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1 RADIOPROTEÇÃO 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 4 2. Proteção Radiológica ....................................................................................................................... 7 2.1.1 Efeitos Biológicos ................................................................................................................ 9 2.1.2 Equipamentos de Proteção Radiológica ............................................................................ 10 2.1.3 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal ............................................................................ 11 2.1.4 Processo de Trabalho da Enfermagem com o uso das Técnicas Radiológicas .................. 12 3. A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR............................................................................................. 15 3.1.1 Atuação dos enfermeiros (as) na medicina nuclear .......................................................... 16 3.1.2 Radioproteção e os Riscos do profissional de enfermagem na medicina nuclear ............ 18 4. CUIDADOS DE RADIOPROTEÇÃO PARA O ATENDIMENTO AOS PACIENTES.................................. 21 4.1.1 Delimitação das áreas quentes, mornas e frias ................................................................ 21 5. NOÇÕES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ......................................................................................... 23 5.1.1 Conceito de Proteção Radiológica .................................................................................... 23 5.1.2 Proteção Radiológica do Ecossistema ............................................................................... 24 5.1.3 Avaliação de Impacto Ambiental....................................................................................... 24 5.1.4 NORM e TENORM.............................................................................................................. 25 6. PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA..................................................................................... 26 6.1.1 Otimização ......................................................................................................................... 26 6.1.2 Classificação das áreas de trabalho ................................................................................... 27 7. SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA .......................................................................................................... 29 7.1.1 Sistema de triagem de público .......................................................................................... 30 7.1.2 O plano de proteção radiológica ....................................................................................... 31 7.1.3 Responsabilidade do supervisor de proteção radiológica ................................................ 32 7.1.4 Procedimentos operacionais ............................................................................................. 33 7.1.5 O símbolo da radiação ....................................................................................................... 33 8. CLASSIFICAÇÃO DOS REJEITOS RADIOATIVOS ............................................................................... 36 Referências ............................................................................................................................................ 37 4 1. INTRODUÇÃO O processo de trabalho na área da saúde é realizado por diversas categorias profissionais, dentro das quais se encontra a enfermagem. A Enfermagem é uma profissão que possui significativo contingente de profissionais atuando em diversos lugares e desenvolvendo as mais variadas funções dentro da área da saúde. A atuação dos enfermeiros na área de radiodiagnóstico partiu principalmente da necessidade de cumprir o que determina a resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 347/2009 esta resolução determina que sempre que houver ações de enfermagem sendo executadas, é indispensável a presença e responsabilidade de um enfermeiro no local. A competência do Enfermeiro em radioterapia, medicina nuclear e serviços por imagem estão estabelecido na Resolução do COFEN nº 211/98 destacando entre outras funções a de planejar, organizar, supervisionar, executar e avaliar todas as atividades de Enfermagem, baseados em uma metodologia assistencial de Enfermagem; participar de programas de garantia da qualidade em serviços que utilizam radiação ionizante, de forma setorizada e global; proporcionar condições para o aprimoramento dos profissionais de Enfermagem atuantes na área, através de cursos e estágios em instituições afins; registra informações e dados estatísticos pertinentes à assistência de Enfermagem, ressaltando os indicadores de desempenho, interpretando e otimizando a utilização dos mesmos e manter atualização técnica e científica de manuseio dos equipamentos de radioproteção, que lhe permita atuar com eficácia em situações de rotina e emergenciais, visando interromper e/ou evitar acidentes ou ocorrências que possam causar algum dano físico ou material. A enfermagem radiológica é especialidade da enfermagem relacionada ao cuidado do usurário ou ocorrências que possam causar algum dano físico ou material. A enfermagem radiológica é a especialidade da enfermagem relacionada ao cuidado do usuário submetido a procedimentos diagnósticos e terapêuticos nos Serviços de Radiologia e Diagnóstico por Imagem - (OPAS). Esta especialidade vem sofrendo grandes modificações desde a descoberta dos raios X por Roentgen, em 1895. A radiação X tem sido aplicada em grande escala 5 na área da saúde para fins terapêuticos e diagnóstico, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico da área da saúde e qualidade de vida dos pacientes e usuários. Devido a estas transformações e o crescimento da atuação da enfermagem ao longo dos anos é necessário o aperfeiçoamento técnico – científico, sendo imprescindível a qualificação da enfermagem para atuar com conhecimento, segurança e qualidade em seu processo de trabalho nessa especialidade. Em decorrência de uma demanda de atendimentos a pacientes com necessidade cada vez mais complexas, é exigido do setor de saúde a incorporação de novas tecnologias e formas de organização do trabalho. Porém, esta nova configuração pode contribuir para o adoecimento dos profissionais decorrente da exposição insegura a riscos ocupacionais. Os fatores de riscos ocupacionais, de acordo com a Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS), são classificadosem químicos, biológicos, ergonômicos, psicossociais, mecânicos, de acidentes e físicos. Os agentes físicos englobam diversas formas de energia a que possam estar expostos os profissionais, tais como vibração, pressão, ruído, temperaturas extremas, radiações não ionizantes e radiações ionizantes. Os raios X são ondas eletromagnéticas de alta frequência, que têm grande poder de penetração. Podem ionizar átomos e moléculas podendo ocasionar diversas alterações e possíveis mutações que são potencialmente capazes de causar neoplasias e principalmente a morte celular (OKUNO, 2013). Devido às diversas descobertas e manuseios da radiação, houve transformações na área da saúde, tendo como exemplo o aprimoramento das tecnologias diagnósticas, na qual fez com que esse aumento de exposição à radiação ionizante bem como o aumento das neoplasias crescesse pelo os diversos tipos de tecnologias que foram desenvolvidas provocando possíveis danos à saúde devido ao uso indiscriminado da radiação, tendo em conta que a radiologia diagnóstica é fonte principal desse avanço (KHORY, 2010). Conforme Filipov (2013), foram necessários 30 anos desde a descoberta dos raios X, para que se criasse um órgão responsável por todas as questões envolvendo proteção radiológica as questões relacionadas à radiação ionizante, bem como para desenvolver equipamentos de