imaginar como seria viver no topo daquela montanha. Eu esperava que, um dia, eu tivesse um castelo lá em cima para poder olhar para baixo em vez de para cima. Esse pensamento sempre fez meu medo da enorme montanha desaparecer. Fiquei encantada com a ideia de um dia ver como tudo era pequeno abaixo de mim, em vez de apenas ver a grande e imponente rocha que via diante de mim quando criança. A propósito, ela ainda está lá. Eu sorrio de novo enquanto risadas são ouvidas por todo o lugar. — Eu costumava dizer ao meu pai que sonhava em um dia morar lá, para poder ser grande... Acho que as meninas realmente têm imaginação fértil. Mais risadas são ouvidas, então espero um pouco até que todos fiquem quietos. — Meu pai sempre me respondia a mesma coisa. Ele dizia “Lily, um sonho sempre permanecerá um sonho, a menos que você o torne realidade”. Eu olho para meu pai, e ele está sorrindo com orgulho para mim. Eu sorrio de volta, mas olho para longe antes que meus olhos comecem a lacrimejar. – Todos aqueles anos, eu nunca pensei muito nessas palavras. Acho que nenhuma menina ou menino teria feito isso. Foi só quando fiquei mais velha que comecei a perceber o quanto essas palavras realmente significavam. Todos nós temos sonhos. Todos nós temos objetivos na vida. Depende de nós realizar esses sonhos e objetivos. Meu pai estava sempre pressionando eu e minha irmã a acreditar que poderíamos sonhar alto. Ele nos dizia “Se alguma vez na vida você quiser que algo seja feito, só há uma pessoa que pode fazer isso por você”. Foi essa filosofia que ajudou a me tornar a mulher que sou hoje. Eu ainda sonho e ainda olho por aquela janela para o topo da montanha. Hoje, no entanto, não tenho os mesmos pensamentos que costumava ter quando era pequena. Agora, quando eu olho para o topo da montanha, eu não apenas espero ou sonho, acredito que um dia poderei viver lá em cima e olhar para baixo em vez de para cima. Todos nós podemos ascender ao topo de cada uma de nossas montanhas individuais e atingir nossos objetivos. Basta trabalhar duro e ter fé em nós mesmos. Eu olho em volta para todos os alunos na sala e sorrio. — Todos nós entramos nesta escola quando crianças, com livros nas mãos e sonhos no coração. Não somos mais crianças. Agora, estamos deixando para trás aqueles livros que nos ajudaram a estar onde estamos hoje. Juntos, com nossos sonhos, podemos ir em direção a qualquer realidade que desejarmos. Sairemos daqui hoje, e levaremos conosco memórias que vão durar a vida toda e amigos que sempre teremos em nossos corações. Obrigada, Turma de 2016. Conseguimos! Chapéus voam e a multidão aplaude enquanto a Sra. Wisener me puxa para um abraço. Ela tem lágrimas nos olhos, então eu sei que fiz um bom trabalho. — Lindo. Simplesmente lindo, Lily. Eu sorrio de volta para ela. — Obrigada, Sra. Wisener. Eu sei que estava um pouco apreensiva, mas tudo isso desapareceu agora, e estou tão orgulhosa de ter feito isso. Saio correndo do palco e Christine, Max e os outros estão esperando por mim. — Aquilo foi incrível! — grita Christine. — Você arrasou! — Obrigada. — Sim, isso não foi tão ruim, lambedora de sapo. — Eu franzo a testa para Jerry. — Você realmente não pode fazer melhor do que isso? Ele encolhe os ombros. — É a formatura. Estou pegando leve com você. – Hum, obrigada... eu acho. — Eu não posso acreditar que o baile é hoje à noite. Finalmente, chegou o dia! Christine está realmente muito animada com isso. Na verdade, sua alegria é bastante contagiosa. Borboletas começam a se misturar em meu estômago, e não tenho certeza se é esse pensamento ou o pensamento de que meu perseguidor virá. Eu não o vi desde meu aniversário e estou com saudades. Trocamos mensagens de texto aqui e ali, mas não foi o suficiente para matar minha sede. Ele sabe que eu quero mais, então, acho que ele está deliberadamente se afastando para prolongar a agonia. Não tenho dúvidas de que ele gosta de brincar com a minha cabeça e faz isso perfeitamente bem. Isso me faz pensar se ele teve algum tipo de treinamento para foder com a mente das pessoas. O que quer que ele esteja fazendo, está funcionando, e eu sei que até o final desta noite, vou pedir a ele para ser o meu primeiro. Por algum motivo, ele é o único em quem confio para aceitá-lo. — Lily, minha preciosa menina, venha aqui. Minha mãe estende os braços para mim. Ela está chorando. Eu odeio vê-la chorar, não importam as circunstâncias. Eu vou para seus braços e sinto outra mão em meu ombro. Eu olho para o rosto sorridente do meu pai. — Eu nunca soube que tinha uma filha que sabia escrever discursos. Minha mãe se afasta, dando um tapa de brincadeira nele. — Oh, Jack, pare de provocar. Foi bonito. Meu pai sorri para mim. —– Certamente foi. Estou orgulhoso de você, querida. — Ele me puxa para seus braços e quase vacilo. Eu posso sentir as lágrimas transbordando. — Não acredito que você se lembrou desse ditado. Eu me afasto e sorrio para ele. — Isso meio que ficou comigo, pai. Ele gentilmente puxa meu ombro. — Percebi. — Então, vamos para o Guy's? Temos reservas para a uma, e é quase isso agora. Eu me viro para minha mãe e aceno com a cabeça. — Deixe-me dizer adeus aos meus amigos primeiro. Ela dá um tapinha no meu ombro. — Claro. Eu me despeço de todos e digo que encontrarei todos mais tarde para o baile. Christine praticamente foge com Max e os outros. Ela age como uma criança às vezes, mas sempre me faz sorrir. Chegamos ao Guy's logo após a uma, mas felizmente eles seguraram nossa mesa. Está lotado, e em parte por causa da formatura, mas em parte porque este restaurante faz os melhores bifes grelhados de toda a América. Minha boca está praticamente salivando quando nos sentamos para fazer o pedido. Enquanto esperamos por nossos bifes, meu celular apita e eu me esforço para tirá-lo da minha bolsa. É de J. J: Parabéns, Lily. Estou ansioso para esta noite. Eu sorrio e quase coloco meu celular de lado quando o som me alerta para outra mensagem. J: Ótimo discurso, por falar nisso. Meu coração acelera, mas eu realmente não deveria estar mais surpresa no que diz respeito a ele. Ele está me observando há meses, então, por que não hoje também? Eu só queria saber onde ele está quando está fazendo isso. — De quem é isso? — Elle pergunta, colocando um pedaço de pão na boca. Eu pulo, sem querer, e isso faz erguer uma sobrancelha de Elle. — Oh, é apenas Christine me incomodando esta noite. Eu rio nervosamente porque sei que estou mentindo. Acho que Elle sabe que estou, mas ela não diz nada. Em vez disso, ela apenas me encara por um momento. — Ok, como quiser. Ela volta sua atenção para algo que papai disse, e me pergunto se devo responder imediatamente. Se eu fizer isso, posso receber mais perguntas que não estou preparada para responder.Relutantemente, coloco meu celular de lado e entro na conversa. Não importa o que aconteça, estarei com ele esta noite, então, responder a sua mensagem pode esperar por agora. O pensamento traz mais frio na minha barriga enquanto eu bebo minha Coca diet. Uma parte de mim está animada, mas outra parte está nervosa. Eu sei o que quero, e não há mais o que adiar. Ainda assim, isso não impede a ansiedade de não saber o que esperar que venha à tona. Vai doer? Disseram-me que sim, mas sei que um dia terei de sorrir e aguentar. Todas as meninas passaram pela mesma experiência, por que comigo deveria ser diferente? Às vezes, meus nervos me levam a questionar se eu quero isso ou não, mas sei no fundo que sim. Por alguma razão, eu quero desde o dia em que ele me tocou pela primeira vez. A resposta a essa pergunta sempre será a mesma para mim. Eu sorrio enquanto penso sobre o que esta noite trará. Não importa o que aconteça, eu sei que estou pronta. Esta noite é a noite… E eu simplesmente não posso esperar. Capítulo 21 As borboletas estão aumentando agora. Meu vestido está no meu corpo, e estou em pé na frente do espelho admirando como ele é elegante. Fiquei feliz por ter escolhido este vestido, e estou ainda mais feliz agora. Isso me faz pensar no dia em que o comprei. Lembro que foi um dia engraçado porque meu pai estava agindo de forma estranha e, em seguida, Christine mais ainda. Ela não mencionou aquele dia desde então, então eu nunca mais toquei no assunto. Se ela quiser conversar, ela sabe onde me encontrar. Enquanto estou aqui olhando para mim mesma, começo a me perguntar o que esta noite trará. Em apenas alguns dias, estarei de partida para Montana e não verei J por mais de um mês. Esse pensamento me causa uma dor que nem deveria estar lá. Eu não deveria querê-lo do jeito que eu quero. Eu ainda tenho brigas internas comigo mesma questionando minha sanidade. Sempre se resume a uma coisa e apenas uma coisa: eu o quero, e nada mais importa. — Uau, olhe só para você. Minha irmã está crescendo. Eu me viro e vejo Elle parada na porta com um grande sorriso no rosto. — Suponho que sim. Abrindo mais a porta, Elle entra e se senta na minha cama. — Seu discurso foi arrasador. Parabéns. Sinto minhas bochechas queimarem um pouco com o elogio. — Obrigada. Eu estava morrendo de medo de subir lá, mas estou feliz por ter feito isso agora. Ela me estuda por um momento, fazendo-me sentir constrangida. — Sabe, há algo diferente em você. Você parece meio... radiante. — Ela de repente engasga e se levanta. — Você não está grávida, está? Agora é minha vez de engasgar. — De jeito nenhum. Isso nem mesmo é possível, a menos que fosse uma concepção imaculada. Eu penso em J novamente e me pergunto se ele tem tanto poder. Eu realmente estou enlouquecendo. Ela visivelmente suspira e se senta novamente. — Graças a Deus por isso. Você sabe que perdi a minha muito jovem. Eu mal tinha completado dezoito anos. Não estou dizendo que me arrependo, mas queria ter feito as coisas de forma diferente. Bem, isso responde minha pergunta sobre seu ex. – Como você teria feito as coisas de forma diferente? Sento-me ao lado dela, na esperança de obter alguma sabedoria para esta noite. Elle olha para o nada por um momento antes de responder. — Acho que teria escutado um pouco mais as dúvidas em minha cabeça. Art colocou um pouco de pressão sobre mim, devo admitir. Não pensei muito sobre isso na hora porque, bem, pensei que estava apaixonada e Art, naturalmente, só queria que avançássemos para o próximo passo. Não estou dizendo que ele era ruim por querer isso de mim, só não percebi na época que duraríamos apenas mais seis meses ou mais antes de nos separarmos. Suponho que seja apenas uma daquelas coisas que tenho que olhar para trás como uma experiência de aprendizado. Eu simplesmente não posso evitar, mas me pergunto como as coisas teriam sido se eu tivesse dito não. Eu penso sobre o que ela está dizendo e a situação em que estou agora com J. Ele já me pressionou como Art fez com Elle? Não, ele não pressionou. Na verdade, sempre parece que eu estou colocando pressão sobre ele. J sempre diz que eu dou as ordens. Sou eu quem decide se ele deve ficar ou se deve ir. Ele prometeu que iria embora se eu pedisse e que nunca mais teria que vê-lo novamente. Esse último pensamento me faz estremecer e me assusta eu estar com medo de que ele me deixe. Eu não deveria querer algo que é francamente irreal. O que temos nunca vai durar, então, por que estou insistindo nisso? Por que sou eu que sempre pergunto coisas a ele, e não o contrário? Eu pego a mão dela. — Acho que se você pensar muito sobre algo que fez no passado, vai esquecer de viver o presente. Seus olhos se arregalam. — Uau, você realmente está ficando bastante poética na sua velhice. Começamos a rir juntas. — Acho que tenho meus momentos. Eu sei que você diz que não se arrepende de sua relação com Art, mas se você continuar pensando se estava certa ou errada em ter feito isso ou aquilo, então, você não acha que isso por si só é arrependimento? Se você não pode desfazer sua decisão, por que insistir nisso? A única coisa que você pode fazer agora é olhar para o futuro e espero que ele envolva Paul, porque acho que vocês dois ficam muito fofos juntos. Eu penso nas últimas semanas. Nossos pais descobriram que eles estavam juntos há algumas semanas. Eles estão tão felizes com o casal que meu pai até disse “Já era hora”, quando ela contou a eles. Elle disse que estava muito nervosa em revelar isso aos nossos pais, mas acho que eles puderam visualizar o casamento antes de Elle ou Paul. Elle ri. — Sim. Ele até disse que iria me seguir onde quer que eu fosse. Ele está procurando um emprego em contabilidade em Nova York agora. Meus olhos se arregalam. — Sério? Uau, isso é incrível, Elle! Vejo seu sorriso radiante e, neste momento, sei o quão feliz ela está. Isso faz meu coração inflar pela minha irmã mais velha. Eu aperto a mão dela. — Eu estou tão feliz por você. Ela olha nos meus olhos e posso ver a sugestão de lágrimas se formando. — Obrigada. Eu quero o mesmo para você também, Lily. Tenho certeza que um dia você vai conseguir o emprego dos sonhos e o cara dos sonhos. Eu sorrio, pensando em J novamente. Ele nunca está longe de meus pensamentos. Eu sei com certeza que se Elle e meus pais soubessem sobre esse bad boy tatuado que me corrompeu das formas mais positivamente perversas, eles não teriam a mesma reação que tiveram com Elle e Paul. Não tenho certeza se é apenas uma rebeldia adolescente ou uma paixão doentia da minha parte, mas simplesmente não consigo evitar. Decido rapidamente mudar de assunto para evitar que ela faça perguntas sobre minha vida amorosa em perspectiva. — Então, você ainda vai morar com seu amigo quando chegar em Nova York? Ela desvia o olhar, mordendo o lábio, então eu sei que há algo que ela não está me dizendo. Eu a cutuco. — Você está escondendo algo de mim. O que é? Ela olha na minha direção, e há culpa estampada em seu rosto. — Paul e eu estávamos discutindo nossa mudança para Nova York. Ele me pediu para deixar o destino decidir. Se ele conseguir uma oferta de trabalho nas próximas duas semanas, ele quer que moremos juntos. — Sério? Uau, Elle, isso é um grande passo! Ela acena em concordância. — Eu sei. — Ele não tem muito tempo. — Eu sei, mas ele me ligou mais cedo para me avisar que tem uma entrevista em três dias. Ele vai voar para lá amanhã para sentir o lugar antes de sua entrevista. Desvio o olhar por um momento, processando tudo. Tudo parece estar acontecendo tão rápido. Algumas semanas atrás, minha irmã estava mergulhada em seus estudos, não pensando em meninos ou mesmo na possibilidade de meninos. Agora, ela está indo para Nova York para seguir carreira com o que parece ser um namorado sério a reboque. — Não me transforme em tia cedo demais, Ok? Eu sorrio para ela de brincadeira e ela me cutuca. — Eu sei que parece rápido, mas sinto no meu coração que é a coisa certa a fazer. Paul e eu nosconhecemos há anos, então, por que não ver como vivemos juntos logo de cara? Namorar um ao outro e viver em lugares separados apenas atrasa o inevitável. Além disso, nós dois teremos bons empregos até lá... se ele conseguir este emprego, é claro. Estou com Paul nisso. Vamos deixar o destino decidir. Assinto. — Ok. Contanto que você esteja feliz com isso, eu estou com você cento e dez por cento. Ela sorri, e eu sei que ela está feliz antes mesmo de responder. — Eu estou — ela diz antes de voltar completamente sua atenção para mim. Chega de falar sobre mim. Esta é a sua noite. Você está deslumbrante. Quando Max virá buscá-la? Eu olho para o meu relógio e vejo que só tenho vinte minutos restantes. — Merda, ele estará aqui em breve. É melhor eu me preparar. Elle rapidamente se levanta. — Ok, vou deixar você se arrumar... a menos, é claro, que você precise de mim para alguma coisa. Eu balanço minha cabeça. — Não, mas obrigada. Eu só preciso de um retoque e pronto. — Ok. Vejo você lá embaixo em alguns minutos. Ela fecha a porta atrás dela, e eu me levanto para me inspecionar mais uma vez. Decidi colocar apenas um pouco de maquiagem leve hoje, já que meu rosto vai ficar coberto pela maior parte da noite. Eu não sou uma grande maquiadora mesmo; apliquei uma pitada de corretivo, rímel e um pouco de blush para avermelhar minhas bochechas, embora J faça isso comigo naturalmente. Enquanto respiro fundo para me aventurar a descer as escadas, meu celular toca. Eu corro e acendo minha tela. J: Você está magnífica. Minha cabeça se volta abruptamente para a janela. Com pressa, olho para fora e, a princípio, não há nada. Então, em um piscar de olhos, uma figura aparece atrás de uma árvore. Lá está ele, olhando para mim com uma máscara prateada no estilo veneziana. Ele está vestindo um terno preto para combinar com sua persona igualmente obscura. Ele parece sombrio, sexy e misterioso. Isso só me faz querer tirar suas camadas uma por uma até que ele esteja nu diante de mim. Meu Deus, ele superou minhas expectativas. Enquanto eu o encaro, ele me dá um pequeno aceno e meu coração bate de excitação. De repente, eu sei com certeza que quero que seja ele, e quero que seja esta noite. Não há hesitação, não há volta. Eu observo enquanto ele digita algo em seu celular, e fico enraizada no lugar, fascinada por cada movimento seu. Eu não tenho ideia de como ele realmente se parece, mas cada pedacinho dele grita: Olhe para mim! Abrace-me! Escute-me! Meu celular toca e ele levanta os olhos com expectativa. Estou relutante em mover minha cabeça porque estou tão paralisada por ele. No final, não posso deixar de me perguntar o que ele tem a dizer. Eu olho para baixo. J: Guarde uma dança para mim, linda. Eu sorrio com sua mensagem e olho para cima para vê-lo. Ele se foi, simplesmente desapareceu. Meu coração já dói por ele. Eu não tenho muito tempo para pensar nisso, já que um movimento com o canto do meu olho me alerta para o carro de Max descendo a rua. Eu inalo profundamente e recolho minhas coisas. Não sei por que estou tão nervosa. Eu acho que é porque isso parece um encontro, mas não é. Eu só espero que Max possa cumprir sua palavra e se comportar. Logo depois, ouço a buzina tocar, e tomo isso como minha deixa para descer. Meus pais estão reunidos com Elle e tenho um flashback de quando Elle teve seu baile. É como uma réplica, só que sou eu de pé aqui, sendo admirada, em vez de Elle. — Querida, você está incrível — meu pai diz enquanto desço as escadas. Minha mãe está apenas olhando com um olhar de admiração no rosto. A campainha toca e meu pai corre para atender. Minha mãe também sai correndo, mas não tenho tempo de seguir para onde ela foi, já que Max está parado na porta, olhando para mim com a boca praticamente boquiaberta. — Feche sua boca, filho, ou você vai engolir uma mosca. — Pai — reclamo, revirando os olhos de brincadeira para Max. Max apenas sorri. — Você está linda, Lily. Simplesmente deslumbrante. Ele me entrega uma única rosa vermelha. — Obrigada — digo, tirando-a de sua mão. Eu a pressiono contra o nariz, inalando seu frescor. É tão diferente do lírio em muitos aspectos, mas é igualmente bonita. Coloco-a no vaso em uma das estantes centrais e sorrio. — Fotos, fotos! — grita minha mãe, correndo em nossa direção. Max e eu ficamos juntos, e minha mãe fica louca tirando fotos uma após a outra. Assim que ela termina, nós entramos em ação. Logo pego meu celular tiramos selfies. Não me importo com tudo isso porque sei que vou olhar para trás neste dia e vou querer ver as fotos que capturaram todos esses momentos. Por um breve segundo, penso no que Christine disse no barco, mas decido não insistir nisso agora, pois sei o quanto isso irrita Max. Eu não posso deixar de rir com o pensamento, no entanto. — É melhor irmos — Max finalmente diz, quebrando nosso momento instantâneo. Eu aceno em concordância. — Ok. Vamos fazer isso. Eu sorrio para Max, e ele, por sua vez, oferece-me seu braço. Claro, ele está bonito esta noite em seu terno preto, mas ele não preenche o terno tão bem quanto J. Estamos indo para o carro e minha mãe de repente começa a gritar atrás de nós. — Esperem! Eu me viro e a vejo segurando minha máscara. — Você não pode esquecer isso. Eu pego dela e lhe dou um grande abraço. — O que seria de mim sem você? Obrigada, mãe. — De nada, querida — diz ela, afastando-se. — Ela olha para Max. — Você cuide bem dela esta noite, Max. Ela é preciosa para mim. Max sorri de volta. — Claro que sim, Sra. Campbell. — Quantas vezes eu tenho que dizer para você me chamar de Grace? — Ela rapidamente se vira para mim. — Pensei que depois de doze anos ele já teria aprendido. — Ela aperta meu braço. — Divirtam-se. Ela praticamente salta para longe, permitindo que Max e eu entremos no carro. Eu observo minha família enquanto eles me observam, e não posso deixar de me sentir um pouco como se estivesse em uma exposição. — Eu falei sério sobre como você está bonita. Eu me viro para ver Max sorrindo para mim antes de ligar o carro. — Obrigada. Você está bastante elegante. Eu escolhi “elegante” de propósito. Se eu disser “bonito”, ele pode pensar que estou me interessando por ele. É estranho ter que medir minhas palavras com Max de repente. Não costumava ser assim com ele. Ele liga o carro, e nós dois acenamos brevemente enquanto nos dirigimos para a escola. — O que seus pais acharam de você vir comigo ao baile? Eu estudo a expressão de Max. Parece que ele realmente quer que eu responda. — Eu acho que eles naturalmente presumiram que eu iria com você, de qualquer maneira. Nós nos conhecemos há muito tempo, e nenhum de nós tem parceiros reais para nos acompanhar. Parece que é assim que deveria ser. — Você sabe que eu gostaria de levar você, mesmo se eu tivesse namorada, certo? Eu franzo a testa um pouco. — Eu não esperava isso de você. Além disso, acho que sua namorada teria o direito de ficar chateada com isso. Ele