proteção radiológica, protocolos para medir níveis de 6 radiação e cuidados ao trabalhar com a radiação ionizante. Devido a essa preocupação, no ano de 1928, foi estabelecida a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP – International Commission on Radiological Protection) tendo como objetivo principal informar e demonstrar procedimentos padronizados de proteção para os indivíduos sem limitar os benefícios através da exposição à radiação. De acordo com Huhn et al. (2013), em determinados hospitais, as unidades de terapias intensivas neonatais possuem aparelhos de raios X móveis, nas quais muitos dos profissionais da Enfermagem possuem pouco conhecimento sobre as normas de proteção radiológica e muitos têm medo, tendo como consequência a negação em auxiliar os profissionais das técnicas radiológicas durante os exames. A pesquisa de Flôr e Kirchhof (2006) mostram que os profissionais de enfermagem se expõem às radiações ionizantes, principalmente por desconhecerem as recomendações previstas na legislação. Deve-se ressaltar que esses profissionais da enfermagem não possuem em sua matriz curricular assunto referente à proteção radiológica ou mesmo sobre a radiação ionizante, seus benefícios e efeitos. Aqueles que conhecem sobre proteção radiológica e a importância do auxílio aos profissionais da radiologia adquirem este conhecimento na prática durante os exames de imagens realizados no setor. Essa atitude pode ser justificada pelo conhecimento fragilizado que os profissionais de enfermagem possuem acerca das tecnologias radiológicas e os riscos da exposição à radiação ionizante. [...] constata-se que, para adentrar o serviço, não é valorizado o conhecimento específico relacionado às tecnologias radiológicas, mas sim saberes de cunho técnico da profissão, os quais são específicos e inerentes à práxis da enfermagem. Ressalta-se que a maioria dos trabalhadores não pode escolher o setor de atuação. (DE MELO et al, 2015, p. 804). Por meio da sensibilização dos profissionais de enfermagem sobre a proteção radiológica, tem-se buscado medidas para obter segurança no uso da radiação x, para assim garantir imagens de qualidade e, principalmente, a proteção dos pacientes e dos trabalhadores ocupacional mente expostos às radiações ionizantes (GOMES, 2012). 7 2. PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Conforme Alves (2005), a proteção radiológica é um conjunto de medidas que determinam como proteger os profissionais e o público em geral dos efeitos da exposição à radiação ionizante. Para estabelecer meios de proteção aos trabalhadores foram criadas organizações internacionais como a International Commission on Radiological Protection (ICRP) e aInternational Commission on radiation Units and Measurements (ICRU) para definir grandezas de medidas da radiação e estabelecer limites máximos de dose para os trabalhadores e público em geral. No Brasil, estas normas ficaram a cargo do Instituto de Pesquisas Radioativas IRP (1952) e posteriormente da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN (1956) a qual criou portarias e normas preventivas quanto à utilização e uso de materiais radioativos (SANTOS, 2008). A principal Portaria que cita a importância da proteção radiológica é a de número 453/98, a qual tem como regulamento técnico as diretrizes básicas da proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico. Tal documento dispõe sobre o uso dos raios X diagnósticos em todo o território nacional e ressalta a importância de desenvolver formas adequadas para controlar os riscos físicos da radiação ionizante, tanto na parte operacional, quanto na minimização da dose nos pacientes (BRASIL, 2005). Existe, também, a Norma Regulamentadora (NR) 32 que determina diretrizes básicas para o uso das medidas de proteção radiológica na segurança dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como com aqueles que exercem atividades de assistência à saúde em geral (ALVES, 2016). A Portaria nº 453/98 tem como princípio básico de proteção radiológica a justificativa da prática, a otimização e a limitação das doses. Justificação é o princípio básico da proteção radiológica que estabelece que qualquer exposição à radiação deve ser justificada para que o benefício seja maior que qualquer risco saúde pela exposição à radiação[...]. A otimização segue o princípio de ALARA (AS Low As Reasonably Achievable), que informa que toda 8 realização a exposição deve acontecer desde que as doses no indivíduo sejam tão baixas, que quase são imperceptíveis (BRASIL,1998). Conforme a Portaria nº 453, de 1º de junho de 1998, do Ministério da Saúde do Brasil, o princípio da limitação de doses determina que para pacientes, acompanhantes e para os profissionais da área da saúde expostos à radiação ionizante, todos devem seguir as normas de tal maneira que nem a dose efetiva e nem a dose equivalente nos órgãos ou tecidos de interesse, ultrapassem o limite de dose anual determinada (BRASIL,1998)de acordo com as três grandezas físicas responsáveis em medir a radiação que são: exposição, dose absorvida e dose equivalente conforme mostra a Quadro 1. Quadro 1-Limites Anuais de Doses Efetivas e Equivalentes Fonte: Comissão Nacional de Energia Nuclear (2014). Conforme Tauhata (2003) é possível controlar e, até mesmo, minimizar as radiações ionizantes resultantes de fontes externas seguindo três princípios básicos: 1. tempo 2. distância 3. blindagem Sendo que a dose de radiação deve ser diretamente proporcional ao tempo de exposição do indivíduo e inversamente proporcional ao quadrado da distância da fonte de radiação. Em certas situações, especialmente quando se trabalha com altos níveis de radiação, se faz necessário o uso de um dispositivo de blindagem para que haja a proteção necessária conforme as regras da comissão nacional de energia nuclear. Existem algumas precauções que podem ser tomadas para limitar os riscos e prevenir acidentes os próximos itens abordam essas formas. 9 2.1.1 Efeitos Biológicos Após muitos anos de uso de procedimentos radiológicos nas unidades de saúde, realizar um exame de raios X é algo corriqueiro, tornando-se um procedimento padrão. Entretanto, seu uso intensivo não significa o pleno domínio de suas técnicas e efeitos. Dentre alguns dos primeiros efeitos decorrentes observados em razão do uso inapropriado da radiação ionizante estão eritema de pele e em alguns casos cânceres radio induzidos. Algumas pesquisas realizadas sobre o assunto demonstramo desconhecimento, tanto de pacientes como de muitos profissionais da área da saúde, sobre os possíveis efeitos biológicos e procedimentos de segurança necessários para a realização deste tipo de exame. Para Dauter et al.(2011), o entendimento que as pessoas têm acerca deste exame podem ser provenientes de diferentes fontes, incluindo a qualidade da informação dada ao público em geral sobre suas reais consequências ou, ainda, a compreensão apresentada queé resultante da associação da palavra radiação com eventos com armas e/ou acidentes nucleares como os casos de Chernobyl e Fukushima no Japão. O uso da palavra radiação, na maioria das vezes, provoca uma sensação de medo e ansiedade nos pacientes e seus acompanhantes como também nos profissionais da área da saúde. Isto se explica devido aos efeitos biológicos que podem ocorrer no corpo humano devido à exposição à radiação que vão desde danos nas células de participação do processo de reprodução, ocasionando más formações nos descendentes destes indivíduos que foram expostos, até mesmo morte celulares, alterações do metabolismo, e alterações no cromossomo, onde a radiação interage diretamente com moléculas do DNA resultando em mutações genéticas além de outros efeitos devido à exposição como o câncer, radio dermites, leucemia e catarata.