começa a rir. — Estamos falando como se eu tivesse uma. Você ficaria? — O quê? — Chateada se o seu namorado levasse a amiga de longa data para um baile em vez de você? — Quando você coloca dessa forma, soa um pouco egoísta, mas devo admitir que mesmo se eu dissesse que estava tudo bem, não me sentiria assim. Eu ficaria ressentida imaginando quem estaria me levando quando deveria ter sido ele. Max acena com a cabeça, mas não tira os olhos da estrada. — O que é que costumam dizer? Amizade sempre em primeiro lugar. — Acho que essas circunstâncias são um pouco diferentes — interrompo. — Eu sou uma garota, então, esse ditado é realmente irrelevante. — É o mesmo conceito. Somos melhores amigos, Lily. Não deveríamos colocar um ao outro em primeiro lugar? Eu concordo. — Eu sei o que você quer dizer, mas eu entenderia se qualquer um de nós tivesse namorado ou namorada que ele ou ela teria o direito de ficar chateado se decidíssemos que iríamos juntos. Esses tipos de eventos são mais parecidos com encontros, então seria impróprio convidar sua melhor amiga em vezde sua namorada e o mesmo seria verdade para mim se eu tivesse um namorado. Max franze a testa. — Então, você não me colocaria em primeiro lugar se tivesse um namorado? Eu suspiro, ficando frustrada. Nós nem chegamos lá, e já posso sentir uma discussão começando. — Não é isso que estou dizendo. Você está colocando palavras na minha boca. Não temos nem outros parceiros com que nos preocupar, então, por que estamos discutindo? Eu vejo seus ombros tensos enquanto ele aperta o volante. — Não estamos discutindo. Eu só queria saber. Depois disso, nós dois ficamos em silêncio e fico aliviada. Eu quero ir para casa e a noite nem começou ainda. Não tenho certeza do que há de errado com Max. Quando ele me pegou, estava tudo bem, mas agora, há uma atmosfera estranha e eu odeio isso. Assim que chegamos ao estacionamento, Max sai sem dizer uma palavra. Ele abre minha porta e eu agradeço a ele. Pelo menos ele não perdeu seu cavalheirismo. — Lily! Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar. Eu me viro com um sorriso e vejo Christine caminhando em minha direção em seu vestido. Ela está ainda mais deslumbrante com ele agora. — Uau, olhe para você! Ela vem para um abraço e eu noto no canto do meu olho Max e Tyler batendo os punhos. — Temos sorte de ter mulheres tão bonitas em nossos braços esta noite. Tyler sorri e Christine revira os olhos para mim. Ela se inclina para sussurrar. — Ele está tentando entrar na minha calcinha. Eu começo a rir. — Está funcionando? – Isso, minha amiga, ainda vamos descobrir. – Estamos prontos para entrar agora? Eu me viro para Max e vejo sua impaciência. Talvez ele queira entrar para ter uma desculpa para fugir de mim. Eu não me importo se esse for o caso. Eu também estou sentindo necessidade de me distanciar. Um por um, todos nós entramos e tiramos nossas fotos. Tento o meu melhor para sorrir, mas uma parte de mim se ressente com Max por tornar esta noite mais difícil do que o necessário. — Quer uma bebida? — ele pergunta secamente. — Sim, por favor. Eu realmente não quero uma bebida, mas é uma desculpa para respirar um pouco. — Qual é o problema dele? Christine pergunta enquanto observamos Max e Tyler caminharem até a mesa de bebidas. — Tivemos uma pequena desavença no caminho para cá. Nada importante, mas estou um pouco chateada porque Max sempre quer colocar barreiras onde não deveriam. Eu realmente não sei o que deu nele ultimamente. Nós assistimos enquanto Tyler diz algo para Max e os dois riem. Pelo menos ele não está descontando nossa discussão em Tyler. — Aquele menino é apaixonado por você desde que você era pequena. Você não pode culpar o pobre rapaz. Ao mesmo tempo, porém, entendo que ele precisa recuar quando se trata de pensar que qualquer coisa além da amizade pode acontecer entre vocês dois. Eu olho para Christine em estado de choque. — Você está me dizendo que finalmente está aceitando isso agora? Eu sorrio para ela e ela me cutuca. — Eu vejo como você está ultimamente. Você está presa ao Sr. Misterioso. Falando nisso, você ouviu falar dele ultimamente? — Ainda enviamos mensagens um para o outro. Eu acredito que posso vê-lo esta noite. Ela engasga. — Quando? Não tenho como responder porque Tyler passa o braço em volta do ombro de Christine e lhe entrega uma bebida. — Nós demos uma batizada. Pego o meu de Max e dou uma cheirada. — Merda, o que há aqui? Whiskey caseiro? Tyler começa a rir. — Só um pouco de vodca russa. Eu escolhi porque os professores não serão capazes de sentir o cheiro em nossos hálitos. — Ele abre o bolso levemente e revela uma garrafa. — Eu tenho as outras coisas fedorentas para depois. — Ele pisca, tocando o nariz. Eu apenas balanço minha cabeça para ele com um sorriso divertido. Eu vejo quando Max toma um grande gole. Ele praticamente já engoliu tudo. — Calma, Max. E o seu carro? Ele mexe o dedo para mim como uma criança. — Oh, não se preocupe com isso, querida Lily. Posso pegar um táxi de volta. É nosso último baile da escola. Eu nunca vou viver outro igual. — Ele está certo — grita Tyler contra a música Stitches, de Shawn Mendes. — Nós só vivemos uma vez. — Estou apenas retirando uma página do livro de Christine. Todos nós vamos morrer um dia, certo? Max olha de Christine para mim, levantando uma sobrancelha. Ele parece irritado, mas está escondendo bem o suficiente para que Tyler não perceba. Assim que um olhar fixo entre nós dois começa, Stitches termina e How Deep is Your Love, de Calvin Harris and Disciples, começa. Christine puxa meu braço. — Vamos, Lily. Eu amo essa música. Venha dançar comigo. Viro-me para Christine e aceno com a cabeça, grata pela distração. Deixamos Max e Tyler juntos com nossas bebidas e vamos para o meio da pista de dança. Muitas pessoas já estão curtindo a música e a atmosfera é elétrica. Depois de alguns minutos dançando com Christine, já estou relaxando um pouco e me divertindo. — Achei que você precisava ser resgatada — grita Christine de repente. Eu olho para Max, e ele está parado com Tyler com uma carranca no rosto. Ele bebe o que parece ser o meu copo antes de limpar a boca com o braço. — Sim. Obrigada por isso. Eu realmente não sei o que está incomodando ele. — Bem, tenho certeza de que o que quer que seja, ele vai revelar logo. Com a quantidade de álcool que ele está bebendo, ele vai soltar tudo em breve. Esse pensamento me assusta um pouco. Eu não quero mais uma briga esta noite. Eu acho, no entanto, que se ele realmente quer me dizer algo, é melhor dizer o quanto antes. — Ah, não se preocupe com ele. Ele está chateado porque não está conseguindo o que quer. Aproveite a noite, Lily. Relaxe. Eu olho para Christine e sorrio. — Veja, essa é a amiga que conheço e amo. Ela agarra minhas mãos e me força a começar a dançar novamente. Eu não posso evitar de me deixar levar pelo entusiasmo dela. Quando Lean on, de Major Lazer e DJ Snake, começa a tocar, a multidão vai à loucura e começa a pular. Todos os pensamentos sobre Max e eu são mais uma vez esquecidos enquanto me perco na atmosfera e na música. Não sei por quanto tempo estamos aqui, mas Christine e eu dançamos a noite toda, uma música após a outra toca, e estou feliz por estar vivendo esses momentos no presente... sempre no presente. Em pouco tempo, Jerry chega e eu acho que ele vai fazer uma cena, mas fico surpresa quando ele começa a dançar conosco. Ele gira contra Christine, e ela apenas ri e segue seu exemplo. Depois de alguns momentos, ele faz o mesmo comigo. Eu o deixei me liderar porque agora, eu não me importo. Estou me divertindo e não quero que esse sentimento acabe. Além disso, parece que Jerry é um dançarino e tanto. — É bom ver que você soltou o cabelo, bochechas doces. Eu viro minha cabeça e o vejo sorrindo para mim. — Eu sou bochechas doces agora, é? Acho que deveria me sentir honrada. Ele começa a rir. — Como você sabe de quais bochechas estou falando? Eu balanço minha cabeça em diversão. — Você é inacreditável. Ele aperta meus quadris, rindo. — Ah, só estou brincando. Esta noite, sou o cavalheiro perfeito. Além disso, como posso ser outra coisa senão um cavalheiro quando sou abençoado com duas lindas damas para dançar? Eu me viro, de boca aberta, para encontrá-lo sorrindo para mim. Ele simplesmente pega minha mão, beija-a e diz: — Obrigado pela dança, gatas — antes de ir embora. No começo, eu não consigo me mover. Isso realmente aconteceu? – Jerry acabou de beijar sua mão e foi embora? Eu me viro para ver Christine parecendo tão chocada quanto eu. — Não acredito que ele fez isso. — Ele gosta de você. Ele secretamente gosta de todos nós, mas tem dificuldade em demonstrar isso. Você deveria ter visto o jeito que ele estava comigo quando tivemos aquele lance alguns meses atrás. Completamente diferente de como você o vê em público. Ele era doce e atencioso até. — Por que você nunca me contou? Ela sorri, balançando a cabeça. — Ele me fez jurar segredo. — Ela toca o nariz. — Eu não posso acreditar. Jerry Morgan realmente sendo doce. Simplesmente não parece certo.— Ele está mais atraente agora, não está? Assinto, pensando que ela está certa. — Então, como é que as coisas nunca deram certo entre vocês dois? Eu apenas presumi que era porque ele era um idiota. Ela começa a rir, sacudindo suas mechas douradas para longe de seu rosto. — Oh, ele ainda é um idiota. Acho que foi meio difícil lidar com sua dupla personalidade. No final, eu não queria que nossa amizade sofresse. Eu balanço a cabeça, entendendo sua lógica. Tenho a mesma lógica com Max, mas, infelizmente, ele não vê as coisas da mesma maneira que eu e parece que ele pretende arruinar o que construímos ao longo de todos esses anos. Não posso deixar de me sentir ressentida por causa disso. Eu sinto que ele está tirando meu amigo de mim. Eu suspiro. Não posso deixar o que aconteceu no carro afetar toda a nossa amizade. Seria estúpido da minha parte. Na verdade, estou começando a achar que é uma boa ideia encontrá-lo e resolver nossas diferenças. Eu procuro por ele, mas no começo não consigo ver para onde ele foi. — Quem você está procurando? — Christine pergunta. Ela tem um brilho nos olhos, então acho que ela está falando sobre J. Merda, J pode estar aqui. As borboletas começam de novo com o pensamento. — Max. Só quero conversar com ele sobre nossa discussão. Ela esfrega meu ombro e acena com a cabeça. Ela então olha para trás e faz uma careta. — Acho que você vai encontrá-lo ali na saída. Ela aponta para as portas de saída, eu me viro e o vejo rindo e tomando outra bebida. Eu fecho meus olhos, talvez falar com ele não seja uma boa ideia se ele estiver bêbado, mas eu ainda preciso me certificar disso. Respiro fundo e vou até ele. Capítulo 22 Jarrod Estive observando-a das sombras a noite toda, escondendo- me no canto do salão. Lily não