(KHOURY,2010). Os efeitos biológicos se classificam em: somáticos e genéticos e são subdivididos em efeitos estocásticos e efeitos determinísticos. De acordo com Khoury (2010), os efeitos estocásticos não podem ser visualizados imediatamente após a irradiação, vindo a se manifestar meses ou anos após sua exposição. Estes estão 10 relacionados a baixas doses de radiação, tais como a exposição ocupacional dos profissionais da área da saúde. Todavia a gravidade do efeito estocástico não depende da dose, mas sim da quantidade na qual esses profissionais são expostos. Segundo o mesmo autor os efeitos surgem em células normais, sendo as principais manifestações o câncer e os efeitos hereditários, as quais ocorrem em células que serão repassadas aos descendentes. Já os efeitos determinísticos são aqueles que aparecem em um curto espaço de tempo devido a altas doses de radiação sendo as principais manifestações: cataratas, leucopenia e radio dermites (KHOURY, 2010). 2.1.2 Equipamentos de Proteção Radiológica A Portaria nº 453/98, no item 4.27, tem como norma que para realização de exames radiológicos com equipamentos móveis em leitos hospitalares ou mesmo em ambientes de uso coletivo como em alas de internação, tais como berçário, alas de especialidades como queimados e unidade de terapia intensiva neonatal, só será permitido realização dos exames, quando o paciente não tiver condições de ser transferido para realizar o exame no setor de radiologia com aparelho fixo (BRASIL, 1998). Neste caso, deve-se fazer o possível para que pacientes próximos, que por algum motivo também não possam ser retirados da unidade, devam ser protegidos da radiação espalhada com uma barreira protetora com no mínimo 0,5 de mm de chumbo ou então tentar posicioná-los para que de alguma maneira nenhuma parte do corpo destes pacientes estejam a menos de 2 metros do cabeçote ou do próprio receptor de imagem do aparelho móvel. Os equipamentos de proteção radiológica têm o objetivo de proteger os trabalhadores, pacientes e públicos em geral em todas as situações que os mesmos forem expostos às radiações ionizantes. Os equipamentos de proteção radiológica podem ser classificados em Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Equipamento de Proteção Individual (EPI). Para a realização de exames radiográficos, é necessário que os profissionais da área da saúde possuam o conhecimento de biossegurança, a qual consiste um conjunto de ações que devem ser tomadas com o objetivo de prevenir, diminuir, ou 11 até mesmo eliminar os riscos para profissionais e pacientes que venham a ser expostos no momento em que o exame é realizado. Dentre essas ações está o uso correto de EPI, tais como: protetores de tireoide, saias de proteção, protetores abdominais, aventais de proteção, mangas protetoras, protetor de gônadas, luvas de proteção, óculos e também o uso de EPC, como: a cabine de segurança de incêndio, vidro plumbífero entre outros (SOUZA, 2010). A Portaria nº 453, em seu item, descreve que para cada equipamento de raios X deve haver uma VPR, a qual deve garantir proteção do tronco dos pacientes, incluindo tireoide e gônadas, com pelo menos 0,25 mm de equivalente de chumbo (mmPb). Além disso, é estabelecido que caso um indivíduo precise assistir a um paciente debilitado, este deve utilizar um avental plumbífero com no mínimo 0,25 mmPb. Já para os profissionais, a Portaria, no item (ii), relata que durante procedimentos radiológicos os profissionais devem proteger-se da radiação espalhada usando VPRs ou barreiras protetoras com atenuação não inferior a 0,25 mmPb. Na blindagem de proteção contra a radiação ionizante, o objetivo principal é minimizar o máximo possível a exposição em ambientes que a radiação espalhada exceda o limite aceitável para serviços que não utilize os equipamentos de proteção, mas mesmo que este limite de exposição permitido não seja ultrapassado, deve existir uma proteção adicional para órgãos que são mais sensíveis como a tireoide, cristalino e gônadas. Para a realização das técnicas radiológicas, todos os profissionais envolvidos devem cumprir as normas e medidas de proteção radiológica. Além disto, os responsáveis pelos setores de radiologia deverão realizar periodicamente levantamentos radio métricos para avaliar se os níveis de radiação nas áreas próximas ao setor de radiologia estão corretos ou dentro dos padrões aceitáveis (DIMENSTEIN; HORNOS, 2008). 2.1.3 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal De acordo com a Portaria nº 930 do Ministério da Saúde, uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal é uma clínica que promove a internação e cuidados por 12 tempo integral de neonatos prematuros ou aqueles que passaram por alguma complicação grave no momento do nascimento assim necessitando de um cuidado específico e intensivo. Conforme a Portaria nº 930/MS, a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, deve ter em seu quadro clínico, determinadas especialidades, tal como uma equipe multidisciplinar composta por: 1 (um) médico Neonatologista responsável técnico;1 (um) médico com uma jornada de trabalho de no mínimo de 4(quatro) horas, e com especialização em Neonatologia; 1(um) médico plantonista com especialização em Pediatria; 1 (um) enfermeiro coordenador com jornada de trabalho diária de 8(oito) horas com especialização em neonatologia; 1 (um) enfermeiro assistencial para cada 10 ( dez) leitos, em cada turno; 1 (um) fisioterapeuta exclusivo para cada 10 (dez) leitos em cada turno; técnicos de enfermagem, no mínimo, 1 (um) para cada 2 (dois) leitos, em cada turno; 1 (um) funcionário exclusivo responsável pelo serviço de limpeza em cada turno e 1 (um) fonoaudiólogo disponível para a unidade. Os exames radiológicos realizados nos leitos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal são algo comum de acontecer na unidade. Mas o fato é que não são somente estes pacientes que são expostos às radiações ionizantes, mas também todos que estão próximos ao paciente para o qual foi solicitado o exame, como os outros pacientes e os profissionais de enfermagem, entre outros que atuam na unidade e que aos poucos recebem pequenas doses de radiação ocasionando efeitos cumulativos da radiação ionizante. 2.1.4 Processo de Trabalho da Enfermagem com o uso das Técnicas Radiológicas Para compreender as relações envolvidas no processo de trabalho em saúde, especificamente, no setor de radiologia, o qual é o foco da presente pesquisa, se faz necessário transitar, mesmo que de forma breve, pela teorização do processo detrabalho, com base no materialismo histórico-dialético, tendo como seu maior expoente as concepções marxistas, como também, pelas reflexões advindas da sociologia das profissões. Ao longo da história, as formas de desenvolvimento do trabalho em saúde e suas práticas, como também, o processo de formação profissional e de produção de 13 conhecimentos dessa área de atuação se modificaram. Isso porque todo tipo de trabalho, incluindo o serviço em saúde, se desenvolve em sociedades específicas e corresponde a determinados contextos sociais, influenciados pelo modo de produção hegemônico, pela cultura e pela forma de organização da produção nos setores mais dinâmicos da economia. O homem ao utilizar suas capacidades mentais e físicas, para modificar um determinado objeto, fazendo uso e criando meios para essa transformação, caracterizam o processo de trabalho, ou seja, o objeto uma vez modificado nesse processo se torna diferente do que era, se torna um produto dessa ação. O processo de trabalho em Enfermagem é um serviço no qual o trabalho não se concretiza por produtos materiais, mas sim, em mudanças que proporcionam bem- estar e saúde, ou seja, é caracterizado pelo cuidado prestado àquele que precisa preservar a saúde ou prevenir doenças. Portanto, aquele que recebe os cuidados, de alguma maneira, é transformado. O processo de trabalho em Enfermagem definindo fatores como: finalidade, objeto, instrumento e produto final: O processo de trabalho dos profissionais de saúde tem como finalidade a ação terapêutica de saúde; como objeto -o indivíduo ou grupos doentes, sadios ou expostos a risco, necessitando medidas curativas,[...]; como instrumental de trabalho-os instrumentos e as condutas que representam o nível técnico do conhecimento que é o saber de saúde e o produto final é a própria prestação da assistência de saúde que é produzida no mesmo momento que é consumida. (PIRES, 2000, p. 255). Apesar do trabalho na área da saúde ter características específicas, como por exemplo, ser de extrema importância para a vida humana, indispensáveis à vida em sociedade, ela também compartilha de elementos que caracterizam o processo de produção do setor -prestação de serviço-podendo assumir diferentes configurações, como, “a realização de uma consulta; uma cirurgia; um exame-diagnóstico; a aplicação de medicações; uma orientação nutricional, etc.” Além das diferentes formas de prestação do serviço em saúde, este pode ser realizado por diversas categorias profissionais, médicos, técnicos, atendentes e a Enfermagem que por sua vez pode ter atuações específicas, como é o caso da 14 Enfermagem radiológica, “responsável pelo atendimento ao paciente nos períodos pré, intra e pós-procedimento, envolvendo tecnologias radiológicas. Definem a finalidade do processo de trabalho desse ramo específico do serviço em saúde -Enfermagem radiológica da seguinte forma: No setor de radiologia a finalidade do trabalho é a obtenção de imagens que auxiliarão o diagnóstico preciso dos pacientes. No centro cirúrgico, a finalidade é a obtenção de imagens que irão conduzir ou facilitar um procedimento terapêutico. E, na hemodinâmica, existem finalidades diferenciadas, ou seja, elas servem tanto para o diagnóstico como para o tratamento de doenças. (MELO et al., 2015, p. 803). Os serviços em radiologia e diagnóstico por imagem destacam-se por sua alta complexidade, pois são serviços que possuem um desenvolvimento técnico e científico de última geração que permite a eficiência no processo de diagnóstico clínico ou cirúrgico das patologias, exigindo conhecimento, competências e habilidades dos profissionais para atuarem nessa área. Por isso analisar as dimensões do processo de trabalho dos profissionais de Enfermagem radiológicos e suas tecnologias é imprescindível para a qualificação desse tipo de prestação de serviço. A enfermagem é comumente conhecida como a profissão que cuida. Nesta questão Batista et al. (2016) informa que este profissional permeia a radiologia, pois atende o cliente no pré, no intra e no pós-procedimento radiológico e, para isso, necessita que o profissional possua conhecimentos teóricos e habilidades técnicas específicas da área da imaginologia para que o mesmo preste um atendimento adequado. Torna-se inegável os grandes benefícios que as radiações trouxeram para a área da saúde. Entretanto, em decorrência de uma demanda de atendimentos a pacientes com necessidade cada vez mais complexas, é exigido do setor de saúde a incorporação de novas tecnologias e formas de organização do trabalho. Porém, esta nova configuração pode contribuir para o adoecimento dos profissionais decorrente da exposição insegura a riscos ocupacionais e por isso, os profissionais de enfermagem, também, devem munir-se de conhecimento teórico-prático para a validação das técnicas radiológicas utilizadas no ambiente atendimento à saúde 15 3. A HISTÓRIA DA MEDICINA NUCLEAR A história da medicina nuclear começou com as descobertas da radioatividade natural no ano de 1896 por Henri Becquerel, e por Marie e Pierre Curie os elementos radioativos naturais no ano de 1889 (ROBILOTTA, 2005). A Organização Mundial de Saúde (OMS) define medicina nuclear como uma especialidade que se ocupa do diagnóstico, tratamento e investigação mediante o uso de radioisótopos. Estes isótopos radioativos ou radioisótopos possuem a propriedade de emitir radiações, as quais podem atravessar a matéria ou serem absorvidas possibilitando sua utilização para fins diagnósticos e terapêuticos, visto que esta radiação mesmo quando em quantidades cuja massa não pode ser determinada, pode ser detectada (OMS, 2018). De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica –AIEA (2018) medicina nuclear é uma especialidade médica na qual material radioativo é utilizado para diagnóstico e tratamento de doenças. Pode-se receber uma dose devida às fontes radioativas (fora do corpo) ou de material radioativo incorporado ao corpo (exposição interna). A medicina nuclear é uma especialidade médica que utiliza métodos seguros, praticamente indolores, não invasivos e de relativo baixo custo para fornecer informações que outros exames diagnósticos não conseguiriam, através do emprego de fontes abertas de radionuclídeos (POZZO; et al,2014). Habitualmente, os materiais radioativos são administrados in vivo, por via venosa, oral, inalatória ou subcutânea, e apresentam distribuição para órgãos ou tipos celulares específicos, não havendo risco de reações alérgicas. Esta distribuição pode ser ditada por características do próprio elemento radioativo. Outras vezes, o mesmo é ligado a um outro grupo químico, formando um radio fármaco, com afinidade por determinados tecidos (SBMN, 2018). Trata-se de uma especialidade médica que tem como característica principal o uso de emissores de radiação ionizante, na forma não selada. Estes devem ser ligados a moléculas de interesse biológico, compondo substâncias chamadas de radio fármacos, que são administradas aos pacientes para diagnóstico ou terapia. Se o radionuclídeo usado for emissor de radiação eletromagnética (gama) ou de pósitrons, 16 é possível mapear a distribuição do material dentro do corpo do paciente usando um detector externo chamado de câmara de cintilação (gama câmara) ou um tomógrafo por emissão de pósitrons.(POZZO; et al 2014). No Brasil, a tecnologia tomógrafo por emissão de pósitrons (PET) foi introduzida no ano de 1998, com a instalação de uma câmara PET/ SPECT no Serviço de Radioisótopos do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Essa nova tecnologia estendeu a metodologia já bem estabelecida em SPECT a PET a um custo reduzido e sustentável quando comparado ao custo da PET dedicada, além de permitir o uso contínuoda câmara quando da ausência de fornecimento da FDG. A medicina nuclear utiliza radioisótopos distintos para terapia e diagnóstico. Quando a abordagem da medicina nuclear é terapêutica, a radiação é empregada na tentativa de curar doenças. Determinados tipos de câncer a exemplo, do câncer tiroidal, câncer nos ossos, câncer de pulmão, entre outros, podem ser tratados por radioterapia. Quando o tecido vivo é irradiado, a radiação ionizante interfere no processo de replicação celular, com efeito, mais acentuado nas células doentes. Entretanto, células sadias também podem ser afetadas, mesmo que o feixe radioativo seja apontado precisamente para o tecido neoplásico, mas como estas possuem mecanismos de regeneração do DNA, tornam-se mais resistentes à radiação. Na medicina nuclear para fins de diagnóstico, os radio fármacos, que são compostos químicos dotados de um radioisótopo, são introduzidos nos pacientes para fornecerem informações sobre a presença e/ou extensão de uma determinada doença 3.1.1 Atuação dos enfermeiros (as) na medicina nuclear O desenvolvimento de trabalho na área da saúde é exercido por diversas categorias profissionais, dentro das quais se encontra a enfermagem (ALOTAIBI & SAEED, 2006). Enfermagem é uma profissão que detém expressivo contingente de profissionais atuando em diversos lugares e desenvolvendo as mais variadas funções dentro da área da saúde (BRAND & FONTANA et al, 2001). 