me notou, mas não estou aqui tentando fazê-la me notar. Ainda não. Observei enquanto ela entrava com aquele filho da puta, Max. Eles pareciam estranhos juntos, como se algo tivesse acontecido entre eles, e isso fez meu sangue ferver. Eu não deveria sentir nada por ela, mas por algum motivo, qualquer coisa que ela faça ou sinta me fascina. Isso me faz querer mais do que posso dar a ela. Mais do que eu jamais poderia dar a ela. Quando comecei a fazer isso, eu sabia um pouco sobre sua personalidade e estava mais do que disposto a contaminar aquele coração puro dela. “Vingança” é a palavra que me motiva há anos. Entrei nisso com a única intenção de corrigir os erros do meu passado. Do nosso passado em comum. Segui esse caminho com os olhos bem abertos. Tive anos de planejamento e preparação para fazer isso da maneira mais tranquila possível. Na verdade, era a única coisa que me fazia continuar. Engrenagens foram colocadas em movimento e as pessoas que eu amava estavam do meu lado. Eu só precisava colocar meus planos em ação. Tudo estava indo do meu jeito e tudo estava sob controle... até que eu a conheci. Lily Campbell deveria ser minha marionete, pura e simplesmente. Eu queria vê-la balançando em minhas cordas invisíveis. Eu queria manchar aquele coração puro e rosa dela até que ficasse preto. Eu queria arruiná-la porque foi ela quem conseguiu tudo. Foi sua inocência que tornou esse plano possível. E, cara, ela era inocente. Apenas felicidade brilhava em seus olhos, enquanto apenas dor se refletia nos meus. É por isso que eu precisava que ela sofresse. Fazendo-a sofrer, ela iria fazer ele sofrer. Eu não aguento ficar sentado lá e assistindo seus rostos sorridentes, felizes e doentes todos os dias. Eles não são dignos dessa vida... Nós somos. Mas, durante todo o meu planejamento, nunca em um milhão de anos pensei que ela me afetaria da maneira que afetou. Um olhar, e eu fiquei paralisado por seus longos cabelos castanho- claros sedutores, e seus luminosos olhos castanhos igualmente claros. Cada parte dela me fascinou. Ela era inocente, sim, mas também tinha um elemento de coragem que ia direto para a porra do meu pau toda vez que eu a via. Eu tive que tocá-la. Eu tive que prová-la. Eu tinha que ser seu primeiro, aquele que duraria até o fim de seus dias... uma memória permanente gravada em sua linda pele. Ela foi gravada na minha, então, por que eu não poderia retribuir o favor? Foi o que pensei. Era isso que eu dizia a mim mesmo. Queria ser como um ladrão à noite: eu entraria, pegaria o que quisesse e iria embora. Eu estava preparado para continuar fazendo isso até que eu a visse rachar... até que eu arruinasse aquele anjinho perfeito dentro dela. Mas, daí, eu a toquei. Eu a provei. E eu queria mais. Muito mais. Como se ela tivesse sido moldada apenas para mim, ela se curvou em meu corpo em perfeita harmonia. Eu estava preparado para desejá-la. Eu estava preparado para me alimentar da minha necessidade de possuí-la. Mas nunca estive preparado para isso ocorrer tão profundamente como aconteceu. Nunca estive preparado para querer e precisar dela como uma chama que queima com tanta intensidade que arde de dentro para fora. Então, agora, estou aqui nas sombras. É onde eu sempre estive. É onde eu pertenço. Ninguém quer me conhecer, e ninguém deveria. Estou feliz por ser assim. Como você pode desejar algo que nunca teve? Estou acostumado com a solidão. Estou acostumado a ser um pária. É tudo que eu já conheci e é assim que deve ser. Tenho me questionado ultimamente se estou ou não fazendo a coisa certa. Charlotte sabe dos meus planos esta noite e ela está atrás de mim. Claro, eu sabia que ela estaria. É o que venho fazendo há meses. Não posso dizer que a parte mais obscura de mim não está ansiosa por isso por todos os motivos errados. O que não quero reconhecer é que a outra parte de mim realmente quer isso tanto quanto ela, e pelos mesmos motivos. Eu não deveria querer ela, mas sou um homem egoísta. Eu nunca me permiti ter luxos na vida, mas quero me permitir tê-la... apenas por esta noite. Isso é tudo que eu peço. Enquanto eu a vejo dançar com sua amiga, não posso evitar o pequeno sorriso que surge no meu rosto. Ela é, de longe, a criatura mais linda que já vi. Meus olhos varrem de seu decote delicado até seus quadris balançando. Ela não percebe, mas há outros meninos olhando para ela. Eles querem a mesma coisa que eu, mas só eu vou conseguir esta noite. Eu não posso evitar o sentimento possessivo que tenho. Eu quero tomá-la em meus braços e mostrar a todos esses filhos da puta com tesão que ela é minha e só minha. Eu sou o único que ela permite tocá-la, sou o único que ela permite que a beije e sou o único que ela permite que lhe roube sua virtude. Meu pau endurece instantaneamente com o pensamento. Já se passou muito tempo desde que afundei meu pau em alguém, mas Lily é de longe a única que me faz sentir faminto por isso. Minha mente me diz que é simplesmente por causa de todos os meses difíceis de planejamento, mas meu corpo me diz o contrário. Meu corpo a quer, quer tudo dela. Quando uma pessoa dançando passa na frente de minha visão periférica, eu tenho que sair das sombras um pouco mais para continuar a observá-la. O aborrecimento com esse otário saltitante cheio de espinhas quase me faz nocauteá-lo com um único soco. Eu sei que precisaria dar apenas um para que ele apagasse, mas isso simplesmente chamaria a atenção. Assim que a vejo novamente, eu relaxo. Mas aquele outro filho da puta, Jerry, se aproxima e começa a dançar com ela, e minha reação instantânea é andar até lá e fazer minha reivindicação sobre ela. Ele não deveria estar tocando no que é meu. Eu fico completamente imóvel por uns bons cinco minutos, cerrando meus punhos enquanto meu sangue ferve. O que diabos há de errado comigo? Eu não deveria estar me sentindo assim. Eu preciso me controlar e rápido. Fecho os olhos, estabilizando a respiração e, quando os abro novamente, fico aliviado ao ver Jerry beijar a mão dela e ir embora. Não consigo ver o rosto dela, mas sei que ela está chocada com o que ele fez. Eu não apenas conhecia Lily, eu conhecia todos os amigos dela também. Afinal, eu precisava fazer meu dever de casa. Eu observo enquanto ela conversa comsua amiga, com um olhar de choque e diversão em seu rosto. Mas então ela parece estranha de novo, como se algo a estivesse incomodando. É apenas quando sua amiga aponta para a saída que vejo o que está causando essa ansiedade repentina. Max está obviamente bêbado, e agora Lily está saindo para falar com ele. Isso não é bom. Não é nada bom mesmo, porra. Com meus punhos cerrados e um rosnado prestes a sair da minha garganta, eu ando em direção a outra saída e rapidamente faço o meu caminho para o outro lado. Eu sei onde eles podem estar, e preciso ter certeza de que estou completamente fora de vista. Eu preciso cuidar dela, no entanto. Ela é estúpida em falar com ele em sua condição atual, mas isso parece ser uma falha de Lily. Ela obviamente não reconhece o perigo quando ele a encara de frente, eu deveria saber disso. Eu me arrasto para a lateral da escola e corro até uma árvore próxima. Eu posso vê-los. Eles já estão em uma discussão acalorada. Eu não posso ouvir muito, mas eu a ouço dizendo a ele para não estragar o que eles têm. Outro grunhido ecoa em meu peito enquanto o pensamento de que ele não merece nada dela agarra minhas entranhas. Eu sou um idiota de ter esses sentimentos, mas esses instintos surgem em mim como o animal superprotetor e dominador que eu sei que sou. Se ele tocar nela, vou matá-lo. Vou envolver minhas mãos em torno de seu pescoço esquelético e ter muito orgulho em assistir a vida sendo tirada dele. — Não se atreva, porra — uma voz sussurra ao meu lado. Eu me viro e vejo Charlotte parada ali, com os punhos cerrados. Ela parece tão zangada quanto eu. — Se ele tocar nela, vou matá-lo. Ela dá um passo à frente. — Se você fizer isso, você vai estragar tudo. Não desista de mim agora, quando estamos tão perto. Respiro fundo e olho para eles. Eles ainda estão discutindo e eu sei que em algum momento isso vai piorar. Eu olho de volta para Charlotte. — Se alguém não fizer algo, eu farei. Eu não vou apenas ficar aqui e assistir isso. Trinta segundos, Charlotte, e vou lá. Seus olhos se arregalam com o meu aviso, e ela rapidamente sai correndo em direção à escola. Eu olho de volta para Lily e sua porra de amigo e vejo como a discussão continua. Não sei por que, mas estou contando os segundos. Vinte e sete, vinte e seis, vinte e cinco. Ele se move em direção a ela e ela recua. Vinte e quatro, vinte e três, vinte e dois. A discussão continua. Vinte e um, vinte, dezenove, dezoito. Meu coração está batendo forte em meus ouvidos e sei que vou explodir em breve. Dezessete, dezesseis, quinze, quatorze. Eu fecho meus olhos para estabilizar minha respiração. Treze, doze, onze, dez... Eu os abro de volta e vejo as mãos de Max sobre ela. Ela grita com ele para sair de cima dela, mas ele não está ouvindo. Ninguém está por perto e sei que terei que ajudá-la. Posso avançar, dar um único soco nele e desaparecer. Ninguém saberá que fiz isso. Posso ter certeza de que ela está bem e desaparecer entre as árvores. É no que sou bom. Dou um passo à frente para fazer meu caminho até ela. — Foda-se. Zero. Capítulo 23 Estou começando a me perguntar se tirar Max do corredor da escola foi uma boa ideia. Achei que se o pegasse sozinho e conversasse com ele, as coisas poderiam ficar bem conosco novamente. Agora, no entanto, estou percebendo que o Max bêbado não é um Max legal. — Eu pedi que você viesse aqui, para que pudéssemos ter uma conversa, só nós dois. Ele começa a rir. — “Só nós dois”. Não há nenhum “nós”', então, qual é o ponto? Eu não quero que essas palavras me machuquem, mas elas machucam. A maneira como ele está falando sobre “nós” é quase como se fôssemos amantes e eu estivesse o desprezando. — Eu não entendo. O que eu fiz errado? Eu pensei que fôssemos amigos. Não estrague o que temos! — grito. Ele balança a cabeça com um sorriso sarcástico. — Amigos. Não é uma ótima palavra? Você não me ama apenas como um amigo, Lily? — No momento, estou pensando, mas você bebeu, então quero lhe dar o benefício da dúvida. Você está dificultando as coisas, Max, e não há necessidade disso. Eu nunca ofereci nada além de amizade, então não sei por que você está sendo tão cruel. — Cruel? — ele ri alto. — Estou sendo cruel? — ele aponta para si mesmo e se aproxima. — Eu não o único que tem sido cruel todos esses anos. Você está comigo agora. Você flerta comigo, você me envia sinais, e então, você se pergunta por que eu fico bravo quando você me rejeita por tentar agir de acordo com esses sinais. Eu recuo, chocada com sua explosão. Tento me lembrar das vezes em que pude dar a entender que eu estava flertando com