17 De acordo com a Resolução COFEN nº 211/1998 que dispõe sobre atuação dos profissionais de enfermagem que trabalham com radiação ionizante aprova em seu artigo 1º as normas técnicas de radioproteção nos procedimentos a serem realizados pelos profissionais de enfermagem que trabalham com radiação ionizante em Radioterapia, Medicina Nuclear e Serviços de Imagem. A Resolução COFEN nº 347/2009 normatiza que é indispensável a presença e responsabilidade de um enfermeiro em todas as unidades de saúde sempre que houver ações de enfermagem sendo executadas. Na área de saúde, particularmente na enfermagem tem sido constante a busca por um processo educativo contínuo, no intuito de garantir o cuidado em diversas especialidades de enfermagem, neste caso, na medicina nuclear. Neste cenário, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde a partir da portaria nº198/04 como estratégia do Sistema Único de Saúde. As ações dos enfermeiros nos serviços de saúde vão além dos cuidados tradicionalmente conhecidos e, por ter um trabalho diversificado as ações são impulsionadas na busca contínua de atualizações dentro da área tecnológica (GEROLIN, 2000). Neste contexto, é essencial que o enfermeiro seja capacitado a orientar os pacientes acerca dos procedimentos que serão realizados, esclarecendo as dúvidas, reduzindo a ansiedade e o tempo de exposição radiológica como também proporcionar todos os cuidados específicos direcionados ao diagnóstico por imagem na medicina nuclear. É de responsabilidade do enfermeiro em medicina nuclear a realização de procedimentos técnicos, orientações, elaboração de questionários, protocolos, administração do setor, manuais, planejamento, organização, treinamento dos profissionais de enfermagem e intervenções no preparo do paciente antes, durante e posterior ao exame. Segundo Nischimura (1999) os radio fármacos são aplicados pelos profissionais de enfermagem em razão da sua prática envolver conhecimentos pertinentes de enfermagem como o preparo e administração de medicações orais e parenterais. Torna-se necessário no trabalho de medicina nuclear uma equipe multiprofissional, pois envolve múltiplos saberes. A equipe é composta por um médico nuclear, radio farmacêutico, físico, enfermeiro, técnico em medicina nuclear e técnico 18 em enfermagem. Neste contexto, são atribuições específicas da equipe de enfermagem: administração da dose recomendada de radio fármacos; orientação e/ou esclarecimento relacionados aos procedimentos a serem realizados, incluindo os controles e liberação dos usuários internados; agendamento dos exames preliminares; coleta de sangue para dosagem hormonal; controle e administração da medicação prescrita; orientações referentes à internação e alta e, atendimento de imediato às eventuais intercorrências clínicas (ALMEIDA, 1992; PELEGRINO & ALMEIDA, 1999). 3.1.2 Radioproteção e os Riscos do profissional de enfermagem na medicina nuclear Proteção radiológica ou radioproteção refere-se ao conjunto de medidas que tem como objetivo proteger o homem e o meio ambiente de possíveis efeitos adversos causados pela radiação ionizante. A Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) preocupa-se há muitos anos com o problema da interação da radiação ionizante no corpo humano e os danos por ela causados. Ela estuda os riscos da radiação, estabelecendo valores de doses máximas permissíveis, tanto para o trabalhador com radiações ionizantes como para o público em geral (ICRP, 1977).A Resolução COFEN nº 211/98 dispõe acerca da atuação dos profissionais de enfermagem que trabalham com radiação ionizante segundo as normas técnicas e de radioproteção estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela Comissão de Energia Nuclear. No Brasil, as diretrizes básicas de proteção radiológica são regulamentadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear NN 301 de março de 2014 tem como objetivo restabelecer os requisitos básicos de proteção radiológica das pessoas em relação à exposição à radiação ionizante (CNEN, 2014). Por essa razão, trabalhar com radiações ionizantes e com materiais radioativos que exige conhecimento e responsabilidade destacando aqui, os acessórios plumbíferos e o dosímetro. O uso correto do dosímetro de tórax e de pulso, conforme Portaria nº 453 de 1998 é primordial para o monitoramento preciso da quantidade de radiação recebida por cada profissional de enfermagem e, deve ser utilizado em todo o período da jornada de trabalho por cima do avental plumbíferos, na região do tórax e, o dosímetro de pulso no membro superior dominante. 19 Neste aspecto, o enfermeiro deve estar qualificado tecnicamente e cientificamente para conhecer e/ou reconhecer os agravos e complicações que possam surgir assim como programar as intervenções necessárias e eficazes para reduzir as complicações, em virtude de ser um profissional que atua diretamente aos procedimentos de diagnóstico e administração de contraste. Segundo Machado; Menezes; Queiroz et al (2011) existem 3 fatores de radioproteção básicos que podem ser utilizados para minimizar a dose de radiação: tempo, blindagem e distância. O tempo de exposição pode ser diminuído desde que, trabalhando-se o mais rápido possível próximo a fontes de radiação e na manipulação das mesmas. Em relação às blindagens, deve-se manipular material radioativo atrás da blindagem em “L”, utilizar avental de chumbo, usar transportadores de seringas sempre que for realizado o transporte de doses e usar o protetor de seringa para injeção do radio fármaco no paciente. No que diz respeito a distância, o projeto de sala de exames deve permitir o acompanhamento do paciente a distância razoáveis de aproximadamente 2m. De acordo a Resolução COFEN 211/98 são competências do enfermeiro na área de medicina nuclear: participar de programas de garantia da qualidade em serviços que utilizam radiação ionizante, de forma setorizada e global; proporcionar condições para o aprimoramento dos profissionais de Enfermagem atuantes na área, através de cursos e estágios em instituições afins; registrar informações e dados estatísticos pertinentes à assistência de enfermagem, ressaltando os indicadores de desempenho, interpretando e otimizando a utilização dos mesmos; manter atualização técnica e científica de manuseio dos equipamentos de radioproteção, que lhe permita atuar com eficácia em situaçõesde rotina e emergenciais, visando interromper e/ou evitar acidentes ou ocorrências que possam causar algum dano físico ou material. O exercício de qualquer atividade na qual manipula com radiação ionizante como no caso da medicina nuclear, não está isenta de riscos e, por essa razão, deve estar adequadamente justificada e otimizada e, especificamente em relação aos trabalhadores e do público em geral, sujeitas aos limites de dosagem estabelecidos. Na prática da medicina nuclear, tanto na perspectiva diagnóstica como na terapêutica, os riscos são de irradiação, tanto para os pacientes quanto para o trabalhador e, fundamentalmente para o trabalhador os riscos de contaminação (LOBATO; FARTO; MORAL et al, 2017). 20 De acordo com a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) a exposição à radiação pode acarretar câncer além de ocasionar riscos de malformação em embrião e feto no útero. Por essa razão, os trabalhadores devem receber informações e treinamentos acerca das atividades que irão desempenhar e, especialmente, sobre como desenvolver suas funções promovendo a sua proteção radiológica. O uso do EPI’s e os conhecimentos em um serviço de medicina nuclear constituem um dos requisitos principais do profissional de enfermagem. 21 4. CUIDADOS DE RADIOPROTEÇÃO PARA O ATENDIMENTO AOS PACIENTES Segundo Marshall Brucer, alguns fatores são importantes na proteção contra exposição a radiações. São eles: Tempo: A dose recebida é diretamente proporcional ao tempo de permanência de uma pessoa na área considerada. Todo serviço a ser feito em áreas onde há radiação deve ser planejado bem previamente, com o objetivo de restringir o tempo de exposição à radiação. Distância: A intensidade da radiação se reduz como quadrado da distância entre o ponto considerado e a fonte de radiação. Desta maneira, deve-se manter a maior distância possível entre a fonte e a pessoa. Blindagem: Para cada tipo de radiação deve ser escolhido um material apropriado como blindagem. No caso de radiação gama e X, quanto maior for a sua densidade eletrônica, maior será a absorção de radiação. O chumbo, por exemplo, é bastante denso, e se ajusta bem a este tipo de radiação. 4.1.1 Delimitação das áreas quentes, mornas e frias Esta delimitação foi uma das necessidades que estabelecemos como prioritária e que, em conjunto com a equipe de radioproteção da CNEN, logo implementamos na enfermaria onde os pacientes permaneceriam internados. Sem estas delimitações, seria impossível à equipe trabalhar livre de riscos de contaminação, bem como evitar a contaminação desnecessária de outras áreas. Área quente É a área dita contaminada; pode possuir maior atividade radioativa. É o local onde permanecem internados os pacientes, são as enfermarias, os corredores por onde transitam e as salas/banheiros de descontaminação. Área morna É a área de atividade intermediária, onde se localizam o posto de enfermagem e áreas contíguas, dentro da Unidade onde os pacientes permanecem internados. Esta área pode ou não estar contaminada. 22 Área fria É a área que, a princípio, não se encontra contaminada radiologicamente. É a área externa propriamente dita (vestiários, paiol de material, laboratório, copa). Para sair da área quente, todo o pessoal tinha obrigatoriamente que adotar uma série de rotinas, visando impedir a contaminação de outras áreas e pessoas. A vestimenta de uso obrigatório consistia de: capote cirúrgico ou macacão inteiramente fechado, dois pares de luvas, botas de plástico por cima dos sapatos, gorro e máscara cirúrgica. Para passar da área quente para a área morna, tirava-se o par de luvas, monitorava-se o macacão ou capote cirúrgico, para verificar se estava contaminado, e trocavam-se as botas. Passando da área morna para a área fria, tirava-se toda indumentária e, somente depois que o profissional era devidamente monitorado, era então liberado para a área fria. 23 5. NOÇÕES DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA 5.1.1 Conceito de Proteção Radiológica A Proteção Radiológica ou Radioproteção pode ser definida como um conjunto de medidas que visam proteger o homem e o ecossistema de possíveis efeitos indesejáveis causados pelas radiações ionizantes. Para isso ela analisa os diversos tipos de fontes de radiação, as diferentes radiações e modos de interação com a matéria viva ou inerte, as possíveis consequências e sequelas à saúde e riscos associados. Para avaliar quantitativa e qualitativamente tais possíveis efeitos, necessita de definir as grandezas radiológicas, suas unidades, os instrumentos de medição e detalhar os diversos procedimentos do uso das radiações ionizantes. O estabelecimento de normas regulatórias, os limites permissíveis e um plano de Proteção Radiológica para as instalações que executam práticas com radiação ionizante, tem por objetivo garantir o seu uso correto e seguro. Procedimentos para situações de emergência também devem ser definidos para o caso do desvio da normalidade de funcionamento de uma instalação ou prática radiológica. Os conceitos, procedimentos, grandezas e filosofia de trabalho em proteção radiológica são continuamente detalhadas e atualizadas nas publicações da International Commission on Radiological Protection, ICRP. Existe também a International Commission on Radiation Units and Measurements, ICRU, que cuida das grandezas e unidades, seu processo de aperfeiçoamento e atualização. Os conceitos contidos nas publicações da ICRP e ICRU constituem recomendações internacionais. Cada país, pode ou não adotá-los parcial ou totalmente, quando do estabelecimento de suas Normas de Proteção Radiológica. Tudo depende do estágio de desenvolvimento do país, da capacidade ou viabilidade de execução, em cada área de aplicação. 24 5.1.2 Proteção Radiológica do Ecossistema A preocupação com o meio ambiente, em Proteção Radiológica, sempre teve como foco as pessoas que nele e dele vivem. Quando se faz uma avaliação dos níveis de radioatividade natural, de dispersão de material radioativo por instalações do ciclo do combustível nuclear, principalmente das áreas de mineração e beneficiamento de material radioativo, a preocupação sempre foram os níveis de exposição ou contaminação a que as pessoas poderiam ser expostas, direta ou indiretamente, causando doses de radiação e riscos adicionais de dano à sua saúde. Assim, há muito tempo existem os programas pré-operacionais e operacionais de monitoração ambiental, de avaliação de impacto ambiental ou de risco de acidentes possíveis, modelos de dispersão e vias de exposição por material radioativo em acidentes, no licenciamento e implementação de instalações envolvendo material radioativo. No Brasil, os procedimentos, os critérios científicos e metodológicos estão bem detalhados na Posição Regulatória 3.01/008:2011 da CNEN que trata do “Programa de Monitoração Radiológica Ambienta”. A ICRP já faz proposta sobre a proteção radiológica do meio ambiente. Em 2007, ela estabeleceu claramente como objetivos para a Proteção Radiológica do Ecossistema, a necessidade global e esforço para: manter a diversidade biológica; assegurar a conservação das espécies; e proteger a saúde e o status do habitat natural, das comunidades e ecossistemas. 5.1.3 Avaliação de Impacto Ambiental O impacto ambiental radiológico é percebido, entre outros indicadores, pelo aumento da radioatividade nos meios físico e biológico, devido: a. ao aumento da concentração de radionuclídeos no meio-ambiente; b. à transferência e acumulação em diversos meios através de fenômenos de transporte; e c. à bioacumulação e adsorção. 25 A avaliação do impacto ambiental envolve as seguintes etapas: a. determinaçãodo termo fonte; b. identificação das vias de exposição críticas; c. identificação dos radionuclídeos críticos; d. identificação dos grupos críticos; e. estabelecimento de limites de dose; f. programa de monitoração ambiental e de efluentes; g. planejamento de um programa de monitoração ambiental; e h. modelagem para análise das vias de exposição. 5.1.4 NORM e TENORM As siglas NORM e TENORM são abreviações de Naturally Occurring Radioactive Materialse Tecnollogically Enhanced Naturally Occurring Materials, que constituem campos da Proteção Radiológica que tratam dos materiais utilizados ou processados pelo homem, que possuem concentrações de radionuclídeos naturais, que podem induzir doses de radiação significativas e que são responsáveis pela sua exposição à radioatividade natural. Tais materiais são processados nos serviços de tratamento de água potável, exploração de carvão mineral, minérios, petróleo, gás, fosfatos, além dos provenientes dos rejeitos industriais e médicos. A maioria dos radionuclídeos é constituída de elementos das séries do U, Th, além do K. Em qualquer um deles, o estudo é individual, ou seja, para cada tipo de radionuclídeo deve ser feito um procedimento específico para verificar se sua concentração no material pode ser considerada inócua ou necessita de uma intervenção para reduzir a exposição à radiação dos trabalhadores ou membros do público. 26 6. PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃORADIOLÓGICA Os objetivos da proteção contra as radiações são a prevenção ou a diminuição dos seus efeitos somáticos e a redução da deterioração genética dos povos, onde o problema das exposições crônicas adquire importância fundamental. Considera-se que a dose acumulada num período de vários anos seja o fator preponderante, mesmo que as doses intermitentes recebidas durante esse período sejam pequenas. As doses resultantes da radiação natural e dos tratamentos médicos com raios X, não são consideradas nas doses acumuladas. Por esse motivo, recomenda- se aos médicos e dentistas que tenham o máximo cuidado no uso dos raios X e demais radiações ionizantes, para evitar exposições desnecessárias. Mesmo assim, pesquisas e avaliações das doses e efeitos sobre a radioatividade natural e o uso das radiações ionizantes em Medicina e outras áreas de aplicação, são continua e crescentemente realizados. Os resultados destes esforços são publicados nos relatórios das Nações Unidas, denominados Report of the United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation‖, UNSCEAR. 