ele, mas minha mente fica em branco. — Eu não... — Sim, você sim! — ele grita, tropeçando um pouco enquanto avança. — Por favor, pare com isso. Você está me assustando. Ele parece ofendido. — Agora, você está com medo de mim? Como você pode estar com medo? Somos amigos desde pequenos. Por que você teria algum motivo para estar com medo? Ele se move para frente e estende a mão para me tocar, mas eu recuo. — Eu não sei o que deu em você. Eu esperava que pudéssemos falar sobre isso como adultos, mas obviamente não há como falar com você agora. Talvez devêssemos conversar quando você estiver sóbrio. — Eu não estou bêbado, caralho — ele fala. — Sim você está. Você está tropeçando, enrolando algumas palavras e falando comigo como se eu fosse um lixo, e não sua amiga. Seu rosto suaviza um pouco e me pergunto se consegui acalmá-lo. — Você sabe que isso não é verdade. Eu sempre tratei você com respeito. Eu balanço minha cabeça. — Mas você não está me respeitando, e esse é o ponto. Você não está respeitando meus desejos. Eu não consigo sentir algo que não está lá. Por favor, não force isso em mim. — É outra pessoa? Alguém está tocando em você quando deveria ser eu? Eu franzo a testa. — Do que você está falando? Você está com ciúmes porque acha que tem algum tipo de direito sobre mim? Isso é realmente mesquinho de sua parte, Max. Eu realmente não entendo o que há de errado com ele. Eu já dei a ele alguma indicação de que eu queria ser mais do que apenas sua amiga? Sinceramente, não me lembro de ter feito isso. Agora, no entanto, duvido de mim mesma, embora saiba que não deveria. — Você vem me visitar, balançando essa sua bunda linda na minha frente, e você se pergunta por que eu quero tentar algo com você. Seu comportamento mudou e eu não gosto disso. Ele passou de louco para algo bestial. Ele tem um brilho escuro em seus olhos enquanto caminha em minha direção. Eu tive medo dele quando ele estava com raiva, mas agora estou petrificada. — Eu nunca pedi nada a você antes, Lily, mas depois de todos esses anos, acho que você me deve algo. Eu investi tempo e energia em você tentando fazer você gostar de mim e tudo o que você faz é me afastar. — Ele olha para o meu decote antes de encontrar meus olhos novamente. — Você nem percebe o quão bonita você é, não é? Você nem consegue ver por si mesma. É de se admirar que você me faça querer você do jeito que eu quero. Sinto as lágrimas transbordando dos meus olhos. Eu quero que ele pare. — Por favor, não faça isso. — Eu quero ser o seu primeiro — ele varre os olhos para cima e para baixo no meu corpo — e o último em tudo. Eu pisco e uma única lágrima escorre pelo meu rosto. — Não faça isso! — Não o quê? Não pare? Não vai? Não o quê? Você quer que eu lhe toque? Eu me afasto. — Não, Max. Pare com isso. Pare! — grito. Mas ele avança com a velocidade da luz, agarrando-me e me puxando para ele. Posso sentir o cheiro de álcool em seu hálito. Ele obviamente bebeu algo diferente de vodca. O cheiro queima minhas narinas e, instintivamente, viro a cabeça. Estou enjoada. Eu sinto sua dureza pressionando contra mim, e isso parece estranho. Eu não o quero perto de mim. Eu quero J. Eu daria qualquer coisa para ter J comigo agora. Enquanto Max agarra meus quadris com força, ele tenta mover sua cabeça para a minha. Eu posso ver e sentir ele forçando seu caminho até minha boca. Ele quer me beijar, mas sei que vou vomitar se elechegar tão perto. — Por favor, não faça isso — eu imploro. Ele não escuta. Em vez disso, minhas palavras só parecem aumentar seu prazer quando sinto sua dureza cavando em mim. Não! Por favor, Deus, não. Por favor, não deixe ele fazer isso conosco. Memórias de nós como crianças passam pela minha cabeça. Lembro-me de jogar jogo da velha e amarelinha na rua quando éramos pequenos. Ele era doce comigo naquela época. Aqui diante de mim não está o Max que eu conheci quando criança. Aqui diante de mim está um monstro. — Max, pare com isso. Por que você está fazendo isso? Ele começa a beijar meu pescoço. Sua respiração é quente e pesada contra minha pele. — Eu quero você, Lily. Eu sempre quis você. Suas mãos são ásperas. Elas estão me puxando e apertando. Nada disso é delicado. Nada disso é como deveria ser. — Max, o que diabos você está fazendo, cara? Eu o sinto sendo puxado de mim, e vejo Jerry e Tyler parados ali. Jerry parece pronto para lutar, mas eu não acho que ele iria adiante. É só quando ele puxa o punho para trás que percebo que lutar é exatamente o que ele está planejando fazer. Com um soco, Max cai no chão. Ele grunhe e limpa o nariz. — Que porra é essa, cara? Jerry segue em direção a ele, mas Tyler o segura. — Se você tocar nela de novo, eu juro que... — O que está acontecendo? Uma voz pergunta, interrompendo sua ameaça. Nós nos viramos e Christine está parada ali, olhando com descrença. — Eu saí e o encontrei — ele aponta para Max — atacando a Lily. Ele estava tentando beijá-la e apalpá-la quando era óbvio que ela não queria. — Ele está bêbado — eu digo, timidamente. A cabeça de Jerry vira para mim e ele aponta. — Não se atreva a defendê-lo! — Não estou! — digo, com raiva. — Está bem, está bem. Calma, pessoal. Christine avança no momento em que Max tenta se levantar. — Acho melhor ele ir para casa. — Talvez eu devesse levá-lo — Tyler oferece. Christine olha para Tyler. — Sim, acho que seria uma boa ideia. Tyler caminha até Max e o ajuda a se levantar. Ele tropeça de novo, e seus olhos quase rolam para a parte de trás da cabeça. — Puta que pariu, cara, você está perdido. Max apenas resmunga quando Tyler começa a andar. — Vou levá-lo de volta para sua casa e volto para buscar você, ok? — Christine assente. — Vou tirá-lo daqui antes que Jerry perca a cabeça novamente. Ele assente e eu volto minha atenção para Jerry. Ele ainda parece bravo. Uma vez que Max está fora de vista, no entanto, ele vem em minha direção. — Você está bem? — ele pergunta, colocando as mãos em meus braços. — Confirmo, mas as lágrimas vêm de repente. — Ahhh, merda, Lily. Venha aqui. — Ele envolve seus braços em volta de mim e eu choro contra seu peito. — Eu sinto muito por ter gritado com você. Eu só estava com raiva que ele fez isso. Eu balanço a cabeça contra seu peito. — Está bem. Agradeço por me defender. Ele me aperta com força contra ele. — Estou aqui, garota. Você sabe disso. Eu me afasto dele e franzo a testa. — Você está agindo estranho esta noite. Você sabe disso? Ele ri. — É melhor eu cortar essa merda agora. — Nós dois começamos a rir. —Mas sério, você está bem? Eu assinto, fungo e limpo meu nariz. — Eu acho que vou ficar. Só estou chateada por Max pensar tão pouco em nossa amizade. — Ele é um idiota — resmunga Christine. Nós dois nos voltamos para ela. — Ele já fez isso com você uma vez. Sim, posso entendê-lo cometendo esse erro uma vez e se desculpando, mas fazê-lo de novo e de forma mais agressiva... — ela balança a cabeça. — Ele já fez isso antes? — Jerry pergunta. Eu aceno com um suspiro. — Bem, mais ou menos. Ele tentou me beijar e eu o afastei. Ele se desculpou por isso e eu aceitei. Eu pensei que tivéssemos superado isso, mas esta noite ele estava estranho. Tudo estava bem até que entramos no carro e ele começou a falar sobre como nos sentiríamos se tivéssemos outros parceiros para levar ao baile em vez de um ao outro. Ele parecia um pouco desligado. Sinto Jerry acariciando meu braço. — Bem, ele não está aqui agora. Por que você não entra e dança comigo? Isso, é claro, se Christine não se importar... Nós dois olhamos para Christine e ela parece ofendida. — Por que eu me importaria? — ela revira os olhos, fazendo- me sorrir. Jerry me oferece sua mão. — Venha então, cara de peixe. Vamos fazer seus quadris se moverem. Eu começo a rir, coloco minha máscara de volta e pego sua mão. Eu o acompanho enquanto todos nós voltamos para o salão do baile. O espaço está lotado e parece estar cheio agora, em comparação a como estava há trinta minutos ou mais. A música é mais lenta, então acho que é esse o motivo. Christine acena para nós e nos diz que vai pegar uma bebida. Volto minha atenção para Jerry no momento em que Jealous, de Tinie Tempah, começa a tocar. Ele levanta uma sobrancelha para mim e eu rio enquanto ele me puxa em sua direção. — Você realmente me surpreendeu esta noite. Eu começo a relaxar enquanto deixo Jerry me conduzir. — Sério? Como assim? Eu encolho os ombros. — Eu não sei. Talvez tenha algo a ver com o fato de que você normalmente está brincando e outras coisas. Ele se afasta e sorri para mim. — E outras coisas? Eu sorrio. — Você sabe o que eu quero dizer. Você normalmente está brincando, xingando as pessoas e, geralmente, está falando alto e sendo detestável. Ele joga a cabeça para trás, rindo. — Detestável? Você me chamaria assim depois de eu ter vindo em seu resgate esta noite? Estou arrasado. Eu o puxo, fazendo-o rir. — Você sabe do que eu estou falando. E, falando nisso, meus modos precisam de um pequeno chute na bunda. Eu nem o agradeci pelo que você fez. — Não há necessidade de agradecer... — Eu quero. Jerry sorri para mim. — Bem, então, de nada. Ficamos em silêncio por um tempo e nos concentramos na dança. Só quando pego Jerry olhando na direção de Christine é que o puxo. — Você deveria convidá-la para dançar. Jerry balança a cabeça. — Não, eu não posso fazer isso. Eu franzo a testa. — Por que não? Você me convidou. De repente, seu rosto está sério. — É diferente. Além disso, ela está com Tyler e ele voltará em breve. Só quando vejo seu rosto e como ele parece profundamente pensativo é que me dou conta. — Você realmente gosta dela, não é? Sua cabeça bate na minha. — Eu? Não. Como você pode dizer isso? E com sua reação, eu sei que estou certa. — Por que você não fala com ela e conta a ela como você se sente? Ele balança a cabeça, mas posso dizer que ele está realmente pensando sobre isso. — Eu não posso. As coisas acabaram entre nós. Tudo estava indo tão bem, e foi só no momento em que eu quis levar a sério que ela se afastou. Desde então, ela está decidida a me mostrar o quão pouco eu significo para ela ficando com outros caras. — Ele franze a testa um pouco. — Eu estava tão convencido de que ela sentia o mesmo que eu. Acho que não sou muito bom em ler as pessoas. Essa notícia me choca. Jerry fez um bom trabalho em manter isso para si mesmo. — Sinto muito. Não percebi. Ele franze a testa. — Não é sua culpa. É do jeito que é. Ele olha para Christine, que está tomando um gole de sua bebida e conversando com outro cara. Eles parecem estar envolvidos em uma conversa íntima. Oh, Christine. — Talvez seja só porque Christine não percebe que você é um cara incrível. Ele balança a cabeça. — Eu tentei. Eu realmente tentei. Eu disse a ela que posso ser um brincalhão, mas meus sentimentos por ela não eram brincadeira e ela imediatamente se calou e não quis nada comigo. Não