6.1.1 Otimização O princípio básico da proteção radiológica ocupacional estabelece que todas as exposições devem ser mantidas tão baixas quanto razoavelmente exequíveis (ALARA: As Low As Reasonably Achievable). Estudos epidemiológicos e radio biológicos em baixas doses mostraram que não existe um limiar real de dose para os efeitos estocásticos. Assim, qualquer exposição de um tecido envolve um risco carcinogênico, dependendo do rádio sensibilidade desse tecido por unidade de dose equivalente (coeficiente de risco somático). Além disso, qualquer exposição das gônadas pode levar a um detrimento genético nos descendentes do indivíduo exposto. O princípio ALARA estabelece, portanto, a necessidade do aumento do nível de proteção a um ponto tal que aperfeiçoamentos posteriores produziriam reduções menos significantes do que os esforços necessários. A aplicação desse princípio requer a otimização da proteção radiológica em todas as situações onde possam ser 27 controladas por medidas de proteção, particularmente na seleção, planejamento de equipamentos, operações e sistemas de proteção. Os esforços envolvidos na proteção e o detrimento da radiação podem ser considerados em termos de custos; desta forma uma otimização em termos quantitativos pode ser realizada com base numa análise custo-benefício. Na Figura 1 faz-se uma representação esquemática desta análise, utilizando como parâmetro a dose coletiva. Figura 1- Descrição esquemática do método de análise custo-benefício para a otimização da proteção radiológica. 6.1.2 Classificação das áreas de trabalho Para fins de gerenciamento da Proteção Radiológica numa instalação, as áreas de trabalho com material radioativo ou geradores de radiação, devem ser classificadas em: Área Controlada, Área Supervisionada e Área Livre, conforme definidas na norma CNEN-NN-3.01: 28 a) Área Controlada Área sujeita a regras especiais de proteção e segurança, com a finalidade de controlar as exposições normais, prevenir a disseminação de contaminação radioativa e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais. b) Área Supervisionada Área para a qual as condições de exposição ocupacional são mantidas sob supervisão, mesmo que medidas de proteção e segurança específicas não sejam normalmente necessárias. c)Área Livre Área que não seja classificada como área controlada ou supervisionada. As áreas controladas devem ter controle restrito, estar sinalizadas com o símbolo internacional das radiações ionizantes, os trabalhadores devem estar individualmente identificados e monitorados e, na maioria das vezes, portando equipamento de proteção individual (EPI). Uma área para ser considerada controlada, sob o ponto de vista radiológico, deve apresentar, em média, um nível de exposição maior que 3/10 do limite máximo permitido pela norma da CNEN. Em algumas instalações, as áreas controladas podem ter requisitos adicionais de proteção e segurança visando, por exemplo, a guarda de segredos industriais ou militares. As áreas supervisionadas devem possuir monitores de área, controle de acesso e nível de exposição maior que 1 mSv/ano. As áreas consideradas livres devem apresentar um nível de exposição menor do que 1 mSv/ano. 29 7. SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA Um dos cenários possíveis de ocorrência em Proteção Radiológica é o funcionamento da instalação ou do procedimento técnico apresentar um desvio de operação e possibilitar o surgimento de sequências de eventos indesejáveis e até perigosos. Neste caso, a presteza no atendimento a estas situações de emergência, deve ser eficiente e rápido, para evitar danos crescentes, à medida que o tempo passa. O atendimento a estas situações varia com a gravidade do evento e com o cenário envolvido. A maioria delas é resolvida pelos responsáveis pela operação ou pelo serviço de proteção radiológica local. Numa situação mais ampla e complexa, exige-se a intervenção do Serviço de Atendimento a Situações de Emergência do País. Num evento envolvendo uma situação de emergência, a primeira preocupação é a prevenção ou redução da dose nos IOE ou membros da população. Os objetivos práticos recomendados pela ICRP em sua publicação 109, aprovada em outubro de 2008, são os seguintes: retomar o controle da situação; prevenir ou mitigar as consequências da cena; prevenir a ocorrência de efeitos determinísticos nos trabalhadores e membros do público; prestar os primeiros socorros e gerenciar o tratamento das lesões da radiação; reduzir, na medida do possível, a ocorrência de efeitos estocásticos na população; prevenir, na medida do possível, a ocorrência de efeitos não radiológicos adversos sobre indivíduos e entre a população; proteger, na medida do possível, o ambiente e os bens; e levar em conta, na medida do possível, a necessidade de retomada das atividades sociais e econômicas As “Medidas de Proteção e Critérios de Intervenção em Situações de Emergência” estão bem detalhadas e estabelecidas na Posição Regulatória 3.01/006:2011 da CNEN, onde são descritas as Ações Protetoras Imediatas e Níveis 30 Genéricos de Intervenção, as questões relativas ao Reassentamento Temporário ou Definitivo das pessoas atingidas, os Níveis de Açãopara Controle de Alimentos e os Níveis Operacionais Específicos para Acidentes de Reatores. É bom salientar que, na maioria das situações, os indivíduos do público, que são os trabalhadores de uma instalação que não operam com radiação e nem em áreas supervisionadas ou controladas, são tratados como membros da população, principalmente nas situações de emergência. Ou seja, os limites de exposição e contaminação dos indivíduos do público são utilizados para a população. Entretanto, em algumas instalações, indivíduos do público são constituídos dos trabalhadores que operam nas rotinas de limpeza, algumas áreas administrativas e oficinas e, membros da população são pessoas externas à instalação. Nos casos de exposição à radiação ou contaminação, os integrantes da instalação são cuidados e regulamentados pelo órgão regulatório do país, por exemplo, a CNEN. Já os membros da população são cuidados pela Vigilância Sanitária e Secretarias de Saúde. Um exemplo ilustrativo é o comércio e consumo de alimentos contaminados com material radioativo. A CNEN pode fazer a sua liberação quando o nível de contaminação para cada tipo de radionuclídeo estiver abaixo dos limites por ela estabelecidos. Entretanto, a Vigilância Sanitária pode mandar impedir a venda e recolher os alimentos em todo o território nacional, por medida de prudência e salvaguarda da saúde da população. 7.1.1 Sistema de triagem de público Em acidentes envolvendo a dispersão de material radioativo para o ambiente, como, por exemplo, nos acidentes de Goiânia, Chernobyl ou Fukushima, uma das primeiras tarefas é a identificação das pessoas que poderiam ser vítimas da contaminação radioativa. Esta atividade é realizada após convocação da população aos centros de triagem ou a visita às casas e locais possíveis de terem sido contaminadas. Na triagem do público, os técnicos que fazem as medições devem portar instrumentos sensíveis e leves, uma vez que o tempo de operação tem duração imprevisível. 