consigo entender. Se eu posso ver agora que cara legal Jerry pode ser para ela, então, por que ela não pode? Gosto do Tyler, mas nunca pensei que fossem um bom par. Ela e Jerry, no entanto, parecem se encaixar. — Olha, eu sei que ela parece dura por fora, mas por dentro, ela é uma garota muito doce e de bom coração. Por que você não a convida para dançar? Apenas uma dança por amizade. Você nunca sabe o que esta noite, ou mesmo amanhã, pode trazer. Ele olha para Christine, depois, de volta para mim. De repente, sua expressão muda de inseguro parapura determinação. — Ok, vou convidá-la. Não precisa significar nada. Eu balanço minha cabeça com um sorriso. — Claro que não. Ele olha para mim com uma expressão preocupada. — E você? Eu aperto seu ombro. — Eu vou ficar bem. De verdade. Ele acena com a cabeça e vejo enquanto ele caminha em direção a Christine. Eu sorrio ao vê-lo se aproximar dela, e estou prestes a me afastar quando sinto um braço em volta do meu estômago. Eu sei quem é, mesmo sem ouvir sua voz. — Você sabe quanto tempo eu esperei para ficar sozinho com você? — ele sussurra em meu ouvido no momento em que See You Again, de Wiz Khalifa, começa a tocar. — É quase como se ele soubesse que você estava vindo — digo, referindo-me à música que o DJ decidiu tocar. Ele me gira e eu resisto à vontade de fechar meus olhos quando eu sinto seu perfume doce e apimentado. No início, não consigo olhar para ele porque tenho medo do que posso ver. — Sempre fico ansioso para ver você de novo. Na verdade, não consigo me manter longe de você, Lily Campbell. Essas palavras provavelmente teriam me assustado antes. Mas não mais. Saber que ele não pode ficar longe de mim me faz sorrir. Isso me enche de um senso de propósito, como se aqui fosse onde eu deveria estar. — Por que você está sorrindo? Eu me esforço para olhar para ele, e quando o faço, encontro os lábios mais bonitos que já vi. Já beijei aqueles lábios o que parece uma centena de vezes, mas sei que nunca vou me cansar deles. Agora, ele está cobrindo o rosto, mas pelo menos ele me deu aqueles lábios, o que é muito. — Sempre achei que o que nós temos deveria me assustar... deveria me fazer fugir. Mas toda vez que você está comigo, e toda vez que você me toca, todos esses medos desaparecem. Eu olho mais para cima para encontrar olhos verdes impressionantes olhando para mim. Esses olhos parecem conter um mundo de dor, um mundo de esperança e um mundo de promessa ao mesmo tempo. Eles são simplesmente de tirar o fôlego. — Você nunca deve ter medo de mim. Eu digo isso a você com bastante frequência. Eu observo, hipnotizada, enquanto seus lábios se movem. Quase me esqueço de como falar. — Eu sei que sim, mas você deveria me assustar, J. Você percebe isso, não é? Ele solta a mão do meu quadril e coloca o polegar contra meu lábio. Eu fecho meus olhos, incapaz de esconder a reação desenfreada dentro de mim. Uma vez que os abro, estremeço e vejo como seus lábios se curvam no mais lindo sorriso que já vi em um homem. — Não se trata de como você deve se sentir, é sobre como você se sente. Eu posso dizer o quanto eu a afeto quando a toco. Posso sentir o pequeno tremor em seu corpo quando minha mão toca sua pele. Eu posso sentir o desejo em sua língua. Posso ouvir o violento trovejar do seu coração quando estou perto de você. Você não pode me dizer que deveria sentir qualquer coisa, exceto o que seu corpo me diz que você sente quando estou com você. Eu nunca vou fazer nada que você não queira que eu faça. Eu vejo o rosnado em seus lábios e, imediatamente, eu sei. — Você viu, não viu? Eu o sinto tenso contra mim, e sei a resposta antes mesmo de ele responder. — Você percebe como foi difícil para mim ver você sofrer sob o veneno dele e não fazer nada a respeito? Eu ia esperar até que você realmente precisasse de mim. Eu sabia que se ele tocasse em você, eu não me importaria que me vissem. Eu precisava proteger o que é meu. Max disse a palavra “meu” mais cedo, e de seus lábios, parecia poluído e manchado. Quando J diz isso, no entanto, ele diz com um tom protetor que faz meu coração disparar. — Mas você se conteve. Seu aperto aumenta possessivamente, e eu sei que é porque ele está lutando contra a raiva que fervilha dentro dele. De certo modo, estou feliz por ele não ter atingido Max. Eu sei a força de um soco que este homem pode ter, e apesar de Max ser um idiota, eu não quero vê-lo sendo espancado até a morte. — Só porque quando eu estava correndo em sua direção, Jerry apareceu e fez o trabalho que eu deveria ter feito. — Parece que esse pensamento o irrita. Ele olha para os meus lábios e, instintivamente, eu os lambo. Ele percebe, e vejo como suas pupilas dilatam de desejo. De repente, a prova do meu próprio desejo está presente. Posso sentir a umidade na minha calcinha. Eu o quero. Isso ainda não mudou. — Isso não apenas me irrita, Lily. Há coisas que você não sabe sobre mim. O fato de você estar segura comigo não significa que eu seja seguro. Eu franzo a testa. — Eu não entendo. — Eu sou um homem mau. Se eu ficasse sozinho com aquele filho da puta, não haveria nada para me impedir de envolver minhas mãos em volta de seu pescoço e apertar até que seus olhos vidrassem. Eu faria isso e não ficaria com peso na consciência. — Mas você não fez. Ele vai falar, mas eu o impeço. — Eu sei que você poderia fazer o que diz. Não tenho dúvidas sobre isso, mas você não fará porque respeita demais meus desejos. Eu não hesitaria em mandá-lo embora, assim como você disse que eu poderia. Eu o vejo cerrar os dentes em aborrecimento. — Você não pode me pedir para ser menos homem. De repente, eu percebo. — Você está planejando ir até ele, não é? — Não vou permitir esse comportamento, Lily. Ele deve pagar por suas ações. — O quê? Matando ele?! — O que o impede de fazer isso de novo com outra garota? O que o impedirá de ir mais longe na próxima vez? Você tem que ver minha lógica. — Não vejo lógica em se considerar seu juiz, júri e executor. Ele encolhe os ombros com indiferença. — Isso não me parou antes. — Eu juro que se você tocá-lo, eu nunca mais vou querer ver você de novo. Você me ouviu? Ele parece zangado. — Por que você está defendendo ele? Essa é a segunda vez que essa pergunta me foi feita esta noite, e estou começando a me perguntar isso. — Eu não o estou defendendo. Eu só não quero ver alguém que já foi meu melhor amigo morto. Com sorte, você pode ver a diferença. De repente, do nada, ele me puxa para mais perto e um sorriso surge em seus lábios. — Você é uma negociadora árdua, linda. E assim, meu aborrecimento com a conversa se foi. — Como é que você tem essa maneira estranha de fazer minhas emoções voarem por todo o lugar? Ele sorri. — Por todo o lugar? Eu mordo meu lábio e ele me observa. — Sim. Por todo o lugar. Um minuto, estou com raiva. No próximo, estou feliz. Com apenas um toque no botão, você me tem. — Eu tenho você? Eu fico olhando para aqueles intensos olhos verdes e aceno com a cabeça. — Você sabe o que é preciso. Scars, de James Bay, está tocando agora, e o pessoal dançando está a todo vapor. Eles poderiam muito bem nem estar aqui, porque tudo o que importa neste momento somos nós dois e o fato de eu estar onde pertenço. Enquanto eu deixo as palavras de James Bay me cercarem, eu levanto minha mão para tocar seu rosto. — O que causou suas cicatrizes? O que aconteceu, J? Observo enquanto ele fecha os olhos e sei que há dor ali. Não quero saber disso, mas posso vê-la e gostaria de poder apagar essa dor. Eu gostaria de poder capturar este tempo que tenho com ele também. As palavras de Christine soam verdadeiras mais agora do que nunca. Nada dura para sempre... Mas eu gostaria que esse momento durasse. Eu quero capturar a maneira como ele fecha os olhos enquanto meus dedos acariciam sua bochecha marcada por baixo da máscara. Posso sentir na ponta dos meus dedos enquanto os deslizo por baixo da única coisa que se interpõe entre mim e seu rosto. Este rosto misterioso pertence a ele... ao homem sem rosto que me assombra. — Acredite em mim quando digo que você não quer saber. Eu quero forçá-lo a falar, mas não faço. Em vez disso, solto minha mão, mas ele a agarra antes que eu possa deixá-la cair. Eu assisto com surpresa enquanto ele guia minha mão em seu peito. É um peito forte e largo, mas sei que não é esse o motivo de suas ações. Através de sua camisa, posso sentir a vibração da música, mas também posso sentir as batidas de seu coração. Está batendo tão forte que quase posso ouvi-las por cima da música. — Apenas saiba — diz ele, puxandomeu olhar até seus olhos — que você tem isso. Eu não sei como chamar o que temos. Talvez seja uma loucura. Talvez seja estranho. E talvez até fosse considerado perigoso para alguns, mas não para mim. Ele estava certo quando disse que eu deveria confiar no que sinto. E, agora, eu sei exatamente o que quero. — Podemos ir? — pergunto, precisando desesperadamente ficar sozinha com ele agora. Ele acena com a cabeça, puxando minha mão de seu peito, mas segurando-a com força. — Se você confiar em mim, então, eu sei para onde podemos ir. Prometo levá-la de volta para casa quando estiver pronta. Tudo o que você precisa fazer é dizer a palavra. Assinto porque eu sei que não importa o que aconteça, eu confio que estou segura com ele. Por um momento, pergunto-me se devo dizer a Christine que estou saindo primeiro. Eu olho em volta, mas não consigo vê-la nesta multidão infinita. No final, eu sigo J e mando uma mensagem para ela enquanto estamos saindo. Eu: Eu saí com ele. Eu sei que você vai se preocupar, mas, por favor, não precisa. Acredite, eu sei o que estou fazendo. Clico em ENVIAR e sigo J até o estacionamento. Eu tiro minha máscara quando chegamos a um jipe e ele abre a porta. Uma vez que ele me tem dentro, meu celular apita. Christine: É melhor você me enviar uma mensagem quando estiver em casa. Caso contrário, não hesitarei em chamar a polícia. Meus olhos se arregalam com sua mensagem, mas eu realmente não deveria ter esperado nada menos dela. Ela está apenas sendo a melhor amiga que sempre foi. — Problema? — ele pergunta, apontando para o celular. Eu balanço minha cabeça enquanto ele liga o carro. — Não, apenas uma amiga se preocupando com meu bem- estar. — Ela não precisa se preocupar. Eu sorrio. — Eu sei. — Enquanto ele se afasta, eu me pergunto para onde estamos indo. — Para onde vamos? — Não muito longe daqui. Deve demorar apenas cinco minutos. — Ele, de repente, se vira para mim. — Você está em dúvida? — Nego com a cabeça e olho para seus lábios enquanto eles sorriem de volta para mim. — Não me olhe assim quando estiver dirigindo. Meus olhos de repente voltam para os olhos dele. — Assim como? — Como se você quisesse que eu beijasse você. — Mas eu quero que você me beije. Ele sorri e volta sua atenção para a estrada. — Oh, eu vou. Vou beijar cada centímetro seu assim que estivermos sozinhos. Ele interrompe nossa conversa ligando o rádio. Ele me deixou uma bagunça ao me sujeitar ao Justin Bieber. Bufando de raiva, ele muda a estação e para em Army, de Ellie Goulding. — Não é fã de Justin, suponho? Ele bufa de novo, mas não diz nada. Eu sorrio enquanto afundo minha cabeça no encosto de cabeça e o observo. Ele parece ainda maior do que eu me lembro. Seus ombros são largos. Ele praticamente cobre todo o assento com o torso. Ele ainda está usando sua máscara e mantendo o rosto escondido. Isso me faz pensar se a polícia o pararia se o visse usando uma máscara como esta. Enquanto dirigimos, não consigo ver nenhum policial à vista. Não que eu queira, de qualquer maneira. Eu quero continuar assim tanto quanto ele. Chegamos a um sinal vermelho, mas ele mantém os olhos fixos na estrada. Eu o vejo segurando firmemente o volante com as mãos, e posso dizer por esse gesto que ele está tentando manter suas emoções sob controle. Ele pode sentir o clima entre nós? Eu posso. Existe uma consciência elevada que vem de estarmos a poucos centímetros um do outro. Mais do que isso, porém, as faíscas e a eletricidade que posso sentir correndo dele para mim, e vice-versa, estão fazendo minha cabeça dar piruetas, deixando-me mais do que um pouco tonta. Eu olho para suas mãos novamente. Essas mãos fortes e hábeis parecem conter magia em seus dedos. Eu vejo as tatuagens. Há mais coisas em suas mãos do que eu pensava inicialmente. Posso ver a de Vindicta, mas também há caligrafia chinesa e um número. Eu aperto os olhos para ver qual é o número. É o número sessenta e nove. Ia perguntar a ele o que significa, quando ele fala. — Não vamos conseguir se você continuar me olhando assim. Eu sei o que você está sentindo. Eu também posso sentir. Mas sou eu que tenho que dirigir. Eu sorrio e relutantemente afasto meu olhar. — Sinto muito — eu digo quando percebo que o semáforo agora está verde. Ele se afasta. — Não, você não sente. Eu olho para ele brevemente e vejo um sorriso infantil. Imediatamente, algo muda em meu coração. Não sei como chamá-lo exatamente, mas sei que independentemente de qualquer demônio que o possua ou qualquer dor que ele carregue em sua alma, bem ali, no coração daquele demônio, está uma centelha de humanidade. Ele não é a besta que diz ser... longe disso. Seu coração é puro, e me entristece que ele pense o contrário. — Chegamos — diz ele de repente, quebrando o feitiço. Eu olho para cima para descobrir que não estamos mais na estrada. Em vez disso, estamos cercados por árvores densas no meio do nada, e uma pequena casa está à frente. Quando isto aconteceu? — Parece a casa de Norman Bates. Ele sorri, desligando a ignição. — Posso garantir que não sou nenhum Norman Bates. Assinto. — Eu sei. Acontece que você não está definindo o cenário muito bem. Você me trouxe para o meio do nada. Você poderia ter um machado escondido naquela casa, pelo que eu sei. J abre a porta e se vira para mim. — Suponho que você terá que esperar para ver. Eu irei entrar. Cabe a você escolher se deseja ou não me seguir. As chaves ainda estão na ignição. Você pode ir embora quando quiser. Apenas certifique-se de que, se vier, traga essas chaves com você. Eu realmente não quero ninguém roubando meu carro. Com isso, ele sai e me deixa sentada na escuridão. Eu vejo enquanto ele caminha para a casa e abre a porta, e por um momento, eu estou enraizada no lugar. Não consigo me mover. Mais uma vez, toda lógica razoável está me dizendo para ir embora, que isso é loucura, e eu estaria louca de pedra se fosse para a casa de Norman Bates, mas ainda não consigo me mover. Eu sei que vou entrar naquela casa, apesar do que minha lógica está me dizendo. Não se trata de como você deve se sentir, é sobre como você se sente. Suas palavras de antes ecoam na minha cabeça, e assim, pego as chaves da ignição e sigo em direção à casa. Capítulo 24 Entro na pequena casa, mas não consigo ver muito. Nenhuma luz está acesa, mas eu sei que é proposital. — Estou aqui — sua voz me chama. Olho para onde a voz está chamando e dou passos muito lentos em torno de um pequeno sofá e uma mesa de jantar. Enquanto ando, coloco as chaves do carro na minha bolsa e a coloco em cima da lareira. Se eu precisar, sei onde estará. Fecho meus olhos e respiro fundo. Espero o medo subir pela minha pele, mas tudo o que vejo é a doce antecipação do que vai acontecer a seguir. Como um farol chamando por mim, os cabelos de todo o meu corpo respondem, sabendo que ele está perto. Meu corpo pode sentir isso. Eu sinto o formigamento começar quando chego mais perto do que parece ser um quarto. A porta está parcialmente fechada, então tento acalmar meu coração acelerado enquanto a abro totalmente. Ele range até parar, e a primeira coisa que vejo é o luar brilhando pela janela e iluminando uma cama enorme. De pé ao lado daquela cama, em toda a sua glória, eu o vejo. O homem sem rosto que está prestes a roubar minha virtude. E estou prestes a dar a ele... de boa vontade. — Você ainda está usando sua máscara. — Você quer que eu tire isso? Nego. — Não, você não precisa. Ando até ele lentamente, e noto a ingestão aguda de ar quando me aproximo dele. Ele também sente? Assim que o alcanço, levanto minha mão e toco aqueles lábios que tenho sonhado em beijar desde que os vi esta noite. — Me beija — digo, sem fôlego. Ele constata que não é um pedido. — Com prazer — ele responde, puxando-me para mais perto dele. Eu espero com a respiração suspensa enquanto ele me puxa para mais perto de seus lábios. Quero tão desesperadamente fechar meus olhos, mas outra parte de mim também quer capturar cada momento com ele. Sua respiração invade aminha e, de repente, o feitiço é lançado. Só assim, com um pequeno suspiro, eu sou dele. — Acabou o tempo, linda — ele sussurra. Uma risada suave me escapa. — Você não pode me deixar agora. — Nem poderia, mesmo se eu tentasse. O tempo diante de nós acabou. A partir deste momento é o que realmente conta. Acho que seu tempo acabou no momento em que me conheceu, Lily Campbell. Você nunca vai ter outro de mim. Eu sorrio contra seus lábios. Estamos a meros milímetros de distância do beijo agora. — Nem poderia, mesmo se eu tentasse — respondo, imitando suas palavras anteriores. E, então, ele faz isso. Ele dá aquele pequeno movimento para frente e escova seus lábios contra os meus. Eu gemo contra ele, imediatamente ficando mole e submissa em seus braços. Isso parece aumentar sua empolgação quando ele agarra minha nuca e meus cabelos com as mãos. Sua boca abre caminho para a minha e estou perdida nele. Eu quero que ele me devore como se eu fosse sua última ceia. Não importa o quanto ele me dê, eu sempre volto para mais. Enquanto seus lábios deixam os meus, ele rapidamente presta atenção no meu pescoço, deixando um rastro de beijos ao longo da linha da minha mandíbula e descendo em direção aos meus ombros. — Tão inebriante, caralho — ele rosna contra a minha pele. Sinto seu hálito quente e estremeço sob seu toque. — Você sabe o quanto me excita saber o quão afetada você é por mim? Doce Lily — ele respira, beijando-me ternamente na bochecha. — Doce e preciosa Lily. Seus lábios tocam meu pescoço novamente, e minha cabeça cai em sinal de rendição. Com isso, meus olhos se fecham e eu me deixo levar pela sensação e o cheiro dele. Eu gemo enquanto seus beijos queimam minha pele, enviando ondas de choque através de mim. Eu posso me sentir queimando, um desejo como nenhum outro está pronto para explodir a qualquer momento. — J — sussurro, puxando sua camisa. Eu quero isso. Quero sua pele na minha. Em um frenesi, começamos a nos despir. Não sei dizer qual de nós está mais ansioso para tirar a roupa do outro. É quase como se tivéssemos uma competição em andamento, apostando quem pode tirar a roupa do outro mais rápido. Consigo desabotoar sua camisa e puxá-la de seus braços. Não consigo ver tudo dele, mas o que posso ver é magnífico. Nunca vi o contorno de um peitoral esculpido com tanta perfeição quanto o dele. Isso me faz fazer um balanço por um momento enquanto passo meus dedos sobre sua pele macia. Não sinto pelos, mas posso ver os contornos escuros de outra coisa. Ele tem tatuagens em todos os lugares. Elas não cobrem toda a sua pele, mas boa parte dela. Com um desejo enorme, eu dou um passo à frente e começo a beijar seu peito antes de chegar na ponta dos pés para chegar ao seu pescoço. Eu me sinto tão pequena e vulnerável contra seu corpo monstruoso. Por um momento fugaz, penso no gigante de Jack e o pé de feijão. J é aquele gigante, e agora, quero que ele me engula. — Feijões mágicos — sussurro enquanto as palavras deixam meus lábios sem meu cérebro engajar. — O quê? — ele pergunta em um tom divertido. — Nada. Apenas me beije. Ele faz o que foi pedido, e não demora muito para que estejamos nus um contra o outro. A única coisa que está nos bloqueando agora é meu sutiã e calcinha e cueca boxer de J. — Você ainda tem certeza sobre isso? Eu olho para o rosto dele, mas não consigo ver muito agora. O luar se afastou de nós, então, me sinto segura no que faço a seguir. Levanto minha mão e guio meus dedos por baixo de sua máscara. Acho que ele vai me impedir, mas não o faz. Eu a tiro de seu rosto, mas ainda não consigo vê-lo muito bem, porém o que eu vejo me deixa sem fôlego. Eu traço o contorno de seu rosto com meus dedos antes de puxar sua mão até meu peito. Eu o deixei sentir meu batimento cardíaco assim como ele me deixou sentir o seu antes. — Assim como você disse, meu coração pertence a você. Estou pronta. J agarra meu pulso e me levanta. Ele me carrega por uma curta distância até a cama antes de me colocar suavemente nas cobertas. O frio dos lençóis me atinge, fazendo-me estremecer. — Está com frio? Você quer que eu enrole um cobertor em torno de você? Balanço minha cabeça. — Não. Você é todo o calor que eu preciso. Eu o puxo para mim, procurando seu calor. Seu corpo é como fogo contra minha pele, e logo, todos os sinais de frio se vão enquanto outro fogo assola dentro de mim. A cada beijo e toque, meu desejo aumenta. — Doce Lily — ele sussurra, puxando a alça do meu sutiã para baixo e beijando meu ombro. Enquanto ele puxa um lado, meu seio fica exposto, fazendo com que ele se incline e coloque meu mamilo duro em sua boca. Eu gemo, erguendo meus quadris para encontrar os dele em um esforço para me aproximar. — J. — Eu grito, correndo meus dedos por seus cabelos enquanto ele gentilmente lambe e morde meu mamilo. Uma vez que ele sente que está farto, ele puxa meu sutiã completamente e começa a prestar atenção no outro mamilo. — J, por favor. Eu estou implorando e não me importo. Tenho esperado por isso pelo que parece uma vida inteira. — Não me faça apressar isso. Eu não posso ter pressa quando se trata de você. Eu ouço o desejo sem fôlego