31 Os detectores mais utilizados para isto são do tipo Electronic Personal Dosimeter MK2, com detectores de silício, sensíveis à radiação X, gama e beta, e que possuem alta sensibilidade e alcance; Personal RadiationDetector (PRD) Thermo RadEye, com detector de NaI(Tl) de alta sensibilidade e seletividade para radiação gama, com micro fotomultiplicadora; IdentiFINDER, com detector de NaI(Tl) e GM, capaz de identificar o radionuclídeo emissor gama, conforme mostrados na Figura 2. Estes detectores medem taxa de exposição (mR/h), taxa de dose efetiva (mSv/h), contagem por segundo (cps), em ampla faixa de detecção. Eles fazem os testes operacionais e subtraem o background automaticamente, podem ser conectados a microcomputadores, e operam no modo sonoro ou vibracional. Estes detectores são apropriados para ser utilizados no sistema de segurança durante a realização dos grandes eventos, como Jogos Pan-americanos, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas. Figura 2- Detectores portáteis apropriados para uso em triagem de público quando da ocorrência de acidentes com dispersão de material radioativo no ambiente. Os detectores mostrados são; (a) identiFINDER, (b) Electronic Personal Dosemeter, (c) Thermo RadEye PRD.V 7.1.2 O plano de proteção radiológica Toda instalação que opera com material radioativo deve preparar um documento descrevendo as diretrizes de proteção radiológica que serão adotadas pela instalação. Tal documento, que recebe o nome de Plano de Proteção Radiológica, deve descrever: 32 a. A identificação da Instalação e de seu Titular (Direção); b. A função, classificação e descrição das áreas da instalação; c. A descrição da equipe, das instalações e equipamentos do Serviço de Proteção Radiológica; d. A descrição das fontes de radiação, dos sistemas de controle e de segurança e de sua aplicação; e. A função e a qualificação dos IOE; f. A descrição dos programas e procedimentos de monitoração individual, das áreas e do meio ambiente; g. A descrição do sistema de gerência de rejeitos radioativos, estando a sua eliminação sujeita a limites estabelecidos em norma específica; h. A estimativa de taxas de dose para condições de rotina; i. A descrição do serviço e controle médico dos IOE, incluindo planejamento médico em caso de acidentes; j. O programa de treinamento dos IOE e demais trabalhadores da instalação; k. Os níveis de referência, limites operacionais e limites derivados, sempre que convenientes; l. A descrição dos tipos de acidentes admissíveis, do sistema de detecção correspondente e do acidente mais provável ou de maior porte, com detalhamento da árvore de falhas; m. O planejamento de interferência em situações de emergência até o restabelecimento da normalidade; e n. As instruções de proteção radiológica e segurança fornecidas, por escrito, aos trabalhadores. Além disso, o Plano de Proteção Radiológica deve descrever as atribuições do titular (direção) da instalação, do supervisor de proteção radiológica e dos IOE da instalação. 7.1.3 Responsabilidade do supervisor de proteção radiológica Ao Supervisor de Proteção Radiológica cabe: a. Implementar e orientar o Serviço de Proteção Radiológica; b. Assessorar e informar o Titular da Instalação sobre assuntos relativos à proteção radiológica; 33 c. Fazer cumprir as normas e recomendações da CNEN bem como o Plano de Proteção Radiológica; d. Treinar, reciclar, orientar e avaliar a equipe do Serviço de Proteção Radiológica e demais IOE envolvidos com fontes de radiação; e e. Designar um substituto capacitado e qualificado em seus impedimentos. 7.1.4 Procedimentos operacionais a. Não comer, beber ou fumar na área (ou laboratório) ou durante o trabalho com material radioativo; b. Não portar nem armazenar alimentos em local em que se trabalha com material radioativo; c. Em todo o trabalho com material radioativo, ter sempre em mente os três parâmetros básicos de proteção radiológica: tempo, distância e blindagem; d. No trabalho com fontes abertas ter sempre a companhia de outra pessoa igualmente qualificada; e. Não permitir que pessoas não treinadas manipulem material radioativo; f. Usar blindagem o mais próximo da fonte; g. Nunca pipetar material radioativo com a boca; h. Fazer medições dos níveis de radiação no local, antes, durante e após a realização dos trabalhos; i. Após trabalhar com material radioativo, descartar as luvas de proteção e lavar bem as mãos e unhas com água e sabão e submetê-las a um medidor de contaminação; j. Qualquer transporte de material radioativo de um lugar para outro deve ser feito com todos os cuidados possíveis; e k. Executar todos os procedimentos recomendados para a prática específica. 7.1.5 O símbolo da radiação O símbolo de advertência de radiação, como é atualmente conhecido (exceto pelas cores utilizadas), foi concebido na Universidade da Califórnia, no laboratório de radiação em Berkeley durante o ano de 1946 por um pequeno grupo depessoas. 34 O símbolo inicialmente impresso era magenta sobre azul e o uso do desenho se espalhou pelos Estados Unidos. O uso do azul como fundo não era uma boa escolha, uma vez que o azul não é recomendado para ser utilizado em sinais de aviso e semelhantes, visto que degrada com o tempo, principalmente se usado no exterior. O uso do amarelo como fundo foi provavelmente padronizado pelo Oak Ridge National Laboratory no começo de 1948. No início dos anos cinquenta foram feitas modificações no desenho original como, por exemplo, a adição de setas retas ou ondulantes entre ou dentro das hélices propulsoras. No meio dessa década, uma norma ANSI e regulamentações federais finalizaram a versão atual. Figura 3 -Trifólio -Símbolo da Radiação Ionizante. Não está claro porque este símbolo foi escolhido. Uma hipótese é a de queeste símbolo era utilizado no dique seco da base naval perto de Berkeley, para avisar sobre propulsores girando. Outra, é de que o desenho foi concebido imaginando o círculo central como uma fonte de radiação e que as três lâminas representariam uma lâmina para radiação alfa, outra para radiação beta e outra para gama. Existe ainda uma forte similaridade com o símbolo comercial de aviso de radiação existente antes de 1947, que consistia de um pequeno ponto vermelho, com quatro ou cinco raios irradiando para fora. O símbolo inicial era muito semelhante aos sinais de advertência de perigo elétrico. 35 Outra versão é de que o símbolo foi criado um ano após a II Guerra Mundial e que teria certa semelhança com a bandeira japonesa de guerra, a qual havia se tornado familiar à população da costa oeste americana. De qualquer forma, a escolha do símbolo foi uma boa escolha, uma vez que é simples, fácil e prontamente identificável e não é similar a outros, além de ser identificável a grande distância. 36 8. CLASSIFICAÇÃO DOS REJEITOS RADIOATIVOS Os rejeitos são classificados segundo seus níveis e natureza da radiação, bem como suas meias-vidas. As classes, que estão definidas na Norma CNEN-NE- 6.05, estão relacionadas ao nível de dispensa, ao armazenamento e ao tipo de deposição que deverão atender. As classes principais são: Classe 0: Rejeitos Isentos (RI): rejeitos contendo radionuclídeos com valores de atividade ou de concentração de atividade, em massa ou volume, inferiores ou iguais aos respectivos níveis de dispensa estabelecidos na Norma CNEN- NE-6.05. Classe 1: Rejeitos de Meia-Vida Muito Curta (RVMC): rejeitos com meia-vida inferior ou da ordem de 100 dias, com níveis de atividade ou de concentração em atividade superiores aos respectivos níveis de dispensa e que podem atender, num período de até 5 anos, aos critérios de dispensa estabelecidos na Norma CNEN-NE-6.05. Classe 2: Rejeitos de Baixo e Médio Níveis de Radiação (RBMN): rejeitos com meia-vida superior a dos rejeitos da Classe 1, com níveis de atividade ou de concentração em atividade superiores aos níveis de dispensa estabelecidos em Norma CNEN, bem como com potência térmica inferior a 2 kW/m3. A Classe 2é subdividida em subclasses de acordo com determinadas características desse tipo de rejeitos. Classe 3: Rejeitos de Alto Nível de Radiação (RAN): Rejeitos com potência térmica superior a 2kW/m3 e com concentrações de radionuclídeos de meia- vida longa que excedam as limitações para classificação como rejeitos de meia- vida curta. 37 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Frederico Borges de. "Medicina Nuclear"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/fisica/medicina-nuclear.htm>. Acesso em 12 de novembro de 2020. ALVES, de Abreu, Winilya, et al. Proteção radiológica: Conhecimento e métodos dos cirurgiões-dentistas. Arquivos em Odontologia, 2016, 52.3. ANDERSON, C., WELCH, M. J., Radiometal-labeled agents (nontechnetium) for diagnostic imaging. Chemical Reviews, v. 99, p. 2219-2234, 1999. BATISTA, de lima, Hortência Maria; ROSENSTOCK, Karelline Izaltemberg Vasconcelos. Dispositivos de Proteção Radiológica Utilizados Pelos Profissionais de Enfermagem: REVISÃO DA LITERATURA. Revista Campo do Saber, 2016, 2.1. BIANCO, R.P.R; ARAÚJO; E.S. 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