em sua voz e posso entender naquele instante o que isso significa. Para ele, isso é fácil. Para mim, porém, é a minha primeira vez e ele não quer me machucar. Eu agarro os lençóis enquanto ele desce para a minha barriga, plantando beijos. Palavras de súplica estão na ponta da minha língua, mas eu seguro firme. Eu sei que isso só vai deixá-lo louco. Quando ele alcança meus quadris, ele puxa minha calcinha para baixo, plantando beijos enquanto desce. Cada toque de seus lábios na minha pele parece que um monte de fogos de artifício estão explodindo. Uma vez que ele me livra completamente das minhas roupas, ele paira sobre mim por um momento. É quase como se ele estivesse me bebendo. Conforme sua cabeça desce, ele abre minhas pernas ainda mais e inala profundamente. — Hmm, porra de aroma doce e perfumado, Lily. Eu poderia saboreá-la o dia todo. Eu gemo com suas palavras. Apenas essas por si só são afrodisíacas. Eu o quero dentro de mim, mas também sei que estou apreensiva sobre como será a sensação. — Vou estimular você, Ok? Eu quero deixar você bem molhada. Digo um estrangulado sim, mas já sei o quanto devo estar molhada para ele. Eu estava pronta no momento em que seus lábios tocaram os meus. Sua língua varre rápida e delicadamente entre minhas coxas na fenda da minha vagina. Eu recuo e grito, incapaz de esconder a sensação crescente. Apenas aquele pequeno toque de sua língua, e eu sei que já estou pronta para gozar. Enquanto ele lambe meu clitóris, tento de tudo para esconder o grito estrangulado que está prestes a explodir da minha boca. Eu não quero gozar tão cedo. Eu quero ser capaz de apreciar a sensação de sua língua quente contra mim pelo máximo de tempo possível. Ele sacode a língua uma, duas, três vezes, e eu sei que não posso mais segurar. Está vindo e está vindo rápido. — Oh, merda, J! — grito, deixando-o saber que está chegando. Acho que ele vai parar, mas, em vez disso, ele acelera o passo. Com mais um movimento de sua língua, minhas costas arqueiam, e eu agarro os lençóis, gritando seu nome enquanto desmorono em torno dele. O quarto está escuro, mas de alguma forma eu vejo faíscas de luz sobre minha cabeça. — Porra! — sussurro sem fôlego, sem querer. — Porra mesmo. Você sabe como você soa linda quando goza? Quero durar mais do que você, mas não acho que isso vá acontecer comigo. Ele beija a parte interna da minha coxa e se estica para pegar algo na cama. Eu ouço um rasgo e sei que ele está colocando uma camisinha. Minha adrenalina sobe um pouco. Eu sei que ele vai entrar em mim em breve, e eu sei que vai doer pra caralho. Eu fico tensa. — Relaxe, linda. Eu não vou machucar você. Com suas palavras, meus músculos liberam sua tensão e ele sobe em cima de mim. Ele se inclina e me beija com força, fazendo meu desejo voltar rapidamente. — Você está pronta? — Indico que sim. — Certo, eu vou tão devagar quanto vocêquiser, ok? Assinto novamente e sinto seu peso em cima de mim. Assim que ele fica confortável, sinto a ponta de sua ereção cutucando minha entrada. Fico tensa de novo, mas imediatamente relaxo porque sei que é isso que quero. Ele diminui lentamente e, no início, não dói em nada. Na verdade, é bom. Ele relaxa um pouco mais, e ouço sua respiração ficar difícil. Isso torna minha necessidade por ele mais forte. — Continue — digo, sem fôlego. — Graças a Deus, porque é tão difícil não me mover. Você parece incrível. Com essa palavra final, ele avança um pouco mais e eu começo a sentir a ardência. Merda, isso queima. O que li está correto. Isso dói pra caralho. — Você está bem? Tento me reunir o suficiente para acenar com a cabeça. Minha respiração está ficando pesada e rápida enquanto tento acalmar a dor. — Avise-me quando puder me mover. Eu me sinto mal por ele. Eu posso dizer que ele está desesperado para se mover, mas ele não quer me machucar. — Por favor, continue. Ele não hesita. Ele se move lentamente no início, aliviando a dor. Ainda é doloroso, mas cada golpe alivia um pouco. Depois de mais alguns movimentos, a dor se transforma em prazer. Eu movo minhas mãos para baixo em seus quadris, agarrando-os e puxando- o mais profundamente. Ele rosna, pegando o ritmo um pouco mais. — Merda, Lily, você vai me fazer gozar rápido. Suas palavras, junto com seus movimentos, enviam ondas de prazer percorrendo todo o meu corpo. Minha adrenalina aumenta, e com ele outro orgasmo me aperta mais forte do que o primeiro. — J! — grito, enquanto ele continua e continua. J apenas acelera mais rápido, grunhindo e gemendo enquanto avança. Com um rugido, ele fica completamente imóvel dentro de mim e joga seu corpo em cima de mim. Ficamos assim por um tempo até que nossa respiração se acalme e eu me encontre em êxtase total. Eu fecho meus olhos e deixo meus dedos dançarem para cima e para baixo em suas costas. Posso sentir rugas nas pontas dos meus dedos e sei que há mais cicatrizes ali. Eu não pergunto a ele sobre elas. Eu não quero estragar nosso momento. Foi tudo o que pensei que seria, e muito mais. — Bem quando eu acho que não pode ficar melhor com você. Ele puxa a cabeça para cima e beija suavemente a ponta do meu nariz. Eu sorrio, mas quando ele sai, eu estremeço. — Desculpe. Você está dolorida? — Um pouco — admito. — Vou ao banheiro pegar um pano para você. Vejo quando ele desaparece, e logo ouço a descarga e a água correndo. Em um instante ele está de volta e rasteja entre minhas pernas. Para minha surpresa, ele me limpa suavemente com um pano maravilhosamente quente. Isso me acalma instantaneamente. — Obrigada — digo, sentindo-me tonta. — Sem problemas — ele se levanta, levando o pano com ele, mas em um minuto, ele está de volta e se deita ao meu lado na cama. Gostaria de saber o que vai acontecer a seguir. Ele espera que eu queira ir para casa agora? Ele rapidamente responde à minha pergunta não dita, puxando-me para seus braços e acariciando meu cabelo. Por muito tempo, ficamos deitados nos braços um do outro e sinto meus olhos ficando pesados de sono. Não demora muito para eu sucumbir ao inevitável. Capítulo 25 — Lily, acorde. Ouço sua voz e me pergunto se estou sonhando. Se eu estiver, não quero acordar. — Lily, é quase meia-noite. Eu tenho que levar você para casa. Meus olhos se abrem e, por um momento, eu me pergunto onde estou, mas, então, seu doce perfume me atinge e eu relaxo instantaneamente. — Por que você me acordou? — resmungo. — Eu estava tirando uma soneca relaxante. — É quase meia-noite. Não é o seu toque de recolher? Eu sorrio, sabendo que ele deve pensar isso por causa de todas as vezes que ele me seguiu para casa. — Não. É apenas um toque de recolher que eu mesma coloquei. — Mas, e quanto a sua amiga? Christine, não é? Ela ficará preocupada se você não enviar uma mensagem para ela. Eu puxo minha cabeça para encontrar a dele. — Como você... deixa pra lá — eu digo, levantando-me. Saio da sala e pego minha bolsa. Pego meu celular e envio uma mensagem para ela. Eu: De volta para casa agora sã e salva. Beijos Aperto ENVIAR e não me surpreendo quando o celular começa a tocar. — Alô. — Então, como foi? Eu quero saber todos os detalhes. Eu ouço a emoção em sua voz, então, eu sei que ela está esperando por isso praticamente a noite toda. — Foi muito bom, na verdade. Ele foi um perfeito cavalheiro... como sempre. — Bem, vamos lá então — ela pergunta impacientemente. Eu sei que ela pensa que estou em casa, mas ainda assim ficaria desconfortável em responder tudo o que ela quer saber. — Eu não posso contar tudo a você. Não agora, que estou quase indo para a cama. — Sussurro o máximo que posso para enfatizar que falar acordaria as pessoas. Além disso, não quero falar sobre isso quando sei que J está na sala ao lado. Eu a ouço suspirar. — Ok, mas me diga uma coisa. Acho que não posso mais usar meu apelido para você? Eu sorrio sabendo que ela está se referindo a “virginal”. — Não — digo, apenas para tirá-la do celular. Ela grita no meu ouvido. — Puta merda, Lily! Como foi? — Ela ri novamente. — Shh — digo ao celular. Eu olho por cima do ombro, mas J não está à vista. — Por que você está me calando? Seus pais não vão me ouvir. — Eu sei. É que parece impertinente, de alguma forma — eu rio. — Eu me sinto como uma criança se esgueirando. E eu me sinto uma criança travessa. Eu continuo olhando ao meu redor, certificando-me de que J não está à vista. — Você se divertiu? Isso é o principal. Você acha que vai vê-lo de novo? — Sim, e espero que sim. E eu realmente espero que sim. Apesar do fato de que nunca vou me arrepender desta noite, ainda me daria se ele simplesmente se levantasse e desaparecesse. — Correu tudo bem com você? Tyler veio te buscar? Eu a ouço suspirar. — Não. Ele me ligou para dizer que Max estava mal e precisava dele. Eu disse a ele que se ele quisesse escolher um estuprador em vez de mim, então que ele fosse se foder. Eu estremeço com a parte do suposto estuprador. — Ah — simplesmente digo. — Sim, ah. O punheteiro. Eu começo a rir de sua palavra. — Punheteiro? Ela começa a rir. — Você conhece Joanie da escola? Ela me contou sobre sua amiga de Londres que chama todo idiota de punheteiro. Gostei da palavra, então mantive-a. — Ok — digo, rindo — então, como você chegou em casa? — Jerry me trouxe para casa. Eu sorrio com isso. Eu realmente gosto de Jerry agora que sei que ele não é o idiota completo que pensei que fosse. — Ah, sim, e como foi? — Por que parece que você sabe de algo? Eu mordo meu lábio. — Eu realmente passei a gostar dele depois do que ele fez esta noite, e agora me surpreende que você terminou com ele para ficar com o Tyler. Ela fica em silêncio comigo por um momento, e eu me pergunto se eu a irritei. — Bem, nós brincamos um pouco depois de dançar. Começamos a rir juntas, então, sinto um par de braços me envolvendo. Ele me puxa para ele e eu imediatamente sinto sua ereção. Apesar de ainda me sentir um pouco dolorida, o desejo acende dentro de mim. — Hum, Christine, eu tenho que ir. Eu o sinto beijando a lateral do meu pescoço, então estou desesperada para desligar. — Vamos conversar mais tarde, ok? — Ok — grito, desligando. Eu me viro e pego sua cabeça com minhas mãos. Eu o beijo com tanto desejo quanto ele. — Então, você não precisa voltar agora? Balanço minha cabeça. — Não — respondo sem fôlego. — Você quer ir para a cama? — Sim. Com a resposta que ele quer ouvir, ele me pega e me carrega de volta para a cama. Nós nos beijamos por um tempo enquanto ele me deixa em um frenesi. Não demora muito para eu gozar, e J coloca outra camisinha. Sendo minha segunda vez, dói um pouco no começo, mas logo, assim como da primeira vez, ele tem um ritmo iniciado, e eu me excito novamente. A primeira vez foi fantástica, mas a segunda parece mágica. — Você me arruinou — diz ele, sem fôlego contra meus lábios. Não demorou muito para que ele gozasse, então, deduzo que foi isso que evocou essas